Bomba de Mistura

6
1 Otimização do controle de velocidade em bomba de mistura na caixa de entrada para processo de fabricação de papel Cícero Couto de Moraes Departamento de Eng. de Energia e Automação Elétricas – PEA Escola Politécnica da Universidade de São Paulo – EPUSP Av. Prof. Luciano Gualberto, trav. 3, n.º. 158 – Cidade Universitária – 05508-900 – São Paulo, SP E-mail: [email protected] Paulo Henrique Pescio Departamento de Engenharia de Automação – PET Voith Paper Máquinas e Equipamentos Ltda Rua Friedrich von Voith, n.º. 825 – Jaraguá – 02995-000 – São Paulo, SP E-mail: [email protected] [email protected] Abstract- This paper intends to present a mathematic model of operation of a headbox designed for papermaking, analyzing possible setups of the productive process through stock jet speed, as well as the variables of lip opening and jet-to-wire ratio. On the progress of this work are simulated the control regulators of pressure and jet speed, permitting its optimization in amplitude, and performance evaluation of the system through their behavior during transitory and permanent states. Keywords- headbox, process control, optimization. I. INTRODUÇÃO Devido ao constante aumento da demanda no mercado e a exigência por produtos de alta qualidade, a indústria papeleira necessita cada vez mais de máquinas modernas, com alta velocidade de produção, e consequentemente, dotada de um controle capaz de responder rapidamente às necessidades do processo produtivo [1]. Um dos sistemas mais importantes a serem controlados na fabricação de papel é a caixa de entrada. Sua função é distribuir a massa fibrosa em suspensão ao longo de toda largura da máquina, sendo responsável, em grande medida, na qualidade do papel [2]. É necessário que a velocidade do jato de saída da caixa de entrada seja controlada para manter um fluxo com volume constante, quanto ao tempo, ao ponto de incidência do jato na zona de formação da folha e com concentração uniforme do material fibroso. Este artigo apresenta o desenvolvimento de um modelo do sistema da caixa de entrada, com o controle da velocidade do jato para o processo de fabricação do papel e os possíveis ajustes do processo produtivo nas variáveis de velocidade de operação da máquina, abertura do lábio e na relação jato/tela. O objetivo é desenvolver as malhas de controle de pressão e velocidade do jato da caixa de entrada, com a introdução de seus reguladores e através da otimização em amplitude, os índices de desempenho do processo nos regimes transitório e permanente serão minimizados, como o tempo de acomodação, o tempo de subida e o sobre sinal. II. A MÁQUINA DE FABRICAÇÃO DE PAPEL A fabricação do papel inicia-se na diluição do fluxo da massa grossa com o sistema approach-flow apresentado na Fig.1. O sistema approach-flow é uma subdivisão da etapa de preparação da massa, e refere-se ao sistema desde o tanque de água branca, incluindo a caixa de nível até a caixa de entrada. A principal função deste sistema é a de medir, diluir a massa, incluindo a misturas de químicos e aditivos, onde a massa com baixa consistência é bombeada para a caixa de entrada através da bomba de mistura, sendo descarregada na tela formadora da máquina. A máquina para fabricação de papel tem como principal função dar formação à folha e remover a água. Este processo de fabricação consiste essencialmente em quatro etapas principais [3]: Formação da folha: as fibras de celulose são suspensas em água e colocadas ao longo da tela formadora através do jato proveniente da caixa de entrada. Enquanto viaja pela tela formadora, parte da água escoa por forças gravitacionais e parte é sugada pela ação de vácuo nas caixas de sucção. Prensagem: a folha é submetida a pressões hidráulicas dos rolos prensas, e devido à ação de prensagem a água acaba sendo deslocada para o feltro da prensa, tornando-se assim mais resistente. Secagem: a folha passa por cilindros secadores, nos quais é submetida à superfície aquecida dos cilindros e assim a água é evaporada. Enrolamento: a folha é enrolada em bobinas e removida da máquina de papel. A. A Caixa de Entrada A Caixa de Entrada tem como função criar uma turbulência controlada para eliminar floculação de fibras, descarregar a suspensão sobre a tela formadora com ângulo de incidência e localização correta ao longo de toda a largura da máquina, evitar variação de fluxo e consistência, manter a velocidade do jato constante e livre de gradientes [3].

