BPI Análise Mercados Financeiros Ago.2014

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    ESTUDOS ECONMICOSE FINANCEIROS

    Anlise Mensal08 de Agosto de 2014

    Mercados FinanceirosPaula Gonalves Carvalho

    Agostinho Leal AlvesLuisa Teixeira Felino

    Pedro Miguel MendesTeresa Gil Pinheiro

    FACTORESPOLTICOSMASNOS.

    As perspectivas de evoluo dos principais blocos econmicos at final do ano no sototalmente claras, embora em algumas regies as notcias sejam promissoras. Efectivamente,nos EUA o ritmo de crescimento do primeiro semestre foi melhor que o esperado, tendo aactividade econmica registado uma variao de 2.2% em termos homlogos, abrindo espaopara que o crescimento anual, em 2014, se possa ainda situar na fasquia de 2%. Relembramosque recentemente o FMI reviu em baixa, para 1.7% a sua previso. Acresce referir que omercado de trabalho continua a evoluir de forma positiva, observando-se nos ltimos seismeses a criao de mais de 200 mil empregos/ms, a melhor performance desde final dadcada de 90. Adicionalmente, a China registou um ritmo de expanso de 7.5% y/y no

    segundo trimestre, em linha com o objectivo para o ano, e em acelerao face ao trimestreanterior, o que suscita a expectat iva de que os estmulos oficiais estejam a gerar resultados.Pela negativa, pontua a regio do euro, onde a performance econmica mais frgil esusceptvel intensificao dos riscos de natureza poltica: segundo uma anlise da ComissoEuropeia, a maior severidade das sanes econmicas impostas Rssia dever ter umimpacto negativo sob a actividade entre 0.3% do PIB em 2014 e 0.4% em 2015. Sugerindoque um eventual agravamento da situao poder mesmo interromper a recuperaoeconmica, sobretudo se o fornecimento de gs natural for afectado.

    O euro cedeu finalmente algum terreno face ao dlar dos EUA, tendo a cotao EUR/USDquebrado importantes suportes, em torno de 1.35. No entanto, no se antecipam movimentosmuito amplos de valorizao do dlar, apesar da moeda norte-americana dever continuar abeneficiar da melhoria de expectativas relativas ao andamento dos diferenciais de taxas de

    juro. Efectivamente, as taxas de juro futuras de maturidades em torno de 12 meses registamuma presso sensvel de subida, dando suporte ao dlar.

    As atenes recairo, de forma cada vez mais intensa, sob os desgnios de poltica monetriada Reserva Federal. Efectivamente, as compras de ttulos de dvida pblica e o alargamentodo balano da Fed devero terminar at final do ano. Na ltima reunio do Comit de PolticaMonetria, o banco central melhorou consideravelmente a sua apreciao relativamente aoritmo de andamento dos preos ao consumidor, afirmando que a tendncia de mdio prazoregressou ao patamar de 2%. O que significa que se a economia se mover na direco certa,a taxa de inflao no ser um impeditivo ao aumento da taxa de juro.

    No mercado de activos de dvida pblica, acentua-se a divergncia de tendncias entre osttulos norte-americanos e as obrigaes de referncia da regio do euro. Efectivamente, astaxas implcitas de 10 anos dos US Treasuries tm transaccionado em torno da fasquia de2.5% enquanto na Europa, as incertezas sob o cenrio macroeconmico e a persistncia dainflao em nveis que suscitam receios de deflao, justificam a queda adicional das taxaslongas para prximo da fasquia de 1%. O fim das operaes de compra de dvida pblicapela Reserva Federal (Outubro), a concluso dos testes de stressaos bancos Europeus, a

    realizao dos leiles de TLTRO's, so factores que podero alterar o sentimento de mercadoat final do ano. Entretanto, os prmios de risco dos pases perifricos da UEM so penalizadosem reflexo do regresso de tenses ao sistema financeiro portugus, que culminou com aresoluo do Banco Esprito Santo. O spreaddas Obrigaes do Tesouro portugus para amaturidade de 10 anos transacciona em torno dos 270 pontos base, acima dos patamaresmnimos j registados este ano.

    Os principais ndices bolsistas registam movimentos de correco, menos intensos nos EUA,onde a poca de divulgao de resultados trouxe notcias positivas. Em contrapartida, oregresso de receios sob o sector financeiro na Europa e a intensificao dos riscos geopolticos,

    justificou uma queda mais expressiva na Europa, tendo o ndice alemo DAX recuado cercade 9% no ltimo ms enquanto o PSI20 perdeu cerca de um quarto do seu valor desde omximo registado em Abril. Embora o actual momento deva ser encarado sobretudo comouma fase de correco, permitindo a tomada de proveitos e ganhando espao para novasvalorizaes, o cenrio tornou-se nitidamente mais adverso.

    Esta uma publicao em formato no regular, constituindo uma actualizao da apreciaosob a economia da frica do Sul. Sendo um dos pases que integram o grupo dos designadosBRICS, constitui tambm um exemplo de perda de fulgor e de dificuldades de crescimentosentidas num grupo de economias com peso significativo na dinmica global.

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    FACTORESPOLTICOSMASNOS.

    Os factores de instabilidade geopolticos e o

    regresso de tenses ao sector financeiro europeuacrescem ao quadro de crescimento global incertoe desapontante. A intensificao das tenses entrea Rssia e o Ocidente, a escalada do conflito emIsrael e a instabilidade no Iraque tm consequnciasglobais potenc ia lmente adversas: sob oinvestimento e a criao de emprego; sob aconfiana das famlias nas regies geograficamentemais prximas; eventualmente sob os preos dopetrleo e do gs natural, o que teria consequnciasadversas numa fase em que a expanso ainda nose revela suficientemente firme. Acresce referir quea aproximao de uma nova fase da polticamonetria da Reserva Federal poder gerarinstabi l idade nos mercados f inanceiros

    internacionais, descarrilando a retoma j de sifragi l izada. Efectivamente as informaeseconmicas mais recentes e as intervenes dasautoridades induziram j um ajustamento docalendrio expectvel para o incio do prximo ciclo,antecipando alguns observadores que este possaocorrer ainda no primeiro semestre de 2015.

    DEPARTAMENTO DEESTUDOS ECONMICOS E FINANCEIROS

    Paula Gonalves Carvalho Economista ChefeTeresa Gil PinheiroLusa Teixeira FelinoPedro Miguel Mendes

    ANLISETCNICAAgostinho Leal Alves

    Tel.: 351 21 310 11 86 Fax: 351 21 353 56 94Email : [email protected] www.bancobpi.ptwww.bpiinvestimentos.pt/Research

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    NDICE

    Pg.

    Perspectivas Globais e Principais Factores de Risco 04

    Principais Mercados: Recomendaes 05

    FRICA DO SUL 07

    INDICADORESECONMICOSEESTRUTURAIS 08

    SNTESE 09Dfices gmeos, baixos nveis de crescimento.. 09potenciam vulnerabilidades reflectidas nas contas externas... 09e desafios decorrentes de uma sociedade muito fragmentada. 10

    DIFICULDADEDEIMPLEMENTAODEPOLTICASECONMICASCONTRACCLICAS 10.Mas existem importantes factores de resilincia e que permitem manter uma posturamoderadamente optimista 10

    ENQUADRAMENTOPOLTICO 11

    DESENVOLVIMENTOHUMANO, AMBIENTEDECOMPETITIVIDADEEDENEGCIO 13INDICADORESDEDESENVOLVIMENTO 13INDICADORESDECOMPETITIVIDADE 14NOVOSDESAFIOSECONMICOS 15

    CONJUNTURAECONMICA 17

    SEMCONSEGUIRINVERTERATENDNCIA 17PRODUOENERGTICACONTINUAAREVELARPROBLEMASESTRUTURAIS 18INFLAOPERMANECEELEVADA, MASOSCONSUMIDORESMOSTRAMSINAISDEOPTIMISMO 18INDSTRIAS-CHAVECONTINUAMEMQUEDA 19SECTORMINEIRO: INCERTEZASFACEINSTABILIDADE 20SHALEGAS: UMNOVORECURSOESTRATGICO 21MERCADODETRABALHOCALCANHARDEAQUILESDAECONOMIASUL-AFRICANA 22

    SECTOREXTERNO 25

    SISTEMAFINANCEIRO 29

    MERCADODECAPITAIS 31

    POLTICAMONETRIAECAMBIAL 33

    POLTICAORAMENTAL 37SEMESPAOPARAACTUAOCONTRACCLICA 37ORAMENTOORIENTADOPARAOINVESTIMENTOEMINFRA-ESTRUTURASEDESPESASEMSECTORESPRIORITRIOS 40

    DVIDAPBLICA 43FINANCIAMENTOESUSTANTABILIDADE 43RA T I N G - VISESDIVERGENTES 44

    PREVISES 47

    BASESDEDADOS 51

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    FRICA DO SUL

    PERDADEFULGORNOCONTINENTEAFRICANO

    O PIB sul-africano recuou 0.6% nos primeiros trs meses do ano e ainformao j disponvel relativa ao segundo trimestre sugere que aactividade econmica continuou debilitada, no sendo de excluir apossibilidade de uma recesso tcnica. A ocorrncia de paralisaes laboraissucessivas - primeiro no sector mineiro, depois entre os metalrgicos - bemcomo recorrentes falhas no fornecimento e distribuio de energia afectaramparticularmente a actividade nos primeiros seis meses do ano. Nestecontexto, o cenrio de crescimento tem-se vindo a agravar, destacando-sea previso do Fundo Monetrio Internacional que, em Julho, reviu em baixaa taxa de variao prevista para o PIB em 2014, de 2.3% para 1.7%. Refira-se que se esta previso se concretizar, 2014 ser o segundo ano consecutivo com um ritmo de expanso inferior a 2%, o que preocupaconsiderando o estdio de desenvolvimento da frica do Sul e tendo em conta o contexto interno e externo desafiante.

    Para alm dos constrangimentos estruturais mencionados associados ao mercado laboral e ao sector energtico, internamente ocenrio de crescimento poder vir a ser agravado pela ausncia de espao de implementao de polticas econmicas - fiscal emonetria - contra cclicas, de suporte actividade econmica. Quanto aos factores externos, a frica do Sul continua muito exposta

    a alteraes bruscas de sentimento no mercado internacional, dados os dfices gmeos (de contas pblicas e corrente), e face dependncia de capitais externos mais volteis (outro investimento e investimento de carteira) para financiar o desequilbrio dabalana corrente. E, apesar de a dvida pblica ser maioritariamente denominada em rands, mais de 35% est na posse de noresidentes.

    A taxa de inflao quebrou a fasquia limite superior definida pelo Banco Central, 6%, sendo particularmente influenciada pela evoluocambial. A autoridade monetria tem vindo a alertar para o risco de formao de inflao pela via salarial, dados os acordos alcanadoscom os sindicatos e que suportam actualizaes de salrios acima da inflao e dos ganhos de produtividade. Neste contexto, apesardo enfraquecimento da actividade econmica, o Banco central aumentou a sua taxa directora na reunio de Julho e dever continuara manter uma postura restritiva, moderada.

