BPI Análise Mercados Financeiros Jul.2014

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Análise de mercados financeiros

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  • ESTUDOS ECONMICOSE FINANCEIROS

    Anlise Mensal11 de Julho de 2014

    Mercados FinanceirosPaula Gonalves Carvalho

    Agostinho Leal AlvesLuisa Teixeira Felino

    Pedro Miguel MendesTeresa Gil Pinheiro

    EXPECTATIVAS MISTAS

    A probabilidade de que se assista a uma acelerao do crescimento econmico globalao longo do segundo semestre de 2014 tem vindo a aumentar, embora subsistam aindaincertezas. De facto, se nos EUA e China os indicadores mais recentes apontam nosentido da acelerao do crescimento, nos pases da UEM os sinais so menos definidos,sobretudo pelo lado da oferta dada a perda de fulgor evidente no andamento dosindicadores prospectivos. Mesmo nos EUA, no obstante a criao robusta de emprego,que se situa acima dos 200 mil postos de trabalho por ms em mdia, ao longo doltimo ano (mais elevado desde Maro de 2008), a anlise do detalhe do relatriosugere que o impacto no rendimento das famlias ainda contido. Por outro lado, osindicadores do mercado imobilirio tardam em robustecer de forma mais notria,sinalizando a dificuldade de debelar uma bolha especulativa e respectivo excesso deoferta neste tipo de activos. No actual contexto, em que se assiste a um arrastamentodos nveis de crescimento em valores historicamente baixos e as principais economiassurgem ainda estruturalmente frgeis e com desequilbrios por corrigir, so incertas asconsequncias de uma hipottica alterao da percepo dos investidores relativamente tomada de risco.

    Apesar da amplitude das medidas anunciadas pelo BCE, o EUR/USD tem permanecidoacima da importante fasquia de 1.35. No obstante as expectativas da generalidadedos operadores e analistas de mercado, que apostam num dlar mais forte at final doano, vrios factores continuam a suportar o euro. Com destaque para os fluxos decapitais que continuam a fluir para a regio dado o afastamento de cenrio de rupturae as apostas na convergncia de taxas dos pases perifricos. Mas este equilbrio podersofrer alteraes com a proximidade do primeiro leilo das novas TLTRO pelo BCE e ofim das medidas quantitativas pela Reserva Federal, respectivamente em Setembro eOutubro.

    Os bancos centrais vo manter uma postura atenta, de suporte ao crescimento e prticade polticas monetrias acomodatcias. Todavia, o grau de acomodao ou deexpansionismo dever ser crescentemente monitorado e, eventualmente, ajustado,sobretudo nos pases mais avanados no ciclo econmico. Neste contexto, crescem asexpectativas relativamente possibilidade de alterao do ciclo de poltica monetriapelo Banco de Inglaterra, alterao que contudo no se prev que ocorra to cedo, eque dever ser amplamente sinalizada. Nos EUA, dificilmente a autoridade monetriaadoptar uma postura mais agressiva sem um quadro econmico mais robusto. O finaldo Vero poder trazer alteraes de expectativas neste domnio.

    Ampla liquidez, ausncia de inflao e crescimento econmico moderado e ainda frgilnos principais blocos econmicos justificam a persistncia das taxas de juro de longoprazo dos 10 anos em nveis historicamente baixos. Todavia, o diferencial entre USTreasuries e Bund tem vindo gradualmente a alargar sinalizando no s fundamentoseconmicos distintos, como tambm o diferente posicionamento no ciclo de taxas dejuro. Efectivamente, nos EUA discute-se o momento de subida da taxa directora duranteo prximo ano, enquanto na regio do euro a autoridade monetria poder ainda reforaro cariz expansionista da sua poltica. As expectativas de inflao apontam tambmpara caminhos diferentes nos dois mercados, pois nos EUA comea-se a perspectivaruma lenta elevao. Entretanto, h sinais de exausto no movimento de estreitamentodos prmios dos perifricos, onde as valorizaes reflectem cada vez mais factoresintrnsecos.

    As valorizaes expressivas dos mercados de aces considerados de referncia deveroprocurar crescentemente justificao no andamento dos resultados das empresas edas respectivas economias. Neste contexto, ser fundamental a confirmao daacelerao da actividade global no segundo semestre. Na Europa, o calendrio derealizao e divulgao dos resultados dos stress-tests pelo BCE e Autoridade BancriaEuropeia (EBA no acrnimo ingls) penalizam as bolsas, sobretudo em mercados ondeo sector bancrio tem maior peso nos respectivos ndices.

    Nesta publicao disponibilizamos uma anlise sobre as exportaes de bens e serviose uma caracterizao do sector empresarial no financeiro em Portugal.

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  • EXPECTATIVAS MISTAS

    O recente foco de instabilidade nos mercadosfinanceiros internacionais vem recordar que existemainda vulnerabilidades latentes na regio do europor resolver. Por outro lado, esta perturbao ocorrenum contexto em que os baixos nveis devolatilidade - ndice VIX em mnimos de 7 anos - eelevada complacncia comeavam a causar algumdesconforto, pelo que este poder ser o mote parauma correco e alvio de algumas tenses. Parareforar as tendncias favorveis que tm dominadoos activos financeiros, reflectidas em taxas de juroem mnimos histricos e comportamento favorveldos principais ndices accionistas, ser determinantea confirmao de acelerao do crescimento globalao longo do segundo semestre. Assim, osindicadores de actividade e de confiana dos EUA,China e regio do euro continuaro sob apertadoescrutnio. Nas economias desenvolvidas seriadeterminante, para alm do reforo das intenesde investimento empresarial, o fortalecimento dosindicadores laborais com destaque para os ndicesde rendimento. Entretanto, o pendor das polticasmonetrias nas principais regies econmicasmanter-se- acomodatcio e as taxas de juro decurto prazo de referncia em patamares muitobaixos, conferindo suporte ao crescimento etambm tomada de risco.

    DEPARTAMENTO DEESTUDOS ECONMICOS E FINANCEIROS

    Paula Gonalves Carvalho Economista ChefeTeresa Gil PinheiroLusa Teixeira FelinoPedro Miguel Mendes

    ANLISE TCNICAAgostinho Leal Alves

    Tel.: 351 21 310 11 86 Fax: 351 21 353 56 94Email: [email protected] www.bancobpi.ptwww.bpiinvestimentos.pt/Research

  • NDICEPg.

    Perspectivas Globais e Principais Factores de Risco 04

    Principais Mercados: Recomendaes 05

    TEMAS EM DESTAQUE

    EFEITOS ONE-OFF AFECTAM A CAPACIDADE DE FINANCIAMENTO DA ECONOMIA 07CRESCIMENTO MUNDIAL DECEPCIONA 09ESPANHA - CRESCIMENTO GANHA FORA 11

    ECONOMIAS

    GLOBAL - ACENTUAM-SE AS DIVERGNCIAS 13PORTUGAL - RUDO DE FUNDO NO PIB DO 1T 14AMRICA LATINA - FASES DISTINTAS DO CICLO 15ANGOLA - INFLAO ABRANDA NOVAMENTE MAS EXPORTAESDE PETRLEO VOLTAM A DESAPONTAR 16MOAMBIQUE - EXPLORAO DAS RESERVAS DE GS NATURALGANHA NOVOS CONTORNOS 17FRICA DO SUL - QUEDAS EM SECTORES CHAVE CONTINUAMA AFECTAR CRESCIMENTO 19

    MERCADOS

    MERCADO CAMBIALDLAR MOSTRA-SE MAIS FORTE CONTRA O EURO 21NORMALIZAO E ESTABILIZAO DAS MOEDAS 22

    MERCADO MONETRIOBANCOS CENTRAIS EM DIFERENTES CICLOS 23

    MERCADO DE DVIDA PBLICASEM FULGOR 24

    MERCADO DE DVIDA DIVERSASEGMENTO HIGH-YIELD EVIDENCIA-SE 25

    MERCADOS ACCIONISTASPSI 20 EM CONTRACICLO, AFECTADO PELA BANCA 26

    MERCADO DE COMMODITIESREGRESSO DAS TENSES GEOPOLTICAS 27

    PREVISES

    Economias DesenvolvidasMercados EmergentesPrevises Econmicas do BPI 29

    Taxas de CmbioTaxas de Juro 30

    Taxas Oficiais dos Principais Bancos Centrais 31

    Taxas de Cmbio dos Mercados EmergentesTaxas de Juro dos Mercados Emergentes 32

    OPINIO

    ANLISE DO SECTOR EMPRESARIAL NO-FINANCEIRO EM PORTUGAL 33

    COMO SE ESTO A COMPORTAR AS EXPORTAES? 47

    BASES DE DADOS 55

  • 4E.E.F. Mercados Financeiros Julho 2014Pe

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    da q

    ueda

    dos

    pre

    os

    das

    com

    mod

    ities

    , co

    ndi

    es d

    e fin

    ancia

    men

    to e

    xter

    no m

    ais

    rest

    ritiv

    as e

    con

    stra

    ngim

    ento

    s do

    lado

    da

    ofer

    ta.

