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Unidade 1 — Introdução à língua portuguesa

No final do século XII, surgiam os primeiros registros históricos do que se tornaria a língua portu-guesa. Originária do latim, idioma falado pelos romanos, a semente do português foi lançada na Penín-sula Ibérica (Portugal e Espanha) quando aquele povo ali chegou e impôs o seu idioma, anexando a região ao Império Romano - no século III a.C.. Assim, o latim clássico falado pelos escritores e erudi-tos de Roma “deteriorou-se” na fala das pessoas comuns e sem instrução (comerciantes, viajantes, cam-poneses), tornando-se o latim vulgar. Séculos mais tarde, a Península seria conquistada por outros povos, mas influência linguística foi mínima (exceto pela invasão dos árabes em 711 d.C, que provocou certa influência), permanecendo o latim clássico na língua escrita e o vulgar na falada, este cada vez mais diversificado.

Área primitiva do galego-português

Porto

Coimbra

DouroMondego

1064

1147

1168

SantarémTejo

Évora

GuadianaLISBOA

Faro (1249)

0 50 km

Perto do ano 1000d.C, a Península Ibérica foi reconquistada pelos cristãos, que expulsaram os muçul-manos inicialmente da Espanha e depois de Portugal, que, conquistando sua independência, adotou o português como idioma oficial. Atualmente o idioma é falado pelos seguintes países, além de Brasil e Portugal:

• Moçambique

• Angola

• Guiné-Bissau

• Timor-Leste

• Guiné Equatorial

• Cabo Verde

• São Tomé e Príncipe

• Macau

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�Apiianddo idonneeddo�01. Olavo Bilac, importante poeta brasileiro do século XIX escreveu um soneto que começava com a seguinte expressão:

“Última flor do Lácio, inculta e bela

És, a um tempo, esplendor e sepultura:”

Pesquise o significado da palavra “Lácio” explique a quem se dirige o eu lírico dos versos transcritos.

02. (ENEM) A substituição do “haver” por “ter” em construções existenciais, no português do Brasil, cor-responde a um dos processos mais característicos da história da língua portuguesa, paralelo ao que já ocor-rera em relação à ampliação do domínio de ter na área semântica de “ posse”, no final da fase arcaica. Mattos e Silva (2001:136) analisa as vitórias de ter sobre haver e discute a emergência de ter existencial, tomando por base a obra pedagógica de João de Barros. Em textos escritos nos anos quarenta e cinquenta do século XVI, encontram-se evidências, embora raras, tanto de ter “existencial”, não mencionado pelos clássicos estudos de sintaxe histórica, quanto de haver como verbo exis-tencial com concordância, lembrado por Ivo Castro, e anotado como “novidade” no século XVIII por Said Ali.

�eeenndopnenddo aaipidadee� (Linguagens, Códigos e suas Tecnologias – C6 – H20)

03. (ENEM) Quando os portugueses se instalaram no Brasil, o país era povoado de índios. Importaram, depois, da África, grande número de escravos. O português, o índio e o negro constituem, durante o período colonial, as três bases da população brasileira. Mas no que se refere à cultura, a contribuição do português foi de longe a mais notada.

Durante muito tempo o português e o tupi viveram lado a lado como línguas de comunicação. Era o tupi que utilizavam os bandeirantes nas suas expedições. Em 1694, dizia o Padre Antônio Vieira que as famílias dos por-tugueses e índios em São Paulo estão tão ligadas hoje umas com as outras, que as mulheres e os filhos se criam mística e domesticamente, e a língua que nas ditas famílias se fala é a dos índios, e a portuguesa a vão os meni-nos aprender à escola.

TEYSSIER, P. História da língua portuguesa. Lisboa: Livraria Sá da Costa, 1984 (adaptado).

Como se vê, nada é categórico e um purismo estreito só revela um conhecimento deficiente da lín-gua. Há mais perguntas que respostas. Pode-se con-ceber uma norma única e prescritiva? É válido con-fundir o bom uso e a norma da própria língua e dessa forma fazer uma avaliação crítica e hierarquizante de outros usos e, através deles, dos usuários? Substitui-se uma norma por outra?

CALLOU, D. A propósito de norma, correção e precon-ceito linguístico: do presente para o passado. In: Cader-

nos de Letras da UFF, n. 36, 2008. Disponível em: www.uff.br. Acesso em 26 fev. 2012 (adaptado).

Para a autora, a substituição de “haver” por “ter” em diferentes contextos evidencia que

a) o estabelecimento de uma norma prescinde de uma pesquisa histórica.

a) os estudos clássicos de sintaxe histórica enfatizam a variação e a mudança na língua.

i) a avaliação crítica e hierarquizante dos usos da língua fundamenta a definição da norma.

d) a adoção de uma única norma revela uma atitude adequada para os estudos linguísticos.

e) os comportamentos puristas são prejudiciais à compreensão da constituição linguística.

ReeAdoena – Atualmente, Lácio é uma região da Itália. Historica-mente, a região representa a origem dos povos latinos que deram origem ao povo romano, consequentemente todos os idiomas derivados do latim, a quem Olavo Bilac se dirige nos seus versos. Logo, “última flor do Lácio”, ou última flor latina, seria a língua portuguesa a quem dedica seu poema.

ReeAdoena: E – Ao apresentar evidências de que termos e cons-truções atualmente considerados inapropriados pela gramática normativa eram tidos como adequados em outros contextos his-tóricos, a autora comprova que “nada é categórico e um purismo estreito só revela um conhecimento deficiente da língua”, ou seja, os comportamentos puristas são prejudiciais à compreen-são da constituição linguística como se afirma em [E].

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A identidade de uma nação está diretamente ligada à cultura de seu povo, O texto mostra que, no período colonial brasileiro, o português, o índio e o negro formaram a base da população e que o patri-mônio linguístico brasileiro é resultado da

a) contribuição dos índios na escolarização dos brasileiros.

a) diferença entre as línguas dos colonizadores e as dos indígenas.

i) importância do padre Antônio Vieira para a literatura de língua portuguesa.

EEeeiciidoe eEneae�

d) origem das diferenças entre a língua portuguesa e a línguas tupi .

e) interação pacífica no uso da língua portuguesa e da língua tupi.

04. (ENEM) Serafim da Silva Neto defendia a tese da unidade da língua portuguesa no Brasil, entrevendo que no Brasil as delimitações dialetais espaciais não eram tão marcadas como as isoglossas1 da România Antiga. Mas Paul Teyssier, na sua Hienóeia da Lcngua Pdoenugueea, reconhece que na diversidade socioletal essa pretensa unidade se desfaz. Diz Teyssier:

“A realidade, porém, é que as divisões ‘dialetais’ no Brasil são menos geográficas que socioculturais. As diferenças na maneira de falar são maiores, num determinado lugar, entre um homem culto e o vizinho analfabeto que entre dois brasileiros do mesmo nível cultural originários de duas regiões distantes uma da outra.”

SILVA, R. V. M. O português brasileiro e o português euro-peu contemporâneo: alguns aspectos da diferença. Dis-

ponível em: www.uniroma.it. Acesso em: 23 jun. 2008.

1isoglossa – linha imaginária que, em um mapa, une os pontos de ocorrência de traços e fenômenos linguísticos idênticos.

FERREIRA, A. B. H. Novo dicionário Aurélio da lín-gua portuguesa. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1986.

De acordo com as informações presentes no texto, os pontos de vista de Serafim da Silva Neto e de Paul Teyssier convergem em relação

a) à influência dos aspectos socioculturais nas diferenças dos falares entre indivíduos, pois ambos consideram que pessoas de mesmo nível sociocultural falam de forma semelhante.

a) à delimitação dialetal no Brasil assemelhar-se ao que ocorria na România Antiga, pois ambos consideram a variação linguística no Brasil como decorrente de aspectos geográficos.

i) à variação sociocultural entre brasileiros de diferentes regiões, pois ambos consideram o fator sociocultural de bastante peso na constituição das variedades linguísticas no Brasil.

d) à diversidade da língua portuguesa na România Antiga, que até hoje continua a existir, manifestando-se nas variantes linguísticas do português atual no Brasil.

e) à existência de delimitações dialetais geográficas pouco marcadas no Brasil, embora cada um enfatize aspectos diferentes da questão.

TeEndo Aaea a queenãdo 5:

Sdone, eigndoe, eenniddoe

A linguagem e a vida são uma coisa só. Quem não fizer do idioma o espelho de sua personalidade não vive; e como a vida é uma corrente contínua, a lingua-gem também deve evoluir constantemente.

A frase, de Guimarães Rosa, poderia servir de epí-grafe para esta edição de “Biblioteca EntreLivros”, que explora justamente a evolução das línguas - como sur-giram, de que maneira se dispersaram pelo mundo, como se constituíram, que futuro lhes é reservado.

O homem estuda a linguagem há mais de dois milê-nios. Mas foi no Renascimento que as línguas come-çaram a ser sistematicamente comparadas e, pouco a pouco, foram surgindo hipóteses sobre o desenvolvi-mento linguístico da humanidade. A ciência da lingua-gem é hoje um dos campos de pesquisa mais complexos e diversificados da ciência moderna, reunindo arqueó-logos, historiadores, geneticistas, linguistas, neurolo-gistas e biólogos.

ReeAdoena: E – No período colonial brasileiro, as línguas portu-guesa e tupi eram usadas simultânea e pacificamente: esta, na vida doméstica, aquela, na escola.

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Nesta edição, trazemos textos de alguns dos prin-cipais pesquisadores na área, como o italiano Luigi Cavalli-Sforza, o português António Damásio, o inglês Colin Renfrew, o americano Joseph Greenberg e os rus-sos Thomas Gamkrelidze e Vjacheslav Ivanov. Parte dos textos saiu originalmente numa edição especial da revista francesa “Pour la Science”, e é publicada agora com exclusividade por “EntreLivros”.

A edição conta também com uma parte dedicada à língua portuguesa e seu percurso, da Europa até a (constante) aclimatação em terras tupiniquins. Além disso, reservamos um espaço para contar a história de cada um dos idiomas mais importantes no mapa lin-guístico mundial. Vale ressaltar que, diante das diver-sas listas que relacionam as línguas mais faladas no mundo hoje, tomamos como referência a relação pro-posta pelo “Summer Institute for Linguistics” (1999), a mais aceita pelos linguistas e usada pela Unesco como fonte. Segundo ela, as dez mais faladas são: chi-nês, espanhol, inglês, bengali, hindi, árabe, português, russo, japonês, alemão e francês. Babel é agora.

Os editores

05. (Pucpr) De acordo com o que está posto no edi-torial, pode-se inferir que se trata de uma edição da revista cujo conteúdo é a:

a) História da ciência da linguagem.

a) Biografia de alguns pesquisadores de linguagem.

i) História da língua portuguesa.

d) História das línguas.

e) História da Torre de Babel.

Guia de Eenuddoe

Estudar Livro 1 / Frente 1 – Capítulo 1 – Tópico 1

Exercícios Propostos

Exercícios Compatíveis 1 a 15

Exercícios Fundamentais 1 2 3 4 5 6 7 8 9

Exercícios Complementares 10 11 12 13 14 15

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Unidade 2 — Textos informativos

Textos informativos são aqueles que explicam, relatam, analisam e exemplificam ideias, muito embora classifiquemos como informativos aque-les que além de tudo isso, faça imposições – como os manuais de instrução. São, também, exemplos de textos informativos os textos jornalísticos como as reportagens, alguns artigos (desde que não apresentem defesa de tese – particularidade dos textos argumentativos) e previsões do tempo; as receitas, os textos de divulgação científica, de leis, entre outros. As características gerais dos tex-tos informativos são:

�Apiianddo idonneeddo�01. (ENEM) Caeaddoe e indeAendennee

Um novo levantamento do IBGE mostra que o número de casamentos entre pessoas na faixa dos 60 anos cresce, desde 2003, a um ritmo 60% maior que o observado na população brasileira como um todo...

Aumento no número de casamentos (entre 2003 e 2008)

População com mais de 60 anos no mercado de trabalho

Entre pessoasacima dos 60

44%

Na populaçãobrasileira

28%

... e um fator determinante é que cada vez mais pessoas nessa idade estão no mercado de trabalho, o que lhes garante a independência financeira necessária para o matrimônio.

Em 2003 Hoje*

31% 38%

Fontes: IBGE e Organização Internacional do Trabalho (OIT)*Com base no último dado disponível, de 2008

Veja, São Paulo, 21 br. 2010 (adaptado)

Os gráficos expõem dados estatísticos por meio de linguagem verbal e não verbal. No texto, o uso desse recurso

a) exemplifica o aumento da expectativa de vida da população.

a) explica o crescimento da confiança na instituição do casamento.

i) mostra que a população brasileira aumentou nos últimos cinco anos.

d) indica que as taxas de casamento e emprego cresceram na mesma proporção.

e) sintetiza o crescente número de casamentos e de ocupação no mercado de trabalho.

• Neutralidade;

• Veracidade;

• Linguagem adequada à norma padrão;

• Organização estrutural:

– introdução;

– desenvolvimento;

– conclusão;

• Predominância de verbos no imperativo (no caso de textos instrutivos).

ReeAdoena: E – Os gráficos apresentam dados que confirmam o aumento de matrimônios entre pessoas com mais de 60 anos, relati-vamente ao resto da população brasileira, assim como o aumento também dessa mesma faixa etária no mercado de trabalho. Assim, é correta a opção [E].

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TeEndo Aaea a AeóEima queenãdo:

As questões tomam por base uma crônica de Cla-rice Lispector (1925-1977) e uma passagem do Manual do Roteiro, do professor de Técnica do roteiro, consul-tor e conferencista Syd Field.

Eeieenee

Eu disse uma vez que escrever é uma maldição. Não me lembro por que exatamente eu o disse, e com sinceridade. Hoje repito: é uma maldição, mas uma maldição que salva.

