Bonsai-Miniaturizacao de Arvores

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A arte do Bonsai

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    Joo Chaddad Junior BONSAI Miniaturizao de rvores

    O trabalho Bonsai - Miniaturizao de rvores de Joo Chaddad Junior foi licenciado com uma Licena Creative Commons - Atribuio - NoComercial - CompartilhaIgual 3.0 No Adaptada. Com base no trabalho disponvel em bonsai.andretoledo.com.br. Podem estar disponveis autorizaes adicionais ao mbito desta licena em http://chaddadbonsai.wordpress.com.

  • BON SAI

    (Auta de Souza) Se bom ... sai, Sai a plantar valores, Espalhando flores Nos leitos de dores. Se bom ... sai Sai levando amores, Prestando favores, Enfrentando labores Para irmos sofredores. Se bom ... sai. Sai do mundo afagado, Para o outro lado abafado, Sufocado no esquecimento, Do caminho, abandonado. Se bom ... sai. Levando a gua Para regar a mgua O nutriente, para o sobrevivente. A hora de pacincia, Nas dores, na falta, na ausncia. Na busca pela mais bela forma de indulgncia.

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    Introduo

    Este livro representa o trabalho de anos de experincias com bonsai iniciadas em 1976, obtidas na prtica com plantas arbreas nas condies brasileiras.

    Convm frisar que a maioria das informaes tcnicas contidas aqui so provenientes dos livros e revistas de bonsai, em sua quase totalidade so obtidas com plantas exticas, muitas vezes em condies de clima temperado. Claro que, varias dessas tcnicas so universais e podem ser usadas em qualquer lugar do mundo. Entretanto, algumas precisam ser modificadas ou adaptadas s rvores brasileiras.

    Algo do que passado aqui ser contestado por vrios outros bonsastas, e caber a voc usar do bom senso e comprovar a veracidade dos fatos.

    A agricultura de forma geral uma atividade de risco. As doenas, pragas, falta de gua, adubao em excesso, e muitas outras coisas podem causar a morte de uma planta de um dia para outro. Assim, o leitor deve perceber que est arrumando mais responsabilidades, ou seja, mais um dependente para se preocupar.

    O bonsai tem exigncias de cultivo normal para a maioria das plantas, mas o que os diferencia das demais so as regras convencionadas, tanto de aparncia da planta quanto do vaso que a comporta. Essas regras so especficas para exposies, fotografias e eventos pblicos em geral. O vaso uma fase passageira, ele segura o crescimento e deixa algumas plantas mais fracas, os grandes bonsais do oriente em alguns casos alternam fase de vaso e fase de cho, onde participam de jardins. Alias, o pblico em geral no sabe que as maiores mudas so plantadas em jardins rasos, podadas periodicamente, e mantidas pequenas e grossas, depois ento vo para o vaso, podem ficar no solo por dcadas.

    Cada captulo deste livro tem um verso de uma poetisa, Auta de Souza, que escreveu um livro chamado O Horto. Com sua sensibilidade ela nos ensina que devemos plantar com o corao, podar com paixo e ver as plantas com os olhos da alma. Voc no sabe como isso? Ento pense em algum muito querido, imagine que faz muito tempo que no a v, e que por acaso se reencontraram. Deu para sentir a emoo? Pois assim, que as olhamos, com sentimento.

    Os orientais costumavam dizer que devemos nos aproximar delas com reverncia, como se ela fosse uma pessoa importante, at pedindo licena para adentrarmos o recinto onde ela se encontra.

    E como atuamos junto a ela? Devemos poda-la aps um pedido de permisso, mental claro, como uma orao. No a toquemos com violncia e rapidez, ela deve ser manejada como

  • uma dama por ns, cortejada e paparicada em todas as suas necessidades, independente do sexo.

    Pratique, eu ainda estou no incio, um pouco a frente de voc, talvez. Como os sbios dizem quanto mais estudamos mais percebemos o pouco de sabemos. Nossa natureza tem muito a nos mostrar.

    H um lado mtico do bonsai que os ocidentais apagaram da histria. Nunca devemos nos esquecer que muitos espritos estaro nos observando, quanto mais voc se dedicar maior ser sua platia. Podero se juntar ao seu anjo da quarda espritos alguns bonsastas, j desencarnados, que podero lhe ajudar dando inspiraes de como atuar junto planta.

    O bonsai uma das prticas para no aproximarmos do Criador, te-lo em mente o objetivo, um tipo de meditao, como faziam os monges Zen-budistas. Talvez seja a lio mais difcil do discpulo, porque ele no pode copiar de um livro ou assistir numa demonstrao, entre voc o bonsai Deus.

    No mundo visvel somente a planta saber o que passa pelo seu corao.

    Um abrao sincero.

    Joo Chaddad Junior

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    Escolha da planta Em primeiro lugar necessrio frisar que qualquer rvore pode ser utilizada em bonsai,

    aqui ns fazemos sugestes e comentrios de algumas.

    As rvores para bonsai podem ser subdivididas em florferas, frutferas e as de folhagem. Alm dessa classificao podemos tambm separar as plantas em caducas e perenes. As caducas so plantas que perdem as folhas no inverno ou numa estao de seca como os ips, jequitibs, ameixas, paineiras, figueiras nativas (gameleiras), etc. As perenes so plantas que conservam a folhagem em qualquer poca do ano (a no ser que sofram uma seca muito intensa), como exemplos, temos: a jaboticabeira, o ara, as laranjeiras, limes, a murta, o romzeiro, os pinheiros (exceto os Taxodium distichum e T. mucronatum, e os Larix decidua e L. kampfaeri que derrubam a folhagem no inverno), etc.

    Plantando mudas compradas Quando vamos adquirir uma muda, temos que j definir o porte da planta, grande (60

    100 cm), mdio (30 59 cm), pequeno (10 29 cm) ou mame (menos de 10 cm), isso j imaginando o bonsai que teremos.

    Quando introduzimos uma planta no vaso de bonsai ns objetivamos realizar uma reduo nas propores da mesma, atravs de podas. Se for uma planta de engrossamento rpido e para qual ns desejamos formar um bonsai pequeno, podemos comear com mudas bem novas, uma vantagem porque assim podemos controlar bem a sua conformao, dando o aspecto que quisermos. Ao contrario, se for uma planta que um engrossamento muito lento do tronco, devemos optar por mudas mais velhas e j engrossadas, isso para ganharmos tempo, seno ela se transformar lentamente s nossas vistas, alm disso, essas plantas, j formadas possuem um aspecto prprio que o seu criador anterior lhe conferiu, nos permitindo poucas opes em termos de estilos.

    Veja alguns exemplos na tabela abaixo. Planta de engrossamento rpido em vaso (de 1 a 3 cm de dimetro/ano)

    Planta de engrossamento mediano em vaso (de 0,25 a 0,99 cm de dimetro/ano)

    Plantas de engrossamento lento em vaso (de 0 a 0,24 cm de dimetro/ano)

    Paineiras Pinheiros Azalia* Eritrinas Tipuana Buxinho rvore de Jade Sibipiruna Piracanta Figueiras Hibisco Romzinho Chich Chapu de sol Eugenia sprengelii * * Engrossamento do tronco exageradamente lento em vaso.

  • Tamanho das folhas Em primeiro lugar na escolha da planta ns devemos dar preferncia quelas de folhas,

    flores e frutos pequenos e as chamadas "ans", isso para dar uma melhor imagem de miniatura. Assim devemos usar preferivelmente, por exemplo, o romnzeiro ano, a laranja japonesa (kunquat), a ameixa um, a acerola, a pitanga, a jaboticaba sabar, o ara, etc, porque todas produzem folhas e frutos de pequeno tamanho.

    Vamos exemplificar mais com os pinheiros do gnero Pinus, aqueles de folhas curtas como: Pinus parviflora (goyo matsu), Pinus thumbergii (kuro-matsu), Pinus mugo, Pinus sylvestris, Pinus cembroides ou variedades ans de outras espcies, ficam muito mais bonitas. Quanto menores as folhas, menor pode ser o bonsai. Se ao contrario utilizarmos pinheiros de folhas grandes como: Pinus elliotti, Pinus taedae, Pinus caribaea, Pinus oocarpa, etc, teremos que fazer bonsai de tamanho grande (cerca de 60 cm a 1 metro), com troncos mais grossos que os normais, para dar uma aparncia de bonsai com mais intensidade.

    O principal fator de proporcionalidade do bonsai o tamanho das folhas em relao ao tamanho da planta, e baseado nessa boa proporcionalidade que reside a "graa" do bonsai.

    Plantas Ans Em diversas espcies so selecionados os chamados "mutantes anes" para a utilizao

    em bonsai, esse processo os japoneses e chineses fazem h sculos. Somente com o gnero Acer palmatum, no Japo j existem dezenas de cultivares anes. Outro exemplo so os vrios tipos de anes de rom, existem at com flores amarelas ou brancas.

    Aqui no Brasil a seleo de mutantes anes coisa mais recente. Eu pessoalmente selecionei dois mutantes anes que esto em observao a 4 anos, um uma gameleira an, esta ainda pode vir a ser classificada como uma espcie ao invs de variedade, natural da cidade de Piracicaba, entretanto ela apresenta o inconveniente de ser muito sensvel aos nematides do solo vindo a morrer quando a infestao atinge um nvel elevado, o que nos fora a adicionar Temik (inseticida sistmico) no solo semestralmente porque nas nossas condies comum a ocorrncia de nematides. Outro mutante o de um Pinus caribea var. nana (espcie originria do Caribe) encontrada casualmente num viveiro de mudas em Piracicaba, apresentando a folhagem e o crescimento reduzidos consideravelmente.

    Quando surge um mutante de rvore, precisamos conserv-lo, para que no se perca, o primeiro passo clon-lo, fazemos isso enxertando o mesmo sobre um variedade normal, tanto para multiplic-lo como para for-lo a crescer mais por intermdio de uma raiz normal, que bombeia para as folhas mais nutrientes e hormnios vegetais.

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    Altura das plantas Mudas pequenas so mais fceis para se plantar em vasos. Desmancha-se a parte

    inferior do torro umedecido, at que tenha a altura do vaso. As razes de baixo que foram expostas e ainda finas, so colocadas ao redor da planta centralizada no vaso, cobertas com a mistura de solo e ento o xaxim.

    So preferidas plantas com uma altura mxima de 30 cm, as maiores, podem ser podadas ou quando flexveis podem ser submetidas a estilos redutores (retorcido, inclinado, literato ou madeira exposta). Se forem deformadas naturalmente, como por exemplo, as cadas, quebradas, tortas, e, as que ficam jogadas num canto, ou "encalhadas" no viveiro comercial, tm maior valor para bonsai.

    Profundidade da raiz Se a muda tiver uma raiz pivotante meio dura, mais ainda flexvel, ela pode ser enrolada

    com arame encapado, desde o caule fora da terra (para dar apoio ao arame, alm deste ser visto externamente e ser retirado aps seis meses), depois de enrolado o arame curvado at a altura do vaso e o restante enrolado em forma de caracol ao redor da planta, ento esta coberta com a mistura de solo e aps o xaxim (figuras 6 e 7).

    Ocorre de a raiz principal ser muito dura para ser curvada e pode ser que seja uma planta que suporte uma poda drstica da raiz como: paineira, eritrina, chich, baunia, alm de outras; mas deve-se fazer uma poda de tronco a uma altura de 50 cm e o destacamento das folhas na vspera. Esse processo aconselhvel se fazer no final do inverno (final da dormncia) antes que elas brotem, e somente com aquelas que tenham razes superficiais (figura 2).

