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ArticuladoresEstaduais

C A D E R N O D E A P O I O

P R O J E T O R E D E D E A N C O R A G E M | T R I L H A S

O Programa Crer para Ver, criado em 1995, é uma das iniciativas que traduzem o compromisso da Natura com a construção de uma sociedade mais justa e tem como objetivo contribuir para a

melhoria da qualidade da educação nas escolas públicas brasileiras. O Programa conta com o apoio das Consultoras Natura que vendem de forma voluntária produtos da linha Natura Crer para Ver, e com todo o recurso arrecadado viabiliza o apoio a projetos para a educação básica, cuidando para seu respectivo desenvolvimento.

A partir de 2010, o Programa Crer para Ver passou a ser gerenciado pelo Instituto Natura, organização sem fins lucrativos e com sede independente, que nasceu com a missão de expandir e fortalecer as iniciativas sociais da Natura como o Crer para Ver, sendo mais um agente dessa história, que começa na intenção de cada pessoa e cresce com a evolução de toda a sociedade.

Com o patrocínio do Programa Crer para Ver, o Instituto Natura desenvolveu, em parceria com a Comunidade Educativa CEDAC, Organização da Sociedade Civil de Interesse Público, o projeto TRILHAS, que consiste em um conjunto de materiais que visa orientar e instrumentalizar os professores e diretores de escolas para o trabalho com os alunos de 6 anos, com foco no desenvolvimento de competências e habilidades de leitura e escrita.

O Ministério da Educação (MEC), desejando implementar uma política pública, concluiu que a metodologia e a estratégia desenvolvidas pelo projeto TRILHAS, assim como os materiais e publicações concebidos e produzidos por esse projeto, são particularmente especiais e compatíveis com as suas diretrizes e a partir de 2012 irá distribuir o conjunto de materiais para 1.975 municípios brasileiros. Para que os professores possam utilizá-lo da melhor forma, foi organizada a Rede de Ancoragem TRILHAS, iniciativa do Ministério da Educação e do Instituto Natura, com coordenação técnica da Comunidade Educativa CEDAC. Sua principal ação é desencadear encontros com a intenção de disseminar a concepção adotada pelo projeto TRILHAS, organizados em encontros nacionais, estaduais, municipais e locais.

Para apoiar e orientar o trabalho de todos os envolvidos na Rede, foram elaborados cadernos de apoio aos diferentes participantes desse grande Projeto. Com mais essa iniciativa, o Ministério da Educação, o Instituto Natura e a Comunidade Educativa CEDAC esperam que as ações da Rede de Ancoragem TRILHAS possam contribuir para a melhoria do ensino e aprendizagem das crianças.

I N I C I A T I V AR E A L I Z A Ç Ã O

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O Ministério da Educação, o Instituto Natura e a Comunidade Educativa CEDAC esperam que o projeto TRILHAS possa integrar-se e contribuir para a melhora do ensino e aprendizagem das crianças. A colaboração de todos os envolvidos no projeto é imprescindível para o sucesso do direito de aprender.

Bom trabalho!

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com muita satisfação que apresentamos a você articulador, o pro-jeto TRILHAS. Este projeto foi elaborado a partir de uma iniciativa

conjunta entre o Ministério da Educação (MEC), o Instituto Natura e a Co-munidade Educativa CEDAC. A impressão e a distribuição do conjunto de material e do acervo de livros foram viabilizadas pelo governo federal por meio do incentivo às políticas educacionais e aos recursos tecnológicos, com a intenção de ofertar materiais de qualidade que possam contribuir para o estabelecimento de um contexto educacional propício ao processo de aprendizagem das crianças em sala de aula.

O projeto TRILHAS está alinhado com o Plano de Metas Compromisso Todos pela Educação (Decreto nº 6.094, de 24 de abril de 2007 art. 2°, inciso II), que estabelece, entre outros objetivos, a alfabetização de todas as crianças até, no máximo, 8 anos de idade e o incentivo à leitura nas salas de aula. Com isso, pretende-se alcançar a meta de 6,0 pontos estabelecida para o Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb) para 2022.

