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As Múltiplas Faces da Linguagem CADERNO DE RESUMOS Versão de 20 de dezembro de 2015

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As Múltiplas Faces da Linguagem

CADERNO DE RESUMOS

Versão de 20 de dezembro de 2015

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As Múltiplas Faces da

Linguagem

Data: 11, 12, 13 e 14 de novembro de 2015

Local: Pontifícia Universidade Católica de

São Paulo – PUC/SP

Rua Monte Alegre, 984 Perdizes

São Paulo – SP

Website: www.corpuslg.org/inpla/2015/

Organização/Realização:

LAEL

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As Múltiplas Faces da Linguagem

Patrocinadores e Apoiadores

Liberali, Fernanda Coelho; Magalhães, Maria Cecília Camargo; Carrijo, Viviane

Leticia Silva; Costa, Fernando Venâncio da. Caderno de Resumos: 20º Intercâmbio de Pesquisa em Linguística Aplicada: As

Múltiplas Faces da Linguagem./ Liberali, Fernanda Coelho; Magalhães, Maria Cecília

Camargo; Carrijo, Viviane Leticia Silva; Costa, Fernando Venâncio da – São Paulo

ISBN: 978-85-920310-0-8

1. Projeto de Pesquisa e Extensão. 2. Espaço de Ação Social. I. Título

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COMISSÕES 20º Intercâmbio de Pesquisas em Linguística Aplicada: As Múltiplas Faces

da Linguagem

COMISSÃO EXECUTIVA

Profa. Dra. Fernanda Coelho Liberali (PUC-SP, CNPq, GP LACE) Profa. Dra. Maria Cecília Camargo Magalhães (PUC-SP, CNPq, GP LACE)

COMISSÃO ORGANIZADORA

Prof. Dr. Marcos Polifemi (Cultura Inglesa)

Profa. Dra. Cláudia Gil Ryckebush (Colégio Arquidiocesano, GP LACE) Profa. Dra. Elvira Aranha (FEDUC, GP LACE)

Profa. Dra. Fernanda Coelho Liberali (PUC-SP, CNPq, GP LACE) Profa. Dra. Juliana Ormastroni de Carvalho Santos (PUC-SP, GP LACE)

Profa. Dra. Maria Cecília Camargo Magalhães (PUC-SP, CNPq, GP LACE) Profa. Dra. Maria Cristina Damianovic (UFPE, PUC-SP, GP LACE,)

Profa. Dra. Maria Otilia Ninin (UNIP, GP LACE) Profa. Dra. Monica Galante Gorini Guerra (PUC-SP – COGEAE, GP LACE)

Profa. Dra. Rosemary Hohlenwerger Schettini (FEDUC, GP LACE) Prof. Me. Fernando Venâncio da Costa (GP LACE)

Prof. Me. Francisco Afrânio Teles (PUC-SP, GP LACE) Prof. Me. Mauricio Canuto (SME, Singularidades, PUC-SP , COGEAE, GP

LACE) Profa. Me. Camila Santiago (UMESP, GP LACE)

Profa. Me. Daniele Gazzotti (Escola Stance Dual, USP, GP LACE) Profa. Me. Fabrícia Teles (PUC-SP, GP LACE)

Profa. Me. Marcia Pereira de Carvalho (SEE, GP LACE) Profa. Me. Maria Cristina Meaney (Stance Dual, PUC-SP – COGEAE, GP

LACE) Profa. Me. Maria Regina dos Passos Pereira(PUC-SP, GP LACE)

Profa. Me. Penélope Alberto Rodrigues (Escola Stance Dual, GP LACE) Profa. Me. Simone Alves Magalhães (Colégio Albert Sabin, GP LACE)

Profa. Me. Viviane Leticia Silva Carrijo (PUC-SP, GP LACE) Prof. Everton Pessôa de Oliveira (PUC-SP, GP LACE)

Profa. Fabiane Reginaldo (SME, GP LACE) Profa. Fernanda Guidi (PUC-SP, GP LACE)

Profa. Jéssica Aline Almeida Dos Santos (SEE, GP LACE) Profa. Samanta Malta (GP LACE)

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COMISSÃO CIENTÍFICA

Adriane Orenha (UNESP) Aline Pessoa Neves Almeida (PUC-SP)

Ana Luiza RamazzinaGhirardi (UNIFESP) Anise D’Orange Ferreira (Unesp) Célia de Macedo (UFPA, PUC-SP)

Celia Magalhaes (UFMG) Claudia Gil Rycbebusch (Colégio Marista Arquidiocesano, GP LACE)

Claudia Hilsdorf Rocha (Unicamp) Clecio dos Santos Bunzen Júnior (UFPE)

Daniele Vendramini Zanella (UNISO, GP LACE) Deise Prina Dutra (UFMG)

Diva Cardoso (UNESP) Elaine Mateus (UEL)

Eliane Gonçalves (PUCSP) Eliane Lousada (USP)

Flaminia Lodovici (PUC-SP) Gisele Magnossão (Colégio Albert Sabin, GP LACE)

Jean Carlos Gonçalves (UFPR) Juliana Marcolino Galli (UNICENTRO)

Leila Darin (PUCSP) Lilian C. Kuhn Pereira (PUC-SP)

Lourdes Andrade (Derdic-PUCSP) Marcello Marcelino Rosa (UNIFESP)

Márcia R. de S. Mendonça (UNICAMP) Marcia Veirano (COGEAE, PUC-SP)

Marcos Lúcio de Sousa Góis (UFGD) Maria Aparecida Caltabiano (PUC-SP)

Maria C. G. Alonso (Cervantes) Maria Cecilia Lopes (FMU)

Maria Cristina Damianovic (UFPE) Maria Helena Cruz Pistori (PUC-SP)

Maria Otília Guimarães Ninin (UNIP, GP LACE) Melissa Catrini (UFBA)

Mona Mohamad Hawi (USP) Monica Guerra (GP LACE, PUC-SP – COGEAE)

Orlene Saboia (UnB) Patricia Bertoli (UERJ)

Paula Tavares Pinto (UNESP) Renata Condi (Cogeae, PUCSP)

Roberto Baronas (UFSCAR) Rosemary Hollenwerger Schettini (FEDUC, GP LACE)

Silvana Zajac (Secretaria do Estado da Educação de SP) Sônia Fanchini (Secretária de Educação de Joinville)

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Sueli Salles Fidalgo (UNIFESP) Tania Shepherd (UERJ)

Terezinha Maria Sprenger (UNIFESP) Valdite Pereira Fuga (FATEC)

COMITÊ CIENTÍFICO

LAEL

Profa. Dra. Angela B. C. T. Lessa

Profa. Dra. Elisabeth Brait Profa. Dra. Fernanda Coelho Liberali

Profa. Dra. Leila Barbara Profa. Dra. Lúcia Maria Guimarães Arantes

Profa. Dra. Mara Sophia Zanotto Profa. Dra. Maria Antonieta Alba Celani

Profa. Dra. Maria Cecília Camargo Magalhães Profa. Dra. Maria Cecília Pérez de Souza e Silva Profa. Dra. Maria Francisca A. F. Lier-de-Vitto

Profa. Dra. Maximina Maria Freire Profa. Dra. Sandra Madureira

Profa. Dra. Sumiko Nishitani Ikeda Prof. Dr. Tony Berber Sardinha

Profa. Dra. Zuleica Antônia de Camargo

PUCSP e demais instituições

Prof. Dr. Clecio dos Santos Bunzen Júnior (UFPE) Prof. Dr. Gladis A. Barcellos(UFSCAR)

Prof. Dr. Jean Carlos Gonçalves (UFPR) Prof. Dr. Marcello Marcelino Rosa (UNIFESP) Prof. Dr. Marcos Lúcio de Sousa Góis (UFGD)

Prof. Dr. Roberto Baronas (UFSCAR) Profa. Dra. Adriane Orenha (UNESP)

Profa. Dra. Aline Pessoa Neves Almeida (PUC-SP) Profa. Dra. Ana Luiza Ramazzina Ghirard (Unifesp)

Profa. Dra. Anise D’Orange Ferreira (UNESP) Profa. Dra. Aparecida Caltabiano (PUC-SP)

Profa. Dra. Célia Macedo de Macedo Profa. Dra. Celia Magalhaes (UFMG)

Profa. Dra. Claudia Hilsdorf Rocha (Unicamp) Profa. Dra. Deise Prina Dutra (UFMG)

Profa. Dra. Diva Cardoso (UNESP) Profa. Dra. Eliane Gonçalves (PUC-SP)

Profa. Dra. Eliane Lousada (USP)

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Profa. Dra. Elvira Aranha (UNIP/FEDUC) Profa. Dra. Flaminia Lodovici (PUC-SP)

Profa. Dra. Juiana Marcolino Galli (UNICENTRO) Profa. Dra. Leila Darin (PUC-SP)

Profa. Dra. Lilian C. Kuhn Pereira (PUC-SP) Profa. Dra. Lourdes Andrade (Derdic – PUC-SP) Profa. Dra. Márcia R. de S. Mendonça (Unicamp)

Profa. Dra. Marcia Veirano (PUC-SP, COGEAE) Profa. Dra. M. Aparecida Caltabiano (PUC-SP)

Profa. Dra. M. Cibele González Alonso (Cervantes) Profa. Dra. Maria Cecilia Lopes (FMU)

Profa. Dra. Maria Cristina Damianovic (UFPE) Profa. Dra. Maria Helena Cruz Pistori (PUC-SP)

Profa. Dra. Maria Otilia Ninin (UNIP) Profa. Dra. Melissa Catrini (UFBA)

Profa. Dra. Mônica G. G. Guerra (PUC-SP – COGEAE) Profa. Dra. Orlene Saboia (UnB)

Profa. Dra. Patricia Bertoli (UERJ) Profa. Dra. Paula Tavares Paiva (UNESP)

Profa. Dra. Renata Condi (PUC-SP, COGEAE) Profa. Dra. Renata Phillipov (UNIFESP)

Profa. Dra. Silvana Zajac (Unifesp) Profa. Dra. Sônia Fanchini (Secretaria de Educação de Jonville)

Profa. Dra. Sueli Salles Fidalgo (Unifesp) Profa. Dra. Tania Shepherd (UERJ)

Profa. Dra. Terezinha Maria Sprenger (Unifesp)

CADERNO DE RESUMOS

Prof. Me. Fernando Venâncio da Costa Profa. Me Viviane Leticia Silva Carrijo

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Apresentação

Histórico do InPLA O InPLA – Intercâmbio de Pesquisas em Linguística Aplicada – é um

evento pioneiro em Linguística Aplicada no país. Realizado bienalmente, o InPLA

configura-se como espaço de debate em construção contínua por grupos de

pesquisadores e tem sido organizado, desde seu inicio, pelo Programa de Pós-

Graduação em Linguística Aplicada e Estudos da Linguagem (LAEL) da Pontifícia

Universidade Católica – São Paulo (PUC-SP). Em sua 20ª vigésima edição, traz

como tema As Múltiplas Faces da Linguagem que será realizado no período de 11 a

14 de novembro de 2015, no campus Perdizes da PUC-SP, rua Monte Alegre, 984,

São Paulo. O evento reunirá pesquisadores nacionais e estrangeiros, docentes e

discentes de pós-graduação e graduação de universidades brasileiras com

apresentações e discussões de trabalhos, concluídos ou em andamento, integrados

ao tema proposto.

O 20º Inpla objetiva envolver pesquisadores nacionais e

estrangeiros, pós-graduandos e graduandos na divulgação das tendências mais

recentes de pesquisa em Linguística Aplicada; refletir sobre as diferentes

perspectivas teóricas e disciplinas afins que têm alimentado a área; avaliar

diferentes campos de pesquisa e intervenção junto a objetos da Linguística

Aplicada e estudos da linguagem; contribuir para a consolidação da área no Brasil;

e, por fim, oferecer um fórum para interação entre pesquisadores nacionais e

estrangeiros.

A programação prevê a realização de mesas-redondas coordenadas

por professores do Programa de Pós-Graduação em LAEL e organizadas com

professores convidados – brasileiros e estrangeiros, bem como simpósios e

comunicações, nos dias 12 a 14/11 com a participação de pesquisadores nacionais

e estrangeiros; pós-graduandos, graduandos e profissionais que trabalham com

linguagem em contextos educacionais ou não. No dia que antecede o evento,

11/11, estão previstas as seguintes atividades: reuniões de grupos de trabalho

(GT) e de pesquisa (GP).

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Programação Geral

Terça-feira, 10 de novembro de 2015

09:00 – 12:00: Grupo de trabalho

12:00 – 14:00: Almoço

14:00 – 18:00: Grupo de trabalho

Quarta-feira, 11 de novembro de 2015

9:00 – 11:00: Secretaria – LAEL

09:00 – 12:00: Grupos de trabalho / Grupos de Pesquisa

10h30: Café – sala 52

12:00 – 14:00: Almoço

14:00 – 18:00: Grupos de trabalho / Grupos de Pesquisa

15h30: Café – sala 117

Quinta-feira, 12 de novembro de 2015

9:00 – 11:00: Acolhida e secretaria – TUCA

10:00 – 11:00: Abertura e Memórias LAEL

11:00 – 12:00: Mesa de abertura: Homenagem a Profa. Dra. Anna

Rachel Machado – TUCA

12:00 – 14:00: Almoço

13:30 – 16:00: Secretaria – sala 224A

14:00 – 15:30: Simpósios

15:30 – 16:00: Café – salas 222 e 223

16:00 – 18:00: Simpósios

Sexta-feira, 13 de novembro de 2015

8:00 – 11:00: Secretaria – LAEL

08:30 – 10:30: Comunicações

10:30 – 11:00: Café – auditórios 117A, 100A e 134C

11:00 – 12:30: Mesas redondas

12:30 – 14:00: Almoço

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13:00 – 16:00: Secretaria – LAEL

14:00 – 15:30: Simpósios

15:30 – 16:00: Café – salas 301 e 302

16:00 – 18:00: Comunicações

18:30 – 20:00: Coquetel e lançamento de livros

Sábado, 14 de novembro de 2015

8:00 – 11:00: Secretaria – LAEL

08:30 – 10:00: Simpósios

10:00 – 10:30: Café – auditórios 117A, 100A e 134C

10:30 – 12:00: Mesas redondas

12:00 – 13:00: Almoço

13:00 – 15:00: Comunicações

15:00 – 15:30: Café – salas 302 e 303

15:30 – 16:30: Mesa de fechamento com Antonieta Celani e entrega

de Prêmio e homenagem a Antonieta

17:00: Fechamento da PUC

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RESUMOS

NOTA: Os resumos publicados neste volume são uma reprodução fiel dos textos originais submetidos por seus autores para publicação no Caderno de Resumos do 20º InPLA. Não é de responsabilidade da comissão organizadora deste evento fazer a revisão dos resumos/títulos enviados.

MESAS

Mesa de Abertura

Linguagem, agir e desenvolvimento humano: a trajetória do

Interacionismo sociodiscursivo no Brasil

Profa. Dra. Eliane Gouvêa Lousada FFLCH-USP, Líder do Grupo ALTER- CNPq

Difundido no Brasil sobretudo a partir de 1999, com a tradução da obra Atividade de

linguagem, textos e discursos: por um interacionismo sociodiscursivo (Bronckart,

1999), o Interacionismo sociodiscursivo (doravante ISD) tem influenciado o contexto

brasileiro tanto no âmbito da pesquisa quanto no âmbito do ensino. No que diz respeito

à pesquisa, merece destaque o Grupo ALTER, registrado na base de dados do CNPq,

que tem procurado desde sua fundação, em 2002, contribuir para a expansão do ISD no

Brasil, fornecendo a seus membros um espaço de discussão sobre questões

metodológicas e epistemológicas ligadas à teoria. No que concerne ao ensino, podemos

mencionar, por um lado, as iniciativas relacionadas à didática das línguas, por meio dos

estudos sobre os gêneros textuais e sua influência no desenvolvimento linguageiro dos

aprendizes e, por outro lado, as intervenções formativas que procuram, ao estudar o

trabalho educacional, contribuir para a formação de professores. Baseado, em primeira

instância, nos fundamentos do interacionismo social tal como proposto por Vigotski e

outros autores, o ISD visa a ressaltar o papel preponderante da linguagem no

desenvolvimento humano (Bronckart, 1999, 2006). Ao aceitar todos os princípios

fundadores do interacionismo social, o ISD contesta a divisão das Ciências Humanas

em inúmeras disciplinas e se constitui como uma corrente da ciência do humano

(Bronckart, 2006), logo, profundamente multidisciplinar (Guimarães e Machado, 2007).

Nessa trajetória, ressaltamos o papel da professora e pesquisadora Anna Rachel

Machado, que, após seus estudos de doutoramento em co-tutela com Jean-Paul

Bronckart, foi a responsável pela chegada e difusão do ISD no Brasil, pela criação do

Grupo ALTER-CNPq e pela consolidação do LAEL-PUC-SP como local primeiro de

estudos brasileiros sobre o ISD. Nesta conferência, temos por objetivo retraçar o

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percurso do ISD no Brasil, resgatando sua origem, mostrando sua influência na pesquisa

e no ensino e apontando os rumos dessa teoria no contexto brasileiro.

Language, Acting and Human Development: the Trajectory of

Socio-discursive Interactionism in Brazil

Eliane Gouvêa Lousada FFLCH-USP, Leader of the ALTER Research Group-CNPQ

Disseminated in Brazil especially after 1999, with the translation of the book Atividade

de linguagem, textos e discursos: por um Interacionismo sociodiscursivo, Socio-

discursive Interactionism (SDI) has influenced the Brazilian context in research as well

as in teaching. Regarding research, we highlight the role of the ALTER Group,

registered in the CNPq research database, which has tried to contribute to the expansion

of SDI in Brazil, since its foundation in 2002, by providing its members with an

opportunity to discuss methodological and epistemological issues related to the theory.

On the other hand, concerning teaching, we can mention firstly the initiatives related to

the Didactic of Languages, through the studies on text genres and their influence in the

language development of learners; and secondly the formative interventions that aim to

contribute to teacher development by taking into account teacher’s work. Primarily

based on the theoretical framework of Social Interactionism as proposed by Vygotsky,

SDI aims at highlighting the fundamental role of language in human development

(Bronckart, 1999, 2006). Accepting all the founding principles of Social Interactionism,

SDI contests the division of Human Sciences into various disciplines and emerges as a

strand of the Science of the Human (Bronckart, 2006). It is therefore deeply

multidisciplinary (Guimarães e Machado, 2007). Within this trajectory, we point out the

role of Professor Anna Rachel Machado who, after her PhD studies co-advised by Jean-

Paul Bronckart, was responsible for the arrival and spread of SDI in Brazil, for the

foundation of the ALTER Group and for the consolidation of LAEL-PUC-SP as the

primary center of SDI Brazilian studies. In this conference, we aim at retracing the

trajectory of SDI in Brazil, recalling its origins, showing its influence in research and in

teaching and pointing towards the future of this theory within the Brazilian context.

Key-words: Socio-Discursive Interactionism, Language, Human

Mesa Redonda 1

Linguagem e Trabalho: Perspectivas e Desafios

(Language And Work: Perspectives and Challenges)

Coordenadora: Profa. Dra. Maria Cecília Pérez De Souza-E-Silva –

PUCSP-LAEL

Palestrantes convidados:

Prof. Dr. Décio Orlando Soares Da Rocha - UNIRIO

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Profa. Dra. Fátima Cristina Da Costa Pessoa - UNIVERSIDADE FEDERAL DO

PARÁ

RESUMO DA MESA

Pensar o lugar das práticas de linguagem no trabalho é um exercício que explicita não

só múltiplas faces da linguagem em diálogo com outras áreas, entre elas, a psicologia

social, mas também múltiplas faces da atividade de trabalho considerada a partir da

abordagem ergológica, que a entende como sempre singular e historicamente situada.

TABLE ABSTRACT

Thinking the place of language practices in work is an exercise that highlights not only

the multiple faces of language in dialogue with other fields, amongst which social

psychology, but also the diverse faces of work activity considered from the ergological

approach, according to which work activities are always unique and historically

situated.

Keywords: language practices in work; work activity; discursive approach; ergology

RESUMOS DOS CONVIDADOS

Intercessores para uma abordagem discursiva do trabalho docente em pós-graduação

Prof. Dr. Décio Orlando Soares da Rocha UNIRIO

Investigar a dimensão linguageira das práticas de trabalho constitui um duplo desafio:

por um lado, o aperfeiçoamento de instrumentos linguísticos que funcionem como

quadro teórico-metodológico e a escolha de entradas na materialidade linguística que

possam dar conta da(s) pergunta(s) de pesquisa; por outro, a escolha de conceitos que

vêm sendo desenvolvidos em domínios contíguos (a exemplo de subjetividade,

implicação, social e individual), os quais se revelam indispensáveis quando se tem por

objetivo uma reflexão de base discursiva. Buscaremos propor uma articulação de tal

instrumental em pesquisas que elegem como corpus documentos reguladores do

trabalho docente em pós-graduação.

Intercessors for a discursive approach of teaching work in post-

graduation

Prof. Dr. Décio Orlando Soares da Rocha UNIRIO

Investigating language dimension of working practices is a double challenge: on the one

hand , the improvement of linguistic tools that work as a theoretical and methodological

framework and the choice of entries in the linguistic materiality that may account for the

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question(s) of a research; on the other hand, the choice of concepts which have been

developed in contiguous areas (such as subjectivity , implication , social and

individual), which are indispensable when it aims at a discursive basis of reflection. We

will seek to propose an articulation of such instrumental in researches that elect as

corpora regulatory documents of teaching work in post-graduation.

Keywords: language and work; subjectivity , implication ; teaching work in post-

graduation.

Os sentidos do trabalho e o trabalho com os sentidos

Profa. Dra. Fátima Cristina da Costa Pessoa UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARÁ

Na perspectiva da Análise do Discurso, refletir sobre as práticas discursivas implica

considerar o tempo e o lugar político-histórico em que a palavra emerge. Na perspectiva

da Ergologia, refletir sobre as atividades de trabalho implica considerar os sentidos que

elas assumem para os sujeitos do trabalho também imersos em um tempo e lugar

historicamente situados. Se ambas, práticas de linguagem e atividades de trabalho, são

processos constituídos nas(pelas) relações institucionais, busca-se, por meio de relações

interdisciplinares, desvelar suas implicações para a reprodução e a transformação da

ordem social.

The work’s meanings and the work with meanings

Profa. Dra. Fátima Cristina da Costa Pessoa UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARÁ

Discourse Analysis investigates the discourse practices involved in thinking about the

historical and political features of the context where the words take place. In the view of

Ergology, reflecting about working activities implies considering the meanings that

these activities take to the people who share a workspace, also involved in a historical

context. If both discourse and working practices are process produced inside

institucional relationships, this work, using an interdisciplinary approach, intends to

reveal, by, the consequences of these practices for the reproduction and for the

transformation of the social order.

Key-words: Discoure practices, working practices, meanings production.

Mesa Redonda 2

“Língua Materna”, “Língua Estrangeira”, “Primeira Língua” e “Segunda Língua”: Distinções e Definições.

Coordenadora e Debatedora: Profa. Dra. Lúcia Arantes - PUCSP-LAEL

Palestrantes Convidadas:

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Profa. Dra. Glória Maria Monteiro de Carvalho - UNICAPE

Profa. Dra. Maria Fausta Pereira de Castro - UNICAMP

Profa. Dra. Rosa Attié Figueira - UNICAMP

Profa. Dra. Lourdes Andrade - DERDIC-PUCSP

RESUMOS DOS CONVIDADOS

Língua materna e homofonia em falas de crianças

Profa. Dra. Glória Maria Monteiro de Carvalho UNICAPE

Na investigação da aquisição de linguagem, sob o enfoque da Pragmática Linguística,

tem se destacado a proposta denominada, por alguns autores, Socialização da Linguagem.

Nessa proposta, colocando de uma forma muito geral, um dos objetivos da socialização

consiste em fazer com que a criança aprenda como utilizar a língua de modo a produzir

enunciados que sejam, ao mesmo tempo, eficazes e adaptados à comunidade. Assim,

estudiosos realçam que importantes progressos empírico-metodológicos e teórico-práticos

ocorreram com a análise sistemática de práticas socioculturais, na investigação da fala da

criança, nessa linha de pesquisa. No entanto, pode-se notar que, apesar das várias

mudanças ocorridas, a abordagem pragmática da aquisição de linguagem carrega indícios

da antiga questão da comunicação bem sucedida fundamentada na noção de adaptação, o

que coloca obstáculos à investigação do caráter heterogêneo e “errático” da fala infantil,

ou melhor, de seu caráter singular. Assumimos, então, a proposta de que uma análise

estrutural da relação linguística entre mãe e criança, no início de sua constituição como

falante, consiste numa tentativa de investigar esse caráter singular, na medida em que

revelaria a presença da língua materna na fala infantil. Nessa perspectiva, a língua

materna se faria presente na fala da criança por meio de suas produções verbais iniciais as

quais possuem a marca da homofonia, isto é, às quais não se pode atribuir, com

segurança, um sentido determinado. Por sua vez, essa marca de homofonia provoca, no

outro (o investigador), um efeito de surpresa, ao mesmo tempo em que torna visível uma

quebra na noção de interação linguística como comunicação/adaptação entre mãe (ou

cuidadora) e criança. Pretendemos ilustrar essa quebra, por meio da análise de dados de

diálogo entre um adulto (a mãe) e uma criança, num momento muito inicial de sua

trajetória linguística.

Mother tongue and the homophony in children's utterances

Profa. Dra. Glória Maria Monteiro de Carvalho

UNICAPE

In the investigation of language acquisition, with a focus on Language Pragmatics, the so-

called Language Socialization proposal has been highlighted by some authors. In this

proposal, in very general terms, one of the goals of socialization is to make the child learn

how to use language so as to produce statements that are, at the same time, effective and

tailored to the community. Thus, scholars emphasize that important empirical and

methodological progress, as well as theoretical and practical developments have occurred

with the systematic analysis of socio-cultural practices in the investigation of the child

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speech, in this line of research. One can, however, notice that, despite several changes

occurred, the pragmatic approach to language acquisition carries traces of the old

question of successful communication based on the notion of adaptation, which puts

obstacles to the investigation of heterogeneity and "erratic" character of children’s

speech, that is, its singular feature. Then it is assumed that the proposition of a structural

analysis of the linguistic relationship between mother and child, at the beginning of its

establishment as a speaker, is an attempt to investigate this singular character, in that it

would reveal the presence of the mother tongue in the child's speech. In this perspective,

the mother tongue would be present in the child's speech through their initial utterances

which have the mark of homophony, that is, it is not possible to attribute to them for sure

a determined meaning. In turn, this mark of homophony provokes in the other (the

investigator), a surprise effect, while it brings up a break in the notion of linguistic

interaction as a communication / adaptation between mother (or caregiver) and child. The

goal is to illustrate this break by analyzing dialogue data between an adult (the mother)

and a child, at a very early stage in their linguistic trajectory.

Keywords: Language acquisition. Mother tongue. Homophony.

Aquisição da língua materna entre línguas

Profa. Dra. Maria Fausta Pereira de Castro UNICAMP

A transmissão da língua (la langue) que precede o falante em sua cultura, de uma

geração a outra, só pode ser analisada como um fenômeno coletivo em que forças

antagônicas de continuidade e mudança estão em ação. Como objeto da ciência

linguística, la langue é, para Saussure, “um ponto de vista”, qual seja: ocorrência

repetida e a permanência de suas condições ; nesse sentido, la langue opõe-se à fala (la

parole) (Milner, 2002). O fenômeno total da linguagem, a língua (la langue) é

linguagem menos fala (la parole), sendo a última singular, ela não se repete,

constituindo a linguagem como um ojeto não homogêneo. É no campo a Aquisição da

Linguagem – em que língua (langue) e fala (parole) estão envolvidos – que ocorre o

encontro do infans com sua língua materna, que o captura (de Lemos, 2002). De um

ponto de vista fenomenológico, é possível reconhecer as relações estruturais entre a fala

da mãe e a da criança que, como as infans, é tomado nas redes da linguagem e afetado

pelos valores performativos da invocação materna. A língua materna deve ser tomada

como experiência única, devido à incidência de uma atividade linguística na criança,

que a tornará falante. Ainda que seja uma língua entre outras, para o falante esta língua

é “materna”. E o traço de incomensurabilidade, que a define, relaciona-se a uma

trajetória que não se repete e que é desvelada na aquisição da linguagem. Podemos dizer

que, em certas circunstâncias, a língua materna é constituída por materialidades

linguísticas diversas advindas de mais de uma língua, mas aquilo que o falante sabe

sobre elas pode não coincidir com esse conhecimento. No interior deste um quadro

teórico, este trabalho visa discutir a noção de língua materna, focalizando experiências

de algumas crianças no processo de adquirir uma língua em situação de contato

temporário ou contínuo com duas línguas. Não se trata de estudo sobre bilingualismo,

mas de uma reflexão baseada em fatos observados num período de contato entre duas

crianças com três anos de idade – uma brasileira e uma francesa – tanto com o

português, quanto com o francês. Os fatos abordados permitem levantar questões sobre

os efeitos de linguagens de crianças em adultos e, eventualmente, em criações poéticas

ou literárias.

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Previsibilidade e imprevisibilidade no percurso com a língua materna.

O que torna a fala da criança marcante?

Profa. Dra. Rosa Attié Figueira

UNICAMP

A gramática, como expressão de regularidades estruturais da língua, visa refletir o

conhecimento de um falante-ouvinte idealizado, membro de uma comunidade

linguística supostamente homogênea. Questiona-se o grau de idealização, a ponto de

considerar que a homogeneidade não é mais do que uma ficção (Lyons 1982). Como

afirma Lier-DeVitto, (2006) “gramáticas… podem ser vistas como instrumentos de

redução da heterogeneidade das manifestações linguísticas”. Quando se trata de

contemplar o amplo e desafiante cenário da aquisição da língua materna, é exatamente o

que se chama de error (ing.) ou faute (fr.), ou ainda "ocorrência divergente" (Figueira

1995) que a pesquisa se revela produtiva (Bowerman 1982, Karmiloff-Smith 1986, de

Lemos 1982, 1992). De fato, a fala da criança é particularmente rica em exibir aspectos

dinâmicos da relação de cada sujeito com a língua. Como nos ensina Saussure na

segunda conferência de Genebra, observar uma criança de 3 a 4 anos nos dá a ver "um

verdadeiro tecido de formações analógicas” (Ecrits de Linguistique Générale 2002:

140). O foco deste trabalho é assim a fala divergente da criança, na direção de avaliar a

extensão do fenômeno analógico, sua natureza ao mesmo tempo previsível e

imprevisível. Conforme se lê no Curso de Linguística Geral: "Não se pode dizer de

antemão até onde irá a imitação de um modelo, nem quais os tipos destinados a

provocá-la” (Saussure 1916 [1971]: 188).g Com base nos corpora de crianças

brasileiras em processo de aquisição do português ( 2 a 5 de idade, fontes: diário e de

gravações sistemáticas), abordaremos processos morfológicos, que afetam o verbo e o

nome, sujeitos a uma surpreendente variação, no percurso de cada sujeito com a língua.

No decorrer da constituição do paradigma verbal ocorrem erros multidirecionados

quanto aos sufixos desinenciais, e isto acontece não só no domínio dos verbos

irregulares, mas no domínio dos “bem comportados” verbos regulares (Figueira 2000,

2010). Este quadro deixa ao observador a impressão de uma dissolução dos limites que,

na língua adulta, separam os verbos em classes de conjugação distintas (1.a, 2.a e 3.a

conjugação). Na sua flagrante instabilidade, podem ser vistos como peças que exibem

um movimento (ao mesmo tempo previsível e imprevisível), na direção da mise ou

remise en système. Outro aspecto a ser considerado são as inovações incidindo sobre

nomes, domínio de farta ilustração desde os diaristas (por exemplo, Sully 1895).

Procuraremos mostrar que os nomes de agente, criados pela criança, podem ser

analisados pela noção de analogia de Saussure, mas se beneficiam também da

contribuição de Benveniste aos noms d´action e noms d´agent (1948, citado por Milner

2000). Focalizaremos sentenças de primeira pessoa Eu sou SN, contendo no predicado

um nome que designa o agente. Tais sentenças são duplamente interessantes: pela

inovação morfológica no N, e pelo ato de predicação original que “perfomam”. Através

delas a criança se apresenta como autor/a de uma ação atual, numa predicação

improvisada. A nomeação recobre um ato que se cumpre naquele momento, procedente

do sujeito da enunciação, criativamente nomeado. A criança não reproduz algo que

ouviu, mas vale-se de um recurso dinâmico para comunicar sua condição de

autor/agente ocasional. Poderia a noção de adaptabilidade ser introduzida para abranger

tal perspectiva? Este termo/tema poderia ser utilizado para iluminar a dimensão do uso

da linguagem na aquisição da linguagem., contribuindo para a exploração do tema das

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inovações, presentes nas estruturas linguísticas em uso pela criança entre 2 a 5 anos de

idade.

Língua materna considerada desde a perspectiva de desordens na

linguagem

Profa. Dra. Lourdes Andrade DERDIC-PUCSP

Nesta apresentação discute - se a posição particular da língua materna tanto no

campo dos estudos da linguagem quanto em relação com o sujeito falante. Duas

posições bastante fortes sobre a especificidade da língua materna no conjunto das

línguas serão tomadas como ponto de partida da discussão a ser desenvolvida: a

posição sustentada por J-C Milner no Amor da Língua (1978) e aquela sustentada

por Lier-DeVitto no campo das patologias da linguagem. Elas apontam para o fato

de que o potencial para equivocidade instaurado por toda e qualquer língua é

posto em operação de modo particularmente na relação entre o sujeito falante e

sua língua materna. A singularidade desse funcionamento será explorada com foco

em produções sintomáticas de crianças. Para tanto, material clínico de

falas/escritas de crianças recolhidos na clínica de linguagem serão apresentados e

discutidos.

Mesa Redonda 3

Clínica com Sujeitos numa Relação Conflituosa com a Língua Materna

Coordenadora e Debatedora: Profa. Dra. Maria Francisca Lier-DeVitto-

PUCSP-LAEL

Palestrantes Convidadas:

Profa. Dra. Maria de Fátima Vilar de Melo - UNICAPE

Profa. Dra. Suzana Carielo da Fonseca - PUCSP - PPGG

Profa. Dra. Melissa Catrini - UFBA

Profa. Dra. Juliana Ferreira Marcolino Galli - UNICENTRO-OR

RESUMOS DOS CONVIDADOS

Língua materna e fala sintomática nas afasias : algumas questões

Profa. Dra. Maria de Fátima Vilar de Melo UNICAPE

As pesquisas sobre a relação entre linguagem e afasia defendem posições bastante

distintas entre si, dependendo da concepção que têm das afasias, da linguagem e de falas

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sintomáticas. Por serem majoritariamente ligadas ao campo bio-médico, esses estudos

tendem a assentar sua noção de afasias sobre uma relação de causalidade entre lesão e

linguagem, assumindo esta última como uma falcudade humana. Disso decorre que tais

pesquisas não levam em conta seja aspectos psíquicos, seja aspectos linguísticos;

consequentemente, a afaisa resulta definida como uma perda ou uma redução da

linguagem. Longe de ser recente, esta definição se estabelece no século XVIII, no

interior da Neurologia, notadamente localizacionista, de que Jean-Paul Brockart é

reconhecido como fundador. O primeiro teórico a interrogar esta definição foi o

neurologista inglês John Hughlings Jackson, que inaugura a perspectiva que ultrapassa

concepções redutoras das afasias a aspectos exclusivamente orgânicos, ao afirmar que o

esforço de caracterização e classificação de uma afasia implica considerar os aspectos

linguísticos alterados. Esta abordagem, desenvolvida por Jackson, foi retomada por

Freud em seu trabalho «Contribuitions à la conception des aphasies», publicado em

1891. As observações de Jackson sobre fenômenos relativos aos restos de linguagem e

ao aparelho de linguagem foram capitais para Freud. Entretanto, ele se afasta da

posição de Jackson e a ultrapassa na medida em que considerou como imperativo o

aprofundamento da reflexão sobre a natureza da linguagem. Freud oferece uma

interpretação nova da organização desse aparelho e a mostrar a meneira segundo a qual

os fatores topográficos e funcionais são afetados em caso de perturbações no referido

aparelho. Nesse sentido, sua análise das parafasias constitui, para nós, um dos pontos

maiores de seu trabalho, na medida em que há, ali, uma concepção de funcionamento da

linguagem absolutamente original, já que tal funcionamento não é visto como passível

de ser controlado pelo sujeito falante. Fonseca e Vorcaro (2006) sustentam que Freud

teve o mérito de propor um aparelho de linguagem que serviu de base para sua

concepção posterior de aparelho psíquico. As abordagens de Jackson e, acima de tudo a

de Freud, abriram para o estudo das afasias em outros campos do conhecimento – caso

da Linguísitca com Jakobson, por exemplo, que interessou, de perto, pesquisadores da

Clínica de Linguagem, proposta por Lier-DeVitto (1997-8). Certo é que as afasias

colocam em perspectiva o organismo, o corpo-falante e o psiquismo numa relação

especial, discutida neste trabalho, à luz de considerações de Frej (2003) para quem a

presença dessas três instâncias introduz a necessidade de não serem tratadas como

excludantes. Esse ponto nos remete ao Aufhebung de Freud: termo de que o psicanalista

se serve para tratar o instante mítico em que o organismo humano é alçado e elevado à

condição de sujeito. Para desenvolver esta questão, afirmamos que o estudo das afasias

implica tomar em consideração a relação do sujeito com a linguagem e seu

funcionamento – o que requer colocar em evidência a ordem própria da língua, assim

como a ligação específica entre afasia e la langue.

O afásico; um estranho na língua materna

Profa. Dra. Suzana Carielo da Fonseca PUCSP - PPGG

Na afasia há um cérebro lesionado, uma fala (e/ou escuta) alterada e um sujeito que

sofre por efeito de sua condição sintomática na linguagem. Vale notar que há um pré-

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requisito para a instanciação da afasia: a de que está sempre em causa um sujeito já

constituído falante, ou dito de outro modo, um sujeito já maternado por uma língua. Por

efeito da lesão cerebral, ele é confrontado com outra condição de falante, diferente da

que podia antes sustentar. Por isso, ele fica como outro frente à própria fala (e /ou

escrita). Essa não coincidência é atemorizante porque produz a ruptura de um ideal de

unidade que (mesmo que provisoriamente) está implicado nas falas (escritas) de falantes

normais. Tal ruptura, contudo e paradoxalmente, não é total já que para o afásico e para

os demais falantes de sua língua materna, os restos que se apresentam na sua fala

(escrita) são reconhecidos como restos dessa mesma língua. Nessa medida, pode-se

dizer que estranho e familiar se entrelaçam no acontecimento patológico que se

denomina afasia, o que nos leva a concluir que o afásico é um estranho na língua

materna. Vale destacar no encaminhamento desta discussão que tomaremos como

referência a teorização de Milner (1978, 1983) sobre a língua materna e a questão do

estranho, tal como trabalhada por Freud (1919). Material clínico referente a atendimento

fonoaudiológico de afásicos serão trazidos para movimentar o debate.

Corpo, sujeito, língua e fala no campo das patologias da linguagem

Profa. Dra. Melissa Catrini UFBA

Na clínica de linguagem, o sintoma é definido como uma “marca na fala que fala do

sujeito”, ou seja, “fala” de sua condição problemática enquanto falante. Se entendemos

que falante é aquele que habita uma língua, como afirma De Lemos (1992, 2002, entre

outros), o sintoma é expressão de mal-estar do sujeito em “sua casa”. Sabe-se que o

efeito sintomático de uma fala é inequívoco (Lier-DeVitto, 2001) e será sentido de

forma não menos profunda nos desarranjos interacionais provocados por ela. Daí uma

dissimetria marcante se instala entre falantes de uma língua. O sintoma na linguagem

envolve, portanto, um profundo drama subjetivo que se imiscui com a dor do

isolamento social. Por outro lado, é preciso destacar que, com frequência, o exercício da

clínica nos coloca diante de manifestações sintomáticas de fala que deixam a descoberto

sujeitos paralisados em gestos articulatórios desajeitados ou num visível esforço do

corpo para falar. Digamos assim, se a marca na fala revela-se na escuta do outro a tal

ponto de produzir o rompimento do laço social, há manifestações sintomáticas de fala

que se marcam no corpo e atingem o olhar. Tratam-se de manifestações que

comparecem no corpo e “corpo” é, por tradição e direito, objeto (exclusivo) do campo

da Fisiologia e da Patologia – justifica-se, sem dúvida, a força da discursividade desses

estudos sobre o tema que também opera no domínio da divisão filosófica mente/corpo -

melhor entendido, da relação entre razão/cognição e corpo/organismo. É na esfera do

dualismo corpo-mente que se inscreve a discussão sobre a relação entre corpo e mente,

corpo e linguagem. Entretanto, no presente estudo, Freud comparece dissolvendo o

dualismo psicofísico. Nos escombros da histeria e nos furos da afasia, ele viu que

estrutura e funcionamento não caminham lado a lado. Daí que outra concepção de corpo

deve vir a figurar. Fala-se do corpo que é Um, aquele que nasce com o ser de

linguagem, o falasser, o corpolinguagem. Sendo assim, manifestações como essas, que

marcam o corpo falante, nos obrigam a levar adiante uma reflexão no campo das

patologias e clínica de linguagem que não exclua o corpo das considerações sobre a

articulação língua-fala-sujeito. Trata-se de não ignorar que gestos articulatórios

distorcidos colocam em evidência o corpo, sobre o qual pesa a expectativa de

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“naturalmente” estar preparado para oralizar. Expectativa, no caso, frustrada. A verdade

é que não há nada de natural na utilização do trato bucofaríngeo para a fala, como já

advertia Saussure. Sendo assim, o presente trabalho busca analisar as marcas

sintomáticas que comparecem na fala quando o corpo parece não ser potente para

sustentar o peso do significante (BÈRGES, 2008). Para tanto, são analisadas sessões

clínicas em que situações dialógicas foram gravadas e transcritas. A análise tem como

foco tecer considerações a respeito da relação sujeito-língua-fala, incluindo nessa tríade

uma reflexão sobre o corpo falante. A tarefa é cumprida a partir das reflexões

encaminhadas no âmbito do Grupo de Pesquisas “Aquisição, patologias e clínica de

linguagem” (LAEL/PUCSP).

Body, subject and language in the field of Language Patho

Profa. Dra. Melissa Catrini UFBA

It is well known that the effect of symptomatic speech on the other is unequivocal (Lier-

DeVitto, 2001) and that a striking dissymmetry between speakers of the same language

is deeply felt in interaction situations, even if the communicative process is not

interrupted (Catrini, 2005). In the clinical realm of speech therapy, the symptom in

language could be defined as unstable and enigmatic utterances (pseudo-words,

disordered productions) which affect their intelligibility and interpretation and sheds

light on the subject’s problematic condition as a speaker of her/s mother tongue. If we

understand that the speaker of a language inhabits his mother tongue, as posed by

Lemos (1992), the symptom in speech can be taken as a glaring expression of

uneasiness felt "at home". In clinical practice, symptomatic speech may include

awkward articulatory gestures and noticeable efforts to overcome such difficulties

which involve, in an odd way, the body of the speaker. Indeed, such frequent clinical

events raise questions concerning the subject-speaker’s body within a theoretical

framework which reflects upon the language-speech-subject relationship. In fact, it is

not to ignore that distorted articulatory gestures contradicts the idea that the human

body is "naturally" prepared to vocalize speech; such an expectation is frustrated when

one is face-to-face apraxia, a clinical manifestations that shows that there is nothing

natural about the oropharyngeal tract for speech, as Saussure (1916) stressed. This study

aims at discussing symptomatic speech gestures which lightens instances where the

body does not seem to support the pressure of the significant (Bèrges, 2008). No doubt,

apraxia affects “the speaking body” not “the organic body", which, from a medical

viewpoint is the neutral object of physiology and pathology. I intend to discuss and

justify the theoretical distance I take from the traditional approach to apraxia, which

sustains itself on the philosophical dichotomy between mind and body, i.e., between

cognition and organism. Freud is called upon and taken as a landmark concerning the

concept of “body” since he dissolves the philosophical and psychophysical dualism

mind-body. Affected by the ‘wreckage’ of hysteria and the ‘holes’ of aphasia, he states

that structure of the body and the body functions do not go side by side. Freud could

develop in some studies on Apraxia the notion that there is only one “human body” –

the one which comes to life when captured by language or, according to Lacan, such a

body should be viewed as “corps pulsionel, as a “languagebody”. Some clinical

dialogue will be presented and analyzed.

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Considerações sobre a relação memória e linguagem em fala de

crianças

Profa. Dra. Juliana Ferreira Marcolino Galli UNICENTRO-OR

Este trabalho origina-se no aspecto teórico central na minha tese de doutorado, quando

discuti a relação memória e linguagem, a partir da minha prática clínica de atendimento

de sujeitos com demências. A reflexão encaminhada assumiu que linguagem não é

função cognitiva e memória não é lugar de estocagem. O movimento de Freud na

elaboração do aparelho psíquico, como um aparelho de linguagem e um aparelho de

memória foi apresentado. A partir de Freud, o trabalho sustenta um argumento que

dissolve a hierarquia entre memória e linguagem, frequente nas abordagens

cognitivistas. Ao final da etapa do doutorado, pontos enigmáticos deixam ver a

complexidade do assunto. Esses pontos permitem levantar questões sobre a Aquisição

da Linguagem, considerando a natureza do diálogo adulto-crianças, seus monólogos e

narrativas, já que a criança fala, mas sua relação com o contexto (referência externa)

pode ser interrogado, assim como seu efeito comunicativo. A proposta de aquisição da

linguagem de De Lemos (1992, 1997) é solidária ao processo de subjetivação. A

aquisição é impulsionada por mudanças estruturais: de posição da criança frente à fala

do outro e à língua (la langue). Diversas ocorrências na fala da criança, como o

erro/equívoco, escuta, reformulações, réplicas, tem sido entendidas, pelos pesquisadores

desta proposta como índices de mudanças de posição da criança na linguagem. Neste

ponto de vista, a criança entra na linguagem ao “incorporar fragmentos da fala do outro”

e que esses pedaços de fala retêm “restos” de cenas vívidas. É a partir da “memória”

que fragmentos retornam na fala da criança quando ela está só (nos monólogos e nas

narrativas). Esses “retornos” apontam para o fato de que a criança, que ao repetir

pedaços da fala do outro, mostra uma fala “diferente” em diferentes aspectos (fonético-

fonológico, morfológico, por exemplo) e, acima de tudo, a diferença aparece, de forma

notável na “indeterminação” sintática e semântico-pragmática de suas manifestações.

Ou seja, a repetição é com diferença - produz heterogeneidade e não coincidência entre

falantes (LIER-DeVITTO e FONSECA, 2012). Neste ponto, podemos dizer que a

repetição entre falas no diálogo criança-adulto não é equivalente à reprodução. Desse

modo, os termos “restos”, “fragmentos” e “retorno” implicam os conceitos “memória” e

“repetição”, conforme discutidos na Psicanálise. Este trabalho propõe uma reflexão

inicial sobre linguagem e memória, considerando esse trânsito de fragmentos e seus

efeitos mnêmicos no diálogo e nos monólogos em fala de crianças.

Considerations about the relation memory and language in the speech

of children

Profa. Dra. Juliana Ferreira Marcolino Galli UNICENTRO-OR

This paper originates in the central theoretical aspect of my doctorate thesis, when

discussing the relation memory and language, from my clinical practice attendance with

subjects with dementia. The reflection forwarded assumed that language is not cognitive

function and memory is not a place of storage. The movement of Freud's work was

shown in the elaboration of the psychic apparatus as an apparatus language and a device

memory. Freud dissolves the hierarchy between memory and language, common in

cognitive approaches. At the end of the stage doctorate, enigmatic points indicated the

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complexity of the subject. These points raise questions about the Language Acquisition,

considering the nature of adult-child dialogue, his monologues and narratives. This is

because the child speaks, but its relation with the context (external reference) can be

questioned, as well as its communicative effect. The proposed acquisition of the

language of De Lemos (1992, 1997) is integral to the process of subjectivation. The

acquisition is driven by structural changes: the position of the child in relation to the

speech of others and in relation to the language (la langue). Several occurrences in child

speech, as the error/ mistake, reformulations, have been understood by researchers in

this proposal as indices of changes in position of the child in the language. In this view,

the child enters language to "incorporate fragments of the speech of the other" and that

these cuts retain speech "remains" vivid scenes. These fragments return in child speech,

from “memory”, when she is alone (in monologues and narratives). They point to the

fact that the child shows one speaking "different" in different aspects (phonetic-

phonological, morphological, for example) and, above all, the difference appears

remarkably in the semantic-pragmatic and syntactic "indeterminacy". Other words,

repetition is difference: it produces heterogeneity and not coincidental between speakers

(LIER-DeVitto and FONSECA, 2012). At this point, we can say that the repetition

between in adult-child dialogue is not equivalent to reproduction. Thus, the terms

"remains," "fragments" and "return" implies the concepts of "memory" and "repetition",

as discussed in Psychoanalysis. This paper proposes an initial reflection on language

and memory, considering this transit of fragments and their mnemonic effects in the

dialogue and monologues in the speech of children.

Mesa Redonda 4

A Face e a Fala na Expressão de Emoções e Atitudes

(Face and Speech in expressing emotions and attitudes)

Coordenadoras: Profa. Dra. Sandra Madureira (PUC-SP LAEL) e Profa. Dra.

Zuleica Camargo (PUC-SP- LAEL)

Debatedor: Prof. Dr. Mario Augusto de Souza Fontes (PUC-SP)

Palestrantes Convidados:

Prof. Dr. Armindo Freitas Magalhães - Feelab- Universidade Fernando Pessoa do Porto,

Portugal

Prof. Dr. Plinio Almeida Barbosa - IEL-UNICAMP

Prof. Dr. Albert Rilliard LIMSI-Paris

RESUMO DA MESA

Emoções compreendem respostas automáticas, intensas e rápidas aos estímulos do

ambiente, envolvendo reações fisiológicas, comportamentais e a experiência de

sensações e são reveladas na face e na voz. Enquanto as emoções implicam em

experiências, as atitudes implicam em julgamentos baseados em crenças, sentimentos e

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intenções. Esta mesa redonda tem como objetivo abordar métodos de identificação de

emoções por meio de análise de gestos faciais e vocais e discutir os mecanismos

envolvidos na linguagem gestual. Para a análise da face, o Facial Action Code System

(FACS) é um instrumento que permite classificar as micro e macro expressões faciais

por meio de unidades de ação. Para o delineamento do perfil vocal recorre-se às análises

perceptiva e acústica da prosódia da fala. Resultados de análises da expressão facial e

vocal de emoções serão relatados, discutidos e considerados em relação ao cenário dos

estudos da linguagem gestual.

Palavras chave: expressão de emoções; expressão de atitudes; expressividade de fala;

expressão facial

TABLE ABSTRACT

Emotions are intense, automatic and quick responses to environmental stimuli,

involving physiological responses and experience and they can be expressed by facial

and vocal gestures. While emotions involve experiences, attitudes involve judgments

based on beliefs, feelings and intentions. This round table has as its objective discussing

the expression of emotions by facial and vocal gestures and considering some

mechanisms underlying these kinds of gestural language expression. In order to analyze

facial expression, the Facial Action Code System (FACS) is an instrument which

allows classifying micro and macro facial expressions by means of action units. In

order to delineate the vocal speech profile perceptual and acoustic analysis are

performed. Results of experiments concerning the facial and vocal expression of

emotions and attitudes are reported, discussed and considered in relation to the gestural

language scenario.

Key words: expression of emotions; expression of atitudes; speech expressivity; facial

expression.

RESUMOS DOS CONVIDADOS

A expressão facial das emoções

Prof. Dr. Armindo Freitas Magalhães FEELAB - Universidade Fernando Pessoa do Porto, Portugal

A expressão facial das emoções podem ser analisadas por um instrumento chamado

Facial Action Code System (FACS) desenvolvido por Eckman e Friesen (1978) e

revisado por Eckman, Frioesen e Hagen (2002), o qual permite classificar micro

expressões, ou seja, expressões que duram frações de segundo, e macro expressões

faciais por meio de unidades de ação (AUs). Uma codificação de 44 músculos que é

usada mundialmente por profissionais tais como psicólogos, psiquiatras neurologistas e

pesquisadores que se dedicam ao estudo da expressão das emoções na interação social

mediada pela fala. O processo de identificação das expressões faciais é discutido e as

características faciais de7 emoções básicas (felicidade, tristeza, medo, nojo, surpresa e

desprezo) são apresentadas. Resultados de trabalhos que aplicam as AUs para a análise

da expressão facial das emoções são apresentados e discutidos.

Palavras chaves: expressão facial; emoções; interação social.

The facial expression of emotions

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Prof. Dr. Armindo Freitas Magalhães FEELAB - Universidade Fernando Pessoa do Porto, Portugal

The facial expression. of emotions can be analyzed by a tool called the Facial Action

Code System (FACS) revised by Eckman (2002) which allows classifying micro

expressions, that is, lasting for a fraction of a second, and macro facial expressions by

means of action units (AUs), a coding of the 44 facial muscles which is used worldwide

by professionals such as psychologists, psychiatrists, neurologists and researchers

concerned with the expression of emotions in spoken social interaction .The process of

identifying facial expression is discussed and facial characteristics of the 7 basic

emotions (happiness, sadness, fear, anger, disgust, surprise and contempt) are presented.

The results of works applying the AUs to the analysis of the facial expression of

emotions are presented and discussed.

Key Words: facial expression; emotions; social interaction

A análise acústica da expressividade da fala

Prof. Dr. Plinio Almeida Barbosa

IEL-UNICAMP

Este trabalho apresenta as contribuições de um conjunto de medidas extraídas por um

script (Barbosa, 2009) denominado Expression Evaluator, o qual roda no software

PRAAT, desenvolvido por Paul Boersma e David Weenink da Universidade de

Amsterdam para a avaliação da expressividade da fala. O script possibilita a geração de

quatorze parâmetros acústicos relacionados à duração, frequência fundamental, espectro

de longo termo e ênfase espectral que pode ser aplicado para o estudo do ritmo,

entoação, qualidade de voz na fala expressiva e patológica. Essas medidas podem ser

utilizadas para avaliar a fala em relação à expressão de primitivos emocionais, referidos

como ativação, valência e envolvimento. Resultados de trabalhos que aplicam essas

medidas na análise da expressividade da fala são apresentados e discutidos.

Palavras chaves: fala expressiva; análise acústica; emoções

Acoustic analysis of speech expressivity

Prof. Dr. Plinio Almeida Barbosa

IEL-UNICAMP

This work presents a set of acoustic measures extracted by a script (Barbosa, 2009)

called Expression Evaluator, running in PRAAT, a software developed by Paul

Boersma and David Weenink from the University of Amsterdam which can be used to

analyze speech expressivity. The script allows to generate up to fourteen prosodic

parameters related to duration, fundamental frequency, long term average spectrum and

spectral emphasis to the study of rhythm, intonation and voice quality in expressive and

pathological speech. In analyzing speech expressivity it can be used to evaluate the

degree of the emotional primitives referred as activation, valence and involvement. The

results of works applying these measures to the analysis of speech expressivity are

presented and discussed.

Key words: expressive speech; acoustic analysis; emotions

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A expressão facial e vocal de atitudes na fala

Prof. Dr. Albert Rilliard

LIMSI-Paris

Este trabalho apresenta uma análise das características faciais e vocais na expressão de

atitudes na fala e discute os processos envolvidos na decodificação dessas expressões.

Atitudes envolvem julgamentos de afeto baseados em crenças, sentimentos e intenções e

são voluntariamente controlados. Diferenças são encontradas na expressão de atitudes

na interação verbal dependendo da influência da língua e cultura dos falantes.

Resultados de alguns experimentos de naturezas acústica e perceptiva são apresentados

e discutidos e a relevância do papel da prosódia no contexto de expressão de atitudes na

fala é salientada.

Palavras chaves: expressão de atitudes; expressão facial; expressão vocal

The facial and vocal speech expression of attitudes

Prof. Dr. Albert Rilliard

LIMSI-Paris

This work analyzes facial and vocal characteristics of the speech expression of attitudes

and discusses the processes involved in the decoding of attitudes in speech. Attitudes

involve affect judgments based on beliefs, feelings and intentions and they are

voluntarily controlled. Social affects can be expressed by facial and vocal

characteristics. Differences are found in the expression of attitudes in verbal interaction

depending on the speakers’ language and culture. The results of some perception and

acoustic experiments concerning the speech expression of attitudes in different

languages are presented, discussed and attention is drawn to the role of prosody in .the

vocal expression of attitudes.

Key words: expression of attitudes; facial expression; vocal expression

Mesa Redonda 5

Metáfora em uso: metáfora conceitual e frames

(Metaphor in use: conceptual metaphor and frame)

Coordenadora: Profa. Dra. Mara Sophia Zanotto (PUC-SP- LAEL)

Palestrantes Convidados:

Heronides Moura - UFSC

Lucienne Claudete Espíndola - UFPB

Mara Sophia Zanotto - PUCSP

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RESUMO DA MESA

A Linguística Aplicada focaliza a metáfora em uso no mundo real em diferentes gêneros

discursivos e diferentes contextos e culturas. Esse enfoque revela a complexidade do

fenômeno metafórico no mundo real, devido à dinâmica da interação de aspectos

cognitivos, corpóreos, sociais, culturais e intersubjetivos. Assim, Zanotto et al. (2008)

apontam que, para dar conta dessa complexidade da metáfora em uso, é preciso

convocar outras teorias, além da Teoria da Metáfora Conceptual (LAKOFF &

JOHNSON, 1980; LAKOFF (1993), indo em direção a um pluralismo teórico. Desse

modo, as pesquisas que serão apresentadas nesta mesa-redonda têm por objetivo discutir

as questões decorrentes de focalizar a metáfora em uso, como, por exemplo, a

problematização de Teoria da Metáfora Conceptual para dar conta da explicação da

significação discursiva e a consequente necessidade de recorrer à semântica de frames

(FILLMORE, 2006).

TABLE ABSTRACT

Applied Linguistics focuses on the metaphor in use in the real world in various

discursive genres and different contexts and cultures. This approach reveals the

complexity of the metaphorical phenomenon in the real world, due to the interaction

dynamics of cognitive, bodily, social, cultural, and inter-subjective aspects. Thus,

Zanotto et al. (2008) point out that, to account for this complexity of metaphor in use,

there is a need to call out other theories, besides the Conceptual Metaphor Theory

(LAKOFF & JOHNSON, 1980; LAKOFF, 1993), heading towards a theoretical

pluralism. Thereby, the investigations that will be presented in this roundtable aim to

discuss the issues arising from the focus on metaphor in use, such as, for instance,

discussing the Conceptual Metaphor Theory to account for explaining discursive

meaning and the consequent need for resorting to frame semantics (FILLMORE, 2006).

RESUMOS DOS CONVIDADOS

Metáfora: ligando frames

Heronides Moura UFSC

Nesta apresentação, pretendo mostrar que a metáfora é uma correlação entre frames. Os

frames são sistemas de conceitos relacionados que formam uma base de conhecimento.

Usar o significado de uma palavra implica ativar determinado frame. Uma metáfora

estabelece uma correlação entre frames. Essa correlação pode ser de natureza

intercultural, quando se trata de frames pertencentes a duas culturas, como na língua

guarani, em que o vocábulo bicicleta foi traduzido do português como “cavalo magro”.

Outro exemplo vem da língua baniua (Alto Rio Negro, Amazonas), em que o vocábulo

avião foi traduzido do português como “canoa que voa”. A correlação pode, também,

ser intracultural, como na metáfora francesa “lèche-vitrine”, em que um frame

associado ao corpo é correlacionado ao frame transação comercial. A correlação entre

frames não é arbitrária, mas, sim, motivada, icônica. Partes da estrutura conceptual de

um frame são identificadas com partes da estrutura conceptual de outro frame. Essa

motivação pode ser já não claramente percebida, como no caso de polissemia

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metafórica, por exemplo, na palavra “ataque” (militar, futebolístico, pessoal), pois a

correlação entre frames, nesses casos, é automática. Em outros casos, a correlação

precisa ser inferida, como na gíria “presunto” (cadáver). Uma vantagem do uso dos

frames é que eles não precisam ser totalmente estruturados, permitindo a construção de

novos conhecimentos. Dessa forma, a metáfora pode levar a reformulações dos frames

que ela correlaciona. No entanto, se utilizamos a semântica de frames, não faz sentido

dizer que um domínio de conhecimento estrutura o outro. A metáfora é um produto de

estruturas já organizadas, embora possa alterá-las.

Metaphor: linking frames

Heronides Moura UFSC

In this presentation, I intend to show that metaphor is a correlation between frames.

Frames are related concept systems that form a knowledge basis. Using the meaning of

a word implies activating a certain frame. A metaphor establishes a correlation between

frames. This correlation can have a cross-cultural nature, when it comes to frames

belonging to two cultures, such as in the Guarani language, where the word bicycle was

translated from Portuguese as “thin horse”. Another example comes from the Baniwa

language (Upper Rio Negro, Amazonas, Brazil), where the word airplane was translated

from Portuguese as “flying canoe”. The correlation can also be intra-cultural, such as in

the French metaphor “lèche-vitrine”, where a frame associated with the body is

correlated to the frame business transaction. The correlation between frames is not

arbitrary, it is motivated, iconic, indeed. Parts of the conceptual structure of a frame are

identified with parts of the conceptual structure of another frame. Such motivation can

no longer be clearly realized, as in the case of metaphorical polysemy, for instance, in

the word “attack” (military, football, personal), since the correlation between frames, in

these cases, is automatic. In other cases, the correlation has to be inferred, such as in the

slang “ham” (dead body). One advantage of using frames is that they do not need to be

fully structured, allowing the construction of new knowledge. Thereby, metaphor can

lead to reformulations of the frames it correlates. However, if we use frame semantics, it

makes no sense to say that a knowledge domain structures the other. Metaphor is a

product of already organized structures, although it can change them.

Metáforas conceptuais nas operações da polícia federal

Lucienne Claudete Espíndola UFPB

Nesta comunicação apresentarei os resultados de pesquisa cujo objetivo é investigar as

metáforas conceptuais subjacentes aos nomes atribuídos às operações da Polícia Federal

(PF). Essa pesquisa está vinculada à segunda linha de pesquisa do Projeto Metáforas,

Gêneros Discursivos e Argumentação (MGDA) cujo objetivo é pesquisar metáforas e

metonímias conceptuais a partir de temas/assuntos, considerando diferentes pontos de

vista (econômico, jurídico, profissional, político, religioso etc.). O corpus desta pesquisa

é constituído de textos de gêneros diversos coletados no site na Polícia Federal e em

sites de meios de comunicação. Para fazer a identificação das metáforas conceptuais

subjacentes às expressões linguísticas utilizadas para nomear as operações da PF,

usamos o método de leitura que “consiste em encontrar metáforas pela leitura de

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materiais escritos” (SARDINHA, 2007, p.145). A partir da identificação da metáfora e

do domínio origem de onde são mapeados aspectos para a construção do domínio alvo

(o nome da operação), buscamos verificar se a construção do conceito metafórico

origina-se, nesse corpus, de uma experiência corpórea elementar ou de conceito cultural.

Essa investigação justifica-se pela tese da variação cultural da metáfora convencional

postulada por Kövecses (2002), além dos pressupostos teóricos de Lakoff e Johnson

(1980, 2003) e Lakoff (1987), para quem a metáfora conceptual é um modelo cognitivo

que consiste em “compreender e experienciar uma coisa em termos de outra”

(2002[1980], p.18).

Conceptual metaphors in the federal police operations

Lucienne Claudete Espíndola UFPB

In this communication, I will present the results of a research which aims to investigate

the conceptual metaphors which are underlying the assigned names to the operations of

the Federal Police (FP). This research is associated with the second line of research of

Metaphor, Discursive Genre and Argumentation Project (MDGAP), which aims to

investigate conceptual metaphors and metonymies from themes / subjects, regarding

different points of view (economic, legal, professional, political, religious etc.). The

corpus of this research consists of texts from various genres collected on the site at the

Federal Police and on media websites. To make the identification of the underlying

conceptual metaphors to linguistic expressions used to name the operations of PF, we

use the reading method which “is to find metaphors by reading written materials”

(SARDINHA, 2007, p.145). From the identification of metaphor and the source domain

from which aspects are mapped to the construction of the target domain (the name of

the operation), we seek to verify if the construction of the metaphorical concept

originates, in this corpus, from a basic body experience or from a cultural concept. This

research is justified by the thesis of cultural variation of conventional metaphor

postulated by Kövecses (2002), besides the theoretical assumptions of Lakoff and

Johnson (1980, 2003) and Lakoff (1987), for whom the conceptual metaphor is a

cognitive model consisting of "understanding and experiencing one thing in terms of

another" (2002 [1980], p.18).

Inferências metonímicas e frames na interpretação de metáforas

Mara Sophia Zanotto

PUC-SP/LAEL

Esta apresentação faz parte do projeto de pesquisa que tem como objetivo central

investigar empiricamente o que a metáfora realmente significa para leitores reais, de

modo a contribuir para elucidar a complexidade da significação da metáfora em uso.

Essa investigação empírica tem produzido evidências sobre os processos socio-

cognitivos e culturais envolvidos no trabalho inferencial realizado pelos leitores na

construção das múltiplas leituras (os produtos), possibilitando uma discussão da

significação da metáfora na interface entre os processos e os produtos. Para poder

capturar o processo de co-construção online das múltiplas leituras, foi necessário

construir um desenho metodológico (ZANOTTO, 2014) adequado aos objetivos da

pesquisa, tendo como método principal o Pensar Alto em Grupo (ZANOTTO, 1995),

vivenciado por vários grupos de leitores lendo o mesmo texto, constituindo, assim, um

estudo de caso coletivo instrumental (STAKE, 1998), desenvolvido com metodologia

interpretativista (ERICKSON, 1986; MOITALOPES, 1994). O Pensar Alto em Grupo

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propicia condições favoráveis para os leitores resolverem o problema das

incongruências metafóricas (CAMERON, 2003), possibilitando a elicitação espontânea

dos processos envolvidos na interpretação de metáforas e metonímias. Nos dois estudos

de caso realizados (ZANOTTO & PALMA, 2008; ZANOTTO, 2010), ocorreu um

complexo processamento em cadeia de inferências metonímicas e metafóricas na

compreensão de metáforas. Dessa constatação emergiram novas questões: essa interação

de processamentos metonímicos e metafóricos ocorre sempre no processo de

interpretação de metáforas? Haverá diferentes tipos de interação desses

processamentos? Qual o papel da metonímia nesse processo? Em relação à última

pergunta, a partir da hipótese de Moura e Silva (2014) sobre o vínculo entre inferência e

frame (FILLMORE, 2006), surgiu a pergunta de pesquisa: será que nos estudos de caso

realizados, as inferências metonímicas representam um processo de busca do frame

relevante no qual será interpretada a metáfora? Essa pergunta será discutida com

recortes dos dados dos estudos de caso realizados.

Metonymic inferences and frames in the interpretation of metaphors

Mara Sophia Zanotto

PUC-SP/LAEL

This presentation is a part of a research project whose main aim is investigating

empirically what the metaphor really means to actual readers, in order to contribute to

elucidate the complexity of the significance of metaphor in use. This empirical research

has produced evidence on the socio-cognitive and cultural processes involved in the

inferential work done by readers in the construction of multiple readings (products),

enabling a discussion on the significance of metaphor in the interface between processes

and products. In order to be able to capture the online co-construction of multiple

readings, there was a need to construct a methodological design (ZANOTTO, 2014) fit

to the research objectives, whose main method is Group Think-Aloud (ZANOTTO,

1995), experienced by several groups of readers reading the same text, thus constituting

an instrumental collective case study (STAKE, 1998), developed by using an

interpretive methodology (ERICKSON, 1986; MOITA LOPES, 1994). Group Think-

Aloud provides favorable conditions for readers to solve the problem of metaphorical

incongruities (CAMERON, 2003), enabling the spontaneous elicitation of processes

involved in the interpretation of metaphors and metonymies. In both case studies

conducted (ZANOTTO & PALMA, 2008; ZANOTTO, 2010), a complex chain

processing of metonymic and metaphorical inferences has taken place in the

understanding of metaphors. From this finding, new questions emerged: Does this

interaction between metonymic and metaphorical processing always occur in the

metaphor interpretation process? Will there be different types of interaction of these

processes? What is the role of metonymy in this process? Regarding the latter, through

the assumption by Moura and Silva (2014) on the link between inference and frame

(FILLMORE, 2006), there arose the research question: In the case studies conducted, do

metonymic inferences represent a process of search for the relevant frame in which the

metaphor will be interpreted? This question will be discussed by using data excerpts

from the case studies carried out.

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Mesa Redonda 6

Linguagem, Tecnologia e Complexidade

Coordenadora: Profa. Dra. Maximina Freire Maximina (PUC-SP)

Palestrantes Convidados:

Prof. Dr. Vilson Leffa - UCPel

Profa. Dra. Vera Lúcia Menezes de Oliveira e Paiva - UFMG

RESUMOS DOS CONVIDADOS

Quando saber é ignorar: por uma teoria unificada no uso da tecnologia

para o ensino de línguas

Prof. Dr. Vilson Leffa UCPel

O título da apresentação é inspirado em uma frase de Stephen Hawking, no livro, “A

Teoria de Tudo”, onde o autor diz que na Química é possível calcular as interações dos

átomos sem conhecer a estrutura interna do núcleo de um átomo. Usando essa

afirmação como metáfora, e vendo qualquer teoria como um modelo mental que

construímos para descrever nossas observações, ainda inspirado em Hawking, proponho

que no ensino de línguas mediado pelas tecnologias digitais é possível ao professor

ignorar muito do que acontece durante a aprendizagem, sem prejuízo de sua eficiência

como professor, trabalhando, por exemplo, em um nível superior de abstração, onde os

níveis mais baixos permanecem invisíveis. Para demonstrar isso, parto de uma visão de

aprendizagem como um processo que se constitui essencialmente de interações, que se

instanciam em diferentes níveis de abrangência, dos mais altos aos mais baixos,

envolvendo tanto agentes humanos como não-humanos. A introdução das tecnologias

digitais tem produzido um impacto notável nessas interações, com repercussões na

quantidade, expandindo o número de interações possíveis, ao mesmo tempo que

aumenta sua intensidade, criando a possibilidade de um envolvimento maior dos

agentes. Minha tese por uma teoria unificada do ensino de línguas é de que a interação

de todos os agentes envolvidos pode ser explicada pela análise dos espaços vazios que

se formam entre os elementos de uma determinada realidade. No mundo da matéria,

como na sala de aula tradicional, os vazios podem estar entre os móveis e objetos.

Mexendo nesses espaços (dispondo as cadeiras em círculo, por exemplo), alteramos não

só a disposição das cadeiras mas traremos também repercussões para a interação dos

alunos, o que mostra que a interação ocorre não só entre elementos de um mesmo nível,

mas também de um nível para outro, provocando alterações significativas no sistema.

Na realidade digital, por outro lado, passamos da matéria para a luz e os espaços vazios

tornam-se extremamente mais fáceis de serem manipulados. Um arquivo extenso, por

exemplo, pode ser compactado, extirpando-se os espaços redundantes, que se repetem

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entre muitos elementos relevantes para o usuário. A teoria para explicar uma ou outra

realidade, no entanto, pode ser a mesma, sem que o usuário conheça as leis físicas do

movimento das cadeiras ou o algoritmo responsável pela compactação do arquivo.

Os emojis na interação digital

Profa. Dra. Vera Lúcia Menezes de Oliveira e Paiva UFMG

A língua(gem) é um sistema dinâmico e complexo que vai se tornando cada vez mais

complexo, pois é um sistema aberto. Novos componentes vão se agregando, fazendo

com que o sistema mude e se auto-organize constantemente, pois nada é fixo. Um

exemplo de agentes de mudança são as tecnologias a serviço da língua(gem) no mundo

digital. A comunicação oral é multimodal por natureza. Quando falamos não temos

apenas a linguagem oral. Usamos gestos, expressões faciais e um contexto ao nosso

redor que também ajuda na construção do sentido. Nesta apresentação, faço uma breve

discussão histórica do papel das tecnologias que contribuíram para a evolução da

língua(gem) e, em seguida, discutirei o fenômeno dos emojis. A emergência dos emojis

trouxe tanta vitalidade às interações digitais que a imagem do coração foi a “palavra” do

ano em 2014, segundo o Global Language Monitor, por ter aparecido bilhões de vezes

em todo o mundo. Na interação eletrônica, que se assemelha muito à linguagem oral, os

emojis são auxiliares na comunicação, que minimizam a ausência da multimodalidade

típica da conversa. Para ilustrar, usarei exemplos retirados de interações mediadas pelo

What’s up e pelo Facebook.

Mesa de Encerramento

Profa. Dra. Maria Antonieta Celani

PUCSP-LAEL

Após um breve, brevíssimo, histórico do INPLA serão feitas considerações sobre a

importância desse evento no cenário nacional. Considerações sobre a caracterização da

Linguística Aplicada e sua natureza transdisciplinar farão também parte do

encerramento das atividades. Por que e como a Linguística Aplicada tem lugar na

pesquisa transdisciplinar? Essa pergunta será respondida na sessão de encerramento.

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SIMPÓSIOS As múltiplas vozes e sentidos dos discursos institucionais:

reflexões dialógicas

Coordenadores: Cláudia Garcia Cavalcante - FATEC/SP; Universidade Nove de Julho

Irene de Lima Freitas – UNIUBE

De acordo com Brait e Magalhães (2014), a origem da palavra dialogismo remete à

justaposição de uma preposição e um substantivo gregos: por causa de e discurso,

respectivamente. Esses são dois dos termos possíveis que apontam para a constituição

de um conceito que mostra a indissolubilidade entre diálogo e linguagem em que aquele

existe por meio deste. Nesse sentido, e a partir do pensamento emergido dos estudos de

Bakhtin e do Círculo, o estudo das produções humanas só se torna possível por meio do

texto, aqui também entendido como interação oral face a face, diálogo stricto sensu.

Então, se tomarmos o caminho do raciocínio de Bakhtin (2006), podemos afirmar que

onde não há linguagem, não há palavra, não há discurso, não há texto. Os textos são

essenciais na perspectiva de linguagem da Análise Dialógica do Discurso (ADD) por

serem os lugares de constituição dos sujeitos que pensam, comunicam-se entre si numa

relação orgânica que resulta no ato ético e responsável. Por isso tudo, essa perspectiva

reflete sujeitos discursivos em uma cadeia ininterrupta de diálogo e não em objetos

neutros e abstratos que não interagem e, portanto, não produzem discursos. Assim, esse

simpósio propõe uma “sessão bakhtiniana” ao apresentar diferentes pesquisas que

variam em escopo e objetos de estudo, mas unidas pela mobilização de um mesmo

conceito acerca de língua, linguagem e práticas sociais refletidas em enunciados

concretos (textos) (discursos) em diferentes esferas da atividade humana,

principalmente aquelas voltadas à educação superior.

Comunicações internas

É para escrever com as minhas palavras?”. A autoria e as

discrepâncias no ensino de produção textual na universidade

Cláudia Garcia Cavalcante

A comunicação propõe uma reflexão acerca do conceito de autoria em Bakhtin (2010;

2006) no que se refere à a autor-pessoa e autor-criador. A distinção coaduna-se com

nosso propósito de estudo do ensino de língua portuguesa na graduação em que se

prioriza a posição de um sujeito hábil em enunciar-se a partir de um lugar social e

produzir um discurso singular, apesar de inscrito em uma tradição ou institucionalizado.

É essa posição de autor que se requer do aluno em suas produções textuais,

principalmente nas atividades escritas desenvolvidas ao longo do curso ou no trabalho

de conclusão. A “nova unidade axiológica” constrói o autor, a consciência participante

diretamente do evento, e torna-se objetivo principal das aulas de produção textual na

universidade, objeto de discussão desse estudo. A fim de corresponder aos propósitos de

uma comunicação oral, dividimos a reflexão em dois momentos. O primeiro, de caráter

teórico, fundamenta-se na concepção dialógica do discurso defendida por Bakhtin e

membros do Círculo e concentra-se na leitura e interpretação dos textos acima citados.

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No segundo, o conceito de autoria orienta a leitura e a análise das Diretrizes

Curriculares Nacionais do curso de Graduação em Administração (Resolução nº4, 2005)

em estreita relação com os dados fornecidos pelo Censo da Educação Superior (2012) e

os resultados dos exames de larga escala Enem (2014) e Pisa (2014) no que se referem à

produção textual dos egressos da educação básica brasileira. Os dados cotejados

permitem a compreensão de um movimento dialógico que se estabelece entre o perfil do

egresso do ensino básico e as demandas da vida universitária no tocante ao ensino da

língua portuguesa na graduação. As relações estabelecidas nas análises apontam para

uma distância quantitativa e qualitativa entre as habilidades/competências demonstradas

pelos alunos egressos do ensino médio e o perfil do egresso instituídos pelas DCNs.

Convergências e divergências entre discursos oficiais que normatizam

a formação do licenciando em Letras

Jozanes Assunção Nunes

As Diretrizes Curriculares para os Cursos de Letras e as Diretrizes para a Formação de

Professores da Educação Básica são instrumentos orientadores e normatizadores de

políticas curriculares institucionais, servindo como balizamento oficial dos Projetos

Pedagógicos dos cursos de Letras. Assim sendo, uma investigação dos pressupostos

norteadores da organização curricular consignados em tais instrumentos merece atenção

especial de pesquisadores que discutem a reforma da formação do licenciando em

Letras. Inserido nesse contexto, este trabalho decorre de pesquisa de doutorado em

andamento, em que buscamos realizar uma análise dialógica dos discursos de

professores que compõem o Núcleo Docente Estruturante (NDE) dos Cursos de Letras

de uma universidade mato-grossense. Nesta comunicação, resultado de pesquisa

documental, pretendemos fazer uma análise dos Pareceres CNE/CP 492/2001

(Diretrizes Curriculares para os cursos de Letras) e CNE/CP 9/2001 (Diretrizes

Curriculares para a Formação de Professores da Educação Básica) sob a perspectiva das

relações dialógicas que se estabelecem entre eles e, consequentemente, de seus

determinados horizontes axiológicos/valorativos acerca da formação do licenciando em

Letras. Para tanto, fundamentamos nosso trabalho a partir das abordagens dialógicas e

sócio-históricas bakhtinianas acerca do discurso e da interação verbal, onde

correlacionamos os dois instrumentos numa perspectiva de apreender suas

convergências e divergências, assumindo-os nos processos em que se constituem em

discursos. Fundamentalmente, os resultados evidenciaram que a questão da

profissionalização e da qualidade do ensino está no centro dos discursos professados

nos documentos. Não obstante, cabe ressaltar que enquanto as diretrizes de Letras são

marcadas pelo discurso da racionalidade técnica, enfatizando um conjunto de saberes

caracteristicamente teóricos; as diretrizes para formação de professores evidenciam uma

tendência à epistemologia da prática, valorizando os saberes experienciais, relacionados

à atuação pragmática do professor. Entendemos que a nossa pesquisa é relevante por

auxiliar a compreensão de documentos oficiais a partir da perspectiva da teoria

dialógica do discurso.

Teoria dialógica da linguagem: vozes e sentidos no discurso jurídico

Irene de Lima Freitas

Esta apresentação tem por objetivo fazer uma reflexão a respeito da forma de apreensão

do discurso de outrem e como esses discursos contribuem para a construção dos

sentidos em uma Decisão Judicial inusitada, da área criminal, proferida por um

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desembargador do Tribunal de Justiça do Estado do Rio de Janeiro. Trata-se de um

Acórdão a favor do réu, contrariando a condenação imposta pela juíza de primeira

instância. A fundamentação teórico-metodológica que respalda nossas reflexões são os

conceitos depreendidos da análise dialógica do discurso de Bakhtin e o Círculo, e dos

estudos empreendidos por Brait (2003, 2005, 2006) e Amorim (2003, 2004, 2009) a

respeito das abordagens desses autores. Os estudiosos do Círculo consideram que

“quanto mais intensa, diferenciada e elevada for a vida social de uma coletividade

falante, tanto mais a palavra do outro, o enunciado do outro, como objeto de uma

comunicação interessada, de uma exegese, de uma discussão, de uma apreciação, de

uma refutação, de um reforço, de um desenvolvimento posterior, etc., tem peso

específico maior em todos os objetos do discurso (BAKHTIN, 1963/2002, p. 139).

Assim, levamos em consideração as estratégias linguísticas, enunciativas e discursivas

mobilizadas pelo sujeito discursivo para a construção dos sentidos. Percebe-se que o

espaço discursivo em que se concretizam os enunciados da esfera jurídica é entretecido

por uma multiplicidade de relações dialógicas, um incessante intercâmbio de vozes,

consciências, ideologias, que deixam entrever posicionamentos assumidos pelos

sujeitos envolvidos na cena enunciativa, o que evidencia que o discurso jurídico não é

tão somente o ponto de vista do Direito, da lei, da voz dogmática, da doutrina. “Tudo

isso requer estudo” (BAKHTIN, 1963/2002, p. 139).

Linguística aplicada e transdisciplinaridade: ensino e pesquisa

Coordenadores: Renata Philippov - USP

Vera Lúcia Harabagi Hanna - Universidade Presbiteriana Mackenzie

Muito tem sido publicado e discutido em termos de pesquisas interdisciplinares e

transdisciplinares, tanto em relação à escola básica quanto ao ensino superior. De fato,

as diretrizes curriculares do MEC preconizam o trabalho interdisciplinar em currículos

de Letras e Formação Docente. No entanto, na prática ainda há muito a ser feito, pois,

em geral, o que se vê são currículos estanques e fragmentados que nem sempre

respondem a tais diretrizes. Assim, trabalhos com língua, literatura e cultura acabam

dissociados. Ao se entender transdisciplinaridade como algo que vai além das

disciplinas, que implica a combinação de áreas e a transferência de conceitos teóricos e

de metodologias que colaboram na resolução de problemas, o presente simpósio

constitui-se com o objetivo de acolher estudos que contemplem o trabalho

transdisciplinar em cursos de Letras e Formação Docente, e que possam, de alguma

forma, propor formas de fomentar um ensino plural.

Comunicações internas

Rompendo a encapsulação do ensino superior em Letras: uma

proposta transdisciplinar

Renata Philippov

Cursos superiores em Letras no Brasil há muito contemplam aulas de língua e literatura

estrangeiras e formação docente de forma fragmentada, com disciplinas sem integração

nem interdisciplinaridade, o que, segundo Engeström (1991; 1999), pode ser descrito

como aprendizagem encapsulada. Assim, a gestão dos currículos e o planejamento dos

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conteúdos das disciplinas dentro da matriz curricular acaba por fomentar um ensino

estanque e sem continuidade ou trabalho conjunto, o que contraria até mesmo a

legislação educacional vigente. O isolamento dentro da matriz curricular reflete também

ruptura com relação à realidade fora da escola, na medida em que não necessariamente

se pensa nas necessidades e no perfil do egresso de tais cursos. Tal fragmentação leva, a

nosso ver, à perda de uma rica oportunidade de se fazer uma gestão curricular integrada

em disciplinas de língua, literatura e formação docente e, assim, fomentar a

desencapsulação do currículo e da aprendizagem, tanto em termos de um ensino

transdisciplinar quanto de um ensino voltado para o que Marx & Engels denominam “a

vida que se vive” (1845-1846/2006), ou seja, a realidade fora dos muros da escola, ou,

neste caso, das instituições de ensino superior em Letras. Esta comunicação tem por

objetivo discutir criticamente uma experiência de integração entre conteúdos de língua,

literatura e formação docente dentro de disciplinas da matriz curricular de um curso de

Letras – Inglês na Universidade Federal de São Paulo, sob as perspectivas da Teoria da

atividade sócio-histórico-cultural (LIBERALI, 2009), do letramento crítico (COSSON,

2006/2014) e da Pesquisa crítica de colaboração (MAGALHÃES e FIDALGO, 2010;

2011). Exemplos de trabalho integrado e transdisciplinar, provenientes de duas

disciplinas diferentes, serão relatados.

Multireferencialidade, muldimensionalidade, não-reducionismo:

transdisciplinaridade, docentes mais realistas

Vera Harabagi Hanna

A presente pesquisa ratifica o empenho em expandir a constituição de taxonomia para o

campo de Ensino de Línguas Estrangeiras confiando que apreciações atinentes à

etnografia da comunicação e à transdisciplinaridade possam contribuir para a formação

de docentes mais realistas. Propomos, primeiramente, um breve reexame de conceitos

fundamentais no ensino comunicativo - a língua como comunicação (E. Hall, 1959;

1977) e aprendizes como mediadores culturais, como falantes transculturais (C.

Kramsch, 1994; 1998; 2004 e M. Byram, 1997; 1998; 2000; 2002) -que embasará um

debate mais amplo sobre a acepção de transdisciplinaridade (L.Latuca, 2001; J.Klein,

2001; 2004; 2010). Nossa opção pelo conceito segue a classificação de Lattuca -visto

como uma das formas de interdisciplinaridade - e se explica pelas características

definidoras de padrões de prática e mudança que se complementam e se hibridizam e,

ao mesmo tempo, coincidem com as tipologias de Klein (2010) sobre termos análogos:

distinguem-se na interdisciplinaridade, o foco, a integração, a interação, e a

combinação; na multidisciplinaridade, a sequenciação, a justaposição e a coordenação; e

na transdisciplinaridade, a transgressão, a exceção, a transformação. A definição da

autora sobre transdisciplinaridade, que envolve desconstrução, e que assevera que um

objeto pertence a diferentes níveis de realidade, com suas consequentes contradições,

paradoxos e conflitos (2004), orientará nossa exposição. O objetivo de alcançar uma

formação transdisciplinar de professores, mais humanista, prende-se a alguns elementos

(mas não restrito a eles), norteados por B.Nicolescu (1997). Fatores como o não

reducionismo (diferentes níveis de realidade regidos por lógicas diferentes); a nova

visão da natureza da realidade (novos dados emergem da confrontação das disciplinas

que os articulam entre si); a multireferencialidade e a muldimensionalidade (concepções

do tempo e da história coexistem, e incluem a experiência de um horizonte

transhistórico); e a transculturalidade (inexiste laço cultural privilegiado) auxiliarão

nesse percurso.

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Mercadores, megeras, noites e sonhos: Shakespeare no Ensino

Fundamental I Ana Elvira Luciano Gebara

Os cursos de Letras em sua maioria (e muitos dos cursos universitários) são organizados

em departamentos e disciplinas. Essa estrutura tradicional atende às necessidades de

“disciplinar” o conhecimento constituído de forma a ser reproduzido em outras

condições e lugares – um princípio científico para obtenção do conhecimento. Porém tal

estrutura não responde às condições que nossos alunos enfrentam em sala de aula há

algumas décadas e tem sido um dos principais pontos a serem revistos conforme a

indicação dos documentos oficiais, como os PCN. Se a relação entre o conhecimento

sem a fronteira disciplinar se constitui exigência em provas de concurso e de

certificação (como ENADE), isso passa a ser uma preocupação dos colegiados, que

exige uma mudança significativa de estratégias, métodos e estrutura (SIGNORINI,

CAVALCANTI, 1998; CHARAUDEAU, 2010). Embora não seja recente, a busca por

concepções de ensino transdisciplinar ainda não chegou plenamente ao curso de Letras

sendo restrita a projetos que podem envolver duas ou mais disciplinas de um semestre

chegando, mais raramente, até ao trabalho que envolve divisões maiores como anos ou

ciclos. Nesta comunicação, tem-se como objetivo analisar os resultados de um desses

projetos desenvolvidos no curso de Letras no 5º. semestre: “Os textos clássicos e a

adaptação: percursos de leitura literária”, para verificar o processo ocorrido a partir do

envolvimento das disciplinas Metodologia e Prática de Ensino de Língua Portuguesa e

de Língua Inglesa, Língua Portuguesa e Língua Inglesa e da temática central, a questão

da leitura do texto literário. A fundamentação teórica para o estabelecimento das bases

do trabalho foram: Machado (2002); Bloom (2001); Calvino (2001) no quanto à

adaptação; Schneuwly; Dolz (2004), quanto à Sequência Didática; e Rojo (2004) quanto

à leitura. Os resultados do trabalho integrado indicam obstáculos e avanços que

projetam caminhos para próximos projetos – fase final de nossa comunicação.

Transmodalização intermodal: uma perspectiva para textos literários

em ensino-aprendizagem em FLE

Ana Luiza Ramazzina Ghirardi

Com o desenvolvimento de novas tecnologias e do mundo mediático, novos formatos de

leitura emergem de um universo em que a imagem tem lugar proeminente. Nesse novo

contexto, uma vantagem potencial para o cenário literário se apresenta: textos

consagrados são retomados e reinventados a partir de um mundo de imagens fixas, em

particular, o da adaptação de obras literárias para HQ. Segundo Nicolas Prels (2009), ao

transpor uma obra literária para HQ, o adaptador dialoga com uma obra antiga citando-a

por um filtro de modernidade. A composição de mais de uma adaptação da peça de

teatro Dom Juan (1682), de Molière para HQ indica que as apropriações multimodais,

que podem favorecer novas configurações em qualquer texto escrito, se mostram

especialmente produtivas em suas abordagens com a literatura, cuja polissemia oferece

um amplo campo para as re-criações visuais. Essa comunicação propõe a apropriação

do teatro pela linguagem HQ como instrumento especialmente produtivo para o ensino-

aprendizagem em aulas de FLE. Em um primeiro momento, a partir do que Genette

(1992) designa “transmodalização intermodal”, é apresentado um cotejo das adaptações

de Vents d’Ouest (2008) e de Guy DelcourtProductions (2010) do primeiro ato da peça

de Molière, Dom Juan. Em seguida, são discutidos o mesmo trecho e sua aplicação

como dispositivo para uma atividade de ensino-aprendizagem em FLE considerando

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que “o texto literário é um laboratório linguajar em que a língua é tão instantaneamente

solicitada e trabalhada que é nele que se revelam e exibem mais precisamente suas

estruturas e funcionamentos. ” (PAPO & BOURGAIN, 1989).

Metáfora, cognição e cultura

Coordenadores: Mara Sophia Zanotto - PUCSP

Heronides Maurílio de Melo Moura - Universidade Federal de Santa Catarina

O simpósio tem como objetivo reunir pesquisadores que contribuam com trabalhos

empíricos sobre a metáfora em uso, na perspectiva sociocognitiva, que procura o

diálogo entre fatores cognitivos, sociais e culturais, propiciando uma compreensão do

fenômeno multifacetado que é o uso contextualizado da metáfora.

Comunicações internas

Metáforas e neologismos: o papel dos contextos culturais

Helen Petry e Heronides Maurílio de Melo Moura

Este projeto de pesquisa analisa o papel da metáfora nos vocábulos neológicos de língua

portuguesa, com o objetivo de identificar a tipologia dessas expressões, classificando as

metáforas dentre quatro variáveis: conceituais, imagéticas, culturais e gramaticais. O

corpus foi constituído por entradas lexicais captadas a partir do banco de dados do

Projeto BaseNeo, da Universidade de São Paulo, no qual permaneceram somente as

entradas já institucionalizadas como vocabulário da língua. A etapa posterior tratou da

identificação das metáforas conforme a tipologia proposta. Tomamos como a base a

Teoria da Metáfora Conceptual – TMC, formulada por Lakoff e Johnson (1980), Lakoff

e Turner (1989) e as discussões posteriores sobre universalismo e cultura, segundo a

abordagem de Kovecses (1990, 2005) e Sweetser (1990). Partimos da hipótese de que

neologismos sejam fontes de metáforas em razão dos contextos culturais que os

neologismos devem exprimir. Supomos que 20 a 30% dos dados examinados

correspondam a neologismos de origem metafórica e sugerimos que a maior parte das

ocorrências sejam metáforas culturais. Os resultados demostram que as metáforas

culturais têm prevalência no corpus analisado, seguidas, em menor número, por

metáforas imagéticas.

Viagens de aprendizagem de língua inglesa

Vera Lúcia Menezes de Oliveira

Paiva e Ronaldo Corrêa Gomes Junior

Com o suporte teórico dos conceitos cognitivos de metáfora e de esquemas imagéticos,

apresentaremos os resultados de um estudo sobre a metáfora da viagem em histórias de

aprendizagem de língua inglesa. Os dados foram retirados do corpus de narrativas de

aprendizagem de inglês do projeto AMFALE (http://www.veramenezes.com/amfale/).

Para localizar os exemplos de metáforas que têm como base a metáfora conceitual A

APRENDIZAGEM DE LÍNGUA INGLESA É UMA VIAGEM, utilizamos o

mecanismo de busca do Google, interno ao site que hospeda o corpus, e fizemos buscas

com palavras do campo semântico viagem em português e em inglês. Em seguida

selecionamos exemplos onde a metáfora era mais saliente e escolhemos alguns deles

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para nossa análise. Dividimos a análise em três partes, a partir do esquema imagético da

viagem: origem-percurso-destino. Os resultados da análise evidenciam que a maioria

das metáforas está relacionada ao processo de aprendizagem metaforizado como um

percurso, apesar de encontrarmos também algumas poucas metáforas se referindo à

origem e ao destino da viagem.

Metáforas e Identidades: um estudo das identidades metaforizadas de

um grupo de aprendizes de inglês do Brasil e de Hong Kong

Ronaldo Corrêa Gomes Junior

Se as metáforas são um fenômeno cognitivo pelo qual atribuímos sentido ao mundo e a

nós mesmos (LAKOFF E JOHNSON, 1980), entender as identidades e como elas são

construídas também pode ser uma questão de metáfora. Esta pesquisa buscou investigar

as identidades metafóricas de estudantes de inglês da Universidade Federal de Minas

Gerais e da City University of Hong Kong por meio da análise das metáforas

encontradas em histórias de aprendizagem de inglês. O conjunto de textos analisado

reúne narrativas multimodais, ou seja, as narrativas das duas universidades eram

compostas por texto, imagem, som, vídeos etc. A análise de dados consistiu nos

seguintes passos: primeiro, todas as unidades metafóricas referentes à identidade dos

aprendizes foram destacadas; segundo, após repetidas leituras, as metáforas foram

agrupadas em categorias de acordo com suas regularidades; terceiro, foi verificado

como os eus são metafórica e discursivamente construídos; e por fim, foram traçados os

perfis identitários de cada conjunto de narrativas. Os dados revelam que as identidades

metaforizadas mais frequentes nos dois grupos de participantes são as que envolvem

percursos, caminhos e jornadas, como a do viajante. Nos dados de Hong Kong, outras

identidades metaforizadas frequentes envolvem ação intensa, como a do construtor e a

do militar. Já nos dados do Brasil, as outras identidades metaforizadas mais frequentes

são as relacionadas à leitura. Uma das principais contribuições desta pesquisa é a

associação de teorias cognitivas e sociais, entendendo os aprendizes como sujeitos

sóciocognitivos que são afetados por experiências sociais, corporificadas, sinestésicas e

identitárias.

Metáfora e conflito cognitivo Aldo J.R. de Lima

A pesquisa observou situações de conflito cognitivo com relação ao sentido da palavra

galinha no conto de Clarice Lispector, “Uma galinha”. A observação se deu através de

uma entrevista, que aconteceu após a leitura do conto, com um adolescente de 13 anos e

10 meses e uma adolescente de 14 anos e 4 meses, os dois de classe média, alunos da 8ª.

série da Rede Estadual de Educação de Pernambuco. As duas leituras promoveram uma

reorganização do sentido da palavra galinha, o que vem a confirmar que, intrínseca à

Literatura e à Poesia, a metáfora faz do texto literário um instrumento que coloca o

leitor em situações de conflito cognitivo, isto é, em circunstâncias de reorganização de

conhecimento do mundo. Sobre os textos literário e poético há um consenso de que

quanto mais distantes do referencial, quanto mais metafóricos, mais literários e mais

poéticos eles são. Com isso, ratifica-se a tese de que a Literatura e a Poesia ao

interrogarem o ser humano, protagonizarem suas necessidades históricas, suas utopias e

ideologias reorganizam os sentidos da palavra porque também a metáfora em suas

incessantes (re)organizações de conceitos e conteúdos cria conflitos cognitivos, ou

desequilíbrios, os quais, como ensina Piaget, “obrigam um sujeito a ultrapassar seu

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estado atual e a procurar o que quer que seja em direções novas” (A equilibração das

estruturas cognitivas, p.18). A partir da adolescência, o estádio do pensamento é formal

porque o sujeito é capaz de formular e deduzir hipóteses; de substituir a modalidade do

real pela modalidade do possível. De posse deste pensamento, o adolescente pensa e

reflete criticamente acerca das metáforas; o pensamento formal, por conduzi-lo a níveis

de raciocínio cada vez mais complexos e sofisticados, leva-o à compreensão dos

diversos sentidos que a palavra adquire nas relações históricas, socioculturais; na

Literatura e na Poesia.

A contribuição do IFRJ na formação de professores ‘linfe’

Coordenadores: Elza Ribeiro - Instituto Federal do Rio de Janeiro

Carla Souza - PUCRJ

O objetivo desse simpósio é compartilhar a experiência em andamento do IFRJ como

espaço para estágio supervisionado de alunos de licenciatura em Letras (Português-

Inglês) com base na abordagem Inglês para Fins Específicos (ESP) contribuindo para a

formação de professores LINFE (de Línguas para Fins Específicos). Além disso, visa

mostrar como os professores regentes e licenciandos estão pensando e investigando o

estágio à luz da Linguística Aplicada (VIEIRA-ABRAÃO, 2010; MILLER, 2013). Em

função do Instituto ser oriundo da antiga Escola Técnica de Química, que fez parte do

Projeto Nacional de ESP quando do seu início no país na década de 70, a instituição é

tida como referência na prática da abordagem. Assim, ações pedagógicas de sala de aula

têm forte comprometimento teórico e prático, isto é, tanto produzem teoria através da

prática e vice-versa. O quadro de docentes é altamente comprometido, engajado e

preocupado com atualização, formação continuada através de: (a) desenvolvimento de

pesquisas inter e intra institucionais; (b) temas de interesse sendo pesquisados nos

cursos de doutorado; (c) participações, apresentações e publicações em eventos

importantes no cenário nacional e internacional. No processo de orientação de estágio,

esses professores têm como primícias oferecer ao futuro (às vezes, já) docente um

momento significativo e relevante para sua formação. Os licenciandos, por sua vez, se

inserem no contexto acima descrito e conseguem vivenciar a prática do ESP, mesmo

que inicialmente sem o aprofundamento necessário para tal. Esse desprestígio reportado

por muitos deles é fruto de uma trajetória universitária que, indiretamente, coloca a área

em desvantagem em relação às demais na grade curricular. Assim, este simpósio reúne

trabalhos que trazem algumas das diferentes vozes envolvidas no estágio, considerando

que tanto professores regentes como estagiários precisam se envolver na investigação de

suas próprias práticas e estão em um processo de aprendizagem mútua e concomitante.

Comunicações internas

A “voz”do licenciado pré-estágio Talita Pereira

O estágio supervisionado obrigatório é, sem dúvidas, a base da formação docente. Por

isso, é de suma importância que nesse período seja estabelecida uma relação de parceria

entre licenciandos, professores regentes e professor-orientador para que, assim, o

estágio seja totalmente proveitoso. Além dessa relação, a instituição de ensino em que

os estagiários serão inseridos também possui um papel fundamental, uma vez que ela é

o local de observação das práticas docentes, de interação com a comunidade e de

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participação nas práticas pedagógicas em sala de aula. Nós, estagiários de

Português/Inglês da UFRJ, escolhemos, dentro de uma lista fornecida por nossa

professora-orientadora, a escola na qual desejamos cumprir nossa carga horária, dentre

elas o IFRJ. Sabendo que o Instituto é tido como referência no ensino de ESP e, como

em nossa grade curricular na Faculdade de Letras Português/Inglês nenhum foco é dado

a essa abordagem, nós, licenciandos, no interessamos em ter um contato maior com o

ensino de inglês em uma escola técnica, ao menos na prática. Entretanto, a falta de um

conhecimento teórico mais aprofundado sobre a abordagem ESP faz com que

cheguemos à escola com algumas crenças sobre como seria esse ensino de inglês. Desse

modo, esse trabalho tem por objetivo apresentar as crenças que nós, licenciandos,

possuíamos sobre a abordagem ESP antes de começarmos os estágios no IFRJ.

A “voz”da teoria que embasa o trabalho

Amanda Costa

Mayra Floret

Vitor Caldas

A teoria do ESP não é – ou é pouco – conhecida pelos graduandos de Letras

(Português/Inglês) da UFRJ. Durante a disciplina Prática de Ensino, alguns dos

licenciandos têm a oportunidade de vivenciar o estágio no IFRJ e, consequentemente, de

conhecer a teoria que embasa a prática da escola. A teoria é apreciada de duas formas

mais especificamente: através da leitura e discussão de textos teóricos sugerido pela

regente em reuniões do grupo e, principalmente, da observação das aulas, o que permite

que os professores em formação conheçam o embasamento teórico através do contato

com a prática. Neste período, os licenciandos, além de perceberem os mitos que

rodeiam a visão errônea da abordagem ESP, aprendem que a abordagem leva em

consideração as particularidades de cada turma e que, por isso, as aulas e materiais

precisam estar em constante produção, adaptação e atualização. Sendo assim, percebem

que o ESP não se configura num método propriamente dito, mas numa abordagem que

pode dar conta de diversos métodos para atingir seus objetivos. Não tem, portanto,

rotinas didáticas sem o contato com as turmas. Os materiais, objetivos e, por

conseguinte, o planejamento das aulas decorrem das necessidades de uso da língua de

um determinado grupo de alunos, levando-se em conta, principalmente, quais

habilidades receberão maior destaque. Esse trabalho objetiva, portanto, apresentar as

características do ESP em contraponto aos mitos do senso comum sobre a abordagem, à

luz da teoria de Ramos (2005). Em última instância, a partir dessa apresentação, busca-

se delinear como o ESP se concretiza num contexto escolar específico.

A “voz”da teoria que embasa o trabalho

José Martins Junior

Mariana Leivas

A apresentação tem por objetivo relatar a experiência de estágio supervisionado

obrigatório no IFRJ, a partir do ponto de vista de licenciandos em Letras (Português-

Inglês), após a conclusão do estágio. Destarte, são consideradas as inquietações pré-

estágio, as horas cumpridas ao longo do período estagiado em sala de aula, as reuniões

com as professoras regente e orientadora, enfatizando as desconstruções de mitos e

crenças quando do início das atividades.O estágio supervisionado no IFRJ proporciona

aos licenciandos uma experiência única e significativa de imersão na abordagem ESP, o

que gera, em princípio, estranhamento por parte daqueles que não tiveram a

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oportunidade de estudar a abordagem LINFE, ou que nunca foram instruídos de maneira

minuciosa sobre as bases históricas e teóricas, além das nuances da abordagem. Durante

o estágio, dado o acompanhamento teórico e a exposição ao ESP na prática, os

licenciandos são capacitados a pensar criticamente sobre o ensino de língua inglesa, a

necessidade e a importância do ESP no contexto do ensino técnico e tecnológico. Sendo

assim, essa apresentação é o resultado das vivências de ex-estagiários (2013 e 2015) que

cumpriram suas horas no IFRJ. Contudo, não é intenção do trabalho apresentar um

relatório do que foi visto, estudado e analisado durante o estágio supervisionado

obrigatório, mas sim expor o caráter transformador dessa experiência.

A “voz” do regente Carla Souza

Elza Ribeiro

O objetivo da comunicação é apresentar a visão da formação inicial dos licenciandos

pela equipe de língua inglesa do IFRJ, isto é, visa dar conta de como o estágio é aqui

compreendido e praticado, a fim de contribuir para que se torne uma experiência que

possibilite a aproximação entre a teoria e a prática de sala de aula de língua inglesa.

Dessa forma, leva em consideração seu impacto, ou não, nas crenças trazidas pelos

estagiários através de uma proposta mais participativa, colaborativa e significativa na

construção de identidades dos participantes enquanto futuros docentes do mercado de

trabalho. A concepção acima exposta dialoga com autores que desde há certo tempo

embasam teoricamente nossas ideias, dentre eles Habermas (1987), Carr & kemmis

(1993), M. Johnson(1998) e Gil e Gimenez (2008), os quais já discutiam a questão da

importância da relação entre teoria-prática no estágio. Alinhamos nossas concepções

com a dos pesquisadores supracitados, acreditando que simplesmente colocar os alunos-

professores para fazerem estágio sem uma prática crítico-reflexiva muito pouco ajuda

na construção de suas identidades como professores. Para tal, é necessário que o

indivíduo seja capaz de entender o porquê e o que fazer com o conhecimento teórico

adquirido na prática, a fim de se tornar autônomo. Acreditamos que a autonomia é de

extrema importância para o conhecimento ético na profissão. Finalmente, acreditamos,

assim como Gil e Gimenez (2008), que a relação entre teoria e prática é complexa, mas

a reflexão e a colaboração são as chaves para o desenvolvimento dos professores.

O Trabalho de Conclusão em um curso de aperfeiçoamento para

professores de Inglês – Teacher´s Links

Coordenadores: Daniela Oliveira Matos - PUCSP

Palma Rigolon - Universidade Paulista

O presente simpósio tem como objetivo apresentar e discutir as modalidades de

Trabalho de Conclusão de Curso (TCC) no curso Teachers' Links: Reflexão e

Desenvolvimento para Professores. Esse curso é um programa de formação contínua de

professores de inglês de escolas públicas e particulares bem como de institutos de

idiomas e universidades, desenvolvido em parceria com a Pontifícia Universidade

Católica de São Paulo, a Cultura Inglesa e a Secretaria Estadual de Educação do Estado

de São Paulo. É composto de três módulos: 1) O Desenvolvimento Profissional e a Sala

de Aula: reflexão sobre novos caminhos; 2) O Desenvolvimento da Autonomia e a Sala

de Aula: reflexão sobre planejamento e materiais de ensino; e 3) O Desenvolvimento

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Acadêmico e a Sala de Aula: elaboração de projetos e reflexão sobre o ensino-

aprendizagem de línguas como um objeto de pesquisa. Tendo em vista a necessidade de

professores em desenvolverem produção científica, o curso, hoje, conta com um quarto

módulo intitulado TCC, cujas modalidades de trabalho são: Relato Reflexivo, Unidade

Didática e Pré-Projeto de Pesquisa. Na elaboração de um relato reflexivo o professor

cursista realiza uma reflexão sobre seu processo de desenvolvimento profissional e

pessoal ao longo do curso e espera-se que o aluno seja crítico diante de seu processo

ensino-aprendizagem, Habermas (1990), Kincheloe (1997), Liberali (2004). Para a

realização de uma unidade didática o aluno baseia-se em Dolz, Schenewly (1998, 2004)

acerca de diferentes visões a respeito de linguagem, ensino e aprendizagem e o aluno de

línguas. Na Elaboração de um pré-projeto de pesquisa de sala de aula, com base nos

procedimentos discutidos no módulo Desenvolvimento Acadêmico, a aluno deve fazer

um plano de trabalho a ser desenvolvido em sala de aula. Neste simpósio, são ainda

apresentados TCCs realizados por alunas cursistas, a fim de exemplificar cada uma

dessas modalidades.

Comunicações internas

O aperfeiçoamento profissional do professor como chave para a

motivação escolar Giseli Viviane Amorim Stefani

Um dos maiores problemas enfrentados em sala de aula pelos professores é a falta de

motivação dos alunos. Preparar as aulas, separar o material que será utilizado, e

encontrar salas apáticas e indisciplinadas, têm feito com que alguns professores

declarem estar infelizes com a profissão e, muitos deles dizem continuar lecionando por

falta de opções plausíveis.

Formada em Letras no ano de 2000, ingressei na área da educação somente em 2013. Os

primeiros meses foram desoladores, não encontrava meios de transpor as barreiras que

se formavam entre a professora novata e inexperiente e classes indiferentes e rebeldes.

Atribuía a culpa do meu insucesso aos alunos, às suas famílias e ao teor ensinado, pois

ouvia eles me dizerem que tinham dificuldades em português, quem dirá em inglês, e se

fechavam ainda mais.

Buscando formas de preparar aulas mais dinâmicas e atraentes, encontrei o curso

Teacher’s Links, e um novo horizonte foi se desenhando. Foi um período de muito

aprendizado e troca de experiências. Iniciei trabalhos com músicas apreciadas pelos

alunos e alguns pequenos diálogos e, a partir daí, foram inseridos conteúdos de

gramática, listening, speaking and comprehension. Dessa forma, no decorrer do projeto,

os leitores encontrarão citações de trabalhos sobre motivação (DORNYEI, 2001),

aprendizagem da língua inglesa (MICHELON, 2003), música como recurso didático-

pedagógico (KAWACHI, 2008), uso de podcasts (MANNING, 2005), de webquests

(PAULA, 2008) e tecnologias na escola (SEABRA, 2010), além de referência a um

questionário semiaberto e relatos autorreflexivos. Sustenta-se, dessa forma, que a

experiência adquirida ao longo do exercício da carreira, aliada ao aperfeiçoamento

técnico constante, levam à conquista do exercício profissional contextualizado, seguro,

direcionado à excelência da profissão.

Professores em formação e o uso de novas tecnologias

Silvia Cristina de Oliveira

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Por compreender que o nosso sistema educacional ainda inspira olhares mais acurados

com relação à prática do uso das ferramentas digitais em sala de aula, e também por não

compartilhar da ideia de que esta geração não quer aprender e não se interessa por

aquilo que a escola tem a oferecer, esta pesquisa tem a finalidade de investigar a

eficiência do aprendizado de Língua Inglesa em contextos nos quais os aplicativos para

celulares ou tablets, que funcionem com o sistema androide, possam dar suporte à

motivação e ao interesse pelo aprendizado. Tendo o olhar nessa estratégia de ensino,

espera-se que o interesse pelo assunto – aprendizado de uma segunda língua - possa se

fazer mais interessante e mais prazeroso, no contexto de aulas de inglês em escola

pública. O desenvolvimento desta pesquisa foi baseado em Vygotsky (1934/1991) que

trata das funções psíquicas dos seres humanos, na dependência do legado cultural,

Dickinson (1987), que trata da limitação do repertório lexical, Dörnyei (2005) que

propõe uma conexão explícita entre o “self” do indivíduo em processo de aprendizagem

e sua motivação, dentre outros autores. Como instrumentos utilizou-se de uma pesquisa-

ação, feita através de questionário aberto e fechado, análise reflexiva dos dados,

entrevistas com os participantes, relatório final descritivo feito pela professora

pesquisadora. Pretende-se assim, contribuir para o encorajamento do uso de ferramentas

tecnológicas em salas de aula.

Relato Reflexivo Mariane Messina Menegassi

É esperado que todo profissional busque aperfeiçoar-se durante o desenvolvimento de

sua carreira. No contexto educacional brasileiro destaca-se uma crescente busca de

atualizações para melhoria da qualidade, principalmente no ensino público. Diante desta

necessidade do professor, a realização do curso Teacher’s Links configurou uma

oportunidade de construir novos saberes e reflexões. O curso possibilita ao interessado o

desenvolvimento de práticas de leitura, escrita e expressão oral em inglês, cujo

professor sente necessidade em seu ambiente de trabalho. É dividido em três módulos

que visam promover um estudo aprofundado dos processos de aprendizagem do Inglês

como língua estrangeira na educação brasileira, a reflexão pessoal e a oportunidade de

aprender a trabalhar colaborativamente e de expressar suas opiniões e ideias

criticamente. Dentro deste cenário que o presente estudo desenvolve um relato reflexivo

sobre o processo de desenvolvimento profissional e pessoal ao longo deste curso,

considerando as experiências que este proporcionou. Ao alternar as atividades

desenvolvidas nos componentes Autonomia e Reflexão em todos os módulos, os

professores são convidados a reconstruir um olhar para ambos os conceitos em sua

prática de ensino e para a relação entre eles, à luz de Sprenger (2004), Freire (1996),

Liberalli (2000), por exemplo. Relevante considerar a troca de conhecimento e

experiências, através dos fóruns de discussão com outros profissionais que viveram ou

vivem situações semelhantes (e mesmo diferentes) em sala de aula de LE- inglês. Desta

forma, destaca-se neste processo de formação a conquista da conscientização de

desenvolvimento pessoal e crescimento profissional, na qual é essencial buscar exercitar

sua autonomia e reflexão sob a prática de ensino, para que se alcance um caminho mais

eficaz no ensino-aprendizagem, substituindo “métodos milagreiros”, ao passo que as

exigências impostas pelo processo sócio-histórico e pela introdução de novas

tecnologias nos permitem alcançar meios para aperfeiçoar conhecimentos, como o curso

Teacher’s Links.

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Diálogos entre ciências de fala e fonoaudiologia

Coordenadores: Cristiane Magacho Coelho - PUCSP

Ana Cristina Nunes Ruas - Universidade Federal do Rio de Janeiro

Este simpósio visa debater as relações entre Ciências da Fala e Fonoaudiologia,

especialmente no campo da fala e da voz, de forma a discutir pesquisas e abordagens da

atualidade. As Ciências da Fala têm por objetivo estudar a produção, percepção e

transmissão da fala, subdividindo-se em Fonética Articulatória, Fonética Perceptiva e

Fonética Acústica. Por se tratar de um encontro multidisciplinar, acolhe trabalhos que

desenvolvam experimentos ou discutam questões de pesquisa relacionadas à clínica e

assessoria em comunicação em voz/fala.

Comunicações internas

Avaliação da qualidade vocal de pacientes tratados de tuberculose

laríngea antes e após terapia fonoaudiológica.

Ana Cristina Nunes Ruas

A Tuberculose Laríngea (TL) é uma doença granulomatosa que pode invadir vias aéreas

e digestivas superiores, causando lesões mucosas. O envolvimento da laringe pode

alterar a flexibilidade da mucosa das pregas vocais alterando a qualidade vocal dos

pacientes. A disfonia foi o principal sintoma da TL e apesar da grande incidência,

poucos estudos foram realizados, principalmente abordando tratamento das sequelas. O

objetivo deste trabalho foi avaliar a incidência da disfonia pós-tratamento de TL e o

efeito da fonoterapia na qualidade vocal destes pacientes. Um grupo de pacientes com

diagnóstico confirmado de TB tratados no INI-FIOCRUZ, foram avaliados e

reavaliados por equipe multiprofissional. A idade dos pacientes variou de 25 a 83 anos

com média de 41,3 + 13,9 anos, sendo 5 mulheres e 18 homens. A disfonia esteve

presente em 91,3% dos pacientes com TL, sendo o primeiro sintoma em 82,6% destes,

só melhorando completamente após tratamento antituberculínico em 15,8%. O

envolvimento das pregas vocais ocorreu em 78,5%. Após fonoterapia, houve melhora

estatisticamente significativa em parâmetros acústicos, variabilidade de frequência

fundamental, tempo máximo de fonação e relação fricativas (S/Z). A incidência da

disfonia após tratamento da TL é alta e a fonoterapia melhorou significativamente a

qualidade vocal destes pacientes.

Estudo acústico do contraste fônico de vozeamento em

laringectomizados totais com prótese traqueoesofágica: estudo de caso

Nathalia Reis

Estudar a produção de fala na situação de laringectomia total com uso de prótese

traqueoesofágica (PTE). Métodos: Foi estudado um sujeito submetido à laringectomia

total clássica. A audiogravação do sujeito da pesquisa foi realizada em sala

acusticamente tratada por meio de um gravador digital profissional (Marantz, modelo -

Pdm660) e um microfone de alta resolução e de acoplagem em cabeça (Shure, modelo -

WH20XLR Dynamic Headset Microphone). O corpus foi composto de leitura de

palavras em frase-veículo. Para análise fonético-acústica, foi utilizado o programa Praat,

tanto para etiquetagem e edição do corpus, quanto para análise acústica. A etiquetagem

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seguiu os parâmetros de: 1- transcrição ortográfica do corpus; 2- transcrição ortográfica

em palavras, 3- segmentação dos sons vocálicos e consonantais e 4- Voice Onset Time.

A etapa de etiquetagem viabilizou a extração das medidas acústicas (duração, f0,

frequências formânticas e VOT) que caracterizou os elementos segmentares (vogais e

consoantes). Serão expostos e discutidos, numa perspectiva dinâmica, os resultados das

medidas de f0 e F1 da vogal anterior e posterior a consoante, nos respectivos contextos

tônico e pós-tônico; medidas de duração absoluta e relativa das consoantes, das vogais

anterior e seguinte à consoante e do trecho VCV da palavra-alvo; medidas de duração

absoluta do VOT e relativa; medidas de duração absoluta do detalhamento da barra de

vozeamento; período de vozeamento; período sem vozeamento; retomada do

vozeamento; período total pré-plosão e plosão. Os achados serão confrontados com os

resultados encontrados na literatura de área. O projeto encontra-se aprovado pelo

Comitê de Ética e Pesquisa da PUCSP sob o número 40940114.0.0000.5482.

Radialista: Análise acústica da variação entoacional na fala

entoacional e na fala coloquial

Luana Caroline Pereira Campos

O objetivo deste trabalho é estudar a diferença entre a fala coloquial e a fala profissional

do locutor de rádio, analisando, em um primeiro momento, sua entoação através dos

parâmetros de gama tonal, valor absoluto de frequência fundamental (f0), forma

melódica do foco e alinhamento tonal. O sujeito da pesquisa foi um locutor de rádio, do

sexo masculino, de 39 anos de idade, de uma emissora AM de Campinas, com um

programa diário local de variedades. Os dados foram analisados acusticamente,

utilizando o programa de análise acústica PRAAT (www.praat.org), focalizando a

entoação por meio do correlato acústico da entoação: o parâmetro f0. A coleta de dados

foi realizada por meio de uma entrevista semiestruturada informal (entrevista) com o

locutor, solicitando-se que produzisse uma fala coloquial de diversos assuntos

usualmente abordados na mídia na época da gravação. Após um tempo, foi solicitada ao

locutor a leitura dos trechos transcritos e reescritos de forma profissional, como se

estivesse atuando no rádio. Essa leitura foi realizada em taxa de elocução habitual

(leitura normal), em taxa de elocução rápida (leitura rápida), e imitando o estilo

profissional de narração futebolística (leitura futebol). Após análise dos dados,

concluímos que, como estratégia para diferenciar os estilos de locução, o locutor utiliza,

quando a frequência fundamental (f0) é semelhante, primeiramente da variação da taxa

de elocução, e em seguida a variação da duração das pausas silenciosas e da taxa de

produção de proeminências. Quando a taxa de elocução é semelhante – como na leitura

rápida e na leitura futebol- a estratégia utilizada pelo locutor para diferenciação do estilo

de fala é, primeiramente, a variação da média de f0, assim como da duração das pausas

silenciosas, e dos intervalos entre as proeminências.

Dados Acústicos e genotípicos de cantores líricos e de musicais

Cristiane Magacho Coelho

O canto exige uma diversidade de estratégias sonoras, possíveis graças aos ajustes

neuromusculares realizados pelo trato vocal e sistema respiratório do cantor. O presente

estudo tem por objetivo identificar habilidades musculares com potencial para

resistência e para velocidade, por meio da dermatoglifia e da presença da proteína

ACTN-3, conjugada à análise acústica da voz de cantores. Será realizado estudo piloto,

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para que sejam analisados os procedimentos e instrumentos desta pesquisa. Serão

avaliados 40 cantores, na faixa etária compreendida entre 25 e 50 anos, nos estilos lírico

e de musicais, distribuídos de forma igualitária por gênero e idade. Todos responderão a

um questionário intitulado “Auto-percepção das características vocais em cantores”. Os

dados acústicos e dermatoglíficos serão relacionados entre si. A composição do corpus

envolverá a produção de vocalises, que será analisada sob a perspectiva acústica,

utilizando o software PRAAT, o perfil dermatoglífico, por meio da coleta manual da

impressão digital e a presença do polimorfismo da ACTN-3. Os dados da análise

acústica, do perfil dermatoglífico e do polimorfismo da ACTN-3 serão inicialmente

submetidos à análise aglomerativa hierárquica de cluster, com vistas à investigação das

particularidades dos grupos de cantores líricos e de musicais.

A Teoria da Atividade Sócio-Histórico-Cultural: Intervenções na

Formação de Professores e no Ensino-Aprendizagem de Línguas

Estrangeiras

Coordenadores: Marília Mendes Ferreira - USP

Maria Cristina Damianovic - Universidade Federal de Pernambuco

A teoria da atividade sócio-histórico-cultural (TASHC) vem trazendo importantes

contribuições para a linguística aplicada em geral e em duas áreas de interesse em

especial - formação de professores (Liberalli 2011,2015) e ensino-aprendizagem de

línguas estrangeiras (Ferreira, Martinelli, Rezende,2015; Liberali, 2012; Moita Lopes,

2014). Dentro desse contexto e do renovado interesse entre a relação teoria e prática

(Farnsworth e Solomon, 2013; Engestrom, 2009; Lantolf e Pohener, 2014) por essa

perspectiva, este simpósio visa discutir a importância da TASHC como embasamento

teórico-metodológico de pesquisas de intervenção para a promoção de desenvolvimento

e de mudanças de realidades em diferentes contextos educacionais. As apresentações

desse simpósio objetivam reportar intervenções pedagógicas concluídas (Damianovic,

Lima e Dias, 2015; Damianovic e Arruda, 2015; Rezende, 2013) e em andamento

(Ferreira, em preparação) que abordam a desencapsulação curricular (Engestrom, 2009;

Liberali, 2015) e o ensino-aprendizagem com foco no desenvolvimento humano.

Comunicações internas

A lei 10.639/2003 e o Ensino de Inglês em uma Escola Pública

José Augusto Rezende Souza

A lei 10.639/2003 instituiu a obrigatoriedade da temática “História e Cultura Afro-

Brasileira” nos estabelecimentos de ensino fundamental e médio, das redes oficiais e

particulares. De acordo com a lei, esses conteúdos devem ser ministrados no âmbito de

todo o currículo escolar, abrangendo assim, as aulas de línguas estrangeiras. Esta

apresentação relata uma experiência prática de aplicação da lei 10.639/2003 nas aulas

de inglês de um grupo de alunos, matriculados nos oitavo ano do ensino fundamental da

Escola de Aplicação da F.E.U.S.P., na cidade de São Paulo. A intervenção foi realizada

como parte de uma pesquisa de mestrado do Programa de Pós-Graduação do

Departamento de Letras Modernas da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências

Humanas da Universidade de São Paulo, tendo sido embasada pela teoria sócio-

histórico-cultural de Lev Seminovich Vigotski, seus colaboradores e seguidores,

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principalmente pelo conceito de Zona de Desenvolvimento Proximal (ZPD), segundo o

qual, o desenvolvimento humano se dá por meio de ações mediadas, sejam por

instrumentos ou por outros seres humanos (VIGOTSKI, 2007). Esta iniciativa objetivou

criar oportunidades de sensibilização dos alunos para a temática étnico-racial, utilizando

a mediação de materiais didáticos e do próprio professor-pesquisador. Os resultados

apontaram para a adequação da proposta, bem como para a própria relevância da lei.

A pedagogia de V.V. Davydov para o ensino da escrita acadêmica em

inglês: ensino-aprendizagem com foco no desenvolvimento

Marília Mendes Ferreira

O ensino desenvolvimental (Davydov, 1988 a, b, c, d; Lompscher, 1999; Hedegaard,

2002) constitui-se numa pedagogia baseada em princípios da teoria da atividade sócio-

histórico-cultural e, portanto, objetiva promover um ensino com foco no

desenvolvimento humano (Vygotsky, 1978). Apesar de sua forte fundamentação nos

pressupostos vygotskianos, essa pedagogia é pouco conhecida no Brasil e sendo mais

utilizada para o ensino da matemática (Damazio, Rosa, Euzébio, 2012; Moura, 2010.).

A presente comunicação objetiva discutir a implementação dessa abordagem para o

ensino da escrita acadêmica em inglês para pós-graduandos da área de energia de uma

instituição de ensino superior pública. Essa discussão será sobre dois aspectos: o do

desenvolvimento proporcionado pelas ações de aprendizagem do curso e o demonstrado

pelos alunos. Nesse estudo, desenvolvimento se refere ao pensamento dialético aplicado

para o entendimento do funcionamento da língua e do gênero textual. A análise dos

dados (tarefas realizadas pelos alunos nas fases de modelo e solução de problemas)

revela que eles ainda possuem um pensamento empírico em relação à língua e pouca

percepção da relação língua e sociedade, o que afeta sua produção textual.

A produção de conteúdos online multimodais em uma comunidade

multiletrada: abertura de novos caminhos para o ensino da língua

inglesa na graduação em Letras

Najin Lima

Maria Cristina Damianovic

A contemporaneidade nos convida e desafia diariamente a entender novas formas de

ser, de discursar, de se relacionar, de se informar e de aprender (ROJO, 2015). Estamos

todos mergulhados nesse contexto no qual novas práticas de letramentos surgem, a

medida que, sincronicamente novas linguagens tecnológicas nascem. A produção dos

mais diversos conteúdos e as iniciativas tendem a ser menos centralizadas e mais

distribuídas num processo contínuo de negociações (ENGESTRÖM, 2008). Deveria ser

tarefa das instituições de ensino superior reconhecer esses multiletramentos no sentido

de produzir significados compartilhados (VYGOTSKY, 1933), bem como contribuir

para o empoderamento dos graduandos da Letras Língua Inglesa (LLI). Nessa

perspectiva, é objetivo dessa comunicação analisar como uma proposta didática

multimodal (LIMA & DAMIANOVIC, 2015) produzida no Edmodo, um ambiente

virtual de aprendizagem, pode contribuir para uma produção de conhecimento lautoral

(ROJO, 2015). Esse trabalho surge como uma proposta de reforma curricular

(DAMIANOVIC & LIMA, 2015) para o ensino da língua inglesa, em uma disciplina na

Graduação em Licenciatura em Letras/Inglês, ministrada parte online (20h) e parte

presencial (40h). Nosso foco estará na parte online. O currículo visa desencapsular

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(ENGESTROM, 2009) o ensino da escrita de ensaios (SAITO, 2008) acadêmicos pela

introdução da pedagogia dos multiletramentos (KOPE & KALANTZIS, 2012), com

especial foco no papel da multimodalidade (KALANTZIS, 2012), por meio da

argumentação (LIBERALI, 2013). Como metodologia, adotamos a pesquisa crítica de

colaboração (MAGALHÃES, 2012) e de intervenção (LIBERALI & LIBERALI, 2011).

A discussão da análise dos dados tem como norte as categorias enunciativas, discursivas

e linguísticas desenvolvidas por Liberali (2013). Os resultados iniciais revelam que o

uso da multimodalidade na escrita de ensaios acadêmicos potencializa uma maior

agência por parte dos alunos, bem como uma sensação de pertencimento na produção de

conteúdo acadêmico.

Ensaios Multimodais: Novos olhares para a escrita acadêmica no curso

de Letras/Inglês

Leandra Dias

Maria Cristina Damianovic

As transformações sociais provocadas pela incorporação da tecnologia às práticas

sociais cotidianas da Modernidade Recente (Moita Lopes,2013) apontam a necessidade

de inovações teórico-metodológicas que compreendam a sala de aula, os professores, os

alunos, os materiais e métodos de ensino em uma perspectiva pedagógica condizente

com as complexidades vertiginosas desse momento da historia da humanidade. A

contemporaneidade e, sobretudo, os textos/enunciados contemporâneos colocam novos

desafios aos letramentos e às teorias (Rojo,2013). Nessa perspectiva é objetivo dessa

comunicação analisar como os Multiletramentos (aspectos multimodais e multiculturais,

Rojo 2012) dão suporte argumentativo (Liberali,2013), promovendo expansão dialógica

e aproximando à produção acadêmica escrita à “vida que se vive” (Marx, 1983).

Considerando que os gêneros do discurso são tipos relativamente estáveis de enunciados

(Baktin,2008) e não padrões imutáveis, variando com os tempos. As culturas e os

lugares enunciativos (Rojo, 2013), o foco dessa pesquisa está em analisar a expansão

dialógico-argumentativa quando do processo de inserção de suporte multimodal na

escrita de Essays (Saito,2008) por alunos graduandos do sexto período de Letras/Inglês

da UFPE. Para a análise dos dados foi adotada a pesquisa crítica de colaboração

(MAGALHÃES, 2012) e de intervenção (LIBERALI & LIBERALI, 2011). As

categorias enunciativas, discursivas e linguísticas desenvolvidas por Liberali (2013)

serão o elemento norteador dessa investigação. Os resultados iniciais revelam que a

inserção de múltiplas semioses não apenas expande o poder argumentativo na escrita

acadêmica de Essays, como proporcionam também a amplificação da consciência critica

do ser além para ser outro (Damianovic,2010). Os dados apontam ainda que a busca por

conteúdo multimodal resulta numa reformatação do gênero Ensaio proporcionando

entrelaçamento de vozes (Bahktin,2008). Acreditamos que esse novo olhar para a

escrita acadêmica seja indispensável para a interação harmônica dos sujeitos com as

sociedades hipersemiotizadas (Moita Lopes, 2013) em que vivem.

Em ensino e aprendizagem de língua, as manifestações da linguagem:

mosaico em construção.

Coordenadores: Sílvio Ribeiro da Silva - Universidade Federal de Goiás-Regional Jataí

Sebastião Carlúcio Alves Filho - Universidade Estadual de Goiás-Campus Jataí

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Neste simpósio, consideramos a linguagem como uma atividade constitutiva do

Homem, que o torna um Ser singular e múltiplo ao mesmo tempo. Nesse sentido,

reunimos aqui pesquisas cujos enfoques tomam a linguagem como possibilidade para

ensinar e aprender língua, dando ao aprendiz a oportunidade de produzir e interpretar

sentidos. Assim, apresentamos um estudo que investigou o conteúdo apresentado por

atividades de leitura propostas por um Livro Didático de Português (LDP) e o modo

como elas funcionam como instrumento de avaliação da aprendizagem. Os dados

obtidos com esta investigação sugerem uma discussão acerca da influência que o LDP

pode exercer sobre as práticas metodológicas adotadas pelo professor de língua. Indo na

direção de estudos que entendem os materiais didáticos como forma de manifestação da

linguagem a ser aprendida, outro estudo que integra este simpósio diz respeito à análise

de questões apresentadas por um LDP, apontando as contribuições que atividades que

mobilizam determinado descritor da Prova Brasil podem trazer para que o aluno

desenvolva seus letramentos e tenha capacidade de manusear as múltiplas formas de uso

da linguagem, priorizando a discursividade. Ainda focando a avaliação em larga escala

e considerando que numa avaliação ocorrem diversas manifestações da linguagem,

apresentamos um estudo que demonstra relações entre o desempenho dos alunos nas

avaliações com o modo de construção dos itens que as compõem. Foram investigadas as

habilidades de leitura avaliadas e discutiu-se o desempenho dos alunos nas provas. Por

fim, retomamos num outro estudo o conceito de alfabetização, desenvolvendo uma

reflexão a respeito das escritas contemporâneas e suas influências na cultura e no

pensamento da sociedade atual, propondo o conceito de alfabetização semiótica. Temos

convicção de que este simpósio ampliará o horizonte a respeito das possibilidades de

análise da linguagem em suas variadas formas de manifestação no ensino e

aprendizagem de língua.

Comunicações internas

Escrita alfabética X escritas contemporâneas: uma proposta de

ampliação do conceito de alfabetização

Maria de Fátima Ramos de Andrade

Ana Sílvia Moço Aparício

No presente trabalho discutimos a ampliação do conceito de alfabetização, considerando

a expansão da escrita no contexto cultural da atualidade. Para isso, retomamos o

conceito de alfabetização, na perspectiva da escrita alfabética - ainda bastante recorrente

nas orientações e práticas de ensino e aprendizagem da língua escrita - e desenvolvemos

uma reflexão a respeito das escritas contemporâneas e suas influências na cultura e no

pensamento da sociedade atual, propondo o conceito de alfabetização semiótica.

Quando reconhecemos a expansão da escrita no confronto de múltiplas escrituras,

vemos a necessidade de se repensar o conceito de alfabetização, pois no contexto

escolar hoje ainda estamos distantes de um ensino que considere a expansão da escrita.

Apesar de a escola se propor a alfabetizar, ela o faz privilegiando apenas uma

modalidade da escrita: a alfabética. De fato, essa escrita é parte fundamental da nossa

cultura, mas o seu entendimento só acontecerá efetivamente se considerarmos os outros

sistemas semióticos e suas possíveis conexões. É pelo entendimento da dinâmica

cultural que avançaremos na revisão do conceito de alfabetização, requisito básico para

o desenvolvimento não só das escritas contemporâneo-eletrônicas, como também para a

escrita alfabética, uma escrita em expansão.

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Leitura no Ensino Médio: a (não) influência exercida pelas atividades

presentes nos Livros Didáticos de Língua Portuguesa no processo de

avaliação da aprendizagem

Sebastião Carlúcio Alves Filho

Os materiais didáticos (MD), instrumentos utilizados pelos professores como auxílio

para o planejamento e execução de suas aulas, vêm se tornando cada vez mais o alvo de

investigações feitas por pesquisadores de diversas áreas do conhecimento. De um lado

estão aqueles que defendem o uso destes materiais, pois acreditam que se trata de mais

um recurso à disposição do professor para que este organize e realize suas aulas. Do

outro lado, estão os que defendem que os MD apenas funcionam como “uma

insubstituível muleta”, uma vez que sem eles não haveria substância para que o ensino e

a aprendizagem ocorressem. Nesse sentido, o objetivo deste trabalho foi investigar o

conteúdo apresentado pelas atividades de leitura propostas por um Livro Didático de

Português (LDP) e o modo como elas funcionam como instrumento de avaliação da

aprendizagem. As atividades presentes nos materiais foram agrupadas em categorias de

acordo com o trabalho com a leitura que suscitavam e com o modo com que se

portavam como instrumento de avaliação da aprendizagem. Para a execução desta

análise, tomei como referência teorias que versam sobre avaliação escolar e sobre o

ensino de leitura. Fazem parte do referencial teórico utilizado autores como de Rojo

(2006), Solé (1998) e Silva (2009). Ao fim da análise dos dados foi possível perceber

que a influência exercida por essas atividades sobre o processo de ensino e

aprendizagem de leitura nas aulas de língua portuguesa acontece em três níveis

diferentes. Cabe ao professor, no papel de mediador deste processo, definir quais os

objetivos que tem enquanto avaliador e reorganizar sua prática para atingi-los. Deve-se

(re)pensar qual é o papel que a avaliação exerce em sala de aula para, então, mobilizar

os instrumentos avaliativos adequados.

