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BRINCANDO E APRENDENDO COM O RÁDIO TRANSMISSOR
Pedro Benedito Patricio (Programa de Desenvolvimento Educacional – PDE) [email protected]
Ricardo Francisco Pereira (Universidade Estadual de Maringá - UEM) [email protected]
Resumo: A educação como base da formação de todos, se ocupa de variados meios e instrumentos para efetivar seu objetivo principal que é contribuir com a formação de um indivíduo crítico, participativo, capaz de intervir efetivamente no ambiente em que está inserido. No dia a dia do professor, diante de tantas dificuldades encontradas referente ao processo ensino aprendizagem, buscamos metodologias ou procedimentos metodológicos que motivassem os alunos a participarem ativamente das aulas, se tornando co-responsável pelo seu aprendizado. Percebemos que é necessária a manipulação e a realização dos experimentos pelos próprios alunos para que pudessem construir seus conhecimentos, fazendo demonstrações e comparando resultados. A metodologia utilizada nesse trabalho foi à pesquisa ação com abordagem qualitativa que através de experimentos coloca professor e alunos a investigarem metodologia e aprendizado de modo a construírem um conhecimento significativo na vida de nossos estudantes. Durante os estudos, pesquisas, reconhecimentos dos componentes, medições e montagem do transmissor os alunos tiveram efetiva participações, questionando e buscando soluções para os problemas encontrados. Deste modo percebemos que a experimentações nas aulas de Física, além de motivarem os estudantes proporcionaram uma interação entre professor e aluno, entre eles mesmos tornado os estudos mais proveitosos. Palavras chave: Ensino de Física. Experimentação. Ondas Eletromagnéticas. Rádio Transmissor.
1. INTRODUÇÃO
Este artigo tem como objetivo apresentar o trabalho desenvolvido no Projeto de
Intervenção Pedagógica e Unidade Didática do PDE (Programa de
Desenvolvimento Educacional) o qual procurou encontrar estratégias ou
metodologias que facilitassem o trabalho do professor e o aprendizado dos
alunos. O experimento “Rádio Transmissor” foi desenvolvido com uma turma
de 3º ano do Ensino Médio no Colégio Estadual Professora Ivone Soares
Castanharo em Campo Mourão Paraná. Os alunos produziram um rádio
transmissor para explorarem os conceitos de ondas eletromagnéticas e com a
montagem do mesmo também foi possível discutir outros conteúdos de física,
tais como: dispositivos eletrônicos e circuito elétrico simples.
O experimento proporcionou momentos de investigações e pesquisas de
assuntos que contribuíram para o aprimoramento de um saber científico,
levando os educandos a uma atuação social e crítica para a transformação de
suas vidas e do meio em que o cerca.
Percebeu-se que a experimentação nas aulas de Física é fundamental para a
construção do saber, pois dá oportunidade aos alunos de manipularem
componentes e objetos que estão relacionados com os conteúdos de Física e
atividades de seu cotidiano, contribuindo para um melhor entendimento de
suas aplicações.
Por meio de experimentos nota-se uma maior apropriação dos conteúdos
abordados melhorando significativamente a participação e o envolvimento do
aluno na aula, facilitando assim o papel do professor. Notou-se também que a
teoria e prática proposta em sala de aula facilitaram a aprendizagem dos
conteúdos abordados, sendo, portanto, considerados como uma ferramenta
capaz de auxiliar na compreensão de conceitos, princípios e leis da Física.
Assim tem-se percebido que a experimentação deve ser entendida como meio
para uma aprendizagem efetiva e não somente como um material visível e
manipulativo nas mãos dos jovens. O experimento por si só não tem significado
para o aprendizado é ai que entra o papel do professor para fazer essa
transposição, daquilo que é lúdico para o que é científico de modo a fortalecer
essa apropriação do conhecimento.
2. TEORIA DO DESENVOLVIMENTO DE VYGOTSKI
Sabe-se que em geral o sistema de ensino e o ensino de Física em particular
têm suas dificuldades para o aprendizado as quais se vêem de longas datas.