    Pode-se, tambm, nas plantas que j apresentam uma "copinha" baixa e a raiz pivotante dura, j bem engrossada, promover a retirada das razes superficiais da planta at prximo ao fundo do saquinho, deixando apenas as razes do fundo, na altura do vaso raso (figura 2).

    Pode ser muito til ter um conhecimento prvio da origem da muda, se de semente ou estaca, uma vez que as plantas originadas de estacas geralmente no tm uma raiz pivotante, o que as deixa flexveis por mais tempo para curvar ou colocar arames, quando ainda novas.

    Tipos Indicados Na verdade para rvores e arbustos a tcnica pode ser aplicada em qualquer tipo,

    entretanto, as que apresentam folhas, flores e frutos pequenos so as preferidas por razes estticas.

    Quanto menores forem as caractersticas fsicas da planta tanto menor poder ser o bonsai, alm disso, as plantas com folhagem bem pequena facilitam a formao de arvoretas eretas e delicadas, bem como bosques e pasagens em miniaturas.

  • Ao contrrio, plantas com folhagem grande nos foram a produzir um bonsai de maiores propores, com os quais ficamos impossibilitados de fazer bosques ou arranjos mais delicados, e somos forados a executar os chamados "estilos redutores", como os Retorcidos em forma de "mola" e o "serpentinide", isso para tentar adiantar o efeito de miniaturizao da rvore, ao passo que se fosse mantida uma planta de folha grande num estilo Ereto, seriam necessrios, um tronco bem avantajado e uma idade avanada, para se obter um bom efeito.

    A escolha da planta um aspcto muito pessoal em funo dos gostos, por haverem centenas de opes. Por exemplo, as plantas podem ser nativas do Brasil ou exticas, dentro destas h as de folhagem, as florferas e as florfero-frutferas.

    Dentre as nativas do Brasil as que apresentam os melhores resultados so: Jacarand-da-Bahia (Dalbergia nigra), Jequitib-rosa (Cariniana legalis), Peroba-rosa (Aspidosperma polyneurum), Mirindiba rosa (Lafoensia glyptocarpa), Uvaia (Eugenia pyriformis), Pitanga (Eugenia uniflora), Jaboticabeira Sabar (Myrciaria trunciflora), Quabiroba de rvore (Campomanesia xanthocarpa), Cerejeira do rio grande (Eugenia involucrata), Eugenia miriophyla e outras (veja tabela).

    Dentre as exticas tradicionalmente usadas pelos orientais so: "Matsu" (Pinus thunbergii), "Shimpaku" (Juniperus chinensis 'Sargentii'), "Kaizuka" (Juniperus chinensis 'Torulosa'), "Cipreste de Hinoki" ou tuia japonesa an (Chamaecyparis obtusifolia 'Yatsubosa'), "Tuia japonesa" (Tsuga diversifolia), "Azalia Satsuki" (Rhododrendrum indicum), "Romnzeiro ano" (Punica granatum nana), "Ameixeira Um" (Prunus mume), Larcio japons (Larix kaempferi) e outras.

    Dentre as exticas atualmente usadas pelos ocidentais esto: Sequia Gigante (Sequoidendrum giganteum), Sequia vermelha (Sequoia sempervirens), Pinheiro do brejo (Taxodium distichum), Carvalho ingls (Quercus rubor), Larcio americano (Larix laricina), Larcio europeu (Larix decidua), Oliveira (Olea europaea), Ligustro (Ligustrum vulgare), Baob (Adansonia digitata), Paineira argentina (Ceiba erianthus) e outras.

    A maioria das plantas utilizadas em bonsai apresenta um lento desenvolvimento, para contornar esse problema elas podem ser compradas de viveiristas numa forma denominada tecnicamente de "pr-bonsai", sendo uma muda desenvolvida no solo e arrancada de forma a manter um torro de solo intacto de uns 20 ou mais centimetros de dimetro e o restante cortado inclusive as razes, para adaptao no bonsai so cortadas as razes da parte superior e inferior do torro a fim de que este se aproxime da altura do vaso raso.

    Aps um ano a parte area podada e modelada com arame para reduzir a sua altura em cerca de 50% e adequa-la a um estilo de bonsai.

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    Tabela 1: Plantas da ordem Gymnosperma (Conferas)

    tradicionalmente utilizadas em bonsai.

    Nome cientfico Nome em Japons * Nome em portugus

    Cedrus deodara himaraya-sugi Cedro do Himalaia

    Cedrus libani sugi Cedro do Lbano

    Chamaecyparis obtusa

    Tuia japonesa

    Cipreste de hinoki

    Cryptomeria japonica Criptomria

    Ginkgo biloba icho Ginkgo

    Juniperus chinensis 'sargentii' shinpaku Junperu sargento

    Juniperus horizontalis Jacar

    Juniperus rigid tosho Junperu de agulha

    Larix kaempferi Larcio japons

    Picea jezoensis ezo-matsu Espruce japons

    Pinus densiflora aka-matsu Pinho vermelho japons

    Pinus parviflora goyo matsu Pinho branco japons

    Pinus thunbergii kuro-matsu Pinho negro japons

    Taxus cuspidata ichii Teixo japons

    Tsuga diversifolia kometsuga Tuia japonesa

    * O nome em japons utilizado na obteno da planta junto viveiristas de origem japonesa bem como a compra de sementes por pessoas no Japo.

  • Tabela 2: Plantas da ordem Angiosperma tradicinalmente utilizadas

    em bonsai.

    Nome cientifico Nome em japons * Nome em portugus

    Acer buergerianum kaede Acer tridente

    Acer palmatum momiji Acer palmado

    Carmona retusa Carmona

    Carpinus turczaninovic iwashide

    Chaenomeles speciosa Marmelinho

    Cotoneaster horizontalis cotonester

    Craetagus cuneata sanzashi

    Malus cerasifera Mazinha

    Prunus incisa fujizakura Cerejeira japonesa an

    Prunus mume ume ameixa japonesa ou um

    Pseudocydonia sinensis karin

    Punica granatum var. nana zakuro Romzeiro ano

    Pyracantha coccnea Piracanta

    Rhododendron indicum satsuki Azalia satsuki

    Serissa foetida Serissa

    Ulmus parviflora nirekeyaki Olmo da China

    Zelkova serrata

    * O nome em japons utilizado na obteno de sementes e plantas junto aos descendentes de japoneses no Brasil e no Japo.

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    Tabela 3: Essncias1 nativas sugestivas para bonsai2

    Nome cientfico Nome comum Observaes

    Dalbergia nigra Jacarand-da-Bahia * Decdua, casca pouco rugosa, folhas compostas pequenas

    Schimus terebentifolius Aroeira pimenteira Decdua, casca rugosa, folhas compostas medianamente grandes

    Aspidosperma riedellii Perobinha branca* Semi-decdua, casca pouco rugosa em plantas muito velhas, folhas de bfidas de 6 14 cm

    Aspidosperma polyneurum Perob-rosa Perenifolia, casca rugosa e clara, folhas de 5 12 cm

    Amburana cearensis Cerejeira Decdua, casca quase lisa, folhas compostas medianamente grandes

    Erytrina velutina Mulungu canivete Decdua, casca lisa, folhas compostas medianamente grandes

    Calllindra brevipes Esponjinha

    Accia farnesiana Espinilho Semi decdua, casca lisa, folhas compostas pequenas, semelhantes a Callliandra, mas com espinhos e flores amarelas perfumadas.

    T. chrysotricha ip-amarelo-cascudo Decdua, casca rugosa, fololos de 5 10 cm

  • T. umbellata Ip-amarelo do brejo Decdua, casca pouco rugosa, fololos de 3 7 cm

    T. serratifolia ip-amarelo Decdua, casca medianamente rugosa, fololos de 6 17 cm

    Enterolobium tortum

    (Pithecolobium tortum)

    tatar * Decdua, espinhenta, casca lisa marmorizada, folhas compostas pequenas

    Anadenanthera falcata angico do cerrado Decdua, casca muito rugosa, folhas compostas medianamente grandes

    Caesalpinia ferrea 'leiostachya' pau-ferro Semi-decdua, casca lisa marmorizada, folhas compostas medianamente grandes

    Mimosa scabrella bracatinga * Semi-decdua, casca pouco rugosa, folhas compostas de tamanho mediano

    Copaifera longsdorffii copaba Decdua, casca pouco rugosa, folhas compostas, medianamente grandes

    Cariniana legalis jequitib * Semi-decdua, casca rugosa, folhas de 4 7 cm

    Tabouchina mutabilis manac-da-serra Perenifolia, casca lisa, folhas 8 10 cm

    rvores com folhagem menor e que ficam estticamente mais bonitas.

    1 So rvores na maioria de madeira nobre, para a valorizao da planta, e que podem ser obtidas junto a viveiristas e hortos florestais.

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    Tabela 4: rvores frutiferas nativas1 sugestivas para bonsai por produzirem

    frutos pequenos.

    Nome cientifico Nome comum

    Eugenia mattosii cerejinha

    Eugenia sprengelii eugenia ornamental *

    E. pyriformis uvaia

    E. involucrata cereja do rio grande

    E. pitanga pitanga

    Myrciaria trunciflora var. sabara jaboticabeira sabar

    M. tenella cambu

    Campomanesia phaea cambuc

    C. xanthocarpa guabiroba de rvore

    Myrcianthes pungens guabij

    Hexachlamys edulis iva

    Psidium araa ara amarelo, vermelho e roxo **

    P. guayava var. minor goiabeira an

    Xylopia brasiliensis pindaba

    * As folhas muito pequenas a tornam uma das plantas mais perfeitas para a produo de bosques e paisagens.

    ** Existem outras espcies silvestres de ara que podem ser utilizadas com grande sucesso.

    1 H muitos outros tipos de frutferas nativas que podem ser utilizadas, alm de muitas exticas como a acerola, o jambo ano, a laranja japonesa kunquat, a ameixa de madagascar, etc.

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    Tabela 5: rvores frutferas exticas1 sugestivas para bonsai por produzirem

  • frutos pequenos.

    Nome cientifico Nome comum

    Fortunella margarita kinkan

    F. margarita variegata Kinkan variegada

    F. japonica Kunquat

    F. hindsii Kunquat an

    Citrofortunella microcarpa Laranja an

    Poncyrus trifoliata Limo trifoliata

    Poncyrus trifoliata Fly dragon Limo trifoliata fly dragon

    Severinia buxifolia Limozinho

    Syzygium australe Eugenia americana

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    FORMA DO BONSAI

    (Auta de Souza)

    O importante saber, fazer e observar... Como quer, e para onde que vai querer guiar. Ser preciso, facilita a prtica melhorar. Pois assim, comeando no se deve parar. E os galhos vo brotando, Para a planta renovar... Com cautela, vai moldando, At onde quer chegar. Saber a hora certa, para que lado virar. Tem gente, que fica olhando, Orientando a planta modelar... Lhe inspira a hora certa, at finalizar. Siga seu livre arbtrio... At onde achar que d. Use seu conhecimento se quiser realizar, Com muita eficincia essa arte milenar. Que transforma as plantas do mestre... Faz at cascata virar, deixe que o vento a leve, E a direo lhe guiar, siga em frente praticando, Sem a planta maltratar Consciente, na certeza que se pode melhorar, Paciente, sem muito se preocupar. Mesmo que a rvore desfolhe, ela vai recuperar, E satisfeito ficar, quando tudo se findar.

