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    Por uma Produo mais Limpa

    uia Tcnico

    Ambientalda Ind stria de Higiene Pessoal,erfumaria e Cosmticos

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    GOVERNO DO ESTADO DE SO PAULO

    Geraldo AlckminGovernador

    SECRETARIA DO MEIO AMBIENTEJos Goldemberg

    Secretrio

    CETESBCOMPANHIA DE TECNOLOGIA DE

    SANEAMENTO AMBIENTALRubens Lara

    Diretor Presidente

    Joo Carlos Basilio da SilvaPresidente

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    Apresentao

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    com grande satisfao que, em nome da CETESB, apresento este Guia Tcnico Ambiental,

    documento informativo que pretende apoiar as empresas na melhoria ambiental por meio daadoo de medidas de Produo mais Limpa (P+L) em seus processos.

    Historicamente, a CETESB tem o foco de sua atuao voltado s aes de monitoramento

    do meio (ar, gua e solo), licenciamento das fontes potencialmente poluidoras e ao controle

    ambiental da contaminao, fazendo cumprir a legislao ambiental mediante as chamadas

    medidas de fim-de tubo. Nestes mais de 35 anos de atividade, a atuao da CETESB

    promoveu notveis avanos na garantia de um entorno mais limpo e saudvel populao,

    tornando a empresa uma referncia ambiental no pas e no exterior.

    Nos ltimos anos, no entanto, uma outra forma de atuao tem se delineado, principalmente

    como resposta a mudanas na prpria sociedade. A percepo e o reconhecimento da

    importncia da questo ambiental por parte das indstrias tm levado incorporao de

    prticas da Produo mais Limpa como uma forma de, enfim, congregar vantagens econmicas

    com benefcios ambientais. As empresas tm percebido que a Produo mais Limpa significa,

    no fundo, a incluso da varivel ambiental nas aes de melhoria das operaes e, atuando

    desta forma sobre seus processos produtivos, muitas delas j reduziram seus resduos na

    fonte, obtendo ainda minimizao de seus custos de produo. Esta vantagem das medidas

    de Produo mais Limpa destaca-se ainda mais, se contrastada com o alto custo operacional

    do tratamento e da gesto dos resduos gerados pelas empresas, o que mostra claramente

    que esta uma ferramenta de interessante utilizao prtica.

    Palavra do Presidente da Cetesb

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    De modo a evoluir em seu modo de atuar junto s potenciais fontes de poluio, a CETESB

    tem desenvolvido desde 1996 trabalhos de Preveno Poluio e Produo mais Limpajunto a diversos setores produtivos. Estes trabalhos representam uma nova forma de interagir

    com a indstria, no apenas acompanhando a mudana de paradigma em curso por parte

    de algumas empresas, como tambm visando despertar esta conscincia nas demais.

    O presente Guia Tcnico Ambiental tem como objetivo informar as empresas deste setor

    produtivo, ainda que de modo sucinto, a importncia e as alternativas preventivas no trato

    de suas questes ambientais. De modo algum as possibilidades aqui levantadas pretendem

    esgotar o assunto - antes de serem um ponto final estas constituem um ponto de partida,

    para que cada empresa inicie sua busca por um desempenho ambiental cada vez maissustentvel.

    Por fim, deixo os votos de sucesso nesta empreitada a cada uma das empresas que j

    despertaram para esta nova realidade, esperando que este Guia sirva de norte para

    a evoluo da gesto ambiental no Estado de So Paulo, evidenciando que, mediante a

    Produo mais Limpa, possvel um desenvolvimento industrial que congregue o necessrio

    ganho econmico com a imprescindvel adequao ambiental.

    Rubens Lara

    Diretor - Presidente da CETESB

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    O surgimento de problemas socioambientais como ameaadores sobrevivncia da vida

    na Terra um fenmeno relativamente novo para a humanidade, mas extremamente

    preocupante. O ser humano uma espcie entre milhares que depende do todo para sua

    sobrevivncia neste planeta. a nica que tem esta conscincia e o poder de intervir benfica

    ou maleficamente no ambiente e, portanto, sua responsabilidade inigualvel.

    difcil, mas com certeza possvel, resolver a aparente dicotomia entre produzir os bens

    destinados s necessidades humanas e confrontar com os malefcios da explorao dos

    recursos naturais. No Brasil, segundo o IBGE, em sessenta anos, a populao nas reasurbanas foi acrescida de 106 milhes de pessoas. Metade dessa populao no dispe de

    redes coletoras de esgotos e, do que coletado, mais de 80% so despejados com toda a

    carga orgnica e outros resduos na rede hidrogrfica. Mais da metade do lixo vai para lixes

    a cu aberto.

    Nestes ltimos anos frente da ABIHPEC - Associao Brasileira da Indstria de Higiene

    Pessoal, Perfumaria e Cosmticos - tenho observado o esforo de vrias empresas do setor

    em transformar seus empreendimentos industriais, e buscar sempre avanar em direo

    sustentabilidade socioambiental.

    Palavra do Presidente da ABIHPEC

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    Nesse sentido, a ABIHPEC, consciente dos enormes desafios a serem enfrentados e de suas

    responsabilidades, desenvolveu em conjunto com a CETESB este Guia Tcnico Ambiental,

    visando estimular a participao de muitas outras empresas nesta busca por um desempenho

    ambiental cada vez mais sustentvel. Este Guia tem como objetivo difundir o conceito

    de ecoeficincia e a metodologia de Produo mais Limpa (P+L) como instrumentos para

    aumentar a competitividade, a inovao e a responsabilidade ambiental no setor e, ainda,

    divulgar a preveno como instrumento da proteo ambiental.

    Muito j foi feito, muito ainda h para se fazer em relao ao meio ambiente, mas podemos,com certeza, concluir que o meio ambiente, se bem cuidado, garante a preservao dos

    recursos necessrios para o futuro do nosso negcio. Usar pouca gua, emitir poucos

    poluentes e recuperar resduos significa diminuir custos. uma questo econmica, mas

    tambm de procurarmos dar mais qualidade de vida a toda a nossa sociedade, buscando

    diminuir esses ndices que so to alarmantes. Quando as empresas se conscientizam dessas

    necessidades, automaticamente investem.

    Convido todos a participar desta empreitada!

    Joo Carlos Basilio da Silva

    Presidente da ABIHPEC

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    ndice

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    a

    presentao

    introduo

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    captulo

    I

    PerfildoSetor

    17

    c

    aptulo

    II

    D

    escriodoProcessoP

    rodutivo

    e

    PrincipaisAspectosAm

    bientais

    23 41 51

    c

    aptulo

    III

    A

    spectoseImpactosAm

    bientais

    c

    aptulo

    IV

    M

    edidasdeP+L

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    Introduo

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    Este Guia foi desenvolvido para levar at voc informaes que o auxiliaro a integrar oconceito de Produo mais Limpa (P+L) gesto de sua empresa.

    Ao longo deste documento voc poder perceber que, embora seja um conceito novo, a P+Ltrata, principalmente, de um tema bem conhecido das indstrias: a melhoria na eficinciados processos.

    Contudo, ainda persistem dvidas na hora de adotar a gesto de P+L no cotidiano dasempresas. De que forma ela pode ser efetivamente aplicada nos processos e na produo?Como integr-la ao dia-a-dia dos colaboradores? Que vantagens e benefcios traz para aempresa? Como uma empresa de pequeno porte pode trabalhar luz de um conceito que, primeira vista, parece to sofisticado ou dependente de tecnologias caras?

    Para responder a essas e outras questes, este Guia traz algumas orientaes tericase tcnicas, com o objetivo de auxiliar voc a dar o primeiro passo na integrao de suaempresa a este conceito, que tem levado diversas organizaes busca de uma produomais eficiente, econmica e com menor impacto ambiental.

    Em linhas gerais, o conceito de P+L pode ser resumido como uma srie de estratgias,

    prticas e condutas econmicas, ambientais e tcnicas, que evitam ou reduzem a emisso depoluentes no meio ambiente por meio de aes preventivas, ou seja, evitando a gerao depoluentes ou criando alternativas para que estes sejam reutilizados ou reciclados.

    Na prtica, essas estratgias podem ser aplicadas a processos, produtos e at mesmoservios, e incluem alguns procedimentos fundamentais que inserem a P+L nos processos deproduo. Dentre eles, possvel citar a reduo ou eliminao do uso de matrias-primastxicas, aumento da eficincia no uso de matrias-primas, gua ou energia, reduo nagerao de resduos e efluentes, e reuso de recursos, entre outros.

    As vantagens so significativas para todos os envolvidos, do indivduo sociedade, dopas ao planeta. Mas a empresa que obtm os maiores benefcios para o seu prprionegcio. Para ela, a P+L reverte em reduo de custos de produo; aumento de eficincia ecompetitividade; diminuio dos riscos de acidentes ambientais; melhoria das condies desade e de segurana do trabalhador; melhoria da imagem da empresa junto a consumidores,fornecedores, poder pblico, mercado e comunidades; ampliao de suas perspectivas deatuao no mercado interno e externo; maior acesso a linhas de financiamento; melhoria dorelacionamento com os rgos ambientais e a sociedade, entre outros.

    Por tudo isso, vale a pena adotar essa prtica, principalmente se a sua empresa for pequena

    ou mdia, e esteja dando os primeiros passos no mercado, pois, com a P+L, voc e seuscolaboradores j comeam a trabalhar certo desde o incio. Ao contrrio do que possaparecer num primeiro momento, grande parte das medidas so muito simples. Algumas j so amplamente disseminadas, mas, neste Guia, elas aparecem organizadas segundo

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    um contexto global, tratando da questo ambiental por meio de suas vrias interfaces: aindividual relativa ao colaborador; a coletiva referente organizao; e a global, que estligada s necessidades do pas e do planeta.

    provvel que, ao ler este documento, em diversos momentos, voc pare e pense: masisto eu j fao! Tanto melhor, pois isso apenas ir demonstrar que voc j adotou algumasiniciativas para que a sua empresa se torne mais sustentvel. Em geral, a P+L comea coma aplicao do bom senso aos processos, que evolui com o tempo at a incorporao de

    seus conceitos gesto do prprio negcio. importante ressaltar que a P+L um processo de gesto que abrange diversos nveisda empresa, da alta diretoria aos diversos colaboradores. Trata-se no s de mudanasorganizacionais, tcnicas e operacionais, mas tambm de uma mudana cultural que necessitade comunicao para ser disseminada e incorporada ao dia-a-dia de cada colaborador.

    uma tarefa desafiadora, e que, por isso mesmo, consiste em uma excelente oportunidade.Com a P+L, possvel construir uma viso de futuro para a sua empresa, aperfeioar as etapasde planejamento, expandir e ampliar o negcio, e o mais importante: obter simultaneamentebenefcios ambientais e econmicos na gesto dos processos.

