BRONQUIOLITE OBLITERANTE (BO) Camila Amaral Venuto R1 Pediatria – HRAS/SES/DF Orientadora: Dra....
Transcript of BRONQUIOLITE OBLITERANTE (BO) Camila Amaral Venuto R1 Pediatria – HRAS/SES/DF Orientadora: Dra....
BRONQUIOLITE OBLITERANTE (BO)
Camila Amaral VenutoR1 Pediatria – HRAS/SES/DF
Orientadora: Dra. Lisliê
Brasília, 13 de junho de 2008 www.paulomargotto.com.br
CASO CLÍNICO•GGS, 2a8m, natural de Uruana –MG,
procedente de Arinos – MG.•Lesões variceliformes com início há 8
dias. Internação por 4 dias na cidade de origem, transferência para PS do HRAS em 19-08-06 e para UTIP no mesmo dia com os diagnósticos: varicela necro-hemorrágica infectada, choque séptico, PNM com derrame pleural à D
CASO CLÍNICO• Intubação no 1º dia, colocado em VM. PCR
durante intubação, reanimado com sucesso.• Usou drogas vasoativas, sedoanalgesia e
hidrocortisona• Lesões pulmonares compatíveis com SARA
observadas em 21-08. Necessitou de pressões ventilatórias progressivamente mais elevadas, posição prona e eventual relaxamento muscular.
• Extubado em 29-08, permaneceu com O2 sob CN até 01-09. Alta da UTI em 04-09
CASO CLÍNICO• Alta da DIP em 14-09. Em 20-09 (consulta no
Ambulatório): nova PNM, sendo re-internado.• TC tórax (03-10): sinais de doença intersticial
difusa, com opacidade em vidro fosco, espessamento de interstício axial e nódulos acinares centrolobulares com aspecto de “árvore em brotamento”, caracterizando enchimento de pequenas vias aéreas. Pequenas consolidações esparsas e discreta ectasia isolada de alguns brônquios segmentares
BO - DEFINIÇÃO E HISTÓRICO• Obstrução crônica do fluxo
aéreo + lesão inflamatória das pequenas vias aéreas1
• 1901: Lange• 1942:LaDue – 1 caso em
42.038 autópsias• 1988:Hardy e cols. – 19
casos pediátricos em 25 anos• 2000: Zhang e cols. – 36
crianças na pneumopediatria do HCPA em 8 anos
1. Bronquiolite Obliterante em Crianças. Jpediatr (Rio J) 2000; 76 (3):185-92
HISTOPATOLOGIA• Proliferativa1:
▫ Tecido de granulação (fibroblastos, macrófagos, linfócitos, neutrófilos e plasmócitos + matriz com proteoglicanos) em forma de tufo polipóide dentro da luz da via aérea
▫ Septo alveolar espessado devido a infiltração de células inflamatórias crônicas e hiperplasia dos pneumócitos tipo 2
▫ BOOP: BO com envolvimento alveolar, com tecido de granulação dentro de bronquíolos se estende até ductos alveolares e alvéolos
1. Bronquiolite Obliterante em Crianças. Jpediatr (Rio J) 2000; 76 (3):185-92
HISTOPATOLOGIA• Constritiva1:
▫ Estágio inicial: necrose do epitélio bronquiolar e infiltração inflamatória de mucosa, submucosa, área peribronquiolar e luz bronquiolar (bronquíolos terminais). #
▫ Estágio avançado: fibrose submucosa que atinge luz bronquiolar em padrão concêntrico, chegando a obliteração (focal ao longo do bronquíolo)#
1. Bronquiolite Obliterante em Crianças. Jpediatr (Rio J) 2000; 76 (3):185-92
ETIOLOGIA1,2,3
•Pós-infecciosa•reumatóide•Associada ao uso de drogas•Pós transplante•Síndrome aspirativa•Drogas (Penicilina, sulfassalazina,
amiodarona)•Idiopática
1. Bronquiolite Obliterante em Crianças. Jpediatr (Rio J) 20002. Sequelas respiratórias das doenças viraris: do diagnóstico ao tratamento. Jpediatr. (Rio J) 20023. Bronquiolite Obliterante – Sequelas da Bronquiolite.
