Cadê a tal reforma curricular? E a medicina pra onde vai e pra onde vou … · tímido no canto da...

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1 Universidade Federal de Sergipe - UFS | Centro Acadêmico de Medicina Dr. Augusto César Leite - CAMED | Ano 2 - Edição 2 - 2012.1 Empresa criada pelo go- verno para gerir os HUs, de que forma ela pode in- terferir na formação dos estudantes, no ensino dos professores, na vida dos trabalhadores e no atendi- mento dos pacientes do Hospital Universitário. Nos explicamos pra você! (página 09) Cadê a tal reforma curricular? E a medicina pra onde vai e pra onde vou como estudante? Reflita um pouco co- nosco. (página 07) Jogos, animação, dribles, saiba as novas da tradicional (pág. 15) Saiba um pouco mais sobre o novo curso de medicina da UFS e sua for- ma de ensino diferenciada. (página 10) Congressos, encontros científicos e estudantis. Saiba o que te espera em 2012; (Págs. 4 e 15) Estágios do mais diversos tipos. Saibam co- mo participar, juntem pontos e boa viagem e aprendizado (página 14) Núcleo Brasil Cuba - Experiência contada dos estudantes de medicina UFS participantes do estágio (página 12)

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Universidade Federal de Sergipe - UFS | Centro Acadêmico de Medicina Dr. Augusto César Leite - CAMED | Ano 2 - Edição 2 - 2012.1

Empresa criada pelo go-

verno para gerir os HUs,

de que forma ela pode in-

terferir na formação dos

estudantes, no ensino dos

professores, na vida dos

trabalhadores e no atendi-

mento dos pacientes do

Hospital Universitário.

Nos explicamos pra você!

(página 09)

Cadê a tal reforma curricular? E a

medicina pra onde vai e pra onde vou

como estudante? Reflita um pouco co-

nosco. (página 07)

Jogos, animação, dribles, saiba as novas da tradicional (pág. 15)

Saiba um pouco mais

sobre o novo curso de

medicina da

UFS e sua for-

ma de ensino

diferenciada.

(página 10)

Congressos, encontros

científicos e estudantis.

Saiba o que te espera

em 2012; (Págs. 4 e 15)

Estágios do mais diversos tipos. Saibam co-

mo participar, juntem pontos e boa viagem e

aprendizado (página 14)

Núcleo Brasil Cuba - Experiência contada

dos estudantes de medicina UFS participantes

do estágio (página 12)

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Editorial

Diagramação: Filipe Emanuel

Tiragem: 500 exemplares

[email protected]

[email protected]

Nesta 2ª edição completamos

um ano de jornal O Mala. Ficou

surpreso? A demora tem uma lista

de explicações que recai principal-

mente na carência de verba. Não é

fácil fazer um jornal. E tudo se

torna ainda mais difícil e desafia-

dor quando nos deparamos com a

falta de tempo (afinal, todos aqui

estudam medicina!). Mas, aqui

estamos mais uma vez trazendo

algumas informações novas e mui-

to úteis e que contextualizam com

o dia-a-dia do estudante.

Nessa edição trazemos a edu-

cação médica como um dos temas,

um texto para se refletir sobre a

nossa formação, novidades da re-

forma curricular da UFS e também

um pouco sobre o modelo de ensi-

no do curso de medicina de Lagar-

to. Vale a pena ler o texto sobre a

EBSERH, um tema que vem sido

discutido em todo o Brasil e que

afeta diretamente a vida dos estu-

dantes, professores e pacientes.

Além disso informamos como vo-

cês podem participar de estágios

nacionais e internacionais.

Boa Leitura a todos!

Mande sua sugestão de re-

portagem, crítica ou comentário

para [email protected] e

ajude a fazer o jornal O MALA

- Fala que eu te ausculto (02 e 03)

- CAMED em Movimento (04)

- EREM / ECEM 2012 (04)

- SRC 2012.1 e Calourada (05)

- Medicina: Da universidade para

onde? (06)

- Que médico você que ser quando

crescer? (08)

- EBSERH, solução ou mercantili-

zação dos HUs (09)

- Medicina em Lagarto (10)

- Especial CAMED 51 anos (11)

- Estudantes da UFS no Núcleo

Brasil Cuba (12)

- Estágio Internacional e Nacional

(14)

- COPAMED (15)

- Congressos e eventos (15)

- Entretenimento (16)

Índice

O MALAO MALA

Fala que eu te ausculto... Ontem minha rotina

voltou ao habitual, fim de

longas férias, as 7:00 horas

da manhã já estava no hospi-

tal, retornando pra casa só as

10:00 horas da noite. Lia

calmamente meu saudoso

Caio F., ao som da inoxidá-

vel Elis Regina, enquanto

esperava o ônibus no termi-

nal do Mercado.

A primeira paciente foi

uma senhora, de 63 anos,

muito sorridente, educada e

agradável, que se queixava

de um inchaço abdominal.

Auxiliado pelo professor e

ao lado dos colegas de tur-

ma, examinamos a paciente

e mais importante de tudo a

escutamos, não simplesmen-

te processamos informações

que ela nos dava a fim de

chegar a um diagnóstico,

mas escutar vai além do e-

xercício de codificação de

palavras, é também o ato de

perceber aquilo que está

implícito, os gestos, o riso

tímido no canto da boca,

compreender que se está

diante de uma pessoa doen-

te, e não apenas de uma do-

ença.

Feita a anamnese e o

exame físico, o professor

chegou a suspeita de uma

determinada enfermidade,

que foi comunicada a paci-

ente. Não era nenhuma do-

ença grave, ou algo sério,

mas a senhora se emociona-

ra com a notícia. Mas pen-

sando bem, o que é algo sé-

rio? O que é uma doença

grave? Aquela que coloca

em risco a vida? Será mes-

mo?

Mais importante do que

um conjun to f í s ico -

biológico, que um quadro

fisio-patológico é essa signi-

ficação simbólica que o pa-

ciente faz daquela notícia.

Podia ser um simples resfri-

ado, uma gripe ou um diag-

nóstico de câncer, AIDS.

Não interessa, as pessoas são

únicas e dentro de suas sub-

jetividades e unicidades res-

pondem de maneira diferen-

te e cabe a mim, saber lidar

com isso, afinal foi a escolha

que eu fiz, estar do lado des-

sas pessoas, em seu momen-

to mais frágil. Ninguém me

obrigou a escolher tal curso,

mas se o fiz, isso impinge

uma carga de responsabili-

dade intrínseca e pré-

assumida.

O lidar do doente com a

doença, é algo singular, úni-

co, existir no mundo e ser

agente e paciente de ações

naturais e sociais é algo ge-

rador de tensões, as relações

sociais per si, são forças

motrizes de atritos, e o mito

que o paciente constrói, no

objetivo de lubrificar as rela-

ções dele com os outros,

com o mundo e consigo

mesmo, melhorando essas

tensões é algo particular.

Esse mito e essa significação

que o paciente constrói so-

bre a doença deve ser respei-

tado e trabalhado, invés de

simplesmente se catalogar o

paciente como difícil ou

birrento. A resposta de D.

Maria para o diagnóstico de

câncer é totalmente distinta

da resposta de D. Fátima, e

cabe ao profissional compre-

ender isso, e trabalhar dentro

desses constantes graus de

variância e incerteza.

Mas enfim, eu estava ali,

enquanto o professor tentava

acalmar a doce senhora, eu

estava ali, um pouco afasta-

do, admirando, contemplan-

do a cena, como se visse um

filme, ou como se um qua-

dro estivesse sendo pintado

a óleo em minha frente.

Aquela senhora, acompa-

nhada apenas pela filha, pele

seca, castigada pelo tempo e

talvez pelo excesso de ativi-

dade laborativa, talvez mui-

tos filhos, falta de oportuni-

dade para estudar, casa sim-

ples, falta de auxílio de um

marido, não sabia de nada

disso, mas ia conjecturando.

E ver o sofrimento dela, o

rubor facial, as lágrimas que

escorriam, o rosto que se

escondia com vergonha dos

presentes, foi me fazendo

naquele momento olhar um

pouco para dentro de mim,

para tudo que eu vive, tudo

que eu passei para poder

estar ali, tentando ajudá-la.

Em flashes de segundos

fui rememorando fatos, lem-

brando de pessoas, de insul-

tos a mim dirigidos, de elo-

gios, das dificuldades, das

alegrias, foi uma espécie de

estado mental de lembranças

tumultuadas, dolorosas e

felizes ao mesmo tempo.

Tanta coisa veio a minha

cabeça ao mesmo tempo que

não pude deixar de ficar le-

vemente emocionado. Eu

tinha passado por tanta coi-

sa, para estar ali, ao lado

daquela senhora ou de qual-

quer outra pessoa, tentando

ajudar, compreender, escu-

tando...

Alguns podem ver meu

relato como muito melódico

e piegas, mas só eu sei o que

vive para estar ali. Sei das

dificuldades inerentes ao

processo do exercício de

minha futura profissão, não

sou um sonhador tolo, não

idealizo uma conjuntura per-

feito. Mas tento não perder

essa sensibilidade para com

o outro, mesmo com tantas

agruras.

E essa é umas das coisas

que mais clamo aos meus

Deuses, para não perder is-

so, esse sentimento de empa-

tia com o outro...

ANDRÉ LEITE

Acadêmico do 5º período

"Muitos médicos

já são de opinião

que existe algo a-

lém de bisturis e

pílulas para curar

seus pacientes."

Bernie Siegel

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Fala que eu te ausculto é uma seção de artigos de opi-

nião, sugestões, críticas, anúncios, desabafos, etc do MA-

LA dedicada a publicar textos escritos pelos alunos de

Medicina da UFS. Do calourinho até o interno, se você

gosta de escrever e quer apresentar suas idéias no jornal,

mande seu texto para: [email protected]

A graça do stand up comedy De onde vem a graça das piadas? Por que a gente ri de

alguma coisa? Primeiro vou falar uma piada.

“Um cara na lua de mel chega para sua recém esposa e diz:

-Sabia que você é minha Brahma?

- Por quê?

- Porque você é minha numero um.

- Se for assim você é meu Peugeot. Porque é meu 206.”

