Cadeia de Valor Da Saúde

download Cadeia de Valor Da Saúde

of 16

Transcript of Cadeia de Valor Da Saúde

  • 7/25/2019 Cadeia de Valor Da Sade

    1/16

    TEMASLIVRES

    FREETHEMES

    2757

    1Departamento deAdministrao, Faculdadede Economia,Administrao eContabilidade,Universidade de So Paulo.Av. Prof. Luciano Gualberto908, Cidade Universitria.05508-010 So Paulo [email protected] de GestoPblica, Escola deAdministrao de Empresasde So Paulo, FundaoGetlio Vargas.

    Cadeia de valor da sade:um modelo para o sistema de sade brasileiro

    Healthcare value chain: a model for the Brazilian healthcare system

    Resumo Este artigo apresenta um modelo de ca-deia de valor da sade que representa, de maneira

    esquemtica, o sistema de sade do Brasil. O mo-

    delo proposto tem como intuito apresentar uma

    adequao realidade brasileira, bem como

    abrangncia e flexibilidade para utilizao em ati-

    vidades acadmicas e anlises do setor de sade doBrasil. O modelo coloca nfase em trs compo-

    nentes: principais atividades dessa cadeia, agru-

    padas em elos verticais e horizontais; misso de

    cada um desses elos; e principais fluxos da cadeia.

    A cadeia proposta formada por seis elos verticais

    e trs horizontais, perfazendo um total de nove:

    desenvolvimento de conhecimento em sade; for-

    necimento de produtos e tecnologias; servios de

    sade; intermediao financeira; financiamento

    da sade; consumo de sade; regulao; distribui-

    o de produtos de sade; e servios de apoio e

    complementares. A anlise da cadeia proposta pode

    ser realizada por meio de quatro fluxos: inovao

    e conhecimento; produtos e servios; financeiro; e

    de informao.

    Palavras-chave Gesto em sade, Gesto estra-

    tgica, Servios de sade, Cadeia de valor

    Abstract This article presents a model of thehealthcare value chain which consists of a sche-

    matic representation of the Brazilian healthcare

    system. The proposed model is adapted for the

    Brazilian reality and has the scope and flexibility

    for use in academic activities and analysis of the

    healthcare sector in Brazil. It places emphasis onthree components: the main activities of the val-

    ue chain, grouped in vertical and horizontal links;

    the mission of each link and the main value chain

    flows. The proposed model consists of six vertical

    and three horizontal links, amounting to nine.

    These are: knowledge development; supply of prod-

    ucts and technologies; healthcare services; finan-

    cial intermediation; healthcare financing; health-

    care consumption; regulation; distribution of

    healthcare products; and complementary and sup-

    port services. Four flows can be used to analyze

    the value chain: knowledge and innovation; prod-

    ucts and services; financial; and information.

    Key words Healthcare management, Strategicmanagement, Healthcare services, Value chain

    Marcelo Caldeira Pedroso 1

    Ana Maria Malik 2

  • 7/25/2019 Cadeia de Valor Da Sade

    2/16

    2758

    PedrosoMC,Ma

    likAM

    Introduo

    Este artigo apresenta um modelo de cadeia devalor da sade com o intuito de representar, demaneira esquemtica, o sistema de sade do Bra-

    sil. A primeira etapa para caracterizar este mode-lo consiste em delimitar trs conceitos: valor, ca-deia de valor e escopo da sade.

    Na sade, valor um conceito com diferentesconotaes, o que dificulta sua compreenso eadequada utilizao. Alm disso, o valor na sa-de relativamente pouco mensurado1. O valorpode ser definido como a diferena entre os be-nefcios auferidos pelos clientes que compram osprodutos e servios e os custos econmicos paraa empresa que os fabrica e entrega. Assim, o va-lor equivale ao conceito econmico de excedentetotal, que igual soma dos excedentes do pro-dutor e do consumidor2.

    Na sade, pode-se dizer que essa definioapresenta uma aplicao limitada, por ser foca-da na dimenso econmica. Nesse setor, o valorsocial est inexoravelmente imbricado aos seusobjetivos. Esse valor criado quando os recur-sos, os processos, os produtos e os servios deuma organizao so utilizados para gerar me-lhoria nas vidas dos indivduos ou da sociedadecomo um todo, adicionalmente ao valor econ-mico. O valor social, na forma de melhoria dasade da populao, um dos objetivos funda-

    mentais de um sistema de sade3

    . No Brasil, se-gundo sua Constituio, a sade consideradaum direito social4.

    Alm disso, os objetivos sociais esto entreos elementos que justificam a existncia de orga-nizaes sem fins lucrativos (ex.: hospitais filan-trpicos). Organizaes com fins lucrativos tam-bm deveriam considerar o valor social comoparte integrante de seus objetivos. Essa questoest associada ao conceito de responsabilidadesocial, em que as empresas devem se preocuparconcomitantemente com a obteno de resulta-dos econmicos positivos e a gerao de bem

    estar social. Alguns autores sugerem a denomi-nao valor compartilhado, que denota a ca-pacidade de uma organizao aumentar suacompetitividade e, simultaneamente, proporcio-nar melhorias nas condies econmicas e soci-ais da comunidade em que ela convive5. Nessesentido, este trabalho adota uma definio ex-pandida de valor, por meio da considerao si-multnea dos benefcios econmicos e sociais.

    A cadeia de valor interna (ou intraempresa)consiste no conjunto de atividades primrias ede suporte realizadas para projetar, produzir e

    entregar um produto ou servio6. A cadeia devalor externa (ou estendida) contempla o con-

    junto de atividades que gerencia e executa os flu-xos de produtos, os servios e os recursos (co-nhecimento, financeiro e informao) entre as

    empresas participantes dessa cadeia, at atingiros consumidores finais7. Os fluxos principais emcadeia de valor (produtos e servios, conheci-mento, financeiro e informao) foram adapta-dos ao modelo de cadeia de valor da sade pro-posto neste artigo.

    A literatura apresenta vrias definies desade, que abordam desde um sentido estrito(sade como ausncia de doena)8at uma visointegrada (sade como estado de bem-estar fsi-co, mental e social)9. Pode-se interpretar a sadecomo um continuum que passa por diferentesmodalidades de normalidade no estado de bem-estar (sade positiva) e diferentes severidades dedoena (sade subtima)8.

    O presente trabalho considera a sade desdea perspectiva positiva (que engloba os elementosde bem estar e promoo da sade) at a patol-gica (que aborda a doena e seus fatores de ris-co). Ainda considera seu escopo segundo umaconcepo integral: o conjunto de atividades erecursos alocados promoo e proteo da sa-de, preveno de doenas, diagnstico, tratamen-to, reabilitao, monitoramento e gesto de do-enas crnicas.

    A seguir, apresentada uma reviso de litera-tura sobre cadeia de valor no setor de sade. Apsesta reviso, faz-se uma proposio de represen-tao esquemtica dessa cadeia. Na sequncia,so discutidos seus quatro fluxos: inovao econhecimento, produtos e servios, financeiro ede informao. Ao final, o trabalho apresentauma discusso sobre a utilizao do modelo pro-posto em estudos do setor de sade do Brasil.

    Reviso da literatura:cadeia de valor da sade

    A literatura recente em gesto em sade apresen-ta algumas abordagens para a caracterizao dacadeia de valor da sade.

    Burns et al.10apresentam um modelo de ca-deia de valor para o sistema de sade norte-ame-ricano. Este modelo formado por cinco elemen-tos principais: (1) pagadores do sistema de sa-de, que incluem governo, empresas, indivduos eagrupamentos de empresas; (2) intermediriosfinanceiros, que contemplam empresas de segurosade, organizaes de manuteno da sade

  • 7/25/2019 Cadeia de Valor Da Sade

    3/16

    2759Cincia&SadeColetiva,17(10):2757-2772,2012

    (HMOs) e de administrao de benefcios farma-cuticos; (3) provedores de servios e produtosde sade, que abrangem hospitais, mdicos, re-des integradas de servios de sade e farmcias;(4) compradores, que incluem distribuidores de

    produtos de sade e organizaes de compra; (5)fabricantes, que contemplam indstria farmacu-tica, fabricantes de equipamentos de sade e fa-bricantes de produtos mdicos e cirrgicos.

