Cacau Organico

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DOSSIÊ TÉCNICO –

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  • DOSSI TCNICO

  • O Servio Brasileiro de Respostas Tcnicas SBRT fornece solues de informao tecnolgica sob medida, relacionadas aos

    processos produtivos das Micro e Pequenas Empresas. Ele estruturado em rede, sendo operacionalizado por centros de pesquisa, universidades, centros de educao profissional e tecnologias industriais, bem como associaes que promovam a interface entre a oferta e a demanda tecnolgica. O SBRT apoiado pelo Servio Brasileiro de Apoio s Micro e Pequenas Empresas SEBRAE e pelo Ministrio da Cincia Tecnologia e Inovao MCTI e de seus institutos: Conselho Nacional de Desenvolvimento Cientfico e Tecnolgico CNPq e Instituto Brasileiro de Informao em Cincia e Tecnologia IBICT.

  • Dossi Tcnico JESUS, Abel Ribeiro de; SALVI, Emille Jeane Novais Ribeiro;

    CHAGAS, Kelly Paula Silva; COSTA, Guilherme Ramalho; SOUZA, Lucas Gordiano.

    Cultivo de cacau orgnico Instituto Euvaldo Lodi IEL/BA

    12/11/2013

    Resumo O cacau orgnico recebeu esse nome porque seu cultivo feito sem a utilizao de nenhum insumo agroqumico, como pesticidas ou fertilizantes. O dossi trar informaes relacionadas com manejo adequado, desde a plantao at a colheita, bem como aspectos sobre o seu beneficiamento.

    Assunto Cultivo de cacau Palavras-chave Agricultura; agricultura orgnica; agroecologia, alimento orgnico;

    beneficiamento; cacau; cacau orgnico; cultivo; cultivo orgnico; fruto; Theobroma cacao

    Salvo indicao contrria, este contedo est licenciado sob a proteo da Licena de Atribuio 3.0 da Creative Commons. permitida a cpia, distribuio e execuo desta obra - bem como as obras derivadas criadas a partir dela - desde que criem obras no comerciais e sejam dados os crditos ao autor, com meno ao: Servio Brasileiro de Respostas Tcnicas - http://www.respostatecnica.org.br

    Para os termos desta licena, visite: http://creativecommons.org/licenses/by/3.0/

  • Sumrio 1 INTRODUO............................................................................................................ 2 1.1 Objetivo...................................................................................................................

    3

    2 CARACTERIZAO DA PLANTA............................................................................. 2.1 Folhas e flores ........................................................................................................ 2.2 Solo ......................................................................................................................... 2.3 Fruto .......................................................................................................................

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    3 SISTEMA DE PRODUO ORGNICO..................................................................... 4 CULTIVO DO CACAU ORGNICO............................................................................. 4.1 Clima ........................................................................................................................ 4.2 Solo .......................................................................................................................... 4.3 Manejo orgnico do cacaueiro .............................................................................. 4.3.1 Preparao do solo ................................................................................................ 4.3.2 Seleo e cultivo de mudas.................................................................................... 4.3.2.1 Construo do Viveiro......................................................................................... 4.3.2.2 Preparao das mudas....................................................................................... 4.3.2.3 Plantio das Mudas............................................................................................... 4.3.3 Importncia do sombreamento............................................................................... 4.3.4 Pragas ...................................................................................................................

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    5 BENEFICIAMENTO DO CACAU................................................................................. 14 5.1 Colheita..................................................................................................................... 5.2 Quebra...................................................................................................................... 5.3 Fermentao............................................................................................................ 5.4 Secagem .................................................................................................................. 5.5 Armazenamento ..................................................................................................... 6 BENEFCIOS DO CACAU ORGNICO....................................................................

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    18 6.1 Chocolate orgnico.............................................................................................. 6.1.1 Importncia nutricional do cacau .........................................................................

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    CONCLUSES E RECOMENDAES.........................................................................

    21

    REFERNCIAS............................................................................................................... 21 Contedo 1 INTRODUO O cacau, cujo nome cientfico Theobroma cacao, considerado pelos seus primeiros usufruidores como sendo a Bebida dos Deuses, foi, no decorrer da histria, um fruto altamente cobiado por reis e imperadores ao redor de todo o mundo. O termo cacau origina-se da palavra cacahualt, que no idioma maia a palavra designado para a rvore que produz cacau, o cacaueiro. (INSTITUTO CABRUCA, [200-?]). O cacau foi primeiramente utilizado por povos mesoamericanos, como maias e astecas, com imenso carter social. Nessas sociedades, as sementes do cacau exerciam o papel de moeda de troca, podendo ser utilizada no pagamento de tributos ao imperador e na compra de escravos, por exemplo. (COMISSO EXECUTIVA DO PLANO DA LAVOURA CACAUEIRA, [200-?]). Alm disso, estes povos produziam uma bebida composta de gua aromatizada e especiarias, com palato amargo e de grande acidez. Esta bebida recebeu o

