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Pantanal & Cerrado

Parques Nacionais:

1 Pantanal Matogrossense

2 Chapada dos Guimarães

3 Serra da Bodoquena

4 Ilha Grande

5 Emas

6 Araguaia

7 Brasília

8 Chapada dos Veadeiros

9 Serra da Canastra

10 Nascentes do Rio Parnaíba

11 Grande Sertão Veredas

12 Cavernas do Peruaçu

13 Sempre-Vivas

14 Serra do Cipó

15 Serra das Confusões

16 Chapada das Mesas

Legenda

Pontos cardeais

Status (MMA*)

Endemismo

Mapas das espécies

PANTANAL

CERRADO Cuiabá

BRASÍLIA

MATO GROSSO DO SUL

MATO GROSSO GOIÁS

MINAS GERAIS

BAHIA

PIAUÍTOCANTINS

PARÁ

PARANÁ

AMAZONAS

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MARANHÃO

SÃO PAULO

Campo Grande

Goiânia

São Paulo

Palmas

Rio de Janeiro

Belo Horizonte

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Rio G

uaporé

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Mor

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Rio Xingu

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Rio Corrente

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Rio Grande

Rio Grande

Rio Tietê

Rio Paranapanema

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Rio Ivaí

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BOLÍVIA

PARAGUAI

OCEANO ATLÂNTICO

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Sexo Macho

Fêmea

N, NE, NO Norte, nordeste, noroesteS, SE, SO Sul, sudeste, sudoesteL, O Leste, oeste

Criticamente em perigo

Em perigo

VulnerávelPantanal & Cerrado

Parques Nacionais:

CR

EN

VU

As cores indicam a distribuição da espécie:

Ocorrência de aves que se reproduzem na região

População isolada

Ocorrência de aves errantes

Ocorrência nos meses quentes (migrantes boreais)

Ocorrência nos meses frios (migrantes austrais)

Capitais dos estados

Brasília

Websiteswww.avesdobrasil.orgwww.wcs.org.br

M

F

Legenda

Pontos cardeais

Status (MMA*)

Endemismo

BRASIL

Mapas das espécies

*Ministério do Meio Ambiente Lista das Espécies da Fauna Brasileira Ameaçadas de Extinção, 2003

Espécie endêmica (ocorre apenas no Brasil)

Espécie quase endêmica (ocorre primariamente no Brasil)

PANTANAL

CERRADO Cuiabá

BRASÍLIA

MATO GROSSO DO SUL

MATO GROSSO GOIÁS

MINAS GERAIS

BAHIA

PIAUÍTOCANTINS

PARÁ

PARANÁ

AMAZONAS

RO

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MARANHÃO

SÃO PAULO

Campo Grande

Goiânia

São Paulo

Palmas

Rio de Janeiro

Belo Horizonte

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Par

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BOLÍVIA

PARAGUAI

OCEANO ATLÂNTICO

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PANTANAL & CERRADO

Protecting Wild BrazilPANTANAL & CERRADO

Protegendo a natureza brasileira

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Quando as águas baixam, multidões de aves far tam-se de peixes nas poças isoladas

O espetáculo de vida no Pantanal não se limita às aves. As paisagens abertas permitem o avistamento de alguns dos maiores animais terrestres da América do Sul, como o jacaré-do-pantanal, a capivara, a sucuri-amarela e o cervo-do-pantanal. Ocasionalmente, também podem ser vistos a anta, o cateto, a queixada, a ariranha (aumen-tando em número e fácil de ver, em alguns locais) e até mesmo a onça-pintada. A exuberância da fauna do Pantanal impressiona, mas a proteção a seus grandes espetáculos naturais exige bas-tante esforço, à medida que novos desafios emergem no milênio que se inicia. O sistema pantaneiro de criação de gado tem sido um bom exemplo de uso sustentável da terra, aliando tradição cultural e proteção ao ambiente, mas a pecuária passa a ser predatória quando os tama-nhos dos rebanhos aumentam demais. A conservação das paisagens naturais pantaneiras depende da presença de campos naturais, cerrados e matas intactos, da boa quali-dade das águas provenientes do Cerrado e da manutenção tanto do fluxo lento do rio Paraguai quanto de seu ritmo anual de cheias e vazantes. É do mosaico de ambientes – capões de mata junto a banhados, campos junto a baías – que se origina a rica biodiversidade do Pantanal.

