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As bacias marginais brasileiras: As bacias marginais brasileiras: As bacias marginais brasileiras: As bacias marginais brasileiras: As bacias marginais brasileiras: estágio atual de conhecimento estágio atual de conhecimento estágio atual de conhecimento estágio atual de conhecimento estágio atual de conhecimento The brazilian marginal basins: current state of knowledge Francisco Celso Ponte l Haroldo Erwin Asmus nota introdutória O trabalho, com o título The Brazilian Marginal Basins: Current State of Knowledge foi elaborado originalmente para ser apresentado no International Symposium on Continental Margins of Atlantic Type (São Paulo, outubro de 1975), organizado pela Comissão Brasileira de Geodinâmica e promovido pela Academia Brasileira de Ciências. Junto com outros trabalhos apresentados nesse simpósio, ele foi publicado em inglês num Suplemento do volu- me 48 dos Anais da Academia, em 1976. Esse vo- lume representa, concomitantemente, o Report 19 do Geodynamics Project. Distiguido com a escolha para ser divulgado neste Boletim de Geociências da Petrobras, o trabalho - agora traduzido para o Português - mostra o estado do conhecimento geológico da margem continental brasileira há cerca de 30 anos. Tal conhecimento resultou da integração de dados e informações obtidos em estudos e levantamentos prévios, cujas fontes acham-se listadas na bibliografia desta publicação. Tais levantamentos já vinham se desenrolando des- de o final dos anos 60, ainda que de forma mo- desta, com o propósito de atender a mudanças na estratégia de exploração da Petrobras. Ao abraçar uma tendência que se revelava ser de âmbito mun- dial, e, também, ao ponderar os resultados e prog- nósticos exploratórios - pouco alentadores - nas bacias interiores paleozóicas, a Companhia passou a orientar seus interesses para as bacias da mar- gem continental e a envidar esforços, então mais intensos, no sentido de se informar sobre um terri- tório que, por sua condição submersa e pelas limi- tações das ferramentas exploratórias então existen- tes, mantinha-se, até àquela época, indevassável à perscrutação científica. A realização dos levantamentos, naquela eta- pa inicial, deu-se num estimulante ambiente de diversificadas e, sobretudo, importantes inova- ções ligadas, com maior destaque, a políticas e estratégias exploratórias, a avanços científicos e tecnológicos, a mudanças paradigmáticas e a abordagens metodológicas. 385 B. Geoci. Petrobras, Rio de Janeiro, v. 12, n. 2, p. 385-420, maio/nov. 2004

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As bacias marginais brasileiras:As bacias marginais brasileiras:As bacias marginais brasileiras:As bacias marginais brasileiras:As bacias marginais brasileiras:

estágio atual de conhecimentoestágio atual de conhecimentoestágio atual de conhecimentoestágio atual de conhecimentoestágio atual de conhecimento

The brazilian marginal basins: current state of knowledge

Francisco Celso Ponte l Haroldo Erwin Asmus

no ta in t rodu tó r iaO trabalho, com o título The Brazilian Marginal

Basins: Current State of Knowledge foi elaboradooriginalmente para ser apresentado no InternationalSymposium on Continental Margins of AtlanticType (São Paulo, outubro de 1975), organizado pelaComissão Brasileira de Geodinâmica e promovidopela Academia Brasileira de Ciências. Junto comoutros trabalhos apresentados nesse simpósio, elefoi publicado em inglês num Suplemento do volu-me 48 dos Anais da Academia, em 1976. Esse vo-lume representa, concomitantemente, o Report 19do Geodynamics Project. Distiguido com a escolhapara ser divulgado neste Boletim de Geociênciasda Petrobras, o trabalho - agora traduzido para oPortuguês - mostra o estado do conhecimentogeológico da margem continental brasileira hácerca de 30 anos. Tal conhecimento resultou daintegração de dados e informações obtidos emestudos e levantamentos prévios, cujas fontesacham-se listadas na bibliografia desta publicação.

Tais levantamentos já vinham se desenrolando des-de o final dos anos 60, ainda que de forma mo-desta, com o propósito de atender a mudanças naestratégia de exploração da Petrobras. Ao abraçaruma tendência que se revelava ser de âmbito mun-dial, e, também, ao ponderar os resultados e prog-nósticos exploratórios - pouco alentadores - nasbacias interiores paleozóicas, a Companhia passoua orientar seus interesses para as bacias da mar-gem continental e a envidar esforços, então maisintensos, no sentido de se informar sobre um terri-tório que, por sua condição submersa e pelas limi-tações das ferramentas exploratórias então existen-tes, mantinha-se, até àquela época, indevassável àperscrutação científica.

A realização dos levantamentos, naquela eta-pa inicial, deu-se num estimulante ambiente dediversificadas e, sobretudo, importantes inova-ções ligadas, com maior destaque, a políticas eestratégias exploratórias, a avanços científicos etecnológicos, a mudanças paradigmáticas e aabordagens metodológicas.

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No quadro de desafios que então se apresen-tavam nesse novo cenário, as diligências paraenfrentá-los incluíram a composição de grupos degeólogos e geofísicos responsáveis pela interpre-tação e avaliação das várias bacias marginais.À competência própria desses profissionais soma-ram-se a atualização e o aprofundamento de suascapacidades através de estágios, cursos de pós-graduação e participação ativa em eventos cientí-ficos, no Brasil e no exterior.

A constituição de um grupo multi-institucional- Projeto de Reconhecimento Global da MargemContinental Brasileira (REMAC) - de que partici-param, além da Petrobras, o DepartamentoNacional da Produção Mineral (DNPM), a Compa-nhia de Pesquisas de Recursos Minerais (CPRM), aDiretoria de Hidrografia e Navegação (DHN) e oConselho Nacional de Desenvolvimento Científicoe Tecnológico (CNPq), permitiu uma contribuiçãoefetiva no estudo de características morfológicas,estratigráficas, estruturais e evolutivas da margemcontinental brasileira. Para tanto, esse projetocontou com trabalhos desenvolvidos tanto peloseu corpo técnico como em parceria com o Lamont- Doherty Geological Observatory e o Woods HoleOceanographic Institution.

À época do desenvolvimento desses trabalhos– tanto os dirigidos para a exploração de petróleocomo aqueles de cunho mais acadêmico, mas tam-bém, direta ou indiretamente, de indiscutível in-teresse econômico e ambiental – dava-se a con-solidação do novo modelo de origem e evoluçãodos oceanos e, por extensão, das margens que oslimitam com os continentes. A integração de no-vos dados paleomagnéticos, geocronológicos, es-truturais e estratigráficos trouxe evidênciasponderáveis para a reativação do modelo da deri-va dos continentes, agora apoiada pelos coroláriosdo espalhamento do assoalho oceânico e datectônica de placas. Passou-se, assim, por uma ex-periência que, para alguns, é representativa deuma verdadeira revolução científica, no sentidoKuhniano do termo, em que uma expressiva par-cela da comunidade envolvida abandona o para-digma fixista e passa a adotar as premissas domodelo mobilista.

No caso específico do Atlântico Sul, os trabalhosrealizados pela Petrobras e Projeto REMAC, isola-damente ou em associação com as instituições es-trangeiras acima citadas, ofereceram uma contribui-ção valiosa para o desenvolvimento desse modelo,principalmente no que tange à margem continen-tal brasileira e áreas emersas adjacentes.

Nesse contexto, o artigo agora republicadorepresenta uma pequena contribuição à históriada caracterização e interpretação da margem con-tinental brasileira, à luz desse novo paradigma.Por extensão, também é representativo de umaetapa inicial da história da exploração de petróleono desafiador ambiente submarino.

Haroldo Erwin Asmus

i n t r oduc to r y no teThe paper titled The Brazilian Marginal Basins:

Current State of Knowledge was originallydesigned to be presented at the InternationalSymposium on Continental Margins of AtlanticType (São Paulo, in October 1975), organized bythe Brazilian Committee of Geodynamics andpromoted by the Brazilian Academy of Sciences,together with other papers presented at thatsymposium, was published in English in volume48, 1976, Supplement of the Academy Annuals.Concomitantly, this volume represents Report 19of the Geodynamics Project. Distinguished by thedecision of having it included in this PetrobrasBulletin of Geosciences, this paper - this timetranslated into Portuguese - shows the state ofthe geological knowledge about the Brazilian con-tinental margin 30 years ago. This knowledgeresulted from the integration of data andinformation obtained from previous studies andsurveys - the sources of these studies and surveyshave been listed in the Bibliography found at theend of this publication. These surveys have beenmodestly started mainly since the end of the 60’s,with the purpose of fulfilling the changes inPetrobras exploration strategy. By embracing a

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worldwide trend of that time and by also takinginto account the exploratory results andprognostics - which are not very encouraging - inthe Paleozoic inland basins, the company hasstarted to gear its interests towards the basins ofthe continental margin and to concentrate efforts- that at that time were stronger – in order toprovide information about a territory, which dueto its submerged status and because of thelimitations of the exploratory tools available at thattime were kept until then hidden from thescientific scrutiny.

At those initial times, surveys have taken placeat a stimulating environment of innovations,which were divers if ied and most of al limportant, as well as they were clearly linked toexploratory policies and strategies, scientific andtechnological progresses, paradigmatic changesand methodological approaches.

Within the framework of the challenges that werepresent in that new scenario at that time, themeasures to face them included setting up groupsof geologists and geophysics in charge of interpretingand assessing the different marginal basins. Thecompetence of those professionals was added tothe update and enhancement of their skills throughinternships, graduate courses and an activeparticipation in scientific events in Brazil and abroad.

The constitution of a multiinstitutional project– Projeto de Reconhecimento Global da MargemContinental Brasileira (REMAC) [Project of GlobalRecognition of the Brazilian Continental Margin]of which in addition to Petrobras, also the NationalDivision of Mineral Production (DNPM), the Mine-ral Resources Research Company (CPRM), theHydrography and Navigation Bureau (DHN) andthe National Council of Scientific and TechnologicalDevelopment (CNPq) allowed the morphologic,stratigraphic, structural and evolutionarycharacteristics of the Brazilian continental marginto be included in the study. In order to achievethis, this project has trusted on research workdeveloped by its technical staff as well as by thepartnership established with the Lamont – DohertyGeological Observatory and Woods HoleOceanographic Institution.

At the time those research works weredeveloped – both those geared towards oilexploration such as the more academic ones andthose directly or indirectly containing anundeniable economic and environmental interest– also took place the consolidation of the newmodel of the origin and evolution of theoceans, as well as that of the margins that limitthe continents. The integration of newpaleomagnetic, geochronological, structural andstratigraphic data has brought about evidencesthat can be taken into account in the reactivationof the continental drift model that is currentlysupported by the corollary of the spreading ofthe ocean floor and of tectonic plates. Thus theexperience for some people represented an actualscientific revolution, in the Kuhnian sense of theterm, in which a significant part of the scientificcommunity involved abandoned the fixistparadigm and has adopted the drift paradigm.

