Boletim Universitario - numero 10

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“Se você quer transformar o mundo, mexa primeiro em seu interior” (Dalai Lama) Todo jovem sonha com um mundo que lhe permita se realizar na vida, tendo bem-estar, alegria, paz e, enfim, felicidade. Mas é um sonho que quanto mais o perseguimos, mais se torna distante. Por quê? Porque esse mundo não existe. É algo que nos compete criar. O mundo que temos, especialmente pelo seu egoísmo e consequente desrespeito à pessoa, não favorece a realização dessa profunda e justa aspiração do ser humano. É preciso eliminar dele o egoísmo das pessoas, que é como um câncer que mata os ideais humanos. Mas como? Costuma-se dizer, e é verdade, que “ninguém pode dar o que não tem”. Antes de mais nada, cada um de nós deve procurar vencer o seu egoísmo, e isso significa “mexer no seu interior”. O jovem, especialmente universitário, adquire conhecimentos que se tornam o seu bem maior, porque o tornam apto a exercer uma profissão; mas não é a profissão que melhora o mundo e realiza a pessoa. Não é o ter e sim o ser. É a maneira de exercer a profissão que vai fazer diferença e que, para ser digna de uma pessoa humana e reverter-se para o bem dos outros, deve brotar de um desejo profundo de servir. Isso, naturalmente, requer domínio do próprio egoísmo que deve ser a maior aprendizagem de nossa vida, especialmente nos anos da juventude, quando ainda somos como uma planta jovem que se pode endireitar. Eis por que o lema do verdadeiro universitário deveria ser “Sciat ut serviat”, ou seja, aprenda para servir. Universitário, abrace essa luta, junte-se a nós, divulgue com todos os meios os conteúdos deste jornalzinho Universitário. Obrigado! “sciat ut serviat” Nº 10 ::::: BOLETIM UNIVErSITÁRIO CRISE ECONÔMICA E ÉTICA 04 Pág. 07 Pág. 02 Pág. 08 Pág. JORNADA MUNDIAL DA JUVENTUDE UNIVERSITÁRIO E FUTURO AUTOESTIMA

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- Autoestima - Crise Economica e ética - Jornada Mundial da Juventude - Universitário e Futuro

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“Se você quer transformar o mundo, mexa primeiro em seu interior”(Dalai Lama)

Todo jovem sonha com um mundo que lhe permita se realizar na vida, tendo bem-estar, alegria, paz e, enfi m, felicidade. Mas é um sonho que quanto mais o perseguimos, mais se torna distante. Por quê?

Porque esse mundo não existe. É algo que nos compete criar. O mundo que temos, especialmente pelo seu egoísmo e consequente desrespeito à pessoa, não favorece a realização dessa profunda e justa aspiração do ser humano. É preciso eliminar dele o egoísmo das pessoas, que é como um câncer que mata os ideais humanos.

Mas como? Costuma-se dizer, e é verdade, que “ninguém pode dar o que não tem”. Antes de mais nada, cada um de nós deve procurar vencer o seu egoísmo, e isso signifi ca “mexer no seu interior”. O jovem, especialmente universitário, adquire conhecimentos que se tornam o seu bem maior, porque o tornam apto a exercer uma profi ssão; mas não é a profi ssão que melhora o mundo e realiza a pessoa. Não é o ter e sim o ser.

É a maneira de exercer a profi ssão que vai fazer diferença e que, para ser digna de uma pessoa humana e reverter-se para o bem dos outros, deve brotar de um desejo profundo de servir. Isso, naturalmente, requer domínio do próprio egoísmo que deve ser a maior aprendizagem de nossa vida, especialmente nos anos da juventude, quando ainda somos como uma planta jovem que se pode endireitar. Eis por que o lema do verdadeiro universitário deveria ser “Sciat ut serviat”, ou seja, aprenda para servir.

Universitário, abrace essa luta, junte-se a nós, divulgue com todos os meios os conteúdos deste jornalzinho Universitário. Obrigado!

“sciat ut serviat”Nº 10 :::::

BOLETIMUNIVErSITÁRIO

CRISE ECONÔMICA E ÉTICA

04Pág.

07Pág.

02Pág.

08Pág.