Transcript of Bomba de Mistura

  • 1

    Otimizao do controle de velocidade em bomba de mistura na caixa de entrada para processo de

    fabricao de papel

    Ccero Couto de Moraes

    Departamento de Eng. de Energia e Automao Eltricas PEA Escola Politcnica da Universidade de So Paulo EPUSP

    Av. Prof. Luciano Gualberto, trav. 3, n.. 158 Cidade Universitria 05508-900 So Paulo, SP

    E-mail: [email protected]

    Paulo Henrique Pescio

    Departamento de Engenharia de Automao PET Voith Paper Mquinas e Equipamentos Ltda

    Rua Friedrich von Voith, n.. 825 Jaragu 02995-000 So Paulo, SP

    E-mail: [email protected] [email protected]

    Abstract- This paper intends to present a mathematic model of operation of a headbox designed for papermaking, analyzing possible setups of the productive process through stock jet speed, as well as the variables of lip opening and jet-to-wire ratio.

    On the progress of this work are simulated the control regulators of pressure and jet speed, permitting its optimization in amplitude, and performance evaluation of the system through their behavior during transitory and permanent states. Keywords- headbox, process control, optimization.

    I. INTRODUO

    Devido ao constante aumento da demanda no mercado e a exigncia por produtos de alta qualidade, a indstria papeleira necessita cada vez mais de mquinas modernas, com alta velocidade de produo, e consequentemente, dotada de um controle capaz de responder rapidamente s necessidades do processo produtivo [1].

    Um dos sistemas mais importantes a serem controlados na fabricao de papel a caixa de entrada. Sua funo distribuir a massa fibrosa em suspenso ao longo de toda largura da mquina, sendo responsvel, em grande medida, na qualidade do papel [2].

    necessrio que a velocidade do jato de sada da caixa de entrada seja controlada para manter um fluxo com volume constante, quanto ao tempo, ao ponto de incidncia do jato na zona de formao da folha e com concentrao uniforme do material fibroso.

    Este artigo apresenta o desenvolvimento de um modelo do sistema da caixa de entrada, com o controle da velocidade do jato para o processo de fabricao do papel e os possveis ajustes do processo produtivo nas variveis de velocidade de operao da mquina, abertura do lbio e na relao jato/tela.

    O objetivo desenvolver as malhas de controle de presso e velocidade do jato da caixa de entrada, com a introduo de seus reguladores e atravs da otimizao em amplitude, os ndices de desempenho do processo nos regimes transitrio e permanente sero minimizados, como o tempo de acomodao, o tempo de subida e o sobre sinal.

    II. A MQUINA DE FABRICAO DE PAPEL

    A fabricao do papel inicia-se na diluio do fluxo da massa grossa com o sistema approach-flow apresentado na Fig.1. O sistema approach-flow uma subdiviso da etapa de preparao da massa, e refere-se ao sistema desde o tanque de gua branca, incluindo a caixa de nvel at a caixa de entrada. A principal funo deste sistema a de medir, diluir a massa, incluindo a misturas de qumicos e aditivos, onde a massa com baixa consistncia bombeada para a caixa de entrada atravs da bomba de mistura, sendo descarregada na tela formadora da mquina.

    A mquina para fabricao de papel tem como principal funo dar formao folha e remover a gua. Este processo de fabricao consiste essencialmente em quatro etapas principais [3]:

    Formao da folha: as fibras de celulose so suspensas em gua e colocadas ao longo da tela formadora atravs do jato proveniente da caixa de entrada. Enquanto viaja pela tela formadora, parte da gua escoa por foras gravitacionais e parte sugada pela ao de vcuo nas caixas de suco.

    Prensagem: a folha submetida a presses hidrulicas dos rolos prensas, e devido ao de prensagem a gua acaba sendo deslocada para o feltro da prensa, tornando-se assim mais resistente.

    Secagem: a folha passa por cilindros secadores, nos quais submetida superfcie aquecida dos cilindros e assim a gua evaporada.

    Enrolamento: a folha enrolada em bobinas e removida da mquina de papel.

