CACHINHOS DE MEL -...

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Título da obra: C C A AC CH HI IN NH HO OS S - -D D E E - -M M E EL L O O C C O ON NT TO O - - D DE E - -F F A AD DA AS S Q QU UE E V VO OC Ê A AI IN ND DA A N ÃO O O OU UV VI IU U Autor: G G I IL LS SO ON N S S A AN NT TO OS S D D E E O O L LI IV VE EI IR RA A Categoria: T T E EA AT TR RO O I I N NF FA AN NT TI IL L

Transcript of CACHINHOS DE MEL -...

Título da obra:

CCCAAACCCHHHIIINNNHHHOOOSSS---DDDEEE---MMMEEELLL

OOO CCCOOONNNTTTOOO---DDDEEE---FFFAAADDDAAASSS QQQUUUEEE VVVOOOCCCÊÊÊ AAAIIINNNDDDAAA NNNÃÃÃOOO OOOUUUVVVIIIUUU

Autor:

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Categoria:

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Cachinhos-De-Mel

“O Conto-de-Fadas que você ainda não ouviu”

De Gilson Santos De Oliveira Número de Atos : Único, a maioria das cenas acontecem no quarto de Cachinhos-de-Mel Personagens e figurinos : (por ordem de entrada) 1. Bobo-da-Corte É uma espécie de narrador ou apresentador. É ele quem cantará a grande maioria das músicas, se vestirá à caráter, ou ainda poderá se transformar em um arlequim, uma colombina, caso interpretado pôr uma mulher ou ainda um pierrot, tudo dependerá do diretor.

2. Cachinhos-de-Mel É a princesa do Reino Encantado, ela é a única herdeira do trono, tem esse nome devido seus cabelos serem douradinhos e encaracolados. Admira o seu tio, o Poderoso Meleka e não acredita que juntamente com o seu primo Caquinha Borrão, queiram destruí-la. Deverá estar sempre vestida de cores claras, o branco pôr exemplo.

3. Poderoso Meleka É um perverso bruxo, que fará de tudo para destruir Cachinhos-de-Mel e se tornar o novo rei do Reino Encantado. É o pai de Caquinha Borrão, seu cúmplice, em suas ruindades. Tem um chapéu, uma capa, unhas grandes.

4. Caquinha Borrão É o auxiliar do Poderoso Meleka, seu pai. É a princípio amigo de Cachinhos-de-Mel, muito cínico e aproveitador desperta o ódio em todos os amiguinhos de sua prima. Depois que seu pai for o rei, pretende destruí-lo para conseguir o seu posto. Veste-se basicamente como seu pai.

5. Sinápico É o rei do Reino Encantado e pai de Cachinhos-de-Mel, morre quase no início do espetáculo, mas aparecerá para a sua filha. Dá uma missão à sua filha para que a direção do Reino Encantado não caia em mãos errôneas: Poderoso Meleka e Caquinha Borrão. Deve vestir-se com coroa, cetro, muito tecido com brilhos, capa e botas.

6. Pôr-de-Sol É amigo inseparável de Cachinhos-de-Mel, trabalha na cozinha real do castelo. Sua roupa deve se assemelhar com as dos cozinheiros atuais, com aqueles chapelões, predominando o verde e o vermelho. 7. Estrela-Cadente Outra amiga de Cachinhos-de-Mel, ficará muito enciumada com a chegada de Entrelinhas-da-Chuva, no castelo. Usa uma sombrinha com transparências e seu vestido tem cores coloridas, predominando o amarelo e o azul. Ela tem um diadema.

8. Entrelinhas-da-Chuva É uma aprendiz de fada, que vive na colina Sol de Cristal, seu grande sonho é conhecer o Rei Sinápico. Muito distraída e atrapalhada não medirá esforços para ajudar a Cachinhos-de-Mel. Deverá se vestir com lilás.

9. Raio-de-Luar É a Fada-Madrinha da região, onde situa-se o castelo do Reino Encantado. Muito atarefada, já está meio velhinha e pretende se aposentar, ela quem é a instrutora de Entrelinhas-da-Chuva. Tem um vestido roxo, cor que predominará nela, juntamente com o laranja. Cenários : Os cenários são os mais simples possíveis, com muitos adereços de cenas, poderá se dar a entonação certa para o local onde a cena acontece: no quarto de Cachinhos-de-Mel, na sala de recepção da Fada-Madrinha Raio-de-Luar, no sótão do castelo e no pátio do mesmo. Sendo os cenários fáceis de montar, o espetáculo poderá ser encenado com realismo absoluto, uma vez que não será preciso apenas sugerir ambientes com um ou dois objetos: o ambiente será o real com todos os objetos e detalhes.

