Caderno de resumos - UNESP: Câmpus de Assis · Letícia de Souza Gonçalves Lidiane Moreira e...

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Menina Lendo (s/d.), de Vladimir Ezhakov Programa d Programa de Pós-graduação em Letras Faculdade de Ciências e Letras de Assis CADERNO DE RESUMOS

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Menina Lendo (s/d.), de Vladimir Ezhakov

Programa d Programa de Pós-graduação em Letras Faculdade de Ciências e Letras de Assis

CADERNO DE RESUMOS

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24, 25 e 26 de abril de 2012

Programa de Pós-graduação em Letras Faculdade de Ciências e Letras de Assis

ASSIS/SP 2012

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UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA “JÚLIO DE MESQUITA FILHO”

Vice-reitor no exercício da Reitoria

Prof. Dr. Julio Cezar Durigan

FACULDADE DE CIÊNCIAS E LETRAS DE ASSIS

Diretor

Dr. Ivan Esperança Rocha

Vice-diretor

Drª. Ana Maria Rodrigues Carvalho

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM LETRAS

Coordenadora

Drª. Cleide Antonia Rapucci

Vice-coordenador

Dr. Álvaro Santos Simões Junior

IV COLÓQUIO DA PÓS GRADUAÇÃO EM LETRAS

COMISSÃO ORGANIZADORA

Coordenador

César Palma dos Santos

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Membros

Adriana Marcon

Célia Cristina de Azevedo

Elisa dos Santos Prado

Letícia de Souza Gonçalves

Lidiane Moreira e Silva

Luiz Fernando Martins de Lima

Thais Nascimento do Vale

Secretário da Seção de Pós-graduação

Marcos Francisco D’Andrea

CADERNO DE RESUMOS

Projeto gráfico, capa e diagramação

Luiz Fernando Martins de Lima

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APRESENTAÇÃO

O IV Colóquio de Pós-Graduação em Letras da

UNESP/Assis estará centrado na própria área de concentração

do programa de Pós-Graduação em Letras - "Literatura e Vida

Social" -, desdobrando-se em subtemas relacionados às linhas de

pesquisa do programa: 1) Fontes primárias e História Literária;

2) Expressões Literárias da Modernidade; 3) Literatura e

Representação: Gêneros e Fronteiras.

Será proferida uma conferência e serão compostas duas

mesas redondas, de modo a contemplar cada uma dessas linhas

de pesquisa, promovendo uma interação entre pesquisadores do

programa e especialistas do assunto de outros programas.

Além de conferências e comunicações gerais, o Colóquio

pretende promover também a realização de Seminários de

Pesquisa, fomentando discussões sobre projetos de alunos

ingressantes, alunos da Iniciação Científica e candidatos do

processo seletivo de programas de pós-graduação.

Assis, abril de 2012

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RESUMOS – SEMINÁRIOS DE PESQUISA

O PROJETO AUTO-BIOGRÁFICO SARAMAGUIANO EM MANUAL

DE PINTURA E CALIGRAFIA E AS PEQUENAS MEMÓRIAS

Adriana Marcon (Mestranda – UNESP/Assis)

25 DE ABRIL DE 2012 – 9:00 ÀS 11:30 – CENTRAL DE SALAS DE AULAS DE

HISTÓRIA – MINI ANFITEATRO

A presente pesquisa propõe a análise do processo figurativo, temático e

estilístico do escritor português José Saramago em Manual de Pintura e

Caligrafia (1977) e As Pequenas Memórias (2006), procurando destacar suas

semelhanças e diferenças, por meio do rastreamento dos temas e figuras

recorrentes nas duas obras. Para tal, serão consideradas as tensões de gêneros

instaladas na autobiografia quando produzida por um ficcionista, bem como o

uso de indícios autobiográficos na elaboração de um romance. Além disso,

pretende-se contrabalancear dois momentos distintos da produção do Autor,

nos quais respectivamente se enquadram as referidas obras: “período de

formação” e “período de consolidação”. Dado o cariz inovador e subversivo

apresentado na escrita de Saramago, almeja-se também, verificar a

vinculação de ambas as escrituras com os novos caminhos da ficção

portuguesa e com as diretrizes estéticas do Pós-modernismo.

O ENSINO DA LITERATURA INFANTIL NA ESCOLA E A

FORMAÇÃO DO LEITOR: UM OLHAR SOBRE AS CONCEPÇÕES

E PRÁTICAS DE PROFESSORES

Ana Suellen Martins (Mestranda – UNESP/Assis)

25 DE ABRIL DE 2012 – 9:00 ÀS 11:30 – CENTRAL DE SALAS DE AULAS DE

HISTÓRIA – SALA 5

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A leitura é uma das atividades que permite ao sujeito conhecer, além de si

mesmo, histórias e fatos a partir do olhar do outro. O sujeito que lê mergulha

num universo em que códigos se unem para transmitir informações de vários

gêneros e que, se bem interligadas, prendem a sua atenção. Assim, esta

pesquisa situa, portanto, a literatura enquanto uma prática que se concretiza

por meio da leitura, sendo a escola uma das instituições responsáveis pelo seu

ensino e trabalho com a obra literária. O modo como o texto literário é

trabalhado na escola influenciará a visão do aluno e, consequentemente, a

(de) formação do leitor. Portanto, como objetivo geral desta pesquisa, busca-

se investigar como os professores dos primeiros anos do Ensino Fundamental

concebem a obra literária e a utilizam nas aulas tanto nas atividades de escrita

como de leitura com vista a formar o leitor, desdobrando-se na análise das

metodologias usadas pelos professores. Para tal, será realizada a pesquisa de

campo numa escola pública de Assis-SP, por meio da observação e

questionário aplicado a professores das séries iniciais. A contribuição de tal

estudo fundamenta-se na investigação, de modo mais sistemático, de como a

literatura é concebida na escola, segundo a visão dos professores, e como o

seu ensino ocorre na escola para formar o aluno leitor, tudo visando à

promoção de melhorias do ensino, principalmente no da leitura.

LITERATURA E HISTÓRIA – A PRESENÇA DA METAFICÇÃO

HISTORIOGRÁFICA NAS OBRAS O PROSCRITO, DE RUY

TAPIOCA E DESMUNDO DE ANA MIRANDA

Cristiano Mello de Oliveira (UFSC)

25 DE ABRIL DE 2012 – 9:00 ÀS 11:30 – CENTRAL DE SALAS DE AULAS DE

HISTÓRIA – ANFITEATRO ANTONIO MERISSE

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A obra O Proscrito (2004), do escritor Ruy Tapioca, e Desmundo (1996), da

escritora Ana Miranda, conjugam-se como obras literárias fora dos padrões

comuns da literatura brasileira e, além disso, postulam variados olhares para

alguns fatores da historiografia brasileira. O presente projeto de tese de

doutorado discute, em linhas gerais, algumas considerações através do

recorte de alguns teóricos contemporâneos que mais evidenciem a temática

da “metaficção historiográfica” nessas obras. Postulamos com a hipótese de

que os autores e as obras mencionadas desconstroem a história oficial,

partindo para uma profunda crítica da nação brasileira e da portuguesa. A

linha de pesquisa a que iremos submeter esse projeto está vinculada à

dicotomia literatura e memória e à área de concentração Literatura Brasileira.

Em um primeiro momento, esse projeto percorre as principais características

dos romances O Proscrito e Desmundo, realizando, de forma panorâmica, a

problemática dos enredos e da tessitura textual. Em um segundo momento,

buscaremos descrever a justificativa do discurso entre literatura e história,

discutindo as principais razões e os motivos que nos ambicionam a investigar

o tema aqui proposto. Em um terceiro momento, partiremos para a análise

dos objetivos gerais e específicos, buscando concatenar as principais

estratégias e metas para chegarmos ao resultado e contribuições acadêmicas

nesse projeto de tese de doutorado. Em um quarto momento, enfrentaremos

as reflexões epistemológicas e teóricas que irão movimentar a nossa linha de

raciocínio para a exploração do objeto. Em síntese, contaremos nessa etapa

com o lastro teórico de Sevcenko (1985), Santiago (1981), Esteves (2008),

Weinhardt (1994), Hutcheon (1991) entre outros, necessários para

contemplação do projeto e do tema proposto. Por último, as metodologias

que serão abordadas durante o projeto, a cronologia de execução e as devidas

referências necessárias que iremos organizar para sistematizar a nossa

pesquisa e investigação. Por fim, a contribuição desse projeto de tese de

doutorado visa explorar e instigar os romances O Proscrito e Desmundo, de

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fortuna crítica escassa, instigando o esmaecimento das fronteiras entre ficção

e história oficial, alcançando novas perspectivas para a crítica contemporânea

e para a academia.

UMA PONTE ENTRE O BRASIL E A FRANÇA: HISTÓRIAS DA

MEIA NOITE, DE MACHADO DE ASSIS

Dayane Mussulini (Graduanda – UNESP/Assis)

25 DE ABRIL DE 2012 – 9:00 ÀS 11:30 – CENTRAL DE SALAS DE AULAS DE

HISTÓRIA – ANFITEATRO ANTONIO MERISSE

Histórias da meia noite, de Machado de Assis, é composto por seis contos

que, inicialmente, foram publicados no Jornal das Famílias (1863-1878) e só

foram compilados em livro em 1873. Tendo todos eles a presença de marcas

francesas, pretende-se, à luz da Literatura Comparada e dos estudos de

intertextualidade, realizar a análise desses textos, de modo que, por meio da

localização das fontes citadas pelo autor brasileiro, seja possível apresentar

sugestões para a compreensão de como o elemento francês se manifesta na

obra machadiana, levando também em consideração todo o contexto

brasileiro do século XIX. É imprescindível relembrar que nesse período havia

uma forte tendência brasileira em se espelhar no molde francês, também

como consequência de uma política nacionalista em voga; no entanto,

possuindo Machado de Assis o olhar arguto que teve, objetiva-se levantar

hipóteses de como essa presença francesa se deu nos seus contos e com que

finalidade ela ali se insere.

A CONSTRUÇÃO DO ESPAÇO NA OBRA LOURENTINHO, DONA

ANTÓNIA DE SOUZA NETO & EU, DE LUANDINO VIEIRA

Denise Baleeiro Rosa (Graduanda – UNESP/Assis)

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25 DE ABRIL DE 2012 – 9:00 ÀS 11:30 – CENTRAL DE SALAS DE AULAS DE

HISTÓRIA – MINI ANFITEATRO

Este projeto pretende examinar a questão da representação do espaço na obra

de Luandino Vieira (1935), a partir da relação deste com os demais

elementos estruturais da narrativa. Como corpus da pesquisa, optou-se pelo

livro de contos Lourentinho, Dona Antónia de Souza Neto & Eu. A partir

dessa leitura, objetiva-se expor a relação que os contos pertencentes à obra

mantêm com as teorias existentes sobre o espaço. Luandino Vieira reconstrói

Angola pela visão de mundo dos protagonistas, os quais não se enquadram

nos moldes escolhidos pela sociedade no final da colonização. Nesse

contexto, aspira-se mostrar como o espaço assume um papel importante na

trajetória das personagens, pois, além de caracterizar a construção da

narrativa, contribui para a construção psicológica dos heróis, uma vez que as

mudanças do meio em que vivem delimitam o seu pensar e agir. Dessa

forma, os heróis são marcados por uma busca de identidade em meio a um

mundo que sofreu com a interferência europeia, tentando reconstituir uma

alteridade frente às culturas que criam espaços de exclusão.

A EPOPÉIA PORNÔ DE REINALDO MORAES: QUANDO A

MALANDRAGEM INVADE A ESTÉTICA NARRATIVA

Diogo Schmidt Brunner (Mestrando – UNESP/Assis)

25 DE ABRIL DE 2012 – 9:00 ÀS 11:30 – CENTRAL DE SALAS DE AULAS DE

HISTÓRIA – ANFITEATRO ANTONIO MERISSE

Este projeto se propõe a analisar o mais recente livro do escritor paulistano

Reinaldo Moraes: Pornopopéia, lançado em 2009. Nossa hipótese é que

Reinaldo retoma uma figura clássica muito usada como objeto de análise da

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sociedade brasileira: o malandro. Atualizando a discussão iniciada, na

literatura, com Memórias de um Sargento de Milícias de Manuel Antônio de

Almeida, trataremos da figura do malandro contemporâneo, do século XXI.

Com uma linguagem muito inovadora Reinaldo Moraes nos traz a trajetória

de Zeca, personagem–narrador do livro, que nos oferece uma narrativa em

potencial para se entender a figura do malandro (ou poderíamos falar em

cafajeste, outsider, anti-herói, herói pícaro?) nos dias atuais. Temos aqui

novamente a dialética entre ordem e desordem, a questão do trabalho e da

boemia. Mas Pornopopéia possui uma inovação no que diz respeito à

linguagem dessa tradição malandra no romance, - a novidade está na

narrativa, também malandra - sua relação totalmente descompromissada com

as drogas e o sexo, uma busca de prazer que tentaremos analisar como uma

possível resistência em constante tensão com uma crítica desse

comportamento na sociedade contemporânea, dentro de uma realidade cada

vez mais voltada para o trabalho mecanizado, onde a busca do prazer deve vir

sempre em segundo plano.

UM JOGO DE DÚVIDAS: HELENA, DE MACHADO DE ASSIS E LE

ROMAN D’UN JEUNE HOMME PAUVRE, DE OCTAVE FEUILLET

Ederson Murback (Graduado – UNESP/Assis)

25 DE ABRIL DE 2012 – 9:00 ÀS 11:30 – CENTRAL DE SALAS DE AULAS DE

HISTÓRIA – ANFITEATRO ANTONIO MERISSE

Por meio do confronto entre os romances Helena, de Machado de Assis, e Le

Roman d’un jeune homme pauvre, de Octave Feuilllet, pretende-se

estabelecer uma comparação entre os dois autores e suas relativas obras, bem

como destacar a importância, a recepção e o tratamento do elemento francês

no Brasil e no romance do escritor brasileiro. É inegável a importância da

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literatura e da cultura francesa no Brasil. Desde o século XVIII, a França e

sua cultura despertavam o interesse das altas classes sociais e intelectuais

brasileiras. No século XIX, a influência francesa atinge o “clímax de seu

prestígio e de sua função civilizadora” na sociedade brasileira (CANDIDO,

1977), tornando-se símbolo de cultura e erudição no país. Não é

necessário muita procura para que se encontrem, nos diversos tipos de texto

de Machado de Assis, indícios da presença francesa, já que, sendo parte do

chão cultural do autor, a literatura e a cultura francesa sempre estiveram em

diálogo com a obra de Machado (PASSOS, 1995). Partindo da afirmação de

Álvaro Manuel Machado de que “não há acaso num texto literário” (1988, p.

116), serão encontradas marcas da presença da cultura francesa na obra de

Machado de Assis e, principalmente, se fará um busca de elementos que

demonstrem o diálogo existente entre Helena e Le Roman d’um jeune homme

pauvre.

ESTUDO E TRADUÇÃO DE TRÊS ARTIGOS INÉDITOS DE

PROUST.

Felipe Navarro Bio de Toledo (Graduando – USP)

25 DE ABRIL DE 2012 – 9:00 ÀS 11:30 – CENTRAL DE SALAS DE AULAS DE

HISTÓRIA – ANFITEATRO ANTONIO MERISSE

O trabalho de iniciação científica que estamos desenvolvendo consiste, em

uma primeira fase, na tradução de três trabalhos de Proust inéditos em língua

portuguesa (Contre l'obscurité, La Bible d'Amiens - post-scriptum à la

préface du traducteur e Impressions de route en automobile). Todos eles

foram escritos entre 1896 e 1907, antes, portanto, da publicação do seu

romance mais importante, À la recherche du temps perdu. Em uma segunda

fase, desenvolve-se uma análise literária e cultural de tais textos. Neles, como

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sabemos, o escritor francês discorre sobre temas – como questões de crítica

literária, movimentos artísticos e a relação entre a modernidade e os objetos

clássicos – e inaugura modos de escrever importantes tanto para a sua

produção literária subsequente quanto para a compreensão de posições

históricas e culturais de sua época, as quais, no entanto, ultrapassam o seu

enquadramento histórico para nos fornecer ferramentas para a compreensão

de problemas contemporâneos. A análise dos escritos revela-se, pois, muito

frutífera. As traduções estão sendo feitas com base na edição de Jérôme

Picon, Écrits sur l'art, e buscam desvendar e esclarecer ao leitor, na medida

do possível, as alusões sociais, históricas e culturais presentes nos textos,

para possibilitar uma compreensão mais ampla das obras.

O MAR DE AGOSTINHO NETO E FERNANDO PESSOA:

REFLEXÕES SOBRE PASSADO E PRESENTE PARA A

CONSTRUÇÃO DA IDENTIDADE NACIONAL

Lidiane Moreira e Silva (Mestranda - UNESP/Assis)

25 DE ABRIL DE 2012 – 9:00 ÀS 11:30 – CENTRAL DE SALAS DE AULAS DE

HISTÓRIA – MINI ANFITEATRO

As ideias de Portugal e Angola acerca de suas identidades nacionais expostas

nos poemas de Fernando Pessoa (1888-1935) e Agostinho Neto (1922-1979)

apontam para o mar como elemento fundamental para a construção histórica

de seus povos. Atentando-se às concepções simbólicas universais e

principalmente dando observância às diversas visões daquele que é

colonizado, contrapondo com àquelas do colonizador, o mar pode ser

compreendido como local de transição, de memória e, portanto, matéria

essencial para a construção histórica e do perfil de um povo. A identidade

nacional e o mar são aspectos que poderão ser verificados em obras como

Sagrada Esperança (NETO, 1974) e Mensagem (PESSOA, 1934), as quais

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foram escolhidas para iniciar a pesquisa proposta. A identidade de um povo

se constroi através do tempo, estudá-la por meio de análises comparadas de

obras de arte proporcionam visões plurais, portanto bastante frutíferas, a

respeito das culturas em questão.

A POESIA ENGAJADA DE SOPHIA DE MELLO BREYNER

ANDRESEN

Luane Gonçalves Amurin (Graduanda – UNESP/Assis)

25 DE ABRIL DE 2012 – 9:00 ÀS 11:30 – CENTRAL DE SALAS DE AULAS DE

HISTÓRIA – SALA 5

Este projeto visa fazer uma antologia comentada com os poemas da

poetisa portuguesa Sophia de Mello Breyner Andresen.

A poetisa viveu em Portugal Salazarista, periodo ditadorial

conturbado para muitos intelectuais da época. Shophia de Mello, com seu

caráter revolucionário, deixa transparecer todos seus sentimentos, que

também eram semelhantes aos da sociedade, de revolta e luta à liberdade.

Seus poemas abrangem o período do neorrealismo português,

movimento de concientização do fenômeno artistico, contexto em que a

teoria literária se vale de ideologias, realidade e transformação da sociedade.

VERSÕES DE MARIANA – UMA APROXIMAÇÃO ENTRE O

CONTO E O ROMANCE

Luís Roberto de Souza Junior (Mestrando – PUC/RS)

25 DE ABRIL DE 2012 – 9:00 ÀS 11:30 – CENTRAL DE SALAS DE AULAS DE

HISTÓRIA – SALA 5

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A justificativa para que o projeto seja realizado é primeiramente fomentar a

linha de pesquisa na qual ele se encaixa, ou seja, escrita criativa.

Do ponto de vista teórico, a proposta aqui apresentada aborda o tema por um

ângulo novo, uma vez que combina num mesmo livro, as características do

conto – cuja função, segundo comparação de Mempo Giardinelli, é “esgotar,

por intensidade, uma situação” – com as do romance – cuja função é

“desenvolver várias situações”.

O projeto é resultado de um trabalho que vem de longe, já que se trata de um

livro cuja idéia surgiu há alguns anos, como um livro de contos, e foi

lentamente desenvolvida e transformada num romance peculiar, em que

capítulo também possa ser lido de forma independente.

ENCONTRO E RENDENÇÃO NA OBRA “ONDE ANDARÁ DULCE

VEIGA?”, DE CAIO FERNANDO ABREU

Natália Rizzatti Ferreira (Mestranda – UNESP/Assis)

25 DE ABRIL DE 2012 – 9:00 ÀS 11:30 – CENTRAL DE SALAS DE AULAS DE

HISTÓRIA – SALA 5

O presente projeto de pesquisa tem em seu horizonte analítico investigar as

críticas à ideologia moderna e capitalista no interior da obra de Caio

Fernando Abreu (1948-1996). As relações humanas e a formação da

subjetividade dos indivíduos encontra-se no centro das principais

preocupações deste autor. Desta forma, nesta pesquisa, busca-se compreender

como a crítica empreendida pelo autor articula o conteúdo veiculado e os

traços formais, numa dialética em que através da matéria romanesca seus

temas atingem status de recurso estilístico, característicos de toda uma

ideologia. A transposição do modelo do romance europeu clássico para a

realidade de um país subdesenvolvido - e, portanto “atrasado” em relação à

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carruagem histórica do progresso linear capitalista - promoverá um desacordo

entre a representação e o seu contexto. Resulta-se dessa querela – foco das

preocupações de grande parte da tradição da crítica literária do Brasil – um

terreno fértil para perscrutarmos a singularidade de nossa cultura literária.

Para tanto, toma-se como foco da análise o romance Onde andará Dulce

Veiga?, com base nos escritos de Walter Benjamin, Györg Lukács e Antônio

Candido pretendendo-se compreender a inter-relação existente no jogo entre

texto e contexto. De tal sorte, o texto de Abreu, ao se apropriar de aspectos

do romance policial em descompasso com a paisagem local, implodiria sua

forma artística e indiciaria assim a singularidade e autonomia da obra.

Problematiza-se também as possibilidades e os limites da inserção da figura

do “herói positivo” no bojo do romance contemporâneo.