    A. A Caixa de Entrada

    A Caixa de Entrada tem como funo criar uma turbulncia controlada para eliminar floculao de fibras, descarregar a suspenso sobre a tela formadora com ngulo de incidncia e localizao correta ao longo de toda a largura da mquina, evitar variao de fluxo e consistncia, manter a velocidade do jato constante e livre de gradientes [3].

    GIGLLIARARealce

    GIGLLIARARealce

    GIGLLIARARealce

  • Fig. 1. Sistema Approach-flow

    A estratgia utilizada para o controle de velocidade do jato de sada da caixa de entrada atuar na caixa de entrada atravs da variao de velocidade de mistura do sistema approach-flow [4].

    A Fig. 2 apresenta os detalhes do lbio da caixa de entradao movimento vertical h0 do lbio superior ajusta a abertura do lbio (S), em funo da gramatura a ser produzida. O movimento horizontal X controla o ngulo lanamento do jato de massa na seo da tela. Isto decisivo para a introduo ideal do desaguamento e formao do papel[3].

    Fig. 2. Detalhes do lbio da caixa de entrada

    III. OTIMIZAO DO CONTROLE E MODELAGEM DO SISENTRADA

    O critrio para determinao dos parmetros dos reguladores baseado na otimizao em amplitude

    Seja a malha de controle a ser otimizada em amplitude, onde a funo de transferncia do regulador G

    Supondo a funo do processo:

    Teremos para as funes tpicas do regulador

    Caixa de Nvel

    Tanque de gua Branca

    Bomba de Mistura

    Caixa de Entrada

    LbioSuperior

    Lbio Inferior

    2

    flow [1].

    A estratgia utilizada para o controle de velocidade do jato presso interna da

    caixa de entrada atravs da variao de velocidade na bomba

    enta os detalhes do lbio da caixa de entrada, movimento vertical h0 do lbio superior ajusta a abertura

    do lbio (S), em funo da gramatura a ser produzida. O movimento horizontal X controla o ngulo e a posio de

    o da tela. Isto decisivo para a introduo ideal do desaguamento e formao do papel

    Detalhes do lbio da caixa de entrada

    E E MODELAGEM DO SISTEMA DA CAIXA DE

    O critrio para determinao dos parmetros dos reguladores baseado na otimizao em amplitude [5].

    Seja a malha de controle a ser otimizada em amplitude, onde a funo de transferncia do regulador Gc(s) dada por:

    (1)

    (2)

    Teremos para as funes tpicas do regulador Gc(s).

    a) Integrador

    0

    b) Proporcional + Integrador

    0 0

    c) Proporcional + Integrador + Derivador

    0; 0; 0 Assim sendo:

    Analisando no domnio da frequncia:

    Com:

    | !| "#$Logo:

    | !| % &'() *()+()

    Tomando-se as 2n derivadas para

    ,2.,101

    02.,103041501

    02 6 0; 2

    Sendo m a ordem do controlador; isto , aPara um regulador PI: m = 1 2m = 2 6 0

    ,2.40 4150

    028.,103

    ,24 8 4 , 4 4 4 6

    Tubo Distribuidor

    Lbio Superior

    Jato

    3

    (4) c) Proporcional + Integrador + Derivador

    '' (5)

    / (6)

    no domnio da frequncia:

    ;/

  • ,234 4 , 4 8 44@ 8 34E34 , 4@ 8 34 , 4@ , 3E4 FGH E 0

    4 8 4E , 4 244

    Como o sistema a ser otimizado temtransferncia em malha aberta:

    I I

    O regulador PI da malha de velocidade ter funo de transferncia:

    I II

    Para o regulador de presso do tipo PID a funo ser

    I IIIJI

    Para o desenvolvimento do modelo do sistema e sua simulao foram considerados os seguintes dados e hipteses:

    Temperatura (T) do sistema, estabilizada em 40C. Massa especfica () da massa constante. Coeficiente de contrao (cK) constante. Consistncia da mistura constante. As perdas de carga do sistema so des Os dados de entrada so coletados do processo

    considerando que o sistema esteja estabilizado e em condies estveis de operao.