    Em trabalho posterior, Burns11incorpora osprovedores de tecnologia da informao no elodos fabricantes. Isso se justifica pelo tamanhodo mercado de tecnologia da informao na sa-de, sua relevncia para as organizaes de sadee pacientes, bem como pelo fato desses provedo-res serem uma das fontes de inovao na cadeiade valor. Esse autor considera dois fluxos crticosnessa cadeia: o financeiro e o de inovao. Quan-to ao primeiro, ele aponta que se propaga dolado dos pagadores (governo, empresas e indiv-duos) para o lado dos fabricantes. Em relaoao segundo, o sentido inverso. Assim, a inova-o flui dos fabricantes para os elos adjacentesda cadeia de valor. O elo dos provedores de servi-os e produtos de sade define grande parte dosgastos e do consumo em sade. Dessa forma,segundo Burns11, os prestadores de servios(principalmente mdicos e hospitais) determi-nam quanto da inovao necessrio e possvelutilizar no tratamento dos pacientes e, ao mes-

    mo tempo, consideram as limitaes de recursosfinanceiros provenientes dos pagadores.

    Porter e Teisberg12discutem o sistema de sa-de norte-americano e apresentam proposiescom base no referencial terico de cadeia de valore estratgia competitiva. A cadeia utilizada por essesautores foca nas principais atividades de assistn-cia sade. Eles adotam seis atividades primrias(monitorar/prevenir, diagnosticar, preparar, in-tervir, recuperar/reabilitar e monitorar/gerenciar)e quatro de suporte (desenvolver conhecimento,informar, mensurar e prover acesso).

    Para eles, o problema atual do sistema de sa-

    de norte-americano no est na falta de compe-tio, mas sim no tipo errado de competio.Segundo esses autores, o sistema de sade dosEUA gravitou para uma competio de somazero, na qual os ganhos de um participante dosistema ocorrem em detrimento dos demais; osparticipantes competem, por isso, com base natransferncia de custos e ineficincias de uns paraos outros. Essa forma de competio causadaprincipalmente pela falta de alinhamento de ob-

    jetivos e incentivos na cadeia de valor. Eles reco-mendam um realinhamento na cadeia, de modo

    que a competio seja direcionada para oferecervalor aos pacientes. Para eles, valor na sade sig-nifica o resultado obtido na sade do cidadopor recurso investido. Assim, se todos os partici-pantes competirem com base no valor, este deve-

    r aumentar para todos.Christensen et al.13discutem o sistema de sa-

    de norte-americano e apresentam proposiescom base no referencial terico da inovao deruptura. Uma das proposies consiste em umanova configurao da cadeia de valor da sade,cuja premissa principal funda-se no alinhamen-to dos seus diversos participantes. Os autoresapresentam uma cadeia com trs fluxos: de da-dos, financeiro e contratual. Os participantes soindivduos, hospitais gerais, mdicos autnomos,diferentes modelos de clnicas (especializadas,gerais e de pronto-atendimento), redes facilita-doras, empregadores e redes integradas de sade(equivalentes, no Brasil, s modalidades de me-dicinas de grupo e cooperativas). A proposiode cadeia de valor desses autores contempla osseguintes elementos: (1) os indivduos so posi-cionados no centro da cadeia e os fluxos de da-dos dos demais participantes fluem para o pron-turio eletrnico do paciente; (2) os indivduospossuem planos com coparticipao e franquia,alm de poupana sade (HSA - health savingsaccount); (3) os empregadores realizam contra-tos diretamente com os provedores de servios

    de sade; (4) as redes integradas de sade tmresponsabilidade financeira pelo tratamento dosdoentes crnicos; (5) h diferentes modelos depagamentos: as redes integradas recebem porafiliao; os mdicos autnomos e as clnicas es-pecializadas recebem por servio; as clnicas ge-rais e de pronto-atendimento recebem por resul-tado; e os hospitais gerais recebem segundo dife-rentes modelos de remunerao.

    Pitta e Laric14apresentam um modelo de ca-deia de valor da sade baseado nos principaisparticipantes deste setor. Segundo esses autores,a cadeia de valor no linear ou sequencial; os

    relacionamentos entre os stakeholderspodem sercirculares ou iterativos. Os autores consideramoito grupos de participantes: (1) pacientes; (2)mdicos; (3) farmcias, fornecedores de equipa-mentos mdicos, prestadores de servios mdi-cos e de medicina alternativa; (4) hospitais; (5)operadoras de planos de sade; (6) empregado-res; (7) governo; e (8) fabricantes de produtosfarmacuticos.

    Pisano15utiliza um modelo de cadeia de va-lor, denominado anatomia do negcio de bio-tecnologia, para analisar o desempenho do se-

  • 7/25/2019 Cadeia de Valor Da Sade

    4/16

    2760

    PedrosoMC,Ma

    likAM

    tor. Segundo esse autor, o termo anatomia con-templa trs elementos principais: (1) participan-tes do setor (ex.: empresas novas e estabelecidas,universidades, investidores, clientes); (2) esque-mas institucionais que conectam esses atores (ex.:

    mercados de capital, propriedade intelectual eprodutos) e (3) normas que regem o funciona-mento desses esquemas institucionais (ex.: regu-lamentao, governana corporativa, direitos depropriedade intelectual). Ele foca sua anlise natransformao da cincia e do conhecimento emprodutos biotecnolgicos. Nesse sentido, o co-nhecimento em biotecnologia o principal ele-mento de entrada. Esse conhecimento trans-formado em produtos entregues aos consumi-dores e utilizados por eles.

    Outros autores abordam a cadeia de valor dasade no Brasil. Gadelha16apresenta um modeloconceitual sobre o denominado complexo indus-trial da sade. Ele considera trs grupos comoseus principais componentes: (1) indstrias debase qumica e biotecnolgica, compostas pelaindstria de frmacos e medicamentos, vacinas,hemoderivados e reagentes para diagnstico; (2)indstrias de base mecnica, eletrnica e de mate-riais, que abordam a indstria de equipamentosmecnicos, eletroeletrnicos, prteses e rteses, emateriais de consumo; (3) prestadores de servi-os, que contemplam os hospitais, os ambulat-rios e os servios de diagnstico e tratamento.

    Segundo o autor, o complexo industrial est inse-rido em um contexto poltico e institucional cujosprincipais atores so Estado, instituies de Cin-cia e Tecnologia, sociedade e populao.

    Campos et al.17 utilizam a cadeia de valorcomo referencial terico para apresentar umaproposta de reorganizao da ateno na sadesuplementar no Brasil. Esses autores consideramdez conjuntos de participantes da cadeia de valorda sade no Brasil: (1) operadoras de planos desade; (2) mdicos e outros profissionais de sa-de; (3) hospitais; (4) servios de apoio ao diag-nstico e terapia; (5) indstria farmacutica; (6)

    distribuidores de medicamentos; (7) farmcias;(8) indstria de equipamentos e materiais; (9)distribuidores de equipamentos e materiais; e (10)servios do governo. Segundo esses autores, almdestes dez participantes, h o cliente final (gover-no, famlias e empresas) que est posicionado nocentro da cadeia de valor da sade. Os autorespropem uma reorganizao nesta por meio deum pacto entre seus participantes. Essa proposta baseada em quatro principais elementos: (1)modelo de ateno sade baseado em protoco-los ou acordos de desempenho, e coordenado

    pelas operadoras de planos de sade; (2) trans-parncia de resultados, por meio da publicaosistemtica de resultados da assistncia sade;(3) pagamento por desempenho aos prestadoresde servios de sade; (4) regulao, com nfase na

    manuteno da integralidade da ateno sade.Outros trabalhos abordam o tema, sem apre-

    sentar uma proposta de cadeia de valor peculiarpara a sade. Por exemplo, Walters e Jones18uti-lizam os conceitos de cadeia de valor em um es-tudo de caso no Hospital Queen Elizabeth (NovaZelndia). No entanto, os autores consideramque a cadeia de valor da sade , em sua essncia,similar a cadeias de outros setores do que dis-cordamos. Consideramos que o setor de sadeapresenta particularidades que demandam umaabordagem nica: assim, h a necessidade de seconsiderar uma cadeia de valor especfica. Nessaquesto, Pedroso19 apresenta sete caractersticasque, em seu conjunto, denotam a especificidadedo setor.

