Projeto Curso Edificações Aprovado Pelo Consup - Complet o Com Resolução
C Habi Complet
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UNIVERSIDADE TIRADENTESCURSO DE ENGENHARIA CIVIL
ANDERSON DE JESUS PALMEIRAGUILHERME RESENDE BRANDÃOJEAN LUCAS ESQUIVEL SANTOS
THIAGO BARBOSA DE JESUS
PESQUISA BIBLIOGRÁFICAPROJETOS DE CONJUNTOS HABITACIONAIS
AracajuAbril, 2011
ANDERSON DE JESUS PALMEIRAGUILHERME RESENDE BRANDÃOJEAN LUCAS ESQUIVEL SANTOS
THIAGO BARBOSA DE JESUS
PESQUISA BIBLIOGRÁFICAPROJETOS DE CONJUNTOS HABITACIONAIS
Pesquisa bibliográfica apresentada como requisito parcial de avaliação da disciplina de Práticas Investigativas I, Curso Engenharia Civil, Universidade Tiradentes, ministrada pela Profª. MSc. Maria das Graças da Silva Correia.
AracajuJunho, 2011
1 INTRODUÇÃO
O presente estudo refere-se ao tema Projetos e Construção de Conjuntos
Habitacionais, uma das opções propostas em sala de aula pela Profª. MSc. Maria das Graças
da Silva Correia.
Quando os conjuntos habitacionais começaram a ser imaginados, no início do
século XX, representavam uma inovação na maneira de encarar a moradia. Tratava-se de
começar a pensar a cidade de maneira mais democrática. Antes, a arquitetura e o urbanismo
só se ocupavam das áreas nobres da cidade.
Esse tipo de projeto era uma concepção nova, influenciada inclusive por ideias
socialistas. Pensava no uso coletivo do terreno, descolando a construção de uma unidade
habitacional da posse de um pedaço de terra, que pode ser considerado uma solução
arquitetônica e urbanística viável para a população pobre ainda hoje. A questão é observar se
o conjunto habitacional é utilizado no contexto urbano certo, se respeita os requisitos básicos
desse tipo de projeto e se tem a qualidade indispensável para qualquer moradia.
Dentro desse contexto, questiona-se: tal projeto é a melhor solução para a
superlotação dos centros urbanos? Será que a mesma funcionaria como forma de segregar a
população menos favorecida?
Nesse sentido, esta pesquisa tem como objetivos: a) identificar as origens desse
tipo de projeto; b) analisar o tipo de projeto com similares de outros países; c) diagnosticar a
situação desses modelos de construção no Brasil.
Justifica-se este trabalho pelo seu tema ser bastante abrangente e englobar a
maioria dos outros ofertados (Construções prediais; Prestação de serviços; Pesquisa de
materiais de construção; Orçamento de obras, etc.) e abordar ideias referentes à arquitetura e
urbanismo.
Além de contribuir construtivamente para o tema, o presente trabalho visa
beneficiar a parcela interessada nesse tipo de construção, a população economicamente
desfavorecida, com diretrizes, opiniões e ideias sobre o mesmo.
A metodologia baseou-se na pesquisa bibliográfica que consiste na procura de
referências teóricas publicadas em documentos, tomando conhecimento e analisando as
contribuições científicas ao assunto em questão. Por ser de natureza totalmente teórica, esse
método é parte obrigatória de outros tipos de pesquisa (LAKATOS, 1991). Para tanto o
presente estudo baseou-se em artigos obtidos por meio de consulta nas bases do Google
acadêmico sem limite de data de publicação. Na estratégia de identificação, foram utilizadas
as palavras-chaves “projetos de conjuntos habitacionais”.
Buscando estabelecer diretrizes tanto para avaliação como para o
desenvolvimento de projetos de novos conjuntos habitacionais Kowaltowsky et al. (2006)
avaliou projetos de conjuntos habitacionais de interesse social na região de Campinas - SP em
2003. O estudo mostrou que a avaliação dos conjuntos habitacionais não aponta para detalhes
específicos de problemas.
Já Stam (2011) prefere a expressão “moradia popular verticalizada”, afirmando
que os conjuntos habitacionais não são uma solução infalível, mas recorrer a tal projeto é uma
alternativa viável, desde que se respeitem os requisitos básicos desse tipo de projeto e se tenha
a qualidade indispensável para qualquer moradia.
Na mesma linha, Medvedovsky (2002) procura a regularização aplicada a
conjuntos habitacionais populares contemplando não somente os habituais aspectos da
regularização jurídica e urbanística, mas também os aspectos técnicos e de gestão da
infraestrutura e serviços urbanos dando ênfase aos serviços de saneamento básico de água e
esgoto.
2 ORIGENS
É denominado Conjunto habitacional o agrupamento de habitações sociais, tipo de
habitação que pertence ao governo, a fim de diminuir o déficit de habitação nos países e evitar
construções irregulares sem acesso a serviços básicos, superlotação das cidades, etc. Essas
propriedades podem ser alugadas ou adquiridas com financiamentos subsidiados pelo
governo.