Nesta primeira etapa de distribuição do TRILHAS nas escolas, foram sele-cionados para receber o material todos os municípios estabelecidos como prioritários pela políti-ca do MEC e todas as capitais e grandes cidades do Brasil, beneficiando assim as escolas públicas com crianças de 6 anos em um total de 1.975 municípios. Com isso, o projeto chega a 72.051 escolas e a cerca de 130 mil professores, e passa a contribuir para a aprendizagem de mais de 3 milhões de alunos da rede pública de ensino.

O conjunto de material do TRILHAS foi elaborado com a finalidade de estimular as crianças a se tornarem verdadeiros usuários da leitura e da escrita; de contribuir para instrumentalizar os professores para que o livro, a leitura, a literatura e, acima de tudo, o desenvolvimento das capaci-dades intelectuais tenham espaço no cotidiano escolar; e de favorecer às instituições de educação a criação ou sistematização de encontros de formação continuada com a perspectiva de troca, reflexões e aprendizados coletivos.

Educação de qualidade: um projeto de todos

A educação, assim como outras áreas do conhecimento, vive um momento em que se impõem a seus profissionais novos desafios e maior responsabilidade sobre suas ações. Sabemos que o Bra-sil é um país que ainda tem muito a avançar no que diz respeito ao acesso à educação com quali-dade. Hoje há inúmeros dados e pesquisas que revelam nossa real situação e, assim, contribuem para o trabalho dos educadores e dos gestores das redes de ensino, indicando o que tem dado certo e o que precisa ser aperfeiçoado. No campo da formação de leitores, os dados nacionais mostram que ainda não temos uma sociedade de leitores capazes de usar a leitura como fonte de conhecimento, de ampliação do universo cultural e de prazer pessoal, sem contar que continua-mos com um enorme contingente de pessoas analfabetas ou mal alfabetizadas.

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Segundo a pesquisa Retratos da Leitura no Brasil1, feita pelo Ibope e pelo Instituto Pró-Livro (IPL), 48% dos brasileiros não leram um livro nos últimos três meses, 45% não leram um livro sequer no último ano, 33% alegam não ter acesso a livros, 17% dos brasileiros adultos leem muito devagar, 7% não compreendem o que lêem e 18% não têm paciência ou concentração para a leitura. Diante de todo o desafio que representa iniciar a formação de um leitor, a escola precisa contar com o apoio da gestão pública, ou seja, com políticas que garantam a criação e a manuten-ção de acervos, bibliotecas e salas de leitura, além de assegurarem as condições necessárias para os professores terem acesso a livros, à formação continuada e a cursos complementares e, sobre-tudo, tempo para planejar e refletir sobre suas práticas de ensino.

Foi considerando o panorama do nosso país, a responsabilidade de todos no empreendimento de uma sociedade mais igualitária, analisando as informações disponíveis sobre sistemas educacio-nais e com a intenção de colaborar com o trabalho cotidiano do professor em sala, que nasceu o projeto TRILHAS. Partimos do pressuposto de que a escola tem um papel fundamental na vida dos cidadãos, pois é ela que cria ou não as condições propícias e as oportunidades para que as pessoas se tornem usuárias competentes da linguagem escrita. Para aprender, é preciso ter acesso a saberes básicos, mas que levem para além de um conhecimento imediato e mecânico. Isso se faz permitindo que, desde muito cedo e de acordo com suas possibilidades, as crianças possam ler, escrever e conviver com livros, experimentando, de diversas formas, os modos de pensar por escrito e sobre o escrito.

