CADERNO DE CURSO EDUCAÇÃO AMBIENTAL TENDO A …capaz de modificar e melhorar o meio ambiente. c)...
Transcript of CADERNO DE CURSO EDUCAÇÃO AMBIENTAL TENDO A …capaz de modificar e melhorar o meio ambiente. c)...
ANADIR APARECIDA PEDROSO BATISTA
CADERNO DE CURSO
EDUCAÇÃO AMBIENTAL TENDO A BACIA HIDROGRÁFICA COMO
TEMA GERADOR
Iretama, 2008
1
SECRETARIA DE ESTADO DA EDUCAÇÃO
Superintendência da Educação
Diretoria de Políticas e Programas Educacionais
Programa de Desenvolvimento Educacional
CADERNO DE CURSO
EDUCAÇÃO AMBIENTAL NA ESCOLA: A BACIA HIDROGRÁFICA
COMO TEMA GERADOR
DADOS DE IDENTIFICAÇÃO
Professor PDE: Anadir Aparecida Pedroso Batista
Área PDE: Ciências
NRE: Campo Mourão
Orientadora IES: Prof.ª Dra. Ana Tiyomi Obara
IES vinculada: Universidade Estadual de Maringá
Escola de Implementação: Colégio Estadual Napoleão Batista Sobrinho – EFM
Público objeto da intervenção: Professores
2
AGRADECIMENTOS
À Deus pela proteção em todos os momentos de nossa vida;
Aos professores da UEM e a minha orientadora Professora Dra. Ana Tiyomi
Obara, pela informação e contribuição no processo de construção deste trabalho;
À minha família, especialmente meus filhos Renan, Rene e Raissa e meu
esposo Ademir, pela compreensão, apoio e incentivo durante a nossa jornada de
cursos;
Aos meus amigos de luta no PDE: a Sônia, Clemair, Gislaine, Deise,
Jorcemino e Maria Lúcia pelo carinho, companheirismo e solidariedade.
3
SUMÁRIO
Introdução ......................................................................................................... 04
1. Representações Ambientais ........................................................................ 05
2. Educação Ambiental .................................................................................... 08
3. Projetos ...................................................................................................... 12
4. Elaboração de Projetos de Educação Ambiental: A Bacia Hidrográfica
como tema gerador ........................................................................................... 16
5. Água: Importância e usos Múltiplos para a vida .......................................... 19
6. Crise da Água ................................................................................................ 26
7. Bibliografia...................................................................................................... 29
4
INTRODUÇÃO
Trabalhar a educação ambiental no dia-a-dia é mais um dos principais
desafios que hoje enfrentam os professores nas escolas.
Embora a educação ambiental tenha evoluído substancialmente nestes
últimos anos, tanto nos aspectos teóricos e metodológicos, como nos aspectos
políticos e legais, a sua prática deixa muito a desejar na maioria das escolas
brasileiras.
Uma das principais causas é a formação deficiente dos professores, que têm
dificuldades para inserir a dimensão ambiental na sua prática cotidiana.
Neste contexto, todo tipo de trabalho voltado à formação docente em
educação ambiental tem valor inestimável, uma vez que, ao vivenciar os
fundamentos e as práticas para se trabalhar a educação ambiental, os professores
têm a oportunidade de refletir, construir e reconstruir sua prática pedagógica sobre a
temática, na perspectiva de uma formação mais ativa e reflexiva.
Este novo professor tem o desafio de criar situações de ensino-
aprendizagem que possibilitem aos alunos a construção de uma postura crítica e
participativa frente à realidade ambiental em que vivem. Ele tem a responsabilidade
de despertar o aluno para o bom senso de descobrir dentro de si a autoconfiança e
potencialidade para o exercício de sua cidadania, desencadeando posturas e
atuações mediante as dificuldades sociais e ambientais.
Os ensinamentos e práticas pedagógicas da educação ambiental exigem
conhecimentos teóricos e metodológicos específicos, que grande parte dos docentes
não teve durante a sua formação inicial.
Será que ao proporcionar a formação continuada aos professores em
educação ambiental, eles terão condições de trabalhar de forma interdisciplinar,
possibilitando que os alunos construam conhecimentos, habilidades, competências e
valores que lhes permitam compreender suas realidades e assim transformá-las?
De que forma, nós professores, podemos contribuir para inserir a educação
ambiental no currículo de nossa escola?
5
Foto: Anadir A. P. Batista
1. REPRESENTAÇÕES AMBIENTAIS
De acordo com Reigota (1988), ambiente é um determinado lugar, onde os
elementos naturais e sociais estão em relações dinâmicas e interação. Segundo o
autor, essas relações implicam processos de criação cultural e tecnológica,
processos históricos e sociais de transformação do meio natural e construído. As
inter-relações que existem entre os elementos do ambiente compõem o meio de vida
de cada pessoa e de sua comunidade.
As representações ambientais são, na verdade, leituras do ambiente, feita
de diferentes formas, de acordo com o grupo que cada indivíduo vive, segundo sua
bagagem cultural, social, intelectual ou econômica.
Através do estudo da teoria e da prática em Educação Ambiental, Sauvé et
al. (2000), apud Coan e Zakrzevski (2003), identificam sete representações
paradigmáticas sobre o ambiente: ambiente como sistema, ambiente como meio de
vida, ambiente como biosfera, ambiente como projeto comunitário, ambiente como
natureza, ambiente como recurso e ambiente como problema (QUADRO 1).
