Bruno Soeiro Novello Projeto de Graduação apresentado ao...

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ESTUDO DE CASO DE CONSTRUÇÃO HABITACIONAL COMUNITÁRIA PARA BAIXA RENDA NA CIDADE DO RIO DE JANEIRO Bruno Soeiro Novello Projeto de Graduação apresentado ao Curso de Engenharia Civil da Escola Politécnica, Universidade Federal do Rio de Janeiro, como parte dos requisitos necessários à obtenção do título de Engenheiro. Orientador: Jorge dos Santos Rio de Janeiro Março de 2018

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ESTUDO DE CASO DE CONSTRUÇÃO HABITACIONAL COMUNITÁRIA

PARA BAIXA RENDA NA CIDADE DO RIO DE JANEIRO

Bruno Soeiro Novello

Projeto de Graduação apresentado ao Curso de

Engenharia Civil da Escola Politécnica,

Universidade Federal do Rio de Janeiro, como

parte dos requisitos necessários à obtenção do

título de Engenheiro.

Orientador:

Jorge dos Santos

Rio de Janeiro

Março de 2018

ESTUDO DE CASO DE CONSTRUÇÃO HABITACIONAL COMUNITÁRIA PARA

BAIXA RENDA NA CIDADE DO RIO DE JANEIRO

Bruno Soeiro Novello

PROJETO DE GRADUAÇÃO SUBMETIDO AO CORPO DOCENTE DO CURSO DE

ENGENHARIA CIVIL DA ESCOLA POLITÉCNICA DA UNIVERSIDADE

FEDERAL DO RIO DE JANEIRO COMO PARTE DOS REQUISITOS

NECESSÁRIOS PARA A OBTENÇÃO DO GRAU DE ENGENHEIRO CIVIL

Examinada por:

_________________________________________

Prof. Jorge dos Santos, D. Sc., Orientador

_________________________________________

Prof. Alessandra Conde de Freitas, D. Sc.

_________________________________________

Prof. Ana Catarina Jorge Evangelista, D. Sc.

_________________________________________

Prof. Sandra Oda, D. Sc.

________________________________________

Prof. Wilson Wanderley da Silva, Arq.

RIO DE JANEIRO, RJ – BRASIL

MARÇO de 2018

iii

Novello, Bruno Soeiro

Estudo de Caso de Construção Habitacional

Comunitária para Baixa Renda na Cidade do Rio de

Janeiro/ Bruno Soeiro Novello. – Rio de Janeiro:

UFRJ/Escola Politécnica, 2018.

XV, 119 p.: il.; 29,7 cm.

Orientador: Jorge dos Santos

Projeto de Graduação – UFRJ/ Escola Politécnica/

Curso de Engenharia Civil, 2018.

Referências Bibliográficas: p. 99-104

1. Introdução. 2. Contextualização: Construção

Habitacional de Baixa Renda. 3. Tipologia das Habitações.

4. Legislações e Normas Técnicas. 5. Tecnologias

Aplicáveis. 6. Estudos de Caso. 7. Considerações Finais.

I. Santos, Jorge dos II. Universidade Federal do Rio

de Janeiro, Escola Politécnica, Curso de Engenharia Civil.

III. Estudo de Caso de Construção Habitacional

Comunitária para Baixa Renda na Cidade do Rio de

Janeiro.

iv

AGRADECIMENTOS

Agradeço aos meus pais e irmã, Selma Soeiro Novello, José Carlos Novello e

Bárbara Soeiro Novello, por todo o apoio, carinho, amor e suporte recebido em todos os

momentos ao longo dessa trajetória;

As inúmeras amizades feitas que, cada uma à sua maneira, me ajudaram a

ultrapassar todos os obstáculos;

A todos os funcionários, professores e coordenadores da UFRJ e CEFET/RJ, onde

cursei uma disciplina, por todo o aprendizado e colaboração para enfrentar as diversas

dificuldades encontradas no caminho;

A minha namorada e toda sua família que, mesmo conhecendo-os ao final do

curso, foram essenciais para o meu sucesso;

Ao meu professor orientador Jorge dos Santos por todo o auxílio e ensinamentos

durante a elaboração deste Projeto de Graduação.

v

Resumo do Projeto de Graduação apresentado à Escola Politécnica/ UFRJ como parte

dos requisitos necessários para a obtenção do grau de Engenheiro Civil.

ESTUDO DE CASO DE CONSTRUÇÃO HABITACIONAL COMUNITÁRIA PARA

BAIXA RENDA NA CIDADE DO RIO DE JANEIRO

Bruno Soeiro Novello

Março/2018

Orientador: Jorge dos Santos

Curso: Engenharia Civil

O presente trabalho realiza uma análise sobre o déficit habitacional para a população de

baixa renda identificando sua gravidade, problemas, características, tecnologias

empregadas nesse tipo de construção e a legislação e normas que regem o tema. Para isso

foi realizado um levantamento bibliográfico em diversos meios de comunicação, artigos

e pesquisas acerca da construção habitaciconal de baixa renda com o objetivo de se obter

as diversas características e peculiaridades das diferentes tipologias, materiais e

tecnologias construtivas utilizadas. O projeto conta com um estudo de caso que

exemplifica uma construção habitacional comunitária na cidade do Rio de Janeiro onde

verifica-se como a mesma é realizada, seus pontos positivos e negativos e vantagens e

desvantagens em sua utilização. Como conclusão observa-se a vantagem na utilização de

construção habitacional comunitária como alternativa para minimizar o déficit

habitacional do país, o desuso de tecnologias alternativas com grande potencial

construtivo frente as convencionais e a dificuldade imposta pela legislação brasileira para

a construção de habitações para baixa renda.

Palavras-chave: Construção Habitacional, Baixa Renda, Déficit Habitacional,

Construção Comunitária, Tecnologias

vi

Abstract of Undergraduate Project presented to POLI/ UFRJ as a partial fulfillment of

the requirements for the degree of Engineer.

CASE STUDY OF COMMUNITY HOUSING CONSTRUCTION FOR LOW

INCOME IN RIO DE JANEIRO CITY

Bruno Soeiro Novello

March/2018

Advisor: Jorge dos Santos

Course: Civil Engineering

The present work analyzes the housing deficit for the low income population identifying

its severity, problems, characteristics, technologies employed in this type of construction,

and the legislation and norms governing the subject. For this purpose, a bibliographical

survey was carried out in various media, articles and researches on low income housing

construction in order to obtain the various characteristics and peculiarities of the different

typologies, materials and constructive technologies used. The project has a case study that

exemplifies a community housing construction in the city of Rio de Janeiro where it is

verified how it is performed, its strenghts and weaknesses and advantages and

disadvantages in its use. As a conclusion, one can observe the advantage in the use of

community housing as an alternative to minimize the country's housing deficit, the disuse

of alternative technologies with great constructive potential compared to conventional

ones, and the difficulty imposed by brazilian legislation for the construction of low-

income housing.

Keywords: Housing Construction, Low Income, Housing Deficit, Community

Construction, Technologies

vii

ÍNDICE

1. INTRODUÇÃO .................................................................................................................... 1

1.1 CONSIDERAÇÕES INICIAIS ........................................................................................ 1

1.2 JUSTIFICATIVA ............................................................................................................. 1

1.3 OBJETIVO ....................................................................................................................... 2

1.4 METODOLOGIA ............................................................................................................ 2

1.5 ESTRUTURA DA MONOGRAFIA ............................................................................... 3

2. CONTEXTUALIZAÇÃO: CONSTRUÇÃO HABITACIONAL DE BAIXA RENDA ...... 4

2.1 SIGNIFICADO ................................................................................................................ 4

2.2 ASPECTOS HISTÓRICOS ............................................................................................. 4

2.2.1 MEADOS DO SÉCULO XIX ............................................................................... 4

2.2.2 DEMOLIÇÕES E REMOÇÕES ........................................................................... 5

2.2.3 ANOS 1960 E 1970 ............................................................................................... 6

2.2.4 ANOS 1980 ........................................................................................................... 6

2.2.5 ANOS 1990 E 2000 ............................................................................................... 8

2.2.6 ANOS 2010 ATÉ HOJE ....................................................................................... 8

2.3 DÉFICIT HABITACIONAL NO BRASIL ..................................................................... 9

2.3.1 O PROBLEMA NO RIO DE JANEIRO ............................................................. 10

2.3.2 O FUTURO ......................................................................................................... 10

3. TIPOLOGIA DAS HABITAÇÕES .................................................................................... 11

3.1 ASPECTOS GERAIS .................................................................................................... 11

3.2 PERFIL DE USUÁRIO ................................................................................................. 12

3.3 FUNÇÕES ..................................................................................................................... 12

3.4 CARACTERÍSTICAS E PECULIARIDADES DA CONSTRUÇÃO .......................... 13

4. LEGISLAÇÕES E NORMAS TÉCNICAS ........................................................................ 17

4.1 LEGISLAÇÃO FEDERAL ............................................................................................ 17

4.2 LEGISLAÇÃO ESTADUAL ......................................................................................... 18

4.3 LEGISLAÇÃO MUNICIPAL........................................................................................ 18

4.3.1 LEI 58/2013......................................................................................................... 19

4.3.2 LEI ORGÂNICA ................................................................................................. 19

4.4 NORMAS TÉCNICAS .................................................................................................. 19

5. TECNOLOGIAS APLICÁVEIS ......................................................................................... 22

5.1 CONCRETO ARMADO ............................................................................................... 22

viii

5.2 ALVENARIA ESTRUTURAL...................................................................................... 23

5.3 CONCRETO-PVC ......................................................................................................... 23

5.4 LIGHT STEEL FRAMING ........................................................................................... 24

5.5 MONOLITE ................................................................................................................... 26

5.6 WOOD FRAMING ........................................................................................................ 27

6. ESTUDOS DE CASO ......................................................................................................... 29

6.1 ONG TETO .................................................................................................................... 29

6.1.1 MISSÃO .............................................................................................................. 31

6.1.2 ESTRUTURA ORGANIZACIONAL ................................................................ 32

6.1.3 RECURSOS ........................................................................................................ 34

6.2 TECNOLOGIA CONSTRUTIVA ................................................................................. 35

6.3 A CONSTRUÇÃO COMUNITÁRIA ........................................................................... 36

6.3.1 CARACTERÍSTICAS ........................................................................................ 37

6.3.1.1 CASA PEQUENA (15 m²) .......................................................................... 37

6.3.1.2 CASA GRANDE (18 m²) ............................................................................ 42

6.3.1.3 FERRAMENTAS ........................................................................................ 46

6.3.1.4 EQUIPAMENTO DE PROTEÇÃO INDIVIDUAL ................................... 48

6.3.2 DESCRIÇÃO DO PROJETO ............................................................................. 49

6.3.2.1 ESTRUTURA ORGANIZACIONAL DA CONSTRUÇÃO ...................... 49

6.3.2.2 PRÉ-CONSTRUÇÃO ................................................................................. 52

6.3.2.3 A CONSTRUÇÃO ...................................................................................... 61

6.3.2.4 PÓS-CONSTRUÇÃO ................................................................................. 90

6.3.3 RESULTADOS ................................................................................................... 95

7. CONSIDERAÇÕES FINAIS .............................................................................................. 97

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ........................................................................................ 99

ix

LISTA DE FIGURAS

Figura 1: Morro da Favela..................................................................................................5

Figura 2: Morro da Santo Antonio......................................................................................6

Figura 3: Cortiço..............................................................................................................11

Figura 4: Casas térreas do MCMV...................................................................................14

Figura 5: Exemplo de planta de uma casa térrea do MCMV.............................................14

Figura 6: Unidades habitacionais verticais MCMV.........................................................15

Figura 7: Exemplo de uma planta de unidade habitacional vertical do

MCMV.............................................................................................................................15

Figura 8: Cronologia da NBR 15.575...............................................................................20

Figura 9: Esquema de montagem Concreto-PVC...........................................,,................24

Figura 10: Esquema de montagem Steel Framing............................................................26

Figura 11: Painel simples de Monolite.............................................................................26

Figura 12: Números do TETO na América Latina............................................................30

Figura 13: Comunidades que o TETO atua no Rio de Janeiro..........................................31

Figura 14: Organograma Social.......................................................................................33

Figura 15: Organograma Comercial.................................................................................34

Figura 16: Painéis de parede para casa pequena...............................................................37

Figura 17: Piso para casa pequena....................................................................................38

Figura 18: Portas e janelas para casa pequena.................................................................38

Figura 19: Pilotis, vigas, caibros e “toquinhos” para casa pequena................................39

Figura 20: Pregos, parafusos, telheiros, trincos, porta-cadeado e dobradiças para casa

pequena............................................................................................................................40

Figura 21: Telhas para casa pequena................................................................................41

Figura 22: Isolante térmico para casa pequena.................................................................41

x

Figura 23: Painéis de parede para casa grande..................................................................42

Figura 24: Piso para casa grande......................................................................................42

Figura 25: Portas e janelas para casa grande.....................................................................42

Figura 26: Pilotis, vigas, caibros e “toquinhos” para casa grande.....................................43

Figura 27: Pregos, parafusos, telheiros, trincos, porta-cadeado e dobradiças para casa

grande..............................................................................................................................44

Figura 28: Telhas para casa grande...................................................................................45

Figura 29: Isolante térmico para casa grande....................................................................45

Figura 30: Ferramentas utilizadas na construção..............................................................47

Figura 31: Equipamentos de proteção individual e quando devem ser utilizados na

construção........................................................................................................................48

Figura 32: Organograma de uma construção....................................................................49

Figura 33: RAC – Relatório de acompanhamento construtivo.........................................53

Figura 34: Chegada e descarregamento do caminhão com pilotis....................................53

Figura 35: Caminhão com pilotis sendo descarregado por voluntários.............................54

Figura 36: Medição e separação dos pilotis......................................................................54

Figura 37: Transporte de pilotis........................................................................................55

Figura 38: Transporte e checagem dos pilotis...................................................................56

Figura 39: Painéis sendo descarregados e organizados.....................................................57

Figura 40: Exemplo de identificação dos painéis para a construção de uma casa grande

Tipo 3...............................................................................................................................58

Figura 41: Exemplo de identificação dos painéis para a construção de uma casa grande

Tipo 6...............................................................................................................................58

Figura 42: Transporte de um painel realizado por voluntários e moradora.......................59

Figura 43: Piloti mestre fixado.........................................................................................63

xi

Figura 44: Voluntários cavando os buracos dos pilotis.....................................................63

Figura 45: Mangueira de nível pronta para ser utilizada...................................................64

Figura 46: Nível dos pilotis..............................................................................................64

Figura 47: Voluntários verificando o nível do piloti.........................................................65

Figura 48: Perímetro........................................................................................................65

Figura 49: Utilização do esquadro para medir a diagonal de 6,09 metros.........................65

Figura 50: Perímetro sendo conferido..............................................................................66

Figura 51: Ordem de fixação dos pilotis...........................................................................67

Figura 52: Piloti sendo fixado..........................................................................................67

Figura 53: Chanfros pregados um ao outro sobre o piloti.................................................68

Figura 54: Viga costurada sobre a fileira de pilotis da lateral............................................68

Figura 55: Viga costurada sobre a fileira de pilotis da lateral............................................68

Figura 56: Vigas fixadas nos pilotis.................................................................................69

Figura 57: Vigas de piso posicionadas e fixadas...............................................................69

Figura 58: Execução da etapa vigas de piso......................................................................69

Figura 59: Piso posicionado e alinhado sobre as vigas de piso..........................................70

Figura 60: Piso sendo pregado nas vigas de piso..............................................................70

Figura 61: Segundo piso sendo alavancado em direção ao primeiro piso.........................71

Figura 62: Segundo piso sendo pregado nas vigas de piso................................................71

Figura 63: Terceiro piso sendo alavancado em direção ao segundo piso..........................71

Figura 64: Terceiro piso sendo pregado nas vigas de piso................................................72

Figura 65: Painéis de piso sendo costurados por baixo.....................................................72

Figura 66: Primeiro e segundo local que os pisos serão costurados no sentido do primeiro

piso fixado........................................................................................................................73

Figura 67: Pregos adicionados no final do terceiro piso...................................................73

xii

Figura 68: Terceiro e quarto locais que os pisos serão costurados no sentido do último

piso fixado........................................................................................................................73

Figura 69: Painéis de piso com todos os pregos................................................................74

Figura 70: Execução da etapa dos painéis de piso.............................................................74

Figura 71: Painel de piso sendo costurado por baixo........................................................74

Figura 72: Tipos de casa na RAC.....................................................................................75

Figura 73: Execução da etapa painéis de parede...............................................................75

Figura 74: Sequência de montagem dos painéis de parede...............................................76

Figura 75: Alinhamento dos painéis através de seus caibros............................................76

Figura 76: Costura nas junções entre painéis....................................................................76

Figura 77: Alinhamento dos caibros dos painéis com a estrutura do piso.........................77

Figura 78: Alinhamento dos painéis de parede sobre os de piso fixados com pregos à meia

altura................................................................................................................................77

Figura 79: Posição e alinhamento das tábuas e tocos da viga mestre................................78

Figura 80: Viga mestra montada......................................................................................78

Figura 81: Posicionamento da viga mestra no centro da casa...........................................78

Figura 82: Viga mestra apoiada no término dos caibros...................................................79

