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- Paleontologia em Destaque n 44 -

- Pgina 1 Fauna e flora fsseis do espongilito de Trs Lagoas, MS. 17 18 19 Caracterizao paleoambiental a partir de espculas silicosas de esponjas em sedimentos lagunares ... Conodontes e fauna associada nos carbonatos da Formao Itaituba, Carbonfero da bacia do Amazonas.

PALEO 2003Ensino de Paleontologia e Preservao de AcervosA Paleontologia e os cdigos internacionais de nomenclatura zoolgica e botnica. 1: fsseis & nomen nudum. A aplicao da Paleontologia como cincia no Ensino Fundamental. Preparao de kits didticos paleontolgicos de exemplares tpicos das bacias sedimentares PE-PB e Araripe. Kit de paleontologia: uma estratgia para ensino-aprendizagem nos cursos de Licenciatura em Biologia e Geografia... Anlise do grau de abordagem do tema Paleontologia nos livros de Biologia do Ensino Mdio. Divulgao da Paleontologia e Geologia por meio dos jornais. Formas e texturas do passado: uma abordagem paleontolgica para o deficiente visual. Museu dos Dinossauros e Centro de Pesquisas Paleontolgicas Llewellyn Ivor Price: trabalhando a Paleontologia ... A conscientizao das comunidades locais na preservao dos stios paleontolgicos. Salvamento paleontolgico na linha de transmisso de energia eltrica Uruguaiana Santa Rosa. Catalogao e identificao do acervo paleontolgico do Departamento de Biologia/rea de Ecologia ... Coleo cientfica do Laboratrio de Estudos de Comunidades Paleozicas: reorganizao sob uma nova perspectiva. Anlise do conhecimento fossilfero do Estado de So Paulo at o ano 2000. A coleo de paleoinvertebrados do Museu Nacional: o acervo de fsseis estrangeiros. Centro de Pesquisas Paleontolgicas Llewellyn Ivor Price e Museu dos Dinossauros, uma referncia pesquisa ... 4 4

PaleobotnicaA new bryophyte from the Lower Carboniferous of Bolivia. Reviso de pecopterdeas frteis e estreis da Amrica do Sul: Asterotheca piatnitzkyi e Pecopteris pedrasica ... Sommerxylon spiralosus Pires & Guerra-sommer no Mesozico do Rio Grande do Sul: significado taxonmico ... Estudo paleoflorstico do Membro Crato, Formao Santana, Eocretceo da bacia do Araripe, nordeste do Brasil. Fsseis relacionados com a famlia Araucariaceae em nveis do Eoceno inferior da ilha King George ... Afinidades botnicas dos fsseis da bacia de Taubat, Formao Trememb. Algas calcrias mesozicas do nordeste brasileiro: uma avaliao. Identificao da composio cianobacteriana das esteiras estromatolticas poligonais da lagoa Pitanguinha ... Reviso da identificao das cianobactrias presentes nos estromatlitos estratiformes da lagoa Salgada ... Distribuio vertical das cianobactrias nas esteiras coloformes da lagoa Vermelha, Quaternrio superior, Brasil. 19 20 20 21 21 22 22 23 23 24

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PaleoecologiaPaleoecologia dos invertebrados da ecofcies Capanema da Formao Pirabas (Mioceno inferior), Estado do Par. Estudo paleoecolgico da comunidade de peixes sseos da Formao Pirabas (Mioceno Inferior) ... Estrutura trfica do paleomar de Pirabas (Mioceno Inferior), Estado do Par. 24 25 25

MicropaleontologiaMicropaleontologia da Formao Pirabas (Mioceno Inferior) na plancie costeira de Bragana (perfurao RKS-3) ... Microfsseis do Cretceo Superior (bacia Bauru) da regio de Marlia, SP. Foraminferos planctnicos da sondagem 1-SCS-3B, plataforma de Florianpolis, poro setentrional ... Anlise da microfauna bentnica de um testemunho da regio norte da baa de Guanabara, RJ: resultados preliminares. Ostracodes (Crustacea) do Devoniano do Estado do Paran - Formao Ponta Grossa. Ostracodes e eventos paleoceanogrficos no Quaternrio da bacia de Santos. Registro de diatomceas cntricas na Formao Pirabas (Mioceno inferior), Estado do Par. Diatomceas de sedimentos quaternrios da lagoa Olho d'gua: uma anlise paleoambiental. Arcellaceas quaternrias das lagoas Pinguela, Palmital e Malvas, Rio Grande do Sul Brasil. Arcellaceas (tecamebas) das lagoas Marcelino e Peixoto Rio Grande do Sul Brasil. Resultado da anlise palinolgica do Grupo Trombetas com base em acritarcas Mudanas paleoambientais no Holoceno superior da regio de So Martinho da Serra, sul do Brasil. Palinologia e sedimentologia da regio de Monte Verde, poro sul do Estado de Minas Gerais ... 11 12 12 13 13 14 14 14 15 15 16 17 17

Paleoicnologia e Estruturas BiognicasRegistro da icnofcies Scoyenia em sucesso sedimentar da seqncia Ladiniana-Eonoriana, Trissico ... Icnofsseis de Chironomidae (Diptera) da Formao Trememb (Oligoceno), bacia de Taubat. Implicaes paleoecolgicas e paleoambientais de distintas formas preservacionais de Diplichnites gouldi. Oviposition scars by dragonflies on a Gangamopteris obovata leaf in Early Permian strata from RS. Predatory drill holes in shells of Bouchardia rosea (Brachiopoda) and their paleontological importance. Ocorrncia de coprlitos retrabalhados por insetos no municpio de Pantano Grande, RS. Evidncias de predao ou necrofagia em Jachaleria candelariensis, Trissico superior do sul do Brasil. Estromatlitos da formao Teresina (bacia do Paran, Permiano superior) reconhecidos em testemunhos ... 26 27 2 7 28 28 29 29 29

Paleontologia EstratigrficaFeies sedimentolgicas, bioestratinmicas e estratigrficas das concentraes de bivalves do Membro Taquaral ... Resultados preliminares sobre concentraes fossilferas relacionadas a tempestitos na Formao Teresina ... Proposta de uma subdiviso tripartida para o Trissico superior do Rio Grande do Sul e sua correlao Contedo fossilfero e relaes estratigrficas da Formao Guar (Jurssico superior ?), Rio Grande do Sul. Bivalves from the Cape Melville Formation, Moby Dick Group (Early Tertiary), King George Island, Antarctica. 30 31 31 32

O Cretceo na bacia do Cabo, nordeste do Brasil. Bioestratigrafia como ferramenta complementar anlise estratigrfica da rampa carbontica Jandara ...

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- Paleontologia em Destaque n 44 Stio paleontolgico e arqueolgico da fazenda Imboacica, municpio de Anchieta, Esprito Santo, Brasil ... 34

- Pgina 2 Archosaur osteoderms from the Upper Cretaceous paleontological site of Peirpolis, Uberaba, MG. New dinosaur remains from the Upper Cretaceous Adamantina Formation, paleontological site of Prata ... Ocorrncia de Theropoda no Grupo Itapecuru da localidade de Coroat, centro-leste do Maranho. A mais antiga serpente (Anilioidea) brasileira: Cretceo Superior do Grupo Bauru, General Salgago, SP. Novos quelnios fsseis provenientes do stio paleontolgico de Peirpolis Uberaba, Minas Gerais. Biogeografia dos pelomedusides (Testudines: Pleurodira) baseada em padres de vicarincia. Estudo dos Proboscidea (Mammalia) do Pleistoceno do Rio Grande do Sul. Novos materiais de mamferos do Pleistoceno De Pntano Grande, RS, Brasil resultados preliminares. Levantamento das ocorrncias dos fsseis de megafauna pleistocnica do Estado de Pernambuco. Novos txons pleistocnicos encontrados na Fazenda Elefante, Gararu, Sergipe. Novos registros de Xenarthra (Mammalia:Eutheria) na Fazenda Acau, Municpio de Rui Barbosa, RN. A ocorrncia de Nothrotherium (Mammalia: Edentata) em Pains (MG): um fssil perdido pela burocracia? Cingulata (Mammalia/Xenarthra) da coleo cientifica de paleontologia do Museu de Cincias Naturais da FZB/RS. Comparao entre as faunas-locais de tanques fossilferos do RN, PB e CE, utilizando o coeficiente de similaridade ... Levantamento geolgico, arqueolgico e paleontolgico do Rio Grande do Norte. Evoluo dos homindeos americanos: estado da arte das linhas de pesquisa sobre rotas migratrias ... 50 51 51 52 52 53 53 54 55 55 56 56 57 57 58 58

Paleontologia de InvertebradosReinterpretation of a Vendian conulariid-like fossil of Russia. The oldest and smallest conulariid (Cnidaria) from South Amrica. Gastrpodos neoaptianos-eoalbianos da bacia de Sergipe: sistemtica e paleoecologia. Horizontes de mortandade de Megalobulimus sp. (Gastropoda) em cavernas. Preliminary results on the taphonomy of a nuculid bivalve concentration from the Cape Melville Formation Neritdeos fsseis de concha ornamentada ocorrentes no Brasil. O gnero Australospirifer (Spiriferida: Brachiopoda), Formao Ponta Grossa (Devoniano), bacia do Paran ... Comparaes entre as macrobriozoofaunas miocnicas e atuais do litoral paraense. World Pygocephalomorpha, Paleozoic crustaceans difficulties and problems on diagnosis and systematic. Discusso sobre a classificao taxonmica dos conchostrceos da Formao Rio do Rasto ... Istopos estveis de C e O em crustceos decpodes e cirrpedes balanomorfos da ecofcies Capanema ... Caracterizao sistemtica preliminar dos calianassdeos da Formao Maria Farinha (Paleoceno) ... Istopos estveis de carbono e oxignio em crustceos decpodes da Formao Maria Farinha (Paleoceno) ... Novo registro de insetos do Carbonfero Superior (Grylloblattida, Narkeminoidea) na regio de Tai, SC ... Helius krzeminskii e outros Limoniidae (Diptera: Tipulomorpha) preservados no mbar de Burma ... Colunais e pluricolunais dissociadas de Crinoidea da Formao Ponta Grossa (Devoniano, bacia do Paran)... Nova ocorrncia de clice de Blastoidea na Formao Ponta Grossa (Devoniano, bacia do Paran), Estado do Paran ... Os equinides (Echinodermata) da bacia Potiguar (RN): estado da arte. Os equinides (Echinodermata) fsseis da bacia de Pernambuco-Paraba: estgio atual do conhecimento. 34 35 35 36 36 36 37 38 39 39 39 40 40 41 41 42 42 43 43

TafonomiaTafonomia dos vegetais da Formao Furnas (Eodevoniano), bacia do Paran, Estado do Paran. Tafonomia dos ostredeos (Bivalvia) da Formao Pirabas (Mioceno Inferior), Estado do Par: resultados preliminares. Tafonomia dos pectindeos (Bivalvia) da Formao Pirabas (Mioceno Inferior), Estado do Par: resultados preliminares. Fossildiagnese e geoqumica dos crustceos decpodes da Formao Maria Farinha (Paleoceno), PE. Experimental taphonomy: the settling of brachiopod shells and their biostratinomic implications. Influncia diagentica na preservao morfolgica e histolgica de vertebrados fsseis de Santa Cruz do Sul ... Comparao bioestratinmica entre os afloramentos Schnstatt e Vila Estncia Nova, Formao Santa Maria ... 59 59 60 60 61 61 62

Paleontologia de VertebradosRelaes filogenticas das raias da Ordem Myliobatiformes (Chondrichthyes: Batoidea), com especial nfase Observaes adicionais sobre paleovertebrados do topo da Formao Tatu e base da Formao Taquaral ... A compreensive up-to-date survey on Permian-Triassic temnospondyls in southern Brazil. Caracterizao tafonmica de restos quaternrios de Anura, Abismo Ponta de Flecha, Iporanga, SP. Los cinodontes Brasilodon y Brasilitherium y el orgen de los mamferos. Modelos de morfognese dentria e suas implicaes em estudos evolutivos: Riograndia guaibensis ... Evidncias de predao ou necrofagia em Jachaleria candelariensis, Trissico Superior do Sul do Brasil. Uma paleopatologia em Jachaleria candelariensis (Synapsida, Dicynodontia), do Trissico Superior ... Relaes filogenticas dos Sauropodomorpha basais brasileiros e a origem dos Prosauropoda. Novo registro de Rhadinosuchidae (Archosauriformes: Proterochampsia) para o Mesotrissico do Brasil. Resultados preliminares do estudo dos pequenos fsseis de vertebrados da Formao Marlia ... Comparison of dinosaurs and sedimentary environments between the Bauru and Neuqun-Malarge groups ... Small dinosaur teeth in the collections of the Centro de Pesquisas Paleontolgicas Llewellyn Ivor Price 44 44 45 45 46 46 47 47 48 48 49 49 50

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Editorial

Caro scio.