    Herzlinger20,21no apresenta um modelo ex-plcito de cadeia de valor, mas utiliza seus concei-tos para analisar o sistema de sade norte-ame-ricano. Em seus trabalhos, ela sugere que a ca-deia de valor da sade seja direcionada pelos con-sumidores. Essa recomendao baseada no con-ceito de consumismo em sade segundo o qualos recursos sociais (includa a assistncia sa-de) deveriam ser alocados preferencialmente se-

    gundo decises individuais e no coletivas.

    Por que apresentar outro modelo

    de cadeia de valor da sade?

    Os autores consideram duas justificativasprincipais para propor um novo modelo de ca-deia de valor da sade: (1) adequao realidadebrasileira; (2) abrangncia e flexibilidade parautilizao em atividades acadmicas e anlises dosetor de sade do Brasil.

    Parte dos modelos foi desenvolvida tendocomo referncia o sistema de sade dos Estados

    Unidos. No entanto, alguns pesquisadores consi-deram difcil estabelecer um paralelo entre o siste-ma de sade dos EUA e os de outros pases, emfuno da singularidade do norte americano22.

    Deve-se considerar que h algumas similari-dades entre o sistema de sade brasileiro e o nor-te americano, tais como: (1) estrutura de financi-amento: no Brasil, 42% do financiamento p-blico e 58% privado, distribuio similar dosEstados Unidos (45% pblico e 55% privado)23;(2) estrutura da oferta de servios: tanto nos Esta-dos Unidos22,24 quanto no Brasil, a maior parte

  • 7/25/2019 Cadeia de Valor Da Sade

    5/16

    2761Cincia&SadeColetiva,17(10):2757-2772,2012

    da oferta de servios de sade de propriedadeprivada (no Brasil, 62% dos estabelecimentoscom internao, 68% dos leitos hospitalares e92% das unidades prestadoras de servios demedicina diagnstica so privados25).

    Por outro lado, o contexto do sistema de sa-de brasileiro diferente do norte americano, par-ticularmente nos seguintes elementos: (1) uni-versalidade: no Brasil, o sistema pblico de sade(SUS) universal, o que no ocorre at o 1. tri-mestre de 2011 nos Estados Unidos (uma ques-to que alvo de constantes debates26); (2) estru-tura econmica: os preos dos produtos e servi-os nos Estados Unidos so destacadamente ele-vados quando comparados com outros pases(sendo, portanto, um fator relevante nos gastosem sade27).

    Assim, muito embora ocorram similarida-des entre ambos os sistemas de sade, h impor-tantes diferenas entre eles. Os modelos de cadeiade valor da sade apresentados por Burns et al.10,Porter e Teisberg12, Christensen et al.13, Pitta eLaric14 e Pisano15 foram desenvolvidos tendocomo referncia o dos Estados Unidos. Dessaforma, eles no esto completamente adaptados realidade brasileira.

    Os trabalhos de Gadelha16 e Campos et al.17

    abordam o sistema de sade do Brasil. Ambosapresentam contribuio ao tema: Gadelha16pormeio de um relevante modelo do complexo indus-

    trial da sade; e Campos et al.17

    , com uma abor-dagem abrangente e de natureza prtica. O mo-delo proposto neste artigo (apresentado no tpi-co seguinte) difere das colocaes desses autoresem funo de duas questes principais: (1) consi-derao de atividades na cadeia de valor (e no deseus participantes); (2) maior abrangncia.

    A cadeia de valor da sade de Porter e Teis-berg12 representada por meio de atividades oque no ocorre com os demais modelos pesqui-sados, que adotam uma classificao segundoempresas participantes. A caracterizao pormeio de atividades permite maior generalizao

    e flexibilidade de aplicao, em particular na iden-tificao do escopo de atuao de uma determi-na organizao (que pode ser realizada indepen-dentemente de sua classificao na cadeia de va-lor). Por exemplo, empresas de medicina de gru-po e cooperativas podem atuar tanto na inter-mediao financeira quanto na prestao de ser-vios. Alguns hospitais filantrpicos de refern-cia atuam tanto na assistncia sade, quantoem ensino e pesquisa. Na cadeia proposta nopresente trabalho, fica explcita a atuao dessasorganizaes em elos distintos.

    Os modelos de Porter e Teisberg12, Pisano15,Gadelha16 e Campos et al.17 apresentam umaabrangncia mais restrita, quando comparadoscom os demais modelos. Porter e Teisberg12 fo-cam nas atividades de assistncia sade; Pisa-

    no15 analisa o setor de biotecnologia; Gadelha16enfatiza o complexo industrial da sade; e Cam-pos et al.17 abordam a sade suplementar. Omodelo proposto adota uma abordagem abran-gente, uma vez que utiliza como referncia ou-tros modelos tambm abrangentes (Burns et al.10,Christensen et al.13e Pitta e Laric14).

    Metodologia adotada

    A cadeia de valor da sade proposta neste traba-lho resultante de uma abordagem dedutiva,baseada na reviso da literatura sobre esse tema.Foram utilizadas as palavras-chave value chaine healthcare (ou health care) para pesquisanas bases de dados da BVS/Bireme e PubMed/Medline. Os trabalhos encontrados foram pr-selecionados com base no ttulo. A seguir, os tra-balhos foram filtrados por meio da leitura dosresumos. A leitura do corpo destes trabalhos re-sultou na seleo final de alguns dos textos apre-sentados. Adicionalmente os autores incorpora-ram na proposta seus conhecimentos e experin-cias prvias em sistema de sade, bem como na

    cadeia de valor aplicada a outros setores.O modelo original foi desenvolvido por um

    dos autores em 2007. Desde ento, ele vem sendoapresentado e discutido sucessivamente com ou-tros pesquisadores e alunos de ps-graduao,em vrias aulas e palestras sobre gesto no setorde sade. Alm disso, o modelo foi utilizado emtese de doutoramento na rea, sendo tambmsubmetido a um processo formal de avaliao.Advindas dessas interaes, diferentes contribui-es foram incorporadas no modelo original, queresultou na proposta apresentada a seguir.

    Cadeia de valor da sade: uma proposio

    A cadeia de valor da sade proposta nessetrabalho (parte central da Figura 1) formadapor seis elos verticais e trs horizontais, perfa-zendo um total de nove. Cada um desses agregaum conjunto de atividades com misses especfi-cas. O fluxo das atividades percorre esses elos ata entrega de produtos e servios aos consumido-res, o elo final da cadeia de valor. Dessa forma, oprocesso de agregao de valor aos pacientes temincio no elo localizado na poro inicial (tam-

  • 7/25/2019 Cadeia de Valor Da Sade

    6/16

    2762

    PedrosoMC,Ma

    likAM

    bm denominada montante ou upstream) e semove para a poro final (tambm denominada jusante ou downstream). Elos horizontais con-templam atividades que permeiam os verticais eseus objetivos so: regular as atividades do setorde sade, distribuir os produtos de sade e exe-cutar atividades que apiam ou complementamas misses de cada um dos elos verticais.