Nos processos educativos é fundamental que considerem as representações
ambientais, para que o ambiente seja percebido de uma forma global,
compreendendo as inter-relações existentes entre pessoa-sociedade-natureza, de
um modo complexo.
6
Esta categorização do meio ambiente não está concluída, uma ação ou
pensamento pode ser conectado com o outro. Como afirma SATO (2002, p.12), “não
existe o ‘certo’ ou ‘errado’. São apenas concepções sobre o mundo, as quais podem
manter diálogos ou buscar interface, e uma pessoa pode utilizar uma técnica ou
outra, através da ação e da reflexão”.
Reigota (1991) fez o estudo das representações sociais e concluiu que elas
são originárias do senso comum que se tem sobre um determinado tema e, portanto,
são constituídas por ideologias, preconceitos e características específicas das
atividades cotidianas, sociais e profissionais. Neste sentido, identificou três
representações:
a) Naturalista: destaca somente os aspectos naturais do ambiente.
b) Antropocêntrica: são importantes para a sobrevivência do ser humano. O
homem é excluído do meio natural, sendo um ser dotado de inteligência,
capaz de modificar e melhorar o meio ambiente.
c) Globalizante: evidencia as relações de reciprocidade entre natureza e
sociedade, em que o ambiente é compreendido enquanto interação das
dinâmicas sociais, biofísicas, políticas, filosóficas e culturais.
QUADRO 1. Representações sobre o ambiente na Educação Ambiental:
AMBIENTE RELAÇÃO PROBLEMA CARACTERÍSTICAS ESTRATÉGIASComo natureza Para ser
apreciada, admirada e preservada
O ser humano está dissociado da natureza da qual faz parte
A natureza percebida como matriz da vida,
aquela que nos renova a energia
- imersão no meio natural (saídas de interpretação, de contato, etc.)
Como recurso Para ser gerenciado
Os recursos são limitados e se degradam e o ser humano os utiliza de forma
abusiva.
Herança biofísica coletiva, que sustenta
a qualidade de nossas vidas
- campanhas de economia de energia, dos 3Rs, de recuperação;- auditorias ambientais do meio de vida.
Como problema Para ser resolvido
A saúde e a sobrevivência
estão ameaçadas
pelos impactos negativos
ocasionados pela atividade
humana
Ênfase na poluição, deterioração e
ameaças
- resolução de problemas;- estudos de caso.
7
Como meio de vida
EA para, sobre e no para cuidar do ambiente
Não há sentimento de pertencimento
ao meio de vida
A natureza com os seus componentes
sociais, histológicos e tecnológicos
- projetos de jardinagem;- lugares ou lendas sobre a natureza.
Como sistema Para ser compreendido a
fim de tomar decisões
A realidade é percebida de
maneira fragmentada
Ênfase nas relações ecológicas, no
equilíbrio ecológico
- análise de situações ambientais com enfoque sistêmico.
Como biosfera Como local para ser dividido
Não há solidariedade entre os seres humanos na
utilização dos recursos
planetários
Desenvolvimento de uma consciência planetária, de um
pensamento cósmico.
- estudos de caso em problemas globais;- estórias com diferentes cosmologias.
Como projeto comunitário
No qual precisamos nos
comprometer
Falta de compromisso
comunitário, de solidariedade
coletiva
A natureza com foco na análise crítica, na participação política
da comunidade.
- pesquisa-ação participativa para a transformação comunitária;- fórum de discussão.
Fonte: adaptada de Sauvé (1996)
Para refletir:
1- Em sua opinião qual das representações apresentadas por Sauvé (1996)
define melhor o meio ambiente? Justifique.
2- Como a escola pode vir a trabalhar essas diferentes representações de meio
ambiente?
3- Que representações de meio ambiente estão presentes em nossos projetos
de Educação Ambiental desenvolvidos na escola?
8
Foto: Anadir A. P. Batista
2. EDUCAÇÃO AMBIENTAL
Para Coan e Zakrzevski (2003), os seres humanos utilizam o meio de vida
apenas como “residentes passageiros” e não como habitantes: não existe um
sentimento de pertencimento ao local em que vivemos.
Separamo-nos da natureza, imprimindo uma dinâmica própria no sistema,
contudo, não nos dissociamos da mesma. Para dar conta de suprir nossas
necessidades biológicas e culturais utilizamos dos recursos naturais renováveis e
não-renováveis presentes na natureza.
A despeito de todo material científico e tecnológico, do inquestionável
progresso, vivemos o agravamento de inúmeros problemas ambientais - o
desequilíbrio ecológico, o empobrecimento cultural, as injustiças sociais, a violência,
entre outros – que comprometem a sustentabilidade ecológica, cultural, econômica e
social.
Num panorama já preocupante, a globalização e as novas demandas que
surgem a cada instante exigem cada vez mais um novo pensar, ou seja, um modo
de ver o mundo no qual o homem se reconheça como parte integrante desta
complexa teia de relações, e o principal responsável por grande parte da
problemática ambiental.
9
Esta visão deve reconhecer a interdependência e individualidade
fundamental de todos os seres vivos, não como uma coleção de partes dissociadas,
mas como uma rede de elementos e fenômenos articulados e fortemente
imbricados, dentro da qual, os seres humanos e sociedade participam de forma
complexa dos processos da natureza.
É fundamental que a questão ambiental seja amplamente debatida pelos
vários profissionais e diferentes segmentos da sociedade, para que todos possam
contribuir para melhoria da qualidade do meio ambiente para todos os seres vivos.