O Paleontologia em Destaque deste trimestre dedicado publicao dos resumos dos trabalhos apresentados durante a PALEO 2003, em reunies organizadas em novembro e dezembro de 2003 em diversas regies do pas. So, ao todo, 114 resumos apresentados nas reunies de Belm (regio Norte), Natal (regio Nordeste), Ribeiro Preto (Ncleo SBP/SP), Rio de Janeiro (Ncleo SBP/RJ-ES), Uberaba (MG), Curitiba (SC/PR) e Porto Alegre (RS). Agradecemos o empenho dos colegas Vladimir de Arajo Tvora (PA), Wagner Souza Lima (SE), Narendra Srivastava (RN), Max Langer (SP), Norma Cruz e Marise S. de Carvalho (RJ), Carlos Roberto Candeiro e Luiz Carlos B. Ribeiro (MG), Robson T. Bolzon (SC/PR), Ana Maria Ribeiro e Patrcia H. Rodrigues (RS) pela organizao do evento nas diferentes regies. Nossos agradecimentos tambm s instituies que sediaram o evento: Universidade Federal do Par, Universidade Federal do Rio Grande do Norte, Faculdade de Filosofia, Cincias e Letras da USP/Ribeiro Preto, Companhia de Pesquisas e Recursos Minerais, Faculdade de Educao de Uberaba, Universidade Federal do Paran e Fundao Zoobotnica do Estado do Rio Grande do Sul. Agradecemos tambm aos colegas que atuaram como revisores cientficos, bem como aos alunos do Curso de Letras da Universidade do Vale do Rio dos Sinos que voluntariamente fizeram a reviso ortogrfica e gramatical. A participao de scios e no scios na Paleo 2003 superou nossas expectativa e demonstra o interesse crescente pelo conhecimento paleontolgico em todo o pas. A julgar pelo histrico do evento em suas edies anteriores, a tendncia crescer ainda mais. Assim sendo, avaliamos que preciso reavaliar o formato atual da Paleo, bem como a melhor poca para sua realizao. A discusso sobre esta questo ser lanada ainda no primeiro semestre de 2004 e sugestes so bem vindas desde j, devendo ser encaminhadas para [email protected]. A voc, scio, que tem apoiado e difundido a Paleo entre seus alunos, estimulando sua participao, nosso muito obrigado. Boa leitura!

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Ensino de Paleontologia e Preservao de Acervos

A PALEONTOLOGIA E OS CDIGOS INTERNACIONAIS DE NOMENCLATURA ZOOLGICA E BOTNICA. 1: FSSEIS & NOMEN NUDUMPAULO ALVES DE SOUZA & JOO CARLOS COIMBRADepto. Paleontologia e Estratigrafia, IG/UFRGS, RS, [email protected], [email protected]

A nomenclatura sistemtica dos organismos vivos e fsseis obedece aos cdigos internacionais de nomenclatura zoolgica [http://www.iczn.org/code.htm] e botnica [http://www.bgbm.fuberlin.de/iapt/nomenclature/code/tokyo-e], este ltimo integralmente disponvel em meio eletrnico. Embora no haja uniformidade entre ambos, alguns princpios e regras so comuns e objetivam o melhor tratamento cientfico das categorias taxonmicas, imprimindo um modelo padronizado de uso e validade universais. Dentre os temas constantes nos cdigos, abordados essencialmente na forma de artigos e recomendaes, ressaltam-se aqui alguns aspectos sobre a proposio de novos txons. Para a validade da proposio de qualquer nome novo (nomen novum), necessrio que este seja efetivamente publicado em veculo de divulgao indexado de acesso amplo e irrestrito. Nomes propostos em relatrios internos, newsletters e trabalhos monogrficos de graduao e ps-graduao no podem ser considerados vlidos e se constituem, quando assim propostos, nomina nuda (nomes sem validade). Ainda que as regras sobre esse tema sejam conhecidas pelos paleontlogos, verifica-se, em vrias especialidades, certa constncia na proposio de novos nomes em meios que no atendem aos critrios dos cdigos, principalmente em dissertaes de mestrado e teses de doutoramento. Se por um lado a contribuio sistemtica e taxonmica oferecida por esses trabalhos e outros afins seja indiscutvel, por outro h que se cumprir o princpio dos cdigos, que se regem, fundamentalmente, pela validade e prioridade, a partir da publicao. Vrios so os exemplos de nomes que foram publicados com certo atraso ou que no foram publicados, passadas dcadas de sua proposio em dissertao ou tese. Como resultado, por no serem considerados vlidos, impedem o uso em trabalhos ulteriores e, de certa forma, tambm sua proposio por outros autores. Alm disso, quando da primeira citao vlida, o nome constar na lista sinonmica como nomen nudum. Portanto, encoraja-se um melhor atendimento aos cdigos e a utilizao provisria de nomenclatura aberta (ex.: Caudites sp. nov. 1, Caudites sp. nov. 2) para nomes propostos em trabalhos que no atendem aos cdigos. A APLICAO DA PALEONTOLOGIA COMO CINCIA NO ENSINO FUNDAMENTALEMERSON C. OLIVEIRA, JORGE A. C. ALBUQUERQUE, EURIDES A. SILVACurso de Cincias Biolgicas, UNIT, MG, [email protected]

THIAGO S. MARINHOMuseu de Minerais e Rochas, IG/UFU, MG, [email protected]

A Paleontologia, tanto quanto a Geologia, so duas cincias que se unem em certo ponto na busca do conhecimento passado. A anlise dos fsseis e a relao desses com eventos geolgicos buscam a compreenso da evoluo dos seres vivos. De um modo geral, no tem sido dada a devida ateno pedaggica a estas duas disciplinas. contraditrio como valores cientficos to grandes so ignorados nos livros didticos, e mesmo por professores, prejudicando um maior entendimento dos alunos no assunto em questo. Uma pesquisa aleatria foi realizada em quatro grupos com quinze alunos cada, de diferentes escolas no municpio de Uberlndia (MG), duas estaduais e duas municipais. O teste foi desenvolvido sob forma de questes abertas, a fim de verificar o conhecimento dos alunos no quesito paleontologia. Os resultados evidenciaram uma realidade consideravelmente negativa. No total de sessenta alunos questionados, 26,6% conseguiram conceituar superficialmente a paleontologia, e 73,3% demonstraram total desconhecimento sobre o tema. Na interrogativa sobre os fsseis, os resultados no mudaram muito: 38,3% demonstraram conhecimento superficial sobre o assunto e 61,6%, nenhum entendimento. Como ponto principal deste trabalho, destaca-se a deficincia dos contedos de Paleontologia nos livros didticos direcionados sexta, stima e oitava srie do Ensino Fundamental. Constatou-se tambm um desconhecimento sobre o Stio Paleontolgico de Peirpolis, que se constitui no grande marco de disseminao do conhecimento geopaleontolgico do Tringulo Mineiro, distante apenas 120 km da cidade de Uberlndia. Sugere-se aqui que

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os educadores dediquem um momento de seu perodo letivo a fazer uma abordagem mais dinmica sobre a paleontologia em geral. PREPARAO DE KITS DIDTICOS PALEONTOLGICOS DE EXEMPLARES TPICOS DAS BACIAS SEDIMENTARES PE-PB E ARARIPECARLOS HENRIQUE DE MELLO FERNANDES*, ROSEMBERGH S. ALVES*, ANA CAROLINA B. LINS E SILVADepto. de Biologia, UFRPE, PE, [email protected], [email protected], [email protected]

ALCINA MAGNLIA F. BARRETODepto. de Geologia, UFPE, PE, [email protected]

O laboratrio de Prticas em Ecologia do Departamento de Biologia da UFRPE possui um acervo de 3.395 espcimes fsseis, incluindo vertebrados, invertebrados, vegetais e icnofsseis, alm de rochas sedimentares e outros materiais no identificados at o momento. O acervo foi acumulado ao longo de duas dcadas, durante trabalhos de pesquisas de professores e aulas prticas da disciplina Paleoecologia e Paleontologia, contendo essencialmente fsseis de idade mesozica e cenozica, provenientes de visitas a formaes geolgicas fossilferas das bacias sedimentares Pernambuco-Paraba (PE-PB) e Araripe (PE, CE e PI). Este trabalho faz parte do projeto de extenso Conhecendo os fsseis: Organizao da coleo didtica e estruturao de atividades prticas e educativas em Paleontologia, e tem como principal objetivo auxiliar na compreenso dos conceitos de Paleontologia, apresentando aos discentes de graduao e aos alunos de ensino fundamental e mdio os principais tipos de fsseis ocorrentes no Nordeste do Brasil, em forma de kits didticos. Foram montados kits com amostras representativas das Bacias PE-PB e Araripe, identificadas com informaes sobre sua diagnese e paleoambientes. Do acervo catalogado, 95,4% correspondem aos fsseis da bacia PE-PB (Formaes Gramame e Marinha Farinha) enquanto a bacia do Araripe (Fm Santana) est representada com apenas 4,6% do material. Com a organizao do material expositivo da coleo paleontolgica, retratando a riqueza paleontolgica nordestina, acompanhado por carto explicativo, parte do acervo poder ser disponibilizada para a utilizao em seminrios, aulas prticas, palestras, exposies e feiras de cincias, atendendo a demanda de alunos da UFRPE e estudantes de outras instituies. O uso de exemplares das formaes geolgicas do Nordeste nesses kits de grande relevncia para o conhecimento do aluno da ocorrncia de jazidas fossilferas, demonstrando que a Paleontologia uma cincia acessvel e despertando o interesse para a compreenso dos ambientes, suas modificaes atravs do tempo e a importncia da preservao das ocorrncias paleontolgicas. [*Bolsistas Extenso/ PRAE/ UFRPE] KIT DE PALEONTOLOGIA: UMA ESTRATGIA PARA ENSINO-APRENDIZAGEM NOS CURSOS DE LICENCIATURA EM BIOLOGIA E GEOGRAFIA DO CENTRO UNIVERSITRIO DO TRINGULO - UNIT, UBERLNDIAEMERSON C. OLIVEIRA & JORGE A. C. ALBUQUERQUECurso de Cincias Biolgicas, UNIT, MG, [email protected], [email protected]

Os cursos de Licenciatura em Biologia e Geografia, no Centro Universitrio do TringuloUNIT/Uberlndia/MG, apresentam em seu currculo acadmico o ensino obrigatrio de Paleontologia. A aquisio de um kit fossilfero, doado pelo Laboratrio de Macrofsseis do Departamento de Geologia da UFRJ (Universidade Federal do Rio de Janeiro), destinada aos alunos e professores de Paleontologia, estendendo-se comunidade interessada no assunto. Esse material didtico-cientfico faz parte do segundo passo para a realizao de um projeto, que consiste na criao de um Laboratrio de Geocincias neste Centro Universitrio. O projeto se divide em duas etapas, onde a primeira ser a criao de uma biblioteca bsica de Paleontologia, e a segunda, baseia-se na organizao e identificao das peas fsseis doadas instituio. Os primeiros materiais disponveis so representados por: conchostrceos, peixes (Dastilbe e Rhacolepis), vertebrados indeterminados e madeira fossilizada (Formao Santana, bacia do Araripe), vertebrados indeterminados e possveis caracdeos (Formao Trememb, Bacia de Taubat). Esses espcimes so utilizados nas aulas de Paleontologia e Zoologia, sendo analisados em microscpios onde so realizados estudos descritivos e comparativos com esses txons. A realizao desse projeto permite aos alunos, professores e interessados o acesso a um material at ento indito na instituio. O Kit de Paleontologia propicia, por meio dos exemplares fsseis, o aumento do conhecimento da histria evolutiva na disciplina de Paleontologia. Torna ento possvel o estudo cientfico de todo acervo paleontolgico, podendo estender-se a outras instituies de educao desprovidas de material nessa rea do conhecimento.