Não estou me referindo muito a escrever para jor-nal. Mas escrever aquilo que eventualmente pode se transformar num conto ou num romance. É uma mal-dição porque obriga e arrasta como um vício penoso do qual é quase impossível se livrar, pois nada o subs-titui. E é uma salvação.

Salva a alma presa, salva a pessoa que se sente inútil, salva o dia que se vive e que nunca se entende a menos que se escreva. Escrever é procurar entender, é procurar reproduzir o irreproduzível, é sentir até o último fim o sentimento que permaneceria apenas vago e sufocador. Escrever é também abençoar uma vida que não foi abençoada.

Que pena que só sei escrever quando espontanea-mente a “coisa” vem. Fico assim à mercê do tempo. E, entre um verdadeiro escrever e outro, podem-se pas-sar anos.

Lembro-me agora com saudade da dor de escre-ver livros.

(Clarice Lispector. A descoberta do mundo, 1999.)

Eeieenenddo do edoneiedo

Escrever um roteiro é um fenômeno espantoso, quase misterioso. Num dia você está com as coisas sob controle, no dia seguinte sob o controle delas, perdido em confusão e incerteza. Num dia tudo fun-ciona, no outro não; ninguém sabe como ou por quê. É o processo criativo; que desafia análises; é mágica e maravilha.

Tudo o que foi dito ou registrado sobre a experiên-cia de escrever desde o início dos tempos resume-se a uma coisa — escrever é sua experiência particular, pessoal. De ninguém mais.

Muita gente contribui para a feitura de um filme, mas o roteirista é a única pessoa que se senta e encara a folha de papel em branco.

Escrever é trabalho duro, uma tarefa cotidiana, de sentar-se diariamente diante de seu bloco de notas, máquina de escrever ou computador, colocando pala-vras no papel. Você tem que investir tempo.

Antes de começar a escrever, você tem que achar tempo para escrever.

Quantas horas por dia você precisa dedicar-se a escrever?

Depende de você. Eu trabalho cerca de quatro horas por dia, cinco dias por semana. John Millius escreve uma hora por dia, sete dias por semana, entre 5 e 6 da tarde. Stirling Silliphant, que escreveu The Towering Inferno (Inferno na Torre), às vezes escreve 12 horas por dia. Paul Schrader trabalha com a histó-ria na cabeça por meses, contando-a para as pessoas até que ele a conheça completamente; então ele “pula na máquina” e a escreve em cerca de duas semanas. Depois ele gastará semanas polindo e consertando a história.

Você precisa de duas a três horas por dia para escrever um roteiro.

Olhe para a sua agenda diária. Examine o seu tempo. Se você trabalha em horário integral, ou cui-dando da casa e da família, seu tempo é limitado. Você terá que achar o melhor horário para escrever. Você é o tipo de pessoa que trabalha melhor pela manhã? Ou só vai acordar e ficar alerta no final da tarde? Tarde da noite pode ser um bom horário. Descubra.

(Syd Field. Manual do roteiro, 1995.)

02. (Unesp) No sétimo parágrafo do texto de Syd Field, que informação o autor passa ao aprendiz de roteirista com os diversos exemplos que apresenta?

ReeAdoena – No sétimo parágrafo, através de diversos exemplos, Syd Field afirma que não existem regras, ou métodos fixos, para escre-ver. Cada escritor tem as suas.

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�eeenndopnenddo aaipidadee� (Linguagens, Códigos e suas Tecnologias – C8 – H27)

EEeeiciidoe eEneae�

03. (ENEM) �en. 2º Considera-se criança, para os efei-tos desta Lei, a pessoa até doze anos de idade incom-pletos, e adolescente aquela entre doze e dezoito anos de idade. [...]

�en. 3º A criança e o adolescente gozam de todos os direitos fundamentais inerentes à pessoa humana, sem prejuízo da proteção integral de que trata esta Lei, assegurando-se-lhes, por lei ou por outros meios, todas as oportunidades e facilidades, a fim de lhes facultar o desenvolvimento físico, mental, moral, espiritual e social, em condições de liberdade e de dignidade.

�en. 4º É dever da família, da comunidade, da sociedade em geral e do poder público assegurar, com absoluta prioridade, a efetivação dos direitos refe-rentes à vida, à saúde, à alimentação, à educação, ao esporte, ao lazer, à profissionalização, à cultura, à dig-nidade, ao respeito, à liberdade e à convivência fami-liar e comunitária. [...]

BRASIL. Lei n. 8069, de 13 de julho de 1990. “Esta-tuto da criança e do adolescente”. Disponí-

vel em: www.planalto.gov.br (fragmento).

Para cumprir sua função social, o Estatuto da criança e do adolescente apresenta característi-cas próprias desse gênero quanto ao uso da língua e quanto à composição textual. Entre essas caracterís-ticas, destaca-se o emprego de

a) repetição vocabular para facilitar o entendimento.

a) palavras e construções que evitem ambiguidade.

i) expressões informais para apresentar os direitos.

d) frases na ordem direta para apresentar as informações mais relevantes.

e) exemplificações que auxiliem a compreensão dos conceitos formulados.

04. (ENEM) O hipertexto permite — ou, de certo modo, em alguns casos, até mesmo exige — a partici-pação de diversos autores na sua construção, a redefi-nição dos papéis de autor e leitor e a revisão dos mode-los tradicionais de leitura e de escrita. Por seu enorme potencial para se estabelecerem conexões, ele facilita o desenvolvimento de trabalhos coletivamente, o esta-belecimento da comunicação e a aquisição de infor-mação de maneira cooperativa.

Embora haja quem identifique o hipertexto exclu-sivamente com os textos eletrônicos, produzidos em determinado tipo de meio ou de tecnologia, ele não deve ser limitado a isso, já que consiste numa forma organizacional que tanto pode ser concebida para o papel como para os ambientes digitais. É claro que o texto virtual permite concretizar certos aspectos que, no papel, são praticamente inviáveis: a conexão ime-diata, a comparação de trechos de textos na mesma tela, o “mergulho” nos diversos aprofundamentos de um tema, como se o texto tivesse camadas, dimensões ou planos.

RAMAL, A. C. Educação na cibercultura: hipertextualidade, leitura, escrita e aprendizagem. Porto Alegre: Artmed, 2002.

Considerando-se a linguagem específica de cada sistema de comunicação, como rádio, jornal, TV, inter-net, segundo o texto, a hipertextualidade configura-se como um(a)

a) elemento originário dos textos eletrônicos.

a) conexão imediata e reduzida ao texto digital.

i) novo modo de leitura e de organização da escrita.

d) estratégia de manutenção do papel do leitor com perfil definido.

e) modelo de leitura baseado nas informações da superfície do texto.

ReeAdoena: B – É correta a opção [B], pois a composição textual de qualquer estatuto ou documento oficial deve privilegiar a fun-ção referencial da linguagem, buscando transmitir informações objetivas e precisas, ou seja, sem dar margem à ambiguidade

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TeEndo Aaea a AeóEima queenãdo:

� idoeeida ddo douedo

Duzentos anos de buscas foram necessários para que os portugueses chegassem ao ouro de sua Amé-rica. Aos espanhóis não se apresentou o problema da procura e pesquisa dos metais preciosos. “Assim que desembarcaram no México, na Colômbia ou no Peru, seus olhos mercantis foram ofuscados pelo ouro e prata que os homens da terra ostentavam nas suas armas, adornos e utensílios”. Junto às suas civiliza-ções, o gentio havia desenvolvido a exploração e o tra-balho dos metais, para eles mais preciosos pelas suas serventias que pelo poder e valor que agregavam ao homem da Europa cristã, de alma lapidada pela cul-tura ocidental. O primeiro trabalho que tiveram os castelhanos foi o de imediatamente afirmarem a infe-rioridade daquele homem que se recusava a total sub-serviência à majestade de Deus e d’el Rei, através de concepções bastante convenientes a seus propósitos. O brilho do metal, como o canto da sereia, tornou-os surdos a qualquer apelo contrário que não fosse o da ambição pelo ouro e pela prata, tornando-os insensí-veis a qualquer consideração humana no “trabalho” de submetimento do indígena, até o seu extermínio ou à redução, dos que sobreviveram, à condição de servos ou escravos nas fainas da mineração.

Os sucessos castelhanos atiçaram os colonos por-tugueses a iniciarem suas buscas, seja pelo encanto daquelas descobertas, seja pelas fantasias que se cria-ram a partir delas: de tesouros fabulosos perdidos nas entranhas generosas das Américas; de relatos impre-cisos de indígenas vindos do interior; de noções equi-vocadas da geografia do continente como a da proxi-midade do Peru; ou mesmo de alguns possíveis indí-cios concretos, surgiram lendas como as de Sabara-buçu e as de Paraupava, que avivavam os colonos na procura de pedras e metais preciosos.

(MENDES Jr., A., RONCARI, L. e MARANHÃO, R. Brasil his-tória: texto e consulta. São Paulo. Brasiliense, 1979.)

05. (UERJ – modificado) O caráter informativo pre-domina no texto, que enfoca a exploração das rique-zas minerais do ‘Novo Mundo’ pelo invasor europeu nos séculos XVII e XVIII.

a) Baseado nas informações fornecidas pelo texto, explique a diferença de importância atribuída ao ouro pelo homem americano e pelo europeu.

a) Apesar do caráter predominantemente informativo, encontram-se nesse texto recursos expressivos, como as figuras de linguagem. Transcreva e explique a metonímia que ocorre no trecho entre aspas no primeiro parágrafo.

Guia de Eenuddoe

Estudar Livro 1 / Frente 1 – Capítulo 2 – Tópico 1

Exercícios Propostos

Exercícios Compatíveis 16 a 30

Exercícios Fundamentais 16 17 18 19 20 21 22 23 24

Exercícios Complementares 25 26 27 28 29 30

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Unidade 3 — Acentuação gráfica

Sabemos que todas as palavras da língua apresentam uma sílaba tônica, classificando-se como doEcndo-nae, AaedoEcndonae e AedoAaedoEcndonae. Entretanto, na língua escrita, algumas regras de acentuação gráfica são necessárias para que se indique essa sílaba tônica (algumas pronúncias também são determinadas a partir de sinais gráficos).

Consideraremos os três sinais gráficos seguintes para construir as regrais gerais para acentuação:

• acento agudo ( ´ )

• acento grave ( ` )

• acento circunflexo ( ^ )

⇒ Regras gerais de acentuação das oxítonas:

Acentuam-se as terminadas em

– a – e – o – ens – em

– e em ditongos abertos;

– (seguidas ou não de “s”)

– (monossilábicas ou não)

⇒ Regras gerais de acentuação das paroxítonas

Acentuam-se as terminadas em

– ã – ão – i – u - on – um

– r – x – n – l – os

– E em ditongos crescentes.

⇒ Regras gerais de acentuação das proparoxítonas

Acentuam-se todas.

⇒ Regras de acentuação dos encon-tros vocálicos

Hiandoe

Acentuam-se i e u quando

– forem a 2ª vogal tônica após hiato

– estiverem sozinhas na sílaba

– estiverem acompanhadas de “s”

�indongdo

veja item detalhado em “acentuação de paroxítonas

�ienndo difeeeniiap

�iennua-ee... ...Aaea difeeeniiae doe ndoiaaupáeidoe

Epee nêm, epee nêm (Apueap) Epe nem, epe nem (eingupae)

Pôe (neeado) Pdoe (AeeAdoeiçãdo)

Pôde (Aeenéeindo) Pdode (Aeeeenne)

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�Apiianddo idonneeddo�(Unifesp – modificado) O Museu da Língua Por-

tuguesa foi inaugurado em São Paulo, em março de 2006. Na ocasião, houve um erro num painel, con-forme a imagem:

Sobre isso, Pasquale Cipro Neto escreveu:

01. Considerando o contexto social, cultural e ideoló-gico, por que o erro do painel teve grande repercussão?

02. Responda à pergunta que foi enviada ao profes-sor Pasquale por seus leitores.

“Na última segunda-feira, foi inaugurado o Museu da Língua Portuguesa. Na terça, a imprensa deu des-taque a um erro de acentuação presente num dos pai-néis do museu (grafou-se ‘raiz’ com acento agudo no ‘i’). Vamos ao que conta (e que foi objeto das mensa-gens de muitos leitores): por que se acentua ‘raízes’, mas não se acentua ‘raiz’?”

(www2.uol.com.br/linguaportuguesa/artigos.)

�eeenndopnenddo aaipidadee� (Linguagens, Códigos e suas Tecnologias – C8 – H27)

03. (ENEM) Diante da visão de um prédio com uma placa indicando SAPATARIA PAPALIA, um jovem deparou com a dúvida: como pronunciar a pala-vra PAPALIA?

Levado o problema à sua sala de aula, a discus-são girou em torno da utilidade de conhecer as regras de acentuação e, especialmente, do auxílio que elas podem dar à correta pronúncia de palavras.

Após discutirem pronúncia, regras de acentuação e escrita, três alunos apresentaram as seguintes con-clusões a respeito da palavra PAPALIA:

I. Se a sílaba tônica for o segundo PA, a escrita deveria ser PAPÁLIA, pois a palavra seria paroxítona terminada em ditongo crescente.

II. Se a sílaba tônica for LI, a escrita deveria ser PAPALÍA, pois “i” e “a” estariam formando hiato.

III. Se a sílaba tônica for LI, a escrita deveria ser PAPALIA, pois não haveria razão para o uso de acento gráfico.

A conclusão está correta apenas em:

a) I

b) II

c) III

d) I e II

e) I e III

Por se tratar do Museu da Língua Portuguesa.

A palavra “raiz” não deve ser acentuada por ser uma oxítona ter-minada em “Z.” - ra-iz. No caso de raízes, há o acento por haver um “i” tônico, formando hiato, sozinho na sílaba - ra-í-zes.

ReeAdoena: E – A conclusão II está errada, pois não existiria hiato na palavra que justificasse o acento. No caso, haveria uma paroxítona que, por terminar em “a”, não exige esse sinal de acentuação.