Muitos especialistas apontam a educação ambiental como uma das
principais formas para se superar os problemas ambientais vigentes, uma vez que a
mesma se reveste de ações e práticas educativas voltadas à formação de uma
consciência ambiental que possibilite aos vários atores sociais a compreensão e
participação ativa na transformação da realidade.
Para Santos e Rufino (2003, p.9). Educação ambiental é:
Um processo no qual são trabalhados compromissos e conhecimentos capazes de levar o indivíduo a repensar sua relação com o meio, de forma a garantir mudanças de atitudes em prol da melhoria da qualidade de vida da sociedade na qual está inserido, bem como reverter situações que possam comprometer a sobrevivência das espécies animais e vegetais, e consequentemente, a manutenção da vida no planeta. (SANTOS; RUFFINO, 2003, p.9).
Na interpretação de Guimarães (1995), a educação ambiental apresenta
uma nova dimensão a ser incorporada no processo educacional, trazendo discussão
sobre as questões ambientais e as consequentes transformações de conhecimento,
valores e atitudes diante de uma nova realidade a ser construída.
A educação ambiental é um processo educativo que amplia o foco do
sistema educacional para relacionar as ações culturais com o ambiente, ou seja, um
processo que insere a vida em seu amplo contexto à rotina educativa. Infelizmente
os sistemas educacionais, com fortes vícios das tendências pedagógicas liberais
tradicionais, não têm bem compreendido ou bem aceito a Educação Ambiental, o
que dificulta a consolidação desta prática interdisciplinar.
Conforme Libâneo (2003) as diferentes Tendências Pedagógicas (Liberal e
Progressista) representam uma contínua transformação filosófica e política que
interfere nas relações educativas.
10
A Educação Ambiental nasce por uma necessidade de re-estruturação dos
sistemas de ensino que privilegiam o saber memorizado, a informação, a
competição, a profissionalização, a especialização. Nasce por uma necessidade de
estancar o caos social e ambiental vigente, onde impera a miséria, a fome, a
poluição, a destruição, a marginalização.
As percepções ambientais no processo de educação são definidas de
formas diferentes por diversos autores e reunidas no Quadro 2 por Zakrzevski
(2003).
QUADRO 2. Percepções da Educação Ambiental de acordo com diversos autores.
Autores Classificações utilizadas Critério de classificação
Lukas (1980-1981) Sobre o ambienteNo ambientePara o ambiente
Domínios cognitivos, psicomotores e afetivos da educação
Robottom e Hart (1993)Sato (1997)
EA positivistaEA interpretativaEA crítica
Dimensões epistemológica, antológica e metodológica.
Orellana (2001) Visão instrumentalistaVisão integral, sistêmica, holística.
Fragmentos e visão sistêmica.
Quintas (2000) Educação no processo de gestão ambientalEA convencional
Educação para a gestão ambiental.
Guimarães (2000)Lima (2000)
EA crítica ou emancipatóriaEA convencional
Logística pragmática e pensamento crítico.
Carvalho (2001) EA popularEA comportamental
Identidades e ideários
Sorrentino (1998) ConservacionistaEducação ao ar livreGestão ambientalEconomia ecológica
Fazeres educacionais voltados à questão ambiental
Trabalhar a Educação Ambiental de forma interdisciplinar não é tarefa fácil,
mas, oportunizando o desenvolvimento de atividades sensibilizadoras, que levem as
comunidades escolares a um verdadeiro repensar, reaprender e avaliar onde vamos
chegar se nada for feito, estaremos alimentando esta ideia que renderá muitos frutos
para saciar a sede da necessária conscientização planetária. Nós, educadores/as,
11
seremos os nutrientes deste solo árido e áspero no qual tenta crescer a Educação
Ambiental (LIBÂNEO, 2003).
Para refletir:
1- Trilhas ecológicas, programação do dia da árvore, construção de viveiros de
mudas, atividades na semana do meio ambiente, participação da escola na
coleta seletiva de lixo, construção de aquários, etc. Estas atividades podem
ser consideradas atividades de Educação Ambiental?
2- O que é Educação Ambiental para você?
3- A natureza sempre foi a maior fonte de matéria prima para nós. Será que
estamos fazendo uso de forma correta dessa matéria prima?
12
Foto: Anadir A. P. Batista
3. PROJETOS
Projeto é um conjunto de atividades inter-relacionadas e coordenadas, com
a finalidade de alcançar objetivos específicos dentro dos limites de orçamento e de
um período de tempo determinado. Um projeto surge em resposta a um problema
concreto, portanto, elaborar um projeto é contribuir para a solução de um problema,
transformando ideias em ações. A organização de um projeto em um documento nos
auxilia sistematizar o trabalho em etapas a serem cumpridas (MOURA,1998).
Trabalhar com projetos significa uma mudança de postura, uma forma de
repensar a prática pedagógica e as teorias que lhe dão sustentação, possibilitando o
envolvimento dos professores, a cooperação e a solidariedade entre alunos e
comunidade com o objetivo de transformar a realidade por meio de ações. Esse
trabalho requer uma capacidade gerencial por parte dos professores,
estabelecimento de critérios e prioridades nas ações, o manuseio das informações
para gerar um produto concreto e ainda a disseminação de informações sobre temas
de relevância para a escola e comunidade.