Figura 83: Escoramento utilizando caibros não serrados..................................................79

Figura 84: Casa aprumada e viga mestra fixada completamente......................................80

Figura 85: Execução da etapa da viga mestra...................................................................80

Figura 86: Viga secundária sendo fixada no painel e na viga mestra................................81

Figura 87: Vigas secundárias fixadas...............................................................................81

Figura 88: Execução da etapa vigas secundárias..............................................................82

Figura 89: Execução da etapa dos caibros........................................................................82

Figura 90: Caibros alinhados com a borda superior dos painéis.......................................83

xiii

Figura 91: Manta sendo colocada no telhado....................................................................83

Figura 92: Ordem de colocação dos rolos de manta térmica no telhado da casa................84

Figura 93: Execução da etapa telhas.................................................................................84

Figura 94: Marcação ponta a ponta de 30cm na telha.......................................................85

Figura 95: Dobras das telhas utilizando a alavanca..........................................................85

Figura 96: Posicionamento das telhas..............................................................................86

Figura 97: Alinhamento das telhas laterais junto ao caibro dos painéis de parede............86

Figura 98: Distribuição de pregos nas telhas....................................................................87

Figura 99: Posicionamento das portas e janelas na casa grande de Tipo 3 e 6 e de suas

dobradiças........................................................................................................................88

Figura 100: Local de instalação do porta-cadeado e trincos e suas posições

corretas.............................................................................................................................89

Figura 101: Instalação de um trinco da janela...................................................................89

Figura 102: Materiais para realizar a pintura....................................................................90

Figura 103: Preparação para a realização da pintura.........................................................91

Figura 104: Voluntários pintando a casa..........................................................................92

Figura 105: Casa após a pintura finalizada.......................................................................92

Figura 106: Formulário de reparos..............................................................................93-94

xiv

LISTA DE QUADROS

Quadro 1: Crescimento da população total e residente em favela no município do Rio de

Janeiro................................................................................................................................7

Quadro 2: Especificações das tipologias do MCMV........................................................15

Quadro 3: Especificações dos painéis de parede, portas e janelas para casa pequena.......34

Quadro 4: Especificações dos painéis de parede, portas e janelas para casa pequena.......35

Quadro 5: Especificações dos pregos, parafusos, telheiros, trincos, porta-cadeado e

dobradiças para casa pequena...........................................................................................36

Quadro 6: Especificações das telhas, manta térmica e outros insumos para casa

pequena............................................................................................................................37

Quadro 7: Especificações dos painéis de parede, portas e janelas para casa grande..........38

Quadro 8: Especificações dos painéis de parede, portas e janelas para casa grande..........39

Quadro 9: Especificações dos pregos, parafusos, telheiros, trincos, porta-cadeado e

dobradiças para casa grande.............................................................................................40

Quadro 10: Especificações das telhas, manta térmica e outros insumos para casa

pequena............................................................................................................................41

Quadro 11: Especificações das ferramentas.....................................................................43

Quadro 12: Exemplo de lista com controle de pilotis por famílias....................................51

Quadro 13: Exemplo de controle de painéis por quantidade total.....................................55

Quadro 14: Exemplo de controle de painéis por regiões...................................................56

Quadro 15: Exemplo de controle de painéis por famílias.................................................56

xv

LISTA DE SIGLAS

ABNT Associação Brasileira de Normas Técnicas

ALERJ Assembleia Legislativa do Estado do Rio de Janeiro

CE Chefe de Escola

CEF Caixa Econômica Federal

CL Chefe de Logística

CNH Banco Nacional da Habitação

COHABs Companhias Habitacionais

CT Coordenador de Trabalho

DECONCIC Departamento da Indústria da Construção da Fiesp

ECO Escutando Comunidades

EPI Equipamento de proteção individual

EPS Poliestireno Expandido

FEHIS Fundo Estadual de Habitação de Interesse Social

FGV Fundação Getúlio Vargas

FIESP Federação das Indústrias do Estado de São Paulo

FNHIS Fundo Nacional de Habitação de Interesse Social

IAPs Institutos da Aposentadoria e Pensões

INOCOOPs Cooperativas Habitacionais

IPEA Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada

LSF Light Steel Framing

MCMV Minha Casa Minha Vida

PAC Programa de Aceleração de Crescimento

PENAD Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios

PNH Política Nacional de Habitação

PPP Parcerias Público Privada

PUC-RIO Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro

RAC Relatório de Acompanhamento Construtivo

1

1. INTRODUÇÃO

1.1 CONSIDERAÇÕES INICIAIS

Há muito tempo, independente de épocas instáveis do Brasil, um tema de suma

importância não tem a seriedade e atenção necessárias: a habitação da população de baixa

renda.

Conforme pode ser observado no decorrer deste trabalho, tal questão é recorrente e,

apesar de ser um dos graves problemas que assolam o país, pouco foi feito a respeito, seja

na elaboração de planos ou na aplicação eficiente dos que existem.

Em 2013, um estudo realizado pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea)

através dos dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad) mostra que o

déficit habitacional da população de baixa renda (até 3 salários mínimos) caiu de 3,95

milhões de unidades para cerca de 3,85 milhões: uma variação de 2,4%. Tal estudo e

análise dos dados teve início em 2007. (COLETTA, 2013)

A título de comparação, a variação do segmento que ganha de 3 a 5 salários mínimos

foi de 17%, e de 32,5% para rendas domiciliares superiores a 10 salários mínimos no

mesmo período de 5 anos.

Apesar de grandes tentativas e investimentos com programas habitacionais para este

público-alvo, como o conhecido “Minha Casa Minha Vida”, a população de baixa renda

foi a menos beneficiada nesse período.

Somado ao momento atual do país, o resultado é um vislumbramento de piora desses

dados, que já não eram tão bons para o segmento em estudo nessa dissertação, apesar da

defasagem das informações coletadas.

Segundo Castelo (2017, apud MÁXIMO, 2017): “O grande desafio são as famílias

carentes e de baixa renda essencialmente dos centros urbanos. O mercado não vai atender

essa demanda e o principal programa que dá conta disso desacelerou muito em 2015 e

2016.”.

1.2 JUSTIFICATIVA

O tema escolhido é um grave problema do país e obter uma solução para ele não é

fácil. Aliado a isso, a questão tem grande abrangência na área de Engenharia Civil,

especificamente na construção civil.

2

Através de soluções inteligentes e inovadoras é possível encontrar e desenvolver

ferramentas que, se não solucionam, minimizam substancialmente e de forma prática e

rápida tal problemática observada.

Raramente questões do âmbito social são levantadas na engenharia. Pouco se faz

quando não se tem a compensação financeira alta ou se os lucros não condizem com o

esforço e tempo empregado em uma atividade.

Durante a graduação, os futuros engenheiros não são estimulados a observar e

analisar os problemas sociais enfrentados pela sociedade e que, através dos

conhecimentos adquiridos ao longo do curso, poderiam ser bastantes impactados

positivamente, como no caso do estudo em questão.

Além disso, o autor deste trabalho pôde observar parte desse problema no TETO (que

será detalhado no ítem 6.1), projeto social em que é voluntário desde dezembro de 2014

e que gerou um enorme impacto em sua vida.

1.3 OBJETIVO

O objetivo deste trabalho é estudar o programa de construção comunitária de

unidades habitacionais de baixa renda, identificando suas vantagens e desvantagens como

uma modalidade alternativa de cooperação na minimização do déficit habitacional e

melhoria das habitações em comunidades carentes.

1.4 METODOLOGIA

Para o desenvolvimento deste trabalho foi realizado levantamento bibliográfico

mediante consulta a monografias, dissertações e teses, bem como artigos técnicos

especializados, livros, revistas e os sites de entidades vinculadas a questão habitacional

para a baixa renda. Estudou-se a conceituação e classificação sobre o tema até a evolução

temporal e descrição.

Atrelado a isso, utilizou-se diversos artigos e trabalhos de profissionais e instituições

sobre a questão de habitações para baixa renda, afim de obter as diversas características

e peculiaridades de cada projeto, com seus pontos forte e fracos, possibilitando a análise

e estudo das mais diferentes tipologias e tecnologias empregadas.

Também foi feita uma consulta à Legislação na esfera federal, estadual e municipal

aplicada, assim como a Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT) e outras

entidades em que se aplicam a normatização da habitação de baixa renda.

3

Por último, um estudo de caso foi realizado afim de exemplificar e melhor embasar

todo o trabalho apresentado. Neste, houve um acompanhamento desde a primeira etapa

até a fase final do projeto. Durante todo o estudo de caso o autor deste não só acompanhou

como, também, fez parte da execução, colocando “a mão na massa”.

1.5 ESTRUTURA DA MONOGRAFIA

O trabalho de conclusão de curso foi estruturado em 7 capítulos principais.

No primeiro capítulo é abordada a introdução ao trabalho onde é demonstrada a

importância, justificativa de escolha e objetivo do tema, além da metodologia utilizada e

um resumo acerca da estrutura da monografia.

Adiante, no segundo é realizada uma contextualização sobre os assuntos relacionados

ao tema como a conceituação e definição, aspectos históricos e descrição do déficit

habitacional no Brasil.

O terceiro capítulo diz respeito a tipologia de uma habitação de baixa renda, onde

fica claro o perfil dos usuários interessados, ou que tem necessidade, as características e

suas funções, peculiaridades relativas às etapas de construção e à geografia do local.

O quarto iten corresponde a um levantamento sobre a legislação e normas técnicas

aplicadas às habitações de baixa renda.

Já no quinto iten é apresentada síntese das tecnologias mais aplicáveis, assim como

os seus custos, prazos, vantagens e desvantagens considerando os diferentes métodos

aplicados.

No sexto capítulo é apresentado o estudo de caso que consiste na apresentação da

instituição analisada, contemplando suas características administrativas, financeiras e seu

surgimento, além de exemplificar e descrever uma construção habitacional comunitária

para baixa renda e resultados esperados e alcançados.

Por último são apresentadas as considerações finais do trabalho e sugestões para

trabalhos futuros.

4

2. CONTEXTUALIZAÇÃO: CONSTRUÇÃO HABITACIONAL DE

BAIXA RENDA

A compreensão do conceito e o conhecimento da linha evolutiva e do déficit

habitacional atual é necessário para se ter a real percepção da importância e necessidade

de construção habitacional de baixa renda.

Esse entendimento clareia a forma de enxergar essa questão e é de suma importância

no auxílio do raciocínio sobre maneiras de se projetar, executar e as melhores formas e

ferramentas a serem utilizadas para se obter o resultado mais satisfatório e próximo do

objetivo final.

2.1 SIGNIFICADO

De acordo com o Dicionário do Aurélio (2018), habitação significa “Casa, lugar de

residência; Compartimento (de uma casa) próprio para estância; Moradia, residência”.

Assim, o conceito de uma construção habitacional é, simplesmente, uma construção de

uma estrutura que providencie abrigo para o homem viver.

Logo, construção habitacional de baixa renda constitui essencialmente na construção

de uma moradia para pessoas que se enquadram na categoria de baixa renda viverem.

2.2 ASPECTOS HISTÓRICOS

Para entender o início e motivo do grande boom das habitações de baixa renda na

cidade do Rio de Janeiro é preciso voltar até meados do século XIX/início do século XX.

2.2.1 MEADOS DO SÉCULO XIX

Dois importantes e principais acontecimentos históricos foram fundamentais para o

início da super ocupação por parte da população mais desfavorecida.

A abolição da escravatura acabara de ser efetuada e a cidade do Rio de Janeiro estava

com uma grande concentração de ex escravos que não tinham para onde ir.

O outro fator foi a chegada do grande número de soldados vitoriosos da Guerra de

Canudos em 1897 que desembarcaram na então capital do Brasil, sem moradia, ocupando

as encostas do Morro da Providência, que mais tarde ficou conhecido como Morro da

Favela, originando a expressão “favela”. Assim deu-se início a primeira favela do Rio de

Janeiro. Este local era ideal para abrigar a população de baixa renda uma vez que, de um

lado havia uma pedreira e linhas da Estrada de Ferro Central do Brasil e, do outro, um

5

cemitério e a região portuária. Assim, esta região era bem desvalorizada e desocupada.

(CARVALHO, 2015)

Figura 1: Morro da Favela, início do século XX

Fonte: PUC-Rio, 2010

Em 1904 uma tentativa de remoção dessa parcela que ocupava o morro ocorreu por

parte do governo da época. Rapidamente, uma revolta por partes dos “favelados” (como

ficaram conhecidos) combateu as tropas enviadas, frustrando a tentativa. O próprio poder

público percebeu, após isso, a importância dessa população como mão de obra barata para

o trabalho no entorno do morro (em pedreiras, cais do porto, fábricas e usinas da região).

2.2.2 DEMOLIÇÕES E REMOÇÕES

Logo que se iniciou o superpovoamento da cidade do Rio de Janeiro, o governo

começou a realizar demolições de cortiços (muitas pessoas foram morar em cortiços no

centro da cidade) e remoções da população de inúmeras favelas. A primeira intervenção

nessas regiões de baixa renda ocorreu em 1910.

Em 1937 instituiu-se o documento Código de Obras, onde este dizia que tais

moradias irregulares deveriam ser demolidas. O então prefeito Henrique Dodsworth

denominou tais construções como problema de saúde pública. Dessa forma, removeu as

pessoas que ali moravam para “parques de proletariados” para abrigar os removidos. (RIO

ON WATCH, 2017)

Devido ao alto custo da operação e manutenção, tais parques deixaram de ser

construídos e o projeto paralisou, gerando um problema que se arrastaria até os dias de

hoje. O crescimento de povoamento nas encostas dos morros crescia em escala

progressiva, acelerada e desenfreada.

6

Figura 2: Morro da Santo Antônio, 1914

Fonte: PUC-Rio, 2010

2.2.3 ANOS 1960 E 1970

Neste período, uma enorme quantidade de moradores de favelas foi transferida para

assentamentos muito distantes do núcleo da cidade onde não havia um sistema de

transportes coletivos bom ou comércio no entorno, surgindo a produção de conjuntos

habitacionais: os chamados subúrbios. (FERREIRA, 2009)

Essas remoções tinham como princípio a desalocação para a construção de

empreendimentos imobiliários de luxo, intensificando as disparidades e problemas

econômico-sociais da cidade.

Nessa época, o Regime Militar deu continuidade aos programas de remoções e

adotou um programa maciço de construções habitacionais através do Banco Nacional da

Habitação (BNH) e das Companhias Habitacionais (COHABs). Apesar de tais programas,

muitas vezes os mesmos não atingiam as classes mais desfavorecidas, aumentando a

favelização no país. (PUC-Rio, 2010)

2.2.4 ANOS 1980

Duas mudanças importantes influenciaram no rumo das habitações de baixa renda da

cidade: o surgimento do narcotráfico e o fim da ditadura.

7

Com o retorno da democracia, o analfabeto passou a ter direito ao voto. De repente,

25% dos eleitores moravam em favelas e periferias. Medidas em pró dessa parcela da

população passaram a ser realizadas. (RIO ON WATCH, 2017)

Em 1982, Leonel Brizola foi eleito governador do Rio de Janeiro com uma proposta

de governo a favor das pessoas de baixa renda, além de supervisionar o lançamento do

Projeto Mutirão (onde, pela primeira vez, pagou-se um salário mínimo aos trabalhadores),

beneficiando muitas comunidades.

Neste período pós-ditadura, a usucapião também foi garantida na nova constituição

federal (onde determinava que a terra seria de propriedade de quem a estivesse ocupando

por pelo menos 5 anos).

Nessa mesma época, o tráfico de drogas começou a dominar os morros da cidade.

Segundo o historiador Milton Teixeira diversos fatores levaram o tráfico para as favelas

“A corrupção policial, o despreparo da polícia, que era mais preocupada em reprimir

assuntos políticos do que a criminalidade, a extrema violência que chegou no asfalto...

Quem viveu naquela época sabe que a polícia matava tudo que era bandido”.

(CARVALHO, 2015)

Para finalizar, foram nesses anos que o narcotráfico da Colômbia viveu seu apogeu.

“Com a rota do Caribe fechada, a rota do México fechada, eles encontraram uma rota

para distribuir droga pelo Brasil, encontrando um governo fraco, desorganizado, um país

corrompido, muita miséria e área onde o governo não entrava”, explica o historiador.

No quadro 1 é possível observar o problema ocasionado pela falta de habitação para

a população de baixa renda, resultando no crescimento desenfreado de residências nos

entornos dos morros cariocas.

Quadro 1: Crescimento da população total e residente em favela no município do Rio de

Janeiro, 1950/1991

Fonte: PUC-Rio, 2010

8

2.2.5 ANOS 1990 E 2000

A grande mudança da época sobre o tema das habitações de baixa renda foi regida

pelas novas diretrizes do Plano Diretor da cidade do Rio de Janeiro de 1992, onde tinha

como um de seus objetivos “integrar as favelas à cidade formal” e “preservar seu caráter

local” (RIO ON WATCH, 2017).

Em 1993, com a eleição do então prefeito da época César Maia, o programa Favela-

Bairro foi aprovado pela prefeitura. O projeto representou um grande salto ideológico

frente as intervenções anteriores do poder público em favelas e planejava, através de

discussões entre governo e moradores das comunidades, melhorias nas áreas de

infraestrutura, serviços sociais e regulamentação imobiliária, além da implementação de

pelo menos uma creche em cada favela urbanizada da cidade. Ao fim da primeira fase do

programa, 38 favelas haviam sido beneficiadas.

