Caderno de Estudos 3 Dislexia. A Dislexia, pelo poder das...

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Caderno de Estudos 3 – Dislexia. ESCOLA INCLUSIVA: Adaptar-se para incluir A Dislexia, pelo poder das palavras, em forma de histórias e poesia. Muitas palavras, uma história, mas muitas palavras: e agora? DISCALCULIA E DISLEXIA UMA HISTÓRIA DE AMOR Menino com discalculia conheceu menina disléxica. Encontros casuais que reservam impactos múltiplos e eternos. Olhos atentos a detalhes por outros desprezados se cruzaram. Ele não sabia precisar quantos foram os olhares, e a menina não podia descrever o que eles diziam. Mas eram muitos e não falavam pouco. Nas conversas, avançadas na entrega de gêneros, ele evitava dados matemáticos. - Há quanto tempo me observa? – Hummm... muito tempo. - Muito? Muito quanto? - Ahm, muito, muito. Digo, parece que foi ontem. Como se o tempo congelasse quando a beleza se eterniza em nossa frente. Ela sorria. Tocou seu rosto. Ele retirou o papel do bolso, ainda trêmulo e estendeu-lhe. Ela passou os olhos por cima, visivelmente embaraçada, e devolveu-lhe.

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Caderno de Estudos 3 – Dislexia.

ESCOLA INCLUSIVA:

Adaptar-se para incluir

A Dislexia, pelo poder das palavras, em

forma de histórias e poesia.

Muitas palavras, uma história, mas

muitas palavras: e agora?

DISCALCULIA E DISLEXIA – UMA HISTÓRIA DE AMOR

Menino com discalculia conheceu menina disléxica. Encontros casuais que reservam impactos

múltiplos e eternos. Olhos atentos a detalhes por outros desprezados se cruzaram. Ele não

sabia precisar quantos foram os olhares, e a menina não podia descrever o que eles diziam.

Mas eram muitos e não falavam pouco.

Nas conversas, avançadas na entrega de gêneros, ele evitava dados matemáticos.

- Há quanto tempo me observa?

– Hummm... muito tempo.

- Muito? Muito quanto?

- Ahm, muito, muito. Digo, parece que foi ontem. Como se o tempo congelasse quando a

beleza se eterniza em nossa frente.

Ela sorria. Tocou seu rosto. Ele retirou o papel do bolso, ainda trêmulo e estendeu-lhe. Ela

passou os olhos por cima, visivelmente embaraçada, e devolveu-lhe.

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- Pode ler para mim?

- Minha letra é tão ruim assim?

- Não, eu só me atrapalho um pouco, às vezes. Pode ler para mim?

Ele leu:

- Para o tempo com as minhas mãos. Ele me obedece. Sou rei, quando te vejo. Sou rei. Os

ciclos que aguardem. O tempo que tire suas férias. Preciso me aquecer na chama que flui do

teu olhar. E não posso me incomodar. Não me incomodem. Sou rei, e enquanto estiver com

minha rainha não me interrompam. E assim, consuma-se. Ninguém ousa me desafiar enquanto

componho canções com o som de sua voz.”

A menina apaixonou-se sem palavras. Mas fazia questão de enumerar as intensidades que

retumbavam em seu peito em somas e múltiplas sensações. Já ele não conseguia contar os

dias de encontra-la. Mas era capaz de ler, traduzir e registrar as notas que deslizavam pelos

lábios dela, instantes fracionados antes de beijos que se eternizavam. Beijos que duravam

eras, embora ele não soubesse dizer quanto tempo. Beijos de um sabor adocicado que ela não

seria capaz de descrever no papel. Na falta de fórmulas, o menino abusava das descrições. Na

falta de palavras, ela enumera suas múltiplas alegrias. Equacionava em precisos momentos a

intensidade de um amor que saltitava de seus poros.

As brigas nasciam e renasciam de suas limitações, embora o tempo lhes ensinara a se

entenderem e se aceitarem.

- Você está 30 minutos atrasados. Não se deixa a namorada plantada 30 minutos na frente de

um cinema.

- Mas eu mandei mensagem dizendo que ia me atrasar.

- Eu vi, mas a mensagem estava confusa.

- Confusa? Eu só disse que ia me atrasar bastante, só isso.

- Bastante? O que é bastante pra você? O que é bastante pra mim? Por que não diz quanto

tempo vai se atrasar e fica tudo mais claro?

- Você sabe que não sou bom com números.

- E você sabe que não sou boa com palavras escritas. Da próxima vez, me ligue. Não gosto que

me mandem mensagem.