    O conjunto de polticas econmicas credveis, das quais faz parte uma execuo da poltica oramental considerada prudente, constituium dos principais activos da frica do Sul enquanto um dos principais destinos de investimento em frica. Reconhece-se que a dvidapblica continua gervel, embora a tendncia crescente do seu rcio relativamente ao PIB desde a crise de 2008 (de 24.6% em 2008para mais de 40% actualmente), os sucessivos dfices pblicos em torno de 4% do PIB e o facto de o Governo reconhecerresponsabilidades contingentes em torno de 10% do PIB, que no pior cenrio viriam a acrescer ao stock de dvida, justificam algumaprecauo e o reconhecimento que no existe mais espao para uma actuao contra cclica. Neste contexto, a poltica oramentaldever assumir um cariz tendencialmente restritivo, ainda que a parcela crescente dos juros da dvida pblica e a tendncia deaumento dos custos com pessoal (cujo controlo ser determinante para a sustentabilidade da situao oramental) possam dificultareste cenrio. Acresce referir que o cenrio macroeconmico subjacente ao Oramento de 2014/15 est desajustado porque demasiadooptimista - assentou no crescimento do PIB de 2.7% em 2014 que contrasta com a projeco mais recente de 1.7% pelo FMI - fazendorecear pela sua execuo.

    O clima laboral instvel e a propenso para a realizao de greves tem tido um impacto crescente na economia sul-africana, reflectindo-se na avaliao dos investidores. De acordo com o Relatrio de Competitividade Global do Frum Econmico Mundial, a rigidez dalegislao laboral sul-africana identificada como um dos cinco principais constrangimentos ao desenvolvimento de negcios. A baixaflexibilidade nas negociaes salariais e na contratao e despedimento de trabalhadores, os efeitos das negociaes colectivas na

    competitividade das PME's e o desalinhamento entre salrios e produtividade justificam esta avaliao. O posicionamento global dopas em termos de competitividade internacional mantm-se estvel, tendo mesmo melhorado entre o grupo dos BRICS de acordocom o mesmo relatrio. O pas continua a beneficiar de um bom nvel de qualidade nas suas instituies (41) e o desenvolvimento dosector financeiro continua a apresentar um impressionante terceiro lugar no mundo, beneficiando de forte regulamentao, ampladisponibilidade de servios financeiros e facilidade de obteno de financiamento. Neste contexto, justifica-se que apesar dosconstrangimentos referidos, a capacidade de atraco de capitais externos permanea elevada: as entradas de Investimento DirectoEstrangeiro aumentaram 80% em 2013, para cerca de USD 8.2 mil milhes, 20% do total de IDE direccionado a frica.

    O desemprego alto e as diferenas de rendimento, so os principais factores responsveis pelo elevado grau de desigualdade na fricado Sul. Com efeito, o ndice de Gini situa-se em 63 pontos, o que coloca a frica do Sul no top 5 dos pases com maior grau dedesigualdade. Em 2013, o pas continuou a posicionar-se na categoria de pases com um ndice de desenvolvimento humano mdio,ascendendo ao 118 lugar do ranking (total de 185), registando a subida de uma posio face ao relatrio de 2013. Destaca-se oposicionamento favorvel na vertente da educao (74.3% da populao com mais de 25 anos tem pelo menos o ensino secundrio),no obstante outros indicadores apontarem para a queda da qualidade e dos nveis de exigncia, com impacto nos atributos da foralaboral; pela negativa pontua a levada taxa de mortalidade e reduzida esperana mdia de vida, reflexo tambm da elevada taxa deprevalncia do SIDA (17.9% em 2012, segundo as Naes Unidas).

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    INDICADORESECONMICOSEESTRUTURAIS

    Indicadores Econmicos

    2009 2010 2011 2012 2013 P 2014 P 2015 PPIB a preos constantes (ZAR, mil milhes) 1,786.90 1,843.01 1,909.34 1,956.44 1,993.43 2,040.43 2,094.42Variao anual -1.5 3.1 3.6 2.5 1.9 1.7 2.7Variao Consumo Privado -1.6 4.4 5.2 3.9 2.5 2.4 3.3Variao das Exportaes -19.5 9.0 6.8 0.4 4.2 6.1 7.5Variao das Importaes -17.4 11.0 10.0 6.0 4.7 4.6 6.3PIB a preos correntes (ZAR, mil milhes) 2,408.08 2,673.77 2,932.73 3,138.98 3,385.37 3,671.83 3,980.58PIB a preos correntes (USD, mil milhes) 285.42 365.42 404.34 382.34 350.78 354.15 373.25Deflator do PIB - variao % 8.40 7.70 5.90 4.50 6.50 6.90 5.80PIB per capita, preos constantes (ZAR) 35,579.32 36,211.25 37,017.12 37,426.00 37,624.72 37,992 .86 38,482.85PIB per capita, preos correntes (ZAR) 47,947.65 52,534.03 56,857.89 60,047.44 63,896.59 68,378 .60 73,139.06PIB per capita, preos correntes (USD) 5,682.97 7,174.74 7,839.13 7,314.01 6,620.72 6,595.16 6,858.16Termos de troca - variao % 5.80 7.00 3.20 -1.10 -1.30 0.80 2.10Taxa de cmbio, mdia (USD/ZAR) 8.47 7.32 7.26 8.21 9.67 10.96 11.14Taxa de cmbio real efectiva (2000=100) 95.38 111.34 109.30 102.05 91.70 85.02 84.59Inflao, taxa mdia, taxa var. anual 7.13 4.27 5.00 5.65 5.75 5.98 5.60Inflao, final de per., tx var. anual 6.29 3.48 6.05 5.71 5.40 6.30 5.60

    Saldo das contas pblicas (% do PIB) -4.92 -4.93 -4.00 -4.27 -4.28 -4.42 -4.50Dvida Pblica Bruta (% do PIB) 31.58 35.31 38.82 42.09 45.23 47.30 49.64Balana Corrente (USD mil milhes) -11.50 -7.19 -9.39 -20.04 -20.43 -19.01 -19.94Balana Corrente (% do PIB) -4.03 -1.97 -2.32 -5.24 -5.82 -5.37 -5.34Reservas, excluindo ouro (USD mil milhes) 35.24 38.18 42.59 44.03 44.76 44.89 46.24Fonte: FMI, Institute of Internacional Finance.

    PIB por sector 2013

    % do totalAgricultura, floresta e pesca 2.4%Minerao 5.6%Manufactura 16.9%

    Construo 3.4%Fornecimento de electricidade, gs e energia 1.9%Servios financeiros, imobilirio, serv. a empr. 24.2%

    Componentes do PIB, 2013

    % do totalConsumo privado 64%Consumo pblico 24%Formao Bruta de Capital 22%

    Exportaes de bens e servios 31%Importaes de bens e servios 40%

    Principais exportaes, 2013

    ZAR mm.* % do totalProdutos Minerais 234,719 25%Metais/Pedras preciosas 177,500 19%Metais Base 112,368 12%Equip. Transporte 87,728 9%Mq. e equipamentos 86,765 9%Outros 227,721 25%Nota:*mm - milhares de milho.

    Principais importaes, 2013

    ZAR mm.* % do totalMq. e equipamentos 245,351 25%Produtos Minerais 221,210 22%Equip. Transporte 98,066 10%Produtos Qumicos 93,530 9%Componentes 58,989 6%Outros 281,035 28%Nota:*mm - milhares de milho.

    Principais destinos de exportaes*, 2013

    % do totalUE 28 (agregado) 18.0%China* 14.1%EUA 7.2%Japo 5.8%Botswana 4.8%Alemanha 4.5%Nambia 4.4%Reino Unido 3.4%Holanda 3.2%

    ndia 3.1%Moambique 3.0%Zmbia 2.8%Nota: *inclui Hong Kong e TaiwanFonte: Fonte: OCDE, FMI, Statistics South Africa, South African Revenue Service, clculos Banco BPI.

    Origem das importaes*, 2013

    % do totalUE28 (agregado) 28.4%China* 15.5%Alemanha 10.4%Arbia Saudita 7.8%EUA 6.3%ndia 5.2%Japo 3.9%Nigria 3.5%Reino Unido 3.2%

    Tailndia 2.7%Itlia 2.6%Frana 2.3%Nota: *inclui Hong Kong e Taiwan

    FRICADOSUL

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    SNTESE

    DFICESGMEOS, BAIXOSNVEISDECRESCIMENTO..Encontramos a Africa do Sul significativamente mais fragilizada desde h um ano atrs, quando elabormos a anteriorpublicao. Efectivamente, numa anlise comparativa que equacione os pontos fortes e fracos, verifica-se que ao longo dosltimos anos, desde a crise financeira internacional, a evoluo tem sido pouco favorvel. Esta tendncia justifica as revises

    em baixa da notao creditcia (S&P, Jun 2014 (revisto em baixa), BBB-, Outlook: estvel) ou a manuteno de perspectivade evoluo negativa (Moody's, Jun 2014 (reafirmado) Baa1, Outlook: negativo) pelas principais agncias de rating.

    Vrios motivos justificam que o pas continue na mira dos investidores, no obstante a presso de mercado que se faziasentir no incio do ano ter entretanto recuado. Como se ilustra nos grficos infra, a situao de dfices gmeos das contascorrente e pblica, associada desacelerao muito significativa do ritmo se crescimento econmico desde a crise financeirainternacional, sugerem a presena de desequilbrios estruturais importantes e de dimenso significativa, justificando aateno e cuidados redobrados por parte de quem faz as suas escolhas de investimento. Curiosamente, em termos relativos,e comparado com um grupo de economias com ratingssemelhantes (Nambia, Marrocos e Maurcias), o pas no apresentagrandes desvantagens quando se analisam variveis como o saldo oramental ou o saldo da balana corrente, em termosrelativos (em % do PIB). Todavia, apresenta uma posio claramente desvantajosa no que se refere por um lado, aocrescimento econmico - quer o PIB em volume quer o PIB per capita crescem menos no trinio observado - por outro ladoao dfice da conta corrente em termos absolutos: cerca de 20 mil milhes de USD mdias no trinio que compara com umamdia de 3.1 mil milhes verificados nas economias congneres.

    FRICADOSUL

    Dfices Gmeos

    (% do PIB)

    Pe r f o r m a n c e comparativa com grupo de pasessemelhantes (2013 a 2015)(%, vrios)

    -8-7-6

    -5-4-3-2-1

    012

    2000 2003 2006 2009 2012 2015 2018

    Saldo Oramental Balana Corrente

    Fonte: FM I

    Acresce que os sinais mais recentes de andamento da actividade econmica mantm-se pouco auspiciosos, ainda queaparentemente se possa evitar a ocorrncia de uma recesso tcnica no segundo trimestre: apesar da fraca performance dosindicadores do lado da oferta - quedas da produo industrial e indicadores compsitos sugerindo retraco (PMI por exemplo)- e do aumento expressivo da taxa de desemprego, as vendas a retalho tm evidenciado algum fulgor, sugerindo que oconsumo privado e a dinmica da procura interna podero eventualmente compensar evolues menos positivas noutrossectores. Mas o risco de novo recuo da actividade no despiciendo.

    .potenciam vulnerabilidades reflectidas nas contas externas...Um olhar mais detalhado sob o sector externo permite ter uma boa perspectiva relativamente s principais vulnerabilidades

    que afectam a economia sul-africana. De facto, a dvida externa voltou a aumentar em 2013, representando cerca de 39%do PIB, um aumento comparativamente a um rcio de 37% do PIB em 2012, alimentado por persistentes dfices da contacorrente. Note-se que estes tm sido em grande parte alimentados pela necessidade de importaes de bens de capitaldestinados construo de infra-estruturas. Adicionalmente, importa reconhecer que o fraco desempenho do sector externocontinua a reflectir sobretudo problemas estruturais relacionados com a diminuio da competitividade externa da economia.O crescimento das exportaes tem sido fraco, comparativamente s mdias histricas, e em termos reais dever ter mesmoestagnado. A estrutura das exportaes tm-se mantido estvel nos ltimos anos, sendo esta concentrada num nmeroreduzido de produtos: os produtos minerais, os metais e combustveis representam mais de metade do total das exportaesde bens, tendo sido responsveis por cerca de 90% do crescimento do total das exportaes durante o perodo 2007-2010de acordo com as estimativas do Banco Mundial.