Quando expostas ao contato sistemático com livros e diferentes textos, as crianças adquirem muitas informações sobre a linguagem escrita. Sua aprendizagem é sempre resultante daquilo que são capazes de deduzir a partir do que o ambiente lhes oferece. O que pode fazer a diferença é o professor no espaço da sala de aula, criando condições adequadas para influir sobre as fontes de informação que serão disponibilizadas e propiciando situações-problema que convidem as crianças a dar respostas a partir do que recebem. É assim que se avança, se aprende e se estabele-ce um vínculo saudável e estimulante com os livros e com o conhecimento. Ter livros de literatu-ra infantil como aliados para essa aventura de entrar no mundo do conhecimento, das histórias, dos textos e da linguagem, com certeza, faz a diferença.

1Pesquisa quantitativa realizada em 2007 e publicada em 2008 pelo IPL, baseou-se em 5.012 entrevistas domiciliares em todas as unidades da federação, representando a totalidade do universo da população com 5 anos de idade ou mais.

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O projeto TRILHAS

Na perspectiva de favorecer, desde cedo, o acesso das crianças à literatura infantil e, consequente-mente, à cultura escrita, foi desenvolvido o projeto TRILHAS: um conjunto de material elaborado para instrumentalizar e apoiar o trabalho cotidiano do professor no campo da leitura, da escrita e da oralidade, com crianças de 6 anos, com o objetivo de inseri-las em um universo letrado.

Os materiais estão divididos em três conjuntos, sendo:

Trilhas para ler e escrever textosTrilhas para abrir o apetite poético Trilhas de jogos

Os conjuntos contêm materiais com fundamentação teórica, de orientação para secretários, dire-tores e professores, livros de literatura infantil, jogos e cartelas de ilustrações. O conjunto completo de material é de propriedade da escola pública que o receber e, para cada material, há um uso diferente:

• Caderno da secretaria, para uso do secretário de Educação com sua equipe técnica – nesse ca-derno há sugestões de gestão do trabalho na rede de ensino visando à melhoria dos indicadores educacionais e à qualidade da educação do município.

• Caderno do diretor, para uso do diretor da escola – nesse caderno há sugestões de gestão do tra-balho a ser feito com os professores e orientações para a organização e o uso do acervo de livros.

• Caderno de apresentação, para uso do professor – nesse caderno estão expressas as intenções, princípios e concepções do projeto.

• Cadernos de estudos, para uso do professor – esses cadernos apresentam os aprofundamentos dos conteúdos tratados nos diferentes Cadernos de orientações.

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Um projeto baseado na cooperação

A impressão e a distribuição dos materiais e do acervo de livros do projeto TRILHAS foram via-bilizadas pelo governo federal por meio do incentivo às políticas educacionais e recursos tecnoló-gicos, com a intenção de ampliar a cooperação entre os entes federados e para o desenvolvimento e aprendizagem das crianças em sala de aula. A oferta de materiais de qualidade pode colaborar no estabelecimento de um contexto propício ao processo de alfabetização e, consequentemente, para o alcance da meta de 6,0 pontos estabelecida para o Índice de Desenvolvimento da Educa-ção Básica (Ideb) para 2022.

No entanto, caro gestor, grande parte da responsabilidade de fazer esse esforço se converter em melhora da qualidade da Educação é sua. Uma vez que os materiais cheguem às mãos dos edu-cadores do seu município, cabe à secretaria garantir as condições para seu uso e incorporação ao planejamento pedagógico das escolas da Rede. É fundamental acompanhar a distribuição dos materiais e assegurar que eles sejam usados na formação continuada dos professores e gestores e se convertam em atividades de sala de aula.

Parte II – A importância de ler e escrever

Por que não lemos?

Quarenta e cinco por cento dos brasileiros com mais de 15 anos não leem livros. Dos que leem, a média é de menos de quatro títulos por ano. Nas escolas, esse número sobe para cerca de sete volumes anuais, mas apenas um deles é lido por prazer pelas crianças. A maioria faz parte do currículo e é lida por obrigação. Por que o brasileiro lê tão pouco? E por que temos tão pouco prazer nessa atividade? Por conta dos pais que não leem? Pela competição com a internet, o celu-lar e a televisão? Ou é a nossa cultura escolar que não consegue despertar na criança o gosto pela leitura no momento em que ela está mais apta a adquiri-lo?

