Budismo

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 Budismo Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre. Budismo é uma família de crenças e práticas considerada por muitos uma religião [1]  [2]  ,  base ada nos ensiname ntos at ribuído s a  Siddhartha Gautama, comumente conhecido como "O Buda" (o Ilumina do), que nasceu onde hoje é o   Nepa l. [3][4] Ele viveu e ensinou na região nordeste do subcontinente Indiano e provavelmente veio a falecer cerca de 400 a.C. [5] Índice 1 Ensinamentos e doutrina 2 Escola s 3 Ori gens 4 Principai s doutrinas o 4.1 As Quatro Nobres Verdades o 4.2 O Nobre Caminho Óctuplo 5 Cosmo log ia 6 Escri tur as 7 Difu são do budi smo o 7.1 Índ ia o 7.2 Sri Lanka e Sudeste da Ásia o 7.3 Chi na o 7.4 Coréi a e Japão o 7.5 Tibet e 8 Refe rênc ias 9 Bibl iog rafi a 10 Ver tamb ém 11 Liga ções exte rnas  Ensinamentos e doutrina Ao contrário do pensamento comum, o budismo não é uma religião, pois não existe um deus criador, não existem dogmas e nem proselitismo, porém também não seria correto denominá-la apenas como uma filosofia, pois aborda muito mais do que uma mera absorção intelectual. O Budismo não tem uma definição, tendo aquela que qualquer  pratica nte lhe que ira atribu ir, co ntudo pode remos deno miná-l a de caminho de crescime nto espiritual, através dos ensinamentos dos Buddhas. Estátua monumental de Buda em Kamakura

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BudismoOrigem: Wikipédia, a enciclopédia livre.

Budismo é uma família de crenças e práticas considerada por muitos uma religião[1]

 [2]

  , baseada nos ensinamentos atribuídos a Siddhartha Gautama, comumente conhecido como"O Buda" (o Iluminado), que nasceu onde hoje é o  Nepal.[3][4] Ele viveu e ensinou naregião nordeste do subcontinente Indiano e provavelmente veio a falecer cerca de 400a.C.[5]

Índice

• 1 Ensinamentos e doutrina• 2 Escolas• 3 Origens• 4 Principais doutrinas

o 4.1 As Quatro Nobres Verdadeso 4.2 O Nobre Caminho Óctuplo

• 5 Cosmologia• 6 Escrituras• 7 Difusão do budismo

o 7.1 Índiao 7.2 Sri Lanka e Sudeste da Ásiao 7.3 Chinao 7.4 Coréia e Japãoo 7.5 Tibete

• 8 Referências• 9 Bibliografia• 10 Ver também

• 11 Ligações externas

 

Ensinamentos e doutrina

Ao contrário do pensamento comum, o budismo não é uma religião, pois não existe umdeus criador, não existem dogmas e nem proselitismo, porém também não seria corretodenominá-la apenas como uma filosofia, pois aborda muito mais do que uma meraabsorção intelectual. O Budismo não tem uma definição, tendo aquela que qualquer 

 praticante lhe queira atribuir, contudo poderemos denominá-la de caminho de crescimentoespiritual, através dos ensinamentos dos Buddhas.

Estátua monumental de Buda em Kamakura

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Os ensinamentos básicos do budismo são: evitar o mal, fazer o bem e cultivar a própriamente. O objetivo é o fim do ciclo de sofrimento, samsara, despertando no praticante oentendimento da realidade última - o Nirvana.

O ponto de partida do budismo é a percepção de que o desejo causa inevitavelmente a

dor . Deve-se portanto eliminar o desejo para se eliminar a dor. Com a eliminação da dor,se atinge a  paz interior , que é sinônimo de felicidade.

A moral budista é baseada nos princípios de preservação da vida e moderação. Otreinamento mental foca na disciplina moral (sila), concentração meditativa (samadhi), esabedoria (prajña).

Apesar do budismo não negar a existência de seres sobrenaturais (de fato, há muitasreferências nas escrituras Budistas), ele não confere nenhum poder especial de criação,salvação ou julgamento a esses seres, não compartilhando da noção de Deus comum àsreligiões abraâmicas (judaísmo, cristianismo e islamísmo).