    . To

    davi

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    per

    form

    ance

    dep

    ende

    r d

    as c

    arac

    ters

    ticas

    de

    cada

    eco

    nom

    ia,

    pode

    ndo

    as e

    cono

    mia

    s m

    ais

    fragi

    lizad

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    Bras

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    rgen

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    dep

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    -se

    com

    um

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    te m

    ais

    adve

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    Por

    out

    ro la

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    onm

    ico o

    rient

    ado

    para

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    vest

    imen

    to

    con

    tinua

    ro

    a ex

    ibir

    taxa

    s de

    cre

    scim

    ento

    mai

    s el

    evad

    ase

    a au

    men

    tar

    o se

    u co

    ntrib

    uto

    para

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    resc

    imen

    to r

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    . O cr

    escim

    ento

    eco

    nm

    ico m

    ant

    m-s

    e el

    evad

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    m p

    arte

    por

    flux

    os d

    e ca

    pita

    l est

    rang

    eiro

    orie

    ntad

    ospa

    ra s

    ecto

    res

    de e

    xplo

    ra

    o de

    rec

    urso

    s m

    iner

    ais

    e pa

    ra o

    des

    envo

    lvim

    ento

    de

    infra

    -est

    rutu

    ras.

    Em

    201

    4, o

    cres

    cimen

    to d

    a ec

    onom

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    ever

    ta

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    enef

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    um m

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    ta

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    nom

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    a re

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    s ec

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    ias

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    ona

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    . Ex

    istem

    tam

    bm

    ref

    orm

    as e

    stru

    tura

    is em

    curs

    o qu

    e de

    ver

    o se

    r res

    pons

    vei

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    o au

    men

    to d

    o cr

    escim

    ento

    pot

    encia

    l em

    det

    erm

    inad

    os p

    ase

    s. A

    figur

    am-

    se m

    elho

    res

    pers

    pect

    ivas

    nos

    pa

    ses

    expo

    rtad

    ores

    de

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    leo

    e n

    os p

    ase

    s m

    ais

    pobr

    es,

    o qu

    e de

    ver

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    lsion

    ar o

    cre

    scim

    ento

    da

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    o.

    . O ri

    tmo

    e o

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    esso

    de

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    nso

    con

    tinua

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    da v

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    nte,

    dep

    ende

    nte

    dos

    EUA;

    ass

    ente

    no

    dese

    mpe

    nho

    dos

    mer

    cado

    s fin

    ance

    iros;

    vul

    ner

    vel

    inst

    abili

    dade

    em

    alg

    uns

    emer

    gent

    es;

    depe

    nden

    te d

    o an

    dam

    ento

    da

    econ

    omia

    da

    Chin

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    aixo

    s n

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    fla

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    per

    odo

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    ado

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    empo

    , pod

    e tra

    duzir

    -se

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    are

    du

    o da

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    pect

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    s, c

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    pact

    o na

    act

    ivid

    ade

    e no

    pes

    o da

    dv

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    . Nos

    pr

    xim

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    o p

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    sso

    de re

    tirad

    a de

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    mul

    os p

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    Rese

    rva

    Fede

    ral p

    oder

    or

    igin

    ar p

    ertu

    rba

    es

    nos m

    erca

    dos f

    inan

    ceiro

    s, co

    m im

    pact

    o na

    eco

    nom

    ia re

    al e

    na

    conf

    ian

    a do

    s age

    ntes

    eco

    nm

    icos.

    Act

    ualm

    ente

    as e

    xpec

    tativ

    as d

    e au

    men

    to d

    os ju

    ros

    pelo

    ban

    co c

    entr

    al d

    os E

    UA e

    sto

    de

    acor

    do c

    om o

    cal

    end

    rio s

    uger

    ido

    pela

    Res

    erva

    Fed

    eral

    (a

    parti

    r de

    mea

    dos

    de 2

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    .

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    scos

    par

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    cres

    cimen

    to e

    sto

    lige

    iram

    ente

    env

    iesa

    dos

    no s

    entid

    o de

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    dent

    e, p

    or v

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    o ef

    eito

    no

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    umo

    priva

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    a su

    bida

    do

    IVA;

    arr

    efec

    imen

    to c

    hin

    s po

    der

    afe

    ctar

    exp

    orta

    es

    . Mas

    h

    tam

    bm

    fact

    ores

    que

    pode

    ro

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    se e

    m c

    resc

    imen

    to m

    ais

    fort

    e: t

    axas

    de

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    rei

    as n

    egat

    ivas

    pod

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    pulsi

    onar

    oin

    vest

    imen

    to;

    poss

    ibili

    dade

    de

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    do im

    post

    o so

    bre

    os lu

    cros

    e m

    erca

    do d

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    ho p

    oder

    o s

    upor

    tar

    cres

    cimen

    to.

    . In

    fla

    o re

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    uro

    forte

    e q

    uest

    es

    de o

    rdem

    pol

    tica

    s su

    rgem

    com

    o os

    prin

    cipai

    s fa

    ctor

    es d

    e ris

    copa

    ra o

    cre

    scim

    ento

    .

    . Per

    ante

    a d

    ivul

    ga

    o de

    bon

    s in

    dica

    dore

    s, o

    Ban

    co d

    e In

    glat

    erra

    sin

    alizo

    u a

    poss

    ibili

    dade

    de

    alte

    ra

    o do

    cicl

    o ai

    nda

    no f

    inal

    des

    te a

    no,

    o qu

    e po

    der

    lim

    itar

    a re

    cupe

    ra

    o da

    eco

    nom

    ia a

    trav

    s de

    cus

    tos

    defin

    ancia

    men

    to m

    ais

    elev

    ados

    e p

    orqu

    e ta

    l med

    ida

    pode

    r im

    plica

    r um

    a ap

    recia

    o

    mai

    s fo

    rte d

    a lib

    ra, c

    omef

    eito

    s m

    enos

    pos

    itivo

    s na

    s ex

    porta

    es

    .

    . Par

    ece

    esta

    r as

    segu

    rado

    o r

    egre

    sso

    no

    rmal

    iza

    o na

    form

    a de

    fina

    ncia

    men

    to d

    o se

    ctor

    pb

    lico.

    Ass

    im a

    curto

    pra

    zo, o

    s pr

    incip

    ais

    fact

    ores

    de

    risco

    est

    o r

    elac

    iona

    dos

    com

    o a

    ndam

    ento

    das

    eco

    nom

    ias

    exte

    rnas

    efa

    ctor

    es d

    e na

    ture

    za p

    olti

    ca e

    alte

    ra

    es b

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    as n

    o se

    ntie

    mnt

    o do

    s m

    erca

    dos.

    .Tod

    avia

    , a m

    dio

    pra

    zo, s

    ubsis

    tem

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    rtant

    es c

    onst

    rang

    imen

    tos

    e de

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    s, re

    lacio

    nado

    s co

    m a

    nec

    essid

    ade

    de r

    efor

    ar

    o po

    tenc

    ial d

    e cr

    escim

    ento

    eco

    nm

    ico n

    um c

    onte

    xto

    de p

    rolo

    ngad

    o es

    for

    o de

    con

    solid

    ao

    ora

    men

    tal,

    a qu

    e se

    alia

    um

    cal

    end

    rio p

    olti

    co p

    oten

    cialm

    ente

    per

    turb

    ador

    des

    te e

    quil

    brio

    .