A piada não tem tanta graça, mas tem o suficiente para

mostrar meu ponto de vista. Sócrates falou que a graça de uma

piada vem de um pequeno desequilíbrio harmônico com con-

seqüências que não cause compaixão. No caso o desequilíbrio

harmônico estaria na quantidade de mulheres do homem e na

quantidade de parceiros da mulher. E ninguém fica com pena

do cara da piada por ter casado com a mulher rodada, talvez

alguém que tenha passado por uma situação parecida, identifi-

que-se com o personagem e sinta pena, acabando totalmente

com a graça para ele.

Freud dizia que toda piada

tinha um contexto sexual por

baixo, mas isso ele era jovem e

associava tudo a sexo. Depois de velho, veio a paumolecencia,

o que o fez raciocinar melhor e vir com uma teoria mais com-

pleta, e esta diz que a graça vem do escárnio a um valor consi-

derado importante a sociedade. No caso da piada a graça viria

do cara ser um virgem e a mulher ser promiscua. Se invertês-

semos: “a mulher diz: ah,você é minha brahma, meu numero

um. E o cara responde: e você meu Peugeot, minha 206”. Não

teria graça nenhuma, porque é isso que a sociedade espera do

homem e da mulher, uma vasta experiência sexual dele e ne-

nhuma dela. Mas e o stand up? É um tipo de comedia que fala de situações

corriqueiras, de coisas que todo mundo pensa, mas não fala. Ela

fugiria então da definição dada por Freud? Na verdade, não. Na

verdade, as aparências, a hipocrisia, tudo aquilo que nos impede

de falar (mesmo sendo comum a quase todos) coisas que teorica-

mente são considerados defeitos humanos, principalmente nosso

defeitos, no fundo são valores tão importantes, tão necessários à

sociedade, que falar a verdade e ser sincero se tornou cômico.

Fala que eu te ausculto... (parte 2) ALOÍSIO FERREIRA

Acadêmico do 11° Período

Primeiro semestre... Ah que alegria

passar no vestibular, ser toda pintada, levar

um trote daqueles e conseguir ver a ponta

do sonho que se realizaria. Tive os 3 meses

de férias mais incríveis da minha vida.

Depois, a tradicional SRC veio como uma

riquíssima introdução sobre o que vería-

mos e o que não veríamos na nossa jorna-

da. Até que na segunda-feira letiva veio o

primeiro choque: onde peste ficava a Li-

berdade? O que era Bicen? Cadê o DCE?

Por que era tão longe o DMO das didáti-

cas? Por que a Bicen ficava mais longe

ainda do Departamento? Como é o nome

da lanchonete que fica ao lado do departa-

mento de filosofia? (Alguém me responda,

porque eu ainda não sei). E mais: por que o

chão era tão irregular? Eu SEMPRE trope-

çava! (Aqui vai outra pausa: eu continuo

tropeçando e já caí várias vezes. Mas, sou

desastrada naturalmente, então relevem). E

pra completar, o DMO está em reforma e

nossas aulas se tornaram um inferno com

toda aquela barulhada e a poeira subindo.

POR QUÊ?

Quem não se lembra da primeira aula?

Do primeiro contato com ossos de verda-

de? E da primeira vez que usou o jaleco de

medicina, luvas, gorro e máscara? Ah, eu

me senti quase uma médi-

ca. Tava nas nuvens. E aí,

o segundo choque: pra quê

tanto forame, tanto sulco, tanto canal e

tanto processo NUM CRÂNIO SÓ? E on-

de ficava a tal da concha nasal e o osso

lacrimal que todo mundo falava que tinha

e eu nunca via? E os esfingolipídeos, gli-

colipídeos e todos os cálculos de bioquími-

ca? E por que muitos músculos e

muitos ligamentos têm que ser

imaginários? Até hoje eu não vi

um risório e nem um ligamento

amarelo! Sem me recuperar

do trauma do segundo

choque, o terceiro apare-

ce: estamos sem professor

de Psicologia Geral e o

professor de Metodologia

pediu desligamento. Ou seja, de

5 matérias que eu tinha, estava

tendo apenas 3. Como se não

bastasse, chegou o primeiro si-

mulado prático de anatomia: MEU DEUS!

Deu branco, deu azul, deu verde, deu rosa,

deu preto, deu arco-íris, só não deu o nome

das estruturas. Depois do desastre do pri-

meiro simulado, aí eu vi a necessidade de

ir pro laboratório em horário extra pra es-

tudar. Deslanchou a bagaceira: já cheguei

a ficar 14 horas na UFS! Como assim? De

9:00-23:00. Bom né? Almocei lá do lado

de fora e descobri o point de almoço da

galera: Bom Gosto, Bom Universitário e

VIP. A comida é boa. Ruim é ter que dei-

xar quase 8 reais toda vez que vou almoçar

(alguns de vocês vão me mandar almoçar

no Resun,né?). E porque tem aquele termi-

nal de ônibus bem na saída lateral da UFS?

Eu já perdi a conta de quantas vezes quase

fui atropelada por um ônibus! Olhe que

lindo!Agora eu ando de mão dada com

Pérola, uma amiga doidinha, pra atravessar

aquela avenida. Santa Mãe, quanta

diferença da época da escola!

Sair do lugar de "acomodação",

onde tudo era "bonitinho" e ir

pra um lugar totalmente dife-

rente da realidade antiga é

realmente um choque. Mas,

mesmo com todas as reclama-

ções, eu estou amando viver ali.

Cresci em termos de responsabili-

dade, conheci tanta gente disposta a

ajudar, fiz amigos que quero levar

pro resto da minha vida. Descobri

um outro lado da medicina que não se res-

tringia ao estudo, mas a humanização. E

hoje estou aqui, em pleno feriado de Sema-

na Santa, tendo que estudar pra prova teó-

rica e prática de anatomia e pra o teste de

bioquímica. Aí, quer dizer, desespero total!

Rio pra não chorar (literalmente)."

FERNANDA MONTEIRO Acadêmica do 1° Período

Angústias de uma Caloura!

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CAMED em Movimento...

A DENEM e o CAMED convidam a todos para o que há de mais interessante e instigante

(além do próprio curso, é claro) em nossa breve passagem pela universidade: o Movimento Es-

tudantil de Medicina. Com ele, aprendemos que ser médico ou estudante de medicina é muito

mais do que fazer exame clínico, diagnosticar ou tratar o paciente. A nossa prática se dá fundamentalmente em participar ativamente

das decisões que interferem no cotidiano da universidade, do nosso curso, do Hospital Universitário e da saúde da população em

geral. Falando em Hospital Universitário, a DENEM está encampando este ano uma campanha nacional em defesa dos HU's e contra

a Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares (EBSERH). Não está sabendo?? Pois fique de olho no que a DENEM está organizan-

do para esse ano e que com certeza tem tudo a ver com a gente. Aliás, a DENEM é construída por quem mesmo? Por nós próprios,

estudantes de medicina!

Acontece na medicina, acontece na DENEM em 2012

Vem aí...

Três anos se passaram desde o

último encontro estudantil de Medi-

cina realizado na Universidade Fe-

deral de Sergipe - o Encontro Regio-

nal dos Estudantes de Medicina

(EREM), em junho de 2009. A cons-

trução do EREM Aracaju 2009 foi

algo inusitado: apesar de ter sido

construído em grande parte por ca-

louros e até pré-calouros (que passa-

ram para o 2º semestre) sem nunca

terem participado sequer de um en-

contro da DENEM, conseguimos

realizar um EREM de sucesso. Foi

graças a esse encontro que se for-

mou a geração que atualmente está

no CAMED e que vem deixando espaço para a galera mais nova.

Falando em galera mais nova, essa recente leva de CAMEDianos,

vindos das últimas Semanas de Recepção dos Calouros, terão

muito o que fazer daqui pra frente. Isso porque, este ano, o E-

REM será realizado novamente na capital mais bonita do nordes-

te: Aqui em Aracaju!

Para quem não sabe do que se trata, os EREM's são encontros

realizados todos os anos por estudantes de medicina nas diversas

regionais do país. A nossa regional é a Nordeste 1, composta

pelas 12 escolas médicas de Bahia, Sergipe e Alagoas: UESB

(Vitória da Conquista e Jequié), UESC, UEFS, UFBA, Baiana,

UFS, Unit, UFAL, Uncisal e os recentes cursos da UNEB e da

UFS Lagarto. O EREM está previsto para os dias 6, 7, 8 e 9 de

setembro (aproveitando o feriado da independência) e a expecta-

tiva é de que o encontro conte com cerca de 150 pessoas. Imagine

só a beleza que será conhecer estudantes de medicina desses 3

estados, trocando experiências, curtindo bastante nas festas e

culturais, além de discutir sobre temas importantíssimos para

nossa formação médica, mas que não são sequer tratados em sala

de aula. Aliás, a temática central deste XVI EREM, será a própria

formação médica quem estará no Divã, por meio de mesas, pales-

tras, oficinas, rodas de conversa, painéis e muito mais.

Com um encontro aguardadíssimo como esse acontecendo em

terras sergipanas, fica tudo muito mais fácil, afinal, não tem a-

quele desgaste pra pedir aos pais, tios, avós, namorado(a), ficante

pra viajar pra longe por 4 ou 5 dias. Além do mais, financeira-

mente falando, a inscrição no encontro é MUITO mais barata do

que qualquer congresso. Mas não é só moleza não minha gente!

Pra construir esse EREM, precisaremos de muito empenho, ale-

gria, energia, vontade e animação, além de muitos braços, pernas

e corações dispostos a construir esse que com certeza será o me-

lhor Encontro Regional dos Estudantes de Medicina de todos os

tempos! Por isso, estudantes de São Cristovão, Lagarto e Unit,

uni-vos! E mãos à obra!

O que é bom sempre volta! Após o sucesso

que foi O último

Encontro Científi-

co dos Estudantes

d e M e d i c i n a

(ECEM) em Uber-

lândia-MG, agora é

a vez da cidade

maravilhosa, Rio

de Janeiro, sediar o

evento que sem

sombra de dúvida é

o mais importante

encontro de estu-

dantes de Medicina

do país.

Estudantes de

Medicina de Belém do Pará até Porto Alegre-RS estarão reunidos

de 12 a 21 de julho (em plenos férias) na cidade do Rio de Janei-

ro para debater os rumos da saúde e da formação médica em nos-

so país. Se o EREM com a participação de estudantes de 3 esta-

dos do nordeste já vai ser bom, imagine o ECEM com cerca de

1000 estudantes do Brasil inteiro?

