Boletim SNA Academia

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Boletim www.aeronautas.org.br Poucas perguntas na aviação são tão difíceis de responder como a seguinte: “Como estará o mercado de trabalho daqui um, dois, cinco, dez ou 20 anos?”. Se levarmos em conta que há cerca de dez anos a Varig e a Vasp ainda voavam, percebemos a dificuldade em elaborar com alguma precisão uma resposta neste sentido. Hoje, o setor apresenta uma situação relativamente estável, depois de expressivas reduções nos postos de trabalho nos últimos anos, em especial na Gol e na TAM e com o fim da Webjet. Apesar de ainda tímidas, as contratações foram retomadas pela maior parte das empresas e devem continuar em 2015. Muitas destas contratações também se dão pelo grande número de aeronautas buscando oportunidades de emprego fora do país, especialmente na China e no Oriente Médio. Estima-se que, atualmente, cerca de 2.000 pilotos brasileiros atuem no exterior. Este cenário que se desenha positivo em termos de contratações tem reflexo direto nas demais aviações, como táxi aéreo, aviação executiva e instrução de voo, notórios formadores de mão de obra especializada para as companhias de aviação regular. O aquecimento da aviação regular abre oportunidades nestes setores para os que desejam adquirir experiência ou até mesmo seguir carreira nestes campos. A aviação agrícola, com suas mais de 2.000 aeronaves em operação, também apresenta um quadro favorável e deve manter o expressivo crescimento dos últimos anos. Na contramão de todos as outras aviações, o offshore passa por dificuldades decorrentes especialmente da crise na Petrobrás. O encerramento ou redução dos contratos resultou em demissões e, por ora, o horizonte é negro para a aviação embarcada. Um aspecto que pode modificar e acelerar as contratações é o Pdar (Programa de Desenvolvimento da Aviação Regional), criado através da Medida Provisória 652 em julho do ano passado. Esta MP autoriza a União a conceder subvenção econômica nos serviços oferecidos pelos aeroportos regionais, como o pagamento dos custos relativos às tarifas aeroportuárias e de navegação aérea em aeroportos regionais. A união poderá também intervir no pagamento de parte dos custos de voos em rotas regionais e no pagamento dos custos correspondentes ao Adicional de Tarifa Aeroportuária. Este será um grande passo para resgatar um ramo da aviação comercial há muito preterido pelas companhias aéreas. O crescimento da aviação — e por consequência dos postos de trabalho — apresenta atualmente um descolamento da realidade econômica do país nos últimos anos, o que leva a crer que, mesmo com a recessão que se avizinha, o mercado de trabalho ainda absorverá os aeronautas que ainda não se recolocaram e os que ingressarão no apaixonante mundo da aviação. Desta forma, mesmo não sendo o céu de brigadeiro desejado, as perspectivas são boas para pilotos e comissários. ACADEMIA ano 1 - n 0 3 FUTURO MERCADO DE TRABALHO NA AVIAÇÃO Comte. Rodrigo Spader Vice-presidente do SNA

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Visando criar cada vez mais uma visão ampla da profissão e buscar uma aproximação com a categoria, o Sindicato Nacional dos Aeronautas implementou em 2015 o programa SNA Academia, voltado para faculdades e escolas de aviação e ciências aeronáuticas. O projeto consistirá de eventos de três horas de duração realizados no ambiente acadêmico, para todos os alunos, em parceria com as coordenadorias pedagógicas de cada curso. As palestras serão ministradas por diretores do SNA e darão uma visão da profissão na realidade atual, perspectivas do setor aéreo, evolução do quadro de céus abertos, a Lei do Aeronauta e a importância da sindicalização. O SNA considera a aproximação dos profissionais que hoje já estão no mercado com os estudantes de extrema importância para abrir canais de comunicação com os profissionais de amanhã, especialmente para manter todos informados sobre o mercado e o contexto de sua futura ocupação.