    De modo a auxiliar as empresas nesta empreitada, este Guia foi estruturado em quatrocaptulos. Inicia-se com a descrio do perfil do setor, no qual so apresentadas suassubdivises e respectivos dados socioeconmicos de produo, exportao e faturamento,entre outros. Em seguida, apresenta-se a descrio dos processos produtivos, com as etapasgenricas e as entradas de matrias-primas e sadas de produtos, efluentes e resduos. Noterceiro captulo, voc conhecer os potenciais impactos ambientais gerados pela emissode rejeitos dessa atividade produtiva, o que pode ocorrer quando no existe o cuidado como meio ambiente.

    O objetivo deste material demonstrar a responsabilidade de cada empresa, seja elapequena, mdia ou grande, com a degradao ambiental. Embora em diferentes escalas,todos contribumos de certa forma com os impactos no meio ambiente. Entender, aceitar emudar isso so atitudes imprescindveis para a gesto responsvel das empresas.

    O ltimo captulo, que consiste no corao deste Guia, mostrar alguns exemplos deprocedimentos de P+L aplicveis produo: uso racional da gua com tcnicas de economiae reuso; tcnicas e equipamentos para a economia de energia eltrica; utilizao de matrias-primas menos txicas e reciclagem de materiais, entre outros.

    Esperamos que este Guia torne-se uma das bases para a construo de um projeto desustentabilidade na gesto da sua empresa. Nesse sentido, convidamos voc a ler estematerial atentamente, discuti-lo com sua equipe e coloc-lo em prtica.

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    Captulo I

    Perfil do Setor

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    A diversidade empresarial marcante no setor cosmtico, no qual se verifica a presena degrandes empresas tanto nacionais como internacionais, diversificadas ou especializadas nas

    diversas categorias de produtos do setor de higiene pessoal, perfumaria e cosmticos. Estadiversidade tambm confirmada com a presena de um grande nmero de pequenas emdias empresas com atuao focalizada em categorias especficas de produtos do setor.As pequenas e mdias empresas atuam, principalmente, em funo da simplicidade dabase tcnica de alguns processos de manufatura, que se caracterizam pela manipulao defrmulas relativamente simples, o que torna comum encontrar exemplos de empresas decosmticos que se desenvolveram a partir de um negcio de farmcia de manipulao.

    Geralmente, as linhas de produo em grande escala apresentam maior diversidade decategorias em sua manufatura, como, por exemplo, a produo de perfumes, shampoos,

    maquiagem, esmaltes, tinturas, produtos destinados ao uso infantil, e outros. So raros oscasos, pelo menos entre as maiores empresas, de especializao exclusiva na produo deapenas uma categoria, uma vez que existem heterogeneidade e diversidade marcantes deprodutos no setor.

    O relacionamento estabelecido pelas indstrias de cosmticos com seus fornecedoresde matrias-primas, de produtos semi-acabados e de embalagens necessita assegurarsustentabilidade ao negcio (preo, qualidade, proteo ambiental e responsabilidadesocial). Assim como em outros setores industriais, esta cadeia de fornecimento apresentauma interdependncia com os processos anteriores manufatura na prpria fbrica e o

    desempenho do produto final. Em funo disto, ao estabelecer as parcerias para fornecimentodesses materiais, deve-se avaliar cuidadosamente a cadeia de fornecimento, como j fazemas indstrias qumica e farmacutica, entre outras.

    Regulamentao Sanitria

    Segundo a legislao sanitria brasileira, os produtos de higiene pessoal, perfumaria ecosmticos so definidos e regulados quanto forma e finalidade de uso pela Lei 6360 de 23

    de setembro de 1976 e suas atualizaes, que dispe sobre a vigilncia sanitria a que estosujeitos estes produtos, regulamentada pelo Decreto Lei 79094 de 5 de janeiro de 1977 eoutras normas especficas vigentes.

    A ANVISA Agncia Nacional de Vigilncia Sanitria foi criada com a finalidade deregulamentar, controlar e fiscalizar produtos, substncias e servios de interesse para a sade,o que inclui produtos cosmticos.

    A ANVISA publicou em 28 de agosto de 2000, a Resoluo n 79, de forma a compatibilizaros regulamentos nacionais com os instrumentos harmonizados no mbito do Mercosul (GMC-

    110/94), adotando-se como definio de cosmticos, produtos de higiene e perfumes:

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    Preparaes constitudas por substncias naturais ou sintticas, de uso externo nas

    diversas partes do corpo humano, pele, sistema capilar, unhas, lbios, rgos genitais

    externos, dentes e membranas mucosas da cavidade oral, com objetivo exclusivo ouprincipal de limp-los, perfum-los, alterar sua aparncia e/ou corrigir odores corporais

    e/ou proteg-los ou ainda mant-los em bom estado.

    Indicadores Econmicos

    O setor tem se revelado um dos mais vigorosos do pas, com um crescimento mdio de

    8,2%1

    no perodo 1999-2004, o que tanto mais notvel se forem considerados os baixosndices de crescimento do Pas entre 2001 e 2003. De uma forma geral, tem havido umconsidervel aumento de sua competitividade, o que tambm tem se refletido positivamenteem relao ao nvel de emprego. Sobre este aspecto, durante o perodo 1994-2004 houveum crescimento de 140% das oportunidades de trabalho em atividades ligadas a HigienePessoal, Perfumaria e Cosmticos, representando um crescimento mdio anual de 9,1%2. Osetor cria atualmente oportunidades de trabalho para mais de 2,6 milhes de pessoas.

    OPORTUNIDADES DE TRABALHO (000)

    1994 2004 CRESCIMENTOCRESCIMENTOMDIOANUAL

    Produo eAdministrao

    30,1 53,7 78,4% 6,0%

    Lojas de Franquia 11,0 25,2 129,1% 8,6%

    Revendedoras -Vendas Diretas

    510,0 1.500,0 194,1% 11,4%

    Profissionais de Beleza 579,0 1.133,2 95,7% 6,9%

    TOTAL 1.130,1 2.662,1 140,0% 9,1%

    1. Crescimento mdio deflacionado composto.2. Fontes: ABIHPEC, ABEVD, FIESP, ABF e IPEA.

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    Este crescimento pode ser atribudo a uma gama de fatores, como a crescente participaoda mulher brasileira no mercado de trabalho, o aumento de produtividade devido a melhorias

    tecnolgicas e uma maior expectativa de vida, que tem levado a uma preocupao crescentecom a aparncia e um conseqente aumento no consumo desses tipos de produtos. Em2003 o Brasil ocupava a stima posio no mercado mundial de produtos de Higiene Pessoal,Perfumaria e Cosmticos3, estando em quarto lugar em termos de produtos infantis; emquinto em perfumaria e desodorantes; sexto em produtos para cabelo, produtos masculinose absorventes higinicos; oitavo em fraldas descartveis; nono em produtos para o banho ehigiene oral; e dcimo primeiro em maquiagem e cremes e loes para a pele.

    O setor tambm vem tendo um peso expressivo na balana comercial do Pas. Entre 2000e 2004, apresentou um crescimento acumulado de 97,5% nas exportaes, ao mesmo

    tempo em que suas importaes diminuram 24,1%. Se em 1997 havia um dficit comercialde US$ 163,1 milhes, em 2004 o quadro j era de um supervit de US$ 175,1 milhes. AAmrica do Sul tem sido o principal mercado brasileiro para os produtos do setor, porm,dada a conquista de mercados no tradicionais, a participao das exportaes para os pasessul-americanos vem se reduzindo nos ltimos anos. Vale ressaltar que at 2000 essaparticipao era superior a 70% e, em 2004, chegou a 56,6%. No ano de 2000, o setorexportou para 99 pases e, em 2004, para mais de 130 pases.

    Canais de Distribuio

    Os produtos do setor so distribudos atravs de trs canais bsicos:

    distribuio tradicional, incluindo o atacado e as lojas de varejo venda direta, evoluo do conceito de vendas domiciliares franquia, lojas especializadas e personalizadas

    Atualmente, existem no Brasil 1.258 empresas de Higiene Pessoal, Perfumaria e Cosmticos.Dessas, 16 so de grande porte, apresentando um faturamento lquido de impostos acimados R$ 100 milhes. A Figura 1 a seguir ilustra a distribuio das empresas por regio/estado

    no Brasil.

    3. Conforme dados do Euromonitor, 2003.

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    * Fonte: Anvisa Fev.2005

    Figura 1

    Distribuio das empresas fabricantes de produtos de Higiene Pessoal, Perfumaria eCosmticos entre as unidades da Federao.

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    Captulo II

    Descrio do Processo Produtivoe Principais Aspectos Ambientais

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    Considerada a necessidade de se conhecer o processo produtivo para a proposio demelhorias ambientais para o setor, neste captulo so abordadas, de maneira sucinta, as

    caractersticas e etapas de fabricao de produtos, bem como identificados os principaisaspectos ambientais associados ao desenvolvimento das atividades produtivas.

    Segmentos do Setor

    De acordo com a definio de cosmticos, as preparaes tm como finalidade: limpar,perfumar, mudar a aparncia, proteger, manter em boas condies ou corrigir odorescorporais. Dada a diversidade de utilizao e de produtos, o setor pode ser subdividido em

    trs segmentos bsicos:

    Higiene Pessoal: engloba sabonetes, produtos para higiene oral, desodorantes axilarese corporais, talcos, produtos para higiene capilar e produtos para barbear. Tambmesto contidos nesse segmento absorventes, papis higinicos e fraldas descartveis.Entretanto, tais produtos no sero contemplados no presente trabalho em funo dascaractersticas diferenciadas de seus processos produtivos.

    Perfumaria: composto pelas guas de colnia, perfumes, extratos e loesps-barba.

    Cosmticos:constitudo por produtos para colorao, tratamento, fixao e modelagemcapilar, maquiagem, protetores solares, cremes, loes para a pele e depilatrios.