OS ESPAÇOS NARRATIVOS NO ROMANCE TODOS OS NOMES,DE

JOSÉ SARAMAGO

Renata Santana (UEM)

25 DE ABRIL DE 2012 – 9:00 ÀS 11:30 – CENTRAL DE SALAS DE AULAS DE

HISTÓRIA – MINI ANFITEATRO

É no espaço que todas as ações vivenciadas pelos personagens acontecem,

sendo, portanto, a partir dele que se dá o desenrolar da história. Pode-se

afirmar que, em Todos os Nomes, o espaço estabelece um contraste com o

íntimo da personagem, visto que ele pode provocar sensações no sujeito ou,

por outro lado, o sujeito pode atribuir significado ao espaço à sua volta, de

modo que, para a compreensão da obra, é essencial a análise da forma como

o personagem percebe o mundo ao redor de si. Além disso, o espaço

estabelece relações essenciais com a categoria do tempo, que lhe confere

mobilidade e complexidade e é justamente esta interatividade que permite

uma configuração definida do espaço, concorrendo para os significados

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constantes por ele assumidos na obra, que por sinal em Todos os Nomes são

muitos. A Conservatória do Registro Civil e o Cemitério Geral são os

principais espaços em que a narrativa se desenvolve; a Escola e a Cidade

aparecem como espaços secundários. Este projeto tem como objetivo analisar

os espaços narrativos de Todos os Nomes, principalmente aqueles que se

concentram na configuração da Conservatória Geral do Registro Civil e do

Cemitério Geral. Além deste, o presente trabalho visa relacionar os

elementos espaciais com os demais componentes da narrativa saramaguiana,

verificando de que modo concorrem para o desenrolar do romance e para a

construção dos sentidos construídos nesta obra.

AS COMUNIDADES INTERPRETATIVAS DO ROMANCE O ANO DA

MORTE DE RICARDO REIS DE JOSÉ SARAMAGO

Thais Maria Gonçalves da Silva (Mestre – UNESP/Assis)

25 DE ABRIL DE 2012 – 9:00 ÀS 11:30 – CENTRAL DE SALAS DE AULAS DE

HISTÓRIA – MINI ANFITEATRO

José Saramago (1922 – 2010) escreveu em 1984 um livro que fascina o

leitor, entre outros motivos, por causa do seu diálogo com a história, seu

intertexto com a literatura e sua escrita arrebatadora: O ano da morte de

Ricardo Reis. Este trabalho propõe-se a analisar a fortuna crítica dessa obra,

observando-a pela lente da comunidade interpretativa, termo introduzido por

Stanley Fish em seu livro Is there a text in this class? (1980) para designar

diferentes leitores que aplicam as mesmas estratégias de leituras, tanto

construtivas quanto interpretativas, e que têm uma opinião comum sobre o

significado da obra. Este trabalho nasceu da percepção de que os críticos que

se dedicam à obra de Saramago, normalmente, compartilham as mesmas

ideias sobre esse e outros romances do autor. Segundo a hipótese deste

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projeto, isso acontece porque esses críticos pertencem à mesma comunidade

interpretativa. Além de estudar a possibilidade da existência de uma ou

várias dessas comunidades na crítica saramaguiana, também pretendemos

investigar a possibilidade de que o próprio Saramago, através da mídia,

influenciou no modo como a crítica, ou parte dela, lê e compreende seus

romances.

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RESUMOS – SESSÕES DE COMUNICAÇÃO

A VIOLÊNCIA E OS CONTORNOS DA POBREZA EM MAGGIE: A

GIRL OF THE STREETS, DE STEPHEN CRANE

Adriana Carvalho Conde – Doutoranda – (UNESP - Assis)

25 DE ABRIL DE 2012 – 14H00 ÀS 18H00 – PRÉDIO DE HISTÓRIA – SALA 07

A literatura pode auxiliar a refletir sobre questões relacionadas à violência,

especialmente no romance Maggie: A Girl Of The Streets (1893), no qual o

leitor poderá reconhecer os pontos que evidenciam a existência desse

problema. O mundo da personagem Maggie Johson desenhado por Stephen

Crane é governado pela violência e traduz na ficção urbana de Nova York, no

século XIX, uma nova realidade moral e social imposta pelo

desenvolvimento industrial e pelo crescimento da chamada “classe perigosa”,

referindo-se à classe trabalhadora. A história é modelada pelo naturalismo e o

romance supracitado é povoado por moradores dos inúmeros cortiços da

metrópole, caracterizados, entre vilões, alcoólatras e prostitutas, como uma

grande massa de degradados que lutam para existir em um mundo selvagem,

no qual a expressão “eat or be eaten” é levada as últimas conseqüências. A

violência em Maggie é a forma de comunicação predominante e está presente

em todos os momentos, exigindo uma leitura da narrativa de Crane além da

perspectiva naturalista, já que o tom irônico assumido pelo autor sugere uma

representação peculiar dessa violência a qual delineia a vida de abusos

sofrida por Maggie. No romance, Crane tem uma visão clara da força moral

num mundo de degradação e violência. Irradiada pelo determinismo sórdido,

a história funde elementos da pobreza, ignorância, intolerância, num contexto

violento e cruel. Nesse mundo caótico, seguimos a história da menina que

cresce num ambiente instável e violento e em uma escala descendente se

transforma de garota romântica, à prostituta de rua, até cometer suicídio.

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O PESO DA MEMÓRIA COLETIVA EM DIÁRIO DA QUEDA, DE

MICHEL LAUB

Adriana Dusilek (Doutoranda – UNESP/CNPq)

26 DE ABRIL DE 2012 – 14H00 ÀS 18H00 – PRÉDIO DE LETRAS – SALA 11

O objetivo desta comunicação é analisar o romance Diário da Queda (2011),

de Michel Laub (1973-), tendo como recorte a influência da memória coletiva

na constituição do narrador. O narrador é um escritor de 40 anos, judeu, que,

ao recordar seu passado e refletir sobre seu presente, toma como ponto de

partida e reiteração um episódio ocorrido quando tinha treze anos: a violência

cometida por ele e outros colegas judeus contra João, um garoto não-judeu,

na festa de aniversário deste. Além da reiteração, a importância de tal

episódio se percebe por ser João o único personagem da história que tem seu

nome mencionado no diário do narrador. Junto à reflexão sobre o evento, o

narrador faz relações entre a história de seu avô, a história de seu pai e a sua

própria história. A discussão sobre a história do povo judeu, mais

particularmente o genocídio em Auschwitz, está muito presente na narrativa,

tornando-se um peso à identidade do narrador, que problematiza a violência e

a injustiça cometidas contra qualquer ser humano, e busca um outro tipo de

relação entre pai e filho. Na presente análise será feito ainda um diálogo entre

A Memória Coletiva, de Maurice Halbwachs (1877-1945), e A Memória, a

História, o Esquecimento, de Paul Ricoeur (1913-2005).

A LITERATURA DE MIGUEL TORGA SOB AS PERCEPÇÕES

CRÍTICAS DE EDUARDO LOURENÇO E ÓSCAR LOPES

Adriano Loureiro – Mestrando (UNESP/Assis)

25 DE ABRIL DE 2012 – 14H00 ÀS 18H00 – PRÉDIO DE LETRAS – SALA 10 B

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O objetivo deste trabalho é reunir algo das visões críticas de Eduardo

Lourenço e Óscar Lopes sobre as características artísticas do autor português

Miguel Torga, pseudônimo literário do médico Adolfo Correia da Rocha (S.

Martinho de Anta, 1907 – Coimbra, 1995). Dono de uma vasta produção, em

diversas vertentes artísticas, Torga tem, entre o Presencismo e o

Neorrealismo, o auge de sua maturidade intelectual, cujas especificidades são

cotejadas por Lopes e Lourenço nas obras Cinco personalidades literárias

(1961), História da Literatura Portuguesa (2002) e O Desespero Humanista

de Miguel Torga e o das Novas Gerações (1955). O primeiro crítico enfatiza

o processo por meio do qual a aflição humana e a particular do poeta

assumem a forma concentrada de suas manifestações literárias na produção

lírica; o segundo aborda principalmente o elemento mítico na obra contística

de Torga e faz algumas reflexões sobre o comportamento poético e político

dessa importante personalidade da literatura portuguesa do século XX.

Portanto, são as conclusões a que chegam os dois ensaístas que aqui nos

interessam registrar.

UM CRONISTA A SERVIÇO DO JORNAL: OS TEMAS

RECORRENTES NOS TEXTOS MACHADIANOS D`O FUTURO

(1862-1863).

Aline Cristina de Oliveira Cataneli (Mestranda – UNESP/ASSIS)

25 DE ABRIL DE 2012 – 14H00 ÀS 18H00 – PRÉDIO DE LETRAS – SALA 10 C

Em meados do século XIX, o jovem Machado de Assis, que apenas dava os

primeiros passos na carreira jornalística, passa a ser um dos mais assíduos

colaboradores d`O Futuro: periódico literário luso-brasileiro que primava

pela inserção, no cenário fluminense, das literaturas pertencentes às duas

nações de língua portuguesa. O periódico, que durou apenas dez meses,

ostentava uma diretriz de caráter artístico, ignorando o modelo francês de

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jornalismo, símbolo da imprensa bem sucedida da época. Tendo publicado

em dezesseis dos vinte números do jornal, Machado escrevia, com ares de

conversa entre amigos, os acontecimentos que ele considerava importantes,

ou que, embora lhe parecessem banais, pudessem interessar aos assinantes.

Sempre atento as inclinações artísticas do periódico, o cronista sabia como

enredar o leitor e mantê-lo atento do começo ao fim do texto, que era curto,

como se esperava, no tamanho exato para se ler entre as obrigações do dia.

Os assinantes d`O Futuro eram informados sobre o que havia de novo no

campo literário teatral e musical d`aqui e d`além mar. Contudo, as crônicas

não se limitavam ao simples comentário e um olhar mais atento revela que os

textos machadianos enveredavam para o campo da crítica, atividade

desenvolvida pelo escritor ao longo de sua carreira, mas que naquele

momento era veemente negada, porquanto o cronista dizia apenas comentar

as obras por ele abordadas. Destarte, as crônicas d`O Futuro, escritas no

período de 1862 a 1863, guardam um momento de aprendizagem e

despretensão de um Machado de Assis iniciante como homem de letras, mas

também são, a despeito da efemeridade do jornal, páginas de um momento

histórico em que o Brasil começava a desenvolver uma identidade cultural

enquanto Portugal esforçava-se para se manter vivo na ex-colônia.

O ESTUDO DA LITERATURA PORTUGUESA CONTEMPORÂNEA

NA REVISTA COLÓQUIO/LETRAS – SEÇÃO “RECENSÃO

CRÍTICA”

Amanda Mendes – Graduanda (UNESP/Assis)

25 DE ABRIL DE 2012 – 14H00 ÀS 18H00 – PRÉDIO DE LETRAS – SALA 09

Proponho o estudo da literatura portuguesa contemporânea por meio das

resenhas publicadas na revista portuguesa Colóquio Letras seção "Recensão

Crítica" (1980/n. 53 - 1989/n. 112). O estudante brasileiro universitário de

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Letras, dificilmente tem a oportunidade de estudar a Literatura Portuguesa

Contemporânea, das décadas de 1970 até hoje, durante o curso de Graduação.

Por meio da seção "Recensão Crítica" de uma revista literária de grande

prestígio e credibilidade, Colóquio/Letras, é possível deixar os estudantes da

disciplina Literatura Portuguesa em sintonia com os novos autores e textos

literários portugueses. A pesquisa tem como objetivo a elaboração de uma

monografia contemplando comentários acerca da Literatura Portuguesa da

segunda metade do século XX, a partir de livros da história da literatura

portuguesa, contextualização sócio-histórica sobre a revista Colóquio/Letras,

considerações sobre o gênero resenha e anexos contendo fichas catalográficas

com informações sobre o resumo da obra resenhada, nomes de autores e

obras mencionadas, vida e obra do autor resenhado, breves comentários para

os principais pontos da resenha, palavras-chave, informações sobre o

resenhista, seções da revista e nomes referenciados além de textos integrais

das resenhas, sumários das revistas n.53-112 e tabelas diversas. Com base

nessa pesquisa, espera-se contribuir para o estudo da literatura portuguesa

contemporânea (segunda metade do século XX), história da imprensa

periódica portuguesa, desenvolvimento/aguçamento da sensibilidade crítica

do aluno (habilidade de leitura e produção de textos), reflexão sobre a prática

do gênero acadêmico resenha e o eventual material de apoio didático para

alunos e professores de Literatura Portuguesa, possibilitando a continuação

de pesquisas em nível de pós-graduação.

DUHEM: SOBRE A RENASCENÇA DAS CIÊNCIAS, DAS ARTES E

DAS LETRAS

Amélia de Jesus Oliveira (doutoranda em Filosofia/UNICAMP)

25 DE ABRIL DE 2012 – 14H00 ÀS 18H00 – PRÉDIO DE LETRAS – SALA 10 B

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Até o início do século XX, a Idade Média representava para os historiadores

da ciência um período infértil e sem importância. Segundo uma concepção

geral, a sabedoria antiga dos gregos havia saído de cena num contexto em

que a confusão, superstição e ignorância passam a dominar toda a cultura

humana. A passagem da Idade Média para a Renascença foi retratada

usualmente como o da passagem de um estado de dormência da humanidade

para o da revitalização de suas potencialidades. O ideário entusiasta e

engrandecedor da Renascença, promovido sobretudo por Jacob Burckhardt,

em seu livro A cultura do Renascimento na Itália, publicado pela primeira

vez em 1860 fortaleceu a visão que Giorgio Vasari defendera na história da

arte, já em 1550, e a expandiu para outras áreas da cultura humana.

Discutimos, neste trabalho, o combate à história da Renascença, empreendido

por Pierre Duhem, um historiador e filósofo da ciência, visto como o pioneiro

na defesa da importância da Idade Média para o desenvolvimento da ciência

moderna. A discussão das concepções históricas duhemianas relativas ao

empreendimento científico permite uma reflexão sobre a mudança de

perspectiva histórica ocorrida também em outros campos, como o das artes e

das letras.

EMPISMO ERETICO: CONCEITOS-CHAVE

Ana Carolina Negrão Berlini de Andrade (Doutoranda – UNESP/Araraquara)

25 DE ABRIL DE 2012 – 14H00 ÀS 18H00 – PRÉDIO DE LETRAS – SALA 04

Neste trabalho apresentaremos de forma sucinta as teorias e concepções

estéticas de Pier Paolo Pasolini contidas no livro Empirismo eretico (2000),

que reúne artigos de teor cultural publicados na imprensa italiana entre os

anos sessenta e setenta. Nestes artigos, Pasolini discute três grandes temas:

língua, literatura e cinema, que, apesar de estarem divididos didaticamente

em capítulos, intercomunicam-se, imbricam-se uns nos outros. O conceito de

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cinema de poesia, por exemplo, é elaborado por Pasolini a partir de analogias

a procedimentos literários, como o discurso indireto livre e a função poética,

como conceituada por Jakobson. Sendo assim, para o presente trabalho

daremos ênfase aos aspectos relacionados à literatura e ao cinema, sobretudo

no que diz respeito ao cinema de poesia o qual, além de oferecer um

paradigma de análise cinematográfica interessante, também nos permite

discutir alguns conceitos sobre a própria literariedade, uma vez que esta é a

base a partir da qual o artista teoriza o que seria a “essência” estética das

obras fílmicas.

O NARRADOR EM “VIDA OCIOSA”, DE GODOFREDO RANGEL

Ana Cláudia da Silva (Doutora– UNINCOR – UNESP/Araraquara)

Publicado em 1920, o romance “Vida ociosa”, do escritor mineiro Godofredo

Rangel, apresenta um advogado que retorna a uma cidade interiorana para

exercer a função de magistrado. O narrador autodiegético divide-se entre a

admiração e o desprezo pela gente simples que o acolhe festivamente como a

mais ilustre personalidade da região; comovido com a simplicidade que rege

a vida local, o narrador destoa daqueles que o acolhem pela consciência do

distanciamento existente entre os brasileiros letrados – dentre os quais ele se

coloca como representante - e a gente simples, por vezes iletrada, sem acesso

aos bens culturais valorizados pela classe dominante do Brasil no início do

século XX. Incapaz de vencer essa distância, coloca-se o narrador em posição

de observador privilegiado, que narra com ironia aspectos pitorescos da vida

“ociosa” da população local. Escrito em uma linguagem que Antonio

Candido denominou como “literatura caligráfica”, o romance demonstra o

apuro formal e a elegância que fizeram de seu autor o mestre de escritores

mineiros da estirpe de Autran Dourado e Carlos Drummond de Andrade.

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A SÁTIRA ROMANA NA SÁTIRA FRANCESA: PETRÔNIO E A

ILHA DOS HERMAFRODITAS

Ana Cláudia Romano Ribeiro (Doutora – UNINCOR)

26 DE ABRIL DE 2012 – 14H00 ÀS 18H00 – PRÉDIO DE LETRAS – SALA 04

Em geral classificada junto à literatura panfletária e satírica, A ilha dos

hermafroditas foi publicada anonimamente em Paris, em 1605. Essa obra

contém a estrutura narrativa do gênero literário inaugurado por Thomas

Morus, a utopia: um narrador viajante, que um naufrágio o faz desembarcar

em uma ilha desconhecida, regida por leis mais perfeitas do que as que regem

o mundo do narrador, em seu retorno, relata tudo o que viu. A ilha dos

hermafroditas, porém, não é uma comunidade perfeita, mas um local onde

vivem criaturas cuja vida é regida pelo princípio da dissimulação. Nesse país,

nada é deixado em seu estado natural, nada permanece o mesmo por muito

tempo, tudo, coisas e seres, muda constantemente. Essa instabilidade

encontra-se na citação inicial, possivelmente inspirada em um fragmento

sobre a loucura do mundo, atribuído a Petrônio. O autor do Satíricon e seu

personagem Trimalquião também são citados, dessa vez explicitamente, num

episódio que descreve um banquete da corte hermafrodita. O que revela a

presença de um autor satírico romano numa sátira francesa? Quais as relações

entre o tecido narrativo de uma e de outra? Responder a essas questões é o

objetivo dessa comunicação.

EU A CANÇÃO: SEBASTIÃO ALBA, O POETA E SUA POESIA.

Ana Maria Lange Gomes (Mestranda – UNESP/Assis)

26 DE ABRIL DE 2012 – 14H00 ÀS 18H00 – PRÉDIO DE LETRAS – SALA 09

Sebastião Alba, pseudônimo de Dinis Albano Carneiro Gonçalves, nasceu em

Portugal e mudou-se aos oito anos de idade para Moçambique. Na África ele

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publica seus primeiros poemas e acaba por ser reconhecido como um poeta

da literatura moçambicana. Sua obra ainda é pouco conhecida por um público

geral, mas amplamente valorizada dentro do âmbito dos escritores. O

objetivo deste trabalho é tecer algumas considerações sobre o autor e a obra,

sobretudo destacando o diálogo do escritor com a música, em especial a Alba

(canção provençal que culminava com a despedida dos dois amantes ao

amanhecer), como temática e estrutura de composição poética. Esta menção

clara ao universo musical, fala nos também da união íntima do escritor com a

sua arte, onde ele é a própria matéria da qual escreve, portanto é a própria

“canção”, o que talvez justifique uma recorrência de poemas metalinguísticos

em seu conjunto literário. Ao resgatar alguns elementos biográficos do

escritor, e a partir da análise de alguns poemas, procura-se divulgar

modestamente este poeta marginal, que viveu na rua e faleceu como

mendigo, atropelado por um carro na cidade de Braga.

EM BUSCA DO GÊNERO ENCENADO NAS CARTAS CHILENAS

Ana Paula Gomes do Nascimento (Mestranda em Teoria e História Literária

– IEL/UNICAMP – FAPESP)

25 DE ABRIL DE 2012 – 14H00 ÀS 18H00 – PRÉDIO DE LETRAS – SALA 03

As Cartas chilenas circularam em manuscritos anônimos no decênio de 1780

em Vila Rica, atual Ouro Preto. Por terem surgido num período próximo à

Inconfidência Mineira e por terem sido atribuídas a Tomás Antônio Gonzaga,

as cartas passaram a ser lidas como um documento prenunciador desse

movimento em que o autor esteve implicado. Dessa forma, a recepção crítica

da obra se interessou mais por possíveis aspectos reveladores da realidade

histórica da época do que com a historicidade de sua forma poética.

Por essa razão, poucos estudos se ocuparam com a questão do gênero ao qual

a obra pode ser filiada, havendo consenso de que se trata de uma sátira.

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Nosso estudo, porém, entende que a obra é tributária de um gênero epistolar

satírico, e por essa razão pensamos que é relevante examinar que espécie de

gênero é esta. Para tanto, recorreremos à tradição retórico-ético-poética,

ainda vigente até o século XVIII, para tentar desvendá-lo. Note-se que já no

título da obra encontra-se a menção ao gênero epistolar, faltando apenas

descobrir que tipo de carta Critilo escreve de Santiago do Chile para o seu

amigo Doroteu, residente em Espanha. Para responder a essa questão,

precisaremos estudar de que maneira Fanfarrão Minésio é retratado ao longo

de tais cartas.

UM ESTUDO EM TRÊS VERTENTES SOBRE O CONTO O GATO PRETO, DE EDGAR ALLAN POE

Anderson de Souza ANDRADE (G-UNESP/Assis)

25 DE ABRIL DE 2012 – 14H00 ÀS 18H00 – PRÉDIO DE LETRAS – SALA 04

Na história mundial, desde os antigos egípcios, o gato preto sempre teve uma

simbologia de grande importância. Animal venerado, na Idade Média, foi

perseguido pela Inquisição por acreditarem que esses negros gatos nada mais

eram que bruxas disfarçadas. Na atualidade, continua a existir uma forte

crendice envolvendo esse animal que também serviu de tema para Edgar

Allan Poe (1809-1849) em sua obra O Gato Preto (1843). Nosso objetivo é

fazer uma análise do conto e da presença do fantástico nele inserido, como

também apresentar a ampla simbologia empregada em vários momentos de

sua tessitura. Iniciamos nossa análise, em sua vertente histórica, sobre esse

animal utilizado por Poe como personagem central da narrativa. Por tratar-se

de um conto fantástico, em que habitam o sobrenatural e o irreal, partimos

também para essa vertente ao realizar nosso trabalho, utilizando conceitos de

Todorov (1975) e Darnton (1986). Outra vertente a ser comentada é a

psicanalítica para a qual lançamos mão da obra Figuração da Intimidade

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(1986), de João Luiz Lafetá (1946-1996). Pretendemos mostrar que alguns

dos conceitos psicanalíticos podem ser observados nas ações do personagem

de O Gato Preto, como os indicados por Lafetá (1986): o enforcamento do

gato Pluto foi em razão da morte da mãe do personagem como vingança do

pequeno menino contra a castração mutiladora, assim como a forma em que

se deu esse assassínio (o dependuramento da forca). Portanto, o conto de Poe

leva o leitor a fazer várias leituras. Nossa intenção é analisar as várias faces

interpretativas que essa obra nos oferece.