O conceito de Conjunto Habitacional nasceu paralelamente à Primeira Revolução
Industrial (meados do século XVIII), período da história em que houve um intenso
deslocamento das pessoas que viviam no campo para os centros urbanos (êxodo rural), em
busca de melhores condições de vida.
A primeira forma de habitação pública foi criada em Helsinki na Finlândia em
1909, quando o país fazia parte da União Soviética. Esse tipo de habitação ganhou força nos
Estados Unidos, principalmente no início do século 20, e na Europa passaram a ser comuns
após a Segunda Guerra Mundial no processo de reconstrução dos países europeus afetados
pela guerra.
3 CONJUNTOS PELO MUNDO
Há, ainda hoje, países (desenvolvidos ou não) que, por necessidade dessa forma
de projeto ou por ser uma solução viável, são mantidos pelos seus governos. São exemplos de
empresas governamentais responsáveis pela construção de habitações públicas no mundo: HA
(Hong Kong), HDB (Singapura), Gemeindebau (Áustria), HLM (França), Local Authority
Accommodation (Irlanda), Miljonprogrammet (Suécia), Council house (Reino Unido),
Housing New Zealand Corporation (Nova Zelândia), entre outras.
Em Hong Kong, China, por exemplo, o governo prevê habitação a preços
acessíveis para os moradores de baixa renda. É um componente importante da habitação em
Hong Kong, com quase metade da população residindo em alguma forma de habitação
pública. Eles são encontrados em todos os distritos de Hong Kong, exceto em Wan Chai. A
grande maioria dos projetos consiste arranha-céus, e os edifícios recentes normalmente
contêm 40 ou mais pisos, que podem ser alugados ou vendidos sob vários programas de
subsídios do governo, geralmente sujeitos a uma série de restrições e requisitos de
elegibilidade. Atualmente, tais habitações são construídas e geridas sob a responsabilidade da
Hong Kong Housing Authority (HA).
Em Cingapura, a maioria dos loteamentos residenciais são públicos regidos e
desenvolvidos e cerca de 80% dos cingapurianos moram em casas desse tipo. A habitação
pública em Cingapura é atualmente gerida pela Junta de Habitação e Desenvolvimento (HBD)
de forma similar aos conjuntos de Hong Kong.
Na Europa habitação social é sinônima de um nível de habitar humanizado, num
rico filão de arquitetura residencial e urbana, cujas potencialidades foram ainda pouco
exploradas. Exemplifica-se isto com um exemplo concreto: no início da promoção de
interesse social em Portugal, no lisboeta Bairro Social do Arco do Cego, lançado em 1918,
foram desenvolvidas habitações concisas, unifamiliares agrupados costas a costas e em ruas
contínuas, que, hoje em dia, passados que são cerca de oitenta e cinco anos, continuam a ter
uma extraordinária procura.
Hoje em dia, alguns conjuntos de habitação de interesse social que marcaram a
história desta promoção começam a ser considerados como marcos culturais da sociedade e da
cidade.
4 CONJUNTOS NO BRASIL
Nos últimos trinta anos, cerca de 5,5 milhões de famílias brasileiras tiveram
acesso à casa própria através do Sistema Financeiro da Habitação - SFH. Em especial,
famílias situadas na faixa de renda média da população. Esse sistema foi criado pelo governo
brasileiro com o objetivo de oferecer financiamento, de até 25 anos, para a construção e
aquisição de moradia.
Nesse mesmo período, as famílias de renda inferior a três salários mínimos, que
constituem a maior parte dos brasileiros, absorveram menos de 3% dos recursos originários
do SFH. O déficit habitacional, indicativo da necessidade de novas moradias, concentra-se
nessa faixa de renda. Essas famílias buscaram, então, para o "sonho da casa própria",
alternativas como a aquisição de imóveis em loteamentos periféricos (geralmente clandestinos
e sem infraestrutura), ocupação ou aluguel de barracos em favelas, áreas de risco ou de
proteção ambiental, ou, ainda, o aluguel de cômodos em cortiços, contribuindo para a
deterioração socioambiental do espaço urbano.
Estudo recente da Fundação João Pinheiro, contratada pelo Governo brasileiro,
estimou o déficit habitacional do Brasil, em 4 milhões de novas moradias urbanas e 1,6
milhão de novas moradias na área rural. Da necessidade de moradias urbanas, 55% referem-se
a famílias com renda mensal de até dois salários mínimos, 29% a famílias com renda mensal
de dois a cinco salários mínimos e 16% a famílias com renda superior a cinco salários
mínimos. Na área rural, a concentração da necessidade de moradias na faixa de até dois
salários mínimos cresce para 78%, enquanto na faixa de dois a cinco salários mínimos é de
16% e naquela acima de cinco salários mínimos é de apenas 6%.
