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MONITORAMENTO DA ICTIOFAUNA PCHS SUMIDOURO E BOM JESUS DO GALHO RELATÓRIO FINAL 2011/2012 1 RELATÓRIO DO MONITORAMENTO DA ICTIOFAUNA DAS PCHS BOM JESUS DO GALHO E SUMIDOURO RELATÓRIO FINAL 2011/2012 DATAS DAS COLETAS: 29 de agosto de 2011 e 28 de fevereiro de 2012 DATA DA EMISSÃO DO RELATÓRIO: 30 de maio de 2012 N° DO CONTRATO: 4570012215/510 PATOS DE MINAS 2012 CEMIG GERAÇÃO E TRANSMISSÃO S.A.

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MONITORAMENTO DA ICTIOFAUNA PCH’S SUMIDOURO E BOM JESUS DO GALHO

RELATÓRIO FINAL 2011/2012

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RELATÓRIO DO MONITORAMENTO DA

ICTIOFAUNA DAS PCHS BOM JESUS

DO GALHO E SUMIDOURO

RELATÓRIO FINAL 2011/2012

DATAS DAS COLETAS: 29 de agosto de 2011 e 28 de fev ereiro de 2012

DATA DA EMISSÃO DO RELATÓRIO: 30 de maio de 2012

N° DO CONTRATO: 4570012215/510

PATOS DE MINAS

2012

CEMIG

GERAÇÃO E TRANSMISSÃO S.A.

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RESPONSABILIDADE TÉCNICA

Água e Terra Planejamento Ambiental Ltda.

Equipe Técnica

Técnico Responsável pela elaboração do Relatório

Regina Célia Gonçalves Bióloga – CRBio 44.468/4D

Equipe técnica colaboradora

Nome Formaçã o Função

Adriane Fernandes Ribeiro Bióloga Biometria / Análise gonadal / Elaboração de

Relatório / Conteúdo estomacal Adil Gomes Pereira - Arraiz / Aquaviário

José Fernando Pinese Biólogo Dr. em

Ecologia e Recursos Naturais

Coletas / Biometria / Análise gonadal / Conteúdo estomacal

Erika Fernandes Araújo Vita Bióloga Biometria / Análise gonadal / Elaboração de

Relatório / Conteúdo estomacal Rubens Paiva de Melo Neto Biólogo Coletas / Elaboração de Relatório

André Luiz Moraes de Castro

Biólogo MSc. em Ciências Naturais

Parecer sobre necessidade de mecanismo de transposição de peixes

ENDEREÇO: Av. Padre Almir Neves de Medeiros, 650 - Sobradinho

Patos de Minas - MG. 38701-118

(034)3818-8440 / 9975-5014 / 9975-1280

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ÍNDICE

APRESENTAÇÃO ................................................................................................................................... 5

1 CARACTERIZAÇÕES DO EMPREENDIMENTO .......................................................................... 6

2 INTRODUÇÃO ................................................................................................................................ 7

2.1 ÁREA DE ESTUDO ................................................................................................................. 8

3 OBJETIVOS .................................................................................................................................. 10

3.1 OBJETIVO GERAL................................................................................................................ 10

3.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS ................................................................................................. 10

4 METODOLOGIA ........................................................................................................................... 11

4.1 COLETA DE PEIXES, EQUIPAMENTOS, IDENTIFICAÇÃO E ACONDICIONAMENTO .... 11

4.2 AVALIAÇÃO DA ATIVIDADE REPRODUTIVA ..................................................................... 14

4.3 COLETA DE OVOS E LARVAS ............................................................................................ 15

4.4 DIETA .................................................................................................................................... 16

4.5 COLETA DE MATERIAL GENÉTICO ................................................................................... 16

4.6 ÍNDICE DE SIMILARIDADE (IS) ........................................................................................... 17

4.7 ESTIMATIVA DA DIVERSIDADE ICTIOFAUNÍSTICA (H’) ................................................... 17

4.8 EQUITABILIDADE (E) ........................................................................................................... 18

4.9 RIQUEZA DE ESPÉCIES (D) ............................................................................................... 18

4.10 ÍNDICE DE IMPORTÂNCIA PONDERAL - IP ................................................................... 18

4.11 AVALIAÇÃO DA PESCA PROFISSIONAL E AMADORA NO RESERVATÓRIO ............ 19

4.12 TOMBAMENTO DO MATERIAL COLETADO .................................................................. 19

5 RESULTADOS ............................................................................................................................. 20

5.1 CONSIDERAÇÕES SOBRE AS COLETAS ......................................................................... 20

5.2 COMPOSIÇÃO ICTIOFAUNÍSTICA ...................................................................................... 23

5.3 ABUNDÂNCIA ....................................................................................................................... 28

5.4 DIVERSIDADE E EQUITABILIDADE .................................................................................... 31

5.5 SIMILARIDADE ..................................................................................................................... 32

5.6 RIQUEZA DE ESPÉCIES ..................................................................................................... 33

5.7 BIOMETRIA ........................................................................................................................... 33

5.8 AVALIAÇÃO DA ATIVIDADE REPRODUTIVA ..................................................................... 36

5.9 ÍNDICE GONADOSSOMÁTICO ............................................................................................ 37

5.10 AVALIAÇÃO DA ATIVIDADE ALIMENTAR ...................................................................... 37

5.11 ÍNDICE PONDRAL DE DOMINÂNCIA (IP) ....................................................................... 37

5.12 ANÁLISE DE OVOS E LARVAS ....................................................................................... 38

5.13 PESCA PROFISSIONAL ................................................................................................... 39

6 DISCUSSÃO ................................................................................................................................. 40

7 CONSIDERAÇÕES FINAIS.......................................................................................................... 44

7.1 INTRODUÇÃO ...................................................................................................................... 44

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7.2 MIGRAÇÃO ........................................................................................................................... 45

7.3 TRANSPOSIÇÃO .................................................................................................................. 46

7.4 ASPECTOS A SEREM CONSIDERADOS NA TOMADA DE DECISÃO EM SE ADOTAR

STPS COMO MEDIDA DE MANEJO E CONSERVAÇÃO DE ESTOQUE DE PEIXES SUJEITOS A

BARRAMENTOS. ............................................................................................................................. 52

7.5 PARECER TÉCNICO ............................................................................................................ 52

7.6 MEDIDA DE CONSERVAÇÃO ............................................................................................. 53

8 CONSIDERAÇÕES FINAIS.......................................................................................................... 54

9 BIBLIOGRAFIA ............................................................................................................................. 56

10 ANEXOS ....................................................................................................................................... 64

ANEXO A ............................................................................................................................................... 64

ANEXO B ............................................................................................................................................... 66

ANEXO C .............................................................................................................................................. 70

ANEXO D .............................................................................................................................................. 76

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APRESENTAÇÃO

O presente relatório reporta os resultados obtidos durante o período de 2011/2012

para o Monitoramento da Ictiofauna das PCH’s Sumidouro e Bom Jesus do Galho,

empreendimento da CEMIG Geração e Transmissão S.A., sendo a primeira campanha de

amostragem realizada no mês de agosto/2011 e a segunda em fevereiro/2012, pela equipe

técnica da Água e Terra Planejamento Ambiental Ltda, conforme contrato n°

4570012215/510.

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1 CARACTERIZAÇÕES DO EMPREENDIMENTO

Empreendedor : CEMIG GERAÇÃO E TRANSMISSÃO S.A.

CNPJ: 06.981.176/0001-58

Gerência de Manutenção de Ativo de Geração do Leste – MG/LE

Endereço : Avenida Carlos Chagas, 674

Bairro Cidade Nobre – Ipatinga / MG

CEP: 35.162-359

Empreendimento:

Pequenas Centrais Hidrelétricas Sumidouro e Bom Jesus do Galho, localizadas no

Ribeirão Sacramento, pertencentes à bacia hidrográfica do rio Doce, município de Bom

Jesus do Galho / MG

Empresa Elaboradora:

Água e Terra Planejamento Ambiental

Avenida Padre Almir Neves de Medeiros, 650

Bairro: Sobradinho – Patos de Minas / MG

CEP: 38.701-118 – Tel./Fax: (34) 3818-8440

Contato: Biólogas Regina Célia Gonçalves e Adriane Fernandes Ribeiro.

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2 INTRODUÇÃO

Ecossistemas são formados por uma complexa rede de interações entre fatores

bióticos e abióticos. Esta complexidade é particularmente acentuada em comunidades

ictícas neotropicais devido a sua elevada riqueza.

A ictiofauna Neotropical dulcícola é uma das mais diversificadas do mundo existindo

cerca de 8.000 espécies distribuídas nas Américas Central e do Sul (VARI & MALABARBA,

1998). Esta grande diversidade é em sua maioria representada por Characiformes,

Siluriformes, Gymnotyformes, Cyprinodontiformes e Perciformes (LUNDBERG et al., 2000).

Oliveira e colaboradores (2000) sugerem que apenas 921 espécies da ictiofauna neotropical

são conhecidas, distribuídas em 252 gêneros e 44 famílias.

Paiva (1982) definiu como drenagens do leste aquelas existentes desde o sul da foz

do rio São Francisco até o Paraíba do Sul. Essas drenagens, embora tratadas

rotineiramente como grandes unidades, possuem características diferenciadas quanto à

composição da fauna de peixes, sendo que os estudos disponíveis demonstram que a

riqueza de espécies e o grau de endemismo por bacia são bastante diferenciados

(MENEZES, 1988; VARI, 1988; BIZERRIL, 1994; Godinho et al., 1999; BIZERRIL & PRIMO,

2001; OYAKAWA et al., 2006).

Embora o leste brasileiro seja importante área mantenedora de diversidade de peixes

de água doce, ainda não foram realizados estudos completos sobre a composição e

distribuição dos peixes em grande parte das drenagens que compõem essa região. Essa

condição, que determina um conhecimento fragmentado acerca da distribuição das faunas

existentes, se reflete de forma negativa frente aos esforços conservacionistas, impedindo

que esse importante componente da biota neotropical possa ser mantido em longo prazo.

Os principais trabalhos disponíveis estão relacionados com a uma série de estudos

ambientais conduzidos para construção de usinas hidrelétricas na drenagem do rio Doce,

fato que permite admitir que existe um conhecimento relativamente amplo sobre a

composição das espécies da bacia.

Sabe-se que a construção de um reservatório provoca desequilíbrios na estrutura

das comunidades, determinando, o desaparecimento ou proliferação de espécies e a

instalação de organismos invasores de tal forma que algumas espécies, que ocorrem

naturalmente em rios, são eliminadas ou reduzidas em sua abundância, enquanto outras

encontram no novo ambiente, um habitat favorável e tornam-se abundantes (ROLLA, 1992).

Os represamentos, devido a transformação abrupta de um ambiente lótico (rio) em

lêntico (lago), impõe mudanças nas características físicas, químicas e biológicas do recurso

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hídrico, promovem grandes alterações nas interações bióticas dentro do ecossistema

(AGOSTINHO & ZALEWSKI, 1995).

Outro aspecto bem definido nos represamentos é a interrupção dos ciclos migratórios

alimentares e reprodutivos de algumas espécies de peixes reofílicas de alto valor comercial

e a presença de uma ictiofauna menos complexa que dos seus rios formadores. Existe um

predomínio de espécies de pequeno porte, já presentes na fase rio (nativas), que

conseguiram suportar tais impactos e, portanto, são pré-adaptadas às novas condições

lacustres (CASTRO & ARCIFA, 1987; LOWE-McCONNELL, 1987; FERNANDO & HOLCIK,

1991; WOYNAROVICH, 1991; PETRERE JR., 1996).

Informações sobre a distribuição e requerimentos de hábitats das espécies ou

comunidades de peixes são necessárias para conservação, determinação do potencial para

restauração da biodiversidade e previsão dos efeitos do manejo de ambientes aquáticos e

terrestres em determinada drenagem (JOWETT & RICHARDSON, 2003).

Desta forma, a obtenção de informações básicas como composição, riqueza,

diversidade e abundância da ictiofauna de reservatórios, bem como a detecção dos fatores

determinantes destes parâmetros é fundamental para o conhecimento adequado das

populações de peixes aí residentes e, consequentemente, o desenvolvimento de políticas e

ações de restauração e conservação da ictiofauna local.