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ANLISE DO GRAU DE ABORDAGEM DO TEMA PALEONTOLOGIA NOS LIVROS DE BIOLOGIA DO ENSINO MDIOGERALDO JORGE BARBOSA DE MOURA & ALCINA MAGNLIA FRANCA BARRETODepto. de Geologia, Centro de Tecnologia e Geocincias-CTG, UFPE, PE, [email protected], [email protected]

A paleontologia ocupa local de destaque nas discusses do mundo moderno, pois representa uma ferramenta para desvendar o enigma da evoluo da vida. No tocante a formas de vidas pretritas e evidncias da evoluo biolgica, a paleontologia vem para o ranking dos assuntos mais discutidos nas instituies de ensino em todas as reas e nveis do conhecimento.Visando analisar o grau de informaes tcnicas sobre o tema em nvel de ensino mdio, foram selecionados os doze livros de biologia, volume nico, mais veiculados no mercado (Biologia Srie Brasil, Sergio Linhares e Fernando Gewandsznajder; Biologia de Olho no Mundo, Sdio Machado; Biologia para o Ensino Mdio, Alba Gainotti; Biologia, Wilson Roberto Paulino; Biologia, Clzio Morandini e Luiz Carlos Bellinello; Biologia, Ayrton Marcandes; Biologia, Jos Favareto e Clarinda Mercadante; Biologia nica, Wilson Roberto Paulino; Biologia, Demtrio Gowdal; Bio, Snia Lopes; Biologia, Csar da Silva Jnior e Sezar Sasson; Biologia, Jos Luis Soares) para passarem por uma anlise quantitativa e qualitativa da forma pelo qual abordam o tema. Aps a anlise, os livros foram enquadrados em categorias de acordo com a freqncia de ocorrncia dos assuntos abordados considerados essenciais, como segue: 0%-20% (sofrvel), 21%-40% (insuficiente), 41%-60% (regular), 61%-80% (bom) e 81%-100% (timo). Os resultados mostraram que houve diferenas drsticas no nvel de abordagem feita pelos livros analisados. No aspecto qualitativo das informaes, no foi detectada nenhuma informao fora dos padres tcnicos de veracidade cientfica. No aspecto quantitativo das informaes, porm, 33,3% dos livros foram identificados como sofrveis, 50% como insuficientes, 8,3% como regulares, 8,3% como bons e nenhum como timo, pois muitos tpicos essenciais para a construo do conhecimento paleontolgico no foram priorizados pelos autores. Percebeu-se que no existe uma comunho de pensamento entre os autores e o que priorizam nas abordagens, pois so dados enfoques totalmente diferentes no desenrolar dos captulos. O trabalho mostra a necessidade de melhor aproveitamento do tema, para que se possa oferecer aos alunos secundaristas literatura que possibilite uma viso crtica da paleontologia como cincia geolgica, evidenciando assim sua aplicabilidade para o mundo moderno. DIVULGAO DA PALEONTOLOGIA E GEOLOGIA POR MEIO DOS JORNAISMRCIO FBIO KAZUBEKCurso de Geologia, UFPR, PR, [email protected]

Embora cientificamente a Paleontologia e a Geologia venham evoluindo de modo promissor nas ltimas dcadas, grande parte destes conhecimentos dificilmente chega ao conhecimento da sociedade. Raros so os artigos em jornais, revistas e mesmo no meio televisivo que abordem suas aplicaes. Apresenta-se aqui um trabalho pioneiro, at mesmo em mbito nacional, que uma coluna jornalstica voltada s cincias naturais, denominada Geo-Esfra, publicada semanalmente em um jornal de circulao pblica, o Hoje Centro Sul. Este jornal, embora tenha a modesta tiragem de quatro mil exemplares, acessvel a 170 mil habitantes da regio sul e centro-sul do Estado do Paran, com circulao nos municpios de Irati, Mallet, Prudentpolis, Rebolas, Rio Azul, Incio Martins, Paula Freitas, Paulo Frontin, Ipiranga, So Mateus do Sul, Fernandes Pinheiro e Teixeira Soares. Sua primeira edio data de 09 de janeiro de 2003, chegando a 45 edio at o dia 10 de novembro de 2003. A aceitao pela populao grande, sendo os textos da Geo-Esfera tambm usados como temas de estudos e como material complementar para alunos do ensino Fundamental e Mdio, e como veculo de atualizao dos professores. O grande desafio tornar a leitura da coluna agradvel e informativa; para isso, utilizam-se figuras, sempre que possvel, alm de linguagem acessvel, simplificada e levando em conta, principalmente, os exemplos regionais. Com isso, objetiva-se expor o conhecimento geocientfico populao, evidenciando a utilidade e as aplicaes das geocincias no seu cotidiano. A coluna tem sido bem aceita, com um crescente nmero de leitores, e os temas que mais prendem a ateno dos leitores dizem respeito Paleontologia, por meio dos fsseis, e suas aplicaes, e principalmente quando estes podem ser encontrados na regio. Os resultados obtidos indicam que o jornal pode ser uma boa opo para a divulgao das cincias naturais, mostrando assim sua importncia. FORMAS E TEXTURAS DO PASSADO: UMA ABORDAGEM PALEONTOLGICA PARA O

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DEFICIENTE VISUALFERNANDA DE FREITAS TORELLOPPG IG/USP, IBB/UNESP, SP [email protected]

LILIAN MARIA FRANCO BLAUProjeto Vida Iluminada, Botucatu/SP

LUIZ HENRIQUE CRUZ DE MELLOPPG IG/USP, IBB/UNESP, SP

Os deficientes visuais, cegos ou portadores de viso subnormal, representam 1% da populao do Brasil. Estes freqentam escolas regulares, participando das aulas em conjunto com os alunos sem problemas visuais. No entanto, h a necessidade de confeco de material especial destinado a complementar as informaes visuais fornecidas pelo professor. No Brasil, de acordo com a regio, existem centros de apoio que auxiliam na elaborao deste material. Embora iniciativas deste tipo sejam ainda pontuais, h defasagem em relao aos temas abordados em sala de aula. Desta forma, recursos grficos em relevo ou adaptados viso subnormal possibilitam a superao de barreiras informacionais, contribuindo para a integrao do deficiente na escola, no trabalho e na vida cotidiana. A Paleontologia foi escolhida como fonte de informaes aos deficientes visuais, pois, por se tratar de uma cincia ampla, leva ao entendimento da origem da vida e de sua evoluo at o aparecimento do homem, situando o indivduo no tempo e no espao e guiando-o como pessoa e cidado. Com base nestas observaes, est sendo desenvolvido o projeto Formas e texturas do passado, uma abordagem paleontolgica para o deficiente visual, no mbito do Projeto Vida Iluminada (Associao das Mulheres Unimedianas, UNIMED), no municpio de Botucatu (SP), e que se destina a atender gratuitamente qualquer portador de deficincia visual. O projeto de Paleontologia inclui: (i) curso A histria da vida na terra; (ii) produo de material didtico adaptado; (iii) produo de textos em Braille; (iv) trabalho de campo; (v) atividades artsticas; e (vi) construo de linha do tempo em relevo (com 4,5 m de comprimento), para que os deficientes visuais possam compreender de maneira mais completa o contedo abordado ao longo do desenvolvimento do projeto, e que sintetiza a histria da vida na Terra. Ao longo do trabalho, tem sido possvel identificar as carncias relacionadas ao entendimento do tema e elaborar recursos alternativos, enfatizando as formas e as texturas para que as informaes possam ser transmitidas de maneira plena e completa. Por viver-se em um mundo com forte apelo visual, essencial divulgar a cincia para quem no pode ver, pois, apesar de no enxergarem com os olhos, podem aprender utilizando outro sentido pouco explorado por ns, o tato. MUSEU DOS DINOSSAUROS E CENTRO DE PESQUISAS PALEONTOLGICAS LLEWELLYN IVOR PRICE: TRABALHANDO A PALEONTOLOGIA A PARTIR DE PRTICAS EDUCATIVASHELIONE DIAS DUARTE FERNANDESFUMESU, Centro de Pesquisas Paleontolgicas Llewellyn Ivor Price, Faculdade de Educao de Uberaba, MG, [email protected]

A XI Semana dos Dinossauros realizada em Peirpolis, no perodo de 08 a 12 de setembro de 2003, se transformou no maior evento brasileiro de difuso do conhecimento paleontolgico para o pblico infantojuvenil. Com a participao de 80 escolas, sendo 11 de cidades vizinhas e aproximadamente 5.700 estudantes, a XI Semana dos Dinossauros contou tambm com o dinamismo e a responsabilidade dos alunos da Faculdade de Educao de Uberaba - FEU, nossos monitores de confiana. Envolvidos pelo interesse em desenvolverem aes pedaggicas e cientficas, estes alunos se empenharam em mostrar aos visitantes a importncia da paleontologia na histria de Uberaba e regio, e a necessidade de se construir, cada vez mais, a interao Museu/Escola/Comunidade. As atividades foram desenvolvidas a partir de visitas s escavaes, ao laboratrio de preparao de fsseis, ao Museu e exposio Dinossauros e a Paleontologia, sempre acompanhados pelos alunos dos cursos de Cincias Biolgicas e Geografia. Por fim, sob a responsabilidade dos alunos do curso de Pedagogia, os alunos participaram de oficinas pedaggicas.

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A CONSCIENTIZAO DAS COMUNIDADES LOCAIS NA PRESERVAO DOS STIOS PALEONTOLGICOSJAMIL CORREA PEREIRAMuseu de Santa Vitria do Palmar, RS, [email protected]

NEY DE ARAJO GASTALAssociao Brasileira para a Preservao Ambiental, RS, [email protected]

Objetiva-se aqui mostrar a valorizao do patrimnio paleontolgico em Santa Vitria do Palmar (RS), por meio de um processo de divulgao/conscientizao aplicado comunidade local. A ocorrncia de fsseis de mamferos pleistocnicos ao longo do litoral do municpio, arremessados praia principalmente aps ressacas, sempre foi comum e tem sido, ao longo dos anos, objetivo de estudos cientficos. Apesar disso, a comunidade local tem tido pouco acesso a essas informaes e, a cada ano, inmeras pessoas, principalmente na poca de veraneio, recolhem alguns desses materiais sem qualquer critrio ou orientao. Em meados de 1997, com a preocupao em reverter esse quadro, o Museu Municipal criou um programa de atividades que priorizou o trabalho de conscientizao e orientao da comunidade, visando atender as escolas do municpio pelo programa O Museu vai Escola. Este programa visa levar informao e esclarecimento sobre a paleontologia da regio, com a realizao de palestras, exposies, oficinas e organizaes de passeatas. O pblico-alvo a comunidade em geral, tanto da cidade quanto do interior do municpio. Nas escolas, os professores so orientados a trabalhar a interdisciplinaridade, onde alm do contedo programtico, os alunos estudam temas relacionados paleontologia da regio. Os resultados obtidos com o desenvolvimento do trabalho revelam que o nmero de visitaes ao museu aumentou consideravelmente, principalmente as oriundas de escolas municipais. O interesse pelo tema aumentou tanto, que vrias escolas utilizaram a paleontologia como tema principal no desfile de Sete de Setembro deste ano, retratando os animais que viveram na regio durante o Pleistoceno. Percebemos assim que, se todos os municpios onde esto localizados stios paleontolgicos vierem a realizar trabalhos de educao e conscientizao com as comunidades locais, certamente aumentar o nvel de respeito e preservao relativos a este tipo de material, pois so as pessoas destas comunidades que esto em contato dirio e direto com os stios paleontolgicos, os quais, muitas vezes por falta de orientao, acabam dilapidando pela coleta predatria. SALVAMENTO PALEONTOLGICO NA LINHA DE TRANSMISSO DE ENERGIA ELTRICA URUGUAIANA SANTA ROSATILA AUGUSTO STOCK-DA-ROSALab. de Estratigrafia e Paleobiologia, Depto. Geocincias, UFSM, RS, [email protected]

CAROLINA SALDANHA SCHERERCurso de Cincias Biolgicas, Depto. de Biologia, UFSM, RS, [email protected]

