bp_agosto2004

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Brasil PRESBITERIANO Agosto de 2004 Ano 46 / Nº 599 - R$ 1,80 Órgão Oficial da Igreja Presbiteriana do Brasil Página 17 Historiador da IPB lança livro sobre pioneiros da igreja Página 19 Eleny Vassão é homenageada pela Câmara Municipal de SP Páginas 12 e 13 Rev. Roberto Brasileiro fala sobre aniversário da IPB Páginas 10 e 11 Ashbel Green Simonton: missionário que fundou a IPB Líderes presbiterianos comentam o desenvolvimento da igreja no Brasil Igreja Presbiteriana do Brasil comemora 145 anos Igreja Presbiteriana do Brasil comemora 145 anos Wilson Camargo Martha de Augustinis

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Líderes presbiterianos comentam o desenvolvimento da igreja no Brasil Órgão Oficial da Igreja Presbiteriana do Brasil Historiador da IPB lança livro sobre pioneiros da igreja Eleny Vassão é homenageada pela Câmara Municipal de SP Páginas 12 e 13 Páginas 10 e 11 Rev. Roberto Brasileiro fala sobre aniversário da IPB Página 17 Página 19 Ashbel Green Simonton:missionário que fundou a IPB Wilson Camargo Martha de Augustinis

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B r a s i lPRESBITERIANO

Agosto de 2004 Ano 46 / Nº 599 - R$ 1,80Órgão Oficial da Igreja Presbiteriana do Brasil

Página 17

Historiador da IPB lança livrosobre pioneiros da igreja

Página 19

Eleny Vassão é homenageadapela Câmara Municipal de SP

Páginas 12 e 13

Rev. Roberto Brasileiro falasobre aniversário da IPB

Páginas 10 e 11

Ashbel Green Simonton: missionário que fundou a IPB

Líderes presbiterianos comentam odesenvolvimento da igreja no Brasil

Igreja Presbiteriana do Brasilcomemora 145 anos

Igreja Presbiteriana do Brasilcomemora 145 anos

Wilson Camargo

Martha de Augustinis

Brasil PRESBITERIANO2 Agosto de 2004

Pb. Gunnar Bedicks Jr. – PresidentePb. Gilson Alberto Novaes - SecretárioRev. Alcides Martins Jr. – TitularPb. José Augusto Pereira Brito – TitularRev. Carlos Veiga Feitosa – TitularRev. André Mello – TitularPb. Sílvio Ferreira Jr. – TitularPb. Alberto Jones – Diretor Administrativo-financeiroPb. Euclides de Oliveira – Diretor de Produção e Programação

AssinaturasPara qualquer assunto

relacionado a assinaturas do BP,entre em contato com:

Luz para o Caminho0(XX)19 3741 3000

0800 119 [email protected]

Rua Antônio Zingra nº 151,Jardim IV Centenário

CEP 13070-192

Edição: Letícia FerreiraDRT/PR: 4225/17/65E-maill: [email protected]: Letícia Ferreira, Lucilene Nascimento(e-mail: [email protected]) eMartha de Augustinis (e-mail: [email protected])Diagramação: Aristides NetoRevisão: Douglas Moura Ferreira

EXPEDIENTE

Quero registrar a minha gratidão a Deus pelavida dos adolescentes da ConfederaçãoSinodal Espírito-santense por seu apoio ao tra-balho na cidade de Exu, sertão pernambucano(Sertão pernambucano também tem IPB, BPabril 2004, pg 19). Deus os abençoe e continuedespertando a visão missionária dos adoles-centes da IPB.

Quanto às palavras do rev. Kelvio Regino deMesquita, missionário da Junta de MissõesNacionais naquele campo, "(...) pois esta cara-vana viajou por mais de 3.100 km para o ser-tão do Brasil, para realizar aqui nesta região oque muitas igrejas que estão às portas nãofazem (...)", ele foi, no mínimo, imprudente.Temos um presbitério recém-nascido do des-dobramento do PRVP, que abrangia mais dedois terços do Estado de Pernambuco, em 65municípios, 12 igrejas, seis congregações pres-biteriais e 13 pontos de pregação de igrejaslocais. E um campo missionário, iniciado em2003, na cidade de Petrolândia. Com um orça-mento apertado, aqui alguns colegas têm que"fazer tendas" como o apóstolo Paulo, parasustentar nossos campos de trabalho. Rogamosa Deus que mande trabalhadores para a seara,pois o campo é extenso e carente.

Rev. Anísio Bastos Malta, pastor nos pres-bitérios de Irecê (BA), do Piauí, do Alagoase de Pernambuco

Li a matéria da última edição, intituladaPanos Quentes (Opinião do BP de julho de2004, pg. 3) e a achei muito estranha, não iden-tificando de maneira clara a intenção do autor,existindo, implicitamente, afirmações muitopesadas contra os concílios da IPB, em espe-cial, os do Rio de Janeiro.

O artigo em questão não está assinado, sendo,portanto, uma opinião do jornal, registrada naHistória. Penso que o jornal, impensadamente,publicou uma opinião tão desestruturada, loca-

lizada antes da matéria sobre a campanha deoração pelos seminaristas, lançada pelos alu-nos do Seminário Teológico Presbiteriano doRio de Janeiro (BP de julho de 2004, pg. 16) e,por isso, induzindo o leitor a achar a atitude docentro acadêmico, apoiado pela congregaçãodo seminário, uma parvoíce de quem não cum-priu as normas do SC-IPB.

Por fim, gostaria de enfatizar que minhamanifestação não é política ou um ímpetoregionalista. Manifesto-me apenas pela voca-ção que o Senhor Jesus me confiou por Suaescolha e graça, como presbítero regente, para,em amor e por amor, zelar pela Sua IgrejaPresbiteriana do Brasil.

Pb. Wagner Winter, membro da IP deBotafogo, no Rio de Janeiro

Queremos cumprimentar o BP pela reporta-gem sobre o projeto Jônatas e a IgrejaPresbiteriana Shalom (BP julho 2004, pg. 15),mas gostaríamos de esclarecer que os fundado-res da então Congregação Jardim Nápoles,hoje IP Shalom, foram meu pai, rev. JorgeVieira, minha mãe, Ananilsa Vieira e eu,Jonadabe Vieira. Não achei certo apenas o meunome aparecer como fundador, pois todos par-ticiparam.

O pastor Jorge, com mais de 45 anos deministério, sofre de um câncer que o vemferindo há mais de 15 anos e, mesmo sem acompreensão dos médicos, que solicitaram seucorpo, futuramente, para pesquisas, Deus ovem mantendo com vida entre nós. Ainda comtoda essa dificuldade, Deus permitiu que elefosse nosso ponto forte em continuar o cami-nho até agora. Dona Ananilsa tem sido chama-da de "pastora" entre a comunidade, dado ocarinho e a fé que ela transmite aos necessita-dos.

Jonadabe Vieira, líder do Projeto Jônatasem Curitiba (PR)

RPCRede Presbiterianade Comunicação

Seu recado

Esta edição do BP traz várias matérias com conotação históri-ca para comemorar os 145 anos da IPB, celebrados no dia 12 deagosto, data em que o missionário americano Ashbel GreenSimonton desembarcou pela primeira vez no Brasil para pregaro evangelho e instalar a igreja presbiteriana.

Segundo o rev. Alderi de Souza Matos, livro em que está lan-çando neste mês (confira na página 17), Simonton foi criadonuma fazenda na Pensilvânia, nascido numa família de origemescocesa-irlandesa. O nome dele foi dado em homenagem aorev. Ashbel Green (1762-1848), pastor da Segunda IP deFiladélfia, capelão do Congresso americano e um dos fundado-res do Seminário de Princeton. O pai do missionário, o médicoWilliam Simonton, foi eleito duas vezes para o Congresso dosEUA. A mãe, Martha Davis Snodgrass, era filha de pastor, por-tanto, desde cedo Ashbel e seus irmãos foram criados sob asinfluências morais, intelectuais e espirituais da fé presbiterianareformada. Os resultados dessa influência e do trabalho deSimonton no Brasil você confere na reportagem das páginas 10e 11, em que líderes presbiterianos comentam os 145 anos daIPB, os motivos pelos quais a igreja está de parabéns e os pon-tos em que ainda precisa crescer. Nas páginas 12 e 13, o presi-dente do Supremo Concílio da IPB, rev. Roberto Brasileiro, falasobre suas perspectivas do aniversário da igreja e o rev. Alderide S. Matos conta quem foram os pioneiros americanos e brasi-leiros que estabeleceram a IPB.

Saiba ainda sobre a primeira igreja presbiteriana organizadaem solo brasileiro, a IP do Rio de Janeiro, na página 16; sobre oArquivo Histórico da IPB, no Conheça a IPB deste mês, napágina 20, e sobre o estudo que um jovem historiador presbite-riano fez sobre as dificuldades da instalação do presbiterianismono Sul do País, na página 18.

Julho foi o Mês dos Pastores Jubilados. Você sabia que, a par-tir de 2006, passará a vigorar uma emenda na Constituição daIPB que institui que a jubilação aos 70 anos de idade não serámais compulsória? Saiba sobre isso e leia os depoimentos dealguns pastores jubilados da igreja nas páginas 14 e 15.

Outra data da IPB é o Dia dos Presbíteros, comemorado nosegundo domingo de agosto. A origem da palavra presbítero,que, por sua vez, originou o nome da igreja presbiteriana, e o quesignifica exercer essa função, você fica sabendo nos depoimen-tos de alguns presbíteros da IPB em reportagem da página 9.

Continuando a série a respeito da capelania presbiteriana nasForças Armadas brasileiras, veja, na reportagem da página 8,como o rev. Paulo Roberto Gomes se tornou o primeiro pastorda IPB na capelania da Marinha brasileira.

Entre outras informações, confira ainda nesta edição como epor que a capelã Eleny Vassão foi homenageada pela CâmaraMunicipal de São Paulo, na página 19.

Boa leitura!

Palavra da Redação

Conselho Editorial:Rev. Alderi Souza de MatosRev. Celsino GamaRev. Cláudio MarraPb. Gilson Alberto NovaesRev. Silas de Campos

Brasil PRESBITERIANOAno 46, nº 599 – Agosto de 2004

Rua Maria Antônia 139, 2º andar, CEP 01222-020, São Paulo – SPTelefone: 0(XX)11 3255 7269

E-mail: [email protected]

Órgão Oficial da

Secretaria de Atendimento ao Assinante: (19) 3741 3000 / 0800 119 105 Impressão: Folhagráfica

www.ipb.org.br

Uma publicação da

Brasil PRESBITERIANO 3Agosto de 2004

pós 145 de vidapresbiteriana emterras brasileiras, o

crescimento da IPB foipequeno. Nos começos,com muitas dificuldades, aigreja cresceu mais e hoje aigreja está "marcandopasso". É só conferir aestatística anual dos pres-bitérios, alguns até decres-cem. É verdade que omundo vive uma seculari-zação desenfreada e a igre-ja é a grande vítima. Mas,por que as demais denomi-nações e seitas heréticascrescem, com templos api-

nhados de gente enquantoa Igreja Presbiteriana doBrasil fica com númeroreduzido de pessoas?Ufanismos quanto à boa

teologia da igreja não temadiantado. Ela está apega-da demais a velhas teses evelhos métodos ultrapassa-dos e que exigem maisatualização frente aosdesafios da hora. A verda-de bíblica continua imutá-vel e deve ser proclamadaa toda a Terra. A igreja,porém, se não se atualizar,vai perder ainda mais ter-reno para outras igrejas

que, quotidianamente, pes-cam presbiterianos e oslevam orgulhosamente.Constata-se, ainda, uma

certa desunião conciliar naIgreja Presbiteriana doBrasil, com vaidades queprecisam ser confessadas ederrubadas. Há necessida-de de se acabar com odesejo de "aparecer", commuito culto-show comnome de louvor e uma teo-logia canhestra, na qualvale a aparição humana eCristo fica oculto. Vale olouvor? Sim, mas desdeque não cópia e exibição

inconsciente dos showsmundanos. A igreja precisa redesco-

brir sua dinâmica procla-madora diante do mundoatual. Na verdade, hámuita coisa positiva e rele-vante na amada IPB, maspoderia estar bem mais àfrente e com um númeromais expressivo de mem-bros.Os "campos sempre estão

brancos para a ceifa" e nãodá para entender porquetemos um tão grandenúmero de pastores ocio-sos. Desejo de permanecer

nos grandes centros urba-nos? Crise de vocação? Aigreja que o presbitériodesignou não serve? AIgreja Presbiteriana doBrasil deve se empenharem descobrir a razão de tãoelevado número de obrei-ros sem campo. Nessepasso, em poucos anos,terá um número bem maiorde pastores a procura deigrejas, pois os semináriosestão, anualmente, entre-gando aos presbitérios boasafra de formandos. Quevão eles fazer se lhes faltaigreja?

ergunta: Por queem 1 Coríntios14.34 a palavra é

clara e taxativa quandodiz que a mulher nãotem vez na igreja?Resposta: A pergunta

exagera quando diz que "amulher não tem vez naigreja". Vejamos:1 É preciso considerar os

contextos: (a) Do judaís-mo: só homens consti-tuíam a liderança religiosae política; (b) Social:havia restrições à mulherno mundo daquela época;(c) Do texto: capítulos 12a 14. A incompreensão davariedade de dons e aexcessiva importância

dada ao dom de línguasgeraram desordem naigreja de Corinto. Tudoisto ajuda a entender a res-trição feita pelo apóstolo.2 O próprio autor inspi-

rado de 1 Coríntios mostraque havia, sim, lugar paraa mulher na igreja.Exemplos: Priscila, coo-peradora do apóstolo, eMaria, que muito traba-lhou pelo apóstolo e seuscompanheiros (Rm16.3,6; 1 Co 16.19);Trifena, Trifosa e Pérside,trabalhadoras na seara doMestre (Rm 16.12); Júliae sua irmã e Olímpia (Rm16.15: o versículo dá aentender que elas, com

Nereu, estavam acolhendo"santos", ou seja, crentesem Cristo); Ninfa, comono caso de Priscila, cediasua casa para sede de umaigreja ou congregaçãolocal (Cl 4.15); mulheresque demonstravam suavida piedosa pela práticade boas obras (1 Tm2.10); mulheres que sãomencionadas na seqüên-cia da caracterização dosdiáconos, o que, aomenos, indica que presta-vam algum serviço seme-lhante ao dos diáconos (1Tm 3.11); as verdadeirasviúvas, que exerciam omaravilhoso ministério daoração (1 Tm 5.5); viúvas

idosas inscritas no rol dasque recebiam socorro dia-conal. A candidata à ins-crição tinha que preencherestas condições, entreoutras: "...seja recomen-dada pelo testemunho deboas obras... tenha exerci-tado hospitalidade, lavadoos pés aos santos, socorri-do a atribulados, se viveuna prática zelosa de todaboa obra" (1 Tm 5.9,10);Lóide e Eunice, avó e mãede Timóteo, mulheres des-critas como tendo "fé nãofingida" e como tendo ins-truído Timóteo, em suainfância, nas "sagradasletras" (2 Tm 1.5;3.14,15). Mulheres idosas,

exortadas a serem "mes-tras do bem" para "instruí-rem as jovens recém-casa-das" (Tt 2.3-5).Oxalá os homens e as

mulheres das nossas igre-jas, oficiais ou não, pres-tem o serviço cristão queas mulheres mencionadasprestavam!