É injusto atribuir a falha em formar leitores apenas a um dos responsáveis citados nas perguntas acima. A família, a escola e o próprio aluno têm seu papel na formação de um leitor. O que é cer-to é que muito se ganha ao ler um livro, como diz a escritora Tatiana Belinky: “Faço uma brin-cadeira com as crianças. Peço para elas pensarem em alguma coisa sem pensar na palavra que dá nome a ela. É impossível! Tudo que conhecemos é palavra. E as palavras são muito maiores que elas próprias, são a substância da nossa imaginação. Veja ‘mar’, por exemplo, uma palavra tão pequenina para algo tão imenso”.

O papel da escola no incentivo à leitura

Se não é a responsável única pela formação de leitores, a escola reúne todos os atores que atuam nesse processo. Nela estão os pais, os professores e, claro, as crianças. É por meio da escola que os filhos de pais que não tiveram a oportunidade de se escolarizar poderão romper esse ciclo e é nela também que devem ser encontradas as respostas para as perguntas que colocamos acima. Muito do fracasso na formação de leitores está na forma como os livros são apresentados aos pequenos. A escolarização da leitura, no mau sentido, faz com que ela se torne apenas mais uma obrigação curricular, e a associa, desde cedo, a uma atividade chata e penosa.

O saber ler é um processo demorado que exige empenho dos professores e estratégias de gestão da escola. O contato com a palavra escrita deve ser constante em murais, varais literários e outros suportes. Na sala de aula, os professores precisam dominar as estratégias para fazer atividades e rodas de leitura produtivas, sabendo os momentos certos de interferir e estimular a participação.

As famílias e a leitura

Uma biblioteca e sala de leitura organizadas, com as portas abertas para as crianças e a comuni-dade, é outro quesito fundamental para atrair para a leitura. As famílias precisam ser convidadas para apreciar as produções dos alunos na escola e em casa e orientadas durante as reuniões sobre como podem introduzir a escrita e a leitura no cotidiano da criança. Isso é fundamental, sobre-tudo em uma realidade na qual boa parte dos pais não tem cultura escrita e escolar (veja quadro “Dados da Leitura no Brasil”).

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Um projeto baseado na cooperação

A impressão e a distribuição dos materiais e do acervo de livros do projeto TRILHAS foram via-bilizadas pelo governo federal por meio do incentivo às políticas educacionais e recursos tecnoló-gicos, com a intenção de ampliar a cooperação entre os entes federados e para o desenvolvimento e aprendizagem das crianças em sala de aula. A oferta de materiais de qualidade pode colaborar no estabelecimento de um contexto propício ao processo de alfabetização e, consequentemente, para o alcance da meta de 6,0 pontos estabelecida para o Índice de Desenvolvimento da Educa-ção Básica (Ideb) para 2022.

No entanto, caro gestor, grande parte da responsabilidade de fazer esse esforço se converter em melhora da qualidade da Educação é sua. Uma vez que os materiais cheguem às mãos dos edu-cadores do seu município, cabe à secretaria garantir as condições para seu uso e incorporação ao planejamento pedagógico das escolas da Rede. É fundamental acompanhar a distribuição dos materiais e assegurar que eles sejam usados na formação continuada dos professores e gestores e se convertam em atividades de sala de aula.

Parte II – A importância de ler e escrever

Por que não lemos?

Quarenta e cinco por cento dos brasileiros com mais de 15 anos não leem livros. Dos que leem, a média é de menos de quatro títulos por ano. Nas escolas, esse número sobe para cerca de sete volumes anuais, mas apenas um deles é lido por prazer pelas crianças. A maioria faz parte do currículo e é lida por obrigação. Por que o brasileiro lê tão pouco? E por que temos tão pouco prazer nessa atividade? Por conta dos pais que não leem? Pela competição com a internet, o celu-lar e a televisão? Ou é a nossa cultura escolar que não consegue despertar na criança o gosto pela leitura no momento em que ela está mais apta a adquiri-lo?

