Brinquedos jogos

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1 KARLA REJANE REIS MARIA DA LUZ TRINDADE A INFERÊNCIA DE BRINQUEDOS E JOGOS NA CONSTRUÇÃO DO CONHECIMENTO EM CRIANÇAS DE 2 A 4 ANOS DA EDUCAÇÃO INFANTIL BELÉM – PARÁ UNIVERSIDADE DA AMAZÔNIA 2001

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KARLA REJANE REIS MARIA DA LUZ TRINDADE

A INFERÊNCIA DE BRINQUEDOS E JOGOS NA CONSTRUÇÃO DO CONHECIMENTO EM CRIANÇAS DE 2 A 4 ANOS DA EDUCAÇÃO INFANTIL

BELÉM – PARÁ

UNIVERSIDADE DA AMAZÔNIA

2001

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A INFERÊNCIA DE BRINQUEDOS E JOGOS NA CONSTRUÇÃO DO CONHECIMENTO EM CRIANÇAS DE 2 A 4 ANOS DA EDUCAÇÃO INFANTIL

KARLA REJANE REIS

MARIA DA LUZ TRINDADE

Trabalho de Conclusão de Curso, apresentado ao

curso de Pedagogia do Centro de Ciências

Humanas e Educação da UNAMA, como requisito

para obtenção do grau em Pedagogia –

Supervisão Escolar, orientado pelo professor

Celso Michiles Barreto.

BELÉM – PARÁ UNIVERSIDADE DA AMAZÔNIA

2001

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A INFERÊNCIA DE BRINQUEDOS E JOGOS NA CONSTRUÇÃO DO CONHECIMENTO EM CRIANÇAS DE 2 A 4 ANOS DA EDUCAÇÃO INFANTIL

KARLA REJANE REIS

MARIA DA LUZ TRINDADE

AVALIADO POR:

CELSO MICHILES BARRETO

DATA: / /

BELÉM – PARÁ

UNIVERSIDADE DA AMAZÔNIA

2001

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Brincar com criança não é perder tempo, é ganhá-

lo; se é triste ver meninos sem escola, mais triste

ainda é vê-los, sentados enfileirados, em salas

sem ar, com exercícios estéreis, sem valor para a

formação do homem.

Drummond

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DEDICATÓRIA

Dedicamos este trabalho de Conclusão de Curso,

aos nossos familiares e amigos, que no decorrer

dessa jornada nos deram força para o nosso

crescimento profissional.

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AGRADECIMENTO

Ao professor Celso Barreto, pela paciência e

incansável orientação para a construção dessa

pesquisa.

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RESUMO

O propósito desta pesquisa é discutir as inferências de brinquedos e jogos na construção

do conhecimento em crianças de 2 a 4 anos da Educação Infantil, tendo como ponto de partida o

ato de brincar como uma forma prazerosa de aprender. Portanto, é este ato de liberdade que

proporciona a construção do conhecimento, que é adquirido pela criação de relações e não por

exposições a fatos e conceitos isolados. É portanto através do lúdico que a criança desenvolve

seus aspectos cognitivos, emocionais e afetivos. Nesta pesquisa procurou-se analisar quais os

conceitos que os professores vem trabalhando o brinquedo e o jogo nas escolas, se eles usam

esses recursos e se eles utilizam o lúdico como instrumento de avaliação. Os sujeitos da pesquisa

foram 20 crianças de 2 a 4 anos (maternal e jardim II), duas professoras e uma supervisora

educacional. Foram utilizados como instrumento de pesquisa, questionários para as professoras e

a supervisora educacional. Os resultados do estudo evidenciaram que as professoras e a técnica

responsável, já possuem um conhecimento a respeito do assunto proposto e já começaram a

desenvolver dentro de suas atividades pedagógicas um trabalho relacionado ao lúdico. Portanto,

concluímos que estes educadores já começaram a preocupar-se com a questão do brincar na

escola, de como ele é importante para aprendizagem da linguagem e desenvolvimento cognitivo

da criança.

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SUMÁRIO

CAPÍTULO I – INTRODUÇÃO ..................................................................................01 CAPÍTULO II – FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA .......................................................03 2.1 – O jogo e o brinquedo ............................................................03 2.2 – O processo de desenvolvimento da criança

de 02 a 04 anos .....................................................................07 2.2.1 – A teoria de Jean Piaget .....................................................08 2.2.2 – A teoria de Jerome Bruner ...............................................10 2.3 – A educação infantil ..............................................................12 2.4 – O jogo na educação infantil ................................................14

CAPÍTULO III – METODOLOGIA ...........................................................................18

3.1 – Tipo de estudo .....................................................................18 3.2 – O contexto da pesquisa ......................................................18 3.3 – Os sujeitos da pesquisa .....................................................19 3.4 – A coleta de dados ................................................................19 CAPÍTULO IV – ANÁLISE DOS RESULTADOS ....................................................20 CONSIDERAÇÕES FINAIS ...................................................................................25 BIBLIOGRAFIA .....................................................................................................27 ANEXOS

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CAPÍTULO I

INTRODUÇÃO

O presente estudo, parte do interesse de alcançar um entendimento acerca

das inferências que brinquedos e jogos desenvolvem dentro do processo de

aprendizagem trabalhados em crianças da Educação Infantil, especialmente em

crianças de 2 a 4 anos.

A relevância de tal estudo está em identificar qual o valor do ato de brincar,

atribuído pelos professores em sua prática educativa, verificar que metodologia

vem sendo utilizada na atividade lúdica e se os mesmos refletem sobre estas

inferências no desenvolvimento cognitivo dessas crianças.

Portanto, preocupadas com a questão de um ensino através do lúdico é

que nos propomos a investigar este tema e suas contribuições para a sociedade e

o meio acadêmico.

Esta proposta faz com que se perceba que o lúdico é uma opção de

trabalhar o conhecimento de forma prazerosa, pois é através do brincar que a

criança aprende a lidar com o mundo, e formar sua personalidade, recriando

situações do seu dia a dia na busca de novas experiências. Dentro desta

concepção BRUNER apud KISHIMOTO (1994) afirma dizendo:

“O brincar também contribui para a aprendizagem da

linguagem, que funciona como instrumento de

pensamento e ação, para ser capaz de falar sobre o

mundo, a criança precisa saber brincar com o mundo

com a mesma desenvoltura que caracteriza a ação

lúdica”. (p. 68).

É importante refletirmos a maneira como o brinquedo vem sendo

trabalhado nas escolas, e se eles favorecem um aprendizado significativo nas

atividades pedagógicas.