Profissionais da educação e de outras áreas procuram explicar o grande índice
de dificuldade no aprendizado de nossos educando, para isso uma grande
quantidade de estudos e pesquisas é elaborada na tentativa de explicar ou
entender como acontece o aprendizado de nossos estudantes.
Para Vygotski, cada individuo se desenvolve a partir de sua maturação física,
porém a esta se deve somar a interiorização do seu psicológico advindo do
aprendizado.
Para ele a aprendizagem acontece no intervalo entre o conhecimento real e o
conhecimento potencial. Real é aquilo que o sujeito já sabe e o potencial que
ele tem de aprender. Seria neste campo que a educação atuaria, estimulando a
aquisição dessa potencialidade, partindo do conhecimento da zona de
Desenvolvimento Proximal (ZDP) do aprendiz, para assim intervir.
No campo da educação a interação, que é um dos conceitos fundamentais da
teoria de Vygotski, tem-se a concepção de escola que se pretende efetivar no
sistema de ensino. Assim, professor e aluno passam a ter um papel essencial
no processo de ensino e aprendizagem. Desse modo podem-se desenvolver os
conceitos de ZDP ou a relação existente entre pensamento, linguagem e
intervenção no âmbito da escola, favorecendo um maior nível de
aprendizagem.
“Ora, a aprendizagem desenvolvida na escola é uma fonte importante de expansão conceitual. Afinal, a escola é um ambiente, ou pelo menos deveria ser privilegiado para fornecer o suporte necessário a ricas e profundas interações com o conhecimento socialmente elaborado. Nas interações criança-criança e professor-criança, a negociação de significados favorece a passagem do conhecimento espontâneo para o cientifico, possibilitando aos alunos não só a apropriação do legado cultural, a construção das funções psicológicas superiores e a elaboração de valores que possibilitam um novo olhar sobre o meio físico e social, como também sua análise e eventual transformações”(MARTINS,1997, p.119).
Os educando trazem consigo concepções espontâneas as quais constroem
sozinhos em suas interações com o cotidiano. Cabe a escola transformar essas
interações espontâneas de modo que essas transformações adquiram um novo
significado pelos conceitos científicos.
“Os conceitos científicos encontram-se na encruzilhada dos processos de desenvolvimento espontâneos e daqueles induzidos pela ação pedagógica. Revelam simultaneamente as modalidades de construção subjetivas e as regulações da cultura. São ponto de encontro da experiência cotidiana e da apropriação de corpos sistemáticos de conhecimentos. Sua origem genética revela a complexidade dos processos de desenvolvimento e a reorganização das inter-relações funcionais que se estabelecem durante seu curso”(BAQUERO, 1998, p. 89).
Desta forma, entende-se que é fundamental a interação de pessoas mais
experientes na vida das crianças (ou jovens) para a construção do
conhecimento. Assim, tanto as crianças quanto os adolescentes precisam
interagir com aqueles capazes de lhes proporcionar novidades em seu saber,
para que construam seu conhecimento e que este se concretize com o passar
do tempo.
Outro aspecto a ser observado é que neste processo de evolução e
conhecimento há uma interação do individuo com diversos fatores que
certamente influenciarão em sua formação.
Ao desenvolver projetos pedagógicos que visem de forma adequada e eficaz
diminuir tais dificuldades apresentadas deve-se descobrir o padrão de
potencialidade e de necessidade dos alunos, para que se construa sobre elas
um melhor entendimento.
3. A IMPORTÂNCIA DA EXPERIMENTAÇÃO
É fundamental a abordagem de que os jovens adquiram de maneira
espontânea ideias daquilo que o cerca. Eles formulam conceitos sobre a física
em seu mundo, com isso tem dificuldades em aceitar a transposição de seus
conceitos em conceitos científicos. Desta forma tentarão explicar aquilo que
pensam para dar respostas aos problemas a eles propostos, só darão lugar a
conceitos mais elaborados a partir do momento que houver demonstração
cientifica a fim de explicar o fenômeno.
