Bombeiros Voluntários e Banda de M úsica* As Origens (2ª edição)

76
BOMBEIROS VOLUNTÁRIOS DE SALVATERRA DE MAGOS, E DA BANDA ******** AS ORIGENS Autor JOSÉ GAMEIRO (José Rodrigues Gameiro) 2* Edição

description

Em 1935, um grande incêndio, em Salvaterra de Magos, necessitou da presença dos bombeiros de Benavente, pois nesta vila não existiam bombeiros. Uns meses depois, foi criada a Associação Humanitária dos Bombeiros de Salvaterra de Magos. Volvidos alguns anos, um grupo de jovens músicos, entram e criam a Banda de Música

Transcript of Bombeiros Voluntários e Banda de M úsica* As Origens (2ª edição)

Page 1: Bombeiros Voluntários e Banda de M úsica* As Origens (2ª edição)

BOMBEIROS VOLUNTÁRIOS DE SALVATERRA DE MAGOS, E

DA BANDA ******** AS ORIGENS Autor JOSÉ GAMEIRO

(José Rodrigues Gameiro)

2* Edição

Page 2: Bombeiros Voluntários e Banda de M úsica* As Origens (2ª edição)

2

Porque pretendo deixar registado, o grande património que é o historial da « Associação Humanitária dos Bombeiros Voluntários de Salvaterra de Magos ». Este livro foi feito com muito carinho, dedicando-o aos que a serviram ao longo dos tempos. Assim também é para aos meus netos, que muito quero : Catarina Sofia e Tiago José

Page 3: Bombeiros Voluntários e Banda de M úsica* As Origens (2ª edição)

3

FICHA TECNICA:

Titulo:

OS BOMBEIROS VOLUNTÁRIOS

E DA SUA BANDA DE MÚSICA

* A Sua História *

TEXTO REVISTO E AUMENTADO

Tipo de Livro: On-line Autor: Gameiro, José Editor: Gameiro, José Rodrigues

Morada: B.º Pinhal da Vila – Rua Padre Cruz, Lote 49 Localidade: Salvaterra de Magos Código Postal: 2120-059 SALVATERRA DE MAGOS * Telem. 918 905 704 e-mail: josé[email protected] Data: Julho 2013

2ª Edição

Page 4: Bombeiros Voluntários e Banda de M úsica* As Origens (2ª edição)

4

http://www.historiadesalvaterra.blogs.sapo.pt

FICHA TECNICA:

Titulo:

SUBSIDIOS PARA A HISTÓRIA DOS BOMBEIROS VOLUNTÁRIOS

DE SALVATERRA DE MAGOS

E

DA SUA BANDA DE MÚSICA

* TEXTO REVISTO E AUMENTADO *

Tipo de Livro: editado em On-line Autor: Gameiro, José Editor: José Rodrigues Gameiro

Page 5: Bombeiros Voluntários e Banda de M úsica* As Origens (2ª edição)

5

Morada: B.º Pinhal da Vila – Rua Padre Cruz, Lote 49 Localidade: Salvaterra de Magos Código Postal: 2120-059 SALVATERRA DE MAGOS * Telem. 918 905 704 e-mail: [email protected] Data: Julho 2013 http://www.historiadesalvaterra.blogs.sapo.pt

O MEU CONTRIBUTO !

Uma exposição documental e fotográfica,

sobre os Bombeiros Voluntários de Salvaterra de

Magos, esteve patente na antiga Capela Real, no

ano de 2005, durante o período das Festas do

Foral. Colaborei em tal evento, disponibilizando o meu arquivo de muitos anos, sobre a instituição

e, sua Banda de Música. Um dia, por volta de 2007, fui abordado por um membro da Direcção que

estava empenhada na construção de um novo edifício para sede e

aquartelamento daquela Instituição, Sabia das suas dificuldades

financeiras, aí quis juntar-me e dei o meu contributo, era modesto,

sabia-o, fiz oferta de um original de livro que tinha escrito sobre a

Corporação para uma eventual edição, sendo angariado assim alguns

Page 6: Bombeiros Voluntários e Banda de M úsica* As Origens (2ª edição)

6

fundos com a sua publicação. Feita a entrega, o tempo passou e nada

mais foi feito – caiu no esquecimento.

Não desisti, notava a falta de uma publicação sobre a história dos

Bombeiros Voluntários, voltei a reunir os meus documentos e, mesmo

que modestamente, aqui está o meu contributo público – um pequeno

historial, da Instituição. Neste livro, lembro, dirigentes, bombeiros e

músicos, haverá lugar para os seus benfeitores, sendo justo ficar

registado a contribuição do filantropo salvaterrense – Gaspar da Costa

Ramalho, pois merece uma referência especial, em jeito de homenagem.

Os outros, aqui também lhes prestamos a mesma lembrança, sem a

divulgação dos seus nomes, pois a memória dos homens, e a falta de

documentos assim o impedem. Voltei a servir-me do Caderno de

Apontamentos, publicado na minha Colecção “Recordar, Também é

Reconstruir”. Neste trabalho não deixa de estar as peripécia da chegada

da Banda de Música aos bombeiros, socorrendo-me de um apontamento

de João Pereira, que um dia me pediu para ser publicado no antigo

Jornal “Aurora do Ribatejo”. Qualquer interessado em aprofundar os

seus conhecimentos sobre esta Instituição, que é a Associação

Humanitária, com o seu corpo activo de bombeiros voluntários, e da sua

banda de música, desde o já distante ano de 1935, vai decerto encontrar

aqui alguma matéria de interesse.

No meu blogue www.historiadesalvaterra.blogs.sapo.pt, não deixei de

incluir uma versão da caminhada dos bombeiros e da sua banda de

música, pois nos últimos tempos a instituição voltou a conhecer

mudanças profundas, com crises de permeio, onde a Bande Música,

deixou de existir naquela corporação cerca de 70 anos depois da sua

chegada. Esta edição foi necessariamente revista e aumentada, e espero

que mesmo modestamente possa contribuir para a divulgação desta

Page 7: Bombeiros Voluntários e Banda de M úsica* As Origens (2ª edição)

7

Instituição Humanitária, que são os Bombeiros Voluntários de Salvaterra

de Magos.

Ano: 2013

José Gameiro

(José Rodrigues Gameiro)

BOMBEIROS VOLUNTÁRIOS, A DIFERENÇA!

“Sem pretende fazer a função de bombeiro, atrevo-me no entanto a dizer que

a solidariedade destes soldados da paz é de uma generosidade sem limites. Torna-se bastante útil caracterizar o espírito humanista destes homens e mulheres, que por este pais fora, se encontram num ALERTA permanente, na defesa e segurança de pessoas e bens de que todos temos responsabilidades.

No entanto o conforto dos lares e o direito ao descanso, são princípios que quase todos nós, não abdicamos deles de forma nenhuma, mesmo quando sabemos que eventualmente algum amigo ou conhecido poderá estar em situação de aflição. “O esforço despendido por estes valorosos bombeiros, que

numa grande maioria são apanhados em horas de descanso, desconhecendo em muitos casos o que é dormir o que é uma noite normal, sem terem que se levantarem em sobressalto, para atacar um incêndio, em defesa das florestas,

e dos bens das populações, ou ajudar a salvar uma vida num acidente. Não é demais realçar o esforço e a dedicação dos bombeiros de Portugal, muito em especial realçar os serviços os serviços prestados pelos bombeiros de Salvaterra, quase sempre sem remunerações. Sem pretender, fazer da

função de bombeiro, uma classe especial, atrevo-me no entanto a dizer que a solidariedade destes “soldados da paz” é de uma generosidade sem limites.

Page 8: Bombeiros Voluntários e Banda de M úsica* As Origens (2ª edição)

8

Quantas têm sido as criticas muitas vezes feitas, quando a sirene toca e

aparecem poucos bombeiros, esquecendo que sobre esses mesmos, tem havido ameaças contra o seu posto de trabalho e algumas vezes concretizam-se. A Juventude, tem um papel fundamental na continuidade dos bombeiros voluntários, além de ser um serviço de grande nobreza, também nos bombeiros

encontram uma forma de ocupação saudável e sem vícios. Bem Hajam Soldados da paz!! “ ******* Nota do Autor: Retirado do texto, de Joaquim Mário Antão, antigo

dirigente dos Bombeiros Voluntários de Salvaterra de Magos, publicado no Jornal

Vale do Tejo, em 15 de Setembro de 2000

I

A INSTITUIÇÃO!

Associação dos Bombeiros Voluntários de Salvaterra de Magos, foi

constituída para servir a população de Salvaterra de Magos e seu concelho.

Já com uma existência de mais de setenta anos, graves crises “passaram” pelo seu longo percurso que, no entanto sempre foram

ultrapassadas, porque homens de boa vontade responderam a esses

momentos de grande aflição.

A sua história, mesmo que simples, está repleta de situações que,

valerá a pena contar, não só pelos actos de grande humanismo, e

heroísmo que, fez escola no seu corpo activo, como na área cultural,

onde a sua banda, soube estar à altura.

Page 9: Bombeiros Voluntários e Banda de M úsica* As Origens (2ª edição)

9

Os seus executantes, ainda agora, vêem deliciando o povo,

transmitindo a arte da música, tocando obras que, celebrizaram muitos

compositores que sendo do passado, são de todos os séculos. ********* ***

II

CORPO ACTIVO

Naquele ano de 1935, da vizinha vila de Benavente, chegaram os

bombeiros para ajudar o povo a combater um incêndio que se arrastava

à muitas horas numa arrecadação de palha, pois a pequena carreta,

posta ao serviço nesse ano, com rodas de madeira, e com varal ao meio,

que servia para dois homens a puxarem, tinha em cima uma bomba de

água (tipo cilindro), e um motor, para sugar água, e fazê-la sair em

jacto, nuns quantos metros de mangueira. Era material antigo e

insuficiênte, apoiado num jogo de escadas de madeira, que sendo

pertença do municipio, vinha servindo de combate às chamas, não chegavam para vencer os fogos. Uma meia dúzia de homens, estavam

Page 10: Bombeiros Voluntários e Banda de M úsica* As Origens (2ª edição)

10

sempre prontos ao chamamento da autarquia, para combater os

incêndios na vila. Eram estes, que compunham o corpo activo dos

bombeiros de Salvaterra de Magos. Em casos extremos, ainda se

usavam, as duas filas; do balde cheio, balde vazio. Trabalho que

mobilizava homens, mulheres e jovens, em extensas filas até ao poço

mais próximo, chegando muitas vezes a ser usada a água da vala real.

Na vila de Salvaterra, na sua urbanização habitacional predominavam

as construções com telha de meia-cana, com infra-estruturas de

madeiramento que, estavam sujeitas ao “aliciamento” das chamas,

Page 11: Bombeiros Voluntários e Banda de M úsica* As Origens (2ª edição)

11

provocadas pelas chaminés das habitações. Os incêndios, quando

aconteciam eram pavorosos, os grandes celeiros e palheiros

construídos juntos às habitações, davam azo a isso, e assim nos dizem

alguns relatos deixados nas páginas destes ou daquele documento que,

nos vai servindo de descrição do passado, avivando memórias, mesmo

aqueles que destruíram o palácio e o teatro da ópera da vila.

Naquele incêndio, em que foi pedido o auxílio dos bombeiros de

Benavente, mesmo com a prontidão da sua chegada, levou mais de hora

e meia. A sua acção ficou-se pelo rescaldo, ajudando os poucos

bombeiros da vila. O povo, socorreu-se mais uma vez do balde.