    O sistema de controle de velocidade do jato da massa representado no fluxograma P&ID da Fig. 3

    Fig. 3. P&ID da malha de controle

    A mistura de gua e massa deve fluir com velocidade constante do lbio da caixa de entrada sobre a seo da tela

    Controlador da Bomba

    TransmissorPresso

    Bomba de Mistura

    3

    , 4E@ , 3 4 8 4E@ 0 (11)

    (12)

    Como o sistema a ser otimizado tem a funo de

    (13)

    O regulador PI da malha de velocidade ter funo de

    (14)

    do tipo PID a funo ser:

    (15)

    Para o desenvolvimento do modelo do sistema e sua foram considerados os seguintes dados e hipteses:

    estabilizada em 40C. ) da massa constante.

    Coeficiente de contrao (cK) constante. Consistncia da mistura constante.

    erdas de carga do sistema so desconsideradas. Os dados de entrada so coletados do processo

    considerando que o sistema esteja estabilizado e em

    O sistema de controle de velocidade do jato da massa 3.

    P&ID da malha de controle [1].

    A mistura de gua e massa deve fluir com velocidade constante do lbio da caixa de entrada sobre a seo da tela

    formadora. Para isso, necessria uma presso constante e controlada que medida no centroaltura manomtrica da presso depende da velocidade de aduo e da abertura da fenda do bocal. A referncia de presso geral da caixa de entrada obtida pelo clculo efetuado no sistema de controle PY entre as variveis de entrada, relao Jato/Tela (Vjete o valor de abertura do lbio (S

    O controle de presso compePT, o qual faz a medio efetiva interna da caixa de entrada, que comparada com o valor de referncia calculado na lgica de controle PIC (Controlador datravs do sinal resultante do controlador atua diretamente na referncia do controle de velocidade SIC malha de Velocidade) do motor da bomba de mistura de velocidade varivel. Com a variao da velocidade do motor da bomba de mistura, altera-se a vazo de gua e massa entregue caixa de entrada e consequentemente alterapresso interna na caixa de entrada.

    A velocidade de escoamento do liquido em um reservatrio com diferena de presso, dada pela equao:

    K L2Monde: v velocidade de escoamento do lquidog acelerao da gravidadeh altura manomtrica [mp presso no reservatrio massa especfica do lquido

    A vazo volumtrica da massa caracterizada pela equao:

    N Konde: Q fluxo de descarga [l/min]v velocidade de escoamento do lquidoA rea do orifcio de escoamento

    Fig. 4. Variveis da caixa de entrada

    Na malha de controle do regulador de presso combinao da ao derivativa com a aao integral para formar o tradicional controlador PID.Como estratgia de controle da malha do regulador de velocidade do processo modelado foi utilizada a combinao da ao do controle integral em conjunto comcontrolador proporcional formando o controlador PI. Esta combinao foi escolhida com a i

    Transmissor Presso

    Encoder Linear

    Velocidade da Tela

    EQUAO

    Relao Jato/Tela

    formadora. Para isso, necessria uma presso constante e centro da caixa de entrada. A o depende da velocidade de

    aduo e da abertura da fenda do bocal. A referncia de presso geral da caixa de entrada obtida pelo clculo efetuado no sistema de controle PY entre as variveis de

    Vjet), velocidade da tela (Vwire) S).

    O controle de presso compe-se do transmissor de presso medio efetiva interna da caixa de entrada,

    que comparada com o valor de referncia calculado na (Controlador da malha de Presso), e

    atravs do sinal resultante do controlador atua diretamente na referncia do controle de velocidade SIC (Controlador da

    do motor da bomba de mistura de velocidade varivel. Com a variao da velocidade do motor

    se a vazo de gua e massa entregue caixa de entrada e consequentemente altera-se a presso interna na caixa de entrada.

    A velocidade de escoamento do liquido em um reservatrio de presso, dada pela equao:

    L MO 8 QR (16) velocidade de escoamento do lquido [m/min] acelerao da gravidade [m/s2]

    [m] presso no reservatrio [kPa] massa especfica do lquido [Kg/m3]

    A vazo volumtrica da massa descarregada na tela

    S (17) [l/min]

    velocidade de escoamento do lquido [m/min] rea do orifcio de escoamento [m2]

    Variveis da caixa de entrada [1].

    malha de controle do regulador de presso foi utilizada combinao da ao derivativa com a ao proporcional e a

    integral para formar o tradicional controlador PID. Como estratgia de controle da malha do regulador de velocidade do processo modelado foi utilizada a combinao

    do controle integral em conjunto com a ao do controlador proporcional formando o controlador PI. Esta combinao foi escolhida com a idia bsica de se definir um

    GIGLLIARARealce

    GIGLLIARARealce

    GIGLLIARARealce

    GIGLLIARARealce

    GIGLLIARARealce

    GIGLLIARANotaQ Porcaria essa?