    Principais Caractersticas

    Apesar da diversidade, os produtos citados so obtidos por processos fabris caracterizadospor:

    Baixo consumo de energia: grande parte dos processos realizada temperaturaambiente. Aqueles que necessitam de aquecimento so feitos por curto perodo detempo, atingindo uma temperatura mxima de 80 C, em funo da caractersticada maioria das matrias-primas, que se degradam quando expostas a temperaturassuperiores. A quase totalidade dos produtos possui seus procedimentos de envase temperatura ambiente.

    Grande consumo de gua: considerada, em termos de quantidade, como uma dasprincipais matrias-primas na fabricao de produtos de higiene pessoal, perfumariae cosmticos. Alm da incorporao em muitos produtos, a gua tambm utilizadaem sistemas de resfriamento, na gerao de vapor, bem como em procedimentosde limpeza e sanitizao de mquinas, equipamentos, tubulaes de transferncia emangueiras.

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    Produo por batelada: a produo de forma descontnua (processo pelo qual asmatrias-primas adicionadas so convertidas em produto final), em uma determinada

    quantidade, num prazo de tempo determinado, o que implica variveis a seremcontroladas de uma batelada para outra. utilizada, principalmente, em funo dadiversidade de produtos e das quantidades necessrias para suprir a demanda demercado.

    Aspectos Ambientais

    Segundo o definido pela norma NBR ISO 14001 da ABNT, aspecto ambiental o elementodas atividades, produtos e/ou servios de uma organizao que pode interagir (alterar) com

    o meio ambiente de forma adversa ou benfica. Os aspectos ambientais so constitudospelos agentes geradores das interaes, como, por exemplo, emisso atmosfrica, odor,resduos, consumo de matrias-primas, energia, gua, entre outros.

    Para fins de desenvolvimento deste captulo, a identificao dos principais aspectos ambientaisconsistiu na determinao, para cada etapa do processo de produo, das diversas entradase sadas de matria e/ou de energia.

    Etapas do Processo Produtivo

    As atividades relacionadas ao recebimento, armazenagem, separao e pesagem dematrias-primas, alm de suas anlises fsico-qumicas e organolpticas (para fins de controlede qualidade, quando aplicvel), ao envase, embalagem, armazenamento e expedio deproduto acabado so consideradas comuns na obteno de todos os produtos, e portantoso apresentadas na forma de um fluxograma geral.

    Devido s diferenas verificadas nos processos industriais de cada tipo de produto, as etapase atividades associadas produo propriamente dita foram individualmente descritas erepresentadas em fluxogramas especficos, de forma individual ou agrupada, em funo das

    respectivas similaridades fabris.

    Processo Produtivo

    As etapas e respectivas atividades consideradas comuns maior parte dos processosprodutivos envolvidos compem o diagrama representado na figura 2 (pg. 28), assim comoas descries das etapas produtivas na forma de fluxogramas (pg.30 a 39).

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    Etapas Genricas do Processo Produtivo

    Recebimento de matrias-primas: verificao do material recebido, por amostrageme anlises. Eventuais desconformidades identificadas podem levar devoluo doscompostos aos respectivos fornecedores.

    Armazenagem: estoque de matrias-primas, embalagens para os produtos acabadose demais insumos normalmente recebidos em recipientes retornveis. Pode haversegregao de produtos, por razes de compatibilidade, bem como necessidade decondies especiais de conservao, como, por exemplo, refrigerao.

    Pesagem e separao de matrias-primas para produo do lote: para cadaproduto a ser obtido, as matrias-primas so previamente separadas e pesadas deacordo com as quantidades necessrias, e encaminhadas produo. Os insumosrecebidos a granel e estocados em tanques ou silos podem ser conduzidos ao setorprodutivo por linhas de distribuio, dependendo do nvel tecnolgico da empresa.

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    Produo: em funo da diversidade de produtos e das peculiaridades verificadasem seus processos produtivos, para essa etapa foram desenvolvidos fluxogramas

    especficos por tipo ou grupo de produtos que envolvam operaes similares.

    Anlises: uma vez finalizado, o lote produzido amostrado e submetido a anlisesfsico-qumicas e microbiolgicas (quando aplicvel), e, aps atestada sua adequao,este encaminhado para envase/embalagem. Nos casos em que o produto acabadono est de acordo com os padres estabelecidos, o lote poder ser reprocessado a fimde atender s exigncias/padro de qualidade e reaproveitado na fabricao de outrosprodutos ou descartado.

    Envase/Embalagem: confirmada a adequao do produto, o mesmo acondicionadoem recipientes apropriados e identificados. Esta etapa engloba o acondicionamentode produtos em frascos (plsticos ou de vidro), sacos, bisnagas ou o empacotamento,no caso de sabonetes, por exemplo. Uma vez embalado, o produto identificado porrtulo ou impresso.

    Armazenamento de produtos acabados: o produto, j acondicionado em emba-

    lagem para comercializao, encaminhado para a rea de armazenamento, ondepermanece at que seja enviado ao cliente.

    Expedio: ponto de sada dos produtos acabados para o comrcio.

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    ENTRADAS ETAPAS SADAS

    Matria-prima e materiais RECEBIMENTO DEMATRIAS-PRIMAS

    Materiais de embalagens(caixa de papelo, plsticoe tambores)PalletsEnergia eltricaKit emergncia

    ARMAZENAGEM

    Restos de embalagens (resduosde plsticos, papelo, tambores eoutros)Resduos da varrio de pisosMaterial absorvente1

    Pallets

    Materiais de embalagensMatrias-primasEnergia eltrica

    PESAGEM E SEPARAOMATRIAS-PRIMAS

    Restos de embalagens (resduosde plsticos, papelo, tambores eoutros)Material retido no ECPA3 (ps)Resduos e efluentes lquidosoriundos de limpezas dosequipamentos e pisos

    Materiais de embalagensMatrias-primasEnergia eltrica

    Insumos auxiliares

    PRODUO2

    Restos de embalagens (resduos deplsticos, papelo, tambores)Resduos e efluentes lquidos delimpezas dos equipamentos e pisos

    Emisses atmosfricas

    Materiais de laboratrioMicroorganismosProdutos qumicos

    ANLISESFSICO-QUMICAS E/OU

    MICROBIOLGICAS(QUANDO APLICVEL)

    Resduos de amostras analisadasMaterial autoclavado e meios deculturaSolues fora da validade e/oucontaminadas

    Materiais de embalagensFrascos e potes de plstico

    e vidroEnergia eltricaInsumos auxiliaresAdesivos

    ENVASE/ EMBALAGEM

    Restos de embalagens (resduosplsticos, papelo, tambores e

    outros)Frascos e potes com defeitosResduos e efluentes lquidos daslimpezas de equipamentos e pisosResduos de adesivos

    Materiais de embalagensARMAZENAMENTO

    DO PRODUTO ACABADO

    Restos de embalagens (resduosde plsticos, papelo, tambores eoutros)Resduos da varrio de pisoProdutos vencidos/devolvidos oudanificados

    EXPEDIO

    1. Material eventualmente utilizado para recolhimento de vazamento/ derramamento de produto.2. As etapas de produo foram detalhadas em fluxogramas especficos para os diferentes tipos de produtos.3. ECPA: Equipamento de Controle de Poluio do Ar.

    Fluxograma Geral do Setor de Higiene Pessoal, Perfumaria e Cosmticos

    Figura 2

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    guia tcnico ambiental 29

    ARMAZENAGEM

    Etapas de Produo - Fluxogramas Especficos

    A seguir, so apresentados exemplos de fluxogramas especficos da etapa de fabricaode alguns produtos do setor de higiene pessoal, perfumaria e cosmticos. As operaesapresentadas em cada caso representam uma possibilidade de configurao, no sendoregra para todas as empresas do setor, obrigatoriamente.

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    30 guia tcnico ambiental

    SABONETE EM BARRA

    ENTRADAS ETAPAS SADAS

    SABO BASE DE SDIO(MASSA BASE)

    gua desmineralizada

    GlicerinaSalPerfumeEmotivos (extratos,vitaminas)Conservantes (EDTA,EHDP, BHT)CorantesEnergia eltrica

    MISTURADOR

    Resduos e/ou efluentesoriundos da limpeza deequipamentos e pisosOdorCILINDRO

    EXTRUSORA

    CORTADEIRA(FOTO 1)

    DETECTOR DE METAIS Impurezas (resduos de metais)

    PRENSA Resduos de massa (rebarbas)1

    FOTO 1

    1. As aparas da prensagem dos sabonetes retornam ao processo e so transformadas em produto.O saldo de aparas pode ser utilizado no lote seguinte.

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    SHAMPOO

    ENTRADAS ETAPAS SADAS

    gua desmineralizadaVaporEnergia EltricaDetergente (Lauril ter

    Sulfato de Sdio)Agentes condicionantesEstruturantes (Carbopol)PerfumeEmotivos (Ceramidas,Hidraloe etc)Conservantes (formol)Salmoura

    MISTURADOR

    Restos de embalagens(resduos plsticos, papelo,

    tambores e outros)

    Resduos e efluentes lquidosoriundos das limpezas deequipamentos e pisos

    Odores

    gua/ Produtos deLimpeza (fase limpeza)GlicerinaSalPerfumeEmotivos (extratos,vitaminas)Conservantes (EDTA,EHDP, BHT)CorantesEnergia eltrica

    TANQUES DEARMAZENAGEM

    Resduos e efluentes lquidosoriundos das limpezas deequipamentos e pisos

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    32 guia tcnico ambiental

    CONDICIONADORES

    ENTRADAS SADAS ENTRADAS SADAS

    guadesmineralizadaIngredientesVapor (*)

    PreparaoFase

    Aquosa(80C)

    Resduos eefluenteslquidosoriundos daslimpezas dos

    equipamentos

    Ingredientesleo mineralVapor

    PreparaoFase

    Oleosa(80C)

    Resduos eefluenteslquidosoriundos daslimpezas dos

    equipamentos

    ENTRADAS ETAPAS SADAS

    VaporPerfumeEnergia eltrica

    MISTURA EHOMOGENEIZAO

    Restos de embalagens

    (resduos de plsticos,papelo, tambores etc)

    Resduos e efluenteslquidos graxos oriundosdas limpezas dosequipamentos e pisos

    Odores

    Componentes e aditivosgua resfriadaEnergia eltrica

    RESFRIAMENTO+

    HOMOGENEIZAAO(15 GRAUS)

    Resduos e efluenteslquidos graxos oriundosdas limpezas dosequipamentos

    (*) Nem todas as etapas de preparao da fase aquosa precisam de aquecimento.Em algumas ocasies, as etapas da fase aquosa e oleosa so realizadas no mesmo recipiente.