Avaliação das Habilidades de Leitura: múltiplas faces

Robson Santos de Carvalho

Neste trabalho, terá lugar um debate sobre as habilidades mobilizadas por alunos da

educação básica em situação de provas de interpretação de textos. A partir da

experiência observada em diversas cidades do sul de Minas Gerais, no período de 2007

a 2011, com alunos das redes públicas, a pesquisa demonstra haver relações entre o

desempenho dos alunos nos testes com o modo de construção dos itens que compõem as

avaliações. Assim, trabalhos que focalizam a eficácia das avaliações externas e internas

e entendam a avaliação como elemento norteador de ações pedagógicas voltadas para o

domínio das habilidades de leitura serão compartilhados nesta comunicação. É

importante ressaltar que as habilidades de leitura a que se referem o presente estudo

encontram-se relacionadas aos aspectos textuais como as relações lógico-discursivas do

texto, marcadas por conjunções, advérbios e outros conectivos; repetições ou retomadas,

realizadas por pronomes, elipses e outros recursos de referenciação, as inferências

globais e as inferências de sentido de palavras ou expressões contextualmente. Tais

habilidades estão presentes nas Matrizes de Referência dos principais sistemas de

avaliação do país. Desse modo, busca-se evidenciar a mobilização de habilidades,

conhecimentos, estratégias pelos alunos diante de itens de leitura, independentemente

do seu modo de construção. Investigam-se as habilidades de leitura avaliadas nos testes,

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além de discutir o desempenho dos alunos nas provas. Sustentam as análises, as

concepções de gênero, textualidade e textualização, advindas da Linguística Textual,

além de referenciais teóricos sobre a avaliação. Espera-se atestar que a competência

leitora dos estudantes pode ser bem definida em termos de uma Avaliação Diagnóstica

de Habilidades, um instrumento privilegiado no processo de ensino da leitura na escola,

como uma das as múltiplas faces da linguagem.

Linguagem em uso e a relação entre avaliação em larga escala e

material didático de Língua Portuguesa

Sílvio Ribeiro da Silva

A linguagem é o que torna o Homem diferente dos demais animais, sendo uma de suas

características mais subjetivas, além de ser o aspecto que facilita a comunicação entre os

humanos. Suas manifestações se dão de diferentes formas, sendo os materiais didáticos

uma das maneiras de se perceber isso. As atividades de leitura e intepretação de textos

escritos presentes nos livros didáticos de Português (LDP) apresentam ao aluno a

linguagem em uso e a reflexão sobre esse uso, consolidando suas múltiplas faces. As

avaliações em larga escala, especialmente as da área de Linguagens, Códigos e suas

Tecnologias, propõem atividades que materializam tanto o uso quanto a reflexão sobre o

uso da linguagem. Na Prova Brasil, interesse desta comunicação, um dos descritores se

propõe a “Reconhecer posições distintas entre duas ou mais opiniões relativas ao

mesmo fato ou ao mesmo tema”. Esse descritor mensura a capacidade do avaliado em

observar e analisar a linguagem em uso, especialmente a respeito da multiplicidade de

possibilidades existentes no momento de apresentar opiniões acerca de um fato. Dessa

forma, pretendo apresentar nesta comunicação dados de uma pesquisa PIBIC/CNPq,

usando o descritor há pouco mencionado como categoria de análise quantitativa e

qualitativa. Do ponto de vista quantitativo, mostrarei dados percentuais, indicando o

montante de atividades que mobilizam o descritor. Em se tratando da análise qualitativa,

apresentarei exemplos de questões que aparecem no LDP A Arte da Palavra, Editora

AJS, apontando as contribuições que atividades que mobilizam o descritor em análise

podem trazer para que o aluno desenvolva seus letramentos. Os dados mostram que os

alunos usuários do LDP podem ter um despreparo no que se refere ao entendimento das

múltiplas formas de uso da linguagem por parte das propostas de ensino de língua mais

contemporâneas, as quais priorizam a discursividade.

Questões sobre o ensino, a aquisição e a aprendizagem de sons

e do aspecto verbal em LE

Coordenadores: Egisvanda Isys de Almeida Sandes - Universidade Estadual Paulista/Campus de

Araraquara

Caroline Alves Soler - Universidade Estadual Paulista/Campus de Araraquara

Neste simpósio serão apresentados trabalhos de pesquisa tanto sobre o ensino quanto

sobre a aquisição e a aprendizagem de sons e do aspecto verbal em LE. Sabe-se que o

trabalho com a percepção e a produção de sons na aula de língua estrangeira, muitas

vezes, não é realizado não só porque o professor não tem formação, portanto,

informações adequadas para fazê-lo, mas também porque os materiais costumam

apresentar o trabalho com os sons como uma lista de repetição de palavras ou escuta da

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leitura de um trecho de texto sem um trabalho específico sobre ele. Quanto ao aspecto

verbal, o que costumamos observar é o ensino dos tempos verbais como estruturas

isoladas do funcionamento discursivo, o que dificulta o seu uso com objetivos

comunicativos específicos. Assim sendo, comentaremos sobre alguns pontos que o

professor deve conhecer para o trabalho adequado com ambos os temas na sala de aula,

inclusive compreendendo como se dá o processo de aquisição e aprendizagem do

estudante. Em alguns casos, serão apresentados exemplos para facilitar a compreensão

dos conceitos e modelos de análise mencionados.

COMUNICAÇÕES INTERNAS

Ensino, aquisição e aprendizagem de sons em LE – algumas questões

que o professor deve conhecer

Egisvanda Isys de Almeida Sandes

Nesta comunicação pretende-se apresentar alguns conceitos e modelos importantes para

o ensino e para a compreensão dos processos de aquisição e aprendizagem de sons em

LE. Para começar, serão apresentados três conceitos inerentes ao estudante de LE,

principalmente no início de sua aprendizagem, relacionados ao desenvolvimento de seu

período de Interlíngua. Um deles é o próprio significado de Interlíngua em si, segundo

as definições de Selinker (1972) e Corder (1973); os outros dois dizem respeito ao

processo de percepção e produção dos sons em LE: a surdez fonológica (Polivanov,

1931) e o crivo fonológico (Trubetskoy, 1939). Além disso, apresentaremos uma

discussão sobre um dos modelos de análise da produção de sons do estudante de LE,

criado por Flege nos anos 80, denominado Modelo de Aprendizagem da Fala.

Consideramos que todos esses aspectos são importantes para que o professor não só

entenda como se dá o processo de percepção e produção de sons pelo aluno, mas

também para que se desenvolva uma reflexão em como abordar o tema da fonética na

sala de aula de LE.

O ensino da pronúncia nos livros didáticos de espanhol escolhidos pelo

PNLD 2014-2015

Júlia Batista Alves

Odair Luiz Nadin da Silva

Egisvanda Isys de Almeida Sandes

O ensino da pronúncia esteve durante muito tempo marginalizado pelos métodos e

abordagens de ensino de línguas devido à grande ênfase nos estudos de gramática e

vocabulário até a chegada da Abordagem Comunicativa nos anos 80, quando começou a

ganhar maior visibilidade e importância. Entretanto, ainda nos dias de hoje, as maneiras

de se ensinar a pronúncia, na maioria das vezes, não são apresentadas pelos materiais

didáticos e são desconhecidas por boa parte dos professores, seja porque tiveram uma

formação precária e não possuem conhecimentos específicos sobre o tema ou por

diversos outros fatores. Nesse sentido, tendo em vista a chamada “lei do espanhol”

(2005) que prevê a oferta obrigatória do ensino do espanhol nas escolas de Ensino

Médio de todo o país, a presente comunicação almeja ressaltar a importância do ensino

da pronúncia no processo de ensino e aprendizagem de uma língua estrangeira (LE),

especificamente da Língua Espanhola (ELE) na referida modalidade de ensino. Para

tanto, nos propomos a analisar as atividades apresentadas pelos materiais didáticos

(volume um) das coleções escolhidas pelo Programa Nacional do Livro Didático

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(PNLD) em 2014 para o ano de 2015 (Cercanía Joven da Edições SM e Enlaces da

Editora Macmillan do Brasil) no que diz respeito ao desenvolvimento tanto da

percepção como da produção dos sons em língua espanhola, baseando-nos em estudos

da área (CAGLIARI, 1978; GIL FERNÁNDEZ, 2007; LLISTERRI, 2001, 2003;

MASIP VICIANO, 1995; SANDES, 2010).

Questões implícitas no processo de aquisição e aprendizagem de sons

de língua inglesa por estudantes brasileiros de ILE

Tamiris Destro Costa

Egisvanda Isys de Almeida Sandes

Nota-se que, no âmbito de ensino e aprendizagem de inglês como língua estrangeira

para/por brasileiros, pouco se discute a respeito do ensino do aspecto fônico em sala de

aula de ILE. Por isso, muitas vezes, o professor, quem deveria ser o responsável por

estimular os estudantes a notarem como a percepção dos sons em LE, com todas suas

características acústicas e articulatórias, é fundamental para que a produção seja fluida e

sem ruídos, nem sempre o faz, pois não tem formação e conhecimento específicos sobre

o tema. Tal fato pode trazer problemas de inteligibilidade e, muitas vezes, acarretar na

fossilização de erros na fala do aprendiz, justamente por este não ter conhecimento

sobre os aspectos fônicos da língua inglesa e sua relação com a língua portuguesa.

Dessa forma, o presente trabalho objetiva discutir questões pertinentes à aquisição e

aprendizagem de sons por estudantes brasileiros de inglês como língua estrangeira,

partindo do princípio de que há várias diferenças nos aspectos segmental,

suprassegmental, acústico e articulatório entre ambas as línguas, tendo em vista que tais

diferenças podem causar dificuldades na percepção e consequentemente na produção

oral da LE. Para tal estudo, portanto, serão utilizados conceitos e modelos relativos à

aquisição e aprendizagem de sons em LE (Modelo de Aprendizagem da Fala de Flege

(1981, 1991, 1995), Surdez Fonológica de Polivanov (1931) e Crivo Fonológico de

Trubetzkoy (1939)).

O ensino de verbos sob a ótica aspectual nas aulas de ELE

Caroline Alves Soler

Egisvanda Isys de Almeida Sandes

Este trabalho tem por finalidade promover algumas reflexões acerca do ensino de

verbos nas aulas de Espanhol como Língua Estrangeira (ELE) sob a ótica aspectual.

Segundo Gutiérrez Araus (2004), o aspecto verbal é uma categoria gramatical que

expressa a duração de um processo por meio de um verbo que representa a ação e está

diretamente relacionada à questão do tempo. O entendimento do aspecto no momento

da abordagem dos verbos no processo de ensino e de aprendizagem de Espanhol como

Língua Estrangeira (ELE) culmina em uma compreensão mais lógica e, por

conseguinte, mais significativa acerca do assunto, pois permite o tratamento do tema

pautado em perspectivas de usos e valores reais, deixando de lado o ensino por meio de

estruturas isoladas e não atreladas ao funcionamento discursivo. Dessa forma, neste

estudo, primeiro tratamos de algumas discussões teóricas acerca do aspecto verbal com

base nos conceitos/propostas de Gutiérrez Araus (2004), Rojo e Veiga (2000) e Miguel

Aparicio (2000), entre outros e, em seguida, explicitamos nossa percepção do assunto

com o objetivo de viabilizar algumas reflexões que identifiquem novas possibilidades

ou procedimentos que norteiem o processo de ensino de verbos nas aulas de ELE.

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O Pensar Alto em Grupo e o letramento literário

Coordenadores: Marivan Tavares dos Santos - Centro Universitário do Norte

Ariane Mieco Sugayama - PUCSP

Este simpósio acolhe trabalhos que abordam a leitura de textos literários em uma prática

de letramento dialógica e colaborativa, intitulada Pensar Alto em Grupo (ZANOTTO,

1995; 2014) nos diversos contextos de sala de aula (Ensino Fundamental, Graduação e

Extensão Universitária), em vista à construção dos sentidos das leituras e à

transformação no agir dos professores e alunos. A pertinência advém da necessidade de

propormos um ensino de literatura que possa acolher as vozes e subjetividades dos

alunos, possibilitando, por um lado, leituras mais inferenciais, argumentativas,

reflexivas; e por outro, o protagonismo dos alunos ao interpretar as metáforas e as

lacunas, potencializando a fruição estética. Assim, abre-se espaço para as múltiplas

leituras as quais podem ser construídas sob diferentes recursos argumentativos

(PERELMAN, 1996/2005; PONTECORVO, 2005), revelando a intenção do leitor não

só de defender uma posição, mas também de negociá-la, propiciando uma postura

responsiva ativa e o reconhecimento dos colegas como alteridades, o que pode

potencializar o pensamento crítico. A presença das metáforas leva o leitor a um

conflito intelectual desestabilizador (SCHENEWLY; DOLZ, 2004), por causa das

incongruências semânticas e pragmáticas (CAMERON, 2003), e de lacunas que são

ausências de pistas textuais. Dessa maneira, o leitor, ao procurar resolver esses enigmas

pode realizar interpretações por meio da argumentação, o que pressupõe a existência de

um contato intelectual entre leitores, provocando processos de questionamentos dos

sentidos construídos, mesmo com argumentos pertencentes ao âmbito do verossímil. O

Pensar Alto em Grupo é uma prática de letramento enriquecedora para o professor e os

alunos, porque possibilita uma discussão espontânea e os participantes expressam suas

leituras, empoderando, portanto, a identidade leitora dos alunos. Isto posto, o simpósio

abre espaço para a reflexão sobre a prática de leitura no ambiente escolar, o tipo de

leitor e a prática do professor como agente de letramento (KLEIMAN, 2006).

COMUNICAÇÕES INTERNAS

O Pensar Alto em Grupo e os raciocínios inferenciais para a co-

construção dos sentidos do texto

Vivian Maria Marcondes

Muito mais do que decodifição de palavras ou busca pela obtenção de informações, a

leitura possibilita aos leitores — ou deveria possibilitar — processos dialógicos

(BAKHTIN, 1992) de (re)significação do lido. No entanto, práticas escolarizadas de

leitura afastam os leitores desses processos de co-construção de sentidos quando

estabelecem que I. existe apenas uma interpretação válida para cada texto; II. o sentido

do texto está nele próprio. Este trabalho, alinhado com a Linguística Aplicada

Contemporânea (ROJO, 2006), tem por objetivo investigar uma nova prática de leitura,

o Pensar Alto em Grupo, (ZANOTTO, 1995; 2014) e sua aplicabilidade com alunos de

5º ano do EFI (9 a 10 anos). O PAG é uma prática que valoriza leitor, leitura e

pensamento na busca pela compreensão dos textos, em grupos, visando à formação do

leitor responsivo-ativo, numa perspectiva de alteridade, em que o pensamento e a voz de

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cada participante favorecem o pensamento dos outros participantes. Objetivamos

responder: I. de que forma acontecem o raciocínio inferencial e as negociações, em

grupos?; II. de que forma o PAG possibilita a compreensão dos textos lidos? Investigar

o raciocínio inferencial dos alunos e as negociações que ocorreram durante leituras e

discussões (PONTECORVO, 2005) do poema “Infância”, de Carlos Drummond de

Andrade, no possibilitou constatar que, quando se cria condições de diálogo,

negociações, elaboração, confrontação de argumentos, validação das interpretações

surgidas; quando se dá voz aos alunos; quando se considera a intersubjetividade entre os

leitores, as múltiplas leituras do texto não só ocorrem como possibilitam reflexões sobre

a relevância das inferências construídas. Este trabalho se insere no paradigma da

pesquisa qualitativa, de orientação interpretativista, pois buscou investigar como os

sentidos foram construídos nas práticas sociais investigadas, de forma a evidenciar a

importância do raciocínio inferencial e das negociações para a construção de sentidos do

texto nas leituras partilhadas.

Ciranda do Pensar Alto em Grupos: crianças lendo poemas da Cecília

Meireles

Telma Franco Diniz

Além da obra poética, Cecília Meireles nos legou uma alentada obra ensaística sobre

educação e literatura infantil. Defensora do protagonismo infantil, Cecília dizia que uma

das complicações para o adulto era saber "se a criança não é mais arguta e, sobretudo,

mais poética do que geralmente se imagina". Em se tratando de literatura infantil, ela

argumentava ser preciso deixar sempre "uma determinada margem para o mistério, para

o que a infância descobre pela genialidade da sua intuição" (MEIRELES, 1984). Vários

poemas de sua coletânea “Ou isto ou aquilo” possibilitam essa "margem para o

mistério" e parecem sob medida para aplicar a prática de letramento dialógica e

colaborativa Pensar Alto em Grupo (PAG), pesquisada pelo Grupo de Estudos da

Indeterminação e da Metáfora (GEIM), pois é sabido que, para que a prática

colaborativa funcione e o 'pensar alto em grupo' ocorra de fato, "o texto não deve ser

fácil a ponto de haver uma compreensão automática" (ZANOTTO, 1995). De fato,

textos com lacunas e incongruências permitem diferentes interpretações, pois incitam o

leitor a procurar entender o que foi silenciado. O objetivo deste estudo é investigar

como alunos do 4º ano do ensino fundamental preenchem as lacunas do poema "A égua

e a água", publicado na coletânea mencionada. Veremos que o comportamento da égua,

que se recusa a beber água da lagoa, pois prefere bebê-la numa poça d'água, causa

estranhamento nas crianças que passam a discutir possíveis motivos para tal opção, o

que propicia que os leitores tenham voz, sejam ouvidos e possam ouvir-se, favorecendo

a co-construção de sentido com base não só no texto, mas também no conhecimento de

mundo de cada um. De natureza qualitativa, esta pesquisa tem orientação

interpretativista, e baseia-se em teorias de letramento, metáfora e estudos da tradução

(BAJOUR, 2012; CHAMBERS, 2011; LAKOFF, 1989; AZENHA, 2012).

As múltiplas leituras da metáfora no texto literário: uma contribuição

para a formação do leitor protagonista e reflexivo

Ariane Mieco Sugayama

Este trabalho visa analisar as múltiplas leituras das metáforas do poema Rosa, de

Cecília Meireles, geradas na prática de leitura dialógica e colaborativa, intitulada Pensar

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Alto em Grupo (ZANOTTO, 1995; 2014), que vem sendo investigada e construída pelo

grupo GEIM (Grupo de Estudos da Indeterminação e da Metáfora). O Pensar Alto em

Grupo procura promover um diálogo em sala de aula por meio do qual os alunos

constroem suas próprias leituras, negociando suas relevâncias de acordo com as

possibilidades interpretativas que o texto oferece. Por esse motivo, uma vez que cada

aluno se posiciona de forma responsiva ativa perante o texto, ou seja, o leitor age de

forma protagonista, é possível que múltiplas leituras ocorram, promovendo

concomitantemente, o desenvolvimento de uma compreensão reflexiva do sujeito e o

reconhecimento de seus colegas como alteridades que podem pensar diferente dele.

Portanto, deixamos de lado o paradigma do ensino-aprendizagem da leitura única,

embasado na epistemologia do monologismo, para trabalharmos de acordo com

epistemologia do dialogismo (MARKOVA, 1997; BAKHTIN, 1992). As perguntas que

nortearam o presente estudo foram: 1. como as metáforas conceptuais influenciaram

(LAKOFF & JOHNSON, 2002) na compreensão das metáforas poéticas (LAKOFF &

TURNER, 1989)?; 2. em que aspectos considerar a compreensão das metáforas

conceptuais na aula de literatura pode promover um letramento mais reflexivo e

protagonista? O presente trabalho se insere num paradigma qualitativo (CHIZOTTI,

2008), de orientação interpretrativista (MOITA LOPES, 2006) e tem como instrumento

metodológico o Pensar Alto em Grupo. Os sujeitos da pesquisa são alunas de um Curso

de Extensão Universitária em São Paulo. Os resultados demonstraram que, ao darmos

voz aos alunos para a construção de múltiplas leituras, é possível que eles reconheçam

as metáforas conceptuais trabalhadas nas metáforas poéticas, posicionando-se diante

desses modos de conceptualizar a vida humana de forma ativa e reflexiva.

O Pensar Alto em Grupo e a leitura de texto literário: contribuição

para a formação do aluno como leitor crítico e da professora como

agente de letramento

Marivan Tavares dos Santos

Este trabalho analisa como os sentidos foram construídos, por alunos do ensino

superior, do texto literário “A águia e a galinha: uma metáfora da condição humana” de

Leonardo Boff (2010), mediante a prática de leitura do Pensar Alto em Grupo

(ZANOTTO, 1995), e as ações da professora nas vivências dessa prática. O intuito foi

contribuir para a formação do aluno como leitor crítico e da professora como agente de

letramento (KLEIMAN, 2006), pois tal prática propicia a construção dos sentidos e a

horizontalidade entre os participantes. Tem como pressuposto básico dar voz aos

alunos, visando ao protagonismo deles, o que implica o professor deixar de ser a única

autoridade interpretativa do texto. Apoiamo-nos na visão freireana sobre leitura

(FREIRE, 1983/1986) e na abordagem dos Novos Estudos do Letramento (NEL/NLS)

(STREET, 1984/1995), para discutir os resultados desse evento de leitura. É uma

pesquisa-ação crítica (KINCHELOE, 1997) com metodologia qualitativa (CHIZZOTTI,

2005), de orientação interpretativista crítica (MOITA LOPES, 1994). A geração de

dados ocorreu, por meio do Pensar Alto em Grupo (PAG), com seis alunos do curso de

administração e a professora-pesquisadora da cidade de Manaus-AM. Para tanto, baseei-

me nas questões norteadoras: 1. Como a prática de leitura do PAG, no ensino superior,

pode contribuir para a formação do aluno como leitor crítico? e 2. Como a análise e

reflexão sobre as ações da professora nas vivências do PAG puderam (ou não)

contribuir para a formação da professora como agente de letramento? Os dados

revelaram a construção de leituras sob diferentes recursos argumentativos, como: papel

da oposição e justificação (mais ou menos explícita) (PONTECORVO, 2005),

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argumentação pelo exemplo e raciocínio por analogia (PERELMAN (1996/2005),

dando indicativo de que os alunos exercitaram uma postura de leitor crítico e reflexivo,

e ficou evidente que o desencadeamento das vozes depende sobremaneira da postura do

professor.

Corpus Linguistics and Learner English

Coordenadores: Profa. Dra. Deise Prina Dutra - Universidade Federal de Minas Gerais

Profa. Dra. Patrícia Pereira Bertoli - Universidade do Estado do Rio de Janeiro

Profa. Dra. Paula Tavares Pinto - Universidade Estadual Paulista- S. J. Do Rio Preto

This symposium will present research into learner English from a corpus perspective.

Learner English is a language variety produced by millions of speakers worldwide as

they learn English as a second or foreign language. Corpus approaches to learner

English have provided valuable insights into this variety by producing evidence of

language use by learners and in so doing have presented new ways of understanding the

process of learning English.

COMUNICAÇÕES INTERNAS

Brazilian university student interlanguage in learner corpora

Deise Prina Dutra

Internationalization of higher education in Brazil has been growing fast and has

assumed a key position in many universities. This fact has pressured the academic

community to become proficient in English in order to, actively, participate in

conferences, publications and interactions with international partners. This paper aims at

discussing how the compilation of written and oral learner corpora can, systematically,

show interlanguage characteristics that can be a good source of information for the

preparation of tailor made courses that will better meet our university students’

linguistic needs. The analyzed corpora, Corpus de Inglêspara Fins Acadêmico (CorIFA)

and Corpus do Inglês sem Fronteiras da UFMG (CorIsF-UFMG), are composed of

various genres, such as essays, abstracts, narratives, among others. The results show the

differences between oral and written corpora, for instance, in relation to lexical density

observed in integrated and independent tasks, as well as in relation to the type and

frequency of lexical bundles. The analysis will include a comparison with results from

recent research papers (e.g. BIBER e GRAY, 2013) that used learner corpora with data

from students from a variety of countries. Yet, these studies are based on corpora that

are composed of similar text genre to the ones in CorIFA e o CorIsF-UFMG.

Small Corpus for immediate solutions

Patricia Bertoli

The analysis of linguistic patterns on the production of foreign language learners has

been one of the focuses of Corpus Linguistics studies, which have been consolidating

descriptions and linguistic analysis procedures. There is a variety of projects based on

learner corpus around the world, such as ICLE, specifically on learners of English –

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whose Brazilian part is BrICLE, which aim at investigating several aspects of learner

language n a macro perspective, such as language patterns, idiomaticity, fluency, error

analysis, use of grammar, and the development of dictionaries specific for learners and

course books. However, it is possible to define and describe linguistic patterns present

in the production of English learners in a more restrict scope aiming at creating

immediate learning situations, not necessarily involved with a big project. It is

necessary to follow strict criteria for collecting a corpus that enables the investigation of

different aspects of language (GRANGER, 1998), the linguistic analysis and the

development of learning activities. I will discuss an example of a brief investigation

about learners’ use of lexical bundles contrasted to the use by native speakers (COCA

and LOCNESS Corpus) in order to observe the concomitant use of lexical bundles (

Biber et al., 2004; Dutra; Berber Sardinha, 2013, Bertoli-Dutra, 2013), using a small

corpus of 45,000 words. Having detected the (over)use of malformed formulaic

language, that is, language out of the native speaker’s patterns of use, specific activities

were developed following Data Driven Learning methodology (JOHNS, 1986; 1997),

and the results of the exposition to the activities were verified in the learners’

production afterwards.

A interdisciplinaridade na elaboração de atividades didático-

pedagógicas baseadas em corpora

Paula Tavares Pinto

A publicação científica em língua inglesa tem favorecido a busca de cursos de escrita

acadêmica em língua inglesa por parte de pesquisadores de diversas áreas científicas.

Esta foi a razão que motivou o desenvolvimento de um projeto interdisciplinar

envolvendo as áreas de Química e Linguística, mais especificamente, Tradução e

Ensino e Aprendizagem de Língua Inglesa. A abordagem teórico-metodológica utilizada

tem sido a da Linguística de Corpus por favorecer a investigação de textos

especializados com o auxílio de ferramentas computacionais elaboradas para fins de

pesquisa linguística (SINCLAIR, 1995; BIBER, 1998; BERBER SARDINHA, 2009).

No estudo temos analisado a linguagem científica produzida por pesquisadores

brasileiros da área de Química Orgânica que utilizam o inglês para publicação

internacional (SWALES e FEAK, 2009). O objetivo principal é o de comparar a

linguagem produzida por esses pesquisadores com a linguagem dos pesquisadores de

instituições internacionais que tenham publicado seus artigos em língua inglesa em

revistas de impacto na área de Química. Para tanto, alunos dos cursos de Química,

Letras e Tradução têm trabalhado conjuntamente na compilação de um corpus composto

por artigos, resumos e abstracts da revista Química Nova. A segunda etapa será a

compilação de um corpus comparável composto por artigos publicados em revistas

internacionais para o levantamento de terminologia (ABAKERLI, R. B, et al 2003;

BARROS, 2007), padrões lexicais e estruturais (TAGNIN, 2005; FINATTO et al, 2010)

utilizados por esta comunidade científica. A partir desses dados, as estruturas

observadas serão utilizadas no desenvolvimento de material didático voltado para um

curso de Inglês com Fins Acadêmicos.

Dialogando com o ensino e aprendizagem de línguas:

questões, reflexões e avanços

Coordenadores:

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Paulo Rogério Stella - Universidade Estadual de Alagoas

Cátia Veneziano Pitombeira - PUC de Campinas

Este simpósio apresenta pesquisas em andamento na área do ensino de línguas com

discussões acerca do ensino e aprendizagem de inglês na escola pública, da formação de

professores de línguas estrangeiras em cursos de licenciatura em universidades públicas

e do ensino e aprendizagem da Libras para professores ouvintes em situação de pré-

serviço também em universidade pública. Os trabalhos apoiam-se teoricamente a) na

concepção de língua como possibilidade de produção de conhecimentos baseada na

interação e entendida como ponto de tensão provocada pelo contato entre interlocutores

posicionados em contextos opostos (BAKHTIN/VOLOCHINOV, [1929] 2010); b) em

estudos acerca dos letramentos que podem ser entendidos como práticas de linguagem

situadas localmente e estabelecidas dialogicamente entre locutor, interlocutor e texto

(GEE, 2008); e c) em pesquisas com viés autobiográfico, ou seja, pretendem promover a

constante construção e reconstrução de identidades dos pesquisadores e dos pesquisados

(BRUNER, 2004) envolvidos no processo. Quanto às metodologias utilizadas, podemos

dividi-las em dois grupos: o primeiro grupo traz análises documentais de projetos

pedagógicos, livros didáticos, orientações e parâmetros curriculares e guias de livros

didáticos e propõem alternativas para uma formação em língua estrangeira com vistas à

promoção de uma cidadania de deveres e direitos (SOUSA SANTOS, 2010). O segundo

grupo apresenta propostas de ações formativas em sala de aula incluindo trabalhos com

narrativas produzidos por professores e alunos e propostas de planos de aula, visando

aos fluxos (PENNYCOOK, 2010) de produção de sentidos pelo contato entre o local e o

global entendidos como a relação entre língua materna e língua estrangeira, além da

cultura local e a dimensão globalizante de troca de informações. Os resultados apontam

para a necessidade de pensarmos a formação de professores e alunos como

posicionamento ético e político (FREIRE, 2001) frente às demandas históricas que se

nos impõem.

COMUNICAÇÕES INTERNAS

PPC do curso de Letras de uma universidade Estadual na Região

Nordeste: reflexões sobre linguagem, formação e letramento digital

Joyce Rodrigues da Silva Magalhães

Com o advento das tecnologias e a imersão da sociedade contemporânea no mundo

digital faz-se necessário analisarmos como o letramento digital está sendo desenvolvido

na formação de professores de Inglês através do uso das TIC na sala de aula. Nesse

sentido, esse trabalho objetiva refletir a respeito formação para o letramento digital no

curso de Letras-Inglês da Universidade Estadual de Alagoas – UNEAL, através da

análise do Projeto Pedagógico de Curso (PPC). Esse trabalho é uma análise documental

de cunho investigativo e é parte de uma pesquisa de mestrado em fase inicial. A análise

do documento mostrou que apesar de o texto apresentar a importância das tecnologias

para a formação de professores, a matriz curricular obrigatória não oferta uma disciplina

direcionada a formar para o uso pedagógico e letramento digital dos graduandos.

Livro didático de língua estrangeira em perspectiva transgressora -

reflexões acerca de um livro didático de língua inglesa utilizado em

escola pública

Josenildo Farias Neto

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A inclusão do livro didático de Língua Inglesa nas escolas públicas foi um avanço em se

falando de estudo de língua estrangeira. No entanto, o livro sendo usado como única

ferramenta de ensino pode deixar lacunas na aprendizagem de línguas. Este trabalho é

parte da dissertação de mestrado na linha de pesquisa de Linguística Aplicada (LA), e se

propõe a apresentar uma outra possível forma de utilização do livro didático levando-se

em consideração a perspectiva dos letramentos. O objetivo é propor outra maneira de se

trabalhar com a gramática no livro didático, tendo como base as considerações do

PNLD 2012 Ensino Médio. A metodologia do trabalho foi realizada através da análise

do primeiro capítulo do livro didático para entender qual a ideia que os alunos tinham

sobre gramática, e pensar em outra maneira de trabalhar com esta gramática. Tendo em

vista o andamento da pesquisa até o momento, percebe-se que ao buscar alternativas

comunicativas para abordar tópicos gramaticais, os alunos parecem mais interessados e

atribuem um sentido real para a gramática quando têm contato com seu uso e

aplicabilidade em sala.

Um estudo sobre o processo de ensino e aprendizagem dos alunos da

disciplina Libras em uma universidade pública da região nordeste

Fábio Rodrigues Santos

Esta comunicação pretende proporcionar uma reflexão sobre a perspectiva de ensino e

aprendizagem de língua brasileira de sinais – Libras - trazida pela ementa da disciplina

Libras (por vezes denominada Fundamento de Libras) presente nos Projetos

Pedagógicos dos Cursos (PPC) de Licenciatura na área de Letras da UFAL. A proposta

desse trabalho se baseia no recente cenário de complexidade social que se dá pela

difusão da Libras, uma vez que essa língua se faz presente na matriz curricular dos

cursos de licenciatura, preferencialmente, bem como de forma eletiva para os demais

cursos, segundo o decreto nº 5.626/05. A metodologia de coleta de dados consiste na

análise comparativa dos sentidos de ensino de Libras circulantes nesses PPCs, em

relação à proposta da ementa, e na aproximação feita desses sentidos com outros

presentes em documentos oficiais utilizados como referenciais e guias na formação de

professores na área. Dessa forma, o trabalho intenta contribuir com a perspectiva de

ensino e aprendizagem de Libras tendo em vista que as reflexões apresentadas podem

favorecer a compreensão do processo de produção de sentidos no que se refere a alunos

ouvintes.

Implicações do ensino e aprendizagem de língua inglesa em uma escola

pública com foco na interação

Juliana Nunes Costa

Este trabalho pretende estabelecer uma proposta de aula comunicativa para o ensino e

aprendizagem de Língua Inglesa na escola pública, básica e regular, como uma proposta

de mudança e intervenção nas aulas de Língua Inglesa. Essa pesquisa pretende, na

esteira da proposta da LA em relação à teorização sobre a prática, inserir-se no campo

da pesquisa qualitativa, por entender que ela pode contribuir significativamente para

uma mudança social no campo da linguagem e no ensino de LI na escola pública e

básica. A metodologia do trabalho foi realizada através de questionários aplicados aos

alunos e desenvolvimento de aulas e atividades voltadas à oralidade. A pesquisa está em

andamento, e os resultados obtidos até o momento demonstram uma possível

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modificação na perspectiva de aprendizado dos alunos com as reflexões acerca do

ensino e aprendizagem de LI na escola pública. Dessa maneira, os alunos perceberam

que a oralidade durante as aulas de LI é possível, e que o desenvolvimento de cada

atividade pode ter um resultado favorável, e tais fatores já podem favorecer a motivação

dos alunos em relação à aprendizagem da língua, como interação social e não apenas

como a assimilação de vocabulário e gramática.

Hibridismos nas linguagens verbal, visual e verbo-visual:

relações dialógicas – um encontro entre esferas da atividade

humana

Coordenadores: Carlos Augusto Baptista de Andrade - Universidade Cruzeiro do Sul

Marlon Luiz Clasen Muraro - Universidade Presbiteriana Mackenzie

Dando continuidade à pesquisa que envolve aspectos da verbo-visualidade em diversos

gêneros discursivos, pretendemos, neste simpósio, refletir/discutir sobre os discursos

ligados as esferas literária, artes plásticas, jornalística e televisiva. Portanto, passa-se em

primeiro lugar pela reflexão/discussão sobre o mito de Narciso presente no poema A

história de Eco e Narciso, de Ovídio (2003) e suas relações dialógicas com a pintura

Narciso (1599-1600), de Caravaggio; em seguida com a finalidade de ultrapassar a

leitura apenas do texto, tendo como corpus o livro infantil Minha Galeria de Arte com

Adesivos, observa-se a importância do contexto de recepção nessa obra que recupera o

universo conhecido da criança: os Álbuns de Figurinhas; discorre-se, em seguida, pelo

universo chargístico de Carlos Latuff, no contexto do oriente médio, centrando a

discussão no ato ético e estético dessa produção; analisa-se, posteriormente, a letra da

canção “A Rosa do Morro”, do grupo Inquérito,e perceber a ideologia inserida no

gênero discursivo Rap; finalmente, reflete-se sobre a novela brasileira enquanto gênero

televisivo independente, um produto artístico popular e de público fiel. Tais discussões

estão inseridas no Grupo de Pesquisa Teorias e Práticas Discursivas e Textuais, na linha

Discurso, Gênero e Memória e, mais especificamente, no Projeto “A verbo-visualidade:

hibridismos em gêneros discursivos” ligado ao Mestrado em Linguística da

Universidade Cruzeiro do Sul.

COMUNICAÇÕES INTERNAS

O velho-novo discurso das Telenovelas: verbo-visualidade em cena

João de Oliveira

Ao tratarmos especificamente do gênero narrativo-discursivo, é difícil afirmar se a

primeira história foi contada ou encenada. Do mesmo modo, é difícil precisar se a

encenação era parte da história, automática, intuitiva ou apenas um facilitador da

comunicação. Provavelmente, no início da tradição oral, a narração e a encenação

faziam parte do todo, quando o sagrado ainda não se distinguia do profano. As histórias

eram (e são) criadas a partir de experiências sociais, sejam elas em quaisquer esferas das

atividades humanas. Nesse contexto, a presente proposta, ao discutir a concepção de

gênero para a narrativa ficcional telenovela brasileira, propõe ao leitor uma reflexão

sobre a responsabilidade enunciativa em relação aos enunciadores e aos destinatários

projetados nesse discurso. As telenovelas não se apresentam apenas como narrativas

lúdicas, porque podem formatar a cultura e a identidade do povo, ditando modas,

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costumes, linguajares. Além disso, em duvidoso paralelo entre ficção e realidade, ao

mesmo tempo em que pluralizam informações, podem singularizar parte de uma

sociedade, visto que a unificam aos seus moldes e às suas maneiras, criando, a partir de

seus tipos ficcionais, os protótipos de uma realidade concebida. Constituem, portanto,

um gênero televisivo independente, um produto artístico popular e de público fiel.

Aquele que, frente aos novos tempos e às novas tecnologias, continuam a liderar a

audiência em diferentes regiões, segmentos sociais, sexos e faixas etárias. Para este

estudo, as abordagens linguísticas correspondem, fundamentalmente, em algumas

propostas conceptivas de gênero e discurso formuladas por Bakhtin e seu Círculo, e em

teorias do discurso verbo-visual, observadas, aqui as discussões realizadas por Brait.

Esta comunicação está inserida no Grupo de Pesquisa Teorias e Práticas Discursivas e

Textuais, na linha Discurso, Gênero e Memória e, mais especificamente, no Projeto “A

verbo-visualidade: hibridismos em gêneros discursivos” ligado ao Mestrado em

Linguística da Universidade Cruzeiro do Sul.

O verbal e o visual no mito de Narciso: relações dialógicas

Diogo Souza Cardoso

Este estudo analisa o mito de Narciso presente no poema A história de Eco e Narciso,

de Ovídio (2003). Desse texto, chega-se a uma reflexão sobre as relações dialógicas

possíveis com duas pinturas. Cronologicamente, são: a obra Narciso (1599-1600), de

Caravaggio; Eco e Narciso, de 1627, de Nicolas Poussin. As duas obras são comparadas

entre si e com o texto de Ovídio, buscando interconexões por meio das relações

discursivas entre o verbal e o visual. Porém, não se trata de um estudo do verbo-visual,

pois palavra e imagem não constituem um só corpo, o Narciso pictórico não está junto

ao Narciso verbal em um mesmo produto discursivo. Assim, pode-se afirmar que é um

estudo do verbal com o visual. A base epistemológica para o presente estudo é a Análise

Dialógica do Discurso, neste momento destacando a filosofia da linguagem de Bakhtin

e do Círculo (2006, 2003, 1997 e 1988), pelo fato de explorar as relações dialógicas

resultantes do Narciso verbal e do Narciso visual na esfera artística. Tanto as pinturas

quanto o poema de Narciso são vistos como enunciados concretos, assim, tal discussão

faz emergir a relação discutida por Bakhtin entre o dado e o criado. Além do filósofo

russo, outros autores figuram como base teórica, são eles: Brait (2005), Faraco (2009) e,

por haver referências à esfera da arte, vêm à tona aproximações filosóficas com o

postulado de Dewey (2010), Sartre (2008) sobre a teoria da imagem, e Dondis (2007) a

respeito da sintaxe das imagens. Esta comunicação está inserida no Grupo de Pesquisa

Teorias e Práticas Discursivas e Textuais, na linha Discurso, Gênero e Memória e, mais

especificamente, no Projeto “A verbo-visualidade: hibridismos em gêneros discursivos”

ligado ao Mestrado em Linguística da Universidade Cruzeiro do Sul.

O gênero discursivo Rap: dialogismo e ideologia

Norma de Carvalho Facchini

Constata-se, frequentemente, a presença de múltiplas vozes que confrontam questões

sociais e solicitam dos destinatários das canções rap uma interação ativa para identificar

os discursos enunciados e as construções ideológicas nas letras/canções. Diante disso,

pretendem-se apresentar o rap como gênero discursivo, com a finalidade de evidenciar

as posições sociais que estão sendo polemizadas entre os interlocutores diante do que

está sendo enunciado, inserindo o rap como gênero discursivo, pois só é possível

observar as conexões entre a letra e os discursos que estão em circulação na sociedade

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mediante uma relação interdiscursiva. Relação que vai além do plano verbal e atinge

uma extraverbal. Pôde-se, então, analisar a letra da canção “A Rosa do Morro”, do

grupo Inquérito e perceber a ideologia que está inserida nela, tal como apontado por

Bahktin e o Círculo. A escolha do gênero foi motivada pela maneira como o rapper

aborda a canção, revelando a periferia, presente no dia a dia dos estudantes que

imediatamente se identificam com o cenário apresentado. Ao narrar histórias de

personagens da periferia, marginalizados socialmente, o compositor apresenta como

eles são, sem julgamento, reconhecendo sua identidade, dando um acabamento estético

à obra. Assim, pretende-se analisar alguns excertos da dessa, demonstrando como a

ideologia e o diálogo com o cotidiano se fazem presentes na materialidade linguística.

Para proceder tal análise, fundamenta-se a presente comunicação, além dos referencias

teóricos do Círculo de Bakhtin, em Woods (2009); Zeni (2013); Hollanda (2013);

Gomes (2012), autores que deram suporte teórico sobre o movimento cultural hip hop e

o estilo musical rap. A presente comunicação está inserida nos estudos do Grupo de

Pesquisa Teoria e Práticas Discursivas e Textuais e na Linha de Pesquisa Discurso

Gênero e Memória, ligados ao Mestrado de Linguística da Universidade Cruzeiro do

Sul.

Ato estético: o discurso chargístico, uma inter-relação da política com

as artes

Karen Dantas de Lima

Juliana Nunes Costa

Pretende-se pelo presente estudo a analisar um enunciado concreto que contempla a

junção dos elementos verbal e visual para instituir efeito de sentido. Para tanto,

analisaremos uma charge de Carlos Latuff com o recorte teórico de ato estético,

conceito presente nos postulados de Bakhtin e seu Círculo sob a perspectiva da Análise

Dialógica do Discurso. Objetiva-se apreender as relações de sentido que se estabelece

nos enunciados híbridos compondo um quadro que associa o cômico e o trágico na

representação de determinado acontecimento que tem o sujeito sócio-histórico como

protagonista. Considerando a arquitetônica do enunciado, partimos, então, para uma

apreensão dos atos humanos no campo das artes por meio do objeto resultante. O

conteúdo temático das charges são acontecimentos de ordem sócio-política na região do

Oriente Médio. Assim o excedente de visão do chargista enquanto sujeito situado

mostra que a contemplação de uma dada realidade permite colocar-se no lugar do outro

e, numa perspectiva exotópica da relação “eu para o outro” e o “outro para mim”,

considera elementos transgredientes que não é acessível ao sujeito contemplado na sua

expressividade e valores propiciando o acabamento ao material do ato estético. Desta

maneira, os signos ideológicos presentes na refração de um acontecimento sob um

ponto de vista extraposto no ato estético revela a postura axiológica do sujeito e uma

responsividade ativa, pois somente por meio do outro enformado existe valor estético

significativo. Esta comunicação está inserida no Grupo de Pesquisa Teorias e Práticas

Discursivas e Textuais, na linha Discurso, Gênero e Memória e, mais especificamente,

no Projeto “A verbo-visualidade: hibridismos em gêneros discursivos” ligado ao

Mestrado em Linguística da Universidade Cruzeiro do Sul.

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As múltiplas faces da linguagem: práticas discursivas e

trabalho em diferentes esferas sociais

Coordenadores: Silma Ramos Coimbra Mendes – PUCSP - COGEAE

Glenda Cristina Valim de Melo - Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro

Este simpósio visa apresentar, discutir, elucidar e/ou problematizar questões gerais

relacionadas às práticas discursivas e ou atividades laborais de diferentes esferas da vida

social, como a empresarial, publicitária, educacional, midiática etc. a partir das

contribuições e pressupostos da Análise do Discurso de base enunciativo-discursiva,

conforme desenvolvidos por Dominique Maingueneau e da abordagem ergológica,

como postulada por Yves Schwartz. Pretende-se reunir mestrandos e doutorandos em

torno de possíveis desdobramentos e ou impasses conceituais em pesquisas já

concluídas e ou em andamento, no âmbito do discurso e do trabalho, nas quais se

utilizam corpora provenientes de diferentes contextos enunciativos e domínios da

atividade humana. Busca-se, dessa forma, criar um espaço de reflexão sobre conceitos e

categorias de análise mobilizados por pesquisadores de várias instituições, como

interdiscurso, condições de produção, renormalização, dramáticas, práticas discursivas,

autoria, cenografia, ethos, dentre outros.

COMUNICAÇÕES INTERNAS

Trabalho e gestão do trabalho: possíveis desdobramentos conceituais a

partir de análises pautadas nas condições de produção do discurso

Lucia Helena Alencastro

É possível considerar que o trabalho existe desde os primórdios da humanidade, embora

ao longo da história tenham ocorrido diversas mudanças estruturais e conceituais,

reinventando-o e desenhando inúmeras possibilidades de ser e de fazer o trabalho

humano. A gestão, bastante difundida e abordada nas últimas décadas resulta em uma

destas mudanças e tem se consagrado como tema de discussão em diferentes

instituições, constituindo-se como importante foco de interesse na atualidade. Assim, a

presente reflexão busca compreender o trabalho humano a partir de uma perspectiva

histórica das práticas de gestão empresarial, especialmente desenvolvidas no Brasil,

desde suas primeiras roupagens. Para tanto, toma-se aspectos da análise do discurso,

especificamente as condições de produção do discurso (CP). Compreende-se que

reflexões pautadas nas condições de produção do discurso devem considerar as

determinações históricas desse discurso e igualmente os efeitos de sentido que

provocam mudanças na realidade na qual ele é produzido. Para tanto, pauta-se nas

proposições teóricas defendidas por Pêcheux (1969), para quem o sentido das palavras

não se encontra dado a priori a partir de seu significante, ao contrário, participa

diretamente posições ideológicas presentes na dinâmica sócio-histórica do contexto de

produção e reprodução destas palavras, expressões e proposições (AMARAL, 2005, p.

28). Desta forma, foi possível compreender as grandes mudanças nos processos de

gestão, a partir dos condicionantes históricos, sociais e econômicos e as relações de

força presentes nos discursos constituídos e constituintes nestes processos até o

presente. Além disso, surgiu a possibilidade de dimensionar com maior clareza a origem

de alguns dos construtos teóricos centrais à gestão empresarial, como também

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compreender suas implicações na organização atual do trabalho e, consequentemente,

na atividade de trabalho dos atores sociais no contexto citado.

A atividade de trabalho do redator de textos técnicos: o que faz esse

profissional invisível? Iara Mola

Presente em diversos meios de comunicação, o redator de textos técnicos – assim

designado pela Classificação Brasileira de Ocupações (CBO) – exerce uma atividade de

trabalho que parece se caracterizar pela sua própria invisibilidade. Afinal, o que

efetivamente se sabe a respeito da sua atuação? Trata-se de alguém que desempenharia

uma função tal como a de jornalista, ou o seu exercício equivaleria ao daquele

profissional contratado pelas agências de publicidade? Dada a falta de aprofundamento

sobre o que configura a sua profissão, a imagem do redator de textos técnicos está

frequentemente associada à de alguém que simplesmente “escreve”, numa compreensão

bastante reducionista do que aventamos ser o seu trabalho real. Diante desse cenário, a

presente comunicação tem por objetivo apresentar o processo de elaboração dos textos

produzidos pelos atores sociais da nossa pesquisa, visando a depreender as dimensões

humana e discursiva que caracterizariam a sua atividade e, ainda, verificar se seria

possível alçar esses profissionais a alguma das categorias de autor segundo os estudos

da Análise do Discurso de linha francesa – uma vez que partimos da hipótese de que

eles imprimiriam à sua escrita um estilo próprio, cujas marcas textuais nos permitiriam

identificar a presença da sua voz, conquanto sejam (em sua maioria) enunciadores

anônimos de outras vozes às quais se atribui a autoria das suas redações. Para tanto,

apoiamo-nos na interface entre as noções propostas por Maingueneau e em teorizações

sobre a atividade de trabalho a partir de Schwartz, ambas também consideradas a partir

das reflexões de Sírio Possenti e Daniel Faïta, cujos estudos em Análise do Discurso e

Ergologia, respectivamente, dão prosseguimento aos dois primeiros teóricos. A

metodologia adotada consiste no método da autoconfrontação, que foi adaptado para a

captura de toda ações que cada protagonista realiza no seu computador durante o

exercício da sua atividade.

A mordida na maçã e o paraíso: Steve Jobs e o discurso religioso-

midiático da Apple

Amanda Moura da Silva dos Santos

Nas apresentações que marcavam o lançamento oficial dos produtos da Apple

Computer, o pronunciamento de Steve Jobs, então CEO da empresa, era ansiosamente

aguardado por todo o mercado, de modo especial pelos consumidores aficionados, os

chamados “applemaníacos”. O fato é que para muitos consumidores da marca, os

produtos e serviços oferecidos por ela propiciam experiências profundas e emocionais

que aprimoram suas vidas e até mesmo atribuem significado a elas. São esses clientes

que fazem filas e montam até acampamentos em frente às Apple Stores às vésperas do

lançamento de algum produto e depois saem exibindo o pacote como um troféu. Mas,

que espécie de furor religioso os leva a peregrinar em busca de um produto? O que há

por trás desse sacrifício? Partimos da hipótese de que é o ethos de herói que se instaura

sob a figura de Jobs que o faz ser adorado como uma espécie de messias dos tempos

modernos, fazendo-o tornar a marca uma extensão de si. O cofundador da Apple tornou-

se um dos símbolos do movimento da Contracultura que deram início à era digital e,

para compreender o percurso da transformação de Jobs numa figura heroica, nossa

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análise articula conceitos e noções da Análise do Discurso francesa, como interdiscurso,

cena englobante, cena genérica, cenografia e ethos discursivo (Maingueneau, 2008,

2013) com a jornada herói (Campbell 1989, 1990) e se concentra nas apresentações

midiáticas de Steve que eram amplamente divulgadas. Desse modo, o objetivo deste

trabalho é analisar discursivamente uma das apresentações de Steve Jobs, apoiando-nos

nas noções e nos conceitos citados para investigar o culto à Apple Computer e o papel

social da figura de Steve Jobs à frente da empresa, além da influência do seu legado à

humanidade.

Madonna caiu: a mulher madura na mídia e os estereótipos

relacionados às atividades de trabalho

Rodrigo Ziviani e Marília Giselda Rodrigues

Vivemos uma época marcada por contradições: quanto mais ativas e longevas as

mulheres se tornam, mais resistência e preconceitos elas enfrentam. Por que a cantora

Madonna, aos 56 anos, quando cai e se levanta, é mais ridicularizada que aplaudida?

Por que Xuxa, após os 50, é tão criticada por querer continuar uma carreira na

televisão? Parece haver prescrições a respeito de quais atividades podem exercer as

mulheres que atingem a maturidade, e essas atividades não incluem aquelas que exigem

ocupar um lugar no espaço público que, a princípio, seria restrito aos corpos jovens,

posto que ligados, de diferentes maneiras, a performances que se relacionam à

sexualidade. Durante uma apresentação no “Brit Awards”, na Inglaterra, um evento de

premiação da música, Madonna caiu logo no começo do show, do topo de uma escada

de três metros. A capa que usava, enorme, estava fechada com um nó no pescoço que

não se abriu na hora certa. As dançarinas, obedecendo à coreografia, puxaram a cantora

pela capa, escada abaixo. Madonna foi ao chão, se levantou e continuou cantando e

dançando. Ao final do show, o que se viu nas redes sociais e no noticiário jornalístico

foram comentários com críticas à mulher de 56 anos, a despeito da sua vitalidade.

“Velha”, decretaram muitos comentaristas. “Passou da hora de se aposentar”,

escreveram outros em seus perfis no Facebook. Este trabalho busca compreender, a

partir dos pressupostos teórico-metodológicos da Análise do Discurso de linha francesa,

e de contribuições das Teorias Queer, o que se discursiviza a respeito da mulher que se

recusa a envelhecer nos velhos moldes e que assume um papel ativo e público no campo

da sexualidade e da representação feminina, como é o caso de Madonna.

A “destacabilidade”: uma proposta para estudo dos nós

discursivos que tecem redes de memória constitutivas de

novas formas de institucionalidade.

Coordenadores: Luciana Salazar Salgado - Universidade Federal de Santa Catarina

Norma Discini - USP

Este simpósio tem como eixo de suas reflexões a noção de destacabilidade recentemente

proposta pelo linguista Dominique Maingueneau (2006, 2012, 2014). Trata-se de uma

propriedade funcional de certos tipos de enunciado que são postos a circular separados

de textos ou contextos originais, conforme certas características formais, e que, assim,

produzem sentidos inscritos em novas possibilidades de dipersão, de articulação e,

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portanto, de interpretação – o que renova as discussões sobre a “origem” de um dizer,

renovando, portanto, as reflexões sobre autoria e circulação material dos textos, tópicos

de larga tradição em diferentes campos de saber, convocados, segundo a noção em tela,

numa perspectiva interdiscursiva. Por tratar-se de uma noção central em uma rede

conceitual que, nos estudos do discurso, pretende abordar fundamentalmente fenômenos

comunicacionais ou, antes, entender a dimensão comunicacional de dispositivos

enunciativos cuja gênese atesta a existência de um projeto de dizer voltado

explicitamente a um outro, a destacabilidade, propriedade que se vivifica em

destacamentos fortes ou fracos, conforme se possam recuperar os processos de edição

que os produzem, está articulada a noções como a de percurso, que refere um modo de

coesão da dispersão de uma unidade não tópica, a de aforização, que designa um regime

de destacamento prototípico; a de particitação, que procura dar conta das citações sem

menção efetiva a autores; a de sobre asseveração, que refere o modo como sequências

verbais em posição de destaque estabelecem uma tomada de posição no campo

discursivo implicando a amplificação da figura do enunciador. Vale dizer, a constituição

de um hiperenunciador, uma voz sobre-humana, supra-humana ou inumana que

distribui conteúdos em formalizações de alto impacto comunicacional, sobretudo

porque institui umas dêixis discursiva peculiar, consagrando posições imaginárias que

condicionam fortemente a atividade interlocutiva, de um modo típico da divisão do

trabalho intelectual na atual conjuntura, marcadamente informacional.

COMUNICAÇÕES INTERNAS

Frases “sem texto” e coerção genérica

Norma Discini

Contemplando vizinhanças entre quadros do pensamento que interrogam a construção

do sentido no interior dos textos e que, para tanto, desfazem a dicotomia interior/

exterior a fim de que esses termos se confirmem como correlatos, investigaremos, a

partir da noção discursiva de “destacabilidade” (MAINGUENEAU, 2014), as frases

ditas “sem texto”, na fronteira estabelecida entre elas, as “cenas genéricas” e as

“cenografias” dos textos-fonte (MAINGUENEAU, 2006); enquanto isso, examinaremos

o texto-fonte (de tal destacabilidade) como concretização de um gênero, logo como

unidade discursiva em que reverberam a composição, a temática e o estilo, que fundam

as coerções genéricas (BAKHTIN, 1997). Trazendo então à luz tensões entre o gênero e

as condições de destacabilidade oferecidas pelo texto-fonte, a descrição a ser feita dos

movimentos de “detextualização” procurará depreender a função desempenhada: a)

pelas rubricas, numa peça teatral; b) pelas “frases matadoras” e “citações do dia”, num

jornal; c) pelos destaques de alto teor estésico, num romance; d) pelas formulações

moralizantes, nas fábulas. A partir daí a “enunciação aforizante”, como respaldo do

corpo do enunciador radicado no limiar entre o eu e o outro, apontará para distintos

contratos de confiança e de construção da verdade junto ao leitor.

O percurso de circulação da expressão “acessibilidade”: em pauta a

emergência de uma fórmula discursiva

Fernanda Mussalim

Dominique Maingueneau (2006), em seu texto “Unidades tópicas e não tópicas”,

apresenta a noção de percursos, com base na qual o analista do discurso pode

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acompanhar a recorrência de certas unidades (de ordem lexical, proposicional, ou de

fragmentos de textos), isto é, acompanhar seu percurso pelo interdiscurso. O objetivo do

analista, em empreitadas como essa, é o de “explorar uma dispersão, uma circulação, e

não de relacionar uma sequência verbal a uma fonte enunciativa” (MAINGUENEAU,

2006, p. 21). Alice Krieg-Planque (2010), no livro A noção de “fórmula” em Análise do

Discurso: quadro teórico e metodológico, descreve características gerais das fórmulas

discursivas, destacando sua importância na construção dos problemas públicos e na

estruturação do espaço público. Esse tipo de abordagem permite apreender os discursos

por meio de cristalizações postas em circulação por diversos sujeitos sociais e enfatiza o

papel das mídias na emergência e na instalação das fórmulas discursivas. No Brasil, nos

últimos 10 anos, várias ações governamentais e não governamentais têm buscado

promover um crescente processo de democratização em vários setores de nossa

sociedade. Essa política de democratização tem tomado corpo em documentos oficiais,

na mídia, em manifestações de pequenas comunidades que se organizam em prol da

reivindicação de acesso a bens simbólicos, previstos pelo recorrente discurso dos

direitos humanos. Neste trabalho, a partir de postulações de Maingueneau e de Krieg-

Planque, pretendo analisar a circulação da expressão “acessibilidade” e de sua variante

“acesso a”, considerando seu percurso no interdiscurso por meio de ocorrências em

documentos oficiais de vários setores sociais (construção e urbanismo; educação; saúde;

turismo; em publicidades; em gêneros jornalísticos; e em gêneros acadêmicos). Minha

hipótese é que o percurso dessa expressão acaba por constituí-la como uma fórmula

discursiva, uma vez que ela se impõe como uma passagem obrigatória dos discursos que

esbarram na questão dos direitos humanos.

A noção de destacabilidade no limiar da narrativa: uma análise

discursiva da circulação de A Hora da Estrela no livro-curadoria As

palavras

Luiz André Neves de Brito

Segundo Dominique Maingueneau (2010), uma das dimensões da noção de autor é a de

auctor. Para assumir a figura de auctor, é preciso que o autor seja reconhecido e, por ter

atingindo tamanho prestígio, passa-se a publicar textos do autor que não estavam

destinados a circular. Na literatura brasileira, Clarice Lispector é, sem dúvida, uma

escritora que atingiu esse prestígio, assumindo a figura de auctor. Por ter atingindo esse

estatuto, um “novo” espaço literário vai se redesenhado em torno e no entorno de sua

obra. Basta olharmos para a produção editorial da obra de Lispector pela Editora Rocco

que passou a publicar, por exemplo, suas correspondências (Minhas queridas, 2007) e

colunas femininas (Correio feminino, 2006). Tomando esse espaço "auctoral" como

eixo da minha pesquisa sobre a mediação editorial da obra de Clarice Lispector, trago

para esta comunicação uma análise discursiva de um conjunto de 133 enunciados

destacados extraídos do livro-curadoria As Palavras (2013) que, sob a coordenação de

Roberto Corrêa dos Santos, expõe ao leitor uma compilação de frases/enunciados que se

propõe a abranger a obra literária de Lispector. Os enunciados analisados pertencem a

um mesmo livro, A Hora da Estrela – um dos romances da escritora de maior

circulação. Mobilizando a noção de destacabilidade proposta por Maingueneau para

analisar os enunciados, viso (i) discutir a distinção entre destacamento forte e fraco e,

sobretudo, (ii) refletir sobre a noção de destacabilidade no limiar da narrativa, uma vez

que apenas a voz do narrador Rodrigo S.M. é retextualizada. As conclusões a que chego

são: (i) a distinção entre destacamento forte e fraco está relacionada ao modo como se

dá o processo de leitura dos enunciados; e (ii) a voz do narrador Rodrigo S.M. é o locus

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da narrativa que está diretamente associado à imagem de “auctoridade” de Clarice

Lispector.

Divulgação científica: uma voz de autoridade ou uma voz autorizada?

Luciana Salazar Salgado

Ao abordar o problema do tom na divulgação científica, mobilizamos propostas teóricas

recentes (Maingueneau, 2014; Krieg-Planque, 2010) para o estudo da circulação dos

fluxos de texto característicos do período técnico-científico-informacional, cuja

dinâmica se instaura num entrelaçamento entre uma tecnoesfera e uma psiocoesfera

(Santos, 2000). Nesta ocasião, consideramos os fluxos de texto que dizem respeito à

Ciência constituída como fonte institucionalizada do conhecimento legítimo ao longo

do século XIX, herdeira da Razão que caracteriza o processo civilizatório ao delimitar

uma noção de “cultura” como “cultivo a ser feito” (Mattelart, 2005). Disso decorre o

problema de sua divulgação: posta como necessária a difusão entre leigos do

conhecimento produzido por especialistas, com vistas ao cultivo amplo e irrestrito,

assume formalizações materiais dinâmicas (por exemplo, artigos replicados em portais

noticiosos, evocados por chamadas sintéticas como hashtags) e, nesse percurso, constroi

imaginários sobre “especialistas” e “leigos” em torno do “conhecimento legítimo”.

Nossa hipótese de trabalho vê aí um jogo entre esclarecimento e mitificação,

emblemático na difusão de conteúdos científicos em comunidades digitais. Aqui,

focalizamos especificamente o APOD – Astronomy Picture of the Day, um dos mais

antigos e populares sites de divulgação de Astronomia, vinculado à NASA, referência

mundial responsável pela difusão de imagens absolutamente consagradas, como a foto

intitulada "Blue Marble", tirada pelos astronautas da missão espacial Apollo 17 em

1972, que instaura um olhar para nós mesmos de uma perspectiva cósmica, investida de

uma dimensão simbólica, para além da sua dimensão científica, técnica ou artística.

Entendemos que esse efeito se assenta no regime aforizante que caracteriza o site, e

permite que nos interroguemos sobre a voz que, instituindo sujeitos paratópicos, dá

feições à função de hipernunciador – que, a princípio, seria uma voz descarnada. O

funcionamento dessas categorias revela uma estratégia discursiva que nos parece ser a

identidade fundamental da divulgação científica hoje.

Ensino de Pronúncia em Língua Estrangeira: da pesquisa ao

ensino

Coordenadores: Fernanda Rangel Pestana Allegro - Universidad Nacional de La Plata - UNLP

Gabriela Luiza Daneluci - PUCSP - LIAAC

Este simpósio tem como objetivo mostrar como os estudos realizados com base na

fonética acústica e tendo como referencial teórico o Speech Learning Model (FLEGE

1995, 2005) podem contribuir para o ensino de uma língua estrangeira.

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COMUNICAÇÕES INTERNAS

A pronúncia em materiais didáticos de Português Língua Estrangeira

(PLE) Fernanda Rangel Pestana Allegro

O ensino da língua portuguesa como língua estrangeira (PLE) cresceu e se especializou

nas últimas décadas; observam-se tanto a publicação de novos materiais didáticos como

o oferecimento de novos cursos. Apesar disso, o ensino da pronúncia da língua

portuguesa ainda está marginalizado, restringindo-se, basicamente, a exercícios com

listas de palavras para repetição e/ou identificação dos sons. Essa comunicação, que tem

como referencial teórico o SLM (Speech Learning Model) de FLEGE (1995, 1999,

2005), visa apresentar exemplos retirados de 8 livros didáticos para português como

língua estrangeira, disponíveis no mercado editorial brasileiro e argentino. Esses

exercícios são analisados e contrapostos com os avanços obtidos através da pesquisa

experimental sobre a produção e a percepção da fala em língua estrangeira,

comprovando a necessidade de que sejam propostos exercícios que ajudem a estabelecer

novas categorias de percepção. Como visto em ALLEGRO (2014), para ensinar

pronúncia a aprendizes de língua estrangeira (LE), não basta saber falar essa língua; é

necessário ter conhecimentos sobre as características fonéticas dos sons e dos elementos

prosódicos da LE e da língua materna dos aprendizes, além de noções sobre a produção,

a percepção e a acústica da fala.

Tecnologia Aplicada ao Ensino de Pronúncia

Gabriela Luiza Daneluci

"O presente estudo tem como objetivo verificar as contribuições que uma proposta de

ensino, orientada por achados da pesquisa desenvolvida em fonética acústica e apoiada

em recursos tecnológicos, pode oferecer para o aprimoramento de pronúncia do inglês

como L2. Analisando que efeitos, em termos de produção e percepção de fala, podem

ser obtidos pela aplicação de exercícios direcionados a promover a atenção as pistas

acústicas relevantes para a discriminação de sons em L2 e contribuir para a aquisição de

tais. Os fundamentos teóricos que embasam esta pesquisa são: a teoria acústica da

produção da fala; o Speech Learning e trabalhos em fonética aplicada ao ensino de

pronúncia. A pesquisa foi realizada com base na avaliação de dois sujeitos na tarefa de

leitura de um monólogo, um diálogo e atividade de fala semi-espontânea e em testes de

percepção de descriminação e identificação de sons. Com base nos resultados dos testes

foi elaborado um treinamento fonético com apoio instrumental da análise fonético-

acústica e recursos tecnológicos. Finalmente, as tarefas foram reaplicadas para verificar

qual o efeito do treinamento fonético, analisando o quanto os sujeitos melhoraram sua

capacidade de percepção e produção. De acordo com a análise comparativa das tarefas

pré e pós treinamento pudemos verificar que ambos sujeitos apresentaram melhoras nas

tarefas de percepção e produção."

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A criação de alvos perceptivos em L2 e seus efeitos sobre a pronúncia

Hosana Alves LIAAC-Pontifícia Universidade Católica de São Paulo

O objetivo do estudo é investigar pioneiramente o efeito da introdução de um programa

de treinamento de pronúncia que se paute pela criação e/ou desenvolvimento de alvos

perceptivos, pois a dificuldade em desenvolver as produção e compreensão oral em L2

(REEDER, 1998) é causada parcialmente pela ausência de criação de alvos perceptivos

impedindo a formação de novas categorias de sons na L2 (FLEGE, 1987, 1988, 1995,

2005). Como objetos de pesquisa serão investigados contrastes fonêmicos existentes em

inglês. A metodologia compreende a realização das seguintes tarefas: 1) produção oral

anterior à introdução de um programa de treinamento em pronúncia em inglês pelos

participantes da pesquisa; 2) avaliação perceptiva da pronúncia dos sujeitos da pesquisa

por juízes falantes nativos do Inglês; 3) aplicação de teste de percepção de contrastes

sonoros em língua inglesa nos sujeitos da pesquisa; 4) aplicação de um programa de

treinamento de pronúncia com recursos de tecnologias de fala para desenvolver a escuta

dos estudantes e ajudá-los a criar alvos perceptivos; 5) produção oral pós-treinamento;

6) análise fonético-acústica das produções orais pré e pós treinamento. As tarefas de

produção serão gravadas no Laboratório de Rádio da PUC-SP. Os exercícios para o

treinamento em pronúncia e a análise fonético-acústica serão desenvolvidos com o

auxílio do programa PRAAT de análise acústica (Boersma e Weenink, 2014) e outros

recursos disponíveis na internet. Esta pesquisa pretende averiguar se houve a criação e

ou desenvolvimento de alvos perceptivos e consequente melhora na discriminação de

sons e na produção. Deste modo, pretende-se contribuir para a criação de recursos que

auxiliem o aprimoramento da pronúncia e de compreensão oral de forma a promover

eficácia na comunicação oral. A Teoria Acústica de Produção da Fala (FANT, 1970) e o

Speech Learning Model (Flege, 1987, 1988, 1995, 2005) fundamentam este estudo.

Produção e percepção de sons vocálicos em Inglês Língua Estrangeira

Alice Sacchi

Este estudo desenvolve um estudo sobre a produção e percepção de sons vocálicos em

Inglês como Língua Estrangeira (LE) por um falante nativo do Português Brasileiro.

Cada língua apresenta um inventário próprio de sons, cujas fronteiras entre categorias

variam de língua para língua. "Ao adquirirmos uma nova língua, deparamo-nos com

dissimilaridades entre sons da língua que já falamos (LM) e os da nova (LE), os quais

podem trazer desafios tanto à produção quanto à percepção, porque, entre outros fatores,

a nossa habilidade em produzir ou discriminar sons na LE não se desenvolve da mesma

maneira"(Allegro). A questão da procedência do desenvolvimento da produção ou da

percepção na aquisição de sons em LE tem sido alvo de trabalhos em Fonética Acústica

(Flege 1988, Llisterri 1995, Allegro 2004). Igualmente, têm sido explorados os desafios

impostos pelos fenômenos de interferência da LM na LE. Para explorar esses tópicos,

esta pesquisa tem como objetivo geral empreender uma investigação sobre a produção e

percepção de sons vocálicos em contexto de Inglês como língua estrangeira por meio de

testes perceptivos e procedimentos de análise acústica, tendo, como sujeito de pesquisa,

um aprendiz de Língua Inglesa de nível básico. O Inglês e o Português diferem quanto

ao inventário de sons e a realização não acurada de sons em LE pode levar a não-

comunicação. Como hipótese temos que o aprendiz não será capaz de discriminar certo

contraste se assimilar à pares de sons distintivos do inglês a um som do Português. Para

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investigar nossa hipótese, houve o planejamento de tarefas de produção e de percepção.

As tarefas de produção serão investigadas por meio de procedimentos de análise

fonético-acústica e as de percepção por protocolos de avaliação perceptiva. Os

resultados das análises serão interpretados com apoio nos modelos teóricos de aquisição

de sons em LE postulados por Flege(1995, 2004, 2005).

Contribuições da linguística sistêmico-funcional para o ensino

Coordenadores: Alda Maria Coimbra Aguilar Maciel – Instituto Federal do Rio de Janeiro

Edna Cristina Muniz da Silva – Universidade de Brasília

O quadro teórico e a metodologia da LSF têm sido aplicados em sala de aula em

múltiplos contextos de ensino-aprendizagem de língua materna e de línguas estrangeiras

nos níveis Fundamental, Médio, Técnico e Superior. O presente simpósio objetiva

congregar trabalhos que apliquem este referencial teórico em diversos contextos

educacionais e modalidades (presencial, semipresencial, a distância). Pretendemos que

este fórum estabeleça um espaço para reflexão teórica entre linguistas e docentes que

tenham interesse em compartilhar resultados de pesquisa sobre metodologias e práticas

pedagógicas inovadoras para o ensino da língua portuguesa e outras línguas. Almeja-se,

assim, que os diálogos construídos neste simpósio problematizem aspectos linguísticos

inerentes ao ensino, considerando a teoria sistêmico-funcional como arcabouço teórico

principal.

COMUNICAÇÕES INTERNAS

A linguística sistêmico-funcional em aulas de inglês para fins

específicos

Orlando Vian Júnior

Beatriz Cavalcanti

Tomando o aspecto teórico-metodológico da Linguística Sistêmico-Funcional como

ponto de partida, o objetivo desta comunicação é discutir como elementos léxico-

gramaticais, bem como aqueles relacionados aos contextos de cultura (Gênero) e de

situação (Registro) têm sido utilizados para o ensino da leitura em língua inglesa para o

curso de Redes de Computadores de uma escola técnica no Nordeste brasileiro. Para a

seleção dos itens léxico-gramaticais a serem utilizados no ensino, usaram-se os

resultados de análise de necessidades junto aos alunos e ao coordenador do curso, de

acordo com os princípios de Inglês para Fins Específicos (Hutchinson e Waters, 1987;

Dudley-Evans e St John, 1998, dentre outros). A necessidade principal detectada pela

análise foi o aprendizado da língua para o curso foi a compreensão dos textos de

gêneros específicos. O planejamento do curso incluiu, desse modo, cinco textos de cada

um dos gêneros indicados como os mais relevantes nas análises de necessidades e as

aulas seguiram a perspectiva da pedagogia de gêneros da Escola de Sydney (Rose e

Martin, 2012), que propõe a desconstrução do texto para promover uma familiarização

com o contexto, a negociação em conjunto, com atividades de esclarecimentos e

aprofundamento na compreensão do contexto onde o texto está inserido, além do estudo

da Estrutura Potencial do Gênero (Hasan, 1989), escolhas léxico-gramaticais típicas de

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cada gênero e um direcionamento para uma construção independente, com tarefas

planejadas com o objetivo de familiarizar os alunos com os gêneros selecionados,

mostrando o propósito social, a estrutura, bem como os aspectos léxico-gramaticais,

nosso foco nesta comunicação e como estas podem ser operacionalizadas para o ensino,

apontando para o caráter eminentemente educacional oferecido pela LSF.

Ensino-aprendizagem de inglês para fins específicos sob a perspectiva

sistêmico-funcional

Alda Maria Coimbra Aguilar Maciel

O planejamento de currículos na área de ensino-aprendizagem de língua estrangeira no

cenário técnico-tecnológico, em geral, não tem beneficiado a implementação de linhas

educacionais que contemplam um estudo adequado de diversidades discursivas e

culturais através de variados gêneros. Em diversos contextos, as práticas escolares ficam

restritas a uma apresentação mecânica de estruturas gramaticais e lexicais. Nessa

direção, o objetivo dessa comunicação é favorecer o debate sobre a aplicação dos

fundamentos da Gramática Sistêmico-Funcional ao ensino-aprendizagem de leitura em

língua estrangeira para fins específicos. Pretende-se também discutir a implementação

de ferramentas pedagógicas com viés crítico no contexto do ensino técnico-tecnológico.

A concepção destas práticas tem sido idealizada através do levantamento de dimensões

que possibilitam uma análise de cunho crítico de variados gêneros verbais e não verbais.

Os aportes teóricos utilizados incluem os estudos da Linguística Sistêmico-Funcional

(HALLIDAY, 1994; HALLIDAY AND MATTHIESSEN, 2004, 2014) e da Análise

Crítica do Discurso (CHOULIARAKI; FAIRCLOUGH, 1999; FAIRCLOUGH,

1992/2007; 2001; 2003). Através do aparato metodológico tridimensional proposto por

Fairclough, faremos o levantamento de alguns aspectos de dimensões analíticas

(discursiva, social e textual) para o desenvolvimento da leitura crítica. O inventário

dessas categorias pretende avaliar como as estruturas linguísticas são utilizadas para

atingir propósitos discursivos e assim, através da análise de marcas sociais da

linguagem, revelar os possíveis poderes e ideologias que subjazem ao discurso. Este

estudo em andamento tem sido desenvolvido no âmbito do Grupo de Estudos e

Pesquisas em Lingua(gem) e Projetos Inovadores na Educação e pode ser concebido

como um pontapé inicial na implementação de práticas inovadoras no contexto de

instituições públicas de ensino técnico-tecnológico comprometidas com o

empoderamento de cidadãos para torná-los agentes sociais capazes de (re)interpretar e

(re)construir o discurso e de atuar de forma mais crítica e simétrica em sociedade.

A Linguística Sistêmico-Funcional e o ensino de gêneros textuais

Edna Cristina Muniz da Silva

Fabiana Aparecida de Assis

O objetivo desta comunicação é mostrar uma aplicação da pedagogia de gêneros

desenvolvida por pesquisadores da Escola de Sydney (Martin e Rose, 2008; Rose e

Martin, 2012) para gêneros do discurso da ciência presentes em livros didáticos

utilizados nas escolas brasileiras, do 6º ao 9º ano do ensino fundamental: relatórios

(descritivos e classificatórios) e explanações (causas e efeitos). Descrevemos e

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analisamos as etapas e as fases de alguns desses textos e utilizamos as estratégias do

programa de aprendizagem Reading to Learn; (Rose, 2013), organizadas em um ciclo

constituído de três níveis para o ensino da leitura e da escrita nas diferentes áreas do

conhecimento: preparação para a leitura, construção conjunta e construção individual. O

quadro teórico-metodológico utilizado para a análise dos textos baseia-se na teoria da

Linguística Sistêmico-Funcional, porque os textos são interpretados em seus contextos

de uso, que no caso é o contexto educacional, mais precisamente, a sala de aula, onde o

livro didático é o principal, senão o único instrumento de estudo de milhares de alunos;

tendo em vista o propósito social dos textos, que tanto auxilia na aprendizagem de

disciplinas, quanto na apropriação do gêneros (Martin e Rose, 2008); desenvolvido por

professores com vistas a que o aluno aprenda a organizar os conhecimentos da

disciplina.

Passando a história a limpo: contribuições da Pedagogia de Sydney

para o ensino

Kelly Cristina Nunes de Oliveira

Edna Cristina Muniz da Silva

Os Parâmetros Curriculares Nacionais de História, de 1998 preconizam a necessidade

de compreensão de mecanismos de composição de texto para acesso às informações de

natureza histórica. Dessa forma, a noção de gêneros, constitutiva de textos, deve

permear as práticas de letramentos no contexto escolar para quaisquer disciplinas, uma

vez que suas contribuições podem sedimentar processos de aprendizagem em qualquer

área do conhecimento. Tal implicação aponta para a reflexão sobre práticas envolvidas

na compreensão desta ordem do discurso. Reconhecendo que gêneros são realizações do

plano cultural no plano textual, o qual se realiza por meio da língua, a análise

evidenciará como elementos das metafunções ideacional e interpessoal viabilizam o

objetivo sócio-comunicativo e as etapas do gênero Histórias. Nesse contexto, a

Linguística Sistêmico-Funcional revela-se aplicável para os propósitos existentes. Este

trabalho, então, visa aplicar os conhecimentos oriundos da Linguística Sistêmico-

Funcional (Halliday & Mathiessen, 2014; Eggins, 2004; Thompson, 2013; Martin,

Mathiessen e Painter, 2010), da Pedagogia de Gêneros da Escola de Sydney (Christie e

Martin, 2008; Coffin, 2009; Martin e Rose, 2008; Rose e Martin, 2012; ) , por meio da

análise de elementos léxico-gramaticais do sistema de transitividade (participantes,

processos e circunstâncias) e do sistema de modo (sujeito, finito e predicador) e

modalidade a fim de apresentar pistas de constituição genérica dos textos “Governo

Collor”, “Governo Itamar Franco” e “Governo Fernando Henrique” constituintes da

unidade 17 – O Brasil na nova ordem mundial”, de um livro de História de 9º ano

(História: sociedade e cidadania). Observa-se, nessa concepção teórica, que a relação

entre gramática e significado pode orientar alunos/as a compreender o gênero em

análise, pois cada significado contribui para a função do texto como um todo, uma vez

que a léxico-gramática também constrói o gênero, o qual pode alcançar marcações

ideológicas conforme apontam os resultados preliminares.

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Formação de professores: refletindo sobre e avaliando um

curso de formação à distância

Coordenadores: Maria Aparecida Caltabiano – PUCSP

Solange M. Sanches Gervai – Universidade Paulista

A educação a distância é uma realidade que apresenta um conjunto de variáveis que

definem os cenários educacionais, tais como os papéis de alunos; professores; formas de

avaliar e aprender. Os cursos de extensão, graduação e pós-graduação estão se

consolidando em ambientes totalmente a distância e contribuem com dados e pesquisas

para o debate, reflexão e aprimoramento do trabalho em EAD. Este simpósio tem o

objetivo de abrir espaço para o compartilhamento de estudos sobre processos de ensino-

aprendizagem em cursos a distância, com foco nas possibilidades para o

desenvolvimento de multiletramentos; mediação em fóruns e avaliação de curso. Nosso

propósito é apresentar e discutir a produção acadêmica de professores do curso

Teachers’ Links para avançar sobre o conhecimento neste importante cenário da

educação. O curso de aperfeiçoamento Teachers’ Links é para professores de inglês,

uma parceria entre a PUC-SP e a Associação Cultura Inglesa de São Paulo e possibilita

ao interessado o desenvolvimento de práticas de leitura e escrita em inglês.

COMUNICAÇÕES INTERNAS

A elaboração de material para curso online: avaliação e reflexão sobre

o processo

Maria Aparecida Caltabiano

Maria Cecília Lopes

Cursos online, frequentes nos dias de hoje na área de formação de professores, são

constantemente avaliados, tendo em vista não somente a sua atualização quanto às

tendências de ensino-aprendizagem de línguas, mas também quanto ao uso das

tecnologias. Para os docentes e participantes da equipe de elaboração do curso online

Teachers' Links: Reflexão e Desenvolvimento para Professores de Inglês, oferecido pela

PUC-SP há vários anos, o processo de avaliação é contínuo, tanto em relação ao

desempenho dos alunos quanto às propostas de atividades que podem levar a

reformulações e melhorias no curso. Voltado para professores de escolas públicas e

particulares, o Teachers’Links é um curso de aperfeiçoamento que consta de três

módulos com dois componentes cada: Reflexão e Desenvolvimento. O objetivo na

nossa apresentação é discutir a participação dos alunos-professores em um Fórum do

módulo O desenvolvimento da autonomia e a sala de aula: Reflexão sobre planejamento

e materiais de ensino. Como em todos os módulos, as atividades contêm como estímulo

para discussão, a leitura de artigos, documentos oficiais, fotos e vídeos. O Fórum,

objeto de nossa análise, é decorrente de uma videoaula elaborada especialmente para o

curso. Na exposição, discutiremos em um primeiro momento aspectos referentes ao

desempenho dos participantes em uma atividade reflexiva sobre elaboração de material

e em seguida, apresentaremos a avaliação dos alunos-professores sobre o próprio curso.

A reflexão sobre as questões de elaboração do conteúdo do módulo, do planejamento

das atividades, do desenvolvimento da autonomia do professor, entre outras é

oportunidade para aprendizagem, não somente da equipe, mas também para todos os

envolvidos com educação a distância.

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Analisando um fórum de discussão sob o enfoque da Teoria da

Avaliatividade

Leila Bárbara

Célia Macêdo

Tendo como aparato teórico-metodológico a Linguística Sistêmico-Funcional (LSF)

(Halliday e Matthiessen, 2004 e 2014) e contando com o software Wordsmith Tools

(Scott, 2008) para o tratamento dos dados, o objetivo desta comunicação é analisar um

fórum de discussão de três turmas do Teachers’ Links, curso online oferecido pela

PUC-SP e pela Cultura Inglesa e destinado à formação continuada de professores da

rede pública do estado de São Paulo. No fórum, os alunos-professores compartilham

suas respostas a três perguntas propostas: a) What aspects of course planning did the

teachers take into account [when planning the course]? b) What experiences do they

highlight in the process of developing and teaching the course? c) What

important/informed decisions did they have to make? Também, os participantes

acrescentam feedback e/ou sugestões sobre o curso. Pretendemos desvelar como os

alunos-professores: a) se posicionam em relação à tarefa de desenvolver um curso

online e b) avaliam o curso que estão concluindo. Dessa forma, da LSF utilizaremos a

teoria da avaliatividade (Martin & White, 2005) para agrupar os elementos avaliativos

escolhidos pelos participantes em cada uma das três categorias propostas por Martin e

White: atitude, gradação e engajamento. As ferramentas do programa Wordsmith Tools

propiciarão um levantamento das palavras mais frequentes e também uma análise dos

elementos avaliativos em seus contextos de uso.

Multiletramentos em ambientes de aprendizagem online

Solange Maria Sanches Gervai

Sabemos que as novas tecnologias de comunicação e informação afetam diretamente a

educação, mas sozinhas, não alteram metodologias e ações pedagógicas. Muitos

elementos precisam ser considerados e avaliados constantemente, tais como: aspectos

de letramentos diversos (Rojo, 2012); desenhos de curso; formas de avaliação e estilos

de ensino e aprendizagem. Esta comunicação focalizará aspectos que visam contribuir

para uma reflexão sobre a importância da preparação de cursos para a diversidade das

práticas letradas que envolvem multimeios e diferentes modalidades de textos.

O objetivo do trabalho é analisar práticas de ações pedagógicas (Gervai, 2007) do curso

Teachers’ Links – PUCSP/Cogeae, levando em consideração questões relacionadas às

mudanças possibilitadas pelos hipertextos e hipermídias. O Teachers’ Links é um curso

de aperfeiçoamento de professores de inglês, que visa desenvolvimento profissional,

acadêmico e pessoal, com foco em reflexão crítica sobre o papel do professor no ensino

e de sua capacidade de planejar e organizar ação docente. O curso é totalmente a

distância, em plataforma virtual (Moodle). A pesquisa utiliza dados de ferramentas que

possibilitam interação síncrona e assíncrona com alunos/professores em dinâmicas

interativas individuais e coletivas. A análise dessas ações pedagógicas tem como base

teórica as contribuições de autores como Garrison e Anderson (2003), Celani & Collins

(2005), Gervai (2007), Wadt (2009), Victoriano (2010) e pesquisadores da área dos

multiletramentos, como Rojo (2012), Kalantzis & Cope (2012), Lemke (2010), Kress

(2003), entre outros, para reflexões sobre uma pedagogia dos multiletramentos.

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Teachers’ Links: algumas impressões dos alunos

Marcos César Polifemi

Nessa apresentação compartilharei os resultados de uma pesquisa feita com os alunos

que concluíram o curso online de aperfeiçoamento Teachers’ Links no segundo

semestre de 2014. Essa pesquisa teve como objetivo identificar a satisfação geral dos

alunos no curso, bem como identificar suas necessidades, desejos e a percepção deles

sobre o impacto deste curso online em suas práticas docentes. Os alunos do curso,

participantes da pesquisa, em sua grande maioria, são professores da Rede Pública

Estadual e Municipal de São Paulo que têm o curso patrocinado pela Cultura Inglesa

São Paulo. Para a investigação, trabalhei com três questões abertas, a seguir:1. O que

você mais gosta no curso Teachers’ Links?2. Quais outros conteúdos você gostaria de

ter no curso Teachers’ Links?3. Como o curso Teachers’ Links atende as suas

necessidades práticas?A partir do retorno a esses questionamentos, com base em uma

análise de conteúdo e de recorrência de tópicos, pude identificar alguns aspectos que

considero importantes de serem reafirmados e considerados em futuros desenhos

instrucionais de cursos a distância.

A Complexidade na formação e atuação docentes e no desenho de

cursos

Coordenadores: Maximina M. Freire – PUCSP

Karin C. Nin Brauer – Colégio Paulista

Diante da inoperância do paradigma tradicional e da emergência de um paradigma

educacional denominado complexo (“tecido junto”), vemo-nos diante da necessidade de

compreender que novos rumos se apresentam para a educação. Fundamentado na re-

/ligação de saberes, imprevisibilidade, recursividade, incompletude e diálogo de opostos

complementares, o paradigma da complexidade (Morin, 2005, 2008) se apresenta como

um referencial epistemológico capaz de fornecer respostas às demandas atuais e lidar

com a ambiguidade e diversidade que caracterizam os contextos contemporâneos.

Fundamentados nesse referencial, os trabalhos que compõem este simpósio visa à (1)

discussão da formação e atuação docentes e (2) à apresentação de novas propostas de

desenho de cursos, concebidos com base na complexidade.

COMUNICAÇÕES INTERNAS

Auto-heteroecoformação tecnológica de professores de inglês do

Ensino Médio em ambiente on-line sob o viés da complexidade

Karin C. Nin Brauer

Este trabalho objetiva descrever e interpretar o fenômeno: desenho de curso de Auto-

heteroecoformação tecnológica de professores de inglês do Ensino Médio em ambiente

on-line sob o viés da complexidade, visando ao uso de interfaces digitais com

propósitos educacionais e à produção de material on-line de ensino por esses

professores. Os aportes teóricos para o estudo das questões interpretativas desta

proposta foram a teoria da Complexidade (MORIN, 2003, 2009, 2011), o design

educacional complexo de curso (FREIRE, 2013), os estudos de produção de material e

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ensino a distância (VALENTE, 2000, 2007), a formação docente (Paulo Freire, 2002,

2005) e a auto-heteroecoformação tecnológica de professores (FREIRE, 2009; FREIRE

e LEFFA, 2013). A investigação foi desenvolvida por meio da elaboração do curso a

distância e também do meu diário descritivo sobre o curso nos quais ficaram registrados

os textos que foram usados para a interpretação do fenômeno em estudo, a partir da

perspectiva de Freire (1998, 2007, 2008, 2009, 2010, 2012), com base em van Manen

(1990). A pesquisa teve como participantes os professores de inglês do Ensino Médio

da rede estadual da cidade de São Paulo. Nesta pesquisa ocorreu a descrição de

diferentes fases que compreenderam e compuseram o fenômeno em foco e a

interpretação. A interpretação sob a ótica do designer pesquisador e dos participantes do

curso revelam os seis temas que compreendem o fenômeno os quais cito a seguir:

interfaces, ensino, aprendizagem, construção, interação e necessidades. A interpretação

desses textos revelou a reflexão dos participantes acerca do desenho de curso de Auto-

heteroecoformação tecnológica de professores de inglês do Ensino Médio em ambiente

on-line sob o viés da complexidade, bem como proporcionou para a professora-

pesquisadora momentos reflexivos sobre o desenvolvimento do curso e a respeito dos

traços complexos necessários para o ensino-aprendizagem.

É possível um novo desenho para o ensino de Língua Portuguesa por

meio do Pensamento Complexo?

Suzanny P. Silva Bium

Ensinar e aprender Língua Portuguesa (LP) na escola são atividades “complexas”, por

isso ser fiel a uma única teoria não garante, aos indivíduos, a compreensão e tão pouco

sua materialização em práticas sociais. Assim, pretende-se levantar uma possibilidade

de pensar o ensino de LP, por meio do Pensamento Complexo, cujo objetivo é olhar

para as novas demandas que emergem da sociedade, dos indivíduos e da escola para que

se estabeleçam movimentos de religação entre esses saberes, uma vez que a experiência

docente tem revelado que muitas práticas de ensino de LP ainda privilegiam tão

somente exercícios de repetição e memorização de regras da gramática normativa

desvinculadas do uso real da língua, nas diferentes esferas sociais. Nesse contexto, a

Complexidade pode revelar-se como uma abordagem teórico-metodológica para o

ensino de LP que possa (re)desenhar esse processo de ensino-aprendizagem, por meio

da religação de saberes que emergem dos diferentes espaços de construção do

conhecimento: científico, acadêmico e social. A fundamentação para essa apresentação

busca em Morin (2011,2014), Freire (2013) e Moraes (2008, 2014) um diálogo que

alimente-nos para uma nova educação que garanta aos indivíduos a conscientização,

conquista e capacidade de participação pela linguagem.

A atuação docente sob uma ótica complexa

Maria Cristina Ferreira Cunha

Esta pesquisa tem como objetivo descrever e interpretar a natureza do fenômeno

atuação docente a partir da observação de aulas ministradas por uma professora

universitária a um grupo de estudantes no decurso do segundo semestre de um curso de

letras inglês em aulas de língua inglesa. Essa experiência está fundamentada em noções

sobre a formação do professor reflexivo (CELANI, 2001, 2002, 2010) e na teoria da

complexidade (CAPRA, 2002, 2006; MORIN, 2009, 2013; MORAES, 2005).

Pretende-se observar atuação da docente segundo aspectos peculiares da complexidade

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como: circularidade, imprevisibilidade, instabilidade e impermanência que afetam a

dinâmica da sala de aula que prevê flexibilidade. Além da discussão do fenômeno

segundo os princípios dialógico, hologramático e recursivo, princípios esses

fundamentais da teoria da complexidade. A pesquisa está sendo desenvolvida sob os

rigores da abordagem hermenêutico-fenomenológica complexa (FREIRE, 2010, 2012).

Áudios das aulas, questionário e diários reflexivos são os instrumentos utilizados para o

registro da experiência a ser interpretada. Existe ainda a possibilidade de haver a e

conversa hermenêutica que é um instrumento peculiar da referida abordagem. Pretende-

se com essa pesquisa contribuir para a esfera de formação de professores.

Um curso semipresencial complexo em uma matriz curricular

tradicional

Maximina M. Freire

Temos testemunhado que, apesar de vigente em muitas instituições, o paradigma

tradicional tem sido contestado. Fundamentado em uma visao newtoniana-cartesiana,

esse paradigma contempla o conhecimento como objetivo, mensurável e passível de

generalizações. Morin (2008) se refere a ele como disjuntor e reducionista, impondo a

ordem, separando o que deve ser conectado, e revelando uma visão simplista e

simplificadora da realidade que se mostra sob o angulo de uma linearidade causal.

Decorrente dele, no entanto, o paradigma emergente, complexo, evidencia a construção/

desconstrução/ reconstrução do conhecimento de forma não linear, não fragmentada,

não disciplinar, e não gradualmente sequenciado. A realidade passa a ser vista, em toda

a sua incompletude e imprevisibilidade, a partir de uma circularidade causal, na qual o

efeito retroage à causa, os opostos dialogam e o todo pode ser maior e menor que a

soma de suas partes. Considerando esse paradigma, o objetivo desta apresentação é

relatar e interpretar a experiência de ministrar uma disciplina semipresencial concebida

sob o enfoque complexo, integrado a uma matriz curricular de natureza tradicional. A

referida disciplina tinha como objetivo desenvolver a habilidade de ler e escrever, bem

como comentar criticamente textos/hypertextos em língua inglesa. A disciplina (de um

semestre, no 1o. ano do curso de Letras) foi desenvolvida de acordo com o design

educacional complexo (Freire, 2013), constando de 3 projetos interconectados que

demandaram o trabalho individual, em pares e em grupos, respectivamente,

desenvolvido pelos 18 alunos que compunham a turma investigada. A interpretação se

baseia no material registrado no curso, coletado por meio das atividades realizadas pelos

alunos e em suas manifestações, ocorridas nos encontros presenciais. Também foram

considerados para a interpretação, as notas de campo registradas pela professora ao

longo do curso. Especial atenção foi dada às implicações educacionais de se oferecer

um curso complexo em um currículo tradicional.

Contribuições da imagem para o desenrolar narrativo

Coordenadores: Priscila Peixinho Fiorindo - Universidade do Estado da Bahia

Ana Virgínia Gomes de Souza Pinto –USP

A arte ou a imagem produzida, numa determinada época, reflete a realidade sócio-

histórico e cultural de um povo, de forma artística. Nesta perspectiva, da Pré-história

aos dias atuais as representações icônicas são consideradas símbolos cheios de

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significados, que acompanham o homem. E, para construir sua história, ele se apoia nas

leituras imagéticas, transformando-as em narrativas reais, imaginárias e, às vezes,

ambas ao mesmo tempo, a fim de delinear seus comportamentos, crenças, valores e

tradições. Diante do contexto, a proposta do simpósio é apresentarmos reflexões de

pesquisadores de diferentes instituições sobre a contribuição das imagens para o

desenrolar narrativo sob algumas perspectivas. Então, num primeiro momento, partindo

do pressuposto de que memória e narrativa são indissociáveis, observamos o papel da

memória de longo e de curto prazo, na produção de narrativa oral, a partir da leitura de

desenhos feitos por crianças, ressaltando os aspectos ideológicos. Posteriormente,

identificamos as interpretações da leitura de imagens da história, sem texto escrito,

privilegiando os aspectos cognitivos e discursivos infantis. Paralelamente, evidenciamos

o desempenho de escolares, no ensino fundamental, na produção narrativa escrita, por

meio da teoria da mente – habilidade de compreender estados mentais – através da

sequência de imagens de uma história, sem texto escrito. E, devido ao fascinante mundo

virtual, onde, principalmente, as crianças e os adolescentes estão imersos na sociedade e

cultura digital, mediada pela internet através dos smatphones, tablets e seus inúmeros

aplicativos, selecionamos algumas produções investigativas publicadas sobre Instagram,

por se tratar de uma ferramenta de imagem com pequenas legendas, onde é possível o

público contar sua vida através da narrativa imagética colorida, desfocada ou borrada

pelos filtros do aplicativo.

COMUNICAÇÕES INTERNAS

Da leitura de imagens à narrativa oral: memória e ideologia

Priscila Peixinho Fiorindo

Partindo do pressuposto de que memória e narrativa são indissociáveis, pois para se

contar uma história é necessário acessar as informações armazenadas em nossa mente,

privilegiamos neste estudo observar o papel da memória de longo e de curto prazo, na

produção de narrativa oral, a partir da leitura de desenhos feitos por crianças de cinco

anos de idade, de ambos os sexos. Conforme Adam (1985), a memória de curto prazo

tem a capacidade limitada de armazenamento das informações, que permanecem,

temporariamente, enquanto são úteis e depois são descartadas. Já a memória de longo

prazo, ao contrário, tem a capacidade ilimitada, onde encontramos, também, a memória

episódica, que se refere aos eventos vivenciados ou imaginados pelo indivíduo, e a

memória semântica, que corresponde aos conhecimentos de mundo acumulados ao

longo do tempo (TULVING, 1972). E considerando que a leitura de imagem é parte da

decodificação e construção de significados de mundo e, ao mesmo tempo, é

influenciada pelas experiências e conhecimentos prévios do sujeito leitor (BITAR,

2002), a constituição do sentido é individual, feita com base em diferentes contextos,

que abarcam conceitos ideológicos verbalizados nas narrativas. Nesta perspectiva, o

método constitui-se em solicitar que as crianças fizessem um desenho e, posteriormente,

narrassem sobre o mesmo. Os dados foram gravados em áudio e transcritos com base

nas Normas do Projeto NURC/USP, propostas por Preti e Urbano (1990). Os resultados

indicam que ao elaborar a narrativa, a partir da leitura das imagens desenhadas, as

crianças interpretam as figuras visualizadas como uma representação icônica que

simboliza algo e, neste processo de recordação, resgatam de suas memórias de longo e

de curto prazo as possíveis associações, entre as imagens dos objetos vistos e o que as

mesmas podem representar, como, por exemplo, as ideologias construídas no cotidiano

dos pré-escolares.

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Da leitura de imagens às interpretações: aspectos cognitivos e

discursivos

Terezinha de Jesus Costa

O presente trabalho se propõe a abordar aspectos de produções discursivas de crianças

de cinco, oito e dez anos, em situação de interação com adulto, durante a leitura de

imagens presentes na história “A briga” (FURNARI, 2002), que foi informatizada e

apresentada às referidas crianças. Assim, os objetivos norteadores são: (a) fornecer

indícios comportamentais sobre a teoria da mente e (b) mostrar que as condutas

explicativas/justificativas são atividades do conhecimento que pressupõe a elaboração

do pensamento e da capacidade dos locutores competentes na apropriação de

conhecimentos pragmáticos implícitos, de modo pertinente e suficiente. As condutas

explicativas/justificativas (VENEZIANO & HUDELOT, 2002) são comportamentos

sociais que dependem das condições de comunicação e interlocução, revelando um

“saber-fazer”, ou melhor, uma teoria da mente. Considerando a importância das

imagens, enquanto estímulo para a produção de histórias por crianças, Aumont (2008)

esclarece-nos que a imagem é um meio de comunicação e de representação do mundo.

Sendo assim, ela pode refletir o elemento cultural de determinado contexto. Ele

enfatiza, ainda, que se a imagem contém sentido, este tem de ser “lido” por seu

espectador, pois a compreensão depende da situação histórica de cada sujeito. Na coleta

de dados, inicialmente, as referidas imagens foram apresentadas, na tela do computador,

para uma primeira construção de narrativa oral. Num segundo momento, o interlocutor

adulto recorre à tutela, de modo que as crianças consigam realizar a tarefa em questão,

uma vez que sozinhas não conseguiriam (FRANÇOIS, 1996; MELO, 1997). Os

resultados mostram-nos que a história escolhida “A briga” pode ser contada/narrada,

tanto em um nível meramente descritivo, como em um nível mais elaborado e com

maior coerência, pela construção de liames explicativos/justificativos e interpretativos,

implicando, também, na atribuição de estados mentais como intenções, desejos e

crenças.

Teoria da mente e desempenho escolar a partir da leitura de imagens

Ana Virgínia Gomes de Souza Pinto

O presente trabalho é um recorte da dissertação de mestrado, “Produção Textual Escrita,

Função Pragmática da Linguagem e Teoria da Mente em Escolares do Ensino

Fundamental II” (PINTO, 2014). O objetivo, aqui, é mostrar a caracterização do

desempenho de 60 escolares do 5ª ano do ensino fundamental, por meio da tarefa da

teoria da mente, a partir da leitura de imagens em sequência. Segundo Veneziano e

Hudelot (2002), esta tarefa corresponde à habilidade de compreender estados mentais e

designar a forma como o sujeito compreende os referidos estados, as vontades, os

conhecimentos e as crenças e como eles influenciam seus comportamentos. A análise da

linguagem, observada por meio da produção escrita de narrativas, abrangendo a

percepção de estados mentais, pode auxiliar estudos sobre relações existentes entre

compreensão e expressão da linguagem e da teoria da mente, já que a representação

icônica costuma ser uma imagem narrável, definida como conjuntos organizados de

significantes, cujos significados constituem uma história, que deve se desenrolar. Nesta

perspectiva, Aumont (2008) afirma que a imagem é um meio de comunicação e de

representação do mundo. Então, cada escolar recebeu uma folha com a sequência de

imagens da história “A pedra no caminho” (FURNARI, 1998) e foram instruídos a

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produzir um texto narrativo escrito sobre a história visualizada. Os sujeitos foram

agrupados, conforme a média do rendimento escolar – GI (7,0 a 10,0), GII (5,0 a 6,5) e

GIII (0,0 a 4,5). Os resultados indicam que os alunos do GI tiveram o melhor

desempenho, devido ao relato, mais frequente, da possibilidade do personagem ‘pensar

que o empurrão foi por querer’, confirmando a presença da teoria da mente, além da

apresentação de outras etapas praticadas pelos personagens no enredo narrativo.

Imagem, narrativas e redes sociais: mapeamento do estado da arte

Juliana Santana Moura

O presente trabalho tem como proposta mapear as pesquisas e investigações produzidas,

nos programas de pós- graduação, sobre imagem e narrativa, considerando a articulação

dessas duas ferramentas com as redes sociais. Nos últimos cinco anos vivemos imersos

na sociedade e cultura digital mediada pela internet através dos smatphones, tablets e

seus inúmeros aplicativos. Novas formas de relacionar-se e interagir são construídas nas

redes, a partir das tecnologias e dispositivas móveis. As pesquisas recentes apontam que

os sujeitos da cultura digital constroem suas identidades e cotidianos influenciados pelas

imagens midiáticas, compartilhadas em redes sociais como Twitter, Facebook e

Instagram. Este último será o recorte e pano de fundo para analisarmos as produções

investigativas publicadas sobre a temática, por trabalhar apenas com imagem e

pequenas legendas. O interesse do público jovem pelo Instagram é notório,

principalmente entre os adolescentes e crianças. Muitos pais fazem perfis para seus

filhos compartilharem selfs e imagens de momentos mais diversos. Os adolescentes

também instagramam suas vidas contando-as através dessa narrativa imagética colorida,

desfocada ou borrada pelos filtros do aplicativo. Quais são os temas que mais instigam

esses sujeitos? O que eles produzem e querem alcançar com essas imagens? Que

linguagem e espécie de narrativa é essa? Por meio do mapeamento do Estado da Arte

identificamos em sites como Scielo, Banco de Teses da Capes, além do buscador

Google Acadêmico, o que dizem os pesquisadores e suas investigações sobre o referido

tema.

Fonética aplicada ao ensino de línguas estrangeiras

Coordenadores: Amaury Silva – PUCSP

Cristiane Silva – UNICAMP

Este simpósio tem como objetivo abarcar o trabalho de pesquisadores cujas pesquisas

tratam do ensino de línguas estrangeiras (espanhol e inglês) à luz de dados provenientes

de pesquisas embasadas em fonética acústica, e discutir sobre a relevância dos dados

obtidos em tais pesquisas para o ensino de língua estrangeira. Os temas discutidos

durante o simpósio acolherão a influência de fenômenos de redução na fala na

compreensão de aprendizes de L2, a produção de variantes róticas por falantes de

diversos dialetos da língua espanhola, a percepção do acento lexical em palavras

cognatas do inglês por falantes nativos do português do Brasil que têm o inglês como

segunda língua.

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COMUNICAÇÕES INTERNAS

Análise da percepção de fenômenos de redução em língua inglesa por

falantes brasileiros aprendizes de inglês como língua estrangeira

Amaury Silva

O objetivo da pesquisa é investigar, por intermédio da análise fonético-acústica,

processos de redução em produções de fala semiespontânea por sujeitos nativos do

inglês e verificar a influência de tais processos na compreensão de sujeitos nativos do

português brasileiro, aprendizes de inglês como língua estrangeira. A escolha de

fenômenos de redução como objeto de estudo foi dada pelo fato de que, apesar da

presença de tais fenômenos na língua materna dos aprendizes de inglês falantes de

português brasileiro, os fenômenos de redução existentes na L2 acarretam dificuldades

para os aprendizes nos níveis de produção e percepção de fala. Com o intuito de realizar

as investigações, foram selecionadas três entrevistas cujos fenômenos coarticulatórios

existentes foram analisados com a utilização do software livre PRAAT, versão 4.5.18,

desenvolvido por Paul Boersma e David Weenink, do Instituto de Ciências Fonéticas da

Universidade de Amsterdã e foram inspecionadas, com base em espectrogramas de

banda larga, as características fonético-acústicas dos segmentos fônicos em processos

de coarticulação que caracterizam os fenômenos de redução. A partir da análise dos

fenômenos de redução foi verificada a sua influência na percepção dos aprendizes de

inglês como língua estrangeira.

Um estudo fonético acústico sobre róticos em dialetos do espanhol

Piedade Cóstola

O projeto tem como objetivo analisar, do ponto de vista fonético-acústico, as produções

de variantes róticas (sons de “r”) por falantes de diversos dialetos da língua espanhola.

A escolha dos róticos como objeto de estudo é motivada por dois fatores: os róticos

representam uma classe de sons que apresentam extensa alofonia condicionada por

fatores linguísticos, paralinguísticos e extralinguísticos; o conhecimento sobre o uso de

variantes róticas é de interesse para o ensino de língua espanhola para brasileiros, pois

as línguas espanhola e portuguesa diferem quanto à correspondência entre uso, grafia e

som quando nos referimos aos róticos. Análise fonético-acústica de produções de

róticos será realizada para descrevermos e embasarmos as suas caraterísticas fônicas,

superando uma análise feita somente a partir da percepção. Mostraremos evidências

encontradas em relação as produções dos falantes e apresentaremos dados preliminares.

O corpus de pesquisa, uma canção folclórica da América Latina intitulada Pedro Navaja

de autoria do cantor e compositor Rubén Blades, será lido por quatro falantes femininos,

falantes nativos do espanhol, variedades colombiana, espanhola, cubana e argentina. A

pesquisa, além de contribuir para a construção de conhecimento sobre o uso dos róticos

em língua espanhola, poderá ter desdobramentos para o ensino de espanhol para

brasileiros.

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A percepção do acento lexical em inglês por falantes de português

Marcia Polaczek

Esta comunicação apresenta uma proposta de investigação da percepção do acento

lexical de palavras cognatas do inglês por falantes nativos do Português do Brasil que

têm o inglês como segunda língua. O pressuposto é que os padrões acentuais e silábicos

do inglês possuem especificidades que influenciam no modo pelo qual são percebidos

por falantes de Português do Brasil (PB). A questão levantada é se a percepção está

pautada em pistas acústicas ou é influenciada por parâmetros do inventário sonoro da

língua materna. Os fundamentos teóricos englobam (1) a caracterização dos padrões

acentuais do inglês e do português; (2) o conhecimento fonético-fonológico do ponto de

vista perceptivo, articulatório e acústico; (3) pesquisas interdisciplinares sobre

percepção de fala em L2; (4) estudos sobre a relação entre percepção e produção de fala

em L2. Além de contribuir com os estudos sobre a fala em L2, o objetivo deste tipo de

pesquisa é auxiliar no desenvolvimento das estratégias de ensino e aprendizagem de

habilidades orais, bem como de pronúncia inteligível em L2.

O papel da prosódia na percepção do sotaque estrangeiro

Cristiane Silva

Os estudos de Anderson-Hsieh et al (1992); Munro (1995); Hahn (2004); Jilka(2000);

Munro e Derwing (2005) e Holm (2008) demonstram que os aspectos suprassegmentais

têm um papel fundamental para a determinação do sotaque estrangeiro. Motivados pelos

resultados obtidos nos estudos anteriores, realizamos um experimento de percepção para

avaliar o grau de sotaque estrangeiro em um grupo de brasileiros falantes de espanhol

como língua estrangeira e verificar se seria possível identificar o sotaque estrangeiro

apenas com informação prosódica. Participaram do experimento de percepção 24

ouvintes espanhóis que ouviram e avaliaram estímulos de 15 brasileiros e cinco

espanhóis. Os estímulos consistiram em um trecho de leitura e um trecho de narração

para avaliar o grau de sotaque em uma escala contínua e em uma versão delexicalizada

do trecho de narração para responder se se tratava de um brasileiro ou de um espanhol.

Os resultados demonstraram que as notas mais baixas atribuídas na avaliação do grau de

sotaque estrangeiro estão associadas, de forma significativa, aos estímulos

delexicalizados que foram previamente avaliados como sendo produzidos por

espanhóis. Esse resultado demonstrou que é possível identificar o sotaque estrangeiro

apenas com as informações prosódicas presentes nos estímulos delexicalizados, ou seja,

com F0, duração e intensidade global.

Linguagem e ciências forenses

Coordenadores: Lilian Kuhn – PUCSP

Ana Carolina Constantini – Universidade Estadual de Campinas

Este simpósio tem por objetivo agregar pesquisadores cujos trabalhos relacionam a

linguagem e a esfera forense. A Linguística Forense investiga a linguagem e suas

relações com o âmbito legal, ou seja, são aplicados conhecimentos específicos das

diversas áreas da Linguística em questões jurídicas. Entre as diversas aplicações da

Linguística Forense, destacam-se a de identificação de autoria de textos e a análise de

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depoimentos. Serão temas de reflexão e debate entre os pesquisadores o panorama atual

da Linguística Forense no Brasil. Estudos recentes em Análise do Discurso aplicados na

realidade do crime também serão debatidos.

COMUNICAÇÕES INTERNAS

Fonética, fonoaudiologia e a identificação de falantes: reflexões sobre o

panorama atual

Renata Vieira

O uso do reconhecimento de falantes para fins forenses é antigo e tem sido utilizado ao

longo da história para a identificação de suspeitos que não foram vistos, mas apenas

ouvidos por testemunhas. A identificação de falantes é a comparação de duas amostras

de fala com o objetivo de se determinar se pertencem ou não a um mesmo indivíduo.

Nos últimos anos, a atuação do Fonoaudiólogo como perito em identificação de falantes

e o uso do termo Fonoaudiologia Forense tem, por vezes, causado dúvidas sobre a

inserção desta perícia na subárea Fonética Forense. A inserção da identificação de

falantes na Fonética Forense é comprovadamente antiga, dado o histórico da área e o

extenso número de pesquisas científicas realizadas em todo o mundo sobre o assunto. O

objetivo desta apresentação é refletir acerca da atividade do Fonoaudiólogo no âmbito

jurídico e sobre o equívoco existente atualmente acerca dos termos Fonoaudiologia

Forense e Fonética Forense.

Silêncio, silenciamento e tortura: violência e sentidos

Monica Azzariti

O presente trabalho centra-se nos conceitos de silêncio e silenciamento apresentados por

Eni Orlandi (2007). Tem-se como objetivo refletir, a partir das ideias apresentadas pela

autora, as relações de força, poder e violência que podem funcionar nos processos de

silenciamento e os sentidos produzidos pelo silêncio em circunstâncias envolvendo

tortura. A análise de um caso real, onde foi possível a gravação de um diálogo

envolvendo torturador e torturado, nos permitirá visualizar e avaliar como esses

processos se dão em uma realidade pouco estudada em Análise do Discurso, a realidade

do crime.

“Fonética” e “voz” na jurisprudência do Superior Tribunal de Justiça

(STJ)

Jael Gonçalves

No campo da Linguística Forense, o Reino Unido (UK) é uma para pesquisadores e

peritos brasileiros. Mesmo sendo o UK importante referência em termos de regras

estabilizadas sobre como proceder como linguista em um caso legal, é relevante

considerar que toda a tradição britânica nessa interface entre linguagem e direito é

consequência do background empírico, tanto na Linguística como no Direito. Pretendo

realizar investigação sobre a situação britânica e a brasileira, comparando como esses

dois sistemas jurídicos lidam com a Fonética Forense em casos jurídicos. Como

primeira etapa, este trabalho apresenta resultados sobre a situação brasileira. Dados

foram coletados do website do Superior Tribunal de Justiça (STJ), com o objetivo de

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descrever o que acontece na jurisprudência dessa Corte quando a jurisprudência

apresenta as palavras “fonética” e “voz”. Questões que nortearam o estudo: qual a

frequência de ocorrência das palavras “fonética” e “voz” na jurisprudência do STJ?; a

quais fatos jurídicos essas ocorrências estão relacionadas?; algum conhecimento

fonético foi utilizado como evidência no julgado?; em casos em que há material de

áudio nos autos, como esse foi coletado? Algum perito trabalhou sobre o material? Há

algum litígio envolvendo o uso das gravações? Foram encontradas seis ocorrências da

palavra “fonética” e 47 da palavra “voz”. Na maioria dos casos com material de áudio, a

fonte desse material é predominantemente interceptação telefônica. Verificou-se que as

principais causas de pedir da defesa, no que diz respeito à prova de áudio, são: (i)

ausência de perícia, (ii) não participação de peritos no tratamento do material e (iii)

transcrição incompleta de gravações. Esses resultados evidenciam o fato de que, no

Brasil, o uso de dados de áudio como prova é ainda realizado de modo não sistemáticos,

e esforços devem ser feitos a valorização de linguistas, especialmente de foneticistas, no

sistema jurídico brasileiro.

A construção de conhecimentos e saberes em diversos

contextos educacionais: uma perspectiva complexa da

formação discente, docente e de gestores educacionais

Coordenadores: Keila Christina Almeida Portela - Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia

de Mato Grosso

Mauricio Viana Araújo – Universidade Federal de Uberlândia

Este simpósio tem por objetivo reunir diferentes trabalhos e reflexões acerca da

formação docente e discente em diversos contextos de sala de aula, EAD e presencial.

O fio condutor desses trabalhos em Linguística Aplicada é a pesquisa sobre o uso de

tecnologia na formação de professores e alunos, fundamentada na complexidade

(MORIN, 2005, 2010, 2011, 2012). Aguilar, sob a ótica do complexeducational design

(FREIRE, 2012), trata da preparação, reflexão e execução de uma disciplina para alunos

de um curso de pós-graduação em gestão escolar; Araújo discute os relatos de

graduandos referentes ao emprego das ferramentas virtuais usadas num curso de

produção textual a distância; Portela reflete sobre a formação tecnológica dos docentes

de um curso técnico em secretariado; Generoso aborda o ciclo multimodal de leitura no

ensino de francês como Língua Estrangeira. A abordagem hermenêutico-

fenomenológica, na perspectiva de Freire (1998, 2007, 2010, 2011, 2013), é a

metodologia de pesquisa usada na descrição e interpretação dos materiais textuais

produzidos nos contextos das investigações de cada um dos trabalhos deste simpósio.

COMUNICAÇÕES INTERNAS

A preparação, reflexão e execução de uma disciplina num curso de

pós-graduação conforme o complex educational design o:

reconstruindo conhecimentos em rede

Gabriel Jiménez Aguilar

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O objetivo deste estudo é refletir sob a preparação, reflexão e execução da disciplina

Educação a distância: o conhecimento em rede, num curso de pós-graduação, tendo

como base o complexeducational design (FREIRE, 2012) como norteador para as ações

de preparação, reflexão e execução da disciplina citada. O estudo encontra, também,

como fundamentação teórica a complexidade (MORIN, 1996, 2000, 2002, 2011 e

BEHRENS, 2006) para propor ações de ressignificação em uma disciplina de um curso

de pós-graduação. Para interpretar a experiência da preparação, reflexão e execução

dessa disciplina presencial, que aborda a temática de EAD, sob a ótica do

complexeducational design, uso a abordagem hermenêutico-fenomenológica (FREIRE,

2007, 2010, 2012). As anotações e registros antes, durante e depois do curso são os

textos que serão interpretados à luz dessa abordagem. O curso foi realizado no mês de

junho de 2015, numa universidade privada da zona leste de São Paulo, e contou com 17

alunos participantes. Os primeiros textos revelam que é necessária uma mudança no

pensamento dos alunos em relação ao paradigma educacional que trazem da época da

graduação e uma mudança de conceitos em relação à educação a distância.

Nem tudo que reluz é ouro, ou a ojeriza dos alunos às ferramentas

virtuais, num curso a distância

Maurício Viana de Araújo Universidade Federal de Uberlândia

O objetivo desta comunicação é refletir sobre uma experiência complexo-

transdisciplinar de ensino a distância ocorrida no ambiente virtual de aprendizagem

Moodle, em que as próprias ferramentas virtuais usadas para o desenvolvimento do

curso foram apontadas pelos alunos como um grande empecilho para a constituição das

relações de ensino-aprendizagem nele. A metodologia de pesquisa adotada foi a

abordagem hermenêutico-fenomenológica (FREIRE, 2007, 2010, 2012; van MANEN

1990), uma metodologia qualitativa de pesquisa, cujo objetivo é descrever e interpretar

fenômenos da experiência humana, em busca de suas essências. Este foi um subtema do

tema hermenêutico-fenomenológico dificuldade, que veio à luz na interpretação do

material textual produzido no contexto das atividades de um curso de produção textual a

distância objeto de minha pesquisa de doutoramento defendida em abril de 2015. No

relato dos alunos, foram muito contundentes as críticas negativas ao Moodle, que é

atualmente um ambiente virtual adotado por muitas instituições de ensino no Brasil e no

mundo, considerado por eles como uma ferramenta pouco amigável e pesada,

diferentemente dos recursos interacionais à disposição dos usuários das redes sociais

mais populares.

A formação tecnológica a distância para docentes de um curso Técnico

em Secretariado, sob a perspectiva da complexidade.

Keila Christina Almeida Portela

O objetivo deste estudo é descrever e interpretar o fenômeno formação tecnológica dos

docentes do curso Técnico em Secretariado de uma instituição federal, por meio da

oferta de um curso a distância utilizando a plataforma Moodle. A pergunta de pesquisa:

Qual a natureza do fenômeno formação tecnológica dos professores do curso Técnico

em Secretariado de uma instituição federal baseado na complexidade sob a perspectiva

de todos os participantes? é ponto instigador deste trabalho. Os aportes teóricos para

este estudo foram baseados na Complexidade de acordo com Morin (1996, 2000, 2002,

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2011), Behrens (2006) e Freire (2009, 2012); na educação a distância, conforme Moraes

(2004) e Moran (2007); na formação tecnológica de professores segundo Kenski (2010),

Almeida (2003, 2005), Valente (2003), Moraes (2007, 2008), Freire (2009, 2010, 2012)

e Silva (2012); e no design educacional complexo, na visão de Freire (2013).

Metodologicamente, esta tese adota a abordagem hermenêutico-fenomenológica, a

partir da perspectiva de Freire (1998, 2007, 2010), com base em van Manen (1990) e

Ricoeur (1986/2002). Os participantes da pesquisa foram 6 docentes com formação

técnica que ministram aulas no curso Técnico de Secretariado de uma instituição

pública federal. A descrição e a interpretação da manifestação do fenômeno em foco

foram feitas por meio dos processos da textualização, tematização e pelo ciclo de

validação, operacionalizados pelas rotinas de organização e interpretação, propostos por

Freire (2007, 2010). As associações desenvolvidas revelaram que o fenômeno em

estudo se estrutura em 4 grandes temas e seus desdobramentos. São eles: atualização

com o desdobramento novos recursos; conceito com seus desdobramentos ead,

oportunidade, resistência, preconceito, inovação e comprometimento; desafio e seus

desdobramentos elaboração, conhecimento, e por último, o tema determinação (sem

desdobramentos).

Ciclo multimodal de leitura: uma proposta de ensino de língua

francesa para professores da rede municipal.

Lisa Generoso

O objetivo desta pesquisa é descrever e interpretar o fenômeno ciclo multimodal de

leitura no ensino de francês como Língua Estrangeira. A fundamentação teórica que a

sustenta encontra-se nos seguintes construtos: complexidade, conforme a perspectiva de

Morin (2006/2009), leitura conforme a perspectiva multimodal (Rojo, 2012) e ensino de

Francês como Língua Estrangeira, FLE (Courtillon, 2003). Metodologicamente, este

estudo segue uma orientação da abordagem hermenêutico-fenomenológica (AHF), de

acordo com Freire (2007, 2010, 2012), com base em van Manen (1990). Esta pesquisa

conta com dez participantes que atuam na rede pública como professores de variados

ciclos pedagógicos e variadas disciplinas. São participantes que estão no nível iniciante

do curso de língua francesa e a escolha é dada pelo impacto que o ciclo multimodal de

leitura pode causar nos alunos, com base do suporte teórico da AHF para a interpretação

do material coletado no curso. A pesquisa terá início com um questionário dado para os

alunos, visando obter informações básicas sobre o perfil de cada participante. Após a

realização de várias leituras de textos clássicos durante um mês de aula, os alunos farão

um relato das aulas que tiveram e por fim, no segundo mês de coleta, os alunos

responderão a um questionário final do trabalho, este caracterizado como ciclo

multimodal de leitura. O ciclo multimodal de leitura, fenômeno estudado nesta

pesquisa, será interpretado conforme com as especificidades da orientação metodológica

adotada, visando contribuir para o ensino de Francês e outras línguas estrangeiras no

Brasil, inspirando pesquisas e aplicações futuras.

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Roteiros de aprendizagem: o uso das tecnologias na

construção de conhecimentos linguísticos sob o viés da

complexidade

Coordenadores: Cristina Freire de Sá - Centro Universitário Senac São Paulo

Lídia Souza Bravo – Instituto Federal de São Paulo

As tecnologias digitais da informação e comunicação têm impactado cada vez mais nos

processos pedagógicos desafiando, principalmente os docentes a repensarem suas

práticas. Partindo desse panorama, o presente simpósio busca apresentar e

discutir propostas sobre o uso das tecnologias na criação de roteiros de aprendizagem de

línguas e projetos interdisciplinares que envolvem o design educacional. A partir de

uma interpretação complexa sobre cases em que o uso de diversas ferramentas

potencializa a construção de conhecimento linguístico, busca-se problematizar o uso

crítico e reflexivo das tecnologias digitais como interfaces complexas que dão suporte

aos processos de ensino-aprendizagem. Dessa forma, devido às necessidades de

adaptação a ambientes criados pelas tecnologias digitais de comunicação, a introdução

de projetos interdisciplinares pode significar inovações nos sistemas educacionais com a

possibilidade de integração entre diferentes disciplinas tanto quanto diferentes áreas.

Neste sentido, procura-se responder aos desafios de integrar não só disciplinas, mas

formas de compreender e pensar a solução de problemas educacionais contemporâneos.

Os conceitos que dão fundamento à discussão sobre o paradigma da complexidade têm

inspiração nos estudos do Grupo de Pesquisa sobre a Abordagem Hermenêutico-

Fenomenológica e o Paradigma da Complexidade organizados por Maximina FREIRE

(2007,2008), a partir da leitura de van Manen (1990) e de Morin (2002, 2005, 2013).

COMUNICAÇÕES INTERNAS

Construções linguísticas em projetos interdisciplinares em um curso

superior de tecnologia.

Lidia Bravo de Souza

A visão sistêmica integra as relações e suas intro-retro-ações entre qualquer fenômeno e

o seu contexto. Partindo do posto que o pensamento ecologizante situa todo

acontecimento, informação ou conhecimento na sua relação de inseparabilidade com

seu ambiente (MORIN, 2002), observo a natureza do ensino de línguas por meio do uso

de tecnologias em cursos de graduação em uma instituição federal que passa a integrar

projetos interdisciplinares. Percebe-se um movimento natural de busca de ligação de

saberes entre as disciplinas de um curso superior da área de tecnologia e informática,

englobando-as em um sistema, ao mesmo tempo aberto e fechado

(MORAES&ALMEIDA,2012). Considerando a atuação de um professor que tem ao

seu dispor as novas tecnologias que favorecem um aprendizado independente e

colaborativo; plataformas de apoio ao ensino presencial; facilidade de acesso aos

dispositivos com gravação de áudio e vídeo e envio instantâneo de mensagens é preciso

tempo de maturação para a adoção de novos enfoques, procedimentos e práticas

(FREIRE,2010). Todavia, as visíveis alterações de hábitos na comunicação nas grandes

metrópoles que se refletem na comunidade escolar por meio das TICs, como novas

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ferramentas de ensino-aprendizagem, estabelecem articulações disciplinares complexas

que podem viabilizar a transdisciplinaridade. Neste relato de experiência descrevo o

intercâmbio e cooperação que pode constituir-se como um projeto ao mesmo tempo

interdisciplinar como transdisciplinar (MORIN,2002:110).

O uso de storyboards na criação de recursos educacionais digitais

autoinstrucionais sob a perspectiva da complexidade.

Cristiane Freire de Sá

O uso de storyboards na criação de recursos educacionais digitais autoinstrucionais sob

a perspectiva da complexidade.

Com o crescimento da educação a distância (EaD), especialmente no contexto da

educação corporativa e de cursos livres, o uso de recursos educacionais

autoinstrucionais tem sido uma escolha cada vez mais comum. Nesse contexto, surgem

modelos de produção de cursos, especialmente o modelo de produção denominado

RapidInctruction Learning (RID) (LEE, 2010) que visa a atender demandas de instrução

rápida em diferentes contextos (FILATRO, 2008). Para a produção de cursos nesse

modelo, emerge a necessidade do uso de estratégias e ferramentas adequadas, sendo os

storyboards, recursos amplamente utilizados na criação de recursos autoinstrucionais

concebidos num formato multimídia como apresentam Veras (2003) e Filatro (2008).

Entretanto, ainda que as leis de mercado influenciem as demandas educacionais,

principalmente no que diz respeito ao princípio de rapidez no desenvolvimento das

aprendizagens, emerge um paradigma que rompe com o processo de fragmentação e

simplificação da construção de conhecimento, esse paradigma se apresenta como a

complexidade proposta por Morin (2009). No âmbito do design instrucional, as

contribuições do design educacional complexo (DEC) proposto por Freire (2013),

possibilitam propor o uso de storyboards na criação de recursos educacionais numa

perspectiva da complexidade, especialmente no que diz respeito a organização dos

conteúdos em estruturas hipermidiáticas não lineares. A complexidade permite o

planejamento de recursos educacionais numa proposta não linear, por meio do uso de

hipertextos e integração de recursos multimídias que abrem as possibilidades de

interatividade. Assim, apresento nesse simpósio, possibilidades de planejamento e

desenvolvimento de recursos educacionais digitais autoinstrucionais sob a luz da

complexidade de Morin (2009) e do DEC de Freire (2013), apresentando outras formas

de desenvolver aprendizagens pelos modelos de produção de design educacional no

contexto da EaD.

Apresentando um speech com uso do PowerPoint: uma reflexão sob o

viés da complexidade.

Ariane Macedo Melo

O contexto atual, permeado por espaços de aprendizagem propiciados pelas Tecnologias

digitais de informação e comunicação (TDIC), especialmente a internet, que abrem

oportunidades para a utilização de materiais autênticos e para a comunicação entre

aprendizes de diferentes localidades, exige uma formação globalizada, que permita ao

aluno vivenciar novas experiências por meio de uma língua estrangeira. Assim, torna-se

cada vez mais urgente uma formação inicial que dê conta de aspectos tanto linguísticos

quanto tecnológicos. Diante desse cenário, desenvolvi com os alunos do 4º semestre do

curso de Letras de uma universidade pública em Mato Grosso, durante as aulas da

disciplina de Língua Inglesa, uma atividade que envolveu a apresentação de um

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discurso (speech) pelos acadêmicos, guiada por fotos e figuras exibidas por meio do

PowerPoint. Apresento, neste simpósio, a reflexão acerca dessa atividade, que objetivou

interpretar se a mesma revela traços de complexidade, apesar de não ter sido

deliberadamente desenhada à luz desse paradigma. Essa reflexão teve como base as

ideias de Morin (2011), acerca do paradigma complexo e da complexidade, de Freire

(2013), a respeito do design educacional complexo, do Grupo de Nova Londres (1996)

no que concerne aos multiletramentos, dentre outros autores. Descrevo, portanto, a

preparação, execução e reflexão da atividade desenvolvida com os alunos,

contemplando-a à luz da fundamentação teórica apresentada.

Produção de videoaulas com professores sob uma perspectiva

complexa.

Ricardo Medeiros Priuli

No desenvolvimento de recursos didáticos que auxiliem a construção de conhecimento,

a utilização crítica das tecnologias tornou-se um desafio no contexto da educação,

especialmente na criação de vídeos educativos (MARTINS, BARRETO e BORGES,

2009). Partindo dessa visão no âmbito dos recursos audiovisuais utilizados na escola,

Wohlgemuth (2005) propõe o desenvolvimento de videoaulas numa perspectiva crítica

em que apresenta o conceito de pedagogia audiovisual, onde o vídeo possui relevância

social por ser dirigido para um determinado grupo de estudantes, diferente do material

audiovisual de TV e cinema que é voltado para as grandes massas no qual o sujeito é

homogeneizado. Nesse contexto é preciso superar o pensamento fragmentador e

simplificador que ainda permanece na escola com relação ao uso do vídeo como recurso

para matar tempo (MARTINS, BARRETO e BORGES, 2009). Nesse sentido, é preciso

uma proposta de capacitação de professores que permita que esses agentes

compreendam a linguagem audiovisual como uma interface complexa que considera os

sujeitos e contextos, na construção de conhecimentos numa perspectiva complexa

conforme apresenta Morin (2009). Assim, nesse simpósio apresento uma proposta de

capacitação de professores na produção de videoaulas inspirado pelo pensamento

complexo de Morin (2009) e pelo Design Educacional Complexo desenvolvido por

Freire (2013), articulando saberes da área de audiovisual, complexidade e recursos

tecnológicos para a produção de videoaulas temáticas.

A metáfora sob o enfoque da LSF

Coordenadores: Ulisses Tadeu Vaz de Oliveira - Universidade Federal da Grande Dourados

Elizabeth Del Nero - FACÁSPER/FMU

O objetivo deste simpósio é o exame da função persuasiva das metáforas ideológicas

que integram gêneros discursivos diversos (o editorial, a propaganda, o romance

literário, etc.). Uma metáfora ideológica pode ser definida como a que esconde

processos sociais subjacentes, que interferem na interpretação e, em geral, é encontrada

em tipos persuasivos de discurso. Nesse sentido, enfoca a metáfora intertextual, um

produto de situações culturais específicas, em proveito dos processos persuasivos na

interação. As análises baseiam-se em termos gerais no enquadre cognitivo-semântico e

multimodal, com apoio da Linguística Sistêmico-Funcional (LSF). Um aspecto

importante da ideologia – o sistema de valores – pode ser descrito linguisticamente em

termos da avaliação presente nos textos. Na LSF, a avaliação é estudada pela LSF sob a

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denominação de Avaliatividade, um sistema que trata do posicionamento do escritor em

relação à mensagem e ao interlocutor, em termos de sentimento, julgamento ético de

pessoas e apreciação estética de objetos. As pesquisas deste simpósio devem responder

essencialmente às seguintes perguntas: (a) Quais são as escolhas léxico-gramaticais

feitas na microestrutura do texto que constituem as metáforas dos gêneros examinados?

(b) De que modo as metáforas revelam a ideologia presente na macroestrutura do

discurso? (c) Que função tem a Avaliatividade em (a) e (b)? As pesquisas têm aporte de

teorias que corroboram a visão de que todas as metáforas ideológicas precisam

necessariamente de metonimizações subjacentes, havendo, assim, um continuum

metáfora-metonímia. Enquanto a metáfora é um recurso apoiado na substituição, a

metonímia responde pela contiguidade entre a fonte e valores arraigados na cultura de

uma comunidade.

COMUNICAÇÕES INTERNAS

A Metáfora Ideológica e a Persuasão: Um Enfoque Crítico da

Gramática Sistêmico-Funcional

Lidia Bolze

O objetivo deste projeto de mestrado é analisar a função persuasiva das metáforas

ideológicas e das imagens em propagandas de produtos de beleza. As teorias que

embasam esse estudo afirmam que todas as metáforas ideológicas precisam

necessariamente de metonimizações subjacentes, havendo, assim, um continuum

metáfora-metonímia além da intervenção da noção intermediária de sinédoque. A

metáfora ideológica pode ser definida como a que esconde processos sociais

subjacentes, que interferem na interpretação e, em geral, é encontrada em tipos

persuasivos de discurso como a propaganda. Os propagandistas iludem os consumidores

potenciais por meio de artifícios verbais ou não-verbais tais como, metáforas, estilo

disjuntivo, estilo coloquial, além da participação de imagens persuasivas, que

concorrem para expressar a avaliação – explícita ou implícita – dos produtos

anunciados. Por outro lado, a avaliação – em que têm participação ativa tanto as

metáforas, quanto as imagens - ajudam a criar uma apresentação sistematicamente

organizada da realidade, consistente na configuração total das práticas discursivas das

instituições de uma sociedade. Assim, a propaganda organiza o discurso, cativa a

audiência e sinaliza sua posição atitudinal. A análise crítica da metáfora deveria ser um

componente central da análise do discurso crítica. A análise será feita dentro de um

enquadre cognitivo-semântico e multimodal, com apoio da Gramática Sistêmico-

Funcional. O corpus da pesquisa envolve propagandas de produtos de beleza, oferecidos

tanto para o público masculino quanto para o feminino. A pesquisa deve responder às

seguintes perguntas: (a) Como se caracteriza a metáfora ideológica nas propagandas?

(b) Que relação existe entre o elemento imagético e o verbal nas propagandas?

A Metáfora Como Um Recurso Retórico Para A Realização Da

Persuasão Implícita Em Textos Argumentativos Sob o Enfoque

Sistêmico-Funcional

Caio Silva Sousa

O objetivo desta apresentação é o exame crítico dos recursos utilizados para a realização

da persuasão implícita e da metáfora, em editoriais publicados em jornais. A

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argumentação recorre à persuasão que, por meio da convicção ou da sedução, no

contexto em que os interlocutores sejam convencidos de que não foram convencidos.

Assim, a persuasão tende a ser altamente implícita. Um dos principais recursos usados

para persuadir os leitores é a metáfora, foco desta análise. O estudo leva em conta a

lógica informal, preconizada pela dialética-pragmática, um dos paradigmas mais

influentes nos estudos da argumentação, que integra intravisões pragmáticas com as

dialéticas. Uma abordagem que enfoca argumentos da vida real, enfatizando a

importância dos fatores retóricos no arguir e convencer as pessoas, mostrando a

confiança na efetividade do argumento em fatores centrados também na audiência. Por

isso, dialética-pragmática é provavelmente um dos paradigmas. A pesquisa tem o apoio

básico da Linguística Sistêmico-Funcional, uma teoria multifuncional, indicada como

sendo adequada para a análise do discurso crítica. Esta análise deve responder às

seguintes perguntas: (a) Como é a estrutura de uma argumentação: como começa, como

é percebida, desenvolvida e como termina? (b) Em que fase há maior presença dos

elementos implícitos de persuasão e de metáfora? (c) De que tipo são essas metáforas e

quais predominam em uma argumentação de editorial?