A

Opinião

Consultório Bíblico

P

O rev. Odayr Olivetti éministro jubilado da IPB,foi pastor de várias igre-

jas e professor deTeologia Sistemática noSeminário Presbiteriano

de Campinas. É autorde alguns livros e tradu-

tor de inúmeras obrascristãs.

Odayr Olivetti

Aniversário da IPB

Participação da mulher na igreja

Brasil PRESBITERIANO4 Agosto de 2004

História do Movimento Reformado

A Igreja Reformada da França (segunda parte)

Mulheres presbiterianas fazem encontro nacional

partir de 1562, aFrança foi abalada poruma série de guerras

entre católicos e protestantes.A primeira delas teve iníciocom o Massacre de Vassy, em1º de março, quando soldadosdo duque Francisco de Guiseatacaram um grupo de hugue-notes que realizavam um cultoem um celeiro, matando cercade 60 pessoas. Seguiram-seoutras duas guerras entre 1567e 1570.

No meio desse sofrimento,as igrejas reformadas conti-nuavam crescendo em muitasregiões daquele país, mas essecrescimento gerava intensapreocupação em alguns círcu-los políticos e religiosos, pro-duzindo novos confrontos.Nos conflitos, geralmenteocorria o seguinte padrão: oshuguenotes costumavam ata-

car edifícios católicos e des-truir objetos sagrados; os cató-licos reagiam atacando ematando pessoas.

O episódio mais brutal des-sas hostilidades foi oMassacre do Dia de SãoBartolomeu. Em 18 de agostode 1572, realizou-se em Pariso casamento do príncipe pro-testante Henrique de Navarracom a princesa Margarete deValois, filha de Catarina deMédicis e irmã do rei CarlosIX. Toda a elite dos hugueno-tes foi à capital a fim de parti-cipar das festividades. No dia22, o almirante Gaspard deColigny sofreu um atentado,mas sobreviveu. Os hugueno-tes ficaram indignados e exi-giram providências por partedo governo. Esse evento foi oestopim do massacre. No diaseguinte, o rei, seu irmãoHenrique (duque de Anjou),Catarina e seus conselheirosconcluíram que os líderes

huguenotes deviam ser elimi-nados.

Na madrugada do domingo24 de agosto de 1572, sob ocomando de Henrique, duquede Guise, as tropas reaisassassinaram o almiranteColigny e outros líderes.Estimulados por isso, milicia-nos e extremistas começaramuma prolongada orgia desaques e matanças, trucidandoindiscriminadamente homens,mulheres e crianças. Logo osmassacres se estenderam aoutras cidades. Uma estimati-va conservadora calcula quehouve três mil vítimas emParis e outras oito mil no inte-rior da França. O papaGregório XIII exultou, lan-çando uma medalha especial econtratando a produção devários afrescos para comemo-rar o evento.

Muitos protestantes conse-guiram escapar. Alguns serefugiaram nas fortalezas de

Sancerre e La Rochelle emilhares fugiram para Gene-bra, Basiléia, Estrasburgo ouLondres. Infelizmente, muitosoutros abjuraram a sua fé.Teodoro Beza observou: "Onúmero de apóstatas é quaseimpossível de contar". OMassacre do Dia de SãoBartolomeu deu início a maisuma guerra, a quarta, que sóterminou com uma trégua em1574. Naquele ano, subiu aotrono Henrique III (1574-1589), em cujo reinado houveoutras três guerras.

Em 1589, tornou-se rei daFrança o príncipe protestanteHenrique de Navarra, com otítulo de Henrique IV (1589-1610). Era filho da piedosacalvinista Jeanne D’Albret.Quatro anos depois, Henrique,que era famoso pelas suasvacilações religiosas, conver-teu-se ao catolicismo paraassegurar a posse do trono.Segundo consta, ele teria dito:

"Paris vale uma missa".Finalmente, em 1598,

Henrique resolveu por um fimàs guerras de religião e bene-ficiou os seus antigos correli-gionários com o Tratado deNantes, que concedeu liberda-de civil e religiosa aos hugue-notes, exceto em algumascidades. Os huguenotes volta-ram a prosperar e a crescer atéque o Edito de Nantes foirevogado pelo rei Luís XIV,em 1685. Iniciou-se novoperíodo de intensas provaçõespara os reformados franceses– a "igreja no deserto".Milhares deixaram o seu paíse emigraram para a Holanda,Prússia, Inglaterra e EstadosUnidos, beneficiando grande-mente essas nações.

A

Alderi Souzade Matos

O rev. Alderi Souza deMatos é historiador oficial

da [email protected]

Trabalho Feminino

Confederação Nacio-nal de SAFs promove,de 24 a 26 de setembro,

o Primeiro Encontro daMulher Presbiteriana, no HotelVale do Sol, em Serra Negra(SP). O tema do Encontro éMulheres Dispostas a Buscaruma Vida de Santidade,Unidade e Paz. O culto deabertura contará com a prele-ção do presidente do SupremoConcílio da IPB, rev. RobertoBrasileiro, e, o de encerramen-to, será dirigido pelo rev.Lutero Teixeira da Rocha, pas-

tor da IP de Madalena, Recife(PE).

A presidente da CNSAFs,Leontina Dutra da Rocha, e aSecretária Geral do TrabalhoFeminino, Onilda PortelaPeixoto, falarão sobre o temaIPB – Vestindo a Camisa.Durante o encontro serão abor-dados também os seguintestemas:

Evangelização Pessoal – oIde em Ação, com rev.AntônioCarlos Fonseca de Menezes,pastor da IP de Contagem(MG) e membro da Comissão

Nacional de Evangelização daIPB;

Família Equilibrada, IgrejaAbençoada, com dra. Wandade Assumpção;

Saúde Espiritual e Emocio-nal – Viver e Conviver, comrev. Gildásio Jesus Barbosados Reis, psicanalista e pastorda IP de Osasco (SP);

Mulher Cristã - Ética eCidadania, com Eunice Souzada Silva, professora daUniversidade PresbiterianaMackenzie;

O Líder do Presente Pre-

parando o Líder do Futuro,com Eloísa Helena ChagasMonteiro Alves, psicóloga emestre em Educação;

A Mulher Cristã e a Moda,com Esther Suzana MenkeRenner, diretora do Departa-mento de Mulheres da Aliançade Igrejas Presbiterianas eReformadas da AméricaLatina;

Informática - FerramentaIndispensável na SociedadeCompetitiva do Século 21,com Lídice Meyer PintoRibeiro, professora da

Universidade PresbiterianaMackenzie, e Eduardo LuisGeorges, que trabalha noDepartamento de InformáticaEducacional do ColégioPresbiteriano Mackenzie.

Corpo, Templo do EspíritoSanto – Cuidados Especiais,com o médico João Carlos deSousa Côrtes;

Criatividade nas Reuniões,com Etiene de Ávila MouraLemos Dias, advogada e pro-fessora.

Informações pelo telefone 92238 7350 ou www.saf.org.br

A

Brasil PRESBITERIANO 5Agosto de 2004

Liderança

Características da Maturidade Cristãaturidade espiritual éum dos principais alvosda vida cristã (Ef 6.12-13, Cl 1.27-30 e Hb

6.1). A definição bíblica de maturi-dade envolve a conformidade coma imagem do Filho de Deus (Rm8.29). O único aspecto da vida emque os cristãos devem permanecercrianças é no que diz respeito àmalícia; no mais, eles são exorta-dos a serem homens amadurecidos(1Co 14.20). O escritor da cartaaos Hebreus ensina que esse cres-cimento resulta do exercício diárioda fé cristã por parte daqueles que,"pela prática, têm as suas faculda-des exercitadas para discernir nãosomente o bem, mas também omal" (Hb 5.14).

O processo de amadurecimentorevela algumas características que,à luz da analogia bíblica, podemmuito bem ser aplicadas ao desen-volvimento cristão. Identificaressas marcas pode ser útil tantopara a avaliação quanto para a

motivação do avanço espiritual docristão.

Um dos primeiros indícios dematuridade é a disposição paraenfrentar a realidade, por pior queela seja, ao invés de refugiar-se emum universo imaginário. Ao sedepararem com situações desagra-dáveis ou com realidades envol-vendo grandes dificuldades, crian-ças geralmente criam um mundoimaginário no qual se refugiam(por exemplo, Alice no País dasMaravilhas ou Pollyanna).Todavia, pessoas maduras não sedeixam enganar, pois sabem que arealidade não pode ser substituídapor um universo de ilusões.

Uma pessoa madura também nãose deixa dominar por sintomas deansiedade e tensões. Claro que issonão equivale a dizer que os adultosnão ficam tensos e nem ansiosos.Pessoas maduras, porém, sabemcomo lidar com alguns desses sin-tomas a fim de não serem domina-das pelos mesmos. Na vida cristã,

a maturidade espiritual está inti-mamente conectada à confiançano Pai celeste. Cristãos madurospercebem que Deus está no con-trole e que ele opera todas as coi-sas para o bem daqueles que neleesperam.

Outra característica de maturida-de envolve a habilidade de adap-tar-se às mudanças. Pessoas imatu-ras resistem fortemente a mudan-ças. Mudanças as levam ao nervo-sismo e à irritação. Uma pessoamadura, porém, entende que asmudanças são inevitáveis e porisso procuram adaptar-se às mes-mas sem fazer alarde.

Em quarto lugar, pessoas madu-ras têm mais satisfação em dar doque em receber. O universo dascrianças é consumista. Elas nuncaparecem satisfeitas com o que pos-suem e parecem interpretar o uni-verso como existindo em funçãodelas mesmas. Todavia, alegrar-secom a felicidade de outra pessoaparece ser um sinal evidente de

maturidade. Somente pessoasmaduras compreendem a alegriada privação em prol do outro.Como o pai que sacrifica seus pro-jetos pessoais em prol do sorrisona face do filho.

Uma pessoa madura tambémaprendeu a se relacionar com osoutros de uma maneira construti-va. Os primeiros anos de umacriança são geralmente marcadospelo egoísmo e pela dificuldade decompartilhar. Seu vocabulárioparece consistir apenas de trêspalavras: "não", "quero" e "meu".Maturidade, contudo, implica emaprender a se relacionar com aspessoas ao redor, ser útil, contri-buir para a solução ao invés de sersempre uma parte do problema.

Por último, uma pessoa madura éaquela que aprendeu a controlar asua ira ao invés de deixar-se domi-nar pela mesma. Ao invés deexplodir em cólera, o que geral-mente resulta em insensatez, a pes-soa madura desenvolve a habilida-

de de usar a adrenalina produzidapela indignação para algum fimproveitoso. Essa mesma verdadefoi observada pelo sábio deProvérbios que escreveu: "A ira doinsensato num instante se conhece,mas o prudente oculta a afronta"(Pv 12.16).

O presente ensaio selecionouapenas seis características de umapessoa madura aplicadas à vidacristã. O número dessas marcaspode ser facilmente ampliado atra-vés de um estudo mais aprofunda-do sobre o tema. À luz dessa ana-logia, o cristão sábio certamenterefletirá acerca do seu progressona prática do evangelho.

O rev. Valdeci da SilvaSantos é coordenador do

Doutorado em Ministério noCentro Presbiteriano

de Pós-graduaçãoAndrew Jumper

[email protected]

MValdeci da Silva Santos

Resenha

Coração de PastorValdeci da Silva Santos

publicação dessa obra deJohn Sittema, pela EditoraCultura Cristã, em portu-

guês foi muito aguardada poralguns representantes da igrejaevangélica brasileira. Ela represen-ta uma tentativa de preencher umagrande lacuna na literatura sobreliderança eclesiástica. Há várioslivros dirigidos ao ministériodocente do pregador, mas poucacoisa tem sido escrita sobre oministério pastoral dos presbíterosregentes. Muito da literatura dirigi-da a esses líderes parece mais commanuais de administração secular,revestidos com uma linguagemreligiosa, do que com o resgate do

ensino bíblico sobre a função pas-toral. Muitos presbíteros são vistosapenas como burocratas da fé aoinvés de pastores do rebanho.

