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MUSEU HISTÓRICO DE ANÁPOLIS “ALDERICO BORGES DE CARVALHO” CADERNO DE PESQUISAS ANO 2 / Nº 2 DEZEMBRO DE 2010

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MUSEU HISTÓRICO DE ANÁPOLIS “ALDERICO BORGES DE CARVALHO”

CADERNO DE PESQUISAS

ANO 2 / Nº 2

DEZEMBRO DE 2010

2

ANTÔNIO ROBERTO OTONI GOMIDE Prefeito Municipal

AUGUSTO CÉSAR DE ALMEIDA Secretário Municipal de Cultura

TIZIANO MAMEDE CHIAROTTI Diretor do Museu Histórico de Anápolis

“Alderico Borges de Carvalho”

HERMOGÊNIA ELEUTÉRIO

Revisão de Texto

GEDSON CHRISÓSTOMO Arte & Capa

DIAGRAMAÇÃO & IMPRESSÃO

Editora Kelps

TIRAGEM 1.000 exemplares

3

Caderno de Pesquisas – Museu Histórico de Anápolis “Alderico Borges de Carvalho”,

Ano 2, nº. 2. Anápolis, Go, 2010.

Periodicidade Semestral 1. História – Periódicos.

ISSN 2178-6100

Fotografia da capa: Estação Ferroviária “Prefeito José Fernandes Valente” em 07 de

setembro de 1935

Acervo iconográfico do Museu Histórico “Alderico Borges de Carvalho”

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APRESENTAÇÃO

Estamos chegando à terceira edição do Caderno de Pesquisas do

Museu Histórico “Alderico Borges de Carvalho”. Desta feita, acontece o

lançamento no período em que se comemora o aniversário de 104 anos de

Anápolis. Vários são os eventos que marcam a celebração do ensejo, porém,

essa publicação é uma das mais significativas, dentre outros. Completamos,

também, um ano em que o Caderno está em circulação, assim ele já é parte

dessa história que preserva e celebra.

Nos números já publicados, aspectos sociais, políticos e econômicos da

história de Anápolis foram analisados e elucidados por meio da pesquisa, tendo

neste um espaço para divulgação. Na medida em que o Caderno cumpre o seu

papel, chegamos aos 104 anos mais conscientes de nós mesmos e, quiçá,

sujeitos de nossa história, comprometidos com o desenvolvimento da cidade.

Nesse número os artigos versam sobre economia, costumes, religião,

rádio e comunicação. Mais uma vez nossa história ganha novos contornos e

abre novas possibilidades de pesquisas e análises. Agradecemos a dedicação

e desprendimento de todos os colaboradores que generosamente

disponibilizaram seus artigos para compor essa coletânea que enobrece a

publicação.

Comemoramos mais esse aniversário de Anápolis, certos de que a

regularidade na edição do Caderno de Pesquisas do Museu Histórico “Alderico

Borges de Carvalho”, faz desse um veículo de comunicação cada vez mais

digno de credibilidade e o consolida como espaço de divulgação de ideias e

teorias. Temos muito que celebrar, mais ainda a avançar, mas sem dúvida

esse é um passo importante no caminho desse trabalho de promoção, resgate

e preservação do patrimônio histórico... Portanto, VIVA ANÁPOLIS!

Augusto César de Almeida

Secretário Municipal de Cultura

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SUMÁRIO

EDITORIAL

06

Economia e posicionamento estratégico: fator de desenvolvimento de Anápolis

Miriam Vanessa de Moraes Chiarotti Sandro Dutra e Silva

08

Estrada de ferro: uma linha entre Manchester e Anápolis

Jairo Alves Leite Tiziano Mamede Chiarotti

16

Clube Recreativo Anapolino (CRA): uma história de amor e de magia Elizete Cristina França

25

Abrigo dos velhos “Professor Nicephoro Pereira da Silva”: um avanço destacado no campo social Irene Rodrigues de Oliveira

31

Um minuto da história de Anápolis Prof. Romeu de Oliveira Lopes

37

A visibilidade evangélica no meio social anapolino

Sandra Corrêa Matos

43

No ar... A história do rádio anapolino José Cunha Gonçalves

54

Fundação Frei João Batista Vogel: emissoras a serviço da “Paz e do Bem” Letícia Arantes Jury Cunha

65

Informações gerais sobre as atividades do Museu Histórico de Anápolis

75

6

EDITORIAL

O Museu Histórico de Anápolis “Alderico Borges de Carvalho” – MHABC

tem a grata satisfação de apresentar à municipalidade mais este periódico, que

aborda temas sobre a história de nossa cidade em seus variados aspectos. A

administração municipal também deve contemplar meios para a preservação

do nosso patrimônio histórico, através de publicação séria que é o Caderno de

Pesquisas, elaborado pelo Museu e concretizado pela Secretaria Municipal de

Cultura.

Com o intuito descrito no parágrafo anterior, essa edição está

organizada em 03 (três) grandes grupos, que evidenciam os mais diversos

assuntos: como a ferrovia, o rádio, dentre muitos outros.

O primeiro grupo, composto por dois artigos, relata o impacto econômico

ou progresso na economia que sobreveio a partir da ferrovia. No artigo dos

historiadores, Miriam Vanessa de Moraes Chiarotti e Sandro Dutra e Silva, é

abordado o fator de desenvolvimento da cidade de Anápolis, principalmente por

causa do seu privilegiado posicionamento estratégico que, inclusive, foi

determinante para que nossa cidade se tornasse o ponto terminal da ferrovia.

Enquanto que no outro artigo, dos historiadores Jairo Alves Leite e Tiziano

Mamede Chiarotti, é demonstrada a importância da Estrada de Ferro e todos

os empreendimentos advindos com isto para o Município. Tais artigos prestam

uma pequena homenagem – um de forma direta e o outro, indiretamente, aos

75 (setenta e cinco) anos da Estação Ferroviária de Anápolis, completados em

setembro de 2010.

Por seu turno, o segundo grupo de artigos mostra inúmeras facetas

históricas de Anápolis, desde o Clube Recreativo Anapolino até às influências

da religião protestante / evangélica no meio social. Assim, o texto da

historiadora Elizete Cristina França faz um histórico daquele que foi

considerado um dos edifícios mais belos da cidade – o CRA. Já nos escritos da

auxiliar administrativa do Museu Histórico Irene Rodrigues de Oliveira, são

levantados os acontecimentos mais relevantes sobre o Abrigo dos Velhos

“Professor Nicephoro Pereira da Silva”. Em prosseguimento, em “minuto da

história de Anápolis”, do advogado e professor Romeu de Oliveira Lopes, é

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descrito um acontecimento todo especial de nossa história recente

protagonizado pelo autor – a tentativa de mudança do símbolo maior de nossa

urbe, a nossa querida bandeira. Finalmente, no ensaio da historiadora Sandra

Corrêa Matos, é descrito a influência dos evangélicos em Anápolis, seja na

área de assistência social, religiosa ou educacional.

O último conjunto de artigos, por fim, é composto por dois fundamentais

textos sobre a história dos meios de comunicação de Anápolis – a das

emissoras de rádio. O primeiro artigo dessa parte, do advogado José

Gonçalves da Cunha, é uma composição que demonstra a grande erudição do

seu autor, principalmente porque o mesmo teve um privilegiado

posicionamento na história da rádio AM – ele viveu grande parte dos

acontecimentos relatados. O segundo artigo, da jornalista Letícia Arantes Jury

Cunha, é uma espécie de complemento do texto anterior, ainda que mais

detalhado, uma vez que relata a história de uma emissora da cidade – a da

Rádio São Francisco, de modo que o outro é mais abrangente, pois fala de

todas as emissoras.

Fecha o Caderno de Pesquisas um relatório das atividades

desenvolvidas pela Instituição Museu no segundo semestre de 2010, numa

“prestação de contas” à população anapolina.

Portanto, à guisa de finalização, queremos que todos e todas tenham

uma leitura muito proveitosa nos caminhos traçados por “Clio”, a deusa da

História!

Tiziano Mamede Chiarotti

Diretor do Museu Histórico de Anápolis “Alderico Borges de Carvalho”

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ECONOMIA E POSICIONAMENTO ESTRATÉGICO:

FATOR DE DESENVOLVIMENTO DE ANÁPOLIS

MIRIAM VANESSA DE MORAES CHIAROTTI

SANDRO DUTRA E SILVA Resumo: O texto apresenta um breve histórico do desenvolvimento econômico de Anápolis, Goiás, desde os tropeiros até dias mais recentes. A idéia é traçar um pequeno panorama do surto desenvolvimentista da região, efetivado com maior rapidez a partir da ferrovia e demonstrar que este processo é fruto, principalmente, de seu privilegiado posicionamento estratégico. Palavras-chave: Anápolis, desenvolvimento econômico, posição estratégica.

Introdução

evolução das cidades no estado de Goiás veio a se firmar

a partir do século XX, por volta da década de 1910 e

seguintes, ainda sob os trilhos da ferrovia que cruzava

alguns municípios do Estado, principalmente daqueles contemplados nas

proximidades das estações ferroviárias, percurso que ia de Catalão a Anápolis.

Anápolis foi duplamente beneficiada com a chegada da ferrovia. Primeiro, pela própria implantação da estrada de ferro, contribuindo para dinamizar a economia da região; segundo porque a cidade passou a ser ponto terminal dos trilhos, servindo como entreposto comercial na troca de mercadorias de vasta região do Estado de Goiás (POLONIAL, 2000, p. 56).

Assim, o município iniciou seu processo de desenvolvimento, pautado na

chegada da estrada de ferro e no princípio do avanço comercial trazido para a

região, em decorrência de sua localização estratégica.

Com base nisso, então, o artigo tem o objetivo de relacionar o

desenvolvimento econômico com o seu privilegiado posicionamento espacial, a

partir de discussão em dois tópicos: Posicionamento estratégico privilegiado e

Historiadora (UEG) e Pedagoga (UVA), Especialista em Formação Socioeconômica do Brasil (UNIVERSO), Mestranda em Sociedade, Tecnologia e Meio Ambiente (UniEvangélica) e Professora de História da Rede Municipal e Estadual de Ensino de Anápolis. Historiador (UEG), Doutor em História (UNB) e Professor do Mestrado em Sociedade, Tecnologia e Meio Ambiente da UniEvangélica.

A

9

Crescimento econômico do município, o que veremos mais detalhadamente a

seguir.

Posicionamento estratégico privilegiado

De acordo com informações do recenseamento do IBGE (1940), tem-se

que as cidades de Anápolis, Catalão, Ipameri e Pires do Rio, que eram

algumas das oito mais populosas do Estado, foram as que mais obtiveram

benefícios durante o ciclo ferroviário de transporte de passageiros, produtos e

animais, pois mantinham uma maior concentração de pessoas que buscavam

hospedagem nestas regiões.

Figura 1: Localização geográfica de Anápolis/GO

Fonte: Disponível em: http://marcossouza.zip.net/. Acesso em: 01/11/2010.

Anápolis é um município de potencial importância para o Estado de

Goiás, haja vista que se encontra em uma região estratégica e está cercada de

outros municípios de igual potencial, sendo caracterizada inicialmente como

cidade de passagem, nos idos do século XIX, já que ficava localizada em

região central, em relação às cidades que mais comercializavam no sudoeste

brasileiro à época, ou seja, encontrava-se no centro do quadrilátero formado

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pelas Cidades de Goiás, de Pirenópolis, de Luziânia e de Silvânia, como

observa Freitas (1995).

Numa descrição mais recente Castro (2004) informa aspectos

geográficos que melhor evidenciam este privilegiado posicionamento no

contexto goiano:

O município de Anápolis está situado na parte sul do Estado de Goiás, na denominada Zona fisiográfica do Mato Grosso Goiano, onde se inicia o Planalto Central. Tem como coordenadas 16º 19‟39” de latitude 48º 57‟10” de longitude oeste e altitude de 1.017 metros acima do nível do mar. Limita-se com municípios da seguinte forma: ao norte Abadiânia e Pirenópolis. Ao sul Teresópolis de Goiás, Leopoldo de Bulhões e Silvânia. A leste Silvânia e Abadiânia e a oeste Nerópolis, Ouro Verde e Petrolina de Goiás. (CASTRO, 2004, p. 14)

O Estado de Goiás é tido, atualmente, como um enorme pólo industrial e

gerador de empregos, possuindo grandes centros econômicos que viabilizam o

desenvolvimento social e estrutural de seus municípios. Não obstante esta

situação, encontra-se a cidade de Anápolis, que se tornou fruto desta

aglomeração. Segundo Ferreira (1982), o então Povoado de Santana das

Antas foi fundado no ano de 1870, a partir da construção da Capela de

Sant‟Anna das Antas. Contudo, em meados do ano de 1907, tornou-se cidade,

por meio da Lei nº 320.

Segundo dados publicados pelo site oficial da Prefeitura de Anápolis

(2010), a região começou a ser povoada por volta do século XVIII, por tropeiros

que por ali passavam rumo às lavras de ouro do atual município de Pirenópolis,

ou a Corumbá de Goiás, Cidade de Goiás, dentre outros destinos.

Um dos primeiros moradores da região foi o Sr. Manoel Rodrigues dos

Santos, em meados do ano de 1833. Porém, oficialmente, o lugar onde hoje é

a cidade de Anápolis passou a existir somente no ano de 1870, sendo que se

transformou de Vila (Santana das Antas), em 1887, a Cidade num curto espaço

de tempo.

Foi mediante os esforços liderados pelos dois chefes políticos - Gomes de Sousa Ramos e José da Silva Batista (Zeca Batista), ambos homens de espírito empreendedor, que a antiga povoação de Santana das Antas é hoje a mais imponente cidade do interior do Estado de Goiás. Gomes de Sousa Ramos deu origem à primeira construção que foi o marco de todo o desenvolvimento: a Capela de Nossa Senhora Santana. O professor Zeca Batista soube ser exímio no trato e na ação política, chegando a ocupar a Presidência da Província de Goiás e desfrutando de grande prestígio. (PREFEITURA DE ANÁPOLIS, 2010)

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Um dos fundadores da região onde hoje é o município de Anápolis,

Gomes de Sousa Ramos, estabeleceu moradia neste local devido a seu

interesse pela fertilidade da terra e de clima que desde então já eram atrativos

para viajantes que por ali passavam.

De acordo com dados demográficos recentes do Instituto Brasileiro de

Geografia e Estatística – IBGE, publicados no ano de 2009, a cidade de

Anápolis possuía, até a época, cerca de 335.960 habitantes, o que a tornava,

consequentemente, a terceira maior região em nível de população de todo o

Estado de Goiás (PREFEITURA MUNICIPAL DE ANÁPOLIS, 2010).

O Produto Interno Bruto – PIB do município de Anápolis está estimado

em torno de 3,8 bilhões de reais (SEPLAN, 2009). Tal índice demonstra o

acentuado fator competitivo da região, em relação aos demais municípios

goianos, bem como ao pólo industrial que se instalou pela redondeza com o

passar dos tempos. Os referidos dados levam ao entendimento de que

Anápolis é considerado, portanto, o município mais competitivo, rico e

desenvolvido do interior do Centro-Oeste Brasileiro.

Para entender um pouco mais o desenvolvimento alcançado por

Anápolis, no que diz respeito ao que esta cidade representou em inovações

tecnológicas, infra-estruturais e de serviços no contexto regional, a Câmara de

Dirigentes Lojistas de Anápolis (2010) afirma que:

Em 9 de janeiro de 1924, chegou energia elétrica na cidade, graças ao pioneirismo de Francisco Silvério Faria e Ralf Colemann. A instalação do telégrafo deu-se em 1926 e a ferrovia chegou em 1935. Em 1927 foi fundado o Hospital Evangélico Goiano, pelo médico e missionário evangélico de origem inglesa, Dr.James Fanstone, sendo na sua época a mais moderna instituição de saúde do centro-oeste brasileiro. Em 1939 foi fundado o Hospital Nossa Senhora Aparecida, em 1943 surgiu o primeiro bairro, o Jundiaí, lançado por Jonas Duarte. (CDL, 2010)

Em continuidade à caracterização de Anápolis, destacam-se os

principais dados relativos à localização e demais características em nível de

distância do município de Anápolis em relação a outras regiões do país, com

base em informações constantes do site da CDL local (2010): Goiânia - 48 km;

Brasília - 139 km; e Caldas Novas - 218 km

Sua localização é privilegiada, principalmente por encontrar-se a 48 km

da Capital do Estado – Goiânia, e a 139 km da Capital Federal – Brasília, de

12

modo que se torna um eixo de ligação importante para a região (Goiânia -

Anápolis – Brasília), ou seja, sua representatividade local é tamanha, que

Anápolis é tida como a região mais desenvolvida do Centro-Oeste.

O acesso ao município é fácil, podendo-se optar pela pista duplicada da

BR-153, que liga Anápolis às regiões sul e norte do Brasil, ou pelas BR-060 e

BR-414, que ligam Anápolis a Brasília. Outra opção disponível para acesso à

cidade é através da Rodovia Estadual GO-222 ou GO-330.

Crescimento econômico do município

De acordo com a Câmara dos Dirigentes Lojistas de Anápolis – CDL

(2010), o município é tido, atualmente, como o mais competitivo do Estado de

Goiás, como demonstrado pelo Ranking dos Municípios Goianos do ano de

2009, publicado pela Secretaria Estadual do Planejamento e Desenvolvimento

– SEPLAN.

Quadro 1: Riqueza econômica dos 15 municípios mais competitivos do Estado de Goiás

Riqueza Econômica

Ranking Município Pontuação

1º Anápolis 97,56

2º Aparecida de Goiânia 77,62

3º Rio Verde 70,24

4º Catalão 44,83

5º Itumbiara 38,86

6º Luziânia 38,60

7º Jataí 37,79

8º Senador Canedo 28,69

9º Minaçu 19,70

10º Caldas Novas 18,29

11º Trindade 16,70

12º Cristalina 16,35

13º Niquelândia 16,22

14º Mineiros 16,14

15º Formosa 15,60

Fonte: SEPLAN (2009, p. 10).