Na interpretação de Zakrzevski e Coan (2003), a interdisciplinaridade tem
sido apresentada como um requisito fundamental para o ensino relativo ao meio
13
ambiente, partindo de que o ambiente não pode ser considerado objeto de cada
disciplina, isolado de outros fatores. A interdisciplinaridade é definida por Carvalho
(1998) como uma maneira de organizar e produzir conhecimentos, buscando
integrar as diferentes dimensões dos fenômenos estudados.
É um processo de encontro entre disciplinas representadas por pessoas concretas, de modo que, o êxito ou o fracasso de um projeto interdisciplinar depende, em grande medida, da empatia e capacidade para o trabalho grupal de tais pessoas: não podemos pensar em projetos interdisciplinares se não contamos com equipes dispostas a construir coletivamente o conhecimento”. (ZAKRZEVSKI; COAN, 2003, p.67)
Na prática educativa, a adoção de uma proposta interdisciplinar implica em
uma profunda mudança nos modos de ensinar e aprender. Uma postura
interdisciplinar em educação vai exigir uma abertura para mudanças que podem
passar pela construção de novas metodologias, re-estruturação dos temas e dos
conteúdos curriculares. Mas também é fundamental que a escola experimente novas
formas de organização escolar (CARVALHO, 1998).
Trabalhar a educação ambiental com projetos interdisciplinares é uma forma
de incluir esse tema transversal na organização do currículo, incentivar a pesquisa e
atualização constante de professores e alunos. A avaliação desse trabalho deve
envolver todos aqueles que participaram de sua elaboração
Os principais itens que compõem a apresentação de um projeto relacionam-
se de modo que o desenvolvimento de uma etapa necessariamente leva à outra.
A interdisciplinaridade e transversalidade estão intimamente relacionadas
com a visão de um meio ambiente conceitualmente amplo. A integração dos
conteúdos curriculares, deve buscar a participação dos alunos, estimulando-os a
atuar na busca de soluções, que envolvam a família e toda comunidade. Problemas
como poluição e enchentes podem, por exemplo, na medida em que afetam as
pessoas, servir de ponto de partida para a educação ambiental.
A apresentação de um projeto deve conter os seguintes itens:
a) Título do Projeto
Deve dar uma ideia clara e concisa dos objetivos do projeto.
b) Caracterização do problema e justificativa
14
Deve escrever com detalhes a região onde vai ser implantado o projeto, o
diagnóstico do problema que o projeto se propõe a solucionar, a descrição
dos antecedentes do problema, relatando os esforços já realizados ou em
curso para resolvê-los.
A justificativa deve apresentar respostas a questões como: Por que executar
o projeto? Por que ele deve ser aprovado e implementado? Qual a
importância para a comunidade?
c) Objetivos
Os objetivos devem ser formulados sempre com a solução e um problema e o
aproveitamento de uma oportunidade. É importante distinguir dois tipos de
objetivos:
- Objetivo Geral: Deve expressar o que se quer alcançar a longo prazo.
- Objetivos específicos: Corresponde as ações que se propõe a executar
dentro de um período de tempo, a curto prazo.
d) Metas
As metas são os resultados parciais a serem atingidos, e devem ser bastante
concretos, expressando quantidades e qualidades dos objetivos.
Ao escrever uma meta, devemos nos perguntar: O que queremos? Para que
o queremos? Quando o queremos?
e) Metodologia
A metodologia deve descrever os procedimentos, métodos e técnicas que
serão usados para executar o projeto. Deve-se descrever o tipo de atuação a
ser desenvolvida: pesquisa, diagnóstico, intervenção ou outras; que
procedimentos serão adotados e como será sua avaliação e divulgação.
f) Cronograma
O cronograma é a disposição gráfica dos períodos em que as atividades vão
ser desenvolvidas e permite uma visualização da sequencia em que devem
acontecer.
15
g) Orçamento
Um resumo financeiro do projeto, no qual deve ser descrito como, o que e
quanto serão gastos os recursos e de que fontes virão esses recursos.
h) Revisão Bibliográfica
Uma lista de referências bibliográficas que pode conceituar e fundamentar o
problema, ou servir de base para a ação.
Para refletir:
1. Quais as nossas experiências em trabalhar projetos de educação ambiental
em nossa escola? Foram positivas? Negativas? O que precisamos melhorar?
2. É possível trabalhar a educação ambiental de forma interdisciplinar levando-
se em consideração as Diretrizes Curriculares de cada disciplina?
16
Foto: Anadir A. P. Batista
4. ELABORAÇÃO DE PROJETOS DE EDUCAÇÃO AMBIENTAL: A BACIA
HIDROGRÁFICA COMO TEMA GERADOR
Educação ambiental não se faz individualmente, portanto a elaboração de
um projeto deve ser feito coletivamente, e sempre requer a fase do diagnóstico que,
é por meio dele que podemos fazer um levantamento dos problemas ambientais que
mais afligem a comunidade.
Conversando com os membros da comunidade escolar, podemos identificar
os temas que têm um significado maior ou são motivos de preocupação para a
maioria.
Para elaborar um projeto, primeiramente temos que convidar pessoas
representativas dos alunos, funcionários, professores e equipe pedagógica e
distribuir tarefas para que cada uma, junto ao seu segmento, recolha sugestões para
o projeto. Estas sugestões servirão de ponto de partida para o diagnóstico, a partir
daí, é só começar a elaborar o projeto, seguindo as etapas descritas no item
anterior.