O tema central do encontro será "Nosso papel na transfor-

mação da Educação Médica", além de várias outras questões

extremamente pertinentes ao cotidiano do estudante de medicina

e do profissional médico (ver programação no site). Além disso,

o encontro terá espaço para exposição e apresentação de traba-

lhos científicos, possibilitando o intercâmbio de conhecimento

entre estudantes de todo Brasil, além de promover a integração

entre os mesmos.

O encontro está sendo construído com todo carinho pelo CA-

SAF (Centro Acadêmico Sir Alexander Fleming), órgão que re-

presenta os estudantes de medicina da UERJ, e pela DENEM.

Corra e aproveite as promoções de passagem que saem na inter-

net para garantir presença neste grande encontro. Afinal, diferen-

temente de um Show de Chiclete com Banana, ECEM só tem

uma vez no ano. É imperdível!

Mais informações no site: www.ecem2012.com.br

Outros eventos importantes: Seminário da Frente Nacional Contra a Privatização da Saú-

de:

- 7 a 10 de junho (Maceió):

Seminário do CENEPES (Centro de Estudos e Pesquisas em

Educação e Saúde):

- São Paulo (2º semestre - Data a definir)

Mais informações: www.eremaracaju2012.wordpress.com

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Na sua 8ª Edição a SRC mais uma vez deu exemplo de solidariedade a aprendizado!

Semana de Recepção dos Calouros 2012/1

Depois de uma das melho-

res férias das nossas vidas, che-

gamos ao dia mais esperado do

ano: 27 de fevereiro de 2012. O

dia em que nosso sonho iria

começar. Todos na expectativa

pra entrar nas salas e ter o pri-

meiro contato com os cadáveres

e ver os lipídeos e carboidratos

da bioquímica. No entanto, nos

deparamos com uma tal de S-

RC (Semana de Recepção dos

Calouros), a qual os veteranos

juravam que era diferente das

barbaridades que ocorria pelo

país e que seria bem legal.

Começamos essa semana

especial com uma dinâmica de

apresentação, e percebe-

mos a ansiedade e alegria

nos rostos dos nossos co-

legas no primeiro contato.

Conhecemos também o

famoso Resun. Após vá-

rias rodas de debate, tive-

mos uma aula sobre SUS

para nos prepararmos para

a vivência do dia seguinte

nas comunidades, que por

sinal foi um aprendizado

para a vida, assim como

toda a semana também o

foi. A nossa quarta come-

çou com um belo café da

manhã muito diferente que

nos proporcionou muitas

risadas e também nos fez

aprender uma nova lição. Logo

mais à tarde, aconteceu a famo-

sa “Caça ao Tesouro” para uns,

ou “Fazenda da UFS” para ou-

tros. Na quinta, aprendemos

que a Medicina não está restrita

aos conhecimentos da faculda-

de, e que se expande para ou-

tras práticas se encaixando na

chamada Medicina Alternativa,

como acupuntura, reiki e mas-

sagem. À tarde, ocorreu o nos-

so “Happy Hour”, e contamos

com a presença da banda Med

Xote, composta pelos nossos

colegas do curso. Garanto que

ninguém ficou parado. Encer-

rando a SRC, na sexta fomos

visitar o HU, lá momentos in-

críveis foram compartilhados,

afinal quem esquecerá as caras

dos veteranos nos quadros vi-

vos? E as milhões de perguntas

sobre os quadros? E, principal-

mente, como esquecer da nossa

linda Noite do Jaleco, que além

de ser uma forma de confrater-

nização com as pessoas funda-

mentais da nossa conquista, foi

considerado como o evento que

marcou a nossa entrada na uni-

versidade?

Dessa forma, para nós a

SRC não foi apenas uma sema-

na de diversão e sim um con-

junto de aulas que serão lem-

bradas durante todo o nosso

curso como uma das mais im-

portantes. Agradecemos ao

CAMED por nos proporcionar

essa recepção tão desejada por

todos e que desperta a vontade

de receber novos colegas da

m e s m a

forma.

Um evento esperado com

bastante ansiedade pelos calou-

ros de medicina é a Calourada.

Com a gente não foi diferente,

então dia 23 de março aconte-

ceu a Calourada 2012.1 de

Medicina no Boteco do Reitor,

com a participação de bandas

que animaram a festa e fizeram

com que a nossa confraterniza-

ção seja lembrada por todos.

Mas,é claro que o convidado

principal das calouradas de

medicina, o famoso sorinho,

não ficou de fora. O tão espera-

do foi motivo de risos, descon-

trações, e disputas amigáveis.

Com muito forró e animação,

ninguém ficou parado, fazendo

a festa ficar mais bonita e di-

vertida. Quem não foi, perdeu

e quem foi, ficou com gostinho

de quero mais, com certeza.

Por Ana Carolyne

e Pérola Estrela

Turma 2012/1

Calourada 2012/1

Noite do Jaleco

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Após pelo menos 6 anos

de muito estudo e preparação

no curso de Medicina, seremos

lançados no mundo do trabalho

enquanto profissionais médi-

cos. Após a Universidade, se-

guiremos a linha do que aconte-

ce em geral com os egressos:

alguns de nós iremos direto

para a residência e outros opta-

rão por trabalhar 1 ou 2 anos no

PSF, farão o seu "pé de meia" e

então irão partir para a especia-

lização ou até para outro em-

prego. Mas aonde? Em geral,

não se pensa muito em traba-

lhar no SUS. É verdade que o

trabalho no Sistema Único de

Saúde não é tão atrativo para

algumas pessoas por conta dos

salários pagos ou até pelas pró-

prias condições de trabalho que

muitas vezes são bastante pre-

cárias. Entretanto, em geral, a

grande maioria dos médicos

trabalha ou já trabalhou alguma

vez no SUS, e esse com certeza

será o caminho para muitos de

nós que estamos em processo

de gestação rumo à profissão

médica - no próprio HU, o qual

faz parte do SUS. Por esse mo-

tivo, dada a importância desse

tal sistema, cabe-nos a fazer a

seguinte pergunta: Qual a reali-

dade desse tal sistema que ire-

mos trabalhar?

Ao longo do século XX, a

saúde no país passou por um

processo de reformas – a cha-

mada Reforma Sanitária Brasi-

leira. Somente com a mobiliza-

ção de movimentos populares,

estudantes, intelectuais, sindi-

catos e trabalhadores da saúde

e, a partir da VIII Conferência

Nacional de Saúde (1986) e

com a aprovação da Constitui-

ção Federal de 1988, foi possí-

vel criar um sistema universal

de saúde que, pelos seus princí-

pios, garantias e fundamen-

tos, é considerado um dos

sistemas de saúde mais a-

vançados do mundo. Entre-

tanto, quase 24 anos após a

sua criação, parece que al-

guma coisa deu errado.

Apesar dessa importante

conquista do povo brasileiro

que foi o SUS, são notáveis as

diversas contradições e contras-

tes na saúde do país - contradi-

ções estas que se expressam

essencialmente entre o setor

público e o setor privado.

Se por um lado, apenas

25% da população tem condi-

ções de pagar por um plano de

saúde e outros 75% dependem

apena do SUS para se ter assis-

tência à saúde, a distribuição de

recursos humanos e financeiros

não segue a mesma proporção.

Apesar de abarcar um número

bem inferior de usuários em

relação ao SUS, o mercado de

planos de saúde movimenta por

ano cerca de 53% do que é gas-

to em saúde no país, ou seja,

mais da metade dos recursos

para uma população que repre-

senta apenas ¼ do total de habi-

tantes. A contradição segue ao

analisarmos o número de postos

de trabalho médicos no privado

e no público, existindo cerca de

4 vezes mais médicos traba-

lhando no primeiro do que no

segundo.

Ao analisarmos tais dados, fica-

mos com a pulga atrás da ore-

lha. Como podemos conceber

um sistema que deveria pelos

princípios dar mais a quem

mais precisa, funcionar de for-

ma inversa? Acontece que esse

problema não se dá apenas pela

resposta simplista de que tudo

que é público é mais difícil de

se colocar em prática. O grande

problema, em sua raiz, é o con-

flito de interesses entre aqueles

que lucram com a saúde da

população e aquele que querem

a consolidação de um sistema

de saúde que em tese deveria

ser para todos e de qualidade.

O problema começou desde

o princípio: apesar da constru-

ção do SUS ter sido uma con-

quista histórica dos trabalhado-

res, o setor privado conseguiu

impor seus interesses mesmo

com a construção de um siste-

ma universal, conseguindo ga-

rantir a sua coexistência com o

sistema público na constituição.

Desde então, não houve trégua

nessa guerra de conflitos de

interesse.

Um fato recente e curioso

aconteceu nas últimas eleições

(2010): a bancada dos planos

de saúde cresceu na câmara e

no senado - São ao todo 38

deputados e 5 senadores. Qual

o problema com isso? Sabemos

que o financiamento de campa-

nhas no sistema eleitoral brasi-

leiro não coloca grandes restri-

ções para os investimentos do

setor privado. Na realidade, é

esse investimento quem dá o

tom das campanhas e dos man-

datos ganhos. Sabemos muito

bem as complicações práticas

disso: quem paga a banda esco-

lhe a música.

Um exemplo prático desse

conflito de interesses se dá no

financiamento da saúde no país.

Que grande parte dos proble-

mas do SUS advém do financi-

amento insuficiente, isso não é

segredo para ninguém. Desde o

ano 2000 tramitou no congresso

a Emenda Constitucional 29,

uma proposta de aumento dos

investimentos em saúde pública

e que regulamentaria o quanto

cada esfera de governo gastaria

com saúde. A proposta inicial

era de que 10% do orçamento

geral da união fosse destinado à

saúde (atualmente são investi-

dos apenas 4%). Levaram mais

de 10 anos para que a emenda

fosse finalmente aprovada na

câmara e no senado e então

sancionada pela presidente, em

janeiro deste ano. Entretanto, os

10% tão sonhados não entraram

na proposta final, já editada

diversas vezes. Muito pelo con-

trário: no início deste ano, o

governo anunciou o corte orça-

mentário de R$ 5,47 bilhões

para o Ministério da Saúde.