A Metáfora Em “O Ateneu”, De Raul Pompéia: Um Enfoque Crítico

Da Gramática Sistêmico-Funcional

Nanci Vallezi

O objetivo desta pesquisa é o exame de cunho pragmático-cognitivo crítico das

metáforas envolvidas no processo persuasivo da construção da personagem de

Aristarco, da obra O Ateneu, de Raul Pompeia. A análise tem o apoio da proposta

teórico-metodológica da Gramática Sistêmico-Funcional, que permite relacionar as

escolhas feitas na microestrutura léxico-gramatical do texto com a macroestrutura das

relações de força no discurso. Na microestrutura, serão enfocadas as escolhas léxico-

gramaticais que constituem a metáfora além da avaliação que permeia esse tropo. A

força persuasiva da metáfora depende da noção de frames de referência associados a

cada escolha lexical: cada escolha desencadeia uma rede mais ampla de associações

prototipicamente presentes no uso do termo. A produção de um texto escrito é um

processo social porque representa uma interação entre escritor e leitor e, também,

porque o texto representa um papel num determinado sistema social, devendo ser

entendido no contexto de uma determinada ideologia. Um aspecto importante da

ideologia – o sistema de valores – pode ser descrito linguisticamente em termos da

avaliação presente nos textos. Na Gramática Sistêmico-Funcional, a avaliação é

estudada sob a denominação de Avaliatividade, um sistema que trata do posicionamento

do escritor em relação à mensagem e ao interlocutor, em termos de sentimento,

julgamento ético de pessoas e apreciação estética de objetos. A pesquisa deve responder

às seguintes perguntas: (a) Qual é a função das metáforas que subjazem à personagem

de Aristarco? (b) Que escolhas léxico-gramaticais referentes à Avaliatividade constroem

as metáforas nesse processo?

A Construção Da Comicidade Em "Dom Quixote" Através Da

Metáfora: Um Enfoque Sistêmico-Funcional

Vanessa Alves Maximo dos Santos

Apoiada nos três significados (ideacional, interpessoal e textual) trazidos pela teoria da

Linguística Sistêmico-Funcional, proposta iniciada por Halliday, minha apresentação

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pretende analisar como ocorre a construção da comicidade nas interações linguísticas

entre Dom Quixote e Sancho Pança no clássico Dom Quixote, de Miguel de Cervantes.

As escolhas dos elementos que compõem o diálogo entre as personagens - aliado ao

entorno em que as ações ocorrem- proporcionam, sem dúvida, o riso e o divertimento. O

contato com propostas que aliam a macroestrutura do discurso com a microestutura das

escolhas lexicogramaticais do texto original - tal como é feito pela Línguística

Sistêmico-Funcional (LSF) – possibilita esse tipo de estudo, que alia discurso e

gramática, e contribui para entender o modo como, por meio do deslocamento de falas

ou de apropriações linguísticas, a comicidade é elaborada no Quixote. A pesquisa deve

responder às seguintes perguntas: (a) De que maneira a metáfora conceitual contribui

para a construção do cômico? (b) Que escolhas lexicogramaticais estão presentes no

texto? (c) Como se apresenta a metáfora gramatical? . Para tanto, além do uso da LSF, é

importante não perder de vista as bases teóricas que fundamentam os estudos sobre

metáfora conceitual e gramatical e a relação imprescindível entre língua e contexto,

tanto situacional quanto cultural em que foi concebido o romance de Cervantes. Para a

GSF, o contexto é de natureza social, envolvendo: (a) Gênero (contexto cultural) e

Registro (contexto situacional). A ideologia ocupa um nível superior de contexto, na

medida em que, em qualquer Registro e em qualquer Gênero, o uso da língua será

sempre influenciado por posições ideológicas (valores, tendências e perspectivas).

Implicitude e Persuasão sob enfoque sistêmico-funcional

Coordenadores: Sumiko Ikeda – PUCSP

Marcelo Saparas - Universidade Federal da Grande Dourados

Pelo menos desde Frege, ficou claro para os estudiosos que tratam da língua e do texto

(embora o fato já estivesse claro para os profissionais da retórica por milênios) que a

apresentação implícita de um conteúdo pode facilitar a persuasão da audiência. A

implicitude, além de ser um traço indispensável da língua - cuja primeira função é

econômica por natureza - também desempenha um papel importante na comunicação

persuasiva. Os conteúdos são expressos de modo implícito principalmente por meio de

implicaturas, enquanto a responsabilidade do falante é conservada implícita

principalmente por meio da pressuposição e da topicalização. Esses dois fatores –

pressuposição e topicalização -, ao esconderem a responsabilidade do falante, parecem

alcançar maior impacto de implicitude do que a implicatura (que esconde conteúdo

nocional). Essas questões, se vistas da perspectiva da Gramática Sistêmico-Funcional

(GSF), seriam consideradas como produtos da característica da linguagem humana de

permitir diferentes escolhas léxico-gramaticais para falar de um mesmo assunto. A esse

respeito, a Linguística Crítica (LC), com base na GSF, enfoca a seleção que é feita na

construção de textos, em fatores que restringem e determinam essas escolhas (i.e., sua

causa e seu efeito. A LC envolve a análise ideológica do conteúdo textual implícito, e

baseia-se na visão de que textos não são neutros como parecem, pois os processos

sociais que levam a escolhas conscientes são escondidos ou feitos opacos na codificação

linguística.

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COMUNICAÇÕES INTERNAS

Causa, Condição e Concessão em Função da Persuasão sob o Enfoque

Sistêmico-Funcional

Claudia Moreira Santos

O objetivo desta apresentação é o exame das funções interpessoais dos conectivos

causais, concessivos e condicionais - envolvendo também os casos de sua omissão -

com enfoque no processo persuasivo exercido por esses conectivos. Assim, esta

pesquisa centra-se na função pragmática exercida por esses conectivos, além do seu

conhecido papel de sinalizar a dependência sintático-semântica em relação à oração

principal. Em textos marcadamente argumentativos, tais como artigo de opinião,

diálogo e uma redação bem avaliada no exame do ENEM, os conectivos serão

examinados tanto como elementos interativos, orientando o leitor no percurso do texto,

quanto como elementos interacionais, contribuindo no processo persuasivo, ao

estabelecer a lógica da argumentação. A pesquisa tem o apoio da Gramática Sistêmico-

Funcional (GSF), “um modelo multiperspectivo, designado a dar aos analistas lentes

complementares para a interpretação da língua em uso", a qual constrói três significados

simultâneos, segundo a orientação da GSF: Ideacional (informação), Interpessoal

(interação) e Textual (a organização linguística dos dois outros significados). A referida

simultaneidade deve-se ao fato de a língua possuir um nível intermediário de

codificação, a léxico-gramática, um conjunto de opções de formas linguísticas

concretas, que se relacionam com a estrutura profunda, onde se encontram, por

exemplo, posições ideológicas subjacentes. A GSF propicia, assim, o exame da

interface gramática/discurso, a aliança entre as formas morfossintáticas da língua com

as funções semânticas e pragmáticas a que elas servem na comunicação, ou seja, no uso

da língua. A presente pesquisa, com o apoio teórico-metodológico da Gramática

Sistêmico-Funcional, responde às seguintes perguntas: (a) como são realizadas as

relações de causa, condição e concessão nos textos examinados; (b) qual é o papel

dessas relações na persuasão que percorre o texto argumentativo?

A Interferência de Discursos: O Texto Multimodal sob o Enfoque

Sistêmico-Funcional

Eliane Alves de Sousa

O objetivo desta apresentação é o exame, de cunho crítico, da persuasão que percorre a

"interferência de discursos" em texto multimodal, nas questões que cercam o fastfood e

a obesidade, para verificar como os diferentes domínios que oferecem o alimento têm-se

manifestado sobre o assunto, e ao consultar o estado da arte dos estudos linguísticos,

verifiquei que, devido ao advento da mídia digital interativa e ao uso crescente da

tecnologia na comunicação, estávamos cada vez mais cercados por textos com formas

complexas, densas, multiniveladas de significado. Há propostas que mostram a

interrelação estreita entre os domínios da ciência, da política e da mídia, que governam

o discurso da mudança climática. Os três domínios têm seus próprios critérios para

julgar uma informação como útil e efetiva, fato que foi chamado de "interferência de

discursos" com exigências diferentes vindas de cada domínio. Enquanto a ciência

valoriza definições acuradas e objetivas de conceitos, o domínio da política está mais

interessado no uso de descobertas de pesquisa para melhorar as políticas que apoiam

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interesses públicos e privados; já a mídia está mais preocupada com o valor das notícias

dessas descobertas e não tanto com o valor científico ou o seu uso como instrumento

político. A pesquisa deve responder às seguintes perguntas: (a) Quais são os recursos

persuasivos empregados por esses domínios?;e (b) Que papel tem a relação língua-

imagem nesse processo? A base teórica para muitas pesquisas realizadas nos estudos

multimodais apoia-se na teoria sistêmico-funcional da sócio-semiótica da Gramática

Sistêmico-Funcional.

Ensaios argumentativo-persuasivos sob a perspectiva Interpessoal: Um

enfoque sistêmico-funcional

Samuel da Silva

O ato de argumentar, de orientar o discurso no sentido de determinadas conclusões,

“constitui o ato linguístico fundamental, pois a todo e qualquer discurso subjaz uma

ideologia, na acepção mais ampla do termo”. Porém, nossos alunos, na sua grande

maioria, encontram dificuldades em argumentar, discutir ou avaliar de modo

competente e persuasivo. Assim, este projeto de doutorado analisa o gênero ensaio,

examinando o modo como a disposição de recursos interpessoais afeta o sucesso da

argumentação na defesa de uma hipótese. Para tanto, efoco a consciência da audiência

por parte do escritor do texto, abrangendo dois componentes interpessoais usados no

processo persuasivo do leitor: o interativo (referente a pistas no texto para orientar o

leitor) e interacional (referente ao posicionamento atitudinal do escritor em relação à

mensagem e ao leitor). A pesquisa deve responder às seguintes perguntas: (a) Qual é a

estrutura de gênero nos ensaios examinados? (b) Quais são as escolhas léxico-

gramaticais que realizam a função interacional, bem como a função interativa?

A análise tem, basicamente, o apoio teórico-metodológico da Gramática Sistêmico-

Funcional.

A Realização da Persuasão Implícita: Uma Abordagem Sistêmico-

Funcional

Leila Cristina da Silva

Aline Fernandes Melo

O resultado de uma persuasão retórica é que os participantes devem ser convencidos de

que não foram convencidos. Segue-se que a persuasão tende a ser altamente implícita e

a evitar a linguagem atitudinal normalmente associada ao significado interpessoal,

dependendo em grande parte, por exemplo, do sistema de valores partilhados. A

convicção e a sedução são processos que se incluem numa relação de espécie-para-

gênero, no hiperprocesso da persuasão. Não é preciso dizer que, para persuadir, as

reportagens de notícias e comentários sobre assuntos políticos precisam ser mostradas

como verdadeiras e plausíveis através da incorporação de feições persuasivas. A

convicção envolve uma lista de passos argumentativos que – espera-se - deverão ser

aceitos pelo interlocutor. Mas, frequentemente, a persuasão cerceia a participação

cognitiva do leitor no processo de aceitar a perspectiva do autor e, nesses casos,

podemos falar de “sedução” em vez de convicção. A pesquisa conta com o apoio básico

da Gramática Sistêmico-Funcional (GSF), que, por meio das escolhas léxico-

gramaticais feitas no texto, pode revelar a ideologia e relações de poder no discurso,

contando também com contribuições vindas da Pragma-Dialética; da Teoria da

Argumentação; da noção de falácia, e deve responder às seguintes perguntas: (a) Como

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é feita a persuasão por meio da implicitude em textos de divulgação científica e na

propaganda? (b) Que diferenças há entre a persuasão presente nesses diferentes

gêneros? (c) Como pode a Gramática-Sistêmico-Funcional dar conta desse processo

persuasivo?

Medidas de qualidade vocal

Coordenadora: Zuleica Camargo

Alguns elementos que influenciam a qualidade vocal não são enfocados em estudos

voltados às correlações entre percepção e acústica, apesar da importância das descrições

de qualidade vocal nos campos das alterações vocais, da expressividades e dos estudos

interlínguas. Além disso, há poucos estudos enfocando os correlatos acústicos dos

ajustes de qualidade vocal que podem ser identificados com o auxílio de avaliação de

qualidade vocal com motivação fonética: Vocal Profile Analysis Scheme (VPAS). A

descrição detalhada dos correlatos acústicos da qualidade vocal e sua capacidade

discriminante no sentido de predição de ajustes de qualidade vocal não é tarefa simples,

mas pode auxiliar a delimitação de eventos (laríngeos e supralaríngeos) relacionados à

produção e percepção da voz.

COMUNICAÇÕES INTERNAS

Medidas fonatórias

Maurílio Nunes Vieira

O objetivo central deste trabalho foi a redução da sensitividade a erros da extração das

medidas de freqüência fundamental (f0)e de aperiodicidades fonatórias. Um algoritmo

de aumento de imagens de impressões digitais foi usado para estimar medidas de sinal-

ruído a partir de imagens de espectrografia de banda estreita. Este método de estimação

espectrográfica da relação sinal-ruído (S2NR) cria máscaras binárias, baseadas

essencialmente em orientação de campo dos parciais, para separar a energia em regiões

com harmônicos intensos da energia em áreas com ruído. Vogais sintetizadascom ruído

adicionado foram usadas para calibrar o algoritmo, validara calibração, e avaliar

sistematicamente sua dependência com f0, shimmer (perturbação de amplitude ciclo-a-

ciclo), ejitter (perturbação ciclo-a-ciclo de f0). Em emissões /a/ de falantes

disfônicos, valores S2NR e julgamentos perceptivos de soprosidaderevelaramdeclínio

não linear de S2NR com o aumento da soprosidade. Comparaçõesentre S

2NR e medidas

acústicasindicaram comportamentos similaresquanto à relação entre soprosidade e

resistência a shimmer, entretanto outros métodos tiveram influênciaem jitter. De

maneira geral,o métodoS2NR não resultou em estimação acurada def0 ,foi robusto para

perturbações vocais e altamente independentedo tipo de vogal, revelando também

potencial aplicação em amostras de fala encadeada.

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Abordagens estatísticas para medidas de qualidade vocal

Luiz Carlos Rusilo

Esta apresentação tem como objetivo investigar a capacidade discriminante de algumas

medidas acústicas com relação à detecção de ajustes de qualidade vocal pelo roteiro

Vocal Profile Analysis Scheme (VPAS). A descrição detalhada dos correlatos acústicos

de longo termo e seu poder em predizer os ajustes de qualidade vocal no plano

perceptivo não é tarefa simples, mas pode colaborar com a descrição detalhada de

eventos relativos à qualidade vocal, especialmente me termos de ajustes das esferas

fonatória, articulatória e de tensão. O corpus foi composto por amostras de fala semi-

espontânea e repetições de 10 sentenças-chave, gravadas num estudo de rádio por 60

falantes. Tais amostras foram analisadas por meio do script SG Expression Evaluator,

aplicável ao software PRAAT, que automaticamente extrai medidas acústicas: f0

(mediana, semi-amplitude inter-quartis, assimetria equantil99,5%) e sua primeira

derivada(df0- média, desvio-padrão e assimetria), intensidade (assimetria), declínio

espectral (SpTt – média, desvio-padrão e assimetria) e espectro médio de longo

termo(LTAS frequência desvio-padrão). Análise estatística de natureza multivariada foi

aplicada. Os resultados indicam algumas correlações entre algumas medidas de longo

termo relativas af0, intensidade, declínio e LTAS e os ajustes de qualidade vocal no

plano perceptivo.

As entrevistas de confrontação na intervenção e na pesquisa

Coordenadores: Eliane Lousada -USP

Ermelinda Barricelli - Faculdade Método de São Paulo/Universidade Estadual de

Campinas

Este simpósio objetiva propor um espaço para a discussão sobre o papel das entrevistas

de autoconfrontação nas intervenções em situação de trabalho docente e, também,

posteriormente, como geradora de dados para a pesquisa. Proposto por Faïta (Faïta e

Vieira, 2003) e desenvolvido por inúmeros pesquisadores da Clínica da Atividade (Clot,

1999, 2001, 2008) e da Ergonomia da Atividade dos Profissionais da Educação (Faïta,

2004, 2011; Amigues, 2002, 2004; Saujat, 2002, 2004), o método da autoconfrontação

tem se revelado um importante método para intervir na situação de trabalho,

contribuindo para a sua transformação e para o desenvolvimento dos participantes, o

que vem sendo retratado em inúmeras pesquisas. Neste simpósio, visamos a apresentar

pesquisas baseadas no método da autoconfrontação como método de intervenção na

situação de trabalho, dando destaque para o desenvolvimento proporcionado aos

participantes e à própria atividade de trabalho. Além disso, objetivamos mostrar

pesquisas desenvolvidas a partir das intervenções, explicitando as contribuições do

método da autoconfrontação como geradora de dados que permitem estudar o

desenvolvimento de profissionais da educação e da atividade de forma dinâmica.

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COMUNICAÇÕES INTERNAS

Diálogo, verbalização, atividade de trabalho: o papel das entrevistas de

confrontação no desenvolvimento de professores e tutores

Eliane Lousada

Nesta comunicação, visamos a apresentar uma pesquisa sobre o trabalho de ensinar uma

LE, focalizando o papel das “entrevistas de confrontação” na formação do professor.

Procuraremos mostrar como as entrevistas de confrontação, por provocarem

verbalizações sobre a atividade de trabalho e diálogos com os pares e consigo mesmo,

podem contribuir para a formação de professores com pouca experiência de ensino. Para

tanto, apoiamo-nos no Interacionismo Sociodiscursivo, quanto ao modelo de análise de

textos e ao conceito de trabalho como uma forma do agir humano (Bronckart, 2006,

2008). Paralelamente, baseamo-nos em duas vertentes das Ciências do Trabalho, que

propõem a realização das entrevistas de instrução ao sósia e de autoconfrontação: a

Clínica da Atividade (Clot, 1999, 2008) e a Ergonomia da Atividade (Faïta, 2004, 2011;

Amigues, 2004; Saujat, 2004). Os textos coletados referem-se a uma situação de

formação de professores em fase inicial de carreira que tem as seguintes características:

eles aprendem seu trabalho ao exercê-lo; são auxiliados por professores um pouco mais

experientes; baseia-se na transmissão de artefatos e instrumentos, desenvolvidos pelo

coletivo para a aprendizagem do métier. Nesta apresentação, serão mostradas as análises

das produções verbais de professores e tutores voluntários durante uma instrução ao

sósia e durante autoconfrontações. A análise apoia-se no quadro teórico-metodológico

proposto por Bronckart (1999) e desenvolvido por inúmeros pesquisadores (Bronckart e

Machado, 2004; Lousada, 2006; Machado, Ferreira e Lousada, 2011; Lousada, 2011).

Nas análises, buscamos evidenciar indícios das escolhas enunciativas dos professores

em relação ao tema, em função da percepção que eles têm sobre seu trabalho, seu

contexto profissional e sobre si-mesmos, ao mesmo tempo em que procuramos

identificar indícios da fala egocêntrica, no sentido vigotskiano, que indica a tomada de

consciência sobre seu agir.

Os desafios na análise de diálogos em autoconfrontação produzidos a partir de

uma intervenção em clínica da atividade no Brasil.

Matilde Agero Batista

"O objetivo deste trabalho é apresentar e discutir as saídas encontradas frente aos

desafios na análise de diálogos produzidos em uma intervenção em clínica da atividade

junto à agentes comunitárias de saúde do programa Estratégia de Saúde da Família no

Brasil. Salientamos que a análise realizada tinha como objetivo construção de uma tese

em francês no seio da equipe de clínica da atividade no CNAM – FR. Focalizaremos os

desafios a partir da articulação entre os objetivos da intervenção, os dados empíricos

produzidos em tal contexto e as dificuldades no desenvolvimento de objetos científicos

próprios a uma tese de doutorado. Nossa discussão será guiada pela coerência entre a

utilização de métodos indiretos, mais especificamente a instrução ao sósia, a análise dos

diálogos produzidos em situação de intervenção e sua articulação com o objeto de

pesquisa: o processo de desenvolvimento do poder de agir dos profissionais sobre seu

ofício.

No intuito de provocar o debate, apresentaremos brevemente o método indireto de

instrução ao sósia e os objetivos da utilização deste método na intervenção; a escolha de

um extrato de diálogo produzido na intervenção, o método de análise e a discussão da

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pertinência da utilização deste método para atingir os objetivos propostos no trabalho

cientifico.

Afetos e imagens na autoconfrontacao da atividade docente –

conflitos e tensões.

Ermelinda Barricelli

Lavinia Magialino

Esta apresentação objetiva colocar em perspectiva o método de autoconfrontação

problematizando a noção de afeto, sentimento e emoção (CLOT, 2008) na atividade

docente e trazendo à discussão algumas noções de Vigotski sobre essa questão no

dramático processo de constituição social do sujeito. No valemos do método

denominado Autoconfrontação, desenvolvido pelos pesquisadores da Clínica da

Atividade do CNAM (Conservatoire National des Arts et Métiers) e pelo grupo

ERGAPE (Ergonomie de l’Activité des Professionnels de l’Éducation). Tomamos como

lócus de discussão e elaboração o material empírico produzido entre dois professores

que atuam na educação infantil e uma pesquisadora no processo de intervenção e

pesquisa. A pesquisa mobilizou um grupo de professores de Educação Infantil de um

Centro de Educação Infantil (CEI) da região periférica da Cidade de São Paulo para

falarem sobre seu trabalho visando à transformação de conflitos próprios do métier. As

autoconfrontações nos mostram de que forma a professora, ao colocar em perspectiva a

sua atividade sua postura, seus gestos, sua voz, vai se dando conta dos afetos e das

imagens que incidem sobre a sua atividade e a impactam gerando conflitos e tensões.

Por meio da interação e do diálogo com seu par e com a pesquisadora, das controvérsias

geradas pela autoconfrontação vão se desvelando tensões entre o sentir e o expressar na

dinâmica afetiva que repercutem nas possibilidades que se abrem, ou não, à

transformação da afetividade e da atividade docente.

Atividade de pesquisa, atividade de ensino: o fenômeno da

hibridização em questão

Ana Luiza Smolka

Daniela Anjos

O presente trabalho objetiva realizar uma reflexão sobre a relação entre intervenção e

pesquisa a partir dos estudos em clínica da atividade. A partir de autoconfrontações

realizadas no contexto de uma pesquisa de doutorado (Anjos, 2013) problematizaremos

as noções de intervenção e pesquisa propostas pela clínica da atividade, pensando nas

especificidades dessa metodologia quando mobilizada no contexto da pesquisa em

educação. Autores da clínica da atividade argumentam sobre a importância de distinguir

e separar as ações específicas das atividades de intervenção e de produção de

conhecimento (Kostulski, 2010). Se compreendemos e apreciamos os argumentos, se

concordamos com a afirmação de que os motivos, as ações e as operações (se tomarmos

Leontiev em conta, por exemplo) se distinguem nas atividades específicas, e se

concordamos também com a possibilidade e/ou a conveniência dessas distinções e

separações, ou seja, das orientações específicas das ações com vistas a alcançar

determinados objetivos, o que queremos problematizar é justamente a possibilidade de

influência e interferência mutua das esferas de atividade. Nosso campo de atuação – o

campo educacional, a atividade de ensinar, nos move na investigação de outras

condições e possibilidades. Se apreciamos e reconhecemos o valor teórico e

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metodológico da proposta em Clínica da Atividade, da posição do intervenant e dos

procedimentos no processo de intervenção, suspeitamos que a pesquisa e a intervenção

no campo da educação, traz uma complexidade e configura especificidades que

merecem consideração especial. A partir do conceito de hibridismo de Bakhtin

buscaremos analisar como a atividade de pesquisa e de ensino são afetadas uma pela

outra.

Expressividade De Fala

Coordenadores: Sandra Madureira -PUCSP

Vera Pacheco - Universidade do Sudoeste da Bahia

Este simpósio tem como objetivo discutir questões teóricas e metodológicas

relacionadas à pesquisa sobre a expressividade de fala e explorar o uso comunicativo

da voz. Serão exploradas questões referentes à atribuição de características motivadas

pelos efeitos de sentido que as pistas acústicas podem provocar e por informações

explícitas ou implícitas fornecidas aos ouvintes, as quais podem ser estar relacionadas

a fatores tais como: nacionalidade, gênero, idade, classe social, condição física,

estado emocional e personalidade, entre outros. Devido à relevância dos elementos

prosódicos na expressão e percepção de fala, será dada ênfase ao papel que a prosódia

tem nesse contexto de investigação da fala. Treinamentos que visam melhorar a

performance comunicativa serão apresentados e discutidos.

COMUNICAÇÕES INTERNAS

Gestos faciais, curva de f0 e ênfase

Vera Pacheco

Durante uma conversa, os ouvintes estão a todo tempo realizando movimentos com o

corpo. Esses movimentos informam intenções, interesses, sentimentos de quem fala.

Para Kendon (2004, p1), “[...] it is through the orientation of the body, and especially,

through the orientation of the eyes, that information is provided about a direction and

nature of a person’s attention”. Partindo desta constatação, nossa hipótese é que muitos

dos gestos realizados pelo falante podem ocorrer quando o mesmo intenciona destacar

partes da situação comunicativa que ele julga pertinentes, aquelas partes para as quais

ele quer enfatizar para o seu ouvinte. Na fala essas ênfases podem ser obtidas

majoritariamente pela elevação do tom, ou, em certos contextos, pelo abaixamento.

Neste trabalho propomos avaliar se é possível estabelecer uma relação entre ênfase,

gestos e pitch contour. Nós nos propomos avaliar se numa situação comunicativa em

que auditivamente a ênfase está presente, há gestos que ocorrem simultaneamente, de

que natureza eles são e qual a configuração da curva de f0 neste exato momento. Enfim,

discutiremos se a ênfase é um recurso linguistico marcado ao mesmo tempo pelo

aumento e abaixamento de tom, identificado no sinal acústico pela curva de f0, e por

movimentos corporais específicos.

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Avaliação de fala e voz antes e após treinamento da performance

comunicativa em jovens universitários

Aveliny Lima-Gregio

A realização de debates e a apresentação de trabalhos estão presentes na rotina dos

estudantes e, certamente, continuarão presentes quando eles se tornarem profissionais.

O objetivo do presente estudo realizado por LIMA-GREGIO AM, CELESTE LC,

SILVA MA, SEIXAS JMA é avaliar os aspectos de fala e voz antes e depois de

treinamento fonoaudiológico para o aprimoramento da performance comunicativa de

jovens universitários. Participaram 28 universitários, entre 20 a 24 anos de idade,

oriundos dos cursos de saúde do campus UnB Ceilândia, exceto do curso de

Fonoaudiologia. O treinamento foi realizado como parte de uma disciplina que ocorria

uma vez por semana durante 2 horas. Durante o treinamento foram ministradas noções

sobre os aspectos de fala e voz analisados, a saber: articulação, velocidade de fala,

pausas, melodia e intensidade. A avaliação desses aspectos foi realizada pelos próprios

alunos (autoavaliação) em gravações de vídeos de suas apresentações antes do

treinamento e após o treinamento. Também foi realizada avaliação por três

fonoaudiólogas experientes na área, que assistiram aos mesmos vídeos (58 no total), de

maneira aleatória e cega. A comparação dos resultados antes e após o treinamento

fonoaudiológico mostrou diferença estatisticamente significante para todos os aspectos

de fala e voz avaliados, tanto pelos próprios alunos quanto pelas fonoaudiólogas.

As palavras cantada, falada e declamada

Juliana Andreassa

Este trabalho aborda as faces e as interfaces de três formas de linguagem oral. São seus

objetivos: discutir os papéis das palavras cantada, falada e declamada; investigar como

essas formas de linguagem oral interagem e são produzidas em uma peça teatral; e

analisar o impacto impressivo de cada uma dessas formas, uma vez que as palavras

falada, cantada e declamada têm finalidades expressivas diversas.Para atingir os

objetivos propostos serão conjugadas três tipos de análises: acústica, perceptiva e da

estrutura organizacional da peça teatral “Totatiando” interpretada por Zélia Duncan. A

análise acústica será utilizada para verificar as diferenças de produção entre os três

estilos, a perceptiva, que implicará na aplicação de um questionário de diferencial

semântico a um grupo de juízes, será utilizada para investigar o impacto impressivo da

sonoridade dos estilos mencionados e a análise da estrutura organizacional investigará

como é realizada a alternância entre as palavras cantada, falada e declamada na peça.

A expressividade da fala do intérprete

Layla Penha

Esta comunicação contempla a interpretação simultânea, modalidade inserida dentro da

área de Interpretação de Conferências. O objetivo deste estudo é verificar analisar como

as características da fala interpretada podem influenciar a avaliação de qualidade e

compreensão da mensagem produzida pelo intérprete. Participam como sujeitos da

pesquisa doze intérpretes de conferência, do sexo feminino. As intérpretes foram

audiogravadas em uma fala semi-espontânea e durante a interpretação simultânea de

uma palestra. Três segmentos amostrais representativos do discurso (nas posições

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inicial, medial e final da palestra) foram selecionados para a realização de um estudo

perceptivo. Por meio de um questionário com base na escala de Likert aplicado a 90

juízes, foram avaliados os efeitos impressivos da produção oral dos intérpretes. Os

resultados foram discutidos para verificação de similaridades e diferenças entre as

avaliações.

Embaraços do Falante na Relação com a Escrita de sua

Língua

Coordenadora: Profa. Dra. Norma Desinano - Universidade De Buenos Aires

Este simpósio discute, a partir de perspectiva original, a relação do sujeito falante com a

escrita de sua língua materna. A teorização que subjaz às discussões parte do

reconhecimento de que, na relação do sujeito com a linguagem, sempre opera a ordem

equivocizante da língua (la langue), assumida como alteridade radical em relação ao

sujeito, o que responde pelo fato de que ele falha quando fala ou escreve: o

falante/escrevente tropeça na língua materna, já que ela não é interiorizável. A

linguagem não é concebida, portanto, como conhecimento internalizado, i.e., ela não é

assimilável à subjetividade. Os trabalhos abordam, desde este posto teórico, a relação

de sujeitos-falantes com a escrita em tempos e condições diversas de sua estruturação:

crianças com dificuldades no processo de alfabetização; professores frente a produções

escritas; adolescentes ou jovens adultos em situação de avaliação; surdos frente à escrita

do português; psicóticos em oficinas de escrita.

COMUNICAÇÕES INTERNAS

Problemas del hablante en relación con la escritura de la lengua

materna

Norma Desinano

Sobre la base de la teoría de la Dra. Cláudia Lemos sobre la adquisición del lenguaje,

este trabajo se propone ahondar en la problemática de errores que aparecen en la

escritura de hablantes adolescentes y adultos jóvenes que, a pesar de haber logrado

aparentemente un buen manejo de su lengua materna en la escritura, presentan errores

frecuentes en el desarrollo de textos escolares de evaluación. Estos errores, de índole

variada, abarcan tanto el nivel de la morfología y de la sintaxis, como el del léxico y se

extienden a la puntuación y a la ortografía. La característica fundamental de estos

errores es que su aparición es aleatoria y sus características crean fragmentariedad en

los textos y alteraciones en su discurrir. Quien escribe no suele descubrirlos y

eventualmente el profesor que los lee, los descarta como fallos no significativos o como

resultado del desconocimiento de ciertos aspectos relacionados con la gramática

(oracional o textual), con la puntuación o incluso con la ortografía. La hipótesis de este

trabajo es la de que estos errores no se deben específicamente a desconocimiento de la

lengua materna o de su escritura, sino que en la situación de hallarse frente a la

necesidad de poner por escrito sus saberes en relación con un discurso nuevo para él, se

hace más evidente la fluctuación señalada por Lemos en el plano de la adquisición que

hace que el sujeto al ser capturado por la lengua no reconozca la diferencia entre lo

convencional y lo no convencional y por tanto no haya escucha de sus errores. En el

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caso del adolescente o el adulto joven, no es la lengua la que se plantea como eje de la

captura sino que es el discurso el que coloca al sujeto en una situación de inestabilidad

en relación de sus conocimientos sobre la lengua. Este trabajo, retomando el punto de

partida propuesto por Lemos, se apoya en la hipótesis de que ante las exigencias de

subjetivarse en un discurso nuevo, el sujeto pasa por posiciones similares a las de la

adquisición de la lengua, en este caso respecto de los nuevos discursos.

Letramento surdo: língua materna; escrita e subjetividade.

Marianne Carvalho Bezerra Cavalcante

Um dos impasses que a escola contemporânea enfrenta está em garantir acessibilidade a

todos os seus alunos. Assim, o lema da inclusão tem sido exaustivamente promovido

visando à promoção da educação para todos. Buscamos refletir acerca do aluno surdo

que se insere na escola brasileira que para ter garantido o acesso bilíngue como se

explicita em documentos oficiais, precisa ter acesso à sua língua de sinais - a LIBRAS -

e ao letramento na segunda língua - no caso, o português brasileiro. Caberá então à

instituição escolar garantir esse letramento bilíngue (QUADROS; SCHMIEDT, 2006;

QUADROS, 2010), de tal modo que o surdo tenha garantido o uso de sua língua

materna e a proficiência na escrita da segunda língua. No dia a dia da escola, a realidade

apresentada é bem diferente, há a presença de uma língua majoritária - o português oral

e escrito, e, na presença de um intérprete de Libras, uma língua que surge “nas brechas”

da sala de aula, e insiste em se materializar desde os primeiros rabiscos escritos pelos

alunos surdos, a Libras. E é sobre a emergência dessa língua nos textos em português

escrito dos alunos surdos o foco desse trabalho. Assim, visamos compreender como,

mesmo diante das restrições que o sistema da escrita da L2 - português brasileiro

escrito- impõe, a saber: submetimento a um sistema ortográfico, a uma ordem sintática

que não é de sua língua materna, a um modelo de gênero textual, a um letramento

baseado em consciência fonológica, a Libras emerge na escrita do aluno surdo,

singularizando sua relação com o texto. Para isso, trabalharemos com produções de

alunos surdos do Ensino Fundamental de uma escola pública de João Pessoa, mostrando

o enfrentamento deste “bilinguismo” nos textos singulares.

A “criança turbulenta” na escola: sobre a escuta do professor.

Sônia Fachini

Na área da Saúde, problemas relacionados à fala/escrita costumam ser tratados

clinicamente. O discurso médico faz o diagnóstico e indica os procedimentos

terapêuticos a serem realizados na terapia da fala. Testes de avaliação, subsidiados por

instrumentos gramaticais da linguística, são aplicados como medida dos “desvios”.

Erros acabam sendo classificados e quantificados. O objetivo é circunscrever “padrões”

sintomáticos. Nesse enquadre, a linguagem é reduzida a comportamento observável. Tal

tratamento empírico da fala leva à exclusão de dados relevantes – a heterogeneidade

sintomática é anulada, já que a aspectos singulares da relação sujeito-linguagem é

obscurecida. Esse tipo de raciocínio transcende o domínio da Saúde Pública e encontra

lugar no campo da Educação, em que as crianças são avaliadas de forma semelhante e,

surpreendentemente, na esteira dessa influência vem a medicalização de “crianças

turbulentas" (WALLON, 2007), aquelas que se agitam e se angustiam frente à

dificuldade de aquisição de leitura e escrita – crianças com “defasagem escolar”. Entre

elas há aquelas que mal adquirem sua língua materna. Refiro-me, aqui, a crianças

autistas e psicóticas. A legislação brasileira, desde 1999, afirma que a escolarização

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dessas crianças e de outras com diferentes tipos de dificuldades deve acontecer no

sistema regular de ensino: elas devem ser incluídas. O presente estudo aborda a

experiência de sua autora, como “professora especialista”, numa sala de Educação

Infantil que tem duas crianças autistas. O foco está dirigido para a “escuta” de

professores, que aparece nos discursos sobre essas crianças. O pressuposto é que

discursos são reflexos de uma escuta que molda a prática docente, as expectativas em

relação à educação das crianças, as possibilidades de inclusão social / educacional.

Discurso nunca são neutros: afetam o falante e o outro diretamente. De fato, é notável o

“mal-estar” dos professores quando lidam com crianças refratárias ao laço social; que

não mostram curiosidade pelo conhecimento ou não entram no regime das relações e

trocas sociais (BASTOS & KUPFER, 2010). Argumenta-se aqui que a discussão da

prática pedagógica tradicional da proposta teórica alternativa apresentada neste estudo

abre possibilidades de mudanças nesse cenário.

Embaraços do falante na sua relação com a escrita de sua língua:

erros, rasuras e correções.

Irani Maldonade

O trabalho tem como objetivo refletir sobre as práticas de leitura e escrita no processo

terapêutico fonoaudiológico de duas crianças submetidas ao atendimento clínico, na

clínica-escola do curso de graduação em Fonoaudiologia da Unicamp. Elas foram

encaminhadas à terapia fonoaudiológica por seus professores, pois apresentavam

dificuldades no processo de aquisição da leitura e escrita e conseguiam ter êxito nas

atividades escolares. Uma delas chegou a ser diagnosticada como disléxica. No trabalho

desenvolvido, ao invés de enveredar pela discussão de protocolos de avaliação e terapia

fonoaudiológicas, que tomam a língua como um objeto de contornos bem nítido, que é

aprendida uniformemente pelas crianças (em etapas gradativas de complexidade

estrutural, que acabam por definir uma ordem, que serve de roteiro para o trabalho

clínico nos distúrbios de leitura e escrita), propõe-se, aqui, discutir-se a relação da

criança com a língua/linguagem (oral e escrita), a partir de uma perspectiva

interacionionista em aquisição da linguagem, em que o diálogo com o outro é fundante.

Neste sentido, privilegiou-se o papel que a fala tem nas construções escritas das

crianças. Destaca-se aqui que o papel marginal que a fala ocupa na Linguística aparece

como consequência da definição da língua como seu objeto. Na visão clínica

tradicional, de maneira geral, a oralidade é tida como pré-requisito para o processo de

aquisição da leitura e escrita pelas crianças. Diferentemente, neste trabalho, fala e

escrita são concebidas, aqui, como produções discursivas que apontam para a relação

singular do sujeito falante com sua língua materna em seu processo de aquisição da

linguagem. Deste modo, os erros, as rasuras e autocorreções, nos textos das crianças

foram analisados. Observou-se que a fala assume caráter essencial e premente no

processo de aquisição da leitura e escrita. Os dados analisados permitiram observar que

as marcas de subjetividade nas produções escritas dessas crianças, apontam para

aspectos específicos da relação de cada sujeito falante com sua língua materna, ou seja,

pontos que cifram (marcam de modo único) sua relação com a língua ao constituir-se

como sujeito falante e/ou escrevente.

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Tecendo suportes de enunciação com a escrita

João Trois

Este texto propõe analisar a relação de pacientes psicóticos com a escrita, a partir do

trabalho realizado no Projeto de extensão e ação comunitária do Centro Universitário

Metodista, do IPA, realizado junto à AGAFAPE (Associação Gaúcha de Familiares de

Pacientes Esquizofrênicos), que tem como propósito exercitar o “fazer com a língua”

em oficinas criativas com pacientes esquizofrênicos, assim como favorecer o

(re)estabelecimento do enlaçamento social e simbólico dos mesmos via criação artística.

Parte-se do pressuposto de que os elementos não semantizados do delírio, que

subvertem uma língua, possam ganhar expressividade num processo criativo com a

linguagem, que pode gerar condições de possibilidade para tecer, na língua, seu suporte

de enunciação. O papel, enquanto superfície de escrita, faz mediação e metaforiza a pele

como suporte de inscrição do corpo na linguagem. Parafraseando Llansol, escrever é

visceralidade: mediação e passagem de um Ele exterior a um eu inscrito. Possibilidade

de inscrever-se como sujeito ao escrever. Arte de “fazer com a língua” se expressa nas

palavras escritas por Leonardo na oficina: “O silencio fala com beleza. Se não escuto,

um dia escutarei, se não entendo um dia entenderei. (...). Observo o mudo e o surdo e

concluo que existe magnitude de expressão enquanto les se comunicam através de

gestos. (...) Um dia escutaremos o que nos dizem, um dia desvendaremos sem que nos

falem, os mistérios que o silêncio oculta.” (O lado oculto do silêncio). Se a poesia está

no mundo antes de estar no poeta, talvez ela nos ajude no estabelecimento de algumas

proposições estéticas sobre o trabalho com a escrita enquanto uma prática possível de

inscrição do sujeito.

A gestualidade facial expressiva

Coordenadores: Mario Fontes -PUCSP

Marcos Bragato - Universidade Federal do Rio Grande do Norte

Este simpósio visa debater questões relacionadas à potencialidade expressiva dos

movimentos faciais. Serão considerados os instrumentos analíticos, principalmente o

Facial Action Coding System (FACS), desenvolvido por Paul Ekman e Wallace Friesen,

os trabalhos desenvolvidos por Freitas Magalhães na análise de expressões de emoção,

sentimento, atitude e de aferimento de verdade e os contextos variados em que a análise

da expressão facial pode ser aplicada. A expressão facial é um tipo de linguagem não-

verbal que tem fundamental importância na interação humana, na veiculação de

emoções e atitudes, na expressão artística e nos contextos clínicos e forenses

(identificação de falantes) bem como em aplicações de variadas naturezas, entre elas,

comerciais para fins de otimização da prestação de serviços automatizados,

publicitárias, no estudo do reconhecimento das emoções dos consumidores ao

observarem alguma peça ou produto e até as sociais que visam oferecer melhores

condições às pessoas com deficiências.

COMUNICAÇÕES INTERNAS

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A expressão facial de emoções de alegria e tristeza

Mario Augusto Souza Fontes

Olavo Toma Ribeiro

Este trabalho visa dar continuidade a uma pesquisa que abordou as relações entre os

gestos vocal e visual na identificação de emoções básicas, introduzindo o protocolo

Facial Action Coding System (FACS), desenvolvido por Paul Ekman e Wallace Friesen

para o estudo da expressão facial. O objetivo é investigar qual a relevância da

introdução das variáveis do FACS para a identificação de duas emoções básicas (a

alegria e a tristeza) dentre um conjunto de outras emoções por meio da análise das

expressões faciais de sujeitos videogravados ao relatarem narrativas pessoais. Para

tanto, a metodologia utilizada foi a de verificar visualmente os movimentos faciais nas

produções de enunciados das narrativas, os estímulos da pesquisa, por meio de teste de

avaliação perceptiva aplicado a um grupo de 34 juízes, estímulos esses identificados

como relacionados com expressões de emoções de alegria e de tristeza, e

posteriormente considerá-los por meio de um tratamento estatístico com os métodos

HCPC, FAMD e FMA para verificar as correlações entre movimentos faciais e

expressão de emoções. Os resultados demonstraram que os estímulos relacionados à

alegria e tristeza são de fato bastante opostos e destacados das demais emoções, e que o

protocolo FACS é uma ferramenta de grande relevância para a análise das expressões

faciais.

A face de quem dança: vincos e expressões faciais não são neutros

Marcos Bragato

Alexandre Araújo de Oliveira

Hoje, uma vaga parece querer repovoar os vincos das faces de artistas da dança de

vertentes contemporâneas. Urdida historicamente na proposta pantomímica de Jean-

Georges Noverre, aliada com o romantismo e com a produção de Marius Petipa, a

expressão facial das emoções é deliberadamente desfeita como tentativa por Merce

Cunningham e os mentores do movimento na Judson Dance Theater, nos anos 1960, e

se difunde como norma entre linhagens da dança contemporânea. Como se vincos e

expressões faciais das emoções pudessem se constituir em espectros a serem afastados.

Propomos um modo à leitura do que parece nunca estar ausente por meio da hipótese do

psicólogo estadunidense Paul Ekman das expressões faciais das sete emoções básicas ou

universais. Aplicada à leitura de produtos artísticos em dança, não se quer saber se essas

expressões podem ser aferidas como “reais” aos que as ostentam, mas sim apontar a

existência de ferramentas que podem questionar a sua ausência em tais produtos. Pensar

como um continuum desafiador, a partir das Expressões Faciais Básicas, nos ajuda na

correção do senso comum vertido na crença do quente e frio, e robustece a análise do

que ali se apresenta como dança. Que podem abrir um território para se arguir por

regularidades da involuntária estereotipia facial ou, como agora, deliberada aliança com

as expressões faciais básicas por meio de vestígios faciais e vestígios oculares, com a

profícua ajuda da classificação proposta pelo neurocientista português António Damásio

e, em especial, a do estado de ânimo. Talvez, desse modo possamos arguir por

heurística progressiva, no sentido popperiano (Karl Popper), embora possamos nos

encontrar em terreno especulativo.

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A (nova) expressão facial de ansiedade

Vinícius Ferreira Borges

Mario Francisco Juruena

Roberto Estanislau Celio

Um estudo britânico forneceu evidências preliminares acerca da existência de uma

expressão facial (EF) da emoção relacionada a ansiedade. No intuito de investigar

aspectos da exibição e do reconhecimento dessa suposta EF na cultura brasileira,

adaptamos um método para verificar se EFs posadas em resposta a cenários

ansiogênicos são distinguíveis de outras EFs da emoção por meio da análise do

consenso no julgamento de observadores. Assim, conduzimos um estudo de duas fases,

envolvendo a produção e o julgamento de EFs. Na primeira fase, 7 atores posaram EFs

em resposta a narração de cenários emocionais distintos. As poses foram gravadas em

vídeo e comparadas visualmente entre si. Imagens estáticas (frames) de EFs foram

extraídas desses vídeos para compor alternativas de respostas de tarefas de múltipla

escolha. Na segunda fase, 100 participantes responderam a 21 tarefas de múltipla

escolha, julgando qual das EFs retratadas nas alternativas melhor correspondia ao

cenário emocional descrito. Os dados foram analisados quanto ao número de acertos nas

tarefas de correspondência entre cenário e EF. Os resultados indicaram que cenários

ansiogênicos produziram EFs específicas, caraterizadas pelo comportamento de

avaliação de risco e consensualmente distinguidas de outras EFs da emoção. Nossos

resultados são consonantes com os do estudo britânico, sugerindo que marcadores

faciais específicos podem informar estados de ansiedade. Ademais, nosso estudo

adiciona evidências acerca da universalidade da EF de ansiedade.

Influências de gênero e sexualidade no reconhecimento de expressões

faciais

Tammy Andrade Motta

Rosana Suemi Tokumaru

Bruno Moreto Finn

Denielly Scherrer Borges Menezes

Pedro Henrique Coutinho Luppi

Este trabalho buscou investigar, com base na Psicologia Evolucionista, as possíveis

influências de gênero e sexualidade no reconhecimento de expressões faciais e na

empatia. Foram elaborados questionários utilizando fotografias de 07 voluntários

expressando as emoções Alegria, Tristeza, Surpresa, Medo, Nojo ou face neutral; e a

Escala de Contágio Emocional (Gouveia et al, 2007). Participaram 210 pessoas, 85

homens e 125 mulheres, entre 18 e 35 anos. Destas, 48,2% declarou-se heterossexual;

30%, homossexual e 17,3%, bissexual. No geral, a frequência de acertos foi alta

(85,92%), sendo que as expressões Tristeza e Medo apresentaram as menores

frequências (79,1% e 53,6%). Não houve diferença significativa nas médias da escala de

acordo com os acertos ou erros de reconhecimento das expressões (Teste t para

amostras independentes). Por outro lado, observou-se diferença significativa nos valores

de acerto da expressão Alegria em relação a orientação sexual do participante (teste

ANOVA, F (207, 209) = 5,85; p < 0,01). O teste post hoc SCHEFFE indicou que

homossexuais apresentaram média superior de acerto de reconhecimento da expressão

Alegria (m = 1,14; DP = 0,35) quando comparados a heterossexuais (m= 1,02; DP=

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0,14) e bissexuais (M= 1,03; DP= 0,16), sendo que os dois últimos não diferiram

significativamente.

Mão na Massa: A Linguística Aplicada na Prática do PIBID

Coordenadores: Tania Regina de Souza Romero - Universidade Federal de Lavras

Valdeni da Silva Reis - Universidade Federal do Vale do Jequitinhonha e Mucuri

O objetivo desse simpósio é discutir, à luz de aportes teórico-metodológicos diversos da

Linguística Aplicada, a formação do professor de língua adicional, tendo como cenário

o PIBID de Inglês em diferentes instituições. As discussões apresentarão ações e

pesquisas decorrentes do Programa, focadas nas práticas de sala de aula, na

(des)construção identitária do futuro professor e/ou do professor em serviço e em

aspectos referentes à formação inicial e/ou continuada do professor de língua inglesa.

COMUNICAÇÕES INTERNAS

Percepções de Pibidianos na sua Formação Pré-Serviço: A

Contribuição do PIBID na Formação de Professores de Língua Inglesa

a partir de Atividades Realizadas em uma Escola Pública do Piaui

Beatriz Gama Rodrigues

O Programa Institucional de Bolsa de Iniciação a Docência (PIBID) tem por objetivo

contribuir para a formação de futuros docentes através da sua participação ativa no

contexto escolar. Visa à valorização do profissional através de experiências vivenciadas

pelos mesmos durante sua formação, possibilitando uma reflexão de como as teorias

precisam ser associadas com a prática (Cf. UFPI, 2014). Muito se tem discutido sobre a

formação pré-serviço de professores de língua inglesa nos últimos anos; entre as

pesquisas publicadas na área, algumas abordam quais aspectos seriam fundamentais

para a formação de um profissional eficiente de língua inglesa (Leffa, 2011, Rodrigues,

2007, entre outros). Esta apresentação tem como objetivo analisar a contribuição que o

PIBID traz para a formação e prática de futuros docentes na área de Língua Inglesa,

através de reflexões e experiências colaborativas entre coordenadores do curso de

graduação, professores supervisores em formação continuada e bolsistas no seu

processo de formação pré-serviço. Os dados analisados foram coletados por meio de

questionários e entrevistas com os atores, participantes do PIBID de língua inglesa da

UFPI em 2014. As textualizações produzidas pelos participantes foram analisadas com

base na Abordagem Hermenêutico-Fenomenológica (Ricoeur, 1990, van Manen, 1990 e

Freire, 2007). Espera-se que as reflexões observadas possam despertar novas

inquietações e pesquisas sobre a formação de professores de língua inglesa em

instituições de ensino superior do Brasil.

Não só de VerboTo Be (Sobre)Vive o Ensino da Língua Inglesa:

Apresentando e Discutindo (Re)Ações do PIBID-Inglês/UFVJM

Valdeni da Silva Reis

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Iniciado em março de 2014, o PIBID/Inglês da Universidade Federal dos Vales do

Jequitinhonha e Mucuri, intitulado “Não só de ‘verbo to be’ sobre(vive) o ensino da

língua inglesa”, foi formulado sob o desejo de desenvolver ações focadas em um

trabalho colaborativo, envolvendo formação inicial e continuada do professor de língua

inglesa contribuindo diretamente para a melhoria e reestruturação do processo de

ensino-aprendizagem da língua inglesa em escolas regulares tido, comumente, como

infrutífero, ineficiente ou paralisado em estruturas descontextualizadas como o

famigerado “verbo to be”. Assim, a presente proposta está focada no desenvolvimento

do projeto PIBID-Inglês em duas escolas estaduais das cidades de Diamantina e

Gouveia – MG. De modo mais específico, o trabalho pretende abordar expectativas,

impactos, reflexões e angústias vivenciadas pelos participantes envolvidos no projeto, a

saber, Bolsistas ID, Supervisoras e Alunos das escolas parceiras, no segundo ano de

atuação do/no subprojeto.Para tanto, serão analisadas atividades desenvolvidas no

subprojeto a partir de diários reflexivos e/ou relatos escritos pelos participantes e

questionários respondidos pelos alunos. A investigação está apoiada em construtos da

pesquisação-colaborativa e em princípios e procedimentos da análise de discurso.

Resultados preliminares indicam mudanças significativas no ensino e na aprendizagem

da LI nas escolas envolvidas. Percebemos, portanto, que a participação dos envolvidos

no projeto tem se mostrado como uma conflituosa e instigante experiência de

precipitação ou reestruturação da prática didática impulsionando deslocamentos

identitários, mobilizando representações e revelando novas e surpreendentes formas de

se descobrir professor e/ou aluno da língua inglesa em nossas escolas públicas.

Avaliando a Experiência: reflexões de PIBIDers da UFLA

Tania Regina de Souza Romero

Aline Fernandes Melo

Tomando como foco a experiência de licenciandos e supervisores participantes do

PIBID de Inglês recentemente iniciado na Universidade Federal de Lavras, o objetivo

desta apresentação é discutir suas percepções de aprendizagem conforme narradas em

reflexão escrita em final da primeira etapa. Participam do Programa quatro escolas

públicas - uma Estadual e 3 Municipais -, envolvendo 20 licenciandos, 4 professores

supervisores e 4 educadores. O Projeto desenvolvido visa inicialmente conhecer o

contexto escolar para que, a partir do estudo que dele se faz e juntamente com o

professor de cada escola, a equipe elabore planos de ação e material didático que atenda

as necessidades e desejos do grupo foco. Durante os primeiros meses, portanto, os

licenciandos observaram as aulas de inglês, discutiram suas percepções com toda a

equipe, estudaram e debateram documentos oficiais (como o CBC - Conteúdos Básicos

Comuns de Inglês - MG), bem como outros textos teóricos sobre ensino-aprendizagem

de inglês. Ao longo desse tempo, escreviam diários em que narravam suas percepções e

entendimentos (Reichmann, 2013). Ao final do primeiro período escolar, a

coordenadora geral solicitou que fizessem uma auto-avaliação reflexiva da experiência

PIBID, com base em 3 perguntas orientadoras: Qual foi o efeito que o PIBID teve em

você?; Como você acha que contribuiu ou pode contribuir para a escola?; Dê sugestões

e/ou faça comentários sobre sua experiência. Visa-se aqui identificar, então, percepções

de aprendizagem teórico-prática durante o processo, bem como reflexões sobre a

experiência que possam impactar a formação docente. Fundamentam nosso olhar

conceitos de constituição da identidade profissional (Romero, 2011), rede de

significações (Rossetti-Ferreira, Amorim e Silva, 2004) e formação de professores de

línguas (Celani, 2011). O intuito é que as auto-avaliações alimentem novas reflexões e

criem espaços para desenvolvimentos potenciais de todo o grupo.

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As Múltiplas Faces da Linguagem: desafios metodológicos da

pesquisa em uma perspectiva discursiva

Coordenadores: Vera Lúcia de Albuquerque SANT’ANNA - Universidade do Estado do Rio de Janeiro

Ana Raquel Motta - Faculdades de Campinas

Este simpósio tem como objetivo abrir discussões sobre encaminhamentos

metodológicos de pesquisas que tenham a perspectiva discursiva como orientação

principal para os seus fundamentos teóricos. Espera-se que as propostas inscritas

explicitem questões metodológicas enfrentadas por cada participante no

desenvolvimento de sua atividade de investigação. Garantidos estes princípios, o

Simpósio deverá possibilitar a reflexão sobre as dificuldades de análise de diferentes

objetos de estudo, em particular, quando esses exigem que se enfrentem desafios na

aproximação entre o campo dos estudos da linguagem a outros campos, sejam estes

relacionados ao trabalho, à música, à filosofia, à economia, à política, à história etc.

COMUNICAÇÕES INTERNAS

O show da fé em análise dialógica: reflexões acerca dos

encaminhamentos metodológicos de pesquisa

Kelli da Rosa Ribeiro

Nesta comunicação, levantamos discussões a respeito dos encaminhamentos

metodológicos de uma pesquisa de doutorado em andamento, desenvolvida no

Programa de Pós-Graduação em Letras da Pontifícia Universidade Católica do Rio

Grande do Sul (PUCRS). Na pesquisa, elaboramos análise enunciativo-discursiva,

ancorada nos pressupostos teóricos bakhtinianos, do discurso religioso televisivo Show

da fé, veiculado na TV Bandeirantes. Norteamos nossa pesquisa sob a seguinte questão:

como acontece a relação de tensão entre vozes sociais instaurada no processo de

bivocalização da palavra do outro no discurso religioso do programa Show da fé da

Igreja Internacional da Graça de Deus, considerando os aspectos verbais e não verbais,

valorativos e sócio-históricos envolvidos no processo e tendo em vista a concepção

dialógica da linguagem? Para responder esse questionamento e aprofundar as reflexões

em torno do objeto oriundo de duas esferas articuladas, a saber, a religiosa e a midiática,

recorremos à teoria dialógica do discurso, desenvolvida pelo Círculo de Bakhtin, como

embasamento teórico central e estabelecemos um diálogo teórico-metodológico com

autores de diferentes áreas do conhecimento, tais como Patrick Charaudeau que trata de

questões que envolvem mídia e publicidade, Dany-Robert Dufour que trata do Consumo

na contemporaneidade e Ricardo Mariano e Antônio Pierucci que tratam do

neopentecostalismo no Brasil. Tendo em vista a complexidade do discurso religioso em

foco que circula amplamente na esfera midiática televisiva, interpelando uma grande

massa de sujeitos com uma publicidade mais ou menos velada, elencamos duas questões

norteadoras que encaminharão nossas discussões: a) de que maneira encaminhamos os

procedimentos metodológicos da pesquisa, situando o objeto nas áreas de interface? b)

quais os princípios metodológicos adotados para análise dos discursos selecionados?

Esperamos mostrar resultados preliminares das análises dialógicas realizadas,

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aprofundando o debate em torno dos discursos neopentecostais na mídia televisiva e

seus sentidos produzidos em relação à diversidade de vozes concorrentes.

A atividade de revisão textual em contexto acadêmico: questões sobre

procedimentos metodológicos da pesquisa

Vanessa Fonseca Barbosa

Partindo da consideração de que uma das decisões mais importantes para o

desenvolvimento de uma pesquisa está na organização metodológica adotada e,

considerando também que aí consiste um dos maiores desafios do pesquisador, este

trabalho tem por objetivo estabelecer um diálogo sobre os procedimentos

metodológicos selecionados para a realização de uma pesquisa de doutorado em

andamento, desenvolvida no Programa de Pós-Graduação em Letras da Pontifícia

Universidade Católica do Rio Grande do Sul (PUCRS). O objeto de estudo selecionado

consiste na atividade de trabalho do revisor de textos desenvolvida em teses

acadêmicas. Sabe-se que a procura pelo trabalho de revisão textual tem ampla demanda

no universo acadêmico, todavia costuma caracterizar-se por uma atividade bastante

silenciada. Ademais, há poucos estudos de base enunciativo-discursiva que investigam

o fazer do revisor de textos. Dessa forma, com vistas a contribuir com as pesquisas

sobre a atividade de revisão textual e com a melhor compreensão da própria atividade

de trabalho, a pesquisa apresentada busca analisar de que maneira ocorre o

imbricamento das vozes do autor e do revisor na versão final de teses que passaram pelo

processo de revisão. Teoricamente, a pesquisa ancora-se nos postulados do Círculo de

Bakhtin e estabelece um diálogo com os trabalhos da Ergologia. O material de análise

consiste basicamente em diálogos estabelecidos entre revisor e autor, bem como em

excertos das produções de textos que passaram por revisão, com vistas a observar

reflexos e refrações de vozes que compõem os discursos em circulação e as posições

axiológicas assumidas pelo revisor e pelo autor de textos. Tendo em vista a

complexidade dessa atividade, buscamos discutir no simpósio a respeito dos métodos

adotados e da necessidade de definir e organizar outros instrumentos, tais como

entrevistas e questionários, para dar conta do objetivo da pesquisa.

As dramáticas do uso de si de jovens empreendedores

Vivian Cristina Rio Stella

Cada vez mais brasileiros sonham em abrir seu próprio negócio, especialmente os

jovens na faixa etária entre 18 e 35 anos (GEM, 2012). O objetivo deste trabalho é

analisar as dramáticas do uso de si por si e pelos outros (Schwartz, 2010) de dois jovens

empreendedores, com idade entre 30 e 35 anos, a fim de responder à seguinte pergunta:

em que medida as práticas e normas instituídas por eles para gerir suas próprias

empresas se assemelham ou se distanciam das práticas e normas consolidadas na gestão

de negócios? O foco da análise deste trabalho são as verbalizações desses

empreendedores apreendidas em entrevista gravada em áudio, em que foram

tematizadas as motivações deles para empreender as experiências de trabalho em outros

ambientes profissionais e as práticas e desafios de empreender. Pautados pela

abordagem ergológica, podemos (i) observar como o debate de valores e as dramáticas

do uso de si emergem fortemente em seu discurso, (ii) afirmar que os empreendedores

procuram criar novos prescritos em seu empreendimento para evitar replicar

sofrimentos no trabalho pelos quais passou em outros ambientes profissionais, (iii)

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verificar uma replicação de normas antecedentes em certos contextos profissionais,

especialmente em interações dos empreendedores com profissionais externos ao seu

negócio.

Produção de subjetividade do professor e do aluno nas aulas de

redação

Juliana Rettich

Este trabalho tem por objetivo apresentar a possibilidade de extrapolar os limites da sala

de aula e do conteúdo programático para as aulas de redação do ensino médio,

pontuando uma nova relação entre língua e contexto. Para tal fim, alguns dispositivos de

produção de subjetividade serão analisados, como textos levados pela professora e

textos produzidos por alunos do primeiro ano do ensino médio de um colégio da rede

privada da cidade do Rio de Janeiro de 15 a 17 anos, bem como as discussões que eles

levam para dentro da sala, modificando muitas vezes os rumos dos planos de aula e

demonstrando suas necessidades reais de aprendizado. Isso significa mostrar também

que, na sala de aula, o professor não é o único responsável pela produção de

subjetividade do aluno: tal formação se dá num processo de duas vias, no qual aprendiz

e professor têm suas subjetividades produzidas interacionalmente. Essas análises se

darão com base em estudos de Gilles Deleuze, Félix Guattari e Michel Focault, acerca

de produção de subjetividade, dispositivos e agenciamentos coletivos. Para analisar

como os alunos relacionam o que foi visto em sala e suas experiências aos textos que

precisam produzir a partir dos temas apresentados pela professora, será utilizado o

conceito de rede (LATOUR, 1994) e o de coletividade (ESCÓSSIA; KASTRUP, 2005).

Novos olhares e propostas de formação de professores de

línguas

Coordenadores: Maria Antonieta Alba Celani -PUCSP

Maria Eugenia Witzler D'Esposito - Faculdade Cultura Inglesa

As instituições buscam oferecer uma experiência de formação docente que possibilite

inserção no campo profissional, uma vivência e reflexão sobre a prática docente e do

ensino-aprendizagem de línguas em vários contextos, além da própria formação. Para

tal, acreditamos ser necessário repensarmos e revisitarmos os espaços de formação,

tendo uma nova visão e concepção do que seja o processo da formação docente,

rompendo com práticas consolidadas do paradigma tradicional, buscando novas

propostas, possibilidades e parcerias que contemplem novas visões e concepções acerca

da formação de professores de línguas. Este simpósio reúne professores formadores de

instituições e de localidades diversas cujas pesquisas contemplam novas propostas,

visões e concepções de formação de professores na graduação, nas reuniões

pedagógicas, na residência docente e no mestrado profissionalizante. O objetivo, ao

compartilhar as experiências de pesquisa é oferecer subsídios para questionamentos e

reflexões que levem ao desenvolvimento de novos saberes a respeito da formação de

professores e práticas.

COMUNICAÇÕES INTERNAS

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A temática étnico-racial na formação continuada de professores de

línguas

Irene Izilda da Silva

Este trabalho propõe uma reflexão acerca da experiência identitária vivida por um grupo

de professores de línguas inglesa e espanhola da educação básica, em uma escola

particular da cidade de São Paulo, ao participarem de um curso livre online de formação

continuada de professores sobre questões de ensino-aprendizagem de línguas

estrangeiras e as relações étnico-raciais. O desenho do curso se deu a partir do projeto

pedagógico da escola, as expectativas de aprendizagem para a Educação Étnico-Racial

contida nas Orientações Curriculares (SME-SP, 2008), a Lei 10.639/03, bem como as

necessidades expressas pelo grupo de professores que atuam neste contexto baseados

em suas experiências identitárias e de formação. A pesquisa tem por arcabouço teórico a

perspectiva da complexidade (MORIN, 2005, 2008, 2011, 2013 e outros), a formação

de professores para o ensino-aprendizagem de línguas estrangeiras (CELANI, 1997,

2001, 2003, 2004), o viés identitário (MUNANGA, 2004, 2005) que perpassa as

experiências de vida e a identidade negra (SILVA, 2006). A relevância da trajetória se

apresenta na medida em que pretende fornecer subsídios para a produção de

conhecimento e das relações étnico-raciais no campo da educação/formação e contribuir

para a desconstrução de estereótipos e valores expressos pela linguagem que por vezes

persistem no contexto escolar

A interdisciplinaridade na formação pré-serviço do professor de língua

estrangeira

Eliana Carvalho

Os cursos de formação de professores de língua estrangeira ainda desenvolvem suas

atividades seguindo uma estrutura curricular trazendo o pré-requisito como essencial

para que futuros professores prossigam seus estudos durante a graduação. É gritante a

necessidade de atualização de metodologias, conteúdos, estratégias e a maneira de

desenvolver as atividades de avaliação. Uma inovação possível é o desenvolvimento de

atividades seguindo uma abordagem interdisciplinar que trabalha buscando integrar

conteúdos, professores e alunos. A interdisciplinaridade na graduação de língua

estrangeira (pré-serviço) possibilita o diálogo entre os componentes curriculares de cada

semestre seguindo um eixo temático que orienta as ações e possibilita a compreensão da

interdisciplinaridade não como um quebra-cabeças disciplinar, mas como uma atitude

educacional onde as interligações pessoais, metodológicas e acadêmicas são possíveis.

Os estudos de Fazenda (1979, 2008, 2011 etc), Celani (2004) e Japiassu (1976) são

alguns pilares que norteiam o desenvolvimento de cada semestre. Uma mudança de

postura no ambiente educacional é possível com a utilização da abordagem

interdisciplinar em um novo fazer pedagógico.

A tutoria na formação de professores de língua inglesa

Maria Eugenia Witzler D’Esposito

Esta comunicação tem o intuito de apresentar o projeto de tutoria sendo desenvolvido na

licenciatura de letras – Inglês, de uma instituição particular e sem fins lucrativos de

ensino superior na cidade de São Paulo, objeto de estudo de uma pesquisa de pós-

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doutoramento. A tutoria é um componente da matriz curricular da instituição ao longo

dos quatro anos do curso que se caracteriza como um espaço de acompanhamento e

orientação contínuos do ensino-aprendizagem e de aprimoramento da formação

específica do graduando, caracterizando-se, assim, como uma nova proposta de

formação de professores de língua inglesa. O objetivo é oferecer aos professores em

formação atividades que possibilitem a produção de conhecimento reflexivo; autonomia

intelectual, pessoal e acadêmica, bem como o desenvolvimento de habilidades que

enfatizem o aprender a aprender, aprender a fazer e aprender a ser professor. Nesta

comunicação apresentarei o projeto da tutoria sendo desenvolvido na pesquisa de pós-

doutoramento salientando seu caráter complexo e interdisciplinar (MORIN, 2005, 2006,

2008, 2011, 2013; MORAES, 2006, 2008; FAZENDA, 2008, 2011) a partir da literatura

a respeito da tutoria (NIETO, MUNÕZ, SANTAOLALLA, GARCÍA & GONZÁLEZ,

2005; PÉREZ, 2006; FERNÁNDEZ, 2011, entre outros) e da formação de professores

(DEWEY, 1933; 1938; SCHÖN, 2000, 2001; CELANI, 2004).

Formação continuada: Mestrado Profissional e Programa de

Residência Docente.

Rogério da Costa Neves

Recentemente a formação continuada de professores ganhou diferentes vertentes em

âmbito nacional. Essas novas vertentes enfatizam a formação docente a partir da prática

que este profissional traz como parte da sua experiência e têm como compromisso a

formação deste docente para atuação nas escolas públicas espalhadas pelo país. Esta

comunicação pretende apresentar com base nas teorias da complexidade (MORIN,

2005, 2006; MORAES ,2008, 2010) e nas teorias de formação de professores

(DEWEY, 1933; 1938; SCHÖN, 2000, 2001; ZEICHNER, CELANI,2004; PINEAU,

2005) as interpretações dos primeiros textos gerados por meio de One minute papers e

entrevistas semiestruturadas com professores da educação básica engajados em dois

programas de formação continuada: o Programa de Residência Docente (especialização

para professores da rede pública recém formados - CAPES) e o Mestrado Profissional

em Práticas da Educação Básica, ambos sediados no Colégio Pedro II no Rio de Janeiro.

A abordagem metodológica utilizada nesta pesquisa é a abordagem hermenêutico-

fenomenológica (van MANEN, 1990; FREIRE, 2005, 2007). Os objetivos mais amplos

desta pesquisa de pós-doutoramento são o de verificar as motivações que levam este

profissional a escolherem este tipo de programa, os porquês de continuarem sua

formação, as transformações pelas quais percebe passar ao longo deste processo e os

efeitos que esse tipo de programa tem sobre os profissionais e sobre sua prática docente.

As Múltiplas Faces da Linguagem: desafios / possibilidades

teóricas da pesquisa em uma perspectiva discursiva

Coordenadores: Maria Del Carmen González Daher - Universidade Federal Fluminense

Maria da Glória Corrêa di Fanti - Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do

Sul/Fundação de Amapro à Pesquisa do Estado do Rio Grande do Sul

Este simpósio tem como objetivo abrir discussões sobre desafios e possibilidades

teóricas a partir de uma perspectiva discursiva, reconhecendo a produtividade de um

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investimento conceitual interdisciplinar. Espera-se que as propostas inscritas explicitem

questões teóricas enfrentadas pelo pesquisador no desenvolvimento de sua atividade de

investigação. Garantidos estes princípios, o Simpósio abordará impasses teóricos de

natureza variada que possibilitem a aproximação do campo dos estudos da linguagem a

outros campos, sejam estes relacionados ao trabalho, à música, à filosofia, à economia, à

política, à história etc.

COMUNICAÇÕES INTERNAS

Uma abordagem discursivo-pragmática de discussões em plenário

legislativo sobre reserva de vagas em universidade pública

Isabel Cristina Rodrigues

Nesta apresentação, pretendemos expor a base metodológica de composição de um

córpus de pesquisa a partir das discussões em plenário do projeto de lei 1653/2000,

conduzido na Assembleia Legislativa do Estado do Rio de Janeiro (Alerj), que deu

origem à lei 3524/2000, já revogada, que dispunha sobre critérios de seleção e admissão

de estudantes da rede pública estadual de ensino em universidades públicas do estado do

Rio de Janeiro. A pesquisa em questão teve como objetivo principal investigar as

continuidades e rupturas existentes entre o referido projeto e a lei aprovada. Partindo da

hipótese de que o material de análise revelava um uso da linguagem próprio do trabalho

do parlamentar, estabelecemos três questões de pesquisa: 1) a organização do material

selecionado poderia ser feita com base em um uso particular da linguagem?; 2) esse uso

particular da linguagem estaria associado a marcas linguísticas que caracterizariam

discursivamente o trabalho dos parlamentares?; 3) que efeitos de sentidos esse uso da

linguagem permitiria reconhecer no debate que estava sendo realizado?. Considerando

critérios específicos, selecionamos quatro falas de deputados para a construção do

córpus, o que se fez a partir da noção de forças ilocucionárias (AUSTIN, 1990 [1962]).

Com base em marcas linguísticas regulares contidas nos grupos desses segmentos, foi

possível realizar associações entre forças ilocucionárias e as categorias de etos

comunidades de discurso e interdiscurso (MAINGUENEAU, 1993, 2005 [1984], 2006,

2014). Com essas associações, pudemos apontar relações entre trabalho parlamentar e

linguagem, entendida como forma de ação no mundo.

A noção de memória discursiva: reflexões e impasses enfrentados em

um dispositivo comemorativo

Beatriz Adriana Fialho Cronemberger

Esta apresentação tem como objetivo apresentar algumas reflexões sobre a noção de

memória discursiva. Incorporar e articular essa noção no nosso projeto de doutorado, A

instituição da data do 12 de outubro: um dispositivo comemorativo, em fase final de

elaboração, se revela muito profícua. Ao mesmo tempo, necessariamente, essa escolha

teórica afeta a constituição do recorte/corpus bem como sua análise. A essa dificuldade

intrínseca acrescenta-se o fato de nosso recorte/corpus estar constituído por diversas

materialidades semióticas. A investigação está filiada à linha Teoria do texto, do

Discurso e da Interação da área Estudos da Linguagem, e encontra-se no cruzamento da

História e da Análise do Discurso que considera os estudos enunciativos. Para a

fundamentação teórica recorremos, entre outros autores, a Bakhtim (2000 [1979]),

Maingueneau (2008), Foucault (2007 [1969]), Courtine (1981) e Paveau (2013).

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Relações dialógicas em revista infantil: processo de adultização de

meninas

Cristhiane Ferregett

No presente trabalho analisam-se reportagens impressas, veiculadas na revista especial

Recreio Girls, que tem como público-alvo meninas de seis a onze anos. Do montante de

cinco exemplares publicados da revista, selecionaram-se três reportagens, que

constituem o corpus de investigação. O objetivo do trabalho é analisar como o discurso

publicitário se engendra na tessitura discursiva de reportagens da Revista Recreio Girls

e que efeitos de sentidos produz no que se refere à adultização precoce da menina. Dada

a particularidade do objeto e os desafios teóricos instaurados, o estudo parte de

considerações a respeito da criança em uma perspectiva sócio-histórica e desenvolve

reflexões sobre a comunicação de massa, publicidade em geral e publicidade para

crianças, incluindo-se também uma abordagem sobre a legislação específica. Do ponto

de vista discursivo, enfrentando impasses concentuais entre os estudos da linguagem, da

infância e da mídia, busca-se respaldo nos pressupostos do Círculo de Bakhtin de modo

a iluminar questões interdisciplinares. As análises são desenvolvidas qualitativamente,

observando os diversos elementos verbais e verbo-visuais que constituem as

reportagens selecionadas. A partir da análise, conclui-se que as reportagens apresentam

diversas características do discurso publicitário, como apresentação de marcas e preços

de produtos. Observa-se um empenho do locutor em se aproximar da criança e

conquistar sua confiança, usando para isso uma variação de tom, ora de um locutor

infantil, ora de um adulto que quer – aparentemente – cuidar e proteger. Conclui-se que

o discurso publicitário, mais ou menos aparente, se engendra em diferentes

materialidades discursivas e estimula, por meio de enunciados verbais e não-verbais, o

processo de adultização precoce da menina, a fim de promover e incentivar o consumo

de produtos normalmente desnecessários para uma criança.

Revisitando a clínica da voz: uma perspectiva enunciativa bakhtiniana

Flavia Fialho Cronemberger

Na história acadêmico-científica da Fonoaudiologia na área da clínica da voz, destacam-

se três diferentes concepções teóricas: um viés mais organicista, uma perspectiva mais

psicanalítica e a clínica compreendida pela filosofia bakhtiniana. Analisando os

trabalhos publicados em periódicos nacionais, constata-se o predomínio de uma

memória sócio-histórica organicista no horizonte fonoaudiológico na área da clínica da

voz, questiona-se a partir de quais concepções teóricas, nos dias atuais, os professores

que ministram as disciplinas em voz podem estar trabalhando. Nesse sentido, o objetivo

principal dessa pesquisa é observar e analisar aspectos constituintes do processo de

formação de um grupo de alunos de graduação em Fonoaudiologia, em um estágio

supervisionado na área da voz, visando refletir sobre a importância de se estar atento,

nesse espaço de formação, à sócio-historicidade constitutiva dos sujeitos dele

participantes. Este estudo é uma pesquisa longitudinal de caráter qualitativo que segue

princípios bakhtinianos concernentes à pesquisa no campo das ciências humanas. Foram

filmadas supervisões, atendimentos clínicos e realizadas entrevistas com um grupo de

alunas, uma professora e duas pacientes que compuseram um estágio supervisionado em

uma instituição de ensino superior por um semestre letivo. Das gravações e observações

realizadas, foram analisados enunciados de uma professora, de um grupo de alunas e de

uma paciente em atendimento. Ficou constatado que o estudante, ao compreender mais

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a clínica como um espaço em que se amplia a teoria organicista e ao observar o sujeito

de forma fragmentada, não em sua complexidade constitutiva, pouco valorizou a escuta

das vozes da paciente no processo terapêutico. Pondera-se que a abordagem

enunciativo-discursiva bakhtiniana, quando incorporada à formação do aluno, pode

ajudá-lo a compreender mais as singularidades e complexidades que envolvem cada

processo terapêutico, inclusive as que remetem ao lado biologizante de cada sujeito,

contribuindo para a realização de atendimentos clínicos e supervisões mais efetivas.

Tarefas, Planejamento Estratégico e sua interface com ASL

Coordenadores: Raquel Carolina Souza Ferraz D'Ely - Universidade Federal de Santa Catarina

Maria da Glória Guará Tavares -Universidade Federal do Ceará

Esse simpósio objetiva discutir o papel de tarefas e planejamento estratégico e sua

interface com questões de ensino e aprendizagem de Inglês como língua adicional. Os

estudos desse simpósio partem do conceito de tarefa (Ellis, 2003) - abordagem de

ensino cujo foco recai em questões de significado em contexto de foco na forma e do

planejamento estratégico (Foster & Skehan, 1996) como atividade que oportuniza aos

alunos preparação para a tarefa que está por vir. Guará –Tavares no estudo intitulado

Tarefas de tradução e os processos mentais dos aprendizes durante a fase de

planejamento pré tarefa investiga os processos nos quais 16 alunos se engajam ao fazer

uma tarefa de tradução oral tendo 10 minutos para planejar. Xhafaj, com ênfase no

processo de planejamento estratégico em pares no estudo intitulado Um é bom. Dois é

melhor? O impacto do planejamento em pares revisa dois estudos ((Xhafaj, Muck, &

D’Ely, 2011 e Xhafaj, 2014) cujos resultados apontam para a não superioridade do

processo de planejar em pares, quando comparado à oportunidade de planejamento

individual ao fazerem uma tarefa oral. Com o objetivo de trazer luz à questão

instrucional do processo de planejamento estratégico, Specht investiga o impacto da

instrução desse processo no desempenho oral e na percepção de 6 acadêmicos de

Letras- Inglês no estudo intitulado O ensino de planejamento estratégico e o seu

impacto na produção oral e na percepção de futuros professores de inglês. Com um

olhar para o conceito de tarefa e sua interface com questões de avaliação, Farias e D`Ely

em Comparando a atuação dos alunos e revelando suas percepções em uma avaliação

embasada em tarefas, investigam o impacto de um teste-tarefa em uma população de 32

participantes divididos em dois grupos. Questões acerca da implementação e análise de

tarefas e planejamento estratégico também serão discutidas.

COMUNICAÇÕES INTERNAS

Tarefas de tradução e os processos mentais dos aprendizes durante a

fase de planejamento pré tarefa

Maria da Glória Guará Tavares

O presente estudo tem como objetivo investigar os processos mentais dos aprendizes

durantes o planejamento de uma tarefa de tradução oral. 16 estudantes de língua inglesa

fizeram uma tarefa de tradução oral em que tiveram 10 minutos para planejar as suas

tarefas em pares. Os resultados parecem mostrar que ao planejar os estudantes se

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engajaram em buscas e escolhas lexicais, planejamento organizacional, acurácia

gramatical e monitoramento durante o planejamento, corroborando estudos anteriores

(Ortega, 2005; Guará-Tavares, 2011). Ademais, tempo para planejar também as levou a

notar lacunas em sua interlíngua (Swain, 1985, 1995). As implicações pedagógicas em

relação ao uso de tarefas de tradução no tratamento da habilidade da fala também são

discutidas.

Um é bom. Dois é melhor? O impacto do planejamento em pares

Donesca Puntel Xhafaj

Segundo Skehan (1996; 1998), ao manipularmos uma tarefa ou as condições da mesma,

podemos torná-la mais (+) ou menos (-) desafiadora e, dessa forma, aumentar (ou

diminuir) as chances de o foco-na-forma (Long, 1991) acontecer. Uma vez que Ortega

(2005) reportou que alguns de seus participantes reclamaram da falta de ajuda no

momento do planejamento pré-tarefa, poderia se esperar que o planejamento em pares

fosse uma condição onde o foco na forma tem maiores chances de acontecer. Para testar

essa possibilidade, dois estudos (Xhafaj, Muck, & D’Ely, 2011 e Xhafaj, 2014) foram

conduzidos para avaliar os benefícios do planejamento em pares no desempenho de

brasileiros quando estes produzem linguagem oral em inglês (LE) depois de terem tido

10 minutos para planejamento (individual ou em pares) da tarefa. O principal resultado,

em ambos os estudos, foi que o planejamento em pares não apresentou nenhuma

vantagem com relação ao individual no que tange complexidade, fluência, ou acurácia

no uso da LE. Ao analisar as respostas dos participantes a um questionário pós-tarefa

com relação aos processos nos quais eles se engajaram durante o planejamento,

independentemente da condição (i.e., individual ou em pares), o foco foi o mesmo: a

formulação e a organização da mensagem que deveriam falar. Quando perguntados

sobre a sua opinião com relação à condição na qual fizeram o planejamento, os

participantes disseram que gostaram de planejar em pares e também que conseguiram

perceber benefícios nesse tipo de planejamento. No entanto, essas possibilidades

ofertadas pelo planejamento em pares não os levaram a produzir linguagem que fosse

mais acurada, fluente, e complexa do que a produzida quando o planejamento foi

individual. A sugestão é que, para que o foco-na-forma tenha maiores chances de

acontecer, é preciso guiar os aprendizes nesta direção enquanto eles estão planejando

estrategicamente.

O ensino de planejamento estratégico e o seu impacto na produção oral

e na percepção de futuros professores de inglês

André Luis Specht

A presente comunicação tem como objetivo apresentar um estudo que investigou o

impacto da instrução em planejamento estratégico no desempenho oral e percepção de 6

aprendizes brasileiros de inglês como L2. Os participantes, acadêmicos de Letras-Inglês

da Unicentro-PR, campus Irati, produziram três tarefas de narrativas de imagens sob três

condições diferentes: (1) sem tempo para planejar; (2) com tempo para planejar; e (3)

com tempo para planejar depois de sessões instrucionais sobre como planejar. Além do

mais, os participantes responderam um questionário após a realização de cada tarefa

com o objetivo de conhecer as suas opiniões sobre as condições e as tarefas. Análises

quantitativas e qualitativas foram conduzidas para examinar o desempenho oral dos

participantes na dimensão da acurácia e percepção do processo, respectivamente. No

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geral, as análises estatísticas revelaram que o planejamento estratégico não produziu

impacto significativo no desempenho oral dos participantes em nível de acurácia antes e

depois das sessões instrucionais. Contudo, resultados estatísticos beiraram significância

nas narrativas orais produzidas depois das sessões instrucionais, o que sugere um efeito

positivo do planejamento estratégico e da instrução na produção oral em nível de

acurácia. As análises qualitativas dos questionários pós-tarefa forneceram evidências

positivas do papel da instrução em planejamento estratégico no que diz respeito à

percepção dos participantes e ao uso de estratégias de aprendizagem durante o tempo

para planejar. Estas descobertas podem contribuir para o campo da aquisição em L2 e

ensino de língua estrangeira.

Comparando a atuação dos alunos e revelando suas percepções em

uma avaliação embasada em tarefas

Priscila Fabiane Farias

Raquel Carolina Souza Ferraz D'Ely

A Abordagem Baseada em Tarefas (ABT) propõe o ensino comunicativo através do uso

de tarefas (Skehan, 2003). Da mesma forma, pesquisadores na área de aquisição de

segunda língua percebem a importância da coerência entre a abordagem usada em sala

para ensino e para testagem. Considerando esse contexto, o presente estudo teve como

objetivo investigar o impacto de um “teste-tarefa” – isto é, um teste escrito que contém

elementos de tarefa – no desempenho linguístico de alunos de Inglês como segunda

língua, na tentativa de entender a relação que o teste tem com a abordagem

metodológica utilizada além de desvelar as percepções dos alunos sobre o instrumento

avaliativo. Trinta e dois participantes, divididos em grupo 1 (cujas aulas seguiram o

livro didático) e grupo 2 (cujas aulas seguiram a ABT), responderam ao “teste-tarefa” e

a um questionário pós-tarefa. O desempenho dos dois grupos foi comparado fazendo

uso de testes-T e considerando acurácia, complexidade e outcome como medidas de

análise. Uma apreciação qualitativa das respostas dos alunos no questionário também

foi conduzida. Os resultados em relação as medidas de acurácia e complexidade se

apresentaram não significativos estatisticamente enquanto que uma significância

aproximada foi encontrada para a medida de outcome. Além disso, as respostas dos

questionários demonstraram que os alunos perceberam elementos de tarefas no teste,

usando-os para classifica-lo como uma ferramenta eficaz de avaliação. Os resultados

enfatizam a importância de uma abordagem coerente entre ensino e testagem.

Atualidade dos estudos enunciativos: perspectivas

antropológicas do estudo da linguagem

Coordenadores: Silvana Kissmann - Universidade do Vale do Rio dos Sinos

Silvana Silva - Universidade Federal do Pampa

O objetivo deste simpósio é promover entre seus participantes um espaço de discussão

que, com bases em teorias enunciativas da linguagem e nos estudos ergológicos,

sinalize para a configuração de uma abordagem antropológica da enunciação. Parte-se

do princípio da indissociabilidade entre homem e linguagem, presente, particularmente,

nos estudos pioneiros de E. Benveniste, de M. Bakhtin bem como no conceito de

atividade de trabalho cunhado pela abordagem ergológica de Yves Schwartz e na

perspectiva da Teoria do Ritmo de Henri Meschonnic. Propõe-se que a experiência

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humana se coloca e se situa na e pela linguagem, numa relação indissociável entre eu e

tu, dialogicamente constituídos no seio da sociedade, no seio de uma cultura. São

apresentadas pesquisas que demonstram a produtividade dessa visão de enunciação e

seu potencial heurístico não apenas para o campo dos estudos da linguagem, mas

também para iluminar questões que dizem respeito à instauração da experiência humana

em diferentes práticas sociais, especificamente, o contexto hospitar e o contexto

educacional. O encontro reúne estudiosos de quatro instituições: UNISINOS;

UNIPAMPA; IFSUL e ISEI.

COMUNICAÇÕES INTERNAS

As práticas de trabalho coletivo de uma equipe multiprofissional de

uma Uti Neonatal: um estudo na interface entre enunciação e

ergologia.

Silvana Kissmann

Este estudo apresenta, com base na Teoria da Enunciação de Émile Benveniste e na

abordagem ergológica de Yves Schwartz, um dispositivo teórico-metodológico para

produzir saberes sobre a atividade de trabalho de uma equipe multiprofissional. O round

constitui-se em uma reunião de trabalho de equipes multiprofissionais da área da saúde

realizada para discutir sobre o processo saúde-doença de forma integral e humanizada.

Nosso objetivo é compreender como a noção de cuidado em saúde é co-construída pela

equipe multiprofissional de trabalhadores no round realizado em uma UTI Neonatal.

Para tanto, valemo-nos da concepção de linguagem da teoria da enunciação

benvenistiana e do conceito de atividade de trabalho desenvolvido pela ergologia. A

pesquisa é de natureza qualitativa e a coleta de dados foi realizada em uma UTI

Neonatal de um hospital da rede pública localizado na região sul do Brasil. O material

de análise é composto pelos dados gerados durante o período de observação participante

de treze rounds –– registro realizado em diário de campo – e pela transcrição do áudio

de dois rounds. Os dados revelam que, na noção de saúde co-construída pela equipe

multiprofissional no round, emergem: as dificuldades do trabalho com as quais o

trabalhador precisa lidar; o debate de normas e de valores atravessados pelo saber

técnico e pelo saber constituído na experiência; as renormalizações produzidas através

da negociação entre os pares (dramáticas do uso de si por si e pelos outros). Além disso,

o round configura-se como um espaço de escuta e de acolhimento que serve para

estabilizar a equipe.

A comunhão fática: no limite do diálogo?

Cláudia Redecker Schwabe

Rosângela Markmann Messa

Em seu célebre texto, O aparelho formal da enunciação, Émile Benveniste explicita, de

forma direta, o que entende por enunciação, bem como apresenta seus aspectos gerais, a

saber: (a) o aspecto da realização vocal da língua; (b) o aspecto da conversão da língua

em discurso; (c) o aspecto do locutor e, por ele, o da subjetividade na linguagem; (d) o

aspecto do quadro figurativo. Após essas considerações, Benveniste passa a questionar

se pode haver diálogo fora da enunciação, ou enunciação sem diálogo, ou seja, ele se

pergunta sobre os limites da noção de enunciação. Nessa discussão, refere-se ao

fenômeno da comunhão fática como estando situado nos limites do diálogo. A

comunhão fática foi definida pelo antropólogo B. Malinovski como um tipo de

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interação em que nada há a comunicar, mas apenas fórmulas ritualizadas a trocar com o

propósito de manter uma atmosfera socializadora. Este trabalho propõe-se a

problematizar o papel da comunhão fática na enunciação. Nosso objetivo é encontrar

subsídios para pensar a comunhão fática como um fenômeno linguístico que não pode

ser descrito aprioristicamente como um tipo de interação que se situa nos limites do

diálogo, mas merece ser estudado na e pela enunciação. Desse modo, a comunhão fática

pode ser tomada como ponto de apoio para observar as relações intersubjetivas que se

estabelecem na atividade de trabalho do professor.

A construção de consenso em reuniões do Conselho Escolar:

contribuições da linguística da enunciação e da ergologia para

entender a atividade de trabalho do gestor

Rosângela Markmann Messa

Este trabalho investiga, com base na teoria enunciativa de Émile Benveniste e na

perspectiva ergológica de Yves Schwartz, o processo de formação de consenso em

reuniões do Conselho Escolar de uma escola evangélico-luterana, localizada na Região

Metropolitana de Porto Alegre. Da teoria enunciativa benvenistiana, utiliza-se a

concepção de linguagem, segundo a qual a língua fornece um sistema formal de base de

que o indivíduo se apropria pelo ato de linguagem, renormalizando-a em um estilo

particular e único. Da perspectiva ergológica, vale-se da concepção de atividade de

trabalho, que ensina que há sempre uma distância entre as normas antecedentes,

reguladoras do fazer, e o trabalho realizado, que é a todo momento singularizado e

renormalizado pelo indivíduo na realização de sua atividade de trabalho. Ambas as

teorias levam em consideração a subjetividade que é inerente à linguagem e à atividade

de trabalho. A pesquisa é de natureza qualitativa e toma por objeto de estudo

interlocuções entre gestor escolar, coordenadora administrativa e integrantes do

Conselho Escolar. A partir da análise das interlocuções é possível afirmar que o

consenso é co-construído pelos participantes na interação; que ele é formado a partir da

instauração de um “eu” e de um “tu”, que falam de um “ele”, em um aqui-e-agora

específicos; que ele é resultado de um processo dilatado no tempo, induzido pela própria

instituição e reprodutor dela, em que diferentes participantes desenvolvem atividades

específicas relacionadas a seu papel e, com isso, vencem etapas de desenvolvimento

lógicas e necessárias no âmbito das ações que lhe competem.

Da linguagem do professor em formação: em busca de uma Linguística

do Falante

Silvana Silva

Neste trabalho, apresentaremos uma proposta de compreensão do que poderia ser o

projeto de uma “metassemântica da enunciação”, dimensão da significação linguística

aberta por Émile Benveniste em “Semiologia da língua” e em “O aparelho formal da

enunciação” (PLG II). O objetivo desta comunicação é apresentar a construção da

análise uma forma complexa do discurso: o diário reflexivo contido no Relatório de

Estágio Supervisionado de Língua Portuguesa, do Curso de Letras da UNIPAMPA.

Para constituir os movimentos do sujeito em seu próprio discurso, tomaremos, do lado

da Linguística da Enunciação, os conceitos de sintagmatização, atualização e

pessoalização (Flores et. al, 2009); do lado da Linguística do Falante tomaremos os

conceitos de ritmo (Meschonnic, 1982), acento discursivo sobre o parceiro (Benveniste,

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1989; Silva, 2013) e fraseado (Dessons, 1997). Tomaremos, para a análise, dois

momentos de construção do Diário: antes e depois da aula de avaliação presencial do

supervisor da prática docente do professor em formação inicial. Os resultados são os de

que a intervenção da professora supervisora impulsiona a prática docente e se agrega de

forma positiva ao trabalho do estagiário.

Linguagem e educação na perspectiva do letramento:

reflexões e ações em processo

Coordenadores:

Rosineide de Melo - Fundação Santo André

Paulo Rogério Stella - Universidade Federal de Alagoas

Este simpósio apresenta resultados parciais de pesquisas em andamento na área de

ensino e aprendizagem de línguas. Os trabalhos apresentados compõem um quadro

bastante amplo do trabalho em escolas do ensino básico e regular e em universidades

públicas e privadas no que diz respeito à formação com vistas à construção da cidadania

de deveres e direitos (SOUZA SANTOS, 1993), às reflexões a respeito de inclusão e

exclusão social (GROSFOGUEL, 2012) na perspectiva dos fluxos transculturais na

relação entre local e global (PENNYCOOK, 2010). A perspectiva teórica dos trabalhos

aponta para a concepção dialógica de língua/linguagem (BAKHTIN/VOLOCHINOV,

[1929] 2010), às questões discursivas relacionadas à produção, circulação e recepção

dos gêneros nos diversos campos de atuação humana (BAKHTIN, [1979] 2010), aliadas

às noções de letramento em suas diversas modalidades e tratamentos: letramento visual,

crítico e social, multiletramento etc, conceitos esses advindos de correntes teóricas

complementares em muitos aspectos. Dessa perspectiva, a metodologia de coleta de

dados predominante nas pesquisas envolve reflexões acerca dos fluxos identitários dos

participantes entendidos como seres em constante processo de alteração pelo contato

com o outro, objetivando o reposicionamento ético-político (FREIRE, 2001) dos

participantes no processo. Os resultados demonstram a importância da autorreflexão

como processo formativo não somente do pesquisador em relação a sua pesquisa, mas

também dos participantes em relação a si mesmos e aos outros que os constituem.

COMUNICAÇÕES INTERNAS

Cinema e Identidade: Letramento Visual nas aulas de Cultura e

Literatura

Andrea Cotrim Silva

Visamos problematizar a questão do uso do cinema na universidade e/ou na escola que,

ao longo dos anos, serviu, meramente, como entretenimento ou suporte secundário para

ilustrar as aulas de diversas disciplinas. Em nosso trabalho, o cinema assume sua

essência de “obra de arte” e nos desafia na apreensão de uma linguagem multimodal,

em que som, texto verbal e sonoro fundem sentidos múltiplos. O estudo do cinema

imbrica, também, o aprendizado de sua estética fílmica, a qual tece questões sociais e

identitárias relevantes para os debates mobilizados em sala de aula; dentre elas, o

racismo e outras estruturas desiguais de poder, na figuração de personagens cujo gênero,

a classe social, a cor da pele, o nível de escolaridade, o padrão corporal, a

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espiritualidade e/ou a linha de pensamento sofrem algum tipo de exclusão. A

representação do Outro, na chave da violência estética, seja ela plástico-imagética,

física, sonora, linguística ou simbólica, e a recepção destes conceitos, pelo viés do

Letramento Crítico Visual é, portanto, o fio condutor da nossa pesquisa com alunos do

ensino superior em Letras, durante as aulas de Cultura e Literatura Norte-Americana,

ministradas em uma universidade localizada na cidade de São Paulo. A política de

narração dos filmes escolhidos tange a premissa de que a “violência” é, em última

instância, qualquer forma de silenciar o Outro (Vattimo, 2015) e que a “representação”

desta violência se dá na partilha do sensível, ou seja, no modo pelo qual se determina a

relação de saberes partilhados em um conjunto comum (Rancière, 2010). Por fim,

planejamos mostrar o que está em andamento em nosso projeto (questionários,

entrevistas, debates e filmagens), mediante a anuência dos alunos.

Letramento e tecnologia: encontros possíveis pelos caminhos do

discurso e da etnografia

Andrea da Silva Pereira

O presente trabalho discute as relações entre propostas didáticas de letramento e uso de

tecnologia no contexto de duas pesquisas que ocorrem no Mestrado Profissional em

Letras – PROFLETRAS -, da Universidade Federal de Alagoas – UFAL. A esse

propósito, lança-se mão da abordagem teórico-metodológica da Etnografia combinada

com noções da concepção dialógica da linguagem de Bakhtin e seu Círculo. A

primeira pesquisa, propondo um trabalho de letramento a partir das narrativas digitais

com vistas à formação social crítica de alunos do 9º ano do Ensino Fundamental de uma

escola pública inserida em um contexto de acentuada vulnerabilidade social em Maceió,

em Alagoas, aponta para a importância do percurso etnográfico do professor na busca

por instaurar diferentes práticas letradas em sua sala de aula. A segunda pesquisa, que

propõe a produção escrita dos blogs digitais na esfera de atividade cultural do cinema

como estratégia para ampliar as práticas de letramento dos alunos do 8º ano de uma

outra escola pública localizada em Marechal Deodoro, município de Alagoas, mostra

como o uso do ambiente digital colabora para a instauração de deslocamentos

discursivos tanto do professor como dos alunos em relação à noção de tema, no sentido

bakhtiniano, de língua única como valoração ideológica em sala de aula.

Práticas multiletradas em oficinas de produção de texto: exercitando o

novo ethos

Rosineide Melo

As práticas multiletradas exigidas pelo mundo contemporâneo impõem desafios diários

a docentes e pesquisadores de todas as áreas, uma vez que os novos letramentos não são

privilégio das disciplinas relacionadas a língua/linguagens. O objetivo deste trabalho é

apresentar proposta, portanto, experimental, cuja finalidade é proporcionar espaço para

o diálogo e o debate das diversas culturas e linguagens, de forma inter/transdisciplinar e,

com isso, desenvolver (novas/outras) competências e habilidades em estudantes do

Ensino Fundamental II na produção de textos multissemióticos. O embasamento

teórico-metodológico que norteia o estudo retoma a concepção – revisitada por Rojo

(2013) de gêneros do discurso, de orientação bakhtiniana; as discussões sobre

multiletramentos, propostas pelo Grupo de Nova Londres (1996); e o entendimento

acerca do novo ethos, caracterizador da hipermodernidade, por Lankshear e Knobel

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(2007). A proposta está organizada para ser realizada em oficina de texto direcionada à

concretização de projeto multissemiótico (blogue, revista virtual ou outro),

compreendendo desde a estrutura composicional do suporte digital, passando pela

produção dos gêneros dos discursos de forma individual e colaborativa até a postagem

dos textos e publicação deles no suporte escolhido pelos estudantes. O trabalho está em

fase de desenvolvimento, e os resultados parciais já apontam os impactos e as

possibilidades que uma pedagogia embasada nos pressupostos dos multiletramentos

pode proporcionar às práticas docentes e às novas práticas de produções dos estudantes,

tornando-os sujeitos protagonistas na construção de saberes significativos.

Construindo sentidos com professores supervisores do PIBID para

Licenciatura em Inglês da UFAL: refletindo e agindo no processo

Daniel Adelino Costa Oliveira da Cruz

Esta pesquisa, em andamento, visa à reflexão durante o processo de trabalho conduzido

com cinco professores de língua inglesa que atuam em escolas da rede básica pública da

Grande Maceió, supervisores no âmbito do PIBID-Inglês da Faculdade de Letras da

Universidade Federal de Alagoas para o período 2014-2017. Com base nas concepções

de língua, interação e dialogismo(Bakhtin/Voloshinov, 1929[2010), abordamos o

processo de reflexão, que envolve este pesquisador e os supervisores do PIBID, tendo

em mente o objetivo geral da pesquisa (a compreensão do sentido construído para a

língua inglesa, seu papel social e seu potencial para o trabalho com temas transversais,

sempre da perspectiva da justiça social e da cidadania global) e seus três objetivos

específicos (refletir com os professores sobre o trabalho que fazem, onde fazem e como

fazem; compreender como esse trabalho acontece considerando-se a relação entre o

global e o local, questões de etnia, inclusão e exclusão social e justiça social; refletir no

processo a respeito das mudanças que o professor e este pesquisador venham a perceber

que experimentam). Nossa metodologia de trabalho consiste em encontros com os

professores para interações nas bases de uma pesquisa narrativa (Bruner, 2001) em que

são coletados os dados ao mesmo tempo em que se dá o processo de (re)construção de

sentidos. Nesta apresentação, destacamos o principal resultado que esperamos alcançar,

que é a observação das mudanças nas concepções da língua inglesa e do trabalho que se

faz com ela do modo como experimentado por este pesquisador e os professores numa

pesquisa que se orienta pelo e para seu trabalho enquanto processo de reflexão e ação

que acontecem simultaneamente.

Reflexões dialógicas sobre o ensino de língua portuguesa

Coordenadores: Cláudia Garcia Cavalcante - Faculdade de Tecnologia de São Paulo; Universidade Nove

de Julho

Anderson Cristiano da Silva -PUCSP/LAEL/CNPq)

De acordo com Brait e Magalhães (2014), a origem da palavra dialogismo remete à

justaposição de uma preposição e um substantivo gregos: por causa de e discurso,

respectivamente. Esses são dois dos termos possíveis que apontam para a constituição

de um conceito que mostra a indissolubilidade entre diálogo e linguagem em que aquele

existe por meio deste. Nesse sentido, e a partir do pensamento emergido dos estudos de

Bakhtin e do Círculo, o estudo das produções humanas só se torna possível por meio do

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texto, aqui também entendido como interação oral face a face, diálogo stricto sensu.

Então, se tomarmos o caminho do raciocínio de Bakhtin (2006), podemos afirmar que

onde não há linguagem, não há palavra, não há discurso, não há texto. Os textos são

essenciais na perspectiva de linguagem da Análise Dialógica do Discurso (ADD) por

serem os lugares de constituição dos sujeitos que pensam, comunicam-se entre si numa

relação orgânica que resulta no ato ético e responsável. Por isso tudo, essa perspectiva

reflete sujeitos discursivos em uma cadeia ininterrupta de diálogo e não em objetos

neutros e abstratos que não interagem e, portanto, não produzem discursos. Assim, esse

simpósio propõe uma “sessão bakhtiniana” ao apresentar diferentes pesquisas que

variam em escopo e objetos de estudo, mas unidas pela mobilização de um mesmo

conceito acerca de língua, linguagem e práticas sociais refletidas em enunciados

concretos (textos) (discursos) em diferentes esferas da atividade humana,

principalmente aquelas voltadas à educação básica.

COMUNICAÇÕES INTERNAS

Atividades de pontuação: reflexões dialógicas em coleções didáticas de

português

Anderson Cristiano da Silva

Este trabalho objetiva analisar as atividades didáticas a respeito do ensino da pontuação

nos volumes do 6º ao 9º ano das coleções: Português: uma proposta para o letramento,

de Magda Soares, e Português: linguagens de William Roberto Cereja e Thereza Cochar

Magalhães. Esta investigação surgiu da preocupação sobre como os sinais de pontuação

são abordados nos livros didáticos de Português distribuídos nas escolas públicas por

meio do Programa Nacional do Livro Didático. Com efeito, os estudantes percebem

nuanças de entoações na fala, distinguindo os efeitos de sentido a partir das pausas na

oralidade; entretanto, isso deixa de ocorrer na transposição para a escrita, pois ao longo

do processo de aprendizagem sobre os sinais de pontuação, percebem-se lacunas no

ensino desse conteúdo. Como pergunta de pesquisa, gostaríamos de saber como as

prescrições e propostas para o ensino da pontuação se articulam à formação de leitores e

produtores de textos nas obras didáticas analisadas, conforme orientações dos

documentos oficiais. Para alicerçar nossas análises, o trabalho tem como arcabouço

teórico as contribuições da Análise Dialógica do Discurso, com base nos trabalhos

desenvolvidos por Bakhtin e o Círculo. Na parte metodológica, propomos dois eixos: o

teórico, visando o estudo da pontuação nas gramáticas normativas e nas gramáticas de

uso, além do estado do conhecimento sobre a temática da pontuação; ademais, o eixo

prático objetiva a análise dialógica das atividades sobre pontuação encontradas nas duas

coleções, bem como as relações dialógicas existentes com os enunciados concretos que

as constituem. Em nossas considerações finais, constatamos propostas didáticas

heterogêneas, sendo a pontuação trabalhada mais pela modalidade oral em coleção e

mais pela modalidade escrita em outra coleção.

O enunciado verbo-visual em perspectiva de leitura em livros didáticos

de língua portuguesa: uma análise dialógica

Elisângela Costa

Esta comunicação objetiva discutir as relações enunciativo-discursivas implicadas no

processo de leitura de gêneros discursivos verbo-visuais presentes em duas coleções de

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livros didáticos de Língua Portuguesa (LDP) do Ensino Fundamental (6º ao 9º ano). O

trabalho fundamenta-se nos pressupostos teóricos de Bakhtin e o Círculo,

especificamente, nos conceitos de enunciado concreto e dialogia. Trata-se de uma

pesquisa de análise documental de abordagem qualitativa e dialógica, que busca

respostas para as seguintes perguntas: 1. Quais gêneros discursivos constituídos no/pelo

plano verbo-visual estão presentes em duas coleções de LDP do 6º ao 9º ano do Ensino

Fundamental? 2. Como se dá o tratamento da materialidade verbo-visual nos LDP

selecionados? 3. Como o tratamento da materialidade verbo-visual nos LDP

selecionados pode alterar as relações enunciativo-discursivas constitutivas do processo

de leitura? Neste recorte, mapeamos a incidência e posição dos gêneros visuais e verbo-

visuais nos oito volumes das duas coleções selecionadas. Dentre as posições observadas

para os enunciados visuais e verbo-visuais nos livros analisados, aquela que apresentou

um dos menores números percentuais, foram os enunciados em “posição de leitura”,

sendo: 8,89% na COL 1, e 8,50% na COL 2. Trata-se de um percentual muito ínfimo

reservado à leitura de textos/ enunciados que requerem outra forma de letramento que

não somente o verbal. Sabemos que o livro didático de Língua Portuguesa ainda se

constitui como o principal material de acesso à leitura de muitos jovens estudantes das

escolas públicas brasileiras. Sendo assim, os números resultantes dessa fase da pesquisa

demonstram que o jovem estudante, a depender do livro didático, estará muito menos

exposto à leitura de enunciados que exigem do leitor outros letramentos, incluindo o

verbo-visual. Além disso, os oito volumes que constituem as duas coleções

selecionadas serão ofertados aos estudantes desse nível de ensino, o que torna os

números encontrados ainda mais preocupantes.

Os gêneros discursivos e o ensino de língua portuguesa no ensino

médio

Sandra Mara Moraes Lima

O trabalho se propõe a discutir o conceito de gênero discursivo veiculado pelo Círculo

bakhtiniano, considerando o ensino/aprendizagem de língua materna na educação

básica, tendo em vista o processo de multiletramento. Toma como pressuposto a teoria

de que os gêneros discursivos constituem categorias primordiais para a interação

discursiva, uma vez que os gêneros nos são dados como nos é dada a língua materna e

que são introduzidos em nossa experiência e em nossa consciência conjuntamente sem

que sua estreita correlação seja rompida. Nesse contexto, consideramos que os gêneros

do discurso organizam nossa fala da mesma maneira que a organizam as formas

gramaticais (sintáticas) e que desenvolvemos nossa linguagem verbal a partir do gênero.

Dessa maneira, os diversos gêneros são as formas tipificadas que facultam determinado

enquadramento da realidade, comportando de modo indissociável o conteúdo, o material

e a forma. Nessa direção, acreditamos,deve caminhar o ensino de língua na educação

básica, uma vez que para a construção do sentido é fundamental ter em vista o gênero

como categoria que permite as relações dialógicas, as interações discursivas. No que diz

respeito aos multiletramentos, é imprescindível ter em vista os gêneros discursivos, uma

vez que o gênero, na perspectiva bakhtiniana, é o ponto de partida no projeto discursivo,

determinando as interações discursivas, as relações dialógicas entre as diversas

linguagens, gêneros, esferas, etc. A proposta, nesse momento, atem-se à análise dos

manuais didáticos do Ensino Médio da rede estadual do estado do Espírito Santo com o

objetivo de analisar o conceito de gênero discursivo e sua aplicação no

ensino/aprendizagem de Língua Portuguesa no Ensino Médio nos referidos manuais,

investigando como é feita a abordagem do gênero discursivo e se a tal aplicação

contribui no processo de multiletramento.

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Pesquisa Crítica de Colaboração (PCCol): conceitos centrais,

questões problemáticas e novas compreensões

Coordenadora: Profa. Dra. Maria Cecília Camargo Magalhães – PUCSP/LAEL

Fernanda Liberali (PUCSP/ CNPq)

Este Simpósio está organizado para discutir a Pesquisa Crítica de Colaboração –

PCCol que, apoiada nas discussões de Vygotsky, Leontiev e extensões posteriores,

embasa pesquisas desenvolvidas com formação de educadores (pesquisadores, alunos,

professores, diretores e coordenadores). Pensada por Magalhães 1990 e expandida no

Grupo de Pesquisa Linguagem em Atividades no Contexto Escolar (LACE), liderado

pelas Profas. Dras. Magalhães e Liberali (PUC-SP), a PCCol tem como questão central

a produção e desenvolvimento de projetos de extensão e pesquisa que organizem a

escola como comunidade aprendente e, para isso criem relações colaborativo-críticas

na produção de conhecimento sobre as bases teóricas das práticas escolares e os

interesses a que servem. O objetivo foi, desse modo, criar um contexto em que

pesquisadores com bases teórico-metodológicas diversamente constituídas discutissem

questões problemáticas, questões novas e desafiantes levantadas nos contextos de suas

pesquisas e de sua inserção em contextos sócio-históricos, culturais e políticos da

atualidade.

COMUNICAÇÕES INTERNAS

Reflexões sobre a produção de pesquisas colaborativas na formação

docente: gênese e expansão

Ivana Maria Lopes de Melo Ibiapina

Esta comunicação objetiva demonstrar a gênese e o desenvolvimento do campo teórico-

metodológico da pesquisa colaborativa, enfatizando os princípios e as regras que

orientam as investigações que se organizam para compreender as relações colaborativo-

críticas em projetos desenvolvidos em contextos de formação docente. A discussão

central focalizará a organização das pesquisas colaborativas desenvolvidas pelo

FORMAR – Núcleo de Pesquisa Formação de Professores na Perspectiva Histórico-

Cultural da Universidade Federal do Piauí, destacando as opções epistemológicas,

teóricas e práticas que orientam o desenvolvimento da colaboração crítica. Para este

intento, o texto foi organizado em três partes: a primeira parte introduz as ideias

desenvolvidas ao longo do texto e apresenta a organização da exposição; a segunda

parte traz à tona as contradições inerentes à constituição do campo de desenvolvimento

de pesquisas colaborativas, identificando três correntes e suas diferentes concepções de

colaboração; a terceira apresenta a perspectiva que desenvolvido no FORMAR,

exemplificando o conteúdo e a forma de organização das pesquisas colaborativas

produzidas neste Programa de Pós-graduação em Educação. As informações produzidas

no âmbito destas pesquisas são discutidas, analisadas, confrontadas e reelaboradas

coletivamente por meio de atividade que transforma informação em conhecimento e

significados em conceitos científicos, isto é, produz dialética e criticamente saberes

fundamentados em práticas reais e em teorias formais, o que perspectiva o

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desenvolvimento de maior nível de consciência das relações vividas na formação

docente.

Reflexões sobre a apropriação da Pesquisa Crítica de Colaboração

como instrumento teórico-metodológico, no campo de Educação e da

Psicologia da Educação.

Wanda Maria Junqueira de Aguiar

Elvira Maria Godinho Aranha

Esta comunicação tem como objetivo discutir a apropriação do referencial teórico

metodológico da Pesquisa Critica de Colaboração, nas pesquisas em educação

desenvolvidas no campo da Psicologia da Educação, especialmente no Grupo

“Atividade Docente e Subjetividade” que também está ancorado no Método Histórico

Dialético. Dentre as pesquisas desenvolvidas pelo grupo desde 2011, está em curso uma

pesquisa coletiva que tem como objetivo geral investigar a dimensão subjetiva dos

processos educacionais de uma escola pública de São Paulo. O objetivo especifico é

apreender as significações constituídas pelos professores, gestores, alunos, funcionários

e pais sobre esta realidade e suas relações com o processo de (trans) formação do

indivíduo como ser mediado pela história e pela cultura. Nesta apresentação

focalizaremos especialmente as reflexões teórico-metodológicas e as sínteses

produzidas pelo grupo de pesquisadores, à partir de múltiplos questionamentos

constituídos no processo de entendimento da Pesquisa Crítica de Colaboração. As

análises produzidas até o momento revelam que, embora comunguemos do mesmo,

referencial teórico, observamos diferenças no uso da PCCol, tal como definida por

Magalhães (2009,2013,2015), tanto quanto no desenho e na condução da pesquisa,

quanto na forma de análise das informações. Tais diferenças, peculiaridades e seus

desdobramentos serão discutidas nesta apresentação.

Reflexões acerca da Linguagem Crítico-Colaborativa em Contexto de

Formação de Professores

Maria Otilia Guimarães Ninin

Esta comunicação tem por objetivo discutir, na perspectiva da Pesquisa Crítica de

Colaboração (MAGALHÃES, 2009, 2013), a organização da linguagem em contexto de

formação de professores. Realizado em uma escola pública de município da Grande São

Paulo, o projeto LEDA – Leitura e Escrita nas Diferentes Áreas (MAGALHÃES, 2011)

vem sendo desenvolvido para compreender como se dá a , pelo grupo de educadores

em contexto escolar, dos conceitos teóricos e de sua articulação à prática pedagógica. A

partir de discussões a respeito do desenvolvimento de atividades de sala de aula com

foco no estudo de gêneros discursivos e sua apresentação em materiais didáticos, o

trabalho de formação, que ocorre em encontros quinzenais com professores,

coordenadores pedagógicos e pesquisadores, destaca, nesta comunicação, a organização

da linguagem e os modos de intervenção dos participantes na abordagem dos conteúdos

propostos. Tomando como base as discussões de Liberali (2013) a respeito da

argumentação, de Magalhães (2011; 2012) ao tratar da intervenção na PCCol, e de

Ninin (2013) a respeito da organização das perguntas nas situações de aprendizagem,

destaca-se, aqui, um conjunto de dados que favorecem nossa compreensão a respeito da

identificação de marcadores do discurso característicos da linguagem crítico-

colaborativa nas situações de intervenção ancoradas na perspectiva dialógica

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(BAKHTIN, 1929) e no paradigma sócio-histórico-cultural (VYGOTSKY, 1930 e

1934).

Fonética experimental e o uso de diferentes instrumentais

para avaliação da fala

Coordenadores: Andréa Baldi de Freitas - PUCSP

Irene Marchesan – CEFAC

A incorporação de recursos tecnológicos tem sido cada vez mais recorrente nos estudos

em Ciências Fonéticas. As técnicas não-invasivas de ultrassonografia (USG),

eletroglotografia (EGG), ressonância magnética (RM) e videofluoroscopia (VFS)

possibilitam a investigação dos processos envolvidos na produção da fala. À luz da

fonética acústica e da fonética articulatória, a análise dos dados obtidos pelos diferentes

instrumentais traz um novo viés para a compreensão e intervenção nas alterações de fala

observadas na clínica fonoaudiológica, bem como amplia as possibilidades de atuação

nos campos da Engenharia, Perícia, Ensino de Línguas, etc. Desta forma, o objetivo

desse simpósio é trazer à discussão as interfaces entre as tecnologias disponíveis e seus

usos aplicados às pesquisas em Fala.

COMUNICAÇÕES INTERNAS

A ultrassonografia como instrumental para avaliação da deglutição e

qualidade vocal

Andrea Baldi de Freitas

Zuleica Camargo

Com o propósito de estudar a deglutição, vários métodos de investigação por imagem

têm sido utilizados. Dentre as técnicas de avaliação da função da deglutição, a

ultrassonografia (USG) ganha destaque, pois além de não expor o sujeito à radiação,

pode ser realizada na beira do leito, com baixo custo e o alimento pode ser oferecido na

situação habitual. Até o momento, não foram encontrados estudos que esboçassem

relação entre a deglutição e a qualidade vocal, com o apoio da técnica de

ultrassonografia. O objetivo deste estudo é investigar a deglutição do ponto de vista

fisiológico (ultrassonografia), buscando descrever o comportamento da laringe em

diferentes tarefas e relacionando aos achados de ajustes laríngeos de qualidade vocal.

Serão coletadas amostras ultrassonográficas de fala e deglutição de 30 sujeitos adultos

saudáveis. Para a análise dos dados de ultrassom relacionados à deglutição, utilizaremos

a análise proposta por Yabunaka et al (2013) para medida do deslocamento do hioide.

Para a análise dos dados de fala, as sentenças referentes ao corpus serão analisadas por

três juízes com formação no uso do roteiro VPAS-PB da qualidade vocal e elementos de

dinâmica vocal.

Tecnologia aplicada à investigação de produção de fala de sujeitos com

e sem deficiência auditiva: um estudo com dados de ultrassonografia e

de análise acústica

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Lilian Cristina Kuhn Pereira

Sandra Madureira

Este m recorte do projeto de pesquisa que vem sendo desenvolvido na linha de

investigação do Grupo de Pesquisa de Estudos sobre a Fala (LIAAC/CNPq), cujos

trabalhos examinam a fala, a partir de estudos fonético-articulatórios, o que permite uma

inferência das posições dos articuladores e das características fonéticoacústicas dos sons

consonantais e vocálicos da fala. Dentro desta proposta, a fala de sujeitos com

deficiência auditiva vem sendo investigada com o auxílio do instrumental da análise

acústica. O objetivo deste estudo é investigar o dito “sotaque de surdo”, ou seja, o

conjunto dos aspectos alterados ou ausentes e que são recorrentes em todos os sujeitos

adultos com deficiência auditiva de origem congênita. Para tanto, a análise dos dados de

fala se dará em três instâncias: fisiológica (técnica de ultrassonografia - postura de

língua), acústica (análise fonético-acústica dos segmentos vocálicos e consonantais) e

perceptiva (ajustes de qualidade vocal na proposta do Vocal Profile Analysis Scheme -

VPAS-PB). A mesma análise será realizada sujeitos sem alterações de fala, falantes do

Português Brasileiro (PB), que servirão de referência para o estudo. Para tanto, sessões

de coletas simultâneas de dados articulatórios (instrumental de ultrassonografia) e

acústicos serão realizadas, utilizando-se o corpus do Protocolo VPAS-PB (CAMARGO

e MADUREIRA, 2008; CAMARGO et al, 2011) . A análise dos dados acústicos e

articulatórios e o julgamento perceptivo-auditivo serão realizados à luz da Teoria

acústica de produção de fala (FANT, 1960), na Fonologia Articulatória (BROWMAN e

GOLDSTEIN, 1986; 1990; 1992) e no modelo fonético de descrição da qualidade vocal

(LAVER, 1980). Pretende-se, com o desenvolvimento deste trabalho, contribuir para

aprofundar a compreensão da produção e percepção da fala com e sem alteração e trazer

novos conhecimentos tanto para a linguística quanto para a clínica fonoaudiológica.

Avanços tecnológicos na área de fonoaudiologia: uma revisão

John Paul Hempel Lima

Daniel Couto Gatti

Julio Arakaki

Esse trabalho apresenta uma revisão sobre as principais tecnologias utilizadas na área de

fonoaudiologia, tanto do ponto de vista de equipamentos (hardware) quanto de sistemas

(software). São descritos os princípios fundamentais dessas tecnologias, aplicadas em

terapias, em diagnóstico e em investigações científicas. Na tecnologia de ultrassom são

discutidas as características técnicas que influenciam na qualidade das imagens e dados

de interesse. Descreve-se também o uso da telemedicina no diagnóstico e tratamento de

distúrbios da fala bem como as limitações de uso. São apresentados sistemas eletrônicos

para melhoria da compreensão oral e fala como o eletroglotógrafo, eletromiógrafo e

dispositivos de amplificação para auxílio auditivo. Discute-se as tendências

tecnológicas relacionadas a construção de algoritmos aplicados, visualização e

manipulação da informação, processamento de sinais, filtragem e sistemas de tradução

automática, onde nesse caso, torna-se necessário o processamento em tempo real.

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Pedagogia do Léxico e da Tradução a partir de corpora

Coordenadores: Adriane Orenha-Ottaiano - Universidade Estadual Paulista "Júlio de Mesquita Filho"

Emiliana Fernades Bonalumi – Universidade Federal do Mato Grosso

De acordo com Baker (1992, p. 4), se a tradução pretende se tornar “uma profissão no

sentido pleno da palavra, os tradutores irão precisar de outros recursos, além da atual

combinação intuição e prática, a fim de possibilitá-los refletir o que fazem e como

fazem. Necessitarão, acima de tudo, adquirir um conhecimento profundo da matéria-

prima com a qual trabalham: entender o que a língua é e como ela funciona para seus

usuários”. Esta reflexão de Baker parece-nos apropriada às novas pesquisas que estão

sendo realizadas na UNESP, Câmpus de Rio Preto e na Universidade Federal de Mato

Grosso, uma vez que já acenava para aspectos ainda não amplamente divulgados em

pesquisas sobre tradução no Brasil. Estudos recentes de renomados pesquisadores e

membros do Grupo de Pesquisa “Pedagogia do Léxico, da Tradução e Linguística de

Corpus”, cadastrado no Diretório dos Grupos de Pesquisa no Brasil do CNPQ (Baer;

Koby; Geoffrey, 2003; Nighat, 2009; Laviosa, 2011; Amadeu-Sabino, 2011a, Orenha,

2012a, Pinto-Paiva, 2012 etc.) apontam para a relevância e a necessidade de

investigações voltadas para uma Pedagogia da Tradução. Desse modo, uma das

vertentes das referidas investigações foca nos aspectos pedagógicos referentes ao ensino

da tradução e suas implicações para a prática tradutória. A segunda vertente em que se

inserem os referidos pesquisadores objetiva analisar, discutir e sistematizar aspectos

pedagógicos relativos ao ensino do léxico geral e especial(izado), com vistas a

compilação de obras fraseográficas (Amadeu-Sabino, 2011b; Orenha, 2012b, 2015;

Teixeira 2009; Tagnin, 2010), terminográficas (Pinto-Paiva et al, 2007; Bonalumi,

2010) e materiais de apoio para sala de aula de língua estrangeira (Orenha, 2013, 2014).

Nesse sentido, este simpósio propõe tratar de pesquisas que mostram a

interdisciplinaridade entre os Estudos da Tradução, a Lexicologia, a Terminologia, a

Fraseologia e o Ensino de Línguas Estrangeiras, evidenciando que dialogam uma com a

outra.

COMUNICAÇÕES INTERNAS

Colocações especializadas na área jurídica extraídas do corpus uncitral

Adriane Orenha-Ottaiano

Este trabalho, em consonância com o aparato teórico da Linguística de Corpus e da

Fraseologia, discutiremos os aspectos teórico-metodológicos necessários para o

levantamento, a análise léxico-semântica e sintático-morfológica das colocações

especializadas e das colocações especializadas estendidas mais frequentes extraídas do

corpus em inglês, constituído pelos anuários da “Comissão das Nações Unidas para o

Direito Comercial Internacional” (UNCITRAL). A partir dessa análise, visamos buscar

as colocações correspondentes em português, extraídas do corpus em português,

composto por atos internacionais do governo brasileiro (tratados, decretos, convenções,

acordos, declarações conjuntas, protocolos e emendas), além de outros documentos

jurídicos coletados via web. Com base nesta investigação, objetivamos a compilação de

um glossário bilíngue de colocações especializadas na área de Direito Comercial

Internacional, nas direções tradutórias inglêsportuguês/portuguêsinglês. Para extração

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das colocações, utilizaremos as ferramentas básicas (Concord, Keyword e Wordlist) do

programa WordSmith Tools. Embora esta pesquisa esteja em fase inicial, levantamentos

parciais permitem-nos afirmar que se trata de um corpus bastante representativo, o que

possibilitará a extração de um grande número de colocações especializadas. A fim de

exemplificar nosso estudo, apresentamos e analisamos algumas colocações

especializadas formadas pela base contract (35.612 ocorrências). Acreditamos que esta

pesquisa, além de subsídios teóricos para as áreas em que se insere, trará também

contribuições práticas, visto que, ao identificarmos e reunirmos em um glossário as

estruturas fraseológicas convencionais comumente utilizadas na área, ofereceremos

escolhas lexicais que poderão auxiliar na redação, assim como na tradução de

documentos em língua portuguesa (Apoio: CAPES).

Elaboração de material de gramática da língua inglesa por meio de

corpora on-line

Emiliana Fernandes Bonalumi

Devido a tantas dificuldades enfrentadas por aprendizes de língua inglesa, em relação ao

aprendizado da gramática da língua inglesa, instigamo-nos a investigar um método que

ajudasse na sua aquisição e compreensão. Pensando nisso e na proposta da Linguística

de Corpus de explorar os corpora para auxiliar no ensino de línguas, decidimos realizar

a presente pesquisa em forma de Programa de Tutoria de Língua Inglesa. Este estudo

está inserido em um Projeto maior intitulado “Linguística de Corpus Aplicada ao

Ensino de Língua Inglesa e aos Estudos da Tradução”, sendo desenvolvido na

Universidade Federal de Mato Grosso, campus de Rondonópolis desde maio de 2011.

Esta investigação baseia-se na proposta de Linguística de Corpus de Berber Sardinha

(2004) e na abordagem Aprendizado Movido por Dados de Johns e King (1991). A

pesquisa tem como objetivos elaborar exercícios da gramática da língua inglesa que

utilizem a língua em uso, por meio dos corpora on-line BNC (British National Corpus),

constituído de 100 milhões de palavras de inglês britânico, tanto falado quanto escrito, e

COCA (Corpus of Contemporary American English), compreendido de

aproximadamente 400 milhões de palavras, em relação aos apresentados nos livros

didáticos New English File Elementary, New English File Pre-Intermediate, New

English File Intermediate e New English File Upper-Intermediate, de forma

estruturalista, utilizados em sala de aula; bem como tornar nossos alunos mais

capacitados na gramática da língua inglesa, por meio de explicações realizadas pelos

tutores e aplicação de exercícios de fixação elaborados por meio dos corpora on-line.

A questão de vocábulos de “urgência” e “importância” em resumos de

aprendizes brasileiros de um curso de Inglês com Fins Acadêmicos

(EAP)

Paula Tavares Pinto

A abordagem teórico-metodológica da Linguística de Corpus tem favorecido a

investigação de coletâneas de textos com o auxílio de ferramentas computacionais

elaboradas para fins de pesquisa linguística (SINCLAIR, 1995; BIBER, 1998; BERBER

SARDINHA, 2004, 2009). Utilizando esta abordagem, temos pesquisado a linguagem

científica produzida por pesquisadores brasileiros (PBs) que têm o inglês como “língua

adicional” (SWALES e FEAK, 2009), ou melhor, língua utilizada para publicação

internacional. O objetivo principal é o de comparar a linguagem produzida por esses

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pesquisadores com a linguagem dos pesquisadores de instituições internacionais (PIs),

que tenham publicado seus artigos em língua inglesa em revistas de impacto dentro de

suas áreas. Para tanto, compilamos um corpus composto por resumos científicos em

língua inglesa escritos por PBs juniores que fazem parte de em um curso de Inglês para

Fins Acadêmicos em nossa universidade, pelo terceiro ano consecutivo, a fim de ter os

resumos nas três grandes áreas, Humanas, Exatas e Biológicas. Como são todos

aprendizes de língua inglesa, este configura-se como um corpus de aprendizes

(GRANGER, 1998). Além da compilação deste “corpus de aprendiz”, os alunos

construíram seus próprios corpora descartáveis (Do-it-yourself corpora) para que,

durante as aulas, pudessem discutir as especificidades e os padrões lexicais de cada área

antes de produzir seus próprios resumos. Apresentaremos algumas considerações

referentes às funções retóricas, bem como dos padrões lexicais e a falta de vocábulos de

“urgência” e “importância” utilizados nas três áreas.

Colocações especializadas na área jurídica extraídas do Corpus

uncitral

Jean Michel Pimentel ROCHA

Adriane ORENHA-OTTAIANO

Neste trabalho, em consonância com o aparato teórico da Linguística de Corpus e da

Fraseologia, discutiremos os aspectos teórico-metodológicos necessários para o

levantamento, a análise léxico-semântica e sintático-morfológica das colocações

especializadas e das colocações especializadas estendidas mais frequentes extraídas do

corpus em inglês, constituído pelos anuários da “Comissão das Nações Unidas para o

Direito Comercial Internacional” (UNCITRAL). A partir dessa análise, visamos buscar

as colocações equivalentes em português, extraídas do corpus em português, composto

por atos internacionais do governo brasileiro (tratados, decretos, convenções, acordos,

declarações conjuntas, protocolos e emendas), além de outros documentos jurídicos

coletados via web. Com base nesta investigação, objetivamos a compilação de um

glossário bilíngue de colocações especializadas na área de Direito Comercial

Internacional, nas direções tradutórias inglês

das colocações, utilizaremos as ferramentas básicas (Concord, Keyword e Wordlist) do

programa WordSmith Tools. Embora esta pesquisa esteja em fase inicial, levantamentos

parciais permitem-nos afirmar que se trata de um corpus bastante representativo, o que

possibilitará a extração de um grande número de colocações especializadas. A fim de

exemplificar nosso estudo, apresentamos e analisamos algumas colocações

especializadas formadas pela base breach (3860 ocorrências). Acreditamos que esta

pesquisa, além de subsídios teóricos para as áreas em que se insere, trará também

contribuições práticas, visto que, ao identificarmos e reunirmos em um glossário as

estruturas fraseológicas convencionais comumente utilizadas na área, ofereceremos

escolhas lexicais que poderão auxiliar na redação assim como na tradução de

documentos em língua portuguesa (Apoio: CAPES).

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Formação docente: por uma produção crítica, criativa e

colaborativa

Coordenadores: Valdite Fuga - Faculdade de Tecnologia de Mogi das Cruzes

Daniela Vendramini Zanella - Universidade de Sorocaba

Nos cursos de licenciatura o estágio curricular supervisionado pode se configurar como

espaço privilegiado para a produção do conhecimento e reflexão crítica sobre a futura

prática pedagógica. Seus componentes específicos – prática de ensino e estágio – são os

responsáveis pela formação pré-serviço. A futura ação profissional manifesta-se nesse

período, em que o futuro educador se conscientiza das responsabilidades ao se

posicionar frente a uma sala de aula, as quais implicam questões disciplinares e

conhecimento didático-teórico. Entretanto, constata-se a busca de modelos a serem

imitados, descontextualizada, distanciando-se das necessidades reais dos alunos que não

trazem o diálogo entre teoria e prática no constante questionamento entre o que se

pensa, de modo embasado e o que se faz, propiciando ao futuro educador uma prática

reflexiva e crítico-criativa (Vendramini Zanella, 2013). Considerando o âmbito escolar

um espaço onde reina uma pluralidade de vozes, lutas conflitantes e formas diferentes

de cultura, a argumentação, como artefato para análise e discussão dos problemas e

conceitos, pode criar oportunidades de observação de si e dos demais como base para

imersão na consciência (Freire, 1970). Igualmente, a argumentação possibilita a

discussão teórica para a compreensão generalizante da prática e, ainda, torna possível a

emersão da consciência (Freire, 1970) em que a reconstrução de saberes ocorre nas

relações sociais, nas quais a linguagem do parceiro colaborador tem papel fundamental

(Liberali e Magalhães, 2009). O objetivo deste simpósio é reunir estudos que discutam

alternativas de formação docente que, pelo trabalho com a linguagem (Liberali, 2013;

Liberali e Fuga, 2013) e ancorados pela Teoria da Atividade Sócio Histórico Cultural–

TASHC (Vygotsky e colaboradores 1930), sublinhem que conhecimento não é

construído pela extração de dados de informantes previamente selecionados, mas é

produzido junto-e-com (Fuga e Vendramini Zanella, 2015) – pesquisadores,

formadores, futuros educadores, comunidade no entorno – de forma participativa e

colaborativa.

COMUNICAÇÕES INTERNAS

A argumentação para o desenvolvimento de visão crítico-criativa de

educadores

Daniela Vendramini Zanella

Esta comunicação contextualiza-se na atividade de formação docente a partir do projeto

de Extensão Universitária “Tempo de Aprender”, na Universidade de Sorocaba e

objetiva analisar a produção de significados na atividade de formação docente e

compreender o uso da argumentação para o desenvolvimento de uma visão crítico-

criativa (Vendramini Zanella, 2013). Essa visão crítico-criativa pressupõe recombinar

aquilo que já existe para criar algo novo (Vygotsky 1930/2009) estabelecendo conexões

com outros conhecimentos e assumindo determinadas perspectivas e atuando a partir

delas (Freire, 1996/ 2009; Sánchez-Vázquez, 2011). O estudo está fundamentado na

Teoria da Atividade Sócio-Histórico-Cultural – TASHC - (Vygotsky, 1934) e apresenta

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análise a partir de dois excertos advindos de uma discussão em um encontro de

formação docente, embasada pelo aporte teórico-metodológico da Pesquisa Crítico-

Colaborativa (Magalhães, 2009). Os excertos são discutidos por meio de categorias

argumentativas que centralizam os aspectos enunciativo-discursivo-linguísticos

(Liberali, 2013) e interpretados mediante o aporte teórico da TASHC. A análise aponta

que, entre outras questões, a condução de forma impositiva não contribui para o

desenvolvimento de visão crítico-criativa dos educadores.

A argumentação na produção de conhecimento na formação docente e

na atuação na escola pública

Ana Laura Hoffart

Daniela Vendramini Zanella

Esta comunicação tem como objetivo discutir a formação docente pela atuação da

educadora em formação inicial docente que participa de encontros na universidade.

Nesses encontros de formação docente a argumentação tem papel fundamental na

produção de conhecimento de todos os participantes (Liberali 2013; Vendramini

Zanella, 2013) em construção colaborativa e crítica de novos saberes na reconstrução de

identidades. Para tal, uma análise de produção de conhecimentos na elaboração escrita

em língua inglesa dos alunos de uma escola pública a partir do desenvolvimento de

atividades criadas pela educadora no Pibid-LI será apresentada. O estudo fundamenta-se

em conceitos sobre o ensino-aprendizagem de inglês por meio de Atividade Social

(Liberali, 2009), o brincar na concepção vygotskyana (Holzman, 2009) e atividade

criadora (Vygotsky, 1930/2009). A análise é desenvolvida a partir de excertos advindos

da elaboração escrita em inglês dos alunos do 8º ano de uma escola pública, embasada

na Pesquisa Crítico-Colaborativa (Magalhães, 2009). Os excertos são discutidos a partir

de categorias argumentativas que centralizam os aspectos enunciativo-discursivo-

linguísticos (Liberali, 2013) e interpretados mediante o aporte teórico da pesquisa. A

partir da elaboração escrita do 8º ano, constata-se a produção de conhecimentos dos

alunos que, por sua vez, revela apropriações da educadora com marcas da construção

colaborativa e crítica produzida nos encontros de formação docente.