Cena 01. Era uma vez... Bobo-da-Corte Como todos os Contos-de-Fadas, inclusive este que você ainda não ouviu, não poderia ser diferente. (Cachinhos-de-Mel está deitada na cama, esta cena acontece em seu quarto) Música: Era uma vez... (canta Bobo-da-Corte, ou podem todos os personagens cantar, cada qual uma parte, fica a critério do diretor.)

I Uma história diferente Vou contar para vocês, E como toda história pede,

Começa com: “era uma vez...”

II Era uma vez, Num Reino Encantado Uma linda princesinha E dois bruxos bem malvados III Sinápico é rei, Bondoso e inteligente, Mas teme pela filha Nas mãos de seus parentes

IV Tem fadas e Pôr-de-Sol Trabalhando pelo bem, E até Estrela-Cadente O Reino Encantado tem Muito bem! Muito bem! Bobo-da-Corte Era uma vez uma princesinha, órfã de mãe, que vivia com seu pai no Reino Encantado. Muito ingênua, Cachinhos-de-Mel, assim, assim ela se chamava, devido seus cabelos serem encaracolados e douradinhos. Música: O sol já declinou (cantam Bobo-da-Corte e Cachinhos-de-Mel, a III parte)

I Está na hora de acordar. O dia já raiou. Você tem que levantar, Pois o sol já declinou.

II Responsabilidade de princesa, Você tem que cumprir, E com toda sua beleza, Não pode ficar a dormir.

III Estou pronta para o reencontro, Pois a preguiça pode esperar. Meu café tem que estar pronto,

Senão eu irei reclamar. Bobo-da-Corte Tudo seria muito melhor na vida de Cachinhos-de-Mel se não surgissem em seu caminho: (entrando em cena após seus nomes serem chamados) o Poderoso Meleka, o poderoso bruxo deste Conto-de-Fadas e (com nojo) Caquinha Borrão, seu adorado filho. (Poderoso Meleka e Caquinha se batem e após se divertem com Cachinhos-de-Mel, que por sua ingenuidade não se amedronta, aliás, gosta deles). Poderoso Meleka Queria lhe dar um bom dia querida sobrinha, mas tenho, infelizmente, más notícias. Caquinha Borrão (sempre com ar de deboche) Infelizmente... Cachinhos-de-Mel (curiosa) O que ocorre? Caquinha Borrão Seu pai... Cachinhos-de-Mel (interrompendo) Papai? Vamos titio me conte. Como ele está? Poderoso Meleka Seu pai já viveu o suficiente e como já disse, infelizmente, terá que deixar o trono para alguém. Caquinha Borrão O trono... Para alguém... Poderoso Meleka E todos sabem que... que o rei só tem uma única herdeira e que trata-se de você, majestade. (fazendo um gesto de cortesia real e Caquinha Borrão imitando-o) Cachinhos-de-Mel Não me trate assim titio fico... fico até arrepiada só de pensar em ser rainha algum dia. Poderoso Meleka Eu sei minha queridinha e foi esse o motivo que me trouxe até aqui, pois caso não aceite este cargo, a pessoa mais cotada para ele serei eu, e você sabe que eu já estou muito velho (segurando às costa) para assumir algo de tamanha responsabilidade, portanto caso aconteça algo mais grave com seu pai, pense muito bem em suas decisões.

Cachinhos-de-Mel (perturbada) Com certeza pensarei e tomarei uma atitude prudente, pois não quero magoá-lo. Poderoso Meleka Vejo que a deixei um pouco perturbada e para que não continue assim pelo resto do dia, não conte a seu pai que estive aqui esta manhã. Cachinhos-de-Mel Tenha certeza titio, manterei segredo. Caquinha Borrão Não se trata de um segredo, trata... Poderoso Meleka (interrompendo) Vamos indo, adorado filho, Cachinhos-de-Mel entendeu muito bem nosso recado. Tenha um bom-dia. Cachinhos-de-Mel Para vocês também.