John Sittema atualmente é pastorde uma igreja reformada emDallas, Texas, USA. Após vinteanos ministrando cursos para pres-bíteros regentes ele decidiu publi-car seu material na forma do pre-sente livro. "Este livro foi publica-do para preparar e treinar presbíte-ros, pois são eles que devem man-ter a igreja firmemente estabeleci-da na Palavra", afirma, na página11. Ele se propõe a prático e obje-tivo, apresentando esclarecimentose relatos de algumas experiências

para capacitar os presbíteros nodesempenho do seu chamado. Atese central de Sittema nesta obra éque presbíteros são pastores e nãomeramente administradores.

A obra divide-se em três partes,contendo ainda um material paraestudos em grupo como apêndice.Na primeira parte, Sittema estabe-lece os fundamentos de sua tese,demonstrando biblicamente o pro-pósito divino para a função dopresbítero. A análise desse propósi-to é subdividida em seis tópicos: adefesa do rebanho, a reconciliaçãodas ovelhas perdidas, a restauraçãodo pecador arrependido, a prepara-ção de outros obreiros para o

ministério, a edificação da igreja ea prática da santidade.

Para o desempenho correto desua função, o presbítero deve tersua visão pastoral aguçada e esse éo assunto abordado na segundaparte do livro. O autor apresenta,de forma resumida, os principaisinimigos do rebanho, ou seja, osecularismo, o materialismo, orelativismo, o pragmatismo e ofeminismo. Em seguida, sugeredois planos estratégicos para o pas-toreio de famílias e de pessoas naterceira idade. Na terceira parte dolivro, a atenção do escritor é volta-da para três assuntos diretamenterelacionados à prática ministerial

do presbítero: o ensino, a visitaçãoe a disciplina eclesiástica. A abor-dagem de cada um desses temas émarcada por uma perspectiva coe-rente e sensata.

Embora essa obra tenha sido ori-ginalmente escrita para o públiconorte-americano, é altamente rele-vante para a igreja brasileira, pois amesma se encontra embasada emuma teologia bíblica. O leitor crite-rioso encontrará alguns pequenoserros gramaticais e de redação,mas nada que comprometa o con-teúdo. Este é, certamente, um livropara ser cuidadosamente estudadopelos presbíteros e líderes da igrejaevangélica brasileira.

A

Brasil PRESBITERIANO6 Agosto de 2004

Notícias

Sínodo Sudoeste Paulistapromove Encontro dePastores e Esposas

De 10 a 12 de setembro, oSínodo Sudoeste Paulista pro-move o Encontro de Pastores eEsposas no Hotel de LazerSanta Cristina, estância turísticaem Paranapanema (SP). Serãopreletores o presidente doSupremo Concílio da IPB, rev.Roberto Brasileiro, o professor ecoordenador de TeologiaPastoral do CentroPresbiteriano de Pós-gradua-ção Andrew Jumper (CPAJ),rev. Antonio José doNascimento, e Maria HelenaAlves de Souza e Nascimento,mestranda no CPAJ. Esseencontro envolve os presbité-rios de Botucatu, Itapeva,Itapetininga, Tatuí e Médio Paranapanema."Será um grande encontro, pois nossosínodo engloba uma grande região do inte-rior do Estado de São Paulo", afirma o pb.Clodoaldo Furlan, coordenador do evento.Informações: pb. Clodoaldo, nos telefones

14 3848 2125 e 1760 oue-mail [email protected]. E rev.

Antonio Coine, nos telefones 14 3882 6072e 3815 7617 ou e-mail [email protected]ções sobre o hotel no site

www.hotelsantacristina.com.br.

Bienais de HomensPresbiterianos

Nos próximos meses, os homens presbite-rianos realizam vários encontros bienais. De20 a 22 de agosto, acontece a III Bienal deHomens Presbiterianos do Estado de SãoPaulo, com o tema Sacerdócio na Igreja: oPoder do Espírito Santo. O evento será noHotel Águas Vivas, em Caraguatatuba (SP).Informações: Waltemir Bueno de Lima, tele-fone 19 3468 6272, Wagner José Martire,telefone 11 6748 7234, e OswaldoDalmédico Júnior, telefone 14 3265 1564.E ainda www.hotelaguasvivas.com.br.Em outubro, é a vez da VI Bienal do Rio de

Janeiro, de 15 a 17, no Sesc de Grussaí. ABienal da Região Sul acontece emGuarapuava (PR), nos dias 11 e 12 desetembro.

V Campeonato de Futsalreúne UPHs de São Paulo

A Confederação Sinodal de UPH’s doEstado de São Paulo convida a todas IPB’sa participarem, no dia 7 de setembro, do VCampeonato Estadual de Futsal entreUPHs.O evento terá início às 8h, nas quadras

cobertas da região metropolitana de SãoPaulo (ABCDMR), e as inscrições poderãoser feitas até dia 10 de agosto.Haverá também campeonato paralelo

para idade livre. Informações: 11 4368-7466, com pb. Cosme Costa Nogueira, pre-sidente da Diretoria da ConfederaçãoSinodal.

Saúde Vida Nova é opçãopara profissionais cristãos

O projeto Saúde Vida Nova cadastra profis-sionais evangélicos da saúde e disponibilizaem seu site (www.saudevidanova.com.br)um espaço para publicação de artigosescritos pelos profissionais cadastrados.Indicações de colegas da área, sugestões eoutras informações podem ser encontradasno site, recentemente projetado.O projeto traz também novas opções para

igrejas interessadas em assuntos relacio-nados à saúde: profissionais, palestras gra-tuitas em áreas como odontologia, fisiotera-pia, psicologia e outras.

Pastor lança CD com hinosexecutados em serrote

O amor pela música sacra, principalmentepelos hinos da IPB, fez o rev. BelmiroAguiar iniciar a carreira musical. Duranteseu ministério, há alguns anos, começou atocar hinos em um serrote. Incentivadopelos filhos, gravou o CD Louvando a Deusao som do serrote – Instrumento deTrabalho, em que hinos como Grandioso ésTu, Tu és fiel Senhor e Rude Cruz são apre-sentados de forma original. Contato: 64612-1132.

Plano Missionário Cooperativofaz comunicados

O rev. Sigisberto Queiroga da Costa,secretário executivo do Plano MissionárioCooperativo (PMC) da IPB, informa que osprojetos do PMC devem seguir o modelo derelatório, que está disponível para down-load no Portal da IPB (www.ipb.org.br), aoprestarem o relatório trimestral. Ele avisaainda que os diplomas de conclusão docurso do Centro de TreinamentoMissionário estão prontos e os alunos detodas as turmas desde 1997 devem entrarem contato para confirmar endereço deenvio. Informações: telefone (61) 327-7308e e-mail: [email protected].

Igreja promove Sábadocom a Comunidade

O Serviço Social da IP Nova Jerusalém, emCapinas (SP), promoveu, no dia 26 de junho,o Sábado com a Comunidade. O evento ofe-receu diversos serviços à comunidade,como consultas médicas gratuitas, efetiva-ção de documentos pelo Poupatempo (servi-ço municipal), cortes de cabelo, entre outros.Houve também uma praça de alimentação,com preços populares e apresentações degrupos de dança e teatro, além de exposiçãode trabalhos artísticos realizados pelos inte-grantes do grupo Serviço Social.O grupo atende a 540 crianças e adolescen-

tes carentes no bairro Jardim Flamboyant,região Leste de Campinas, há 13 anos. É filia-do à Federação das Entidades Assistenciaisde Campinas (FEAC) e ao ConselhoMunicipal do Direito da Criança e Adolescente(CMDCA). Contato: 19 3255-8350, 3252-1078 e 3294-8360, oue-mail [email protected].

Hotel de Lazer Santa Cristina

Brasil PRESBITERIANO 7Agosto de 2004

Janelas para o Mundo

Editora lança livro sobre a autora dePegadas na AreiaO livro Pegadas na Areia, lançado em

maio pela Editora Fundamento, conta ahistória da mulher que se diz autora dofamoso poema de mesmo título, a cana-dense Margaret Fishback Powers. Nele, aescritora batista conta parte de sua vida ecomo teve a inspiração para, em 10 deoutubro de 1964, escrever um dos maisfamosos poemas da literatura cristã mun-dial. Ela e o marido trabalharam durantemuitos anos como missionários, principal-mente entre crianças e jovens, e passarampor muitas provações. Entre outros acon-tecimentos, ela narra como quase perdeua filha e o marido, durante uma viagempelos Estados Unidos, em 1989, quando aenfermeira que os atendeu leu para ele opoema Pegadas na Areia, sem saber queMargaret era a autora.Além do famoso poema, ela escreveu

muitos outros, além de hinos e corinhos.Margaret fala também no livro de sua gran-de frustração ao ver seu poema reproduzi-do em muitas ocasiões, em diversoslocais, sem citá-la como a autora e, àsvezes, com a autoria creditada a outraspessoas. E como Deus falou em seu cora-ção para que ela desistisse de provar suaautoria em juízo e entregasse a questãonas mãos dEle.Informações:www.editorafundamento.com.br

EUA podem deixar de ser um país commaioria protestanteUma pesquisa do Centro Nacional de

Pesquisa de Opinião da Universidade deChicago, EUA, constatou que a parcela deamericanos que se dizem protestantescaiu de 63% para 52% entre 1993 e 2002.A conclusão é que, no futuro, os EstadosUnidos devem deixar de ser um país demaioria protestante.O número de pessoas que declaram não

ter religião aumentou de 9% para 14%, emuitos destes são ex-protestantes. Aindasegundo a pesquisa, o número de católi-cos permaneceu em torno de 25% nos últi-mos anos, o que indica uma relativa esta-bilidade. Também estável permaneceu onúmero de judeus, em cerca de 2%, e onúmero de seguidores de outras religiões,

como islamismo e cristianismo ortodoxo,aumentou de 3% para 7%.

Liderança anglicana causa polêmicana InglaterraRowan Williams, arcebispo líder da Igreja

Anglicana na Inglaterra, se declarou fã doseriado de desenho animado OsSimpsons e foi convidado para participardo cartoon. Segundo o jornal SundayTimes, ele chamou o show de "um dosmais sutis na causa do humor e da virtude"e disse que vai considerar o convite.Outra atitude polêmica recente da Igreja

Anglicana, foi se manifestar a favor de umeventual casamento entre o príncipeCharles e Camila Parker Bowles, divorcia-da desde 1995, segundo informou o jornalThe Times. Quem fez a declaração foiLord Carey, ex-arcebispo de Canterbury eprimaz da Igreja Anglicana. Além disso, oarcebispo Williams deu sua bênção pes-soal para o casamento do príncipe Charles.Essa questão divide os britânicos, pois o

futuro rei da Inglaterra também será ochefe da Igreja Anglicana.

IPB está no OrkutA nova febre do momento na web, o

Orkut (www.orkut.com), tem uma comuni-dade da IPB. Orkut é um site de comunida-des, desenvolvido para a formação derelacionamentos de amizade, profissio-nais, românticos, etc., por meio de assun-tos de interesse. Para ingressar no Orkut(foi batizado assim pelo engenheiro doGoogle que o criou), a pessoa precisa serconvidada por alguém que seja membro.Existem inúmeros tipos de comunidadesnesse site, desde religiosas, como a daIPB, a interessados em artes, alunos deescolas, cores de cabelo etc. O criador dacomunidade da IPB, que, até o fechamen-to desta edição, tinha 181 membros, éEider Oliveira.

Estudo mostra que corpo humanoreage à oraçãoUm estudo feito pela Universidade de

Brasília (UnB) concluiu que a fagocitose –um dos mecanismos de defesa maisimportantes do organismo humano – podeter sua função estabilizada por meio deorações feitas à distância. Os fagócitossão células que devoram agentes nocivosque podem causar doenças.A pesquisa, coordenada pelo professor

de Imunologia Carlos Eduardo Tosta, é aprimeira da área no Brasil e levou trêsanos para ser realizada. Cinqüenta e doisestudantes de medicina da UnB foram uti-lizados como voluntários. Em duplas,todas as semanas respondiam um ques-tionário sobre estresse e forneciam amos-tras de sangue. Um membro da equipe,sem acesso aos resultados desses testes,escolhia um dos estudantes da dupla eenviava a foto e o nome dele a um grupode dez religiosos de diferentes crenças.Durante uma semana, os religiosos ora-vam por aquela pessoa. Após esse perío-do, a dupla fazia novamente os testes e ogrupo passava mais uma semana orando,desta vez pelo membro da dupla que nãohavia sido escolhido. O coordenador daequipe e os voluntários não sabiam porquem estava sendo orado na semana.Analisando as amostras de sangue, o

professor verificou que os voluntários porquem o grupo orava apresentavam maiorestabilidade na atividade dos fagócitos. Nonível de estresse, no entanto, as orações,segundo a pesquisa, não interferiram.