Quanto contradição.

Alguém poderia falar ainda

que, o grande problema que

atravanca o avanço do SUS no

país é a corrupção. De fato, o

desvio de verbas é um grave

problema no país, ao se utilizar

um recurso individualmente,

quando deveria ser de toda uma

coletividade. Tal crime precisa

ser combatido de forma vee-

mente. Entretanto, a corrupção

mostrada na mídia, a que é tida

como ilegal, como crime, é

apenas a ponta do iceberg do

(Continua na página 7)

Medicina: Da

Universidade

para onde?

Page 7: Cadê a tal reforma curricular? E a medicina pra onde vai e pra onde vou … · tímido no canto da boca, compreender que se está diante de uma pessoa doen-te, e não apenas de uma

7

sistema. Podemos, por exem-

plo, fazer um simples trabalho

de pesquisa: procurar no Goo-

gle um gráfico que mostre o

orçamento geral da união

(arrecadação de impostos) de

2011. Se hoje o investimento

em saúde gira em torno de 4%,

parte insignificante no gráfico,

podemos notar que 43% dos

gastos são realizados para o

pagamento de juros da dívida.

O que é isso? No frigir dos o-

vos, é dar quase metade do que

é arrecadado no país em impos-

tos para os bancos, alimentando

assim o capital financeiro e

deixando as áreas sociais a ver

navios. No fim das contas, mui-

to mais dinheiro é desviado

para o setor privado de forma

"lícita" do que de forma ilícita.

O fato é que, nesse cabo de

guerra, quem tem mais força

puxa a corda e mais benefícios

para mais perto. Entretanto, se

a nossa força, enquanto futuros

trabalhadores, não está no di-

nheiro, como está no setor pri-

vado (planos de saúde, por e-

xemplo), onde está ela

para colocar a conjuntu-

ra da saúde a favor das

demandas da população?

Nos últimos meses e

principalmente no dia 7

de abril, dia mundial da

saúde, estudantes, servi-

dores, professores, mo-

vimentos sociais e traba-

lhadores da saúde deram

resposta para tal pergun-

ta nas ruas do Brasil

inteiro. Por meio de mo-

bilização,

colocaram

como ban-

deira a

defesa in-

transigente

do SUS

para que o

sistema se

consolide e

possa ofe-

recer tudo

o que pro-

mete em

papel e

tudo o que

a popula-

ção neces-

sita. Fazer

essa defesa

s i g n i f i c a

ter como concepção de que a

saúde é um direito de todos e

dever do Estado e não uma

mera mercadoria que só pode

ser comprada mediante paga-

mento.

Essa luta, apesar de parecer

distante do nosso cotidiano,

tem tudo a ver com a gente -

agora estudantes da universida-

de, mas futuros médicos e tra-

balhadores do Sistema Único

de Saúde. Caso continuarmos

aceitando o subfinanciamento

da saúde pública, a precariza-

ção do trabalho médico, as pri-

vatizações e as terceirizações

da saúde e do ensino como a

EBSERH (Empresa Brasileira

de Serviços Hospitalares) pode-

rá fazer com os HU's do país,

poderá ser tarde demais e nos

arrependermos. Se não assumir-

mos o nosso papel enquanto

protagonistas da história e das

mudanças na saúde e na socie-

dade como fizeram os movi-

mentos sociais no processo de

construção do SUS, quem mais

irá assumir? O setor privado? O

futuro está em nossas mãos e

pertence a gente, povo.

Por Alisson Sampaio (Turma 2009/1)

Na última (e primeira)

edição do Jornal O Mala, vei-

culamos uma matéria sobre a

Reforma Curricular no curso

de Medicina informando que

tal reforma entraria em prática

agora em 2012. Como todos

viram, não entrou. Mas o que

houve?

Convidamos o professor

Marco Prado, chefe do Depar-

tamento de Medicina (DME),

para uma reunião do CAMED

e ele(DME), para uma reunião

do CAMED e ele prontamente

se dispôs a dedicar uma parte

do seu tempo para ir explicar

na reunião o que estava acon-

tecendo.. O professor expli-

cou que o projeto político-

pedagógico da Reforma Cur-

ricular previa implantar o no-

vo currículo paralelamente ao

currículo atual (ou seja, pra

quem já está cursando, não

mudaria nada) para evitar pro-

blemas de atraso no curso etc.

Inclusive, em vários outros

cursos na UFS acontece as-

sim. Foi até colocado em uma

reunião do DME que no curso

de Educação Física existem

três currículos paralelos. Po-

rém, a universidade não está

mais permitindo que exista

mais de um currículo por cur-

so, porque na verdade isso vai

contra as normas. Moral da

história, terá que ser discutido

e pensado um novo projeto

político-pedagógico para o

novo currículo, para adaptar

alguns aspectos e evitar um

excesso de problemas (porque

alguns, com certeza haverá)

para os estudantes, já que todo

mundo terá que se adequar ao

novo currículo quando ele for

implantado. O professor Mar-

co Prado afirmou que preten-

de organizar a criação de uma

comissão para cuidar da re-

elaboração desse projeto, in-

clusive com a participação do

CAMED, durante o ano, na

tentativa de que o currículo

novo seja implantado já em

2013. Mãos à obra então.

‘’Cadê a tal reforma curricular?’’

Page 8: Cadê a tal reforma curricular? E a medicina pra onde vai e pra onde vou … · tímido no canto da boca, compreender que se está diante de uma pessoa doen-te, e não apenas de uma

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Quando passamos no ves-

tibular de medicina, muitas

expectativas começaram a cair

sobre nós: uns já procuram ga-

rantir as futuras “consultas ami-

gas”, outros já querem saber se

queremos montar uma clínica

ou ir trabalhar fora do país... já

alguns querem saber se nós

s e r e m o s o s m é d i c o s

“diferentes” que o Brasil preci-

sa. Independentemente do que

os outros pensam

sobre nós, a questão

mais importante é: o

que NÓS esperáva-

mos ser quando

escolhemos a medi-

cina? Será que os

objetivos daquela

época ainda são os

mesmos? O que

pensávamos sobre

“ser um bom médi-

co” naquela época?

O que pensamos

sobre isso agora?

De fato, todos

os anos, muitos

estudantes iniciam o

curso de medicina

estando apegados

ao sonho de ser

como aqueles médi-

cos famosos, ricos e

bonitos das novelas

e seriados da TV.

No entanto, durante

o curso muitas outras referên-

cias começam a se criar na vida

do estudante de medicina, e um

leque de possibilidades se abre

para ressignificar o conceito de

“ser um bom médico”. O pro-

cesso de escolha de quais cami-

nhos seguir para se alcançar

esse objetivo, ao contrário do

que muitos pensam, não se dá

de forma natural ou espontânea,

mas sim como fruto de uma

grande carga de influências e

oportunidades.

Logo que o curso começa,

milhões de preocupações colo-

cam em cheque, no imaginário

do calouro, a possibilidade de

ser ou não um bom profissio-

nal: decorar o atlas inteiro de

anatomia, ter as melhores notas

em todas as disciplinas, manter

MGP alta, participar de Ligas,

acompanhar um médico, preen-

cher o currículo com congres-

sos, monitorias, pesquisas, pro-

jetos de extensão, organização

de eventos, etc. As possibilida-

des de caminhos a seguir nesse

momento são várias, sendo as

escolhas geralmente feitas a

partir das oportunidades que

surgem e dos conselhos dos

“mais experientes” sobre o que

priorizar em cada período do

curso.

Pode parecer loucura ou

exagero, mas se formos parar

para pensar, a partir dessas de-

cisões tomadas no 1º período,

cada um passa a definir para si

uma formação médica própria,

apesar de todos os estudantes

passarem obrigatoriamente

pelas mesmas disciplinas e pro-

vas durante os 6 anos do curso.

Ao se pensar sobre esse proces-

so de formação ou Educação

Médica, é essencial refletirmos

sobre questões que vão além do

cumprimento de uma determi-

nada grade curricular, afinal,

não existe nenhuma universida-

de que forme 100% de bons ou

maus médicos, independente do

tipo de currículo oficial adota-

do.

Qualquer tipo de experiên-

cia que vivenciamos na univer-

sidade, seja durante o cumpri-

mento do próprio currículo ou

fora dele influenciará, inevita-

velmente, a forma como atuare-

mos na nossa profissão. É nesse

contexto que surge a expressão

Currículo Oculto, com o intuito

de transmitir, em apenas duas

palavras, a idéia de que existe

uma gama de fatores que defi-

nem, juntamente com o currícu-

lo adotado pela universidade, o

perfil de profissional que sere-

mos.

Através dos diversos fatores

que influenciam direta ou indi-

retamente na nossa concepção

de “ser bom médico”, cada

estudante vai delineando, com

o passar dos períodos, o currí-

culo oculto da sua formação.

Desde a escolha das disciplinas

a serem estudadas com mais

afinco às práticas copiadas dos

nossos professores na relação

médico-paciente, com o tempo

vamos começando a expressar

no nosso desempenho acadêmi-

co, tanto através das notas co-

mo dos atendimentos das aulas

práticas, nossas habilidades

desenvolvidas e competências

aprendidas na universidade.

Apesar de seis anos de curso

inicialmente parecer muito,

certamente é um tempo ínfimo

quando paramos pra lembrar

quantos capítulos de quantos

livros de quantas disciplinas

não pudemos nem ler ao estu-

dar para as provas. Na tentati-

va de “dar conta” de todas as

atividades curriculares e ainda

das extra-curriculares para ter

um “currículo exemplar”, mui-

tas vezes passamos a atuar de

forma automática, sem refletir

criticamente sobre o que esta-

mos fazendo, o porquê de fa-

zermos aquilo e até mesmo se

determinada conduta que nos

estão ensinando é, de fato, a

mais correta e benéfica para o

paciente ou não. Como conse-

quência disso, muitas vezes

acabamos prejudican-

do nossa aprendiza-

gem, nossa qualidade

na atenção à saúde

dos pacientes e até

mesmo a nossa pró-

pria saúde.

Diante disso, é

preciso que paremos

um instante para refle-

tir sobre todos esses

dilemas que enfrenta-

mos no nosso cotidia-

no. Será que as coisas

podem ser diferentes?

Será que em todo lu-

gar é assim? Como

fazer para melhorar?