JORNADA MUNDIALDA JUVENTUDE

UNIVERSITÁRIOE FUTURO

AUTOESTIMA

A Autoestima e osentido do próprio valor

As condições favoráveis para que uma pessoa se estime vêm de um desenvolvimento psicológico e cognitivo sadio. “

A autoestima pode ser considerada como uma avaliação positiva

de si mesmo, uma sensação de aceitação de si mesmo, de ter um

certo valor, de constatar em si uma certa bondade e capacidade de

fundo; tudo isso unido ao reconhecimento realístico dos próprios

limites, que não invalidam tal avaliação positiva. Ao passo que, uma

estima excessiva de si (portanto não verdadeira) pode se tornar

uma forma de encobrir a própria fragilidade e, por isso, é uma

forma de defesa de uma escassa estima de si.

Tanto a baixa quanta a alta estima de si não dependem, pois, de um

conhecimento ou não de um limite – quem não o tem? – mas da

avaliação que se faz em termos de aceitação de si mesmo.

É a leitura (avaliação) das coisas, e sobretudo de si mesmo, a

determinar a capacidade de realizar ou não determinada ação: se

nos considerarmos incapazes, tornar-nos-emos incapazes. A timidez

bloqueia de tal maneira a pessoa a ponto de torná-la incapaz ou

insignifi cante.

Situações objetivamente difíceis são enfrentadas adequadamente se

houver a convicção prévia de que podem ser superadas: isso, com efeito,

leva a motivações e atitudes a respeito do que se deve enfrentar, diferentes

das de quem desde o início se acha incapaz. Pense-se, por exemplo, em um

atleta que, antes de iniciar uma corrida, continuasse a repetir a si mesmo:

“nunca conseguirei ganhar, nunca conseguirei”. Podemos imaginar o que

vai acontecer.

A percepção do próprio valor, juntamente com a capacidade

que a pessoa possui, é extremamente relevante para enfrentar

problemas e difi culdades; para se empenhar em campos novos de

atividade; para poder viver, tendo consciência de que situações novas

e diversidades em geral irão aparecer continuamente nas ações

comuns e conhecidas do dia a dia. Não são as difi culdades superadas

que demonstram que se tem valor, e sim a convicção de valer que

permite superá-las, como observava Sêneca: “Não é porque as

coisas são difíceis que nós não ousamos, é porque não ousamos que são

difíceis” (Cartas a Lucílio).

O fato de que o valor e a estima positiva de si dependem mais de

um processo de avaliação do que de alguns elementos objetivos,

encontra uma confi rmação analisando as coisas que o indivíduo não

sabe fazer ou que não conhece, porque nem todas essas coisas infl uem

da mesma maneira sobre a estima de si. O que infl ui são somente

aquelas das quais a pessoa gosta ou que lhe interessam. Lembremos o

episódio bíblico de Jonas! A ele interessava mais a pequena plantinha

de mamoneira, que lhe oferecia a sombra, do que a inteira cidade de

Nínive com os seus 120.000 habitantes (Jo 4,11). Assim é para cada

um: são os insucessos naquilo que se almeja a causa da diminuição

da estima de fundo, não as outras coisas. W James observava: “Eu,

que renunciei a tudo para ser psicólogo, sinto-me mortifi cado se alguém

sabe mais do que eu em psicologia. Mas não me angustio, nem me sinto

humilhado por não saber nada de grego. Se tivesse desejado ser um

lingüista, teria sido exatamente o contrário” (M. Michel, A autoestima).

Frequentemente os interesses nascem por acaso: ou porque algo vai

ao encontro do gosto da pessoa, ou porque ela se realiza mais naquela

determinada atividade, ou por qualquer outro motivo; por isso é bom ser

sempre curioso, porque se podem encontrar tantas coisas que conferem

gosto e sentido à vida. Ugo di San Vittore exortava: “apreenda tudo,

verás que nada é supérfl uo. Um conhecimento limitado não dá alegria”

(Didascalicon).

Algumas consequências da falta de estima

Para quem não se estima têm valor somente as coisas negativas e não

as positivas. Daí a atração para com as más notícias, interesse sobre

o qual prospera abundantemente a mídia; os jornais que tentaram

publicar somente boas notícias tiveram que cessar a produção por

falta de leitores.

A mesma prática - difusa em todos os tempos e por toda parte - da

crítica, da murmuração em relação àqueles que são tidos mais

importantes, é um reconhecimento claro de inferioridade em relação

à pessoa objeto de maledicência. De fato, é difícil que a patroa fale

EXPEDIENTE E-mail: [email protected]

Colaboradores: Kreativ • Gráfica Idealiza • Dom Albano Cavalin

com as amigas da vida particular da doméstica, ao passo que é muito

mais fácil que a doméstica comente com as suas colegas da vida

íntima da senhora.