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    guia tcnico ambiental 33

    CREME DENTAL

    ENTRADAS ETAPAS SADAS

    gua pasteurizada,previamente tratada porozonizao

    Carbonato de clcioSilicato de SdioGlicerinaLaurilSorbitolPEG (polietileno glicol)Energia eltrica

    MISTURADOR

    Restos de embalagens(resduos plsticos, papelo,tambores e outros)

    Resduos e efluentes lquidos

    oriundos da limpeza deequipamentos e pisos

    VOCs (compostos orgnicosvolteis)

    Odores

    Energia eltrica HOMOGENEIZADORResduos e efluentes lquidosoriundos da limpeza de

    equipamentos e pisos

    gua e sanitizantesna fase de limpeza

    RESERVATRIO DEARMAZENAGEM (R.A.)

    Resduos e efluentes lquidosoriundos da limpeza deequipamentos e pisos

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    34 guia tcnico ambiental

    ESMALTE

    ENTRADAS ETAPAS SADAS

    Massa BasePigmentos(Corantes inorgnicos)Acetatos de Etila, Butila eIsoamila

    ToluolNitroceluloseResina ArilsulfonamidaEnergia eltrica

    MISTURADOR

    VOCs (compostos orgnicosvolteis)Resduos e efluentes lquidosoriundos das limpezas dosequipamentos e pisos

    Restos de embalagens(resduos de plsticos, papelo,tambores e outros)Rudos

    FILTRAGEM

    VOCs (compostos orgnicosvolteis)Resduos impregnados departculasSolventes sujos oriundosda limpeza das

    membranas filtrantesResduos plsticos

    Material de embalagemFrascos e potes deplsticos e vidros

    Insumos auxiliaresEnergia eltrica

    ENVASE (FOTO 2)

    VOCs (compostos orgnicosvolteis)Resduos e efluentes oriundosda limpeza dos equipamentose pisosRecipiente de armazenamentodo produtoFrascos e potes de plstico

    e vidros com defeito equebradosTampas plsticasHastes de pincelSolventes sujos utilizados naslimpezas dos equipamentos

    FOTO 2

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    BATONS

    ENTRADAS ETAPAS SADAS

    MASSA BRANCA

    CorantesOutros componentesEnergia eltrica

    PREPARO DA MASSA

    Resduos e efluentes lquidosoleosos oriundos da limpezados equipamentos e pisosMateriais de embalagens(resduos de plsticos, papelo,tambores)

    Massa pronta sob altatemperaturaRecipientes de polietilenoMesas FriasEnergia eltrica

    MOLDAGEM (FOTO 3)

    Materiais de embalagens(resduos de plsticos, papelo,tambores)Resduos e efluentes lquidos

    oleosos oriundos da limpezados equipamentos e pisos

    MoldesMaaricoBase da embalagemEnergia eltricaInsumos auxiliares

    DESMOLDAGEM EFLAMBAGEM DO STICK

    (FOTO 4)

    Resduos e efluentes lquidosoriundos da limpeza dosequipamentos e pisos

    FOTO 3 FOTO 4

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    CREMES CORPORAIS

    ENTRADAS SADAS ENTRADAS SADAS

    guadesmineralizadaIngredientesVapor (*)

    PreparaoFase

    Aquosa(80C)

    Resduos eefluenteslquidosoriundos daslimpezas dos

    equipamentos

    Ingredientesleo mineral

    PreparaoFase

    Oleosa(80C)

    Resduos eefluenteslquidosoriundos daslimpezas dos

    equipamentos

    ENTRADAS ETAPAS SADAS

    gua desmineralizadaVaporPerfumeEnergia eltrica

    MISTURA EHOMOGENEIZAO

    Restos de embalagens

    (resduos de plsticos,papelo, tambores etc.)Resduos e efluenteslquidos graxos oriundosdas limpezas dosequipamentos e pisosOdores

    Componentes e aditivosgua resfriada

    Energia eltrica

    RESFRIAMENTO+

    HOMOGENEIZAO(15 GRAUS)

    Resduos e efluenteslquidos graxos oriundosdas limpezas dosequipamentos

    (*) Nem todas as etapas de preparao da fase aquosa precisam de aquecimento.Em algumas ocasies, as etapas da fase aquosa e oleosa so realizadas no mesmo recipiente.

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    MAQUIAGEM E PS

    ENTRADAS ETAPAS SADAS

    Matrias-primasEnergia eltrica

    PESAGEM

    Restos de embalagens

    (resduos plsticos, papelo,tambores etc)

    Resduos e efluentesoriundos das limpezas deequipamentos e pisos

    Resduos oriundos dosistema de exausto eequipamentos de controleda poluio atmosfrica

    PigmentosEnergia eltrica

    MOAGEM

    Massa base

    PigmentosAglutinantesOutros componentesEnergia eltrica

    MISTURADOR

    Energia eltrica COMPACTAO

    Resduos de materialparticulado oriundos dascompactaesPequenas formas comdefeitosResduos e efluentes

    oriundos da limpeza deequipamentos e pisos

    Embalagens (estojo)Ar comprimidoEnergia eltrica

    ENVASE

    Resduos oriundos dosistema de exausto eequipamentos de controleda poluio atmosfricaResduos da varrio dospisosFrascos e potes com defeitos

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    PERFUMES

    ENTRADAS ETAPAS SADAS

    leos Minerais/ lcooisEnergia eltrica

    TANQUES DE LEOS E

    LCOOIS

    VOCs (compostos orgnicosvolteis)Resduos e efluentes lquidosoriundos das limpezas dosequipamentos e pisos

    Restos de embalagens(resduos de plsticos, papelo,tambores e outros)Rudos

    gua desmineralizadalcooisEssnciasEnergia eltrica

    MACERAO

    VOCs (compostos orgnicosvolteis)Resduos e efluentes lquidosoriundos da limpeza dosequipamentos

    RESERVATRIO DEARMAZENAGEM

    (R.A.)

    Resduos e efluentes lquidosgraxos oriundos das limpezasdos reservatrios

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    COLORAO

    H2ON2

    Vapor

    Preparao daFase Aquosa

    H2ON2

    Vaporleo

    mineral

    Preparao daFase Oleosa

    H2ON2

    VaporAnilinas

    Preparaodas Anilinas

    ENTRADAS SADAS

    gua desmineralizadaVaporEnergia EltricaNitrognioHidrxido de AmnioFenilenodiaminasAminofenois

    ResorcinolMonoetanolamina

    MISTURADOR

    VOCs (compostosorgnicos volteis)

    Restos de embalagens(resduos plsticos,papelo, tambores eoutros)

    Resduos e efluentes

    lquidos oriundos dalimpeza de equipamentose pisos

    Adio de outroscomponentes (aditivos)gua gelada

    RESFRIAMENTOAT 40C

    VaporResduos e efluenteslquidos oriundos dalimpeza de equipamentose pisos

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    Captulo III

    Aspectos e Impactos Ambientais

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    42 guia tcnico ambiental

    No captulo anterior, foram identificados como entradas e sadas os principais aspectosambientaisnas operaes e atividades desenvolvidas pelo setor. A cada aspecto ambiental

    mencionado est associado pelo menos um impacto ambiental, que pode ser definidocomo qualquer alterao das propriedades fsico-qumicas e/ou biolgicas do meio ambiente,devida a qualquer forma de matria ou energia gerada por atividades humanas.

    A seguir, esto apontados os principais impactos que podem ser provenientes de atividadesdas empresas do setor de cosmticos e so discutidas as relaes de causa e efeito entre osprocessos produtivos e o meio ambiente.

    Uso de Insumos

    gua

    A utilizao de gua no setor se d em larga escala e para diversos fins. Considervelparcela incorporada ao produto, parte empregada nas operaes de limpeza e lavagemde mquinas, equipamentos e instalaes industriais, alm do uso na rea de utilidades emanuteno, tais como em sistemas de aquecimento e refrigerao.

    O uso de recursos hdricos subterrneos tem sido a alternativa mais atraente para aindstria. No entanto, a explorao desregrada tem levado crescente degradao dasreservas, apontando para a urgncia do desenvolvimento de uma poltica de exploraoracional desses recursos. A diminuio (rebaixamento) do nvel dos aqferos subterrneos,pela perfurao exagerada ou explorao excessiva de poos j existentes, gradativamentelevam a um aumento dos custos de bombeamento, diminuio do rendimento da operao,afundamento (recalque) de terrenos e, em casos extremos, exausto dos aqferos. necessrio conscientizar os usurios quanto a formas de minimizar o consumo de gua noapenas na planta produtiva, mas tambm nas prticas cotidianas de cada indivduo.

    Energia

    O setor de cosmticos no grande consumidor de energia, devido s prprias caractersticasde seus processos produtivos, nos quais a maioria das etapas realizada temperaturaambiente. Determinados produtos, no entanto, so obtidos a partir de operaes quenecessitam de aquecimento. Deve-se considerar o consumo de eletricidade por mquinase/ou equipamentos como motores, bombas, misturadores e outros equipamentos.

    comum o uso de caldeiras alimentadas por leo combustvel e, nesses casos, essencial

    o controle rgido da queima, de modo a minimizar as emisses de monxido de carbono,xidos de enxofre (SOx) e material particulado para a atmosfera. O emprego do gs natural,considerado mais adequado ambientalmente e de custo razovel, tambm demanda medidasde controle das emisses. Por fim, possvel citar a utilizao de caldeiras eltricas que podemser chamadas de caldeiras limpas, mas que necessitam de grande quantidade de energia

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    guia tcnico ambiental 43

    a alto custo. Alm do controle rgido da eficincia de queima da caldeira, importanteatentar para os resduos resultantes de sua operao e manuteno (borras oleosas, estopas

    sujas, incrustaes da parede da caldeira, embalagens de combustvel, entre outros), pois suadisposio final pode depender de autorizao especfica do rgo de Controle Ambientalcompetente.

    Algumas operaes exigem rpido resfriamento, sendo necessrio o uso de unidades derefrigerao de alta capacidade (chillers), que consomem energia eltrica e por vezes somuito onerosas, devendo tambm ser consideradas.