A base do budismo é a compreensão das Quatro Nobres Verdades, ligadas à constataçãoda existência de um sentimento de insatisfação (Dukkha) inerente à própria existência,que pode no entanto ser transcendido através da prática do Nobre Caminho Óctuplo.

Outro conceito importante, que de certa forma sintetiza a cosmovisão budista, é o das trêsmarcas da existência: a insatisfação (Dukkha), a impermanência (Anicca) e a ausência deum "eu" independente (Anatta).

A flor de lótus e a cruz suástica são símbolos do Budismo (ver simbologia budista).

Escolas

O budismo dividiu-se em várias escolas, das quais algumas vieram a se extinguir. A principal divisão atualmente existente é entre a escola Theravada e as linhagensMahayana e Vajrayana.

As escolas numericamente mais expressivas na atualidade são:

• Theravada, estabelecida no sudeste asiático;• Zen japonês e Chan chinês, escolas com ênfase na meditação . Alguns estudiosos

consideram estas escolas como uma linhagem Mahayana. Outros, no entanto,dizem que, pela ênfase ser diferente, e pelo Zen/Chan ser "descendentes" tambémdo Taoísmo, devem ser considerados uma escola à parte;

• as escolas japonesas devocionais da Terra Pura (Jodo Shu) e  Verdadeira TerraPura (Jodo Shinshu), todas Mahayana;

• escolas ligadas ao Grande Mestre   Nitiren, como o Budismo Primordial HBS(Honmon Butsuryu-Shu), Soka Gakkai,  Nitiren Shu, seguem todas a linhagemMahayana;

• as escolas tântricas do Budismo tibetano ( Nyingma,  Kagyu,  Gelug, Sakya) quefazem parte da linhagem Vajrayana. 

Há muita polêmica e confusão no ocidente em torno do budismo, devido principalmente àfalta de informação correta. Muitos movimentos  esoteristas e  sincréticos procuram se

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apresentar como "verdadeiros budismos", "adaptações para o Ocidente", etc.Freqüentemente questiona-se quanto ao budismo ser ou não uma religião (por não aceitar a existência de um deus criador do mundo).

Origens

Buda na ilha de Lantau, em Hong Kong

O budismo formou-se no nordeste da Índia, entre o século VI a.C. e o século IV a.C. Este período corresponde a uma fase de alterações sociais, políticas e econômicas nesta regiãodo mundo. A antiga religiosidade  bramânica, centrada no sacrifício de animais, eraquestionada por vários grupos religiosos, que geralmente orbitavam em torno de ummestre.

Um destes mestres religiosos foi Siddhartha Gautama, o Buda, cuja vida a maioria dosacadêmicos ocidentais e indianos situa entre 563 a.C. e 483 a.C., embora os acadêmicos

 japoneses consideram mais provável a data 448 a.C. 368 a.C.. Siddhartha nasceu na povoação de Kapilavastu, que se julga ser a aldeia indiana de Piprahwa, situada perto da

fronteira indo-nepalesa. Pertencia à casta guerreira (ksatriya).

Várias lendas posteriores afirmam que Siddhartha viveu no luxo, tendo o seu pai seesforçado por evitar que o seu filho entrasse em contacto com os aspectos desagradáveisda vida. Por volta dos 29 anos, o jovem Siddhartha decidiu abandonar a sua vida,renunciando a todos os bens materiais, e adaptando a vida de um renunciante. Praticou oioga (numa forma que não é a mesma que é hoje seguida nos países ocidentais), e seguiu

 práticas ascéticas extremas, mas acabou por abandoná-las, vendo que não conseguia obter nada delas. Segundo a tradição, ao fim de uma meditação sentado debaixo de umafigueira, descobriu a solução para a libertação do ciclo das existências e das mortes que oatormentava.

Pouco depois decidiu retomar a sua vida errante, tendo chegado a um bosque perto deBenares, onde pronunciou um discurso religioso diante de cinco jovens, que convencidos

 pelos seus ensinamentos, se tornaram os seus primeiros discípulos e com que que formoua primeira comunidade monástica ( sangha). O Buda dedicou então o resto da sua vida(talvez trinta ou cinquenta anos) a pregar a sua doutrina através de um método oral, nãotendo deixado quaisquer escritos.