Também a resistência a possíveis mudanças que levariam a uma

melhora na própria vida se devem à falta de estima de si. Costuma-

se dizer que “um mal certo é preferível a um bem incerto”. É uma

verdade paradoxal, mas psicologicamente relevante. Para que haja

uma mudança não basta estar mal, estar exasperado: é necessário

sobretudo o desejo fi rme de introduzir uma novidade na própria vida.

A pergunta de Jesus ao paralítico: “Queres ser curado?”, é, sobretudo,

um convite a esclarecer o coração do paralítico, pois essa pergunta

não é nada retórica, mas óbvia. De fato, o doente não responde à

pergunta de Jesus, mas continua a falar dos problemas que lhe são

familiares, os problemas do seu dia a dia (Jo 5,7). Também uma

situação desagradável pode trazer algumas vantagens, como receber

afeto, atenção, etc. De modo que fi car curado certamente é ótimo,

mas psicologicamente comporta a perda de algumas vantagens e

mudanças, devendo iniciar uma vida nova, mais sadia, mas também

mais incerta e difícil.

De onde provêm a estima de si ou a sua falta?

Não é simples estabelecer como se chega a ter estima de si. É preciso

ter presente não apenas a complexa diversidade e unicidade de cada

um com a sua liberdade de escolha, mas também a condição social,

cultural e psíquica.em que cresceu e se encontra. Em geral podemos

afi rmar que as condições favoráveis para que uma pessoa se estime

vêm de um desenvolvimento psicológico e cognitivo sadio.

Um elemento decisivo de tal desenvolvimento, além da necessária

presença de potencialidades (capacidades) de base, é dado pelas

relações signifi cativas que a criança vive. Especialmente

dois são os fatores que intervêm: a presença de ao

menos um ambiente estimulante e o

contato humano, em particular

as relações mãe-fi lho.

A pessoa não pode viver

sozinha. Precisa do afeto e

da comunicação com o outro,

como do ar que respira. A

comunicação é parte essencial

do ser humano: nela nasce e

dela vive. Eis por que a defi nição grega

do homem, traduzida literalmente,

signifi ca “animal dotado de

palavra”.

A respeito da essencialidade da comunicação para a vida humana, o

imperador Federico II, no século XIII, fez uma experiência. Ele queria

descobrir qual fosse a língua original do homem. Mandou, pois, entregar

alguns neonatos a babás, às quais ordenou cuidar muito bem deles, mas

proibiu severamente de dirigir-lhes a palavra. Assim, ele pensava em

descobrir qual língua os neonatos teriam espontaneamente falado. A

experiência terminou tragicamente, porque aqueles meninos morreram

todos (P. Watzlawick, Il linguaggio del cambiamento, Firenze, Feltrinelli

1991,12s).

(Continua – a seguir: A importância do ambiente familiar)

::: Pe Antonio CaliciottiGraduado em Filosofi a, Teologia e Pedagogia

Mestre em Teologia Moral

Mestre e Doutor em Filosofi a Social

Professor de Filosofi a, Sociologia e Metodologia

Você está contente com a sua situação

econômica? Certamente a sua resposta

é que não está muito boa por estarmos

atravessando um momento difícil na

economia. Isso o leva também a prestar a

máxima atenção às notícias da mídia todas as

vezes em que se fala sobre a crise econômica

atual , que atingiu o mundo todo, com a

esperança ou ilusão de que esteja havendo

uma luz de melhora no fim do túnel.

Realmente a situação está muito difícil para

a maioria e desesperadora para muitos. O

mercado, entregue a si mesmo, tornou-se

vítima de sua própria ambição desmedida.

Um provérbio diz que quem quer demais,

acaba não conseguindo nada.

As causas dessa crise são muitas, mas

a fundamental está no fato de que a

sociedade, em geral, e o mercado, de modo

específico, perderam os valores éticos para

se fixar unicamente nos valores monetários.

Hoje, na mentalidade consumista das

pessoas, o que vale é o material, não se dá

mais valor à consciência, ao espiritual. Dado,

porém, que o homem, além de ser matéria, é

também espírito, isto é, racional, no seu agir,

ele não pode prescindir do seu reto pensar.

Os animais, não possuindo a razão, realizam

o próprio bem, guiando-se pelo instinto.

Mas o homem, animal racional, justamente

por sê-lo, deve saber orientar o seu instinto

animal pela reta razão. Somente assim ele

realiza o seu bem e o bem dos outros.

Mas, quando o pensamento da pessoa

é correto? O pensamento é correto quando

é humano, isto é, quando respeita a

liberdade, a igualdade e a participação

de todos. Essas três características derivam

da verdadeira dignidade do homem, da sua

constituição racional. É o humano do ser

humano que, em atividade alguma, pode

ser esquecido ou desrespeitado sem ultrajar

e prejudicar as pessoas.