Casaram-se numa data que ele jamais foi capaz de se lembrar. E lembrar pra quê? Tudo o que

ele precisava ele tinha: o mesmo amor com que a amara desde que lhe escrevera o primeiro

poema, embora até hoje, ela ainda não tenha entendido.

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ESCOLA INCLUSIVA:

Adaptar-se para incluir

Fonte: http://corrosiva.com.br/textos-profundos/discalculia-e-dislexia/

Escolhemos histórias, poesias e outras formas de abordar o assunto deste caderno, por neles

encontrarmos leveza. Há quem diga que a poesia comunica com a alma. Como educadores

precisamos sim de nomenclaturas, definições, cientificidade..., mas também precisamos sentir.

É isso que nos permite a poesia, por exemplo. Este caderno lhe apresentará uma base teórica e

científica sobre a dislexia, mas também é um convite a leveza, que atrelada à reflexão que

realizaremos quiçá permitirá o revigoramento de nossos ideais e esperanças.

REFLEXÃO - 01

A leitura do texto Discalculia e Dislexia – uma história de amor tem por propósito a reflexão de

forma leve sobre o cotidiano de pessoas com dislexia e discalculia como as a seguir

apresentadas.

La Rochefoucauld nos diz o seguinte: “A vontade de parecer hábil impede muitas vezes de vir a

sê-lo.” O texto apresentado demonstra os caminhos que cada um dos personagens buscou

para conviver com a dificuldade que possui. Ele evitando os dados matemáticos, “...há muito

tempo...parece que foi ontem.” Apesar da dificuldade de precisar o tempo, foi assertivo na

forma de comunicar o sentimento. Ela apesar das dificuldades frente a leitura também busca

alternativas para conseguir aquilo que ainda não é capaz de fazer: “Pode ler pra mim?”.

Sob esse viés, podemos pensar quais são as alternativas que os alunos buscam frente a

diferentes dificuldades que enfrentam, sejam eles portadores ou não de deficiências. Voltemos

a La Rochefoucauld, citado no parágrafo anterior, através do seu pensamento poderíamos

dizer que os personagens do texto desenvolveram estratégias para conviverem com o

problema, porém não desenvolveram habilidades? Em que medida você concorda ou discorda

de La Rochefaoucauld? O que é ser hábil? Você consegue visualizar situações como a do texto

em alguns de seus alunos? Anote a seguir as suas percepções, sugerimos que no momento do

próximo grupo de estudos na sua escola, discutam as ideias e percepções de cada um.

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Toda essa reflexão nos leva a necessidade de conversamos sobre habilidades.

Segundo Voltaire ter habilidade significa ser "mais do que capaz, mais do que instruído", pois

mesmo aquele que houver lido e presenciado tudo sobre um determinado assunto, pode não

ser capaz de reproduzir a ação na prática com êxito. Assim, habilidade seria um indicativo de

capacidade, particularmente na produção de soluções para um problema específico. Sob essa

perspectiva, o discálculo e a disléxica podem ser considerados hábeis, por encontrarem

soluções para os seus problemas. Porém, frente à competência lógica – matemática e

linguística, podemos sim afirmar que não possuem habilidades suficientes.

Vasco Moretto elenca cinco recursos necessários para a resolução de soluções complexas:

a) O conhecimento de conteúdos relacionados à situação;

b) As habilidades (saber fazer) para resolver a situação;

c) O domínio das linguagens específicas relacionadas ao contexto;

d) A compreensão dos valores culturais que dão sentido à linguagem e que torna a

situação relevante no contexto;

e) A capacidade da administração do emocional diante do problema.

Neste momento da nossa reflexão faz-se necessário

conceituarmos dislexia. Segundo Giacheti e Capellini, a Dislexia é

definida como um distúrbio neurológico de origem congênita que

acomete crianças com potencial intelectual normal, sem déficits

sensoriais, com suposta instrução educacional apropriada, mas

que não conseguem adquirir ou desempenhar satisfatoriamente a

habilidade para a leitura e/ou escrita. A partir deste conceito

relacione a seguir quais dos cinco recursos apresentados por

Moretto você entende que um disléxico não desenvolve.

Justifique cada uma das suas escolhas.

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Saiba mais!

Conheça um pouco mais sobre

Dislexia em:

http://psicologues.com/saiba-mais-

sobre-dislexia

. Boa Leitura!!!!

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Um pouco mais de poesia.

Dislexia...

A dificuldade Obstáculo em ler Em compreender a escrita... A escrita Por sua vez são códigos da mente... A mente... É o espírito Entendimento... O intelecto... O pensamento...