    Matrias-primas e Produtos Auxiliares

    O conjunto de matrias-primas e produtos auxiliares empregados pelo setor extremamentevariado:

    gua, detergentes, emulsificantes, steres de cidos graxos;

    polmeros (PEG), sais quaternrios de amnio;

    corantes, pigmentos, solventes orgnicos;

    lcalis (como soda e potassa), conservantes (como metilparabeno, propilparabeno eformol) e perxido de hidrognio;

    leos essenciais e outros.

    Vrias dessas substncias apresentam propriedades txicas, irritantes e/ou corrosivas, o quetorna essencial o conhecimento de seus efeitos potenciais sobre a sade humana e o meioambiente, assim como sobre os procedimentos emergenciais em caso de derramamentosacidentais, contaminaes ou intoxicaes. Embora no seja objeto deste manual, importante chamar a ateno para os riscos ocupacionais associados ao recebimento,transferncia e manuseio de muitas destas substncias e para a importncia do uso deequipamentos de proteo individual (EPIs) e coletiva (EPCs).

    Principais Interferncias no Meio

    Os principais impactos ambientais do setor podem estar associados tanto ao processoprodutivo, como gerao de efluentes, ao prprio uso dos produtos ou mesmo geraode resduos de embalagem ps-uso.

    Efluentes Lquidos

    A gerao de quantidades significativas de efluentes lquidos depende basicamente dafreqncia de realizao das operaes de lavagem e limpeza, e da maneira como estas sorealizadas.

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    44 guia tcnico ambiental

    Em relao composio destes efluentes, h variaes significativas entre os resultadosanalticos de diferentes empresas para os mesmos parmetros, que podem ser atribudas

    principalmente diversidade de matrias-primas envolvidas para a obteno dos produtos e,tambm, s diferentes quantidades de gua utilizada nas operaes.

    Embora a composio dos efluentes do setor varie em funo do tipo de produto elaborado,pode-se apontar alguns componentes normalmente presentes que, de modo geral, podemocorrer em concentraes acima das permitidas em legislao especifica para lanamentosem tratamento prvio.

    Dentre estes, podem ser citados os seguintes poluentes e efeitos adversos associados:

    leos e graxas: a pequena solubilidade dos leos e graxas prejudica sua degradao

    em estaes de tratamento de efluentes por processos biolgicos e, quando presentesem mananciais utilizados para abastecimento pblico, podem causar problemas notratamento dgua, alm de impedir a transferncia do oxignio da atmosfera para omeio hdrico, trazendo problemas vida aqutica.

    Sulfetos: normalmente resultantes de processos de produo de tinturas, apresentamodor desagradvel e toxicidade.

    Despejos amoniacais: so txicos e tendem a alcalinizar o meio lquido, necessitandode neutralizao antes do lanamento.

    Tensoativos: apesar de no apresentarem alta toxicidade, so resistentes biodegradao. Suas propriedades lipossolventes lhes conferem efeito bactericida,prejudicando processos biolgicos importantes ao bom funcionamento dos ecossistemasaquticos.

    Fosfatos e Polifosfatos: presentes na formulao de detergentes e limpadores, podem,em altas concentraes, levar proliferao de algas e plantas aquticas, e provocar ofenmeno da eutrofizao dos corpos dgua1, que causa desequilbrio no pH do corpoaquoso, bem como grandes oscilaes nas concentraes de oxignio dissolvido, com

    maiores valores nos perodos de maior luminosidade, e valores eventualmente prximosde zero durante a noite.

    A legislao ambiental estabelece que os despejos industriais devam ser tratados, de modoque as caractersticas fsico-qumicas dos efluentes estejam de acordo com os padresestabelecidos pela Resoluo CONAMA 357, de 17/03/2005.

    Muitos estados possuem legislao prpria. No Estado de So Paulo, o lanamento deefluentes industriais regulamentado pelo Decreto 8468/76. Em geral, quando o Estadopossui regulamentao alm da Federal, exigido o atendimento aos padres maisrestritivos.

    1. Enriquecimento do meio aqutico com nutrientes, sobretudo compostos de nitrognio e/ou fsforo,que provocam o crescimento acelerado de algas e formas superiores de plantas aquticas, pertubandoo equilbrio biolgico e a qualidade das guas.

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    guia tcnico ambiental 45

    Em relao ao contedo destas leis, existem dois tipos de padres: de emisso (ou lanamento)e de qualidade2. O primeiro regulamenta a mxima concentrao de cada poluente que ser

    permitida no efluente lanado (seja em corpos dgua ou rede coletora de esgoto), enquantoque o segundo determina as concentraes mximas desses poluentes para cada classe decorpo dgua.

    Quando lanado em corpos dgua, o efluente final dever, simultaneamente, atender aambos os padres de emisso e qualidade, apresentando caractersticas aceitveis parao lanamento e de forma a garantir que o corpo dgua mantenha seu enquadramento,conforme estipulado na resoluo CONAMA n 357/05, para guas doces, salinas esalobras.

    A Figura 3 ilustra um comparativo entre as legislaes nacional e do Estado de So Paulo paralanamento de efluentes:

    2. Conforme a legislao, os padres de qualidade so definidos para a condio mais crtica docorpo dgua, geralmente adotando-se o conceito de Q

    7,10- vazo mnima anual, mdia de sete dias

    consecutivos, com probalidade de retorno em 10 anos.

    Figura 3

    LANAMENTO LEGISLAO

    FEDERAL - RESOLUO CONAMA357, DE 17/03/2005

    NO ESTADODE SO PAULO -DECRETO 8468/76

    EM CORPOSDGUA ARTIGO 34 ARTIGO 18

    EM REDES PBLICASCOLETORAS

    - ARTIGO 19A

    Alm dos parmetros definidos em lei, deve ser considerada tambm a existncia dassubstancias denominadas:

    refratrias: passam pelos sistemas de tratamento sem degradao;

    precursoras: quando tratadas, podem dar origem a subprodutos txicos.

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    46 guia tcnico ambiental

    Um sistema de tratamento de efluentes industriais pode ser representado pela figura 4.Considera-se que o melhor sistema aquele mais adequado a cada situao, entretanto

    qualquer que seja a opo adotada, deve-se atentar para:

    o volume de lodo gerado;

    a energia eltrica consumida (custo operacional);

    os produtos qumicos necessrios (custo operacional);

    os custos de manuteno;

    a rea e tecnologia disponveis.

    Figura 4

    Resduos

    O desenvolvimento das atividades do setor de cosmticos pode gerar resduos em diversasoperaes e com caractersticas diversas, tais como sobras de produtos, produtos fora de

    especificao ou com prazo de validade vencido, material retido em sistema de controle depoluio atmosfrica (filtros, ciclones etc), slidos grosseiros e lodos gerados no sistema detratamento de efluentes, restos de embalagens (veja pg. 47), resduos de servios de sade(ambulatrio mdico, consultrio dentrio etc), resduos de varrio de piso, resduos desanitrios, resduos de escritrios e resduos de refeitrio, entre outros.

    Medidorde Vazo

    TratamentoSecundrio

    TratamentoTercirio

    RemooSlidos

    RemooAreia

    RemooleosGraxas

    RemooMetais Pesados

    DerramesEmergncias

    EfluenteTratado

    Lodos

    Processos Fsicos

    EfluenteIndustrial Homogeneizao

    Neutralizao

    FloculaoDecantao

    Processos Qumicos

    Esquema geral de tratamento de efluentes industriais:

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    guia tcnico ambiental 47

    De acordo com suas caractersticas e composio, os resduos sero classificados peloscritrios estabelecidos na Norma ABNT NBR10004/2004 e, em funo desta classificao,

    sero adotados os procedimentos adequados relativos s condies de acondicionamento,armazenamento e disposio. Esta classificao envolve a realizao de anlises e testes,como os de lixiviao e solubilizao.

    Independentemente de sua classificao, dever ser dada prioridade minimizao dagerao e ao reaproveitamento dos resduos, dentro ou fora do processo industrial, assuntotratado no Cap.4 deste Guia. Entretanto, quando essa alternativa torna-se invivel tcnicaou economicamente, os resduos devero ser encaminhados a unidades regularizadas detratamento ou disposio, tais como incineradores e aterros, mediante anlise e autorizaoprvia do rgo Ambiental competente.

    A esse respeito, altamente recomendvel a consulta freqente e a adequao, sempre quenecessrio, s normas e legislao pertinentes vigentes.

    Embalagens

    A gerao de resduos de embalagens um dos impactos mais significativos do setor,considerada a variabilidade de tipos de caixas de papel/papelo, frascos, potes, sacos ougales plsticos, tambores, latas, rtulos e afins, utilizados em grandes quantidades para oacondicionamento de matrias-primas e produtos. Trata-se de uma questo complexa, uma

    vez que a gerao ocorre durante o processo produtivo e tambm no ps-consumo.

    A disposio inadequada de embalagens de matrias-primas e produtos auxiliares, bemcomo daquelas rejeitadas no envase, normalmente com restos de produtos, pode causarsrios danos ambientais pelo potencial de contaminao do solo e das guas subterrneasque representam. Em vrios casos vivel o retorno desses recipientes aos fornecedores,no entanto, muitas vezes o que ocorre o seu encaminhamento a aterros industriais, comconseqncias ambientais a longo prazo pela difcil reincorporao natureza, pelo espaoque ocuparo durante anos e pela alterao da qualidade do solo e da gua que poderoocasionar.

    Nos casos em que possvel reutilizar ou reciclar, aconselhvel que a indstria atentepara que suas embalagens sejam encaminhadas a empresas regulamentadas pela autoridadeambiental, para que haja garantia de que as operaes envolvidas sejam realizadas de formaa garantir a integridade do meio ambiente.

    Lodos e Resduos do Sistema de Tratamento de Efluentes

    A gerao de resduos, tais como lodos ou materiais grosseiros (retidos na etapa de remoofsica), inerente a qualquer processo de tratamento de efluentes, e para esses tambmdever ser prevista destinao final adequada.

    As etapas eventualmente envolvidas no processo de gerenciamento desses resduos, desde asua gerao at sua destinao so:

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    48 guia tcnico ambiental

    adensamento: reduo de umidade

    estabilizao: remoo de matria orgnica

    condicionamento: preparao para desidratao

    desidratao: reduo de umidade

    caracterizao/ classificao

    disposio final

    A disposio inadequada destes resduos pode provocar efeitos graves no ambiente, como,por exemplo, a contaminao do solo e das guas subterrneas, sendo portanto necessria aavaliao de suas caractersticas em laboratrio, para posterior avaliao do rgo ambientalcompetente dos tipos de alternativas de disposio do mesmo.