A relação entre a bacia hidrográfica e a qualidade/quantidade de água
superficial, nas atuais circunstâncias mundiais, apresenta escassa em várias
localidades e regiões. Essa situação, inadequada, também tem proporcionado o
aumento das pesquisas científicas, contribuindo na elaboração e execução de
17
políticas menos permissivas de apropriação e descarte de recursos hídricos
(SANTOS; RUFFINO, 2003).
Ruffino e Santos (2002) apud Santos e Ruffino (2003) enfatizam que “a partir
do estudo da bacia hidrográfica, tem-se a oportunidade de formação holística dos
educadores diante das questões de dinâmica, capacidades e adequados usos de
diferentes recursos ambientais contidos nessa área delimitada fisicamente”.
Nos últimos anos, a concepção de que a bacia hidrográfica é a unidade mais
apropriada para o gerenciamento, a otimização dos usos múltiplos e o
desenvolvimento sustentável consolidou-se de uma forma a ser adotada em muitos
países e regiões. Não há duvida de que a introdução dos conceitos de
desenvolvimento sustentável a partir da Agenda 21 teve ampla repercussão mundial
(TUNDISI, 2003). Portanto, um projeto que tenha a bacia hidrográfica como unidade
de estudo e pesquisa possibilita que professores e alunos tenham uma visão
interdisciplinar, de um sistema natural submetido a impactos e a múltiplos usos.
18
Tema gerador:
Rio Formoso: Belezas
naturais e Problema
CIÊNCIAS
Biodiversidade no Rio Formoso- Preparação de folhetos
informativos sobre os
peixes do Rio Formoso;
- Debate sobre os problemas
HISTÓRIA
- Construção de maquetes
Do Rio Formoso: passado,
presente e no futuro;
Produção de textos sobre
GEOGRAFIA
- Montagem de modelos de
ecossistemas;
- Estudo da paisagem local;
-Visita a mata ciliar;
MATEMÁTICA
- Confecção de gráficos
sobre o desmatamento;
Confecção de gráficos sobre
LÍNGUA PORTUGUESA
Confecção de paródias e
poesias sobre as belezas
naturais do Rio Formoso;
EDUCAÇÃO FÍSICA
- Exercícios físicos
- Importância do lazer
EDUCAÇÃO ARTÍSTICA
- Confecção de arte com
Sucata;
Atividade Prática:
1- Vamos pesquisar quais os problemas ambientais que mais afligem a nossa
comunidade escolar?
2- Elabore um projeto de Educação ambiental com o principal problema
levantado no item anterior.
19
Foto : Anadir A. P. Batista
5. ÁGUA: IMPORTÂNCIA PARA A VIDA
A água é o elemento fundamental para a existência da vida na Terra. Todos
os seres vivos dependem dela para sobreviver e para garantir a permanência da
espécie, a água sustenta a vida. Entretanto, apesar de toda a sua importância, a
água é um recurso que pode acabar e, por isso, exige cuidados em relação à
quantidade de uso, à sua qualidade, às suas fontes, à sua distribuição desigual pelo
planeta, além de planejamento e custeio de tratamento, de conservação e proteção.
A água é, provavelmente, o único recurso natural que tem a ver com todos
os aspectos da civilização humana, pois é indispensável para a geração de energia,
para os transportes, a recreação, a saúde e para o emprego da população. É
importante para o desenvolvimento agrícola e industrial. Para que o sistema de
distribuição de água funcione, é preciso que existam pessoas que construam e que
façam sua manutenção permanente (bombeiros hidráulicos, donos e/ou motoristas
de carros-pipas, profissionais capacitados para fazer o tratamento da água etc.).
É um recurso natural essencial, seja como componente bioquímico de seres
vivos, como meio de vida de várias espécies vegetais e animais, como elemento
representativo de valores sociais e culturais e até como fator de produção de vários
20
bens de consumo final e intermediário. Para a vida humana, inegavelmente a água é
o elemento mais crítico e importante.
O peso corporal de uma pessoa é composto de 60 a 70% de água, a qual
tem tanto a função de regular a temperatura interna, quanto garantir o bom
funcionamento de todas as funções orgânicas, ou seja, do sistema circulatório, do
sistema de absorção, do sistema digestivo, de evacuação, etc.
O ser humano adulto precisa, em média, de quatro litros de água por dia
para se manter saudável. Além disso, a água também é indispensável para o
preparo de alimentos e sucos, imprescindível para a higiene pessoal e do ambiente.
Assim, é dever de todos não permitir nenhum tipo de desperdício e garantir uma
água segura, com qualidade, pura e cristalina.
Com a água o homem e toda a sociedade podem suprir grande parte de
suas necessidades. O seu consumo permite uma vida mais confortável, a começar
pelo ato de saciar a sede, de prover alimentos, seja na agricultura, nas indústrias,
nos restaurantes ou em cada moradia.
O Brasil é um país privilegiado no que diz respeito à quantidade de água.
Segundo o site Brasil das águas, nosso país tem a maior reserva de água doce da
Terra, ou seja, 12% do total mundial. Sua distribuição, porém, não é uniforme em
todo o território nacional.
A Amazônia, por exemplo, é uma região que detém a maior bacia fluvial do
mundo. O volume d'água do rio Amazonas é o maior do globo, sendo considerado
um rio essencial para o planeta. Ao mesmo tempo, é também uma das regiões
menos habitadas do Brasil.