    FORMA DO BONSAI O bonsai uma representao artstica da rvore na natureza, essa arte segue determinados princpios para poder alcanar esse objetivo. A grosso modo, o resultado uma caricatura da rvore modelo (David De Groot, 25/01/98, comunicao pessoal), isso porque as

  • caractersticas fsicas perifricas da planta como comprimento de ramos, folhas, flores e frutos so encurtadas e as caractersticas centrais como dimetro de ramos, tronco e razes so o mais exageradas possveis.

    A Arquitetura das plantas mais contorcidas e sinuosas, apresentando at ngulos agudos no tronco, bem mais raras na natureza, esto entre as mais valorizadas. Exemplos disso so aquelas que caem de precipcios, crescem sobre pedras, danificadas por raios e ventos, em vrios perodos da vida, alm de outras.

    Apregoa-se que a arte do bonsai democrtica e que estamos livres para fazermos da rvore como bem quisermos. Na verdade no bem assim, pelo menos ao nvel crtico dos experts, de exposies e de ensaios fotogrficos. Para esses, muitas so as regras a serem seguidas, a fim de se obter a forma um bonsai de qualidade. Ao nvel domstico, apenas seguimos as regras que mais caracterizam o bonsai, como: o vaso raso, tronco, e ramos estilizados conforme o que apresentamos no captulo de estilos.

    No para complicar, mas sim para entendermos melhor um pouco do que ocorre nos bastidores das exposies e workshops, apresentamos alguns aspectos da forma do bonsai.

    Que forma dar? Certas caractersticas e tendncias no podemos mudar, pertencem a cada tipo de

    planta, bem como o potencial que elas exibem. Podemos comear com uma rvore desde a infncia, desde seu nascimento, ou buscar uma num ambiente diferente, jardins, campos, montanhas, etc.

    Quanto mais altas mais difceis de transformar em bonsai, a no ser que possuam ramos nas alturas correspondentes ao bonsai.

    A linha do tronco delineia as formas que podem ser adotadas, como a espinha dorsal que dela partem todos os ramos.

    O tamanho das folhas tambm influncia muito na forma do bonsai, quanto menores tanto mais prximos podem ser os ramos, bem como mais numerosos. As folhas grandes encobrem os ramos debaixo, necessitando de mais podas, e distncias maiores e sobreposies menos freqentes. Algumas plantas podem ter as folhas reduzidas atravs de desfolhas, mas dispendioso para a planta, se pudermos deline-la sem uso de artifcios

    A FORMA IDEAL - O Bonsai Terminado A Forma bsica para que seja considerado um bonsai a de aparncia de rvore adulta,

    ou seja: razes grossas, tronco grosso, copa larga e muitos ramos secundrios e tercirios. A

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    casca rugosa, spera e escura , tambm, um fator de envelhecimento, mas somente ocorre em algumas plantas.

    Ligustrum sinensis (24 anos)

    Foto acima mostra um Pinus oocarpa com ramos horizontais.

  • Uma planta jovem possui ramos com tendncia a crescer para cima, j adulta tm, na maioria das espcies, tendncia para crescer lateralmente, e com o avano da idade, at pendente.

    Pinus thunbergii em bonsai com ramos horizontais

    Os antigos bonsastas na China convencionaram as caractersticas da maturidade de alguns pinheiros do seu pas como modelo para todos os bonsais, essa conveno foi passada para os demais pases. So elas:

    1. Os ramos dispostos horizontalmente, em camadas (veja fotos acima). 2. Cada camada de ramo primrio possui ramos secundrios que crescem, tambm,

    lateralmente, no mesmo nvel, e destes os que brotam, crescem para cima e so mantidos pequenos, atravs de podas sucessivas, de forma semelhante a uma cerca viva.

    3. A parte debaixo de cada ramo mantida limpa, sem outros ramos, para que no interfira no visual das outras camadas de ramos (veja desenho na pgina seguinte).

    4. Em vista lateral os ramos comeam no primeiro tero do tronco. 5. A distncia de um ramo para outro e o comprimento destes vo diminuindo

    gradativamente at o topo. 6. Em vista area os ramos tm uma distribuio radial ao redor do tronco, com um ngulo

    aproximado de 120 entre os trs primeiros, e os demais ramos vo tendo ngulos prximos 120. Ficando a copa semelhante a degraus, como uma escada em caracol.

    7. A planta apresenta uma frente e uma costa. A frente um lado em que ocorrem menos ramos, e atravs deste pode-se ver toda a conformao do tronco e ramos, normalmente fica entre o primeiro e segundo ramos. A costa corresponde a lado mais largo e cheio de ramos e folhas, formando um fundo fotogrfico.

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    Disposio dos ramos, vista pela frente.

    Disposio dos ramos, vista de cima.

    3 RAMO

    1 RAMO

    2 RAMO

  • A desenho acima mostra que a altura do vaso (H) 2/3 do comprimento do vaso, e a altura do vaso (V) igual ao dimetro do tronco.

    O pice David De Groot (comunicao pessoal, 1995) certa vez me disse: quando observamos

    uma pessoa, de frente ou de costa, realizamos uma tomada de imagem de cima para baixo, assim, tambm fazemos com um bonsai. Por isso, que o pice da planta de suma importncia, e para algumas pessoas o tem de maior dificuldade.

    De uma forma geral o pice o ltimo elemento a ser trabalhado em um bonsai, muitas vezes ele comea mais alto, e com o passar dos anos ele acaba mais embaixo.

    Quando vamos definir um pice devemos mentalizar a altura final da rvore, e nesse espao selecionar um local onde os ramos terminais esto mais prximos.

    H basicamente trs tipos de pices:

    1. Seco: com a madeira descascada, pontudo.

    H

    V

    V

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    2. Cnico: no qual folhas so podadas em srie, formando um cone em topiaria. 3. Camada: em que o ltimo ramo, de menor comprimento, passa a culminar o bonsai.

    Seco O pice seco normalmente feito em rvores grandes e grossas, que foram podadas

    drsticamente, e no qual difcil formar brotos em troncos velhos, assim, eles tm que termina-los em ramos secos ou, em pontas secas. De uma forma geral no saudvel para uma planta, porque aps dcadas entram fungos, brocas e cupins, por essas madeiras abertas.

    Outro aspecto o da rapidez com que a madeira da espcie se decompe. As conferas (grupo dos pinheiros) e as myrtaceas (famlia das jaboticabas) por serem duras, apodrecem mais lentamente, ainda mais se tratadas. Ao contrario, a grande maioria tem fibras que so rapidamente desestruturadas pelos fungos e vtima dos insetos.

    Mas h contrastes dentro de alguns gneros, a Calliandra depalperata difcil de se decompor, j a C. twedii fcil.

    Cnico a forma mais usada em plantas de folhas muito pequenas, como: serissas, ligustrinhos,

    carmonas, borrrias, Eugenia sprenguelli, etc. E, claro com as tradicionais conferas de folhas midas como: junperus, tuias, cedrinhos, criptomrias, etc.

    Nas rvores de folhas grandes impraticvel se fazer um pice cnico Nas de folhas mdias so difceis de ficar bonito, como pitangas, acerolas, Fcus benjamina, etc. Mas muitas pinagens podem reduzir o tamanho das folhas, e permitir que se faa um pice cnico.

    Apice cnico em Chloroleucon tortum

  • Camada Esta forma de pice a mais usada para as plantas de folhas de tamanho mdio e grande.

    Apice em camada em Taxodium distichum

    Poda Area o ato de cortar um ramo tem as mais diversas finalidades, como:

    1. Moldar uma conformao da copa, no caso de uma planta em formao. 2. Corrigir defeitos: ramos mal localizados, longos, doentes, praguejados, etc. 3. Reduzir o stress de transplante: atravs da retirada de ramos novos e folhas, a planta

    transpira menos e resiste mais ao stress. 4. Induzir florao para frutificao: vrias plantas produzem flores aps podas, tais como:

    figo, amora, pssego, ameixa, ma, etc. 5. Induzir florao em outra poca: se forem podados os ramos jovens antes que

    produzam botes florais, e estes, sero refeitos e produziro flores mais tarde. Alis, esse fenmeno ocorre com a maioria das rvores.

    6. A renovao de ramos e folhas, em muitos tipos de plantas, necessria para se evitar uma estagnao do crescimento geral. Os exemplos mais tpicos so o ligustrinho (Ligustrum sinensis) e a primavera (Bougainvillea sp), que no final do inverno e/ou final de florao ou frutificao ficam com o crescimento comprometido, e at se no podarmos as pontas dos ramos que gastaram mais energias, iniciando uma senescencia, que culmina com a seca do ramo.

    Podas de formao: So podas que sero feitas e refeitas at que o bonsai adquira a forma Pronta. A partir

    de ento, sero feitas pinagens (mini podas, que consistem da retirada das pontas dos ramos)

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    O primeiro passo dividirmos a copa em 3 partes (exceto o estilo Literato), no primeiro tero posicionamos o primeiro ramo, e a partir desse vamos localizando os demais.

    Os que no foram escolhidos podem ficar, para auxiliar no engrossamento do conjunto, at que atrapalhem os demais com sua sombra ou com o espao que ocupem.

    Na verdade uma tendncia que a aplicao das podas, gradualmente, ir diminuindo a altura do Bonsai no decorrer da sua vida. No incio, comeamos com uma planta alta, fazemos com que esta se encha de ramos, e com o passar do tempo vamos reduzindo a altura e o nmero de ramos, conforme vamos planejando nosso projeto.

    Os ramos a serem podados so os que no combinam com o nosso desenho e os que possuem caractersticas fsicas indesejveis:

    1. Ramos que se localizam abaixo do primeiro tero (em muitos casos estes so deixados para engrossar a base, tcnica do ramo ladro).

    2. Ramos bem posicionados mas, endurecidos para cima, e no foi possvel deixa-lo perpendicular ao solo, ou inclinado.

    3. Ramos que cruzam a copa, atrs ou na frente. Que crescem para cima ou para baixo. 4. Ramos paralelos, um sobro o outro, no caso selecionamos o mais apropriado. 5. Ramos com espessura irregular, com barrigas, base mais fina, ou muito grossa. 6. Ramos muito grossos, na parte de cima, onde combinam tipos finos. 7. Ramos opostos, no mesmo nvel de altura. Nesse caso, escolhemos o que mais sintoniza

    com os ramos superior e o inferior.

    Podas de Manuteno A mais comum chamada de desponta ou pinagem, feita quando temos o ramo j

    conformada, e de forma semelhante a uma cerca viva, iremos periodicamente retirando dos brotos que passagem do comprimento desejado ao ramo. As quantidades de poda e a periodicidade destas vai variar com a poca do ano.

    O momento da aplicao feito quando os brotos comeam a endurecer, porque quando muito tenros esto muito quebradios, alm do mais, ainda no produzem quase nada de fotossntese.

    A intensidade tambm outro aspecto a ser medido, devemos podar mais curtos nos ramos mais altos e mais longos nos ramos mais baixos, isso porque a planta dar sempre mais preferncia e alimentos aos ramos mais altos e estes crescero muito mais. A que entra a intensa poda nos ramos altos, em alguns casos deixando apenas uma folha verde, no ramo mais alto, e umas quatro no primeiro ramo perto da base, para que haja mais fotossntese e os de baixo sejam mais grossos.