Brasil PRESBITERIANO8 Agosto de 2004

m 1994, a Marinha doBrasil fez o primeiroconcurso público em

nível nacional para a entradade capelães evangélicos.Entre os 110 pastores, dasmais variadas denominaçõesprotestantes, que participa-ram, os dois primeiros colo-cados foram pastores presbi-terianos oriundos do Semi-nário Teológico Presbiterianodo Sul, em Campinas (SP), osreverendos Paulo RobertoGomes e Ailton NascimentoPereira. O curso que tornariaesses pastores oficiais daMarinha, para que pudessemnela atuar, teve início no dia23 de janeiro de 1995, com aformatura no dia 27 de outu-bro de 1995. Desde 1995,portanto, a Marinha contacom capelães evangélicos.

O rev. Paulo RobertoGomes foi o primeiro pastorpresbiteriano e evangélico aingressar na capelania daMarinha do Brasil e, no anoque vem, completará 10 anosnessa atividade. Ele acreditaque ser capelão de uma forçaarmada é uma tarefa de gran-de responsabilidade, que atuanos extremos da vida."Somos o veículo para a gra-tidão e para o consolo dosque sofrem e somos observa-dos. Nosso exemplo falamuito" afirma.

Como principal desafio emsua função, ele coloca traba-lhar para a unidade do povocristão: "Não é uma tarefa tãosimples, mas, com a graça deDeus, temos tido resultadospositivos". Além disso, dizque uma das maiores alegrias

em ser capelão da MarinhaBrasileira é servir ao próxi-mo, independentemente dasua origem e confissão reli-giosa. Ele explica que não écapelão exclusivo dos evan-gélicos, muito menos dospresbiterianos, mas de todosos que o procuram. "Minhagrande alegria é poder levarum pouco de alento aos cora-ções feridos", compartilha.

Aqueles que têm uma visãodenominacional mesquinha etacanha são o principal pro-blema na caminhada do rev.Paulo como capelão."Infelizmente, muitos evan-gélicos vivem nos seus gue-tos denominacionais. Essaatitude dificulta um trabalhomais efetivo".

O pastor trabalha no Núcleode Assistência Integrada ao

Pessoal da Marinha no aten-dimento individualizado naárea da assistência religiosa.O expediente é diário e, alémdos atendimentos, desenvol-ve atividades como EscolaDominical, cultos, estudosbíblicos e reuniões de oração,realizadas na Escola deAprendizes-Marinheiros dePernambuco e Vila Naval doRecife, onde os evangélicoscompartilham a capela com acomunidade católica. Alémdestas atividades, ele tem par-ticipado da realização deeventos religiosos em insti-tuições e igrejas da grandeRecife.

O rev. Paulo conta que mui-tas pessoas que não são dedenominações protestantes oprocuram, mesmo sendo eleum capelão evangélico.

"Como assistimos a todos,sem questionar a situaçãoreligiosa, abrimos caminhopara as pessoas nos procura-rem tanto para atendimentoindividual, como para realiza-ção de celebrações de açõesde graças, casamentos e for-maturas", conta. Ele acreditaque a Capelania tem umpapel importantíssimo paraminorar os conflitos e proble-mas não só no ambiente detrabalho como na vida pes-soal e familiar de cada mili-tar.

SONHO MISSIONÁRIOO rev. Paulo ingressou no

Seminário Presbiteriano doSul em 1982. Após sua orde-nação, no dia 12 de agosto de1986, pelo Presbitério Rio-Norte, foi denominado pastorda Primeira IP de Ramos, no

Rio de Janeiro. Naqueleperíodo, cursou a faculdadede Enfermagem. Ele explicaque decidiu ingressar numafaculdade na área da saúde,pois, nutrindo um sonho mis-sionário, acreditava que umaprofissão nessa área lhe seriaútil no campo. Ao terminar afaculdade e se habilitar emEnfermagem Obstétrica, foiconvidado por uma faculdadepara dar aulas, o que fezdurante um ano, sem se afas-tar do pastorado.

Foi pastor auxiliar na IP doRio de Janeiro, lá permane-cendo até o início de 1996,ano em que assumiu o pasto-rado da IP de Inhaúma.Atualmente, está servindo naEscola de Aprendizes-Marinheiros de Pernambuco,em Olinda (PE).

Com sua entrada no Quadrode Capelães da Marinha, orev. Paulo se viu obrigado atrancar matrícula noMestrado em Teologia quecursava na PUC RJ, mas acontinuidade do curso aindaestá em seus planos.

Ele atuou também comoprofessor no SeminárioTeológico Presbiteriano doRio de Janeiro, lecionandoHistória, Geografia eArqueologia Bíblica,Introdução e Análise doAntigo Testamento e do NovoTestamento, de 1989 a 1996.

Como capelão, serviu nasunidades Serviço deAssistência Religiosa daMarinha, Arsenal de Marinhado Rio de Janeiro, Navio-Escola Brasil, Centro deInstrução Almirante GraçaAranha e Batalhão Naval, deonde saiu para Olinda.

Capelania nas Forças Armadas

E

Primeiro capelão evangélico da Marinha é da IPB

Rev. Paulo Roberto Gomes fala sobre seu trabalhoe trajetória como pastor e capelão

Letícia Ferreira

Rev. Paulo Roberto Gomes: trabalhando pela unidade entre os evangéli-cos e servindo ao próximo de qualquer religião

er presbítero naigreja é uma dádi-va de Deus", assim

Damócles Perrone, presbíte-ro há 30 anos na IP da VilaMaria, São Paulo, resume oprivilégio de ser um dos10.780 presbíteros da IgrejaPresbiteriana do Brasil, con-forme estatísticas daSecretaria Executiva doSupremo Concílio da IPB.No primeiro domingo de

agosto, a IPB comemora oDia do Presbítero, esse ofi-cial que é o "braço direito"do pastor. O presbíterodesempenha várias funçõesna igreja local, semprevisando o bem da Igreja deCristo, "supervisionandoprincipalmente as questõesdoutrinárias e de ensino,para que elas se realizem emboa ordem, seguindo asordenanças do NovoTestamento", comentaSolano Portela, presbítero daIP de Santo Amaro, tambémem SP.A importância desse oficio

pode ser avaliada diante dosaspectos históricos e das cir-cunstâncias da sua institui-ção. A IPB adota a eclesiolo-gia reformada calvinista,caracterizada pelo exercíciodo poder por presbíteros,através de um sistema gra-duado de concílios. Segundoesse sistema, o governo daigreja é colocado nas mãosde um grupo de presbíterosque governam em colegia-do. (Fonte: Revista ServosOrdenados, edição nº 1). Apartir dessa forma de gover-no, surge o termo presbite-

rianismo e o nome da deno-minação Presbiteriana.O presbítero é o represen-

tante imediato do povo daigreja, pois foi por ele eleitopara, juntamente com o pas-tor, exercer o governo, disci-plinar e zelar pelos interes-ses da igreja a que pertence,conforme o ManualPresbiteriano. No entanto,segundo o pb. Damócles,

esse oficial deve ir além: "Opresbítero deve amar a igre-ja, inteirar-se de tudo o queocorre e ser presente, sem-pre visando o pleno funcio-namento do corpo deCristo".ANCIÕESA palavra presbítero é ori-

ginada do grego e significaanciões. Em todos os povosantigos, os anciões ocupa-vam lugar de destaque naliderança, assim como na

comunidade judaica, confor-me registro no livro de Atos(3:16). São ainda citadosdezenas de vezes no AntigoTestamento, como explica orev. Alderi de Souza Matos,historiador oficial da IPB. Jáos presbíteros, no sentido delíderes da igreja, são men-cionados no NovoTestamento, pela primeiravez, no capítulo 11 do livro

de Atos. No NovoTestamento é dada tambémoutra designação aos presbí-teros: bispos, que significasupervisores ou superinten-dentes.O pb. Solando explica que,

passado o período de clan-destinidade da igreja primiti-va, em função da persegui-ção que os cristãos sofriam,quando a concentração eraem reuniões nos lares e semoficiais designados, as igre-

jas foram comissionadas a seorganizar. Dentro desse con-texto surgem os presbíteros,assim como os diáconos. O que muitos não sabem é

que o pastor também é umpresbítero. "Os pastores sãoos presbíteros docentes etêm como tarefas especiais apregação da palavra e aministração dos sacramen-tos. Os demais presbíteros,

os regentes, auxiliam os pas-tores no governo, disciplinae cuidado espiritual dacomunidade", explica o rev.Alderi. "Geralmente, essadistinção é feita com base notexto de Primeira a Timóteo5.17, que fala em presbíterosque presidem e outros quetambém se dedicam àPalavra e ao ensino", argu-menta.Para o pb. Renato Piragibe,

tesoureiro do Supremo

Concílio da IPB e presbíteroda IP Central de Cachoeirodo Itapemerim há 17 anos, opastor e os presbíterosdevem andar em conjunto,se ajudar mutuamente e sercapazes de, através do traba-lho, buscar sempre o melhorpara a igreja. A fim de auxiliar os presbí-

teros na condução da diver-sidade de seu ofício, a edito-ra Cultura Cristã lançou, nomês passado, o livroCoração de Pastor, escritopelo pastor John Sittema. Oobjetivo da publicação éfocar e resgatar a responsa-bilidade pastoral do presbí-tero que, segundo o autor,foi perdida ao longo dosanos e moldada de acordocom estruturas e estilos deliderança secular.Como evidencia o autor do

livro, há vários problemasna condução do trabalho dospresbíteros e, segundo o pb.Solano Portela, um dos prin-cipais é o exagero de con-centração em questõesadministrativas e a relutân-cia em delegar questõesmateriais à junta diaconal.Em decorrência desse erro,os presbíteros gastam poucotempo estudando a Bíblia,discutindo a perda e evasãode membros e pouco sededicam na busca do que acongregação precisa para serfortalecida. Como conse-qüência dessa disfunção, oofício diaconal também éatingido.Informações sobre a

Revista Servos Ordenados eo livro Coração de Pastor:Casa Editora Presbiteriana,telefone 0800-141963.

Brasil PRESBITERIANO 9Agosto de 2004

Parte da estrutura da igreja, os presbíteros devem resgatar ofíciopastoral e se concentrar no que a congregação precisa para crescer

“SLucilene Nascimento

IPB comemora o Dia do Presbítero no País

Comemoração

Pb. Renato Piragibe: "pastor e presbítero devem andar em conjunto e seajudar mutuamente"

mada e sua tradição educacional.Ter acompanhado o progresso natural

dos tempos sem abrir mão da sã doutri-na é o principal motivo pelo qualOnilda Peixoto, secretária geral doTrabalho Feminino, parabeniza a IPB.No entanto, ela considera que a igrejaprecisa investir mais em ganhar almase implantar novas igrejas e congrega-ções, abrindo portas para a expansãodo evangelho.

O maior marco na evolução da IPB,para Lidiel Silva Scherrer, secretário-executivo da Confederação Nacionalde Homens Presbiterianos, é o seunúmero de templos e de membros daigreja, bem como a divulgação de seunome em todo o território nacional. Noentanto, para ele, a IPB ainda precisafirmar melhor sua identidade presbite-riana: "Nos últimos tempos, especial-mente em nossa região (Cachoeiro deItapemirim, Espírito Santo), muitasvezes não temos condições de saber seuma igreja é presbiteriana ou de qualdenominação é. Infelizmente, nãotemos a identidade de 20 anos atrás,uma marca característica".

Brasil PRESBITERIANO10 11Agosto de 2004 Agosto de 2004

o dia 13 de agosto, em SãoPaulo, acontece o cultooficial, nacional, de come-moração aos 145 anos quea IPB completa neste mês.Esse culto, que terá lugar

na IP Ebenézer, às 20h30, foi progra-mado pela Comissão Executiva doSupremo Concílio da igreja, quandoreunida em março. O pregador da noiteserá o presidente do SC-IPB, rev.Roberto Brasileiro. Haverá a participa-ção do Coral da IP do Centenário eorquestra da IP Ebenézer. Segundo orev. Carlos Eduardo Aranha Neto, ter-ceiro secretário do SC e presidente doSínodo Unido São Paulo, todos ossínodos de São Paulo e RegiãoMetropolitana estão reunidos na pro-moção desse evento.

Para o rev. Roberto Brasileiro, a igre-ja está de parabéns em muitos aspec-tos, especialmente na ousadia e deter-minação de continuar cada vez maisfirme no crer e no pregar as doutrinasreformadas. "Mesmo sendo uma igrejahistórica, não deixa de ser contemporâ-nea, com respostas e propostas atuaispara a sociedade atual", afirma. Eleacredita que, nestes 145 anos, a IPBtem ampliado sua visão e procuradoocupar espaços no Brasil e no mundoem cumprimento ao "Ide" do SenhorJesus, submetendo-se à vontade deDeus e amadurecendo, cada vez mais,em seu caráter de igreja reformada.

"É ponto positivo inegável a determi-nação da IPB de fortalecer seus laçosconciliares, sua doutrina, sua constitui-ção eclesiástica (CI/CD/PL). Contudo,há muito que fazer e muito espaço paracrescer", atalha o rev. Roberto, dizendoque as questões em que a igreja aindaprecisa crescer suscitam a experiênciade Josué, narrada em seu livro no capí-tulo 13, versículo 1: "Era Josué,porém, já idoso, entrado em dias; edisse-lhe o Senhor: Já estás velho,entrado em dias, e ainda muitíssima

terra ficou para se possuir". Para ele, omomento histórico pelo qual passa aIPB apresenta à igreja plenas condi-ções para seu desenvolvimento. "Paraaproveitarmos as oportunidades e ven-cermos os desafios, é imperativo queconsolidemos a nossa fé (doutrina, oque cremos e por que cremos) e assu-mamos a nossa identidade", acredita.