OS ROMANCES DE ANTÔNIO DA FONSECA SOARES E O

“VULGAR” NA POÉTICA DO SÉCULO XVII

André da Costa Lopes (Mestre, UNESP –Campus de Assis)

Luís Fernando Campos D’Arcadia (Mestre, UNESP –Campus de Assis)

25 DE ABRIL DE 2012 – 14H00 ÀS 18H00 – PRÉDIO DE LETRAS – SALA 09

Uma certa porção da poesia seiscentista de língua portuguesa do século XVII

é alvo uma série de estigmas, os quais vão de “exageradamente ornamentada”

até “excessivamente vulgar”. Um exemplo clássico dessa produção poética,

de cunho principalmente lírico, está reunido em coletâneas como a Fênix

Renascida e o Postilhão de Apolo. Execradas pela crítica, grande parte desse

patrimônio cultural do período ainda se encontra manuscrito nas bibliotecas e

arquivos portugueses, como é o caso do poeta Antônio da Fonseca Soares.

Considerado o melhor conceptista do século XVII em Portugal, esse poeta e

seus romances são considerados pela critica posterior uma literatura do “cano

de esgoto”, sendo sua poesia o objeto do conceito, cunhado por sua principal

estudiosa, Maria de Lourdes Belchior Pontes, de “poesia vulgar”. Parte de

um projeto de catalogação dos escritos “vulgares” do autor, procuramos

apresentar nessa comunicação um apanhado de referências que expliquem o

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uso do conceito de vulgar, e a carga retórico-poética desse termo antes de seu

uso pela estudiosa.

PEREGRINACIONES DE UNA ALMA TRISTE DE JUANA

MANUELA GORRITI: UMA NARRATIVA DE VIAGEM

Andreza Aparecida Gomes de Andrade (Mestranda – UNESP/Assis)

25 DE ABRIL DE 2012 – 14H00 ÀS 18H00 – PRÉDIO DE LETRAS – SALA 03

Terminada em Buenos Aires no ano de 1875, e publicada na coleção de dois

volumes intitulada Panoramas de la vida em 1876; Peregrinaciones de una

alma triste é um retrato de varias regiões americanas. Descreve as localidades

por onde passa a “alma triste”, ao mesmo tempo em que mostra os costumes

locais, desenhado com habilidade uma espécie de relato de viagem pela

América Latina. É um dos vários romances da escritora argentina Juana

Manuela Gorriti (1818-1892), estruturado como narrativa de viagem, com

uma narradora viajante que confere unidade a uma série de incidentes e

histórias diferentes. A narrativa conta a história de Laura, filha de uma

família de classe alta de Lima, que foge de sua casa e viaja sozinha pelo

Paraguai, Uruguai, Chile e Brasil. A fuga começa como uma forma de

rebelar-se frente às restrições daquela sociedade, contudo Laura distribui os

problemas que encontra em cada pais, fazendo o papel de uma espécie de

consciência nacional, ou consciência sul-americana. Viajando entre os

marginais, falando com campesinos, bandidos, escravos e principalmente

com mulheres, pode-se perceber que qualidades morais, assim como justiça,

generosidade e compaixão ainda permanecem nas pessoas comuns apesar do

caos social; tirania militar e política, guerras civis e disputas entre índios,

além dos roubos e homicídios frequentes a época nas regiões por onde passa.

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EPÍGRAFES DE O MARIDO DA ADÚLTERA, DE LÚCIO DE

MENDONÇA: SETAS NORTEADORAS NO LABIRINTO DO

TEXTO.

Ariane Carvalho Souza (Mestranda- UNESP/Assis)

26 DE ABRIL DE 2012 – 14H00 ÀS 18H00 – PRÉDIO DE LETRAS – SALA 12

O trabalho a seguir propõe uma breve reflexão sobre o romance epistolar O

marido da adúltera, publicado em 1882 pelo escritor e jornalista Lúcio de

Mendonça. A obra tem como protagonista a jovem Laura, que manipula

quem a cerca para obter o que deseja. A moça, por meio de cartas escritas à

redação do Colombo, conta que teve uma infância difícil e que, depois de

muito sofrer, encontra refúgio nos braços de Luís Marcos, um marido bom a

quem Laura não soube, entretanto, respeitar e que passa a trair. Para a

realização deste trabalho, utilizaremos o conceito operatório de

intertextualidade desenvolvido por Julia Kristeva em Introdução à

Semanálise, no ano de 1969, a partir do conceito de dialogismo de Bakhtin,

de 1929, para quem todo texto literário está inserido em um contexto; “a

‘palavra literária’ não é um ponto (um sentido fixo), mas um cruzamento de

superfícies textuais, um diálogo de diversas escrituras: do escritor, do

destinatário (ou da personagem), do contexto cultural atual ou anterior.”

(KRISTEVA, 1974, p.62). Especificamente para este trabalho, será

imprescindível também o uso do conceito de Paratexto, de Gerard Genette,

de 1982, em que o teórico ressalta que a análise do paratexto é fundamental

para toda e qualquer obra. O Marido da adúltera tem como epígrafe três

citações indiscutivelmente deterministas, que funcionam como setas

norteadoras do caminho a ser percorrido. Desta forma, tentaremos esclarecer

rapidamente a função dos paratextos, lembrando que suas importâncias são

incontestáveis e corroboram para que o leitor percorra o labirinto sugerido

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pelo texto à luz de teorias naturalistas bem definidas e bem explicitadas

desde o início de sua configuração.

UM DESLIZE NA EPÍGRAFE DA PARTE III DOS “VERSOS A

CORINA”

Audrey Ludmilla do Nascimento Miasso (Pós-graduanda em Literatura -

Centro Universitário Padre Anchieta)

25 DE ABRIL DE 2012 – 14H00 ÀS 18H00 – PRÉDIO DE LETRAS – SALA 10 C

Os “Versos a Corina” são o vigésimo sétimo poema das Crisálidas, de

Machado de Assis. Composto de seis partes, os versos são dedicados à

Corina e as partes como um todo recebem epígrafe de Dante Alighieri.

Contudo, para cada parte há uma epígrafe, começando por Briseux, passando

por Houssaye, Mickiewicz, o abreviado A. M., Silvio Pellico e finalizando

com Homero. Nesse estudo nos aprofundamos na epígrafe da parte III dos

“Versos a Corina”, que Machado aponta no livro como sendo versos de

Adam Mickiewicz, retirados dos Sonetos a Crimeia. Na leitura de tais

sonetos não é possível encontrar versos semelhantes aos traduzidos por

Machado na epígrafe (Machado não conhecia o polonês, provavelmente se

valeu da tradução francesa de Christiano Ostrowski), porém, ao lermos os

versos que compõem as “Poésies Diverses”, presentes no primeiro volume de

Oeuvres Poétiques Complètes, tradução de Christiano Ostrowski,

encontramos versos semelhantes na parte intitulada “Elégies”, no poema “A

D. D.”. Dessa maneira, inferimos um deslize do autor ao indicar suas fontes.

A proposta não é condenar o autor por seu deslize, mas entender de que

maneira ele pode ter ocorrido e como essa epígrafe se articula com o poema

machadiano.

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TODA CRÔNICA?: ANÁLISE SOBRE TODA CRÔNICA DE LIMA

BARRETO

Áureo Joaquim Camargo (Doutorando – UNESP/Assis)

26 DE ABRIL DE 2012 – 14H00 ÀS 18H00 – PRÉDIO DE LETRAS – SALA 10

Publicados em 2004, pela Agir, sob a organização das pesquisadoras cariocas

Beatriz Resende e Rachel Valença, os dois volumes de Toda Crônica: Lima

Barreto foram recebidos pela crítica como um trabalho de fôlego na

compilação das crônicas produzidas pelo escritor carioca Lima Barreto

(1881-1922). O objetivo desta comunicação é comparar a organização dos

dois volumes de Toda Crônica: Lima Barreto com as organizações feitas

anteriormente da obra do autor, principalmente a realizada em 1956 pela

Brasiliense, sob a direção de Francisco de Assis Barbosa. Pretende-se, assim,

cotejar as organizações e apresentar as semelhanças e diferenças para, com

isso, analisar os critérios de seleção usados pelos organizadores. A

comunicação, então, dividir-se-á em três momentos: 1º - descrição da

organização dos volumes de Toda Crônica; 2º - cotejo entre as organizações

de Resende & Valença e a de 1956, e 3º: análise dos critérios usados pelos

organizadores para compilação das crônicas de Lima Barreto.

MENINOS DE RUA E A CHACINA DA CANDELÁRIA: A

REESCRITURA DA NOTÍCIA POR GONÇALO FERREIRA DA

SILVA

Bárbara Laís Falcão da Silva Cação (Graduanda – UNESP/Assis –

FAPESP)

26 DE ABRIL DE 2012 – 14H00 ÀS 18H00 – PRÉDIO DE LETRAS – SALA 11

Este estudo tem como objetivo apresentar aspectos da obra do poeta

Gonçalo Ferreira da Silva por meio da análise do folheto Meninos de rua

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e a chacina da candelária com vistas a demonstrar que, apesar de ter

formação acadêmica, o autor utiliza praticamente as mesmas ferramentas

empregadas pelos poetas pioneiros da literatura de cordel com o intuito

de aproximar-se de seu público-leitor. Uma leitura mesmo que apressada

dos poemas de Gonçalo nos permite conceber a presença, por meio da

intertextualidade, de poetas como Leandro Gomes de Barros, João

Martins de Athayde e tantos outros que, de forma pioneira, lançaram

mão dos versos simples e rudes para retratar a realidade circundante.

Analisando o folheto em tela, reelaborado a partir de uma notícia

divulgada pelos meios de comunicação oficial, constatamos que o poeta

lança um novo olhar sobre o universo e a mídia globalizada, recriando os

significados a partir do processo de releitura.

AS PERSONAGENS PROUSTIANAS EM “EPISTOLOGRAFIA” E

“CIRCO DE CAVALINHOS”, DE MÁRIO DE ANDRADE.

Beatriz Simonaio Birelli. (Mestranda – UNESP/ASSIS)

26 DE ABRIL DE 2012 – 14H00 ÀS 18H00 – PRÉDIO DE LETRAS – SALA 04

O presente trabalho visa analisar duas crônicas de Mário de Andrade,

intituladas “Epistolografia” e “Circo de Cavalinhos”. Nos dois textos,

publicados no livro Táxi e crônicas no Diário Nacional, organizado por Telê

Porto Ancona Lopez (2005), o cronista transfigura suas próprias experiências

para discutir aspectos que considerava importantes para a literatura brasileira;

no entanto, ao longo de suas reflexões, Mário refere-se ao escritor francês

Marcel Proust, mais especificamente, a suas personagens. Aparentemente, as

personagens proustianas não possuem nenhuma relação com os textos em

questão, que abordam a incapacidade da linguagem e da inteligência humana

de analisar a si mesmas e o desaparecimento na cultura brasileira dos circos

paulistanos. Mas o confronto entre os textos pode demonstrar que sua

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presença não é gratuita. Dessa forma, pretende-se mostrar de que maneira e

com qual função o escritor de Macunaíma inseriu em crônicas com temáticas

diferentes o mesmo elemento estrangeiro, focalizando o aproveitamento

criativo feito pelo escritor brasileiro em seus textos feitos “ao correr da

pena”.

SÃO PAULO: A CIDADE DAS SENSAÇÕES

Bruna Araujo Cunha (Mestranda/UFV)

26 DE ABRIL DE 2012 – 14H00 ÀS 18H00 – PRÉDIO DE LETRAS – SALA 12

A percepção do espaço é fruto da experiência humana. Já o disse Antonio

Dimas. Buscando compreender a interação do espaço na poesia moderna, este

estudo se concentra na área de literatura e sociedade, observando com

Antonio Candido que a realidade criada pelo poeta não é a realidade do

mundo empírico, mas dialoga com realidade exteriores. Nesse sentido, nos

propomos a analisar na obra Paulicéia Desvairada (1922), de Mário de

Andrade, a tensão entre o “eu” e a “cidade”, já bastante identificada pela

crítica, porém com o objetivo de investigar a figurativização da cidade,

referências de espaços públicos da capital paulista e possíveis relações entre

São Paulo dos anos 1920 e a paulicéia marioandradiana . Dessa forma,

trabalharemos com os conceitos de espaço semantizado e polissensorial,

tendo em vista que são condizentes com os poemas da obra modernista, nos

quais o eu-lírico constroi a cidade por meio de vivências e sensações.

ESFERAS REPRESENTATIVAS DO UNIVERSO CABOVERDIANO

NA FICÇÃO DE HENRIQUE TEIXEIRA DE SOUSA.

Bruna Carolina de Almeida Pinto (Mestranda – UNESP/Assis – FAPESP)

26 DE ABRIL DE 2012 – 14H00 ÀS 18H00 – PRÉDIO DE LETRAS – SALA 09

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A representação do universo caboverdiano no contexto da obra de Henrique

Teixeira de Sousa (1919 – 2005) é de grande valor para a compreensão do

espaço e tempo históricos da Ilha do Fogo, localidade onde viveu o autor. O

conjunto de sua obra oferece uma leitura dessa sociedade e uma visão

panorâmica dos conflitos nela gerados com o surgimento de uma nova classe

que aos poucos substitui a então elite dominante formada, em sua maioria,

por descendentes de portugueses que ali se instalaram em virtude da

colonização de Cabo Verde. Ilhéu de contenda (1978) apresenta um enredo

voltado para os conflitos gerados por esses dois extratos sociais. O romance é

aqui analisado e interpretado segundo os processos de formalizações

literárias da realidade social circunscrita nos três romances que compõem a

trilogia: Ilhéu de contenda (1978), Xaguate (1987) e Na Ribeira de Deus

(1992), os quais são objetos centrais desta pesquisa.

A CRONOTOPIA E A EXOTOPIA DOS “TRIBALISTAS” EM

“BATOM NO DENTE”

Bruna de Souza Silva (Graduanda – UNESP/Assis – BAAE)

Igor Augusto Leite (Graduando – UNESP/Assis)

26 DE ABRIL DE 2012 – 14H00 ÀS 18H00 – PRÉDIO DE LETRAS – SALA 10 C

Esta comunicação, derivada de um projeto inicial de pesquisa científica, tem

como objetivo analisar as relações dialógicas dos cantores-compositores

Marisa Monte, Arnaldo Antunes e Carlinhos Brown, construídas de maneira

dialógica e constituídas por vivências diversas que, ao se reunirem,

constroem marcas autorais peculiares, conforme seus estilos individuais em

um mesmo tempo e espaço. Como representação do processo de produção,

circulação e recepção tribalista, propõe-se analisar a canção “Batom no

dente”, em processo de composição pelos artistas mencionados, divulgado

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em 2004, no DVD Barulhinho Bom. A teoria que fundamenta este estudo

encontra-se no cerne do próprio objeto, que a solicita já em sua constituição:

a filosofia dialógica da linguagem do Círculo Bakhtin, Medvedev,

Volochinov e, em especial, as concepções de diálogo, sujeito, autoria,

exotopia, cronotopia e gênero. Como não há uma metodologia consolidada

de análise do gênero discursivo ou uma proposta que enfatize o aspecto

arquitetônico de construção do discurso, esta comunicação propõe uma

pesquisa de natureza qualitativa com caráter interpretativista, composta por

etapas de análise de gêneros que partem do texto, mas o vêem sempre no

âmbito de sua mobilização pelo gênero, por meio do discurso. Esta

apresentação justifica-se pela tentativa de compreensão do processo de

produção, circulação e recepção do cotidiano tendo como objeto delimitado

de pesquisa a composição da canção como discurso intergenérico formado

em um mesmo “tempo” e “espaço”: o estúdio e a canção como tribais. A

hipótese é a de que a relação dos cantores-compositores intensifica-se com o

tempo e essa convivência desenvolve um estilo de conjunto construído

pelascaracterísticas estéticas de cada membro. Por isso, a composição de uma

canção apresenta marcas de todos os envolvidos de maneira democrática e

não hierárquica, o que possibilita a inovação da produção da canção na

contemporaneidade: uma tribo individual e carreiras solo tribais, como é o

caso estudado.

A REVISTA GUANABARA (1849-1856) E A BUSCA DO

NACIONALISMO LITERÁRIO ATRAVÉS DE ALGUNS POEMAS

Bruno Colla (Mestrando – UNESP/Assis)

25 DE ABRIL DE 2012 – 14H00 ÀS 18H00 – PRÉDIO DE LETRAS – SALA 10

A Guanabara: revista mensal científica, artística e literária (1849-1856) foi

fundada por escritores do primeiro período romântico no Brasil – Gonçalves

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Dias, Manuel de Araújo Porto Alegre e Joaquim Manuel de Macedo. Logo

no número de estreia, os redatores publicaram um manifesto de intenções,

cujo discurso apresenta-se articulado com a afirmação da nacionalidade

literária e artística brasileira. Esta apresentação visa demonstrar duas

maneiras distintas de tratar desse assunto. Uma delas é a valorização do

indígena como representante original brasileiro, como se mostrará em análise

do poema “Itaé. Idílio Americano”, de Antonio Joaquim de Melo, autor

pouco conhecido atualmente. Outra forma de expressão é o sentimento

amoroso, contido em “Não sei (escrito no álbum de uma senhora)”, de

Joaquim Manuel de Macedo, autor conhecido, mas cujo poema caiu no

ostracismo. A escolha desses textos justifica-se por uma recuperação literária

de composições que tiveram e tem a contribuir para a literatura brasileira, por

meio de análises de composições poéticas em fonte primária.

A DESCOBERTA DA AMÉRICA:

VISÕES DO DESCOBRIMENTO NA VOZ DE UMBERTO ECO.

Camila Aparecida Landucci (Mestranda – UNESP/Assis)

25 DE ABRIL DE 2012 – 14H00 ÀS 18H00 – PRÉDIO DE LETRAS – SALA 04

Fundado sob a perspectiva de um estudo sobre a cultura e sua representação,

que observa na crônica A descoberta da América (1968), do escritor italiano

Umberto Eco, imagens e visões da descoberta do continente americano, esse

trabalho pretende tecer algumas considerações sobre o gênero híbrido da

crônica e as extremidades que ela toca no panorama literário contemporâneo,

partindo da discussão de conceitos de gênero e fronteira. Tal escolha é

justificada pela posição intelectual, artística e acadêmica de Umberto Eco,

que recria o momento da descoberta das terras americanas dos mais variados

ângulos e perspectivas, projetando diferentes visões do fato histórico, por

meio da abundante apropriação polifônica, representadas nas vozes narrativas

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de personagens fictícios e históricos. No tecido tramado por Eco é possível

perceber o predomínio das zonas fronteiriças que oscilam entre o instantâneo

e o fragmentário, os quais, consequentemente, identificam-se com a presença

de múltiplos espaços e o entrecruzar do tempo presente com o passado, que

ao se transporem para o campo estético, possibilitam a conexão entre

diferentes imagens literárias e favorecem o caráter híbrido que se verifica nas

grandes obras de arte da contemporaneidade. Dessas conexões, a literatura

estabelece pontes com diferentes áreas e possibilita a aproximação de

específicas práticas culturais, inserindo-as na mesma expressão, conforme

observamos na relação que o texto literário estabelece com o jornalismo.

Assim, a crônica econiana, imbuída de traços característicos da estética

literária e publicada em veículos nos quais predominam outras textualidades,

discute a situação do entre-lugar americano de forma irônica, porém lúcida e

apresenta um posicionamento crítico sobre a dominação e exploração

europeia, que moldou as linhas e as formas a serem replicadas pelo novo

mundo e que refletem ainda hoje na sociedade pós-moderna.

“FANFRELUCHES”, DE PEDRO MALAZARTE

Camila Soares López (Mestranda – UNESP/Assis)

26 DE ABRIL DE 2012 – 14H00 ÀS 18H00 – PRÉDIO DE LETRAS – SALA 10

Pedro Malazarte, pseudônimo do poeta e teatrólogo Antonio Soares de Sousa

Junior, manteve na Gazeta de Notícias, no início da década de 1890, a coluna

“Fanfreluches”. Em tal espaço, que aparecia diariamente no jornal de Ferreira

de Araújo, Malazarte divulgou sátiras que ridicularizavam os indivíduos e as

condições estruturais do Rio de Janeiro da época, além de chacotear os que

almejavam o retorno da Monarquia e as peças de teatro que considerava um

fracasso. Foi um dos primeiros, ainda, a colocar em questão, nas páginas da

Gazeta, a poesia de Cruz e Sousa. Publicou, também, poemas líricos,

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caracterizados pelo apelo à subjetividade, à temática da natureza e o elogio às

mulheres, e que contrastam com a sua produção satírica. As estrofes de Pedro

Malazarte são objeto de investigação deste trabalho; propõe-se a

apresentação de alguns de seus versos, a fim trazer à luz os escritos desse

autor que se inseriu no momento parnasiano-simbolista, quando, no Brasil, a

poesia foi gênero de destaque, inclusive nas páginas da Gazeta de Notícias.

NA ROLANÇA DA VIDA: OS MÚLTIPLOS CONTRASTES DE

MÁRIO LAGO

Carla Drielly dos Santos Teixeira (Graduanda em História – UNESP/Assis)

26 DE ABRIL DE 2012 – 14H00 ÀS 18H00 – PRÉDIO DE LETRAS – SALA 11

A biografia abre espaço para o entendimento das incertezas e indecisões,

permitindo uma incursão na temporalidade, ao mesmo tempo em que desfaz

a ideia de uma racionalidade que ordena os acontecimentos e as ações

humanas, abrindo, assim, a possibilidade de equilíbrio entre a trajetória

individual e o sistema social como um todo. Na biografia de Mario Lago

(1911-2002) há um ponto que merece atenção do historiador, uma vez que

parte do próprio autor o empenho na reconstituição do processo

memorialístico, o que transforma sua vida em matéria de memória social.

Tais ponderações nos permitem realizar reflexões significativas sobre os

aspectos citados, considerando que a relação do autor com a cultura boêmia e

a cultura política, vinculada à militância no Partido Comunista, expõe um

curso de vida bastante original. A proposta deste trabalho é analisar a

trajetória de Mario Lago com o intuito de (re)pensar a dinâmica cotidiana no

Rio de Janeiro sob aspectos culturais e políticos apresentados pelo autor em

sua obra “Na rolança do tempo”, publicada em 1976.