Principais doutrinas

As Quatro Nobres Verdades

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Um dos principais ensinamentos do Buda é aquele que é o conhecido como as Quatro Nobres Verdades. Ele constitui a base de todas as escolas budistas.

Buda expôs as Quatro Nobres Verdades no  Dhammacakkapavattana Sutta  [6] (Samyutta Nikaya LVI.11) da seguinte forma:

1. A primeira nobre verdade: "(...) esta é a nobre verdade do sofrimento:nascimento é sofrimento, envelhecimento é sofrimento, enfermidade é sofrimento,morte é sofrimento; tristeza, lamentação, dor, angústia e desespero são

 sofrimento; a união com aquilo que é desprazeroso é sofrimento; a separaçãodaquilo que é prazeroso é sofrimento; não obter o que queremos é sofrimento; emresumo, os cinco agregados influenciados pelo apego são sofrimento.(...)"  

2. A segunda nobre verdade:  "(...) esta é a nobre verdade da origem do sofrimento: é este desejo que conduz a uma renovada existência, acompanhado pela cobiça e pelo prazer, buscando o prazer aqui e ali; isto é, o desejo pelos prazeres sensuais, o desejo por ser/existir, o desejo por não ser/existir.(...)"  

3. A terceira nobre verdade:  "(...) esta é a nobre verdade da cessação do sofrimento: é o desaparecimento e cessação sem deixar vestígios daquele mesmodesejo, o abandono e renúncia a ele, a libertação dele, a independência dele.(...)"  

4. A quarta nobre verdade: "(...) esta é a nobre verdade do caminho que conduz àcessação do sofrimento: é este Nobre Caminho Óctuplo: entendimento correto,

 pensamento correto, linguagem correta, ação correta, modo de vida correto,esforço correto, atenção plena correta, concentração correta.(...)"  

O Nobre Caminho Óctuplo

Tem sido sugerido que a forma de exposição da doutrina das "Quatro Nobres Verdades"segue um padrão que se assemelha ao do diagnóstico de uma doença: depois de ter apontado as origens do mal, o Buda mostrou um remédio que leva à cessação desse mal.Esse "remédio" é conhecido como o " Nobre Caminho Óctuplo" (em sânscrito: Astingika-

 Marga), e deve ser adoptado pelos budistas. Consiste, de acordo com o Magga-vibhangaSutta (Samyutta Nikaya XLV.8), em:

1. Visão ou Entendimento correcto: "(...)E o que é o entendimento correto?Compreensão do sofrimento, compreensão da origem do sofrimento,compreensão da cessação do sofrimento, compreensão do caminho da práticaque conduz à cessação do sofrimento. A isto se chama entendimento correto.(...)"  

2. Intenção ou Pensamento correcto: "(...)E o que é pensamento correto? O pensamento de renúncia, o pensamento de não má vontade, o pensamento de nãocrueldade. A isto se chama pensamento correto.(...)"  

3. Palavra ou Linguagem correcta: "(...)E o que é a linguagem correta? Abster-seda linguagem mentirosa, da linguagem maliciosa, da linguagem grosseira e dalinguagem frívola. A isto se chama linguagem correta.(...)"  

4. Actividade ou Acção correcta: "(...)E o que é ação correta? Abster-se dedestruir a vida, abster-se de tomar aquilo que não for dado, abster-se da conduta

 sexual imprópria. A isto se chama de ação correta.(...)"  5. Modo de vida correcto: "(..)E o que é modo de vida correto? Aqui um nobre

discípulo, tendo abandonado o modo de vida incorreto, obtém o seu sustento

através do modo de vida correto. A isto se chama modo de vida correto.(...)"  