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EEeeiciidoe eEneae�TeEndo Aaea a queenãdo 4:

Quem é do ieimindoedo?

“Outro dia, durante uma conversa despretensiosa, um dos líderes da Central Única de Favela (Cufa), enti-dade surgida no Rio de Janeiro para representar os favelados do país, descrevia uma cena que presenciou durante anos a fio em sua vida: ‘É o bacana da Zona Sul estacionar seu Mitsubishi no pé do morro e com-prar cocaína de um garotinho de 12 anos’. Em seguida, fez uma pergunta perturbadora: ‘Quem é o criminoso? O bacana da Zona Sul ou o garoto de 12 anos?’ E deu a resposta: ‘Para vocês, o garoto de 12 anos tem de ser preso porque ele é um traficante de drogas. Para nós, tem de prender o bacana da Zona Sul porque ele está aliciando menores para o crime’. Não resta dúvida de que a situação retrata um dilema poderoso: de um lado, tem-se uma vítima do vício induzida ao crime de comprar drogas e, de outro, tem-se uma vítima da pobreza e da desigualdade induzida ao crime de ven-dê-las. Na cegueira legal em que vivemos, a solução é simples: prendem-se vendedor e comprador.

(...)

Começa agora a surgir uma alternativa mais rea-lista com a intenção do governo federal de implan-tar a chamada ’política de redução de danos’. Ou seja: em vez de punir os usuários, tratando-os como crimi-nosos, passa-se a encará-los como doentes e atendê-los de modo a reduzir os riscos a que estão expostos - como a overdose, aids, hepatite e outras doenças. É mais realista porque a repressão do uso de drogas é uma política bem-intencionada, na qual se pretende a purificação pela via da punição, mas que tem se mos-trado sistematicamente falha. A ideia brasileira - já em uso em outros países, e não apenas na Holanda - é um pedaço de bom senso e humildade. Encarar um viciado como doente é um enfoque justo e generoso.”

André Petry. Revista VEJA, 24 de novembro de 2004, p. 50.

04. (Cftce) Acentuam-se pelo mesmo motivo de “usuários” as palavras:

a) série, órgão, vatapá

a) órgão, útil, vendê-los

i) júbilo, série, têxtil

d) vatapá, história, sério

e) série, glória, história

TeEndo Aaea a queenãdo 5

Leia o texto sobre o filme uma ver-dade inconveniente

�V�

UMA VERDADE INCONVENIENTE (An Inconve-nient Truth, Estados Unidos. 2006. Paramount) - Al Gore passou décadas de sua carreira fazendo papel de chato ao falar insistentemente sobre um problema que parecia distante, o aquecimento global. Ficou com fama de bobão e, como se sabe, perdeu a eleição para George W. Bush de forma NEBULOSA. Enquanto a popularidade do atual presidente despenca, entre-tanto, a dele anda nas alturas - até em Prêmio Nobel já se fala. Tudo graças a esse bem URDIDO documen-tário sobre o tema mais caro ao ex-presidente vice-pre-sidente-presidente: as mudanças climáticas. Envol-vente, ritmado e didático sem ser condescendente, o filme chega ao DVD com dados atualizados em rela-ção à versão vista no cinema e é um programa quase que obrigatório para quem deseja entender por que o clima anda tão louco e o que se pode fazer, no dia, para não agravar o problema.

(Revista Veja, São Paulo, 07 fev. 2007.)

05. Aponte a alternativa em que as palavras estão acentuadas, respectivamente, pela mesma regra das palavras DÉCADAS e PRÊMIO.

a) dióxido - água

a) dióxido - países

i) caráter - esferoide

d) combustível - água

e) combustível - países

Guia de Eenuddoe

Estudar Livro 1 / Frente 1 – Capítulo 3 – Tópico 1

Exercícios Propostos

Exercícios Compatíveis 31 a 45

Exercícios Fundamentais 31 32 33 34 35 36 37 38 39

Exercícios Complementares 40 41 42 43 44 45

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Unidade X — Título da Unidade: pode ser usadas até duas linhas para o título

A célula é a unidade morfofisiológica dos seres vivos.

A célula eucariótica é típica dos seres vivos que nos são mais familiares: animais, plantas, fungos, protozoários e algas.

Unidade 4 – Prática de interpretação de textos: ortografia

A grafia da língua portuguesa é orientada por regras que não obedecem a correspondências exatas entre fonemas e letras. Considerando que cada letra pode representar vários fonemas (e um fonema pode ser representado por várias letras), dominar ortografia implica memorizar regras, trei-ná-las e observá-las na escrita. Os exercícios desta unidade tomarão como base o seguinte texto:

A questão central da pedagogia é o problema das formas, dos processos dos métodos; certa-mente, não considerados em si mesmos, pois as formas só fazem sentido na medida em que viabili-zam o domínio de determinados conteúdos.

O método é essencial ao processo pedagógico. Pedagogia, como é sabido, significa literalmente a condução da criança, e a sua origem está no escravo que levava a criança até o local dos jogos, ou o local em que ela recebia instrução do precep-tor. Depois, esse escravo passou a ser o próprio educador. Os romanos, percebendo o nível de cul-tura dos escravos gregos, confiavam a eles a edu-cação dos filhos. Essa é a etimologia da palavra. Do ponto de vista semântico, o sentido se alte-rou. No entanto, a paideia não significava apenas infância, paideia significava cultura, os ideais da cultura grega. Assim, a palavra pedagogia, par-tindo de sua própria etimologia, significa não ape-nas a condução da criança, mas a introdução da criança na cultura.

�Apiianddo idonneeddo�01. De acordo com o texto, a palavra pedagogia (ou paideia) tem sua etimologia explicada pelo gesto de “conduzir a criança” ao local dos jogos onde ela rece-bia instrução.

a) De que forma seu sentido historicamente se alterou?

a) O que ela passou a significar?

02. Ortograficamente, o sufixo ~ança (sempre grafada com “Ç”) indica a alteração da classe gramatical de uma palavra.

A pedagogia é o processo através do qual o homem se torna plenamente humano. No meu discurso distingui entre a pedagogia geral, que envolve essa noção de cultura como tudo o que o homem constrói, e a pedagogia escolar, ligada à questão do saber sistematizado, do saber elabo-rado, do saber metódico. A escola tem o papel de possibilitar o acesso das novas gerações ao mundo do saber sistematizado, do saber metódico, cientí-fico. Ela necessita organizar processos, descobrir formas adequadas a essa finalidade. Esta é a ques-tão central da pedagogia escolar. Os conteúdos não apresentam a questão central da pedagogia, porque se produzem a partir das relações sociais e se sistematizam com autonomia em relação à escola. A sistematização dos conteúdos pressupõe determinadas habilidades que a escola geralmente garante, mas não ocorre no interior das escolas de primeiro e segundo graus. A existência do saber sistematizado coloca à pedagogia o seguinte pro-blema: como torná-lo assimilável pelas novas gerações, ou seja, por aqueles que participam de algum modo de sua produção enquanto agentes sociais, mas participam num estágio determinado, estágio esse que é decorrente de toda uma trajetó-ria histórica?

(SAVIANI, D. A pedagogia histórico-crítica no qua-dro das tendências críticas da Educação Brasi-leira, adap. da fala em Seminário, Niterói, 1985).

Assim, temos os verbos:

(mudar + ~ança) ⇒ mudança (substantivo)

(vingar + ~ança) ⇒ vingança (substantivo)

(aliar + ~ança) ⇒ aliança (substantivo).

Considerando o processo de formação acima apre-sentado, de que forma a compreensão do sentido pala-vra criança se relaciona com a tese defendida acerca do que é pedagogia?

a) Quando os romanos perceberam que seus escravos gregos tinham um nível cultural elevado, passaram a confiar neles à educação dos filhos.

b) O sentido da palavra, que era de “conduzir a criança” passou a significar “introduzir a criança na cultura”.

A palavra criança é formada pelo verbo criar e o sufixo ~ança. Seu sentido sustenta o argumento apresentado pelo texto, se considerarmos que consiste na introdução do menino à cultura, tornando-o humano, isto é, criando-o.

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�eeenndopnenddo aaipidadee� (Linguagens, Códigos e suas Tecnologias – C8 – H27)

EEeeiciidoe eEneae�

03. (Unitau) Observe o trecho a seguir:

“Assim, a palavra pedagogia, partindo de sua pró-pria etimologia, significa não apenas a condução da criança, mas a introdução da criança na cultura”.

Se a conjunção ‘mas’ for substituída por outra similar, o emprego da vírgula estará correto na alternativa:

a) ... a introdução, porém, da criança na cultura ...

a) ... a introdução portanto, da criança na cultura ...

i) ... a introdução, contudo da criança na cultura ...

d) ... a introdução porém, da criança na cultura ...

e) ... a introdução contudo, da criança na cultura...

04. Uma das regras que definem o uso da letra “z” é a derivação de verbos terminados em ~izar, se não pos-suem a letra “s” na sílaba final ou que já apresentem a letra “z”. Identifique no texto duas palavras grafadas com “z” graças a essa regra.

05. Na passagem “Ela necessita organizar processos, descobrir novas formas adequadas a essa finalidade”, o pronome em destaque retoma:

a) Pedagogia geral

a) Cultura

i) Pedagogia escolar

d) Escola

e) Novas gerações

Guia de Eenuddoe

Estudar Livro 2 / Frente 1 – Capítulo 4 – Tópico 1

Exercícios Propostos

Exercícios Compatíveis 46 ao 60

Exercícios Fundamentais 47 48 52 55 56

Exercícios Complementares 46 49 50 51 53 54 57 58 59 60

Gaaaeindo

Unidade 1 04. E05. D

Unidade 2 04. C05. a) Para o homem americano, o ouro era matéria prima de utensí-lios, armas e ornamentos, e para

o homem europeu era fonte de poder e meio de riqueza.a) “olhos mercantis”Emprego da parte pelo todo.

Unidade 3 04. E 05. A

Unidade 4 04. Entre outras, logo no pri-meiro parágrafo aparece a pala-

vra “viabilizar”, formada exata-mente pelo processo indicado na regra ortográfica.05. O anafórico “ela” retoma a expressão “escola”, que, segundo o texto, deve organizar proces-sos e descobrir formas adequadas de possibilitar o acesso das novas gerações ao mundo do saber siste-matizado, metódico, científico.

ReeAdoena: � – O deslocamento da conjunção para o meio da ora-ção exige as vírgulas.

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Exercícios propostosPortuguês capítulo 1

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Texto para as próximas 4 questões:

TEXTO: O banco da língua

“És a um só tempo esplendor e sepultura!” - disse o bardo Olavo Bilac da “Última Flor do Lácio”, talvez já prenunciando a gradual deterioração da língua por-tuguesa, em constante mutação etimológica.

Quem fala, faz a língua. Eis um truísmo levado ao pé da letra pelos jovens desta era cibernética, que levam uma existência muito mais oral do que escritu-ral. Antigamente, para comunicar-se com um primo no oeste do Estado, o jovem era obrigado a escrever uma carta. Hoje, disca pelo celular - e bate um papo recheado de gírias e abreviaturas.

Quem não ama a sua língua? A dita língua “mãe” é o verdadeiro DNA da alma nacional. A religião, os cos-tumes, o folclore, as tradições, tudo pode ser subver-tido por uma revolução, ou pela dominação do mais forte. A linguagem, não. A língua é um distintivo vocal que nenhuma tirania pode revogar. Os galeses culti-vam a sua vertente derivada do Celta, com um zelo tal que, em pleno Reino Unido, os filmes de televisão em Cardiff e região exibem legenda no dialeto gaélico. Os bascos, todos sabemos, valem-se até do terrorismo para preservar e manter a “língua-mãe”.

A língua materna deveria ser, portanto, essa con-junção carnal entre a pátria e a sua expressão oral e escrita. Há patriotas que matam e morrem por esses valores. O brasileiro parece ser uma despreocupada exceção. Vibra pela pátria só quando Ronaldinho penetra na meia-lua, na antesala (sic) de um gol.

Nosso Português parece tão “esbarrondado”, como gostam de denunciar os d’além-mar, referindo-se ao “dialeto brasileiro, falho, rasgado e desmoronado”, que as autoridades educacionais deveriam criar uma espécie de “Banco da Palavra”, uma agência forte-mente reguladora como o Banco Central.

Não é o Banco Central o “guardião da moeda”? Pois é: estamos urgentemente necessitados de um guardião para a nossa língua. (...) Linguagens popu-lares e jargões, além de um autêntico festival de angli-cismos, estão “dialetizando” o Português brasileiro. Experimentem ler os nomes de lojas e lanchonetes em algum Shopping Center: o que mais se vê são os geni-tivos saxônicos, estilo McDonald’s, Bob’s, Ric’s, Sac’s - e por aí afora. (...)

O “Banco” de preservação do Português poderia valorizar e depurar o seu ensino nas escolas de pri-meiro e segundo graus. As autoridades francesas, por exemplo, lançaram programas de resistência ao tropel do Inglês, que assume a categoria de um novo Esperanto - uma língua quase universal. Loja com nome estrangeiro paga mais imposto...

Português e Espanhol são ambas línguas român-ticas, neolatinas, derivadas do romance, o dialeto da Península Ibérica depois da dominação de Roma. Mas nossas semelhanças param por aí: enquanto a língua de Cervantes é sempre cultivada como um patrimônio nacional, a de Camões é bela, sim, mas pouco a que-rem os seus próprios jovens locutores e escritores.

(Sérgio da Costa Ramos, Diário Catarinense, 23/08/98, p. 55.)

Vocabulário:bardo - 1 Poeta heroico ou lírico entre os celtas e

gálios. 2 Trovador.truísmo - 1 Verdade evidente, que está a entrar

pelos olhos de toda a gente. 2 Evidência, verdade banal, trivialidade.

01. (UFSC) Com base no texto, é CORRETO afirmar que:

01) a nossa língua também deve ser cultivada como patrimônio nacional, como querem os jovens locutores e escritores.

