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Caderno de Estudos 1 – Por que Inclusão? ESCOLA INCLUSIVA: Adaptar-se para incluir Inclusão: um resgate histórico. Conversando sobre o assunto Edgar Morin Pense na frase acima. Parece natural que instituição e mentes estejam diretamente interligadas. Porém, no dia a dia, esta interligação não é tão facilmente percebida. No centro da citação de Morin, aplicado a questão da inclusão, pode-se levantar uma discussão entre Identidade e diferença. Antes, porém, buscamos no percurso histórico sobre inclusão a base para um futuro entendimento da relação identidade / diferença. Este percurso inclusivo incorporado a uma estrutura social não ocorre linearmente e de forma homogênea. Diferentes sociedades foram lidando com as deficiências e principalmente com seus portadores, de formas diferenciadas em diversas épocas. Por exemplo, enquanto uma sociedade tratava como heróis os mutilados de guerra, outra submetia a experiências científicas pessoas com deficiência. Embora não seja linear, a apresentação das relações sociais em relação as deficiências físicas serão apresentadas a partir de três períodos da história: Antiguidade, Idade Média e a partir do Século XVI. É na Antiguidade que posturas radicais sobre pessoas com deficiência são vivenciadas, as mais comuns eram o abandono/rejeição ou o sacrifício/eliminação sumária. Na Roma Antiga, os portadores de deficiência poderiam ser mortos ou abandonados as margens do rio. Na Grécia, o próprio pai era responsável por matar o filho ou abandoná-lo (Corrêa, 2004). Porém, existiam civilizações como Atenas sob a influência de Aristóteles, na qual os deficientes eram protegidos pela sociedade. É de Aristóteles a concepção de que “ tratar os desiguais de maneira igual constitui-se em injustiça”. Ainda na Antiguidade, alguns estratos das sociedades “acolhiam” aqueles que eram abandonados, porém para colocá-los mais tarde para pedir esmolas, trabalhar em circos, entre outras atividades do gênero. “Não se pode reformar a instituição sem a prévia reforma das mentes, mas não se pode reformar as mentes sem uma prévia reforma das instituições.”

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Caderno de Estudos 1 – Por que Inclusão?

ESCOLA INCLUSIVA:

Adaptar-se para incluir

Inclusão: um resgate histórico.

Conversando sobre o assunto

Edgar Morin

Pense na frase acima. Parece natural que instituição e mentes estejam diretamente

interligadas. Porém, no dia a dia, esta interligação não é tão facilmente percebida. No

centro da citação de Morin, aplicado a questão da inclusão, pode-se levantar uma

discussão entre Identidade e diferença. Antes, porém, buscamos no percurso histórico

sobre inclusão a base para um futuro entendimento da relação identidade / diferença.

Este percurso inclusivo incorporado a uma estrutura social não ocorre linearmente e

de forma homogênea. Diferentes sociedades foram lidando com as deficiências e

principalmente com seus portadores, de formas diferenciadas em diversas épocas. Por

exemplo, enquanto uma sociedade tratava como heróis os mutilados de guerra, outra

submetia a experiências científicas pessoas com deficiência.

Embora não seja linear, a apresentação das relações sociais em relação as deficiências

físicas serão apresentadas a partir de três períodos da história: Antiguidade, Idade

Média e a partir do Século XVI.

É na Antiguidade que posturas radicais sobre pessoas com deficiência são vivenciadas,

as mais comuns eram o abandono/rejeição ou o sacrifício/eliminação sumária. Na

Roma Antiga, os portadores de deficiência poderiam ser mortos ou abandonados as

margens do rio. Na Grécia, o próprio pai era responsável por matar o filho ou

abandoná-lo (Corrêa, 2004). Porém, existiam civilizações como Atenas sob a influência

de Aristóteles, na qual os deficientes eram protegidos pela sociedade. É de Aristóteles

a concepção de que “ tratar os desiguais de maneira igual constitui-se em injustiça”.

Ainda na Antiguidade, alguns estratos das sociedades “acolhiam” aqueles que eram

abandonados, porém para colocá-los mais tarde para pedir esmolas, trabalhar em

circos, entre outras atividades do gênero.