    . Num

    cen

    rio

    mai

    s op

    timist

    a, u

    m c

    resc

    imen

    to d

    os E

    UA a

    cima

    do e

    sper

    ado

    pode

    ria fa

    vore

    cer

    a pe

    rform

    ance

    da r

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    o, n

    omea

    dam

    ente

    atra

    vs

    das

    mel

    horia

    s de

    cre

    scim

    ento

    no

    Mxi

    co e

    na

    Amr

    ica C

    entra

    l.. O

    s pr

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    ais

    risco

    s de

    scen

    dent

    es re

    lacio

    nam

    -se

    com

    o im

    pact

    o da

    sub

    ida

    das

    taxa

    s de

    juro

    nas

    eco

    nom

    ias

    avan

    ada

    s no

    s m

    erca

    dos

    finan

    ceiro

    s, e

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    ialm

    ente

    se

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    a de

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    for

    feita

    de

    form

    a tu

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    com

    porta

    men

    to s

    er

    dife

    renc

    iado

    , dep

    ende

    ndo

    das

    cara

    cter

    stica

    s in

    trns

    ecas

    de

    cada

    eco

    nom

    ia:

    pase

    sco

    m p

    olti

    cas

    fisca

    is m

    ais

    cont

    idas

    e r

    egim

    es d

    e in

    fla

    o an

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    da m

    ais

    cred

    vei

    s te

    ro

    mai

    or c

    apac

    idad

    e de

    impl

    emen

    tar

    polt

    icas

    cont

    ra c

    clica

    s pa

    ra d

    ar r

    espo

    sta

    a um

    a sit

    ua

    o de

    mai

    or v

    olat

    ilida

    de n

    os m

    erca

    dos

    finan

    ceiro

    s.

    . Os

    risc

    os p

    rend

    em-s

    e pr

    incip

    alm

    ente

    com

    o a

    grav

    amen

    to d

    as c

    ondi

    es

    de

    finan

    ciam

    ento

    a n

    vel

    glo

    bal,

    deco

    rren

    te d

    a re

    du

    o do

    s est

    mul

    os m

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    rio

    s da

    Rese

    rva

    Fede

    ral d

    os E

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    ue p

    oder

    af

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    r neg

    ativ

    amen

    teas

    eco

    nom

    ias

    mai

    s vu

    lner

    vei

    s a

    choq

    ues

    exte

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    incip

    alm

    ente

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    . O

    cres

    cimen

    to p

    oten

    cial p

    erm

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    e em

    mui

    tos

    pase

    s lim

    itado

    pel

    a au

    snc

    ia d

    e re

    form

    as e

    stru

    tura

    is qu

    ere

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    am n

    eces

    sidad

    es b

    sica

    s, p

    rincip

    alm

    ente

    a n

    vel d

    e in

    fra-e

    stru

    tura

    s, e

    pel

    a ba

    ixa

    qual

    ifica

    o

    e el

    evad

    apo

    brez

    a da

    s po

    pula

    es

    ..

    Por

    ltim

    o, o

    cre

    scim

    ento

    das

    eco

    nom

    ias

    emer

    gent

    es (

    prin

    cipal

    men

    te d

    a Ch

    ina)

    dev

    er

    desa

    cele

    rar

    eco

    ntrib

    uir

    men

    os p

    ositi

    vam

    ente

    par

    a o

    cres

    cimen

    to d

    a re

    gio

    .

  • E.E.F. Mercados Financeiros Julho 2014

    5

    Prin

    cipa

    is R

    ecom

    enda

    es

    e F

    acto

    res

    de R

    isco

    Reco

    men

    da

    esFa

    ctor

    es d

    e Ri

    sco

    M. C

    ambi

    al

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    Mon

    etr

    io

    Div.

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    .

    Dv.

    Div

    .

    Ac

    es

    Com

    mod

    ities

    .O p

    rese

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    sob

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    dl

    ar.

    Ode

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    ado

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    utor

    idad

    es e

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    pres

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    evi

    dent

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    s lti

    mos

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    ma

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    omia

    que

    cres

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    e fo

    rma

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    ante

    . Pod

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    ente

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    das

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    ais

    que

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    baix

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    mer

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    efer

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    vest

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    idad

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    term

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    miu

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    tax

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    ever

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    yie

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    vida

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    erca

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    vei

    s re

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    vei

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    ter-

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    vei

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    e d

    vida

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    erm

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    bai

    xas.

    Ent

    reta

    nto

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    vest

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    s,no

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    fuga

    dos

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    s em

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    mos

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    ular

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    sbo

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    de

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    , em

    bora

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    mer

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    Deve

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    ais

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    ater

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    rela

    tiva

    esta

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    reo

    s em

    201

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    das

    pelo

    s pr

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    ais

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    os c

    entra

    is..Q

    uest

    es

    geop

    olti

    cas

    pode

    m e

    nvie

    sar d

    eter

    min

    adas

    tend

    ncia

    s ca

    mbi

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    . Bai

    xa li

    quid

    ez d

    evid

    o a

    ques

    tes

    saz

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    s po

    der

    pot

    encia

    r mov

    imen

    tos

    mai

    s br

    usco

    s as

    socia

    dos

    a al

    tera

    es

    de p

    erce

    po

    ao

    risco

    .

    . As

    taxa

    s de

    cur

    to p

    razo

    nos

    prin

    cipai

    s m

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    iona

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    e ze

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    tada

    s pe

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    ercu

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    cipai

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    tar

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    ciona

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    Rs

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    pase

    s do

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    ente

    no

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    cont

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    erca

    do m

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    co n

    ode

    ver

    ser

    com

    plet

    amen

    te e

    xclu

    do.

    . Al

    tera

    o

    nas

    expe

    ctat

    ivas

    de

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    uo

    da

    infla

    o

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    efle

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    se n

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    ovim

    ento

    mai

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    naliz

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    da

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    a. N

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    erca

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    da p

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    o e

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    itam

    ento

    dos

    pr

    mio

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    cos

    pode

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    star

    a a

    tingi

    r um

    pont

    o de

    est

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    . Num

    cont

    exto

    de

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    ado

    endi

    vida

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  • 6E.E.F. Mercados Financeiros Julho 2014

  • E.E.F. Mercados Financeiros Julho 2014

    7

    EFEITOS ONE-OFF AFECTAM A CAPACIDADE DE FINANCIAMENTO DA ECONOMIATEMAS EM DESTAQUE

    No primeiro trimestre de 2014 a economia nacional registou um resultado negativo na variao da sua capacidade definanciamento. Considerando a mdia do ano acabado no trimestre, esta diminuiu 0.2 pontos percentuais, situando-seagora em 1.7% do PIB, enquanto no trimestre registou um agravamento mais pronunciado de 4.6p.p., passando aregistar-se uma situao de necessidade de financiamento, avaliada de 1.38% do PIB, isto quando no ltimo trimestre de2013, foi registada uma capacidade de financiamento de 3.22%. Centrando-nos unicamente nos primeiros trs meses doano, estes foram caracterizados por um agravamento na situao de financiamento das famlias e Administrao Pblica,sendo estes compensados por melhoramentos mais modestos nas sociedades financeiras e no financeiras. Apesar dacontraco registada ser elevada, necessrio referir que medidas e acontecimentos one-off, tal como factores cclicos,encontram-se na origem deste resultado, sendo que desenvolvimentos entretanto ocorridos devero inverter a situaono prximo semestre.

    Capacidade (+)/ Necessidade (-) de financiamentopor sector institucional(Taxa de variao da percentagem do PIB)

    Taxa de poupana das famlias (mdia acumulada dos 4 trimestres)

    (Em percentagem do PIB)

    A capacidade de financiamento das famlias portuguesas,que se fixava em 6.79% do PIB no ltimo trimestre de 2013(mdia mvel de 12 meses), voltou a registar nova queda, aterceira consecutiva, situando-se esta agora em 6.12% doPIB. Comparando com o perodo homlogo, observa-setambm um agravamento da capacidade de financiamento de1.31p.p.. Considerando a variao trimestral, as famliasportuguesas aumentaram a sua despesa em 6.1%, sendo esteum dos factores preponderantes no resultado observado, tendotambm sido registado uma diminuio de 0.31% norendimento disponvel, explicada principalmente por umaumento de 2% na carga fiscal. A variao homloga, porm,no amplamente afectada por variaes na despesa, sendoesta relativamente semelhante entre os dois perodos. Assim,a variao homloga explicada com uma diminuio de 1.4%no rendimento disponvel das famlias, tendo-se observadoum agravamento de 22.16% na carga fiscal, compensadaparcialmente por aumentos de 6% nos salrios. Face s variaes enunciadas para o perodo, nomeadamente o aumento dosencargos fiscais e o aumento da despesa, foi observada uma tendncia para a reduo da criao de poupanas por parte dasfamlias portuguesas, observando-se uma variao na taxa de poupana de -0.59% (trimestral) e -1.18% (homloga),tendo-se registado uma gradual reduo dos valores nominais de criao de poupana, estando estes j abaixo daquelesregistados no ltimo trimestre de 2012.