In the specific case of the South Atlantic, theresearch work performed by Petrobras and theREMAC Project separately or linked to the foreigninstitutions mentioned above offered a valuablecontribution to the development of this model,mainly regarding the Brazilian continental marginand adjacent emerged areas.

Within this context, the article that has justbeen published represents a small contributionto the history of the characterization and theinterpretation of the Brazilian continentalmargin in the light of this new paradigm.Consequently it also represents an initial phaseof the history of oi l explorat ion in thechallenging submarine environment.

Haroldo Erwin Asmus

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r e sumoCom base em diferenças nas suas característi-

cas estratigráficas e/ou estruturais, a margem con-tinental brasileira pode ser dividida em duas pro-víncias principais:

(1) a província leste - sudeste, estendendo-se dabacia de Pelotas até a bacia Recife - João Pessoa,apresenta um estilo tectônico distensional cujas ida-des vão do Jurássico Tardio ao Cretáceo Inicial. Asestruturas ali presentes acham-se dispostas paralela-mente aos alinhamentos estruturais do embasamen-to pré-cambriano, exceto no segmento do nordeste,onde as falhas mesozóicas, na bacia Recife - JoãoPessoa, cortam transversalmente as direções leste -oeste do embasamento. O preenchimento da bacia,do Jurássico Superior até o Recente, consiste, quandocompleto, em três seqüências estratigráficas que sedistinguem umas das outras pelos ambientesdeposicionais em que se formaram: (a) uma seqüên-cia inferior, clástica, não-marinha; (b) uma seqüênciaintermediária, evaporítica; e (c) uma seqüência supe-rior, clástica parálica e marinha aberta.

(2) a província do norte, cuja extensão vai da ba-cia Potiguar até a bacia da Foz do Amazonas, exibedois estilos tectônicos: um de distensão e outro decompressão, com idades situadas entre o JurássicoTardio e o Cretáceo Tardio, com direções que se dis-põem tanto paralelamente aos alinhamentos do em-basamento como os cortam transversalmente.A coluna estratigráfica dessa província difere da pro-víncia leste - sudeste devido à ausência de rochasevaporíticas do Cretáceo Inferior.

A integração dos dados estratigráficos e estrutu-rais permite que se determinem, nas bacias margi-nais brasileiras do leste, os principais estágiosevolucionais de uma típica margem continental defragmentação e deriva: um estágio pré-rifte e rifte,um estágio proto-oceânico evaporítico, e um estágiooceânico, marinho aberto normal.

Na província norte é possível inferir um estágio derifte continental, um estágio marinho ligado a movi-mentos transformantes, e um estágio de oceano aber-to. A relação entre os estágios de rifte e transforman-te não é clara.

Palavras-chave: margem continental brasileira l fisiografia l estruturas etectonismo l estratigrafia e sedimentação l evolução geológica

abs t rac tBased on distinctive stratigraphic and/or structural

characteristics, the Brazilian continental margin canbe divided into two main provinces :

(1)The southeastern-eastern province, extendingfrom the Pelotas to the Recife - João Pessoa Basin,presents a tensional tectonic style of Late Jurassic -Early Cretaceous age, paralleling the structuralalignments of the Precambrian basement, except inthe northeastern segment where the Mesozoic faultsof the Recife - João Pessoa Basin cut across the east-west basement directions. The basin-fill, Upper Jurassicthrough Recent, consists, where complete, of threestratigraphic sequences, each of a distinct depositionalenvironment: (a) a lower clastic non-marine sequence;(b) a middle evaporitic sequence, and (c) an upperclastic paralic and open marine sequence.

(2)The northern province, extending from the PotiguarBasin to the Amazon Submarine Basin, displays bothtensional and compressional tectonic styles of UpperJurassic (?) to Upper Cretaceous age either paralleling orcutting transversally the basement alignements. Thestratigraphic column differs from the southeastern - easternprovince in lacking the Lower Cretaceous evaporitic rocks.

The integration of the stratigraphic and structuraldata allows one to determine in the eastern Brazilianmarginal basins the main evolutionary stages of atypical pull-apart continental margin: a continentalpre-rift and rift stage, an evaporitic proto-ocean stage,and a normal open ocean stage.

In the northern province it is possible to infer acontinental rift valley stage, a marine transform - movementstage and an open ocean stage. The relationship betweenthe rift valley and transform movement stages is not clear.

Keywords: brazilian continental margin l physiography l structures andtectonism l stratigraphy and sedimentation l geologic evolution

i n t roduçãoA intensificação dos levantamentos realizados pela

PETROBRÁS, nos últimos três anos, na plataformacontinental brasileira e na região costeira que lhe éadjacente, tem fornecido uma quantidade conside-rável de novos dados geofísicos e geológicos.

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O conhecimento geológico, entretanto, não éuniforme em todas as bacias marginais (Figura 1).As variadas potencialidades petrolíferas e a exis-tência de áreas que apresentam dificuldade deacesso às atuais ferramentas exploratórias resul-tam em uma distribuição irregular das informa-ções. Mesmo assim, os dados acumulados são ade-quados para a revisão e atualização de trabalhosanteriores sobre a margem continental brasileira(Asmus e Porto, 1972; Asmus e Ponte, 1973;Miura e Barbosa, 1972; Campos et al. 1974).

A seção leste, desde a bacia de Pelotas até abacia de Recife - João Pessoa, representa uma mar-gem Atlântica típica, relativamente simples, queaparentemente conforma-se com o modelo dederiva continental. Inferências estratigráficas e es-truturais anteriores (Estrella, 1972; Asmus e Porto,1972; Asmus e Ponte, 1973), baseadas nesse mo-delo, foram confirmadas pelos novos dados.

Ao longo da margem norte a situação apre-senta-se de forma diferente. As novas informa-ções sobre a idade e distribuição de estratosmesozóicos, intensamente dobrados, aparente-mente não se ajustam aos modelos sugeridos(Miura e Barbosa, 1972; Kumar e Ladd ,1974) paraexplicar a origem de algumas dessas feições.

Este trabalho pretende mostrar uma síntesedos conhecimentos atuais sobre as margens lestee norte. Na medida do possível, procurou-seenfocá-lo para os problemas geodinâmicos rela-cionados com a origem e evolução da margemcontinental brasileira e estabelecer possíveis liga-ções desses problemas com alguns eventos e fei-ções com sede na área continental emersa.

f i s i og ra f i aáreas submersas

Os primeiros estudos fisiográficos sobre a mar-gem continental brasileira concentraram-se ou emfeições particulares ou em problemas específicossituados em áreas restritas (p. ex. Almeida, 1955,1961; Hayes e Ewing, 1970; Leyden et al. 1971).

Análises de áreas mais extensas efetuaram-seem 1969 (Buttler; Boyer; Ealey) não obstante, ain-da continuavam limitadas a certas seções da am-pla margem continental brasileira.

O primeiro trabalho fisiográfico cobrindo todaa margem continental brasileira foi apresentado,também em 1969, por Barretto e Milliman. Elessubdividiram a área em três grandes províncias to-pográficas:

(1) A plataforma Amazonas - Maranhão, lar-ga, relativamente rasa e com uma superfície to-pográfica regular. O gradiente e o relevo do talu-de são variáveis. O cone amazônico aparece comouma destacada feição construtiva no talude con-tinental (Figuras 5 e 6).

(2) A plataforma do nordeste se estende dabaía de São Marcos, no Maranhão (Figura 2), atéBelmonte, na Bahia (Figura 4). Esse segmentoapresenta, além da porção mais estreita da plata-forma brasileira, uma topografia irregular e umtalude abrupto.

(3) Na plataforma leste - sudeste as larguras eprofundidades, assim como padrões fisiográficos,são variáveis; essa variabilidade concede uma con-dição apropriada para admitir uma subdivisão adi-cional nesse trecho da margem continental.

A análise das características morfoestruturais ea correlação de perfis batimétricos, transversais àmargem, permitiram que Barreto e Milliman (1969)inferissem relações genéticas para algumas feiçõesna margem continental brasileira. Em conseqüên-cia, as características construtivas resultantes da pro-gradação sedimentar, em direção ao oceano, fo-ram determinadas no cone amazônico (Figura 2) eao longo da margem continental do Rio Grandedo Sul. Os perfis batimétricos na margem conti-nental, ao largo de Recife, norte de Salvador, e deVitória, mostram os efeitos de um tectonismo res-ponsável pelo aumento do talude, ainda não nive-lado por sedimentação. Na área ao sul do Bancode Abrolhos (Figura 4), os perfis batimétricos reve-lam efeitos adicionais de acreção vulcânica.

Novos dados, fornecidos por várias fontes, pro-porcionaram o melhoramento da definição deregiões morfológicas (Zembruscki et al. 1972).

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Figura 1

Mapa índice das bacias

sedimentares

brasileiras. Círculos

abertos - bacias

paleozóicas; pontos -

bacias mesozóicas –

cenozóicas.

Figure 1

Index map of the

Brazilian sedimentary

basins. Open circles

Paleozoic basins; small

dots = Mesozoic -

Cenozoic basins.

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Recentemente, o Projeto REMAC (Reconheci-mento Global da Margem Continental Brasileira)(1973) elaborou mapas batimétricos detalhados(Figuras 2, 3, 4 e 5) através dos quais tornou-seposssível o delineamento das característicasfisiográficas de forma mais acurada (Figura 6).

A natureza, configuração e direção geral dealgumas feições presentes na margem continen-tal são sugestivas de que elas possam ter conti-nuidade na porção continental emersa, como re-velado por estruturas que ali ocorrem. Essa asso-ciação constitui uma evidência importante para oestudo dos processos evolutivos da margem con-tinental brasileira. A Figura 6 mostra as feiçõesmais significativas, concisamente descritas a seguir.

Coube a Hayes e Ewing (1970) o primeiro rela-to da Cadeia Norte Brasileira. Os vários levanta-mentos realizados subseqüentemente a essa datatêm demonstrado a importância dessa cadeiapara o estudo da história da margem continen-tal equatorial brasileira. Hayes e Ewing, limita-dos pela escassez de dados então disponíveis,consideraram essa cadeia como uma feição con-tínua de provável origem vulcânica e, no aspectoestrutural, independente do sistema de fraturasdo Atlântico Equatorial. Trabalhos mais recentes,relatados por Bryan et al. (1972) e Kumar e Bryan(1973), mostraram que, na verdade, a Cadeia

Norte Brasileira é formada por uma série de seg-mentos desconectados (Figuras 2 e 3). O segmen-to sul (aproximadamente 1,8°S) situa-se na por-ção ocidental da Zona de Fratura Romanche e apa-rentemente continua pela plataforma continen-tal onde forma um alto de rochas pré-cambrianasconhecido como Terraço do Ceará (Bryan et al.1972; Kumar e Bryan, 1973). Esses mesmos au-tores sugeriram a continuação do segmento nor-te na Zona de Fratura Saint Paul, o que foi poste-riormente confirmado por levantamentosgeofísicos nessa área (J. C. Carvalho, 1974, co-municação pessoal).