O armazém com palha, estavam perdidos pela acção do fogo e da água,

não sendo a desgraça tão grande como se esperava, comentários que se

ouvia na gritaria, do povo que ajudava a combater as chamas. Perante

aquele quadro impressionante, o Dr. José António Vieira, secundado por

José Sabino de Assis e Justiniano Ferreira Estudante, tomaram a

iniciativa da criação de uma comissão para a constituição de uma

Corporação de Bombeiros Voluntários. O povo aderiu à subscrição

pública, levada a cabo, tendo sido apurados, 17.133$50, com a inclusão de

uma verba da câmara municipal do valor de 5.000$00.

Nasceu assim, a Associação Humanitária dos Bombeiros Voluntários de

Salvaterra de Magos, e muitos jovens passaram a pertencer ao seu

corpo activo. Um orçamento para a compra de material e fardamento,

dava conta que a despesa seria de 34.600$00, a comissão administrativa da Associação, após vários tentativas para ultrapassar, a

falta da restante verba, foi com desgosto que pôs o seu mandato à

disposição das entidades oficiais da terra.

Page 12: Bombeiros Voluntários e Banda de M úsica* As Origens (2ª edição)

12

Para ultrapassar este percalço, deliberou a câmara municipal, sob a

presidência de José Luiz Ferreira Roquette, elevar a quantia do

município para mais 23.600$00.

O corpo activo dos bombeiros, depressa encontrou espaço para o seu

aquartelamento, num edifício da família Monte Real, na nova Av. José Luís

Brito Seabra.

De noite, num trabalho árduo e incessante que, durou alguns meses,

os membros do corpo activo construíam um pronto-socorro, fruto de

um desenho de um deles – António Henriques Alexandre, onde foi aproveitada uma camioneta

de carga, sendo assim substituído a carreta.

No dia da sua apresentação em cerimónia

pública, foi prestada homenagem ao Dr. José

Vieira, sendo madrinha da viatura, sua filha, a

menina, Maria Alice Rocha Brito Vieira, estando

acompanhada das Srªs. D. Ana Ferreira Gomes

e D. Maria Adelaide Madeira da Mata, colocou as fitas comemorativas no

estandarte da Corporação.

Alguns anos passaram, a presença dos voluntários de Salvaterra, quer

nos fogos, quer nos serviços de socorro em ambulância, passaram a ser

cada vez mais solicitados. Um novo quartel, era uma necessidade

premente, Gaspar da Costa Ramalho, no seu espírito de grande benemerência, mandou construir, em terrenos seus, um novo edifício,

moderno para a época, oferecendo-o à instituição, onde mais tarde

albergou também a Banda de Música, entretanto criada.

Page 13: Bombeiros Voluntários e Banda de M úsica* As Origens (2ª edição)

13

Alguns comandantes e imediatos, tiveram a generosidade de

permanecer durante anos a fio, à frente do corpo activo, como: José

Pinto Oliveira e António Narciso “O Toca e Baila”, formando gente que

devotadamente ali prestou, o seu voluntariado, dando assim do melhor

que tinha para com o seu semelhante, num grande espírito de

solidariedade, como é timbre do bombeiro.

Amiúdas vezes ao longo dos anos a instituição, passou por crises de

administração – os seus associados, nem sempre estavam disponíveis

para a servir, criando situações difíceis, que eram ultrapassadas, por

homens bons, detentores de grande espírito de empenho, pondo assim

muito dos seus tempos livres, ao serviço da comunidade.

Grupo de Bombeiros, junto à primeira viatura . construída Por Francisco Henriques Alexandre

Com o decorrer dos tempos, novas exigências foram criadas à

Corporação, dos Bombeiros Voluntários de Salvaterra de Magos, com a

sua inserção em associações regionais, e nacionais de bombeiros, foram

Page 14: Bombeiros Voluntários e Banda de M úsica* As Origens (2ª edição)

14

originando a constante renovação de meios e aprendizagem de novas

técnicas. Aos seus homens, para combater fogos em plena época estival

e, nas calamidades invernosas, são periodicamente ministrados cursos,

estando na mesma situação o socorrismo para ambulâncias.

1936 – Obras do novo Quartel dos Bombeiros Voluntários

A corporação mantinha um número de voluntários, que se renovava

constantemente, até porque se compunha na maioria de pedreiros e

profissões afins. Ao toque de alarme, num constante bater do sino,

largava-se tudo – havia fogo. Quanto ao chamamento da ambulância, o

toque era espaçado, até porque os acidentes de trabalho ou de viação eram poucos.

Cinco dias para levar um doente de urgência!

“Um caso digno de registo, por volta de 1953, andando um menino, na

escola primária, acometido de intensas dores na barriga, a profª

Natércia Assunção, por intermédio de uma funcionária, chamou o pai,

Page 15: Bombeiros Voluntários e Banda de M úsica* As Origens (2ª edição)

15

que trabalhava na vila, levando-o ao médico Dr. Joaquim Gomes de

Carvalho, O médico, prescreveu-lhe um internamento de urgência no

hospital do Rego (Curry Cabral), em Lisboa.

Era uma sexta-feira, contactado o bombeiro responsável pelas saídas

da única ambulância, dos voluntários de Salvaterra, foi recomendada a

espera até à próxima terça-feira, dia em que a viatura se deslocava a

Lisboa, com outros doentes.

O doente, foi internado, naquela unidade hospitalar onde esteve cerca

de 15 dias, com um diagnótico “hepatite aguda”. A criança doente, era o

autor deste livro.

1950 - Primeira Ambulância dos Bombeiros

Page 16: Bombeiros Voluntários e Banda de M úsica* As Origens (2ª edição)

16

********

******

III

UM DIA DE FESTA, UM DIA DE LUTO

Mais um aniversário da instituição se comemorava naquele ano de

1968, o dia solarengo de Verão, convidava a um passeio, e o acidente

aconteceu, conforme consta na notícia publicada em vários jornais. Uma

delas saiu no Século.:

BOMBEIROS DE SALVATERRA MORREM EM ACIDENTE NA RECTA DO CABO

“Ontem, dia 25 de Agosto, dois bombeiros voluntários de Salvaterra

de Magos, morreram num grave acidente na estrada recta do cabo. Era

dia de aniversário da corporação, e os voluntários após um almoço de

confraternização, pensaram dar um passeio, visitando outras

corporações; Almeirim, Cartaxo, Azambuja e Benavente. Já de regresso a casa, vindos da Azambuja, a tarde ia alta, na estrada da recta do cabo,

sofreram um grave acidente.

Do embate, resultou a morte de dois bombeiros, Ezequiel Jorge, o

mais velho da corporação, e João Luís Castanheira, natural de

Benavente, estabelecido na vila de Salvaterra, com um café junto ao

quartel, que colaborava como motorista, quando necessário. Muitos dos

Page 17: Bombeiros Voluntários e Banda de M úsica* As Origens (2ª edição)

17

ocupantes da viaturas ficaram gravemente feridos, e a viatura ficou sem

recuperação, segundo se pensa ! “

****** * In Jornal “ O século ” 26/8/1968 * O Correspondente – José Gameiro

NOVA VIDA

Tendo os bombeiros, como dogma “VIDA POR VIDA”, a crise instalada,

começou a ser sanada, após uma iniciativa, do então presidente da

câmara municipal, José Pinto de Figueiredo, que convidou uma nova

equipa de dirigentes. O Eng.º Romeu Fortes Pina, tomando conta da

corporação, formou uma “comissão administrativa” com Mário Silva

Antão e António Viegas, a que mais tarde se juntaram outros. A compra

de uma viatura-cisterna, de grande capacidade de armazenamento de

água, para incêndios foi

encontrada em bom estado

numa outra congénere na zona

de Lisboa.

Um carro para o transporte do corpo activo de voluntários

e, um com cisterna de água e

uma ambulância, passaram a ser as viaturas do parque automóvel. Era

seu comandante, João Roberto da Fonseca.

O antigo e degradado material, especialmente o de combate a

incêndios, foi lentamente substituído - escadas e mangueiras – a par do trabalho de recuperação do edifício-sede da instituição que, durou

alguns meses.

Page 18: Bombeiros Voluntários e Banda de M úsica* As Origens (2ª edição)

18

Uma sirene de grande alcance sonoro, foi instalada, no quartel, ligada

por sistema electrico, substituindo assim o velho sinal de pedido de

socorros aos bombeiros, como uso dos sinos da igreja matriz da vila,

Alarme que vinha de séculos. Uma placa colocada na parede da sua

torre, em 1935, ainda lá se encontra.

O corpo-activo, foi renovado, com a entrada de pessoal,

especialmente de jovens que aderiram à iniciativa. Após este período

doloroso, para a história dos bombeiros voluntários de Salvaterra de

Magos, com muitas carências, e dificuldades ultrapassadas, os cargos

de directores, eleitos em actos eleitorais, passou a ter o seu ciclo

normal. Uma placa em pedra, colocada no edifício do quartel, recorda e

agradece, ao Eng. Romeu Fortes Pina, a sua colaboração.

As Assembleias-Gerais

Na já longa vida, da Associação dos Bombeiros Voluntários de

Salvaterra de Magos, verifica-se uma situação comum a muitas outras

instituições.

Os associados desinteressam-se pela vida das suas colectividades,

não aparecendo, nos seus dias mais nobres - as suas Assembleias-

gerais. Por vezes, com o calor e entusiasmo próprio daqueles trabalhos

associativos, em que a vida das instituições está em causa, situações existem, em que a intriga e maledicência, se “esforça” por denegrir, o

trabalho, de quem se devotou afanosamente em servi-las, em contraste

com outras onde é “apetecível”, ouvir louvores pelo zelo empenhado.

Veja-se uma Assembleia Geral, realizada em Janeiro de 1960, na sua

acta consta a presença, 32 sócios - incluindo os directores, e na sua

ordem de trabalhos, discutiu-se a “venda” do alvará da exploração do

cinema que era sua pertença. Numa outra, em Dezembro de 1999,

Page 19: Bombeiros Voluntários e Banda de M úsica* As Origens (2ª edição)

19

convocados para se pronunciarem, quanto à actualização dos seus

Estatutos - para além dos membros da mesa da Assembleia Geral,

composta por: José Manuel da Luz Ferreira, Manuel Luís de Oliveira e

Francisco Santos Travessa., estavam os membros da Direcção e

Conselho Fiscal, e um punhado de outros sócios:

António Manuel Pires Gomes, Vasco Manique, Mário da Silva Antão, António Carlos Costa Paiva, Carlos Cantador Duarte, José Porfírio Morais, Armando Oliveira, Joaquim Mário Antão, José Rodrigues Gameiro, João Mendes da Silva e Carlos Leonel Duarte.

Em duas outras, mais recentes, até porque

se realizavam eleições, por serem actos que,

estavam envoltos em polémica, e a coberto

da comunicação social, verificou-se a

afluência de um número de associados

nunca antes registados. No dia 4 de Janeiro

de 2001, registou-se a presença de 179

sócios, enquanto um ano depois estiveram a

votar cerca de meio milhar sócio. Entre os

494 associados, muitos eram pela primeira

vez que estavam presentes num acto

eleitoral da instituição, mesmo sendo associados à muitos anos.

A causa era motivada por uma grande polémica, entre as duas listas

que se apresentaram a eleições. Os festejos de aniversário mesmo que modestos, levaram sempre os dirigentes da associação ao longo da sua

existência, a não deixarem de registar aquela data que simboliza o

Page 20: Bombeiros Voluntários e Banda de M úsica* As Origens (2ª edição)

20

“nascimento” da corporação de bombeiros, instituição muito acarinhada

pelo povo do concelho.