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Boletimwww.aeronautas.org.br

Belém/PA Av. Senador Lemos, Passagem São Luiz 19, Sacramenta (ao lado do terminal de passageiros do Aerop. Brig. Protásio) CEP: 66123-650Tel.: (91) 3254-8642

Belo Horizonte/MG Praça Bagatelle, 204 Aeroporto da PampulhaVista Panorâmica S/N - São Luís CEP: 31270-705 Tel.: (31) 9133-4563

Brasília/DF SRTVS, Quadra 701, Conj. E Bl 2/4 Sala 102Ed. Palácio do Rádio II CEP: 70340-902Tel.: (61) 3321-5497

Campinas/SPCentro Empresarial ViracoposSPE - Rod. Santos DumontKm 66 - S/N - 2º Andar, Sala 217CEP: 13052-901Tel.: (19) 3725-6579

Goiânia/GOAvenida dos Índios, 472 Qd. 124 Lt. 54 - Sala 01Santa GenovevaCEP: 74672-450Tel.: (62) 3637-6131

Macaé/RJAv. Dr. Geraldo Menecuci de Oliveira (Pestalozzi), 612 Parque Aeroporto (Junto ao Sind.Aeroviários de MA)CEP: 27963-500Tel.: (22) 2762-3654

Sede e Subsede RepresentaçõesRio de Janeiro/RJAv. Franklin Roosevelt, 194 Salas 802/803 - Centro CEP: 20021-120 Tel.: (21) 3916-3800

São Paulo/SP Av. Washington Luis, 6817Sala 101 - CongonhasCEP: 04627-005 Tel.: (11) 5531-0318

Porto Alegre/RS Rua Augusto Severo, 82 São João (Anexo ao Sind. Aeroviários)CEP: 90240-480Tel.: (51) 3094-6619

Poucas perguntas na aviação são tão difíceis de responder como

a seguinte: “Como estará o mercado de trabalho daqui um, dois,

cinco, dez ou 20 anos?”. Se levarmos em conta que há cerca de dez

anos a Varig e a Vasp ainda voavam, percebemos a dificuldade em

elaborar com alguma precisão uma resposta neste sentido.

Hoje, o setor apresenta uma situação relativamente estável, depois

de expressivas reduções nos postos de trabalho nos últimos

anos, em especial na Gol e na TAM e com o fim da Webjet. Apesar

de ainda tímidas, as contratações foram retomadas pela maior

parte das empresas e devem continuar em 2015. Muitas destas

contratações também se dão pelo grande número de aeronautas

buscando oportunidades de emprego fora do país, especialmente

na China e no Oriente Médio. Estima-se que, atualmente, cerca de

2.000 pilotos brasileiros atuem no exterior.

Este cenário que se desenha positivo em termos de contratações

tem reflexo direto nas demais aviações, como táxi aéreo, aviação

executiva e instrução de voo, notórios formadores de mão de

obra especializada para as companhias de aviação regular. O

aquecimento da aviação regular abre oportunidades nestes setores

para os que desejam adquirir experiência ou até mesmo seguir

carreira nestes campos.

A aviação agrícola, com suas mais de 2.000 aeronaves em

operação, também apresenta um quadro favorável e deve manter

o expressivo crescimento dos últimos anos. Na contramão de todos

as outras aviações, o offshore passa por dificuldades decorrentes

especialmente da crise na Petrobrás. O encerramento ou redução

dos contratos resultou em demissões e, por ora, o horizonte é negro

para a aviação embarcada.

Um aspecto que pode modificar e acelerar as contratações é o

Pdar (Programa de Desenvolvimento da Aviação Regional), criado

através da Medida Provisória 652 em julho do ano passado. Esta

MP autoriza a União a conceder subvenção econômica nos serviços

oferecidos pelos aeroportos regionais, como o pagamento dos

custos relativos às tarifas aeroportuárias e de navegação aérea

em aeroportos regionais. A união poderá também intervir no

pagamento de parte dos custos de voos em rotas regionais e no

pagamento dos custos correspondentes ao Adicional de Tarifa

Aeroportuária. Este será um grande passo para resgatar um ramo

da aviação comercial há muito preterido pelas companhias aéreas.