    Solventes Orgnicos

    Os solventes orgnicos so usados em geral como desengordurantes, solventes de usogeral (limpeza), entre outros. Na forma pura, apresentam-se como lquidos incolores, comodores adocicados ou pungentes. Os de maior utilizao pelo setor de cosmticos so osseguintes:

    Tolueno: solvente aromtico de alta pureza, rpida evaporao e elevado poder de

    solvncia. Faz parte da famlia de compostos BTXE, juntamente com o benzeno, xilenoe o etilbenzeno. Substituiu o primeiro como alternativa menos perigosa na indstriade tintas e vernizes e na fabricao de resinas e adesivos. Na indstria de cosmticos, utilizado como componente e em operaes de limpeza em linhas de esmaltes.

    lcoois: grupo funcional em que se destaca o lcool etlico (etanol), substncia voltile inflamvel. utilizado na formulao de perfumes e para operaes de limpeza.

    Acetatos de Etila e de n-Butila: solventes moderadamente volteis, com boaspropriedades dissolventes de nitrato de celulose, polmeros, resinas e leos. Utilizadosna formulao de esmaltes de unhas.

    Os solventes orgnicos apresentam periculosidade em maior ou menor grau, com riscosocupacionais e ambientais, alm de alto grau de inflamabilidade, sendo que incndiosenvolvendo acetatos costumam ser especialmente difceis de controlar apenas com gua,demandando mtodos especiais de extino. Isso sugere a necessidade de uma anlisemais aprofundada sobre os riscos de acidentes envolvendo incndios e exploses comconseqncias sobre a populao do entorno e o meio ambiente.

    Para tanto, interessante a implantao de metodologias de gerenciamento de riscossempre que a empresa utilizar ou estocar solventes em quantidades significativas. Nesses

    casos necessrio que a empresa atente para as normas e procedimentos referentes aoarmazenamento de produtos perigosos, inflamveis e combustveis. Nos casos em que foraplicvel, realizar estudos e/ou a implementao de programas de gerenciamento de riscos,segundo a norma CETESB P 2.461- Manual de Orientao para Elaborao de Estudos deAnlise de Risco.

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    Uma vez que se tratam de compostos de cadeias de carbono de baixo peso molecular (atC12), a maioria desses solventes orgnicos flutua na gua. Quando lanados com os efluentes

    lquidos, trazem risco de efeitos txicos agudos ao ambiente. Os organismos aquticos soos mais vulnerveis, uma vez que absorvem esses contaminantes pelos tecidos, brnquias,por ingesto direta da gua ou de organismos contaminados. Solventes aromticos, comoo tolueno, so resistentes degradao por via microbiolgica, e bastante persistentes noambiente. So fortemente absorvidos pelos sedimentos, neles permanecendo por muitosanos.

    Os efeitos ocupacionais dos solventes ocorrem pela inalao de vapores e fumos, sendoirritantes aos olhos e mucosa. Quando em grande concentrao no ar, vapores de toluenopodem causar dores de cabea, irritao dos olhos/nariz/garganta e fadiga. Exposies

    extremas podem levar a lapsos de memria, dificuldades com a fala, problemas de viso ede audio; tambm j foram registrados alguns casos de bitos. O contato cutneo como solvente sob forma lquida pode provocar dermatoses e amarelecimento da pele. Estesfatores novamente remetem recomendao de uso de EPCs e EPIs. A opo de destinofinal destes solventes ps-uso (sujos) ou suas borras, deve necessariamente ser acompanhadae aprovada pelo rgo de Controle Ambiental competente.

    Emisses Atmosfricas

    Os principais problemas de emisses atmosfricas do setor de cosmticos esto relacionados emisso de material particulado e substncias odorferas.

    A gerao de material particulado est ligada s operaes de moagem/micronizao eenvase nas linhas de talcos, ps descolorantes, maquiagem em p e similares. O material emsuspenso pode causar doenas ocupacionais e/ou contaminao ambiental, e de acordocom a necessidade devem ser controlados por medidas como o enclausuramento de linhas,procedimentos operacionais cuidadosos, instalao de sistema de ventilao local exaustora(SVLE) e equipamento(s) de controle de poluio do ar (ECPA).

    As emisses de substncias odorferas podem ser geradas nas operaes de armazenamento,transferncia e manuseio de matrias-primas e produtos auxiliares, bem como durante oprocesso produtivo ou no envase. Podem apresentar riscos sade, alm de possurem umgrande potencial de incmodos vizinhana da unidade industrial. Esses efeitos podem seratenuados pela adoo de medidas como o enclausuramento dos processos produtivos e ainstalao de sistema de ventilao local exaustora associado a equipamentos de controle depoluio atmosfrica, alm do uso de EPIs adequados pelos funcionrios.

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    Captulo IVMedidas de P+L

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    Devido natureza de seus produtos, a fabricao de cosmticos deve ser realizada em ambientesasspticos, ou seja, ambientes que protejam os produtos de possveis contaminaes pela

    presena de bactrias, fungos ou agentes qumicos, normalmente, presentes no ar, guae solo. Assim, a adoo da P+L e, mais especificamente, de boas prticas de fabricao -Portaria ANVISA 348 - complementa uma vocao natural das empresas do setor e apenastem a contribuir melhoria de seus processos e qualidade dos produtos.

    Cabe esclarecer que as medidas citadas so exemplos e que h outras ainda que poderoser adotadas pelas empresas com resultados similares ou superiores aos aqui apresentados.Para uma efetiva implantao da P+L, cada empresa, dentro das particularidades de seusprocessos, deve buscar as aes preventivas que tragam os melhores resultados tcnicos,ambientais e econmicos.

    Como caractersticas comuns, os processos produtivos do setor apresentam:

    produo por batelada; grande variedade de matrias-primas e produtos auxiliares; grande utilizao de embalagens; consumo expressivo de gua; consumo mdio de energia.

    As medidas podem envolver programas de verificao, manuteno e substituio deequipamentos, mquinas e/ou componentes, bem como o treinamento correto dos

    funcionrios para que certas medidas sejam efetivas.

    Recebimento e Estocagem de Produtos

    Nem sempre os sistemas de melhoria do processo ou o trato das questes ambientais estoassociados aos fatores complexidade e alto custo, o que pode ser verificado particularmentequando se trata do armazenamento.

    Armazenamento

    A implantao de sistemas just in time de administrao de estoques permite reduesconsiderveis nas dimenses das reas de armazenamento de matrias-primas e produtosauxiliares. Entretanto, em relao s operaes de recebimento, estocagem e transfernciadestes produtos, cabem as recomendaes a seguir.

    Recebimento de produtos

    A demanda por determinadas matrias-primas e produtos auxiliares pode justificar seufornecimento em grandes quantidades ou a granel. Essa forma de recebimento contribuipara a minimizao de gerao de resduos (embalagens) nessa etapa.

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    Sempre que possvel, deve-se utilizarembalagens retornveis. Quando isso

    no for possvel, deve-se priorizar aquelasproduzidas com materiais reciclveis oureciclados, uma vez que tal medida tambmimplica reduo na gerao de resduos.

    Sistema FIFO (first in first out)

    A tcnica se resume em utilizar, prioritariamente, as matrias-primas que chegaram antes, ouseja, controlar as entradas e sadas de modo a respeitar seus prazos de validade. Tal medida eficiente para reduzir as perdas de produtos e, conseqentemente, a gerao de resduos.

    Outras medidas de gerenciamento de estoques

    Algumas sugestes adicionais para evitar a perda de materiais em estoque so:

    Operaes de transferncia/manuseio perdas podem ser minimizadas pela manipulaoadequada de embalagens, de modo a evitar danos e avarias que resultem em perda oudegradao de matrias-primas e na conseqente gerao de resduos/efluentes. Caberessaltar que acidentes com produtos qumicos podem gerar graves danos ambientais.

    Segregao de materiais medida exigida em vrias normas tcnicas de armazenamento deprodutos e resduos, objetiva minimizar a possibilidade de incndio, liberao de gases txicosou exploso entre produtos incompatveis, que no devem ser colocados em contato.

    Identificao sistemas adequados de identificao e informao (por exemplo, leituravia cdigos de barras) permitem a rpida localizao dos produtos armazenados, bem comoauxiliam na tomada de deciso, em caso de acidentes.

    CAIXASDEPAPELODEMLTIPLOUSO, EMBALADASPARARETORNOAOFORNECEDOR.

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    Condies especiais de armazenamento ao adotar condies especficas,

    pode-se evitar perdas de material (matrias-primas ou produtos acabados) causadas poracondicionamento inadequado e/ou ausnciade condies apropriadas para manutenode sua qualidade. Medidas como refrigerao,por exemplo, devem ser adotadas sempreque necessrio.

    Economia de gua e Minimizao de Efluentes

    Grande parte do consumo de gua do setor est diretamente relacionada necessidade deconstantes lavagens, sua utilizao como matria-prima, incorporada a alguns produtose, em menor escala, aos sistemas de refrigerao ou aquecimento. Uma boa medida paraevitar desperdcios a instalao de medidores de vazo para cada setor da planta, o queajuda a identificar aqueles mais crticos, alm de possveis vazamentos. A no instalao

    dos medidores, porm, no caracteriza impedimento para que seja adotado um leque demedidas de reduo/economia de gua.

    A gesto desse recurso pode tambm ser feita via balanos de massa que permitamcomparar dados de entrada e sada de gua, seja ela incorporada aos produtos, convertida emefluentes, utilizada para consumo humano ou aproveitada para outros usos. A identificaode diferenas entre os resultados obtidos pode revelar eventuais perdas devido a vazamentosou mau uso.

    A seguir so apresentadas algumas alternativas para reduo do consumo de gua e gerao

    de efluentes, que podem ser adotadas pelo setor:

    READEARMAZENAGEM: DETALHEDACALHADEEMERGNCIAPARADRENAGEMDELQUIDOSDERRAMADOS.

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    Planejamento da Troca de Cores

    As linhas de produo, utilizadas para produtos coloridos, requerem maiores cuidados nalimpeza. Nesses casos, recomenda-se que seja implantado, no sistema de Planejamento eControle de Produo (PCP), a ordenao das bateladas por critrio de cores, iniciando-sepelos produtos de tonalidades mais claras e passando-se progressivamente para as maisescuras. Desse modo os eventuais residuais de uma cor no afetaro significativamente osprodutos das tonalidades seguintes. Esta medida promove a diminuio da freqncia dasoperaes de limpeza entre as bateladas, o que resulta na reduo do volume de gua, doconsumo de produtos de limpeza e dos efluentes gerados.