Existem outras alter-

nativas? O que nós,

enquanto estudante,

temos a ver com isso?

Certamente o pro-

pósito deste texto não

é o de responder de

maneira simplória a

estas questões, mas sim, de

incitar uma reflexão acerca da

importância de um diálogo ur-

gente entre estudantes e profes-

sores do nosso curso acerca

desse tema tão negligenciado

que é a Educação Médica. Não

podemos nos esquecer de que

nós não nos tornaremos médi-

cos apenas no dia seguinte à

nossa formatura, mas que esta-

mos nos construindo enquanto

médicos, através das nossas

ações e reflexões diárias e, as-

sim, tendo a oportunidade de

não apenas sermos médicos

bons, mas os médicos que a

nossa sociedade tão necessitada

precisa.

Que médico você quer ser quando Crescer?

Por Adriana Cardoso Freitas Acadêmica do 10° Período

(Turma 2007/2)

Formação

Page 9: Cadê a tal reforma curricular? E a medicina pra onde vai e pra onde vou … · tímido no canto da boca, compreender que se está diante de uma pessoa doen-te, e não apenas de uma

9

A Empresa Brasileira de Serviços

Hospitalares (EBSERH) é uma empresa

pública de direito privado destinada à ad-

ministração dos Hospitais Universitários

(HUS) federais. Primeiramente, houve a

autorização da sua criação pelo ex-

presidente Lula no último dia do seu man-

dato, através da Medida Provisória 520. A

MP não foi aprovada, mas no dia 15 de

dezembro de 2011 a criação da

EBSERH foi definitivamente

autorizada através da Lei nº.

12.550, sancionada pela presi-

dente Dilma Rousseff.

Há uma grande discussão a

respeito dos benefícios trazi-

dos com a implementação da

empresa. Será que ela resolve-

rá milagrosamente a precarie-

dade e os problemas de admi-

nistração dos Hospitais Uni-

versitários brasileiros? Será

que essa recente tendência de

privatização da saúde é sufici-

ente para garantir uma melho-

ra significativa na saúde do

povo brasileiro?

O principal argumento

usado para a defesa da EBSE-

RH é a necessidade de regula-

mentação do pessoal contrata-

do pelos HUS. Porém, a proposta defendi-

da se baseia na contratação através da CLT

(Consolidação das Leis Trabalhistas), o

que impede a garantia de estabilidade e

permite alta rotatividade. Isso , na verdade,

contribuiria ainda mais para a precarização

do trabalho e diminuiria a possibilidade de

mobilização da classe trabalhadora.

Outro argumento utilizado pelos que

defendem a EBSERH é o possível aumen-

to do financiamento dos Hospitais. No

entanto, a participação do capital privado

será através de empresas subsidiárias que

podem dar margem para a corrupção. Ha-

veria ainda a participação do capital esta-

tal. Sobre este, há um exemplo muito bom

a ser considerado: o Hospital das Clínicas

de Porto Alegre (HCPA), hospital escola

da UFRGS que tem participação privada.

O HCPA é tido como referência devido ao

altíssimo financiamento garantido pelo

poder público. Em 2009, o HCPA recebeu

2,55 vezes mais recursos que o HU da

UFMG. Então, surge uma pergunta: por

que é preciso a participação de uma em-

presa privada para se ter um aumento sig-

nificativo dos recursos financeiros esta-

tais? O essencial aumento de investimen-

tos deve ser garantido sem a necessidade

da privatização.

Assim como toda empresa privada, a

EBSERH será regida sob a lógica do mer-

cado, instituindo metas e prazos de execu-

ção que limitarão as áreas de ensino, pes-

quisa e extensão universitária. Isso levaria

à perda da verdadeira natureza dos Hospi-

tais Universitários e evidenciaria a submis-

são aos interesses da empresa, que poderia

cortar gastos nos setores que não dessem

lucro. Além do mais, haveria uma afronta

à autonomia universitária por

causa dos amplos poderes da

EBSERH para firmar contratos,

convênios, definir processos

administrativos.

A parte mais atingida, caso

haja a privatização proposta, será

a população. Haveria diminuição

do acesso à assistência médica,

causando grande ameaça ao SUS

(Sistema Único de Saúde). Essa

diminuição é evidenciada pelo

HCPA, que adotou o método da

“dupla porta de entrada”. Lá,

aproximadamente 80% das inter-

nações são via SUS e 20% são

via não-SUS. As cirurgias não-

SUS cresceram 95,3% de 2002 a

2010, enquanto as cirurgias via

SUS cresceram 18,3% no mes-

mo período, ilustrando a eviden-

te preferência pelos pacientes de

convênio ou particulares.

Após demonstrar todas as consequên-

cias negativas trazidas com a criação da

EBSERH, faz-se necessária uma reação a

isso tudo. Uma das manifestações mais

recentes foi feita em Campina Grande-PB.

Os estudantes da área da saúde organiza-

ram-se e protestaram por uma saúde públi-

ca melhor no campus universitário e no

Hospital Univer-

sitário Alcides

Carneiro.

EBSERH: Solução ou mercantilização dos HUs?

Por Caio Telino (Turma 2012/1)

Mobilizações contra a privatização dos HUs e a precarização do Ensino. (Fotos da UFCG e UNCISAL)

Page 10: Cadê a tal reforma curricular? E a medicina pra onde vai e pra onde vou … · tímido no canto da boca, compreender que se está diante de uma pessoa doen-te, e não apenas de uma

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Medicina UFS: Lagarto Uma nova perspectiva de ensino-aprendizagem

No início de 2011, a Uni-

versidade Federal de Sergipe

iniciou o funcionamento do

campus da saúde Prof. Antônio

Garcia Filho na cidade de La-

garto, localizada no centro-sul

do Estado a 75 km de Aracaju.

De forma inédita em nosso pa-

ís, todos os oito cursos desse

campus apóiam-se sobre meto-

dologias ativas de aprendi-

zado como a Aprendiza-

gem Baseada em Proble-

mas (ABP), sistema tam-

bém conhecido como PBL.

A lógica de todos os cur-

sos, e não apenas medicina

e enfermagem, serem em-

basados nessa metodologia

é a valorização da multi-

disciplinaridade, do traba-

lho em equipe e da huma-

nização do atendimento.

Para isso tornar-se possí-

vel, o primeiro ciclo de

cada curso é integrado, ou

seja, os alunos dos oito

cursos estudam juntos em

suas práticas acadêmicas

diárias.

O curso de medicina

em Lagarto, aprovado pelo

MEC ano passado, é estru-

turado sobre quatro atividades

semanais: O grupo Tutorial, A

Prática de Ensino na Comuni-

dade (PEC), Habilidades e La-

boratório.

No grupo tutorial uma mesa

redonda com média de 10-14

alunos discutirá um problema

apresentado pelo Tutor que visa

à compreensão de um tema do

conteúdo programático da su-

bunidade em estudo. Cabe a

esse grupo, elucidar os termos

desconhecidos, formular ques-

tões, hipóteses e objetivos de

aprendizagem na abertura do

problema. Após isso, o aluno

deve ser capaz de buscar arti-

gos e livros que lhe permita

compreender os objetivos do

problema e este é novamente

discutido no fechamento, que

ocorre na aula subsequente.

Depois dessa discussão, na

mesma aula, um novo problema

é reaberto e o ciclo recomeça.

Em Prática do Ensino na Co-

munidade (PEC), o aluno é

destinado a uma unidade de

saúde onde começa a acompa-

nhar sua rotina e a interagir

com os moradores. Além disso,

realizará o trabalho de interven-

ção em uma comunidade, estu-

dando os seus problemas e pro-

pondo melhorias ao longo de

todo seu primeiro ciclo. Essa

prática visa não apenas o apren-

dizado na comunidade, mas

procura embasar os alunos so-

bre o atendimento a ela. Uma

das primeiras obrigações do

aluno da PEC é estudar as Leis

dos SUS, como a Lei 8.080 e a

8.142 para descobrir seus prin-

cípios básicos como universali-

zação, equidade e integralidade.

Assim, não só descobre os di-

reitos que temos como pacien-

tes, como também através de

uma visão crítica, percebe o

distanciamento da teoria e da

prática.

Na aula de Habilidades, os

alunos serão capazes de desen-

volver as habilidades necessá-

rias a sua vida acadêmica, bem

como, a sua profissão. É atra-

vés des-

sas aulas

que os

a l u n o s

aprende-

rão des-

de bus-

car um

a r t i g o

científico

e renovar

um livro

via onli-

ne na

plataforma Pergamum da bibli-

oteca da UFS, até como se deve

lavar corretamente as mãos e

fazer uma ressuscitação cardio-

pulmonar.

Por fim, tem-se as aulas de

Laboratório que são divididas

em duas partes, a Morfofuncio-

nal e a Histologia. Essas aulas

são as que mais se aproximam

das aulas práticas de um curso

embasado no currículo tradi-

cional. Nelas, os alunos de-

vem ter a habilidade e apren-

der a cada subunidade a his-

tologia, fisiologia e anatomia

do corpo humano.

O curso de medicina é

focado, assim como os de-

mais, em uma metodologia

ativa de ABP. Sem dúvida,

por centrar o desenvolvimen-

to do conhecimento sobre o

aluno, esse é um complexo e

desafiador sistema de ensino,

que foge a ótica do sistema

tradicional. Nesse curso o

aluno precisa aprender a a-

prender e desenvolver uma

extensa carga horária de estu-

do, pois o estudante é avalia-

do diariamente sobre seu

aprendizado. Por ser um cur-

so novo e que ainda se estru-

tura, e devido ao pouco tempo

de funcionamento, fica difícil

para qualquer estudante tecer

grandes avaliações desse mode-

lo de ensino, mas desde já é

possível afirmar que esse é um

sistema que procura mudar a

realidade da medicina no país.

No último dia 23, o Centro

Acadêmico de Medicina

(CAMED) fez uma visita aos

estudantes de medicina do

Campus da Saúde em Lagarto.

Numa tentativa de promover

uma integração entre os estu-

dantes e o centro acadêmico, a

visita contou com a presença de

estudantes de lagarto, do CA-

MED e da DENEM.