O papel da Argumentação na formação crítico docente no Grupo de

apoio

Valdite Fuga

"Esta comunicação centraliza a formação de Grupos de Apoio (Parrila & Daniels,

2004), como lócus para a formação crítico docente. No Grupo de Pesquisa Linguagem

em Atividades no Contexto Escolar (GP LACE), o Grupo e Apoio (GA) é visto como

uma organização de professores de uma mesma instituição, desenvolvendo um trabalho

conjunto, sem hierarquia de funções, assumindo responsabilidades por uma determinada

demanda existente no espaço escolar e tem na colaboração um meio para atingir o

objetivo que a todos contemple (FUGA, 2009). Esta apresentação objetiva mostrar um

momento na formação desses grupos, cuja discussão está teoricamente alicerçada na

Teoria da Atividade Sócio Histórico Cultural (Vygotsky e colaboradores, 1934) que

abarca, também as questões linguístico-filosóficas do Círculo de Bakhtin (1934) ao se

discutir a linguagem. As questões metodológicas são embasadas na Pesquisa Crítica de

Colaboração (Magalhães, 2006, 2009), ao enfatizar o papel da colaboração na produção

de conhecimento. Para ilustrar este momento na formação crítico docente dos GA,

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analiso uma sequência do discurso de uma das formadoras, centrando o viés

argumentativo que permeia todo o processo de desenvolvimento já que é um

instrumento intencional para a análise e discussão dos problemas e superação de grupos

de trabalhos segmentados (LIBERALI & FUGA, 2012). A análise sinaliza que

organização argumentativa pode ser vista como a responsável pela expansão e/ou

restrição dos objetos que serão intencionalmente buscados para alcançar

necessidades de uma totalidade interdependente no GA. A formadora promove base

para uma intervenção formativa, de natureza social, por meio das quais os interactantes

compartilham e produzem conhecimento, desenvolvido num clima de colaboração,

abertura e interdisciplinaridade(LIBERALI & FUGA, 2012).

A proficiência em língua inglesa na formação de professores

José Carlos Lopes

A formação de professores envolve um processo contínuo e vinculado às demandas

sociais vigentes. Atrelada à competência didática, a competência linguística do

professor de Inglês, por exemplo, é atributo fundamental para o desenvolvimento de

práticas de ensino mais contextualizadas às necessidades de seu público alvo. É

necessário que o docente também vivencie o uso da língua inglesa em esferas exteriores

ao espaço da sala de aula para que possa atuar com maior propriedade no contexto

profissional, seja ele a educação básica ou cursos de idiomas. Nesse sentido, esta

comunicação visa discutir um projeto de aprofundamento de estudos em língua inglesa

realizado com alunos de graduação em Letras da Faculdade Nossa Cidade em

Carapicuíba, SP. Os procedimentos adotados têm por objetivo ampliar as possibilidades

de aperfeiçoamento linguístico de alunos em serviço e futuros professores de inglês de

modo que, em consonância com as disciplinas direcionadas aos aspectos metodológicos

do ensino, os alunos tenham ferramentas para sua ação docente. Esse espaço de prática

das competências linguísticas em Inglês explora situações de uso oral e escrito da

língua, considerando a linguagem como reguladora do pensamento (Vygotsky e

colaboradores, 1934) e vital para a interação e (trans)formação do sujeito em sociedade

(Bakhtin, 1934). Tendo em vista a base teórico - metodológica do GP LACE, as aulas

de aprofundamento buscam fortalecer a produção de conhecimento linguístico-

discursivo do professor de Inglês (Liberali, 2012) por meio do trabalho colaborativo

(Liberali e Magalhães, 2009) entre os participantes que se inscrevem semestralmente no

projeto. Espera-se que essa iniciativa aponte alternativas para o trabalho teórico-prático

de formação de novos professores de inglês e, consequentemente, aprimoramento de

suas ações como profissionais no contexto presente e/ou futuro.

Arabistas: o Universo da Língua Árabe em uso.

Coordenadores: Mona Mohamad Hawi -USP

Paula da Costa Caffaro - Universidade Federal do Rio de Janeiro

A língua árabe é a 8ª língua oficial da ONU, é também uma língua política e

fundamental nas relações internacionais, “o que pressupõe a construção da alteridade na

oposição Ocidente versus Oriente “ (Krauss: 2011). É uma língua que possui, no

mínimo, duas características próprias: escrevem-se apenas as consoantes e as vogais

longas; as vogais curtas são indicadas por meio de sinais de vocalização, acima ou

abaixo das letras. A outra característica é que as letras vêm quase sempre unidas,

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possuindo, por vezes formas decorativas. Esses aspectos conferem à língua um caráter

próprio e, por vezes, autônomo. Muitos, no entanto, enxergam-na como uma língua de

difícil aprendizado, ou por não estarem acostumados à sua fonética ou ainda à sua

escrita. No entanto, diversas pesquisas sobre/na língua árabe tem surgido com

resultados que extrapolam os muros da sala de aula. Assim, o objetivo deste simpósio é

apresentar as pesquisas já concluídas e outras em andamento sobre o uso e prática da

língua árabe no contexto de sala de aula, seja no ensino como língua estrangeira, tanto

na escola pública como na privada, na universidade, na elaboração de material didático

para fins específicos e nas traduções de obras diversificadas.

COMUNICAÇÕES INTERNAS

O Ensino de Língua Árabe na perspectiva das Atividades Sociais.

Mona Mohamad Hawi

Como falante e professora de língua árabe como língua estrangeira, tenho buscado

compreender o ensino- aprendizagem dessa língua em sua totalidade, ou seja, procuro

situá-la segundo a funcionalidade contextual da situação de produção da ação social,

visto que a maioria de materiais disponíveis para o ensino dessa língua negligenciam o

foco no produtor da ação e no seu interlocutor, priorizando situações de aprendizagem

descontextualizadas de uma realidade situada. Nesse sentido, a pesquisa que venho

desenvolvendo em meu contexto profissional tem dado prioridade a um novo modo de

compreender e trabalhar com conceitos advindos de base sócio-histórico-cultural em

que, o conhecimento é criado por homens e mulheres em contextos de aprendizagem e

desenvolvimento reais, em condições determinadas e em situações específicas. Nesse

sentido, na pesquisa que venho desenvolvendo e nas situações de aprendizagem em sala

de aula minha prioridade tem sido ensinar por meio de Atividades Sociais, pois enxergo

aí uma melhor forma de participação e envolvimento dos alunos, já que é preciso levar

em consideração o momento de produção da ação e, em um momento posterior, a

organização textual dessa ação, bem como aspectos linguísticos que compõem essa

produção. Essas questões não são percebidas nos livros didáticos para o ensino de

língua árabe e nem em materiais avulsos que se apresentam. Assim, o objetivo desta

apresentação é mostrar como tem sido a opção de ensinar, considerando o contexto da

vida atual, ou conforme Marx e Engels, 2006, pensar e trazer à tona “ a vida que se

vive”, assim, o foco recai sobre formas de ensinar, pautadas por uma reflexão sobre a

vida ( Liberali, 2009).O trabalho está,, portanto, fundamentado, na Teoria da Atividade

Sócio-Histórico-Cultural(TASHC), (Vygotsky, 2001; Leontiev,1977;Engestrom,1999),

para compreender o processo de ensino-aprendizagem e a concepção do objeto de

ensino a ser trabalhado.

Abordagem comunicativa e o ensino de língua árabe na escola pública

como L2: promovendo a prática oral

Paula da Costa Caffaro

O objetivo do presente trabalho é investigar como é possível motivar e desenvolver a

prática oral em árabe dentro da sala de aula, sendo o público alvo alunos brasileiros

iniciantes de escolas cariocas da rede pública. Analisaram-se aulas e atividades orais

desenvolvidas durante três semestres letivos, a saber, 2014.1, 2014.2 e 2015.1, em três

escolas públicas do Rio de Janeiro: Ginásio Experimental Carioca Nilo Peçanha,

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Ginásio Experimental Carioca Mário Paulo de Brito e Escola Estadual Souza Aguiar. O

ensino de língua árabe nas escolas municipais e estaduais é uma iniciativa da Fundação

Internacional do Qatar (QFI), um ramo da Fundação Qatar, cuja sede fica em Doha.

Essa iniciativa foi acolhida a priori pelo Governo Municipal, e, mais recentemente, pelo

Governo do Estado do Rio de Janeiro, sendo seu objetivo a divulgação da língua árabe e

a aproximação entre a(s) cultura(s) árabe(s) e a brasileira, assim como a quebra de

preconceitos disseminados constantemente pela mídia mundial. As referências teóricas

desta investigação pautam-se nas Diretrizes de Proficiência 2012 da ACTFL (American

Council on the teaching of foreign languages) e na abordagem comunicativa para o

ensino e aprendizagem de línguas estrangeiras. Esta pesquisa não se encerra em si

mesma, ao contrário, espera-se que sirva de motivação a outros colegas, porque, embora

seja um grande desafio, acredita-se que seja possível formar, no Brasil, alunos falantes

do árabe.

Título: Qual “árabe” ensinar? : escolhas e estratégias no ensino de

árabe como língua estrangeira a profissionais dos Direitos Humanos

Felipe Benjamin Francisco

Este trabalho objetiva discutir as aborgadens do ensino de árabe enquanto língua

diglóssica (Ferguson, 1959), cujas situações reais de uso podem se realizar, ora em

“Árabe literário ou standard” (fuSHà), ora em “ árabe vernacular ou dialetal”

(CĀmmiyya). Partindo-se do pressuposto que a proficiência e a competência

comunicativa (Canale & Swain, 1980) só podem ser alcançadas por meio de estratégias

orientadas pelas necessidades reais dos aprendizes, isto é, pelo contato com contextos

reais de uso da língua (Omaggio Hadley, 2000), questionamos a abordagem

predominante que prefere o ensino do Árabe Padrão e literário ao árabe dialetal oral.

Em contrapartida, apresentamos a abordagem de Al-Batal (1992), que consiste em

adotar na sala de aula o uso real das duas variantes da língua concomitantemente,

atentando aos seus contextos reais de uso. Desta forma, apresentamos aqui alguns

exemplos de Atividades, dentro do quadro da Teoria da Atividade Sócio-Histórico-

Cultural (TASHC) (Vygostsky, 2001; Leontiev, 1977; Engeström, 1999); com base na

nossa experiência de ensino de árabe para profissionais dos Direitos Humanos:

assistentes de proteção de refugiados (Caritas, São Paulo) e monitores de direitos

humanos na Palestina (FFIPP- Brasil).

Retratos da sociedade egípcia: tradução de contos do livro Táxi de

Khalid Al-Khamissi e os efeitos do contraste entre a língua árabe

padrão e o dialeto egípcio.

Júlia Cardoso Rodrigues

O presente trabalho pretende propor uma tradução do árabe para o português de contos

do livro Táxi, do autor egípcio Khalid Al-Khamissi. A pesquisa focará o estudo dos

efeitos de sentido criados pela linguagem utilizada no livro e a posterior tradução da

obra, tendo como objetivo que se mantenham os efeitos de sentido observados.

Publicado pela primeira vez em 2006, o livro Taxi do escritor egípcio Khaled El-

khamissi tornou-se um grande sucesso dentro e fora do mundo árabe. Traduzida para

mais de 10 línguas, parte da relevância da obra se deve ao fato de funcionar como uma

espécie de estudo da sociedade egípcia através dos taxistas. Resultado de conversas do

autor com taxistas que trabalham diariamente nas ruas do Cairo, a obra divide-se em 58

pequenos contos nos quais entramos em contatos com os mais diversos personagens e

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mais diferentes opiniões que convergem, no entanto, no que diz respeito ao governo,

mostrando uma sociedade desconfiada de seus governantes e já cansada de se sentir

enganada e desamparada. Inovadora em razão do objeto do qual trata, a obra também

surpreende pela linguagem utilizada. Em busca de retratar seus personagens de maneira

fiel e realista, o autor emprega a variante egípcia do árabe em todos os seus diálogos,

mantendo a variante padrão nas partes narrativas da obra. Por esse motivo, Taxi não se

constitui como um livro de fácil tradução. Não sendo comum a produção literária em

dialetos árabes, é incomum encontrar trabalhos de tradução de tais dialetos ou trabalhos

que levantem e discutam essa questão, suas dificuldades e implicações. Um exemplo é

que se torna importante, do ponto de vista tradutológico, que as marcas de oralidade

sejam bem evidentes de modo a não prejudicar a expressividade dos personagens, o que

o autor se esforçou tanto por manter.

Árabe Clássico e Hebraico Bíblico: análise comparativa dos

paradigmas dos verbos trilíteros

Jemima de Souza Alves

As línguas árabe e hebraica são comumente conhecidas por sua ligação direta com as

mais importantes religiões monoteístas da história: judaísmo, cristianismo e islamismo.

No entanto, para além de uma relação puramente cultural, o árabe e o hebraico estão

geneticamente ligados na medida em que pertencem ao mesmo ramo linguístico, o

Semítico. O processo de investigação a respeito do parentesco das línguas nele incluídas

tem sido realizado há alguns séculos através do método comparativo aplicado às línguas

da região, cuja extensão abrange desde a Mesopotâmia ao Norte da África, que

apresentam características comuns entre si. Baseado nas descrições propostas por

Semiticistas como LIPINSKI (1997) e HETZRON (2007), que apresentam uma breve

caracterização de ambas as línguas apontando para semelhanças que confirmam as

relações genéticas entre as línguas semíticas, mas que não se detêm na morfologia

verbal, no processo de formação dos paradigmas verbais e na análise comparativa das

línguas árabe e hebraica, especificamente, este trabalho tem por objetivo apresentar os

resultados da análise comparativa da semântica dos afixos justapostos à raiz trilítera que

originam os paradigmas verbais no Árabe Clássico e no Hebraico Bíblico, pois embora

sejam falares diferentes, há muitas semelhanças de sentido entre as línguas, o que

facilita o aprendizado de uma e/ou de outra pelos que optam estudá-las.

Múltiplas faces da linguagem em situação de

Autoconfrontação Simples e Cruzada

Coordenadores: Anselmo Lima - Universidade Tecnológica Federal do Paraná

Luci Banks-Leite -Universidade Estadual de Campinas

A Autoconfrontação Simples e a Autoconfrontação Cruzada são procedimentos

metodológicos de pesquisa e intervenção sobre o trabalho humano empregados no

âmbito de uma Clínica da Atividade que tem sido praticada no campo da Linguística

Aplicada, da Psicologia e da Educação, dentre outros. Trata-se de estabelecer parcerias

entre pesquisadores e sujeitos trabalhadores com o objetivo de 1) compreender o

trabalho para transformá-lo; 2) transformar o trabalho para compreendê-lo; 3)

desencadear e estudar processos de desenvolvimento individual e coletivo; e 4)

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promover a saúde do trabalhador. De modo geral, na Autoconfrontação Simples, o

trabalhador se observa em um vídeo no qual aparece em situação de trabalho com o

objetivo de descrever e explicar sua atividade profissional ao pesquisador. Na

Autoconfrontação Cruzada, o sujeito trabalhador observa um vídeo no qual um colega

aparece em situação de trabalho com o objetivo de descrever e explicar a atividade

profissional desse colega em sua presença e na presença do pesquisador. Numa

perspectiva Vigotskiana e Bakhtiniana, entende-se - com base em Clot (2010) - que, em

situação de autoconfrontação, o sujeito trabalhador não exprime atividades de trabalho

já prontas por meio da linguagem, mas transforma essas mesmas atividades no processo

mesmo de tomá-las como objeto do discurso no contato dialógico com outros sujeitos e

discursos. Por meio da análise de diálogos produzidos em situação de uso desses

procedimentos metodológicos de pesquisa e intervenção, este simpósio se propõe a

apresentar e discutir múltiplas faces da linguagem nesse processo transformador de

atividades de trabalho.

COMUNICAÇÕES INTERNAS

Identificar e analisar relações entre fenômenos do diálogo e fenômenos

da transformação da atividade profissional em situação de

Autoconfrontação Simples e Cruzada

Anselmo Lima

Manoel Flores Lesama

Quando participam de procedimentos de Autoconfrontação Simples e Cruzada, os

trabalhadores têm a oportunidade de: 1) tematizar e problematizar suas atividades de

trabalho em parceria com o pesquisador; 2) ter suas atividades de trabalho filmadas; 3)

indicar ou permitir que o pesquisador indique trechos de suas atividades filmadas para

que sejam objeto de diálogos em sessões de Autoconfrontação; e 4) dialogar face a face

com seus pares e com o pesquisador a fim de compreender suas atividades de trabalho

para transformá-las e de transformá-las para compreendê-las. Partindo desses

pressupostos, esta comunicação tem um duplo objetivo. O primeiro, por um lado, é

ressaltar que textos orais produzidos em situação de Autoconfrontação devem ser

transcritos e analisados rigorosamente como textos orais, com base - por exemplo - em

normas de transcrição adequadas e em conceitos teóricos provenientes da Análise da

Conversação, tais como tópico discursivo, turno conversacional, marcadores

conversacionais, procedimentos de reformulação (paráfrase e correção), dentre outros.

O segundo objetivo, por outro lado, é enfatizar que uma análise conversacional clássica

se torna insuficiente para dar conta das múltiplas faces desses textos orais, uma vez que

- no âmbito de uma Clínica da Atividade - entende-se que os sujeitos trabalhadores não

exprimem atividades de trabalho já prontas por meio da linguagem oral, mas

transformam suas atividades no próprio processo de tomá-las como objeto do discurso

no contato dialógico com outros sujeitos e discursos. Assim, numa perspectiva do

desenvolvimento dialógico do ser humano baseada nos escritos de Bakhtin, Vigotski e

Clot, por meio de alguns exemplos, esta comunicação se propõe a demonstrar a

necessidade de que o pesquisador identifique e analise relações entre fenômenos do

diálogo face a face e fenômenos de transformação das atividades dos sujeitos

trabalhadores manifestados em situação de autoconfrontação simples e cruzada.

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Análise de ocorrências do item lexical "ainda" em situação de

Autoconfrontação

Letícia Lemos Gritti

Este trabalho visa analisar algumas ocorrências do item lexical "ainda" em diálogos

produzidos em situação de autocronfrontação com a participação de dois professores e

um pesquisador. Partindo do pressuposto de que a linguagem e as ações dos sujeitos

estão intimamente ligadas e influenciam diretamente tanto as escolhas de determinadas

palavras pelo falante quanto a reação que essas palavras podem causar nos

interlocutores, propomos uma discussão sobre os significados desse item lexical a partir

da semântica e da pragmática. Argumentamos que a presença de "ainda" nos diálogos

introduz a pressuposição de um evento que está relacionado ao evento veiculado pela

sentença, disparando também uma implicatura (GRICE, 1975) de contraexpectativa. Ou

seja, esse item lexical é utilizado pelo falante para quebrar uma expectativa criada pelo

fundo conversacional compartilhado (GRITTI, 2013). Com base nessas ideias, o

objetivo deste trabalho será apresentar uma análise que relaciona o significado da

palavra "ainda" com a intenção do falante ao usá-la ou não. Que diferença faz a

ocorrência de "ainda" nos diálogos analisados? Quais as ações que essa ocorrência ativa

e gera posteriormente ao que é dito? Argumentamos que, com uma quebra de

expectativa gerada por seu contexto de trabalho, um professor - sujeito do diálogo em

autoconfrontação que estamos analisando - busca ter uma postura contrária àquela

esperada pelos alunos para melhorar a interação em sala de aula. Isso demonstrará que o

diálogo em situação de autoconfrontação incide diretamente sobre a ação de trabalho do

sujeito, o que permite que ele a repense por meio da linguagem.

Autoconfrontação em debate na Educação Infantil

Ermelinda M. Barricelli

O objetivo desta apresentação é discutir de que forma os textos produzidos em

encontros de formação foram analisados ao longo do processo de formação e utilizados

como recurso para novos diálogos. A análise partiu dos procedimentos teórico-

metodológicos propostos pelo Interacionismo Sociodiscursivo (BRONCKART,

1997/2003, 2006, 2008 ; MACHADO e BRONCKART, 2009) no tocante à análise de

alguns elementos do folhado textual: 1) a infraestrutura geral do texto (plano global,

conteúdos temáticos, sequências e tipos de discurso); 2) os mecanismos de textualização

(conexão nominal) e 3) os mecanismos enunciativos (vozes) e ampliados com outros

pressupostos compatíveis, como os de Authier-Revuz (2001), para a análise das vozes, e

de Kerbrat-Orecchioni (2006), para os turnos de fala dos textos orais. Esta pesquisa

mobilizou um grupo de professores de Educação Infantil de um Centro de Educação

Infantil (CEI) da região periférica da Cidade de São Paulo para falarem sobre seu

próprio trabalho visando à superação de conflitos próprios do métier. Para tanto,

utilizamos um dos métodos desenvolvidos pelos pesquisadores da Clínica da Atividade

do CNAM (Conservatoire National des Arts et Métiers) e pelo grupo ERGAPE

(Ergonomie de l’Activité des Professionnels de l’Éducation), denominado

Autoconfrontação. Trata-se de um método que pode ser considerado como um

instrumento para transformação e análise do trabalho. A relevância desta pesquisa deve-

se à possibilidade de desenvolvimento de um grupo de professores de Educação Infantil

por meio da ampliação do seu poder de agir (Clot, 2008) e a superação de conflitos

relacionados ao fazer pedagógico e, metodologicamente, pela associação de dois aportes

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teóricos, a saber, os métodos das ciências do trabalho e o interacionismo

sóciodiscursivo, como parte de um processo de intervenção-formativa.

Diálogos produzidos por uma mediadora em formação no decorrer de

sessões de Autoconfrontação

Dalvane Althaus

Luci Banks-Leite

Este estudo, em andamento, está sendo realizado no quadro da formação continuada de

professores de nível superior na Universidade Tecnológica Federal do Paraná (UTFPR),

Campus Pato Branco. Tendo como objetivo geral a formação de mediadores que atuam

no campo da Clínica da Atividade, procura-se investigar um caso específico, qual seja, o

desenvolvimento de uma mediadora de Autoconfrontação junto a professores e alunos

de diferentes áreas. Via de regra, a participação dessa mediadora em formação se dá

pelo acompanhamento de um mediador formador, através da observação de ações deste

nas sessões de Autoconfrontação Simples e Cruzada. Pouco a pouco, a mediadora em

formação passa a participar de modo mais ativo, intervindo com questões ao sujeito

autoconfrontado. No estudo a ser apresentado, um dos pontos de interesse refere-se a

análises de formas/modos de se inserir nas ações desse processo, como, por exemplo, a

que se constitui pelo “assalto ao turno”, ou seja, uma interrupção do fluxo de diálogo

conduzido pela mediadora formadora. Outro exemplo seriam as questões por ela

formuladas no decorrer dessas sessões, que se tornam gradativamente mais adequadas

às finalidades da Autoconfrontação em jogo. Tais análises se realizam com base em

elementos do princípio dialógico bakhtiniano, acrescido da contribuição de teorias da

análise conversacional.

Estudos em fonética clínica e a clínica fonoaudiológica

Coordenadores: Luisa Barzaghi-Ficker -PUCSP

Aline Pessoa-Almeida - Universidade Federal do Espírito Santo

O campo da linguagem é estudado por profissionais de diversas áreas do saber:

linguistas, engenheiros, filósofos, peritos e fonoaudiólogos. Estes últimos a tem, não só

como objeto de estudo, mas também como instrumento de trabalho. É na linguagem e

pela linguagem que os fonoaudiólogos atuam com uma de suas múltiplas faces: a fala

com alterações. O amadurecimento e a consolidação crescentes da Fonoaudiologia estão

atrelados à interlocução contínua com outras áreas de estudo da Linguagem, dentre elas,

a Fonética Clínica – subárea da Linguística que aborda ao estudo de distúrbios de

aquisição e desenvolvimento da fala– o que permite ao fonoaudiólogo construir

conhecimentos e aplicá-los ao contexto clínico. É sob essa perspectiva que este

simpósio pretende reunir pesquisas sobre a fala com alterações, de variadas naturezas e

etiologias, cujas abordagens teóricas e/ou metodológicas aconteçam à luz da Fonética

Clínica.

COMUNICAÇÕES INTERNAS

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A fala da criança com deficiência auditiva unilateral: indicadores

fonéticos para elaboração de estratégias terapêuticas

Aline Pessoa-Almeida

Jessica Henrique Pessanha

Isadora Marins Gomes

Crianças com deficiência auditiva unilateral (DAU) demandam estratégias de

reabilitação fonoaudiológica que considerem a relação indissociável entre percepção e

produção da fala a partir das especiais condições de feedback acústico articulatório. O

comprometimento de habilidades específicas do processamento auditivo central nessa

população fundamenta desafios em busca de indicadores do desenvolvimento de

habilidades auditivas e de produção de fala. Diante da interface entre elementos

segmentais e suprassegmentais, a análise fonética como ferramenta clínica tem

possibilitado a descrição detalhada de dados perceptivo auditivos e medidas acústicas

para investigação da combinação de parâmetros de frequência, intensidade e duração na

produção de fala de crianças com DAU. Este estudo objetivou descrever as estratégias

terapêuticas fonoaudiológicas com uma criança (gênero masculino, 8 anos de idade e

com DAU), determinadas por meio de dados fonéticos. Especificamente, visou

apresentar estratégias terapêuticas elaboradas a partir de dados perceptivo-auditivos e

medidas acústicas da fala discutindo a aplicabilidade das ferramentas de modelos

fonéticos como instrumento de definição de conduta clínica. No caso relatado,

apresentou-se a combinação de ajustes de diminuição de extensão de articuladores

(lábio, mandíbula e língua), língua elevada, tensão muscular geral diminuída,

associados aos elementos de dinâmica vocal de diminuição de taxa de elocução, pouca

variabilidade de pitch e loudness e apoio respiratório inadequado. O detalhamento da

descrição dos elementos fonatórios, supra glóticos e de tensão muscular (qualidade

vocal) e de elementos de dinâmica vocal permitem estabelecer parâmetros intrasujeito e

intersujeito no processo de desenvolvimento de habilidades auditivas e de fala. Tal

metodologia adotada permite, em perspectiva prosódica, detalhar a combinação de

ajustes e manobras que envolvem habilidades de percepção e produção dos sons de fala,

resultando em indicadores clínicos.

Desenvolvimento de Ferramentas Computacionais para um sistema de

avaliação da percepção de fala dos sons consonantais do Português

Brasileiro

Luisa Barzaghi-Ficker

Lilian C. Kuhn Pereira

Mario Madureira Fontes

A deficiência auditiva é uma patologia que causa distúrbios nas formas de comunicação

de seu portador. Nesta, comumente são vistas alterações na linguagem oral e escrita,

decorrentes da alteração na percepção do sinal acústico de fala. O aperfeiçoamento de

ações terapêuticas e a prática de avaliações sistemáticas que possibilitem delimitar

como a criança deficiente auditiva percebe e produz sons da fala tornam-se cada vez

mais necessários. Este estudo tem por objetivos contribuir para a construção de

conhecimento sobre percepção de fala por sujeitos com perda auditiva, considerando os

sons do Português Brasileiro (PB). O que se pretende é aprimorar o procedimento

proposto por Barzaghi & Madureira (2005). O procedimento a ser realizado consiste na

re-estruturação do software acima citado, de forma que este possa ser um aplicativo

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compatível com tablets, que se caracterize por uma interface intuitiva e flexível, fácil

de usar e com capacidade para aceitar vários formatos de arquivos de som, que permita

aleatorizar os estímulos visuais e disponibilizar a gravação de um relatório descrevendo

os resultados, incorporando os cálculos estatísticos que, na pesquisa anterior, foram

realizados posteriormente. A nova versão do sistema de avaliação será testada em

crianças com diferentes graus de deficiência auditiva.

Aplicação da técnica de ultrassonografia de língua para investigação

da produção de fala de crianças com deficiência auditiva em contexto

terapêutico

Lilian C. Kuhn Pereira

Luisa Barzaghi-Ficker

Sandra Madureira

Inúmeras são as contribuições dos instrumentais e dos fundamentos teóricos da Fonética

Clínica para a clínica fonoaudiológica. A linha de investigação do Grupo de Pesquisa

de Estudos sobre a Fala (LIAAC/CNPq) abarca trabalhos examinam a fala, a partir de

estudos fonético-articulatórios, o que permite uma inferência das posições dos

articuladores e das características fonético-acústicas dos sons consonantais e vocálicos

da fala. No contexto terapêutico, o instrumental de ultrassonografia vem sendo

amplamente utilizado para fornecer biofeedback visual aos pacientes com alterações de

produção de fala, especialmente nos casos de pessoas com alterações intelectuais,

auditivas e/ou proprioceptivas, trazendo resultados mais efetivos em menor tempo de

terapia. Portanto, como componente da pesquisa acima descrita, propõe-se o projeto em

questão que visa a aplicação da técnica de ultrassonografia em contexto terapêutico,

com o objetivo de avaliar e aprimorar as produções de fala de crianças com deficiência

auditiva. Para tanto, serão realizadas sessões de terapia fonoaudiológica com o apoio do

instrumental de ultrassonografia. Pretende-se, com o desenvolvimento deste trabalho,

contribuir para o aprimoramento da clínica fonoaudiológica de reabilitação auditiva.

Caminhos e possibilidades complexas em diálogo com a

abordagem hermenêutico-fenomenológica.

Coordenadores: Eliana Aparecida Oliveira Burian -PUCSP

Gisele de Oliveira - Faculdade de Educação Física da ACM de Sorocaba

Este simpósio tem por objetivo apresentar pesquisas finalizadas e em andamento sob a

perspectiva da complexidade com discussões voltadas para a formação docente, a

formação tecnológica, desenho de curso nas modalidades presencial e a distância e a

metáfora. Teoricamente os trabalhos estão embasados na concepção de que o paradigma

tradicional não mais responde às demandas da sociedade contemporânea e o paradigma

emergente ou paradigma da complexidade de Morin (2002, 2007, 2008, 2011)

possibilita uma abertura para um novo olhar satisfazendo as indagações desse momento.

Aliada à abordagem metodológica hermenêutico-fenomenológica (FREIRE, 1998,

2007, 2008, 2012 e van MANEN, 1990) esses dois pilares dialogam e norteiam as

pesquisas proporcionando uma descrição e interpretação dos fenômenos vividos pelos

atores do loco de pesquisa, levando a uma reflexão e novas possibilidades de desenhos

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de curso (FREIRE, 2012, 2013). É válido ressaltar que as interpretações apresentadas

representam uma das diversas possibilidades, não sendo única e exclusiva para

compreender o fenômeno uma vez que consideram a bagagem experiencial e teórica no

momento da tematização.

COMUNICAÇÕES INTERNAS

A formação tecnológica no curso de licenciatura a distância: a

complexidade emergente no desenho de curso.

Catia Veneziano Pitombeira

Esta pesquisa visa identificar a formação tecnológica percebida pelo aluno de um curso

de graduação em Letras Português/Espanhol a distância de uma universidade

confessional do estado de São Paulo e os traços de complexidade emergente da

transição do paradigma vivenciado pela pesquisadora ao desenhar a aula do curso em

questão. Amparada e fundamentada pelo pensamento complexo (MORIN, 2002, 2007,

2008, 2011; MORAES, 2002, 2004), aliada a questões de educação e formação de

professores (FREIRE, 2002, 2008), e questões de formação tecnológica de professores

sob a ótica de Lopes (2005) e Moraes (2007), articuladas com as diferentes visões de

desenho instrucional, de acordo com Moraes (2008) Graves (2000) e Freire (2013) e

pela abordagem metodológica Hermenêutico-Fenomenológica (van MANEN, 1990;

FREIRE, 1998, 2007, 2008, 2012) buscou-se descrever e interpretar o fenômeno a

formação tecnológica oportunizada pela Aula Tecnologias para o Ensino de Línguas

contando com os alunos do do 5º. período. Como instrumentos de investigação, partes

integrantes das atividades do curso em questão, foram utilizados registros escritos

manifestados pelas experiências vividas pelos alunos, tal como sugere a metodologia

embasadora desta pesquisa: (a) a participação dos alunos no Fórum Aula-Atividade que

antecede uma teleaula; (b) as respostas do Questionário Prática Docente para

levantamento do perfil e das impressões acerca de sua atuação e das atividades

propostas; e (c) a produção de um relato dissertativo-reflexivo. A interpretação desses

registros textuais possibilitou a reflexão dos alunos participantes da pesquisa no que diz

respeito à formação tecnológica bem como sobre o desenho da Aula, conduzindo a

professora-pesquisadora a momentos reflexivos acerca do desenvolvimento e

elaboração de novos cursos de formação tecnológica a distância, bem como subsídios

para a criação e elaboração de cursos sob a perspectiva da complexidade.

Preparação inicial de um Curso de Formação de professores de Inglês

sob um enfoque complexo.

Eliana Aparecida Oliveira Burian

O presente estudo tem por objetivo descrever e interpretar o fenômeno da preparação

inicial de um curso semipresencial de formação de professores de Inglês dos anos

Iniciais do Ensino Fundamental da Rede Pública do Estado de São Paulo, sob um

enfoque Complexo (MORIN, 2000, 2003, 2011). Os aportes teóricos selecionados para

conduzir o estudo serão a teoria da Complexidade (MORIN, 2003, 2009, 2011), o

Desenho de Curso (FREIRE, 2012a; 2013), a Formação Docente (PAULO FREIRE,

2002, 2005), Freire (2009) a respeito da auto-hetero e coformação de professor. Os

instrumentos selecionados para conduzir o estudo são notas de campo, o diário reflexivo

da pesquisadora, as impressões dos professores alunos durante a realização das

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propostas iniciais, questionários e relatos de experiências dos professores para

levantamento do perfil. O material de investigação receberá tratamento hermenêutico-

fenomenológico, a partir da perspectiva de van Manen (1990) e Freire (1998, 2007,

2008, 2009, 2010, 2012b) para contemplar o objetivo de pesquisa. Pretende-se com a

presente proposta, possibilitar a compreensão do fenômeno da experiência humana

“Preparação inicial de um curso de formação de professor de Inglês dos anos iniciais do

Ensino Fundamental, sob um enfoque complexo”, visando oferecer contribuições

relevantes para os interessados em formação de professores de línguas, formação de

professores de línguas em ambientes digitais e em design de curso.

O desenho de uma tarefa interdisciplinar na disciplina Produção

Textual no curso de Educação Física.

Gisele de Oliveira

Esta comunicação tem por objetivo compartilhar o desenho e a avaliação de uma tarefa

interdisciplinar, elaborada na disciplina Produção Textual em um curso de Educação

Física. Observando o paradigma tradicional, constatamos cursos organizados em

disciplinas isoladas, que não se comunicam e não contribuem umas com as outras. Por

outro lado, o paradigma emergente propõe o rompimento dessa fragmentação, a

religação das partes que compõem um todo. Fundamentando-se na complexidade

(MORIN, 2011a, b, 2013; BEHRENS, 2013, entre outros) e na interdisciplinaridade

(SOMMERMAN, 2006; FAZENDA, 2008, 2012; MORAES, 2007, entre outros), uma

disciplina direcionada à produção de textos pode se constituir como uma possibilidade

para religar outras disciplinas e romper a fragmentação do conhecimento. Ao elaborar

seus textos sobre um assunto específico da área de Educação Física, os alunos precisam

recorrer aos conhecimentos construídos em outras disciplinas, além daqueles

construídos na própria disciplina Produção Textual. Essas ações podem promover a

religação entre as disciplinas do curso, possibilitar a construção/reconstrução de

conhecimentos e representar diferentes partes do curso nos textos redigidos pelos

alunos. Considerando esse contexto, ao propor as tarefas aos alunos, é necessário

também conhecer as outras disciplinas do curso, o que implica o trabalho

interdisciplinar não só na tarefa proposta, mas também entre os docentes do curso, que

podem contribuir com ideias e levar esses textos para discussão em suas disciplinas.

Portanto, ao propor uma tarefa de redação aos alunos, um desenho que considere a

interdisciplinaridade poderia trazer pontos de ligação com o curso todo, rompendo com

o isolamento que uma disciplina direcionada à produção de textos poderia ter em cursos

não relacionados diretamente à formação de professores de língua materna.

A palavra viva: por uma semântica hermenêutico-fenomenológica.

Marcelo Furlin

Nas vias da Retórica, a palavra sempre surgiu como unidade de referência. Nessa

moldura instigante, a metáfora sugere o deslocamento e a extensão do sentido da

palavra, em um movimento que, em essência, busca a inovação semântica (RICOEUR,

2005). A comunicação é inspirada nas atividades do Grupo de Pesquisa sobre a

Abordagem Hermenêutico-Fenomenológica e Complexidade (GPeAHFC), que faz parte

do Programa de Pós-Graduação em Linguística Aplicada da Pontifícia Universidade

Católica de São Paulo (PUC-SP) e que apresenta tal abordagem e o Paradigma da

Complexidade como fundamento para os estudos de linguagem, à luz dos pressupostos

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de organização e de interpretação apresentados por Maximina Maria Freire (2007;

2008), a partir da leitura de Max van Manen (1990) e de Edgar Morin (2005). O

repertório teórico-crítico constituído para a comunicação promoverá um novo diálogo,

em fase inicial, entre os conceitos tecidos pelo referido Grupo de Pesquisa e a

concepção da palavra como produção de presença (GUMBRECHT, 2004), nutrida pelos

efeitos de sentido e de presença nas rotinas de organização, interpretação e validação,

traços distintivos da abordagem hermenêutico-fenomenológica-complexa (FREIRE,

2015). Sob tal perspectiva, entende-se que a comunicação contribuirá para revisitar

questões fundantes acerca da interpretação do significado essencial do fenômeno

observado, que parte do texto e chega à palavra, destinando à metáfora o papel de

redescrever a realidade e suas semânticas inscritas no nível da palavra per se.

A Teoria Sócio-Histórico-Cultural e da Atividade e o

Desenvolvimento do Professor

Coordenadores: Marília Ferreira - USP

Maria Helena Vieira-Abrahão - Universidade Estadual Paulista

A teoria–sócio-histórico-cultural e da atividade vem sendo utilizada para fundamentar

tanto a promoção do desenvolvimento docente, como pesquisas que investigam esse

desenvolvimento, as quais buscam entender como ocorre a (co) construção de

conhecimentos pelo professor nas práticas de formação. Este simpósio reúne trabalhos

de pesquisa, embasados pela teoria sócio-histórico-cultural e da Atividade,

desenvolvidos em dois grupos de estudos e de pesquisa: o GESFoPLE (Grupo de

Estudos Socioculturais na Formação de Professores de Línguas Estrangeiras), na

UNESP, campus de São José do Rio Preto, e LEVYG (TEORIA SÓCIO-HISTÓRICO

CULTURAL E DA ATIVIDADE E O ENSINO-APRENDIZAGEM DE LÍNGUA

ESTRANGEIRA), na USP. Do GESFoPLE, apresentamos resultados de duas teses

recentemente defendidas. O primeiro trabalho, com referencial teórico da formação de

professores de uma perspectiva sociocultural, do uso de tecnologias e da Teoria da

Atividade, buscou investigar como ocorreu a formação de professores para o uso de

tecnologias, enquanto que o segundo teve por propósito pesquisar, com enfoque sócio-

histórico-cultural na formação de professores de língua estrangeira, o exercício de

agência humana mediada de uma professora e sua construção de saber. As duas outras

apresentações, do grupo de pesquisa LEVYG, discutem o desenvolvimento do professor

em contextos de implementação da abordagem pedagógica de V.V.Davydov, mais

conhecida como ensino desenvolvimental, embasada em pressupostos vygotkianos, da

teoria da atividade (Leontiev, 1981) e de Hegel e Marx. Os desafios e formas de lidar

com eles serão discutidos.

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COMUNICAÇÕES INTERNAS

Contradições no uso de tecnologias em contexto de estágio de um curso

de Letras: o professor de inglês em formação inicial no ensino superior

privado

Janara Baptista

Com o advento da era digital, há a necessidade de um olhar crítico em direção aos

cursos de Licenciatura em Letras a fim de assegurar que futuros professores de línguas

estrangeiras estejam sendo preparados para o desafio de refletir criticamente e ajudar

alunos a se comunicar fazendo uso de tecnologias atuais dentro e fora da sala de aula.

Por essa razão, esta apresentação visa abordar os dados de uma pesquisa de Doutorado,

que objetivou justamente verificar como ocorre a formação de professores em relação

ao uso de tecnologias de informação e comunicação durante um estágio de língua

inglesa, de um curso de Licenciatura em Letras de uma faculdade privada, focalizando

como um grupo de futuros professores lida com essas tecnologias e quais contradições

são enfrentadas. Seu referencial teórico baseia-se nos conceitos relacionados a formação

de professores de línguas (GIMENEZ, 2004, 2005; GIL, 2005; JOHNSON, 2009;

SILVA; ARAGÃO, 2013; PAIVA, 2012) e ao uso de tecnologias (BAX, 2003, 2011;

PAIVA, 2008, 2012, 2013; BRAGA, 2013; MAYRINK, GARGIULO, 2013), e nos

fundamentos da Teoria da Atividade (VYGOTSKY, 1978; LEONTIEV, 1981;

ENGESTRÖM, 1987, 1999, 2001, 2008, 2009). Já em relação à metodologia, este

estudo é de natureza qualitativa e cunho etnográfico, e foram utilizados como

instrumentos de pesquisa questionários abertos e fechados, observações dos estágios de

língua inglesa, sessões de reflexão, entrevistas semiestruturadas, relatório final da

disciplina e diários reflexivos da professora-pesquisadora. Os resultados indicam que a

experiência na disciplina a distância possibilitou que os participantes discutissem e

refletissem sobre tecnologias no processo de ensino e aprendizagem de línguas embora

tenham feito um uso tradicional das tecnologias nas aulas do estágio. Ademais,

contradições históricas parecem influenciar o sistema de Atividade investigado no que

concerne à infraestrutura para o desenvolvimento do estágio.

Exercício De Agência Humana Mediada De Uma Professora De Inglês

E O Desenvolvimento De Saber Local Na Escola Pública

Fátima Aparecida Cezarim dos Santos

Esta comunicação apresenta uma tese acerca do exercício de agência humana mediada

de uma professora de inglês e o desenvolvimento de saber, realizada em duas escolas de

educação integral, de Ensino Fundamental, de uma rede pública em comunidades de

baixa renda, situadas em uma cidade do interior paulista. Para tanto, desenvolveu-se um

estudo de caráter qualitativo, interpretativo (DENZIN; LINCOLN, 2007), com enfoque

sócio-histórico-cultural na formação de professores de inglês como língua estrangeira

(FREITAS, 2002; JOHNSON, 2009, JOHNSON; GOLOMBEK, 2011), o que requereu

identificar a construção da prática da docente em sua materialidade e seus elementos

constitutivos (KENNEDY, 1999; VIGOTSKI, 1930/2003; KUMARAVADIVELU,

2006; JOHNSON, 2009). Como também, discutir as proposições acerca de saber local

(CANAGARAJAH, 2005, RAJAGOPALAN, 2005) frente à postura da professora

quanto às necessidades locais de inglês e seus desdobramentos e identificar a atitude

agentiva da professora (GIDDENS, 1989/2009; BANDURA, 2006; WERSTCH,

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TULVISTE, HANGSTROM, 1993) na construção de saber local em sua prática. O

método materialista histórico-dialético orientou a pesquisa (TRIVIÑOS, 2008; MARX,

1845/2007; 1867/1983; 1859/1952; MARX E ENGELS, 1845/2007), e a análise de

conteúdo (MYNAIO, 2008; BARDIN, 1979; TRIVIÑOS, 1987/2008) deu tratamento

aos dados. Ao final da interpretação, entendeu-se que a professora privilegiou o uso de

saber global, em vez de um desenvolvimento de saber local nos moldes defendidos pela

literatura especializada. Entretanto, a docência da participante foi permeada por um

exercício de agência humana mediada ocorrido nas inter-relações dos elementos

humanos, materiais e institucionais constitutivos de seu contexto de ação docente,

compreensíveis somente se inscritos nas dinâmicas históricas, sociais, políticas,

econômicas em que sua ação de ensino de língua inglesa teve lugar: a concretude de sua

formação e de atuação profissional marcadas por suas relações contraditórias na

contemporaneidade da educação do Brasil.

Mediação e desenvolvimento na formação de professores: os desafios

da abordagem pedagógica de V.V.Davydov

Marília Ferreira

A pedagogia de V.V. Davydov, também conhecida como ensino desenvolvimental,

baseada na teoria da atividade sócio-histórico-cultural e da atividade, pode ser utilizada

para o ensino de diferentes conteúdos disciplinares como matemática (Damazio, Rosa,

Euzébio, 2012; Davydov, 1990; Moura, 2010), ciências (Lompscher, 1999) e línguas

(Markova, 1979, Aidarova, 1981). Apesar de sua reconhecida potencialidade (Davydov,

1988; Hedegaard, 2002; Hedegaard e Chaiklin,2005; Stetsenko, 2010) há poucos

estudos tanto no exterior quanto no Brasil. No nosso país, a abordagem é mais

conhecida na área de matemática (Damazio, Rosa, Euzébio, 2012; Moura, 2010). Esta

apresentação objetiva discutir os desafios que a proposta pedagógica de V.V.Davydov

impõe ao professor de línguas. O contexto de discussão será a implementação do curso

de redação acadêmica em inglês com foco na publicação. Esse curso visou ensinar a

escrita acadêmica nessa língua e desenvolver uma visão dialética do funcionamento da

língua. Os desafios a serem discutidos referem-se à relação do professor com a

abordagem, com o pensar dialético e com a implementação do curso em si. A mediação

utilizada nesse processo e o próprio desenvolvimento do professor serão enfatizados.

Uma intervenção pedagógica a partir da abordagem pedagógica de

V.V.Davydov: reflexões para a formação de professores

Lilian Martinelli

O objetivo dessa apresentação é demonstrar como foi operacionalizada uma intervenção

pedagógica calcada na Teoria da Atividade Sócio-Histórico e Cultural (LOMPSCHER,

1999 e LEONTIEV, 1983, VYGOTSKY, 1984) nas aulas de inglês de alunos do 5º ano

do Ensino Fundamental em uma escola regular paulista. O intuito é demonstrar que não

ensinamos apenas gêneros textuais como se fossem fórmulas, mas, ao mesmo tempo em

que os alunos aprendem sobre o gênero textual (BUTT et al, 2000; MARTIN ,1989 e

2008) eles também se desenvolvem para a vida. Essa pedagogia com vistas ao

desenvolvimento foi operacionalizada conforme as Ações de Aprendizagem propostas

por Davydov (1988ª, b, c), Conforme as ações de aprendizagem de sua pedagogia, os

alunos responderam a perguntas-problema, formularam representações visuais sobre as

características da persuasão e analisaram textos biográficos, textos de opinião e textos

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multimodais (KRESS, 2003), como, por exemplo, propagandas, a fim de estudar a sua

estrutura interna de campo, relação e modo (HALLIDAY, 1994; MARTIN, 1989 e

2008). A pedagogia davydoviana foi utilizada para montar a sequência do ensino e será

apontada na área de formação de professores como uma ferramenta importante para os

professores. Essa apresentação apresentará as etapas básicas dessa pedagogia, ilustrará

um estudo de caso e também apontará para eventuais desafios que caem sobre os

professores que desejam utilizá-la Em suma, o objetivo dessa apresentação será dar

visibilidade aos professores à possibilidade de se ensinar o texto de opinião em inglês

me modo que os alunos tanto melhorem sua argumentação quanto tomem consciência

de serem persuasivos em sua escrita. O intuito, por fim, será exemplificar como a

pedagogia davydoviana é adequada para promover tal ensino, bem como discutir os

desafios que ela impõe ao professor.

Formação de tradutores e intérpretes de Libras e língua

portuguesa: refletindo sobre a prática, construindo caminhos

Coordenadores: Neiva de Aquino Albres - Universidade Federal de Santa Catarina

Vinícius Nascimento - Universidade Federal de São Carlos/PUCSP

Este simpósio tem por objetivo refletir e discutir sobre a formação de tradutores e

intérpretes de Libras e Língua Portuguesa (TILSP), focando os aspectos curriculares e

seus reflexos didático-pedagógicos na atuação docente em sala de aula e o perfil do

alunado no contexto sócio-histórico atual. Nos cursos de Bacharelado em Tradução e

Interpretação em Libras e Língua Portuguesa e de Bacharelado e Licenciatura em Letras

Libras ou, ainda, nos cursos de pós-graduação lato sensu para formação de TILSP,

aspectos sobre o ensino-aprendizagem, a especificidade da modalidade da língua de

sinais, a proficiência dos alunos, os métodos e estratégias de ensino ainda são pouco

discutidas. Contudo, sabe-se que a discussão sobre o ensino no processo de formação

pode contribuir efetivamente na competência linguística, tradutória e referencial dos

futuros profissionais. Nesse contexto, este simpósio se arvora promover o encontro

entre pesquisadores/professores formadores de TILSP do Brasil; dialogar sobre o

processo de ensino-aprendizagem e fomentar mais pesquisas sobre didática e ensino no

campo da tradução e interpretação da língua de sinais. Desse modo, as pesquisas

apresentadas neste simpósio se delineiam a partir de diferentes vertentes teórico-

metodológicas aplicadas em diferentes universidades, mas que dialogam quando tomam

por objeto comum o processo formativo de TILSP. Concebemos que o debate do

conjunto dessas pesquisas poderá contribuir para compreender melhor os diferentes

aspectos do trabalho educacional no campo da tradução e interpretação das línguas de

sinais.

COMUNICAÇÕES INTERNAS

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Prática pedagógica e questões curriculares na formação de TILSP no

ensino superior

Neiva de Aquino Abres

José Ednilson Gomes Souza-Junior

O presente trabalho tem por objetivo descrever e analisar a distribuição e configuração

das atividades de ‘Prática como Componente Curricular – PCC’, em um curso de

Bacharelado em Letras Libras (para formação de tradutores e intérpretes de Libras /

português). É uma pesquisa de cunho qualitativo e teve como instrumento de coleta de

dados a análise documental (projeto político pedagógico e planos de ensino), visando

analisar como as práticas entendidas como componentes curriculares estão distribuídas

no programa do curso a partir das Resoluções CNE/CP 1/2002 e CNE/CP 2/2002,

determinando que o Projeto Político Pedagógico (PPP) deve garantir 400 horas de

Prática como Componente Curricular (PCC), vivenciadas ao longo do curso. Indagamos

quais atividades são propostas pelos professores para este fim. Os alunos vivenciam o

currículo e os professores reconfiguram o currículo com suas práticas. Assim, os

professores interpretam o currículo, algo abstrato e idealizado, e o colocam em ação em

sala de aula. O currículo é a seleção da cultura para formação em uma determinada área.

Os resultados apontam que os professores propõem diferentes atividades articulando as

dimensões teórico e prática da profissão o que favorece ao aluno a reflexão concernente

à realidade da carreira. A PCC é desenvolvida por meio de atividades anexas às

atividades de sala de aula, geralmente como um trabalho final da disciplina que requer

empenho e horas extraclasse para serem desenvolvidas. As atividades incluem a prática

de traduzir, interpretar textos e análise da interpretação. Há atividades que não são de

tradução propriamente dita, por exemplo: leitura e escrita – síntese de teorias, pesquisas,

consulta a dicionários, preparação de fichas terminológicas e criação de glossários.

Esses diferentes tipos de atividades contribuem para a formação teórico-prática do

futuro profissional. Apesar do PCC ter sido idealizado inicialmente para cursos de

licenciatura, apreciamos sua aplicação neste curso de bacharelado.

Da formação comunitária à formação universitária: novo perfil dos

tradutores e intérpretes de língua de sinais

Vanessa Regina de Oliveira Martins

Vinícius Nascimento

Até meados nos anos 2000, a formação de tradutores e intérpretes da língua de sinais no

contexto brasileiro se deu de maneira comunitária, pelas relações de convivência e

confiança das comunidades surdas, com voluntários interessados em aprender sua

língua, bem como pelo seu ensino em associações de surdos e instituições religiosas. No

entanto, desde o estabelecimento de políticas públicas para a promoção dos direitos

linguísticos e educacionais das comunidades surdas, a formação deste profissional tem

sido realizada em universidades em nível de graduação. Nesse sentido, objetiva-se,

neste trabalho, realizar uma discussão sobre o novo perfil de tradutores e intérpretes de

língua de sinais que está se constituindo no Brasil a partir das políticas de incentivo à

formação deste profissional neste novo contexto. Analisa-se, qualitativamente, um

questionário semiaberto respondido por alunos de um curso de Bacharelado em

Tradução e Interpretação em Libras e Língua Portuguesa de uma universidade federal

localizada no Estado de São Paulo. Os resultados apontam para uma busca pela área não

mais marcada pelo afeto com a surdez, pelo contato prévio com surdos ou para a

diplomação de uma atividade já praticada, mas pela opção de pontuação atribuída na

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lista de escolha profissional do Sistema de Seleção Unificado (SISU) que seleciona

estudantes que realizaram o Exame Nacional de Ensino Médio (ENEM). Isso remonta a

hipótese de um novo perfil profissional distinto do das décadas de 1980, 90 e 2000.

Com a visibilidade e disseminação da língua de sinais os ingressos têm enxergado nesta

língua mais uma opção de formação para o mercado profissional. Problematiza-se,

então, a necessidade de se promover uma formação que congrega, desde o primeiro ano,

sujeitos não-falantes da Libras, bem como seus desafios didáticos e pedagógicos na

formação e, com isso, na promoção da acessibilidade comunicacional das comunidades

surdas brasileiras.

Semelhança interpretativa e estratégias de interpretação simultânea na

formação de intérpretes intermodais português-Libras

Carlos Henrique Rodrigues

A atuação de tradutores e de intérpretes de Português-Libras é uma crescente demanda

na atualidade. Frente a isso, algumas universidades brasileiras têm oferecido cursos de

graduação visando à formação acadêmica desses profissionais. Entretanto, não há uma

discussão integrada dessas instituições em relação às matrizes curriculares orientadoras

dessa formação, principalmente no que tange às disciplinas práticas. Nesse sentido,

propostas e reflexões que problematizem a formação acadêmica de tradutores e de

intérpretes intermodais são centrais ao possível aperfeiçoamento dessa formação.

Portanto, assumindo a perspectiva da Teoria da Relevância (SPERBER; WILSON,

1986/1995) aplicada à tradução, mais especificamente o conceito de semelhança

interpretativa (GUTT, 1991/2000), e estratégias de monitoramento da interpretação

simultânea (RODRIGUES, 2013), propomos uma reflexão sobre a prática na formação

dos intérpretes de Português-Libras. Assim, apresentamos, tendo como foco as

disciplinas práticas, uma proposta de abordagem da interpretação com base no uso

interpretativo da linguagem e, por sua vez, na compreensão do processo de interpretação

a partir da noção de semelhança interpretativa entre duas unidades de tradução

decorrentes de sistemas linguísticos distintos. Em síntese, assumir esse tipo de

abordagem na formação de intérpretes implica em: (i) deslocar o olhar do produto da

interpretação para o processo; (ii) reconhecer a centralidade do intérprete em suas

escolhas e tomadas de decisão; e (iii) buscar uma melhor compreensão e

contextualização do uso de estratégias na interpretação. Acreditamos que tal abordagem

contribuirá significativamente com uma ressignificação da compreensão do processo de

interpretação para além da mera ação impositiva de se elencar o que se deve ou não

fazer na interpretação intermodal ou de se apontar erros e acertos no texto alvo, quando

comparado ao texto fonte, como forma de ensino. Em suma, vemos que essa alteração

de enfoque favorece a conscientização e a metarreflexão por parte dos intérpretes em

formação.

A formação e os percursos que levaram os tradutores intérpretes de

língua de sinais (tils) a atuarem no processo de escolarização de alunos

surdos

Adriane Melo de Castro Menezes

Dentro das discussões sobre formação de Tradutores-Intérpretes de Língua de Sinais,

venho com a proposta de refletir sobre os aspectos relacionados a formação e os

percursos que levaram os Tradutores Intérpretes de Língua de Sinais (TILS) a atuarem

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no processo de escolarização de alunos surdos – aspectos estes observados em pesquisa

de doutorado, intitulada "Diálogos com Tradutores-Intérpretes de Língua De Sinais que

atuam no Ensino Fundamental". Em diálogo com os TILS, empreendemos discussões

sobre suas trajetórias profissionais e formação, tentando perceber como estes sujeitos se

sentem em seus lugares, e como são afetados por isso no seu cotidiano. Fundamentamos

teoricamente nosso estudo, a partir da teoria enunciativo-discursiva da linguagem de

Mikhail Bakhtin e, desse referencial, definimos os procedimentos metodológicos, que

tiveram como base principal as entrevistas e, complementarmente, o preenchimento de

um perfil com dados sobre formação, vinculação e experiência, e anotações de

elementos contextuais, relevantes para a compreensão dos sujeitos e seus discursos. A

ideia neste recorte, é discutir as condições funcionais e suas repercussões no pensar

sobre a profissão e no cotidiano profissional dos sujeitos participantes da pesquisa.

Vimos que a maioria dos TILS não planejou, se projetou profissionalmente, para ser

TILS, ou melhor, esta carreira aconteceu por demanda social. Que a formação inicial,

sendo em cursos de licenciaturas, e a escassez de oferta de formação específica, termina,

dentre outros fatores, por influenciá-los a, na prática, se apropriarem da

responsabilidade do ensino para os alunos surdos. E, ainda, que a falta de oferta

suficiente – frente às demandas deste novo nicho de trabalho – de cursos de formação

específica para TILS é, também, um fator preponderante para este cenário, que

inclusive, a depender de cada situação específica, pode comprometer, sobremaneira, a

forma como estes TILS definem seus papeis no âmbito escolar.

Fonética Forense

Coordenadores: Renata Vieira – PUCSP

Plínio Barbosa – Universidade Estadual de Campinas

Este simpósio tem por objetivo agregar pesquisadores cujos trabalhos relacionam a

Fonética e a esfera forense. A Fonética Forense é uma subárea da Linguística Forense

relacionada à perícia de Identificação de Falantes. A identificação de falantes é a

comparação de duas amostras de fala com o objetivo de se determinar se pertencem ou

não a um mesmo indivíduo. Serão temas de reflexão e debate entre os pesquisadores o

panorama atual da Fonética Forense no Brasil. Pesquisas recentes sobre medidas

acústicas e características prosódicas no contexto forense, além de estudos sobre os

efeitos do telefone celular no sinal de fala serão debatidos.

COMUNICAÇÕES INTERNAS

Uso de técnicas acústicas para verificação de locutor em simulação

experimental

Aline de Paula Machado

Este trabalho tem como objetivo investigar a eficácia de um conjunto de medidas

acústicas no que concerne ao reconhecimento da fala de um indivíduo em um grupo de

dez falantes do português brasileiro. Um sujeito desse grupo foi sorteado e nomeado o

“criminoso”. Entre as medidas usadas na pesquisa estão as frequências dos dois

primeiros formantes, a frequência fundamental média, a duração de unidades do

tamanho da sílaba e da vogal, a dinamicidade dos formantes e o desvio padrão de

durações de intervalos consonânticos (ΔC). Analisamos todas as vogais do português

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brasileiro. Todos os entrevistados eram falantes do português brasileiro das regiões do

estado de São Paulo, Rio Grande do Sul, Pará e Bahia. Os trechos escolhidos para essa

análise foram divididos em dois grupos, (i) entrevistas ao ar livre e (ii) gravações

telefônicas (de celular para celular). Em nossos resultados, os parâmetros que menos

sofreram variação devido à mudança de canal de transmissão foram os parâmetros de

ritmo e tempo, tais como duração, taxa de elocução, ΔC, e taxa de movimento do

segundo formante, a qual mede a dinamicidade do formante. Já as medidas temporais da

pesquisa, por serem as mais variáveis intersujeito, tiveram grande poder discriminador.

Os testes estatísticos apontaram que três dos indivíduos estudados, apresentavam

semelhanças com o “criminoso”.

O efeito do telefone celular no sinal de fala: uma análise fonético-

acústica com implicações para a verificação de locutor em português

brasileiro

Renata Regina Passetti

Investigamos os efeitos causados ao sinal da fala pela transmissão telefônica de linhas

móveis com o intuito de analisar os parâmetros acústicos afetados por essa transmissão.

O corpus consistiu em gravações simultâneas nas condições face a face e via celular,

nas quais analisou-se as seguintes classes de parâmetros: frequência dos três primeiros

formantes, frequência fundamental, frequência de base da fundamental (baseline) e

duração interpicos de F0. As alterações em F1 e F3 foram de, aproximadamente, 14%

na condição telefônica. A análise de dispersão do segundo formante mostrou que a

transmissão telefônica aumentou artificialmente as frequências de vogais com baixos

valores de F2 e diminuiu as frequências de vogais com altos valores de F2. Os

parâmetros baseline e duração interpicos de F0 não atestaram diferenças significativas

entre as duas condições de gravação. O aumento nas frequências de F1 resultou no

abaixamento global do espaço vocálico na gravação telefônica. A diminuição dos

valores de F2 para as vogais anteriores e o aumento nos valores deste formante para

vogais posteriores comprimiu o espaço vocálico da maioria dos sujeitos. Estes

resultados podem ter implicações perceptuais, uma vez que tais modificações podem

resultar em ouvir, no celular, essas vogais modificadas com qualidades vocálicas

distintas.

Caracterização prosódica de sujeitos de diferentes variedades do

português brasileiro em diferentes relações sinal-ruído Ana Carolina Constantini

O objetivo deste trabalho foi estudar parâmetros prosódicos de amostras de fala que

pudessem caracterizar e, posteriormente, diferenciar sujeitos de diferentes variedades

faladas no português brasileiro (PB). Em um segundo momento, ruído aditivo foi

incluído nas mesmas amostras de fala para entender melhor como os parâmetros

prosódicos se comportam quando há inclusão de ruído. Entende-se que os dois objetivos

do trabalho podem contribuir para as pesquisas da Fonética Forense visto que amostras

de fala com ruído são corriqueiras neste campo de pesquisa e, além disso, conhecer as

características prosódicas de diferentes variedades pode auxiliar na delimitação de

suspeitos de um crime, por exemplo. De amostras de fala de 35 sujeitos foram extraídos

oito parâmetros acústicos. Cinco parâmetros conseguiram identificar ao menos uma

variedade do PB, revelando características próprias de algumas variedades: mediana de

F0, ênfase espectral, desvio-padrão e assimetria de z-score suavizado e taxa de unidades

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VV não-proeminentes/s. A análise dos mesmos parâmetros nas amostras com ruído

evidenciou que mediana de F0 e ênfase espectral sofreram maior perturbação de seus

valores originais. Conclui-se que a análise da estrutura rítmica é mais robusta em

situações de ruído.

Produtividade das noções de prática (inter) discursiva e

comunidade discursiva para a compreensão de discursos

advindos de diferentes esferas de atividades

Coordenadores: Fátima Pessoa - Universidade Federal do Pará

Marília Giselda Rodrigues - Universidade de Franca

Este simpósio tem por objetivo discutir a produtividade de noções propostas pelo

linguista Dominique Maingueneau no âmbito da Análise do Discurso de linha francesa

para a compreensão de discursos relacionados a atividades de trabalho que, por sua

natureza, colocam em relação campos distintos, tais como o campo do Direito e o da

Psicologia; a arquitetura e a religião; o campo literário e o midiático; o campo religioso

e o midiático. Espera-se que os trabalhos que serão apresentados e discutidos possam

fazer avançar impasses de natureza teórica e metodológica para pesquisas que

aproximam o campo dos estudos da linguagem a outros campos variados.

COMUNICAÇÕES INTERNAS

Elaborações de uma prática discursiva intersemiótica: as cenas do

dissenso LGBT e a iconografia cristã

Diogo Michel Nascimento Bezerra

As elaborações intersemióticas das imagens de protesto da 19ª parada LGBT de São

Paulo despertaram a atenção de diversos setores da sociedade brasileira, entre eles,

organizações evangélicas e CNBB. Tais imagens reverberaram discursivamente e

acirraram posicionamentos na disputa por sentidos legítimos. Para os cristãos, no

cenário LGBT, elas subvertem a ordem dos sentidos que lhe são atribuídos

tradicionalmente. A presença do “outro” no discurso LGBT, efetivada pelo acionamento

do ideário imagético cristão, constitui-se como evidência que caracteriza o dissenso por

meio de uma partilha política do sensível. A imagem da crucificação, em particular

nesta parada, instaura uma cena dissensual de polêmica explícita ainda não

problematizada do ponto de vista das análises das práticas discursivas intersemióticas.

Este trabalho tem como propósito analisar a constituição político-polêmica da imagem

da crucificação, caracterizando-a como uma prática discursiva intersemiótica que

esboça novas configurações do visível, do dizível e do pensável. Para a consecução

deste propósito, utiliza-se como corpus de referência duas matérias divulgadas em sites

de notícias especializados, um de vertente cristã (GospelPrime) e outro aparentemente

sem filiação de cunho religioso (G1). Considerando os elementos que conferem

dimensão política à imagem (MARQUES, 2014), assim como o funcionamento das

práticas intersemióticas (MAINGUENEAU, 2008a) observa-se a vinculação da imagem

“transexual crucificada” ao posicionamento destes sites por meio dos registros verbais

da heterogeneidade mostrada que marcam a controvérsia e indicam tal imagem como

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cena de enunciação dissensual. A subversão da iconografia cristã pela apresentação da

imagem em questão aponta para uma ruptura da concordância geral, formatando novas

formas de sentido comum.

A constituição do discurso jurídico a partir das relações

interdiscursivas

Suelem Cristina Silva Bezerra

Fátima Pessoa

O texto que ora se apresenta consiste em um ponto do percurso de uma pesquisa

desenvolvida no mestrado em Letras do Programa de Pós-Graduação da Universidade

Federal do Pará. Analisa-se sentenças penais, consideradas práticas discursivas

fundamentais no trabalho desenvolvido pelo juiz em todo o curso de um processo penal,

uma vez que se constitui como o instrumento essencial à validade ou invalidade não só

da sentença prolatada pelo juiz, mas também do próprio processo. A sentença penal

condenatória se configura como um espaço de constituição da interdiscursividade, pois

relações entre campos diversos são estabelecidas à medida em que o juiz valora a pena

do acusado. Das relações postas com outros campos, a saber, psicologia e sociologia,

reside um espaço de concorrência entre discursos a partir dos quais investiga-se, no

exercício enunciativo realizado pelo juiz, a pretensão de se construir como um discurso

constituinte, isto é, autorizado a dizer-se por si só. Nesse sentido, o estudo da sentença

penal possibilita a edificação de um modelo explicativo das relações entre a linguagem

e o trabalho no campo da justiça criminal e que será construído tomando como base os

conceitos de Interdiscurso e Discurso Constituinte na perspectiva da Análise do

Discurso, desenvolvida por Dominique Maigueneau (2008). Sob esta perspectiva, ainda,

adota-se as reflexões propostas por Nouroudine (2002) e Souza-e-Silva (2002) para

pensar no funcionamento da linguagem, em sua dimensão linguagem como trabalho,

cuja complexidade deve ser observada.

Fanfictions, intertextualidade e uma comunidade discursiva de

comentadores

Pollyanna Zati Ferreira

No contexto do ciberespaço, encontramos um grande número de jovens, leitores

principalmente de obras literárias populares, produzindo histórias de ficção baseadas em

suas obras preferidas. Trata-se das fanfictions. Por verificarmos que há em torno dessas

fanfictions a organização de uma comunidade discursiva – constituída por meio da

prática discursiva compartilhada por ficwriters, leitores, betareaders e webmistress –

nosso objetivo é descrever o funcionamento dessa comunidade discursiva. Nossa

hipótese é que a intertextualidade é um fenômeno discursivo organizador da prática

discursiva da comunidade constituída em torno das fanfictions, uma vez que a fanfiction

é sempre um intertexto, uma espécie de comentário, no sentido foucaultiano do termo.

Esse modo de funcionamento nos leva a supor, também, que é possível definir a

comunidade discursiva que se constitui em torno das fanfictions como uma comunidade

de comentadores. Para isso, assumiremos, como ponto de partida, as postulações de

Dominique Maingueneau em torno da noção de comunidade discursiva, apresentada nos

livros Gênese dos Discursos (2008) e Cenas da Enunciação (2009). Nosso corpus se

constitui basicamente de sites e blogs que foram criados unicamente para a produção de

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fanfictions, tais como Niah Fanfiction, Floreios e Borrões, Fanfiction e Sugar Quill.

(Apoio: CAPES).

Polêmica entre discursos de diferentes campos acerca das catedrais de

Oscar Niemeyer

Aline Monteiro Campos Garcia

Marília Giselda Rodrigues

Oscar Niemeyer, arquiteto, declaradamente comunista e ateu, projetou várias igrejas,

espaços destinados à vivência da fé, sendo as mais conhecidas a Igreja da Pampulha e a

Catedral de Brasília. Recentemente, tiveram início as obras de construção da Catedral

Cristo Rei, em Belo Horizonte, cujo projeto é também de Niemeyer. Em torno desses

espaços, representativos da arquitetura modernista, instaurou-se uma polêmica

(inter)discursiva: de um lado, aqueles que defendem as obras inspiradas do gênio

criador Niemeyer; de outro, aqueles que afirmam ser impossível entendê-las e viver,

naqueles espaços, as experiências de oração, de inspiração de fé e de contato com o

divino. A partir dos pressupostos teórico-analíticos da Análise do Discurso de linha

francesa, que embasam a pesquisa, compreendemos a polêmica como

interincompreensão regrada, onde cada discurso se baseia sobre um conjunto de semas

repartidos em "positivos" ou reivindicados, e "negativos" ou rejeitados, tal como propõe

Maingueneau em seu livro Gênese dos Discursos (2008). O objetivo da pesquisa é

investigar as relações interdiscursivas (e intersemióticas) no espaço discursivo

compreendido entre o discurso religioso católico e o discurso modernista. A

metodologia da pesquisa inclui a seleção de um corpus que inclui sequências verbais

constituintes dessa polêmica, isto é, comentários de arquitetos, de representantes do

clero e de leigos católicos, bem como entrevistas em que Niemeyer fala sobre suas

obras e sobre sua vida. Espera-se que esta pesquisa, além da compreensão do próprio

objeto tomado para estudo, possa se constituir em uma contribuição para o campo da

AD, na medida em que estudaremos e aplicaremos pressupostos teóricos que foram

ainda pouco testados em objetos discursivos de domínios outros que não o linguístico,

sobretudo o domínio da arquitetura.

Estudo do gênero e a linguística sistêmico-funcional: diálogos

e perspectivas

Coordenadores: Fabíola Sartin - Universidade Federal de Goiás - Regional Catalão – UFG/RC

Maria do Rosário Albuquerque-Barbosa - Universidade de Pernambuco

A proposta deste simpósio é reunir trabalhos ancorados nos pressupostos teóricos da

Linguística Sistêmico-Funcional (Halliday, 1984/1994; Halliday & Matthiessen, 2004,

2014) e propostas educacionais para o ensino com base em gêneros discursivos (Martin

e Rose (2008), Rose e Martin (2012) e Bakhtin (2003)) e demais teorias de gênero que

dialogam com a LSF. Almeja, também, agregar estudos que abarquem questões

relacionadas à formação do professor de línguas materna e estrangeira, no contexto

presencial e digital. Os trabalhos podem focalizar qualquer das três metafunções –

interpessoal, ideacional ou textual – descrevendo características léxicogramaticais dos

gêneros em questão, levando-se em consideração seus contextos de situação e de

cultura. A Linguística Sistêmico-Funcional (LSF) é uma teoria linguística cuja

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abordagem para a análise de textos é sempre orientada para o seu caráter social

(HALLIDAY, 1985, 1994, 2004). O principal foco dessa teoria é estudar como a

linguagem atua no contexto social e como a influencia. Ela está, portanto, preocupada

em mostrar como a organização da linguagem é relacionada ao seu uso.

COMUNICAÇÕES INTERNAS

Formação de professores de línguas: estudos desenvolvidos pelo

projeto sal (systemics across languages)

Fabíola Sartin

Esta comunicação tem como objetivo apresentar os estudos desenvolvidos pelos

membros do projeto SAL (Systemics Across Languages) cuja finalidade é a discussão

dos resultados das pesquisas desenvolvidas no país sobre a descrição de sistemas

gramaticais das metafunções da linguagem nos diferentes registros de língua e a

realização de oficinas sobre a estrutura dos gêneros e a ontogênese da escrita. Muitos

dos estudos desenvolvidos pelos participantes do projeto abarcam a formação do

professor com o foco na análise linguística dos textos produzidos dentro e fora da sala

de aula. O SAL tem como base teórica os estudos da Linguística Sistêmico-Funcional a

partir de Halliday (1994; 2004) e seus seguidores. Outro aspecto relevante no projeto

são os estudos que remetem a uma reflexão sobre a formação de professores de línguas

que valem-se da tecnologia como recurso pedagógico na preparação das suas aulas. Há

também a possibilidade de intercâmbio de pesquisas brasileiras e internacionais em

reuniões, pelo menos duas vezes ao ano, com vistas a discussão de novas pesquisas,

publicações e engajamento de novos pesquisadores regionais. Será destacada uma

pesquisa sobre blogs de professores de línguas, cujo objetivo é analisar os elementos

avaliativos (Martin e White, 2005) presentes nos comentários dos participantes e

blogueiros a fim de compreender como são tratadas questões de ensino nesse ambiente

digital e quais as características desse gênero.

Gênero, texto e ensino: um estudo sob a perspectiva da linguística

sistêmico-funcional

Maria do Rosário Albuquerque-Barbosa

O objetivo deste trabalho é refletir sobre a relação da Linguística Sistêmico-Funcional

com leitura de textos de diferentes gêneros na escola e com as escolhas léxico-

gramaticais de avaliatividade. Os pressupostos teóricos e metodológicos são sustentados

pela Linguística de Corpus (BEBER SARDINHA (2004, 2005), pela Linguística

Sistêmico-Funcional (HALLIDAY (1994), HALLIDAY; MATTHIESSEN (2004),

CHRISTIE (2002, 2005), MARTIN & ROSE (2008), destacando os estudos sobre

avaliatividade e discurso de MARTIN & WHITE (2005). A Linguística Sistêmico-

Funcional, proposta por HALLIDAY (1985, 1994), preocupa-se com o estudo da

linguagem, considerando-a uma prática social para criar significados. HALLIDAY

(1985, 1994) compreendem a língua como um sistema semiótico social e um dos

sistemas de significado que compõem a cultura humana. Dessa forma, a língua é

descrita muito mais como um recurso para a significação do que como um sistema de

regras, e a gramática é um construto operacional que organiza as funções da linguagem

realizadas pelo falante, em que os diferentes significados possuem diversas formas de

expressão. A avaliatividade, por sua vez, tem suas ramificações da Linguística

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Sistêmico Funcional notadamente na metafunção interpessoal, cuja preocupação está

focada no lado interpessoal da linguagem, à presença subjetiva dos escritores/falantes

nos textos, na medida em que adotam posições com relação ao material que eles

apresentam e àqueles com quem eles se comunicam. Como procedimento

metodológico, adotar-se-á uma descrição de texto e contexto, levando em consideração

as noções de registro e gênero, seguida da sistematização das escolhas léxico-

gramaticais responsáveis pela construção do significado experiencial do escritor. Trata-

se, portanto, de uma pesquisa de caráter quantitativo e qualitativo, pois se busca

caracterizar diferentes modalidades de coleta de informações por meio do programa

computacional WordSmith Tools (SCOTT, 2010) assinalando as implicações

pedagógicas no Ensino Fundamental. Enfim, serão brevemente apresentadas pesquisas

desenvolvidas no CELLUPE – Centro de Estudos Linguísticos e Literários da

Universidade de Pernambuco.

Gêneros da ordem do “falar de si”: multissemioses e linguagens

Anair Valência Martins

No escopo da Linguística Aplicada, traçar um quadro teórico-metodológico para a

investigação de enunciados/textos que se constituem de multissemioses (ROJO, 2013) e

as mais diversas linguagens (SANTAELLA, 2013) fluídas e ubíquas, especialmente

considerando a necessidade do sujeito em descolecionar velhas práticas e elaborar novas

coleções (CANCLINI, 1997) em contextos de hipermodernidade (LIPOVETSKY,

2004), parece ter se transformado em uma necessidade contínua dos linguistas

aplicados. Nesse sentido, o propósito deste trabalho é apresentar uma reflexão acerca de

gêneros da ordem do “falar de si”, investigando as semioses e linguagens utilizadas nas

suas escritas. Nos gêneros dessa ordem, é comum os sujeitos, ao falarem sobre si e

sobre sua história de vida, (re)significarem a sua própria existência (LEJEUNE, 2008) e

(re)elaborarem as suas identidades. Pretende-se, então, apresentar análises comparativas

de narrativas autobiográficas, escritas em dois momentos distintos, um em que o sujeito

escreve a sua própria autobiografia e outro em que ele escreve uma autobiografia para o

seu avatar (criado em uma situação formal de sala de aula), focando nas modalidades de

linguagens e nos recursos multissemióticos empregados nas produções escritas

realizadas. Em se tratando de escritas autobiográficas para avatares, é possível observar

que o sujeito, nessa empreitada, desloca a sua relação consigo mesmo e, nesse

movimento, o ciberespaço passa a fazer parte das rotinas do seu cotidiano (TURKLE,

1995, p. 09). Essas mudanças e relações com o ciberespaço podem ser potencializadas

quando o sujeito tem a oportunidade de assumir a vida de personagens que ele mesmo

cria, partilhando conhecimentos e eliminando barreiras por meio de semioses e

linguagens diversas. Pretende-se, então, com as reflexões apresentadas neste Simpósio,

contribuir com os estudos e pesquisas no escopo da Linguística Aplicada sobre o ensino

de língua e gêneros da ordem do “falar de si”.

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COMUNICAÇÕES

Área: Linguagem e Educação

Um estudo sobre o processo de ensino-aprendizagem dos alunos da disciplina Libras da Universidade Federal de Alagoas

FÁBIO RODRIGUES DOS SANTOS [email protected]

[email protected] JOYCE RODRIGUES MAGALHÃES

Esta comunicação apresenta uma parte de meu projeto de pesquisa em nível de

mestrado, intitulado -Um estudo sobre o processo de ensino-aprendizagem dos alunos

da disciplina Libras da Universidade Federal de Alagoas- no Programa da Pós-

Graduação em Letras e Linguística na linha de pesquisa em Linguística Aplicada na

Universidade Federal de Alagoas (UFAL) e objetiva proporcionar uma reflexão sobre a

perspectiva de ensino e aprendizagem de língua brasileira de sinais - Libras - trazida

pela ementa da disciplina Libras (por vezes denominada Fundamento de Libras)

presente nos Projetos Pedagógicos dos Cursos (PPC) de Licenciatura na área de Letras

da UFAL. A proposta desse trabalho se baseia no recente cenário de complexidade

social que se dá pela difusão da Libras, uma vez que essa língua se faz presente na

matriz curricular dos cursos de licenciatura, preferencialmente, bem como de forma

eletiva para os demais cursos, segundo o decreto nº 5.626/05. A metodologia de coleta

de dados consiste na análise comparativa dos sentidos de ensino de Libras circulantes

nesses PPCs, em relação à proposta da ementa, e na aproximação feita desses sentidos

com outros presentes em documentos oficiais utilizados como referenciais e guias na

formação de professores na área. Dessa forma, o trabalho intenta contribuir com a

perspectiva de ensino e aprendizagem de Libras tendo em vista que as reflexões

apresentadas podem favorecer a compreensão do processo de produção de sentidos no

que se refere a alunos ouvintes.

Comunicações orais em português em congressos de Linguística

Aplicada e suas variáveis de registro: estudo sob a perspectiva da

Linguística Sistêmico-Funcional

JOÃO PAULO SOARES [email protected]

[email protected]

Como parte do contexto mais amplo do projeto de pesquisa 'Design e Desenvolvimento

de Material Instrucional para Contexto Presencial e Digital' (PUC-SP/LAEL), este

trabalho é um recorte da minha tese de doutoramento e tem como objetivo descrever a

estrutura genérica de comunicações orais em língua portuguesa em congressos da área

de Linguística Aplicada e suas variáveis de registro. Para tanto, utiliza-se da Linguística

Sistêmico-Funcional (HALLIDAY, 1985, 1994) como arcabouço teórico e seus

seguidores (EGGINS; SLADE, 1997; MARTIN; ROSE, 2008), que tem como foco a

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língua em uso, que permite analisar as escolhas léxico-gramaticais feitas pelos usuários

em textos escritos e falados com base nos contextos de situação e cultura em que se

realizam. No que diz respeito às variáveis de registro, Martin & Rose (2003, p. 243)

ressaltam que -podemos pensar em campo, relações e modo como recursos

generalizadores dos gêneros a partir de uma perspectiva diferenciada de significados

ideacionais, interpessoais e textuais-. Eggins (1994, p. 65) compara a variável de

registro relações aos modos de linguagem formal e informal, ressaltando que uma

situação informal envolveria, de modo geral, interagentes com o mesmo status de poder,

que se veem com frequência e que estão envolvidos afetivamente, ao passo que em uma

situação formal o poder entre os interagentes é desigual, o contato não é frequente e o

envolvimento afetivo é baixo. Espera-se que este trabalho contribua para elaboração de

material didático para o ensino-aprendizagem de gênero oral em ensino superior.

A construção do saber e do espaço escolar: a perspectiva multicultural

e discursiva d/na construção de sentidos

ANA CLAUDIA CUNHA SALUM

[email protected] SELMA SUELI SANTOS GUIMARÃES

[email protected]

Nessa apresentação, compartilhamos nosso projeto de pesquisa, em fase inicial, em que

tratamos da relação do aluno com o saber e o espaço escolar, partindo de uma

perspectiva não linear e complexa das relações que circunscrevem o fenômeno do

aprender. Entendemos que a forma como o sujeito se relaciona com o saber e o espaço

escolar é mediada por um processo cultural de construção de sentidos, produzido por

meio de sistemas de representação. Na teoria sócio-histórico-cultural, a representação

não é um meio transparente de expressão de um suposto referente, mas uma forma de

atribuição de sentidos, um sistema arbitrário que nos posiciona como sujeitos, tornando

possível aquilo que somos e aquilo no qual podemos nos tornar (WOODWARD, 2003).

Dez estudantes de uma escola pública federal, entre 13 e 16 anos de idade,

documentarão o espaço escolar por meio de fotografias, objetivando refletir sobre as

suas relações no espaço escolar. Ao discursivizar sobre seus registros fotográficos, os

estudantes poderão tecer e organizar suas representações, proporcionadas pela

experiência estética gerada pelas fotografias (TELLES, 2007; ALLEN, 2015). A análise

dos dados enfatizará a apreensão dos fenômenos complexos em suas múltiplas

dimensões, de maneira integrada, com uma visão dialética e discursiva, por meio de

uma perspectiva cultural e historicamente definida (ROSSETI-FERREIRA; AMORIM

& SILVA, 2004). A noção de discurso empreendida é a de que não há uma relação

direta entre a língua e o objeto por ela designado, mas uma relação atravessada por

outros dizeres (FOUCAULT, 1969). Estudar e compreender os processos de objetivação

e de subjetivação (FOUCAULT, 1984) desses estudantes, nos permite entender a forma

como significam sua experiência pessoal e acadêmica a partir de formas culturais de

organização do contexto social e, portanto, estudar essa relação é saber do próprio

sujeito que se constrói por apropriação do mundo.

.

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FORMAÇÃO DE PROFESSORES DE INGLÊS COMO LÍNGUA

ESTRANGEIRA: Crenças e expectativas de agentes envolvidos no

processo em Marabá-PA

LUCIANA KINOSHITA BARROS

[email protected] [email protected]

A pesquisa consiste na investigação em andamento que atualmente desenvolvemos

como nossa tese de doutorado pelo Programa de Pós-graduação em Educação da

Universidade de São Paulo, onde estudamos as crenças e as expectativas de diferentes

agentes envolvidos na formação de professores de inglês como língua estrangeira para

rede pública do município de Marabá, no sudoeste do Pará, sobre como se dá esse

processo em diversos níveis da educação formal escolar. A relevância de estudar esse

tema está atrelada ao comprovado fracasso da aprendizagem do inglês como língua

estrangeira na Educação Básica pública brasileira (BRASIL, 2012b, 2013c, 2013d,

2013e, 2013f; LIMA, 2011; LEFFA, 2011; RUIZ; 2009; MASCARENHAS, 2007;

PAIVA, 2003), muitas vezes atribuída à falta de competência linguística dos professores

de inglês (SILVA, 2013; PAVAN, 2012; LIMA, 2011, BARCELOS, 1995; ALMEIDA

FILHO, 1992). Nosso objetivo é compreender crenças e expectativas de diferentes

agentes escolares sobre a formação de professores para tal tarefa e, a partir das

representações construídas, pensar em possíveis propostas e caminhos para a formação

docente inicial e eficiência na aprendizagem. Para alcançar o objetivo traçado estamos

desenvolvendo uma investigação de cunho qualitativo que envolverá aplicação de

questionários e análise documental, além de pesquisa bibliográfica com base em

referencial teórico relativo a estudos sobre essas questões na área de Linguística

Aplicada que tiverem como foco investigações a respeito de crenças e expectativas em

relação ao ensino/aprendizagem de línguas e formação docente (ALMEIDA FILHO,

1993 e 2009; BARCELOS, 1995 e 2001; BORTONI-RICARDO, 2005; EAGLY e

CHAIKEN, 1993; HYMES, 1979; LEFFA, 2001; LIMA, 2011; PAJARES, 1992;

PAVAN, 2012; SILVA, 2011 e 2013; VIEIRA-ABRAHÃO, 2006).

Influência da L1/L2 na produção lexical de L3: efeito de priming do

português brasileiro e alemão na produção de inglês como L3

PÂMELA FREITAS PEREIRA TOASSIES

[email protected] MAILCE BORGES MOTA

ELISÂNGELA NOGUEIRA TEIXEIRA

Um importante fator que pode influenciar o processo de ensino-aprendizagem de língua

estrangeira, é o conhecimento linguístico do aprendiz (DE ANGELIS, 2007),

especialmente no Brasil que apresenta uma grande diversidade linguística. O presente

estudo foi realizado a região sul do Brasil, a qual é caracterizada pela presença de

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comunidades imigrantes falantes da língua alemã. Neste estudo, analisamos os efeitos

do contato linguístico do português brasileiro e do alemão na aprendizagem do inglês

como língua estrangeira. Através deste estudo, busca-se compreender a influência destas

línguas na produção do inglês como língua estrangeira. Falantes de português brasileiro

(L1), alemão e inglês, como L2 e L3, realizaram uma tarefa de produção da língua

inglesa que consistiu na nomeação de figuras que representavam objetos concretos (ex.:

monkey, shirt, sink). Esta tarefa de nomeação de figuras foi aplicada no paradigma de

priming mascarado, sendo que os primes consistiam no nome da figura, em inglês, ou

no seu equivalente de tradução, em português ou alemão (ex.: egg, ovo, Ei). A análise

desta tarefa foi feita através dos dados de tempo de resposta e acurácia dos

participantes. Dessa forma, a apresentação dos primes nas três línguas dos participantes

permitiu analisar a influência de cada língua (português brasileiro, inglês e alemão) na

nomeação das figuras. Os resultados mostraram que primes na língua alvo, inglês,

eliciaram uma resposta mais rápida do que os equivalentes de tradução. Dentre as

línguas não alvo, observou-se uma maior facilitação quando o prime era apresentado em

português do que em alemão. Os resultados deste estudo mostram que todo o

conhecimento prévio de outras línguas pode influenciar o processo de ensino-

aprendizagem de língua estrangeira.

FORMAÇÃO DE PROFESSORES, LÍNGUA E CULTURA: Um

olhar sobre a Competência Intercultural no ensino de Língua Inglesa

em um curso de Letras

DILUBIA SANTCLAIR

[email protected] RICARDO REGIS ALMEIDA

BARBRA SABOTA

[email protected] O objeto central desta comunicação é promover a discussão sobre a relevância de

favorecer o desenvolvimento da Competência Comunicativa Intercultural (BYRAN,

1997; COLBERT, 2003; FIGUEREDO, 2007) nas licenciaturas em Letras, para

contemplar uma formação de professores de línguas que sejam críticos e reflexivos,

também sob o ponto de vista da relação entre língua e cultura. Partimos do pressuposto

que uma abordagem intercultural para o ensino de inglês deve priorizar um currículo

multicultural e crítico que ensina ativamente e facilita a construção das identidades

pessoal e social dos aprendizes no processo de desenvolvimento integrados de

habilidades linguísticas, quais sejam: produção e compreensão oral e escrita. Buscamos

refletir teoricamente sobre o conceito de aprendiz intercultural (DEARDOFF, 2004) em

correlação com a definição de língua como prática social (MOITA LOPES, 1996), co-

construída e ressignificada historicamente por meio da interação social (VYGOTSKY,

1996), o que desenha um cenário favorável ao ensino crítico de línguas estrangeiras

(PESSOA e FREITAS, 2012). Tais reflexões fundamentam nossa análise de um recorte

de empirias vivenciadas em uma universidade pública no Estado de Goiás. Nossos

dados, portanto, advém de filmagens de aulas de línguas, entrevistas e narrativas

coletadas com alunos do 4º ano de Letras - Português-Inglês da UEG campus CCSEH

no ano de 2014. Durante as aulas de língua inglesa temas como família, hábitos

alimentares, festividades foram abordados de modo a propiciar a pesquisa, o debate e a

reflexão sobre como a cultura integra a formação linguística do aprendiz e a percepção

da formação de sua identidade de falante bilíngue, de professor de inglês. Nossos dados

apontam para a possibilidade de afirmar que a competência intercultural pode contribuir

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para a compreensão da cultura estrangeira, partindo da nossa própria cultura e também

de uma perspectiva externa, ou seja, é possível compreender-se a partir da visão do

outro.

Inglês para candidatos a programas de mobilidade acadêmica: desafios

e considerações sobre materiais didáticos

TALITA APARECIDA DE OLIVEIRA

[email protected] [email protected]

Objetivamos, por meio desta comunicação, apresentar uma análise de materiais

didáticos (MDs) para o ensino-aprendizagem de língua inglesa direcionados a alunos

candidatos à participação em programas de intercâmbio acadêmico em países falantes

dessa língua. Nesta investigação, temos buscado compreender possíveis impactos do

uso de MDs desenvolvidos localmente em experiências de intercâmbio e verificar quais

características desse uso podem efetivamente contribuir para preparar universitários

brasileiros considerando aspectos linguísticos e culturais (HINKEL, 2012). Para realizar

tais análises, temos nos baseado em autores que se dedicam a compreensão de

princípios que possam auxiliar o desenvolvimento de MDs (TOMLINSON, 2011, 2012;

GARTON E GRAVES, 2014). O trabalho realizado justifica-se pelo fato de podermos

observar que no contexto brasileiro atual oportunidades de intercâmbio acadêmico

intensificaram-se, sobretudo por meio de iniciativas governamentais como o programa

Ciência sem Fronteiras (AVEIRO, 2014). Por meio de análises sobre materiais didáticos

de língua inglesa desenvolvidos para esse público, acompanhamos alunos que iniciaram

o programa de mobilidade acadêmica para avaliar de que maneira MDs e cursos podem

contribuir com a experiência dos aprendizes, segundo seus próprios depoimentos.

Preparação para a mobilidade internacional: gêneros textuais e escrita

acadêmica em Inglês

LUCIANA LORANDI HONORATO DE ORNELLAS

[email protected] A mobilidade internacional é uma demanda crescente nas universidades e instituições

brasileiras públicas e privadas. Para concorrer às bolsas, os alunos precisam passar nos

exames internacionais que aferem o conhecimento de língua, mas isto não garante que o

aluno domine os gêneros acadêmicos. Há ações do governo federal, como o programa -

MyEnglish online-, cujo objetivo é trabalhar as habilidades de leitura, compreensão oral

e gramática em Língua Inglesa, no entanto, o programa não contempla a escrita

acadêmica.

Os Institutos Federais de ensino participam de programas de mobilidade e não possuem

um trabalho com o letramento acadêmico em Inglês.

Esta pesquisa, em andamento, inserida na área de Letramento Acadêmico, tem como

objetivo preencher a lacuna supracitada, ao mapear os gêneros do discurso, as tarefas e

atividades utilizadas por alunos, de uma instituição pública Federal, em programa de

mobilidade internacional em universidades de Língua Inglesa, além de mapear os

gêneros do discurso, as tarefas e atividades utilizadas por estes mesmos alunos, na

instituição pública Federal em que estudam, a fim de comparar os gêneros, as tarefas e

atividades utilizadas nas universidades de países de Língua Inglesa conveniadas, com os

gêneros, tarefas e atividades utilizadas na instituição Federal, com o objetivo de

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verificar as diferenças e semelhanças. Estas informações contribuirão para identificar a

origem das dificuldades e falhas dos alunos em programas de mobilidade, além disso,

estas informações poderão auxiliar na elaboração ou melhoria de cursos no âmbito do

letramento acadêmico, com foco na habilidade escrita. Os participantes são dois alunos

do curso de Tecnologia em Análise e Desenvolvimento de Sistemas - Campus Boituva,

em programas de mobilidade internacional, os quais fornecerão relatórios quinzenais

acerca das aulas, das dificuldades e, sobretudo, da descrição das atividades solicitadas

pelos professores na universidade estrangeira.

O tratamento do estilo dos gêneros discursivos no livro didático

TEREZINHA NASCIMENTO

[email protected] O presente trabalho é parte de nossa pesquisa de mestrado que encontra-se em

andamento e que tem como objetivo analisar o tratamento do estilo dos gêneros

discursivos no livro didático de Língua Portuguesa do 3º ano do Ensino Médio

(CEREJA e MAGALHÃES, 2013), à luz dos estudos realizados por Mikhail M.

Bakhtin e o Círculo (cf. BAKHTIN, 2013a; 2013b; 2011; 2010;

BAKHTIN/VOLOCHÍNOV, 2002; MEDVIÉDEV, 2012 ) entre outros. Nossa principal

hipótese é a de que o tratamento do estilo dos gêneros discursivos no livro didático em

análise se reduz a questionar sobre a variedade linguística utilizada no texto. Os dados

coletados constam das questões que abordam o texto na seção Trabalhando o gênero

presente nos seis capítulos de Produção de Texto distribuídas nas quatro unidades do

material didático. Nossa pesquisa é de natureza qualitativo-interpretativa, ancorada na

Teoria Dialógica da Linguagem. Cada gênero de discurso apresenta um estilo de

linguagem próprio, ainda que apresente traços do estilo individual. O caráter dialógico

do estilo evidencia a dialogicidade do gênero discursivo. Os resultados preliminares

mostram a importância do estudo do estilo para a compreensão dos textos e comprovam

a hipótese levantada do tratamento estritamente linguístico (formal) dado ao estilo dos

gêneros discursivos. Esperamos que este trabalho possa contribuir para uma maior

compreensão dos gêneros através do estudo do estilo numa perspectiva dialógica.

A Expansão da Compreensão de Argumentação a partir da Análise

multimodal de uma apresentação oral discente na Letras Língua

Inglesa

JULIANA GAMA DE OLIVEIRA

[email protected] MARIA CRISTINA DAMIANOVIC

A coexistência de múltiplas formas de comunicação (modalidades verbal, escrita,

imagética, dentre outras) é cada vez mais frequente nas mais diversas manifestações

sócio-culturais. E constituem o conceito de Multimodalidade (Mc NEILL,1985; ROJO,

2013,2015). No âmbito educacional, a utilização de recursos multimodais é essencial

para a construção do pensamento crítico docente e discente do mundo das diferentes

linguagens que nos constituem e que constituímos o mundo em que vivemos. É nesse

panorama que se desenvolve o presente trabalho, cujo objetivo é investigar a expansão e

desenvolvimento da Argumentação (LIBERALI, 2013; LEITÃO, DAMIANOVIC,

2011) e pensamento crítico dos discentese da docente do curso de Inglês VI, na Letras-

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Inglês da UFPE em 2015.1. A partir dos dados construídos, analisaremos o papel da

multimodalidade na expansão da argumentação na apresentação de umgrupo focal. Nos

baseamos na perspectiva da Pedagogia da Argumentação (MATEUS, 2013), que prima

pela articulação de ideias de forma democrática e crítica, visando a transformação dos

participantes envolvidos; e nos estudos de Liberali (2013), Leitão &Damianovic (2011)

sobre a Argumentação como um processo de compartilhamento de pontos de vista para

construir conceitos e transformar os participantes envolvidos . A análise inicial dos

dados indicaque os elementos multimodais utilizados durante as apresentações

contribuem para a expansão do conhecimento de todos os envolvidos e também para o

fortalecimento da Argumentação nas práticas discursivas dos discentes focais.

A abordagem enunciativo-discursiva associada á microgenética na

pesquisa com alunos surdos

SEBASTIANA SOUZA

[email protected] SERGIO ALMEIDA

[email protected] Esta investigação utiliza-se da análise microgenética, numa perspectiva qualitativa, para

pesquisar alunos surdos e seus processos de interação com alunos ouvintes em salas de

aula de Língua Portuguesa, em classes regulares do ensino fundamental, na cidade de

Cuiabá, Mato Grosso. A Língua Portuguesa, constitui, para o surdo, língua oralizada,

cujo ensino-aprendizado nas escolas não têm sido satisfatório, tendo em vista diversos

fatores constitutivos do processo de inclusão no contexto brasileiro. Abordaremos as

interações entre alunos ouvintes e surdos, analisando aspectos comunicativos e

metacomunicativos observados nas práticas sociais desenvolvidas na escola. A

abordagem utilizada enunciativo-discursiva de viés bakhtiniana, que propõe uma

pesquisa que seja essencialmente de caráter dialógico e alteritária e, portanto,

interacional, associada à microgenética, consiste, assim, no modelo teórico-

metodológico que fundamenta e orienta a definição dos recortes feitos nessa pesquisa,

bem como a geração de dados. Ao identificar condições e estratégias que facilitam e/ou

dificultam a integração entre os alunos e as possibilidades de sucesso das experiências

de ensino-aprendizagem, o estudo busca oferecer contribuições no sentido da promoção

da inclusão, apesar das dificuldades inerentes ao processo de trazer à luz os elementos

importantes que facilitam uma verdadeira inclusão dos alunos surdos nas classes

regulares. Este estudo pretende, ainda, efetuar o recorte de episódios interativos, sendo o

exame orientado para o funcionamento dos sujeitos focais, as relações intersubjetivas e

as condições sociais da situação, num relato minucioso dos acontecimentos. Esta

pesquisa integra o conjunto de pesquisas do Grupo de Pesquisa Relendo Bakhtin

(REBAK), da Universidade Federal de Mato Grosso.

O ensino de inglês na formação de secretários executivos: quais as

dificuldades de aprendizagem e quais as estratégias possíveis?

GLORIA CORTÉS ABDALLA

[email protected] [email protected]

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Esta comunicação tem por objetivo apresentar e discutir os resultados iniciais de uma

pesquisa em andamento sobre as dificuldades que alunos do curso de secretariado

executivo de um centro universitário da cidade de São Paulo demonstram no processo

de aprendizagem do inglês e, ao mesmo tempo, suas percepções sobre as atividades

elaboradas pela professora-pesquisadora, que buscam suprir tais lacunas. A partir da

aplicação de um questionário aos alunos, são reveladas suas dificuldades/lacunas, bem

como quais expectativas ou desejos os discentes trazem para referido processo de

aprendizagem. Após a aplicação de uma sequência didática com foco nos aspectos

culturais, são apresentadas, igualmente, as percepções dos alunos sobre as atividades

baseadas na perspectiva sócio-histórico-cultural de ensino (VYGOSTKY, 1932/1999,

1934, 1999). Voltadas para os aspectos temáticos-culturais, o objetivo da sequência

didática é o de atender às necessidades especificas do profissional da área mas, ao

mesmo tempo, trabalhar com elementos culturais do cotidiano do alunado de forma a

engaja-lo no processo, bem como proporcionar maior desenvolvimento crítico.

A fala privada no processo de ensino-aprendizagem da língua inglesa

para crianças entre quatro e cinco anos em uma escola internacional

bilíngue

ANA PAULA LOURES DOS SANTOS

[email protected] Esse estudo aborda a função da fala privada que, segundo Wertsch (1980a apud Frawley

e Lantolf, 1985), constitui-se em um diálogo privado que o indivíduo promove consigo

mesmo e sua importância surge da necessidade de autorregulação, auto direcionamento

e auto reflexão, ou seja, o controle que o indivíduo tem sobre as suas ações. Pesquisas

internacionais sobre fala privada em crianças incluem: McCafferty (1994), Berk&Spuhl

(1995), Fernyhough& Russell (1997), Krafft&Berk (1998), Winsler, Carlton, Barry

(2000), Manfra&Winsler (2006), Smith (2007), Day & Smith (2013) entre outros.

Entretanto, não foram encontrados estudos nacionais sobre o tema em crianças e, dessa

forma, esse estudo insere-se na lacuna existente ao que concernem estudos sobre a fala

privada no processo de ensino-aprendizagem da língua inglesa para crianças no Brasil.

O objetivo desse estudo consiste em investigar de que forma a fala privada, seja na

língua materna ou na língua inglesa, pode contribuir para o processo de aprendizagem

da língua inglesa em um contexto educacional brasileiro. Será verificado se a fala

privada ocorre no -Kindergarten I- durante as atividades -circle time- e -phonics- de

acordo com as seguintes perguntas de pesquisas: 1) Se sim, com que frequência, de que

forma e para que função? 2) Se não, por que a fala privada não ocorre e o que os alunos

usam para autorregulação? Dessa forma, quatorze crianças entre quatro e cinco anos

foram gravadas durante as atividades -circle time- e -phonics-. As gravações ocorreram

às segundas-feiras das 08h às 09h30 por seis semanas, período de uma unidade. As

transcrições foram feitas considerando as duas línguas faladas na escola: inglês e

português. Análises preliminares mostram que houve maior produção de fala privada

em atividades que as crianças tiveram mais dificuldades, ou seja, em atividades que elas

aprenderam novos sons do alfabeto.

Percepções acerca do papel do professor tutor em uma -disciplina-

diferenciada num curso de Licenciatura

FRANCISCO ESTEFOGO

[email protected]

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MARILISA SHIMAZUMI

[email protected] O presente trabalho tem como objetivo descrever as diferentes percepções e

experiências vivenciadas por dois professores tutores em uma -disciplina- diferenciada -

a tutoria - de um curso de Licenciatura de uma faculdade particular na cidade de São

Paulo. Primeiramente apresentaremos o conceito de tutoria e trabalhos desenvolvidos

nessa área (Arendondo, González e González 2012) e, em seguida, partiremos para uma

discussão dos desafios encontrados sob a ótica dos docentes tutores acerca do trabalho

de acompanhamento com os discentes ao longo de um semestre.

Na perspectiva dos professores tutores, um dos fatores complexos relacionados ao

trabalho de tutoria reside no fato de ser uma -disciplina- de caráter original, inovadora e

formadora, gerando oportunidades e desafios constantes de aprendizagem. Há também o

fato de que a natureza do trabalho dos docentes tutores se distinguiu no formato e na

condução de tutoria. Um dos tutores acompanhou um grupo discente do 2º semestre, já

familiarizado com o conceito de tutoria advindos do semestre anterior, ao passo que o

outro tutor conduziu a tutoria com alunos recentemente matriculados em seu primeiro

semestreno curso de graduação. Com relação ao trabalho dos alunos, os professores

tutores reconhecem que os principais desafios dizem respeito ao desenvolvimento

pessoal, profissional e acadêmico do aluno, em particular no que se refere ao processo

de autonomia, bem como à administração das tarefas acadêmicas.

Gênero textual na abordagem de inglês para fins específicos

MARCUS ARAÚJO

[email protected] Gêneros textuais são enunciados tipificados, modos reconhecíveis de utilização da

língua em constante mudança que organizam toda a atividade humana, constituindo

ampla diversidade de contextos e práticas sociais (BAZERMAN, 2004; BHATIA, 2004;

SWALES, 1990). Situando a noção de gêneros a partir dessa perspectiva, este trabalho

tem como objetivo apresentar uma proposta de unidade didática a partir do gênero

acadêmico abstract, que foi aplicada com alunos da graduação na disciplina -Língua

Estrangeira Instrumental- de uma Universidade Federal do norte do país com foco no

desenvolvimento da competência leitora. A base teórico-metodológica se fundamenta na

proposta pedagógica de gênero textual em cursos de Inglês para Fins Específicos de

Ramos (2004) que se divide em três fases: apresentação, detalhamento e aplicação. Essa

proposta integra a gradação e a progressão de conteúdo, mostrando preocupações em

apresentar o gênero, ensinar os alunos a reconhecer seus componentes e fazer com que

se apropriem desse conhecimento para seu uso prático. Nesse contexto, discutiremos

questões centradas na abordagem de Inglês para Fins Específicos (CELANI et al., 2005;

DUDLEY-EVANS; ST. JOHN, 1998; HUTCHINSON; WATERS, 1996; RAMOS,

2005; entre outros), além de ilustrarmos com as tarefas propostas que serviram de base

para o desenvolvimento da unidade didática. Os resultados apontam para uma leitura

mais eficiente e crítica do gênero abstract, sendo que os alunos se tornaram mais

conscientes da organização textual e do contexto de produção, além dos aspectos

linguístico-discursivos do gênero em foco. O trabalho com a proposta pedagógica de

gênero textual de Ramos (2004)tornou os alunos desta turma mais conscientes que o

gênero abstract é produzido por membros de um determinado contexto social, histórico

e cultural, assim como todo e qualquer gênero. Dentro dessa perspectiva, ensinar

gêneros de textos para nossos alunos significa instrumentalizá-los com as ferramentas

de que precisam para agir no mundo em que vivem.

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A amplitude dos termos competência e habilidade para professores de

Ensino Fundamental

ANGELITA DUTRA

[email protected] Desde a implantação sistemática de provas externas, como Prova Brasil e Saresp, são

frequentes as recomendações para que os professores trabalhem com competências e

habilidades de seus alunos, sem que esses termos fiquem muito claros. Este artigo tem o

objetivo de verificar como os conceitos -competência- e -habilidades- são definidos em

documentos oficiais e em diversos autores. Partimos do pressuposto de que os

professores têm interesse no esclarecimento de tais termos, a fim de produzirem um

melhor trabalho. Assim, esta pesquisa se baseia na análise dos documentos oficiais

PCN, PDE, Proposta Curricular do Estado de São Paulo e documento do Saeb, em

particular no que se refere à Prova Brasil, e na análise de diversos autores que abordam

esses conceitos. Compara as definições e busca identificar possíveis problemas de

interpretação pelo docentes. Metodologicamente, esta é uma pesquisa bibliográfica, de

cunho qualitativo. Como resultado, observou-se que os autores reconhecem a ampla

conceituação do termo -competência- e a dificuldade em uniformizá-lo. Quanto ao

termo -habilidades-, ora é definido por saber-fazer, ora por mobilização de recursos, ora

como microcompetências, o que pode causar certa confusão ao professor. Os

documentos oficiais PDE e Proposta Curricular de São Paulo não explicitam

claramente os termos, embora afirmem que cabe ao professor a tarefa de promover o

conhecimento articulado às competências e habilidades dos alunos. Para o Saeb, os

termos se complementam, e há uma conceituação mais clara de -sujeito competente-.

Conclui-se que, diante da não uniformidade das definições de -competência- e -

habilidades- nos diversos autores e documentos, o professor pode optar com mais

segurança pelas definições apresentadas no documento do Saeb, que inclui a Prova

Brasil, por este conceituar mais claramenteos termos e por ser a Prova Brasil o aferidor

da competência e das habilidades de alunos do Ensino Fundamental, na educação

pública brasileira.

Aprendizagem de estruturas narrativas em FLE - a produção textual

na aula de língua estrangeira

JOSÉ HAMILTON MARUXO JUNIOR

[email protected] [email protected]

A comunicação proposta pretende discutir as relações entre a aprendizagem de aspectos

linguístico-discursivos em língua estrangeira e a produção de textos, por alunos

aprendizes da língua estrangeira. Tal discussão tem como base a análise dos resultados

obtidos a partir de uma experiência didática, conduzida com grupos de estudantes

universitários aprendizes de Francês como Língua Estrangeira (FLE). Os aspectos

linguístico-discursivos que constituem o objeto da análise correspondem às diferentes

formas de expressão do passado na narrativa em língua francesa, em especial a

aprendizagem dos valores sintáticos e semânticos das oposições entre passé composé

versus passé simple, passé composé e/ou passé simples versus imparfait em gêneros

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narrativos. Para a análise das oposições entre esses tempos verbais, tomamos como base

os estudos de Benveniste (1959) e Charaudeau (1992). Já a análise das estruturas

narrativas se deu com o apoio teórico de Adam (1992). A experiência consistiu na

aplicação de uma sequência didática para o trabalho com o gênero narrativo conto,

estruturada de acordo com a proposta didática de Dolz, Schneuwly et al. (2001): partiu

da aproximação dos alunos ao gênero conto, por meio de atividades de leitura e análise

de textos, coordenadas pelo professor, seguida pelo levantamento e análise das

estruturas sintáticas e semânticas responsáveis pela construção das sequências narrativas

presentes nos textos analisados. Continuou pela proposta de emprego, em atividades de

reconstrução textual; em seguida, propôs a escrita de novos textos pelos alunos, e

análise das intervenções e revisões propostas pelo professor, para culminar no

levantamento de características da sequência narrativa em Francês. A análise dos contos

produzidos pelos alunos a partir das conclusões construídas com base nos teóricos

citados permitiu observar o processo de aprendizagem das estruturas linguístico-

discursivas da narrativa, ao mesmo tempo que o incremento das capacidades de

linguagem em FLE associadas a essas estruturas.

Desenvolvendo a bilingualidade de aprendizes através da ampliação de

seus repertórios comunicativos

RAQUEL SANTOS LOMBARDI

[email protected] MÁRJORI CORREA MENDES

ANA CLAUDIA PETERS SALGADO

[email protected] Estamos inseridos na era da superdiversidade (VERTOVEC, 2006), caracterizada pela

mobilidade não apenas espacial, mas também cultural e linguística. Nesse contexto,

percebemos que os falantes utilizam fragmentos de línguas que coexistem em harmonia,

sem supressão de uma ou outra língua no processo de comunicação. Cada falante

constitui, então, seu repertório comunicativo que pode ser ampliado durante a aquisição

ou aprendizado de uma língua estrangeira, levando-o ao letramento social. Uma forma

de ampliar esses repertórios comunicativos e desenvolver o letramento social do falante

e, assim, garantir sua agência no mundo superdiversificado e globalizado de hoje,

marcado por novas necessidades comunicacionais, é a educação bilíngue. Este trabalho

objetiva discutir a proposta de ampliação dos repertórios comunicativos (RYMES,

2010, 2014), bem como de desenvolvimento da bilingualidade (SAVEDRA, 2009;

SALGADO & DIAS, 2010) e do letramento (FREIRE, 1991; STREET, 1984; 2003) dos

alunos através da educação bilíngue (GARCÍA, 2009). Analisamos aqui aulas de Inglês

em uma escola pública em Juiz de Fora, Minas Gerais, onde foi desenvolvido o projeto

de pesquisa intitulado Ensino de línguas para crianças na escola pública: abordagem

CLIL (ContentandLanguageIntegrated Learning), segundo o qual o ensino dessa língua

estrangeira acontece integrado aos conteúdos escolares de cada ano, permitindo ao

aluno transitar por diferentes áreas de conhecimento, tais como Ciências, Geografia e

História. Analisaremos, aqui, uma intervenção que abrangeu três anos do ensino

fundamental e que envolveu conceitos matemáticos monetários, operações matemáticas

básicas e noções de ciências e nutrição, partindo da montagem de uma maquete de um

supermercado dentro da escola. Concluímos que os alunos, além de aprenderem a língua

inglesa também estavam sendo letrados em diversas práticas cotidianas, como o

manuseio de dinheiro e a compreensão das informações nutricionais de produtos

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industrializados, o que contribuiu diretamente para a ampliação dos repertórios

comunicativos.

A experiência literária na formação do sujeito

EVERSON NICOLAU DE ALMEIDA

[email protected] MÁRCIO CANO

MARIA EUGÊNIA FERREIRA DE SÁ

As diversas discussões acerca do papel da aula de Literatura no ensino médio revelam a

necessidade um redimensionamento das metodologias e dos conteúdos trabalhados

nesses anos finais da educação básica. O presente artigo constitui um relato dos

resultados de um projeto desenvolvido na Escola Estadual Dora Matarazzo, no

município de Lavras, localizado no sul de Minas Gerais. O referido projeto desenvolveu

uma proposta que ensejava a remontagem do espaço das aulas, com o intuito de

proporcionar ao sujeito que aprende uma experiência literária que os levassem a

momentos de ludicidade e que ao mesmo tempo contribuísse para sua formação crítico-

social, por meio da inserção de elementos da Análise do Discurso de Linha Francesa,

mais especificamente a noção de paratopia, ancorada no estudos de Maingueneau (1997,

2005, 2006, 2008). A partir do estudo do poema Navio Negreiro (Castro Alves), foi

possível incentivar e promover momentos de exploração de diferentes práticas

linguísticas (oralidade, leitura e produção textual). Além disso, foi possível trabalhar

vários textos em suas modalidades (sons, gestos, imagens, palavras), o que contribuiu

efetivamente para a melhoria da expressão dos alunos durante as discussões realizadas

em sala de aula. A culminância das atividades foi a participação no I Festival da Poesia

Encenada - I FEPEN - promovido pela Academia Lavrense de Letras. Essa participação

resultou na classificação em primeiro lugar e em uma possibilidade singular de

discussões acerca do preconceito racial, do papel dos sujeitos na sociedade e da

igualdade de oportunidades.

A Leitura de Gêneros Multimodais em atividades de livro didático de

História: um estudo crítico-dialógico

LOUREDIR RODRIGUES BENEVIDES

[email protected] [email protected]

A presente comunicação procura analisar o tratamento didático realizado nas atividades

que trazem gêneros multimodais em uma coletânea de Livros Didáticos de História do

Ensino Médio. Para atingir tal propósito, aborda-se a teoria enunciativo-discursiva de

Bakhtin e o Círculo (BAKHTIN/VOLOCHINOV, 1929; BAKHTIN, 1952-1953/1979);

releituras freirianas (NEW LONDON GROUP, 1996) e as Capacidades de Leituras de

Gêneros Multimodais (PAES DE BARROS, 2009). Os achados dos dados revelam duas

perspectivas de trabalho com a leitura conforme a seção em que os exercícios se

apresentam: a passiva e a ativa-responsiva no viés enunciativo-discursivo do uso da

linguagem (BAKHTIN/VOLOCHINOV,1929). Nesta comunicação, apresentamos um

recorte desses dados e análises.

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O ensino de Língua Inglesa: o que dizem professores em serviço e em

formação da educação básica?

DANIELLE DE ALMEIDA MENEZES

[email protected] [email protected]

BERNARDO PUGANÚÑEZ LOPES

ISABELA VITÓRIA DE OLIVEIRA DOS SANTOS

Considerando a tessitura discursiva como oportunidade de acesso e reflexão de

posicionamentos ideológicos (Fairclough, 2001), essa pesquisa busca analisar o que

professores atuantes e estagiários dizem acerca de práticas docentes que empregam e

observam em relação ao ensino de Língua Inglesa e como a materialização discursiva

dessas práticas dá acesso aos saberes docentes por esses sujeitos construídos. Segundo

Tardif (2000), os saberes docentes são subjetivos, de natureza diversa e legitimam a

atividade profissional, uma vez que são os instrumentos que mais ancoram e justificam

as ações pedagógicas realizadas. Esses saberes definem-se por relações múltiplas

estabelecidas ao longo da formação profissional. Para sustentar este ponto de vista,

partimos do pressuposto que esse amálgama de saberes, tecidos pelos professores antes

e durante sua prática profissional, é passível de observação por meio da análise de seu

discurso. Nesse sentido, nossa compreensão de discurso alinha-se à da Análise Crítica

do Discurso, a saber, como uma forma de ação no mundo social (Fairclough, 2001).

Entendemos o professor enquanto um sujeito com capacidade de criar e remodelar seu

modo de estar no mundo e nele intervir, sendo um sujeito de práxis (Farias et al., 2009).

Assim, ao serem estimulados a falar sobre sua prática docente, professores atuantes e

em formação conscientizam-se de seus próprios saberes e, simultaneamente,

materializam essa prática. Os dados foram coletados por meio de entrevistas e grupos

focais. Foram realizadas seis entrevistas semiestruturadas (van Peeret al., 2007)com

professores de diferentes escolas públicas localizadas na cidade do Rio de Janeiro e dois

grupos focais com licenciandos de duas IES (Instituições de Ensino Superior), uma

pública e outra privada, na capital fluminense. Os resultados iniciais apontam, de

maneira ampla, para uma semelhança com relação aos procedimentos metodológicos

adotados e observados pelos participantes.

Língua inglesa, cultura e transdisciplinaridade: pensando o ensino de

inglês no fundamental I.

JOANA DE SÃO PEDRO

[email protected]

O presente trabalho é um recorte de um estudo de caso (YIN,2010; COHEN, MANION,

MORRISON, 2011) das representações de uma professora de inglês do fundamental I

de uma escola do interior de São Paulo. Tem como objetivo investigar o que essa

professora pensa a respeito de língua inglesa, cultura e transdisciplinaridade por meio de

observações de aulas e entrevistas semi-estrituradas (LUDKE; ANDRÉ, 1986). Os

dados já foram, seguindo tal propósito, coletados e encontram-se em fase de análise, de

tal modo que os resultados possam ser recontextualizados e contribuir para a formação

de professores de inglês para essa faixa etária. A formação docente para ensino de

língua inglesa no fundamental I encontra-se em um vácuo, pois a mesma não é atendida

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nem pelos cursos de Pedagogia nem pelos de Letras (GIMENEZ, 2011). Ao pensar

nessa tarefa, partilho da ideia de Jordão (2006) de que, para além de formações que

ensinem técnicas de sala de aula para professores de língua estrangeira de modo

coerente e atual, é preciso formar educadores que possam “exercitar sua reflexão,

explorar possibilidades de atuação, construir soluções provisórias coletivamente,

perceber-se em seu assujeitamento e ao mesmo tempo capazes de exercitar sua agência

informadamente” (JORDÃO, 2006, p. 9, ênfase no original). Este trabalho não tem

pretensões de preencher uma lacuna tão abrangente, no entanto, procura trazer reflexões

relevantes para a formação desses professores. Coloco, pois, como pano de fundo para

este estudo, minha primeira premissa de que o ensino de inglês para crianças que deseja

formar um cidadão crítico na atualidade possa acatar a diversidade cultural (ROCHA,

2012; HALL, 1997; BHABA, 1994). E, em segundo lugar, possa ultrapassar as

fronteiras limítrofes das disciplinas fragmentadas e voltadas para si mesmas, de tal

forma que tenha bases no pensamento transdisciplinar (NICOLESCU, 1999;

LIBÂNEO, 2009; MORIN, 2005). Por isso, a necessidade e o propósito de identificar

qual é a visão da professora a respeito de língua inglesa, cultura e transdisciplinaridade,

tanto em sua prática quanto em seu discurso.

Construção de valores no ensino médio: uma proposta transdisciplinar

de ensino de literatura a partir da temática amorosa

RODOLFO MEISSNER ROLANDO

[email protected]

Partindo do pressuposto que a educação emocional e a construção de valores são temas

essenciais para a educação contemporânea, este trabalho tem como objetivo oferecer

uma proposta transdisciplinar de ensino de Literatura visando ao desenvolvimento de

valores de alunos do Ensino Médio. Acredita-se que a Literatura, dado o seu potencial

humanizador, permite profícuas reflexões em sala de aula a respeito de valores,

favorecendo a educação emocional dos alunos. Nesse sentido, essa iniciativa se justifica

uma vez que se observa uma ampla crise moral nos tempos atuais. Aescola não deve se

furtar de discutir essa questão, mas sim viabilizar alternativas pedagógicas para a

construção de uma realidade social mais justa, humana e solidária. Fez-se necessário

especificar um tema para a seleção dos textos literários escolhidos para esta proposta,

viabilizando, com maior eficácia, a discussão pretendida sobre valores. Desse modo,

escolheu-se a temática amorosa, por ser um dos temas mais significativos ao universo

adolescente. De fato, a necessidade de verbalizar as experiências amorosas é um ponto

crucial para o estudante de Ensino Médio, pois é nessa fase que o jovem descobre

gradativamente a sua sexualidade e passa a viver os seus primeiros (des)encontros

sentimentais, sentindo a necessidade de explicitar aquilo que é experimentado

afetivamente. Assim, partir do interesse do jovem e oferecer voz a ele em sala de aula

constituem pontos centrais deste trabalho. Do ponto de vista teórico, os estudos

Vygotskyanos sobre cognição e afetividade, bem como as contribuições de Piaget sobre

moralidade fundamentam esta proposta. O romance -Senhora- de José de Alencar foi

escolhido como eixo para a organização das atividades sugeridas e a sequência de

leitura expandida proposta por Cosson (2014) foi utilizada como modelo didático.

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Formação de professores de línguas estrangeiras (inglês e italiano): a

reflexão sobre a própria prática nos estágios de docência

DANIELA NORCI SCHROEDER

[email protected] LUCIANE STURM

[email protected]

Na formação de professores de línguas estrangeiras, identificamos diferentes processos

envolvidos: a aprendizagem da língua propriamente dita, a formação didático-

pedagógica para trabalhar com a língua e a reflexão crítica sobre esses dois processos.

Em relação ao primeiro processo, não há dúvida de que alcançar uma proficiência

linguística suficiente é a base do trabalho. Já a formação didático-pedagógica envolve

desde o conhecimento dos documentos oficiais que balizam o ensino de línguas em

diferentes contextos até a proposta de projetos, elaboração de tarefas e seleção de

materiais, ou seja, diz respeito ao como e o que fazer em sala de aula. O presente

trabalho se insere no terceiro ponto: a questão da reflexão crítica dos professores

estagiários sobre o próprio percurso formativo. Os dados apresentados são resultado da

análise dos textos de relatórios de estágio e diários elaborados para as disciplinas de

estágio de docência em língua inglesa e língua italiana dos cursos de licenciatura em

letras de duas universidades do sul do país. Neste estudo, analisamos os textos

produzidos pelos alunos com o objetivo de avaliar o processo de formação de

professores em si, bem como a necessidade de incentivar a reflexão crítica dos

estagiários, segundo a pedagogia crítica abordada nos estudos de Paulo Freire. Os textos

analisados confirmam que a elaboração escrita feita a partir da reflexão sobre o trabalho

realizado é uma etapa fundamental do processo de formação de professores.

Reflexões sobre o estágio: a voz do outro e o trabalho do professor

iniciante em língua inglesa

CARLA LYNN REICHMANN

[email protected] [email protected]

Situada na Linguística Aplicada e procurando problematizar o estágio como prática de

letramento, esta comunicação tem como objetivo geral discutir a voz do Outro que

incide sobre a voz emergente de professor iniciante de Letras-Língua Inglesa em textos

empíricos. Levando em conta a relevância da escrita situada como elemento identitário

de formação (KLEIMAN, 2007) e o ensino como trabalho (MACHADO, 2004),

investigarei relatos fotobiográficos, relatos pós-observação e relatórios de estágio

produzidos por cinco participantes nesta esfera acadêmico-profissional, a saber,

graduandos em uma universidade pública no nordeste. Discutirei a voz de personagem

professor que incide sobre a voz emergente de professor iniciante, considerando que a

identidade social do professor estagiário se constitui por meio de um coro de vozes de

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outros (interiorizadas) e de si (internas) que ecoam em seus textos empíricos

(REICHMANN, 2012). Em suma, sublinho a importância vital da voz do professor

colaborador na escola campo no processo formativo do professor estagiário.

Transitividade do verbo ir - divergências entre gramáticos e

nomenclatura gramatical brasileira (NGB) e apresentação desse

conteúdo em livros didáticos e gramáticas pedagógicas

ELAINE FALSETTI DA SILVA

[email protected]

Mesmo 56 anos após a publicação da NGB, ainda nos deparamos com múltiplas

divergências de nomenclatura gramatical entre vários autores/gramáticos. Uma delas,

acreditamos, está relacionada com a transitividade do verbo ir. Este artigo objetiva

comprovar a existência dessas divergências de nomenclatura gramatical nas obras de

alguns autores/gramáticos. Para tanto, conceituamos certos fenômenos e termos

gramaticais, segundo alguns gramáticos, como predicação verbal, regência do verbo ir e

natureza dos complementos verbais (objetos direto e indireto) e do adjunto adverbial

para orientar melhor os leitores. Como metodologia, foram analisados livros didáticos e

gramáticas pedagógicas com a finalidade de observarmos como seus autores assumiram

essas divergências ligadas à transitividade do verbo ir ao apresentarem esse conteúdo

em suas obras. Mediante análise e discussão dos dados, obtivemos como resultado a

constatação da falta de consenso entre os estudiosos quanto à transitividade do verbo ir,

principalmente no que tange à natureza e à nomenclatura de seu complemento.

Concluiu-se que a mesma discrepância de opiniões existente entre gramáticos

tradicionais acerca da transitividade do verbo se faz presente também entre os livros

didáticos analisados neste estudo. Quanto às gramáticas pedagógicas analisadas neste

artigo, percebeu-se que seus autores são unânimes quanto à transitividade do verbo ir,

no que diz respeito à classificação e natureza do termo que o acompanha no predicado.

O papel do professor no desenvolvimento da oralidade por meio de

atividades lúdicas na disciplina inglês no Ensino Fundamental I da

Escola Pública por meio de atividades lúdicas

Mirtes Abe

[email protected]

O objetivo deste estudo será de compreender o papel do professor no desenvolvimento

da oralidade por meio de atividades lúdicas na disciplina inglês no Ensino Fundamental

I da escola pública. Uma vez que não há formação específica e contínua na prefeitura de

São Paulo até o momento para se trabalhar com LEC (língua estrangeira para crianças),

e nem no curso de Letras ( ROCHA, TONELLI, SILVA, 2010, P. 20). Cabe ao

professor buscar caminhos alternativos para sua autoformação no que se relaciona ao

ensino-aprendizagem de LEC. O embasamento teórico está fundamentado no

desenvolvimento da linguagem da criança e na ZDP (VYGOTSKY, 1934); no conceito

de oralidade (CAMERON, 2001), nos jogos e brincadeiras (MOYLES, J. 2002); no uso

do ensino da língua estrangeira para criança (PINTER,2013; SCOTT & YTREBERG,

2011, LIGHTBROWN & SPADA, 2013, ROCHA ; TONELLI; SILVA, 2010). A

metodologia escolhida para o desenvolvimento deste estudo é uma pesquisa qualitativa

interpretativista, uma pesquisa-ação (DENZIN & LINCOLN, 2008; BOGDAN &

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BIKLEN, 1994; BORTONI-RICARDO, 2013; GREENWOOD & LEVIN, 2010;

PERROTTA, 2004). Uma das vantagens de se trabalhar com a pesquisa-ação é que ela

busca soluções para problemas que estejam no âmbito da vida real. E é responsável

pela geração de conhecimento e melhorias sociais prometidas pelas ciências sociais

convencionais (GREENWOOD & LEVIN, 2010). Os participantes serão os alunos de

uma turma do 1º ano de uma escola municipal de São Paulo, localizada na zona sul. O

foco de minha investigação será a transcrição e análise de recortes de atividades

lúdicas. Os dados serão coletados em gravações de áudio e vídeo, durante as aulas de

inglês ao longo do ano de 2015. O estudo será analisado, por meio da análise de

conteúdos, BARDIN ( 2011), que consiste em descobrir os “núcleos de sentidos” que

compõem a comunicação. A pesquisa nasceu das questões inerentes ao cotidiano da

sala de aula real, questões advindas do próprio professor-pesquisador e dos próprios

alunos, uma pesquisa que signifique uma alternativa para o ensino-aprendizagem local,

mas que as descobertas sejam coletivizadas. Para tal a pergunta de pesquisa será: Qual

o papel do professor no desenvolvimento da oralidade por meio de atividades lúdicas

na disciplina inglês no Ensino Fundamental I da escola pública? E em que medida essa

mediação contribui para a construção de conhecimentos? Espera-se que essa proposta

possa contribuir com outros modos de pensar, gerando uma ação para a mudança, pois

a ordem social não é somente linguagem e textualidade, mas é também corpórea,

espacial, conflitante, marcada pelas diferenças raciais, sexuais e outras. (PENNYCO ,

2006)

Imigrantes bolivianos em São Paulo: aquisição do português,

(des)construção identitária, interação e inclusão social

RUBENS LACERDA DE SÁ

[email protected] [email protected]

O fenômeno da globalização, o aumento da mobilidade internacional, o advento da

internet e um maior intercâmbio entre os povos tornaram o aprendizado de uma segunda

língua vital para os imigrantes. Nas últimas décadas presenciou-se a proposta de umas

quarenta teorias, hipóteses e modelos de aquisição de segunda língua embora ainda não

haja um consenso neste respeito. A título de exemplo pode-se citar as teorias de

Chomsky (1975), Schumman (1978), Hatch (1978), Krashen (1982), Rumelhart (1986),

Larsen-Freeman (1991), Swain (1995), Johnson (2004) e Lantolf e Thorne (2007).

Adquirir uma segunda língua é um processo complexo e relacionado a fatores

sociohistóricos e culturais. Nesta pesquisa investigo como tal processo, neste caso a

língua Portuguesa, relaciona-se com a questão do insumo e dos eventos de interação na

sociedade em que se inserem os imigrantes bolivianos num bairro na cidade de São

Paulo (MEY, 2001), e como a identidade de tais imigrantes é (des)construída visando à

sua aceitação e inclusão social (RAJAGOPALAN, 1998; SILVA, 2008). Os dados desta

pesquisa de cunho etnográfico são coletados num grupo focal (GASKELL, 2013) e

analisados à luz de teorias linguísticas críticas e de cunho sociológico

(RAJAGOPALAN, 2003; LEAL, 2011). Os resultados obtidos até o momento indicam

a necessidade de políticas afirmativas visando ao respeito a constituição identitária dos

imigrantes bolivianos e à sua inclusão factual na sociedade por meio da linguagem (SÁ,

2014).

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As estratégias de aprendizagem que você precisa conhecer antes de

morrer

AUGUSTO CÉSAR LUITGARDS MOURA FILHO

[email protected] Na pesquisa que relato,explicito aspectos de investigação em andamento que busca

realçar a importância do papel dos aprendizes (BENSON, 1996) no processo de ensino e

aprendizagem de línguas estrangeiras (inglês). As pesquisas para averiguar porque

alguns aprendizes alcançam altos níveis de proficiência em inglês, enquanto outros não

o conseguem, salientam a carência de estudos relativos às estratégias de aprendizagem.

O objetivo da pesquisa que realizo é identificar as estratégias (OXFORD; NAM, 1998)

empregadas pelos aprendizes bem sucedidos e torná-las acessíveis aos de menor

sucesso, aumentando, assim, as chances de proficiência entre eles. Para tanto, são

situados, historicamente, os estudos sobre as estratégias de aprendizagem, enfatizando o

papel delas na aprendizagem de línguas, apresentadas as definições de estratégias de

aprendizagem, explicitadas as mais significativas taxonomias delas e evidenciadas as

alternativas de ensino de estratégias aos aprendizes. Do ponto de vista metodológico, a

pesquisa é iluminada por princípios interpretativos, é, portanto, uma pesquisa

qualitativa. Mais especificamente, é um estudo de caso na modalidade história de vida

(FALTIS, 1997). Os dados coletados são categorizados e analisados segundo os

pressupostos da triangulação (FREEBODY, 2003). Os resultados preliminares sugerem

que os professores podem otimizar o desempenho de seus alunos ao apresentar-lhes as

estratégias de aprendizagem.

Ensino-aprendizagem no contexto do PIBID: discursos e

desdobramentos

CRISTIANE CARVALHO DE PAULA BRITO

[email protected] [email protected]

O Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência (PIBID) configura-se

comouma iniciativa do governo com vistas a promover o aperfeiçoamento e a

valorização da formação de professores no âmbito da educação básica, por meio da

parceria escola-universidade e do desenvolvimento de projetos didático-pedagógicos

que insiram estudantes universitários nas escolas públicas brasileiras. Inúmeros estudos

têm apontado as contribuições e desafios, bem como explicitado os projetos

desenvolvidos em diferentes áreas do conhecimento no contexto desse programa. Neste

trabalho propomos-nos a investigar algumas discursividades sobre o ensino-

aprendizagem a partir da análise de regularidades enunciativas presentes em textos

acadêmicos que tematizem o PIBID em diferentes licenciaturas. Para isso, inscrevemo-

nos em uma perspectiva discursiva de linguagem que, em interface com os estudos

inter/transdisciplinares da Linguística Aplicada, permita-nos mobilizar noções como as

de sujeito, sentido, memória discursiva, interdiscurso, alteridade, dialogia, dentre outras,

para constituir e interpretar nosso corpus. Mais especificamente, interessa-nos: (i)

problematizar representações acerca do ensino-aprendizagem, do sujeito professor e

aluno e do programa em si; (ii) investigar os mecanismos discursivos que permitem a

emergência e o silenciamento/apagamento de sentidos; (iii) delinear as vozes que

sustentam as tomadas de posição assumidas pelos sujeitos enunciadores; e (iv) discutir

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as implicações dessa discursividade para a formação de professores. Nossas análises

apontam a emergência do discurso da realidade, transformação e celebração, os quais

funcionam de forma a apagar o aspecto conflitivo e tenso inerente à prática docente e a

escamotear a natureza política do próprio programa.

Ensino-aprendizagem de inglês em institutos privados de idiomas

DIEGO MORENO REDONDO

[email protected] O presente trabalho objetiva abordar a temática em torno do ensino de inglês em cinco

institutos privados de idiomas analisados durante minha pesquisa de Mestrado. Parte-se

da ideia veiculada pelos institutos participantes desta pesquisa, cujo foco está na

utilização de -métodos eficazes-. Sendo assim, será possível relatar como ocorre a

definição da abordagem ou do método de ensino utilizado em cada instituto selecionado

para este estudo e até que ponto há influência do professor ou do contexto para definir a

estratégia mais adequada para o ensino da língua alvo. Essa questão permite-me

discutir, também, aspectos de âmbito pedagógico e de ensino-aprendizagem

relacionados à escolha do método utilizado e a visão dos professores envolvidos no

ensino de inglês. Além disso, o trabalho revela que, neste contexto de ensino, há uma

grande deficiência de profissionais com formação específica para atuar como professor

de línguas. Esse fato, provavelmente, contribui para alguns problemas voltados à

compreensão de teorias acerca do ensino-aprendizagem e, também, de aspectos

relacionados à área pedagógica. Para esse fim, o estudo baseia-se em autores que tratam

das questões em pauta, tais como: Celani (2009, 2010), Larsen-Freeman (2003),

Kumaravadivelu (2006), Almeida Filho (2012), dentre outros.