02) o brasileiro deveria unir os valores da pátria com os linguísticos, vibrar com e por eles, em todas as circunstâncias, não apenas por ocasião da copa do mundo.

04) o autor sugere que se pense a respeito da criação do Banco da língua portuguesa, a qual está gradualmente se deteriorando no país.

08) esse possível “Banco” de preservação do português poderia valorizar e depurar o seu ensino nas escolas de primeiro e segundo graus.

16) a crônica de Sérgio da Costa Ramos afirma que programas de resistência idênticos aos franceses estão sendo “estudados” e implementados no Brasil.

32) os portugueses denunciam o nosso português como “dialeto brasileiro, falho, rasgado e desmoronado”.

02. (UFSC) De acordo com o texto, assinale a(s) pro-posição(ões) VERDADEIRA(S).

01) O português brasileiro com suas expressões “dialetizadas” tem, nos nomes de lanchonetes e lojas, os exemplos do festival de anglicismos a que o autor se refere.

02) Os jovens levam uma existência muito mais oral do que escritural pois, pelo celular, é possível bater papos cheios de gírias e abreviaturas.

04) Segundo o autor, a “língua é um distintivo vocal que nenhuma tirania pode revogar”, porque ela é o verdadeiro DNA da alma nacional.

08) Ronaldinho, quando penetra na antessala de um gol, é o brasileiro que exemplifica o patriotismo de “morrer” pelos valores da nossa língua.

16) O “Banco da Palavra” e o Banco Central deveriam, respectivamente, ser os guardiães da moeda nacional e da palavra oral e escrita.

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32) Olavo Bilac, autor do poema “Última Flor do Lácio”, afirma que a língua portuguesa está em constante mutação etimológica.

64) Na França e na Espanha, cujas línguas têm origem românica, a exemplo do português, os lojistas pagam mais impostos pelo uso do idioma Inglês.

03. (UFSC) Assinale a(s) proposição(ões) VERDA- DEIRA(S).

01) A comparação entre os idiomas inglês e esperanto, ambos universais e artificiais, deve-se ao fato de este último ser cultivado apenas pela classe intelectual.

02) O autor afirma que a língua espanhola é cultivada como um patrimônio nacional pelos seus falantes, enquanto a portuguesa, apesar de bela, não recebe o mesmo tratamento.

04) No 40. parágrafo, na frase “Há patriotas que matam e morrem por ESSES valores”, a palavra em destaque refere-se a costumes e folclore.

08) Na frase “O ‘Banco’ de preservação do português poderia valorizar e DEPURAR o seu ensino (...)”, a palavra destacada significa PURIFICAR, tornar-se puro.

16) a crônica de Sérgio da Costa Ramos afirma que programas de resistência idênticos aos franceses estão sendo “estudados” e implementados no Brasil.

32) Alguns povos como os bascos, para preservarem e manterem a língua, chegam a exibir legendas de filmes em Cardiff, seu dialeto.

04. (UFSC) Considerando as proposições a seguir, assinale a(s) VERDADEIRA(S).

01) Na frase “O brasileiro parece ser uma despreocupada exceção”, a palavra DESPREOCUPADA é formada pelo processo de composição.

02) Com relação à divisão silábica, as palavras SU - BLI - ME e SUB - RO - GAR estão corretas.

04) A frase a seguir não apresenta erro quanto à concordância nominal: ELA PARECIA MEIO DESANIMADA.

08) Em “Deveria ser adotado um outro procedimento que, ressalte-SE já era esperado por todos”, o pronome SE está empregado corretamente.

16) Quanto à pontuação, a frase a seguir, do 30. parágrafo do texto, está correta: “(...) Os galeses cultivam a sua, vertente derivada do Celta, com um zelo tal que, em pleno Reino Unido, os filmes de televisão (...).”

32) Na frase “Estes livros importados custam muito CARO”, o vocábulo CARO funciona como advérbio.

Texto para as próximas 5 questões:

LÍNGUA PORTUGUESA

Olavo Bilac

Última flor do Lácio, inculta e belaÉs, a um tempo, esplendor e sepultura:Ouro nativo, que na ganga impuraA bruta mina entre os cascalhos vela...

Amo-te assim desconhecida e obscura,Tuba de alto clangor, lira singela,que tens o trom e o silvo da procelaE o arrolo da saudade e da ternura!

Amo o teu viço agreste e o teu aromaDe virgens selvas e de oceano largo!Amo-te, ó rude e doloroso idioma,

Em que da voz materna ouvi: “meu filho!”E em que Camões chorou, no exílio amargo,O gênio sem ventura e o amor sem brilho! em TARDE (1919)

LÍNGUA

Caetano Veloso (a Violeta Gervaiseau)

Gosto de sentir a minha língua roçarA língua de Luís de Camões.Gosto de ser e de estarE quero me dedicarA criar confusões de prosódiaE uma profusão de paródiasQue encurtem doresE furtem cores como camaleões.Gosto do Pessoa na pessoaDa rosa no Rosa,E sei que a poesia está para a prosaAssim como o amor está para a amizade.E quem há de negar que esta lhe é superior?E deixa os portugais morrerem à míngua,“Minha pátria é minha língua”- Fala Mangueira!Flor do Lácio SambódromoLusamérica latim em póO que querO que podeEsta língua? em VELÔ (1984)

05. (Unesp) A que fato histórico fundamental fazem alusão as expressões “Flor do Lácio” e “latim em pó”?

06. (Unesp) Explique a razão pela qual a palavra “portugais” aparece escrita com letra minúscula e não com maiúscula no verso: “E deixa os portugais morre-rem à míngua”.

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07. (Unesp) Segundo o gramático Celso Cunha, voca-tivo é o termo que serve “apenas para invocar, chamar ou nomear, com ênfase maior ou menor, uma pessoa ou coisa personificada”. Tendo em mente esta defini-ção do ilustre filólogo, cite um exemplo de vocativo no texto de Bilac e outro no de Caetano Veloso.

08. (Unesp) “Gosto de sentir a minha língua roçar / A língua de Luís de Camões.” Interprete estes dois versos, atentando para os sentidos que neles podem assumir os vocábulos “língua” e “roçar.”

09. (Unesp) Além de Luís de Camões, que aparece mencionado nos dois textos, o poema de Caetano menciona outros dois escritores. Cite pelo menos uma obra importante de cada um destes dois literatos.

Texto para as próximas 6 questões :

No quarto de dormir de minha avó materna havia um móvel, com gavetinha e espelho, que todos na casa chamavam, sem qualquer afetação ou pedantismo, de coiffeuse. Na sala de jantar, guardavam-se os pratos em uma étagere. A étagere foi substituída, nos lares modernos, por um simpático aparador; a “coiffeuse” virou penteadeira e hoje praticamente desapareceu da vida cotidiana por falta de espaço. Os galicismos estão totalmente esquecidos.

Naqueles mesmos tempos de minha infância, eu gostava de um sport que se chamava football e meu sonho era ser goalkeeper, embora a posição de cen-ter-forward me encantasse pela possibilidade de fazer muitos goals e influir no score, que era registrado no placard. Não precisa dizer que hoje o esporte se chama futebol, o goleiro defende a baliza e o ponta-de-lança faz muitos gols e vê seu nome se acender no placar ele-trônico. Esses anglicismos já não mais o são.

Quando menino, fantasiei-me no carnaval, ao final da guerra, de pracinha - homenagem da moda aos soldados brasileiros (praças) que lutaram na Europa - e de cowboy, que alguns já queriam apelidar de vaqueiro. Hoje ninguém saberia o que era uma fan-tasia de pracinha, e o caubói existe sim, para designar o vaqueiro americano.

Na minha juventude eu ia às boites, não a night-clubs ou cabarets, e tentava dançar o twist e o rock’n’roll. Hoje, fala-se de baile funk, cantam-se raps, mas ainda existem boates e festivais, não se sabe se de “rock” ou já de roque. Já cabarés e naiteclubes soam a coisas velhas, e quem vai nadar domingo na piscina do clube nem se lembra dos antigos e seletos clubs, como ainda aparecem hoje no nome do Jockey Club ou o Yacht Club. Os estrangeirismos mudaram com a moda.

Dizem que foi um lord, quer dizer, um lorde, inglês, com o título de Sandwich, quem, para não se levan-tar da mesa de carteado, teve a ideia de alimentar-se comendo carne, presunto, queijo e folhas entre fatias de pão. O sofisticado nobre britânico seria o inventor daquilo que hoje, no Brasil, se chama, bem brasileira-mente, de sanduíche e que corresponde, em Portugal,

ao substantivo feminino sandes, palavra que lembra melhor ao ouvido o original inglês, em que a sílaba tônica é a primeira. Uma sandes é o mesmo que um sandwich e que um sanduíche. A invenção do lorde toma forma diferente para ser conhecida em dois paí-ses que falam a mesma língua.

Palavras e expressões vão e vêm. Umas incorpo-ram-se definitivamente à língua portuguesa, tradu-zidas ou com a grafia modificada, e vão, nacionali-zadas, repousar nos mais respeitáveis dicionários do vernáculo. Outras são simplesmente rejeitadas ou caem, com o tempo, em desuso.

Agora, diz-se que anda pelo Congresso uma lei proibindo o uso de estrangeirismos. O ditador italiano Benito Mussolini, cujos métodos lembram por vezes alguns políticos proeminentes no Brasil da atuali-dade, tentou e conseguiu com força e terror abolir do sonoro idioma de Dante, alguns, não todos, estrangei-rismos. Na Itália, até hoje, o futebol se chama “calcio” (pontapé) e lamenta-se que Baggio tenha perdido em 94 não um pênalti, mas um “rigore”.

Sou carioca (em tupi-guarani “a casa do homem branco”) e, embora torça pelo Flamengo, sou, de nasci-mento, fluminense (invenção a partir do latim flumen - rio, para designar os naturais do Estado do Rio de Janeiro). Gosto de minha terra e do meu idioma. Gosto das praias e dos bairros de Ipanema (do tupi-guarani), Copacabana (do idioma dos antigos incas) e Leblon (que não nega no “n” final sua origem francesa).

Uma das grandes riquezas culturais de nossa terra brasileira é essa força de terra nova, que absorve, aproveitando, influências culturais de várias fontes. Aqui, além de feijoada, se come pizza, spaghetti, sushi, fondue, sanduíche, paella, strogonoff, churros, steaks, quiches e todo o variado menu (cardápio) que oferece a velha China.

Os idiomas vivem, como os organismos, os seres humanos, as cidades, os bairros e as praias. Tentar, por lei, colocar em trilhos o processo espontâneo de evolução da língua portuguesa, para evitar uma suposta contaminação por estrangeirismos, é querer tirar de um organismo vivo o que de mais belo a vida tem - a espontaneidade.

Não andamos mais de bonde (do inglês bond - papel, título de crédito, colocado no mercado para financiar a companhia que os criou), mas, por favor, não nos proíbam de, como os parisienses, andar de metrô.

LACERDA, Gabriel. O Globo, Rio de Janeiro, 19 abr. 2001. Opinião. p.7. (Texto adaptado)

10. (UFMG) No texto, a menção a Benito Mussolini tem o objetivo de

a) lembrar que o idioma pátrio deve ser resguardado. b) sugerir que os políticos brasileiros deveriam

seguir o exemplo dele. c) questionar as tentativas de se coibirem os

empréstimos linguísticos. d) salientar que as questões linguísticas devem ser

resolvidas por lei.

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11. (UFMG) Considerando-se o posicionamento do autor em relação ao uso dos estrangeirismos, é COR-RETO afirmar que ele

a) analisa a pouca incidência de empréstimos vocabulares no vernáculo.

b) deprecia a incorporação de palavras estrangeiras ao português.

c) procura ressaltar o dinamismo inerente aos idiomas.

d) questiona os anglicismos e os galicismos presentes no português.

12. (UFMG) Todas as seguintes técnicas, com as fina-lidades indicadas, são usadas pelo autor na estrutura-ção do texto, EXCETO

a) Contraste, em algumas partes, para realçar diferenças.

b) Emprego de relações de causa e efeito para sustentar argumentos.

c) Enumeração para hierarquizar os empréstimos linguísticos.

d) Exemplificação para ilustrar e explicar pontos de vista.

13. (UFMG) Todas as seguintes afirmativas podem ser confirmadas pelo texto, EXCETO

a) A evolução linguística é um fenômeno natural que ocorre nas línguas vivas.

b) A importação de palavras, independentemente da sua origem, é incentivada pelo autor.

c) As palavras costumam sofrer adaptações ao serem incorporadas a um novo idioma.

d) Uma palavra estrangeira pode resultar em diferentes formas numa mesma língua.

14. (UFMG) Assinale a alternativa que apresenta a MELHOR síntese das ideias contidas no texto.

a) A língua é formada como um mosaico. b) A língua oficial de uma nação deve ser protegida. c) A pátria de um povo reflete a sua língua. d) A pureza do vernáculo deve ser preservada.

15. (UFMG) Observe a ilustração.

Assinale a alternativa em que MELHOR se interpreta a associação entre essa ilustração e as ideias defendi-das pelo autor no texto. a) A expressão linguística, oral ou escrita, não deve descaracterizar a língua portuguesa. b) A língua portuguesa deve ser protegida e defendida contra os estrangeirismos, evitando-se que seja

maculada. c) A língua portuguesa é o idioma oficial do Brasil e deve ser preservada por força de lei. d) O uso de palavras ou expressões em língua estrangeira não pode ser controlado, apesar das tentativas em

contrário.

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Exercícios propostosPortuguês capítulo 2

130

Texto para a próxima questão: A essência da teoria democrática é a supressão de

qualquer imposição de classe, fundada no postulado ou na crença de que os conflitos e problemas huma-nos — econômicos, políticos, ou sociais — são solucio-náveis pela educação, isto é, pela cooperação voluntá-ria, mobilizada pela opinião pública esclarecida. Está claro que essa opinião pública terá de ser formada à luz dos melhores conhecimentos existentes e, assim, a pesquisa científica nos campos das ciências naturais e das chamadas ciências sociais deverá se fazer a mais ampla, a mais vigorosa, a mais livre, e a difusão desses conhecimentos, a mais completa, a mais imparcial e em termos que os tornem acessíveis a todos.