O crescimento da aviação — e por consequência dos postos de

trabalho — apresenta atualmente um descolamento da realidade

econômica do país nos últimos anos, o que leva a crer que, mesmo

com a recessão que se avizinha, o mercado de trabalho ainda

absorverá os aeronautas que ainda não se recolocaram e os que

ingressarão no apaixonante mundo da aviação.

Desta forma, mesmo não sendo o céu de

brigadeiro desejado, as perspectivas são boas

para pilotos e comissários.

ACADEMIAano 1 - n0 3

Em geral, muitos de nós têm desconfiança com entidades de

representação, seja por alguma experiência negativa ou pelo

preconceito natural em relação a algo que enxergamos com uma

“obrigação” que façam por nós.

Sempre esperamos que alguém

faça por nós, que lute por nós

— assim como fazemos com a

política, por exemplo. O político

que foi eleito pelo seu voto

“distraído” também se distrai com o alheio, porque não é cobrado

nem fiscalizado. Temos o péssimo hábito de dar o poder e depois

nos resignarmos.

O representante de classe e seu representado passam pelo mesmo

processo de transferência de poder e confiança, muitas vezes não

correspondido.

Apesar da ligação aculturada da política partidária aos movimentos

de classe, historicamente verificados, o sindicato é uma ferramenta

política muito importante para o equilíbrio na relação do capital

e do trabalho. Porém é essencial que seja uma ferramenta política

apartidária — nenhum interesse deve se sobressair aos da

coletividade, muitos menos de partidos políticos que mascaram a

defesa dos interesses dos trabalhadores em prol de fortalecimento

econômico de suas bases.

Todas as categorias precisam entender que a “Ferramenta Sindicato”

não é formada pelo grupo gestor. Precisamos aprender que, além da

obrigação de participar, o resultado alcançado pela representação

será proporcional ao número de participantes ativos.

Uma categoria deixa de avançar

em suas reivindicações quando

cai num ciclo vicioso, em que o

representado perde confiança no

representante, que por sua vez

perde credibilidade nas negociações. Isso reflete nas conquistas ou

na manutenção de direitos e abre espaço para corrupção e desvios.

Tudo faz parte de um ciclo no qual nossas ações ou omissões têm

relação direta. Se você participa, fiscaliza, contribui e fortalece

seu representante, então este traz melhores

resultados para você e para o coletivo. Sempre

temos escolha: a resignação ou resiliência.    

“Precisamos aprender que, além da obrigação de participar, o resultado alcançado pela

representação será proporcional ao número de participantes ativos.”

Para que nossa categoria continue

cada vez mais forte, é preciso

voarmos todos na mesma direção. Junte-se a nós!

Só falta você.www.aeronautas.org.br

PARTICIPAÇÃO

SINDICATO FERRAMENTA

FUTURO

MERCADO DE TRABALHO NA AVIAÇÃO

Comte. Rodrigo Spader Vice-presidente do SNA

Comte. Adriano CastanhoPresidente do SNA

04 Boletim SNA Academia

Page 2: Boletim SNA Academia

Em termos de empregabilidade, faz-se muito “pano preto”

relacionado à atividade profissional de pilotos, principalmente sobre

o chamado Q.I. (Quem Indica), que é o sistema de recomendações

e indicações informais para que um piloto consiga emprego. Quem

não tem Q.I. pode se achar injustiçado, mas poucos entendem que

é possível “fabricar” seu próprio Q.I. — isso não é uma característica

exclusiva do “filho do comandante”. Para tal, é preciso entender por

que o Q.I. existe, em primeiro lugar.