  • 4

    controlador tal que sua sada permanea constante quando o sinal de erro nulo.

    Para o transmissor de presso e transmissor de velocidade foi utilizado a funo de transferncia de 1 ordem com constante de tempo caracterstica do fabricante:

    I TUV (18)

    Para o sistema eletromecnico motor e carga, foi utilizada a seguinte funo de transferncia do tipo [6]:

    WXY TY3''@ (19)

    Para a relao vazo em funo da rotao da bomba de mistura foi utilizada a seguinte funo de transferncia:

    G[(s) = K^ (20)

    Sendo Kx a relao vazo/velocidade da bomba.

    Para a relao de presso em funo da vazo foi utilizada a seguinte funo de transferncia:

    G[_(s) = `N2a #61#62.bc

    2 d1ab.#63#64 c2ef#66

    #65 (21) Onde: Ckx Caractersticas construtivas da caixa; Q

    Fluxo de Vazo [l/min]; S Abertura do lbio [m];

    A Fig. 5 representa o diagrama de blocos do sistema.

    Fig. 5. Diagrama de blocos do sistema

    Resultando para o sistema completo a funo de transferncia:

    i()j() = klkmk)T)kkno)k)T)kknp.opkmk)T)kkn (22)

    Onde: Gk Clculo de Pset Gc Controlador PID da malha de presso Gw Controlador PI da malha de velocidade Kw Funo de transferncia do conversor

    Gm Sistema eletromecnico Gv Funo de transferncia do Processo Gvp Funo de transferncia do presso/vazo Hw Transmissor de velocidade Hp Transmissor de presso

    IV. ANLISE DE DESEMPENHO DO SISTEMA

    Sero apresentadas as simulaes relativas modelagem do sistema, bem como os resultados obtidos durante a simulao na partida, operao e a resposta do sistema com as variaes de entrada, velocidade da tela (Vwire), relao jato/tela (Vjet) e abertura do lbio (S).

    O objetivo da simulao no controle de velocidade da bomba de mistura consiste em analisar o comportamento da vazo e da velocidade do jato entregue a tela formadora, a presso interna utilizada somente como instrumento de controle.

    A relao jato/tela e abertura do lbio so entradas do sistema definidas pelo processo produtivo em funo do tipo de papel a ser fabricado, e a velocidade da tela em funo da eficincia da mquina, limitao do equipamento e da qualidade do papel produzido.

    Por se tratar de um processo continuo, a vazo deve ter comportamento instantneo para qualquer ajuste (set point) na entrada do sistema, quando solicitado pelo processo, seja pela velocidade da tela, relao jato/tela ou abertura do lbio, evitando assim perda de produo.

    O grfico da Fig. 6 apresenta a resposta da vazo (Qeff) da caixa de entrada na partida da mquina com as variaes de velocidade da tela (Vwire) e as constantes de entrada, relao jato/tela Vjet=2 e a abertura do lbio S=2.

    O grfico da Fig. 7 apresenta a resposta da vazo (Qeff) da caixa de entrada na partida da mquina com as variaes de abertura do lbio (S) e as constantes de entrada, relao jato/tela Vjet=2 e a velocidade da tela Vwire = 1800.

    Comparando os valores obtidos nos grficos da Fig. 6 e Fig. 7, na partida da mquina com os valores da Tabela 1, verifica-se que a vazo atinge o valor nominal de operao num tempo de aproximadamente 6s.

    Fig. 6. Vazo na partida da mquina para Vwire.