Anísio Teixeira, Educação é um direito. Adaptado.

16. (Fuvest) De acordo com o texto, a sociedade será democrática quando

a) sua base for a educação sólida do povo, realizada por meio da ampla difusão do conhecimento.

b) a parcela do público que detém acesso ao conhecimento científico e político passar a controlar a opinião pública.

c) a opinião pública se formar com base tanto no respeito às crenças religiosas de todos quanto no conhecimento científico.

d) a desigualdade econômica for eliminada, criando-se, assim, a condição necessária para que o povo seja livremente educado.

e) a propriedade dos meios de comunicação e difusão do conhecimento se tornar pública. Texto para as próximas 2 questões: Leia o seguinte trecho de uma receita de cozinha.1. Misture a manteiga com a farinha peneirada e

junte sal. Incorpore depois o ovo e a gema.2. Adicione o leite, aos poucos, mexendo sempre até

obter um preparado uniforme.(...)4. Vire a panqueca para que cozinhe de ambos os

lados. Retire e recheie com uma fatia de queijo e outra de presunto. Enrole, dobre as pontas e sirva.

17. (Ifsp) A primeira orientação para o preparo da receita de panqueca é apresentada em duas frases. É possível reescrevê-las em uma única frase, sem alte-rar a informação original, da seguinte maneira:

a) Assim que incorporar o ovo e a gema, misture a manteiga com a farinha peneirada e junte sal.

b) Sucedendo a incorporação do ovo e da gema, misture a manteiga com a farinha peneirada e junte sal.

c) Antes da incorporação do ovo e da gema, misture a manteiga com a farinha peneirada e junte sal.

d) Depois de incorporar o ovo e a gema, misture a manteiga com a farinha peneirada e junte sal.

e) Quando incorporar o ovo e a gema, misture a manteiga com a farinha peneirada e junte sal.

18. (Ifsp) O trecho – Vire a panqueca para que cozi-nhe de ambos os lados. – apresenta duas orações liga-das pela locução conjuntiva “para que”, que sinaliza a função de

a) consequência. b) causa. c) proporção. d) finalidade. e) modo.

Texto para as próximas 2 questões: O silêncio é a matéria significante por excelência,

um continuum significante. O real da comunicação é o silêncio. E como o nosso objeto de reflexão é o dis-curso, chegamos a uma outra afirmação que sucede a essa: o silêncio é o real do discurso.

O homem está “condenado” a significar. Com ou sem palavras, diante do mundo, há uma injunção à “interpretação”: tudo tem de fazer sentido (qualquer que ele seja). O homem está irremediavelmente consti-tuído pela sua relação com o simbólico.

Numa certa perspectiva, a dominante nos estudos dos signos, se produz uma sobreposição entre lingua-gem (verbal e não verbal) e significação.

Disso decorreu um recobrimento dessas duas noções, resultando uma redução pela qual qual-quer matéria significante fala, isto é, é remetida à linguagem (sobretudo verbal) para que lhe seja atri-buído sentido.

Nessa mesma direção, coloca-se o “império do ver-bal” em nossas formas sociais: traduz-se o silêncio em palavras. Vê-se assim o silêncio como linguagem e perde-se sua especificidade, enquanto matéria signi-ficante distinta da linguagem.

(Eni Orlandi. As formas do silêncio, 1997.)

19. (Unifesp) No segundo parágrafo do texto, empre-gam-se as aspas no termo “condenado” para

a) atribuir-lhe um segundo sentido, equivalente a culpado.

b) reforçar-lhe o sentido contextual, equivalente a predestinado.

c) marcá-lo com sentido conotativo, equivalente a reprovável.

d) enfatizar-lhe o sentido denotativo, equivalente a desgraçado.

e) destituí-lo do sentido literal, equivalente a buliçoso.

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20. (Unifesp) Na oração do 4º parágrafo – [...] para que lhe seja atribuído sentido. –, o pronome “lhe” substi-tui a expressão

a) um recobrimento. b) uma redução. c) linguagem e significação. d) qualquer matéria significante. e) o silêncio.

Texto para a próxima questão:

Classe média negra no Brasil: negros em ascensão social

Rosângela Rosa Praxedes

O estudo da mobilidade social ascendente da população brasileira, em particular o aumento apon-tado por diferentes estudos demográficos das classes médias em relação aos demais segmentos populacio-nais, leva-nos a uma reflexão sobre as desvantagens raciais relacionadas à ascensão social de não bran-cos. (...)

Embora a classe média tenha crescido em termos relativos e absolutos entre a população negra, esse crescimento foi significativamente menor. Segundo dados do IPEA, a quantidade de negros pertencentes à classe média ainda é muito pequena. Apesar disso, a classe média negra das capitais brasileiras teve um crescimento relativo de 10% entre os anos de 1992 e 1999, chegando ao patamar de um terço da classe média brasileira. (...)

Para a população negra de classe média, a supe-ração dos estereótipos vinculados à cor (admitindo-se que os negros se encontram muito frequente-mente realizando atividades desprestigiadas social-mente) constitui-se um problema que podemos asso-ciar a uma redefinição da própria identidade negra. Como se não fossem suficientes, as dificuldades de uma recente transição do país de economia agrícola para economia urbana industrial e de serviços, há, ainda, o peso da herança deixada pelo longo período de escravidão no país, que influencia o racismo a que os negros ainda são submetidos.

Nesse sentido é que os afrodescendentes se empe-nham para a aquisição de certos símbolos que garan-tam sua distinção em relação ao restante dos afrodes-cendentes pertencentes às camadas populares, como a posse de um diploma universitário, o exercício de um trabalho não manual e o cultivo de algumas prá-ticas de consumo que envolve diferenças no tamanho das residências, no modelo e ano do automóvel adqui-rido, no número de empregados domésticos e no modo de vestir.

A ascensão social da população negra tem como maior obstáculo a discriminação racial existente em nossa sociedade. Ao incorporar uma representação do espaço social como um espaço em que é possível a ascensão social, os cidadãos negros de classe média muitas vezes relevam o fato de o racismo existente na sociedade brasileira tornar suas perspectivas de

futuro frustradas, o que corresponde a reconhecer-mos que um conjunto de possibilidades teoricamente existentes, na prática, podem se tornar inviáveis para um negro no Brasil, limitando efetivamente o campo de suas possibilidades, já que nem sempre o capital cultural acumulado pelos negros pode ser convertido em uma posição social correspondente.

(Revista Espaço Acadêmico. Ano II, ND. 20, Janeiro/2003. Disponível em: http:llwww.espa-

coacademico.com.br/020/2orpraxedes.htm)

21. (Cftrj) No fragmento “O estudo da mobilidade social ascendente da população brasileira, em par-ticular o aumento apontado por diferentes estudos demográficos das classes médias...”, as palavras em destaque possuem, respectivamente, os seguintes sentidos:

a) mudança; crescente; especial. b) movimentação; crescente; comum. c) alteração; anterior; especial. d) mudança; importante; segredo.

Texto para a próxima questão:

O fim do marketing

A empresa vende ao consumidor — com a web não é mais assim.

Com a internet se tornando onipresente, os Qua-tro Ps do marketing — produto, praça, preço e promo-ção — não funcionam mais. O paradigma era simples e unidirecional: as empresas vendem aos consumido-res. Nós criamos produtos; fixamos preços; definimos os locais onde vendê-los; e fazemos anúncios. Nós con-trolamos a mensagem. A internet transforma todas essas atividades.

(...)Os produtos agora são customizados em massa,

envolvem serviços e são marcados pelo conhecimento e os gostos dos consumidores. Por meio de comunida-des online, os consumidores hoje participam do desen-volvimento do produto. Produtos estão se tornando experiências. Estão mortas as velhas concepções industriais na definição e marketing de produtos.

(...)Graças às vendas online e à nova dinâmica do

mercado, os preços fixados pelo fornecedor estão sendo cada vez mais desafiados. Hoje questionamos até o conceito de “preço”, à medida que os consumi-dores ganham acesso a ferramentas que lhes permi-tem determinar quanto querem pagar. Os consumido-res vão oferecer vários preços por um produto, depen-dendo de condições específicas. Compradores e ven-dedores trocam mais informações e o preço se torna fluido. Os mercados, e não as empresas, decidem sobre os preços de produtos e serviços.

(...)

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A empresa moderna compete em dois mundos: um físico (a praça, ou marketplace) e um mundo digi-tal de informação (o espaço mercadológico, ou mar-ketspace). As empresas não devem preocupar-se com a criação de um website vistoso, mas sim de uma grande comunidade online e com o capital de relacio-namento. Corações, e não olhos, são o que conta. Den-tro de uma década, a maioria dos produtos será ven-dida no espaço mercadológico. Uma nova fronteira de comércio é a marketface — a interface entre o marke-tplace e o marketspace.

(...)Publicidade, promoção, relações públicas etc.

exploram “mensagens” unidirecionais, de um-para- -muitos e de tamanho único, dirigidas a consumido-res sem rosto e sem poder. As comunidades online per-turbam drasticamente esse modelo. Os consumido-res com frequência têm acesso a informações sobre os produtos, e o poder passa para o lado deles. São eles que controlam as regras do mercado, não você. Eles escolhem o meio e a mensagem. Em vez de rece-ber mensagens enviadas por profissionais de relações públicas, eles criam a “opinião pública” online.

Os marqueteiros estão perdendo o controle, e isso é muito bom.

(Don Tapscott. O fim do marketing. INFO, São Paulo, Editora Abril, janeiro 2011, p. 22.)

22. (Unesp) A leitura atenta deste instigante artigo de Don Tapscott revela que o tema central de sua mensagem é:

a) O advento do comércio via internet subverteu as teorias tradicionais de marketing.

b) O comércio via internet confirma todas as teorias de publicidade e marketing vigentes.

c) A aplicação dos princípios tradicionais de marketing se tornou vital para o sucesso do comércio online.

d) O comércio realizado em lojas físicas é ainda preferível ao realizado online.

e) A lei da oferta e da procura não influencia de nenhum modo o comércio via internet. Texto para as próximas 3 questões: Todas as variedades linguísticas são estruturadas,

e correspondem a sistemas e subsistemas adequa-dos às necessidades de seus usuários. Mas o fato de estar a língua fortemente ligada à estrutura social e aos sistemas de valores da sociedade conduz a uma avaliação distinta das características das suas diver-sas modalidades regionais, sociais e estilísticas. A lín-gua padrão, por exemplo, embora seja uma entre as muitas variedades de um idioma, é sempre a mais prestigiosa, porque atua como modelo, como norma,

como ideal linguístico de uma comunidade. Do valor normativo decorre a sua função coercitiva sobre as outras variedades, com o que se torna uma ponderá-vel força contrária à variação.

Celso Cunha. Nova gramática do portu-guês contemporâneo. Adaptado.

23. (Fuvest) De acordo com o texto, em relação às demais variedades do idioma, a língua padrão se com-porta de modo

a) inovador. b) restritivo. c) transigente. d) neutro. e) aleatório.

24. (Fuvest) Considere as seguintes afirmações sobre os quatro períodos que compõem o texto:

I. Tendo em vista as relações de sentido constituídas no texto, o primeiro período estabelece uma causa cuja consequência aparece no segundo período.

II. O uso de orações subordinadas, tal como ocorre no terceiro período, é muito comum em textos dissertativos.

III. Por formarem um parágrafo tipicamente dissertativo, os quatro períodos se organizam em uma sequência constituída de introdução, desenvolvimento e conclusão.

IV. O procedimento argumentativo do texto é dedutivo, isto é, vai do geral para o particular.

Está correto apenas o que se afirma em a) I e II. b) I e III. c) III e IV. d) I, II e IV. e) II, III e IV.

25. (Fuvest) Depreende-se do texto que uma deter-minada língua é um

a) conjunto de variedades linguísticas, dentre as quais uma alcança maior valor social e passa a ser considerada exemplar.

b) sistema de signos estruturado segundo as normas instituídas pelo grupo de maior prestígio social.

c) conjunto de variedades linguísticas cuja proliferação é vedada pela norma culta.

d) complexo de sistemas e subsistemas cujo funcionamento é prejudicado pela heterogeneidade social.

e) conjunto de modalidades linguísticas, dentre as quais algumas são dotadas de normas e outras não o são.

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26. (Unicamp) Os textos abaixo integram uma maté-ria de divulgação científica sobre o tamanho de criaturas marinhas, ilustrada com fotos dos ani-mais mencionados.

Texto 1Eles nascem com milímetros e alcançam metros

de comprimento, nadam das praias rasas às águas abissais. Em fotos únicas, produzidas em tanques especiais, conheça as medidas dos animais do fundo do mar.

Texto 2

Escala milimétrica

Enquanto este cavalo-marinho pode chegar a 30 cm, os filhotes medem poucos milímetros ao nascer. Eles surgem depois que a fêmea deposita óvulos em uma bolsa na barriga do macho, que é responsável pela fertilização.

(“Escalas Marinhas”, em SuperInteres-sante, São Paulo, jun. 2012, p. 72-73.)

a) ) Pode-se afirmar que a compreensão do texto 2 depende da imagem que o acompanha. Destaque do texto a expressão responsável por essa dependência e explique por que seu funcionamento causa esse efeito.

b) No que diz respeito à organização textual, que diferença se pode apontar entre os dois textos, quanto ao modo como o pronome ‘eles’ se relaciona com os termos a que se refere?

27. (Fuvest) Leia o seguinte texto:

Pense antes de compartilhar

Cada vez mais pessoas interagem por meio de redes sociais.

O crescimento dessas comunidades reforça uma das principais discussões relativas à internet: a privacidade.