  • nome de xocolatl e tinha um carter religioso muito forte, sendo servida em cerimnias e rituais. (CACAU, [200-?]). No Brasil, o cacau se instalou principalmente no estado da Bahia. Porm, foi primariamente introduzido no Amazonas, sendo trazido para o nordeste pelos jesutas, por volta de 1720. Nesta regio, o cacau se instalou e foi altamente favorecido por espcies de macacos que ingeriam suas sementes e a disseminavam pela regio, aumentando exponencialmente a quantidade de ps frteis. (CACAU, [200-?]). Atualmente, na tentativa de reerguer a economia cacaueira da Bahia, os produtores locais esto adotando o modelo de produo orgnico, cuja principal caracterstica a no utilizao de agrotxicos e a implantao de uma cultura de preservao ambiental, preservando o meio ambiente e preservando a qualidade do produto. Atualmente, a maior parte da produo de cacau orgnico direcionada para a indstria chocolateira nacional e internacional, sendo que uma pequena parte direcionada para a formulao de produtos alternativos que visam diversificar a produo, tais como geleias, doces, bebidas e cosmticos. (CACAU ORGNICO RIO, 2011) 2 OBJETIVO Esse dossi tem o objetivo de auxiliar micro e pequenos empreendedores que pretendem iniciar o cultivo de cacau orgnico. Aborda, alm do processo de cultivo, as condies especficas da planta bem como quais as utilidades do cacau, e outros temas. 3 CARACTERIZAO DA PLANTA O cacaueiro uma planta originria da floresta tropical mida americana. Embora sejam conhecidas 22 espcies pertencentes ao gnero Theobroma, algumas com potencial para fruta de mesa, como a Theobroma cacao, quase a nica economicamente explorada para produzir sementes. (SODR, 2007) A rvore do cacau, o cacaueiro, chega a medir cerca de 5 metros de altura e costuma viver at 100 anos. No Brasil, h plantaes na Bahia e na Amaznia. Geralmente plantada no meio de outras rvores, pois no gosta de sol forte nem de vento. (CACAU, 2013) So duas as variedades do cacaueiro: Criolla e Forastero. O cacau da variedade Criolla possui amndoas grandes e com um sabor pouco amargo. No entanto, no possui uma produtividade muito alta e muito susceptvel ao ataque de pragas. A variedade Forastero a mais utilizada para o cultivo de cacau em larga escala atualmente, caracterizada por frutos com sementes cor de violeta e com superfcie lisa. (PLANETA CACAU, [200-?]a).

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    Figura 1 - Cacau "Criolla"

    Fonte: (PERUVIAN AGROINDUSTRIES, [200-?])

    Figura 2 - Cacau forastero

    Fonte: (MARS CENTRO DE CINCIA DO CACAU, 2011)

    Como o desenvolvimento dessa cultura depende de umidade, recomenda-se que as localidades produtoras de cacau possuam ndice de pluviosidade anual entre 1.400mm e 2.000mm. Por possuir estas caractersticas, a frica se tornou o maior polo de cultivo do cacau. (SILVA NETO et al., 2001; SARAIVA, [200-?]). Considerada uma planta perene, o tempo de vida do cacaueiro longo, podendo alcanar os 100 anos. Porm, sua idade frtil comea aos oito anos e termina aos trinta anos. (SARAIVA, [200-?]). 2.1 Folhas e flores A rvore, que pode atingir de 5 a 8 metros de altura, formada por folhas finas de aproximadamente 40 cm, tronco com tonalidade escura, do qual se originam os frutos, e flores com cinco ptalas, e a sua reproduo auxiliada pela polinizao atravs de insetos (entomofilia). A maior peculiaridade do cacaueiro, no entanto, redige no fato de que ela precisa de proteo de outras rvores de grande porte, pois ela no resiste a exposio a ventos muito fortes e a insolao muito intensa. (SILVA NETO et al., 2001; SARAIVA, [200-?]) 2.2 Solo O solo adequado para a produo de cacau o argilo-arenoso, que se caracteriza por possuir gros de argila que ficam ligados entre si retendo sais minerais e gua, fatores fundamentais para o desenvolvimento vegetal. Alm disso, o solo deve ser profundo e bem aerado (que facilita a renovao do ar), para facilitar a absoro de nutrientes por parte das

  • razes da rvore e ter uma boa quantidade de matria orgnica, o que j provido pelas folhas derrubadas pelas rvores de grande porte nas proximidades do cacaueiro. (ROCHA, 2008). 2.3 Fruto O cacau nasce diretamente na casca do cacaueiro, adquirindo coloraes variadas nas suas etapas de desenvolvimento: algumas passam do verde para o amarelo, enquanto que outras do roxo ao laranja. O tamanho da fruta varia entre 15 a 30 centmetros de comprimento, e as suas sementes esto contidas na parte interna do fruto, apresentando cerca de 40 unidades por fruto. Essas sementes esto envoltas na polpa do cacau, que tambm pode ser extrada na produo de derivados tais como sucos e geleias. As sementes extradas do fruto, aps sofrerem fermentao, se transformam nas amndoas, de onde obtido o cacau em p e a manteiga de cacau (utilizados como matria prima para a produo de chocolate). (ROCHA, 2008) 3 SISTEMA DE PRODUO ORGNICO Sistema orgnico, de acordo com Brasil (2003), :

    Todo aquele em que se adotam tcnicas especficas, mediante a otimizao do uso dos recursos naturais e socioeconmicos disponveis e o respeito integridade cultural das comunidades rurais, tendo por objetivo a sustentabilidade econmica e ecolgica, a maximizao dos benefcios sociais, a minimizao da dependncia de energia no-renovvel, empregando, sempre que possvel, mtodos culturais, biolgicos e mecnicos, em contraposio ao uso de materiais sintticos, a eliminao do uso de organismos geneticamente modificados e radiaes ionizantes, em qualquer fase do processo de produo, processamento, armazenamento, distribuio e comercializao, e a proteo do meio ambiente. (BRASIL, 2003).

    De forma complementar, Ormond et al. (2002) define agricultura orgnica como um conjunto de processos de produo agrcola que parte do pressuposto bsico de que a fertilidade funo direta da matria orgnica contida no solo. (SANTA RITA, 2005). Para a agricultura orgnica no necessrios: matria orgnica, responsvel pela melhoria da fertilidade e vida do solo; substncias hmicas, indispensveis na nutrio vegetal, uma vez que auxiliam no crescimento das razes, aumentando sua capacidade de absoro de nutrientes, hormnios de crescimento, antibiticos, vitaminas, aminocidos e de outros componentes minerais e orgnicos, liberados no solo pela atividade microbiana; o solo, considerado um organismo vivo, onde ocorre diversos processos biolgicos e dinmicos essenciais sade das plantas; associao entre produo vegetal e produo animal; compostagem em pilhas; e integrao produtor e consumidor final (CHARITY, 2002; TRIVELLATO; FREITAS, 2003 apud OLIVEIRA, 2009). A agricultura orgnica caracteriza-se, ainda, por dispensar o uso de adubos e defensivos qumicos que podem causar desequilbrios ecolgicos ou que sejam agressivos ao organismo humano, se utilizados indiscriminadamente. Alm disso, adota normas para produo do alimento a partir das suas caractersticas originais e que atenda as expectativas do consumidor (PENTEADO, 2000 apud OLIVEIRA, 2009).