“O Pantanal tem a maior concentração de fauna das Américas.

As pessoas de fora do Brasil conhecem só a Amazônia.”

Dra. Maria Tereza Jorge Pádua, ex-diretora de Parques Nacionais e ex-presidente do Ibama Os jacarés descansam em grupos

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: J. QU

ENTAL

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FOTO: JENNY BOWMAN

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Quando as águas baixam, multidões de aves far tam-se de peixes nas poças isoladas

PANTANAL

Um espetáculo naturalCom cerca de 450 espécies de aves, o Pantanal é um dos locais mais afamados do mundo para a prática do bird watching (observação de aves). É fácil observar, entre outras, espécies como o tucanuçu, a arara-azul-grande, a maracanã-de-colar e o mutum-de-penacho. Além disso, todos os anos, por alguns meses, a região abriga uma das maiores concentrações de aves pernaltas no mundo inteiro. Durante a cheia, as aves pernaltas espalham-se por toda a região em pequenos grupos. Quando as águas baixam, as lagoas encolhem e se convertem em poças isoladas, nas quais imensos cardumes de peixes ficam aprisionados. A abundância de presas fáceis atrai uma multidão de aves aquáticas, às vezes em números im-pressionantes, em que a estrela é o jaburu, cuja elevada estatura faz com que se destaque entre a inquieta mul-tidão de garças, biguás e colhereiros. Cinco espécies de martins-pescadores juntam-se à festa e até o céu fica cheio de aves.O ecoturismo tem importância econômica cada vez maior para o Pantanal e para as fazendas pantaneiras. Um ro-teiro muito popular entre os observadores de aves é per-correr a Rodovia Transpantaneira, de Poconé para sul, parando a cada tanto em diferentes ambientes. Num bom dia, com um bom guia, é possível ver mais de 100 es-pécies diferentes de aves, ativas mesmo nas horas de maior calor.

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Tucanuçu, arara-canindé e gralha-do-campo

CERRADO

Cerrado típicoO cerrado típico é uma savana com densa cobertura de gramí-neas, ervas e moitas, entre a qual crescem árvores baixas e espaçadas, cujas copas não se tocam. Essa vegetação é for-mada pela combinação de duas floras diferentes: uma herbá-cea, própria dos campos naturais, e outra arbórea, florestal. As flores silvestres podem ser abundantes, e às vezes a flora-ção é espetacular, sobretudo depois das primeiras chuvas ou da passagem do fogo. Os troncos das árvores são retorcidos e de casca espessa, muitas vezes enegrecida como carvão. A ocorrência natural e esporádica do fogo causado por raios determinou a diversidade de paisagens que caracteriza o Cer-rado. Onde o fogo é frequente, o cerrado típico tende a conver-ter-se em campo. Sem fogo, as árvores ficam mais altas, mais numerosas e mais próximas, e o Cerrado se torna cerradão. As fauna de aves muda à medida que a paisagem se modi-fica. Algumas aves requerem a interface de dois ambientes, como a seriema, que caça nos campos mas aninha em ár-vores do cerrado típico. Grande variedade de aves habita o cerrado típico, no qual é possível ver a arara-canindé, o tucanuçu, a seriema, a gralha-do-campo, o papagaio-galego, o periquito-rei e o colibri-de-canto. Outras especialidades são o suiriri-da-chapada, a bandoleta, a cigarra-do-campo, o batuqueiro, a patativa e a imponente água-cinzenta, cada vez mais rara. Embora difíceis de avistar em meio ao ca-pinzal alto e fechado, várias aves de solo, como a codorna-comum, a codorna-mineira e o inhambu-carapé, às vezes recompensam o observador mais persistente.