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A Tabela 1 apresentada logo acima, demonstra que em matéria de

riqueza econômica, o município anapolino encontra-se em primeiro lugar,

destacando-se à frente de outras regiões importantes do Estado, como no caso

de Rio Verde, que é outro pólo industrial importante da região Centro-Oeste,

mas que ficou em 3º lugar.

Nesse contexto, frisam-se os dizeres do ex-prefeito municipal de

Anápolis – Pedro Sahium (2005-2008), do qual se obteve os seguintes

comentários acerca do desenvolvimento da cidade: “O crescimento de Anápolis

está ligado a muitos fatores, dentre eles a operosidade de seu povo, a

localização estratégica e as parcerias inteligentes, como a que se faz com o

Governo Estadual” (SEPLAN, 2009).

Quadro 2: Infra-estrutura dos 15 municípios mais competitivos do Estado de Goiás.

Infra-estrutura Econômica

Ranking Município Pontuação

1º Rio Verde 87,18

2º Anápolis 77,68

3º Aparecida de Goiânia 73,17

4º Itumbiara 63,80

5º Luziânia 63,42

6º Catalão 55,09

7º Senador Canedo 54,61

8º Jataí 51,41

9º Caldas Novas 49,57

10º Bom Jesus de Goiás 47,77

11º Porangatu 45,38

12º Mineiros 42,88

13º Pontalina 42,56

14º Morrinhos 42,31

15º Uruaçu 40,96

Fonte: SEPLAN (2009, p. 10).

No quesito infra-estrutura econômica Anápolis está em 2º lugar, vindo

logo depois de Rio Verde, o que confirma a competitividade aflorada entre

ambas às regiões apresentadas pelas duas tabelas acima.

14

Nota-se que algumas medidas de apoio do governo, tais como os

incentivos fiscais do Produzir, os recursos do Fundo Constitucional do Centro-

Oeste (FCO) e de outras medidas, têm sido fundamentais para o

desenvolvimento do setor em Goiás, e conseqüentemente de Anápolis. O

município em destaque apresenta excepcional potencial de competitividade,

além de manter uma posição consideravelmente satisfatória em nível

mercadológico.

Ainda acerca do desenvolvimento econômico e estrutural de Anápolis e

dos demais municípios goianos, frente às constantes pesquisas realizadas,

ressalta-se que é:

(...) possível observar a formação de um grupo de municípios que se destaca nitidamente, formado por Anápolis, Rio Verde e Catalão. Anápolis é o principal destaque do estado em função de sua riqueza econômica (PIB, massa salarial e receita municipal), infra-estrutura econômica (distrito industrial), infra-estrutura tecnológica (universidades, pesquisadores e centros de capacitação), localização estratégica (acessos asfaltados e terminal ferroviário) e políticas de incentivos financeiros e tributários (principalmente do Programa Produzir). Rio Verde foi o grande beneficiado pela expansão do agronegócio no estado, demonstrado pela riqueza econômica (PIB), infra-estrutura econômica (distritos industriais), qualidade de vida (índice de mortalidade infantil), mão-de-obra (melhor relação entre número de empregados e a população), infra-estrutura tecnológica (universidades, pesquisadores e formação profissional), e políticas de incentivos financeiros e tributários (principalmente do FCO). Catalão destaca-se principalmente pelo seu dinamismo (crescimento das saídas do comércio e da arrecadação de ICMS) ocorrido em função da presença de indústrias do setor automobilístico e de mineração, qualidade de vida (mortalidade infantil), e localização estratégica (proximidade a grandes centros e terminal ferroviário). (SEPLAN, 2009).

Percebe-se que o crescimento industrial do Estado de Goiás encontra-se

superior ao do País, principalmente no que se refere à indústria de

transformação, graças à política de incentivos fiscais praticada pelo governo do

Estado, num estímulo permanente à instalação de novas plantas industriais

bem como à expansão, qualificação de pessoal e competitividade das

indústrias instaladas em território goiano.

Considerações finais

Segundo informações do SEPLAN (2009), Anápolis tem um dos maiores

PIB‟s do estado de Goiás. Tal posição se deu com base na instalação de

indústrias e em atividades econômicas no Distrito Agroindustrial que se inseriu

15

na região. Mas, como percebemos nos parágrafos anteriores, o

desenvolvimento econômico desse município se deve em grande parte, dentre

outros fatores, ao seu privilegiado posicionamento estratégico.

Finalmente, ainda com base em dados da SEPLAN (2009), nota-se que

o Pólo Farmacêutico é considerado um fator de potência no crescimento

econômico por contar hoje com mais de 20 indústrias e distribuidoras de médio

e grande porte. Isso gera aproximadamente 7.600 empregos diretos e mais de

16.000 indiretos, uma renda para o município de aproximadamente R$ 2,5

bilhões por ano e investimentos de mais R$ 300 milhões nos últimos 5 anos.

Tais características demonstram a importância de Anápolis para o

desenvolvimento econômico e social do Estado, fruto principalmente da sua

privilegiada posição estratégica.

Referências:

CÂMARA DOS DIRIGENTES LOJISTAS DE ANÁPOLIS – CDL. Saiba Mais sobre a Cidade de Anápolis. Disponível em: http://home.cdlanapolis.com.br/cdl/sobre-a-cidade-de-anapolis/. Acesso em: 10/11/2010. CASTRO, J.D.B. Anápolis: desenvolvimento industrial e meio ambiente. Anápolis: Associação Educativa Evangélica, 2004. FREITAS, R. A. Anápolis: passado e presente. Anápolis: Voga, 1995. INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA – IBGE. Recenseamento Geral do Brasil de 1940. Série Nacional, vol. II, 1º de setembro de 1940. Disponível em: HTTP://biblioteca.ibge.gov.br/visualizacao/monografias/GEBIS%29-. Acesso em: 02/11/2010. POLONIAL, J.M. Ensaios sobre a História de Anápolis. Anápolis: AEE, 2000. PREFEITURA MUNICIPAL DE ANÁPOLIS. História de Anápolis. Publicado em abril/2010, no site oficial da Prefeitura de Anápolis. Disponível em: http://www.anapolis.go.gov.br/index.php?option=com_content&view=article&id=94&Itemid=59. Acesso em: 10/11/2010. SECRETARIA DE PLANEJAMENTO E DESENVOLVIMENTO DO ESTADO DE GOIÁS – SEPLAN. Ranking dos Municípios Goianos: os 15 municípios mais competitivos do Estado. Goiânia: SEPLAN, 2009. Disponível em: http://www.seplan.go.gov.br/sepin/down/rank2009.pdf. Acesso em: 10/06/2010.

16

ESTRADA DE FERRO: UMA LINHA ENTRE

MANCHESTER E ANÁPOLIS

JAIRO ALVES LEITE

TIZIANO MAMEDE CHIAROTTI

Resumo: O ensaio apresentado busca mostrar a importância da Estrada de Ferro para a cidade de Anápolis principalmente porque, por seu intermédio, Anápolis se destaca no contexto nacional e regional. A partir da discussão sobre as conjunturas que proporcionaram a implantação dos trilhos da ferrovia, estação ferroviária, dentre outros empreendimentos correlatos, entenderemos o porquê do relevante papel econômico que Anápolis desempenha no Brasil e no Estado de Goiás em dias atuais. Palavras-chave: Estrada de Ferro, estação ferroviária, locomotiva.

Introdução

Estrada de Ferro foi um fator muito importante para a ascensão

do sistema capitalista, no sentido de que tornou possível a

expansão da modernidade, entendida como propulsora da

indústria, do transporte de cargas e pessoas, bem como, do desenvolvimento

de diversas localidades.

No intuito de traçar um pouco dessa trajetória, dividimos o texto em duas

partes, a seguir discriminadas: A estrada de ferro num contexto geral e A

estrada de ferro num contexto local.

A idéia inicial é mostrar os primórdios da ferrovia, buscando entender o

surgimento das primeiras locomotivas e estradas de ferro em nível geral para

depois demonstrar a chegada dos trilhos em Anápolis – especialmente a

inauguração da Estação Ferroviária no dia 07 de setembro de 1935, o que

justifica o título do texto, pois no plano simbólico é exatamente isso o que

aconteceu: a estrada de ferro criada na Inglaterra chega a Anápolis com toda a

pompa e circunstância para destacar este município no mapa do Brasil.

Historiador (UniEvangélica), Gestor Público (UEG) e Assistente Técnico do Museu Histórico “Alderico Borges de Carvalho” – MHABC da Secretaria Municipal de Cultura / Prefeitura de Anápolis. Historiador (UFG), Mestre em Gestão do Patrimônio Cultural (PUCGoiás) e Diretor do Museu Histórico “Alderico Borges de Carvalho” – MHABC da Secretaria Municipal de Cultura / Prefeitura de Anápolis.

A

17

A estrada de ferro num contexto geral

A primeira locomotiva a vapor foi construída pelo engenheiro Richard

Trevithick e fez seu primeiro percurso em 1804, puxando 05 (cinco) vagões

com 10 (dez) toneladas de carga e 70 (setenta) passageiros. No entanto, esta

locomotiva era muito pesada e, somada a outros problemas, não obteve o

sucesso desejado.

Nos 10 anos que sucederam a inauguração da máquina de Richard,

houve diversas tentativas, mas, um mecânico na mina de Killingworth – o inglês

George Stephenson deu um passo maior no desenvolvimento de uma

locomotiva e, por conseqüência, o seu comboio sobre a estrada de ferro. Ele

construiu no ano de 1814 a sua primeira locomotiva batizada com o nome de

“Blucher”. Tal máquina conseguia puxar uma carga de 30 (trinta) toneladas a 6

(seis) quilômetros por hora. Este mecânico construiu a “Stocktop and

Darlington Railway” – a primeira estrada de ferro, com 61 (sessenta e um) km

de extensão, sendo inaugurada em 1825. Em 1829 foi chamado a construir a

estrada de ferro entre Liverpool e Manchester, usando nesta linha uma nova

locomotiva nomeada Rocket, esta inventada pelo engenheiro francês Marc

Seguin, e sua velocidade chegava aos 30 (trinta) km / h.

A partir da invenção da estrada de ferro e todo o seu corolário

(locomotiva, vapor, trilhos e fumaça), as inovações da industrialização se

estenderia por quase todo o planeta, sendo considerado o fator preponderante,

uma verdadeira panaceia que levaria ao desenvolvimento, em todos os

setores, aonde quer que fosse inaugurada, conforme atesta Hobsbawm (1996):

A verdadeira transformação deu-se em terra – através das estradas de ferro e, assim mesmo, não pelo aumento da velocidade tecnicamente possível das locomotivas, mas pela extraordinária extensão da construção de linhas de estradas de ferro. (HOBSBAWM,1996, p.86-87)

A primeira locomotiva do Brasil, da marca “Willian Fairbairn”, foi

fabricada na Inglaterra em 1852, chamada de “Baronesa” em homenagem a

Maria Joaquina, esposa do Barão de Mauá, que inaugurou a Estrada de Ferro

no Brasil em 1854.

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Segundo o site http://pt.wikipedia.org/wiki/Brasil, Irineu Evangelista de

Souza, ou mais conhecido como Barão de Mauá, nascido em Arroio Grande no

Município de Jaguarão – Rio Grande do Sul, foi órfão de pai e viajou para o Rio

de Janeiro aos 11 (onze) anos de idade, juntamente com o seu tio (um capitão

da marinha mercante). Empregou-se como balconista numa loja de tecidos,

passando a trabalhar na firma importadora de Ricardo Carruthes (1830), este

lhe ensinou inglês, contabilidade e a arte de comerciar. Aos 23 (vinte e três)

anos tornou-se gerente e logo depois sócio da firma. Foi empresário, industrial,

banqueiro, político e diplomata. Dentre outros empreendimentos de relevância

nacional, implantou a primeira estrada de ferro, da raiz da serra à cidade de

Petrópolis – Rio de Janeiro. Vale ressaltar, portanto, que este personagem foi

um dos grandes empreendedores da industrialização e logística do Brasil no

século XIX.

A partir disso, então, vamos entender numa realidade local a chegada

dos trilhos de ferro, estação ferroviária e locomotiva na região conhecida como

o “Coração do Brasil”.

A estrada de ferro num contexto local

De um modo geral, o feriado de 07 de setembro alude a um marco sem

precedentes na história brasileira, uma vez que é a partir daí que o Brasil nasce

como Estado-nação. Todavia, esse feriado se reveste de um brilho especial

para os anapolinos, pois, simbolicamente, esta data destaca Anápolis no mapa

do Brasil, levando aos leitores fazerem o seguinte questionamento: o que

ocorreu de relevante neste dia para a cidade?

Provavelmente, respondendo ao questionamento apontado no parágrafo

anterior, a marcha “Em Delírios” do maestro Antônio Branco foi executada na

grandiosa festa inaugural da Estação Ferroviária de Anápolis, em 07 de

setembro de 1935, no lugar onde hoje se encontra o Terminal Urbano. Assim,

esta parte do texto faz uma pequena homenagem, compartilhando, nestas

poucas linhas, a emoção que se revestiu tal fato para os anais da história

anapolina.

Pois bem, só para ilustrar, a chegada da estrada de ferro foi tão

importante para a cidade de Anápolis que temos 03 (três) ruas no centro que

19

aludem ao ocorrido, são elas: a Rua 07 de setembro, a Rua 14 de julho e a

Rua Engº. Portella. No caso da primeira, a data faz alusão à inauguração da

Estação Ferroviária de Anápolis (embora muitos acreditem que esta

homenagem refira-se ao Dia da Independência do Brasil, em 1822). Já no

segundo caso, refere-se ao dia da chegada da 1ª composição de cargas da

Estrada de Ferro Goyaz – E.F.G. no Município de Anápolis, em 14 de julho de

1935, com a locomotiva de nº. 202, puxando 07 (sete) vagões que

transportavam cereais para Araguari, num total de 1.916 (um mil novecentos e

dezesseis) sacas, dirigida pelo Sr. Alberto Puga, chefe de tração da E.F.G.

(embora muitos historiadores acreditem que é em homenagem à Queda da

Bastilha, evento que iniciou a Revolução Francesa, em 14 de julho de 1789).

Por fim, no caso da última rua, a homenagem faz referência ao Engenheiro

Wenefredo Barcellar Portella, o engenheiro responsável pela construção dos

trilhos de ferro e estações entre os municípios de Leopoldo de Bulhões e de

Anápolis.

Nas figuras abaixo, destacamos o dia da inauguração da Estação e a

Locomotiva nº. 202, primeiro especial de cargas que chegou em 14 de julho de

1935:

Figura 1 - Foto da Estação no dia de sua inauguração, em 07 de setembro de 1935

Fonte: Acervo Iconográfico do Museu Histórico “Alderico Borges de Carvalho”, 2010.

20

Figura 2 – Foto da locomotiva nº 202, primeiro especial de cargas em Anápolis

Fonte: Acervo Iconográfico do Museu Histórico “Alderico Borges de Carvalho”, 2010.

Em anos anteriores, no dia 28 de agosto de 1933 a “Pedra Angular” da

Estação Ferroviária de Anápolis é lançada, ocasião em que o Dr. Luiz Caiado

de Godoy proferiu um discurso relatado no Jornal “Annapolis”, de 15 de

setembro de 1935:

Esse marco é de uma indescritível significação, podendo-se afirmar que é a mais tocante solenidade que já se registrou nos fastos da história desta ubertosa terra, desde a sua fundação por Gomes de Souza Ramos em 1870. (Jornal “ANNAPOLIS”, de 15 de setembro de 1935)

. A partir da estrada de ferro, por assim dizer, Anápolis é conhecida como

a “Ribeirão Preto” e a “Manchester” goiana, condição “sine qua non” para o

desenvolvimento do Município, porque se hoje temos o Porto Seco, a sede da

Universidade Estadual de Goiás, a Base Aérea, dentre muitas outras

instituições, isso é devido, em grande parte, àquele fato.

Em documentos do Museu Histórico, no intuito de por em relevo o

episódio, encontramos uma notícia estampada no Jornal ANNAPOLIS, na

edição de número 24 do ano de 1935, em que é descrito na sua primeira

página com letras garrafais “AS FESTAS INAUGURAIS DA ESTRADA DE

FERRO GOYAZ”, dizendo ainda que:

21

Annapolis viveu no dia 07 do corrente o maior dia de toda a sua história com a inauguração da estrada de ferro, aspiração máxima do seu povo. (...) Desde dez dias antes da comemorável data, já a cidade se apresentava com um aspecto festivo, os hotéis cheios e um movimento desusado em nossas ruas que recrudescia, à proporção que se aproxima o feliz advento. (Jornal “ANNAPOLIS”, edição nº. 24, 1935)

Nesse mesmo jornal, é descrito ainda os acontecimentos que

embalaram os festejos da inauguração, como a ornamentação, a alvorada, a

caravana anapolina que embarcou em Leopoldo de Bulhões a caminho de

Anápolis, a chegada em Anápolis, a passeata cívica, o descerramento da placa

dando nome à Rua Engº. Portella, o banquete no antigo Clube Lítero

Recreativo Anapolino (onde hoje se encontra o Hotel Itamaraty) em cujo

mesmo salão aconteceu o grande baile, cujo prolongamento se estendeu até

altas horas da madrugada, sendo as músicas interpretadas pelos conjuntos

musicais “Jazz José Perfeito” e “Jazz Club”.

Na Figura 3 vemos a Estação Ferroviária antes de sua inauguração:

Figura 3 - Foto da Estação Ferroviária, em 1934

Fonte: Acervo Iconográfico do Museu Histórico “Alderico Borges de Carvalho”, 2010.

Outro relato que encontramos, agora do Dr. José Xavier de Almeida

Júnior, de 15 de dezembro de 1937, na passagem dos festejos comemorativos

22

da criação do Município da Vila de Sant‟Ana das Antas que diz: “Anápolis

completa o seu meio século tendo crescimento mais nos dois anos de estrada

de ferro que nos 48 que a precederam” (Revista “A Cinqüentenária”, 1957).

Durante a construção da nova capital, Brasília, para dimensionarmos a

relevância do acontecido, a Estação Ferroviária de Anápolis foi palco de outro

grande acontecimento, pois conforme DASP: 1958-1959 (s.d.), o Departamento

de Administração do Serviço Público (DASP) organizou pelo menos 04 (quatro)

trens experimentais de passageiros entre o Rio de Janeiro e a cidade de

Anápolis – que foi uma espécie de preparativo para a transferência de parcela

do pessoal que deveria se instalar no planalto (um pouco antes do 21 de abril

de 1960: a data fixada em lei para a mudança da capital).