2.1 ÁREA DE ESTUDO

A Bacia Hidrográfica do rio Doce possui 83.400 km2, dos quais 86% em Minas Gerais

e 14% no Espírito Santo, sendo 222 municípios. No Médio rio Doce, que vai do rio

Piracicaba até o rio Manhuaçú na cidade de Aimorés, é uma região diversificada de

atividades econômicas, prevalecendo as grandes indústrias no vale do aço e as atividades

agropecuárias. É o trecho mais degradado e crítico da Bacia, existindo estudos que

apontam ser uma região em acelerado processo de desertificação devido à rápida retirada

de suas matas, grandes monoculturas de eucaliptos e grandes áreas de pastagens, assim

como a má utilização do solo e o rápido aparecimento das erosões, que assoream o leito do

rio, lixos e esgotos industriais e domésticos.

A bacia hidrográfica do rio Doce drena aproximadamente 12% do território Mineiro, a

sua fauna de peixes é pouco conhecida, mas estimativas atuais sugerem que existem 77

espécies, sendo 37 delas endêmicas e fortemente ameaçadas devido ao elevado grau de

alterações antrópicas (GODINHO & VIEIRA, 1998).

A PCH Bom Jesus do Galho está instalada no Ribeirão Sacramento, afluente do rio

Doce, no município de Bom Jesus do Galho, na região do rio Doce de Minas Gerais. A área

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em que se encontra instalada pertenceu ao município de Caratinga até a emancipação do

município de Bom Jesus do Galho, em 1943.

A usina contou inicialmente com uma unidade de 4 kW que gerava energia elétrica

na freqüência de 50 Hz. Em 1956, os equipamentos originais foram substituídos por gerador

de 360 kW e turbina do tipo Francis, com eixo horizontal.

A Cemig recebeu a concessão das instalação da hidrelétrica pela portaria nº 542 do

Ministério de Minas e Energia, promulgada em 6 de maio de 1983. Pouco antes do

recebimento da concessão pela Cemig, a usina saiu de operação.

Técnicos da empresa mineira constataram a existência de erosão na ombreira direita

da barragem e área a jusante, recomendando a complementação da barragem, a execução

de um muro guia para direcionamento do fluxo vertido e de outras obras para sanar os

problemas.

Em 1986, a hidrelétrica voltou a funcionar, sendo semi-automatizada em 1994 com

proteção através de desligamento automático dos equipamentos. Entretanto, o

assoreamento do reservatório por detritos e solo transportado provenientes das atividades

urbanas ocasionou entupimentos freqüentes da grade da tomada d’água. Em 1997, foi

executado um projeto de complementação da barragem e do vertedouro em concreto

armado, tornando mais prática e eficiente a operação da usina.

A hidrelétrica conta com barragem do tipo gravidade, formando um reservatório a fio

d’água. A vazão afluente do ribeirão Sacramento é desviada para a tomada d’água na

ombreira esquerda, ligada à casa de força por conduto adutor forçado em aço de 136

metros de comprimento e 1,3 metros de diâmetro, que abastece sua única unidade

geradora.

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3 OBJETIVOS

3.1 OBJETIVO GERAL

O Monitoramento da Ictiofauna das PCH’s Sumidouro e Bom Jesus do Galho teve

como objetivo o conhecimento das características ecológicas, reprodutivas e alimentares de

sua ictiofauna, bem como, informações que subsidiarão subsequentes programas de

conservação e manejo da fauna ictica.

3.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS

• Avaliação da diversidade, riqueza e abundância das espécies de peixes que ocorrem

na área de influência indireta do empreendimento, bem assim suas variações

sazonais;

• Avaliação da reprodução dos peixes na área de influência do empreendimento

através de análise da maturação gonadal e amostragem de ictioplâncton, buscando-

se uma caracterização sazonal da reprodução das espécies com caracterização de

eventuais sítios reprodutivos;

• Avaliação dos hábitos alimentares (ecologia trófica) das principais espécies

existentes na área de influência indireta do empreendimento;

• Coleta de material para análises genéticas a serem realizadas com as principais

espécies existentes na área de influência da usina, assim como para

armazenamento em banco genético da CEMIG Geração e Transmissão

• Diagnóstico das atividades de pesca amadora e profissional no reservatório;

• Conjugar os dados da ictiofauna com os de qualidade da água, avaliando-se os

impactos do lançamento de esgotos da cidade de Caratinga, sobre a ictiofauna;

• Avaliar a queda d’água existente a montante da casa de força;

• Formulação de um banco de dados ictiológicos dos reservatórios da CEMIG;

• Indicações de sugestões de manejo e conservação da ictiofauna para cada

reservatório, com propostas mitigadoras de eventuais impactos.

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4 METODOLOGIA

4.1 COLETA DE PEIXES, EQUIPAMENTOS, IDENTIFICAÇÃO E

ACONDICIONAMENTO

Nas PCH’s Sumidouro e Bom Jesus do Galho foram realizadas amostragens

semestrais. A primeira campanha foi efetuada no dia 29 de agosto/2011, enquanto que a

segunda amostragem foi realizada no dia 28 de fevereiro/2012. Por se encontrarem muito

próximas, o monitoramento das PCH’s é realizado de forma integrada, sendo monitorados

03 (três) pontos, conforme disposto na Tabela 1.

Tabela 1: Localização dos Pontos de amostragem Identificação do

Ponto Localização Localização geodésica

BJ – IC 01 Corpo do reservatório de Bom Jesus do Galho 19°49'24.26"S 42°19'9.97"O

SU – IC 02 Corpo do reservatório de Sumidouro 19°48'5.00"S 42°18'7.16"O

SU – IC 03 Rio Sacramento na sua jusante do canal de fuga para a

PCH Sumidouro 19°47'50.63"S 42°18'9.60"O

Cada uma destas estações de amostragem é visualizada nas fotos e figura a seguir.

Foto 1: BJ-IC-01 – Reservatório Bom Jesus do Galho (agosto/2011).

Foto 2: BJ-IC-01 – Reservatório Bom Jesus do Galho (fevereiro/2012).

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Foto 3: SU-IC-02 – Reservatório Sumidouro (agosto/2011).

Foto 4: SU-IC-02 – Reservatório Sumidouro (fevereiro/2012).

Foto 5: SU-IC-03 – Rio Sacramento (agosto/2011).

Foto 6: SU-IC-03 – Rio Sacramento (fevereiro/2012).

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Figura 1: Localização das estações de amostragem .

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Devido ao tamanho reduzido desses reservatórios, foram efetuadas apenas coletas

qualitativas, utilizando-se:

• Rede de arrasto de tela mosquiteira abertura de 2,0 mm;

• Puçás e peneiras;

• Espinheis;

• Tarrafas com malha 2,4 cm.

Em cada ponto, com puçás/peneiras, o esforço foi de, no mínimo, uma hora/homem,

utilizando-se duas pessoas; para os espinheis, foram utilizados pelo menos 25 anzóis em 50

metros de linha; para as tarrafas, pelo menos 15 tarrafadas na região em torno do ponto.

Nesse reservatório, como não houve coletas quantitativas, o esforço quantitativo foi

padronizado conforme especificado acima, para que fosse possível comparar as

abundâncias de peixes em cada campanha.

Todos os peixes capturados foram identificados, medidos, pesados e quantificados.

Em campo, os exemplares foram fixados em formol 10% (por no mínimo 72 horas) e

acondicionados em sacos plásticos etiquetados, separados por ponto de coleta e malha e

colocados em bombonas tampadas.

Em laboratório, os peixes foram lavados, triados, conservados em solução de álcool

etílico a 70° GL e identificados taxonômicamente.

4.2 AVALIAÇÃO DA ATIVIDADE REPRODUTIVA

Para a avaliação da atividade reprodutiva, em campo, os peixes foram submetidos à

incisão ventral para determinação do sexo e do diagnóstico macroscópico de maturação

gonadal. Para os diagnósticos duvidosos, foram coletados fragmentos de uma das gônadas,

os quais serão fixados em líquido de Bouin e conservados em álcool 700 GL após 24 horas

para posterior processamento histológico.

Foi realizado registros fotográficos com todos os estádios de maturação encontrados

para as principais espécies.

A análise macroscópica foi baseada, principalmente, no volume relativo da gônada

na cavidade abdominal, integridade da rede sanguínea (machos e fêmeas), presença e

tamanho dos diversos tipos de ovócitos (ovócitos I, II, III e IV) e integridade das lamelas

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ovarianas (fêmeas). Para esta análise foram considerados os seguintes estádios de

maturação, seguindo-se as características propostas por Vono et. al. (2002):

• Repouso – 1: ovários delgados e íntegros, translúcidos, sem ovócitos visíveis a olho

nu; testículos delgados e íntegros, predominantemente hialinos.

• Maturação inicial – 2A: ovários com discreto aumento de volume e poucos ovócitos

vitelogênicos (ovócitos II, III e IV) evidentes; testículos com discreto aumento de

volume e com aparência leitosa.

• Maturação intermediária – 2B: ovários com maior aumento de volume, grande

número de ovócitos IV evidentes, porém, ainda com áreas a serem preenchidas;

testículos com maior aumento de volume, leitosos.

• Maturação avançada – 2C: ovários com aumento máximo de volume, ovócitos

vitelogênicos distribuídos uniformemente; testículos com aumento máximo de

volume, túrgidos, leitosos.

• Esgotado (desovado ou espermiado) – 3: ovários flácidos e sanguinolentos, com

número variável de ovócitos vitelogênicos remanescentes; testículos flácidos e

sanguinolentos.

Antes da transferência dos peixes para o álcool 70º GL, as gônadas foram pesadas

para avaliação do índice gonadossomático, calculado pela seguinte fórmula:

IGS = PG / PC x 100

Onde

PG = peso da gônada

PC = peso corporal

4.3 COLETA DE OVOS E LARVAS

Nos pontos de amostragem, foram feitas coletas ativas de ovos e larvas. A coleta foi

realizada através de rede de plâncton de malha de 0,5 mm. Foi instalado um fluxômetro no

centro da boca da rede para medir a velocidade e pelo conhecimento da área da boca tem-

se o volume filtrado.

A rede foi colocada 50 cm abaixo da superfície da água, permanecendo por

aproximadamente 30 minutos. Em locais onde não há correnteza, a rede foi usada na forma

de arrasto, manual ou com auxílio de barco, sempre próximo da margem.

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O material coletado foi fixado em solução de formalina a 4%, tamponada com

carbonato de cálcio (1 g de CaCO3 para 1000 mL de solução de formalina, segundo

proposto por NAKATANI et al, 2001) e levado ao laboratório para identificação e

quantificação.

No entanto, no presente monitoramento não foram capturados ovos e/ou larvas e,

por esse motivo, não apresentamos informações relacionadas ao cálculo das densidades.

4.4 DIETA

Após fixação em formalina a 10% por cerca de cinco dias e conservação em álcool

70º GL, os peixes foram eviscerados para dissecção dos estômagos. O conteúdo estomacal

foi analisado em estereomicroscópio e microscópio óptico. Os itens alimentares foram

identificados até o menor nível taxonômico possível. Para cada item foram calculados a

frequência de ocorrência (Fi = nº de estômagos em que ocorre o item i / total de estômagos

com alimento) e seu peso relativo (Pi = peso do item i / peso total de todos os itens),

combinados no Índice Alimentar (IAi) modificado de KAWAKAMI & VAZZOLER(1980):

N

IAi = (Fi. Pi) / Σ Fi. Pi

I = 1

Onde:

IAi = índice alimentar do item i,

Fi = frequência de ocorrência do item i,

Pi = peso proporcional do item i.

O IAi foi calculado para cada espécie separadamente, e então usado para calcular a

similaridade entre as espécies utilizando um índice quantitativo (ex. Morisita-Horn). A matriz

de similaridade foi utilizada para a caracterização de guildas tróficas, utilizando uma análise

de agrupamento pelo método de ponderadas dos grupos (UPGMA). O coeficiente cofenético

deve ser superior a 0,8. As abundâncias em número e biomassa das guildas foram

estimadas com base na captura por unidade de esforço (CPUE), expressas em suas

respectivas frequências de ocorrência.