É injusto atribuir a falha em formar leitores apenas a um dos responsáveis citados nas perguntas acima. A família, a escola e o próprio aluno têm seu papel na formação de um leitor. O que é cer-to é que muito se ganha ao ler um livro, como diz a escritora Tatiana Belinky: “Faço uma brin-cadeira com as crianças. Peço para elas pensarem em alguma coisa sem pensar na palavra que dá nome a ela. É impossível! Tudo que conhecemos é palavra. E as palavras são muito maiores que elas próprias, são a substância da nossa imaginação. Veja ‘mar’, por exemplo, uma palavra tão pequenina para algo tão imenso”.

O papel da escola no incentivo à leitura

Se não é a responsável única pela formação de leitores, a escola reúne todos os atores que atuam nesse processo. Nela estão os pais, os professores e, claro, as crianças. É por meio da escola que os filhos de pais que não tiveram a oportunidade de se escolarizar poderão romper esse ciclo e é nela também que devem ser encontradas as respostas para as perguntas que colocamos acima. Muito do fracasso na formação de leitores está na forma como os livros são apresentados aos pequenos. A escolarização da leitura, no mau sentido, faz com que ela se torne apenas mais uma obrigação curricular, e a associa, desde cedo, a uma atividade chata e penosa.

O saber ler é um processo demorado que exige empenho dos professores e estratégias de gestão da escola. O contato com a palavra escrita deve ser constante em murais, varais literários e outros suportes. Na sala de aula, os professores precisam dominar as estratégias para fazer atividades e rodas de leitura produtivas, sabendo os momentos certos de interferir e estimular a participação.

As famílias e a leitura

Uma biblioteca e sala de leitura organizadas, com as portas abertas para as crianças e a comuni-dade, é outro quesito fundamental para atrair para a leitura. As famílias precisam ser convidadas para apreciar as produções dos alunos na escola e em casa e orientadas durante as reuniões sobre como podem introduzir a escrita e a leitura no cotidiano da criança. Isso é fundamental, sobre-tudo em uma realidade na qual boa parte dos pais não tem cultura escrita e escolar (veja quadro “Dados da Leitura no Brasil”).

CADERNO DA SECRETARIA

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• Cadernos de orientações, para uso do professor – esses cadernos dispõem de uma sequência de atividades para ser realizada com as crianças.

• Caderno Trilhas de jogos, para uso do professor – esse caderno apresenta um vasto repertório de jogos a ser desenvolvido pelos professores em sala com as crianças.

• Acervo de livros de literatura infantil, para uso do professor com as crianças – livros de literatu-ra pertencentes ao acervo do Programa Nacional Biblioteca nas Escolas (PNBE), que servem de referência para as atividades propostas nos Cadernos de orientações.

• Materiais pedagógicos, para uso do professor com as crianças – esses materiais foram elabora-dos para a realização de algumas atividades propostas nos Cadernos de orientações e no Caderno Trilhas de jogos.

Como funciona o projeto TRILHAS?

O projeto TRILHAS tem como intenção colaborar para a melhoria da qualidade da educação das redes de ensino e, consequentemente, dos indicadores educacionais. Nesse sentido, o conjunto de material pode contribuir em quatro frentes importantes para que a escola cumpra cada vez melhor a sua função:

Gestão Educacional

• Traz orientações para aprimorar a relação da escola com as famílias por meio de ações, a partir dos livros que compõem o acervo do TRILHAS, oferecendo possibilidades de comunicação entre o que a criança aprende na escola e o que aprende em casa.

intervenções diretas ou indiretas que o professor pode fazer na brincadeira de faz de conta. As intervenções diretas são aquelas que acontecem na própria brincadeira. As indiretas são as que oferecem subsídios, mas sem interferir diretamente no brincar. Para tornar mais compreensíveis e evidentes essas intervenções, nós as classificamos e nomeamos da seguinte forma:

Intervenções diretas

Organizar um ambiente lúdico (materiais, brinquedos, cenários e objetos).