Para entendermos a Dislexia é necessário antes conhecermos o desenvolvimento das

habilidades referente à leitura. Sally Shaywitz desenvolveu um guia para o desenvolvimento

destas habilidades, no qual apresenta em diversas etapas do desenvolvimento infantil (dos 03

aos 09 anos) quais as habilidades normalmente desenvolvidas/adquiridas. A partir deste guia,

por exemplo, podemos buscar identificar em alunos disléxicos quais habilidades ele possui.

Buscar as habilidades em um aluno com dificuldades, sejam elas quais forem é sempre um

ponto de partida para traçar estratégias educacionais. Vamos ao guia!!

Do que se pretende fazer Com intenção Intuito ou não... Reflexão... Percepção... Imaginação... Dois corpos... Um espaço... Dois códigos... Duas mentes... Experiências. Num espaço De duas mentes... Dislexia? Ana P. Fonte: http://meumardecanela.blogspot.com.br/2011/03/dislexia.html

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Esse rol de habilidades pode auxiliar na identificação de habilidades que um aluno disléxico

possui, para que sempre a partir destas possam ser traçadas estratégias que auxiliem no

desenvolvimento de novas habilidades.

Juntamente com essa identificação, durante o acompanhamento do disléxico, é necessário

estabelecer uma sintonia entre todos que estão envolvidos com as questões de aprendizagem

do aluno. A família deve estar orientada quanto às dimensões que envolvem o problema para

poder melhor estabelecer o trânsito de informações com o(s) especialista(s) e com a escola,

considerando que é no ambiente escolar que as dificuldades aparecem de forma crucial; que

as condições intelectuais estão preservadas no disléxico e que não há cura plena para esse

transtorno.

Vale ressaltar que o disléxico deve progredir na escolaridade, independentemente de suas

dificuldades em leitura e escrita. Deve estar muito claro que o problema não é devido à falta

de motivação ou à preguiça.

A seguir, recomenda-se uma série de normas que poderão ser individualizadas para cada caso

com o objetivo de otimizar o rendimento e, ao mesmo tempo, tentar evitar problemas de

frustração e baixa autoestima, muito frequentes nos disléxicos. Estas normas foram

elaboradas com base em Artigas (1999) e Schawytz (2006).

1) Atitudes

Dar a entender ao disléxico que seu problema é conhecido e que será feito o possível

para ajudá-lo.

Dar-lhe uma atenção especial e encorajá-lo a perguntar em caso de alguma dúvida.

Para tanto seria recomendável que o aluno sentasse perto do professor para facilitar a

ajuda.

Comprovar sempre que o material oferecido para ler é apropriado para o seu nível

leitor, não pretendendo que alcance um nível leitor igual ao dos colegas.

Destacar sempre os aspectos positivos em seus trabalhos e não fazê-lo repetir um

trabalho escrito pelo fato de tê-lo feito mal.

Evitar que tenha que ler em público. Em situações em que isso é absolutamente

necessário, oportunizar que ele prepare a leitura em casa.

Aceitar que se distraia com maior facilidade que os demais, posto que a leitura lhe

exige um superesforço.

Nunca ridicularizá-lo.

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2) Proposta de ação pedagógica

Ensinar a resumir anotações que sintetizem conteúdo de uma explicação.

Permitir o uso de meios informáticos e corretores.

Permitir, se necessário, o uso da calculadora e de gravador. Particularmente nas séries

mais avançadas, o disléxico é beneficiado ao gravar as aulas já que tem dificuldade

para ouvir e escrever ao mesmo tempo. A gravação lhe garantirá tranquilidade no

momento de participar da aula e, ao mesmo tempo, possibilitará ouvi-la diversas vezes

em casa para aprender melhor o conteúdo.

Usar materiais que permitem visualizações (figuras, gráficos, ilustrações) para

acompanhar o texto impresso.

Evitar sempre que possível, a cópia de textos longos do quadro de giz, dando-lhe uma

fotocópia.

Diminuir os deveres de casa envolvendo leitura e escrita.

Utilizar cores para grifar ou grafar palavras importantes, ou para distinguir assuntos

diferentes, categorias gramaticais etc.

Apresentar informações em pequenos segmentos e oferecer oportunidades de

repetição.

3) Aprendizagem de línguas estrangeiras

Considerando o esforço que os disléxicos fazem para dominar a fonologia de sua língua

materna desde o nascimento, é difícil também que eles dominem uma nova língua. Shaywitz

(2006) sugere que, em caso de muita dificuldade, seja requerida isenção de língua estrangeira,

substituindo essa disciplina pela elaboração de projetos independentes sobre conhecimentos

relativos à cultura do país em que falam esta língua.