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SINGULARIDADES DE UMA RAPARIGA LOURA: DA PALAVRA

ESCRITA À LINGUAGEM AUDIOVISUAL

Carlos Alberto Correia (Doutorando – UNESP/Assis)

26 DE ABRIL DE 2012 – 14H00 ÀS 18H00 – PRÉDIO DE LETRAS – SALA 03

O conto Singularidades de uma rapariga loura tem uma trajetória bastante

interessante no que se refere ao suporte pelo qual vem sendo veiculado.

Originalmente publicado como suplemento-brinde do Diário de Notícias em

1874. Revisado por Eça a convite de Eugênio Castro passa a compor uma

coletânea de contos publicados postumamente em 1902. E em 2009, a

narrativa reaparece revisitada pelo importante diretor português Manoel de

Oliveira, que escolhe adaptar o conto e transportá-lo da palavra escrita para

linguagem audiovisual. Neste percurso, este trabalho tem como finalidade a

partir de uma perspectiva comparada pontuar aspectos de redução, adição,

deslocamento e transformação apontados por José Batista Brito (2006),

presentes na nova produção revisitada pelo olhar de Manoel de Oliveira. A

fim de delimitar o trabalho nos fixaremos em dois elementos da narrativa:

enredo e personagens, e como tais se reconfiguram na nova produção

audiovisual. Para tal, primeiro far-se-á um percurso pela estética Realista-

Naturalista, pontuando as diferenças entre o vocábulo realista, os pormenores

em Singularidades e a sua nova concepção para linguagem audiovisual.

ALEGORIA E IMPLOSÃO DA LINGUAGEM EM O NOVO SISTEMA

DE HILDA HILST

Carlos Eduardo dos Santos Zago (Mestrando – UNESP/Assis – CAPES)

25 DE ABRIL DE 2012 – 14H00 ÀS 18H00 – PRÉDIO DE LETRAS – SALA 12

Em 1968, a escritora Hilda Hilst, já conhecida pela feitura de poemas,

escreve sua terceira peça teatral, O novo sistema. Cria-se para o palco uma

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distopia de atmosfera parecida a 1984, de George Orwell, que funciona como

alegoria à ditadura militar brasileira, em um sentido maior, ou a qualquer

outra forma de totalitarismo. Com o mundo dominado pela técnica

instrumental e pelas leis da Física, Hilst se utiliza de uma gama vasta de

discursos – religião, pedagogia e ciência – para denunciar, inclusive

formalmente, como se montam as estruturas aniquiladoras e alienantes que

rumam os sujeitos para uma massa homogênea de seres amorfos. Esta

comunicação pretende mostrar como a peça forma-se por um mosaico de

linguagens e como Hilda Hilst quanto voz autoral detona as funções das

linguagens ao fazer, por exemplo, com que conceitos da Física passam da

objetividade científica à plurissignificação da linguagem poética.

O ROMANCE MODERNO DE ITALO SVEVO E GRACILIANO

RAMOS

Carlos Felipe da Silva dos Santos (Graduado – UNESP/Assis)

26 DE ABRIL DE 2012 – 14H00 ÀS 18H00 – PRÉDIO DE LETRAS – SALA 04

A partir do século XX, as obras literárias passaram por modificações quanto

à sua estética e, principalmente, quanto à sua forma de interpretação. Isso se

deu por vários motivos. No Brasil, por exemplo, mais especificamente na

década de 1920, essa revolução na maneira de escrita literária se deu por

causa da Semana de Artes Modernas, na qual o principal intuito dos artistas

era se livrar das formas antigas e estrangeiras e dar às artes, em geral, um

toque propriamente brasileiro. Outra contribuição para essa transformação foi

a influência das vanguardas europeias, sobretudo do Futurismo e do

Impressionismo. Na Itália, nesse mesmo período, encontramos variados

escritores contemporâneos, porém, com obras diferentes. Se pensarmos em

grandes nomes, encontramos Luigi Pirandello, sobretudo no teatro, Aldo

Palazzeschi, representando as obras futuristas, e Italo Svevo com o romance

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A consciência de Zeno, objeto de discussão a ser tratado aqui nesse trabalho.

Várias características do romance moderno podem ser encontradas na obra de

Svevo, como a incapacidade do protagonista, o fluxo de consciência que dará

a atemporalidade do romance e também o próprio gênero memória, que se

tornou frequente nas obras modernas. Outro exemplo de tais aspectos

modernos é o romance São Bernardo, do escritor brasileiro Graciliano

Ramos. Pertencente já à segunda fase modernista, a obra mostra com clareza

como que se dá essa transformação desejada pelos artistas. A proposta é

apresentar um ensaio analítico entre as duas obras citadas. Somente com uma

leitura superficial não conseguimos encontrar semelhanças entre elas, a não

ser pelo fato de pertencerem à mesma fase literária; mas, se nos atermos aos

detalhes, ato necessário para melhor se compreender uma obra,

principalmente as alegóricas, percebemos algo em comum entre elas. Por

mais que sejam de diferentes temas, a essência é bem parecida e podemos vê-

la nos protagonistas e também em sua estrutura.

LITERATURA E POLÍTICA O CONCEITO DE DEMOCRACIA EM

ENSAIO SOBRE A LUCIDEZ, DE JOSÉ SARAMAGO.

Carolina Braconi dos Santos – (Graduanda – UNESP/Assis)

25 DE ABRIL DE 2012 – 14H00 ÀS 18H00 – PRÉDIO DE LETRAS – SALA 09

Este projeto de pesquisa tem como propósito realizar uma análise do romance

Ensaio sobre a lucidez (2005), do escritor português José Saramago. O

romance narra as eleições em um país imaginário, onde um fenômeno

eleitoral inusitado deflagra uma série crise política. Ao término das

apurações, descobre-se um espantoso número de votos em branco, uma

possível “epidemia branca” que remete ao Ensaio sobre a cegueira, do

mesmo autor. A pesquisa tem como objetivo as considerações sobre os

aspectos temáticos concernentes às noções de democracia, totalitarismo e

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representatividade que será fundamentada nas reflexões de Hannah Arendt. O

propósito da pesquisa, portanto, é evidenciar que Ensaio sobre a lucidez

apresenta uma estrutura romanesca cujos constituintes narrativos são

entretecidos de modo a compor um painel acerca das imprecisões inerentes

ao conceito de democracia no mundo ocidental. Em razão disso, configura-se

como uma via estética de reflexão acerca da representatividade política, a

partir de situações narrativas insólitas, mas fortemente marcadas por

impasses próprios do exercício político no mundo ocidental contemporâneo.

A CONFIGURAÇÃO MÚTUA DE DOIS ESTILOS: O CLASSICISMO

E O BARROCO

Carolina Tomasi (Doutoranda – USP – CNPq)

25 DE ABRIL DE 2012 – 14H00 ÀS 18H00 – PRÉDIO DE LETRAS – SALA 10 B

O estudo que propomos nesta comunicação parte de uma semiótica da estesia

e não das divisões estéticas em períodos, com base em um contínuo que

considera, de um lado, objetos de dominância clássica e, de outro, objetos de

dominância barroca (Wölfflin, 2006). A simplificação que propomos toma

como base elementos do próprio texto (Hjelmslev, 1975), sem recorrer a

nomenclaturas variadas e destituídas muitas vezes de relação direta com a

estrutura imanente ao texto. Para Mukarovski (apud LOPES, 1997, p. 295),

“a linguagem poética tende a enfatizar o valor autônomo do signo”. Dessa

afirmação decorre que todos os planos de um sistema lingüístico

desempenham valores autônomos, diferentemente da linguagem de

comunicação que desempenha um papel instrumental. Partimos da hipótese

de que podemos encontrar elementos barrocos em uma obra clássica, assim

como elementos clássicos em uma obra barroca. Interessa-nos não o termo

simples, isolado (por exemplo, barroco, clássico, neobarroco), mas o termo

complexo: um texto seria mais barroco e menos clássico, sem possibilidade

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de exclusão. Identidades e diferenças convivem em um processo dialético em

que um termo positivo implica sempre seu negativo, formando uma síntese

que se constitui em tese para nova antítese, que produzirá outra vez uma

síntese. Outra questão que evoca este projeto: que lógica produz

conhecimentos discretos que opõem uma estética a outra? Tensivamente, um

termo X ou é mais ou é menos, ou pende mais para uma coisa ou para outra.

Trata-se de uma postura metodológica que partirá da estrutura do objeto sob

análise para investigar o barroco e o classicismo como cifra, um tipo de

configuração mútua, presente nos textos em maior ou menor grau: “um texto

é mais barroco ou menos barroco, mais clássico ou menos clássico”.

CONSIDERAÇÕES SOBRE OBJETOS PESSOAIS DE SENTIDO

SOCIAL NO CONTO “THE DRAGON”, DE MURIEL SPARK

Célia Cristina de Azevedo Ask (Doutoranda – UNESP/Assis)

25 DE ABRIL DE 2012 – 14H00 ÀS 18H00 – PRÉDIO DE HISTÓRIA – SALA 07

A crítica feminista tem adotado parâmetros interessantes ao tratar das

questões relativas ao lugar da mulher na história, principalmente levando-se

em consideração o lugar social deste grupo na contemporaneidade. Para as

feministas, a história oficial relegou as vivências femininas a um segundo

plano, ignorando experiências enriquecedoras, capazes de contar a história

humana para além da realidade do grupo masculino. Ao distinguir as

experiências pessoais e sociais de mulheres e homens em espaços

diferenciados, a crítica feminista deseja, de modo mais contundente,

evidenciar que as mulheres apresentam vivências peculiares, de modo que a

distinção que se impõe entre os dois gêneros seja um elemento que contribua

para que a sociedade contemporânea possa caminhar rumo a um futuro

socialmente mais justo, respeitando as diferenças. Este posicionamento da

crítica feminista, neste trabalho, tem a função de contribuir para uma leitura

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“interessada” do conto “The Dragon”, de Muriel Spark, em que as

experiências pessoais e sociais de uma figura feminina dominante levam-na a

um isolamento social que evidencia o processo de empoderamento das

mulheres. A observação desta personagem em seu ateliê, espaço físico cuja

simbologia adentra o campo social, pode permitir-nos visualizar a zona

selvagem que Showalter (1985) identificou como espaço das mulheres e,

mais ainda, compreendê-la e (re)valorizá-la.

O DOM DE ENTENDER OS ANIMAIS (E REVELAR OS HOMENS):

UMA LEITURA DE “GALINHA CEGA” DE JOÃO ALPHONSUS

Cilene Margarete Pereira (Doutora/UNINCOR)

26 DE ABRIL DE 2012 – 14H00 ÀS 18H00 – PRÉDIO DE LETRAS – SALA 11

Apesar de bastante elogiado pela crítica, o escritor mineiro João Alphonsus,

filho do célebre poeta simbolista Alphonsus de Guimaraens, tem sido alvo de

poucos estudos, sendo um dos mais importantes os trabalhos de Fernando

Corrêa Dias (João Alphonsus: tempo e modo) e João Etiene Filho (João

Alphonsus) para a coleção Nossos Clássicos, publicados, respectivamente,

em 1965 e 1971. Autor de dois romances, Totônio Pacheco (1935) e Rola-

moça (1938); e de três livros de contos, Galinha cega (1931); Pesca da

baleia (1941) e Eis a noite! (1943), chama atenção na obra de João

Alphonsus a atitude afetiva de seu narrador com o mundo animal. Para o

crítico Fernando Corrêa Dias, aos animais presentes na ficção do escritor

mineiro “se atribuem sentimentos análogos aos nossos” (DIAS, 1965, p. 38).

João Alphonsus parece, com isso, humanizar o bicho enquanto promove um

processo de animalização do homem de maneira um pouco diversa (porque

não circunscritas a aspectos sociais ou geográficos) da proposta por

Graciliano Ramos em Vidas Secas (1937), em que as condições da terra e da

exploração do homem sobre o homem ajudam a embrutecer o vaqueiro

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Fabiano e sua família. Dando início a uma pesquisa sobre a narrativa de João

Alphonsus, integrada ao grupo de pesquisa “Minas Gerais: diálogos”, esta

comunicação pretende fazer uma reflexão sobre este processo de

humanização dos animais no conto “Galinha Cega”, entendendo-o como um

aspecto que universaliza a ficção do autor.

A REPRESENTAÇÃO DA EXPERIÊNCIA ESPIRITUAL NA

LITERATURA: UMA LEITURA DE A ARCA DA ALIANÇA DE

CARLOS NEJAR.

Cínthia Marítz dos Santos Ferraz Machado (Mestranda – UFV)

26 DE ABRIL DE 2012 – 14H00 ÀS 18H00 – PRÉDIO DE LETRAS – SALA 11

Frequentemente surgem questionamentos sobre a influência religiosa dentro da

literatura, e sobre a (im)possibilidade de aproximação e intersecção entre

Teologia e Literatura, uma vez que a primeira constitui uma ciência e a segunda

é considerada como arte. O que acontece é que, sendo ciência, a Teologia trata

do ser humano e, por isso, é antropológica: ela pretende ser conhecimento

especulativo e racional sobre a natureza de Deus e suas relações com o homem.

A Literatura também trata dos homens, dos seus sonhos, do seu modo de viver,

enfim, é conhecimento ficcional e representação do mundo; lança seu olhar sobre

a realidade e os homens inseridos nela. Logo, Teologia e Literatura têm algo em

comum: as artes literárias são uma forma de comunicação de que a mensagem

teológica pode e sempre se utilizou. Deste modo, elas ajudam a completar a

visão que a Teologia tem do homem, uma vez que cuidam da relação entre este e

o estar no mundo por um viés distinto do das ciências. Nessa mesma esfera, o

encontro com Deus se nos faz por intermédio da linguagem, ou seja, por meio do

discurso, visto que as experiências espirituais só se nos tornam acessíveis por

intermédio da comunicação. Cabe então, o questionamento sobre como se

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constrói e se manifesta a espiritualidade e o sentimentalismo, na alfaiataria em

que se transforma, muitas vezes, a linguagem literária.

A OUSADIA DE MADAME OLENSKA EM THE AGE OF

INNOCENCE, EDITH WHARTON (1920)

Cíntia de Vito Zollner (Graduanda – UNESP)

25 DE ABRIL DE 2012 – 14H00 ÀS 18H00 – PRÉDIO DE HISTÓRIA – SALA 07

Na Nova Iorque do final do século XIX, Newland Archer, um advogado em

ascensão, apaixona-se por Ellen Olenska, prima de sua futura esposa recém-

chegada da Europa. A exuberante Condessa, recém-separada de seu marido,

um conde europeu, decide reconstruir sua vida em Nova Iorque e reatar laços

familiares; contudo, ousa chocar a alta sociedade conservadora de 1870,

escandalizando a muitos com seus modos liberais. A imagem da mulher

ousada frente às representações socias da época é fato marcante na narrativa

ficcional de Edith Wharton (1920) e neste estudo pretendemos analisar e

discutir tais aspectos.

MAGIA E LITERATURA NO EGITO ANTIGO: O PAPIRO

WESTCAR E O CONTO DAS MARAVILHAS NO REINADO DE

KHUFU

Cintia Prates Facuri (Graduanda - USP)

25 DE ABRIL DE 2012 – 14H00 ÀS 18H00 – PRÉDIO DE LETRAS – SALA 10

Ainda pouco conhecida fora dos círculos da egiptologia, a literatura egípcia

antiga tem-se mostrado extremamente heterogênea. Dentre os escritos

estudados pelos egiptólogos, surgiu uma série de narrativas que poderiam

inquestionavelmente ser classificada como literatura no sentido que temos

hoje. No entanto, ainda existem muitas questões a respeito da forma como

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estas narrativas eram transmitidas, para quem eram destinadas, se eram

transmitidas oralmente e posteriormente registradas em escrita, entre outras

questões que permanecem sem resposta. Neste estudo, será apresentada a

narrativa fantástica do Papiro Westcar, podendo ser considerada um dos mais

antigos textos literários faraônicos já encontrados e estudados. O texto está

preservado em um único documento e tem sua composição datada de cerca

de 1650 a. C. A partir da apresentação do manuscrito e da tradução do quarto

conto desta série, serão analisados os aspectos literários e as principais

características da narrativa.

REVISTA KOSMOS: A PADRONIZAÇÃO DO REFINAMENTO

Clara Asperti Nogueira (Doutoranda — UNESP/Assis — CAPES)

25 DE ABRIL DE 2012 – 14H00 ÀS 18H00 – PRÉDIO DE LETRAS – SALA 10

No advento da República, o periodismo, que vinha de anos de estagnação

temática, encontrou no novo cenário político a chance de se renovar. A

imprensa finissecular, apoiada na renovação político-social da nação, não

apenas estamparia a Belle Époque nacional, fruto deste novo ambiente

político, como também absorveria as recentes tecnologias em disposição que

fariam a transposição da até então imprensa rudimentar para a nova fase

empresarial. Nesta efervescência de tecnologias, a imprensa carioca seria

atualizada. É neste novo contexto técnico, considerado fervilhante, da virada

para o século XX que apareceram as sessenta e quatro edições da revista

Kosmos (1904-1909). A revista lançada em janeiro de 1904 tinha como

missão — extraoficial — traduzir para nação, através de suas colunas

literárias, reportagens e, sobretudo, imagens iconográficas, o cosmopolitismo

efervescente da urbe carioca. Deste modo, esta comunicação tem como

objetivo traçar um breve panorama da citada revista, evidenciando suas

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principais características e seu impacto junto ao rarefeito público leitor da

época.

AUXILIO LACOUTURE E A UNIVERSIDADE DE BOLAÑO

Clarisse Lyra Simões (Mestranda –USP – FAPESP).

25 DE ABRIL DE 2012 – 14H00 ÀS 18H00 – PRÉDIO DE LETRAS – SALA 03

O presente trabalho se propõe a delinear a configuração que assume a

universidade latino-americana na obra do escritor chileno Roberto Bolaño

(1953 - 2003), especialmente na novela Amuleto (1999), cuja protagonista,

Auxilio Lacouture, uma uruguaia residente no México, vivencia relações

informais com o universo acadêmico e acaba sendo vítima de um episódio da

história política do México, permanecendo por treze dias em um banheiro da

Faculdade de Filosofia e Letras da UNAM, quando da invasão do campus

universitário por militares. Diferentemente do que se pode observar no

romance 2666 (2004), no qual a crítica literária universitária funciona como

impulso e tema para a ação dramática, em Amuleto a universidade aparece

basicamente como espaço, locus privilegiado da narrativa, apresentando-se

como um território livre, um lugar aberto onde uma poeta e viajante pode

encontrar trabalhos temporários, embora nunca por vias oficiais. Com isto,

este trabalho espera também indagar o lugar que Auxilio ocupa no mundo

das instituições e das hierarquias universitárias, precisando o seu papel

marginal no jogo de autoridades que o universo acadêmico desfecha.

ANCESTRALIDADE E RESISTÊNCIA NO

ROMANCE PORTAGEM, DE ORLANDO MENDES.

Clauber Ribeiro Cruz (Mestrando – UNESP/Assis).

26 DE ABRIL DE 2012 – 14H00 ÀS 18H00 – PRÉDIO DE LETRAS – SALA 09

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Este trabalho analisa os traços da ancestralidade no espaço da memória a

partir da resistência em meio a uma situação colonial vivenciada

por Moçambique entre as décadas de 60 e 70 do século XX. Para isso, o

romance Portagem (1966), do escritor moçambicano Orlando Mendes

(1916-1990), dará a sua voz por meio das personagens Velha Alima e

João Xilim, cujas trajetórias estão dentro do processo de degradação do

espaço que se sintoniza com a mesma representação do homem em seu

estado de impotência frente a um mundo assustador marcado pela seca e

pela miséria. A primeira personagem (a Velha Alima) é a representante

do espaço ancestral enquanto a segunda (João Xilim) é a representante da

cisão entre a memória ancestral e o espaço colonial, ou melhor, a

resultante deste processo. Com isso, por meio da análise literária,

verifica-se como a ancestralidade, junto ao espaço colonial, irá resistir ou

não dentro do processo de formação da literatura moçambicana num país

em que negros vivem, mulatos nascem, mas brancos dominam.

A POSTURA DO GOVERNO EM ENSAIO SOBRE A CEGUEIRA

Cleomar Pinheiro Sotta (Mestrando – UNESP/Assis)

25 DE ABRIL DE 2012 – 14H00 ÀS 18H00 – PRÉDIO DE LETRAS – SALA 09

Parado no trânsito com seu carro, esperando o sinal verde do semáforo para

atravessar, repentinamente um homem é atingido por uma cegueira branca,

um mal desconhecido até mesmo pelos anais de medicina. Além de branca,

descobre-se também que essa cegueira era contagiosa, uma vez que estava a

se espalhar paulatinamente, provocando uma verdadeira epidemia em uma

capital não nomeada. Diante dessa situação de calamidade pública, narrada

em Ensaio sobre a cegueira (1995), de José Saramago, o Estado precisa agir.

A medida em que as atitudes são tomadas, a obra do escritor português traça

uma crítica ao governo, deixando transparecer a sua incapacidade de ação e o

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não cumprimento do seu papel de zelar pelo bem estar de toda a população.

Uma vez que o Estado decide manter os cegos em quarentena, isentando-se

de uma efetiva intervenção durante o confinamento, um grupo de cegos

malvados, toma o poder e passa a comandar os demais infectados por meio

da ameaça e do autoritarismo.