CAROLINA CASAGRANDE BLANCOPrograma de Ps-Graduao em Ecologia, UFRGS, RS, [email protected]

At o momento, so raras as obras de mdio e grande vulto em que se realizam salvamentos paleontolgicos, de forma inversa ao que ocorre com o patrimnio arqueolgico. Neste sentido, aqui relatado um monitoramento do subsolo num trecho da Linha de Transmisso de Energia Eltrica Uruguaiana Santa Rosa (LT-USR), no extremo oeste do RS. Mesmo no havendo legislao especfica a respeito, a equipe do Laboratrio de Estratigrafia e Paleobiologia UFSM foi convidada a realizar um diagnstico preliminar sobre a existncia de materiais fossilferos no traado da LT-USR. Constatou-se que o trecho situado entre os municpios de Uruguaiana e Maambar possui importante patrimnio paleozoolgico e paleobotnico. O traado da LT-USR cruza o Arroio Touro Passo, reconhecidamente um stio de paleovertebrados e moluscos fsseis, alm de depsitos seixosos pleistocnicos, atribudos Aloformao Guterrez [Da Rosa, .A.S. & Milder, S.E.S., 2001, CONGR. ABEQUA, 8, Boletim de Resumos, p. 253]. No levantamento de campo, quatro novos depsitos seixosos foram encontrados, sendo o material recolhido para a coleo paleontolgica do Departamento de Geocincias UFSM, aos cuidados deste Laboratrio. Durante o acompanhamento das escavaes para a construo das bases das torres de energia, foram encontrados materiais apenas junto s margens do Arroio Touro Passo, referentes a uma mandbula de um Gliptodontidae (UFSM 11211) e gastrpodes subatuais (UFSM 8125). interessante notar que os trabalhos foram acompanhados por atividades de Educao Patrimonial junto aos empreendedores e s equipes de escavao, bem como aes previstas com a comunidade. A apresentao destas atividades comunidade acadmica e aos scios da Sociedade Brasileira de Paleontologia visa criar uma discusso sobre um procedimento bsico nesta rea nova

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de atuao, visto que novos empreendimentos devem surgir, bem como legislao pertinente. CATALOGAO E IDENTIFICAO DO ACERVO PALEONTOLGICO DO DEPARTAMENTO DE BIOLOGIA/REA DE ECOLOGIA DA UNIVERSIDADE FEDERAL RURAL DE PERNAMBUCOROSEMBERGH S. ALVES*, CARLOS HENRIQUE M. FERNANDES*, ANA CAROLINA B. LINS E SILVA Depto. Biologia, UFRPE, PE, [email protected], [email protected], [email protected] ALCINA MAGNLIA F. BARRETO Depto. Geologia, UFPE, PE, [email protected]

Dado o fascnio pelo estudo dos fsseis, prticas de Paleontologia podem ser organizadas para diversos fins, seja em exposies, aulas de campo ou laboratrio. Este trabalho faz parte do Projeto de Extenso Conhecendo os fsseis: organizao de coleo didtica e estruturao de atividades prticas e educativas em Paleontologia, e tem como principal objetivo realizar a catalogao e organizao de coleo paleontolgica. O acervo consiste de fsseis e de rochas coletados em aulas de campo durante as duas ltimas dcadas, principalmente em bacias sedimentares no Nordeste brasileiro. Os exemplares foram catalogados e organizados por ordem sistemtica, constando os grandes grupos taxonmicos, provenincia, idade e informaes tafonmicas, coletor e data de coleta. Todos os espcimes catalogados receberam nmero crescente de identificao. Foi aberto livro de tombamento, onde se registrou o material catalogado e elaborado um banco de dados eletrnico no MS Excel que retm as mesmas informaes do livro de tombamento, possibilitando a busca mais rpida de informaes. At o momento, foram catalogados 3.395 exemplares, incluindo invertebrados, vertebrados, vegetais, icnofsseis e rochas sedimentares. Do total, apenas 8,2% das amostras no foram tratadas taxonomicamente. Observa-se na coleo uma grande representatividade de invertebrados comparados aos outros grupos, destacando-se os moluscos, com elevado percentual de exemplares em relao aos artrpodes e equinodermas. No Filo Mollusca, predomina a Classe Bivalvia com 63,9%, seguida das Classes Gastropoda com 30,4% e Cephalopoda com 5,7%. Dentre os vertebrados, predomina a megafauna quaternria. Gimnospermas e pteridfitas constituem o acervo de paleobotnica, representando apenas 1,2%. Dos icnofsseis, escavaes feitas por vermes e crustceos, e coprlitos, compem 6,4% da coleo. Com o acervo paleontolgico, sero possveis a realizao de aulas prticas e a elaborao de material didtico, incentivando o aprendizado em paleontologia e incrementando as atividades de extenso da rea de Ecologia. [*Bolsistas Extenso/PRAE] COLEO CIENTFICA DO LABORATRIO DE ESTUDOS DE COMUNIDADES PALEOZICAS: REORGANIZAO SOB UMA NOVA PERSPECTIVAFERNANDA NASCIMENTO MAGALHES PINTO*, ALINE ROCHA DE SOUZA**, MARIA FERNANDA DO AMARAL FERRREIRA**, VANESSA DORNELES MACHADO* & DEUSANA MARIA DA COSTA MACHADO Lab. de Estudos de Comunidades Paleozicas, Depto. de Cincias Naturais, ECB/CCBS/UNIRIO, RJ, [email protected], [email protected], [email protected], [email protected], [email protected]

A coleo cientfica do Laboratrio de Estudos de Comunidades Paleozicas (LECP), Departamento de Cincias Naturais, Universidade do Rio de Janeiro (UNIRIO), teve incio em 1999 com o intuito de fornecer material para estudos paleontolgicos e geolgicos do Paleozico brasileiro. No momento, a coleo conta com cerca de 364 registros, abrangendo as unidades litoestratigrficas devonianas das bacias do Amazonas, Parnaba e Paran. Toda a coleo se encontra disponvel para consulta online no site www.unirio.br/lecp. A reorganizao da coleo procurou atender s necessidades das pesquisas realizadas pelo LECP, por isso, buscou-se nas colees nacionais e internacionais modelos de organizao que atendessem aos objetivos almejados. Dentre os tipos encontrados - rea geral da Paleontologia; sistemtica, estratigrafia, histria -, nenhum se adequou por completo s expectativas. Portanto, a coleo cientfica foi organizada mesclando sistemtica e estratigrafia, modelo o qual possibilitou a reorganizao da coleo sob uma nova perspectiva, fornecendo subsdios para estudos tanto paleontolgicos e paleobiolgicos como estratigrficos. Essa reorganizao baseia-se hierarquicamente: (i) na categoria sistemtica dos exemplares - nvel classe; (ii) bacia sedimentar; (iii) intervalos cronoestratigrficos nvel srie; (iv) litoestratigrafia nvel formao. O agrupamento das amostras dessa maneira proporciona o maior acmulo de informaes sobre as mesmas, evitando assim a descontextualizao dos aspectos geolgicos e de campo, como ocorre em determinadas peas de colees. Desta forma, facilita-se o resgate das evidncias, podendo conter numa mesma amostra tanto os dados intrnsecos ao objeto de estudo como os extrnsecos que ele proporciona. [*Bolsista IC

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FAPERJ; **Bolsita IC UNIRIO] ANLISE DO CONHECIMENTO FOSSILFERO DO ESTADO DE SO PAULO AT O ANO 2000PERCY CORRA VIEIRA, SERGIO MEZZALIRA, FERNANDO CILENTO FITTIPALDI, MARIA DA SAUDADE ARAJO SANTOS MARANHOInstituto Geolgico, IG-SMA, So Paulo, SP

PAULO ALVES DE SOUZAInstituto de Geocincias, UFRGS, RS

O Instituto Geolgico publicou relao dos fsseis descobertos no territrio paulista e identificados, bem como resumos analticos dos trabalhos envolvendo assuntos fossilferos relativos a essa rea, at o ano de 1996. Existe, portanto, uma lacuna de quatro anos para que se feche esse conhecimento at o final do sculo vinte. Considerando que se faz necessrio completar a publicao at o ano 2000 e, especialmente, promover um estudo crtico da produo paleontolgica estadual desde os seus primrdios, o que caracterizaria um trabalho histrico muito valioso para orientar as prximas pesquisas, justifica-se o desenvolvimento do projeto aqui apresentado. Como produto, sero publicados trs volumes: o primeiro conter a bibliografia analtica da paleontologia do Estado de So Paulo de 1997 at 2000 (foram coletados at agora, para pesquisa, cerca de 360 trabalhos, estando prontos perto de 250 resumos); o segundo, os fsseis do Estado, descritos de 1997 at 2000 (o levantamento j est completo e em fase de digitao); e o terceiro, uma anlise crtica envolvendo estudo histrico desde o sculo XIX por txons, por lito- e bioestratigrafia, por centros de pesquisa, por autoria, por entidades publicadoras e pela cronologia dos conhecimentos, com propostas de redirecionamento de estudos e de pesquisas, se e quando necessrio. Para a elaborao dos dois primeiros volumes, est sendo realizado estudo de todos os trabalhos publicados de 1997 a 2000 no Brasil e no exterior, tais como monografias, artigos cientficos, notas prvias, resumos, atas e resumos de eventos, guias de excurso, discusses, assim como teses de doutoramento, dissertaes de mestrado, relatrios internos, etc., sendo organizado, para cada trabalho, um resumo comentado, mais ndices por co-autores, localidades, unidades cronolgicas, assuntos estratigrficos e txons, assim como catalogados todos os dados essenciais para a atualizao da relao fossilfera publicada, por geocronologia e txons. Para o terceiro volume (atividade em incio), toda a produo paleontolgica estadual ser examinada, desde os seus primrdios, com o intuito de deixar conhecido o desenvolvimento das pesquisas no Estado, com seus resultados, sendo buscadas as razes que o determinaram, objetivando serem descobertas as reas carentes de estudo, tanto no sentido espacial (horizontal e vertical), quanto taxonmico. A COLEO DE PALEOINVERTEBRADOS DO MUSEU NACIONAL: O ACERVO DE FSSEIS ESTRANGEIROSLAS MACHADO MARINO, PRISCILA MAGALHES VIEIRA*, ANTONIO CARLOS SEQUEIRA FERNANDES** & VERA MARIA MEDINA DA FONSECADepto. Geologia e Paleontologia, MN/UFRJ, RJ, [email protected], , [email protected], [email protected], [email protected]

Com um total aproximado de 8.070 registros e cerca de 45.000 exemplares, a coleo de paleoinvertebrados do Departamento de Geologia e Paleontologia do Museu Nacional compreende uma das mais significativas da Amrica do Sul. Seu contedo abrange fsseis coletados no territrio brasileiro pelas misses histricas realizadas ainda no sculo XIX, como as expedies Morgan (1870-1871) e as da Comisso Geolgica do Imprio (1875-1877), cujo significado cientfico e histrico reconhecido internacionalmente, bem como de fsseis estrangeiros obtidos atravs de permutas, doaes ou de coletas. No menos importantes que os fsseis brasileiros, os exemplares estrangeiros constituem-se em importante fonte de referncia para estudos cientficos e didticos. Dada a sua importncia e como parte do desenvolvimento de trabalhos de curatoria no departamento, os fsseis estrangeiros esto sendo alvo de uma abordagem estatstica detalhada procurando-se relacionar os pases de procedncia, idades e principais filos ou grupos de fsseis representados. No levantamento junto aos livros de tombo do departamento procurou-se inicialmente identificar a procedncia dos fsseis, j que foram obtidos atravs de compra, doaes ou permutas com pesquisadores ou instituies do exterior. Entidades como o Museum of Comparative Zoology, Wards Natural Science Establishment, Buffalo Society of Natural Sciences e Smithsonian Institution (Estados Unidos), Royal Ontrio Museum (Canad) e a Faculdade de Cincias do Porto (Portugal) foram algumas das instituies responsveis pelo envio de exemplares. Como resultado foram levantados 3.060 registros com um total de 10.929 exemplares, com predomnio de espcimens paleozicos e de procedncia norte-americana e europia; braquipodes e