A segunda fase do Favela-Bairro ocorreu entre 2000 e 2005, atingindo outras 62

comunidades e 24 loteamentos irregulares e recebendo a adição de serviços sociais

prestados. Entre 2005 e 2008, o projeto se encontrava sem fundos e em atraso, com muitos

empreiteiros abandonando-o pela enorme dificuldade de condições de trabalho. No total,

o programa conseguiu um sucesso de 168 favelas e loteamentos alcançados. Vale destacar

também que, em 2007, foi implementado o Programa de Aceleração de Crescimento

(PAC) nas favelas em nível nacional (RIO ON WATCH, 2017).

Ainda, em 2009 foi lançado o programa habitacional Minha Casa Minha vida

(MCMV) em âmbito nacional pelo Governo Federal em parceria com os estados,

municípios e empreendedores com uma meta inicial de construir um milhão de habitações

para a população de baixa renda. Tal projeto ainda se encontra em vigor nos dias de hoje,

tendo alcançado resultados positivos (REIS, 2011).

2.2.6 ANOS 2010 ATÉ HOJE

Neste período, o PAC começou a instalar diversas obras de serviços públicos nas

favelas do Rio de Janeiro (como o teleférico do Complexo do alemão), além de habitações

públicas e equipamentos culturais (RIO ON WATCH, 2017).

No meio de 2010, o então prefeito da cidade Eduardo Paes anunciou o programa

municipal denominado Morar Carioca. Foi realizado para dar sequência e aproveitar o

aprendizado com o Favela-Bairro, absorvendo projetos atrasados do passado. Orçado

inicialmente em 8 bilhões de reais (divididos em três fases), se comprometeu com a

9

realização de uma urbanização das favelas em larga escala através de obras que atingiam

os serviços de água, esgoto e iluminação, construção de áreas de lazer, pavimentação e

outros. Tal programa se desenvolveu ao longo dos anos e se encontra em atividade até

os dias de hoje.

2.3 DÉFICIT HABITACIONAL NO BRASIL

Há duas formas de se analisar e classificar o déficit habitacional: através das famílias

que residem em domicílio precário e da coabitação familiar.

O primeiro corresponde aos domicílios improvisados, que não possuem estrutura de

material adequado, com quantidade excessiva de moradores (quando há mais de 3 pessoas

por dormitório) e à parcela de famílias em que o valor do aluguel ultrapassa sua renda

familiar (renda de até 3 salários mínimos e ônus excessivo com aluguel, onde mais de

30% da renda é destinada para o pagamento do aluguel) (Federação das Indústrias do

Estado de São Paulo – FIESP, 2016).

A coabitação familiar é quando há mais de uma família dividindo a residência devido

à falta de capacidade de arcar, separadamente, com os custos da mesma e, também, se

refere às que moram em cortiços (dormitórios ou cômodos cedidos ou alugados).

De uma maneira geral houve uma retração do déficit habitacional no país. Segundo

uma análise feita pelo Departamento da Indústria da Construção da Fiesp (DECONCIC),

o déficit em 2010 correspondia a 6,941 milhões de famílias (sendo 85% na área urbana)

e, em 2014, esse número foi reduzido para 6,198 milhões, ou seja, uma diferença de 742,4

mil famílias em um período de 4 anos (uma taxa de queda de 2,8% ao ano) (Federação

das Indústrias do Estado de São Paulo – FIESP, 2016).

Conforme relato de Auricchio, diretor titular do DECONCIC, “é relevante e muito

baseado na política habitacional do governo para habitação de interesse social ou

habitação popular, como o Minha Casa Minha vida, inclusive” e entende que “esse ciclo

importante de obras de habitação no período de 2010-2014 não se repetirá nos próximos

anos”.

O mesmo ainda defende que, frente à nova realidade enfrentada, é de extrema

importância e relevância estimular Parcerias Público Privada (PPP) habitacionais e que

“também temos a questão o ambiente político, que precisa ser resolvido para destravar

todas as outras questões do Brasil” (Federação das Indústrias do Estado de São Paulo –

FIESP, 2016).

10

2.3.1 O PROBLEMA NO RIO DE JANEIRO

Baseado na pesquisa Déficit Habitacional Municipal no Brasil de 2010 realizada pela

Fundação João Pinheiro (em parceria com o Ministério das Cidades), no estado do Rio

de Janeiro há 515.067 domicílios e, somente na capital, 220.774 unidades (NOBREGA;

DAFLON, 2014).

No referente objeto de estudo em questão, tal problema tem se intensificando devido

à alta valorização dos imóveis nos últimos anos. Esta, por sua vez, foi impulsionada pelos

grandes eventos esportivos que a cidade recebeu (Copa do Mundo 2014 e Olimpíadas

2016).

Consequentemente, se as classes mais favorecidas da população se encontram em

dificuldades, muitas vezes recorrendo a habitações onde os aluguéis sejam mais próximos

da nova realidade vivida por elas, pode-se imaginar o impacto causado nas famílias de

baixa renda.

Como ressalta Itamar Silva (2014), diretor do Ibase (canal de notícias e artigos

colaborativo), as alternativas de moradias para os mais pobres estão cada vez mais

escassas.

2.3.2 O FUTURO

Não se sabe ainda a melhor forma de se combater a situação de déficit habitacional

que assola o Brasil, mas uma estimativa apresentada por um estudo da FGV Projetos em

2014 diz que, com um déficit nacional de moradias na casa dos 5 milhões de domicílios

(onde 90% compõe a população de baixa renda), seria necessária a geração de habitações

adequadas para mais de 20 milhões de famílias em um período de 10 anos, ou seja, até

2024, ano em que o número de novas famílias deve chegar a 16,8 milhões (dentre essas,

10 milhões situadas na categoria de baixa renda).

Se for levado em conta que o valor médio de uma habitação desse tipo é de 68 mil

reais, para atingir e suprir a estimativa de crescimento acima seriam necessários 760

bilhões de reais destinados exclusivamente para imóveis de cunho social num período em

que a dificuldade econômica e aperto fiscal vigoram.

11

3. TIPOLOGIA DAS HABITAÇÕES

3.1 ASPECTOS GERAIS

As habitações de baixa renda diferem entre si de acordo com as suas tipologias, e

podem ser cortiços, favelas, loteamentos irregulares e conjuntos habitacionais em

situação de degradação ou irregularidade (PIERINI; CORREA, 2015).

Figura 3: Cortiço

Fonte: PIERINI; CORREA, 2015

Afim de solucionar ou minimizar o problema, moradias para essa parcela da

população passaram a ser apresentadas na forma de projetos pelos mais diversos órgãos.

Começou pelos Institutos da Aposentadoria e Pensões (IAPs), passando pelo Banco

Nacional da Habitação (BNH) que, posteriormente, devido ao seu fechamento, passou tal

responsabilidade para a Caixa Econômica Federal (CEF), pelas Companhias

Habitacionais (COHABs) e Cooperativas Habitacionais (INOCOOPs), as quais eram

responsáveis pela construção de fato. Assim, as tipologias encontradas nas habitações de

baixa renda realizadas pelo poder público possuem um padrão definido por um mesmo

espaço interno onde a maior preocupação é o valor econômico despendido nas mesmas e

não a construção e sua qualidade em si (RIFRANO, 2006).

Consequentemente, ao se buscar forma de reduzir os custos de moradia para essas

famílias, a decisão foi diminuir a qualidade da construção e o tamanho de cada unidade

resultando em moradias cada vez menores, precárias e distantes dos centros (o que é ainda

12

pior, pois a situação financeira dessas pessoas não permite o enorme gasto com transporte

público para chegar ao local de trabalho. Isso quando há transporte público disponível).

Sem opção, as casas dessas famílias passaram a ser cada vez mais improvisadas,

gerando o problema social de habitação que se encontra hoje (BONDUKI, 1998).

3.2 PERFIL DE USUÁRIO

As famílias interessadas na habitação de baixa renda são as que não tem qualquer

condição de arcar com os custos de um aluguel e que buscaram refúgio em locais

inapropriados e, muitas vezes, de elevado risco, como cortiços, favelas e comunidades

com terrenos irregulares e unidades em estado precário. Constituem as que têm uma renda

de até 3 salários mínimos (PIERINI; CORREA, 2015).

Normalmente são pessoas sem um nível educacional mínimo, com graves quadros de

saúde debilitada devido ao excesso de moradores que dividem o mesmo cômodo (pois

não há espaço para todos) e, muitas vezes, sem acesso a um sistema de saneamento básico

(SANTOS, 2011).

Não é incomum ser registrado no perfil destes usuários, graças a situação precária que

se encontram, conflitos entre si, irritabilidade constante, acidentes domésticos e apatia

para trabalhar, tentar melhorar a qualidade de vida e se esforçar por melhores

oportunidades que propiciem uma vida mais digna.

De uma forma geral esses usuários têm o grande sonho de ter a casa própria, deixando

de pagar aluguel. Conforme relatado por alguns moradores de baixa renda, a realização

deste sonho proporciona novas aspirações (devido à ausência do pagamento de aluguel)

como ter móveis novos, levar a família para passear e até mesmo pagar pelos seus estudos.

(GOMES, 2016)

3.3 FUNÇÕES

Sinônimo de abrigo, uma habitação tem, no seu sentido mais geral, a função de

abrigar os seus moradores, protegendo-os de intrusos e intempéries e prezando as suas

necessidades básicas (ABIKO, 1995).

Tais funções desempenham três importantes papéis: econômico, social e ambiental.

No âmbito econômico proporciona geração de emprego e renda (direta ou indiretamente),

seja na construção das moradias ou para os seus moradores, mobilização dos mais

diversos setores da economia local, além de influenciar o mercado imobiliário, de bens e

serviços que giram ao seu redor. A função social diz respeito a capacidade que a habitação

13

tem de abrigar a família e ajudar na constituição dos laços e desenvolvimento humano

natural entre os seus membros, enquanto a ambiental é responsável por assegurar as

condições básicas de saúde, educação, infraestrutura, lazer, transporte e trabalho, além do

impacto que a mesma exerce sobre o meio ambiente em que se encontra. (LANO, 2010)

Logo, percebe-se que, para o cumprimento de suas funções, uma habitação necessita

de muito mais do que apenas ser um abrigo. Deve haver segurança, salubridade, gerar

conforto, além de ser analisada de uma forma mais abrangente onde envolva as variáveis

no seu entorno. Suas funções não ficam restritas apenas à unidade habitacional (ABIKO,

1995).

3.4 CARACTERÍSTICAS E PECULIARIDADES DA CONSTRUÇÃO

Para determinar as características de uma habitação de baixa renda, primeiro é

necessário entender os diferentes tipos de classificação de cada uma. Alguns itens devem

ser levados em conta para essa análise, como a localização do terreno em questão,

possibilidade de assentamento a ser consolidado e o número percentual do mesmo,

restrições e características ambientais em que área urbana se encontra, procedimento para

a regularização do terreno (quando necessário), dentre outros.

Feita tal classificação, as mesmas devem ser separadas de acordo com a similaridade

entre elas para, então, determinar as características de cada uma, possibilitando antecipar

ações que venham a ser necessárias e estimar os custos necessários (PIERINI e CORREA,

2015).

Normalmente essas habitações tem algumas diferenças entre si dependendo da

instituição ou poder público que realiza o projeto e formula a obra, resultando em

especificidades e divergências entre elas. É usual que em cada município sejam adotados

os padrões mínimos de habitabilidade, salubridade e segurança exigidos em lei na

construção dessas unidades habitacionais, visando o menor gasto possível.

Porém, é possível generalizar afim de se obter um melhor compreendimento e uma

visão mais ampla de como se dão tais especificações e peculiaridades. Assim, pode-se

dizer que há 2 tipos diferentes de formas construtivas: casas térreas ou apartamentos. É

possível observar exemplos nas figuras 4, 5, 6 e 7 do maior corretivo que temos no Brasil

de habitações de baixa renda: o Programa Minha Casa Minha Vida (MCMV).

14

Figura 4: Casas térreas do MCMV

Fonte: Caixa Econômica Federal, 2017

Figura 5: Exemplo de planta de uma casa térrea do MCMV

Fonte: Caixa Econômica Federal, 2017

15

Figura 6: Unidades habitacionais verticais MCMV

Fonte: Caixa Econômica Federal, 2017

Figura 7: Exemplo de uma planta de unidade habitacional vertical do MCMV

Fonte: Caixa Econômica Federal, 2017

16

O quadro 2 se refere as especificações das tipologias de um apartamento do programa

(localizado em um prédio de 4 pavimentos, 16 apartamentos por bloco com opção de até

5 pavimentos e 20 apartamentos).

Quadro 2: Especificações das tipologias do MCMV

Fonte: O Autor, 2018

Casa Térrea Apartamento

Área da Unidade 35 m² 42 m²

Área Interna 32 m² 37 m²

Compartimentos

Sala, cozinha, banheiro, 2

dormitórios e área externa com

tanque.

Sala, cozinha, banheiro, 2

dormitórios e área de serviço.

Piso

Revestimento de

Alvenarias

Forro

Laje de concreto ou forro de

madeira ou pvc. Laje de concreto.

Cobertura Telha cerâmica. Telha fibrocimento.

Esquadrias

Dimensões dos

Compartimentos

Pé-direito

2,20m na cozinha e banheiro,

2,50m no restante.

2,20m na cozinha e banheiro,

2,40m no restante.

Instalações Hidráulicas

Instalações Elétricas

Aquecimento

Solar/Térmico

Passeio

Instalação de kit completo.

telha cerâmica.

Cerâmico na cozinha e banheiro, cimentado no restante.

Azulejo 1,50m nas paredes hidráulicas e box. Reboco interno e

externo com pintura PVA no restante.

Janelas de ferro ou alumínio e portas de madeira.

Compatível com mobiliário mínimo.

Número de pontos definido, medição independente.

Número de pontos definido, especificação mínima de materiais.

17

4. LEGISLAÇÕES E NORMAS TÉCNICAS

Estabelecem obrigações e regras que devem ser cumpridas, determinando a

legalidade e o que é ou não aceitável sobre determinada matéria.

Na Constituição Brasileira, ratificada em 1988, existem cláusulas e artigos que

estabelecem o direito à propriedade e que esta, por sua vez, exerce função social. Na

Constituição do Estado do Rio de Janeiro uma lista de ferramentas é apresentada para tal

função social ser garantida (RIO ON WATCH, 2017).

No âmbito de habitação social algumas leis federais, estaduais e municipais (do Rio

de Janeiro), além de uma norma de desempenho da Associação Brasileira de Norma

Técnica (ABNT), devem ser cumpridas e respeitadas.

De forma geral, toda a legislação e normas técnicas aplicadas a edificações

habitacionais são igualmente aplicáveis as habitações de baixa renda, salvo quando por

deliberação do poder público são feitas concessões e isenções de obrigações legais como,

por exemplo, desobrigação de obtenção de licença ambiental por força da natureza do

empreendimento ser considerado de utilidade pública.

Muitas vezes, esta legislação e normalização, devido aos diversos itens e requisitos

que devem ser atendidos (principalmente na norma técnica), acabam inviabilizando que

empresas realizem construções habitacionais de baixa renda.

Neste capítulo é dado ênfase somente a legislação e normas técnicas relacionadas

especificamente a habitações de interesse social deixando-se, portanto, de abordar as

demais legislações e normas técnicas aplicáveis a edificações habitacionais.

4.1 LEGISLAÇÃO FEDERAL

Dentre as leis promulgadas no âmbito federal merece destaque a Lei 11.888 de 24 de

dezembro de 2008, que estabelece dispositivos para assegurar às famílias de baixa renda

assistência técnica pública gratuita para o projeto e a construção de habitação de interesse

social. Esta Lei altera a Lei 11.124, de 16 de junho de 2005, que criou o Fundo Nacional

de Habitação de Interesse Social (FNHIS) para assegurar recursos financeiros aos

programas de assistência técnica nas áreas de engenharia, arquitetura e urbanismo

(PLANALTO, 2008).

Vale ressaltar que a lei é autoaplicável, ou seja, não é necessária nenhuma legislação

complementar para ser aplicada. A única necessidade é o trabalho em conjunto das

entidades, municípios e agentes do governo. Ainda, por seu programa de assistência

técnica ser universal, proíbe que o poder público negue o direito à prestação do serviço

18

gratuito, sendo cabível de um mandado de segurança caso isso ocorra (MACHADO

ADVOCACIA, 2015).

Conforme o artigo 2° § 2° desta lei, a assistência técnica pública gratuita para o

projeto e a construção de habitação de interesse social tem por objetivo:

a) Otimizar e qualificar o uso e o aproveitamento racional do espaço edificado e

de seu entorno, bem como dos recursos humanos, técnicos e econômicos

empregados no projeto e na construção da habitação;

b) Formalizar o processo de edificação, reforma ou ampliação da habitação

perante o poder público municipal e outros órgãos públicos;

c) Evitar a ocupação de áreas de risco e de interesse ambiental;

d) Propiciar e qualificar a ocupação do sítio urbano em consonância com a

legislação urbanística e ambiental.