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    Apesar das peculiaridades apresentadas no processo de produo, o produto orgnico no apresenta diferenas aparentes entre produtos orgnicos e convencionais. Portanto, a escolha do orgnico por parte dos consumidores, sustenta-se pelas informaes sobre sua salubridade alimentar e conservao do meio ambiente. (MIRANDA, 2013; SANTA RITA, 2005). Mello ([200-?]) explica que a procedncia e a qualidade orgnica dos produtos obtido somente pode ser garantida a partir do selo de certificao orgnica. Essa certificao um processo de auditoria de origem e trajetria de produtos agrcolas e industriais, desde sua fonte de produo at o ponto final de venda ao consumidor.

    No Brasil a certificao orgnica realizada por cinco certificadoras nacionais e outras 13 internacionais, em menor escala. Dentre as certificadoras nacionais encontramos o Instituto Biodinmico (IBD), a Associao de Agricultura Orgnica (AAO), a OIA e a Fundao Mokiti Okada (MAO), como principais (Mello, [200-?]).

    Segundo Brasil (2011), os sistemas orgnicos de produo vegetal devem priorizar:

    I - a utilizao de material de propagao originrio de espcies vegetais adaptadas s condies edafoclimticas locais e tolerantes a pragas e doenas; II - a reciclagem de matria orgnica como base para a manuteno da fertilidade do solo e a nutrio das plantas; III - a manuteno da atividade biolgica do solo, o equilbrio de nutrientes e a qualidade da gua; IV - a adoo de manejo de pragas e doenas que: a) respeite o desenvolvimento natural das plantas; b) respeite a sustentabilidade ambiental; c) respeite a sade humana e animal, inclusive em sua fase de armazenamento; e d) privilegie mtodos culturais, fsicos e biolgicos; V - a utilizao de insumos que, em seu processo de obteno, utilizao e armazenamento, no comprometam a estabilidade do habitat natural e do agroecossistema, no representando ameaa ao meio ambiente e sade humana e animal (BRASIL, 2011).

    Dessa forma, a produo vegetal orgnica permite a irrigao, desde que evite desperdcios de gua e poluio da gua dos lenis freticos, sendo necessria a regulao de algum nutriente no solo, probe a utilizao de reguladores sintticos, sendo permitido o uso de algumas substncias, dentro de limites pr-determinados no anexo da Instruo Normativa n 46, de 6 de outubro de 2011. Alm disso, as sementes e mudas utilizadas no plantio precisam ter origem em sistemas orgnicos de produo, sendo vetado o uso de sementes e mudas provenientes de organismos geneticamente modificados. (BRASIL, 2011). Os produtos utilizados no manejo de pragas deve estar listados na Instruo Normativa n 46, de 6 de outubro de 2011, sendo condio para uso do produto a no gerao de resduos contaminantes ou malficos seres vivos. 4 CULTIVO DO CACAU ORGNICO O cultivo do cacau (Theobroma cacao L.) apresenta um carter conservacionista e representa um bom exemplo para caracterizar Sistemas Agroflorestais, pois pode ser

  • cultivado sob a sombra da prpria mata nativa raleada, em associao com outras espcies, sem a necessidade de desmatamento ou em reas de reflorestamento. (CIDIN et al., 2009) 4.1 Clima A Comisso Executiva do Plano da Lavoura Cacaueira ([200-?]), recomenda o cultivo do cacau em latitude entre 22 N e 22 S e em regies com temperaturas mdias superiores a 21C, caractersticas as quais adapta-se bem. Tolera por curto espao de tempo, temperaturas mnimas prximas a 7C, durante os meses mais frios do ano, porm pode ocorrer injria nas sementes, resultando em um produto final de qualidade inferior. Outra caracterstica necessria para a cacauicultura orgnica a distribuio anual das chuvas. Silva Neto et al. (2001) explicam que, diante da importncia da distribuio das chuvas para o desenvolvimento do cacau orgnico, apesar de uma cultura tipicamente tropical, necessria a anlise do regime de chuvas. As caractersticas de precipitao ideais para essa planta so um total anual acima de 1.250mm, bem distribudos em todos os meses, com mnimas mensais de 100mm. Recomenda-se, ainda, ausncia de estao seca bem definida e intensa, que apresente meses com menos de 60mm de chuva. No geral, a quantidade tima de chuva est entre 1.800 a 2.500mm ao ano. Os perodos secos com mais de trs meses so prejudiciais para o crescimento e desenvolvimento regular da planta. Silva Neto et al. (2001) alertam, ainda, para o impacto da velocidade dos ventos no cultivo da planta. Ventos com uma velocidade superior a 2,5 m/s passam a ser prejudiciais. Para sanar esse problema e evitar a perda da plantao, recomendvel a instalao de quebra ventos, rvores que, cercando a plantao, impedem que os ventos atinjam diretamente o cacaueiro. Exemplos destas rvores so Eucaliptos, Accias, Leucenas e o Bambus 4.2 Solo Segundo Santos et al. ([200-?]), o solo afeta o desenvolvimento e a produtividade do cacaueiro. Portanto, segundo a Superintendncia da Zona Franca de Manaus (2003) Uma vez j conhecidos os fatores climticos da regio em que se deseja realizar o cultivo do cacau, importante selecionar a rea em que se deseja plantar, considerando o relevo, a fertilidade e a profundidade dos solos (SUPERINTENDNCIA DA ZONA FRANCA DE MANAUS, 2003). Acerca das caractersticas relevantes a serem consideradas no solo a ser cultivado, Santos et al. ([200-?]) explica:

    [Os] solos arenosos [...] apresentam baixo teor de matria orgnica, reteno de gua e nutrientes. [Os] solos argilosos tm como problema a compactao e o acmulo excessivo de gua impedindo o desenvolvimento radicular da planta que tem como funo absorver gua e nutrientes. Os solos cidos impedem o desenvolvimento radicular atravs da acidez excessiva, bem como solos alcalinos trazem como problema o excesso de sais ou salinidade. Os principais nutrientes que o solo fornece a planta so: o nitrognio, clcio, magnsio, potssio, fsforo e outros. A falta de um ou todos esses nutrientes prejudica o desenvolvimento da planta. Para o cultivo do cacaueiro o solo deve apresentar as seguintes caractersticas: profundidade mnima de 80 cm, sendo ideal de 1,5m, no havendo nenhum tipo de impedimento como piarra ou camadas de pedregosas que impeam o crescimento radicular da planta.

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    O solo deve possuir uma boa drenagem, evitando o acumulo excessivo de gua, a textura deve proporcionar uma boa aerao e reteno de gua e o solo deve apresentar uma fertilidade natural de caracterstica mdia ou alta fertilidade, isso tudo para que a planta obtenha o melhor em seu desenvolvimento e produtividade (SANTOS et al., [200-?]).

    Figura 3: Desenvolvimento da Raiz do Cacaueiro

    Fonte: (SILVA NETO et al., 2001)

    4.3 Manejo Orgnico do Cacaueiro A diferena entre a tcnica convencional e a tcnica de cultivo orgnico est no manejo da plantao, que considera o uso dos nutrientes do solo para a plantao, o manejo de biofertilizantes e combate pragas por mtodos que no causem desequilbrio ecolgico e ambiental, ao invs de produtos qumicos e sintticos. (OLIVEIRA, 2009). A cacauicultura orgnica tambm muito similar cacauicultura racional. Porm, a maior diferena que o cultivo orgnico se baseia em manter a fertilidade natural do solo atravs de materiais orgnicos e no sintticos. (OLIVEIRA, 2009). 4.3.1 Preparao do solo Segundo Oliveira (2009), o primeiro passo para a implantao uma cultura orgnica o descanso de trs anos da terra, de forma que a propriedade torne-se isenta de qualquer resqucio de fertilizantes e o solo se renove. Caso alguns vizinhos tenham plantaes com o uso de produtos sintticos, importante a instalao de barreiras vegetais para que esses produtos no se aproximem do manejo orgnico. Alm disso, necessrio o monitoramento e o controle da gua para o uso da irrigao, bem como qualquer lixo inorgnico que seja produzido deve ter um descarte cuidadoso, para que no contamine o solo. Alm disto, o manejo do cacau orgnico envolve as seguintes etapas: (OLIVEIRA, 2009).

    1) Preparo da rea; limpeza do terreno; arrastamento da camada superficial do solo que consiste nas fases de derrubada, enleiramento com trator e marcao dos lugares das covas para plantio das mudas; calagem, aplicao de calcrio para correo do nvel de acidez do solo, sendo o nvel de pH ideal de 5,5 e plantio das espcies de sombreamento do cacaual; 2) Aquisio de mudas; 3) Plantio e o replantio para garantir a atividade por todo o tempo na rea plantada; 4) Tratos culturais (adubao mineral, controle de plantas daninhas, poda fitossanitria, desbrota, manejo do sombreamento, controle de doenas fngicas e controle de pragas). (OLIVEIRA, 2009).

  • Aps este descanso, a Superintendncia da Zona Franca de Manaus (2003) recomenda um trabalho preparatrio do terreno, que envolve a delimitao da rea com um levantamento topogrfico. Esse levantamento topogrfico serve para o agricultor localizar as reas planas do seu terreno e dessa forma traar a melhor forma de cultivo, o espaamento adequado e at se ser necessrio desenvolver alguma medida tcnica de planificao. Silva Neto et al. (2001) explicam que em geral, aps o reconhecimento do terreno, feita a limpeza do mesmo. Essa limpeza consiste na retirada parcial da vegetao original para, aps um perodo, realizar o desmatamento completo. No Brasil, esses mtodos so popularmente conhecidos como cabruca e derrubada total, respectivamente. Para realizar essa atividade, so utilizados tratores com lminas dentadas, que evitam o arrastamento da camada superficial do solo. Silva Neto et al. (2001) explicam que algumas pesquisas apontam menor produtividade, devido ao menor dimetro plantado, em culturas que utilizam apenas a fase de cabruca e no passam pela fase de derrubada total, em comparao s cultivadas no solo preparado com os dois mtodos. No entanto, Mendes et al. (2009) alertam que a utilizao de um sistema de produo no qual so mantidas populaes vegetais nativas apresenta como vantagens a conservao das propriedades fsicas e biolgicas do solo e custo de implantao e manuteno mais baixos. Segundo Silva Neto et al. (2001), depois que o terreno j foi conhecido e limpo, inicia-se a fase de balizamento, que consiste em determinar os locais onde as mudas do cacau sero plantadas. Este procedimento apresenta como vantagem o melhor aproveitamento da rea, bem como melhor crescimento e distribuio uniforme da copa dos cacaueiros, permitindo ainda, maior facilidade na execuo das prticas culturais como limpeza de rea, combate s pragas e doenas, adubao e colheita. recomendado o espaamento de 3,0 por 3,0 metros entre as mudas. A adubao, em um sistema de cultivo orgnico, s pode ser realizada a partir de biofertilizantes e a prpria casca do cacau. Essa casca poder formar um adubo, chamado de composto, feito a partir da casca triturada e colocada num terreiro, onde deve ser remexida a cada 21 dias, tendo um ciclo total de durao de 105 dias. Aps esse perodo, o produto formado j pode ser utilizado na lavoura. (OLIVEIRA, 2009). Esse tipo de adubao, feita atravs do composto, um dos mtodos mais eficazes, pois ir repor plantao a quantidade de nutrientes exata da qual esta necessita. como se os mesmos nutrientes gastos para formar aquele fruto estivessem voltando ao solo, mantendo assim um ciclo muito similar ao natural para a planta, alm de apresentar nutrientes especficos para o cacaueiro. (OLIVEIRA, 2009). O quadro 1relata alguns produtos utilizados na cultura orgnica para auxiliar a fertilidade do solo: (OLIVEIRA, 2009).