    O conhecimento em sade o principal insu-mo na poro inicial da cadeia e gerado no pri-meiro elo vertical, o do desenvolvimento de conhe-cimento em sade. Este representado pelas ativi-dades de ensino e pesquisa, bsica e aplicada. Amisso desse elo gerar e disseminar esse conheci-mento, que transformado e incorporado em pro-dutos (ex.: medicamentos, materiais mdicos) etecnologias (ex.: equipamentos mdico-hospitala-res, tecnologia da informao) no elo seguinte.

    O segundo elo vertical contempla o forneci-mento de produtos e tecnologias de sade, taiscomo produtos farmacuticos sintticos e bio-

    tecnolgicos, equipamentos mdico-hospitalares,rteses, prteses e materiais mdicos, alm datecnologia da informao. Sua misso principalconsiste na incorporao do conhecimento emprodutos e tecnologias, entregues ao prximo elo.

    O terceiro elo vertical consiste nos servios desade. Ele aloca os recursos financeiros coloca-dos disposio pelo elo seguinte (o da interme-diao financeira), utiliza a infraestrutura dispo-nvel nele prprio (ex.: instalaes hospitalares)e consome os recursos oferecidos pelos anterio-res (ex.: conhecimento, medicamentos e materi-ais mdicos). Assim, sua misso utilizar os re-cursos disponveis para a prestao de serviosaos consumidores finais. Esse elo compostopelas atividades de promoo de sade, prote-o da sade e preveno de doenas, diagnsti-co, tratamento, reabilitao, monitoramento egesto de doenas crnicas.

    O quarto elo vertical considera a intermedia-o financeira no sistema de sade, sendo repre-

    Figura 1.Cadeia de valor da sade (Pedroso19).

    Gerar oconhecimento

    bsico e

    aplicado

    Transformarconhecimentoem produtos

    e tecnologias

    Executar osservios de

    sade

    Diluir orisco e

    repassar o

    financiamento

    Manter emelhorar asade e o

    bem-estar

    Financiar osistema de

    sade

    Regulao

    MISSO DOS ELOS VERTICAIS

    Desenvolvi-mento deconheci-

    mento emsade

    Forneci-mento de

    produtos etecnologias

    Servios desade

    Interme-diao

    financeira

    Financia-mento da

    sadeConsumo

    Distribuio de produtose servios de sade

    Servios de apoio e complementares

    Fluxo de inovao e conhecimento

    Fluxo financeiro

    Fluxo de informao

    Fluxo de produtos e serviosFLUXOSDA

    CADEIADE

    VALOR

    Regular osistema de

    sade

    Prover

    convenincia edisponibilidade

    Apoiar ecomplementaras atividade de

    sade

    MISS

    O

    DOS

    ELOS

    HORIZONTAIS

    nnnnn

    ooooo ooooo oooooooooooooooooooo

    ooooo ooooo ooooo ooooooooooooooo

    nnnnn nnnnn nnnnn nnnnn

    nnnnnnnnnn

    ooooo ooooo ooooo ooooo

  • 7/25/2019 Cadeia de Valor Da Sade

    7/16

    2763Cincia&SadeColetiva,17(10):2757-2772,2012

    sentado pela intermediao dos subsistemas p-blico (SUS) e privado (Sade Suplementar), almdos gastos diretos das empresas e indivduos (nes-se caso, sem intermediao). Sua misso repas-sar a captao financeira aos elos anteriores da

    cadeia, alm de diluir os riscos. O subsistema pri-vado incorpora as atividades de intermediaorealizadas pelas operadoras de sade em suas di-ferentes modalidades (ex.: seguro sade, autoges-to, medicina de grupo, cooperativas mdicas efilantrpicas). Neste subsistema, esse elo repre-senta o fluxo monetrio das operadoras de sadeaos elos verticais anteriores e horizontais. Emoperadoras de medicina de grupo e cooperativasmdicas, quando atuam como redes verticaliza-das, o fluxo monetrio considera o consumo derecursos da prpria organizao (ex.: hospitaisprprios) ou os pagamentos rede credenciada.No subsistema pblico, esse elo representa ospagamentos do SUS s organizaes pblicas eprivadas que participam dos elos verticais anteri-ores (ex.: provedores de servios e fornecedoresde produtos e tecnologias) e horizontais.

    O quinto elo vertical corresponde ao financia-mento da sade, equivalente aos gastos totais desade. O financiamento pode ser pblico ou priva-do. Este ltimo, por sua vez, desdobrado nosgastos dos empregadores, das famlias e dos indiv-duos. Nesse sentido, esses trs atores governo,empregadores e indivduos so os responsveis

    pelos gastos totais de sade. Sua misso alocaros recursos financeiros ao sistema de sade.

    O sexto elo vertical (o final da cadeia de va-lor) consiste no consumo de produtos e serviosde sade que realizado pelos pacientes, pessoassaudveis e empresas. O objetivo dos consumi-dores manter e melhorar sua prpria condiode sade e bem-estar (ou de seus funcionrios,no caso dos empregadores). Para maximizar ovalor entregue aos consumidores, dever-se-iabuscar o alinhamento dos incentivos de todos osparticipantes da cadeia de valor da sade.

    Adicionalmente, trs elos horizontais permei-

    am os verticais acima descritos. O primeiro delescontempla a regulao da sade, que se refere satividades de definio de normas, controle e fis-calizao dos produtos e servios que podem im-pactar a sade da populao. Tais atividades sorealizadas pelas agncias reguladoras nacionais(Anvisa e ANS)28e internacionais (FDA nos EUA,e EMEA na Comunidade Europia). Nesse senti-do, a misso desse elo consiste em regular as dife-rentes atividades relacionadas aos produtos e ser-vios de sade. No Brasil, por exemplo, a Anvisa

    foca o controle sanitrio da produo e comerci-alizao de produtos e servios de sade, enquan-to a ANS exerce atividades reguladoras sobre osprovedores de planos privados de sade.

    O segundo elo horizontal aborda as ativida-

    des de distribuio de produtos e servios de sa-de. Ele composto pela distribuio de produtosmdicos e farmacuticos, comercializao de ser-vios (ex.: venda de planos de sade) e atividadesinerentes ao varejo especializado (ex.: drogarias evarejo de produtos mdicos hospitalares) e ge-neralista. Sua misso comercializar os serviose distribuir os produtos utilizados no setor e,dessa forma, agregar valor de convenincia e dis-ponibilidade.

    O terceiro elo horizontal considera os servi-os de apoio e complementares, tais como servi-os gerais, financeiros, tributrios, jurdicos, lo-gsticos, de tecnologia da informao, manuten-o, engenharia clnica e pesquisa clnica. Cabe-lhe apoiar ou complementar as atividades dosdemais.

    A Figura 2 apresenta uma viso geral dos elosda cadeia de valor da sade, incluindo as princi-pais atividades de cada um deles.

    Os elos da cadeia de valor representam ativi-dades. Nesse sentido, as organizaes do setorde sade decidem atuar em um ou mais deles,bem como realizar uma ou mais atividades. As-sim, uma empresa especializada tende a focar em

    um elo, e por vezes em algumas atividades espe-cficas dentro dele. Por exemplo, uma empresade medicina diagnstica pode ser focada somen-te nessa atividade (e, por vezes, dedicada especifi-camente a anlises clnicas ou ao diagnstico porimagem). Outras organizaes podem atuar so-mente em um elo, porm com oferta ampliadade produtos ou servios. Esse o caso de empre-sas participantes do elo de fornecimento de pro-dutos e tecnologias que oferecem equipamentosmdico-hospitalares, produtos farmacuticossintticos, e biotecnolgicos.