  • Fisiologia do Bonsai As plantas se comportam conforme os hormnios so produzidos em seus orgos, folhas, flores, frutos e razes. A produo desses hormnios esta associada poca do ano, nutrio, e pode ser influenciada pelo sistema de podas.

    Hormnios so substncias qumicas que aps produzidas em alguns orgos migram para outras partes para estimular algum fenmeno biolgico na planta, crescimento, diviso celular, alongamento.

    Os principais hormnios vegetais esto representados em 3 classes: auxinas, citocininas e giberilinas.

    Auxinas As auxinas so produzidas nos brotos novos e translocadas para as razes mais baixas, induzindo um maior crescimento destas. Na propagao de plantas estimulamos o enraizamento ou aumentamos este tratando os pices das estacas com auxinas sintticas.

    Citocininas Estas so produzidas nas razes mais novas e sobem para as partes mais altas da planta, fazendo os pices cresam.

    O seu acmulo nas pontas faz aumentar a dominncia apical. Quanto maiores as folhas de uma espcie de rvore mais estas "gastam" citocininas, s vezes consumindo tudo o que produzido, e dessa forma fazendo os demais ramos, localizados abaixo, morrerem.

    At porque so as citocininas que atraem os nutrientes para mant-los vivos. Esse o principal motivo da poda dos brotos mais altos, antes que estes causem a morte dos que ficam abaixo.

    Alm do que ao impedirmos o acmulo de citocininas nos principais pices, vamos produzindo uma quantidade cada vez maior de pontas proporcionando o adensamento da copa.

    Quando abaixamos um ramo at a horizontal, podemos observar uma repentina parada no crescimento, por causa do redirecionamento das citocininas para outras partes mais altas, se o ramo fica plano surgem vrios brotos no lado de cima.

    Para alguns tipos de plantas abaixamento do ramo inferior ao da linha horizontal da superfcie do solo, isto , pendente, pode ser a morte desse ramo. Um exemplo, a quaresmeira (Miconia sp) e os pinheiros de brejo (Taxodium sp) que somente podem ser curvados at a linha horizontal, se fizermos um estilo cascata com uma destas, elas podem morrer em cerca de quinze dias.

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    Giberilinas So Hormnios produzidos em todas as partes novas da planta: razes e brotos, mas com mais intensidade nos brotos. As giberilinas promovem o crescimento das clulas, assim o seu acmulo promove brotos e ramos maiores, s que mais "moles" e fceis de murchar.

    Atravs das podas dos brotos (pinagem) reduzimos a produo de giberilinas e induzirmos folhas cada vez menores e mais resistentes.

    Estilos de Bonsai

    (Auta de Souza) Se tranado ou retorcido, Se inclinado ou deitado. Tem que ter muito cuidado, E no se fazer de logrado. A beleza profunda, E no h quem a resuma. At o toco, onde o homem com dedicao, Faz dele com perfeio, uma arte sem dimenso.

    O estilo caracteriza a conformao do tronco, raiz e ramos, num ambiente natural as rvores assumem formas distintas que resultam das adversidades do meio ambiente combinada aos hbitos de crescimento especficos de cada tipo de planta.

    Os intemperismos ambientais podem atuar de formas e pocas diferentes podendo modificar partes da planta ou toda esta, criando alm dos estilos variantes outros diferentes como sub-estilos do padro.

    Atravs dos sculos os praticantes do bonsai tm assimilado estes estilos da natureza em esboos, pinturas ou simplesmente pela imaginao e transferido tais caractersticas aos bonsais.

    Esses "artistas" analisaram e agruparam esses estilos em categorias identificveis para facilitar a referncia. Desse modo podemos analisa-los em 3 categorias:

    1. Estilos de tronco nico. 2. Estilos de mltiplos troncos. 3. Estilos de grupos ou mltiplas rvores.

    Estilos de Tronco nico

  • 1. Ereto Formal (Chokkan) 2. Ereto Informal (Moyogi) 3. Inclinado (Shakan) 4. Retorcido (Bankan) 5. Varrido pelo Vento (Fukinagashi) 6. Tronco Lascado (Sabamiki) 7. Madeira Exposta (Sabamiki) 8. Tronco de Casca Retorcida (Nejikan) 9. Vassoura (Hokidachi) 10. Semi-cascata (Han-kengai) 11. Cascata (Kengai) 12. Choro (Shidare-zukiri) 13. Literato (Bunjingi) 14. Toco (Korabuki) 15. Razes Expostas (Neagari) 16. Razes sobre Rochas (Sekijoju) 17. Plantado na Rocha (Ishi-seki) 18. Tranado (Pien-tshu) 19. Polvo (Tako-zukiri)

    Estilos de Mltiplos Troncos

    20. Tronco Duplo (So-kan) 21. Tronco Triplo (San-kan) 22. Tronco Mltiplo (Kabudachi) 23. Razes Conectadas (Netsunari) 24. Balsa (Ikadabuki)

    Estilos de Grupo ou Mltiplas rvores

    25. Grupos de rvores (Yose-ue) 26. Grupos de rvores sobre Rochas 27. Paisagem (Saikei ou pen-jing)

    1. Ereto formal (Chokkan) Algumas rvores na natureza quando constitudas de tronco principal e na ausncia de

    acidentes ambientais e/ou em competio com outras plantas pela luz podem crescer eretas.

    O estilo Chokkan alm de ter o tronco reto afina-se gradualmente da base para o pice na conformao cnica perfeita (CHAN, 1993).

    O arranjamento dos ramos na maioria dos estilos basicamente o mesmo com os ramos inferiores mais espaados, sendo o primeiro no tero inferior da altura (CHAN, 1993) e o segundo ramo 120 do primeiro (MILLER, comunicao pessoal); os demais ramos tm uma

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    gradual reduo do comprimento e do espaamento entre si at o topo, alm disso, os ramos inferiores nunca so opostos ou simtricos, nem cruzados em nveis prximos (BARTON, 1989), devem preferencialmente ser em nmero mpar e tanto menor o nmero quanto mais baixo for o ramo (KOMATSU, 1987).

    O primeiro e o segundo ramo so os que em geral apresentam uma pequena queda quando em plantas mais velhas e/ou grossas, os ramos medianos devem ser paralelos ao solo (BARTON, 1989).

    Segundo KORESHOFF (1993) se os ramos de baixo forem levemente curvados o estilo Ereto Formal chamado de "Feminino", se ao contrario forem retos o estilo Ereto Formal chamado de "Masculino".

    Na conformao geral dos ramos no s no estilo Ereto Formal mas nos demais estilos a folhagem no deve ser deixada na face inferior do ramo em virtude do sombreamento que a folhagem inferior sofre provocando um estiolamento e uma raleao natural, e desse modo o ramo fica mais visvel, tambm a folhagem da base do ramo deve ser retirada uma vez que alm de ocorrer com rvores mais velhas deixa a copa mais arejada (KORESHOFF, 1993). A folhagem de cima despontada freqentemente para adensar e formar os ramos em camadas.

    O estilo Ereto Formal mais adequado s conferas (pinheiros) que na maioria das vezes quando em rlevos mais suaves e sem intemperismos adquirem espontaneamente este estilo. A execuo deste estilo considerada das mais difceis em virtude das meticulosas caractersticas a serem seguidas, que alm da distribuio dos ramos e a conformao cnica o tronco tambm deve gradualmente afinar para o topo, ser perfeitamente retilneo, as razes devem ser uniformemente distribudas ao redor do tronco (BARTON, 1989; CHAN, 1993; KORESHOFF, 1993).

    Alm disso, devem ser ausentes calosidades nas razes, tronco e ramos, principalmente as protuberncias que podem surgir na insero do ramo no tronco (BARTON, 1989). Se houver uma raiz mais grossa esta deve ser localizada abaixo do ramo mais grosso e pesado, o primeiro, por haver na natureza uma ligao direta de canais vasculares entre as grandes estruturas (KORESHOFF, 1993).

    A denominao Formal advm das formalidades citadas anteriormente a serem seguidas para a execuo deste estilo as quais conferem altivez e nobreza s plantas neste estilo (BARTON, 1989).

    Para obter a aparncia de rvore adulta neste estilo leva um tempo superior em relao aos demais estilos isso por vrios motivos, o principal seria por estar a planta reta, uma vez que as curvas feitas com arames nos demais estilos provocam um engrossamento mais acelerado do tronco por "represarmos" a seiva que desce da copa e esta se acumula na forma de reservas nos ngulos e nos locais apertados pelo arame, alm disso no podemos deixar o arame apertar

  • a planta para no fazermos sulcos os quais poderiam provocar a formao de calosidades, o seria uma forma de engrossamento a menos.

    BARTON (1989) refere-se ao estilo "Ereto" no qual a planta perfeitamente ereta apresenta algum carter que escapa das formalidades estilsticas como uma raiz exagerada crescendo de um lado, ou a falta de alguns ramos ou alguma calosidade na insero de alguns ramos como ocorre frequentemente com o Pinus pinea. Entretanto, nunca foi mencionado um estilo simplesmente "Ereto" e o que se tem encontrado a denominao "Ereto Informal" (o estilo a seguir) para quando as "formalidades" no so seguidas.

    Segundo KORESHOFF (1993) os vasos ovais so os mais adequados para as plantas muito assimtricas, isto aquelas que possuem alguns dos ramos baixeiros mais alongados sendo a planta posicionada descentralizada a fim de se obter a triangulao com o vaso. J os vasos retangulares so mais adequados para as plantas em formato cnico perfeito, plantadas centralizadas no vaso. Os vasos decorados devem ser evitados e as cores escuras e sbrias so mais adequadas para os vasos neste estilo (BARTON, 1989).

    ``

    Figura 11: Ereto Formal cnico.

    Figura 12: Ereto Formal colunar.

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    Figura 12: Ereto Formal elaborado com o S caracterstico..

    Figura 13: Ereto Formal com um shari dividindo tronco ao meio.

  • Pinheiro negro japons no formato cnico.

    Idade 18 anos.

    Pinus pinea aos 3 anos.

    Pinus pinea aos 7 anos (mesmo exemplar). Pinus pinea aos 9 anos (mesmo exemplar acima).

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    2. Ereto Informal (Moyogi) Considerado o estilo mais popular de bonsai, e segundo TOMLINSON (1991) utilizado em cerca

    de 90% dos casos, principalmente por englobar uma grande variabilidade de formas em termos de inclinao do tronco e o nmero de angulaes das curvas deste.

    Essa diversidade de formatos, a fcil interconverso destas e por ter poucas normas estilsticas fazem com que este estilo seja o de mais fcil execuo e de efeito visual mais rpido (BARTON, 1989).

    Em virtude de na natureza a maioria das rvores no crescerem absolutamente retas apresentando uma pequena curva ou uma leve sinuosidade, caracterstica deste estilo e denominada de conformao em "S" (CHAN, 1993).

    Essa conformao em "S" acompanhada de um posicionamento dos ramos no pice das curvas do tronco, norma repetida nos demais estilos, alm disso deve-se procurar dar uma distribuio radial dos ramos, que vistos de cima a planta teria ramos preenchendo todo crculo, caracterstica que se repete nos demais estilos tambm, exceto nos "Varridos pelo Vento" (que ser visto mais adiante), alm disso o estilo Ereto Informal tem um aspecto geral cnico (CHAN, 1993).

    Os principais aspectos a serem obtidos no estilo Ereto Informal so: dimetro relativamente mais acentuado na base sustentado por fortes razes na superfcie do solo, tendo uma gradual reduo do tamanho das curvas do tronco (BARTON, 1989).