FIGURAÇÕES DO PAINEL HISTÓRICO BRASILEIRO NA OBRA O

FANTASMA DE LUIS BUÑUEL, DE MARIA JOSÉ SILVEIRA

Cristiano Mello de Oliveira (UFSC)

26 DE ABRIL DE 2012 – 14H00 ÀS 18H00 – PRÉDIO DE LETRAS – SALA 10 C

O romance O fantasma de Luis Buñuel (2004), de Maria José Silveira

distingue-se na sua forma e conteúdo estético de muitos outros romances

históricos da literatura contemporânea brasileira por apresentar vozes

narrativas em situações cronológicas bem distintas. O presente estudo visa

realizar brevemente um recorte dos fragmentos que mais evidenciem a

característica histórica literária da ditadura militar no Brasil e sua resistência

de esquerda aplicada aos fatores impostos pela extrema direita. Em um

primeiro momento, iremos realizar um preâmbulo que vise introduzir de

forma panorâmica o enredo do próprio romance. Num segundo momento,

vamos realizar uma abordagem entre a dicotomia problemática da história e

da literatura. Em uma terceira etapa, propomos realizar um breve painel das

principais características do romance, buscando esmiuçar os principais

fragmentos. Como lastro teórico, sugerimos submeter esses fragmentos aos

conceitos sobre o romance histórico, ambientado na Ditadura Militar:

Silvermann (1995), Hutcheon (1991), Santiago (1998), entre outros

necessários. Esperamos que os resultados aqui alcançados vise instigar e

alavancar outros estudos e investigações, tendo em vista o escasso repertório

de estudos sobre tal objeto de análise

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KINAXIXI KIAMI; MEMÓRIA, SAUDADE E NARRATIVAS

Dagoberto Rosa de Jesus (Mestre – UFMS)

26 DE ABRIL DE 2012 – 14H00 ÀS 18H00 – PRÉDIO DE LETRAS – SALA 09

Nesse inicio de século XXI observamos um aumento significativo do

interesse pela produção literária de autores africanos, muitos deles

influenciados pela literatura brasileira, resultando disso vários estudos em

nossas universidadaes tem como tema a produção literária das cinco nações

africanas de língua portuguesa. O presente trabalho tem como objeto de

análise a novela do escritor angolano José Luandino Vieira, “Kinaxixi

Kiami” que pode ser traduzido como meu Kinaxixi. Esta novela juntamente

com “Estória de Família” compõe o livro Lourentinho Dona Antónia de

Sousa Neto & Eu. As duas novelas foram escritas nos anos de 1971 e 1972

período em que o autor estava no Campo de Concentracão do Tarrafal onde

ficou preso por oito anos. O texto tem uma narrativa em primeira pessoa

marcadamente influenciada pela oralidade. Essa característica muito utilizada

pelo escritor brasileiro Guimarães Rosa e por outros escritores africanos

como Mia Couto atribui a obra uma cor local, num primeiro momento essa

caracteristica oferece uma certa dificuldade ao leitor frente ao vocabulário

que logo é compensado pela força estética da narrativa. Buscamos neste

trabalho, após um breve contexto da literatura produzida em África, apontar

elementos estéticos, distanciamentos e aproximações com a literatura

brasileira de forma mais precisa com a prosa de Guimarães Rosa.

Apontaremos também elementos da narrativa que buscam valorar a memória,

a saudade, o lugar e o sentimento de amor e valoração da natureza, das coisas

da terra, do mito.

HISTÓRIA, MEMÓRIA E FICÇÃO EM HIJO DE HOMBRE DE

ROA BASTOS

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Damaris Pereira Santana Lima (Doutoranda – UNESP/ Assis)

25 DE ABRIL DE 2012 – 14H00 ÀS 18H00 – PRÉDIO DE LETRAS – SALA 03

Este trabalho tem o objetivo de investigar como a literatura articula-se com

a história para a reconstrução da identidade paraguaia, na obra do escritor

Augusto Roa Bastos. A obra analisada é um dos romances que compõem a

trilogia “del dolor paraguayo”: Hijo de Hombre. O presente trabalho é

parte da pesquisa de doutorado sobre a narrativa de Augusto Roa Bastos,

onde são analisadas as seguintes obras: Yo, el Supremo, Hijo de Hombre y

El Fiscal. São objetivos desta pesquisa contribuir com os estudos culturais

sobre a América Latina e fazer uma reflexão crítica acerca da

ficcionalização da História do país e a reconstrução da identidade

paraguaia. Em Hijo de Hombre, como nas outras duas novelas, o que

sustenta a obra de Augusto Roa Bastos é a História e o mito. Neste

romance emerge a convivência dos rituais e ideias míticas aborígenes junto

aos ritos do cristianismo, que foram trazidos pelo colonizador. É uma

narrativa híbrida, pois também a língua espanhola se modifica pelo contato

com a língua do índio, há um espaço onde as culturas lutam para se impor

e, no entanto se fundem dando origem a uma nova visão de mundo. A

análise é feita à luz do referencial teórico que trata da narrativa pós-

moderna, objetivando-se, assim, a construção de um arcabouço teórico

para reflexão crítica acerca da ficcionalização da história do Paraguai.

TEMPO E MEMÓRIA EM UM CINTURÃO, DE GRACILIANO

RAMOS

Daniela Aparecida Francisco (Mestranda – UFMS/Três Lagoas)

25 DE ABRIL DE 2012 – 14H00 ÀS 18H00 – PRÉDIO DE LETRAS – SALA 11

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O presente trabalho objetiva identificar as questões temporais presentes no

conto “Um cinturão”, que compõe a obra Infância, publicado a primeira vez

em 1945, pelo escritor Graciliano Ramos. Ao identificar as anacronias

presentes na narrativa (analepses e prolepses temporais) e a influência da

memória do autor-narrador-personagem a partir dos pressupostos teóricos de

Gérard Genette e de Benedito Nunes busca-se verificar como a narração é

construída e como os recursos narrativos referentes ao tempo do enunciado e

ao tempo da enunciação se complementam e se confundem em alguns

momentos do conto. Devido ao uso do narrador-adulto e do narrador-criança,

a narrativa faz-se dual durante a maior parte do conto. O posicionamento do

autor-narrador-personagem oscila entre realidade e memória, oscilações

perceptíveis a partir da identificação das técnicas narrativas utilizadas na

elaboração da narrativa. Com a presença das anacronias, o texto nos faz

também reviver este episódio de sua vida e perceber como tudo deixou

marcas no narrador-adulto.

O CURSO DE LETRAS E AS NOVAS TECNOLOGIAS:

PERSPECTIVAS E DESDOBRAMENTOS PARA AS AULAS DE

LÍNGUA ESTRANGEIRA

Daniela Nogueira de Moraes Garcia (Docente – UNESP/Assis)

26 DE ABRIL DE 2012 – 14H00 ÀS 18H00 – PRÉDIO DE LETRAS – SALA 03

Esta comunicação irá, a partir do Curso de Letras da FCL- UNESP- Assis e o

uso das novas tecnologias de informação e comunicação (TICs), enfocar

perspectivas e desdobramentos na aula de língua estrangeira (inglês). No

referido Curso de Letras, a carga horária das aulas de Línguas Estrangeiras é,

atualmente, de 480 horas/aula, possibilitando que o aluno desenvolva suas

habilidades e proficiência linguísticas. O acesso às línguas esbarra em

questões financeiras e geográficas e, assim, em tempos onde a globalização é

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instigada, as novas tecnologias desempenham papéis de grande importância

que perpassam pela formação dos futuros professores e pelo desenvolvimento

da competência intercultural. A telecolaboração tem permitido uma

complementação das aulas de língua inglesa e possibilitado oportunidades

reais de uso da língua para os alunos do Curso de Letras. Assim, o processo

de ensino e aprendizagem é enriquecido e a reflexão e autonomia

fomentadas. Irei, nesta comunicação, utilizar dados que fazem parte de um

corpus de uma pesquisa de doutorado, qualitativa, interpretativista de cunho

etnográfico. Tais dados demonstram práticas telecolaborativas em teletandem

em parcerias formadas por alunos do Curso de Letras e apontam benefícios e

entraves observados nas interações.

DEBATE SOBRE FUTURISMO

Daniela Spinelli (Doutoranda – UNICAMP – CNPq)

26 DE ABRIL DE 2012 – 14H00 ÀS 18H00 – PRÉDIO DE LETRAS – SALA 10 B

O início do século XX é um tempo de grandes expectativas, sejam utópicas

ou apocalípticas, com relação ao futuro. Seus intelectuais levaram às

últimas consequências idéias novas e pensamentos radicais que refletiram nos

novos movimentos estéticos. Neste tempo de extremos e cheio de tensões

políticas nasce o Manifesto Futurista, de Filippo Tommaso Marinetti.

O Manifesto é publicado na primeira página do jornal Le Figaro, em 1909.

Depois da publicação, o Futurismo fica conhecido internacionalmente como

o primeiro movimento de arte de vanguarda organizado do século XX. O

objetivo de Marinetti era a revolução total. Transformar a sociedade, inventar

o futuro e criar um novo homem. Embora a construção do movimento seja

internacionalista, o futurismo será essencialmente uma proposta nacionalista

e italiana. Fonte de uma sensibilidade nascida no exterior, o futurismo

ganhou sua expressão dinâmica, no intenso debate promovido pelas famosas

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revistas vanguardistas. Assumiu o papel de intervenção social, a fim de

construir uma nova potência européia. Em Janeiro de 1913, um grupo de

jovens, Palazzeschi, Papini e Soffici, são surpreendidos em Florença, pela

visita de representantes do grupo futurista milanês. Marinetti, Boccioni e

Carrà, desgostosos ao lerem uma crítica escrita por Soffici, resolvem viajar

para a Toscana para ensinar-lhes uma lição. Se enfrentaram pelo menos duas

vezes. No café Giubbe Rosse e na estação central Santa Maria Novella. Após

esse encontro, percebem que suas idéias não estavam tão distantes e iniciam a

construção de um movimento único. Eles fundam a revista Lacerba, que

rapidamente se torna "órgão oficial" do futurismo. Em fevereiro de 1914,

surgirá nas páginas da Lacerba uma polêmica – entre artigos de Papini e

Boccioni a respeito dos fundamentos e capacidade de criação futurista.

Diante desse quadro, este trabalho pretende apresentar o debate interno à

vanguarda, que acabará por rachar definitivamente os dois futurismos.

ADMIRÁVEIS MUNDOS/CHIP NOVOS: DA CANÇÃO DE PITTY

AO ROMANCE DE HUXLEY

Danyllo Ferreira Leite Basso (Graduando – UNESP/Assis)

26 DE ABRIL DE 2012 – 14H00 ÀS 18H00 – PRÉDIO DE LETRAS – SALA 10 C

Esta comunicação apresenta como proposta uma análise dialógica da canção

“Admirável Chip Novo”, de Pitty. Com tal objetivo, ela centrar-se-á na

filosofia da linguagem do Círculo de Bakhtin, especificamente nos conceitos

de sujeito, responsabilidade e responsividade e ainda mais enfaticamente em

diálogo e gêneros do discurso. O diálogo que se refere o estudo ao qual esta

comunicação se vincula ocorre entre a canção de Pitty supracitada e o

romance de Aldous Huxley, Admirável Mundo Novo (1932). Parte-se da

premissa de que, como afirma Mikhail Bakhtin (2003, p.316), “o enunciado

está repleto dos ecos e lembranças de outros enunciados”. Isso permite dizer

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que as obras, compreendidas como enunciados, são elos de uma cadeia,

respondem e são respondidas por outros enunciados/obras. Tal comunicação,

fruto de uma pesquisa maior de Iniciação Científica, vai ao encontro dos ecos

de Huxley presentes em Pitty. Ecos estes que a fazem, literalmente, gritar de

maneira reflexiva, desesperada, acerca de um “Admirável Mundo/chip

Novo”. O diálogo aqui contemplado também revela que os gêneros do

discurso de cada obra, em sua composição (conteúdo, forma e estilo), estão

intimamente ligados às esferas de atividades onde são produzidos e com o

“outro” a quem se destinam. A hipótese da pesquisa a qual se vincula esta

comunicação, a ser confirmada, é a de que as obras estudadas se assemelham

no que tange ao conteúdo – a coisificação e alienação dos sujeitos

(responsivos e responsáveis para Bakhtin) – mas diferem-se na forma –

romance e canção – e no estilo – a ser investigado no decorrer da pesquisa –

justamente por estarem situadas em contextos diferentes, vinculados a esferas

distintas e ter “outros” diferentes por público-alvo.

RELATO DE UMA VIAGEM: AS EXPERIÊNCIAS DE ERICO

VERISSIMO EM PORTUGAL

Davi Siqueira Santos (Doutorando – UNESP/Assis – CAPES)

26 DE ABRIL DE 2012 – 14H00 ÀS 18H00 – PRÉDIO DE LETRAS – SALA 12

No ano de 1959, Erico Verissimo deixa temporariamente seu reduto em Porto

Alegre a fim de dar início a uma viagem pela Europa, acompanhado de sua

mulher, Mafalda, e de seu filho, Luís Fernando. Suas experiências de viagem,

particularmente as vividas em Portugal, são relatadas com minúcia no

segundo tomo do livro Solo de clarineta. Nessa obra múltipla e fragmentada,

há um espaço destinado à narração de sua passagem por várias cidades

portuguesas como Lisboa, Coimbra, Porto, Évora, Faro, entre muitas outras,

visitadas com objetivo não apenas turístico, mas também com o intuito de

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realizar conferências político-literárias em plena ditadura salazarista. Durante

sua estadia em território luso, dois intelectuais portugueses o acompanharam

ao longo de todo o itinerário, são eles o editor de livros Antônio de Souza

Pinto e o escritor Jorge de Sena. Essa experiência de viagem de Erico

Verissimo é de fundamental importância, uma vez que acrescenta material

tanto à sua produção no campo das narrativas de viagem como integra seu

projeto memorialístico e autobiográfico, majoritariamente desenvolvido nos

últimos anos de sua carreira literária. Diante desse quadro, a presente

comunicação deseja rastrear esse itinerário em terras portuguesas e analisar

seu modo de elaboração, visto que Verissimo relata essa viagem, no segundo

tomo de Solo de clarineta, passados 15 anos do ocorrido.

A CONSTRUÇÃO DIALÓGICA DE “MÚSICA URBANA”

David de Almeida Isidoro (Graduando – UNESP/Assis)

26 DE ABRIL DE 2012 – 14H00 ÀS 18H00 – PRÉDIO DE LETRAS – SALA 10 C

Essa comunicação é fruto de um projeto maior que tem como preocupação

fundamental a metalinguagem do gênero canção, de maneira a encontrar a

concepção de canção construída e veiculada por ela. Para realizar a análise a

que a pesquisa se propõe, considera-se a canção como um gênero expressivo

no território nacional (e além dele) e, mais que isso, identitário, uma vez que

ela constrói uma imagem de Brasil que é veiculada nacional e

internacionalmente, o que contribui para a cristalização ou mudança de

valores sociais do e sobre o país nele e fora dele. Aqui, busca-se entender a

importância da construção dialógica das canções denominadas “Música

Urbana” 1, 2 e 3, considerando de maneira enfática a letra de cada uma delas,

para refletir acerca de sua significação. Leva-se em consideração o momento

histórico, o sujeito discursivo e a relação entre os textos/discursos como

elementos imprescindíveis de análise. O arcabouço teórico fundamenta-se na

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filosofia da linguagem do Círculo de Bakhtin e considera-se, como

concepção chave a ser trabalhada, a noção de dialogo, em torno da qual as

demais gravitam. Entende-se que a abordagem da dialógica presente nos

discursos (almejada nesse trabalho) contribua para os estudos de diálogo e

discurso assim como a escolha do corpus conduz a uma conceituação

metalinguística de canção que produz uma imagem de brasilidade

LITERATURA, HISTÓRIA E OUTRO LADO DA MARGEM EM LA

CASA DE LOS CONEJOS, DE LAURA ALCOBA

Debora Duarte dos Santos (Mestranda – USP – FAPESP)

25 DE ABRIL DE 2012 – 14H00 ÀS 18H00 – PRÉDIO DE LETRAS – SALA 03

O presente estudo centra-se na análise do primeiro romance da argentina

Laura Alcoba, intitulado La casa de los conejos, lançado em 2006 pela

editora Gallimard, na França, e em 2008 pela Edhasa, na Argentina. A obra,

cuja trama tem como pano de fundo os processos que se arquitetaram no país

a partir do regime ditatorial, é construída por meio da representação

discursiva sobrevinda da infância. Na tessitura narrativa identificamos que a

escritora revisita os episódios que provocaram trauma na vida de pessoas que

vivenciaram o terrorismo, explorando-os através da mirada da inocência, ao

criar como protagonista uma criança de apenas sete anos de idade.

Acreditamos que, ao articular esse tipo de construção, a autora ambiciona

escrever para exorcizar o trauma, traduzindo recortes – já que no caso em

questão a escritora é escrava de sua memória – de uma história que foi

vivenciada por distintos sujeitos, muitos dos quais ainda se encontram vivos,

e cujas biografias coexistem com as sombras da truculência sofrida. Dito de

modo semelhante, para a Alcoba é importante que haja espaço para os

sobreviventes do terrorismo de Estado, na atual conjuntura social, como

forma de confirmar que determinados episódios sociais germinaram

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cicatrizes profundas na história daqueles que habitaram o outro lado da

margem. Desse modo, na comunicação em questão pretendemos apresentar e

explorar os meandros constitutivos dessa (auto) biografia, intentando

compreender de que forma se apresentam e configuram as relações dialéticas

entre Literatura e História no romance La casa de los conejos e como essa

literatura se dispõe a legitimar novas conformações enunciativas no campo

literário.

A VIAGEM EXISTENCIAL DE CECÍLIA MEIRELES EM

SOLOMBRA

Delvanir Lopes (Doutorando – Unesp/Assis)

26 DE ABRIL DE 2012 – 14H00 ÀS 18H00 – PRÉDIO DE LETRAS – SALA 12

Cecília Meireles (1901-1964), poetisa brasileira, é reconhecida,

principalmente, pelas referências, em seus poemas, ao mar e à viagem, à

efemeridade dos instantes, à musicalidade e à sombra e melancolia, entre

outros temas. A viagem sempre exerceu certa magia na escritora. Não é ao

acaso, portanto, que entre seus principais títulos encontremos Viagem (1939),

Vaga Música (1942) e Mar Absoluto (1945)ou ainda outros em que refere-se

diretamente aos locais em que esteve. Citamos Doze noturnos da Holanda

(1952), Poemas escritos na Índia (1962) e Poemas italianos (1968). Neste

artigo, contudo, nos detemos mais pormenorizadamente em Solombra (1963),

que foi o último livro editado em vida pela escritora carioca. Na obra

propomos a análise de aspectos da viagem, que denominamos existencial,

realizada por Cecília ao deparar-se com temas como o mundo e o estar nele

ou o tempo e a angústia gerada pela morte para, a partir deles, realizar com

maestria o seu fazer poético. A poetisa, além de suas viagens físicas,

sobretudo a Portugal e Índia, Itália e Estados Unidos, extrai, dessas,

elementos para um percurso regido pela introspecção, pela interioridade. É

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neste aspecto que elegemos Solombra, objeto de estudo do doutorado, como

obra que proporciona verificar como se dá a viagem existencial do eu-lírico,

amparados pelo ideário de Martin Heidegger (1889-1976), que amplia e

clarifica nossa compreensão dos poemas, permitindo novas ilações e

reflexões. Viagem poética que busca a perenidade na “glória das palavras

restituídas” que, paradoxalmente, ao registrar o momentâneo do tempo,

alcançam a permanência e a transcendência.

O OGRO E A PRINCESA: UMA RELEITURA DO CONTO DE

FADAS

Denise Loreto de Souza (Mestranda – UNESP/SJRP – FAPESP)

26 DE ABRIL DE 2012 – 14H00 ÀS 18H00 – PRÉDIO DE LETRAS – SALA 03

O objetivo desta comunicação é apresentar de que forma a paródia atua no

processo de releitura do gênero conto de fadas no primeiro filme Shrek

produzidos pelos estúdios Dreamworks. Para tanto, buscaremos

embasamento teórico sobre a paródia em Hutcheon (1985) em seu livro Uma

teoria da paródia para sermos capazes de perceber como o discurso atual

interfere na convenção. Para a autora, a paródia é “repetição com distância

crítica que marca a diferença em vez da semelhança” (HUTCHEON, 1985, p.

17). É com esse olhar que partiremos para a análise do filme Shrek, para

perceber até que ponto há uma ruptura com a tradição dos contos de fadas e

de que modo a paródia funciona como um dispositivo dessa releitura.

Percebemos que na narrativa cinematográfica, o procedimento paródico se

sobressai como o principal elemento desse processo de releitura dos contos

de fadas. Shrek é um ogro, que vai desempenhar toda a trajetória de um

príncipe, ao resgatar a princesa da torre onde se encontra trancafiada.

Entretanto, Shrek, por ser um ogro, se comporta como tal: tem hábito de

soltar gases, é rude, ou seja, seu comportamento destoa do padrão de

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comportamento de um príncipe. Fiona é uma princesa que sonha em ser

resgatada pelo príncipe, que vai lhe dar o beijo do amor verdadeiro. No

entanto, Fiona é resgatada por um ogro e não por um príncipe como ela

esperava. É por meio do embate entre o comportamento e o discurso dos

personagens Shrek e Fiona, que podemos perceber o embate entre “tradição”

(discurso vinculado à tradição dos contos de fadas – na fala de Fiona) e

“ruptura” (discurso que preza pelo novo – na fala de Shrek).

LETTERS TO CHILDREN, DE C. S. LEWIS

Denise Maria de Paiva Bertolucci (Doutora em Letras)

Júlio César da Rocha (Graduando – FATEC/Ourinhos)

25 DE ABRIL DE 2012 – 14H00 ÀS 18H00 – PRÉDIO DE LETRAS – SALA 04

Nesta comunicação, apresentam-se algumas descobertas efetuadas no

trabalho em processo de transposição do livro do escritor irlandês Clive

Staples Lewis (1898-1963), Letters to children (1995), para a língua

portuguesa do Brasil. Para que se alcance esse objetivo básico, estão sendo

implementados estudos variados associados à cultura geral, literatura

comparada, análise linguístico-literária e ao estudo da obra de C. S. Lewis,

como é mais conhecido. Além disso, há o esforço para que se atinjam

soluções provenientes da informática, no que respeita ao armazenamento, ao

acesso e ao uso das informações, no caso, às ferramentas computacionais

associadas à atividade de tradução. O uso da tecnologia em questão permite o

controle da qualidade da transposição de Lewis e o acompanhamento

funcional do processo pelo supervisor da pesquisa. C. S. Lewis é o autor da

série As crônicas de Nárnia (The chronicles of Narnia), obra de imaginação

para jovens escrita nos anos 50 do século XX, com notoriedade mundial. Da

obra objeto de pesquisa, além de uma coleção de cartas de Lewis endereçadas

aos jovens leitores e apreciadores das crônicas, também fazem parte um

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prefácio escrito por Douglas H. Gresham – enteado de Lewis –, uma

apresentação e alguns dados sobre a infância do escritor. A linha teórica de

tradução vincula-se à noção de suplementaridade entre os textos, defendida

pela reflexão pós-moderna.

O GRUPO DO CENÁCULO (1868) E O REENCONTRO NA CIDADE

DO PORTO (1884): A INTERPRETAÇÃO DE MIGUEL REAL EM A

VISÃO DE TÚNDALO POR EÇA DE QUEIRÓS (2000).

