Botânica

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http://dias-com-arvores.blogspot.com/2008_01_01_archive.html 31.1.08 Invasão amarela Sedum praealtum Por falta de concorrência, as plantas que florescem no Inverno gozam de maior visibilidade, qualidade mediática hoje em dia muito prezada. E uma das que mais agora se vê - seja nas dunas, nos bosques, nas bermas de estrada ou em qualquer jardim menos cuidado - é o trevo-azedo (Oxalis pes-caprae ), que dá justamente flores amarelas. Mas, como aquelas figuras públicas que nos cansam de tanto aparecerem, também a Oxalis, em vez de nos alegrar a vista, acaba por desgostar-nos. Seja como for, é a ela que devemos a hegemonia do amarelo no panorama floral da estação. Embora não saindo da mesma cor, trazemos hoje uma outra planta que, pelo menos por cá, se mantém educadamente confinada aos espaços que lhe foram destinados. O género Sedum conta com cerca de 280 espécies de herbáceas suculentas no hemisfério norte, incluindo algumas que são espontâneas em Portugal, como o arroz-dos-muros e a erva-pinheira (Sedum sediforme ) das dunas. A espécie S. praealtum é mexicana e chega a atingir metro e meio de altura, o que é invulgar para o seu género e explica o epíteto específico, que significa muito alta. Este exemplar foi fotografado há dias no Jardim Botânico do Porto, e os muitos insectos em volta dele davam testemunho do seu apreço por quem os sustenta em época de flores magras. Há uma peculiaridade que as plantas do género Sedum partilham com a generalidade dos membros da família Crassulaceae: os seus estomas (poros por onde as plantas «respiram», absorvendo dióxido de carbono e libertando

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Jardins do mundo

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http://dias-com-arvores.blogspot.com/2008_01_01_archive.html

31.1.08

Invasão amarela

Sedum praealtum Por falta de concorrência, as plantas que florescem no Inverno gozam de maior visibilidade, qualidade mediática hoje em dia muito prezada. E uma das que mais agora se vê - seja nas dunas, nos bosques, nas bermas de estrada ou em qualquer jardim menos cuidado - é o trevo-azedo (Oxalis pes-caprae),

que dá justamente flores amarelas. Mas, como aquelas figuras públicas que nos cansam de tanto aparecerem, também a Oxalis, em vez de nos alegrar a vista, acaba por desgostar-nos. Seja como for, é a ela que devemos a hegemonia do amarelo no panorama floral da estação. Embora não saindo da mesma cor, trazemos hoje uma outra planta que, pelo menos por cá, se mantém educadamente confinada aos espaços que lhe foram destinados. O género Sedum conta com cerca de 280 espécies de herbáceas suculentas no hemisfério norte, incluindo algumas que são espontâneas em Portugal, como o arroz-dos-muros e a erva-pinheira (Sedum sediforme) das dunas. A espécie S. praealtum é mexicana e chega a atingir metro e meio de altura, o que é invulgar para o seu género e explica o epíteto específico, que significa muito alta. Este exemplar foi fotografado há dias no Jardim Botânico do Porto, e os muitos insectos em volta dele davam testemunho do seu apreço por quem os sustenta em época de flores magras. Há uma peculiaridade que as plantas do género Sedum partilham com a

generalidade dos membros da família Crassulaceae: os seus estomas (poros por onde as plantas «respiram», absorvendo dióxido de carbono e libertando

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oxigénio e vapor de água) só abrem à noite, o que diminui as perdas de água por transpiração e reforça a sua adaptação a ambientes áridos.

Publicada por Paulo Araújo em 31.1.08 0 comentários

Etiquetas: Crassulaceae, Jardim Botânico - Porto, Oxalidaceae

29.1.08

Ao fundo das escadas, à direita

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Fonte Fria / Fraxinus pennsylvanica Não é inteiramente exacto que todas as árvores monumentais do Buçaco, sofrendo de incurável timidez, se escondam atrás das companheiras logo que algum fotógrafo ameace puxar da máquina. A Manuela já aqui mostrara o «Cedro de São José», que deixa ver de si o suficiente para dar irrefutável testemunho do seu gigantismo. Mas é mesmo verdade que, tirando aquelas árvores nos jardins do Palace Hotel (como a famosa Araucaria bidwillii), poucas destas gigantes se deixam acomodar num único cliché. Uma excepção é este freixo-da-Pensilvânia que se encontra ao fundo da chamada Fonte Fria,

escadaria com muitos lanços bissectada por um fio de água que escorre de patamar em patamar, aqui e ali alargando-se em tanques ornamentais. A água desagua num lago quase circular, morada de um casal de cisnes pretos; o lago, um dos dois existentes no vale dos fetos, tem diâmetro suficiente para que, do outro lado, se possa fotografar o freixo na sua inteireza (3.ª foto). E essa inteireza é de uma escala esmagadora, como comprovam as minúsculas figuras humanas na 2.ª foto. Esta árvore ultrapassa de longe as medidas recomendadas para a sua espécie: J. L. Farrar, no livro Trees of the Northern United States and Canada (1995), informa que o Fraxinus pennsylvanica é uma árvore de pequeno ou médio porte, atingindo alturas máximas de 25 metros. Como a distinção entre freixos é problemática, podia pôr-se a hipótese de a

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árvore estar mal identificada; mas custaria a crer que dois reputados especialistas como Jorge Paiva ou Francisco Coimbra estivessem ambos enganados. Devemos pois aceitar que as condições peculiares do Buçaco favoreceram este anormal crescimento. É aliás comum, em matas densas, que a competição pela luz leve as árvores a avantajarem-se em altura.

Publicada por Paulo Araújo em 29.1.08 2 comentários

Etiquetas: Buçaco, Oleaceae

28.1.08

Urtiga-de-caudas

Urtica dubia, em flor Esta planta mediterrânica permitiu hoje aproximarmo-nos da «origem da sabedoria», como quem visita a nascente de uma pena-de-água. Seguros de que a incerteza é fonte, e não crise, de conhecimento, e de que os

argumentos irrefutáveis têm métodos científicos como pilares, esfregámos vigorosamente as folhas serradas e peludas desta erva, aspirámos-lhe o aroma acre e, minutos depois, sentimos nos dedos a dor que prevíramos. Um desvelar da verdade só suportável com um abanar pitoresco, mas calmante, das mãos, confirmando-se definitivamente que a Urtica dubia é, sem dúvida, uma urtiga.

Publicada por Maria Carvalho em 28.1.08 3 comentários

Etiquetas: Urticaceae

27.1.08

In memoriam

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Hoje, no dia em que se comemora a chegada dos soldados do exército americano ao campo de concentração de Auschwitz em 27 de Janeiro de 1945 e a consequente

libertação de milhares de prisioneiros, aqui deixo a sugestão visitarem a árvore de Anne Frank.

«Porquê Anne Frank? Porque é a vítima do holocausto mais próxima dos jovens de

hoje e ... de ontem. Porque a sua história e a da sua família e amigos permite-nos

falar deste horror com dignidade. (Ela e a sua irmã Margot também passaram por

Auschwitz, mas é noutro campo de concentração, em Bergen-Belsen, que morrem em

Março de 1945, poucas semanas antes do fim da guerra! )» >

Publicada por ManuelaDLRamos em 27.1.08 0 comentários

Etiquetas: Aesculus, Anne Frank

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