A Cadeia Fernando de Noronha (Figuras 3 e 6)constitui-se em um extenso lineamento de montessubmarinos elevando-se acima do nível do mar nasilhas de Fernando de Noronha e no Atol das Rocas.Essas ilhas oceânicas representam testemunhosapropriados para o esclarecimento da origem e danatureza vulcânica da cadeia (Almeida, 1955). Umaassociação dos elementos vulcânicos de Fernandode Noronha e, por extensão, da cadeia na qual elasse situam, com uma zona de fratura oceânica, foiproposta por Almeida (1955, 1960, 1965).Almeida também considerou o vulcanismomiocênico de Mecejana, no litoral do Ceará, comouma extensão dessa cadeia oceânica pela porçãoemersa do continente. Bryan et al. (1972), Kumar

Figura 2

Mapa batimétrico

da margem

continental

brasileira norte

(REMAC, 1973).

Figure 2

Bathymetric map of

the northern

Brazilian continen-

tal margin (after

REMAC, 1973).

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e Bryan (1973) e Gorini e Bryan (1974) sugeriram,tentativamente, a conexão da parte mais orientalda Cadeia de Fernando de Noronha com a Zonade Fratura Chain e a sua porção mais ocidental comuma feição da plataforma continental conhecidacomo Alto de Fortaleza.

A Cadeia Vitória - Trindade é um lineamentode montes submarinos e guyots (Figuras 4 e 6)

que se estende por 1 000 km ao longo do paralelo20°30’S. Almeida (1961), no seu estudo sobre aIlha de Trindade, localizada na porção mais orien-tal desse lineamento, ofereceu informações impor-tantes por revelarem a natureza vulcânica da ca-deia. Ainda Almeida, em 1961 e 1965, tambémpostulou a associação dessa cadeia com uma fra-tura do assoalho oceânico. Uma elevação estru-

Figura 3

Mapa batimétrico da

margem continental

brasileira nordeste

(REMAC, 1973).

Figure 3

Bathymetric map of

the northeastern

Brazilian continental

margin (after

REMAC, 1973).

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tural do embasamento, conhecida como Alto deVitória, poderia estar relacionada com a CadeiaVitória - Trindade.

Um grupo de feições menores, com distribui-ção aparentemente irregular, pode, com efeito,ter uma orientação essencialmente leste - oeste.Essas feições ocorrem numa área limitada ao nor-te pela Cadeia Fernando de Noronha e ao sul pelaCadeia Vitória - Trindade. Sugerimos que essasfeições tenham resultado de atividade magmática

ao longo de fraturas no assoalho oceânico. Apa-rentemente esses montes submarinos também serelacionam com os processos que desenvolveramfraturas morfológicas no talude e sopé continen-tais, e, localmente, estenderam a sua atividade emáreas emersas. Os montes submarinos da Paraíbae o monte submarino de Pernambuco exemplifi-cam essas pequenas feições.

Ao largo da Paraíba os montes submarinosacham-se alinhados ao longo do paralelo 6°40’ S

Figura 4

Mapa batimétrico da

margem brasileira

leste (REMAC, 1973).

Figure 4

Bathymetric map of

the eastern Brazilian

margin (after

REMAC, 1973).

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(Figura 3). A associação dos montes submarinosda Paraíba com anomalias magnéticas ainda nãoestá satisfatoriamente estabelecida (Fainstein et al.1975). Na área emersa, na mesma latitude, situa-se o lineamento pré-cambriano de Patos. Emboraseja-se tentado a sugerir uma relacão entre essasduas feições, não se dispõem, até o presente, deindicações diretas, estruturais ou genéticas, capa-zes de dar suporte a esse relacionamento.

O monte submarino de Pernambuco tem o seueixo maior no paralelo 8°30’S, com orientaçãoessencialmente leste - oeste (Figura 3). Pode-seconjecturar a sua possível associação com a ativi-dade vulcânica que formou o Platô de Pernam-buco, uma feição construtiva no talude da mar-gem continental, a qual, como apontado porFainstein et al. (1975), apresenta uma expressivaanomalia magnética. Provavelmente, as vulcânicasdo Cabo, na região emersa situada nas proximida-des de Recife (Figura 9), podem estar associadas aomesmo magmatismo. Todas essas feições locali-zam-se junto da linha que forma uma possívelcontinuação do lineamento Floresta - Pernambu-co (Figuras 3 e 7). Não obstante, além dessa coin-cidência, nenhum relacionamento genético ou es-

trutural pode ser postulado com base nos dadosdisponíveis.

Os bancos de Abrolhos e Royal Charlotte carac-terizam-se pelo alargamento que produziram naplataforma continental. A natureza vulcânicaacrecionária do Banco de Abrolhos foi sugerida porBoyer (1969) e a sua gênese foi estudada por Asmus(1970). Levantamentos geofísicos e poços perfura-dos no Banco de Abrolhos confirmaram essasconjecturas e, ademais, permitiram estender a mes-ma inferência quanto à natureza vulcânica e simi-laridade dos processos evolutivos para o Banco deRoyal Charlotte (Asmus e Palma, 1973).

O Platô de São Paulo (Figuras 5 e 6) é umafeição conspícua, com uma área de 114 000 km2

(Zembruscki et al. 1972). A sua natureza acrecionalpor vulcanismo tem sido sugerida por levantamen-tos sísmicos (Baccar, 1970; Leyden e Nunes, 1972;Leyden et al. no prelo). Na área emersa, o Arco dePonta Grossa, sítio de uma intensa atividade ígnea,no Cretáceo Inicial (Sanford e Lange, 1960), podeser relacionado com o Platô de São Paulo. Em dire-ção ao sudeste, é-se instigado a relacionar esse platôcom a Elevação do Rio Grande, cuja natureza eorigem ainda não são bem conhecidas.

Figura 5

Mapa batimétrico da

margem continental

brasileira sudeste

(REMAC, 1973).

Figure 5

Bathymetric map of the

southeastern Brazilian

continental margin

(after REMAC, 1973).

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áreas emersasA análise fisiográfica das áreas emersas que se

situam nas bordas da margem continental poderevelar o relacionamento genético entre o arran-jo estrutural cratônico e a evolução geológica dasmargens continentais. Até o presente, não se con-duziu no Brasil qualquer estudo sistemático comvistas a esse objetivo. Em conseqüência, a discus-são sobre a organização fisiográfica da porçãoemersa da margem continental brasileira, aquiincluída, tem como propósito principal chamar aatenção para a importância geológica dessa área,em vez de fornecer quaisquer outras novas infor-mações relevantes.

Como referido por Ab’Saber (1955), já se pro-puseram diversas classificações para o relevo bra-sileiro. Entretanto, não é propósito deste traba-lho discuti-las ou adotar qualquer classificaçãogeralmente aceita.

A fim de ilustrar a presente discussão das fei-ções fisiográficas da porção emersa da margemcontinental brasileira, mostra-se uma porçãosimplificada do Mapa Geomorfológico do Brasil,publicado pelo IBGE em 1968. Nesse mapa sim-plificado, consideram-se, de forma esquemática,somente quatro unidades geomorfológicas infor-mais: planícies ou terras-baixas; tabuleiros echapadas; cuestas; e serras (Figura 6).

As planícies são terrenos baixos, com elevaçõesde apenas alguns metros acima do nível do mar.Constituem superfícies topográficas de constru-ção recente, cobertas por sedimentos cenozóicos,incluindo, na sua maior parte, depósitos aluviaisfluviais e areias de praia. Acham-se compreendi-das nessa unidade, como mostrado na figura 6,parte da ampla planície amazônica e as planíciescosteiras. Estas últimas são locais de sedimenta-ção transicional, entre os ambientes marinho econtinental. Formam cinturões longos e estreitos,localmente descontínuos, bordejando a linha decosta. Na margem sudeste, a planície costeira res-tringe-se a uma simples linha ou é interrompidapor elevações da Serra do Mar que se estendematé a costa.

O símbolo que, na figura 6, indica tabuleiros tam-bém representa algumas feições topográficas deno-

Figura 6 - Mapa fisiográfico da

margem continental brasileira.

1 - Bacia sedimentar do Maranhão;

2 - Chapada Apodi; 3 - Chapada

Araripe; 4 - Tabuleiros Jatobá;

5 - Tabuleiros Tucano; 6 - Chapadões

Urucuia; 7 - Bacia do Paraná (modifi-

cado de Asmus, 1973).

Figure 6 - Physiographic map of the

Brazilian continental margin.

1 - Maranhão sedimentary basin;

2 - “Chapada” Apodi; 3 - “Chapada”

Araripe; 4 - “Tabuleiros” Jatobá;

5 - “Tabuleiros” Tucano;

6 - “Chapadões” Urucuia; 7 - Paraná

basin (modified from Asmus, 1973).

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As bacias marginais brasileiras - Ponte e Asmus396

minadas chapadas e chapadões. Tanto os tabuleiroscomo as chapadas, como aqui considerados, sãoplatôs ou terraços sedimentares formados por estra-tos horizontais ou suborizontais, de idades mesozóicae cenozóica, e limitados por escarpas de erosão.

No Nordeste, duas pequenas áreas de chapa-das, a saber: Apodi (100 a 200 m de altitude) eAraripe (500 a 700 m de altitude) e duas áreasde tabuleiros: Tucano e Jatobá (500 a 700 m dealtitude) são bacias sedimentares soerguidas.O arcabouço estrutural do leito do embasamentosubjacente a essas bacias acha-se controlado porlineamentos pré-cambrianos. O lineamento deJaguaribe, de direção NNE-SSW, limita a bordaoeste da chapada do Apodi. Aparentemente, elese estende para o norte com uma expressão es-trutural no arcabouço tectônico da plataformacontinental (Figura 7). A chapada do Araripe éuma bacia do tipo semi-gráben, formada por umbloco rebaixado, cortada pelo lineamento Patos -Paraíba. Esse lineamento, como discutido previa-mente, tem uma aparente continuação costa afo-ra, que se configura como um conjunto de mon-tes submarinos alinhados.

Os tabuleiros de Tucano e Jatobá são formadospor clásticos continentais mesozóicos representan-do o estágio final no preenchimento das respecti-vas bacias sedimentares. A bacia de Tucano, umgráben de direção norte - sul, que, sob o ponto devista de sua formação, considera-se estar relacio-nado com a abertura do Atlântico Sul. A bacia deJatobá, um semi-gráben de direção NNE-SSW, éum bloco falhado abatido cortado pelo lineamen-to de Floresta - Pernambuco o qual, como discuti-do faz pouco, parece ter uma expressão fisiográficano platô submarino de Pernambuco.

Na área central, destacam-se os chapadõesUrucuia. Eles são formados por estratos planos,continentais, depositados numa bacia intracra-tônica rasa, que atualmente acha-se submetidaà dissecação erosional devido ao soerguimentocontinental.