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6. Esforço correcto: "(...)E o que é esforço correto? (i) Aqui, bhikkhus, um bhikkhu  gera desejo para que não surjam estados ruins e prejudiciais que ainda não surgiram e ele se aplica, estimula a sua energia, empenha a sua mente e seesforça. (ii) Ele gera desejo em abandonar estados ruins e prejudiciais que já

 surgiram e ele se aplica, estimula a sua energia, empenha a sua mente e se

esforça. (iii) Ele gera desejo para que surjam estados benéficos que ainda não surgiram e ele se aplica, estimula a sua energia, empenha a sua mente e seesforça. (iv) Ele gera desejo para a continuidade, o não desaparecimento, o

 fortalecimento, o incremento e a realização através do desenvolvimento deestados benéficos que já surgiram e ele se aplica, estimula a sua energia,empenha a sua mente e se esforça. A isto se denomina esforço correto.(...)"  

7. Atenção correcta: "(...)E o que é atenção plena correta? (i) Aqui, bhikkhus, umbhikkhu permanece focado no corpo como um corpo - ardente, plenamenteconsciente e com atenção plena, tendo colocado de lado a cobiça e o desprazer 

 pelo mundo. (ii) Ele permanece focado nas sensações como sensações – ardente, plenamente consciente e com atenção plena, tendo colocado de lado a cobiça e o

desprazer pelo mundo. (iii) Ele permanece focado na mente como mente -ardente, plenamente consciente e com atenção plena, tendo colocado de lado acobiça e o desprazer pelo mundo. (iv) Ele permanece focado nos objetos mentaiscomo objetos mentais - ardente, plenamente consciente e com atenção plena,tendo colocado de lado a cobiça e o desprazer pelo mundo. A isto se denominaatenção plena correta.(...)"  

8. Concentração correcta: "(...)E o que é concentração correta? (i) Aqui, bhikkhus,um bhikkhu afastado dos prazeres sensuais, afastado das qualidades não hábeis,entra e permanece no primeiro jhana, que é caracterizado pelo pensamentoaplicado e sustentado, com o êxtase e felicidade nascidos do afastamento. (ii)

 Abandonando o pensamento aplicado e sustentado, um bhikkhu entra e permanece no segundo jhana, que é caracterizado pela segurança interna e perfeita unicidade da mente, sem o pensamento aplicado e sustentado, com oêxtase e felicidade nascidos da concentração. (iii) Abandonando o êxtase, umbhikkhu entra e permanece no terceiro jhana que é caracterizado pela felicidade

 sem o êxtase, acompanhada pela atenção plena, plena consciência eequanimidade, acerca do qual os nobres declaram: ‘Ele permanece numa estada

 feliz, equânime e plenamente atento.’ (iv) Com o completo desaparecimento da felicidade, um bhikkhu entra e permanece no quarto jhana, que possui nem felicidade nem sofrimento, com a atenção plena e a equanimidade purificadas. Aisto se denomina concentração correta.."

Cosmologia

A cosmologia budista considera que o universo é composto por vários sistemas mundiais,sendo que cada um destes possui um ciclo de nascimento, desenvolvimento e declínio quedura bilhões de anos.

 Num sistema mundial existem seis reinos que por sua vez incluem vários níveis, numtotal de trinta e um.

O reino dos infernos situa-se na parte inferior. A concepção do inferno budista é diferenteda concepção cristã, na medida em que o inferno não é um lugar de permanência eternanem o renascimento nesse local é o resultado de um castigo divino; os seres que habitam

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no inferno libertam-se dele assim que o mau karma que os conduziu ali se esgota. Por outro lado, o budismo considera que existem não apenas infernos quentes, mas tambéminfernos frios.

Acima do reino dos infernos pelo lado esquerdo encontra-se o reino animal, o único dos

vários reinos perceptível aos humanos e onde vivem as várias espécies.

Acima do reino dos infernos pelo lado direito encontra-se o mundo dos espíritos ávidosou fantasmas ( preta). Os seres que nele vivem sentem constantemente sede ou fome semnunca terem estas necessidades saciadas. A arte budista representa os habitantes destereino como tendo um estômago do tamanho de uma montanha e uma  boca minúscula.

O reino seguinte é o dos Asura (termo traduzido como "Titãs" ou dos antideuses). Os seushabitantes ali nasceram em resultado de acções positivas realizadas com um sentimentode inveja e competição e vivem em guerra constante com os deuses.