Sugerir enredo, ações, papéis e cenários.

Brincar junto com a criança.

Intervenções indiretas

Observar.

Propor situações que enriqueçam o brincar.

Vejamos agora mais detidamente cada uma dessas intervenções:

ORGANIZAR UM AMBIENTE LÚDICO

Quanto menores forem as crianças, a pre-sença de objetos que se parecem com os reais aumenta a probabilidade da relação direta entre o objeto e os usos que são feitos dele na brincadeira. Por exemplo, um telefone parecido com um verdadei-ro favorece que se brinque de conversar ao telefone. Quanto maiores as crianças, menos dependentes elas se tornam das propriedades reais do objeto.

A organização do espaço e dos objetos disponí-veis para a brincadeira exerce grande influência nas ações das crianças. A configuração de um ambiente lúdico que caracterize um contexto cultural próximo ao conhecido por elas é uma excelente ação educativa, na medida em que insti-ga suas inspirações e contribui para que o espaço seja rico em significados e representações culturais.

Quando as crianças têm a oportunidade de:

Organizar um cenário para a sua brincadeira (colocar as panelas no fogão, as comidinhas dentro dos potinhos, uma toalha na mesa com pratinhos, cadeirinhas para se sentar).

Partilhar objetos (enquanto uma cozinha, a outra organiza a mesa e mais duas separam as comidas dos potinhos).

Enriquecer a caracterização de seus personagens (colocam avental, calçam um sapato de salto, usam um terno etc.).

É possível que se envolvam por um maior tempo no brincar, interagindo e negociando suas ações com maior facilidade e criando novas situações a partir daquilo que já conhecem sobre o que estão brincando.

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É importante que a ação do professor seja intencional na direção de aumentar a probabilidade de favo-recer determinadas aprendizagens. Para que isso ocorra, uma ação relevante é organizar o espaço em razão dos objetos que estarão à disposição das crianças para brincar.

O que o professor pode fazer

Construir kits temáticos para incrementar as brincadeiras. Para cada situação imaginária criada pelas crianças em suas brincadeiras, diferentes espaços e materiais podem ser suportes que potencia-lizam suas criações. Uma possibilidade é fazer junto com elas brinquedos e materiais que enriqueçam suas brincadeiras.

Materiais recicláveis podem ser muito úteis para a construção de mobiliários como geladeira, cama, nave espacial, bem como para representar comidinhas, direção de carro, espadas etc.

EXEMPLO PARA A CONSTRUÇÃO DE UM FOGÃO E MATERIAIS PARA BRINCAR COM ELE

Para fazer o fogão

Caixas de papelão cobertas por jornal com cola (que dão sustentação) para fazer a base.

o forno.

Para fazer as comidinhas

Para fazer as vestimentas

As vestimentas, como avental, roupa de adultos etc., podem ser feitas com jornal, tecidos, como podem também ser solicitadas junto à comunidade – aqueles sapatos que não usam mais, um paletó que rasgou e é possível costurar etc.

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• Oferece um repertório prático de atividades e fundamentação para a ação dos educadores nos conteúdos relativos ao ensino e aprendizagem da leitura e da escrita para crianças de 6 anos de idade.

• Favorece a organização do currículo do Ensino Fundamental de nove anos.

Formação de Professores

• Subsidia o planejamento pedagógico individual e os horários de trabalho coletivo com con-teúdos e metodologias de ensino voltados para o aprendizado da leitura e da escrita.

• Incentiva e orienta os coordenadores pedagógicos no acompanhamento da prática e no apoio ao professor nas dificuldades enfrentadas em sala de aula.

Práticas Pedagógicas e Avaliação

• Contribui para a elaboração e a organização de práticas pedagógicas de leitura e escrita.