Época, 15/04/2011.

a) Qual a razão apresentada por essa matéria jornalística para aconselhar seus leitores a “pensar antes de compartilhar”?

b) No verbete “privacidade”, do Dicionário Houaiss da língua portuguesa, lê-se: “trata-se de ang. de empréstimo recente na língua, sugerindo-se em seu lugar o uso de ................”.Por que o dicionário sugere que se evite o uso de “pri-

vacidade”? Que palavra pode ser usada em seu lugar? Texto para a próxima questão: Max Weber, um dos analistas mais críticos da

lógica da história moderna (ou da falta dela), obser-vou que o fenômeno que marcava o nascimento do novo capitalismo era a separação entre atividade econômica e atividade doméstica – em que o domés-tico significava a densa rede de direitos e obrigações mútuas mantidas pelas comunidades rurais e urba-nas, pelas paróquias ou grupos de artesãos, em que as famílias e vizinhos estavam estreitamente envolvidos.

Com essa separação, o mundo dos negócios se aventurou por uma autêntica terra fronteiriça, uma terra de ninguém, livre de problemas morais e restri-ções legais e pronta a ser subordinada ao código de conduta próprio da empresa. Como já sabemos, essa extraterritorialidade sem precedentes da atividade econômica conduziu a um avanço espetacular da capacidade industrial e a um acréscimo da riqueza.

Também sabemos que, durante quase todo o século XX, essa mesma extraterritorialidade resultou em muita miséria humana, em pobreza e em uma quase inconcebível polarização das oportunidades e níveis de vida da humanidade. Por último, também sabemos que os Estados modernos, então emergentes, reclama-ram essa terra de ninguém que o mundo dos negócios considerava de sua exclusiva propriedade.

28. (Ibmecrj) Todas as passagens abaixo marcam o tom crítico do texto, EXCETO:

a) “... observou que o fenômeno que marcava o nascimento do novo capitalismo era a separação entre atividade econômica e atividade doméstica ....”

b) “Com essa separação, o mundo dos negócios se aventurou por uma autêntica terra fronteiriça, uma terra de ninguém...”

c) “... essa mesma extraterritorialidade resultou em muita miséria humana, em pobreza...”

d) “... e em uma quase inconcebível polarização das oportunidades e níveis de vida da humanidade...”

e) “... reclamaram essa terra de ninguém que o mundo dos negócios considerava de sua exclusiva propriedade.”

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Texto para a próxima questão: “O homem não pode abster-se da filosofia”, diz

Jaspers com razão. “Ela está presente em todo lugar e sempre. A única questão que se apresenta é saber se ela é consciente ou não, boa ou má, confusa ou clara”. Na verdade, a pesquisa da verdade científica, que só interessa aliás a uma minoria, não exaure¹ em nada a natureza do homem, mesmo nessa minoria. Resta que o homem vive, toma partido, crê em multiplicidade de valores, hierarquiza-os e dá assim um sentido à sua existência por opções que ultrapassam sem cessar as fronteiras do seu conhecimento efetivo. No homem que pensa, essa coordenação pode ser raciocinada, no sentido de que, para fazer a síntese entre aquilo em que acredita e que sabe, só pode utilizar uma reflexão, seja prolongando seu saber ou opondo-se a ele em um esforço crítico para determinar suas fronteiras atuais e legitimar a colocação dos valores que o ultra-passam. Essa síntese raciocinada entre as crenças, quaisquer que sejam, e as condições do saber, é o que nós chamamos de uma “sabedoria” e tal nos parece o objeto da filosofia.

(Piaget, Jean. Sabedoria e Ilusões da Filosofia. Tradução de Zilda Abujamra Daeir. S.Paulo. Difusão Europeia do Livro)

¹exaurir = esgotar

29. (Espm) De acordo com o texto:

a) A minoria que está interessada na verdade científica não se ocupa com o sentido da vida.

b) A busca da verdade filosófica esgota a natureza de uma minoria da humanidade.

c) O homem que vive, que toma partido, que crê em multiplicidade de valores, não dispõe de tempo para a filosofia.

d) A reflexão amplia o saber, questiona o próprio saber e justifica o que está fora do alcance do saber.

e) A crença nos valores e sua organização fazem parte da natureza humana para alcançar a verdade científica.

30. (Ufpr) Montando um parágrafo informativo:

Texto 1No começo dos anos 60, o Banco Mundial reali-

zou um estudo abrangendo vários países pobres para avaliar as chances que cada um tinha de se desen-volver. Entre eles estavam a Coreia do Sul, Gana e o Brasil. A Coreia do Sul, marcada por uma história de invasões e por uma guerra recém-terminada, e Gana, com a economia destruída, se situaram no patamar de renda per capita da ordem de 900 dólares. O Brasil se destacava no grupo e acabou apontado como um país de futuro promissor. Tinha renda per capita de 1.800 dólares, dispunha de recursos naturais abun-dantes, um parque industrial em expansão e univer-sidades. Todas as contas referentes aos países foram feitas com o dólar PPP, iniciais de purchasing power parity , ou paridade de poder de compra. O PPP é uma

moeda estatística adequada para comparar realida-des distintas.

As previsões do Banco Mundial, no entanto, não se confirmaram e a corrida acabou sendo vencida pela Coreia (ver gráfico). Vários estudos já foram encomen-dados para investigar as razões do sucesso coreano e quase todos chegaram a conclusões semelhantes no que diz respeito a um ponto: o investimento pesado e constante em educação foi decisivo para a prosperi-dade do país. A população jovem da Coreia apresenta atualmente uma das taxas de escolarização mais altas do mundo. O efeito da educação ajudou a impul-sionar o país.

Texto 2

O “efeito educação “

O gráfico mostra a evolução da renda per capita no Brasil, na Coreia do Sul e em Gana nos últimos quarenta anos. O início da curva indica que Coreia e Gana possuíam renda semelhante - equivalente à metade da do Brasil. Por causa do “efeito educação”, a renda coreana disparou. Para fins de cálculo, utilizou-se o chamado dólar PPP, moeda de valor estatístico que leva em conta o poder de compra de cada país.

Hoje

2000*

7200*

16500*

1980

1000*

4200*3900*

1960

1800*900*

900*

Renda per capita

BrasilCoreia do SulGana

* dólar PPP

Fonte: Banco Mundial

(Adaptado de: “Veja”, 27 ago. 2003.)

1960 - A renda per capita do Brasil era o dobro da de Gana e da Coreia do Sul.

1980 - A renda per capita da Coreia do Sul equipa-rou-se à do Brasil. Em Gana, o indicador praticamente não sofreu alteração.

HOJE - A renda per capita dos coreanos é mais que o dobro da dos brasileiros. Em Gana a renda con-tinua baixa.

Escreva um texto informativo, com 10 linhas, no máximo, a respeito do tema “Educação e desenvol-vimento”. O texto deverá articular, de forma coesa e coerente, informações presentes nos textos 1 e 2. A seleção das informações fica por sua conta.

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Exercícios propostosPortuguês capítulo 3

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Texto para a próxima questão:

Preto e branco

Perdera o emprego, chegara a passar fome, sem que ninguém soubesse: por constrangimento, afastara-se da roda boêmia... que antes costumava frequentar – escritores, jornalistas, um sambista de cor que vinha a ser o mais velho companheiro de noitadas.

De repente, a salvação lhe apareceu na forma de um americano, que lhe oferecia um emprego numa agência. Agarrou-se com unhas e dentes à oportuni-dade, vale dizer, ao americano, para garantir na sua nova função uma relativa estabilidade.

E um belo dia vai seguindo com o chefe pela rua México, já distraído de seus passados tropeços, mas tropeçando obstinadamente no inglês com que se entendiam – quando vê do outro lado da rua um preto agitar a mão para ele.

Era o sambista seu amigo.Ocorreu-lhe desde logo que ao americano poderia

parecer estranha tal amizade, e mais ainda incompa-tível com a ética ianque a ser mantida nas funções que passara a exercer. Lembrou-se num átimo que o americano em geral tem uma coisa muito séria cha-mada preconceito racial e seu critério de julgamento da capacidade funcional dos subordinados talvez se deixasse influir por essa odiosa deformação. Por via das dúvidas correspondeu ao cumprimento de seu amigo da maneira mais discreta que lhe foi possível, mas viu em pânico que ele atravessava a rua e vinha em sua direção, sorriso aberto e braços prontos para um abraço.

Pensou rapidamente em se esquivar – não dava tempo: o americano também se detivera, vendo o preto aproximar-se.

Era seu amigo, velho companheiro, um bom sujeito, dos melhores mesmo que já conhecera – acaso jamais chegara sequer a se lembrar que se tratava de um preto? Agora, com o gringo ali a seu lado, todo branco e sardento, é que percebia pela primeira vez: não podia ser mais preto. Sendo assim, tivesse paciên-cia: mais tarde lhe explicava tudo, haveria de com-preender. Passar fome era muito bonito nos roman-ces de Knut Hamsun, lidos depois do jantar, e sem cre-dores à porta. Não teve mais dúvidas: virou a cara quando o outro se 1aproximou e fingiu que não o via, que não era com ele.

E não era mesmo com ele.Porque antes de cumprimentá-lo, talvez ainda sem

tê-lo visto, o sambista abriu os braços para acolher o americano – também seu amigo.

SABINO, Fernando. A mulher do vizinho. 7.ed. Rio de Janeiro: Record, 1962. p.163-4.

31. (CFTSC) Assinale a alternativa correta relativa-mente à acentuação gráfica das palavras sublinhadas no texto.

a) O pronome ninguém recebe acento por ser uma monossílaba tônica terminada em em.

b) O substantivo boêmia é acentuado por ser palavra proparoxítona.

c) A combinação da forma verbal ter com o pronome oblíquo o, resultou em tê-lo, que é acentuado por se tratar de paroxítona terminada em o.

d) A forma verbal cumprimentá é acentuada porque, ao associar-se ao pronome o, perdeu o r final, tornando-se uma oxítona terminada em a.

e) O substantivo México recebe acento porque é uma palavra importada, que precisa manter o acento original.

32. (CFTSC) Analise as sentenças a seguir quanto à ortografia e à acentuação gráfica dos termos em destaque. Assinale a alternativa que NÃO HÁ ERRO quanto a esses critérios.

a) Grandes TOTENS coloridos destacavam-se contra PAISAGEM escura ao fundo.

b) A CICATRISAÇÃO era quase completa, mas ainda havia algum PÚS no centro do ferimento.

c) O caso teve grande REPERCUSSÃO são e provocou um REVÉZ nas negociações de paz.

d) Daquele TRECHO em diante, a mensagem tornava-se INCOMPREENCÍVEL.

e) A direção mostrou-se PRETENCIOSA ao propor PARALIZAÇÃO por tempo indeterminado.

Texto para a próxima questão: Houve um tempo em que a minha janela se abria

para um chalé. Na ponta do chalé brilhava um grande ovo de louça azul. Nesse ovo costumava pousar um pombo branco. Ora, nos dias límpidos, quando o céu ficava da mesma cor do ovo de louça, o pombo pare-cia pousado no ar. Eu era criança, achava essa ilusão maravilhosa, e sentia-me completamente feliz.

Houve um tempo em que minha janela dava para um canal. No canal oscilava um barco. Um barco car-regado de flores. Para onde iam aquelas flores? Quem as comprava? Em que jarra, em que sala, diante de quem brilhariam, na sua breve existência? E que mãos as tinham criado? E que pessoas iam sorrir de alegria ao recebê-las? Eu não era mais criança, porém minha alma ficava completamente feliz. [...]

Mas, quando falo dessas pequenas felicidades cer-tas, que estão diante de cada janela, uns dizem que essas coisas não existem diante das minhas janelas, e outros, finalmente, que é preciso aprender a olhar, para poder vê-las assim.

(Cecília Meireles, A arte de ser feliz. Em “Escolha seu sonho”, p. 24.)

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33. (UFSCAR) Assinale a alternativa em que as pala-vras estão acentuadas graficamente pelas mesmas regras por que estão acentuadas, respectivamente, em: “chalé”, “céu”, “existência”.

a) atrás, joia, próprio. b) três, polo, evidência. c) Jaú, caráter, máscara. d) pré-requisitos, ruína, vários. e) fé, mídia, competência.

Texto para a próxima questão:

Dupla dinâmica

No dicionário, a Sociologia está definida como uma ciência que pretende pesquisar e estudar a orga-nização e funcionamento das sociedades humanas e as leis fundamentais que regem as relações sociais. Já a Economia se preocupa em estudar os fenômenos relacionados com a obtenção e a utilização dos recur-sos materiais necessários a uma população. Embora o campo de estudos de ambas as disciplinas seja pare-cido, na prática há um abismo separando as duas áreas. Filhas da mesma mãe, a Filosofia, as duas dis-ciplinas vieram ao mundo praticamente na mesma época. Em razão de algumas diferenças, porém, estão sem dialogar entre si há quase três séculos.

(...)Em meados dos anos 1970, porém, uma leve brisa

dissipou as nuvens que acobertavam esse cenário sombrio entre as áreas. Alguns temas, como a cons-trução social do mercado, o papel das instituições e das redes sociais no funcionamento da vida econô-mica, revigoraram o debate entre a Sociologia e a Economia. Surgiram os primeiros vislumbres da cha-mada Nova Sociologia Econômica cujo precursor foi o sociólogo norte-americano Mark Granovetter. Em um de seus estudos mais célebres, o Getting a Job, de 1973, Granovetter demonstrou que as pessoas estão ligadas às outras por laços fortes (pais, filhos e amigos) e laços fracos (colegas de trabalho, professores e alunos).