O quinto reino é o dos seres humanos. É considerado como um reino de nascimentodesejável, mas ao mesmo tempo difícil. A vida enquanto humano é vista como uma viaintermédia nesta cosmologia, sendo caracterizada pela alternância das alegrias e dossofrimentos, o que de acordo com a perspectiva budista favorece a tomada de consciênciasobre a condição samsárica.

O último reino é o dos deuses (deva) e é composto por vários níveis ou residências. Nosníveis mais próximos do reino humano vivem seres que devido à prática de boas acçõeslevam uma acção harmoniosa. Os níveis situados entre o vigésimo terceiro e o vigésimosétimo são denominados como "Residências Puras", sendo habitadas por seres que se

encontram perto de atingir a iluminação e não voltarão a renascer como humanos.

Escrituras

Edição do Cânone Pali

Buda não deixou nada escrito. De acordo com a tradição budista, ainda no próprio ano emque o Buda faleceu teria sido realizado um concílio na cidade de Rajaghra onde discípulosdo Buda recitaram os ensinamentos perante uma assembleia de monges que ostransmitiram de forma oral aos seus discípulos. Porém, a historicidade deste concílio éalvo de debate: para alguns este relato não passa de uma forma de legitimação posterior 

da autenticidade das escrituras.

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Por volta do século I a.C. os ensinamentos do Buda começaram a ser escritos. Um dos primeiros lugares onde se escreveram esses ensinamentos foi no Sri Lanka, onde seconstitui o denominado Cânone Pali. O Cânone Pali é considerado pela tradiçãoTheravada como contendo os textos que se aproximam mais dos ensinamentos do Buda.

 Não existem contudo no budismo um livro sagrado como a Bíblia ou o Alcorão que seja

igual para todos os crentes; para além do Cânone Pali, existem outros cânones budistas,como o chinês e o tibetano.

O canône budista divide-se em três grupos de textos, denominado "Triplo Cesto deFlores" (tipitaka em pali e tripitaka em sânscrito):

1. Sutra Pitaka: agrupa os discursos do Buda tais como teriam sido recitados por Ananda no primeiro concílio. Divide-se por sua vez em vários subgrupos;

2. Vinaya Pitaka: reúne o conjunto de regras que os monges budistas devem seguir ecuja transgressão é alvo de uma penitência. Contém textos que mostram comosurgiu determinada regra monástica e fórmulas rituais usadas, por exemplo, na

ordenação. Estas regras teriam sido relatadas no primeiro concílio por Upali;3. Abhidharma Pitaka: trata do aspecto filosófico e psicológico contido nos

ensinamentos do Buda, incluindo listas de termos técnicos.

Quando se verificou a ascensão do budismo Mahayana esta tradição alegou que o Budaensinou outras doutrinas que permaneceram ocultas até que o mundo estivesse pronto

 para recebê-las; desta forma a tradição Mahayana inclui outros textos que não seencontram no Theravada.

Difusão do budismo

Índia

Estátua de Buda no Templo Mahabodhi, em Bodh Gaya, Índia

A partir do seu local de nascimento no nordeste indiano, o budismo espalhou-se paraoutras partes do norte e para o centro da Índia.

Durante o reinado do imperador mauria Asoka, que se converteu ao budismo e que

governou uma área semelhante à da Índia contemporânea (com excepção do sul), estareligião consolidou-se. Após ter conquistado a região de Kalinga  pela força, Asoka

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decidiu que a partir de então governaria com base nos preceitos budistas. O imperador ordenou a construção de hospedarias para os viajantes e que fosse proporcionadotratamento médico não só aos humanos, mas também aos animais. O rei aboliu também atortura e provavelmente a   pena de morte. A  caça, desporto tradicional dos reis, foisubstituído pela peregrinação a locais budistas. Apesar de ter favorecido o budismo,

Asoka revelou-se também tolerante para com o hinduísmo e o  jainismo.

Asoka pretendeu também divulgar o budismo pelo mundo, como revelam os seus éditos.Segundo estes foram enviados emissários com destino à Síria, Egipto e Macedónia (embora não se saiba se chegaram aos seus destinos) e para oriente para um terra de nomeSuvarnabhumi (Terra do Ouro) que não se conseguiu identificar com segurança.