Logo, é persistente a busca de respostas que levam à solução do problema

enfatizado neste estudo com relação às inferências do brinquedo e do jogo na

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construção do conhecimento em crianças de 2 a 4 anos, por este motivo

lançamos mão de tais questionamentos.

• O que é brinquedo e jogo?

• Qual a relação do lúdico com a construção do conhecimento em crianças de 2

a 4 anos?

• O educador defende o brinquedo utilizado em sala de aula, como recurso

pedagógico?

• O educador considera o brinquedo como instrumento de avaliação?

E para que direcionemos nossa pesquisa ao tema proposto, prevalecerão

os pensamentos de autores conceituados, que contribuíram para a solução da

problematização aqui lançada. Tais autores são: GROOS, CARR, CLAPAREDE,

STEPH, PIAGET, BRUNER, SCHRAML, CHATEAU e FROEBEL. Estes servirão

de base para nossa pesquisa, sem deixar de citar a contribuição de outros

autores como: KISHIMOTO, WINNICOT, RIZZI, HAYDT, BOMTEMPO, DANTAS

e MAUÉS que servirão de suporte para tal.

Partindo de fatos que ocorrem no cotidiano, é necessário enfatizar uma

abordagem qualitativa descritiva, objetivando um trabalho reflexivo e crítico

através de análises e registros do educador, educando, e Supervisor da escola.

Esta coleta de dados será realizada em um colégio particular de ordem

religiosa de Belém e serão utilizados instrumentos de pesquisa, tais como:

questionários para professoras e Supervisor da Educação Infantil.

A partir deste momento seguirá com a catalogação dos dados pesquisados

e o fechamento do referente estudo com a análise dos mesmos, dando subsídios

para elaboração de um texto, contendo todas as relevâncias da pesquisa

científica.

Para finalizar, serão realizadas as considerações finais do trabalho para

verificar se a problemática, os questionamentos e os objetivos obtiveram ou não

êxito satisfatório.

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CAPÍTULO II

FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

2.1. O JOGO E O BRINQUEDO Desde o século passado até os nossos dias, estudiosos têm se voltado

para a necessidade de explicar o brinquedo, a atividade lúdica, ou os jogos das

crianças. Assim, é que filósofos têm formulado teorias, explicando de diversas

maneiras. Por que as crianças têm a necessidade de brincar.

Entre as várias idéias a respeito do assunto GROOS apud SSP (1998),

explica o brinquedo como sendo um exercício preparatório para as atividades

adultas. Por isso segundo essa teoria, meninos e meninas têm necessidade de

brincar durante anos, de homem ou de mulher, para se transformarem

verdadeiramente em homens e mulheres.

GROOS apud SSP (1998) também ressalta que o brinquedo corresponde a

uma necessidade natural, e isso explica a alegria que caracteriza os brinquedos

infantis. Tal entendimento é percebido por KISHIMOTO (1999), onde diz que:

“Para a criança, brincar é viver.”

Outra teoria, a de CARR apud SSP (1998), admite que o brinquedo tem a

função de descarregar as tendências anti-sociais que são naturais da criança,

mas que se mostram incompatíveis com o estágio atual de nossa sociedade.

Portanto, o brinquedo tem uma função purificadora. Este entendimento é

concebido por CLA PAREDE apud SSP (1998), posicionando-se, dizendo que:

“O papel do jogo é purgar-nos, de tempos em

tempos, das tendências anti-sociais (...) Brigando de

brincadeiras com os companheiros, o menino não

elimina de vez seu instinto combativo, que lhe é

necessário possuir em caso de legítima defesa, mas

se descarrega momentaneamente, de maneira

inofensiva, das tendências agressivas.”

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Para tanto, entre os psicólogos se manifesta o interesse em explicar o

brinquedo ou o jogo, que nada mais é, do que a livre expansão de tendências

ocultas mais ou menos represadas. Com isso, em Londres, foi introduzido o uso

do brinquedo entre os psicanalistas de crianças, com a finalidade de descobrir as

causas dos distúrbios apresentados por seus pequenos pacientes e, assim curá-

los.

Para os psicólogos da escola ALFRED ADLER (1870 – 1937), vêem no

brinquedo e no jogo um desejo de superioridade, de afirmação, uma tendência

forte em mandar. Portanto ao brincar, reproduzem-se as atividades dos pais, a

criança faz de conta que é grande e realiza seu desejo de ser grande, seu anseio

de domínio. Haja vista que, por ser uma compensação de inferioridade infantil é

que o brinquedo de boneca atrai tanto a menina.

Segundo vários psicólogos, como é o caso de STEPH apud SSP (1998) e

do casal SCUPIN apud SSP (1998), baseados em diários organizados de seus

próprios filhos, descreveram o desenvolvimento da atividade lúdica. Também o

fizeram em algumas obras, com base em observações infantis, o casal BÜHLER,

em Viena, nos anos 30, e mais recentemente JEAN PIAGET, na Suíça. Estes

verificaram que a medida que a criança avança em idade, consequentemente em

seu desenvolvimento motor, mental e social, vai apresentando mudanças em sua

atividade lúdica, no tipo de brinquedo e nos objetos com que brinca.

Para tanto, percebe-se que os pais também sabem que as mudanças no

brinquedo estão relacionadas com a idade. Tanto que, ao descreverem o

progresso de suas crianças usam o advérbio já: “Ela já brinca disto ou daquilo.”

Este desenvolvimento de atividades lúdicas, pode ser verificado por obras

publicadas por SCHRAML apud SSP (1998), onde são citados a idade da criança,

o tipo de brinquedo e o objeto de brinquedo a ser utilizado, possibilitando um

diagnóstico aproximado no desenvolvimento de uma criança:

a) Brinquedo funcional ou experimental

No primeiro ano de vida a criança brinca, no início, com seus próprios

membros praticando movimentos com as pernas, os braços e os dedos, balbucia,

agarra e sacode objetos, demonstrando grande prazer nesses brinquedos

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motores. PIAGET (1971) privilegia muitos desses “jogos de exercício” à auto-

imitação: o bebê imita a si mesmo, várias vezes repetindo um movimento casual

ou reflexo que acaba de efetuar. Olhar a luz e as cores, escutar os sons e as

canções de ninar, apalpar os objetos, sentindo a textura das roupas, parecem

construir brinquedos sensoriais para a criança.

b) Brinquedo de ficção, de ilusão ou simbólicos

Os brinquedos surgem na segunda metade do segundo ano de vida e se

prolongam até os anos pré-escolares.