    Outras empresas podem atuar em mais de

    um elo simultaneamente. Exemplos incluem asoperadoras de sade nas modalidades medicinade grupo e cooperativa mdica (quando atuamna intermediao financeira e na execuo de ser-vios de sade) e alguns hospitais filantrpicosde referncia (que realizam atividades de ensino epesquisa). Por fim, um paciente tambm podeassumir papis em mais de um elo. No caso dopagamento direto por produtos e servios desade, ele atua nas atividades de consumo, fi-nanciamento e intermediao financeira.

  • 7/25/2019 Cadeia de Valor Da Sade

    8/16

    2764

    PedrosoMC,Ma

    likAM

    REGULAO

    Figura 2. Atividades nos elos da cadeia de valor da sade (Pedroso19).

    SERVIOSDE SADE

    INTERME-DIAO

    FINANCEIRA

    FINANCIA-MENTO

    DA SADE

    CONSUMO

    DISTRIBUIO DE PRODUTOS E SERVIOS DE SADE

    SERVIOS DE APOIO E COMPLEMENTARES

    Servios gerais, financeiros, tributrios, jurdicos, logsticos, tecnologia da informao, manuteno,engenharia clnica, pesquisa clnica

    Constitucional e setorial (agncias reguladoras: ANS, ANVISA, FDA, EMEA)

    FORNECIMENTODE

    PRODUTOS ETECNOLOGIAS

    ooooo

    DESENVOLVI-MENTO DE

    CONHECIMENTO

    nnnnn

    ooooo

    nnnnn

    Farmacuticossintticos

    Produtosbiotecnolgicos

    Equip.mdico-

    hospitalares

    rteses eprteses

    Materiaismdicos

    Tecnologiada

    informao

    Distribuio deprodutos de sade

    Comercializao deservios de sade

    Varejo generalistae especializado

    ooooo

    nnnnn

    Promooda sade

    Proteoda sade

    e prevenode doenas

    Diagnstico

    Tratamento

    Reabilitao

    Monitoramentoe gesto de

    doenascrnicas

    ooooo

    nnnnn

    Pblica(SUS)

    Privada(operadoras

    de sade:seguro sade,auto-gesto,medicina de

    grupo,

    cooperativa,filantrpicos)

    Gastos diretos(empresas eindivduos)

    ooooo

    nnnnn

    Pblico -governo

    Privado -empregadores

    Privado -indivduos

    ooooo

    Pacientes

    Indivduossaudveis

    Empresas

    Pesquisabsica

    Pesquisaaplicada

    Ensino

    ooooo ooooo

    nnnnn nnnnn

    ooooo ooooo ooooo ooooo

    ooooo ooooo ooooo ooooo

    Cadeia de valor da sade: principais fluxos

    Os fluxos da cadeia de valor representam ele-mentos de entrada e sada em cada um dos seuselos (e, dentro destes, das atividades envolvidas),que se propagam em determinados sentidos demodo a atingir determinados objetivos. No casoda cadeia de valor da sade, os fluxos contem-plam quatro elementos principais inovao econhecimento; capital; informaes; produtos eservios que, na forma de entradas e sadas,

    fluem de maneira bidirecional nos nove elos (Fi-gura 1). Esses fluxos se propagam da poro ini-cial da cadeia at a poro final, e vice-versa. Cadaum deles descrito a seguir.

    Fluxo de inovao e conhecimento

    O fluxo de inovao e conhecimento repre-senta a propagao das inovaes e dos conheci-mentos de sade entre os elos da cadeia de valor.A principal direo de propagao ocorre da

  • 7/25/2019 Cadeia de Valor Da Sade

    9/16

    2765Cincia&SadeColetiva,17(10):2757-2772,2012

    poro inicial para a final da cadeia11. Exemplosdesse fluxo podem ser encontrados na indstriafarmacutica, em que as empresas atuam comodisseminadoras de conhecimento a mdicos epacientes29.

    O fluxo de inovao e conhecimento crticopara o desempenho da cadeia de valor da sade.A inovao tecnolgica no setor consideradaum dos principais fatores responsveis pelo in-cremento contnuo dos custos da sade30,31. Osinvestimentos pblicos e privados em pesquisa edesenvolvimento na rea de sade so geralmenteelevados, quando comparados com outros seto-res da economia. Por exemplo, nos EUA (em2003), os principais setores que receberam inves-timentos pblicos em pesquisa e desenvolvimen-to foram: defesa (em primeiro lugar) e sade (emsegundo)32. No setor privado, as empresas far-macuticas apresentam o maior volume total deinvestimentos em pesquisa e desenvolvimento,quando comparadas com outros setores13.

    No obstante os altos investimentos em pes-quisa e desenvolvimento na sade, a inovaonesse setor geralmente se propaga de maneiralenta e deficiente33. O processo de inovao nasade complexo em funo de diferentes fato-res tais como: (1) os diferentes objetivos (porvezes conflitantes) dos atores (ou participantes)da cadeia de valor; (2) as particularidades do fi-nanciamento na sade (pblico e privado); (3) a

    regulamentao do setor; (4) a taxa de incorpo-rao de tecnologias em sade; (5) o crescenteaumento do poder dos pacientes nas decisessobre sade; e, (6) as constantes presses para areduo de custos32. Alm disso, uma regulamen-tao muito rgida na sade pode inibir a intro-duo de inovaes de natureza radical no se-tor34. Ressalta-se ainda que grande parte do flu-xo de inovaes e conhecimentos lida com ele-mentos intangveis, como por exemplo, o com-ponente tcito do conhecimento (ou seja, aqueleconhecimento subentendido e ainda no siste-matizado). Apesar do carter intangvel, esse flu-xo pode ser analisado e gerenciado de modo agerar valor para os participantes da cadeia.

    Fluxo de produtos e servios

    O fluxo de produtos e servios contempla oconjunto de processos e respectivas atividadesque unem as entradas e sadas de cada um doselos (e dentro destes, dos participantes envolvi-dos) at entregar sade e bem-estar aos pacien-tes, aos indivduos saudveis e comunidade emgeral. Assim, sua principal direo de propaga-

    o ocorre da parte inicial para a parte final dacadeia. O conhecimento tcito representa a prin-cipal entrada do primeiro elo, que transformaesses processos em conhecimento codificado (ouexplcito). Esse conhecimento utilizado no elo

    seguinte, que o incorpora em produtos e tecno-logias, utilizados e alocados nos servios de sa-de no terceiro elo. Este entrega os servios aospacientes e indivduos saudveis (sexto elo) e remunerado por meio do quarto elo (intermedi-ao financeira) que, por sua vez, recebe os re-cursos financeiros provenientes do financiamentoda sade (quinto elo). Os processos e as ativida-des do fluxo de produtos e servios so regula-dos pelo primeiro elo horizontal. A distribuiode produtos e servios de sade (segundo elohorizontal) interage com os demais elos verticaise horizontais para realizar os processos logsti-cos de suprimentos e distribuio, bem como acomercializao dos produtos e servios. Por fim,os servios de apoio e complementares (terceiroelo horizontal) interagem com os demais elosverticais e horizontais, com o intuito de apoiar ecomplementar os processos e as atividades ine-rentes a cada um deles.

    No fluxo de produtos e servios, importan-te analisar como as operaes so realizadas. Emparticular, no elo dos servios de sade, pode-seutilizar a segmentao conforme o nvel de com-plexidade. A esfera de atendimento primrio foca

    nos atendimentos de menor complexidade. Ge-ralmente esse atendimento ocorre nas organiza-es voltadas ateno primria (ex.: centros desade e ambulatrios gerais), que deveriam fun-cionar como porta de entrada aos nveis de mai-or complexidade do sistema. A esfera de atendi-mento secundrio enfatiza o de nveis intermedi-rios de complexidade, como ocorre em ambu-latrios com especialidades clnicas e cirrgicas,servios de apoio ao diagnstico e terapia, deter-minados servios de atendimento de urgncia eemergncia e hospitais gerais. A esfera de atendi-mento tercirio foca os de maior complexidade,

    tais como servios realizados por hospitais espe-cializados, que atuam no nvel regional, estadualou mesmo nacional35.