De acordo com DASP: 1958-1959 (s.d.), os trens experimentais podem

ser explicitados da seguinte forma:

Quadro 1 – Trens experimentais Rio-Anápolis

Denominação Data partida e chegada Trajetória

1º Trem Experimental

20 /07/1958 – 22 /07/1958

Com a previsão de percorrer 1.524km em 74 horas, à velocidade média de 20,5 km/h, chegou a Anápolis em 67h 25 min, às 19h50 da terça-feira.

2º Trem Experimental

28/08/1958 – 31/08/1958

O trajeto foi de 1.736 km, percorridos em 62h na ida (média de 28 km/h) e em 56h na volta (31 km/h).

3º Trem Experimental

23/11/1958 – 26/11/1958

Partiu do Rio de Janeiro às 22h40 de um domingo, levando “autoridades” não-especificadas, informando de que os participantes chegaram a Brasília às 9h da quarta-feira, 26 de novembro, procedentes de Anápolis.

4º Trem Experimental

14/04/1959 – 16/04/1959

Chegaram a Anápolis, numa quinta-feira, 16 de abril de 1959, transportando 40 pessoas, que dali seguiram de ônibus para Brasília.

Fonte: DASP: 1958-1959 (s.d.) e dados trabalhados pelos autores.

A Estação Ferroviária, portanto, é um marco para a história da cidade,

pois mediante a sua inauguração Anápolis entra no progresso que estamos

atualmente acostumados a verificar. Desse modo, por conta das felizes ironias

23

da história, o 07 de setembro é a data que comemoramos, também, a

independência de Anápolis na economia, no atraso na questão dos transportes

ou no provincianismo que emperra o progresso salutar.

Na Figura 4, para finalizar a descrição do contexto local em que

mostramos a importância dos trilhos da ferrovia, estação e locomotiva

visualizamos parte da Estação Ferroviária nos dias de hoje:

Figura 4 – Foto de parte da Estação Ferroviária, atualmente

Fonte: Acervo do Museu Histórico “Alderico Borges de Carvalho”.

Essa fotografia mostra que, no presente, poderíamos dar maior atenção

ao patrimônio histórico municipal – a Estação Ferroviária “Prefeito José

Fernandes Valente”, um símbolo da modernização no interior do Brasil e da

nossa terra.

Considerações Finais

No momento a perspectiva de viabilização da Ferrovia Norte-Sul, da

Plataforma Logística Multimodal e outras tantas conquistas, são devidas aos

preparativos que o Município realizou para o recebimento da estrada de ferro,

24

cujo símbolo da modernidade ocorreu há 75 (setenta e cinco) anos com a

inauguração da Estação Ferroviária de Anápolis.

Para finalizar, então, o texto mostrou que, no campo da simbologia, a

Estrada de Ferro representou uma linha entre o progresso econômico advindo

com a Revolução Industrial, cujo representante maior foi à cidade inglesa de

Manchester e a progressista cidade do interior goiano denominada,

carinhosamente, da cidade de Ana – a nossa querida Anápolis.

Referências

Acervo do Museu Histórico “Alderico Borges de Carvalho”, 2010. DASP: 1958-1959. Os Trens Experimentais Rio-Anápolis. In: Centro-Oeste Brasil, Brasília, DF, (s.d.). Disponível em: <http://doc.brazilia.jor.br/TrilhosHist/1958TremExperimental.htm.> Acesso em 10/09/2010. HOBSBAWM, E. J. A Era do Capital (1848-1875). Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1996.

http://pt.wikipedia.org/wiki/Brasil. Jornal “ANNAPOLIS”, Edições de 21 de julho de 1935 e 15 de setembro de 1935 – Museu Histórico “Alderico Borges de Carvalho”. OLIVEIRA, J. L. Subsídios à história de Anápolis. In: Revista “A CINQUENTENÁRIA”, Edição única em comemoração do jubileu da cidade de Anápolis (1907-1957). Anápolis, 31 de julho de 1957.

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CLUBE RECREATIVO ANAPOLINO (CRA): UMA

HISTÓRIA DE AMOR E DE MAGIA

ELIZETE CRISTINA FRANÇA

Resumo: O artigo aborda aspectos da comunidade Anapolina, no que diz respeito ao edifício do Clube Recreativo Anapolino – CRA, ou seja, sua sede social e os eventos cultuais e sociais realizados em suas dependências. Porém, não se estende na análise efetivada, a discussão sobre a sua sede campestre e suas práticas desportivas.

Palavras chave: Clube Recreativo Anapolino, aspectos sociais e culturais.

Introdução

m dos edifícios mais belos já construídos na cidade de

Anápolis, de acordo com a Figura 1, lugar de encanto, lazer e

luxo, freqüentado por toda sociedade Anapolina, uma história

de glória e emoções, vivenciada por um povo, em um momento de sua vida.

FIGURA 1 – Edifício do Clube Recreativo Anapolino na década de 1940

Fonte: Acervo Iconográfico do Museu Histórico “Alderico Borges de Carvalho”, 2010.

Historiadora (UFUMG), Especialista em Metodologia do Ensino de História (IBPEX-PR) e Assistente Técnica do Museu Histórico de Anápolis “Alderico Borges de Carvalho” – MHABC da Secretaria Municipal de Cultura / Prefeitura de Anápolis.

U

26

No início dos anos 1930, uma ideia na cabeça de um homem iria agitar a

pacata cidade do interior. Um grupo de amigos, reuniões, planejamentos daria

então início à primeira sede provisória do Clube Lítero Recreativo Anapolino, o

que agora passaremos a analisar.

Histórico do CRA De acordo com o texto da Prefeitura Municipal de Anápolis, intitulado

“Anápolis 1907-2007. Cem anos de História”:

O clube recreativo anapolino é o berço dos grandes acontecimentos sociais desde a década de 30, época em que surgiram grandes vultos da sociedade Anapolina, como Genserico Gonzaga Jaime, Alarico Jayme e Luiz Caiado de Godoy. Eles fundaram o primeiro clube social da cidade, denominado Grêmio Literário Anapolino, que teve a sua sede inicial instalada ao lado do hoje Itamaraty Hotel. (Anápolis 1907-2007. Cem anos de História, 2007)

Assim, no dia 29 de abril de 1934 foi criado o Clube Lítero Recreativo

Anapolino e empossada sua diretoria em uma solenidade no Cine Áurea, haja

vista que o clube ainda não tinha sua sede própria.

A partir de então, a sociedade começou a vivenciar suas noites

glamourosas e culturais nos inúmeros eventos realizados no Clube Lítero

Recreativo Anapolino.

No dia 29 de abril de 1935 o clube completou seu primeiro ano de

existência e sua festa foi realizada no Cine Áurea, a comemoração teve a parte

literária, teatral, representado por pessoas ilustres da cidade.

Depois de ver o sonho realizado, e a comunidade participando dos

eventos sociais, os idealizadores do clube queriam mais, os freqüentadores

mereciam uma estrutura mais imponente, confortável, uma sede própria para

atender melhor a necessidade de todos.

Foi assim que em 27 de abril de 1941, o jornal “O Anápolis” noticiou o

seguinte:

A junta administrativa do CRA comunica aos senhores sócios e a sociedade Anapolina, que comemorando o 7º aniversário da fundação daquele clube, iniciará no dia 29 do corrente, a construção do majestoso prédio destinado a sua sede social, no terreno já adquirido para esse fim e situado à Praça da Bandeira nesta cidade. (Jornal “O Anápolis”, de 27 de abril de 1941)

27

Depois de vários anos de luta e espera, a população Anapolina contou

com o maravilhoso e imponente prédio pronto e acabado, pois estava

construída a sede do Clube Recreativo Anapolino, inaugurado no dia 06 de

outubro de 1945, com um baile a rigor que foi animado pela banda de jazz do

próprio clube, conforme noticiou o jornal “A Noite Ilustrada” de 04 de dezembro

de 1945, “a inauguração do Club Recreativo Anapolino. A suntuosidade de

suas linhas arquitetônicas – a notável festa que assinalou a sua inauguração –

vestidos vindos dos EE.UU – a juventude se diverte”. De acordo com a Figura 2

que se segue:

Figura 2 – Baile de inauguração em 06 de outubro de 1945

Fonte: Jornal “A Noite Ilustrada”, de 04 de dezembro de 1945.

Do momento da inauguração da sede própria, o clube, além dos bailes

mensais e temáticos, ainda passou a oferecer uma nova diversão aos seus

freqüentadores: as “domingueiras” do CRA, bailes que reuniam semanalmente

interessados em música, dança e socialização.

Ao longo de sua existência, o CRA foi palco de grandes acontecimentos,

como o Baile da Primavera, o Baile da Chita, Concurso de Beleza, Rainha dos

Estudantes, Baile de Debutantes, entre tantos outros.

28

Grandes personagens da história Anapolina deixaram seus nomes

gravados no clube, através de sua participação em eventos, demonstrando o

progresso social de Anápolis.

Desde o primeiro baile carnavalesco que ocorreu no CRA, em 1941,

muitos outros gritos e bailes de carnavais aconteceram e eram esperados

ansiosamente por todos, mas a festa de maior importância cultural e histórica

foi o famoso “Baile do Cinqüentenário”, noticiado no jornal “O Anápolis” de 31

de julho de 1957: “As festividades finalizará com um monumental Baile.

Realizar-se-á nos salões do Clube Recreativo Anapolino, com início aprazado

para as 22 horas”.

E ainda, no jornal “O Anápolis”, de 04 de agosto de 1957 relata-se que:

Pouco antes das 24 horas, as autoridades dirigiram-se ao Clube Recreativo Anapolino quando foram coroadas a Rainha e Princesas do Cinqüentenário as senhoritas Niclair B. Lemos, Tânia M. Diniz e Dalay Beze, respectivamente. Usou da palavra, durante poucos minutos, o Sr. José Abdalla, presidente daquele magnífico clube anapolino saudando as autoridades presentes. (Jornal “O Anápolis”, de 04 de agosto de 1957)

O CRA continuou suas atividades sociais através dos anos, oferecendo

aos associados momentos de cultura e lazer. Além de bailes tradicionais,

carnavais, coquetéis para lançamento de livros, festas temáticas, tudo para o

convívio social da cidade.

Nos anos 1960 o clube inovou suas atividades, que eram restringidas

aos finais de semana e passou a ter eventos diários, como noticiou o jornal “O

Anápolis”, em 23 de agosto de 1960:

A partir de hoje o CRA funcionará diariamente. O Clube Recreativo Anapolino vem adotar uma medida digna de nota, qual seja, a de funcionar, a partir de hoje, diariamente, propiciando a seus associados os bailes e festas que só têm tido lugar aos domingos. Apenas às segundas-feiras não se abrirá o Clube Recreativo Anapolino. (Jornal “O Anápolis”, de 23 de agosto de 1960)

A trajetória do CRA foi cada vez mais ganhando força e o espaço

geográfico no centro da cidade facilitou a realização de suas festas e eventos,

e os associados e comunidade em geral aumentou e o clube ficou pequeno

para tantos freqüentadores, foi assim que, de acordo com o Livro de Atas do

CRA – 06/02/1955 a 24/01/1972:

29

Ata da Assembléia Geral Extraordinária – aos 18 dias do mês de dezembro de 1971, às vinte horas, se reuniram para deliberarem sobre as reformas extraordinárias do Clube. (Livro de Atas do CRA – 06/02/1955 a 24/02/1972)

Então, o clube passou por uma grande mudança arquitetônica e o seu

estilo “eclético” com traços “neoclássicos” foi demolido para dar lugar a uma

nova construção, mais ampla e moderna, uma exigência da cidade em

desenvolvimento, com essa transformação são criadas as salas: Salão

Dourado e Salão Verde, grandes salões destinados aos eventos e bailes. O

que se pode observar na Figura 3, apesar de mostrar o edifício em meados de

1980:

Figura 3 – Clube Recreativo Anapolino na década de 1980

Fonte: Acervo Iconográfico “Alderico Borges de Carvalho”, 2010.

Já tomando conta da sociedade, que o jornal “O Anápolis relatou no dia

07 de fevereiro de 1972 a seguinte nota: “para o Carnaval dos clubes, o

Recreativo Anapolino já partiu na frente. Há duas semanas promoveu o

primeiro baile carnavalesco que obteve pleno sucesso”.

A década de 1970 coroou o clube com maravilhosos momentos trazendo

para Anápolis grandes artistas populares, como foi noticiado no Jornal “O

Aristocrático” – órgão informativo do CRA, de dezembro de 1987, em Edição

Especial:

Wanderley Cardoso apresentou-se no CRA por volta de 1975 quando estava no auge da fama; o cantor Gerry Adriani fez um show na década de 70, quando era um dos astros favoritos da televisão. (Jornal “O Aristocrático”, de dezembro de 1987)

30

Nos anos 1980 bailes temáticos, festas juninas, passagem de ano, gritos

carnavalescos, concursos de beleza, entre outros eventos faziam as noites

anapolinas mais brilhantes e interessantes.

O Correio do Planalto, de 25 de dezembro de 1981, comentou o

seguinte:

Baile de Formatura – na sexta-feira que passou foi realizado, no salão de festas do Clube Recrativo Anapolino, o baile de formatura da turma de formandos de Direito / 81. O clube esteve decorado com flores e a estatueta da deusa da justiça se encontrava em todas as mesas. (Jornal “Correio do Planalto”, de 25 de dezembro de 1981)

Nos anos de 1990 o CRA foi perdendo espaço para novas opções de

lazer como clubes mais retirados do centro com a inauguração de vários

espaços alternativos na cidade, e seus grandes eventos vão diminuindo por ser

muito onerosos e ter poucos participantes. Então, na segunda metade da

década de 1990, o CRA aluga suas belas instalações para a Igreja Universal

do Reino de Deus, e os belos bailes e noites gloriosas ficam na memória e na

história dos anapolinos.

Considerações finais Atualmente, o Clube Recreativo Anapolino – CRA está alugando para a

Prefeitura Municipal de Anápolis seus salões para funcionamento da Escola de

Dança de Anápolis.

Desse modo, os salões outrora cheios de glamour e de brilho ainda

podem reunir, através dos bailarinos, um pouco de sua magia.

Referências: Acervo Iconográfico do Museu Histórico “Alderico Borges de Carvalho”, 2010. Jornal “A Noite Ilustrada”, de 04 de dezembro de 1945. Jornal “O Anápolis”, de 27 de abril de 1941, de 04 de agosto de 1957 e de 23 de agosto de 1960. Jornal “O Aristocrático”, órgão informativo do CRA, Edição Especial, Anápolis, dezembro de 1987. Jornal “Correio do Planalto”, de 25 de dezembro de 1981. Livro de Atas do CRA – 06/02/1955 a 24/02/1972 Revista da Prefeitura Municipal de Anápolis. Anápolis 1907-2007. Cem anos de História, 2007.

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ABRIGO DOS VELHOS “PROFESSOR NICEPHORO

PEREIRA DA SILVA”: UM AVANÇO DESTACADO NO

CAMPO SOCIAL

IRENE RODRIGUES DE OLIVEIRA

Resumo: Esse artigo vem destacar a preocupação dos anapolinos com os menos favorecidos em todas as áreas sociais, principalmente com os idosos e abandonados.

Palavras chave: Estabelecimento assistencial, abrigo dos Velhos “Professor Nicephoro

Pereira da Silva”.

Introdução

Com a chegada da Ferrovia em 1935 a cidade experimentou um

processo de crescimento rápido, com a chegada de imigrantes vindos de vários

países e, também, de vários outros estados brasileiros, atraídos por melhores

oportunidades, pois a cidade se encontrava em pleno desenvolvimento

comercial.

Nesse período de pleno desenvolvimento começaram também a surgir

os problemas na área social, porque aqueles que não encontravam

oportunidades acabaram perambulando pela cidade, foi então que começaram

a surgir os asilos, abrigos e outros estabelecimentos assistenciais.

História do abrigo dos velhos “Professor Nicephoro Pereira da Silva”

Segundo a Revista “A Cinqüentenária”, no campo da assistência social

Anápolis experimentou avanço destacado, quando o Sr. Aryowaldo Tahan e um

grupo de benemérito da Loja Maçônica “Lealdade e Justiça II” se condoeram

da situação miserável de muitos anciões:

Lançados por uma sorte madrasta à mais profunda miséria tiveram os idealizadores do Abrigo dos Velhos por certo observado que a legião de mendigos acocorados nos passeios dos quatro cantos da cidade e em maior número nas ruas Manoel D‟Abadia e Barão do Rio Branco, projetavam uma quantidade reduzida de velhos e que esses alquebrados e sem forças para

Auxiliar Administrativa do Museu Histórico de Anápolis “Alderico Borges de Carvalho” – MHABC da Secretaria Municipal de Cultura / Prefeitura de Anápolis.

32

buscar esmolas no Centro enchiam, os buracos elameados dos arredores. (Revista “A Cinqüentenária”, 1957)

Ainda essa revista nos relata o seguinte:

Que ao brado de alerta, e a voz de apoio dos maçons fêz côro o espírito filantrópico da gente Anapolina fêz surgir em tempo recorde o Abrigo dos Velhos „Professor Nicephoro Pereira da Silva‟, que tem esse nome em homenagem a uma das figuras mais beneméritas e prestativas do lugar.

(Revista “A Cinqüentenária”, 1957)

De acordo com esta nota, então, o abrigo foi construído segundo os

mais exigentes requisitos da saúde pública. Os anapolinos, diante de tão

magnífica obra, se uniram aos maçons e começaram a arrecadar donativos

para adquirir móveis, utensílios e, também, para o término completo da obra,

pois se tratava de um arrojado empreendimento. Sendo assim, a união dos

esforços se fazia necessária, foi então que começaram a surgir as campanhas,

rifas, bailes, entre outros e visualizamos, na Figura 1, a fotografia do

homenageado, o Professor Nicephoro:

Figura 1 – Professor Nicephoro Pereira da Silva

Fonte: Acervo particular de Irene Rodrigues, 2010.