Cena 02. A grande missão. Bobo-da-Corte Com o seu estado de saúde se agravando, o rei Sinápico procura a filha Cachinhos-de-Mel para, além de alertá-la do mal que sofre, entregar em suas próprias mãos uma missão, uma grande missão. Sinápico Filha. Cachinhos-de-Mel Pai? Algum problema? Sinápico Não minha querida, venho lhe trazer boas notícias. Cachinhos-de-Mel Então conta logo pai. Sinápico É meio difícil. (tira uns mapas do bolso) Você está vendo essas terras ao redor do nosso Reino? (ela afirma) Pois é logo seu pai fará uma longa viagem, e quando eu me for, você será dona de todas essas terras. Cachinhos-de-Mel

Até do Rio Salgado? Sinápico Sim, do Rio Sagrado, da Planície Vermelha e das Terras Gélidas. Cachinhos-de-Mel E quando viajará? Sinápico Meu estado de saúde se agrava, creio que dentro de dois dias, mais tardar três. (ele para de falar de repente, ela só observa os mapas, ele continua a falar) Filha, eu quero que você tenha muito cuidado, - Seu tio Poderoso Meleka. – Eu sempre estarei ao seu lado. Prometa, creia em mim. (ela já presta mais atenção nele e o abraça).

Cena 03. Puxando o tapete. Bobo-da-Corte Com toda a sua ingenuidade, Cachinhos-de-Mel passeia toda feliz pelos jardins do Castelo, irradiando alegria e nem imagina que seu tio, o Poderoso Meleka prepara-se para tomar o seu lugar no trono do Reino Encantado. Pôr-de-Sol Posso saber o porque de tanta felicidade neste rostinho? Cachinhos-de-Mel Hoje recebi uma notícia que me deixou muito, mas muito feliz. Estrela-Cadente E será que a princesa poderá compartilhar conosco? Cachinhos-de-Mel Não sei se posso, mas meu pai não me pediu segredo. Estrela-Cadente Ah! Então conta logo! Cachinhos-de-Mel Eu tenho uma missão neste Reino (vê o Caquinha Borrão, que estava escondido desde o início da cena e o chama) Quero que ouça o que vou dizer, venha. Caquinha Borrão (olhando para trás) Eu??? Você tem certeza do que fala? Cachinhos-de-Mel

Como eu ia dizendo, bem a minha missão só irá começar quando meu pai dor fazer uma grande viagem, (triste) então eu serei dona de todas essas terras, e terei uma coroa. Pôr-de-Sol E qual o motivo dessa tristeza? Cachinhos-de-Mel Porque a viagem de papai não terá retorno. Pôr-de-Sol Mas em partes, tudo isso vai ser bom para você. Cachinhos-de-Mel (se retirando) Antes que eu me esqueça: quero que vocês me prometam segredo. Ambos Certo, se-gre-do. Bobo-da-Corte Cachinhos-de-Mel não esperava que Caquinha Borrão, após obter essas informações, correria para contá-las ao seu pai, o Poderoso Meleka e juntos começarem a planejar algo tenebroso para a “ente querida”, que, por incrível que pareça, acredita que o Poderoso Meleka e Caquinha Borrão são pessoas de boas intenções.

Cena 04. O dia da viagem. Bobo-da-Corte Chegou enfim, o dia tão esperado por Cachinhos-de-Mel, que ainda não entendia o seu verdadeiro significado e ela sentiu-se muito sozinha naquele imenso castelo, apesar do amigos e de outras companhias, estava repleta de sonhos terríveis e ficava dias trancada em seu quarto todo escuro. Música: A morte de meu pai (canta Cachinhos-de-Mel)

I Ainda estou confusa, Com tudo que se passa. Não sei bem ao certo o que é, Mas algo de ruim vai acontecer. Coro Pois quando seu coração parar de bater, E parar de bater. Nada em mim

Viverá. II Pois você tudo é em mim, Tudo em mim. Não se vá papai,, Tenho muito que aprender, E sem você eu nada sou. Cachinhos-de-Mel Papai, porque o senhor me abandonou? O que farei agora? Sinápico (em of.) Filha... Cachinhos-de-Mel Pai, onde está o senhor? Quero ver a sua face... preciso lhe abraçar, necessito de todo o seu carinho. Sinápico (em of.) Cachinhos-de-Mel, minha filha, eu não te abandonei, tive que partir e algum dia você também virá para onde estou, juntamente com sua mãe. Você recebeu uma missão e terá que cumpri-la. (pausa) Seu tio, o Poderoso Meleka está disposto a destruí-la. Cachinhos-de-Mel (decidida) Isso não é possível!!! Sinápico (em of.) Sei que é difícil para você, mas tem que acreditar em mim. Seu tio não é essa doçura que ele pinta ser, portanto, quero que saia dessa escuridão e vá até a Colina do Sol de Cristal, procurar a ajuda da Fada-Madrinha Raio-de-Luar. Cachinhos-de-Mel É muito difícil, mesmo para mim, mas obedecerei o seu mandato, como um último pedido. (pausa) Pai, o senhor ainda está aí? Pai! Pai! Pai!!! Bobo-da-Corte Música: Fada, fada, fadinha...