SCUPIN apud SSP (1998) observando seu filho, registra que a criança

“fumava” seu dedão, fazia seus brinquedos “comerem” ou “dormirem” e ela

mesma “comia” as mais variadas refeições de potes vazios.

Em relação às diversas modalidades de brinquedos de ficção, é natural a

criança fazer de conta que está dirigindo um carro ou uma motocicleta, como

também atribuir vida a objetos inanimados. Essa característica do pensamento

infantil é um aspecto importante em relação aos brinquedos, sendo chamado de

animismo (do latim anima = alma). Na qual para a criança pequena sua boneca,

seu ursinho e outros brinquedos sentem e pensam como as pessoas grandes.

c) Brinquedos de representação de papéis e de construção

Após o terceiro ano de vida, a criança já brinca imitando atividades que

vivência ou das que toma conhecimento através dos livros, cinema e da televisão.

Sendo assim, ela brinca de motorista de ônibus, de carteiro, de médico, professor

ou cozinheiro. CHÁTEAU apud SSP (1998) chama esses jogos de brinquedos de

imitação.

Pois neste período, há um interesse particular pelo brinquedo de

construção, no qual a caixa de bloquinhos de madeira, pedras, areia, plantas,

terra são elementos indispensáveis para esse tipo de brinquedo.

Muitas vezes, os mesmos materiais servem aos dois tipos de brinquedo: o

menino, misturando água à areia para levantar um castelo está empenhado em

um brinquedo de construção. A menina por sua vez faz bolinhos de areia e

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oferece aos seus amigos para “provarem”, está representando o papel da mãe.

Os brinquedos de construção são acompanhados muitas vezes pelo entusiasmo

da competição, ou seja, o meu é “mais bonito”, “mais alto”, “maior”,etc.

SCHRAML apud SSP (1998) narra um exemplo de brinquedo de

representação de papéis lembrando de sua própria infância, ligando várias casas

havia um caminho asfaltado medindo cerca de 12 metros de comprimento por 1

metro de largura, o resto da área era coberto por cascalho ou grama. O caminho

asfaltado, para as crianças, simbolizava um trem. Adultos que por acaso

estivessem no local eram os passageiros, e as crianças o maquinista, o chefe do

trem e os fiscais. O brinquedo era vivenciado com total realidade que uma saída

para o cascalho ou para o gramado equivalia a pular do trem em movimento.

d) Brinquedos com outros e com regras

Na idade escolar de primeiro grau, a criança possui a capacidade de

brincar em grupo, com outras, pois já opta a seguir a regras e a guardar a sua

vez. Antes dessa idade, ela já brinca paralelamente com outra criança ou em

grupo de no máximo três, mas não participou ainda de jogos sujeitos a regras,

pois, embora possa percebê-las, mostrando-se incapaz de submeter-se a elas.

De fato a criança nessa idade está ainda no estágio egocêntrico, no qual ela joga

livremente, a sua maneira. Este comportamento foi observado por PIAGET (1971)

em seu estudo sobre a capacidade infantil de obediência a regras, nos jogos de

gude (para meninos) e de amarelinha (para meninas).

Entretanto na fase escolar, formam-se grupos de idade aproximada que se

selecionam por sexo, pois os meninos e meninas já não se interessam mais pelos

mesmos brinquedos, ou seja, os meninos se agrupam para jogos movimentados,

as meninas por sua vez dão mais importância aos brinquedos mais sedentários

como por exemplo, de escolinha ou de casinha. Tais escolhas são reflexos e

influência de nossos padrões culturais.

Geralmente o grupo de brinquedo é comandado por um líder, que em geral

é escolhido de acordo com sua capacidade, o maior, o mais corajoso, o que sabe

o maior número de jogos ou mesmo o dono do brinquedo.

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Sem dúvida, alguns brinquedos como os de roda, acompanhados de canto,

assemelham-se a rituais. Surgindo, por vezes na idade escolar, brinquedos

inventivos, marcados por singular originalidade. CHATEAU apud SSP (1998)

registrou diversos brinquedos e denominou de jogos de regras arbitrárias, aos

quais a criança se entrega mesmo estando sozinha. Por exemplo, andar na beira

da calçada que pode assumir inúmeras variações, como: pisou ou não nos riscos

de junção, dar um passo em cada dois fora da calçada, etc. Ele ainda assinala

que esses brinquedos nos mostram como a criança preza as regras. Ressaltando

que estes são os únicos brinquedos nos quais a invenção e a espontaneidade

infantil têm livre andamento, pois a própria criança invente a regra.

Existem outros brinquedos no qual a criança deve ser capaz de inibir-se,

não podendo falar, rir ou mover-se (como da estátua).

PIAGET (1971) em seus estudos verificou que a criança tende a

superestimar o valor e a importância das regras aplicáveis a determinados jogos.

Para a criança pequena, as regras são sagradas, não podendo ser

mudadas, ou seja, foram impostas por uma autoridade à qual todos devem

obedecer. Mesmo assim, ela não consegue jogar com as crianças maiores, só

quando alcançar a idade escolar, ela estará apta à conseguí-lo. Pois é através da

imitação e da interação com os colegas, que a criança vai atingir um estágio mais

elevado; compreenderá, então que as regras existem porque todos concordam a

respeito delas e elas poderão ser mudadas se todos concordarem com as

mudanças.

2.2. O PROCESSO DE DESENVOLVIMENTO DA CRIANÇA DE 02 A 04 ANOS Em relação ao desenvolvimento cognitivo, nota-se a existência de estágios

ou períodos sensíveis (ou de prontidão), são os períodos ou estágios em que as

crianças ao serem estimuladas passam a aprender comportamentos mais

complexos. Portanto, faz-se necessário que façamos a correspondência

adequada entre as tarefas de aprendizagem ao nível de desenvolvimento em que

a criança está.

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Verifica-se que precisamos não apenas saber que ensino escolher, como

ensinar, mas sobretudo, quando ela está pronta para aprender as várias tarefas

intelectuais do processo ensino-aprendizagem. Nesta contextualização MAUÉS

(2000) segue citando que:

“É através do brincar que a criança representa a

realidade à sua volta, e com isso vai construindo

seus próprios valores, idéias e conceitos.” (p. 01)

Haja visto que, se entendermos como o desenvolvimento cognitivo se

processa, poderemos evitar dois incidentes: ensinar a criança antes que esteja

pronta para aprender e perder uma oportunidade preciosa por ensiná-la muito

tempo após o momento adequado.

É neste sentido que, para compreendermos este processo, analisaremos

duas teorias: a teoria de PIAGET e a teoria de BRUNNER ambas citadas por

BARROS (1995).