Logo no início de uma das campanhas empreendidas, Graciano Antônio

da Silva fez a doação da renda de uma noite de cinema no Cine Teatro

33

Imperial, Sr. Augusto de Carvalho Franco doou todos os trilhos da cobertura do

pavilhão inicial.

Haydée Jayme (1981), em sua obra “Anápolis: Sua Vida, Seu Povo” nos

mostra que “o terreno para a edificação daquela Casa Benemérita que

abrigaria os velhos que perambulavam pela cidade foi doada por Jonas

Duarte”.

No jornal “O Anápolis”, também unidos com o povo anapolino em prol do

abrigo dos velhos, é publicada a seguinte nota:

Vem causando boa repercussão em todas as camadas da sociedade a feliz idéia que teve a Diretoria do abrigo em sortear uma geladeira “Frigidaire” em benefício desta obra de Assistência Social, pois esta obra é de necessidade social e o povo de Anápolis, assim como de todo o Estado deve aplaudir e apoiar tão nobre e filantrópica instituição de caridade, pois tão logo seja inaugurada virá testemunhar o valor do empreendimento, amparando aqueles que se encontram no fim da vida desamparados. Sendo assim, o povo anapolino que sempre tem apoiado as iniciativas filantrópicas, por certo dedicará ao abrigo a sua carinhosa atenção auxiliando esse empreendimento bem sério. É por esse motivo que lançamos apelo a população para que não deixe de cooperar. (Jornal “O Anápolis”, p.01, de junho de 1947)

Como podemos notar, o povo anapolino atendeu ao chamado para

contribuir com as obras em todos os sentidos, sendo grandes as contribuições.

Esse é um exemplo e uma prova admirável da solidariedade humana

demonstrada pelo povo anapolino. Nessa obra, o apoio municipal, estadual e

federal também se fez presente, pois segundo o Jornal “O Anápolis” de junho

de 1949:

Os representantes de Goiás na Câmara Federal e no Senado atendendo aos justos apelos da Diretoria do Abrigo dos Velhos “Professor Nicephoro Pereira da Silva” conseguiram a inclusão no vigente orçamento da união uma verba de CR$ 500.000,00 (quinhentos mil cruzeiros) de auxílio e esta obra, bem como também obtiveram a subvenção de CR$ 30.000,00 (trinta mil cruzeiros) anuais desde 1948. O deputado Galeno Paranhos acaba de ter vitoriosa pela Comissão de Finanças da Câmara Federal, a emenda que apresentara consignando um auxílio de quinhentos mil cruzeiros no Orçamento da República para 1949 destinada ao término das obras dessa importante obra de caridade em construção em Anápolis. A medida como é inegável – traduz uma cooperação de caráter altamente estimulante para a boa iniciativa dos que se unirão para dotar nossa cidade desses recursos. As obras da construção do abrigo estão adiantadas e já indicam que em futuro próximo, a velhice desamparada terá em Anápolis conforto e uma mansão – capaz de conpensar-

lhe os dias trazidos pelo acaso de sua existência. (Jornal “O Anápolis”, pp.03-

08, de 17 junho de 1949)

34

O que constatamos é que o abrigo, logo após sua inauguração, teve sua

capacidade de atendimento ampliada para 72 (setenta e duas) pessoas,

podendo esse número ser elevado para 90 (noventa) pessoas sem causar

dificuldades. Em vez de grandes dormitórios, os abrigados contam com quartos

com duas camas, as dependências especiais para refeitório e cozinha,

dispensa, assim como banheiros magnificamente dispostos.

Na Figura 2 vemos a fotografia de um dos fundadores do Abrigo dos

Velhos “Professor Nicephoro Pereira da Silva”, o Sr. Aryowaldo:

Figura 2 – Aryowaldo Tahan

Fonte: Acervo particular de Irene Rodrigues, 2010.

A assistência médica também foi um marco importante, pois jamais

faltou aos velhos do abrigo, segundo dados que coletamos nas fontes, os

doutores Luiz Fernando, Ivan Roriz e Joaquim D‟Abadia que, por muito tempo,

foram os beneméritos dos anciões. Essa assistência logo foi tomada pelos

espíritos altamente caritativos de outros personagens, o Dr. Henrique Maurício

Fanstone e Dr. Sírio Quinan, que dispensaram aos idosos também, sem

qualquer recompensa material, além da assistência médica propriamente dita,

o fornecimento de amostras de remédios para os vários casos que se

defrontavam. Assim, a nota citada demonstra tal espírito caritativo e, também,

na seqüência, podemos observar o Abrigo dos Velhos na Figura 3:

35

O Sr. Aryowaldo Tahan desprezando seus próprios interesses particulares

dedica-se de corpo e alma a essa obra beneficente que representa um marco

indelével da cultura e da civilização da gente de nossa terra. Apesar do apoio

da ilustre direção do Abrigo dos Velhos e o que já tem recebido do povo

anapolino, urge que todos continuem avaliando tão proveitosa instituição com

donativos de todas espécies, principalmente em dinheiro a fim de que não seja

retardada a inauguração desta casa assistencial. (Jornal “O Anápolis”, p.08, de

17 de junho de 1949)

Figura 3 – Abrigo dos Velhos “Professor Nicephoro Pereira da Silva” na época da inauguração.

Fonte: Revista “A Cinqüentenária”, 1957.

Apesar da Revista “A Cinqüentenária” (1957) publicar que o Abrigo dos

Velhos “Professor Nicheporo Pereira da Silva” ter sido inaugurado em 1948,

destacamos que isto não aconteceu, porque neste ano foi criado o Decreto

Municipal declarando de utilidade pública o Abrigo dos Velhos. Como podemos

notar, então, o Abrigo dos Velhos “Professor Nicephoro Pereira da Silva” teve

os Estatutos registrados no Cartório de Título e Documentos desta Comarca

em 27 de fevereiro de 1948, sob o nº. 14 de ordem e publicado no Diário Oficial

do Estado de Goiás, Edição nº. 5.565, páginas 4 e 5, de acordo com o Livro de

Estatutos, pertencente ao Acervo “Onofre de Rezende”

A inauguração do Abrigo dos Velhos se deu no dia 23 de julho de 1950,

conforme atesta uma programação de inauguração publicada no Jornal “O

Anápolis”, naquela mesma data:

36

Às 10 horas: recepção portão principal. Às 10 horas e trinta minutos: ao som do Hino Nacional corte da fita simbólica pelo Presidente da Loja Maçônica “Lealdade e Justiça II”, Sr. Waldemar Borges de Almeida. 11 horas: abertura da Secção Cívica de inauguração pelo Presidente do Abrigo dos Velhos, Sr. Aryowaldo Tahan, que convidara o Sr. Galeno para presidir os trabalhos de inauguração e formar a Mesa, logo após será dada posse à nova diretoria. (Jornal “O Anápolis”, p.01, de 23 de julho de 1950)

Considerações finais

Hoje o Abrigo dos Velhos “Professor Nicephoro Pereira da Silva”

continua fiel ao Estatuto criado desde a sua fundação, uma vez que os

velhinhos ali são como verdadeiros hóspedes e não internos, tamanhos são o

carinho e zelo com que são tratados.

O trabalho ali realizado é de uma grandeza ímpar, tudo muito bem

supervisionado pela Srtª. Terezinha, que não deixa nada a desejar. A hora das

refeições é um momento mágico onde todos se reúnem, pois ali no refeitório,

com várias mesas espalhadas pelo amplo salão, os velhinhos se reúnem num

verdadeiro bate-papo.

Enfim, apesar de tantas leis e projetos governamentais e estatutos

criado, o parecer 1.301 de 2003 expõe a redação final do Projeto de Lei da

Câmara, de nº. 57 do mesmo ano, que dispõe sobre o Estatuto do Idoso e dá

outras providências, sancionado e publicado pelo Presidente da República por

meio da Lei nº. 10.741, de 1º de outubro de 2003.

Referências:

Acervo Particular Irene Rodrigues de Oliveira, 2010. FERREIRA, H.J. Anápolis: Sua Vida, Seu Povo. Brasília: Gráfica do Senado Federal, 1981. Jornal “O Anápolis”, edições de 17 de junho de 1949 e de 23 de julho de 1950.

Revista “A CINQUENTENÁRIA”, Edição única em comemoração do jubileu da cidade de Anápolis (1907-1957). Anápolis, 31 de julho de 1957.

37

UM MINUTO NA HISTÓRIA DE ANÁPOLIS

PROF. ROMEU DE OLIVEIRA LOPES Resumo: Esse pequeno “minuto” de texto traz à memória um acontecimento interno envolvendo o poder executivo e legislativo municipal que, apesar disso, teve repercussões em toda a municipalidade – a tentativa de mudança da bandeira de nossa cidade.

Palavras chave: Símbolo municipal, bandeira, Anápolis.

Introdução

s símbolos do estandarte de Anápolis estão muito bem

descritos numa obra específica, digna de todos os encômios,

“História de Anápolis”, de autoria de Humberto Crispim Borges.

Os emblemas nele inseridos foram concebidos pelas mentes de

cidadãos de escol, na época, compostos de professores, políticos, intelectuais,

historiadores, enfim, pessoas que amavam este torrão e por ele lutaram

tenazmente, em época pretérita chamada “Freguesia de Santana das Antas”.

Este nome foi dado a esta incipiente comunidade no dia 06 de agosto de

1873, pela Resolução nº. 514.

É de se ver que, já no início, nossa urbe demonstrava uma vocação

muito forte para a religião e a oficial era a Católica Apostólica Romana, já que o

Estado (o País) era unido com a Igreja. Esta exercia fortíssima influência nos

governantes e este fato está diretamente ligado ao “Descobrimento do Brasil”,

pelos portugueses, jungidos a essa religião.

Mas esta é uma outra história... Com isso, passamos a entender os

motivos que nos levaram a escrever este pequeno texto.

Antecedentes do “minuto na história de Anápolis”

O jornal “O Anápolis”, no dia 31 de julho de 1962 publicou um “script” de

nossa autoria, denominado “Pequena História de Anápolis”. Ali se encontram

algumas informações de forma bastante sucinta, pois não somos historiadores,

mas, tão-somente, estudiosos e pesquisadores por uma simples vocação

àquilo que se refere à erudição.

Advogado (OAB/GO 4329), ex-procurador do município na gestão do ex-prefeito Olímpio Ferreira Sobrinho (1982-1983) e professor.

O

38

Cosmicamente considerando, a História tem como referências de tempo

os milênios, os séculos, os decênios, os lustros, os anos, os meses, os dias, as

horas, os minutos, os segundos – apenas para citarmos alguns momentos que

são referências insignificantes da Eternidade e que nossa mente concretista

pode compreender.

Todavia, o tema proposto aqui é “Um Minuto na História de Anápolis”, na

verdade, um minuto mesmo.

Falamos, no início, de “símbolos”. E o que é um símbolo? “É uma figura,

emblema, sinal, combinação de sinais, imagem, desenho que, segundo

determinada convenção, representam uma idéia, um conceito”, segundo o

grande filólogo-dicionarista Francisco da Silveira Bueno.

Houve um momento na história de Anápolis que os significativos

símbolos de nossa bandeira foram derrogados1 (este é o termo mesmo).

Os símbolos encerram pensamentos, sensibilidades. Esses ingredientes

são energias condensadas, concebidas pelas almas de várias pessoas (até

pode ser por uma alma só). No caso de Anápolis, não foi uma só pessoa,

sabemo-lo.

Aquele que denigre um símbolo pode ser considerado um iconoclasta

(destruidor de imagens).

Um minuto na história de Anápolis

No dia 09 de agosto de 1983, através do Autógrafo de Lei nº. 70/83, a

Câmara de Vereadores de Anápolis (cujo Presidente era o Dr. Max Lânio

Gonzaga Jaime) cometeu esse sacrilégio, movidos por um sentimento menos

nobre: o revanchismo, a vindicta.

Em 1982, Íris Resende Machado foi vitorioso nas eleições para dirigir os

destinos do Estado. Era comum o Governador submeter três nomes ao Exmo.

Senhor Presidente da República para que, um deles, fosse homologado para

dirigir os destinos de Anápolis, naquela época “área de segurança nacional”,

em função da presença da Base Aérea.

1 De acordo com Sérgio Sérvulo da Cunha (2009), na obra “Dicionário compacto do Direito”, o

termo “derrogar” diz respeito ao ato ou efeito de abolir / anular uma lei ou diploma legal.

39

Ocorria que Íris Resende era de um partido de oposição ao do

Presidente da República. Este não homologou nenhum dos nomes indicados

pelo futuro Governador.

Os partidos de oposição locais ajuizaram ação em represália à

discriminação havida, figura perfeitamente anti-jurídica, segundo a Carta

Magna do País.

Além da ação judicial, mudaram a bandeira de Anápolis. Trocaram-na

por uma em que constava, como símbolo de revolta, uma águia com as asas

abertas, tentando alçar vôo, não o fazendo porque tinha um dos pés amarrado

a um cepo preso ao chão, segue abaixo a Figura 1, para apreciação do

contexto, convocando a população para um ato público em favor desta

mudança:

Figura 1 – Convocação para Ato Público

Fonte: Jornal “Correio do Planalto”, de 31 de julho de 1983.

O significado estava diretamente ligado ao fato de que Anápolis não

podia ter o seu prefeito escolhido em pleito popular ou por indicação (este era o

40

caso) dos políticos locais. Era obrigada a aceitar o nome que alguém (o

Presidente da República, na época João Batista Figueiredo) quisesse impor ao

seu povo. Na Figura 2 a seguir, visualizamos a bandeira que queriam impor ao

município, juntamente com a sua idealizadora, Haydée Jaime, cuja pintura ficou

a cargo do artista plástico Isaac Alarcão:

Figura 2 – A bandeira da autonomia e sua idealizadora

Fonte: Jornal “Folha de Goiás”, de 1983.

O VETO – O prefeito tinha 15 (quinze) dias para vetar aquele Autógrafo

de Lei. Caso não o fizesse, ele seria aprovado por decurso de prazo. Também

o Veto poderia ser derrubado pela Câmara, a quem pertencia a última palavra.

Era certo que o Veto seria desconsiderado, pois o Prefeito tinha minoria

na Câmara. Os mesmos vereadores que subscreveram o Autógrafo de Lei

derrogariam o Veto.

Na última semana do prazo fatal, o Procurador Geral do Município, Dr.

Antônio Antenor Rodovalho, abordou este articulista para redigir o Veto.

De início, houve rejeição de nossa parte, por se tratar de matéria

eminentemente política, área em que nós nunca atuamos e para a qual não

temos a mínima vocação.

Contudo, o Procurador Geral insistiu e acabamos por redigir o tal Veto, o

que podemos visualizar parte deste na citação abaixo, de acordo com o Ofício

nº. 388/83 do Gabinete do Prefeito:

41

Criar uma bandeira em caráter provisório não é medida inteligente, mas sim comportamento baseado no aspecto estritamente emocional. Os homens sábios não agem sob o impulso da Emoção, mas sim da Razão. Ademais, o Art. 2º do Autógrafo de Lei nº. 70/83 fere, por analogia, dispositivos da Lei nº. 5.700, de 01/09/71, que regulamenta o uso da Bandeira Nacional, no que tange ao uso a meio-pau. Como se sabe, o uso da Bandeira dessa maneira é indício de luto. Mas as situações de luto são sempre em conseqüência do passamento de alguém muito ilustre e que muito fez em prol de uma coletividade. Imagine V.Exa. se nossa querida Anápolis ostentasse, nos lugares mais destacados e nobres, SEMPRE a Bandeira em sinal de luto... Cada pessoa que aqui aportasse ou por aqui transitasse de tempo em tempo e visse a cidade sempre em sinal de luto e ficasse sabendo do motivo. O que diria? Certamente que não faria comentários elogiosos a essa idéia, pois estaria havendo um exagerado abuso de um sentimento que deve ser guardado no âmago do coração de cada qual para vir à tona somente em épocas de profunda e autêntica dor – em

épocas de LUTO MESMO. (PREFEITURA MUNICIPAL DE ANÁPOLIS, Ofício

nº. 388/83, Fls. 07, PGM/ROL/RSB)

Tínhamos a cabeça plena de informações acadêmicas, ainda, e nos

valemos muito do “papa” do Direito Administrativo, autor de várias obras, Hely

Lopes Meirelles e de dois grandes civilistas, Sílvio Rodrigues e Washington de

Barros Monteiro. Todavia, o supedâneo do mérito era um Decreto Federal (se

não nos enganamos, de nº. 200).

Contudo, a descrição simbológica teve como base a conspícua obra já

citada, de autoria de Humberto Crispim Borges – “História de Anápolis” e que

vemos, na Figura 3, a nossa belíssima Bandeira Municipal que queriam

modificar:

Figura 3 – a Bandeira Municipal

Fonte: www.anapolis.go.gov.br, 2010.

42

Fomos bastante incisivos na redação do Veto e chamamos à

responsabilidade todos os Senhores Edis para a iconoclastia que estavam

praticando, desprezando todo um passado da história de nossa cidade,

consubstanciado naqueles símbolos autênticos que estavam em nosso

estandarte: a estrela de cinco pontas, de prata; o fuso matriarcal de sable

preto; a faixa ondeada de prata; o arado manual; a roda dentada; o capacete

de Mercúrio; os ramos de cereais que facilmente vicejam nesta terra, além de

uma coroa encimando tudo, como sendo nossa cidade uma rainha nesta

região...

Considerações finais

Não deixamos de dizer-lhes que “A Tradição, que é apanágio dos povos

mais adiantados e cultos, foi fria e cruelmente violentada, porquanto se atacou

o que a Vila de Santana das Antas, o chão de Gomes de Sousa Ramos, tem de

mais perpétuo: o seu estandarte-escudo, onde se reflete todo um passado

indelével”.

Podemos dizer que, felizmente, esse “minuto” em nossa História durou

apenas vinte dias, somados os dias de tramitação dos processos com os

quinze que a lei dá para a contestação, “in casu”, o vitorioso Veto, cujo

conteúdo tocou profundamente a alma dos Senhores Vereadores que se

opunham ao alcaide anapolino, o Prefeito Olímpio Ferreira Sobrinho.