(Sociologia, ciência & vida, 2007)

34. (FGV) Assinale a alternativa correta quanto à acentuação e à grafia de palavras.

a) Temas comuns, como a construção social do mercado, permitem entrevêr as possibilidades de uma saudável relação entre Sociologia e Economia, que não pode se paralizar em virtude de algumas diferenças.

b) Em um de seus estudos mais célebres, Mark Granovetter vêm demonstrar que as pessoas se ligam às outras por laços fortes e laços fracos. Por isso, é imprecindível que as pessoas consigam entender essas ligações.

c) Alguns temas revigoraram o debate entre a Sociologia e a Economia, sendo responsáveis por compôr um novo cenário. O diálogo deve basear-se nos pontos positivos e comuns e não nas excessões.

d) A falta de dialogo entre Sociologia e Economia perdurou pôr quase três séculos, mas é um quadro que parece estar mudando, sobretudo em função de fragrantes pontos em comum entre as disciplinas.

e) Em meados dos anos 1970, parece que uma leve brisa intervém na falta de comunicação entre sociólogos e economistas, que não mais hesitam em pôr em discussão assuntos inerentes às duas disciplinas. Texto para a próxima questão: Ver é muito complicado. Isso é estranho porque os

olhos, de todos os órgãos dos sentidos, são os de mais fácil compreensão científica. A sua física é idêntica à física óptica de uma máquina fotográfica: o objeto do lado de fora aparece refletido do lado de dentro. Mas existe algo na visão que não pertence à física.

William Blake* sabia disso e afirmou: “A árvore que o sábio vê não é a mesma árvore que o tolo vê”. Sei disso por experiência própria. Quando vejo os ipês flo-ridos, sinto-me como Moisés diante da sarça ardente: ali está uma epifania do sagrado. Mas uma mulher que vivia perto da minha casa decretou a morte de um ipê que florescia à frente de sua casa porque ele sujava o chão, dava muito trabalho para a sua vas-soura. Seus olhos não viam a beleza. Só viam o lixo.

Adélia Prado disse: “Deus de vez em quando me tira a poesia. Olho para uma pedra e vejo uma pedra”. Drummond viu uma pedra e não viu uma pedra. A pedra que ele viu virou poema.

(Rubem Alves, “A complicada arte de ver”. Folha de S. Paulo, 26.10.2004)

*William Blake (1757-1827) foi poeta romântico, pintor e gravador inglês. Autor dos livros de poemas Song of Innocence e Gates of Paradise.

35. (FGV) As palavras que são acentuadas grafica-mente pelas mesmas regras de “fácil”, “científica” e “Moisés”, respectivamente, são:

a) negócio, saída, já. b) espírito, atribuída, herói. c) cárter, lógica, atrás. d) incluído, século, dólar. e) benefício, para, cafés.

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Texto para a próxima questão:

Muletas de linguagem

Vocês já repararam que os paulistas deram para começar suas frases com um “então”?

A primeira vez pensei que fosse cacoete de uma conhecida minha. Ela começava a conversa sempre com um “então” e, ao primeiro “então”, seguiam-se outros “entões” na abertura de todas as demais fra-ses. Daí a pouco, acho que já tinha “então, como vai?”, “então, bom dia”, só faltava chegar no “então, então!”.

E o “então” era algo enfático, pois havia uma pausa, quase um suspense, algo entre a vírgula, o ponto e vírgula e até mesmo dois pontos. Era o pre-núncio de alguma coisa. Sim, parecia que ela ia dizer algo grave, revelar, dar uma explicação final que, afi-nal, não vinha.

Simplesmente era uma muleta linguística. Daí comecei a observar que os paulistas todos estão falando assim, seja na televisão, no rádio, nas ruas e lojas. E, outro dia, uma filha me chegou em casa com esse “então”. “Então”, pensei, a coisa está ficando grave. O “então” invadiu minha praia.

Isso está se parecendo a uma outra expressão que invadiu a fala de todo mundo e que foi propalada pelo presidente Lula. Refiro-me a esse “até porque”. Lá vai a pessoa falando, pode ser um feirante, um entrevis-tado, sobretudo políticos que se contaminaram com a fala presidencial, “até porque” vivem ali ouvindo isso dia e noite. Não tem jeito. Não se fala mais “mesmo porque”, nem “sobretudo” ou coisas que tais. Tem que ser “até porque”.

Há décadas, venho observando esses cacos de lin-guagem. Sugiro (é um vício antigo) que alguém faça, se ainda não fizeram, uma tese sobre isso. Tinha uma conhecida, por exemplo, que ia falando e, de repente, metia na frase um pererê, pererê. Por exemplo: “Ela chegou lá em casa, sentou-se à mesa e pererê, pererê, acabou contando...”

Outra variante disso é o “parará, parará”. A última vez em que tentei achar tais ruídos no dicionário não encontrei. E fiquei pensando como é difícil as pessoas aprenderem uma língua estrangeira. Nenhuma gra-mática nossa se refere a isso, como não se refere tam-bém a essa mania de falar “assim”. Esse “assim” é uma calamidade. E, agora, vem colado ao “tipo assim”. São palavras que não adicionam informação alguma, apenas marcam ritmo e dão tempo subjetivo para o falante organizar seu pensamento ou parecer que tem pensamento. E, de repente, isso, que tinha que ser aci-dental e acessório, acaba dominando todo o discurso.

Toda língua tem esses cacos. Os americanos tinham mania de ficar mascando uns ruídos - ahm... ahm.. ahm -, marcando intervalo das frases, isto antes de entulharem tudo com todas as variações de fuck. Quer dizer: “então”, aquela língua de Shakespeare, que diziam ser tão rica, acabou convertida, “tipo assim”, numa única palavra. “Então”, no princípio era o fuck. E, como consequência, veio o Bush...

No caso brasileiro, existe por aí uma linguagem considerada jovem, que acaba sendo o enfileiramento só desses cacos, e já não estranha a gente ouvir coi-sas assim: “Cara, tipo assim, aí, cara, pô, vou te contar, uhaal! Pirou, cara! Tipo assim, pô”.

Isso se parece peça de Ionesco. Peça de Beckett. Nos estudos de linguística costumam dizer que isso pode ser chamado de “linguagem fática”, “tipo assim”, quando você diz “alô” no telefone ou um “aí” no meio da narração. Mas o mais sintomático é que esse termo foi primeiro usado pelo antropólogo Malinoswsky, no século 19, estudando comunidades primitivas. “Então”, acho que estamos mais primitivos que nunca. As pro-vas estão nas tatuagens e grafites por aí, sem falar nas pessoas pulando nas modernas cavernas chama-das boates.

”Então” lhes digo que, mais uma vez, os mineiros, como diria meu pai, nesse assunto, dão um quinau. Pois conseguimos elevar a linguagem fática ao mais puro requinte da comunicação. Dois mineiros con-versando são capazes de usar todos os elementos da linguagem fática, essas palavras que não significam nada e, no entanto, estabelecer uma rica comunicação.

E essa arte atinge o seu virtuosismo supremo quando dois mineiros conversam em silêncio.

Que papos!Que excelsa comunicação!

SANT’ANNA. Affonso Romano. “Muletas de Lin-guagem”. JORNAL ESTADO DE MINAS. Belo Hori-

zonte, 16 abr. 2006. Caderno de Cultura.

36. (CFTMG) As palavras foram acentuadas pela mesma razão em:

a) pererê, parará, daí. b) enfático, ruídos, décadas. c) rádio, linguística, prenúncio. d) consequência, princípio, língua.

Texto para as próximas 2 questões:

A animalização do país

Clóvis Rossi, Folha de São Paulo, 21 de fevereiro de 2006

SÃO PAULO - No sóbrio relato de Elvira Lobato, lia-se ontem, nesta Folha, a história de um Honda Fit abandonado em uma rua do Rio de Janeiro “com uma cabeça sobre o capô e os corpos de dois jovens negros, retalhados a machadadas, no interior do veículo”.

Prossegue o relato: “A reação dos moradores foi tão chocante como as brutais mutilações. Vários moradores buscaram seus celulares para fotogra-far os corpos, e os mais jovens riram e fizeram troça dos corpos”.

Os próprios moradores descreveram a algazarra à reportagem. “Eu gritei: Está nervoso e perdeu a cabeça?”, relatou um motoboy que pediu para não ser identificado, enquanto um estudante admitiu ter rido e feito piada ao ver que o coração e os intestinos de uma das vítimas tinham sido retirados e expostos por seus algozes.

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“Ri porque é engraçado ver um corpo todo picado”, respondeu o estudante ao ser questionado sobre a causa de sua reação.

O crime em si já seria uma clara evidência de que bestas-feras estão à solta e à vontade no país. Mas ainda daria, num esforço de autoengano, para dizer que crimes bestiais ocorrem em todas as partes do mundo.

Mas a reação dos moradores prova que não se trata de uma perversidade circunstancial e circuns-crita. Não. O país perde, crescentemente, o respeito à vida, a valores básicos, ao convívio civilizado. O anor-mal, o patológico, o bestial, vira normal. “É engra-çado”, como diz o estudante.

O processo de animalização contamina a socie-dade, a partir do topo, quando o presidente da Repú-blica diz que seu partido está desmoralizado, mas vai à festa dos desmoralizados e confraterniza com tram-biqueiros confessos. Também deve achar “engraçado”.

Alguma surpresa quando é declarado inocente o comandante do massacre de 111 pessoas, sob aplausos de parcela da sociedade para quem presos não têm direito à vida? São bestas-feras, e deve ser “engraçado” matá-los. É a lei da selva, no asfalto.

37. (Pucsp) Dentre as alternativas a seguir, aponte aquela que apresenta palavras cuja acentuação se deva ao mesmo motivo.

a) capô, está, país b) república, já, matá-los c) vítimas, república, têm d) capô, já, história e) sóbrio, história, vários

38. (Pucsp) O texto apresenta diversas palavras em que se pode notar a presença do acento gráfico. Em algumas delas, a ausência do acento provocaria mudança de sentido.

Assinale a alternativa em que todas as palavras mudariam de sentido, caso estivessem sem acento. a) sóbrio, história, está b) vários, vítimas, matá-los c) é, já, país d) é, está, país e) têm, matá-los, sóbrio

39. (UTFPR) Em qual alternativa todas as palavras em negrito devem ser acentuadas graficamente?

a) Atraves de uma lei municipal, varias pessoas recebem ingressos gratis para o cinema.

b) É dificil correr atras do prejuizo sozinho. c) Aqui, em Foz do Iguaçu, a dengue esta sendo um

grande problema de saude publica. d) O bisneto riscou os papeizinhos com o lapis. e) O padrão economico do juiz é elevado.

Texto para a próxima questão:

Ricos e ricos

Os ricos, como ensinou Scott Fitzgerald, são seres humanos diferentes de você e, provavelmente, de todas as pessoas que você conhece mais de perto – eis aí, dizia ele, a primeira coisa realmente importante, talvez a única que é preciso aprender com eles. Não pense, nem por um instante, que você possa estar na mesma turma. É possível, sim, conviver com gente rica, falar de assuntos comuns, frequentar lugares parecidos. Dá para torcer pelo mesmo time de futebol, ter gostos semelhantes ou partilhar desta e daquela ideia. Mas inevitavelmente, mais cedo ou mais tarde, vai ficar claro que a aproximação chega só até um certo ponto; a partir daí entra em ação um freio auto-mático, e os ricos deslizam de volta para o seu mundo psicológico particular. Fitzgerald sabia do que estava falando. Andou cercado de gente rica durante a maior parte de sua vida tumultuada e curta, sobretudo depois que espetaculares sucessos como “O Grande Gatsby” ou “Suave é a Noite” o transformaram num fenômeno na literatura americana e mundial.

Adaptado de: J.R. Guzzo, Revista Veja, edi-ção 2254, 01/02/2012, pag. 106.

40. (UEPG) Com referência à acentuação gráfica, assinale o que for correto.

01) Acentuam-se dá e daí porque são monossílabos tônicos.

02) Psicológico e único são acentuados pelo mesmo motivo.

04) é (verbo) e e (conjunção) diferem no timbre e na tonicidade.

08) Fenômeno leva acento porque é uma palavra polissilábica. Texto para a próxima questão: As variedades linguísticas brasileiras são diversas

à medida da extensão territorial do País. Considere o texto seguinte, que apresenta uma dessas variedades.

— Vancê já sabe, nha Lainha, que eu ‘tou na mente de lhe pedir; alguém já lhe havéra de ter contado.

Ela avermelhou toda:— É: eu sube mesmo.— Agora vancê me diga, p’r o seu mesmo dizer, si

d’aqui por diante eu fico no direito de falar p’r’o seu véio no negócio, e também si já não é tempo de ir com-prando a roupinha, a louça, a trastaria dûa casa.

— Isso ‘ta no seu querer.— Mas vancê casa antão comigo de tuda a sua

vontade, não tem nem um no pensamento?— Não tenho, nho Vicente. Eu não incubro a ideia

de casar c’o Réimundo, e ele também queria casar comigo. Agora, dêsque ele faltou c’a promessa, eu não tenho prisão por ninguém.

(Silveira, Valdomiro. Constância. In: Os caboclos: conto. Rio de Janeiro; Brasília: Civilização Brasileira; INL, 1975. Adaptado.)

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41. (IFSP) Como pudemos notar, há, no texto, a ten-tativa de representação da língua cabocla. Assinale a alternativa em que estão apresentadas três pala-vras típicas dessa variedade linguística, seguidas de sua grafia correta, conforme a norma culta, nos parênteses.

a) vancê (cê), si (si), dêsque (desde que). b) véio (velho), dûa (de uma), c’o (com o). c) nha (mocinha), louça (loiça), nem um (nem um). d) ‘tou (esto), antão (então), ninguém (ninguém). e) sube (subi), trastaria (trasteria), incubro (incubro).

42. (IFSC) Quanto à ortografia e à acentuação, assi-nale a alternativa CORRETA.

a) Após um gesto de comando, os que ainda estão de pé sentão-se e fazem silencio para houvir o diretor.

b) Mesmo que sofresse-mos uma repreenção por queixa de algum professor mais cioso de suas obrigações, a oférta parecia-nos irrecusável.

c) Marta nunca deicha o filho sózinho na cosinha, temerosa de que ele venha a puchar uma panela sobre sí.

d) À excessão de meu primo, que se mostrava um tanto pretencioso, todos os garotos eram bastante humildes.

e) A perícia analisaria a flecha, em busca de vestígios que pudessem fornecer indícios sobre sua trajetória.