I Fada, fada, fada, Tão bela, Vive numa nuvem Perto de uma estrela Fadinha...

II

Aprendiz de fada, Protege a princesinha, Praticando o bem Será Fada-Madrinha Fadinha... Lá, lá, lá.... (durante a música há mudanças de cenários, toc, toc, toc,. Abre a porta e entra Cachinhos-de-Mel) Cachinhos-de-Mel Por gentileza, estou a procura da Fada-Madrinha Raio-de-Luar. Entrelinhas-da-Chuva (nem olha na cara de Cachinhos-de-Mel) É uma pena, mas a Fada-Madrinha Raio-de-Luar não se encontra, aliás nem data prevista para chegar ela tem. Tanto pode chegar agora, como poderá chegar daqui a cem anos mais ou menos. (olhando para Cachinhos-de-Mel) Digo, anos-luz! Cachinhos-de-Mel Isso é uma piada! (pausa) Então me chame outra fada, por favor. Entrelinhas-da-Chuva Isso sim é uma piada: Ah! Ah! Ah! Ah! Ah! Cachinhos-de-Mel (triste) Por que você ri de mim? Entrelinhas-da-Chuva Todo ano, nesta época, as fadas se reúnem na Cidade dos Sonhos Mais Que Impossíveis, para a grande convenção das fadas. Só um idiota não sabe disso, ou melhor uma idiota. Cachinhos-de-Mel Você não percebe que eu estou aflita, pois meu tio, o Poderoso Meleka, quer roubar o meu trono e preciso (pensativa/pausa) de sua ajuda. Você é uma fada, não é? Entrelinhas-da-Chuva (assustada) Eu??? Bem! Ainda não sou uma fada, mas estou prestes a ser, pois só falta uma prova para que eu receba o meu certificado. Sinto muito, mas não tenho condições.

Cachinhos-de-Mel Por favor entenda a minha angústia! Entrelinhas-da-Chuva Está vendo aquela varinha-de-condão ali? Não me pertence. Só uma verdadeira fada poderia usá-la e não é meu caso, pois comigo só funciona quando realizo minhas provas. Cachinhos-de-Mel (já de saída) É que meu pai, o rei Sinápico, deixa prá lá. Entrelinhas-da-Chuva Então é a única herdeira do Reino Encantado? Espere um milésimo de segundo, vou pegar meu livro de mágicas e a varinha-de-condão e seguiremos já para lá.

Cena 05. Preparando o mal

Bobo-da-Corte Música: Quem quer fazer mal

I Cachinhos-de-Mel, Cabelo dourado, Princesa feliz Do Reino Encantado.

II Gotinha de Sol Pureza de Céu, Quem quer fazer mal A Cachinhos-de-Mel? Bobo-da-Corte Não sabendo da ausência da sobrinha no castelo, Poderoso Meleka se preocupa, ou melhor, ocupa o seu tempo com algo banal e sem nenhuma importância. Caquinha Borrão (entra preocupado e gritando) Poderoso Meleka, Poderoso Meleka, Pode... Poderoso Meleka (interrompendo) Não me atrapalhe, seu idiota, não percebe que estou preparando uma poção mágica (envaidecido) a qual deixará meus cabelos da cor do arco-íris. Caquinha Borrão Eu não queria atrapalhá-lo, é que...

Poderoso Meleka (interrompendo novamente) É que, é o que? Não me venha com bobagens novamente? Mas fale logo. Diga, diga... Caquinha Borrão Ih! Me esqueci! (leva um tapa do pai e se exalta) Também, o senhor fica falando é que, é o que, o que, e eu fico nervoso e sabe o que eu faço quando eu fico nervoso? Poderoso Meleka Não!!! Caquinha Borrão Eu, eu, eu choro (voz manhosa e choramingando) Poderoso Meleka (acalmando-o) Fique calmo. Pronto, está mais calmo, calminho. (Caquinha Borrão afirma) Então conte logo o que veio dizer? Caquinha Borrão Ah! É mesmo, o negócio é o seguinte: Cachinhos-de-Mel... Poderoso Meleka (nervoso) Cachinhos-de-Mel? O que aconteceu, conte logo. Caquinha Borrão (nervoso) Não me interrompa, (pausa) Ela não se encontra no castelo. Essa foi uma conversinha que ouvi entre o Pôr-de-Sol, aquele banguela e a sardenta da Estrela-Cadente. Poderoso Meleka (pensativo) Hum!!! Aquele banguela e aquela coisa sardenta, tinham que estar metidos nessa história, mas eles não perdem por esperar... e onde terá ido a minha “adorada” sobrinha? Caquinha Borrão (inocentemente) Isso que eu queria saber. Poderoso Meleka (nervoso) Isso sou eu quem queria saber. Caquinha Borrão Foi isso mesmo que eu quis falar. Poderoso Meleka Deixe de papo furado e vamos comigo até o sótão. Caquinha Borrão