2.2.1. A teoria de Jean Piaget Jean Piaget foi um psicólogo suíço, falecido em 1980. É conhecido

mundialmente por suas obras e centenas de artigos publicados, reverenciando a

análise a evolução do pensamento infantil.

Por mais de quarenta anos, realizou pesquisas com crianças, visando

conhecer melhor a evolução do pensamento até a adolesc6encia, para que

houvesse o aperfeiçoamento dos métodos educacionais. Com isso PIAGET

(1975) propõe que o desenvolvimento cognitivo se realiza em estágios. Portanto,

isso significa que a natureza e a caracterização da inteligência mudam com o

passar do tempo.

Para PIAGET apud BARROS (1995), os estágios e períodos do

desenvolvimento caracterizam as diferentes formas do indivíduo interagir com a

realidade, de organizar seus conhecimentos visando sua adaptação. Com isso é

que o indivíduo desde criança, vai construindo seu desenvolvimento mental,

levando em consideração o ponto de vista motor, intelectual e afetivo.

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PIAGET apud BARROS (1995) identificou quatro períodos principais do

desenvolvimento sensório motor (0 a 2 anos); pré-operacional (2 a 6 anos);

operações concretas (7 a 11 anos) e operações formais (12 anos em diante).

A inteligência sensório- motora, que vai do nascimento até aos 18 meses

de idade, a criança analisa o ambiente e age sobre ele, contudo faz-se necessário

ressaltar que o bebê receba a estimulação visual, auditiva e tátil, tendo uma

variedade de objetos para manipular, de possibilidades para se movimentar.

A inteligência intuitiva ou pré-operacional, acontece dos 2 aos 6 anos de

idade, em relação a inteligência anterior, é o desenvolvimento da capacidade

simbólica, onde a criança começa a usar símbolos mentais (imagens ou

palavras), que representam objetos que não estão presentes. É neste período

que acontece a explosão linguística, desenvolvendo seu vocabulário.

Nas operações concretas, que acontece dos 7 aos 11 anos, a criança usa

a lógica e raciocínio, mas somente os aplica na manipulação de objetos

concretos. É preciso que se faça a relação entre objetos para estimular o

pensamento.

Já nas operações formais, após aos 12 anos o pensamento já não

depende da manipulação de objetos concretos. As operações lógicas realizam-se

entre as idéias expressas em palavras ou símbolos, sem necessidade da

manipulação da realidade. O pensamento formal é capaz de deduzir as

conclusões de hipótese e não somente através de observação real.

Entretanto, o período a qual daremos maior enfoque, é o Pré-operatório,

que dura dos dois aos seis anos aproximadamente. Nesse período, ocorre o

desenvolvimento da capacidade simbólica, que permite a criança ter uma

representação mental dos objetos e das coisas do ambiente.

Nesta fase, as crianças apresentam as seguintes características:

egocentrismo, ou seja, tudo está centrado em sua pessoa, são incapazes de

aceitar o ponto de vista de outra pessoa, quando diferentes ao delas;

centralização, percebe apenas um dos aspectos de um objeto ou acontecimento,

ou seja, focaliza apenas uma dimensão do estímulo, centralizando-se nela e

sendo incapaz de levar em conta mais de uma dimensão ao mesmo tempo;

animismo, as crianças supõem que os objetos são vivos e capazes de sentir.

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Percebe-se portanto que é nessa faixa etária que a criança começa

sociabilizar-se. Ao final deste período, começa a representação mental, a

formação de agrupamentos de ações interiorizadas, coordenadas entre si e

reversíveis. Neste momento acontece a passagem do egocentrismo para a da

organização.

Nessa fase, a criança dos dois aos três anos brinca com bonecos de pano

ou de borracha, objetos grandes e leves; jogos de encaixe e brinquedos da fase

anterior. Dos três aos quatro anos, brinca de correr, escorregar, puxar e lançar.

Neste sentido WALLON (1986), afirma que:

“Brincar de andar, de pular, brincar de subir e descer,

de pôr e tirar, de empilhar derrubar, de fazer e

desfazer, de criar e destruir. Educar neste momento

é sinônimo de preparar o espaço adequado, o

espaço brincado, isto é, explorável”. (p. 117)

Neste momento, são levados em consideração todos os itens acima

citados onde podemos observar o desenvolvimento físico, mental e sócio-

emocional da criança, através de jogos e brincadeiras. Pois eles ajudam a

desenvolver a confiança, a autonomia e a iniciativa.

2.2.2. A teoria de Jerome Bruner Jerome Bruner, psicólogo americano contemporâneo, fundou na

universidade de Harvard, o Centro de Estudos Cognitivos. Em 1960 publicou O

Processo da Educação, no qual expôs sua teoria da instrução, explicando que: “Qualquer assunto pode ser ensinado eficazmente, de alguma forma intelectualmente

honesta, a qualquer criança em qualquer estágio de desenvolvimento.”

BRUNER apud BARROS (1995) propõe em sua teoria explicar como a

criança, em diferentes etapas de sua existência, tende a representar o mundo

com o qual interage. Contudo acredita que haja três níveis de representação

cognitiva do mundo: enativa, icônica e simbólica.

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a) Representação enativa (Ativa)

A criança neste nível, representa o mundo pelas suas ações, ou seja, se

perguntarmos onde fica algum lugar, com certeza ela não saberá responder, o

seu reflexo será levar-nos ao lugar perguntando, pois não conseguirá representar

o caminho através de desenhos ou indicar verbalmente.

O autor ressalta que crianças muito novas comunicam-se melhor com o

mundo por meio de ação, elas entendem e assimilam melhor as mensagens

expressas sob a forma de movimentos. Assim como e uma aula sobre animais,

possivelmente a professora ensinará que o coelho salta, saltando; a cobra rasteja,

rastejando ou o cachorro late, latindo, o gato mia, miando e assim

sucessivamente.

PIAGET apud BARROS (1995) ressalta este momento, dando exemplo de

Jaqueline (1 ano e 11 meses), ao voltar de uma viagem, contou ao pai:”Robert

chora, patos nadam no lago, foram embora”. (p. 104)

Portanto, o autor nos coloca que os contos infantis, neste nível, são bem

mais apreciados e compreendidos sob forma de dramatizações, apresentações

em fantoches, do que por meio de figuras estáticas ou narração verbal.