As cuestas, como indicado na figura 6, limi-tam extensos platôs periclinais ou na forma depires. Elas encontram-se arranjadas num padrãoconcêntrico escalonado resultante da erosão di-ferencial de camadas sedimentares superpostas.

Essas feições constituem “bacias abertas com mer-gulhos centrípetos”, como definido por Engeln,1942 (referido por Ab’Saber, 1968).

Na parte norte da figura 6 pode-se observar queas cuestas limitam os chapadões (300 a 600 m dealtitude) formados pela bacia sedimentar doMaranhão, uma típica depressão intracratônicarasa, mais tarde soerguida epirogenicamente.

Na porção sul as cuestas marcam as bordaserodidas dos chapadões basálticos da bacia doParaná, os quais atingem a linha de costa na áreaao norte de Porto Alegre (Figura 6).

As cordilheiras ou serras, indicadas na Figura 6,incluem cinturões de relevo acentuado, com ver-tentes íngremes e cristas salientes. Algumas dessasserras, especialmente na área central do Brasil, sãocinturões rejuvenescidos de rochas resistentes, taiscomo cadeias de encostas escarpadas (hog-backs)de intrusões lineares, quartzíticas ou graníticas,dispostas ao longo de antigos lineamentos estru-turais pré-cambrianos. Ocorrem, ademais,escarpamentos de platôs do cristalino.

Os escarpamentos de frente para o oceano edispostos paralelamente à linha de costa, como aSerra do Mar e a Serra da Mantiqueira, são blocosfalhados dirigidos pelos alinhamentos estruturaispré-cambrianos.

O mesmo tectonismo responsável pela forma-ção dessas serras também atuou ao longo damargem continental como um fator importantena conformação do arcabouço estrutural da maiorparte das bacias da costa leste. Tanto os períodosde atividade tectônica mais intensa como os pe-ríodos de quiescência, no processo evolutivo des-sas bacias situadas nas proximidades das áreascontinentais, acham-se refletidos nas variaçõeslitológicas da sucessão estratigráfica das bacia sub-marinas e costeiras adjacentes.

es t ru tu ras e t e c ton i smoA constatação de diferenças no padrão estru-

tural e no estilo tectônico ao longo da margembrasileira permite a sua divisão em duas regiõesdistintas: Região Leste e Região Norte.

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B. Geoci. Petrobras, Rio de Janeiro, v. 12, n. 2, p. 385-420, maio/nov. 2004 397

Figura 7

Mapa estrutural da margem continental

brasileira.

1 - Gráben da Foz do Amazonas; 2 - Bacia

de São Luis; 3 - Arco Ferrer - Urbano

Santos; 4 - Lineamento de Sobral;

5 - Lineamento de Jaguaribe;

6 - Lineamento de Patos – Paraíba;

7 - Bacia de Araripe; 8 - Lineamento de

Floresta – Pernambuco; 9 - Bacia de

Jatobá; 10 - Bacia de Tucano; 11 - Arco de

Ponta Grossa (modificado de Asmus, 1974).

Figure 7

Structural map of the Brazilian

continental margin.

1 - Amazon Mouth graben; 2 - São Luis

basin; 3 - Ferrer - Urbano Santos

“Arch”; 4 - Sobral lineament;

5 - Jaguaribe lineament; 6 - Patos -

Paraíba lineament; 7 - Araripe basin;

8 - Floresta - Pernambuco lineament;

9 - Jatobá basin; 10 - Tucano basin;

11 - Ponta Grossa Arch. (Modified from

Asmus, 1974).

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As bacias marginais brasileiras - Ponte e Asmus398

região LestePor causa de diferenças estruturais, a margem

sudeste - leste pode ser analisada separadamenteem duas áreas: (a) a área da bacia de Pelotas até abacia de Sergipe - Alagoas, e (b) a área da baciade Recife - João Pessoa.

(a) área de Pelotas a Sergipe - Alagoas

Na área de Pelotas a Sergipe-Alagoas, a maio-ria das falhas encontram-se assentadas numa dis-posição paralela aos alinhamentos do Pré-Cambriano Tardio formados no ciclo orogênicoBrasiliano (500 - 600 m.a. A.P.) (Almeida, 1971).

As falhas são sempre normais, com comprimen-tos de dezenas de quilômetros e com rejeitos ver-ticais variáveis cujos máximos vão de 3 000 m a5 000 m. Predominam as falhas escalonadas sin-téticas (ou homotéticas). Mas, localmente, a pre-sença de falhas com mergulhos para oeste e no-roeste determina altos estruturais, tanto na bor-da externa da plataforma como no interior dabacia. No primeiro caso (falhas sintéticas) os altosestruturais formaram barreiras aos sedimentos du-rante os estágios iniciais da história da bacia; nosegundo caso (falhas antitéticas), elas separaramgrábens que formaram sub-bacias (Figura 11).

A organização estrutural original da área foideterminada pelo tectonismo pré-aptiano, doCretáceo Inicial, conhecido como ReativaçãoWealdiana da Plataforma Brasileira (Almeida,1967). Tal assertiva apoia-se no fato de que essasbacias, limitadas por falhas, são preenchidas porsedimentos sintectônicos do Cretáceo Inferior.

Após esse tectonismo do Cretáceo Inicial,aparentemente nenhuma outra atividade tectô-nica extensa e importante ocorreu nessa área.

O basculamento em direção ao oceano, doCretáceo Superior e Cenozóico, causou movimen-tos verticais opostos de soerguimento e subsidên-cia, que se considera tenham ocorrido ao longo defalhamentos preexistentes. Embora a reativaçãopossa ser observada em toda a área em questão,ela supostamente alcançou a sua importância má-xima nas bacias de Santos e de Campos (Almeida,1973). Essas duas bacias defrontam-se com umaárea costeira pré-cambriana. Nessa área, um

tectonismo distensional, que se estendeu até oNeógeno, criou e/ou reativou blocos falhadosalinhados paralelamente à costa (Serra do Mar, Serrada Mantiqueira, Gráben do Paraíba) (Figura 6). Namargem continental, a única evidência definida deum tectonismo mais novo que o do Cretáceo Iniciale possivelmente relacionado com a atividade daSerra do Mar foi referida por Ojeda e De Cesero(1974), na bacia de Santos, a partir de registros deuma falha albiana com 1 000 m de rejeito vertical.

As falhas escalonadas e a alternância de horstse grábens, típicas no segmento que se estendedesde a bacia de Campos até a bacia de Sergipe- Alagoas, não foram vistas ocorrer nas bacias dePelotas e de Santos (Figura 11). A única evidên-cia de um possível tectonismo distensional doCretáceo Inicial, nessa área, concerne a um grábenraso, estreito e alongado, paralelo à costa, nabacia de Pelotas (Figuras 7 e 11). Conjetura-seque as principais falhas nas bacias de Pelotas ede Santos são muito profundas, devido à subsi-dência muito maior nessa área do que na áreadas bacias ao norte.

O sistema de falhas e a subseqüente subsidên-cia, ao longo da área que vai de Pelotas até Sergipe- Alagoas, permitiram a acumulação de prismassedimentares que atingem uma espessura máximaestimada em 8 000 m. Localmente, altos estrutu-rais interrompem a seção sedimentar cretácica.Segundo Ferradaes e Souza, 1972; Bacoccoli eSaito, 1973; Bacoccoli e Morales, 1973, essasestruturas representam altos falhados doembasamento, que estão dispostos normal ou obli-quamente em relação à costa. Assim, o nome dearco aplicado a alguns desses altos (p. ex.: Arcode Cabo Frio, Arco de Vitória) é inadequado.

Outras deformações observáveis, principalmen-te nas camadas do Cretáceo Superior e do Terciá-rio, resultam de movimento do sal, falhas de cres-cimento e deslizamentos.

No que se refere ao magmatismo nessa área,indicações estratigráficas revelam a história de umadestacada atividade ígnea, a qual, com base nadeterminação da idade radiométrica de rochasbasálticas, ocorreu em dois períodos principais: umno Cretáceo Inicial e o outro no Cretáceo Tardio /Terciário Inicial (Figura 10).

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Figura 8

Profundidades de embasamento

ao longo da margem continental

brasileira e nas bacias interiores

(compilação de relatórios da

PETROBRÁS).

Figure 8

Basement depths along the

Brazilian continental margin

and in the interior basins

(compilation from

PETROBRÁS reports).

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As bacias marginais brasileiras - Ponte e Asmus400

Figura 9

Distribuição do

vulcanismo mesozóico -

cenozóico no Brasil

(Asmus ,1973).

Figure 9

Distribution of the

Mesozoic - Cenozoic

volcanism in Brazil.

(Asmus, 1973).

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B. Geoci. Petrobras, Rio de Janeiro, v. 12, n. 2, p. 385-420, maio/nov. 2004 401

O primeiro período de atividade magmáticaproduziu, na bacia do Espírito Santo, um derra-me de olivina-basalto, com 55 m de espessura,datado de 127 m. a. A.P., interposto em sedimen-tos do Cretáceo Inicial; na bacia de Campos, opoço CTS-1-RJ (Cabo de São Tomé nº 1) perfurouuma rocha basáltica, com 625 m de espessura,com idade de 121 m. a. A.P.; e, na bacia de San-tos, o poço SPS-3 (São Paulo Submarino nº 3)perfurou uma rocha basáltica, com 121 m. a. A.P.e espessura total desconhecida (Figuras 13 e 16).Esse período pode ser relacionado com os exten-sos (mais do que 1 milhão de quilômetros qua-drados) e espessos (espessura máxima, 1 500 m)derrames de lava Serra Geral, da bacia do Paraná(Figura 9).

O segundo período de atividade ígnea, es-tendendo-se do Cretáceo Tardio (Campaniano- Maestrichtiano) ao Terciário Inicial (Eoceno -Oligoceno), ficou restrito principalmente à ba-cia do Espirito Santo. O limite de maior idadedesse período, 83 m. a. A.P., foi estabelecido apartir de amostras do poço ESS-9 (Espírito San-to Submarino nº 9); o limite de atividade maisrecente, entre 41 - 60 m. a. A.P. foi estabeleci-do a partir de determinações de idade isotópicade amostras dos poços SB-1-BA (Santa Bárba-ra nº1) (Cordani, 1971), CST-1-BA (Caravelasnº 1), e ESS-4 (Espírito Santo Submarino nº4).Em vários outros poços perfurados na margemcontinental foram encontradas interestratifica-ções de lavas basálticas e sedimentos eocênicos.Na bacia do Espírito Santo, a atividade vulcâni-ca do Cretáceo Tardio - Terciário Inicial resultouem acumulações mais espessas e em áreas maisextensas assoalhadas por rochas vulcânicas doque a atividade do Cretáceo Inferior. O bancode Abrolhos (Figuras 4, 6 e 9) supõe-se tenhase formado pelo efeito de uma progradação,ocorrida no Cretáceo Tardio / Terciário Inicial, emque material vulcânico e sedimentar promove-ram o alargamento de uma plataforma conti-nental preexistente e mais estreita (Asmus,1970). Estima-se, com base em levantamentosaeromagnetométr icos (Selch, 1971), quemetade da região esteja assentada sobre mate-rial vulcânico.