Em contrapartida, as maiores concentrações populacionais do país
encontram-se nas capitais, distantes dos grandes rios brasileiros, como o
Amazonas, o São Francisco e o Paraná. O maior problema de escassez ainda é no
Nordeste, onde a falta d'água por longos períodos tem contribuído para o abandono
das terras e para a migração aos centros urbanos como São Paulo e Rio de Janeiro,
agravando ainda mais o problema da escassez de água nestas cidades.
Além disso, os rios e lagos brasileiros vêm sendo comprometidos pela queda
de qualidade da água disponível para captação e tratamento. Na região amazônica e
no Pantanal, por exemplo, rios como o Madeira, o Cuiabá e o Paraguai já
apresentam contaminação pelo mercúrio, metal utilizado no garimpo clandestino, e
21
pelo uso de agrotóxicos nos campos de lavoura. Nas grandes cidades, esse
comprometimento da qualidade é causado por despejos de esgotos domésticos e
industriais, além do uso dos rios como convenientes transportadores de lixo.
No Paraná, segundo a Secretaria de Estado de Meio Ambiente e Recursos
Hídricos – SEMA, está sendo feita a recuperação das matas ciliares com o objetivo
de garantir a sobrevivência das gerações presentes e futuras, evitando a escassez
da água, erosão e assoreamento dos rios.
A bacia hidrográfica do Rio Paraná, sendo a principal bacia do estado do
Paraná, possui uma área de drenagem que contribui para o reservatório de Itaipu
Binacional, apresentando conflitos potenciais pela geração de energia elétrica,
intensificação da suinocultura na região, pelas atividades agrícolas já existentes e
crescimento urbano. Estes elementos motivaram os usuários de recursos hídricos
desta bacia hidrográfica a se organizarem na forma estabelecida pela lei paranaense
de gerenciamento de recursos hídricos, estando o processo de formação da
Associação de Usuários, futura Agência de Bacias, e do respectivo Comitê, na
eminência de reconhecimento, pelo Conselho Estadual de Recursos Hídricos
(SEMA, 2008).
A Lei de Recursos Hídricos (9.433/97) prevê que todo o volume de água
captado e os resíduos lançados nos rios sejam tarifados.
O dinheiro arrecadado com a tarifa é destinado a um fundo administrado
pelos comitês de bacias hidrográficas e aplicado exclusivamente em programas de
recuperação do meio ambiente.
22
Esquema mostrando o ciclo da água. Fonte: www.cetesb.sp.gov.br
5.1. CICLO HIDROLÓGICO
A água pode ser encontrada no planeta em três estados físicos: sólido,
líquido e gasoso. Durante o processo que chamamos de “Ciclo da água” ou “Ciclo
hidrológico” ela passa pelos estados líquido e gasoso de forma que vai sempre se
renovando à cada ciclo completo.
Em alguns lugares muito frios do planeta ela pode ser encontrada em estado
sólido (ex.: geleiras na Antártida), ou ainda, se solidificar depois de cair na forma de
chuva ou neve (pequenos flocos de água solidificada) como, por exemplo, no pico
de montanhas que permanecem congelados durante o inverno e derretem
parcialmente no verão dando origem a rios como o Rio Tigre na Mesopotâmia que
nasce do derretimento de gelo em uma cadeia de montanhas: as montanhas Taurus
na Turquia
Quando a terra estava se formando, a superfície do planeta era muito
quente e toda a água existente estava na forma de vapor. Podemos dizer então, que
o ciclo da água começou com um processo chamado de condensação: a passagem
do estado gasoso para o estado líquido. Nesse caso, a água se condensou devido à
diminuição de temperatura ocorrida na superfície do planeta, que possibilitou que o
vapor de água passasse para o estado líquido.
23
Hoje em dia, isso acontece quando o vapor de água chega a certa altura. A
temperatura cai e a água condensa, passando para o estado líquido em pequenas
gotículas que vão se juntando e movimentando por causa da ação dos ventos e das
correntes atmosféricas e formando as nuvens. Por fim, elas caem na forma de chuva
(precipitação).
Ao cair, a água escorre para os rios, ou para os lençóis subterrâneos e,
depois, para os rios e mares, oceanos e lagos. Então ela fica novamente exposta à
ação do sol que a esquenta transformando-a novamente através do processo de
evaporação: passagem do estado líquido para o gasoso.
Pode acontecer também da água da chuva ser absorvida pelas plantas.
Nesse caso ela irá evaporar por um processo conhecido como evapotranspiração:
transpiração + evaporação.
Todos esses processos ocorrem de forma natural há milhares de anos,
garantindo a distribuição da água por todo o globo. Mas esse processo vem sendo
alterado de forma muito rápida pela ação do homem.
5.2. USOS MÚLTIPLOS DA ÁGUA
Onde não há água, não há vida. Todos os ciclos econômicos e o
desenvolvimento social, a qualidade de vida e a saúde humana, dependem de água
de boa qualidade, disponível permanentemente a todas as classes sociais e à
população como um todo.
Água é fundamental na agricultura, na indústria, para o abastecimento
público e geração de energia, recreação e turismo. Os usos múltiplos da água geram
conflitos, devido às várias demandas produzidas pelas mesmas. Quando ocorre
escassez, começam os conflitos sobre os usos múltiplos, os quais também, podem
tornar-se muito acirrados quando aumenta a poluição da água e esta se torna ainda
mais indisponível por contaminação.
O desafio das sociedades do futuro é gerenciar os conflitos e planejar todos
os usos múltiplos com eficiência e economia. A competição para os usos múltiplos
será cada vez maior no futuro e, portanto, é fundamental o planejamento de um
plano eficaz e justo para o uso racional da água.