Sendo assim com a realização de experimento o aluno pode comparar sua
resposta com o resultado do experimento de modo que reflita sobre o que
respondeu.
A utilização de experimentos como metodologia para o ensino de Física têm
sido apontadas por muitos profissionais de maneira extremamente satisfatória
para se amenizar as dificuldades no aprendizado.
A experimentação no âmbito escolar não é algo recente (GASPAR, 1997), mas
remonta de décadas onde, há tempos atrás, havia na escola os chamados
“kits” que seriam aparelhos prontos e específicos a um determinado tipo de
experimento e, neste contexto, o aluno apenas assistia à demonstração
realizada pelo professor. Logo após, nos laboratórios escolares surgiram
materiais destinados ao aluno que, no entanto, permitiam um restrito manuseio
pelo mesmo.
Por fim, em um terceiro momento, foram propostas às escolas atividades de
redescoberta onde o aluno seria levado a redescobrir a ciência, o que seria
algo, de certa forma, inacessível, pois resultados científicos experimentais são
provenientes de anos de pesquisa e análise de dados.
Desta forma, estas tentativas de introduzir experimentação na escola sem uma
reflexão de como fazê-lo e quais as consequências e resultados envolvidos não
deram certo, em muitos casos envolveu-se material caro e fora do contexto da
época, visto que o governo enviou kits experimentais que nem mesmo os
professores sabiam montar (GASPAR, 1997).
Com isso para evitar gasto para as instituições de ensino seria aconselhável a
realização de experimento de baixo custo construído pelos próprios alunos com
a orientação do professor
Nas escolas existia todo um planejamento a respeito de como seriam
realizados as atividades experimentais. Em geral, o professor elabora todo o
conteúdo programático e, em seguida, encaixa da melhor forma as atividades
experimentais.
Existem autores, como Pacheco (1997), que defendem a ideia de que o correto
seria dar ênfase maior a experimentação, ou seja, selecionar primeiramente as
atividades experimentais e a partir de então elaborar o conteúdo programático.
Porém por uma série de fatores tais como falta de tempo, torna difícil adotar tal
estratégia.
Embora seja consensual o entendimento de que para facilitar a aprendizagem
deve haver experimentação na literatura, esta proposta que envolve a
utilização de aulas experimentais é discutida de maneira diversa quanto aos
significados que tal atividade tende a assumir em diferentes contextos e
aspectos.
Esta questão é vista desde situações que convergem a meras verificações de
teorias e leis mostradas em sala de aula como também situações que permitem
reflexões dos alunos sobre o tema abordado na atividade.
Entende-se, portanto, segundo Carvalho (1989) que é necessário oferecer ao
aluno um ensino que vise formar um cidadão o qual estará apto a viver em
meio à sociedade, interagindo com o ambiente que está inserido. Assim, os
conteúdos de Física devem apresentar questões diversas relacionadas a fatos
econômicos, sociais e ambientais onde o aluno entenderá que há uma
interdisciplinaridade e que a Física não está compartimentalizada, mas sim
emerge de todas as áreas do conhecimento.
Para que o aluno compreenda a teoria proposta em sala de aula, é necessário
que haja experimentos investigativos os quais facilitarão a aprendizagem
sendo, portanto, considerados como uma ferramenta capaz de auxiliar na
compreensão de conceitos, princípios e leis da Física.
4. MONTANDO O RÁDIO TRANSMISSOR
4.1 Materiais necessários
Um suporte ou placa para a montagem
Um microfone
Um capacitor polarizado 1µF
Dois capacitores cerâmicos 0,01µF
Dois capacitores cerâmicos 10pF
Um resistor 10KΩ
Um resistor 27KΩ
Um resistor 470Ω
Um transistor BC 337
Uma bobina
Um conector de bateria
Antena (a antena é feita de um fio solido de 20 a 30 cm.)