4.2 LEGISLAÇÃO ESTADUAL

No âmbito do estado do Rio de Janeiro, por sua grande importância para o panorama

das habitações sociais, vale destacar a Lei 4.962 de 20 de dezembro de 2006 (ALERJ,

2006).

Através da Lei 4.962 foi criado o Fundo Estadual de Habitação de Interesse Social

(FEHIS). Em seu artigo 2° são estabelecidos seus objetivos:

a) Garantir recursos de caráter permanente para o financiamento de

programas e projetos de habitação no Estado do Rio de Janeiro,

priorizando o atendimento da população de mais baixa renda;

b) Criar condições para o planejamento a médio e longo prazo com vistas à

erradicação do déficit habitacional no Estado;

c) Garantir à população do Estado do Rio de Janeiro o acesso a uma habitação

digna e adequada, com equidade e celeridade, em assentamentos humanos

seguros, salubres, sustentáveis e produtivos;

d) Promover e viabilizar com equidade e celeridade, o acesso e as condições

de permanência na habitação, com conforto ambiental, saúde da sociedade,

acessibilidade e transparência dos procedimentos e processos decisórios.

e) Promover o reassentamento dos moradores de habitações localizadas em

áreas de risco e de preservação ambiental.

4.3 LEGISLAÇÃO MUNICIPAL

Algumas leis e complementos regem o município do Rio de Janeiro, com destaque

para a Lei 58, de 21 de fevereiro de 2013 e a Lei Orgânica.

19

4.3.1 LEI 58/2013

No caso da Lei 58, assim como na esfera federal e estadual, é a lei municipal que

assegura a assistência técnica gratuita nas áreas de engenharia, arquitetura e urbanismo

para orientação e construção de habitação de interesse social para a população de baixa

renda (RIO DE JANEIRO, 2013).

4.3.2 LEI ORGÂNICA

Já a Lei Orgânica é a principal lei que governa a cidade, sendo utilizada pelo

município para fazer novas leis. Torna a prefeitura responsável pela criação de programas

de habitação pública e manutenção da infraestrutura existente. Dentro dela, alguns artigos

tratam com clareza a questão habitacional para a população de baixa renda (RIO ON

WATCH, 2017).

a) Artigo 12°: Crianças, adolescentes e idosos devem ter o direito à moradia,

alimentação, dignidade, família e uma vida comunitária.

b) Artigo 234°: Exige que a habitação seja incluída nos planos orçamentários

anuais.

c) Artigo 422°: Ressalta que a terra deve ter função social, garantindo o direito à

moradia, água potável, serviços de limpeza urbana, iluminação pública, saúde,

educação e energia elétrica.

d) Artigo 429°: Proíbe legalmente a remoção de moradores de favelas das suas

casas, salvo casos em que haja risco de vida direto. Se removidos, devem ser

reassentados nas proximidades de postos de trabalhos e habitação existente.

e) Artigo 440°: O governo deve apoiar organizações sem fins lucrativos que se

envolvem nessas construções (como a presente no estudo de caso, por

exemplo), investigar soluções técnicas e urbanas adequadas e fornecer

recursos adequados para o financiamento destas habitações.

f) Artigos 458° e 459°: Exige que o governo informe todos os cidadãos sobre

qualquer iniciativa de política urbana.

4.4 NORMAS TÉCNICAS

Da mesma forma que na legislação federal, estadual e municipal são também

aplicáveis às habitações de interesse social todas as normas técnicas aplicáveis a

edificações habitacionais. Neste trabalho destaca-se a NBR 15575 – Edificações

Habitacionais – Desempenho, por ser uma norma que tem por objetivo buscar atender aos

requisitos dos usuários das edificações habitacionais, referindo-se aos sistemas que

compõem as edificações habitacionais, independente dos materiais e dos sistemas

construtivos aplicados (NBR 15575, 2013).

20

O documento acerca de habitação social de baixa renda é realizado pela norma NBR

15.575 da Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT) e estabelece algumas

regras, diretrizes e características que uma habitação deve ter.

Foi publicada em 12 de maio de 2008 com previsão de entrar em vigência após 2

anos, com exigibilidade depois de 6 meses. Porém, sua exigibilidade foi suspensa devido

à pressão de diversas áreas do setor de construção (pois não estavam preparadas para

cumprir os requisitos impostos pela norma) e, no dia 19 de fevereiro de 2013, foi

publicada sua nova versão, com exigibilidade em vigor após 150 dias.

Figura 8: Cronologia da NBR 15.575

Fonte: GONÇALVES, 2014

Até então, as normas estavam relacionadas a definir etapas construtivas (passo a

passo) e aos materiais utilizados. O desempenho não era levado em conta. Nesta, além

de ser necessário atender às exigências de materiais, são abordados requisitos e

critérios de conforto para os seus moradores (como o térmico e acústico, por exemplo),

segurança contra incêndio, desempenho estrutural, sustentabilidade, durabilidade entre

outros. As edificações passam a ser vistas como um todo (JORNAL ESTADO DE

MINAS, 2013).

Para a situação das habitações de baixa renda, atender tais exigências representará

entre 5% a 7% no custo de construção, sendo os que dizem respeito ao conforto térmico

e acústico os mais impactados (JORNAL ESTADO DE MINAS, 2013).

Porém, a tendência de redução das dimensões de habitação social para baixa renda

compromete o desempenho exigido por esta norma, uma vez que as casas são

21

projetadas totalmente desvinculadas da funcionalidade e acessibilidade adequadas,

comprometendo a qualidade espacial (SPOSTO, 2016).

22

5. TECNOLOGIAS APLICÁVEIS

Há diversas tecnologias aplicadas em construções de baixa renda. Dependendo da

região do país, uma técnica é preferível à outra devido às condições climáticas e

topográficas, além da disponibilidade financeira, qualidade mínima exigida, tempo para

a construção e de acordo com a cultura de cada local. Entretanto, preponderantemente,

independentemente de ser a tecnologia mais recomendada para a tipologia da habitação,

destaca-se o fator custo. As habitações de interesse social, sejam por iniciativa do poder

público ou privado, têm sempre como fator balizador o orçamentário designado para o

empreendimento. Nesse caso, a seleção da tecnologia fica subordinada ao custo em

detrimento do melhor desempenho da edificação habitacional.

Neste capítulo são descritas as tecnologias mais utilizadas para a execução de

edificações habitacionais de interesse social. Para cada tecnologia reportada são

sintetizadas suas características, custos, prazos, vantagens e desvantagens.

5.1 CONCRETO ARMADO

É a técnica convencional mais utilizada. Resultado da mistura de aglomerante

(cimento), água, agregados (como a areia e brita), armadura (barras de aço) e aditivos,

podem ser executados de diversas maneiras, trazendo muitos benefícios. Enquanto o

concreto resiste à compressão, a armadura metálica é responsável por resistir à tração e

cisalhamento (GUIMARÃES, 2014).

A produção deste material se resume a algumas operações básicas: dosagem do

concreto para determinar a sua resistência final; mistura para dar homogeneidade ao

concreto; transporte do material para o local em que será utilizado (quando não produzido

na própria obra); lançamento no local de aplicação; adensamento (espalhamento e

conformação do concreto) e cura do mesmo, evitando a rápida perda de água, garantindo

suas propriedades e características.

Já a execução pode ser realizada de diferentes formas, porém para construção de

baixa renda costuma seguir as seguintes etapas: fundação, alvenaria, revestimento,

esquadrias, cobertura, instalações elétricas, hidro sanitárias e pintura.

É uma tecnologia barata devido à vasta quantidade de fabricantes e o valor da matéria

prima não ser muito alto, além de relativa rapidez para se construir por não exigir mão de

obra especializada e utilizar técnicas e ferramentas simples (GUIMARÃES, 2014).

Dentre as principais vantagens destacam-se o fato de ser econômico, sua grande

durabilidade e mão de obra abundante, enquanto o peso elevado, a necessidade de maior

23

tempo para a construção, constante necessidade de manutenção e dificuldades de se

realizar reformas caracterizam as suas desvantagens.

5.2 ALVENARIA ESTRUTURAL

Sistema construtivo mais antigo utilizado na construção habitacional de baixa renda

no Brasil, caracteriza-se por um sistema onde suas paredes exercem papel estrutural,

resistindo a todos os carregamentos.

Composto usualmente por blocos, costumam ser de concreto ou cerâmico para as

construções de baixa renda. Ambos são largamente utilizados no Brasil e divididos em

estrutural ou de vedação, onde o primeiro possui maior resistência aos esforços de

compressão (devido as paredes mais espessas) e o segundo, por ser vazado, resiste menos

mas permite a passagem de tubulações elétricas e hidráulicas. A diferença é que o

cerâmico tem uma menor resistência, sendo normalmente utilizado em edificação de

menor porte (SOUZA, 2009).

Como principal vantagem desta tecnologia, observa-se o custo reduzido devido a

diminuição do desperdício de material e da utilização de mão de obra, menor gasto em

instalações elétricas e hidráulicas graças aos blocos de vedação (eliminando a necessidade

de quebrar paredes), eliminação da necessidade das fôrmas e, principalmente, o menor

tempo de execução da obra devido a padronização de elementos e ampla rede de

fornecedores no país.

Porém, como desvantagens estão a necessidade de mão de obra especializada, limite

arquitetônico (dificuldades de construção em grandes vãos), dificuldade em reformas e a

necessidade de grande conhecimento de alvenaria estrutural por parte dos projetistas

(GUIMARÃES, 2014).

5.3 CONCRETO-PVC

Sistema amplamente difundido no Canadá, surgiu no Brasil em 2002 com o objetivo

de diminuir o prazo de execução de uma obra e a quantidade de material utilizada

(GUIMARÃES, 2014).

É composto por painéis de PVC que podem ser utilizados tanto para paredes internas

quanto para externas, além de terem uma função de acabamento quando requerido (pois

são laváveis e apresentados em diversas cores) (CAMPOS, 2012).

24

Esse sistema é baseado na utilização de painéis pré-fabricados de PVC que são

encaixados entre si, funcionando como fôrmas para serem preenchidos com concreto

posteriormente A figura 9 ilustra a montagem utilizando concreto PVC e seus

componentes, como o preenchimento com concreto. Isso traz uma rapidez construtiva, se

tornando um atrativo para empresas e instituições que realizam construções para a

população de baixa renda (como a CEF com o programa Minha Casa Minha Vida).

Além do prazo reduzido, as principais vantagens da tecnologia são a não necessidade

de mão de obra especializada para a construção (uma vez que a execução é bem

simplificada), custo substancialmente reduzidos devido a menor necessidade de

quantidade de mão de obra e material e baixo impacto ambiental gerado.

Por outro lado, a mão de obra para a realização do projeto arquitetônico precisa ser

especializada, a resistência não suporta edificações de 4 ou mais pavimentos, há a

dificuldade de se encontrar tais materiais necessários longe dos grandes centros

industriais e a toxidade do PVC pode ser bastante prejudicial em caso de incêndios.

Figura 9: Esquema de montagem Concreto-PVC

Fonte: CAMPOS, 2012

5.4 LIGHT STEEL FRAMING

É um sistema de construção autoportante onde sua estrutura é composta por aço

galvanizado dobrado a frio (de alta resistência e durabilidade), sendo a responsável por

toda a sustentação da edificação. A figura 10 ilustra o sistema de montagem deste sistema

25

construtivo. O uso no Brasil ainda é muito baixo, enquanto em países desenvolvidos tal

tecnologia é a principal utilizada para esse tipo de construção (GUIMARÃES, 2014).

Como o nome já diz, Light Steel Framing (LSF) significa armação de aço leve. Seu

peso é muito menor do que os materiais empregados em outros sistemas construtivos,

resultando em uma grande diminuição no tamanho das fundações utilizadas (sem

nenhuma restrição).

Por ser um sistema industrializado e padronizado de alta tecnologia com enorme

facilidade de obtenção dos perfis utilizados, há uma enorme economia ao se utilizar o

LSF devido a racionalização de material (evitando desperdício) e menor mão de obra

necessária.

Uma série de etapas são realizadas ao mesmo tempo (a fundação é executada

enquanto as peças estão sendo produzidas, por exemplo), gerando rapidez na construção.

O tempo médio de fabricação das peças são de 30 dias e sua montagem de 7 a 15 dias

(SOUZA, 2009).

A facilidade para se montar e manusear tais materiais contribui para uma obra mais

rápida e limpa (uma vez que o habitual canteiro de obras que normalmente gera entulhos

é substituído por um local de montagem).

A possibilidade de produção em larga escala, o baixo custo e tempo de construção

aliada a uma tecnologia que proporciona bom desempenho termo acústico, durabilidade

e longevidade da estrutura caracteriza uma excelente opção para construções

habitacionais de baixa renda, atraindo os órgãos governamentais (JAVARINI, 2015).

Em contrapartida, há uma limitação no gabarito máximo das edificações, escassez da

mão de obra especializada no país (dificultando a aplicação desta tecnologia), dificuldade

de transporte para locais afastados dos centros urbanos e a necessidade de projetos

específicos que, quando não são bem feitos ou não são considerados todos os itens

necessários, acabam encarecendo a obra (chegando a ficar mais caro que o sistema

convencional de concreto armado).

26

Figura 10: Esquema de montagem Steel Framing

Fonte: CASTRO, 2006

5.5 MONOLITE

Originalmente desenvolvido na Itália, chegou ao Brasil nos anos 90. São painéis pré-

fabricados com alma composta de poliestireno expandido (EPS) com arame de aço

eletrossoldada em ambos os lados, conforme demonstrado na figura 11 (SOUZA, 2009).

Figura 11: Painel simples de Monolite

Fonte: SOUZA, 2009

Suas características fornecem um excelente comportamento estrutural (sendo

possível a construção de vários pavimentos, dos mais simples aos mais complexos),

conforto térmico e impermeabilidade, além de proporcionar o uso de fundações de menor

27

porte devido ao seu peso reduzido, resultando em economia (sapatas corridas para

pequenas obras e radiers para as de maior porte ou solos menos resistentes, por exemplo).

A execução se dá pela fixação de barras para a ancoragem dos painéis após a

realização da fundação. Então, os painéis são montados sobre a estrutura e as barras de

ancoragem são amarradas nos arames de aço. O revestimento das paredes é feito com

argamassa projetada e, para as coberturas, lajes pré-moldadas ou moldadas in loco. Para

as instalações elétricas e hidros sanitárias não é necessário nenhum recorte dos painéis (o

EPS é sensível a altas temperaturas. Basta utilizar algum dispositivo que gere ar quente

para derreter o EPS, sem comprometimento da estrutura) (GUIMARÃES, 2014).

Os painéis são dimensionados de acordo com o projeto arquitetônico, resultando em

significativa redução de desperdício de material, mão de obra necessária para a produção

e, consequentemente, na diminuição do custo da obra. Sua utilização é simplificada pelo

esquema de montagem e por seus componentes serem industrializados e chegarem

prontos no canteiro de obras, gerando rapidez para a execução do sistema construtivo

A desvantagem desta tecnologia é a baixa resistência do EPS à altas temperaturas

(em caso de incêndio a sua estrutura ficaria severamente comprometida) e a pouca oferta

no mercado de construtoras ou empreiteiras especializadas no uso desse sistema

construtivo.

5.6 WOOD FRAMING

Tecnologia que deu vida ao Light Steel Framing, caracteriza-se por placas de madeira

serradas e pré-fabricadas que irão se encaixar no local da obra. Seu processo de montagem

ocorre após a realização da fundação e é extremamente simples, resultando em um curto

prazo para a execução de obra.

Por se tratar de madeira, seu custo ambiental é um pouco maior do que o LSF. Porém,

isso traz uma enorme facilidade de montagem e desmontagem, permitindo a realocação

das construções e indicação de obras em terrenos acidentados (como as favelas do Rio de

Janeiro).

Assim como tecnologias anteriores, por ser um processo industrializado o

desperdício de material e mão de obra é reduzido, gerando economia. O seu custo sofre

variações de acordo com a região do país a ser aplicada (algumas com abundância de

material e climas mais propensos para o uso de madeira).

A baixa resistência ao fogo (que no passado era um grande empecilho) foi

solucionada com tratamento específico. Porém, a necessidade de uma mão de obra

28

especializada, a manutenção regular para bom estado de conservação e a impossibilidade

de suportar muitos pavimentos e grandes vãos continuam a ser uma desvantagem dessa

tecnologia.

No estudo de caso deste trabalho será apresentado um sistema construtivo utilizando

a tecnologia da madeira, demonstrando processos executivos e que algumas desvantagens

padrão deste método podem ser solucionadas ou minimizadas, resultando uma excelente

alternativa para construção habitacional para baixa renda.

29

6. ESTUDOS DE CASO

Visando avaliar na prática as vantagens e desvantagens do uso da construção

comunitária na edificação de unidades habitacionais de baixa renda foi selecionado

empreendimento na cidade do Rio de Janeiro. Trata-se da construção habitacional

comunitária de baixa renda realizada pela ONG TETO, na qual o autor desta monografia

atua como voluntário desde dezembro de 2014.

6.1 ONG TETO

Em 1997 um grupo de jovens começou a trabalhar com o sonho de superar a situação

de pobreza em que viviam milhões de pessoas. O sentido de urgência das comunidades

mais precárias inspirou-os a elaborar planos de desenvolvimento em conjunto com os

moradores dessas comunidades afim de alcançar soluções concretas frente a

multidimensionalidade da pobreza na América Latina.