Sótão... eu tenho medo, muito medo, Poderoso Meleka. (Poderoso Meleka leva-o arrastado)

Cena 06. Ajuda em oculto. Bobo-da-Corte Cachinhos-de-Mel percebe que tudo está perdido. Poderoso Meleka e Caquinha Borrão fariam de tudo para tomar o que lhe foi dado por herança e nem com a aprendiz de fada, Entrelinhas-da-Chuva, a princesinha conseguiria descansar. Cachinhos-de-Mel (ela está bem abatida, num dos cantos de seu quarto e de repente aparece o seu pai, o rei Sinápico) Jamais conseguirei vencer meu tio. Além de ser mais forte do que eu, Entrelinhas-da-Chuva nem fada é? Sinápico (em of.) Não desanimes filha, (ela levanta a cabeça aos poucos) eu estou contigo. Cachinhos-de-Mel Mas, papai. (abaixa a cabeça novamente) Sinápico (em cena) Olhe ao seu redor. Cachinhos-de-Mel (ela vê o pai levanta-se e corre tentando abraça-lo) Pai!!! Sinápico Calma, minha filha. Sou um espírito e não pode me tocar. Coragem minha filha. Você está no caminho certo. Minha hora chegou e tenho que ir ao encontro de sua mãe e de meu pai. Cachinhos-de-Mel Leve-me junto papai, eu lhe suplico. Onde estou não serei útil em nada. Não nasci para reinar e você sabe disso melhor do que eu. Sinápico (vai falando e se afastando e poderá sumir num efeito de fumaça) A palavra de consolo que te deixo é essa minha querida: vença o mal com o bem. Cachinhos-de-Mel Papai!!!

Cena 07. O plano infalível. Música: O bruxo forreca e seu filho abobado

(cantam Poderoso Meleka, a I parte e Caquinha Borrão, a II parte que chegam com um livro imenso de bruxarias)

I O jovem Caquinha É tão abobado, Complica esta história E faz tudo errado

II Meleka malvado, Malvado Meleka, Não passa, entretanto, De um bruxo forreca Poderoso Meleka Eis aqui a grande arma com a qual acabarei de vez com Cachinhos-de-Mel! Caquinha Borrão Eu gostaria de trancá-la na masmorra, juntamente com aqueles dois, mas... Poderoso Meleka (interrompendo) Silêncio! Preciso me concentrar, e com você ao meu lado o tempo todo, acabo não pensando. Caquinha Borrão Quem ouve! Hum! Até parece que ele pensa. Poderoso Meleka Deixe-me ver. Não acho a página. (pausa) Aqui está. (começa ler resmungando, mas não gosta da idéia) Não isso não, de maneira nenhuma. (anda de um lado para o outro e fala) Poderia mesmo colocar pernas de lagartixa e quem sabe até asas de morcegos, mas prefiro algo mais cruel. O que pensaria o meu pai lá das profundezas? Criei um filho para brincar de ser bruxo? Não! Portanto, procuro algo mais sangrento e por que não dizer, mais, (pausa) mais pessoal, mais familiar (com alegria ajeita os cabelos e chama o filho) Caquinha Borrão, traga-me uma pena, pois preciso fazer algumas correções neste Manual de Bruxarias. Caquinha Borrão. (assustado) Mas papai sabe que não é permitido. (Poderoso Meleka olha com cara feia e o filho obedece-o) Poderoso Meleka (com a pena na mão) Deixe-me pensar... para uma grande poção mágica, que me faça rei, são necessários ingredientes audaciosos. (se desespera consigo) Mas ela não poderá morrer, caso aconteça a poção mágica perderá todo o seu encanto e o meu também, é óbvio. (pausa) Necessito, não, não esse verbo não combina

comigo. Como dizia preciso, ficou melhor, de um dente de uma boquinha banguela, de sardas de um tenebroso rostinho e o último e o principal ingrediente, que por sinal é o mais interessante: os cabelos da pessoa em que a poção mágica será usada. Pronto! Meu feitiço está completo. Caquinha Borrão E como irá traze-la até aqui? Não lembra que ela está proibida, pelo próprio pai de vir no sótão do castelo. Poderoso Meleka É nessas horas que eu adoro ter um filhinho como você. (se abraçam) Ande logo e me traga os três até aqui, enquanto preparo algumas ciladas. (Caquinha Borrão sai)