Uma bateria de 9 volts
Um rádio receptor (a escola tem)
4.2 Procedimentos de Montagem
Esse experimento tem finalidade apenas didática, para mostrar a produção de
ondas eletromagnéticas, pretende melhorar a compreensão e o entendimento
por parte dos estudantes sobre ondas eletromagnéticas, por esse motivo o
alcance dos sinais pode ser pequeno de cinco a vinte metros é o suficiente.
Transmissor de FM e os componentes utilizados
Foto 1: Componentes utilizados no rádio transmissor
Circuito para a conexão
Foto 2: Esquema do rádio transmissor
Placa serve para ligar os componentes
Foto 3: Placa
Prepara a placa para conectar os componentes da seguinte maneira: cinco
pontos isolados E1, E2, E3, E4 e E5 de acordo com a figura abaixo, usar um
estilete para cortando em volta até ficar isolado, faz o teste com o multímetro
para medir o isolamento em seguida vai conectando os componentes.
Isolamento dos pontos E
Foto 4: Isolando os pontos E Foto 5: Pontos E isolados
Medindo a placa e o ponto E para verificar o isolamento
Foto 6: Medindo o isolamento Foto 7: Placa e ponto E isolados
Colocando solda nos pontos E
Foto 8: Ponto E recebendo solda Foto 9: Ponto E com solda
Medindo o isolamento entre pontos E e Placa
Foto 10: Ponto E isolado
Microfone transforma sinais analógicos em digitais
Foto 11: Microfone
Microfone liga o negativo na placa e o positivo no E1
Foto 12: Soldando o microfone
Capacitor polarizado com terminais positivo e negativo
Foto 13: Capacitor polarizado
Capacitor polarizado de 1µF liga negativo no E1 e positivo no E3
Foto 14: Soldando o capacitor polarizado
Transistor serve como amplificador de sinal
Foto 15:Transistor
Transistor liga a base em E3 coletor E4 e emissor E5
Foto 16: Ligando o Transistor Foto 17: Soldando o transistor
Resistor controlar a quantidade de corrente elétrica que passa por ele
Foto 18: Resistor
Temos três resistores
Resistor 10KΩ ligado no E3 e placa
Foto 19: Ligando o resistor de 10KΩ
Resistor 27KΩ ligado no E3 e E2 Resistor 470Ω ligado no E5 e placa
Foto 20: Ligando Resistor 27KΩ Foto 21: ligando Resistor 470Ω
Capacitor serve para armazenar energia
Foto 22: Capacitor
Temos quatro capacitores cerâmicos
Capacitor cerâmico 0,01µF ligado no E3 e placa
Foto 23: Ligando capacitor cerâmico 0,01µF
Capacitor cerâmico 0,01µF ligado no E2 e placa
Foto 24: Ligando capacitor cerâmico 0,01µF
Capacitor cerâmico 10pF ligado no E4 e placa
Foto 25: Ligando capacitor cerâmico 10pF
Capacitor cerâmico 10pF ligado no E4 e E5
Foto 26: Ligando capacitor cerâmico 10pF
Bobina transforma a tensão recebida em outra tensão maior
Foto 27: Bobina
Bobina liga no E2 e no E4 Cortando as pontas
Foto 28: Ligando a Bobina Foto 29: Acabamento
Conector serve para ligar a energia aos componentes
Foto 30: Conector
Conector de bateria liga positivo no E2 e negativo na placa
Foto 31: Ligando o conector de bateria
Bateria 9 volts fornece energia ao sistema
Foto 32: Bateria
Fio para antena melhora a emissão de sinais Antena liga no E5
Foto 33: Fio para antena Foto 34: ligando a antena
A antena é feita de um fio solido de 20 a 30 cm.
Transmissor de FM montado
Foto 35: Transmissor de FM
Para testar o Transmissor sintonize um rádio em uma faixa livre e ligue uma
bateria de 9 volts e fale próximo do microfone, caso não funcione deixe ligado a
bateria e vai procurando outra faixa de frequência até ele dar um sinal. Se o
sinal não for muito bom mude a bobina colocando mais ou menos voltas, até o
sinal melhorar. O primeiro teste é bom fazer bem próximo do rádio depois vai
ajustando e afastando até a distância desejada.