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FOTO: P. MILKO FOTO: F. COLOMBINI

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Na região do Cerrado há vários tipos de campos naturais, entre eles o campo limpo, formado só por gramíneas e outras plantas herbáceas; o campo sujo, com arbustos e arvoretas espalhados em meio à vegetação herbácea; e o campo úmido, que ocorre em áreas permanentemente encharcadas. Outro tipo, muito especializado, é o cam-po rupestre, encontrado em terrenos rochosos e de solo raso, no alto de serras. Cada um desses ambientes tem plantas características e próprias, e vários também têm aves típicas. Entre as espécies de ampla ocorrência em campos estão a perdiz e a coruja-buraqueira. As aves próprias do campo lim-po incluem a ema, o galito, o andarilho (sobretudo em áreas recém-queimadas), o mineirinho, o papa-moscas-do-campo, o maxalalagá, o tico-tico-mascarado e o tricolino-canela. En-tre as especialidades do campo sujo estão o capacetinho-cinza, o inhambu-carapé e o meia-lua-do-cerrado. O raríssi-mo bicudo prefere vegetação arbustiva na beira de campos úmidos, nos quais vive o canário-do-brejo. O campo rupes-tre é habitado pelo campainha-azul e pelo chifre-de-ouro. Os campos naturais são formados por espécies nativas de capim, adaptadas para sobreviver à ocorrência oca-sional de fogo; eles podem sustentar rebanhos que não sejam muito numerosos, mas para aumentar a produção pecuária os fazendeiros em geral plantam capins de es-pécies africanas, eliminando os capins nativos, as flores silvestres e as aves típicas desses ambientes.

Bacurau-de-rabo-branco, mineirinho e perdiz

CERRADO

CamposCERRADO

Cerrado típico

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FOTO: P. MILKO

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Muitos locais de grande beleza e biodiversidade ainda não têm proteção legal, como a bacia do rio Parnaíba, no Piauí

Sem registros desde sua descoberta, em 1926, o pica-pau-do-parnaíba foi

reencontrado há poucos anos perto de Goiatins, Tocantins.

Seu ambiente, mata seca com taquaras, está ameaçado pela agropecuária e pela construção de estradas. Até 2007, apenas 23 indivíduos eram conhecidos e a população total não deve

passar de 250

Um corredor de vida silvestre, que está sendo planejado no oeste do Pantanal, beneficiará

os grandes mamíferos e as aves. Fazendas e RPPNs, nas quais

o ambiente natural é preservado, formam uma faixa contínua de

áreas protegidas, unindo parques próximos e permitindo

a movimentação dos animais

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FOTO: D. BUZZETTI

FON

TE: PANTH

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Apenas 4% do Pantanal e menos de 5% do Cerrado estão pro-tegidos. No Pantanal há um só parque nacional, insuficiente para preservar a biodiversidade e as paisagens pantaneiras. Muitas áreas protegidas parecem enormes, mas não são grandes o bastante para proteger mais que alguns indivíduos de espécies mais escassas. O P. N. das Emas, com 1.000 km2, é extenso, mas está tão isolado em meio a monocultu-ras que talvez seja incapaz de sustentar populações viáveis da águia-cinzenta, do lobo-guará, da anta ou do tatu-canastra.Os parques em si não são extensos o suficiente para proteger todas as espécies do Brasil. Os proprietários rurais podem ajudar, pois têm a possibilidade de preservar sua proprieda-de, ou parte dela, como uma Reserva Particular do Patrimônio Natural (RPPN). O Programa RPPN tem um papel estratégico nos esforços brasileiros para a conservação. Uma área não explorada não é uma área inútil: se for extensa, pode abrigar ampla gama de espécies nativas e ainda promover o contato entre as pessoas e o patrimônio natural brasileiro.É possível proteger aves e mamíferos de áreas de vida exten-sas, com a criação de corredores ecológicos. Estes incorpo-ram áreas públicas e privadas adjacentes, aumentam a área protegida e permitem aos animais movimentação segura por amplas regiões. Corredores unindo grandes unidades de con-servação, em especial parques nacionais, têm valor inestimá-vel. É necessário um maior empenho governamental no esta-belecimento de parcerias para tais ações de conservação.