O rev. Roberto diz ainda que as socie-dades internas da IPB precisam apro-fundar o estudo de sua natureza e mis-são, buscando uma prática mais flexí-vel e dinâmica para responder aos

anseios do homem contemporâneo,cada vez mais perdido em uma rodaviva de ocupações, preocupações enecessidades.

No campo da expansão, ele continua,a igreja deve disponibilizar o máximode esforços e recursos para o fortaleci-mento da Agência Presbiteriana deMissões Transculturais (APMT) e daJunta de Missões Nacionais (JMN),bem como do Plano MissionárioCooperativo (PMC), no sentido deproclamar o evangelho da graça e aplantação de novas igrejas.

Fidelidade e relações internacionaissão também pontos, para o rev.Roberto, em que a IPB precisa crescercomo igreja: "A IPB será cada vezmais operante em nossa pátria, quandoos ministros, presbíteros, diáconos emembros a amarem mais intensamentee se comprometerem, obediente e fiel-mente com sua sublime missão.Refiro-me, inclusive à fidelidade nosdízimos e ofertas por parte dos mem-bros e oficiais para com as igrejaslocais e, destas, para com o SupremoConcílio. No âmbito das relações inter-nacionais e intereclesiásticas, a IPBdeve aprimorar seus relacionamentos eampliar sua atuação com as igrejasreformadas".

CONSOLIDAÇÃOPara o rev. Augustus Nicodemus

Lopes, chanceler da UniversidadePresbiteriana Mackenzie (SP), um dosprincipais motivos de alegria nestadata é a consolidação consciente daposição da IPB como igreja presbite-riana historicamente conservadora. "AIPB atravessou períodos em que se viuameaçada pelo liberalismo teológico,pela teologia da libertação, pelo evan-gelho social e pelo movimento caris-mático e decidiu, por meio de seusconcílios, ficar na posição historica-mente conservadora. É uma igreja rela-tivamente madura neste sentido, muitoembora muitos desafios estejam porvir", afirma.

Outros motivos de alegria, para ele,são o fortalecimento do sistema conci-liar da igreja, a exigência crescente dasigrejas locais por excelência no minis-tério e qualidade no pastorado e o cres-cimento da teologia reformada dentroda denominação.

No entanto, o rev. Augustus apontadois principais aspectos em que a IPBprecisa crescer: no despertar evangelís-tico e no exercício da disciplina ecle-siástica. "Por um lado, somos toleran-tes demais para com o erro teológicode concílios, pastores e professores de

seminários. Por outro, somos duros,frios e secos demais ao disciplinarmembros das igrejas, como se discipli-na eclesiástica fosse castigo e não meiode recuperação", exorta.

Ele aponta ainda como áreas depotencial crescimento as relações ecle-siásticas internacionais com igrejas,seminários e instituições de ensino teo-lógico reformados e, acima de tudo, amelhoria e adequação da educação teo-lógica realizada nos seminários.

ACOMPANHANDO O PRO-GRESSO

Uma igreja que se volte mais parafora de seus arraiais, onde estão os queJesus quer acrescentar a ela, é a IPBque o rev. Walcyr Gonçalves, secretá-rio geral da Mocidade, quer ver. "AIPB precisa ocupar seu espaço nocenário nacional como igreja de van-guarda, pensante e, de certa forma,“provocadora”, afirma.

Apesar dessa necessidade, ele acredi-ta que a IPB é uma igreja nacional, pre-sente em todas as regiões do País,influenciando com sua teologia refor-

N

Líderes presbiterianos comentam o desenvolvimento da igreja e no que ela precisa crescer

Brasil PRESBITERIANO

Rev. Roberto Brasileiro para-beniza a IPB por seus 145anos

Rev. Augustus Nicodemus:evidencia a consolidação daIPB como igreja historica-mente conservadora

Rev. Walcyr Gonçalves: querver a IPB como uma igreja devanguarda e “provocadora

Aniversário da IPB

Igreja Presbiteriana do Brasil comemora aniversário de 145 anosLetícia Ferreira

O MISSIONÁRIO QUEMUDOU A HISTÓRIA

DO BRASIL

É impressionante como alguém tão jovem erelativamente inexperiente como o rev.Ashbel Green Simonton divulgou o evange-lho como o fez no Brasil, fundando uma igre-ja que hoje é uma das maiores e mais sólidasdenominações protestantes no País. No dia12 agosto, faz 145 anos que aquele rapaz deapenas 26 anos desembarcou pela primeiravez no Brasil com o firme propósito de pregaro cristianismo. A vida dele aqui seria cheia deconquistas, mas também cheia de lutas e tris-tezas.Quando tinha 31 anos, Simonton perdeu a

esposa, Helen, que faleceu de complicaçõesdo parto após dar à luz a única filha do mis-sionário, que recebeu o nome da mãe. Trêsmeses antes, eles haviam completado umano de casados.O fundador do presbiterianismo no Brasil

também sofreu bastante por causa de suasaúde. Faleceu com quase 35 anos, no dia 9 dedezembro de 1867, de complicações do fígado aque os médicos chamaram de febre biliosa. Eleestava em São Paulo, visitando a filhinha, queentão tinha três anos e era criada pela tia,Elizabeth Blackford. Simonton foi sepultado naque-la cidade, no Cemitério dos Protestantes, naConsolação.Mesmo com todos esses pesares, a vida daquele

rapaz, natural da Pensilvânia, foi vitoriosa. Antesde optar pela carreira eclesiástica, ele chegou apensar no Magistério e no Direito. Mas atendeu aochamado ministerial, para o qual havia sido dedica-do pelos pais ao nascer, ingressando, em 1855, noSeminário de Princeton, Nova Jérsei. Começou apensar seriamente em ser missionário no exteriorao ouvir um sermão proferido por um professor,Charles Hodge. Quando decidiu por esse caminho,

escolheu o Brasil como destino.Em 12 de janeiro de 1862, organizou a primeira

igreja presbiteriana brasileira, no Rio de Janeiro.Em 5 de novembro de 1864, fundou o primeiro jor-nal evangélico do Brasil: Imprensa Evangélica.Na virada do ano de 1866, Simonton escreveu

em seu Diário: "Quem me dera um batismo de fogoque consumisse minhas escórias; quem me deraum coração totalmente de Cristo". Em sua lápideestá gravado o texto de Jo 11.25: "Eu sou a ressur-reição e a vida. Quem crê em mim, ainda quemorra, viverá" (Fonte: Os Pioneiros Presbiterianosdo Brasil - 1859-1900 – Alderi Sousa de Matos).Hoje, existem, no Brasil, 2.112 IPBs, 993 congre-

gações, 114 congregações presbiteriais, 74 cam-pos missionários, 3.300 pastores, 194 pastoresjubilados, 159 evangelistas e 198 missionários(Anuário IPB 2003-2004).

Ashbel Green Simonton com a pequena Helen

Wilson Camargo

stamos completando145 anos de Brasil.Há 145 anos, mais

precisamente no dia 12 deagosto de 1859, o jovemmissionário rev. AshbelGreen Simonton aportavana Baia de Guanabara.Muitas coisas mudaramdesde aquele dia, tanto noPaís, quanto no mundo.Contudo, a despeito dasmudanças, das intensaslutas e dos grandes desa-fios, a mão do Senhor sem-pre esteve conosco e "gran-des coisas fez o Senhor pornós; por isso, estamos ale-gres" (Sl 126.3).A IPB, dentro da perspec-

tiva da soberania de Deus,com profunda gratidão,reconhece os incontáveis epoderosos feitos do Paibondoso no decorrer dosanos. Aliás, a marca da gra-tidão e do reconhecimentoda soberania de Deus sem-pre esteve presente na vidada IPB, desde os primór-dios, começando pelonosso pioneiro, Simonton,jovem de vida marcada pelatotal e irrestrita submissão àvontade de Deus, com se vêclaramente em suas pala-vras, de 28 de outubro de1855, registradas em seuDiário: "Acabo de voltar deuma reunião de oraçãosemanal à qual são convi-dados todos os que se inte-

ressam por missões estran-geiras e querem conheceros seus deveres quanto àsmesmas [...] Quanto atomar a minha decisão parao futuro, não acredito queseja aconselhável. Possoapenas me submeter à von-tade do Senhor, desejandofazer plena consagração demim mesmo ao Seu serviçoe confiar que Ele no tempocerto guiará os meus pas-sos. Agradeço a Deus oconforto que encontro agin-do assim quase diariamentee a pouca preocupação quetenho quanto ao futuro".Cerca de três meses mais

tarde, no dia 4 de fevereirode 1855, ele registra oseguinte: "[...] O problemade selecionar o campo,espero que Deus me dê agraça de entregar-lhe. Se eume submeter à Sua vontadee então buscá-la honesta-mente, Ele guiará os meuspassos. [...] Se o campo é omundo, então todas as ter-ras e países precisam serocupados, e a recusa dealguns de ir para os lugaresmenos promissores somen-te torna esse dever maisimperativo para outros.Deixar lar, amigos e pátriapode parecer difícil, e certa-mente será; mas quem podesaber se, ao buscar o seupróprio conforto mesmonesta vida, será capaz deassegurá-lo? Aquele quequiser salvar a sua vida,

perdê-la-á – Mt.16:25. Sóhá segurança na submissãocompleta aos propósitos deDeus. Sob Sua guarda, olugar de perigo é seguro;sem Sua presença, não hásegurança".Assim nasceu a IPB e

assim deve continuar.Confiar e depender inteira-mente da vontade de Deus,não é opção, é condição devida, é marca de nossa igre-ja.Nestes 145 anos em solo

brasileiro, a IPB pautou suaexistência sobre os valoresinegociáveis da soberaniade Deus, da absoluta autori-dade e inerrância dasEscrituras e da total depen-dência do homem. Sempreentendeu e entende que suamissão é adorar a Deus emespírito e em verdade, pro-clamar o evangelho todopara o homem todo, ensinara Palavra com acuradozelo, amar verdadeiramentee servir altruisticamente.Por isso, comprometidos

com as verdades acima,reafirmamos que a IPB nãoconcorda e não coadunacom as práticas do mundo,que jaz no maligno.Chamamos o pecado depecado, independentemen-te dos caprichos, dos condi-cionamentos, das interpre-tações e conveniências doshomens. Cremos que ohomem caído está total-mente depravado e somente

a misericordiosa graça deDeus pode salvá-lo.A IPB sempre primou pela

clareza e fundamentaçãobíblica de suas posições.Por exemplo, no que serefere ao aborto indiscrimi-nado e ao homossexualis-mo, somos categoricamen-te contra. Quanto aohomossexualismo, em par-ticular, trata-se de trans-gressão da Lei de Deus,inadmissível em qualquercircunstância (PrimeiraCoríntios 6.9-11). Deuscriou o homem e a mulher edotou-os com sexualidadebem definida.A IPB sempre teve e tem a

consciência de Mordecai,de sempre fazer o possívelpelo bem estar e progressodo seu povo (Ester 10.3).Assim sendo, entende quefaz parte de sua missãoholística lutar pelo desen-volvimento, bem-estar epela prosperidade de todo opovo. A nossa igreja, emtodos estes anos, estevepresente e atuante emdiversos momentos históri-cos de nossa amada nação,contribuindo para a cons-trução de uma pátria cida-dã, sempre atuando comdignidade e ética, cumprin-do sua missão precípua deanunciar o evangelho denosso Senhor Jesus Cristo,sem perder a sensibilidadee a responsabilidade social.Por meio de seus membros

e de suas inúmeras organi-zações (escolas, faculdades,universidade, hospitais,entidades sociais etc),temos semeado as sementesda dignidade e da verdadei-ra cidadania nestas terrasconvulsionadas pela fome,pela explosão demográfica,pelas exclusões sociais,pelas flagrantes injustiçassociais, pelo empobreci-mento gritante do povo,pela "favelização" dasgrandes cidades e pela vio-lência em suas inúmerasformas.Neste aniversário, creio

que as palavras do salmista,no Sl 116.12-14, saltam-nos aos olhos e são extre-mamente oportunas ehodiernas. O povo presbite-riano precisa, nesta ocasião,ter a mesma motivação dosalmista e oferecer a Deusum genuíno sacrifício deAções de Graça.Conforme nos ensina o

Salmo, este tempo é opor-tuno para: "Oferecer sacri-fícios de ações de graças","Invocar o nome doSenhor" e "Cumprir osvotos ao Senhor, na presen-ça de todo o seu povo", ouseja, tempo para gratidão,adoração e compromisso.

Brasil PRESBITERIANO12 Agosto de 2004

145 anos abençoando o Brasil e o mundo

Artigo

ERev. Roberto Brasileiro

Palavra do Presidente

O rev. RobertoBrasileiro Silva é presi-dente do SupremoConcílio da IPB

obra presbiteriana noBrasil foi iniciada pelaIP dos EUA, a Igreja

do Norte. A Junta de MissõesEstrangeiras daquela igreja,inicialmente, enviou missioná-rios à Índia, Tailândia, China,Colômbia e Japão. O Brasil foio próximo país a ser contem-plado e a missão brasileiraficou conhecida como BrazilMission.

Os missionários da Igreja doNorte concentraram seus pri-meiros esforços em duasregiões do Brasil, dando ori-gem a duas subdivisões daMissão do Brasil – a MissãoBrasil Central (Central BrazilMission), abrangendo Bahia eSergipe, e a Missão do Sul doBrasil (South Brazil Mission),que ia do Rio de Janeiro aSanta Catarina. Na segundametade do século 19 (1859-1900), a PCUSA enviou aoBrasil cerca de 55 obreiros.