4.3 Placa Protoboard K3R EPB0053
Este material permite a montagem e desmontagem de circuitos, ligação em
série e paralelo dos resistores e capacitores e com o uso do multímetro os
alunos fazem a medição dos circuitos. O professor deve disponibilizar vários
resistores e capacitores de modo que os alunos possam montar vários
circuitos.
5. ENCAMINHAMENTO METODOLÓGICO
Este trabalho tem como referência a pesquisa qualitativa o qual foi aplicada no
desenvolvimento das atividades do rádio transmissor.
Antes mesmo de introduzir os conceitos de Física foi usado o rádio transmissor
para fazer algumas perguntas e instigar os educandos a questionar
promovendo assim um debate sobre o assunto para os levantamentos das
concepções prévias dos alunos sobre o tema, pois consideramos que só há
aprendizagem a partir do que o aluno já conhece.
Nessa primeira aula foi aplicado um questionário sobre ondas, com o objetivo
de investigar o que os alunos já conheciam sobre o assunto.
Para as aulas seguintes foi distribuída uma cópia do texto, ondas
eletromagnéticas, para os grupos e pedido uma pesquisa sobre alguns
cientistas tais como Heinrich Rudolf Hertz, Thomas Young, Albert Einstein,
Hans Christian Oested, Michael Faraday, Heinrich Lenz, Samuel Morse,
Alexander Graham Bell, Guglielmo Marconi, Roberto Landell de Moura, André-
Marie Ampère, James Clark Maxwelle, Pierre Fermat, Isaac Newton, Christiaan
Huygens, Sir Geirge B. Airy, Aemand Fizeau, Jean Foucault, Jean B. Biat e
Félix Savant. Algo como as principais contribuições sobre ondas ou
eletricidade, para complementar o debate sobre o texto já fornecido e que eles
poderiam ir além. Após as pesquisas dos alunos e o debate sobre os avanços
da descoberta das ondas eletromagnéticas foi distribuído os componentes do
Rádio Transmissor para os grupos os quais fizeram o reconhecimento e
medição dos mesmos. Em seguida foi pedido uma pesquisa para que eles
aprofundassem e descobrissem outras aplicações, nas aulas seguintes
apresentaram para os outros grupos e surgiram varias outras aplicações de
modo que perceberam que não para por ai, são muitas as aplicações.
Nas atividades seguintes os alunos montaram com os componentes do rádio
transmissor alguns circuitos na placa protoboard e fizeram medidas. Após o
reconhecimento e a medição dos componentes iniciaram a montagem do Rádio
Transmissor o qual favoreceu varias discussões e questionamentos. Com o
término da montagem dos transmissores pelos grupos reuniram todos os
grupos para o teste. Dos cinco grupos, três transmissores funcionaram, os
outros dois, um estava com alguns componentes soltos, ou seja, mau soldado
foi fácil para arrumar, o outro não teve jeito, foi preciso reiniciar a montagem,
pois estava com excesso de solda, o que colocava o circuito em curto não
permitindo o funcionamento. De posse de todos os componentes e uma placa
já preparada sendo que é a parte mais demorada para fazer, diante de todos
os grupos foi feita a montagem de um novo transmissor mostrando os cuidados
que deve ter na montagem e ao final foi feito o teste e funcionou. Com os
transmissores já funcionando fomos para a parte teórica sobre ondas, ondas
eletromagnéticas suas aplicações, circuito simples e associações de resistores
e capacitores sempre recorrendo aos experimentos, quando necessário para a
resolução dos exercícios, fortalecendo a ideia de que prática favorece o
entendimento da teoria. Percebemos um envolvimento muito maior por parte
dos alunos em relação aos conteúdos facilitando assim uma interação entre
professor e aluno, aluno e aluno dando oportunidade de discutir o assunto para
melhorar o aprendizado.
Alguns meses após a conclusão da atividade de implementação o professor
retorna e aplica novamente um questionário sobre o tema ondas
eletromagnéticas com a turma, com o objetivo de investigar se houve uma
apropriação dos conteúdos discutidos.