IV

RECEBER PREMIO, EM TEMPO DE ANIVERSÁRIO

No dia da comemoração dos seus 46 anos de

vida, muitos dos seus voluntários são

galardoados com a medalha de ouro, de duas

estrelas, assim nos dá conta a notícia

seguinte:

“Com dois dias de antecedência,

comemorou-se no passado Domingo, o 46º aniversário da Associação

Humanitária dos Bombeiros Voluntários de Salvaterra de Magos.

Passando a efeméride no dia 25, a mesma foi antecipada, afim da

solenidade do acto se poder comemorar em dia de descanso.

Na oportunidade, toda a Direcção presente recebeu um justo galardão

que, foi atribuído à corporação – A Medalha de Ouro de duas Estrelas.

Em formatura frente ao quartel, na rua 25 de Abril, com o corpo

activo, encontravam-se os voluntários da secção de Muge, recentemente

criada para servir a população daquela vila e freguesia do concelho.

Page 21: Bombeiros Voluntários e Banda de M úsica* As Origens (2ª edição)

21

Page 22: Bombeiros Voluntários e Banda de M úsica* As Origens (2ª edição)

22

Nestes festejos, honraram com a sua presença, os bombeiros vizinhos

de Benavente. Feita continência aos visitantes: Presidente da Federação

Distrital de Santarém e conselheiro da Inspecção do Serviço Nacional de

Bombeiros e ao presidente da Liga dos Bombeiros de Portugal.

O presidente da Direcção, Dr. José Gameiro dos Santos, deu início às

cerimónias, começando por fazer um breve historial da associação,

finalizando dizendo que os actuais dirigentes, tiveram como especial

prioridade “arrumar a casa”, o que em parte já estava conseguido.

Fez severas criticas aos CTT, pois à muito

estava requisitada uma nova linha de telefone,

e até à data não tinham obtido resposta

daquela empresa.

O Comandante, Sr. Carlos Leonel Duarte,

informou que os bombeiros de Salvaterra,

durante o último ano, prestaram entre outros serviços, 7909 horas de ambulância, 93 assistências a acidente de viação, acudiram a 33

acidentes de trabalho, estiveram presentes em 8 fogos de habitação, socorreram 71 parturientes, foram chamados a combater 3 fogos em

searas, tendo as viaturas percorridos cerca de 10.110 km.

Usando de seguida a palavra, o presidente da Federação Distrital dos Bombeiros de Santarém, deu os parabéns à Associação Humanitária de

Salvaterra de Magos, através da sua direcção. Com um contacto assíduo

com estes, teve ensejo de verificar o dinamismo e carolice que,

manifestavam nos desejos de conseguirem mais e melhor para os seus

bombeiros, assim era seu dever registá-lo publicamente, disse.

Page 23: Bombeiros Voluntários e Banda de M úsica* As Origens (2ª edição)

23

Seguidamente, o presidente da Liga dos Bombeiros de Portugal,

depois de salientar o que este ano se vem passando em todo o país, onde

os pinhais e florestas, estão em chamas, vitimas na sua maior parte de

mãos criminosas, segundo se está a apurar, é de ver a presença dos

bombeiros que não regateando esforços e sacrifícios, ali chegam a

andar dias a fio.

Mais disse: A minha presença em Salvaterra de Magos, deve-se ao

facto da sua Corporação de Bombeiros, ter sido galardoada com a

“MEDALHA DE OURO DE DUAS ESTRELAS” – prémio instituído a nível

nacional e, este ano ser a escolhida com tal distinção honorífica que,

certamente enriquecerá o seu historial. De seguida com a ajuda do

comandante do corpo activo, colocou tão significativo galardão, no

estandarte da instituição. O último orador da cerimónia, foi o Dr. Alexandre António Monteiro, ali presente na qualidade de vice-presidente

da câmara municipal, destacando o trabalho feito por esta direcção,

especialmente com a criação de uma secção de bombeiros voluntários,

na vila e freguesia de Muge. A finalizar a cerimónia, foram distribuídos

os diplomas atribuídos pela Cruz Vermelha Portuguesa, aos bombeiros

que dias antes tinham terminado um curso de socorrismo, ministrado

naquela instituição de solidariedade. Fechou a cerimónia, o Padre, José

Diogo, pároco da freguesia, benzendo duas viaturas; um Jeep e uma

ambulância com a matrícula, NO-74-61. O primeiro veículo, recebeu o

nome “Bombeiros Fundadores”, estando presentes a representá-los e

foram padrinhos, os ex-voluntários, José Teodoro Amaro, os irmãos; Sebastião e Augusto Cabaço, João Feleciano Gil e João Miguel Oliveira (João Capadão). A segunda viatura, recebeu o nome “António Pedro Ferreira”, antigo comandante estando presentes, sua viúva e filhos.

23/08/1981 * Reportagem de: José Gameiro

Page 24: Bombeiros Voluntários e Banda de M úsica* As Origens (2ª edição)

24

Primeiro quartel dos Bombeiros de Salvaterra de Magos

1951 -Bombeiros – Guarda de Honra em frente aos Paços do Concelho, na cerimónia da inauguração da rede domiciliária de água á Vila

1966 – Desfile na Avenida, Festas dos Foiros e do Fandango

Page 25: Bombeiros Voluntários e Banda de M úsica* As Origens (2ª edição)

25

UM NOVO TEMPO NA ASSOCIAÇÃO DOS BOMBEIROS !

Os tempos eram outros!

A época da benemerência passou, até porque o homem moderno, é

diferente, está distanciado e pouco afectivo na solidarização para com a

comunidade onde vive. Passou a exigir dos poderes públicos a resolução

das suas necessidades básicas, deixou de praticar a filantropia para

com os seus semelhantes mais necessitados.

UM SONHO - UM NOVO QUARTEL

Construir, um novo edifício para quartel-sede, foi o lema da direcção

eleita para o mandato – 1999/2000

“As velhas instalações à muito se tornaram insuficientes para a prestação dos socorros que a população do concelho merece ”, Joaquim

Mário Antão, foi o porta-voz deste desejo, e com grande empenho, deu

inicio ao processo, logo seguindo com um projecto que deu entrada em

muitas secretarias oficiais, e a homologação da construção foi

concedida e comparticipada.

Entre as várias entidades, foi a câmara municipal, e a Associação dos

Bombeiros, que mais se responsabilizaram em suportar os custos da

obra, assim foi noticiado na comunicação social. Também foi lema

destes dirigentes recuperar a boa relação entre a direcção eos

bombeiros, dignificando assim a Instituição.

A direcção não se ficou pelo apaziguamento do mal estar que reinava

no corpo activo, continuou na ideia da construção de um novo

Page 26: Bombeiros Voluntários e Banda de M úsica* As Origens (2ª edição)

26

aquartelamento, em terrenos que sendo públicos, conseguiu uma

parcela, na chamada zona desportiva, o apoio às populações do concelho

estavam nos seus planos humanitários. PROJECTO PARA UM NOVO EDIFICIO DOS BOMBEIROS

CONCURSO PÚBLICO:

Nos jornais foi publicada a notícia do

acordo que foi possível encontrar entre o executivo camarário, e os membros da

direcção, a nível institucional, já que o

relacionamento existente tinha um clima de alguma crispação, que a comunicação social

da região, servia para constantemente

publicar, os pontos de vista sobre vários assuntos, em que a discórdia era mais

latente.

UM DIA NEGRO

A DETENÇÃO POLICIAL DOS SEUS DIRIGENTES

Com novas eleições, novos dirigentes foram eleitos. Uma queixa deu

entrada em tribunal, contra os que tinham deixado de gerir a Instituição,

incluindo o seu comandante, por suspeitas de irregularidades

praticadas. Um inquérito policial, “pouco transparente”, aberto em 2002, por denúncia daquela nova direcção, onde o “peculato, apropriação

ilegítima, favorecimento pessoal e económico” foram as causas

apuradas.

Page 27: Bombeiros Voluntários e Banda de M úsica* As Origens (2ª edição)

27

Dia 23 de Maio de 2004, era dia de grande festa na vila, os bombeiros

da FANFARRA, tinham convidado outras de todo o país, que actuavam

perante a população num grande desfile pelas ruas de Salvaterra de

Magos, que duraria algumas horas

Desenhos/alçados do novo Quatel dos Bombeiros

Manhã cedo, a polícia deteve o comandante dos bombeiros, Carlos

Leonel Duarte, à porta do Quartel, e ao longo do dia mais dois antigos

dirigentes; Joaquim Mário Silva Antão e José Gameiro dos Santos,

também foram alvos de mandato de prisão. A comunicação social escrita

Page 28: Bombeiros Voluntários e Banda de M úsica* As Origens (2ª edição)

28

e televisiva, já estava em peso na vila de Salvaterra de Magos, para

registar o acontecimento que, foi alvo de noticiário durante o dia,

especialmente nos telejornais. O desfile das Fanfarras, foi “amputado”,

pois os representantes de Salvaterra, deixaram de participar, magoados

perante o que se estava a viver naquele momento – um dia negro.

O jornal Correio da Manhã, publicava no dia seguinte, uma foto do

momento exacto da detenção, de Carlos Leonel, junto ao quartel dos

bombeiros.

Momento da prisão Saída do Tribunal, Do Comandante dos Dirigentes dos Bombeiros

A população sabendo do sucedido, logo tomou partido das pessoas

detidas, pois sabiam que eram pessoas impolutas, que muito se tinham

dedicado à causa dos bombeiros. Meses mais tarde, o tribunal de

Benavente, não lhes imputou quaisquer responsabilidades no processo

de que eram acusados, pelo que o mesmo foi arquivado – saíram livres de culpa. Os associados, na ira do seu desagrado, traduziram na

primeira oportunidade de novas eleições – destronou aqueles que

aproveitaram as causas cívicas, para perseguirem adversários políticos.

Page 29: Bombeiros Voluntários e Banda de M úsica* As Origens (2ª edição)

29

***************

**********

ANÚNCIO DO CONCURSO:

***************

***********

Page 30: Bombeiros Voluntários e Banda de M úsica* As Origens (2ª edição)

30

V

* Recortes de Jornais *

NOTICIAS DE SALVATERRA ! Acidente

Salvaterra de Magos, hoje, dia 4, pelas 9,30 horas, na ocasião em que a

Corporação dos Bombeiros Voluntários desta vila se dirigia para o local

onde costuma fazer os seus exercícios, encontrava-se parado, na

avenida do Calvário; um carro de bois, pertencente a Luiz Roquette

(Herdeiros). Sobre o carro encontrava-se uma criança de 7 anos. Os

bois assustaram-se por qualquer motivo e fugiram em louca correria,

levando atrelado o carro que levava a pobre criança. Graças à rápida

intervenção de alguns bombeiros que seguiram correndo atrás do carro,

e em especial o voluntário, Sebastião Augusto Cabaço, que conseguiu

saltar, para dentro do veiculo, a criança foi salva de um desastre, pois já se preparava para saltar para a estrada. Os bois só pararam a grande

distância desta vila. Era de maior justiça que o bombeiro, Sebastião

Cabaço fosse louvado, obtendo, assim o prémio da sua nobre acção –

Correspondente: José Teodo Amaro

Page 31: Bombeiros Voluntários e Banda de M úsica* As Origens (2ª edição)

31

Nota: Mais tarde, em 1990 – O autor destas linhas, depois de vários

contactos, recebeu a informação, junto do Sr. Gastão Caçador Aleluia,

nascido em 1936 – era ele a criança que em 1943, foi alvo da notícia

publicado no jornal “ O Século”

Ecos de Salvaterra !

Sob a direcção dos Bombeiros desta vila, constituída actualmente

pelos senhores; Carlos Eugénio Machado das Neves, Presidente; Evaristo

Filipe Andrade, Vice-Presidente; José Virgolino Torroais, 1º-secretário, e

o Prof. Jorge Assunção; Tesoureiro, reuniram-se na semana anterior

todos os corpos directivos desta prestimosa Associação, tendo

deliberado fazer a aquisição de uma nova ambulância, a gasóleo.