    A Administrao Pblica viu tambm a sua necessidade de financiamento agravada em 3.45p.p., estando esta agora avaliadaem 6.03% do PIB, o maior valor desde o primeiro trimestre de 2013. Este resultado deveu-se a uma contraco da receita,principalmente a receita fiscal dos impostos sobre o rendimento, explicada pelo menos parcialmente pelos cortes salariaisque afectaram os funcionrios pblicos. No lado da despesa, foi registada uma contraco na despesa corrente, principalmentecom salrios, tal como na formao bruta de capital e no pagamento de subsdios. O ltimo valor observado representaporm um melhoramento de 1.6p.p. face ao resultado homlogo, tendo-se observado um aumento do saldo das transfernciasde capitais, tal como um aumento da receita oriunda dos impostos sobre a produo.

  • 8E.E.F. Mercados Financeiros Julho 2014

    Pedro Miguel Mendes

    TEMAS EM DESTAQUE

    EFEITOS ONE-OFF AFECTAM A CAPACIDADE DE FINANCIAMENTO DA ECONOMIA

    Evoluo da Capacidade de Financiamento Nacional

    (em percentagem do PIB)

    -15%

    -10%

    -5%

    0%

    5%

    2004T1 2005T2 2006T3 2007T4 2009T1 2010T2 2011T3 2012T4 2014T1Variao TrimestralVariao da soma acumulada de 4 trimestres

    Fonte: Instituto Nacional de Estatstica

    As sociedades no financeiras reverteram a situao de necessidade de financiamento observada no ltimo trimestre de2013, registando-se no primeiro trimestre de 2014 uma situao de capacidade de financiamento de 1.93% do PIB, 8.2 p.p.acima do resultado anterior. Observou-se durante o perodo um aumento do rendimento disponvel que mais que recuperouas perdas registadas no perodo anterior, enquanto do lado da despesa observaram-se redues nas remuneraes dosempregados e no pagamento de impostos associados. O resultado deste trimestre representa um agravamento de quase 1ponto percentual face ao resultado homlogo, porm este assenta num aumento da despesa em formao bruta de capital,apoiada por aumentos nos salrios dos funcionrios e uma reduo dos rendimentos de propriedade (aluguer de imveis)que mais do que compensou aumentos no valor acrescentado e no saldo das exportaes e aponta para uma atitudeexpansionista das empresas.

    Por seu lado, as sociedades financeiras aumentaram a sua capacidade de financiamento em 1.38p.p., estando esta agora em3.07% do PIB. Este resultado deve-se ao retorno aos valores positivos do saldo das transferncias de capital, aps umaqueda (geralmente cclica) no ltimo trimestre de 2013. Considerando a mdia do ano terminado no primeiro trimestre de2014, os dados apontam no sentido inverso, observando-se uma contraco da capacidade de financiamento de 0.29p.p.,estando agora nos 2.03% do PIB. As transferncias de capital voltam aqui a ser factor preponderante, tendo-se registado oprimeiro ano com saldo negativo nestas desde o terceiro semestre de 2012.

    Considerando apenas o sector privado, registou- se um ligeiro agravamento da capacidade de financiamento do sector,estando este agora avaliado em 4.66% do PIB (5.88% do PIB no trimestre anterior). Observa-se que o agravamento dasituao das famlias foi mais que compensado com os bons resultados dos sectores financeiro e no financeiro. De facto, aqueda no rendimento das famlias foi parcialmente compensada pelos ganhos nas empresas e pela reduo da despesa deconsumo final por parte das famlias e da reduo no pagamento de impostos. No primeiro trimestre de 2013, a capacidadede financiamento do sector privado foi de 9.5% do PIB pelo que a variao homloga apresenta-se como um contraco decerca de 4.9p.p., principalmente devida aos ganhos obtidos pelo sector financeiro em transferncias de capital no incio de2013, bem como devido a um aumento da despesa de consumo final por parte das famlias.

    Apesar da perda de capacidade de financiamento da economiaportuguesa registada nos primeiros trs meses do anoapresentar-se em valores acima da mdia observada emanteriores perodos, necessrio referir os factoresexcepcionais que condicionaram o perodo. Por um lado,verifica-se uma queda cclica dos rendimentos que as famliasapresentam no primeiro trimestre de cada ano. Acresce referirque tipicamente as necessidades de financiamento do sectorpblico so mais elevadas nos primeiros meses do ano. Poroutro lado, importa relembrar que a contraco do PIBregistada neste perodo teve como factor principal oagravamento da balana comercial devido paragem paramanuteno da refinaria de Sines, situao que afectounegativamente a transformao e exportao de produtospetroqumicos e forou a sua importao. Existe algumaincerteza em torno deste processo, mas antecipa-se quegradualmente as exportaes de combustveis recuperam peseembora possam no alcanar os volumes observados em 2013dada a recuperao da procura interna e consequente desvioda produo de combustveis refinados. Todavia, de destacaro bom comportamento das vendas de mercadorias e serviosao exterior, excluindo combustveis. Neste contexto, atribui-se alguma probabilidade melhoria da capacidade definanciamento da economia at final do ano, antecipando-setambm a continuao do processo de crescimento registadopelo sector empresarial.

  • E.E.F. Mercados Financeiros Julho 2014

    9

    CRESCIMENTO MUNDIAL DECEPCIONA

    Perante as expectativas de crescimento para este ano, o Banco Mundial considera que houve um comeo algo atribuladoque imprime um ambiente global menos positivo, embora esteja a decorrer a recuperao econmica mundial. Conjugaram-se os mais variados factores que retiraram o brilho a este incio de 2014, levando a uma reviso em baixa da variaoanual do PIB. Desde o mau tempo que condicionou a actividade econmica nos EUA durante o Inverno, turbulncia nosmercados financeiros com a introduo do tapering pela Fed (que destapou os desequilbrios de algumas economiasemergentes) e crise na Ucrnia, estes factores minaram as perspectivas e a confiana, atrasando o prprio ciclo econmico,que dever ganhar maior velocidade agora s em 2015 e 2016.

    TEMAS EM DESTAQUE

    O Banco Mundial (BM), no seu relatrio Global EconomicProspects (GEP), reconhece que grande parte da aceleraoeconmica vir do grupo das economias avanadas,nomeadamente dos EUA e da Zona Euro, em resultado de umcrescimento menos afectado pela consolidao fiscal em curso,de melhorias das condies do mercado de trabalho e de umaprocura domstica menos apertada. Assim, depois de umcrescimento de 1.3% em 2013, as economias avanadasdevero crescer 1.9% em 2014, acentuando-se a tendnciaem 2015 e 2016 com valores de 2.4% e 2.5%,respectivamente.

    No caso dos EUA, depois do abrandamento de 2013, como PIB a registar uma variao de apenas 1.9%, o BM prevuma taxa de 2.1% em 2014 (quando a previso feitaanteriormente apontava para uma taxa de 2.8%), devendoacontecer a descolagem com crescimentos de 3.0% em 2015e 2016. A economia norte-americana destaca-se mesmo nasprevises do BM devido a corte no crescimento em 2014 face

    Variao anual do PIB, %

    2012 2013e 2014f 2015f 2016fMundo 2.5 2.4 2.8 3.4 3.5Economias avanadas 1.5 1.3 1.9 2.4 2.5

    EUA 2.8 1.9 2.1 3.0 3.0Japo 1.4 1.5 1.3 1.3 1.5UEM -0.6 -0.4 1.1 1.8 1.9

    Econ. em desenvolvimento 4.8 4.8 4.8 5.4 5.5China 7.7 7.7 7.6 7.5 7.4ndia 4.5 4.7 5.5 6.3 6.6Brasil 0.9 2.3 1.5 2.7 3.1Mxico 4.0 1.1 2.3 3.5 4.0frica do Sul 2.5 1.9 2.0 3.0 3.5

    Fonte: Global Economic Prospects, June 2014, World Bank.

    ao que estava anteriormente previsto. Esta reviso reflecte a inesperado decrscimo de actividade no incio do ano, devidoa condies climatricas muito adversas. Em linha com estas previses esto igualmente o Fundo Monetrio Internacional(FMI) e a prpria Reserva Federal norte-americana (Fed). De facto, o FMI reduziu a perspectiva de crescimento da maioreconomia mundial de 2.8% para 2.0% em 2014, tendo mantido a estimativa de um crescimento de 3.0% em 2015. Nestembito, o FMI alertou para o facto de a Fed poder ser obrigada a manter as taxas de juro perto do zero para alm do tempoesperado por investidores e analistas (meados de 2015). A Reserva Federal, por seu turno, reconheceu que teve de rever embaixa a projeco do crescimento para 2014 devido ao rigor do Inverno que prejudicou a actividade econmica. Assim, obanco central norte-americano indicou que o PIB deve crescer entre 2.1% e 2.3% no final do ano, uma reduo face aointervalo entre 2.8% e 3.0% estimado em Maro. A estimativa para a taxa de desemprego, indicador-chave para a polticamonetria, caiu dos 6.3% para o intervalo entre 6.0% e 6.1% at ao fim do ano, e para entre 5.4% e 5.7% em 2015.