Denise Rocha (Doutora – UNESP/Assis).

25 DE ABRIL DE 2012 – 14H00 ÀS 18H00 – PRÉDIO DE LETRAS – SALA 09

O romance A visão de Túndalo por Eça de Queirós foi escrito por Miguel

Real, em 2000, como homenagem ao centenário da morte do consagrado

escritor Eça (1845-1900). Nessa narrativa, que abrange o século XIX e XX

bem como o século XII, o escritor português contemporâneo Real (Luis

Martins) revisita os planos e as trajetórias de alguns membros da Geração de

70 -Eça de Queirós, Antero de Quental, Oliveira Martins, Guerra Junqueiro, e

Ramalho Ortigão- que se encontram, no ano de 1884, na cidade do Porto,

partilham sentimentos e, posam para o famoso daguerreótipo de Sáàvedra,

publicado na revista Ilustração (1885).

UM CAVALEIRO PÓS-MODERNO: UMA LEITURA DE

HEROÍSMO DE QUIXOTE (2005), DE PAULA MASTROBERTI

Elaine Cristina Caron – (Doutoranda – UNESP/Assis)

26 DE ABRIL DE 2012 – 14H00 ÀS 18H00 – PRÉDIO DE LETRAS – SALA 12

Ganhador do segundo lugar do Prêmio Jabuti de 2006, na categoria juvenil,

Heroísmo de Quixote, de Paula Mastroberti, é o segundo título de uma série

criada pela autora, chamada “Reversões”. Neste projeto, Mastroberti busca

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despertar nos jovens leitores o desejo de conhecer as obras-primas da

literatura universal que serviram de ponto de partida para as recriações. São

quatro os romances que foram publicados dentro desta mesma proposta:

Angústia de Fausto (2004), Heroísmo de Quixote (2005), Retorno de Ulisses

(2007) e Loucura de Hamlet (2010). Em Heroísmo de Quixote, a escritora

recria a saga do Cavaleiro de triste figura a partir de dois grandes romances

modernos, Dom Quixote de La Mancha (1605-1615), de Miguel de Cervantes

e O Idiota (1869), de Fiodor Dostoievski, que também se inspirou na figura

de Quixote na construção de seu personagem. O objetivo deste trabalho,

portanto, é o de apresentar uma leitura deste romance abordando o diálogo

existente entre os textos literários citados, mas também entre as outras formas

artísticas, como a ilustração o cinema e a música, já que, podemos observar

uma intensa mescla de todos estes códigos artísticos no decorrer da narrativa

e até mesmo somente ao observar a capa do romance, o que resulta em uma

obra tipicamente pós-moderna.

A CONSTRUÇÃO DO SERTÃO COMO MITO DE BRASILIDADE

EM GUIMARÃES ROSA E EUCLIDES DA CUNHA.

Élen Ângela Silva (Mestranda e bolsista CAPES/ Unesp/Marília)

26 DE ABRIL DE 2012 – 14H00 ÀS 18H00 – PRÉDIO DE LETRAS – SALA 11

Aqui, iremos discutir uma das mais poderosas configurações da cultura

brasileira: o sertão. No Brasil, a literatura foi pioneira na construção e na

investigação científica desse mito de brasilidade fundamentado

principalmente pela visão dualista do moderno versus não moderno, do

civilizado versus primitivo, do individualismo versus personalismo, do

progresso versus atraso, etc. Nesse âmbito, duas obras, distintas no tempo e

no espaço, marcaram profundamente a maneira como o sertão é falado,

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pensado, sentido e (re)configurado: Grande sertão: veredas, de Guimarães

Rosa e Os Sertões, de Euclides da Cunha. Aqui, através da análise

comparativa, procurar-se-á compreender a narrativa de ambos os autores para

problematizar: o sertão pode ser compreendido enquanto uma categoria de

análise? Na obra de Heloisa Starling, Lembranças do Brasil (1999), nota-se

que o sertão recriado por Guimaraes Rosa não é exatamente a

correspondência do sertão de onde ele retira os variados modos de falar, as

histórias e os seus personagens. É uma das muitas ideias do sertão circulantes

que o instituem como espaço imaginado que não é propriamente reflexo de

um sertão “real”. Já Custódia Selma Sena, em Regionalismos e

Sociabilidades (2010), vemos que o sertão, tal qual mostrado em Euclides da

Cunha, se constitui como suporte mítico, ageográfico e atemporal da saga

que narra a conquista da civilização pela nação brasileira, pois o sertão é

onde a civilização não chegou ainda.

A CONSTRUÇÃO DA PERSONAGEM FEMININA EM PAULO E

VIRGÍNIA (1787), DE BERNARDIN DE SAINT-PIERRE, E

INOCÊNCIA (1872), DO VISCONDE DE TAUNAY: UM ESTUDO

COMPARATIVO.

Elisa dos Santos Prado (Mestranda – Unesp/Assis – CAPES)

26 DE ABRIL DE 2012 – 14H00 ÀS 18H00 – PRÉDIO DE LETRAS – SALA 04

Neste trabalho se pretende estabelecer uma relação entre as obras Paulo e

Virgínia (1787 – Bernardin de Saint Pierre) e Inocência (1872 – Visconde de

Taunay), cotejando-as e enfocando sobretudo as personagens femininas.

Trata-se de um recorte na tentativa de abordar, concomitantemente, textos da

fortuna crítica de Inocência e estabelecer um diálogo em que se apontem

semelhanças e diferenças entre Virgínia e Inocência com o intuito de discutir

e ressignificar conceitos veiculados no passado, quando parte da crítica se

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preocupava apenas em apontar fontes e a noção de influência de autores

estrangeiros, principalmente franceses, sobre a nossa literatura, o que

conferia aos escritos brasileiros a condição de inferioridade. Para que o

estudo se viabilizasse, serão cotejados os dois textos literários com base nas

teorias da literatura comparada e da personagem de ficção.

THE HOLLOW MEN: UM ESTUDO INTERTEXTUAL

Ellen Valotta Elias Borges (Mestre – UNESP/Assis)

25 DE ABRIL DE 2012 – 14H00 ÀS 18H00 – PRÉDIO DE LETRAS – SALA 04

“The Hollow Men”, objeto de análise deste trabalho, é um poema escrito em

1925 pelo grande poeta, crítico e dramaturgo norte-americano naturalizado

inglês Thomas Stearns Eliot. Este poema foi traduzido para o português por

Ivan Junqueira com o título “Os homens ocos”. Podemos notar a influência

de diferentes obras no poema como, por exemplo, “A Divina Comédia”, de

Dante Alighieri, “O coração das Trevas”, cujo título original é “Heart of

Darkness”, de Joseph Conrad, “The hollow Land” (1856), de William Morris

e do poema “The Broken Men” (1902), de Rudyard Kipling. As relações de

intertextualidade presentes no poema possibilitam diferentes interpretações,

além de criar condições para um estudo sobre o texto e o seu contexto

histórico-social. Considerando o homem um sujeito que se constrói a cada

dia por relações estabelecidas e determinadas pela sociedade que o cerca,

analisaremos o poema de acordo com as relações de intertextualidade

presentes na sua estrutura por meio de uma análise comparativa entre o texto

original e sua tradução na língua portuguesa.

O PROJETO DISCIPLINADOR DAS CRÔNICAS DE ARTUR

AZEVEDO

Esequiel Gomes da Silva (Doutorando – UNESP/Assis – FAPESP)

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26 DE ABRIL DE 2012 – 14H00 ÀS 18H00 – PRÉDIO DE LETRAS – SALA 10

A “De Palanque” era uma seção de variedades assinada por Artur Azevedo

nos periódicos Diário de Notícias e Novidades, no Rio de Janeiro, na qual

eram feitos comentários acerca da vida social, artística e cultural da capital

do império. Nos textos que publicava, ao mesmo tempo em que divulgava

notícias sobre os temas acima referidos o cronista tentava criar um tipo de

leitor afeito a apreciar a arte e a cultura de um modo geral. Tratava-se de

lapidar o gosto de um público que ele mesmo classificava como indiferente,

sobretudo em matéria de arte. Em um momento fortemente marcado pela

necessidade de se criar cidadãos fortes, do ponto de vista físico, moral e

intelectual, a “De palanque” tinha também um caráter pedagógico, uma vez

que funcionava como um canal de circulação da cultura letrada para a cultura

iletrada. Nesse sentindo, o jornalista maranhense assumia o papel de

reformador de costumes, tendo como ferramenta a sua coluna diária. Por essa

razão, com a proposta que ora apresentamos, interessa-nos analisar o

procedimento textual utilizado Artur Azevedo na tentativa de refinar o gosto

do público para o qual escrevia, no final do século XIX.

DA PROSA AO VERSO: UMA ADAPTAÇÃO

MACHADIANA

Fabiana Gonçalves (Doutoranda – UNESP/Assis – FAPESP)

25 DE ABRIL DE 2012 – 14H00 ÀS 18H00 – PRÉDIO DE LETRAS – SALA 10 C

Machado de Assis lançou Crisálidas, sua primeira compilação poética, em

1864. Nesse volume foram coletadas várias imitações ou recriações,

resultado da atividade tradutória do autor. Além das adaptações a textos

estrangeiros, Machado de Assis dedicou-se a reinterpretar seus próprios

textos também. “Monte Alverne”, publicado no Jornal do Comércio em 06

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de dezembro de 1858, recuperado posteriormente nas Crisálidas, apresenta

esse feitio na medida em que promove a versificação de um tema

desenvolvido anteriormente em prosa. Escrito por ocasião da morte de Frei

Francisco de Mont’Alverne, personagem ilustre da sociedade carioca do

século XIX, o poema-homenagem reforça por meio de versos um

pensamento do poeta registrado em um ensaio de 1856. Inaugurando a seção

“Idéias vagas”, da Marmota Fluminense, Machado de Assis inicia a vida de

prosador com uma sequencia de três textos e no último escrito da série

reverencia o orador sacro. Assim sendo, a partir de leituras confrontes entre

as duas composições, buscaremos nesta comunicação demonstrar as

intersecções temático-estruturais entre os dois textos e desse modo recuperar

a transposição machadiana da prosa para o verso.

AS MULHERES-ILHAS DE ORLANDA AMARÍLIS: O

CONTO MAIRA DA LUZ

Fabiana Miraz de Freitas Grecco (Doutoranda – UNESP/Assis)

25 DE ABRIL DE 2012 – 14H00 ÀS 18H00 – PRÉDIO DE HISTÓRIA – SALA 07

Orlanda Amarílis é uma contista cabo-verdiana nascida em Assomada, Cabo

Verde, 1924. Pertenceu à geração da Revista Certeza (1944), periódico cabo-

verdiano que se destacou por sua grande preocupação social. Tem publicado,

além de artigos nessa revista e em outras como “Colóquio Letras” e “África”,

três livros de contos intitulados “Cais-do-Sodré té Salamansa” (1974), “Ilhéu

dos Pássaros” (1982), “A casa dos mastros” (1989). Ligada aos propósitos de

busca pela identidade cabo-verdiana, Amarílis criou, através de suas

personagens femininas, uma nova maneira de tratar essa questão, que se

destacou e diferenciou da produção de seus contemporâneos e companheiros

do grupo Certeza. Testemunha-se por meio da sua escrita, o esmiuçar do

cotidiano de mulheres exiladas, que buscam a sua identidade em um espaço

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alheio e distante. Procuraremos refletir, nesta comunicação, as questões sobre

a identidade da mulher cabo-verdiana no conto “Maira da Luz”, do livro A

casa dos mastros, 1989, explicando como ocorre a “escrita pós-colonial de

fronteira” na obra da escritora.

DESENHOS E REVOLUÇÃO: HUMOR E CRÍTICA

SOCIAL/VISUAL EM REGENERACIÓN

Fábio da Silva Sousa (Doutorando em História – UNESP/Assis – FAPESP)

26 DE ABRIL DE 2012 – 14H00 ÀS 18H00 – PRÉDIO DE LETRAS – SALA 10

O Regeneración foi um periódico fundado em agosto de 1900, pelos irmãos

Ricardo e Jesús Flores Magón, na Cidade do México. Em 1905, tornou-se

publicação oficial do Partido Liberal Mexicano (PLM), e, durante o período

armado da Revolução Mexicana (1910 – 1920) foi editado na fronteira dos

Estados Unidos com o México, na região da Califórnia, até outubro de 1918,

cuja coleção completa totaliza cerca de 381 edições. Apesar de ter sido objeto

e tema de várias pesquisas, que se aprofundaram nas análises de seus textos,

cuja maioria foi de autoria de Ricardo Flores Magón, essa comunicação

pretende trabalhar um aspecto importante, porém pouco pesquisado de

Regeneración: suas charges e caricaturas políticas. Por meio de uma análise

do significado de tais desenhos, essa comunicação tem como objetivo

demonstrar que o Regeneración também utilizou a arte e o humor como uma

forma de propaganda política, ao criticar os rumos da Revolução Mexicana e

promover o anarquismo como a principal alternativa de governo político e

social.

INCOMUNICABILIDADE E AMOR-PAIXÃO EM GRAÇA, DE LUIZ

VILELA

Fabrina Martinez de Souza (Mestranda – UFMS)

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Rauer Ribeiro Rodrigues (Docente – UFMS)

26 DE ABRIL DE 2012 – 14H00 ÀS 18H00 – PRÉDIO DE LETRAS – SALA 11

O artigo tem como objetivo investigar como Luiz Vilela evidencia a

incomunicabilidade e o amor-paixão no romance Graça, publicado em 1989,

através dos diálogos entre as personagens Epifânio e Graça. A

incomunicabilidade, característica da poética do autor, será estudada como

aspecto resultante da condição de mônada. Segundo a teoria do filósofo

Leibniz, publicada em 1720, todo indivíduo é uma mônada. Universo lacrado

que muda exclusivamente a partir de movimentos internos. A hipótese é de

que essa mudança se iniciaria a partir do amor e resultaria num processo de

auto-avaliação. No caso de Graça, o amor-paixão. Esse conceito será lido

conforme apresentado por Anthony Giddens em A transformação da

intimidade, de 1993. A escolha do diálogo como estratégia para potencializar

a incomunicabilidade será estudada a partir das considerações de Hudinilson

Urbano em Oralidade na literatura, de 2000, que se vale, em especial, de

proposições teóricas de Roland Barthes, Mikhail Bakhtin e Dino Preti.

Através da análise e interpretação desses elementos (a incomunicabilidade

como mônada, o amor-passion e o diálogo) é possível perceber a

movimentação interna das personagens.

O SISTEMA SEMISSIMBÓLICO PARA LEITURA DE TEXTOS

Fernando Moreno da Silva (Pós-doutorando – UNESP/Araraquara –

FAPESP)

26 DE ABRIL DE 2012 – 14H00 ÀS 18H00 – PRÉDIO DE LETRAS – SALA 10 C

Com base em Hjelmslev, a semiótica francesa distingue três grandes tipos de

linguagens segundo a natureza da relação entre Plano de Expressão (PE) e

Plano de Conteúdo (PC): sistemas semiótico, simbólico e semissimbólico.

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Sistema semiótico: não há conformidade entre os dois planos; é necessário

distinguir e estudar separadamente expressão e conteúdo. Exemplo: línguas

naturais. Sistema simbólico: os dois planos estão em conformidade total: a

cada elemento da expressão corresponde um – e apenas um – elemento do

conteúdo, não sendo necessário distinguir PE e PC porque ambos têm a

mesma forma. Exemplo: semáforo. Sistema semissimbólico: define-se pela

conformidade não entre elementos isolados dos dois planos mas entre

categorias da expressão e categorias do conteúdo. Assim, valendo-se do

sistema semissimbólico, a proposta da comunicação é apresentar as

ferramentas que a semiótica oferece para leitura de textos verbais ou não

verbais, tomando como exemplos de análise imagens e poemas para mostrar

as relações entre conteúdo e expressão.

UMA LEITURA DA METAFICÇÃO HISTORIOGRÁFICA:

TATUAJES EN EL CIELO Y EN LA TIERRA

Flávia Giúlia Andriolo Pinati (Mestranda – UNESP/Assis)

25 DE ABRIL DE 2012 – 14H00 ÀS 18H00 – PRÉDIO DE LETRAS – SALA 03

Compreendida como “uma conjuntura memorial e estética” (REGÍNE, 1989,

p. 200), a Pós-Modernidade tem como uma das suas principais características

a narrativa que problematiza, indaga e, consequentemente, faz reviver a

história que foi deixada por nossos ancestrais, tratando-a com a liberdade de

modificá-la e mostrá-la sob outros ângulos através da ficção. Desta maneira,

as narrativas passam a recuperar a história de uma forma diferente daquela

até então usada pelo romance histórico. O gênero passa a ser reinventado,

fazendo surgir o que a estudiosa Linda Hutcheon chama de metaficção

historiográfica, texto que “procura desmarginalizar o literário por meio do

confronto com o histórico, e o faz tanto em termos temáticos como formais”

(1991, p.145), mais do que isso, esse tipo de ficção pós-moderna se propõe a

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reapresentar o passado histórico na ficção, revelando-o na atualidade a fim de

impedir que o texto oficial seja conclusivo. Diante de tal importância,

pretendemos examinar como o conto “Tatuajes en el cielo y en la tierra”,

presente no livro Amores Insólitos de nuestra historia (2001), da escritora

argentina María Rosa Lojo, configura-se como uma metaficção

historiográfica. Pra isso, apontaremos os possíveis jogos intertextuais e

paródicos produzidos durante o processo de construção metaficcional e

observaremos os aspectos de fronteira constituintes do texto.

ENTRE TETOS, CASAS E BECOS: O COTIDIANO DAS

MULHERES SICILIANAS NA OBRA NARRATIVA DE MARIA

MESSINA

Francisco Cláudio Alves Marques (Docente – UNESP/Assis)

25 DE ABRIL DE 2012 – 14H00 ÀS 18H00 – PRÉDIO DE HISTÓRIA – SALA 07

O cotidiano das protagonistas de Maria Messina, escritora siciliana do

Novecentos, é sempre descrito a partir de lugares fechados, becos estreitos e

penumbrosos. Suas heroínas vêem a vida através da janela ou por cima de

tetos que se estendem infinitamente ao longo dos becos medievais da Sicília.

Por meio da escrita messiniana, a eloqüência dessas imagens denuncia a

submissão e o silêncio das mulheres sicilianas bem como define o lugar

ocupado por elas numa sociedade secularmente marcada pelo discurso

patriarcalista.

PATRÍCIA MELO E A HERANÇA “BRUTALISTA” EM SUAS

NARRATIVAS

Francisco Mariani Casadore (Mestrando – UNESP/Assis)

25 DE ABRIL DE 2012 – 14H00 ÀS 18H00 – PRÉDIO DE LETRAS – SALA 12

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Patrícia Melo é uma das autoras de maior reconhecimento na literatura

brasileira contemporânea. Por vezes, sua obra é comparada à produção de

Rubem Fonseca - caracterizada, por Alfredo Bosi, como sendo brutalista.

Desse modo, o estudo propõe reconhecer, no estilo da escritora, traços que

também condizem com tal conceito. Para tanto, selecionamos três dos seus

romances – Mundo perdido (1996), Inferno (2000) e Valsa Negra (2002).

Após um levantamento bibliográfico que contemple apontamentos acerca da

visão histórico-social brasileira, da relação entre o indivíduo e a sociedade e

da teoria literária (especificidades do gênero romance, bem como

desdobramentos das estruturas narrativas), dar-se-á o momento de cotejarmos

o material teórico com o corpus literário, a fim de promover a análise

individual desses romances, seguida da identificação de recursos e técnicas

que constituem o estilo da autora. Utilizando, inicialmente, as obras de

Sérgio Buarque de Holanda, Antonio Candido, Georg Lukács, Roland

Barthes e Alfredo Bosi, pretendemos ainda contribuir para a consolidação de

uma fortuna crítica que tenha como objeto de estudo as produções de Patrícia

Melo.

A MORTE AMANDO A VIDA: HUMOR E REPRESENTAÇÃO DA

MULHER NO MINICONTO “A PAIXÃO DA SUA VIDA”, DE

MARINA COLASANTI

Frederico Helou Doca de Andrade (Mestrando – UNESP/Assis – FAPESP)

Nosso propósito, neste estudo, é o de analisarmos como se dá o processo do

riso sardônico, sarcástico no miniconto “A paixão de sua vida”, de Marina

Colasanti, publicado por essa escritora ítalo-brasileira no livro Contos de

Amor Rasgados, de 1985, no Rio de Janeiro. Ao longo de 99 minicontos, a

poetisa, contista, cronista e artista plástica carioca “rasga” os relacionamentos

amorosos tidos como paradigmáticos, edulcorados e desgastadamente

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trabalhados na literatura. Escolhemos o miniconto supracitado porque, além

de investigarmos o porquê do humor refinado e ácido presente na narrativa,

também tencionamos desnudar a representação da mulher na diegese, sendo

que a personagem da morte, alusiva à Juliette do Marquês de Sade; e Justine,

a vida, brigam pelo amor de um rapaz e o dividem. E o desfecho da história é

totalmente irônico, inquietante e causa estranhamento, como se o leitor fosse

atraído à trama por meio de um humor “fácil”, parecido com o chiste,

aparentemente despretensioso, mas que o lacera impiedosamente. Essa

intertextualidade também nos remete à Justine e Juliette de Virginia Woolf,

em seu livro Sadean Woman (A Mulher Sadiana, ainda não traduzido no

Brasil). Para tanto, valeremo-nos de estudiosas da crítica literária feminista,

bem como de autores que trataram do tema do humor, como Henri Bergson,

Linda Hutcheon, entre outros.