Em 1869, chegaram ao

Brasil os primeiros missioná-rios da IP do Sul (PCUS), osreverendos George NashMorton e Edward Lane. AIgreja do Sul separou-se daIgreja do Norte em 1861, devi-do às tensões políticas esociais da época, ligadas espe-cialmente ao problema daescravidão, que resultaram naguerra civil americana (1861-1865). A nova denominaçãocriou prontamente o seuComitê de MissõesEstrangeiras.

Com a derrota do Sul naguerra civil, centenas de sulis-tas emigraram para o Brasil,criando sua principal colôniana região de Santa Bárbara, nointerior de São Paulo. Comisso, surgiu a idéia de seimplantar uma missão daPCUS no Brasil, sendo esco-lhida como sede a cidade deCampinas (SP), em virtude desua proximidade da colônianorte-americana. O Comitêenviou ao Brasil um grandenúmero de missionários, que

atuaram em duas grandesáreas do país - Centro-Sul:região da Mogiana (nordestede São Paulo), Sul e Oeste deMinas, Triângulo Mineiro eSul de Goiás; Norte-Nordeste:

região ao norte do rio SãoFrancisco, desde Alagoas até aAmazônia.

PASTORES BRASILEIROSAlém dos missionários norte-

americanos da Igreja do Norte

e da Igreja do Sul, a IPB con-tou, quase desde o início, coma participação crescente depastores nacionais. A designa-ção "pastores nacionais" refe-re-se aos obreiros de línguaportuguesa, tanto brasileiroscomo lusitanos. A maior partedos obreiros das primeirasdécadas recebeu o treinamentoministerial na condição de alu-nos particulares de alguns mis-sionários. Na década de 1890,com a instalação do SeminárioPresbiteriano, esta instituiçãopassou a formar os ministrosda igreja.

Com o passar do tempo,aumentou significativamenteo número de pastores nacio-nais em relação aos colegasnorte-americanos. De auxilia-res dos missionários na faseinicial do trabalho, passaramgradativamente a assumir asprincipais posições de lideran-ça da igreja nos diversos níveisconciliares.

O rev. Alderi Souza de Matosé historiados oficial da IPB

Brasil PRESBITERIANO 13Agosto de 2004

enso que em meio àscomemorações denosso 145º aniversá-

rio, precisamos rever nossavida de gratidão, adoração ecompromisso. A Igreja deJesus Cristo, que existe emCristo e através de Cristo,necessita cada vez mais decrentes cujas vidas espe-lhem gratidão, adoração ecompromisso.Somos uma igreja con-

temporânea, com respostase propostas atuais para asociedade atual, contudo,não negociamos a nossatradição histórica. Estou certo de que, com

gratidão, adoração e com-promisso, cumpriremosfielmente a nossa sublimemissão e seremos cada vezmais instrumento de bên-çãos para o Brasil e para oMundo. Assim, as promes-

sas preconizadas pelo pro-feta Isaías serão realidadespara a nossa querida IPB,em nossa geração ("Então,romperá a tua luz como aalva, a tua cura brotará semdetença, a tua justiça iráadiante de ti, e a glória doSenhor será a tua retaguar-da; então, clamarás, e oSenhor te responderá; grita-rás por socorro, e ele dirá:Eis-me aqui... a tua luz nas-

cerá nas trevas, e a tuaescuridão será como omeio-dia. O Senhor te guia-rá continuamente, fartará atua alma até em lugares ári-dos e fortificará os teusossos; serás como um jar-dim regado e como ummanancial cujas águasjamais faltam. Os teusfilhos edificarão as antigasruínas; levantarás os funda-mentos de muitas gerações

e serás chamado reparadorde brechas e restaurador deveredas para que o país setorne habitável ... Eu tefarei cavalgar sobre os altosda terra e te sustentarei coma herança de Jacó, teu pai,porque a boca do ´Senhor odisse" - Is.58.8-4).Deus abençoe a Igreja

Presbiteriana do Brasil!

(RB)

IPB é uma igreja contemporânea, mas não negocia sua tradição histórica

P

Palavra do Presidente (continuação)

Brasileiros contribuíram no crescimento da IPBPioneiros

AAlderi Souza de Matos

George NashMorton (1841-1925): fundador daMissão deCampinas e doColégioInternacional,além de diretor doColégio Morton(São Paulo)

Edward Lane(1837-1892): fun-dador da Igreja deCampinas e doColégioInternacional, foievangelista naregião da Mogianae criou o periódicoPúlpito Evangélico

Brasil PRESBITERIANO14 Agosto de 2004

Supremo Concílio determina mudanças na lei dos jubilados apartir da reunião do SC-IPB em 2006

Emenda constitucional

No Mês dos Pastores Jubilados, presbiterianosdiscutem fim da jubilação compulsória

a reunião daComissão Executivado Supremo Concílio

da IPB, que aconteceu emmarço para colocar em pautatodos os afazeres jurídicos daigreja, 21 pastores foramjubilados. Também, naquelareunião, foi aprovada umaemenda à Constituição daIPB, que passará a vigorar apartir da reunião do SC em2006, quanto ao tempo deministério. Segundo a emen-da, a jubilação aos 70 anosde idade não será mais com-pulsória.Consta na lei em vigor que

um ministro da IPB pode serjubilado ao atingir 35 anosde atividades efetivas ou pormotivo de saúde ou invali-dez. Atingindo 70 anos deidade, no entanto, a jubilaçãoé compulsória. Ainda segun-do a lei atual, o pastor jubila-do não pode continuar exer-cendo o cargo de pastor efe-tivo de sua igreja, mesmoque não haja um pastor parasubstitui-lo, podendo eleapenas, esporadicamente,apoiar e contribuir com o tra-balho.No texto inicial das resolu-

ções de 2004 do SC, o rev.Ludgero Bonilha Morais,secretário executivo do SC-IPB, explica a importânciada emenda a essa lei e omotivo pelo qual ela foiaprovada. A emenda está

apoiada nas reivindicaçõesfeitas por muitos ministros,pois diversos deles chegamaos 70 anos em pleno vigor,ricos em experiências e sabe-doria que poderiam conti-nuar sendo usadas na ativida-de pastoral.Segundo o secretário exe-

cutivo, o critério usado paraa oficialização dessa emendaconstitucional é o chamadoCritério ConstitucionalAprovado em Aditivo, ouseja, pequenas mudanças notexto da lei tiveram de serfeitas, porém, conforme aConstituição exige e permite.A mudança mais importan-

te é o fim da compulsorieda-de da jubilação aos 70 anos

de idade. O rev. Ludgeroesclarece que não haverámais um limite de idade paraque o ministério seja inter-rompido e que a jubilaçãonão impedirá ou vetará osprivilégios de ministro pres-biteriano, como pregar oevangelho, presidir conselhoquando convidado, e, agora,ser pastor efetivo designadoou mesmo missionário, casoainda haja vigor e o conselhoao qual o pastor está juridica-mente direcionado estiverciente e de acordo.Trata-se, portanto, de uma

emenda de lei que beneficia-rá aqueles que se sentem àvontade para continuarregendo a igreja, desde que

esta e seu concílio estejam deacordo: "É interessanteobservar que, em 1859,quando foi iniciado o traba-lho presbiteriano no Brasil,até 1950, nenhum pastor eraconsiderado inútil ao com-pletar 70 anos de idade",frisa o pastor jubilado rev.Eudes Coelho Silva, que crêque a vocação, unção, entu-siasmo, capacidade e dedica-ção não dependem de idade.No entanto, segundo o rev.

Ludgero, aqueles que estãojubilados e que foram jubila-dos na última reunião daComissão Executiva do SC-IPB, não poderão se benefi-ciar com a emenda: "A leinão retroage. Jubilados

estão, jubilados ficarão",afirma.OPINIÕESA mudança na Constituição

da IPB deverá agradar ao rev.Alberto Pereira, jubilado doPresbitério de Nilópolis (RJ)que, em julho, Mês dosPastores Jubilados, enviouao BP suas opiniões a respei-to da jubilação compulsória.Apesar de não falar em causaprópria, pois sua saúde não opermitiria voltar ao trabalho,ele acredita que a jubilaçãocompulsória aos 70 anos nãodeve existir na IPB, já que naigreja primitiva não existia:"Os apóstolos ficaram ematividade até a morte e nãoaté os 70 anos de vida".Para o rev. Alberto, a jubila-

ção deve continuar paraaqueles pastores que, emidade avançada ou impossi-bilitados por limitações físi-cas, assim o desejarem. Noentanto, crê que, quando opresbitério achar que não hámais condições para o pastorcontinuar com seu trabalho,mesmo ele querendo contin-uar, deve ser jubilado.O rev. Eudes Coelho Silva,

jubilado há pouco tempo,concorda que a jubilação nãodeve ser compulsória aos 70anos: "A associação dessasduas palavras é uma contra-dição lastimável. Se é'jubilação' não poderiajamais ser 'compulsória'.Basta verificar o significadoetimológico desses dois

NMartha de Augustinis

Rev. Eudes Silva: não deixou sua vocação "se aposentar" com a jubilação

Brasil PRESBITERIANO 15Agosto de 2004

vocábulos. Jubilação deveriaestar mais associada ao pro-cesso de emerência. Esta éconcedida, não é imposta.Emerência é um reconheci-mento público concedido aalguém após um período deserviços bem prestados. Ofator limitativo da atividadepastoral deveria ser apenassaúde ou capacidade de tra-balho".Ele afirma ainda que qual-

quer transição na vida de umpastor exige muita oraçãopor parte da igreja e que devehaver muito cuidado naescolha do novo pastor: "Otítulo de bacharel emTeologia ou doutor emDivindade não garante com-petência na condução pasto-ral de uma comunidade cris-tã", opina.O recém-jubilado rev.

Edésio de Oliveira Chequer,presidente do SC-IPB de1986 a 1994, afirma que é afavor da eliminação da com-pulsoriedade pura e simplesda jubilação e diz que a pro-posta de mudança na emendaé apreciável, embora possaser melhorada. Ele não con-corda, por exemplo, com anão-retroatividade da emen-da: "É bom lembrar ser prin-cípio de Direito que a lei temefeito retroativo somentepara beneficiar. Como nãopoderão ser beneficiados osjubilados na última reuniãodo SC-IPB e da ComissãoExecutiva?"Ele conta que iniciou seu

ministério na IPB ciente deque, a partir dos 70 anos deidade, não poderia mais serpastor efetivo de uma igreja.Assim, sente-se completa-mente à vontade com a suajubilação sem maiores modi-ficações em sua vida. "Nãosinto muita falta da minhavida de antes da jubilação,porque continuo fazendoquase tudo com igual intensi-dade, a não ser presidir con-

selho". O rev. Edésio contaque apóia a igreja sempreque é solicitado, mas frisaque o pastor jubilado precisade muito bom senso para nãointerferir no trabalho donovo pastor.Aos novos pastores e aos

novos no ministério ele deixasua palavra, baseada nos tex-tos de Jr 3.15 e Primeira Tm4.13: "O pastor deve fazertudo o que depender delepara, no poder do EspíritoSanto, ser um pastor segundoo coração de Deus. Ante asexigências intelectuais cadavez maiores da sociedadecontemporânea, o pastor pre-cisa ler, ler muito. Precisaestudar piedosamente aBíblia e ler livros, revistas ejornais de boa qualidade e debom conteúdo: quem não lê,mal fala, mal ouve, mal vê".DEPOIMENTOSJubilado na última reunião

da CE do SC-IPB, o rev.Antônio Sperber (BP maio2004, pg. 17) também dá seuconselho aos novos pastores.

Suas admoestações resu-mem-se na fidelidade à voca-ção e humildade no exercíciodo ministério, sem se esque-cer dos princípios da doutri-na da IPB: "Ser mensageirodo evangelho de Cristo, lem-brando que a mensagem pri-mordial é amar o irmão. Serbom administrador, amar erespeitar os presbíteros, quesão vocacionados para esseoficialato e que se tornamuma grande benção para ospastores que sabem respeitá-los e amá-los", aconselha.Muito bem humorado, ele

conta que, após sua jubila-ção, vem trabalhando maisdo que nunca. Constituídoem sua igreja, a Primeira IPde Belo Horizonte (MG),como pastor cooperador, jáoficiou diversas cerimônias.A jubilação não afetou em

nada sua vida de evangeliza-ção e pastoreio e ele continuaa ministrar o cursoEvangelismo Explosivo, pre-sidindo o Ministério deCasais e, constantemente,

sendo convidado para minis-trar palestras, devido aoconhecimento da Palavra deDeus adquirido com muitoamor ao pastorado. "Amelhor coisa da vida é serpastor", afirma o reverendo,que se considera um homemprivilegiado e de poucaspalavras, pois "é um homemque Deus abençoa, fazendo-lhe dizer apenas bênçãos".Outro pastor que, apesar de

jubilado, não deixou suavocação "se aposentar" é orev. Eudes Coelho, que,objetivo e disposto, afirmanão sentir muita diferençacom a jubilação. "Vida nor-mal, ocupada com novosprojetos. No mais, continuoo mesmo, servindo ao meuSenhor no púlpito, na assis-tência pastoral e na plantaçãode uma nova igreja".Ele diz que se sente seguro

em relação ao pastor que irásubstituí-lo, esperando eorando muito para que a

igreja, IP da Vila Mariana,em São Paulo, também sesinta da mesma forma.Entretanto, não se afastadaquela que lhe proporcio-nou anos de experiência daPalavra de Deus e de minis-tério bem sucedido: a suaigreja. "Continuo ligado àigreja por amor e gratidão. Etenho me colocado à suainteira disposição. Apenasdeixei de ser o pastor efetivo,o presidente do Conselho.Meu ministério continua,graças a Deus".Ao novo pastor, o rev.