“Não se pode reformar a instituição sem a prévia reforma das mentes, mas não se pode reformar as mentes sem uma prévia reforma das instituições.”

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Adaptar-se para incluir

REFLEXÃO!

Do que foi apresentado quanto a forma das sociedades na Antiguidade tratarem os

deficientes e a figura 1, reflita em qual processo essas sociedades encontravam-se

frente a inclusão. Ao sacrificar ou abandonar, podemos considerar como o primeiro

processo da figura 1 – o excludente? Anote suas percepções no espaço a seguir e, no

momento em grupo, abram para discussão para trocas de percepções.

Figura 1.

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É com o Cristianismo que em algumas sociedades surgem as instituições de

amparo/assistencialismo a pessoas com as mais variadas necessidades, doenças e

condições. Ao mesmo tempo em que recebiam atendimento, o que pode ser

considerado um grande avanço, ficavam a margem da sociedade na medida em que

permaneciam “escondidos e isolados” em tais instituições. Esta é uma situação

vivenciada em grade parte da Idade Média.

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Adaptar-se para incluir

Com a valorização do ser humano na Idade Moderna a partir de uma visão humanista,

questões como direitos universais começam a surgir e ganhar força na constituição das

sociedades como um todo, talvez mais em umas e menos em outras, oportunizando se

não uma melhor condição de vida aos pobres e

enfermos, por exemplo, pelo menos a discussão em

busca dessas melhores condições (Silva, 1987).

Processo esse que, em relação a Figura 1, podemos

representar a passagem de uma postura

excludente, ou mais especificamente da exclusão

social, para o atendimentos segregado,

posteriormente para a prática da integração social

e hoje o que se busca a inclusão social (Sassaki,

1999).

Contribui para isso, no século XX, os soldados e heróis de guerra que voltavam para

seus países mutilados ou com outras sequelas, para os quais houve a necessidade de

criação de centros especializados de atendimento.

“Da execução sumária ao tratamento humanitário passaram-

se séculos de história, numa trajetória irregular e

heterogênea entre os países (e entre as próprias pessoas com

deficiência). Apesar disso, é possível visualizar uma tendência

de humanização desse grupo populacional. É verdade que,

até nos dias de hoje, existem exemplos de discriminação e/ou

maus tratos, mas o amadurecimento das civilizações e o

avanço dos temas ligados à cidadania e aos direitos humanos

provocaram, sem dúvida, um novo olhar em relação às

pessoas com deficiência.” (http://bengalalegal.com/pcd-

mundial, acesso em 10/01/2014 as 15:27.

Todo este resgate histórico faz-se necessário para que entendamos que a inclusão,

hoje vivenciada e discutida nas escolas é uma questão social, presente desde sempre

na sociedade como um todo. E, no centro desse entendimento formou-se a produção

social da identidade e da diferença inclusivas.

Vamos inicialmente conversar sobre a questão da identidade. Cada ser humano

define-se por aquilo que é. Nasci no estado do RJ sou fluminense, ou no RS sou

gaúcho. É uma identidade. A identidade fluminense depende de algo que ela não é, se

sou fluminense não posso ser gaúcho, pernambucano, catarinense e assim por diante.

Citando Silva (2000), a identidade é, assim marcada pela diferença. Assim diferem-se

os casados dos solteiros, o homem da mulher, o adulto da criança e, tantas outras

identidades que vivenciamos e assumimos ao longo de nossa existência. Ainda para

Silva, a diferença, em oposição à identidade, é aquilo que o outro é: ele é casado,

Saiba mais!

Conheça um pouco mais sobre

Inclusão no Museu Virtual da

Deficiência, basta acessar o link

http://mvdeficiencia.comunidad

es.net/. Boa Leitura!!!!

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Adaptar-se para incluir

alfabetizado, homem, idoso, estrangeiro... Resumindo, identidade aquilo que se é e

diferença aquilo que o outro é, ou o que não se é. Percebe-se aqui como ambos estão

inter-relacionados?

“A identidade e a diferença tem que ser ativamente

produzidas. Elas não são criaturas do mundo natural ou de

um mundo transcendental, mas do mundo cultural e social.