Referências:

BORGES, H.C. História de Anápolis. Goiânia, Editora Cerne, 1975. CUNHA, S.S. Dicionário compacto do direito. São Paulo: Saraiva, 2009. Jornal “Correio do Planalto”, de 31 de julho de 1983. Jornal “Folha de Goiás”, de 1983 (recorte contido no acervo do Museu Histórico “Alderico Borges de Carvalho”). LOPES, R.O. Pequena história de Anápolis. In: Jornal “O Anápolis”, de 31 de julho de 1962. PREFEITURA MUNICIPAL DE ANÁPOLIS, Oficio nº. 388 / 1983 – Gabinete do Prefeito, PGM/ROL/RSB. Site: www.anapolis.go.gov.br. Acesso em 07/12/ 2010.

43

A VISIBILIDADE EVANGÉLICA NO MEIO SOCIAL

ANAPOLINO

SANDRA CORRÊA MATOS

Resumo: O texto apresenta um breve histórico do desenvolvimento das principais instituições de cunho evangélico que se constituíram em Anápolis a partir da década de 1920. A forte presença desse segmento religioso na sociedade anapolina se consolidou principalmente através de serviços relacionados à saúde e à educação, mas há de se notar a presença do mesmo em outros setores sociais, contribuindo, desse modo, para proporcionar uma expressiva visibilidade social do protestantismo na cidade.

Palavras chave: Protestantismo, influência social e educacional.

Introdução

esde sua origem, Anápolis tem sido caracterizada pela forte

influência religiosa em seu contexto social. A formação do

povoado do qual resultou na constituição da cidade esteve

ligada as práticas do catolicismo. De acordo com Polonial (2007), por volta de

1833, um dos fazendeiros, o Sr. Manoel Rodrigues dos Santos, passou a

realizar anualmente novenas, orações e festas em homenagem a Santana em

sua propriedade, atraindo, desta forma, parentes e amigos para a região. Dos

primórdios até por volta da primeira década do século XX o catolicismo era a

religião predominante nesta localidade.

A cidade que surgiu da devoção a Santana ao poucos assistiu a

inserção de outras doutrinas religiosas, como foi o caso do protestantismo2. A

visibilidade social que este segmento religioso tem apresentado levou a muitos

a denominar Anápolis, como “cidade evangélica” 3.

A partir da década de 1920, a composição religiosa de Anápolis

começou a alterar. Evidenciaram-se as primeiras famílias seguidoras do

Historiadora (UEG), Mestre em Sociologia (UFG) e Professora de História da Rede Municipal e Estadual de Ensino de Anápolis. 2 O protestantismo, como movimento religioso, possui características diversas e para estudá-lo

as ciências propõem a subdivisão do mesmo em tradicionais, pentecostais e neopentecostais. No entanto, para o fim que se propõe este artigo, o mesmo será tratado como um grupo único em oposição as outras religiões existentes, e também utilizado o termo evangélico como sinônimo, uma vez que “é uma categoria corretamente utilizada que abrange crentes de todas as denominações” Novaes (1985, p. 47) . 3 Este título foi utilizado por Pereira (1988) para caracterizar Anápolis.

D

44

protestantismo nesta localidade4. No primeiro momento, os protestantes, por

ser uma minoria numa sociedade hegemonicamente católica, eram muitas

vezes tratados com certo preconceito por parte de alguns moradores, que os

denominavam de “quebra-santos” (MATOS, 2001).

O pioneirismo

Embora a história registre a presença protestante em Anápolis desde os

primeiros anos da década de 1920, não existem dados sobre o trabalho de

propagação desta doutrina religiosa na primeira parte daquele período. Os

relatos que contam o início do trabalho missionário em Anápolis adotam como

marco inicial o ano de 1925, após a chegada do casal Fanstone, James

Fanstone e Ethel Marguerite Pastefildem, conhecida como dona Dayse,

missionários evangélicos ligados à União Evangélica Sul-Americana (UESA),

que vieram com o objetivo exclusivo de propagar o protestantismo (Ibidem).

James Fanstone era brasileiro, mas havia sido educado na Inglaterra. Era filho

de missionários ingleses (Reverendo James Fanstone e Elizabeth Baird) que

haviam atuado na região norte do Brasil em fins do século XIX.

Em Anápolis, o casal Fanstone passou a celebrar cultos em sua própria

residência, depois alugou alguns imóveis especialmente para esses fins, o que

deu origem a primeira igreja evangélica da cidade. Concomitante a este

trabalho de evangelização, James Fanstone fundou em 1927 o Hospital

Evangélico Goiano (HEG), o primeiro hospital de Anápolis.

O HEG foi idealizado pelo seu fundador para ser uma instituição médico-

hospitalar de cunho religioso e preconizador da doutrina protestante. Mesmo

sendo uma instituição privada, durante muito tempo o HEG “tratou ou operou

todos os missionários, pastores e evangelistas e suas famílias, inteiramente

grátis” (BORGES, 1975, p. 111). Por este motivo e pela possibilidade de

tratamento de diversas enfermidades, o hospital atraiu protestantes de outras

localidades e também pessoas que não professavam a fé evangélica. No HEG,

o ambiente era preparado para a evangelização. Cultos matinais eram

realizados todos os dias, havia uma Bíblia em cada leito, os pacientes

4 Segundo Ferreira (1979), essas famílias eram a de Getúlio de Melo, de Jeremias Esteves, de

Jarbas Jaime, de Arinesto de Oliveira Pinto, de Amazílio Lino de Souza.

45

recebiam visitas de “profissionais-religiosos” e, posteriormente, uma rede de

televisão interna, passou a transmitir programas evangélicos (MATOS, 2001).

O trabalho de propagação do protestantismo realizado por esta instituição foi

anterior ao realizado por igrejas evangélicas oficiais. Por este motivo, o HEG é

considerado pioneiro na divulgação da fé protestante em Anápolis. Após este,

outras instituições vinculadas a este seguimento religioso foram se formando

na cidade.

Templos religiosos

As primeiras famílias de evangélicos de Anápolis só passaram a contar

com templo religioso após 1925, organizado pelo casal Fanstone conforme foi

mencionado anteriormente. Após a estruturação deste templo evangélico em

Anápolis, a Igreja Presbiteriana de Bonfim, atual Silvânia, assumiu a

organização dos trabalhos evangelísticos. Em Bonfim, a igreja evangélica sofria

muitas perseguições de ordem religiosa. Por este motivo, os líderes da Igreja

Presbiteriana decidiram transferir, em 1930, a sede da denominação para

cidade de Anápolis, marcando a organização eclesiástica e oficial da primeira

igreja evangélica na cidade, a Igreja Presbiteriana Independente de Anápolis.

Durante alguns anos esta era a única igreja evangélica da cidade e todos os

moradores que pertenciam ao segmento evangélico a freqüentavam.

A partir da década de 1940 outras denominações evangélicas foram se

estruturando em Anápolis. No ano de 1943, foi organizada pelo Reverendo

Severino de Araújo a Primeira Igreja Batista de Anápolis. Um ano depois, em

1944, sob a liderança do Reverendo Arthur Wesley Archibald, missionário

norte-americano, alguns membros ligados à Igreja Presbiteriana Independente

resolveram desmembrar-se desta e fundar a Igreja Cristã Evangélica de

Anápolis. Em 1947, a Igreja Presbiteriana Independente sofreu novo

desmembramento. Sob a liderança do Reverendo David Williansom foi criada a

Igreja Presbiteriana do Brasil - Congregação de Anápolis. No ano 1948, foi

fundada a Igreja Metodista de Anápolis, sob a organização do representante

distrital desta denominação evangélica, o Reverendo Charles Alexandre Long

que pastoreou esta igreja nos primeiros anos (SOBRINHO, 1997). A partir da

46

formação dessas igrejas, estavam instaladas em Anápolis as principais

denominações evangélicas da vertente tradicional.

Neste mesmo período, estabeleceu-se em Anápolis a primeira igreja

evangélica pertencente à vertente pentecostal, Assembléia de Deus,

organizada pelo senhor Antônio Inácio de Freitas, ex-membro da Igreja

Presbiteriana que aderiu ao pentecostalismo. Porém, na década de 1960, a

Igreja Assembléia de Deus sofreu algumas alterações em seus estatutos, o que

desagradou parte de seus integrantes. O resultado foi a desvinculação e a

organização, em 1968, de outro ministério desta denominação, a Assembléia

de Deus Ministério Madureira (LIMA, s.d.). Portanto, as Igrejas Assembléia de

Deus ministério de Anápolis e o ministério Madureira foram pioneiras da

vertente pentecostal em Anápolis. É oportuno mencionar que o maior templo

religioso da cidade e um dos maiores da América Latina é a Matriz da Igreja

Assembléia de Deus Ministério de Anápolis, construído para sediar a

Convenção Nacional das Assembléias de Deus, em 1985 (PEREIRA, 1988).

Com o passar do tempo, novos ministérios ligados à Assembléia de

Deus foram se estruturando em Anápolis e outras denominações pertencentes

à vertente pentecostal foram surgindo. Em 1960, o Reverendo Onésimo Barros,

missionário vindo de São Paulo, organizou a Igreja do Evangelho Quadrangular

(SIQUEIRA, 2000). Na década de 1970 surgiu a Igreja do Movimento

Missionário, criada pelo Reverendo Benedito Sant‟Ana, membro dissidente da

Igreja do Evangelho Quadrangular em Anápolis. Mais tarde, surgiram a Igreja

Cristã Evangélica do Avivamento, Igreja Pentecostal Chama do Espírito Santo,

Igreja Pentecostal O Brasil para Cristo, Igreja Pentecostal Esconderijo do

Altíssimo, Igreja Pentecostal Deus é Amor e outras pentecostais (Ibidem).

Já as igrejas ligadas ao neopentecostalismo estruturaram-se em

Anápolis a partir da década de 1990, com a Igreja Universal do Reino de Deus.

Depois foram surgindo outras denominações como Luz para os Povos, Sara

Nossa Terra, Fonte da Vida, Internacional da Graça e Internacional da

Renovação. A implantação das diversas denominações protestantes deu

origem a vários templos religiosos desses segmentos espalhados em

diferentes pontos de Anápolis. De acordo com o Guia dos Evangélicos

Anapolinos, havia 372 templos evangélicos na cidade no ano 2004, quando foi

feito o levantamento.

47

Escolas e faculdades

Em 1932, o casal Fanstone, juntamente com Carlos Pereira Magalhães,

fundou a primeira escola confessional evangélica na cidade, o Colégio Couto

Magalhães (MATOS, 2001). Aqueles estavam preocupados com a qualidade

do ensino formal que era oferecido às crianças evangélicas da região e de

outras localidades, pois até o início da década de 1930 só existia um grupo

escolar que ministrava aulas de ensino religioso e cujo conteúdo centrava-se

na doutrina católica, embora a Constituição brasileira do início do século XX

tornava facultativo o ensino religioso e de acordo com a confissão dos alunos

declarada pelos pais. (SOBRINHO, 1997). O Colégio Couto Magalhães foi a

solução para o problema da educação formal destinada aos evangélicos em

Anápolis. “O Colégio Couto Magalhães iniciou suas atividades como uma

escola simples e humilde, e depois cresceu, e em pouco tempo tornou-se uma

das instituições educacionais mais respeitadas pela sociedade anapolina”

(Ibidem, p. 108).

Além do Colégio Couto Magalhães, pioneiro na educação confessional

em Anápolis, em 1933 foi criada a Escola de Enfermagem “Florence

Naghtingale” para a formação de mão-de-obra qualificada e para suprir a

necessidade de profissionais no HEG. Com o tempo, outras instituições

educacionais ligadas ao segmento evangélico foram surgindo na cidade, como

a Escola Evangélica Adonai, Escola Bom Samaritano, Escola Adventista Dr.

Amadeus Machado, Escola Dayse Fanstone, Colégio Quadrangular e Escola El

Shaday (Guia dos evangélicos de Anápolis, 2005).

Ainda nas primeiras décadas de inserção protestante no meio

educacional anapolino foi organizada a Associação Educativa Evangélica, que

tinha como objetivo manter a obra iniciada pelo Colégio Couto Magalhães e

difundir o protestantismo em todos os níveis de ensino. Aquela foi criada para

ser uma entidade interdenominacional, composta por membros das Igrejas

Presbiteriana do Brasil, Presbiteriana Independente, Batista de Anápolis, Cristã

Evangélica de Anápolis e Metodista, sem fins lucrativos e com a finalidade de

fundar e manter unidades em outras localidades, rurais ou urbanas (ABREU,

1997). De acordo com seu estatuto, a Associação Educativa Evangélica era

48

uma sociedade civil com orientação “francamente Cristã Evangélica”

(ESTATUTOS DA ASSOCIAÇÃO EDUCATIVA EVANGÉLICA, 1947). Isto

deveria ocorrer por meio da realização de cultos nas unidades, orações diárias,

palestras, estudos, aulas de ensino religioso, seminários e orientação espiritual

(ABREU, 1997).

Inicialmente a Associação Educativa Evangélica era integrada pelo

Colégio Couto Magalhães, o Colégio Álvaro de Melo, criado em Ceres no ano

de 1947, e o Instituto Bíblico Goiano. Depois da década de 1960, a Associação

Educativa Evangélica passou a investir em ensino superior e criou a primeira

instituição de Anápolis destinada à formação de professores e a pioneira na

região Centro-Oeste de cunho confessional evangélico, a Faculdade de

Filosofia “Bernardo Sayão” (Ibidem). Em 1968, foi criada a Faculdade de

Direito, em 1971, a Faculdade de Odontologia João Prudente, em 1998,

criados os cursos de Enfermagem, Educação Física, Administração de

Empresas e Fisioterapia, alguns cursos de pós-graduação Lato Sensu e Stricto

Sensu. No ano de 2002, a entidade fundou a Faculdade Raízes, com o curso

de Direito.

Seminários Teológicos

A preparação formal de preletores evangélicos na cidade de Anápolis

iniciou-se com o Instituto Bíblico Goiano (IBG), criado em 1938 pelo reverendo

norte-americano Arthur Wesley Archibald. No ano de 1948 o IBG passou a

integrar à Associação Educativa Evangélica, permanecendo vinculada a esta

entidade até o ano de 1960. Após esta data o Instituto Bíblico Goiano passou a

ser mantido pela Igreja Cristã Evangélica do Brasil, denominando-se Seminário

Bíblico Goiano. A partir de 1990, passou a ser Seminário Teológico Cristão

Evangélico do Brasil (SETECEB), com sede em Anápolis e extensões em

Goiânia, São Luís de Montes Belos, Catalão, Distrito Federal, São Paulo,

Imperatriz, Mossoró, Fortaleza e São José dos Campos, oferecendo os cursos

básicos para líderes, em nível médio, bacharelado em Teologia, Educação

Cristã, Missiologia, pós-graduação Lato Sensu e Stricto Sensu (SEMINÁRIO

TEOLÓGICO CRISTÃO DO BRASIL, 2005/2006).

49

Ao longo do tempo, outras instituições de ensino teológico pertencentes

ao segmento religioso surgiram em Anápolis. No ano de 1992, foi criado o

Instituto Bíblico de Anápolis, mantido pela Igreja Assembléia de Deus Ministério

Independente. Em 1997, foi fundada a extensão do Seminário Teológico

Batista Nacional (SETEBAN) e o Seminário Presbiteriano Renovado do Brasil

Central; em 1993 foi criada a extensão do Instituto Teológico Quadrangular

(ITQ) na cidade e, em 1995, foi criado o Instituto Bíblico Palavra e Vida,

entidade mantida pela Igreja Evangélica Vida.

Entidades de Filantropia e Assistência Social

Em 1957, o Abrigo Cristão Evangélico, criado em Goiânia no ano de

1951, transferiu-se para Anápolis. Na década de 1970, o Abrigo Cristão

Evangélico passou a denominar-se Instituto Cristão Evangélico de Goiás

(ICEG). A finalidade do ICEG tem sido de atender crianças e adolescentes de 0

a 18 anos de idade, órfãos, abandonados, vítimas de maus tratos, violência,

abusos e explorações, ou carentes que estejam em situação de risco no

convívio com suas famílias (INSTITUTO CRISTÃO EVANGÉLICO DE GOIÁS,

2001).

Em 1993, foi criada outra instituição que abriga menores, o Instituto Luz

de Jesus, mantido por diversas denominações e pelas doações da comunidade

em geral. Além de ajuda a menores, há também uma preocupação em resgatar

indivíduos adultos marginalizados socialmente.

Com o objetivo de recuperar, reintegrar e evangelizar moradores de rua

foi criada em Anápolis, no ano de 1983, pelo Reverendo Wildo Gomes dos

Anjos a Missão Vida, uma instituição de cunho confessional evangélico, de

caráter filantrópico e interdenominacional, mantida por várias igrejas

evangélicas: Presbiterianas, Assembléias de Deus, Cristãs Evangélicas,

Batistas, Metoditas, por doações individuais e empresariais. Esta é considerada

o primeiro centro brasileiro especializado na recuperação de moradores de rua.

A sede da Missão Vida localiza-se em sua cidade de origem, conta atualmente

com núcleos nas cidades de Cocalzinho, Goiás e Sobradinho, Distrito Federal.

A referida entidade realiza também outros trabalhos de assistência social como

o Programa Sopa, Sabão e Salvação (MISSÃO VIDA, s.d.).

50

Em Anápolis também surgiram instituições de cunho evangélico

preocupadas com a recuperação de usuários de drogas como a Casa de

Recuperação Príncipe da Paz, criada por Rosângela José de Souza, em 1991,

o Centro de Paz Interior (CEPAI), criado em 1992 por Irany Jacomossi, e a

Aldeia da Paz, criada pelo pastor Antônio Clécio Pereira, em 1998. Estas são

de caráter interdenominacional, filantrópicas e oferecem terapias espirituais,

ocupacionais e a oportunidade de ressocialização aos internos. Além do

trabalho de recuperação de dependentes químicos, existe em Anápolis um

albergue, o Bom Samaritano, criado em 1959 e mantido por membros ligados à

Igreja Presbiteriana de Anápolis, e um asilo para idosos, Monte Sinai, mantido

pela Igreja Cristã Evangélica do Brasil.