    0 2 4 6 8 100

    10.000

    20.000

    30.000

    40.000

    50.000

    60.00065.81969.93074.04078.151

    Tempo [s]

    Vazo

    Qe

    ff [ lm

    in]

    VWire=1900VWire=1800VWire=1700VWire=1600

    P(s)

    + -

    + -

    Gvp VAZO/PRESSO

    Gk CLCULO SETPOINT PRESSO

    Gc CONTROLADOR

    REGULADOR PRESSO

    Gw CONTROLADOR

    REGULADOR VELOCIDADE

    Kw CONVERSOR

    Gm SISTEMA

    ELETROMEC. MOTOR E CARGA

    Hw TRANSMISSOR

    DE VELOCIDADE

    Gv PROCESSO

    Hp TRANSMISSOR DE PRESSO

    X(s) SPp(s) ep(s) SPw(s) ew(s) W(s) Q(s)

  • 5

    Fig. 7. Vazo na partida da mquina para S.

    O grfico da Fig. 8 apresenta a resposta da vazo (Qeff) da caixa de entrada na partida da mquina com as variaes de relao jato/tela Vjet e as constantes de entrada, velocidade da tela Vwire=1800 e a abertura do lbio S=2.

    Fig. 8. Vazo na partida da mquina para Vjet.

    O grfico da Fig. 9 apresenta a resposta do sistema operando em condio inicial de processo com velocidade da tela Vwire=1800, relao jato/tela Vjet=2 e abertura do lbio S=12, onde no instante 15s aplicou-se um aumento de Vwire de 1800 para 1900m/min e no instante 25s uma reduo de Vwire de 1900 para 1800 m/min.

    Fig. 9. Sistema em operao com variaes nas entradas

    O valor de referncia Pset de 442,23 kPa o valor obtido atravs do clculo da lgica de controle que atua diretamente na referncia da velocidade da bomba de mistura fornecendo a vazo de 74.040 l/min para caixa de entrada.

    Em seguida, aplica-se no instante 15s um aumento na velocidade da tela Vwire de 1800m/min para 1900m/min, durante a operao, os valores de relao jato/tela e abertura do lbio permanecem inalterados. O grfico da Fig. 10 apresenta o aumento da velocidade da tela, a Fig. 11 apresenta o novo valor de Pset de 492,76 kPa calculado pela lgica para nova referncia de velocidade da bomba de mistura.

    Fig. 10. Aumento velocidade da tela.

    Fig. 11. Pset com aumento da velocidade da tela.

    O grfico da Fig. 12 apresenta a resposta da vazo para um novo set point de velocidade da tela cuja variao imposta de 74.040 l/min para 78.151 l/min, com tempo de estabilizao de 3.8s, a Fig. 13 apresenta a velocidade calculada do jato na sada da caixa de entrada.

    Fig. 12. Vazo na caixa de entrada com Aumento Vwire

    Fig. 13. Velocidade calculada do Jato com Aumento Vwire

    Com a nova condio em regime permanente, aplica-se no instante 25s uma reduo na velocidade da tela Vwire de 1900m/min para 1800m/min, os valores de relao jato/tela e abertura do lbio permanecem inalterados. O grfico da Fig. 14 apresenta a reduo da velocidade da tela, a da Fig. 15 apresenta o novo valor de Pset de 442,23 kPa calculado na

    0 2 4 6 8 100

    10.00020.00030.00040.00050.00060.00067.87074.04080.21086.380

    Tempo [s]

    Vazo

    Qe

    ff [l/m

    in]

    S=14S=13S=12S=11

    8 10 12 14 16 18

    73.900

    73.99974.04074.081

    74.150

    Tempo [s]

    Qeff

    [l/min

    ]

    Vjet=3Vjet=2Vjet=1

    14 14.5 15 15.4 161800

    1850

    1900

    Tempo [s]

    Vwire

    [m

    /min

    ]

    14 14.5 15 15.4 16442.23

    475.00460.00

    492.76

    Tempo [s]

    Pset

    [kP

    a]

    14 15 16 18.8 20 2274.04076.20078.151

    Tempo [s]

    Qeff

    [l/min

    ]

    12 15 18.8 22

    1.802

    1.902

    Tempo [s]

    Velo

    cid

    ade

    do

    Ja

    to

    Ca

    lcula

    da [m

    /min

    ]

    Relao jato tela - Vjet

    Abertura do lbio S (mm)

    Vel. da tela Vwire (m/min)

    Ref. de presso Pset (kPa)

    Vazo - Qeff (l/min)

    Vel. Calculada do Jato (m/min)

  • 6

    lgica para nova referncia de velocidade da bomba de mistura.