    A Figura 3 ilustra o fluxo de produtos e servi-os na cadeia de valor da sade. Os fluxos de pro-dutos se propagam principalmente na direo dofornecimento de produtos e tecnologias para osconsumidores. Os fluxos reversos de produtos(ou seja, os fluxos de produtos no sentido inver-so ao principal, tais como devolues, retornosde itens obsoletos, reparos e reciclagem) so re-presentados pelas setas bidirecionais na figura.

  • 7/25/2019 Cadeia de Valor Da Sade

    10/16

    2766

    PedrosoMC,Ma

    likAM

    Os fluxos principais de servios de sade con-vergem para o elo dos servios de sade. Essesfluxos apresentam dois processos polares: (1)processos iterativos de assistncia sade, emque as atividades so mais customizadas; e (2)processos sequenciais de assistncia sade, emque as atividades podem ser padronizadas36,37.

    De maneira geral, os processos iterativos so maisadequados ao diagnstico e tratamento de casosde maior complexidade, enquanto os processossequenciais podem ser utilizados para a resolu-o de casos de menor complexidade37e para aassistncia coletiva.

    Nesse contexto, a esfera de atendimento pri-mrio, posicionada como porta de entrada dosservios de sade, tende a apresentar processosmais padronizados de cuidados de sade, para aten-dimentos de menor complexidade. A de atendi-mento tercirio tende a atuar por meio de proces-

    sos mais customizados e iterativos, para atendi-mentos de maior complexidade. A de atendimen-to secundrio geralmente contempla uma com-posio de processos padronizados e customiza-dos, para atendimentos de complexidade interme-diria. Os consumidores percorrem as esferas deatendimento conforme suas necessidades de ser-vios de sade e complexidade do atendimento.

    Fluxo financeiro

    O fluxo financeiro representa a propagao e a reteno do capital ao longo da cadeia devalor. Ao contrrio dos anteriores, sua direoprincipal de propagao ocorre da parte final ou,mais especificamente, do financiamento para aporo inicial da cadeia.

    A Figura 4 apresenta os fluxos financeiros nacadeia de valor da sade. Nessa figura, o merca-

    FORNECIMENTO DEPRODUTOS E

    TECNOLOGIAS

    Farmacuticossintticos

    Produtosbiotecnolgicos

    Equip.mdico-

    hospitalares

    rteses eprteses

    Materiaismdicos

    Tecnologiada

    informao

    DISTRIBUIO DE PRODUTOS E SERVIOS DE SADE

    Distribuiode produtos

    de sade

    Comercializaode servios de

    sade

    Varejogeneralista eespecializado

    SERVIOS DE APOIO E COMPLEMENTARES

    Servios gerais, financeiros, tributrios, jurdicos, logsticos, tecnologia da informao,manuteno, engenharia clnica, pesquisa clnica

    Atendimentoprimrio

    Atendimentotercirio

    SERVIOS DE SADE CONSUMO

    Pacientes

    Indivduossaudveis

    Empresas

    ttttt ttttt

    ttttt tttttttttt ttttt

    ttttt ttttt

    ttttt

    ttttt

    ttttt

    ttttt

    ttttt

    ttttt

    ttttt

    ttttt

    ttttt

    ttttt

    tttttttttt

    Atendimentosecundrio

    ttttt

    Legenda: tttttFluxos de produtos Fluxos de serviosttttt

    Figura 3. Fluxos de produtos e servios na cadeia de valor da sade (Pedroso19).

  • 7/25/2019 Cadeia de Valor Da Sade

    11/16

    2767Cincia&SadeColetiva,17(10):2757-2772,2012

    do considerado como um conjunto de transa-es financeiras. Nesse contexto, h quatro mer-cados na cadeia de valor da sade: (1) mercadofinanceiro da sade (cujos recursos so alocadosdiretamente pelo governo, empregadores e indi-vduos, e indiretamente por meio do pagamentode impostos); (2) mercado de oferta de servios,produtos e tecnologias de sade; (3) mercado deconsumo de sade; e, (4) mercado de conheci-

    mento em sade (onde o conhecimento remu-nerado, tal como ocorre no pagamento de royal-tiese em determinadas atividades de educao).

    Esses quatro mercados so regulados poragentes, por meio de quatro conjuntos princi-pais de polticas e regras: (1) financiamento dasade (ex.: polticas de financiamento do sistemapblico); (2) alocao dos recursos de sade (ex.:polticas de distribuio das verbas de sade);(3) utilizao dos recursos de sade (ex.: polti-cas de vacinao do sistema pblico, regras deutilizao do sistema de sade suplementar); (4)

    monetizao (ou mercantilizao) do conheci-mento em sade (ex.: regras de patentes e pro-priedade intelectual).

    A anlise do fluxo financeiro pode ser utiliza-da para mapear ineficincias na cadeia de valor,verificar quais elos apresentam maior valor fi-nanceiro adicionado ou identificar padres deconsumo de sade. Na primeira questo, im-portante notar que ineficincias em elos anterio-

    res podem se propagar aos posteriores, resultan-do em ineficincias sistmicas. Assim, aumentosnos custos mdico-hospitalares percebidos naintermediao financeira podem ser causados porineficincias localizadas nos elos anteriores (porexemplo, nos servios de sade e no fornecimen-to de produtos e tecnologias), quando as empre-sas incorporam suas ineficincias aos preos dosprodutos e servios (por exemplo, como uma jus-tificativa ao aumento de seus custos).

    Nos EUA, h importantes variaes regionaisnos custos de sade, no explicadas somente por

    Figura 4. Fluxos financeiros na cadeia de valor da sade (Pedroso19).

    Governo

    Polticas definanciamento

    da sade

    Polticas dealocao dos

    recursosda sade

    Polticas deutilizao dos

    recursosde sade

    Polticas demonetizao doconhecimento

    em sade

    Empregadores

    Consumidores

    Agentes regulatrios REGULAODO MERCADO

    DE SADE

    MERCADO DECONSUMO DE

    SADE

    MERCADO DECONHECIMENTO

    EM SADE

    MERCADO DEOFERTA DESERVIOS,

    PRODUTOS ETECNOLOGIAS

    DE SADE

    MERCADOFINANCEIRO

    DA SADE

    Financiamentoda sade

    Desenvolvimentode conhecimento

    $

    $$

    $

    $$$$

    $

    $$$

    tttttttttt

    ttttt

    ttttt

    tttttttttt

    tttttttttt

    Fornecimento deprodutos etecnologias

    Intermediaofinanceira

    Servios desade

    ttttt

    ttttt

    ttttt

    ttttt

  • 7/25/2019 Cadeia de Valor Da Sade

    12/16

    2768

    PedrosoMC,Ma

    likAM

    diferenas na disponibilidade de recursos tecno-lgicos e na forma de pagamentos. Nesse senti-do, alguns autores sugerem que a reorganizaodos servios de sade e a eliminao de serviosdesnecessrios poderiam melhorar a eficincia do

    sistema e, portanto, reduzir o crescimento doscustos38. Vale ressaltar que os custos da sadepodem causar importantes impactos no elo dofinanciamento da sade.

    No que diz respeito agregao de valor nacadeia, Campos et al.17verificaram que mdicos,indstria farmacutica, hospitais privados e em-presas de medicina diagnstica, nessa ordem, soos atores que geram o maior valor financeiroadicionado na cadeia de sade do Brasil. Em re-lao aos padres de consumo de sade, sabe-seque a adoo de polticas que aumentam o com-partilhamento de custos com os consumidoresaltera suas decises quanto s opes por prove-dores de servios de sade, aderncia e escolha decustos de tratamento. Verifica-se que essas pol-ticas (por exemplo, coparticipao e franquia)reduzem o consumo e os custos de sade. Poroutro lado, os consumidores tendem a econo-mizar tambm na utilizao de produtos e servi-os essenciais de sade, quando o compartilha-mento de custos excessivo39,40.