As representações coletivas e individuais e o agir linguageiro: o

exemplo da responsabilização enunciativa

FABIO DELANO VIDAL CARNEIRO

[email protected] [email protected]

O trabalho realiza uma reflexão acerca das representações coletivas e individuais como

elementos constituintes das práticas sociais e da sua manutenção e evolução. A partir do

paradigma Interacionista Sociodiscursivo (BRONCKART, 1999, 2007, 2008, 2011),

coloca-se a o agir linguageiro como elemento no qual as representações colocam-se em

interação e promovem a complexificação das práticas sociais humanas. A análise utiliza

exemplos de produções textuais de alunos do quinto e sexto anos do ensino

fundamental, especificamente, textos de opinião, tomando o mecanismo de

responsabilização enunciativa como categoria primária de análise. A reflexão ressalta a

essencialidade dos textos/discursos e dos mecanismos linguístico-discursivos neles

presentes para o estudo das representações e da sua constituição sociossemiótica.

O sujeito surdo bilíngue: a construção do indivíduo surdo em meio a

dois mundos e duas línguas.

VALÉRIA DA SILVA BEZERRA

[email protected]

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[email protected] Vygotsky (1934) afirma que o ser humano modifica o meio e é por ele modificado,

tendo, dessa forma, a sua identidade construída de forma mediada pelos instrumentos e

artefatos culturais que foram sendo produzidos por ele mesmo e por outros seres

humanos que compõem a sua comunidade ou a sua história. Por essa vertente, Strobel

(2008) define a cultura surda como a maneira que o surdo compreende e lida com o

mundo através de suas percepções visuais. Dentro de uma comunidade surda o sujeito

construirá a sua subjetividade para assim se reconhecer como alguém que se encaixa em

um meio social e que interage por meio de uma língua que pode ser adquirida de modo

natural. Por se constituir em uma comunidade linguística minoritária, o surdo que faz

uso da língua de sinais convive com duas culturas, (Cultura Surda/ Ouvinte); tentam

adaptar-se a elas fazendo dialogar aspectos de ambas (FERNANDES &amp; RIOS,

1998). É entre duas culturas e línguas que o surdo se constrói como indivíduo. Este

trabalho teve como finalidade perceber como se constrói a identidade de um sujeito

surdo bilíngue a fim de verificar se podemos falar de uma dimensão bi(multi)cultural.

Assim, foram coletadas 4 entrevistas de surdos adultos e bilíngues. Após as primeiras

análises percebi, entre outros aspectos, que a compreensão, apreensão e vínculos com o

português (L2 dos participantes) e a comunidade ouvinte são fundamentalmente

dependentes de sua L1 (1)e do modo como a mesma foi adquirida.

(1) L2 e L1 são, respectivamente, as siglas de segunda e primeira língua. (cf. GESSER,

2009).

Como os bolsistas PIBID conduzem o ensino aprendizagem do gênero

de texto dissertativo argumentativo com alunos do 2º ano do ensino

médio

MILENA CLAUDINO

[email protected] [email protected]

Esta comunicação apresenta um breve relato de uma intervenção em uma escola pública

na cidade de Três Lagoas (MS), na qual bolsistas do PIBID (Programa Institucional de

Bolsa de Iniciação à Docência) atuaram junto à professora de Língua Portuguesa no

ensino-aprendizagem da escrita do gênero textual artigo de opinião no 2º ano do Ensino

Médio. A base teórica é a perspectiva enunciativa-discursiva do Círculo de Bakhtin

(1929/1997; 1953/2009). Mediante a produção do artigo de opinião, esperava-se

possibilitar aos alunos o uso de capacidadeslinguísticas e discursivas para se posicionar

criticamente diante às questões sociais. Para isso, primeiramente, foi pedido aos alunos

que dissertassem, em forma de artigo de opinião, sobre o tema “Preconceito racial e a

construção da identidade”. Observou-se, então, que eles tinham pouca ou nenhuma

experiência nessa escrita. Diante disso, não só foi proposta reflexão do tema, como,

principalmente, mostrou-se à turma como identificar as características e os elementos

linguísticos e discursivos que compõem um artigo de opinião. A metodologia desta

pesquisa é sociocultural (Vygotsky, 1934/1996), visando as necessidades e

possibilidades de aprendizagem dos alunos. O modelo de Sequência Didática de Dolz,

Noverraz eSchneuwly (2004) e a matriz de competências de redação proposta pelo

ENEM foram instrumentos norteadores para a escrita do artigo. A sequência totalizou

16 aulas, em que exposição de multimídia, exercícios de fixação dos aspectos

linguístico-discursivos do artigo de opinião e discussões sobre o tema eram recorrentes

nas tarefas. Ao fim, os “pibidianos” conseguiram produzir um texto com a turma,

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explorando o tema: “Na sociedade atual ainda há preconceito racial?”. Percebeu-se que

os alunos tiveram evolução significativa em comparação à primeira produção, pois

foram colocados em prática os assuntos e elementos linguístico-discursivos abordados

nas aulas referentes ao gênero proposto.

Análise da linguagem de uma professora-pesquisadora em busca do

"tornar-se" crítico-colaborativa

VIVIANE LETÍCIA SILVA CARRIJO (CAPES)

[email protected] Esta comunicação apresenta dados de uma pesquisa de doutorado em andamento e

discute se e como os modos de agir da professora-pesquisadora possibilitam a expansão

do conhecimento pelos seus alunos de graduação, à medida que essa tenta utilizar a

linguagem da argumentação colaborativa. Nos dados, outrora gravados em vídeo e

transcritos, será analisado como a professora-pesquisadora oferece suporte aos alunos

para que esses atribuam sentidos e compartilhem significados durante a leitura dos

gêneros propostos nas aulas. O recorte teórico está fundamentado na Teoria da

Atividade Sócio-Histórico-Cultural - TASCH (Vygostky, 1934; Leontiev, 1977;

Engeström, 1999), bem como inserido no quadro da pesquisa crítica de colaboração -

PCCol (Magalhães, 2003). Para análise da linguagem da professora-pesquisadora, é

utilizada as categorias da Argumentação (Liberali, 2013) no aspecto enunciativo,

discursivo e linguístico. Quanto a esse último, especificamente, os mecanismos

conversacionais, de valoração, de modalização, de interrogação e de trocas de turnos.

Esta pesquisa é crítica, porque visa um trabalho de formação de universitários,

graduandos do curso de Pedagogia, buscando a transformação do agir e das práticas de

leitura em um processo de ensino-aprendizagem dentro de uma perspectiva sócio-

histórico-cultural. É colaborativa porque, durante esse processo, o envolvimento dos

participantes, professora-pesquisadora e alunos, em ambiente de colaboração, funciona

como pressuposto para seu desenvolvimento. O contexto escolar analisado é uma

Instituição de Ensino Superior (IES) particular na região leste da cidade de São Paulo.

Leitura e produção de texto: construindo a noção de gênero do

discurso

ROSEMEIRE RODRIGUES SANTOS

[email protected] MAURÍCIO CANUTO

[email protected]

Esta comunicação visa a apresentar a metodologia de trabalho na formação continuada

de docentes de diferentes áreas e demais educadores no curso de extensão -Leitura e

Produção de Textos: Trabalhando com a Noção de Gênero- da Coordenadoria Geral de

Ensino, Aperfeiçoamento e Extensão da PUC-SP (COGEAE). O objetivo do curso é o

de construir a noção de gênero de discurso (Bakhtin, 1953), por meio da seleção de

textos a serem trabalhados em sala de aula, tomando como referência os contextos de

trabalho dos participantes, de modo a contribuir com a prática pedagógica efetiva na

produção de projetos/propostas ou na elaboração/escolha de materiais didáticos. O curso

tem como bases teórico-metodológicas os estudos sócio-histórico-culturais deVygotsky

(1930, 1935); as discussões sobre leitura, escrita e letramento crítico de

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Schneuwly&Dolz (2004), Pasquier&Dolz, (1996), Rojo (2004, 2009) e Maciel e Lúcio

(2008). A metodologia se baseia no conceito de colaboração-crítica (Magalhães, 2011)

pela qual todos os participantes (docentes e alunos) têm oportunidade de construir

compromisso coletivo, disposição para tratar de aspectos sensíveis e difíceis do seu

trabalho, confronto aberto de ideias, abertura para ouvir a si mesmo e aos outros,

mutualidade e interdependência na produção coletiva do conhecimento. As aulas são

organizadas como oficinas de leitura e/ou escrita, dinâmicas de grupo, discussões

coletivas de textos e vídeos, aulas expositivas de sistematização, produção de projeto

pedagógico e relatos sobre a sua prática didática. Os resultados alcançados, por meio de

avaliação final do curso,foram: a) transformação dos modos de entender os processos de

apropriação de leitura e escrita próprios e dos alunos; b) transformação nos modos de

organizar o trabalho didático com leitura e produção escrita na sala de aula e na

avaliação e produção de material didático.

Os Círculos de Cultura e o gênero comentário em sala de aula:

Contribuições para o ensino de Língua Portuguesa

FRANCIELI APARECIDA DIAS

[email protected] [email protected]

MATHEUS HENRIQUE DUARTE

LUCAS MARIANO DE JESUS

Os novos moldes da sociedade pressupõem um novo posicionamento da escola na

formação dos educandos, tendo em vista a sua função e responsabilidade de garantir a

todos eles o acesso aos saberes linguísticos necessários para o exercício da cidadania

(PCN, 1997, p. 21). Dessa maneira, para atender ao momento que vive a sociedade e a

diversidade dos educandos no âmbito escolar, cada vez mais são discutidas

metodologias de ensino capazes de trazer inovações e favorecer o processo de

aprendizagem dos educandos. Sendo assim, o presente trabalho tem por objetivo refletir

sobre as contribuições do gênero comentário e de discussões decorrentes de Círculos de

Cultura, na formação de educandos do 9º ano do Ensino Fundamental de uma escola da

rede pública de ensino. Para a consecução do objetivo proposto, empreendeu-se uma

pesquisa de cunho teórico, pautada nos autores Freire (1987) que apresenta os conceitos

referentes aos Círculos de Cultura, Melo (1985) que faz considerações sobre o gênero

comentário, entre outros autores, além dos Parâmetros Curriculares Nacionais de Língua

Portuguesa (1997). Pensando na importância do exercício da cidadania, um Círculo de

Cultura se sucedeu e, após as discussões, os educandos redigiram pequenos comentários

a fim de exporem suas opiniões. A partir das discussões, da escrita dos comentários e da

leitura dos mesmos, foi possível constatar que o trabalho com o gênero comentário

propiciou uma observação no que concerne a escrita dos educandos (adequação ao

gênero, marcas da oralidade, grafia das palavras, etc.) para posteriores intervenções.

Além da observação de aspectos linguísticos, percebeu-se o envolvimento dos

educandos com a atividade proposta e o interesse que eles demonstraram frente a

questões de ordem social de suma importância, o que apontou para resultados muito

positivos tendo em vista o papel da escola de formar cidadãos capazes de se

manifestarem conscientemente por meio da língua.

CANCELADA EM 09/07/2015

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Os gêneros textuais nos itens da provinha brasil

ALESSANDRO TATAGIBA

[email protected] EDNA SILVA

[email protected]

Este artigo tem por objetivo analisar os gêneros textuais da Provinha Brasil com vistas a

contribuir para as pesquisas e o trabalho docente com leitura no Brasil. Desde 2008, o

Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep) aplica

duas vezes ao ano a Provinha Brasil com o objetivo oferecer informações que possam

orientar tanto os professores quanto os gestores escolares e educacionais na

implementação, operacionalização e interpretação dos resultados dessa avaliação. Este

estudo parte da seguinte questão problema: quais os gêneros textuais presentes na

Provinha Brasil? Com base nessa questão investigativa, o corpus linguístico analisado

se constitui 280 itens de leitura aplicados nos anos de 2008 a 2014. A metodologia, de

natureza qualitativa e interpretativista, procedeu à coleta de dados documentais

disponíveis na internet para analisa-los à luz da teoria de gênero e registro. O aporte

teórico considera os estudos sistêmico-funcionais da linguagem (Halliday e

Matthiessen, 1999; 2014); Martin e Rose (2008); Silva (2013, 2014, 2015); Tatagiba

(2013). Entre os resultados preliminares da pesquisa, as análises dos dados coletados

revelam a ocorrência de gêneros tipicamente escolares voltados para a aquisição do

sistema alfabético em meio à gêneros da família das histórias.

A agência na formação de uma professora de língua estrangeira

espanhola em contexto pré-serviço

LUCILENE SANTOS SILVA FONSECA

[email protected] O objetivo desta comunicação é apresentar o estudo da agência de uma graduanda de

Letras, ao longo do trabalho realizado na disciplina Prática de Ensino de Língua

Estrangeira (LE), permeada pelas ações da professora-pesquisadora, em uma Faculdade

da Grande São Paulo. Observamos que muitos desses alunos, após a conclusão da

graduação, passam a ministrar aulas em escolas de Ensino Fundamental e Médio sem a

experiência prática do ensino da Língua Estrangeira (LE). Essa problemática motivou o

foco para os objetivos específicos desta pesquisa: (1) verificar os tipos de agência que

emergem dos dados; (2) verificar se e como as propostas trabalhadas na disciplina

possibilitam a agência da participante. A escolha teórico-metodológica na construção de

contextos de compreensão, de reflexão e de transformação, no que diz respeito ao

ensino-aprendizagem de línguas e ao papel da linguagem nesses contextos está apoiada

na Pesquisa Critica de Colaboração (Magalhães, 2010). Esse recorte teórico baseia-se na

Teoria da Atividade Sócio-Histórico-Cultural (VYGOTSKI, 1934/1998, 1930/2004;

LEONTIEV, 1978; ENGESTRÖM, 2001), com foco nos conceitos de ensino-

aprendizagem e desenvolvimento, mediação e Zona Proximal de Desenvolvimento

(ZPD) como espaço sócio-histórico-cultural de vir-a-ser, em que a linguagem organiza a

relação colaborativo-crítica entre os participantes, a Agência e a Formação de

professores. Os dados, coletados visam recuperar e compreender a agência da

graduanda no trabalho desenvolvido na disciplina Prática de Ensino de Língua

Estrangeira. Foi selecionado para esta apresentação um texto gerado por meio das

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atividades de formação de uma professora pré-serviço, realizadas na Faculdade. Este

trabalho justifica-se por colaborar com as discussões sobre o curso de graduação,

licenciatura em línguas estrangeiras, o papel da agência no desenvolvimento da Prática

de Ensino da LE. Dessa forma, a pesquisa pode contribuir para beneficiar entidades

educacionais que buscam aprimorar a formação pré-serviço de professores e alunos do

curso de Letras.

Formação de professores: a gamificação de uma disciplina sobre

métodos e abordagens de ensino de línguas estrangeiras.

KARIN QUAST

[email protected] Tendo em vista o crescente aumento do uso de jogos e da gamificação (ou seja, a

aplicação do design e mecânica de videogames a contextos não lúdicos), bem como seu

impacto na educação, buscamos aqui relatar nosso projeto de gamificação da disciplina

que envolve o estudo e discussão de métodos e abordagens voltados ao ensino de

línguas estrangeiras (LEs). Esta proposta visa oferecer um objetivo mais concreto e -

palpável- para a disciplina, cujo intuito é promover a reflexão crítica sobre a prática

docente. Almeja, também, suscitar experiências de práticas criativas no ensino de LEs,

bem como promover maior engajamento dos professores por meio do processo de

imersão inerente aos jogos. Embora muitos professores que utilizam a gamificação se

atenham aos elementos mais rasos, ou seja, simplesmente implementando sistemas de

pontuação e recompensas ou mesmo níveis, visando mudanças comportamentais, nossa

atenção se voltou ao processo de imersão por meio da narrativa (enredo) e das missões

propostas aos professores. Ao mesmo tempo, em relação às atividades desenvolvidas

em sala de aula, gamificar uma disciplina não significa meramente dar novos rótulos a

práticas tradicionais. O desafio que se coloca ao professor, portanto, é o de planejar

atividades diferenciadas e pensar em novas formas de participação ativa dos alunos que

contribuam para a elaboração conjunta de conhecimento. Partindo de pressupostos da

perspectiva histórico-cultural e tendo em mente os princípios de aprendizagem

subjacentes aos videogames discutidos por Gee, embarcamos nesta jornada na qual os

professores realmente imergiram e da qual participaram ativamente, tendo inclusive,

espontaneamente, elaborado desafios ao final das etapas para avaliar o conhecimento

elaborado e também contribuído para o desenvolvimento da própria narrativa.

Deslocou-se, portanto, o lugar do professor-aluno e eles puderam vivenciar diferentes

vozes e posições.

Ensino de espanhol para crianças por meio de gêneros de discurso:

uma proposta orientada à formação de leitores críticos

RODRIGO DA SILVA CAMPOS

[email protected] Pretendemos, com esta comunicação, propor uma reflexão sobre o ensino de espanhol

como língua estrangeira nos anos iniciais do Ensino Fundamental sob uma perspectiva

discursiva como um possível caminho para a formação de leitores críticos. Propomos

um ensino pautado nos gêneros de discurso (BAKHTIN, 2011, MAINGUENEAU,

2004), por dialogar com Maingueneau (2004), ao afirmar que os gêneros de discurso -

são dispositivos de comunicação que só podem a quando certas condições sócio-

históricas estão presentes-. Nossa proposta de ensino de espanhol nesse segmento da

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Educação Básica apoiado em gêneros de discurso e suas construções sócio-históricas e

culturais surge da necessidade de se praticar um ensino de língua que vá além do ensino

de léxico e de estruturas gramaticais desvinculadas de um contexto. Defendemos tal

visão baseados na proposta de ensino de E/LE apresentada pelas Orientações

Curriculares Nacionais, nas quais consta que o ensino de língua estrangeira no âmbito

escolar não pode ser um fim em si mesmo e deve estimular permanentemente a reflexão

-sobre o -estrangeiro- e suas (inter)relações com o -nacional-, de forma a tornar mais

conscientes as noções de cidadania, de identidade, de plurilinguismo e de

multiculturalismo, conceitos esses relacionados tanto à língua materna quanto à língua

estrangeira (BRASIL, 2006, p. 149)-. Portanto, em nossa comunicação, primeiramente,

explicitaremos o aporte teórico que norteia nossa proposta de trabalho: os conceitos de

gênero de discurso (BAKHTIN, 2011), de competências genérica, enciclopédica e

linguística (MAINGUENEAU, 2004) e de multiculturalismo, cidadania e identidade

(BRASIL, 2006). Posteriormente, apresentaremos atividades realizadas com os alunos

de 4° e 5° ano do Ensino Fundamental de uma escola pública ao longo de 2014 a fim de

se discutir a relevância dessa abordagem e fomentar, desse modo, a leitura sob um viés

discursivo.

PIBID-Inglês: Uma Experiência com Diários Reflexivos

JULIANO BRANDÃO

[email protected] MARILENE SANTOS

Esta comunicação faz parte de uma pesquisa de mestrado intitulada, -A construção das

identidades no processo de formação dos graduandos com atuação no PIBID-Inglês-,

ainda em desenvolvimento. O objetivo deste trabalho é refletir acerca do processo de

construção das identidades de bolsistas do programa PIBID-Inglês da FALE-UFAL. A

metodologia com a qual trabalhamos é de cunho qualitativo, seguindo as indicações de

Minayo (1999). A pesquisa trabalha com o universo dos significados, dos motivos, das

aspirações, das crenças, dos valores e das atitudes das pessoas. Optamos por realizar

essa pesquisa baseada em uma versão piloto de diários online produzidos pelo grupo de

bolsistas do PIBID-Inglês durante um período de pilotagem que durou

aproximadamente três meses, fundamentando esta metodologia no conceito trazido por

Bárbara e Ramos (2003). Foram levantadas algumas questões como ponto de partida

para a produção dos diários reflexivos em que foram ressaltados aspectos voltados aos

pontos positivos encontrados nas escolase os tipos de metodologias e dinâmicas usadas

para o ensino da língua inglesa. Essas questões foram respondidas nas páginas

eletrônicas criadas para esse fim e comentadas pelos orientadores e pelos demais

colegas bolsistas. Os resultados, ainda que parciais, mostram que parece haver uma

conscientização dos pibidianos em relação à construção de suas identidades como

professores dentro do cenário árduo de ensino na escola pública. Nossa perspectiva,

com base nesse primeiro movimento de coleta de dados écontinuar acompanhando e

analisando a produção desses diários com vistas à intervenção na percepção negativa

dos bolsistas em relação ao ensino de língua inglesa na escola pública, objetivando a

instrumentalização para busca de soluções que possam, de alguma maneira, promover

alterações nesse percurso.

Multimodalidade nos cadernos de Língua Portuguesa da rede pública

do Estado de São Paulo: uma proposta dos multiletramentos.

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DANIELA TEIXEIRA LEITE SILVA

[email protected] [email protected]

Este trabalho tem como objetivo pesquisar os gêneros discursivos multimodais, os

multiletramentos e osletramentos multissemióticos no ensino aprendizagem de Língua

Portuguesa, especialmente com relação à formação para o letramento visual nos

cadernos de Língua Portuguesa, do 9º ano, do ensino fundamental II, da Secretaria

Estadual de Educação. O objetivo da pesquisa é compreender em que medida as

atividades propostas nos cadernos colaboram para o desenvolvimento das práticas

leitoras por meio dos textos multimodais e das mudanças tecnológicos trazidas pelas

novas tecnologias da comunicação. O problema que motivou essa pesquisa foi verificar

que embora haja a necessidade de a escola contemporânea desenvolver práticas de

letramento que abordem os novos gêneros discursivos como blogs, posts, outdoor,

propagandas entre outros, na realidade esses gêneros ainda são pouco explorados pelos

materiais didáticos e/ou abordados superficialmente. Essa pesquisa tem caráter analítico

e bibliográfico, utilizamos, principalmente, a perspectiva bakhtiniana no que se refere

aos gêneros discursivos. O eixo teórico também está pautado em Rojo (2004-2009),

Marcuschi (2004-2009), Schneuwly e Dolz (2004) e Lemke (2010). A análise dos dados

revelou que a maior parte das atividades dos cadernos não mobiliza as capacidades

leitoras em sua amplitude, visto que não valoriza nos exercícios o contexto de produção,

de recepção, composição e os aspectos discursivos dos gêneros multimodais.

Principalmente não ensina o aluno a atribuir significado aos elementos não-verbais

presentes no material. Concluímos que o material didático não favorece o trabalho

adequado com os gêneros multimodais na escola.

O discurso de um material digital de ensino de Business English

e as representações do sujeito de sucesso

MARIA INÊS DE OLIVEIRA HERNANDEZ

[email protected] [email protected]

O objetivo deste trabalho é investigar formas de subjetividade engendradas no discurso

de um material digital de ensino de Business English, tomando como ponto de partida

nosso momento contemporâneo, profundamente afetado pelo neoliberalismo, pela

globalização e seus efeitos. Pretendemos, sobretudo, desmistificar a representação do

material pedagógico como um repositório de verdades científicas, livre de

posicionamentos ideológicos, incentivando uma atitude mais indagadora de professores

e alunos frente aos materiais didáticos, em qualquer modalidade, impressa ou digital. A

análise empreendida constatou que o discurso pedagógico desse material indica ao

aluno/futuro ou atual trabalhador do meio corporativo como deve ser ou agir no meio

laboral a fim de ser bem-sucedido. Por outro lado, esse mesmo discurso mostrou-se

constituído de vozes conflitantes, originárias de práticas corporativas concorrentes,

promovendo subjetividades contraditórias, mas não necessariamente em dissonância

com os discursos hegemônicos do neoliberalismo e da globalização. Fundamentamos

nossa análise nos conceitos da visão discursiva do sujeito (clivado e descentrado),

formado no e pelo discurso (heterogêneo, polifônico, ideológico), perpassado por

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relações de poder (em que a resistência é constitutiva), aliando, portanto, nossa

perspectiva discursiva às reflexões de Michel Foucault acerca das relações de poder e

saber, além da contribuição de Gilles Deleuze sobre a sociedade de controle, na qual o

poder é exercido de modo mais sutil e penetrante, gerando uma modulação permanente

do sujeito.

Murilo Mendes/Picasso: análise dialógica do discurso estético

MARIA BERNARDETE DA NÓBREGA

[email protected] Este trabalho expõe a análise dialógica do discurso estético vía poema -Guernica- de

Murilo Mendes (1959) e o quadro Guernica de Picasso (1937) na composição visual da

Série Pictórica na obra Tempo Espanhol, Murilo Mendes (1959) pela preponderância do

plástico sobre o discursivo exprime uma complexa indexação do código pictórico: arte

espanhola catalogada em verso. Este gesto de leitura se propõe a

perceber/ver/ler/compreender a interação entre a palavra/ a imagem, o poema/ o quadro/

o poeta/ o pintor no limite da construção do discurso literário no percurso dos sentidos

(Eco, 1976) pelo exercício intensivo de múltiplas leituras. O percurso teórico delimitado

se orienta na perspectiva formulada por Bakhtin/Volochinov (1981), Bakhtin (1981,

1997, 1998), Barros (1999), Brait (1994, 2001), Cumming (1998), Greimas (1976,

1979, 1981), Roudaut (1988), Székely (1972). A leitura se constrói pela ordenação

plástica do discurso poético modulado pelo estilo de contrastes: crítica da vida, crítica

da arte - a vida à unha. Espanha em sua diversidade e essência, recortes, montagens.

Murilo faz dizer no poema aquilo que o quadro representa: a barbárie plástica. Aberto a

todos os estilos, Murilo Mendes tenta captar a sensibilidade expressa na diversidade de

formas plásticas. O poeta segrega a forma para dissecar a imagem até o extremo de seus

limites na perspectiva do "superolhar". O discuro estético re-compõe a trajetória das

múltiplas linguagens em interação: itinerários poepicturais. O existencial eminente

plástico do universo sugerido nas cenas do quadro conjuntamente com as cenas do

poema passa a construir uma homologia temática e uma homologia estrutural

(Gonçalves, 1989). Dessa forma, Guernica / quadro e -Guernica- / poema enquadram-se

perfeitamente sob o olhar do leitor Poeta. Diálogos poepicturais escritos/ inscritos no

discurso literário.

Leitura: estratégias de ensino

ILDO EMMANUEL RIBEIRO DA SILVA SANTOS

[email protected]

LAURA CAMILA BRAZ ALMEIDA

Este trabalho pretende mostrar os diferentes tipos de atuação no ensino da leitura, da

interpretação de texto e da produção escrita de língua portuguesa, esperando poder

oferecer aos alunos o desenvolvimento da habilidade da compreensão e produção escrita

de modo que eles possam aprimorar seus conhecimentos acerca do estudo dos gêneros

textuais como forma de desenvolvimento da interpretação de textos e de produção

escrita. Este projeto consiste na aplicação da Perspectiva Interacionista da Leitura no

processo de ensino/aprendizagem de língua portuguesa no 6º ano do Ensino

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Fundamental da Escola Estadual Armindo Guaraná. Baseando-se na análise de gêneros

textuais (KOCH; ELIAS, 2007) e no estudo sobre leitura (KLEIMAN, 2007), pretende-

se elaborar e aplicar tarefas de leitura e produção escrita para contribuir para a formação

de professores e para o aprendizado estudantil do ensino fundamental. Essa pesquisa se

inscreve, assim, no âmbito da Linguística Aplicada.

Concurso público para professor de espanhol de duas instituições

tecnológicas federais de ensino do rio de janeiro: saberes em jogo

ANTÔNIO FERREIRA DA SILVA JÚNIOR

[email protected] [email protected]

Acredita-se que estudar o gênero prova escrita de concurso público (CP) permite

compreender um importante passo no entendimento da formação de professores, porque

essas provas demonstram o percurso seguido pelo ensino de línguas em nosso Estado,

país e/ou região (DAHER, 2006). Porém, nem sempre os pontos de estudo constantes

no edital e a prova de seleção (objetiva ou discursiva) ao cargo de professor de línguas

correspondem às discussões mais recentes da área do ponto de vista linguístico e/ou

pedagógico. A contratação de professores para a Educação Básica precisa acompanhar

as políticas educacionais e públicas vigentes que visam à qualidade social, à produção

de novos conhecimentos e o desenvolvimento de saberes locais e/ou regionais. Muitos

CP ainda se limitam a restringir a avaliação docente a uma mera prova escrita em que os

conhecimentos gramaticais e estruturais da língua ocupam o maior peso de avaliação. A

partir disso, pretende-se, neste estudo, apresentar uma reflexão a partir da análise de

questões dissertativas das provas dos anos de 2011 e 2014 para o cargo efetivo de

professor de Espanhol de duas instituições federais do Rio de Janeiro: IFRJ e CEFET-

RJ, respectivamente. Espera-se com este artigo levantar nos exames as imagens e os

saberes docentes valorizados para a atuação do professor de língua espanhola em

instituições tecnológicas federais do Estado do Rio de Janeiro. Como forma de alcançar

o objetivo desta comunicação, recorreu-se aos estudos teóricos de Silva Júnior (2014),

Pacheco (2010), Daher, Almeida e Giorgi (2009) e Daher (2006) sobre formação de

professores de línguas e seleção docente. Concluiu-se que o CP para professores de

Espanhol de instituições tão plurais precisa exigir não só o recorte disciplinar

legitimado da área, mas também um conhecimento que possa se articular às complexas

relações sociais da contemporaneidade e da própria instituição de ensino.

Estudos de leitura e letramento: reflexões e práticas escolares

RENATA SIQUEIRA

[email protected] CLÁUDIA PAES DE BARROS

Esta pesquisa tem por objetivo investigar e discutir as práticas e as concepções dos

docentes de uma escola pública municipal de Cuiabá-MT. Para tanto, recorremos aos

pressupostos teóricos de Bakhtin e o Círculo (1929; 1952-53; 1970-1971/1979;

1974/1979) que abordam a linguagem como um processo sócio-histórico-cultural,

aliado à teoria de aprendizagem e desenvolvimento humano de Vygotsky (1930; 1934).

Além desses autores, também compõem o referencial teórico deste trabalho as

discussões sobre Letramento Crítico que tem como base teórica Freire (1987), The New

London Group (1996, 2012), Cassany (2005), Pereira (2010 e 2012) e Paes de Barros

(2012, 2014) entre outros. Os objetivos da nossa pesquisa são: 1. Conhecer as

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concepções dos docentes acerca da leitura e do letramento. 2. Proporcionar, através das

interações entre os sujeitos professores/ pesquisadores do grupo de estudo, subsídios

para reflexões sobre a sua prática. Para tanto, realizamos encontros reflexivos-críticos

com os docentes, sujeitos da pesquisa. Nesse contexto, coletamos os dados desta por

meio de gravação de áudio e vídeo. A interação proporcionou momentos de

aprendizagem entre os pares participantes. As reflexões sobre as práticas pedagógicas,

leitura e letramento e as considerações sobre ensino-aprendizagem no contexto da

Escola, proporcionaram momentos de profundas percepções sobre a responsabilidade

social dos docentes. Nesse sentido, nossa pesquisa participa de um processo importante,

a reflexão crítica. Os dados também revelam a importância de se repensar os cursos de

formação docente, visto que a mudança perpassa por um processo significativo de

reflexão, intervenção crítica e transformação/emancipação do sujeito. A presente

pesquisa está vinculada ao GELL – Grupo de Estudos Linguísticos e de Letramento –

CNPq/MeEL/UFMT.

Aspectos discursivos, identitários e agentivos de professores de inglês

do parfor: uma pesquisa-ação

MARTA DE FARIA E CUNHA MONTEIRO

[email protected] [email protected]

Este trabalho apresenta uma pesquisa de doutorado cujo contexto foi o Plano Nacional

de Formação dos Professores da Educação Básica (PARFOR), programa emergencial

instituído pelo Decreto nº. 6.755/2009 e implantado em regime de colaboração

envolvendo a CAPES, governos estadual e municipal, o Distrito Federal e as

Instituições de Educação Superior - IES. A pesquisa, realizada no interior do Estado do

Amazonas em um dos cursos oferecidos pelo PARFOR da Universidade Federal do

Amazonas (UFAM), teve como objetivo geral investigar a formação de professores-

alunos do Curso de Língua/Literatura Estrangeira – Inglês do PARFOR e como

específicos, analisar seu discurso em relação ao ensino-aprendizagem de inglês, os

traços de sua identidade, de sua formação e atuação profissional. A pesquisa contou

com 20 participantes e como instrumentos, foram utilizados questionários, entrevista

com roteiro semiestruturado, roda de conversa, relatório de estágio/memorial reflexivo e

diário de campo. O referencial teórico foi ancorado nos pressupostos do letramento

crítico (McLAREN, 1988; MENEZES DE SOUZA, 2011; ROCHA, 2012; 2013;

ROJO, 2000; 2009; 2012), discurso(s) (FAIRCLOUGH, 1992/2001; 2003; 2008; GEE,

1990/1996; 1990/2008; 1998; 2005), identidade (GIMENEZ, 2005; HALL, 1996/2000;

1997/2003) e agência (BALTAR, 2009; 2010; MONTE MÓR, 2012; 2013). A

metodologia foi baseada no paradigma qualitativo (CELANI, 2005; DENZIN;

LINCOLN, 2006), à luz da pesquisa-ação (EL ANDALOUSSI, 2004; THIOLLENT,

2011). Como resultados pode-se afirmar que a formação vivenciada no curso de

formação de professores do PARFOR foi um espaço que privilegiou mudanças no

discurso dos participantes em relação à sua prática docente para o ensino-aprendizagem

de inglês e o fortalecimento de sua identidade como profissionais da área. Concluindo o

trabalho, são trazidas reflexões acerca da formação de professores da educação básica e

algumas implicações para o ensino-aprendizagem de inglês no interior do Amazonas,

um contexto particularmente repleto de privações (ROJO, 2006).

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Mapeando o ensino de Português como Língua Estrangeira através da

Perspectiva Intercultural

VANESSA MARIA DA SILVA

[email protected] A intercultura pode ser determinante para o êxito da interação comunicativa,

proporcionando capacidades de negociação cultural que combinem comportamento

curioso e consciente da necessidade de ultrapassar os estereótipos, com os

conhecimentos linguísticos e culturais presentes na língua. A perspectiva intercultural

contempla uma abordagem diferenciada do ensino de línguas estrangeiras (LE)

favorecendo a consciência social, criatividade, mente aberta para novos conhecimentos

e reforma na maneira de pensar e ver o outro. Nossa pesquisa com foco no ensino de

Português como LE, na graduação, tem como objetivo investigar, sob os aspectos da

perspectiva intercultural, como o ensino da cultura pode integrar o ensino da LE e sua

contribuição para o aprendizado e desenvolvimento do estudante. A fim de

desenvolvermos esta investigação, optamos por pesquisa qualitativa de natureza

etnográfica, durante dois semestres, de 2013 a 2014, com acompanhamento direto e

intensivo das aulas de língua Portuguesa no Department of Portuguese and Brazilian

Studies (POBS), Brown University, EUA. A metodologia do POBS proporciona aos

estudantes elementos que incidem com o nosso estudo a respeito do ensino de língua e

da cultura e coadunam com o nosso referencial teórico no cerne da perspectiva

intercultural. As aulas de língua Portuguesa como LE naquele departamento promovem

o intercâmbio das informações sobre a vida cotidiana no Brasil e demais países

lusófonos, desenvolvem conhecimentos de grupos sociais, seus produtos e práticas,

incluindo marcas da identidade nacional, normas de conversação e gestos, favorecendo

interpretação, descoberta e interação com a cultura do outro em situações reais de

comunicação. Em nossa pesquisa observamos reflexões sobre similaridades e diferenças

compreendidas no desenvolvimento linguístico e cultural e que consideramos

fundamental no aprendizado do estudante. Nosso referencial teórico apoia-se em Byran

(1998), Hall (2004), Johnson (2009), Kramsch (2009), Risager (2007), dentre outros

autores que defendem o ensino de LE a partir da perspectiva intercultural.

Escrita Colaborativa: O uso do Iramutec na análise de um corpus de

aprendizes da língua inglesa

SHIRLENE BEMFICA DE OLIVEIRA

[email protected] [email protected]

MAÍSA MARTINS SÁ FONSECA

DAVID SIMON MARQUES

A criação e o estudo da Arte são atividades complementares que auxiliam os alunos a

aprofundarem sua compreensão sobre a humanidade. No âmbito do ensino da língua

inglesa, propõe-se o desenvolvimento das habilidades de compreensão e produção oral e

escrita de forma integrada e com temas que sejam interessantes e próximos à realidade

dos alunos; no caso da Arte para desenvolver habilidades linguísticas, de crítica e de

apreciação a Arte. Este trabalho, uma interface entre a Linguística Aplicada e a

Linguística de Corpus, foi motivado pela necessidade de compreender melhor a

interlíngua de aprendizes de inglês como língua estrangeira utilizando os recursos da

LC, possibilitando a análise dos padrões probabilísticos que se constroem nos contextos

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de uso (BERBER SARDINHA, 2000). O estudo se baseia na análise de um corpus

escrito de aprendizes sobre papel da Arte na sociedade moderna e descreve a

observação dos padrões léxico-gramaticais nos textos argumentativos construídos de

forma colaborativa com base em mapas conceituais (NOVAK, 1997; STORCH, 2005).

Os dados foram coletados pela pesquisadora, por bolsistas do Ensino Médio e

aproximadamente 100 alunos de um Instituto Federal. A investigação foi feita com o

auxílio do Iramutec e orientada pelas análises: dos benefícios da produção colaborativa,

da temática construída a partir das linhas de concordância do nódulo Arte, das

pressuposições, modalizadores e operadores argumentativos usados nos textos. Os

resultados apontam que o uso de mapas conceituais para o desenvolvimento da

produção escrita possibilita a aprendizagem por meio do discurso e por meio do

raciocínio. As escolhas lexicais demonstram valores linguísticos, estéticos e simbólicos

que enfatizam o lado emocional, afetivo e social das artes como uma área essencial para

a humanidade. A interação em pares favorece ao desenvolvimento das habilidades

linguísticas, a diminuição da ansiedade relacionada ao processo de produção textual e

ao aumento da autoconfiança dos alunos.

Rendimentos do diploma de licenciatura em língua inglesa: estudo

sobre egressos do curso de Letras da UFMG

DÉBORA FERNANDES DE MIRANDA

[email protected]

O objetivo desta comunicação é apresentar os resultados principais de uma pesquisa de

doutorado sobre os rendimentos materiais e simbólicos do diploma de licenciatura em

língua inglesa da UFMG. A licenciatura em inglês está inserida em um contexto de

desvalorização relativa dos títulos escolares (BOURDIEU, 2008; DURU-BELLAT,

2006) e desprestígio da carreira docente (GATTI et al, 2009; FANFANI, 2007).

Entretanto, o diploma de licenciatura em inglês possui a especificidade de atestar o

domínio de um idioma, algo que representa alto valor distintivo no mercado de bens

simbólicos (BOURDIEU, 2003). Assim, o que esperar desse título se, por um lado, ele

atesta um conhecimento valorizado e, por outro, forma o profissional para atuar em um

campo no qual o ensino de idiomas é desvalorizado, que é o campo escolar? Para

investigar os impactos culturais, sociais e econômicos do diploma de licenciatura em

inglês, foram entrevistados doze egressos do curso de Letras da UFMG.A pesquisa é de

caráter qualitativo e seu principal instrumento metodológico foi a entrevista

semiestruturada, que permitiu a reconstrução das trajetórias profissionais e pessoais dos

sujeitos pesquisadose favoreceu a exploração de seus saberes, representações, crenças e

valores (LAVILLE e DIONNE, 1999). A análise dastrajetórias familiares, escolares e

profissionais dos egressos permitiu identificar três grupos com rendimentos distintos do

diploma: para um grupo, o diploma expressa a realização de um gosto pessoal; para

outro, significa uma ascensão social; para um terceiro grupo, representa uma frustração.

Os resultados sugerem que os rendimentos do diploma estão relacionados ao perfil

social e escolar dos egressos, à trajetória dos alunos dentro do curso de Letras, às suas

ambições pessoais e profissionais e ao valor distintivo representado pelo domínio de

uma língua estrangeira e pela aquisição de um capital cultural de caráter internacional.

A prática da hora-atividade concentrada na escola pública: um espaço-

tempo de ação e (trans)formação de professores de línguas

NILCEIA BUENO DE OLIVEIRA

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[email protected] [email protected]

A hora-atividade concentrada de professores de Língua Inglesa consiste no espaço-

tempo dentro da escola pública utilizado para atividades pedagógicas sem interação com

alunos. A partir de 2015 os professores de escolas públicas do Paraná passaram a ter

35% de sua carga-horária destinada para a hora-atividade. Esse espaço-tempo hoje faz

parte do processo de ensino-aprendizagem, pois nestes momentos os professores se

reúnem para rever suas práticas pedagógicas e direcionar o seu trabalho em sala de aula,

portanto, um momento de extrema importância para a qualidade na educação. Esta

investigação tem como objetivo principal (re)significar a hora-atividade concentrada de

professores de Língua Inglesa sob ótica do Letramento e da Análise Crítica do

Discurso, a fim de apostar as práticas de letramento, as relações de poder que perpetuam

este espaço-tempo e os conflitos identitários. È importante pensar na hora-atividade

como um espaço de formação continuada e de letramentos, pois a busca de teorias

possibilita ao professor o embasamento teórico que pode ser um norteador para suas

práticas, possibilitando um avanço pedagógico num sentido transformador do processo

de ensino-aprendizagem. A pesquisa, de cunho qualitativo, está sendo realizada em um

colégio do norte do Paraná durante e sobre o espaço-tempo da hora-atividade de

professores de Língua Inglesa. O discurso das professoras, coletado através de

questionário e entrevista, está sendo analisado à luz da Análise Crítica do Discurso

(FAIRCLOUGH, 2001) e dos Letramentos (STREET, 20014). Espera-se que a hora-

atividade dos professores de escolas públicas possa ser concebida como um novo

espaço de interação num encontro de diferentes vozes a fim de criar uma nova

comunidade, marcada pela reciprocidade entre os sujeitos participantes, a qual

potencializa a ocorrência das contradições e que, manifestadas no discurso, pode

culminar na (trans)formação continuada dos professores.

Os quadrinhos no livro didático de língua portuguesa

FÁBIO CARDOSO DOS SANTOS

[email protected] [email protected]

Esta pesquisa tem por objetivo investigar como as tirinhas são trabalhadas na Coleção

Português: Linguagens para o Ensino Fundamental, composta por quatro volumes,

recomendada e aprovada pelo MEC, selecionada e indicada no Guia do PNLD/2011.

Pautamos-nos, para isso, no aporte teórico-metodológico dos estudos sobre os gêneros

na perspectiva de R. Ramos (2004) e sobre os quadrinhos nas concepções de Cagnin

(1975), Acevedo (1990), Andraus (1999), McCloud ( 2005), Ramos (2007, 2009),

Vergueiro (2010). Os resultados mostram que as práticas de leitura de tirinhas,

propostas nas coleções, não favorecem o aprofundamento da competência leitora dos

alunos em questões enunciativas e discursivas do gênero tirinha, não promovendo uma

aprendizagem mais ampla da leitura.

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Produção de subjetividade nas aulas de Redação

JULIANA SILVA RETTICH

[email protected] DÉCIO ROCHA

Este trabalho tem por objetivo demonstrar como é possível trabalhar questões do

cotidiano dos alunos, sugeridas até mesmo pelos próprios adolescentes, a partir de suas

demandas, saindo, assim, dos limites da sala de aula e do conteúdo programático nas

aulas de redação do ensino médio, pontuando uma nova relação entre língua e contexto.

Para tal fim, alguns dispositivos de produção de subjetividade serão analisados, como

textos levados pela professora e textos produzidos por alunos do primeiro ano do ensino

médio de um colégio da rede privada da cidade do Rio de Janeiro de 15 a 17 anos, bem

como as discussões que eles levam para dentro da sala, modificando muitas vezes os

rumos dos planos de aula e demonstrando suas necessidades reais de aprendizado. Isso

significa mostrar também que, na sala de aula, o professor não é o único responsável

pela produção de subjetividade do aluno: tal formação se dá num processo de duas vias,

no qual aprendiz e professor têm suas subjetividades produzidas interacionalmente.

Essas análises se darão com base em estudos de Gilles Deleuze e Félix Guattari , no que

tange às questões de agenciamento coletivo, apresentado na obra Mil Platôs, v. 2,

(2011), e Michel Focault, acerca de produção de subjetividade e dispositivos ,

conceitos presentes em Arqueologia do Saber (2014) e Hermenêutica do Sujeito ( 2014)

Para analisar como os alunos relacionam o que foi visto em sala e suas experiências aos

textos que precisam produzir a partir dos temas apresentados pela professora, serão

utilizados os conceito de rede (LATOUR, 1994) e o de coletivo (ESCÓSSIA;

KASTRUP, 2005).

A atividade social “participar de uma reunião de trabalho” no curso

de ciências contábeis

ANGÉLICA MIYUKI FARIAS

[email protected] [email protected]

Esta comunicação é parte de um projeto de doutorado cujo objetivo é investigara

construção de uma proposta de currículo de Língua Portuguesa baseado em Atividade

Social em um curso de Ciências Contábeis a partir da análise das demandas e

necessidades do contexto em foco e das características da proposta construída,

considerando tais demandas e necessidades. Para esta comunicação, faremos um recorte

da pesquisa supracitada, apresentando os principais aspectos que compõem aAtividade

Social “Participar de uma reunião de trabalho” no curso de Ciências Contábeis. A

pesquisa está fundamentada teoricamente pelos seguintes estudos: Teoria da Atividade

Sócio-Histórico-Cultural – TASCH (Vygostky, 1934; Leontiev, 1977; Engeström, 1999;

Liberali, 2009),nos trabalhos sobre Currículo na perspectiva Sócio-Histórico-Cultural

(Engeström, 1999; Bodrova & Leong, 2007; Van Oers & Duijkers, 2012; McLachlan,

Fleer, Edwards, 2013), Multiletramentos (The New London Group, 1996; Cope &

Kalantzis, 2000; Lessa & Liberali, 2012; Rojo, 2012, 2013; Kalantzis & Cope, 2013;

Rojo & Barbosa, 2015) e estudos de ensino de Língua Portuguesa (Machado, Lousada

e Abreu-Tardelli, 2004ª , 2004b; Casagrande & Bastos, 2008; Palma & Turazza, 2008;

Geraldi, 2008; Cintra & Passarelli, 2008; Motta-Roth e Hendges, 2010). O estudo está

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inserida no quadro da pesquisa crítica de colaboração – PCCol (Magalhães, 2003). É

crítica porque se pretende avaliar o contexto educacional em que está inserida, a

realidade do profissional de Contabilidade assim como a própria proposta curricular. É

colaborativa porque a construção da proposta dá-se a partir de seus vários participantes,

professora-pesquisadora, professores e alunos do curso de Ciências Contábeis da IES

pesquisada, além dos profissionais da área contábil.

As questões discursivas da prova do ENADE

CINTYA CARDOSO DE OLIVEIRA BRITO GOMES

[email protected] [email protected]

O tema desta pesquisa são as características e as exigências avaliativas das questões

dissertativas do Exame Nacional de Desempenho dos Estudantes (ENADE) para a área

de Administração.A pesquisa tem como objetivo investigar as características e as

exigências avaliativas do Exame Nacional de Desempenho dos Estudantes (ENADE)

acerca da compreensão dos enunciados e da elaboração das respostas às questões

dissertativas das provas de Administração (2012). Para a consecução desse objetivo, os

pressupostos teóricos nos quais esta pesquisa se fundamenta são a Taxonomia de Bloom

(1956)e na revisão dessa taxonomia (KRATHWOHL, 2002) acerca dos estudos de

verbos para a classificação de objetivos de aprendizagem de forma hierárquica que pode

ser utilizado para estruturar, organizar e planejar as questões discursivas; as portarias

das diretrizes do Enade (2012) que regem os princípios e as características específicas

para a elaboração da questão dissertativo-argumentativa da prova de Administração. O

corpus desta pesquisa se constitui de uma questão discursiva dentre cinco questões

dissertativas retiradas da prova de Administração do Enade de2012. Os enunciados

foram analisados qualitativamente a partir da fundamentação teórica. Como resultado,

elaborou-se a lista de características e exigências observadas para cumprir as etapas de

produção das respostas aos itens avaliativos. Conclui-se que os resultados da pesquisa

podem contribuir para as universidades entenderem os processos de composição dos

enunciados das questões dissertativas desse instrumento avaliativo, a fim de

direcionarem os graduados do curso de Administração para as habilidades e as

competências exigidas pelo Enade.

A didatização de materiais com base nos estilos e estratégias de

aprendizagem de estudantes do italiano língua estrangeira

DANIELA APARECIDA VIEIRA

[email protected] [email protected]

Este trabalho, cujo tema é a didatização de materiais com base nos estilos e estratégias

de aprendizagem de estudantes do italiano língua estrangeira, consiste na apresentação

de parte de nossa pesquisa de Doutorado em Letras (área de concentração: Língua,

Literatura e Cultura Italianas), a qual foi iniciada em fevereiro de 2014 na Universidade

de São Paulo. O objetivo dessa pesquisa é investigar de que maneira(s) as

especificidades dos alunos (os estilos e as estratégias de aprendizagem deles, bem como

seus interesses e necessidades) podem ser contempladas quando nós, professores de

língua estrangeira (LE), didatizamos materiais para as nossas aulas. Na área da

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pedagogia de línguas, há alguns trabalhos sobre a didatização de materiais para o ensino

do italiano LE (cf. Begotti, s.d.; Bonvino, 2008; Comodi, 1995, entre outros); há,

também, vários trabalhos sobre os estilos e as estratégias de aprendizagem de estudantes

de LE (sobretudo de aprendizes de língua inglesa); dentre esses trabalhos, podemos

mencionar os de Felder (1988), Felder e Henriques (1995), Oxford (1989), Oxford e

Ehrman (1993) etc. Todavia, não encontramos nenhum trabalho que buscasse relacionar

a didatização de materiais aos estilos e estratégias de aprendizagem dos discentes

brasileiros que estudam o italiano como LE. Por isso, esperamos que a nossa pesquisa,

que é embasada pelos postulados desses teóricos, possa contribuir, ainda que

modestamente, com a área de ensino-aprendizagem de línguas estrangeiras. Os dados de

tal pesquisa foram coletados em um curso de língua italiana, em nível de extensão

universitária, ministrado por nós a alunos com idades entre 22 e 61 anos no primeiro

semestre de 2015 na Universidade de São Paulo. A análise preliminar dos dados aponta

para a grande importância de didatizarmos, sempre que possível, materiais com base nos

interesses, necessidades, estilos e estratégias de aprendizagem dos alunos, o que pode

favorecer a aprendizagem significativa deles.

Análise da estrutura de cursos de formação de professores de Língua Inglesa para verificação de competências e habilidades sugeridas pelos

Parâmetros Curriculares de Língua Estrangeira Moderna

LAILA SANTOS [email protected]

O presente trabalho trata da formação de futuros professores de Língua Inglesa e como

os mesmos são orientados pelas instituições superiores para atender às exigências

prescritas pelos PCN, além da preparação para as demandas reais e situações adversas

de salas de aula de LI. A pesquisa foi motivada pelas experiências da pesquisadora e

lacunas encontradas na formação da mesma quando posta em situação real de ensino da

LI em escolas públicas da rede de ensino, e em posição de discente em nível strictu-

senso. O objetivo específico da pesquisa foi verificar se e de que forma duas

universidades públicas referência do Estado do Rio de Janeiro visam desenvolver as

competências e habilidades no aluno de licenciatura em Letras/Inglês em frente ao que

os PCN traçam como perfil idealizado do professor de Língua Inglesa e abordagem

apropriada dos conteúdos a serem desenvolvidas. O método utilizado na pesquisa foi a

análise do documento governamental para identificar e descrever as competências e

habilidades expressas nos mesmos; e a análise de documentos divulgados pelas

instituições em questão, com o propósito de identificar a relação entre a formação do

professor e o referencial proposto pelos PCN. Os resultados encontrados revelaram a

indispensável importância de tratamento diferenciado, através de disciplinas e

conteúdos específicos, para a orientação de futuros professores de Língua Inglesa, uma

vez que o ensino de língua estrangeira requer competências e habilidades peculiares.

Espera-se que esta pesquisa possa contribuir para reflexão acerca dos temas e

disciplinas abordadas nos cursos de Licenciatura Letras/Inglês especificamente para

metodologias de ensino de Língua Inglesa.

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O processo avaliativo na disciplina de Língua Inglesa no ensino médio

ROSEMARY HOHLENWERGER SCHETTINI

[email protected] MARCIA PEREIRA DE CARVALHO

MONICA GALANTE GORINI GUERRA

Nas práticas escolares, a avaliação pode ser frequentemente vista de duas formas: por

um lado a avaliação é entendida como momento de atividade centralizada, de controle,

de processo somatório de notas, focada na hierarquização dos sujeitos pelos resultados

obtidos e por outro é compreendida como um processo contínuo que se expande para

além do exame e se torna uma prática que possibilita a compreensão, reflexão, análise,

planejamento, estudo, formação, implementação, e a produção de resultados

(LUCKESI, 2002). Esta comunicação tem como primeiro objetivodiscutir os diferentes

modos de avaliar, confrontando conhecimentos práticos e teóricos que compõe a

história da avaliação por meio de uma pesquisa bibliográfica e como segundo, propor e

cunhar uma proposta de avaliação embasada no paradigma crítico colaborativo

(MAGALHÃES, 2012). Que traz uma discussão sobre uma forma de avaliar em que os

sujeitos envolvidos criem oportunidades de escolhas em termos enunciativos,

discursivos e linguísticos, ampliem suas possibilidades de ação no mundo e visualizem

essa discussão como possibilidade para planejar o futuro. Esta forma de compreender a

linguagem remete-se a Teoria da Argumentação que embasa o estudo dos modos de

apresentar argumentos como formas de pensar e compreender a constituição das

atividades humanas para participar delas de forma mais ativa e compartilhada

(LIBERALI, 2013). Esta proposta avaliativa, cuja metodologia integra teoria e prática,

pode ser adaptada de acordo com o cenário sócio-histórico-cultural e o projeto

pedagógico das diferentes instituições. Desse modo, este trabalho é uma discussão

teórico-prática que tem como premissa a expansão da discussão sobre avaliação no

Ensino Médio e suas implicações no desenvolvimento dos sujeitos envolvidos.

A (co) construção de conceitos científicos na formação inicial de

professores de Língua Estrangeira

KÁTIA MARQUES DA SILVA

[email protected] O número de estudos e pesquisas na literatura da Linguística Aplicada é considerado

escasso pelos estudiosos no que se refere à (co) construção do conhecimento teórico-

prático de “como ensinar uma língua estrangeira”. Teóricos como Freeman e Johnson

(1998) confirmam essa realidade ao dizerem que muito já se fez pela formação de

professores de línguas, mas relativamente pouco nesta área em questão. Perante tal fato,

este estudo propõe investigar, segundo os princípios da Perspectiva Sociocultural de

formação de professores de línguas, que está apoiada na psicologia sócio-histórica de

Vygotsky (VYGOTSKY,1978) as possíveis ocorrências de (co) construção de conceitos

nas interações de sala de aula da disciplina de Metodologia de Ensino de Língua Inglesa

e no estágio supervisionado de um curso de Letras. Para tanto, o estudo segue um

paradigma qualitativo, de cunho etnográfico (ERICKSON, 1986/BOGDAN; BILKEN,

1992, 1998/SILVERMAN, 2000) e de enfoque sócio-histórico (JOHNSON,

2009/VYGOTSKY, 1978). O trabalho é constituído por instrumentos qualitativos, como

observações de aulas teóricas e práticas, questionários,entrevistas e documentos

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produzidos pelos alunos-professores em processo de formação. Os participantes são

dois graduandos em Letras de uma universidade pública localizada no interior de Minas

Gerais. O estudo segue o percurso de formação dos participantes na disciplina de

Metodologia e no estágio supervisionado, acompanhando o seu desenvolvimento nos

níveis teórico e prático. Os resultados apontam que os professores em formação

demonstram ter (co) construído alguns conceitos sobre ensino e aprendizagem de

línguas, todavia, percebe-se, ainda, certas dificuldades ao tentarem verbalizar e

contextualizar os mesmos. Esses conceitos, denominados por Vygotsky, científicos e

cotidianos, são necessários para o desenvolvimento do processo dialógico, uma vez que

eles são parte de um único processo, ou seja, da construção do conhecimento

(VYGOTSKY, 1986).

Futuros professores de língua inglesa e seus conceitos de linguagem,

ensino e aprendizagem

MARIANA CASSEMIRO

[email protected] Nesta comunicação, apresentam-se alguns resultados parciais obtidos na pesquisa de

doutorado em andamento “A formação do professor de língua inglesa em um curso de

Letras no norte do Brasil: a coconstrução de conhecimentos teórico-práticos”, cujo

objetivo geral é investigar a coconstrução dos conhecimentos teórico-práticos de futuros

professores de língua inglesa em um curso de Letras de uma universidade pública do

Amazonas. De natureza qualitativa e base etnográfica, esta pesquisa está fundamentada

na teoria sociocultural (VIGOTSKI, 2001, 2007, 2010). Além disso, a perspectiva

sociocultural na formação de professores de línguas defendida por Johnson (2009),

Johnson & Golombek (2011) e Lantolf & Poehner (2014), por exemplo, bem como a

formação de professores de línguas na contemporaneidade, como retratada por Vieira-

Abrahão (2010, 2014), Kumaravadivelu (2012) e Pimenta & Lima (2012), para citar

alguns, são temas essenciais no referencial teórico adotado. Esta investigação pretende

responder a três perguntas de pesquisa: (1) Quais conceitos cotidianos de língua(gem),

ensino e aprendizagem são apresentados pelos alunos antes de cursarem a disciplina

“Metodologia do Ensino de Língua Inglesa I”?; (2) Quais conceitos científicos são

apresentados aos alunos e de que maneira eles são trabalhados nas disciplinas de

Metodologia de Ensino de Língua Inglesa e de Estágio Supervisionado?; (3) Como os

conceitos cotidianos e científicos se relacionam na prática do futuro professor de língua

inglesa durante a realização dos estágios? Os instrumentos utilizados para a geração de

dados são gravações de aulas em áudio, questionários, entrevistas, autobiografias dos

alunos e relatórios de estágio. Esta comunicação irá apresentar os resultados referentes

somente à primeira pergunta de pesquisa que indicam que a maioria dos conceitos de

linguagem, ensino e aprendizagem dos futuros professores está embasada em

concepções tradicionais.

A Tragédia Grega em outro tempo e espaço: uma contribuição para o

modelo didático do gênero.

LUIS CÉSAR SPARSBROOD

[email protected]

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A presente apresentação tem por objetivo demonstrar as contribuições para a construção do modelo didático do gênero tragédia, elaborado por meio da análise da

tragédia adaptada de Prometeu Acorrentado sob a base teórico-metodológica do

Interacionismo Sociodiscursivo. Este trabalho é o resultado de uma pesquisa de

mestrado intitulada “A Tragédia Grega em outro tempo e espaço: uma contribuição para

o modelo didático do gênero” que visou à identificação das características do gênero em

questão com fins didáticos, numa perspectiva de propiciar o desenvolvimento das

capacidades de linguagem voltadas para leitura, em alunos do ensino fundamental. Sob

essa perspectiva, levo em consideração os processos de elaboração de um modelo

didático de um gênero de texto clássico, literário e dramático, como as tragédias gregas,

a importância das condições de produção e a demanda de capacidades de linguagem

diferenciadas, como as capacidades de linguagem linguístico-estilísticas propostas neste

trabalho.

Aprendizagem como participação e ensino de línguas: contribuições,

limitações e desafios no ensino de línguas estrangeiras

MARIANA KUNTZ DE ANDRADE E SILVA

[email protected] [email protected]

Nesta comunicação, buscarei apresentar o conceito de aprendizagem como participação,

refletindo sobre suas possíveis contribuições para o ensino de línguas, suas semelhanças

e diferenças com o ensino comunicativo, e os desafios para a sua realização no ensino

de línguas estrangeiras. Nas últimas décadas, algumas pesquisas sobre aprendizagem

têm enfocado aspectos como o contexto e a subjetividade dos aprendizes (LANTOLF,

2000, LAVE & WENGER, 1990, entre outros). Nestas pesquisas, emerge um novo

conceito de aprendizagem, ou “metáfora” segundo Sfard (1998), o da participação, que

toma como aspecto central a interação. Ela surgiu fora do âmbito do ensino de línguas

como oposição à metáfora da aprendizagem como aquisição de conteúdo, vista como

essencialmente cerebral, na qual o conhecimento é visto como um produto a ser

acumulado. No ensino de línguas estrangeiras, a metáfora da aquisição de conteúdo

concebe a língua como produto final da aprendizagem. Com isso, ela implica na

concepção de comunicação como transferência de informação, e na visão do aprendiz

como indivíduo destituído de um bem (a língua estrangeira), em oposição ao falante

nativo, que ocupa uma posição privilegiada (FIRTH & WAGNER, ([2007(1997)], p.

760). Em contraposição a essa visão, emergem pesquisas baseadas na teoria

sociocultural e na aprendizagem situada em comunidades de prática, nas quais a

aprendizagem é vista como a crescente participação do sujeito em uma determinada

comunidade. O conteúdo (no caso, a língua estrangeira), não é visto como fim, mas

como meio para a participação, e a aprendizagem é vista como processo de interação,

necessariamente contextualizada e capaz de transformar os aprendizes e a sociedade

com a qual se relacionam. A interação e a contextualização também são aspectos

fundamentais do ensino comunicativo. Por isso, buscarei analisar as semelhanças dessa

abordagem com a metáfora da participação, e suas limitações e desafios de

concretização no ensino de línguas estrangeiras.

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Discursos legais sobre inclusão de surdos no sistema educacional:

comparativo entre Alemanha e Brasil

ROMANA CASTRO ZAMBRANO

CLEIDE EMILIA FAYE PEDROSA

[email protected]

Na atualidade, a busca pela inclusão das minorias em todos os setores da sociedade se

tornou assunto relevante pelo compromisso que assume com os direitos civis. Contudo,

como os discursos legais de nações diferentes, como Brasil e Alemanha, tratam dessas

questões? Para responder a esta pergunta, principalmente, direcionada às comunidades

surdas desses dois países, esta comunicação tem o objetivo de comparar, quanto a seus

pontos de convergências, os discursos das leis e dos decretos promulgados e

direcionados à educação dos surdos. A Análise Crítica do Discurso sustentará a análise

da tessitura textual, da prática discursiva e da prática social. Esta visão tríplice do

discurso nos oferece condições de ampliar nossa visão do fenômeno social da inclusão

nessas duas sociedades em estudo. O corpus será formado por fragmentos das leis e

decretos dos dois países, cujos parágrafos versam sobre a inclusão de surdos nos

diversos níveis de sua escolarização. Sob a perspectiva proposta, esperamos verificar os

pontos de contatos nos discursos de leis de dessas duas distintas culturas e sociedades.

A formação do professor de um curso de inglês para professores da

rede pública: Reflexão Crítica sobre o contexto criado para ensino-

aprendizagem

LEANDRO CAPELLA

[email protected] O objetivo da apresentação é demonstrar o processo e os resultados de minha pesquisa

de Mestrado, que teve como contexto uma aula de um curso de formação de professores

de inglês da rede pública com foco no desenvolvimento/aprendizagem da língua inglesa.

As análises se pautaram no planejamento da aula e na organização da linguagem

durante as práticas e ações em sala de aula por parte do pesquisador-professor.Em um

processo de reflexão crítica, o pesquisador-professor analisa os dados produzidos no

planejamento e na áudio gravação da aula em questão para a) investigar quais bases

teóricas de linguagem e de ensino-aprendizagem de língua estrangeira permearam o

planejamento e a organização da aula; b) examinar como se deu a organização da

linguagem e a organização de contextos que apoiaram as relações voltadas ao

desenvolvimento linguístico dos educandos durante a aula; c) analisar criticamente e

propor sugestões de transformação em ambos, planejamento e organização da aula. Para

tal, apoiou-se em três pilares teóricos – a Teoria da Atividade Sócio-Histórico-Cultural

(TASHC), desenvolvida a partir dos estudos sobre ensino-aprendizagem como

discutidos por Vygotsky [1930-1934]; compreensões de linguagem e dos mais

recorrentes métodos, metodologias e abordagens de ensino-aprendizagem de língua

estrangeira; bem como discussões sobre o conceito de reflexão crítica (FREIRE, 1970;

SMYTH, 1992). Os resultados da análise e interpretação dos dados apontam para uma

base estruturalista de linguagem e comportamentalista de ensino-aprendizagem

encrustada no modo de agir e pensar do pesquisador-professor, contrariando “quem ele

acreditava ser”. Com base nessas compreensões, o pesquisador-professor refletiu

criticamente sobre seu agir, propondo sugestões para reorganizar ações e relações que

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poderiam ter permeado o planejamento e a organização da aula, visando ao ensino-

aprendizagem de língua inglesa por meio de colaboração coletiva entre todos os

participantes.

Análise do emprego de emoticons em propaganda do banco Itaú

JOACIANA PESSANHA

[email protected] [email protected]

Os meios de comunicação de massa, especialmente a propaganda, utilizam-se de

diversos recursos a fim de atingir seu objetivo principal, que é persuadir. Sant’Anna

(2005) define propaganda como uma técnica de comunicação de massa paga com a

finalidade de fornecer informações, desenvolver atitudes e provocar ações benéficas ao

anunciante, geralmente para vender produtos ou serviços. Tem-se como objetivo nesta

pesquisa analisar as principais características discursivas, composicionais, linguísticas e

as condições de produção e circulação, bem como a intencionalidade discursiva de uma

propaganda do banco Itaú que se valeu de um código característico da internet, os

emoticons, transmutando-os para o veículo revista impressa. Apoiamo-nos em

pressupostos bakthinianos acerca de gêneros discursivos e nos conceitos de Santaella

(2003) sobre cultura das mídias como produto. Como método de análise da propaganda,

nos respaldamos em Lopes-Rossi (2006). Nessa perspectiva, analisamos como corpus

uma propaganda do banco Itaú criada pela agência África que está veiculada na revista

Veja, edição 2424, de maio de 2015. O que nos chamou a atenção para esta propaganda

é o fato de ela utilizar os chamados emoticons, que são símbolos utilizados como se

fossem um novo alfabeto, capazes de expressar as emoções e afetividade dos

internautas. Foi possível perceber que o recurso utilizado pela agência que produziu as

propagandas repercutiu em um interessante hibridismo dos símbolos tipicamente

utilizados pela mídia digital, os emoticons, para a mídia impressa revista. Este

deslocamento está associado à infinita e criativa capacidade de se expressar do ser

humano, tendo em vista a necessidade de explorar as diferentes formas de expressão

para concretizar diferentes intencionalidades discursivas. Conclui-se que é uma

tendência o emprego de signos tipicamente utilizados nos meios de comunicação digital

no papel impresso.

Produção textual e interdisciplinaridade: desafios atuais

LUCIANA SOARES DA SILVA

[email protected] [email protected]

Na sociedade atual, a globalização transformou o mundo em uma grande rede, na qual

todas as relações são entrelaçadas, e para adentrá-la, é imprescindível a reformulação da

ação dos sujeitos. Nesse contexto, torna-se necessário repensar as práticas educativas,

para promover a inserção dos estudantes nesse cenário. Por essa razão, objetivamos,

neste artigo, discutir a prática pedagógica no ensino de Língua Portuguesa, em especial

a produção textual, frente à sociedade contemporânea. Para isso, fundamentamos nosso

estudo em princípios da Análise do Discurso, no tocante aos conceitos de sujeito e de

condições de produção discursiva, e nas discussões sobre interdisciplinaridade, a partir

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de Morin (2000) e de Fazenda (2009). Conforme nossa reflexão, é preciso realizar um

trabalho interdisciplinar, a fim de que sejam promovidas condições interdisciplinares

para a produção textual, de modo a possibilitar aos alunos o desenvolvimento da

habilidade em estabelecer relações intertextuais e interdiscursivas.

Práticas de leitura em inglês para o sujeito visual e formação de

professores

MÁRCIA DE MOURA GONÇALVES

[email protected]

Esta pesquisa se insere no campo de estudos de LA ao ensino de línguas estrangeiras

para o sujeito visual (Duarte, 2015) em contexto institucionalizado. Sua realização tem

origem no contexto da minha atuação como professora do Curso de Letras Inglês da

UFMT e como coordenadora do Projeto Piloto Curso de Inglês para o Acadêmico

Surdo, oferecido via Programa de Tutoria da Pró-Reitoria de Ensino e Graduação da

UFMT. A partir das práticas de leitura e escrita dos acadêmicos visuais e suas

interações entre si e com a professora, pretendo investigar as possibilidades de

construção de proposta metodológica, em nível teórico e aplicado, para o ensino de

língua inglesa para o sujeito visual. Para tanto, procurarei responder às seguintes

perguntas de pesquisa: 1) Que necessidades e possibilidades de aprendizagem do sujeito

visual nos informam sobre seu processo de aprendizagem de inglês como língua

estrangeira? 2) Como os processos de interação podem subsidiar uma proposta

metodológica de ensino de inglês para o sujeito visual em sala de aula inclusiva? 3)

Como a teoria dos Gêneros do Discurso, de viés bakhtiniano, pode contribuir para uma

proposta teórico-metodológica para o ensino de inglês para o sujeito visual? Meu estudo

seguirá os princípios da abordagem qualitativa-interpretativista e do referencial teórico-

metodológico a partir das contribuições de Bakhtin e o Círculo e de Vygotsky.

Colaborarão com a pesquisa os participantes do Projeto Piloto:a professora ouvinte, 5

acadêmicos visuais e 2 ouvintes e a ETA norte-americana vinculada ao Programa

Idiomas sem Fronteiras. As filmagens das aulas, as atividades realizadas pelos

acadêmicos e as entrevistas feitas com eles constituirão corpus fundamental de pesquisa.

A justificativa para esta pesquisa situa-se na possibilidade de construção de uma

proposta metodológica em nível teórico e aplicado, visando processos de inclusão do

sujeito visual sendo, portanto, de grande alcance social.

Estudos da linguagem da Epístola sobre os servidores do califa

BEATRIZ NEGREIROS GEMIGNANI

[email protected] Esta pesquisa tem como objetivo a tradução do árabe ao português e o estudo linguístico

do tratado ético-político Risāla fī Aṣṣaḥāba(Epístola sobre os servidores [do califa]), de

Ibn al-Muqaffa’, escriba da corte de Basra do califado abássida. Com a tradução desse

tratado da segunda metade do século VIII d. C. são estudados o vocabulário e o estilo da

língua árabe usada por um secretário de origem persa, conhecido como um dos

criadores da prosa literária abássida. Ibn al-Muqaffa’ endereça a epístola ao califa para

expor as suas ideias sobre os principais problemas do governo, discorrendo a respeito de

uma série de questões políticas, econômicas e sociais do califado e aconselhando o

soberano. Dessa forma, pretende-se abordar o valor documentário desse texto para a

civilização árabe-islâmica e a cautelosa linguagem do escriba ao se colocar na delicada

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situação de aconselhar o califa, máxima autoridade de uma doutrina política que

prioriza a retidão do poder. A metodologia adotada é a tradução do árabe ao português,

tratando do vocabulário específico do texto e de seu estilo, tendo como base uma

bibliografia específica a respeito da epístola e do autor (Arjomand, 1994; Gabrieli,

1932; Goitein, 1966; Kristó-Nagy, 2013; Latham, 1990; Lowry, 2008; Pellat, 1976;

Sourdel, 1954). O enfoque da tradução é a transmissão de conteúdo preservando o

potencial comunicativo do texto, conforme a teoria da tradução de Komissarov (1987),

sendo que optou-se por uma tradução mais fiel ao original árabe, ocorrendo o

afastamento somente quando se considerou imprescindível para a compreensão do texto

o acréscimo de palavras ou a alteração da ordem sintática. O resultado da pesquisa é a

tradução comentada da Epístola sobre os servidores do califa, documento pioneiro da

prosa árabe clássica e singular em seu gênero. Traduzida pela primeira vez ao

português, pretende-se com esse texto contribuir ao estudo do período clássico da

civilização árabe-islâmica, no qual se desenvolveu uma prosa artística de grande

criatividade literária.

Identidade coletiva das comunidades surdas do Brasil e da Alemanha:

comparativo dos discursos midiáticos sobre inclusão de surdos no

sistema educacional

CLEIDE EMÍLIA FAYE PEDROSA

[email protected] ROMANA CASTRO ZAMBRANO

O mundo pós-moderno vive o fenômeno da globalização sem comparativo precedente.

Neste encurtamento tempo-espaço, as sociedades se aproximam e se influenciam,

deixando marcas mútuas no contato de suas culturas. Inserimos, neste contexto, esta

investigação, cuja temática central será estudar como Brasil e Alemanha se posicionam

em relação à inclusão dos surdos no sistema educacional. É sabido que este debate

circula em várias esferas discursivas, contudo, elegemos o discurso midiático e, como

suporte de materialização linguística, os textos que serão analisados para atender ao

objetivo de identificar as identidades coletivas que são (re)constituídas a partir da

comparação dos discursos veiculados na mídia dos dois países, sobre inclusão de seus

cidadãos surdos e seus direitos de pertencimentos à sua comunidade com os mesmos

direitos da sociedade majoritária. A pesquisa, com base na Linguística Aplicada em seu

víeis dos estudos sobreas práticas sociais, filia-se à Análise Crítica do Discurso (ACD)

em seu diálogo com a Sociologia para a Mudança Social (SMS) e com os Estudos

Culturais (EC). Enquadra-se no posicionamento teórico-metodológico da ACD para

desenvolver análises das práticas discursivas e sociais, respaldadas pelas demandas

linguísticas. Nessa linha, as práticas sociais em mudança (SMS) estão em relação

dialética com as práticas discursivas. Estas tanto podem moldar quanto serem moldadas

por aquelas. E ambas constituem e (re)constituem identidades coletivas (EC) que se

fragmentam e se solidificam como processos sempre em construção. As categorias de

análises contemplarão categorias linguísticas, herdeiras da Linguistica Sistêmico-

Funcional (LSF), categorias discursivas e sociais (ACD). Após análise, espera-se que os

resultados revelem as diferenças e as semelhanças nas construções identitárias coletivas

dos dois países em relação ao pertencimento dos surdos

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A Reflexão Crítica na Utilização do Manual do Professor de Língua

Inglesa

ÉLITA GOUVEA [email protected]

O presente trabalho insere-se na área de ensino reflexivo de língua estrangeira e

formação continua de professores. A pesquisadora é responsável pela escolha de

material didático na instituição em que trabalha e a necessidade de encontrar materiais

que proporcionam reflexão crítica na prática educacional levou a realização desta

pesquisa. O objetivo deste artigo é analisar se há indícios que possam levar a reflexão

crítica em um manual do professor utilizado em um curso de inglês. Para isso as

perguntas apresentadas por Liberali (2004b) foram aplicadas nesse manual na tentativa

de encontrar indícios que pudessem levar a reflexão crítica. O embasamento teórico da

pesquisa abordou princípios sobre reflexão crítica de acordo com os autores Liberali e

Zyngier (2000); Magalhães (1997); Romero (1998). Por tratar-se de uma pesquisa

relacionada ao ensino e a aprendizagem, os Parâmetros Curriculares Nacionais de

Língua Estrangeira (1998) e a perspectiva sociointeracionista de Vigotsky (1994) foram

citados. Os resultados confirmaram as hipóteses que originaram a pesquisa, uma vez

que foi possível encontrar indícios que podem levar a reflexão na utilização do manual

do professor. Contudo, o estudo evidenciou, ainda, a importância do coordenador

pedagógico na orientação de uma prática docente reflexiva.

O ensino de libras e sinalizadores ouvintes: uma análise dos

parâmetros fonológicos

LUIZ ANTONIO ZANCANARO JUNIOR

[email protected] MARIANNE ROSSI STUMPF

[email protected] Este trabalho apresenta uma análise de alterações nos parâmetros fonológicos que

adultos ouvintes, fluentes e iniciantes, usuários da língua de sinais brasileira (Libras)

como segunda língua, apresentaram durante a produção de sinais. O trabalho situa-se

no campo da linguística aplicada ao ensino de línguas, com foco no ensino da Libras. A

pesquisa apresenta uma análise das produções de dois grupos de sinalizadores ouvintes

da Libras como segunda língua (L2), um grupo de sinalizadores iniciantes e outro de

sinalizadores em nível avançado. Os parâmetros fonológicos recortados para a análise

da pesquisa foram: configuração de mão, locação e movimento. Analisou-se como a

percepção das alterações dos sinais identificadas durante o processo de aquisição

contribuem para o desenvolvimento da aprendizagem. Os participantes envolvidos

foram 12 adultos ouvintes, 6 classificados como sinalizadores iniciantes e 6 como

sinalizadores em nível avançado, na faixa etária de 21 a 30 anos que conseguiam

estabelecer comunicação satisfatória com indivíduos surdos. Para a realização da

pesquisa pediu-se que os participantes observassem uma gravura em um vídeo, sem

apresentação de sinais. Em seguida os participantes deveriam sinalizar a gravura e suas

produções foram filmadas. Para a análise foram recortados 12 sinais da produção de

cada um. A análise demonstrou que o maior número de alterações fonológicas

identificadas ocorreram no parâmetro configurações de mão. Raras foram as trocas no

parâmetro locação e algumas trocas foram observadas no parâmetro movimento. As

trocas apresentadas nos parâmetros da Libras foram menores no grupo de sinalizadores

classificados como avançados do que no grupo de sinalizadores iniciantes. A presente

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pesquisa expõe uma comparação entre dois grupos, evidenciando um padrão de

desenvolvimento da aquisição. Assim, esse estudo do processo de aquisição de

parâmetros fonológicos identifica padrões semelhantes aqueles apresentados por

crianças surdas em processo de aquisição da Libras tal qual descrito por Karnopp

(1999).

Formação de professores e Gestão de sala de aula: a riqueza do

trabalho do coordenador pedagógico.

MÔNICA GUERRA

[email protected] A formação dos professores (Liberali, 2012, 2011; Magalhães, 2010, 2011) está no

centro das discussões sobre a qualidade de educação em diferentes países. Vários

estudos nacionais e internacionais apontam que o impacto mais relevante na

aprendizagem dos alunos é o papel desempenhado pelo professor. Sendo assim, a gestão

de sala de aula é fundamental para o processo de ensino-aprendizagem. Essa

comunicação tem por objetivo apresentar a relevância do trabalho crítico reflexivo na

formação de professores com base nos pilares em gestão de sala de aula(Guerra, 2011).

Este estudo está fundamentado na Teoria Sócio-Histórico-Cultural, que compreende

que os sujeitos, historicamente, constituem-se e aos demais por meio de relações

mediadas com mundo. Foi analisado o papel da argumentação durante as reuniões de

formação de professores. Os resultados apontam que a argumentação possibilitou uma

configuração mútua de sentidos (Aguiar, 2010) nas atividades analisadas e, em alguns

momentos, oportunizou traços criativos produzindo significados compartilhados pelos

grupos.

FORMAÇÃO DO LEITOR PROFICIENTE: leitura interdisciplinar

para alunos do Ensino Médio

MARIA APARECIDA PEREIRA DE OLIVEIRA

[email protected] [email protected]

Este trabalho é um recorte de minha dissertação de Mestrado e o objetivo é demonstrar

que é possível haver um diálogo entre as áreas do conhecimentopor meio do

desenvolvimento de habilidades leitoras, ligando os conteúdos das disciplinas do Ensino

Médio, utilizando estratégias de leitura adequadas. Essas habilidades leitoras serão

desenvolvidas a partir da propositura de leitura dos gêneros discursivos que são comuns

às disciplinas, mediante a aplicação de sequências didáticas desses gêneros. Terá como

alicerce uma abordagem sociocognitiva de leitura tendo seus principais representantes

Marcuschi (2008) e Koch (1997), na concepção de bakhitiniana sobre gêneros

discursivos, por meio da proposta de sequências didáticas de Dolz e Schneuwly

(2004), além de pesquisas realizadas por Lopes-Rossi (2002) acerca do assunto. Estudos

atualizados de documentos da SEE (Secretaria do Estado da Educação) sobre a

proposta interdisciplinar e os primeiros estudos sobre a interdisciplinaridade no Brasil

representados por Japiassu (1976) e Fazenda (2002) formarão também o referenciais

teóricos deste projeto. A metodologia basear-se-á na elaboração e aplicação de um

conjunto atividades obedecendo às sequências didáticas dos gêneros discursivos

selecionados. Como uma pesquisa-ação de cunho qualitativo, pautar-se-á pela

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flexibilidade, na observação em campo, ou seja, asala de aula,em que o observador é

também participante. O instrumento central para o levantamento de elementos teóricos

são fichas de anotações e entrevista com os professores envolvidos. O trabalho será

realizado com um professor de cada disciplina do Ensino Médio, num total de 12, nas

turmas de 3º Ano do Ensino Médio de uma escola da Rede Estadual de São Paulo.

Espera-se que,com os resultados, seja verificada a eficácia do trabalho interdisciplinar

na formação de leitores com gêneros discursivos e que os professores, ao mudarem a

sua prática e adotarem novas estratégias no ensino da leitura,possam ouvir suas vozes

nos discursos dos alunos.

Leitura e produção escrita da narrativa de aventura no ensino

fundamental: uma contribuição à prática pedagógica

ELIANE CRISTINA OLIVEIRA

[email protected]

O tema desta pesquisa é o trabalho com gêneros discursivos como instrumento de

desenvolvimento de habilidades de leitura e escrita, especificamente a leitura e a

produção de narrativa de aventura por alunos do Ensino Fundamental. Tem-se

observado o baixo desempenho dos alunos em leitura e produção escrita, no geral, e a

carência de materiais de apoio para que o professor desenvolva um bom trabalho com a

narrativa de aventura. A partir do problema exposto, estabeleceu-se como objetivo geral

desta pesquisa contribuir para o trabalho didático com leitura e produção escrita da

narrativa de aventura no Ensino Fundamental. Especificamente, visa-se a: caracterizar o

gênero discursivo narrativa de aventura e elaborar sequências didáticas de leitura e de

produção escrita de narrativa de aventura que contemplem as expectativas de leitura e

de produção escrita da Matriz de Referência de São José dos Campos, além de outras

habilidades possíveis. Esta pesquisa se fundamenta nos pressupostos teóricos sobre

gêneros discursivos, sequências didáticas, habilidades de leitura e de produção escrita e,

ainda, sobre o gênero discursivo narrativa de aventura. Metodologicamente, procedeu-se

à pesquisa bibliográfica e análise qualitativa das informações teóricas e, ainda, à análise

de oito narrativas de aventura para caracterização do gênero e elaboração das sequências

didáticas. Como resultados, apresentam-se: uma seleção de oito narrativas de aventura

indicadas para a sala de aula por representarem bem o gênero e tratarem de histórias

interessantes; uma caracterização da narrativa de aventura nas suas dimensões

sociocomunicativas, linguísticas e de organização textual (em seus movimentos

retóricos), de forma que ficam bem estabelecidos os elementos do gênero que merecem

a atenção do professor nas atividades em sala de aula; e por fim sequências didáticas de

leitura e de produção escrita que possibilitam a organização do trabalho didático na

transposição de uma série de conceitos teóricos de forma viável.

Vygotsky Explica! – Uma análise da sequência didática proposta por

Scrivener à luz de pressupostos vygotskyanos

DENISE MAIA PEREIRA [email protected]

LEONARDO SARMENTO TRAVINCAS DE CASTRO [email protected]

Há uma tendência, na área de ensino de inglês como segunda língua, sobretudo por

parte de escolas que oferecem cursos livres de idiomas, em concentrar os esforços da

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qualificação discente no seu fazer em sala de aula. Em consonância com essa realidade,

há livros que instruem sobre práticas didáticas, mas que pouco informam sobre suas

bases epistemológicas. Um exemplo desse tipo de material é o livro Teaching English

(SCRIVENER 2011), no qual o autor apresenta uma sequência didática para o ensino de

inglês como segunda língua, mas não menciona que teoria(s) a sustentam. O objetivo

deste estudo é, portanto, refletir sobre uma possível fundamentação teórica que embase

a sequência didática proposta por Scrivener, à luz de pressupostos vygotskyanos. Ao

fazer isso, destacam-se os pontos de contato e distanciamento entre os dois autores, e

algumas sugestões de adaptações para a sequência didática surgem dessa análise.

Espera-se que a reflexão aqui realizada revele ao professor como o conhecimento

teórico pode contribuir para um fazer pedagógico mais criticamente embasado em prol

de um fazer mais eficiente. Para realizar esta pesquisa, realizou-se em estudo

bibliográfico sobre o professor reflexivo e, principalmente, sobre a teoria de Vygotsky.

Dividiu-se a pesquisa em duas partes. Inicialmente, analisou-se detalhadamente a

sequência proposta por Scrivener a fim de destacar suas principais características

didáticas. Em seguida, pesquisou-se elementos na obra de Vygotsky que poderiam

fornecer fundamentação teórica para tais características. Constatou-se que há vários

pontos de contato entre a prática proposta por Scrivener e elementos da teoria

vygotskyana, possibilitando o fornecimento de fundamentação teórica para boa parte da

sequência didática. Onde há divergências, adaptações foram propostas, sempre se

considerando as ideias do mestre russo.

O Pensar Alto em Grupo: as múltiplas leituras de metáforas para

promoção de um letramento crítico no ensino língua inglesa e materna

ARIANE MIECO SUGAYAMA [email protected]

PAULA FIGUEIREDO CAMPOS [email protected]

Este trabalho visa analisar a prática de leitura dialógica e colaborativa Pensar Alto em

Grupo (ZANOTTO, 1995; 2014), que vem sendo investigada e construída pelos

participantes do grupo GEIM (Grupo de Estudos da Indeterminação e da Metáfora), do

qual fazemos parte. Essa prática tem como objetivo dar voz aos alunos, de modo que

possam interpretar, a partir de seus contextos pessoais, e de negociar em grupo a

relevância das leituras de acordo com as possibilidades interpretativas que o texto

oferece. Assim, uma vez que cada aluno se posiciona de forma responsiva ativa perante

o texto, é possível que múltiplas leituras ocorram, sendo necessário que cada um

desenvolva suas reflexões e reconheça a de seus colegas como alteridades que pensam

diferente. Por isso, a ênfase desta investigação será nas múltiplas leituras de uma

metáfora no ensino de língua inglesa e materna. Assim, deixamos de lado o paradigma

do ensino-aprendizagem da leitura única, calcado numa epistemologia do monologismo,

para trabalharmos a leitura de acordo com epistemologia do dialogismo (MARKOVA,

1997; BAKHTIN, 1992). A pergunta que procuramos responder foi: Em que aspectos o

Pensar Alto em Grupo, que permite a construção de múltiplas leituras, pode contribuir

para a construção de letramentos críticos? O presente trabalho se insere num paradigma

qualitativo de pesquisa (CHIZOTTI, 2008), de orientação interpretrativista (MOITA

LOPES, 2006) e tem como instrumento metodológico o próprio Pensar Alto em Grupo.

Os sujeitos da pesquisa são: em língua inglesa, alunos do Ensino Fundamental de uma

escola estadual de Minas Gerais; enquanto, em língua materna, alunos de um curso de

extensão universitária em São Paulo. Os resultados demonstraram que as múltiplas

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leituras têm um grande potencial para que os alunos exerçam o pensamento crítico,

proveniente não de uma tentativa de homogeneização de opiniões, mas da procura de

convivência de diversas posições ideológicas.

A representação da mulher durante o período eleitoral: análise de duas

capas da revista Veja

JÉSSICA CRISTIANE PEREIRA DA SILVA

[email protected]

Vivemos em uma sociedade baseada na informação, na qual a mídia se constitui de um

importante espaço para a produção e circulação de informações. Nesse sentido,

considerando-se que a mídia transmite um recorte particular da realidade, na qual

ideologias, valores e interesses são veiculados, o que consequentemente influencia os

processos constitutivos das identidades pessoais, assim como, suas representações

sociais, esta pesquisa tem como objetivo central analisar, de uma perspectiva

bakhtiniana, o olhar que a mídia direciona à mulher durante períodos eleitorais, a partir

da verificação das construções discursivas presentes em duas capas da revista Veja. Para

tal, serão considerados a linguagem verbo-visual, o implícito e explícito, a cultura da

mídia, assim como os conceitos de enunciado concreto, signo ideológico e dialogismo,

presentes nas obras do Círculo de Bakhtin (1992; 2004). O corpus da análise se constitui

de duas capas da revista Veja: a de 16 de agosto de 2006, edição 1969; e a de 1 de

outubro de 2014, edição 2393. A análise realizada indica que as construções discursivas

presentes nas capas desvelam a ideologia da revista Veja em relação à mulher, assim

como o posicionamento político da revista. Nesse sentido, a Veja utiliza-se de uma

linguagem verbo-visual carregada de implícitos, na qual cria-se uma vinculação entre a

imagem da mulher e a ideia de que esta possui o poder de decidir o resultado das

eleições. Através dessa vinculação e das escolhas feitas pela revista em relação ao

enunciado e a linguagem verbo-visual utilizados, implicitamente a revista deixa

transparecer um discurso que questiona a capacidade das mulheres em tomar decisões

políticas. Apesar desse discurso aparecer de forma velada, ainda assim corrobora com o

fortalecimento de discursos marcados pela estereotipação e preconceito de gênero.

Livros do FNDE/PNBE (MEC): Análise dos acervos e possibilidades de

uso para atividades de leitura significativas

JULIANA ALMEIDA DA SILVA

[email protected] [email protected]

Este artigo apresenta dados de uma pesquisa sobre possibilidades de uso dos acervos

oferecidos às escolas pelo FNDE/PNBE (MEC). Os professores de Língua Portuguesa

entendem que a leitura é necessária, mas muitos manifestam dúvidas sobre como

desenvolver habilidades de leitura dos alunos e despertar o gosto pela leitura,

principalmente nos alunos do Ensino Fundamental II.O objetivo deste estudo foi fazer

um levantamento e uma análise dos acervos de livros oferecidos pelo FNDE/PNBE

(MEC) a uma escola do interior do estado de São Paulo a fim de agrupá-los por gêneros

discursivos e propor atividades de leitura significativas para que os professores usem-

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nos com mais frequência, explorando melhor suas potencialidades e fomentado a leitura

na escola.Parte-se do pressuposto de que a literatura é um direito dos alunos

(CÂNDIDO, 1995); de que a escola tem que instigar o aprendiz a ler e a fruir a

literatura, desenvolvendo um olhar mais sensível e amplo da realidade, como afirma

Pinto (2014); de que a experiência e a reflexão da leitura literária “podem ser mediadas

e socializadas no espaço da sala de aula”. (DALVI; REZENDE; JOVIER-FALEIROS,

2013, p. 13); e de que os professores podem propor procedimentos que ampliem as

habilidades de leitura dos alunos, como afirmam diversos autores. Após o agrupamento

dos livros dos acervospor temáticas e gêneros, realizou-se uma análise quantitativa dos

livros e foram propostas atividades para o desenvolvimento de leitura com cada um dos

agrupamentos, fundamentadas numa perspectiva de educação literária complexa, “no

sentido de propiciar condições, oportunidades, espaços e metodologias, de forma

rigorosa, que assegurem ao estudante explorar ao máximo as potencialidades do texto

artístico e expandir seu ângulo de percepção.” (PINTO, 2014). Assim, buscou-se

contribuir com uma prática pedagógica coerente, apoiada em fundamentação teórica

indicada para o trabalho com leitura de diversos gêneros discursivos.

Análise de cursos de formação continuada a distância de professores

de Língua Portuguesa para os novos letramentos e multiletramentos

LILIANE COSTA [email protected]

[email protected]

Este trabalho é parte de uma pesquisa de doutorado em andamento e tem por objetivo a

comparar propostas de formação continuada em âmbito estadual e federal, separadas

pelo espaço de dez anos em sua produção, comparando as características dos cursos que

buscam fomentar o desenvolvimento dos novos letramentos e multiletramentos dos

professores envolvidos nessas formações, uma vez que, no atual contexto educacional, é

urgente que os professores se apropriem de novas linguagens, novas mídias e novos

letramentos para que possam mudar forma de ensinar, para isso, é necessário levar para

sala de aula o contexto digital e tomá-lo como objeto de estudo, não apenas de forma

instrumental, mas analisando e ensinando os novos letramentos e linguagens que

circulam na internet. A sociedade mudou e os aparatos tecnológicos estão cada vez mais

presentes na vida de todos, principalmente na vida dos alunos, portanto, é necessário

que a escola incorpore as tecnologias digitais de informação e comunicação (TDIC) em

seu cotidiano e, para isso, os professores têm de refletir sobre o que incorporar aos

currículos e como fazê-lo. Assim, torna-se pertinente analisar propostas de cursos de

formação continuada que tenham estes objetivos, verificando os tipos de propostas de

aprendizagem são feitas para que novas práticas de linguagem e letramentos sejam

desenvolvidas na sala de aula. A contribuição desta pesquisa é esboçar uma reflexão

sobre as características de cursos de formação continuada a distância oferecidos a

professores por órgãos púbicos de Educação, visando a produzir conhecimento sobre

como promover o desenvolvimento de uma pedagogia voltada para os (novos)

multiletramentos que se reflita em alteração na prática dos professores e,

consequentemente, na aprendizagem dos alunos, levando a escola ao século XXI. O

pressuposto teórico que embasa a pesquisa é a pedagogia dos muliteltramentos,

proposta pelo Grupo de Nova Londres (GNL), em 1996.

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Efeitos da intervenção do adulto na construção de narrativa oral

infantil

LÉLIA ERBOLATO MELO [email protected]

O objetivo principal é observar a leitura de imagens em situação interativa na

construção de narrativa oral, antes e depois da tutela do adulto/criança. Neste sentido,

interessa-nos verificar também a disponibilidade da criança para assumir a perspectiva

do outro, e identificar as habilidades específicas, como atenção, percepção e memória

que favorecem seu desempenho. O quadro teórico converge para subtemas e autores,

como ‘imagem’ (Aumont, 2008); ‘narrativa/narração’ (Bruner, 1991, 1997 e 2014);

‘imaginação’ (Bouriau, 2006); ‘crenças’ (Perner & Wimmer, 1985); ‘condutas

explicativas na narração e efeito da tutela’ (Veneziano & Hudelot, 2005), entre outros.

A pesquisa foi realizada com 18 crianças, nas faixas etárias de 5, 8 e 10 anos de idade,

de ambos os sexos, que frequentam escola pública. A história selecionada ‘A trombada’,

extraída do livro Cabra-Cega (Eva Furnari, 2003: 10-11), constituída de quatro imagens,

sem texto, conta um episódio com começo, meio e fim entre duas personagens (um

menino e uma menina). Os dados foram transcritos segundo as normas utilizadas por

Preti e Urbano (1990). A coleta de dados se desenvolveu em três tempos: (a) narrativa

autônoma com imagens; (b) narrativa com tutela e imagens; (c) narrativa sem tutela e

imagens. Como critérios de análise utilizados, destacamos a retificação das falsas

crenças da personagem, a utilização dos liames causais dos acontecimentos, o uso dos

signos não verbais, e o encadeamento discursivo dos acontecimentos. Os resultados

obtidos evidenciam a participação efetiva do adulto na interação com a criança no

processo de reconhecimento, rememoração e interpretação das imagens. Além disso,

confirmam a sugestão de que sejam realizadas outras pesquisas com o olhar voltado

para a sala de aula.

A leitura do gênero discursivo propaganda impressa em livros

didáticos: uma abordagem ainda insuficiente

SAMANTHA CESTARI TURCI [email protected]

Esta pesquisa foi motivada pelo fato de muitos livros didáticos atuais trazerem vários

gêneros discursivos, como a propaganda impressa, como preconizam os PCN. No

entanto,quase sempre não os abordam em todas as suas propriedades constitutivas.

Assim, o tema desta pesquisa é a abordagem do gênero discursivo propaganda impressa

em atividades para leitura e interpretação em livros didáticos. O objetivo é analisar três

atividades de leitura de propaganda retiradas de dois livros didáticos para o 7° ano do

ensino fundamental e outra de um livro para o 1° ano do ensino médio, distribuídos pelo

Programa Nacional do Livro Didático (PNLD), e em uso nas escolas. Especificamente,

verifica-se se e como as atividades abordam a compreensão dos aspectos

sociocomunicativos, verbais, não verbais e dialógicos das propagandas.

Teoricamemente, a pesquisa se baseia na concepção sociocognitiva de leitura abordada

por Koch; na posição dos PCN em relação à leitura e ao trabalho com gêneros

discursivos; e nas principais características do gênero discursivo propaganda impressa

abordados os dois últimos por Bakhtin. Metodologicamente, analisa o corpus de modo

qualitativo, de acordo com a fundamentação teórica citada. Os resultados mostram que

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apenas um dos livros didáticos aborda os recursos argumentativos e o propósito

comunicativo da propaganda nas atividades de leitura propostas. Os outros livros

didáticos abordam aspectos linguísticos de forma descontextualizada, ou abordam um

ou outro aspecto sociocomunicativo das propagandas, não colocando em prática a

proposta de leitura sugerida pelo PCN. Conclui-se que os professores precisam fazer

uma leitura crítica do livro didático e, no caso dos que usam os livros didáticos

utilizados para esta pesquisa, precisam elaborar suas aulas sobre leitura do gênero

discursivo propaganda impressa com base em outros materiais, já que esses livros não

contemplam as características constitutivas da propaganda.

PRÁTICA DE LEITURA DO PENSAR ALTO EM GRUPO NA

UNIVERSIDADE: UMA CONTRIBUIÇÃO PARA A FORMAÇÃO

DO LEITOR CRÍTICO E DO PROFESSOR LETRADOR

DALVE OLIVEIRA BATISTA SANTOS [email protected]

RUY MARTINS DOS SANTOS BATISTA [email protected]

A presente pesquisa tem por objetivo investigar a prática do Pensar Alto em Grupo

(ZANOTTO, 1995; 2014), num espaço de leitura e produção textual, como

possibilitadora do desenvolvimento do leitor critico e proficiente e do professor letrador

(BORTONI, 2010). O Pensar Alto em Grupo (PAG) é uma vivência pedagógica de

leitura, que permite ao educando um posicionamento legitimo na construção de suas

múltiplas leituras, além disso, possibilita a formação de um leitor crítico e proficiente

capaz de interpretar a partir do contexto social no qual está inserido. Desta forma, esta

pesquisa vincula-se aos estudos que investigam a prática de letramento em contexto de

uso social da linguagem, buscando responder as seguintes perguntas: 1. Como a prática

de leitura do pensar alto, com um grupo focal na universidade, pode contribuir para a

formação de um leitor crítico e proficiente? 2. Qual o papel do professor enquanto

agente de letramento? Para respondermos a esses questionamentos, discutiremos os

conceitos de Vygotsky sobre ensino aprendizagem e o sujeito situado sócio-

historicamente (1991, 2006), as concepções sobre leitura (FREIRE, 1983/1986; SOLÉ,

1998) nos Novos estudos do Letramento (STREET, 1984/1995; KLEIMAN 1995/2008;

SOARES, 1998/2010), e, também, numa visão de linguagem dialogicamente constituída

(Bakhtin 2003). A pesquisa é de cunho qualitativo e de natureza interpretativista

(CHIZOTTI, 2008; MOITA LOPES, 2006) que busca por meio do aporte metodológico

Pensar Alto em Grupo (ZANOTTO, 1995), propiciar a sociabilização das leituras

construídas pelos participantes por meio da interação face-a-face. Dessa forma,

compreendemos que a prática do pensar alto possibilita o desenvolvimento da

capacidade de leitura crítica dos sujeitos envolvidos, bem como, elucida a importância

do professor letrador neste processo, pois, enquanto condutor das diversas vozes, este

agente pode possibilitar relações menos conflituosas e alunos mais autoconfia

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Aspectos culturais no ensino de PLA: uma proposta de mediação

intercultural PEDRO IVO SILVA

[email protected] [email protected]

A variedade brasileira do português vem atraindo um número crescente de aprendizes

desse idioma como língua adicional (PLA), os quais desejam integrar-se ao panorama

internacional de crescente desenvolvimento do Brasil. Para aqueles estrangeiros que

estão por aqui há mais tempo, diversas situações interculturais na aprendizagem de PLA

podem gerar dificuldades de compreensão, como palavras ou expressões ligadas a

contextos regionais, a gestos, a costumes, a vestuário, etc. Percebe-se com isso uma

intrínseca ligação entre língua e cultura, conforme os aportes teóricos de Bennett (1993;

1998); Hall (1998); Kramsch e Widdowson (1998); Paraquett (1998); Godoi (2005);

Laraia (2006). É sob a perspectiva dessa ligação que se pode questionar: como mediar a

aprendizagem intrinsecamente cultural de PLA sem que questões relacionadas à cultura

brasileira acabem por se tornar elementos secundários no ensino ou desconsiderados das

necessidades dos aprendizes? Diante disso, a presente pesquisa propõe-se a refletir

sobre processos de mediação didática associados a conceitos de multiculturalismo e

interculturalidade, dentro dos pressupostos dos estudos de natureza qualitativa

(ANDRÉ, 1995; MOREIRA, 2004; FLICK, 2009). Na sequência, pretendo discorrer

sobre tópicos interculturais surgidos na aplicação da técnica de ‘estudo de caso’

(FLICK, 2009), em que um estudante nigeriano de PLA foi sujeito de pesquisa em

entrevista semi-estruturada para a coleta de dados. A análise da entrevista identificou os

temas ‘gesto’ e ‘vestuário’ como pontos de contato cultural conflitantes em sua

aprendizagem, concluindo-se, portanto, que estes elementos podem ser motivacionais

no ensino de PLA em relação ao assunto ‘cultura’, pois emergiram do interesse do

próprio entrevistado, assim como outros temas podem emergir do interesse de demais

aprendizes por determinadas áreas ou das dificuldades / necessidades observadas pelo

professor acerca de tópicos culturais que contemplem aspectos diversos da cultura

brasileira (MENDES, 2002), a fim de otimizar a aprendizagem de PLA por meio de

uma mediação didática intercultural.

Um estudo sobre a linguagem de grupo sociais da cidade de São

Vicente: falantes e falares

MARIA DE LOURDES GASPAR TAVARES [email protected]

APARECIDA DE JESUS A. MALLAGOLI

HENRI DA SILVA SANTOS

DANIELLA TEIXEIRA LIMA

SILVIA BÁRBARA SILVEIRA DE PAULA

CIOMARA A. DOS SANTOS

ROBERTA FÉLIX DA SILVA

SANDRA REGINA DE A. DE LIMA

THIEGO ZOCCANTE DE SOUZA Esta comunicação está situada na área de Sociolinguística com vertente variacionista, na

linha de pesquisa de Linguagem e Educação. Tem por tema um estudo da modalidade

de língua oral, abrangendo a variedade diastrática, por meio de ligações com vários

tipos de falantes e situações de interação, especificamente expressões da linguagem de

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grupos sociais da cidade de São Vicente, tais como: adolescentes, auxiliares de

enfermagem, auxiliares de transporte urbano (Vans), ativistas políticos femininos de

grupos de Esquerda, evangélicos, candoblecistas, feirantes e surfistas. Busca-se um

panorama das variações do uso linguístico na linguagem dos vicentinos (Baixada

Santista), estudando-se os vários fatores socioculturais responsáveis por elas, associados

ao prestígio social da linguagem e discutindo-se os conceitos de norma culta e suas

ligações com o sistema de ensino. Está fundamentada nos pressupostos teóricos de

Labov (1972), Tarallo (1986) e Mollica (2003). A amostra é composta por um recorte

de uma pesquisa realizada por alunos do curso de Letras da Faculdade de São Vicente

(UNIBR), cujo objetivo é identificar expressões orais e cotidianas dos grupos citados.

Os resultados obtidos indicam que os falantes participantes do grupo em estudo mantêm

um vocabulário distinto, cuja linguagem figurada, rica e criativa, estabelece

satisfatoriamente a comunicação entre os falantes. Destaca-se, durante a interlocução, o

socioleto, ou seja, o uso significativo de gírias, por exemplo: cartão de crédito/0800

denomina os beneficiários do transporte gratuito, deficientes e idosos; boneco, segundo

as adolescentes, é o rapaz namorador; bagrinho, para as auxiliares de enfermagem,

nomeia o médico estagiário; olho de borracha, entre os feirantes da região, diz respeito

ao colega invejoso. Finalmente, por meio desta comunicação, espera-se contribuir para

os estudos acerca do papel da língua em seu contexto sociocultural, no domínio

pragmático-discursivo.

Análise sociorretórica de introduções de artigos científicos da área de

Moda

GABRIELA ANDRADE DE OLIVEIRA [email protected]

MARIANA CASSEMIRO [email protected]

SILVIA ANDRADE

Nesta apresentação objetivamos relatar os resultados de um estudo, cujo propósito foi

analisar introduções de artigos científicos produzidos na área de Moda, retirados dos

Anais do 9º Colóquio de Moda, a fim de verificar se os movimentos retóricos previstos

no modelo CARS (Create a Research Space) reformulado por Swales & Feak (1994)

poderiam ser encontrados nos referidos textos. Esse modelo, que foi proposto pela

primeira vez por Swales (1990) e reelaborado por Swales & Feak (1994) com o intuito

de torná-lo mais pedagógico, simplificado e utilizável para instrumentalizar alunos de

cursos de escrita acadêmica, contempla três movimentos retóricos, a saber: estabelecer o

território de pesquisa, estabelecer um nicho e ocupar o nicho, que estão frequentemente

presentes nas introduções de artigos científicos de diversas áreas do conhecimento,

conforme defendem Swales & Feak (1994). Tendo isso em vista, nosso propósito foi

observar se tais movimentos, encontrados com sucesso em áreas academicamente

estabelecidas há bastante tempo, poderiam ser verificados também nas introduções de

artigos oriundos da área de Moda, que é muito recente no cenário acadêmico. Desse

modo, a análise dos textos foi realizada à luz da teoria de análise de gêneros textuais de

abordagem sociorretórica. Embora tenha sido possível identificar os movimentos

retóricos propostos no modelo CARS nas introduções analisadas, os resultados obtidos

evidenciaram algumas peculiaridades interessantes bem próprias da área de Moda. Uma

das contribuições relevantes deste trabalho é destacar a heterogeneidade da comunidade

discursiva da área de Moda, o que pode explicar o modo no qual os textos analisados

foram produzidos.

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A argumentação (re)organizando as relações na escola: uma questão

de formação

FRANCISCO AFRANIO RODRIGUES TELES

[email protected]

FABRICIA PEREIRA TELES [email protected]

Este trabalho objetiva apresentar reflexões sobre a argumentação (re)organizando as

relações escolares em contexto de formação. Faz parte de um recorte teórico e

bibliográfico de uma pesquisa na área dos estudos da linguagem, empreendida em uma

escola pública das séries finais do Ensino Fundamental no município de Parnaíba-PI.

Inicialmente, problematiza-se a argumentação como compreensão clássica de persuasão,

conforme estudos de Aristóteles, apontando as fragilidades desse entendimento em uma

sociedade em constantes mudanças. Em seguida, trata-se a argumentação como

possibilidade crítica ou colaborativa para o âmbito da escola, a fim de contribuir com a

(re)organização das relações afetivo-cognitivas. Finaliza-se defendo a importância da

argumentação crítica para a formação nos contextos escolares. Essas discussões se

fundamentam em Liberali (2013), Leitão; Damianovic (2011), Ribeiro (2009), dentre

outros pesquisadores(as) da temática. Acredita-se que a formação na escola pode ser

transformadora a partir da produção de uma argumentação que contribua para

(re)organizar as relações na escola.

Tintas Renner, Uma Análise Semiológica Sob a Proposta de Umberto

Eco RODRIGO NUNES FEIJÓ

[email protected] [email protected]

MARION RODRIGUES DARIZ

ADRIANE PIRES RODRIGUES RAMIRES

A presente pesquisa tem como objetivo analisar como ocorre a percepção dos alunos de

quarto ano do Curso de Letras Português, da Universidade Federal do Rio Grande –

FURG, ao analisarem dois textos publicitários de marcas temporais distintas. Nosso

grupo analisou a produção dos textos confeccionados pelos alunos, em que os mesmo

cotejaram as duas imagens publicitárias de uma marca de tinta. Dentro de várias

campanhas publicitárias da marca de tinas Renner, nossa escolha se deu em uma

imagem que foi veiculada na década de 60 e outra na década de 10. Os cotejos feitos

pelos alunos, sobre os textos sincréticos, serão analisados sob a perspectiva do

semioticista Umberto Eco. Dentre vários semioticistas, Eco é o que trabalha com a

semiótica das culturas, semiótica essa que contempla e analisa a representação de fatos

culturais dentro das sociedades, na mídia impressa, televisivas, artística etc. Por

trabalhar com fatos culturais, Eco afirma que a imagem, ou signo icônico, para fins de

análise, é passível de ser decomposta em unidades menores.Eco pondera o duplo

registro, o verbal e o icônico (visual) e considera os conceitos de denotação e conotação.

Portanto, a partir desse contexto, nosso principal objetivo é analisar se alunos do quarto

ano são proficientes na leitura de textos sincréticos.

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Análise das partículas GA e WO: Um enfoque na interlíngua escrita

dos aprendizes do curso de japonês da Universidade Estadual do

Ceará (UECE) LAZARO TAVARES

[email protected] [email protected]

A presente pesquisa baseia-se em alguns dos resultados obtidos a partir de um recente

estudo realizado sobre o uso das partículas gramaticais da língua japonesa (LJ). No

idioma japonês, as partículas funcionam como elementos fundamentais na estruturação

de frases e orações, uma vez que designam funções sintáticas determinadas no interior

das mesmas, configurando, assim, o sentido da comunicação em contextos particulares.

O estudo buscou compreender, especificamente, o uso errôneo das partículas wa e ga

nas redações dos alunos do curso de extensão em LJ, como Língua Estrangeira (LE), da

Universidade Estadual do Ceará (UECE), partindo da hipótese de que certas partículas,

ao acumular variadas funções, poderiam oferecer maiores dificuldades de

aprendizagem. Para tal, conduzimos a nossa pesquisa através de estudos que envolvem a

hipótese da Análise de Erros e a teoria da Interlíngua, à luz de teóricos como Corder

(1964), Selinker (1972), Praxedes (2007), Mukai (2009), entre outros. O corpus foi

formado por trinta e quatro textos escritos produzidos por vinte e seis alunos em seus

diferentes estágios de instrução. Os dados foram analisados quantitativamente e

qualitativamente através da coleta das redações (sakubun, em japonês) e de entrevistas

feitas com avaliadores nativos japoneses, responsáveis pela indicação dos erros nessas

redações. As produções escritas foram realizadas em um contexto de sala de aula, que

envolvia temas diversos, propostos pelos professores nas avaliações escritas (tesuto,

“prova”) ou em forma de dever de casa (shukudai). Ao analisar nosso corpus, notamos

que, de maneira geral, os aprendizes utilizavam adequadamente as partículas

supracitadas, no entanto, o seu uso era limitado a certas funções gramaticais. Quando as

utilizaram de forma errônea, trocaram-nas por outras partículas da sintaxe da LJ. Além

disso, conforme os resultados, percebemos que, de acordo com o estado da arte, há a

necessidade de um estudo que investigue o uso das partículas ga e wo, isso porque,

tanto uma quanto a outra podem ser marcadoras do objeto direto da oração (caso

acusativo), no entanto, como alguns alunos fazem usos indiferenciados entre os verbos

transitivos e intransitivos – que no idioma japonês ocasiona uma mudança no uso entre

as mesmas – evidenciou-se que o estudo de ga e wo configura-se como mais uma

evidência da dificuldade em relação ao uso desses elementos e da importância destes

itens como foco de nosso estudo.

Percepções de professores em formação sobre o ensino de língua

inglesa pelo viés do Letramento Crítico

ANA CLAUDIA TURCATO DE OLIVEIRA [email protected]

[email protected]

As Orientações Curriculares Nacionais para o Ensino Médio (OCEM) destacam a

importância de se trabalhar o ensino da Língua Inglesa (LI) numa perspectiva crítica,

objetivando a transformação do educando através de sua participação ativa na

comunidade (Mattos, 2014). Ferraz (2014) argumenta que os alunos, nas aulas de

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Inglês, não são incentivados a produzirem conhecimento, mas a reproduzirem as ideias

expostas pelos professores. Neste sentido, almejamos discutir algumas percepções de

professores integrantes do Grupo de Estudos do Letramento Crítico e Ensino de Língua

Inglesa (Gelcli), sobre o ensino de Língua Inglesa como língua adicional e a sua

contribuição para a formação de cidadã críticos. Esse grupo conta com a participação de

professores de Inglês da Rede Pública de ensino do estado do Tocantins e alunos da

disciplina de Prática de Ensino e Estágio Supervisionado IV. Para a realização deste

estudo de caso, de natureza qualitativa, de base exploratória, utilizamos como

fundamentação teórica as concepções do Letramento Crítico e Multiletramento

cotejadas por (COPE & KALANTZIS, 2000; LUKE & FREEBODY,1997; MONTE

MÓR, 2009, 2012; DUBOC E FERRAZ, 2011; MATTOS, 2011, 2014) entre outros.

Esses autores enfatizam a importância da contribuição da escola para a transformação

do indivíduo através de uma educação para a cidadania. Os primeiros resultados

apontam que a maioria dos professores em serviço dedicam-se mais à formação

linguística de seus alunos, por acreditarem que é o papel mais importante da disciplina,

outros devido às criticas advindas no próprio contexto de trabalho. Porém, há alguns

professores e estagiários que reconhecem a relevância de fomentar discussões que

promovam a construção de cidadania em sala de aula e aproveitam as “brechas” para

promover momentos de discussões que envolvam questões locais e globais.

Um componente curricular visando à formação crítico-reflexiva de

professores: Aprendizagem crítico-reflexiva

MARIA INÊS FELICE

[email protected] [email protected]

Segundo a lei de Diretrizes e Bases da Educação Brasileira (1996), a Educação Superior

tem, como objetivos principais, formar indivíduos capazes de se inserir nos setores

profissionais, participar do desenvolvimento da sociedade brasileira e estimular o

desenvolvimento do espírito científico e do pensamento reflexivo. Para a elaboração do

Projeto Político Pedagógico do Curso de Letras da Universidade Federal de Uberlândia,

o Colegiado do Curso de Letras tomou, como princípio da formação de professores de

línguas, a aprendizagem crítico-reflexiva. Para tal, criaram um componente curricular

que levasse os professores de línguas em formação a refletir sobre a necessidade de uma

formação contínua, pois serão indivíduos capazes de “aprender a aprender”, de assumir

os direitos e deveres da liberdade. A pesquisa aqui apresentada é resultado de várias

pesquisas de Iniciação Científica e Mestrado de meus orientandos que tiveram por

objetivo observar, analisar e discutir vários aspectos desse componente curricular, tais

como a autonomia dos professores em formação, demonstrada por intermédio

apresentação de portfólios, a prática da reflexão crítica por meio de diários reflexivos e

a avaliação formativa, trabalhada em sala com instrumentos variados, como a auto e a

co-avaliação. Os trabalhos foram analisados à luz do interacionismo sociodiscursivo de

Bronckart. Os resultados obtidos têm demonstrado que a maioria dos estudantes

assimilam muito bem essa abordagem metodológica, apresentando alto nível de

progresso, engajamento e desenvolvimento durante o semestre da disciplina Língua

Francesa: Aprendizagem crítico-reflexiva, assim como ao longo do curso.

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Perspectivas de uso de gêneros textuais em aulas de leitura

instrumental em Língua Inglesa

SARA LORRANE COSTA DE OLIVEIRA [email protected]

LARISSA CAROLINE RIBEIRO

MARCO AURÉLIO COSTA PONTES [email protected]

No presente trabalho objetiva-se compartilhar experiências em aulas de Leitura

Instrumental em Língua Inglesa, ministradas por alunos-professores, dentro da

disciplina “Estágio Supervisionado de Inglês para Fins Específicos”, do curso de Letras

da Universidade Federal de Uberlândia. O minicurso, que durou 20h, foi oferecido à

comunidade acadêmica e geral, como projeto de extensão, objetivando desenvolver a

habilidade de leitura em Língua Inglesa para uma compreensão geral, e a identificação

de informações específicas em textos de gêneros variados, baseando em estratégias de

leitura, vocabulário e gramática contextualizada, ou seja, partindo de textos. A presente

pesquisa se classifica como qualitativa (DEMO, 2009), pois visa entender os fenômenos

de acordo com as perspectivas dos alunos participantes. Consideramos a pesquisa,

ainda, dentro da modalidade participante (SEVERINO, 2007), pois as observações não

foram passivas e envolveram interação entre os integrantes, ou seja, foram realizadas

observação das aulas ministradas, aplicação de questionário semiestruturado e diários

reflexivos. O Inglês para Fins Específicos foi a abordagem que norteou o

desenvolvimento do minicurso, enfatizando as necessidades do aluno, partindo do

pressuposto de que “o ensino vai estar focado naquilo que ao aluno precisa saber para

poder atuar na situação-alvo [...], ele vai aprender a língua para desempenhar tarefas

específicas em situações pré-determinadas” (DINIZ; MARCHESAN, 2010). Os

professores, que são aqueles quem desempenham múltiplos papéis, tais como

colaborador, orientador e facilitador da aprendizagem dos alunos (DUDLEY EVANS;

ST JOHN, 1998), resolveram que durante o curso seriam trabalhadas estratégias de

leitura relacionadas a vários gêneros, por exemplo, as estratégias skimming e scanning

que foram trabalhadas com o gênero Abstract. O feedback recebido ao final do curso foi

positivo, pois alunos e professores atingiram seus objetivos de identificar elementos

específicos em textos variados e obter resultados satisfatórios no ensino.

Uma análise preliminar do desenvolvimento da capacidade de ação na

produção do gênero “artigo científico” da área de estudos literários em

língua francesa JACI BRASIL TONELLI [email protected]

A questão da escrita acadêmica tem ganhado destaque no contexto universitário, os

pesquisadores têm refletido sobre os textos que os estudantes devem produzir para

prosseguir seus estudos e de que maneira eles podem ser ensinados e aprendidos. Nesta

comunicação, temos por objetivo apresentar uma análise preliminar do desenvolvimento

das capacidades de ação dos alunos ao produzir artigos científicos da área de estudos

literários. O corpus analisado foi recolhido no decorrer de um semestre em que foi

aplicada uma sequência didáticadestinada aos estudantes do último ano da graduação

em Letras (habilitação em francês), que visava ensinar a produzir um artigo científico

em francês. Para desenvolver esta pesquisa, apoiamo-nos nos conceitos do

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interacionismo sociodiscursivo (Bronckart, 1999/2012), que tem como uma de suas

bases os estudos de Vigostki (1998). Para elaborar a sequência didática, realizamos as

seguintes etapas: primeiramente, recolhemos artigos científicos em francês de revistas

acadêmicas pertencentes ao campo dos estudos literários, de modo a constituir o corpus.

Em seguida, a análise desse corpus foi realizada a partir do modelo da arquitetura

textual (Bronckart, 1999/2012). A partir dessas análises e também de estudos

desenvolvidos sobre a escrita acadêmica (Motta-Roth e Hendges, 2010; Machado,

Lousada e Abreu-Tardelli, 2005), construímos o modelo didático do gênero (Schneuwly

e Dolz, 2004), que determina suas características ensináveis. No decorrer do semestre,

os alunos produziram uma primeira versão de seus artigos que nos informou o que eles

já sabiam sobre esse gênero textual para que pudéssemos, a partir dessa análise e do

modelo didático do gênero, propor uma sequência didática visando ao desenvolvimento

das capacidades de linguagem (Dolz, Pasquier e Bronckart, 2004) dos alunos, sendo a

capacidade de ação uma delas. Em nossa comunicação, mostraremos a análise

preliminar de algumas produções dos alunos para discutir em que medida há

desenvolvimento da capacidade de ação dos alunos.

Avaliatividade como recurso semântico em crônicas: uma análise das

escolhas léxico-gramaticais de atitude

MARIA APARECIDA FERREIRA DA SILVA [email protected]

MARIA DO ROSÁRIO DA SILVA ALBUQUERQUE BARBOSA

Este estudo objetiva investigar o uso de elementos linguístico-avaliativos em crônicas

produzidas por alunos do Ensino Fundamental e Médio de escolas públicas brasileiras

das cinco Regiões Brasileiras. Todas as crônicas que foram finalistas das Olimpíadas de

Língua Portuguesa Escrevendo o Futuro. Para fundamentar esta pesquisa, utilizamos a

Linguística Sistêmico-Funcional, proposta por HALLIDAY (1985, 1994), uma vez que

esta teoria preocupa-se com o estudo da linguagem, considerando-a uma prática social

para criar significados HALLIDAY (1985, 1994); mais especificamente, a teoria da

avaliatividade (MARTIM & WHITE, 2005), com foco no subsistema da Atitude, que

remete à expressividade linguística das avaliações positivas e negativas, relacionadas a

aspectos subjetivos, como a emoção, a ética e a estética. A avaliatividade tem suas

ramificações da Linguística Sistêmico Funcional (HALLIDAY & MATHIESSEN,

2004) notadamente na metafunção interpessoal, cuja preocupação está focada no lado

interpessoal da linguagem, à presença subjetiva dos escritores/falantes nos textos, na

medida em que adotam posições com relação ao material que eles apresentam e àqueles

com quem eles se comunicam. Para tal propósito, será feita a análise da estrutura

genérica das crônicas produzidas pelos escolares e sua relação com a estrutura da

narrativa. Uma análise inicial sinaliza a forte presença das categorias semânticas de

afeto e de apreciação, a partir das quais os estudantes podem demonstrar, através dos

recursos léxico-gramaticais, disponibilizados pela língua, suas avaliações peculiares a

respeito dos contextos nos quais estão inseridos. Trata-se, portanto, de uma pesquisa de

caráter quantitativo e qualitativo, pois se busca caracterizar diferentes modalidades de

coleta de informações por meio do programa computacional WordSmith Tools

(SCOTT, 2010). Estudos esses que consideramos relevantes, visto que quanto maior o

conhecimento do potencial linguístico desses recursos, nas atividades de leitura e

escrita, desenvolvidas na escola, maior a possibilidade de êxito dos estudantes, durante

os processos de interação nos diversos contextos sociais.

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Coaching instrucional: uma “nova” abordagem para a formação

continuada de professores de línguas estrangeiras no Brasil

ALEX GARCIA DA CUNHA [email protected]

[email protected]

Nesta comunicação, apresento uma pesquisa qualitativa que investigou a experiência de

o coaching instrucional (Barkley, 2005; Knight, 2004, 2005, 2006, 2007, 2009) na

formação continuada em serviço de uma professora de inglês da rede pública que

buscou implantar o Ensino Comunicativo de Línguas Estrangeiras (Richards, 2006) em

uma de suas turmas de ensino fundamental. Essa professora possuía, então, baixo

desempenho linguístico-comunicativo em inglês e abordagem de ensinar pautada em

gramática-tradução. A oferta do coaching instrucional e a coleta de dados aconteceram

de março de 2012 a fevereiro de 2013, por meio de gravações em áudio, entrevistas

semiestruturadas, questionários e documentos. Os dados foram categorizados e

analisados à luz do construto teórico de experiência (Gelter, 2010; Miccoli, 1997, 2010)

e indicaram resultados promissores, quais sejam: o coaching instrucional contribuiu

para que a professora desenvolvesse tanto sua abordagem de ensino quanto seu

desempenho linguístico-comunicativo em inglês. Ademais, contribuiu para a melhoria

da sua relação com os alunos. Em face disso, proponho que novos estudos sejam feitos

acerca do coaching instrucional enquanto abordagem de formação continuada em

serviço em nosso país.

A compreensão dos sentidos na charge: questões metodológicas

TAMIRIS MACHADO GONÇALVES [email protected]

O interesse pela compreensão da charge teve sua origem em uma dissertação de

mestrado intitulada “Vozes sociais em confronto: sentidos polêmicos construídos

discursivamente na produção e recepção de charges”, defendida em janeiro de 2015.

Nessa investigação, foram analisadas charges polêmicas. Explorou-se como se edifica o

sentido especificamente em charges que apresentam divergência entre o possível efeito

de sentido pretendido pela articulação dos elementos verbo-visuais da charge e as

leituras realizadas por seus interlocutores. O caminho de investigação percorrido na

dissertação aumentou o interesse por esse objeto. Assim, o presente trabalho tem como

tema compreender a charge sob a perspectiva dos postulados de Bakhtin e seu Círculo,

sobretudo das noções de signo ideológico, gêneros discursivos e vozes sociais. A partir

do estudo de duas charges de Carlos Latuff, publicadas uma em 2014 e outra em 2015

no endereço eletrônico Sul 21, busca-se entender a atividade enunciativa que as

constitui: quais recursos são mobilizados para a edificação de seus sentidos. Para tanto,

verificar-se-á como se dão as relações dialógicas entre as charges e os enunciados

anteriores que com elas se relacionam para se constituir como gênero na cadeia da

comunicação discursiva. Com as discussões em torno dos sentidos construídos, será

possível perceber que, conforme a teoria bakhtiniana, que subsidia esta reflexão, todo

discurso é dialógico, isto é, todo discurso estabelece uma necessária relação com outros

discursos, desencadeando diferentes sentidos. Talvez o que particularize a charge é que,

muitas vezes de modo velado, ela recupera valorativamente temas da atualidade que, se

não identificados pelo leitor, prejudicarão o entendimento dos sentidos veiculados,

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especialmente quanto ao seu projeto enunciativo de estabelecer uma crítica sobre um

dado tema.

Ethos e cenas de enunciação no conto Insônia, de Lúcia Bettencourt

DÉBORA MATOS ALAUK

[email protected] [email protected]

A presente pesquisa tem por objetivo analisar as cenas da enunciação e a constituição do

ethos no conto, Insônia, da escritora carioca premiada Lúcia Bettencourt, seguindo o

eixo teórico da Análise do Discurso, conforme Mainguenau (2014), Discini (2003) e

Amossy (2014). O conto narra a história de uma mulher que sofre de insônia e que, em

uma das noites de tormenta, começa a refletir sobre as situações da vida. Ao caminhar

na sua casa encontra um jovem e inicia uma conversa peculiar e intelectual. O diálogo é

interrompido pelo chamado de outros amigos para irem à Missa Galo. Após esse evento,

ocorre uma alteração no estado psicológico da protagonista que adormece sonhando

sobre aquela noite. O conto apresenta marcas de intertextualidade com o texto de

Machado de Assis denominado Missa do Galo, traço importante para a construção das

cenas de enunciação a serem analisadas. Em relação à formação do ethos da mulher, em

contexto com as diversas cenas de enunciação como é expresso no trecho: "Insone, me

revirava na cama grande demais para o quarto. Era uma cama antiga, de dossel,

esculpida numa madeira escura, quase negra.", percebe-se um ethos de uma personagem

incomodada e reflexiva.

Por uma formação continuada significativa

ISABEL TEIXEIRA [email protected]

[email protected]

Enormes são as exigências que recaem sobre o professor em dias atuais. Almeja-se que

um educador bem qualificado seja nada menos do que um excelente mediador,

pesquisador, problematizador e esteja em constante desenvolvimento profissional.

Entretanto, faz-se necessário avaliar até que ponto os modelos de formação continuada

atuais (alicerçados, em sua grande maioria, em moldes tecnicistas) promovem uma

preparação de docentes com tal perfil (Imbernón, 2010). De fato, auxiliar o professor, e,

mais especificamente, o docente de Língua Estrangeira a tornar o ensino de um idioma

estrangeiro mais contextualizado bem como oferecer ferramentas para reflexão

consistente de sua prática constitui-se em um grande desafio. Essa pesquisa tem como

objetivo discutir uma proposta de conscientização do professor a fim de entender sua

prática de ensino , isto é, sua abordagem (Almeida Filho, 2010) e buscar por novas

propostas metodológicas por meio de implementação de projetos (Hernandez, 1996) por

meio de sessões de planejamento e reflexão que além de privilegiar uma formação feita

em loco (Nóvoa, 2009) preparam os professores a se tornar investigadores de sua

própria prática.

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Textos multimodais no ensino de língua portuguesa: uma análise

crítico-reflexiva do livro didático e PNLD

LUCIMAR PINHEIRO SAMPAIO (NECAL/UNB) [email protected]

Como as formas de comunicação evoluem, ganham novos aspectos, finalidades,

instrumentos, a forma de estudar a linguagem também deve sofrer alterações. Analisar

imagens, músicas, infográficos, charges, entre outros gêneros textuais e produzi-los

retira o processo ensino/aprendizagem do tratamento formal - texto escrito verbal e

interpretação - ampliando o conceito e aplicabilidade da linguagem. Os livros didáticos,

por sua vez, a partir do que pressupõe o Programa Nacional do Livro Didático, têm

papel fundamental na prática de ensino em Língua Portuguesa, pois é um instrumento

que deve subsidiar o trabalho do educador e contribuir para que ele desenvolva suas

propostas. Nesta perspectiva, este trabalho é o resultado de uma pesquisa qualitativa que

teve como objetivo analisar como textos multimodais se apresentam em livros didáticos

de Língua Portuguesa. Para isso, foi realizada uma análise documental crítico-reflexiva

do referido Programa, de um livro didático de Língua Portuguesa e do Guia de Livros

Didáticos – documento norteador do PNLD - em consonância com uma abordagem

etnográfica realizada por meio de questionário e entrevistas semiestruturadas com

professores da rede de ensino onde foi adotado o livro que é objeto desta pesquisa. A

partir destas coletas e análises surgiram algumas conclusões e proposições que poderão

contribuir nas próximas edições do PNLD, do GLD de língua portuguesa – Ensino

Fundamental anos finais – e, consequentemente, das obras didáticas que dele fazem

parte.

Leitura, texto literário e transitividade: uma análise dos processos

mentais no conto "O ladrão" de Mário de Andrade

ANDERSON DE SANTANA LINS

[email protected] MARIA DO ROSÁRIO BARBOSA DA SILVA ALBUQUERQUE

A presente pesquisa objetiva investigar o uso dos elementos de transitividade –

participantes, processos mentais e circunstâncias – no conto “O ladrão” de Mário de

Andrade e sua relação com a formação do leitor crítico. A escolha do gênero conto se

deu, sobretudo, pelo fato desse tipo de gênero textual – além de ser literário – possuir

um caráter ideológico e cultural que reflete a sociedade. Além disso, pretende-se

discutir a estrutura do conto literário sob a ótica laboviana a qual propõe um modelo de

análise das narrativas, permitindo que este gênero discursivo seja abordado, em sala de

aula, de forma didática e seguindo uma estrutura genérica. A partir disso, a pesquisa é

embasada à luz da Linguística Sistêmico-Funcional, especificamente o sistema de

transitividade – proposta por Halliday (1994) e Halliday & Mathiessen (2004) –. A

Linguística Sistêmico-Funcional, proposta por Halliday (1985, 1994), preocupa-se com

o estudo da linguagem, considerando-a uma prática social para criar significados.

Halliday (1985, 1994) compreende a língua como um sistema semiótico social. Dessa

forma, a língua é descrita muito mais como um recurso para a significação do que como

um sistema de regras, e a gramática organiza as funções da linguagem realizadas pelo

falante. Além disso, utilizamos os estudos e Labov e Walestky(1972) e Martin e Rose

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(2008) sobre a organização da narrativa. Espera-se, por meio deste estudo, trazer

contribuições para os estudos não só linguísticos, mas também literários, promovendo a

valorização da Linguística Aplicada ao ensino de Língua Portuguesa articulada com

ensino da Literatura. Diante dos resultados encontrados, foi possível observar que o

narrador onisciente utiliza os processos mentais com o intuito de pormenorizar as

nuances psicológicas que acometem as personagens diante dos fatos que sucedem na

narrativa. Afinal, tais processos são de natureza cognitiva e, portanto, exprimem as

emoções, pensamentos e desejo das personagens envolvidas na oração.

A análise linguística como um caminho para o ensino e aprendizagem

de produção textual

MÁRCIO REIS SALES [email protected]

[email protected]

O alcance da proficiência na escrita passa pelo conhecimento e domínio dos

mecanismos de coesão e coerência textuais, que são essenciais no processo de interação

enunciador – co-enunciador. Para que essa interação seja bem sucedida, o enunciador

deve cuidar da coesão textual, ou seja, da organização linear do texto, através de

elementos linguísticos responsáveis por processos de sequenciação capazes de constituir

relações de sentido entre os enunciados. Além disso, deve estabelecer a coerência, ao

criar a organização dos níveis de sentido no nível cognitivo. É comum depararmos com

redações de alunos com problemas no uso desses elementos linguísticos. O objetivo

deste trabalho é apresentar a análise linguística de textos de alunos do Ensino

Fundamental sob a perspectiva da Coesão e Coerência, observando seus problemas no

que se refere aos elementos linguísticos responsáveis pela tessitura do texto e sua

unidade significativa. Buscamos então, calcados nos estudos de Linguística Textual, em

especial os realizados por Ingedore G. Koch (2004) e Leonor Fávero (2007) e nas

Gramáticas de Celso Cunha e Luís F. Lindley Cintra (2001) e Evanildo Bechara (2001),

levantar os principais problemas relacionados aos aspectos da coesão e coerência

textuais e, a partir deles, aplicar proposta de intervenção com atividades de escrita

textual. Por fim, analisamos sua eficácia e da intervenção, baseada na análise

linguística, e sua colaboração no processo de produção de textos coesos e coerente por

alunos do Ensino Fundamental.

Retextualização: uma reflexão sobre a adequação linguística e

semântica na produção do texto escolar

LENI NOBRE DE OLIVEIRA [email protected]

ÉRICA DANIELA DE ARAÚJO [email protected]

RAQUEL AFONSO

Uma das preocupações dos professores em geral é a inadequação sintática, morfológica

e semântica de textos de estudantes, principalmente na escola básica. Nos últimos anos,

esse fator tornou-se um desafio para os profissionais da área de Linguagens, códigos e

suas tecnologias, a partir do momento em que o ENEM passou a ser o instrumento de

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seleção para o acesso a cursos superiores no país. Isso porque a redação do ENEM exige

um redator fluente no idioma, com habilidades para articular informações escritas em

norma culta de forma a defender uma hipótese por meio de argumentos e ainda propor

uma interferência para o problema. E os resultados da última edição do ENEM mostram

a distância entre esse redator ideal e o redator que encontramos, em sua maioria, na

escola básica. No presente trabalho, propomos apresentar e discutir os resultados de

uma pesquisa-piloto sobre a aplicação de um modelo de retextualização de redações

produzidas por uma população de alunos do 3º ano do Ensino Técnico-Integrado de

uma escola técnica federal, com o objetivo de melhorar o índice de adequação sintática,

semântica e morfológica da produção dos estudantes. Pretendemos demonstrar que, por

meio da coletivização das redações dos estudantes e da reflexão sobre as

impropriedades na escrita em norma culta, é possível melhorar a qualidade da produção

de texto escolar e a performance do professor, ao mesmo tempo em que se comprova

que desvios sintáticos, ortográficos e semânticos denunciam deficiências de formação

de leitores e suas conseqüências na escrita e no letramento escolar.

