CADE R NO D E CANÇÕES - Portal TRILHAS · PDF filecom a partitura e as cifras...

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  • CANESC A D E R N O D E O R I E N T A E S

  • Por que trabalhar com letras de canes?

    cano e a brincadeira de tradio oral formam uma dupla feliz. Esse par acompanha, desde cedo, a rotina das crianas. As cantigas que aprendemos na infncia ficam em nossa memria e se tornam

    parte de ns. Juntas, cano e brincadeira convidam ao movimento, seja ele para fazer adormecer, seja para despertar, e podem ser transmitidas de gerao em gerao: a cantiga de ninar que a av cantou para a me repetida para o neto e o bisneto; a cantiga de roda que a me cantava ao brincar na rua ensinada ao filho que hoje brinca no quintal, na garagem ou no playground. Os tempos mudam, a sociedade torna--se cada vez mais complexa, mas algumas tradies culturais permanecem. Dentre as possveis razes pelas quais canes e brincadeiras de antigamente resistem ao tempo, podemos destacar ao menos trs.

    A primeira diz respeito simplicidade. As canes com letra e melodia simples so mais fceis de memorizar. O mesmo vale para as brincadeiras com objetivos pouco complicados e que permitem a participao de todos. A segunda razo relaciona-se com a constncia. Canes e brincadeiras de antigamente foram incansavelmente repetidas e experimentadas, uma vez que poucas dcadas atrs havia menos apelos comerciais e opes de lazer e consumo, o que acabou por provocar variaes sobre um mesmo tema da a presena de tantas canes e brincadeiras parecidas em diferentes regies do pas. Por fim, outro possvel motivo pelo qual as canes e brincadeiras tradicionais sobrevivem a sua natureza interativa. As canes que convidam a cirandar, bater palmas ou rodopiar e as brincadeiras que s acontecem se houver outras mos para enlaar tm forte apelo afetivo. A memria se alimenta dos afetos e as crianas esto especial-mente abertas a eles.

    No toa que as canes costumam acompanhar diferentes atividades da rotina infantil tanto em casa quanto nas instituies educativas: canta-se antes de ouvir uma histria, na hora do lanche e do sono, no passeio, no banho. A cano breve repetida vrias vezes, e essa repetio traz novos significados s aes cotidianas como as citadas anteriormente. Atividades comuns revestem-se de ritualidades brindadas pela msica. A sonoridade familiar lembra o que j passou e ao mesmo tempo antecipa o que vir. , portanto, instrumento para a consolidao da confiana que a criana busca nas situaes que vive e nas pessoas com as quais convive.

    Memorizar e ler canes

    As letras das canes so um tipo de texto que apresenta caractersticas peculiares que favorecem a desco-berta, por parte das crianas, das relaes entre o oral e o escrito. As canes infantis de tradio oral so, em sua maioria, composies curtas apoiadas na linguagem oral, quase sempre com rimas, refro, letra e melodia simples, de fcil memorizao, o que permite que sejam lembradas e cantadas com muita facilidade. As canes so repetidas e experimentadas diversas vezes pelas crianas, sua sonoridade ajuda a lembrar o que j passou e, ao mesmo tempo, a antecipar o que vir.

    As canes e as brincadeiras de tradio oral podem ser apresentadas sob diferentes denominaes brinquedo cantado, brinquedo ritmado, brincadeira de escolha (tambm conhecida como frmula de escolha), roda de verso, cantiga de roda etc. Em qualquer um desses tipos, os textos que acompanham as canes possuem caractersticas semelhantes poesia, so escritos em versos e, em muitos casos, apresentam rima.

    As canes infantis

    Ver:Caderno de estudos

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  • Nas cantigas infantis, observamos com frequncia a escolha de um vocabulrio que aproveita experincias humanas comuns, como cozinhar e passear, alm de constante meno aos sons produzidos pelos animais e os objetos em forma de onomatopeias. Em todos os casos, o assunto bastante familiar s crianas. Tambm comum encontrarmos letras de canes com poemas nonsense, ou seja, sem significado lgico.

    A aparente simplicidade na conjuno entre letra e melodia configura, do ponto de vista potico, uma sofis-ticao, por mais contraditrio que possa parecer. Isso ocorre porque uma das principais caractersticas dos textos poticos justamente a condensao de significados, ou seja, dizer muito com pouco. Nos exemplos citados acima, verificamos que h pouca quantidade de informao veiculada por essas canes tanto na letra quanto na melodia. Ao mesmo tempo, uma mesma e importante informao transmitida de maneira reiterativa, amplificando o sentido do texto.

    Em sua maioria, as canes possuem uma estrutura fixa e repetitiva, o que facilita sua memorizao. Favo-recer que as crianas memorizem a letra de uma cano (ou outros textos organizados em versos) permite que elas aproximem a linguagem oral da escrita. Isso porque a memorizao da letra da cano prepara as crianas para acompanhar a letra escrita, procurando ajustar o que falado s partes do texto. Ao cantar acompanhando o texto que sabem de memria, as crianas podem aprender tanto sobre as caractersticas desse tipo de texto como fazer relao entre o oral e o escrito.