    Perante a forte desvalorizao do rand em 2013, esperava-se assistir a um reequilbrio da balana comercial, atravs de umcrescimento das exportaes. No entanto este crescimento tem sido lento, o que reflecte tambm de certa forma algunsconstrangimentos estruturais. Entre outros factores que possam ter travado o aumento da competitividade das exportaes,aponta-se o facto de os preos dos principais bens exportados serem estabelecidos nos mercados internacionais em dlares;a possibilidade de o aumento dos salrios e dos custos de matrias-primas terem compensado os benefcios da desvalorizaoda moeda; e finalmente o possvel impacto de problemas relacionados com as fracas infra-estruturas ou com o aumento dastenses sociais.

    4.1 5.0

    -3.7-7.0

    -3.1

    2.3 2.6

    -4.4 -5.5

    -19.8-25

    -20

    -15

    -10

    -5

    0

    5

    10

    PIB tx var PIB per capitatx var

    saldooramental

    (%PIB)

    saldo bal corr(%PIB)

    saldo bal corr(USD bln)

    Grupo pases* f rica do Sul Fonte: FMI, BPI calc.Nota: *Nambia, Marrocos e Maurcias

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    INDICADORESDEDESENVOLVIMENTO

    O relatrio do Programa das Naes Unidas para oDesenvolvimento (PNUD) em 2013-2014, intitulado

    "Sustentando o Progresso Humano: ReduzindoVulnerabilidades e Criando Resilincia", o principal e maisextensivo documento que se centra na temtica dodesenvolvimento humano. Neste relatrio, publicado oranking ordenado pelo ndice de Desenvolvimento Humano(IDH), ndice este que abrange de forma agregada ecomparativa uma extensiva srie de factores, entre eles ariqueza, alfabetizao, educao, esperana de vida,natalidade, etc.

    Em 2013, a frica do Sul continuou a posicionar-se nacategoria de pases com um ndice de desenvolvimentohumano mdio, ascendendo ao 118 lugar do ranking(totalde 185), registando a subida de uma posio face ao relatrio

    de 2013. O ndice aumentou 0.04 pontos para 0.658 (mximode 1.000) face ao ano anterior, continuando assim destacadada restante regio Subsariana, que apresenta um HDI mdiode 0.502. A frica do Sul posiciona-se em terceiro lugar naregio subsariana, apresentando nveis inferiores aos de trspases da regio: as Maurcias, o Botswana e o Gabo.

    No grupo dos BRICS (Brasil, Rssia, ndia, China e frica doSul), a frica do Sul volta a ocupar o 4 lugar, posicionando-se apenas melhor que a ndia (135), que tambm avanouuma posio face ao relatrio anterior. Tal como a frica doSul, a ndia considerada um pas com um desenvolvimentohumano mdio, enquanto a Rssia, Brasil e a recm elevada

    China (que sobe 10 posies no ranking de 2014) estocontidas na lista de pases com um ndice de desenvolvimentohumano elevado.

    Analisando os vrios factores que compem o ndice, nota-se positivamente que a percentagem de adultos quecompletaram pelo menos o ensino secundrio situa-se entreos 72% e 75% para ambos os gneros, valores que pem ataxa de insucesso escolar sul africana abaixo no s dasmdias regionais e mundiais, mas tambm em valoresprximos (e no caso feminino, superiores) aos registadospelo continente Europeu, o melhor classificado. Por outrolado, a taxa de mortalidade materna, com 300 mortes por100.000 nados vivos continua muito acima da mdia dos

    pases de desenvolvimento humano mdio (186), apontandopara a existncia de falhas preponderantes no sistema desade nacional, especialmente nas populaes maisdesfavorecidas. Esta concluso tambm apoiada pelaesperana mdia de vida, que compara negativamente coma mdia mundial com uma diferena de 14 anos para ambosos sexos. Apesar de apresentar uma taxa de gravidezadolescente em metade daquela registada na mdia dospases da regio, a taxa de participao feminina na fora detrabalho continua abaixo da mdia dos pases da fricasubsariana.

    DESENVOLVIMENTOHUMANO, AMBIENTEDECOMPETITIVIDADEEDENEGCIOS FRICADOSUL

    Evoluo do IDH

    (ndice)

    0.4

    0.45

    0.5

    0.55

    0.6

    0.65

    0.7

    0.75

    2000 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013

    fric a do Sul f rica Sub-Sahariana

    Escalo mdio de desenv. Mundo Fonte: ONU

    Comparao IDH entre BRICS

    IDH 2012 Posio (em 187 pases) EscaloBrasil 0.744 79 ElevadoRssia 0.778 57 Elevadondia 0.586 135 MdioChina 0.719 91 Elevadofrica do Sul 0.658 118 MdioMundo 0.702 - -Fonte: ONU.

    Alguns indicadores relevantes

    frica do Sul MundoEsperana de vida nascena (2012) 56.9 70.8Mdia anos escolaridade (2010) 9.9 7.7Anos de escolaridade esperados (2011) 13.1 12.2Rendimento Nacional Bruto (RNB) per capita(PPC em USD de 2005) 11 788 13 723

    Taxa de mortalidade materna - mortes por 100.000nados vivos (2010) 300 145

    Gastos pblicos em Sade, % do PIB (2010) 8.5 10.1

    Gastos pblicos em Educao, % do PIB (2005-10) 6.0 5Mdicos por 1000 pessoas (2005-10) 7.6 13.4Populao com pelo menos o ensino secundrio(% com mais de 25 anos de idade), 2010 74.3 63.6

    Rcio emprego-populao (% com mais de 25 anos) / 2011 48.6 65.4

    Taxa de homic dios (por 100.000 pessoas) / 2007-11 30.9 6.5Utili zadores da Internet (por 100 pessoas) / 2010 41.0 35.5Populao Urbana (% do total) / 2012 62.9 53Fonte: ONU.

    A populao sul-africana totaliza em 2013 52.8 milhes de pessoas, com a previso para a populao em 2030 sendo de 58.1

    milhes. A populao relativamente jovem, com o nmero de crianas com 5 anos ou menos quase duplicando o nmerode idosos com mais de 65 anos e um nmero de nados vivos por mulher situado nos 2.4 que, apesar de tudo, um dosvalores mais baixos da categoria de HDI mdio. Espera-se que a taxa de crescimento anual, que se situa actualmente nos1.5%, desa para quase metade, ou 0.8% durante as duas prximas dcadas.

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    DESENVOLVIMENTOHUMANO, AMBIENTEDECOMPETITIVIDADEEDENEGCIOSFRICADOSUL

    O PIB per capita Sul-africano (PPC em USD de 2011) apresentou um valor anual de 11 989 dlares em 2012, valor este quese encontra acima da maioria dos pases com um ndice de desenvolvimento humano mdio, e em linha com a metadeinferior do rankingde pases de HDI elevado. Contudo, 23% da populao continua a viver abaixo do limiar de pobreza.Evidenciando os problemas com o sistema de sade acima referidos, a despesa do Estado em sade representa 8.5% do PIB,

    percentagem que supera a mdia regional, mas que fica aqum da mdia mundial de 10.1%, enquanto na despesa comeducao observa-se o contrrio, com os 6% do PIB registados sendo superiores tanto mdia mundial como maioria dospases de HDI elevado.

    Em 2013, continuou a observar-se a trajectria de expanso da populao urbana, tambm registada em grande parte dospases em vias de desenvolvimento. Efectivamente, 64% da populao sul-africana vive agora numa cidade, 1.6pp acima doano anterior, nmeros estes que esto em linha com os pases de HDI elevado, e amplamente acima da mdia regional(37.4%) e mundial (52%). Contudo, a situao econmica do pas no tem permitido que o rcio populao/empregoacompanhe esta tendncia, tendo-se registado uma contraco de 1p.p. para 48.6%, o que alarga ligeiramente a diferenapara com a mdia mundial. Os nmeros da criminalidade e da prevalncia do SIDA, dois factores preponderantes no pas,continuam distintamente altos, apesar de em ambos os casos se observar uma lenta tendncia de descida, tendo-se registadomenos 13.247 mortes causadas por SIDA/HIV e menos 650 homicdios intencionais. A percentagem de cidados com acesso internet, situada nos 10% em 2009, tem registado um rpido aumento, situando-se j nos 41.0%, acima da mdia mundialde 35.5%.

    INDICADORESDECOMPETITIVIDADE

    Um dos estudos mais extensivos com foco central no factorcompetitividade, o World Competitiveness Report, realizadoanualmente pelo World Economic Forum. Neste estudo soatribudas pontuaes a vrios factores preponderantes parao nvel de competitividade de um pas, sendo estes agrupadosem doze categorias, que compreendem todos os sectoresrelevantes da conjuntura econmica. A anlise deste estudopermite a observao das maiores foras e fraquezas dacapacidade competitiva de um pas, sendo possvelestabelecer um factor de comparao, tanto a nvel mundial,

    como dentro das economias com semelhantes nveis dedesenvolvimento.

    Nos resultados para 2013-2014, a frica do Sul caiu umaposio face ao resultado no ano anterior, registando agora o53 lugar, apesar de o nmero total de pases observados teraumentado de 144 para 148. Comparando apenas com ospases da frica Subsariana, a frica do Sul, historicamenteprimeira classificada, foi destronada pela pequena nao insulardas Maurcias, que ocupa a 48 posio; em contrapartida, acomparao entre os pases do BRICS favorvel pois a quedade posio do Brasil possibilitou elevar a frica do Sul a segundaclassificada. O pas continua a beneficiar de um bom nvel dequalidade nas suas instituies (41), particularmente no

    panorama legal, onde se destaca a eficincia na resoluo dedisputas, mudana de regulamentos e na fora das normasde auditoria e contabilidade. Alm disso, o desenvolvimento

    ndice de Competitividade Global (ICG) - frica do Sul

    Posio Pontuao(em 148 pases) (1-7)

    ICG 2013-2014 53 4.4ICG 2012-2013 (em 144) 52 4.4ICG 20101-2012 (em 142) 50 4.3Requisitos Bsicos (40.0%) 95 4.2Instituies 41 4.5

    Infraestruturas 66 4.1Ambiente macroeconmico 95 4.4Sade e educao primria 135 3.9Indicadores de eficincia (50.0%) 34 4.5Educao superior e formao 89 3.9Eficincia do mercado de bens 28 4.8Eficincia do mercado de trabalho 116 3.9Desenvolvimento do sector financeiro 3 5.8Capacidade tecnolgica 62 3.9Dimenso do mercado 25 4.9Factores de inovao e sofisticao (10%) 37 4.1Sofisticao empresarial 35 4.5Inovao 39 3.6Fonte: World Economic Forum, The Global Competitiveness Report 2013-14.

    do sector financeiro continua a apresentar um impressionante terceiro lugar no mundo, beneficiando tambm aqui de forteregulamentao, ampla disponibilidade de servios financeiros e facilidade de obteno de financiamento. A dimenso daeconomia da frica do Sul tambm um factor benfico para a competitividade do pas (28) e o seu desempenho nossectores de maior complexidade considerado razovel, registando-se um 35 lugar na sofisticao empresarial e 39 nainovao, sectores onde se destaca um bom controlo dos canais de distribuio, facilidade em delegar responsabilidades e acooperao entre a indstria e as universidades.