24
Este plano deve melhorar as relações da população, especialmente a
urbana, com relação à água, levando-se em conta o desperdício existente, a pouca
informação sobre os custos do tratamento e a relação entre a água e a saúde
humana.
É necessário, portanto, alertar a população e, especialmente, educá-la para
uma nova relação e uma nova ética com a água. Esta nova relação inclui uma visão
da conservação, educação ambiental e sanitária, e, fundamentalmente, deve
mostrar a necessidade de um maior controle sobre o uso de recursos hídricos.
A biodiversidade dos sistemas aquáticos, sua proteção e manutenção, deve
ser considerada na gestão da água.. A visão sobre o impacto produzido pelo homem
nos recursos hídricos superficiais e subterrâneos deve fazer parte do processo
educativo de uma população.
Prática para os alunos:
Considerando a nossa realidade, podemos desenvolver atividades para
estimular discussões sobre a qualidade da água ofertada em nossa cidade e, com o
respaldo das observações práticas, podemos estabelecer condições de avaliação
dos serviços que estão sendo prestados à população e emitir sugestões para os
problemas identificados.
A seguir, são apresentadas as etapas de uma proposta prática a ser
desenvolvida na escola:
1ª Etapa: Levantamento de dados
Em primeiro lugar, deve-se envolver todos os alunos na preparação de uma
lista que contenha as consequências da falta de água tratada para a saúde e
conforto da população. Depois, oriente para que os alunos identifiquem no mapa da
cidade, de onde vem a água que abastece a população. Procurem saber se a região
de captação da água está devidamente preservada, protegida de atividades
humanas que possam comprometer a qualidade da água, como assentamentos
humanos, fábricas, granjas, matadouros, currais, etc.
25
2ª Etapa: Verificação da qualidade da água
Em seguida, solicite aos alunos, que em casa, amarrem um pano branco
sobre a saída de água em uma torneira, como se fosse um tipo de filtro ou coador.
Esse pano deve ficar filtrando a água um dia inteiro. Convide um técnico da
companhia de água para uma palestra com os alunos, na escola. No dia da palestra,
os alunos deverão trazer os panos com o cuidado de manter o material que ficou
depositado. Deve-se fazer uma seleção desses panos, e os submeter à apreciação
do palestrante para que ele nos explique o que é aquilo e por que veio parar em
nossas torneiras.
Ao técnico visitante solicite detalhes a respeito da água que é servida à
população, focalizando a captação, o tratamento, a distribuição, as dificuldades
encontradas, os planos e metas para o futuro, etc.
Outras informações importantes também podem ser solicitadas ao técnico,
como a média de consumo por habitante, a estimativa de consumo e a capacidade
de suporte; a existência de outras áreas que, em um futuro próximo, possam ser
utilizadas para a captação de água e que, no presente, teriam de ser preservadas.
Pode-se solicitar também algumas recomendações que possam auxiliar na redução
do consumo de água.
Para refletir:
1) A construção de barragens e usinas hidrelétricas afeta o ciclo hidrológico do planeta? Justifique.
2) E a poluição da água afeta o ciclo hidrológico? Justifique.
3) O que significa impacto ambiental para você?
4) Em que consiste o manejo dos recursos hídricos?
5) Para você, qual seria uma nova ética com a água?
26
Foto: Anadir A. P. Batista
6. CRISE DA ÁGUA
A água doce, indispensável à vida, é um recurso renovável, mas
relativamente escasso em algumas regiões da Terra. O crescimento acelerado da
população humana, o desperdício e o uso inadequado podem esgotar ou degradar
esse recurso. Problemas desse tipo já ocorrem em certas áreas ou regiões, e
acredita-se que à médio prazo, mantidas as atuais formas de uso da água, poderão
abranger todo o planeta, gerando uma crise global da água.
Essa problemática está diretamente associada aos impactos das ações
humanas sobre os ambientes de água doce, mas não basta identificar quais são os
impactos. É necessária uma visão mais ampla, que abranjam a avaliação das
causas e efeitos dos problemas existentes e o desenvolvimento e adoção de
medidas que aliviem os impactos já constatados e previnam não só a sua repetição
em outros lugares, como, também, o surgimento de novos tipos de impacto. Essa
visão certamente inclui a divulgação de todas essas informações em linguagem mais
simples, para que a discussão atinja um número maior de pessoas. Afinal, a crise da
água diz respeito a todos os habitantes do planeta Terra.
A hidrosfera terrestre compreende os lagos, as águas subterrâneas e os
oceanos, sendo que estes últimos cobrem a grande maioria de sua superfície.
27
Desde o início da civilização o ser humano vem utilizando e explorando os
ecossistemas aquáticos encontrados na hidrosfera.
Estima-se que das águas existentes no nosso planeta 99% não estão
disponíveis para o uso, pois 97% são salgadas e estão nos oceanos e 2% nas
geleiras o que as tornam inaproveitáveis. Sobra apenas 1% que se constitui em
água doce. No Brasil encontramos cerca de 8% de toda água doce da superfície da
terra, estando 80% deste volume na região Amazônica, o que mostra a importância
do nosso país na questão hídrica, ainda mais se lembrarmos que a escassez de
água atinge 40% da população mundial, faltando este recurso permanentemente em
22 países .
Os ecossistemas hídricos são tão importantes que sem eles não haveria
vida como conhecemos; daí a importância do estudo das águas e, principalmente,
porque sua biodiversidade é uma das menos conhecidas.
