Brasiliana, a Enganada 4330 - Brigadas Populares

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A história de uma trabalhadora terceirizada. conheça

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A história de umatrabalhadora terceirizada.

conheça

Rasgada, na capa desta revista, é Brasiliana Enganada, uma brasileira, trabalhadora, como tantas outras, outros, talvez, até como você. Um dia, o patrão de Brasilina, Sr. Skaf, informou a ela que a empresa estava com dificuldades e, por isso, muitas funcionárias seriam demitidas, mas que não deveriam ficar preocupadas, pois todas seriam recontratadas por uma empresa que prestaria os mesmos serviços para a mesma empresa em que, até então, Brasiliana estava trabalhando. E, assim, Brasiliana faria o mesmo serviço, porém, contratada por outra empresa.

Apesar de desconfiada, Brasiliana ficou contente em saber que, pelo menos, manteria seu emprego. Porém ao ser recontratada percebeu que seu salário era menor... Pensou em prote-star! Mas logo recebeu uma explicação que ela, honestamente, não entendeu, mas que utilizava palavras bonitas: modernização, adequação estrutural, sofisticação. Ela, então, resolveu deixar para lá, afinal ao menos mantivera seu emprego.

uma brasileira como você

Um dia, revoltada com o preço do supermercado e vendo que seu novo salário não dava mais conta dos gastos, Brasiliana foi ao seu chefe, que continuava sendo o Sr. Skaf, e pediu um aumento. O chefe então lhe fez uma proposta. Ofereceu a Brasiliana o “direito” de fazer horas extras que lhe renderiam um dinheiro a mais no fim do mês, aumentando o seu salário para o seu salário de antigamente. Brasiliana ficou satisfeita com a compreensão de seu chefe e com a recomposição de seu salário. Brasiliana não percebeu que, agora, ela trabalhara mais, muito mais, para receber o mesmo salário que, antes, recebia por menos tempo e menos esforço de trabalho.

Um tempo depois, a empresa que contratara Brasiliana, que não é mais a mesma empresa que o Sr. Skaf é dono, informou que estava com dificuldades financeiras e, para superar essa situação, ela iria ter de cortar os benefícios que

a flexibilização

os primeiros cortes

Brasiliana tinha: auxílio saúde, vale-alimen-tação, bônus de fim de ano e outros. Brasiliana não ficou satisfeita! Agora, então, juntou-se a suas colegas de trabalho e foi ao seu chefe, o Sr. Skaf, para pedir explicações. Ele expliou que não era ele mais o chefe delas, pois Brasiliana e as suas colegas, agora, trabalhavam em outra empresa que apenas prestava serviços a empresa de Sr. Skaf. Assim, ela e suas colegas deveriam reclamarar diretamente para a empre-sa que, de fato, eram contratadas. Brasiliana percebeu! Percebeu, então, que nem conhecia o seu verdadeiro chefe e que seu chefe de todos os dias, o Sr. Skaf, só era chefe para se cobrar os serviços e não mais para negociar os seus direitos trabalhistas.

Assim, Brasiliana procurou o seu contrato de trabalho para ver quem era, de fato, o chefe delas. Percebeu, então, que o dono da empresa que a contratara e que prestava serviços à empresa do Sr. Skaf era o irmão do Sr. Skaf, o Sr. Eskafuds. Ao mostrar as suas colegas de trabalho, muitas não se importaram muito.

Brasiliana, que assistia a tudo com preocu-pação, organizou uma reunião com as suas colegas, e explicou como essa situação era injusta e como essa mudança de empresa precarizou a vida a situação de trabalho de todas. Assim, todas juntas, buscaram unir forças com outras funcionárias de outras empresas, essas, não terceirizadas. Mas, assim como da primeira vez, elas não ligaram muito e não acha-ram importante o que Brasiliana tinha a dizer. Pois não se sentiam ameçadas por conta dessa coisa de “terceirização”.

as mesmas famílias

Brasiliana, que assistia a tudo com preocu-pação, organizou uma reunião com as suas colegas, e explicou como essa situação era injusta e como essa mudança de empresa precarizou a vida a situação de trabalho de todas. Assim, todas juntas, buscaram unir forças com outras funcionárias de outras empresas, essas, não terceirizadas. Mas, assim como da primeira vez, elas não ligaram muito e não acha-ram importante o que Brasiliana tinha a dizer. Pois não se sentiam ameçadas por conta dessa coisa de “terceirização”.

Brasiliana percebeu ainda que todos os dias algo não ia bem. Acidentes de trabalho, cortes de benefícios, mais trabalho e nada de aumento de salário. E, mesmo assim, com todo mundo trabalhando mais e recebendo menores salários, ocorriam mais demissões na empresa e, para manter o emprego, ela teria de ficar quieta e trabalhar mais. Mesmo assim, Brasiliana foi

precarização à demissão

organização e luta

demitida, pois a empresa estava com dificul-dades financeiras e teria de fazer um rodízio de funcionárias para não ter acúmulo de direitos trabalhistas: INSS, previdência, direito à férias, essas coisas.

Aí, depois de demitida, Brasiliana resolveu procurar outro emprego, não como terceirizada, mas como aquele que tinha antigamente, com contrato com a mesma empresa em que trabalhava todos os dias e não uma outra, que só tinha ido uma vez para assinar um papel. Mas Brasiliana descobriu que aqueles empregos de antigamente não haviam mais e estavam cada vez mais raros e assim mesmo eles tinham salários ainda menores. Ainda sabendo disso tudo, aceitou trabalhar como terceirizada, pois as contas estavam vindo e não poderia parar de trabalhar, mesmo que em péssimas condições e sem os direitos trabalhistas que antes tinha.

redução dos salários

querem terceirizar você

Junte-se à essa luta e construa um país para menos Enganadas e com mais justiça às trabalhadoras e trabalhadores.Pátria Livre, Venceremos!

Pois é, essa poderá ser a história da Brasiliana Enganada, que possui um pouco de cada uma e cada um de nós. Nós ainda podemos mudar essa história fictícia, que ainda não aconteceu, mas poderá acontecer se não impedirmos que o Projeto de Lei (PL) 4330, que terceiriza todas as atividades da empresas, seja aprovado pelo Congresso Nacional.

Pátria livre, venceremos!