BO PÓS-INFECCIOSA• Lactentes, sexo masculino, após
bronquiolite viral aguda1
• Agentes etiológicos1,2,3,4:▫Vírus: adenovirus – 3,7 e 21;VSR;
parainfluenza 2 e 3; influenza A e B; sarampo▫Bactérias: Mycoplasma, Bordetella,
Streptococcus b hemolítico, Stapyilococcus aureus, Pneumocystis jerovesi
1. Bronquiolite Obliterante Pós Infecciosa: aspectos clínicos e exames complementares de 48 crianças. J.bras.Pneumol. V.30 n.1 São Paulo jan-fev 20042. Bronquiolite Obliterante em Crianças. Jpediatr (Rio J) 20003. Bronquiolite Obliterante – Sequelas da Bronquiolite. 4. Sequelas respiratórias das doenças viraris: do diagnóstico ao tratamento. Jpediatr. (Rio J) 2002
BO PÓS-INFECCIOSA• Vírus infecta superfície da célula epitelial e
inicia replicação intracelular metaplasia escamosa da mucosa dos brônquios necrose da parede bronquiolar destruição do epitélio ciliado1
• Infiltrados inflamatórios + edema de submucosa e do tecido conjuntivo + aumento da secreção de muco obstrução da luz bronquiolar aprisionamento de ar, atelectasias e bronquiestasias1
1. Bronquiolite Obliterante Pós Infecciosa: aspectos clínicos e exames complementares de 48 crianças. J.bras.Pneumol. V.30 n.1 São Paulo jan-fev 2004
QUADRO CLÍNICO• Quadro de BVA que persiste por mais de 2
semanas1,2:▫Febre, tosse, chiado no peito e taquipnéia▫Tiragens, sibilos, estertores▫RX: infiltrado peribrônquico, hiperinsuflação,
atelectasia segmentar ou subsegmentar• DPOC persistente: hipoxemia, deformidades
torácicas• Associação com DRGE3#
1. Sequelas respiratórias das doenças viraris: do diagnóstico ao tratamento. Jpediatr. (Rio J) 20022. Bronquiolite Obliterante em Crianças. Jpediatr (Rio J) 20003. Bronquiolite Obliterante Pós Infecciosa: aspectos clínicos e exames complementares de 48 crianças. J.bras.Pneumol. V.30 n.1 São Paulo jan-fev 2004
EVOLUÇÃO• Sinais e sintomas mais freqüentes no 1º ano de
doença1
• Cautela na interpretação da melhora clínica (diâmetro das vias aéreas aumenta com idade)1
• Fatores desfavoráveis: idade avançada no episódio inicial e elevação de IgE sérico2
• Óbito mais freqüente em crianças de até 2 anos1
• Associação de adenovírus e VSR insuficiência respiratória aguda e óbito3
1. Bronquiolite Obliterante em Crianças. Jpediatr (Rio J) 20002. Bronquiolite Obliterante Pós Infecciosa: aspectos clínicos e exames complementares de 48 crianças. J.bras.Pneumol. V.30 n.1 São Paulo jan-fev 20043. Infecção viral simultânea a Bronquiolite Obliterante em Crianças. J. Bras. D.Infec.. V.6 n3 Salvador; jun2002
SINTOMAS POR MAIS DE 2 SEMANAS
1) Teste do suor2) Teste de Mantoux3) Dosagem de imunoglobulinas4) Dosagem de a1-antitripsina5) RX tórax6) Cintilografia pulmonar
Um dos testes (1a 4) + Testes 1 a 4 negativos5 e ou 6 +
Considerar diagnóstico de outra doença Considerar BO pós-infecciosa
a) TCARb) Biópsia a céu aberto
EXAMES DE TRIAGEM
DIAGNÓSTICOCLÍNICO
EXAMESOPCIONAIS
Bronquiolite Obliterante em Crianças. Jpediatr (Rio J) 2000
BO PÓS-INFECCIOSA
SIBILÂNCIA RECORRENTE PÓS-BRONQUIOLITE
SINTOMATOLOGIA PERSISTENTE RECORRENTEESTERTORES FINOS
PERSISTENTE AUSENTE
ALTERAÇÕES RADIOLÓGICAS
PERSISTENTE RECORRENTE
PATOFISIOLOGIA OBLITERAÇÃO DE BRONQUÍOLOS
HIPER-RESPONSIVIDADE BRÔNQUICA
RESPOSTA AO USO DE BRONCODILATADOR
INSATISFATÓRIA SATISFATÓRIA
PROGMÓSTICO DESFAVORÁVEL FAVORÁVELBronquiolite Obliterante – Sequelas da Bronquiolite.