    Por outro lado, a frica do Sul continua a demonstrar vrias fragilidades, principalmente em factores relacionados com ofactor trabalho. O sector da sade e educao primria continuam com uma classificao desfavorvel (142), observando-se tambm um fraco desempenho na eficincia do mercado de trabalho (116) devido dbil cooperao entre trabalhadore empregador, baixo nvel de salrios com fraca flexibilidade e as piores prticas de contratao e despedimento registadasno estudo. O sistema de educao superior (89) tambm apresenta uma severa debilidade, principalmente na rea dascincias e matemticas, onde se encontra no fundo da tabela. Finalmente, a frica do Sul apresenta-se vulnervel ao tmidoprocesso de retoma econmica na Zona Euro face s fortes e cruciais relaes comerciais que detm com os seus membros,sendo este o principal factor na queda do panorama macro-econmico sul-africano, de 69 para 95. Estes resultados vo ao

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    CONJUNTURAECONMICA FRICADOSUL

    SEMCONSEGUIRINVERTERATENDNCIA

    Aps a recesso sentida pela frica do Sul durante 2009, a segunda maior economia do continente africano tem-se mostradoincapaz de retomar o anterior ritmo de crescimento, at a registado entre os 4% e os 5.5%. De facto, a tendncia da

    economia sul-africana aponta para uma gradual perda de dinmica, notando-se que entre 2010 e 2011 a variao do PIBsituou-se entre os 3% e 4% y/y, valores que deixam muito aqum os nveis de crescimento anual mais recentes, que sesituam maioritariamente entre 1.5% e 2%.

    Comfirmando esta tendncia, o World Economic Outlook,publicado pelo FMI em Abril, aponta para um crescimento de1.9% durante o ano de 2013, registando assim uma descidade 0.6pp face ao resultado de 2012. As previses apontamcomo factores justificadores deste abrandamento as tenseslaborais sentidas nos sectores mineiro e das manufacturas, asdificuldades registadas no fornecimento energtico, o fracoinvestimento privado e a fragilidade da economia aos efeitosnegativos da inflao elevada. Quanto s previses para osprximos dois anos, na actualizao de Julho, o FMI voltou a

    rever em baixa a sua previso para 2014 (aps j o ter feitono relatrio de Abril, face a Janeiro), apontando agora paranovo abrandamento do crescimento econmico, que se deversituar nos 1.7%. Esta reviso de 0.6pp, comfirmando-se,atrasar em mais um ano a reverso da tendncia deabrandamento, situao que o FMI justifica com as correntesdificuldades sentidas pelo mercado energtico e os conflictoslaborais que persistem no pas, mesmo aps o fim da greveno sector mineiro. Por outro lado, a previso para 2015 de umcrescimento do PIB em 2.7% manteve-se inalterada,continuando o FMI a apontar para o aumento da procura decommoditiesface retoma econmica mundial como principalfactor impulsionador da economia sul-africana.

    Crescimento anual do PIB real

    (%)

    De facto, a evoluo das exportaes sul-africanas claramente apoiada pelos vrios indicadores que apontam para umatendncia de retoma econmica em alguns dos principais parceiros comerciais do pas, nomeadamente os EUA e zona Euro,apesar de no ltimo o cenrio no ser to promissor. Nota-se que, aps um perodo de fraco crescimento e mesmo contraco,que teve incio em Julho de 2012, comea na segunda metade de 2013 uma recuperao do nvel de crescimento dasexportaes, voltando-se a registar taxas de crescimento anual na ordem dos 10% (em valor). As actividades das manufacturase da extraco e dos metais de base continuam a ser as principais contribuntes para este aumento, contrastando com acategoria dos produtos minerais, onde as exportaes se encontram largamente estagnadas ou em contraco. Apesar dosganhos no lado das exportaes, as importaes sul-africanas mais que tm compensado estas, tendo-se vindo a observartaxas de crescimento anual na ordem dos 20% desde o princpio de 2014, maioritariamente impulsionada por aumentos naimportao de petrleo. No longo prazo, importante referir que recentemente, a frica do Sul assinou com a UnioEuropeia um Acordo de Parceria Econmica, sendo que o mesmo ter agora de ser ratificado - processo que esperadodurar um ano. Aquando da sua entrada em vigor, o acordo trar vrios benefcios para a economia sul-africana, principalmenteligados ao mais facilitado acesso aos mercados europeus com a introduo de quotas de exportao isentas de imposto e aextino de algumas tarifas, sendo o sector agrcola sul-africano o principal beneficiador.

    Principais Previses para 2014-2015

    PIB (Variao anual real) Dfice Oramental (% do PIB) Investimento (% do PIB)

    FMI IIF WB SARB FMI FMI IIF

    2013 1.9% 2013 1.9% 2013 1.9% 2013 1.9% 2013 5.8% 2013 19.4% 2013 19.8%

    2014f 2.3% 2014f 2.6% 2014f 2.0% 2014f 1.7% 2014f 5.4% 2014f 19.4% 2014f 20.0%

    2015f 2.7% 2015f 3.4% 2015f 3.0% 2015f 2.9% 2015f 5.3% 2015f 19.6% 2015f 20.8%

    Conta Corrente (% do PIB) Balana Comercial (% do PIB) Inflao (variao mdia anual)

    FMI IIF WB FMI IIF FMI IIF SARB

    2013 -5.8% 2013 -5.5% 2013 -5.3% 2013 -2.2% 2013 -0.5% 2013 5.8% 2013 5.8% 2013 5.8%

    2014f -5.4% 2014f -5.4% 2014f -5.9% 2014f -2.0% 2014f 0.0% 2014f 6.0% 2014f 6.1% 2014f 6.3%

    2015f -5.3% 2015f -5.3% 2015f -4.7% 2015f -1.8% 2015f -0.2% 2015f 5.6% 2015f 5.1% 2015f 5.9%

    -2

    -1

    0

    1

    2

    3

    4

    5

    6

    1994 1998 2002 2006 2010 2014Fonte: IM F, WEO Julho 20 14

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    CONJUNTURAECONMICA

    PRODUOENERGTICACONTINUAAREVELARPROBLEMASESTRUTURAIS

    FRICADOSUL

    Apesar do baixo preo da electricidade ser historicamenteapontado como um factor de competitividade para a economia

    sul-africana, as deficientes e delapidadas infra-estruturas,aliadas a um longo perodo de falta de investimento no sector,que tem vindo a condicionar a manuteno destas, cada vezmais torna o sector energtico sul-africano num entrave aocrescimento. De facto, a empresa de distribuio energticaEskom no tem sido capaz de produzir energia suficiente paraas necessidades do pas, levando a que cortes energticosimprevistos se tenham tornado cada vez mais recorrentes, oque estabelece um grave entrave produo, principalmente produo mineira. O mais recente relatrio de distribuioenergtica evidencia esta situao, observando-se que aproduo energtica do pas diminuiu em 2000 gigawats-horano ano passado, continuando uma clara tendncia decontraco na quantidade de energia disponvel para

    distribuio. Efectivamente, o total de energia produzidaanualmente est actualmente nos nveis mais baixos desde2009, situao que condiciona os planos do governo para oaumento da taxa de electrificao para 90% das casas at2030 (correntemente estagnada em 75% desde 2008).Recentemente, a Ministra das Entidades Pblicas, Lynne Brown,informou a Eskom que ter at Setembro do ano correntepara formular um plano para dar resposta no s falta desegurana energtica que o pas enfrenta, mas tambm sreportadas dificuldades financeiras da entidade.

    INFLAOPERMANECEELEVADA, MASOSCONSUMIDORESMOSTRAMSINAISDEOPTIMISMO

    Produo Energtica

    (%)

    -15

    -10

    -5

    0

    5

    10

    2009 2010 2011 2012 2013 2014

    Variao Hom logaFonte: Stat SA

    A mais recente leitura da evoluo da inflao na economiasul-africana mostra que esta registou em Junho a mesmavariao j observada no ms anterior, fixando-se o indicadornos 6.6% pelo segundo ms consecutivo. Este o valor maiselevado dos ltimos cinco anos. De acordo com o gabineteestatstico da frica do Sul, o resultado de Junho foiinfluenciado, tal como em perodos anteriores, por umapersistente tendncia de aumentos nos preos de produtosalimentares, que aumentaram 8.8% em comparao com ospreos praticados em Junho de 2013 e que reflecte aumentosavolumados no preo de produtos bsicos como o po e oleite, compensados porm por descidas nos preos da fruta elegumes. Os preos de produtos petrolferos continuam a ser

    o outro contribuinte mais preponderante para a actual taxade inflao, registando um elevado aumento anual de 13.3%que est, porm, abaixo dos 14.3% registados em Maio. Face

    Evoluo da inflao

    (Taxa de variao real, %)

    ao presente panorama, o South Africa Reserve Bank decidiu recentemente rever em alta a sua anterior previso do valor dainflao para 2014, 2015 e 2016, apontando agora para 6.3%, 5.9% e 5.6% respectivamente, e defendeu que a inflaodever voltar zona alvo (abaixo dos 6%) durante o segundo semestre do prximo ano.

    O ndice de confiana dos consumidores sul-africanos, em valores negativos desde 2012, surpreendeu os mercados aoregistar 4 pontos no segundo trimestre de 2014, 10 pontos acima do resultado expressado no perodo anterior. Considerandoos trs subndices, todos registaram aumentos, destacando-se o ndice da posio financeira do agregado familiar (+17),contrastando com a propenso para a compra de bens duradouros dos sul-africanos, que se manteve em territrio negativo(-10). Apesar de voltar a territrio positivo, a situao difcil que a frica do Sul atravessa no deixa de estar evidenciada nofacto de que o patamar alcanado (4 pontos) est ainda muito abaixo da mdia de longo prazo (11 pontos). Por outro lado,o ndice de confiana empresarial manteve-se inalterado em 41 pontos (de 100), valor este que porm o resultado devrios movimentos em ambos os sentidos por parte dos vrios sectores de actividade. Efectivamente, destaca-se que osector das manufacturas, ainda sob o efeito de disputas laborais no sector automvel, cau 16 pontos para 25 no segundotrimestre do ano, enquanto os retalhistas expressaram-se mais confiantes, ganhando 10 pontos para 49. Apesar de vriossectores apresentarem subidas, de notar que nenhum sector regista o seu ndice de confiana acima dos 50 pontos.

    0.0

    1.0

    2.0

    3.0

    4.0

    5.0

    6.0

    7.0

    8.0

    9.0

    10.0

    2009 2010 2011 2012 2013 2014

    Fonte: Statistics South Af rica

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    CONJUNTURAECONMICA FRICADOSUL

    INDSTRIAS-CHAVECONTINUAMEMQUEDA

    O resultado do crescimento do PIB da economia sul-africanano primeiro trimestre de 2014 apresenta um pas ainda incapaz

    de contrariar a tendncia mais acentuada de abrandamentoiniciada no ano passado. Segundo os ltimos dados do Institutode Estatstica da frica do Sul, nos primeiros trs meses doano a taxa real anual de crescimento do PIB apresentou umacontraco de 0.6%, o que representa uma queda elevadaem relao ao aumento de 3.8% registado no ltimo trimestrede 2013. O sector mineiro e das manufacturas, sectoresestratgicos da economia sul-africana, foram os principaiscontribuintes para o resultado trimestral, apresentando quedasde 1.3% e 0.7% (year-on-year), respectivamente. De facto,ambos os sectores continuam a ver o seu crescimento afectadopelas greves e disputas laborais registadas duranto o perodo,observando-se uma quebra na produo mineira de 24.7% ede 4.4% nas manufacturas, onde de destacar as disputas

    laborais no sector automvel. Contrariamente, o sector dosservios continuou a apresentar-se resiliente, com todos os sectores a crescerem ligeiramente, entre os 0.2% e os 0.4%,destacando-se os servios financeiros, o mercado imobilirio e as vendas a retalho, enquanto o sector da construo apresentaos maiores ganhos do perodo, crescendo 4.9% y/y.