Quem contrata pilotos tem um enorme risco para mitigar. Imagine-

se, por exemplo, como um operador da aviação geral que precisa de

um novo piloto de King Air. Para este sujeito estar apto a trabalhar,

você tem que enviá-lo a um Centro de Treinamento nos EUA, o que

irá custar algumas dezenas de milhares de dólares. E, na volta, esse

sujeito estará com a habilitação do King na carteira dele, pessoal, o

que significa que ele poderá, a qualquer momento, decidir-se por

trabalhar para um outro operador, eventualmente ganhando mais,

e deixar você a ver navios — quer dizer, aviões! E aí, meu caro, além

de ter perdido o dinheiro gasto com o seu treinamento, você ainda

por cima ficou sem o piloto e seu avião não poderá voar. Percebeu

o drama? O risco de uma contratação de pilotos dar errado é

gigantesco, e os contratantes sempre procuram meios de evitá-lo

— ou, pelo menos, de reduzi-lo.

É aí que entra o Q.I. Se esse piloto tivesse um “fiador” — alguém que

se comprometesse com o operador sobre sua conduta futura —,

a situação seria muito mais confortável para o contratante. Numa

situação de, por exemplo, o piloto se demitir logo após receber o

treinamento, se essa atitude prejudicasse este “fiador”, pode ser

que o piloto pensasse duas vezes antes de efetivá-la. Daí ser este o

papel fundamental do “padrinho” numa contratação: ele funciona

como um avalista, proporcionando alguma segurança para quem

contrata.

Conhecendo a lógica original do Q.I., fica bem mais fácil estabelecer

estratégias para conseguir uma indicação relevante para um

emprego. Imagine-se precisando de um fiador para um aluguel,

ou de um avalista para um empréstimo. O que você faria? Quanto

mais confiança houver em você, melhor, não é? E se, além disso, ele

achasse que você teria como retribuir o favor no futuro de alguma

maneira, a chance de esta pessoa ser o seu “padrinho” aumentaria

bastante. É assim que se “fabrica Q.I.”: com a construção de uma

reputação de confiabilidade e reciprocidade.

Não tem mistério — o que não significa que

será fácil.

Av. Washington Luís, 6817 - Sala 101Congonhas - CEP: 04627-005 São Paulo – SPTel: +55 (11) 5531-0318

www.aeronautas.org.br

PresidenteComte. Adriano Castanho

Secretaria Geral Rodrigo Spader

Expediente:

Diretor de ComunicaçãoComte. Diego Schilling

ConsultorSergio Lerrer

Projeto Gráfico Adriano Mathias

Produção Gráfica/CirculaçãoCristofer Guardia - [email protected]

Jornalista Responsável - MTB 31475Eduardo Vieira da Costa - [email protected]

sindicatonacionaldosaeronautas

@aeronautas_sna

02 Boletim SNA Academia

Eduardo Faraco, Dir. de Ensino da VOEFLORIPA Escola de Aviação Civil

TREINAMENTO

A FORMAÇÃO DE UM AVIADOR

NETWORKING

O Q.I. E A ENTRADA NO MERCADO DE TRABALHO

Raul Marinho - Representante da Aviação Geral e de Instrução do SNA, editor do blog Para Ser Piloto, autor de livros sobre Negociação & Estratégia Profissional, e Piloto

Comercial de Avião.

“Conhecendo a lógica original do Q.I., fica bem mais fácil estabelecer estratégias

para conseguir uma indicação relevante para um emprego.”

03 Boletim SNA Academia

“Os maiores obstáculos para um aviador ainda são os custos da formação e a

conquista do primeiro trabalho”

Pilotar aeronaves sempre foi o sonho de muitos jovens que desde

pequenos andam no chão com os olhos voltados para os céus

e os aviões. E embarcar nesse desafio de se tornar um aviador

profissional já foi muito mais distante e difícil.

Nas ultima década, a formação no Brasil se desenvolveu bastante.