    A conformao "S" do tronco observada lateralmente e no deve ser restrita a um plano mas vista tridimensionalmente, se o tronco visto por cima este tem conformao de uma espiral. Entretanto, devemos lembrar que essa conformao em "S" no um requisito obrigatrio do estilo o qual tem uma ampla variao de sub-estilos.

    Se tivermos em mente que a maioria dos estilos quando feitos de forma errada se tornam Eretos Informais ento teremos uma vaga idia do que so as variaes deste estilo. Quando fazemos um bonsai em estilo Inclinado e se deixarmos a ponta deste se desenvolver muito, ento ela passa a procurar um equilbrio e talvez, se no for modificado, possa virar um estilo Ereto Informal.

    H outras variaes no estilo Ereto Informal obtidas atravs de combinaes com outros estilos como: Madeira Exposta, Tronco fendido, Plantado sobre Rocha, Toco, Varrido pelo Vento, Troncos Multiplos, Grupo de rvores, etc.

  • Segundo BARTON (1989) os bonsais do estilo Ereto Informal combinam com varios tipos de vasos: circulares, ovais, quadrados e retangulares. Entretanto, somente os de plantas florferas e frutferas podem ser decorados.

    Este estilo utiliza tradicionalmente a rvore descentralizada, sendo combinado o lado com o maior galho da planta com o lado de superfcie mais larga de solo a fim de obter a triangulao com o vaso.

    Esta foto mostra um exemplar de Pinus crescendo em estilo ereto informal naturalmente.

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    Figura 13: Forma mais comum de Ereto Informal. Figura 14: Uma variante do Ereto informal com ramos longos com ngulos agudo prximo da insero dos ramos.

    Figura 15: Uma variante do Ereto informal com um enfoque ao modo chins.

  • A foto acima mostra um exemplar de Portulacaria afra que por no ser totalmente reto classificado como ereto informal.

    Nesta foto podemos ver uma primavera em estilo ereto formal, muito embora a parte baixa do trono esteja inclinada.

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    Acima vemos uma eritrina em estilo ereto informal

    Pinus pinea Ereto Informal aos 3 anos.

  • Pinus pinea Ereto Informal aos 8 anos.

    Pinus pinea Ereto Informal aos 9 anos.

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    3. Inclinado (Shakan) Como o nome diz a rvore tem uma pronunciada inclinao estando a linha do tronco da

    planta ou a projeo da linha do tronco (no caso das retorcidas) num ngulo de 11 45 em relao vertical (EDINGER, 1994).

    O bonsai em estilo Inclinado pode dar a aparncia de que a rvore esta caindo e para evitar isso preciso criar um contrapeso visual atravs da disposio de razes superficiais no lado oposto da inclinao do tronco (BARTON, 1989) e tambm com um maior volume de ramos no lado oposto ao da inclinao.

    As razes superficiais aparentes compem um aspecto to importante quanto os ramos na composio do estilo (EDINGER, 1994).

    Um sistema radicular aparente no lado oposto da inclinao deve ser bem pesado e forte assim o tronco ter uma imagem de seguro, de "ancoramento" por razes "cabos" (CHAN, 1993) ou ainda como uma "mo" agarrando o solo no lado oposto da inclinao (EDINGER, 1994).

    Eucalipto saligna de 8 anos no Ereto Informal.

  • Quando a planta ainda no permite fazer esse arranjo de razes o efeito de equilbrio pode ser produzido pela ramificao, em especial pelo primeiro ramo inserido prximo ao primeiro 1/3 da altura e guiado na direo oposta inclinao do tronco, quanto maior o contrapeso dos ramos contrarios inclinao e menores os ramos do lado inclinado maior ser o efeito de equilbrio (EDINGER, 1994).

    Neste estilo a distribuio de ramos ao redor do tronco no tem perfeita simetria radial ou espiral vista de cima sendo quase uma distribuio alternada de ramos para cada lado (EDINGER, 1994). No estilo Inclinado o tronco pode ser reto ou curvo dependendo de cada rvore (BARTON, 1989), mas os ramos devem ser arranjados em camadas horizontais paralelas ao solo ou em leves inclinaes nos exemplares mais grossos (EDINGER, 1994; CHAN, 1989) sendo tambm desfolhados os ramos na parte inferior dos ramos, e a base dos ramos junto ao tronco tambm desfolhada (KORESHOFF, 1994).

    Segundo David De Groot (comunicao pessoal, 1998) o estilo Inclinado no dos mais convenientes, o qual confere uma sensao de fraqueza, bem como a inclinao sugere que a rvore se esquiva do observador.

    Os vasos mais indicados so os ovais e retangulares menos profundos que o normal (EDINGER, 1994).

    Figura 16: Bonsai no estilo Inclinado.

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    Figura 17: Bonsai no estilo Inclinado, iniciando numa direo e continuando noutra.

    Araucaria columnaris em estilo de tronco inclinado.

  • 4. Varrido pelo Vento (Fukinagashi) Este estilo reproduz o efeito visual de rvores submetidas a constantes ventanias,

    prprias de montanhas ou encostas rochosas litorneas.

    O tipo mais popular do estilo Varrido pelo Vento uma variao do estilo Inclinado, apresentando poucos ramos no lado oposto ao da inclinao.

    H diversas outras formas combinando a varredura pelo vento com outros estilos atravs de um desbaste de ramos e da retirada da maioria destes do lado que mais "tomou vento", ficticiamente.

    Assim podemos fazer com o estilo Ereto formal dando o formato cnico mantendo os ramos mas bem desbastados, o mesmo com estilo Ereto Informal, com o Estilo Cascata

    Ceiba erianthos em estilo inclinado.

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    (que ser visto mais adiante), com o estilo retorcido (mais adiante) e outros (KORESHOFF, 1994).

    Observe as figuras abaixo, a caracterstica do vento a morte de ramos de um lado, e os que sobraram do outro lado tm as pontas voltadas para uma direo.

    O vaso usado neste estilo ser o mesmo para o tipo de conformao de tronco, por exemplo, ereto formal, inclinado etc.

    Figura 18: Varrido pelo Vento na forma mais comum, tronco inclinado.

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    Figura 19: Varrido pelo Vento com tronco Ereto Informal.

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  • 5. Tronco Retorcido (Bankan) considerado o mais anti-natural dos estilos tradicionais de bonsai, de tendncia chinesa,

    popular no incio do sculo mas pouco aceito nos meios clssicos (LEWIS, 1993). Entre as plantas que ocorrem na natureza com essa conformao esto os Pinus sp e os Juniperus sp (BARTON, 1989), mas nos cerrados brasileiros que ocorrem diversas espcies de rvores no estilo retorcido com tronco e ramos retorcidos.

    Figura 20: Varrido pelo Vento com tronco Ereto Formal.

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    O estilo Ramos retorcidos com tronco semelhante ao Ereto Informal foi classificado por CHIDAMIAN (1962) como Rankan, entretanto essa denominao no tem sido encontrada em livros de outros autores.

    No estilo Retorcido o tronco curvado e retorcido irregularmente (ngulos de 90 10) , ascendendo s vezes em espiral ou em zigue-zague ou misturando as duas formas (EDINGER, 1994). Normalmente crescendo inclinado em relao ao nvel do solo, e nesses casos nos muito inclinados deve-se posicionar uma raiz superficial bem proeminente no sentido oposto ao da inclinao para se obter o equilbrio visual (EDINGER, 1994). Os ramos so extremamente curtos, ralos e esparsos, projetados radialmente das faces externas das curvas do tronco (EDINGER, 1994).

    Este estilo quando em idade avanada, ou muito alto, comumente interconvertido no estilo Literato (que ser visto mais adiante), a principal caracterstica que diferencia este estilo do Literato que neste o primeiro ramo ocorre perto do primeiro 1/3 da altura da rvore e o Literato ocorre no terceiro 1/3 da altura.

    Os vasos mais utilizados neste estilo so os ovais e retangulares rasos e os de moderada profundidade (EDINGER, 1994).

    Figura 21: Tronco Retorcido numa variante Ereto Informal.

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  • 6. Literato (Bunjingi) Dos estilos de bonsai freqentemente vistos o Literato o que mais sugere aspectos

    tradicionais chineses, a suavidade e a leveza das formas destas plantas nos fazem lembrar as pinturas pitorescas da China, de rlevo acidentado com lagos pedregosos e plantas tortuosas com folhagem esparsa.

    Segundo KORESHOFF (1994) a denominao Literato advm da intelectualidade que era cultivada por seus criadores e praticantes os chamados "wen-jen" (homens dos livros) que segundo as tendncias da Escola Sulista de Pintura Paisagstica, desenvolvida na Dinstia Tang (619-906 D.C.) pelo poeta-pintor Wang Wei (759 D.C). A partir da o estilo Literato permaneceu por sculos representando a cultura chinesa na atividade do bonsai, embora haja os estilos Retorcido, Polvo e Horai (que sero vistos posteriormente) tambm desenvolvidos pelos chineses. Entretanto no se sabe a real autoria dos estilos e provavelmente haja vrios outros criados pelos chineses.

    A cultura japonesa ofereceu resistncia difuso do estilo Literato, principalmente por ser de certa forma anti-natural como maioria das formas retratadas pelos chineses e tambm por ser uma marca registrada da China, sendo apenas utilizada pelos japoneses uma variao de forma de planta alta e esguia com uma copa altaneira que segundo se apregoa teria ocorrncia natural.

    No perodo Edo houve uma reao ao patronato Militar que os Shoguns exerciam no Japo e como protesto eram valorizados aspectos culturais de outros pases particularmente a China. Com o fim do patronato dos Shoguns e a queda do perodo feudal a cerca de 200 anos atrs ocorreu um liberalismo cultural no Japo e o incio ao desestmulo da valorizao das culturas estrangeiras acontecendo o mesmo com o estilo Literato, no entanto a cidade de Kyoto tornou-se um reduto dos monges Zen-budistas que a principio trouxeram tradies chinesas e as conservaram, entre estas estava o estilo Literato de bonsai (KORESHOFF, 1994).

    As plantas deste estilo tm o tronco alongado raramente reto, s vezes curvado e normalmente sinuoso e angular (KORESHOFF, 1994; EDINGER, 1994) na maioria das vezes as curvas do tronco tm ngulos de 90 ou menos (BARTON, 1989). So arvores esguias, leves, com uma copa pequena, mais ao alto, ocupando o terceiro tero da altura da rvore , tm poucos ramos e estes so sinuosos, curtos, irregularmente distribudos e com pouca folhagem (KORESHOFF, 1994; EDINGER, 1994).

    comum ter-se o problema entre bonsais j conformados em um determinado estilo serem depreciados por alcanarem elevada altura e por algum motivo perderem os ramos mais baixos, assim a reforma para reduzir a altura no teria sucesso por no se poder podar a parte mais alta

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    da planta recomeando com os ramos mais baixos, por isso comum converter outros estilos em Literato simplesmente fazendo "Jins" (corte das partes mais finas e descascamento e formao de madeira exposta tratada) nos galhos nos dois teros mais baixos da altura e deixando poucos ramos encurtados e raleados no tero mais alto da planta tornando esta um Literato. Segundo KORESHOFF (1994) todos os estilos podem ser convertidos no Literato.

    Figura 22: Estilo Literato com tronco Retorcido.

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    Figura 23: Estilo Literato numa forma chamada de Testa de Deus (Koreshoff, 1994).