Esta iniciativa se converteu em um desafio institucional que hoje é compartilhado em

todo o continente. Desde o início no Chile, seguido por El Salvador e Peru, o TETO

empreendeu uma expansão e após 15 anos mantém operação em 19 países da América

Latina e Caribe: Argentina, Bolívia, Brasil, Chile, Colômbia, Costa Rica, Equador,

Guatemala, Haiti, Honduras, México, Nicarágua, Panamá, Paraguai, República

Dominicana, Uruguai e Venezuela, além de escritórios de apoio nos Estados Unidos e

Inglaterra. Os números no ano de 2017 podem ser observados na figura 12.

30

Figura 12: Números do TETO na América Latina

Fonte: TETO, 2017

Desde 2006 no Brasil, é uma organização internacional que trabalha pela defesa dos

direitos de pessoas que vivem nas favelas mais precárias, diminuindo sua vulnerabilidade

por meio do engajamento comunitário e da mobilização de jovens voluntários.

Seu principal objetivo é superar a pobreza e ter uma sociedade mais justa, onde todas

as pessoas tenham oportunidades para desenvolver suas capacidades e possam exercer

plenamente seus direitos

Através da implementação de um modelo de intervenção focado no trabalho lado a

lado com moradores de comunidades, busca-se construir moradias mais dignas, promover

a educação de crianças por meio de oficinas de leitura, formar lideranças comunitárias e

envolver toda comunidade em projetos de melhoria para seus bairros. (TETO BRASIL,

2017)

A sede do Rio de Janeiro fica localizada no bairro de Botafogo e atua em 8

comunidades: Jardim Gramacho, Parque das Missões – Itaipava e Colômbia, Vila Beira-

mar, Canal do Anil, Portelinha e Guarani. A figura 13 mostra um mapa com a localização

de cada comunidade.

31

Figura 13: Comunidades que o TETO atua no Rio de Janeiro

Fonte: O Autor, 2018

6.1.1 MISSÃO

O TETO tem uma ideologia de trabalhar sem descanso nos assentamentos precários

para superar a extrema pobreza, através da formação e da ação conjunta de seus

moradores e jovens voluntários, promovendo o desenvolvimento comunitário e

denunciando a situação na qual vivem as comunidades mais excluídas. (TETO, 2017)

Os seguintes valores moldam seu modo de conduta:

a) Solidariedade: Empatia fundamental com as causas das famílias mais excluídas,

trabalhando junto às mesmas, compartilhando suas dificuldades e anseios,

aprendendo com suas capacidades e perseverança e denunciando tudo aquilo que

os coloca à margem da sociedade e não reconhece seus direitos fundamentais

como seres humanos;

b) Convicção: Superar a pobreza e injustiça na América é, sim, possível. Esta

certeza dá determinação para trabalhar sem descanso, traçando metas altas e

desafiantes, e assumindo os riscos necessários para ir além de todas as

fatalidades;

c) Excelência: Todo o trabalho deve ser de alta qualidade, pois é direcionado aos

que menos têm. Ele deve ser rigoroso, pontual, sempre criativo e inovador,

respeitoso em relação aos compromissos, perseverante ante as dificuldades,

32

inteligente para reconhecer erros e corrigi-los, e proativo para buscar sempre com

agilidade propostas de solução aos problemas que se apresentam;

d) Diversidade: Todos os jovens têm no TETO um espaço, independente de

procedências étnicas ou sociais, crenças religiosas, opções políticas ou orientação

sexual, pois acredita-se que as diferenças são uma riqueza para somar esforços

na luta contra a extrema pobreza no continente;

e) Otimismo: A ONG vê um futuro com esperança, pois acredita-se que é possível

derrotar a injustiça.

6.1.2 ESTRUTURA ORGANIZACIONAL

As atividades do TETO são divididas em duas áreas: social e comercial.

O organograma da área social é observado na figura 14 e divide-se em 4 subáreas

principais:

a) Diagnóstico e Avaliação: Responsável pela detecção de novas comunidades para

realizar trabalhos, mapeamento das comunidades e levantamento da situação

socioeconômica das famílias;

b) Formação e Voluntariado: Responsável por toda a gestão dos voluntários na

organização;

c) Gestão Comunitária: Equipes que realizam o trabalho de desenvolvimento

comunitário em cada uma das comunidades em que o TETO atua;

d) Construção: Responsável por assegurar a qualidade da construção e melhorar

aspectos técnicos da casa emergencial e outros temas de habitabilidade.

33

Figura 14: Organograma Social

Fonte: TETO, 2017

O organograma da área comercial é observado na figura 15 e divide-se, também, em

4 subáreas principais:

a) Recursos: Responsável pelo relacionamento do TETO e os parceiros. Tem o

objetivo de manter a transparência, excelência e qualidade nas atividades

realizadas;

b) Jurídico: Responsável por entender a vulnerabilidade de direitos das famílias,

criando modos de capacitação para as famílias buscarem seus direitos, além da

existência jurídica do TETO como instituição e garantia de sustentabilidade

institucional;

c) Administração e Finanças: Responsável pelo controle das entradas e saídas de

recursos do TETO, manutenção do escritório e, em conjunto com Formação e

Voluntariado, promover o bem-estar de seus colaboradores;

d) Comunicação: Responsável por zelar pela imagem interna e externa da

instituição. Tem como objetivo tornar o TETO uma organização referência no

trabalho de superação da extrema pobreza e mobilização de voluntários, sempre

colocando em primeiro plano a denúncia positiva.

34

Figura 15: Organograma Comercial

Fonte: TETO, 2017

6.1.3 RECURSOS

O TETO se financia através de diferentes alianças com empresas, cooperação

internacional, indivíduos que contribuem doando ao plano de sócios (chamado de Amigos

do Teto, onde a pessoa pode escolher a frequência e valor da doação) e com a realização

de diferentes campanhas e eventos de arrecadação. A maior campanha é a Coleta,

realizada durante 3 dias (sempre sexta a domingo) todo ano em todos os estados

brasileiros em que a ONG atua. Voluntários espalhados por diversos bairros e esquinas

divulgam a extrema pobreza vivida por boa parte da população e arrecada fundos para o

projeto.

Os principais parceiros do TETO são o Banco Interamericano de Desenvolvimento

(BID) através do Fundo Multilateral de Investimentos, a agência Burson&Marsteller, o

BCG, a auditoria Deloitte e a agência Young & Rubicam.

Diversas empresas financiam algumas casas do TETO e utilizam seus funcionários

como voluntários na atividade. Outras realizam doações e descontos de materiais e

insumos necessários para a construção, como madeiras e tintas.

Vale lembrar que todo o recurso financeiro arrecado assim como sua disposição final

pode ser acompanhado e verificado no próprio site da instituição. Através de documentos,

35

o TETO abre a todos que desejarem como planeja e executa suas atividades, transmitindo

transparência (já chegou a ser considerada a mais transparente do segmento).

6.2 TECNOLOGIA CONSTRUTIVA

A tecnologia aplicada é de uma construção habitacional emergencial comunitária de

baixa a renda através de casas de madeira pré-fabricadas.

O abrigo emergencial tem a função de sustentar a vida (KRONENBURG, 2002), ou

seja, não são definitivas e tem o objetivo de gerar conforto às pessoas pelo tempo que for

necessário até que consigam uma moradia digna definitiva. O tempo de vida útil é de

aproximadamente 8 anos e varia de acordo com os cuidados e manutenção realizada,

havendo a possibilidade de alongamento deste prazo.

No caso do estudo em questão, tal método construtivo é realizado através de um kit

de abrigo emergencial industrializado denominado Flat-pack. São unidades de madeira

desmontadas que precisam apenas serem montadas, além de serem leves e de pequena

dimensão (KRONENBURG, 2002). Dessa forma o transporte das mesmas é facilitado,

possibilitando que várias unidades possam ser carregadas ao mesmo tempo. Um

caminhão pode carregar várias unidades em uma só viagem. O resultado disso é um prazo

de construção extremamente pequeno de aproximadamente 2 dias (SILVA, 2013).

A fundação é composta por doze pilotis de madeira eucalipto (antigamente eram

quinze), a estrutura por kit (de madeira pinus) para montagem que incluem painéis, pisos,

vigas, caibros, portas e janelas e a cobertura por kit de telhas de aço galvanizado (ou pvc

onduline) e manta para isolamento térmico.

Como os painéis são pré-fabricados, sua montagem ocorre através de ligações de

pregos. Por ser uma técnica bem simples e as ferramentas para a aplicação da mesma

serem bem rudimentares (não somente para os painéis, mas para todos os materiais),

dispensa-se o uso de mão de obra especializada no processo (além do risco construtivo

ser minimizado), possibilitando que o sistema ocorra no sistema de mutirão voluntário e

comunitário. Graças a isso, o custo da construção é extremamente pequeno comparado à

outras tecnologias existentes. A fim de exemplificar, na construção massiva que ocorreu

em julho de 2013 foram encomendados 203 kits e o custo estimado por unidade

habitacional foi de R$ 3.325,00. Foram considerados os materiais, frete e gastos com

alimentação e transportes dos diversos voluntários que participaram da construção

(SILVA, 2013).

36

Outro detalhe importante é que a arquitetura do projeto, através da posição das

janelas, fornece uma ventilação cruzada, gerando um melhor conforto térmico para a

família.

Apesar de todas as vantagens citadas acima, essa tecnologia também possui algumas

desvantagens. A casa não disponibiliza divisões internas, não sendo previstas área de

cozinha e lavanderia. Tal apropriação fica a cargo de cada família. Além disso, não são

realizadas instalações elétricas nem hidráulicas por ser muito complicado conciliar a

legalidade das mesmas junto ao poder público, o cumprimento dos compromissos por

parte das famílias e a necessidade de técnica construtiva mais especializada para realizar

essas atividades.

Somado a isso, pelo material predominante ser de madeira pinus o preço é menor,

porém sua durabilidade é bem limitada se não for tratada da maneira correta, podendo

reduzir o tempo de vida útil da casa. Os painéis podem apresentar frestas, permitindo a

passagem de vento e chuva, facilitando o acúmulo de água que deteriora a madeira e afeta

diretamente o conforto interno da habitação.

6.3 A CONSTRUÇÃO COMUNITÁRIA

Como análise de estudo, foram escolhidos os dois projetos padrões de construção

adotados no Teto. Ambos são adaptados de acordo com a topografia do terreno e sua

disponibilidade de área, localização geográfica e necessidade local, além de contar com

algumas divergências em relação às suas características.

O autor deste trabalho acompanhou e participou ativamente e diversas vezes de

ambos os projetos. As características dos dois projetos serão descritas afim de demonstrar

suas diferenças entre eles e somente um dos dois projetos terá sua atividade construtiva

relatada com base na experiência vivida pelo autor.

Vale ressaltar que, meses antes de se realizar o processo construtivo, um estudo

socioeconômico é realizado na comunidade afim de se ter um maior conhecimento da real

situação dos seus moradores. Dessa forma, a seleção das famílias que receberão as casas

é feita devido a uma série de fatores avaliados como a urgência, se há crianças ou idosos,

condição de saúde dentre outros. O evento em que essa atividade é realizada chama-se

Escutando Comunidades (ECO).

Além disso, é importante dizer o TETO não é assistencialista. Uma quantia simbólica

de 200 reais (inferior a 5% do valor da casa) é requerida à família como forma de

“engajamento” com o trabalho, transmitindo a sensação aos moradores de verdadeiros

37

proprietários da casa. Tal valor é pequeno comparado ao custo total, porém faz uma

enorme falta para os moradores das comunidades carentes, fazendo com que o devido

valor seja dado.

A construção só é realizada dentro do terreno das famílias participantes (onde a

mesma já mora), pois o TETO não tem o objetivo de expandir as comunidades e sua

situação precária nem incentivar a invasão. A área jurídica fica responsável por toda a

questão legal do terreno dentro das leis (como a usucapião) e acompanhamento das

famílias.

6.3.1 CARACTERÍSTICAS

Há duas possibilidades existentes de tipologia para a construção: casas térreas

pequenas (de 15m²) ou grandes (de 18 m²), onde cada uma delas são divididas entre Tipo

3 ou Tipo 6. A nomenclatura de Tipo 3 ou Tipo 6 diferem somente em relação ao

posicionamento da porta (no primeiro tipo a porta se encontra na menor dimensão e, no

segundo, no lado de maior dimensão). Além disso, são utilizadas diversas ferramentas de

fácil manuseio na construção de ambas e equipamentos de proteção individual (EPIs)

pelos voluntários.

6.3.1.1 CASA PEQUENA (15 m²)

Todos os materiais utilizados necessários são disponibilizados pela ong para a

construção habitacional comunitária. Nas figuras 16 a 22 observa-se ilustrações dos

materiais utilizados e nos quadros 3 ao 6, suas especificações e quantidade necessária de

cada um.

Figura 16: Painéis de parede para casa pequena

Fonte: TETO, 2017

38

Figura 17: Piso para casa pequena

Fonte: TETO, 2017

Figura 18: Portas e janelas para casa pequena

Fonte: TETO, 2017

Quadro 3: Especificações dos painéis de parede, portas e janelas para casa pequena

Fonte: TETO, 2017

Medidas (metros)

2,163 x 2,91

2,163 x 2,91

2,646 x 2,163 x 2,44

2,646 x 2,163 x 2,44

2,646 x 2,163 x 2,44

1,22 x 3,00

2,44 x 3,00

1,836 x 0,78

0,66 x 0,78

PAINÉIS

JANELA

QUADRADO FECHADO

QUADRADO ABERTO

Tipo de Painel

DIAGONAL DIREITA FECHADA

DIAGONAL ESQUERDA

DIAGONAL DIREITA ABERTA

PISO PEQUENO

PISO GRANDE

PORTA

39

Figura 19: Pilotis, vigas, caibros e “toquinhos” para casa pequena

Fonte: TETO, 2017

Quadro 4: Especificações dos painéis de parede, portas e janelas para casa pequena

Fonte: TETO, 2017

Medidas (metros) Qtd por casa

3,50 x 0,11 x 0,08 3

3,00 x 0,10 x 0,025 2

0,20 x 0,05 x 0,10 3

2,80 x 0,025 x 0,10 6

3,00 x 0,05 x 0,05 6

1 a 3 metros de comprimento e

0,15 metros de diâmetro12

3,00 x 0,20 x 0,018 sob encomenda

4,00 x 0,045 x 0,10 sob encomenda

4,00 x 0,025 x 0,10 sob encomenda

MADEIRAS

SECUNDÁRIA

MESTRA

TOQUINHO

Tipo de Madeira

VIGA DE PISO GRANDE

TÁBUA DE REVESTIMENTO (EXTRA)

VIGA DE PISO (EXTRA)

CAIBRO

MESTRA/SECUNDÁRIA (EXTRA)

PILOTI

40

Figura 20: Pregos, parafusos, telheiros, trincos, porta-cadeado e dobradiças para casa

pequena

Fonte: TETO, 2017

Quadro 5: Especificações dos pregos, parafusos, telheiros, trincos, porta-cadeado e

dobradiças para casa pequena

Fonte: TETO, 2017

Tipo de Insumo Especificação Qtd por casa

PARAFUSOS Parafuso Fixer 4,2x30 85

DOBRADIÇAS Dobradiça Zincada 3" 9

TRINCO Tarjete Niquelado 2" 4

PORTA-CADEADO Porta-Cadeado de 51mm 1

PREGOS 48 Pregos 20x48 2

PREGOS 42 Pregos 20x42 1

PREGOS 36 Pregos 19x36 1

TELHEIROS 18x27 2

INSUMOS MENORES

41

Figura 21: Telhas para casa pequena

Fonte: TETO, 2017

Figura 22: Isolante térmico para casa pequena

Fonte: TETO, 2017

Quadro 6: Especificações das telhas, manta térmica e outros insumos para casa pequena

Fonte: TETO, 2017

Tipo de Insumo Especificação Qtd por casa

TELHAS DE AÇOTelha de Aço Galvalume 0,43 MM - OND 17/980: 0,43mm de

expessura, 1m útil de largura e 3 metros6

TELHAS DE PVC Telhas mini-onda da PreconVC (1,80m x 0,91m)

Cummeira Cummeiras mini-onda PreconVC

Kit Telheiros Kit telheiro telha mini-onda

ISOLANTE TÉRMICO Manta Isolante Térmico Duralfoil Extra 100m² 25

BRITAS Brita tipo 3 -

TINTAS Tinta Acrílica 2

PÓS CONSTRUÇÃO

Tubo para calha Tubo de PVC 75mm ou 100mm 3 metros por casa

Folha de madeirite Folha de madeirite de 6mm

OUTROS INSUMOS

42

6.3.1.2 CASA GRANDE (18 m²)

Assim como na casa pequena, todos os materiais utilizados necessários são

disponibilizados pela ong para a construção habitacional comunitária. Suas

características, especificações e quantidade necessária diferem em relação à casa menor.

Nas figuras 23 a 29 observa-se ilustrações dos materiais utilizados neste tipo de casa e

nos quadros 7 ao 10, suas especificações e quantidade necessária de cada material.