    O ndice PMI (onde uma leitura acima dos 50 pontos considerada indicativa de expanso da actividade econmica e umresultado abaixo dos 50 pontos considerado uma contraco da mesma) tambm evidenciou as dificuldades que o pasatravessa, observando-se em Junho uma queda de 0.2 pontos para 49.5 face ao ms anterior, e registando-se o terceiro msconsecutivo de leituras do indicador abaixo da linha dos 50 pontos, o que representa uma tendncia de deteriorao dascondies operacionais para as empresas sul-africanas. Este resultado negativo reflecte em parte perdas registadas nooutput e em novas encomendas. Apesar da queda nas encomendas ter um carcter geral, a greve no sector mineiro (entretantoterminada) continua a ser o factor mais preponderante, tendo a procura externa sofrido a maior contraco dos ltimos doisanos. Apesar da tendncia de contraco, as empresas sul-africanas continuaram a criar novos postos de trabalho, com o

    presente clima de criao de emprego a entrar no 5 ms consecutivo.

    Produo das Indstrias-Chave Sul-Africanas

    (Variao da produo, %)

    -25.0

    -20.0

    -15.0

    -10.0

    -5.0

    0.0

    5.0

    10.0

    15.0

    20.0

    25.0

    J an-09 Jan-10 Jan-11 J an-12 J an-13 Jan-14

    Indstria Extractiva Indstria Transformadora

    Fonte: Statistics South Af rica

    Para o segundo trimestre do ano, importante referir a concluso da longa greve no sector mineiro, acima referida. Apesardo recomeo dos trabalhos, devero ser precisos pelo menos trs meses para retomar a produo por completo, pelo que osefeitos da greve devero perdurar para l da sua concluso. Porm, a enorme preponderncia do sector mineiro na economiasul-africana levanta esperanas de uma retoma econmica no mdio a longo prazo. Tanto a confiana dos produtores como

    dos consumidores, que tem permanecido baixa durante 2013 e 2014, dever aumentar ligeiramente face aos desenvolvimentosno sector mineiro e presente situao de criao de emprego, apesar dos nveis de endividamento das famlias continuaremaltos, o que continuar a causar entraves ao aumento do consumo. Finalmente, a economia sul-africana continua frgil facea factores externos como um aumento repentino dos preos petrolferos e um subsequente aumento nos preos de produo.

    Composio do PIB por sectores

    Peso (% do PIB) Crescimento por sector (%) Contribuio para o crescimento (p.p.)2013 2013 y/y 1T2014 y/y 2013 y/y 1T2014 y/y

    Serv. financeiros, imobilria, outros 24.22% 2.52 2.00 0.61 0.48

    Manufacturas 16.88% 0.75 2.90 0.13 0.49

    Servios Pblicos 15.29% 1.54 0.80 0.24 0.12

    Comrcio de retalho 14.04% 2.18 2.20 0.31 0.31

    Transportes, comunicao 10.13% 1.93 1.80 0.20 0.18

    Servios ao cliente 6.08% 1.75 1.40 0.11 0.09

    Minerao 5.57% 3.12 -2.10 0.17 -0.12

    Construo 3.42% 2.83 3.10 0.10 0.11

    Agricultura, floresta e pesca 2.44% 2.31 2.30 0.06 0.06

    Fornecimento de electricidade 1.93% -0.41 0.80 -0.01 0.02

    PIB 100.00% - - 1.90 1.73

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    CONJUNTURAECONMICAFRICADOSUL

    A longo prazo, os esforos do governo sul-africano vo continuar centrados nos objectivos estratgicos definidos peloPlano Nacional de Desenvolvimento (NDP, na sigla original), um plano estratgico de longo prazo que visa o combate pobreza, a reduo das desigualdades sociais, promoo de melhorias na educao e sade e combate corrupo. O NDPaponta como principais objectivos a reduo do desemprego para 6% e a obteno de um crescimento anual mdio de

    5.4% at 2030, ano da concluso do plano. Carecendo de alguma clareza quanto s medidas a aplicar, o NDP ser embreve reforado pelo Plano Estratgico a Mdio Prazo (MTSF, sigla original), documento este que visa estabelecer o planooperacional do governo para promover os objectivos do NDP durante o perodo de 2014 a 2019, esperando-se que dresposta a algumas das questes levantadas por este, nomeadamente na matria dos custos de implementao(particularmente na construo de infra-estrutura e na reorganizao do territrio), tal como em matria das medidasconcretas a aplicar para o combate corrupo.

    SECTORMINEIRO: INCERTEZASFACEINSTABILIDADE

    Historicamente, o sector mineiro sempre foi o principal impulsionador do desenvolvimento da economia sul-africana, remontandoesta descoberta de diamantes no Orange River durante o sculo XIX. Para l da riqueza em diamantes, mineral em que africa do Sul permanece at aos dias de hoje a maior produtora, a frica do Sul efectivamente um reduto de riquezasminerais, detendo tambm o ttulo de maior produtor mundial no grupo de metais da platina, crmio e mangans, entremuitos outros. tambm o quinto maior produtor mundial de ouro e o terceiro de carvo e, em 2012, passou a ser o maior

    fornecedor de ferro China, a maior importadora mundial desta commodity. Percebe-se assim facilmente o porqu de africa do Sul possuir um dos maiores sectores mineiros do mundo, relativamente ao PIB, e o porqu de este ser um dossector-chave da economia sul-africana.

    Porm, patente a existncia de um elevado grau deinstabilidade associado indstria mineira. De facto, o sectortem ganho algum destaque pelas disputas entre sindicatos eempregadores, disputas estas que em muitos casos levarama greves e a quebras significativas de produo (note-se quea mais recente greve, que afectou vrias minas de platina,causou uma quebra de 24.7% y/y na produo mineira). Osprotestos dos trabalhadores mineiros tendem a centrar-seem duas questes: segurana e salrios. Se na primeira tem

    havido um claro melhoramento da fiscalizao e dos padresde segurana, obsevando-se uma diminuio notvel donmero de fatalidades (270 em 2003 face a 112 em 2012),a questo salarial de mais difcil resposta. A recente grevenas minas de platina apenas foi resolvida com a aplicao deaumentos salariais em todos os escales mdios e baixos, oque representa um aumento dos custos de produo que,aliado s elevadas perdas j sofridas pelas empresas durantea greve e aos aumentos no preo da electricidade, certamentereduziro a capacidade operacional e dever levar aoencerramente de algumas minas menos rentveis. Por outrolado, existem ainda tenses face s vrias exigncias queno foram contempladas pelo acordo para a resoluo dadisputa, pelo que um retorno da instabilidade no poder

    ser excludo.

    Os dados do mais recente relatrio da actividade mineira nafrica do Sul, referente ao ms de Maio, continuam a mostrara tendncia de quedas apresentada nos meses anteriores,tendo-se registado uma contraco na produo de 6.5% facea Maio de 2013. Como era esperado, a produo de platinasofreu as piores perdas, registando um nvel de produo48.5% abaixo do registado no perodo homlogo, enquantoos demais produtos sofreram quebras de produo menosexpressivas. O maior contribuidor positivo no ms foi aproduo de ferro, cuja extraco impulsionada pela elevadaprocura chinesa. Face tendncia de contraco da produo

    mineira, tambm as exportaes registaram quedas,observando-se uma descida de 1.3% no valor das exportaes

    Produo Mineira

    (ndice, 2010 =100)

    Exportao de Minerais

    (Variao anual, %)

    0.0

    20.0

    40.0

    60.0

    80.0

    100.0

    120.0

    2009 2010 2011 2012 2013 2014

    Fonte: Statistics South A frica

    -40.0

    -30.0

    -20.0

    -10.0

    0.0

    10.0

    20.0

    30.0

    40.0

    50.0

    2009 2010 2011 2012 2013 2014

    Fonte: Statistics South Af rica

    para Abril, valor que representa porm um melhoramento face aos -4.7% registados em Maro. Todas as commoditiesemanlise viram as suas exportaes diminiuir, porm a maior queda foi registada nos "outros minerais metlicos", onde asexportaes caram para menos de metade.

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    CONJUNTURAECONMICA FRICADOSUL

    SHA L E GA S: UMNOVORECURSOESTRATGICO

    A "revoluo" do shale gas, protagonizada pelo renascimentoe sucesso nos EUA da actividade extractiva desta alternativa

    ao gs natural poder ser tambm um dos maioresdesenvolvimentos no panorama da indstria extractiva sul-africana. Efectivamente, os estudos geolgicos mais recentesrealizados no pas apontam para a existncia de vastasquantidades de shale gasem grande parte da zona interior doterritrio, com especial destaque para a regio do Karoo, umterritrio rural e semi-deserto que tambm o bero daindstria extractiva de diamantes do pas, indstria esta quecontinua bastante enraizada na regio. As estimativas maisrecentes da EIA (Energy Information Administration) apontampara a existncia de 390tcf (trillion cubic feet) de shale gasnoterritrio, isto quando, por comparao, a mesma agnciaestabelece as reservas norte-americanas em 665tcf, ficandoassim claro que a extraco desta commodity apresenta-se

    como uma enorme mais-valia potencial para a frica do Sul.De facto, a localizao destas reservas em regies com fracadensidade populacional e a especializao do pas emactividades extractivas posiciona a frica do Sul numa situaoprivilegiada, sendo certamente um dos pases mais bemposicionados para repetir os feitos da economia norte-americana, ainda que numa escala mais apropriada ao tamanhodo pas. Considerando que o pas um importador de gsnatural, principalmente das vizinhas Nambia e Moambique,e tendo em conta a situao de crise estrutural que o sectorenergtico nacional enfrenta, o investimento na extraco deshale gasser certamente uma estratgia a seguir por partedo Governo sul-africano durante os prximos anos.

    Pedro Miguel Mendes

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    MERCADODETRABALHOCALCANHARDEAQUILESDAECONOMIASUL-AFRICANA

    O mercado de trabalho sul-africano caracteriza-se pela persistncia de elevadas taxas de desemprego. Com excepo doperodo entre 2005 e 2008, em que se assistiu a uma reduo da taxa de desemprego para nveis inferiores a 25% -

    reflectindo o maior crescimento econmico naquele perodo - a taxa de desemprego persiste em manter-se acima dos 25%;considerando a populao em idade activa, mas desencorajada, a taxa de desemprego aumenta para os 33%. O desencontroentre oferta e procura associado ao baixo grau de escolaridade e reduzida qualificao da fora de trabalho, bem comoquestes relacionadas com as negociaes salariais generosas entre as grandes empresas e os sindicatos e que entravam aentrada de novas empresas no sector, reduzindo a capacidade de criao de emprego, so apontados como alguns dosprincipais factores impeditivos reduo do nvel de desemprego. Regulamentao onerosa e, ainda que em menor grau,baixo acesso a financiamento, so tambm factores redutores de oportunidades de empreendedorismo e que limitam acriao de emprego.