Outra instituição histórica de cunho evangélico localizada em Anápolis é

a Missão Asas de Socorro, conhecida como a única organização no Brasil que

opera uma estrutura de aviação com objetivos assistenciais e filantrópicos. A

“Asas de Socorro” tem origem norte-americana. Os missionários norte-

americanos vinculados a “Asas de Socorro” analisaram o território brasileiro e

concluíram que o melhor local para estabelecer a sede da instituição seria a

cidade de Anápolis devido a “sua ótima localização em relação às tribos mais

trabalhadas e principalmente pela presença em Anápolis do Dr. James

Fanstone que tinha visão missionária e poderia dar apoio através de seu

hospital na cidade (Hospital Evangélico Goiano) e através de sua influência na

sociedade anapolina e em sua comunidade evangélica” (OLIVEIRA, 1999, p.

18).

Em 1959, a missão “Asas de Socorro” organizou uma oficina de aviação

em Anápolis, considerada a primeira oficina de manutenção de aviões do

Centro-Oeste, para realizar a manutenção aos aviões que a esta pertencia.

Porém, o processo de legalização desta entidade como sociedade civil,

religiosa e filantrópica foi lento e só se concretizou em 1964. A missão “Asas de

Socorro” criou no ano de 1972 uma Escola de Aviação com o objetivo de

formar pilotos e mecânicos missionários.

Ao longo de sua existência, a missão Asas de Socorro tem procurado

atender os grupos indígenas, sertanejos e ribeirinhos que vivem nas

comunidades isoladas no interior do Brasil, realizando atividades de assistência

51

social, espiritual, médico-odontológica, educacional e de saúde preventiva.

(ASAS DE SOCORRO, s.d.).

A Missão Novas Tribos do Brasil também se destaca no trabalho

assistencial de cunho protestante. Foi criada em Goiânia, no ano de 1953 e

transferiu-se para Anápolis em 1990. O objetivo da Missão Novas Tribos do

Brasil é semelhante ao da Asas de Socorro, prestar assistência nas áreas da

saúde, educação, desenvolvimento comunitário e espiritual, porém difere por

priorizar o atendimento aos grupos étnicos minoritários do Brasil.(MISSÃO

NOVAS TRIBOS DO BRASIL, s.d.).

Foi também em Anápolis que surgiu a única entidade de cunho

evangélico a realizar atividades de assistência social às viúvas no país, a

Associação Evangélica das Viúvas do Brasil, criada pelas senhoras Doralice

Ferreira Ramos, Maria da Conceição Caldas, Maria Vicente dos Santos,

Cleomar Luiza Menezes e Nadir de Souza Andrade no ano de 1994. A sede

desta entidade localiza-se na cidade de Anápolis e possui extensões nas

cidades de Goiânia e Caldas Novas. A Associação Evangélica das Viúvas do

Brasil é uma instituição interdenominacional, filantrópica, que tem por objetivo

atender as viúvas de baixa renda em Anápolis e em Goiás. A associação

oferece a estas mulheres alimentos, medicamentos, atendimentos médico,

odontológico, psicológico, jurídico (ASSOCIAÇÃO EVANGÉLICA DAS VIÚVAS

DO BRASIL, s.d.).

Outras associações de cunho religioso evangélico sem fins assistenciais

formaram-se em Anápolis. No meio militar foi criada a União de Militares

Cristãos Evangélicos da Base Aérea de Anápolis (UMCEBAAN), criada em

1979 e associou-se à União de Militares Cristãos Evangélicos do Brasil

(UMCEB) em 20015. A UMCEBAAN tem caráter interdenominacional e objetivo

principal, congregar os militares, funcionários civis e seus familiares para o

estudo e a prática da doutrina cristã e realizar orações para as autoridades

constituídas.

5 A União de Militares Cristãos Evangélicos do Brasil (UMCEB) surgiu em 1985 com a intenção

de organizar e coordenar entidades paraeclesiásticas com visão missionária e de integração para momentos de orações entre o grupo em quartéis e bases militares brasileiras. O precursor do trabalho realizado pela UMCEB foi a Associação de Oficiais Cristãos (AOC), criado em 1979 (UNIÃO DE MILITARES CRISTÃOS EVANGÉLICOS DO BRASIL, s.d.).

52

Considerações finais

A investida de James Fanstone na organização de uma instituição de

cunho protestante em Anápolis na década de 1920 foi o ponto de partida para a

nova visibilidade dos evangélicos na cidade a partir de então. Serviços

essenciais a uma sociedade, como saúde e educação, passaram a ser

oferecidos nesta localidade em instituições ligadas a esse segmento religioso.

Aos poucos o segmento passou a demonstrar sua força de atuação também

em outras áreas, como na assistência social, confirmando desse modo a sua

presença na configuração do espaço social anapolino.

Além dessas instituições e entidades que se formaram e consolidaram,

há também que se considerar a visibilidade do protestantismo nas fachadas

comerciais anapolinas, como “Leia Moda Evangélica, Livraria Evangélica

Getsemani, Sorveteria Evangélica, Farmácia Evangélica”, e outras. A

percepção da influência desse segmento religioso nos diversos campos de

atuação tem contribuído para que o senso comum leve a intitular Anápolis

como “cidade evangélica”. No entanto, a utilização de tal título requer cuidado,

pois vários fatores devem ser levados em consideração, como por exemplo o

número de seguidores dessa doutrina, não se restringindo apenas à ocupação

do espaço geográfico e social da cidade.

Referências:

ABREU, S.E. A criação da faculdade de filosofia “Bernardo Sayão” e o protestantismo em Anápolis. Goiânia, dissertação (mestrado), FE/UFG, 1997. ASSOCIAÇÃO EVANGÉLICA DE VIÚVAS DO BRASIL. Nossa história. In: Portal AEVB, Anápolis, (s.d.). Disponível em: <http://www.viuvas.org.br.> Acesso em 20/01/2008. ASAS DE SOCORRO. Nossa história. Estrutura. In: Portal Asas de Socorro, Anápolis, (s.d.). Disponível em: <http://www.asasdesocorro.org.br/acao.html.> Acesso em 06 de fevereiro de 2008. BORGES, H.C. História de Anápolis. Goiânia, Editora Cerne, 1975. ESTATUTOS DA ASSOCIAÇÃO EDUCATIVA EVANGÉLICA. 22 maio de 1947. FERREIRA, H.J. Anápolis: Sua Vida, Seu Povo. Brasília: edição do autor, 1979. GUIA DOS EVANGÉLICOS DE ANÁPOLIS 2004/2005 – Catálogo informativo produzido pela Missão Vida.

53

INSTITUTO CRISTÃO EVANGÉLICO DE GOIÁS. Resumo do Relatório de Atividades do ICEG – Apresentado no Concílio 2001. Disponível em: <http://iceuniao.sites.uol.com.br/hconcriceg.htm.> Acesso em 08/12/2007. MATOS, S.C. Hospital Evangélico Goiano: Ação Missionária e Estrutura de Poder. Anápolis (monografia de graduação em História) Universidade Estadual de Goiás, 2001. MISSÃO NOVAS TRIBOS DO BRASIL. Quem somos. In: Portal Novas Tribos, Goiás, (s.d.). Disponível em: <http://www.mntb.org.br/quem_somos.> Acesso em 11/0/2008. MISSÃO VIDA. Ministérios. In: Portal Missão Vida, Anápolis, (s.d.). Disponível em: <http:// www.mvida.org.br.> Acesso em 08/02/2008. NOVAES, R.R. Os Escolhidos de Deus – pentecostais, trabalhadores e cidadania. Marco Zero: Cadernos do ISER, nº 19, 1985. OLIVEIRA, Z.P. História e análise do movimento missionário em Anápolis. Anápolis (monografia de graduação em História) Universidade Estadual de Goiás, 1999. PEREIRA, N. Anápolis: Capital Evangélica do Brasil. Revista Imagem Atual. Anápolis, Ano V nº 48, 1988, pp. 14-19. POLONIAL, J.M. Introdução à história política de Anápolis (1819-2007). Anápolis: Edição do Autor, 2007. SEMINÁRIO TEOLÓGICO CRISTÃO EVANGÉLICO DO BRASIL. Manual de Cursos 2005-2006. SOBRINHO, O.F. Meio século formando gerações. Goiás, Editora AEE, 1997. UNIÃO DE MILITARES CRISTÃOS EVANGÉLICOS DO BRASIL. Histórico. In: Portal UMCEB, (s.d.). Disponível em: <http://www.umceb.com.br/site/index.php?id=secao/historico.> Acesso em 26/02/2008.

54

NO AR... A HISTÓRIA DO RÁDIO ANAPOLINO

JOSÉ CUNHA GONÇALVES

Resumo: O rádio tem uma importância muito grande na nossa cidade, de modo que o texto apresentado busca historiar a trajetória desse meio de comunicação em Anápolis. Tal trajetória será traçada a partir da descrição pormenorizada das emissoras de rádio anapolinas. Palavras-chave: Emissoras de rádio, Anápolis, trajetória histórica.

Introdução

primeira experiência radiofônica em nossa cidade aconteceu

em 1° de janeiro de 1942, com a instalação da “Amplificadora

Cultural de Anápolis”, criada por iniciativa do juiz de Direito

aposentado, Abelardo Velasco. O estúdio foi instalado no 2° andar do Cine

Imperial, na Praça João Pessoa, atual James Fanstone, com potentes alto-

falantes voltados para aquele logradouro público.

A Amplificadora, que era sintonizada por grande parte dos

radiorrecptores existentes na cidade, logo se tornou uma espécie de "correio

sentimental" dos namorados. Era comum ouvir uma música oferecida à

namorada com a seguinte mensagem: "alguém que oferece a alguém, como

prova de muito amor e carinho...”.

Sabemos que alguns profissionais que viriam a aparecer na radiofonia

anapolina passaram pela Amplificadora Cultural, como também pelo serviço de

alto-falantes da Estação Rodoviária da cidade, e mesmo pelos carros de som

que faziam propaganda volante de lojas comerciais. Assim, vamos realizar a

trajetória do Rádio em Anápolis a partir do histórico de suas emissoras.

Rádio Carajá

A primeira emissora a entrar no ar em Anápolis, de forma legal, foi a

Rádio Carajá, fundada por João Simonetti e seu filho Ermetti, que chegaram à

cidade em 1945, procedentes de Bauru (SP). João Simonetti entrou em

contato com o empresário Jonas Duarte, conseguindo um terreno na Avenida

Advogado (OAB/GO 2206) e Radialista, trabalhou na Rádio Imprensa por 49 anos ininterruptos. Foi um dos fundadores da Rádio FM 100, em 1988.

A

55

São Francisco, onde foram instalados os transmissores da futura rádio. Dois

anos depois, João deixa o filho Ermetti Simonetti no comando da emissora, que

entrou no ar, em caráter experimental, em dezembro de 1946, tornando-se a

segunda rádio fundada em Goiás6.

A Rádio Carajá instalou-se inicialmente em dependências da Casa

Odeon, mudando em seguida para o prédio ao lado, onde funcionava o Banco

do Estado de Goiás.

Depois teve seus estúdios na Avenida Goiás, e, por último, na Vila

Jaiara, sob a direção de Nilson Silva Rosa, sobrinho-neto do fundador.

Porém, foi em 18 de julho de 1947, às 14h, que o locutor paulista Carlos

Fernandes leu pela primeira vez o prefixo de identificação da emissora: "Z Y J-

3 - Onda Média - 1480 Kilorertz - RÁDIO CARAJÁ DE ANÁPOLIS - A Voz do

Coração do Brasil”. A música “Acapulco”, com Emilinha Borba, abriu a

programação musical.

Os primeiros diretores da Rádio Carajá, além dos fundadores, foram

Plínio A. Gonzaga Jayme, Eurípedes Gomes de Melo, Fernando Cunha Júnior

e Félix Jayme Neto.

A Rádio Carajá ficou conhecida como “a emissora do índio”, slogan

concebido em homenagem à tribo dos Carajás.

Vários programas fizeram muito sucesso no início das atividades da

Carajá, como o "Calourinhos”, voltado ao público infantil; "Cirquinho do Carijó",

criado e comandado por Antônio Eleutério de Oliveira, o popular "Carijó";

"Calouros em Desfile", apresentado por Isac Abrão, com a participação de José

Cassemiro, responsável por bater o “tacho” quando os candidatos a cantores

não se apresentavam bem; “A Rodinha do Café”, quadro humorístico produzido

e apresentado por Clóvis Guerra e Geraldo Soares; “Festival RR” e

“Caleidoscópio Musical”, com Rivaldo Rodrigues; “ZYJ-3 na Sociedade”, com

as locutoras Anésia Cecílio, Célia Sabag e Valdira de Souza; “Um Dia Após

Outro”, crônica redigida e lida por Petrônio Cruz“; “O Mundo no Ar” e o “Grande

Informativo J-3”, programas jornalísticos de grande audiência, que tiveram

como apresentadores os locutores Juvenal de Barros, Eurico de Oliveira, Clóvis

6 Em tempo: a primeira emissora instalada no nosso Estado, em julho de 1942, foi a Clube de

Goiânia. Hoje, ela é a 730, antiga Rádio K. A terceira foi a Rádio Xavante de Ipameri, fundada em 1947.

56

Guerra, Geraldo Soares, Amaral Montez, Gedeon Camargo, Oliveira Gomes e

Saul Galdino.

Outros profissionais de igual valor também precisam ser destacados na

vida administrativa e artística da Carajá: Elídia Simonetti, Alfredo Rosa, Nelson

Eleutério, Hermogênia Eleutério, Altamiro Santos, Juvenal Amaral, Orcalino

Teixeira, Sizenando Carneiro, Castro Alves, José Eugênio, Elias Pereira,

Edileno Gouveia, Fausto Cavalcante, Lineu Gonzaga Jayme e Romualdo

Santillo, que apresentou com grande sucesso, em meados da década de 60, o

programa “É Domingo, Minha Gente”.

A Rádio Carajá estruturou nos seus primórdios uma invejável equipe

esportiva, por onde passaram profissionais que viriam a brilhar no cenário

nacional, como Waldir Amaral e Antonio Porto, que posteriormente foram os

principais narradores de futebol da Rádio Globo do Rio de Janeiro e Vilibaldo

Alves, que se tornou locutor esportivo da Rádio Itatiaia de Belo Horizonte. A

esses nomes fortes nos esportes da Carajá, somam-se, ainda, os de Manoel

de Oliveira, José Carlos Rangel, Pedro Sequetto, e mais recentemente os de

Claudair Nery, Gedeon Epaminondas e Elias Abrão.

Hoje, a Carajá não existe mais. Nos anos 1990, a freqüência foi mudada

para 770 Khz, seu nome para Rádio Voz do Coração Imaculado, com o slogan

“no ar para amar”, é dirigida pelos frades franciscanos da Imaculada, e

desenvolve uma programação essencialmente religiosa.

A notícia mais triste nos primeiros anos da Rádio Carajá foi a do

falecimento precoce do seu fundador, Ermetti Simonetti. Ele morreu em

Anápolis, em 1951, aos 43 anos, em decorrência de problemas de saúde.

Rádio Cultura

No início de 1958, a Rádio Cultura começava suas atividades

radiofônicas, na freqüência de 1030 kilorertz, (ZYW-29), fundada por Afonso

Fraga, Álvaro Fraga e Osvaldo Bernardes.

Instalou-se inicialmente na Rua Barão do Rio Branco, entre as Ruas

Engenheiro Portela e 15 de Dezembro, no piso superior das Casas Amaralina e

Seis Irmãos, com o slogan "uma voz amiga a serviço de um novo Brasil”.

57

Além dos fundadores, a Cultura teve como primeiros diretores os irmãos

Sebastião e Benedito Junqueira e o advogado Adhail Lourenço Dias.

Nos anos 1960, o controle da emissora foi transferido para o grupo

político liderado pela família Caiado.

Entre tantos e brilhantes profissionais e seus memoráveis programas,

vale o registro para "Tangos à Cabeceira" e "Discoteca do Ouvinte", com

Amaral Montez; para Iron Junqueira com suas crônicas e comentários. São

inesquecíveis as vozes de Fraga Filho, Almir Reis, Amir Sabag, Osmany

Júnior, Geraldo Soares, Petrônio Cruz, Antonio Afonso de Almeida, Deusdeth

Pereira Ramos, Adilson Galdino, Antonio Lessa, Vicente Marçal, Getúlio

Targino, Juan Drumond, Orestina Bastos e Hilda Sabag.

Érides Guimarães, que também ocupou o cargo de Diretor-Geral da

Cultura, era audiência obrigatória com o seu ouvido e temido programa “A Hora

da Verdade”.

Vários sonoplastas (operadores de som) também marcaram suas

presenças: Josafá Cândido de Souza, Raimundo Milhomen (Sinzimba),

Adolvano Junqueira, Benevides de Almeida e Valmir da Cunha Bastos (Mirim).

A Rádio Cultura mudou posteriormente o seu estúdio para a Rua 15 de

Dezembro, depois para a Engenheiro Portela, esteve na 14 de Julho e por

último em uma casa na Rua Sócrates Diniz, quando em 1975, teve sua

concessão suspensa em definitivo pelo Ministério das Comunicações.

Rádio Santana

No dia 31 de dezembro de 1958, em caráter experimental, entrava no ar

a Rádio Santana, em 1580 kilorertz, (ZYW-30), fundada pelos diretores da

época da Rádio Carajá. Seu slogan inicial foi "a voz da família goiana".

A Rádio Santana ao iniciar suas atividades ocupou dependências da

Carajá, transferindo-se depois para a Rua Cel. Aquiles de Pina e

posteriormente para um espaço dentro do complexo do Colégio São Francisco,

sob a direção dos padres franciscanos.

Sua inauguração oficial ocorreu no dia 26 de julho de 1959. Seus

primeiros diretores foram Frei José Sulivan, Altamiro Santos, Petrônio Cruz e

José Mateus de Souza.

58

Muitos precursores do rádio anapolino passaram pela Rádio Santana:

Valdir Ferreira Morgado, Altair Garcia Pereira (Braguinha), Edson Andrade,

Dimas Fernandes, Odiney Edson, Jalmes Dolis e o comunicador Eládio

Sandoval Batista, que posteriormente viria a fazer sucesso em rádios FMs do

Rio de Janeiro.