Muitos locais de grande beleza e biodiversidade ainda não têm proteção legal, como a bacia do rio Parnaíba, no Piauí

PANTANAL & CERRADO

Mais áreas protegidas

Sem registros desde sua descoberta, em 1926, o pica-pau-do-parnaíba foi

reencontrado há poucos anos perto de Goiatins, Tocantins.

Seu ambiente, mata seca com taquaras, está ameaçado pela agropecuária e pela construção de estradas. Até 2007, apenas 23 indivíduos eram conhecidos e a população total não deve

passar de 250

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FON

TE: PANTHERA

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PAPAGAIOS, ARARAS E PERIQUITOS (Psitacídeos) Aves coloridas, de bico curto muito curvo e pés hábeis. Porte variável, cauda longa ou curta. Ruidosos e sociáveis, a maioria aninha em ocos de árvores. Silen-ciam quando pousam e podem ser detectados pela “chuva” de restos que cai ao comerem frutos ou sementes.ARARA-AZUL-GRANDE Anodorhynchus hyacinthinus 96-101 cm

No passado, teve ampla ocorrência em mata de galeria; hoje só é numerosa no Pantanal. Espetacular, o maior psitacídeo do mundo. Enorme bico preto, mandíbula margeada de amarelo-vivo. Plumagem azul-intensa, preta sob a asa e a cauda. Inconfundível, mas outras araras podem parecer bem escuras em iluminação ruim; a silhueta “cabeçuda” é característica. Ao contrário das outras araras, raramente voa muito alto. Vive em casal ou gru-pinhos; alimenta-se dos frutos das palmeiras acuri (Scheelea) e bocaiúva (Acrocomia), e desce ao solo para comer os coquinhos caídos, caminhando com passo bamboleante. Bandos com até 30-40 aves congregam-se onde a comida é farta. Na região, aninha em ocos de árvores, em geral imensos maduvis (Sterculia). Voz muito potente, mais grave e rouca que a de outras araras, um “raaanh!” que pode ser repetido, às vezes mais arrastado, às vezes como um tagarelar rápido. A ocupação agropecuária fez sua popula-ção diminuir ou sumir em boa parte da distribuição original. No Pantanal, a população declinou há algumas décadas, pela captura para o tráfico de animais, mas agora parece estar estável ou mesmo aumentado, graças à proteção por muitos proprietários rurais.

O GÊNERO ARA inclui araras grandes e coloridas, de caudas afiladas muito longas e pele nua na face. Vozes potentes, que ressoam a grande distância.ARARA-CANINDÉ Ara ararauna 81-86 cm

Razoavelmente comum, de forma localizada, em mata de galeria e cerra-dão; está em declínio populacional ou desapareceu em muitos lugares. Face nua branca, com fileiras de peninhas pretas e um pequeno “babador” preto. Por cima, colorido azul-intenso, com penas de voo mais escuras. Por baixo, amarelo-viva; amarelo sob as asas e a cauda. Inconfundível, mas sob iluminação ruim pode ser difícil dis tinguir suas cores. Vive em casal ou bandinhos; em alguns lugares reúnem-se grupos grandes, com 30-50 aves (como no P. N. das Emas). Pode voar longas distâncias entre os locais de pernoite e alimentação, passando veloz a grande altura – com luz ade-quada, esse é um espetáculo belíssimo. Como outros psitacídeos, pode ser difícil de localizar quando pousada, pois permanece em silêncio. Na região alimenta-se dos frutos de palmeiras, no chão ou a baixa altura. Voz menos áspera que outras araras, mas ainda assim barulhenta; o grito mais característico é um “rraaah!” rouco e potente, dado em voo ou pouco antes de voar; também dá um “kurioréc” típico.