Somos nós que as fabricamos, no contexto de relações

culturais e sociais. A identidade e a diferença são criações

sociais e culturais.” (Silva, 2000.)

Pensarmos nesta relação quanto a inclusão em oposição a exclusão e, ambas

produzidas num contexto cultural e social, é necessário para entendermos todo o

processo histórico no qual essas relações se consolidaram, bem como, o que vivemos

na atualidade.

Resgatando a citação inicial de Morin: não se pode reformar a instituição sem a prévia

reforma das mentes, mas não se pode reformar as mentes sem uma prévia reforma

das instituições, ela embasa a concepção do projeto da Escola Inclusiva – Adaptar-se

para incluir. Enquanto a adaptação foi vivenciada como sendo exclusivamente do

aluno de inclusão podemos de certa forma afirmar que houve uma reforma muito mais

da instituição do que das mentes. Como hoje é vista, caminha para a reforma das

mentes. Deixamos aqui o questionamento: adaptar-se para incluir, de quem é a

adaptação? Em que sentido ocorre essa adaptação, na medida da instituição e, na

medida das mentes?

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Saiba um pouco mais sobre Identidade e Diferença em:

link:http://ccs.ufpel.edu.br/wp/wp-content/uploads/2011/07/a-

producao-social-da-identidade-e-da-diferenca.pdf.

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PROPOSTA DE TRABALHO!

A seção Proposta de Trabalho tem por objetivo subsidiar e promover a reflexão e a discussão dos assuntos abordados no Programa Escola Inclusiva, no interior da escola. As atividades aqui propostas devem ser realizadas sob a orientação do mediador. A organização desse momento fica a critério de cada instituição. As atividades realizadas deverão ser encaminhadas pelo mobilizador para o tutor responsável pela escola, a partir do dia 19/03 até o dia 26/03. Pedimos a gentileza, para que os prazos de envio/entrega sejam respeitados (início e fim). A atividade a ser realizada pelo grupo de estudos será a produção de um pequeno texto (de 10 a 15 linhas), o qual deverá ter:

a) Como a equipe percebe o processo de inclusão na escola? b) Algumas práticas inclusivas de maior relevância já realizadas pela escola. c) Principais desafios percebidos pelo grupo frente à inclusão.

Sugerimos que no momento em que a equipe estiver reunida para a realização do Grupo de Estudos, realizem algumas ou todas as etapas a seguir elencadas:

1) Momento de sensibilização Assisitir ao vídeo Cuerdas , disponível na Internet.

Leitura do texto, Somos Todos Iguais?, disponível na seção Orientações e Estratégias do blog. 2) Momento de Discussão: O grupo poderá discutir a partir de cada item,

apresentado no material a seguir indicado, o que tem sido pertinente, significativo e vivenciado no espaço escolar em relação a inclusão.

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Leitura do material: Conduzindo uma classe, compreendendo as necessidades dos alunos com dificuldades e Boas Práticas, disponíveis na seção Orientações e Estratégias do blog.

Bom Estudo!!!!

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

CORRÊA, M. A. M. Educação Especial. Volume 1 – Módulos 1 a 4. Rio de Janeiro: Fundação CECIERJ, 2004.

SASSAKI, R. Inclusão: construindo uma sociedade para todos. 3. ed. Rio de Janeiro, RJ: WVA, 1999.

SILVA, T.T. A produção social da identidade e da diferença. Disponível em

http://ccs.ufpel.edu.br/wp/wp-content/uploads/2011/07/a-producao-social-da-

identidade-e-da-diferenca.pdf. Acesso em 10/01/2014.

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Guia do Mobilizador O Programa Escola Inclusiva: Adaptar-se para incluir, constitui-se numa ferramenta de Formação, Ação e Reflexão sobre Inclusão. Possibilita, através de todo o conteúdo (webconferência e blog) disponibilizado, que cada escola participante organize um Grupo de Estudos em seu ambiente. O Mobilizador tem um papel fundamental no desenvolvimento deste Grupo de Estudos e, na articulação da escola com o Programa Escola Inclusiva (EINC). Será o contato direto da Equipe do EINC, sendo responsável pelo envio das atividades solicitadas pelo Programa. Frente ao grupo de estudos da escola é o responsável por organizar e orientar os professores inscritos. O Programa Escola Inclusiva é constituído por uma sequência de ações que ocorrem semanalmente, sendo: Semana 1 - Referencial Teórico: categoria no blog alimentada uma semana antes de cada web conferência, com o objetivo de embasar os inscritos para a participação na web conferência.