Para este fim, vão contactar com determinadas entidades oficiais e

particulares, está também nos seus orizontes, realizar durante o ano

várias competições desportivas, em vista à angariação de fundos

indispensáveis para tão útil e importante melhoramento.

In –Jornal Aurora do Ribatejo * José Gameiro – 12.5.1973

********** ******

Page 32: Bombeiros Voluntários e Banda de M úsica* As Origens (2ª edição)

32

VI PARA QUANDO UMA RUA PARA

GASPAR DA COSTA RAMALHO

“No passado dia 20 de Outubro, de 1998, mais

um aniversário passou da data do seu

nascimento. Quase sempre, nunca, ou

tardiamente, as pessoas sabem ser

agradecidas porque os preconceitos

ultrapassam os desejos. Na população de

Salvaterra de Magos, ainda existe uma geração

que, conheceu e, beneficiou da benemerência de Gaspar da Costa

Ramalho, homem que soube distribuir muito dos haveres que tinha, pelos

pobres seus concidadãos. Depois de alguns anos a “pesquisar” as várias

formas da sua benemerência, sobressaem, as instituições da sua terra,

as mais contempladas.

“Gaspar Ramalho, nasceu em Salvaterra de Magos no dia 20 de Outubro

de 1868, filho de José de Sousa Ramalho e de Joaquina Victória. Ao

longo de uma vida de 94 anos, foi um grande lavrador, com propriedades

nos concelhos de Azambuja, Vila Franca, Benavente e Salvaterra, a sua

imensa riqueza foi gerida com benemerência humilde. Quando do

terramoto de 1909, onde as populações de Samora Correia, Benavente e Salvaterra de Magos sentiram os seus efeitos devastadores mais de

perto, logo a mão amiga de Costa Ramalho se manifestou dizendo presente. O seu grande “martírio” eram sempre os necessitados,

especialmente as crianças. Para tornar realidade um sonho da

população Salvaterriana, em 1912 acompanhado de um outro lavrador,

Page 33: Bombeiros Voluntários e Banda de M úsica* As Origens (2ª edição)

33

Francisco Ferreira Lino, construiu o edifício que viria a servir de hospital

e, o ofertou à Misericórdia local. No entanto, e porque os Invernos eram

rigorosos e devastadores, a classe rural sofria na carne essa tremenda

calamidade, no ano de 1900, construiu uma grande adega e armazéns,

aproveitando as ruínas do que foi o Palácio das Damas, situado no actual

Largo dos Combatentes. Espaço, que para além do tempo da construção,

serviu durante muitos anos como local para muitos postos de trabalho.

Quando da construção da Praça de Toiros em 1920, a “Comissão Construtora” se debatia com dificuldades financeiras para concretizar o

que esperava ser uma realidade, logo um “anónimo” suportou os

valores, em falta, realizando assim os desejos daqueles que estavam

empenhados na construção do belo edifício tauromáquico, qu e hoje

Salvaterra tem à entrada da vila. Não ficou por aqui o seu apoio, pois

quando do ciclone de 15 de Fevereiro de 1941, logo construiu bancadas

em cimento, tendo o Conde de Monte Real –Jorge de Melo e Faro - e sua

esposa, suportado a reconstrução das paredes da praça.

Com o seu coração sempre preocupado com o bem estar dos

desprotegidos da sorte, o campo cultural foi enriquecido com a

construção de um cineteatro, nos anos 20, tendo para tal transformado

alguns dos seus celeiros que possuía na Rua Machado Santos. Depois da

obra concluída ofertou-a aos Bombeiros Voluntários de Salvaterra,

situação mais tarde também acontecida, com a construção do edifício do

quartel. Continuando a pugnar pelo bem-estar da população, nunca

esquecendo os mais necessitados, em 1935 cria a “Casa do Povo de Salvaterra de Magos”, onde tomou lugar de Presidente da Comissão

organizadora e, depois da sua legalização foi Presidente da Assembleia-

geral. Para o efeito cedeu uma sua casa na Rua Cândido Reis, junto ao

solar da família Roquette e, ofereceu à Instituição durante anos o valor

de renda, que na altura era de 600$00 anuais.

Page 34: Bombeiros Voluntários e Banda de M úsica* As Origens (2ª edição)

34

Como a sua maneira de estar na vida era de grande descrição, teve

sempre a humildade de nunca estar presente aos festejos inaugurativos,

onde a sua mão bafejou os necessitados. A presença da sua

benemerência aparecia quando se apercebia das dificuldades das

instituições da terra; que o diga a Santa Casa de Misericórdia e, os

Bombeiros, entre outras tantas, sempre que nos fechos das contas as

várias gerências estavam em apuros com saldos negativos, logo um

“anónimo” repunha as importâncias em falta. Aos cortejos de oferendas promovidos pela Misericórdia, que na década de 1950 ainda se realizavam, Gaspar Ramalho, assumia a sua responsabilidade de cidadão salvaterrense,

ofertando grandes quantidades de produtos agrícolas para o respectivo leilão de angariação de fundos. Faleceu a 13 de Junho de 1962, na terra que o viu nascer, Salvaterra de Magos. Agora que se registam 130 anos do seu nascimento, e 36 após o seu falecimento, parece-me chegada a hora de deixar-

mos de ser ingratos. As instituições à muito já prestaram o seu reconhecimento, as autarquias locais – câmara e junta de freguesia, continuam a ignorá-lo! Vamos colocar a sua identificação naquela rua que, recebeu

oficialmente o seu nome, pois. a melhor forma de homenagear, é lembrá-lo perpetuando o seu nome! (*) O poder autárquico instalado no município naquele período, enquanto pode sempre o ignorou. In – Jornal Vale do Tejo * 1998 * José Gameiro ****

(*) – Depois de tanta insistência do autor, em 2005, finalmente foi atribuído o nome de Gaspar da Costa Ramalho, a uma rua, que vai da Rua Padre Cruz e termina em frente às instalações da Misericórdia de Salvaterra de Magos.

Page 35: Bombeiros Voluntários e Banda de M úsica* As Origens (2ª edição)

35

VII

A FANFARRA DOS BOMBEIROS

Desde o início da corporação, em 1935, um terno de clarins ajustava-se

à representação da

instituição, com seu

estandarte, nos dias festivos.

Com o decorrer dos anos, por

volta de 1948, chegou a existir

mais de uma dúzia, que

tocavam: clarins, tambores e

caixas. Uma ou outra vez, a

crise era notória, por falta de componentes, porque os ensaios

requeriam muitas horas de grande dedicação. Em 1968, um jovem bombeiro, Vítor Soares (Vítor Diogo), que no

exército tinha pertencido a uma das suas fanfarras, teimava em recrutar camaradas para aquela prática e, à noite nos treinos, era ele o

fio de ligação com os ensaiados. Em 2001, eram poucos, Joaquim

Carvalho, José Narciso, Vítor Diogo e Luís Silva, eram os seus grandes entusiastas Um ano houve, pela saída do 1º de Dezembro, que o músico

do bombo grande, depois de tantas “marteladas”, o rebentou num dos

lados, passando a fazer o esforço de tocar no lado que estava disponível.

Este grupo, não parou, e em Setembro de 2003, fizeram um grande

ensaio pelas ruas de Salvaterra de Magos, disso dei conta nas páginas

do jornal o Mirante.

Page 36: Bombeiros Voluntários e Banda de M úsica* As Origens (2ª edição)

36

A FANFARRA DOS BOMBEIROS,

ESTÁ DE VOLTA!

“No passado dia 13, a noite estava quente, mas calma, os telejornais

mostravam-nos medonhos incêndios, que lavravam no país,

especialmente em Mafra – os bombeiro, esses soldados da paz, andavam

lá. Aqui, ao longe, sons de grandes tambores, entrou-nos por casa

dentro, o povo veio à rua, era a Fanfarra dos Bombeiros da nossa terra,

que estava de volta. Depois da última vez, que tocou num 1º de Dezembro,

já lá vão uns meses, voltava agora mais alegre, com mais energia, a nova

Fanfarra, composta por um grupo de cerca de 40 elementos, onde entre

os jovens se viam meninas e crianças, no seu primeiro ensaio, animavam

as ruas da vila de Salvaterra.

Os tambores, as caixas e os clarins, tocavam já em grande harmonia,

neste preparar para o dia da apresentação pública, espero seja breve, e

nos “envaideça” deles, do muito brilho e enriquecimento, que certamente

vêm dar à sua “nossa” corporação – os bombeiros voluntários de

Salvaterra de Magos. Porque a Fanfarra, está de volta, o povo da terra,

certamente os vai apoiar, e eles merecem-no

Aqui dou conta, da imensa alegria, que foi ver aquela “rapaziada” que

não desiste.”

Como eles marchavam, foi bom de ver ! In) – Jornal “O Mirante” * José Gameiro

**************** ************

Page 37: Bombeiros Voluntários e Banda de M úsica* As Origens (2ª edição)

37

O PRIMEIRO DE DEZEMBRO DE 2006

Uma tradição comemorada nesta terra, conhecida pelo menos desde o

século XIX, o primeiro de Dezembro era lembrado por um grupo de

músicos que, percorria as ruas da vila, tocando o “Hino da Restauração”

pela madrugada daquele dia, até o sol nascer – Depois era dia de

trabalho!

Mais tarde, a Banda de Música dos Bombeiros, disso se encarregou

sozinha até ao aparecimento da Fanfarra, que também começou a fazê-lo. No ano que agora findou, serviu para que seis meninas tocassem pela

primeira vez em público, pois marchavam garbosamente pelas ruas da

vila, fazendo parte dos 21 jovens elementos que, engrossavam agora a Banda de Música. Como sempre foi tocando o “Hino da Restauração”.

Um grande entusiasta, Diamantino Jacob, dedicado dirigente, também os

teve à sua porta e, uma música especial, foi tocada para António Armando Sousa Pinheiro, como retribuição do apoio que presta, desde

há anos, à banda, especialmente, neste dia 1º de Dezembro. Foram dois

momentos muito bonitos!

Page 38: Bombeiros Voluntários e Banda de M úsica* As Origens (2ª edição)

38

Naquele grupo de jovens músicos, lá continuavam a marchar e tocar,

dois “sobreviventes” de uma outra geração mais antiga; Manuel

Sebastião Catarino, Manuel Travessa e Hernâni Arroz Damásio, sob a

direcção do maestro; Luís Silva. Umas horas antes, ainda era noite, já a

Fanfarra dos Bombeiros, alegrava as ruas da vila, com um enorme

cortejo de participantes, onde se via a juventude, mesmo crianças que

tocavam os seus tambores.

Os clarins davam o mote !

************ ********** *****

Page 39: Bombeiros Voluntários e Banda de M úsica* As Origens (2ª edição)

39

VII

GRUPOS MUSICAIS EM SALVATERRA DE MAGOS

O CORETO

Sabe-se que 1883, quando do primeiro arranjo do jardim, no largo

público em frente à Câmara Municipal, e que passou a chamar-se

“Dr.Oliveira Feijão”, algumas vozes chamaram a atenção para a

construção de um coreto, onde os vários grupos musicais existentes na

vila, ali pudessem tocar, aos domingos e dias festivos. Quando de outras

obras, em 1892, naquele espaço, foi satisfeita tal pretensão com a

construção de um pequeno coreto em alvenaria, tendo sido feito um

igual na freguesia de

Mugue, junto da Igreja da vila. Depois da implantação da República, os

grupos musicais foram desaparecendo, ficando tal diversão, muitos anos depois ficado a cargo da nova Banda dos Bombeiros. Recebendo aquele

jardim em 1957, uma nova urbanização, desapareceu o coreto e foi

construído um outro móvel em madeira. Este, agora era usado amiúdas vezes no Largo dos Combatentes, sendo constantemente cedido a outros

municipios vizinhos, indo mesmo ao Montijo (1), até que desapareceu.