Por Augusto César (MED

Lagarto 2012) e Flávio Ma-

teus (Turma 2012/1)

Projeto do novo CAMPUS da Saúde

em Lagarto

CAMED visita estudantes de medicina do CAMPUS Lagarto

Page 11: Cadê a tal reforma curricular? E a medicina pra onde vai e pra onde vou … · tímido no canto da boca, compreender que se está diante de uma pessoa doen-te, e não apenas de uma

11

29 de março de 2012. O clube militar do Rio de Janeiro co-

memora os quase 48 anos do Golpe de 64, convocando vários

torturadores para receber uma homenagem pelos serviços presta-

dos durante a Revolução. Do lado de fora, manifestantes protes-

tam contra o tal ato militar, proclamando a instauração e o fun-

cionamento da Comissão da Verdade (criada com o intuito de

expor os documentos militares da época ditatorial, atualmente

tratados como sigilosos). Essa notícia esteve muito em voga na

mídia recentemente e, além de relembrar a situação delicada por

que o País passou durante o período repressor, reflete a pouca

importância que esse tema parece ter pra quem colaborou com os

militares. Aproveitamos a volta desse assunto delicado pra recor-

dar a época , o movimento estudantil e a atuação do CAMED

desse momento até os dias de hoje.

31 de março de 1964. O exército derruba João Goulart do

poder e instaura a ditadura. Os direitos dos civis foram suprimi-

dos, órgãos administrativos foram fechados, o comunismo foi

perseguido oficialmente e a violência foi instalada. Trazendo

para o lado mais jovem, os estudantes eram vistos como

"articuladores de planos maléficos que ameaçavam a integridade

da nação", chegando ao ponto de vários deles terem sido presos e

torturados sob denúncias advindas até mesmo de „‟colegas‟‟ de

turma , que os espionavam e os traiam. Podemos citar o caso do

estudante Carlos Hardman Cortês (formando da segunda turma

da faculdade de medicina de Sergipe, no ano de 1967), integrante

do diretório acadêmico que sofreu nas mãos da ditadura por ter

estado ativo na campanha contra ela. Devido a essa inquietações,

os estudantes tiveram sua representatividade, a UNE, extinta.

Em 1966, ocorreu o Massacre da Praia Vermelha, no qual

policiais invadiram uma faculdade de medicina no RJ em busca

de estudantes que ocuparam a FNM (Faculdade Nacional de Me-

dicina) em protesto ao exército. Em São Paulo, houve uma prisão

de 700 pessoas no congresso, organizado pela ainda viva UNE,

em Ibiúna em 1968, mas o que mais assustou os estudantes foi a

edição do AI-5. No caso de Sergipe, a depredação da UEE

(União Estadual dos Estudantes) foi um ato inevitável. O reitor

da UFS nesse período, João Cardoso Nascimento Júnior, foi con-

vocado pelos militares a entregar uma lista dos estudantes

"revoltados" sob a ótica do Regime para que eles fossem expul-

sos da Universidade. João Cardoso se negou a fazer tal expulsão,

mas para burlar a pressão feita pelo exército, suspendeu o direito

político universitário dos mais exaltados. Esses, não poderiam se

candidatar mais ao DCE. Até mesmo a separação do básico na

UFS (1º ao 4º período) e do profissionalizante no HU (5º ao 12º

período) ocorreu como forma de afastar as pessoas pra que nú-

cleos contrários ao governo vigente não se insurgissem. Por isso,

durante o período de 68 até mais ou menos o meio da década de

70, o CAMED, na época chamado de Diretório Acadêmico de

Medicina, ficou pouco ativo politicamente, restringindo-se a rei-

vindicar melhorias no campus. O movimento estudantil médico

voltou a se notabilizar com a criação da DENEM (Direção Exe-

cutiva Nacional dos Estudantes de Medicina), em Fortaleza du-

rante o Encontro Científico dos Estudantes de Medicina, no ano

de 1986,quando a ditadura se desfez e os Centros e Diretórios

Acadêmicos puderam voltar a se articular, dessa vez com um

centro representativo nacional. A partir daí, mais voltado pro

lado sócio humanitário, o CAMED se "refaz" em prol de assun-

tos que mexem, não só com os estudantes de medicina, mas tam-

bém com a realidade social, trazendo e mostrando aos estudantes

a necessidade de lutar pela saúde da população e pela educação

dos futuros estudantes de medicina. A educação médica, a saúde

pública e, mais recentemente, a EBSERH presidem atualmente

como pontos fundamentais nos diversos encontros organizados

pelo Brasil.

*Agradecemos ao Professor Dr. Hélio Araújo Oliveira

por ter nos relatado a sua vivência à frente do CAMED

Dr. Augusto César Leite durante a ditadura.

Especial CAMED 51 Anos

Manifestantes em frente ao Clube Militar no RJ

Manifestantes durante a ditadura militar no RJ

Você conhece mais da atuação e história do CAMED?!

Envie-nos através de email: [email protected]

Por Monnike Bispo e

Fernanda Monteiro

Turma 2012/1

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Estudantes da UFS no Núcleo Brasil Cuba

No período de 01 a 21 de fevereiro de 2012 ocorreu o estágio do Núcleo Brasil-Cuba

(NBC), organizado através de uma parceria entre a Direção Executiva Nacional dos Estu-

dantes de Medicina (DENEM), do Brasil, e Federación Estudantil Universitaria (FEU), de

Cuba. O estágio contou com a participação de 15 estudantes brasileiros (dentre eles, três de

Aracaju: Adriana Freitas - 10ºp, Jean Prestes - 7ºp e Vanessa Argôlo - 6ºp) que foram sele-

cionados através de um processo seletivo cujo critério, dentre outros aspectos, levava em

conta principalmente participação no centro acadêmico e nos espaços de representação dis-

cente e organização e participação de encontros da DENEM. Em Aracaju, o responsável

pela organização da seleção foi a Coordenação Local de Estágios e Vivências (CLEV) do

CAMED.

O objetivo do estágio foi basicamente conhecer o sistema cubano, no que se refere à

política, saúde e educação e as intersecções entre essas áreas. Os estudantes vivenciaram a

realidade cubana, visitando e conhecendo alguns hospitais, consultórios de médicos de famí-

lia, universidades e principalmente conversando diretamente com as pessoas que utilizam o

sistema de saúde. Pensando em compartilhar um pouco da experiência com a comunidade

acadêmica da UFS, O Mala convidou Jean Prestes para escrever um relato das suas impres-

sões sobre Cuba.

Com certeza, nos últimos

dias essa pergunta conseguiu

superar a “E aí, tudo bom?” nos

meus ouvidos. Depois de uma

viagem de 20 dias para um lu-

gar tão, digamos, polêmico,

todo mundo fica curioso para

saber como foi a experiência.

Ou então, que seja, pergunta

por educação, pra puxar assun-

to, enfim. O que importa é que

você tem que responder. É aí

que começa a dificuldade. No

começo era mais difícil, eu

olhava profundamente nos o-

lhos do perguntador, tentando

buscar o que realmente a pesso-

a queria saber e indagava

“Você quer saber sobre o quê

exatamente?”. “Ah, falaí!”. Foi

então que eu fui descobrindo

que ninguém queria saber exa-

tamente sobre porra nenhuma,

então decorei uma resposta e

saí distribuindo pra quem pedi-

a. Agora quem me pediu foi o

CAMED. Como se trata de

estudantes de medicina, tentarei

focar mais na Educação e na

Saúde. Com alguns exageros

típicos de quem conta uma his-

tória, mas fazendo de tudo pra

não ser mentiroso.

Cuba foi massa. Carros da

década de 60 com motores de

carros novos, pessoal mais per-

turbado e piadista do que brasi-

leiro, galera cabeçuda de tão

inteligente, um museu em cada

esquina, monumentos, estátuas,

frases revolucionárias espalha-

das por toda Havana, Sol quei-

mando e a gente de casaco na

praia morrendo de frio (olá,

Cuba é uma ilha, um sopro ali

vira um tornado gelado), ban-

das de salsa cubana em cada

quarteirão (inclusive na praia,

com violoncelo e tudo), novelas

brasileiras pas-

sando na TV de

6 da manhã até

meia-noite (de madrugada eu

não liguei a TV pra conferir),

muitos, mas muitos lugares

bonitos, arquitetura russa lin-

díssima, ruas largas, muito ver-

de, rums, charutos, gente feliz

que não pensa em morar em

outro país e defende a revolu-

ção. Peraí! Defende a revolu-

ção? Não quer morar em outro

país? Mas eles não são um ban-

do de condenados que tentam

aos montes e a todo momento

fugir de Fidel pra Miami a na-

do?

Amigos, eu finalmente res-

pondi a uma pergunta que sem-

pre me cutucava na cabeça. Se

os EUA em conjunto com todos

os países capitalistas, desde a

guerra fria, querem o fim de

Cuba e do Socialismo, e se Cu-

ba é uma ilha tão pequena, tão

pobre, tão frágil, tão teco-teco,

como é que não invadiram ain-

da aquele lixo e

derrubaram o go-

verno? Sabem por

quê? Por causa do

povo cubano. Só

pra se ter uma

idéia, em Cuba a

cada quarteirão

existe um C.D.R.

(Comitê de Defe-

sa da Revolução),

composto pela

própria população

de Cuba (cerca de

2/3 da população

faz parte dos C-

DR) com o intuito

de proteger a pá-

tria (e também de serem espa-

ços de discussão sobre melhori-

as nos bairros etc). As pessoas

ficam de butuca pra se ligarem

caso percebam movimentações

estranhas, como de agentes

espiões americanos e coisas do

tipo. E por que se submetem a

isso? Não queira que eu enten-

da tudo e ainda responda em

um texto de jornal, mas, meus

caros, antes da Revolução, Cu-

ba era o pipoco do caroço, o

pau da bandeira, gente explora-

da passando fome, sem direito à

saúde, educação etc. Com o

triunfo da Revolução, por e-

xemplo, a primeira ação do

governo foi transformas todos

os quartéis policiais em escolas.