4) Avaliação escolar

Realizar, sempre que possível, avaliações orais – conduta válida em todos os níveis de

ensino, particularmente no ensino superior.

Prever tempo extra como recurso obrigatório, não opcional, pois a capacidade de

aprender do disléxico está intacta e ele simplesmente precisa de tempo para acessá-la.

Como o disléxico não automatizou a leitura, terá que ler pausadamente, com muito

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esforço, e se apoiar nas suas habilidades mais altas de pensamento. Ele precisa utilizar

o contexto para entender o significado da palavra, um caminho mais longo e indireto e

que requer um tempo extra.

Evitar os testes de múltipla escolha que, pelo fato de descontextualizarem as

informações e reduzirem o tempo de execução, tornam-se muito difíceis para o

disléxico. Esses testes não são indicadores do conhecimento adquirido por ele.

Valorizar sempre os trabalhos pelo seu conteúdo e não pelos erros de escrita.

Proporcionar trabalhos em duplas ou pequenos grupos.

Oportunizar um lugar tranquilo ou sala individual para fazer testes ou avaliações para

que o disléxico possa focar a sua atenção na tarefa que tem que realizar. Qualquer

barulho ou distração atrapalhará a leitura, fazendo com que ele mude a atenção da

leitura, o que interfere na performance no teste.

“A resposta certa, não importa nada: o

essencial é que as perguntas estejam

certas.” Mario Quintana

O seu aluno está no caminho certo para a leitura? Aqui está uma lista de verificação que vai lhe

ajudar a responder a esta pergunta, ao final do 1º Ano.

Sabe que as palavras faladas se dividem e que as letras representam os sons?

Nomeia com facilidades as letras do alfabeto, tanto as maiúsculas quanto as

minúsculas?

Escreve as letras do alfabeto?

Esta começando a aprender sobre as relações letras/som?

Esta começando a decodificar palavras simples?

Esta começando a reconhecer algumas palavras à primeira vista?

Usa ortografia inventada?

Sabe sobre as convenções da escrita – ler da esquerda para a direita e de cima para

baixo.

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Tem um vocabulário em desenvolvimento.

Procura e tenta ler.

Se seu aluno tem essas habilidades, ele está pronto para começar a ler.

- LENDO... (dicas para pais)

Leitura com os pais – no começo, deve-se criar o hábito de ler o livro para a criança primeiro e,

depois, sentar com ela quando for a vez dela, invertendo-se os papéis. Isso garante que a

criança lerá o livro e que os pais estarão presentes para oferecer assistência se ela se deparar

com uma palavra difícil. Ao ler com ela, poderão dar apoio das seguintes formas:

Lembrando-lhe de que a parte divertida da leitura é descobrir a palavra e que com

frequência isso exige mais de uma tentativa.

Incentivando-a primeiro a pronunciar a palavra e a ouvir como ela está: O som está

correto? Está adequado?

Incentivando a confiar em seu instinto, e, se uma palavra não parecer correta, aplicar

as estratégias que conhece e verificar seu banco de palavras para ver se não se trata

de uma palavra complexa que deve ser memorizada. Se for, a criança poderá verificar

a pronúncia com os pais.

Compartilhando seus próprios erros de leitura.

Para ler um livro com facilidade, a criança deve ser capaz de ler corretamente cerca de

19 em cada 20 palavras de uma página. Se não for, o livro é provavelmente muito

difícil para ela. Existem listas de editoras já niveladas.

Para alunos maiores e quando a escolaridade exige leitura de clássicos, por exemplo, a

sugestão é de que ele possa assistir aos filmes baseados nestes livros, a fim de

entender o contexto, familiarizar-se com os personagens e assim por diante. O mesmo pode ser feito com histórias em quadrinhos.

REFLEXÃO - 02

Caro LEITOR,

Ao escolhermos abordar a Dislexia como um tema exclusivo, na formação da Escola Inclusiva,

consideramos entre outras situações a de que a escola é o espaço principal no qual a dislexia

aparecerá, bem como, a importância da leitura para todo o processo de ensino, inclusive o

desenvolvimento da escrita.

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Entregamos neste caderno de estudos, informações, reflexões, poesias. Esperamos que a

leitura tenha possibilitado a você encontrar respostas para algumas de suas perguntas sobre

Dislexia. Porém, buscamos no texto a seguir, criado por F/ Nazca para o Canal Futura, a

possibilidade de mais um momento de reflexão. Vamos primeiramente ao texto.