(1) O autor, quando menino, acompanhava seu pai José Gameiro Cantante (funcionário da câmara) e o Carpinteiro; José Luis das Neves, na instalação deste Coreto construído em Madeira,

na vila nas várias povoações onde era emprestado.

Page 40: Bombeiros Voluntários e Banda de M úsica* As Origens (2ª edição)

40

1940 - Praça da República – Jardim com Coreto

Page 41: Bombeiros Voluntários e Banda de M úsica* As Origens (2ª edição)

41

IX

COMO NASCEU A BANDA DE MÚSICA DOS BOMBEIROS VOLUNTÁRIOS

DE SALVATERRA DE MAGOS

Naquele ano de 1965, João Pereira (Jope), estava mais uma vez, de

visita a Salvaterra de Magos e, como habitualmente procurou-me para

saber novidades da nossa terra !

Aproveitou, fazendo-me a oferta das suas memórias, um trabalho

sobre a origem da Banda de Música, solicitando-me com grande

empenho que as divulga-se, para conhecimento das gerações vindouras.

Tínhamos na altura, no já desaparecido jornal “Aurora do Ribatejo”, semanário, um espaço nas suas colunas, e dias depois o texto sobre a

origem da Banda de Música dos Bombeiros de Salvaterra de Magos.

“Todas as bandas de música, por mais modestas que sejam, têm a sua história; porém, porque a Banda dos Bombeiros Voluntários de Salvaterra de Magos se relaciona com uma das mais interessantes passagens dos meus tempos de rapaz, julgo conveniente e interessante

Page 42: Bombeiros Voluntários e Banda de M úsica* As Origens (2ª edição)

42

esta narrativa, para que os antigos não esqueçam e os novos conheçam, como de um grupo de modestos e simples rapazes, nasceu uma obra digna da corporação e da terra a que pertence.

Nesse tempo ainda Salvaterra não gozava dos benefícios da luz eléctrica, sendo os locais de mais movimento iluminados por candeeiros a gás calcário. Numa noite de Agosto, à luz de um desses velhos candeeiros colocado à esquina da rua Direita, sentados num poial de uma das portas do estabelecimento do Sr. Pedro dos Santos, um grupo de rapazes discutia: não assuntos de futebol, como certamente hoje fariam, mas a forma de conseguir organizar algo de útil e agradável, ao seu espírito e a terra que lhes serviu de berço. Pensavam uns em formar um grupo folclórico; outros num grupo cénico; outros ainda, alvitravam a formação de um grupo coral. Todas estas ideias, eram discutidas sob inúmeras h ipóteses, arrastando-se até bastante tarde. Já passava da meia-noite, quando me assaltou o cérebro uma feliz ideia.

Page 43: Bombeiros Voluntários e Banda de M úsica* As Origens (2ª edição)

43

Haviam uns antigos executantes de bandas de música outrora existentes na vila que conservavam ainda em seu poder velhos instrumentos, como relíquia do passado, alguns dos quais eu conhecia, o que me levou a ter o seguinte desabafo:

Éh, rapaziada, se fossemos pedir alguns desses velhos instrumentos que se encontram em poder dos músicos antigos para fazer a surpresa de tocarmos o Hino da Restauração no dia 1 de Dezembro ?

Todos concordaram com esta ideia, ficando desde logo combinado ir no dia seguinte, falar aos antigos músicos, expondo-lhes as nossas intenções. No outro dia, à hora do almoço, já se encontravam na nossa posse alguns instrumentos: o Cornetim do Manuel Caetano Doutor, o Contrabaixo do João Borrego, o Barítono do velho Sebastiana, o Saxofone, do Roberto Serra, enfim tudo o

que fora possível descobrir ! Começaram então a fervilhar os comentários, como não podia deixar de ser; favoráveis uns, desfavoráveis outros. Havia quem nos encorajasse a prosseguir, indicando até alguns benéficos pormenores e, havia os que não acreditavam em rapazes – detractores sempre existiram – dizendo a quem lhes abordava o assunto: - Vocês ainda acreditam em qualquer coisa feita por rapazes? Tenham mas é juízo, eles não conseguem nada !...

Page 44: Bombeiros Voluntários e Banda de M úsica* As Origens (2ª edição)

44

Entretanto a notícia espalhava-se por toda a localidade e, a rapaziada salvaterrense, tomando conhecimento desta resolução, acorria ao nosso encontro inscrevendo-se com entusiasmo numa já então longa lista de candidatos a futuros filarmónicos. No grupo existia um elemento que já conhecia muito bem a música, era o “Zé Carlos” - José Carlos Augusto Cabaço - foram dele as primeiras lições de solfejo recebidas. Embora a intenção inicial fosse resumida apenas ao Hino tocado pelos seis ou sete iniciadores de tão genial ideia, a verdade é que em poucos dias já se encontravam inscritos uns 38 rapazes desejosos de tocarem quaisquer instrumentos.

Começou então um verdadeiro assalto ao velho instrumental, elucidados por alguns velhotes, especialmente pelos que sempre acreditaram no êxito do nosso empreendimento, descobrimos: Bombardinos, Clarinetes, Saxofones, Trombones, Trompas, etc.

Page 45: Bombeiros Voluntários e Banda de M úsica* As Origens (2ª edição)

45

Alguns deixaram de ver a luz do dia à dezenas de anos, em consequência de que se encontravam lindamente “ornamentados” com enormes teias de aranha e bonitas manchas verdes. Um Contrabaixo, que me veio parar às mãos, para limpar, tinha dentro um ninho com oito inocentes ratinhos! Para conseguir tirar dele algum som, tive de o lavar com sete panelas de água quente e cerca de dois quilos de potassa. Isto prova bem o estado em que se encontravam alguns desgraçados instrumentos, cujo estado de conservação era igual ou parecido, originando a todas tarefas idênticas ao meu. Depois de tudo isto à força de entusiásticas canseiras, começaram as primeiras lições que, como não podia deixar de ser, tiveram início nas respectivas escalas, tiradas com muitos assopros e algumas bochechas. O solfejo ministrado a cada executante foi apenas o indispensável para compreender o Hino da Restauração, pois faltavam só 3 meses e de qualquer maneira o grupo sairia a tocar.

Os que já conheciam algumas notinhas de música ensinavam os outros, facilitando assim a tarefa do incansável “Zé Carlos” que por ser o mais habilitado, era na altura o nosso “Maestro”. Algumas semanas antes do ambicionado dia, já todos – ou quase todos – sabiam tocar o hino, embora a maioria o fizesse de ouvido, porquanto o solfejo tornava-se difícil e complicado em tão pouco tempo. Já então alguns dos incrédulos, reparando na azafama da rapaziada, começaram a acreditar na possibilidade de se poder organizar qualquer

Page 46: Bombeiros Voluntários e Banda de M úsica* As Origens (2ª edição)

46

coisa de jeito, tal não era o louco entusiasmo com que a mocidade se entregava ao seu sonho! Agora não era apenas o desejo de tocar o Hino da Restauração, não senhor; havia já uma ambição mais forte, a de poder formar uma filarmónica, preenchendo uma falta existente há dezenas de anos! Praticamente os dias de descanso não existiam: o tempo passava-se velozmente e era necessário que o grupo saísse o melhor possível, ainda mesmo que a maioria tocasse de ouvido. Todos os dias se ensaiava e muitas vezes ouvi ralhar minha mãe: - Oh rapaz, tu não tens assento para nada; mal chegas a casa, jantas à pressa e sais, parece que andas maluco com o diabo da música, ora esta! E era verdade, ela tinha razão coitada, como quase sempre a têm todas as mães que advertem os filhos quando lhes notam quaisquer anormalidade. Eu andava numa autêntica loucura; quase que não comia e trazia os lábios vermelhos e inchados devido ao bocal do contrabaixo: era este o instrumento que eu tocava. O Jacinto Hipólito, o “Lagarto”, comprometera-se a tocá-lo mas, ao ver o estado como o pobre instrumento saíra do sótão da casa do João Borrego, cheio de teias de aranha, de manchas negras, e com um fofinho ninho de ratitos dentro da campânula, não quis tocar nele; foi então que o levei para casa e o lavei, como já disse. Para melhor poder afinar o conjunto, começámos a compreender que seria necessário o auxilio de alguém mais velho e de mais competência,

Page 47: Bombeiros Voluntários e Banda de M úsica* As Origens (2ª edição)

47

pois a boa vontade e os conhecimentos do “Zé Carlos” não eram já suficientes. Conhecedor desta nossa intenção, o Sr. Roberto Júnior, (vulgo Roberto da Ferradora), músico competente e homem já de certa idade, ofereceu os seus préstimos como orientador e ensaiador, não desdenhando pôr a sua calva rodeada de cabelos brancos ao serviço dum grupo de irrequietos rapazes, cujas idades se cifravam entre os quinze e os vinte e três anos. Num amplo celeiro da Companhia das Lezírias que, para o efeito nos emprestaram, começaram os ensaios sobre a nova orientação. Tocando e marchando horas sem fim, nunca houve entre o numeroso grupo um queixume, um desânimo, ou qualquer sinal de aversão. Na noite que antecedeu o dia 1º de Dezembro desse ano, nenhum de nós dormiu em casa. O grande benemérito, Sr. Gaspar da Costa Ramalho, pôs à nossa disposição uma casa, nesse tempo ainda desabitada, para nela passarmos essa noite e onde organizámos uma ceia, finda a qual ninguém mais dormiu: as horas pareciam ter o dobro dos minutos o que, na ânsia de ver chegar a madrugada, dava a todos a ilusão de horas mais compridas. Um foguete, logo seguido de um morteiro, ambos lançados pelo velho empregado da Câmara, Sr. Vitorino (dos Candeeiros), deu a indicação de que eram já cinco horas da manhã. Faltava a penas uma hora para que o sonho de toda a rapaziada se tornasse realidade!

Page 48: Bombeiros Voluntários e Banda de M úsica* As Origens (2ª edição)

48

Às cinco e meia, cada um com o seu instrumento debaixo do braço, todo o grupo se dirigiu para o Largo da Câmara Municipal, em cuja frente se tocaria pela primeira vez. Todos formados, a postos, esperámos que o relógio da torre da Igreja Matriz, desse as seis badaladas. Logo que a primeira ecoou, rompeu o Hino da Restauração, tocado (?) por trinta e tal rapazes cheios de alegria por verem enfim satisfeita a sua ambição. Muito povo se aglomerou também em frente aos paços do concelho e, ao verificarem a alegria, o entusiasmo, e até a comoção daqueles endiabrados rapazes, não puderam conter-se e em muitas faces se viram lágrimas de comovida satisfação. A todas a ruas, travessas e becos, foi levado o “Hino da Restauração”, tocado repetidas vezes, entre o estalejar dos foguetes, a vozearia do rapazio, o ladrar dos cães e o cantar dos galos que, habituadas habituados a serem só deles os únicos sons ouvidos àquela hora, pareciam cantar de maneira diferente, certamente irritados por notarem que algo de estranho tirava a primazia do despertar da “Aurora” naquele dia. À medida que o grupo avançava ia engrossando a comitiva de admiradores, pois à nossa passagem não havia quem resistisse ao desejo de se levantar e seguir atrás da música. Ao meio-dia, repetiu-se as voltas, o mesmo sucedendo à noite: Salvaterra, encontrava-se então entusiasmadíssima com a proeza dos seus moços, cujo feito mais parecia um sonho que uma realidade!