Surgiram mais escolas, houve melhora na qualidade da frota e o

material didático produzido no país ficou mais completo, didático

e acessível, inclusive nas mídias digitais. Isso elevou a qualidade

da formação, quebrando uma realidade passada em que apenas

alguns aeroclubes forneciam um ensino semelhante ao praticado

nos EUA, referência no setor.

Hoje, contamos com modernas escolas que em nada deixam a

desejar comparadas às americanas. Referência na padronização

das linhas aéreas, aeronaves mais completas e programas de

treinamento que formam o aviador nos padrões do exigente

mercado da aviação civil são fundamentais para a carreira.

A evolução da aviação no Brasil também trouxe um cenário mais

competitivo para os iniciantes. Nos últimos anos, as empresas

profissionalizaram seus processos seletivos seguindo a tendência

mundial e a seleção não está mais restrita às horas de voo. É necessário

uma formação completa, com treinamento de introdução ao jato,

proficiência em inglês de nível 4, para então participar das etapas

do processo. São provas teóricas que envolvem todas as áreas de

conhecimento aeronáutico, psicotestes, dinâmicas de grupo e

testes toxicológicos que dão mais competitividade à seleção.

Por isso, é imprescindível qualificar-se ao máximo com formação

que envolva operação de aeronaves mais equipadas, como os

Cessnas 152, 172, Cherokees, Seneca, ou similares que viabilizem a

operação diuturna e até com alguma intempérie.

A familiarização e uso dos instrumentos de navegação tradicionais,

como VOR e ADF, e modernos GPS, além da operação em

aeroportos controlados e movimentados, traz aprendizados únicos

no gerenciamento do voo. Os instrutores, por sua vez, devem

estar atentos a cada passo do aluno, orientando-o e cobrando seu

enquadramento em toda a padronização prevista no SOP da Escola,

sendo exigentes em todos os aspectos e mantendo tranquilidade

na instrução.

O mercado é muito concorrido e exigente, mas uma boa formação

ajuda em muito. Contudo os maiores obstáculos para um aviador

ainda são os custos da formação e a conquista do primeiro trabalho,

que trará as horas de experiência para o aviador ingressar nas linhas

comercias ou executivas.

Page 3: Boletim SNA Academia

Em termos de empregabilidade, faz-se muito “pano preto”

relacionado à atividade profissional de pilotos, principalmente sobre

o chamado Q.I. (Quem Indica), que é o sistema de recomendações

e indicações informais para que um piloto consiga emprego. Quem

não tem Q.I. pode se achar injustiçado, mas poucos entendem que

é possível “fabricar” seu próprio Q.I. — isso não é uma característica

exclusiva do “filho do comandante”. Para tal, é preciso entender por

que o Q.I. existe, em primeiro lugar.

Quem contrata pilotos tem um enorme risco para mitigar. Imagine-

se, por exemplo, como um operador da aviação geral que precisa de

um novo piloto de King Air. Para este sujeito estar apto a trabalhar,

você tem que enviá-lo a um Centro de Treinamento nos EUA, o que

irá custar algumas dezenas de milhares de dólares. E, na volta, esse

sujeito estará com a habilitação do King na carteira dele, pessoal, o

que significa que ele poderá, a qualquer momento, decidir-se por

trabalhar para um outro operador, eventualmente ganhando mais,

e deixar você a ver navios — quer dizer, aviões! E aí, meu caro, além

de ter perdido o dinheiro gasto com o seu treinamento, você ainda

por cima ficou sem o piloto e seu avião não poderá voar. Percebeu

o drama? O risco de uma contratação de pilotos dar errado é

gigantesco, e os contratantes sempre procuram meios de evitá-lo

— ou, pelo menos, de reduzi-lo.

É aí que entra o Q.I. Se esse piloto tivesse um “fiador” — alguém que

se comprometesse com o operador sobre sua conduta futura —,

a situação seria muito mais confortável para o contratante. Numa

situação de, por exemplo, o piloto se demitir logo após receber o

treinamento, se essa atitude prejudicasse este “fiador”, pode ser

que o piloto pensasse duas vezes antes de efetivá-la. Daí ser este o

papel fundamental do “padrinho” numa contratação: ele funciona

como um avalista, proporcionando alguma segurança para quem

contrata.