4.5 COLETA DE MATERIAL GENÉTICO

Estava prevista a coleta de tecidos (fragmentos de nadadeiras, fígado ou tecido

muscular) de espécies de interesse, por serem migradoras, ameaçadas de extinção ou

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exóticas. Como o empreendimento está localizado na bacia do rio Doce, foram destacadas

as seguintes espécies-alvo:

• Leporinus copelandii (piau vermelho);

• Leporinus conirostris (piau branco);

• Prochilodus vimboides (curimatá);

• Steindachneridion doceanum (surubim-do-doce).

Como no período de amostragem não foram capturados nenhum indivíduo

pertencente a estas espécies, a coleta de material genético não foi realizada.

4.6 ÍNDICE DE SIMILARIDADE (IS)

As composições das comunidades dos diferentes pontos de coletas foram

comparadas através do Índice de Similaridade de Sorensen (MAGURRAM, 1988) utilizando

a fórmula:

IS = 2j/(a+b)

Onde:

IS = índice de similaridade;

j = número de espécies em comum;

a + b = número de espécies em dois pontos.

4.7 ESTIMATIVA DA DIVERSIDADE ICTIOFAUNÍSTICA (H’)

Para o cálculo da diversidade de espécies foram empregados os dados quantitativos

obtidos através das capturas com redes de emalhar (CPUE). Foi utilizado o índice de

diversidade de Shannon (MAGURRAN, 1988), descrito pela equação:

S

H' = - ∑ (pi) x (logn pi),

i = 1

Onde:

S = número total de espécies na amostra;

i = espécie 1, 2, 3 ...i na amostra;

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pi = proporção do número de indivíduos da espécie i na amostra, através da CPUE em número.

4.8 EQUITABILIDADE (E)

A equitabilidade (E) de distribuição das capturas pelas espécies, estimada para cada

período de captura foi calculada através da equação de Pielou (1975).

E = H’ / log N

Onde:

H’ = Índice de Diversidade de Shannon;

N = número de espécies.

4.9 RIQUEZA DE ESPÉCIES (D)

A riqueza de espécies (D) foi estimada segundo Odum (1985).

D = (S-1)/logN

Onde:

S = número de espécies;

N = número de indivíduos.

4.10 ÍNDICE DE IMPORTÂNCIA PONDERAL - IP

O Índice Ponderal (IP) é aqui utilizado para estabelecer as espécies de maior

representatividade durante o período amostral considerado. Visto tratar-se de um índice que

associa a abundância numérica à biomassa específica, nem sempre as espécies mais

numerosas são classificadas como as mais importantes. O IP segue o seguinte modelo:

IP= NiPi/ΣNiPi x 100

Onde,

Ni = número de exemplares da espécie i;

Pi = peso dos exemplares da espécie.

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19

4.11 AVALIAÇÃO DA PESCA PROFISSIONAL E AMADORA NO RESERVATÓRIO

Esta avaliação tem como objetivo verificar a existência de qualquer atividade de

pesca profissional e amadora nos reservatórios, através de inspeções de campo e visitas à

órgãos envolvidos. Foram desenvolvidas as seguintes atividades:

• Inspeções no lago e no entorno do reservatório visando à identificação de atividade

de pesca profissional como: presença de embarcações, concentração de pescadores

e locais de comercialização do pescado;

• Obtenção de dados desta atividade junto ao IEF e Polícia Ambiental.

• Avaliação do desembarque pesqueiro proveniente da atividade de pesca profissional

e amadora no reservatório através da aplicação de questionários estruturados;

• Obtenção de dados de atividades ligadas à piscicultura na área de influência das

usinas junto ao IEF e avaliação do risco de introdução de espécies exóticas a partir

destas atividades.

4.12 TOMBAMENTO DO MATERIAL COLETADO

O material coletado foi enviado para a Universidade Federal de Uberlândia, estando

aos cuidados do professor Dr. José Fernando Pinese, conforme carta de aceite apresentada

no Anexo A.

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20

5 RESULTADOS

5.1 CONSIDERAÇÕES SOBRE AS COLETAS

Neste relatório são apresentados os resultados obtidos durante o monitoramento

realizado no período 2011/2012, sendo a primeira campanha foi realizada no dia 29 de

agosto/2011 e a segunda amostragem no dia 28 de fevereiro/2012. As condições gerais e

climáticas observadas no momento das coletas estão representadas na Tabela 2.

É importante ressaltar que nas PCH’s Sumidouro e Bom Jesus do Galho realiza-se

apenas amostragem qualitativa. Essas coletas foram executadas com peneiras, redes de

arrasto e anzóis, conforme observado na foto a seguir. No entanto, em ambas as

campanhas, foi evidenciado sucesso de captura apenas para a peneira e tarrafa.

Foto 7: Amostra qualitativa, coleta com tarrafa.

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21

Tabela 2: Condições climáticas por ponto de amostra gem (continua) Agosto/201 1

Localidade Tipo de ambiente

Tipo de Corrente

Tipo de fundo

Inclinação da margem

Vegetação seca/submersa

Vegetação marginal Mata ciliar Condições

do tempo Observações

BJ-IC-01 Lêntico Imperceptível Silte, lodo Suave Submersa Presente (Gramíneas)

Presente, porém

antropizada Ensolarado

Corpo do reservatório de Bom Jesus do Galho, local próximo ao barramento, com profundidade variando de 1,0 a 3,0 m. Leito argiloso, água parda e parada. Ponto localizado dentro da cidade, sendo todo o esgoto despejado nessas águas. Presença de uma grande quantidade de lixo. A PCH Bom Jesus do Galho encontra-se parada.

SU-IC-02 Lêntico Imperceptível Lodo Suave Submersa Presente (Gramíneas) Preservada Ensolarado

Corpo do reservatório de Sumidouro, local próximo ao barramento, com profundidade variando de 1,0 a 3,0 m. Leito argiloso e rochoso. Água esverdeada e parada.

SU-IC-03 Lótico Forte Pedra/areia Suave Submersa Ausente Preservada Ensolarado

Rio Sacramento na sua jusante do canal de fuga para a PCH Sumidouro, local logo abaixo da casa de força, com profundidade variando de 0,5 a 1,0 m. Leito rochoso e argiloso. Água limpa e muito corrente. Local com muita areia, visto que foi realizada descarga de fundo a poucos dias.

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22

Tabela 2: Condições climáticas por ponto de amostra gem (continua) Fevereiro/2012

Localidade Tipo de ambiente

Tipo de Corrente

Tipo de fundo

Inclinação da margem

Vegetação seca/submersa

Vegetação marginal Mata ciliar Condições

climáticas Observações

BJ-IC-01 Lêntico Imperceptível Silte, lodo Suave Submersa Presente (Gramíneas)

Presente, porém

antropizada Ensolarado

Corpo do reservatório de Bom Jesus do Galho, local próximo ao barramento, com profundidade variando de 1,0 a 3,0 m. Leito argiloso, água parda e com nível mais alto que a campanha anterior. Ponto localizado dentro da cidade, sendo todo o esgoto despejado nessas águas. Presença de uma grande quantidade de lixo. A PCH Bom Jesus do Galho encontra-se parada.

SU-IC-02 Lêntico Imperceptível Lodo Suave Submersa Presente (Gramíneas) Preservada Ensolarado

Corpo do reservatório de Sumidouro, local próximo ao barramento, com profundidade variando de 1,0 a 3,0 m. Leito argiloso e rochoso. Água esverdeada e corrente. Mata ciliar preservada.

SU-IC-03 Lótico Forte Pedra/areia Suave Submersa Ausente Preservada Ensolarado

Rio Sacramento na sua jusante do canal de fuga para a PCH Sumidouro, local logo abaixo da casa de força, com profundidade variando de 0,5 a 1,0 m. Leito rochoso e argiloso. Água parda e muito corrente. Local com muita areia, visto que foi realizada descarga de fundo a poucos dias. Mata ciliar preservada.

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23

5.2 COMPOSIÇÃO ICTIOFAUNÍSTICA

Durante o monitoramento realizado no período de 2011/2012, foram capturados 24

(vinte e quatro) indivíduos nas PCH’s Sumidouro e Bom Jesus do Galho, pertencentes a 03

(três) ordens (Characiformes, Siluriformes e Perciformes), e distribuídos em 03 (três)

famílias e 07 (sete) espécies distintas. Resultados similares foram evidenciados no

monitoramento realizado entre 2010/2011, quando foram coletados 21 (vinte e um)

exemplares, pertencentes as ordens: Cyprinodontiformes, Siluriformes e Characiformes, e

distribuídos em 05 (cinco) famílias e 07 (sete) espécies.

Em agosto/2011, foram amostrados apenas 10 (dez) indivíduos, pertencentes a 03

(três) ordens (Characiformes, Siluriformes e Perciformes), e distribuídos em 03 (três)

famílias e 05 (cinco) espécies distintas.

Já em fevereiro/2012, foram capturados 14 (quatorze) exemplares, pertencentes as

ordens Characiformes, Siluriformes e Perciformes, e distribuídos em 03 (três) famílias e 05

(cinco) espécies.

A reduzida quantidade de indivíduos e diversidade de espécies pode estar

relacionada com as condições físicas dos ambientes onde as coletas foram realizadas, visto

que estas águas apresentam-se bastante poluídas, inclusive com lançamentos de despejos

do município de Bom Jesus do Galho. Outro fato importante refere-se à grande quantidade

de resíduos espalhados por essas águas.

A distribuição das espécies por ponto de amostragem encontra-se representada na

Tabela 3, a seguir.

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24

Tabela 3: Composição ictiofaunística nos pontos de amostragem.

Ordem Família Espécie Nome comum Categoria Comportamento migrador

Ago./2011 Fev./2012

BJ-IC-01 SU-IC-02 SU-IC-03 BJ-IC-01 SU-IC-02 SU-IC-03

CHARACIFORMES Characidae

Astyanax sp. lambari nativa Não - - 1 - 2 4

Astyanax scabripinnis lambari nativa Não - 1 - - - -

Oligosarcus argenteus lambari bocarra exótica Não - 1 - - - -

SILURIFORMES Loricariidae Neoplecostomus microps cascudinho nativa Não - 6 - - 2 -

Hypostomus sp cascudo nativa Sim - - - - 2 2

PERCIFORMES Cichlidae Geophagus brasiliensis cará nativa Não - - 1 - - 1

Cichlasoma facetum cará nativa Não - - - - - 1

N° de espécies 0 4 2 0 3 4

N° de indivíduos 0 8 2 0 6 8

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25

Conforme observado na tabela anterior, em ambas as campanhas, não foi capturado

nenhum indivíduo no ponto BJ-IC-01, fato também observado em agosto/2010 e

janeiro/2011. Nenhuma das espécies coletadas foi comum a todos os pontos.

Em agosto/2011, o ponto SU-IC-02 apresentou a maior quantidade de indivíduos,

com 08 (oito) exemplares capturados, enquanto que no SU-IC-03 foram amostrados apenas

02 (dois) indivíduos. O ponto SU-IC-02 também apresentou a maior diversidade de

espécies, com 03 (três) espécies distintas.

Já em fevereiro/2012, a estação SU-IC-03 apresentou a maior abundância de

indivíduos, com 08 (oito) exemplares, enquanto que na SU-IC-02 foram amostrados 06

(seis) indivíduos. A maior riqueza de espécies também foi evidenciada no SU-IC-03,

correspondendo a 04 (quatro) espécies distintas.

As fotos a seguir referem-se a algumas espécies amostradas.

Foto 8: Geophagus brasiliensis Foto 9: Neoplecostomus microps

Foto 10: Astyanax sp. Foto 11: Hypostomus sp.

A composição ictiofaunística dos pontos amostrais está representada nos gráficos a

seguir. Conforme mencionado anteriormente, tanto em agosto/2011 como em

fevereiro/2012, no ponto BJ-IC-01 não foi capturado nenhum indivíduo.

MONITORAMENTO DA

PCH’S SUMIDOURO E

RELATÓRIO

A

Gráfico 1 : Composição ictiofaunística do ponto

12%

13%

75%

Astyanax scabripinnis

Oligosarcus argenteus

Neoplecostomus microps

ONITORAMENTO DA ICTIOFAUNA UMIDOURO E BOM JESUS DO GALHO

ELATÓRIO FINAL 2011/2012

B

: Composição ictiofaunística do ponto SU-IC-02, A refere- se a amostragem de agosto/2011 e B a de fevereiro/2 012

Astyanax scabripinnis

Oligosarcus argenteus

Neoplecostomus microps

34%

33%

33%

26

se a amostragem de agosto/2011 e B a de fevereiro/2 012.