Cena 08. Cara e coragem. Bobo-da-Corte Enquanto o Poderoso Meleka e Caquinha Borrão planejavam o fim de Cachinhos-de-Mel, ela e seus amiguinhos procuravam uma solução para acabar com a situação sem magoar ninguém. Se dependesse dela, até deixaria o seu tio reinar, mas sabia que teria que cumprir sua missão. Pôr-de-Sol Cachinhos-de-Mel, o que fará com o seu tio, o Poderoso Meleka? Entrelinhas-da-Chuva Não venha aborrecer a princesa, novamente, com esse tipo de assunto, ainda mais agora. Pôr-de-Sol Me desculpe é que todos... Estrela-Cadente (interrompendo) Vamos indo Pôr-de-Sol, pare de ficar amolando a princesa com esse papo desagradável. (saem) Cachinhos-de-Mel Pôr-de-Sol tem razão Entrelinhas-da-Chuva. Não posso ficar parada enquanto meu tio... (vê Caquinha Borrão que se aproxima) Entrelinhas-da-Chuva Bem, já vou indo, pois não consigo me aproximar de certos elementos. (sai) Caquinha Borrão Será que o que ela falou, foi para mim? Que injustiça, mas eu nem ligo. Pois Pôr-de-Sol e Estrela-Cadente estão bem chateados com essa “fadeca de meia tigela”

Cachinhos-de-Mel não estou entendendo o quê quer dizer com isso, Caquinha Borrão. Caquinha Borrão É simples, adorada priminha. Nesse exato momento, Estrela-Cadente e Pôr-de-Sol estão lá no sótão com papai, reclamando dessa tal “fadeca de meia tigela”. Cachinhos-de-Mel Preciso falar com eles, pois que me lembre Entrelinhas-da-Chuva não fez nada que magoa-se ninguém a tal ponto. Caquinha Borrão Vamos, eles estão lá no sótão. Cachinhos-de-Mel (parando) Caquinha Borrão, você sabe que não me é permitido ir até lá. Caquinha Borrão Nem para falar com seus amigos, que estão necessitados de você, o que eles irão pensar: “Não veio para ficar com aquela ‘fadeca de meia tigela’” Cachinhos-de-Mel Você tem razão. Venha comigo.

Cena 09. A prisão perpétua. Bobo-da-Corte Com essa sabotagem, o Poderoso Meleka já se sentia com o cetro, a coroa e o manto em seu poder, e Cachinhos-de-Mel, percebia que estava sendo enganada. Poderoso Meleka Tenho certeza que esse inútil não vai conseguir trazer essa princesinha até aqui, pois ele não consegue amarrar o próprio cadarço de seu sapato. (pausa eles entram) Mas, ora, quem nós temos aqui em meus aposentos, não é a princesinha Cachinhos-de-Mel? O que a trazes até aqui? Cachinhos-de-Mel Vim a procura de meus amigos. Poderoso Meleka (sentando-se) Pode procurá-los. Cachinhos-de-Mel Vim por que Caquinha Borrão disse-me que estão aqui. Poderoso Meleka Que não seja por isso, pode procurá-los.

Cachinhos-de-Mel É melhor pararem com essa brincadeira. Caquinha Borrão Mas não estamos brincando. Seus amigos saíram, mas você não pode sair agora. (ela é acorrentada pelo Poderoso Meleka) Poderoso Meleka Caquinha Borrão, cuide do meu caldeirão e da minha convidada. Vou buscar os outros ingredientes, e se algo acontecer a ela, você será o único irresponsável. Caquinha Borrão Pode contar comigo, Poderoso Meleka, nada vai acontecer a Cachinhos-de-Mel, não se preocupe (Poderoso Meleka sai e Caquinha Borrão fica andando de um lado para o outro resmungando) Meu pai nem sabe, mas depois que ele for o rei, eu: Caquinha Borrão farei de tudo para derrubá-lo e assumir o seu posto. Claro, ele quer tudo para ele e isso não é justo, temos que dividir as coisas. (pausa) Estou tão sozinho, sem ninguém para poder brincar de... Cachinhos-de-Mel (interrompendo-o) Eu posso brincar com você... caso me solte, é claro. Caquinha Borrão De verdade? Cachinhos-de-Mel Claro, a única coisa que terá que fazer é me soltar. Caquinha Borrão E do que poderemos brincar? Cachinhos-de-Mel Sei lá, talvez de azulina premiada. Caquinha Borrão Ah, não. É muito chato ficar pulando e jogando arroz pela cabeça. Cachinhos-de-Mel Que tal se brincássemos de home-home. Caquinha Borrão Que chatice, ficar de mão com mão e recitando aquelas melodias, todas sem graça. Cachinhos-de-Mel Então, vamos brincar de bonecas.