O gênero comentário em sala de aula: contribuições para o ensino de

Língua Portuguesa

FRANCIELI APARECIDA DIAS [email protected]

MATHEUS HENRIQUE DUARTE

LUCAS MARIANO DE JESUS

As novas formas de organização da sociedade pressupõem um novo posicionamento da

escola no processo de formação dos educandos, tendo em vista a função e a

responsabilidade de se garantir o acesso aos saberes linguísticos/discursivos necessários

para o exercício da cidadania (PCN, 1997). Dessa maneira, para atender às demandas

atuais e à diversidade social, cada vez mais são discutidas metodologias de ensino

capazes de trazer inovações e de favorecer o processo de aprendizagem dos educandos.

Sendo assim, o presente trabalho tem por objetivo refletir sobre as contribuições do

gênero comentário na formação de educandos do 9º ano do Ensino Fundamental de uma

escola da rede pública de ensino. Para a consecução do objetivo proposto, empreendeu-

se uma pesquisa de cunho teórico, pautada nos autores Melo (1985), Costa (2008),

Santos e Alves Filho (2012), que fazem considerações sobre o gênero comentário, entre

outros. Para complementar o trabalho, foi aplicado um projeto de intervenção

envolvendo atividades didáticas acerca da temática violência, que contemplaram a

produção de comentários com a exposição do ponto de vista dos alunos sobre a questão

discutida. A partir disso, foi possível constatar que o trabalho com o gênero comentário

propiciou contribuições diversas para o aperfeiçoamento de habilidades

linguísticas/discursivas, tais como: liberdade de expressão, emissão de ponto de vista

contraditório (o que permite uma análise ideológica de ideias preconceituosas),

mudança de posicionamento, (não)atendimento às características constitutivas do

gênero (adequação ao gênero, marcas da oralidade, grafia das palavras, etc. para

posteriores intervenções). Observou-se, também, o envolvimento com a atividade

proposta, o que apontou para resultados muito positivos tendo em vista o papel da

escola de formar cidadãos capazes de se manifestarem conscientemente por meio da

língua.

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Prova Brasil: até onde se pode ir

ELEXANDRA MARTINS DE SOUZA AMARAL [email protected]

A fim de analisar a Prova Brasil, exame aplicado aos alunos do 5º e do 9º anos do

Ensino Fundamental e aos estudantes do 3º ano do Ensino Médio da rede pública,

enquanto ferramenta de avaliação e as responsabilidades que a cercam, propus o

subprojeto Prova Brasil e ensino básico – limites e responsabilidades. Para desenvolver

o projeto foram cumpridas as seguintes metas: análise da edição de 2013 da Prova

Brasil e comparação com o conteúdo programático exigido pelo MEC;

acompanhamento de uma classe para verificar a preparação dos alunos do 9º ano para o

exame aplicado em 2013 e entrevista a alunos e docentes acerca da prova. O referido

trabalho está ancorado em HADJI (2001), KOCH e ELIAS (2006), JUCHUN (2009) e

KEMIAC (2011). Foi constatado que: 1) para a maioria dos professores e dos alunos

entrevistados, a Prova Brasil é apenas uma preparação para o Enem; 2) não há uma

preparação específica para a prova; 3) o conteúdo aplicado destoa do que é cobrado nas

orientações oficiais; 4) nas escolas em que a gramática é aliada à interpretação textual e

a projeto (s) cultural (is), o aproveitamento dos alunos é maior.

A linguística aplicada nas pesquisas sobre formação de professor e

interculturalidade: impactos e enfoques

PATRÍCIA ARGÔLO ROSA [email protected]

[email protected]

A partir dos anos noventa os estudos sobre formação de professor e interculturalidade

ganham ênfase na Linguística Aplicada. São temas que abrem espaços para a reflexão

do uso da linguagem em contextos que buscam intervenções que vão além das questões

de ensino e aprendizagem. Neste sentido, o presente trabalho objetiva responder a

seguinte pergunta: Queimpactos e enfoques possuem os temas ‘Formação de Professor’

e ‘Interculturalidade’ quando pesquisados na área da Linguística Aplicada? A

metodologia segue os princípios de análise de conteúdo (BARDIN, 1977). Foram

identificados, através do banco de teses da Capes e dos periódicos brasileiros, que estão

disponíveis online (Revista de Documentação de Estudos em Linguística Teórica e

Aplicada, Caminhos em Linguística Aplicada, Horizontes de Linguística Aplicada,

Linguagem & Ensino, Revista Brasileira de Linguística Aplicada, e The ESPecialist),

um número considerável de inquietações que vão abarcar enfoques diversos, como por

exemplo: questões de gênero e identidade, políticas públicas e gestão, trabalho docente,

entre outras. O impacto da Linguística Aplicada, não somente nas pesquisas sobre

‘Formação de Professor’ e ‘Interculturalidade’, mas sobre todas as demais, recai em

cada intervenção que responde aos problemas da linguagem; em cada ação que exerce

uma influência positiva; em cada problematização e em cada reflexão que se faz

repensar e desconstruir a vida no contexto social.

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O videogame Trace Effectts: uma nova perspectiva para o ensino de

língua inglesa

JULIANA LUCIA DO AMARAL MOLNR GARRIDO DO NASCIMENTO [email protected] [email protected]

Atualmente é cada vez mais crescente o interesse por recursos online dedicados à

aprendizagem de língua inglesa, sendo estes, muitas vezes, utilizados em sala de aula

por professores, visando motivar e promover maior engajamento pelos alunos. O

governo norte-americano apoiou o desenvolvimento do videogame Trace Effects, que

objetiva complementar o processo de ensino-aprendizagem da língua inglesa, bem como

disseminar seu aprendizado em diversos países, dado que o jogo está disponível online e

é também distribuído em DVD pela embaixada americana para escolas conveniadas.

Considerando que algumas escolas estão usando este jogo como recurso didático em

sala de aula, somado ao desconhecimento sobre ele por parte dos docentes, buscamos

investigar como ele pode contribuir para a aprendizagem, pois a maioria dos jogos

online se restringe a aspectos lexicais e gramaticais embasando-se, muitas vezes, em

uma perspectiva estruturalista de linguagem. Os dados que compõem o corpus desta

pesquisa foram analisados utilizando-se um formulário de critérios para avaliação de

cursos online envolvendo aspectos didático-pedagógicos e ergonômicos. Esta análise

está embasada na perspectiva histórico-cultural e nos princípios educacionais presentes

em bons videogames discutidos por James Paul Gee. Os resultados mostraram que o

aluno, ao assumir a identidade do personagem principal deste videogame, passa a

interagir no ambiente virtual de forma comunicativa. Ademais, o enredo, bem como o

design gráfico do jogo são motivadores, levando o aluno a se engajar mais facilmente

nesta atividade. Além disso, o jogo também permite jogar com outros alunos

(multiplayer game), e praticar a língua por meio de exercícios de vocabulário, gramática

e compreensão do enredo. Ao mesmo tempo, as escolhas linguísticas necessárias para o

cumprimento de tarefas promove a habilidade comunicativa num contexto de situações

reais. O jogo apenas não permite a prática da habilidade oral. Conclui-se, assim, que

este jogo revela-se promissor para o ensino de língua inglesa.

O impacto dos estudos sobre identidade na prática pedagógica de

professores de línguas na escola

WALESCA AFONSO AVES PÔRTO

[email protected] [email protected]

MARIANA R. MASTRELLA-DE-ANDRADE

Esta pesquisa tem por objetivo investigar o impacto dos estudos sobre identidades na

prática pedagógica de professores de línguas no Distrito Federal. Como suporte teórico,

nos baseamos nas premissas de que a linguagem é uma prática social e as identidades

são construídas nos discursos, dentro de um contexto social regido por relações

assimétricas de poder. Elas são, portanto, múltiplas, cambiantes, fluidas e heterogêneas

(HALL, 2014; MASTRELLA-DE-ANDRADE, 2013; NORTON e TOOHEY, 2001;

SILVA, 2011; WOODWARD, 2011). Nesse sentido, a sala de aula é um espaço social

de construção de identidades e também local importante para problematização e

desnaturalização das identidades sociais, das práticas discursivas e das ‘verdades’ que as

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constroem. Acreditamos, assim, que nós professores temos influência na construção de

identidades dos alunos, bem como estes, por sua vez, influenciam nossas identidades,

sendo, portanto, necessário trabalhar e refletir, coletivamente, sobre as diversidades e as

múltiplas identidades encontradas na sala de aula, enfocando preconceitos e injustiças

sociais. Contudo, para isso, é necessário qualificação de professores baseada na

pluralidade, no hibridismo e no multiculturalismo (BRENNEISEN; TARINI, 2008;

KUBOTA, 2013). Assim, este estudo qualitativo (DENZIN & LINCOLN, 2006;

FLICK, 2009), de caráter interpretativista (MOITA LOPES, 1994), analisa o potencial

impacto que os estudos sobre identidades, por meio de um curso de formação

continuada intitulado “Identidade e ensino-aprendizagem de línguas”, podem ter sobre a

prática pedagógica de professores de línguas. Pretende-se, dessa forma, analisar as

mudanças, os desafios e as dificuldades que os próprios professores relatam identificar

em sua prática pedagógica, bem como seus pontos de vista sobre identidades e

diferenças e suas maneiras de lidar com elas em sala de aula. Este estudo busca ainda

contribuir para o desenvolvimento de pesquisas com foco em identidade na Linguística

Aplicada contemporânea, além de buscar novas reflexões sobre a questão identitária no

ensino-aprendizagem de língua estrangeira.

Avaliação externa e linguagem: uma leitura discursiva do SAERJ

GABRIEL CARDOSO COELHO SANT’ANA [email protected]

[email protected]

Como toda avaliação de larga escala (ENEM, Prova Brasil ou PISA), o Sistema de

Avaliação da Educação do Estado do Rio de Janeiro (SAERJ) determina habilidades e

competências de língua portuguesa e matemática a serem avaliadas em cada item da

prova, o que se chama de Matriz de Referência. Tomando por corpus de análise uma

questão que avalia a habilidade de realizar inferência voltada para alunos do 5º ano do

ensino fundamental do SAERJ 2013, pretendemos, a partir de uma perspectiva

discursiva, discutir em que concepção de língua e de leitura se baseia o SAERJ e

investigar que tipo de política cognitiva é investido por essa avaliação. Para isso, iremos

fundamentar o trabalho em dois eixos principais: o conceito de prática discursiva como

produção simultânea de enunciados e instituições sociais, de Maingueneau (2008) e as

considerações de Tedesco e Kastrup (2008) sobre cognição e linguagem. Podemos

observar que a questão analisada e os comentários dos especialistas da instituição

responsável pelo SAERJ sobre a habilidade avaliada e os percentuais de acerto dos

alunos da rede estadual reforçam e legitimam: uma concepção de linguagem como

interação entre sujeitos individuais; a visão representacionalista da linguagem (cf.

Tedesco, 2008), em que os sentidos das palavras são anteriores à relação empírica entre

os sujeitos em um dado momento histórico; a dicotomia entre alunos habilitados, que

desenvolveram suas capacidades (inatas), e alunos não habilitados, que não

conseguiram desenvolver aquelas mesmas capacidades. Este trabalho mostra-se

relevante por propor uma leitura crítica desse dispositivo de avaliação.

Competência Leitora e escritora: análise das situações do material do

Programa Ler e Escrever do 3º do Ensino Fundamental I e a postura

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do professor na formação do repertório Linguístico Textual dos

estudantes. JULIANE ROCHA DE MORAES

[email protected]

Na década de 60, acreditou-se que ler e escrever seria o processo de decifração, ou seja,

ler e escrever cada parte pensando nas unidades da língua que formam determinada

palavra ou fonema. Na sociedade contemporânea, muito se tem discutido sobre o

desenvolvimento das capacidades linguísticas na escola de Ensino Fundamental,

sobretudo, no que diz respeito à questão dos gêneros textuais e às características

linguístico-discursivas dos textos. A leitura tomou forma e muito mais que decifração,

atualmente, considera-se que o ato de ler é o processo de compreensão e aquisição de

competências que ultrapassam os muros da escola. A leitura e a produção de texto na

escola deveriam constituir-se da ideia de construção das competências leitora e

escritora, tema deste estudo. Tendo o Estado de São Paulo desde 2007 criado o

Programa Ler e Escrever, que é pautado na formação das competências leitora e

escritora e, sendo este um material muito bem organizado e fruto do Programa Letra

Vida com a colaboração dos integrantes da Diretoria de Orientação Técnica da

Secretaria Municipal de Educação, decidimos elencar o material do 3º ano do Ensino

Fundamental para ser o corpus desse estudo. Muitos são os questionamentos

envolvidos, todavia, para esse estudo indagaremos:1-As situações didáticas de leitura e

escrita propostas no material do 3º ano do Programa Ler e Escrever formam a

competência leitora e escritora? 2-Os professores compreendem e organizam as

atividades propostas no material do Ler e Escrever do 3º ano seguindo as orientações?

Por quê? A partir dessas indagações, elencamos os objetivos: 1-Analisar as situações

didáticas que visam formar as competências de leitura e escrita, 2-Investigar como

alguns sujeitos de pesquisa compreendem, utilizam e organizam as situações didáticas

do material. Empreenderemos nosso trabalho baseando-nos, principalmente, nas

contribuiçõesdos autores e seus respectivos estudos na área de leitura, produção escrita,

os gêneros discursivos na escola, formação do professor e as ferramentas que norteiam

a prática pedagógica: BAKHTIN(1992), ZABALA(1998), SOLÉ(1998), KOCH(2005),

SCNEUWLY(1994) , MARCUSCHI(2008), COSCARELL(2002) entre outros. Ao

observar a dinâmica nas instituições escolares, levantou-se algumas proposições que

serão confirmadas ou não, mediante a realização deste estudo. São elas: 1-As atividades

didáticas do Ler e Escrever podem vir a formar a competência leitora e escritora, ou

seja, contribuem para que os estudantes participem de boas situações de aprendizagem,

2-Muitos professores não compreendem a organização das situações propostas por

desconhecerem as implicações práticas e teóricas que envolvem a formação das

competências leitora e escritora, 3-O material é importante porque as situações e

orientações fornecem ao professor grandes possibilidades de organizar o cotidiano

escolar em torno da aquisição das competências leitora e escritora. Para esse estudo será

utilizado a abordagem de pesquisa etnográfica, visto que essa linha permite olhar,

enxergar de perto a realidade escolar permitindo que o pesquisador possa efetivamente

compreender o universo estudado e enxergar a realidade com olhar antropológico, que é

uma forma apurada no ato de olhar o ambiente estudado compreendendo o contexto. Os

procedimentos metodológicos seguiram a seguinte dinâmica: inicialmente a coleta dar-

se-á mediante estudo aprofundado da bibliografia selecionada, no que serefere aos

assuntos abordados, os conceitos fundamentais e os procedimentos adequados à

aquisição das competências leitora e escritora. Posteriormente, realizaremos uma análise

das situações didáticas do Programa Ler e Escrever do 3° ano do Ensino Fundamental I.

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É necessário ressaltar que o enfoque será as situações didáticas que envolvem a leitura e

a escrita e as orientações de cada situação para o professor. Para registro desta análise

disponibilizaremos os dados comparando-os com as teorias e autores utilizados como

aporte teórico nesse trabalho. Após, reuniremos as professoras e realizaremos uma

entrevista a partir da situação didática apresentada ao entrevistado, pautaremos a

entrevista nas seguintes proposições:1-A atividade trabalha quais competências? 2-

Quais orientações didáticas você considera necessária para que o professor compreenda

a proposta? É possível fazer adaptações? 3-Quais conteúdos estão envolvidos nessa

atividade? O próximo procedimento será a filmagem das aulas durante as situações

didáticas e analisar juntamente com os professores como foi o desenvolvimento da

proposta e listar as principais dificuldade e controvérsias. Acreditamos que esse estudo

será de grande relevância, visto que é um sinalizador sobre a aquisição das

competências leitora e escritora, como também uma reflexão e possibilidade de

mudança para os responsáveis pela formação de professores nas escolas estaduais e

municípios que utilizam o Programa Ler e Escrever.

Emoções, crenças e identidades na disciplina Estágio Supervisionado

de Língua Inglesa sob a ótica da perspectiva sociocultural (À vencer)

FABIANO SILVESTRE RAMOS

[email protected]

Esta pesquisa de doutoramento objetiva o estudo da inter-relação entre a emoções,

crenças e identidades profissionais construídas e/ou negociadas na disciplina de Estágio

Supervisionado de Língua Estrangeira. Para tanto serão utilizados como instrumentos de

geração de dados narrativas de experiência, representação pictográfica, grupo focal,

diários reflexivos e relatórios de estágio. Os dados estão sendo analisados de acordo

com parâmetros da pesquisa qualitativa propostos por Patton (1990) e Richards (2003).

Compreendo emoções a partir de uma ótica sociocultural, que definem as mesmas como

sendo funções psicológicas superiores, portanto, culturalizadas e passíveis de

desenvolvimento, transformação ou novas aparições. Dessa forma, as emoções devem

ser compreendidas em relação ao modo como influenciam e modificam o

comportamento humano em um determinado contexto. Seriam, assim, formadas a partir

de condições histórico-sociais (VIGOSTKI, 2004; MACHADO, FACCI e BARROCO,

2011). Outro conceito utilizado é o de identidades, entendidas como uma gama de

características construídas socioculturalmente através do discurso, que, segundo

Fabrício e Moita Lopes (2008), classificariam o sujeito a partir de diferentes

indicadores, tais como sexualidade, gênero, raça, idade, etc. Por fim, o terceiro conceito

utilizado neste trabalho é o de crenças sobre ensino e aprendizagem de línguas, assim

como definido por Barcelos (2006) como uma maneira de ver e perceber o mundo, co-

construídas a partir de nossas experiências e resultam de um processo de interpretação e

ressignificação. O. trabalho está em fase de geração de dados.

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Perspectivas de ensino de inglês em tempos de internacionalização do

ensino

ELIANA EDMUNDO

[email protected] [email protected]

Os tensionamentos e as disputas entre diferentes interesses para com o ensino de língua

inglesa no contexto educacional brasileiro, evidenciados na história recente, parecem

estar relacionados com o desenvolvimento de políticas linguísticas, a carência de

políticas públicas e com os novos modos de ensinar e aprender, marcados especialmente

pela valorização da vivência internacional. Os trabalhos de Spolsky (2004) e Shoamy

(2006) contribuem para a compreensão da aproximação entre políticas e práticas locais.

Os estudos de Altbach (2002, 2004) e Knight (2004) apresentam a internacionalização

do ensino como um fenômeno que se expande sobre e com as instituições de ensino

superior, como resposta à atual ordem global. Em face desse processo de

internacionalização, algumas institituições de ensino brasileiras e estrangeiras tem

apresentado novas políticas educacionais com propostas de uma educação bilingue.

English Medium Instruction (EMI) e Content and Language Integrated Learning (CLIL)

são algumas destas políticas presentes na educação básica e no ensino superior, as quais

propõem o ensino das disciplinas curriculares em língua inglesa. O objetivo desta

comunicação é apresentar esses pressupostos teóricos que embasam a trabalho de

pesquisa de doutorado no qual estou desenvolvendo, a partir de um estudo que envolveu

o levantamento de artigos publicados sobre o tema. Foram utilizadas as seguintes bases

de dados: Google Acadêmico, Academia.edu. e Educational Resources Informational

Center (ERIC) e com a pesquisa inicial pelas palavras “English Medium Instruction”,

“Inglês como meio de instrução” e “Content and Language Integrated Learning” no

campo tópico. O estudo demonstrou o reduzido número de produções acadêmicas sobre

o tema e concluiu que a maior parte dos artigos são produzidos internacionalmente e

escritos em inglês. A análise dos artigos sugere a necessidade de pesquisa na área, tendo

em vista os desafios da globalização que têm mobilizado estudos pós-coloniais e pós-

estruturalistas para tratar do ensino de língua inglesa.

O discurso social do amor em Raquel de Queiroz

TIAGO ELIAS BATISTA

[email protected] [email protected]

A temática do amor certamente muito discutida nos mais diversos gêneros por vários

autores durante a História, quer seja em textos literários ou filosóficos, já sofreu

diferentes e múltiplas abordagens, porém sempre resta uma indagação: o que é o amor?

A Linguística Textual, considerando os conceitos da referenciação, propõe uma

discussão sobre a relação entre o referente no texto e o seu sentido. Com esses

pressupostos, entendemos que um referente não é estático, mas é construído ao longo do

discurso. E para verificarmos essa construção linguística, escolhemos a crônica Amor

de Raquel de Queiroz. Nela, o narrador apresenta um cenário em que propõe um

“inquérito” a diversas pessoas, procurando saber como elas definem o amor. O que

chama a atenção nesta crônica é que cada personagem apresentada está configurada em

uma determinada posição social, seja ela institucional ou não. Cada uma delas

representa um estereótipo social, tecendo uma relação de coerência entre a personagem

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e sua resposta. Diante do exposto, esta análise, tem por objetivo apresentar uma análise

linguística, com vistas ao ensino da escrita, seguindo o eixo teórico da Linguística

Textual e ensino, conforme Mondada&Dubois (1995), Adam (2011), Koch (2015) e

Schneuwly & Dolz (2004). A partir disto, compreendemos que este trabalho poderá

servir de apoio a possíveis interações pedagógicas que abordem a produção de textos na

escola.

Memória e expressividade: um estudo estilístico para ensino de leitura

e escrita

MAGALÍ ELISABETE SPARANO

[email protected] [email protected]

Esta comunicação objetiva analisar os contos Visita e Passagem de Ano entre Dois

Jardins de Modesto Carone, observando a construção discursiva do enunciador ao

contar suas lembranças em diferentes momentos de sua vida e o ensino de leitura e da

escrita. Valendo-se de uma fina descrição, o enunciador busca a cumplicidade do seu

leitor ao apresentar-lhe de modo quase sinestésico o lugarejo que ambienta as

reminiscências da infância dos textos selecionados. A trama que enreda os dois contos

enlaça o leitor por meio de um cuidadoso detalhamento de sensações espaciais, visuais,

sonoras e táteis presentes nas cenas reconstruídas pela memória dos dois narradores. O

processo de enunciação sugere que ambos narradores possam ser o mesmo enunciador

adulto que acessa essas memórias em diferentes etapas de sua vida, estabelecendo-se

assim a interdiscursividade entre as narrativas, por meio da qual pode-se descrever a

constituição do Ethos do enunciador. Baseando-se em autores Schneuwly & Dolz

(2004), Benveniste (1988), Maingueneau (1996, 1997), Fiorin (2006) e Martins (2008),

o estudo apresentado ampara-se no eixo teórico da Estilística da Enunciação em diálogo

com a Análise do Discurso, buscando demonstra o estabelecimento da expressividade e

construção de sentido a partir das relações existentes na tessitura textual resultante das

escolhas lexicais, estruturas sintáticas e arranjos sonoros presentes nos referidos textos e

como a observação das construções linguísticas e da expressividade inerente a essas

construções podem instrumentalizar o ensino da leitura e da escrita.

A experiência emocional entre as múltiplas linguagens

HARRISON PARIZOTTO DA PAIXÃO

[email protected] MARA CRISTINA FERREIRA CUNHA

[email protected]

Esta pesquisa tem como objetivo pensar o conceito experiência emocional

[perezhivanie], cunhado e desenvolvido por Vygotsky (1934) e discutido por alguns

autores (DANIELS, 2010; VERESOV, 2012) como um dos conceitos chave na teoria

vygotskyana. O empenho da comunidade acadêmica em proporcionar uma formação

reflexiva (CELANI, 2004; CHARLOT, 2002; SCHöN, 2000) aos docentes além de

vasta contribuição para que este professor atue como pesquisador de sua prática vem,

efetivamente, contribuindo para a percepção e busca de outras lentes para observarmos

o contexto no qual atuamos enquanto professores. Desse modo, consideramos a

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pertinência de tal estudo que pode incidir em reflexões sobre a influência do ambiente,

sobre a experiência emocional refletida na ação humana e sobre aspectos ligados à

esfera educacional que perpassam as nossas próprias pesquisas, ambas em andamento.

Este trabalho pretende contribuir para a área de formação de professores.

Análise de atividades de leitura em um livro didático de língua inglesa

à luz dos pressupostos teóricos dos Parâmetros Curriculares Nacionais

de Língua Estrangeira Moderna

FERNANDA DA SILVA ALVISSU PRIZOTO

[email protected] [email protected]

O presente trabalho trata da análise das atividades de leitura presentes em um livro

didático de língua inglesa – LD de LI, Alive, do 9º ano do ensino fundamental II (EF

II), distribuído através do Programa Nacional de Livro Didático (PNLD) para os anos

de 2014, 2015 e 2016, cujos objetivos são a aquisição e a distribuição gratuita de livros

didáticos para os alunos de escolas públicas. Os objetivos desta pesquisa são de

apresentar uma análise de um LD de LI, Alive, do 9º ano do EF II, enfocando

especificamente as atividades de compreensão de leituratomando como referencial as

habilidades de compreensão leitora preconizadas pelos Parâmetros Curriculares de

Língua Estrangeira Moderna – PCN-LE – (BRASIL, 1998) a fim de verificar se essas

atividades de compreensão leitora contemplam as habilidades de leitura indicadas pelos

PCN (BRASIL, 1998) criando oportunidades para que o aluno leia com competência

textos autênticos de vários gêneros discursivos em LE. Além de discutir sobre o ensino

de LI (DONNINI; PLATERO; WEIGEL, 2009) e a aquisição de leitura em LI

(SANTOS & TOMITCH, 2009). Para realizar este trabalho, utilizamos um corpus

composto por um LD de LI, Alive, do 9º ano do EF II, de autoria de Vera Menezes,

Junia Braga e Claudio Franco, publicado pela editora Anzol no ano de 2012. Para

conduzir este estudo, os dados foram coletados qualitativamente e pretendem

estabelecer relações entre os resultados da presença de atividades de leitura que

priorizem as habilidades leitoras sugeridas pelos PCN-LE (BRASIL, 1998) para serem

desenvolvidas com os alunos do 9º ano do EF II e os pressupostos atuais que

direcionam o ensino-aprendizagem de leitura em LE. Com isso, busca-se oferecer

subsídios para professores de língua inglesa na escolha de atividades de leitura em

livros didáticos conforme os PCN-LE (BRASIL, 1998).

Ensino de Língua Portuguesa para alunos surdos em contexto de

vestibular

VERÔNICA DE OLIVEIRA LOURO RODRIGUES

[email protected] [email protected]

Este trabalho tem como objetivos apresentar a motivação pela qual surgiu a oficina de

língua portuguesa como segunda língua (L2) para o Ensino Médio, no Instituto

Nacional de Educação de Surdos (INES/RJ), mostrar a sua primeira organização e

relatar algumas atividades e estratégias utilizadas para trabalhar as provas de língua

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portuguesa e redação do ENEM com alunos surdos. Além disso, serão colocados em

debate desafios, acertos e dificuldades, advindos dessa troca de experiências entre

aluno-surdo e professor-ouvinte, usuário da Língua Brasileira de Sinais (LIBRAS), no

contexto de sala de aula. Com base nessa experiência, será proposta uma reformulação

da oficina, com enfoque na produção de textos dissertativos-argumentativos e no ensino

de mecanismos linguísticos necessários para a construção da argumentação. Por fim,

serão apresentados os relatosdos alunos-surdos que participaram da oficina, porque

entende-se que “o discurso é assim palavra em movimento, prática de linguagem: com o

estudo do discurso observa-se o homem falando (...) faz do homem um ser especial com

sua capacidade de significar e significar-se” (ORLANDI, 2009). A participação deles na

pesquisa pode re-significar o processo de ensino-aprendizagem de leitura e escrita, de

forma que eles mesmos se re-signifiquem enquanto membros dessa determinada forma

de sociedade.

Informalidade e perspicácia na escolha linguística de Monteiro Lobato

FABIA AUGUSTO

[email protected] Este trabalho apresentará um estudo de duas cartas de Monteiro Lobato ao seu amigo

Godofredo Rangel, datadas de 08/08/1916 e 04/08/1920, encontradas no livro “A Barca

de Gleyre” de 1946. Para a análise, partiremosda influência das unidades da língua para

o processo discursivo, dentro da argumentação. Nas cartas selecionadas, o enunciador

impõe sua marca discursiva na própria escolha dos conectores suscitando no leitor

pressupostos da informação real, já que as respostas das cartas enviadas não são de

conhecimento do leitor. Sabemos que o corpo fala, faz parte de um conjunto de todos

os elementos expressivos e falantes do corpo humano como bem provaram os

hominídeos, que antes de se utilizarem de grafias, símbolos, usavam a linguagem não

verbal dos gestos e sons para se comunicarem, e diferentemente dessa interação

instantânea, nenhuma informação imediata é passada ao se escolher como veículo de

comunicação uma carta. Porém, através de palavras bem escolhidas e posicionadas

conseguimos perceber a intençãodo falante nelas inseridas. Dessa forma, tomam-se

como aporte teórico os estudos linguísticos de Ingedore Villaça Koch. Utilizando ainda

fundamentos da língua com a obra “A força das palavras” de Cabral que defini que na

argumentação usamos uma técnica consciente na escolha de articuladores linguísticos

para a organização e eficácia, mesmo sendo opção do enunciador.

Análise do Discurso no poema “Minha Cidade”, de Cora Coralina

(Boleto Vencido)

SILVANA APARECIDA ALVES FERREIRA

[email protected]

A análise proposta neste trabalho refere-se à reflexão baseada nos pressupostos da

Análise do Discurso em diálogo com a Estilística, segundo Maingueneau, (1993,

2008b), Amossy (2005), Bally (1977) e Martins (2008). O presente artigo,

considerando o fenômeno da linguagem que revela por meio das escolhas linguísticas as

marcas de estilo e a construção do ethos, tece ponderações sobre a expressividade

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inerente às escolhas lexicais responsáveis pela constituição do ethos do enunciador, que

enfatiza os aspectos da memória e da construção da identidade no poema “Minha

cidade”, de Cora Coralina. O eu descrito nopoema em análise é constituído por meio de

ideologias, memórias e características marcadas histórica e socialmente. Trata-se de

uma mulher forte, que não se deixa abater diante das aflições da vida, que conta sua

história com determinação e lirismo de quem percorreu árduas trilhas em direção às

próprias conquistas. A subjetividade presente na poesia de Cora decorre de uma voz que

é indissociável do corpo que a pronuncia. O sujeito autobiográfico não é uma pessoa

real, mas alguém que assume no texto certa identidade, assim busca-se por meio da

noção de ethos, compreender e explicar o processo dos sujeitos presos a certo discurso e

a relação à ideologia e com a cultura.

Estratégias de língua inglesa utilizadas em sala de aula

FLÁVIA LUCIANA CAMPOS DUTRA ANDRADE

[email protected]

Esta pesquisa está sendo desenvolvida no Programa de Mestrado Profissional em

Educação da Universidade Federal de Lavras (UFLA), na área de Linguística Aplicada.

Trata-se de um estudo de caso sobre a atuação de uma docente de língua inglesa no

contexto de um curso técnico integrado ao Ensino Médio. Propõe-se, então, nesta fase

do trabalho, analisar alguns excertos narrados em diários reflexivos já construídos para

verificar evidências de usos de estratégias pelos discentes nas aulas de língua inglesa,

além de interpretar como a professora procurou conscientizar sobre o uso dessas

estratégias, a fim de fomentar a autonomia de seus alunos. Esta pesquisa qualitativa

teórico-empírica apoia-se em conceitos vygotskyanos e é referendada linguisticamente

na gramática sistêmico-funcional hallidayana. Pretende-se com esta investigação

refletir na e sobre a prática docente a fim de contribuir para melhorias e possíveis

transformações no processo de ensino e aprendizagem, apontando alternativas de ação

pedagógica para professores comprometidos com a educação e a linguística aplicada.

O ensino de língua materna em textos de professores em formação

inicial e em formação continuada.

ANDRÉA RODRIGUES

[email protected] [email protected]

Esta pesquisa tem como objeto de estudo os processos de produção de sentidos sobre o

ensino de língua materna no discurso de professores em formação inicial e em formação

continuada, materializado na escrita de textos sobre o desenvolvimento de projetos em

aulas de língua portuguesa na educação básica. A partir da perspectiva teórica da

Análise do Discurso (AD) da vertente francesa, com a mobilização principalmente das

noções de memória discursiva (Courtine, 1981), interdiscurso e formação discursiva

(Pêcheux, 1988), o principal objetivo deste estudo é analisar como esses processos de

produção de sentidos se relacionam com o que está na base do dizível sobre a língua e

seu ensino, de acordo com um discurso instituído que determina uma matriz de sentidos

– com a possibilidade de rupturas, deslocamentos, deslizamentos de sentidos. Para a

AD, o sujeito, ao produzir sentidos, assume uma dada posição-sujeito numa matriz de

sentidos regulada pela memória discursiva, que estaria relacionada à “existência

histórica do enunciado no seio de práticas discursivas”. (COURTINE, 1981, p.53).

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Maldidier observa que o interdiscurso seria “o espaço discursivo e ideológico no qual se

desdobram as formações discursivas em função de relações de dominação,

subordinação, contradição” (2003, p.51). É no interdiscurso que estarão inscritas

possibilidades de dizer para uma dada formação discursiva. Mittmann (2007) observa

que esses limites envolvem fatores históricos e conflitos com outras formações

discursivas, na relação que estabelecem com a formação ideológica. A análise tomou

como ponto de partida as seguintes questões: a) que sentidos sobre o ensino de língua

são produzidos pelo discurso dos professores em formação? B) de que modo esse

discurso se relaciona com o interdiscurso já estabelecido sobre o que significa ensinar

língua? C) c) os sentidos inscritos nos textos dos professores em formação inicial eem

formação continuada apontam para que diferenças?

A importância dada à leitura na educação infantil

LEANDRA GAVINA MARGARITA CARRENÕ-MARDONES

[email protected] [email protected]

A leitura escolar ocorre na introdução ao ambiente letrado, permitindo que o indivíduo

entre em contato com diferentes portadores textuais nos distintos contextos. A partir de

2006, a ampliação do Ensino Fundamental para nove anos reduziu a faixa etária

atendida pela Educação Infantil tornando-a de zero a cinco anos, levando, desta

maneira, o profissional de educação a refletir sobre os conteúdos apresentados no

Referencial Curricular Nacional para a Educação Infantil, considerando as

características e as prioridades desta idade, assim como a valorização da oralidade e

leitura. Nesse sentido, o objetivo da pesquisa é verificar se o professor da Educação

Infantil ao planejar as atividades para crianças de quatro e cinco anos, o chamado

Infantil II e Infantil III, no eixo de Linguagem Oral e Escrita, contempla a leitura na

forma e intensidade que os pesquisadores da área e os documentos norteadores

preconizam. A metodologia utilizada foi pesquisa bibliográfica referente ao tema e

análise de planejamentos de vinte e três professores de três escolas da Rede Municipal

de Ensino do primeiro semestre de 2014. A pesquisa ampara-se fundamentalmente na

abordagem sociocognitiva de leitura, que considera os conhecimentos prévios e o

contexto social do leitor, bem como os documentos norteadores da Educação Infantil.

Os resultados da análise mostraram que a leitura é contemplada na maioria das

atividades. Conclui-se que os planejamentos propostos para trabalho didático-

pedagógico com os alunos de quatro e cinco anos priorizaram a leitura, mas, apesar

disso, as atividades oferecidas desconsideram os conhecimentos prévios e o contexto

social, tendo foco no aprendizado da escrita.

A diversidade como essência da prática de professores de línguas para

fins específicos

ANDRÉA BRAGA CAZERTA DE SOUZA

[email protected] A prática docente em contextos específicos de ensino/aprendizagem de línguas tem

como característica essencial a diversidade, que não apenas se limita ao conteúdo

ministrado em aula, mas engloba outros fatores extremamente relevantes. Esse traço

implica ao professor de línguas a necessidade de se preparar cada vez mais para lidar

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com os desafios inerentes à sua profissão. Com esta comunicação proponho

compartilhar brevemente alguns tópicos de minha dissertação de mestrado relacionados

à minha experiência profissional em diferentes contextos específicos (Souza, A. B. C.,

2012), cuja interpretação será fundamentada na metodologia de pesquisa da abordagem

hermenêutico-fenomenológica (AHF), segundo van Manen (1990) e Freire (2006, 2007,

2008, 2009, 2010). Como foco principal abordarei os passos necessários para o design

de cursos específicos de idiomas (Hutchinson & Waters, 1987), ministrados

particularmente em empresas, considerando o perfil dos alunos, seu conhecimento

prévio do idioma, suas necessidades, lacunas e desejos (Dudley-Evans & St John,

1998), dentre outros aspectos. A fim de englobar as relações intra/intersistêmicas

presentes nesses contextos será abordada a visão sistêmica ao design de cursos (Graves,

2000), articulando-a posteriormente aos conceitos da complexidade, dentre eles os

princípios dialógico, do circuito recursivo e hologramático, segundo Morin (2005, 2008,

2009, 2010); Mariotti (2002, 2007) e Moraes (2008, 2010). O suporte teórico-

metodológico citado nos auxilia refletir sobre essa prática docente, oferecendo subsídios

para melhor compreendê-la e buscar aprimorar nosso trabalho. Nesse cenário, podemos

contribuir para que mais alunos consigam se preparar para enfrentar o competitivo

mercado de trabalho atual, onde o conhecimento da língua inglesa se faz essencial para

esses profissionais.

A Abordagem para Fins Específicos e a formação do professor de

Língua Francesa: discutindo a prática da reflexão e o desenvolvimento

da autonomia como processos inerentes à constituição do sujeito

professor.

MARIA STELA OCHIUCCI

[email protected] Pretendo, neste trabalho, compartilhar um pouco das questões que me interpelaram a

investigar a formação do professor de Língua Francesa no contexto do Ensino de

Línguas para Fins Específicos, em minha pesquisa de Doutorado. Considerando a

autonomia como um saber necessário à prática do professor, amparo-me nos escritos de

Freire (2011) e Galisson &Puren (2001) para problematizar a importância de uma

formação que leve em conta a prática da reflexão e o desenvolvimento da autonomia

como aspectos inerentes à constituição do sujeito professor. Na visão desses autores, a

formação é percebida como um processo autônomo de adaptação e ajuste em que o

sujeito observa o “agir do outro” para elaborar o seu próprio “agir” e, refletindo sobre o

que faz, porque o faz e o que aprende ao fazê-lo, ele é capaz de constituir seu “savoir-

faire” reflexivo. Nesse sentido, acredito que a prática da reflexão poderia ser a chave

para o desenvolvimento da autonomia que, tal como preconizada por Paulo Freire

(Freire, 2011), permitiria ao professor em formação se assumir enquanto sujeito social e

histórico. Nesse movimento, segundo este autor, a formação docente se contrapõe

radicalmente ao treinamento puro e simples de práticas educativas retrógradas adotadas

e reconhecidas como sinônimo do que seja ensinar. Sob essa ótica, minha pesquisa tem

como objetivo investigar como se processa o desenvolvimento didático-pedagógico do

professor de Língua Francesaem sua formação para o ensino em contextos diversos aos

da escola formale, para tanto, desenvolvo uma pesquisa qualitativa cuja natureza é,

intrinsecamente, interpretativista e naturalista, tendo como suporte metodológico o

estudo de caso para dar conta de suas especificidades.

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O FEEDBACK A PARTIR DA PRODUÇÃO DE TEXTO: avaliação

formativa em ensino contextualizado

LÍVIA LETÍCIA ZANIER GOMES

[email protected] [email protected]

Esta pesquisa, em fase inicial, foca o processo de ensino-aprendizagem de língua

portuguesa no Ensino Médio e traz como tema a produção de texto seguida por

feedback como prática da avaliação formativa em ensino contextualizado. Tem como

perguntas de pesquisa: (i) o ensino de língua portuguesa (LP) a partir de feedbacks de

produção de textos discentes dá conta da complexidade do que é foco no ensino de

língua?; (ii) a produção de texto seguida por feedback cumpre com as finalidades que a

avaliação deve cumprir segundo as bases da educação nacional?; (iii) essa proposta do

ensino de língua atende às solicitações de ensino significativo e contextualizado? (iv)

feedbacks são ferramentas centrais de orientação discente (sobre o que já e o que ainda

não aprendeu) e docente (sobre o que já não e o que se precisa ensinar)? (v) quão

efetivo é o feedback? Assim, atingirá o objetivo geral de investigar quanto o ensino

regular de LP logra êxito tendo como proposta central a produção textual seguida por

feedback. Enquanto pesquisa de campo, acontecerá a partir de curso de extensão

ministrado pela pesquisadora no período de um ano letivo, analisando produções

discentes; feedbacks docente e relatos narrativos produzidos pelos alunos a respeito do

“efeito” do feedback em seus trajetos. Metodologicamente, abarcará o estudo dos tipos

de feedback realizados e das representações discentes presentes nos relatos; observará a

recorrência longitudinal de tipos de incorreções linguísticas nos textos e as

possibilidades de ensino significativo da língua escrita. Como suporte teórico-

metodológico, traz, para análise dos relatos discentes, o interacionismo sócio-discursivo

de Bronckart (1999); para conceituação do termo feedback e seus tipos, Kluger &

Denisi (1996) e Hattie & Timperley (2007); para esclarecimento sobre ato avaliativo,

Luckesi (2000) e para entendimento de ações corretivas, Hadji (2001) e Méndez (2002).

O ENSINO DE LÍNGUA INGLESA NAS SÉRIES INICIAIS EM ESCOLAS

MUNICIPAIS DE SÃO PAULO: UMA ANÁLISE DA PROPOSTA

HARRISON PARIZOTTO DA PAIXÃO

[email protected] No dia 4 de novembro de 2011 a “portaria n° 5.361 instituiu o programa “Língua

Inglesa no Ciclo I” nas escolas da rede municipal de ensino que mantêm o Ensino

Fundamental e dá outras providências”. (No documento de implementação do programa

o Secretário Municipal da Educação considera como ciclo I as séries do Ensino

Fundamental I, sendo elas 1° ao 5° ano.) Tendo como base esta publicação, muitos

foram os questionamentos suscitados no que tange à efetivação, relevância e prática do

ensino de Língua Inglesa nas séries iniciais. Alguns dos problemas apresentados

envolvem a proposta deste ensino e as consequências práticas desta atividade, tais

como: quem irá lecionar estas aulas? Apoiando-se em quais bases metodológicas? O

que vai ser ensinado às crianças? Sem respostas prévias e determinadas, tornou-se

necessário analisar e avaliar a fundamentação e objetivos que englobam esta proposta,

refletindo as possibilidades que ela apresenta a este ensino. Este trabalho está

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fundamentalmente pautado na análise da portaria de implantação do programa, bem

como na observação de aulas em uma escola municipal de São Paulo.

A construção de uma prática dialógica da leitura – O Pensar Alto em

Grupo

ELIZABETH KASUE OSHIRO KOBASHIGAWA

[email protected] [email protected]

Esta pesquisa se insere na Linguística Aplicada (Celani, 1998/2004; Moita Lopes, 2006)

e faz parte de um projeto maior, desenvolvido pelo grupo de pesquisa GEIM/ cujos

pesquisadores investigam uma prática dialógica de letramento, em um contexto real de

uso da linguagem com leitores reais. A metodologia utilizada é a qualitativa, de

natureza Interpretativista (Bortoni-Ricardo, 2008), por meio da qual se desenvolve uma

pesquisa-ação, cujo objetivo é investigar a minha prática pedagógica em eventos de

leitura, vivenciados pelo grupo focal. A prática dialógica investigada é o Pensar Alto

em Grupo (Zanotto, 1998), que é ao mesmo tempo vivência pedagógica e técnica de

pesquisa, cujo objetivo é mudar a prática de leitura que silencia a voz do aluno,

consequentemente propiciando a formação do leitor ativo-responsivo, Bakhtin (1992).

No quadro teórico abordo a concepção de leitura como evento e prática social (Bloome,

1983; Moita Lopes, 1996), os estudos do letramento (Soares, 1998), e a Pedagogia

Freireana (1970). A análise dos dados aponta que: 1. A minha postura em sala de aula

teve mudanças significativas, pois assumi o papel de mediadora e agente de letramento,

passei a ouvir mais meus alunos, criando condições para que eles interagissem em

grupo; 2. O Pensar Alto em Grupo possibilitou a construção e negociação das leituras na

interação social entre os alunos e eles tiveram uma atitude responsiva durante o evento

de leitura. 3. Os alunos participaram de forma prazerosa e houve momentos de intensa

emoção e aproximação entre todos: alunos e professora em sala de aula.

Pesquisa Metateórica: uma alternativa para condensar a produção

científica em LA

MIRELLE DA SILVA FREITAS

[email protected]

A literatura existente no campo da Linguística Aplicada (LA) é vasta e em expansão,

abrange estudos de cunho quantitativo, preferencialmente nos Estados Unidos e Europa,

e, no Brasil, emergem os estudos qualitativos (NORRIS & ORTEGA, 2006; PAIVA d

al., 2009). Diante de tamanha variedade e quantidade duas perguntas emergem de forma

incisiva: (i) como fazer sentido da pesquisa em LA?;e (ii) quais são de fato as respostas

para as perguntas da área? (NORRIS & ORTEGA, 2006). Nesse sentido, não é

suficiente apenas contribuir para para o crescimento e diversificação da LA; o produto

da pesquisa científica necessita ser acessível para que possa impactar o cenário nacional

(ALMEIDA FILHO, 2007; GOMES DE MATOS, s.d.). Testemunhamos a emergência

em proceder a uma documentação e divulgação dos estudos desenvolvidos na área,

incluindo sucessos, desafios e insucessos vivenciados. Assim, o diálogo entre linguistas

aplicados é essencial para viabilizar um mapeamento no campo da LA no país e

elaborar uma epistemologia aplicada própria adequada ao contexto nacional. Para

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atender às necessidades da sociedade brasileira é essencial que se proceda a uma

elaboração teórica local (ROTH & MARCUZZO, 2008), que entendemos ser do tipo

condensadora. Diante deste quadro, apresentamos a metapesquisa como metodologia

que possibilita a integração dos dados de diversos estudos na busca por uma

compreensão que transcende as conclusões dos estudos individualmente, ao passo que

preserva as especificidades de cada um deles. O valor da metodologia de pesquisa

proposta se mostra tanto no tratamento sistemático para conduzir pesquisas secundárias,

como na discussão ética acerca da compreensão, informação e uso da pesquisa em

línguas. Cooper, Dionne, Dixon-Woods , Laville, Norris, Ortega, Telléz, Waxman são

alguns dos autores que dão suporte à pesquisa metateórica.

Ensino Aprendizagem de Língua Portuguesa a partir de atividades

sociais no Ensino Fundamental

ROMUALDO MATOS DA SILVA

[email protected]

O ensino aprendizagem de Língua Portuguesa exige múltiplas habilidades, as quais nem

sempre são contempladas pelos livros didáticos disponíveis. Mediante o levantamento

das necessidades de ensino e das possibilidades de aprendizagem de duas turmas do

Ensino Fundamental (8ª série/9º ano) iniciou-se um trabalho interdisciplinar em busca

de novas ferramentas de ensino aprendizagem. Assim, recorreu-se às Atividades Sociais

como proposta para uma aprendizagem mais significativa, em que cada sujeito

participante pudesse se engajar ao desenvolver suas atividades em contextos reais. Neste

contexto, os participantes envolvidos, professores, alunos, equipe gestora e pais, tinham

como foco o desenvolvimento de uma horta na escola. Essa tarefa abriu possibilidades

para o trabalho interdisciplinar da Língua Portuguesa com outras disciplinas da

currículo, criando condições de aprendizagem inclusive para os alunos considerados

“inclusão”.

Uma leitura da crônica: “Chega de cinto!” de Clarice Lispector sob a

perspectiva da Estilística da Enunciação

IELSON JOSE DOS SANTOS

[email protected] Este artigo apresenta um estudo de como a subjetividade é constituída no discurso a

partir dos efeitos enunciativos e estilísticos presentes na crônica “Chega de cinto! “, de

Clarice Lispector (1920-1977). A análise evidencia a subjetividade, que se apresenta de

maneira implícita, muitas vezes, e nas avaliações qualitativa e modalizadora que produz

a enunciadora. A análise mostra, ainda, como a enunciadora regula a aproximação e o

distanciamento em relação às leitoras fazendo uso, entre outros recursos, dos pronomes.

A fundamentação teórica está embasada nos estudos de Benveniste (2005,2006) sobre

enunciação; de estilística de Michel Riffaterre (1971), cuja visão que tem da disciplina

confere especial relevo à figura do decodificador do texto; e de Nilce Sant’ Anna

Martins (2012), que desenvolveu conceitos da estilística da enunciação. Esses autores

fornecem relevante contribuição para a articulação dos estudos linguísticos e

discursivos.

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Leitura e redação na escola: os efeitos de sentido produzidos pelas

categorias de pessoa em Benveniste

JANINE MARIA ROCHA DA SILVA

[email protected] IVANA QUINTÃO DE ANDRADE

[email protected] Este trabalho, resultado de um estudo gerado a partir de uma demanda pessoal e

também acadêmica, pretende intervir na elaboração de atividades escolares de leitura e

redação que trabalhem com efeitos de sentido gerados pelas escolhas feitas pelo sujeito-

leitor e pelo sujeito-escritor. Para tal, elegemos a Teoria da Enunciação de Benveniste,

tirando dela o que poderia ser instalado no nosso escopo de preocupações: as noções de

pessoa (Eu e Tu) e não pessoa (o Ele). Ao instaurar a categoria de pessoa, Benveniste

define as pessoas do discurso, EU\TU, as quais só ganham plenitude quando assumidas

por um falante, aquele que se coloca no discurso, com base numa realidade que lhe é

particular – declarando, assim, a subjetividade. Já a terceira pessoa (a não pessoa, Ele),

ao contrário, é um signo pleno, uma categoria da língua, que tem referência objetiva e

cujo valor independe da enunciação – marcando, nesse caso, a objetividade. A partir

desses pressupostos, iremos propor algumas tarefas que possam levar o aluno-leitor e o

aluno-redator a compreenderem que: a) a linguagem em si não é objetiva nem subjetiva;

b) os efeitos provocados pelas pessoas, combinados com as escolhas lexicais feitas por

quem escreve, podem revelar aspectos da entrelinha textual capazes de ajudar o leitor a

se despir de uma espécie de “capa de ingenuidade”. Para isso, foram tomadas, como

objeto de análise, duas bulas referentes ao uso de uma mesma substância

medicamentosa: uma do remédio original, e outra, do remédio genérico. Nelas, foi

possível observar para que direção aquele que escreve leva aquele que lê. Acreditamos

que atividades como essa possam colaborar para a formação de alunos-sujeitos mais

preparados para enfrentar a desafiadora tarefa de ler/escrever textos, dentro e fora da

escola.

Aspas verbo-visuais: delimitação do conceito e construção de

categorias de análise

RODOLFO VIANNA

[email protected] Esta comunicação busca apresentar os resultados da pesquisa de doutorado

desenvolvida sob a orientação da profa. Dra. Beth Brait. O objetivo geral é compreender

a produção de sentidos a partir da dimensão verbo-visual da linguagem, centrando-se

em diferentes formas assumidas por fenômenos enunciativos/discursivos. De maneira

pontual, estará centrada na inter-relação discursiva entre elementos verbais e visuais e

seu consequente processo de significação. A hipótese desenvolvida é a de que

determinadas relações entre elementos verbais e visuais podem se configurar como

desdobramentos metaenunciativos opacificantes desses elementos, em dinâmica análoga

ao emprego das aspas no plano verbal. A hipótese sugere a possibilidade de ampliação

do sentido de determinado elemento visual quando inserido em contexto verbo-visual

específico, tal como ocorre quando as aspas são empregadas no plano verbal, ou seja,

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configurando-se como um tipo de presença/ausência a ser preenchida

interpretativamente. A fundamentação teórica procura articular teorias de cunho

enunciativo-discursivo advindas das formulações de Authier-Revuz, autora do conceito

de modalização autonímica e estudiosa das não-coincidências do dizer, e do Círculo de

Bakhtin, cuja compreensão analítica de enunciado concreto e a caracterização de signo

ideológico são pertinentes ao estudo da questão aqui proposta. O corpus de análise é

constituído por enunciados concretos retirados dos jornais impressos Folha de S.Paulo e

O Estado de S.Paulo, cujos exemplares foram coletados entre os dias 23/09 a 20/10 de

2012, assim como de quatro edições das revistas semanais Veja e Época, coletadas no

mesmo mês. A justificativa para esta pesquisa situa-se na possibilidade de descrição e

análise de fenômenos enunciativos/discursivos verbo-visualmente constituídos, de

grande alcance social, oferecendo categorias de análise para pesquisas tanto na área da

Linguística Aplicada quanto na da Análise do Discurso.

Ensinar-aprender em performances em língua estrangeira

SAMANTA MALTA

[email protected] Esta comunicação tem como objetivo apresentar a análise de resultados dos aspectos

multimodais, multiculturais e o uso de multimídias envolvidos no processo de

construção de sentidos e significados em língua inglesa por crianças de um Centro de

Educação Infantil de São Paulo. Este estudo trata-se de uma Pesquisa Crítica

Colaborativa (MAGALHÃES, 2002, 2004, 2007) em Linguística Aplicada e esta

comunicação apresentará o resultado deste estudo. Os dados aqui apresentados são parte

do projeto Educação Multicultural que foi criado e desenvolvido pelo grupo de pesquisa

Linguagem em Atividades no Contexto Escolar como parte do Programa Ação Cidadã.

O recorte teórico pauta-se na Pedagogia dos Multiletramentos que tem como base a

variabilidade de convenções de significados presentes em diversos contextos de

representação cultural e social, a multimodalidade e a multimídia. (NEW LONDON

GROUP,1996). Esta proposta também se apoia em perspectiva de organização

curricular baseada em Atividades Sociais (LIBERALI, 2009). O trabalho com

Atividades Sociais é pensado a partir da necessidade das crianças de participarem de

diferentes esferas sociais que, muitas vezes, estão fora de seu alcance imediato. Essas

necessidades podem ser satisfeitas por meio da vivência de diferentes papéis sociais ao

longo do trabalho escolar. Dessa forma, todo estudo desenvolvido neste projeto orienta-

se pela Teoria da Atividade (VYGOTSKY, 1930/1934; LEONTIEV, 1977;

ENGESTRÖM, 1987), uma abordagem sócio-histórico-cultural, relacionada à vida que

se vive (MARX, 1846/2002). Além disso, este estudo é orientado pela concepção da

linguagem como constitutiva na construção de conhecimentos diversos, permitindo aos

sujeitos vivenciarem diferentes formas de saber e viver em uma língua diferente da sua.

O foco da interpretação recaiu sobre o papel da Pedagogia dos Multiletramentos na

produção de significados nas Atividades Sociais e sua relevância para a construção

pelas crianças de novos modos de participação no mundo.

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A educação nas grandes metrópoles: ensino de Língua Portuguesa em

São Miguel Paulista (SP)

FERNANDA MARCUCCI

[email protected] Este trabalho insere-se na pesquisa em andamento “Relações de Interdependência entre

escolas e Qualidade das Oportunidades Educacionais”, coordenado pela Profa. Dra.

Claudia Lemos Vóvio, da Universidade Federal de São Paulo (UNIFESP) em parceria

com o Centro de Estudos e Pesquisas em Educação, Cultura e Ação (CENPEC). Tem

como foco verificar de que forma são oferecidas as oportunidades educacionais em

Língua Portuguesa, no final do ciclo de alfabetização (3º ano do Ensino Fundamental),

de modo a analisar a qualidade das oportunidades educacionais destes alunos em escolas

de entorno vulnerável. Nosso objeto de estudo prevê então, a compreensão do que é

ensinado em Língua Portuguesa (BATISTA, 1997) no fim do ciclo de alfabetização em

uma escola situada em território vulnerável. A metodologia de cunho qualitativo

implica em um estudo de caso, realizado em uma unidade escolar pública, localizada na

subprefeitura de São Miguel Paulista, por ser um local de alto Índice Paulista de

Vulnerabilidade Social (IPVS). Os instrumentos metodológicos utilizados foram

entrevista, observação direta com registro de notas de campo, coleta de cadernos

escolares e de registros de aula de professores das turmas de 3º ano do Ensino

Fundamental, estas duas últimas fontes de caráter documental consideradas artefatos

culturais (equipamentos, suportes e materiais escritos) imbricados nas interações e

certos usos da escrita nas salas de aula (BARTON; HAMILTON; IVANIC, 2000). Seus

resultados podem colaborar para indicar temas e conteúdos voltados à formação inicial e

continuada de docentes, bem como indicações de propostas e subsídios pedagógicos

voltados ao final do ciclo de alfabetização.

A constituição dos professores em formação inicial como agentes de

letramento nas experiências do PIBID

LÚCIA DE FÁTIMA SANTOS

[email protected] [email protected]

Nesta comunicação temos como finalidade apresentar resultados obtidos nas

experiências do PIBID sobre a constituição dos professores em formação inicial como

agentes de letramento. Trata-se de reflexões construídas no âmbito do projeto de

pesquisa em andamento, intitulado “As contribuições do PIBID no processo de

letramento de professores de Letras: os reflexos da formação nas práticas de escrita”,

cujo objetivo principal é desenvolver uma análise longitudinal sobre as contribuições

desse Programa para o letramento do professor, observando e problematizando os

reflexos do trabalho de formação docente desenvolvido pelo grupo do curso de

Letras/Português da Ufal, com base nas práticas de escrita e leitura efetivadas nos

encontros de formação do grupo e no trabalho realizado com alunos de diferentes

turmas do ensino fundamental, em escolas públicas localizadas na cidade de Maceió.

Nesta comunicação, interessam-nos especificamente analisar registros em anotações de

campo e diários escritos por bolsistas do PIBID sobre as atuações nas práticas de ensino

de que participam nas escolas. A pesquisa fundamenta-se principalmente nos Novos

Estudos do Letramento correlacionados com as reflexões de Bakhtin (1992, 1997). Os

dados foram coletados no período de maio/2010 a janeiro/2014, a partir das orientações

metodológicas adotadas na área de Linguística Aplicada. Nos resultados até então

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obtidos, observamos que os professores em formação inicial caracterizam-se,

predominantemente, como agentes de letramento nas práticas de linguagem que

realizam nas escolas.

O Trabalho de Conclusão de Curso na universidade: uma alternativa

didática para o desenvolvimento de capacidades de linguagem

MILENA MORETTO

[email protected] [email protected]

Como professora universitária, tenho notado que grande parte dos estudantes, ainda que

em final de curso, tem apresentado dificuldades de se apropriar da linguagem acadêmica

para produzir textos nos meios universitários. Diante disso, o presente artigo, resultado

de uma pesquisa de doutorado na área de Educação, pretendeu desenvolverum modelo

didático do gênero Trabalho de Conclusão de Curso a partir de textos concretos de

referência com o intuito de auxiliar no desenvolvimento das capacidades de linguagem

dos estudantes. Utilizamos os construtos teórico-metodológicos do interacionismo

sociodiscursivo representado por Bronckart (2006, 2007) e as considerações de

Schneuwly, Dolz e Noverraz (2010), Dolz, Gagnon e Decândio (2011), Machado

(2009), Lousada (2009) entre outros. Foram selecionados, para análise, dois trabalhos

de conclusão de curso de referência desenvolvidos por estudantes de graduação a fim de

verificar como esses trabalhos foram produzidos. Através deles, buscamos observar as

dimensões ensináveis do respectivo gênero no que se refere ao contexto de produção,

aos aspectos discursivos e linguístico-discursivos. A partir do modelo didático

construído,pudemos elaborar uma sequência didática que pode auxiliar professores que

trabalham no ensino superior, bem como estudantes que ainda não se apropriaram da

linguagem acadêmica.

Educação Bilingue: para onde estamos indo? – Um estudo sobre a

organização curricular de duas escolas denominadas bilíngues.

FERNANDA CRISTINA LOMBARDI GUIDI

[email protected] [email protected]

Nos últimos anos, tem-se visto um crescimento excessivo de instituições de ensino de

inglês para crianças e, muitas são as justificativas para esse fenômeno. Entre as

principais, apresentadas por Tonelli (2005), podemos destacar o processo de

globalização e sua influência na vida das pessoas, e a crescente preocupação dos pais

em proporcionar aos seus filhos conhecimento e competência na língua inglesa o que

possivelmente os conduzirá as melhores universidades e a empregos com melhores

salários. Além disso, não podemos deixar de mencionar a função da língua inglesa ao

proporcionar acesso a outras fontes de informação e a outras organizações culturais.

Segundo Marcelino (2009), na escola bilíngue, a língua inglesa é um veículo, o meio

através do qual a criança também se desenvolve, adquire e constrói conhecimento e

interage e age sobre ele. A escola bilíngue deveria ser vista essencialmente como uma

escola, com objetivos de uma escola, focada na educação, que acontece em uma

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segunda língua, em grande parte, embora haja diferentes formatos e possibilidades de

combinação. No entanto, não há até os dias atuais uma legislação referente a

implementação, avaliação e desenvolvimentos de programas bilíngues nas escolas

(STORTO, 2015). Aliado a isso, tem-se visto programas trazidos de outros países sendo

trabalhados em escolas bilíngues que tem também como preocupação a obtenção de

certificação internacional. Assim, esta pesquisa tem por objetivo principal procurar

desvendar como é a organização da escola, levando em conta as concepções que dão

base às propostas pedagógicas e a forma como a educação é compreendida, através dos

estudos de Garcia (2009), Megale (2009), Moura (2009), Horneberger (1991). Além

disso, pretende-se discutir os possíveis desafios que podem ser encontrados, tanto por

professores como por alunos, numa proposta de educação. A metodologia adotada neste

estudo é a pesquisa crítica de colaboração (MAGALHÃES, 2012).

PORTUGUÊS COMO LÍNGUA ESTRANGEIRA: UMA ABORDAGEM

COMUNICATIVA INTERCULTURAL POR MEIO DE MÚSICA

ADRIANA CÉLIA ALVES

[email protected] Esta pesquisa visa contribuir com o ensino-aprendizagem de Língua Portuguesa para

estudantes estrangeiros, por meio da abordagem intercultural (VIANA, 2004;

KRAMSCH & URYO, 2014) levando em consideração tarefas (SCARAMUCCI, 1996)

baseadas em música popular brasileira. Ressalta-se que a procura pelo ensino-

aprendizagem de língua portuguesa como língua estrangeira tem aumentado a cada ano,

devido, principalmente, ao sucesso econômico do Brasil no cenário mundial

(ALMEIDA FILHO, 2011). Dessa forma, necessita-se promover e discutir abordagens,

métodos e metodologias para se ensinar a língua portuguesa como estrangeira (PLE).

Esta pesquisa segue a metodologia qualitativa interpretativista com aspectos da

pesquisa-ação, isto é, a partir de um problema usam-se instrumentos e técnicas de

pesquisa para conhecer esse problema e delinear um plano de ação que traga benefícios

para o grupo (ANDRÉ, 2001). Assim, pretende-se verificar as principais dificuldades de

francófonos aprendizes de língua portuguesa, por intermédio da teoria de análise de

erros (FARIAS, 2007). Essas dificuldades serão levantadas por: análises de

conversações em pares entre a pesquisadora e os aprendizes de PLE, na modalidade

tandem (TELLES, 2008), e por meio de observações, anotações e diários de campo de

aulas de PLE a francófonos. Em seguida, após o levantamento e com bases nas análises

das dificuldades encontradas no processo de aprendizagem de PLE observado serão

elaboradas tarefas de intervenção didática baseadas na abordagem comunicativa

intercultural, utilizando música popular brasileira como proposta de ensino de PLE a

francófonos, as quais serão verificadas sua relevância. Esta abordagem entende o

ensino-aprendizagem de línguas pela interseção entre as culturas, compreende-se a

língua e o social como indissociáveis (PAIVA E VIANA, 2004). Além disso, infere-se

que a música motiva a aprendizagem, tornando o processo de ensino-aprendizagem

menos mecanicista e mais prazeroso (ROCHA, 2012). Desta forma, almeja-se que as

dificuldades encontradas na aprendizagem de língua portuguesa como estrangeira a

francófonos sejam amenizadas e propicie uma estratégia de aprendizagem usando

música, promovendo assim o ensino e aprendizagem de PLE no atual contexto social e

educativo.

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Um autor à deriva: reflexões sobre a construção da autoria na

Universidade VITÓRIA EUGÊNIA PEREIRA

[email protected] [email protected]

A Universidade ocupa um papel central em nossa sociedade. Sob a função de “prover ao

país quadros de alto nível técnico e científico” (BRASIL, 1991), ela é responsabilizada

pelo “desenvolvimento sustentável e de longo prazo da nação” (id.). Por isso, nos

últimos anos, ganhou lugar um discurso de importância da Universidade, promotor da

passagem do ensino básico para o ensino superior. Entretanto, não há, no

funcionamento desse discurso, espaço para discutir as tensões institucionais dessa

relação Escola/Universidade: como a Universidade recebe o aluno que chega de uma

Escola reconhecida oficialmente (LDB, PCNs) como ineficaz na sua missão de

promover o desenvolvimento da leitura e da escrita (BRASIL, 2000)? A angústia de

escrever, o medo da folha em branco e o constante adiamento da escrita que povoam um

imaginário de sacrifício da autoria acadêmica são indícios de que falta intimidade entre

o aluno e essa escrita. Indícios de que falta espaço, nessa passagem

Escola/Universidade, para o aluno (se) encontrar (em) seu escrever: sem lugar para

compreender o que é um autor na Universidade, o aluno parece tatear na busca de

descobrir o que se espera da sua escrita e como produzir isso. Assim, com o objetivo de

investigar, descrever e analisar os modos de funcionamento da autoria na Universidade,

propomos o desenvolvimento do presente trabalho. Através de uma filiação à Análise

de Discurso francesa (Orlandi, 2004,2005, 2006; Pêcheux, 1995, 1997; Foucault,

1972), desejamos oferecer um olhar que seja capaz de ver a violência simbólica que

opera nos sentidos de escrita – através da escrita. Mobilizando, sobretudo, os conceitos

Função-autor e Formações Imaginárias, encontramo-nos, agora, na fase final de análise

dos dados– corpus composto por textos de alunos do último ano da graduação do curso

de Letras da Universidade Estadual de Campinas e por entrevistas semiestruturadas com

esses alunos.

(Trans)Formação de professores de LI: relações entre teoria, prática e

contexto de ensino

CLAUDIA JOTTO KAWACHI-FURLAN

[email protected] [email protected]

CRISTIANE OLIVEIRA CAMPOS-GONELLA

ELIANE HÉRCULES AUGUSTO-NAVARRO

A relação que o professor estabelece entre teoria e prática depende tanto de seu

conhecimento e de sua experiência quanto das possibilidades disponíveis em seu(s)

contexto(s) de atuação profissional. Mais importante do que adotar essa ou aquela

perspectiva teórica é saber informar o porquê de suas escolhas em uso situado. Há mais

de três décadas, Larsen-Freeman (1983) já apontava a importância das escolhas

informadas (teachers’ informed choices). Oliveira (2013) destaca que uma das

dificuldades enfrentadas nos programas de formação docente refere-se à falta de

articulação entre teoria e prática. Similarmente, Gil (2013) afirma que para o professor

em formação inicial ter independência informada, ou seja, saber aplicar as teorias

estudadas para solucionar problemas ou promover mudanças, ele precisa construir

saberes em seu contexto de ensino-aprendizagem, ponderando sobre seu propósito de

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ensinar, seu público-alvo e seu modo de ensinar. É nesse sentido que defendemos a

relevância de oportunidades de prática assistida e prática situada (JOHNSON, 2009) em

programas de formação docente. O objetivo deste trabalho é refletir acerca desses

conceitos por meio da apresentação e discussão dos resultados de duas pesquisas de

doutorado. Em ambos os estudos, a metodologia adotada foi de base qualitativa e

interpretativista. Os dados foram coletados por meio de questionários, entrevistas,

observações de aula e sessões de visionamento. Nesta comunicação, abordaremos a

prática assistida de um grupo de alunos-professores em relação à teoria de gêneros

discursivos por eles estudada em uma disciplina da graduação em Letras e a prática

situada de um grupo de professores recém-formados sobre como abordar gramática nas

aulas de língua inglesa em diferentes contextos de atuação (escolas regulares pública e

privada, escolas de idiomas e projetos de extensão universitária).

Gêneros textuais: uma análise de propostas de atividades de leitura de

livro didático de espanhol como língua estrangeira

ADEJAIR DO ESPÍRITO SANTO SIQUEIRA JÚNIOR

[email protected]

Este trabalho objetiva analisar o trabalho com gêneros textuais nas atividades de leitura

do livro didático Nuevo Listo de Espanhol como língua estrangeira (E/LE). As

reformulações das coleções didáticas acontecem vorazmente, querendo atender ao

mercado, e em grande parte dos livros didáticos de E/LE é possível constatar uma

preocupação com a questão dos gêneros e a sua diversidade. Cabe ressaltar que essa

“preocupação” está atravessada por uma série de implicações mercadológicas e que esta

pesquisa vislumbra questionar que concepções sobre “gêneros textuais” estão sendo

veiculadas. O corpus de análise considera o manual do professor e as atividades de

leitura e compreensão leitora envolvendo os gêneros textuais. Esse recorte levou em

conta o entendimento do manual do professor como produção discursiva pautada numa

determinada concepção de língua e que traz no seu bojo algumas incoerências teóricas

bastante evidentes. A investigação em andamento tenta mostrar se de fato o

encaminhamento das atividades que envolvem leitura e gêneros textuais estão

efetivamente elaboradas de modo a desenvolver nos alunos a competência leitora,

considerando as visões de língua e linguagem e leitura que são expostas no manual do

professor. A teoria se baseia na Análise do Discurso de linha francesa, particularmente

no conceito de enunciado (MAINGUENEAU, 2009). As perguntas norteadoras das

análises são: Que noção de “gênero” se apresenta no manual do professor? Como é

tratada a composição dos gêneros através das atividades? Que concepção(ões) de

Língua está(ão) sendo usada(s)? De que maneira a proposta teórica verificada no

manual do professor entra em consonância/dissonância com as atividades de leitura

propostas? Que abordagem(ns) de leitura está( d) sendo utilizada(s) nas atividades

propostas? O encaminhamento das análises procura comprovar a hipótese de que as

incoerências entre o que se propõe e o que se apresenta como atividade geram

implicações negativas a respeito do trabalho com os gêneros.

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Uma sala para muitas línguas: transpondo as letras, as barreiras e o

inconcebível

SABRINA SANT´ANNA RIZENTAL

[email protected]

Considerado como uma grande nação, o Brasil vem se tornando cada vez mais o país de

destino de refugiados de diversas partes do mundo. Na cidade do Rio de Janeiro,

africanos, árabes, colombianos, russos, não se distinguem facilmente entre os rostos

miscigenados dos brasileiros. Entretanto, basta um pedido de ajuda, num português

extraído dos dicionários, para que sejam imediatamente identificados. A língua, neste

caso o português brasileiro, complexo até para os nativos, é a primeira grande barreira

enfrentada por esse imigrante. As instituições envolvidas com os projetos de

alfabetização, direcionados aos refugiados, enfrentam um grande desafio quanto às

escolhas mais adequadas ao perfil de grupos tão heterogêneos. Este trabalho tem como

objetivo (a) apresentar uma reflexão sobre as práticas educativas que vêm sendo

desenvolvidas no contexto da sala de aula e (b) investigar as iniciativas mais

apropriadas às necessidades desses alunos de procedências tão distintas, no que se refere

aos materiais didáticos, aos procedimentos teóricos e metodológicos, às abordagens

mais favoráveis à ambientação e à interação do grupo, considerando a vasta diversidade

que o compõe. A análise se baseia na resposta dos imigrantes aos estímulos propostos

em sala, em sua produtividade e no monitoramento realizado pelos docentes, através de

relatórios elaborados após cada aula. Valendo-se do apoio de teóricos sob a perspectiva

da Análise de Discurso, fundada nos trabalhos de Michel Pêcheux, observamos o

processo de constituição dos sentidos e a construção desse novo sujeito. Concluímos

que a urgência que permeia o processo de aprendizagem dos refugiados, uma vez que

falar a língua do país destinatário é uma questão de sobrevivência, demanda uma

didática específica que considere as diferentes representações discursivas e justifique as

escolhas mais convenientes à interação dos professores e educadores voluntários com o

grupo, na construção desse aprendizado mútuo.

O Papel do coordenador pedagógico no desenvolvimento da pedagogia

daargumentação crítico-colaborativo-reflexiva na reunião pedagógica

IAGO BROXADO

[email protected] SIMONE UEHARA

[email protected] Esta pesquisa tem o objetivo de compreender o papel de um coordenador pedagógico

(GUERRA, 2012; BROXADO, 2015) em formação no desenvolvimento crítico-

colaborativo-reflexivo (DAMIANOVIC, 2011) dos professores, também em formação,

de um curso de língua inglesa para mobilidade estudantil. Este estudo de mestrado em

andamento tem a teoria da atividade sócio-histórico-cultural (ENGESTROM, 2001;

LIBERALI, 2011; DAMIANOVIC, 2011; DAMIANOVIC & LEITÃO, 2012) como

referencial teórico que considera como fulcrais as práticas humanas em seus modos de

agir, contextos histórico-sociais, ideologias e necessidades locais. Alicerçada na

Pesquisa Crítico-Colaborativa (MAGALHÃES, 2012), esta investigação discute a

análise de três reuniões pedagógicas (LIBERALI, 2009; LIBERALI & SHIMOURA,

2009, GUERRA 2012; BROXADO, 2015), como foco no papel da pedagogia

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argumentação (DAMIANOVIC, 2011; DAMIANOVIC & LEITÃO, 2012) na

construção de decisões a serem tomadas de ordem técnica, prática e crítica (SMITH,

1998). Os resultados iniciais revelam que as ações desse coordenador incentivam

transformações nos papeis de construção de tomadas de decisões interdependentes e

possibilitam o empoderamento (MAGALHÃES, 2012) dos sujeitos participantes.

O humor como elemento educacional para produções situadas de

sentindo em LI: uma proposta de estudo em uma escola pública no

litoral de Alagoas.

POLIANA PIMENTEL SILVA

[email protected] [email protected]

Calcado nos preceitos teóricos da Linguística Aplicada Crítica (PENNYCO , 2006), a

presente pesquisa teve como objetivo analisar o humor (BAKHTIN, 2010; BERGSON,

2004; MINOIS 2008) durante as atividades desenvolvidas nas aulas de inglês aliado aos

estudos sobreLetramento Crítico (MENEZES DE SOUZA & MONTE MÓR, 2006).

Tendo em mente a importância dos aspectos sociais abordados pelo viés do humor,

analisamos o desenvolvimento crítico dos participantes como uma prática pós-moderna

de sempre pensar e de problematizar questões sobre cultura, cidadania e relações de

poder. Sendo assim, o presente estudo nos ajudou a entender o engajamento dos sujeitos

em práticas sociais, uma vez que tal abordagem nos desafia tanto a descobrir novas

alternativas para o nosso desenvolvimento enquanto cidadãos. No âmbito das pesquisas

qualitativas e com base nas referências metodológicas da pesquisa-ação (BARBIER,

2007; THIOLLENT, 2008) a atual pesquisa foi realizada em uma turma de inglês do 9º

ano em uma escola pública do povoado de Santa Luzia, município da Barra de Santo

Antônio (AL). Isso posto, a temática desse trabalho transitou em torno do estudo da

linguagem e dos seus variados conceitos e do reflexo desses conceitos no processo de

ensino e aprendizagem da língua inglesa. No final desse estudo, percebemos que o uso

do humor está intrinsecamente associado aos estudos sobre Letramento Crítico,

possibilitou aos alunos um ambiente aprazível nos momentos das discussões que

abordavam os aspectos sociais, portanto, configurando o humor como um elemento

pedagógico significativo no contexto educacional. Por fim, no final desse estudo, mais

do que expor teorias e métodos, suscitamos possibilidades pedagógicas que podem

nortear o ensino de língua estrangeira dentro de práticas educacionais, a qual os

aprendizes possam estar envolvidos em contextos que reclamam trocas de

conhecimentos e valores sociais.

Uma política linguística no âmbito da educação

EGON DE OLIVEIRARANGEL

ANA LUIZA MARCONDES GARCIA

[email protected] [email protected]

Em um clássico da área, Calvet (1993 e 1995) define política linguística por meio de

dois movimentos distintos, mas articulados: o do planejamento linguístico e o da sua

execução propriamente dita. Assim, o autor apresenta a política linguística como uma

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ação organizada, com objetivos claramente estabelecidos e dotada de racionalidade.

Mais recentemente, tomando como referência esta clássica definição, Rajagopalan

(2013) e também Rangel (2013) a questionam, seja ao apontar para a dificuldade de

conduzir ações concretas de interesse público em torno de línguas específicas, seja ao

assinalar como a esfera das políticas públicas acaba por impor aos programas oficiais

condições de produção tão particulares que, para manter seu poder explicativo, a

fórmula de Calvet teria de ser invertida: seria a intervenção linguística que, uma vez

efetivada, se tornaria inseparável de uma formulação propositiva, muitas vezes

concebida a posteriori ou mesmo apenas pressuposta. Tomando tais reflexões como

pressupostos teóricos, a presente comunicação tem como objetivo discutir em que

medida e de que forma tal inversão se manifesta em uma política linguística da

Secretaria Estadual de Educação de São Paulo: a inclusão, por um período de 3 anos, da

disciplina Leitura e Produção de Textos na grade curricular dos anos finais do EF na

rede paulista, com o objetivo de formar o leitor literário. Tomando como referência a

dissertação de mestrado de uma professora-pesquisadora que atuou na execução dessa

política (Asbahr, 2013), analisaremos, recorrendo aos princípios, técnicas e

procedimentos da Análise do Discurso (Maingueneau, 2014; Orlandi, 1999; Spink,

1998), as marcas dessas condições de produção presentes no discurso acadêmico da

professora referida.

Nos meandros do ensino da escrita em Língua Portuguesa:

(re)pensando o conceito de intervenção-interferência

ÉRICA DANIELA DE ARAUJO

[email protected] [email protected]

CÁRMEN LÚCIA HERNANDES AUGUSTINI

Intentamos, à luz da teorização de Émile Benveniste, problematizar a relação professor-

saber-aluno e suas implicações no ensino da escrita em Língua Portuguesa escrita. De

nossa perspectiva, o ensino da escrita passa, necessariamente, por um processo

subjetivo de “escuta” dos comandos do professor, assim como pela necessária

planificação do fluxo de associações da linguagem-interior da qual o escrito torna-se

produto. Nessa medida, os processos de intervenção-interferência efetuados pelo

professor, no jogo (inter)subjetivo instaurado no espaço de sala de aula, visam fazer

com que os alunos apre(e)ndam determinado conhecimento, ou seja, que a

transmissibilidade se dê. Ao fazê-lo, o professor intervém no processo de aprendizagem,

dado que orienta de determinada forma sua explanação, bem como seleciona o material,

os aspectos que são abordados e o modo como os aborda. Sendo assim, por intervenção

compreendemos as ações pedagógicas adotadas pelo professor a fim de ensinar certo

conhecimento em sua prática docente. Logo, tomamos interferência como toda e

qualquer manifestação pontual do professor sobre o texto do aluno. Ressaltamos que,

nesse processo, não há garantias de que a intervenção-interferência efetuada pelo

professor possa reverter-se em algo favorável ao aluno, já que o aluno não recebe algo

do professor de modo passivo; há interpretação, há mo(vi)mento na experiência de

linguagem. Nessa medida, objetivamos analisar, a partir de uma situação particular de

observação em sala de aula, o modo como se dá a intervenção-interferência do professor

no processo de (re)escrita do aluno e como o aluno se relaciona com essa intervenção-

interferência do professor sobre o seu texto em seu processo de aprendizagem da escrita.

No que concerne à relação professor-saber, embasamo-nos metodologicamente nos

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estudos de Émile Benveniste sobre o aparelho de funções; já a relação professor-saber-

aluno será analisada, tendo em vista dos manuscritos escolares dos alunos, a partir da

tipologia das rasuras proposta pela Crítica Genética.

Uma política linguística no âmbito da educação

ANA LUIZA MARCONDES GARCIA

[email protected] [email protected]

EGON OLIVEIRA RANGEL

Em um clássico da área, Calvet (1995) define política linguística por meio de dois

movimentos distintos, mas articulados: o da concepção e formulação (ou seja, do

planejamento linguístico) e o da execução propriamente dita. Assim, oautor apresenta a

política linguística como uma ação organizada, com objetivos claramente estabelecidos

e dotada de racionalidade. Mais recentemente, Rangel (2013), ao analisar dois exemplos

de políticas linguísticas desenvolvidas no Brasil pelo MEC, em uma mesa-redonda do X

Congresso da ALAB, assinalou como, nos casos em questão, a esfera das políticas

públicas acabou por impor a dois programas oficiais condições de produção tão

particulares que a fórmula de Calvet, para manter seu poder descritivo/explicativo, teria

de ser invertida: seria a intervenção linguística que, uma vez efetivada, se tornaria

inseparável de uma formulação propositiva, muitas vezes concebida a posteriori ou

mesmo apenas pressuposta. À luz dessa reflexão, a presente comunicação pretende

examinar como uma outra política linguística, — levada a cabo pela Secretaria Estadual

de Educação de São Paulo, por meio do programa São Paulo Faz Escola — é

representada na dissertação de mestrado de uma professora-pesquisadora que participou

da execução dessa política linguística, analisando-a, posteriormente, do ponto de vista

acadêmico, em pesquisa da Faculdade de Educação da USP. Trata-se da disciplina

Leitura e Produção de Textos que, durante 3 anos, compôs a grade curricular dos anos

finais do EF na rede paulista, com o objetivo de formar o leitor literário. Os autores

desta comunicação participaram do planejamento e da elaboração do material didático

proposto para a execução de tal política, enquanto que a professora pesquisadora a

implementou em sala de aula. As perspectivas em confronto— planejamento; execução;

pesquisa acadêmica — podem evidenciar até que ponto há mais política, no campo das

políticas linguísticas, do que o esquema proposto por Calvet permite perceber.

Aprendendo a aprender na formação inicial de professores de línguas

VERA LÚCIA BATALHA DE SIQUEIRA RENDA

[email protected] EVELINE MATTOS TÁPIAS OLIVEIRA

[email protected]

A presente comunicação ancora-se na linguagem em situação de uso e de ensino. A

estudantes de licenciatura Letras são necessárias habilidades e competências de leitura e

de escrita, as quais nem sempre foram trabalhadas na educação básica, como a prática

de registro e a sistematização de formas de estudo. Assim, com o foco de desenvolver

esses saberes nos ingressantes, foi realizada uma pesquisa-ação com alunos de um curso

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de Letras de uma universidade pública; buscou-se aliar a construção de práticas de

estudo à construção do perfil profissional. As lentes teóricas bakhtinianas propiciaram

olhares para os posicionamentos na comunicação dialógica; de Vygotsky (2003),

apreenderam-se questões ligadas à interação e à mediação; de Kleiman (2003, 2006),

absorveu-se a relevância do letramento acadêmico. A base para essas escolhas foi

entender que a linguagem e a constituição de identidade estão intimamente ligadas,

além do objetivo de que os licenciandos se constituam profissional e integralmente

como sujeitos autônomos em suas formas de estudo e de atuação profissional. Dessa

maneira, optou-se por empreender um direcionamento de estudos que pudesse

contribuir para construir os saberes almejados, ao longo do curso, de forma

sistematizada, sequencial e responsiva, em função da organização curricular e do estilo

de interação e mediação vivenciados pelo docente. O esforço foi de trabalhar os

estudantes para entenderem os seus sentimentos ao aprenderem, a ficarem atentos aos

seus processos de aprendizagem e a desenvolverem os usos da linguagem nos contextos

acadêmicos. Os resultados apontam que se pode detectar nos acadêmicos a ampliação

dos horizontes pessoais e profissionais em relação à especificidade das áreas estudadas,

à capacidade de diálogo acadêmico, bem como a novos olhares sobre a aprendizagem –

com isso, perceberam-se avanços na formação da identidade profissional. Professor e

alunos, juntos, aprendendo a aprender.

LÍNGUA INGLESA PARA CRIANÇAS NAS SÉRIES INICIAIS DO ENSINO

PÚBLICO – UM DIÁLOGO COM BAKHTIN

CHRISTIANE BATINGA AGRA

[email protected]

A presente comunicação é um recorte de minha pesquisa de mestrado ainda em

andamento. Nesse recorte, me proponho a refletir sobre a introdução da disciplina

Língua Inglesa nas séries iniciais do Ensino Público. Na reflexão, serão primeiramente

abordadas algumas questões referentes à Globalização e seu impacto na sociedade

contemporânea. Em seguida, discorrei sobre o ensino de Língua Estrangeira para

Crianças (LEC) e a importância de se pensar sobre qual concepção de Língua será

utilizada no processo ensino-aprendizagem com esse público específico. Ao se optar por

uma concepção dialógica e social de Língua, acaba-se por imprimir a esse processo um

caráter formador e transformador. Apoio-me teoricamente na visão de língua de

Bakhtin/Volochinov ([1929]/2010) que a considera um fenômeno social que só se

materializa na presença do outro, na perspectiva sócio cultural de ensino-aprendizagem

de Vygotsky (1978), na Linguística Aplicada Crítica (PENNYCO , 2006;

RAJAGOPALAN, 2006), nos multiletramentos (KALANTZIS e COPE, 2011; ROJO,

2012), e nos estudiosos do ensino de inglês para crianças (CAMERON, 2001;

BREWSTER, ELLIS & GIRARD, 2002; ROCHA, 2006; TONELLI e RAMOS, 2007;

entre outros). Adotei para esse estudo a abordagem qualitativa de pesquisa e os

instrumentos de coleta de dados foram planos de aulas, relatos de aula, atividades

produzidas pelos alunos, além de entrevistas e rodas de conversa. Os resultados parciais

apontam para o fato de que a partir do momento em que a Língua foi aproximada da

realidade dos alunos, surgiram maiores oportunidades de uma aprendizagem

significativa, em que o novo idioma foi utilizado não de forma mecânica e

descontextualizada, mas sim como um instrumento para compreender melhor o mundo

onde vivem, tornando-os capazes de transitar de uma maneira mais crítica e consciente

pelos fenômenos globais e locais de nossa sociedade contemporânea.

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Relações de poder na formação do professor de alemão como língua

estrangeira

DÖRTHE UPHOFF

[email protected] O trabalho tem por objetivo esboçar as relações de poder concernentes à formação do

professor não nativo na área de alemão como língua estrangeira (ALE), tais como foram

construídas ao longo dos últimos trinta anos através de programas e materiais de

formação desenvolvidos na Alemanha e amplamente difundidos no mundo inteiro.

Partindo de uma perspectiva foucaultiana, que concebe o poder como uma tentativa de

conduzir a ação do outro, nossa proposta é fazer uma análise discursiva de alguns

excertos da série “Fernstudienangebot Deutsch als Fremdsprache” (Oferta de Estudos a

Distância Alemão como Língua Estrangeira) e de sua sucessora “Deutsch lehren lernen”

(Aprender a ensinar alemão), ambas produzidas pelo Instituto Goethe, com numerosos

volumes temáticos que visam dar apoio à formação do professor de alemão em outros

países. O foco da análise será a imagem que é construída desse professor e de sua

cultura de ensino e aprendizagem, além das mudanças nela ocorridas ao longo do

tempo. Assim, pode-se verificar uma crescente preocupação em valorizar o fazer

pedagógico local, com incentivos ao empoderamento do professor, mas também um

persistente ceticismo no que diz respeito às habilidades didático-metodológicas do

mesmo.

Relações dialógicas em revista infantil: o processo de adultização de

meninas

CRISTHIANE FERREGUETT

[email protected] [email protected]

As crianças vivem em uma sociedade consumista e, bombardeadas pela publicidade,

passam a ter desejos de aquisição de bens supérfluos que em sua imaginação irão

transformar a sua vida para melhor. Nesse contexto, o estilo sensual e erótico, modelo

que não tem nada a ver com a idade emocional e cognitivo das meninas, é distorcido em

relação à idade e entra como mais uma forma de atração, fascínio e sedução. O presente

trabalho apresenta as análises preliminares da nossa pesquisa que está sendo realizada

através do Programa de Doutorado Interistitucional – DINTER, realizado num convênio

entre a Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul –PUC–RS e a

Universidade do Estado da Bahia –UNEB. O objetivo geral da pesquisa é analisar

como é construído discursivamente o processo de adultização e/ou erotização precoce

das meninas de 06 a 11 anos de idade em diferentes gêneros discursivos contidos na

Revista Recreio Girls, da Editora Abril. O embasamento teórico utilizado são os

pressupostos apresentados pelo Círculo de Bakhtin, em especial os conceitos de

discurso, relações dialógicas, gênero discursivo, signo ideológico, relações dialógicas e

compreensão responsiva. As análises serão desenvolvidas qualitativamente observando

os diversos elementos verbais e não verbais que constituem a revista em apreço.

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A figura do mediador linguístico-cultural no espaço da nação italiana

FRANCESCA DELL’OLIO

[email protected]

Este trabalho caracteriza-se como pesquisa qualitativa e análise documental de políticas

linguísticas de imigração na Itália e objetiva problematizarconceitos relacionados a

essaspolíticas, bem como abordar como criam uma partilha de espaços linguísticos.

Entende-se por “partilha” (Ranciere,2009) a relação entre o comum partilhado e a

divisão de partes exclusivas: as políticas linguísticas fazem uma distribuição de

maneiras de falar e de ser em um espaço de possíveis, colocando-se como parâmetros de

normalidade. De acordo com Orlandi (2002), a história linguística de um país e a

constituição de seu saber metalinguístico revelam a história política e social daquela

época e como o sujeito-falante nela se insere. Essa distribuição é marcada

ideologicamente e está imbricada, por um lado, com a ideia de nação que se apoia sobre

três pilares – língua, território, identidade, com suas bases na ideologia moderna; por

outro, na economia neoliberal. No fervor nacionalista europeu do século XIX, o

conceito de homogeneidade linguística e social era a base do conhecimento; atualmente,

porém, entendendo linguagem como elemento identitário e que constrói conhecimento,

pode-se pensar em possíveis ligações entre os fundamentos ideológicos que são a base

das políticas linguísticas analisadas nesta pesquisa e a construção de conhecimento

sobre nos e os outros. Uma educação linguística transcultural pode participar da

formação do cidadão: a ideia de “uma nação, uma língua, uma cultura”, herdada do

pensamento iluminista e positivista, hegemônica e universalista, atribui homogeneidade

e estaticidade às línguas, culturas e identidades, levando a uma visão homogênea e

dicotômica, enquanto conceitos como o de identidade como emergência dialógica

(Souza, 2010) e de nação como contínua negociação, visa uma educação para o diálogo,

a diferença e o conflito, evitando buscar nos encontros interulturais tolerância. Por

fim,propõe-se também focalizar a figura do mediador linguístico-cultural neste processo

de imigração na Itália.

Atividades de microensino como espaço de mediação com vistas à

formação docente: uma perspectiva sociocultural.

ADRIANA KUERTEN DELLAGNELO

[email protected] MARIA ESTER MORTIZ

[email protected]

Sob a égide do ideário histórico-cultural vygotskiano, concebemos a aprendizagem

humana – e, por implicação, a aprendizagem docente – como um fenômeno que emerge

em situações sociais, históricas e culturais dinâmicas e situadas. Disso decorre a

compreensão de que aprender a ensinar origina-se e se desenvolve no engajamento do

professor na atividade de ensino e aprendizagem. Nessa perspectiva, contestamos a

visão tecnicista de atividades de microensino e propomos a reconceitualização dessas

atividades como práticas legítimas e autênticas de ensino e aprendizagem, em que

professores em pré-serviço constantemente planejam e ministram aulas a seus colegas e

professores e recebem destes sugestões e críticas com vistas ao replanejamento e

recondução dessas mesmas aulas. Nessa linha de raciocínio, afirmamos o papel

imprescindível das trocas entre sujeito aprendiz e o outro, na acepção vygotskiana do

termo. Neste estudo, de base qualitativa e microgenética, acompanhamos 12 professores

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em processo de formação docente, participantes de atividades de microensino em uma

disciplina de ensino do Curso de Licenciatura em Letras Inglês/UFSC. Verificamos que

essas atividades, circunstanciadas conforme exposição acima, promoveram

desenvolvimento cognitivo dos professores participantes na medida em que

encontramos instanciações que evidenciam um processo gradual de transformação de

práticas intuitivas e baseadas em conhecimentos espontâneos por práticas marcadas por

escolhas teoricamente informadas. Reconhecemos, assim, o potencial do microensino

como espaço de mediação capaz de suscitar oportunidades de reflexão e de mediação

estratégica que elevam o professor em formação de um patamar imaturo e muitas vezes

intuitivo para níveis de maturação marcados por reflexão crítica e teórica. Em

consonância com a perspectiva sociocultural, percebemos que a apropriação do

conhecimento e das habilidades necessárias para a atividade docente é caracterizada por

um processo progressivo de atividades socialmente mediadas – e portanto externas ao

sujeito aprendiz – para atividades internamente controladas – e portanto internas ao

sujeito aprendiz.

Habilidades metacognitivas e compreensão leitora: análise quanti-

qualitativa de estudantes calouros

JAKELINE MENDES

[email protected] CLAUDIA FINGER-KRATOCHVIL

[email protected] A literatura tem apontado que leitores mais proficientes têm um melhor monitoramento

de sua compreensão leitora se comparados aos leitores menos proficientes.

Considerando essa questão, busca-se revisitar os resultados da compreensão leitora em

tese de Finger-Kratochvil (2010), em seu estudo com alunos ingressantes no ensino

superior, e analisar outros dados gerados na ocasião com foco na metacognição. Propõe-

se uma análise estatística, com base em regressão e correlação linear, e a análise

qualitativa dos dados. Resultados preliminares apontam que os participantes que

zeraram questões cuja tarefa requeria o uso do conhecimento prévio para a resolução de

questões do teste de compreensão em leitura afirmaram no questionário de avaliação

subjetiva não ter dificuldade em usar o conhecimento anterior e suas experiências para a

compreensão textual. Esses resultados apontam para ofenômeno da ilusão do saber,

abordado por autores como Glenberg, Wilkinson e Epstein (1982) e por Tomitch

(2003). Esse fenômeno interfere no aprendizado, levando a avaliação incorreta da

compreensão e à alocação inadequada dos recursos de processamento, podendo

ocasionar o fracasso na compreensão do texto. Busca-se o desenvolvimento de

estratégias com o estudante universitário a fim de ampliar sua monitoria bem-sucedida,

auxiliando nos momentos de aprendizagem por meio da leitura.

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Estratégias de Leitura e Produção de Releitura de Texto Literário

MARLI APARECIDA BRUNO

[email protected] VERA LÚCIA BATALHA DE SIQUEIRA RENDA

Este presente artigo apresenta como tema Estratégias de Leitura e Produção de Releitura

de Texto Literário. Percebe-se que umdos grandes desafios no ensino de Língua

Portuguesa está pautado na necessidade de despertar, de forma criativa, o interesse

dos alunos pela leitura dos gêneros discursivos diversos que circulam nos contextos

sociais. Dentre eles, destaca-se o gênero literário com o qual a maioria dos alunos

passam a ter mais contato especificamenteno ambiente escolar, no entanto ao sair da

escola, o indivíduo geralmente abandona o hábito da leitura, pois encara tal atividade

como algo atrelado aos exercícios escolares. Diante desse problema, o objetivo deste

artigo é apresentar uma sugestão de estratégia de leitura e produção de releitura artística

e escrita de texto literário, a partir de um trabalho realizado com alunos da 3ª série do

Ensino Médio e dessa forma contribuir para aprimorar práticaseficazes e prazerosas

para as aulas de Língua portuguesa, em particular as aulas de leitura de gênero literário

e seu diálogo com outras linguagens artísticas e midiáticas. Como fundamentação

teórica serão elencados os estudossobre estratégias de leitura, letramento literário e

multiletramento, ou seja, o texto literário e seu diálogo com outras linguagens.

Padrões de colaboração e ensino-aprendizagem de capacidades de

linguagem

JULIANA ORMASTRONI DE CARVALHO SANTOS

[email protected] Esta comunicação está voltada à análise dos padrões de colaboração propostos por

Ninin (2013), a saber, responsividade, deliberação, alteridade, mutualidade, humildade e

cuidado e interdependência nas interações entre professores e alunos de uma pública do

interior do Estado de São Paulo. A presente proposta faz parte de uma pesquisa de

Doutorado cujo objetivo geral foi analisar o processo de produção escrita do gênero

artigo de opinião. Os objetivos específicos focalizaram, principalmente, a transformação

dos modos de trabalhar com os processos de escrita voltados a identificar: (a) as

características da interação entre os participantes na produção do artigo de opinião e (b)

os modos de apropriação das capacidades de linguagem, pelos alunos, ao longo da

produção do artigo de opinião. O embasamento teórico foi construído a partir da Teoria

da Atividade Sócio-Histórico-Cultural (TASHC), considerando as concepções de

Vygotsky (1934/1991, 1934/2001), Vygotsky, Leontiev e Luria (1934/2001) e

Engeström (1999, 2002, 2011), e da Atividade Social (LIBERALI, 2009) como

desdobramento da TASHC. Os pressupostos teóricos sobre a linguagem alicerçaram-se

na teoria dos gêneros de Bakhtin/Volochinov (1929/1992) e Bakhtin (1979/2011), bem

como nos estudos sobre as capacidades de linguagem, desenvolvidos por Dolz e

Schneuwly (2010), que focalizam o gênero de discurso como um artefato cultural para o

desenvolvimento da escrita. Metodologicamente, este estudo está apoiado na Pesquisa

Crítica de Colaboração (PCCol) (MAGALHÃES, 2009, 2010, 2011), metodologia que

embasa a escolha e a organização de ações em pesquisas conduzidas em contextos

escolares. Os padrões de colaboração observados nas interações entre os participantes

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da pesquisa revelaram revelaram transformações quanto aos modos de agir dos

participantes e apropriações referentes ao gênero artigo de opinião.

Empréstimos linguísticos da língua francesa na língua brasileira de

sinais: um olhar bakhtiniano

MARTA MARIA COVEZZI

[email protected] [email protected]

Este estudo pretende aprofundar a investigação a respeito dos empréstimos linguísticos

oriundos da língua francesa na Língua Brasileira de Sinais (LIBRAS) visando ao

levantamento dos sinais em que ocorre essa interferência e à elucidação do trajeto

sociohistórico desses aportes. A partir das informações que temos do envolvimento da

Língua Francesa de Sinais e da Língua Francesa oral na constituição e na história do

ensino da LIBRAS, observa-se que muitos sinais da Língua Brasileira de Sinais têm a

configuração organizada em função da herança da língua francesa oralizada, ou ainda,

da LSF – Língua Francesa de Sinais. Tendo em vista tal ocorrência, achamos relevante

empreender uma pesquisa que investigue a história das línguas em contato, da língua

francesa oralizada, da LSF e da LIBRAS. Tencionamos investigar os empréstimos

linguísticos nas relações entre línguas orais e línguas de sinais, esclarecendo: quais

línguas em diálogo produzem empréstimos linguísticos para as línguas de sinais; as

influências da Língua Francesa e da LSFna LIBRAS;em que aspectos da LIBRAS esses

empréstimos se fazem presentes e são mobilizados;o papel dos empréstimos linguísticos

como possíveis facilitadores no ensino da LIBRAS.Trata-se de uma pesquisa

qualitativa, de cunho interpretativo e de análise documental; coletaremos, para nossas

análises, material de ensino da LIBRAS e realizaremos entrevistas com professores da

área, dados que serão analisados pelos princípios do método indiciário.Assumimos,para

a análise do corpus, os conceitos que procedem da concepção enunciativo-discursiva de

linguagem do pensador Mikhail Bakhtin e o Círculo, utilizando os conceitos basilares:

dialogismo (línguas em diálogo), enunciado, linguagem como interação, a palavra

estrangeira, signo e sinal, gênero discursivo, forças centrífugas e centrípetas e

plurilinguismo. Acreditamos que as respostas às perguntas propostas poderão trazer

contribuições e esclarecimentos importantes quanto ao processo de formação da

LIBRAS e sua possível interferência no ensino-aprendizagem.

Tensões em um curso de formação contínua para professores de inglês

da rede pública de São Paulo

GIOVANNA ROGGI

[email protected] A formação contínua de professores é um gerador de tensões, uma vez que requer

desenvolvimento e reflexão. Além disso, pode-se colocar a má qualidade dos cursos de

formação de professores como um agravante para a resistência, e a maturidade

(FURLANETTO, 2003). Assim, para melhor compreender as dificuldades vivenciadas

nos cursos de formação contínua para professores – neste caso professores de inglês –

faz-se necessário lançar um olhar sobre as tensões e suas naturezas; e um olhar sobre

qual situação gera uma tensão mais gritante. Com isso, amparado nos estudos de Berry

(2007), investiguei quais das seis tensões classificadas pela autora estão presentes em

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um curso de formação contínua para professores de inglês da rede pública de São Paulo.

Para tanto, esta pesquisa lançou a seguinte questão central: Quais são as tensões em um

curso de formação contínua para professores de Inglês da rede pública do estado de São

Paulo? A pesquisa fundamentou-se em: Berry (2007) e Loughran (2004/2007). Além

disso, este trabalho desenvolveu-se segundo orientações de pesquisa qualitativa: os

dados gerados e coletados – questionários e observações de aulas e reuniões – foram

analisados sob o cunho interpretativista do pesquisador (Moita Lopes, 1994). Por fim,

os resultados mostram que há cinco tipos de tensões no curso, geradas, por exemplo,

pela falta de relevância do curso face à realidade do professor-aluno; falta de

conhecimento por parte dos formadores; das condições de trabalho dos professores-

alunos; divergência de ideias em relação a ensino-aprendizagem; e discrepância das

ações e intenções dos formadores.

Análise de atividades de pronúncia de língua inglesa em materiais

didáticos de um curso de formação de controladores de tráfego aéreo

brasileiros.

CARLOS ALBERTO BABBONI

[email protected]

Tendo em vista a relevância que a pronúncia da língua inglesa tem para os controladores

de tráfego aéreo (ATCOs) brasileiros, levando em conta que o inglês é a língua oficial

utilizada na comunicação internacional entre pilotos e ATCOs, este trabalho apresenta

dados de uma pesquisa sobre exercícios de pronúncia presentes em três livros didáticos,

publicados por editoras internacionais, utilizados em cursos voltados à formação de

ATCOs militares, no qual atuamos. O problema que motivou a pesquisa foi o desejo dos

alunos do Curso em aprimorar a pronúncia das palavras em inglês, uma vez que esses

aprendizes sentiam dificuldade com determinados sons característicos da língua inglesa,

considerando, também, que tais alunos são provenientes de diferentes regiões do Brasil,

com diferentes sotaques, que interferem na inteligibilidade da pronúncia da língua

estrangeira. Sendo assim, o objetivo desta pesquisa foi investigar se os exercícios de

pronúncia propostos nos livros utilizados ao longo do Curso atendem aos requisitos

internacionais de proficiência linguística da Organização de Aviação Civil Internacional

(OACI), previstos no DOC 9835. Os objetivos específicos foram avaliar se os

exercícios de pronúncia propostos no material didático são suficientes e se atendem às

dificuldades inerentes aos luso-falantes brasileiros. Esperamos que esta pesquisa possa

contribuir para uma melhoria na performance dos alunos, falantes não-nativos do inglês,

no que tange à execução dos exercícios durante o Curso e também para uma melhor

compreensão nas transmissões radiotelefônicas nos órgãos operacionais de controle de

tráfego aéreo onde atuam esses futuros ATCOs. Para tanto, utilizamos como

fundamento as concepções de ensino de pronúncia conforme Morley (1994),

Pennington (1996), Celce-Murcia, Brinton e Goodwin (1996) e Kelly (2000). Para

alcançar os objetivos, foi conduzida uma análise qualitativa (CHIZZOTTI, 1998). A

análise dos dados revelou que os livros não contêm exercícios suficientes/relevantes

para um curso de formação de ATCOs brasileiros.

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Formação na e para ação: Uma atividade colaborativa de construção

de conhecimento.

ROSEMARY HOHLENWERGER SCHETTINI

[email protected] A apresentação traz uma discussão sobre uma experiência de implementação de uma

Instituição de Ensino Superior, e como as ações em momento de formação profissional

pode possibilitar ou não a expansão o conhecimento e a formação ou não de sujeitos

críticos atuantes no mundo. O foco recairá na reflexão como uma atitude de

investigação e problematização dequestões que descortine realidades, veja os

problemas em conexão com outro, e mostre os sujeitos como capazes de estabelecer

mudanças no contexto como um todo, rejeitando o definitivo, um sujeito interativo

(Lev Vygotsky 1896 – 1934), gestor de possibilidades da diferença. Durante a

implementação a argumentaçãoteve o papel mediador na produção compartilhada de

conhecimentos, construindo criativamente novos pensamentos e novas ações. Esta

formação baseada na argumentação (Mosca, 2004, Liberali 2012) possibilitoua

produção criativa de significados compartilhados na durante a implementação e serviu

de instrumento na organização do discurso, na transformação da atividade mental de

pensar sobre o fazer. Cada participante desta forma se torna responsável e responsivo

em relação aos aspectos em discussão. Para focalizar o trabalho dentro da perspectiva

sócio-histórico-cultural, (LevVygotsky 1896 – 1934), algumas perguntas perseguirão

esta discussão: o que favorece a interação em uma situação de formação e trabalho?

Como nos desenvolvemose nos transformamos ao aprender? Objetivo central desta

discussãoé mostrar como a transformação a partir da análise, compreensão e

redimensionamento dos aspectos linguísticos organizam as ações humanas durante a

ação.

Uma sala para muitas línguas: transpondo as letras, as barreiras e o

inconcebível

SABRINA SANT´ANNA RIZENTAL

[email protected] [email protected]

Considerado atualmente como uma grande nação, o Brasil vem se tornando cada vez

mais o país de destino de refugiados de diversas partes do mundo. Na cidade do Rio de

Janeiro, africanos, árabes, colombianos, russos, recém-chegados, não se distinguem

facilmente entre os rostos miscigenados dos brasileiros. Entretanto, basta um pedido de

ajuda, num português extraído dos dicionários, para que sejam imediatamente

identificados. A língua, neste caso o português brasileiro, é a primeira grande barreira

enfrentada por esse imigrante. As instituições envolvidas com os projetos de ensino de

português brasileiro para estrangeiros postos como projetos de alfabetização,

direcionados aos refugiados, enfrentam um grande desafio quanto às escolhas mais

adequadas ao perfil de grupos tão heterogêneos. Este trabalho tem como objetivo

apresentar uma reflexão sobre as práticas educativas que vêm sendo desenvolvidas no

contexto da sala de aula. A análise tem como material a proposta da Cáritas RJ e o

proferimento de Charly Kongo, refugiado da República Democrática do Congo, em

evento ocorrido no Ministério Público do Trabalho no Rio de Janeiro (MPT-RJ), na

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semana de comemoração do Dia Mundial dos Refugiados, celebrado em 20 de junho.

Valendo-se do apoio de teóricos sob a perspectiva da Análise de Discurso, fundada nos

trabalhos de Michel Pêcheux, observamos o processo de constituição dos sentidos e a

construção desse novo sujeito. Concluímos que a urgência que permeia o processo de

aprendizagem dos refugiados, uma vez que falar a língua do país destinatário é posta

como uma questão de sobrevivência, demanda uma didática específica que considere as

diferentes representações discursivas e justifique as escolhas mais convenientes à

interação dos professores e educadores voluntários com o grupo, na construção desse

aprendizado mútuo.

Reflexões sobre a utilização da imagem no livro Aviation English

RENATA TITO DOS SANTOS DIAS

[email protected] Este estudo propõe uma reflexão sobre a utilização da imagem no livro Aviation

English que é um material didático voltado ao ensino de língua inglesa no contexto de

ESP (English For Specifc Purpose) para controladores de tráfego aéreo e pilotos. A

importância desse trabalho reside em oferecer subsídios teórico e prático para

autilização das imagens no contexto de aprendizagem de inglês aeronáutico. Acredita-se

que este trabalho oferecerá embasamento para que se possa fazer o uso consciente das

imagens do livro mencionado adaptando-as, quando necessário, ao contexto de

aprendizagem do controlador de tráfego aéreo pré-serviço brasileiro. Diante do

exposto, o objetivo geral desta pesquisa é analisarem que medida as imagens do livro

contribuem para a aprendizagem de língua inglesa desses alunos. Os objetivos

específicos são: 1) analisar como as imagens são utilizadas; e 2) propor critérios para a

utilização da imagem no contexto de aprendizagem de língua inglesa voltado à

formação do controlador de tráfego aéreo do Brasil. Para abordar o conceito de imagem

será adotada a perspectiva de Santaella e Nörth (2001) que classificam a imagem como

representação visual ou mental. A perspectiva adotada será a primeira. Também serão

abordadas as considerações de Costa (2005) sobre a utilização de imagem como recurso

pedagógico e sobre a classificação das imagens quanto ao uso. Esta pequisa será

qualitativa, com a revisão bibliográfica concernente a este estudo: definição de ESP,

definição de imagem, a importância do uso da imagem como recurso pedagógico. Este

embasamento teórico servirá para discutir a utilização da imagemno livro Aviation

English com o objetivo de orientar as intervenções pedagógicas para o uso eficaz de

imagens no ensino de ESP para alunos controladores de tráfeo aéreo em formação.

Avaliação da compreensão leitora: análise de resumos produzidos por

graduandos no projeto “Ler & Educar”

CLAUDIMIR RIBEIRO

[email protected] [email protected]

CLÁUDIA FINGER-KRATOCHVIL

No Brasil, o tema sobre leitura e compreensão tem ganhado relevância nos últimos

anos, sobretudo porque as avaliações nacionais, como o SAEB/Prova Brasil e o INAF, e

internacionais como o PISA, têm revelado o baixo rendimento por parte dos estudantes

brasileiros. Esses dados levam a questionar muitas das práticas pedagógicas

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desenvolvidas pela escola e denominadas de “atividades de leitura”, que podem não

proporcionar aos educadores uma noção confiável do desenvolvimento e da

compreensão do leitor relativa ao material lido. A partir dessa preocupação, a presente

pesquisa pretende inferir o grau de compreensão leitora em resumos produzidos por

graduandos da Universidade Federal da Fronteira Sul – UFFS, durante a participação no

projeto ligado ao programa Observatório da Educação – OBEDUC, intitulado “Ler &

Educar”, e sugerir o nível de proficiência expressado nessas produções. Com esse

diagnóstico objetiva-se perceber que estratégias e habilidades os graduandos

demonstram possuir e quais precisam ser desenvolvidas. O suporte teórico da análise é

o modelo de compreensão denominado, construction-integration (CI) model

(KINTSCH,1998; KINTSCH; VAN DIJK,1978) que fornece uma explicação ampla de

como o conhecimento é usado na compreensão e dos processos mentais implicados no

processamento da leitura, além de contemplar em suas formulações as atividades de

sumarização como forma de verificar a capacidade de compreensão leitora. A partir da

aplicação das macrorregas (BROWN, DAY, 1983; CASAZZA, 1993; KINTSCH, VAN

DIJK, 1977; SOLÉ, 1998; VAN DIJK, 1980) determinamos as principais ideias dos

textos-fonte, alvo de resumos, e as comparamos com os produzidos pelos graduandos.

As análises mostram que os graduandos tendem a utilizar mais a macrorregra de

apagamento/seleção e com menor frequência, ou com dificuldade, as de generalização e

construção. Os usos revelaram que ideias centrais também foram apagadas e outras, que

implicavam em junção de informações de diferentes partes do texto, não conseguiram

ser recuperadas nos resumos.

Questões de gênero e diversidade sexual em contexto escolar:

perspectivas discursivas e (des)construção de identidades

ARIOVALDO LOPES PEREIRA

[email protected] CLODOALDO FERREIRA FERNANDES

[email protected]

Discutir sobre relações de gênero e a diversidade sexual em contextos escolares é a

proposta desta exposição, por pensarmos que a linguagem institui realidades e

(des)constroem identidades dispondo um lugar aceito e valorizado e outro silenciado e

negado. A escola como um espaço de sociabilidade humana e a linguagem,

materializada em discursos, podem ser mecanismos de exclusão pelos quais uns são

privilegiados em detrimento de outros, na medida em que espaços são acessados por

quem pertence à norma, ao esquadro e a posicionamentos discursivos de valor de

verdade, em que se interditam as maneiras de ser e estar socialmente. Ao pensarmos

sobre os nossos corpos e práticas afetivo-sexuais como construções discursivas, pelas

quais moldamos nossas práticas sociais, é imperioso que problematizemos quais

discursos são gendrados (generíficos) em ambientes educacionais, no que tange às

identidades normatizadas/normalizantes que segregam e amputam o direito ao exercício

da cidadania. Esta exposição converge resultados de pesquisa de doutorado (PEREIRA,

2007) e mestrado (FERNANDES, 2014), respectivamente, cujas propostas se inserem

nos estudos da Linguística Aplicada e se baseiam em concepções teóricas de autores

que discutem gênero, discurso e diversidade sexual. Desta maneira, para que

alcancemos um debate profícuo, objetiva-se refletir sobre os mecanismos discursivos

que (des)constroem identidades que agenciam e/ou negam as relações de gênero e a

diversidade sexual na escola. As pesquisas evidenciaram que, ao mesmo tempo em que

a escola é o espaço da abertura de debates referentes à diversidade sexual, é o lugar

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ainda de tradição que reverbera discursos binaristas que legitimam maneiras de ser e

comportar como homem e mulher, (re)produzindo, nesse sentido, práticas sociais que

subalternizam as identidades e as relações de gêneros e negando um espaço de

democracia sexual no contexto educacional.

Estratégias de entrevistadores nas interações face a face do exame

Celpe-Bras: reflexões sobre validade e confiabilidade

ELEONORA BAMBOZZI BOTTURA

[email protected] SANDRA REGINA GATTOLIN

Este trabalho visa relatar resultados de uma pesquisa sobre a atuação de entrevistadores

em interações face a face de uma edição do exame Celpe-Bras. Por ser um Teste de

Desempenho, entende-se que nas interações face a face há impacto de variáveis na

validade e na confiabilidade do exame, sobremaneira no que se refere à variabilidade

relacionada às diferentes atuações de entrevistadores. Ora, sabe-se que um teste de

proficiência oral bem sucedido não depende exclusivamente da figura do entrevistador,

contudo é válido salientar que a atuação dele influencia diretamente o desempenho dos

examinandos, quer seja pelos efeitos que entrevistadores podem ter nos resultados do

exame ou pela relação social que estabelecem nas interações com seus interlocutores

pelo modo como encaminham a interação, promovendo diferentes condições de

avaliação. Assim, este trabalho se dedica a investigar a atuação de entrevistadores e seus

possíveis efeitos com enfoque em estratégias e apoios utilizados pelos entrevistadores

para encaminhar as interações face a face por meio dos Elementos Provocadores e dos

Roteiros de Perguntas do exame. A partir disso, os dados da pesquisa referentes ao

exame do Posto Aplicador do estudo foram analisados com base na literatura correlata,

mobilizando concepções e aspectos elementares para área de avaliação. Em geral,

verificou-se um conjunto de estratégias recorrentes, reveladas como boas estratégias

para a interação, outras estratégias e alguns tipos de apoio desempenhados pelos

entrevistadores contribuíram pouco para a interação. Os resultados do estudo indicam a

relevância de investimento na formação de entrevistadores como caminho promissor

para minimizar riscos de ameaça à validade, de modo que o Celpe-Bras continue a

mobilizar o envolvimento de diversos atores para que cada vez mais permaneça como

exame sólido e frutífero não só para área de avaliação, mas sobretudo para o ensino e

aprendizagem de português como língua estrangeira no contexto atual.

Gêneros textuais: uma análise de propostas de atividades de leitura de

livro didático de espanhol como língua estrangeira.

ADEJAIR DO ESPÍRITO SANTO SIQUEIRA JÚNIOR

[email protected]

A comunicação relata resultados parciais de pesquisa em andamento sobre os gêneros

textuais selecionados para trabalho com leitura no livro didático Nuevo Listo de

Espanhol como língua estrangeira (E/LE). As reformulações das coleções didáticas

acontecem vorazmente, querendo atender ao mercado, e em grande parte dos livros

didáticos de E/LE é possível constatar uma preocupação com a questão dos gêneros e a

sua diversidade. Cabe ressaltar que essa “preocupação” está atravessada por uma série

de implicações mercadológicas e que esta pesquisa vislumbra questionar que

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concepções sobre “gêneros textuais” estão sendo veiculadas na coleção. Tendo como

base preceitos teóricos advindos da Análise do Discurso de linha francesa

(MAINGUENEAU, 2009), a de análise do córpus tem como foco o manual do professor

e as atividades de leitura e compreensão leitora envolvendo os gêneros textuais. Esse

recorte levou em conta o entendimento do manual do professor como produção

discursiva pautada numa determinada concepção de língua e que traz no seu bojo

algumas incoerências teóricas bastante evidentes. As perguntas norteadoras de nossa

análises são: Que noção de “gênero” se apresenta no manual do professor? Que

concepção(ões) de Língua está(ão) sendo usada(s)? De que maneira a proposta teórica

verificada no manual do professor entra em consonância/dissonância com as atividades

de leitura propostas? Que abordagem(ns) de leitura está(ão) sendo utilizada(s) nas

atividades propostas? O encaminhamento das análises procura comprovar a hipótese de

que as incoerências entre o que se propõe e o que se apresenta como atividade geram

implicações negativas a respeito do trabalho com os gêneros. A investigação tem como

objetivo analisar se de fato o encaminhamento das atividades que envolvem leitura e

gêneros textuais estão efetivamente elaboradas de modo a oferecer condições para que

os alunos desenvolvam a competência leitora, considerando as visões de língua e

linguagem e leitura expostas no manual do professor.

A análise linguística como um caminho para o ensino e aprendizagem

de produção textual

MÁRCIO DOS REIS SALES

[email protected] [email protected]

O alcance da proficiência na escrita passa pelo conhecimento e domínio dos

mecanismos de coesão e coerência textuais, que são essenciais no processo de interação

enunciador – co-enunciador. Para que essa interação seja bem sucedida, o enunciador

deve cuidar da coesão textual, ou seja, da organização linear do texto, através de

elementos linguísticos responsáveis por processos de sequenciação capazes de constituir

relações de sentido entre os enunciados. Além disso, deve estabelecer a coerência, ao

criar a organização dos níveis de sentido no nível cognitivo. É comum depararmos com

redações de alunos com problemas no uso desses elementos linguísticos. O objetivo

deste trabalho é apresentar a análise linguística de textos de alunos do Ensino

Fundamental sob a perspectiva da Coesão e Coerência, observando seus problemas no

que se refere aos elementos linguísticos responsáveis pela tessitura do texto e sua

unidade significativa. Buscamos então, calcados nos estudos de Linguística Textual, em

especial os realizados por Ingedore G. Koch (2004) e Leonor Fávero (2007) e nas

Gramáticas de Celso Cunha e Luís F. Lindley Cintra (2001) e Evanildo Bechara (2001),

levantar os principais problemas relacionados aos aspectos da coesão e coerência

textuais e, a partir deles, aplicar proposta de intervenção com atividades de escrita

textual. Por fim,analisamos sua eficácia e da intervenção, baseada na análise linguística,

e sua colaboração no processo de produção de textos coesos e coerente por alunos do

Ensino Fundamental.

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Processo de conscientização tecnológica dos (futuros) professores de

idiomas: do acesso à criatividade

JANAINA CARDOSO

[email protected] [email protected]

BIANCA WALSH

CLAUDIA SANTOS

Há um novo cenário comunicacional, ou seja, passou-se da lógica da distribuição de

informação (transmissão), para a lógica da comunicação (interatividade)(Silva 2011). O

ideal é que a escola também altereseu cenário educacional, passando da educação de

recepção passiva da informação (conteúdo), ou seja de pura transmissão de informação,

para uma situação de interatividade (Freire 1998, Morin 2002). No ambiente escolar, é

preciso que haja interação entre diferentes atores (em especial, os professores e alunos).

No entanto, para o professor criar condições de adotar uma prática mais colaborativa,

ele tem que vivenciar esta mesma prática, saber compartilhar com colegas (Santos

2011). Por outro lado, há um crescente acesso a tecnologias modernas, e

consequentemente um crescente acesso a informações. No entanto, informação não

garante conhecimento. Cabe a educação auxiliar no processo de seleção das

informações realmente significativas e transformá-las em conhecimento produtivo

(Cimino,2007). Para cumprir este papel é necessário a preparação de educadores

capazes de se utilizar de todos os recursos disponíveis, sejam eles tecnológicos ou

não.Não basta o acesso, é necessário usar as tecnologias disponíveis, na busca pelo

conhecimento e de forma criativa (Cardoso 2013). Nesta comunicação, apresentamos

os resultados do primeiro ano de um estudo de caráter qualitativo que busca refletir

sobre o processo de aquisição de uma língua estrangeira. Considera-se a influência

exercida pela utilização de tecnologias de informação e comunicação no processo de

aprendizagem de línguas adicionais. Os participantes do projeto de pesquisa são futuros

professores de idiomas, que ao auxiliarem seus colegas com dificuldades linguísticas, ao

mesmo tempo, refletem sobre suas próprias práticas pedagógicas. Acredita-se que,

através da intervenção no processo cognitivo, pela utilização de atividades que busquem

o desenvolvimento de estratégias de aprendizagem (Oxford 1990) e pela utilização de

tecnologias mais modernas, será possível desenvolver, ao mesmo tempo, competências

linguísticas dos alunos, de forma mais

Coordenador ou professor? As identidades sociais construídas por

coordenadores pedagógicos em cursos de idiomas

SABRYNA SCHNEIDER DA SILVA

[email protected]

O presente trabalho tem como objetivo identificar as possíveis identidades assumidas

por coordenadores pedagógicos inseridos em um determinado curso de idiomas do

estado Rio de Janeiro e, observar através de suas interações quais os diferentes discursos

que estes constroem em seu dia-a-dia. Considerando um contexto onde as relações entre

professores e coordenadores pedagógicos podem ser conflitante devido à hierarquia e os

discursos de poder envolvidos, é possível observar um coordenador ambíguo/

contraditório no que diz respeito a tomadas de decisão que este papel social requer. Ou

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seja, temos um coordenador assumindo, dependendo da interação que se tem, diferentes

identidades. O levantamento e a coleta de dados da presente pesquisa foram feitos com

gravações de sessões de feedback pós aula entre professores e coordenadores, onde

essas identidades móveis/ fragmentadas (HALL, 2011), as estratégias utilizadas pelos

sujeitos e as relações de poder existentes em seus discursos puderam ser identificadas.

Para análise inicial, discutirei os conceitos de sujeito pós-moderno e identidade social

de Stuart Hall (2011) e Luis Paulo da Moita Lopes (2003). Para complementar a análise

das interações em questão, utilizarei como base a teoria da Análise do Discurso e da

Conversação. Por fim, podemos concluir até o presente momento que o coordenador

assume duas possíveis identidades através de seus discursos, e carrega no seu dizer

marcas constitutivas de sua multiplicidade. A atual pesquisaencontra-se em andamento

sendo os resultados apresentados provisórios e contingenciais, e serão desenvolvidos ao

longo dessa pesquisa de mestrado.

O ensino de português como segunda língua a partir de uma

perspectiva sócio-histórico-cultural no Brasil

DANYELLE MARINA SILVA

[email protected] SIMONE UEHARA DA SILVA

[email protected] MARIA CRISTINA DAMIANOVIC

Esta pesquisa objetiva ampliar a produção e compreensão oral e escrita da língua

portuguesa (ALMEIDA FILHO, 1992; WINDDOWSON, 1991; MOITA LOPES, 2013)

para alunos estrangeiros não falantes da língua portuguesa, portanto, em seus estudos

iniciais. Busca também possibilitar a ressignificação (Vygotsky, 1933) do Brasil e do

ser brasileiro por meio atividades das múltiplas faces da linguagem multimodal (COPE

& KALANTIZ, 2009; ROJO (2013, 2015) sócio-histórico- culturais (LIBERALI &

FUGA, 2012). O estudo discutirá uma proposta didática de imersão de 60h, com base na

atividade social (LIBERALI, 2013) “ser um estudante aprendiz em visita ao Brasil”. As

atividades acadêmico-sócio-culturais serão realizadas em sala de aula e em visitas a

locais históricos e culturais na cidade do Recife e cidades vizinhas, sendo sempre

complementares umas às outras. A metodologia da pesquisa está embasada na Pesquisa

Crítica de Colaboração (MAGALHÃES, 2009). A discussão da análise da proposta

didática focal terá como base as categorias enunciativas, discursivas e linguísticas

(LIBERALI, 2013). Os resultados esperados da pesquisa em relação ao

desenvolvimento discente, apontam mudança, dentro do Quadro Comum Europeu, de

A1 para A2. Em termos de ressignificação, espera-se que os discentes construam uma

visão de que o Brasil não é um apenas mais um país na América do Sul e o ser brasileiro

vai muito além de ser um povo feliz e comemorativo. Através desta abordagem baseada

na TASCH, buscamos desenvolver os alunos em seus aspectos comunicativos e

especialmente, inter e multiculturais, almejando resultados mais amplos nas relações de

amizade e colaboração com o Brasil.

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Discurso e poder na mídia publicitária de um instituto de idiomas:

enfoque dialógico

FÁBIO WOLF

[email protected] [email protected]

Esta comunicação tem por objetivo discutir os resultados obtidos em uma pesquisa de

doutorado, desenvolvida no LAEL/ PUC-SP, no ano de 2014. Essa pesquisa teve como

foco investigar as inter-relações dialógicas da Língua Inglesa na mídia publicitária de

um instituto de idiomas em relação ao discurso, à identidade e à ideologia na

contemporaneidade. As bases teóricase metodológicas estão alicerçadas nos estudos de

Bakhtin e o Círculo (2003, 2009, 2010), Pennyco (1998, 2001), Rajagopalan (1998) e

Milton Santos (2000). O corpus analisado compreende duas séries de peças publicitárias

de um instituto de idiomas do Estado de São Paulo, coletados em sites da web. Os

resultados obtidos sugerem que as peças publicitárias estão imbricadas em relações

dialógicas conflituosas, sempre interligadas a fluxos discursivos, identitários e

ideológicos da globalização contemporânea e à posições valorativas a respeito do status

(poder) que a Língua Inglesa ocupa na atualidade e dos sujeitos nela implicados.

Na trilha do Círculo de Bakhtin – "Das margens dos rios à sala de

aula: os saberes tradicionais no ensino do português"

CRISTIANE DOMINIQUI VIEIRA BURLAMAQUI

[email protected] [email protected]

As reflexões aqui apresentadas integram a fase inicial do projeto de pesquisa intitulado

Das margens dos rios à sala de aula: os saberes tradicionais no ensino do português,

desenvolvido junto a Universidade do Estado do Pará. Este trabalho pretende explorar o

estilo – a seleção de recursos gramaticais que caracterizam, juntamente com o tema e os

elementos composicionais, os gêneros do discurso (BAKHTIN, 2007) – dos gêneros

discursivos produzidos pelos povos autóctones da Amazônia paraense na transmissão de

seus “saberes tradicionais”, para empregá-los na produção de material didático para o

ensino de língua materna na educação básica. Utilizamos como pedra angular de nossas

reflexões os estudos do Círculo de Bakhtin, contexto teórico-metodológico que permite

examinar a relação existente entre linguagem e sujeito histórico-cultural como um

processo dialético na produção dos gêneros do discurso. A reflexão em torno do

material linguístico, advindo de registro, análise e descrição do estilo, utilizado em

atividades enunciativas durante a transmissão das técnicas empregadas nos meios de

produção, possibilita alimentar o debate sobre a relação entre infraestrutura e

superestrutura e, assim, resgatar o dialogismo e a polivalência do signo linguístico

presentes nas atividades escolares, neutralizados pela imposição de uma norma padrão

monológica e monovalente. Nesta perspectiva, a análise metalinguística e o material

didático produzido, a partir daqueles gêneros, constituirão a arena em que serão

devidamente tratadas as ideologias e as relações de poder, refletidas e refratadas nos

sistemas semióticos que integram a dinâmica social das comunidades, que mantêm

fortes vínculos com as formas de produção de seus antepassados – os “saberes

tradicionais” –, mas que também têm incorporado semioses próprias do mundo

contemporâneo. Entender como esta relação entre o passado e o presente compõe a

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arquitetônica dos gêneros do discurso produzidos por esses sujeitos, será a primeira

tarefa a que nos propomos.

Os gêneros textuais presentes em um livro didático de EAD do curso

de Pegadogia do CEDERJ: multiletramentos, autonomia e

hipertextualidade em questão

JEFFERSON EVARISTO DO NASCIMENTO SILVA

[email protected]

O EAD, a cada dia mais difundido, traz em si uma série de mudanças pedagógico-

teórico-práticas que modificam o processo de ensino-aprendizagem (BARRETO, 2003).

Por ser diferente do ensino presencial e possuir características próprias, impacta

diretamente nas ações pedagógicas e na organização/efetivação dos materiais didáticos,

dentre outros - modalidades de ensino diferentes requerem formas de ensino diferentes

(LIMA JUNIOR, 2005). Essas “formas de ensino diferentes” vão incidir diretamente

sobre os gêneros textuais de forma mais ampla, uma vez que estes “permeiam nossa

vida diária e organizam nossa comunicação” (ROJO e BARBOSA, 2015), estando

presentes em todas as nossas atividades discursivas e dialógicas – atividades realizadas

pela/com/na linguagem (SCHNEUWLY e DOLZ, 1999). Definitivamente, não basta

“transpor” os mesmos gêneros para o computador e acreditar que o problema foi

resolvido – ele vai muito além disso. Nesse contexto, os (multi)letramentos (ROJO,

2009; BRYDON, 2011; ROJO e BARBOSA, 2015), a autonomia (NICOLAIDES e

TILIO, 2011) e a hipertextualidade (MARCUSCHI, 2001; 2004; LIMA JUNIOR, 2005)

podem oferecer subsídios interessantes para o trabalho com gêneros textuais, apontando

caminhos necessários para uma redefinição da prática docente no contexto EAD. Sendo

assim, nossa intenção neste trabalho é iniciar uma problematização do uso dos gêneros

textuais em um material didático de “Língua Portuguesa Instrumental” do curso de

Pedagogia a distância doCEDERJ/CECIERJ. Nossos objetos de análise são os

diferentes gêneros textuais abordados nas primeiras três unidades do livro em questão e

as suas interfaces hipertextuais. Como critérios de análise, nos valeremos dos

pressupostos dos estudos sobre gêneros textuais e das discussões acerca dos

multiletramentos, autonomia e hipertexto, buscando identificar se o que ocorre neste

livro didático é uma reprodução do modo como esses gêneros textuais são utilizados no

ensino presencial ou uma real mudança de perspectivas e paradigmas epistemológicos

que são inerentes ao contexto EAD (PRETTO, 2003).

How can I say it? – explorando a metadiscursivização do dizer em LE:

perspectivas da indeterminação

Vivian Mendes Lopes [email protected]

O trabalho investiga a produção discursiva em inglês de aprendizes brasileiros de perfil

avançado, do ponto de vista da construção de metadiscurso referente à formulação da

expressão – como dizer (LOPES, 2014). O estudo procura descrever esse tipo de

metadiscurso situando-o na prática de construir significação em língua estrangeira (LE),

isto é, entendendo-a como uma espécie de contexto que promoveria, com relativa

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frequência, o questionamento da adequação da própria fala (REVUZ, 2006). Em sentido

mais amplo, a pesquisa também busca contribuir empiricamente com o estudo da

chamada indeterminação no discurso em LE (VEREZA, 2002), a percepção da

diferença entre o que se diz e o que se gostaria de dizer. O trabalho se situa no enquadre

teórico do Funcionalismo Sistêmico (HALLIDAY e MATTHIESSEN, 2004; MARTIN

e ROSE, 2007), aplicado à descrição dos padrões linguísticos estruturadores do tipo de

metadiscurso investigado. O corpus é constituído por amostras da produção discursiva

oral em inglês/LE de licenciandos em Letras Português-Inglês de uma universidade

pública fluminense, geradas em situação de pesquisa. Os resultados apontam que o

metadiscurso examinado se estrutura como uma fratura do conteúdo proposicional de

partida, à qual se acrescem representações do processo de dizer em curso e respostas à

própria fala. A leitura das ocorrências metadiscursivas investigadas na base dessa

semântica tríplice (textual , experiencial e interpessoal) parece oferecer suporte

empírico à identificação de prováveis marcas de indeterminação no discurso e à reflexão

sobre seus possíveis efeitos identitários.

Eye Movements and Peer Editing in the L2: Applying It to the

Classroom

DARIAN PINKSTON

[email protected] [email protected]

JEFFERY KUHN

MICHELLE O'MALLEY, PHD

What do our eye movements reveal about L2 reading processes? Few studies to date

have examined this phenomenon (Smith, 2010; Kuhn, 2012). The current study

examines ESL students’ peer review processes as well as the transfer effects of the

reviewer’s L1. This session presents the following questions: Does a student’s L1

affect what is noticed in the work of another? Is peer editing more effective when

writers and reviewers share an L1? Is peer editing more effective when writers and

reviewers do not share an L1? Results of early piloting revealed a preference for the

reading of a text (written in L2 English) when writer and reviewer shared an L1. In

other words, peer reviewers found the task of reading the L2 English text easier when

the writer’s L1 was the same as the reviewer’s, however, this did not necessarily

translate to an accuracy in identifying errors in the text. This session will elaborate ona

more thorough follow-up eye-tracking study that investigated accuracy rates on same

and mixed L1 peer review tasks. Reference will be made to eye movements, fixation

times, language-specific errors relevant to L1 speakers of Chinese and Arabic. For

example, it was hypothesized that when L1 Arabic speakers peer-reviewed English texts

written by L1 Chinese speakers, they would notice, more quickly and perhaps, more

easily, the errors related to specific negative transfer from the writer’s L1 – in this case

Chinese. The same was hypothesized for L1 Chinese speakers peer reviewing texts

written by L1 Arabic speakers. Results from this study will contribute to determining

the effectiveness of peer-review tasks for individuals whose language backgrounds

converge or diverge. Classroom implications will be discussed.