34%Astyanax sp.

Neoplecostomus microps

Hypostomus sp

MONITORAMENTO DA

PCH’S SUMIDOURO E

RELATÓRIO

A

Gráfico 2 : Composição ictiofaunística do ponto

50%50%

Astyanax sp.

Geophagus brasiliensis

ONITORAMENTO DA ICTIOFAUNA UMIDOURO E BOM JESUS DO GALHO

ELATÓRIO FINAL 2011/2012

B

: Composição ictiofaunística do ponto SU-IC-03, A refere- se a amostragem de agosto/2011 e B a de fevereiro/2 012.

Astyanax sp.

Geophagus brasiliensis

50%

25%

12%

13%

27

se a amostragem de agosto/2011 e B a de fevereiro/2 012.

50% Astyanax sp.

Hypostomus sp

Geophagus brasiliensis

Cichlasoma facetum

MONITORAMENTO DA ICTIOFAUNA PCH’S SUMIDOURO E BOM JESUS DO GALHO

RELATÓRIO FINAL 2011/2012

28

5.3 ABUNDÂNCIA

De acordo com Lowe-McConnell (1999), a dominância de Ostariophysi é comum em

rios neotropicais. A superordem Ostariophysi é composta pelas seguintes ordens:

Characiformes, Siluriformes, Gymnotiformes, Cyprinoformes e Gonorynchiformes. Esse fato

foi evidenciado nas PCH’s Sumidouro e Bom Jesus do Galho, visto que esse grupo

correspondeu a 90% e 86% dos indivíduos capturados em agosto/2011 e fevereiro/2012,

respectivamente.

No monitoramento realizado em 2010/2011, os Ostariophysi foram predominantes

apenas nas coletas realizadas em janeiro/2011. Já em agosto/2010, foi verificada a mesma

proporção de Siluriformes e Cyprinodontiformes.

Em relação à abundância das ordens, na primeira amostragem, os Siluriformes foram

mais representativos, apresentando 06 (seis) exemplares coletados (60% do total

amostrado), seguidos pelos Characiformes, com 03 (três) indivíduos. Na segunda

campanha, foi evidenciada a mesma proporção entre Characiformes e Siluriformes, com 06

(seis) indivíduos capturados para cada ordem (43% cada).

No Gráfico 3, a seguir, é apresentada a abundância das ordens em cada uma das

campanhas efetuadas.

Gráfico 3: Abundância absoluta das ordens.

O percentual de Characiformes e Siluriformes em relação ao número total de

espécies encontradas reflete um padrão geral característico dos rios da América do Sul

(LOWE-MCCONNELL, 1987).

0

1

2

3

4

5

6

7

Ago./2011 Fev./2012

Characiformes

Siluriformes

Perciformes

MONITORAMENTO DA ICTIOFAUNA PCH’S SUMIDOURO E BOM JESUS DO GALHO

RELATÓRIO FINAL 2011/2012

29

Conforme observado no gráfico a seguir, em agosto/2011, a família Loricariidae foi

predominante, com 06 (seis) indivíduos capturados (60% do total), representada

exclusivamente pela espécie Neoplecostomus microps. Já em fevereiro/2012, verificou-se

que Loricariidae e Characidae foram as famílias mais abundantes, com 06 (seis) indivíduos

cada (43%), sendo representadas principalmente pelas espécies Astyanax sp. e

Hypostomus sp., respectivamente.

No monitoramento efetuado em 2010/2011, as famílias Poecilidae e Characidae

foram mais abundantes, na primeira e na segunda amostragem, respectivamente.

Gráfico 4: Abundância relativa das famílias.

Bennemann e colaboradores (2000) ressaltam que os Characidae apresentam um

grande predomínio de espécies de pequeno porte e/ou capazes de concluir seu ciclo de vida

em ambientes lênticos, com grande flexibilidade de hábitos alimentares e capacidade de

reprodução em diversos habitats.

Santos et al. (1984) relatam que Loricariidae são, na grande maioria, peixes de

fundo, que se alimentam de algas e de microrganismos aderidos ao substrato duro ou

mesmo na lama. Geralmente, constroem seus ninhos em “locas” no fundo ou nos barrancos

do rio para desovar. Depois de Characidae, esta é a família que encerra o maior número de

peixes de água doce da América do Sul (aproximadamente 600).

Em relação à abundância relativa e absoluta de cada uma das espécies capturadas,

os resultados obtidos estão representados na Tabela 4.

3

6

1

6

6

2

0 1 2 3 4 5 6 7

Characidae

Loricariidae

Cichlidae

Fev./2012 Ago./2011

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30

Tabela 4: Abundância absoluta e relativa das espéci es amostradas nas PCH’s Sumidouro e Bom Jesus do Galho.

ESPÉCIE NOME COMUM

Ago./2011 Fev./2012

Abund. Absoluta

Abund. Relativa

Abund. Absoluta

Abund. Relativa

Astyanax sp. lambari 1 0,1 6 0,43

Astyanax scabripinnis lambari 1 0,1 - -

Oligosarcus argenteus lambari bocarra 1 0,1 - -

Neoplecostomus microps cascudinho 6 0,6 2 0,14

Hypostomus sp cascudo - - 4 0,29

Cichlasoma facetum cará - - 1 0,07

Geophagus brasiliensis cará 1 0,1 1 0,07

Total 10 1 14 1

Em agosto/2011, a espécie mais abundante foi Neoplecostomus microps,

apresentando com 06 (seis) exemplares capturados, perfazendo 60% dos indivíduos. As

demais espécies coletadas apresentaram apenas um exemplar amostrado.

Já em fevereiro/2012, Astyanax sp. foi mais representativa, com 06 (seis) indivíduos

coletados (43%), seguido por Hypostomus sp. que apresentou 04 (quatro) exemplares

amostrados (Gráfico 5).

Em agosto/2010, o gênero Neoplecostomus também apresentou a maior

abundância, enquanto que em janeiro/2012, Astyanax sp. foi a espécie mais representativa.

Gráfico 5: Abundância das espécies encontradas.

Segundo a UEPG (2003), as espécies do gênero Neoplecostomus apresentam áreas

de distribuição bastante restritas, sendo endêmicas a pequenas cabeceiras. O

0 1 2 3 4 5 6 7

Astyanax sp.

Astyanax scabripinnis

Oligosarcus argenteus

Neoplecostomus microps

Hypostomus sp

Cichlasoma facetum

Geophagus brasiliensis

Fev./2012 Ago./2011

MONITORAMENTO DA ICTIOFAUNA PCH’S SUMIDOURO E BOM JESUS DO GALHO

RELATÓRIO FINAL 2011/2012

31

comprometimento destes ambientes, através do desmatamento ou mesmo poluição, podem

resultar na extinção desta espécie.

Em relação à abundância absoluta de cada ponto de amostragem, verificou-se que,

na primeira campanha, o SU-IC-02 foi o mais abundante, apresentando 08 (oito) indivíduos

capturados, enquanto que no SU-IC-03 foram coletados apenas 02 (dois) espécimes. Já na

segunda amostragem, o ponto SU-IC-03 foi o mais abundante, com 08 (oito) indivíduos,

enquanto que no SU-IC-02 foram amostrados 06 (seis) exemplares.

Em agosto/2010, a maior abundância foi evidenciada no ponto SU-IC-03, enquanto

que, em janeiro/2011, foram capturados exemplares apenas nesta estação.

No Gráfico 6, a seguir, é apresentada a abundância relativa de cada um dos pontos

de amostragem.

Gráfico 6: Abundância absoluta dos pontos de amostr agem.

5.4 DIVERSIDADE E EQUITABILIDADE

O índice de Shannon assume que os indivíduos foram amostrados ao acaso e que

todas as espécies estão representadas na amostra (MAGURRAN, 1988). Como exposto na

metodologia, a análise leva em conta dois fatores, a riqueza absoluta de espécies e suas

abundâncias relativas ou a equitabilidade. Desta forma, quanto mais equitativa a distribuição

do número de indivíduos por espécie, maior a diversidade. Por outro lado, quanto menos

equitativa, menor o índice, o que pode indicar uma condição de estresse ou alteração

ambiental a partir da condição original (ODUM, 1985).

0

1

2

3

4

5

6

7

8

9

BJ-IC-01 SU-IC-02 SU-IC-03

Ago./2011 Fev./2012

MONITORAMENTO DA ICTIOFAUNA PCH’S SUMIDOURO E BOM JESUS DO GALHO

RELATÓRIO FINAL 2011/2012

32

Na Tabela 5, a seguir, são apresentados os resultados obtidos em cada ponto. Cabe

ressaltar que o Índice de Shannon não foi calculado apenas no ponto BJ-IC-01, uma vez

que, em ambas as campanhas, neste ponto não foi capturado nenhum indivíduo.

Tabela 5: Índice de diversidade de Shannon (H’) e i ndice de equitabilidade (E) para os locais de coleta.

Parâmetros Ago./2011 Fev./2012

BJ-IC-01 SU-IC-02 SU-IC-03 BJ-IC-01 SU-IC-02 SU-IC-03

H’ * 0,319 0,301 * 0,477 0,527

E * 0,67 1 * 1 0,875

De acordo com os resultados apresentados, verificou-se que a maior diversidade de

espécies foi observada no ponto SU-IC-02 em agosto/2011 e no SU-IC-03 em

fevereiro/2012. Por outro, a distribuição mais equitativa apresentou resultados inversos, ou

seja, no SU-IC-03 na primeira campanha e no SU-IC-02 na segunda amostragem, sendo

esses resultados relacionados com a baixa riqueza de espécies.

É importante ressaltar que o baixo número de indivíduos coletados pode alterar os

valores dos índices de diversidade e equitabilidade, não apresentando dados reais sobre a

população local, uma vez que a presença ou ausência de um único indivíduo pode afetar os

índices analisados.

Os resultados para o índice de diversidade encontrados na área de estudo

demonstram a ocorrência de ambientes com qualidade ambiental bastante alterada. Para o

empreendimento ora em tela, pode-se afirmar que a alteração na qualidade ambiental é

decorrente das atividades realizadas na área bacia de drenagem do ribeirão Sacramento e

do lançamento de efluentes domésticos provenientes de Caratinga.

5.5 SIMILARIDADE

Em relação ao índice de similaridade, em agosto/2011, nenhuma das espécies

amostradas foi comum aos pontos monitorados, enquanto que fevereiro/2012, entre as

estações SU-IC-02 e SU-IC-03 houve similaridade (0,57). Nas duas amostragens, no ponto

BJ-IC-01 não foi coletado nenhum espécime.

MONITORAMENTO DA ICTIOFAUNA PCH’S SUMIDOURO E BOM JESUS DO GALHO

RELATÓRIO FINAL 2011/2012

33

5.6 RIQUEZA DE ESPÉCIES

Para o cálculo da riqueza de espécies, proposto por Odum (1985), verificou-se que,

na primeira campanha, o ponto SU-IC-02 e o SU-IC-03 apresentaram os mesmos valores,

enquanto que, na segunda amostragem, a maior riqueza foi evidenciada no SU-IC-03.

A Tabela 06, a seguir, apresenta os resultados obtidos para a riqueza de espécies

por campanha.

Tabela 6: Número de espécies (S), abundância (N) e riqueza de espécies (D) dos pontos analisados

PONTOS Ago./2011 Fev./2012

S N D S N D

BJ-IC-01 0 0 0 0 0 0

SU-IC-02 4 8 3,32 3 6 2,57

SU-IC-03 2 2 3,32 4 8 3,32

5.7 BIOMETRIA

Os resultados referentes ao comprimento máximo e mínimo das espécies

amostradas estão descritas na Tabela 7, a seguir.

Tabela 7: Comprimento corporal padrão máximo, mínim o, médio e desvio padrão.

ESPÉCIE NOME COMUM Ago./2011 Fev./2012

CP máx. CP mín.

CP méd.