Figura 10 - Idade, tipo de rocha e

distribuição regional do vulcanismo

mesozóico - cenozóico no Brasil.

Dados de Hennies e Hasui (1968);

Cordani e Hasui (1968); Cordani e

Blazekovic (1970); Hasui et al. (1971);

Damasceno (1966); Cordani (1971);

Amaral et al. (1967); Vandoros et al.

(1966); Ribeiro e Cordani (1966).

(Modificado de Asmus, 1973).

Figure 10 - Age, type of rocks, and

regional distribution of the Mesozoic -

Cenozoic volcanism in Brazil. Data from

Hennies and Hasui (1968); Cordani and

Hasui (1968); Cordani and Blazekovic

(1970); Hasui and others (1971);

Damasceno (1966); Cordani (1970);

Amaral and others (1967); Vandoros and

others (1966); Ribeiro and Cordani

(1966). (After Asmus, 1973).

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As bacias marginais brasileiras - Ponte e Asmus402

resultados, Cordani (1971) considera as idades daIlha de Martin Vaz anômalas e de uso duvidosopara a definição de uma atividade vulcânica nessaárea. Essas idades mais antigas são bastante dis-crepantes quando comparadas com resultadosmais confiáveis obtidos de amostras coletadas navizinha ilha de Trindade (2 - 4 m. a. A.P.) (Figura 9).Não obstante, é possível estabelecer um relaciona-mento recorrente entre a atividade cretácica tardia /terciária inicial, ao longo da margem continental, ea atividade mais recente (Neógeno), na área oceâni-ca. O vulcanismo na bacia do Espírito Santo prova-velmente está relacionado com uma zona de fratu-ra (Vitória - Ilha de Trindade, Figura 6), ao longo daqual ocorrem vários montes submarinos, guyots eilhas (Almeida, 1960, 1965).

Figura 11

Cortes transversais.

Modificado de:

1 - Ojeda et al. (em

elaboração);

2 - Ojeda e Fugita

(1974); 3 - Ojeda e De

Cesero (1974).

Figure 11

Typical structural

cross - sections.

Modified from:

1 - Ojeda (in

preparation);

2 - Ojeda and Fugita

(1974); 3 - Ojeda and

De Cesero (1974).

Não há informações, obtidas por métodosdiretos, que indiquem a natureza do BancoRoyal Charlotte (Figura 4). Levantamentogeofísico, realizado nessa área, dá suporte àinferência de que ele seja uma construção vulcâ-nica semelhante àquela do Banco de Abrolhos(Asmus e Palma, 1973). Com base em relaçõesestratigráficas e na característica acrecional des-se banco atribui-se-lhe uma idade situada noCretáceo Tardio / Terciário Inicial.

Na área oceânica, determinações radiométricasde amostras coletadas na Ilha de Martin Vaz reve-laram uma faixa de idades entre 85 - 60 m. a. A.P.(Cordani, 1971) (Figura 9), coincidente com o se-gundo período de atividade vulcânica ao longoda margem continental. Mas, ao comentar esses

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O segundo período de magmatismo tambémpode ser relacionado à intensa atividade ígnea,intrusiva e extrusiva, que, de acordo com Almeida(1972), ocorreu na porção central e oriental doBrasil, principalmente em torno da borda orientalda bacia paleozóica do Paraná e paralelamente àSerra do Mar.

(b) área de Recife - João Pessoa

A escassez de dados faz com que a organiza-ção estrutural da área de Recife - João Pessoa nãoseja inteiramente clara. Mas o relacionamentoentre as direções estruturais mesozóicas e as dire-ções do alinhamento pré-cambriano fazem essaárea bastante diferente daquelas áreas que lhesficam situadas ao norte e ao sul. Na bacia de Reci-fe - João Pessoa, os alinhamentos pré-cambrianos,de direção essencialmente leste - oeste, acham-seabruptamente cortados pela linha de costa e pelaborda da plataforma continental, cujas direçõesgerais são norte - sul (Figura 7).

Rand, em 1967, tendo por base levantamentosgeofísicos na porção emersa dessa área, inferiu blo-cos estruturais nos quais as falhas que lhes são asso-ciadas mergulham para o oceano, numa configura-ção que se parece com o assentamento estruturalda bacia de Sergipe - Alagoas. Para a porção oceâ-nica, embora seja possível esperar um estilo tectônicosemelhante àquele da bacia de Sergipe - Alagoas, éevidente que a área de Recife - João Pessoa subsidiumenos do que as áreas circunvizinhas, ao norte e aosul. Um reconhecimento na área oceânica, feito atra-vés de levantamento por reflexão sísmica, revelouuma cobertura sedimentar com menos de 2 000 mde espessura (Souza, 1972).

Dois alinhamentos pré-cambrianos, de direçãoleste - oeste, denominados Patos ou Paraíba, e Flo-resta ou Pernambuco (Figura 7), têm sido conside-rados como antigas falhas transcorrentes. Eles sãoelementos destacados do arcabouço estrutural donordeste. Seu reconhecimento, no campo, faz-sepor sua associação com cinturões milonitizados egranitos intrusivos. Segmentos desses alinhamen-tos pré-cambrianos limitam algumas baciastectônicas interiores, do Cretáceo Inicial (Jatobá,Araripe), indicando reativação vertical contempo-rânea. A reativação horizontal, do Cretáceo Mé-

dio - Tardio, referida por Beurlen (1967b), baseia-se num modelo evolutivo conjeturado que apa-rentemente não ganha suporte em face de infor-mações recentes (Asmus et al. 1973).

Um tectonismo turoniano formador da baciade Recife - João Pessoa também é conjetural etem por base o conhecimento cronoestratigráficoda porção emersa da bacia (Beurlen, 1961). No-vos dados obtidos nas bacias vizinhas levam a su-gerir tanto uma revisão dessa idade turonianacomo, em contrapartida, que um tectonismoinaugurativo, no Cretáceo Inicial, pode ter seestendido à área da bacia de Recife - João Pessoa.

A atividade magmática na área emersa acha-se restrita à ocorrência conhecida como vulcâni-cas do Cabo (Figura 9). Ela é inusual pela diversi-dade de tipos de rocha que apresenta: granito,traquito, quartzo pórfiro, riolito e basalto. Deter-minações radiométricas de amostras coletadas naocorrência do Cabo indicaram idades que se situamentre 85 e 90 m. a. A.P. (Vandoros et al. 1966). Alocalização das vulcânicas do Cabo relativamenteao platô de Pernambuco (Figura 3) – de naturezaígnea, como mostrado por levantamento geofísico– incita a especular sobre a possibilidade de umrelacionamento entre essas duas ocorrências, emtermos de se situarem ambas no mesmo períodode atividade magmática.

r eg ião No r t eAlguns dos elementos estruturais mais impor-

tantes nessa região acham-se arrajados numa con-figuração essencialmente paralela à costa e, as-sim, cortam obliquamente os alinhamentos doembasamento pré-cambriano. Mas, outras falhasimportantes, que demarcam as bacias mesozóicas,conformam-se aos alinhamentos antigos.

A existência de um estilo distensional é bemevidenciada na bacia da Foz do Amazonas. Os se-dimentos basais nessa bacia preenchem umgráben que, em direção ao oceano, se alarga eassume uma forma de leque. Na porção emersa,o gráben apresenta um estreitamento, o que lhedá uma forma de cunha apontada em direção àbacia paleozóica do Maranhão (Rezende e Pamplona,

Page 20: BolGeoCiencias Bacias Asmus

As bacias marginais brasileiras - Ponte e Asmus404

1970; Rezende e Ferradaes, 1972 (Figura 7). A ba-cia de São Luiz é um gráben assentado na porçãoemersa, paralelo à costa (Figura 7) e preenchido comsedimentos albianos ou mais antigos.

Também em resultado de um tectonismodistensional, a região norte apresenta falhas nor-mais escalonadas sintéticas. Essas falhas forma-ram áreas deposicionais com acúmulo de sedimen-tos que, como no caso da plataforma continen-tal do Pará, excedem 10 000 m de espessura.(Figura 8).

Baseados em relações estratigráficas, Rezendee Pamplona (1970), Rezende e Ferradaes (1972)e Miura e Barbosa (1972) estabeleceram, paradatar o tectonismo distensional, uma faixa de ida-des que vai do Jurássico Tardio / Cretáceo Inicialaté o Albiano.

Além disso, a margem norte exibe anticlinaisalongados e falhas reversas. Esse tipo de falhasnão tem similar em outras bacias sedimentaresbrasileiras. Miura e Barbosa (1972), ao descrevê-las pela primeira vez, inferiram que elas tinhamsido causadas por tensões compressionais, du-rante o Coniaciano - Santoniano.

As estruturas dobradas são quase paralelas àcosta (essencialmente de direção leste - oeste) eocorrem somente ao oeste da extensão no oceanodo importante alinhamento pré-cambriano deSobral. A extensão oceânica desse alinhamentotambém marca o limite de duas diferentes arqui-teturas de bacia: no lado oeste, o embasamentoé profundo e mergulha em direção ao continente;no leste, o embasamento é raso e mergulha emdireção ao oceano.

Dados mais recentes de poços perfurados naplataforma continental e de levantamentos dereflexão sísmica permitiram que Ojeda et al. (emelaboração) melhorasse o contorno das estrutu-ras anticlinais. Ojeda mostrou que a extensão parao mar do alinhamento de Sobral forma uma es-trutura anticlinal. Nessa estrutura são reconheci-dos elementos de compressão, tais como falhasreversas e dobras. Com base em relacionamen-tos estruturais - estratigráficos, Ojeda concluiuque essas dobras formaram-se desde o CretáceoInicial até o Albiano e, localmente, é possível, atéo Turoniano (Figura 11.1).

Tentou-se explicar as peculiares estruturas dedobras da bacia do Ceará - Piauí como resultadode tensões compressionais. Mas a área limitadade sua ocorrência e a direção leste - oeste dessasestruturas apresentam problemas sérios relativa-mente ao sistema causativo das forças envolvidas.Miura e Barbosa (1972) consideraram um sistemade forças horizontais que induziram reativaçõestrancorrentes ao longo dos alinhamentos nordes-te - sudoeste pré-cambrianos (Sobral, Farol doArpoador, Bacada). Entretanto evidências diretasde campo não dão suporte à sugestão dereativações horizontais do Cretáceo ao longo des-ses alinhamentos pré-cambrianos. Mais recente-mente, Kumar e Ladd (1974) propuseram um ele-gante mecanismo que se ajusta à estreita faixa deidades das forças operativas. Não obstante, a re-lação entre as forças distensionais e compressionaisque atuaram na bacia do Ceará - Piauí está longede se mostrar clara.