ARARA-VERMELHA-GRANDE Ara chloropterus 89-96 cmEscassa, hoje com ocorrência localizada em cerradão e mata semi-úmida, podendo aparecer em cerrado; declinou em muitas áreas, por causa da captura e ocupação agropecuária. Bico bicolor; face nua branca com fileiras de peninhas vermelhas. Colorido geral vermelho-vivo; baixo dorso, rabadilha e crisso azul-claros. Coberteiras da asa verdes, penas de voo azuis. Vermelho sob as asas e a cauda. Inconfundível em boa iluminação. Comportamento parecido ao da canindé. Parece ocorrer sobretudo longe da água e nunca em bandos grandes. Aninha em ocos de árvores ou em buracos em paredões rochosos. Voz mais potente que a das outras araras, em geral mais grave e menos variada que a da canindé.

MARACANÃ-DE-CARA-AMARELA Orthopsittaca manilata 46-48 cmRazoavelmente comum em matas de galeria, sobretudo no N da região. Associada à palmeira buriti (Mauritia). Antes no gênero Ara. Face nua amarelada. Colorido geral verde, azulado na coroa, com garganta e peito esbranquiçados, como se enfarinhados; mancha vermelha na barriga. Penas de voo azuladas. Amarelo-esverdeado claro sob as asas e a cauda. Compare com a maracanã-do-buriti (página 117), de face branca, verde mais intenso, vermelho na testa e dorso, sem amarelo sob as asas; também com a maracanã-pequena, menor. Em geral em grupinhos, às vezes em bando com 25 ou mais aves. Vista voando entre locais de pernoite e de alimentação, tipicamente em buritizais; às vezes pernoita nas palmeiras. Em voo, esguia, com asas finas e pontudas e cauda estreita, às vezes meio erguida; batidas curtas de asa. Ao voar, voz mais aguda e mais suave que a das outras araras, um “cree-e-e” repetido, ouvido de longe.

ARARA-AZUL-GRANDEHYACINTH MACAW

ARARA-CANINDÉBLUE-AND-YELLOWMACAW

ARARA-VERMELHA-GRANDERED-AND-GREENMACAW

MARACANÃ-DE-CARA-AMARELARED-BELLIED MACAW

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VU

PAPAGAIOS, ARARAS E PERIQUITOS (Psitacídeos) Aves coloridas, de bico curto muito curvo e pés hábeis. Porte variável, cauda longa ou curta. Ruidosos e sociáveis, a maioria aninha em ocos de árvores. Silen-ciam quando pousam e podem ser detectados pela “chuva” de restos que cai ao comerem frutos ou sementes.ARARA-AZUL-GRANDE Anodorhynchus hyacinthinus 96-101 cm

No passado, teve ampla ocorrência em mata de galeria; hoje só é numerosa no Pantanal. Espetacular, o maior psitacídeo do mundo. Enorme bico preto, mandíbula margeada de amarelo-vivo. Plumagem azul-intensa, preta sob a asa e a cauda. Inconfundível, mas outras araras podem parecer bem escuras em iluminação ruim; a silhueta “cabeçuda” é característica. Ao contrário das outras araras, raramente voa muito alto. Vive em casal ou gru-pinhos; alimenta-se dos frutos das palmeiras acuri (Scheelea) e bocaiúva (Acrocomia), e desce ao solo para comer os coquinhos caídos, caminhando com passo bamboleante. Bandos com até 30-40 aves congregam-se onde a comida é farta. Na região, aninha em ocos de árvores, em geral imensos maduvis (Sterculia). Voz muito potente, mais grave e rouca que a de outras araras, um “raaanh!” que pode ser repetido, às vezes mais arrastado, às vezes como um tagarelar rápido. A ocupação agropecuária fez sua popula-ção diminuir ou sumir em boa parte da distribuição original. No Pantanal, a população declinou há algumas décadas, pela captura para o tráfico de animais, mas agora parece estar estável ou mesmo aumentado, graças à proteção por muitos proprietários rurais.

