Breve panorama da educação medieval
-
Upload
priscila-aristimunha -
Category
Documents
-
view
2.791 -
download
2
Transcript of Breve panorama da educação medieval
UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO SUL
FACULDADE DE EDUCAÇÃO
EDU01004 – História da Educação – História da Escolarização Brasileira e Processos Pedagógicos – Turma E
Prof. Dr. Simone Valdete dos Santos Graduando: Filipe Róger Vuaden
Breve Panorama da Educação Medieval
A Idade Média foi um longo período da história da Europa, iniciada logo após a Antiguidade
Clássica. Perdurou do século V até o século XV. A Idade Média é também frequentemente dividida em
demais períodos, que representam sua ascensão e declínio ao longo dos séculos. Durante esse período,
posterior a queda do Império Romano, a maior parte da população europeia foi cristianizada, pois o
cristianismo disseminou-se muito rapidamente pela Europa Ocidental, caracterizando uma sociedade
marcada por um forte pensamento religioso. Até mesmo a organização da sociedade medieval faz certa
referência à Santíssima Trindade (Clero, Nobreza e Servos).
Devido a esse forte pensamento religioso por parte da população, a Igreja Católica adquiriu grande
poder e era a grande difusora de ideias. Era ela quem detinha todo o conhecimento da época e
representava uma grande influência político-econômica na Europa. A Igreja possuía muitos bens e diversos
mosteiros ao longo do continente. Neles encontravam-se enormes bibliotecas que continham obras do
Mundo Clássico e Oriental. Contudo, exceto os membros da Igreja, eram poucas as pessoas alfabetizadas, e
muito menos as que obtinham acesso a essas obras. Portanto, durante esse longo período da história
Ocidental, a Igreja era a grande responsável pela educação daqueles que obtinham acesso a ela.
A língua, a Arte, a cultura, a Arquitetura e a Filosofia eram totalmente influenciadas pela
religiosidade. O latim era o idioma oficial da Igreja e das escolas monásticas. Portanto, todo estudante
dedicava-se ao estudo do idioma. As pinturas e os vitrais das igrejas representavam sempre passagens
bíblicas, auxiliando no ensina da religião à população. A Arquitetura destacava-se pelos castelos, catedrais
e igrejas. Na Filosofia havia a escolástica (com base cristã), fortemente representada pelo padre
dominicano São Tomás de Aquino.
Havia escolas que ficavam anexas às catedrais ou mesmo nos mosteiros. O caráter educativo era
essencialmente religioso e dogmático, com menor ênfase à educação intelectual e científica. As escolas da
época eram dirigidas por um cônego, chamado de scholarius ou scholasticus. Já os professores eram
clérigos de ordens menores. O currículo escolar era dividido em “sete artes liberais”: gramática, lógica,
retórica, aritmética, geografia, astronomia e música. O estudo dessas sete artes dividia-se em dois ciclos:
Trivium: tratava do ensino da gramática, da retórica e da lógica;
Quadrivium: tratava do estudo da aritmética, da geografia, da astronomia e da música.
Destas escolas, destacavam-se quatro tipos: paroquiais, monásticas, palatinas e catedrais.
Escolas paroquiais: limitavam-se à formação de padres e eclesiásticos. Na paróquia, qualquer
sacerdote poderia ser designado a ensinar nas escolas paroquiais. Inicialmente o ensino se dava
na casa do sacerdote, sendo posteriormente substituído às primeiras Igrejas. O ensino nessas
escolas limitava-se ao estudo da Bíblia, com ênfase nos salmos e nas morais cristãs;
Escolas monásticas: inicialmente limitavam-se à formação de monges em internatos. Contudo,
com o tempo tornaram-se escolas externas e passaram a educar também filhos de nobres,
alfabetizando-os, instruindo-os no conhecimento da Bíblia e nas sete artes liberais;
Escolas palatinas: fundada por Carlos Magno juntamente com sua corte a partir de 787 d. C. no
seu próprio palácio. O monge inglês Alcuíno auxiliou-o no plano de desenvolvimento escolar,
que compreendia as sete artes liberais divididas no trivium e quadrivium;
Escolas catedrais: eram escolas urbanas instituídas no século XI sob determinação do Concílio
de Roma de 1079. Com o Concílio de Latrão em 1179, passam a ser mantidas através de
benefícios. O conhecimento deixa de ser restrito e retornam os estudos de autores clássicos e
de elementos de outras culturas, inclusive orientais.
Só obtinha acesso ao ensino aqueles que obtinham uma autorização cedida pelos bispos ou
diretores das escolas eclesiásticas. Contudo, eram poucos os que obtinham a concessão, pois a Igreja temia
perder a influência, e a grande maioria dos estudantes eram filhos de nobres. A maior parte da população
era além de pobre, analfabeta. Surgem assim as universitas, denominadas mais tarde como universidades,
formadas por grupos de alunos e professores que eram contra a limitação do acesso ao conhecimento pela
Igreja. As universidades eram divididas em quatro faculdades: a de Artes, que tratava de um conhecimento
mais geral, e as de Direito, Medicina e Teologia, que tratavam de assuntos mais específicos. As
universidades eram dirigidas pelos decanos, eleitos pelos professores. Tais universidades posteriormente
foram marcadas por trazerem grandes discussões sobre os assuntos abordados, e a liberdade de expressão
era maior. Já no fim da Idade Média, inicia o surgimento de universidades com iniciativa papal ou real,
como a Universidade de Coimbra, em Portugal, fundada em 1290.
Posteriormente, muitos dos colégios medievais se tornaram centros de estudos autônomos e de
grande renome. Alguns deles perduram até hoje, como Oxford e Cambridge na Inglaterra e Sorbonne na
França.
Assim, podemos estabelecer uma relação entre a escola medieval, que perdurou por séculos, e a
escola que conhecemos hoje, através de características como a presença de um professor que ensinava a
muitos alunos e que respondia pela sua atividade à Igreja ou a outro poder (diretor, órgão nacional
responsável pela educação); as atividades ligadas à leitura e aos autores e a discussão dos mesmos; a
utilização de prêmios e castigos disciplinares, além da organização dos estudos nas escolas monásticas, nos
mosteiros e nas universidades. Observa-se assim como iniciou a educação no Ocidente e sua evolução ao
longo dos séculos, até chegarmos a Educação nacional dos dias de hoje, laica, gratuita, obrigatória e de
responsabilidade do Estado.
Referências:
História da Educação. In: Info Escola. 18 dez. 2009. Disponível em:
<http://www.infoescola.com/pedagogia/historia-da-educacao/>. Acesso em: 04 dez. 2012.
Educação na Idade Média. In: Brasil Escola. Disponível em:
<http://www.brasilescola.com/historiag/educacao-na-idade-media.htm>. Acesso em: 04 dez.
2012.
História da Educação – Período Medieval. In: Pedagogia. Disponível em:
<http://www.pedagogia.com.br/historia/medieval.php>. Acesso em: 04 dez. 2012.
IDADE MÉDIA. In: WIKIPÉDIA, a enciclopédia livre. Flórida: Wikimedia Foundation, 2012. Disponível em:
<http://pt.wikipedia.org/w/index.php?title=Idade_M%C3%A9dia&oldid=32848613>. Acesso em: 4 dez.
2012.