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Retextualização: uma reflexão sobre a adequação linguística e

semântica da produção de texto escolar

LENI NOBRE DE OLIVEIRA

[email protected] ÉRICA DANIELA DE ARAÚJO

RAQUEL AFONSO

[email protected]

Uma das preocupações dos professores em geral é a inadequação sintática, morfológica

e semântica de textos de estudantes, principalmente na escola básica. Nos últimos anos,

esse fator tornou-se um desafio para os profissionais da área de Linguagens, códigos e

suas tecnologias, a partir do momento em que o ENEM passou a ser o instrumento de

seleção para o acesso a cursos superiores no país. Isso porque a redação do ENEM exige

um redator fluente no idioma, com habilidades para articular informações escritas em

norma culta de forma a defender uma hipótese por meio de argumentos e ainda propor

uma interferência para o problema. No presente trabalho, propomos apresentar o

resultado de uma pesquisa-piloto sobre a aplicação de um modelo de retextualização de

redações produzidas por uma população de alunos do 3º ano do Ensino Técnico-

Integrado de uma escola técnica federal, com o objetivo de melhorar o índice de

adequação sintática, semântica e morfológica da produção dos estudantes. Pretendemos

demonstrar que, por meio da coletivização dos textos e da reflexão sobre as

impropriedades na escrita em norma culta, é possível melhorar a qualidade da produção

de texto escolar e a performance do professor, ao mesmo tempo em que se comprova

que desvios sintáticos, ortográficos e semânticos denunciam deficiências de formação

de leitores e suas conseqüências na escrita e no letramento escolar.

Autonomia e Competências de Ensino e Aprendizagem de Línguas:

desafios e caminhos na formação de professores de alemão na UERJ

GABRIELA MARQUES-SCHÄFER

[email protected]

ROBERTA SOL STANKE

A articulação entre teoria e prática permeiam, atualmente, a formação de professores, e

isso se estabelece em diversos documentos do Ministério da Educação, como o Parecer

CNE/CP 9/2001, que dispõe que “aaquisição de competências requeridas do professor

deverá ocorrer mediante uma ação teórico-prática, ou seja, toda sistematização teórica

articulada com o fazer e todo fazer articulado com a reflexão” (BRASIL, 2001, p. 29) .

Na qualidade de formadores de professores de alemão como língua estrangeira, nosso

desafio é, por um lado, ministrar cursos da língua alvo ao longo de quatro anos de

graduação, que possibilitem ao estudante desenvolver competência linguística

equivalente ao nível B2 do Quadro Europeu Comum Europeu de Referências para

Línguas (CONSELHO DA EUROPA, 2001) e, por outro lado, oferecer disciplinas e

desenvolver projetos que contribuam para aquisição de conhecimento teórico e para a

reflexão sobre a prática. Dessa forma, o objetivo do presente trabalho é apresentar dois

projetos de extensão da UERJ que contribuem para que graduandos sejam iniciados na

prática docente e desenvolvam e aprimoremsuas competências de ensino e

aprendizagem de línguas. A maioria de nossos estudantesingressa no curso sem

conhecimentos prévios de alemão, apresenta poucas experiências com aprendizagem de

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línguas, e, consequentemente, também, pouco conhecimento de estratégias de

aprendizagem. Através dos Projetos do ProgramaLICOM (Línguas para Comunidade) e

CALIC (Consultoria e Aprendizagem de Línguas e Culturas) os estudantes podem

desenvolver suas competências de ensino, de aprendizagem e de reflexão crítica. Ambos

os projetos baseiam-se em pressupostos teóricos construtivistas e interacionais de

ensino de línguas estrangeiras (cf. Heinrici 1995, Long 1981, Pica 1994, Vygotsky 1978

e Wolff 1994) e desenvolvem atividades e métodos que fomentam a reflexão crítica do

professor de língua em formação (Freire 1996 e Liberali 1996, 2003).

A produção de material didático pelo professor de LE: um desafio,

uma militância

CAROLINA CRISTOVÃO DE MACEDO

[email protected] [email protected]

Atualmente a rotina do professor de língua estrangeira (LE) é bastante frenética.

Normalmente conta-se com uma carga de trabalho excessiva, além de preocupações que

o seguem fora da escola. Esse cotidiano acaba fazendo com que preocupações

burocráticas e administrativas, de cunho neoliberal, se sobressaiam em relação às

pedagógicas, políticas e sociais. Entendemos que o empoderamento do professor ao

produzir seu próprio material, ainda que como recurso complementar ao livro já

adotado, seja capaz de reintegrar a prática à teoria na ação do educador, favorecendo sua

reflexão acerca do próprio contexto de ensino e dos princípios teóricos que envolvem o

processo de ensino-aprendizagem, além de promover seu engajamento político, crítico e

teórico na prática em sala de aula. Objetivamos então caracterizar os desafios

envolvidos da elaboração de materiais didáticos pelo professor, bem como analisar as

consequências sociais advindas de tal atitude, por nós vista como um ato de militância.

Tais reflexões se sustentam sobre a Pedagogia do Pós-Método, caracterizada por

Kumaravadivelu (2003, 2008, 2012), e a Pedagogia Crítica, tal como especificada por

Paulo Freire (1996, 2013) e Pennyco (1994). Encontramo-nos em um momento global

resumido pelo prefixo “pós”, em que a compreensão da realidade se apresenta sob os

prismas da diversidade, da complexidade e da liquidez. O ensino de LE não poderia

passar ileso a tal compreensão. Assim, a reorganização do campo de ensino-

aprendizagem de línguas, segundo Kumaravadivelu, vem elucidada por três parâmetros:

a particularidade (considerar cada contexto de ensino como único), a praticabilidade

(união entre teoria e prática) e a possibilidade (comprometimento sócio-político). Tal

análise se insere em uma pesquisa de mestrado, cujo tema é a didatização de filmes.

Serão então analisados o processo de produção do material didático para acompanhar a

visão do filme, desde a análise de necessidade do perfil dos alunos até o uso piloto do

material, e o diário de campo elaborado a partir das aulas, pela perspectiva de uma

pesquisa qualitativa e etnográfica. Compreendemos, portanto, que a elaboração de

materiais didáticos pelos professores para suas respectivas turmas é um ato de militância

em favor de uma pedagogia crítica e coerente com o contexto global e local, contra uma

homogeneização das ações didáticas, um ato que reside na superação dos desafios da

rotina de um sistema generalizante e movido por interesses alheios à formação cidadã.

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CURRÍCULO NA EDUCAÇÃO INFANTIL: uma proposta com base

em Atividade Social

FABRICIA PEREIRA TELES

[email protected]

FRANCISCO AFRANIO RODRIGUES TELES [email protected]

O objetivo deste trabalho é apresentar algumas propostas curriculares para a Educação

Infantil com destaque para uma organização curricular com base em Atividade Social

que tem como ênfase de ação aprender brincando. Para compreensão de um currículo

com base em Atividade Social para Educação Infantil, o trabalho fala das primeiras

iniciativas curriculares no campo da educação (LIBERALI, 2009), situando os

fundamentos nas ideias de Marx, no Materialismo Histórico Dialético e na Teoria da

Atividade Sócio-Histórico-Cultural criada por Vigotski (1930/2004; 2007), ampliada

por Leontiev (1978) e outros autores, bem como sobre a concepção de linguagem

enfocada por Vigotski (1934/2000), Bakhtin/Volochinov (2009), sem deixar de discutir

também a Pedagogia dos Multiletramentos, teorizada e desenvolvida por Kalantzis e

Cope (2013), Rojo (2015), e outros. Dessa forma, a discussão tem como parâmetro um

estudo bibliográfico e descritivo. Para concluir, o trabalho deixa o convite àqueles que

têm interesse em realizar uma educação situada e que considerem as mudanças

contínuas de nosso tempo.

A formação crítica de professores alfabetizadores: Um relato parcial

de pesquisa em uma escola municipal de São Paulo

IRIS VANESSA ALVES MARQUES ANNUNCIATO

[email protected]

[email protected]

Esta comunicação apresentará resultados parciais da pesquisa de mestrado em

Linguística Aplicada da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo –PUCSP- grupo:

Linguagem em Atividades no contexto escolar- LACE. O objetivo desta comunicação é

apresentar resultados parciais da pesquisa sobre formação de professores

alfabetizadores em uma escola da rede municipal de São Paulo. O trabalho foi

realizado com três professoras do 1º ano da Educação Básica de uma escola Municipal

de São Paulo. Está apoiada nas contribuições de Vygotsky (1930,1934), Leontiev

(1978) e Engeström (2001) no que se refere à Teoria da Atividade Sócio-Histórico-

Cultural. A formação de professores é entendida como uma atividade sócio-histórico-

cultural, em que professores e pesquisadora são participantes de todo o processo crítico-

reflexivo, sendo as aulas e os encontros momentos de possibilidade de transformação .

A metodologia adotada é a Pesquisa Crítica de colaboração (PCCol) discutida por

Magalhães (2010) e participantes do Grupo de Pesquisa Linguagem em Atividades no

Contexto Escolar (LACE), cujo objetivo é criar contexto de negociação, tendo como

central relações crítico-colaborativas entre os participantes. Os dados foram analisados

priorizando os aspectos enunciativos, discursivos e linguísticos, com base nos sentidos

da argumentação.

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A “desencapsulação” do currículo por meio do multiletramento: um

relato parcial de pesquisa em uma escola de ensino médio do estado do

Ceará.

MARIA REGINA DOS PASSOS PEREIRA

[email protected] [email protected]

Esta comunicação apresentará resultados parciais da pesquisa de doutorado em

Linguística Aplicada da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo –PUC-SP-

grupo: Linguagem em Atividades no contexto escolar- LACE. A referida pesquisa

versa sobre a implementação do Digital Media and Education - Digi- t -med, projeto

que prevê a Aprendizagem e Desenvolvimento por meio de mídia digital em uma

perspectiva qualitativa sobre o dia a dia de jovens em diferentes situações. O trabalho

está sendo desenvolvido em uma escola estadual de ensino médio do município de

Beberibe no estado do Ceará. Nesta pesquisa investigo o multiletramento nas

diferentes áreas do conhecimento, como uma maneira de transformar um currículo

“imposto” e “prescritivo” num currículo vivo, e “desencapsulado” (Engeström,1991).

A necessidade de uma pedagogia dos multiletramentos foi afirmada em um manifesto

feito pelo Grupo de Nova Londres (GNL) em 1996. Nesse manifesto, o grupo afirmava

a necessidade de a escola trazer para o seu fazer pedagógico, os novos letramentos

emergentes na sociedade atual, de modo a levar em conta e incluir no currículo a

grande variedade de culturas existentes. Nesta comunicação será abordado o

desenvolvimento do projeto, desde a sua concepção na referida escola até a presente

data. Todo o trabalho durante os encontros com professores, alunos e pesquisadora

estão pautados na Pesquisa Crítica de Colaboração - PCCol (Magalhães,2011) e na

perspectiva do multiletramento (New London Group, 1994).

A língua de sinais como foco de construções de sentidos: reflexões

sobre a atuação e prática pedagógica.

CARLA REGINA SPARANO TESSER

[email protected] O objetivo deste trabalho é analisar e compreender de que forma o aluno surdo

argumenta e constrói conhecimento durante as aulas de Língua Brasileira de Sinais

(LIBRAS), tendo em vista a interação entre professor-pesquisador e alunos. O foco de

investigação está na linguagem enquanto instrumento que organiza o pensamento e a

reflexão para promover a construção de sentidos e significados. Considerando que a

LIBRAS é uma língua visual e o acesso à informação, para o aluno surdo, é complexo,

o professor deve promover uma aprendizagem significativa, na qual os conteúdos

abordados em sala de aula não devem ser produtos acabados ou fechados, já que é por

meio das perguntas, consideradas atos de expansão dialógica, que o professor pode

desenvolver o processo de ensino-aprendizagem. Na intenção de refletir sobre a questão

da mediação enquanto instrumento para o aluno surdo perguntamos: "Que tipos de

perguntas o professor de Libras pode realizar para promover a argumentação e a

interação entre os sujeitos em sala de aula?". Este trabalho baseia-se na perspectiva

sociocultural de Vygotsky (1978/2008, 1978/2007) – mais especificamente os conceitos

de mediação e zona de desenvolvimento proximal –, Bakhtin (1975/2009) segundo a

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perspectiva dialógica da linguagem. Em termos metodológicos, este trabalho está

inserido no paradigma crítico de caráter interpretativista. Para este estudo os dados

foram levantados por meio de videogravações de aulas em que a professora ouvinte

fluente em Libras trabalha com seus alunos surdos, tais dados foram transcritos de

LIBRAS para Língua Portuguesa com o intuito de analisar os tipos de perguntas e os

argumentos desenvolvidos durante as aulas.

A transversalidade nas aulas de língua portuguesa: possibilidades para

a ampliação dos multiletramentos

HELENA MARIA FERREIRA

[email protected] A escola, como um espaço de formação, torna-se um dos locais de discussão, de

reflexão e do desenvolvimento de comportamentos e de atitudes que promovam uma

consciência crítica sobre essas questões ambientais. Nesse contexto, um questionamento

recorrente é: Quais são as contribuições do gênero campanha educativa para a

ampliação dos multiletramentos? É essa a questão que norteia este trabalho, que é

constituído por uma pesquisa teórica e por uma análise de campanhas educativas, com

vistas a analisar as potencialidades desse gênero para o aperfeiçoamento das habilidades

linguístico-discursivas de estudantes. Constatou-se que esse gênero pode contribuir para

a formação humana dos alunos, viabilizando o domínio dos conteúdos/conhecimentos

relacionados, a reflexão efetiva da língua nas práticas sociais, o desenvolvimento de

atitudes de responsabilidade ética/social e de preservação ambiental, bem como a

ampliação dos letramentos. A partir da análise de campanhas educativas, foi possível

constatar que a formação do leitor proficiente se efetiva na ativação dos conhecimentos

prévios (condições de produção, de circulação e do assunto); no estabelecimento do

objetivo da leitura; na leitura do texto verbal e do não verbal e na reflexão crítica sobre

o texto e, principalmente, pela possibilidade de formação para a cidadania.

Trabalho do professor de línguas estrangeiras na educação básica

brasileira: visão discursiva sobre sentidos de teoria e prática

Alice Moraes Rego de Souza [email protected]

O presente trabalho faz parte de um conjunto de estudos já desenvolvidos e por se

desenvolver dedicados à reflexão sobre a atividade profissional do docente de língua

espanhola (E/LE) / língua estrangeira (LE) na educação básica. Em primeiro momento,

por meio de pesquisa realizada durante período de mestrado, desenvolveram-se estudos

sobre a formação docente de um licenciado em E/LE no contexto pós-reforma das

licenciaturas (2001), levando-nos a observar discursividades que participam da

formação deste profissional que atuará/ atua na educação básica brasileira (SOUZA,

2013). Atualmente, o interesse versa sobre discursos que participam da constituição

profissional de um professor de E/LE e LE na escola brasileira, na medida em que

compõem um conjunto de prescrições ao trabalho deste profissional da educação, dentre

os quais se podem recortar para fins deste estudo: os parâmetros curriculares nacionais

de língua estrangeira moderna (LEM) de 1998, as orientações curriculares nacionais

para o ensino médio de 2006, a formação acadêmica materializada por meio de

estruturas curriculares de licenciatura em Letras Português-Espanhol (cuja análise se

realizou na referida pesquisa de mestrado) e duas orientações curriculares de municípios

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do Rio de Janeiro para o ensino de E/LE e LEM (Rio de Janeiro e Niterói). Por meio

destas produções linguageiras, pretende-se realizar breve análise dos sentidos de

“teoria” e “prática” na constituição de um ideal de trabalho docente em língua

estrangeira, especialmente, de língua espanhola. Para isso, recorre-se aos estudos da

análise do discurso de base enunciativa (MAINGUENEAU, 1997, 2005, 2008),

buscando fomentar certa discussão sobre categorias de análise e conceitos produtivos,

visando ao desenvolvimento de um estudo crítico sobre os discursos que atravessam o

trabalho de docentes de E/LE e que, por conseguinte, constituem os rumos da educação

linguística na escola básica brasileira.

Posições Discursivas, Resistências e Deslocamentos Subjetivos de Duas

Professoras de Inglês Atuantes em Contextos de Privação de Liberdade

VALDENI DA SILVA REIS

[email protected] [email protected]

O presente trabalho investiga posições discursivas assumidas ou negadas por duas

professoras de inglês, atuantes em Unidades Socioeducativas para menores em conflito

com a lei na região de Belo Horizonte, MG. A presente investigação lançará um olhar

para duas professoras atuantes neste espaço de reclusão/exclusão, a fim de se aproximar

da forma como elas aí se constituem como professoras de inglês, aí também têm seu

fazer e dizer delimitados. De modo mais específico, estaremos focados na compreensão

acerca do modo como as professoras deste contexto constituem seu posicionamento e

possível redimensionamento discursivo e subjetivo, frente à atuação de uma

pesquisa(dora) em sua sala de aula. Para tanto, o estudo explora teorias em torno da

formação do professor de LI e da instrução formal nos limites da sala de aula; da noção

de tempo e memória relacionados à noção de espaço, além de questões em torno dos

deslocamentos identitários e subjetivos, como pontos centrais da proposta. Serão

analisadas entrevistas feitas com as referidas professoras que recebiam em suas salas de

aula, pesquisas distintas. Análises indicam deslocamentos subjetivos vivenciados pelas

professoras ao serem convocadas a repensar seu fazer pedagógico e seu posicionamento

discursivo, assumindo ou negando – de forma não harmoniosa ou constante – a posição-

professora de inglês, como possibilidade ou não de empoderamento.

O uso de múltiplas mídias na escola: sentidos de alunos da rede pública

de SP

CAMILA SANTIAGO

[email protected] MARIA CRISTINA MEANEY

[email protected]

FERNANDA LIBERALI

Este trabalho tem como objetivo apresentar e discutir os diferentes sentidos de alguns

alunos da rede pública de São Paulo sobre o uso de múltiplas mídias na escola. A

discussão baseia-se na análise verbo-visual da argumentação presente em dados

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produzidos no primeiro encontro do projeto Digit-M-ed Brasil. Os resultados dessa

análise guiaram o desenvolvimento desse projeto, que visa engajar pesquisadores,

educadores e alunos na transformação da escola por meio da discussão crítica de

assuntos atuais e da criação de unidades didáticas/tarefas com base nos conceitos de

Multiletramento (THE NEW LONDON GROUP, 1996) e de Atividade Social

(LIBERALI, 2009), buscando a desencapsulação do currículo (ENGESTROM, 2002).

O corpus de análise constitui-se de duas performances (HOLZMAN, 2009) gravadas,

nas quais alunos de Ensino Fundamental e Médio apresentam suas visões e sentidos

(VYGOTSKY, 1930/1999) sobre como o uso de múltiplas mídias poderia melhorar a

qualidade do processo de ensino-aprendizagem na escola. Na perspectiva da Linguística

Aplicada, os dados foram analisados por meio da materialidade nas falas e ações dos

participantes, à luz de categorias que consideram a produção de conhecimento na

Argumentação (LIBERALI, 2013), e discutidos a partir dos conceitos de

Multiculturalidade, Multimodalidade e Multimídia (THE NEW LONDO GROUP,

1996). Os resultados apontam para o caráter reprodutivo das práticas escolares na visão

dos alunos, uma vez que o uso de mídias reforça experiências usuais em aulas

tradicionais. Por outro lado, eles também expressam a possibilidade de se considerar o

uso de novas e antigas mídias em ciclos de remediação, como sugerido por Bolter e

Gusin

A tessitura de um projeto integrador: compreendendo o nível de

barreiras enfrentadas por docentes das diferentes matérias envolvidas

CLAUDIA MARIA LOPES

[email protected] [email protected]

A formação continuada que almeja capacitar os docentes a navegar por práticas de

letramento cada vez mais inter e indisciplinares e a ótica de educação como ato

responsável preconizada por Bahktin (SZUNDY, 2014) têm sido objeto de pesquisa

amplamente problematizado e abordado em diversas esferas acadêmicas que se ocupam

da melhoria na educação pública; porém, não é objetivo dessa comunicação apresentar e

discutir profundamente essa temática específica, por mais interessante e instigante que

seja, e por mais provocadores que sejam os vários debates que tem motivado; por si só,

ela exigiria outro fórum. O objetivo principal, cuja natureza está fundada na concepção

sócio-histórico-cultural de Vygotsky (1998 [1930]), busca compreender em que medida

três docentes responsáveis por diferentes disciplinas em uma escola pública técnica do

subúrbio do Rio de Janeiro encontraram obstáculos na tessitura de um projeto

interdisciplinar intitulado Manual de sobrevivência, fruto do último módulo de um

projeto de formação continuada intitulado PLIEP. Para tanto, além dos pressupostos de

multiletramentos (GEE, 2000), este estudo convoca a pesquisa colaborativa na

perspectiva de Coulter (1999), a metafunção ideacional (HALLIDAY, 2014) servindo-

se do sistema léxico-gramatical da transitividade para olhar mais de perto os processos

mentais que vão buscar mapear as marcas que podem fornecer pistas para se

compreender que obstáculos dificultaram a tessitura da prática social dialógica de

letramento em pauta.

Emoção, experiência e ensino-aprendizagem: um olhar para o

sujeito na educação infantil

DANIELE GAZZOTTI

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[email protected] [email protected]

Esta comunicação se baseia em uma pesquisa de doutorado em fase inicial cujo objetivo

é compreender criticamente o papel do vínculo afetivo estabelecido entre educador e

aluno para o processo de ensino-aprendizagem nos âmbitos (i) social e (ii) escolar.

Partindo de uma perspectiva calcada na Teoria da Atividade Sócio-Histórico-Cultural

(LEONTIEV, 1977; VYGOTSKY, 1930 e 1934) e no materialismo histórico dialético

de Marx (1973), esta pesquisa tem como uma de suas preocupações centrais o

desenvolvimento e transformação dos indivíduos, acreditando que é na atividade

humana (revolucionária) que o homem transforma a si e ao seu contexto. Os conceitos

principais que embasam esta investigação são a internalização das funções psicológicas

superiores (VYGOTSKY, 1930/1984), a experiência emocional (perezhivanija) e o

ensino-aprendizagem. Nesta perespectiva, considera-se que a interação entre os sujeitos

promove o surgimento de zonas de desenvolvimento proximal (VYGOTSKY, 1933-

35/1984 e NEWMAN & HOLZMAN, 2002) compreendidas como zonas dialéticas

criativas de produção de sentidos e significados. A linguagem, compreendida tanto

como um elemento constitutivo dos sujeitos (BRAIT, 2001) quanto como mediador de

suas relações, ao ser internalizada, possibilita novas formas de interação entre os

sujeitos bem como seu desenvolvimento social e psicológico. A produção de dados se

dará em um contexto de educação infantil bilíngüe em que as relações entre alunos e

professora-pesquisadora será investigada à luz da teoria aqui brevemente apresentada.

Pretende-se evidenciar que o processo de ensino-aprendizagem (da socialização e dos

conteúdos) se amplia conforme o laço afetivo com o educador se intensifica.

O Pensar Alto em Grupo: um apoio à formação do professor de

língua materna

GISLAINE VILLAS BOAS

[email protected] [email protected]

O Grupo de Pesquisa GEIM (Grupo de Estudos da Indeterminação e da Metáfora), sob

coordenação da Profa. Dra. Mara Sophia Zanotto, tem investigado o Pensar Alto em

Grupo, uma metodologia de geração de dados, que vem se tornando uma prática

pedagógica importante no processo de leitura em sala de aula. Como integrante do

grupo, minha pesquisa aponta como esta prática preza pela interação entre os

participantes de um evento de leitura (alunos do curso de Letras e professora-

pesquisadora) no momento de ler, redefinindo os papeis no âmbito escolar: do texto, do

professor-leitor e do aluno-leitor. Por isso, considero esta pesquisa com o Pensar Alto

em Grupo um apoio à formação do professor de língua materna que vem ao encontro

das propostas dos PCN’s de Ensino de Língua Portuguesa (KLEIMAN, 2001). Este

trabalho se insere na Linguística Aplicada na medida em que investigo um ambiente de

uso real da linguagem, com usuários reais: a leitura em sala de aula. Assim, a proposta é

abandonar a hegemonia da leitura única, imposta pelo professor ou pelo livro didático, e

privilegiar a interação no processo da construção de leituras (ZANOTTO, 2014). Desse

modo, apoio-me no paradigma qualitativo de pesquisa, que me permite a inserção nas

práticas socioculturais envolvidas neste evento, bem como a análise dessas práticas.

Analiso, então, o discurso produzido na interação face a face em um evento de leitura,

destacando o papel crucial dos conceitos metafóricos e metonímicos mobilizados pelos

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participantes ao explanarem seus conceitos acerca de texto, de aluno-leitor e professor-

leitor. Portanto, entender o que pensa o futuro professor sobre qual a posição do texto,

qual a posição do professor e do aluno no processo da leitura em sala de aula e propor

uma reflexão sobre a própria prática se consolida num trabalho de conscientização e

transformação do futuro professor.

Projeto digit-m-ed/Brasil e a intermediação entre os vários modos,

mídias e culturas na ressignificação da leitura

JÉSSICA ALINE ALMEIDA DOS SANTOS

[email protected] VIVIANE LETÍCIA SILVA CARRIJO

[email protected] EDNA OLIVEIRA DO CARMO

[email protected] Esta comunicação apresenta a análise multimodal de uma questão presente na unidade

didática, produzida pelo grupo Digit-M-ED/Brasil, em 2013. Tal grupo tem a finalidade

de repensar nos modos de atuação das escolas, que dele participam, para discutir como o

conteúdo escolar poderia ser abordado na perspectiva dos Multiletramentos, em uma

proposta de desencapsulação da aprendizagem (Engeström, 2001). A unidade didática

consiste em um currículo transdisciplinar em que as disciplinas de História, Língua

Portuguesa, Matemática, Ciências e Inglês dialogam e integram a mesma temática,

nesse caso, “Manifestações”. Neste trabalho, o foco é a leitura e consequente construção

de efeitos de sentidos pelos participantes na análise da primeira tarefa da disciplina de

História. Na questão analisada, percebe-se, em sua constituição de instrução e

direcionamento, a presença de aspectos da linguagem multimodais, multiculturais e

multimídiaticos que exigem dos leitores a busca pela compreensão do enunciado por

mecanismo para além do código linguístico. Tal análise é feita a partir das categorias da

multimodalidade (Kress,2010); da Sistêmica Lógico-Semântica (Martinec e

Salway,2005) e da linguagem argumentativa (Liberali,2013).

As Interações imagem-texto e os objetivos didáticos das composições

multimodais: uma análise de material didático virtual.

SÂMIA ALVES CARVALHO

[email protected] ANTÔNIA DILAMAR ARAÚJO

Na atualidade temos percebido que não apenas o verbal, mas também o modo visual de

representação de sentidos tem a capacidade de construir formas complexas de signos

que tem coerência interna e que se relacionam com o contexto e com os objetivos

daqueles que os criam. Ao serem utilizados em conjunto, os modos verbal e visual

criam áreas de complementariedade semiótica (ROYCE, 2007) de forma que parte do

sentido reside em um modo e parte em outro e somente através da leitura do conjunto

dos modos é que se podem acessar os sentidos do texto. A compreensão desses textos

requer a leitura da linguagem verbal, das imagens e das relações entre seus elementos.

Esta pesquisa visa identificar quais as interações imagem-texto presentes em atividades

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online compostas por textos multimodais cujos objetivos de ensino sejam trabalhados

através da complementariedade intersemiótica. É ainda objetivo da pesquisa, verificar

quais concepções os alunos tem dos textos e se percebem as relações entre os elementos

e a função didática da interface verbal-visual no ensino. A pesquisa fundamenta-se

teoricamente na Semiótica Social e na visão metafuncional da comunicação,

desenvolvidas pela Linguística Sistêmico Funcional de Halliday e Matthiessen, (2004) e

pela Gramática do Design Visual de Kress e van Leuween (2006). Esse arcabouço

teórico será utilizado para explicar os elementos presentes na interface imagem-texto.

Trata-se de uma pesquisa de natureza qualitativa, descritiva e interpretativa. Os

participantes foram solicitados a lerem primeiramente somente o texto verbal e a

responder um questionário. Em seguida, leem o texto adicionado do conteúdo não

verbal e respondem um segundo questionário. Embora a pesquisa encontra-se em

andamento, resultados preliminares apontam para a percepção da consciência das

relações entre os elementos do texto e para a ausência de habilidades na leitura,

especialmente dos sentidos expressos pelas imagens ou destas em conjunto com o

verbal.

Área: Linguagem, Tecnologia e Educação

As Dimensões de Variação do Português Brasileiro em Redações de

Vestibular

JULIANA PEREIRA SOUTO BARRETO

[email protected] A pesquisa relatada aqui tem por objetivo identificar padrões lexicogramaticais

encontrados em textos dissertativo-argumentativos produzidos por candidatos a

graduação. Mais especificamente, esse estudo verifica o modo como esses textos se

encaixam nas dimensões de variação do português brasileiro (Berber Sardinha;

Kauffmann; Acunzo, 2014), para, a partir desse conhecimento, sugerir formas de

desenvolvimento de atividades de ensino voltadas à produção de redações de textos

dissertativo-argumentativos em material didático de língua portuguesa. A pesquisa

recorre ao arcabouço teórico da Linguística de Corpus e Análise Multidimensional. O

corpus de estudo, composto por cem redações escritas por candidatos a ingresso em

cursos de graduação do Ensino Superior, foi etiquetado com o Palavrasparser e pós-

processado com um script que calcula o escore de cada texto em cada uma das seis

dimensões de variação. Em um primeiro momento é verificado o modo como as

redações dos candidatos se distribuem nas seis dimensões de variação do português

brasileiro. Em seguida, essa variação é observada em relação às notas dadas às redações

por avaliadores, a fim de determinar se é possível discriminar as redações em relação à

“qualidade” com base nos escores da análise multidimensional. Por fim, acredita-se que

os resultados aqui encontrados possam vir a proporcionar contribuições relevantes ao

campo da produção textual em língua portuguesa no Brasil uma vez que se faz

necessário uma orientação sintático-semântica mais apurada aplicada ao ensino e ao

aprendizado da produção redações de textos dissertativo-argumentativos por candidatos

a ingresso em cursos de graduação do Ensino Superior.

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Tendências no percurso histórico dos dicionários de língua de sinais

brasileira

PALOMA BUENO FERNANDES DOS SANTOS

[email protected] [email protected]

O presente trabalho trata de mostrar a evolução dos tipos de dicionários de Língua de

Sinais Brasileira – LSB com o surgimento das novas tecnologias digitais. A pesquisa foi

motivada pela ausência de dicionários de LSB completos, atualizados com

terminologias específicas em diversas áreas do conhecimento. Visto que os dicionários

tradicionais em versão impressa não acompanham as mudanças e o surgimento de

novos sinais da língua, os recursos tecnológicos favoreceram a publicação de novas

modalidades de dicionários; glossário e sinalário de LSB. O objetivo da pesquisa foi

fazer um levantamento de tipos de dicionários de LSB impressos, digitais e apresentar

algumas características desses tipos de dicionários. A pergunta que norteou a pesquisa

foi: quais as diferenças entre as modalidades de dicionários tradicionais impressos em

LSB; glossário e sinalário? As hipóteses da pesquisa são que as tecnologias

influenciaram as características adotadas nos novos dicionários, diferentes da tecnologia

tradicional impressa, não se utilizam mais do termo “dicionário”. Espera-se que esta

pesquisa possa contribuir para a apresentação do panorama histórico de dicionários de

LSB e diferenciação dos tipos de dicionários de LSB. Para tanto, utilizaremos como

fundamento as concepções de Barbosa (2001), Stumpf (2005) e Sperb e Laguna (2010).

Para realizar este trabalho, utilizamos um corpus composto por três dicionários de LSB,

sendo um impresso, dois digitais, sendo, um em versão desktop online e outro em

versão de aplicativo móvel. A coleta de dados foi feita por meio de pesquisa e análise

do corpus qualitativamente. Os resultados mostraram algumas características que os

dicionários de LSB apresentam e diferenças entre os outros tipos de dicionários que

atualmente estão em versão digital.

Letramento crítico e ética no ensino de língua inglesa a distância

WILLIAM MINEO TAGATA

[email protected] [email protected]

Este trabalho constitui uma reflexão sobre uma experiência de ensino a distância no

contexto de um curso de Letras em uma universidade pública brasileira. Trata-se do

PARFOR – Plano Nacional de Formação de Professores da Educação Básica, em

andamento nessa universidade desde 2011. A partir de minha experiência como

professor responsável pela disciplina “Estágio supervisionado em língua inglesa III”,

começo com um detalhamento dos processos de elaboração e implementação das

atividades da disciplina, realizados em uma perspectiva de letramento crítico (FREIRE,

1996; CERVETTI, G; PARDALES, M.J.; DAMICO, J.S., 2001; BRYDON, 2010;

ANDREOTTI, 2014; STREET, 1995). Em seguida, relaciono os conceitos de

letramento crítico e de ética, baseando-me no argumento de que uma proposta de ensino

de língua inglesa em uma perspectiva de letramento crítico deve necessariamente tocar

na questão da ética (DELEUZE, G.; GUATTARI, F., 1987; 1996; FOUCAULT, 2004;

2006) enquanto subsídio para uma reflexão profunda sobre os papeis de professores e de

alunos no processo de ensino e aprendizagem de línguas, e suas implicações sociais,

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políticas e históricas. Entre as questões que pontuam essa reflexão, incluo: de que

formas a ética pode informar e enriquecer práticas de letramento crítico no ensino de

línguas, tanto em ambientes presenciais quanto no ensino a distância? Como o sujeito

ético concebido por Foucault e Deleuze se mostra particularmente apto a desenvolver

seu letramento crítico? Por fim, termino com uma análise dos resultados preliminares

obtidos logo após o término da disciplina, considerando tanto os aspectos que

corresponderam às expectativas do professor e dos alunos no início da disciplina,

quanto os problemas decorrentes da falta de adesão dos participantes à proposta teórico-

epistemológica da disciplina. Essa análise pode contribuir significativamente para o

aperfeiçoamento e a consolidação de cursos a distância, especialmente no que tange à

formação de sujeitos éticos e criticamente letrados.

Aprendizagem Colaborativa de Língua Inglesa Explorando a Leitura e

a Produção De Hipertextos

MARIANA BACKES NUNES

[email protected]

PATRÍCIA DA SILVA CAMPELO COSTA BARCELLOS

[email protected]

O trabalho investiga de que modo podem ocorrer os processos de leitura e produção

escrita colaborativa de hipertextos em língua inglesa a partir de tecnologias digitais.

Seguindo os estudos de Lévy (2007), Gomes (2010) e Marcurshi (2001), definimos

hipertexto como um texto escrito e lido de forma multilinear no qual podem ser

adicionados links, permitindo ao leitor escolher uma sequência de leitura a seu critério.

É um texto digital formado por vários segmentos textuais ligados em rede, o qual

permite que o leitor participe do seu processo de construção, tendo o seu sentido

definido no momento da interação entre o leitor e o hipertexto. A metodologia utilizada

neste trabalho é qualitativa, de cunho interpretativista e de caráter exploratório

descritivo. A geração de dados para a pesquisa foi divida em três etapas com atividades

realizadas por alunos de Graduação em Letras de uma universidade pública do sul do

país com nível intermediário de inglês. A primeira etapa consistiu em leitura e análise

de apresentações acadêmicas postadas na web com o tema geral ensino e aprendizagem

de língua inglesa. A criação de uma apresentação gráfica hipertextual sobre um subtema

escolhido pela dupla integrou a segunda etapa. Por último, os alunos analisaram os

hipertextos produzidos por seus colegas, refletindo sobre a utilização das novas

tecnologias em contexto escolar. Analisando os processos das atividades desenvolvidas,

constatamos que houve colaboração (Swain, 2006) entre os alunos, pois eles trocaram

conhecimento entre as duplas ao tentar desenvolver as tarefas da maneira mais eficaz.

Os graduandos conseguiram também explorar o ambiente digital e o leque de

possibilidades que o hipertexto proporciona, enquanto utilizavam a língua estrangeira

para mediar suas interações. Espera-se que com a realização da presente pesquisa em

um curso de licenciatura os professores em formação possam explorar ainda mais as

novas tecnologias em suas práticas futuras.

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Gêneros multimodais na formação do professor: articulação do verbal

e do não verbal na construção de sentidos

MARIA DO CARMO SOUZA DE ALMEIDA

EVELINE MATTOS TÁPIAS-OLIVEIRA [email protected]

Na sociedade contemporânea, profundas são as modificações nos modos como o saber

circula na vida social em decorrência dos diferentes aparatos tecnológicos disponíveis.

Em decorrência disso, o letramento do futuro professor precisa ser considerado de uma

perspectiva mais ampla: a dos letramentos multissemióticos. Como formadores de

professores, consideramos que refletir sobre as produções de sentidos a partir da

recepção e do uso das linguagens midiáticas nas Licenciaturas é tão importante quanto

inserir os discentes nas práticas discursivas universitárias. Desse modo, objetivo desta

comunicação é apresentar uma sequência didática com estratégias de leitura do gênero

trailer cinematográfico para alunos de Licenciatura – Pedagogia e Letras. Percebemos

que o gênero trailer pode se útil na Pedagogia dos Multiletramentos (LEMKE, 2010;

ROJO, 2012, 2013) que prioriza ações as quais abrangem multiplicidades de cultura, de

linguagens e de multimodalidades no ensino de línguas. Além disso, pode contribuir

para o ensino/aprendizagem de diferentes habilidades relativas ao letramento de língua

portuguesa: fazer inferências, localizar informações, compreender e interpretar textos,

avaliar a finalidade de um texto, reconhecer características linguísticas e discursivas de

textos multimodais cujo objetivo é persuadir a audiência, entender como a combinação

de diferentes linguagens juntas constroem significados, dentre outras, tais como

trabalhar em grupo, interagir e desenvolver a linguagem oral. Acreditamos ser essencial

que os futuros professores saibam considerar o uso dos meios de comunicação em sala

de aula não de uma perspectiva meramente instrumental, pois há uma mudança em

curso que é cultural, ou seja, há implicações epistemológicas envolvidas. Outrossim,

urge pensar uma educação que estimule o aluno a aprender por meio da exploração, do

ensaio e do erro em busca de novas possibilidades.

Curso de inglês para propósitos acadêmicos: opinião de pesquisadores

sobre o interesse pelo ensino na modalidade a distância.

STEFANIE DELLAROSA

[email protected]

ELIANE AUGUSTO-NAVARRO

[email protected]

A língua inglesa é reconhecida como Língua Franca e, portanto, seu domínio é

fundamental entre aqueles que buscam melhor desempenho profissional, principalmente

no que se refere ao âmbito acadêmico, uma vez que é a língua internacional da ciência.

Cursos de Inglês para Propósitos Específicos (IPE) podem ir ao encontro daqueles que

se interessam pelo aprimoramento dessa língua, principalmente por serem cursos que

tem como foco os objetivos dos participantes e são oferecidos em menor tempo, se

comparados a cursos tradicionais de língua (ROBINSON, 1991). Atrelada à noção de

tempo e espaço, podemos pensar em cursos a distância que podem atender a demanda

daqueles que consideram essas duas questões impedimentos para prosseguir ou dar

início aos seus estudos, visto que em cursos nessa modalidade, ambos possuem seus

papeis redimensionados (ROZENFELD, 2013). Nesta comunicação apresentamos as

opiniões de pesquisadores de uma universidade pública do estado de São Paulo acerca

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do interesse por cursos de Inglês para Propósitos Acadêmicos (IPA) a distância.

Verificamos grande interesse por parte desses participantes, tendo como maior

justificativa a flexibilidade de tempo e espaço que cursos nessa modalidade

proporcionam. Entretanto, observamos que ainda muitos não reconhecem a eficácia

desses cursos em virtude da falta de informação sobre eles, principalmente com relação

à interação e oportunidades de comunicação oral. Apresentamos, portanto, as asserções

dos participantes discutindo essas questões, entre outras, e enfatizando as principais

características desses cursos e destacando os redimensionamentos dos papeis dos

participantes e do conceito de ensinar e aprender.

O princípio idiomático e o princípio de escolha aberta na produção

escrita de alunos brasileiros em inglês como língua estrangeira

CRISTINA GIL

[email protected] Esta pesquisa tem como principal objetivo detectar indícios do princípio idiomático e do

princípio da escolha aberta na produção escrita de alunos brasileiros em inglês como

língua estrangeira e desenvolver atividades a fim de instrumentalizar os alunos a usar o

princípio idiomático na sua produção escrita. A base teórica desta investigação é a

Linguística de Corpus (SINCLAIR, 1991; BERBER SARDINHA, 2004), a partir da

noção de linguagem como sistema probabilístico (HALLIDAY, 1991; BERBER

SARDINHA, 2004), de modo geral, e os princípios idiomático e da escolha aberta, em

particular (SINCLAIR, 1991). A metodologia consistiu da coleta de um corpus de

escrita de aprendizes brasileiros de inglês e do subsequente exame de todas as

sequências de palavras dos textos do corpus. Esse procedimento, conhecido por

‘collocation tracking’, foi introduzido por Berber Sardinha (2014) e consiste no uso da

ferramenta de mesmo nome. A ferramenta faz a varredura de todos os candidatos à

colocação nos textos e os compara a um corpus de referência representativo da língua

em questão, no caso o inglês. Quando a ferramenta atesta a ocorrência de um candidato

de colocação no corpus de referência, computa tal ocorrência como incidência de

princípio idiomático, mas quando não atesta tal ocorrência, considera o candidato uma

incidência do princípio de escolha aberta. O ‘collocation tracking’ foi usado apenas em

textos em português e, com esta pesquisa, foi empregado pela primeira vez em textos

em inglês. O corpus de referência é o enTenTen, o maior corpus da língua inglesa com

atualmente 10 bilhões de palavras, disponível no sítio SketchEngine. Após a varredura

do corpus, os resultados indicaram que os aprendizes usaram 62% de colocações em

seus textos quando comparados com o corpus de referência. Foram desenvolvidas

atividades com o objetivo de instrumentalizar os alunos a usar o princípio idiomático

em sua produção.

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Vozes Enunciativas Compartilhadas na Formação Inicial em Letras: O

Papel da Argumentação na Elaboração Colaborativa de Aulas de

Espanhol no Estágio Supervisionado.

TÂNIA MARIA DIÔGO DO NASCIMENTO

[email protected]

SIMONE REIS

[email protected] Esta comunicação visa discutir o papel da argumentação (LEITÃO, 2000), na inserção

das vozes enunciativas (BAKHTIN/VOLOCHINOV, 1997) na prática da elaboração

colaborativa (DIÔGO, 2015) de aulas de língua espanhola, no processo de regência da

disciplina de estágio supervisionado, na licenciatura em Letras/Espanhol. A visão

reflexiva-crítica (LIBERALI, 2008) é um dos pilares teóricos dessa pesquisa que

entende a disciplina de Estágio Supervisionado em Língua Espanhola como um espaço

de interlocução mútua (GIMENEZ e PEREIRA, in REICHMANN, 2012) entre os

formadores, estagiários e professores colaboradores. Outro aspecto balizar é a visão de

sala de aula como uma práxis (LIBERALI, 2010) para o processo de ensino-

aprendizagem de uma língua estrangeira, como um instrumento-e-resultado

(LIBERALI, 2010), para um reposicionamento social (DAMIANOVIC, 2011) e a

construção de novas relações de interdependência (LIBERALI, 2011). Alicerçada na

metodologia da Pesquisa Crítica de Colaboração (MAGALHÃES, 2009), esta

pesquisadora, em uma postura de formação interventiva (OLIVEIRA &MAGALHÃES,

2011), discute os dados com base nos aspectos enunciativos, discursivos e linguísticos

(LIBERALI, 2013). A análise inicial dos dados dessa pesquisa de doutorado revela que

os discentes do Estágio Supervisionado expandem seus conhecimentos de forma

internamente persuasiva (BAKHTIN/VOLOCHINOV,1997) e constroem o

conhecimento em sala de aula, atribuindo-lhe novos valores, sentidos e significados, na

mediação (VYGOTSKY,1934) do professor, de outros colegas e da sua performance

(HOLZMAN,2008), como professor que lhes permite ir mais além de si mesmos.

Transletramentos Da Cultura Digital Através De Wikis Em Um Curso

De Língua Adicional Inglês.

RICARDO TOSHIHITO SAITO

[email protected] [email protected]

O aprendizado de Novos Letramentos, por professores e alunos, e seus desdobramentos

transmidiáticos, fruto das affordances presentes na Web 2.0, transforma a realidade na

qual vivemos e cria a necessidade de aprendermos a ressignificar a(s) identidade(s) dos

sujeitos e grupos sociais aos quais pertencemos e o mundo no qual vivemos. Nesse novo

Ethos (LANKSHEAR & KNOBEL, 2011), onde sujeitos e grupos sociais “exploram

novos modos de fazer coisas e novas maneiras de ser [...] incorporando também novos

significados sobre quem somos ou podemos ser” (MOITA LOPES, 2012), ser/tornar-se

multi/transletrado implica em ser capaz de transitar por espaços virtuais onde a

construção do conhecimento e o seu compartilhamento envolve um discurso menos

autoritário, mais participativo e dinâmico. A reflexão sobre essas novas práticas

pedagógicas que contemplem a inter/trans/ multidisciplinaridade (ARAÚJO, 2012)

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através do Ensino de Novos Letramentos/Transletramentos inseridos na Cultura Digital

podem contribuir para que os alunos e professores reflitam sobre a Cultura

Grafocêntrica e as diversas linguagens presentes na Cultura Digital, seus modos de

organização e funcionamento dentro das práticas sociais e culturais, durante as aulas de

Língua Materna e/ou Língua Adicional, Inglês. Assim, uma wiki foi escolhida por ser

um meio que oferece suporte a diversas modalidades (modes) e funcionalidades

(facilities). Os objetivos da presente pesquisa são (1) descrever como as affordances

midiáticas podem transformar as relações tradicionais de uma Cultura Escolar baseada

no professor, quadro negro e livro didático; e (2) as apropriações dessas novas práticas

escolares oriundas da Cultura Digital, no cotidiano desses alunos, dentro das telas.

Serão apresentados ainda alguns resultados parciais de um projeto-piloto, com alunos de

Língua Adicional (inglês), em um Centro de Idiomas situado em uma cidade no interior

do Estado de São Paulo.

A collocation dictionary for Brazilian Portuguese

TONY BERBER SARDINHA

[email protected]

[email protected]

TELMA SÃO BENTO FERREIRA

CRISTINA MEYER ACUNZO

The goal of the current study is to create a corpus-based collocations dictionary of

Brazilian Portuguese. The dictionary will list the collocations for the most frequently

used words in Brazilian Portuguese, according to the Brazilian Corpus (CEPRIL,

Fapesp, CNPq, PUCSP), a one-billion-word collection of written and sp en language. In

this paper, a preliminary analysis of the top 10,000 most frequent words in the corpus

will be presented. A number of word forms were removed from this initial list,

including malformed strings and foreign words. For each of the remaining words, the

2,000 most typical collocates were extracted from the corpus based on the statistical

strength between the node word and the collocates as indicated by the LogDice statistic.

The collocate tables were obtained through the SketchEngine API, which enabled direct

queries to the online corpus hosted on SketchEngine.co.uk from a python script. These

collocates were drawn from a random selection of up to 20,000 concordance lines for

each word. The most frequent collocates across all the words were identified and listed,

providing the collocational profile of each word. These collocates were then entered in a

factor analysis, which grouped the words into word sets that shared similar collocates.

These sets in turn indicate the most usual meaning sets in Brazilian Portuguese. The

dictionary will list the collocational sets as well as the meaning sets. The research

reported here is supported by CNPq (Brasília, Brazil).

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Dicionários bilíngues para aprendizes e a sala de aula de língua

estrangeira

CAMILA HÖFLING

[email protected] [email protected]

Essa comunicação tem por objetivo apresentar considerações a respeito do uso de

dicionários bilíngues para aprendizes em sala de aula de língua estrangeira. Baseados

nos estudos de HOFLING (2006), consideramos que tais dicionários são diferentes dos

bilíngues tradicionais, uma vez que se concentram nas necessidades de produção de

aprendizes que são falantes de uma L1 específica. Embora no mercado há algum tempo,

muitos professores de inglês (de diferentes contextos de sala de aula) ainda não estão

convencidos de seus benefícios (ou mesmo de sua existência), valendo-se da estrutura

do dicionário monolíngue padrão para aprendizes como a melhor opção para seus

alunos. Sem subestimar a excelência dos monolíngues para falantes não nativos, é

importante mostrar que há características sobre as quais até mesmo o melhor

monolíngue não consegue dar o suporte necessário para o aprendiz de língua

estrangeira. Valendo-se de estudos recentes sobre dicionários bilíngues (LEW e

ADAMSKA-SATACIAK, 2014), apresentamos argumentos dessa hipótese ilustrados

por entradas de dicionários para falantes de português e resultados de levantamento

realizado em sala de aula de língua estrangeira.

A Linguística e Corpus e a formação continuada de professores de

inglês: aplicação de uma nova metodologia para o ensino

ELIENE DE SOUZA PAULINO

[email protected] [email protected]

O objetivo deste trabalho é apresentar a introdução da Linguística de Corpus (LC) a um

grupo de professores de língua inglesa da rede pública de ensino de Contagem, Minas

Gerais, por meio da formação continuada. Esse tipo de formação fornece ao professor a

possibilidade de aperfeiçoamento e expansão do conhecimento por meio da reflexão e

da prática e, neste caso, por meio da sua instrumentalização em uma nova metodologia

de ensino. Para Celani (2009, p.10), “a formação continuada do professor de língua

estrangeira é uma necessidade premente”. A importância da aplicação da LC no ensino

e da consequente utilização de materiais baseados em corpora é enfatizada por Bennett

(2010), a qual fornece exemplos de atividades e instrução para que professores utilizem

a LC na sala de aula. Sinclair (2004, apud BENNETT, 2010), por sua vez, enfatiza que

o professor precisa de orientação a respeito de como extrair informação do corpus e de

treinamento de como avaliar as descobertas de sua pesquisa para o uso em sala de aula.

Em consonância com tal proposição foram oferecidas aos professores participantes

cinco oficinas de trabalho com a Linguística de Corpus com o foco na produção de

atividades didáticas. Os instrumentos de coleta utilizados constituem-se em

questionários, avaliação on line dos participantes, atividades produzidas pelos

professores e apresentação de trabalho na oficina final. A análise dos instrumentos

coletados, conferida por meio da pesquisa qualitativa, seguirá os procedimentos

indicados por Bennett (2010) e Reppen (2010). Os resultados demonstram, entre outros

aspectos, que os professores buscam por novas estratégias de trabalho e reconhecem, na

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formação continuada em LC, a valorização profissional e uma importante contribuição

para a atuação pedagógica.

Freedom of Speech: Um diálogo dialógico à luz da pedagogia da

argumentação

SIMONE REIS

JULIANA OLIVEIRA

[email protected]

Esta comunicação tem o objetivo de apresentar os resultados obtidos, neste primeiro

semestre de 2015, com uma turma de graduandos em Licenciatura Letras – Inglês –

UFPE, envolvidos em um trabalho contemplando multiletramento, isto é, entendendo

que a linguagem acontece de forma multimodal, multicultural e multimidiática. À luz da

Teoria da Argumentação (LIBERALI, 2013; DAMIANOVIC, 2012; LEITÃO, 2012),

inserida na Teoria da Atividade Sócio-Histórico-Cultural – TASHC –(VIGOTSKY

[1934]2000; ENGESTRÖM, 2009), temos como propósito construir um cidadão

envolvido no tempo, espaço e cultura do qual faz parte, através de uma relação dialógica

(BAKHTIN/VOLOCHINOV, [1929] 1992), onde a Linguagem vá além de uma

ferramenta linguística e seja o meio pelo qual os seres humanos se posicionam e

reposicionam seus papéis para e na sociedade em que vivem. Através de atividades

didáticas – elaboradas pela mestranda-pesquisadora, Juliana Gama, colaboradora deste

projeto – enfatizamos o uso das categorias enunciativas, discursivas e linguísticas,

propostas por Liberali (2013), realizadas através de enunciados investigativos –

perguntas – na tentativa de criar um espaço de construção crítico-colaborativo,

entendendo a pergunta, na perspectiva da argumentação, como um ato de expansão

dialógica (NININ, 2013). Concordando com Mateus (2006) que saber argumentar

dialogicamente significa aumentar o potencial que cada um tem de trabalhar,

democrática e colaborativamente diversos pontos de vistaa favor de uma compreensão

compartilhada, para encontrar pontos em comum, rever e transformar pontos de vista,

respeitando todos os participantes, pressupondo que várias pessoas têm partes de

respostas e que juntas podem alcançar soluções, propomos uma atividade, Diálogos

Dialógicos, cujos resultados práticos esperamos que corroborem a teoria estudada.

Explorando possibilidades da tecnologia no ensino de língua inglesa

com alunos de escola pública: produção de vídeos a partir de séries e

sitcoms

TARSILA RUBIN BATTISTELLA

[email protected] [email protected]

Este trabalho, vinculado à área temática “Linguagem, Tecnologia e Educação ”, tem

como objetivo realizar uma exposição sobre a interação entre a teoria sociocultural e

estudos na área da informática na educação, com base em elementos teóricos e em

pesquisa realizada com o uso da tecnologia em sala de aula. Nesse sentido, esta

comunicação apresenta dados de um projeto de ensino de inglês a partir de séries de

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televisão e sitcoms, em contexto de ensino público, mediado pela tecnologia, por alunos

do ensino médio integrado – informática – de um instituto federal. Observa-se ainda em

que medida as tecnologias digitais podem contribuir para a construção e o

compartilhamento de conhecimento em LE (língua estrangeira) nesse contexto de

aprendizagem. Acredita-se que o ensino-aprendizagem de línguas de qualidade passa

pela exploração de recursos digitais na promoção de uma interação social e mobilização

de recursos tecnológicos na construção conjunta de sentido na LE. Dessa forma, a

geração dos dados ocorreu em três encontros no laboratório de informática, em que uma

sequência de tarefas colaborativas envolveu a prática auditiva e discussões acerca das

séries de televisão e sitcoms. O projeto culminou com a produção de um episódio curto

em inglês, gravado e editado por meio do uso de ferramentas digitais, tomando por base

uma das cenas assistidas pelos alunos. Finalmente, almeja-se demonstrar que o ensino-

aprendizagem de línguas em contexto público de ensino deve ser problematizado de

forma a mediar a tecnologia e a interação na construção conjunta de conhecimento na

LE.

Falar É Fácil! – Uma Análise Das Atividades Propostas Para O

Desenvolvimento Oral Da Lingua Inglesa Pelo Aplicativo Mais

Popular Da Play Store

LEONARDO SARMENTO TRAVINCAS DE CASTRO

[email protected]

O aplicativo Android Duolingo desponta, entre seus pares da loja virtual Play store,

como o de maior número de downloads (acima de dez milhões) e melhor avaliação do

usuário (4,6). Além disso, anúncios promocionais afirmam que seu aluno aprenderá a

ler, escrever, compreender auditivamente e a falar o idioma estudado. Esta pesquisa

objetiva investigar se o Duolingo apresenta atividades que exercitem, de fato,

competências necessárias para o desenvolvimento da oralidade na língua inglesa. Dessa

forma, espera-se oferecer uma análise teoricamente embasada que possibilite aos

usuários e àqueles que pretendem utilizar ou recomendar (no caso de professores) o

aplicativo a tomarem decisões conscientes para a iniciação, continuação ou mudança de

estratégia dos estudos com o uso desse software. Do ponto de vista teórico, buscaram-

se autores como Thornbury (2006), Lightbown e Spada (2011), Larser-Freeman (1991),

entre outros, a fim de elucidar: 1) quais os principais conhecimentos necessários para a

obtenção da fluência oral em um segundo idioma; e 2) os conceitos de tais

conhecimentos e de outros a eles subjacentes. A pesquisa foi realizada em três etapas.

Inicialmente, estudaram-se os quarenta e quatro primeiros níveis do Duolingo. Em

seguida, classificaram-se os tipos de exercícios propostos pelo aplicativo em onze

categorias, identificando quais habilidades linguísticas cada uma delas visava

desenvolver no aluno. Por fim, compararam-se essas habilidades àquelas apontadas

pelos autores acima mencionados. Desse cotejo, pôde-se demonstrar que, de acordo com

os critérios aqui estabelecidos, o Duolingo não oferece prática plena das competências

necessárias para o desenvolvimento da produção oral de seus usuários.

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Os esquemas de interação/mediação e a participação dos alunos do

Curso de Licenciatura em Letras – Língua Portuguesa – da

UFPA/UAB

ANA LYGIA CUNHA

[email protected] [email protected]

O estudo das regras de funcionamento das discussões que se dão em fóruns de cursos a

distância ou semipresenciais pode auxiliar na busca de soluções para algumas das

limitações tradicionalmente imputadas a esta modalidade de ensino, além de dar aos

profissionais interessados em nela atuar informações úteis para a seleção de estratégias

em sua prática docente, na busca da mediação do desenvolvimento de seus alunos, o

que, certamente, inclui a interação com estes. Para Garrison e Anderson (2003), a

realização de um ensino-aprendizagem exitoso, na modalidade, na medida em que

proponha atividades que promovam o aprendizado colaborativo e individual de forma

equilibrada, depende do professor, a quem denominam “educador”. Este trabalho tem

como objetivos investigar a interação que se dá no fórum de discussão com vistas à

identificação e à caracterização dos diferentes esquemas de mediação adotados por

professores do Curso de Licenciatura em Letras – Língua Portuguesa – na modalidade a

distância, ofertado pela Universidade Federal do Pará por meio do programa

Universidade Aberta do Brasil, e a relação de tais esquemas com os tipos de

participação dos alunos na interação com professores, tutores e colegas.

O uso de tecnologias na reorganização das práticas didáticas com base

nos Multiletramentos

MARLENE RIBEIRO DA SILVA GRACIANO

[email protected] Este estudo aborda parte de uma pesquisa sobre formação continuada de professores

para repensar o trabalho desenvolvido com a leitura e escrita no processo ensino-

aprendizagem das diferentes disciplinas em cursos do ensino médio. Especificamente a

experiência realizada com dois professores e seus alunos sobre a utilização das

Tecnologias da Informação e Comunicação nas práticas de ensino será analisada. O

objetivo foi analisar os significados atribuídos por professores e alunos ao uso de

tecnologias no trabalho com a leitura e escrita no processo ensino-aprendizagem das

diferentes disciplinas em cursos do Ensino Médio. Tratou-se de uma pesquisa crítica de

colaboração, fundamentada na Teoria Sócio-Histórico-Cultural, na perspectiva

enunciativo-discursiva e na Pedagogia dos Multiletramentos. Os dados foram

produzidos por meio de entrevistas, videogravações de aulas e sessões reflexivas com

alunos e professores. A aprendizagem e desenvolvimento dos alunos revelam a

importância do uso das linguagens multissemióticas nas atividades de leitura e escrita.

Os professores tiveram menos alcance na ressiginificação do uso multimídia na

reorganização das aulas. Este estudo aponta a necessidade de formação continuada dos

professores para o uso das linguagens multissemióticas no processo ensino-

aprendizagem como forma de vencer a cristalização dos sentidos.

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Produção oral em contexto online: potencialidades das TICs no

processo de ensino e aprendizagem de português como língua

estrangeira ANA LUÍZA GABATTELI

[email protected]

O desenvolvimento das tecnologias da informação e comunicação modificaram a

concepção de sala de aula ao diversificar os espaços de construção do conhecimento e

despertaram o interesse pela aprendizagem de línguas estrangeiras. Após a análise da

proposta pedagógica de dez cursos online de Português como língua estrangeira (PLE),

foi constatado que a maioria deles não ofereciam momentos de prática oral, apenas

focavam no desenvolvimento da compreensão oral, leitura e produção escrita. A partir

deste cenário e à luz de Warschauer e Meskill (2000), Ramos (2002), Paiva (2003),

Stanford (2009), Stickler e Hampel (2010) e Furtoso (2011), apresento algumas

possibilidades de utilização do ambiente virtual de aprendizagem Moodle e de

ferramentas integradas a ele a fim de incentivar a produção oral de aprendizes de PLE

em um curso piloto online baseado em tarefas comunicativas (SCARAMUCCI, 1999)

elaborado por mim para minha pesquisa de Mestrado.

Linguagens, tecnologias e educação: Smartphones e recursos humanos

NARA HIR OTAKAKI

[email protected]

Mesmo com a Internet, a cidadania pode continuar mantendo o professor como detentor

e transmissor de conhecimento e os alunos como recipientes passivos que reproduzem

as ideias do professor, do autor e de si mesmos. Na cultura de cidadania significativa,

entretanto, ambos e a instituição na qual atuam podem criar espaços de aprendizagem

ubíqua, criativa e relevante. São os recursos humanos que dão o tom e, dentro das

possibilidades, vários caminhos podem ser construídos com seus elementos acionados

pela potencialidade dos aprendizes. Um desses elementos é o aplicativo WhatsApp de

telefonia móvel como os smartphones. Os smartphones, compreendidos como mescla de

computador e celular, podem encurtar a distância entre as desigualdades sociais

(Walton, 2013). Para muito além do compartilhamento de fotos e meras mensagens, o

ambiente WhatsApp vem fazendo sua parte para transformar as pedagogias de

transmissão. Nesse sentido, essa apresentação se encaixa na temática de linguagens

situadas e educação. Nesse cenário, os momentos de engajamento, agentividade e

transformação de identidades, práticas sociais, relações de poder e transculturalidades

estão em estado de sofisticação/complexidade e velocidade ímpares. Essa paisagem

digital, epistemológica, ontológica, educacional etc. existe dentro de uma pesquisa, cuja

metodologia adotada é qualitativa intersubjetiva, pois as construções de sentido dos

alunos de Letras e de Pós-graduação em Estudos de Linguagens são levadas em

consideração bem como as da pesquisadora à luz dos aportes teóricos que embasam tal

pesquisa. O objetivo desta comunicação oral é apresentar e discutir algumas das

produções dos referidos alunos também à luz do referencial teórico escolhido. Este traz

conceitos de espaços de aprendizagem situada/contextualizada (Gee, 2004;),

multimodalidades, ou seja, o encontro de imagens, sons, animações, gestos e

espacialidades (Kress, 2010), relocação de sentidos (Pennyco , 2010) e multiletramentos

- visual, digital, espacial, midiático, escolarizado, não-escolarizado, crítico -

redesenhados e dinâmicos (Kalantzis; Cope, 2012). A conclusão parcial reitera o poder

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da interface altamente interativa que estimula os aprendizes a estender discussões

iniciadas na sala de aula e disponibilizar materiais multimodais e inovadores com

reinício de debates e alternativas para solucionar questões imediatas do dia a dia e co-

aprendizagem dialogada, criticidade, autocrítica, sentimento de pertença e reinvenção da

escola.

Análise da linguagem verbo-áudio-visual de duas propagandas infantis

como proposta de leitura.

IVANICE NOGUEIRA DE CARVALHO GONÇALVES

[email protected] [email protected]

As lacunas no ensino da leitura do gênero discursivo propaganda e a carência de

habilidades das crianças na leitura motivaram o desenvolvimento desta pesquisa que

objetiva analisar e explorar a linguagem verbo-áudio-visual como recurso didático para

tornar a leitura de alunos do ensino fundamental mais profícua. Para cumprir essa

proposta, a teoria dialógica da linguagem de Bakhtin e do Círculo fundamenta a análise

a partir da concepção de gênero discursivo, relações dialógicas e ideologia, entendendo

a linguagem como prática social. Conta-se também com o apoio teórico de autores que

tratam da linguagem visual como Dondis e Guimarães, de Barthes na linguagem sonora

e de Dolz, Noverraz e Schneuwly com modelo de sequência didática. Para cumprir essa

proposta de análise, foram selecionadas duas propagandas de brinquedos, uma da

boneca Barbie e seu salão de beleza, e a outra do boneco Max Steel e seus acessórios,

ambos da empresa Mattel, com o objetivo também de propor uma sequência didática

para o ensino e desenvolvimento da leitura das linguagens verbal e não verbal, tornando

os alunos leitores mais perspicazes desse gênero discursivo e menos influenciáveis por

seus apelos consumistas. A análise mostrou que o texto verbal da Barbie traz um apelo

marcado pela beleza, vaidade, imediatismo e futilidades. Já no texto verbal do Max

Steel, há predominância de verbos de ação e aventura chamando os meninos para

brincar com o boneco. Os tons fortes da cor rosa e do lilás utilizados em Barbie

mostram a intenção de manter as meninas no mundo rosa de fantasias da boneca, onde

elas podem viver seus sonhos de ser o que quiser. Na propaganda do Max Steel, as

cores levam os meninos para o universo masculino com os tons de cinza, verde, azul e

amarelo que reforçam a ideia de forte, poderoso, sério, que encara o perigo e aventuras.

A paródia da música Barbie Girl, envolve as meninas no discurso da propaganda que

além de consumidoras, passam a divulgar o produto ao cantarolar a melodia. Em Max

Steel, os sons de tempestade imprimem o tom de aventura e perigo com o qual os

meninos se identificam. Espera-se com essa análise contribuir para que as crianças

sejam leitoras proficientes do gênero propaganda, pois a leitura proficiente pode ser

uma estratégia poderosa para minimizar os efeitos dos apelos consumistas das

propagandas.

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A formação tecnológica a distância para docentes de um curso Técnico

em Secretariado, sob a perspectiva da complexidade.

KEYLA CHRISTINA ALMEIDA PORTELA

[email protected] [email protected]

O objetivo deste estudo é descrever e interpretar o fenômeno formação tecnológica dos

docentes do curso técnico em Secretariado de uma instituiçãofederal, por meio da oferta

de um curso a distância utilizando a plataforma Moodle. A pergunta de pesquisa: Qual a

natureza do fenômeno formação tecnológica dos professores do curso Técnico em

Secretariado de uma instituição federal baseado na complexidade sob a perspectiva de

todos os participantes? é ponto instigador deste trabalho. Os aportes teóricos para este

estudo forambaseados na Complexidadede acordo com Morin (1996, 2000, 2002,

2011), Behrens (2006) e Freire (2009, 2012); na educação a distância, conforme Moraes

(2004) e Moran (2007); a formação tecnológica de professores segundo Kenski (2010),

Almeida (2003, 2005), Valente (2003), Moraes (2007, 2008), Freire (2009, 2010, 2012)

e Silva (2012); e o design educacional complexo, na visão de Freire (2013). Esta

pesquisa investigou a natureza de uma experiência vivida, a abordagem metodológica

adotada é a abordagem hermenêutico-fenomenológica, a partir da perspectiva de van

Manen (1990),Ricoeur (1986/2002) e Freire (1998, 2007, 2010). Os participantes da

pesquisa foram 6 docentes com formação técnica que ministram aulas no curso Técnico

de Secretariado de uma instituição pública federal. A descrição e a interpretação da

manifestação do fenômeno em foco foram feitas por meio dos processos da

textualização, tematização e pelo ciclo de validação e operacionalizados pelas rotinas de

organização e interpretação, propostos por Freire (2007, 2010). As associações

desenvolvidas revelaram que o fenômeno em estudo se estrutura em 4 grandes temas e

seus desdobramentos. São eles: atualização com o desdobramento novos recursos;

conceito com seus desdobramentos ead, oportunidade, resistência, preconceito,

inovação, comprometimento; desafio e seus desdobramentos elaboração, conhecimento,

e por último, o tema determinação (sem desdobramentos).

Inquietações acerca do uso das múltiplas linguagens na escola:

abordagens na Licenciatura em Letras GLEICE DE DIVITIIS

[email protected] [email protected]

Neste século XXI, com o avanço das Tecnologias de Informação e Comunicação e a

exigência por uma reforma pedagógica que atenda às necessidades da sociedade, o

professor busca uma espécie de “reinvenção” da sua prática no cotidiano escolar. Nesse

sentido, as licenciaturas podem contribuir substancialmente nesse processo, desde que

as disciplinas lecionadas e demais atividades possíveis estejam de acordo com as

perspectivas atuais. Dentro desse panorama, o presente artigo terá como intuito

investigar a matriz curricular dos cursos de licenciatura em Letras (Português/Inglês e

Inglês), de instituições privadas, localizadas na cidade de São Paulo e região

metropolitana e, a inserção de disciplinas relacionadas com a utilização de múltiplas

linguagens (jornal, revista, redes sociais, TV e, outras tecnologias) na sala de aula. Para

tanto, foram selecionadas, por meio do site “e-mec” do Ministério da Educação, as

instituições de ensino superior (IES) que possuem cursos em vigência, sem quaisquer

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restrições. Posteriormente, observou-se na página mantida na internet pelas instituições,

as matrizes curriculares e demais documentos disponibilizados que revelassem as

disciplinas, as ementas, além da carga horária. A análise está embasada nos

pensamentos de Bauman (2007), Thompson (1998), Moita Lopes (2013) e Citelli

(2001), além de outros pesquisadores que retratem a sociedade e a escola

contemporâneas. Constatou-se que a questão relacionada às tecnologias ainda é bastante

incipiente, visto que a carga horária é variável (no comparativo entre as IES) e, até

pouco tempo, as discussões acerca das tecnologias e/ou múltiplas linguagens no

contexto escolar eram inexistentes.

Business English Materials Based on a Corpus Linguistics Approach

MARIANNE RAMPASO

[email protected] [email protected]

Multinational companies and the process of globalization led to an expansion in the

Business English area, requiring the development of teaching materials focused on

specific needs of professionals using the language in use. In this paper we present a

linguistic analysis of a Business English Corpus and the subsequent development of

corpus-based teaching materials. Such resulting materials were based on the corpus-

based analysis of these registers. Firstly, the corpus was analyzed in two ways and a

keyword list was extracted for each register using COCA. Afterwards, the top 100

keywords of each register were pulled out and a concordance was run in AntConc. In

addition, we identified the following major lexico-grammatical patterns: collocations,

colligations, and n-grams. Then the corpus was tagged using the Biber Tagger and the

features were counted. A taxonomy of exercises was also developed, providing a

framework for the design of the materials, and this comprised: (1) frequency tables

analysis, (2) concordance analysis, (3) patterns analysis, (4) collocates, etc. Our findings

resulted on the creation of teaching materials. Doing so, the material incorporated

additional material found in Sketchengine and SkELL. The activities were then applied

to an advanced Business English student and we collected his reflections on learning

with the materials; we also recorded the teacher’s reflections in a reflective journal to

gain insights into the process of teaching with corpus-based materials.The results of this

study showed us the need for corpus-based teaching materials in general and Business

English materials in particular. It also stresses the need for materials based on design

criteria and a taxonomy of corpus-based exercises. Finally, the study shows the gap in

our current knowledge about the process of teaching and learning with corpus-based

materials and also provides data on how both students and their teacher reflect on this

process.

Um Olhar indisciplinar às práticas de Letramentos digitais dos

escritores/fãs de ficção

BIANCA JUSSARA BORGES CLEMENTE

[email protected] [email protected]

Neste trabalho, pretende-se apresentar os resultados parciais de uma pesquisa de

natureza exploratória, na qual foram analisadas as interações entre escritores/fãs de

ficçãode comunidades virtuais. Esta investigação tem inspiração na etnografia virtual

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com observação participante. O objetivo é entender a definição de fanfic como gênero

discursivo digital ,como também, as práticas de letramentos digitais/multiletramentos

dos escritores/fã de ficção em ambiente virtual. Para embasar este estudo, aponta-se as

seguintes perguntas de pesquisa: 1) Será que fanfics com sequência de vários capítulos

com tramas ficcionais bem fundamentadas podem ser consideradas escrita amadora? 2)

Como práticas de escrita além das fronteiras da autoria e originalidade são aceitas nas

comunidades virtuais? Para responder essas perguntas, foram coletados dados, por meio

da observação participante entre a pesquisadora e os escritores/fãs de ficção em

comunidades virtuais. O arcabouço teórico visa dialogar sobre às relações original-

derivado de uma obra ficcional para além das fronteiras disciplinares, para isso, o

diálogo com a Linguística Aplicada (IN)disciplinar de Moita Lopes (1998/2008) e

Transgressiva de Pennyco (2001/2008) possibilitam uma análise às práticas sociais em

plataformas online de escritores/fãs de ficção. Isso porque, afanfic pode ser interpretada

como prática social e de interação dialógica Bakhtin (2003) já que escritores/ fãs de

ficção retomam, refutam, complementam ou sugerem outras possibilidades de tessitura

às obras ficcionais mediadas pelas práticas de letramentos digitais Rojo (2015) em

comunidades virtuais de fã de ficção.

A percepção de estudantes de ensino médio sobre o idioma espanhol

em contexto de ensino e aprendizagem

REGIANE PINHEIRO DIONISIO PORRUA

[email protected] [email protected]

DEISE CRISTINA DE LIMA PICANÇO

Esta comunicação tem como objetivo mostrar a diversidade de qualificativos e suas

regularidades de sentido que descrevem a percepção de estudantes de ensino médio

sobre o idioma espanhol em contexto de ensino e aprendizagem. Esta apresentação é

parte de uma pesquisa de mestrado em andamento, pelo programa de pós-graduação em

Educação - Universidade Federal do Paraná, desenvolvida na linha Cultura, Escola e

Ensino, que objetiva verificar a percepção de estudantes de ensino médio sobre o

discurso sobre a língua espanhola em anúncios publicitários televisivos no Brasil. O

interesse sobre o assunto surgiu em um contexto de prática de ensino e aprendizagem de

língua espanhola, para estudantes de ensino médio, que em conformidade com a Lei

Federal 11.161/2005 podem optar por estudar ou não o idioma em questão, e diante da

reunião de um número expressivo de anúncios publicitários com o uso ou citação do

idioma espanhol com abordagem engraçada, irônica ou pejorativa. Os pressupostos

teóricos defendidos no estudo são os conceitos da Análise do Discurso Francesa

relacionados à concepção dialógica de linguagem do Círculo de Bakhtin, além de

contribuições dos Estudos Culturais. O objetivo final da investigação científica em

curso será analisar se o discurso presente na dispersão de enunciados selecionados é

percebido pelos estudantes que escolhem estudar a língua e se de alguma forma

influenciam em sua opinião/aceitação do idioma e da/s cultura/s que o simbolizam,

consequentemente, interferindo em seu ensino e aprendizagem. A análise da diversidade

de qualificativos e suas regularidades de sentido utilizados pelos estudantes para definir

o idioma espanhol contribui para reinterpretação do objeto de estudo de pesquisa e

discussão sobre como os discentes lêem/percebem os discursos televisivos sobre a

língua espanhola.

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Letramento Científico Na Universidade: Uma Proposta Interativa

Para O Desenho De Cursos Online À Luz Da Teoria Da Complexidade

NÍNIVE DANIELA GUIMARÃES PIGNATARI

[email protected]

A pesquisa, fundamentada na teoria da complexidade apresentará as etapas de

preparação de um curso online voltado para o letramento científico de alunos

graduandos em direito. O desenho proporá um diálogo entre teoria e prática, conectando

disciplinas do eixo de formação básica, as ditas propedêuticas, com as do eixo

profissionalizante, realizando a interdisciplinaridade. Partirá da exposição dos

aprendizes a textos contrastantes que iluminem diferentes faces de questões jurídicas

atuais (princípio dialógico), relacionando indivíduo e sociedade, a parte e o todo

(princípio hologramático), as influências recíprocas e retroativas entre os eventos

(princípio recursivo), conectando razão e emoção, o sentir e o agir, a fim de ampliar o

conhecimento da realidade. O material, elaborado a partir de competências visadas e

não de conteúdos, tratará das questões de modo interdisciplinar, tecendo a rede

cognitiva a partir do eixo da ética social em seis encontros virtuais. A questão da

pesquisa pode ser assim sintetizada: Como se desenha um curso voltado para o

letramento jurídico científico com base na teoria da complexidade?

A percepção do acento lexical em inglês por falantes de português

MÁRCIA POLACZEK

[email protected] [email protected]

Esta comunicação apresenta uma proposta de investigação da percepção do acento

lexical de palavras cognatas do inglês por falantes nativos do Português do Brasil que

têm o inglês como segunda língua. O pressuposto é que os padrões acentuais e silábicos

do inglês possuem especificidades que influenciam no modo pelo qual são percebidos

por falantes de Português do Brasil (PB). A questão levantada é se a percepção está

pautada em pistas acústicas ou é influenciada por parâmetros do inventário sonoro da

língua materna. Os fundamentos teóricos englobam (1) a caracterização dos padrões

acentuais do inglês e do português; (2) o conhecimento fonético-fonológico do ponto de

vista perceptivo, articulatório e acústico; (3) pesquisas interdisciplinares sobre

percepção de fala em L2; (4) estudos sobre a relação entre percepção e produção de fala

em L2. Além de contribuir com os estudos sobre a fala em L2, o objetivo deste tipo de

pesquisa é auxiliar no desenvolvimento das estratégias de ensino e aprendizagem de

habilidades orais, bem como de pronúncia inteligível em L2.

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Ensino de línguas e a mediação para o uso das tecnologias digitais de

informação e comunicação (TDIC): uma pesquisa colaborativa na

formação universitária de professores de inglês

MARY SOARES DE ALMEIDA REIS

[email protected] BARBRA SABOTA

[email protected]

O mundo pós moderno exige que mudanças rápidas ocorram no modo como mediamos

e produzimos conhecimentos. As Tecnologias Digitais integram o modo de vida da

maioria da população urbana e não podem ficar excluídas de contextos escolares. Nesse

sentido, acreditamos ser fundamental que o professor esteja preparado para lidar com

mais este desafio. Nosso objetivo é, pois buscar entender e discutir de que modo o uso

das TDIC pode contribuir para a formação universitária do professor de língua inglesa

favorecendo uma ação crítica, reflexiva e situada em seu contexto histórico, o que

requer que ele possua, entre suas habilidades e competências, o letramento digital.

Constata-se que muitos professores possuem acesso às tecnologias em suas atividades

pessoais, porém, ainda encontram dificuldades de transpor esse uso para sua atuação

docente (DIAS, 2010; KENSKI, 2013). Como aliadas do professor, as TDIC

constituem-se como ferramentas importantes para mediar a relação aluno-professor-

conteúdointegrandoo processo de formação e constituição social, principalmente no que

tange ao ensino de línguas estrangeiras (PAIVA, 2010; OLIVEIRA, 2013). O estudo

que ora apresentamos é parte de uma pesquisa de mestrado em andamento na

Universidade Estadual de Goiás. Nele acompanhamos e gerenciamos um grupo de seis

professores de inglês em formação universitária (Licenciatura em Letras) que se

encontra semanalmente para discutir textos teóricos e planejar atividades práticas

envolvendo o uso de TDIC para mediar o ensino de inglês em sala de aula. As leituras

efetuadas, bem como os dados coletados, até o momento, nos permitem afirmar que há

benefícios concernentes à autonomia, ao empoderamento e à recursividade no

planejamento de atividades e escolhas de objetivos nas aulas desses professores.

Linguística de Corpus na Licenciatura em língua inglesa: Investigando

a práxis de graduandos em pré-serviço CRISTINA ELUF

[email protected]

VANDER VIANA

[email protected]

As novas tecnologias têm impactado sobremaneira a educação, impulsionando a

transformação de modelos convencionais de ensino em novas práticas pedagógicas.

Para atuar efetivamente nesse mundo conectado, docentes em formação precisam

desenvolver sua autonomia e criticalidade e aprender a aplicar as mesmas à sua futura

prática pedagógica. Dessa forma, esses eles estarão mais aptos a ensinar as novas

gerações de aprendizes da pós-contemporaneidade. Na área dos estudos da linguagem,

as novas tecnologias têm contribuído para a popularização da Linguística de Corpus

(LC) ao permitir que pesquisadores investiguem o uso de determinada língua (ou um de

seus usos) em grandes quantidades de dados (e.g. Sinclair, 1991, 2004). Apesar da

inserção da LC na pesquisa científica, o seu emprego em contextos educacionais ainda é

limitado (Leech, 1998), especialmente no Brasil (cf. Viana &Tagnin, 2011). O presente

estudo visa preencher essa lacuna através da investigação do uso da LC por licenciandos

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de inglês em escolas públicas brasileiras.A comunicação relatará resultados parciais de

uma pesquisa financiada pela British Academy e pelo Newton Fund (AF 140172) na

qual licenciandos de Letras (habilitação em língua inglesa) da Universidade do Estado

da Bahia - Campus XIV foram introduzidos à LC e solicitados a utilizá-la como base

para o desenvolvimento de atividades pedagógicas. Articuladas à agenda do professor

regente, essas atividades foram implementadas pelos licenciandos como parte do estágio

docente em escolas da zona rural do município de Conceição do Coité. Os diferentes

atores sociais (i.e. professor regente, licenciados e alunos da escola) foram entrevistados

de modo a verificar suas percepções acerca do (in)sucesso do uso da LC no ensino de

inglês. O projeto propõe uma alternativa à formação docente em língua inglesa a partir

da inserção dos fundamentos da LC, e, mais especificamente, da criação e aplicação,

por parte de licenciandos, de atividades direcionadas por corpora.

IMPLICAÇÕES SOBRE O USO DE APLICATIVOS TRADUTORES

EM AULAS DE INGLÊS: Um estudo de caso comparativo sobre o

processo de revisão dialogada de textos em inglês traduzidos

automaticamente envolvendo os softwares google tradutor e

bingtranslator

SANDERSON MENDANHA PEIXOTO

[email protected]

BARBRA SABOTA

[email protected] Esta comunicação tem por objeto, a partir de uma análise de traduções automáticas

feitas por alunos do Ensino Médio de uma escola pública da Cidade de Goiás, por

intermédio dos softwares Google tradutor e Bing translator, verificar alternativas de

utilização destes aplicativos no processo ensino-aprendizagem de Língua Inglesa como

Língua Estrangeira, dentro de uma visão sociocultural. Para autores como Larsen-

Freeman (2001), Oliveira (2014) e Figueiredo (2001), a abordagem colaborativa, ou

sociocultural, considera a língua como um instrumento de comunicar informações,

enfatizando as funções sociais da linguagem. A coleta dos dados aconteceu no 1º

bimestre de 2015 quando as aulas de inglês foram observadas (e filmadas) em uma

turma de 3º ano do ensino médio em uma escola pública o estado de Goiás. Como

instrumentos auxiliares de coleta contamos com questionários, notas de campo de rodas

de conversa. Em análise ao corpus, percebemos que os alunos revisaram

colaborativamente os produtos das traduções produzidas pelos aplicativos, comparando

resultados e observando as limitações dos mesmos. A partir destas atividades, tivemos a

oportunidade de observar como os referidos tradutores automáticos e as ferramentas da

internet permitem-nos reconhecer os modos como as línguas são usadas, em contextos

diferenciados, sobretudo, com o uso de tecnologias digitais. A execução de traduções

com o auxílio dos aplicativos demonstrou que a utilização destes, em sala de aula,

detém, de fato, uma implicação pedagógica de pensar o ensino de línguas estrangeiras

com propósitos colaborativos, compreendendo, pois, que a língua é interação social. As

limitações apresentadas pelas máquinas tradutórias foram compensadas, a partir de

trabalhos em grupo, em que foi possível fazer com que os sujeitos envolvidos pudessem

produzir melhores resultados do que se atuassem individualmente, comprovando, deste

modo, que a complementaridade de esforços e capacidades individuais fazem a

diferença no processo ensino-aprendizagem de línguas.

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O sujeito e o conhecimento nas redes sociais: qual o conhecimento

desejado para a educação?

ANA CRISTINA FRICKE MATTE

[email protected] [email protected]

Aquilo que se chamou web2.0 é dado hoje como um espaço de enorme potencial para o

uso educacional. Este trabalho vai comparar a web que se vende e a web que se compra

a fim de discutir os limites do que é aproveitável na internet para a educação e como

esse aproveitamento pode ser, ou não, inovador em relação àquilo que comumente

chamamos de educação tradicional. Tendo em vista este objetivo, discute-se

semioticamente a noção de sujeito em redes sociais, a noção de conhecimento na rede e

na academia e os próprios conceitos de web 2.0, ambientes virtuais de aprendizagem e

educação tradicional. A base teórica é a da semiótica greimasiana, com autores como

Greimas, Fontanille, Zilberberg, Tatit, Barros e Fiorin. O corpus das análises, com foco

na temporalidade, na definição de objeto e na tensividade, é constituído por experiências

no ensino superior em disciplinas a distância em nível de graduação, especialização e

pósgraduação estrito senso na Faculdade de Letras da Universidade Federal de Minas

Gerais, no segundo semestre de 2012 e no primeiro semestre de 2015.

-Pois mostra que está presente no mundo-: os grafites e as pichações na

paisagem linguística da cidade de Juiz de Fora/MG

MARIANA SCHUCHTER SOARES

ANA CLAUDIA PETERS SALGADO

[email protected] [email protected]

O objetivo deste trabalho é discutir a presença de recursos/fragmentos de línguas

estrangeiras em pichações e grafites na cidade de Juiz de Fora/MG, considerando os

tempos de superdiversidade (VERTOVEC, 2007; BLOMMAERT, 2010) em que

estamos inseridos. A superdiversidade está ligada a fatores como imigração, surgimento

e expansão da Internet, questões de mobilidade social e desenvolvimento da tecnologia

em geral, que têm promovido contatos linguístico-culturais muito mais frequentes e,

consequentemente, a ampliação dos repertórios comunicativos (RYMES, 2010). Assim,

essa pesquisa de abordagem qualitativa e de cunho etnográfico considera esse

movimento de superdiversidade existente no mundo inteiro, em diferentes graus, através

de dados coletados em entrevistas com pichadores e grafiteiros, bem como em

fotografias da paisagem linguística da cidade. Nesse sentido, o grafite pode ser

considerado tanto como parte de fluxos transculturais globais quanto como práticas

subculturais locais. Isso quer dizer que, apesar de essas manifestações artísticas e

linguísticas existirem por todo o mundo, elas ganham contornos locais, de acordo com

as características de determinada região e de seus idealizadores (PENNYCO , 2009). A

diversidade de línguas presente nessas manifestações, consideradas como transgressoras

por serem feitas de forma ilícita em sua maioria, evidencia a realidade urbana atual e as

diferentes identidades que são construídas e que coexistem em um mesmo espaço. Não

estamos falando apenas de línguas estrangeiras dispostas em não-lugares, mas também

de pessoas, que escolhem os recursos a serem utilizados motivadas por suas

experiências de vida, bem como participam de interações a todo tempo com outros

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indivíduos em espaços físicos e virtuais. Também não falamos de línguas enquanto

estruturas monolíticas, mas de línguas móveis, que são modificadas – e, às vezes,

ganham até mesmo status de lo alikelanguage (BLOMMAERT, 2012), e desempenham

papéis simbólicos e econômicos neste espaço em constante processo de construção.

Da apropriação tecnológica à teoria ator-rede: questões acerca do uso

do celular em sala de aula LUANA PERONDI KHATCHADOURIAN

[email protected] [email protected]

O objetivo dessa comunicação é levantar algumas questões acerca do uso do aparelhos

móveis – com foco nos smartphones - equipados com internet em sala de aula. Como

professora, presencio o uso da internet em sala de aula - em especial entre alunos do

ensino médioda rede pública estadual na zona leste da cidade de São Paulo - de forma

espontânea e como meio de comunicação e de consulta à internet. A partir deste cenário

de uso constante de aparelhos celulares em sala de aula por esses alunos, proponho

como pesquisa de doutorado realizar um estudo partindo de uma ação dentro da

chamada educação 2.0 , baseada na participação, na convergência e no remix dos

conteúdos envolvidos nas atividades. Falo, particularmente, da preocupação que o

profissional docente deve ter em garantir que a interação entre máquina, ser humano e

informação seja não só percebida como fenômeno social, mas abordada, tomada e

preparada pelos participantes conscientemente, de forma a propiciar uma comunicação

em que o caráter social e ideológico sejam construídos por meio de uma linguagem que

traduza e transpareça o aspecto inovador dessa comunicação, ele próprio constituinte

essencial nesta interação. Tal ação, ainda em curso,propõe o uso das aplicações de

tecnologia dos smartphones em sala de aula que conduzam o aluno a uma determinada

apropriação (DELANEY et al., 2008), a fim de que ele seja capaz de inovar, tendo

consciência de que, em princípio, tudo não passa de relações de poder. Para tanto,

abordarei a questão teórico-metodológica de ator-rede proposta por Latour (LATOUR,

2000, 2005, BUZATO, 2010, 2012), que abarca qualquer tipo de fenômeno associativo

que reúna entidades humanas e não-humanas em cadeias de tradução e deslocamento de

forças e significados.

As estratégias de construção do ethos no discurso do grupo

Anonymous Brasil: a charge como formação ideológica.

LARISSA GUIDA (FAPERJ)

[email protected] larissa.p.s.guida@outlo .com

Com a crescente popularização das redes sociais, temos observado o alargamento de seu

alcance. O presente trabalho toma por foco a atuação do grupo Anonymous Brasil, que

participando deste ambiente virtual, levanta discussões referentes ao campo político e

das práticas sociais. Todo ato de tomar a palavra relaciona-se diretamente com a

construção de uma imagem (ethos) para o público [1]. Essa construção, durante o

discurso, possui forte ligação com a enunciação. Logo, o ato de enunciação está

relacionado com o modo com que o locutor utiliza a língua, trazendo significado à

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mesma [2]. Dessa forma, pretendemos estudar as práticas discursivas do grupo

Anonymous Brasil a partir das charges postadas nos meses de junho de 2013 e junho de

2014 em sua página no Facebo para refletir como seu ethos é construído e que

implicações ele gera na imagem do Brasil, no período especificado. Nos marcos do

objeto a ser analisado por este estudo, a ida às ruas pressupõe uma produção/circulação

intensa de textos (conversas, convites, reclamações, convocações, cartazes, charges,

entre tantos outros), antecipando uma atribuição de sentido ao que se fará. Longe de

assimilar a visão segundo a qual a linguagem apenas relata o que se realiza -fora- dela,

discutiremos que é a própria linguagem uma ação social. Por fim, diríamos ainda que

pretendemos discutir como as ações convite/crítica/convocação são realizadas pelo

Anonymous Brasil discursivamente.

O Professor E Suas Representações Sobre Cursos De Formação Em

Contexto Digital: Um Estudo De Caso Em Belém Do Pará

AYVANIA ALVES-PINTO

[email protected] [email protected]

Este trabalho tem como objetivo investigar que representações um grupo de professores

participantes de um curso de formação em língua materna, na modalidade a distância e

em contexto digital, têm sobre essa modalidade. Tendo em vista conhecer que

representações revelam sobre cursos de formação de professores; sobre a participação

em um curso, antes, durante e após a realização do curso e sobre o aprendizado nessa

modalidade. Como fundamentação teórica que o embasa estão presentes a teoria das

representações, a partir de Moscovici (2010), Farr (2010), Jovchelovitch (2011),

Minayo (2011), entre outros. Os conceitos das questões históricas da educação a

distância e das políticas governamentais voltadas para esta modalidade educacional,

além da formação de professores, partindo da formação em geral e direcionando para a

formação no/para o contexto digital, destacando alguns fatores sociais que justificam

essa prática, com fundamentação em Pimenta (2010), Coll e Monereo (2010), Libâneo

(2010), Perrenoud (2007), e outros. A pesquisa insere-se no quadro metodológico do

estudo de caso, com base em Yin (2006), Stake (1995, 2000). A pesquisa foi

desenvolvida a partir da montagem e aplicação de um curso, na modalidade a distância,

que visava a formação de professores. Os participantes foram cinco professores de

Língua Portuguesa da rede estadual de educação do estado do Pará. Os dados formam

coletados por meio de três questionários de pesquisa, que ocorreram no início, no meio

e no final do curso. Os resultados obtidos a partir da observação das representações dos

professores apontam para a aprovação, para a aceitabilidade, e para o reconhecimento

da modalidade como uma possibilidade concreta de formação. O conhecimento

proporcionado por esta investigação pode servir como subsídio na busca de alternativas

para a formação de professores.

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Signo e mediação: a inovação tecnológica no ensino da linguagem

VÂNIA MARIA DE VASCONCELOS

[email protected]

A pesquisa acerca da linguagem e sua recepção em espaços virtuais é muito recente e

dispõe de poucas abordagens, no entanto nos utilizamos da teoria semiótica peirceana

para a análise e compreensão do fenômeno. Por estudar todo e qualquer sistema de

signos, a semiótica dá conta da observação, análise e interpretação do nosso objeto de

estudo em questão: o ensino e aprendizagem da linguagem em ciberespaço. Em

contexto cibernético, a comunicação é definida como a troca de informação entre

sistemas dinâmicos capazes de receber, armazenar e processar informação (KLAUS,

1969 apud SANTAELLA e NOTH, 2002: 45). A questão que se coloca é: será mesmo

possível (re)conhecer em um sistema sígnico de rede as competências dos seus usuários

a partir de seu desempenho em comunicações neste tipo de ambiente? A rapidez é o que

caracteriza o hipertexto em informática, será que essa dinamicidade pode ser aliada ao

processo de aprendizagem? Consideramos o fato de ajudar o aluno, por tornar-lhe

sujeito nesse processo; ou concordamos que não contribui para a retenção de

aprendizado, pois pela mesma velocidade com que vêm as informações, elas também se

vão. De fato, este é um dos desafios a serem transportados para o ensino presencial ou

virtual. Com o intuito de apresentar observações e interpretações quanto a interação do

usuário em ciberespaço formal como sala de aula, utilizaremos o ambiente de ensino

virtual e presencial, moodle, em curso regular de graduação da UFPB, e de outra parte,

observaremos as contribuições de alguns blogs e páginas do facebo . Esta foi escolhida

por criar ultimamente muita controvérsia no sentido de ser combatida pelo senso

comum, por considerá-la meio de espalhar fofocas, falácias e perfis falsos (fakes), mas

que não se pode negar um gosto popular e erudito ao mesmo tempo.

NTDICs & LEs: uma revisão sistemática da literatura

GISELE LUZ CARDOSO

[email protected] [email protected]

Em virtude da mudança do paradigma analógico para o digital, que surge da revolução

tecnológica pela qual passamos, agregado ao grande interesse pelo uso das novas

Tecnologias Digitais de Informação e Comunicação (NTDICs) nos processos de ensino

e aprendizagem de Línguas Estrangeiras (LEs), esta apresentação visa mostrar os

resultados de uma revisão sistemática da literatura produzida no Brasil nos anos de 2010

a 2014, para se identificar o estado da arte dos estudos sobre NTDICs aplicadas ao

ensino de LEs no país. Para tanto, foram acessados dois portais, a princípio: (1) o portal

Capes de periódicos (http://www.periodicos.capes.gov.br) e (2) o banco de teses e

dissertações da Capes (http://bancodeteses.capes.gov.br). Numa segunda fase, outras

bases de dados foram consultadas: sites de bibliotecas de universidades públicas e sites

de periódicos eletrônicos brasileiros Qualis A. Determinadas palavras-chave foram

empregadas nos campos de buscas das fontes supracitadas e resumos de trabalhos foram

selecionados nas áreas de Letras, Linguística (Aplicada), Educação (relacionadas com

línguas) e Estudos Linguísticos. Critérios de inclusão e exclusão foram estabelecidos

para se estreitar o escopo da revisão bibliográfica e chegou-se ao seguinte resultado: 13

artigos, sete teses e treze dissertações selecionados. Os resumos dos 33 trabalhos foram

lidos, compilados e analisados a fim de se saber o contexto das pesquisas, seus

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objetivos, metodologias empregadas e principais resultados. Através da análise

documental aplicada, verificou-se que as 33 pesquisas empregaram análises qualitativas

de dados, com foco na formação de (futuros) docentes de línguas, que são, portanto, os

principais sujeitos das pesquisas encontradas. Enfim, foi observado que faltam mais

pesquisas longitudinais e que empreguem análises quantitativa e estatística de dados,

com foco no estudante e na aprendizagem/aquisição da LEs com o auxílio das NTDICs,

como as móveis por exemplo.

O gênero pulha digital: características textuais modeladas por

software

DÁFNIE PAULINO DA SILVA

[email protected] [email protected]

O presente trabalho deriva de nossos estudos sobre a função do software na constituição

do gênero digital, investigando a impregnação mútua entre linguagem e tecnologia.

Nosso trabalho observa a construção e evolução de um gênero que identificamos como

pulha digital. Aplica-se a teoria de Mikhail M. Bakhtin para distinguir a pulha enquanto

um gênero específico, identificando elementos de temática, estrutura composicional e

características de estilo. Nosso trabalho investiga como tal gênero é composto, circula e

modifica aspectos textuais devido à vinculação a softwares e interfaces de serviço que o

suportam, como e-mail e rede social. Com base na teoria de Machado e no conceito de

transcodificação cultural de Manovich, encaramos os gêneros digitais como formas

arquitetônicas cujas estruturas são modeladas por linguagens artificiais. Assim, gêneros

digitais são enunciados com base em duas camadas porosas que produzem significado

conjuntamente: interface textual e camada computacional. As transformações

composicionais e estilísticas da pulha digital iluminam como essa relação ocorre e como

as duas camadas dialogam. Em análise, observamos como mediações computacionais

impregnam a construção do gênero, verificamos que características como título,

linguagem apelativa, brevidade, seleção de imagens, vídeos, hiperlinks, vocabulário e

referências cientificas são elementos determinados pela circulação em e-mails e outras

propiciações desse canal. A pulha digital é um gênero anterior ao advento dos motores

de busca e redes sociais, assim, investigamos como ela adaptou-se a novos aplicativos e

plataformas de disseminação, agregando recursos multimodais, em um conjunto de

transformações que exige leitores preparados com letramentos cada vez mais complexos

para gerar pulhas ou reconhecê-las enquanto textos falsos. Concluindo, acreditamos que

a pulha digital proporciona um objeto excelente para compreender o funcionamento e

construção de gêneros digitais, pois reforça a necessidade de uma abordagem

investigativa que abarque a camada computacional, evitando uma perspectiva

superficial voltada somente aos aspectos da camada textual.

Interação e aprendizagem na Educação a Distância: o papel do fórum

na construção de letramentos num curso de formação de professores

ANTONIO CARLOS SANTOS DE LIMA

[email protected] [email protected]

Na sala de aula, a construção do conhecimento abrange sujeitos singulares, porém

sociais, ocupantes de diferentes papeis, compartilhando experiências entre si. Mas é a

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figura do professor que, em geral, se sobressai em relação aos demais sujeitos. Por essa

razão, e também em razão da escolha teórico-metodológica, a interação na sala tende a

ser mais assimétrica; os interlocutores, devido à diferença de papéis, não têm a mesma

oportunidade de fala. Entretanto, na Educação a Distância, pela própria natureza dessa

modalidade de ensino, tende a oferecer oportunidades de interação simétrica, e o fórum,

por sua vez, assume importante papel nesse tipo de interação. O presente trabalho, uma

tese de doutorado em andamento, tem como objetivo analisar a importância do fórum

como instrumento para a promoção da aprendizagem a partir de uma relação simétrica,

pois nessa vivência, o sujeito em formação pode exercer sua autonomia, ainda que

relativa, a partir dos conteúdos que lhe são apresentados. Portanto, numa perspectiva de

interação simétrica e de construção colaborativa de conhecimento favorece-se o

desenvolvimento de letramentos necessárias para a atuação desses sujeitos nos mais

variados contextos.

Tecnologias Digitais Móveis, Ensino de Línguas Estrangeiras e a

Pesquisa Narrativa

KARINA APARECIDAVICENTIN

[email protected]

No mundo contemporâneo, marcado pelos impactos das tecnologias de informação e

comunicação, como também pelo processo da globalização, nota-se uma crescente e

necessária demanda por um ensino de línguas estrangeiras que se utilize das tecnologias

digitais móveis nas salas de aula. Essa pesquisa reflete sobre a apropriação e reflexão

acerca dos usos das tecnologias digitais móveis por professores de línguas estrangeiras

através de um Curso de Extensão oferecido pelo Instituto de Estudos da Linguagem

(IEL) da Unicamp para professores de línguas, tratando dos conceitos de m-learning

(PEGRUM, 2014), apropriação (RODRIGUEZ, 2006), narrativas digitais e pesquisa

narrativa (MENEZES, 2013). Compreendemos a pesquisa narrativa como metodologia

de pesquisa qualitativa que parte da experiência do sujeito num processo reflexivo de

contar e viver histórias, por meio de narrativas digitais em blogs e outras plataformas,

estabelecendo relação com os textos teóricos que as fundamentam considerando suas

múltiplas possibilidades de interpretação. Esperamos, com essa pesquisa, promover o

debate sobre as práticas de ensino e o ensino/aprendizagem de línguas com o uso de

tecnologias móveis.

Letramento crítico visual: explorando a língua em muitas formas

GISELA SANTOS DA COSTAS

[email protected] SELMA DE BRITO CARDOSO OLIVEIRA

[email protected]

Letramento crítico visual é uma noção relativamente recente no campo da linguagem e

do ensino de língua estrangeira. Ele está incluído nas definições mais atuais de

letramento e é promovido como um elemento essencial da educação do Século 21. No

entanto, existem algumas dificuldades na tentativa de desenvolver o letramento crítico

em sala de aula (SANTOS COSTA, 2014). Sendo assim, esta comunicação tem como

objetivos (1) enfatizar que a integração do letramento visual no currículo escolar pode

incentivar o pensamento crítico (LAI-FEN YANG,2014; TILLMANN, 2012). O crítico,

neste trabalho, passa a ser visto não apenas como análise fundamentada, mas como uma

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análise procurando descobrir os interesses sociais e políticos na produção das imagens e

recepção em relação aos efeitos sociais, culturais, de poder e dominação no contexto de

vida dos alunos (FREIRE,1996), e (2) apresentar uma atividade crítica visual agentiva

explorando o fotografia da invasão do morro do Alemão na cidade do Rio de Janeiro

com o objetivo de mostrar não só os benefícios de incluir comunicações visuais nas

abordagens multimodais (WALSH,2012) para a aprendizagem de línguas, mas também

para mostrar algumas estratégias que podem ser aplicadas nas salas de aula para ensinar

os alunos uma forma de codificar e decodificar os artefatos de sua cultura e trabalhar

com o fenômeno da agência na escola (RODRIGUEZ, 2014; VAN LIER, 2008;

MILLER ,2009). Nesta pesquisa, agência é um processo de desenvolvimento pessoal

interativo entre agente e ambiente que envolve: autoestima, autoconfiança, exigência

pessoal entre outros. Neste estudo, serão utilizados tables e os celulares dos alunos com

os quais desenvolverão atividades utilizando as fotografias como textos multimodais.

As imagens serão transferidas por Bluetooth e a atividade crítica será distribuída de

modo impresso ou digital. Aplicar-se-á ainda a técnica das discussões de pirâmides

(Pyramid discussions), onde os alunos formarão grupos cada vez maiores, à medida que

realizarem uma discussão a partir das leituras das imagens propostas. Essa técnica é útil

para a prática de uma série de funções, incluindo concordar, discordar, negociar,

resumir, e argumentar. O público-alvo desta comunicação são alunos, professores e

pesquisadores que têm interesse de conhecer estratégias de aplicação do letramento

visual em sala de línguas dentro da linha de pesquisa da Linguagem, Tecnologia e

Educação .

A autonomia do aprendiz no ensino e aprendizagem de Língua Inglesa:

Uma percepção de affordances

MARCO AURÉLIO COSTA PONTES

[email protected]

Com a rápida disseminação das tecnologias digitais, torna-se impossível não relacionar

esse movimento com o ensino e aprendizagem de línguas estrangeiras, mais

especificamente, o Inglês, que de acordo com Crystal (2003), é uma língua global. Essas

tecnologias digitais proporcionam ao aluno a possibilidade de uma aprendizagem mais

rápida, devido ao grande número de acesso a informações (PRENSKY, 2001). Isso faz

com que o processo de ensino e aprendizagem se torne mais autônomo, centrado no

aprendiz. Portanto, o aprendiz precisa perceber o mundo em sua volta e essa

complementariedade entre o aprendiz e o meio em que ele está inserido (PAIVA, 2010)

é de extrema importância para o ensino e aprendizagem de uma língua estrangeira, já

que pode propiciar a autonomia. Pesquisas precisam então ser feitas para pontuarem

quais são as maneiras pelas quais os aprendizes aprendem uma LE, seja dentro ou fora

da sala de aula, levando em consideração principalmente o ambiente informal de ensino.

Partimos então de uma percepção ecológica do ambiente com o termo affordances,

cunhado por Gibson (1986) nos seguintes termos: “as affordances do ambiente são o

que ele oferece ao animal, o que ele provê ou proporciona, tanto positivamente quanto

negativamente” (GIBSON, 1986, p. 127). Affordances são efetivadas por meio da

complementariedade do animal com o ambiente, por isso acreditamos que o ambiente

informal da aprendizagem está cheio de affordances esperando para serem efetivadas. A

presente pesquisa, ainda em andamento, se classifica como qualitativa, de cunho

etnográfico e participante (SEVERINO, 2009), pois as observações não serão passivas e

envolverão interação com os participantes. Esperamos identificar quais são as

ferramentas digitais que os alunos utilizam para estudo fora da escola e analisar a

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percepção dos aprendizes em relação às diferentes possibilidades de utilização do meio

digital para seu processo de aprendizagem em espaços formais e informais.

O processo de criação de tutoriais e vídeos como mediadores de

letramentos digitais para professores em pré-serviço

PATRÍCIA DA SILVA CAMPELO COSTA BARCELLOS

[email protected] [email protected]

Este trabalho discute o processo de criação de tutoriais e vídeos para o uso de

ferramentas digitais em uma disciplina a distância focada nos processos de ensino e

aprendizagem de língua estrangeira (LE). A disciplina Ensino de Língua Estrangeira e

Tecnologia (EAD) se propõe a fomentar o trabalho em rede entre os licenciandos de LE

do curso de Letras da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS).

Especificamente, essa é uma disciplina voltada a alternativas de currículo, organização

de conteúdos e avaliação em ambiente digital. Em suma, a disciplina (que conta com

alunos de licenciatura em inglês, espanhol, italiano, alemão e francês) tem como

objetivo a discussão e familiarização com tecnologias digitais passíveis de serem

aplicadas em aulas de LE. Para tanto, os professores em formação lidam com

dispositivos digitais que podem utilizados em suas práticas futuras na mediação da

aprendizagem. Visto ser essa uma disciplina a distância, notou-se a necessidade de

elaboração de tutoriais relacionados ao uso das ferramentas digitais abordadas na

disciplina, de modo que os letramentos digitais (LANKSHEAR; KNOBEL, 2011) dos

alunos fossem fomentados. Os tutoriais foram criados em formato de vídeo e através do

uso do software Wink, o qual se destina justamente à elaboração de tutoriais e

apresentações. Além dessas criações, também foram produzidos vídeos direcionados a

professores em formação e professores em serviço, nos quais são sugeridas práticas

pedagógicas mediadas pelas ferramentas digitais específicas mostradas nos tutoriais.

Tais materiais formaram um repositório transformado em canal do YouTube, a partir do

qual tanto a comunidade acadêmica quanto a comunidade externa têm acesso ao

conjunto de mídias elaborado e constantemente atualizado. Neste trabalho, é tecida uma

análise de como ocorreu o processo de construção dos materiais, a fim de que

futuramente se avalie também como ocorre a recepção desse repositório por parte dos

professores.

Disneylandia: Um estudo sobre a produção de materiais didáticos para

o ensino de espanhol e o estabelecimento de redes de conhecimento.

JÚLIO CEZAR MARQUES DA SILVA

[email protected]

O uso de materiais autênticos no ensino de Línguas Estrangeiras Modernas (LEM) tem

sido cada vez mais objeto de estudo e crítica. Há, entre as muitas linhas teórico-práticas,

o embate entre a permanência de materiais integralmente forjados para fins didáticos e o

uso cada vez mais latente de materiais retirados de contextos reais de uso de língua,

transpostos ao contexto de sala de aula. Que critérios devem ser utilizados na escolha

deste ou daquele tipo de material para trabalharmos com nossos alunos? Uma

ferramenta fundamental para difusão da produção cultural mundial é o site youtube, o

que o torna uma das mais destacadas fontes de materiais para uso em sala de aula. O

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presente trabalho se propõe problematizar o uso dessa ferramenta como elemento

didático e mapear a sua influência no estabelecimento de redes de conhecimento.

Roteiro para análise de Ambientes Virtuais de Aprendizagem

VÂNIA MORAES

Maria Aparecida GarciaLopes Rossi [email protected]

[email protected]

A Educação a Distância é uma realidade e tende a crescer, como indica o Censo do

Ensino Superior no Brasil. Também no ensino fundamental e médio, diversas

escolasestão fazendo uso de ambientes virtuais no processo de ensino e aprendizagem.

No entanto, não há ainda um modelo ideal de Ambientes Virtuais de Aprendizagem

(AVA) – e possivelmente nunca haverá – em razão de esses se construírem por meio de

um processo contínuo, marcado pelos avanços tecnológicos, os quais são cotidianos, e

pelo complexo processo de utilização das TICs no ensino e aprendizagem. Análise de

AVA de três instituições de Ensino Superior realizada por Moraes (2014) evidencia que

esses ambientes reproduzem didaticamente os procedimentos tradicionais de ensino, não

utilizando toda a capacidade inovadora das tecnologias para promover a interação entre

todos os envolvidos no processo de ensino-aprendizagem. Isso mostra que é sempre

possível e desejável que os AVA passem por análises, avaliações e adequações. A

complexidade dos elementos constitutivos dos AVA, entretanto, dificulta uma análise

mais completa e acurada desses ambientes. Assim, o objetivo desta pesquisa é propor

um roteiro para análise de AVA que contemple o contexto sócio-histórico em que esses

ambientes estão inseridos, bem como os seus elementos estruturais, com foco nas suas

possibilidades interativas. A pesquisa fundamenta-se em teorias da Midia-Educação

como parte de um campo de conhecimento interdisciplinar, englobando Ciência da

Educação e Ciência da Comunicação. Os resultados de uma análise de AVA baseada

nesse roteiro contribuem para diferenciar qualitativamente seus elementos estruturais,

uma vez que quanto maiores forem as possibilidades de avaliação dos AVA, maiores

serão as possibilidades de adequá-los para atender as necessidades interativas da

educação atual.

Multiplicando modalidades, ampliando sentidos: construção

hipermodal na Wikipédia

RAFAELA SALEMME BOLSARIN

[email protected] A proposta da presente comunicação é discutir a construção de sentidos hipermodal sob

a perspectiva da gramática do design visual da Semiótica Social (KRESS; VAN

LEEUWEN, 2006), tendo como objetivo compreender como são construídos

significados em verbetes da Wikipédia por meio dos diversos modos e modalidades

presentes na página. Para isso, utilizaremos como dispositivo teórico-analítico as

metafunções representacionais, orientacionais e organizacionais (LEMKE, 2002),

realizando uma análise multimodal de uma página da Wikipédia, a fim de que possamos

ampliar a leitura de seus significados por meio de uma abordagem que considere as

especializações funcionais dos diferentes modos e suas modalidades em cada

metafunção, localizando-os ainda dentro de uma rede múltipla de possibilidades a partir

dos hipertextos da World Wide Web. Nesta perspectiva, procuramos mostrar como é

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construído o sentido no verbete enciclopédico sobre a própria Wikipédia, explorando as

relações entre textos escritos, imagens, vídeos, tabelas e hipertextos, e identificando

possibilidades de diálogos entre cada modalidade. Dessa forma, entendemos a escrita

não mais como o único modo possível de se extrair sentidos, ou mesmo o principal

deles, mas sim como uma possibilidade entre as diversas disponíveis, colaborando para

a leitura conforme suas potencialidades e suas limitações. Portanto, utilizamos como

base o conceito da multimodalidade de que toda significação ocorre a partir da relação

entre diversos meios semióticos, porém sem perder de vista que se trata de um objeto

hipermodal na medida em que as multi modalidades são interconectadas em rede via

hipertextos. Assim, defendemos a importância dos multiletramentos e suas implicações

para a aprendizagem, destacando desafios e potenciais no trabalho com a

multimodalidade e a hipermodalidade.

Avaliação discente sobre curso online de Inglês Instrumental

ANA EMILIA FAJARDO TURBIN

[email protected] [email protected]

A obrigatoriedade da disciplina Língua Inglesa Instrumental em diversos cursos de

graduação gera grande demanda para complementação de créditos, sendo sua oferta

insuficiente. Avaliou-se a implementação do Moodle como componente obrigatório

para realização desses cursos, visando atender mais alunos. Os resultados revelam os

benefícios da plataforma, mas mostram a necessidade em sepensar temas como

avaliação e administração das aulas híbridas. O objetivo desta comunicação éapresentar

resultados da análise dos escritos dos alunos sobre a eficiência do curso de Inglês

Instrumental online . Para tanto pediu-se aos alunos (no escopo de um estudo de caso)

respostas à perguntas enviadas via the Moodle Forum. A fundamentação teórica destas

análises apoia-se em Van Lier (1998), Hutchinson (1987) Mc Donough (2000) d al. A

análise das respostas tem como fundamentação teórica Schutze(2010).

As Relações Dialógicas e o Projeto de Lei nº 6583/2013 (Estatuto da

Família)

CARLOS LUIZ ALVES

[email protected] O presente trabalho tem como objetivo fazer uma análise dialógica doProjeto de Lei nº

6583/2013, que tramita na Câmara Federal, de autoria do Dep. Anderson Ferreira (PR-

PE), que tem por objetivo a elaboração de um “Estatuto da Família”. Trata-se de um

projeto polêmico, elaborado pela bancada evangélica, que defende uma concepção de

família tradicional, ou seja, de um casamento ou união estável entre um homem e uma

mulher, como previsto no Art. 226 da Constituição Federal. Defensores de um modelo

tradicional cristão de família, a bancada evangélica também luta para fazer valer

algumas alterações na Lei 8069/90, o ECA (Estatuto da Criança e do Adolescente), em

que somente pessoas casadas civilmente ou que mantenham união estável poderão ter

condições para adoção. Ao tomar tal postura, a bancada evangélica, por meio de

dispositivos legais, procura coibir a adoção por casais homoafetivos, contrariando as

decisões já deliberadas pelo Supremo Tribunal Federal. Situação crítica que já suscita

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debates nas diversas mídias. Procuraremos neste trabalho, analisar algumas “vozes” que

se apresentam a favor e também outras que são contrárias ao projeto. Analisaremos os

discursos, que exigem revisão do documento, principalmente, em seu Artigo 2º. A partir

dos pressupostos teóricos do Circulo de Bakhtin e da ADD (Análise Dialógica do

Discurso), procuraremos por meio deste trabalho identificar as relações dialógicas

presentes no momento da elaboração do Projeto de Lei “ Estatuto da Família”. Além das

relações dialógicas, estudaremos as questões ideológicas que perpassam os discursos e

que contribuem para uma versão definitiva do Projeto de Lei, cujo processo de

elaboração e de tramitação propõe desafios e uma maior atenção por parte dos analistas

do discurso. Ao estudarmos esse gênero, que pertence a esfera jurídica, pretendemos

contribuir um pouco para o desenvolvimento dos estudos linguísticos.

Comunidades de aprendizagem em EaD: o conceito de alteridade como

prática de inclusão social

SIMONE CAMACHO GONZALEZ

[email protected] [email protected]

Este trabalho faz parte de um projeto de pesquisa maior intitulado “Encontros

Interculturais na EaD: Narrativas de Vida dos Diferentes Brasis”, na linha de pesquisa

Tecnologias da Inteligência: Mídias para Narrar Histórias. Tori (2010) alerta para uma

necessária ressignificação da palavra distância quando aplicada ao EaD. De fato, a

palavra distância surgiu para diferenciar essa modalidade de educação daquela que

promove o encontro presencial entre os seus sujeitos. As diversas ferramentas síncronas

e assíncronas presentes em uma plataforma de EaD requerem constantes interações,

diálogos e negociações entre os membros participantes tornando o ambiente virtual um

lócus de prática social (Knobel e Lankshear, 2008). Knobel e Lankshear também

apontam que é significativo o aumento de pesquisas relacionadas com temas como raça,

etnicidade, gênero, sexualidade e religião, desenvolvidas por meio dos letramentos

digitais. Tendo essas considerações como ponto de partida, este trabalho visa discutir e

compreender o conceito de alteridade (Gusmão, 1999) sob a perspectiva do

multiculturalismo encontrado nas mais diversas regiões do Brasil, afinal, segundo

afirma Gusmão: “O outro, hoje, é próximo e familiar, mas não necessariamente é nosso

conhecido”. O objetivo do trabalho é possibilitar que os participantes do projeto, alunos

de um curso de Letras EaD, (re)conheçam a diversidade sociocultural de suas

comunidades e construam uma visão crítica sobre essa multiculturalidade para agir

como cidadãos conscientes da importância da inclusão social. O trabalho encontra-se

em fase de coleta de dados nos fóruns de discussões onde os alunos postam suas

narrativas de vida que para Smith e Watson (2010) são ferramentas para a identificação

de valores compartilhados e para as negociações das diferenças.

A Educação a Distância e a Inclusão Social

CIELO GRIZELDA FESTINO

[email protected] No momento presente quando as novas tecnologias estão mediando o processo de

letramento se faz importante discutir a efetividade e complexidade da interação

implícita na Educação a Distância (Doravante EaD) para a inclusão social em um país

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geograficamente vasto e culturalmente heterogêneo como o Brasil. Nesse contexto,

visamos desenvolver o projeto “Encontros Interculturais na EaD: Narrativas de Vida

dos Diferentes Brasiles” desenhado no Curso de Letras, (Licenciatura em Português,

Português e Inglês e Português e Espanhol) de uma universidade privada de São Paulo,

a Universidade Paulista/Interativa, com polos em grande parte do território nacional. O

projeto tem como principal objetivo relacionar as comunidades dos estudantes dos

diferentes polos, conectados pela EaD, através de uma forma particular de

autobiografias, as narrativas de vida, definidas Smith e Watson (2010) como “ um ato

de auto-representação através de todos os tipos de media que consideram a vida do

enunciante como seu principal sujeito tanto em forma escrita, performativa, visual,

fílmica ou digital”. Por sua vez, a temática dessas narrativas de vida estão de acordo

com o projeto do Ministério de Educação e Cultura “Gênero e Diversidade na Escola”

(2008), desenvolvido para a formação de professores da EaD que argumenta que, como

é bem conhecido, as leis contra a discriminação não são suficientes se não houver uma

transformação na mentalidade e práticas da população.

Inclusão Social em um curso EaD sobre narrativas de Vida

PALMA SIMONE TONEL RIGOLON

[email protected] [email protected]

Dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios de 2011, divulgados pelo

Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística mostram que a proporção de pessoas que

utilizam a internet passou de 20,9% para 46,5%. Isso mostra que o número de pessoas

conectadas tem aumentado consideravelmente. O Censo do Ensino Superior 2010 do

Ministério da Educação, divulgou em 2011 que o aumento pela procura de cursos de

graduação na modalidade EaD foi maior em relação aos cursos presenciais. As

narrativas escritas pelos alunos participantes do projeto serão organizadas por meio de

experiências comuns com foco nos problemas das diferenças relatados pelos

participantes e que revelem a diversidade cultural nacional a partir de uma visão

pessoal. Com isso as diferenças serão ressaltadas com o intuito de que o interlocutor

consiga entender e compreender que ser diferente faz parte de nossa aldeia global.

Sendo assim, os “encontros” culturais, proporcionados a distância pelo projeto,

possibilitarão que a diversidade seja entendida como parte das diversas culturas

existentes em nosso país. Cultura é entendida segundo Tylor (apud Laraia (2001, p.25),

como “todo complexo que inclui conhecimentos, crenças, arte, moral, leis, costumes ou

qualquer outra capacidade ou hábitos adquiridos pelo homem como membro de uma

sociedade”. Diante disso, percebemos que a internet dá origem ao multiculturalismo, ou

seja, culturas heterogêneas que fazem surgir o sujeito constituído por uma cultura

híbrida, que tem sua identidade composta por fragmentos de outras culturas. A

globalização então, é o “espaço” que possibilita a convivência com a diversidade, com o

diferente e pode proporcionar um entendimento mais igualitário.

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Área: Linguagem e Tecnologia

Produção de poemas através do uso do computador no ensino-

aprendizagem de língua inglesa e de língua materna com alunos de

uma escola pública

MARILÉA ROSA ILÁRIO LOPES

FERNANDA DA SILVA ALVISSU PRIZOTO

[email protected]

Focaliza-se, neste trabalho a produção de poemas através do uso do computador no

ensino-aprendizagem de língua inglesa e materna com alunos do 9º ano do ensino

fundamental II (EF II) de uma escola pública. Os objetivos deste estudo foram de

verificar como o uso do computador pode auxiliar na produção de poemas em língua

inglesa e portuguesa tendo como referencial as habilidades de produção escrita

indicadas pelos Parâmetros Curriculares de Língua Estrangeira Moderna – PCN – LE –

(BRASIL, 1998) e dos Parâmetros Curriculares Nacionais – PCN (BRASIL, 1998) a

serem desenvolvidas com alunos do 9º ano e de caracterizar o quanto o computador é

ferramenta essencial ao professor ao ser usado como componente decisivo no processo

de aprendizado de línguas (WARSCHAUER, 1996); CHAPELLE, 2003); LEFFA,

2006). A pesquisa teve como fundamentação teórica as habilidades de produção escrita

a serem desenvolvidas, especificamente, com alunos do 9º ano (PCN-LE, PCN,

BRASIL, 1998), caracterização do quanto o computador é ferramenta essencial para o

professor ao ser usado como componente decisivo no processo de aprendizado de

línguas (WARSCHAUER, 1996); CHAPELLE, 2003); LEFFA, 2006), o fato de o

computador permitir pesquisar, produzir novos textos, (MORAN, 2000) e a inserção

dos computadores na escola tem o desafio social de preparar futuros cidadãos e o

pedagógico de melhor atendimento as necessidades de aprendizagem dos sujeitos

(TAJRA, 1998). Para realizar este trabalho, utilizamos um corpus composto por dois

poemas The Raven (POE, 2012) e O Morcego (ANJOS,1998). Para conduzir este

estudo, os alunos reescreveram, escreveram e revisaram as próprias produções poéticas

em inglês e em português de acordo com as habilidades de produção escrita propostas

pelos PCN – LE; PCN (BRASIL, 1998) no programa de computador Word sobre a

temática macabra e os autores estudados. Esta pesquisa apresenta os resultados da

produção dos poemas produzidos e digitados nos computadores pelos alunos.

Qual é a natureza da escrita colaborativa no meio virtual na aula de

inglês? SÉRGIO GARTNER

[email protected] [email protected]

pedagógica desenvolvida na aula de Inglês em um contexto virtual de aprendizagem

como L2, que teve o objetivo de desenvolver a escrita por meio da colaboração entre

pequenos grupos e pares. Especificamente, apresento um recorte da minha pesquisa de

doutorado referente à interpretação e à discussão. Apresento os temas e sub-temas que

emergiram das leituras e interpretações dos textos coletados à luz da abordagem

hermenêutico-fenomenológica (AHF), com base em Freire (1998, 2007, 2008), que tem

o intuito metodológico de investigar um dado fenômeno humano através da descrição e

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interpretação de uma ou várias manifestações, buscando compreender sua essência.

Portanto, essa metodologia foi o caminho usado para se fazer uma interpretação e

compreender o fenômeno da escrita colaborativa no meio digital. Em um nível mais

específico e teórico, buscou-se fazer uma leitura desse fenômeno, dialogando com os

princípios do paradigma da complexidade estabelecidos por Morin (1999, 2003, 2004, e

2007) e Moraes (2008). Acredito que o pensamento complexo e a abordagem AHF

estão em dialogia para compreendermos melhor a dinâmica desse processo de escrita,

utilizando um recurso pedagógico tecnológico para o desenvolvimento da escrita da

língua inglesa enquanto língua estrangeira. Entendo que a escrita é um processo

embricado composto por fases que se interligam, às vezes dependentes umas das outras.

Os temas e sub-temas surgem dos questionários reflexivos, dos comentários registrados

dos aprendizes e dos textos produzidos por eles. Percebeu-se que tal projeto

pedagógico em contextos de ensino-aprendizagem podem ser benéficos para muitos

aprendizes pelo fato de promover a escrita colaborativa em L2, estimular a autonomia

dos aprendizes,a consciência sobre as limitações lingüísticas e o desenvolvimento de

um senso critico em relação à escrita pessoal e à do outro.

A poesia e sua interface com gêneros multimodais: uma ferramenta

semiótica no ensino de língua materna EDSÔNIA DE SOUZA OLIVEIRA MELO

[email protected] [email protected]

Este trabalho apresenta os resultados de uma pesquisa realizada com os alunos do 1º ano

Ensino Médio, contemplando um gênero de texto da esfera literária, o poema, e sua

interface temática e funcional com outros gêneros organizados por diferentes

linguagens, como os videoclipes. Levando em consideração a perspectiva enunciativo-

discursiva, Bakhtin (2000; 2002) assumida neste trabalho, tivemos a preocupação de

propor um projeto de atividades práticas com enfoque na leitura e na produção textual

com os gêneros poéticos, visando atender às condições de produção e à circulação desse

gênero discursivo. Dessa forma, organizamos o projeto em sequências didáticas,

conforme proposto por Dolz, Schneuwly e Noverraz (2004), e nos embasamos, também,

em outros autores que propõem trabalho em forma de projetos, como Rojo (2010,

2011), Lopes-Rossi (2002ª, 2002b, 2003) e Barbosa (2001). Além dos pressupostos

teóricos para a produção da SD estudamos também sobre o ensino de línguas, com

destaque para as atividades relacionadas à literatura, ao trabalho com gêneros e à análise

linguística, conforme pressupõem as Orientações Curriculares Nacionais para o Ensino

Médio (OCEM). O corpus desse estudo compreende a produção de videoclipes. Os

resultados demonstraram que os videoclipes constituem-se em um rico instrumento de

ensino-aprendizagem nas aulas de Língua Portuguesa, especialmente para estimular a

prática de leitura.

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Éthos e intencionalidade: Discurso persuasivo na propaganda

institucional

MARIA FÁTIMA DE SOUZA

[email protected] [email protected]

Essa proposta tem a intenção de salientar a importância que os cartazes publicitários

impressos ainda exercem na multiplicação das informações. Para tanto, é objetivo do

presente trabalho, mostrar a intencionalidade do enunciador através do éthos projetado

na linguagem verbo visual e evidenciar aspectos linguísticos e não verbais que apontem

a persuasão do anúncio publicitário com foco nem prevenção de epidemias. Delimita-se

a análise comparativa de dois cartazes publicitários, um da campanha do Ministério da

Saúde e outro, da Prefeitura Municipal de São José dos Campos, relacionados ao

combate à epidemia de Dengue e Chukungunya. Para tanto, recorreremos às

contribuições de Vygotsky (1991), Brandão (2009), Charaudeau (2008), Brait (2010) e

Bakhtin (2011). Esclarecemos que as condições de produção do discurso relacionam-se

aos sujeitos, como protagonistas envolvidos na enunciação e a situação que se

enquadram na estrutura social estabelecendo uma relação de interação entre o

enunciador, o enunciatário e o contexto. Consideramos as contribuições de Brandão

(2009, p. 7) que diz que o discurso é o espaço em que saber e poder se unem, se

articulam, pois quem fala, fala de algum lugar, a partir de um direito que lhe é

reconhecido socialmente. Consideramos também as contribuições de Charaudeau (2008,

p. 24): A finalidade do ato de linguagem (tanto para o sujeito enunciador quanto para o

sujeito interpretante) não deve ser buscada apenas em sua configuração verbal, mas, no

jogo que um dado sujeito vai estabelecer entre esta e seu sentido implícito. Tal jogo

depende da relação dos protagonistas entre si e da relação dos mesmos com as

circunstâncias de discurso que os reúnem. E para concluir, ainda reforçando o viés

social da linguagem, Brait (2010) esclarece que, para Bakhtin, o discurso é um evento

social, fruto da interação entre os participantes do enunciado e os elementos históricos,

sociais e linguísticos.

O ensino-aprendizagem de Francês Língua Estrangeira através do

gênero multimodal tutorial: a Sequência Didática

ALINE HITOMI SUMIYA

[email protected]

Esta comunicação tem o intuito de apresentar um conjunto de atividades pedagógicas

construídas sistematicamente para se trabalhar o gênero multimodal tutorial em sala de

aula: a Sequência Didática (SCHNEUWLY; DOLZ, 2004). Ela foi construída para uma

pesquisa de mestrado que tem por objetivo estudar o desenvolvimento de alunos

adolescentes que aprendem o Francês como Língua Estrangeira (FLE) por meio desse

gênero. Com essa sequência, temos o objetivo de verificar se ela contribui para o

desenvolvimento das capacidades de linguagem dos alunos, bem como investigar os

aspectos motivacionais no ensino-aprendizagem de Francês Língua Estrangeira para

esse público. Assim, desenvolvemos uma sequência que permitiu explorar o gênero

tutorial com os alunos, tanto do ponto de vista da compreensão, quanto da produção

textual. Para criar a SD, tem-se a necessidade de criar o Modelo Didático (MD), pois é

através dele que observamos as dimensões ensináveis de um determinado gênero. O

MD do gênero tutorial foi construído com base no modelo de análise textual do

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Interacionismo Sociodiscursivo (ISD) proposto por Bronckart (1999, 2006, 2008) e sua

equipe. No entanto, esse gênero não é construído somente de elementos verbais, mas na

confluência de elementos verbais e visuais. A fim de observar os elementos

multimodais na construção do texto, nos baseamos no quadro da Semiótica Interacional

(LEAL, 2011). Esse quadro propõe a junção do modelo de análise textual do ISD – para

observar os elementos verbais – com os elementos analíticos propostos por Kress e Van

Leeuwen (2006) na Gramática do Design Visual – para os elementos multimodais.

Performatividade de Identidades Nacionais em Sessões de Teletandem

PAOLA DE CARVALHO BUVOLINI FREITAS

[email protected] [email protected]

A presente pesquisa ambiciona estudar os sujeitos que participam do

projeto,Teletandem Brasil – Línguas estrangeiras para todos, na função de interagentes

deste espaço virtual de aprendizagem e ensino de língua e cultura online. Neste

movimento de intercâmbio de línguas, a identidade nacional foi tomada como objeto de

pesquisa para evidenciar como o interagente do Teletandem se (re)constrói,neste

espaço, através da performatividade e como as identidades nacionais desses sujeitos

estão sedimentadas ao social e quanto são híbridas. Assim, a pesquisa pode esclarecer

que sedimentações assolam os interagentes que as manifestam, via iterabilidade, a fim

de evidenciar o quanto a globalização e a tecnologia fomentam nossa proximidade

cultural e linguística, ressignificando tal sujeito. A metodologia está baseada em estudo

de caso de três pares de interagentes e é exploratória. Através das transcrições das

falas,destaco termos como meu, minha, eu, aqui, aí para salientar as marcas de

identidade nacional. Por isso, o quadro teórico passa pelos estudos de identidade e

sujeitos trazidos por Hall, Silva, Bauman, Rolnik e se encontra com os estudos da

performatividade da filósofa Judith Butler ancorados nas ideias de sedimentação e

iterabilidade trazidos por Derrida. O que salta da prática inovadora do teletandem é a

ideia de que não podemos estudar identidades nacionais somente via os estereótipos

disseminados pelo mundo.Eles são constitutivos dessa nacionalidade, efeito de práticas

sociais consolidadas/sedimentadas, mas não são o todo neste processo, principalmente,

porque com a contemporaneidade novas práticas se instalaram e o contato com sujeitos

de nacionalidades diferentes é tão constante que parece que não há tantas diferenças

subjetivas e sociais entre os paresanalisados e seus espaços, o que pode evidenciá-los

como híbridos.

Lugar da cultura em interações de parcerias de teletandem

institucional.

MAISA ZAKIR

[email protected] [email protected]

Este trabalho apresenta um estudo exploratório de natureza etnográfica, que investiga

parcerias telecolaborativas entre alunos de uma universidade pública no Brasil e de uma

universidade privada nos Estados Unidos. A pesquisa integra o projeto Teletandem e

transculturalidade na interação on-line em línguas estrangeiras por webcam,

relacionando-se ao eixo temático “modos de compreender a cultura do parceiro e seus

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impactos sobre a aprendizagem e sobre a relação”. O objetivo central é investigar o

lugar da cultura no contexto de uma parceria de teletandem institucional. Os alunos

participantes da pesquisa estiveram em contato durante parte do primeiro semestre de

2012 em dez interações realizadas via Skype e contaram com recursos de áudio, vídeo e

mensagens escritas. Foram gravadas as cinco últimas sessões de teletandem, cujas

transcrições constituem os dados focais deste estudo. Considerando o princípio do

dialogismo a partir da premissa da constituição do eu pelo outro, e a produção de

sentidos como parte integrante das atividades sociais dos participantes da pesquisa, os

dados são interpretados à luz dos princípios teórico-metodológicos da Análise Dialógica

do Discurso. Assim, os textos de diferentes materializações produzidos pelos

participantes são considerados para fundamentar a interpretação dos dados e, portanto,

investigar questões linguísticas, sociais e ideológicas, constitutivas da multiplicidade de

discursos analisados no material documentário. Os resultados contribuem para

pensarmos a formação de professores e outros profissionais que vivenciam um contexto

cada vez menos marcado por barreiras geográficas, desenvolvendo-se, assim, uma

possível cidadania transcultural por meio do contato com variadas línguas e culturas.

Nesse sentido, são apontadas perspectivas para a práxis do mediador em teletandem,

considerando o entendimento da noção de cultura em sua dimensão discursiva.

Letramentos digitais e aprendizagem situada: a participação em

congressos on-line no Estágio Supervisionado de Espanhol

ELIZABETH GUZZO DE ALMEIDA

[email protected] Neste trabalho, analisaremos os modos de participação de professoras em pré-serviço

em dois eventos de letramento digital em duas disciplinas do Estágio Supervisionado de

Espanhol. A razão da inserção dos congressos on-line no programa das disciplinas

baseou-se na visão situada da aprendizagem (LAVE, 1991; LAVE; WENGER, 1991) e

nos letramentos (HEATH, 1982, STREET, 1984) e letramentos digitais

(LANKSHEAR; KNOBEL, 2006; BUZATO, 2007). A perspectiva situada considera a

aprendizagem distribuída em uma estrutura complexa e se dá in situ, onde as pessoas se

apropriam do conhecimento em ação, ou seja, as pessoas agem em cenários, e não

apenas na mente dos indivíduos. Pensamos que os contextos físico e social em que uma

atividade ocorre são parte integrante dessa atividade. Nosso objetivo é mostrar a

mudança de participação e as consequências dessa mudança nas aprendizagens das

alunas. A trajetória de participação e o construto Participação Periférica Legítima de

Lave e Wenger (1991) se adéquam para a análise da mudança de participação das alunas

nos dois eventos de letramento digital. No primeiro evento, as alunas são todas

“ouvintes” de um congresso on-line, já no segundo, uma das alunas atua apresentando

um trabalho com base em um trabalho de campo do Estágio Supervisionado de

Espanhol desenvolvido no semestre anterior. Como abordagem metodológica, adotamos

uma perspectiva etnográfica (HEATH, 1983; GREEN; DIXON; ZAHARLIC, 2005),

acompanhamos durante um ano o grupo de alunas do Estágio Supervisionado de

Espanhol e utilizamos como instrumentos de coleta de dados logs de chats de palestras

dos congressos on-line, diários reflexivos, entrevistas e fóruns on-line. Para as

participantes da pesquisa ao participarem de congressos dessa natureza e não ter as

aulas apenas na sala de aula convencional abrem-se outros modos e loci de

aprendizagem. Como resultados observamos que a mudança de participação em eventos

de letramento digital como esses propiciam novos focos de aprendizagem.