    J a Zona Euro, depois da recesso econmica em 2012 e 2013, o BM prev um crescimento de 1.1% em 2014,ampliando a retoma econmica com taxas de 1.8% e 1.9% em 2015 e 2016, respectivamente. O BM reconhece umarecuperao hesitante, que reflecte fragilidades, nomeadamente de alguns estados membros da UEM (Portugal e Itliaverificaram contraces de actividade no 1T14, enquanto a Zona Euro no seu conjunto cresceu a uma taxa anualizada de0.8%). A necessidade de maior equilbrio fiscal e as polticas de austeridade levadas a cabo por grande parte dos paseseuropeus tm levado a uma diminuio do consumo interno; o BM refere mesmo que nalgumas economias perifricas o nveldo PIB e do consumo privado est 10% abaixo dos valores pr-crise e, no caso do investimento, em Espanha, Portugal eIrlanda a diferena na ordem dos 40-50%. Em termos opostos segue a Alemanha, com uma taxa anual de crescimento doPIB de 2.5% no 1T14 impulsionada pelo investimento e pelo consumo, sendo o garante da procura total da Europa.Entretanto, existem sinais encorajadores do lado do reforo da competitividade e do mercado de trabalho.

    Quanto ao crescimento das economias em desenvolvimento, o BM mostra-se descontente perante as indicaes econmicasdeixadas ao longo dos primeiros trs meses de 2014. Segundo a instituio, neste grupo de pases onde mais evidenteo atraso na recuperao econmica esperada, persistindo vulnerabilidades em muitos deles quando se conjugam novo alviodas condies de acesso ao financiamento internacional com dfices das contas correntes e inflao alta (caso de Brasil,frica do Sul e Turquia). Depois de ter previsto em Janeiro um crescimento de 5.3% para o grupo de pases emergentes, oBM reviu em baixa o valor para 4.8% (exactamente o valor de 2012 e 2013). Para 2015 e 2016, os valores avanados so5.4% e 5.5%. Espera-se que a China cresa este ano 7.6%, dependendo de como se adaptar s reformas em curso (umabrandamento mais significativo ter consequncias para a restante sia). Para 2015 e 2016, o crescimento chins sermenor, 7.5% e 7.4%, respectivamente. Nos restantes emergentes, a ndia dever acelerar o crescimento, com taxas de5.5% em 2014, 6.3% em 2015 e 6.6% em 2016. O Brasil, aps sucessivas revises em baixa, dever ter um crescimento desomente 1.5% em 2014 (2.3% em 2013), seguindo-se 2.7% em 2015 e 3.1% em 2016. Para a frica do Sul o cenrio ligeiramente melhor. O crescimento esperado para 2014, 2015 e 2016 de 2.0%, 3.0% e 3.5%, respectivamente.

  • 10

    E.E.F. Mercados Financeiros Julho 2014

    CRESCIMENTO MUNDIAL DECEPCIONA

    TEMAS EM DESTAQUE

    Agostinho Leal Alves

    O BM aponta um aspecto bastante importante para a maioria das economias emergentes: o facto de os preos dascommodities se encontrarem globalmente baixos, com especial destaque para os preos dos bens alimentares e dos metaispara a indstria (na energia tm estado mais suportados). Esta situao ajuda a diminuir a presso sentida na inflao,sendo positivo para os pases importadores. Contudo, retira rendimento aos pases com grande dependncia das exportaesde matrias-primas. Este aspecto, ligado a uma diminuio das vendas (recuperao econmica ainda lenta dos principaisclientes), limita o prprio crescimento econmico local, que acresce s dificuldades j existentes ao nvel das balanascorrente e fiscal de alguns destes pases.

    Em termos de crescimento mundial so esperados valores de 2.8% em 2014 (2.4% em 2013), 3.4% em 2015 e 3.5% em2016 existindo, como j indicmos, dinmicas diferentes entre as economias desenvolvidas e as em desenvolvimento. Se asprimeiras tinham um contributo de menos de 40% para o crescimento mundial em 2013, em 2014 esperado um valorprximo dos 50%. Inversamente, as economias em desenvolvimento perdem importncia. Neste contexto, o BM prev quea procura de importaes dos pases avanados alcance uma taxa de 4.2% em 2014, chegando aos 5.0% em 2016; nestecenrio, as economias em desenvolvimento devero verificar um aumento de 5.5% das exportaes em 2014 e avanar para6.6% em 2016.

    Entretanto, o Fundo Monetrio Internacional (FMI) advertiu que existe perigo de surgimento de uma nova crise do sectorimobilirio, dado os preos das casas em muitos pases se encontrarem acima da mdia histrica, sobretudo em pasesemergentes como a China e o Brasil. Embora a recuperao do imobilirio seja uma tendncia positiva em termos da suaimportncia econmica a nvel mundial, existe o risco de voltar a surgir uma bolha insustentvel dos preos. A manutenode taxas de juro baixas poder fazer regressar uma presso indesejvel nos preos das casas. Segundo dados do FMI, aChina e o Brasil j vo com aumentos de preos de 9% e 7% face ao ano passado, o que requer a implementao de medidaspor parte destes pases. O FMI reconhece que existem outros pases com preos das casas acima da sua mdia histrica:Reino Unido, Canad, Austrlia, Noruega e Sucia. Nos pases do Sul da Europa, a tendncia mantm-se inversa.

  • E.E.F. Mercados Financeiros Julho 2014

    11

    TEMAS EM DESTAQUE

    ESPANHA - CRESCIMENTO GANHA FORA

    PIB avana no primeiro trimestre: pela primeira vezdesde Setembro de 2011, a economia espanhola registouuma taxa de variao homloga positiva nos primeiros trsmeses de 2014. Face ao perodo homlogo, o PIB avanou0.5% nos primeiros trs meses de 2014. Em cadeia, o ritmode expanso acelerou para 0.4% face a 0.2% no trimestreanterior e 0.1% no terceiro trimestre de 2013. O crescimentohomlogo foi suportado pela procura interna, a qualcontribuiu com 0.7 pontos percentuais (pp) para ocrescimento; por seu turno a procura externa retirou 0.2pp ao crescimento. O comportamento da procura internaresulta da expanso de 1.6% do consumo privado e dequedas menos acentuadas do consumo pblico e doinvestimento. Relativamente ao comportamento doinvestimento salienta-se o facto do sector da construoter apresentado uma queda semelhante observada nostrimestres anteriores. Todavia, o investimento emmaquinaria e equipamento expandiu ao ritmo mais fortedos ltimos trimestres: 11.1% yoy, face a 9.5% no quartotrimestre de 2013, 2.2% no terceiro e 1.7% no segundo. Oconsumo pblico caiu 0.2%, consideravelmente menos doque os 3.5% registados no trimestre anterior. O contributonegativo da procura externa reflecte o aumento de 9.3%das importaes, em linha com os desenvolvimentosobservados na procura interna, nomeadamente consumoprivado e investimento em maquinaria. Por seu turno, asexportaes avanaram 8.1%, superando o ritmo decrescimento observado nos dois trimestres anteriores.