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moluscos esto entre os grupos mais bem representados. As condies e o desdobramento da chegada dessas colees, atravs da pesquisa junto aos arquivos do Museu Nacional, compreendem um dos objetivos deste trabalho, estabelecendo assim as suas origens histricas.[Apoio: Instituto Virtual de PaleontologiaRJ/FAPERJ; *Bolsista IC/FAPERJ; **Bolsista CNPq; ***Depto. de Estratigrafia e Paleontologia, FG/UERJ, RJ, [email protected], [email protected]] CENTRO DE PESQUISAS PALEONTOLGICAS LLEWELLYN IVOR PRICE E MUSEU DOS DINOSSAUROS, UMA REFERNCIA PESQUISA, ENSINO E DIFUSO DO CONHECIMENTO GEO-PALEONTOLGICOLUIZ CARLOS BORGES RIBEIRO*FUMESU, Centro de Pesquisas Paleontolgicas Llewellyn Ivor Price, MG, [email protected]

Os primeiros achados fsseis no municpio de Uberaba (MG), ocorreram ao acaso no ano de 1945, durante a construo da linha frrea na regio de Mangabeira, ao norte da cidade. Llewellyn Ivor Price, ento lotado na Diviso de Geologia e Minerao (DGM), foi o responsvel pelas investigaes, tendo desenvolvido trabalhos sistemticos, especialmente em Peirpolis, at 1974. Todos os materiais coletados entre 1945 e 1974 compem hoje a coleo do DNPM/MCT, lotada no Rio de Janeiro. Objetivando a retomada dos trabalhos cientficos, a Prefeitura de Uberaba implantou, no ano de 1992, o Centro de Pesquisas Paleontolgicas Llewellyn Ivor Price e o Museu dos Dinossauros. Sediados na antiga estao ferroviria do bairro de Peirpolis, integram atualmente a Fundao Municipal de Ensino Superior de Uberaba FUMESU e a Faculdade de Educao de Uberaba FEU. Nestes 11 anos de atividades, tm direcionado suas aes pesquisa, ao ensino e divulgao. Graas a um trabalho contnuo e sistemtico de coleta e preparao dos exemplares fsseis, foi possvel reunir um acervo com mais de 2.000 espcimes, destacado pela qualidade de preservao e diversidade de txons. Por meio de parcerias com pesquisadores e com instituies do pas e do exterior, uma substancial quantidade de informaes foi produzida, notadamente nas reas de geologia sedimentar e paleontologia de vertebrados. O Programa de Treinamento de Estudantes Universitrios PROTEU, capacitou alunos de diversas reas e instituies, a partir de atividades prticas e tericas no mbito da geologia regional e de ocorrncias fsseis. A difuso do conhecimento geo-paleontolgico tem sido levada a cabo pela mostra temtica do Museu dos Dinossauros, por exposies itinerantes, pela Semana dos Dinossauros e por peas filatlicas, enfatizando, mormente, os dinossauros. Graas a estas aes, os fsseis ganharam em Peirpolis uma nova aplicao e valor, que transcende a importncia cientfica; so elementos de revitalizao scio-econmico-cultural, subsidiados pelo turismo paleontolgico, oportunizando uma qualidade de vida excepcional aos moradores locais. [*Fac. Educao de Uberaba, Universidade de Uberaba, IFE]

Micropaleontologia

MICROPALEONTOLOGIA DA FORMAO PIRABAS (MIOCENO INFERIOR) NA PLANCIE COSTEIRA DE BRAGANA (PERFURAO RKS-3), ESTADO DO PARTHEREZA CRISTINA COSTA DE ARAJO & VLADIMIR DE ARAJO TVORALab. de Paleontologia, Depto. de Geologia, CG/UFPa, PA, [email protected], [email protected]

Foram efetuados estudos micropaleontolgicos em amostras de dez nveis da perfurao RKS-3, realizada na plancie costeira de Bragana, nordeste do Estado do Par. A investigao procedeu-se no intervalo entre 12,67 m e 17,80 m, pacote sedimentar correspondente Formao Pirabas. Foram identificados quatro gneros de briozorios, 19 de ostracodes e sete de foraminferos bentnicos, alm de oito espcies de foraminferos planctnicos. As variaes verticais qualitativas e quantitativas das associaes dos grupos de microfsseis estudados permitiram o reconhecimento de uma nica biofcies, correspondente a um ambiente lagunar eutrfico de salinidade normal, bem oxigenado e com comunicao com o mar aberto. A presena dos foraminferos planctnicos Globorotalia kugleri e Globigerinoides primordius do nvel 2 ao nvel 10 permite correlacionar esta parte do pacote sedimentar estudado com a zona bioestratigrfica internacional N4 [Blow, W.H. 1969. INTERN. CONF. PLANCT. MICROF., 1, Proceedings, p. 199-475]. Entre os ostracodes, o

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registro de Cushmanidea howei em todos os nveis estudados permite a correlao biosestratigrfica da Formao Pirabas na perfurao RKS-3 com a biozona Hermanites tschoppi (Bold) [Bold, W.A. van den. 1983. INTERN. SYMP. OSTRACODA, 8, Proceedings, p. 400- 416]. As correlaes bioestratigrficas estabelecidas confirmam a idade da Formao Pirabas como eomiocnica, situando-a mais precisamente entre o Aquitaniano e o Burdigaliano. MICROFSSEIS DO CRETCEO SUPERIOR (BACIA BAURU) DA REGIO DE MARLIA, SPWILLIAM NAVAMuseu de Paleontologia de Marlia, SP, [email protected]

O municpio de Marilia, centro-oeste do Estado de So Paulo, apenas a partir de 1993 passou a ser conhecido no mbito da Paleontologia brasileira, com os primeiros achados de fsseis de dinossauros efetivamente identificados e reconhecidos como pertencentes Famlia Titanossauridae. Esses fsseis provm de arenitos carbonticos tpicos da Formao Marlia. Com o avano das pesquisas e o surgimento de novos afloramentos, relativos s formaes Adamantina e Araatuba, microfsseis e restos fsseis principalmente do crocodilomorfo notossuquiano Mariliasuchus amarali e de outros notossquios ainda em estudos, foram identificados. Este trabalho visa to somente notificar o encontro de uma microfauna constituda por ostracodes, girogonites de Charophyta e microgastrpodes. Tais microfsseis procedem de afloramentos a sul e a oeste do municpio de Marlia e so encontrados em rochas finas a muito finas, de colorao esverdeada/avermelhada, possivelmente Formao Araatuba. Os ostracodes so reconhecidos em 7 stios fossilferos, s vezes associados com Mariliasuchus, s vezes isolados ou agrupados s dezenas, formando leitos de ostracodes contendo tambm carfitos e escamas de peixes. Os carfitos, encontrados em dois desses afloramentos at o momento, ocorrem em maior quantidade. Relata-se tambm o encontro de microgastrpodes no mesmo nvel/leito dos ostracodes em um desses stios fossilferos. O material de Marlia dever ser encaminhado para estudos mais aprofundados com vistas a um melhor entendimento do paleoambiente reinante durante esse perodo geolgico. FORAMINFEROS PLANCTNICOS DA SONDAGEM 1-SCS-3B, PLATAFORMA DE FLORIANPOLIS, PORO SETENTRIONAL DA BACIA DE PELOTAS (SC)GEISE DE SANTANA DOS ANJOS*Depto. de Paleontologia e Estratigrafia, IG/UFRGS, [email protected]

A bacia de Pelotas compreende o trecho da margem continental sul-brasileira entre o Alto de Florianpolis e a fronteira com o Uruguai. Gonalves et al. [1979. Boletim Tcnico da Petrobrs, 22(3):155-226] individualizaram a poro setentrional da bacia denominando-a Plataforma de Florianpolis. Apesar de diversos autores terem estudado assemblias de foraminferos do Neocenozico da bacia de Pelotas, a microfauna de foraminferos planctnicos desta seo no est suficientemente estudada, visto que a maioria dos autores se deteve no estudo das assemblias bentnicas em sondagens onshore. Visando contribuir para o conhecimento da microfauna de foraminferos planctnicos da Plataforma de Florianpolis, foram analisadas 54 amostras de calha da sondagem 1-SCS-3B, efetuada pela Petrobrs em offshore nas coordenadas 28 29 34,18 S e 47 29 10,8 W. A perfurao alcanou 4.738 m de profundidade e as amostras foram coletadas no intervalo de 1.965 m a 360 m. Foram identificadas 70 espcies distribudas em 14 gneros, totalizando 3.757 indivduos. As espcies dominantes, em ordem decrescente de abundncia, so: Globigerinoides trilobus immaturus (24,7%), Globigerinoides trilobus trilobus (7,5%), Globigerina druryi (6,5%), Globigerinoides obliquus obliquus (6,0%) e Globoquadrina dehicens (5%). A idade dos sedimentos no intervalo estudado foi determinada com base na ocorrncia de espcies-ndice do Mioceno, tais como: Catapsydrax dissimilis, Globorotalia mayeri, e Praeorbulina sicana; e formas-guia do Plioceno, entre as quais Globorotalia margaritae margaritae, Globorotalia inflata e Globorotalia crassaformis crassaformis. [*Bolsista ANP/ PRH-12]

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ANLISE DA MICROFAUNA BENTNICA DE UM TESTEMUNHO DA REGIO NORTE DA BAA DE GUANABARA, RJ: RESULTADOS PRELIMINARESBRGIDA ORIOLI FIGUEIRA*, CLAUDIA GUTTERRES VILELADepto. de Geologia, IGEO/CCMN/UFRJ, RJ ,[email protected] , [email protected]

JOS ANTNIO BAPTISTA NETO**Depto. de Geografia FFP/UERJ, RJ, [email protected]

NUNO RODRIGUES DA SILVA*Depto. de Geologia-UFF, RJ, [email protected]

Este trabalho apresenta um estudo dos foraminferos bentnicos provenientes de um testemunho da baa de Guanabara, Rio de Janeiro. Os foraminferos so microorganismos muito sensveis a mudanas ambientais, tanto naturais como antropognicas, sendo utilizados como indicadores de poluio humana em regies costeiras por diversos autores em todo o mundo [Alve, E. 1995. Journal of Foraminiferal Research, 25:190204]. O conhecimento das associaes microfaunsticas contribui para a avaliao de sedimentos prximos a regies impactadas. Os atuais nveis de poluio encontrados na baa de Guanabara so decorrentes do processo de degradao, intensificado nas dcadas de 1950 e 1960, com o elevado crescimento urbano do pas, especialmente na regio Sudeste. O monitoramento da poluio um instrumento importante para a gesto ambiental, propiciando s diversas instncias decisrias uma percepo sistemtica e integrada da realidade ambiental, servindo ainda de suporte ao controle das atividades poluidoras. O testemunho analisado foi coletado em novembro de 2001, prximo ilha de Paquet, nas coordenadas 2245108 S e 4309271 W, possuindo 283 cm de comprimento e que, posteriormente, foi subamostrado em intervalos centimtricos. Os foraminferos bentnicos presentes nas amostras foram identificados para uma anlise ecolgica do ambiente deposicional. A variao das espcies ao longo do testemunho, tanto quantitativa quanto qualitativa, torna-se importante na determinao dos padres da poluio ao longo do tempo. Foram encontrados 11 gneros e 15 espcies, aumentando a diversidade de espcies em funo da profundidade no testemunho. Os resultados da microfauna foram correlacionados com anlises granulomtricas nos intervalos amostrados. O testemunho apresenta, em sua base, uma sedimentao arenosa, logo passando para silte e mantendo-se assim at a profundidade de 230 cm. A partir desta profundidade, alternam-se perodos de sedimentao argila e silte at o topo do testemunho. [*Bolsista FAPERJ; ** Depto. de Geologia LAGEMAR/UFF, RJ ] OSTRACODES (CRUSTACEA) DO DEVONIANO DO ESTADO DO PARAN - FORMAO PONTA GROSSAINS AZEVEDODepto de Geologia, UFPR, [email protected]

Os ostracodes foram encontrados no Afloramento Rio Cani, na Rodovia Palmeira-Ponta Grossa (PR 151), regio de Ponta Grossa (Estado do Paran), em sedimentos marinhos da Formao Ponta Grossa. O afloramento est posicionado, estratigraficamente, no topo do Membro So Domingos (Devoniano, EifelianoFrasniano), e mostra vrias camadas com granodecrescncia ascendente, onde arenitos finos gradam para siltitos, e estes, para folhelhos. O objetivo foi analisar a associao de ostracodes sob os aspectos morfolgicos, alm dos detalhes dos processos bioestratinmicos relacionados com o grupo. Neste trabalho so apresentados os resultados preliminares. Os ostracodes so representados por moldes internos e externos, mostrando boa preservao. As carapaas esto dispostas de forma concordante ao acamamento e dispersas na matriz. Os exemplares mostram a delicada ornamentao preservada e geralmente esto inteiros. A associao indica a presena de indivduos adultos, constituindo a maioria, e de jovens. A relao adulto-jovem e a integridade dos indivduos sugerem a ocorrncia de nveis com pouco transporte, em ambiente marinho.