A REPRESENTAÇÃO E A TRADUÇÃO DE PARATEXTOS

BÍBLICOS NOS CONTOS DE MARIA ROSA LOJO

Gabriele Franco (Graduanda – UNESP/Assis – FAPESP)

25 DE ABRIL DE 2012 – 14H00 ÀS 18H00 – PRÉDIO DE LETRAS – SALA 03

A partir do desenvolvimento do projeto de iniciação Cientifica “Contos

traduzidos de Maria Rosa Lojo”, que se propõe a traduzir alguns contos do

livro Histórias Ocultas en la Recoleta, percebemos a importância que a

intertextualidade presente nos paratextos exerce nessa obra e apresentamos,

portanto, a problemática relacionada à tradução desses paratextos. Como

objeto de estudo, selecionamos o conto La esclava y el niño que apresenta ao

leitor a história pessoal de Catalina Dogan (1788-1863). Essa história é

retomada pela escritora por meio de Bernabé, um menino que era

secretamente apaixonado por Catalina, a escrava responsável por seus

cuidados. O conto, assim como todos os outros do livro, apresenta um pano

de fundo histórico representado aqui pelo conflito de raças na sociedade

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escravocrata argentina do século XIX. O paratexto bíblico que antecede o

conto possui um papel fundamental para o leitor atento, pois funciona como

uma piscadela culta da autora. Ele pertence ao Cântico dos Cânticos -

“Mistérios do amor”, livro que trata de uma coleção de cantos populares. O

amor do menino pela escrava, subentendido na narrativa, pode ser iluminado

pelo paratexto a partir de uma leitura intertextual e crítica.Entender os

paratextos é essencial para compreender os contos históricos de Maria Rosa

Lojo, pois traduzi-los é uma tarefa complexa. Para isso, contou-se com o

referencial teórico de Umberto Eco sobre a ironia intertextual e suas

implicações no ato tradutório. Contribuíram, também, as considerações

teóricas de Linda Hutcheon sobre a intertextualidade, a paródia e os discursos

da história.

CULTURA DE MASSA E NOVAS MÍDIAS NO SÉCULO XIV – O

NOVO DISCURSO DOS PERIÓDICOS ILUSTRADOS EUROPEUS

Gerson Luís Pomari (Pós-doutorando – Ruprecht-Karls-Universität

Heidelberg)

25 DE ABRIL DE 2012 – 14H00 ÀS 18H00 – PRÉDIO DE LETRAS – SALA 10

No âmbito da Comunicação, a sociedade de cultura de massa e as mídias

contemporâneas são o que melhor representa o estágio de civilização no

qual nos encontramos atualmente. Esses dois fenômenos registram suas

origens na mudança do paradigma dos meios de produção da sociedade

ocidental ocorrida na virada do século XVIII para o XIX. A mídia

impressa representou o principal suporte de difusão da informação

naquele período, inicialmente na forma do livro e, posteriormente, de um

modo socialmente mais abrangente na forma dos jornais. Em uma fração

da literatura em prosa da segunda metade do século XIX, o alcance dessa

nova concepção de mundo, entretanto, não se limita apenas ao plano do

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conteúdo narrativo, mas chega a atingir a própria forma literária enquanto

meio de expressão. No campo da comunicação (artística e não artística), a

grande revolução ocorrida então parece ter sido a elevação da imagem à

posição de protagonista na tarefa de denotar os conteúdos significativos em

diversas formas de textos. Na Alemanha esse tipo de literatura era veiculado

nas páginas de periódicos crítico-satíricos, tais como Fliegende Blätter

(1845-1944), Simplicissimus (1896-1944), Deutsches Kunstblatt (1850-

1958), Kladderadatsch (1848-1944), Münchener Bilderbogen (1848-1905),

Freiburger Münsterblätter (1905-1922), Mitteilungen zur Geschichte des

Heidelberger Schlosses (1855-1936), Meggendorfer-Blätter (1888-1944) ou

Ulk. Illustriertes Wochenblatt für Humor und Satire (1872-1933), os quais

estabeleceram no âmbito da língua alemã uma intensa prática editorial

jornalística (e humorística) antes mesmo daquela que eclodiria, no final do

mesmo século no continente americano. Na França, circulou em Paris entre

1832 e 1937 o periódico humorístico com ilustrações Le Charivari. Este

influenciou no surgimento em Londres da revista Punch, publicação a ele

assemelhada, a qual evidencia sua inspiração na capa da primeira edição

anunciando-se como Punch or The london Charivari, lançada em 1841 e

publicada até recentemente.

GÊNEROS SEM FRONTEIRAS: GOTA D’ÁGUA,

DE CHICO BUARQUE DE HOLLANDA

Giovanna Maíra Scoparo (Graduanda – UNESP/Assis –

PIBIC/CNPq

25 DE ABRIL DE 2012 – 14H00 ÀS 18H00 – PRÉDIO DE LETRAS – SALA 12

Este trabalho é parte do projeto Diálogos entre gêneros discursivos:

princípios de análises intergenéricas, PIBIC/CNPq, que, por sua vez, é parte

integrante do projeto de pesquisa de Luciane de Paula (2010), denominado A

intergenericidade da canção e se constitui como uma pesquisa de natureza

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qualitativa com caráter interpretativista analítico-descritivo. O seu caráter

multidisciplinar contempla teorias e análises díspares ao se voltar para a

organização dos elementos linguísticos e translinguísticos dos gêneros

discursivos postos em diálogo, em consonância com os estudos do Círculo de

Bakhtin. A fundamentação desta pesquisa considera os diálogos entre

gêneros como parte integrante de sua arquitetônica. Por isso, a proposta aqui

presente: pesquisar alguns diálogos entre gêneros discursivos distintos como

princípio da concepção de intergenericidade, ao considerar a

interdiscursividade e a intertextualidade como elementos composicionais da

arquitetônica dos gêneros discursivos. Para compreender alguns princípios da

intergenericidade, esta proposta parte dos aspectos lingüísticos dos gêneros, a

fim de compreender sua translinguística. Seguindo a pesquisa principal de

Paula (2010), este trabalho se dedica à reflexão sobre o conceito de

intergenericidade como construção poética autoral, a fim de fortalecer, por

meio do tratamento da poética de Chico Buarque, analisada de maneira

específica por meio de sua obra Gota D’Água (peça teatral escrita em versos,

onde se encontram as canções “Flor da Idade”, “Bem Querer”, “Basta Um

Dia” e, a principal e título homônimo ao da obra, “Gota D’Água”; bem como

seu intrínseco diálogo com a Medéia, de Eurípedes), vista como exemplo de

uma maneira típica de construção autoral (a intergenericidade, a

interdiscursividade e a intertextualidade como parte da arquitetônica poética

de Chico Buarque), a (re)constituição das amarras entre as noções de diálogo,

gênero, poética e autoria. Trata-se de analisar a operacionalidade e

produtividade das concepções analisadas (pedidas pelo corpus pesquisado)

como um conjunto de noções que compõe procedimentos de análise.

O CAMINHO DA ILUMINAÇÃO BUDISTA EM PROSA E POESIA

NA ESCRITA DE CECÍLIA MEIRELES

Gisele Pereira de Oliveira (Doutoranda – UNESP/Assis)

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26 DE ABRIL DE 2012 – 14H00 ÀS 18H00 – PRÉDIO DE LETRAS – SALA 12

A relação entre Cecília Meireles e a Índia se apresenta de forma explícita e

implícita em sua obra. Por um lado, dentre seus diversos livros de poesia,

encontra-se o Poemas escritos na Índia, escrito a partir de sua viagem ao país

em 1953, paralelamente às diversas crônicas que narram momentos de sua

passagem pela terra de Gandhi e Tagore. Por outro lado, em sua lírica, há

inúmeros poemas que permitem a leitura de princípios, temas e nuances do

pensamento filosófico-religioso tipicamente oriental, sejam aqueles

reconhecíveis como associáveis ao hinduísmo, ou, como nos interessa aqui,

ao budismo. A partir dessas perspectivas, apresentamos uma seleção de

poemas cuja análise aponta premissas budistas, levando em consideração, ao

mesmo tempo, a crônica de viagem intitulada “Grutas de Ajantá”, que

apresenta sumariamente um panorama da vida do Buda e de seus

ensinamentos fundamentais.

Des Esseintes: o Decadentismo e a lírica moderna

Gláucia Benedita Vieira (Graduanda – UNESP/Assis)

25 DE ABRIL DE 2012 – 14H00 ÀS 18H00 – PRÉDIO DE LETRAS – SALA 04

O presente projeto tem como objetivo compreender e analisar as

características literárias da escritura de Huysmans, a partir de sua obra À

Rebours, considerada símbolo de um movimento que transformou a estética

literária no final do século XIX, influenciando toda a lírica moderna. Como

principal representante desse movimento, Huysmans cria o protagonista des

Esseintes, um dândi cujo ideal de vida é extremamente bem elaborado no

decorrer do texto, que descreve de forma exemplar a “rotina” almejada por

quem já não suportava a pressão de uma sociedade condicionada a uma vida

mecânica, artificial. Ao romper com os moldes literários vigentes, Huysmans

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elabora textos originais, abusando da linguagem culta, com vasto e rebuscado

vocabulário, detalhando com primazia variados assuntos. Em À Rebours,

para tornar esse mundo real possível de ser vivido, é necessário que des

Esseintes se afaste da sociedade e crie sua própria realidade, então, ele

constrói seu refúgio e reveste-se de uma personagem excêntrica, solitária,

imersa em cultura e no culto ao belo; embora banhada pelo luxo, a vida de

des Esseintes era mergulhada na escuridão da misantropia exagerada. De

fato, as obras dessa fase refletiam o isolamento e é exatamente nesse terreno

que elas abusam dos sonhos e devaneios, pois dentro de um livro,

absolutamente tudo passa a ser permitido. E À Rebours, de J.-K Huysmans,

considerada a “bíblia” ou o “breviário” do movimento decadentista

(LAMART, 2005, p. 3), permite ilustrar os inícios desse processo de

decomposição do mundo real, do júbilo do raro e da cultura da fantasia e do

artificial. ´

A HIBRIDIZAÇÃO DA IMAGEM E DO TEXTO NA OBRA A ARTE

PRODUZIR EFEITO SEM CAUSA DE LOURENÇO MUTARELLI.

Guilherme Mariano Martins da SILVA (Doutorando - UNESP/SJRP)

26 DE ABRIL DE 2012 – 14H00 ÀS 18H00 – PRÉDIO DE LETRAS – SALA 03

Este trabalho propõe um estudo sobre como o uso de sequência de números e

do corte sequencial do cinema são utilizados para a produção de ritmo e

suspensão na obra A arte de produzir efeito sem causa (2008), romance

escrito pelo artista Lourenço Mutarelli, cuja carreira inclui trabalhos como

quadrinista e ator. Para o estudo do corte cinematográfico na sintaxe da obra

será utilizado Film Form de Eisenstein (1949), o qual provê um estudo

sistemático do uso do corte e da montagem no cinema, enquanto que para as

questões da diagramação da página do romance, torna-se essencial a

utilização das teorias de McCloud em Desvendando os quadrinhos (2005) e

de Eisner em Quadrinhos e Arte Seqüencial (1999), importantes teóricos das

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narrativas visuais, assim como a concepção apresentada por Márcia Arbex

em Poéticas do Visível (2006) acerca da qualidade imagética do texto

escrito,em específico neste trabalho do texto numérico como imagem no

romance estudado. Com o desenvolvimento da análise formal, pretende-se

demonstrar como este corte e esta diagramação são utilizados para a

representação dos estados sensoriais da personagem principal.

“A CARTOMANTE”: UMA INVESTIGAÇÃO SOBRE AQUELE QUE

DÁ AS CARTAS NO BARALHO FICCIONAL

Héder Junior dos Santos (Mestrando – UNESP/Assis – CNPq)

26 DE ABRIL DE 2012 – 14H00 ÀS 18H00 – PRÉDIO DE LETRAS – SALA 10 C

Este trabalho propõe uma leitura do conto “A cartomante”, escrito e

publicado por Machado de Assis, originalmente, na Gazeta de notícias, em

1884, e compilado, posteriormente, em suas Várias histórias, em 1896, e cuja

temática desenvolve-se a partir do triângulo amoroso (Camilo, Rita e Vilela).

Pretende-se aparafusar a interpretação da narrativa na maneira pela qual o

narrador social dispõe os acontecimentos vividos pelas personagens, quer

dizer, nosso objetivo central é discutir o modo de pensar orquestrador da

diegése, o sistema de base dessa narrativa curta, pois esta almejaria

esclarecer, postular ou redesenhar fatos históricos, políticos e sociais:

consecutivamente, por meio da elaboração de uma história, e encarnados na

figura do narrador social, já que é ele quem recorta e dá forma àquilo que nos

é apresentado. Importa mencionar que para tal leitura, partimos de alguns

pressupostos norteadores: a ficcionalidade como valor estético, a consciência

construtiva cultivada rigorosamente pelo literato e a ficção como mediadora

de verdades ou realidades mentais e sociais construídas historicamente.

JOSÉ LINS DO REGO E SUA TRAJETÓRIA LITERÁRIA

ROMANESCA: REALIDADE X FICÇÃO

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Helton Marques (Mestrando – UNESP/Assis)

25 DE ABRIL DE 2012 – 14H00 ÀS 18H00 – PRÉDIO DE LETRAS – SALA 11

Autor de várias produções literárias, José Lins do Rego (1901 – 1957) é

considerado pela crítica um dos principais escritores da Literatura Brasileira

da década de 30, e sua ficção filia-se de modo único à estética regionalista

vigente na época. Caracterizada pela liberdade de expressão, o interesse

social e o regionalismo, a obra de Zé Lins é uma das mais importantes

produzidas durante o Modernismo no Brasil. Seus primeiros romances, em

geral, são o retrato melancólico e ao mesmo tempo poético de uma sociedade

decadente. Em 1932, Zé Lins publicou seu primeiro romance, intitulado

Menino de engenho, que inicia o chamado “Ciclo da cana-de-açúcar”, e

segue com Doidinho (1933), Bangüê (1934), O Moleque Ricardo (1935),

Usina (1936), e, como romance-síntese desse processo, a obra-prima Fogo

Morto (1943). Como é possível observar, entre a publicação de Usina e

Fogo-Morto, houve um intervalo de sete anos, durante o qual José Lins

revelou que seu talento de romancista não se restringia a uma criação literária

baseada apenas em suas vivências de infância e mocidade. Deixando de lado

a vida dos engenhos e do patriarcado nordestino, o autor usou de toda sua

imaginação e criou narrativas ambientadas em diferentes épocas e espaços,

como Pureza (1937), Pedra Bonita (1938), Riacho Doce (1939), e Água-mãe

(1941), para, em 1943 com Fogo-Morto, retornar (daí a ideia de ciclo) ao

espaço do patriarcado sertão nordestino em decadência. Alguns anos depois

da publicação desse romance, em 1947, é publicado Eurídice, drama

psicológico ambientado no Rio de Janeiro, e, em 1953, o último romance do

autor, intitulado Cangaceiros, uma narrativa que apresenta a figura do

cangaceiro ambiguamente delineada, ora apresentando ares de heroísmo, ora

de banditismo, encerra a trajetória literária romanesca de José Lins do Rego.

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A POESIA PEREGRINA DE GREGÓRIO DE MATOS PELA CIDADE

DA BAHIA

Higor Alberto Sampaio (Mestrando – UNESP/SJRP)

25 DE ABRIL DE 2012 – 14H00 ÀS 18H00 – PRÉDIO DE LETRAS – SALA 11

O presente trabalho tem por objetivo nortear um passeio por alguns dos

sonetos satíricos de Gregório de Matos nos quais a cidade da Bahia se

presentifica enquanto signo, no intuito de verificar como a cidade, enquanto

espaço, é ali representada e reflete esse eu-viajante problemático. Entretanto,

essa “poesia geográfica” (JACKSON, 2010) que peregrina pela Bahia do

século XVII não é uma viagem de descoberta, eufônica, mas sim uma viagem

na qual não faltam a denúncia, o descalabro e o riso. À forma do soneto,

enquanto forma quadrática e ordenadora somar-se-á o engenho poético, a

crítica e o riso carnavalizante próprios da expressão do poeta, conferindo ao

quadro a deformação, representação elíptica que, segundo Sant’Anna (2000),

é própria do Barroco, período estético que marca no Brasil o início de uma

vida intelectual e de uma expressão própria aos ares do cá. Ademais,

pretendemos enfatizar como a poesia de Gregório de Matos ressoa em nossa

literatura como precursora de algumas questões que as vanguardas brasileiras

do século XX aspiraram, ou seja, uma poesia que mantivesse diálogo com

outras culturas e literaturas, características de uma poesia própria à

exportação.

A RAIZ E O RIZOMA EM MIA COUTO

Ingrid Leutwiler P. Faustino (Graduanda – UNESP/Assis)

26 DE ABRIL DE 2012 – 14H00 ÀS 18H00 – PRÉDIO DE LETRAS – SALA 09

Em seu prefácio ao Entrelaçar de vozes mestiças de Celina Martins, Mia

Couto comenta a necessidade de amálgama entre a raiz, identificada como

memória e terra, própria territorialização da cultura, que nos chega por

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Walter Benjamin pela imagem do camponês sedentário, e o rizoma, termo

que Deleuze e Guattari usam como uma rede múltipla de relações, e que foi

trazido por Glissant para os estudos pós-coloniais para falar da mestiçagem

cultural - e para este conceito, Mia Couto confere a imagem do vôo, e,

portanto, do ar. Os contos que pretendemos trabalhar trazem imagens de

enraizamentos na profundidade da terra, e também de vôos até ao devaneio

lunar – e isso ao mesmo tempo. Por exemplo, em Raízes há o surgimento do

poeta, daquele que pratica a poiésis, a criação, e este surgimento se dá

quando, tendo o sujeito se enraizado na terra inteira, lhe plantam a cabeça na

lua. Moçambique, como diz o próprio Mia Couto, é uma nação em estado de

construção, é um espaço compósito, mas formam sua hibridez sociedades

atávicas, em sua maioria povos de raiz bantu de cultura oral – e a união entre

raiz e rizoma torna-se fundamental neste contexto. Mia Couto traz para nós

estas imagens que mais parecem uma atividade mitopoética, pois que vem

dar conta desta ambiguidade no seio da sua Nação – e, como diz Lévi-

Strauss, a função do mito é tentar apaziguar certas ambiguidades criando de

novas imagens, novas narrativas. Através da fenomenologia da imaginação

de Bachelard, pretendemos ler, em contos escolhidos dentro dos Contos do

Nascer da terra, estas imagens em paralelo com a construção do imaginário

Moçambicano, para compreendermos, talvez, o surgimento desta raíz

volitante que Mia Couto acaba por plantar em nosso imaginário.

A ITÁLIA NO SONHO DE UM TEMPO: A PRESENÇA ITALIANA

EM “A SEMANA” DE MACHADO DE ASSIS (1892 E 1893)

Ionara Satin (Mestranda – UNESP/Assis – Bolsista CAPES)

25 DE ABRIL DE 2012 – 14H00 ÀS 18H00 – PRÉDIO DE LETRAS – SALA 10 C

Quando Machado de Assis dialoga com a Itália em suas crônicas, esse

discurso intertextual está, na maioria das vezes, atrelado às manifestações

artísticas desse país; o destaque é dado às óperas, companhias líricas, tenores,

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atrizes e compositores. Enfim, ligado àquela visão de Itália expressa pelo

fascínio em relação a sua história, devido ao seu passado romano, à

quantidade de beleza antiga que exala daquele solo e, sobretudo, à atmosfera

romântica que circunda essa terra de belas canções e grandes artistas. Essa

Itália machadiana é construída pelo escritor de diversas maneiras, como por

exemplo, na crônica de 16 de julho de 1893, escolhida para essa

comunicação, na qual o colaborador da Gazeta de Notícias refere-se à Itália

por meio do sonho de um tempo, todo intertexto italiano é inserido nessa

crônica pela memória saudosista do cronista.

PAULO PRADO E A SEMANA DE 22

Isabel Cristina Domingues Aguiar (Doutoranda – UNESP/Assis)

25 DE ABRIL DE 2012 – 14H00 ÀS 18H00 – PRÉDIO DE LETRAS – SALA 10 B

O estudo biográfico de Paulo Prado (1869-1943) nos mostra o quanto

valorizou as artes e cultura em geral. Tendo vivido na Europa a efervescência

intelectual, Prado a compreendia como parte decisiva para a mudança de uma

sociedade que se encontrava alheia ao processo de modernização evidenciado

em outros países. Daí, na inovação cultural justifica-se o apoio

principalmente financeiro dado ao grupo modernista de São Paulo. Contudo,

a adesão do autor ao Modernismo não instituiu uma mudança radical de

ideologia como ocorreu com outros participantes da Semana de Arte

Moderna, ao contrário, Paulo Prado permaneceu na fronteira entre o

conservadorismo x modernismo, o tradicional x inovador, tanto que publicou

o clássico livro Paulística (1925) em meio as atividades de mecenas do

movimento. Nesse sentido, esse trabalho pretende destacar a participação de

Paulo Prado na Semana de Arte Moderna de 1922, a partir das

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correspondências trocadas com alguns dos participantes do movimento

modernista, como também por meio dos estudos existentes sobre o autor.

DEVIR E AMBIVALÊNCIA NA POÉTICA DE VINÍCIUS DE

MORAES

Isabela Morais (Mestranda em Sociologia – UNESP/Araraquara)

26 DE ABRIL DE 2012 – 14H00 ÀS 18H00 – PRÉDIO DE LETRAS – SALA 12

A partir da arquitetônica teórica de Mikhail Bakhtin, suas reflexões sobre o

devir, ambivalência e a relação entre ética e estética, pretende-se aqui

dialogar com a obra de Vinicius de Moraes, seja na prosa, na poesia ou na

canção popular, fazendo uma interpretação das seguintes obras: “Depois da

Guerra”, crônica de maio de 1944, “Marcha da Quarta-feira de Cinzas”,

canção em parceria com Carlos Lyra, de 1963, “Mensagem à Poesia” poesia,

de 1960, “Tempo de Amor (Samba o Veloso)”, canção em parceria com

Baden Powell, de 1962 (gravada em 1966), e o poema inconcluso “O Haver”

(1962-1970). Entende-se aqui tanto o devir quanto a ambivalência enquanto

termos constitutivos de uma metáfora crítica (PETRILI, 2012) que Bakhtin

desenvolve e interpreta no estudo sobre Rabelais e o realismo grotesco.

Procuramos refletir, de outra parte, a relação destes textos com o momento

histórico em que foram redigidos e as possibilidades de sua interpretação,

entendendo a obra enquanto inacabada, tendo seu sentido renovado no

encontro com o outro.