Função do mobilizador: Sensibilizar e incentivar a leitura dos textos, mediante postagem no blog. Semana 2 - Conexão: semana em que ocorrerá a realização da webconferência, que poderá ser assistida pelo grupo inscrito ou apenas pelo mobilizador. Webs realizadas serão disponibilizadas para acesso no blog em momentos assíncronos, por aqueles que não puderem participar no momento da realização da mesma. Importante: Em cada webconferência enviaremos para o email do mobilizador um convite (conforme figura 1 a seguir), enviado por Alex Silva, no qual consta um link que deverá ser acessado para realizar o cadastro que dará acesso a web (conforme figura 2 a seguir). Caso o cadastro não seja feito, a escola não conseguirá entrar na sala de webconferência. O Alex Silva é responsável apenas pelo acesso da escola na Web. Dúvidas sobre blog, conteúdo, atividades deverão ser encaminhadas ao tutor da escola.

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Instruções para preenchimento do cadastro :

1. No campo Endereço de Email digitar o email informado na inscrição da escola (aquele informado em email enviado para Valéria e Cristiani confirmando a participação no programa), ou seja, o mesmo no qual o mobilizador recebe o convite.

Modelo Convite

Você foi convidado para o seguinte evento: Evento: Escola Inclusiva Descrição: Host: Alex BITTENCOURT SILVA Quando: Quarta-feira, 19 de Fevereiro de 2014, 08:3 0 - 11:30 Fuso horário: (GMT-03:00) Brasília Para inscrever-se nesse evento, siga este link: http://webconf.editorapositivo.com.br/e/event/regis tration.html

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Função do mobilizador: 1) Realizar o cadastro quando do recebimento do convite para a web do mês; 2) Participar sincronamente (no momento da realização da web), conforme horário de sua turma; 3) Incentivar a participação da equipe no momento da web ou organizar um segundo momento onde todos possam ter acesso a web já realizada e postada no blog. A web também poderá ser assistida individualmente conforme disponibilidade de cada inscrito. 4) Filtrar, durante a webconferência, as perguntas feitas pelos participantes no chat, seguindo alguns critérios: relacionados ao referencial teórico, ao tema da web, de forma que chat e conferência estejam relacionados. Por exemplo: na web sobre autismo, não teremos espaço e tempo para respondermos sobre deficiência visual. Cuidar com exposição de situações particulares, nunca divulgando principalmente nomes de alunos. Esse cuidado deve-se ao fato de uma vez postada à web no blog o acesso é universal. Não recomendamos o uso desta ferramenta em momentos com os pais, pelo teor dos questionamentos feitos no chat/bate papo. Este programa foi desenvolvido exclusivamente para a formação de professores e profissionais da educação. Escolas que não participarem de duas webs serão desligadas do Programa. Semana 3 - Orientações e Estratégias: semana em que será disponibilizado no blog o Material para realização do Grupo de Estudos. Cada atividade terá um prazo de realização de aproximadamente 30 dias, informado na própria atividade enviada. Função do mobilizador: 1) Organizar o Grupo de Estudos. 2) Encaminhar a atividade solicitada na proposta de estudo, sendo que a atividade é da escola. Não deverão ser enviadas em hipótese alguma atividades individuais de professores inscritos. 3) Junto com o envio das atividades, enviar a lista de presença. Semana 4 – Fique Ligado: semana em que será disponibilizado no blog links com sugestões de textos, filmes, músicas, legislação entre outros assuntos pertinentes a Inclusão, na segunda semana após cada web Função do mobilizador: 1) Divulgar a postagem e incentivar o acesso ao blog.

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Tutoria Cada escola terá um tutor da Equipe da Escola Inclusiva, o qual será o contato direto do mobilizador. Em breve o mobilizador receberá em seu email esta informação. Endereço do Blog:

http://blog.portalpositivo.com.br/escolainclusiva/

Atenciosamente,

Equipe Escola Inclusiva