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OSTRACODES E EVENTOS PALEOCEANOGRFICOS NO QUATERNRIO DA BACIA DE SANTOSCRISTIANINI TRESCASTRO BERGUE*PPG-Geocincias, UFRGS, RS, [email protected]

JOO CARLOS COIMBRA*Depto. Paleontologia e Estratigrafia, IG/UFRGS, RS, [email protected]

Foram analisadas 23 amostras obtidas do testemunho de sondagem SAN 065, proveniente da bacia de Santos. Este material, correspondente a depsitos situados entre o intervalo Pleistoceno/Holoceno, composto basicamente por lamitos intercalados por nveis arenosos. A perfurao, realizada na cota batimtrica de 1.129 m, encontra-se atualmente sob influncia da North Atlantic Deep Water (NADW), apresentando uma fauna tipicamente psicrosfrica. As assemblias fsseis so compostas por txons caractersticos do ambiente batial e por outros alctones oriundos da plataforma continental adjacente. Os ndices de abundncia e diversidade simples (S), medidos a partir do nmero de espcies, so variveis ao longo do testemunho. Os gneros Krithe, Cytheropteron, Bythocypris e Argilloecia so os mais constantes, estando presentes em praticamente todas as amostras. As variaes registradas nas assemblias esto provavelmente relacionadas a alteraes nas caractersticas fsico-qumicas ocorridas na massa dgua local, e tambm a mudanas nos processos de sedimentao durante o Quaternrio. Os resultados at o momento obtidos demonstram que os ostracodes podem ser bons marcadores dos eventos paleoceanogrficos ocorridos nesta regio da margem continental brasileira, especialmente dos ciclos de variao do nvel do mar e do estabelecimento de massas dgua. Todas as espcies autctones foram fotomicrografadas em MEV, no Centro de Microscopia Eletrnica da UFRGS. O projeto est em desenvolvimento e tem sua concluso prevista para fevereiro de 2005. Ele inclui, ainda, o estudo de mais duas perfuraes, anlises de istopos estveis e de elementos-trao em carapaas de Krithe, a descrio e a ilustrao detalhada de novas espcies e aspectos da zoogeografia da ostracofauna de guas profundas. [*Bolsista CNPq; Projeto com apoio da FAPERGS e do CNPq, processos 01/0108.3 e 475313/2003-8, respectivamente] REGISTRO DE DIATOMCEAS CNTRICAS NA FORMAO PIRABAS (MIOCENO INFERIOR), ESTADO DO PARVLADIMIR DE ARAJO TVORA & RODRIGO DE MELO COSTA*Lab. de Paleontologia, Depto. de Geologia, CG/UFPa, PA, [email protected]

Estudos petrogrficos em carcinlitos da ecofcies Baunilha Grande da Formao Pirabas, revelaram um rico conjunto de constituintes alquemes. Foram individualizados fragmentos de crustceos decpodes (dominantes), foraminferos bentnicos e planctnicos, ostracodes, microbivalves, equinides, cistos de algas calcrias e fragmentos vegetais, bem como pelotas fecais e estruturas de bioturbao. A associao fossilfera completada pela ocorrncia de frstulas de diatomceas cntricas, discoidais em vista valvar e retangular em vista pleural, com uma estreita zona hialina prxima da margem e ornamentadas por finas punctas, atribudas ao gnero Coscinodiscus. Este txon de algas unicelulares planctnico e vivente na plataforma continental desde os tempos cretcicos. A sua ocorrncia no paleomangue Baunilha Grande indita na Formao Pirabas e representa mais um elemento comprobatrio da comunicao do mar de Pirabas com guas ocenicas, antes sugerida apenas pela presena de foraminferos planctnicos e de nanofsseis calcrios. [*Bolsista PET-GEO] DIATOMCEAS DE SEDIMENTOS QUATERNRIOS DA LAGOA OLHO D'GUA: UMA ANLISE PALEOAMBIENTALMARIA CRISTINA SANTIAGO HUSSEIN & PAULO EDUARDO DE OLIVEIRALaboratrio de Geocincias, UnG, SP

A sedimentao da lagoa Olho Dgua representa um importante indicador das oscilaes do nvel do mar, devido distncia de 2 km em relao costa pernambucana (0812S;3456W). Est localizada 17 km ao sul da cidade de Recife, sendo por isso, a maior restinga em rea urbana do Nordeste brasileiro. Os sedimentos foram coletados com um amostrador de Livingstone [Colinvaux, P. et al. 1999. Amazon Pollen Manual and Atlas. Harwood Academic Publishers, 332 p.]. Foram coletados trs testemunhos, localizados nos setores sul (A), central (B) e norte (C) da lagoa. Os sedimentos foram abertos, descritos e amostrados. O perfil C foi utilizado para o estudo de diatomceas, no LabGeo da UnG. As amostras foram processadas quimicamente

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[Patrick, R. & Reimer, C. W. 1966. The diatoms of the United States. Monographs of the Academy of Natural Sciences of Philadelphia. 688 p.], havendo tratamento com HCl e HNO3, para a eliminao de carbonatos e matria orgnica, respectivamente. Em seguida, foram montadas quatro lminas por nvel com Entellan e vedadas com parafina. A contagem das valvas de diatomceas foi feita em nveis, com intervalos de 10 cm, seguindo-se o critrio de no mnimo 300 valvas por nvel. As algas diatomceas encontradas nos sedimentos da lagoa Olho D'gua foram analisadas com o objetivo de reconstruir o paleoambiente e as variaes do nvel do mar no Holoceno, que ocorreram em funo das ltimas transgresso e regresso marinhas. Foi encontrada uma variedade muito grande de txons marinhos estenohalinos como Melosira sulcata, Auliscus sp, Coscinodiscus sp, Actinoptychus splendens, Grammatophora sp, assim como eurihalinos representados pelos txons Terpsinoe sp, Navicula lyra; txons dulccolos como Desmogonium sp, Fragilaria sp, Gomphonema sp, Eunotia sp, Neridium sp so tambm muito comuns nestes sedimentos. Foram determinados dois perodos de nveis marinhos mais elevados que o atual, com base nos aumentos expressivos de Melosira sulcata e outros txons exclusivamente de guas marinhas. A datao desses sedimentos est sendo conduzida pelo Beta Analytics (EUA) e determinar a idade desses eventos. Com esses dados, ser possvel a construo da primeira curva referente s ltimas variaes do nvel do mar no Estado de Pernambuco, servindo de suporte a diversos estudos geolgicos e geomorfolgicos da regio. ARCELLACEAS QUATERNRIAS DAS LAGOAS PINGUELA, PALMITAL E MALVAS, RIO GRANDE DO SUL BRASILLUCIANA GIOVANONI*, ITAMAR IVO LEIPNITZ, CAROLINA JARDIM LEO**, FABRICIO FERREIRAPPGeo UNISINOS, RS, [email protected], [email protected], [email protected], [email protected]

O presente trabalho tem por objetivo o estudo da fauna de Arcellacea das lagoas Pinguela, Palmital e Malvas, localizadas no municpio de Osrio, regio leste do Estado do Rio Grande do Sul. Coletou-se um total de 30 amostras, que foram fixadas com formaldedo a 10% e neutralizadas com brax no momento da coleta. Posteriormente, em laboratrio, foram lavadas, coradas utilizando-se o Mtodo de Walton e, depois de secas e limpas, retirou-se 10 cm de cada amostra que foram aspergidos em uma soluo de tetracloreto de carbono. Retirou-se um total de 5.554 espcimes, divididos em nove famlias, 15 gneros e 61 espcies. Na Lagoa da Pinguela coletou-se 18 amostras, tendo sido retirado 3.167 espcimes, sendo destes 1.323 espcies com protoplasma; as espcies Difflugia oblonga forma oblonga (16,5%), D. oblonga forma tenuis (15,9%) e Pontigulasia compressa (14,4%) dominam na assemblia morta, enquanto que na assemblia viva a dominncia de P. compressa (9,4%) e D. oblonga forma tenuis (9,2%). Na Lagoa do Palmital foram coletadas sete amostras, das quais retirou-se 1.822 espcimes, destes 512 espcimes foram encontrados com protoplasma; as espcies dominantes na assemblia morta so D. oblonga forma oblonga (21%) e P. compressa (20,8%), enquanto que na assemblia viva dominam P. compressa (43,3%) e Heleopera sphangi (9%). Na Lagoa das Malvas coletaram-se cinco amostras, tendo sido retirado um total de 563 espcimes, sendo 257 destes com protoplasma, as espcies dominantes so P. compressa (21,7%), Cucurbitella dentata forma trilobata (16,9%) e Difflugia sp. 1 (11,4%) na assemblia morta e P. compressa (31,9%) e Lesquereusia modesta (15,5%) na assemblia viva. Pode-se com isso, notar que a espcie Pontigulasia compressa domina tanto na assemblia viva quanto na morta das trs lagoas. [*Bolsista UNIBIC/UNISINOS; **Bolsista PIBIC/CNPq] ARCELLACEAS (TECAMEBAS) DAS LAGOAS MARCELINO E PEIXOTO RIO GRANDE DO SUL BRASILCAROLINA JARDIM LEO*, ITAMAR IVO LEIPNITZ, LUCIANA GIOVANONI**, FABRICIO FERREIRAPPGeo UNISINOS, RS, [email protected], [email protected], [email protected], [email protected]

O presente estudo tem por objetivo caracterizar a fauna de Arcellacea (tecamebas) das lagoas Marcelino e Peixoto, localizadas na regio leste do Estado do Rio Grande do Sul. Coletou-se 10 amostras, sendo cinco de cada lagoa. As amostras foram fixadas com formaldedo a 10% e neutralizadas com brax. Posteriormente, em laboratrio, foram lavadas e coradas (Mtodo de Walton). Depois de secas e limpas, retirou-se 10 cm de cada amostra que foram aspergidos em tetracloreto de carbono. Retirou-se um total de 1.468 espcimes, sendo identificadas seis famlias, oito gneros e 37 espcies. Nas amostras da Lagoa do Marcelino foram encontradas 1.434 espcimes distribudos em seis famlias, oito gneros e 36 espcies. A assemblia morta, composta por 1.283 espcimes, apresentou dominncia de Difflugia corona com 32,58% e Lesquereusia modesta com 11,84%. Na assemblia viva, constituda por 151 indivduos, Difflugia lingula regularis domina

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com 21,85%, seguida de Difflugia corona com 21,19%. Observou-se uma maior concentrao de espcimes tanto vivas quanto mortas, nos pontos Marc.01 e Marc.02, que tm, respectivamente, pH 7,30 e 7,25, e temperatura de 23,5 C em ambos. Em comparao, no ponto Marc.04, de pH 8,0 e temperatura 30 C no foi encontrado nenhum espcime, provavelmente em conseqncia do despejo de esgoto cloacal em local prximo. Das amostras da Lagoa do Peixoto, retirou-se 34 espcimes distribudos em quatro famlias, seis gneros e 15 espcies. Na assemblia morta, com 13 indivduos, observou-se a dominncia de Centropyxis aculeata, Centropyxis platystoma e Lesquereusia modesta, cada uma com 15,38%. Na assemblia de espcimes com protoplasma, com 21 representantes, tambm dominam Difflugia pyriformis e Difflugia capreolata, ambas com 19,04%. A distribuio dos espcimes mais ou menos uniforme, no havendo nenhuma alterao significativa entre os pontos. [*Bolsista PIBIC/CNPq, **Bolsista UNIBIC/UNISINOS] RESULTADO DA ANLISE PALINOLGICA DO GRUPO TROMBETAS COM BASE EM ACRITARCASTEREZA REGINA MACHADO CARDOSO* & MARIA ANTONIETA DA CONCEIO RODRIGUESDepto. de Estratigrafia e Paleontologia, FG/UERJ, RJ, [email protected], [email protected]