Por que hoje, depois de tantos milênios

de trajetória humana na história, temos

ainda mais de 3 (três) bilhões de pessoas

– quase metade da humanidade-

vivendo abaixo da linha da pobreza, e

1,3 bilhão abaixo da linha da miséria

? A falta de alimentação suficiente

ceifa, por dia, a vida de 23 mil pessoas.

E 80% da riqueza mundial encontra-se

concentrada em mãos de apenas 20%

da população do planeta.

Essas características principais da

pessoa - tripé da sua dignidade - são o que

chamamos de verdadeiros valores que

devem nortear a vida de cada indivíduo, se ele

quiser realizar o seu verdadeiro bem e o bem

dos outros. Sem o respeito a esses valores,

desrespeita-se a pessoa, não se constrói a

paz na família humana, não se alcança uma

economia suficiente para a sobrevivência de

todos. Pelo contrário, cometem-se injustiças

e violências, e constrói-se uma economia

de morte e não de vida.

Esses valores – e os demais que deles

derivam – por sua vez, constituem a

ética que, por isso, é definida como um

conjunto de valores verdadeiros que orientam

o comportamento do homem em relação aos

outros homens na sociedade em que vive.

Então, perguntemo-nos: é realmente a ética

que está dirigindo a economia?

Se fosse, a economia deveria ter sempre

presente o bem comum, não as ambições

de poucos. O que quer dizer que ela

deveria respeitar os direitos de liberdade,

de igualdade e de participação de todos.

Somente assim todos teriam, pelo menos, o

mínimo para sobreviverem.

O que adiantam os avanços científicos e

tecnológicos se a população não conta com

trabalho e uma remuneração decente, com

serviços de saúde acessíveis e eficazes, com

uma educação gratuita e de qualidade, com

transporte público e ágil?

A economia não pode ter como finalidade

principal o lucro, o bem-estar de poucos, e o

mal-estar da maioria.

Não é o governo que deve dar saúde ao

sistema financeiro, socorrendo-o nos

momentos de crise com bilhões, mas é a

sociedade - trabalhando com saúde, com

entusiasmo e com satisfação - que deve

mantê-lo ou eliminá-lo, conforme a sua

eficiência, responsabilidade e honestidade

que mostra na administração do dinheiro.

Os governos deveriam, ainda, estar mais

preocupados com o desenvolvimento

humano do que com o aumento do PIB

(produto interno bruto). As pessoas, na sua

maioria, não querem ser ricas, mas desejam

viver serenas.

Não é ético, nem humano, um sistema que

privilegia o lucro privado acima dos direitos

comunitários, a especulação mais do que a

produção, o acesso ao crédito sem o respaldo

da poupança. Não é ético um sistema que

cria ilhas de opulência cercadas de miséria.

Ética é uma economia solidária e de

Crise econômicae crise ética

“Sem Deus não existe dignidade

humana”

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JMJ RIO 2013

comércio justo. Ético é um sistema econômico que favorece a

pequena propriedade - organizada em cooperativas honestas - e que

desfavorece a grande propriedade que lucra além de um limite justo.

Ético é fortalecer a sociedade civil de modo que possa normatizar o

poder público em favor do bem comum.

O poder público, com efeito, existe para regularizar eticamente

a economia, assegurar à população os serviços básicos e os bens

espirituais, como o conhecimento e a liberdade religiosa. Esses bens

superiores são mais importantes que os bens materiais, porque eles

são a fonte destes; com efeito o que gera a ação é o pensamento.

Pensamento ético gera ação boa; pensamento egoísta, antiético

produz atividade prejudicial.

Enfim, o pior da crise econômica atual é não apreender

nada com ela. Não existe, de fato, a preocupação de eliminar suas

verdadeiras causas. Está-se procurando amenizar somente seus

efeitos, e de maneira errada, porque há mais preocupação em salvar

o sistema financeiro do que a humanidade. E isso devido a uma

mentalidade materialista, que domina e rejeita a espiritualidade e

a racionalidade da pessoa humana. Queremos encontrar a estrada

de saída, sem a devida luz, que não nos vem da matéria, e sim do

espírito, da reta razão, do respeito à dignidade humana de todos.

Poderíamos nos perguntar: na procura da solução da crise, onde está

Deus, onde está a dignidade da pessoa humana? Deus? Sim, porque

sem Deus não existe dignidade humana.