    Fluxo de informao

    O fluxo de informao representa a propa-gao de informaes entre as atividades da ca-deia de valor da sade. Cinco fluxos principaispodem ser identificados: (1) oferta e produode produtos, servios e tecnologias; (2) deman-da de produtos, servios e tecnologias; (3) dis-ponibilidade financeira e acesso; (4) aspectos re-gulatrios; (5) conhecimento em sade. Nessecontexto, os sistemas de informao em sadepodem ser utilizados para coordenar os fluxosde informao, bem como armazenar, organizare disponibilizar os dados para as instituies, asempresas e os indivduos que participam do sis-

    tema de sade (Figura 5).A informao sobre oferta e produo de

    produtos, servios e tecnologias aborda dadossobre: (1) oferta em sade, que inclui informa-es sobre os prestadores de servios, fornece-dores e distribuidores de produtos e tecnologias(ex.: localizao, especializao, capacidade, pre-os); (2) produo em sade, que contempla asinformaes sobre produo de produtos e ser-vios, bem como o desempenho de prestadores efornecedores. Segundo proposta de alguns pes-quisadores12,21,41, a visibilidade dessas informa-

    es (ex.: divulgao de preos e resultados) po-deria levar a um aumento da competio no se-tor e, consequentemente, gerar um estmulo melhoria de qualidade e eficincia.

    O fluxo de informao sobre demanda con-

    templa as necessidades (inclusive aquelas noatendidas) e o consumo de servios, produtos etecnologias por parte dos integrantes do sistemade sade. Nesse fluxo, a propagao das necessi-dades e do consumo dos usurios aos elos ante-riores da cadeia pode permitir maior visibilidadeda demanda real do sistema de sade. Assim,dados epidemiolgicos poderiam ser obtidos apartir das informaes sobre o consumo de pro-dutos e servios. No sentido inverso, tambmpoderiam ser utilizados para estimar a demandade produtos e servios (adicionalmente avalia-o dos riscos ou dos indicadores de servios jem uso). Por exemplo, a informao sobre a po-pulao de doentes renais crnicos em determi-nada regio pode ser utilizada para estimar ademanda potencial de diferentes tipos de terapiarenal substitutiva (ex.: hemodilise, dilise peri-toneal e transplante renal).

    O fluxo de informao sobre disponibilidadefinanceira e acesso considera dois tipos de infor-mao. A primeira consiste nas informaes so-bre a disponibilidade e a alocao de recursosfinanceiros s atividades de prestao de servi-os, fornecimento e distribuio de produtos e

    tecnologias e desenvolvimento de conhecimentoem sade. A segunda considera as regras de utili-zao e o acesso dos consumidores, bem comoas atividades de autorizao das operadoras deplanos de sade (no papel de participantes daintermediao financeira) aos prestadores de ser-vios, e fornecedores e distribuidores de produ-tos e tecnologias.

    O fluxo de informao sobre os aspectos regu-latrios contempla a disponibilizao e o acessos regulamentaes inerentes produo de pro-dutos e servios de sade. Tambm se volta sinformaes referentes s aes de fiscalizao,

    controle, avaliao e auditoria, que deveriam asse-gurar o cumprimento dessas regulamentaes42.

    O fluxo de conhecimento aborda a gerao, aorganizao, a disponibilizao e o acesso ao co-nhecimento em sade. Esse fluxo relevante nosetor, pois a sade uma rea intensiva em co-nhecimento quando comparada com outros se-tores da economia, estando o conhecimento emplena evoluo. Por exemplo, cerca de 30 mil no-vas citaes so inseridas a cada ms no Medli-ne37, banco de dados on line sobre peridicosmdicos.....

  • 7/25/2019 Cadeia de Valor Da Sade

    13/16

    2769Cincia&SadeColetiva,17(10):2757-2772,2012

    Figura 5. Fluxos de informao na cadeia de valor da sade (adaptado de Pedroso19).

    No contexto dos sistemas de informao emsade, ressalta-se o pronturio eletrnico dopaciente, um sistema com informaes integra-das sobre sua sade. Esse sistema armazena egerencia as informaes de sade dos indivdu-os, bem como prov acesso e intercmbio dessasinformaes por diversos integrantes do sistemade sade43.

    Discusso

    A cadeia de valor da sade apresentada neste tra-balho teve como propsito uma tentativa deaproximao do modelo terico realidade bra-sileira. Alm disso, a caracterizao da cadeia pormeio de atividades permite maior generalizaoe flexibilidade de utilizao.

    Os autores entendem que os noves elos ado-tados seis verticais e trs horizontais repre-sentam, de maneira abrangente, a cadeia de va-lor do setor de sade do Brasil. Os quatro fluxos

    principais (inovao e conhecimento, produtose servios, financeiro e informao) abordamdiferentes variveis, geralmente interdependen-tes, de gesto. A consistncia na integrao e acoerncia no alinhamento entre os quatro fluxose suas variveis podem contribuir para incremen-tar a gerao de valor econmico e social entre-gue aos consumidores e sociedade.

    A cadeia de valor da sade fragmentada,tanto nos Estados Unidos12,22 como no Brasil19,

    o que aumenta a complexidade de sua gesto.Assim, a anlise desses fluxos pode fornecer im-portantes elementos para a compreenso dosrelacionamentos, a verificao do alinhamentode incentivos, bem como a identificao de ine-ficincias nas interfaces entre elos ou entre orga-nizaes. Na sade suplementar, por exemplo,um ponto tpico de conflito ocorre na interfaceentre as operadoras e os provedores de serviosde sade. Em grande parte, esse fato acarreta ine-ficincias sistmicas quando cada uma das par-tes (operadoras e provedores) atua para atender

    OFERTA E PRODUO (PRODUTOS, SERVIOS E TECNOLOGIAS)

    Distribuio deprodutos e servios

    Servios de apoio ecomplementares

    Fornecimento deprodutos e tecnologias Servios de ade

    ConsumoDesenvolvimentode conhecimento

    CONHECIMENTO DEMANDA

    Regulao Financiamentoda sade

    Intermediaofinanceira

    ASPECTOS REGULAT RIOS DISPONIBILIDADE FINANCEIRA E ACESSO

    Sistemas deinformao

    em sade

    ttttttttttttttt

    ttttt

    ttttt

    tttttttttttttttttttt

    ttttt tttttttttt ttttt

  • 7/25/2019 Cadeia de Valor Da Sade

    14/16

    2770

    PedrosoMC,Ma

    likAM

    seus objetivos, em detrimento da melhoria dosistema como um todo.

    No SUS, um relatrio do Banco Mundialapontou inadequao da estrutura de incentivos.Segundo esse estudo, o SUS opera com muitos

    incentivos embutidos e implcitos inerentes complexidade do sistema , que geram ineficin-cias ou m qualidade da assistncia sade 44.Certamente houve destacados avanos nesse sis-tema desde que foi institudo, em 1988. No obs-tante, ainda h importantes desafios pela frente,particularmente ao compararmos com outrossistemas universais consolidados h mais tempo,tais como aqueles encontrados na Alemanha,Canad, Japo e Reino Unido24. Nesse contexto, aanlise dos quatro fluxos entre as atividades da

    Colaboradores

    MC Pedroso trabalhou na concepo do mode-lo, reviso da literatura e redao final; AM Ma-lik atuou na reviso crtica. Ambos os autoresforam responsveis pela aprovao da verso aser publicada.

    cadeia de valor e os atores por elas responsveispode contribuir para um melhor alinhamento nosincentivos das organizaes que atuam no SUS e,consequentemente, uma melhoria no desempe-nho do sistema como um todo.