• Favorece a ação dos educadores ao colocar as expectativas e possibilidades de aprendiza-gem da criança em primeiro plano.

• Favorece a criação de programas de incentivo à leitura para professores e alunos.

• Orienta os docentes na criação de estratégias para a avaliação e o acompanhamento – individual e coletivo – da aprendizagem dos alunos nos conteúdos de leitura e escrita.

Infraestrutura e Recursos Pedagógicos

• Qualifica, diversifica e amplia o acervo bibliográfico das escolas por meio de um conjunto de livros que acompanha o material distribuído.

• Amplia o uso de materiais pedagógicos (livros, jogos, cartelas etc.) em sala de aula para o desenvolvimento de práticas voltadas para o aprendizado da leitura e escrita.

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A Rede Nacional de Ancoragem

Para auxiliar na implementação e incentivar o uso do TRILHAS nas escolas brasileiras contempla-das pelo projeto, foi organizada a Rede Nacional de Ancoragem2 .

A Comunidade Educativa CEDAC é a instituição responsável pela coordenação dessa Rede, constituída por membros do CONSED (Conselho Nacional de Secretários de Educação) e da UNDIME (União Nacional dos Dirigentes Municipais de Educação), docentes das universi-dades brasileiras federais e/ou estaduais, representantes técnicos das Secretarias de Educação cujas redes de ensino foram contempladas pelo Projeto TRILHAS e diretores e/ou coordena-dores pedagógicos das escolas que se responsabilizam por estabelecer e coordenar espaços de formação com os professores para o melhor uso do material.

Integrada à estrutura de trabalho da Rede de Ancoragem, a Comunidade Educativa CEDAC promoverá encontros com os membros do CONSED e da UNDIME , considerados como articuladores estaduais. Os professores universitários selecionados para serem formadores es-taduais também participarão desses encontros. Nesses fóruns, serão planejadas ações a serem desenvolvidas com os técnicos dos municípios, ou seja, os formadores locais.

A organização da Rede será promovida da seguinte forma: após o encontro com a Rede Nacional de Ancoragem, os formadores estaduais (em média de 1 a 2 professores universitários por estado) realizarão encontros nas capitais do Brasil com os formadores locais. Após a realização desses encontros estaduais, os formadores locais se reunirão com os diretores e/ou coordenadores peda-gógicos das escolas, e esses, por sua vez, com os professores.

2 A Rede Nacional de Ancoragem aqui proposta tem como referência a bem-sucedida experiência do Programa Olimpíadas da Língua Portuguesa, Escrevendo o Futuro, que tem o Centro de Estudos e Pesquisas em Educação e Ação Comunitária (CENPEC) como instituição responsável pela coordenação técnica.

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Para o sucesso do projeto TRILHAS, ou seja, para que os materiais possam ter ressonância no aperfeiçoamento das práticas em sala de aula e na formação de leitores nas escolas, é necessário que cada um dos atores sociais envolvidos na Rede faça sua parte. Nesse sentido, você, como representante do CONSED ou da UNDIME, tem papel fundamental de articulador entre a Comunidade Educativa CEDAC e os formadores estaduais com as Secretarias de Educação, além de apoiar a implementação das ações de formação incentivando os municípios a colocarem em prática aquilo que for planejado nos encontros nacionais e estaduais.

O Portal Eletrônico

Para apoiar tanto o funcionamento da Rede de Ancoragem quanto a utilização do conjunto de material do TRILHAS nas escolas, será disponibilizado um Portal Eletrônico em que ocorrerão fóruns de discussões, feedbacks do uso do material, envio de orientações objetivas e troca de informações entre os participantes.

Desejamos um bom trabalho!

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“ESTE CADERNO TEM OS DIREITOS RESERVADOS E NÃO PODE SER COPIADO OU REPRODUZIDO, PARCIAL OU TOTALMENTE, SEM AUTORIZAÇÃO PRÉVIA E EXPRESSA DO PROGRAMA CRER PARA VER, DO INSTITUTO NATURA, COMUNIDADE EDUCATIVA CEDAC E MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO.”