Desvio padrão CP máx. CP

mín. CP méd. Desvio padrão

Astyanax sp. lambari 55 55 - - 73 62 69,5 7,78

Astyanax scabripinnis lambari 57 57 - - - - - -

Cichlasoma facetum cará - - - - 64 64 - -

Oligosarcus argenteus lambari bocarra 73 73 - - - - - -

Hypostomus sp cascudo - - - - 76 42 62,5 24,04

Neoplecostomus microps cascudinho 81 55 73,71 13,23 77 17 47 -

Geophagus brasiliensis cará 122 122 - - 132 132 - -

Conforme observado na tabela anterior, em agosto/2011, o indivíduo com maior

comprimento corporal coletado foi um espécime de Geophagus brasiliensis com 122 mm de

comprimento corporal padrão. Já um indivíduo de Astyanax sp. foi o menor espécime

amostrado, apresentando um CP correspondente a 55 mm.

Em fevereiro/2012, Geophagus brasiliensis apresentou novamente o maior

comprimento padrão, correspondendo a 132 mm, enquanto que para Hypostomus sp. foi

evidenciado o menor CP amostrado, com 42 mm.

Considerando o comprimento padrão médio (Gráfico 7), na primeira amostragem,

apenas para a espécie Neoplecostomus microps foi possível determinar CP médio (73,71

MONITORAMENTO DA ICTIOFAUNA PCH’S SUMIDOURO E BOM JESUS DO GALHO

RELATÓRIO FINAL 2011/2012

34

mm). Já na segunda amostragem, Astyanax sp. apresentou o maior comprimento padrão

médio (69,5 mm), enquanto que em Neoplecostomus microps foi evidenciado a menor

média, correspondendo a 47,0 mm.

Gráfico 7: Comprimento padrão médio das espécies ca pturadas (mm).

Durante o monitoramento realizado em 2011/2012, foi coletado um total de 279,1

gramas de material ictiológico nas PCH’s Sumidouro e Bom Jesus do Galho, sendo 108,0

gramas em agosto/2011 e 171,1 gramas em fevereiro/2012.

Em agosto/2011, a maior biomassa total coletada foi evidenciada para Geophagus

brasiliensis, com 54,0 gramas, sendo que para essa espécie foi capturado apenas um

exemplar. Já Neoplecostomus microps foi a espécie com menor biomassa total coletada,

correspondendo a apenas 3,0 gramas.

Em fevereiro/2012, Geophagus brasiliensis apresentou novamente a maior biomassa

total capturada, correspondendo a 73,0 gramas, seguida por Astyanax sp. com 56,0 gramas.

Por outro lado, a menor biomassa total foi obtida para Neoplecostomus microps, com

apenas 6,1 gramas.

Os resultados referentes a biomassa total, máxima e mínima, bem como a média e o

desvio padrão são apresentados na Tabela 8, a seguir.

0

10

20

30

40

50

60

70

80

Astyanax sp. Hypostomus sp Neoplecostomus microps

CP

méd

io (

mm

)

Espécies

Ago./2011 Fev./2012

MONITORAMENTO DA ICTIOFAUNA PCH’S SUMIDOURO E BOM JESUS DO GALHO

RELATÓRIO FINAL 2011/2012

35

Tabela 8: Biomassa corporal total, máxima, mínima, média e desvio padrão das espécies capturadas.

ESPÉCIE NOME COMUM Ago./2011 Fev./2012

Bio total Bio máx. Bio mín. Bio méd. Desvio padrão Bio total Bio máx. Bio mín. Bio méd. Desvio padrão

Astyanax sp. lambari 11 11 11 - - 56 11 7 9,33 2,83

Astyanax scabripinnis lambari 7 7 7 - - - - - - -

Oligosarcus argenteus lambari bocarra 7 7 7 - - - - - - -

Neoplecostomus microps cascudinho 29 6 3 4,83 2,12 6,1 6 0,1 3,05 4,17

Hypostomus sp cascudo - - - - - 26 9 2 6,5 4,95

Geophagus brasiliensis cará 54 54 54 - - 73 73 73 - -

Cichlasoma facetum cará - - - - - 10 10 10 - -

MONITORAMENTO DA ICTIOFAUNA PCH’S SUMIDOURO E BOM JESUS DO GALHO

RELATÓRIO FINAL 2011/2012

36

Em relação à média da biomassa corporal, na primeira campanha, apenas para a

espécie Neoplecostomus microps foi possível determinar a biomassa média,

correspondendo a 4,83 gramas. Já na segunda amostragem, Astyanax sp. apresentou a

maior biomassa capturada (9,33 g), enquanto que em Neoplecastomus microrpis foi

evidenciada a menor média, com apenas 3,05 gramas.

No gráfico a seguir, está representada a biomassa corporal média das espécies

amostradas.

Gráfico 8: Biomassa corporal média das espécies cap turadas (gramas).

Diante dos dados apresentados, verificou-se que a população íctia local apresenta

baixíssima populosidade, sendo que as espécies capturadas, tanto em agosto/2011 como

em fevereiro/2012, possuem tamanho e biomassa reduzida. Esses resultados também

foram obtidos no monitoramento realizado em 2010/2011.

5.8 AVALIAÇÃO DA ATIVIDADE REPRODUTIVA

Com relação à atividade reprodutiva, é importante ressaltar que os indivíduos

mantidos inteiros não foram considerados. Os indivíduos inteiros são aqueles conservados

como indivíduos-testemunho. A escolha da quantidade dos mesmos foi relacionada com a

tentativa de se retratar da melhor forma as possíveis alterações morfológicas e do estágio

de desenvolvimento existentes dentro de uma mesma espécie.

Em ambas as campanhas, não foram possíveis realizar a avaliação da atividade

reprodutiva dos indivíduos amostrados, visto que todos exemplares capturados

0

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10

Astyanax sp. Hypostomus sp Neoplecostomus microps

Ago./2011 Fev./2012

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RELATÓRIO FINAL 2011/2012

37

encontravam-se em estágio de deterioração bastante avançado, impossibilitando a

determinação do sexo e avaliação dos estágios de desenvolvimento gonadal.

Esse fato ocorreu em função da quantidade de espécimes de hábitos alimentares

detritívoros capturados e que, em virtude do tempo que permanecem na rede de espera,

apresentaram conteúdo bastante deteriorado.

5.9 ÍNDICE GONADOSSOMÁTICO

Conforme mencionado anteriormente, em ambas as campanhas, todos os indivíduos

capturados apresentaram conteúdo bastante deteriorado, impossibilitando a avaliação do

índice gonadossomático de todos os indivíduos capturados.

5.10 AVALIAÇÃO DA ATIVIDADE ALIMENTAR

Os estudos referentes ao hábito alimentar de peixes, é de extrema importância,

principalmente para a conservação em ambiente natural. A questão fundamental diz respeito

à flexibilidade observada na dieta de muitas espécies. Devido principalmente a este fato, o

estudo dos itens alimentares encontrados no conteúdo estomacal de diferentes espécies da

ictiofauna, tem se tornado freqüente e de fundamental importância para conservação de

diferentes espécies (FELIPE et al., 2007).

De acordo com diversos autores os peixes podem ocupar vários níveis tróficos

dentro de um ecossistema, entretanto, a classificação dos mesmos em categorias tróficas

definidas, tem sido dificultada em função da enorme variedade de espécies conhecidas,

além do amplo espectro de itens alimentares ingeridos pelas mesmas.

Na área de influência das PCH’s Sumidouro e Bom Jesus do Galho, os 24 (vinte e

quatro) indivíduos capturados no monitoramento realizado em 2011/2012 apresentaram o

conteúdo deteriorado, impossibilitando a análise do conteúdo estomacal destes exemplares.

5.11 ÍNDICE PONDRAL DE DOMINÂNCIA (IP)

Quanto ao índice de importância ponderal, os resultados evidenciados em cada uma

das espécies amostradas estão descritos a seguir na Tabela 9.

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Tabela 9: Índice de importância ponderal para indiv íduos capturados. As espécies em destaque são consideradas importantes (IP> 1%).

ESPÉCIE NOME COMUM Ago./2011

N Bio IP Astyanax sp. lambari 1 11 4,35

Astyanax scabripinnis lambari 1 7 2,77 Oligosarcus argenteus lambari bocarra 1 7 2,77

Neoplecostomus microps cascudinho 6 29 68,77

Geophagus brasiliensis cará 1 54 21,34

ESPÉCIE NOME COMUM Fev./2012

N Bio IP Astyanax sp. lambari 6 56 71,92

Neoplecostomus microps cascudinho 2 6,1 2,61

Hypostomus sp cascudo 4 9 7,71 Geophagus brasiliensis cará 1 73 15,62

Cichlasoma facetum cará 1 10 2,14

Em ambas as campanhas, todas as espécies capturadas nas PCH’s Sumidouro e

Bom Jesus do Galho apresentaram importância ponderal (> 1%). Em agosto/2011,

Neoplecostomus microps apresentou a maior IP, correspondendo a 68,77%, seguido por

Geophagus brasiliensis, com 21,34%. Já em fevereiro/2012, o maior índice ponderal foi

obtido para Astyanax sp., correspondendo a 71,92%, seguido por Geophagus brasiliensis

com 15,62%.

5.12 ANÁLISE DE OVOS E LARVAS

O material para análise de ovos e larvas foi coletado em todas as estações de

amostragem. No entanto, em ambas as campanhas, em nenhuma das amostras foram

encontrados ovos e/ou larvas de peixes, sendo detectada apenas a presença de insetos

e/ou larvas de insetos.

Na época da estiagem, mesmo em reservatórios, a reprodução tende a zero, uma

vez que a esta época não abrange o período de desova da maioria das espécies de peixes

de água doce (VAZZOLER, 1996).

Como as amostragens foram realizadas durante o dia, recomenda-se que, para os

próximos monitoramentos, as amostragens sejam realizadas ao entardecer e durante os

períodos com picos de chuvas. O ideal é que o monitoramento seja realizado em períodos

específicos e não com intervalo de meses pré-estabelecido. Acredita-se que dessa forma,

ovos e/ou larvas serão capturados e contribuirão para o conhecimento do ictioplâncton do

local.

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39

5.13 PESCA PROFISSIONAL

O Art. 26 do Código Nacional de Pesca diz que "Pescador profissional é aquele que

matriculado na repartição competente (SEAP) segundo as leis e regulamentos em vigor faz

da pesca sua profissão ou meio principal de vida”.

Para levantamento da pesca profissional, foram entrevistados pescadores na Área

de Influência Direta (AID) do empreendimento. As coletas dos dados foram realizadas de

maneira a contemplar as informações das comunidades de pesca ao longo de todo o trecho

de estudo que estivessem na Área de Influência Direta do empreendimento.

Para as PCH’s Sumidouro e Bom Jesus do Galho, durante as vistorias realizadas,

não foi constatada a presença de pescadores em nenhuma das estações de amostragem. A

pesca profissional para a região de estudo não é muito comum, uma vez que estas águas

são consideradas muito contaminadas, visto que recebem grande quantidade de efluentes

da cidade de Bom Jesus do Galho. Nestas águas também é observado o acúmulo de uma

grande quantidade de resíduos, contribuindo para a contaminação destas águas.

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40

6 DISCUSSÃO

A transformação do ambiente lótico em lêntico é o primeiro impacto observado na

construção de empreendimentos hidrelétricos ou de qualquer barramento de um rio. A

hidrologia local é severamente alterada, significando que as condições químicas e físicas da

água são modificadas (alteração limnológica) e, com isso há formação de um novo

ambiente, com novos habitats e à perda de outros.

O principal objetivo do presente estudo foi realizar um levantamento e um

monitoramento da composição ictiofaunística, além de avaliar possíveis impactos ambientais

causados as populações de peixes na represa, na área de influência das PCH’s Sumidouro

e Bom Jesus do Galho.

Durante o monitoramento realizado em 2011/2012, foram capturados 24 (vinte e

quatro) indivíduos nas PCH’s Sumidouro e Bom Jesus do Galho, pertencentes a 03 (três)

ordens (Characiformes, Siluriformes e Perciformes), e distribuídos em 03 (três) famílias e 07

(sete) espécies distintas.

Em agosto/2011, foram amostrados apenas 10 (dez) indivíduos, pertencentes a 03

(três) ordens (Characiformes, Siluriformes e Perciformes), e distribuídos em 04 (quatro)

famílias e 05 (cinco) espécies distintas.