Conhecendo a lógica original do Q.I., fica bem mais fácil estabelecer

estratégias para conseguir uma indicação relevante para um

emprego. Imagine-se precisando de um fiador para um aluguel,

ou de um avalista para um empréstimo. O que você faria? Quanto

mais confiança houver em você, melhor, não é? E se, além disso, ele

achasse que você teria como retribuir o favor no futuro de alguma

maneira, a chance de esta pessoa ser o seu “padrinho” aumentaria

bastante. É assim que se “fabrica Q.I.”: com a construção de uma

reputação de confiabilidade e reciprocidade.

Não tem mistério — o que não significa que

será fácil.

Av. Washington Luís, 6817 - Sala 101Congonhas - CEP: 04627-005 São Paulo – SPTel: +55 (11) 5531-0318

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PresidenteComte. Adriano Castanho

Secretaria Geral Rodrigo Spader

Expediente:

Diretor de ComunicaçãoComte. Diego Schilling

ConsultorSergio Lerrer

Projeto Gráfico Adriano Mathias

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Jornalista Responsável - MTB 31475Eduardo Vieira da Costa - [email protected]

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Eduardo Faraco, Dir. de Ensino da VOEFLORIPA Escola de Aviação Civil

TREINAMENTO

A FORMAÇÃO DE UM AVIADOR

NETWORKING

O Q.I. E A ENTRADA NO MERCADO DE TRABALHO

Raul Marinho - Representante da Aviação Geral e de Instrução do SNA, editor do blog Para Ser Piloto, autor de livros sobre Negociação & Estratégia Profissional, e Piloto

Comercial de Avião.

“Conhecendo a lógica original do Q.I., fica bem mais fácil estabelecer estratégias

para conseguir uma indicação relevante para um emprego.”

03 Boletim SNA Academia

“Os maiores obstáculos para um aviador ainda são os custos da formação e a

conquista do primeiro trabalho”

Pilotar aeronaves sempre foi o sonho de muitos jovens que desde

pequenos andam no chão com os olhos voltados para os céus

e os aviões. E embarcar nesse desafio de se tornar um aviador

profissional já foi muito mais distante e difícil.

Nas ultima década, a formação no Brasil se desenvolveu bastante.

Surgiram mais escolas, houve melhora na qualidade da frota e o

material didático produzido no país ficou mais completo, didático

e acessível, inclusive nas mídias digitais. Isso elevou a qualidade

da formação, quebrando uma realidade passada em que apenas

alguns aeroclubes forneciam um ensino semelhante ao praticado

nos EUA, referência no setor.

Hoje, contamos com modernas escolas que em nada deixam a

desejar comparadas às americanas. Referência na padronização

das linhas aéreas, aeronaves mais completas e programas de

treinamento que formam o aviador nos padrões do exigente

mercado da aviação civil são fundamentais para a carreira.

A evolução da aviação no Brasil também trouxe um cenário mais

competitivo para os iniciantes. Nos últimos anos, as empresas

profissionalizaram seus processos seletivos seguindo a tendência

mundial e a seleção não está mais restrita às horas de voo. É necessário

uma formação completa, com treinamento de introdução ao jato,

proficiência em inglês de nível 4, para então participar das etapas

do processo. São provas teóricas que envolvem todas as áreas de

conhecimento aeronáutico, psicotestes, dinâmicas de grupo e

testes toxicológicos que dão mais competitividade à seleção.

Por isso, é imprescindível qualificar-se ao máximo com formação

que envolva operação de aeronaves mais equipadas, como os

Cessnas 152, 172, Cherokees, Seneca, ou similares que viabilizem a

operação diuturna e até com alguma intempérie.