    Nos prximos trimestres espera-se a consolidaoda tendncia de crescimento: de facto, a generalidadedos indicadores apontam nesse sentido, podendo,inclusivamente, verificar-se a acelerao do ritmo decrescimento. No que respeita procura interna, os dadosrelativos despesa das famlias apontam para que esta possacrescer a um ritmo mais forte do que nos primeiros trsmeses do ano. Com efeito, os indicadores de confiana, asvendas a retalho e as encomendas de bens de consumoapresentaram, nos meses relativos ao segundo trimestre,ritmos de expanso mais fortes do que meses anteriores.Paralelamente, melhorias no mercado de trabalho e apermanncia da taxa de inflao em nveis reduzidssimosindicam que o rendimento disponvel poder aumentar aolongo do ano, dando suporte despesa privada. O nmerode trabalhadores registados na segurana social e o ritmode queda do nmero de desempregados aceleraram emAbril, Maio e Junho; e a taxa de inflao caiu para 0.1% emJunho. A poltica fiscal dever manter o cariz restritivo aolongo do ano, mas menos acentuado do que nos anosanteriores. Antecipa-se que o consumo pblico continue acair, mas a um ritmo mais moderado. Por fim, o investimentopoder apresentar uma variao positiva no conjunto doano, beneficiando da expanso do investimento emmaquinaria. Tambm a permanncia de condies financeiras

    Mercado de trabalho: verificam-se melhoriasconsistentes(%tvh; % da pop activa)

    Previses macroeconmicas BPI

    2013 2014P 2015PPIB -1.2 1.0 1.8

    Consumo privado -2.5 0.5 1.5Consumo pblico -1.5 -1.3 0.5Investimento -6.0 0.5 3.0Exportaes 5.0 4.6 5.5Importaes 0.0 2.0 5.0

    Taxa de inflao mdia 1.4 0.4 1.5Taxa de desemprego 26.4 25.4 24.9Dfice pblico, em % do PIB -6.3 -5.5 -4.2Conta corrente+capital, em % do PIB 1.5 1.4 2.0Fonte: Eurostat, BPI.Nota: *2012.

    Desempenho das exportaes no 1T14

    (% tvh; pp do PIB)

    acomodatcias - reforadas recentemente pelas medidas apresentadas pelo Banco Central Europeu - devero favorecera evoluo benigna dos custos de financiamento para o sector empresarial. Mas o ritmo de expanso do investimentodever manter-se moderado, comparativamente ao observado em anos anteriores, j que a actividade nos sectores daconstruo e imobilirio ainda est em contraco e porque o nvel de endividamento das empresas no financeirsaainda se encontra elevado, face ao observado nos primeiros anos do novo sculo. Ainda relativamente ao comportamentoda procura interna, chama-se a ateno para a contnua renovao do programa de troca de carro por outros maisamigos do ambiente.

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    E.E.F. Mercados Financeiros Julho 2014

    ESPANHA - CRESCIMENTO GANHA FORA

    TEMAS EM DESTAQUE

    Teresa Gil Pinheiro

    Endividamento privado continua a recuar

    (% PIB)

    Exportaes continuam a ser o principal motor docrescimento: O crescimento das vendas de bens e serviosao exterior registado no primeiro trimestre sugere que oabrandamento observado no segundo trimestre de 2013 tersido de carcter pontual. As perspectivas positivas para ocomrcio externo advm das melhorias observadas nosindicadores de competitividade espanhis e das expectativaspositivas quanto ao andamento do comrcio mundial. Deacordo com a OCDE, em Espanha os custos laborais caram8.1% entre o primeiro trimestre de 2009 e o primeiro de 2014;e ao nvel do comrcio mundial observam-se melhorias,nomeadamente na actividade de alguns pases pertencentesao euro e que fazem parte do leque dos principais parceiroscomerciais de Espanha (ainda que a nvel global o cenrioseja menos positivo).

    Os riscos so agora mais equilibrados: Este anoantecipa-se um crescimento de 1%, acelerando para 1.8%em 2015. Todavia, a informao econmica disponvel at data sugere que a previso para 2014 pode ser revista emalta. Ainda assim, importante ter presente que a economiaespanhola continua a enfrentar importantes desafios quetendero a limitar a capacidade de crescimento. Destes refere-se a permanncia de uma elevada taxa de desemprego; oainda elevado nvel de endividamento do sector privado; apoltica fiscal poder ter de tomar um cariz mais restritivo deforma a cumprir os objectivos acordados com a ComissoEuropeia. Os objectivos para o dfice pblico em percentagemdo PIB nos anos de 2014 a 2017, so 5.5%, 4.2%, 2.8% e1.1%, respectivamente. Contudo, o cenrio macroeconmicotraado pelo governo espanhol apresenta-se mais favorveldo que aquele antecipado pelo DEEF do Banco BPI, atribuindo-se, por isso, alguma probabilidade necessidade de medidasadicionais para o cumprimento das metas acordadas. Por outrolado, ser importante verificar os efeitos na receita e nadespesa fiscal da reforma fiscal recentemente apresentada eque entrar em vigor a partir de 2015. Por fim, refere-se umrisco associado procura externa, na medida em que ocrescimento mais acentuado das importaes poder reduziro contributo da procura externa para o PIB.

    Ganhos de competitividade suportam exportaes

    (variao nos custos unitrio do trabalho)

    Taxa de inflao baixa tem efeitos positivos no rendimento das famlias, mas atrasa correco dos nveis deendividamento: A taxa de inflao de Junho caiu para 0.1% face a 0.2% em Maio e 0.4% em Abril. Ainda que o risco deverificao de um cenrio de deflao seja reduzido, no se antecipa uma acelerao significativa dos preos, j que aevoluo dos preos das principais commodities se mantm muito moderada, o desemprego elevado e o crescimento salarialreduzido. De facto, em 2014 e 2015, antecipamos que a inflao se situe em 0.4% e 1.5%, respectivamente. Um cenrio debaixa inflao tende a aumentar o peso da dvida existente, tornando-a mais elevada em termos reais no caso das economiasmais endividadas, como o caso de Espanha. Isto pode traduzir-se na necessidade de uma poltica fiscal mais restritiva deforma a assegurar a sustentabilidade da dvida pblica; simultaneamente poder reduzir os efeitos das medidas recentementeanunciadas pelo BCE para promover a expanso do crdito ao sector privado, na medida em que o ritmo de desalavancagempode revelar-se mais lento do que perspectivado anteriormente.

  • E.E.F. Mercados Financeiros Julho 2014

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    GLOBAL - ACENTUAM-SE AS DIVERGNCIASECONOMIAS

    Primeiro semestre com crescimento fraco: Alguns observadores (Institute of International Finance, Capital Economics,entre outros) estimam que o ritmo de expanso econmico global ter sido inferior a 2% na primeira metade de 2014, oritmo mais baixo desde 2009. Para tal contribuiu de forma significativa a queda da actividade observada nos EUA nosprimeiros meses do ano, sendo a estimativa mais recente pelo Bureau of Economic Analysis de uma retraco trimestralanualizada de 2.9%. O dinamismo inferior ao esperado da economia da China, onde as autoridades se esforam para debelaralguns desequilbrios e em simultneo, estimular a actividade, e o acentuar de algumas questes geopolticas, designadamenteem torno da situao na Ucrnia e mais recentemente no Iraque, tero tambm contribudo para um quadro menos pujanteda actividade global no primeiro semestre. Reflexo desta perda de fulgor da economia mundial, os ndices que medem oandamento do comrcio internacional registaram uma acentuada desacelerao, evidenciando o contgio deste ambiente aeconomias antes mais dinmicas.