O déficit habitacional brasileiro tem origem em alguns fatores, dos quais se
destacam:
A absorção de parcela reduzida da população pelos segmentos mais produtivos da
economia e excessiva concentração de renda;
O padrão de estrutura urbana marcado pela coexistência de áreas densamente
povoadas e áreas subocupadas e pelo crescimento excessivo da mancha urbana, o que
causa um acréscimo de pressão sobre a demanda por serviços e infraestrutura urbana;
O mercado fundiário, cuja regulamentação não tem condicionado a propriedade do
solo à sua função social;
A condução, até passado recente, da política de habitação social de forma centralizada
no nível federal, restrita, quase que exclusivamente, à produção de conjuntos
habitacionais;
A crise fiscal do Estado brasileiro e a crise do Sistema Financeiro da Habitação, que
reduziram, drasticamente, a capacidade de investimentos em habitação, saneamento e
infraestrutura urbana;
A condução inadequada de uma política de crédito habitacional, marcada pela
concessão indiscriminada de subsídios;
A existência de padrões ineficientes de gestão dos programas habitacionais.
5 CONSIDARAÇÕES FINAIS
O compromisso do governo brasileiro de transformar a atuação do Estado nas
áreas habitacional e de saneamento urbano foi definido com a criação, em 1995, da Secretaria
de Política Urbana, Sepurb, no âmbito do Ministério do Planejamento e Orçamento. Nesse
novo contexto, a Sepurb assumiu papel regulador e indutor da redução das disparidades no
acesso à moradia e aos serviços urbanos.
As ações de natureza programática voltadas para a população de baixa renda
seguem duas vertentes de atuação. Uma, contando com o apoio do setor público na promoção
dos empreendimentos, e outra, dirigida para o atendimento direto à população.
A atuação via setor público é feita por intermédio de dois programas
governamentais de financiamento: o Pró-Moradia, com recursos do Fundo de Garantia do
Tempo de Serviço - FGTS, e o Habitar-Brasil, com recursos do Orçamento Geral da União.
Esses programas são operados pelos governos estaduais e municipais e se
destinam a promover a melhoria das condições habitacionais de famílias que morem em áreas
degradadas, de risco ou de proteção ambiental, por intermédio de ações, entre outras, de
urbanização de favelas e regularização fundiária.
O público-alvo é constituído, principalmente, de famílias de baixa renda. As
condições de financiamento para os mutuários são estabelecidas pelo setor público local,
concretizando, assim, um tratamento individualizado e flexível para as famílias, diferente
daquele propiciado pelo sistema formal de crédito.
A outra vertente de atuação é o atendimento direto à demanda pelos programas
Carta de Crédito e Crédito Direto ao Consumidor. Nesses casos, as linhas de crédito permitem
que as famílias, de forma individualizada ou em associação, façam a opção pela melhor
solução para seus problemas de moradia: aquisição de lote, construção, melhoria, ampliação
ou aquisição da casa própria.
Com esses programas, além de promover a cidadania, o Governo do Brasil
procura contribuir para o aumento da eficiência na produção habitacional - melhor qualidade e
menor preço. Isso, porque, no sistema de Carta de Crédito o mutuário tem em mãos
importante instrumento de negociação, o que fomenta a competitividade no setor habitacional.
Para que todas essas medidas se mostrem presentes é preciso superar o desafio de
melhorar a condição dos conjuntos habitacionais, que só pode ser enfrentado, com sucesso,
mediante a soma de esforços de todos os setores governamentais e da própria sociedade.
REFERÊNCIAS
COELHO, António Baptista. Vinte anos de habitação social portuguesa. Disponível em: < http://infohabitar.blogspot.com/2007/06/20-anos-de-habitao-social-portuguesa.html>. Acesso em: 3 jun. 2011.
DEMOGRAPHIA: pesquisa da habitação pública em Hong Kong. Disponível em: <http://www.talkfinance.net/pt/f31/demographia-survey-and-public-housing-hong-kong-8621/>. Acesso em: 3 jun. 2011.
HABITAÇÃO Social. Disponível em: <http://pt.wikipedia.org/wiki/Conjunto_habitacional>. Acesso em: 3 jun. 2011.
HABITAÇÃO Social no Brasil. Disponível em: < http://www.dc.mre.gov.br/imagens-e-textos/revista3-mat7.pdf>. Acesso em: 3 jun. 2011.
KOWALTOWSKY, Doris C. C. K. et al. Análise de parâmetros de implantação de conjuntos habitacionais de interesse social: ênfase nos aspectos de sustentabilidade ambiental e de qualidade de vida. Coletânea Habitare. v. 7. Porto Alegre: ANTAC, 2006.Disponível em:< http://www.habitarie.org.br/ArquivosConteudo/ct_7_cap5.pdf>. Acesso em: 16 abr. 2011.
LAKATOS, Eva Maria; MARCONI, Marina de Andrade. Metodologia do Tarbalho Científico. São Paulo: Atlas, 1991.
MEDVEDOVSKI, Nirce Saffer. Diretrizes especiais para regulamentação urbanística, técnica e fundiária de conjuntos habitacionais populares. Coletânea Habitare. v. 1. São Paulo: FAUUSP, 2002. Disponível em: <habitare.infohab.org.br/pdf/publicacoes/LIVROS/01/cap6.pdf>. Acesso em: 16 abr. 2011.
STAM, Gilberto et al. Conjuntos habitacionais. 2011. Disponível em: < http://centrovivo.org/node/1007 >. Acesso em: 5 abr. 2011