A familiarização e uso dos instrumentos de navegação tradicionais,

como VOR e ADF, e modernos GPS, além da operação em

aeroportos controlados e movimentados, traz aprendizados únicos

no gerenciamento do voo. Os instrutores, por sua vez, devem

estar atentos a cada passo do aluno, orientando-o e cobrando seu

enquadramento em toda a padronização prevista no SOP da Escola,

sendo exigentes em todos os aspectos e mantendo tranquilidade

na instrução.

O mercado é muito concorrido e exigente, mas uma boa formação

ajuda em muito. Contudo os maiores obstáculos para um aviador

ainda são os custos da formação e a conquista do primeiro trabalho,

que trará as horas de experiência para o aviador ingressar nas linhas

comercias ou executivas.

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Belém/PA Av. Senador Lemos, Passagem São Luiz 19, Sacramenta (ao lado do terminal de passageiros do Aerop. Brig. Protásio) CEP: 66123-650Tel.: (91) 3254-8642

Belo Horizonte/MG Praça Bagatelle, 204 Aeroporto da PampulhaVista Panorâmica S/N - São Luís CEP: 31270-705 Tel.: (31) 9133-4563

Brasília/DF SRTVS, Quadra 701, Conj. E Bl 2/4 Sala 102Ed. Palácio do Rádio II CEP: 70340-902Tel.: (61) 3321-5497

Campinas/SPCentro Empresarial ViracoposSPE - Rod. Santos DumontKm 66 - S/N - 2º Andar, Sala 217CEP: 13052-901Tel.: (19) 3725-6579

Goiânia/GOAvenida dos Índios, 472 Qd. 124 Lt. 54 - Sala 01Santa GenovevaCEP: 74672-450Tel.: (62) 3637-6131

Macaé/RJAv. Dr. Geraldo Menecuci de Oliveira (Pestalozzi), 612 Parque Aeroporto (Junto ao Sind.Aeroviários de MA)CEP: 27963-500Tel.: (22) 2762-3654

Sede e Subsede RepresentaçõesRio de Janeiro/RJAv. Franklin Roosevelt, 194 Salas 802/803 - Centro CEP: 20021-120 Tel.: (21) 3916-3800

São Paulo/SP Av. Washington Luis, 6817Sala 101 - CongonhasCEP: 04627-005 Tel.: (11) 5531-0318

Porto Alegre/RS Rua Augusto Severo, 82 São João (Anexo ao Sind. Aeroviários)CEP: 90240-480Tel.: (51) 3094-6619

Poucas perguntas na aviação são tão difíceis de responder como

a seguinte: “Como estará o mercado de trabalho daqui um, dois,

cinco, dez ou 20 anos?”. Se levarmos em conta que há cerca de dez

anos a Varig e a Vasp ainda voavam, percebemos a dificuldade em

elaborar com alguma precisão uma resposta neste sentido.

Hoje, o setor apresenta uma situação relativamente estável, depois

de expressivas reduções nos postos de trabalho nos últimos

anos, em especial na Gol e na TAM e com o fim da Webjet. Apesar

de ainda tímidas, as contratações foram retomadas pela maior

parte das empresas e devem continuar em 2015. Muitas destas

contratações também se dão pelo grande número de aeronautas

buscando oportunidades de emprego fora do país, especialmente

na China e no Oriente Médio. Estima-se que, atualmente, cerca de

2.000 pilotos brasileiros atuem no exterior.

Este cenário que se desenha positivo em termos de contratações

tem reflexo direto nas demais aviações, como táxi aéreo, aviação

executiva e instrução de voo, notórios formadores de mão de

obra especializada para as companhias de aviação regular. O

aquecimento da aviação regular abre oportunidades nestes setores

para os que desejam adquirir experiência ou até mesmo seguir

carreira nestes campos.