Caquinha Borrão Oba! Vamos? Eu adoro brincar de bonec... é mais não conte pra ninguém e vamos brincar de outra coisa. Qualquer coisa. Cachinhos-de-Mel Vamos brincar de... Caquinha Borrão (interrompendo) É melhor deixarmos essas brincadeiras para outra oportunidade, pois o Poderoso Meleka pode chegar e acabará comigo. Cachinhos-de-Mel Que tal brincarmos de joaninha arrependida. Caquinha Borrão Tudo bem, vou te soltar. (quando Caquinha Borrão vai soltá-la chega o Poderoso Meleka com Pôr-de-Sol e Estrela-Cadente amarrados) Poderoso Meleka O que pretende fazer? Caquinha Borrão Não!... era para cortar as unhas dela. Poderoso Meleka O que ele iria fazer Cachinhos-de-Mel? Cachinhos-de-Mel Me soltar para brincarmos de bonecas. Caquinha Borrão Mentirosa. Ela quer nos desunir papai? Não está percebendo. Poderoso Meleka Vamos parar com essa palhaçada, Caquinha Borrão, cuide desses dois. Caquinha Borrão Sim, Poderoso Meleka. (enquanto Caquinha Borrão coloca-os ao lado de Cachinhos-de-Mel, o Poderoso Meleka vai mexer em seu caldeirão)

Cena 10. A possível solução. Bobo-da-Corte De uma hora para outra, como um relâmpago, Raio-de-Luar chega na Colina Sol de Cristal e logo percebe a ausência de sua aprendiz de fada, Entrelinhas-da-Chuva.

Raio-de-Luar Fofura, fofurinhaaaaaa, hu, hu, não se esconda, vamos, apresente-se já a sua Fada-Madrinha. Trouxe um presentinho para você (anda de um lado para o outro) Meu Deus! Minha varinha-de-condão! O que essa “moleca” pensa que está fazendo? Eu posso até ser expulsa do rol das fadas e ser transformada numa minhoca de duas cabeças por dois ou três meses. Já sei, vou consultar minha bola de cristal, antes que essa “fadeca de meia tigela”, sim isso que ela é, apronte alguma coisa. Ela sabe das regras. (ela consulta a bola de cristal e fica meio tranqüila) Então ela está no castelo de Sinápico. Tenho que impedi-la de fazer qualquer bobeira, tomara que eu chegue a tempo de interrompe-la. Bobo-da-Corte Parece que os objetivos do Poderoso Meleka serão alcançados, pois a Fada-Madrinha Raio-de-Luar não soube entender o plano de Entrelinhas-da-Chuva, que foi até o Reino Encantado para ajudar Cachinhos-de-Mel... e poderá colocar tudo em risco. Mas afinal de contas, Entrelinhas-da-Chuva nem fada é.

Cena 11. Final feliz escrito está. Bobo-da-Corte A única coisa que existe entre os outros Contos-de-Fadas e este que você ainda não ouviu, é apenas um: em todos os outros, a princesa acaba com um belo príncipe e Cachinhos-de-Mel está prestes a ser executada pelos próprios parentes e sem ninguém para ajudá-la, pois a Fada-Madrinha Raio-de-Luar não chegará a tempo. Caquinha Borrão Agora Cachinhos-de-Mel será uma de nossas criadas. Poderoso Meleka Nossas não... minha criada. Caquinha Borrão Ah! É mesmo. Cachinhos-de-Mel Você não seria capaz de acabar com a sua própria sobrinha, seria? Poderoso Meleka Teria coragem de acabar até com meu próprio filho para me tornar o rei. Agora fiquem quietos, preciso me concentrar, para começar a preparar a minha poção mágica. Caquinha Borrão, não pare de mexer, senão desanda tudo (Entrelinhas-da-Chuva está escondida demonstrando muito medo) Primeiro quero o dentinho de uma boquinha banguela. Pôr-de-Sol