Page 49: Bombeiros Voluntários e Banda de M úsica* As Origens (2ª edição)

49

Terminada a tarefa daquele dia, alguém lembrou a conveniência em continuarmos, aproveitando o entusiasmo inicial para a formação de uma filarmónica na terra, preconizando até uma reunião para discutir o assunto. Durante um jantar de homenagem preparado para o efeito, ficou combinado a formação do agrupamento que a partir daquele momento passou a denominar-se GRUPO MUSICAL SALVATERRENSE, ficando o Sr Roberto Júnior, como director artístico. Alugou-se um celeiro onde foram montadas as respectivas instalações e, aproveitando a boa vontade de muitos amigos, foi lançada uma pequena cotização mensal que, juntamente com o produto de algumas festas, nomeadamente bailes, servia para suprir as despesas. Embora o grupo musical, fosse formado com grande entusiasmo e ficasse sob a orientação de boas vontades, a sua existência foi curta (cerca de um ano apenas), e pouco brilhante porquanto não começou da melhor maneira. Conforme já lhes contei, a grande maioria dos componentes não sabia solfejar, pelo que não haveria muito a esperar do seu valor como filarmónicos: a prova é que durante um ano conseguiram apenas ensaiar e tocar duas marchas bastantes simples. Começaram então a aparecer algumas discordâncias, pela forma decorria a orientação do agrupamento, pois alguns, com justificada razão, insistiam para que fossem ministradas lições de solfejo aos executantes antes de serem postos à estante. O senhor Justiniano Ferreira Estudante, saudoso comandante dos bombeiros voluntários, notando talvez os pontos de discórdia existentes na rapaziada, pediu a

Page 50: Bombeiros Voluntários e Banda de M úsica* As Origens (2ª edição)

50

comparência dos principais obreiros do Musical no seu gabinete, a quem expôs, com palavras bastante elucidativas, as vantagens que adviriam da transferência do Grupo para aquela Corporação. Como nem todos concordassem com a referida transferência, havendo até alguns que afirmavam não querer entregar à Corporação dos Bombeiros uma obra que tanto trabalho dera, ficou deliberado efectuar-se uma reunião entre todos, onde cada um, por escrutínio secreto, se manifestaria consoante a sua vontade, resolvendo assim o futuro da música em Salvaterra. Troup-Jazz ”Os Persistentes”

Setenta por cento da rapaziada, mais ou menos, se manifestou favorável à dissolução do Grupo Musical, cuja resolução encheu de júbilo o Sr. Justiniano, porque viu possível formar o que tanto entusiasticamente idealizara – uma banda de música dentro da corporação que tanto adorava. Se havia elementos orgulhosos da sua obra, satisfeitos por pertencerem ao número dos que tornaram possível a formação de um grupo musical em Salvaterra, eu era dos mais

Page 51: Bombeiros Voluntários e Banda de M úsica* As Origens (2ª edição)

51

entusiastas, tanto mais que me pertencia, além dos outros, a honra da iniciativa. Todavia não concordava com a existência do agrupamento dentro daquela orientação, por me parecer impossível a sua manutenção sem ordem e sem preparação artística, o que equivaleria a um bom cavalo

sem pernas, um bom relógio sem ponteiros, etc..

Daquele dissolvido grupo nunca Salvaterra poderia esperar quais quer acções que a dignificassem. Os que me acompanharam nestas passagens poderão justificar a minha razão ! Que se poderia esperar de músicos (?) sem saberem solfejar? Alguns, quando se lhes dizia que os instrumentos deveriam dar lugar ao solfejo por uns tempos, respondiam de mau humor: Solfejo para quê? Isto a poder do tempo toca-se; vocês nunca ouviram dizer que água mole em pedra dura tanto bate até que fura?... Por discordar destas disparatadas opiniões, perdi a amizade de alguns amigos, inclusivamente a do próprio Zé Carlos Cabaço que até então fora um dos mais dedicados! Como a consciência me diz ainda hoje que procedi de forma a não ter de arrepender-me, sinto satisfação por ter também contribuído para a formação da Banda dos Bombeiros. Não julguem, que foi fácil organizar devidamente a banda dentro da Corporação dos Bombeiros; algumas dificuldades surgiram de princípio, pois lá também havia quem pretendesse fazer caminhar o conjunto tal

Page 52: Bombeiros Voluntários e Banda de M úsica* As Origens (2ª edição)

52

como entrara, com músicos artificiais, levando ainda mais um ano, talvez, a encontrar o verdadeiro caminho. Foi então que a respectiva direcção, dando crédito às nossas insistências, o maestro e compositor, António Paulo Cordeiro, para formar a futura banda, o que todos encheu de entusiasmo e esperança, dada a sua reconhecida competência. Este senhor, depois de observar individualmente todo o conjunto, ordenou que alguns colocassem os respectivos instrumentos na prateleira, sendo durante algumas semanas substituídos pelos livros de solfejo, passando em seguida diversas lições, exercitando cada um no seu instrumento. O entusiasmo recrudesceu, registando-se a entrada de um bom número de aprendizes, e quando pela primeira vez, depois desta orientação, os salvaterrenses viram e ouviram o novo conjunto, já não lhe chamaram o “Grupo dos Rapazes”, como anteriormente, mas sim a nossa Banda dos Bombeiros!... Embora sem grandes aspirações, a “minha” Banda – como orgulhosamente lhe chamo – tem vindo a caminhar através dos tempos, umas vezes melhor outras pior, como sucede com todas, até mesmo algumas com grandes aspirações, mas sempre afinadinha e gritando “presente” em todos os festejos que a sua terra realize.” “Esta é a história, da banda de Música dos Bombeiros Voluntários de Salvaterra de Magos, contada por quem viveu as suas primeiras alegrias e tristezas, sempre animado do mais sincero desejo de contribuir para algo de útil à sua terra. A vida, esse “fantasma” que nos encaminha para onde quer, obriga-me a viver longe de Salvaterra; porém isso não obsta a que siga apaixonadamente o seu rodar, interessando-me por tudo que

Page 53: Bombeiros Voluntários e Banda de M úsica* As Origens (2ª edição)

53

lhe diz respeito, e muito especialmente pela sua Banda, de cujo caminhar me informo sempre que a visite.” O documento, tinha agora divulgação pública, nos jornais, no entanto

João Pereira, distribuiu alguns exemplares por amigos de longa data.

Uns meses depois, o Henrique da Graça, que foi durante muitos anos

carteiro na vila, e também um dos que iniciaram aquela aventura,

encontrou-me e disse-me: “ Olha, que naquela história da Banda, do João

Pereira, falta-lhe lá uns permeares. Eu, um dia conto-te ! “

* Joaquim Conceição Damásio (Joaquim Pé-leve), e muitos outros

também me deram alguns dados da (sua) banda, com outros pontos de

vista, quanto ao aparecimento, da que viria a ser a Banda de Música dos

bombeiros Voluntários de Salvaterra de Magos (*)

***** (*) – José Henrique Serra da Graça, filho de Henrique da Graça, antigo carteiro e músico, distribuiu em Dezembro de 2004, uma brochura, onde contava a versão do pai, sobre a origem da Banda de Música.

Page 54: Bombeiros Voluntários e Banda de M úsica* As Origens (2ª edição)

54

A OUTRA VERSÃO Para ser comparada uma outra versão, do aparecimento da Banda de

Música dos Bombeiros, não deixei de ter a tentação de aqui transcrever

o manuscrito, de Henrique da Graça, usado no livro editado pelo seu filho

– José Henrique Serra da Graça, em 2004, e que desde já nos

penetênciamos pelo atrevimento, sem a devida anuência.

“Entendo ser conveniente dar a idea mais exacta e ao mesmo tempo

estar em desacordo como a forma apresentada, pelo nosso amigo João

Pereira (Jope) a formação da Banda de Música, na qual estive e vivi

totalmente por dentro, aliáso Jope também esteve como fundador.

Antes de nascer a Banda, existia um Jaz-Bande, nome que se dava aos

conjuntos musicias da época com o nome de os “Persistentes”, que a

nosso pedido, o sr. Roberto Fonseca Júnior, nos indicou como sendo o

mais adequado, faziam parte deste conjunto, José Carlos Augusto

Cabaço (Clarinete), que nos ensinou o solfejo e depois o orientador do

grupo, José Miguel Travessa (Trompete), Henrique da Graça (Sax-alto),

Francisco Henriques da Fonseca (Bandola-Banjo), Jacinto Hipólito

(Bandolim), José Luis Serra Borrego (Banjo), Raúl Moreira Torroais

(Bateria), João Pereira (Bandola-viola), mais tarde Rui Cordeiro

(Trompete) e alguns destes elementos chegaram a atingir alguma

experiência.

Não amigo João Pereira, não estávamos no poial do sr. Pedro dos Santos a discutir o que deviamos fazer, Grupo Coral? Cénico? Folclore?

Então tinhamos o nosso Jaz-Band, e estavamos a inventar coisas para

passar–mos o tempo ? a nossa casa de ensaios do Grupo era-nos

cedida pelo Francisco Fonseca (Vassoura) que também tocava no grupo,

casa-arrecadação que dava para a rua d`água, era ali, que passávamos

Page 55: Bombeiros Voluntários e Banda de M úsica* As Origens (2ª edição)

55

tôdas as noites praticando, e estávamos nós no poial a tentar descobrir

o que fazer fazer? à meia-noite?

Ter-se-á esquecidoo nosso conterraneo esquecido que também fazia

parte do grupo?

A sua versão não é exacta, dando a entender de que até aquela data,

(noite) nada havia, existia èste grupo musical e daqui a formação do

Grupo Músical Salvaterrense, esta a verdade núa e crúa, por muito que

pese ao nosso amigo João Pereira, creio mesmo se tentar visionar o que

afirmo. É pessoa suficiente inteligente para reconhecer que houve

alguma confusão. Agora um pouco maid e história da Banda, tivemos

alguns ensaios num celeiro na rua atrás da Igreja, sob a regência do sr.

Roberto Júnior, depois alugámos um celeiro na av. Vicente Lucas de

Aguiar, ( hoje Dr. Roberto F. da Fonseca) onde se davam bailes para

amgariar fundos, sendo (os Persistentes) o nosso Jaz-Band, já

integrados no Grupo Músical Salvaterrense que abrilhantava estes

bailes, depois o que é conhecido, transferência para os Bombeiros, o

qual passou a chamar-se Banda dos Bombeiros Voluntários, ainda

tivemos em princípio como regente o sr. prof. Manuel Duarte Assunção,

mas as suas habilitações musicias não eram suficiente, viria então o

competente Maestro António Paulo Cordeiro, natural de Salvaterra.

Pela primeira vez que a Banda oficialmente saía a tocar em 1941, numa

corrida de touros, depois da restauração da Praça, danificada pelo

ciclone, tivemos conhecimento de que estava um senhor como hospede

em casa do sr. Conde Monte Real, encarregado de ovir o Hino a Internacional? * Hino da Carta, que na época era proíbido tocal em

Portugal, alguém de Salvaterra denúnciou a Banda, de que ensaiava esse

hino para o dia da corrida, os tais detractores, por ciúme ou inveja e

mais, para desvirtuar o competente Paulo Cordeiro etc. Etc. Bem isto é

outra história. O certo é que estava tudo e na hora para a saída da

Page 56: Bombeiros Voluntários e Banda de M úsica* As Origens (2ª edição)

56

Banda, enquanto se aguardava a chegada do sr. encarregado de ouvir o

Hino, à última hora, o sr. Paulo Cordeiro (Maestro) com a sua

competência, pegou num lápis e começa a fazer cortes, riscando, aqui,

riscando ali, nas partes essenciais do Hino, para que não fossem ouvidas

a parte melódica, no meu caso, diz-me, finge que tocas, queria dizer,

nem uma nota, não teve o mesmo brilho, mas foi o suficiente para

passar o exame. Ainda hoje acredito que esse sr. não foi vencido,

convencido sim, pela forma em que o Hino foi camuflado. Finda a

inspecção ? os parabéns para a Banda onde a frase curta, podem tocar.