::: Pe Antonio Caliciotti

Graduado em Filosofi a, Teologia e PedagogiaMestre em Teologia MoralMestre e Doutor em Filosofi a SocialProfessor de Filosofi a, Sociologia e Metodologia

Em 07 de fevereiro/2012 foi lançada a logomarca ofi cial da próxima

Jornada Mundial da Juventude, que acontecerá no Rio de Janeiro

em Julho de 2013.

O arcebispo do Rio, Dom Orani João Tempesta, na ocasião, falou da

importância do evento para o Brasil e especialmente para a cidade

carioca. A marca escolhida é alegre e colorida e apresenta as cores

nacionais juntamente com um de seus mais conhecidos símbolos, o

Cristo Redentor. Foi uma ótima escolha, pois se trata de uma marca

leve, com traços suaves e, ao mesmo tempo, modernos. Há um

detalhe na marca que nos chama muito a atenção: o coração. Ele nos

remete imediatamente ao coração de Cristo, acolhedor e gratuito,

simples e direto. A marca traz em si várias mensagens cristãs. Uma

grande parte da juventude brasileira já está se preparando para o

evento. O tema a ser desenvolvido será: “Ide e fazei discípulos entre

todas as nações” (Mt.28,19).

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Pão de AçucarCruz Peregrina

Litoral Brasileiro

CristoRedentor

Coração dos discípulo

Dificilmente, para não dizer nunca, os chefes de Estado visitam os

detidos numa prisão. Talvez pensem que fazê-lo significaria aprovar

a criminalidade dos presos. Mas eles esquecem que, como autoridade

máxima, também são responsáveis por eles. Essa responsabilidade,

com efeito, refere-se não somente ao cumprimento da justiça pelo

mal cometido, mas também à recuperação deles. Por estarem presos,

não deixam de ser cidadãos, membros da comunidade nacional e

merecedores de uma chance de recuperação, porque foram vítimas de

deformação humana por parte de uma sociedade cujo responsável é o

Estado.

Bento XVI, porém, foi visitá-los. E, visitando o cárcere de Rebibbia, quis

simbólica e idealmente visitar todos os cárceres do mundo.

Por que fez isso?

Porque está imbuído do Espírito evangélico de Jesus, do qual ele é o

representante sobre a terra. Jesus, com efeito, se identificou com os

famintos, com os emigrantes, com os presos, com todo marginalizado.

Aquilo que fizermos para essas pessoas, estaremos fazendo-o a Ele (Mt

25,36). E lembremos, ainda, o que Ele disse, como resposta a quem o

criticava porque ia à casa dos pecadores e comia com eles: “não são os

que estão bem que precisam de médico, mas sim os doentes” (Mt 9,12).

O Ministro que representava o Estado italiano e que saudou o Papa na

chegada, leu a carta de um condenado a trinta anos de cárcere e detido

numa prisão de segurança máxima na cidade de Cagliari. Ele assim se

expressava: “Visitar pessoas fechadas nos cárceres ou internadas em

hospitais psiquiátricos significa entrar em contato com um mundo de

sofrimento, solidão e humilhação, que não deve ser ignorado, nem

esquecido, porque aí está quem pede ouvido, compreensão, respeito

e sobretudo espírito fraterno. Quando se consegue dar isso sem

julgamentos, sem preconceitos ou falsos moralismos, mas procurando

descobrir a humanidade de cada um, fazendo distinção entre erro e

errante, então acontece um diálogo que se abre e se ilumina como uma

janela para a luz”.

O Papa, no seu discurso, lembrou que onde está um faminto, um

estrangeiro, um doente, um encarcerado, aí está Jesus esperando uma

visita num seu membro. A Igreja sempre colocou, entre as obras de

misericórdia corporal, a visita aos encarcerados. Esta, naturalmente,

para ser plena, requer uma total capacidade de acolhimento ao detento,

fazendo-lhe espaço no próprio tempo, na própria casa, nas próprias

amizades, nas próprias leis, na própria cidade. Gostaria, acrescentou, de

encontrar cada um e ouvir a sua história pessoal. Mas não me é possível;

vim, porém, para vos dizer que Deus vos ama com amor infinito e sois

sempre filhos de Deus. O mesmo Filho de Deus fez a experiência do

cárcere, foi julgado por um tribunal e condenado à morte.

O papa recordou também que a justiça humana e a divina são muito

diferentes entre si e que os homens devem procurar pelo menos se

inspirar na de Deus para colher o seu espírito profundo e evitar fazer

de um detento um excluído. Deus proclama a justiça com força, mas

cura também as feridas com bálsamo de misericórdia. Em Deus, justiça

e misericórdia coincidem, numa lógica diversa da nossa.