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Área: Linguagem e Trabalho

TED Talks: será o (re)nascimento das palestras?

ALESSANDRA ALVES PEREIRA BRAGA DE MIRANDA

[email protected] [email protected]

Fazer apresentações já era valorizado na Antiga Grécia, onde falar em público era

essencial ao cidadão para defender direitos e participar da política. O gênero palestra

voltou a ganhar espaço. Sinais disto, são o surgimento nos últimos 10 anos de empresas

especializadas no desenvolvimento de apresentações corporativas, o aumento da busca

por palestrantes no mercado e o grande número de profissionais que adotaram a

atividade de palestrante como profissão. Chama atenção também o alcance das palestras

como as do TED, a conferência global reúne palestrantes de diferentes países voltados

para diversos temas. Um bilhão de visualizações foi o número alcançado pelos vídeos

de 18 minutos em 2012. Hoje, já são 1900 palestras disponíveis e traduzidas para 97

línguas. De fato, expor ideias de modo envolvente e claro por meio de apresentações é

valorizado na atualidade. Mas que fatores no contexto sócio-histórico atual, marcado

pelo aparato midiático, têm motivado a disseminação das palestras? As apresentações

do TED são indícios de uma ressignificação no gênero como o conhecemos? Se sim,

que traços as caracterizam? Por meio desta pesquisa, busca-se analisar com base na

análise do discurso francesa proposta por Maingueneau, vídeos das palestras divulgados

no site ted.com. Uma sociedade não se distingue das formas de comunicação que ela

torna possíveis e que as tornam possível (MAINGUENEAU, 2013, p.82). Este

postulado reforça a relevância do estudo que mobiliza as noções de cenas de

enunciação, gênero discursivo, mídium e comunidades discursivas. Do ponto de vista

metodológico foram selecionados vídeos com maior audiência, palestras caracterizadas

como inspiradoras pelo público e por fim, temas mais frequentes dentre os vídeos com

maior audiência. O trabalho contribuirá para a linha de pesquisa, pois permitirá a

investigação das transformações e influências do contexto sócio-histórico sobre a

valorização e -mutações- possíveis ao gênero discursivo palestra.

A construção de uma estética do trauma no telejornalismo brasileiro

contemporâneo: notas interpretativas sobre a linguagem como

trabalho

ANDERSON SALVATERRAMAGALHÃES

[email protected] JOÃO MARCOS MATEUS KOGAWA

[email protected]

O objetivo desta comunicação é demonstrar como a midiatização de casos de tosquias

de mulheres constroem, na e pela linguagem, uma estética do estranhamento que

referenda discursos flagrantes de fronteiras sócio-histórico-culturais. Para isso,

articulam-se, teoricamente, o pensamento bakhtiniano, sobretudo sua insistência na

dimensão semiótico-ideológica da linguagem, e postulados barthesianos, em especial o

entendimento da constituição semiológica de trauma. Metodologicamente, cotejam-se

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registros e divulgação de tosquia feminina em duas inscrições históricas: na França, por

ocasião da chamada Liberação na década de 1940, e no Brasil da atualidade, em

comunidades cariocas que convivem com a cultura do tráfico. A comparação proposta

visa, por um lado, a identificação de ressonâncias entre vozes de diferentes contextos

epaço-temporais que discursivizam e reiteram certa significação sócio-cultural do ato de

cortar os cabelos, sobretudo de mulheres, comoum gesto de violência, e, por outro, o

delineamento das especificidades culturais que, no trabalho com a linguagem na

documentação histórica francesa e na produção telejornalística brasileira, desenham

relações ético-estéticas divergentes. Assim, no estudo apresentado, procura-se responder

à seguinte questão: como, depois de tantas décadas, essa voz do pós-guerra francês que

tem sido trabalhada na historicização daquele país emerge no contexto brasileiro e nele

é midiatizado (res)significando as mesmas práticas? A análise empreendida aqui mostra

que a -prosa das tosquiadas" mobiliza vozes diferentes que, ao imprimirem suas marcas

nos enunciados, estratificam a linguagem e desenham fronteiras sócio-culturais.

Interação E Persuasão Em Artigo De Opinião De Carlos Heitor Cony:

Um Enfoque Sistêmico-Funcional

MARIA PIEDADE TEODORO DA SILVA

[email protected] [email protected]

O objetivo desta pesquisa é o exame do artigo de opinião, “Esfola! Mata!”, Carlos

Heitor Cony publicado no site da Academia Brasileira de Letras e verificar sua estrutura

em termos dos estágios de gênero bem como as escolhas léxico-gramaticais que

realizam a interação do artigo com o seu leitor. Uma das principais funções de artigos

de pesquisa é persuadir o leitor sobre a validade das afirmações do escritor. Nesse

sentido, a leitura dos Parâmetros Curriculares Nacionais (PCN) – Língua Portuguesa –

mostra a preocupação do Ensino Médio em relação a pelo menos três aspectos

principais em relação à compreensão e à produção da escrita: (a) o reconhecimento da

relação entre informação e retórica, por meio do reconhecimento da persuasão feita

através de avaliação explícita ou implícita, envolvendo a convicção e a sedução; (b) a

consideração das características léxico-gramaticais de diferentes gêneros com especial

atenção aos recursos de coesão e coerência; (c) a intersubjetividade, ou seja, a

consciência de que a atitude no discurso não é a apresentação linguística transparente de

estados internos de conhecimento, mas emerge da interação dialógica entre

interlocutores. Um aspecto importante do sistema de valores subjacente ao texto – a

ideologia – pode ser descrito linguisticamente em termos de avaliação presente nos

textos. A pesquisa tem apoio na Gramática Sistêmico-Funcional (GSF), teoria cuja

multifuncionalidade – expressa pelas três metafunções da linguagem: Ideacional,

Interpessoal e Textual – é essencial à análise do discurso, apontado como o melhor

modo para se examinar a conexão entre a estrutura linguística e os valores sociais.

Embora as três metafunções façam parte da minha análise, o foco recai na metafunção

Interpessoal, que inclui a Avaliatividade, Na essência, a Avaliatividade é um enquadre

que mapeia os recursos que usamos para avaliar a experiência social. Esses recursos

podem se realizar através de várias estruturas gramaticais e léxico. A pesquisa responde

às seguintes perguntas: (a) como é feita a estruturação do artigo de opinião, levando em

conta a questão de gênero? (b) que escolhas léxico-gramaticais são feitas em “Esfola!

Mata!”em termos da Avaliatividade? A análise mostra que a Avaliatividade capta de

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maneira compreensiva e sistemática os padrões avaliativos globais que ocorrem no

artigo examinado.

A paratopia e a pessoa com deficiência no mundo do trabalho

LETÍCIA AMOROSO

[email protected]

O presente trabalho faz parte de uma das etapas teóricas da dissertação de mestrado A

pessoa com deficiência no mundo do trabalho: discurso e atividade. O objetivo desta

exposição é entender e investigar a concepção de paratopia proposta pelo analista do

discurso francês Dominique Maingueneau através da inserção da pessoa com

deficiência no mercado de trabalho. Vale pontuar que este tema de mestrado está

inserido na linha de pesquisa e, mais amplamente, do ponto de vista teórico,

apoia-se em conceitos propostos por Schwartz (2010), a partir da perspectiva

ergológica, tais como atividade de trabalho, norma, renormalização e debate de valores,

articulando-os àqueles pertinentes à perspectiva enunciativo-discursiva. Entendemos

como paratopia uma “negociação difícil, entre o lugar e o não-lugar”

(MAINGUENEAU,1995, p.28) do indivíduo que não encontra um grupo e busca um

posicionamento. Considerando que a paratopia se inscreve no indivíduo por meio de

uma atividade de criação enunciativa,temos por objetivo ampliar a questão proposta

pelo autor. Segundo Maingueneau, a paratopia anuncia ao mesmo tempo o

pertencimento e o não pertencimento e, sendo assim, consideraremos que seu

significado avança em outros sentidos (não fica estagnada na paratopia criativa, que foi

a primeira discussão) como o que se pretende explorar aqui: a paratopia identitária

(Maingueneau, 2010).

O ensino da escrita representado em textos produzidos por professores

após um processo de formação continuada.

GISELE MARIA SOUZA BARACHATI

[email protected] [email protected]

Esta pesquisa de mestrado tem como tema as representações de professores sobre a

tarefa de ensinar a escrever. Inserido em um processo de formação continuada, esse

profissional constrói representações sobre seu trabalho, que podem interferir em seu agir

em sala de aula. Esse trabalho visa a identificar e analisar as representações do ensino

da escrita, configuradas em um texto produzido por uma professora, após um percurso

de formação continuada. Essa pesquisa desenvolveu-se com base nos aportes teóricos

do ISD e contribuições da Clínica da Atividade. Foi analisado o texto oral de uma

professora de, que participou de oficinas dedicadas ao estudo de práticas metodológicas

de ensino da produção textual.

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Uma Trilha Investigativa de base Enunciativa e Ergológica na

interface Linguagem-Trabalho Docente

CARLOS FABIANO DE SOUZA

[email protected]

Este trabalho pretende apresentar uma trilha de investigação delineada por um recorte

teórico-metodológico de um projeto de mestrado em fase de desenvolvimento no

Programa de Pós-Graduação em Estudos de Linguagem da UFF, cujo enfoque se dá na

intersecção docente. Trata-se de um estudo à luz de uma lente discursivo-

enunciativa e suas interconexões com fundamentações de caráter ergológico. Nessa

perspectiva, objetiva-se analisar as falas de professores de inglês sobre o seu trabalho

em Cursos Livres - espaços de ensino-aprendizagem de línguas estrangeiras, não

regulamentados por órgãos do governo de cunho educacional. Para tanto, ancoramos

nossa pesquisa na abordagem ergológica da atividade (SCHWARTZ, 1997), a qual nos

permite abordar a realidade da atividade humana e, particularmente, a atividade de

trabalho, sendo este complexo por ser composto por várias dimensões. Pode-se afirmar

que a ergologia é uma perspectiva pluridisciplinar em razão de a atividade humana ser

muito complexa para se compreender e analisar a partir de uma única disciplina

(TRINQUET, 2010). Salienta-se que tomamos por base ainda o enfoque que leva em

conta a linguagem sobre o trabalho, proveniente do recorte metodológico desenvolvido

por Lacoste (1998). No que concerne às práticas linguageiras, nossa rota também abarca

a concepção dialógica de linguagem (BAKHTIN, 2011) - ligada à própria ideia de

língua enquanto espaço de interação verbal. Espera-se, assim, não apenas investigar as

falas desses professores, mas, sobretudo, auxiliar na compreensão da complexidade do

trabalho desse profissional, dando visibilidade para que esse sujeito e o seu trabalho

sejam reconhecidos profissionalmente como legítimos dentro da comunidade discursiva

da qual fazem parte.

A mediação do trabalho do professor por duas propostas do PNLD na

área de ensino de Língua Portuguesa

ANA LÚCIA HORTA NOGUEIRA

[email protected] MAÍSA ALVES SILVA

SILMARA REGINA COLOMBO

Atualmente todas as escolas públicas brasileiras recebem livros do Programa Nacional

do Livro Didático, que se desdobra em diferentes programas. A partir das contribuições

da ergonomia francesa para análise do trabalho (Bronckart, 2006; Machado e

colaboradores, 2007, 2009, 2011) e da perspectiva discursiva de linguagem (Bakhtin,

2004; Geraldi, 1997), propõe-se a retomada de quatro coleções de livros didáticos

selecionadas pelo PNLD para o 1º ano do Ensino Fundamental, voltadas ao processo de

alfabetização, e das atividades propostas para o 5º ano do Ensino Fundamental pelo

PNLD-Dicionários, com o objetivo de discutir as implicações das orientações presentes

nestas propostas para a constituição da atividade do professor. Por meio da análise do

contexto de produção de livros didáticos são problematizadas as concepções que

veiculam, bem como as vozes presentes nas orientações ao professor e os diferentes

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destinatários. Tendo em vista o processo de análise das coleções, realizada através de

procedimentos da análise documental, percebe-se a presença de diversos destinatários.

Mesmo quando as orientações do livro didático se dirigem ao professor, estão voltadas

aos avaliadores do PNLD, como resposta aos requisitos do edital de inscrição. Com

relação ao PNLD-Dicionários, discute-se a falta de articulação entre materiais que

compõem o mesmo programa, sendo eles o livro didático, os dicionários que compõem

o acervo do 5º ano e o Guia Dicionários em Sala de Aula, que traz orientações aos

professores e sugestões de atividades em sala de aula. As análises das situações de

interação em sala, permeadas por este material, sugerem que a proposta para que esses

materiais sejam complementares não se efetiva. Tais análises explicitam como as duas

propostas produzem significativo impacto sobre o trabalho do professor, levantando

argumentos para refletir acerca da constituição do trabalho docente, da autonomia e do

professor e da forma como pode se tornar autor de seu próprio trabalho.

*As autoras agradecem o apoio da FAPESP, nas modalidades Auxílio à Pesquisa (Ana

Lúcia Horta Nogueira) e Bolsa de Mestrado (Maísa Alves Silva).

A modalidade falada do inglês e a tradução em português: um enfoque

da Gramática Sistêmico-Funcional

BRUNA MARZULLO

[email protected] [email protected]

As escolhas lexicogramaticais que caracterizam uma interação oral autêntica em inglês

ainda não mereceram a atenção devida. Esta pesquisa compara a modalidade falada do

inglês, no caso, as interlocuções ocorridas em duas entrevistas do programa Late Night

Show with David Letterman, no canal CBS, com as traduções em português, feitas nas

respectivas legendas. Levo em conta que as legendas devem seguir normas que incluem

sua extensão e que, dessa forma, seu conteúdo linguístico nem sempre pode ser idêntico

ao do original, sendo em geral menos extenso. Assim, o que interessa à minha pesquisa

é determinar as características do material omitido. Dos três significados construídos

pela língua -ideacional, interpessoal e textual -, analiso o segundo, considerando que

uma oração organiza a informação como um evento interativo (função interpessoal).

Nesse contexto, enfoco a expectativa linguística em relação em especial à polidez. A

expectativa linguística envolve, entre outros fatores, o nível de formalidade linguística

adequado ao contexto de situação e de cultura, que deve ser respeitado com risco de

insucesso na comunicação. O exame das interações enfocará basicamente: a Modalidade

(envolvendo a Modalização e a Modulação) e a Avaliatividade (envolvendo a avaliação

- explícita ou implícita - da mensagem ou dos interlocutores). A pesquisa deve

responder às seguintes perguntas: (a) Que diferença existe entre as interlocuções de uma

entrevista em inglês ocorridas em um programa de TV e as respectivas legendas em

português em relação em especial à polidez? (b) Que papel exercem a Modalidade e a

Avaliatividade nesse processo? A análise conta com o apoio da proposta teórico-

metodológica da Gramática Sistêmico-Funcional (GSF). A pesquisa mostra que há

diferenças tanto nas escolhas lexicogramaticais que realizam a polidez quanto na

frequência de seu uso.

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A representação da escola construída na mídia

MONICA REBECA BRANDÃO ALVES

[email protected]

O presente trabalho, inserido na linha de pesquisa, tem por objetivo analisar e comparar

75 textos retirados do Jornal Folha de São Paulo e Estadão, que tratem de questões

relativas à educação, a fim de compreender como ela é representada na mídia nacional.

Os textos foram coletados durante o período de Fevereiro de 2013 a Fevereiro de 2014.

Para entender a importância que a educação tem na formação, transformação e

desenvolvimento de uma sociedade assumimos como base teórica a Linguística

Sistêmico Funcional (HALLIDAY 1985/1994/2004) para a apreensão das avaliações,

das representações que os textos apresentam sobre educação. As perguntas que norteiam

a pesquisa são: Como a educação é representada pelos textos midiáticos investigados?

Que características de contexto emergem através das escolhas feitas? O que essas

escolhas representam em relação à perspectiva Profissional do Professor? . O programa

computacional WordSmith Tools (Scott, 1999) está sendo utilizado como instrumento

metodológico. A lista de palavras, ferramenta presente no WordSmith Tools, já mostra

que os processos verbais são mais presentes no textos retirados da Folha de São Paulo.

Perguntas retóricas e didáticas em dois sermões de Vieira: 'O Sermão

da Sexagésima' e o 'Sermão do Mandato'

PAULO DE TARSO GALEMBECK

[email protected] [email protected]

Este trabalho visa a estudar as ocorrências d epergun- tas retóricas e didáticas nos

dois sermões indicados, com o objetivo de verificar o papel desses procedimen- tos na

estruturação do texto e no estabelecimento e manutenção da interação entre o

pregador e os ouvintes. Entende-se por perguntas retóricas e didáticas a classe

específica de interrogações recorrentes em determina- das formas de interação

assimétrica (aquela em que há um responsável pelo desenvolvimento do tópico discur e

pela condução do processo interacional). Ao contrário das demais formas de perguntas

(presentes na interação diálogica), as perguntas didáticas e retóricas não buscam a

obtenção de uma resposta, pois seu objetivo é chamar a atenção dos ouvintes para um

dado assunto (principalmente assuntos polêmicos), a fim de encaminhá-los a uma

conclusão. Além disso, estabelece-se a diferença entre perguntas didáticas e retóricas:

as pri- meiras são seguidas por uma resposta formulada pelo próprio expositor, ao

passo que nas perguntas retóricas não existe a resposta ou ele fica subentendida. As

ocorrências serão classificadas de acordo com as variáveis a seguir: a) tipo da pergunta

(retórica o didática); b) modo de introdução da pergunta (perguntas introduzidas de

modo direto ou perguntas antecedidas por um enunciado justificador ou

contextualizador; c) modo de apresentação das perguntas (perguntas isoladas ou

perguntas em série; d) relação com o desenvolvimento tópico (introdução, expansão ou

conclusão). Os resultados obtidos apontam para o amplo predomí nio de perguntas

retóricas, introduzidas de modo direto e apresentadas de forma isolada e ligadas à

expansão do tópico em andamento.

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Made in BRICS: Design de hipermídia de homepages de revistas de

arte produzidas em cinco países sob o enfoque sistêmico-funcional

MARISA NASCIMENTO

[email protected]

Neste trabalho é analisada a organização da informação de homepages de revistas de

artepor meio do design que as configuram. Dentro do layout, que abarca o conteúdo de

uma página online,significados são construídos por meio da interação das diversas

semioses. Tais significados podem ser resgatados na análise multimodal, tendo em vista

que a navegação em hipermídias se pauta na forma, na estrutura e na estética do

ambiente virtual. Ao enfocar as funções da linguagem e seu uso na esfera das relações

humanas, os conceitos da Teoria Sistêmico-Funcional embasam análises úteis acerca do

significado que emerge do texto. Esta abordagem não fica restrita à linguagem verbal,

podendo ser aplicada a outros sistemas semióticos. Nesse sentido, a AMD contribui

para entender os efeitos de sentido decorrentes do hipertexto a partir do design de

hipermídia em que se organiza a informação. O corpus deste trabalho é constituído por

amostras de homepages de cinco revistas de arte e cultura provenientes dos países do

bloco BRICS: a revista Bravo!,do Brasil; a revista Iskusstvo (Искусство), da Rússia; a

revista ART India, da Índia; a revista LEAP (艺术界), da China; e a revista Art Times,

da África do Sul. Como metodologia de pesquisa, é utilizada a análise de conteúdo,

identificando variações e padrões que ocorrem no corpus, e elaborando categorias de

análise para os componentes das homepages estudadas. Os resultados mostram que as

cinco homepages apresentam sistemas semelhantes em termos de gramática visual e

web design, apesar de suas realizações serem distintas. A pesquisa também aponta que é

preciso atentar-se para o fato de países emergentes estarem se destacando não só pela

economia, mas também por tendências diversas, tais como produção de conteúdo

midiático voltado para as artes e atuação nas esferas do design de hipermídia.

Do planejamento ao replanejamento do trabalho docente no ensino

superior: uma atividade evidenciada em situação de autoconfrontação

SOLANGE ARIATI

[email protected]

ANSELMO LIMA

DALVANE ALTHAUS

Esta comunicação apresenta uma análise de aspectos do planejamento e do

replanejamento do trabalho docente em resposta a dificuldades que ocorrem no processo

de ensino-aprendizagem em sala de aula. Os dados foram produzidos em sessões de

autoconfrontação (cf. FAÏTA, 1996; CLOT, 2010), realizadas com professores do

ensino superior no âmbito de uma ação de formação continuada. O material audiovisual

resultante foi transcrito de acordo com as normas do projeto NURC/SP (Preti, 1999).

Sua análise é feita com base em um referencial teórico proveniente da ergonomia da

atividade docente e da clínica da atividade. Os resultados das análises dos diálogos

revelam que o professor se depara com a não realização da atividade solicitada aos

alunos, que era a leitura de textos disponibilizados previamente. O que o professor

esperava de seus alunos era que eles realizassem o que lhes havia prescrito com a

finalidade de que se preparassem para participar da aula. No entanto, o que é prescrito

aos alunos não se transforma em tarefa realizada, e sim em uma tarefa esperada.

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(SOUZA-e-SILVA, 2003). As imagens do docente em atividade e seu discurso para

explicar o trabalho revelam que ele encontrou duas estratégias de superação dessa

dificuldade: o uso de uma pergunta e o uso de um exemplo do cotidiano. A pergunta

inquieta os alunos, leva-os a pensar sobre o conteúdo e a tentar esboçar alguma resposta

ou ao menos a esperar por ela. O exemplo relaciona o conteúdo com algo que é próximo

dos alunos e os leva mais facilmente a aprender após terem sua curiosidade aguçada.

Com essas estratégias o professor contorna a não realização da atividade prescrita de

modo a garantir, apesar de tudo, alguma qualidade do processo de ensino-aprendizagem.

Além do planejamento prévio da aula, se revelou necessário o replanejamento devido às

dificuldades do acontecimento real do processo de ensino-aprendizagem.

O discurso das personagens literárias no original e na tradução

SOLANGE PEIXE PINHEIRO DE CARVALHO

[email protected] [email protected]

O escritor italiano Andrea Camilleri ficou conhecido principalmente por causa do uso

pouco convencional da linguagem, ao introduzir diferentes línguas minoritárias e

românicas em suas narrativas; uso que remete a uma situação linguística, sociocultural e

histórica da Sicília. Essa forma de falar está profundamente ligada a uma ideia de

pertencimento, (não) ser siciliano, e coloca para os leitores o confronto entre as

personagens que (des)conhecem a cultura siciliana e a interação entre elas, envolvendo

aspectos como hierarquia, amizade e afeto. Tais questões representam um desafio para

os tradutores: como apresentar os diversos discursos das personagens em português, se

nossa realidade sociocultural é bastante diferente da italiana? Nos textos originais é

apresentado o confronto entre diferentes realidades culturais, portanto, quais seriam as

possíveis soluções para mostrar para nossos leitores o princípio da alteridade tão

presente na linguagem das personagens, se nós temos no Brasil o que Tarallo e Alckmin

chamam de “multidialetismo ameno”?

Este trabalho se baseia em dois romances históricos de Andrea Camilleri, “Il Re di

Girgenti” e “Il Birraio di Preston” e suas respectivas traduções brasileiras, “O Rei de

Girgenti” e “A Ópera Maldita”, e seu objetivo é fazer uma reflexão a respeito das

estratégias usadas pelos tradutores das obras camillerianas já publicadas no Brasil,

verificando como (e se) a diversidade cultural e linguística encontrada nos textos

italianos é apresentada para os leitores brasileiros. Essa reflexão, baseada em um

confronto texto italiano / texto brasileiro, será feita tendo por embasamento teórico

alguns pressupostos da área da tradução de variantes linguísticas (Lane-Mercier,

Chapdelaine, Pym) que discutem o papel desempenhado pelas variantes em um texto

literário e a proposta da tradução como uma negociação (Eco). Serão abordados

igualmente um pressuposto dos estudos discursivos (o princípio da alteridade, conforme

apresentado por Charaudeau) e considerações sobre a linguagem informal na literatura

brasileira (Preti).

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Representações da consciência e do dizer na visão da narradora em

Inés del alma mía e na tradução para o português brasileiro: uma

abordagem sistêmico funcional

GIOVANNA MARCELLAVERDESSI HOY

[email protected] LEILA BARBARA

Este trabalho faz parte da pesquisa de doutorado em andamento e pretende identificar e

analisar representações Ideacionais das personagens femininas no papel semântico de

Experienciador e Dizente em Inésdel alma mía (ALLENDE, 2006) e em sua tradução

para o português do Brasil (SSÓ, 2007). Adota-se o referencial teórico da Linguística

Sistêmico Funcional (HALLIDAY e MATTHIESSEN, 2004, 2014) na interface dos

Estudos da Tradução (CATFORD, 1965; HALLIDAY, 2001; MATTHIESSEN, 2001;

RODRIGUES-JÚNIOR e OLIVEIRA, no prelo) e do texto literário (MONTGOMERY,

1993; SIMPSON, 1993; PAGANO, 2007; RODRIGUES-JÚNIOR e BARBARA,

2013). Na metodologia, utilizam-se recursos computacionais do WordSmiths Tools

(6.0), quais sejam: i) Word list (lista de palavras; ii) Concordance (concordanciador), e:

iii) Alligner (alinhador) do view&aligner. Os dados mostram que os processos mentais

são mais utilizados para representar personagens femininas do que os verbais. A maior

ocorrência de processos mentais põe em relevo as experiências internas de cognição, de

percepção, de afeição e de desejos das personagens femininas, comparativamente em

maior número do que as experiências da fala dessas personagens. Em relação aos

corpora, o padrão de uso para representar Experiênciadoras e Dizentes foi a

equivalência Ideacional, embora também tenham sido identificadas mudanças (shift)

Ideacionais que constroem no texto traduzido representações diferentes das que se

encontram no texto original.

Recursos tipográficos constitutivos da verbo-visualidade na revista A

Violeta

ELIETE HUGUENEY DE FIGUEIREDO COSTA

[email protected]

Esta comunicação constitui parte da pesquisa de doutoramento -Revista A Violeta: a

verbo-visualidade e o entrecruzamento de vozes-, em desenvolvimento no Programa de

Pós-graduação em Linguística Aplicada e Estudos da Linguagem (PUC-SP). Na análise

de enunciados pertencentes à revista cuiabana A Violeta, que circulou entre 1916 e

1950, pudemos observar uma variedade de recursos tipográficos utilizados, como

fontes, espaçamentos, itálicos, negritos, pequenos desenhos que dividem seções,

molduras, uso de letra capitular, entre outros. Tais recorrências remetem diretamente ao

plano de expressão verbo-visual, compondo um todo enunciativo que promove uma

abertura para a construção dos sentidos, a partir do olhar analítico da pesquisadora, que

se direciona não só para a distinção entre ilustração e fotos presentes nos enunciados da

revista, mas também para o tratamento dado pelas editoras aos aspectos que envolvem a

diagramação em todo espaço ocupado pelos enunciados selecionados para análise.

Enseja-se, para tanto, uma descrição histórico-social do contexto tecnológico da época,

levando-se em conta as várias fases da tipografia. A base teórica fundamenta-se em

Bakhtin e o Círculo (2010, 2011, 2012), no que se refere à constituição dos discursos, e

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Brait (2010, 2012, 2013, 2014), a respeito da verbo-visualidade. Já a perspectiva

metodológica guia-se pela Análise Dialógica do Discurso - ADD (Brait, 2008). Uma

conclusão preliminar, a partir da análise dos recursos tipográficos encontrados em A

Violeta, encaminha para o fato de que estes elementos são constitutivos de sua forma

composicional, integrando, assim, a arquitetônica da revista. Além disso, pode-se

afirmar que as redatoras da revista se utilizam de diferentes estratégias de mobilização

do plano de expressão verbo-visual para inserir, nos diferentes textos presentes em suas

edições, vozes que encarnam um discurso feminino emancipatório.

Comunidade discursiva e renormalização na atividade de trabalho de

operadoras de telemarketing

SILMA RAMOS COIMBRA MENDES

[email protected] [email protected]

Considerado um dos setores mais dinâmicos da economia no país, o telemarketing

abriga atualmente um contingente de mais de um milhão de trabalhadores, em sua

grande maioria, jovens mulheres. A despeito do avanço do setor, trata-se de uma

atividade precarizada, marcada por rígidos prescritos (cumprimento e escorização de

metas, separação em -baias- para evitar contato, conversas, algum tipo de

sociabilidade), controle da linguagem (scripts a serem obedecidos, fala -taylorizada-,

controlada e vigiada) e do corpo (perda da voz, problemas de audição, estresse em

função de maus tratos de clientes, depressão, esforço repetitivo), além de assédio moral

de supervisores e gerentes. A despeito desse quadro de intensificação do trabalho

presente na atividade em questão, o trabalhador busca recriar o meio, através da gestão

singular das microvariabilidades (Schwartz e Durrive, 2010). A presente comunicação

tem por objetivo apresentar o processo de renormalização da atividade de trabalho de

operadoras de telemarketing de instituto de pesquisa de mercado, por meio da

experiência de leitura e compartilhamento de livros de ficção em situação de trabalho.

Acreditamos que há nesse vivido a constituição de uma comunidade discursiva

(Maingueneau, 1997; 2006) -cimentada- por tais práticas, a fim de tornar mais vivível o

trabalho e enfrentar as infidelidades do meio (Schwartz, 2010). O referencial teórico da

pesquisa centra-se na articulação entre a Ergologia, conforme postulada por Schwartz, e

a Análise do Discurso, com base nos estudos de Maingueneau. A metodologia adotada

até o presente momento consistiu em recuperar, por meio de entrevista realizada pela

pesquisadora, a fala de uma operadora, com nível de escolaridade médio e experiência

profissional anterior na área. Os resultados parciais da pesquisa sinalizam que a

atividade de trabalho assim renormalizada e ressingularizada vem fortalecendo a

comunidade discursiva que a sustenta.

Diálogos com professores: das situações desafiantes ao papel do

coletivo KÁTIA DIOLINDA

[email protected]

A proposta da comunicação é de apresentar alguns resultados de uma pesquisa de

doutorado em andamento, que investiga o papel do coletivo do trabalho do professor

nos desafios diários da profissão. A tese em questão compreende o coletivo como

recurso para o desenvolvimento do métier; sendo-o decisivo para a legitimação dos

estilos individuais e das transformações das regras, bem como na ajuda mútua dentre as

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diferentes situações que desafiam o professor (CLOT, 2006;2010). Trata-se, então, de

analisar as representações da atividade de trabalho, conforme configuradas em textos

produzidos pela pesquisadora e por oito professores do Ensino Fundamental II e Médio

da rede pública do Estado de São Paulo, durante cinco encontros de discussão (oral) em

grupo. Nos encontros, os participantes discutiram sobre os desafios e as possíveis

soluções da atividade, produzindo textos orais (transcritos) que possibilitaram uma

melhor compreensão das representações sobre o papel do coletivo. Consiste, portanto,

de uma abordagem teórico-filosófica em que as relações e as implicações da atividade

de linguagem e da prática exercem um papel central no processo de desenvolvimento do

humano, como, no do trabalho. Assim, com um quadro teórico-metodológico

transdisciplinar, a pesquisa contribui e se filia à Linguística Sistêmico-Funcional

(HALLIDAY 1994; HALLIDAY e MATTHIESSEN 1999, 2004, 2014), ao

Interacionismo Sociodiscursivo (BRONCKART, 2006, 2008; LAF, 2004; DOLZ &

SCHNEUWLY, 2004); bem como aos referenciais das ciências do trabalho: o grupo

ERGAPE (AMIGUES, 2004; FAÏTA, 2004, 2005; SAUJAT, 2004) e a Clínica da

Atividade (CLOT, 2000, 2002, 2006; KOLTUSKI, 2009; ROGER, 2008). Os resultados

apontam para um papel restrito do coletivo, em que os desafios são na maioria

contornados individualmente, entretanto sinalizam para as possibilidades do seu

fortalecimento, o que é importante para a qualidade, seja das condições de trabalho, seja

do próprio trabalho.

Elementos sobre o destinatário de emergência em situação de

autoconfrontação: um olhar ampliado

ALANA DESTRI

[email protected] [email protected]

ANSELMO LIMA (Orientador)

De forma ampliada em relação a um trabalho anterior, esta comunicação apresenta uma

análise linguística, discursiva e psicológica de modos de manifestação do fenômeno do

destinatário de emergência em situação de autoconfrontação simples (Faïta, 1997; Clot,

2010) no contexto de uma ação de formação docente continuada na educação superior.

Para tanto, uma das aulas de um professor do Curso de Ciências Contábeis de uma

universidade federal foi gravada em áudio e vídeo. Posteriormente, o docente teve a

oportunidade de se observar em atividade em um trecho de sua aula, descrevendo-o e

explicando-o a um pesquisador, que atuou como mediador de seu desenvolvimento

profissional. O material audiovisual foi transcrito segundo as normas do projeto NURC-

SP (Preti, 1999), tornando graficamente visível a ocorrência do fenômeno. Além da

subversão do discurso do -eu- pelo do -a gente- prevista por Clot (2010), pode-se

observar o fenômeno do destinatário de emergência também na subversão do discurso

do -eu- pelo discurso do -você- genérico ou do -professor-. Isso se dá diante do

desconforto do sujeito ao observar e falar de sua própria atividade, buscando proteger-se

atrás de um coletivo que o respalde (Clot, 2010). A análise das ocorrências no discurso

permite perceber que o fenômeno do destinatário de emergência permeia o emprego do

método da autoconfrontação simples com notável frequência. Com isso, tal fenômeno

demonstra não só o posicionamento do profissional diante de seu coletivo, mas também

sua insegurança quanto a seu posicionamento. Demonstra, além disso, a manifestação

da afetividade profissional, o que revela o bom funcionamento da autoconfrontação. Por

fim, tal afetividade promove o início do processo de reflexão do trabalhador acerca de

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sua atividade, na relação com seu coletivo, o que pode levá-lo a buscar cotidianamente o

aperfeiçoamento profissional.

De frente com o “espelho”: a autoconfrontação como dispositivo

metodológico para a formação profissional de tradutores e intérpretes

de libras e língua portuguesa

VINICIUS NASCIMENTO

[email protected]

Este trabalho apresenta o recorte de uma pesquisa de doutorado cujo objetivo é observar

como o Tradutor e Intérprete de Libras e Língua Portuguesa (TILSP) mobiliza os

conhecimentos prévios construídos em sua prática profissional a partir de

conhecimentos novos adquiridos em um contexto de formação. A pesquisa justifica-se

pela atual demanda de formação de TILSP determinada por legislação vigente (Lei

10.098/00; Decreto 5.626/05; Lei 12.319/10) para atuação em vários contextos afim de

garantir a acessibilidade comunicacional de surdos usuários da Libras. Por meio de um

deslocamento da metodologia da Autoconfrontação, originalmente elaborada pelo

linguista Daniel Faïta, no contexto da Clínica da Atividade Francesa, em que o objetivo

era colocar o trabalhador de frente com seu próprio fazer para mobilizar, na linguagem,

aquilo que acontece no plano da ação, busca-se observar e analisar, por meio de uma

atividade de interpretação da Libras para a Língua Portuguesa na modalidade oral em

sala de aula, a mobilização de saberes investidos, aqueles que o trabalhador constrói na

sua prática fora de um contexto de formação, em diálogo com saberes instituídos, que

são adquirido em um contexto formal e institucional. O corpus foi coletado em um

curso de especialização em Tradução e Interpretação de Libras/Português de uma

instituição de ensino superior privada na cidade de São Paulo. A fundamentação

teórico-metodológica estabelece uma articulação entre duas contribuições aos estudos

da linguagem e do trabalho: 1) as formulações sobre enunciado concreto, interação

verbal, significação, tema e compreensão ativa elaboradas no conjunto da obra de

Bakhtin e o Círculo; e 2) os aportes teóricos da Ergologia, abordagem filosófica

elaborada na França na década de 1970 por Yves Schwartz em diálogo com outros

intervencionistas do trabalho humano, sobre saberes investidos, saberes constituídos,

normas antecedentes e renormalização.

The verbal language of American movies: A diachronic

multidimensional study

MARCIA VEIRANO PINTO

[email protected] [email protected]

TONY BERBER SARDINHA

In this study we present an analysis of American movies based on a large representative

corpus of the major cinema genres produced in the United States since 1930. The goal

was to linguistically identify the major eras of American movies, through a

Discriminant Function Analysis (DFA) based on the dimensions of variation in

American movies described by Author 2 (2014). The dimensions of variation

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underlying the movies were identified through the extraction of statistical factors

reflecting the linguistic features that regularly correlate across the genres. Previous

research suggested that the verbal language of American movies held stable since its

inception in the late 1920s (Author 2, 2014). However, the current study shows that this

apparent stability hid two major complimentary styles in US movies: an early style,

occurring in the 1930s and 1940s, marked by less spontaneous discourse with an

interpersonal focus, with a higher incidence of argumentation, persuasion, opinions,

intentions, feelings and assessment, and a more recent style, occurring in the 1990s and

2000s, marked for spontaneous and less persuasive discourse.

Evangelização indígena: uma análise interdiscursiva

ALESSANDRA DIAS CARVALHO

[email protected] Este trabalho integra a tese de doutorado que é desenvolvida na PUC/SP, cujo objetivo

principal é analisar a relação interdiscursiva que constitui o discurso católico e o

discurso protestante batista, no que tange a evangelização indígena, a fim de apresentar

um estudo da semântica global desses dois posicionamentos. Para tanto, esta pesquisa

ancora-se nos princípios teóricos da Análise do Discurso (AD), de linha francesa, mais

especificamente, na noção de semântica global proposta por Maingueneau (2008). A

relevância deste estudo não é somente o fato de colocar em prática uma teoria

linguística, mas, também, em abordar, por meio da escrita acadêmica, um problema que

atinge os seguimentos sociais: o conflituoso convívio entre os povos indígenas e os não

índios.Diante da necessidade de inclusão dos povos indígenas, sujeitos católicos e

batistas, a partir do discurso, de valores e práticas pertencentes à cultura não indigenista,

os evangelizam e tentam, dessa maneira, neutralizar e homogeneizar o diferente e

heterogêneo com vistas à criação de uma possibilidade de luta e conquista de um lugar

na sociedade brasileira. Este estudo compreende a análise do discurso de evangelização

indígena, no viés do catolicismo a partir de enunciados da Revista Porantim e do Jornal

Porantim e, quanto ao discurso do protestantismo batista, a fonte de pesquisa é

composta por materiais de divulgação, tais como: revistas e folhetins produzidos pela

Junta de Missões Nacionais (JMN) e a Junta de Missões Mundiais (JMM). Acredita-

seque o interdiscurso precede o discurso, destarte, a construção dos submodelos

semânticos dos discursos supracitados não se constitui isoladamente um do outro, mas

sim, no interior do espaço discursivo ligado ao campo religioso. Os resultados parciais

encontram-se em fase de elaboração.

Proposições bakhtinianas e ergológicas em interface: gestão e uso de si

no trabalho

ERNANI FREITAS

[email protected] GISLENE HAUBRICH

[email protected] Se por um lado as práticas cotidianas do ambiente laboral confluem para uma

coisificação do sujeito trabalhador (ANTUNES, 2011), por outro as práticas

linguageiras evidenciam a subjetividade implicada na realização da atividade laboral.

Schwartz (2014) descreve o trabalhador como corpo-si, um ser que promove a ação

conjunta entre material e imaterial, uma união entre alma e corpo na qual a gestão do

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uso de si decorre de uma tríplice ancoragem: biológica, histórica e singular. Tais

considerações convergem com a proposição de Bakhtin (1993, p. 19) acerca do ato

responsável do sujeito, ou seja, o ato-atividade enquanto -participante real vivo no

evento em processo do ser-. Percebe-se que as perspectivas de Schwartz e Bakhtin

opõem-se à proposição marxista que apaga o sujeito de sua ação no processo

estruturante da realidade diante do processo de produção. Esta oposição permite

vislumbrar uma emancipação do trabalhador frente sua atividade. Ante essas

proposições, o estudo visa articular as noções corpo-si, atividade, ato responsável e

interação verbal, a fim de identificar a gestão e uso de si no trabalho perante a prática

discursiva da empresa Hera em editoriais do seu jornal. A opção por este corpus reside

na premissa de que a interação sujeito-prescrição determina a transgressão das normas

postas e limita a inovação na produção, além de suprimir o aprimoramento pessoal e

criativo dos trabalhadores. A análise enunciativo-discursiva dos editoriais do jornal da

empresa Hera evidencia normas que visam encarcerar a atividade tanto pela

determinação do que deve ser feito, quanto em relação aos comportamentos individuais

no sentido de -estar de bem com a vida-, por exemplo. Desse modo, além de instigar a

renormalização sem valorá-la, mas cerceá-la de alguma forma, a Hera constrói, em seu

discurso, sentidos muitas vezes contraproducentes à atividade, estimulando, assim,

competitividade nociva e vínculos efêmeros ligados a interesses momentâneos.

A Música no Ensino da Língua Inglesa: uma Abordagem sob o Olhar

da Linguística de Corpus

MARIA CLAUDIA NUNES DELFINO

[email protected] [email protected]

O presente trabalho apresenta a elaboração de atividades (unidades didáticas) para o

ensino da língua inglesa através de músicas a partir de uma abordagem baseada na

Linguística de Corpus. Para tanto, são observados trabalhos como os de Berber

Sardinha (2011) e Bertóli-Dutra (2002; 2010), os quais dizem respeito à exploração de

corpora no ensino de língua estrangeira, bem como o de Biber (1988), que enfoca os

preceitos da Análise Multidimensional. Dois corpora, sendo um denominado corpus de

estudo (Corpusof English Lyrics - CoEL), formado por palavras provenientes de 585

letras de música das bandas Beatles, Bon Jovi, Maroon 5 e do cantor Bruno Marse um

corpus de referênciaCorpus of Contemporary American English – COCA), foram

utilizados a fim de que as características léxicas gramaticais mais salientes das letras de

música fossem levantadas e pudessem ser usadas para a preparação dos materiais de

ensino. A análise indicou que get e make são palavras muito frequentes em ambos os

corpora. Linhas de concordância foram rodadas para esses verbos e seus padrões

utilizados em exercícios que seguiram critérios de design, tais como: (1) exercícios

devem estar baseados em corpora, (2) devem ser replicáveis, (3) não devem requerer

muito tempo de preparação para o professor. Eles também seguiram uma taxonomia

aqui proposta, com a seguinte tipologia: (1) análise de concordância, (2) relacionar

padrões, entre outros. A professora, por meio de um diário reflexivo que, de acordo com

Machado (1998) vem a ser não apenas um instrumento de pesquisa, mas sim de ensino e

aprendizagem, contribuiu com informações importantes para o ensino de inglês com

materiais baseados em corpus, ajudando também a montar o design das atividades

desenvolvidas que foram testadas em sala de aula com alunos com nível iniciante de

inglês e serão mostradas na apresentação. Essa pesquisa pode ser considerada pesquisa-

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ação porque cada parte envolvida foi levada em consideração na montagem das

atividades. A partir dos resultados desse trabalho pode-se concluir que: os alunos ficam

mais motivados para aprender inglês com música e exercícios baseados em Linguística

de Corpus; letras de música contem padrões encontrados no inglês falado, que podem

ser utilizados para o ensino da língua; ao seguir um design de critérios de exercícios as

atividades ganham maior variedade e consistência; ensinar com corpus e manter um

diário de todas as aulas pode ser mais trabalhoso, porém ajuda muito tanto o professor

como os alunos a aprender a língua.

Autoconfrontação e formação docente: uma perspectiva dialógica para

o desenvolvimento de futuros professores de FLE

ELISANDRA MARIA MAGALHÃES

[email protected] ROZANIA MARIA ALVES DE MORAES

[email protected] Este trabalho deriva de uma pesquisa de mestrado centrada em investigar o papel da

autoconfrontação para a formação profissional de futuros professores de francês como

língua estrangeira (FLE). Naquela ocasião, tomamos o quadro metodológico da

autoconfrontação (mais precisamente a autoconfrontação simples – ACS) (CLOT;

FAÏTA, 2000; FAÏTA; VIEIRA, 2003; FAÏTA, 2007), recorremos à filosofia

bakhtiniana da linguagem (BAKHTIN, 2003; BAKHTIN/VOLOCHÍNOV, 2010), aos

pressupostos da Clínica da Atividade (CLOT, 2007) e da Ergonomia da Atividade

(DARSES; MONTMOLLIN, 2006). As análises realizadas apoiaram-se na abordagem

bakhtiniana social e discursiva da linguagem. Na presente proposta de comunicação,

temos o objetivo de discutir a questão de como as relações dialógicas estabelecidas nos

diálogos de alunos-estagiários sobre a atividade docente de uma professora experiente

de FLE funcionam como provocadores de desenvolvimento. Assim, tomando como

corpus da pesquisa o texto resultante da confrontação dos alunos-estagiários com

verbalizações da professora em ACS, observamos o direcionamento das falas dos

alunos a três diferentes tipos de destinatários: imediato, subdestinatário e

sobredestinatário. Nesse sentido, o autor de um enunciado se dirige a um destinatário

que produz uma resposta imediata (professor-formador, pesquisador, outro estagiário), a

ele próprio (aluno-estagiário) e a um participante invisível com quem ele também

dialoga (as prescrições, o métier, etc.). A análise detida desses diálogos indicam que os

estranhamentos e as controvérsias geradas no momento dessas trocas dialógicas fazem

com que o aluno reaja à sua atividade e busque respostas para suas dúvidas, seus

dilemas, suas dificuldades, etc. Tudo isso o leva a produzir um discurso que alimenta

inúmeras reflexões e que poderá ser visto como recurso para o seu desenvolvimento e

para o desenvolvimento de seu trabalho vindouro, criando, assim, possibilidades de

remodelá-lo. Em outras palavras, essas relações dialógicas viabilizam um discurso

reflexivo que pode ser a base para a transformação da prática docente desses futuros

professores.

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Sequência didática para o ensino do gênero resenha de filmes em

língua inglesa com foco na estratégia de referenciação

EWERTON BATISTA DUARTE

[email protected]

O presente artigo tem como objetivo apresentar uma sequência didática para o ensino do

gênero resenha de filmes nas aulas de língua inglesa do Ensino Médio. Por meio de

discussões na disciplina de mestrado do Programa de Pós-graduação em Linguística

Aplicada da Universidade de Taubaté, constatou-se a falta de atividades em uma

sequência didática que contemple a capacidade linguístico-discursiva. É crucial

conscientizar o aluno sobre a importância da coesão textual na resenha em língua

inglesa a fim de entender a estratégia de referenciação. Esta pesquisa vincula-se ao

projeto “Ensino de produção textual: o gênero de texto como instrumento de trabalho”,

disciplina coordenada pelos professores Dra. Adriana Cintra de Carvalho Pinto e Dr.

Orlando de Paula, da Universidade de Taubaté. Como aporte teórico, apoiamo-nos em

Dolz e Scheneuwly (2004), Bronckart (2012) e Koch (2007). Para o desenvolvimento

deste trabalho utilizamos a pesquisa bibliográfica como metodologia, estabelecendo,

portanto, diálogos entre o modelo didático defendido pelos sociointeracionistas e a

noção de coesão textual.

Ação de formação docente continuada em instituição privada de ensino

superior: a linguagem como mediadora.

TERESA RAQUEL CONTE

[email protected] [email protected]

ANSELMO LIMA

Esta comunicação tem o objetivo de apresentar uma ação de formação docente

continuada que será desenvolvida em uma instituição privada de ensino superior por

meio do método de autoconfrontação simples e cruzada. Esta ação é diferenciada, pois

atua diretamente com o professor. Ao invés de tirá-lo do trabalho, o ajuda no trabalho e,

como resultado, pode transformar práticas profissionais. Na perspectiva da Clínica da

Atividade que adotamos, o objetivo da transformação das situações de trabalho está no

centro das questões suscitadas (Clot, 2010). O método de autoconfrontação se configura

como um procedimento de pesquisa e intervenção desenvolvido pelo linguista Daniel

Faïta (cf. 1997; 2007) com base em seus estudos teórico-metodológicos, sendo

amplamente empregado pelo psicólogo francês Yves Clot em sua Clínica da Atividade

(cf. Clot, 2010; 2005; Clot, d al., 2001). A partir do uso desse método, o trabalhador

passa a ser observador e analista de sua própria atividade. Para que isso seja possível é

necessário termos o material audiovisual, que, neste caso, serão trechos gravados de

aula de professores voluntários. Esta ação se justifica pela possibilidade de trabalhar

diretamente com professores, discutir vivências de sala de aula, observar diversas

atividades, transformar práticas de trabalho e, como resultado, o próprio processo de

produzir dados verbais para posterior análise. Acreditamos que quando atuamos junto

com o professor, dando-lhe a oportunidade de rever suas ações em sala de aula e de ter

ao mesmo tempo esse contato com sua atividade docente mediado pela linguagem, em

uma interação social especial, proporcionamos a ele tomadas de consciência sobre sua

prática, uma vez que “a consciência só se torna consciência quando se impregna do

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conteúdo ideológico (semiótico) e, consequentemente, somente no processo de

interação social” (Bakhtin/Volochinov, 1929/2002).

O Dialogismo Religioso em O Anjo do Quarto Dia, de Gilvan Lemos

SAMUEL LIRA DE OLIVEIRA

[email protected] [email protected]

A presente comunicação tem como cerne investigar a dialogicidade, polifonia e suas

relações com textos bíblicos, do Antigo e Novo Testamentos, com a obra O Anjo do

Quarto Dia, 1981, do pernambucano Gilvan Lemos a fim de analisarrelações possíveis

que se estabelecem entre algumas personagens e acontecimentos do romance com os

dos textos sagrados.Tais relações foram observadas, em especial, à luz da teoria

dialógica do filósofo russo Mikhail Bakhtin. Para ele, o romance não é apenas um

evento estrito do mundo da literatura, no campo metafórico, mas uma realização

dialógica, pois é uma manifestação em que a língua constrói um arcabouço discursivo

no qual literatura e código se convergem na construçãoromanesca. Esta investigação

terá como fonte de apoio os seguintes livros da Bíblia Sagrada: Velho Testamento:

Gênesis, Êxodo, Salmos, Eclesiastes, Cânticos dos Cânticos de Salomã,. Novo

Testamento: Mateus, Marcos, Lucas, João, Atos, Romanos, 1ª Coríntios, Gálatas,

Colossense. Uma característica marcante nas obras do referido romancista é o diálogo

que seus romances mantêm com elementos de cunho religioso com destaque os bíblicos.

Sobre a intertextualidade teremos Julia Kristeva quefomentará este estudo.

As fórmulas discursivas na situação de trabalho do acadêmico-

professor MARIA IEDA MUNIZ

ARLETE REBEIRO NEPOMUCENO

MÁRCIA ANDREA SANTOS

[email protected]

Considerando a prática discursiva de um acadêmico-professor, este trabalho objetiva

analisar fórmulas discursivas, ou seja, um conjunto de enunciados/fragmentos que

circulam em bloco em um momento determinado, percebidos como se constituíssem um

todo, com a origem podendo ou não ser identificada. Para realizar a investigação ora

proposta, ancora-se nos pressupostos da teoria dialógica do discurso em interlocução

com estudos sobre o trabalho, CLOT (2001) FAITA (1997), SCHWARTZ (2008),

evidenciando conceitos de atividade prescrita, real da atividade, estilo da ação, os quais

se relacionam ao posicionamento discursivo da acadêmica, constituído com o auxílio de

fórmulas cristalizadas da língua. Para a coleta de dados,por meio de uma entrevista, em

situação de trabalho, utilizou-se o método da autoconfrontação simples. Os resultados

apontam para a percepção da situação de trabalho do acadêmico-professor: o modo de

engajamento do acadêmico-professor relacionando a sua atividade docente à

funcionalidade das expressões plastificadas no interior do seu discurso.

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Linguística de Corpus: desenho e coleta de um corpus de Curriculum

Vitae em inglês e português

SIMONE VIEIRA RESENDE

[email protected] [email protected]

É condição sine qua non a contribuição da Linguística de Corpus para a observação e

investigação dos fenômenos da linguagem nos últimos anos (BIBER,1995;1998; 2006;

SARDINHA, 2004). Coletâneas de estudos como as apresentadas em “Caminhos da

Linguística de Corpus” (SHEPHERD d al., 2012) comprovam que a quantidade de

enfoques que se pode abordar é incomensurável e muito relevante. Tal pujança se

mantem à medida que os corpora são vistos como fontes inestimáveis de informação,

capazes de proporcionar ao pesquisador quantidade de dados praticamente infinita.

Segundo Biber (1993), a utilização de corpora eletrônicos oferece uma base empírica

sólida para ferramentas e descrições linguísticas de uso geral, permitindo a análise de

uma dimensão que, de outra forma, não seria possível. Apesar do grande número de

pesquisas já realizadas e da compilação dos mais diferentes tipos de corpora, ainda não

há registro de uma pesquisa com base em corpus sobre Curriculum Vitae (CV). Sendo

assim, esta pesquisa visa preencher essa lacuna a partir do desenho, coleta e

investigação de um corpus formado por CVs. A justificativa relativa à escolha de CVs

como o registro — variedade textual definida por suas características situacionais

(BIBER, 1995) —, vai além de simplesmente preencher a lacuna de uma variedade não

estudada, posto que a importância desse tipo de registro é inquestionável. Uma busca

rápida na página do Worldcat, site que conecta as principais bibliotecas do mundo, é

possível encontrar mais de duas mil publicações sobre como preparar um CV. Além de

fundamental para o mundo coorporativo, o CV é também obrigatório para quem segue a

carreira acadêmica. A Plataforma Lattes, no Brasil, abriga mais de três milhões de

currículos. O CV é uma ferramenta indispensável, compulsória e muitas vezes

determinante para o preenchimento da vaga no ambiente coorporativo e para a análise

de mérito e competência dos pleitos de financiamentos na área acadêmica, o que por si

só já justificaria uma investigação desse gênero. O objetivo desta pesquisa é desenhar e

coletar um corpus comparável de CVs autênticos, escritos originalmente em português e

em língua inglesa. Ou seja, os CVs que formam os corpora são compilados em seus

idiomas originais, não há CVs traduzidos, trata-se de um corpus comparável. A pesquisa

visa posteriormente identificar os padrões léxico-gramaticais presentes nos CVs, por

meio do levantamento das dimensões de variação próprias da linguagem dos CVs. A

pesquisa é baseada nas teorias da Linguística de Corpus, que se baseia em uma visão

probabilística e explora a linguagem por meio de evidências empíricas investigadas

através do uso de ferramentas computacionais (BERBER SARDINHA, 2004),

recorrendo ao emprego de estatística multivariada. Este estudo busca identificar os

padrões salientes de coocorrências presentes nos CVs escritos em português e em

inglês. O método escolhido para identificar tais padrões léxico-gramaticais baseia-se na

Análise Multimensional (AMD) desenvolvida pelo pesquisador Douglas Biber (1985,

1986, 1988). A AMD é um método baseado em corpus, ou seja, normalmente feito

através do computador, utilizando ferramentas automáticas de rotulação e um grande

número de textos autênticos. Essa análise estuda as relações entre características

linguísticas e registros em grande quantidade de textos. Essa metodologia é propícia

para nossa investigação, pois ela não apenas permite uma descrição heterogênea,

detalhada e complexa do corpus, mas também proporciona uma extração fidedigna e

acurada dos gêneros textuais explorados. Segundo Biber (1998), uma AMD reconhece

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que a variação entre texto e registro pode ser mais adequadamente descrita por meio de

múltiplos parâmetros. Apesar de seu caráter ainda incipiente, esta pesquisa apresenta o

planejamento, ou seja, o desenho e a coleta de um corpus formado por CVs em língua

inglesa e em língua portuguesa. Os CVs coletados foram organizados de acordo com os

critérios de idioma, cultura, função, sexo e faixa etária. O total até o momento é de

1.920 CVs. Estudos dessa natureza podem contribuir para a criação de material de

consulta e gestão terminológica, como dicionários técnicos e glossários. Nossa intenção

é utilizar as conclusões, ou seja, os padrões léxico-gramáticais descritos a partir da

análise multidimensional do corpus para além da criação dos possíveis glossários,

criando também exercícios e tarefas para o curso de formação de tradutores.

A Representação da Formação Inicial e Continuada no Discurso de

Professores de Inglês da Rede Pública: Um Olhar Sistêmico Funcional

MARIA EUGENIA BATISTA

[email protected] [email protected]

Este trabalho tem como objetivo apresentar uma análise da representação da formação

inicial e continuada contida no discurso de professores de inglês. O estudo da

representação encontra-se fundamentado na Linguística Sistêmico-Funcional

(HALLIDAY, 2004) e na Análise Crítica do Discurso (VAN LEUUWEN,2008) que

permitiram analisar as escolhas léxico-gramaticais que materializam tal representação.

Foram entrevistados dez professores de inglês das redes municipal e estadual de um

município da região metropolitana de São Paulo. As entrevistas foram transcritas para

que, inicialmente, um levantamento quantitativo dos processos mais frequentes fosse

realizado por meio da ferramenta WordSmith Tools (SCOTT, 2009). Observou-se que

os processos materiais foram os mais frequentes e buscou-se identificar quais aspectos

da prática pedagógica estavam relacionados a tais processos. Um dos aspectos

destacados foi a formação dos professores que se subdividiu em: formação inicial,

aprendizagem em serviço e formação continuada. Os resultados apontam uma maior

ocorrência de referências à formação inicial por parte das professoras da rede municipal.

Todos os professores mencionam o fato da aprendizagem profissional ocorrer em

serviço. No que diz respeito à formação continuada, nota-se que os professores da rede

estadual sinalizam com mais frequência a oportunidade de cursos de formação

continuada. A formação inicial mostrou-se um tópico de destaque para as professoras da

rede municipal, tendo em vista o fato de o município ter incluído a língua inglesa como

componente curricular nos anos iniciais do Ensino Fundamental, fato esse que levou as

professoras a refletirem criticamente sobre a formação inicial que não considerou esse

ciclo da educação básica. A representação da formação continuada no discurso dos

professores legitima essa prática pela referência aos resultados positivos. Em suma, os

resultados sinalizam a necessidade de a formação inicial passar a considerar a atual

tendência de inclusão da língua inglesa nos anos iniciais do Ensino Fundamental.

O professor da escola básica e estágio supervisionado: interfaces entre

estudos discursivo e do trabalho

CHARLENE CIDRINI FERREIRA

[email protected]

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[email protected]

Esta comunicação tem o propósito de apresentar minha pesquisa de doutorado que tem

como objetivo identificar sentidos construídos sobre o trabalho do professor da escola

básica que recebe estagiários do curso de Licenciatura em Letras – Habilitação

Português/Espanhol. Observam-se vários estudos focados em investigar e aprofundar

questões relacionadas à formação docente, que se centram, grande parte, na articulação

entre a teoria e prática, na relação entre Universidade e escola, entre outros. No entanto,

pouco (ou nunca) se discute sobre os saberes e atribuições desse professor na realização

do estágio supervisionado, etapa constitutiva da formação profissional. O aporte teórico

articula estudos advindos do âmbito do trabalho (SCHWARTZ, 1997) e estudos de

linguagem sob uma perspectiva discursiva de orientação enunciativa

(MAINGUENEAU, 1997, 2007). Os encaminhamentos metodológicos consideram: a

análise de documentos oficiais que regem a formação docente e estágio supervisionado

no Brasil, em universidades públicas do Rio de Janeiro (UFRJ, UERJ, UFF, UFFRJ) e

em instituições de ensino básico; entrevista com professores universitários que atuam no

estágio supervisionado; e organização de fórum de discussão com professores da escola

básica que recebem estagiários. Apesar da determinação legal de que o estágio

supervisionado obrigatório deva ser realizado conjuntamente pelos cursos de

licenciatura e a escola básica, a análise evidencia uma rede de discursos que apontam

para um trabalho do professor da escola com estagiários constituído por diversas

ausências, entre as quais destacamos: ausência de normatização, de diálogo com a

universidade e de valorização na formação docente. Portanto, com esta pesquisa,

pretende-se dar visibilidade a discussões importantes no que se refere à complexidade

que envolve o trabalho docente, propondo encaminhamentos para uma transformação

social que ultrapassa conclusões de um estudo puramente linguístico

Samuel Beckett: de dramaturgo a encenador

FELIPE AUGUSTO DE SOUZA SANTOS

[email protected] [email protected]

Esta comunicação tem como objetivo abordar o percurso de Samuel Beckett como

encenador de suas próprias peças de teatro, a partir de uma análise de aspectos do

processo de encenação da peça A última gravação de Krapp [Krapp’s last tape], dirigida

por Beckett em 1969 no Schiller-Theater Werkstatt de Berlim. A reflexão terá como

ponto de partida a relação de Beckett com a encenação teatral, desde seu primeiro

contato acompanhando processos de criação de encenadores renomados como Roger

Blin, e a transição de observador e conselheiro de projetos de outros diretores a

encenador, tendo como premissa um cuidadoso rigor estético sobre o material

dramatúrgico e sobre a transposição desse material para o palco, a partir das

particularidades relativas ao trabalho de interpretação dos atores e à própria encenação

teatral, ou seja, a tensão entre texto e cena. Para tanto, o conceito bakhtiniano de

dialogismo permeará esta reflexão, no sentido de auxiliar o entendimento das relações

dialógicas entre o Beckett dramaturgo e o Beckett encenador.

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O Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) na revista

de negócios EXAME

MARIA ELIZABETH DA SILVA QUEIJO

[email protected]

Neste trabalho, o objetivo é demonstrar os mecanismos enunciativo-discursivos

definidores de traços autorais que referendam lugares sociais de significação em

reportagens da mídia impressa. Da perspectiva dos estudos de Bakhtin e do Círculo,

discutimos as noções de autoria, horizonte de sentido e avaliação social no enunciado

jornalístico impresso. O corpus de análise é constituído por uma notícia publicada na

edição 1087 da revista de negócios EXAME a respeito do Movimento dos

Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), em 15 de abril de 2015, intitulada Crime sem

castigo: Com governo leniente e empresas temerosas, ano após ano, as barbaridades do

MST ficam impunes. Sabotagem, dano à propriedade, cárcere privado – afinal, é um

grupo terrorista? Na análise, rastreamos marcas que orientam ideologicamente o texto

noticioso, a despeito da objetividade/imparcialidade valorada na esfera jornalística. Os

apontamentos demonstram que o horizonte de sentido para o qual o autor se dirige

orienta os valores à serem negociados no processo de interação ao mesmo tempo que

sustenta a apreciação valorativa editorial da revista EXAME em relação ao MST

manifesta no plano discursivo. Os resultados demonstram que no texto noticioso as

noções de objetividade/imparcialidade são necessariamente relativizadas e configuram

um dos recursos discursivos de significação nessa esfera.

Projeto Ler & Educar – Obeduc: Processo Ensino-Aprendizagem Da

Leitura, Conhecimentos, Habilidades E Estratégias Para Ler E

Compreender

KARINA GERON

CLAUDIA FINGER-KRATOCHVIL

[email protected] [email protected]

O ensino da leitura é uma importante temática que vem sendo discutida há alguns anos

em vários países, considerando o papel que o letramento desempenha na continuidade

do processo de aprendizagem. A leitura passou a ser tratada observando questões que

vão além da decodificação, e dando destaque a processos que são fundamentais para a

compreensão do texto escrito. Ler para compreender exige do leitor certos

conhecimentos, habilidades e estratégias apropriados para alcançar seus objetivos de

leitura. Os estudantes necessitam conhecer as estratégias cognitivas e metacognitivas

relacionadas ao ato de ler. Estabelecer objetivos, usar seu conhecimento prévio, levantar

hipóteses, fazer questionamentos, realizar inferências, verificar suas hipóteses de acordo

com as informações textuais, são algumas das habilidades que os estudantes precisam

ter. Levando em consideração essa abordagem e esses processos, o professor é um dos

maiores aliados na mudança do paradigma de trabalho. Assim, o objetivo desta pesquisa

é verificar como os professores entendem seus papéis diante do ensino da leitura em

sala de aula. Este trabalho foi realizado a partir de Grupos Focais com professores de

seis escolas da rede pública da cidade de Chapecó, participantes do projeto de formação

continuada dos professores da rede pública de Santa Catarina, Ler & Educar: OBEDUC.

As perguntas-chave para a realização da análise são: Que ferramentas e habilidades são

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necessárias para a efetivação da leitura? Você ensina o seu aluno a ler? De que forma

ensina? Como você acredita que poderia ensinar a ler? A análise preliminar dos dados

aponta para a necessidade de ampliar a compreensão teórico-prática dos processos

cognitivos e metacognitivos envolvidos no processo de ensino-aprendizagem da leitura.

Esses dados indicam a necessidade de a formação continuada desempenhar um papel

importante no redimensionamento do trabalho dos profissionais que podem trazer

mudanças significativas para o desenvolvimento de um leitor hábil, estratégico e crítico.

Maneiras de pensar/dizer a diferença na publicidade: práticas

discursivas e processos de subjetivação contemporâneos

BRUNO DEUSDARÁ

POLIANA ARANTES

[email protected] Nesta apresentação, problematizamos os sentidos atribuídos à diferença étnica, em

publicidade que põem em cena contextos familiares e de trabalho. Partimos de uma

reflexão acerca das práticas discursivas (Maingueneau, 1997, 2005) como entrada

produtiva para problematizar os vínculos indissolúveis entre a produção de linguagem e

de mundos possíveis. Concebida como movimento de interlegitimação entre a produção

de textos e a produção de uma comunidade de sustentação desses textos, a noção de

prática discursiva ganha destaque nas pesquisas no âmbito da linguística e de ciências

afins pelo potencial de afirmação da dimensão de intervenção da linguagem e não

apenas de representação. Como etapa metodológica, selecionamos publicidades com

ampla circulação nas redes sociais, em diálogo com a temática definida para esta

discussão. A partir da análise dos pressupostos, identificamos o silenciamento do debate

em torno do racismo, explicitando os embates como remetendo às dimensões

geracional, estética e de preferências pessoais. Esse modo de conceber a pesquisa

linguística tem permitido articulação produtiva entre os estudos do discurso e as

reflexões contemporâneas acerca da subjetividade como produção.

O olhar crítico-social de Millôr Fernandes em Fábulas Fabulosas

ELAINE HERNANDEZ DE SOUZA

[email protected] [email protected]

Nesta investigação, temos por objetivo interpretar o olhar crítico de Millôr Fernandes

(1923-2012) projetado sobre aspectos político-sociais do Brasil da década de 1980 e

materializado em seus textos de humor, quando o jornalista, em seu trabalho, apropria-

se, organiza e reconstrói os contos maravilhosos Branca de Neve e Chapeuzinho

Vermelho, ambos advindos da tradição oral. O primeiro deles ganhou o registro dos

folcloristas alemães Jacob e Wilheilm Grimm (1812-1822); e o segundo, o registro do

folclorista francês Charles Perrault (1697) e dos irmãos Grimm (1812-1822). Nas mãos

do autor brasileiro, ganharam os títulos de Branca de Neve e os Sete Anão e Vovozinha

Vermelha (e o lobo não tão mau assim) e, sob a rubrica de Fábulas Fabulosas,

circularam nas revistas Veja de 10 de dezembro de 1980 e IstoÉ do dia 30 de maio de

1984, respectivamente, refratando diferentes temporalidades. Para estabelecer diálogo

entre os textos da contemporaneidade e os do folclore europeu, consideramos cada

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narrativa como um enunciado concretamente realizado, uma unidade real na cadeia de

outros enunciados, em que há a alternância de sujeitos discursivos situados em um

tempo e espaço específicos (BAKHTIN, 2003 [1952-1953]). Embasamos nossa reflexão

também na proposição bakhtiniana de sujeitos ideólogos e de plurilinguismo social,

materializado em sujeitos historicamente concretos e definidos e cuja linguagem é

social (BAKHTIN, 1998[1934-1935]). Com este trabalho, esperamos mostrar como os

elementos verbais e verbo-visuais de cada texto são articulados ideologicamente por

sujeitos-estéticos que se valem de seu conhecimento técnico para expressar seu ponto de

vista, respondendo, com sua criação, à sociedade em que vivem.

LINGUAGEM COMO SISTEMA PROBABILÍSTICO: O caso das

entrevistas de emprego

ULYSSES CAMARGO CORRÊA DIEGUES

[email protected] [email protected]

O registro entrevistas de emprego tem recebido pouca atenção nos estudos linguísticos,

entretanto é de grande importância no mundo atual, em um cenário em que cada vez

mais o processo de seleção de candidatos a emprego se torna mais exigente (JOSEPH,

2013), a entrevista em Inglês acaba sendo um dos seus elementos mais críticos e

segundo Wawra (2014, p. 8) pouco se tem de estudos linguísticos sobre entrevista de

empregos. Nesta pesquisa se objetiva a análise de entrevistas de emprego em inglês

através de um corpus de estudo denominado Job Interview Corpus (JIC). O corpus de

estudo foi coletado a partir de entrevistas de emprego para a vaga de English Phonetics

Tutor na Alemanha e conta com 40 entrevistas. Para tanto, a pesquisa se fundamenta na

Linguística de Corpus (LC) adotando as principais noções apresentadas por Berber

Sardinha (2000; 2004), Biber (1988), Kauffmann (2005) e Willis (1990), na Análise

Multidimensional (AMD) utilizaremos Berber Sardinha (2010), Biber (1993; 2004) e

Zuppardo (2013), no gênero comunicativo a pesquisa dialoga com Bhatia (1993 apud

BARBOSA, 2004), no gênero entrevista de emprego Andrade (2001), Guimarães

(2009), Marcuschi (1998; 2007) e White (1994) e na descrição probabilística da língua

Halliday (1991). A metodologia utilizada inclui em etiquetar o corpus de estudo com

dois etiquetadores diferentes. O primeiro é o Biber Tagger que juntamente com a AMD

mapeará o registro entrevista de emprego nas dimensões de variação do Inglês propostas

por Biber (1988) e o segundo é o etiquetador USAS que realizará uma análise semântica

do corpus de estudo. A primeira parte da análise tem como objetivo localizar o corpus

dentro as cinco principais dimensões de variação definidas por Biber (1988), e que se

aplicam à Língua Inglesa como um todo e a segunda é a análise semântica do texto

mapeando-os como dispostos pelo USAS.

Reality TV Shows Norte-americanos: desenvolvimento de atividades

didáticas baseadas na Linguística de Corpus

RAFAEL FONSECA DE ARAÚJO

[email protected] O presente trabalho tem por objetivo a elaboração de atividades didáticas de

conversação para o ensino de inglês como língua estrangeira para alunos do ensino

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médio utilizando programas de televisão norte-americanos denominados reality TV

(reality show) a partir de uma abordagem baseada na Linguística de Corpus. Para tanto,

o estudo encontra suporte teórico na Linguística de Corpus adotando os principais

conceitos apresentados por Berber Sardinha (2002; 2004; 2006 e 2011), Biber (1988;

2006), Quaglio (2009), Willis (1990), assim com a dissertação de mestrado de Barbosa

(2004) e Veirano Pinto (2008), e tese de doutorado de Veirano Pinto (2014).

Transcrições de legendas de episódios das temporadas de alguns desses programas

disponíveis na internet, organizados e distribuídos em quatro categorias (Documentário,

Competição e Eliminação, Aperfeiçoamento e Produção de Celebridades e

Especialistas) elaboradas com base na proposta de Kavka (2012) que aborda este tipo de

gênero de TV, resultando em um corpus de estudo nomeado como CARTS (Corpus of

American Reality TV Shows). Os padrões léxico-gramaticais mais frequentes no corpus

de estudo foram analisados e contrastados com o corpus de referência - COCA (Corpus

of Contemporary American English), em seguida um mapeamento do corpus de estudo

de acordo com Análise Multidimensional (AMD) desenvolvida por Biber (1988) será

realizado para saber como os reality TV shows se comparam com outros registros do

inglês. Acredita-se que a utilização destes vídeos e a análise das transcrições das

legendas possam fornecer dados relevantes para a elaboração de atividades de

conversação, uma vez que os programas possuem bons exemplos de interação entre

falantes da língua inglesa em situações espontâneas em um gênero de televisão cuja

característica principal é a pouca presença de scripts.

Autoconfrontação E Formação Docente: Uma Perspectiva Dialógica

Para O Desenvolvimento De Futuros Professores De Fle.

ELISANDRA MARIA MAGALHÃES

ROZANIA MORAES

[email protected] [email protected]

Este trabalho deriva de uma pesquisa de mestrado centrada em investigar o papel da

autoconfrontação para a formação profissional de futuros professores de francês como

língua estrangeira (FLE). Naquela ocasião, tomamos o quadro metodológico da

autoconfrontação (mais precisamente a autoconfrontação simples – ACS) (CLOT;

FAÏTA, 2000; FAÏTA; VIEIRA, 2003; FAÏTA, 2007), recorremos à filosofia

bakhtiniana da linguagem (BAKHTIN, 2003; BAKHTIN/VOLOCHÍNOV, 2010), aos

pressupostos da Clínica da Atividade (CLOT, 2007, 2008),da Ergonomia da Atividade

(DARSES; MONTMOLLIN, 2006). As análises realizadas apoiaram-se na abordagem

bakhtiniana social e discursiva da linguagem. Na presente proposta de comunicação,

temos o objetivo de discutir a questão de como as relações dialógicas estabelecidas nos

diálogos de alunos-estagiários sobre a atividade docente de uma professora experiente

de FLE funcionam como provocadores de desenvolvimento. Assim, tomando como

corpus da pesquisa o texto resultante da confrontação dos alunos-estagiários com

verbalizações da professora em ACS, observamos o direcionamento das falas dos

alunos a três diferentes tipos de destinatários: imediato, subdestinatário e

sobredestinatário. Nesse sentido, o autor de um enunciado se dirige a um destinatário

que produz uma resposta imediata (professor-formador, pesquisador, outro estagiário), a

ele próprio (aluno-estagiário) e a um participante invisível com quem ele também

dialoga (as prescrições, o métier, etc.). A análise detida desses diálogos indicam que os

estranhamentos e as controvérsias geradas no momento dessas trocas dialógicas fazem

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com que o aluno reaja à sua atividade e busque respostas para suas dúvidas, seus

dilemas, suas dificuldades, etc. Tudo isso o leva a produzir um discurso que alimenta

inúmeras reflexões e que poderá ser visto como recurso para o seu desenvolvimento e

para o desenvolvimento de seu trabalho vindouro, criando, assim, possibilidades de

remodelá-lo. Em outras palavras, essas relações dialógicas viabilizam um discurso

reflexivo que pode ser a base para a transformação da prática docente desses futuros

professores.

“Reconstituição” do trabalho docente na atividade linguageira em

autoconfrontação

ALINE LEONTINA GONÇALVES FARIA

ROZANIA MARIA ALVES DE MORAES

[email protected] [email protected]

O presente trabalho tem como objetivo apresentar e discutir alguns resultados parciais de uma pesquisa voltada para a análise de diálogos oriundos de duas experiências de

autoconfrontação (CLOT; FAÏTA, 2000; FAÏTA; VIEIRA, 2003; FAÏTA, 2007) com

professores estagiários de francês língua estrangeira (FLE). Situada no campo

(SOUZA-E-SILVA; FAÏTA, 2002), a pesquisa conjuga aportes teórico-metodológicos

da ergonomia da atividade (DANIELLOU, 1996) e da clínica da atividade (CLOT,

1999; CLOT, 2010) para analisar o trabalho docente (AMIGUES, 2003; MACHADO,

2004); e, fundamentada na perspectiva dialógica da linguagem círculo-bakhtiniana

(BRAIT, 2005) e na concepção de atividade linguageira (FAÏTA, 2011), seu principal

interesse é compreender as relações dialógicas entre a atividade discursiva e a atividade

de trabalho tomada como objeto de reflexão (CLOT; FAÏTA, 2000) da primeira. Nossa

abordagem dialógica apoia-se na teoria da enunciação bakhtiniana, principalmente nas

noções de enunciado concreto, gêneros de discurso, tema e significação; e na

apropriação dessa teoria por François (1998 e 2005) e Faïta (2007 e 2012) para a análise

de diálogos. A análise dialógica, descritiva e interpretativa dos diálogos, comparando e

contrastando as diferentes fases da autoconfrontação (simples e cruzada) e as duas

experiências realizadas, revelou-nos alguns recursos discursivos recorrentemente

utilizados pelos sujeitos para recontextualizar e reconstituir suas atividades docentes.

Com “reconstituição” nos referimos a diferentes modos de manifestação linguageira da

experiência vivida. Tendemos a compreender que tais recursos discursivos (por

exemplo, a dramatização, a explicitação de um suposto diálogo interior no momento da

ação, e o discurso reportado de falas/ações proibidas) operam uma reconstrução ou

recontextualização discursiva da atividade, ajudando a conscientizá-la e compreendê-la

de um novo modo, no contexto de uma atividade reflexiva.

Análise Dialógica Do Discurso: Canteiros De Trabalho

MARCOS LÚCIO GOIS

[email protected] [email protected]

A Análise Dialógica do Discurso (ADD), centrada na perspectiva bakhtiniana de

linguagem e discurso, tem-se destacado no Brasil como um dos mais promissores

campos de pesquisa na área de estudos discursivos. Para precisar essa afirmação, este

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estudo objetiva fazer uma incursão por pesquisas acadêmicas fundamentadas em ADD,

desejando compreender os temas e assuntos abordados, os teóricos utilizados, os

corpora mobilizados, as instituições nas quais os trabalhos estão inseridos. Para tanto,

incialmente elegem-se como dados de investigação dezenove teses e dissertações

produzidas, a partir do ano 2000, em universidades brasileiras e que se encontram na

Biblioteca Digital Brasileira de Teses e Dissertações. A presente pesquisa, ao

documentar e analisar como a ADD está evoluindo no cenário científico, permite que

novas investigações possam preencher possíveis lacunas e canalizar esforços para o

aprimoramento teórico e metodológico da área em destaque.

Sustentabilidade e Risco: Um estudo multimodal sob o viés dos

sistemas complexos

FELIPE JOSÉ FERNANDES MACEDO

[email protected]

Nunca se discutiu tanto sobre sustentabilidade e desenvolvimento sustentável como no

atual cenário contemporâneo de comunicação. Entretanto, nota-se que esse discurso

acabou se naturalizando tanto que se tornou senso comum, sendo proferido, muitas

vezes, apenas como estratégica discursiva em textos publicitários, jornalísticos e/ou

políticos. Nesse contexto, esse trabalho tem por objetivo promover uma reflexão acerca

do discurso sobre sustentabilidade a partir de um estudo multimodal de cinco

reportagens retiradas de cinco edições da revista Guia Exame de Sustentabilidade. Para

alcançar tal objetivo, a investigação dos significados potenciais produzidos pelos modos

semióticos utilizados nas reportagens foi baseada na perspectiva teórica da Gramática

Sistêmico-Funcional (HALLIDAY; MATTHIESSEN, 2004) e da Gramática do Design

Visual (KRESS; VAN LEEUWEN, 2006), tendo como base as discussões sobre

Modernidade Reflexiva (BECK; GIDDENS; LASH, 1997), Paradigma da

Complexidade (MORIN, 2011; VASCONCELLOS, 2002) e a Teoria da Complexidade

(HOLLAND, 1995; LARSEN-FREEMAN; CAMERON, 2008). Os resultados das

análises indicam que as configurações verbais e visuais realizadas pelos produtores das

reportagens que compõem o corpus desta pesquisa contribuem com o discurso sobre

sustentabilidade, uma vez que valorizam representações de empresas que, ao adotarem

uma postura sustentável, conseguem reduzir o impacto ambiental de suas ações.

Contudo, nota-se que o espaço discursivo dado à representação das empresas nas

reportagens é preenchido por um discurso muito mais preocupado com as questões

mercadológicas do que com a conscientização de seus leitores sobre a importância da

sustentabilidade. Pode-se perceber ainda que o que a revista e as empresas entendem por

sustentabilidade está longe de representar um modelo ideal.

A Construção da Masculinidade em Home de Toni Morrison, um

enfoque sistêmico-funcional

APARECIDA ARAUJO DOS SANTOS

[email protected] [email protected]

O objetivo deste trabalho é o exame da construção da identidade masculina afro-

americana na linguagem de Toni Morrison, em sua última obra Home. Seus

personagens são marcados pela segregação racial, pobreza e impedimento à cidadania

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no cenário do pós-guerra da Coreia (1950) e o Macartismo. O protagonista, um veterano

de guerra negro intelectual, sai de uma região ao Norte dos Estados Unidos rumo a sua

odiada cidade natal, Lotus, Geórgia, para resgatar sua irmã, enfrentando também

traumas de guerra e a reconstrução de si. A partir dos capítulos escritos em primeira

pessoa, serão verificadas as escolhas léxico-gramaticais feitas na microestrutura do

texto para resgatar a macroestrutura da questão racial e de gênero presentes na

subjacência do discurso. A base teórica será a Gramática Sistêmico-Funcional

(HALLIDAY; MATHIESSEN, 2004), que enfoca a descrição e a classificação de

processos verbais, participantes e circunstâncias, parte da metafunção ideacional, bem

como o Sistema de Avaliatividade (MARTIN; WHITE, 2005), da metafunção

interpessoal, complementada - em termos do exame da identidade - pelos princípios da

emergência, da posição, da indexicalidade e da relacionalidade (BUCHOLTZ;HALL,

2005). Os primeiros resultados revelam a desconstrução de um personagem machista e

opressor, característico da época, e apontam para um representante masculino mítico

que sofre com o contexto histórico-social no qual está inserido.

Gênero de atividade docente: um estudo por meio da teoria dos tópicos

discursivos

DAIANA ECKER

ANSELMO LIMA

[email protected] [email protected]

Este estudo apresenta resultados de uma ação de formação docente continuada em

andamento em uma universidade federal. A ação se realizou por meio de um emprego

específico do método da autoconfrontação (CLOT, 2008/2010), o qual consistiu em o

professor observar uma sequência de imagens suas em sala de aula e, a partir dessas

imagens, dialogar e refletir com seus pares e com o pesquisador. Com o objetivo de

compreender aspectos ligados ao desenvolvimento do gênero de atividade de dois

docentes do departamento de mecânica, dispomos de transcrições de duas sessões de

autoconfrontação simples das quais esses professores participaram. Na materialização

do diálogo durante a autoconfrontação, identificamos temas/assuntos que permeiam a

comunicação. Esses assuntos estão sendo abordados nesta pesquisa com base no

conceito de tópicos discursivos. Eles decorrem de “um processo que envolve

colaborativamente os participantes do ato interacional na construção da conversação,

assentada num complexo de fatores contextuais” (JUBRAN d al, 2002). Os tópicos

discursivos podem ser identificados considerando as relações de interdependência que

se estabelecem de acordo com maior ou menor abrangência do assunto, sendo possível

identificar níveis de estruturação dos tópicos, indo desde um constituinte mínimo até

porções maiores, que correspondem aos subtópicos, tópicos e supertópicos. No nosso

estudo, o tópico mais abrangente, o supertópico, corresponde a um trecho de aula de

cada professor, e os tópicos e subtópicos são constituídos nas autoconfrontações. Com

base na identificação dos tópicos, buscamos os que tematizam aspectos do gênero de

atividade, que são formas relativamente estáveis de ação (Clot, 2008/2010), estando

disponíveis aos professores por meio da relação com a coletividade docente/discente e

sendo recriados em sua ação. Por meio dessa identificação é possível perceber o

desenvolvimento do gênero da prática docente dos professores e também aspectos que

são comuns aos dois docentes e que, portanto, pertencem ao gênero de atividade.

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A linguagem da Internet – um estudo multidimensional de variação de

registro em línguas portuguesa e inglesa

CRISTINA ACUNZO [email protected]

Este trabalho teve como objetivo o estudo sobre os registros (variedades linguísticas) da

Internet nas línguas portuguesa e inglesa. A comunicação online é amplamente

utilizada, ao passo que pesquisadores ainda se prendem a análises de maneira

generalista, como em dicotomias como formal ou informal. A presente pesquisa explora

textos da Internet por meio da Análise Multidimensional (BIBER, 1988, 2009), visando

a identificar as variáveis que os caracterizam, mostrando suas relações, proximidade e

distância, tanto entre si, como com textos de registros de outros meios que não o digital.

Essa metodologia insere-se na Linguística de Corpus, que investiga a linguagem em uso

por meio de ferramentas computacionais em coletâneas de textos, chamados corpora. A

Análise Multidimensional é uma abordagem que utiliza análise estatística (fatorial)

visando ao mapeamento das associações entre um conjunto variado de características

linguísticas, por meio de dimensões de variação linguística – contínuos de variação em

oposição a dois polos desassociados. Neste estudo foi coletado um corpus de 600 textos

dentro de 15 registros. Resumidamente, o estudo envolveu: (1) anotação automática e

semiautomática das variáveis pertinentes para a caracterização dos registros; (2)

agrupamento dessas variáveis em fatores, ou seja, a união de textos com padrões de

coocorrência de variáveis; (3) escores das dimensões para os registros da Internet foram

mapeados nas dimensões de variação já existentes em ambas as línguas (Biber; 1988

para o inglês e Berber Sardinha, Kauffmann e Acunzo; 2014 para o português) (4)

interpretação dos resultados. Dentre eles, apontamos o da dimensão “produção com

envolvimento versus produção com foco informacional”: na língua portuguesa, os

comentários de usuários em sites de notícias resultou mais envolvido do que em outros

sites e comentários em sites de hotéis e restaurantesrevelaram-se mais informacionais,

enquanto na língua inglesa todos os registros de comentários agruparam-se no polo da

produção com envolvimento.

“Coxinha”, afinal quem é você?

MARCELLA MACHADO DE CAMPOS

[email protected] Se partirmos da premissa de que o interdiscurso tem primazia sobre o discurso

(MAINGUENEAU, 2008) e de que toda enunciação se caracteriza pela disputa da

verdade pela palavra em uma relação de aliança, de polêmica ou de oposição

(MAINGUENEAU, 2013), podemos observar, para além da denotação primeira de

“massa frita com recheio de frango desfiado”, que a acepção do termo “coxinha” vem

adquirindo sentidos que rivalizam entre si – de um lado, há quem afirme que “coxinha”,

que outrora se prestava para designar policiais que faziam refeições de graça em

estabelecimentos comerciais, seja sinônimo de alguém que se posiciona contra o

governo, as minorias e as causas sociais; por outro lado, mais recentemente e em

resposta à suposta ofensa cometida por partidários do governo, os chamados “coxinhas”

passaram a atribuir à alcunha os significados de “classe média trabalhadora que não

aceita mais essa roubalheira”, “propenso ao trabalho e ao estudo” e “aquele que dá valor

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ao mérito”. Assim, aventamos a hipótese de alçar “coxinha” ao status de fórmula

discursiva como materialidade linguística reveladora do panorama sociopolítico atual,

“que organiza, por meio dos discursos, as relações de poder e de opinião” (KRIEG-

PLANQUE, 2010: 9). A princípio, “coxinha” parece cumprir as quatro propriedades

basilares da fórmula conforme propostas por Krieg-Planque (2010), a saber, caráter

cristalizado, inscrição em uma dimensão discursiva, funcionamento como referente

social e aspecto polêmico. É do ponto de vista da análise do discurso, portanto, que nos

lançamos ao desafio de responder a pergunta: “coxinha”, afinal quem é você?

A influência das escolhas léxico-gramaticais na busca da negociação

com o leitor em resenhas acadêmicas

ALINE SILVA

[email protected] [email protected]

Este trabalho objetiva discutir a construção do gênero resenha acadêmica nas áreas de

Linguística, Literatura e História. A proposta tem como base as pesquisas já realizadas

sobre o gênero, tais como Motta-Roth (2002), Muniz-Oliveira (2009), Vian Jr. E Ikeda

(2009) e Silva (2014). O arcabouço teórico que subsidiou a pesquisa é a Linguística

Sistêmico-Funcional (Halliday, 1985, 1994; Halliday & Matthiessen, 1999, 2004), que

tem como foco a língua em uso em diferentes contextos. Com base no sistema de

transitividade da metafunção ideacional, que está associada à representação de nossas

experiências, a análise recaiu sobre o levantamento dos processos verbais e mentais

mais frequentes nas três áreas e, posteriormente, a comparação de semelhanças e

diferenças entre eles. A metafunção interpessoal que está relacionada às crenças, às

escolhas por assumir ou atribuir papéis na relação com os interlocutores também foi

referenciada para o levantamento dos adjuntos modais que estavam associados aos

processos já mencionados. A análise permitiu observar que os processos verbais e

mentais, nas três áreas, em sua maioria estão associados ao maior envolvimento do

resenhista priorizando a linguagem mais elaborada constituída por uma sintetização do

discurso. Já ao que se refere aos adjuntos modais eles se associam aos referidos

indicando elogios e/ou críticas à obra resenhada, evidenciando a construção da

negociação do resenhista com o leitor.

Persuasão em discursos políticos: análise de Franklin Delano Roosevelt

e Getúlio Vargas

LUANA BARBARA SMEETS

[email protected]

O presente trabalho pretende fundamentar a importância dos estudos de análise crítica

do discurso no que se refere ao poder da palavra em discursos políticos diplomáticos e

autoritários. A sequência de discursos busca atender o principal objetivo de explicitar o

poder da palavra como arma política e como ferramenta essencial para o exercício

efetivo do ato de persuadir através da linguagem. Este trabalho analisará a força da

palavra, no que se refere à persuasão através da análise crítica de discursos políticos do

Presidente norte-americano Franklin Delano Roosevelt e do Presidente brasileiro

Getúlio Vargas. Para que tal análise seja possível, será necessário extrapolar os limites

da sentença e considerar, também, o contexto histórico no qual os discursos foram

proferidos. Nas análises apresentadas neste trabalho, o esforço será voltar o olhar para

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aspectos exteriores aos discursos, que possam contribuir para a construção da

interpretação do texto pelos interlocutores. O contexto será importante no processo de

esclarecimento, clarividência, por considerar que a semanticidade está na

situacionalidade. O discurso influi no contexto e vice versa, isso se constitui em um

processo de interação. ‘A compreensão, portanto, não se constitui em uma simples

construção passiva de uma representação do objeto verbal, mas parte de um processo

interacional no qual o ouvinte ativamente interpreta as ações do locutor. ’ (VANDIJK,

2000:19). A parte subjacente está nos explícitos do texto, já a parte submergente só é

possível analisar através dos implícitos. Portanto, maior atenção será voltada ao

contexto de produção para não limitar o estudo a uma análise crítica superficial. Este

trabalho buscará demonstrar ‘força no discurso e força por trás do discurso. ’

(FAIRCLOUGH, 1941:43). Nesse sentido, a tentativa é de inserir um recurso de

tipificação textual, ou seja, o agrupamento de tipos de discursos.

Categoria gramatical gênero dos substantivos do português: uma

análise baseada em corpus

DANIEL LEÃO [email protected]

O presente trabalho consiste em analisar substantivos do português brasileiro para

descobrir a frequência com a qual a categoria gramatical gênero dos substantivos do

português (masculino e feminino) é congruente com o aspecto biológico do item ao qual

a palavra se refere e determinar qual a probabilidade de um substantivo se referir a um

ser biologicamente masculino ou feminino. Para tal, foi utilizada como base teórico-

metodológica a Linguística de Corpus, segundo a qual a língua é entendida como sendo

de caráter probabilístico (Berber Sardinha, 2004), tornando possível a realização de

pesquisas linguísticas com base em análises de frequências e probabilidades. Para a

obtenção dos dados, foram extraídos 32600 substantivos do Corpus Brasileiro de

Variação de Registros (CBVR), os quais foram analisados gramaticalmente (masculino,

feminino ou comum de dois gêneros) e com relação ao aspecto biológico (masculino,

feminino ou neutro). Ao final foi possível obter as frequências relativas de cada uma das

categorias, determinando a frequência e a probabilidade de um substantivo do português

brasileiro ser congruente em classe gramatical e aspecto biológico.

Vozes de Macau: identidade e memória na prosa literária de Henrique

de Senna Fernandes BRUNO TATEISHI

[email protected] Ao se estudar Macau, torna-se imprescindível considerar que se trata de um contexto

formado pelo entrecruzamento de diversas culturas, não só a do colonizador português,

mas também das diversas etnias que ali se instalaram ao longo dos anos. A pesquisa terá

como foco a prosa literária de Henrique de Senna Fernandes, verificando de que forma

o autor orquestra artisticamente toda a diversidade social de linguagens, recuperando

memórias e identidades de Macau. Neste trabalho, serão observadas as vozes que

constituem o discurso dos personagens das quatro obras que compõem a bibliografia de

Henrique de Senna Fernandes: Nam Van – Contos de Macau (1978), Amor e dedinhos

de pé (1985), A trança feiticeira (1994) e Mong-há – Contos de Macau. Considerando o

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que foi exposto buscar-se-á responder as seguintes perguntas: 1) Em que medida a prosa

literária de Senna Fernandes articula a diversidade social de linguagens representadas

artisticamente, recuperando memórias e identidades de Macau? 2) A partir da

orquestração de vozes, que relações dialógicas são estabelecidas na prosa literária de

Senna Fernandes para suscitar memórias e identidades da constituição intercultural de

Macau? Em seguida, buscaremos a confirmação ou a refutação da seguinte hipótese: se

o discurso do romance é plurilíngue, ou seja, constitui-se pelas diferentes falas e

diferentes linguagens e constrói-se na diversidade de vozes sociais, a prosa literária de

Senna Fernandes é representativa da memória e da identidade multicultural de Macau, à

medida que recupera aspectos culturais, sociais e ideológicos de determinado tempo-

espaço. A análise desta pesquisa, inserida no quadro teórico da Análise Dialógica do

Discurso, será feita tendo vista o contexto textual em que as vozes aparecem, o contexto

sócio-histórico macaense que se evidencia nos romances de Henrique de Senna

Fernandes e a participação da constituição intercultural de Macau na formação dos

sujeitos.

Samuel Beckett: de dramaturgo a encenador

[email protected] [email protected]

Esta comunicação tem como objetivo abordar o percurso de Samuel Beckett como

encenador de suas próprias peças de teatro, a partir de uma análise de aspectos do

processo de encenação da peça A última gravação de Krapp [Krapp’s last tape], dirigida

por Beckett em 1969 no Schiller-Theater Werkstatt de Berlim. A reflexão terá como

ponto de partida a relação de Beckett com a encenação teatral, desde seu primeiro

contato acompanhando processos de criação de encenadores renomados como Roger

Blin, e a transição de observador e conselheiro de projetos de outros diretores a

encenador, tendo como premissa um cuidadoso rigor estético sobre o material

dramatúrgico e sobre a transposição desse material para o palco, a partir das

particularidades relativas ao trabalho de interpretação dos atores e à própria encenação

teatral, ou seja, a tensão entre texto e cena. Para tanto, o conceito bakhtiniano de

dialogismo permeará esta reflexão, no sentido de auxiliar o entendimento das relações

dialógicas entre o Beckett dramaturgo e o Beckett encenador.

Tradutores-aprendizes e suas expectativas

MARIA CECÍLIA LOPES

MARIA APARECIDA CALTABIANO

[email protected] [email protected]

É fato que as pesquisas na área de tradução têm crescido nos últimos anos com

trabalhos nas mais variadas perspectivas e abordagens, com especial ênfase nas análises

tradutológicas descritivas (BAKER,1993) e no processo tradutológico (ALVES, 2010).

Temos encontrado menos discussões sobre o ensino ofertado por cursos de bacharelado

em tradução (RODRIGUES, 2012; MARTINS , 2006; OLIVEIRA, 2014;) e sobre as

expectativas dos tradutores-aprendizes que buscam em cursos de graduação uma

formação de excelência para atuarem no mercado. O nosso objetivo nesta apresentação

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é discutir as expectativas advindas da fala de tradutores-aprendizes de duas instituições

de ensino superior da cidade de São Paulo. A pesquisa, de base qualitativa, utilizou para

coleta, um mesmo questionário para ambas instituições e para o processamento dos

dados a ferramenta AntConc (ANTHONY, 2014). Os resultados indicam algumas

expectativas de tradutores-aprendizes que, quando comparados com o que é ofertado

pelas universidades e pelo mercado de trabalho, pode nos levar a melhor compreensão

do que é necessário para a formação de tradutores, assim como atualização constante de

temas a serem introduzidos e discutidos no curso.

Desenho de corpora literários para a análise de estilo: Machado de

Assis e seus contemporâneos

CARLOS HENRIQUE KAUFFMANN

[email protected] [email protected]

O estilo, de acordo com um dos principais teóricos da Linguística de Corpus (Biber e

Conrad, 2009, p.21), é tudo o que é levado a efeito para a comunicação, por um autor ou

uma corrente literária, por exemplo, com uma preocupação estética. Calcula-se o estilo

de um autor a partir do contraste do corpus de sua obra em relação a um corpus de

referência, nesse caso composto por obras de outros autores contemporâneos à época do

primeiro autor. Na presente pesquisa, em andamento, estuda-se a obra ficcional de

Machado de Assis (1839-1908) sob o aspecto do estilo, por meio da variação linguística

observada (Egbert, 2012). Para a sua consecução, foram elaborados dois corpora: o

primeiro (CLIMA), com 849,1 mil palavras, reúne os 17 volumes de romances e livros

de contos de Machado de Assis; o segundo corpus, em fase de coleta, será composto por

cerca de 47 obras, de 22 autores, que cobrem o arco literário de um período histórico

que antecede, e imediatamente sucede, a obra machadiana. Entre esses autores estão:

Joaquim Manuel de Macedo, Manuel Antônio de Almeida, José de Alencar, Franklin

Távora, Visconde de Taunay, Bernardo Guimarães, José do Patrocínio, Raul Pompeia,

Aluísio Azevedo, Coelho Neto, Artur de Azevedo, Euclides da Cunha, João do Rio e

Lima Barreto. Será apresentado o desenho final do corpus de referência. Também as

primeiras conclusões acerca do trabalho de coleta e adaptação de corpora de textos

provenientes de diversas fontes. Ademais, serão abordados tópicos relativos à

documentação necessária para identificar as fontes de referência e rotinas de

processamento técnico do texto para a padronização textual e posterior análise

estatística. Adicionalmente, serão apresentados os mapeamentos dos corpora em relação

a outro corpus de referência, este representativo do português brasileiro contemporâneo,

o CBVR (Berber Sardinha, Kauffmann e Acunzo, 2014).

Autoconfrontação e formação docente: uma perspectiva dialógica para

o desenvolvimento de futuros professores de FLE.

ELISANDRA MARIA MAGALHÃES

ROZANIA MARIA ALVES DE MORAES

[email protected] [email protected]

Este trabalho deriva de uma pesquisa de mestrado centrada em investigar o papel da

autoconfrontação para a formação profissional de futuros professores de francês como

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língua estrangeira (FLE). Naquela ocasião, tomamos o quadro metodológico da

autoconfrontação (mais precisamente a autoconfrontação simples – ACS) (CLOT;

FAÏTA, 2000; FAÏTA; VIEIRA, 2003; FAÏTA, 2007), recorremos à filosofia

bakhtiniana da linguagem (BAKHTIN, 2003; BAKHTIN/VOLOCHÍNOV, 2010), aos

pressupostos da Clínica da Atividade (CLOT, 2007, 2008), da Ergonomia da Atividade

(DARSES; MONTMOLLIN, 2006). As análises realizadas apoiaram-se na abordagem

bakhtiniana social e discursiva da linguagem. Na presente proposta de comunicação,

temos o objetivo de discutir a questão de como as relações dialógicas estabelecidas nos

diálogos de alunos-estagiários sobre a atividade docente de uma professora experiente

de FLE funcionam como provocadores de desenvolvimento. Assim, tomando como

corpus da pesquisa o texto resultante da confrontação dos alunos-estagiários com

verbalizações da professora em ACS, observamos o direcionamento das falas dos

alunos a três diferentes tipos de destinatários: imediato, subdestinatário e

sobredestinatário. Nesse sentido, o autor de um enunciado se dirige a um destinatário

que produz uma resposta imediata (professor-formador, pesquisador, outro estagiário), a

ele próprio (aluno-estagiário) e a um participante invisível com quem ele também

dialoga (as prescrições, o métier, etc.). A análise detida desses diálogos indicam que os

estranhamentos e as controvérsias geradas no momento dessas trocas dialógicas fazem

com que o aluno reaja à sua atividade e busque respostas para suas dúvidas, seus

dilemas, suas dificuldades, etc. Tudo isso o leva a produzir um discurso que alimenta

inúmeras reflexões e que poderá ser visto como recurso para o seu desenvolvimento e

para o desenvolvimento de seu trabalho vindouro, criando, assim, possibilidades de

remodelá-lo. Em outras palavras, essas relações dialógicas viabilizam um discurso

reflexivo que pode ser a base para a transformação da prática docente desses futuros

professores.

Comunidades discursivas e inovação aberta de mercado

SIMONE TOSCHI VALÉRIO

[email protected]

Este artigo se fundamenta na interface da Análise do discurso de base enunciativa

(MAINGUENEAU, 1997, 2001, 2008a, 2008b, 2010) e os estudos sobre trabalho

(SCHWARTZ, 1996, 2000, 2002, 2007). Visa a enfocar os conceitos sobre trabalho que

estão sendo construídos em época de extrema valorização do conhecimento e da

informação em ambientes virtuais e em particular dentro do site Battle of Concepts

(BoC). O objetivo é investigar discursos acerca do trabalho em determinados campos e

espaços discursivos (MAINGUENEAU, 1997; 2001a; 2008a; 2008b; 2010) que

definem funções enunciativas específicas (FOCAULT, 2002; 2008; 2009) em tempos de

economia informacional e época pró-patentes. Para tanto, analisou-se três aspectos em

função da construção discursiva dos conceitos referentes ao trabalho dentro do site: a)

as constituições discursivas de campo e espaço discursivo (MAINGUENEAU, 1997;

2001a; 2008a; 2008b; 2010) e que determinam condições ou possibilidades de

existência de funções enunciativas específicas e, igualmente, de comunidades

discursivas (FOUCAULT, 2002; 2008; 2009); b) semântica global (MAINGUENEAU,

2008a) e; c) dialética de tensões em espaço tripolar (SCHWARTZ, 1996; 2000; 2002;

2007). Desse modo, iniciamos este estudo traçando as tendências do campo econômico,

político e jurídico. Identificamos que dentro do campo econômico o capitalismo tem por

base o cognitismo como fator chave nos processos de produção. No jurídico, vivencia-

se a época pró-patente em que a inovação e criatividade estão vinculadas ao novo

paradigma econômico de geração de valor. Concluímos que tais campos se constituem

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dentro do BoC como dispositivos com capacidade de reconfiguração conceitual acerca

do trabalho econômico, político e jurídico.

Dimensions of Variation in Aircraft Manuals: A study based on

Multidimensional Analysis

MARIA CAROLINA ZUPPARDO

[email protected] [email protected]

In the past two decades there has been a great increase in contract maintenance among

airlines worldwide. Even though English is the official language of international

aviation, it is not the native language of most of the worldwide Maintenance Repair and

Overhaul (MRO) market. Maintenance manuals are important elements in the day to

day operation of passenger aircraft around the world, however, little research has been

done about the linguistic features in them, and whether there is systematic variation

across manufacturers, aircraft models and different kinds of manuals. The goal of this

study was to examine the lexical and grammatical variation of aircraft manuals through

the use of the (Multi-Feature) Multi-Dimensional framework (Biber, 1988 et seq.) as a

means of providing insight into the teaching of Aviation English. In addition, it set out

to apply the 1988 dimensions for English to the manuals, identify the dimensions that

characterize aircraft manuals and verify if there is statistically significant variation

among aircraft manufacturers and models. The corpus used was the CAM (Corpus of

Aircraft Manuals; 10,009,040 t ens; 154 texts in 7 different kinds of manuals from 5

major manufacturers, namely Airbus, ATR, Boeing, Cessna and Embraer), tagged with

the Biber tagger. Results of the application of the 1988 dimensions show that aircraft

manuals are mostly highly informational and non-narrative and there is variation among

them. The multidimensional analysis revealed three dimensions of variation for aircraft

manuals, namely: Dimension 1: Broad system descriptions; Dimension 2: Decision-

making discourse versus Procedural discourse; Dimension 3: Problem-solving discourse

versus Specific parts descriptions. Considerations on how to apply the findings to the

teaching of Aviation English to maintenance technicians will also be presented.

Análise de demandas empresariais em contexto universitário aplicado

à linguagem

POLIANA COELI COSTA ARANTES ARANTES

BRUNO DEUSDARA

[email protected] A partir do arcabouço teórico da análise do discurso de base enunciativa, em interface

com a perspectiva dialógica e polifônica da linguagem, o presente trabalho pretende

analisar duas demandas de trabalho provenientes de contextos empresariais. Tais

demandas nos foram enviadas como problemas de diferentes ordens discursivas e

interculturais,enviados por duas empresas dinamarquesas com sede no Rio de Janeiro. A

proposta consistiu em trabalhar com alunos da graduação por meio de demandas reais e

culminou em um projeto-piloto que, em intercâmbio com a Universidade de Copenhage,

buscou integrar conteúdos acadêmicos e discussões teóricas à proposta de resolução de

problemas em ambiente empresarial e universitário. O projeto foi elaborado com a

participação, à distância e presencial, de dois professores e um grupo de alunos da

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graduação da Universidade de Copenhage, do curso de línguas aplicadas, e de quatro

professores e um grupo de alunos da graduação da Universidade do Estado do Rio de

Janeiro, do curso de Letras e Relações Internacionais. Os resultados apresentados se

pautam nas discussões construídas em grupo e em interação entre os professores

participantes do projeto e os alunos supracitados.

Da performatividade pragmática à cenografia discursiva: imagens de

masculinidade em dois comerciais de uma campanha de produto de

limpeza ELIR FERRARI

[email protected] [email protected]

As conquistas das mulheres pós-movimento feminista foram muitas, mas para Bourdieu

(2005) muito pouca coisa mudou de fato, embora tenha havido muita mudança

superficial. Nessa observação, as relações de trabalho foram as que mais sofreram

alteração, embora o trabalho do lar continua ainda quase totalmente na mão das

mulheres. As práticas sociais, o habitus (BOURDIEU, 2005), as práticas discursas

(MAINGUENEAU, 2007) naturalizaram essa atividade como “trabalho de mulher”,

promovendo uma grande resistência do homem a esse tipo de trabalho. Analisamos dois

comerciais de uma mesma campanha de produtos de limpeza, um feito para a internet e

outro para a televisão, que tentam romper essa resistência, trazendo à tela o homem na

situação de cuidado com a casa. Trabalhando com material midiático, temos o objetivo

de entender como se deu a construção de uma cenografia que envolva um determinado

ethos (MAINGUENEAU, 2001) para que pudessem – a cenografia e o ethos – dar

visibilidade a esse “novo” trabalho que se apresenta ao homem. Buscamos associar

questões discursivas a questões pragmáticas, como os atos de fala e a performatividade,

na perspectiva de Judith Butler (1997), a ethos e cenografia (MAINGUENEAU, 2001).

Gonçalves (2014) sugere que uma imagem discursiva não pode ser apreendida senão

através dos atos de fala. A partir da forma como os performativos (BUTLER, 1997)

estão articulados com o ethos (MAINGUENEAU, 2001), nossos estudos apontam para

a possibilidade de um novo habitus (BOURDIEU, 2005) de masculinidade

contemporânea.

Práticas discursivas, identidade e manifestações culturais em Nova

Prata

IVERTON GESSÉ RIBEIRO GONÇALVES

[email protected] O presente trabalho busca analisar as práticas discursivas do sistema de restrições

semânticas que regula o discurso da imigração italiana em Nova Prata, em especial, a

cenografia e o ethos discursivo que podem ser apreendidos desse discurso. O objetivo

que move este estudo é interpretar as cenografias construídas pelo discurso da imigração

italiana a serviço das manifestações culturais, bem como compreender os éthe

discursivos resultantes desse movimento enunciativo como constructos de identidade da

italianidade. O marco teórico conta com as concepções de cultura, sistemas de

representações simbólicas e poder simbólico, postuladas por Bourdieu (1989), De

Certeau (1995) e Geertz (2008), e as descrições de identidade, apresentadas nos estudos

de Hall (2013) e Woodward (2013). O estudo da semântica global e as categorias

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teóricas de cenografia enunciativa e ethos discursivo, propostas por Maingueneau

(1984/2008a, 1987/1997, 2000/2013), complementam este trabalho. Um estudo dessa

natureza se justifica pela possibilidade de entendermos cultura como uma rede

semiótica a serviço de um poder simbólico. A identidade, lugar discursivo fornecido por

essa rede semiótica, ou sistema de representações simbólicas, é vivida somente no

discurso. O estudo da semântica global oportuniza-nos interpretar as manifestações

culturais e as marcas identitárias por via dos planos do discurso e do enlaçamento

enunciativo promovido pela cenografia e pelo ethos discursivo. O corpus desta pesquisa

é composto pelo depoimento de seis mulheres, reunidos num vídeo documentário

produzido pela Secretaria Municipal de Educação e Cultura de Nova Prata e intitulado

Mulheres e Memórias. A pesquisa caracteriza-se, quanto aos objetivos, como

exploratório-descritiva; bibliográfica e documental no que se refere aos procedimentos

técnicos e classifica-se, por sua abordagem, como qualitativa. O sistema de

representações simbólicas que regula o sistema de restrições semânticas deixa

transparecer, no discurso da imigração italiana, a necessidade de o enunciador legitimar-

se mediante o trabalho árduo em prol da comunidade, o matrimônio como profissão de

fé e a constituição de família. A cenografia desse discurso busca legitimar-se numa

dêixis fundadora que rememora o sofrimento da imigração e engrandece o imigrante na

construção de um ethos heroico e fervoroso.

A representação da escola construída na mídia.

MONICA REBECA BRANDÃO ALVES

[email protected] O presente trabalho, inserido na linha de pesquisa , tem por objetivo analisar e comparar

75 textos retirados do Jornal Folha de São Paulo e Estadão, que tratem de questões

relativas à educação, a fim de compreender como ela é representada na mídia nacional.

Os textos foram coletados durante o período de Fevereiro de 2013 a Fevereiro de 2014.

Para entender a importância que a educação tem na formação, transformação e

desenvolvimento de uma sociedade assumimos como base teórica a Linguística

Sistêmico Funcional (HALLIDAY 1985/1994/2004) para a apreensão das avaliações,

das representações que os textos apresentam sobre educação. As perguntas que norteiam

a pesquisa são: Como a educação é representada pelos textos midiáticos investigados?

Que características de contexto emergem através das escolhas feitas? O que essas

escolhas representam em relação à perspectiva Profissional do Professor. O programa

computacional WordSmith Tools (Scott, 1999) está sendo utilizado como instrumento

metodológico. A lista de palavras, ferramenta presente no WordSmith Tools, já mostra

que os processos verbais são mais presentes no textos retirados da Folha de São Paulo.

Confederações sindicais dos trabalhadores bancários: um espaço

interdiscursivo polêmico

ANTONIO ARTEQUILINO SILVA NETO

[email protected] [email protected]

A presente proposta, ligada à linha de pesquisa “Linguagem e Trabalho ”, pretende

analisar a interdiscursividade que relaciona, confronta e constitui os discursos das duas

maiores confederações sindicais representativas dos trabalhadores bancários (Contraf e

Contec). Nesse sentido, defende um estudo da semântica global de posicionamentos

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discursivos distintos, com ênfase na temática do trabalho. Os diferentes planos de

discursos que se contrapõe entre si pela divergência de interesses (interincompreensão

regrada) geram a polêmica (espaço discursivo polêmico), fato que requer a investigação

do processo de constituição do interdiscurso como espaço de trocas preliminar à própria

gênese do discurso. O papel das confederações sindicais dos bancários é desempenhado

dentro de uma complexa dinâmica de negociações constantes, permeada pela tensão dos

discursos que desvendam as relações conflituosas entre Capital e Trabalho em seus

aspectos de natureza sindical, social, política, econômica e histórica. As divergências e

convergências são constitutivas da relação de interlocução permanente entre os

representantes sindicais dos trabalhadores bancários. As mudanças no mundo do

trabalho refletem uma dimensão complexa de transformações estruturais e conjunturais

presentes nas notícias veiculadas nos sítios na internet da Contraf e da Contec. A análise

discursiva será realizada a partir da abordagem metodológica que envolve o universo, o

campo e o espaço discursivo dentro dos pressupostos de uma pesquisa qualitativa. Os

sítios na internet das confederações sindicais, com ênfase no "clipping" eletrônico

(seleção de notícias de jornais, revistas e outros meios de comunicação) constituem o

corpus para o qual serão empregados os instrumentos de pesquisa (leitura, coleta e

análise crítica dos dados). A organização das informações e dos conteúdos do corpus

desta pesquisa seguirá os passos metodológicos propostos pela obra “Gênese dos

Discursos”, base de todo o desenvolvimento teórico de Dominique Maingueneau

(1984/2005).

Área: Linguagem e Patologias de(a) Linguagem

Sequências hint-and-guess na análise de conversas em situações de

interações com sujeitos com Alzheimer

DOUGLAS VIDAL SANTIAGO (FAPESP)

[email protected] [email protected]

A presente pesquisa propõe identificar e descrever a forma como as interações entre

sujeitos diagnosticados com Alzheimer e outros interlocutores são construídas em

momentos em que há esquecimentos, rupturas ou quebras da sequência interacional

manifestadas durante estas interações. Para isso, atentamos mais particularmente para

um tipo de sequência em específico chamado sequências de hint-and-guess, que aqui

traduzimos como sequência de pista-adivinhação ou como sequências dica-hipótese.

Esse tipo de sequência tem sido produtivamente estudado em contextos de interações

envolvendo sujeitos com alguma patologia linguístico-cognitiva. Analiticamente,

tomamos como base análises de dados de interação social e linguística realizadas

através da perspectiva da Análise da Conversa Etnometodológica (Garcez, 2008), com a

finalidade de identificar e descrever os significados e processos através dos quais a

contribuição pelo falante diagnosticado com doença de Alzheimer é estabelecida na

interação. O corpus de análise desta pesquisa foi extraído dos dados dos corpora DALI

(Doença de Alzheimer, Linguagem e Interação) coletados durante a tese de doutorado

(2004-2008) da pesquisadora e orientadora dessa pesquisa Fernanda Miranda da Cruz.

As constituições dos corpora DALI compreenderam a coleta dos dados de sujeitos com

Doença de Alzheimer em distintas situações interativas, como conversações ordinárias,

atividades de leitura de jornal, situações de almoço em família, encontro de amigos,

reuniões com o grupo de igrejas, rituais como assistir à missa, assistir televisão com os

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familiares, situações de consulta clínica livre, situações de aplicação de testes

diagnósticos e de avaliação neuropsicológica. Desse modo, um tipo particular de

sequências é identificada e analisada: as sequências hint-and-guess, assim chamadas por

se estruturarem em contextos em que um dos participantes oferece pistas para construir

colaborativamente uma conversa.

Fonoaudiologia Educacional: percurso e percalços

ANA ELISA DE BELOTTI E NOGUEIRA BAPTISTA

[email protected]

Este trabalho discute a atuação fonoaudiológica educacional, partindo de reflexões

sobre o percurso do fonoaudiólogo na Educação, suas práticas e inserções na equipe

escolar e sobre o afastamento do fazer clínico na escola. As questões trazidas aqui

foram suscitadas durante minha atuação dentro de uma escola particular na cidade de

São Paulo, onde atuei como fonoaudióloga educacional. Com base nas discussões e

reflexões realizadas no decorrer deste trabalho, foi possível pensar possibilidades e

caminhos para que a atuação fonoaudiológica seja mais efetiva no espaço educacional,

buscando definir/delimitar suas práticas dentro da equipe pedagógica. A base teórica

adotada é o conjunto de pressupostos elaborados no Interacionismo em Aquisição da

Linguagem (De LEMOS, 1992 e outros), decorrentes da produção bibliográfica

desenvolvida, desde 1997, por pesquisadores do LAEL- PUCSP. Neste espaço teórico,

as discussões são fortemente instruídas pelo estruturalismo europeu (SAUSSURE,

1916/1974; JAKOBSON, 1954; MILNER, 1978, 2002). Foram também contemplados

textos de pesquisadores do campo da Fonoaudiologia que se voltaram para o percurso

histórico da profissão e do fonoaudiólogo na Educação. A meta foi debater a atuação do

fonoaudiólogo no espaço educacional e dessa forma, leis, pareceres e diretrizes que

definem o perfil do fonoaudiólogo na Educação, emitidos pelo Sistema de Conselhos

Federal e Regionais de Fonoaudiologia foram examinados. Para avistar o que tem sido

realizado por fonoaudiólogos atuantes neste campo, foi realizada uma pesquisa de

caráter qualitativo, utilizando como instrumento questionário com perguntas fechadas e

abertas, respondidos por 5 fonoaudiólogas atuantes em Fonoaudiologia Educacional. Os

relatos coletados através destes questionários foram relatados e analisados neste

trabalho. Espera-se, dessa forma, contribuir para a reflexão e caracterização das práticas

em Fonoaudiologia Educacional.

A aquisição da escrita em língua portuguesa e suas implicações na vida

de sujeitos surdos.

MIRIAM MAIA DE ARAÚJO PEREIRA

[email protected] [email protected]

Considerando a linguagem como atividade constitutiva do homem, portanto,

imprescindível para a construção de sua identidade enquanto ser ativo e responsivo este

trabalho tem como objetivo analisar a aquisição da língua escrita em português

porsujeito surdo as implicações disso em sua trajetória escolar. Justifica-se esse estudo

no sentido de que é necessário entender que aprimeira história linguística que se

constrói e que permite a leitura de mundo e não apenas a da palavra escrita está

assentada em experiências sócio-históricas que permitem a identidade/identificação com

um grupo cultural de referência, e no caso dos sujeitos surdos isso se torna

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extremamente complexo, uma vez que a maioria nasce em família de ouvintes, o que

acaba deixando-os sem um grupo de referência sociocultural. Dependendo do contexto

familiar, se filhos de pais ouvintes, terão contato inicial com a língua portuguesa e se

tiverem com língua brasileira de sinais, será muito tardiamente; se filhos de pais surdos,

o contato com a língua brasileira de sinais será mais cedo, porém a apropriação da

escrita será em língua portuguesa, o que na maioria das vezes, é um problema, uma vez

que eles não dominam a estrutura da mesma, criando assim inúmeros problemas que

poderão influenciar toda sua trajetória escolar e social. Nesta pesquisa pretende-se

realizar um estudo de caso, de caráter qualitativo. Nesta pesquisa será usdo como fonte

teórica o Bilinguismo, (QUADROS, 1997, 2012), (SKLIAR ET AL, 1995), (SACKS,

1998), (BOTELHO, 2013), que dá um direcionamento aos estudos sobre língua de

sinais como primeira língua para o sujeito surdo. O universo da pesquisa se constituirá

de sujeitos surdos graduandos dos cursos de Letras e Letras/Libras da Universidade

Federal do Amapá, que serão selecionados a partir de critérios específicos.

Corpo linguagem: Autismo, gestualidade e interação social

REUEL LUIZ

[email protected] Neste trabalho, pretende-se descrever e analisar a forma como uma criança portadora do

Transtorno do espectro do autismo (TEA) interage com outros interlocutores – amigos e

familiares – em contextos naturais de ocorrência. Será selecionado um pequeno

conjunto de dados audiovisuais e serão analisados o papel e as funções dos gestos na

interação. Os dados apresentados foram extraídos, o Corpus CELA (Corpus de Estudo

Linguagem no Autismo, Cots 2014), composto de gravações audiovisuais que registram

situações interacionais entre uma criança portadora de TEA e familiares em contextos

naturais de ocorrência. Com base nos estudos sobre as relações entre gestos e linguagem

(Kendon 2000, 2004, McNeill 1985, 2000), será investigada a forma como tanto a

criança portadora de TEA quanto os seus interlocutores se utilizam de gestos para

produzir sentidos durante as interações. Nessas interações, os gestos serão entendidos

como constituintes do sistema linguístico, passíveis de serem analisados separadamente,

uma vez que, nestes contextos, nem sempre os gestos se organizam em co-ocorrência

com a fala.

Corpo e linguagem: o tempo e o espaço das interações

FERNANDA MIRANDA DA CRUZ

[email protected]

Os contextos patológicos que afetam a linguagem em muito chamam a atenção

justamente por nos levar a ver outras formas de organização da interação social que não

estão necessariamente organizadas pela linguagem verbal. Partimos do pressuposto que

a interação corporificada (embodied interaction, Streck, J. Et alii, 2011) compõe uma

ecologia de sistema de signos ou sinais, estruturalmente distintos entre si, mas

intrinsecamente relacionados (Goodwin, 2010, Streeck, 2010). Assim, os sujeitos

constroem seus espaços interacionais de uma forma multimodal, ou seja, articulando

criativamente um conjunto de ações. Essas ações implicam falas, gestos, elementos

corporais, objetos do espaço físico, objetos de um espaço discursivo, que se orquestram

na construção dos significados. No quadro do projeto chamado Gestos Mínimos (Cruz,

2015) temos empreendido videoanálises Mondada (2011); Knoblauch d alii (2012)

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realizadas com base em corpora audiovisuais de sujeitos com patologias que afetam a

linguagem. Aqui, serão analisados 3 excertos extraídos desses corpora. Mostraremos

como os sujeitos constroem essa ecologia, em termos da sequencialidade e da

temporalidade da interação, a partir do uso de gestos e da quase ausência da fala.

Operações epilinguísticas como via de investigação da subjetividade

em contextos de Doença de Alzheimer

SIMONE ALENCAR FRONZA

[email protected] O presente trabalho busca investigar questões relacionadas à subjetividade em quadros

de Doença de Alzheimer (DA) em situações de interação institucional e não-

institucional. Para tanto, será utilizado na análise um corpus já existente, o Corpus

DALI – Doença de Alzheimer, Linguagem e Interação (Cruz, 2008), em que são

apresentadas interações entre pacientes com DA e médicos e/ou familiares, tanto em

contextos de consulta médica como na residência do próprio paciente. Para pensarmos a

respeito das relações entre subjetividade e linguagem em Alzheimer serão apresentados

e discutidos alguns dados em que uma sequência narrativa emerge em um contexto de

consulta clínica com aplicação de um protocolo neuropsicológico, com base nos estudos

da narrativa de Bastos (2004) e de estudos da narrativa na afasia de Oliveira e Bastos

(2014). Essa emergência quebra a lógica de perguntas e respostas para oferecer

elementos aparentemente não relacionados aos propósitos daquele momento. O que se

procurará explorar é justamente os momentos em que a linguagem nos oferece outras

possibilidades de pensarmos a relação que o sujeito tem com a demência, como pode ser

observado nos trabalhos de Morato (1988, 2001), Coudry (1988, 1996, 2002, 2010) e

Lier-Devitto (2006).

Reflexões acerca da clínica de linguagem no autismo

RENATA CRISTINA GONÇALVES

[email protected] Crianças com diagnóstico de autismo levantam questões relevantes seja para o campo

da Aquisição da Linguagem, seja para a para a Clínica de Linguagem. Isso porque essas

crianças falam, mas sua fala possui características peculiares, designada como

“ecolálica”. Levando em consideração a polêmica em torno desta manifestação

linguística, este trabalho objetiva refletir sobre a clínica de linguagem no autismo, a fim

de discutir esta fala enigmática para além do estatuto de sintoma neurológico. O

trabalho recorrerá a três fontes teóricas: (1) Aquisição da Linguagem (Lemos, 1992,

2002), que dá norte para a abordagem teórica, sobre quadros patológicos de linguagem,

(2) concepção de outro/Outro da Psicanálise – Lacan (1955) e (3) a Clínica de

Linguagem (Lier-DeVitto 1994; Arantes 1995) que produz reflexões acerca de falas

enigmáticas e que possuem estatuto patológico/sintomático. Conclui-se que esta fala

que não circula foi considerada – e ainda é – como sintomas neurológicos, por esta fala

não demandar ou ser direcionada ao outro. Portanto é preciso dizer de reprodução, visto

que repetição envolve a relação com o outro, cabe aqui referir-se ao conceito de

“especularidade” proposto por Lemos (1982) compreendida como “incorporação da fala

do outro” (processo díspar ao da ecolalia). A Aquisição de Linguagem prioriza o

percurso de crianças que obtêm sucesso no processo de aquisição de linguagem, aquelas

que apresentam o curso inverso, não colocam uma questão para o campo, contudo,

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interrogam a Clínica de Linguagem (ARANTES, 2005). Falas sintomáticas são

encontradas na clínica e os questionamentos sobre os sintomas na fala emergem destas

falas enigmáticas, portanto, é preciso reconhecer que a clínica se encarregou de indagar

sobre essa fala que não circula. Procurei tecer um diálogo entre a Clínica de Linguagem

e a Psicanálise, visto que uma clínica que não implique a hipótese do inconsciente não

pode se configurar como uma clínica de autismo.

A clínica de linguagem e a questão do outro nas deficiências:

considerações sobre normalidade, normatividade e patologia.

TATIANA LANZAROTTO DUDAS

[email protected]

Há, no campo da Fonoaudiologia, trabalhos que exploram uma gama de questões

relativas ao atendimento de pessoas com deficiência. Praticamente todos são orientados

por vertentes organicistas ou sócio cognitivas. A ausência de “oralização”, muito

frequente em casos graves, talvez jogue papel nesse caso: pesquisadores e profissionais

podem concluir que se não há fala, o sujeito está “fora da linguagem”. Supõe-se ao

sujeito, contudo, capacidades perceptuais e cognitivas, mas independentes da

linguagem. Nesse tipo de raciocínio, ela (e seus efeitos sobre o sujeito) são ignorados.

Exceção nesse quadro são aqueles que encaminham uma teorização consistente sobre

linguagem e em quem o sujeito implicado seja o do inconsciente (VASCONCELLOS,

1999 e 2010). Em outras palavras, são raríssimas as pesquisas que se distanciam do

discurso organicista e do sujeito epistêmico. Neste trabalho, diferentemente, são

centrais: (1) o reconhecimento da “ordem própria da língua” (SAUSSURE, 1916),

sustentado no estruturalismo europeu (Jakobson, Benveniste) e mais recentemente, por

autores como J-C Milner (1987, 2002) e De Lemos (1992, 2002) e (2) o reconhecimento

do sujeito do inconsciente, introduzido por Freud e formulado por Lacan. O objetivo

desse trabalho, de cunho qualitativo, é realizar um levantamento bibliográfico sobre os

pontos aqui elencados para problematizar a questão das deficiências, já que é forte o

peso da noção de patologia e de anormalidade no imaginário de profissionais e

familiares. A falta de semelhança em relação ao corpo do outro parece impor a ideia de

anomalia. Atribui-se, de imediato, portanto, uma condição de fragilidade (generalizada)

à essas pessoas, trazendo consequências na relação com o Outro e com a linguagem.

Essas noções serão discutidas a partir do trabalho realizado durante o mestrado.

Testes de leitura e escrita: crianças em risco de dislexia nos primeiros

anos da alfabetização

BERNARDO KOLLING LIMBERGER

MARIANA TERRA TEIXEIRA

[email protected] [email protected]

Este trabalho investiga o desempenho de crianças em testes de leitura, compreensão

leitora e escrita. As crianças participantes deste estudo estão sendo alfabetizadas e são

todas de escolas públicas; recebem, teoricamente, a instrução necessária para aprender a

ler e escrever. Para Morais (2013), a criança precisa ser auxiliada explicitamente, com

exercícios apropriados, a tomar consciência dos fonemas, devido à sua abstração. No

entanto, nem todas as crianças, mesmo com a instrução adequada, conseguem aprender

a ler e escrever nos primeiros anos de escolarização, por terem um transtorno de

aprendizagem de leitura, a dislexia. Estima-se que a dislexia esteja presente em 5 a 20%

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da população escolar (SHAYWITZ, 2006). Esse transtorno se manifesta como uma

dificuldade de converter grafemas em fonemas. Para este trabalho, aplicaram-se testes

de ditado, leitura oral de palavras e pseudopalavras e compreensão leitora a crianças de

seis escolas públicas de Porto Alegre. Esta é a primeira fase de um projeto maior, o

projeto ACERTA (Avaliação de crianças em risco de transtornos de aprendizagem), um

projeto multicêntrico, coordenado pelo professor Augusto Buchweitz. O projeto integra

três instituições: o Instituto do Cérebro do Rio Grande do Sul (PUCRS), a Universidade

Federal de Santa Catarina (UFSC) e o Instituto do Cérebro do Rio Grande do Norte

(UFRN). O objetivo do projeto é identificar crianças com dislexia, a partir da correlação

da avaliação da leitura e da escrita de crianças de escolas públicas dos três estados

brasileiros envolvidos e do desempenho escolar das crianças avaliadas a partir das bases

do INEP, juntamente com os resultados de quatro anos de acompanhamento de

desempenho educacional e de índices neurobiológicos. No presente trabalho,

apresentamos resultamos preliminares de um dos eixos do projeto ACERTA: os

resultados descritivos do desempenho das crianças das seis escolas públicas de Porto

Alegre nos testes de leitura e escrita.

O idoso e a institucionalização: organismo e subjetividade

MARIANA EMENDABILI

[email protected]

Pretendo, neste trabalho, problematizar as noções de velhice versus envelhecimento e

trazer diferentes pontos sobre duas formas de conceber demência para poder, então,

abordar a institucionalização do idoso. As concepções de “velhice, envelhecimento e

demência” serão problematizadas a partir de dois campos distintos: Medicina e Clínica

de Linguagem. O primeiro campo trata delas a partir da ótica organicista e o segundo,

sem desconsiderar o orgânico, as trata a partir da ótica do posicionamento do sujeito

frente à linguagem (De Lemos, 2002). Conforme mostrou Dudas (2009), o efeito mais

profundo da institucionalização é o apagamento subjetivo em favor da manutenção da

rotina (higiene e alimentação, portanto, manutenção do corpo). O modo como a

instituição acolhe seu “morador” vai de encontro ao conceito que cada profissional

construiu sobre o ser “velho” ou ser “demente” e, dependendo de como o profissional

da instituição lida com aquele que está lá, é revelado o modo como o sujeito e sua

relação com a linguagem são concebidos. Considero que há a necessidade de ir além da

preservação orgânica do idoso e assumir que há um sujeito ali que consegue ou não se

manifestar através da fala e que não pode ser desconsiderado. Quero dizer que os

conceitos de velhice, envelhecimento e demência estão na esfera da subjetividade e

quando se reflete sobre o âmbito da subjetividade, a linguagem não pode ser excluída.

Ela é constitutiva do sujeito e é a partir da posição do sujeito frente a linguagem que

podemos fazer leituras diferentes sobre o quadro demencial. Portanto, parto de uma

vertente estruturalista da linguagem (Saussure, 1916) e é a concepção de linguagem o

que permeia a leitura destes diferentes conceitos que discutirei aqui.

AQUISIÇÃO DE LINGUAGEM E TRANSFERÊNCIA: a constituição

do sujeito com deficiência intelectual

LUIZA ALVES

[email protected] [email protected]

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A aquisição da linguagem é um tema bastante discutido no meio acadêmico. Contudo,

os estudos sobre as patologias da linguagem são recentes no Brasil. O horizonte de

pesquisa vislumbrado pretende problematizar as identidades e/ou seus processos de

aquisição de linguagem do sujeito aluno portador de deficiência intelectual,

especificamente em alunos de escola pública de Ensino Fundamental II, partindo de

identificações psicanalíticas que se (con)formam na Pós-Modernidade, e da Análise de

Discurso de linha francesa, em sua terceira fase. O objetivo deste estudo é de analisar a

fala e a escrita sintomática desses sujeitos, no intuito de compreender se estes aprendem

devido ao método adotado pela pesquisadora ou se é reflexo daquilo que Freud e,

posteriormente, Lacan apontam como relação de transferência, como automatismo de

repetição. Balizará a perspectiva discursiva francesa, a partir de estudos de Pechêux e de

Foucault, a psicanálise lacaniana, a psicopedagogia de Fernandes, além de uma visão

geral do campo de Aquisição da linguagem, de conotação interacionista, na qual a

relação criança/língua/fala/escrita é eleita. Metodologicamente, tenciona-se apresentar

resultados de análises do discurso da fala/escrita sintomática desses alunos tidos como

excluídos pedagógicos, a partir de recortes discursivos produzidos no atendimento

individualizado desses sujeitos, da utilização do Método Léa Dupret. Considerando as

condições de produção, a partir da materialidade das aulas (vídeos, áudios, caderno do

aluno e outras atividades escritas que compõem o método), buscar-se-á as

possibilidades de efeito de sentido que surgem como acontecimento discursivo. A

hipótese é a de que crianças que apresentam alguma deficiência intelectual obtêm

rendimentos satisfatórios devido à relação de transferência que estabelecem com a

pesquisadora, e que o método adotado atua como suporte no processo, porquanto utiliza

uma representação diferenciada no processo de alfabetização.

Aspectos multimodais analisados em interações com uma criança

autista CAROLINE PAOLA COTS (FAPESP)

[email protected]

Este trabalho se apresenta com o intuito de investigar como uma criança autista produz

sentidos e significados em suas interações com ou sem linguagem verbal. Para isso,

geramos um corpus audiovisual, denominado CELA (Corpus de Estudo - Linguagem no

Autismo), captado em contexto natural de ocorrência. Nesse corpus buscamos observar

as linhas costumeiras e de errância (método cartográfico de Fernand Deligny, 1968-

1979) do autismo. Essas linhas nos permitem averiguar como a criança interage com

seus parceiros interacionais e analisar as quebras interacionais e as (re)organizações

para produção de sentido e significado. Identificamos no corpus de análise uma

linguagem multimodal mais apoiada no gesto e no agir do que na fala. Para

exemplificar, selecionamos um segmento retirado do corpus de análise, transcrito a

partir da junção de duas propostas: Garcez, Bulla e Loder (2014) adaptada da notação

de Gail Jefferson (2004) e Mondada (2004) adaptado da notação de Gail Jefferson

(1984), e analisamos a organização dessa interação, o desenvolvimento dos tópicos

conversacionais, a temporalidade e elementos de sequencialidade (Levinson, 2007)

(Loder & Jung, 2008). Notamos que a fala não é o principal elemento organizador dessa

interação e o desenvolvimento do tópico conversacional possui uma temporalidade e

uma sequencialidade particular. Constatamos ainda que a criança utiliza combinações

de gestos, o direcionamento de olhar, a postura corporal, em co-ocorrência com a fala

ou não, e o próprio agir para produzir sentido e significado durante a interação.