A atividade ígnea ao longo da margem conti-nental norte foi aparentemente menos intensado que a da margem leste. Não existem registrosde uma atividade do Cretáceo Inicial relacionadacom as intrusões e fluxos de lava, ocorridas a120 - 126 m. a. A.P., na bacia interior doMaranhão, com as intrusões da bacia interior doAmazonas, e com os diques, de 130 m. a. A.P.,da região de Lages - Angico, ao longo da fron-teira sul da bacia Potiguar (Figura 9).

Levantamentos geofísicos ao longo do sistemade grábens da bacia da Foz do Amazonas revela-ram uma anomalia associada a uma zona de fratu-ra. Rezende e Ferradaes (1971) interpretaram essaanomalia como um efeito intra-embasamento derochas basálticas toleíticas relacionadas à atividadetectônica e magmática do Cretáceo Inicial. Consi-deramos como mais provável que tenha aconteci-do uma dentre duas outras possibilidades:

(a) a anomalia pode ser considerada comouma extensão oceânica de um registro de altogravimétrico. A ocorrência conhecida desse altodá-se abaixo das porções inferior e média dabacia paleozóica do Amazonas, associada a umaatividade mais antiga (450 m. a. A.P.) a qual, se-gundo Asmus e Porto (1972), criou as condiçõesiniciais para a formação da bacia amazônica.

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Figura 12 - Sumário dos ambientes de deposição na sucessão

estratigráfica ao longo da margem continental brasileira.

Figure 12 - Summary of the depositional environments in the

stratigraphic succession along the Brazilian continental margin.

Page 22: BolGeoCiencias Bacias Asmus

As bacias marginais brasileiras - Ponte e Asmus406

(b) a anomalia é causada por intrusões de180 - 220 m. a. A.P. relacionadas a uma atividadedistribuída pela bacia interior do Amazonas.

Dando respaldo a essas duas hipóteses, recen-temente Fainstein et al. (1975) determinaram ano-malias magnéticas, de nordeste para sudoeste, naplataforma ao largo da costa do Pará, que sãocortadas abruptamente por anomalias magnéti-cas do leito do oceano, de direção noroeste - su-deste, e mais jovens (Cretáceo Inicial)

Além dessa reduzida atividade ígnea doCretáceo Inicial, na margem norte comparativa-mente à margem sul, também o segundo perío-do de atividade magmática (Cretáceo Tardio aTerciário Inicial), bem representado ao longo damargem leste, não foi registrado na margem con-tinental norte. Os produtos de um vulcanismomais recente (Paleógeno / Neógeno e Neógeno)ocorrem na área continental emersa (fonólitosde Mecejana, 30 m. a. A.P.; basaltos de Cabugi,20 m. a. A.P.) e na ilha oceânica de Fernando deNoronha (2 - 12 m. a. A.P.) (Figura 9). Essas ma-nifestações vulcânicas, oceânicas e continentais,assim como os altos do embasamento, na áreada plataforma continental, têm sido considera-das como resultado da atividade, original ou re-corrente, ao longo das extensões das zonas de fra-turas oceânicas equatoriais: Romanche, Chain eFernando de Noronha (Almeida, 1955; Miura eBarbosa, 1972; Bryan et al. 1972; Kumar e Bryan,1973; Gorini e Bryan, 1974; Gorini et al. 1974).

es t ra t i g ra f i a esed imentação

região LesteA coluna estratigráfica pós-paleozóica completa

das bacias costeiras e oceânicas do leste consisteem três seqüências cujos ambientes de deposiçãosão distintos:

(1) seqüência inferior, clástica, não-marinha;(2) seqüência intermediária, evaporítica;

(3) seqüência superior, carbonática eclástica, marinha.

(1) A seqüência inferior é subdividida em duasseções litológicas superpostas:

(a) uma unidade basal, de cobertura ampla,que ultrapassa os limites das bacias costeiras, e (b)uma seção terrígena espessa, confinada aosgrábens e semi-grábens do Cretáceo Inicial.

A seção basal é formada de folhelhosavermelhados com interposições subordinadas dearenitos arcosianos, sobre os quais há uma co-bertura de arenitos de granulação média a gros-seira. Essa seção apresenta uma espessura médiade 300 a 500 m, com uma considerável conti-nuidade litológica que se mantém por extensasáreas. A coluna completa dessa seção basal ocor-re nas bacias de Sergipe - Alagoas e do Recôncavo- Tucano. Com o aspecto de remanescentes des-contínuos de uma distribuição mais antiga e maisampla, essa seção aparece ainda nas bacias interio-res nordestinas (Jatobá, Mirandiba e Araripe) quese encontram distantes da costa por extensões deaté 400 km. Na bacia de Almada, aparece apenaso arenito superior e ao sul dessa bacia ausenta-sea seção basal. Em termos de idade atribui-se queessa seção situe-se na parte mais superior doJurássico, tendo por base a presença de fósseis deostracodes não-marinhos encontrados na fáciesfolhelhos vermelhos. Dentre as espécies encontra-das, Bissulcocypris pricei Pinto e Sanguinetti é amais típica. A fácies de arenito superior é despro-vida de fósseis, exceção feita a troncos silicificadosde Dadoxylon benderi. Essa unidade correspondeao estágio local Dom João, definido para uso daPETROBRÁS (Viana et al. 1971). Munne (1972), apartir da análise estratigráfica dessa unidade nabacia do Recôncavo, concluíram que a sua depo-sição deu-se numa bacia intracratônica, tal comoum sistema combinado de leques aluviais e lagosinteriores, em condições tectônicas estáveis.

Essa seção basal tem sido correlacionada comas séries de M’Vone e N’Dombo, da bacia doGabão, e com a formação Lucula, da bacia doCongo (Belmonte et al. 1965; Michollet et al.1970; Krömmelbein, 1965; Wenger, 1973; Asmuse Ponte, 1973), com base em suas seqüências

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Figure 13 - Schematic north – south

stratigraphic cross - section along the

eastern Brazilian continental margin.

Figura 13 - Diagrama esquemático -

corte transversal norte - sul ao longo da

margem continental brasileira leste.

litológicas semelhantes e na identidade de con-juntos de fósseis.

A seção superior da seqüência inferior é for-mada de arenitos interestratificados, folhelhos e,subordinariamente, calcários. Ao longo das prin-cipais direções de blocos abatidos por falhas, en-contram-se interpostas espessas cunhas de con-glomerados sintectônicos. A espessura desses se-dimentos apresenta grandes variações: desde al-gumas centenas de metros até mais de cinco milmetros. Caracterizam-se, ademais, pelas conside-ráveis alterações faciológicas.

As seções mais completas dessa unidade sãoconhecidas nas bacias do Recôncavo e de Sergipe- Alagoas; também foram observadas em amos-tras de perfurações nas bacias de Camamu -Almada e Espírito Santo.

Estudos de Gama Jr. (1970) nessa seção, nasbacias do Recôncavo e Tucano, levaram-no a con-cluir que esses sedimentos depositaram-se emambientes deltaico - lacustrinos, durante um pe-ríodo de atividade tectônica.

Atribui-se que essa unidade, em termos de ida-de, situe-se, de uma maneira geral, no CretáceoInicial (Neocomiano). Fundamenta tal posição umarica fauna de ostracodes não-marinhos, que in-cluem como espécies mais importantes Cyprideakegeli Wicher, C. (Morininoides) candeiensisKrömmelbein, C. dromedarius Krömmelbein,Paracyprides brasiliensis Krömmelbein eP. obovata, obovata Swain. Essa fauna não semostra adequada para correlações precisas coma coluna internacional padrão. Não obstante, oseu zoneamento estratigráfico possibilitou a de-finição de quatro estágios cronoestratigráficos(Rio da Serra, Aratu, Buracica e Jequiá) para usoda PETROBRÁS.

Com base nas similaridades das seqüênciaslitológicas e nas identidades fossilíferas essa seçãobasal tem sido correlacionada com a série Cocobeach,das bacias do Gabão e do Congo (Viana, 1965; 1966;Wenger, 1973; Krömmelbein, 1965; Krömmelbeine Wenger, 1965, entre outros).

(2) A seqüência intermediária compõe-se deevaporitos (predominantemente anidrita e halita),e sedimentos associados (carbonatos, folhelhos

euxínicos e arenitos). Sais de magnésio (taquidrita,bischofita e carnalita) são conhecidos nas bacias deSergipe e de Santos. Salmouras com concentraçõesextremamente altas, necessárias para a deposiçãolocal desses sais, foram atribuídas a barreiras locali-zadas, que restringiram a comunicação com a ba-cia evaporítica regional (Asmus e Porto, 1972;Szatmari et al. 1974). A seqüência evaporítica ocor-re ao longo de toda a margem leste do Brasil, deSantos até a bacia de Sergipe - Alagoas, com exce-ção da área emersa da bacia do Recôncavo. Leyden

Figura 14 - Diagrama esquemático - corte

transversal leste - oeste ao longo da

margem continental brasileira norte.

Figure 14 - Schematic east - west

stratigraphic cross - section along the

northern Brazilian continental margin.

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As bacias marginais brasileiras - Ponte e Asmus408

Figure 15 - Rates of sediment accumulation along the

Brazilian continental margin, expressed by graphics depths

vs absolute age of selected PETROBRÁS offshore

exploration wells. Geologic time - scale according to

Larson and Pitman III ( 1972).

Figura 15 - Taxas de acúmulo de sedimentos ao longo da

margem continental brasileira, expressas em gráficos de

profundidade versus idade absoluta, dos poços de exploração

offshore selecionados da PETROBRÁS. Escala de tempo

geológico de acordo com Larson e Pitman III (1972).

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et al. (no prelo) mostram essa distribuição comoum cinturão contínuo, medindo 700 km de largu-ra, na bacia de Santos, e estreitando-se progressi-vamente para o norte, até a bacia de Sergipe -Alagoas. A seqüência não está presente na baciade Pelotas, ao sul da Elevação do Rio Grande, as-sim como em toda a margem continental norte,desde a bacia Potiguar até a bacia da Foz do Amazo-nas. Uma unidade evaporítica semelhante, apa-rentemente da mesma idade, está presente nasbacias interiores do Maranhão ou Parnaíba (For-mação Codó) e do Araripe (Formação Santana).A despeito dessa similitude, as relações genéticase estratigráficas ainda não foram estabelecidas demaneira definida.

Nas ocorrências da margem continental, oconhecimento da verdadeira espessura dessa se-qüência intermediária é dificultado por diápirossalinos e outras estruturas provocadas pela movi-mentação do sal. Mas em Sergipe, onde a parte daseqüência que ocorre na porção emersa da bacia émenos perturbada, a espessura do sal varia de 200a 800 m.

Considera-se que a seqüência tenha sido for-mada num ambiente marinho transicional e restri-to. Ela se constitui no primeiro registro de sedi-mentação marinha na margem continental brasi-leira ao norte da Elevação do Rio Grande.