Sob essa perspectiva temos a certeza de que muitas ainda são as suas perguntas. Voltando a

Mario Quintana, não importa que as respostas estejam certas, mas sim as perguntas. Por isso

propomos que você elenque a seguir quais são suas perguntas sobre Dislexia. No próximo

momento de estudo em grupo, sugerimos que façam um “painel coletivo” com as de todos os

participantes e, juntos busquem respostas, ou quem sabe cheguem a novas perguntas.

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Não são as respostas que movem o mundo, são as perguntas.

Até hoje os cientistas discutem como a vida começou. Até hoje não se tem certeza de onde

viemos. Os filósofos ainda querem entender quem somos. E existem umas duzentas teorias

para onde vamos. Se a orientação sexual é definida pela genética. Por que você boceja

quando alguém boceja. Os biólogos querem entender como os pássaros migram. E os

nutricionistas se o ovo faz mal à saúde. Os economistas querem explicar a crise. E os

cientistas como o cérebro funciona.

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PROPOSTA DE TRABALHO!

Ao longo do presente estudo propusemos algumas reflexões, (págs. 03, 04 e 12) as

quais deveriam ser registradas.

A atividade em grupo consistirá nas seguintes fases:

1) Em grupo compartilhem os apontamentos das reflexões individuais. Eles

podem ser divididos em três grandes eixos: Habilidades (pág.03), Recursos de

Vasco Moretto (pág. 04) e Questionamentos (pág. 12).

2) A medida que o compartilhamento ocorre, coloquem em três cartazes (um

para cada eixo) palavras chaves que surgirem.

3) Ao término do 3º cartaz, produzam um 4º com palavras chaves sobre o tema

geral: Dislexia.

4) Por último, sintetizem os quatro cartazes num mapa conceitual.

Estamos desenvolvendo um espaço para compartilhamento de todos os mapas conceituais das

escolas participantes. Na próxima semana, junto com a postagem do Fique Ligado,

divulgaremos em qual canal o mesmo deverá ser publicado, juntamente com instrução para

postagem. Nossa intenção é a de proporcionar um espaço de troca e discussão para além dos

muros da escola.

Obs.: Não há necessidade de enviar a atividade por email ao tutor.

Encerramos o Caderno com mais um poema, desejando a todos um excelente trabalho!!

Equipe Escola Inclusiva.

"Aula de leitura"

A leitura é muito mais

do que decifrar palavras.

Quem quiser parar pra ver

pode até se surpreender:

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vai ler nas folhas do chão,

se é outono ou se é verão;

nas ondas soltas do mar,

se é hora de navegar;

e no jeito da pessoa,

se trabalha ou se é à-toa;

na cara do lutador,

quando está sentindo dor;

vai ler na casa de alguém

o gosto que o dono tem;

e no pelo do cachorro,

se é melhor gritar socorro;

e na cinza da fumaça,

o tamanho da desgraça;

e no tom que sopra o vento,

se corre o barco ou vai lento;

também na cor da fruta,

e no cheiro da comida,

e no ronco do motor,

e nos dentes do cavalo,

e na pele da pessoa,

e no brilho do sorriso,

vai ler nas nuvens do céu,

vai ler na palma da mão,

vai ler até nas estrelas

e no som do coração.

Uma arte que dá medo

é a de ler um olhar,

pois os olhos têm segredos

difíceis de decifrar.

Poema extraído do livro: AZEVEDO, Ricardo. Dezenove poemas desengonçados. São

Paulo: Ática,1999.

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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

AJURIAGUERRA, Julian de e outros. A dislexia em questão: dificuldades e fracassos na aprendizagem da língua escrita. Porto Alegre: Artes Médicas, 1984.

CAPOVILLA, Alessandra G. Seabra & CAPOVILLA, Fernando César. Problemas de leitura e escrita: como identificar, prevenir e remediar numa abordagem fônica. São Paulo: Memnon, 2000. FRANK, Robert. A vida secreta da criança com dislexia. São Paulo: M. Books do Brasil, 2003. GIACHETI, Célia Maria e CAPELLINI, Simone aparecida. Distúrbio de Aprendizagem: avaliação e programas de remediação. In: Dislexia: cérebro, cognição e aprendizagem. São Paulo: Frôntis Editorial, 2000.

SHAYWITZ, Sally. Entendendo a dislexia: um novo e completo programa para todos os níveis

de problemas de leitura. Porto Alegre: Artmed, 2006 Equipe Escola Inclusiva

Cristiani Morais Ivane Castagnolli Jussara Misael Lúzia Alves Valéria Teixeira Vanessa Sálvaro Autoria material: Maristella Abdala Valéria Lopes Teixeira