O império mauria chegou ao fim em finais do século II a.C. A Índia foi então dominada pelas dinastia locais dos Sunga (c.185-173 a.C.) e dos  Kanva  (c.73-25 a.C.), que perseguiram o budismo, embora este conseguisse prevalecer. Perto do início da era actualo noroeste da Índia foi invadido pelos Citas que formariam a dinastia dos Kuchans. Um

dos mais importantes reis desta dinastia, Kanishka (c. 127-147), foi um grande proselitistado budismo.

Durante a era da dinastia Gupta (320-540) os monarcas favorecem o budismo, mastambém o hinduísmo. Em meados do século VI, os Hunos Brancos  oriundos da ÁsiaCentral, invadem o noroeste da Índia, provocando a destruição de inúmeros mosteiros 

 budistas. A partir de 750 a dinastia Pala governou no nordeste da Índia até ao século XII,apoiando os grandes centros monásticos budistas, entre os quais o de Nalanda. Contudo, a

 partir do século XII o budismo entra num declínio definitivo devido a vários factores.Entre estes encontravam-se o revivalismo hindu que se manifestou com figuras como AdiShankara e pelas invasões dos muçulmanos do século XII e XIII.

Embora o budismo tenha passado por uma verdadeira renovação a partir de 1959, ano emque o Dalai Lama escolhe o exílio, ele parece quase ausente da Índia, a ponto de termos,muitas vezes, de seguir   turistas estrangeiros para localizar os lugares santos deantigamente. Nesse percurso, ao longo dos séculos, o budismo suscitou desvios, heresias, seitas.

Sri Lanka e Sudeste da Ásia

Wat Mahathat, Sukhothai, Tailândia

A tradição cingalesa atribui a introdução do budismo no Sri Lanka ao monge Mahinda, 

filho de Asoka, que teria chegado à ilha em meados do século III a.C. acompanhado por outros missionários. Este grupo teria convertido ao budismo o rei Devanampiya Tissa egrande parte da nobreza local. O rei ordenou a construção do Mahavihara  ("Grande

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Mosteiro" em pali) na então capital do Sri Lanka, Anuradhapura. O Mahavihara foi ogrande centro do budismo Theravada na ilha nos séculos seguintes.

Foi no Sri Lanka que por volta do ano 80 a.C. se redigiu o Cânone Pali, a colectânea maisantiga de textos que reflectem os ensinamentos do Buda. No século V d.C. chegou à ilha

o monge Buddhaghosa que foi responsável por coligir e editar os primeiros comentáriosfeitos ao Cânone, traduzindo-os para o pali.

 Na Tailândia o budismo lançou raízes no século VII nos reinos de Dvaravati (no sul, naregião da actual  Banguecoque) e de Haripunjaya (no norte, na região de Lamphun),ambos reinos da etnia Mon. No século XII o povo Tai, que chegou ao território vindo dosudoeste da China, adoptou o budismo Theravada como a sua religião.

A presença do budismo na Península Malaia está atestada desde o século IV d.C., assimcomo nas ilhas de Java e Sumatra. Nestas regiões verificou-se um sincretismo entre o

 budismo Mahayana e o xivaísmo, que está ainda hoje presente em locais como a ilha de

Bali. Entre o século VII e o século IX a dinastia budista dos Xailendra governou partes daIndonésia e a Península Malaia, tendo sido responsável pela construção do Borobodur , uma enorme stupa que é o maior monumento existente no hemisfério sul. O islão chegouà Indonésia no século XIV trazido pelos mercadores, acabando por substituir o budismocomo religião dominante. Actualmente o budismo é principalmente praticado pelacomunidade chinesa da região.

China

Pintura nas grutas de Bezeklik, oeste da China, retratando monges budistas

A tradição atribui a introdução do budismo na China ao imperador han Ming-Ti. Esteimperador teve um sonho no qual viu um ser voador dourado, interpretado como uma

visão do Buda, e ordenou que fossem enviados emissários à Índia para que trouxessem adoutrina.

Independentemente da tradição, o budismo só se espalhou na China nos séculos V e VI com o apoio da dinastia Wei e Tang. Durante este período estabelecem-se na Chinaescolas budistas de origem indiana ao mesmo tempo que se desenvolvem escolas própriaschinesas.