Créditos institucionais

TRILHAS

Iniciativa:Programa Natura Crer para VerMinistério da Educação/Secretaria de Educação Básica

Realização: Instituto NaturaComunidade Educativa Cedac

Ficha Técnica

Instituto NaturaCoordenador geral: Pedro VillaresCoordenadora do projeto: Beatriz FerrazAssistente do projeto: Maria Eugênia FrancoCoordenadora de comunicação: Adriana de QueirozAssistente de comunicação do projeto: Fabiana Shiroma

Comunidade Educativa CedacCoordenadora geral: Tereza Perez Coordenadora do projeto: Patrícia Diaz Gestora do projeto: Elen Portero de Paula

Equipe de Formação em RedeCoordenadora: Gisele GollerSupervisão Pedagógica: Beatriz CardosoFormadoras/redatoras: Carolina Briso e Márcia Ferri

Equipe de Produção EditorialCoordenadora: Maria de Fátima AssumpçãoProdutora: Maria Grembecki

Projeto gráfico: SM&A Design/Samuel Ribeiro Jr.Ilustrações: Vicente MendonçaRevisão: Irene Incaó

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P R O J E T O R E D E D E A N C O R A G E M | T R I L H A S

Programa Crer para Ver, criado em 1995, é uma das iniciativas que traduzem o compromisso da Natura com a construção de uma sociedade mais justa e tem como objetivo contribuir para a melhoria da qualidade da educação nas escolas públicas brasileiras. O Programa conta com o apoio das Consultoras Natura que vendem de forma voluntária produtos da linha Natura Crer para Ver, e com todo o recurso arrecadado viabiliza o apoio a projetos para a educação básica, cuidando para seu respectivo desenvolvimento.

A partir de 2010, o Programa Crer para Ver passou a ser gerenciado pelo Instituto Natura, organização sem fins lucrativos e com sede independente, que nasceu com a missão de expandir e fortalecer as iniciativas sociais da Natura como o Crer para Ver, sendo mais um agente dessa história, que começa na intenção de cada pessoa e cresce com a evolução de toda a sociedade.Com o patrocínio do Programa Crer para Ver, o Instituto Natura desenvolveu, em parceria com a Comunidade Educativa CEDAC, Organização da Sociedade Civil de Interesse Público, o projeto TRILHAS, que consiste em um conjunto de materiais que visa orientar e instrumentalizar os professores e diretores de escolas para o trabalho com os alunos de 6 anos, com foco no desenvolvimento de competências e habilidades de leitura e escrita.

O Ministério da Educação (MEC), desejando implementar uma política pública, concluiu que a metodologia e a estratégia desenvolvidas pelo projeto TRILHAS, assim como os materiais e publicações concebidos e produzidos por esse projeto, são particularmente especiais e compatíveis com as diretrizes do MEC, e a partir de 2012 irá distribuir o conjunto de materiais para 2008 municípios brasileiros. Para que os professores possam utilizá-lo da melhor forma, foi organizada uma Rede de Ancoragem. A Rede de Ancoragem TRILHAS é iniciativa do Ministério da Educação e do Instituto Natura, com coordenação técnica da Comunidade Educativa CEDAC. Sua principal ação é desencadear encontros com a intenção de disseminar a concepção adotada pelo projeto TRILHAS, organizados em encontros nacionais, estaduais, locais e escolares.

Para apoiar e orientar o trabalho de todos os envolvidos na Rede, foram desenvolvidos cadernos de apoio aos diferentes participantes desse grande Projeto. Com mais essa iniciativa, o Ministério da Educação, o Instituto Natura e a Comunidade Educativa CEDAC esperam que as ações da Rede de Ancoragem TRILHAS possam contribuir para a melhoria do ensino e da aprendizagem das crianças.

I N I C I A T I V AR E A L I Z A Ç Ã O