A programação da Rádio Santana, no seu início, era diversificada:

música, notícia, reportagens esportivas, comentários sobre cinema, catequese

e programas educativos.

Com a criação da Rádio São Francisco, os frades franciscanos cederam,

em 1971, o comando da emissora para Radivair Miranda e Paulo Dias, que

dois anos depois transferiram o controle acionário para o grupo Santillo.

Um programa digno de registro especial e, certamente, uma das maiores

audiências já alcançadas pelo rádio AM de Anápolis, foi “O Povo Falou, Tá

Falado”, levado ao ar pela Rádio Santana, por volta da hora do almoço.

Produzido e apresentado pelos irmãos Adhemar e Romualdo Santillo, com a

participação especial de Henrique Santillo, o programa se tornou um verdadeiro

“porta-voz” da população em suas queixas e reclamações. De forma enérgica e

incisiva, Adhemar e Romualdo buscavam junto às autoridades constituídas as

soluções para os problemas que afligiam a comunidade.

Nos últimos anos de funcionamento, a Rádio Santana esteve instalada

no 2° andar do antigo Cine Santana, depois na Vila Jaiara e ainda na Rua Luiz

Schinor.

Em 1975, a Rádio Santana teve sua concessão suspensa em definitivo

pelo Governo Federal, o que aconteceu também com a Rádio Cultura, em igual

data.

Rádio Imprensa

31 de julho de 1959. No dia em que a Anápolis festejava os seus 52

anos de elevação como cidade, entrava no ar, oficialmente, a Rádio Imprensa,

na frequência de 1.550 Khz, (ZYW-31), tendo como slogan “o imã sonoro”.

Fundada por empresários cariocas, a emissora teve o seu controle acionário

adquirido no final de 1964 pelo médico anapolino, Henrique Fanstone.

59

A Rádio Imprensa instalou o seu primeiro estúdio na Avenida Goiás,

mudado pelos novos proprietários para o edifício D. Dayse, na Praça James

Fanstone. Naquele local permaneceu até 1992, quando foi para o prédio onde

funcionava a Caixa Econômica Federal, na Rua Engenheiro Portela.

Os diretores da Rádio Imprensa, após sua fundação, foram Simão

Khoury, Moisés Haley, Antonio Marmo Canedo, Vasco Santana Ramos, Nilton

Abrão, José Elpídio e Dr. Jamil Antonio.

Sob o comando da família Fanstone, a Rádio Imprensa passou por uma

crescente profissionalização imposta pelos novos diretores: Walter Lopes

Cançado, Wildemir Demartini, Jahuyr Lobo, William (Bill) Fanstone, Ernei de

Oliveira Pina, Edmo de Oliveira Pina e Billy Fanstone.

A partir de 1972, a emissora foi admistrada por José da Cunha

Gonçalves, que permaneceu no cargo de Diretor-Geral até 2008, quando o

controle acionário da rádio foi transferido para um grupo evangélico da cidade.

Coincidência ou não, em 1965, quando a Rádio Imprensa se impôs de

forma marcante no cenário radiofônico de Goiás, o time do Anápolis Futebol

Clube foi o campeão goiano da temporada, título, aliás, que até agora não mais

foi conquistado por outra equipe anapolina. Naquela oportunidade, Edson

Rodrigues, oriundo de Uberlândia, veio para Anápolis e se tornou o principal

narrador esportivo da equipe, sob o comando do jornalista Jayro Rodrigues, e

as participações de Ernane Campos, Nunes Macedo, Vinicius Isac, Luciano

Rangel e Edson Andrade. Já na década de 1970, com Miguel Squeff vieram

Celso Campos, Antonio Leopoldo Valente, Gilson Mendes, Flávio Santos e

outros “craques” da crônica esportiva.

Em meados dos anos 70, a Rádio Imprensa mudou sua freqüência para

1030 Khz, anteriormente ocupada pela Rádio Cultura, emissora que teve sua

permissão cancelada por determinação federal.

Muitos profissionais marcaram, com seus programas, momentos

inesquecíveis produzidos pela Rádio Imprensa. No início dos anos 60, foram ao

ar "Atendendo a Pedidos", com Oliveira Gomes; "Peça e Ouça", com José

Cunha; "Bossa & Cia" e "Manchetes Musicais", na voz de Edísio Rocha;

"Rancho do Compadre Pereira", com Elias Pereira; "As Maiorais da Semana",

com Nilson Cunha. Outras presenças importantes nos primeiros anos da Rádio

Imprensa precisam ser registradas: Ermelindo Mathias, Boulanger Santos,

60

Eusébio Guimarães, Oliveira Gomes (Risadinha), Luiz Carlos Burger, Rui

Araújo, Roberto Miranda, Celso Cândido de Souza, Manoel Wanderick, Júlio

Alves, Hildebrando Ferro, Luiz Goulão, Gentil Pereira, Bernardino, Mizael e

Eromir. Mais recentemente, outros profissionais foram de igual importância:

Arinilson Gonçalves Mariano, Aldo Rocha, Evandro Coutinho, Túlio Isac,

William Ghanan, Adelson Maciel, Paulo Francisco, Keila Rezende, Odilon

Alves, Jesus Martins, Nilo Sérgio da Mota, Odair Borges, Ozair Póvoa,

Claudimar Batista, Cacilda Vasques, Claudete Marques, Cleozair Araújo, Leila

Maria, Márcio Cândido, Carla Ribeiro e Renato Cunha.

Nas décadas de 70 e 80, a Rádio Imprensa viveu momentos de

vitoriosas realizações. Assessorada por profissionais do ramo, de São Paulo, e

contando no estúdio local da emissora com o comando artístico de Luiz Carlos

Cecílio, um dos maiores ícones da radiofonia anapolina em todos os tempos,

foram ao ar atrações de sucesso nacional, como o “Programa Sílvio Santos”;

"Bom Dia”, com Omar Cardoso; "O Crime não Compensa", com Gil Gomes; "A

Hora do Rei", com Lilian Loi e a participação de Roberto Carlos, além de cinco

radionovelas diárias que eram campeãs de audiência em outras emissoras do

País.

Paralelamente a essa programação de repercussão nacional, a "prata da

casa" era outra atração à parte: Rivaldo Rodrigues era o dono das noites

anapolinas com o seu romântico programa "Você, a Noite e a Música"; Valdira

de Souza e Getúlio Brito faziam a alegria das manhãs com "As Preferidas do

Ouvinte"; "Tangos, Boleros e Canções", com Amaral Montez; "Fatonotícia",

com Luiz Carlos Cecílio; "Rancho do Jeremias", com Nhô Jeremias; "Imprensa

Esportiva", com Miguel Squeff; "Vale Tudo Musical", com Geraldo Divino;

"Canta Brasil", com Carlos Cândido; “Tocando de Primeira”, com Romes

Xavier, e o destaque especial para o mais ouvido e respeitado programa de

rádio da cidade: "Ronda Policial", com o mestre Almir Reis. Programas

especiais, como os que falavam de Roberto Carlos, cuidadosamente

produzidos e apresentados por Mauro Gonzaga Jayme (Pastinha), encantaram

milhares de ouvintes.

Na década de 1990, o radiojornalismo cresce em importância na Rádio

Imprensa, tornando-se o seu carro-chefe, comandado pelo versátil Nilton

Pereira. Uma competente equipe esportiva, liderada por Carlos Antônio

61

Nogueira, impõe um ritmo dinâmico no campo esportivo, contando com

Fernando Faria, Orisvaldo Pires, Kleiber Júnior, Nilton César, Geraldo Afiune,

Jânio Silva, Márcio Gomes, Wolney Moreira e o comentarista Washington Luiz,

entre tantos outros valores.

Em 31 de julho de 2008, ao completar 49 anos no ar, a Rádio Imprensa

teve suas ações cedidas para a Igreja Assembléia de Deus Madureira, e seus

estúdios foram mudados para a Avenida Tiradentes.

Rádio São Francisco

O apostolado radiofônico dos frades franciscanos em Anápolis teve

início em 1° de abril de 1956, primeiramente locando espaços da Rádio Carajá,

depois se utilizando da Rádio Santana para a transmissão das atividades

religiosas ligadas à Igreja Católica.

Porém, a RÁDIO SÃO FRANCISCO só começou em 1966, dando

continuidade, no primeiro momento, à programação que estava sendo levada

ao ar pela Rádio Santana. Em 1971, a São Francisco é inaugurada oficialmente

com programação própria, desenvolvida por profissionais especializados.

Com o slogan de "a emissora sorriso", a Rádio São Francisco ocupou a

freqüência de 670 Khz, (ZYF-234), com potência de 5 000 watts. Seus

estúdios foram instalados na Praça Santana, onde permanecem até hoje.

Frei João Batista Vogel foi um dos seus principais fundadores e primeiro

diretor da emissora, onde apresentava diariamente edificantes mensagens de

conteúdo cristão. Outros diretores, todos pertencentes à Província do

Santíssimo Nome do Senhor Jesus, foram: Frei José Sullivan, Frei Capistrano,

Frei João Galdino, Frei Irineu Nenevê, Frei Sebastião Queiroz, Frei Deusdeth,

Frei Fernando, Frei Dorcílio de Oliveira Júnior, Frei Edgar Alves Pereira e Frei

Wanderley Carvalho do Couto, atual diretor. Estes, por sua vez, nomeiam

prepostos para administrarem a rádio.

Alguns nomes não poderiam deixar de figurar na galeria de valorosos

profissionais no início das atividades da São Francisco, como os de Miguel

Squeff, Lenine Bueno, José Nery, Ferraz Júnior e do animador sertanejo Jaime

Marques (Loirinho), compositor e revelador de vários talentos da música

62

sertaneja de raiz, além dos comunicadores Eduardo Moneró e Eládio Sandoval

Batista.

A partir dos anos 1990, a Rádio São Francisco investiu numa

programação pautada num jornalismo forte e independente. Para tanto,

contratou Luiz Carlos Cecílio, que ao lado de Jairo Mendes, Rubiano Cardoso e

Lucivan Machado, fizeram do "Bate-Rebate” a força da informação, formato

jornalístico que rapidamente ganhou o respeito dos ouvintes e das autoridades

constituídas.

Miguel Squeff, que havia retornado à emissora, fez da equipe "Titulares

da São Francisco", presença obrigatória na cobertura de todas as modalidades

esportivas, contando com Léo Mendes, Humberto Castro, Mauro Lopes, Iron

França e Carlos Antonio.

Carlos Cândido e Eurípedes Brito, conhecidos comunicadores do nosso

rádio, são os responsáveis por programas de entretenimento, sintonizados por

uma legião de ouvintes.

A Rádio São Francisco, pertencente à Fundação Frei João Batista

Vogel, além da sua programação jornalística, esportiva e popular, tem dedicado

grande parte do seu tempo para desenvolver projetos sociais, coordenados

pela jornalista Letícia Jury, e também para divulgar as atividades religiosas

relacionadas à Igreja Católica Apostólica Romana.

Rádio Manchester

A Rádio Manchester foi à última das emissoras em Ondas Médias a se

instalar na cidade. Fundada pelos irmãos Santillo (Henrique, Adhemar e

Romualdo), que foram também seus primeiros diretores, a emissora entrou no

ar em 1988, na freqüência de 590 Khz, com seus estúdios instalados em prédio

próprio na Rua Rui Barbosa.

A vocação da Rádio Manchester foi sempre a de ser uma emissora

pautada num jornalismo contundente, com muita informação e prestação de

serviço.

Onaide Santillo, a mais consagrada comunicadora do rádio AM de

Anápolis em todos os tempos, manteve no ar, por anos seguidos, nas manhãs

63

de segunda a sexta-feira, o programa de variedades "Onaide com você",

trazendo para o ouvinte uma gama muito grande de informação e utilidade

pública.

Outros comunicadores, verdadeiros expoentes da radiofonia local, como

Geraldo Divino, Eurico Santos, Brás Neto, Brígida Mota, Cândido Filho e

Evaristo Pereira, valorizam a programação da Manchester AM.

Em 2009, a direção administrativa, comercial e artística da Manchester

foi entregue ao empresário da comunicação Mário Alves, que continua a

manter um radiojornalismo atuante, com a participação de profissionais

qualificados.

Considerações finais A partir dos anos 1970, começaram a ser instaladas as rádios FMs de

Anápolis, todas elas ligadas às emissoras em Ondas Médias já existentes na

cidade. A primeira a entrar no ar foi a São Francisco (96 FM), em 1975.

Depois, em 1988, veio a FM 100, ligada ao grupo acionário da Rádio Imprensa.

Em 1991, foi inaugurada a Tabajara-FM, pertencente aos donos da Rádio

Carajá. Por fim, em 1993, foi ao ar a Manchester FM.

As Rádios FMs de Anápolis revelaram excelentes comunicadores e

bonitas vozes, com destaque para Baby Néia, PC Albuquerque, Luciene Silva,

Wesley Costa, Leandro Luiz, Santana Jones, Lino Bugatti, Ferreira Júnior, Nina

Santos, Guel Fegalli, Jojô Maravilha, Nilson Sérgio, Silvio de Lima e Aiton

Santos7.

Das quatro Rádios FMs, apenas duas continuam com programações

populares, direcionadas ao grande público: a 96 (São Francisco) e a 93

(Manchester). Em 1998, a 100 FM teve o seu controle acionário cedido para

um grupo evangélico. O mesmo aconteceu com a Tabajara FM.

7 Quando se conta a história do rádio anapolino é preciso registrar a indispensável participação

dos nossos técnicos de som, que com seus conhecimentos, mais práticos do que teóricos, nunca deixavam nossas emissoras fora do ar, mesmo que para isso tivessem de "fabricar" alguma engenhoca capaz de manter a rádio funcionando. Destaque especial para os pioneiros Paulo Dias Ribeiro, José Vilarinho (Juquita), Osmar Ribeiro (pai), Luiz Silva, e mais recentemente, para os engenheiros em telecomunicações Otávio Emanuel Rocha Lima e José da Costa Freitas, além dos técnicos Gunart Karklin, Salustiano Miranda e Silvio Carvalho.

64

Finalmente, existem discordâncias relacionadas às datas em que

algumas das nossas emissoras entraram no ar, especialmente daquelas que

operam em Ondas Médias. Achamos relatos escritos e ouvimos informações

de radialistas mais antigos, com datas diferentes para o início de

funcionamento de certas emissoras. O certo é que esse desencontro ocorre em

função da tramitação dos atos legais nos órgãos competentes do Ministério das

Comunicações, pois as rádios (como as tevês) são concessionárias ou

permissionárias do serviço de radiodifusão, por meio de outorgas concedidas

pelo Governo Federal.

Algumas emissoras têm a data do seu início como sendo a do dia da

assinatura do Decreto de autorização. Outras a partir da entrada no ar em

caráter experimental, um período concedido para o ajuste do som e

equipamentos. Já, outras, registram como oficial a data em que entraram no ar

com a sua programação pronta, atendendo aos interesses artísticos, fiscais e

comerciais.

Referências:

Arquivo Particular José Cunha Gonçalves, 2010.

65

FUNDAÇÃO FREI JOÃO BATISTA VOGEL: EMISSORAS

A SERVIÇO DA “PAZ E DO BEM”

LETÍCIA ARANTES JURY CUNHA

Resumo: O artigo mostra a evolução histórica da Fundação “Frei João Batista Vogel”, desde seus antecedentes até a descrição das novas instalações das emissoras. O objetivo, portanto, é demonstrar o importante papel desempenhado pela Fundação na comunicação Anapolina. Palavras-chave: Fundação “Frei João Batista Vogel”, emissoras de rádio.

Introdução

estabelecimento das emissoras da Fundação “Frei João

Batista Vogel” representa um marco para os meios de

comunicação da cidade de Anápolis, pois através delas e em

parceria com instituições e entidades do município, a Fundação, além da

radiodifusão, tem o objetivo de atuar diretamente na assistência social às

famílias carentes, na veiculação diária de campanhas educativas para

combater o uso de drogas, em defesa da cidadania, valorização do ser

humano, erradicação da pobreza, valorização da cultura local e seus artistas,

dentre muitos outros.

Assim, passamos a entender a sua evolução histórica nos tópicos

apresentados.

Antecedentes históricos

Em 1961, Frei Pedro Schoffer propôs aumentar a potência da Rádio

Santana. A idéia era de 5000 watts durante o dia e 1000 watts à noite. No

entanto, a modificação não foi aprovada pelo governo. Foi então que o frade

decidiu contratar outro engenheiro que lhe apresentou a freqüência 670

kilohertz, que foi encaminhada à Comissão Técnica de Rádio, em 1962.

Frei Pedro Schoffer foi passar as férias nos Estados Unidos, e Frei José

F. Sullivan assumiu a direção da Rádio Santana. Neste período a Comissão

Jornalista (UFG), Especialista em Assessoria de Comunicação (UFG) e em Gestão da Comunicação (FGV), Coordenadora de Comunicação e Projetos Sociais da Fundação Frei João Batista Vogel.

O

66

Técnica de Rádio foi fechada e se criou o CONTEL (Conselho Nacional de

Telecomunicações), com o que se fez necessário apresentar toda a

documentação a este novo órgão. O período era de 1964, marcado pela

Ditadura Militar, em que todos os processos ficaram parados.

No ano seguinte, os frades receberam a notícia de que era possível

instalar uma emissora de Rádio em Anápolis, com a freqüência 670 kilohertz.

Mas, a orientação dada era de que fosse criada uma nova emissora, ao invés

de apresentar a Rádio Santana. Organizou-se então, no dia 2 de dezembro de

1965 a Rádio São Francisco Limitada, uma associação de três irmãs, sendo

elas Jacira Aparecida da Cunha, Maria Auxiliadora da Silva e Maria Ferreira

Barbosa.