O GÊNERO ARA inclui araras grandes e coloridas, de caudas afiladas muito longas e pele nua na face. Vozes potentes, que ressoam a grande distância.ARARA-CANINDÉ Ara ararauna 81-86 cm

Razoavelmente comum, de forma localizada, em mata de galeria e cerra-dão; está em declínio populacional ou desapareceu em muitos lugares. Face nua branca, com fileiras de peninhas pretas e um pequeno “babador” preto. Por cima, colorido azul-intenso, com penas de voo mais escuras. Por baixo, amarelo-viva; amarelo sob as asas e a cauda. Inconfundível, mas sob iluminação ruim pode ser difícil dis tinguir suas cores. Vive em casal ou bandinhos; em alguns lugares reúnem-se grupos grandes, com 30-50 aves (como no P. N. das Emas). Pode voar longas distâncias entre os locais de pernoite e alimentação, passando veloz a grande altura – com luz ade-quada, esse é um espetáculo belíssimo. Como outros psitacídeos, pode ser difícil de localizar quando pousada, pois permanece em silêncio. Na região alimenta-se dos frutos de palmeiras, no chão ou a baixa altura. Voz menos áspera que outras araras, mas ainda assim barulhenta; o grito mais característico é um “rraaah!” rouco e potente, dado em voo ou pouco antes de voar; também dá um “kurioréc” típico.

ARARA-VERMELHA-GRANDE Ara chloropterus 89-96 cmEscassa, hoje com ocorrência localizada em cerradão e mata semi-úmida, podendo aparecer em cerrado; declinou em muitas áreas, por causa da captura e ocupação agropecuária. Bico bicolor; face nua branca com fileiras de peninhas vermelhas. Colorido geral vermelho-vivo; baixo dorso, rabadilha e crisso azul-claros. Coberteiras da asa verdes, penas de voo azuis. Vermelho sob as asas e a cauda. Inconfundível em boa iluminação. Comportamento parecido ao da canindé. Parece ocorrer sobretudo longe da água e nunca em bandos grandes. Aninha em ocos de árvores ou em buracos em paredões rochosos. Voz mais potente que a das outras araras, em geral mais grave e menos variada que a da canindé.

MARACANÃ-DE-CARA-AMARELA Orthopsittaca manilata 46-48 cmRazoavelmente comum em matas de galeria, sobretudo no N da região. Associada à palmeira buriti (Mauritia). Antes no gênero Ara. Face nua amarelada. Colorido geral verde, azulado na coroa, com garganta e peito esbranquiçados, como se enfarinhados; mancha vermelha na barriga. Penas de voo azuladas. Amarelo-esverdeado claro sob as asas e a cauda. Compare com a maracanã-do-buriti (página 117), de face branca, verde mais intenso, vermelho na testa e dorso, sem amarelo sob as asas; também com a maracanã-pequena, menor. Em geral em grupinhos, às vezes em bando com 25 ou mais aves. Vista voando entre locais de pernoite e de alimentação, tipicamente em buritizais; às vezes pernoita nas palmeiras. Em voo, esguia, com asas finas e pontudas e cauda estreita, às vezes meio erguida; batidas curtas de asa. Ao voar, voz mais aguda e mais suave que a das outras araras, um “cree-e-e” repetido, ouvido de longe.

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FERRO-VELHOCHESTNUT-BELLIED EUPHONIA

GATURAMO-DE-BICO-GROSSO THICK-BILLED EUPHONIA

GATURAMO-VERDADEIRO VIOLACEOUS EUPHONIA

FIM-FIM PURPLE-THROATED EUPHONIA

GATURAMO-REI GOLDEN-RUMPED EUPHONIA

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Os GATURAMOS são pássaros miúdos, de cauda curta e bico pequeno e robusto, que vivem em matas e outros ambientes arborizados. Antes considerados parentes próximos das saíras, hoje crê-se serem mais apa-rentados aos fringilídeos (pintassilgo, página 305). Comem frutos, com predileção por erva-de-passarinho.GATURAMO-REI Euphonia cyanocephala 11 cm

Raro, de ocorrência localizada (talvez ligada à época do ano) em borda de mata, no S e SE da região e no O de Mato Grosso do Sul (um registro antigo, perto de Corumbá). Ambos os sexos têm coroa e nuca azul-turquesa. M preto por cima, com rabadilha amarela; garganta preta, demais partes in-feriores amarelo-alaranjadas. F oliva por cima e amarelada por baixo, com testa alaranjada. Quase inconfundível; compare com a saíra-viúva (página 281). Vive em grupinhos, que ficam no alto das árvores, e é discreto e difícil de ver. Raramente junta-se a outros gaturamos; parece gostar de frutos de erva-de-passarinho ainda mais que seus parentes. Canto, um chilreio rápi-do, mesclado com notas mais graves, características, como “tchuk” e “tuí”.