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  • 7. Tronco Lascado (Sabamiki) um estilo baseado nos efeitos dos troves nas rvores quando estes no as matam. O estilo

    Tronco Lascado pode ser combinado a qualquer estilo de conformao de tronco (Ereto formal, Ereto Informal, Inclinado, cascata, etc.) a fim de aumentar o efeito de idade em geral junto com o estilo Madeira Exposta (que ser visto mais adiante) ou para separar ramos formando um conjunto de Troncos Mltiplos (um estilo que ser visto mais adiante).

    Uma variao muito usada neste estilo o Tronco co que na verdade uma conjuno com o estilo Madeira Exposta pelo entalhe que deve ser dado aps retirar-se uma lasca de um ramo, o Tronco co formado na natureza quando um ramo lascado aps muito tempo se decompe ficando difcil a planta fechar o buraco grande porque os restos do ramo ficaram muito tempo ali, mas num futuro, mesmo que demore vrios anos as bordas do buraco se encontraro e este ser fechado. Para a execuo de um Tronco co nos selecionamos um ramo lateral (para que fique difcil de acumular gua no buraco o que no aconteceria se fosse um ramo de topo) baixeiro o mais grosso da planta, retiramos este e fazemos uma pequena escavao com um pequeno

    Figura 24: Estilo Literato com tronco em Cascata.

    .

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    formo curvo no interior do tronco e em seguida passamos um selador para que no haja apodrecimento ou a entrada de um patgeno pelo corte (LEWIS, 1993).

    Os chamados seladores podem ser de vrios tipos, e servem, principalmente para evitar que a gua saia muito rpido da madeira, causando a morte da planta. Podemos usar substncias oleosas como vaselina em pasta ou leo emulsionvel, se pode ser at leo de cozinha, s que este ltimo embolora mais fcil que os demais. Entre 4 e 6 meses a substncia oleosa ter se desidratada com o sol ento passamos uma lixa fina para conferir, se aps a madeira ficar sequinha, podemos passar o lquido para Jin, do contrrio se a lixa agarrar ou ficar com uma massa de p de serra e leo, ento devemos esperar mais alguns meses para passar o lquido para Jin, que ser visto no estilo a seguir.

    8. Madeira Exposta (Sharimiki) Este estilo baseado em acidentes que induzem mortes em partes da rvore como a queima

    pelo fogo, a queda de um raio e a morte de diversas seces do tronco e ramos, ou ainda a ocorrncia de brocas os quais culminariam com o descascamento do tronco e/ou ramos e a exposio da madeira. muito usado para retornar ao vaso rvores que crescidas em canteiros ou jardins para "engorda" ou simplesmente pgas num jardim ou do campo, ficaram muito grandes e grossas, e para disfarar uma poda grande e drstica, e ainda dar a impresso de idade avanada.

  • Somente os ramos de baixo so deixados e modelados, os de cima so retirados junto com a maioria da copa, o tronco podado ento entalhado a fim de criar um pice fino e os ramos artificiais. No novo topo so descascados os ramos que j haviam, a fim de parecerem lascados por raios e conformados de forma cnica (jin) e ento a casca do tronco retirada em faixas irregulares geralmente em espiral em volta do tronco, ou em linha reta.

    bom lembrarmos que as faixas de casca deixadas levam a seiva elaborada pela fotossntese das folhas dos ramos vivos para as razes. Curiosamente os antigos japoneses e chineses j sabiam que as folhas mandavam nutrientes para as razes atravs da casca, e a gua e os adubos absorvidos pelas razes subiriam por dentro da madeira.

    Depois de seca a madeira tratada com o lquido para "Jin" (descrito neste tem mais adiante). Todo esse processo feito gradativamente, se for retiradas tiras grandes de uma s vez pode haver muita perda de gua pelo corte e em consequncia disso a morte da planta, rpida ou lenta.

    Quando vamos transformar um arbusto do jardim em bonsai devemos ir descascando a planta aos poucos, tirando uma faixa a cada 2 meses, enquanto ela vai crescendo no solo, para que a parte area ainda permanea com fortes razes e bem nutridas pela terra, e se recupere rapidamente dos ferimentos que estamos lhe fazendo. E aps passado o lquido para Jin que ser retirada outra faixa de casca a fim de dar mais chance da planta se recuperar. Depois de feito o trabalho esperamos mais alguns meses, e ento transferimos a planta com um torro de terra ainda grande (cerca de 60 X 25 cm), a principio para uma bacia plstica com um solo novo ao seu redor, ficando nesta por cerca de 1 ano, recebendo adubao dissolvida quinzenalmente. Aps o que ser transferida para o vaso raso, no incio da primavera e num perodo chuvoso.

    Como citado anteriormente o estilo Madeira Exposta freqentemente acompanhado de Jins que so os lascamentos das pontas dos ramos e s vezes o Tronco Lascado. O descascamento do ramo todo implica na morte deste e se a conformao do ramo no estiver do agrado este ainda pode ser modelado enquanto "verde", isto , mole porque posteriormente quando ele secar ir endurecer de vez (KORESHOFF, 1994).

    Na execuo de um shari (madeira exposta) devemos lembrar que o descascamento completo no sentido horizontal provoca a interrupo da passagem da seiva elaborada das folhas e no descendo at as razes a planta toda morrer, assim devem ser retiradas tiras inclinadas em espiral na volta do tronco at prximo do nvel do solo uma vez que no solo o lquido para Jin no poder exercer proteo madeira no solo por causa da maior atividade dos fungos e porque o sal do produto iria se difundir gradativamente na soluo do solo no protegendo bem e fazendo mal a

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    planta. A melhor poca do ano o vero porque a casca se solta mais facilmente com os tecidos cheios de gua (LEWIS, 1993). Aps 60 dias da retirada da casca passa-se o liquido para Jin.

    Segundo BARTON (1989) o lquido para Jin pode ser feito de forma caseira da seguinte forma: arrume um pequeno fogareiro e disponha-o num ambiente externo (o cheiro do produto pode fazer mal sade) coloque 800 ml de gua e 60 g de cal virgem numa jarra (entretanto o alumnio e o ferro devem ser evitados, pode ser de ao inox, gata, vidro ou teflon) e ponha no fogo, aps a fervura v adicionando lentamente 85 g de enxofre em p e agitando, mantenha na fervura at que o lquido adquira a colorao marrom amarelada (procure no respirar o vapor). Aps esfriar separe o lquido do p passando o caldo atravs de uma peneira fina e guarde o lquido num vidro com uma etiqueta indicando que veneno. Armazene a embalagem fora do alcance de crianas e animais, quando manusear o lquido faa-o em ambiente externo e de costas para o vento.

    Figura 25: rvore com tronco Retorcido apresentando madeira exposta (shari) e jins, plantada sobre um vaso que imita uma rocha.

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  • NOTA:

    Embora no seja citado em nenhum dos livros e revistas revisadas a madeira exposta um ferimento perigoso. Por ela entram fungos decompositores, muitos tipos de brocas e cupins, que aps anos ou dcadas desmancharo a madeira. O tratamento com sulfeto de clcio tem apenas preservado a casca externa, ficando o interior livre para o ataque de fungos. A madeira exposta deve ser evitada o mximo possvel porque na verdade uma condenao a morte, em anos, ou dcadas.

    Se ocorrer madeira exposta esta dever ser tratada

    9. Semi Cascata (Han-kengai) Como o prprio nome diz este estilo delineia uma meia queda, a grosso modo um estilo

    caracterstico de plantas formadas em ambientes acidentados como montanhas e escarpas rochosas. A principio a rvore sofre uma queda e num paredo no h proteo lateral do solo esta fica um pouco pendida, mas h duas variaes neste estilo: uma com a linha do tronco na horizontal e outra que passa abaixo do nvel do solo (EDINGER, 1994) segundo KORESHOFF (1993) seria de poucos graus acima do solo no primeiro variante e de at 45 abaixo do nvel do solo no segundo variante.

    KORESHOFF (1993) considera este estilo o mais difcil de se alcanar xito por no obterem o balanceamento e o equilbrio correto. Teoricamente aps o "acidente" que deixou a planta nessa posio esta passa a engrossar mais as razes basais e a regio da toro a fim de garantir a sua estabilidade e se manter agarrada, alm disso os ramos laterais passam a ter um novo sentido de crescimento e no formando mais folhagem na face inferior dos ramos laterais e do principal.

    O fato da planta estar inclinada, semelhante ao estilo Inclinado, esta induzida a produzir uma ou mais razes grossas no sentido contrario da inclinao, numa tentativa de se evitar uma nova queda, alm disso rente ao paredo ela tambm tem uma tendncia a produzir uma ou mais razes no sentido da queda para evitar um escorregamento (KORESHOFF, 1993).

    KORESHOFF (1993) tambm afirma que com o tempo a rvore produz a chamada "cabea de contrabalanceamento" que seria o primeiro ramo, que aps a queda passa a crescer mais por ser mais beneficiado, pois alm de receber mais nutrientes nessa posio este ainda recebe mais hormnios da raiz do que na posio ereta, e passa a fazer peso mais prximo das razes e puxando o centro de gravidade para cima dando mais estabilidade rvore.

    Para a execuo deste estilo os pinheiros so os mais adequados principalmente por sua folhagem pequena facilitar as despontas dos brotos e porque tambm a copa fica mais visvel.

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    Devemos iniciar com plantas jovens com o caule ainda bem flexvel prximo base para que possamos fazer uma boa curvatura para baixo, alm disso, ns conseguimos o efeito de profundidade fazendo sinuosidades com o tronco em diversos sentidos. As regras para localizao dos ramos so as mesma dos estilos anteriores, ficando estes na face externa das curvas do tronco, mais dispersos prximos base da planta, e desfolhados junto ao tronco e na face inferior.

    Figura 26: Meia cascata tendo uma cabea de contrabalanceamento, no caso o primeiro ramo.

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  • 10. Cascata Plena (Kengai) Este estilo tem suas origens com os chineses os quais particularmente detm as principais

    tcnicas e conseguem captar o sentimento e a potica que envolve a elaborao deste estilo. Segundo KORESHOFF (1993) os japoneses freqentemente deixam a Cascata "forrada" de folhagem formando um tronco com poucos ngulos e obtendo o aspecto geral de "rabo", alm disso muitas vezes so vistas plantas com mais de um "rabo".

    Na formao do bonsai em Cascata o ngulo da linha do tronco deve estar entre 30 e 90 abaixo da horizontal, a planta deve sair prxima da parede do vaso para dar uma idia de instabilidade; os primeiros ramos quando sobre o vaso formam um tringulo semelhante uma "cabea de contrabalanceamento" vista no estilo Semi-cascata entretanto aqui formado em geral por 3 ramos (sendo um dos variantes do estilo). O tronco deve ter vrias curvas em zigue-zague irregular, sendo que aps a primeira curva a segunda deve ter o ngulo mais agudo, entre 30 e 45. Os ramos devem ser afastados uns dos outros sendo que os maiores ficam do lado externo das curvas, so desfolhados junto ao tronco e na face inferior, com um crescimento quase paralelo ao solo (KORESHOFF, 1993).

    Segundo KORESHOFF (1993) h poucas variaes neste estilo, uma delas se refere a utilizao da cabea de contrabalanceamento (que para os chineses seria o nevoeiro que ascende da cascata) com 2 tipos de cascata, uma formando um ngulo de 90 , como se viesse despencando

    Figura 27: Meia cascata com a cabea de contrabalanceamento a 2/3 do comprimento do tronco.