Resultado: hoje em Cuba todo

mundo tem acesso a uma saúde

de excelente qualidade, não

existe desnutrição infantil, as

pessoas não são capazes de

citar algum analfabeto que elas

conhecem, quase todo mundo

completa, no mínimo, o ensino

médio, não há violência, andá-

vamos em ruas escuras, de ma-

drugada, sem medo de ser as-

saltado (até porque as pessoas

já tem acesso às garantias bási-

cas de vida, vão querer roubar

pra quê?). Tudo isso graças à

Revolução. Tudo isso graças a

uma sociedade extremamente

generosa que não se organiza

em torno da busca pelo lucro e

não possui empresas quem do-

minam a saúde para enriquecer

cada vez mais e está se lixando

pro povo. A Cuba de hoje é

uma pátria que foi construída

pelos próprios cubanos, e como

diria um cidadão que eu ouvi

Por Jean Prestes Turma 2009/1 E aí, como foi em Cuba?

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falar: “Nós que construímos

isso aqui. Se isso tiver que aca-

bar, nós mesmos destruiremos”.

Então Cuba só existe da manei-

ra que é, hoje, justamente por-

que a população não só aprova

como defende o sistema.

Em relação à saúde, eu fi-

quei maravilhado com a organi-

zação do sistema. É impressio-

nante. É extremamente fluido,

eficaz, eficiente. Não há filas,

demoras, coisas emperrando.

Existem os Policlínicos

(espécies de Unidades de Saúde

da Família, só que mais com-

pletas, com mais especialida-

des, com realização de exames

etc) e os Con-

sultórios de

Médicos de

Família. Um

dia, ao conhe-

cer um Policlí-

nico, vimos

uma paciente

recebendo um

Ultrassom no

joelho e per-

guntamos se

ela tinha demo-

rado pra mar-

car. Não, ela

nem tinha pre-

cisado marcar.

Perguntamos

quando ficaria

pronto o resul-

tado. Na mes-

ma hora. Per-

guntamos se

todo exame que se realiza em

Cuba é assim e aí desmascara-

mos o sistema e descobrimos

toda a verdade. Existem exa-

mes, sim, que demoram muito

pra ficar pronto o resultado,

principalmente Ressonância

Magnética, que é o mais demo-

rado. “¿Pero, dona Elizabeth, es

tan demorado así? Cuanto tiem-

po demora?”. E ela respondeu,

em tom quase de protesto:

“Mira, por veces llega a demo-

rar una semana”. Um absurdo.

Bom, eu poderia dar um

ponto no assunto saúde e come-

çar outro totalmente novo, que

é a educação. Mas não é assim

que funciona em Cuba. As coi-

sas são totalmente interligadas.

Por exemplo, os estudantes de

medicina têm aula predominan-

temente não todo mundo num

hospital específico, mas sim

espalhados pelos Policlínicos.

Sim, os Policlínicos também

possuem estrutura educacional,

com salas de aula etc. E o estu-

dante de medicina tem aulas no

policlínico da própria região

onde vive. E aprende também

assuntos específicos que se

referem à mesma região. É um

sistema totalmente voltado pras

demandas da população, e não

para um “mercado de trabalho”.

A prova disso, é que quando

estávamos lá, as aulas de medi-

cina estavam paralisadas, por-

que como no ano passado em

Cuba houve um surto de den-

gue, eles montaram um verda-

deiro exército formado por pro-

fissionais de saúde, professores

e estudantes, que faziam passa-

das de casa em casa, mais ou

menos como faz um agente de

saúde aqui no Brasil, só que de

uma maneira mais completa,

chegando a passar, num mês,

quatro vezes em cada casa,

investigando possíveis sinto-

mas, medindo temperatura das

pessoas, fazendo educação em

saúde etc.

Nesse ponto do texto, você

que está lendo deve estar me

achando um revolucionariozi-

nho de merda, um alienado ao

contrário, que só tá embelezan-

do a história e enaltecendo as

coisas boas, como se Cuba fos-

se um paraíso. Sim, sim, você

tem um pouco de razão. Eu

peço desculpas. Mas é que de-

pois de ver o Jornal Nacional

dizer que pra ser atendido em

Cuba precisa dar presente pro

médico e depois de ter vivenci-

ado tudo o que eu vivenciei, me

dá uma tremenda angústia, sa-

be? Mermão, como a imprensa

capitalista pode ser tão injusta,

desonesta e mentirosa sobre

Cuba? Amigos, a Guerra Fria

não acabou. Existe uma ofensi-

va ideológica contra Cuba. Se

as pessoas perceberem que a

organização em Cuba é tão

eficiente, que todo mundo tem

os mesmos acessos e direitos,

vão querer fazer uma revolução

global. O que será das grandes

empresas? Como os grandes

capitalistas irão encher o bolso?

O Jornal Nacional não é bonzi-

nho, apesar do tio Bonner que

nos dá boa noite, e tem uma

intenção clara em cada matéria

que veicula. Sobre a reporta-

gem de Cuba, só me dá vontade

de botar todo mundo num avião

(sim, lá tem aeroporto, bonitão

e arrumado ainda por cima, e

do Estado) e dizer “Vai lá ver

se é assim como diz na reporta-

gem do JN e me avisa depois”.

Por sinal, é óbvio que nem

tudo é perfeito em Cuba, como

em lugar nenhum do mundo.

Os homens são tarados, há mui-

ta falta de higiene entre as pes-

soas que vendem alimento nas

ruas e, principalmente, os salá-

rios são baixíssimos. Todo

mundo consegue sobreviver

(até porque não precisam nunca

pagar pra ter saúde e educação

e a passagem de ônibus custa

menos de um centavo em real),

mas é muito difícil para os cu-

banos terem acesso a confortos

extras. E, é claro, tem gente que

é contra a revolução, que gosta-

ria que Cuba fosse um país

capitalista, que tem vontade de

ir embora ganhar dinheiro em

outro lugar. Cuba é sim, um

país pobre, bem pobre. Mas

como não ser? O país possui

pouquíssimos recursos naturais

e ainda sofre de um bloqueio

econômico fortíssimo, ficando

praticamente impedido de parti-

cipar do comércio mundial.

Como prosperar assim? O pro-

blema é que nos ensinam que

isso é por conta do socialismo,

por conta da política. Agora me

responda: um país pobre, pe-

queno, isolado, sem recursos,

MAS, onde as pessoas têm a-

cesso total à

saúde e educa-

ção de qualida-

de, onde tem

indicadores so-

ciais de países

de primeiro

mundo, onde

não há analfabe-

tismo e as pes-

soas têm as con-

dições básicas

para sobreviver,

todo mundo.

Qual é o X da

questão que

desfaz essa con-

tradição tremen-

da. É justamente

o sistema que

eles utilizam

para organizar

as coisas, de

maneira inteligente, eficaz e

justo. Todos, absolutamente

todos, tem os mesmos direitos e

acessos. É uma sociedade que,

mesmo com seus aspectos e

peculiaridades negativas, pre-

zam por justiça e igualdade. O

sistema de Cuba não é o proble-

ma do país, mas sim um exem-

plo que deveria ser seguido

pelos outros países.

Ufa, é muita coisa. Queria

que fosse possível expressar

tudo em um texto de jornal e

inclusive discutir mais os as-

pectos negativos e seus por-

quês. Mas isso não precisa aca-

bar por aqui. Quem quiser dis-

cordar, me xingar, perguntar

alguma coisa ou simplesmente

puxar um assunto, estou todos

os dias no HU, é só chegar e

perguntar “Mas e aí, como foi

em Cuba?”, que eu vou dizer

“Massa, Cuba foi massa!”.

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ESTÁGIO INTERNACIONAL E NACIONAL EM PRÁTICA E PESQUISA MÉDICA

Dicas pra você embarcar nessa!

Tire suas dúvidas, acumule pontos, organize a papelada, escolha o país e arrume as malas.

O que é CLEV? A Coorde-

nação Local de Estágios e Vi-

vências (CLEV) é uma coorde-

nação do CAMED desde 2007

e integra a Coordenação Nacio-

nal de Estágios e Vivências da

DENEM (Direção Nacional

Executiva dos Estudantes de

Medicina). Pela CLEV os alu-

nos podem fazer estágio em

outras escolas médicas. São três

os principais programas de es-

tágio: Estágio Nacional (EN) e

Internacional (SCOPE – Prática

Médica e SCORE – Pesquisa),

que ocorrem em parceria com a

IFMSA (Internacional Federati-

on of Medical Sudent‟s Associ-

ations).

Por que fazer estágio fora

do país? Conhecer uma cultura

diferente, até mesmo exótica;

aperfeiçoar um idioma; fazer

amizades; partilhar estilos de

vida; trocar experiências profis-

sionais; vivenciar uma realida-

de social, política, econômica e

de educação médica distinta da

habitual; adquirir conhecimen-

tos práticos e tornar-se cidadão

do mundo. Enfim, sobram mo-

tivos para fazer estágio. Quem

já viajou garante: é uma experi-

ência única, que agrega valores

e propicia crescimento pessoal

em todos os campos da vida.

Como faço pra participar

aos estágios? A seleção dos

estágios ocorre anualmente no

2° semestre através do edital de

seleção por pontos. Todos alu-

nos de medicina da UFS podem

participar. Cada escola médica

lista pré-requisitos que devem

ser cumpridos pelos candidatos.

Antes de escolher o país é im-

prescindível analisar atenta-

mente as condições de inter-

câmbio, disponíveis no site da

IFMSA. Geralmente, exige-se

que o aluno esteja no ciclo clí-

nico do curso para o SCOPE.

Esporadicamente são lança-

dos editais de seleção por sor-

teio, fique atento aos emails do

CAMED.

O que faço exatamente no

estágio? Cada estágio tem a

sua programação e sua dinâmi-

ca de trabalho, logo não é pos-

sível responder a esta pergunta

sem saber a cidade e o estágio

que você realizará. Mas de mo-

do geral o aluno é incluído nas

atividades diárias do serviço/

laboratório/ departamento que

escolheu. Sempre haverá um

tutor que falará inglês ou a lín-

gua especificada nas exigências

do país.

Qual é o tempo de dura-

ção dos estágios? O tempo

médio de duração de um está-

gio pela DENEM é de 4 sema-

nas (1 vaga = 1 mês) sofrendo

pequenas variações dependendo

do programa envolvido (EI,

NBC, outros).

Qual o custo financeiro

para os intercâmbios interna-

cionais? Nos estágios interna-

cionais de prática médica ou

pesquisa o estudante deverá

desembolsar o equivalente em

reais a 420 Reais (170 Euros)

caso seja escolhido. Com esses

valores o estudante terá direito

a hospedagem, uma refeição

diária e ao estágio. Além destes

gastos, os intercambistas deve-

rão financiar seus deslocamen-

tos até o local do estágio

(passagens aérea ou terrestre)

por contra própria.