    Segundo o instituto de Estatsticas da frica do Sul, a taxa de desemprego aumentou para 25.5% no segundo trimestre de2014, um mximo de trs anos. A criao de emprego foi bastante reduzida (apenas 39k) e o nmero de empregos formaisdeclinou pela primeira vez em cerca de 5 trimestres (menos 25k no trimestre). A distribuio de emprego por sector reflectea situao debilitada do mercado laboral, especialmente no sector privado: manufactura, agricultura, sector financeiro,construo e comrcio registaram perdas de emprego. Em contraste, o emprego no sector pblico reforou-se em cerca de

    103k postos de trabalho. O nmero de desempregados aumentou 87k para 5.15 milhes. A situao no mercado de trabalhoacaba por no surpreender, estando em linha com a fragilidade que se observa nos principais sectores de actividade econmica:o sector mineiro tem vindo a ser afectado pelas paralisaes laborais enquanto a indstria penalizada tambm pelosproblemas relacionados com o sector energtico.

    FRICADOSUL CONJUNTURAECONMICA

    Taxa de Desemprego por nvel de escolaridade

    (%)

    A taxa de desemprego acima dos 25% no 1T2014(33% incluindo os desencorajados)(%)

    20%

    23%

    26%

    29%

    32%

    35%

    M ar-08 Dez-08 Set-09 Jun-10 M ar-11 Dez-11 Set-12 Jun-13 M ar-14

    Tx. desemprego (incl desencorajados) Tx. desemprego

    Fonte: Bloo mberg, calc. BPI

    2% 2%

    9%6%6% 4%

    47% 47%

    31% 34%

    4%8%

    1% 0%0%

    10%

    20%

    30%

    40%

    50%

    4T08 1T14Nenhum Primrio no completo

    Primrio completo Secundrio no completo

    Secundrio completo Superior

    Outro Fonte: Statistics South Afr ica

    De acordo com o Relatrio de Competitividade Global do FrumEconmico Mundial, a rigidez da legislao laboral sul-africana identificada como um dos cinco principais constrangimentosao desenvolvimento de negcios. O mesmo relatrio indicaque em termos de eficincia do mercado de trabalho, a fricado Sul ocupa a 113 posio em 144 pases. As fracas relaesentre trabalhadores e empregadores, uma baixa flexibilidadenas negociaes salariais e na contratao e despedimento de

    trabalhadores e o desalinhamento entre salrios eprodutividade justificam esta posio.

    O elevado desemprego e as diferenas de rendimento, emgrande parte explicadas pelo elevado nmero de indivduossem remunerao do trabalho, so os principais factoresresponsveis pelo elevado grau de desigualdade na frica doSul. Com efeito, o ndice de Gini situa-se em 63 pontos, o quecoloca a frica do Sul no top 5 dos pases com maior grau dedesigualdade.

    A idade e a etnia so dois factores que caracterizam odesemprego nesta economia. Com efeito, a populao entreos 15 e os 34 anos representa praticamente 70% do total dos

    desempregados, sendo que entre os 15-24 anos se situam27.5% da populao sem trabalho e entre os 25-34 anos39.4%. Entre a populao negra, a taxa de desemprego superior da economia, situando-se nos 28.5% no final doprimeiro trimestre de 2014.

    O crescimento econmico mais moderado nos anos posteriores crise financeira mundial explica o aumento da taxa dedesemprego no ps 2008. Desde 2012, observam-se sinaisde alguma recuperao, mas a taxa de emprego continuaabaixo dos nveis registados em 2008, sendo, segundo a OCDE,uma das mais reduzidas a nvel mundial. No primeiro trimestrede 2014, a taxa de emprego era de 42.8%.

    O sector dos servios, considerando servios financeiros, comrcio, servios socias e comunitrios e transportes, ocupam63.5% da populao empregue, o que compara com apenas 59% no final de 2008. Por seu turno, o sector das manufacturasemprega apenas 12% da populao com trabalho, menos 2 pontos percentuais do que em 2008, o que tender a ser umfactor penalizador do sector exportador, limitando, eventualmente, o crescimento econmico.

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    Desemprego jovem representa cerca de 70% dodesemprego total(% do desemprego total)

    Taxa de desemprego da populao negra

    (%)

    CONJUNTURAECONMICA FRICADOSUL

    Segundo a OCDE, um aspecto importante e com elevado potencial de criao de emprego prende-se com a reduo do

    diferencial entre o nmero de trabalhadores sindicalizados e no sindicalizados. De facto, este organismo internacional indicacomo um aspecto negativo do mercado de trabalho sul-africano, as negociaes, normalmente de salrios elevados, entre ossindicatos e as empresas de maior dimenso, (que abarcam um reduzido nmero de trabalhadores), colocando as PME's emsituao de desvantagem e reduzindo a capacidade de entrada de novas empresas no mercado. Estudos apontam para asnegociaes salariais colectivas nesta economia reduzam o emprego entre 8-13% nos sectores mais afectados, entre osquais se encontra o sector pblico. Ainda de acordo com a OCDE, a melhoria das condies no mercado de trabalho implicara procura de modalidades que permitam aos acordos colectivos de trabalho reflectirem o leque mais alargado de trabalhadores.Dada a dimenso do desemprego jovem, devem tambm ser estudadas e implementadas medidas que dinamizem a ofertae a procura de emprego por parte destas classes etrias. Tambm importante na dinamizao do mercado de trabalho so oscontornos do mercado de produto, reduzindo o grau de rigidez entrada de novas empresas no mercado.

    Taxa de emprego(%)

    Composio do Emprego no 1T14(% do total)

    O clima laboral instvel e a propenso para a realizao de greves tem tido um impacto crescente na economia sul-africana,reflectindo-se na avaliao dos investidores quando ponderam realizar investimentos no pas. A ttulo de exemplo, relembra-se a recente greve no sector mineiro, concretamente afectando a actividade nas minas de extraco de platina, uma dasprincipais commoditiesexportadas, com uma durao de quase seis meses. Recentemente ocorreu mais uma paralisao pormetalrgicos (terminada em finais de Julho), com potencial para afectar mltiplas actividades e empresas de vrios sectores,ameaando interromper a produo e exportao de ferro e ao, automveis e peas e bens de consumo duradouro.Algumas empresas multinacionais optaram por no expandir a sua actividade de produo no pas citando os custos elevadosassociados s mltiplas paralisaes no sector. Finalmente relembre-se que as greves sucessivas contriburam para prolongaro ciclo de baixo crescimento: o PIB teve uma variao negativa no primeiro trimestre de 2014, a produo industrial recuoumais de 4%; os ndices de confiana das empresas recuaram para nveis registados apenas em 2009. Neste contexto, a

    melhoria do enquadramento do mercado laboral e a sua adequao realidade local e s especificidades da regio parecemser questes incontornveis para o actual Executivo, removendo um dos principais constrangimentos a um crescimento maisrobusto.

    Teresa Gil Pinheiro

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    SECTOREXTERNO FRICADOSUL

    Apesar da desvalorizao do rand e da retoma do crescimentoeconmico nos pases desenvolvidos, a balana comercial aindano apresentou melhorias significativas. Em 2013 voltou aassistir-se a uma deteriorao da balana comercial, com as

    importaes a crescerem a um ritmo mais acelerado do queas exportaes, resultando num agravamento da balanacomercialpara R -74 mil milhes, face R -40 mil milhes em2012. Assim, o crescimento das exportaes (14.8%)continuou a ser insuficiente para compensar o crescimentodas importaes (16%), que por sua vez foram impulsionadaspelo aumento dos preos dos bens importados perante umamoeda mais fraca. Na realidade, o sector exportador tambmsaiu prejudicado pelas tenses laborais que resultaram emgreves em Agosto e Setembro de 2013, e que afectaramnomeadamente as indstrias de construo de automveis ecomponentes. Face a um forte agravamento do dfice dabalana de bens, a balana corrente voltou tambm adeteriorar-se em 2013 para -5.8% do PIB, que compara com

    um dfice de -5.2% do PIB em 2012 e de -2.3% do PIB em2011.

    No primeiro trimestre de 2014, a balana comercial voltoua deteriorar-se. Apesar do fraco dinamismo da procurainterna, as importaes aumentaram consideravelmente(17.7% y/y e 5.1% q/q), impulsionadas pelos projectos dedesenvolvimento de infra-estruturas assim como por umaumento das importaes de petrleo (que reflecte umaantecipao para os trabalhos de manuteno do porto deDurban). Por outro lado, um Rand mais fraco continuoutambm a contribuir para exercer alguma presso sobre oaumento do valor das importaes, embora no primeiro

    trimestre o Rand tenha recuperado ligeiramente ou pelomenos estabilizado, depois de uma desvalorizao de maisde 20% em 2013. Por outro lado, o crescimento dasexportaesfoi menos dinmico, o que pode ser justificadoem parte por diversos constrangimentos do lado da ofertaque afectaram a produo do sector mineiro (que representacerca de 25% do total das exportaes). Ainda assim asexportaes (excluindo ouro) avanaram 22.9% em termoshomlogos, apesar de uma contraco de 0.2% em relaoao trimestre anterior, tendo sido estimuladas nomeadamentepelo sector das indstrias de construo de veculos detransporte. Paralelamente, a queda estrutural da produode ouro contribuiu para a desacelerao do crescimento dasexportaes, com as exportaes (lquidas) de ouro no

    primeiro trimestre do ano a contrarem 25.7% y/y e 20.6%q/q.

    Evoluo das exportaes e importaes

    (taxa de variao homloga)

    Composio da Balana Corrente

    (milhes r; % PIB)

    Porm, o agravamento do dfice da balana comercial no primeiro trimestre foi compensado por uma reduo dosdfices das balanas de servios e rendimentos. O dfice da balana de servios apresentou uma queda acentuadapara R2.3 mil milhes, reflectindo um crescimento de 12.7% y/y das receitas do sector dos servios (que dever terbeneficiado de um aumento das receitas de turismo, sector que pode ter sido incentivado pela desvalorizao cambial).Por seu turno, os crditos na balana de rendimentos mantiveram a tendncia de crescimento, e ascenderam ao valormais elevado de sempre, registando receitas de R25 mil milhes face a um aumento dos dividendos dos investidores noestrangeiro. Por ltimo, o saldo negativo das transferncias correntes continua a espelhar as transferncias de capitaisnomeadamente sobre a forma de remessas. Desta forma, acabou por se verificar um estreitamento do dfice da balanacorrente para R43.8 mil milhes no primeiro trimestre de 2014, que compara com um dfice de R50 mil milhes noperodo homlogo, embora com um ligeiro agravamento face ao trimestre anterior. Em percentagem do PIB, o dficecaiu para 5.1%, face a 6.2% no trimestre homlogo, e que em termos anualizados e ajustado para a sazonalidadeequivale a -4.5% do PIB. Este dfice foi financiado maioritariamente por outros investimentos (R11.8 mil milhes),seguido de investimento em carteira (R3.4 mil milhes) e investimento directo estrangeiro (R2.6 mil milhes), paraalm de R21.3 mil milhes de transaces no registadas.