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    Quadro 1: Produtos para a adubao orgnica do cacau.

    Fonte: (OLIVEIRA, 2009)

    Oliveira (2009) relata as prticas mais utilizadas nesse tipo de cultura:

    A revitalizao do solo, que pode ser realizada com ps de rocha, fosfato reativo natural, composto fermentado, inoculado com bactrias nativas e algas marinhas, calcrio, alm de coquetis de adubao verde e ervas espontneas; formao de estrutura de suporte, que a proteo do solo contra insolao e ressecamento feita atravs das plantas de sombreamento; ativao do metabolismo vegetal; e incorporao de elemento animal. importante ressaltar que nesse tipo de cultura no deve, em hiptese alguma, utilizar fogo ou at mesmo o sistema de rotao de culturas, pois estes processos degradam excessivamente a estrutura de nutrientes natural do solo. (OLIVEIRA, 2009).

    4.3.2 Seleo e cultivo de mudas O plantio de cacaueiros geralmente feito a partir de mudas, devido a vantagens como vigor e uniformidade dos cacaueiros, menor nmero de falhas nas plantaes e antecipao da fase produtiva da planta. Na formao das mudas, existem trs fases bem distintas: construo do viveiro, semeadura e tratos culturais. (SILVA NETO et al., 2001). 4.3.2.1 Construo do Viveiro O tamanho, a localizao e o material so fatores importantes a serem considerados na construo de um viveiro. Em relao ao tamanho, importante que esse consiga comportar todas as mudas. Para calcular o espao necessrio, preciso dividir o nmero de plantas que se deseja formar por 30. Ex.: Se necessrio realizar o preparo de 30000 mudas o tamanho do viveiro ser: 30.00030 = 1000. Logo, o viveiro dever medir 1.000 m, podendo ser de aproximadamente 30X35. (SILVA NETO et al., 2001) Para a localizao, importante levar em considerao a distncia do viveiro, j que, se for muito distante, na poca do plantio haver muito gasto com o transporte das mudas. Com relao a topografia, o ideal que seja um local plano, para facilitar a arrumao das mudas. Para a drenagem, importante que o solo seja facilmente arejado, permitindo a

  • entrada de ar e evitando a proliferao de doenas e que permita boa entrada de luz, j que as mudas precisam da luz do sol para crescer. (SILVA NETO et al., 2001) O material para a construo do cacaueiro pode ser bem relativo: desde um material rstico com madeira e outros materiais encontrados na prpria propriedade - at a um viveiro construdo com o auxlio de uma empresa (mais bem projetos e com um material mais sofisticado). Essa escolha ir depender da necessidade e disponibilidade do interessado. (SILVA NETO et al., 2001)

    Figura 4: Modelo de um viveiro rstico.

    Fonte: (SILVA NETO et al., 2001)

    Figura 5 Modelo de viveiro projetado

    Fonte: (INSTITUTO DE PESQUISA AMBIENTAL DA AMAZONIA, [200-?])

    4.3.2.2 Preparao das mudas Na etapa de semeadura, devem ser considerados alguns fatores, como a coleta e utilizao do terrio (terra superficial da mata original do terreno utilizado). A fim de tronar-se mais frtil, recomenda-se que esse terrio seja misturado com esterco de galinha. A utilizao desse tipo de solo diminui problemas com pragas, fungos e outras doenas que podem ocorrer com a muda. (SILVA NETO et al., 2001) A escolha do tamanho das mudas deve ser feita de acordo com o tempo previsto de permanncia da muda no viveiro: caso esse perodo seja em torno de seis meses, os sacos devem ter as medidas de 28 cm de comprimento por 38 cm de circunferncia; caso esse perodo seja em torno de quatro meses, os sacos devem ter as medidas de 28 cm de

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    comprimento por 32 cm de circunferncia. O tempo de permanncia deve ser decidido de acordo com as condies dos locais: caso sejam condies favorveis as caractersticas do cacaueiro, o tempo pode ser menor, ou seja de quatro meses, entretanto se essas condies no forem to favorveis interessante deixar as mudas crescendo por um perodo maior para ganhar mais resistncia, ou seja, 6 meses. (SILVA NETO et al., 2001) No perodo em que as mudas estiverem no viveiro, necessrio realizar a irrigao, adubao orgnica e os cuidados com o sombreamento para que as mudas no fiquem expostas ao sol diretamente. (SILVA NETO et al., 2001) 4.3.2.3 Plantio das Mudas Silva Neto et al. (2001) recomendam o plantio das mudas de cacau no incio do perodo chuvoso, com mudas de dois a seis meses de idade. Em casos em que o plantio iniciado em um perodo muito prximo da estao seca, o ideal que sejam utilizadas mudas mais maduras, em torno dos 6 meses. O plantio deve ser feito em covas de 40 x 40 x 40 centmetros. O maior cuidado que se deve ter nessa etapa para que no haja a remoo do torro, que so as razes da planta envolvidas com a terra utilizada no cultivo da muda, no momento em que a muda estiver sendo plantada; esse torro deve ficar localizado no mesmo plano da superfcie do solo. (SILVA NETO et al., 2001)

    Figura 6: Muda de cacau plantada. Fonte: (SILVA NETO et al., 2001)