Figura 23: Painéis de parede para casa grande

Fonte: TETO, 2017

Figura 24: Piso para casa grande

Fonte: TETO, 2017

Figura 25: Portas e janelas para casa grande

Fonte: TETO, 2017

43

Quadro 7: Especificações dos painéis de parede, portas e janelas para casa grande

Fonte: TETO, 2017

Figura 26: Pilotis, vigas, caibros e “toquinhos” para casa grande

Fonte: TETO, 2017

Medidas (metros)

2,163 x 2,91

2,163 x 2,91

2,646 x 2,163 x 2,44

2,646 x 2,163 x 2,44

2,646 x 2,163 x 2,44

1,22 x 3,00

2,44 x 3,00

2,68 X 1,22

1,836 x 0,78

0,66 x 0,78

PAINÉIS

JANELA

QUADRADO FECHADO

QUADRADO ABERTO

Tipo de Painel

DIAGONAL DIREITA FECHADA

DIAGONAL ESQUERDA

DIAGONAL DIREITA ABERTA

PISO PEQUENO

PISO GRANDE

PORTA

CAPELA

44

Quadro 8: Especificações dos painéis de parede, portas e janelas para casa grande

Fonte: TETO, 2017

Figura 27: Pregos, parafusos, telheiros, trincos, porta-cadeado e dobradiças para casa

grande

Fonte: TETO, 2017

Medidas (metros) Qtd por casa

2,50 x 0,11 x 0,08 3

3,96 x 0,11 x 0,08 3

3,00 x 0,10 x 0,025 2

0,20 x 0,05 x 0,10 3

3,20 x 0,025 x 0,10 6

3,00 x 0,05 x 0,05 8

1 a 3 metros de comprimento e

0,15 metros de diâmetro12

3,00 x 0,20 x 0,018 sob encomenda

4,00 x 0,045 x 0,10 sob encomenda

4,00 x 0,025 x 0,10 sob encomenda

PILOTI

MADEIRAS

MESTRA

TOQUINHO

VIGA DE PISO PEQUENA

Tipo de Madeira

VIGA DE PISO GRANDE

TÁBUA DE REVESTIMENTO (EXTRA)

VIGA DE PISO (EXTRA)

CAIBRO

SECUNDÁRIA

MESTRA/SECUNDÁRIA (EXTRA)

45

Quadro 9: Especificações dos pregos, parafusos, telheiros, trincos, porta-cadeado e

dobradiças para casa grande

Fonte: TETO, 2017

Figura 28: Telhas para casa grande

Fonte: TETO, 2017

Figura 29: Isolante térmico para casa grande

Fonte: TETO, 2017

Tipo de Insumo Especificação Qtd por casa

PARAFUSOS Parafuso Fixer 4,2x30 85

DOBRADIÇAS Dobradiça Zincada 3" 9

TRINCO Tarjete Niquelado 2" 4

PORTA-CADEADO Porta-Cadeado de 51mm 1

PREGOS 48 Pregos 20x48 2

PREGOS 42 Pregos 20x42 1

PREGOS 36 Pregos 19x36 1

TELHEIROS 18x27 2

INSUMOS MENORES

46

Quadro 10: Especificações das telhas, manta térmica e outros insumos para casa

pequena

Fonte: TETO, 2017

6.3.1.3 FERRAMENTAS

Algumas ferramentas necessárias para a construção são disponibilizadas pelo TETO

(serrote, mangueira de nível, alavanca e cavadeira) enquanto as outras são de

responsabilidade dos voluntários. Na figura 30 encontram-se uma lista de todas e, no

quadro 11, suas especificações e quantidade necessária por casa.

Tipo de Insumo Especificação Qtd por casa

TELHAS DE AÇOTelha de Aço Galvalume 0,43 MM - OND 17/980: 0,43mm de

expessura, 1m útil de largura e 3,6m de comprimento6

TELHAS DE PVC Telhas mini-onda da PreconVC (1,80m x 0,91m)

Cummeira Cummeiras mini-onda PreconVC

Kit Telheiros Kit telheiro telha mini-onda

ISOLANTE TÉRMICO Manta Isolante Térmico Duralfoil Extra 100m² 25

BRITAS Brita tipo 3 -

TINTAS Tinta Acrílica 2

PÓS CONSTRUÇÃO

Tubo para calha Tubo de PVC 75mm ou 100mm 3 metros por casa

Folha de madeirite Folha de madeirite de 6mm

OUTROS INSUMOS

47

Figura 30: Ferramentas utilizadas na construção

Fonte: TETO, 2017

Quadro 11: Especificações das ferramentas

Fonte: TETO, 2017

Tipo de Ferramenta Especificação Qtd por casa

SERROTE Serrote 20" (serra entrelaçada) 1

CAVADEIRA PEQUENA Cavadeira Articulada com cabo de 1,30 m 3

CAVADEIRA GRANDE Cavadeira Articulada com cabo de 1,70 cm / Pá de 17,5 1

ALAVANCA Cavadeira Simples Colgada 1,45 m x 1" --> ponta chata e bico 4

MANGUEIRA DE NÍVEL Mangueira de Nível 1/2 (9m) 1

MARRETA 5 Kilos 3 por comunidade

FERRAMENTAS

48

6.3.1.4 EQUIPAMENTO DE PROTEÇÃO INDIVIDUAL

Conhecido como EPI, é todo dispositivo de uso individual utilizado pelos voluntários

e STAFF destinado a proteção contra riscos capazes de ameaçar a sua segurança e sua

saúde. Foi implementando como item obrigatório em 2016.

É obrigação dos líderes de equipe de todo STAFF garantir que os voluntários façam

o uso adequado dos equipamentos de proteção individual. Os EPIs devem ser utilizados

durante todo o expediente da construção e seguir todas as determinações da organização

conforme explicitado na figura 31.

Figura 31: Equipamentos de proteção individual e quando devem ser utilizados na

construção

Fonte: TETO, 2017

49

6.3.2 DESCRIÇÃO DO PROJETO

Para exemplificar a descrição, execução e práticas utilizadas na construção do TETO

foi selecionado o projeto da casa grande, uma vez que este possui todas as etapas do

projeto da casa pequena e mais algumas especificidades.

6.3.2.1 ESTRUTURA ORGANIZACIONAL DA CONSTRUÇÃO

Uma organização bem definida com divisão de tarefas e responsabilidades possibilita

o grande sucesso do evento construtivo. Tal estrutura adotada pode ser observada na

figura 32, assim como as funções de cada cargo que compõe o STAFF.

Figura 32: Organograma de uma construção, 2017

Fonte: TETO

a) Coordenador de Trabalho (CT): Convocado pela macro área de Construções ou

pelo Diretor Social. É responsável, em conjunto com a sua dupla ou trio, por toda

a organização e andamento da construção em todas as comunidades. Está a par

de tudo que acontece nas respectivas escolas, capacitando e orientando os CEs e

coordenando a construção com eles, sendo a ponte entre os diretores e as equipes

50

de construção. Para assumir tal cargo, é necessário ter sido CE pelo menos uma

vez.

b) Chefe de Escola (CE): Convocados pelos Cts. Sempre em duplas, são

responsáveis por gerir toda a construção em uma comunidade (antes, durante e

após o fim). Os trabalhos se iniciam dois meses antes da construção e são eles os

responsáveis por participar da pré designação da sua comunidade, designar as

famílias, realizar o acompanhamento das famílias todos os finais de semana,

convocar o STAFF da sua escola, participar das pré-logísticas de painéis e pilotis,

construir a formação junto com a equipe de FeV. Durante a construção devem

coordenar o STAFF e voluntários, conduzir as dinâmicas e acompanhar a

construção em cada terreno. Após a construção ficam encarregados de

organizarem a pintura das casas. Durante estes dois meses é obrigatória também

a presença em reuniões semanais com os Coordenadores de Trabalho e outros

CEs para alinhamento geral. É preciso que já tenha uma boa experiência em

construções e já ter passado por algumas outras funções diferentes no STAFF.

c) Acompanhante Construtivo: Convocado pela área de Métodos Construtivos. É o

ponto focal para os principais problemas técnicos da construção. Eles têm a

função de definir com os chefes de escola e monitores estratégias para a

conclusão da construção na comunidade e capacitar os monitores menos

experientes. São pessoas que já foram monitores experientes diversas vezes, que

possuem técnica e postura exemplares e ótimo conhecimento sobre o modelo de

trabalho do TETO.

d) Monitor: Convocado pela área de Métodos Construtivos. Responsável pela

qualidade técnica da construção. É quem avalia as condições dos terrenos,

formaliza o pedido de materiais, oferece suporte aos líderes durante a construção

e garante a excelência das casas antes, durante e depois da construção. Também

apoia os Chefes de Escola em campo no acompanhamento. É preciso já ter uma

boa experiência de construção, já ter sido líder pelo menos 5 vezes e ter sido bem

avaliado.

e) Intendente: Convocados pela área de SESBE, os intendentes são responsáveis

pelo bem-estar geral dos voluntários, como alimentação, hidratação, primeiros

socorros, entre outros. Também são responsáveis pela arrecadação de alimentos

e cuidar do local onde todos ficarão durante a construção. Além disso, auxiliam

51

os Chefes de Escola nas atividades e no ritmo da construção. É preciso já ter

experiência em construções anteriores e ter sido bem avaliado.

f) Chefe de Logística (CL): Convocado pela área de Logística, garante que toda a

entrega de materiais, antes e durante a construção, seja feita dentro do

cronograma. Durante a construção, coordena um grupo de voluntários, sendo

responsável pela distribuição e entrega das ferramentas e painéis das equipes.

Precisa visitar e conhecer previamente a comunidade e terrenos para traçar as

rotas e definir os QGs (quartel-general, locais onde os materiais e ferramentas

ficam armazenados) junto aos CEs. Monta kits de insumos e ferramentas na pré

construção e mantém a organização do mesmo, pós construção. É preciso já ter

participado de ao menos uma pré-logística, ter sido bem avaliado, ter sido líder e

preferencialmente ter sido voluntário da equipe de logística.

g) Comunicador: Convocado pela área de Comunicação. Responsável pela

cobertura comunicacional de toda a construção - pré, durante e pintura,

fotografando e filmando os momentos chave de todas as atividades, colaborando

também com possíveis campanhas da área de Comunicação. O trabalho deve

sempre focar nas demandas do TETO e da área de Comunicação. É preciso já ter

participado de duas atividades massivas.

h) Acompanhante Corporativo: Convocado pelos CEs. É responsável pelas

empresas que irão construir. Recepciona os voluntários de empresas no ponto de

encontro e cuida do relacionamento e bem-estar destes voluntários durante a

construção. Também fornece apoio aos líderes corporativos no relacionamento

com as famílias e voluntários. É preciso já ter construído ao menos 2 vezes e ser

(ou ter sido) voluntário fixo.

i) Acompanhante de Colégios: Convocado pelos CEs. É responsável pelos colégios

que irão construir. Recepciona os voluntários de colégios no ponto de encontro e

cuida do relacionamento e bem-estar destes voluntários durante a construção.

Também fornece apoio aos líderes de Colégios (líderes que estão responsáveis

pela construção da casa onde os voluntários são alunos de algum colégio) no

relacionamento com as famílias e voluntários. É preciso já ter construído ao

menos 2 vezes e ser (ou ter sido) voluntário fixo.

j) Acompanhante de Pós-Construção: Convocado pela área de Pós Construção.

Durante a construção, é responsável por acompanhar o andamento técnico,

auxiliar líderes em possíveis reparos e preencher relatórios referentes a cada casa,

52

com auxílio do Acompanhante Construtivo. Também é responsável pela

organização do evento “Pintura” e “Reparos”, junto aos CLs (Chefes de

Logística). É preciso já ter sido líder, ter sido bem avaliado e, preferencialmente,

já ter participado de um evento de reparos.

k) Líder: Convocado pela área de Métodos Construtivos. Sempre em duplas, os

líderes coordenam um time de voluntários na construção da casa junto com uma

família, mostrando para eles a essência do TETO e explicando os detalhes

técnicos. O líder é responsável por promover a interação entre a equipe,

moradores e a comunidade. É preciso já ter construído como voluntário ao menos

3 vezes e ter sido bem avaliado.

l) Apoio Médico: Durante a construção, são responsáveis por acompanhar a saúde

dos voluntários. É necessário ser estudante (ou formado) de Enfermagem ou

Medicina e que já tenha completado o curso de BLS ou Primeiros Socorros. Este

cargo é novo e está em fase de aprimoramento (não se encontra no organograma).

As etapas construtivas estão divididas em três partes: pré-construção, construção e

pós-construção.

6.3.2.2 PRÉ-CONSTRUÇÃO

A construção começa muito antes da data definida para a execução. Um planejamento

é realizado dois a três meses antes para que tudo ocorra sem maiores complicações. Para

isso, capacitações são realizadas por equipes específicas do TETO de acordo com cada

cargo, além de visitas a comunidade junto aos chefes de escola de cada comunidade.

Nesta etapa 3 tarefas são de suma importância para que não haja erros técnicos de

execução ou atrasos e falta de material. Trata-se da emissão do Relatório de

Acompanhamento Construtivo (RAC); da pré-logística de pilotis e da pré-logística dos

painéis.

6.3.2.2.1 RELATÓRIO DE ACOMPANHAMENTO CONSTRUTIVO (RAC)

Conhecido como RAC pela equipe do TETO, é um documento realizado previamente

pelos monitores para servir de projeto base para a execução de cada casa. Ele contém

dados essenciais para que o resultado saia conforme o previsto, como as características

do terreno, sua topografia, posicionamento dos pilotis e suas dimensões necessárias,

53

tamanho e tipo de casa construído, necessidade de material extra dentre outros, conforme

mostra a figura 33.

Figura 33: RAC – Relatório de acompanhamento construtivo

Fonte: TETO, 2017

6.3.2.2.2 PRÉ-LOGÍSTICA DE PILOTIS

Normalmente ocorre duas semanas antes do final de semana da construção. Em um

dia, voluntários e famílias que receberão a casa do TETO se encontram na comunidade

para receber os caminhões (carregados de pilotis) que chegarão em um ponto pré-

estabelecido pelos CLs (normalmente no QG).

Primeiramente, todos os pilotis são descarregados do caminhão sem se preocupar

para onde cada um irá. O dever aqui é organizá-los de forma rápida e segura. A figura 34

exemplifica esta etapa e a de número 35 mostra voluntários descarregando pilotis do

caminhão.

Figura 34: Chegada e descarregamento do caminhão com pilotis

Fonte: TETO, 2017

54

Figura 35: Caminhão com pilotis sendo descarregado por voluntários

Fonte: TETO, 2017

A seguir é realizada a medição dos pilotis (que costumam variar entre 1 e 3 metros)

utilizando trenas para identificá-los e separá-los com segurança, evitando confusões em

relação aos diversos tamanhos. Após isso, o caminhão é liberado para ir embora. Através

de um sistema de cores (um dos lados do piloti é pintado com uma determinada cor), eles

serão separados de acordo com as suas dimensões, facilitando a sua identificação na hora

de seu transporte. A figura 36 ilustra essa atividade.

Figura 36: Medição e separação dos pilotis

Fonte: TETO, 2017

Uma lista baseada tanto no sistema de identificação dos pilotis por cores quanto por

tamanho será conferida junto às famílias para separar quais pilotis correspondem a cada

terreno, conforme o quadro 12. Assim, os voluntários e líderes irão realizar o transporte

para o local do terreno já pré-estabelecido pelo CL (pode ser o próprio terreno onde irá

ocorrer a construção ou outro próximo, nos casos em que não há espaço para o

estocamento dos pilotis). A figura 37 mostra esse transporte sendo realizado.

55

Figura 37: Transporte de pilotis

Fonte: TETO, 2017

Após todos os pilotis chegarem ao seu local de destino, serão conferidos para se ter

certeza de que o local entregue confere com o local da lista. O morador irá retornar junto

com os voluntários da Logística para o local onde o restante dos pilotis se encontram e

esse ajudará as demais famílias nessas mesmas etapas até o término de todo o trabalho

(até todos os pilotis serem entregues para os seus respectivos terrenos). A figura 38 ilustra

esse processo.

56

Quadro 12: Exemplo de lista com controle de pilotis por famílias

Fonte: TETO, 2017

Figura 38: Transporte e checagem dos pilotis

Fonte: TETO, 2017

6.3.2.2.3 PRÉ-LOGÍSTICA DE PAINÉIS

Assim como na pré-logística de pilotis, voluntários e famílias que receberão a casa

do TETO se encontram novamente no mesmo ponto pré-estabelecido pelos CLs na etapa

anterior. Porém, esse evento ocorre uma semana antes do final de semana da construção

e os caminhões que chegarão contém os materiais referentes aos painéis, pisos e kits porta,

janela, telhado e piso.

O molde de trabalho aqui é bem parecido com a pré-logística anterior. Conforme

observado na figura 39, todos os painéis são descarregados do caminhão e empilhados de

forma organizada por modelos, assim como o restante dos materiais.

57

Figura 39: Painéis sendo descarregados e organizados

Fonte: TETO, 2017

Um novo sistema de identificação auxilia na separação do material para cada casa.

Esse consiste em escrever nas laterais dos painéis a sua sigla correspondente. Além disso,

há o Tipo 3 e o Tipo 6 para a casa grande, conforme ilustrado nas figuras 40 e 41,

respectivamente.