Segundo a Cláusula I e II do Contrato Social:

Cláusula I – A sociedade girará sob a denominação de RÁDIO SÃO FRANCISCO LIMITADA, e terá como principal objetivo a instalação de estações radiodifusoras com finalidades educacionais, cívicas e patrióticas, como a exploração de propaganda comercial e atividades correlatas, mediante obtenção do Governo Federal de concessões e permissões, estando de acordo com a legislação específica regedora da matéria. Cláusula II – A sociedade terá sua sede permanente nesta cidade de Anápolis, Estado de Goiás, à Praça Sant‟Ana, s/nº, onde instalará seus estúdios e escritórios centrais. (CONTRATO SOCIAL, Cláusula I e II)

E então, segundo registros históricos, foram preparados dois processos,

sendo um da Rádio Santana, e outro da São Francisco Limitada. O procurador

da Rádio Santana, no Rio de Janeiro, achou melhor encaminhar apenas o da

São Francisco, pois ele estava completo. Meses depois, o Diário Oficial

publicou que a “Rádio São Francisco Limitada havia ganhado os direitos para

explorar os serviços de radiodifusão, na freqüência de 670 kilohertz, com a

potência de 5000 watts”.

Em 1967, o governo militar abriu inquérito no CONTEL para averiguar

todos os processos, e o da São Francisco ficou “parado”, como os demais. E o

sonho de inaugurar a Rádio foi adiado para 1º março de 1971, quando a

emissora oficialmente entrou no ar.

Desde a sua fundação, a Rádio São Francisco teve os seguintes

slogans: “Emissora sorriso”, o primeiro; “A voz do povo em primeiro lugar”;

“Juventude com Força total”; “O som de um novo dia”; e mais recentemente “A

emissora da paz e do bem”.

67

O primeiro diretor foi Frei João Batista Vogel, que em novembro de

1975, retorna aos Estados Unidos, para fazer um tratamento, já que estava

com Leucemia. Ele foi substituído por Frei Capistrano F. Haim, que até o ano

de 2010 era bispo da Prelazia de Itaituba. Nesta gestão foi instituída pela

Província do Santíssimo Nome de Jesus do Brasil, a Fundação “Frei João

Batista Vogel”, no dia 12 de fevereiro de 1976.

Na Figura 1 temos a fotografia daquele Frei que empresta o seu nome

para a denominação da Fundação:

Figura 1 – Foto de Frei João Batista Vogel

Fonte: Acervo particular de Letícia Arantes Jury Cunha, 2010.

São Francisco FM (Rádio 96 FM)

A história da Rádio 96 FM, a então Rádio São Francisco FM, teve início

com a publicação de um edital de concorrência de uma emissora no dia 13 de

janeiro de 1970. Frei José Sullivan não perdeu tempo e deu entrada a um

68

pedido no Dentel. No dia 6 de maio de 1974, frei João Batista Vogel, recebeu

um telefonema do gabinete do Ministro das Comunicações em que buscava

informações sobre o interesse de se ter a São Francisco em freqüência

modulada. Dois dias depois ele confirmou o interesse, e lhe foi informado que o

mesmo teria o número 140, em 95,9 Mhz.

No dia 31 de junho de 1974, o Diário Oficial da União trouxe a notícia

dando direito à Rádio São Francisco de se estabelecer sua FM, classe A, em

Anápolis, o que foi ratificado pela Portaria de número 318, do Ministério das

Comunicações, no dia 25 de março de 1975.

Em 31 de maio do mesmo ano, o Dentel autorizou a instalação dos

equipamentos, e em 25 de março de 1976 (data em que se comemora o

aniversário da Rádio) foi autorizado o funcionamento em caráter experimental e

no dia 18 de maio do mesmo ano foi feito pedido de vistoria e concessão para

operação em caráter definitivo.

No dia 5 de julho de 1976 é que a Rádio São Francisco FM recebeu

comprovante de irradiação enviada pelo Dentel e finalmente no dia 31 de julho

deste ano, dia do aniversário de Anápolis, aconteceu a inauguração oficial da

emissora. Logo após sua inauguração a Rádio já era citada nos jornais da

capital como líder de audiência. O Jornal “Folha de Goiás”, do dia 7 de

setembro de 1977, traz a seguinte notícia:

O FM – estério da Rádio São Francisco desta cidade - melhorou a qualidade de programação e está liderando em audiência em Anápolis e Goiânia. Atualmente a Rádio funciona 17 horas por dia e todo o seu sistema está instalado na rua 1º de maio. Atualmente a programação da Rádio São Francisco no setor de FM é considerada de alto nível e sua instalação em Anápolis veio oferecer nova opção aos anapolinos. (Jornal “Folha de Goiás”, de 7 de setembro de 1977)

No dia 11 de setembro de 1979, o Jornal “Correio do Planalto” trazia a

seguinte notícia:

Não é publicidade, mas a Rádio São Francisco FM está tendo IBOPE dentro de Goiânia. No último fim de semana, com o Rádio sintonizado na FM da São Francisco, pudemos notar a quantidade de rádios ligados em nossa emissora, nos principais lanches da capital. Um som puro com uma programação respeitável. A nossa emissora em FM só pode receber os nossos aplausos. (Jornal “Correio do Planalto”, de 11 de setembro de 1979)

69

O Jornal “Folha de Goiás”, do dia, 22 de junho de 1978 ressalta as

emissoras da Fundação “Frei João Batista Vogel”:

Em FM e OM, e com uma programação dirigida à classe A, a Rádio São Francisco de Anápolis está funcionando dezoito horas por dia. Em ondas médias, a Rádio Anapolina matem programas de linha sertaneja e popular, com seleção musical de nível atualizado. O sistema FM busca alcançar um público jovem, “como rádio dirigida para o futuro”. (...) Cumprindo a finalidade essencialmente religiosa da emissora, há três programas religiosos: O sol nasce para todos; Conversando com o ouvinte; Alegria e esperança. (Jornal “Folha de Goiás”, de 22 de junho de 1978)

FM líder, AM em busca da liderança

No final da década de 70, a Rádio São Francisco AM, embora em último

lugar nas pesquisas de opinião, já que a „briga‟ pela liderança era entre Carajá

e Imprensa, ganhava destaque nos jornais por suas coberturas esportivas. No

“Correio do Planalto” do dia 22 de julho de 1977, a notícia era referente à dupla

Carlos Cândido e Nery Santana, com o programa “Chute em gol”, que naquela

época comemorava três anos no ar.

Ainda em 1977, o Jornal trazia notícias referentes ao Toniquinho:

Uma das maiores revelações do Rádio Esportivo de Anápolis, em 1977, foi a do comentarista Antônio Leopoldo Valento, o Toniquinho, que depois de atuar em várias equipes retorna as atividades esportivas, comentando jogos pela Equipe de Ouro, comandada por Miguel Squeff. (Jornal “Correio do Planalto”, de 22 de julho de 1977)

Em março de 1987, sai o resultado da pesquisa de audiência realizada

pela Rede Independente de Emissoras (São Paulo), e pela primeira vez em

tantos anos, a Rádio São Francisco é citada como a detentora do primeiro

lugar. Enfim, ela se consagra com a emissora de Rádio mais ouvida na região.

Em 19 de março de 1982, a FM é novamente elogiada, desta vez pelo

Jornal “Diário da Manhã”:

A FM São Francisco da cidade de Anápolis está mostrando como se faz um bom rádio, usando música brasileira. Talvez seja por isso que sua audiência

tem aumentado, e muito na preferência do público goianiense. (Jornal “Diário

da Manhã”, de 19 de março de 1982)

70

E no ano seguinte, as emissoras da FFJBV, são novamente elogiadas

em todo o Estado de Goiás, por meio do “Correio do Planalto” do dia 31 de

outubro de 1983, pois conquistaram a renovação automática:

A Rádio São Francisco de Anápolis teve renovada automaticamente por 10 anos, sua concessão para explorar os serviços de radiodifusão sonora em onda média nesta cidade, segundo informação do seu diretor administrativo, Frei João Galdino Pereira. A renovação automática se deu em virtude da emissora estar em dia com todas as normas exigidas pelo DENTEL. (...) A Rádio São Francisco se sente orgulhosa com o fato, já que é a única emissora de radiodifusão do Estado de Goiás a ter a concessão para funcionamento renovada automaticamente, sendo este um fato raro. (Jornal “Correio do Planalto”, de 31 de outubro de 1983)

Décadas de inovações

Em 1983, a Rádio São Francisco foi marcada por inovações, dentre elas

a mudança de freqüência da FM, que passou a ser ZYC – 541 e 96,3 MHZ.

Segundo matéria publicada no Jornal “Gazeta Popular”, do dia 15 de janeiro de

1984, com a alteração a qualidade do som melhorou 80% com a nova sintonia.

No ano de 1986, as atenções do Estado de Goiás se voltaram

novamente à Rádio São Francisco, em ocasião da realização do debate dos

candidatos ao governo, que foi promovido pela emissora. O Jornal “Gazeta

Popular”, do dia 3 de julho, informava:

Considerado um debate bastante oportuno por todo os participantes, o encontro dos candidatos ao governo de Goiás foi realizado sexta-feira última, pela Rádio São Francisco, e polarizou a atenção de milhares de ouvintes. Nos estúdios da emissora, Henrique Santillo, Darci Acorsi, Mauro Borges e Paulo Vilar, responderam perguntas de jornalistas, de ouvintes e da organização do debate (...). (Jornal “Gazeta Popular”, de 3 de julho de 1986)

Na década de 90, a emissora se despontou como líder de audiência. O

Jornal “O Popular”, na editoria de Economia, no dia 25 de outubro de 1991,

trouxe a nota: “Pesquisa da Conceito, de São Paulo, para o Rádio anapolino,

apontou até setembro, em AM, a Rádio São Francisco com 38,7% e a 96 FM

com 55,97%”.

Ainda no mês de outubro deste ano, a São Francisco foi novamente

citada no Jornal “O Popular”, com o título “Virada”:

71

Em Anápolis, uma bela virada no rádio esportivo. Depois de atuar por mais de 20 anos junto a Rádio Imprensa, Miguel Squef e equipe mudaram de prefixo. Estão, há 15 dias, na Rádio São Francisco, com programa que vai das 11 horas ao meio dia, diariamente, e ainda pequenas inserções no cair do dia. Com o mesmo pique de sempre. (Jornal “O Popular”, de 9 de outubro de 1991)

No final da década de 90, as Rádios São Francisco e 96 FM continuam

sendo destaques na mídia, e liderando a audiência no município e cidades

vizinhas. Segundo nota do Jornal “O Anápolis”:

Procurando se profissionalizar o máximo possível a Rádio São Francisco, tanto AM como sua FM tem procurado cativar seus ouvintes oferecendo o melhor do entretenimento e da informação correta dos fatos. Para conquistar o título de emissora do ano, a comissão organizadora deste evento, levou em consideração a audiência, o trabalho jornalístico e a competência dos comunicadores da Emissora. (Jornal “O Anápolis”)

Novas Instalações

No dia 6 de abril de 2000 aconteceu a inauguração das novas

instalações das emissoras, ocasião em que a fita do novo estúdio da Rádio

São Francisco AM, foi cortada pelo então diretor geral, Frei Valdair de Jesus, e

a benção foi dada pelo presidente da FFJBV, na época Frei Fernando Inácio

Peixoto. A revitalização marcou os festejos do aniversário de 29 anos da RSF

AM e 25 anos da 96 FM.

Matéria veiculada no Jornal “O Anápolis”, fala sobre as novas

instalações:

Nos últimos 24 meses, as emissoras passaram por uma profunda transformação. Todos os departamentos foram informatizados e os funcionários receberam cursos de aperfeiçoamento profissional. (...) Na parte editorial a Rádio São Francisco adotou uma postura diretamente voltada aos interesses da população anapolina, com prioridades para os mais carentes. Na direção do departamento de jornalismo, Luiz Carlos Cecílio explicou que o propósito é fazer com que as emissoras não apenas noticiem os fatos de interesse da comunidade, mas também participem diretamente deles, discutindo-os e encaminhando soluções para os principais problemas. (Jornal “O Anápolis”)

No dia 19 de julho de 2000, mais uma inovação da emissora, é lançada

a primeira edição do Jornal “Fatorama”, uma publicação semanal da Fundação

“Frei João Batista Vogel”, que tinha como diretor geral, Frei Valdair de Jesus,

reportagens de Aldo Rocha e Lucivan Machado; e colaboradores Jairo Mendes,

72

Luiz Carlos Cecílio, Orisvaldo Pires, Anésia Cecílio, Rubiano Cardoso e Letícia

Jury.

O editorial do jornal trazia a sua proposta:

O Jornal “Fatorama” é o início da realização de um sonho que começou há muito tempo. Os frades franciscanos apostaram na comunicação como meio especial de ajudar o próximo e acreditam que é preciso conquistar novos espaços. É dever de cada um de nós, gastarmos todos os nossos esforços na viabilização de meios capazes de colaborar, de maneira prática, da melhoria das condições de vida da população. O jornalismo consciente, sério, imparcial e verdadeiro, é a nossa idéia de participação na busca do desenvolvimento comum. (Jornal “Fatorama”, de 19 de julho de 2000)

Frei Dorcílio de Oliveira foi quem sucedeu Frei Valdair de Jesus no

comando das emissoras, em 2001. Ele atuou de forma dinâmica e contribuiu

para a modernização das atividades. Durante a sua gestão, as emissoras

receberam prêmios, conforme o Quadro 1:

Quadro 1 – Prêmios recebidos

Premiação Concedente Ano

Prêmio Profissionais da

cidade – Os melhores do ano

Top Marketing, Mérito Lojista

– Câmara dos Dirigentes Lojistas de Anápolis

2001

Prêmio Profissionais da

cidade – Os melhores do ano

Top Marketing, Mérito Lojista

– Câmara dos Dirigentes Lojistas de Anápolis

2002

Prêmio Profissionais da

cidade – Os melhores do ano

Top Marketing, Mérito Lojista

– Câmara dos Dirigentes Lojistas de Anápolis

2004

Prêmio Profissionais da

cidade – Os melhores do ano

Top Marketing, Mérito Lojista

– Câmara dos Dirigentes Lojistas de Anápolis

2005

Premio Profissionais da

cidade – Os melhores do ano

Top Marketing, Mérito Lojista

– Câmara dos Dirigentes Lojistas de Anápolis

2006

Fonte: Acervo particular de Letícia Arantes Jury Cunha, 2010.

Na Figura 2 é mostrada a fachada da sede tanto da 96 FM quanto da

670 AM atualmente:

73

Figura 2 – Fachada da 96 FM e 670 AM

Fonte: Acervo particular de Letícia Arantes Jury Cunha, 2010.

Considerações finais:

Em 2007, assume a direção das emissoras, Frei Edgar Alves Pereira.

Em meio às comemorações do aniversário de 100 anos de Anápolis, ele foi o

representante dos frades menores para receber homenagens, em decorrência

das contribuições dos franciscanos na região, principalmente no que se refere

à comunicação e a execução de projetos de assistência social. Neste ano, mais

uma pesquisa de opinião revelou os altos índices de audiência da São

Francisco AM e 96 FM. E, uma nova etapa de modernização teve início, com a

contratação de novos profissionais, criação do departamento de Comunicação

e Projetos Sociais, inserção das emissoras na internet, o que possibilitou que

anapolinos em diferentes partes do mundo pudessem acompanhar a

programação das rádios, e outros.

No ano seguinte, 2008, Frei Wanderley Carvalho do Couto, atual

presidente da Fundação “Frei João Batista Vogel”, implementa uma nova forma

de gestão e amplia a missão das Rádios de Evangelizar, bem informar e,

sobretudo, usar os veículos de comunicação para minimizar os problemas

sociais da região. A gestão de Frei Wanderley, no que se refere ao Apostolado

Radiofônico, tem se destacado pela parceria com instituições e entidades do

município, com o objetivo de atuar diretamente na assistência social às famílias

74

carentes; na veiculação diária de campanhas educativas para combater o uso

de drogas, em defesa da cidadania, valorização do ser humano, erradicação da

pobreza, valorização da cultura local e seus artistas, em prol da preservação

ambiental, e, sobretudo com o enfoque na criação de uma rede de voluntariado

com o objetivo de transformar as realidades sociais que exigem a atuação do

Terceiro Setor.

Em 2011, a Rádio São Francisco AM completa 40 anos, a 96 FM faz 36

anos e a Fundação “Frei João Batista Vogel”, 35 anos. É a comunicação a

serviço da cidadania em geral, da paz e do bem, em particular.

Referências:

CONTRATO SOCIAL, Cláusula I e II, data Jornal “Correio do Planalto”, edições de 22 de julho de 1977, de 11 de setembro de 1979 e de 31 de outubro de 1983. Jornal “Diário da Manhã”, edição de 19 de março de 1982. Jornal “Fatorama”, edição de 19 de julho de 2000. Jornal “Folha de Goiás”, edições de 7 de setembro de 1977 e de 22 de junho de 1978. Jornal “Gazeta Popular”, edição de 3 de julho de 1986. Jornal “O Anápolis. Jornal “O Popular”.

75

INFORMAÇÕES GERAIS SOBRE AS ATIVIDADES

DO MUSEU HISTÓRICO DE ANÁPOLIS

ssa última parte mostra informações sobre as ações realizadas

no segundo semestre de 2010, tudo com a intenção de cumprir

sua missão – ser o gestor do patrimônio histórico e cultural do

Município.

Segue abaixo, de forma a evidenciar nossas atividades, um relatório

pormenorizado:

I. Projetos:

Julho / 2010:

- Sarau em comemoração ao 103º Aniversário de Anápolis no dia 24/07 de

2010.

Outubro / 2010:

- Palestra no Colégio Estadual Zeca Batista sobre a importância política do

Coronel Zeca Batista e abertura do projeto em memória a este personagem,

no dia 13/10 de 2010.

Dezembro / 2010:

- Exposição em memória ao centenário da morte de José da Silva

Batista (Cel. Batista) do dia 07 de dezembro de 2010 a janeiro de 2011.

II. Visitas Guiadas (de estudantes da rede municipal, estadual e particular

de ensino, bem como, de visitantes):

E

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MÊS NÚMERO DE VISITANTES

Julho 472

Agosto 498

Setembro 639

Outubro 530

Novembro 599

Dezembro 479

Total 3217

Observação: o museu também contou com a visita de 12 pesquisadores de diversas Instituições de Ensino Superior – IES como a UniEvangélica, UEG e UFG.

III. Publicações:

Lançamento do 2° Caderno de Pesquisas do Museu Histórico de

Anápolis “Alderico Borges de Carvalho”, em 09 de novembro de 2010.

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