RX DE TÓRAX•Espessamento brônquico•Hiperinsuflação pulmonar•Atelectasia•Bronquiectasia•Hiperlucência•Tríade de Hardy: sintomas desproporcionais
aos achados do RX, pulmão hiperlucente e sinais localizados de hiper-aeração1
1. Bronquiolite Obliterante Pós Infecciosa: aspectos clínicos e exames complementares de 48 crianças. J.bras.Pneumol. V.30 n.1 São Paulo jan-fev 2004
CINTILOGRAFIA PULMONAR PERFUSIONAL E VENTILATÓRIA•Mais acurada para
verificar extensão e localização das lesões
•Imagem do defeito emparelhado
•Áreas hipoperfundidas vasoconstrição hipóxica
TOMOGRAFIA DE TÓRAX DE ALTA RESOLUÇÃO• Estadia a doença e identifica
bronquiectasia e atelectasia• Compara imagens em ins e expiração,
combinando informações estruturais e funcionais
• Achados:▫ Perfusão em mosaico▫ Bronquiectasia▫ Aprisionamento de ar▫ Atelectasias▫ Espessamento brônquico▫ Consolidações▫ Redução do volume pulmonar
PROVA DE FUNÇÃO PULMONAR1•Distúrbio ventilatório obstrutivo, com
concavidade da curva expiratória forçada e fluxo reduzido
•Padrão restritivo, com redução da capacidade vital, indica aprisionamento de ar
•Melhora do padrão com o tempo
1. Sequelas respiratórias das doenças viraris: do diagnóstico ao tratamento. Jpediatr. (Rio J) 2002
CLASSIFICAÇÃO DE SEQÜELAS DE BVAGRAU CLÍNIC
ARX CINTIL
OGRAFIA
TCAR BIÓPSIA
I Crises de sibilos+, melhora em semanas
Hiperinsuflação + nas pioras
Não indicadaNormal
Não indicadaNormal
Não indicadaNormal
II Crises de sibilos ++, melhora em meses
Hiperinsuflação ++ nas pioras
Não indicadaNormal
Não indicadaNormal
Não indicadaNormal
III Crises de sibilos +++, melhora em anos
Hiperinsuflação +++ “bronquite”
Eventual indicaçãoAlterações mínimas
Indicação eventualAlterações bronquiolares e de densidade
Não indicadaNormal
IVa DPCO, sem O2 Hiperinsuflação +++, “brobquite”, bronquiectasia, atelectasia, redução da vascularização
Redução da perfusão em áreas “MacLeod”
Redistribuição do fluxo, bronquiectasias +, alterações na densidade ++, nodularidade, mosaico
Possível indicaçãoObliteração bronquiolar – fibrose
IVb DPOC com O2 contínuo
Hiperinsuflação ++++, “bronquite”, atelectasia, redução da vascularização ++
Redução acentuada da perfusão em áreas “MacLeod”
Redistribuição do fluxo, bronquiectasia ++, alterações na densidade ++, nodularidade, mosaico
Possível indicaçãoObliteração bronquiolar - fibrose
Bronquiolite Obliterante – Sequelas da Bronquiolite.
TRATAMENTO•Princípios1:
▫Preservar função das vias aéreas ainda não atingidas
▫Controle das infecções▫Nutrição▫Controle da hiperreatividade brônquica
1. Bronquiolite Obliterante – Sequelas da Bronquiolite.
CORTICÓIDES• Controle do processo inflamatório em fase de
instalação• Redução do nível de neutrófilos no lavado
broncoalveolar e melhora da função pulmonar
• Componente obstrutivo variável:▫ Períodos de melhora e exacerbação▫ Hiperreatividade brônquica▫ Esporádica resposta aos broncodilatadores
• Mantido por longos períodos
CORTICÓIDES•Via de administração1:
▫Sistêmico▫Inalatório▫Pulsoterapia
•Falta de resposta: proteína 5F1A do adenovírus (ação inibidora)2
1. Sequelas respiratórias das doenças virais: do diagnóstico ao tratamento. Jpediatr. (Rio J) 20022. Bronquiolite Obliterante Pós Infecciosa: aspectos clínicos e exames complementares de 48 crianças. J.bras.Pneumol. V.30 n.1 São Paulo jan-fev 2004
BRONCODILATADORES1
•B2 adrenérgicos de curta ação, via inalatória
•B2 adrenérgicos de longa duração: objetivo de reduzir a dose do corticóide, nunca usado como monoterapia
•Resposta evidenciada com prova de função pulmonar
1. Sequelas respiratórias das doenças virais: do diagnóstico ao tratamento. Jpediatr. (Rio J) 2002
ANTIBIÓTICOS• Controle do aspecto macroscópico da
secreção e seu volume• Bacterioscopia e cultura de escarro em
crianças maiores; aspirado traqueal e lavado bronco-alveolar em crianças menores
• Difícil diferenciar colonização de infecção• Haemophilus influenzae, Streptococcus
pneumoniae, Moraxella catarrhalis e Staphilococcus aureus
ANTIBIÓTICOS• Usar na vigência de febre ou piora da
secreção por 14 a 21 dias• Amoxicilina, ampicilina, cloranfenicol e
sulfametoxazol + trimetoprim• Macrolídeos por tempo prolongado (até 90
dias) têm efeito anti-inflamatório1
• Causas de falha terapêutica: mecanismos de colonização bacteriana, resistência bacteriana aos antibióticos, demora na restauração no clearance mucociliar e latência do adenovírus 1
1. Bronquiolite Obliterante Pós Infecciosa: aspectos clínicos e exames complementares de 48 crianças. J.bras.Pneumol. V.30 n.1 São Paulo jan-fev 20042. Sequelas respiratórias das doenças viraris: do diagnóstico ao tratamento. Jpediatr. (Rio J) 2002
FISIOTERAPIA•Indicação: bronquiectasia, hiperinsuflação
e atelectasia•Técnicas: máscara de pressão expiratória,
estímulo à tosse, aparelhos de vibração nas vias aéreas (flutter) e drenagem postural
NUTRIÇÃO•Consumo energético acentuado•Dieta hipercalórica e hiperprotéica•Necessidade de nutrição enteral em casos
selecionados
CIRURGIA•Indicações: bronquiectasias localizadas e
colapso lobar crônico•Evitar exacerbações e diminuir
necessidade de fisioterapia•Hiperinsuflação cirurgia de redução de
volume pulmonar
OXIGENOTERAPIA•Objetivo: redução da hipertensão arterial
pulmonar secundária a hipoxemia•Medida da saturação de hemoglobina nas
consultas de seguimento•Medida da saturação periférica durante o
sono
REFLUXO GASTROESOFÁGICO•Aumento da pressão intra-abdominal pela
hiperinsuflação pulmonar•Diagnóstico: pHmetria de 24 horas•Teste terapêutico: medidas anti-refluxo e
medicamentos
TRANSPLANTE PULMONAR•Quadro obstrutivo grave persistente, com
declínio da função pulmonar e necessidades crescentes de cuidado maior e oxigênio suplementar
TRATAMENTO DAS SEQÜELAS DA BRONQUIOLITEESTÁGIO TRATAMENTO
I B2 INALÁVEL NAS PIORAS
II B2 NAS PIORAS + CORTICÓDE TÓPICO
III B2 INALÁVEL NAS PIORAS + CORTICÓDE TÓPICO
IVa B2 FREQUENTE OU CONTÍNUO + CORTICÓDE TÓPICO CONTÍNUO + CORTICÓDE SISTÊMICO NAS PIORAS + ANTIBIÓTICO + FISIOTERAPIA + NUTRIÇÃO
IVb B2 FREQUENTE OU CONTÍNUO + CORTICÓIDE TÓPICO CONTÍNUO + CORTICÓIDE TÓPICO SISTÊMICO NAS PIORAS +FISIOTERAPIA + NUTRIÇÃO + O2 CONTÍNUO
PROFILAXIA•Imunizações: esquema básico +
antiinfluenza, antipneumocócica e anti Haemophilus influenzae B
•Tabagismo passivo•Infecções virais: cuidado maios da equipe
durante internação, situação de aglomerados evitadas até o 4º ano de doença