FIM-FIM Euphonia chlorotica 10 cmRazoavelmente comum, de ocorrência ampla em mata de galeria, bordas e pomares. O gaturamo mais numeroso na região. M preto-azulado por cima com testa amarela; garganta preta, amarelo por baixo. F oliva por cima, bran-ca por baixo com lados e crisso amarelados. Na maior parte da região, único gaturamo cujo M tem garganta preta; compare a F com as do gaturamo-verdadeiro e do gaturamo-de-bico-grosso, maiores, com mais amarelo por baixo. Em casal ou grupinhos; alimenta-se de frutos pequenos, em especial erva-de-passarinho. Vista com saíras e outros gaturamos em árvores com frutos, mas não costuma acompanhar bandos mistos. Dá um assobio “vi-vi”, musical e sonoro, daí o nome popular (também chamado de vi-vi).

GATURAMO-VERDADEIRO Euphonia violacea 11,5 cmRazoavelmente comum em mata de galeria, borda de mata e áreas aber-tas com árvores. M azul-escuro por cima, com pequena mancha amarela na testa (chegando só acima do olho); todo amarelo por baixo, garganta e peito mais alaranjados. Compare com o gaturamo-de-bico-grosso, com mancha maior na cabeça, sem alaranjado por baixo. F oliva por cima, amarelo-olivácea por baixo. O M jovem lembra a F, mas logo adquire testa amarela e face azul-escura. Em casal ou grupinhos, percorre a vegetação a qualquer altura, às vezes com outros gaturamos. Canto, uma sequência (muitas vezes longa) de frases curtas, umas musicais, outras ásperas, mes-cladas a trinados e imitações de outras aves; às vezes imita um número impressionante de espécies.

GATURAMO-DE-BICO-GROSSO Euphonia laniirostris 11,5 cmEscasso, de ocorrência localizada em borda de mata, capoeira e áreas abertas com árvores. Bico um pouco mais grosso que o de outros gatura-mos, mas é difícil perceber em campo. M azul-escuro por cima, com ex-tensa mancha amarela na testa. Todo amarelo por baixo. F oliva por cima, amarelo-olivácea por baixo. Compare o M com o do gaturamo-verdadeiro, também de bico grosso, mais laranja por baixo e com testa amarela me-nor; as FF de ambas as espécies são indistinguíveis; na região, as duas espécies parecem não ocorrer juntas. Comportamento como o do gatura-mo-verdadeiro. Vocaliza muito, dando diversos chamados que incluem um “schuít” musical; o canto é uma sequência longa e variada de frases curtas, um tanto ásperas, que incluem imitações de outras aves.

FERRO-VELHO Euphonia pectoralis 11,5 cmEscasso, de ocorrência localizada em dossel e borda de mata e cerradão. M azul-escuro por cima (sem testa amarela) e também na garganta e peito; de-mais partes inferiores castanhas, mancha amarela perto da curva da asa. F oliva por cima, nuca lavada de cinza; cinza por baixo, flancos amarelo-oliváce-os e crisso canela. Na região é inconfundível. Arborícola, visto em casal, muitas vezes com bandos mistos. Costuma mexer a cauda para os lados. Chamado áspero e rascante, um “drr-drr-drr-drr” ou um “drr-t-t-t-t-t” mais rápido.O gaturamo-do-norte (E. rufiventris) ocorre no dossel e borda de mata, no O de Mato Grosso. O M lembra o da espécie anterior, com partes inferiores mais claras, alaranjadas. F parecida, de crisso alaranjado. As duas espécies não ocorrem juntas.

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