Enfim, lembrou que o sistema carcerário deve ter como pilares

fundamentais, por um lado, procurar tutelar a sociedade de eventuais

ameaças e, por outro, reintegrar quem errou, sem pisar na sua

dignidade e sem excluí-lo da vida social. Quer dizer, a pena deve ter a

função de reeducar e assegurar o respeito dos direitos e da dignidade

das pessoas. É importante, pois, promover um desenvolvimento do

sistema carcerário, que, embora respeite a justiça, torne-se cada vez

mais adequando às exigências da pessoa humana, por meio também

de penalidades não detentivas ou modalidades diversas de detenção.

Terminou elevando o discurso à dimensão espiritual, convidando

todos a rezar para sermos libertos da prisão do pecado, da soberba

e do orgulho, cárceres interiores dos quais todos precisamos sair, e

lembrando que a Igreja incentiva e encoraja qualquer esforço que

visa garantir a cada ser humano uma vida digna, e que o Papa estava

próximo de todas as famílias dos detentos.

Bento XVI tocou em assuntos muito importantes da problemática

carcerária. Realmente, o mundo carcerário precisa de esperança. Essa

falta de esperança pode levar a pensar em fugas, a cometer suicídio,

homicídios e outras tragédias, como de fato acontece. E embora não

seja tarefa da Igreja apontar soluções práticas para essa problemática,

todavia é sua missão lembrar que os detentos são pessoas e cidadãos

com uma própria dignidade: a dignidade de criaturas e filhos de Deus.

(Agência ZENIT).

O Papa Bento XVI visita o cárcerede “Rebibbia”em Roma

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FIQUE POR DENTRO

1. CONVITE PARA JOVENS

ACIMA DE 16 ANOS

ENCONTRO VOCACIONAL EM

CAMPOS DO JORDÃO-SP

DE 28 DE ABRIL A 01 DE MAIO /2012

CONTATOS: (12) 3662-3914

[email protected]

2. ENCONTRO DE FORMAÇÃO

NO FERIADO DE CORPUS CHRISTI

DE 07 A 10 DE JUNHO/2012

LOCAL: RECANTO OÁSIS – CAMPOS DO JORDÃO – SP

CONTATOS: (12) 3662-3914

[email protected]

De 18 a 21 de agosto de 2011, realizou-se em

Madri a XXVI Jornada Mundial da Juventude

(JMJ). O tema foi: “Arraigados e fundados

em Cristo, fi rmes na fé” (Cl 2,7).

A Jornada - que na realidade se articula

em diversos dias e a nível mundial, teve a

participação do Papa e reuniu dois milhões

de jovens, provindos de 196 países - foi

uma festa e um testemunho de fé em Jesus

Cristo, uma confraternização de raças,

culturas, línguas e cores.

O Rei Juan Carlos, na saudação ao Papa,

disse que devemos respeitar as esperanças

dos jovens, especialmente pondo fi m à

desocupação juvenil, e animá-los a tomar

a chama dos valores que engrandecem a

humanidade.

Bento XVI participou dessa

jornada com o espírito de um

verdadeiro jovem, embora

tenha mais de oitenta anos,

e dirigiu a sua palavra de

representante de Cristo a todos

eles, em geral e às categorias

em particular.

A todos aconselhou a ter

confi ança plena em Cristo e, enraizados

nele, a enfrentar com determinação os

empenhos decisivos do futuro, porque

a vida em plenitude já está presente

neles. Alertou-os a não seguir aqueles

que, crendo-se deuses, julgam não ter

necessidade de raízes, nem de fundamentas

que não sejam eles mesmos. Desejariam

decidir somente por si o que é verdade ou

não, o que é bem ou mal, justo ou injusto.

O Pontífi ce exortou-os, ainda, a não

permitir que nenhuma adversidade os

paralise, a não se conformar com o que

não seja verdade e amor. Animou-os a

ser protagonistas da procura na verdade,

que, aliás, é a mais alta aspiração do ser

humano, porque a verdade é o bem, fonte

da realização humana e eterna do homem,

pediu que a sua fé em Cristo signifi que uma

relação pessoal com ele, adesão de toda a

pessoa, com a própria inteligência, vontade

e sentimentos à manifestação que Deus faz

de si mesmo.

Lembrou também que seguir Jesus é

caminhar com ele na comunhão da

Igreja. Não se pode seguir Jesus a sós,

por conta própria, ou viver a fé segundo a

mentalidade individualista, que predomina

na sociedade, pois dessa forma corre-se

o perigo de nunca encontrar Jesus, ou de

acabar seguindo uma imagem falsa dele.