    Fonte: Statstics Shouth frica

    -15%

    -10%

    -5%

    0%

    5%

    10%

    15%20%

    25%

    Mai-11 Nov-11 Ma i-12 Nov-12 Ma i-13 Nov-13 Ma i-14

    Expo rt a es exc l. o uro Expo rta es

    Impo rtaes Importaes excl. petr leo

    Fonte: SARB

    -80,000

    -60,000

    -40,000

    -20,000

    0

    20,000

    40,000

    1T 2T 3T 4T 1T 2T 3T 4T 1T 2T 3T 4T 1T

    2011 2012 2013 2014

    -8.0

    -6.0

    -4.0

    -2.0

    0.0

    2.0

    4.0

    B al. Co mercial B al. Servio sBal. Rendimentos T ransf . Co rrentes

    Co nta Corrente (ELD)

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    SECTOREXTERNOFRICADOSUL

    Balana corrente(R milhes; no ajustados)

    2011 2012 2013 20141T 2T 3T 4T 1T 2T 3T 4T 1T 2T 3T 4T 1T

    Balana corrente -15,692 -13,903 -26,742 -11,753 -34,214 -42,912 -44,950 -42,472 -50,195 -49,690 -61,311 -35,983 -43,769% PIB -2.2 -1.9 -3.6 -1.5 -4.6 -5.5 -5.6 -5.2 -6.2 -5.9 -7.1 -4.1 -5.0

    Export. de bens (fob) 161,534 172,079 186,090 194,763 176,252 181,815 191,486 194,258 187,125 208,812 227,361 230,417 229,984Export. ouro ( l quidas) 14,805 16,617 21,286 22,590 18,128 18,526 17,620 16,776 16,064 16,505 16,296 15,022 11,930Import. de bens (fob) 165,954 172,089 194,408 210,228 203,253 206,616 219,832 224,738 226,538 240,859 270,028 253,761 266,702

    Bens (lq.) 10,385 16,607 12,968 7,125 -8,873 -6,275 -10,726 -13,704 -23,349 -15,542 -26,371 -8,322 -24,788

    Receitas de servios 25 ,477 23,938 27,429 30,981 30,757 29 ,166 30,954 33,455 33,610 31,936 34 ,215 36,990 37,867Pag. de servios 33 ,962 36,115 36,019 36,134 34,451 36 ,285 37,061 37,209 37,054 40,742 40 ,560 40,000 40,165

    Servios (lq.) -8,485 -12,177 -8,590 -5,153 -3,694 -7,119 -6,107 -3,754 -3,444 -8,806 -6,345 -3,010 -2,298

    Receitas de rendimentos 9,841 10,065 10,316 7 ,896 12 ,429 12,785 14,025 9,262 18,609 15,157 20,335 10 ,340 25,071

    Pag. de rendimentos 24 ,971 24,000 37,337 18,381 29,656 33 ,035 32,636 26,101 33,674 32,594 40 ,734 28,763 34,736Rendimentos (lq.) -15,130 -13,935 -27,021 -10,485 -17,227 -20,250 -18,611 -16,839 -15,065 -17,437 -20,399 -18,423 -9,665

    Tranf. Correntes (lq.) -2,462 -4,398 -4,099 -3,240 -4,420 -9,268 -9,506 -8,175 -8,337 -7,905 -8,196 -6,228 -7,018Fonte: Banco Reserva da frica do Sul.

    Composio da Balana Financeira

    (milhes R)

    Reservas internacionais e taxa de cmbio

    (mil milhes; USD/ZAR)

    Assim os investimentos de carteira e outros investimentos apresentam-se como importantes componentes para fazer face snecessidades de financiamento externas da frica do Sul. No entanto, os fluxos de capitais para as economias emergentestm sido alvo de alguma volatilidade na sequncia da expectativa da normalizao das polticas monetrias acomodatcias

    nas economias avanadas, o que tem mesmo levado alguns investidores a voltarem-se para activos mais seguros. De facto,depois de em meados de 2013, o anncio do final do programa de compra de activos da Reserva Federal norte-americana tercontribudo para gerar alguma averso ao risco nestes mercados, as economias emergentes voltaram a enfrentar um perodode forte agitao no incio de 2014. No entanto, o compromisso da autoridade monetria norte-americana de que esteaumento seria gradual serviu para acalmar os mercados, e os investidores internacionais voltaram a mostrar interesse eminvestir em activos da frica do Sul, nomeadamente atrados pela desvalorizao do Rand (e na expectativa da sua posteriorvalorizao).

    No entanto, a frica do Sul continua a ser apontada como uma das economias mais vulnerveis a alteraes do sentimentode mercado que tendero a surgir nomeadamente durante este perodo que a antecede a inverso de polticas monetriasnas economias avanadas, principalmente face ao agravamento do dfice de conta corrente, financiado atravs de investimentosde carteira de curto prazo. Para alm disso, acrescentam-se os factores estruturais da economia Sul-africana (dfice fiscal ede conta corrente, tenses laborais, dificuldade de fornecimento de energia e fraco crescimento econmico), que podemtambm aumentar os riscos de uma sada desordenada dos investidores estrangeiros. Assim, para alm de um regime decmbios flexveis, importante o reforo de reservas internacionais para atenuar os efeitos destes possveis ajustamentosnos mercados de capitais. No final de 2013, as reservas internacionais rondavam os USD 51 mil milhes, tendo diminudoapenas ligeiramente para USD 49 mil milhes no final de Junho deste ano, sendo ainda suficientes para cobrir cerca de 5.6meses de importaes de bens.

    Fonte: SARB

    -40,000

    -20,000

    020,000

    40,000

    60,000

    80,000

    1T 2T 3T 4T 1T 2T 3T 4T 1T 2T 3T 4T 1T

    2011 2012 2013 2014

    Inv. Directo Lq. Inv. Carteira lq.

    Outros Inv. Lq. Bal. FinanceiraFonte: Bloomberg/SARB

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    20

    30

    40

    50

    60

    2001 200 200 200 200 200 200 200 200 2010 2011 2012 2013 2014

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    4

    6

    8

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    Reservas Int . brutas USD/ZAR (ELD)

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    SECTOREXTERNO FRICADOSUL

    Balana financeira(R milhes; no ajustados)

    2011 2012 2013 20141T 2T 3T 4T 1T 2T 3T 4T 1T 2T 3T 4T 1T

    Variao de PassivosInvest. do ext. na f rica do Sul 4 ,340 15,308 -6,725 17,885 10,193 5,661 22,555 -981 11,047 16,589 47,368 4,051 7,987Investimento de car teira 20,789 35,102 -22,473 12,460 32,162 22,784 27,603 12,490 21,784 1,751 55,619 -8,219 12,335Outros investimentos -3,978 13,665 21,409 11,971 16 20,371 8,110 38,331 24,514 -440 -6,360 32,085 37,866

    Variao de ActivosInvest. da f rica do Sul no ext. -12,583 -701 11,044 4,105 -1,813 -4,012 -3,231 -15,472 -6,208 -10,438 -29,245 -8,369 -5,398Investimento de carteira -17,706 -29,895 -8,757 2,589 -21,399 -4,653 -5,271 -9,239 -5 ,893 -6,381 -5,516 6,278 -8,942Outros investimentos 36,285 -13,484 13 ,183 -37 ,951 22 ,366 -16 ,703 21,116 14,081 -9,758 4 ,595 7,647 2,037 -26,099

    Total das transaces f inanc.* 47,823 16,197 26,284 10,249 41,829 39,035 49,640 42,760 51,283 34,481 79,939 35,891 39,019Fonte: Banco Reserva da frica do Sul.Nota: *inclui as transaces no registadas e incluidas na rbrica de erros e omisses.

    1 UNCTAD (United Nations Conference on Trade and Development)

    De acordo com o World Investment Report1, o investimentodirecto estrangeiro (IDE) no continente Africano ascendeuao valor mais elevado de sempre de USD 41.7 mil milhes, ea frica do Sul manteve-se como o principal destinatrio deIDE, com os fluxos a ascenderem a USD 8.2 mil milhes em2013, um aumento de 80% em relao aos USD 4.6 milmilhes registados em 2012. Os dados revelam tambm quea quota do investimento na frica do Sul sobre o total de IDEem frica aumentou de 12% em 2012, para 20% em 2013.O crescimento considervel de IDE na frica do Sul, decerta forma surpreendente num perodo de enfraquecimentodo crescimento econmico, tenses sociais e incerteza quantoaos desenvolvimentos polticos, mas ainda assim. Mas poroutro lado, deve reconhecer-se que a frica do Sul aindaapresenta condies bastante atractivas em comparao comos restantes pases do continente (em particular, um sistemabancrio desenvolvido, abundncia de recursos minerais,fora de trabalho qualificada e polticas de apoio aodesenvolvimento industrial em particular no sectorautomvel). Para alm disso, o relatrio identifica a fricado Sul como um dos principais investidores de IDE, com osfluxos de sada de capitais a avanarem para USD 5.6 milmilhes, sendo este montante direccionado essencialmentepara o continente africano.

    Finalmente, a dvida externa voltou a aumentar em 2013,representando agora cerca de 39% do PIB, um aumentocomparativamente a um rcio de 37% do PIB em 2012.Desta forma, o risco baixo, mas os persistentes dficesde conta corrente, justificados essencialmente pelo elevadoinvestimento em infra-estruturas pblicas, podero pr emcausa a sustentabilidade da dvida externa. Para alm disso,a normalizao das taxas de juro globais pode contribuirpara a deteriorao do dfice externo, sendo que o aumentoda dvida externa aumenta a vulnerabilidade do pas achoques externos e a dificuldades de refinanciamento.Contudo, grande parte dos activos continuam a serdenominados em moeda nacional (55% no ltimo trimestrede 2013), e uma grande parte da dvida beneficia de taxasde juro fixas.

    Investimento Directo Estrangeiro na fricaSubsariana(milhes USD)

    Dvida Externa

    (milhes de USD)

    Fonte: UNCTAD 2014

    0

    5,000

    10,000

    15,000

    20,000

    25,000

    30,000

    35,000

    40,000

    45,000

    2008 2009 2010 2011 2012 2013

    Outros pases fricaSubsarianaCongo

    Rpublica Dem.CongoGana

    Nigria

    Moambique

    frica do Sul

    Fonte: SARB

    0

    20,000

    40,000

    60,000

    80,000

    100,000

    120,000

    140,000160,000

    1T 2T 3T 4T 1T 2T 3T 4T 1T 2T 3T 4T

    2011 2012 2013

    Moeda estrangeira Mo eda local

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    SISTEMAFINANCEIRO

    Teresa Gil Pinheiro

    FRICADOSUL

    Evoluo dos activos da banca

    (mil milhes rands, taxa variao homloga)

    O crd. ao sect. priv. com sinais de aceleraomovido por cresc. mais robustos do crdito a ENF(taxa variao homloga)

    Os depsitos apresentam taxas de crescimento em

    torno dos 6%.(taxa de variao homloga)

    Distrib. sectorial do crdito ao sector empresarial (%)

    Dez-11 Jun-12

    Agricultura, caa, silvicultura e pesca 2.6 2.7

    Indstrias extractivas 5.6 5.8

    Manufactura 6.5 6.9

    Electricidade, gs e gua 1.3 1.1

    Construo 1.8 1.8

    Comrcio por grosso e a retalho, hotis e restaurantes 6.0 6.6

    Transportes, armazenagem e comunicaes 5.2 5.3

    Intermediao financeira e seguros 38.4 38.5

    Actividades imobilirias 9.7 8.0

    Servios prestados s empresas 5.6 5.7

    Servios comunitrios, sociais e pessoais 8.2 9.9

    Outros 9.2 7.7

    Fonte: SARB.

    Os depsitos representam 82% do PIB e 72% dos activos, apresentando, ao longo dos ltimos 12 meses ritmos de crescimentoprximos de 7%. O crescimento mais acentuado dos depsitos em moeda estrangeira reflecte o movimento de depreciaodo rand. As empresas no financeiras detm mais de metade dos depsitos junto do sistema financeiro, enquanto que osparticulares detm uma parcela de 25%. Os depsitos de mdio e longo prazo representam 62% do total dos depsitos,representando um factor de estabilidade para a banca sul-africana.