Como faço para acumular

pontos? Existem vários crité-

rios de pontuação definidos

pela DENEM, os principais

são: - Ser Anfitrião/Padrinho

(Alta pontuação) ; - Atividades extracurriculares

(monitoria, extensão, ligas aca-

dêmicas, estágios extracurricu-

lares, projeto de pesquisa/

iniciação científica, cursos de

ligas, jornadas, simpósios e

congressos);

- Participação no CA (gestão

ou rede de ajuda);

- Representação estudantil em

departamentos, conselhos e

colegiado;

- Publicação de trabalho em

revista científica;

- Publicação ou apresentação

em congressos, jornadas e sim-

pósios

- Participação em fóruns e e-

ventos da DENEM e do CA,

como EREM, COBREM, E-

CEM, etc;

- O CA ter participado dos en-

contros de capacitação de

CLEVs. (O CAMED participou

do ECEV e FEV 2011 e ECEV

2012)

- Certificado de língua estran-

geira;

- E outros mais...

O que são e como ser pa-

drinho ou anfitrião de um

intercambista Resumidamente,

Anfitrião é quem dá hospeda-

gem a um intercambista que

vem fazer o estágio na UFS e

Padrinho é uma referência lo-

cal, quem leva o estudante para

conhecer

a cidade,

ajuda a

integrá-lo com as pessoas, ori-

enta sobre transporte. Para ser

um deles basta se cadastrar pelo

link: http://migre.me/8QwXd

ou acessar no site do CAMED e

aguardar o contato da CLEV.

Se eu não for selecionado

posso tentar de novo no pró-

ximo ano? Meus pontos ze-

ram? Os alunos que não são

selecionados, por pontuação

insuficiente, podem se inscre-

ver no edital seguinte e também

podem aproveitar os pontos já

acumulados, e até somar mais.

A pontuação só é zerada quan-

do o estágio é concretizado ou

quando o aluno é selecionado,

paga a taxa, confirma interesse,

mas não viaja, independente-

mente do motivo.

Como tirar outras dúvidas

e pegar mais dicas? Visite o

site do CAMED:

www.camedufs.wordpress.com

ou fale com os CLEVs pessoal-

mente ou pelo email

([email protected]). , fale

com um dos CLEVs.

E os Estágios Nacionais? Os ENs promovidos pela DE-

NEM foram reativados em

2012. Esse ano terá de novo

processo seletivo para os ENs

junto com os EIs. É uma ótima

oportunidade para que não tem

condições de pagar uma passa-

gem internacional, mas pode

viajar dentro do Brasil, conhe-

cer outra faculdade de medica,

outra forma de ensino, outra

região e outras pessoas e costu-

mes.

Pergunte a seus professores se gostari-

am de receber estudantes de medicina de

outro país / região do Brasil por 1 mês para

acompanhá-lo. Envie-nos o nome do pro-

fessor, matéria / área de atuação (Ex.:

Pediatria), email, telefone e língua es-

trangeira que fala. E peça que o professor

entre em contato por email com a CLEV.

Caso o intercambista fique como esse

professor como tutor daremos prioridade

para o aluno que o indicou a ser o padrinho

ou anfitrião do intercambista. Outro estu-

dante será um dos dois também.

Se você é do básico, pergunte ao seu

professor se ele realiza alguma pesquisa e

se um estudante intercambista poderia a-

companhar a pesquisa durante 1 mês (não

precisa ter o nome na pesquisa). Envie-nos

os mesmos dados acima e o nome da pes-

quisa.

Assim receberemos mais intercam-

bistas, enviaremos mais alunos e troca-

remos mais experiências!

Ajude a CLEV UFS / CAMED a receber intercambistas!

Por Filipe ‘’Furão’’ Turma 2009/2

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COPAMED

A COPAMED é o torneio de futsal

realizado entre os estudantes de medicina

da UFS e UNIT, organizado pela coorde-

nação desportiva do CAMED. A competi-

ção tem os seguintes objetivos: proporcio-

nar a atividade esportiva entre os estudan-

tes, um momento de lazer após os estudos

e a interação entre os estudantes de diver-

sos períodos.

Esta competição tem uma longa histó-

ria no curso de medicina e já foi organiza-

da por vários estudantes como o hoje mé-

dico David Pizzi, Mário Costa e Wagner

Lucena (12°P), Diego

Dji (10°P), Carlos

Henrique (8°P), Igor

Lobão (6°P) e Pedro

Teles (5°P) além de

outros. A atual gestão

é composta por Curt

Viera (6°P), Dimas

Fernandes, Vinicius

Santos e Walber San-

tana, Paulo Moises (5°

P), (4°P), Alex Ferrei-

ra e Davi Araújo (3°P).

A edição passada

da COPAMED foi

marcada pela inclusão

do quadrangular final

na 2°fase da copa,

substituindo o método de playoffs. O Hi-

póxia entrou nesta fase de quadrangular

como o grande azarão e saiu da competi-

ção com o seu primeiro título, surpreen-

dendo até os mais otimistas. A zebra de-

sembestada comandada por Curt e o ba-

nherista Lobão passou por cima de Feras,

Médicos e principalmente do Sobotto, on-

de Gustavo e Cia já apreciavam o título na

última rodada, quando foram surpreendi-

dos pela goleada do Hipóxia sobre os Mé-

dicos e ficaram mais uma vez na fila de

espera. Esta edição também ficou marcada

mais uma vez pelas goleadas sofridas pelo

Só Alegria e a decepcionante atuação do

time dos calouros. O artilheiro da copa foi

Haroldo dos Médicos com 16 gols e Pitty

do Hipóxia considerado o melhor jogador.

Na atual edição (XXIV), houve uma

nova mudança no regulamento da competi-

ção, com a disputa de duas fases qualifica-

tórias até chegar aos playoffs para a deci-

são do campeão. No momento, a competi-

ção encontra-se na semi-final, e os duelos

são Sobotto x Meddogs e Feras x Médicos.

A decepção da competição ficou pela au-

sência do tradicionalíssimo time dos CA-

LOUROS por motivos ainda desconheci-

dos.

A comissão desportiva

tentará ainda nesse semestre

a organização de um torneio

feminino de futsal, com o

objetivo de trazer a volta das

meninas do curso às ativida-

des esportivas.

Lembrando que os jogos

da COPAMED estão sendo

realizados aos finais de se-

mana no ginásio do Geraldão

e na quadra da UFS. Para a

atualização das informações

da copa, basta participar do

grupo COPAMED pelo Fa-

cebook.

VIVA A COPAMED!

III CONGRESSO DA SOCIEDADE

MÉDICA DE SERGIPE 18 a 20 de Outubro no centro de con-

venções – Aracaju -SE

30° Congresso Brasileiro de Psiqui-

atria

O evento será realizado entre os dias,

10 a 13 de Outubro de 2012 em Natal-

RN

42º Congresso Brasileiro de Otorri-

nolaringologia e Cirurgia Cérvico-

Facial

Data: 12/11/2012

Local: Recife - PE

21º Congresso Brasileiro de Perina-

tologia Entre os dias 14 a 17 de Novembro

2012, em Curitiba – PR

Simpósio Cardiovascular da ACCF/

SBC Data: 19/05/2012

Local: São Paulo - SP

XXIV Congresso de Cardiologia do

Estado da Bahia Data: 30/05/2012

Local: Salvador - BA

12º Congresso Brasileiro de Terapia

Intensiva Pediátrica Entre os dias 06 a 09 de Junho 2012,

em São Paulo - SP

X Congresso Brasileiro de Ortope-

dia Pediátrica Data: 06/06/2012

Local: Fortaleza - CE

42° Encontro Científico dos Estu-

dantes de Medicina Data: 12 a 22 de Julho!

Local: Rio de Janeiro - RJ

Site: www.ecem2012..com.br

67º Congresso da Sociedade Brasileira de

Dermatologia

O evento será realizado entre os dias 01 a 04

de Setembro de 2012, na Cidade do Rio de

Janeiro-RJ

XXIX Congresso da Sociedade Brasileira

de Neurocirurgia Entre os dias 07 a 09 de Setembro 2012, na

Cidade do Rio de Janeiro-RJ

67º Congresso Brasileiro de Cardiologia

Entre os dias 14 a 17 de Setembro de 2012,

na Cidade de Recife – PE

XXIX Congresso Brasileiro de Reumatolo-

gia

Entre os dias 19 a 22 de Setembro 2012, em

Vitória -ES

VII Congresso Franco-Brasileiro de Onco-

logia Entre os dias 20 a 22 de Setembro de 2012,

na Cidade do Rio de Janeiro

Por Davi Araújo Turma 2011/2

Fique ligado nos próximos congressos:

HIPÓXIA, atuais campões da COPAMED

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Entretenimento

DICA DE LIVROS:

Admirável Mundo Novo, de Aldous Huxley Em Admirável Mundo Novo Huxley descreve, num misto de fantasia e sátira implacável, uma socie-

dade futura de tipo totalitário. A idéia simplista do progresso, alicerçado apenas na técnica; o sórdido

materialismo mecanicista e certas ideologias filiadas numa filosofia de inspiração pragmática -eis o

alvo da sátira de Huxley. Efetivamente , o Admirável Mundo Novo é um aviso, um apelo à consciên-

cia dos homens. É uma denúncia do perigo que ameaça a humanidade, se a tempo não fechar os ouvi-

dos ao canto da sereia do falso progresso.

Mentes e Manias, de Ana Beatriz Barbosa Fruto de uma vasta experiência clínica, a Drª. Ana Beatriz Barbosa Silva, reúne em Mentes e Manias

uma série de casos de sucesso, descrevendo com precisão as menores nuances e manifestações do

TOC. A autora aponta ainda os caminhos que conduzem à compreensão e à superação de um trans-

torno tão complexo, que ainda tanto desafia a medicina e psicologia. Em um grande número de casos

de TOC, pessoas muito próximas do paciente (cônjuge, amigos, pais, irmãos etc.) não têm conheci-

mento de seus sintomas e do sofrimento produzido por eles.

Camedufs.wordpress.com

[email protected]

CAMED UFS

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