    Dvidas sobre fulgor dos EUA: Acresce que persistem dvidas e interpretaes diversas quanto ao verdadeiro fulgorda retoma econmica nos EUA. Efectivamente, para alm das condies climatricas muito adversas, outros factores estiveramsubjacentes queda da actividade nos primeiros meses do ano, destacando-se a fragilidade ainda elevada do mercadoimobilirio, a reduo de stocks (que, no entanto, poder reflectir-se positivamente no segundo semestre) e a queda daprocura externa. Por outro lado, reconhece-se alguma pujana em alguns indicadores do mercado de trabalho: a economiados EUA criou 288 mil empregos em Junho, acima do previsto; os nmeros de Abril e Maio foram revistos em alta, acrescentandomais 29 mil (em Abril foram gerados 304 mil empregos e em Maio 224 mil); o sector privado foi o principal responsvel poreste aumento, criando 262 mil dos 288 mil novos empregos, sendo a administrao pblica responsvel pelos restantes 26mil. Por sectores profissionais, os servios aumentaram em 236 mil (o maior incremento desde Outubro de 2012), seguindo-se o sector dos bens alimentares com 26 mil, a indstria com 16 mil e a construo com 6 mil. Segundo as estatsticas, foia primeira vez desde o salto tecnolgico iniciado na dcada de 90 que o emprego cresceu acima dos 200 mildurante cinco meses consecutivos. Na mesma linha, a taxa de desemprego caiu duas dcimas para 6.1%, o valor maisbaixo desde Setembro de 2008. Em Junho, a actividade dos servios melhorou, com o PMI deste sector a alcanar o valormais alto dos ltimos 4 anos e meio, tendo passado de 58.1 para 61.0 pontos. O PMI compsito, que engloba servios emanufactura, acelerou tambm de 58.4 para 61.0 pontos entre Maio e Junho. Em contrapartida, a taxa de participao dafora de trabalho manteve-se nos 62.8%, evidenciando que o comportamento da taxa de desemprego se fica tambm adever a uma menor participao da populao activa - eventualmente por desencorajamento. Acresce referir que as medidasde produtividade evidenciam uma tendncia de queda, que caso persista, poder ser preocupante na medida em que terimplicaes menos favorveis para o andamento da taxa de inflao, a prazo.

    Os sinais de retoma apontam para comportamentos divergentes: Em contraste com a economia dos EUA, ondeexistem alguns sinais favorveis, as economias da regio do euro continuam a revelar dificuldades de uma retoma maisenrgica: os indicadores de actividade compsitos apontam para que, no final do segundo trimestre, a actividade se situe nonvel mais baixo em cerca de seis meses. O PMI compsito (manufactura mais servios) caiu de 53.5 em Maio para 52.8pontos em Junho, o nvel mais baixo em cerca de seis meses. No mesmo perodo, na Alemanha, o PMI compsito desceu de55.6 para 54.0 pontos e em Frana assiste-se a uma retraco generalizada dos indicadores de confiana e de actividade,sugerindo alguma cautela. Para alm dos factores geopolticos, os baixos nveis da taxa de inflao e a dificuldade em contero mpeto do euro, que s recentemente iniciou uma correco relativamente s principais congneres, surgem como osprincipais factores de risco para o cenrio a mdio prazo.

    Baltic Dry regressa a patamares de 2012confirmando menor dinamismo da economia global(ndice)

    Paula Gonalves Carvalho * Agostinho Leal Alves

    EUA - Mercado de trabalho melhoraprogressivamente(103 indiv.; %)

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    E.E.F. Mercados Financeiros Julho 2014

    PORTUGAL - RUDO DE FUNDO NO PIB DO 1TECONOMIAS

    PIB interrompe crescimento: O Produto Interno Bruto recuou 0.6% nos primeiros trs meses do ano, revisto emligeira alta relativamente ao relatrio preliminar. Para esta performance contriburam a queda dos gastos pblicos (-0.6%),das exportaes (-1.9%) e o aumento/estagnao das importaes, enquanto quer o consumo privado (+0.2%) quer oinvestimento (+1.3%) registaram variaes em cadeia positivas. Este foi um perodo muito influenciado pela actuao daGALP, com impacto nas exportaes (vendeu-se menos combustvel refinado), nas importaes (de combustvel refinado emsubstituio da produo interna e possivelmente de petrleo em bruto, dado que no se interromperam os fornecimentos),e no investimento (com acumulao de stocks muito influenciados pelos produtos petrolferos, segundo o INE). Sobretudo,deve tentar fazer-se uma leitura sem o ruido destes impactos, que em nosso entender, continua globalmente positiva aindaque muito moderada. Ou seja, no alteramos a previso de crescimento do PIB de 1% este ano, sendo ainda possvel(embora menos provvel) uma reviso em alta, dependendo da confirmao de algumas tendncias.

    Investimento e Consumo do sinais positivos: H vrios desenvolvimentos favorveis a destacar: o investimentoem maquinaria e equipamento, excluindo automveis, aumentou em termos homlogos pelo terceiro trimestre consecutivo.Excluindo o contributo da variao de stocks, a procura interna gerou um contributo de 1.2 p.p para o PIB, maior que ocontributo do trimestre anterior (0.9 p.p, ver tabela). O consumo de bens correntes no alimentares e servios, aumentouligeiramente, interrompendo quedas que se repetiam desde finais de 2010. Quanto s componentes externas, importareferir que at Abril, as exportaes de mercadorias excluindo combustveis aumentaram 4.6%, evidenciando uma tendnciapositiva ainda que em desacelerao.

    Desequilbrios esbatem-seembora lentamente: Os nveis de endividamento do sector privado continuam a trajectriadescendente, que tem sido mais marcada no segmento de particulares. Efectivamente, o endividamento das famlias alcanou95.5% do PIB em 2013, um mnimo desde 2006. Adicionalmente, o rcio de dvida das empresas desceu para 140.8% doPIB, dando os primeiros indcios de reduo depois dos 142.8% alcanados em 2012, um mximo histrico.

    Paula Gonalves Carvalho

    FBCF - Contributos para o crescimento homlogo

    (p.p. do PIB)

    Endividamento desce em 2013

    (% do PIB)

    PIB por componentes: o contributo da variao deexistncias

    Procura Procura Var. Procura PIBInterna Interna stocks Externa

    exclundo LquidaVar. stocks

    Contributo para variao homloga y/y (%)Jun-10 2.7% 1.0% 1.7% -0.3% 2.4%Set-10 1.8% 0.9% 0.9% -0.1% 1.8%Dez-10 0.9% 0.4% 0.4% 0.7% 1.5%Mar-11 -0.6% -1.2% 0.6% 0.5% -0.1%Jun-11 -2.5% -2.6% 0.1% 1.8% -0.7%Set-11 -3.7% -3.6% -0.1% 2.3% -1.4%Dez-11 -6.4% -5.2% -1.2% 3.5% -2.8%Mar-12 -5.1% -4.8% -0.3% 2.8% -2.4%Jun-12 -6.0% -5.4% -0.7% 2.8% -3.2%Set-12 -4.9% -4.9% 0.1% 1.3% -3.6%Dez-12 -2.9% -4.5% 1.6% -0.9% -3.8%Mar-13 -4.6% -4.6% -0.1% 0.6% -4.0%Jun-13 -1.9% -1.9% 0.0% -0.1% -2.0%Set-13 -1.0% -1.1% 0.1% 0.0% -0.9%Dez-13 0.5% 0.9% -0.4% 1.0% 1.5%Mar-14 2.9% 1.2% 1.6% -1.6% 1.3%Fonte: INE, BPI calc.Nota: maiores contributos da variao de stocks

    tendncia favorvel

  • E.E.F. Mercados Financeiros Julho 2014

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    AMRICA LATINA - FASES DISTINTAS DO CICLO

    ECONOMIAS

    A taxa de inflao anual no Brasil manteve a tendncia crescente, que em parte dever estar relacionadacom o impacto do Campeonato Mundial de Futebol no nvel geral de preos. A taxa de inflao fixou-se em Junho nos6.52% y/y, ultrapassando a barreira de 6.5% (limite superior do objectivo do Banco Central), mas em termos mensais, ondice de preos do consumidor avanou apenas 0.4% em Junho, desacelerando face ao crescimento mensal de 0.46% emMaio. Paralelamente, face ao abrandamento da actividade no incio do ano, o BCB, no relatrio trimestral de inflao, reviuem baixa as perspectivas para o crescimento do PIB em 2014 (para 1.6% vs. 2%), e alterou as previses da inflao para6.4% no final do ano. A autoridade monetria mostrou-se confiante que a inflao estabilizar at ao final do ano, sugerindoque no devero ser necessrias mais alteraes na actual taxa de poltica monetria.

    No Mxico, as exportaes da indstria transformadora e em particular da indstria automvel sustentaramuma recuperao notvel no saldo da balana comercial. Em Maio, as exportaes de bens voltaram a crescer a umritmo mais acelerado do que as importaes (+4.7% y/y vs. 2.8% y/y, respectivamente), suportando uma melhoria adicionalno saldo da balana comercial (a mdia do saldo da balana de bens dos 12 meses at Maio ascendeu a USD90 milhes). Defacto, no sector das exportaes destaca-se a recuperao da indstria automvel que avanou 3.2% m/m, aps um ligeiroarrefecimento nos dois meses anteriores, mas tambm o comportamento positivo da indstria transformadora com umcrescimento de 1.3% m/m.