Eudes oferece sua inteiralealdade e fraternidade. "Elesabe que pode contar comi-go", afirma o reverendo, quetambém deixa seu recado aosnovos no ministério: "Paraum jovem que esteja inician-do seu ministério pastoral,ouso lembrar que ação semoração é presunção e queoração sem ação é acomoda-ção".

Rev. Edésio de Oliveira Chequer: sem concordarcom a não-retroatividade da emenda

Rev. Sperber: trabalhando mais do que nuncadesde a jubilação

Brasil PRESBITERIANO16 Agosto de 2004

s milhares de pessoasque passam todos osdias pela movimentada

Rua Silva Jardim, centro doRio de Janeiro, logo têm suaatenção despertada para omajestoso templo em estiloneogótico que confere ares nos-tálgicos àquele pedaço daCidade Maravilhosa. O quenem todos os passantes sabemé que a imponente construção,erguida há 70 anos, é um dostemplos de uma das mais tradi-cionais denominações protes-tantes do País, a IgrejaPresbiteriana do Brasil (IPB),que comemora em agosto seu145º aniversário. A passagemdessa data é a melhor oportuni-dade para se conhecer a históriadaquela construção, que perten-ce à primeira igreja presbiteria-na organizada no Brasil.

A IP do Rio de Janeiro foiorganizada no dia 12 de janeirode 1862, pelo rev. AshbelGreen Simonton, na Rua doOuvidor (atual Travessa doOuvidor). O templo atual foiinaugurado em 1934, durante opastorado do reverendoMattathias Gomes dos Santos.O atual pastor da igreja, rev.Guilhermino Cunha, que sedestaca por sua contribuição àIPB, foi presidente do SupremoConcílio da igreja e hoje é ovice-presidente.

Quando teve início, a IP doRio de Janeiro, que logo expe-rimentou notável crescimento,peregrinou por outros pontosdo centro da cidade, em logra-douros que hoje nem existemmais. Para que a igreja tivesseum local próprio, em 1870, foiadquirido um barracão na Ruada Barreira (atual SilvaJardim). Ao mesmo tempo, ini-ciou-se uma campanha deangariação de recursos para a

construção do templo.Presbiterianos dos EstadosUnidos e do Brasil juntaramesforços para a obra. Por causade uma lei do Império que proi-bia que templos não-católicostivessem qualquer aspecto quelembrasse uma igreja, a cons-trução, inaugurada num cultosolene no dia 29 de março de1874, tinha a aparência de umedifício comum.

Em 1876, a IP do Rio deJaneiro elegeu, pela primeiravez, um pastor: o rev. AntônioBandeira Trajano. Iniciava-se,então, a tradição democráticaque persiste até hoje entre ospresbiterianos brasileiros.

Com o advento da República,em 1889, as antigas leis discri-minatórias contra os protestan-tes caíram por terra. Com oauxílio do engenheiro AscânioVianna, presbítero da igreja, orev. Mattathias, debruçando-sesobre fotos de grandes temploseuropeus de estilo neogótico,rabiscou os primeiros projetosde um novo templo. Num muti-rão de fé e trabalho que durouquase oito anos, o templotomou forma.

RELÍQUIASRevirando os arquivos históri-

cos da IP do Rio de Janeiro, o

responsável por eles, pb. AdibeVieira dos Santos, integrante doconselho da igreja, mostra umapreciosidade: o primeiro Livrode Atas da igreja, onde háassentamentos lavrados e assi-nados de punho pelo rev.Simonton. Apesar das folhasamarelecidas, a rubrica dopatriarca do presbiterianismobrasileiro ainda é nítida.

O volume faz parte do acervodo museu situado no subsolo daigreja. Ali, entre outras relí-quias, há documentos, fotos ediversos registros. Segundo opb. Adibe, tudo está sendo cata-logado. "Aqui, recebemosirmãos de todo o Brasil e visi-tantes do exterior, que sabemque vão encontrar as raízes desua família de fé", comenta opresbítero.

Historiador da IgrejaPresbiteriana do Brasil, o rev.Alderi Souza de Matos reco-nhece o valor histórico do tem-plo da Rua Silva Jardim."Durante muito tempo, essa foia maior igreja local da IPB,principalmente a partir do pas-torado do ilustre reverendoÁlvaro Reis", destaca. "Alitambém tiveram ocasião gran-des eventos da vida da denomi-nação, como o culto de come-

moração do centenário da obrapresbiteriana no Brasil, em1959, com a presença do entãopresidente JuscelinoKubitschek de Oliveira". Deacordo com o rev. Alderi, aque-la foi a única vez que um presi-dente da República participoude um culto presbiteriano noBrasil. "Outro fator que deuvisibilidade à Igreja do Rio deJaneiro foi o fato de que váriosde seus pastores alcançaramposições de liderança na igreja

nacional, como foi o caso deÁlvaro Reis e Mattathias, alémde Amantino Vassão eGuilhermino Cunha, pastoratual da igreja, que chegaram àpresidência do SupremoConcílio da IPB".

Hoje, o templo da IgrejaPresbiteriana do Rio de Janeiroé um monumento arquitetônicocom valor histórico e culturalreconhecido pela Prefeitura dacidade, que vem urbanizandosuas adjacências.

História feita de cimento, pedra e fé

Aniversário da IPB

ACarlos Fernandes,

freelance para o BP

Templo da Igreja Presbiteriana do Rio de Janeiro, construídohá 70 anos, é marco da denominação no País

Uma estátua do rev. Mattathias estácolocada em frente ao templo da IP doRio de Janeiro

A igreja abriga relíquias como seu pri-meiro Livro de Atas, com a letra deSimonton

Alderi de Souza Matos

Carlos Fernandes

Brasil PRESBITERIANO 17Agosto de 2004

Lançamento Rev. Alderi Souza de Matos conta a vida de importantes figurasdo início do presbiterianismo no Brasil

Historiador lança livro sobre pioneiros da IPBhistoriador oficial da

IPB, rev. AlderiSouza de Matos, está

lançando um livro sobre ahistória da Igreja Presbiteri-ana do Brasil: Os PioneirosPresbiterianos do Brasil(1858/1900): Missionários,Pastores e Leigos do Século19 (editora Cultura Cristã).Baseado em pesquisas reali-zadas no Brasil e nosEstados Unidos ao longo dequatro anos, o livro contémpequenas biografias de todosos pioneiros dos primeiros40 anos da vida da igreja noBrasil, ou seja, desde a che-gada de Simonton até 1900.Segundo o autor, todos osmissionários e pastores queentraram em atividade naIPB até 1900 estão incluí-dos, assim como um bomnúmero de leigos. Houvealgumas entrevistas comparentes de alguns persona-gens, mas a maior parte domaterial foi encontrada emlivros, periódicos e manus-

critos como atas, cartas, rela-tórios etc.É um livro de consulta e

pesquisa e traz um índicepor personagens, além defotos históricas. O rev.Alderi destaca a foto do pri-meiro sínodo da IPB, quan-do a igreja se tornou efetiva-mente uma denominaçãobrasileira, independente daigreja nos Estados Unidos.Segundo ele, o texto é

essencialmente narrativo einformativo e não analítico,e a idéia de escrevê-lo surgiuda necessidade de encontrarem um mesmo volumeinformações biográficasdetalhadas sobre todos ospioneiros da obra presbite-riana no Brasil. "Existemexcelentes biografias dealguns líderes, bem comolivros ou artigos esparsosque abordam muitos outros,mas não uma obra abrangen-te em que todos estejamincluídos", explica, na intro-dução ao livro.Ele acena com a possibili-

dade de vir a publicar tam-

bém uma reunião de biogra-fias dos obreiros presbiteria-nos subseqüentes a 1900.Em seu primeiro livro

sobre história, o rev. Alderidividiu as biografias emquatro categorias: missioná-rios da IP do Norte dosEstados Unidos, do Sul, pas-tores nacionais (brasileiros eportugueses) e outros perso-nagens relevantes, subdivi-didos em dois grupos: edu-cadoras norte-americanasnão incluídas nas seçõesanteriores e alguns leigosdestacados do período.Além disso, o primeiro

capítulo apresenta uma sín-tese histórica dos primórdiosdo presbiterianismo noBrasil. No final, o livro trazuma galeria de fotos de reu-niões dos antigos concíliosda igreja e de algumas insti-tuições da época. Traz tam-bém listas completas de mis-sionários, pastores, concíliossuperiores, igrejas locaisorganizadas entre 1862 e1905 e uma cronologia bási-

ca do período. Além de índi-ces remissivos e mapas.PAIXÃO ANTIGAO rev. Alderi conta que

sempre gostou de história ebiografias. Sua tese de dou-torado na Universidade deBoston foi sobre um perso-nagem da IPB, o rev.Erasmo Braga. O livro agoralançado começou com umasérie de encartes publicadosno boletim dominical da IPEbenézer, em Santana, SãoPaulo, da qual é um dos pas-tores. "A partir daí, ampliei apesquisa e fui me empolgan-do cada vez mais com otema. A história dos nossospioneiros é fascinante sobvários aspectos e serve deinformação e inspiração paraos presbiterianos de hoje",afirma.Ele conta que seu interesse

pela história da IPB decorreda formação pessoal, pois éfilho de pastor. Seu paiconheceu muitos antigosobreiros presbiterianos e orev. Alderi conheceu alguns

deles. "Além disso, entendoque o conhecimento da his-tória é muito importantepara os cristãos em geral epara os reformados em parti-cular. Tem a ver com quemsomos, nossas raízes, nossaidentidade, nossos objeti-vos".Por alguns anos, o rev.

Alderi foi pastor no Paraná,mas em seguida mudou-separa Boston, onde cursoumestrado e doutorado. Eleconta que sempre se sentiuvocacionado para o magisté-rio teológico e, portanto, arealização desses cursos e otrabalho atual no CentroPresbiteriano de Pós-gra-duação Andrew Jumper,onde é o coordenador deTeologia Histórica, foram aconcretização de um sonho.Devido à sua área de pesqui-sa e ensino, surgiu o convitepara ser o historiador daIPB, que aceitou com muitasatisfação. "Além disso,sempre gostei de escrever etenho escrito amplamentepara muitos periódicos. Opasso final seria publicaralguma coisa, o que estáacontecendo agora". Ele temainda três outros livros queestão sendo preparados parapublicação.O rev. Alderi dedica o livro

além de a todos os seusfamiliares, à memória dorev. Júlio Andrade Ferreira,historiador emérito da IPB, edo rev. Boanerges Ribeiro,pesquisador do presbiteria-nismo brasileiro. E ainda aoscolegas do CPAJ e irmãos daIP Ebenézer de São Paulo edo Presbitério Centro-NortePaulistano.

O

Primeiro sínodo da IPB, quando a igreja setorna independente da igreja presbiteriana dosEstados Unidos

Letícia Ferreira

Brasil PRESBITERIANO18 Agosto de 2004

om o intuito de resga-tar as origens históri-cas do presbiterianis-

mo na região de Florianópo-lis, capital de Santa Catarina,no Sul do País, e compreen-der estratégias missionáriasque permitiram a implantaçãodas igrejas presbiterianas,Eduardo Paegle, historiadorcristão e presbiteriano, dedi-cou parte de sua vida acadê-mica a um projeto de pesqui-sa histórica sobre a IPBnaquela região.

O trabalho acadêmico intitu-lado História da IgrejaPresbiteriana do Estreito(1939-1960) foi dividido emcinco capítulos e abrange ocalvinismo no período colo-nial; o presbiterianismo noséculo 19 e sua expansãomissionária com os pregado-res Simonton, José Manoelda Conceição e Blackfort; achegada tardia do presbiteria-nismo na região de SantaCatarina e seu desenvolvi-mento; a criação da IP doEstreito e, por fim, a doutrinacalvinista, a normatização deconduta, disciplina e eclesiás-tica e a hinologia.

Eduardo Paegle afirma que,em seu trabalho, destaca osurgimento da IgrejaPresbiteriana no Sul do País eevidencia que tardiamente oevangelho de Cristo foi leva-do àquele lugar. Existemregistros da visita do presbite-riano James Cooley Fletcherem algumas regiões catari-nenses por volta de 1855,embora essas visitas nãotenham resultado em trabalhoevangelístico. Um trabalhoorganizado institucionalmen-te ocorreu apenas no fim do

século 19 por meiode visitas pastoraisem diversas cidadesdo Estado, sendo quea primeira delasocorreu na cidade deFlorianópolis, em 6 a13 de janeiro de1889, realizada pelopastor George W.Chamberlain, pastorda Primeira IP deSão Paulo, que aten-dia também a IP deRio Grande (RS).Essas conferênciascontinuaram duranteanos e resultaram nosurgimento das pri-meiras famílias pres-biterianas catarinen-ses.

Anos mais tarde,em janeiro de 1901,foi organizado o tra-balho presbiterianoem Florianópolis,com o auxílio do pastorRobert F. Lenington, comocontinuação do trabalhoevangelístico iniciado em1898, pelo pastor J. B.Rodgers.

A IP do Estreito, SC, foifundada apenas em 1939,com a efetiva participação deleigos e da comunidade, apósa criação da ponte pênsilHercílio Luz, em 1926, queligou a Ilha de Santa Catarinaà região Continental (bairrodo Estreito).