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    de uma vez, chamada de "Cascata Plena Formal"; e outra formando um ngulo de 45 com a horizontal, em que a gua viria rebatendo nas pedras, chamada de "Cascata Plena Informal". Uma outra variante se refere a uma rvore sem cabea de contrabalanceamento com um ngulo de cerca de 90 com a horizontal, tendo o tronco muito sinuoso de vrios ngulos agudos, nodoso, com jins e sharis, pouco ramificado e enfolhado, chamado de "Cascata Pendurada no Precipcio".

    As plantas mais indicadas para se aplicar este estilo so as de folhas pequenas especialmente os pinheiros numa fase que ainda estejam flexveis para se executar todas as curvas caractersticas do estilo, plantas como Juniperus horizontalis e J. procumbens que so rasteiras e esto entre as plantas que formam Cascata praticamente sozinhas bastando fazer-se as curvas, mas estas tm um lento engrossamento de tronco. Outras como J. chinensis 'Torulosa' (Kaizuka, entre as mais bonitas para se executar o estilo Cascata), Cupressus lusitanica (o cedrinho) no so rasteiras mas so flexveis por vrios meses o que facilita a modelagem de curvatura e sinuosidade e respondem muito bem ao engrossamento forado com arames (que ser visto mais adiante).

    Os vasos mais adequados para o estilo Cascata so de profundidade mdia a alta, redondos, quadrados, hexagonais ou octagonais, sempre com os lados iguais. Os vasos profundos no so obrigatrios, mas podem ser utilizados com plantas muito longas, mas nesses se torna necessrio fazer um sistema de drenagem mais eficiente tendo mais pedriscos, porque a gua tende a ficar parada no fundo dos vasos profundos (KORESHOFF, 1993).

    Figura 28: Tronco em cascata plena formal.

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    Figura 29: Tronco em cascata plena informal.

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  • 11. Vassoura (Hokidachi) Este estilo tem essa denominao por ser conformado a uma vassoura curta ou a um

    abanador de p. um estilo que tem como caracterstica principal uma grande quantidade de ramos muito finos originrios de 2 ou 3 ramos, alm disso o tronco deve ser perfeitamente ereto e sem calosidades, todas as razes aparentes devem ser do mesmo dimetro e uniformemente distribudas ao redor da base do tronco (KORESHOFF, 1993; EDINGER, 1994). um estilo considerado difcil por BARTON (1989) e KORESHOFF (1993), por serem caractersticas estilsticas difceis de serem mantidas, sendo evitados o uso de arames para no marcar nem deformar o tronco.

    um estilo mais adequado plantas decduas como bordos (Acer spp.), castanhas japonesas (Zelkova spp.) e as correspondentes brasileiras seriam o jequitib rosa (Cariniana legalis), ips (Tabebuia spp.), etc. H tambm muitas rvores brasileiras que no so decduas mas perenifolias que frequentemente adquirem o estilo Vassoura na natureza so: laranja japonesa (Fortunella spp), jaboticabeira (Myrciaria trunciflora), uvaia (Eugenia pyriformis), e vrias outras frutferas citadas anteriormente.

    Na formao de plantas no estilo Vassoura dificilmente se encontra plantas com uma ramificao abundante expontnea e a baixa altura (20 25 cm do solo) e o tronco ereto, exceto a uvaia. BARTON (1989) e KORESHOFF (1993) indicam como formao de plantas no estilo Vassoura iniciar com uma planta ereta e retilnea com um dimetro mnimo de 2 cm podado antes da brotao da primavera, entre 20 e 25 cm do solo em dois cortes dando uma conformao em "V", assim garantir uma ramificao abundante com um vigor mais equilibrado entre os ramos, posteriormente esses ramos sero podados durante o ano para evitar a dominncia e o alongamento exagerado e aps o final das dormncia antes do incio da brotao primaveril realizamos a poda de formao que ser um pouco acima da do inverno anterior deixando 3 gemas em cada ramo e assim por anos sucessivos at que se tenha obtido abundncia de ramos numa forma compactada. Os vasos utilizados neste estilo so os ovais.

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    12. Horai considerado por KORESHOFF (1993) um dos estilos mais exagerados de bonsai, obtido

    basicamente fazendo-se muitas curvas e ngulos (entre 90 e 0) e seguindo uma formula de amarrao (veja figura 35). A folhagem pode ser esparsa ou densa, mais distribuda ou concentrada nos pices dos ramos. Este estilo foi envolvido no passado por um misticismo criado a principio para a conformao do "Drago" (figura 34) tratado at com mais respeito e venerao que os demais estilos foi h mais de 2 sculos o estilo comercial mais produzido no Japo.

    Figura 30: Estilo Vassoura.

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    Jequitib Rosa (11 anos) no estilo vassoura

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  • Figura 31: Estilo Horai antigo chamado de o Mstico Drago.

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    Figura 32: Procedimento para execuo do estilo Horai.

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    Figura 33: Estilo Horai praticado em jardins chineses.

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    13. Raiz Exposta (Neagari) Neste estilo os aspectos diferenciados de razes das plantas so cuidadosamente expostos

    como ocorre na natureza quando eroses ou desbarrancamentos provocam a sada do solo que envolvia as razes mas como esta ainda obtm sustentao prossegue no seu ritmo de crescimento induzindo a um reforo na estrutura das razes.

    H vrios tipos de plantas que naturalmente ocorrem neste estilo como as rvores de mangue, por exemplo a Avicinia tomentosa que cresce suspensa sobre a gua do mar, temos tambm plantas de charcos e brejos que desenvolvem razes suspensas para melhorar o equilbrio da rvore como Pandanus spp e outras tropicais, e no podemos esquecer das rvores do gnero Ficus spp so conhecidas por suas razes tabulares que auxiliam na sustentao de seus longos ramos emitindo destes razes at o solo que aps engrossadas funcionam como escoras.

    Segundo KORESHOFF (1993) a exposio das razes normalmente fica entre a metade e 2/3 da altura total da planta. Este um estilo de conformao de razes que pode ser combinado com os diversos tipos de conformao de tronco vistos anteriormente. Considerando a altura global da planta devemos treinar rvores com tronco mais baixo para que possamos ao descobrir as razes e ter ainda uma planta baixa dentro do padro de altura desejado, isto , devemos ter em mente que a altura da raiz que ser exposta j esta somada a altura da rvore.

    Basicamente, o processo de formao deste estilo o mesmo que ocorre na natureza, ns erodimos a parte superficial do solo de uma muda previamente j formada (de copa baixa, bem esgalhada) e colocamos-a de molho em gua e ento desmanchamos lentamente o solo de cima para baixo, observando se h suficiente nmero de razes grossas preferencialmente abertas para o lado, como pernas de aranha, ento retiramos as razes mais finas e plantamos o restante ao nvel de cerca de 5 cm.

  • Podemos criar tipos mais exticos de razes expostas pegando mudas jovens com razes

    flexveis desmanchamos o torro e abrimos as razes ao redor de uma pedra em formato de meia esfera com 15 30 cm de dimetro, plantamos todo o conjunto dentro de um recipiente enterrando a pedra com as razes sobre esta, aps uns 2 anos retiraremos o conjunto e verificamos se as razes engrossaram o suficiente para aquentar o peso da copa se estiverem finas voltamos o conjunto mas com um solo novo, e aps um ano lavamos a terra de novo e confirmamos que as razes engrossaram ento lavamos toda a terra da parte das razes que sero expostas e retiramos cuidadosamente as razes finas porque secam e do um aspecto ruim planta, aps isso plantamos a planta deixando cerca de 5 cm do torro com um pouco de terra e completamos no vaso com terra nova.

    Existem plantas fceis de fazer razes expostas como as espcies de Ficus spp, paineira comum (Ceiba spp), Schefflera sp, e outras; h as que quando adquiridas meio grandes aps uma poda podem ter as razes descobertas para reduzir a altura da planta como Callistemum spp, jaboticabeira Sabar, Ligustrum spp e outras; h ainda as demoradas em produzir o engrossamento das razes que seriam por exemplo a paineira argentina (Ceiba erianthus), a rvore de jade ( Crassula spp) e vrios tipos de Tuias ( Chamaecyparis spp) como a Pssaro azul que produzem uma grande quantidade de razes em forma de cabeleira bem finas e demoram anos para engrossar algumas destas razes, normalmente podemos acelerar o engrossamento

    Figura 34: Estilo Raiz Exposta.

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    plantando estas no cho mas como uma superfcie plana embaixo para que as razes no se aprofundem depois arrancamos esta e voltamos ao vaso raso (com as tcnicas de transplante j citadas anteriormente), ou ainda podemos engrossar as razes mantendo as plantas em recipientes bem largos mas rasos, como uma lata de 18 litros cortada ao meio no sentido do comprimento e com um solo bem adubado, ou melhor ainda, essas bacias plsticas grandes.

    Paineira, Ceiba speciosa, estilo Tronco Inclinado Raiz Exposta.

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  • Figura 35: Estilo Raiz Exposta em altura total.

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    Ficus retusa em estilo Raiz Exposta do tronco e ramos.

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    14. Cascata Retorcida Neste estilo a rvore apresenta a superfcie do tronco espiralada, algumas vezes parecem

    dois troncos tranados (EDINGER, 1993).

    Na natureza rvores que crescem nesse estilo frequentemente exibem significantas partes do tronco mortas, os sharis (EDINGER, 1993) o que se obtem nos exemplares de mais idade arrancando cuidadosamenre a casca do tronco espiraladamente para sugerir um torcimento (BARTON, 1989). Nos exemplares jvens e flexveis pode se retorcer a haste longitudinalmente aps o enrolamento de alguns arames. Nos exemplares de mediana idade podemos enrolar arames mais grossos, em dupla ou em trio, paralelos mais com uma faixa livre pela qual a seiva vai circular e aumentar consideravelmente em espessura e aps 1 3 anos retiramos os arames e teremos uma fenda em espiral sem casca.

    Figura 37: Planta em estilo Literato com Cascata Retorcida.

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    Figura 38: Estilo Ereto Informal com Cascata Retorcida.

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  • Estilos com Troncos Multiplos

    15. Tronco Duplo (Sokan) Neste estilo realizamos a formao de duas rvores a partir de uma, assim quando jvem

    uma rvore teve um ramo baixo que passou a se desenvolver bem e ocupa junto ao tronco principal uma posio de destaque como uma nova rvore. Neste estilo tambm chamado Pai e Filho devemos iniciar a segunda rvore junto ao solo, esta deve ser menor em altura e dimetro de tronco em relao ao pai. Este estilo tambm chamado de Troncos Gmeos mas nunca estes devem ser gmeos idnticos tendo conformaes diferentes ou estilos diferentes.

    Figura 39: Tronco duplo, sendo um Retorcido e outro em Semi Cascata.

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    Portulacaria afra em estilo Tronco duplo, sendo um Formal e outro Inclinado

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  • 16. Tronco Multiplo (Kabudachi) Este estilo caracterizado por ter diversos troncos surgindo a partir de um, assim uma

    regra a ser seguida que o nmero de troncos que se formam na base em nmero mpar, estes devem ter conformaes diferentes e no devem intercruzar ou encobrir a viso de outro. Devemos distribui-los bem tridimensionalmente ao redor do vaso, mante-los com alturas diferentes e dando ao conjunto um aspcto quase tringular visto de lado ou cnico visto de cima.