58

Figura 40: Exemplo de identificação dos painéis para a construção de uma casa grande

Tipo 3

Fonte: TETO, 2017

Figura 41: Exemplo de identificação dos painéis para a construção de uma casa grande

Tipo 6

Fonte: TETO, 2017

Depois de todos os painéis identificados e materiais descarregados é iniciado o

transporte dos mesmos para locais pré-estabelecidos. Algumas vezes, por falta de espaço

seguro nos terrenos em que ocorrerão as construções ou em suas proximidades, os

59

mesmos ficam depositados no QG. A locomoção é feita no mesmo molde dos pilotis e é

observada na figura 42. Quando possível, os caminhões permanecem na comunidade para

ajudar nesta tarefa.

Figura 42: Transporte de um painel realizado por voluntários e moradora

Fonte: TETO, 2017

Como forma de controle são preparadas, previamente, listas que contém a quantidade

total necessária de materiais para a construção (observada no quadro 13), separadas ainda

por regiões de destino na comunidade (quadro 14) e por famílias (quadro 15). Desta

forma, após o fim da entrega de todos os materiais, todos os materiais são checados e

conferidos se os mesmos se encontram na região correta.

60

Quadro 13: Exemplo de controle de painéis por quantidade total

Fonte: TETO, 2017

Quadro 14: Exemplo de controle de painéis por regiões

Fonte: TETO, 2017

61

Quadro 15: Exemplo de controle de painéis por famílias

Fonte: TETO, 2017

6.3.2.3 A CONSTRUÇÃO

A construção ocorre em um final de semana. Na sexta à noite, todo o STAFF e

voluntários se dirigem, através de ônibus fretados pelo TETO, para a comunidade.

Durante todo o período de construção, todos ficarão em um alojamento pré-determinado

denominado Escola. Normalmente são colégios públicos dentro das comunidades que,

através da autorização do seu diretor e do governo, cedem suas instalações para abrigar

os voluntários durante as 48 horas do evento.

Na manhã de sábado bem cedo os voluntários se dirigem para os respectivos terrenos

e iniciam, junto às famílias, a construção de fato. Serão explicadas todas as fases e etapas

construtivas, desde a fundação até as instalações finais e entrega da casa.

6.3.2.3.1 FUNDAÇÃO

Nesta fase serão utilizados os 12 pilotis, cavadeiras, alavancas, mangueira de nível,

trenas (no mínimo 3), pregos, linha, martelo e pedras. As atividades realizadas estão

explicadas de acordo com a ordem em que ocorrem:

62

a) Pilotis: Seus tamanhos devem ser conferidos de acordo com a RAC e seleciona-

se os mais grossos para que fiquem nos cantos e no centro da casa. É importante

ressaltar que pilotis bem fixados e nivelados evitarão problemas nas etapas

futuras.

b) Pilotis Mestre: Deve ser o primeiro a ser fixado e, obrigatoriamente, no ponto

mais alto do terreno. Será um dos 4 vértices e, a partir dele, serão medidos as

distâncias e o nível dos outros pilotis. A figura 43 exemplifica um pilotis mestre

fixado e suas peculiaridades.

A. Execução

A.1. Cavar um buraco circular em que seja possível entrar o pilotis utilizando

a cavadeira e a alavanca (demonstrado na figura 44);

A.2. Conferir a profundidade de tempos em tempos para não cavar mais do

que o necessário.

B. Fixação dos pilotis

B.1. Criar uma camada base de pedras bem compactadas no fundo do buraco,

auxiliando na sua fixação vertical;

B.2. Posicionar o piloti sobre a base de pedras;

B.3. Intercalar camadas de pedras pequenas (britas) e terra (reaproveitar a

terra do terreno retirada ao realizar a abertura dos buracos) ao redor do pilotis,

sempre compactando o máximo possível afim de aumentar a sua fixação

horizontal.

63

Figura 43: Piloti mestre fixado

Fonte: TETO, 2017

Figura 44: Voluntários cavando os buracos dos pilotis

Fonte: O Autor, 2014

c) Nível: Será utilizada a mangueira de nível demonstrada na figura 45. Sempre

verifica-se há bolhas (caso haja, esvaziar e encher com água novamente). Essa

etapa é muito importante, pois 1cm de desnível entre os pilotis pode prejudicar

toda a estrutura.

64

Figura 45: Mangueira de nível pronta para ser utilizada

Fonte: TETO, 2017

A. Execução

A.1. Movimentar a mangueira junto ao piloti mestre até que a água se

estabilize na mesma altura da borda superior do mesmo;

A.2. No segundo pilotis, a mangueira deve permanecer parada o tempo todo;

A.3. Assim que a água atingir o nível do pilotis mestre, verificar a altura da

água na outra extremidade em relação ao segundo piloti;

A.4. O nível deve estar alinhado com a borda superior, conforme figura 46;

A.5. Conferir a posição do piloti (conforme figura 47) e terminar de fixa-lo.

Figura 46: Nível dos pilotis

Fonte: TETO, 2017

65

Figura 47: Voluntários verificando o nível do piloti

Fonte: TETO, 2017

d) Perímetro: O perímetro dos pilotis possui 5,30x3,00 metros (a base da casa tem

6,10m x 3,00m). É essencial que todos os cantos formem ângulos retos. Para isso,

é preciso que a diagonal dos pilotis seja de 6,09m e da casa de 6,08m. A figura

48 mostra tais informações. Essas três medidas devem ser obtidas

simultaneamente, formando um triângulo retângulo, conforme a figura 49.

Figura 48: Perímetro

Fonte: TETO, 2017

Figura 49: Utilização do esquadro para medir a diagonal de 6,09 metros

Fonte: TETO, 2017

66

A. Execução

A.1. Depois de fixados os pilotis dos cantos, deve-se passar uma linha

contornando-os pelo lado externo e amarrando-os o mais próximo de suas

bordas superiores;

A.2. A linha deve estar bem esticada, pois servirá de guia para os próximos

pilotis que ficará entre eles e deverão tangencia-la. Deve-se ficar atento para

que nenhum piloti empurre a linha, desalinhando o perímetro. A verificação

do processo do perímetro pode ser observada na figura 50.

Figura 50: Perímetro sendo conferido

Fonte: TETO, 2017

e) Ordem de fixação dos pilotis: Depois de fixar os 3 primeiros pilotis, deve-se cavar

o buraco dos pilotis intermediários entre os já fixados enquanto o quarto piloti é

cravado e fixado para ganhar tempo. Porém, este quarto piloti (o último para

fechar o perímetro) deve ser fixado antes dos intermediários, conforme a figura

51. A fixação de um piloti pode ser observada com mais detalhes na figura 52.

67

Figura 51: Ordem de fixação dos pilotis

Fonte: TETO, 2017

Figura 52: Piloti sendo fixado

Fonte: TETO, 2017

6.3.2.3.2 ESTRUTURAS

São basicamente compostas pelos componentes dos pisos e painéis.

6.3.2.3.2.1 PISO E SEUS COMPONENTES

Para sua execução utilizam-se 6 vigas de piso, 1 painel de piso pequeno, 2 painéis de

piso grande, trenas, martelo, pregos, linha e alavanca.

a) Vigas de Piso: É necessário, antes de se iniciar, conferir os tamanhos das vigas

de piso de acordo com a RAC. A execução na prática desta etapa pode ser

observada na figura 58.

68

A. Execução

A.1. Juntar os chanfros das vigas e pregar uma na outra com um prego 20x42

inclinado. Não deixar de posicionar a viga de piso com o chanfro para baixo,

de forma que a mesma fique 80% apoiada sobre o piloti (conforme a figura

53);

Figura 53: Chanfros pregados um ao outro sobre o piloti

Fonte: TETO, 2017

A.2. Posicionar as vigas costuradas sobre a fileira de pilotis da lateral,

alinhando ambos pelo lado externo, ilustrado na figura 54;

Figura 54: Viga costurada sobre a fileira de pilotis da lateral

Fonte: TETO, 2017

A.3. Para fixar as vigas de piso nos pilotis, utilizar 2 pregos 20x42 inclinados

(um de cada lado da viga no encontro com o piloti) igual se encontra na figura

55. Os primeiros pontos fixados deverão ser as extremidades;

Figura 55: Viga costurada sobre a fileira de pilotis da lateral, 2017

Fonte: TETO, 2017

A.4. Fazer o prumo horizontal, apontando dois pregos 18x36 nas vigas (um

em cada ponta) e amarrando uma linha ligando os pregos. Utilizar uma

69

distância de 4 centímetros entre a linha e a viga para servir de referência nos

demais pontos para obter uma viga reta;

A.5. Após a viga ser aprumada, a mesma é fixada nos demais pilotis conforme

a ordem da figura 56;

Figura 56: Vigas fixadas nos pilotis

Fonte: TETO, 2017

A.6. Depois que a primeira linha for aprumada, posicionar e fixar as demais

vigas. Certificar de que as distâncias entre elas estão corretas ao longo de sua

extensão, intercalando a disposição das vigas, conforme a figura 57.

Figura 57: Vigas de piso posicionadas e fixadas

Fonte: TETO, 2017

Figura 58: Execução da etapa vigas de piso

Fonte: TETO, 2017

b) Painéis de Piso: Antes de começar essa etapa, conferir a combinação dos pisos

de acordo com a RAC. Além disso, conferir o esquadro dos pisos (Piso Grande:

70

3,00x2,44m – Diagonal: 3,87m; Piso Pequeno: 3,00x1,22m – Diagonal: 3,24m).

Uma parte da execução na prática é observada na figura 70.

A. Execução

A.1. Posicionar e alinhar o piso sobre as vigas de piso, tangenciando suas

laterais e a 40cm da primeira linha de pilotis, conforme a figura 59;

Figura 59: Piso posicionado e alinhado sobre as vigas de piso

Fonte: TETO, 2017

A.2. Depois de posicionado, pregar o piso nas vigas de piso com uma linha

de 3 pregos 20x48 à meia altura, conforme figura 60;

Figura 60: Piso sendo pregado nas vigas de piso

Fonte: TETO, 2017

A.3. Quando o segundo piso estiver bem posicionado, empurra-lo com o

auxílio de alavancas em direção ao primeiro piso (para evitar que se forme

um vão entre eles) igual se encontra demonstrado na figura 61;

71

Figura 61: Segundo piso sendo alavancado em direção ao primeiro piso

Fonte: TETO, 2017

A.4. Com o segundo piso bem alinhado, prega-lo nas vigas de piso com uma

linha de 2 pregos 20x48 à meia altura, ilustrado na figura 62;

Figura 62: Segundo piso sendo pregado nas vigas de piso

Fonte: TETO, 2017

A.5. Quando o terceiro piso estiver bem posicionado, empurra-lo com o

auxílio de alavancas em direção ao segundo piso conforme figura 63,

evitando que se forme um vão entre eles;

Figura 63: Terceiro piso sendo alavancado em direção ao segundo piso

Fonte: TETO, 2017

72

A.6. Com o terceiro piso bem alinhado, prega-lo nas vigas de piso com uma

linha de 2 pregos 20x48 à meia altura da forma como está ilustrado na figura

64;

Figura 64: Terceiro piso sendo pregado nas vigas de piso

Fonte: TETO, 2017

A.7. Após todos os painéis de piso serem bem fixados, os mesmos serão

costurados por baixo (conforme a ilustração da figura 65 e o exemplo prático

da figura 71) e alinhados por cima para evitar degraus entre eles. Serão

utilizados 8 pregos 20x42 (4 de cada lado da junção);

Figura 65: Painéis de piso sendo costurados por baixo

Fonte: TETO, 2017

A.8. O primeiro local que deverá ser costurado será na junção do terceiro piso

com o segundo, enquanto o segundo local será na junção do segundo piso

com o primeiro. Ambos serão costurados no sentido do primeiro piso fixado,

conforme a figura 66;

73

Figura 66: Primeiro e segundo local que os pisos serão costurados no sentido do

primeiro piso fixado

Fonte: TETO, 2017

A.9. Depois que todos os pisos forem costurados no sentido do primeiro piso

fixado, deve-se colocar mais três pregos à meia altura no final do terceiro piso

fixado, conforme figura 67;

Figura 67: Pregos adicionados no final do terceiro piso

Fonte: TETO, 2017

A.10. Costurar o terceiro e quarto locais na junção dos pisos no sentido do

último piso fixado da maneira como se encontra na figura 68;

Figura 68: Terceiro e quarto locais que os pisos serão costurados no sentido do último

piso fixado

Fonte: TETO, 2017

74

A.11. Com todos os pisos costurados e alinhados, deve-se terminar de descer

todos os pregos que estavam à meia altura até o final e pregar os demais

pontos da maneira como se observa na figura 69.

Figura 69: Painéis de piso com todos os pregos

Fonte: TETO, 2017

Figura 70: Execução da etapa dos painéis de piso

Fonte: O Autor, 2014

Figura 71: Painel de piso sendo costurado por baixo

Fonte: TETO, 2017

75

6.3.2.3.2.2 PAINÉIS DE PAREDE E SEUS COMPONENTES

a) Painéis de Parede: Antes de iniciar a montagem, deve-se conferir os painéis

conforme o tipo de casa na RAC, ilustrado na figura 72. São utilizados martelos,

alavancas, pregos, linha, dois painéis capelas, dois quadrados e quatro diagonais.

Um exemplo prático desta etapa é observado na figura 73.

Figura 72: Tipos de casa na RAC

Fonte: TETO, 2017

Figura 73: Execução da etapa painéis de parede

Fonte: O Autor, 2014

A. Execução

A.1. Montar os painéis conforme sequência da figura 74;

76

Figura 74: Sequência de montagem dos painéis de parede

Fonte: TETO, 2017

A.2. O painel quadrado ficará por dentro dos painéis das diagonais (que os

“abraçam”. O alinhamento de todos os painéis será feito através de seus

caibros, conforme a figura 75;

Figura 75: Alinhamento dos painéis através de seus caibros

Fonte: TETO, 2017

A.3. Utilizar 3 pregos 20x42 intercalados e inclinados nas junções entre

painéis, costurando os mesmos e mantendo-os unidos da maneira que é

ilustrado na figura 76;

Figura 76: Costura nas junções entre painéis

Fonte: TETO, 2017

A.4. Os cantos dos painéis costurados devem coincidir com os cantos dos

pisos, ou seja, os caibros dos painéis devem estar alinhados com a estrutura

do piso, ficando para fora as tábuas de revestimento dos mesmos, conforme

figura 77;

77

Figura 77: Alinhamento dos caibros dos painéis com a estrutura do piso

Fonte: TETO, 2017

A.5. Após todos os cantos estarem alinhados, deve-se fixá-los com pregos

20x48 à meia altura e, então, começar a alinhar os painéis de parede sobre os

painéis de piso por toda a sua extensão e fixa-los à meia altura novamente

com pregos 20x48 igualmente se encontra ilustrado na figura 78;

Figura 78: Alinhamento dos painéis de parede sobre os de piso fixados com pregos à

meia altura

Fonte: TETO, 2017

A.6. Com todos os painéis de parede alinhados sobre os de piso, deve-se

descer todos os pregos até o final.

b) Viga Mestra: São utilizadas duas tábuas de 3 metros, 3 tocos de madeira, 4

caibros, pregos, martelo, prumo, serrote e trenas. Antes de iniciar a sua

confecção, deve-se conferir o comprimento das tábuas. A figura 85 ilustra

esta etapa construtiva na prática.

A. Execução

A.1. Colocar os tocos de viga a 75cm um do outro (medindo pelo centro),

mantendo as duas tábuas de 3 metros alinhadas tanto horizontalmente quanto

verticalmente e os três tocos na mesma altura e alinhados pela base, conforme

ilustrado na figura 79;

78

Figura 79: Posição e alinhamento das tábuas e tocos da viga mestre

Fonte: TETO, 2017

A.2. Fixar os tocos às tábuas utilizando 2 pregos 18x36 de cada lado, sempre

conferindo as suas marcações de 75cm e o alinhamento das duas tábuas, como

na figura 80;

Figura 80: Viga mestra montada

Fonte: TETO, 2017

A.3. Posicionar a viga mestra montada no centro da casa, ficando próximo ao

caibro superior do painel capela. Para auxiliar o posicionamento, utilizar um

prego a 20cm do caibro para apoiar a viga até que a mesma seja pregada ao

painel. A ilustração dessa fase é observada na figura 81;

Figura 81: Posicionamento da viga mestra no centro da casa

Fonte: TETO, 2017

A.4. Alinhar a viga mestra apoiada sobre os pregos junto ao término dos

caibros dos painéis e fixá-la com um prego de cada lado e nas duas

extremidades (ela está apenas apoiada em suas pontas, logo é necessário ter

sempre algum voluntário responsável por segurá-la até que seja fixada),

conforme a figura 82;

79

Figura 82: Viga mestra apoiada no término dos caibros

Fonte: TETO, 2017

A.5. Utilizar 4 caibros ainda não serrados para fazer as escoras. Para isso,

deve-se pregar as pontas dos caibros nas laterais das junções da capela com

pregos 20x42, conforme exibido na figura 83;

Figura 83: Escoramento utilizando caibros não serrados

Fonte: TETO, 2017

A.6. Encostar um prumo no caibro do painel de parede capela e esperar a base

de metal se estabilizar. Quando o prumo estiver tangenciando perfeitamente

a lateral, o local estará aprumado;

A.7. Com a casa aprumada, pregar mais um prego de cada lado da viga mestra

e nas suas duas extremidades, fixando-a completamente. A figura 84 ilustra

a casa aprumada já com a viga mestra corretamente fixada.