Salvaterra de Magos 12-12-88 Henrique da Graça “

O SEU PERCURSO! Desde aquele já longínquo ano de 1938, esta casa, por via da cultura

musical, foi uma escola de virtudes, não só pelo companheirismo ali

encontrado, como pelas dezenas de mestres que, ali passaram e, souberem incutir nos jovens alunos, o respeito por esta sublime arte que é a música. Envelheceu, teve uma vida com alguns percalços, que muitas vezes foram de “agonia”, mas sempre foram ultrapassados, apareciam alguns carolas prontos a dirigi-la. A ESCOLA DE MÚSICA

A sua escola funcionava, a juventude aderia e, todos os anos saia uma

fornada de músicos, uns ingressavam no agrupamento e aprendiam a

marchar, outros seguiam caminhos diferentes, iam mais enriquecidos –

a cultura musical – era agora sua companheira.

Page 57: Bombeiros Voluntários e Banda de M úsica* As Origens (2ª edição)

57

Depois de muitos anos em que o entusiasmo era tanto que, levou à

constituição de grupo teatral, a que foi dado o nome:

GRUPO DRAMATICO DA BANDA DOS BOMBEIROS VOLUNTÁRIOS DE SALVATERRA DE MAGOS. Este agrupamento levou à cena, no então teatro-cine, dos Bombeiros,

uma peça em três actos, da autoria Salvador Marques, cujo nome e

situação focava a vida dos CAMPINOS, ensaiada por Ruy Andrade.

(Parodiantes de Lisboa), naturais desta terra. O êxito foi tal, que ouve

necessidade de o representar, pelo menos mais uma vez, para a

população de Salvaterra de Magos, a par de outras em terras vizinhas.

A presença da Banda, era solicitada para estar presente em tudo

quanto eram festas populares e cerimónias oficiais, os concertos

proliferavam.

Inicia-se uma grave crise no meio da filarmónica que, levou alguns anos

a debelar, foi por volta de 1976, a revolução dos cravos, ainda ditava que,

se fizessem alguns “retoques”no antigo funcionamento das instituições.

Page 58: Bombeiros Voluntários e Banda de M úsica* As Origens (2ª edição)

58

Um grupo de 6 jovens dirigentes, com alguns dos antigos músicos

que regressaram, muitos pertenceram à

sua “raiz”, já tinham deixado a estante –

dando-lhe novo “folgo” como dirigentes.

Do grupo mais antigo, persistiam em

continuar: António Travessa, Ezequiel

Inácio, Manuel Joaquim Travessa, José

Luís Borrego, Fernando Santos, Luís

Gonçalves, Emílio Coelho, Florentino Viana,

Manuel Sebastião Catarino, Fortunato Ferreira e, alguns mais que a

memória dos registos teimam em esconder.

No ano de 1970, a banda de música dos bombeiros, tinha a dirigi-la o

muito saudoso mestre, Mendes Soldado, exímio sabedor da arte, de

Bethoven e Josephe Verdi. Um grupo de jovens meninas, desejou

aprender música, e o mestre, após um acordo com elas disse:

Saberão música, e até tocar um instrumento !

Mas gostaria de vê-las, a tocar na banda de música dos bombeiros

voluntários de Salvaterra de Magos. Nesse mesmo ano, de 1970, em dia

festivo, o primeiro grupo de jovens músicos sai, e o povo viu-os marchar

e tocar, pelas ruas de Salvaterra de Magos.

Em algumas faces, correram lágrimas, a banda dos bombeiros, era

uma das iniciadoras deste novo feito, em que as mulheres, passaram a

tocar nas bandas de Música de Bombeiros e Filarmónicas de Portugal.

Page 59: Bombeiros Voluntários e Banda de M úsica* As Origens (2ª edição)

59

Pena nossa, não poder encontrar registos de todos os directores que,

se empenharam e viveram a vida da Banda de Música dos Bombeiros, ao

longo da sua existência.

Mas dos primeiros, não deixamos de registar, o nome de Pedro dos

Santos, que conhecemos, e ainda anda de boca em boca !.

****************

************

Page 60: Bombeiros Voluntários e Banda de M úsica* As Origens (2ª edição)

60

Notas de Reportagem, na Comunicação Social !

A BANDA DE MUSICA DOS BOMBEIROS VOLUNTÁRIOS

DE SALVATERRA DE MAGOS

COMEMORA O SEU 43º ANIVERSÁRIO NA IGREJA MATRIZ

Na comemoração do seu 43º aniversário, a banda de música dos

bombeiros voluntários de Salvaterra, deu no passado dia 6 de Novembro,

um concerto, na Igreja matriz, onde um vasto programa foi atentamente

apreciado por um público que, a encheu por completo.

“Entre a assistência, notava-se a presença de grande número de

visitantes que, vieram expressamente da Azambuja, afim de assistirem

ao espectáculo musical. A banda apresentou-se ao público, reforçada

com elementos da Filarmónica da vila da Azambuja que, também trouxe para a actuarem a presença simpática de um Coro de crianças (Infantil),

num total de 60 vozes.

Page 61: Bombeiros Voluntários e Banda de M úsica* As Origens (2ª edição)

61

Devido a ser inédito nesta vila, um concerto na Igreja Matriz , o mesmo

era aguardado com uma certa expectativa, pois os sons ali produzidos

patentearam bem a presença dos 110 executantes (Coro e Músicos), até

porque as condições acústicas, serviram os fins em vista.

A abrir a sessão, o director, João António Hipólito, em breves

palavras, disse dos anseios e potencialidades da banda de música dos

bombeiros e, num comovente apelo aos ex-executantes que, por motivos

diversos se tinham afastado que regressassem, a banda precisava de

todos.

Também dirigiu a palavra aos pais e encarregados de algumas

instituições, que encaminhassem as crianças ao encontro da música,

pois a banda de música é uma escola de arte e, os compensaria no

enriquecimento da sua cultura.

Incluídos no vasto programa, foram executadas as peças: Dr. Vieira de

Carvalho, Camélia, No Jardim dum Templo Chinês, Canções e Cantigas,

Dallas, Coimbra, Baile dos Passarinhos, Hino da Alegria, Aleluia e Coro

dos Escravos “Nabucco”

Antes de finalizar o concerto, foi anunciado à assistência que, mais

um músico iria abandonar a banda, o executante – José Luiz Serra Borrego, após uma permanência de 43 anos, motivos de saúde o

impediam de continuar. A assistência, que enchia por completo aquele

templo religioso, de pé atribuiu-lhe demorada salva de palmas.

O José Luís Borrego, levantando-se comovido, e com as lágrimas nos

olhos, agradeceu!,,

Page 62: Bombeiros Voluntários e Banda de M úsica* As Origens (2ª edição)

62

Naquele momento, verificou-se que, valeu a pena tantos anos de

dedicação à “nossa” Banda de Música. A terminar o espectáculo, o Coro

e Banda, cantaram e tocaram o “CORO DOS ESCRAVOS” , com a

assistência envolvida numa prolongada ovação, pedindo uma repetição.

Este encontro, foi um reatar de tradições, onde os povos de

Salvaterra e Azambuja, fizeram lembrar, outros encontros que,

aconteceram nos primeiros anos do século.

In 6/ Novembro/ 1982 * José Gameiro

************

Page 63: Bombeiros Voluntários e Banda de M úsica* As Origens (2ª edição)

63

ACTUAÇÃO NO ESTRANGEIRO E NA TV DO LUXAMBURGO

Quando convidadas por um grupo de emigrantes de Salvaterra,

que trabalhavam no Luxemburgo, foram até àquele país e aturam

num Jardim público e, num programa de televisão dedicado aos

portugueses

Também quando da geminação entre o povo de Salvaterra de

Magos e, de Valkansuaard, actuaram na Holanda, pois foi celebrado

um acto de grande amizade, pois já séc. XIII, vinham para Salvaterra

de Magos, como Falcoeiros. Houve festejos nas duas localidades,

pois mais tarde os holandeses vieram retribuir a visita.

O MEIO SÉCULO DA BANDA

O Maestro João Teofilo - Com alunos em dia de saía oficial

Estiveram presentes, naquele dia festivo do ano de 1989, os poucos

músicos fundadores da banda de música, a receber as medalhas

Page 64: Bombeiros Voluntários e Banda de M úsica* As Origens (2ª edição)

64

comemorativas. Mário da Silva Antão, Joaquim da Conceição Damásio e

Carlos da Costa Paiva, foram acompanhados por uns quantos, como:

António Travessa, Fernando Santos, Ezequiel Inácio, executantes que já

“marcavam presença” há muitos anos na banda e, receberam também

tão merecida homenagem. No local, em frente ao edifício-sede dos

bombeiros, muito público assistia aquele acto comemorativo e, enquanto

eu, tomava notas para a notícia, vejo em sítio de grande descrição, um

homem já de idade avançada, com o lenço limpando uma lágrima rebelde,

manifestava assim, a grande alegria de todos, A banda de música, já

tinha 50 anos, Era o João Pereira !

OS DIRECTORES DA BANDA !

Pena nossa não poder, aqui fazer justa e merecida identificação de todos os dirigentes, que passaram pela banda de música. Ao longo dos

tempos, mas sendo parcos os registos, disso nos impedem, mesmo

assim não ficará mal, em lembrar: Pedro dos Santos, Eurico dos Santos Borrego, Alexandre Varanda da Cunha, José Martins dos Santos, José

Page 65: Bombeiros Voluntários e Banda de M úsica* As Origens (2ª edição)

65

Manuel Cabaço, João Almeida da Silva, José Teodoro Amaro, Manuel

Santana Lobo, João António Pinto Oliveira, Carlos Cantador Duarte, João

Hipólito Viegas e outros

AS CRISES!

Durante a sua existência, periodicamente, a banda de música, tem

sofrido algumas crises, quer de dirigentes, quer de executantes.

Em 1970, inicia-se um novo e grave período de vida naquela Banda de

Música que, levou alguns anos a debelar e, só em 1976, foi totalmente

sanada, após um grupo de 6 jovens dirigentes, com alguns dos antigos

músicos que regressaram.

O jovem músico Luís Andrade, fazendo continência a D. Dinis

Muitos que pertenceram à sua “raiz”, já a tinham deixado, a morte e a

velhice, eram algumas das causas de tão mau momento, que agora passava a banda. Dos mais antigos, persistiam em continuar: António

Page 66: Bombeiros Voluntários e Banda de M úsica* As Origens (2ª edição)

66

Travessa, Ezequiel Inácio, Manuel Joaquim Travessa, Manuel Sebastião Catarino, Hernâni Arroz Damásio, com mais um pequeno punhado de

novos executantes que entretanto se tinham preparado na escola

musical da instituição.

A finalizar este Apontamento, não seria justo deixar de registar a

dedicação e empenho, até mesmo sacrifício, no sector da cultura

musical, em Salvaterra de Magos, Diamantino Jacob, que nos últimos

anos, desenvolveu, grandes esforços, para manter bem alto o espírito de

cultura, da Banda de Música dos Bombeiros Voluntários de Salvaterra de

Magos, através dos ensaios semanais e respectiva escola de música.