    Figura 40: Tronco duplo, sendo um em estilo retorcido e outro inclinado.

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    Figura 41: Planta no estilo tronco mltiplo.

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    Eugenia matosii estilo Tronco Multiplo

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  • 17. Raiz Conectada (Netsunari) Este estilo ocorre na natureza aps a queda e sobrevivncia de uma rvore, assim

    conforme a conformao que a planta tinha, se era uma rvore meio reta e alta pode originar a chamada linha de rvores a partir de uma nica. Se a rvore que caiu era alta e sinuosa esta recebe o nome de estilo sinuoso, outras variaes so possveis mas pouco comuns, embora possamos fazer combinaes diversas com outros estilos como crescimento sobre rochas, misturas de estilos como ereto informal com retorcido e uma ponta em semi-cascata (embora seja difcil dar beleza esttica com naturalidade ao conjunto). As rvores que custumam brotar pelas razes so as mais indicadas para se executar este estilo, tais como: ligustrinho, pitanga e serissa (alm de outras).

    Figura 42: Estilo Raiz Conectada.

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    18. Balsa (Ikadabuki) Este estilo ocorre na natureza semelhante ao anterior mas formado sobre o solo uma

    estrutura de madeira da o nome balsa, que bem caracterizado quando a rvore que cai um ereto informal mais arredondado e com a queda os ramos de baixo ficam achatados e os de cima lascam-se ficando todos na superfcie do solo, aps a regenerao e o crescimento dos ramos h uma estrutura de madeira viva distribuda sobre o solo.

    Ficus Retusa estilo Raiz Conectada.

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    Figura 43: Estilo Balsa com ramos formando uma estrutura de madeira forrando o solo.

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  • Eugenia mattosii sendo treinada para o estilo Balsa.

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    Figura 44: Execuo de um estilo balsa com rvore reta, inicia-se pela retirada dos ramos que ficaro amassados, aconselhvel o tratamento com um selador ou uma pasta de dentes branca aguarda-se uns 5 minutos para que seque ento podemos enterrar parcialmente.

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    Eugenia mattosii n o estilo Balsa.

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    19. Grupo de rvores (Yose-ue) Este estilo representa o climx da arte e tcnica do bonsai, para que fique bem feito

    necessrio experincia e sensibilidade do contrrio ficar sem graa.

    Para sua execuo precisamos estudar os hbitos das plantas a qual faremos o bosque para se saber entre outras coisas se as plantas ocorrem mais retilneas em bosque ou se ocorrem as inclinadas, mas de forma geral as plantas em bosques so mais retilneas, sendo retorcidas quando em montanhas e rochas e em grupos pequenos.

    Como em grupo a competio por nutrientes e adubos mais acirrada nos devemos formar as plantas por alguns anos ou comprarmos algumas pr-bonsai e juntarmos no momento da execuo.

    Para a formao de um bosque devemos sempre que possvel utilizarmos espcies menores propores, ser tanto melhor o bosque quanto menor forem as folhas.

    prefrervel partirmos de plantas individualizadas formando-as isoladamente ou adquirindo-as como pr-bonsai, assim contornamos um pouco a competio que atrasaria o crescimento.

    O nmero de plantas num grupo sempre mpar, excetuando as duplas. A maior e mais grossa planta deve ser localizada prxima ao centro uma vez que a triangulao dos ramos com as extremidades do vaso continua.

    Uma boa dica para tentar dar um bom astral ao seu bosque imaginarmos que as plantas esto num baile e embora sejam fisicamente diferentes esto dando os mesmos passos de dana quase sincronizados.

    Na maioria dos livros no citam regras quanto aos tipos, mas maioria dos bosques so de uma nica espcie, provavelmente se deve por serem espcies de clima temperado e as formaes so de uma nica espcie.

  • Figura 45: Grupo de rvores.

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    Figura 46: Grupo de 2 no estilo Literato.

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    Figura 47: Grupo de 5 no estilo Informal.

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    Mirindiba Rosa no estilo Bosque (Grupo).

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    Mirindiba Rosa no estilo Bosque Inclinado.

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  • Solo do Bonsai

    (Auta de Souza) A terra se mistura num remdio imortal. S quem entende saber fazer igual. preciso muito treino para faz-lo como tal. Pra quem o ama de verdade preciso tempo integral. Corta folha, prende galhos com arames de varal. preciso carinho como se fosse oriental. No to fcil como cuidar de um bananal. preciso ser um ser especial, E que tenha sensibilidade at espiritual. Pois se o perde no se consegue outro igual.

    Introduo Para as plantas o solo supre a sustentao fsica e qumica, fisicamente o solo que

    mantm a planta em p e quimicamente a planta retira do solo os sais minerais que esta utiliza para produzir seu alimento atravs da fotossntese.

    Os sais minerais no solo podem estar livres na gua que, corre entre os gros do solo, ou ento, presos nesses gros por magnetismo. Os sais minerais tm carga eltrica, como se fossem p de im, por isso grudam no gro da argila, hmus ou vermiculita, que tambm possuem carga eltrica. A areia no possui carga eltrica por isso no fixa os nutrientes, somente servindo para estruturao e aerao solo por separar os gros de argila que podem empedrar durante o ressecamento.

    As razes das plantas possuem dois tipos de absoro a passiva e a ativa. Na passiva a raiz no precisa fazer nada para absorver os sais minerais que entram pela sua "pele", sozinhos. A absoro ativa bem mais complexa, para que ela ocorra bem so necessrios varios itens: a

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    planta absorve os nutrientes gastando energia por isso esta precisa estar bem nutrida, ter a luminosidade adequada para a espcie, e ter no solo todos os nutrientes na proporo certa, se um faltar ou exceder demais um, ou mais, destes a planta ter problemas. Esses problemas so denominados Deficincias Nutricionais.

    Tipos de Solos O tipo de solo pode variar conforme a espcie de planta a ser usada. Existem basicamente

    trs tipos, so eles: argiloso, arenoso ou hmico (ou orgnico).

    A maioria das vezes os trs no ocorrem sozinhos o que inclusive seria prejudicial a planta, quando acontece a predominncia de um destes elementos o solo ento recebe uma das trs denominaes ou uma mistura, por exemplo argilo-arenoso, ou argilo-hmico.

    Classificao do solo quanto a porcentagem de argila a seguinte:

    TEXTURA DO SOLO % APROXIMADA DE ARGILA Areia franca 05 Franco arenoso 10 Franco siltoso 20 Franco argilo siltoso 30 Franco argiloso 35 Argiloso 50 Muito argiloso 70

    Areia Este o constituinte que promove a aerao, principalmente quando ocorre em gros

    maiores, por isso a areia grossa colocada pura sobre a tela de drenagem que tampa o fundo do vaso. Tambm utilizada em grnulos grossos no enraizamento de estacas por sua elevada aerao, mesmo sob muita irrigao a quantidade de oxignio permanece elevada favorecendo assim o enraizamento das estacas.

  • Os espaos grandes que existem entre os gros de areia so denominados macroporos, estes permitem que o ar e a gua entrem e saiam rpido do solo.

    Convm frisarmos que na maioria dos livros de bonsai so utilizados solos arenosos, com cerca de 90% de areia e 10% de matria orgnica. Mas, semelhante ao que ocorre hidropnia estas plantas so irrigadas com soluo nutritiva, ou seja, adubos dissolvidos na gua da rega, uma vez que a areia no retm os nutrientes. Alm disso, existem outros autores que utilizam esfagnum na mistura com areia. Outros ainda, usam argila tamisada, que so como se fosse argila passada em peneiras e ento queimadas em forno, formando bolinhas de barro de diversos tamanhos imitando gros de areia que substituem, simultaneamente, os de areia pela estrutura fsica, e os de argila pela reteno dos nutrientes.

    A areia tambm usada com peso, pela sua densidade, quando colocada em vasos pequenos reduz um pouco o tombamento dos vasos por ventos.

    Sob o solo a areia muito mais quente do que a terra e esta mais quente do que os substratos orgnicos, estressando algumas e matando outras. Sob temperaturas baixas ela tambm bem mais fria que outros materiais usados em vasos.

    Areia macro poros preenchido com a soluo do solo.

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    Argila o constituinte que promove a nutrio e estruturao, mas com uma fraca

    aerao, por isso algumas plantas podem morrer na poca de chuva se forem plantadas em argila pura.

    H muitos tipos de argila conforme a rocha e o clima que deu origem ao solo, e em razo disso existem vrios nveis de fertilidade, de empedramento e de pH. As principais propriedades das argilas no solo so: (1) a reteno magntica dos fertilizantes que esta pode segurar e no deixar que a gua os arraste para fora do vaso; e (2) a capacidade dos microporos de reter gua por mais tempo e no deixa-la evaporar facilmente.

    Troca Inica Quando se coloca um sal na gua este se divide formando dois ons. Por exemplo, o

    salitre do Chile quando o dissolvemos para regar as plantas:

    KNO3 + gua K+ + NO3- + gua

    importante sabermos que um minsculo gro de argila rodeado de ons H+ que so deslocados pelo on do adubo e deixando para este a carga negativa que o fazia grudar na argila, como no desenho abaixo.

    --Mg

    - K

    -K

    -K

    - -C a

    --C a

    -Na

    -Na

    Arg ila

    Na = sdio, K = potssio, Ca = clcio, Mg = magnsio.

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  • A figura acima mostra a argila com cargas negativas, de forma semelhante ao im, esta retm os ons positivos, que so constituintes dos fertilizantes.

    A figura acima mostra os microporos, pelos quais a gua e o ar passam mais lentamente. Com o tempo estas poros ainda se tornam cada vez menores ficando o solo compactado e duro como tijolo.

    Tipos de Argila Existem vrios tipos de argilas, as quais apresentam propriedades qumicas e fsicas

    diferentes e caracterizam o solo das regies onde ocorrem.

    Os adubos so substncias salinas, e os sais, quando na gua, se dividem em duas molculas. Uma com carga positiva, que chamada de ction, e outra com carga negativa, chamada de nion.

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    A caracterstica qumica classifica as argilas pela quantidade de ctions que esta pode reter, e posteriormente, trocar com a raiz da planta, chamada Capacidade de Troca de Ctions, ou CTC. Este ndice nos mostra quantos ons esta pode reter, e, desse modo, nos mostrar como a fertilidade desse solo. Um on pode ser trocado por outro se este tiver sido lavado pela chuva ou adquirido pela raiz, vejamos qual a hierarquia dos ctions dos fertilizantes. Assim o ction da esquerda pode retirar o da direita e ocupar seu lugar ao redor do gro de argila.

    A tabela abaixo mostra alguns exemplos de argilas e a CTC de cada uma, demostrando para ns o grande potencial da vermiculita. Alm das argilas, esta colocado mais abaixo a CTC do hmus.

    ARGILA CTC Caolinita

    3-15

    Halosita

    5-10

    Clorita

    10-40

    Ilita

    10-40

    Sepiolita Atapulgita paligorsquita

    20-36

    Montmorilonita

    80-150

    Vermiculita

    100-150

    Hmus (no argila, esta aqui apenas para comparao)

    250-400

  • Hmus o constituinte que promove nutrio tambm, igual a argila por reter magneticamente

    os nutrientes. A sua falta exagerada promove um enfraquecimento da planta. Entretando o seu excesso reduz o crescimento das plantas, porque este apresenta muitos cidos orgnicos que por sua vez liberam muitos ons H+ que competem com outros ct