80

Figura 84: Casa aprumada e viga mestra fixada completamente

Fonte: TETO, 2017

Figura 85: Execução da etapa da viga mestra

Fonte: TETO, 2017

6.3.2.3.3 COBERTURA

Corresponde ao telhado da casa e seus componentes. Dentre os materiais e

ferramentas utilizadas estão 6 vigas secundárias, martelos, pregos e telheiros, trenas,

grampeadores, 3 mantas térmicas, 3 telhas, 8 caibros e alavanca.

a) Vigas Secundárias: Antes de começar, deve-se medir o comprimento das 6 vigas

e conferir se estão corretas conforme a RAC. Para a casa grande, deve ser 3,20m.

Um exemplo prático é demonstrado na figura 88.

81

A. Execução

A.1. Apoiar as vigas secundárias sobre a viga mestra em uma de suas

extremidades e a ponta chanfrada deve ser posicionada rente ao caibro

superior do painel quadrado;

A.2. Utilizar nas junções quatro pregos 18x36 para a fixação por viga

secundária da forma como está representado na figura 86;

Figura 86: Viga secundária sendo fixada no painel e na viga mestra

Fonte: TETO, 2017

A.3. Fixar as vigas secundárias conforme a figura 87;

Figura 87: Vigas secundárias fixadas

Fonte: TETO, 2017

82

Figura 88: Execução da etapa vigas secundárias

Fonte: O Autor, 2015

b) Caibros: Deve-se cerrar todos os caibros com 2,90m. Os que estão sendo

utilizados como escoras só serão soltos e cerrados após os 4 primeiros caibros

serem totalmente fixados. A exemplificação prática é observada na figura 89.

Figura 89: Execução da etapa dos caibros

Fonte: O Autor, 2014

83

A. Execução

A.1. Pregar os caibros com um prego 20x48 de cada lado, garantindo que

fiquem alinhados com a borda superior dos painéis e nas marcações das

distâncias como na figura 90;

Figura 90: Caibros alinhados com a borda superior dos painéis

Fonte: TETO, 2017

A.2. Depois de fixados entre os painéis de parede, pregar os caibros às vigas

secundárias com um prego 18x36 em cada intersecção. Apenas retirar as

escoras, uma a uma, após colocar dois caibros de cada lado do telhado e

pregar suas junções com as vigas.

c) Proteção Térmica: Conferir o comprimento das mantas térmicas conforme a

RAC. Para casa grande seu valor é de 6,40x1,20m. A figura 91 mostra as mantas

sendo colocadas na prática.

Figura 91: Manta sendo colocada no telhado

Fonte: TETO, 2017

84

A. Execução

A.1. Os rolos serão dispostos conforme a figura 92. Inicialmente deve-se

colocar somente dois rolos e começar a fazer as telhas (sua execução será

explicada a seguir, na letra d). Só botar o último isolante térmico antes de pôr

as últimas telhas;

Figura 92: Ordem de colocação dos rolos de manta térmica no telhado da casa

Fonte: TETO, 2017

A.2. Cada rolo tem 1,20m de largura. Portanto, ao serem colocados, haverá

uma sobreposição de aproximadamente 20cm;

A.3. Alinhas bem as folhas com os caibros dos painéis;

A.4. Utilizar grampeadores específicos para fixar a manta aos painéis de

parede e aos caibros;

A.5. Fixar as mantas de modo que elas permaneçam esticadas;

A.6. Após as telhas serem fixadas, cortar as sobras de manta das laterais.

d) Telhas: Verificar se o comprimento das 6 telhas está de acordo com a RAC. Para

a casa grande em questão, o seu valor são de 3,60m. Na figura 93 observa-se um

voluntário executando esta etapa.

Figura 93: Execução da etapa telhas

Fonte: TETO, 2017

85

A. Execução

A.1. Marcar de ponta a ponta na telha a distância de 30cm, conforme figura

94;

Figura 94: Marcação ponta a ponta de 30cm na telha

Fonte: TETO, 2017

A.2. Martelar levemente sobre a marcação para facilitar a dobra da telha com

a alavanca;

A.3. Realizar as dobras das telhas utilizando a alavanca posicionada sempre

na mesma posição, conforme figura 95;

Figura 95: Dobras das telhas utilizando a alavanca

Fonte: TETO, 2017

A.4. Virar do avesso as quatro telhas cujas últimas ondas ficaram voltadas

para baixo e dobrá-las para cima;

A.5. Depois, fazer a mesma coisa com as duas telhas que ficaram com as

últimas ondas viradas para cima. O modo de posicionamento das telhas se

encontra na figura 96;

86

Figura 96: Posicionamento das telhas

Fonte: TETO, 2017

A.6. Alinhar as telhas laterais junto ao caibro dos painéis de parede conforme

a figura 97;

Figura 97: Alinhamento das telhas laterais junto ao caibro dos painéis de parede

Fonte: TETO, 2017

A.7. Pregar as telhas com linhas de 10 ou 4 telheiros, sempre na parte mais

alta das ondas e sobre os caibros dos painéis de parede e da grelha conforme

a figura 98.

87

Figura 98: Distribuição de pregos nas telhas

Fonte: TETO, 2017

6.3.2.3.4 INSTALAÇÕES

Última etapa da fase de construção. São utilizadas três janelas, uma porta, nove

dobradiças, quatro trincos, um porta-cadeado, parafusos, chave Philips e trenas.

a) Porta e Janela: A execução é a mesma para ambas. Deve-se ficar atento às

medidas para posicionar corretamente as dobradiças. Antes de coloca-las,

conferir se estão sendo colocadas no sentido certo e não esquecer de deixar o pino

da dobradiça para cima. O posicionamento correto da porta, janelas e dobradiças

é ilustrado na figura 99.

A. Execução

A.1. Colocar as dobradiças nas portas e janelas e, somente depois, fixa-las

nos painéis;

A.2. Colocar um calço para que as portas e janelas não batam no piso;

A.3. Sempre fixa-las o mais próximo da borda superior

88

Figura 99: Posicionamento das portas e janelas na casa grande de Tipo 3 e 6 e de suas

dobradiças

Fonte: TETO, 2017

b) Porta-Cadeado e Trinco: A execução é muito simples, devendo ficar atento

somente para que sejam colocados do lado correto. Na figura 100 observa-se uma

ilustração com o local e posição correto de instalação e, na figura 101, um

voluntário executando esta etapa.

A. Execução

A.1. Colocar o porta-cadeado do lado de fora da casa a 105cm do chão;

A.2. Colocar o macho no caibro do painel e a fêmea no caibro da porta;

A.3. Após isso, devem ser colocados 4 trincos internamente (um em cada

janela e um na porta);

A.4. Na janela o trinco deve ficar na metade da sua altura e, na porta, a 110cm

do chão;

A.5. Colocar, novamente, o macho no caibro do painel e a fêmea no caibro

da janela e porta;

A.6. Sempre fixar o porta-cadeado de modo que os parafusos fiquem

escondidos quando o porta-cadeado estiver travado.

89

Figura 100: Local de instalação do porta-cadeado e trincos e suas posições corretas

Fonte: TETO, 2017

Figura 101: Instalação de um trinco da janela

Fonte: TETO, 2017

Após o término das instalações, a casa está terminada. Os voluntários devem

organizar todas as ferramentas e materiais que sobraram, limpar a casa e prepara-la para

a sua entrega.

Com a entrega às famílias, os voluntários retornam para a escola para se arrumarem

e realizarem uma confraternização final com todos juntos. Feito isso, retornam para suas

casas.

90

6.3.2.4 PÓS-CONSTRUÇÃO

Representa a última fase de todo o processo construtivo. No final de semana seguinte

a construção, os mesmos voluntários e STAFF se dirigem para a comunidade por 1 dia

inteiro para realizar a pintura das casas e os reparos que venham a ser necessários.

Vale lembrar que o reparo é uma atividade constante. Ou seja, se alguma casa

necessitar de manutenção devido a qualquer problema, basta o morador entrar em contato

com o TETO que uma visita será agendada assim que possível para reparar o possível

dano da casa.

Além disso, após todos os processos de construção (pré, construção e pós) ocorre

uma reunião de avaliação.

6.3.2.4.1 PINTURA

Além de dar um tom mais agradável para a casa, a pintura proporciona uma vida útil

mais longa, aumentando a durabilidade da madeira da casa (somente a parte externa da

casa é pintada). O dia deve estar seco e quente (não se deve pintar em dias de chuva). É

obrigatória a utilização de alguns EPIs (calça jeans, camisa do TETO, óculos de proteção

e luvas). Os materiais necessários para essa fase estão informados na figura 102. A

preparação para a realização desta etapa encontra-se na figura 103 e fotos de voluntários

pintando a casa e a mesma concluída a pintura encontram-se nas figuras 104 e 105,

respectivamente.

Figura 102: Materiais para realizar a pintura

Fonte: TETO, 2017

A. Preparação

A.1. Retirar todo o excesso de pó e sujeira dos painéis de parede;

A.2. Remover todos os sinais de mofo nos painéis de parede;

A.3. Preparar todo o entorno da casa para a pintura, retirando ou protegendo

todo e qualquer objeto que possa ser danificado.

91

Figura 103: Preparação para a realização da pintura

Fonte: TETO, 2017

B. Execução

B.1. Diluir a tinta em até 40% com água limpa (misturar muito bem);

B.2. Usar o rolo de pintura nas áreas maiores e a trincha ou broxa nas áreas

de difícil acesso, garantindo seu bom acabamento;

B.3. Sempre tirar todo o excesso de tinta do rolo de pintura e da trincha ou

broxa antes de pintar, evitando o desperdício;

B.4. Garantir que toda a área externa dos painéis da casa seja coberta com

pelo menos duas demãos de tinta.

92

Figura 104: Voluntários pintando a casa

Fonte: O Autor, 2015

Figura 105: Casa após a pintura finalizada

Fonte: O Autor, 2015

6.3.2.4.2 REPAROS

Ao retornar uma semana após a construção (no mesmo dia da pintura), os voluntários

da área de Métodos Construtivos realizam a verificação do estado das casas através de

93

um check-list (igualmente o apresentado na figura 106) enquanto os restantes pintam as

casas.

Constatado a necessidade de reparo, ele é feito imediatamente, solucionando o

problema.

94

Figura 106: Formulário de reparos

Fonte: TETO, 2017

95

6.3.2.4.3 REUNIÃO DE AVALIAÇÃO

Em uma data marcada por todo o STAFF da construção de casas de uma determinada

comunidade ocorre uma reunião para avaliar todas as etapas. Nela são realizados

feedbacks e críticas (positivas e negativas) tanto em relação ao processo como um todo

quanto para cada cargo exercido no STAFF, individualmente (analisam-se os chefes de

escola, os monitores, intendentes, líderes etc.).

O objetivo é aprimorar as deficiências individuais de cada um, apontar as falhas que

ocorrer durante a construção e que prevenções ou soluções deveriam ter sido tomadas,

além de ressaltar o que deu certo para continuar gerando sucesso. Dessa forma há um

aprendizado geral, proporcionando uma melhora contínua para as próximas construções.

6.3.3 RESULTADOS

As palavras “construção emergencial” remete automaticamente a construções

realizadas decorrente de desastres naturais. Por mais que o seu início tenha sido desta

forma, ficou claro que no nosso país tal prática é devida a vulnerabilidade habitacional

que essas pessoas se encontram devido a problemas sociais, econômicos e ambientais.

O atraso do Brasil nesse tema reflete em insegurança das famílias mais pobres que

residem em comunidades carentes e que raramente tem conhecimento dos seus direitos

ou são beneficiadas por programas governamentais. A desconfiança é grande e, cada vez

mais, essa parcela se torna “invisível” aos olhos do restante da população.

Neste modelo de trabalho, o déficit habitacional de baixa renda é solucionado a curto

prazo, uma vez que seria necessário milhões de casas para suprir a demanda de todo o

Brasil. Desde o início de 2007 (data em que o TETO começou a atuar no Brasil), 3426

casas emergenciais foram construídas (a maioria no estado de São Paulo por ter sido a

porta de entrada do projeto no país). Somente no Rio de Janeiro (cuja operação iniciou

em agosto de 2013) foram 379 casas.

Se o material escolhido fosse alvenaria ou qualquer outro usualmente aplicado nas

construções da cidade, sem dúvidas as suas características quanto a durabilidade e vida

útil seriam elevadas, porém seria inviável construir tão rapidamente e no esquema de

mutirão como é feito com a madeira (uma vez que não é necessária mão-de-obra

especializada). O uso de ligações por pregos (e não por parafusos) contribuem para a

facilidade construtiva mas diminuem o tempo que a casa permanecerá em boas condições.

Graças à padronização do modelo de casa utilizado, a adequação é simplificada nas

mais diferentes situações e regiões e a capacitação dos voluntários e moradores das

96

comunidades para a construção comunitária é de fácil e rápido aprendizado. Assim, a

rotatividade de voluntários e a sua instrução não são fatores que influenciam diretamente

na viabilidade construtiva possibilitando que, em pouco tempo, ocorra a aplicação do

projeto em qualquer lugar do país.

Como resultado, as casas do TETO proporcionam aos seus moradores um conforto

térmico maior (devido a ventilação proporcionada pela posição das janelas) e melhora a

umidade da habitação, aumentando a qualidade de vida. Por serem elevadas (não estarem

diretamente em contato com o chão devido a fundação de pilotis), evita-se que bichos

transmissores de doenças (como os ratos e outros que são encontrados na comunidade)

entrem na casa, melhorando diretamente a saúde destas pessoas.

Vale ainda destacar que até mesmo o sono das pessoas que dormem em uma casa do

TETO é melhor. Um estudo realizado com 150 adultos residentes de casas do TETO em

Buenos Aires entre os meses de abril e outubro de 2011 demonstra uma melhora

significativa quanto a duração e qualidade do sono, refletindo em uma diminuição dos

problemas de saúde e psicológicos, aumentando qualidade de vida e suas relações sociais

(SIMONELLI, 2011).

97

7. CONSIDERAÇÕES FINAIS

Apesar de provir desde a proclamação da república e dos inúmeros dados e pesquisas

acerca do problema habitacional brasileiro e carioca, a maior parcela da população não

tem a real dimensão e urgência sobre este tema. Indiretamente, toda a população

(independente da classe social) é afetada. E o período de crise que o país atravessa serve

para intensificar esse esquecimento do poder público. Mesmo sem alcançar os resultados

esperados, o governo demonstrou que com seriedade, planejamento e recursos

financeiros, é possível melhorar esse quadro.

A padronização de projetos sem adequação às diferentes características e tipologias

das habitações nas mais diferentes regiões contribui para que a superação do déficit

habitacional encontrado no país ocorra de forma lenta.

Ainda, a diferença cultural de cada canto do país tem uma enorme influência para a

aplicação de determinadas tecnologias. A madeira, usualmente pouco utilizada, sofre um

preconceito muito grande em quase todos os locais. A mesma é vista como inferior,

incapaz de atender as necessidades habitacionais e gerar uma boa qualidade de vida para

seus moradores. No estudo de caso desta monografia mostrou-se que tal tecnologia pode

ser extremamente satisfatória mesmo em regiões menos propícias ao tipo de material

utilizado devido às condições climáticas.

Os diversos tipos de tecnologias dispostos são muito pouco explorados.

Normalmente a opção mais simples, barata ou conhecida é adotada sem ao menos realizar

um estudo baseado na qualidade construtiva, vantagens, desvantagens e longevidade da

habitação. Em alguns casos a opção pelo concreto armado convencional realmente será a

melhor opção. Porém, outras vezes o LSF, Concreto-PVC ou Monolite poderiam gerar

maior rapidez, durabilidade e até mesmo menor custo.

O estudo de caso é, além de um exemplo de como uma tecnologia alternativa à

convencional funciona bem, uma amostra de que construções comunitárias são viáveis e

tem um enorme potencial. O autor desta monografia pôde constatar diversas vezes e em

diferentes estados que essa prática não só funciona como também deveria ser testada e

implementada pelo poder público e empresas.

Vale ressaltar também a enorme dificuldade que as muitas leis e normas impõe para

esse tipo de construção habitacional de baixa renda. Sem dúvidas elas devem existir, toda

construção deve atender alguns mínimos requisitos de desempenho e legalidade. Porém,

tendo em vista o enorme déficit encontrado e renda salarial de até três salários mínimos

dessa parcela da população, algumas leis e obrigatoriedades construtivas poderiam ser

98

diferenciadas para viabilizar tais construções. Muitas vezes as empresas privadas (e até

mesmo o governo) não conseguem realizar construções porque a legislação (que é quase

sempre aplicada igualmente para todas as classes sociais) acaba inviabilizando-as

economicamente e tecnicamente.

Tendo em vista todas as pedras impostas no caminho para a superação e solução do

problema abordado neste trabalho, uma sugestão para futuros trabalhos é a utilização de

LSF em construção comunitária como tecnologia para essa parcela da população, com

técnicos ou engenheiros capacitados para liderar e auxiliar os moradores na execução dos

projetos.

99

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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101

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