    Nas canes de tradio oral, texto e melodia nascem juntos e muitas vezes puxados pelo movimento de uma brincadeira. medida que se unem duas linguagens diferentes a musical e a escrita , as canes desem-penham excelente papel para a reflexo sobre a lngua, por exemplo, ao cantar e acompanhar a letra da can-o com palmas, passos, pulos etc., a criana pode observar a relao entre o que est sendo falado (cantado) e o que est escrito.

    Ao trabalhar com as letras das canes, favorece-se que as crianas pensem sobre as restries grficas caractersticas desse tipo de texto, como, por exemplo, a conveno de que nas canes a mudana de linha dada pela relao entre letra e melodia, j que o ritmo da cano coincide com a quebra de linha. Tambm se colabora para que pensem sobre o funcionamento do sistema de escrita, uma vez que possvel que observem e reflitam sobre a separao das palavras, bem como a sua grafia.

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  • Sobre os CDs

    s dois livros com CDs indicados para este Caderno contm canes infantis de tradio oral que costumam fazer parte das brincadeiras das crianas. Recolhidas em diferentes regies do pas, essas

    canes representam parte significativa da msica tradicional da infncia, e seus textos trazem peculiaridades poticas relacionadas justamente aos aspectos sonoros.

    Brinque-Book canta e dana Seleo musical de Suzana SansonIlustrado por Graa LimaSo Paulo: Brinque-Book, 2003.

    O livro contm 28 cantigas de roda, a maioria de domnio pblico, cujas letras so apresentadas juntamente com a partitura e as cifras musicais em cada uma das pginas. A partitura a representao grfica, na pauta musical, das notaes referentes execuo vocal ou instrumental de uma composio e as cifras indicam os acordes usados na msica. Essas informaes permitem que outros msicos possam executar as canes. As imagens coloridas, criadas com materiais variados, so da premiada ilustradora Graa Lima. As cantigas podem ser ouvidas no CD que acompanha o livro.A seleo das cantigas privilegia as mais conhecidas do pblico infantil brasileiro: Ciranda, cirandinha, Marcha soldado e Escravos de J, dentre outras. A primeira cantiga do livro trata-se de um convite brinca-deira e tem como ttulo o nome da prpria editora. de autoria de Suzana Sanson, que faz a seleo musical da obra. H tambm duas cantigas em outros idiomas: Frre Jacques, em francs, e La Bamba, em espanhol.

    Nos textos das cantigas h predomnio das rimas e dos refres, apresentados, em sua maioria, em estrofes de dois ou quatro versos. As canes que convidam a brincar de roda (Ciranda, cirandinha e A mo direita tem uma roseira, dentre outras) tambm prevalecem, mas h ainda a presena das brincadeiras com a linguagem (O sapo no lava o p) e das cantigas que convidam aos movimentos corporais com ou sem o uso de objetos (De olhos vermelhos e Escravos de J).

    Nas pginas finais do livro h um texto complementar sobre as cantigas de roda, com uma breve explicao sobre algumas includas na obra, contendo tanto curiosidades sobre sua origem e reproduo quanto instrues para brincar e danar ao ouvi-las.

    Quem canta seus males espanta Coordenado por Theodora Maria Mendes de AlmeidaIlustrado por vrias crianasSo Paulo: Editora Caramelo, 1998.

    Este livro foi organizado pela coordenadora pedaggica de uma escola de educao infantil e contm textos de tradio oral que faziam parte da rotina da escola. So cantigas e parlendas.

    Alm do livro com as letras das msicas e as parlendas, a obra inclui um CD, no qual as prprias crianas, acompanhadas de msicos, cantam e recitam os 73 textos. So tambm as crianas que ilustram as pginas

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  • do livro com tcnicas e materiais variados desenho, pintura, colagem etc. , conferindo um colorido espe-cial obra.

    No h uma organizao linear na apresentao dos textos: as parlendas misturam-se aleatoriamente s cantigas. O sumrio permite ao leitor localizar-se tanto na leitura do livro quanto na escuta do CD. Ao todo, so 15 parlendas e 58 cantigas dos mais variados tipos das mais longas, com sequncias narrativas encadeadas ou contagem numrica, s mais curtinhas, com apenas uma estrofe que podem ser cantadas e recitadas em diferentes situaes nas brincadeiras com as partes do corpo, em roda ou mesmo nas que acompanham o pular corda.

    O que h de comum nos dois CDs?

    Os dois livros com CD renem canes infantis de tradio oral recolhidas pelos pesquisadores. Em ambos observa-se a preocupao de variar o carter potico dos textos e o aspecto meldico das msi-cas, apresentando ao pblico a variedade cultural do nosso pas e permitindo s crianas experincias ldicas diversas.

    Privilegiam-se as canes mais familiares ao pblico infantil, aquelas que sobrevivem passagem do tempo, ganhando at mesmo novas verses, como o caso de Atirei o pau no gato, que