A aviação agrícola, com suas mais de 2.000 aeronaves em

operação, também apresenta um quadro favorável e deve manter

o expressivo crescimento dos últimos anos. Na contramão de todos

as outras aviações, o offshore passa por dificuldades decorrentes

especialmente da crise na Petrobrás. O encerramento ou redução

dos contratos resultou em demissões e, por ora, o horizonte é negro

para a aviação embarcada.

Um aspecto que pode modificar e acelerar as contratações é o

Pdar (Programa de Desenvolvimento da Aviação Regional), criado

através da Medida Provisória 652 em julho do ano passado. Esta

MP autoriza a União a conceder subvenção econômica nos serviços

oferecidos pelos aeroportos regionais, como o pagamento dos

custos relativos às tarifas aeroportuárias e de navegação aérea

em aeroportos regionais. A união poderá também intervir no

pagamento de parte dos custos de voos em rotas regionais e no

pagamento dos custos correspondentes ao Adicional de Tarifa

Aeroportuária. Este será um grande passo para resgatar um ramo

da aviação comercial há muito preterido pelas companhias aéreas.

O crescimento da aviação — e por consequência dos postos de

trabalho — apresenta atualmente um descolamento da realidade

econômica do país nos últimos anos, o que leva a crer que, mesmo

com a recessão que se avizinha, o mercado de trabalho ainda

absorverá os aeronautas que ainda não se recolocaram e os que

ingressarão no apaixonante mundo da aviação.

Desta forma, mesmo não sendo o céu de

brigadeiro desejado, as perspectivas são boas

para pilotos e comissários.

ACADEMIAano 1 - n0 3

Em geral, muitos de nós têm desconfiança com entidades de

representação, seja por alguma experiência negativa ou pelo

preconceito natural em relação a algo que enxergamos com uma

“obrigação” que façam por nós.

Sempre esperamos que alguém

faça por nós, que lute por nós

— assim como fazemos com a

política, por exemplo. O político

que foi eleito pelo seu voto

“distraído” também se distrai com o alheio, porque não é cobrado

nem fiscalizado. Temos o péssimo hábito de dar o poder e depois

nos resignarmos.

O representante de classe e seu representado passam pelo mesmo

processo de transferência de poder e confiança, muitas vezes não

correspondido.

Apesar da ligação aculturada da política partidária aos movimentos

de classe, historicamente verificados, o sindicato é uma ferramenta

política muito importante para o equilíbrio na relação do capital

e do trabalho. Porém é essencial que seja uma ferramenta política

apartidária — nenhum interesse deve se sobressair aos da

coletividade, muitos menos de partidos políticos que mascaram a

defesa dos interesses dos trabalhadores em prol de fortalecimento

econômico de suas bases.

Todas as categorias precisam entender que a “Ferramenta Sindicato”

não é formada pelo grupo gestor. Precisamos aprender que, além da

obrigação de participar, o resultado alcançado pela representação

será proporcional ao número de participantes ativos.

Uma categoria deixa de avançar

em suas reivindicações quando

cai num ciclo vicioso, em que o

representado perde confiança no

representante, que por sua vez

perde credibilidade nas negociações. Isso reflete nas conquistas ou

na manutenção de direitos e abre espaço para corrupção e desvios.

Tudo faz parte de um ciclo no qual nossas ações ou omissões têm

relação direta. Se você participa, fiscaliza, contribui e fortalece

seu representante, então este traz melhores

resultados para você e para o coletivo. Sempre

temos escolha: a resignação ou resiliência.    

“Precisamos aprender que, além da obrigação de participar, o resultado alcançado pela

representação será proporcional ao número de participantes ativos.”

Para que nossa categoria continue

cada vez mais forte, é preciso

voarmos todos na mesma direção. Junte-se a nós!

Só falta você.www.aeronautas.org.br

PARTICIPAÇÃO

SINDICATO FERRAMENTA

FUTURO

MERCADO DE TRABALHO NA AVIAÇÃO

Comte. Rodrigo Spader Vice-presidente do SNA

Comte. Adriano CastanhoPresidente do SNA

04 Boletim SNA Academia