Outra observação a ser feita por BRUNER apud BARROS (1995) neste

nível, é sobre a recompensa, ou seja, se um adulto quiser elogiar o

comportamento de uma criança bem pequena, o melhor a ser feito é acariciar-lhe

a cabeça, bater palmas do que dizer palavras de elogio.

b) Representação icônica

Neste nível a criança já possui a imagem dos objetos, sem que se precise

manipulá-lo, ou representá-lo como acontece no nível anterior. As crianças já

conseguem desenhar uma figura de um objeto, sem que se precise representar a

ação que ele representa. O professor já consegue passar mensagens através de

diagramas ou ilustrações, cujo as crianças apreciam bastante. BRUNER apud

BARROS (1997) enfatiza dizendo: ”As crianças já podem desenhar a figura de um

garfo, por exemplo, sem representar o ato de comer” (p.111)

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c) Representação simbólica

Neste nível a criança representa o mundo através de símbolos, sem

necessidade do uso de ação ou imagens, estando apta a traduzir suas

experiências em linguagem e a receber mensagens verbais do adulto.

BRUNER apud BARROS (1995) também ressalta a importância do

ambiente para a o desenvolvimento intelectual do ser humano. O ambiente pode

determinar algumas diferenças em relação a idade dos diversos estágios em que

a criança irá passar. Portanto é neste ponto que a teoria de BRUNER se

assemelha com a de PIAGET.

BRUNER apud BARROS (1995) diz que:

“O desenvolvimento intelectual do ser humano

resulta , em grande de parte, da estimulação

ambiental. O ambiente no qual as crianças vivem

podem determinar os graus de diferenças em relação

à idade em que passam pelos diversos estágios”.

(p.111)

BARROS (1995) enfatiza que uma variedade de estímulos e mudanças no

ambiente é necessário para um desenvolvimento cognitivo adequado. Deste

modo, verifica-se que a criança desde cedo, deve ser exposta a estímulos

variados, causando-lhe um desejo enorme de aprender.

Conclui-se portanto que, tanto PIAGET como BRUNER dão importância, à

curiosidade das crianças, e isso deve ser aproveitado em seu processo ensino-

aprendizagem.

2.3. A EDUCAÇÃO INFANTIL: O BRINCAR ENQUANTO PROCESSO EDUCACIONAL O brincar na Educação Infantil exerce uma função essencial no processo

educacional da criança, pois este ato implica de forma prazerosa e significativa a

construção de sua personalidade. Portanto é nos primeiros anos de vida que ela

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irá compreender e se inserir em seu grupo, construir a função simbólica,

desenvolver a linguagem, explorar e conhecer o seu ambiente. Para dar ênfase à

esta idéia, WINNICOT (1975) posiciona-se dizendo que:

“Afirma que a brincadeira é a melhor maneira da

criança comunicar-se, ou seja, um instrumento que

ela possui para relacionar-se com outras crianças.

Brincando, a criança aprende sobre o mundo que a

cerca e tem a oportunidade de procurar a melhor

forma de integrar-se a esse mundo que já encontra

pronto ao nascer”(p.78)

Portanto o brincar chegou a escola com o objetivo de facilitar a assimilação

da aprendizagem do aluno, tornando-a a mais significativa e concreta.

Entretanto este ambiente escolar deve ser criado com intuito de estimular o

aparecimento das potencialidades da criança, sendo estimuladas e motivadas no

momento certo, sempre respeitando o tempo necessário para ela amadurecer.

Verifica-se que existe diferença entre o brincar na escola e o brincar em

outro lugar. Na escola, o brincar muitas vezes é utilizado como um meio

pedagógico e não apresenta interesse de brincar pelo simples prazer de brincar,

mas com o objetivo de uma motivação para aprendizagem. Portanto, segundo

esta concepção, alguns autores, tais como RIZZI e HAYDT (1987) sugerem:

“A utilização de atividades lúdicas como forma de

facilitar o período de adaptação e socialização ao

meio escolar, pois através do lúdico a criança vai se

adaptando ao ambiente em que está inserido e com

as pessoas que muitas vezes o compõem” (p.8)

Na Educação Infantil, o brincar estimula a inteligência da criança, faz com

que ela solte sua imaginação e desenvolva sua criatividade, também possibilita o

exercício de concentração, atenção e engajamento . Com esta contextualização,

KISHIMOTO (1999), nos diz que:

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“Ao utilizar de modo metafórico a forma lúdica (objeto

suporte de brincadeira) para estimular a construção

do conhecimento, o brinquedo educativo conquistou

o espaço definitivo na Educação Infantil.” (p.38).

Outro fator importante a ressaltar é a linguagem da criança, ou seja,

quando brinca, variadas situações lhe são favorecidas, possibilitando-lhes

aquisição de novos conceitos principalmente se a criança (2-4 anos) tiver contato

com crianças mais velhas ou adultos, que possam introduzir novos conceitos,

complementando sua integração com o mundo externo.

Verifica-se também que o brincar, tem uma relação muito direta com a

formação da motricidade da criança em idade pré-escolar, pois o controle

consciente do movimento no jogo, na brincadeira, é muito maior do que em outra

atividade realizada por instrução. Portanto é através da observação do

desempenho das crianças em suas brincadeiras, é que poderemos avaliar o nível

do seu desempenho cognitivo e motor.

Conclui-se portanto que, o brincar na Educação Infantil tem uma função

essencial no desenvolvimento da criança, principalmente nos primeiros quatro

anos de vida, onde ela realiza tarefas primordiais que são: sociabilizar-se,

construção da função simbólica, desenvolver a linguagem, explorar e conhecer o

mundo físico.

Deste modo, percebe-se que o ato de brincar é considerado como uma

atividade específica e fundamental na Educação Infantil. Este pressuposto é que

nos permite estabelecer a relação da brincadeira infantil com a função sócio-

pedagógica da pré-escola.

2.4. O jogo na Educação Infantil O jogo é fundamental para o desenvolvimento infantil, pois através dele a

criança passa a envolver-se com as exigências da sociedade, de forma divertida e

prazerosa, sem ser impostas pela família, escola ou religião.

Para FROEBEL apud RIZZI e HAYDT (1987), o valor do ato de brincar é de

fundamental importância para o desenvolvimento físico, moral e cognitivo da

Page 23: Brinquedos jogos

23

criança e pelo estabelecimento das relações entre os objetos culturais e a

natureza.

Nos dias de hoje o brincar vem sendo cada vez mais utilizado na

Educação, sendo destacado como uma peça importantíssima para a formação da

personalidade, da inteligência, na evolução do pensamento, transformando-se em

um artifício mais acessível para a construção do conhecimento.

Dentro desta concepção BOMTEMPO (1986) posiciona-se dizendo:

“O brinquedo parece com um pedaço de cultura

colocado ao alcance da criança. E seu parceiro na

brincadeira. A manipulação do brinquedo leva criança

à ação e à representação, a agir e a imaginar”. (p.