    4.3.3 Importncia do sombreamento O cacaueiro uma planta que necessita de uma proteo contra os raios solares excessivos. Dessa forma, utilizado um mtodo no seu cultivo que consiste no plantio de outras espcies, para que estas possam lhe proporcionar uma quantidade de sombra favorvel ao seu crescimento. Existem dois tipos de sombreamento: o provisrio e o definitivo. (SILVA NETO et al., 2001). O sombreamento provisrio feito na fase de crescimento do cacaueiro, logo aps a fase de implantao das mudas. O tipo de planta mais recomendada a ser utilizada a

  • bananeira, j que a bananeira conta com uma boa adaptabilidade e semelhana de caractersticas de clima assim como o cacau, alm de ser uma planta de crescimento rpido e trato cultural barato. Pode ser uma bananeira de qualquer variedade. A bananeira deve ser plantada em espaamentos de 3,0 x 3,0 metros. (SILVA NETO et al., 2001).

    Figura 7: Modelo de Sombreamento Provisrio.

    Fonte: (SILVA NETO et al., 2001)

    O sombreamento definitivo feito aps o sombreamento provisrio, e ele ir proporcionar condies mais estveis para a criao e manuteno do cacaueiro. O tipo de planta recomendada so plantas do tipo arbreas, ou seja, plantas que conseguem atingir uma altura maior e possuem grande resistncia, como exemplo o Mogno. O espaamento varia em funo do dimetro da copa, utilizado comumente de 18 x 18 metros, 21 x 21 metros e 24 x 24 metros. (SILVA NETO et al., 2001)

    Figura 8: Modelo de sombreamento definitivo para o cultivo do cacau

    Fonte: (COMISSO EXECUTIVA DO PLANO DA LAVOURA CACAUEIRA, [200-?])

    4.3.4 Pragas Uma das pragas que mais assombram os criadores de cacau a Vassoura de Bruxa, causada pelo fungo Moniliofhthora perniciosa. Essa doena leva a uma hipertrofia dos

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    ramos do cacau, os quais passam a assemelhar-se com uma vassoura. (SILVA NETO et al., 2001).

    Figura 9: Vassoura de Bruxa em ramo verde.

    Fonte: (SILVA NETO et al., 2001)

    Figura 10: Vassoura de Bruxa em ramo seco

    Fonte: (SILVA NETO et al., 2001)

    At o momento, a forma mais utilizada para evitar os danos causados por essa doena a aplicao de fungicidas. Entretanto, esse tipo de produto no admitido em um sistema de produo orgnica. Os produtores podem optar pela execuo da poda fitossanitria, que reside em cortar partes da planta que estejam apresentando esse tipo de comportamento. (SILVA NETO et al., 2001). O grau de prejuzo que essa doena ir trazer para a planta vai depender do seu estado de desenvolvimento. Caso esteja no comeo, uma simples poda pode sanar o problema. Entretanto, em nvel mais avanado, essa doena pode levar a total inutilidade do p. Devido a isso, importante que os criadores estejam atentos constantemente s caractersticas dos ps, para que qualquer anormalidade possa ser identificada e sanada rapidamente. (SILVA NETO et al., 2001). 5 BENEFICIAMENTO DO CACAU O beneficiamento do cacau ocorre em basicamente quatro etapas: colheita, quebra, fermentao e secagem. (SILVA NETO et al., 2001).

  • Figura 11: Beneficiamento do Cacau

    Fonte: (BECKETT, 1994, adaptado apud OLIVEIRA, 2009)

    5.1 Colheita necessrio cuidado para a colheita somente de frutos maduros, a fim de garantir uma boa quantidade de acar uma boa quantidade de acar dentro para conseguir realizar a prxima etapa que a fermentao. O equipamento utilizado nessa etapa o podo que consiste em um machado, s que em um formato angular e com duas lminas. Este permite que o fruto seja removido da planta sem prejudicar os ramos e as flores. No Brasil, os perodos em que o Cacau possui mais frutos maduros so entre os meses de Agosto a Outubro. Neste perodo, o cacau pode ser colhido a cada trs semanas. (SILVA NETO et al., 2001)

    Figura 12: Instrumento Podo

    Fonte: (ELOS MATERIAIS DE CONSTRUO, 2013)

    Uma colheita bem conduzida um fator importante para a qualidade do produto final, segundo Oliveira (2009). Alm do cuidado para no machucar o fruto, neste momento, so definidos os frutos defeituosos, que sero descartados, e os frutos apropriados para as demais etapas do beneficiamento. As amndoas ou favas dos frutos recm-colhidos tm cor prpura, sabor amargo e odor adstringente, mas no tm qualquer valor comercial, mesmo se estiverem secas. Aps a fermentao o cacau adquire cor marrom caracterstica, sabor e aroma tpicos e a qualidade boa ou m estreitamente dependentes das etapas de fermentao e secagem (BECKETT, 1994 apud OLIVEIRA, 2009). 5.2 Quebra Silva Neto et al. (2001) explicam que, aps o quinto dia da colheita, os frutos esto preparados para a quebra, realizada pelo cutelo, um equipamento semelhante a um faco que ir partir o fruto ao meio, com cuidado, para que atinja somente a casca e no danifique

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    as amndoas. Uma vez partidos os frutos, suas amndoas so retiradas e separadas dos demais componentes do cacau e so reservadas em um local, que pode ser uma caixa de madeira ou um balde plstico. Uma vez retirada a amndoa, a polpa resultante do cacau deve ser pura, isenta de casca, folhas e placenta, para que no haja prejuzo no processo de fermentao, e ento deve ser levado para o local de fermentao. de suma importncia que a massa seja encaminhada para o local de fermentao ainda no mesmo dia aps a realizao da quebra, j que, assim que retirada a casca do cacau, a fermentao se inicia e, caso fique muito tempo armazenada, o agricultor pode perder o controle quanto ao tempo adequado de fermentao dessa massa, podendo deixar por mais tempo ou menos tempo que o necessrio. Outro ponto importante de tomar cuidado para no misturar massas retiradas em dias diferentes: uma mistura nessa etapa pode prejudicar a etapa seguinte de fermentao, comprometendo a qualidade do produto. (SILVA NETO et al., 2001)