Não faça isso, Poderoso Meleka. (arranca-lhe da boca um dente e joga no caldeirão) Poderoso Meleka Agora, preciso das sardas de um rostinho. Estrela-Cadente Você é muito mal e não pode fazer isso. Poderoso Meleka Não só posso, como estou fazendo. (tira as sardas dela e põe no caldeirão) E agora, o último ingrediente, uma mecha dos cabelos de Cachinhos-de-Mel (com uma tesoura ele vai em direção dela) Entrelinhas-da-Chuva (interrompendo-o ficando entre o Poderoso Meleka e a Cachinhos-de-Mel) Você jamais fará isso! Caquinha Borrão Você não está pensando em impedir o Poderoso Meleka de fazer qualquer coisa, está? Entrelinhas-da-Chuva (com muito medo) Claro que não. (pausa/decidida) Vou impedi-lo de qualquer jeito. Poderoso Meleka É melhor que saia agora da minha frente. Entrelinhas-da-Chuva É agora. Abracadabra, pelo rei Sinápico e pelo Reino Encantado, faça com que este traste vire um vea... não, que ele fique parado. Poderoso Meleka Não consigo me mexer. Caquinha Borrão Vou me mandar antes que notem a minha presença aqui. Raio-de-Luar (aplaudindo) Parabéns, Entrelinhas-da-Chuva! Entrelinhas-da-Chuva (chorando) Me perdoe Raio-de-Luar, só vim por...

Raio-de-Luar Não precisa se desculpar, você esteve brilhante e essa seria sua última prova. Você passou e a partir desse momento essa varinha-de-condão é sua. Você é uma fada de verdade. Entrelinhas-da-Chuva Eu não posso acreditar. Raio-de-Luar Foi a sua ousadia e coragem que fez de você uma poderosa fada. (elas soltam os três) Cachinhos-de-Mel Todos vocês estão convidados para a minha posse de rainha. Bobo-da-Corte (cada personagem dará um elemento para Cachinhos-de-Mel para caracterizá-la como rainha do Reino Encantado) Tudo o que devia acontecer na vida de Cachinhos-de-Mel aconteceu. Agora ela já é a rainha do Reino Encantado. Raio-de-Luar continua recebendo novas alunas em seu cursinho básico para fadas, a última delas foi Estrela-Cadente. Entrelinhas-da-Chuva decidiu ficar no Reino Encantado como Fada-Madrinha de Cachinhos-de-Mel e apartá-la de todo o mal. Pôr-de-Sol empregou o Poderoso Meleka para descascar batatas na cozinha real. Já o Caquinha Borrão, ninguém mais teve notícias suas, esperamos todos que ele não retorne num novo episódio para atormentar a vida da nossa Cachinhos-de-Mel, que teve um único problema: não encontrou um verdadeiro amor. Mas mesmo assim, até aqui viveu feliz para sempre. Música: O bem vence o mal (canta Bobo-da-Corte, ou podem todos os personagens cantarem, cada qual uma parte.)

I Sinápico agora Não vai sofrer mais, O Reino Encantado Já vive em paz II Caquinha, o bobão, Fugiu prá longe, distante, Ninguém sabe aonde Se escondeu o tratante

III Pôr-de-Sol É Primeiro Ministro E trás num cortado

O bruxo sinistro IV Descasca batata Meleka, o malvado, Aprende a não ser Tão atrapalhado

V Já meio cansada Raio-de-Luar Aproveita o fim da história Prá se aposentar VI Entrelinhas-da-Chuva Virou Fada-Madrinha, E Estrela-Cadente Aprendiz de fadinha

VII Cachinhos é rainha Do Reino Encantado E espera ansiosa O príncipe amado

VIII E o Conto-de-Fadas Que chega ao final Ensina que sempre O bem vence o mal

IX Adeus a vocês E muito obrigado Pôr estarem conosco No Reino Encantado

Fim

Breve Curriculum

O amor, o saber/88 (comédia) Sepultado vivo/95 (comédia) Supostamente no céu/96 (drama)

Cachinhos-de-Mel/96 (infantil) O paiol do barulho/97 (infantil) Príncipe valente/98 (infantil) Júlia da Costa/99 (drama) Situação de vida/00 (drama) Garoto de programa/00 (drama) Declaro estar ciente que a presente inscrição impli ca na minha concordância com todas as normas estabelecida s pelo Regulamento do Concurso Nacional de Textos Tea trais Inéditos, aprovado pela Portaria n.º 129/2000 do Mi nistério da Cultura. Data Assinatura: Paranaguá 15 de julho de 2000