6. ANÁLISE DOS DADOS
No início do trabalho a turma se mostrava um pouco apática sem muito
entusiasmo e com uma visão de que a física era um emaranhado de fórmulas.
Após a proposta feita pelo professor e o início dos trabalhos práticos em
pequenos grupos, percebeu-se um maior envolvimento do aluno.
Foto 1: Reconhecendo os componentes
Os alunos anotaram os nomes dos componentes registraram os valores das
medidas feitos por eles e sempre questionando muito sobre a utilização dos
mesmos.
Foto 2: Montando circuito na protoboard Foto 3: Medindo os componente
Foto 4: Ligação em série na protoboard
No processo de montagem dos rádios transmissor observou-se uma atenção e
dedicação por eles muito significativa todos estavam preocupados com o
término e se ia funcionar, foi muito proveitoso, segundo relato dos próprios
alunos.
Foto 5: Montando rádio Foto 6: Preparando a placa do rádio
Foto 7: Placa pronta
Foto 8: Transmissores prontos
A finalização dos trabalhos de montagem dos transmissores e teste dos
mesmos, foi um momento de bastante apreensão por parte dos alunos, iniciou-
se os testes um a um verificando os pontos positivos e negativos da
montagem. Os transmissores que funcionaram de primeiro momento deu para
perceber a satisfação no rosto dos alunos daqueles grupos. Os grupos que não
tiveram os transmissores funcionando de imediato mostraram preocupação do
porque não funcionou assim que os problemas foram sanados se sentiram
aliviados e satisfeitos. Teve um dos transmissores que foi necessário refazer
toda a montagem novamente, pois por falta de prática com o ferro de solda
deixaram muitos pontos em curto circuito e não foi possível solucionar o
problema. O qual do nosso ponto de vista teve um resultado favorável, pois
abriu uma discussão sobre o porquê do não funcionamento, assim tivemos um
momento de atenção de todos para discutir sobre o assunto e sanar as
dúvidas.
Podemos verificar que a atividade prática desperta no aluno um maior interesse
pela aula de física.
Após a aplicação do questionário final foi possível concluir que houve uma
apropriação do conteúdo por parte dos alunos, pois após alguns meses da
atividade realizada conseguiram relacionar as atividades com os conteúdos
teóricos o que aparece no gráfico abaixo.
Gráfico 1: Questionário sobre ondas
Verificou-se que o índice de acertos no questionário pós atividades é
satisfatório quando comparado aos resultados iniciais.
7. GRUPO DE TRABALHO EM REDE (GTR)
Durante o processo de intervenção do projeto na escola aconteceu o Grupo de
Trabalho em Rede (GTR) que é uma interação entre o professor PDE e quinze
professores da rede estadual de educação do estado do Paraná. Nesta
0
5
10
15
20
25
Questionário início das atividades
Questionário término das atividades
atividade o professor PDE apresenta o trabalho para os demais professores e
discutem a relevância do mesmo. Assim o professor PDE pode fazer algumas
análises do desenvolvimento de seu trabalho, observando os pontos positivos e
negativos do assunto abordado. Percebemos então que as atividades
propostas demonstraram uma grande aceitação por parte dos professores
participantes os quais disseram que é possível a implementação em seus
locais de trabalho. Alguns professores chamaram atenção para o fator tempo e
a rotatividade dos professores de Física que às vezes tem que trabalhar em
várias escolas e com apenas duas aulas semanais, fica difícil fazer qualquer
tipo de atividade, deste modo optam pelas aulas prontas dos livros didáticos.
Sabemos que além destes pontos negativos citados existem inúmeros outros,
que dificulta o nosso trabalho e uma educação de qualidade, mas veja alguns
comentários dos professores que participaram do GTR.
“Achei interessante a abordagem histórica. Realmente temos que colocar na
mente dos alunos que o conhecimento é uma construção que vem sendo
realizada com o passar dos anos. Excelente esta abordagem.”