    Figura 13: Instrumento Cutelo

    Fonte: (TAVARES, 2011)

    5.3 Fermentao A fermentao realizada em um cocho. O cocho de fermentao dever possuir drenos abertos no lastro, com dimetro de 10 milmetros para o escoamento do mel e aerao, espaados entre si de 15 centmetros. Cada m de cocho pode suportar at 800 kg de cacau. A massa dever ser depositada no cocho at a altura de mxima, deixando apenas 10 cm de espao. (SILVA NETO et al., 2001). Aps colocar a massa, Silva Neto et al. (2001) explicam que essa deve ser coberta com folhas de bananeira, pois a umidade do ar pode atrapalhar o processo de fermentao e as folhas de bananeira criam uma proteo para esse componente. Enquanto o cacau est no cocho, deve ser executado um revolvimento da massa. Esse revolvimento, que consiste em mexer a massa, ocorre da seguinte forma:

    1 revolvimento: 24 horas aps o enchimento do cocho; 2 revolvimento: 48 horas aps o primeiro revolvimento; 3 revolvimento: 24 horas aps o segundo revolvimento; 4 revolvimento: 24 horas aps o terceiro revolvimento. (SILVA NETO et al., 2001).

    Em perodos secos, basta executar trs revolvimentos, devido a pouca mucilagem do fruto, nestas caractersticas. Nestes perodos, cinco dias so suficientes para a fermentao. Entretanto, em perodos mais midos (chuvosos), necessria a execuo dos quatro. Nestas condies, o cacau mole possui maior quantidade de mucilagem, exigindo maior tempo de fermentao, que dever ser efetuada em seis dias, com quatro revolvimentos. Aps essa etapa, o cacau est pronto para a secagem. (SILVA NETO et al., 2001)

  • Figura 14: Modelo de cocho para fermentao do cacau

    Fonte: (OLIVEIRA, 2009)

    5.4 Secagem A secagem pode ocorrer de duas formas: a secagem natural ou artificial. A secagem natural ocorre com a exposio da massa, que contm as amndoas, aos raios solares. Toda essa mistura deve ser colocada sobre uma proteo plstica ou uma barcaa com um altura de no mximo 5 cm. A massa deve ser revolvida de 30 em 30 minutos e a durao total desse processo entre 6 e 10 dias. Deve-se ter um cuidado de proteger a massa em caso de chuva e durante a noite, quando dever ser coberta, evitando o contato com o ar mido. (SILVA NETO et al., 2001).

    Figura 15: Secagem do cacau

    Fonte: (OLIVEIRA, 2009)

    Na secagem artificial, utilizado um secador que tem como fonte de energia algum tipo de combustvel, podendo ser leo diesel, madeira, entre outros. Esse processo possui um custo maior que o mtodo natural, mas ocorre num perodo mais curto. Esses secadores artificiais so vendidos no mercado e o quadro a seguir compara os principais modelos existentes: (SILVA NETO et al., 2001)

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    Tabela 2: Quadro comparativo de modelos de secadores de cacau.

    Fonte: (SILVA NETO et al., 2001)

    5.5 Armazenamento Nessa fase, o cacau deve ser colocado em um ambiente fechado e dever ficar l at ser encaminhado para uma indstria de processamento. Nesse perodo, o agricultor deve tomar cuidado com a presena de insetos e outros animais. A fim de evitar esse tipo ocorrncias, recomenda-se mant-lo em local fechado e limpo, j que se trata de um material orgnico. (OLIVEIRA, 2009). 6 BENEFCIOS DO CACAU ORGNICO Existe uma gama de utilidades do cacau, e, quando se trata de cacau orgnico, essas utilidades passam a ser potencializada. (FRMULA EXATA FARMCIA DE MANIPULAO, 2010)

    Figura 16: Amndoas do cacau orgnico Fonte: (EMPRIO VIVER BEM, 2013)

    O cacau orgnico no possui a presena de metais pesados, como por exemplo, o chumbo, que aumentam a produo de radical livre, atuando de forma negativa no fgado,

  • aumentando consequentemente o crescimento nas taxas de colesterol do indivduo. Estes gros so carregados com magnsio, crmio, ferro, vitamina C, omega-6 e cidos gordos de fibra. (GRANJA, 2011; EMPORIO VIVER BEM, 2013). 6.1 Chocolate orgnico A fabricao de chocolate a principal e a mais conhecida forma de utilizao do cacau, e, com o surgimento do cacau orgnico, tambm passou a ser produzido o chocolate orgnico, que se diferencia do chocolate comum em diversos aspectos. Flores (2011) apresenta como superior a qualidade do cacau orgnico. Isso porque a formao das notas do cacau est relacionada ao processo de produo, ao respeito de todas as etapas de produo do chocolate: da fermentao do cacau, passando pela secagem e beneficiamento do cacau j na fbrica. Diante destes pormenores, Flores (2011) compara a produo do chocolate orgnico, que pode levar at 30 dias, com a produo do chocolate comum, o qual, devido a simplificao dos processos, demora aproximadamente 7 dias. A fermentao nos barris [...] quando se formam as notas mais suaves de cacau. Se voc diminuir esse processo, que pode durar aproximadamente 7 dias, o sabor do gro vai ser comprometido. Depois de ser fermentado, o perodo de secagem pode levar at trs semanas. As diferenas entre os chocolates tradicionais e orgnicos ultrapassam as questes da produo e da qualidade. Diferem, tambm, na composio, de acordo com a nutricionista Camila Rebouas de Castro, sendo o chocolate orgnico isento de leite e, portanto, apropriado para pessoas que tem intolerncia a lactose e devem restringir o consumo de leite e derivados. (SILVA, 2009). Ao invs do leite, a soja um dos componentes. O sabor semelhante ao chocolate meio amargo. Devido soja ser um alimento rico em nutrientes, protenas e at fitoqumicos importantes como a isoflavona, o chocolate se torna um alimento bastante saudvel. O produto tambm isento de glten, o que torna possvel o seu consumo por celacos. Alm disso, no tm gordura trans e colesterol, gorduras que so ruins para o organismo. (SILVA, 2009)

    Figura 17: Chocolate Orgnico

    Fonte: (SILVA, 2009)

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    Tabela 2: Informaes Nutricionais do Chocolate Orgnico

    Fonte: (ORGANOMIX, 200-?)