    Fig. 14. Reduo velocidade da tela.

    Fig. 15. Pset com reduo da velocidade da tela.

    O grfico da Fig. 16 apresenta a resposta da vazo para a reduo de velocidade da tela que foi de 78.151 l/min para 74.040 l/min, com tempo de estabilizao de 3.7s, a Fig. 17 apresenta a velocidade calculada do jato na sada da caixa de entrada.

    Fig. 16. Reduo da vazo na caixa de entrada

    Fig. 17. Reduo velocidade calculada do Jato

    A tabela 1, denominada tabela esttica da caixa de entrada apresenta os valores utilizados para validao da presso interna (Pset), vazo (Qeff), dados de processo e a consolidao do modelo.

    Em todos os casos observou-se que o desempenho do sistema est adequado as suas especificaes tcnicas, tanto no regime transitrio como no permanente, confirmados pelos ndices da Tabela 1.

    TABELA1 - TABELA DE DADOS ESTTICA DA CAIXA DE ENTRADA [1]

    A otimizao do controle da velocidade da bomba de mistura contribui diretamente no controle da vazo e na velocidade do jato, na qual tem influncia decisiva nas propriedades finais do papel acabado, garantindo a orientao das fibras, o comportamento ideal fora-deformao e no aumento da resistncia trao. A implementao do sistema de controle e sua otimizao, trs como beneficio o controle totalmente automtico eliminando possveis erros de operao, manter a vazo e velocidade do jato constante, proporcionando uma resposta adequada do controle s perturbaes de entrada, garantia da qualidade do produto nessa etapa da fabricao.

    V. CONCLUSES E ANLISE DOS RESULTADOS

    Atravs da anlise das simulaes apresentadas pode-se verificar que a modelagem, aliada ao critrio de otimizao dos reguladores de velocidade e presso do sistema, permitiu determinar o comportamento e o desempenho do sistema durante a partida da mquina, e na operao com as devidas alteraes da velocidade da tela (Vwire), abertura do lbio (S) e relao do jato/tela (Vjet) durante o processo produtivo.

    Ao se analisar os resultados nos grficos de Pset, Fig. 11 e Fig. 15, os grficos de vazo (Qeff), Fig. 12 e Fig. 16, e os grficos de velocidade do Jato calculada, Fig. 13 e Fig. 17, verifica-se que os valores apresentados correspondem aos valores da tabela 1, onde os desvios mximos esto dentro da tolerncia de 1%, atendendo s especificaes tcnicas do sistema, garantindo os ndices de desempenho nos regimes transitrio e permanente.

    Outro dado importante que se pode verificar nos grficos de simulao, so os tempos de resposta do sistema, onde o tempo de acomodao para a vazo e para a velocidade calculada do jato atende s especificaes do processo.

    REFERNCIAS BIBLIOGRFICAS

    [1] Twogether Paper Technology Journal, Publicado por Voith Paper Holding GmbH & Co.

    [2] Pulp and Paper Manufacture, Vol. 7, by the Joint Executive of the Vocational Educational Committees of the Pulp and Paper Industry, 1991.

    [3] Tecnologia de Fabricao de Papel, Escola SENAI Theobaldo De Nigris & Instituto de Pesquisas Tecnolgicas do Estado de So Paulo Centro tcnico em Celulose e Papel, 2edio, 1988.

    [4] Troubleshooting the Papermaking Process, by Jerome M. Gess and Paul H. Wilson, 2001.

    [5] Werner Leonhard, Control of Electrical Drives, 2nd Ed. Springer-Verlag Berlin Heidelberg New York, 1997.

    [6] Paul C. Krause, Analysis of Electric Machinery, by McGraw-Hill, 1986.

    24 24.5 25 25.4 26 26.51800

    1850

    1900

    Tempo [s]

    Vwire

    [m

    /min

    ]

    24 24.5 25 25.4 26 26.5442.23460.00480.00492.76

    Tempo [s]

    Pset

    [kP

    a]

    24 25 28.7 3374.04076.20078.151

    Tempo [s]

    Qeff

    [l/min

    ]

    22 25 28.8 32

    1802

    1902

    Tempo [s]

    Velo

    cid

    ade

    do

    Ja

    to

    Calc

    ula

    da [m

    /min

    ]