68)

FROEBEL apud RIZZI e HAYDT (1987) adotava uma pedagogia de ação,

particularmente a do jogo. No seu trabalho docente, pôs em prática a teoria do

valor educativo do brinquedo e do jogo, elaborando um curriculum centrado em

jogos para desenvolvimento da percepção sensorial, da expressão e para

iniciação à matemática.

Percebe-se portanto que alguns dos grandes educadores do passado já

reconheciam o valor pedagógico do jogo, aproveitando-o como material

educativo. É neste sentido que o jogo enfatiza a relação social, ou seja, é

participando de jogos que a criança começa a ter formação de atitudes sociais:

solidariedade, obediência às regras, respeito mútuo, cooperação, senso de

responsabilidade, iniciativa pessoal e grupal. É quando aprende a valorizar o

sentimento de vitória ou derrota.

Portanto FROEBEL apud RIZZI e HAYDT (1987) enfatiza que o papel do

educador é fundamental no sentido de preparar a criança para a competição

sadia, prevalecendo o respeito e a consideração pelo adversário.

Sobre o aprendizado de crianças menores (2 a 4 anos) permanecem até

hoje princípios básicos da importância do brincar para a pré-escola. Dentre esta

concepção FROEBEL introduziu a atividade lúdica como forma de trabalhar o

bom desempenho da aprendizagem infantil, que são: os brinquedos cantados, as

histórias, o uso de material concreto.

Page 24: Brinquedos jogos

24

PIAGET (1971) também enfatiza que a imitação como origem de toda

representação mental é base para o aparecimento do jogo infantil.

WALLON (1986)

“analisa a origem do comportamento lúdico como

sendo proveniente da imitação. Esta faz parte da

participação motora do que é imitado e um certo

prolongamento do real, ou seja, a origem da

representação está na imitação”. (p.41)

PIAGET (1971) seguindo uma orientação cognitiva analisa o jogo integrado

a vida mental caracterizado por orientações do comportamento que denomina

assimilação.

Dentro dessa perspectiva PIAGET (1971) ressalta que a inteligência é

definida pelo equilíbrio entre a assimilação e acomodação. Segundo o autor a

maneira da criança ASSIMILAR é transformar o meio para que este se adapte às

suas necessidades, enquanto o ACOMODAR é a maneira da criança mudar a si

mesma para adaptar-se ao meio em que está inserida. Tal entendimento é

reforçado pelo autor (1971) dizendo:

“O jogo é a construção do conhecimento,

principalmente, nos períodos sensório-motor e pré-

operatório. Agindo sobre os objetos as crianças,

desde pequenas estruturam seu espaço e seu

tempo, desenvolvem a noção de casualidade,

chegando à representação e finalmente à lógica”.

(p.99)

Dentro do período infantil PIAGET (1971), verificou que existem,

basicamente, três tipos de estruturas que caracterizam os jogos: o exercício, o

símbolo e a regra. O jogo de exercício, surge durante os primeiros dezoito meses

de vida, sob a forma de simples exercícios motores, consistindo na repetição de

gestos e movimentos simples.

Page 25: Brinquedos jogos

25

Para PIAGET (1971), “a criança movimentando-se descobre os seus

gestos e os repete em busca de efeitos”. (p.180)

Já no jogo simbólico compreendido entre os dois e seis anos de idade, o

lúdico manifesta-se sob a imaginação e de imitação. Neste período a criança

tende a relacionar suas ações, situações e seu meio ambiente, ela tende a

manifestar o tipo de tratamento que recebe, ou seja, é o caso da menina que

brincando de casinha, grita com a boca dando-lhes ordens, chamando-a de

desobediente e atribuindo-lhes castigos. Assim sendo, é através deste período

que a criança expressa e integra as experiências de seu cotidiano.

O jogo de regras é definido por PIAGET (1971) como:

“O jogo de regras é a atividade lúdica do ser

socializado e começa a ser praticado por volta dos

sete anos, quando a criança abandona o jogo

egocêntrico das crianças mais pequenas, um

proveito de uma aplicação efetiva de regras e do

espírito de cooperação entre os jogadores”. (p.29)

Vale ressaltar neste período, o pensamento reversível, fazendo com que a

criança estabeleça relações permitindo-lhes identificar regras. É neste momento

que são assimiladas relações envolvendo regras, dando oportunidade da criança

incorporar suas próprias regras e avaliar as regras de seus colegas .

Em resumo, PIAGET (1971) assegura que o jogo na criança inicialmente é

egocêntrico e espontâneo, tornando-se cada vez mais uma atividade

socializadora.

Portanto, verifica-se que, ao brincar, a criança constrói conhecimento. Com

isso uma das atribuições mais importantes do jogo é a confiança que a criança

tem. Confiante, ela pode chegar às suas próprias conclusões, criar seus próprios

valores morais e culturais, visando sua auto-estima, o autoconhecimento, a

cooperação conduzindo à imaginação, à fantasia, à criatividade, à criticidade e a

algumas vantagens que facilitam suas vidas, sejam quando crianças ou como

adultos.

Page 26: Brinquedos jogos

26

CAPÍTULO III

METODOLOGIA

3.1. TIPO DE ESTUDO Tendo em vista o cotidiano de uma Escola Particular de Ensino, fez-se

necessário realizar um estudo do tipo qualitativo, cujo nos proporcionou uma

direção definida para fazer uma reflexão rigorosa a respeito do próprio sujeito.

Mediante a este contexto obteve-se um estudo qualitativo, onde através

deste estaremos descrevendo os significados da pesquisa, além de obtermos

uma compreensão sobre as inferências de brinquedos e jogos para a construção

do conhecimento de crianças da Educação Infantil (2 a 4 anos) juntamente com

uma pesquisa bibliográfica que deu condições para identificarmos características

específicas consideradas por PIAGET e BRUNER.

A partir daí foi necessário recolhermos dados que permitissem confrontar a

teoria com a prática, através de questionários aplicados para as professoras e a

Supervisora educacional, onde se propiciou registrar fatos importantes que

pudessem favorecer a pesquisa de campo.

3.2. O CONTEXTO DA PESQUISA A pesquisa apresentada foi desenvolvida em uma Instituição Particular de

Ensino Infantil de cunho religioso na cidade de Belém.

Tendo como espaço físico pesquisado, duas salas, uma de maternal e

outra de jardim I, uma brinquedoteca, um parque, cujo o solo é de areia branca

com vários brinquedos como: balanço, casinha um escorrega e uma roda

giratória.