Já em fevereiro/2012, foram capturados 14 (quatorze) exemplares, distribuídos em

05 (cinco) espécies, enquanto que, em fevereiro/2012, foram coletados 10 (dez) indivíduos,

e distribuídos em 05 (cinco) espécies distintas.

A restrita diversidade de espécies e reduzida quantidade de indivíduos, observado

durante as amostragens, se dá pela presença do esgoto proveniente da cidade de

Caratinga, o qual produz uma baixa qualidade ambiental, principalmente sobre o

reservatório de Bom Jesus do Galho, visto que esta localidade recebe maior carga de

efluentes.

Espécies mais sensíveis a alterações biológicas provavelmente não conseguiram se

manter e mesmo aquelas presentes não encontram situações favoráveis para se expandir.

Como relatado no trabalho de Araújo & Nunan (2005), o esgoto doméstico gera impactos

sobre determinadas populações da ictiofauna devido à disponibilidade desequilibrada de

alimentos, como nutrientes e matéria orgânica, aumento de indivíduos doentes e

parasitados e a presença de substâncias tóxicas.

Comparando-se os resultados obtidos neste monitoramento, com aqueles

encontrados em 2009/2010 e em 2010/2011, foram observados os resultados apresentados

na Tabela 10.

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Tabela 10: Composição ictiofaunística das PCH’s Sum idouro e Bom Jesus do Galho ORDEM FAMÍLIA ESPÉCIE Nome comum 2009/20101 2010/20112 2011/2012

CHARACIFORMES

Characidae

Astyanax bimaculatus lambari-do-rabo-amarelo X - -

Astyanax sp. Lambari - - X

Astyanax sp.1 Lambari - X -

Astyanax scabripinnis Lambari - - X

Oligosarcus argentus lambari bocarra - - X

Crenuchidae Characidium sp.1 Canivete - X -

Erythrinidae Hoplias malabaricus Traíra X - -

PERCIFORMES Cichlidae Cichlasoma facetum cará

X

Geophagus brasiliensis Acará X - X

SILURIFORMES

Heptapteridae Rhamdia quelen Bagre X - -

Trichomycteridae Trichomicterus sp.1 Bagrinho - X -

Loricariidae

Neoplecostomus sp. Cascudinho - X -

Neoplecostomus microps cascudo chinelo - - X

Neoplecostomus cf. franciscoensis Cascudinho - X -

Hypostomus sp. Cascudo

X

Hypostomus affins Cascudo X - -

CYPRINODONTIFORMES Poeciliidae Poecilia reticulata Guppy - X -

Poecilia vivipara Guarú - X -

Nº de espécies 05 07 07

1 Monitoramento realizado pela Empresas PRB Ambiental Consultoria e Projetos no período 2009/2010. 2 Monitoramento realizado pela Empresas Água e Terra Planejamento Ambiental Ltda no período 2010/2011.

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Em 2009/2010, foram capturados 29 (vinte e nove) indivíduos, distribuídos em 05

(cinco) espécies distintas, enquanto que, em 2010/2011, foram amostrados apenas 21 (vinte

e um) exemplares, pertencentes a 07 (sete) espécies. Já em 2011/2012 foram coletados 24

(vinte e quatro) espécimes, distribuídos em 07 (sete) espécies distintas.

As PCH’s Sumidouro e Bom Jesus do Galho encontram-se em operação desde a

década de 1950 e, por esse motivo, acredita-se que as alterações na composição

ictiofaunística decorrentes da instalação dos mesmos tenham ocorrido quando de sua

implantação. Para as variações observadas na composição ictiofaunística, atualmente,

acredita-se que estas estejam relacionadas com as atividades desenvolvidas na bacia de

drenagem e não com as atuais atividades realizadas no empreendimento.

A composição dos pontos amostrais encontra-se ainda indefinida, visto que algumas

espécies tiveram um representante capturado em um único ponto ou campanha, enquanto

que nenhuma das espécies foi comum a todas as estações monitoradas.

Para a abundância das ordens, verificou-se que, em agosto/2011, os Siluriformes

foram mais representativos, correspondendo a 60% do total capturado, seguido pelos

Characiformes, com 30%. Já em fevereiro/2012, Na segunda campanha, foi evidenciada a

mesma proporção entre Characiformes e Siluriformes, perfazendo 43% cada.

Em relação à abundância das famílias, na primeira amostragem, verificou-se o

predomínio de indivíduos pertencentes a família Loricariidae, representada exclusivamente

pela espécie Neoplecostomus microps. Já em fevereiro/2012, verificou-se que Loricariidae e

Characidae foram as famílias mais abundantes, sendo representadas principalmente pelas

espécies Astyanax sp. e Hypostomus sp., respectivamente.

Quanto a abundância das espécies, em agosto/2011, Neoplecostomus microps

mostrou-se como a mais representativa, enquanto que, em fevereiro/2012, Astyanax sp. foi

mais abundante.

O gênero Neoplecostomus apresenta área de distribuição bastante restrita, sendo

endêmico de uma determinada cabeceira. O comprometimento destes ambientes, através

do desmatamento ou mesmo poluição, podem resultar na extinção destas espécies (UEPG,

2003). Devido à qualidade das águas do Ribeirão Sacramento, a sobrevivência destas

espécies pode estar comprometida.

Em ambas as campanhas, os peixes capturados apresentaram exclusivamente um

pequeno porte. Segundo Castro (1999), o número e a composição das espécies variam

muito de acordo com o porte e porção do riacho, da região ou bacia. Já para Vazzoler

(1996) incluem-se na categoria "pequeno porte" aquelas espécies com comprimento total

máximo menor que 200 mm, "médio porte" aquelas entre 200 e 400 mm, e "grande porte"

aquelas maiores que 400 mm. Entretanto, não há consenso quanto ao limite de tamanho de

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43

um peixe de pequeno porte, pois Castro (1999) atribui o comprimento igual ou inferior a 150

mm como limite máximo.

Neste monitoramento não foi possível realizar a identificação do estágio de

desenvolvimento gonadal, sexagem, índice gonadassomático e da dieta alimentar, visto que

todos os indivíduos coletados apresentaram conteúdo bastante deteriorado, fato relacionado

com a quantidade de espécimes de hábitos alimentares detritívoros/sedimentares

capturados e com o tempo que permanecem na rede de espera.

Já para a atividade de pesca, devido à qualidade destas águas, a pesca não é

considerada uma atividade de interesse para a região. Durante as coletas não foi observado

a presença de nenhum pescador nos pontos monitorados.

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44

7 CONSIDERAÇÕES FINAIS

7.1 INTRODUÇÃO

A matriz energética brasileira é predominantemente hidrelétrica. A despeito dos

avanços na produção de energia elétrica por fontes alternativas, elas não possuem escala

para atender as crescentes necessidades do país, tornando imprescindível a implantação de

novos empreendimentos hidrelétricos a curto e médio prazo (Carneiro-Junho 2008).

Apesar de seus incontestáveis benefícios energéticos a que os aproveitamentos

hidrelétricos estão associados, associam-se também impactos ambientais com destaque

para, a interferência nas populações de peixes, especialmente de espécies migratórias. Este

fato assume importância ainda maior quando se leva em conta a alta diversidade de

espécies de peixes nos rios brasileiros, e que os peixes migradores são componentes

importantes da economia e cultura da pesca de subsistência das populações humanas e da

água doce Neotropical (Carolsfeld & Harvey, 2003).

A implantação de barragens em rios pode causar a interrupção das rotas migratórias

destes peixes, e atualmente os sistemas para transposição de peixes constituem solução

clássica na tentativa de restaurar a conectividade longitudinal entre sítios de alimentação e

desova em rios.

Atualmente os reservatórios constituem parte da paisagem na maioria das bacias do

Brasil, resultado da opção de escolha do país por tal matriz energética. Para rios menores

com quedas de pequeno ou médio porte, as Pequenas Centrais Hidrelétricas (PCHs) são as

melhores opções de geração de energia, uma vez que, além do custo mais acessível, têm

menor prazo de implementação e legislação mais acessível.

Usinas Hidrelétricas (UHEs) e Pequenas Centrais Hidrelétricas (PCHs) alteram o

fluxo original do rio bloqueando a migração da ictiofauna. Como consequência importante

disso, a redução da diversidade de peixes (Agostinho et al., 2003; Mérona et al., 1999) e até

mesmo a extinção local (Godinho & Godinho, 1994), principalmente das espécies

migratórias. Dentre as estratégias empregadas para atenuar os efeitos do bloqueio exercido

por barramentos na migração dos peixes, está a construção de Mecanismos de

Transposição de Peixes (MTPs) ou Sistemas de Transposição de Peixes (STPs), estruturas

hidráulicas que têm como objetivo principal permitir à subida e/ou descida dos peixes.

Algumas vezes, estes sistemas, ao invés de ajudar, são obstáculos à subida dos peixes,

pois, se os peixes não reconhecem prontamente a entrada da escada, podem permanecer

em suas imediações por tempo prolongado, atrasando a migração e comprometendo a

desova, ou mesmo jamais acessá-la. A construção de passagens para peixes tem sido uma

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45

das estratégias adotadas pelo setor elétrico como forma de diminuir os efeitos de

barramentos sobre as comunidades de peixes.

7.2 MIGRAÇÃO

Migrações são observadas nos mais diferentes grupos animais (Dingle, 1996), sendo

realizadas também por peixes de diferentes espécies. Constituindo, em geral, uma

estratégia para escapar das restrições do sítio de reprodução quanto à disponibilidade de

alimentos, frequentemente conduzindo a aumento de crescimento, fecundidade,

sobrevivência e produção (Northcote, 1978).

A migração, definida por Northcote (1978), é o deslocamento entre dois ou mais

sítios disjuntos, com eventual retorno ao sítio original, que ocorre com periodicidade regular

e que envolve a maior parte da população das espécies de peixes.

O padrão básico de adultos inclui o deslocamento entre dois sítios principais, o de

alimentação e o de reprodução. A direção da migração depende das condições locais e

pode ser descendente, ou seja, para jusante (rio abaixo) ou ascendente, ou seja, para

montante (rio acima).

Neste complexo padrão de migração, os peixes migradores brasileiros migram (ou se

dispersam) ao longo dos rios durante todos os estágios de suas vidas, ou seja, ovos, larvas,

alevinos e adultos. Ovos e larvas movem-se somente para jusante, em migrações passivas,

e em algum ponto os jovens migra rio acima. Os jovens, possivelmente, também migram rio

abaixo. A migração rio acima por adultos é o movimento pré-desova mais comum já

encontrado entre os peixes brasileiros.

Com relação aos efeitos diretos a montante de barragens, segundo Lariner (2001), a

formação de reservatórios pode afetar de forma dramática o habitat de espécies migradoras,

pela transformação de ambientes lóticos, ou seja, de água corrente, em ambientes lênticos,

com águas em baixas velocidades. Assim, independente das questões associadas à livre

passagem de peixes pela barragem, espécies que desovam em águas correntes podem ser

eliminadas, devido à perda de áreas de desova por alagamento.

Aspectos também relevantes é a significativa redução das chances de ovos e larvas

provenientes da eventual desova a montante alcançarem os sítios de alimentação a jusante

e, em consequência, de completarem seu ciclo de vida, devido o aumento da exposição à

predação por outros peixes e pássaros, ou mesmo da deposição no substrato do

reservatório, pela redução da velocidade do escoamento e pelo aumento da transparência

das águas (Agostinho et al., 2007).

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46

Quirós (1988) conclui que a construção de barragens na parte superior de rios da

América Latina pode ter levado ao desaparecimento de estoques de peixes migradores nos

reservatórios e nos trechos de rio a montante daquelas estruturas. E que o mesmo ocorreu

em trechos de rio onde várias barragens foram construídas em série. Além disso, a

construção de barragens pode provocar, também, uma acentuada queda da produção

pesqueira. Principalmente pela substituição de espécies de piracema por espécies por

espécies de baixo valor comercial (Godinho, 1993). Essa modificação leva à alteração

acentuada nas condições socioeconômicas dos pescadores (Sato & Osório, 1998), e nas

atividades comerciais relacionadas à pesca.