A explosão demográfica aliada à explosão das atividades humanas tem
promovido o aumento do derramamento de dejetos e substâncias tóxicas no meio
ambiente, poluindo, principalmente, os recursos hídricos, a ponto de torná-los sem
vida, em várias regiões do globo.
A degradação do ambiente hídrico tem tomado grandes proporções
diminuindo os recursos desta natureza, tornando-os cada vez mais escassos,
evidenciando uma verdadeira crise da água. Por isto, faz-se necessário encontrar
medidas para diminuir seu consumo, bem como evitar desperdício e, ainda, propiciar
recursos econômicos para a sua manutenção e gestão.
O crescimento desordenado das cidades gera dois graves problemas:
poluição e consumo. A poluição é determinada pelo lançamento e acúmulo, nas
águas, de esgotos domésticos e despejos industriais. Uma vez poluída, a água não
pode ser consumida, afetando a saúde humana, bem como as outras formas de
vida. É evidente que a poluição hídrica é intensificada com o aumento da pobreza.
Sabemos que em regiões pobres, normalmente situadas na periferia das grandes
cidades, os esgotos sanitários e o lixo doméstico, sem qualquer tratamento, são
diretamente lançados em águas.
Estudos feitos pela UNESCO mostram que, desde o começo do século, o
consumo d’água aumenta numa proporção de duas vezes o crescimento
28
populacional. A previsão é de que, nos próximos 50 anos, o consumo de água
deverá superar a quantidade disponível para o uso.
Para refletir:
1) Enumere algumas causas dos impactos ambientais que podem acelerar a
crise da água.
2) O que a comunidade pode fazer para proteger o meio ambiente e,
consequentemente evitar a escassez da água?
Prática para os alunos:
Solicite aos alunos que, em casa, deixem uma torneira pingando e
determine o tempo gasto para encher um litro de água (ou qual o volume ocupado
depois de uma hora de “pingos”). Em sala, escolher uns cinco voluntários para
colocar no quadro os seus resultados. Em seguida, faça a projeção para um dia e
um mês de goteira. Os resultados serão surpreendentes. Peça aos demais alunos
que façam os seus cálculos.
Essa atividade é para deixar claro que pequenas atitudes fazem a diferença.
O hábito que temos de deixar a torneira aberta, enquanto não estamos utilizando a
água de alguma forma, causa um aumento razoável do consumo.
Precisamos consolidar hábitos que beneficiem a todos e, certamente, o uso
responsável dos recursos naturais é um dos mais importantes.
29
BIBLIOGRAFIA A água em crise, disponível em http://meio.ambiente.sites.uol.com.br, acesso em 25/11/2008.
CARVALHO, I. C. de M. Em Direção ao Mundo da Vida: Interdisciplinaridade e Educação Ambiental. Brasília: IPÊ- Instituto de Pesquisas Ecológicas, 1998.
COAN, C. M.; ZAKRZEVSKI, S. B. Representações Paradigmáticas Sobre o Ambiente. In: ZAKRZEVSKI, S. B. A Educação Ambiental na Escola: Abordagens Conceituais. Erechim/RS: Edifapes, 2003.
GUIMARÃES, M. A Dimensão Ambiental na Educação. Campinas: Papirus, 1995.
Importância da Água para a Vida, disponível em WWW. Brasildasaguas.com.br, acesso em 05/11/2008.
LIBÂNEO, J. C. Didática. São Paulo: Cortez, 2003.
LISOVSKI, L. ZAKRZEVSKI, S.B. O que é Meio Ambiente? In: ZAKRZEVSKI, S. B. A Educação Ambiental na Escola: Abordagens Conceituais. Erechim/RS: Edifapes, 2003.
MOURA, M. L. S. (org.). Manual de Elaboração de Projetos de Pesquisa. Rio de Janeiro: Uerj, 1998.
PHILIPPI Jr., A. et al. Interdisciplinaridade em Ciências Ambientais. São Paulo: Signus Editora, 2000.
REIGOTA, M. Meio Ambiente e Representação Social. São Paulo: Cortez, 1997.
RUFFINO, P. H. P.; SANTOS, S. A. M. Proposta do Programa de Educação Ambiental. In: SCHIEL, D et al. O Estudo de Bacias Hidrográficas. São Carlos: RiMa, 2003.
SATO, M. Educação Ambiental. São Carlos: RIMA, 2002.
SCHIEL, D. et al. O estudo de bacias hidrográficas: uma estratégia para educação ambiental. São Carlos: RIMA, 2002.
SOUSA, W.C. Júnior. Gestão das Águas no Brasil: Reflexões, Diagnósticos e Desafios. São José dos Campos, IEB, 2005.
THIOLLENT, M. Metodologia da Pesquisa-Ação. 11. Ed. São Paulo: Cortez, 2002
30
TUNDISI, J. G. Água no século XXI: Enfrentando a Escassez. São Carlos: RiMa, IIE, 2003. 248p.
VALEIRAS, N. Estratégia Para a Formação de Docentes em Educação Ambiental. In: SCHIEL, D. et AL. O Estudo de Bacias Hidrográficas. São Carlos: RiMa, 2003.
ZAKRZEVSKI, S. B.; COAN, C. M. O Diálogo dos Saberes. In: ZAKRZEVSKI, S. B. A Educação Ambiental na Escola: Abordagens Conceituais. Erechim/RS: Edifapes, 2003.
31