Aos jovens docentes universitários

espanhóis recordou que a missão de

um professor universitário, hoje, não

é exclusivamente aquela de formar

profi ssionais competentes e efi cientes que

possam satisfazer à demanda do mercado,

nem privilegiar a pura capacidade técnica,

mas transmitir também o que de mais

elevado corresponde a todas as dimensões

que constituem o homem. Isso porque a

idéia genuína de Universidade é aquela

que vai além de uma visão reducionista e

distorcida do humano. Na realidade, ela foi

e é atualmente chamada a ser a casa onde se

procura a verdade, que é a característica da

pessoa humana. Foi por esse motivo que a

Igreja promoveu a Instituição universitária.

Os nossos jovens, hoje, precisam de mestres

autênticos: pessoas abertas à verdade total

nos diferentes ramos do saber, pessoas

convencidas, sobretudo, da capacidade

humana de avançar nos caminho da

verdade, A juventude, já dizia Platão, é

o tempo privilegiado para a procura e

o encontro com a verdade: “Procura a

verdade enquanto és jovem, porque se

não o fi zer, depois ela lhe fugirá das mãos”

(Parmênides, 135 d).

Aos seminaristas lembrou que Cristo

continua ainda a chamar os jovens para

torná-los seus apóstolos e continuadores

de sua missão. Sustentados pelo seu

amor, não se deixem apavorar – exorta-

os - por um ambiente no qual se procura

excluir Deus e no qual o poder, o possuir e

o prazer freqüentemente são os principais

critérios sobre os quais se rege a existência.

Pode acontecer que, por causa

dessa opção, sejam desprezados,

como se costuma fazer para com

aqueles que visam metas mais altas

e desmascaram os ídolos diante dos

quais hoje muitos se prostram. Será

então que uma vida profundamente

enraizada em Cristo se manifestará

realmente como uma novidade,

atraindo com força aqueles que

verdadeiramente procuram Deus, a

verdade e a justiça.

Às jovens religiosas que consagraram

a vida a Cristo, falou da radicalidade

evangélica que a vida religiosa deve

testemunhar em particular hoje, quando se

constata uma espécie de “eclipse de Deus”.

Diante do relativismo e mediocridade

surge a necessidade desta radicalidade,

que testemunha a consagração como um

pertencer a Deus sumo bem.

Resumindo, eu convidaria os jovens a

aderirem a Cristo. Nele encontrarão a

luz e a força para nunca desanimarem

diante das difi culdades pessoais e

sociais do presente e do futuro.

::: Mercedes dos Santos RosaGraduada em Direito e História

RELEMBRANDO A XXVI JORNADA MUNDIALDA JUVENTUDE ESPANHA 2011

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“Procura a verdade enquanto és jovem, porque

se não o fi zer, depois ela lhe fugirá das mãos”(Parmênides, 135 d).

O universitário é o jovem que sonha alto. Imagina um futuro maravilhoso:

uma vida serena no aconchego amoroso de sua futura família, sucesso

na sua profi ssão, para a qual está se preparando através do seu curso, e

condições econômicas boas para viver tranquilo.

Esse sonho é correto. Todavia corre o perigo de não se realizar pela falta de

fatores sociais e econômicos também indispensáveis para a sua realização.

Vivemos dentro de uma sociedade e de uma economia que podem

favorecer ou impedir a realização dos nossos sonhos. Elas são como o ar que

respiramos: se forem boas, teremos saúde; se forem poluídas, adoeceremos.

O universitário, hoje, deve ser alguém, pois, que se preocupa não somente

com o seu aprimoramento, mas também com o mundo em que vive, que é

a sua sociedade e a humanidade toda, por esta ser globalizada. Deve olhar

não apenas para o seu estudo e a sua formação ética, mas também lutar

para que haja uma sociedade justa e uma economia solidária.

Para isso, deve procurar ter uma visão objetiva das condições

socioeconômicas do seu país e do mundo todo.

O mundo atual é marcado por um enorme mal-estar e as diversas crises:

econômicas, políticas e sociais, representam a expressão dele. O nosso país,

apesar da propaganda contrária, não foge à regra.

A crise econômica e fi nanceira mundial é o que, principalmente,

deve preocupar. Esta não somente atingiu as famílias e as empresas dos

países economicamente mais avançados, donde se originou - criando uma

situação na qual muitos, especialmente os jovens, sentiram-se desnorteados

e frustrados nas suas aspirações por um porvir sereno - mas incidiu

profundamente também sobre a vida dos países em desenvolvimento.