Segundo Sato et al. (2003), os principais impactos sobre os peixes a jusante de

reservatórios parecem ocorrer em seu processo reprodutivo. Espécies que dependem de

cheias e de condições de temperatura específicas como gatilho para desova são as mais

afetadas, devido ás alterações introduzidas pelos reservatórios nos regimes hidrológicos,

com a atenuação e retardamento das cheias, e nas temperaturas da água. Diversos

impactos sobre populações de peixes a jusante de reservatórios são apresentados, dentre

os quais, a interrupção do processo migratório, a inibição da reprodução, o aumento da

vulnerabilidade à predação, a interferência nas áreas de alimentação e recrutamento de

filhotes, e a modificação na composição da ictiofauna.

A concentração de peixes a jusante de barragens, incluindo indivíduos desorientados

por escoamentos turbulentos dos vertedouros ou pela passagem pelas turbinas, quando

proveniente do reservatório, aumenta sua exposição à vulnerabilidade à predação por outros

peixes e pássaros.

7.3 TRANSPOSIÇÃO

Os sistemas de transposição de peixes em barramentos de rios constituem solução

clássica para mitigação de impactos sobre espécies de peixes migradoras, do ponto de vista

da conservação da ictiofauna, porque possibilitam a restauração da conectividade

longitudinal entre os sítios de alimentação e reprodução, nas migrações ascendentes,

complementados pela passagem por turbinas, vertedouros e sistemas de contorno a partir

do reservatório, que permitem a restauração daquela conectividade nas migrações

descendentes.

Sucessos na recuperação de estoques de espécies migradores em rios com

barramentos têm sido obtidos com a implantação desses sistemas de transposição para

montante, conforme Moffit et al. (1982), Moring (1993) & Clay (1995).

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47

Os sistemas de transposição de peixes podem ser agrupados, de acordo com Clay

(1995), em três categorias gerais: Eclusas, elevadores e escadas.

• Eclusas de peixes

Eclusas são sistemas que possuem uma câmara, na qual os peixes entram ao nível

da água a jusante, que se enche, periodicamente. Quando o nível de água do seu interior

atinge o nível do reservatório, os peixes podem vencer o desnível da barragem e prosseguir

para montante. As eclusas do tipo Borland são de uso mais disseminado principalmente na

Europa, suas principais desvantagens é a sua capacidade seletiva para determinadas

espécies de peixes migradores, principalmente as de grande porte.

• Elevadores de peixes

Elevadores de peixes são sistemas mecânicos que transportem os peixes de forma

passiva, através da utilização de compartimentos estanques. Os elevadores mais comuns

são aqueles em que os peixes numa caçamba içada por cabo (captura e transporte aéreo) e

liberados diretamente sobre um canal ao nível de reservatório e aqueles em que os peixes

são transportados por caminhões (captura e transporte terrestre). Por captura entende-se a

utilização de um escoamento de atração dos peixes ao interior de um canal onde serão

capturados de forma eficiente e cuidadosa.

As principais vantagens dos elevadores sobre as eclusas são a maior eficiência, devido à

maior capacidade de transposição de peixes por ciclo, e à pronta liberação dos peixes no

reservatório.

• Escadas de peixes

As escadas de peixes, de acordo com Kamula (2001), do ponto de vista biológico, são

estruturas que permitem aos peixes vencerem os obstáculos em seus deslocamentos

migratórios enquanto que do ponto de vista hidráulico, são estrutura de dissipação de

energia. As escadas de peixes do tipo ranhura vertical são constituídas de uma série de

tanques em desníveis, que são separados por defletores localizados junto a uma das

paredes do canal ou mesmo às duas, que possuem uma abertura ou ranhura ao longo de

toda a vertical. O escoamento ocorre através da ranhura e é direcionado para o interior do

tanque, e sua energia é dissipada através da circulação em torno de um ou dois eixo(s)

vertical(is), perpendicular(es) ao fundo do canal. O padrão de escoamento e a consequente

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distribuição de velocidades e dissipação de energia praticamente independente da lâmina d

água no interior dos tanques. Os peixes podem fazer a travessia dos defletores ao longo de

toda a lâmina d água, na profundidade de sua preferência.

Apesar dessa discussão, é evidente a importância do conhecimento das características

dos diversos sistemas de transposição de peixes, tanto nos aspectos de engenharia quanto

biológico, particularmente para espécies de peixes neotropicais, para aqueles casos, cada

vez mais freqüentes, em que sua implantação for necessária, seja por motivos de

conservação e manejo, seja por exigências legais.

Outro aspecto a considerar é o comportamento reofílico dos peixes, ou seja, a

orientação e o movimento contra o escoamento (Pavlov, 1989), mais acentuado em algumas

espécies migradoras, que leva indivíduos a se concentrarem junto aos tubos de sucção das

turbinas e à região de restituição do escoamento de vertedouros em aproveitamentos

hidrelétricos.

Em decorrência desse comportamento reofílico, algumas operações e de

manutenção de reversão do modo de operação das turbinas podem ocasionar,

eventualmente, mortalidade de peixes. Isso também pode ocorrer naqueles aproveitamentos

cuja região de restituição do escoamento vertido não possui água na maior parte do ano,

ocasionando o aprisionamento de indivíduos em poços ali formados, após a operação de

fechamento das comportas dos vertedouros. Estes aspectos, dificilmente encontrados na

literatura, podem ocasionar impactos sobre populações de peixes a jusante, dependendo da

sua magnitude.

De acordo com Kamula (2001), do ponto de vista biológico, as escadas de peixes

são estruturas que permitem aos peixes vencerem os obstáculos em seus deslocamentos

migratórios, enquanto que do ponto de vista hidráulico, são estruturas dissipadoras de

energia.

Estudos de monitoramento e avaliação de aspectos de ictiofauna foram realizados,

infelizmente, apenas para um pequeno número de escadas de peixes dentre as construídas

no país (Godinho et al., 1991, Agostinho et al., 2002). Com base nos resultados desses

poucos estudos, existe certa controvérsia com relação aos efeitos da implantação de

sistemas para transposição de peixes sobre populações de espécies migradoras

neotropicais (Pelicice & Agostinho, 2008; Godinho & Kynard, 2007).

O canal de entrada é, provavelmente, a parte mais importante dos sistemas de

transposição. Caso a sua localização seja definida de forma inadequada e não seja

encontrado facilmente pelos peixes, pode conduzir a operação ineficiente do sistema de

transposição, por causar atraso na sua entrada na escada, ou mesmo impossibilitar sua

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RELATÓRIO FINAL 2011/2012

49

migração para montante (Clay, 1995; Von Gunten et al., 1956), ainda que o restante do

sistema, como um todo, esteja tecnicamente correto e funcione adequadamente.

O canal de entrada é equipado, geralmente, com uma comporta, junto ao Canal de

Fuga, que tem como objetivo criar um jato capaz de atrair os peixes para seu interior, onde

deverão encontrar condições de escoamento com velocidades suficientes para fazê-los

prosseguir em direção à escada.

Para imposição de velocidades de escoamento na entrada do canal superiores à do

escoamento do canal de fuga, em toda faixa de variação de níveis d água para as quais o

sistema deve funcionar, geralmente são utilizadas comportas na extremidade jusante do

canal de entrada.

Sistemas de transposição de peixes podem fornecer, para indivíduos de diferentes

espécies, um caminho seguro para o reservatório e trechos de rio a montante, onde poderão

encontrar locais adequados para alimentação e desova. Ao mesmo tempo em que

constituem alternativas viáveis para a redução da possível mortalidade de peixes naquelas

regiões de perigo, pela redução do número de indivíduos a jusante.

Segundo Coutant & Whitney (2000), a transposição de peixes para jusante é um desafio a

ser vencido em todo mundo.

Enquanto a entrada de sistemas de transposição de peixes para montante encontra-

se, em geral, no canal de fuga ou junto à casa de força das usinas e PCH´s, uma região de

escoamento confinado, onde as velocidades do escoamento provenientes das turbinas, da

ordem de 1,0 a 2,0 m/s, facilitam a localização daquela entrada pelos peixes, a saída desses

sistemas de transposição usualmente é posicionada no reservatório, em regiões

relativamente distantes das estruturas de vertedouros e tomada d´água, para evitar que

sejam eventualmente induzidos a retornar para a região de jusante, na hipótese de

desorientação na saída daqueles sistemas.

Como as velocidades de escoamento em reservatórios são muito baixas e as vazões

escoam pelas tomadas d´água, ao longo de todo o ano, e também pelos vertedouros, nos

períodos de cheias, a saída dos sistemas de transposição de peixes para montante, com

vazões comparativamente muito mais baixas, muito dificilmente é localizada por peixes em

migrações descendentes. Essa dificuldade é ainda maior para ovos e larvas, que se

deslocam de forma passiva.

Grandes esforços têm sido despendidos, em outros países, para se entender como

os peixes negociam sua passagem para jusante em Usinas Hidrelétricas e Pequenas

Centrais Hidrelétricas lhes fornecer vias seguras que minimizem a mortalidade provocada

durante a passagem pelas turbinas e pelos vertedouros.

MONITORAMENTO DA ICTIOFAUNA PCH’S SUMIDOURO E BOM JESUS DO GALHO

RELATÓRIO FINAL 2011/2012

50

Segundo Therrien & Bourgeois (2000), estudos nas turbinas Kaplan, por exemplo, indicam

que as taxas de mortalidade variam de 0 a 20%.

Variações súbitas na pressão, choque e compressão contra as pás, desorientação

devido à alta turbulência no tubo de sucção, e conseqüente susceptibilidade a predadores,

segundo Cada (2001), são as principais causa de morte de peixes migradores que

atravessam a barragem através das turbinas.

Sendo assim de forma geral, sistemas e mecanismos de transposição tem tido sua

eficiência na manutenção da diversidade de peixes controlada com rigor no Brasil (Godinho

et al., 1991; Agostinho et al., 2002). Aspectos relevantes da manutenção de populações de

peixes em ambos os segmentos inferior e superior do rio criado artificialmente por barragens

não podem mais ser negligenciados nos estudos de avaliação da conveniência de

instalação de tais passagens (Clay 1995; Agostinho et al., 2002).

Não se sabe se existe procura pelos peixes às rotas alternativas (tributários ou

outros rios próximos), ou se permanecem agregados perto da barragem. Outra questão

importante refere-se ao comportamento daqueles que conseguem passar a represa, pois

quando os peixes passam existem facilidades. No entanto, há dúvidas sobre a capacidade

do peixe para continuar o seu movimento migratório. Embora Agostinho et al. (1999)

apresentaram evidências que isso é possível, a evidência empírica é ainda escassa. Os

poucos trabalhos para avaliar a eficácia dos mecanismos de transposição de peixes foram

realizados em grandes usinas e não em PCH´s e, a partir destes, é possível verificar

algumas conclusões, as quais mostram que os mecanismos de transposição são seletivos,

ou seja, o conjunto de espécies que efetivamente ascende às escadas é dominado por

poucas espécies, podendo incluir entre as dominantes ou aquelas que não necessitam ser

transpostas.

A bacia hidrográfica do rio Doce drena aproximadamente 12% do território Mineiro, a

sua fauna de peixes é pouco conhecida, mas estimativas atuais sugerem que existem 77

espécies, sendo 37 delas endêmicas e fortemente ameaçadas devido ao elevado grau de

alterações antrópicas (Godinho & Vieira, 1998).

A PCH Bom Jesus do Galho está instalada Ribeirão Sacramento, afluente do rio

Doce, no município de Bom Jesus do Galho, na região do rio Doce de Minas Gerais. A área

em que se encontra instalada pertenceu ao município de Caratinga até a emancipação do

município de Bom Jesus do Galho, em 1943.

Em 1956, os equipamentos originais foram substituídos PR gerador de 360 kW e

turbina do tipo Francis, com eixo horizontal.

Técnicos da empresa mineira constataram a existência de erosão na ombreira direita

da barragem e área a jusante, recomendando a complementação da barragem, a execução

MONITORAMENTO DA ICTIOFAUNA PCH’S SUMIDOURO E BOM JESUS DO GALHO

RELATÓRIO FINAL 2011/2012

51

de um muro guia para direcionamento do fluxo vertido e de outras obras para sanar os

problemas.

Em 1986, a hidrelétrica voltou a funcionar, sendo semi-automatizada em 1994 com

proteção através de desligamento automático dos equipamentos. Entretanto, o

assoreamento do reservatório por detritos e solo transportado provenientes das atividades

urbanas ocasionou entupimentos frequentes da grade da tomada d’água. Em 1997, foi

executado um projeto de complementação da barragem e do vertedouro em concreto

armado, tornando mais prática e eficiente à operação da usina.