O presente trabalho diz respeito ao estudo do poo 1-AM-1-AM (Petrobras), bem como de cinco sondagens rasas perfuradas pela Eletronorte no trecho do rio Trombetas entre seus tributrios Cachorro e Mapuera. A seo estudada abrange as formaes Pitinga e Manacapuru (parte inferior), datadas com base em quitinozorios. Foram encontrados, alm dos acritarcos e quitinozorios, criptosporas, escolecodontes e microforaminferos. O material exibiu elevado ndice de acritarcos, especialmente na Formao Pitinga, subdividida informalmente em dois membros (superior e inferior), separados por hiato. Para o membro inferior (Telychiano ao Sheinwoodiano), a ocorrncia de Domasia predomina sobre Deunffia. No membro superior (Gorstiano), Deunffia predomina sobre Domasia. Destaca-se, na poro basal da Formao Manacapuru (Pridoli), a ocorrncia de Baltisphaeridium e de Multiplicisphaeridium, bem como de Domasia rochesterensis, Dateriocradus monterrosae, Neoveryhachium carminae e Perforela perforata. No Brasil, Deunffia e Domasia ocorrem somente no Grupo Trombetas e so importantes por definir o intervalo LlandoveryWenlock, de extremo valor cronoestratigrfico por restringem-se mundialmente ao Siluriano. Embora a bacia do Amazonas ocupasse regio de alta latitude durante o Siluriano, a ocorrncia de acritarcas caractersticos de baixa paleolatitude, como Domasia amphora, Deunffia monospinosa e Tylotopala piramidalis, associados a formas de alta paleolatitude, como Dactylofusa maranhensis, Balisphaeridium capillatum, Balisphaeridium aniae, Tyrannus giganteus, e Perforela perforata, est relacionada a problemas paleogeogrficos e paleoclimticos. Tal situao ocorre tambm no Llandovery superior da Jordnia, na bacia de Ghadames (Lbia), e na bacia Tindouf, no oeste da Arglia. Acritarcas caractersticos de alta paleolatitude de regies perigondunicas e do Gondowana norte, tais como Perforela perforata, Tylotopala e Tyrannus giganteus, foram tambm identificados em sedimentos da Formao Pitinga. [*Bolsista CNPq] MUDANAS PALEOAMBIENTAIS NO HOLOCENO SUPERIOR DA REGIO DE SO MARTINHO DA SERRA, SUL DO BRASILPAULO CESAR PEREIRA DAS NEVES, SORAIA GIRARDI BAUERMANNLaboratrio de Palinologia, ULBRA, RS, [email protected]

HERMANN BEHLINGCentro de Ecologia Tropical e Marinha, Universidade de Bremen, Alemanha, [email protected]

A vegetao do Estado do Rio Grande do Sul apresenta-se, no Recente, como um mosaico resultante das diferenas de relevo, solo, geologia e hidrografia, muito embora haja um regime pluviomtrico homogneo durante todo o ano. A distribuio das formaes vegetacionais atuais resulta de diversas transformaes ocorridas principalmente ao longo do Quaternrio. Registros palinolgicos de comunidades campestres tendem a evidenciar climas secos, como os havidos no incio do Holoceno, enquanto que os de formaes florestais esto relacionados a climas midos. Assim, de se esperar, que a partir do Holoceno Mdio tenha havido, na rea em estudo, mudanas paleovegetacionais semelhantes s j registradas nos espectros polnicos de outras regies do Rio Grande do Sul. Diante deste panorama, a regio de So Martinho da Serra reveste-se de fundamental importncia, uma vez que considerada uma zona transicional entre as formaes florestais e as comunidades campestres Sul-rio-grandenses. O local estudado localiza-se no municpio de So Martinho da Serra (regio da Grande Santa Maria), distante cerca de 300 km de Porto Alegre. O ponto de coleta situa-se a 29O 2721S; 53O 4152W, com altitude de 506 m. Est inserido na rea de ocorrncia da Bacia do Paran

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(Formao Serra Geral), sendo a vegetao atual constituda predominantemente por representantes da Floresta Estacional Decidual entrecortada por reas de campo, provavelmente resultantes da ao do fogo e do pastoreio. Para as anlises polnicas foram retiradas, do testemunho de sondagem, amostras em intervalos regulares de 2 cm. O processamento qumico seguiu os mtodos padres em palinologia de Quaternrio. As anlises palinolgicas permitiram a demarcao de trs zonas polnicas. Os resultados obtidos, at o momento, indicam amplo predomnio da vegetao campestre ao longo do Holoceno Superior na regio de So Martinho da Serra. PALINOLOGIA E SEDIMENTOLOGIA DA REGIO DE MONTE VERDE, PORO SUL DO ESTADO DE MINAS GERAIS: UM ESTUDO PRELIMINAR*ELIANE DE SIQUEIRA**Laboratrio de Geocincias, UnG, Guarulhos, SP

PAULO CSAR FONSECA GIANNINIDepto. de Geologia Sedimentar e Ambiental, IGc/USP, SP

PAULO EDUARDO DE OLIVEIRALaboratrio de Geocincias, UnG, Guarulhos, SP

Monte Verde situa-se a 35 km de Camanducaia, no Estado de Minas Gerais, e a 160 km da cidade de So Paulo. A baixa temperatura mdia (1.500 m), na parte sul da serra da Mantiqueira, e a diversificada composio florstica, com presena de Floresta Atlntica Montana e Sub-Montana, Floresta Atlntica semidecdua, Campos de Altitudes e vestgios da Floresta de Araucria, torna a regio propcia para a identificao de mudanas de cobertura vegetal ligadas a oscilaes paleoclimticas do Quaternrio Tardio. O objetivo central desta pesquisa a determinao da sucesso paleoflorstica, associada a variaes de aporte sedimentar e das condies geoqumicas de deposio, tendo em vista a inferncia de um modelo integrado de evoluo paleoclimtica.Uma das metas da pesquisa conhecer os parmetros sedimentolgicos que esto vinculados a mudanas na cobertura vegetal indicadas pela palinologia. A rea de amostragem, adjacente ao Crrego dos Cadetes, coberta por uma vegetao secundria onde predominam rvores como Podocarpus lambertii e Araucaria angustifolia. Os depsitos sedimentares so argilo-arenosos orgnicos, turfosos, com aparente granodecrescncia ascendente em campo. O material foi amostrado a cada 10 cm ao longo de sees colunares com espessura total de 1,30 m. O procedimento sedimentolgico est sendo desenvolvido no Laboratrio de Sedimentologia do IG/DGSA/USP. O comportamento vertical de parmetros que tem como base granulometria, teor de umidade e teor de matria orgnica demonstra variaes gradativas relacionadas a mudanas deposicionais possivelmente controladas por alteraes no tipo de cobertura vegetal e, por extenso, por oscilaes climticas. A palinologia est sendo desenvolvida no Laboratrio de Geocincias da Universidade Guarulhos. As lminas esto sendo montadas e analisadas ao microscpio ptico, atravs dos mtodos tradicionais de separao de palinomorfos. Os txons botnicos encontrados so identificados e fotografados e a interpretao de sua associao dever permitir a correlao com os parmetros inferidos inicialmente pela sedimentologia, de modo a inferir o paleoclima predominante na regio na poca de deposio. Os resultados preliminares da anlise palinolgica, em andamento, revelam uma palinoflora diversificada, com palinomorfos bem preservados, indicadores de vegetao arbrea e condies climticas frias. [*Parte de Dissertao de Mestrado; contribuio ao projeto FAPESP n2000/03960-5- Histria da Exumao da Plataforma Sul-Americana a exemplo a regio Sudeste Brasileira: Termocronologia por traos de Fisso e Sistemticas Ar/Ar e Sm/Nd; Trabalho inserido no Grupo de Pesquisa Paleontologia Mesozica-Cenozica Sul- Americana; **IG/USP, SP] FAUNA E FLORA FSSEIS DO ESPONGILITO DE TRS LAGOAS, MSJOS LUIZ LORENZ SILVADepto. de Cincias Naturais, CPTL/UFMS, MS, [email protected]

CECLIA VOLKMER RIBEIROMuseu de Cincias Naturais, FZB, RS, [email protected]

ITAMAR IVO LEIPNITZPPGeo UNISINOS, RS, [email protected],br

So apresentados os resultados de anlises micropaleontolgicas e petrogrficas de um espongilito quaternrio, rocha coesa e de arquitetura lajiforme, que jaze subaquosa ou sob os sedimentos finos dos entornos da Lagoa do Meio. Esta, situada no municpio sul-mato-grossense de Trs Lagoas, integra o sistema

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lacustre do Alto Paran. Na regio, lagoas de formas arredondadas marcam a paisagem dos terraos fluviais elevados (350 m). oeste, a paisagem de colinas (518 m) revela afloramentos dos Arenitos Marlia e Adamantina. leste, os baixos terraos fluviais (270 m) acomodam cascalheiras quaternrias que sobrejazem aos Arenitos Santo Anastcio. Da laje do biolitito, 24 amostras foram desagregadas por agitao em meio aquoso e submetidas ao ataque cido usual na pr-laminao para anlise micropaleontolgica. Em 35 campos por lmina foram contados todos os elementos identificveis, (7.882 espculas de esponjas e 7.716 frstulas de diatomceas). Os elementos da fauna e da flora foram computados separadamente, sendo considerados apenas os txons cuja mdia de cmputo por campo em equivalente percentual fosse superior a 1%. A anlise micropaleontolgica quali-quantitativa revelou microscleras de Dosilia pydanieli (58,2%) e de Metania spinata (41,8%) compondo a espongofauna, e frstulas de Eunotia spp. (82,4%), de Pinnularia sp. (9,5%) e de Brachysira sp. (8,1%), compondo a diatomoflora. A anlise de lminas petrogrficas permitiu constatar que mais de 70% dos elementos identificveis so megascleras monoaxnicas e lisas ou fragmentos destas. Gros subarredondados de quartzo com contatos flutuantes ou pontuais so os nicos elementos minerognicos destacveis. Estes, juntamente com a matriz coesiva que inclui fragmentos biognicos e apresenta variveis graus de tingimento ferruginoso, completam o arcabouo do espongilito. Do mesmo corpo lajiforme, amostras de uma fcies arenosa-espicultica, encontrado apenas na poro oeste da Lagoa do Meio, evidenciam uma deposio original sob moderada hidrodinmica. Amostras desta fcies, datadas via termoluminescncia no Laboratrio de Vidros da FATEC/UNESP/SP, revelaram preliminarmente, idade de 39.000 4.000 anos AP. Para um refino de datao, amostras foram tambm enviadas ao Luminescence Dating Laboratory da Universidade de Washington, onde as respectivas anlises encontram-se em curso. CARACTERIZAO PALEOAMBIENTAL A PARTIR DE ESPCULAS SILICOSAS DE ESPONJAS EM SEDIMENTOS LAGUNARES NA REGIO DE TAQUARUU MSMAURO PAROLINPPG em Ecologia de Ambientes Aquticos Continentais, UEM, PR, [email protected]

CECLIA VOLKMER-RIBEIRO*Museu de Cincias Naturais, FZB, RS, [email protected]

JOS CNDIDO STEVAUX*Depto. de Geografia, UEM, PR, [email protected]