A instituição mencionada pertence a uma comunidade de nível sócio-

econômico médio, localizada em São Bráz.

Page 27: Brinquedos jogos

27

Foi neste espaço que se desenvolveu o roteiro de observação e os

questionários. Estes recursos foram colocados frente à frente com a visão dos

autores mencionados na pesquisa.

Em seguida sob a forma de redação, foi construído um texto descritivo

fazendo o cruzamento das informações que propiciaram a elaboração de um texto

contendo as relevâncias da Pesquisa Científica, fazendo uma comparação entre

os questionamentos e os objetivos com as respostas obtidas pelos questionários,

verificando se houve ou não um resultado satisfatório.

3.3. OS SUJEITOS DA PESQUISA O presente estudo, desde os primeiros momentos foi destinado à crianças

de 2 a 4 anos de idade, do turno da manhã de uma Instituição de Ensino

Particular de Belém do Pará.

No período de setembro e outubro, foram feitas visitas com apresentação

de questionários respondidos por duas professoras, uma do maternal, e outra do

jardim I, elas forma denominadas de M e J respectivamente. E também a

Supervisora da Educação Infantil. Vale ressaltar que as professoras possuem o

nível superior incompleto.

3.4. A COLETA DE DADOS O material da coleta de dados, devidamente preenchidos nos proporcionou

a elaboração de um texto descritivo fazendo um cruzamento das informações o

qual nos permitiu redigir um novo texto contendo as relevâncias da pesquisa

científica.

Logo após, fez-se a catalogação dos dados comparando os

questionamentos e os objetivos, momento em que foi feito um paralelo das

respostas obtidas nos questionários, com a finalidade de verificar e analisar os

resultados. Com isso elaborou-se o texto final com intuito de averiguar o resultado

obtido durante toda a pesquisa.

Page 28: Brinquedos jogos

28

CAPÍTULO IV

ANÁLISE DOS RESULTADOS

A referida análise, deu-se a partir de questionários realizados com

professoras de maternal e jardim I e com a Supervisora Educacional da Educação

Infantil.

Foram feitas análises uma a uma de cada questão, e ao final análise geral

dos resultados.

QUADRO I

O que você sabe sobre brinquedos e jogos?

Professoras Respostas

M

Os brinquedos são utilizados pelas crianças

livremente, sem regras pré-determinadas. Já os jogos

necessitam de regras sejam elas estabelecidas pelo

autor do jogo ou pela própria criança ao brincar.

J

O brinquedo, a criança brinca livremente e o jogo

possui regra.

Supervisora

Os brinquedos não exigem regras. Já os jogos

exigem. Mas sabemos que estes conceitos dependem

da forma que a criança utiliza os mesmos.

De acordo com as respostas dadas, podemos observar um conhecimento

bem restrito sobre os conceitos. Mas podemos verificar que ambas sabem

diferenciá-los e o quanto são importantes para o processo ensino-aprendizagem.

Enfim, constamos que tanto as professoras como a Supervisora sabem o

que os termos significam e a importância deles para a Educação Infantil.

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29

QUADRO II

De que maneira você relaciona o lúdico com a construção do conhecimento em

crianças de 2 a 4 anos?

Professoras Respostas

M

Através do lúdico a criança constrói seus

conhecimentos de forma prazerosa.

J

A partir do momento em que a criança interage com

o brinquedo ela já está Construindo conhecimento.

Supervisora

Através das atividades lúdicas, a criança

desenvolve-se em todas as dimensões, afetivo,

emocional , social e cognitivo.

Analisando as respostas acima, verificamos que estas educadoras já

possuem um certo conhecimento sobre o lúdico, o quanto ele é importante para a

construção do conhecimento, principalmente em crianças de 2 a 4 anos. É nesta

faixa etária que a criança tem mais prazer pelas atividades livres. E o momento

em que eles expandem suas experiências e coordenação motora.

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QUADRO III

Você defende o brinquedo utilizado em sala de aula, como recurso pedagógico?

Professoras Respostas

M

Sim, o brinquedo é fundamental para a criança e

não deve ser negado este direito.

J

Sim, desde que esta sala de aula tenha um

espaço apropriado e estimulante.

Supervisora

Sim, desde que este instrumento seja Sutilizado

corretamente, em horários apropriados, sempre

com o educador orientando sua utilização.

Podemos verificar que as três possuem diferenciadas concepções, mas

que relacionadas ao recurso pedagógico estão corretíssimas quando referem-se

ao direito de brincar, espaço adequado para a atividade e o uso correto do

instrumento. Estes fatores são de suma importância para o desenvolvimento e

socialização das crianças neste período.

Logo, percebemos que as três estão preocupadas em trabalhar o

brinquedo de forma adequada, sempre dando ênfase ao desenvolvimento e

construção de valores que estes recursos possam proporcionar.

Page 31: Brinquedos jogos

31

QUADRO IV

Você considera o brinquedo como instrumento de avaliação?

Professoras Respostas

M

Sim, Desde que a criança seja observada pelo

educador.

J

Sim, Pois é através do brinquedo que verificamos:

de que forma a criança externaliza seus

sentimentos. Quais os conceitos que estão claros

na cabeça dela. Qual o seu nível de aprendizagem

e se este condiz com sua faixa etária.

Supervisora

Sim, mas só pode ser considerado como

instrumento de avaliação se o educador

souber analisar sua utilização no momento em que a

criança usa o mesmo.

Podemos observar que as três educadoras estão seguras quanto ao

brinquedo ser utilizado como instrumento de avaliação. Mas para que essa

avaliação aconteça, faz-se necessário que o educador preocupe-se em organizar

critérios avaliativos para que o mesmo tenha resultados positivos em seu

diagnóstico.

Com base nos resultados, observamos que as educadoras possuem um

conhecimento básico dos elementos pesquisados (brinquedos e jogos).

Entretanto esses conhecimentos são bem diferenciados de acordo com o

processo ensino-aprendizagem que desenvolvem.

Page 32: Brinquedos jogos

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Sabem que o lúdico é importante para a construção do conhecimento,

principalmente na faixa etária mencionada, citando também o prazer que as

crianças sentem ao brincar, pois é neste momento em que elas praticam suas

experiências e trabalham a sua motricidade.

Também podemos perceber que elas possuem diferentes concepções

sobre brinquedo ser utilizado como recurso pedagógico, mas enfatizam que é

preciso conceder o direito de brincar à criança, verificando se o espaço é

adequado e se o instrumento está sendo utilizado corretamente.

Portanto, ao relacionarmos o brinquedo como instrumento de avaliação,

ambas nos responderam que é necessário que se construa critérios, para que

essa avaliação obtenha resultados significativos.