    Limpeza a Seco/ Remoo Fsica

    Aps o trmino de uma batelada, recomendvel a remoo do material residualaderido parede interna dos equipamentos elinhas de envase antes do incio do processode lavagem propriamente dita. Tal medidaresulta na reduo do consumo de gua,que passa a agir como solvente e no maiscomo agente fsico de arraste de material, oque aumenta consideravelmente a geraode efluentes e resduos (lodo do tratamentodo efluente).

    Uma das formas de drenar reatores, tanquese tubulaes a implantao e uso de

    sistemas a vcuo, muito embora a remoo mecnica por raspadores tambm permita quea limpeza final se realize com reduo do volume de gua necessrio.

    Limpeza de Linhas Usando PIG

    Os pigs so dispositivos cilndricos deborracha, ao revestido com poliuretano ououtro material, usados para a limpeza internade tubulaes. So geralmente utilizados emlinhas longas, para a remoo de materiaisoxidados ou aderidos s paredes internas,e atuam como mbolos mediante o uso

    de ar comprimido. No caso da indstriade cosmticos, o PIG permite a retirada deprodutos das paredes, efetuando uma eficientelimpeza a seco.

    DETALHEINTERNODEUMTANQUEPROVIDODERASPADORESPARAMAXIMIZARALIMPEZA.

    DETALHEDEUMPAINELDELANADORESDE PIG, COMUMPROJTILPRONTOPARALANAMENTO.

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    Os investimentos para sua instalao envolvem a aquisio de equipamento lanador e

    adaptao de todas as tubulaes, inclusive vlvulas, curvas, cotovelos e outros.

    guas de Lavagem

    Para evitar vazamentos e reduzir as trocas constantes de produtos, que aumentam o consumode gua, deve-se adequar as condies operacionais e de processo, fazendo uso de sistemasde lavagem eficientes como, por exemplo, os citados a seguir:

    Matrizes de lavagem uma medida interessante pode ser o desenvolvimento detabelas racionalizadas (denominadas matrizes de lavagem em algumas empresas),

    que estipulem, para cada operao de lavagem e sanitizao de tanques, os volumesmximos de gua e produtos de limpeza a serem utilizados entre uma batelada eoutra. Essas quantidades so determinadas em funo das caractersticas de cadaproduto, como sua viscosidade e a carga de pigmentao utilizada. Tambm devemconstar as temperaturas timas para a realizao do trabalho, de forma a facilitara raspagem ao fim de cada lote, procedimento que assegura a correta drenagemdo reator, tubulaes e equipamentos de envase. As matrizes de lavagem tambmdevero informar a seqncia tima de produo, indicadora do menor nmero delavagens entre as trocas de produtos.

    Sistema CIP (clean in place) sistemas de limpezamontados nos prprios equipamentos produtivos, consistem emtubulaes para gua e detergentes, reservatrios de soluo delimpeza e bicos de spray. Por serem automatizados, dispensammo-de-obra, diminui-se o contato dos funcionrios com oequipamento e a necessidade de desmonte dos mesmos paralimpeza. Outra vantagem o controle preciso do tempo dedurao e volume de produtosconsumidos em cada operao delimpeza, tambm racionalizando

    o consumo de gua.

    Tambm existe o chamadosistema de mltiplo uso, noqual a soluo de limpeza reutilizada por vrios ciclos antesde seu descarte. H economiano volume de gua usado, noconsumo dos produtos qumicos

    (detergentes e sanitizantes), na gerao de efluentes e de

    resduos. Em alguns casos, pode ser empregada uma unidademvel, em que os dispositivos (painel de controle, bombasetc) constituem uma nica unidade compacta que deslocadapara junto dos tanques a serem limpos.

    DETALHEDEUMREATORCOMACOPLAMENTOPARATUBULAODE CIP

    EQUIPAMENTODE CIPMVELPARASANITIZAODEEQUIPAMENTOS

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    Reuso das guas de lavagem as guas de lavagem podem ser reutilizadas em outraparte da planta, em funo de suas caractersticas, sendo as alternativas mais comuns a

    limpeza de pisos, reserva para combate a incndios, lavagem de fachadas, asperso emtelhados para reduo da temperatura interna da edificao e espelhos dgua.

    Reaproveitamento doresidual removido para algunsprodutos, eventualmentepossvel reaproveitar o materialrecuperado pela remoo fsica,de modo a reincorpor-lo aoprocesso produtivo ou encontrar

    outros usos (produtos de segundalinha, reciclagem externa etc),sempre que as prticas de higieneobrigatrias ao setor permitamfaz-lo com grau aceitvel desegurana.

    Uso Racional de Energia

    Toda planta industrial consumidora de energia, seja na produo de vapor ou na operaode equipamentos como misturadores, bombas e sistemas de refrigerao, entre outrosusos. A racionalizao do uso de energia mais um foco a se considerar quando se fala deproduo mais limpa e a maioria das medidas neste caso est ligada a dois conceitos: corretodimensionamento e manuteno adequada.

    O uso de energia otimizado quando sua racionalizao considerada uma premissa

    bsica do projeto, processo ou instalao; isso envolve a considerao de um leque dealternativas como, por exemplo, sistemas de iluminao e ventilao naturais e escoamentopor gravidade. A aquisio de novos equipamentos tambm deve levar em considerao oseu consumo de energia, podendo este ser adotado como um dos critrios de escolha paraum dado equipamento.

    Caldeiras

    So equipamentos responsveis pelo fornecimento de vapor e gua quente para vrios usos

    na empresa. So consideradas grandes consumidoras de energia, que pode ser fornecida porvrias fontes (leo, gs, bagao de cana e energia eltrica, entre outros).

    ARMAZENAGEMDESOBRASDEMATERIALRECUPERADONASOPERAESDELIMPEZA, PARAREINCORPORAOEMBATELADASPOSTERIORES

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    Muito se enfatiza o aspecto da necessidade de inspees peridicas do equipamento,considerando-se a questo de segurana. No meio industrial, h um longo histrico

    de ocorrncias de exploses de caldeiras, com vtimas e grandes prejuzos. Alm disso,vazamentos e incrustaes em tubos diminuem o rendimento da caldeira, gerandomaior consumo de energia. H, no mercado, vrias prestadoras de servio que realizamo diagnstico de caldeiras, bem como gerenciam sua manuteno. A implantao de umsistema de manuteno preditiva e preventiva com inspees programadas e plano deao, de modo a corrigir desvios, o passo inicial para se otimizar o uso deste e de qualqueroutro equipamento. Ser aconselhvel monitorar parmetros como consumo de combustvel,eficincia, gerao de resduos e perodo de utilizao, que podem ser indicadores da gestodo equipamento, que responsvel direta pela maior ou menor severidade dos seus impactossobre o meio ambiente. Abaixo so fornecidos alguns pontos relevantes a serem observados

    nas inspees peridicas de caldeiras:

    Limpeza das superfcies de troca de calor (fogo) em nenhum processo de queima existecombusto completa. recomendado, mesmo em caldeiras a gs, que a superfcie emcontato com o fogo seja inspecionada e limpa. A eventual presena de fuligem funcionacomo isolante dos tubos, desviando o calor para os gases residuais. Consta de dados deliteratura que uma camada de fuligem de 1/32 avos de polegada diminui a eficincia dacaldeira em 2,5%. Camadas de 1/8 de polegada causam uma perda de 8,5%.

    Limpeza das superfcies de troca de calor (gua) continuidade da medida acima. As

    paredes em contato com o fogo podem estar limpas, e ainda assim haver problemas. A guausada em caldeiras tratada para reduo de dureza, reduzindo a incrustao de sais nasparedes dos tubos. Esse acmulo (especialmente danoso em caldeiras do tipo aquatubular)dificulta a troca do calor, propicia a corroso dos tubos e aumenta a presso interna, podendoat levar sua ruptura. As perdas de eficincia so da ordem do dobro daquelas ocasionadaspela fuligem.

    Manuteno do isolamento quanto mais alta a temperatura da superfcie da caldeira, maiora quantidade de calor radiante perdida para o ambiente. A primeira polegada de isolamentoreduz as perdas de calor em 90%. Uma regra prtica afirma que qualquer superfcie com

    temperatura acima de 60C deve ser isolada, incluindo as paredes da caldeira.

    Condensado de Vapor pode-se reutilizar o vapor condensado das caldeiras em processode aquecimento de trocadores de calor e vasos encamisados, com fechamento da linha decondensado e reutilizao na caldeira. Esta ao, razoavelmente simples, leva reduo doconsumo de combustvel e gua de caldeira, reduz a gerao de efluente e o consumo deprodutos qumicos para tratamento da gua.

    Outras providncias a verificao de possveis vazamentos em vlvulas, gaxetas e tubulaesde alimentao tambm parte de uma manuteno preditiva eficiente. A operao do

    equipamento conforme os padres do manual assegura, juntamente com as demais medidasacima citadas, economia de energia e segurana operacional.

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    Compressores e Linhas de Ar Comprimido

    De uma maneira geral, quanto mais ar comprimido um processo utiliza, maior o consumode energia e menor a eficincia. No obstante, os equipamentos pneumticos tm umaexcelente relao de transmisso de fora, quando comparados s suas dimenses e peso,o que lhes confere boas possibilidades de aproveitamento energtico. As alternativas paraaumentar sua eficincia esto relacionadas a seguir:

    Usar ar comprimido apenas onde necessrio em algumas linhas comum a adoode prticas de uso de ar comprimido pelos operadores como vassoura para limparequipamentos, o cho ou seus uniformes. Esta prtica, apesar de cmoda, deve ser evitada,pois h meios menos custosos para se realizar as mesmas tarefas.

    Controle de vazamentos vazamentos so a maior fonte isolada de perdas em sistemasde ar comprimido. Em mdia, uma planta apresenta perdas de ar comprimido da ordem de20 a 50%, causadas por vazamentos. Antes de decidir instalar um compressor adicional, conveniente verificar a existncia desses vazamentos. Trata-se de investimento de retornorpido.