“A montagem do radio transmissor evidenciando o conhecimento científico
através da história, relatando as diferentes contribuições para a ciência feitas
por diferentes pessoas no decorrer do tempo faz com certeza com que os
alunos consigam entender todo o processo e aumentar os seus conhecimentos
sobre ondas.”
“A aplicação de atividades práticas como as descritas nesta Produção Didático-
Pedagógica traz-se para a sala de aula além de um ensino diferenciado, uma
grande interação social entre os alunos e professor/aluno. Na atualidade,
percebe-se que este tipo de metodologia tem sido aplicado para estimular os
alunos no despertar de novos saberes sendo de fundamental importância para
as aulas de física.”
“A construção do experimento pelo aprendiz traz um conhecimento significativo
de todos os componentes e suas funções no objeto de estudo, pois a
manipulação torna real a teoria. No entanto essa prática metodológica exige
tempo e material suficientes, portanto realizado em forma de oficina é ideal.
Nesse momento tenho certeza estamos valorizando a existência da Física
como Ciência.”
“O projeto proposto pelo professor têm como objetivo implementar ações que
melhorem o interesse dos estudantes pela disciplina e mostrem as
possibilidades de utilizar essas aulas como apoio para raciocinar, para
compreender as causas e os efeitos que ocorrem no nosso cotidiano. Essa
prática, do uso de transmissor de FM, pode auxiliar, não só no aprendizado do
eletromagnetismo, mas também, desenvolver o trabalho de equipe, porque
aprimora a observação, a paciência e a curiosidade, indo além dos objetivos
em sala de aula, tornando o aprendizado contextualizado, promovendo a
formação de cidadão, uma vez que é propiciado ao aluno a compreensão da
vida que nos rodeia e a importância da busca do diálogo e da coletividade.”
Essas ideias só vêm contribuir no fortalecimento de que a experimentação
aplicada na sala de aula melhora o aprendizado do aluno e valoriza o trabalho
do professor tornando as aulas mais proveitosas.
8. CONSIDERAÇÕES FINAIS
Diante de tantas dificuldades encontradas pelos professores de física para
motivar seus alunos e tornarem as aulas mais atraentes, o projeto Brincando e
Aprendendo com o Rádio Transmissor mostrou que pode ser uma
ferramenta bastante útil na utilização como experimento.
Além de chamar a atenção dos estudantes é um dispositivo que permite uma
montagem muito rápida e com poucos elementos que está ligado com o dia a
dia de nossos alunos. O fato de ser um componente de comunicação durante
sua montagem pode ser abordado vários conteúdos, além de ondas
eletromagnéticas, tais como carga elétrica, corrente elétrica, condutores e
isolante, associação de resistores e capacitores, frequência etc. Outro aspecto
positivo é que levam os alunos a questionarem, investigarem e pesquisarem
assuntos que contribuam para o aprimoramento de um saber científico
melhorando sua atuação social e crítica para a transformação de sua vida e do
meio que o cerca. Foi notado que durante os estudos, pesquisas,
reconhecimento dos componentes, medição e montagem do transmissor os
alunos tiveram efetiva participações, questionando e buscando soluções para
os problemas encontrados. Percebeu-se também uma união maior entre os
educandos e o professor, debatendo sobre os assuntos e dúvidas que
surgissem durante a montagem do transmissor. Deste modo podemos afirmar
que a experimentação nas aulas de Física além de motivar os estudantes torna
os estudos mais proveitosos. As atividades propostas foram todas realizadas e
os resultados alcançados foram excelentes, pois os alunos participaram
efetivamente, os resultados encontrados com a análise do questionário
também indicam resultados positivos.
Não podemos mesmo com todos esses indicadores afirmar que a utilização da
experimentação como encaminhamento metodológico garante a aprendizagem
dos alunos, mas os resultados apontam para um cenário favorável, onde os
alunos se interessam pelo tema e participam ativamente das atividades
propostas, o que podemos garantir é o primeiro passo para uma aprendizagem
efetiva.
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