A hidrelétrica conta com barragem do tipo gravidade, formando um reservatório a fio

d’água. A vazão afluente do ribeirão Sacramento é desviada para a tomada d’água na

ombreira esquerda, ligada à casa de força por conduto adutor forçado em aço de 136

metros de comprimento e 1,3 metros de diâmetro, que abastece sua única unidade

geradora.

As PCHs Bom Jesus do Galho e Sumidouro tem um acentuado cenário de

degradação antrópica, provavelmente tem grande influência na qualidade da água dos

empreendimentos em questão, podendo ser um fator determinante na estrutura de

comunidades de peixes e manutenção do estoque pesqueiro.

De acordo com os dados obtidos no presente monitoramento, dentre as espécies

capturadas nas áreas do empreendimento são: Neoplecostomus micros, Geophagus

Brasiliensis, Astyanax sp. Hypostomus sp. e Cichlasoma facetum. Nenhuma das espécies

capturadas apresenta comportamento ou grau de restrição migrador para sítios de

reprodução. Aspecto corroborado também pelos aspectos reprodutivos das mesmas que se

acontece pelo menos mais de uma vez durante o ano.

Apesar de no sudeste não termos uma sazonalidade bem marcada, a maioria das

espécies de peixes executam suas migrações nos períodos em que os rios aumentam seu

nível, nos meses em que chove mais. Durante o período reprodutivo, espécies movimentam-

se rio acima em busca de ambientes adequados para desova, viajando longas ou médias

distâncias em direção aos tributários de ordem inferior.

A reprodução é reconhecidamente um dos mais importantes aspectos estudados

para avaliarem-se os efeitos do represamento de um rio sobre a comunidade de peixes,

dada à importância desse processo na manutenção das populações. Portanto, a avaliação

do sucesso reprodutivo de diferentes espécies parece ser uma medida adequada para

detectar efeitos imediatos de perturbações de fluxo na comunidade (Poff & Ward, 1990).

MONITORAMENTO DA ICTIOFAUNA PCH’S SUMIDOURO E BOM JESUS DO GALHO

RELATÓRIO FINAL 2011/2012

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7.4 ASPECTOS A SEREM CONSIDERADOS NA TOMADA DE DECISÃO EM SE

ADOTAR STPS COMO MEDIDA DE MANEJO E CONSERVAÇÃO DE

ESTOQUE DE PEIXES SUJEITOS A BARRAMENTOS.

• Ordem do rio principal que sofreu o barramento – Rios de pequeno porte (primeira,

segunda terceira ordens) raramente suportam espécies migradoras de grande e

médio porte em sua calha principal. Sendo assim não indicado se adotar STPs.

• Tributários que desaguam à jusante e/ou a montante do rio principal que sofreu

barramento – Quando rios de médio (quarta e quinta ordem) e grande porte (acima

de quinta ordem) que suporte uma ictiofauna migratória e comercial sofrem

barramentos e não recebem tributários de mesma grandeza a jusante ou a montante

do barramento os STPs são indicados para a manutenção da conexão de espécies

aos sítios de alimentação e reprodução.

• Composição da Ictiofauna – Os STPs podem ser indicados quando O rio que

principal que sofre barramento, abriga espécies migratórias e comerciais.

• Características de ocupação e uso do solo e características sócios ambientais no

entorno do rio principal que sofre oi barramento – STPs não são indicados quando a

degradação do entorno do mesmo além de sua alta eutrofização artificial, visto que a

modificação na vazão do empreendimento pode inutilizar a água do rio para

quaisquer fins, além de não suportar espécies migratórias que possuem restrições

ambientais extremas.

7.5 PARECER TÉCNICO

A utilização de quaisquer Sistemas de Transposição de Peixes não é indicada para o

Ribeirão Sacramento, onde estão situadas as represas de Bom Jesus do galho e

Sumidouro, visto que as mesmas não apresentam características física e biológica que

justifique a implantação dos empreendimentos. Física, porque se trata de um rio de pequeno

porte onde a utilização de solo do entorno acontece de forma desordenada, onde o lixo da

cidade é jogado de forma acintosa no corpo hídrico. Este fato indica que, qualquer

empreendimento que possa alterar a vazão do rio, pode trazer problemas para população do

entorno e no próprio STP, acumulando lixo e dificultando a utilização pela comunidade

biológica aquática. E biológica porque baseado nos dados das coletas de peixes ocorridas

no período 2011/2012, nenhuma das espécies apresenta grau de restrição migrador e não

necessitam de um “gatilho” biológico para se reproduzir. Todas as espécies conseguem

MONITORAMENTO DA ICTIOFAUNA PCH’S SUMIDOURO E BOM JESUS DO GALHO

RELATÓRIO FINAL 2011/2012

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completar seu ciclo em áreas do ribeirão Sacramento, sem que seja necessária a

construção de qualquer empreendimento de transposição de peixes.

7.6 MEDIDA DE CONSERVAÇÃO

As principais medidas a serem adotadas no em torno das PCHs Bom Jesus do Galho

e Sumidouro é um intenso trabalho de educação Ambiental, junto à população e a Prefeitura

das cidades que margeiam o ribeirão, além de intenso monitoramento da comunidade de

peixes e qualidade da água.

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8 CONSIDERAÇÕES FINAIS

Os reservatórios, a exemplo de outros ambientes artificiais, requerem mais atenção

de manejo que os ambientes naturais. As condições ambientais impostas por uma barragem

são determinantes na re-estruturação da ictiofauna residente.

Verifica-se durante o processo de colonização a depleção de algumas populações,

para as quais as novas condições são restritivas e a explosão de outras, que tem no novo

ambiente condições favoráveis para manifestar seu potencial de proliferação.

Durante o presente monitoramento não foram evidenciados impactos significativos

na ictiofauna na área de estudo que apresentassem ligação direta com as atividades

desenvolvida nas PCH’s Sumidouro e Boa Jesus do Galho. Provavelmente, os maiores

impactos ocorrerem no período de enchimento do reservatório e da transformação do

ambiente lótico em lêntico. Atualmente, os principais impactos sobre a população ictía estão

relacionados com as atividades desenvolvidas na bacia de drenagem e não com as

atividades do empreendimento.

As informações apresentadas permitem concluir que ainda são insuficientes os

esforços realizados até o presente para caracterizar o potencial desta área. A baixa riqueza

de espécies e quantidade de indivíduos dessa região pode ser atribuída ao lançamento de

esgotos neste corpo d’água, comprometendo a qualidade destes ambientes.

As características verificadas nas PCHs Sumidouro e Bom Jesus do Galho, são

típicas de empreendimentos considerados “velhos” (a partir de 50 anos de idade), com uma

baixa diversidade e ambiente físico com baixa troca de materiais com a biota. Além disso, a

barragem desativada em Bom Jesus do Galho favorece o acúmulo de resíduos à montante

comprometendo ainda mais a qualidade das águas nesta localidade.

A queda d’água a montante da casa de força da PCH Sumidouro atua como uma

barreira natural para peixes, mas independente desta barreira, Sumidouro é uma localidade

bastante degradada, onde um intenso trabalho de educação social e ambiental deve ser

rigorosamente aplicado a população. O ponto BJ-IC-01 apresentou características críticas,

visto que nesta região existe uma grande quantidade de dejetos e lixos dentro do curso

d’água e na área de entorno. Desta forma, dificilmente existe densidade considerável de

alguma espécie.

Apesar da barreira natural imposta pela queda, a ausência de migradores pode estar

associada à qualidade ambiental da região, uma vez que espécies migradoras quando não

encontram um lugar propício para desova.

MONITORAMENTO DA ICTIOFAUNA PCH’S SUMIDOURO E BOM JESUS DO GALHO

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Já no ponto SU-IC-03, referente à amostragem realizada a jusante do canal de fuga,

foi evidenciada características favoráveis para as espécies que vivem em locais restritos e

com muita correnteza. Estas condições seriam limitantes para a maioria das espécies de

peixes, no entanto alguns grupos preferem ocupar estes nichos pouco competitivos.

Desta forma, é importante a realização de mais estudos na área de atuação deste

empreendimento para que se possa realizar o direcionamento de ações referentes à

conservação e manejo da fauna ictía. Algumas espécies apresentaram poucos indivíduos

capturados, alguns restritos apenas a um ponto, dificultando a obtenção de informações

referentes a essas espécies.

É necessária ainda a realização de um acompanhamento destas comunidades,

visando determinar propostas eficazes para que esta região da Bacia do Rio Doce continue

sendo importante para manutenção de biodiversidade aquática.

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10 ANEXOS

ANEXO A CARTA DE ACEITE

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ANEXO B DADOS BRUTOS – AGOSTO/2011

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Ponto Petrecho Ordem Família Espécies Nome popular wt Ls sexo EMG WG IGS ERE WE conteúdo

SU-IC-02 PEN CHARACIFORMES Characidae Astyanax scabripinnis lambari 7 57 x x x x x x x

SU-IC-02 PEN CHARACIFORMES Characidae Oligosarcus argenteus lambari bocarra 7 73 x x x x x x x

SU-IC-02 TAR SILURIFORMES Loricariidae Neoplecostomus microps cascudo chinelo 6 81 x x x x x x x

SU-IC-02 TAR SILURIFORMES Loricariidae Neoplecostomus microps cascudo chinelo 6 80 x x x x x x x

SU-IC-02 TAR SILURIFORMES Loricariidae Neoplecostomus microps cascudo chinelo 5 80 x x x x x x x

SU-IC-02 TAR SILURIFORMES Loricariidae Neoplecostomus microps cascudo chinelo 5 77 x x x x x x x

SU-IC-02 TAR SILURIFORMES Loricariidae Neoplecostomus microps cascudo chinelo 4 74 x x x x x x x

SU-IC-02 TAR SILURIFORMES Loricariidae Neoplecostomus microps cascudo chinelo 3 69 x x x x x x x

SU-IC-03 PEN CHARACIFORMES Characidae Astyanax sp lambari 11 55 x x x x x x x

SU-IC-03 TAR PERCIFORMES Cichlidae Geophagus brasiliensis cará 54 122 x x x x x x x

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DADOS BRUTOS – FEVEREIRO/2012

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Ponto Malha Ordem Família Espécie Nome Comum wt Ls sexo EMG WG IGS ERE WE

SU-IC-02 TAR CHARACIFORMES Characidae Astyanax sp lambari 10 71 na na na na na na

SU-IC-02 TAR CHARACIFORMES Characidae Astyanax sp lambari 9 69 na na na na na na

SU-IC-02 TAR SILURIFORMES Loricariidae Hypostomus sp cascudo 8 68 na na na na na na

SU-IC-02 TAR SILURIFORMES Loricariidae Hypostomus sp cascudo 2 42 na na na na na na

SU-IC-02 TAR SILURIFORMES Loricariidae Neoplecostomus microps cascudinho 6 77 na na na na na na

SU-IC-02 PEN SILURIFORMES Loricariidae Neoplecostomus microps cascudinho 0,1 17 na na na na na na

SU-IC-03 TAR PERCIFORMES Cichlidae Geophagus brasiliensis cará 73 132 na na na na na na

SU-IC-03 PEN CHARACIFORMES Characidae Astyanax sp lambari 11 73 na na na na na na

SU-IC-03 PEN CHARACIFORMES Characidae Astyanax sp lambari 10 72 na na na na na na

SU-IC-03 PEN CHARACIFORMES Characidae Astyanax sp lambari 9 70 na na na na na na

SU-IC-03 PEN CHARACIFORMES Characidae Astyanax sp lambari 7 62 na na na na na na

SU-IC-03 PEN SILURIFORMES Loricariidae Hypostomus sp cascudo 9 76 na na na na na na

SU-IC-03 PEN SILURIFORMES Loricariidae Hypostomus sp cascudo 7 63 na na na na na na

SU-IC-03 PEN PERCIFORMES Cichlidae Cichlasoma facetum cará 10 64 na na na na na na

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ANEXO C ANOTAÇÕES DE RESPONSABILIDADE TÉCNICA – ART’S

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ANEXO D LICENÇA DE PESCA

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