    Consideramos que o modelo proposto nestetrabalho pode ser adotado em atividades acad-micas (ex.: ensino e pesquisa) e estudos do setorde sade do Brasil. Em particular, a cadeia devalor da sade pode ser utilizada para a anlise ea proposio de solues para problemas de na-tureza sistmica, tais como aqueles relacionados melhoria de coordenao entre atividades deassistncia sade, da estrutura de incentivos edo relacionamento entre participantes do siste-ma de sade.

  • 7/25/2019 Cadeia de Valor Da Sade

    15/16

    2771Cincia&SadeColetiva,17(10):2757-2772,2012

    Herzlinger RE. Who killed health care? Americas $2trillion medical problem and the consumer-driv-en cure. New York: McGraw-Hill; 2007.Shi L, Singh DA. Delivering health care in America:

    a systems approach. 4th. Ed. Sudbury: Jones andBartlett Publishers; 2008.World Health Organization (WHO). World healthstatistics 2010. Geneva: WHO; 2010.Bodenheimer TS, Grumbach K. Understandinghealth policy: a clinical approach. 5th. Ed. New York:McGraw-Hill; 2005.Santos IS, Ug MAD, Porto SM. O mix pblico-privado no Sistema de Sade Brasileiro: financia-mento, oferta e utilizao de servios de sade.Cien Saude Colet2008; 13(5):1431-1440.Bloche MG. Health care for all? N Engl J Med2007;357(12):1173-1175.Anderson GF, Reinhardt UE, Hussey PS, PetrosyanV. Its the prices, stupid: why the United States is so

    different from other countries. Health Aff 2003;22(3):89-105.Pacheco RS. Regulao no Brasil: desenho das agn-cias e formas de controle. Rev Adm Pblica 2006;40(4):523-543.Collier J, Iheanacho I. The pharmaceutical industryas an informant. Lancet2002; 360(9343):1405-1409.Cutler DM, McClellan M. Is technological changein medicine worth it? Health Aff 2001; 20(5):11-29.Bodenheimer T. High and rising health care costs.Part 2: technological innovation. Ann Inte rn Med2005; 142(11):932-937.Herzlinger RE. Why innovation in health care is sohard. Harvard Bus Rev2006; 84(5):58-66.Berwick DM. Disseminating innovations in health

    care. JAMA2003; 289(15):1969-1975.Curtis LH, Schulman KA. Overregulation of healthcare: musings on disruptive innovation theory. LawContemp Probl 2006; 69(4):195-206.Ceclio LCO. Modelos tecno-assistenciais em sa-de: da pirmide ao crculo, uma possibilidade a serexplorada. Cad Saude Publica 1997; 13(3):469-478.Bohmer RMJ. Medicines service challenge: blen-ding custom and standard care. Health Care ManagRev 2005; 30(4):322-330.Bohmer RMJ. Designing care: aligning the natureand management of health care. Boston: HarvardBusiness Press; 2009.Fisher ES, Bynum JP, Skinner JS. Slowing the gro-wth of health care costs lessons from regional

    variation.N Engl J Med 2009; 360(2):849-852.Buntin MB, Damberg C, Haviland A, Kapur K, Lu-rie N, McDevitt R, Marquis MS. Consumer-direc-ted health care: early evidence about effects on costand quality. Health Aff 2006; 25(6):516-530.Rosenthal MB. What works in market-oriented he-alth policy? N Eng J Med 2009; 360(21):2157-2160.Pedroso MC, Malik AM. As quatro dimenses com-petitivas da sade. Harvard Bus Rev. Ed. Brasil.2011; 89(3):54-63.Mendona CS, Reis AF, Moraes JC, organizadores.

    A poltica de regulao do Brasil. Braslia: Organiza-o Pan-Americana da Sade; 2006.

    21.

    22.

    23.

    24.

    25.

    26.

    27.

    28.

    29.

    30.

    31.

    32.

    33.

    34.

    35.

    36.

    37.

    38.

    39.

    40.

    41.

    42.

    Referncias

    Porter MA. What is value in health care? N Engl JMed2010; 363(26):2477-2481.Peteraf MA, Barney JB. Unraveling the resource-basedtriangle. Manag Dec Econ2003; 24(4):309-323.

    World Health Organization (WHO). The worldhealth report 2000: health systems: improving per-formance. Geneva: WHO; 2000.Brasil. Constituio da Repblica Federativa do Bra-sil. Braslia: Senado Federal; 1988.Porter ME, Kramer MR. Creating shared value.Harvard Bus Rev 2011; 89(1/2):62-77.Porter ME. Competitive advantage: creating and sus-taining superior performance. New York: Free Press;1985.Pedroso MC. Um estudo sobre o desenvolvimento dascompetncias em gesto da cadeia de suprimentos

    [tese]. So Paulo: Universidade de So Paulo; 2002.Almeida Filho N, Juc V. Sade como ausncia dedoena: crtica teoria funcionalista de Christo-

    pher Boorse. Cien Saude Colet 2002; 7(4):879-889.World Health Organization (WHO). Constitution ofthe World Health Organization. Basic documents.Forty-fifth edition, supplement. Geneva: WHO;2006.Burns LR, Degraaf RA, Danzon PM, Kimberly JR,Kissik WL, Pauly MV. The Wharton School study ofthe health care value chain. In: Burns LR, editor. Thehealth care value chain: producers, purchasers andproviders. San Francisco: Jossey-Bass; 2002. p. 3-26.Burns LR. The business of healthcare innovation inthe Wharton School curriculum. In: Burns LR, ed-itor. The business of health care innovation. NewYork: Cambridge University Press; 2005. p. 1-23.Porter ME, Teisberg EO. Redefining health care: cre-

    ating value-based competition on results. Boston:Harvard Business School Press; 2006.Christensen CM, Grossman JH, Hwang J. The inno-vators prescription: a disruptive solution for healthcare. New York: McGraw-Hill; 2009.Pitta DA, Laric MV. Value chains in health care. JCons Mark 2004; 21(7):451-464.Pisano GP. Science business: the promise, the realityand the future of biotech. Boston: Harvard Busi-ness School Press; 2006.Gadelha CAG. O complexo industrial da sade e anecessidade de um enfoque dinmico na econo-mia da sade. Cien Saude Colet 2003; 8(2):521-535.Campos EF, Gontijo MCF, Oliveira PJ, Chaves SR,Laudares P, editores. A cadeia de valo r em sade :

    uma proposta de reorganizao da ateno na sa-de suplementar. Belo Horizonte: Unimed Federa-o Minas; 2009.Walters D, Jones P. Value and value chains in health-care: a quality management perspective. The TQM

    Mag 2001; 13(5):319-333.Pedroso MC. Um modelo de gesto estratgica paraservios de sade[tese]. So Paulo: Universidade deSo Paulo; 2010.Herzlinger RE, editor. Consumer-driven health care:implications for providers, payers, and policy-mak-ers. Boston: Harvard Business School Publishing;2004.

    1.

    2.

    3.

    4.

    5.

    6.

    7.

    8.

    9.

    10.

    11.

    12.

    13.

    14.

    15.

    16.

    17.

    18.

    19.

    20.

  • 7/25/2019 Cadeia de Valor Da Sade

    16/16

    2772

    PedrosoMC,Ma

    likAM

    Blumenthal D, Glaser JP. Information technologycomes to medicine.N Engl J Med2007; 356(24):2527-2534.World Bank. Governance in Brazils Unified HealthSystem (SUS). Raising the quality of public spending

    and resource management. Report No. 36601-BR.

    February 15, 2007 [site na Internet]. [acessado 2011mar 22]. Disponvel em: http://www.bancomundial.org.br/index.php/content/view_folder/88.html.

    Artigo apresentado em 10/03/2011Verso final apresentada em 16/07/2011

    43.

    44.