Essa crise, porém, não deve ser motivo de desânimo, e sim uma ocasião de

refl exão sobre a existência humana e sobre a importância da dimensão

ética, antes de nos levar a avaliar os mecanismos que regem a vida econômica.

É preciso, com efeito, tanto frear as perdas, quanto “dar-nos regras novas que

asseguram a todos a possibilidade de viver com dignidade e de desenvolver as

próprias capacidades em benefício da comunidade inteira” (Oss. Rom., 9-10 janeiro

2012,5).

Em segundo lugar, o olhar universitário deve ter presente a situação política e

social do mundo. Isto é, deve refl etir sobre os movimentos de reivindicação

de reformas e de participação mais ativa na vida política e social, embora sem

uma previsão dos êxitos, no Norte da África e no Médio Oriente. A essência

das instituições e das leis que esses povos desejam reformar deve ser o respeito

para com a pessoa, de modo que se possam construir “sociedades estáveis e

reconciliadas, sem injustas descriminações, em particular de ordem religiosa”

(Bento XVI).

Preocupantes são também as violências na Síria e no Iraque. Essas

animosidades devem cessar, assim como se deve retomar o diálogo entre

Israelenses e Palestinos.

Enfi m, o que mais preocupa o futuro de hoje é a educação. Ela é a

dimensão fundamental para a formação dos jovens que nos premem a

considerar seriamente as suas perguntas sobre a verdade, a justiça e a paz.

Mas a educação requer ambientes adequados. O primeiro é a família,

célula fundamental de toda sociedade e “fundada sobre o matrimônio de um

homem e de uma mulher” (Bento XVI). Por isso “as políticas lesivas à família

ameaçam a dignidade humana e o mesmo futuro da humanidade” (Bento

XVI), assim como as políticas que não somente permitem, mas, às vezes,

favorecem o aborto.

A educação deve ser acessível a todos e, “além de promover o desenvolvimento

cognitivo da pessoa, deve cuidar do crescimento harmônico da personalidade,

inclusive a sua abertura ao Transcendente (Deus)” (Bento XVI). Essa educação

integral postula também a liberdade religiosa em dimensão individual,

coletiva e institucional. Trata-se do primeiro direito humano. Talvez, a esse

respeito, seja bom lembrar o Ministro pakistanês Shahbaz Bhatti, morto

devido a sua luta em defesa dos direitos das minorias religiosas, e tantos outros

cristãos ceifados por motivo religioso, especialmente na Ásia e na África. O Papa

Bento XVI, em “Assisi” (Itália), tem lembrado aos líderes religiosos do mundo

todo para que repitam com força e fi rmeza que “O terrorismo religioso não é a

verdadeira natureza da religião. É a sua distorção e contribui par a sua destruição” .

É importante também tomar conhecimento da sentença da “Corte

Européia dos direitos do homem” em favor da presença do Crucifi xo nas

aulas das escolas italianas.

Por último, lembremos que, em tantas nações - como na China, na Coreia

do Norte, etc. - também muitos outros direitos humanos ainda são

desrespeitados pelas leis. As pessoas vivem como escravas do Estado. Os

demais países, porém, devido a interesses econômicos ou por outros motivos,

não se opõem.

Essa panorâmica problemática, descrita de maneira sucinta e parcial, e

que terá, ainda, muitos outros desdobramentos, deve estar presente no

universitário. Ela é condicionante. Sem que nos apercebamos, pode, direta ou

indiretamente, nos envolver e impedir os nossos sonhos de vida. Diante dela,

com o entusiasmo e as energias juvenis, os universitários devem reagir e lutar

com coragem, para que tudo o que há de errado no mundo seja eliminado. E

lembremos: o errado e o certo são sempre determinados pela vida plena (física,

material e espiritual) da pessoa. O que a prejudica é mal; o que a favorece é bem.

Em todo caso, seja qual for a existência terrena que nos espera, seja-nos de

conforto e de esperança que a vida não acaba no nada: o seu destino não

é a corrupção, mas a imortalidade. Isso faz com que, sendo o nosso futuro

positivo, também o presente se torne visível (Encíclica Spe salvi, n.2).

::: Pe Antonio Caliciotti

Graduado em Filosofi a, Teologia e PedagogiaMestre em Teologia MoralMestre e Doutor em Filosofi a SocialProfessor de Filosofi a, Sociologia e Metodologia

O UNIVERSITÁRIO E O SEU FUTURO

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“A educação, além de promover o desenvolvimento cognitivo da pessoa, deve cuidar do crescimento harmônico da personalidade, inclusive a sua abertura ao Transcendente (Deus)”