Analisaram-se sedimentos de trs lagoas (Samambaia, Linda e Dos 32) na regio de Taquaruu MS (2230S/5320W). Os depsitos foram estudados via sondagem de percusso (vibro-core) e datados em diferentes profundidades pelo mtodo aditivo na tcnica de termoluminescncia. Para exame das espculas ao microscpio ptico, foram retiradas pores das amostras, fervidas em tubo de ensaio com cido ntrico e pingadas sobre lminas que, aps a secagem, foram cobertas com entelan e lamnula. As amostras da lagoa Samambaia (223618S/532353 W) apresentaram um hiato temporal de 14 ka, com as seguintes idades em relao profundidade: a) 5,5 ka = 75 cm; b) 8,7 ka = 168 cm; c) 25,98 ka = 210 cm e d) 32,74 ka = 248 cm. A partir das espculas, pode-se concluir que essa lagoa teve pelo menos trs fases, sendo: (i) uma primeira, seca, h pelo menos 30 ka, sem vestgios de espculas; (ii) uma segunda, de ambiente fluvial, no incio do Holoceno, com grande nmero de espiculas das gmulas (gemoscleras) e do esqueleto (megascleras) de esponjas de rio; e (iii) a terceira, uma fase lagunar tpica de cerrado, iniciada no Holoceno Mdio, com presena de espculas das esponjas Radiospongilla amazonensis e Dosilia pydanieli, atualmente encontradas nesse ambiente. As amostras da lagoa Linda (222625S/ 531857W) indicaram idades de 18,76 a 26,3 ka; no entanto, os raros fragmentos de espculas na coluna de sedimentos indicam oscilaes entre perodos de seca e de cheias, com predominncia dos primeiros, e a maior residncia da gua estabelecida no final do Holoceno Mdio. A lagoa Dos 32 (222739S/531329W) apresentou idades entre 10,2 a 22,2 ka, configurando uma lagoa de espongilito pela abundncia de espiculas do depsito, estabelecido provavelmente pouco antes do Holoceno e com presena de: (i) microscleras e megascleras de Dosilia pydanieli e fragmentos de Metania spinata no sedimento de superfcie (at 29 cm); (ii) gemoscleras de Dosilia pydanieli, Heterorotula fistula e Radiospongila amazonensis, observando-se tambm muitos fragmentos de carvo (resultantes de queimada), a 58 cm; e (iii) apenas gemoscleras curtas e megascleras quebradas de Heterorotula fistula no sedimento basal, abaixo de 58 cm. Os resultados indicam que as lagoas da regio, apesar de prximas, tiveram gneses distintas, bem como parecem corroborar a tese da predominncia de um clima mais seco na regio antes do Holoceno e durante o Holoceno Mdio. [*Bolsista PQ/CNPq]

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CONODONTES E FAUNA ASSOCIADA NOS CARBONATOS DA FORMAO ITAITUBA, CARBONFERO DA BACIA DO AMAZONASSARA NASCIMENTO, ANA KARINA SCOMAZZON, LUCIANE PROFS MOUTINHOPPGGeo, UFRGS, RS, [email protected]

VALESCA BRASIL LEMOSDepto. de Paleontologia e Estratigrafia, IG/UFRGS, RS

Neste estudo, os conodontes foram utilizados como ferramenta principal para o refinamento bioestratigrfico e a caracterizao paleoambiental dos estratos basais da Formao Itaituba (Carbonfero, Bacia do Amazonas), em conjunto com estudos petrogrficos e da fauna fssil associada. A rea de estudo concentrou-se em duas pedreiras de calcrio, localizadas a 30 km da cidade de Itaituba, na Regio do Rio Tapajs, onde afloram os depsitos cclicos carbontico-evaporticos e delgados intervalos siliciclsticos caractersticos da formao. Para o estudo de fcies carbonticas, foram preparadas 35 lminas petrogrficas, que permitiram a definio de 4 microfcies bsicas: mudstones recristalizados, wackestones bioclsticos, packstones bioclsticos e grainstones bioclsticos/oncolticos, as quais localizam o ambiente deposicional estudado dentro de um contexto de plancie de mar. Para os estudos bioestratigrficos, foram preparadas 43 amostras da Pedreira 1 e 29 amostras da Pedreira 2, principalmente compostas por calcrio e dolomito, classificados como wackestones e packstones. A fauna de conodontes encontrada predominante nos packstones, os quais eram depositados durante as transgresses marinhas na regio, correspondendo as melhores condies adaptativas para os conodontes. Os conodontes analisados foram classificados como Idiognathoides sinuatus, Adetognathus lautus e Neognathodus bassleri, Neognathodus atokaensis, Neognathodus roundyi, Neognathodus medadultimus, Idiognathodus incurvus, Diplognathodus coloradoensis e Hindeodus minutos, e indicam idade entre o neomorrowano - Atokano. Os elementos coletados na Pedreira 1 ocorrem, preferencialmente, nos ciclos carbonticos das pores mdia e superior, correlacionveis com o Morrowano superior. Nos estratos da Pedreira 2, os conodontes ocorrem, preferencialmente, nos ciclos mais inferiores e no topo da pedreira, correlacionveis com o Atokano inferior. A fauna associada composta por braquipodes, moluscos bivalves e gastrpodes, trilobitas, equinodermos, briozorios, corais, ostracodes, palinomorfos, foraminferos, escolecodontes e dentes de peixes. O paleoambiente de deposio das rochas da Formao Itaituba foi identificado como marinho raso, de inframar superior, com baixa a moderada energia e substrato lamoso.

Paleobotnica

A NEW BRYOPHYTE FROM THE LOWER CARBONIFEROUS OF BOLIVIANELSA CARDOSO & ROBERTO IANNUZZIDepto. de Paleontologia e Estratigrafia, IG/UFRGS, RS, [email protected], [email protected]

A new bryophyte, Hepaticites simpliciformis sp. nov., from Lower Carboniferous of Bolivia is a thalloid plant without rhizoids or fertile structures. Midrib, cellular impressions and laminar ribs are present while superficial pores are not observed. The thallus structure is similar to the living Metzgeriaceae family, so, Hepaticites simpliciformis sp. nov. is possibly a liverworts. The studied material is associated with elements of the Nothorhacopteris Flora (Archaeocalamites sp., Nothorhacopteris kellaybelenensis, Triphyllopteris boliviana, ?Sphenopteridium intermedium) sensu Iannuzzi & Rsler [2000. Palaeogeography, Palaeoclimatology, Palaeoecology, 161(1-2):71-94], and was collected in the Siripaca Formation (Ambo Group, Titicaca Basin) on the Copacabana Peninsula, Titicaca Lake, that represents deposits of a swampy alluvial plain sequence. The Siripaca Formation is dated as latest Early Caboniferous (Late Visean-earliest Serpukhovian). Hence, the species shown can be considered the oldest record of bryophytes in South America. The Nothorhacopteris Flora corresponds to lowland communities that lived under a warm-temperate climate in environments where peat-forming conditions were locally developed. The presence of bryophytes associated with this flora confirms the high levels of moisture for the environment in this part of Siripaca Formation. [Contribution to IGCP Project 471] REVISO DE PECOPTERDEAS FRTEIS E ESTREIS DA AMRICA DO SUL: ASTEROTHECA

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PIATNITZKYI FRENGUELLI E PECOPTERIS PEDRASICA READ*CARLOS EDUARDO LUCAS VIEIRA, ROBERTO IANNUZZI, MARGOT GUERRA-SOMMERDepto. de Paleontologia e Estratigrafia, IG/UFRGS, RS, [email protected], [email protected], [email protected]

OSCAR RSLERCentro Paleontolgico, Universidade do Contestado, SC, [email protected]

Foram revisadas frondes pecopterdeas frteis e estreis de estratos permianos da Amrica do Sul, cujas classificaes permaneciam duvidosas ou confusas. Tais frondes foram descritas anteriormente sob os seguintes nomes: Pecopteris pedrasica Read, Pecopteris combuhyensis Read, Asterotheca piatnitzkyi Frenguelli, Asterotheca (Pecopteris) cambuhyensis Rsler. Este ltimo nome foi proposto como sinonmia para os demais, em funo dos espcimes de frondes frteis polimrficas estudados por Rsler [Rsler, R. 1972. Tese de doutoramento, USP,130 p.] apresentarem, ao mesmo tempo, os tipos pinulares descritos para os trs primeiros. Alm disso, o nome Asterotheca deve ser aplicado exclusivamente para espcimes frteis, enquanto Pecopteris a espcimes estreis. Assim, o ltimo nome proposto para os espcimes estudados, Asterotheca (Pecopteris) cambuhyensis Rsler, considerado aqui nomen nudum. Conseqentemente, os espcimes descritos sob os nomes supracitados devem ser classificados como A. piatnitzkyi Frenguelli, quando frteis e, como P. pedrasica Read, quando estreis. Sob este ltimo nome, so mantidos em sinonmia o nome P. combuhyensis Read e os espcimes estreis descritos anteriormente como A. (Pecopteris) cambuhyensis Rsler, enquanto que sob a designao A. piatnitzkyi so mantidos em sinonmia os espcimes frteis descritos anteriormente como A. (Pecopteris) cambuhyensis Rsler. A. piatnitzkyi Frenguelli uma forma exclusiva de estratos eopermianos, sendo registrada desde o sul da Argentina (Formao La Golondrina, bacia La Golondrina; formaes Mojn de Hierro, Ro Genoa e Libertad, bacia Ro Genoa) at o sudeste do Brasil (Formao Rio Bonito, bacia do Paran), enquanto que P. pedrasica Read encontrada ao longo de todo o Permiano, ocorrendo no s nas mesmas formaes e bacias mencionadas, bem como nas formaes Rio do Rasto (bacia do Paran, Brasil) e Chutani (Altiplano Boliviano, Bolvia). A definio taxonmica destes espcimes vem contribuir para o refinamento das correlaes bioestratigrficas e dos estudos paleoecolgicos e paleofitogeogrficos nos estratos permianos da Amrica do Sul. [*Contribuio ao Projeto IGCP 471] SOMMERXYLON SPIRALOSUS PIRES & GUERRA-SOMMER NO MESOZICO DO RIO GRANDE DO SUL: SIGNIFICADO TAXONMICO E PALEOCLIMTICOETIENE FABBRIN PIRES* & MARGOT GUERRA-SOMMER**PPG-Geo, IG/UFRGS, RS, [email protected], [email protected]

A caracterizao morfolgica e anatmica de lenhos silicificados de gimnospermas em afloramento da Formao Caturrita no municpio de Faxinal do Soturno, possibilitaram a identificao de Sommerxylon spiralosus Pires & Guerra-Sommer. Parmetros diagnsticos dos planos lenhosos, tais como medula heterocelular composta por clulas parenquimticas e esclerenquimticas, xilema primrio endarco, xilema secundrio com pontoaes unisseriadas dominantes, espessamentos espiralados nas paredes radiais dos traquedeos, ausncia de canais resinferos e de parnquima axial, indicam a sua vinculao famlia Taxaceae. Na atualidade, esta famlia ocorre predominantemente no Hemisfrio Norte, em climas subtropicais at temperados. Os registros mais antigos de lenhos fsseis de Taxaceae reportam-se ao Jurssico. Deste modo, a identificao de S. spiralosus tem carter indito para o Trissico Superior na bacia do Paran. Os anis de crescimento no lenho analisado so distintos e largos, indicando a presena de amplos ciclos sazonais, provavelmente anuais. De acordo com o conjunto de caractersticas apresentadas pelos anis, o clima vigente seria definido ciclicamente por amplas fases de crescimento lento, evoluindo para fases de acentuada restrio de crescimento, culminando com sua estagnao. As variaes cclicas foram controladas por fatores relacionados principalmente disponibilidade hdrica e, secundariamente, ao fotoperodo. A restrio hdrica representou o fator externo inibidor do crescimento em cada ciclo. Climas com estas caractersticas ocorrem atualmente em ecorregies continentais nos domnios seco a mido-temperado. Podese inferir, portanto, para o Trissico Superior no sul da bacia do Paran com base em dados dendrolgicos, um clima com sazonalidade definida por amplos ciclos caracterizados pela intercalao de extensos perodos midos e restritos perodos de seca. [*Bolsista PGI/CNPq; **Bolsista CNPq]

ESTUDO PALEOFLORSTICO DO MEMBRO CRATO, FORMAO SANTANA, EOCRETCEO DA BACIA DO ARARIPE, NORDESTE DO BRASIL

- Paleontologia em Destaque n 44 MARY E. BERNARDES-DE-OLIVEIRA*Depto. de Geologia Sedimentar e ambiental IGc/USP, SP

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ALCINA M. F. BARRETODepto. de Geologia CTG/UFPE, Recife

DAVID DILCHERFlorida Museum of Natural History, Gainesville, Univ. Florida (EUA)

FRESIA RICARDI-BRANCOUniv. Estadual de Campinas, IGC, UNICAMP

MARIA CRISTINA DE CASTRO-FERNANDESLaboratrio de Geocincias, UnG, SP

O trabalho visa o estudo de fitofsseis do Membro Crato sob dois enfoques principais, a anlise tafonmica e a taxonmica, tendo em vista