Logo, podemos perceber que elas estão preocupadas em trabalhar os

brinquedos e jogos de forma adequada, proporcionando um bom desenvolvimento

cognitivo e social dessas crianças.

Page 33: Brinquedos jogos

33

CONSIDERAÇÕES FINAIS

A partir de tudo o que foi esclarecido sobre o brinquedo e jogo, pode-se

perceber que eles estão presentes em todas as dimensões da existência do ser

humano e, muito especialmente, na vida das crianças. Portanto podemos afirmar

que realmente “BRINCAR” é viver, e as crianças brincam porque esta é uma

necessidade básica, assim como, a alimentação, a saúde e educação.

Em vista disso, traçamos metas para alcançarmos nossos objetivos, já

mencionados no início da pesquisa. Portanto partindo das análises dos dados

percebemos, pela prática, a realidade desta contextualização no cotidiano

escolar, onde verificamos que já existe uma preocupação tanto dos docentes

quanto dos técnicos a respeito do tema estudado.

Estas colaboradoras (professoras e supervisora), nos permitiram

proporcionar este estudo entre prática e teoria, acreditando na influência

significativa dos brinquedos e jogos na aprendizagem do educando.

Percebemos que dentro de suas práticas, os brinquedos e jogos possuem

conceitos bem restritos, mas que ambos são bem diferenciados pelas

educadoras. Elas também ressaltam que o lúdico é muito importante para o

desenvolvimento das crianças, em especial as de 2 a 4 anos, pois enfatizam que

é através dele que elas constróem seus conhecimentos de forma prazerosa.

Portanto ao indagarmos que elas defendem o brinquedo como recurso

pedagógico, elas responderam que sim, pois na escola o brincar é visto como

uma motivação para o desenvolvimento cognitivo, afetivo, social e emocional da

criança.

A partir desta concepção , é preciso que se diferenciem esses dois

aspectos do brincar: o brincar no âmbito da escola e o brincar em outro lugar, pois

esta atividade deverá ser bem planejada, sendo utilizados critérios para um

momento avaliativo adequado, detectando progressos ou falhas no

desenvolvimento dessas crianças.

Desta forma, podemos observar que esses profissionais estão cientes do

ensino através do lúdico, mas é preciso que obtenham mais informações e

subsídios para poderem melhorar mais suas práticas. Estas informações e

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subsídios poderão ser encontrados através de textos sobre o tema: brinquedos e

jogos; oficinas oferecidas por instituições adequadas; obras de autores que

preocupados com o aprendizado livre, expõem seus pensamentos através de

métodos e regras, proporcionando um momento de aprender mais satisfatório

para essas crianças.

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35

BIBLIOGRAFIA

BARROS, Célia S. Guimarães. Pautas de Psicologia do Desenvolvimento. 9ª

ed. São Paulo: Ed. Ática, 1995.

BOMTEMPO, Edda (org.). Psicologia do Brinquedo. São Paulo: Ed. da

Universidade de São Paulo: Nova Stella,1986.

Enciclopédia Mirador Internacional. São Paulo. V12, 1976

KISHIMOTO, Tizuko M. Jogo, Brinquedo, Brincadeira e a Educação. 3ª ed.

São Paulo: Cortez, 1999.

_________ . O Jogo e a Educação Infantil. São Paulo: Pioneira, 1994.

MAUÉS, Eva. A vida é feita de brincadeiras. Jornal Liberal. Belém.Pa.

30.04.2000, caderno Muller. P.01.

PIAGET, Jean. A formação do símbolo na criança. Rio de Janeiro. Zahar, 1971.

RIZZI, Leonor, HAYDT, Regina Célia Cazaux. Atividades Lúdicas na Educação da Criança: Subsídios Práticos para o Trabalho na Pré-escola e nas Séries

Iniciais do 1º Grau. 2ª ed.: Ática, 1987.

SANTOS, Santa Marli Pires dos. (org.). Brinquedoteca: o lúdico em diferentes

contextos. Petrópolis, Rio de Janeiro: Vozes, 1997.

Serviço de Supervisão Pedagógica: O brinquedo. Educação Infantil. Belém. Pa.:

Colégio São Paulo, 1998.

TEIXEIRA, Elizabeth. Manual para elaboração de trabalhos de conclusão de curso-TCC. Belém: UNAMA, 1998.

Page 36: Brinquedos jogos

36

WALLOW, Hensi. Origem do caráter na criança. São Paulo. Ed. Ática, 1986.

WINNICOTT, D.W. O brincar e a realidade. Rio de Janeiro: Imago, 1975.

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ANEXOS

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ANEXO I

Cara Supervisora,

Somos alunas da Universidade da Amazônia do 4º ano do Curso de

Pedagogia – Habilitação em Supervisão Escolar e estamos fazendo um

levantamento à cerca das inferências dos brinquedos e jogos na construção do

conhecimento em crianças de 2 a 4 anos de idade. Desta forma, gostaríamos de

contar com sua colaboração para o enriquecimento do nosso Trabalho de

Conclusão de Curso, respondendo a este questionário.

Atenciosamente

M.ª da Luz

Parte I – Formação Acadêmica Instituição:

Ano de formação:

Anos de atuação como Supervisora:

Parte II – Questões específicas sobre a pesquisa 1. O que você sabe sobre brinquedos e jogos?

2. De que maneira você relaciona o lúdico com a construção do conhecimento

em crianças de 2 a 4 anos?

3. Você considera o brinquedo como instrumento de avaliação?

4. Você defende o brinquedo utilizado em sala de aula, como recurso

pedagógico?

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ANEXO II

Cara Professora,

Somos alunas da Universidade da Amazônia do 4º ano do Curso de

Pedagogia – Habilitação em Supervisão Escolar e estamos fazendo um

levantamento a cerca das inferências dos brinquedos e jogos na construção do

conhecimento em crianças de 2 a 4 anos de idade. Desta forma, gostaríamos de

contar com sua colaboração para o enriquecimento do nosso Trabalho de

Conclusão de Curso, respondendo a este questionário.

Atenciosamente

Karla Reis

Parte I – Formação Profissional ( ) Nível médio

( ) Nível Superior incompleto

( ) nível Superior Completo

Parte II – Questões específicas sobre a pesquisa 1. O que você sabe sobre brinquedos e jogos?

2. De que maneira você relaciona o lúdico com a construção do conhecimento

em crianças de 2 a 4 anos?

3. Você considera o brinquedo como instrumento de avaliação?

4. Você defende o brinquedo utilizado em sala de aula, como recurso pedagógico?