Na sua maior parte a seqüência intermediáriaevaporítica acha-se incluída no estágio local Alagoas.Já a sua porção superior é colocada no AptianoTardio, tendo em conta a presença de uma escassafauna de amonóides (Cheloniceras sp) encontradana bacia de Sergipe - Alagoas (Schaller, 1969).Outros fósseis, nessa unidade, incluem ostracodesnão-marinhos, palinomorfos, restos ictíicos,moluscos e o foraminífero plantônico Hedbergellawashitensis Carsey, na sua porção superior.

Wardlaw e Nicholls (1972) apontam para im-portantes similaridades mineralógicas e geoquími-cas entre a seqüência evaporítica de Sergipe e asseqüências evaporíticas que ocorrem em bacias doGabão e do Congo.

(3) A seqüência superior marinha apresentauma distribuição contínua ao longo de toda a pla-taforma continental brasileira e bacias costeiras,

com exceção da bacia do Recôncavo. No queconcerne à idade, a maior parte da seqüência es-tende-se do Albiano Inicial até o Recente. Porém,na parte oceânica da bacia de Pelotas perfura-ram-se folhelhos marinhos albianos que equiva-lem, em idade, à seqüência intermediária.

Os carbonatos predominam na porção inferiorda seqüência, exceto na bacia de Pelotas onde ossedimentos terrígenos dominam toda a seção. Ointervalo de idade desses carbonatos de plataformarasa aparentemente se amplia de sul para norte(Figuras 12 e 13). Assim, na bacia de Santos eles sãode idade albiana, na bacia do Espírito Santo eles seestendem do Albiano até o Turoniano e na bacia deSergipe - Alagoas, do Albiano até o Santoniano. Naporção terrestre da bacia de Recife - João Pessoa,eles são ainda mais novos, com variações que vãodo Maastrichtiano até o Eoceno (Figuras 12 e 13).

Na parte superior da seqüência predominamsedimentos terrígenos, na maioria folhelhos, earenitos finos com calcários subordinados, comidades que vão do Cretáceo Tardio ao Recente.Esses sedimentos constituem uma sucessãotípicamente progradacional da margem continen-tal. Desde o continente em direção ao mar, asfácies mudam gradualmente de litorâneo paraplataforma rasa, daí para plataforma externa e,finalmente, para associações de talude (Figura 12).A associação litorânea é formada de arenitos gros-seiros, fluviais e de transição; a associação de pla-taforma inclui sedimentos carbonáticos eterrígenos; e a associação de plataforma externae talude compõe-se principalmente de folhelhoscom corpos subordinados de origem turbidítica.

Nessa seqüência marinha registraram-se trans-gressões e regressões oscilatórias, dentre as quais,citam-se, como mais importantes, as que ocorre-ram no Albiano Inicial, no Campaniano -Maastrichtiano, no Eoceno e no Mioceno. As gran-des regressões aconteceram no Oligoceno e noPlioceno. Asmus et al. (em elaboração) estão es-tudando a paleogeografia das bacias marginaiscom base em fundamentos de subsidência e gran-des oscilações do nível do mar. A figura 15 mos-tra os resultados preliminares da taxa de acumu-lação sedimentar de alguns poços selecionados,perfurados ao longo da plataforma continental.

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As bacias marginais brasileiras - Ponte e Asmus410

região NorteA estratigrafia do setor norte da margem conti-

nental brasileira não é tão bem conhecida como a dosetor leste. Entretanto, as seqüências deposicionais dasbacias costeiras do leste podem, aparentemente, serestendidas para a margem norte.

(1) Seqüência Inferior: perfis de reflexão sísmicapermitem identificar sedimentos terrígenos continen-

tais preenchendo estruturas falhadas - grábens e semi-grábens - abaixo dos estratos marinhos suborizontaisda porção emersa da bacia Potiguar. Na bacia deBarreirinhas, a parte inferior da seqüência JurássicoTardio - Neocomiano pode ser inferida a partir de suaocorrência na bacia paleozóica do Maranhão.

Os clásticos continentais, que preenchem ográben de São Luiz e os sedimentos transicionais -deltaicos do estágio Alagoas (Aptiano?), perfuradosna bacia de Barreirinhas e, na margem continental,

Figura 16

Sumário de eventos

tectônicos e sedimenta-

res ao longo da margem

continental brasileira.

Figure 16

Summary of tectonic

and sedimentary events

along the Brazilian

continental margin.

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Figura 17 - Distribuição de sedimentos do Jurássico Tardio,

pré-deriva, e vulcanismo do Cretáceo Inicial, no Brasil

oriental e África ocidental.

Figure 17 - Distribution of Late Jurassic pre - drift

sediments and Early Cretaceous volcanism in eastern

Brazil and western Africa.

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As bacias marginais brasileiras - Ponte e Asmus412

na bacia do Ceará - Piauí, são aqui tentativamenteincluídos nessa seqüência.

(2) Seqüência Intermediária: embora osevaporitos aptianos (anidrita, gipsita) e os sedimen-tos terrígenos euxínicos associados sejam encon-trados na bacia do Maranhão e no semi-grábencontinental do Araripe, eles parecem estar ausen-tes nas bacias, costeiras e marginais, desse setorequatorial. Estruturas diapíricas, semelhantes àque-las descritas por Mascle et al. (1973) e Pautot et al.(1973), ao largo do delta do Níger, foram revela-das por levantamentos sísmicos, em grandes pro-fundidades abaixo do cone do Amazonas. Essasfeições ainda não foram explicadas de maneirasatisfatória. Se confirmada a sua condição de domossalinos, como interpretado para as estruturas sobo delta do Níger, eles poderiam ser mais facilmenterelacionados com os sais mais antigos do AtlânticoNorte do que com a seqüência intermediária aptianadas bacias da margem continental leste brasileira.

(3) Seqüência Superior: a seqüência marinhadas bacias equatoriais, como ocorre para o casodas bacias da margem oriental, têm as suas ida-des estendidas desde o Albiano Inicial até o Re-cente. Seções com predomínio de carbonatos naparte mais inferior da seqüência também são en-contradas nas bacias de Barreirinhas (Albiano aCenomaniano) e Potiguar (Albiano aMaastrichtiano). Os sedimentos com equivalênciade idade, na bacia do Ceará - Piauí, embora se-jam considerados uma fácies de plataforma rasa(Ojeda, informação pessoal), são dominantemen-te terrígenos.

De acordo com Beurlen (1967a) e Reyment(1969), a fauna de amonites das bacias da mar-gem continental brasileira, tanto as do lestecomo as do norte, viveram em provínciaszoogeográficas isoladas, desde o Albiano até oTuroniano. Entretanto, Noguti e Santos (1972)observaram que a escassa fauna de foraminíferosplanctônicos inclui, em ambas as áreas, espéciescomuns, tais como Hedbergella washitensisCarsey (Aptiano Tardio a Cenomaniano) eHedbergella delrioensis Carsey (Cenomaniano aSantoniano). Esses dados aparentemente discor-

dantes podem se tornar consistentes ao se con-siderar uma comunicação efêmera entre duaspopulações marinhas devido a uma transgres-são de curta duração, no Albiano Tardio, comointerpretado por Reyment (1969) e Reyment eTait (1972).

Nas bacias equatoriais, da mesma forma queseu equivalente na margem oriental, a parte su-perior da seqüência marinha (Campaniano aoRecente quanto à idade) é considerada como umatípica sucessão progradacional da margem conti-nental. Para além disso, são idênticas, em ambosos setores, tanto os conjuntos litológicos como oconteúdo fóssil.

evo lução geo lóg i caA origem e a evolução das bacias marginais

brasileiras têm sido interpretadas à luz do modelode deriva continental (Ponte et al. 1971; Asmus ePorto, 1972; Campos et al. 1974).

A intensificação da exploração de petróleotem revelado notáveis similaridades ao longo dasmargens opostas do Brasil e da África. Essa novaevidência, quando acrescentada às bem conhe-cidas analogias paleontológicas, litológicas, es-truturais e radiométricas, reforça o modeloproposto. Para além disso, a obtenção de ummelhor conhecimento das áreas concernentespermitiu que se confirmassem, de forma repe-tida, prognósticos baseados nesse modelo.Assim, a presença de uma prognosticadaseqüência de sal, na bacia de Campos (Asmus,1969), e de sedimentos marinhos do CretáceoInicial, na bacia de Pelotas (Asmus e Porto, 1972)foi comprovada por trabalho subseqüente degeofísica e perfuração.

As características divergentes das porções les-te e norte da margem brasileira, como mencio-nado nos capítulos anteriores, permite que se con-siderem dois cenários estruturais, cada um dosquais com seus processos característicos de evo-lução (Figuras 15 e 16).

No norte, os possíveis prolongamentos de ca-deias nas zonas de fratura equatoriais e a defor-

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mação de parte do prisma estratigráficomesozóico sugerem falhamentos transformantesnos estágios iniciais do desenvolvimento das ba-cias (Kumar e Bryan, 1973; Kumar e Ladd, 1974).Perfis sísmicos e geológicos na margem continen-tal brasileira norte mostram semelhanças comperfis traçados em áreas onde o tectonismotransformante tem sido comprovado, como naÁfrica do Sul (Dingle e Scruton, 1974) e o Golfoda Guiné (Delteil et al. 1974).

Na verdade, a aplicação do modelo transfor-mante na margem norte esbarra em alguns pro-blemas até agora não solucionados, tais como:associação de estruturas compressionais edistensionais, que, ao menos localmente, pare-cem ser contemporâneas; os eixos das dobras,essencialmente leste - oeste, dispostos paralela-mente à direção dos movimentos horizontais queos causaram; e a ocorrência limitada, em tempo eespaço, das estruturas dobradas.

O falhamento normal e transformante, mes-mo quando contemporâneo, pode ser concebidocomo o resultado de um sistema de cisalhamentoao longo de zonas de fratura equatoriais, com mo-vimentos convergentes (bacia do Ceará - Piauí),divergentes (bacia Potiguar), e paralelos (baciade Barreirinhas). Tais movimentos produziramtanto estruturas distensionais como estruturascompressionais, de acordo com o modelo deWilcox et al. (1973). O sistema de grábens da Fozdo Amazonas não se acha incluído nesse esque-ma. Ele está provavelmente relacionado com umtectonismo anterior (Triásico - Jurássico) que sepode associar com o rifteamento do AtlânticoNorte. Um cisalhamento posterior na área doAmazonas, provavelmente ligado com a movimen-tação ao longo da Zona de Fratura Saint Paul, podeser inferido a partir de estruturas dobradas, aindanão suficientemente esclarecidas, afetando o pris-ma sedimentar, como visto através de seções sís-micas (K. Miura, 1975; comunicação pessoal).

Ao longo da margem oriental ocorrem apenasfalhamentos normais. Nesse setor, a evolução dasbacias avança através de quatro estágios diferen-tes: pré-rifte, rifte, proto-oceânico e marinhoaberto. Cada um desses estágios apresenta umregistro estratigráfico típico (Figura 16).