    Empresas no financeiras so os principais

    detentores de depsitos(% do total de depsitos)

    Maior peso dos depsitos a mdio e longo prazo

    (% do total de depsitos)

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    Em Maio de 2014, estavam cotadas na bolsa de Joanesburgo - JSE - 326 empresas, tendo a capitalizao bolsista atingido os10761 mil milhes de rands, mais 40% do que no mesmo perodo de 2013. E no final do primeiro semestre, o respectivondice bolsista superava os 50 mil pontos. No entanto, o volume de negcios permanece abaixo dos nveis observados em2008, situando-se em 3.6 mil milhes de rands em Junho. Os sectores com maior volume de negcio e o respectivo peso no

    ndice global so o industrial, representando cerca de 14% do volume total transaccionado, o mineiro (11%), o sectorfinanceiro (8%), o petrolfero (6.5%) e o de retalho (5%).

    Teresa Gil Pinheiro

    MERCADODECAPITAIS

    Evoluo do ndice FTSE/JSE

    (ndice, mil milhes de rands)

    Capitalizao bolsista em % do PIB

    (% do PIB)

    Maturidade da dvida soberana

    (mil milhes de rands)

    A actividade no mercado primrio dominada pela emisso de dvida pblica. De acordo com o relatrio de estabilidadefinanceira de Junho de 2014, nos primeiros cinco meses do ano, foram emitidos 71.1 milhes de rands de dvida pblica,mais 27% do que no mesmo perodo do ano transacto, sendo que o montante de dvida soberana representa 89% do totaldas emisses lquidas do sector pblico, 10% emitido por empresas pblicas e apenas 1% emitido pelos governos locais.

    De acordo com informao disponvel na Bloomberg, o total das emisses de dvida soberana ascendia a 2920 mil milhes derands em meados de Julho, dos quais 1383 mil milhes referem-se a emisses no mercado domstico e 96 mil milhes aemisses no mercado internacional. A vida mdia das emisses domsticas aproximadamente 12 anos e da internacional de 8 anos. As emisses de governos locais ascendiam a 18.9 mil milhes de rands e as das empresas pblicas a 191 milmilhes, dos quais 129 mil milhes se referem a emisses da Eskom.

    Quanto s emisses de dvida diversa, o montante emitido ascendia a 474 mil milhes de rands e a vida mdia das emissesera de 5.3 anos. Neste mercado, os principais vencimentos concentram-se entre 2015 e 2017. Com efeito neste triniovencem 201 mil milhes de rands, ou seja 42% do total das emisses vivas.

    Maturidade da dvida diversa

    (mil milhes de rands)

    FRICADOSUL

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    POLTICAMONETRIAECAMBIAL

    Na reunio do comit monetrio do Banco central da fricado Sul (SARB) de Janeiro de 2014 foi decidido subir a princi-pal taxa de juro de referncia de 5% para 5.5%, sinalizandoo final de ciclo que levou a repo rate ao nvel mnimo de 5%.

    De facto, desde o mximo de 12% registado em Junho de2008, ocorreu uma gradual mas firme descida dos juros ataos 5%, acompanhando o perodo de menor crescimentoeconmico a nvel mundial (recesso nos blocos econmicosmais desenvolvidos), com a generalizao da crise iniciadanos EUA com o subprime. Contudo, esse perodo de polticasmonetrias fortemente expansionistas terminou, tendo obanco central sul-africano dado o primeiro sinal em termosdomsticos do incio da normalizao da poltica monetriacom a subida da repo rate. Durante mais de ano e meio (de20-07-2012 a 30-01-2014) a taxa manteve-se no valormnimo 5%.

    Banco da frica do Sul - evoluo da r e p o r a t e

    (%)

    Evoluo do USD/ZAR

    (x rands por USD)

    FRICADOSUL

    Na mais recente reunio do comit monetrio, realizada dia 17 de Julho, foi decidido prosseguir o processo de

    gradual normalizao da poltica monetria com uma subida de 25 pontos base da taxa r e p o , fixando-se assimem 5,75%. Dada a trajectria esperada da inflao, a taxa r e p o real permanece ligeiramente negativa, abaixodo nvel neutral de longo prazo. Segundo o SARB, a orientao da poltica monetria permanece favorvel economia nacional e movimentos futuros de subida de juros sero graduais, dependentes da evoluomacroeconmica, nomeadamente das expectativas relativas inflao.

    No incio de 2014, a autoridade monetria central aguardavao comeo do afunilamento da liquidez introduzida pelaReserva Federal norte-americana atravs dos programas dequantitative easing, que veio a acontecer a partir deFevereiro, acompanhado pelo surgimento de grandeturbulncia nos mercados financeiros, dados os receios demaior dificuldade de acesso ao crdito por parte de

    economias emergentes f inanceiramente maisdesequilibradas. Tambm, enquanto os EUA sinalizavam aretoma econmica, assim como a melhoria no Reino Unido,a China iniciava um perodo de abrandamento econmico.Neste mbito, o SARB questionava como reagir ao cenrioformado na altura e que combinava depreciao das moedas,fuga de capitais, abrandamento do crescimento, aumentoda inflao, dfices corrente e fiscal significativos edeteriorao da confiana, que originavam trade-offs dedifcil gesto para algumas economias emergentes.

    Em resultado deste cenrio, o rand sul-africano (ZAR) foidas moedas mais afectadas, a par da lira turca, da rupiada Indonsia, da rupia da ndia e do real brasileiro (Frag-

    ile Five). Em 2014, o USD/ZAR alcanou o valor mais altodesde 2008, 11.3865, exactamente no dia em que o bancocentral decidiu subir a sua taxa directora para 5.50%. Apartir desse dia, o USD/ZAR comeou a corrigir apronunciada tendncia de alta e o rand parou de sedesvalorizar face ao dlar. Do valor mnimo dos ltimosanos, 6.5175 (Dezembro de 2010), at ao valor mximo,11.3865 (Janeiro de 2014), a moeda sul-africana sofreuuma desvalorizao na ordem dos 75% em relao ao dlar,em trs anos (30% em termos de taxa de cmbio efectiva).A actual estabilizao (embora haja alguma volatilidadeno mercado) deve ser encarada como positiva em todosos aspectos, j que diminui a presso ascendente sob a

    inflao. O SARB considera que a depreciao do rand e oaumento dos preos dos bens alimentares justifica oandamento da inflao, embora no haja uma evidentepresso vinda do consumo domstico.

    6

    7

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    9

    10

    11

    12

    Jan-08 Jan-09 Jan-10 Jan-11 Jan-12 Jan-13 Jan-14

    Fonte: Bloomberg

    Taxa de cmbio efectiva do rand: desvalorizao de30% desde 2011(ndice)

    45

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    105

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    Jun-08 M ar-09 Dez-09 Set-10 Jun-11 M ar-12 Dez-12 Set-13 Jun-14

    Nominal RealFonte: Bloo mberg

    -30%

    0.0

    2.0

    4.0

    6.0

    8.0

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    12.0

    14.0

    17-10-2003 03-08-2006 12-10-2007 06-02-2009 26-03-2010 17-07-2014

    Fonte: SARB

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    E.E.F.Mercados FinanceirosAgosto 2014

    POLTICAMONETRIAECAMBIALFRICADOSUL

    A autoridade monetria tem vindo ainda a referir o risco deuma espiral inflacionista pela via dos custos salariais peranteo teor dos acordos de negociao salarial acima da inflao edos ganhos de produtividade. De facto, existe desconforto

    com os actuais nveis de inflao e reconhece-se que os riscosso ainda ascendentes, em parte provenientes dadesvalorizao cambial (desde a reunio do Comit de PolticaMonetria de Maio o cmbio depreciou-se 2.6% em termosmdios efectivos) e recordam que uma deteriorao da situaorequerer uma aco sem hesitaes.

    De facto, a recente evoluo tem mostrado uma inflao emvalores altos e com tendncia de subida, acima do topo dabanda de inflao definida pelo banco central (6%). E aexpectativa de que permanea acima deste nvel durantealgum tempo. As previses do SARB indicam uma taxa anualde 6.2% em 2014 (5.30% em 2013) e de 5.8% em 2015 e5.5% em 2016. A autoridade monetria chega mesmo a

    detalhar que a inflao acima dos 6% decorrer durante operodo compreendido entre o 2 trimestre de 2014 e o 2trimestre de 2015.

    Mas o SARB relembrou, de forma a no se geraremexpectativas nos mercados, que um ciclo de subida dos jurosno implica obrigatoriamente aumentos das taxas em cadareunio, assim como dimenses de aumento idnticas. Existeo reconhecimento que se est perante um ciclo de subida/normalizao das taxas de juro, mas a deciso depender emcada momento de um conjunto de informaes econmicas ede condicionantes de vria ordem, nomeadamente do valorda moeda e da conjuntura internacional.

    Por outro lado, o SARB reconhece que, embora a envolventeexterna seja favorvel, o crescimento interno mostra sinaisde deteriorao. Um dos factos preocupantes foi a greve dostrabalhadores das minas de platina, com custos econmicos esociais considerados muito significativos. No final de Junho, agreve terminou, tendo durado 152 dias, ficando para a histriacomo a mais longa e com custos mais elevados na frica doSul. O sector absorve 70 mil trabalhadores e responsvelpor 2/3 da produo mundial.

    Evoluo da inflao anual

    (%)

    0.00%

    1.00%

    2.00%

    3.00%

    4.00%

    5.00%

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    7.00%

    8.00%

    9.00%

    10.00%

    2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013

    Fonte: BoSA

    Evoluo da inflao mensal anualizada

    (%)

    5.00%

    5.20%

    5.40%

    5.60%

    5.80%

    6.00%

    6.20%

    6.40%

    6.60%

    6.80%

    Jun-13 Ago-13 Out-13 Dez-13 Fev-14 Abr-14Fonte: BoSA

    Neste contexto, os sectores da indstria e da extraco mineira podero ter contrado no 2 trimestre do ano, assim como osector elctrico, o que torna ainda mais desafiante a poltica monetria a prosseguir pelo banco central. Em termos globais,o banco central espera um aumento do crescimento econmico de 2.1% em 2014 (revisto em baixa de 2.6%), permitindo a

    ampliao do output gap; 3.1% em 2015 e 3.4% em 2016.

    Quanto situao cambial, o SARB tem mostrado sensibilidade em relao aos movimentos da moeda sul-africana. Reconhecea sua vulnerabilidade perante a percepo de alterao da poltica monetria dos EUA e os movimentos de capitais associados,mas tambm em relao a factores domsticos como a sustentabilidade da actual situao financeira e evoluo das balanascorrente e fiscal. No entanto, a presso cambial mostra-se aparentemente menor que no ano passado e o banco central sul-africano tem optado por no intervir neste mbito, para mais que existe uma estabilizao das reservas em nveis mximos.Este montante de 49 mil milhes de dlares de reservas globais (valor de Junho), assim como os 41 mil milhes quecorrespondem s reservas cambiais, colocam o pas na 38 posio numa lista de 100 pases. O prprio banco central avesso a intervenes que definam valor artificial sua moeda e estabeleceram como objectivo que o valor global dasreservas devem proporcionar uma cobertura de 4.6 meses das importaes do pas.

    A expanso do crdito tem sido moderada e os bancos mostram-se relativamente robustos. O total de crdito ao sectorprivado cresceu taxa anual de 8.2% em Maio. Contudo, enquanto cresceu 13.3% para as empresas, numa tendncia deacelerao desde o inc