    Alm do chocolate, diversas empresas investem na diversificao de produtos oriundos do cacau orgnico, dos quais pode derivar, por exemplo manteiga de cacau, pasta ou licor, granulado de amndoas (nibs) e o cacau em p, que a seguir ter uma maior abordagem. (CABRUCA AGRICULTURA ORGNICA, 2011).

    6.1.1 Importncia nutricional do cacau O cacau em p extrado pela presso mecnica do licor da amndoa do cacau at a obteno de um p fino, e como no contm aditivos e parcialmente desengordurado, passa a ser de fato considerado cacau orgnico, obtendo desta forma, o selo de qualidade Certificado Orgnico pelo Instituto Biodinmico, que regulamenta produtos de agricultura orgnica. Esse cacau em p age como fonte de energia, minerais e protenas e tambm utilizado na indstria alimentcia, em chocolates nutricionais, shakes, biscoitos, sorvetes e tambm na indstria cosmtica, com a fabricao de produtos para pele, e na veterinria, atravs da utilizao do farelo do cacau, que um resduo proveniente do processamento do gro de cacau na a fabricao do chocolate, utilizado na alimentao de animais. (VIA FARMA IMPORTADORA, 2011) O farelo do cacau apresenta vrias xantinas, que so um grupo de substncias que potenciam, em maior ou menor grau, as diferentes aes do Sistema Nervoso Central. As mais importantes, citadas por Pires et al. (2005), so a teobromina e a cafena, que possuem vrias aes em comum. Essas substncias estimulam o Sistema Nervos Central, agem sobre os rins - induzindo a diurese - e estimulam o msculo cardaco e relaxam o msculo liso, em particular a musculatura brnquica.

    Um estudo publicado no The Journal of Nutrition, em junho de 2006, mostrou que as dietas ricas em flavonoides, substncia presente no cacau, contribuem para a fotoproteo endognica, para a melhora da circulao sangunea da derme, e afetam variveis relevantes da superfcie da pele bem como sua hidratao. Alm disso, essas substncias possuem ao antioxidante e eliminadora de radicais livres. (VIA FARMA IMPORTADORA, 2011)

  • A utilizao do cacau tambm beneficia outros pontos, como a melhora da capacidade do organismo de metabolizar acar; ajuda na perda de peso, inibindo mecanismos que fazem o organismo estocar ou produzir mais gordura, aumentando a sensao de saciedade; contribuio na produo da serotonina, neurotransmissor responsvel pela sensao de prazer; reduo da presso por ter ao vasodilatadora; impede a oxidao da gordura ruim (LDL), evitando que placas se acumulem nos vasos; ajuda ao sistema imunolgico, estimulando a produo de linfcitos, um tipo de glbulo branco que defende o organismo contra vrus e bactrias; auxilia na proteo dos neurnios contra doenas degenerativas, como o mal de Parkinson e o de Alzheimer; reduz alguns sintomas da TPM, como depresso, e contribui para suprir eventuais carncias de minerais, como magnsio, comuns nesse perodo do ms e tambm durante fases de estresse agudo. (PLANETA CACAU, [200-?]b). Concluses e recomendaes Este dossi apresenta as tcnicas de plantio e manejo do cacau orgnico, esperando-se que o usurio compreenda as particularidades que esse tipo de cultura a orgnica requer, como maior tempo de maturao nos frutos e queda na produtividade por p (quando comparado ao modo de cultivo convencional). No entanto, acrescenta ainda que, apesar desses entraves, o manejo do cacau orgnico ainda pode ser considerado vantajoso mediante as oportunidades que podem ser geradas a partir disso; visto que h um crescimento gradativo da produo e comercializao de produtos orgnicos, tanto na indstria cosmtica, quanto na alimentcia. Pode-se perceber que a produo de cacau orgnico vem se tornando cada vez mais uma soluo excelente para melhoria da qualidade dos produtos derivados deste fruto. Isso acontece devido s caractersticas sensoriais resultantes do cultivo orgnico do cacau. Com isso, fala-se melhoria econmica das famlias que produzem cacau, uma vez que o mercado paga mais caro por produtos de melhor qualidade. Alm do valor econmico que o cacau orgnico vem agregando aos pequenos produtores, importante ressaltar a existncia de cooperativa que, atravs do crescimento financeiro, vem buscando tambm o desenvolvimento social para as comunidades, gerando um impacto positivo muito maior. Referncias CABRUCA AGRICULTURA ORGNICA. Cacau. Ilhus, 2011. Disponvel em: . Acesso em 14 out. 2013. CACAU ORGNICO RIO. Cacau orgnico: um pouco da histria. [S.I.], 2011. Disponvel em: . Acesso em 05 out. 2013. CIDIN, Ana Carolina Martins et al. Sustentabilidade nutricional do sistema agroflorestal de intercultivo cacau x coco em Ji-Paran-Ro. In: CONGRESSO BRASILEIRO DE SISTEMAS AGROFLORESTAIS, 7., 2009, Luzinia. Anais... Luzinia, 2009. Disponvel em: . Acesso em: 04 nov. 2013.

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