    Projeto de linhas conexes, curvas, medidores e outros elementos contribuem naturalmentecom certa perda de presso nas linhas de ar comprimido. Desta forma, o dimensionamentode novas linhas, ou a ampliao das j existentes, deve ser bem planejado, a fim de obter o

    mximo dos compressores ao melhorar seu desempenho.

    Motores

    Motores eltricos so utilizados em quase todas as operaes industriais como, por exemplo,no acionamento de equipamentos como bombas, secadores, transportadores, extrusorese moinhos, entre outros. Portanto, o enfoque sobre os motores pode render muitasoportunidades de aumento de eficincia, com efeitos diretos sobre o consumo de energia.

    Dimensionamento o correto dimensionamento dos motores auxilia na reduo do consumode energia. Se o motor trabalhar muito abaixo de sua capacidade nominal, a eficincia serreduzida, aumentando o consumo. Deve-se selecionar um motor que funcione a maior partedo tempo prximo condio tima estabelecida pelo fabricante.

    Manuteno preventiva

    Lubrificao correta a lubrificao adequada de motores industriais to importantequanto a de qualquer carro, de forma a se evitar o comprometimento de componentes

    como rolamentos e outros. Por outro lado, o excesso de lubrificante tambm no recomendado, pois este pode se acumular nas escovas, contatos e enrolamentos, comsuperaquecimento e a formao de arcos voltaicos. Uma correta lubrificao previne

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    a gerao desnecessria de resduos (sucatas, leo e graxa, entre outros), aumenta avida til do equipamento e melhora a eficincia do processo, contribuindo para sua

    limpeza.

    Correto alinhamento dos eixos - assegura uma transmisso de potncia segura e suave.Um alinhamento incorreto causa tenses nos eixos e mancais, diminuindo sua vida tile a eficincia do sistema, assim aumentando o consumo de eletricidade.

    Polias e correias as polias precisam estar corretamente alinhadas e espaadas, comcorreto tensionamento de correias, o que evita o desgaste dos rolamentos e polias.Correias muito folgadas patinam, com perda de transmisso, desgaste prematuro econsumo desnecessrio de energia.

    Manuteno de rolamentos a nica recomendao consiste em mant-los limpos,corretamente lubrificados e submetidos carga adequada de suas especificaes.

    Outras Medidas

    Substituio de Matrias-primas

    Por se tratar de um setor sujeito a rpidas inovaes e mudanas, alm de sensvel spresses de seus consumidores, o processo produtivo de cosmticos um terreno frtil experimentao, com substituio de matrias-primas ou insumos perigosos (txicos, volteis,inflamveis ou irritantes) por outros, atxicos ou de menor periculosidade. Um exemplo ode algumas indstrias que tm optado por substituir sanitizantes agressivos (por exemplo,formol) por outros cujo princpio ativo o cido peractico, menos danoso.

    Reduo de Emisses Gasosas

    Alm dos cuidados j citados (relativos a caldeiras), tambm possvel citar os seguintes:

    Enclausuramento de processos sempre que possvel, recomendvel enclausurarprocessos que gerem particulados (moinhos) ou emitam VOCs (compostos orgnicosvolteis). Um exemplo tpico a formulao de esmaltes. Essas reas devem contarcom seus prprios sistemas de exausto e controle de emisses com lavadores degases;

    Nas linhas de batom os maaricos de flambagem do stick devero ser mantidosregulados para se obter chama oxidante (azul), o que sinal de boa combusto. Issotraz economia de combustvel e reduo na emisso de gases como CO (monxido decarbono);

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    Na manipulao de ps caso no seja possvel o seu total enclausuramento, colocarcaptores para recolher os particulados do ambiente. Ao manipular ps, tanto para

    alimentar o processo como no envase, faz-lo de forma lenta e gradual. Nessas reas,recomenda-se que a limpeza seja feita por aspirao. Os operadores devero utilizarEPIs adequados a essas operaes.

    Uso de Solventes

    A limpeza de utenslios, recipientes e equipamentos utilizando solventes orgnicos podeser realizada pelo sistema denominado em contra-corrente, que funciona da seguintemaneira: os componentes a serem limpos so primeiramente mergulhados no solvente mais

    sujo, passando depois a um outro tanque com solvente um pouco menos saturado e assimgradativamente, at que o ltimo enxgue da pea seja feito com solvente limpo.

    De maneira geral, este procedimento minimiza consideravelmente o consumo e o descartede solvente sujo, visto que apenas a partida mais contaminada descartada. Os solventessaturados podem ser revendidos para recuperadoras de solventes. Aconselha-se verificar asinstalaes e a situao legal dessas empresas frente aos rgos ambientais locais, antes queseja adotada essa medida.

    Figura 5

    PEAS

    UTENSLIOS

    PARTESDEEQUIPAMENTOS

    SUJOS

    SOLVENTE

    SUJO

    SOLVENTE SOLVENTE

    LIMPO

    PEAS

    UTENSLIOS

    PARTESDEEQUIPAMENTOS

    LIMPOS

    Procedimento de lavagem em contra-corrente para limpeza com solventes:

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    Tanques Pulmo deFundo Mvel

    A operao de envase umadas mais crticas da produode cosmticos, dados osriscos de contaminao ou deperdas de produto, com oscorrespondentes impactosambientais. No envase deprodutos delicados (altamenteperecveis), utilizam-se tanques-

    pulmo de fundo mvel paraarmazenamento e transfernciade produtos. O fundo acionado por gs (nitrognio ou

    ar comprimido) e funciona como um mbolo. Ocorre ento o escoamento total do produto,o que proporciona o esgotamento do contedo do tanque e a eliminao da etapa delimpeza.

    Embalagens Ecolgicas

    Dentre os constituintes do lixo de qualqueraterro ou lixo, possvel perceber queuma parcela significativa composta porembalagens. Claro est que o setor deve sepreocupar cada vez mais com a questo dops-consumo de seus produtos.

    Uma alternativa para reduo desses resduos o desenvolvimento de embalagens otimizadas,que so projetadas de modo a consumiro mnimo de material em sua fabricao,necessrio para atender s especificaesrequeridas. Outra a ampliao do conceitode refilagem (uso de embalagens refil).

    Adicionalmente, muitos frascos podemdispensar o uso do tradicional rtulo e bula

    colados, podendo a rotulagem ser feita commangas termo encolhveis (sleeves), eliminandoo uso de papel para rtulos autocolantes. READEARMAZENAGEM: MINIMIZAO

    DEEMBALAGENSDEFRASCOS

    TANQUEPULMOECILINDRODEPRESSURIZAO,COMARCOMPRIMIDOOUNITROGNIO

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    Reuso e Reciclagem Interna de Subprodutos

    Muitos dos subprodutos do setor possuem um alto valor agregado e podem ser imediatamentereincorporados ao mesmo processo, uma vez que se encontrem limpos. Isso ressalta aimportncia da manuteno das reas de processo em timas condies sanitrias. Umexemplo tpico desses subprodutos so as aparas de extruso de sabonete em barra.

    RASPASDESABONETEQUESOREAPROVEITVEIS.

    Em suma, o caminho para a minimizao de impactos ambientais comea com o planejamento

    visando, ao mximo, ao reuso (seja do insumo ou da embalagem). Para processos ouembalagens em que o reuso no seja vivel, deve-se buscar alternativas para sua reciclagem.Atualmente, algumas poucas empresas j adotam ferramentas de ponta, como a ACV (Anlisede Ciclo de Vida), que permitem uma melhor concepo do produto e o rastreamento dascorrentes de resduos, reduzindo os impactos ambientais de modo global, ao longo de todaa cadeia de fornecedores.

    Um grande avano conseguido quando uma organizao planeja seus produtos, processosou servios de modo que estes no causem impactos ambientais. Na atualidade, isso podeparecer um ideal inatingvel, mas preciso sempre perseguir a reduo de todas as perdas

    materiais e energticas, uma vez que essas se revestem de um significado econmico,ambiental e social. Uma vez cessadas essas perdas passveis de reduo, o prximo passo buscar a reduo daquelas perdas que no foi possvel eliminar em primeira instncia, tendoem mente que a ao mais nobre sempre consiste em possibilitar, via medidas de segregaoe identificao, o reuso e a reciclagem de bens e insumos.

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    64 guia tcnico ambiental

    Diretoria de Engenharia, Tecnologia e Qualidade AmbientalEng Lineu Jos Bassoi

    Departamento de Desenvolvimento, Tecnologia e Riscos AmbientaisEng Angela de Campos Machado

    Diviso de Tecnologias Limpas e Qualidade LaboratorialFarm. Bioq. Meron Petro Zajac

    Setor de Tecnologias de Produo mais Limpa

    Eng Flvio de Miranda Ribeiro

    Coordenao TcnicaEng Flvio de Miranda Ribeiro

    ElaboraoEng Andr Heli Coimbra Botto e SouzaEng Martha Faria Bernils MaganhaEstagirio Lucas Moreira Grisolia

    Participao

    Alfredo Carlos C. Rocca, Dorothy Carmen P. Casarini, Hlio Tadashi Yamanaka,Jos Eduardo Bevilacqua, Liliana Ines Werner, Maria Cristina Poli, Maria Helena R.Humayt, Marta Cond Lamparelli, Mateus Sales dos Santos, Pedro Penteado de C.Neto, Regis Nieto, Rubia Kuno, Samira Issa, Sonia NavarroAg. Ambiental do Ipiranga, Ag. Ambiental de Osasco, Ag. Ambiental de Guarulhos

    Equipe de Produo

    CETESB

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    Coordenao TcnicaRose Hernandes

    ParticipaoAna Claudia Prinholato - Colgate PalmoliveArtur Gradim - AvisaCarlos Barbeiro - AvonCesar Rumbawa - Johnson & JohnsonCludio Barros - NiasiCristiani Vieira - Natura

    Edgar Baptista - Beirsdorf-NiveaEliane Anjos - NaturaJuliana Nunes - UnileverMarcelo S Pinto - NiasiMarcos V. Baptistucci - 0 BoticrioRenato Mazzotini - UnileverRicardo Castro - Beirsdorf-NiveaValdelis Andrade - Emsar

    ABIHPEC

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    Criao e Produo Editorial e GrficaFolie Comunicao

    Direo de Arte

    Paula Lyn Carvalho

    FotosMarcos SuguioAndr VelosoImagens cedidas pelas empresas associadas ABIHPEC

    ImpressoMargraf

    Este guia foi impresso em papel Reciclato.

    Expediente

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