AMEAÇA AOSCATÓLICOS

A presença de pregadorespresbiterianos ameaçava ahegemonia católica na região,conforme comenta EduardoPaegle. "Os jornais da épocarelataram o descontentamen-to católico pela realizaçãodessas conferências evange-

lísticas e apresentavam restri-ções à pregação calvinista",completa. Conforme pesquisarealizada pelo historiador, aúnica igreja não católica quehavia em Florianópolisnaquela época (1863) era aLuterana, que não era consi-derada ameaça ao catolicismodevido à pregação na línguaalemã.

Anos mais tarde, em 1920, aIP passou a sofrer váriasrepresálias, já que o pastorAníbal Mora iniciou a evan-gelização, em praça pública,no bairro do Estreito, expres-sando-se contrário à virginda-de perene de Maria após onascimento de Jesus. Tal ati-tude drástica dividiu a própriaIgreja Presbiteriana, que acre-ditava que a pregação deveriase limitar à estrutura do tem-plo.

"Aqui no Brasil era neces-sário alterar uma nação quefoi moldada pelo catolicis-mo", explica Eduardo, quediz que foi difícil para oBrasil adaptar-se à normatiza-ção de conduta da "culturapresbiteriana", já que, emgeral, a sociedade brasileira,em sua maioria, era avessa àsregras rígidas da sociedade.

Segundo Eduardo, os pres-biterianos, em geral, gostamde falar sobre a história daIPB, de conhecer a ReformaProtestante para entendercomo a instituição foi histori-camente constituída. "A his-tória legítima da Igrejaenquanto instituição é consti-tuída tanto de fracassos,quanto de sucessos", explica."Entendo que o presbiteria-nismo chegou tardiamenteem Santa Catarina, e que teve

uma difícil convivência como catolicismo já estabelecidonas regiões urbanas, onde apresença física da IgrejaCatólica era maior, o que,sem dúvida, foi uma dificul-dade, ao menos nos primeirostempos", completa.

Atualmente, a IP deFlorianópolis conta com 500membros e, a IP de Estreito,com 229.

Eduardo Guilherme deMoura Paegle, nascido emFlorianópolis, é membrocomungante da IP doEstreito. É historiador e pro-fessor de História em SãoBento do Sul, graduado emBacharelado e Licenciaturaem História pelaUniversidade Federal deSanta Catarina (UFSC), em2003, e mestrando emHistória pela UFSC.

Jovem escreve sobre história da IPB no Sul

Pesquisa

CLucilene Nascimento

Salão social da IP de Estreito, em 1960, situada na região continental deFlorianópolis

Historiador diz que brasileiros tiveram dificuldade em se adaptar à culturapresbiteriana porque estavam moldados pelo catolicismo

Brasil PRESBITERIANO 19Agosto de 2004

Gratidão

Capelã é homenageada pela cidade de São Paulo

elo conjunto de sua obracomo capelã hospitalare instrutora de serviços

de capelania, a presbiterianaEleny Vassão de Paula Aitkenfoi homenageada, no dia 22de junho, com a entrega daMedalha Anchieta e Diplomade Gratidão da Cidade de SãoPaulo, pela CâmaraMunicipal. A iniciativa foi dovereador Carlos AlbertoBezerra Júnior, membro daigreja Comunidade da Graça.A homenagem contou com acontribuição do QuartetoEsperança e do Coral deMédicos do Hospital dasClínicas de São Paulo, ondeEleny é a diretora da capela-nia evangélica há 21anos.

Estiveram presentes à Mesao pastor da IP da Lapa, emSão Paulo, rev. GeorgeCanelhas, o presidente doInstituto PresbiterianoMackenzie, Custódio Pereira,o presidente da Associação deCapelania EvangélicaHospitalar e marido de Eleny,Gavin Levi Aitken, a assisten-te social e ex-diretora técnicado Hospital do ServidorPúblico de São Paulo, MariaAlice Yshima, o professor daEscola Paulista de Medicinada Universidade Federal deSão Paulo, Marcos Túlio deAssis Figueiredo, e o advoga-do e conselheiro daAssociação Evangélica deCapelania Hospitalar,Ronaldo Camargo Soares.

Entre outras autoridades,mandaram cumprimentos ovice-governador do Estado,Cláudio Salvador Lembo, aprefeita da cidade, MartaSuplicy, e o chefe da CasaCivil, Arnaldo Madeira.

EXEMPLO A SERSEGUIDO

O vereador Carlos AlbertoBezerra Júnior disse que pro-pôs à Câmara Municipalhomenagear Eleny porqueuma homenagem é o reconhe-cimento do trabalho dealguém a ser sinalizado comoexemplo a ser seguido. "Vocêirradia amor por onde passa.Você personifica o cristianis-mo e o toque de Deus", disseo vereador à capelã durante odiscurso no evento.

Ele afirmou ainda que, aoentregar a medalha e o diplo-ma à homenageada, tinha cer-teza de ser instrumento deDeus para reconhecer o traba-lho dela. "Estou muito honra-do em representar dezenas,talvez centenas ou milharesde homens e mulheres ampa-

rados por você".Eleny Vassão também falou

durante o evento, dizendo quetem muito a agradecer a mui-tos, principalmente a Deus."Ele nos encontrou em nossasvidas egocêntricas e encheunosso coração de amor aopróximo, que é o transbordardo amor de Jesus, e nos deucapacidade e recursos", afir-mou. Citou também, entreoutros, suas equipes de traba-lho, a Sociedade Bíblica doBrasil, a Associação deCapelania HospitalarEvangélica, os pastores batis-tas Ed René Kivitz eAriovaldo Ramos, e familia-res.

Ela agradeceu ainda a todosos que prestaram serviços decapelania hospitalar antesdela e seus colegas e que dei-

xaram um modelo a ser segui-do. "Sempre ouvimos: ‘parafazer esse trabalho, vocêsdevem ser muito fortes’. Massomos muito frágeis e chora-mos com os que choram.Nossa força vem do Senhor".

HUMANIZANDO OAMBIENTE HOSPITA-LAR

Durante o evento, foi trans-mitido um vídeo sobre a cape-lania hospitalar evangélica doHospital das Clínicas de SãoPaulo, o maior complexo hos-pitalar da América Latina.

Nele, o diretor do HC, JoséD’Élia Filho, faz elogios aotrabalho de Eleny, dizendoque a capelania por ela coor-denada há 21 anos faz umpapel maravilhoso na almados pacientes, familiares efuncionários do hospital e que

esse trabalho humaniza oambiente hospitalar, tornan-do-o menos doloroso, levan-do o consolo e salvando vidaseternamente.

Cada participante da Mesateve sua chance de falar e,durante seu breve discurso,Custódio Pereira, presidentedo Instituto PresbiterianoMackenzie, classificou o tra-balho de Eleny Vassão comoextraordinário, um exercíciocontínuo de coragem, altruís-mo e profundo amor cristãoinspirado no ato de Jesus.

Marcos Túlio de AssisFigueiredo, responsável pororganizar cursos sobre cape-lania na Escola Paulista deMedicina, afirmou que Elenyfoi um anjo que caiu no seucaminho para ensinar aosfuturos médicos e enfermei-ros que, acima da doença, estáo ser humano que a carrega.

Maria Alice Yshima, ex-diretora técnica do Hospitaldo Servidor Público de SãoPaulo, agradeceu a Deus apresença de Eleny naquelehospital, onde a capelã tam-bém trabalha. Ela disse que acapelania leva aos pacientes oalento que os profissionais desaúde não levam. "Só pessoasmuito especiais conseguemfazer esse trabalho".

Eleny Vassão atua tambémcomo capelã no Instituto deInfectologia do HospitalEmílio Ribas. Realiza confe-rências no Brasil e Exterior eé autora dos livrosAconselhamento a PacientesTerminais, No Leito daEnfermidade, Consolo, AMissão da Igreja frente aAIDS, Mal e Bem, O Poder doAmor, Esperança para Vencere do Telecurso de VisitaçãoHospitalar.

P

Vereador Carlos Alberto Bezerra Junior e a capelã Eleny Vassão durantehomenagem na Câmara Municipal de São Paulo

Vereador organiza evento para reconhecer o trabalho de Eleny Vassão

Letícia FerreiraMartha de Augustinis

Brasil PRESBITERIANO20 Agosto de 2004

os 45 anos, o ArquivoHistórico da IPBainda está sendo

organizado. Um dos moti-vos, segundo o rev. EnosMoura, curador que trabalhano Arquivo desde 2000, éque, em São Paulo, no prédioda Fundação José Manoel daConceição, o Arquivo estálocalizado há apenas 16anos. Outro motivo, é quesomente neste ano lhe foidestinada uma verba.Ainda assim, o trabalho do

rev. Enos e do rev. EliezerBernardes, este atuandodesde a transferência doArquivo para a capital, pos-sibilita que a IPB tenha seuregistro histórico preservadoe à disposição de qualquerpesquisador.A freqüência de pesquisa-

dores é grande, cerca de 20pessoas por semana. Em suamaioria, estudantes de semi-nários da IPB e de outrasdenominações, pós-graduan-dos etc. Há também consul-tas por telefone, principal-mente de outras cidades, emuitos pedem cópias dedocumentos. São enviadas20 a 30 cópias por mês.Segundo o rev. Enos, até o

ano passado, o Arquivoenfrentava grandes proble-mas financeiros."Bondosamente, neste ano, aComissão Executiva doSupremo Concílio da IPB,por meio do presidente rev.Roberto Brasileiro e comgrande ajuda do rev. LudgeroMorais, secretário executivo,designou uma verba mensalcom a qual podemos atender

aos pedidos de cópia e supriroutras necessidades básicascomo papel e tinta paraimpressora etc", comemora ocurador.No acervo do Arquivo

Histórico da IPB estão ascoleções completas dos prin-cipais jornais que a igrejatem e já teve: BrasilPresbiteriano, O Puritano eO Norte Evangélico. Háainda assinaturas de jornaisde outras denominações,para facilitar pesquisa, docu-mentos, pastas para cadaigreja e para cada um dagrande maioria dos pastoresda IPB, além de presbíterosde destaque como dr.Gouvêa, que foi tesoureirodo SC-IPB, pb. RenatoPiragibe, atual tesoureiro eque também atua na JuntaPatrimonial e Financeira naIPB, pb. Torquato Santos e

outros. Entre os principaisitens, o rev. Enos destaca oLivro de Atas do primeirosínodo da IPB.O acervo inclui ainda um

número grande de fotos queestá sendo restaurado e orga-nizado. "Há curiosidades,cartas com mais de cem anose assinaturas de várias pes-soas de destaque comoBlackford e Schneider. Émuito gostoso trabalhar comesses documentos", afirma orev. Enos, cuja paixão ematuar no Arquivo é evidente."Estamos cuidando, pouco apouco, de arquivar tudo tec-nicamente". Nestes quasecinco anos de trabalho, eleparticipou de oito cursos téc-nicos na área, um dos quaiscom o rev. Eliezer.Aprenderam a restaurar, con-servar, arquivar tecnicamen-te e digitalizar documentos,

fotos e livros. No entanto,não podem realizar algunstrabalhos porque o preço domaterial é muito alto e ficamais barato terceirizar.DE CAMPINAS PARA A

CAPITALO Arquivo Histórico da IPB

foi inaugurado junto com oMuseu Presbiteriano, em1959, durante o centenárioda IPB, no SeminárioPresbiteriano do Sul, emCampinas (SP). O rev. EnosMoura afirma que tudo foiorganizado com competênciae carinho pelo rev. Júlio deAndrade Ferreira. "Em 1988,quase 30 anos depois, nãorestava mais nada organiza-do nem no Museu nem noArquivo Histórico", informa."Em boa hora, o rev.Boanerges Ribeiro ordenouque todo o material doArquivo fosse enviado para

São Paulo".Em 1988, esse material foi

entregue no prédio recéminaugurado da FundaçãoJosé Manoel da Conceição,cujo presidente era o rev.Boanerges. Foi contratadopara atuar no Arquivo o rev.Eliezer Bernardes. "Até hojeele tem se dedicado muito,eu diria que a grande organi-zação do Arquivo, principal-mente de periódicos, se deveao rev. Eliezer", elogia o rev.Enos. "Eu, quando cheguei,vim somar".Ele conta que foi chamado

para trabalhar no Arquivo, aomudar-se de Recife para SãoPaulo, por causa do trabalhoque desenvolveu naquelacidade em relação ao Museuda História doPresbiterianismo noNordeste, no SeminárioPresbiteriano do Norte. Eleorganizou o museu, inaugu-rado em 1996, coletandomaterial durante 20 anos.Logo depois de começar atrabalhar no Arquivo, o rev.Enos foi eleito seu curador,ao lado do rev. LudgeroMorais, que é curador natopor ser o secretário executivodo SC-IPB.O rev. Enos diz que, quando

chegou no Arquivo, ali exis-tia uma tradição de não per-mitir acesso geral ao acervo."Nosso lema, meu e do rev.Eliezer, de comum acordocom o então curador nato esecretário do SC-IPB, rev.Wilson de Souza Lopes, ecom o rev. BoanergesRibeiro, tornou-se: OArquivo está Desarquivado".Contato: telefone 11 5561

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Arquivo Histórico da IPB ganha verba mensal

Conhecendo a IPB

ALetícia Ferreira

Pastores conservam raridades centenárias em acervo de 45 anos

Foto histórica do acervo do Arquivo: alunos da presbiteriana EscolaAmericana de Natal (RN). Um dos alunos era João Café Filho, que veio aser Presidente da República em 1954.