*********

Page 67: Bombeiros Voluntários e Banda de M úsica* As Origens (2ª edição)

67

Page 68: Bombeiros Voluntários e Banda de M úsica* As Origens (2ª edição)

68

CONCURSO NACIONAL DE BANDAS MUSICAIS CIVIS

A FNAT – Fundação Nacional para a Alegria no Trabalho, realizou entre

1968 e 1971, o II concurso Nacional de Bandas Civis. Os concertos decorreram em várias cidades do país, sendo o seu apuramento sido

feito por categorias e eliminatórias.

A Bande dos Bombeiros de Salvaterra de Magos, tendo participado,

apresentou 33 executantes, e passando a 1ª eliminatória, em 4º lugar,

com 218 pontos, ficou-se na 2ª eliminatória, com o 5º lugar, com 179

pontos.

LOUVORES

O músico, Luís António de Almeida, saxofone-tenor, foi louvado, pelo

seu espírito de sacrifício, invulgar dedicação e alto sentido de

responsabilidade que revelou, apresentando-se no Teatro Garcia de Rezende (Évora), em maca, com uma perna engessada.

A BANDA DOS BOMBEIROS ACABOU!

Em 2011, uma persistente e grave crise finaceira, que se vinha instalando nos bombeiros, teve grandes reprecursões no bom funcionamento da

Banda, o que levou a maioria dos componentes desta, a optarem por

fundar uma Filarmónica na vila, deixando assim de existir a banda de música dos bombeiros voluntários de Salvaterra de Magos.

*************

Page 69: Bombeiros Voluntários e Banda de M úsica* As Origens (2ª edição)

69

X

O TEATRO-CINE DOS BOMBEIROS

Na necessidade de uma sala própria, para teatro e cinema, em

Salvaterra de Magos, o benemérito, Gaspar Costa Ramalho, por volta de

1925, mandou construir num seu celeiro, na antiga rua de S. Paulo (Rua

Machado Santos), um edifício com todos os requisitos da época, que se

adapta-se à representação teatral e à projecção de filmes, oferecendo-o

aos Bombeiros Voluntários da terra, para fins de poder angariar mais

receitas para a Instituição.

Ali se representaram vários espectáculos de teatro, que depois de

saírem de cena em Lisboa, começavam a percorrer o país.

Ao longo da sua existência, o Teatro-Cine, teve vários interessados na

sua exploração comercial, para além dos seus proprietários, os

bombeiros, sendo mecânico da máquina de projectar os filmes, o jovem

Hélio Mendes da Silva.

Mais tarde, no dobrar do séc. XX, um empresário de Marinhais,

Joaquim Martins Madeira, já com um cinema instalado naquela povoação,

durante anos explorou esta actividade, em Salvaterra de Magos, sendo o

maquinista Ezequiel Inácio. Nos dias quentes de Verão, utilizava um largo

espaço, numa propriedade da família Henriques Lino, na rua João Gomes,

onde funcionava a “Esplanada do Cinema”.

Page 70: Bombeiros Voluntários e Banda de M úsica* As Origens (2ª edição)

70

1950 -O Cine-Teatro dos Bombeiros, na Rua Machado Santos

Nos intervalos, o bar era no Café Progresso, com acesso por uma

pequena porta. Foi num destes anos que, ali se construiu um novo ecrã

de grandes dimensões, numa parede de tijolo e reboco de cimento,

pintado a branco pois tinha chegado o formato Cinemascópio, era uma

nova forma de visionar filmes, uma sociedade, entre Anselmo Goulão e Horácio Costa, funcionários da Raret, também explorou o Cine-Teatro,

dos bombeiros.

A firma Manuel Vieira Lopes & Filhos, Sucrs, por volta de 1959, estando

interessada neste campo empresarial, inicia a construção de uma nova

sala de espectáculos, “Conde dos Arcos”, as conversações com os

bombeiros, para celebrar um contrato de cedência anual de todo o

material existente no Cine – Teatro Salvaterrense, além do respectivo

alvará, pelo preço de quarenta mil escudos, e o compromisso da receita

Page 71: Bombeiros Voluntários e Banda de M úsica* As Origens (2ª edição)

71

anual de uma sessão de cinema, em dia de comemoração de anos.

Estando a máquina de projectar e outros acessórios do Cine-Teatro

Salvaterrense, já obsoletos, comprometeu-se a comprar novos

aparelhos para a projecção dos filmes.

A Direcção dos Bombeiros, reunida para deliberar o aluguer das

responsabilidades para os novos interessados, veio a verificar que, não

existia nenhum Alvará de exploração em nome dos Bombeiros, para

exibição de filmes. Na documentação existente, na Instituição, apenas um

licenciamento provisório, estava registado através da autorização do

Governo Civil de Santarém. Verificou-se assim, que o seu cinema, nunca

possuiu a autorização definitiva por meio de um Alvará, documento

necessário à época para a exploração daquele ramo de actividade.

Perante aquela situação, avançou a firma Vieira Lopes, na legalização

de uma sala de espectáculos, em Salvaterra de Magos, na sua

propriedade, na rua Heróis de Chaves, e a população não ficou privada

da exibição de filmes, sendo inaugurada em 31 de Maio de 1959, com o

filme “Os Miseráveis”, com os actores principais: Jean Gabin e Danie le

Delome.

***************

****

Page 72: Bombeiros Voluntários e Banda de M úsica* As Origens (2ª edição)

72

INDICE:

I - A INSTITUIÇÃO

II– CORPO ACTIVO

III – UM DIA DE FESTA, UM DIA DE LUTO

IV - RECEBER PREMIO EM TEMPO

DE ANIVERSÁRIO

V –RECORTES DE JORNAIS

V – UM NOVO TEMPO NA ASSOCIAÇÃO

DOS BOMBEIROS

VI UMA RUA PARA GASPAR DA COSTA RAMALHO

VII – A FANFARRA DOS BOMBEIROS

VIII – GRUPOS MUSICAIS – O CORETO

IX – COMO NASCEU A BANDA DE MÚSICA DOS BOMBEIROS

X – TEATRO-CINE DOS BOMBEIROS

Page 73: Bombeiros Voluntários e Banda de M úsica* As Origens (2ª edição)

73

BIBLIOGRAFIA USADA:

* Revista: A Hora – 1936

* Jornal Aurora do Ribatejo

*Jornal O Ribatejo

* Jornal Correio da Manhã

*Jornal Vale do Tejo

* História da Origem da Banda de Música, dos Bombeiros de Salvaterra

de Magos, Autor; João Pereira – (Jope)

*A Origem da Associação Humanitária dos Bombeiros Voluntários de

Salvaterra de Magos:

* Colecção Recordar, Também é Reconstruir – Autor: José Gameiro

Page 74: Bombeiros Voluntários e Banda de M úsica* As Origens (2ª edição)

74

INDICE DAS FOTOS USADOS, SEM LEGENDA:

Fotos da Capa:

* Bombeiro, Silvério Damásio, apagando um incêndio no Pinhal dos Mouros (Vale Queimado)

* Banda de Música dos Bombeiros Voluntários de Salvaterra de

Magos

* Pág. 5 – 1935, Carreta para Incêndios,

* Pág. 6 -1935, Comissão Fundadora * Primeiro corpo activo dos

bombeiros voluntários, junto da sede na Av. José Luis Brito Seabra

* Pág. 8 – Justiniano Ferreira Estudante, um dos fundadores e 1º

comandante dos bombeiros.de Salvaterra de Magos

* Pág. 18 – Comandante, Carlos Leonel Duarte

* Pág. 28 -Gaspar da Costa Ramalho, Benemérito

* Pág. 31 - Fanfarra, Dezembro de 2006

*Pág 37- 1951, A Banda de Música, nas Festas de São Brás

(Barrosa-Benavente) * 1ª Fila: Pedro dos Santos (Director), Sr. Silva

(Maestro da Banda), Porfírio Monteiro e Arsénio Lamarosa

(Músicos-Aprendizes) * 1º Plano: Carlos da Costa Paiva, Luís

António Almeida, Manuel Alberto Ferreira Júlio, Francisco Mendes,

João Felgueiras Tomaz, António Francisco Cantador, António Neves

Travessa e João Inácio * 2º Plano: Luís Cantador (Acompanhante,

pai de António Cantador), Fernando dos Santos, José Maria Neves

Faro, António Germano, Músico da PSP, Fernando Luís das Neves e

Músico da PSP * 3º Plano: Joaquim Viegas, Músico da PSP, Carlos Nunes Cardoso, Eurico Santos Borrego, Manuel da Graça, Carlos

dos Santos Borrego, Manuel Felgueiras Tomaz e Francisco

Henriques da Fonseca.

Page 75: Bombeiros Voluntários e Banda de M úsica* As Origens (2ª edição)

75

* Pág. 38 - Nas Festas da Glória do Ribatejo, na Frente: Maestro,

Luís Almeida, José Neves Faro e Luís Gonçalves – s/d

*Pág. 40 - 1972, Banda de Música: 1º Plano: Mendes Soldado

(Maestro), João Ferreira Inácio, Manuela Faz-Cordas, Vitória do

Peso, Adelaide Ventura, Florência Aleluia e o menino Rui Manuel

2º Plano: João Almeida da Silva (Director), José Luís Borrego,

Manuel Travessa, Odília Paiva, Conceição Soares, Conceição Paiva,

Luís Almeida, Luís F. Gonçalves, José Martins dos Santos (Director)

3º Plano: Eurico Borrego (Director), Luis Palma, José Joaquim

Freitas, Ana Maria Viana, António Francisco Cantador (de Bigode) 4º Plano: Ezequiel Jorge, Henrique da Graça, José Maria Neves

Faro (Baguinho), Ezequiel Inácio, Carlos Costa Paiva, João

Maquilão, Carlos Borrego, Manuel da Graça, Fernando dos Santos,

António Neves Travessa, Florentino Caniço e Fernando Luís das

Neves (Ciranda).

Pág. 45 - 1938 - Grupo Jaz “ Os Persistentes”

Da Esquerda para a Direita:

José Luis Borrego, Jacinto Hipólito, Francisco Henriques da

Fonseca, João Gomes Castanheiro, Raúl Moreira Toerroais, João

Pereira, José Carlos Augusto Cabaço, José Miguel Travessa, Henrique da Graça * Mascote; Anibal Dias (filho de Augusto da

Silva; o Augusto Cócó)

*Pág. 53 - 1985, Janeiro * 1º Plano: João Maquilão, Ana Maria

Viana, Florência Aleluia, Adelaide Ventura da Silva, Manuela Faz-

Cordas e João Inácio * 2º Plano: Odília Paiva, Conceição Paiva,

Cecília Soares, Mendes Soldado (Maestro) e Luísa Almeida * Nota:

Os músicos em 1º plano, apresentaram-se em público, ano 1972, e os

no 2º Plano apresentaram-se em 1970. No Publico presente na

retaguarda, João Oliveira (João da Companhia) Luís Cantador (Pai do músico António Francisco Cantador) e António Lagarto

*Pág. 56 – 43 anos da Banda, com o Maestro João Teófilo, tocando

na Igreja Matriz, acompanhada do Coro Infantil da Banda de Música

Page 76: Bombeiros Voluntários e Banda de M úsica* As Origens (2ª edição)

76

da Azambuja * Neste dia o músico José Luís Borrego, anunciou a

sua saída da banda depois de muitos anos pertencer à mesma.

*Pág. 57 - 1985, Um grupo de novos músicos, saídos da escola da

banda dos bombeiros

*Pág. 60 A Bande Música, renovada, que participou no Festival da

EDP * Estiveram presentes:

Sociedade Filarmónica Instrução Recreativa Carregueira” Vitória”,

Sociedade Filarmónica União Samorense, Bombeiros Voluntários de

Salvaterra de Magos e Banda Marcial de Almeirim.

************

*********