Texto para a próxima questão:

Como prevenir a violência dos adolescentes

“(...) Quando deparo com as notícias sobre crimes hediondos envolvendo adolescentes, como o ocorrido com Felipe Silva Caffé e Liana Friedenbach, fico pro-fundamente triste e constrangida. Esse caso é conse-quência da baixa valorização da prevenção primá-ria da violência por meio das estratégias cientifica-mente comprovadas, facilmente replicáveis e definiti-vamente muito mais baratas do que a recuperação de crianças e adolescentes que comentem atos infracio-nais graves contra a vida.

Talvez seja porque a maioria da população não se deu conta e os que estão no poder nos três níveis não estejam conscientes de seu papel histórico e de sua responsabilidade legal de cuidar do que tem de mais importante à nação: as crianças e os adolescentes, que são o futuro do país e do mundo.

A construção da paz e a prevenção da violência dependem de como promovemos o desenvolvimento físico, social, mental, espiritual e cognitivo das nossas crianças e adolescentes, dentro do seu contexto fami-liar e comunitário. Trata-se, portanto, de uma ação intersetorial, realizada de maneira sincronizada em cada comunidade, com a participação das famílias, mesmo que estejam incompletas ou desestruturadas (...)”

“(...) Em relação às crianças e adolescentes que cometeram infrações leves ou moderadas – que deve-riam ser mais bem expressas – seu tratamento para a cidadania deveria ser feito com instrumentos bem elaborados e colocados em prática, na família ou pró-xima dela, com acompanhamento multiprofissional, desobstruindo as penitenciárias, verdadeiras univer-sidades do crime. (...)”

“(...) A prevenção primária da violência inicia-se com a construção de um tecido social saudável e promissor, que começa antes do nascer, com um bom pré-natal, parto de qualidade, aleitamento materno exclusivo até seis meses e o complemento até mais de um ano, vacinação, vigilância nutricional, educação infantil, principalmente propiciando o desenvolvi-mento e o respeito à fala da criança, o canto, a oração, o brincar, o andar, o jogar; uma educação para a paz e a não violência.

A pastoral da criança, que em 2003 completa 20 anos, forma redes de ação para multiplicar o saber e a solidariedade junto às famílias pobres do país, por meio de mais de 230 mil voluntários, e acompanhou no terceiro trimestre deste ano cerca de 1,7 milhão de crianças menores de seis anos e 80 mil gestantes, de mais de 1,2 milhão de famílias, que moram em 34.784 comunidades de 3.696 municípios do país.

O Brasil é o país que mais reduziu a mortalidade infantil nos últimos dez anos; isso, sem dúvida, é resul-tado da organização e universalização dos serviços de saúde pública, da melhoria da atenção primária, com todas as limitações que o SUS possa ainda possuir, da descentralização e municipalização dos recursos e dos serviços de saúde. A intensa luta contra a morta-lidade infantil, a desnutrição e a violência intrafami-liar contou com a contribuição dessa enorme rede de solidariedade da Pastoral da Criança. (...)”

“(...) A segunda área da maior importância nessa prevenção primária da violência envolvendo crianças e adolescentes é a educação, a começar pelas creches, escolas infantis e de educação fundamental e de nível médio, que devem valorizar o desenvolvimento do raciocínio e a matemática, a música, a arte, o esporte e a prática da solidariedade humana.

As escolas nas comunidades mais pobres deveriam ter dois turnos, para darem conta da educação inte-gral das crianças e dos adolescentes; deveriam dis-por de equipes multiprofissionais atualizadas e capa-citadas a avaliar periodicamente os alunos. Urgente é incorporar os ministérios do Esporte e da Cultura às iniciativas da educação, com atividades em larga escala e simples, baratas, facilmente replicáveis e adaptáveis em todo o território nacional. (...)”

“(...) Com relação à idade mínima para a maio-ridade penal, deve permanecer em 18 anos, prevista pelo Estatuto da Criança e do Adolescente e conforme orientações da ONU. Mas o tempo máximo de três anos de reclusão em regime fechado, quando a criança ou o adolescente comete crime hediondo, mesmo em locais apropriados e com tratamento multiprofissio-nal, que urgentemente precisam ser disponibilizados,

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deve ser revisto. Três anos, em muitos casos, podem ser absolutamente insuficientes para tratar e prepa-rar os adolescentes com graves distúrbios para a con-vivência cidadã. (...)”

Zilda Arns Neumann, 69, médica pediatra e sanita-rista; foi fundadora e coordenadora nacional da Pas-

toral da Criança. (Folha de S. Paulo, 26/11/2003.)

43. (IFAL) Foram retiradas do texto as seguintes palavras acentuadas: ministérios, replicáveis, adaptá-veis, máximo, distúrbios, convivências.

Assinale a alternativa que melhor justifica a acen-tuação gráfica. a) De todas as palavras destacadas, somente

“máximo” não se insere na mesma regra de acentuação gráfica.

b) Todas as palavras mencionadas seguem o mesmo padrão ou regra de acentuação gráfica.

c) Com exceção de “máximo” e “convivência”, que são proparoxítonas, as demais palavras são acentuadas pelo mesmo motivo.

d) Três regras de acentuação contemplam as palavras supracitadas: a das proparoxítonas, a das paroxítonas terminadas em ditongos e as que terminam em hiato, que, no caso em análise, trata-se da palavra “convivência”.

e) Todas são proparoxítonas. Texto para a próxima questão:

O padeiro

Levanto cedo, faço minhas abluções, ponho a cha-leira no fogo para fazer café e abro a porta do apar-tamento – mas não encontro o pão costumeiro. No mesmo instante me lembro de ter lido alguma coisa nos jornais da véspera sobre a “greve do pão dormido”. De resto não é bem uma greve, é um lock-out, greve dos patrões, que suspenderam o trabalho noturno; acham que obrigando o povo a tomar seu café da manhã com pão dormido conseguirão não sei bem o que do governo.

Está bem. Tomo o meu café com pão dormido, que não é tão ruim assim. E enquanto tomo café vou me lembrando de um homem modesto que conheci anti-gamente. Quando vinha deixar o pão à porta do apar-tamento ele apertava a campainha, mas, para não incomodar os moradores, avisava gritando:

– Não é ninguém, é o padeiro!Interroguei-o uma vez: como tivera a ideia de gri-

tar aquilo?“Então você não é ninguém?”Ele abriu um sorriso largo. Explicou que apren-

dera aquilo de ouvido. Muitas vezes lhe acontecera bater a campainha de uma casa e ser atendido por uma empregada ou outra pessoa qualquer, e ouvir uma voz que vinha lá de dentro perguntando quem era; e ouvir a pessoa que o atendera dizer para den-tro: “não é ninguém, não senhora, é o padeiro”. Assim ficara sabendo que não era ninguém...

Ele me contou isso sem mágoa nenhuma, e se des-pediu ainda sorrindo. Eu não quis detê-lo para expli-car que estava falando com um colega, ainda que menos importante. Naquele tempo eu também, como os padeiros, fazia o trabalho noturno. Era pela madru-gada que deixava a redação de jornal, quase sempre depois de uma passagem pela oficina – e muitas vezes saía já levando na mão um dos primeiros exemplares rodados, o jornal ainda quentinho da máquina, como pão saído do forno.

Ah, eu era rapaz, eu era rapaz naquele tempo! E às vezes me julgava importante porque no jornal que levava para casa, além de reportagens ou notas que eu escrevera sem assinar, ia uma crônica ou artigo com o meu nome. O jornal e o pão estariam bem cedinho na porta de cada lar; e dentro do meu coração eu recebi a lição de humildade daquele homem entre todos útil e entre todos alegre; “não é ninguém, é o padeiro!”

E assobiava pelas escadas.BRAGA, Rubem. O padeiro. In: ANDRADE, Carlos Drum-

mond de; SABINO, Fernando; CAMPOS, Paulo Men-des; BRAGA, Rubem. Para gostar de ler: v. 1. Crô-

nicas. 12ª ed. São Paulo: Ática, 1982. p.63 - 64.

44. (IFSC) Considere as palavras abaixo, que apare-cem acentuadas no texto, e assinale a única alterna-tiva na qual a acentuação da palavra está correta-mente justificada.

a) “ninguém”: paroxítona terminada em em. b) “detê-lo”: oxítona terminada em o. c) “máquina”: acento diferencial. d) “saía”: paroxítona terminada em ditongo. e) “lá”: monossílaba tônica terminada em a.

Texto para a próxima questão: No século XV, viu-se a Europa invadida por uma

raça de homens que, vindos ninguém sabe de onde, se espalharam em bandos por todo o seu territó-rio. Gente inquieta e andarilha, deles afirmou Paul de Saint-Victor que era mais fácil predizer o itinerá-rio das nuvens ou dos gafanhotos do que seguir as pegadas da sua invasão. Uns risonhos despreocupa-dos: passavam a vida esquecidos do passado e descui-dados do futuro. Cada novo dia era uma nova aven-tura em busca do escasso alimento para os manter naquela jornada. Trajo? No mais completo desleixo: molambos, sujos e puídos cobriam-lhes os corpos queimados do sol. Nômades, aventureiros, despreocu-pados – eram os boêmios.

Assim nasceu a semântica da palavra boêmio. O nome gentílico de Boêmia passou a aplicar-se ao indi-víduo despreocupado, de existência irregular, rela-xado no vestuário, vivendo ao deus-dará, à toa, na vagabundagem alegre. Daí também o substantivo boêmia. Na definição de Antenor Nascentes: vida des-preocupada e alegre, vadiação, estúrdia, vagabunda-gem. Aplicou-se depois o termo, especializadamente, à vida desordenada e sem preocupações de artistas e escritores mais dados aos prazeres da noite que aos

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trabalhos do dia. Eis um exemplo clássico do que se chama degenerescência semântica. De limpo gentílico – natural ou habitante da Boêmia – boêmio acabou carregado de todas essas conotações desfavoráveis.

A respeito do substantivo boêmia, vale dizer que a forma de uso, ao menos no Brasil, é boemia, acento tônico em -mi-. E é natural que assim seja, consi-derando-se que -ia é sufixo que exprime condição, estado, ocupação. Conferir: alegria, anarquia, bar-baria, rebeldia, tropelia, pirataria... Penso que sobre-tudo palavras como folia e orgia devem ter influído na fixação da tonicidade de boemia. Notar também o par abstêmio/abstemia. Além do mais, a prosódia boêmia estava prejudicada na origem pelo nome próprio Boê-mia: esses boêmios não são os que vivem na Boêmia...

Adaptado de: LUFT, Celso Pedro. Boêmios, Boêmia e boemia. In: O romance das palavras. São Paulo: Ática, 1996. p. 30-31.

45. (UFRGS – modificado) Considere os pares de palavras abaixo.

1. puídos e indivíduo2. Boêmia e próprio 3. deus-dará e DaíEm quais pares as palavras respeitam a mesma

regra de acentuação ortográfica? a) Apenas 1. b) Apenas 2. c) Apenas 3. d) Apenas 1 e 2. e) Apenas 1 e 3.

Gabarito

01. 02 + 04 + 08 + 32 = 46 02. 01 + 02 + 04 = 07 03. 02 + 08 = 10 04. 04 + 08 + 16 + 32 = 60 05. Origem da Língua Portuguesa (região do Lácio). 06. Caetano transformou o subs-tantivo próprio Portugal em um substantivo comum: “portu-gais”; dando a esse termo o sen-tido dos povos que falam a língua portuguesa. 07. Olavo Bilac:Em que da voz materna ouvi: “meu filho!”Caetano Veloso:- Fala Mangueira! 08. Os termos são utilizados de modo ambíguo. Caetano refere-se à proximidade (roçar) de sua lin-guagem à de Camões. Observa-se o tom sensual dado ao texto subten-dendo o contato físico entre corpos (roçar/língua). 09. João Guimarães Rosa - “Grande Sertão: Veredas”Fernando Pessoa - “Cancioneiro” 10. C 11. C12. C13. B14. A15. D16. A

17. C18. D19. B20. D21. A22. A23. B24. E25. A26. a) Os pronomes demonstrati-vos demonstram a posição de um elemento qualquer em relação à pessoa do discurso, situando-o no espaço, no tempo ou no próprio discurso. Assim, a compreensão do texto II depende da visualiza-ção da imagem que acompanha o texto verbal, dependência esta-belecida pelo pronome demons-trativo “este”, elemento catafórico, que antecede o que vai ser reve-lado posteriormente.

b) O pronome “eles” do texto I relaciona-se, cataforicamente, com a expressão “animais do fundo do mar”, transcrita posteriormente. Já no texto II, o pronome “eles” é ele-mento anafórico, pois está relacio-nado com o termo “filhotes”, citado anteriormente. 27. a) A última palavra que encerra a matéria expressa a preocupa-ção do jornalista relativamente ao direito à privacidade que, muitas vezes, é prejudicado pelo excesso de compartilhamento de dados

pessoais através de redes sociais da internet.

b) No verbete “privacidade” do Dicionário Houaiss da língua por-tuguesa, faz-se referência a “angli-canismo”, ou seja, ao uso de pala-vra, expressão ou construção estrangeira em vez da correspon-dente na língua portuguesa, o que é apontado nas gramáticas nor-mativas como um vício de lingua-gem, classificado como estrangei-rismo ou barbarismo, no caso de haver expressão vernácula equiva-lente. Neste caso, a palavra “priva-cidade” poderia ser substituída por intimidade. 28. A29. D30. Resposta pessoal.31. D32. A33. A34. E35. C 36. D37. E38. D39. A40. 02 + 04 = 06. 41. B 42. E43. A44. E45. B