Coréia e Japão

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Kanji  japonês para "Zen"

O budismo penetrou na Coréia no século IV. Nesta altura a Coréia não era um território

unificado, encontrando-se dividida em três reinos rivais: o reino de Koguryo, no norte, oreino de Paekche, no sudoeste e o reino de Silla, no sudeste. Estes três reinosreconheceriam o budismo como religião oficial, tendo sido primeiro a fazê-lo Paekche(384), seguindo-se o Koguryo (392) e Silla (528). Em 668 o reino de Silla unificou aCoréia sob o seu poder e o budismo conheceu uma era de desenvolvimento. Foi neste

 período que viveu o monge Wonhyo Daisa (617-686), que tentou promover um budismodo qual fizessem parte elementos de todas as seitas. No século VIII foi difundido naCoréia o budismo da escola chinesa Chan, que teve desenvolvimentos próprios na Coréiacom o nome de son (ou seon) e que se tornou a escola dominante.

O budismo continuou a florescer durante a era Koryo (935-1392), até que a dinastia Li

(1392-1910) favoreceu o confucionismo.

A partir da Coréia e da China o budismo foi introduzido no Japão em meados do séculoVI. Em 593 o princípe Shotoku declarou-o como religião do Estado, mas o budismo foiaté à Idade Média um movimento ligado à corte e a aristocracia sem larga adesão popular (os missionários coreanos tinham apresentado à corte japonesa o budismo como elementode protecção nacional). Durante a era Nara (710-794) Héian (794-1185) desenvolveram-se várias seitas. São deste último período a escola Shingon e Tendai. Durante a eraKamakura (1185-1333) o budismo populariza-se finalmente com as escolas Terra Pura,

 Nitiren Daishonin e Zen.

Tibete

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Deus lamaísta da fortuna

 No Tibete o budismo propagou-se em dois momentos diferentes. O rei Srong-brtsan-sgam-po (c.627-c.650), influenciado pelas suas duas esposas budistas, decidiu mandar chamar ao Tibete monges indianos para ali difundirem a religião. Durante o reinado deKhri-srong-lde-btsan construiu-se o primeiro mosteiro budista tibetano e em 747 chegouao território o notável monge indiano Padmasambhava, que organizou o budismotibetano. Contudo, uma reacção hostil da religião indígena, o Bon, levaria à supressão do

 budismo nos dois séculos seguintes.

O budismo seria reintroduzido no Tibete a partir do século XI, com a ajuda do mongeindiano Atisa que chegou ao território em 1042. Com o passar do tempo formaram-sequatro escolas: Sakyapa, Kagyupa, Nyingmapa e Gelugpa. Em 1578 membros destaúltima escola converteram o mongol Altan Khan à sua doutrina. Alta Khan criou o títulode Dalai Lama, que concedeu ao líder da escola Gelugpa. Em 1641, com ajuda dosMongóis, o quinto Dalai Lama derrotou o último príncipe tibetano e tornou-se o líder temporal do Tibete. Os seguintes dalai lamas foram na prática os governantes do Tibeteaté à invasão chinesa. O quinto dalai lama criou cargo de Panchen-lama, que reside nomosteiro de T-shi-lhum-po e que foi visto como uma encarnação do Amitabha.

Bibliografia

• BARBEIRO, Heródoto. Buda: o mito e a realidade. São Paulo : Madras, 2005. ISBN8537000256.

• BAREAU, André - O Buda: Vida e Ensinamentos. Lisboa: Editorial Presença, 1997. ISBN9722322052.

• KEOWN, Damien - O Budismo. Lisboa: Temas e Debates, 2002. ISBN 9727594263 • SMITH, Huston; NOVAK, Philip. Budismo: uma introdução concisa. trad. Cláudio Blanck. São

Paulo : Cultrix. ISBN 8531608457. 

Ver também

Outros projetos Wikimedia tambémcontêm material sobre este tema:

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Ligações externas

• Sociedade Budista do Brasil• União Budista Portuguesa• Site da Associação Brasil Soka Gakkai Internacional - (BSGI)

 

• Portal Budismo 

• Portal Religião 

Obtido em "http://pt.wikipedia.org/wiki/Budismo"