A distribuição paleogeográfica de algumas se-qüências estratigráficas, por exemplo, os clásticoscontinentais do estágio pré-rifte; as vulcânicas doestágio rifte; e os evaporitos do estágio proto-oceânico), detalham alguns aspectos do modelo.Assim, Asmus (1974), integrando dados do está-gio pré-rifte, mostrou que os sedimentos não-ma-rinhos do Jurásico Superior, da seção basal no Brasil(bacias do Araripe, de Sergipe - Alagoas, doRecôncavo e de Almada) e os sedimentoscorrelativos no Oeste da África (bacias do Gabãoe do Congo) mostram uma distribuição superficialsimétrica (Figura 17). A ausência dessa seção doJurásico Superior, ao sul da bacia de Almada, noBrasil, e da bacia do Congo, na África, deve-seprovavelmente à não-deposição em áreassoerguidas que coincidem com sítios de atividadevulcânica, no Cretáceo Inicial. A justaposição dasáreas soerguidas e vulcânicas, no Brasil e na Áfri-ca, num arranjo pré-rifte, dá suporte à existênciade um centro vulcânico (hot spot, de Morgan,1971) ativo do Jurássico Tardio ao Cretáceo Inicial,como sugerido por Wilson (1965) e por Dietz eHolden (1970).

A sugestão de um rifteamento inaugural nasáreas soerguidas escora-se no fato de ocorreremevaporitos wealdianos (estágio Jequiá) na baciade Santos, e sedimentos marinhos, situados nosestágios Jequiá e Alagoas, na bacia de Pelotas(Ojeda e De Cesero, 1974). Ambos esses tipos desedimentos são mais antigos do que os seus cor-respondentes litológico - ambientais identifica-dos ao longo do setor da margem continentalque se estende desde a bacia de Campos até abacia de Sergipe.

Os limites da bacia evaporítica proto-oceânicado Atlântico Sul (Cretáceo Inicial) foram defini-das por Leyden e Nunes (1972) e Leyden et al. (noprelo). Como destacado por esses autores, a lar-gura do cinturão de sal no Platô de São Paulo(aproximadamente 700 km de largura), e o seubom ajustamento com o cinturão mais estreitode estruturas salinas na margem Oeste Africana,merece alguma consideração relativamente à na-tureza da crosta proto-oceânica.

A existência de uma ampla região soerguidana áea de Santos e Moçamedes deve ter desen-

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As bacias marginais brasileiras - Ponte e Asmus414

volvido um rifte que era mais largo e mais pro-fundo do que na área ao norte. Entretanto, uminusitado sistema de grábens com 700 km delargura não conta com exemplos na literaturageológica. Pode-se, portanto, conjeturar que al-guma acreção de crosta oceânica pode ter ocor-rido antes do estágio inicial da bacia evaporítica.Se tal aconteceu e se o eixo da cadeia, num es-tágio imediatamente pós-sal, deslocou-se parauma nova posição, em direção leste relativamen-te à cadeia primitiva, então isso explicaria amarcada assimetria mostrada pelos cinturõessal inos marginais na parte sul da baciaevaporítica.

Após o estágio evaporítico na margem les-te e seu equivalente na margem norte, teveinício uma deposição marinha aberta, numaplataforma em processo de subsídência conti-nuada (Figuras 13, 14 e16). Contrastando comessa tendência geral, o setor da margem nor-deste brasileira que inclui as áreas ao largo deAlagoas (parte norte da bacia de Sergipe -Alagoas) e ao largo de Recife - João Pessoa foisoerguida. Em resultado, esse setor não logrouacumular uma espessa seqüência marinhaprogradacional. A menor subsidência na áreade Recife - João Pessoa pode ser vista comouma das causas que impediram, até o CretáceoSuperior, a livre circulação entre o AtlânticoNorte e o Atlântico Sul.

Esse soerguimento estendeu-se por todo o blo-co do nordeste. Uma seção aptiana, constituídade evaporitos e sedimentos relacionados,supõe-se que tenha sido depositada por um braçodo mar vinda do norte (Beurlen, 1962, 1967a)nas bacias interiores do Maranhão, Araripe eTucano / Recôncavo. Um soerguimento subse-qüente dessas bacias elevou essa seção até a suaaltitude atual, de mais de 500 m acima do níveldo mar. O próximo registro de uma sedimenta-ção marinha em áreas interiores é mostrado poruma seção miocênica na bacia do Recôncavo(Figuras 12 e 16).

Uma transgressão regional no Campaniano -Maastrichtiano e uma intensa atividade ígnea,intrusiva e extrusiva, datada de 83 - 50 m. a. A.P.conforma-se com uma reativação subcrustal, su-

postamente de abrangência mundial. Essareativação, segundo Hallam (1971) e Hays ePitman (1973), resultou num aumento substan-cial no volume do sistema geral de cordilheirasoceânicas. A peculiar atividade vulcânica alcali-na, em terrenos interiores do centro - sul brasi-leiro (Almeida, 1972) (Figuras 9 e 10), acha-seprovavelmente associada com essa reativação.

agradec imentoAos Drs. H. A. Ojeda y Ojeda e K. Miura pelo

fornecimento de dados ainda não publicados epelas proveitosas discussões.

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auto res

Francisco Celso Ponte nasceu em 1930 na Cidade deFortaleza - CE. Engenheiro agrônomo formado pelaUniversidade Federal do Ceará em 1958 e Geólogo depetróleo pelo CENAP em 1961. Diversas especializações,no País e no exterior. Celso Ponte faleceu em 1997,

deixando um importante legado profissional. Defensor intransigentedos interesses nacionais, trabalhou na Petrobras como Geólogo durante23 anos (1960 a 1982), atuando no Departamento de Exploração(DEPEX) em mapeamentos geológicos, foto-interpretação e análisesde bacias; no Centro de Pesquisas (CENPES) como pesquisador e noSetor de Ensino e Treinamento (SETUP e SEN - BA) como professor. Apartir de 1983, como consultor Independente, prestou serviços adiversas instituições tais como BRASPETRO, Centro de Pesquisas daPETROBRÁS (CENPES), Departamento Nacional da Produção Mineral(DNPM), Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico eTecnológico - CNPq, Companhia de Engenharia Rural do Estado daBahia (CERB) e à empresa Azevedo & Travassos Petróleo S.A. Foipesquisador - bolsista do Conselho Nacional de DesenvolvimentoCientífico e Tecnológico, de 1991 a 1993, e Professor - colaboradordo Instituto de Geociências e Ciências Exatas (IGCE), Campus de RioClaro da UNESP, no período 1993 - 1995. Atuante na disseminaçãodo conhecimento geológico e na defesa dos interesses da categoria,foi Presidente da Sociedade Brasileira de Geologia de 1979 a 1993;Vice-presidente de 1983 e 1985 e presidente do Núcleo da Bahia de1981 a 1983. Vasta produção científica, na forma de relatórios internosda Petrobras, relatórios de consultoria e artigos publicados.

authors

Gabão e de Angola. Em 1973, estagiou no Lamont -Doherty Geological Observatory, em Palisades, NY. Juntoao CENPES, desenvolveu atividades no Projeto REMACde 1974 a 1978. Retornou ao DEPEX em 1978, alipermanecendo até outubro de 1981 quando seexonerou da Petrobras para dedicar-se a atividades deensino e pesquisa. Nessa nova seleção, a sua atividadeinicial deu-se na Fundação Universidade Federal de RioGrande (FURG) e estendeu-se de 1981 até 1991 quandose aposentou. Na FURG, lotado no Laboratório deOceanografia Geológica, do Departamento deGeociêcias, atuou nos cursos de graduação e pós-graduação. Em 1983, o Conselho Universitário outorgou-lhe a equivalência de Doutor. Mediante concurso públicoalçou o cargo de professor titular. Na área de pesquisa,coordenou projetos ligados à caracterização, diagnósticoe planejamento no sistema flúvio-lagunar da Lagoa dosPatos. Foi coordenador do lado brasileiro no convênioUniversidade de Rio Grande - Université de Bordeaux,incluído no acordo CAPES - COFECUB, para odesenvolvimento do projeto “Geologia do AmbienteCosteiro do Rio Grande do Sul”. Em 1991 ingressou naUniversidade do Vale do Rio dos Sinos (UNISINOS), emSão Leopoldo (RS), onde permaneceu até 1994. NessaUniversidade, na condição de Professor Titular, atuounos cursos de graduação e pós-graduação (BaciasSedimentares). Ademais, formulou e coordenou projetode pesquisa de caracterização geoambiental eplanejamento de bacias hidrográficas. De 1995 a 2002,atuou na Universidade Católica de Pelotas. Foi bolsistado CNPq (Pesquisador, categoria I) de 1982 a 1996.Atuou como membro de várias entidades técnico-científicas, no Brasil e no exterior, ligadas à ComissãoBrasileira de Geodinâmica, à Inter-Union Commission ofthe Lithosphere, à Comissão da Carta Geológica doMundo (Subcomissão para a América do Sul), à OceanScience Related to Non-living Resources (COI/UNESCO),e ao Mid Cretaceous Events (IGCP/ICSU/UNESCO).Também fez parte do conselho editorial de periódicoscientíficos do Brasil e do exterior (Revista Brasileira deGeociências, Revista Brasileira de Geofísica, Paula-Coutiana, Journal of South American Earth Sciences,Capricornio, Earth Evolution Series). Na SociedadeBrasileira de Geologia foi vice-presidente do Núcleo doRio de Janeiro, diretor de publicações e responsável porvárias comissões técnicas.

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Haroldo Erwin Asmus nasceu em Pelotas, Rio Grande doSul, em 24 de outubro de 1932. Graduou-se em EngenhariaAgronômica, em 1955, pela Escola de Agronomia EliseuMaciel, da atual Universidade Federal de Pelotas. Com bolsaconcedida pela Rockefeller Foundation, iniciou suas atividades

profissionais em 1956, no então Instituto Agronômico do Sul, atualmenteadequado como Centro da EMBRAPA. Em 1959, obteve bolsa do CNPq(Pesquisador Assistente). Na Petrobras, onde ingressou em janeiro de 1960,no então CENAP, seguiu o Curso de Aperfeiçoamento em Geologia dePetróleo, concluído em 1961. Lotado no Distrito de Exploração do Sul,com sede no Paraná, trabalhou em mapeamento de superfície na Baciado São Francisco e principalmente na Bacia do Paraná, no periodo 1962 -1967. Foi chefe de equipe de 1963 a 1967. Transferido em 1968 para achamada, naquele tempo, Região de Produção da Bahia, ali desenvolveutrabalhos de integração de dados nas bacias Bahia Sul - Espírito Santo. Osmesmos trabalhos de integração, agora nas bacias da margem leste,passaram a ser desenvolvidos no Rio de Janeiro, para onde foi transferidoem 1969. Nesse mesmo ano, estagiou em companhias de petróleo do

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