    A Argentina dever continuar o processo de negociao com os credores internacionais para evitar que opas suspenda os seus pagamentos de dvida externa, depois de o tribunal federal do estado de Nova Iorque terdecidido que o pas s poderia servir a divida das obrigaes restruturadas depois de liquidar as obrigaes dos credoresholdouts (designao para os credores que no aceitaram participar no processo de restruturao da dvida). Porm, espera-se que as autoridades cheguem a um acordo at ao final deste ms, j que desde o incio do ano, o governo tem vindo a dardiversos passos no sentido de amenizar as relaes com os credores e com isso regressar aos mercados internacionais. Emparticular, permitiram a desvalorizao do peso e subiram as taxas de juro de forma a proteger as reservas internacionais,apresentaram estatsticas reformuladas para os preos e para o produto interno bruto, compensaram a empresa Repsol pelaexpropriao das aces da YPF e concluram um acordo para pagamento de dvidas aos pases Paris Club.

    Luisa Teixeira Felino

    Brasil - Inflao

    (percentagem)

    Mxico - Exportaes

    (variao mensal)

    Mxico - Balana Comercial

    (mdia mensal 12 meses -milhes USD; y/y %)

    Projeces do Banco Central do Brasil

    4T 2014 1T 2015Crescimento do PIB* 1.6 1.8

    4T 2014 4T 2015 4T 2016Inflao

    Cenrio de referncia** 6.4 5.7 5.1Cenrio de mercado** 6.4 6.0 5.0

    Fonte: Relatrio trimestral de inflao, BCBNotas: *Crescimento do PIB acumulado nos quatro trimestres anteriores

    ** Projeces com expectativas de mercado para as taxas de cmbio e de juros"

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    E.E.F. Mercados Financeiros Julho 2014

    ANGOLA - INFLAO ABRANDA NOVAMENTE MAS EXPORTAES DE PETRLEO VOLTAM A DESAPONTAR

    ECONOMIAS

    A taxa de inflao anual na cidade de Luanda situou-se pela primeira vez abaixo de 7% em Maio, ficandoinferior ao limite mnimo do objectivo (7-9%) definido pelo Ministrio das Finanas no Oramento Geral do Estado de 2014.Com um crescimento dos preos entre Abril e Maio equivalente a 0.62%, determinado principalmente pelo crescimento de1.72% dos preos dos bens alimentares, a taxa de inflao anual diminuiu de 7.22% para 6.95%, mantendo a tendnciadecrescente que se verifica desde o final de 2010. Por comparao com o mesmo perodo do ano passado, verificou-se umaqueda de 2.29 pontos percentuais na taxa de inflao anual, o que contribui para uma maior estabilidade de preos. Apesarde a aplicao da nova lei cambial sobre o sector petrolfero e da introduo da nova pauta aduaneira poderem potencialmenteexercer presses inflacionistas, o impacto sobre o nvel de preos tem sido limitado. O banco central tem mantido umapostura prudente, de forma a minimizar estes riscos, pelo que a taxa de inflao dever permanecer controlada em valoresde apenas um dgito.

    As exportaes de petrleo voltaram a diminuir em Maio, atingindo o valor mais baixo desde Maio de 2011.Foram exportados 45.5 milhes de barris de petrleo no ms anterior, menos 7.2% do que em Abril e menos 11.2% do queem igual perodo do ano anterior. Em termos acumulados desde o incio do ano foram j exportados 237.4 milhes de barris,o que est 9.6% abaixo do volume registado no perodo homlogo. A reduo da exportao de petrleo pode ser justificadapela desacelerao da produo como resultado de problemas tcnicos em vrios campos petrolferos, o que continua aalertar para a existncia de constrangimentos estruturais na economia. A ainda elevada dependncia da economia na actividadepetrolfera sugere que o crescimento previsto pelo governo para este ano (8.8%) pode no se concretizar. As exportaes depetrleo, a um preo mdio de USD 106.2 por barril, geraram em Maio uma receita de USD 4.8 mil milhes.

    O BNA publicou o relatrio e contas referente ao exerccio de 2013. De acordo com os dados apresentados norelatrio, o crdito economia aumentou em cerca de 23% em 2013, para 2,942 mil milhes de Kz, face a 2,393 mil milhesde Kz em 2012. Paralelamente, o crdito vencido acompanhou o aumento do crdito em 2013, aumentando de 286.5 milmilhes Kz em 2012 para 323.6 mil milhes de Kz em 2013. Como resultado, o rcio do crdito vencido face ao crdito totalsubiu de 8.54% em Dezembro de 2012 para 11.2% em Dezembro de 2013. Entretanto, de acordo com os dados mensais, ocrdito ao sector privado aumentou 16.3% em Abril por comparao com o perodo homlogo, enquanto o crdito ao sectorpblico cresceu 56.5%. O crdito concedido em moeda nacional, em percentagem do crdito total, voltou a aumentar,atingindo 71%. Por outro lado, os depsitos totais cresceram 27%, embora o crescimento mais acelerado dos depsitos emmoeda estrangeira tenha contribudo para o aumento destes depsitos, em percentagem dos depsitos totais, para 36% (porcomparao com 35.1% em Maro).

    Luisa Teixeira Felino

    Receitas de exportao de petrleo

    (AOA mil milhes; USD)

    Inflao

    (Variao do IPC da cidade de Luanda)

    Taxa de cmbio

    (x kwanzas por dlar americano)

    Depsitos e crdito em moeda estrageira

    (percentagem do total dos depositos e do total do crdito)

  • E.E.F. Mercados Financeiros Julho 2014

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    Reservas provadas de gs natural em frica

    (em bilies de ps cbicos)

    Total % do TotalAfrica 606.0 100%Nigria 180.7 30%Arglia 159.1 26%Moambique >150 25%Egipto 77.2 13%Libia 54.7 9%Angola 9.7 2%Camares 4.8 1%Congo 3.2 1%Sudo 3.0 0%Tunsia 2.3 0%Namibia 2.2 0%Ruanda 2.0 0%Guin Equatorial 1.3 0%Fonte: US Energy Information Administration, BPI calc.

    ECONOMIAS

    MOAMBIQUE - EXPLORAO DAS RESERVAS DE GS NATURAL GANHA NOVOS CONTORNOS

    Aprovado Plano Director de Gs natural: Em finais de Junho foi aprovado em Conselho de Ministros o Plano Directordo Gs Natural que, segundo declaraes oficiais, pretende fornecer as principais linhas orientadoras do desenvolvimento doprojecto de explorao deste recurso, com base no qual ser possvel desenhar e implementar projectos em reascomplementares. Ainda segundo declaraes de responsveis governativos, o gasoduto previsto no mbito do Plano Directordo Gs Natural vai transportar gs do terminal de Palma, na provncia de Cabo Delgado, norte do pas, at ao sul, e terramificaes para fornecer vrios pontos do pas, estando em curso estudos visando delinear a execuo do projecto e aidentificao das necessidades e viabilidade do mercado nacional e regional de gs. Recorde-se que, atravs das operaesdos grupos italiano ENI e norte-americano Anadarko Petroleum foram descobertos nos ltimos anos, mais de 150 bilies deps cbicos (bpc) de gs (alguns observadores estimam 180). Actualmente a explorao de gs natural concentra-se nasregies de Pande e Temane, em Inhambane, sendo exportado para a Africa do Sul atravs de um gasoduto, tendo comoprincipal operador o grupo petroqumico Sasol. Esto actualmente a decorrer tambm trabalhos de prospeco e pesquisa dehidrocarbonetos, acreditando-se que para alm do gs natural, possa haver igualmente petrleo.

    Posicionamento do pas tem vindo a melhorar: De acordo com as intenes j anunciadas pela ENI e Anadarko, aexplorao destas reservas dever ter incio em 2018 (ainda que alguns observadores apontem 2022 como mais provvel),podendo tornar Moambique num dos produtores de referncia mundial no mercado do gs natural. Conjugando as estimativaspara as reservas mundiais de gs natural, efectuadas em incios de 2014 pela agncia de energia norte-americana EIA, comas actuais estimativas de reservas existentes em Moambique, verifica-se que o pas reparte com a Nigria e a Arglia asposies cimeiras no que se refere aos principais detentores de reservas em frica. Dadas as estimativas mais recentes, queapontam para um total de reservas provadas em torno de 180 bpc, Moambique poder m