A PRESENÇA DO BRASIL NO ARQUIVO DO ESCRITOR

MEXICANO ALFONSO REYES

Jacicarla Souza da Silva (Doutoranda – UNESP/Assis – UEL)

25 DE ABRIL DE 2012 – 14H00 ÀS 18H00 – PRÉDIO DE LETRAS – SALA 03

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Embora tenha atuado de maneira bastante ativa no cenário intelectual do

Brasil na primeira metade do século XX, o nome do escritor mexicano

Alfonso Reyes (1889-1959) ainda parece configurar um desses ilustres

“desconhecidos” entre os brasileiros. Durante o período que viveu no Brasil

(1930-1936), em que desempenhou o cargo de Embaixador do México, ele

participou significativamente da vida cultural brasileira. Alfonso Reyes,

como se sabe, estabeleceu grandes vínculos de amizade com diferentes

personalidades da época como Cecília Meireles, Manuel Bandeira, Cândido

Portinari, Rachel de Queiroz, Jorge de Lima, Carlos Lacerda, Gilberto

Freyre, Jorge Amado, Cícero Dias, Di Cavalcanti, entre outras. Ao considerar

a importância do diálogo estalecido entre o embaixador mexicano e os

escritores brasileiros, esta comunicação visa a destacar a presença do Brasil

no arquivo alfonsino, como forma de elucidar o papel desempenhado por ele

no que se refere ao intercâmbio cultural entre Brasil e México. Diante desta

proposta, pretende-se analisar algumas correspondências trocadas entre

Reyes e algumas personalidades brasileiras, como também evidenciar como o

Brasil sobressai-se tanto na obra quanto na biblioteca pessoal do autor de

Visión de Anáhuac.

MACHADO DE ASSIS E SEUS PRECURSORES

Jaison Luís Crestani(Pós-Doutorando – USP – FAPESP)

25 DE ABRIL DE 2012 – 14H00 ÀS 18H00 – PRÉDIO DE LETRAS – SALA 10 C

A análise da atividade intelectual de Machado de Assis enquanto homem de

imprensa, desenvolvida junto a O Cruzeiro durante o ano de 1878, permite

averiguar a sua interação dinâmica com as questões e linguagens de seu

tempo, com a audiência, o corpo de colaboradores e a conjuntura editorial do

periódico. Dessa colaboração no jornal, merece destaque a tarefa de continuar

a seção “Fantasias”, iniciada pelo pseudônimo não identificado de

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“Rigoletto”. Em sua primeira manifestação, Rigoletto apresenta uma espécie

de programa da série, cuja dominante seria o humor, a irreverência e a

experimentação formal. Nessa apresentação, são mencionadas as tendências

criativas e enumerados os precursores dessa linhagem humorística: Diógenes,

Luciano de Samósata, Desgenais, entre outros. Ao dar continuidade a essa

série, Machado de Assis teve de defrontar-se necessariamente com o

programa, os modelos e referenciais humorísticos sugeridos pelo iniciador da

proposta e amparados pela diretriz editorial do jornal. Desse modo, este

trabalho pretende demonstrar como a inserção do escritor nesse projeto

coletivo e a apropriação e continuação de seus motivos contribuíram

decisivamente para a experimentação, o aprendizado e o domínio da

habilidade humorística, da técnica da paródia e de soluções genéricas e

procedimentos formais inovadores no âmbito da literatura brasileira.

A RELAÇÃO METAFÓRICA ENTRE A FIGURA MATERNA E A

ITÁLIA PÓS-UNIFICADA EM LUIGI PIRANDELLO E MARIA

MESSINA

Jéssica Cristina da Silva (Graduanda – UNESP/Assis)

25 DE ABRIL DE 2012 – 14H00 ÀS 18H00 – PRÉDIO DE LETRAS – SALA 04

Depois de sua Unificação, em 1860, a Itália passou a viver um de seus

maiores dramas, o gravíssimo problema da emigração em massa: expulsão,

abandono, exílio forçado e definitivo. Apesar de unificada, a Itália passa a

sofrer o dilema de consolidar-se como nação, de reunir os fragmentos para a

reconstrução de sua identidade. Nas novelas “L´altro figlio” e “La Mèrica”,

dos escritores Luigi Pirandello e Maria Messina, o drama vivido pela figura

materna configura-se uma tentativa de estabelecer uma relação metafórica

entre a mãe solitária e abandonada pelo marido ou pelos filhos, que partem

para a América, e a catastrófica realidade social da Itália pós-unificada e o

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trauma decorrente da emigração maciça nos primeiros decênios do

Novecentos. Nossa pesquisa pretende analisar como se dá a construção dessa

relação figura materna/Itália pós-unificada dentro das narrativas em tela e que

aspectos da realidade histórico-social italiana, “soterrados” no inconsciente

coletivo dos italianos, são reapresentados por meio da escritura.

EL ZORRO DE ARRIBA Y EL ZORRO DE ABAJO, DE JOSÉ MARÍA

ARGUEDAS: RESGATE DE UMA UTOPIA ARCAICA OU

REVELAÇÃO DE UMA TOTALIDADE CONTRADITÓRIA E

HETEROGÊNEA?

Juliana Bevilacqua Maioli (Doutoranda – UNESP/Assis – UNIR)

25 DE ABRIL DE 2012 – 14H00 ÀS 18H00 – PRÉDIO DE LETRAS – SALA 10 B

o presente trabalho propõe o embate entre divergentes leituras críticas

elaboradas pelos intelectuais Mario Vargas Llosa e Antonio Cornejo Polar a

respeito do romance El zorro de arriba y el zorro de abajo, de José María

Arguedas. Publicada em 1971, a obra ficcionaliza as transformações sócio-

econômicas experimentadas pelo Peru, a partir da metade do século XX,

motivadas principalmente pelo intenso fluxo migratório que rapidamente

promoverá a urbanização do país. Ambientado em Chimbote, o relato revela

a edificação de um novo mundo sobre as bases do capitalismo consumista e

do individualismo. Logo, o romance objetiva representar o futuro da cultura

andina/quéchua em meio às demandas da modernização implementadas no

território peruano. O universo ficcional tecido na narrativa suscita diferentes

apreciações críticas. De um lado, Vargas Llosa enfatiza a perspectiva

reacionária e passadista de El zorro... que, ao refletir os sofrimentos do Peru

e dos demais países subdesenvolvidos da América Latina, tende a ressuscitar

o arcaísmo da cultura incaica em uma utopia literária, hostil ao

desenvolvimento industrial e a modernização do país. No pólo oposto,

Cornejo Polar busca enfatizar o caráter dinâmico e inovador do romance,

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válido como representação coerente da totalidade contraditória e heterogênea

da cultura peruana.

REVISTA COLÓQUIO/LETRAS: A CRÍTICA LITERÁRIA SOBRE O

ROMANCE OS MAIAS, DE EÇA DE QUEIRÓS

Juliana Casarotti Ferreira (Doutoranda – UNESP/Assis – CAPES)

25 DE ABRIL DE 2012 – 14H00 ÀS 18H00 – PRÉDIO DE LETRAS – SALA 10

A revista portuguesa Colóquio/Letras, editada pela Fundação Calouste

Gulbenkian, vem abrigando textos de crítica literária sobre escritores da

literatura mundial, desde seu surgimento em 1971. Um dos princípios da

revista portuguesa é a busca por excelência, por isso, diversos estudiosos

estrangeiros são convidados a contribuir, cada um em sua área de pesquisa.

Este trabalho investiga os diferentes métodos de crítica utilizados pelos

colaboradores da seção “Ensaio” na análise da obra Os Maias, de Eça de

Queirós, durante as décadas de 70, 80 e 90 do século XX. O objetivo

principal é acompanhar o desenrolar do pensamento crítico dos anos 1970 a

1990 sobre o romance por meio dos artigos publicados na revista

Colóquio/Letras. Conclui-se que a avaliação da obra Os Maias não ocorre

pelos mesmos juízos, mas é “reescrita” ao longo do tempo. Espera-se ainda

contribuir para a divulgação do importante trabalho desempenhado pela

revista portuguesa no campo dos estudos literários.

REVISTA FEMININA (1915-1936), UM PERIÓDICO NA IMPRENSA

PAULISTA DO INÍCIO DO SÉCULO XX

Juliana Cristina Bonilha (Doutoranda – UNESP/Assis – CAPES)

25 DE ABRIL DE 2012 – 14H00 ÀS 18H00 – PRÉDIO DE LETRAS – SALA 10

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A Revista Feminina (1915-1930), periódico paulista, mas de abrangência

nacional, caracteriza-se por sua preocupação em divulgar dentre outros

assuntos, a literatura/ cultura para o público feminino. Em suas páginas

constam inúmeros textos de caráter literário, alguns deles assinados por

renomados escritores paulistas como Coelho Neto, Menotti Del Picchia,

Garcia Redondo, Júlia Lopes de Almeida, dentre outros. Para entender de

forma mais completa a produção literária que aparece na Revista Feminina, e

que tipo de relação trava-se entre autor-leitor-obra (Antonio Candido) o

contexto histórico-social foi aprofundado, pois esse tema é o que

pretendemos divulgar nesta comunicação - o contexto de produção da Revista

Feminina. Para isso, faremos menção à especialização da imprensa ocorrida

nas primeiras décadas do século XX; à Belle Epoque e à valorização dos

costumes franceses na sociedade brasileira; à reurbanização ou reestruturação

do Rio e de São Paulo; e ainda, à profusão de periódicos no início do século

XX, em decorrência da modernização dos meios de confecção de periódicos.

Todos estes temas constituem o panorama histórico-social paulista, e este

leque de informações serve como base para o comentário da Revista

Feminina em sua relação com a sociedade, particularmente paulista.

O GRAU DE MARGINALIDADE DE UMA CERTA

HISTORIOGRAFIA: AS NOTAS DE RODAPÉ CONTIDAS EM O

GUARANI (1857), DE JOSÉ DE ALENCAR

Juliane Bezerra Seraphim Viana (Mestranda – UNESP/Assis)

25 DE ABRIL DE 2012 – 14H00 ÀS 18H00 – PRÉDIO DE LETRAS – SALA 11

Este trabalho tem como objetivo analisar as notas de rodapé contidas no

romance O Guarani (1857), de José de Alencar, de modo a investigar a sua

importância na construção da obra, as condições em que são inseridas, a

ligação com a história do país e a "certificação" histórica que propiciam.

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Alencar, nesta obra, aguça nossa imaginação sobre os tempos passados, a

época da “gestação” do país, e delineia o Brasil de maneira a “refazer” nossa

história resgatando o sentido de nacionalidade e, para isso, baseou-se em

diversas fontes históricas disponíveis na época. A escrita das notas de rodapé

parece, a princípio, ser um adorno ficcional, mas, na verdade, revela os

bastidores da produção e resulta no afã do autor em definir a nossa identidade

e dar continuidade ao seu projeto nacionalista literário. Para alcançarmos o

nosso objetivo e compreendermos a utilização das referidas notas na obra,

refletimos sobre o surgimento do romance histórico e suas principais marcas

a partir dos estudos do teórico György Lukács (1936-7), observamos a

relação intertextual de O Guarani com textos históricos e discorremos sobre

o modo como o autor selecionou as fontes, interpretou a historiografia, e

inseriu tais aspectos em seu romance considerado por ele próprio como

histórico.

A SUBVERSÃO DO CÂNONE EM THE SECRET LIFE OF BEES

Juliane Camila Chatagnier (Mestranda – UNESP/SJRP – FAPESP)

25 DE ABRIL DE 2012 – 14H00 ÀS 18H00 – PRÉDIO DE HISTÓRIA – SALA 07

Propõe-se, neste trabalho, uma leitura da obra The Secret Life of Bees, de Sue

Monk Kidd, sob a perspectiva da (re)definição do romance de formação

(FAPESP 2010/15.203-6). Seguindo as teorias de Pinto (1990) e Maas

(2000), a respeito do romance de formação (Bildungsroman), é válido

lembrar que, apesar de, no início, este apresentar um protagonista masculino

que faz uma trajetória evolutiva, modificando-se de acordo com o ambiente

em que se insere, é possível afirmar que a grandiosidade de mostrar, com fins

pedagógicos, como acontece a formação de um indivíduo da classe

favorecida, de modo a influenciar o leitor, perdeu a força com os anos e abriu

espaço para a discussão da construção identitária de um grupo minoritário – a

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mulher. No entanto, como a mulher sempre foi considerada inferior ao

homem, tornou-se um problema creditar à mulher a capacidade de substituí-

lo, no papel principal de uma obra, de modo a percorrer uma trajetória de

autorrealização com maestria. No romance analisado, apesar de manter

alguns dos passos propostos nos romances tradicionais, pode-se dizer que

Kidd rompe com os padrões da tradição, e apresenta uma versão subvertida

do cânone literário, posto que o desenrolar da narrativa foge dos paradigmas

propostos, ou impostos, no Bildungsroman tradicional. Assim como a forma

do romance, que não segue padrões socialmente impostos, a formação

identitária construída no romance não pode ser equiparada com as

representações de sujeitos ‘dominantes’, ‘soberanos’, mas deve ser vista

como forma de dar a vez, e voz, àqueles que não têm lugar, os ‘dominados’,

os ‘subalternos’, posto que Lily é mulher, pobre e marginalizada. Desta

maneira, considera-se que a forma como Kidd organiza a trajetória de Lily é

singular, e difere dos padrões estabelecidos socialmente em relação ao

romance de formação, por meio de um trabalho de subversão.

A INTERDISCURSIVIDADE ENTRE A PINTURA “A CONDIÇÃO

HUMANA” DE RENÉ MAGRITTE E O CONTO “A CAÇADA” DE

LYGIA FAGUNDES TELLES.

Karen de Almeida Carneiro (Graduanda – UNESP/Assis)

26 DE ABRIL DE 2012 – 14H00 ÀS 18H00 – PRÉDIO DE LETRAS – SALA 03

Há muito tempo que a temática da representação do real desperta interesse de

filósofos, escritores, estudiosos, Platão foi o primeiro a tratar o tema em A

república, segundo ele a representação do real pela arte não passa de

imitação, mimesis. Já com Aristóteles esta ideia da representação mudou para

uma formulação mais sublime, na qual a realidade seria a inspiração; assim

sendo, a imitação não seria algo cru e sem vida, mas um aporte, uma

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referência que sobrevelaria o real. Os questionamentos acerca da criação

artística são diversos, Pirandello com o metateatro, por exemplo, retirava a

quarta parede nas peças para ilustrar que a realidade jamais será atingida pela

representação artística. Na pintura, Magritte em A condição humana, ilustra a

fusão do que é real com que não é, com limites tênues, quase imperceptíveis,

similar o conto “A Caçada” de Lygia Fagundes Telles. A relação entre as

formas de criação artística, no caso, pictórica e literária pode ser percebida

desde as mais antigas obras da humanidade. As transformações no

relacionamento entre a pintura e a literatura ao longo do tempo, deram-se,

principalmente, pela superação do conceito de arte imitativa e a conquista do

conceito de arte expressiva pela modernidade, Gonçalves (1994). Nessa

transição, o “ut pictura poesis” é negado pela pintura que passa a se

constituir objeto autônomo. Para tanto, como aponta Bourdieu (1996),

primeiro, a pintura teve que se libertar da obrigação de cumprir funções

sociais, o que já era uma conquista da literatura, e depois negar a sua

dependência em relação aos textos literários. Até então, a arte pictórica

buscava na literatura seus “motivos” e “temas”. O presente trabalho propõe

uma breve análise da interdiscusividade na composição discursiva da obra

literária “A Caçada” entre a obra pictórica A condição humana.

IMAGENS DA REVOLUÇÃO MEXICANA EM PEDRO PÁRAMO

(1955), DE JUAN RULFO

Kátia Rodrigues Mello Miranda (Doutoranda – UNESP/Assis)

25 DE ABRIL DE 2012 – 14H00 ÀS 18H00 – PRÉDIO DE LETRAS – SALA 03

Este trabalho pretende comentar algumas imagens da Revolução Mexicana

(1910-1940) presentes em Pedro Páramo (1955), do escritor mexicano Juan

Rulfo (1917-1986). O romance possui uma estrutura fragmentada e

episódica, em que destaca-se o esfacelamento cronológico. No entanto, a

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partir de um exame mais cuidadoso de pistas existentes na narrativa, é

possível estabelecer um paralelo cronológico entre dados ficcionais e fatos da

histórica do México. Essas pistas são reveladas por meio de referências

escassas, e, por vezes, indiretas, à Revolução Mexicana e também à Guerra

Cristera (1926-1929), um dos movimentos da revolução. O protagonista da

narrativa é o cacique Pedro Páramo, que, nascido na segunda metade do

século XIX, é herdeiro de uma cultura de caráter patriarcal. Dono de terras –

algumas herdadas e outras usurpadas –, Pedro Páramo exerce poder ilimitado

e tirânico sobre o povoado de Comala. Na tentativa de manter seu poder,

Pedro Páramo insere um homem de sua confiança na luta revolucionária, mas

sucumbe, simbolizando o fim da era dos caciques, para os quais não havia

lugar na nova estrutura social que estava prestes a surgir no México.

REESCRITURAS DA MILENAR HISTÓRIA DA ESPOSA

CALUNIADA DE ADULTÉRIO NA LITERATURA DE CORDEL

Letícia Fernanda da Silva Oliveira (Graduanda –UNESP/Assis)

25 DE ABRIL DE 2012 – 14H00 ÀS 18H00 – PRÉDIO DE LETRAS – SALA 11

O presente trabalho visa, sobretudo, uma leitura panorâmica das reescrituras

da arquetípica história da “casta heroína caluniada de adultério” e de seus

desdobramentos a partir do século XI até sua chegada no Nordeste brasileiro

através dos poetas de cordel. Mostramos que a heroína nesse contexto precisa

se travestir, para que consiga escapar com vida daquilo que seria a sua

chamada “punição”. Embora a estrutura temática dessa história milenar não

tenha sofrido significantes alterações ao longo dos séculos, ao ser transposta

para a literatura de folhetos, dado o contexto patriarcalista em que se dá sua

reedição, a narrativa se reveste de novos significados contextuais, assumindo

principalmente uma postura didático-moralizante no Nordeste brasileiro de

início do século XX, quando as mulheres começam a se emancipar e a adotar

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novos modelos de sociabilidade, sobretudo, europeus. Outra marca temporal

que o estudo busca ressaltar é como a mulher é vista pela sociedade,

principalmente quando caluniada de tal modo que não tem como se defender.

O ENTRE-LUGAR EM POEMAS DE AGOSTINHO NETO

Lidiane Moreira e Silva (Mestranda – UNESP/Assis)

26 DE ABRIL DE 2012 – 14H00 ÀS 18H00 – PRÉDIO DE LETRAS – SALA 09

A África do povo africano passou por um processo de sufocamento

identitário ao longo do período de colonização. O universo europeu imposto

nos países colonizados por meio da violência da escravidão e do trabalho por

contrato torna o “eu-africano” a mescla de mundos e, assim, fortalece a

reflexão a respeito de suas origens. O homem africano constitui, deste modo,

um ser híbrido, agregando tradições, línguas e valores distintos, vivendo e

constituindo-o em um ambiente de entre-lugar. A partir do estudo realizado

sobre a obra Sagrada Esperança (1974) do poeta angolano Agostinho Neto

(1922-1979), buscar-se-á apresentar um recorte da pesquisa de mestrado

acerca da identidade coletiva e a presença do mar em seus poemas,

debruçando-se sobre questões como fronteira e hibridismo conceitos tão

recorrentes na literatura africana e principalmente na literatura pós-colonial,

considerando, portanto o passado e o presente do povo africano.

LA NOUVELLE JUSTINE, DO MARQUES DE SADE: ALGUMAS

RELAÇÕES PARATEXTUAIS.

Luana Aparecida de Almeida (Mestranda – UNESP/Assis)

25 DE ABRIL DE 2012 – 14H00 ÀS 18H00 – PRÉDIO DE LETRAS – SALA 04

A obra do Marquês de Sade é notória, essencialmente, por seu conteúdo

obsceno, que acarretou constantemente apreciações hostis. É válido destacar

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que tais apreciações não se deviam simplesmente às questões amorais

apresentadas, visto que sabemos que o escritor francês permeava seus textos

com as ideias filosóficas que nutriam o pensamento a ele contemporâneo,

fator que incomodava bastante. As reflexões contidas nas narrativas do

“Divino Marquês”, outrora firmemente rechaçadas, passaram a ser base,

elemento positivo, para escritos de outros escritores. Sabendo que todo texto

traz continuamente alusão a outros textos, como nos esclarece o conceito da

intertextualidade, podemos assinalar que são reveladas no texto sadiano

inúmeras referências, tanto as que ele utilizou, assim como os que dele se

utilizaram. Tomando o livro La Nouvelle Justine, ou les malheurs de la vertu

em observação, sob a mira da paratextualidade, determinada por Gerard

Genette, percebemos a elucidação das concepções defendidas pelo Marquês

de Sade. Este trabalho tem como objetivo, demonstrar algumas dessas

ocorrências paratextuais.

COLAGEM POÉTICA E ORFISMO NA LÍRICA FINAL DE JORGE DE

LIMA

Luciano Marcos Dias Cavalcanti (Pós-doutorando – UNESP/Araraquara)

26 DE ABRIL DE 2012 – 14H00 ÀS 18H00 – PRÉDIO DE LETRAS – SALA 12

Em nossa pesquisa de pós-doutorado, em desenvolvimento no Departamento de

Literatura da UNESP/Araraquara (com financiamento da Fapesp), objetivamos estudar

uma das mais importantes características presentes em Invenção de Orfeu, de

Jorge de Lima: a relação entre poesia e mito. Nesta comunicação,

analisaremos o modo como o poeta alagoano se utiliza da figura mitológica

de Orfeu e do recurso da colagem poética. No “épico” limiano, Orfeu leva à

poesia os seus significados mais característicos: o canto, o ritmo, a melodia e o

encantamento, aspectos intrinsecamente ligados à sua mitologia. O recurso da

colagem poética provém dos papiers collés cubistas, técnica que consiste em

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aproximar duas realidades diferentes em um plano diverso de ambas,

construindo uma imagem inusitada, distante do corriqueiro e do lógico. Nessa

perspectiva, apresentaremos e discutiremos o recurso da montagem utilizado pelo

poeta em suas fotomontagens e seu emprego em Invenção de Orfeu, relacionando-o

à figura mítica de Orfeu.

A PUBLICAÇÃO DE ULISSES E OUTROS FEITOS DE UM TEMPLO

LITERÁRIO

Luís Roberto de Souza Jr (Mestrando – PUCRS)

25 DE ABRIL DE 2012 – 14H00 ÀS 18H00 – PRÉDIO DE LETRAS – SALA 04

O trabalho reflete sobre a importância da livraria parisiense Shakespeare and

company. O estabelecimento – que hoje fica ao lado da catedral de Notre-

Dame – também pode ser considerado um templo literário, pois desde sua

abertura, em 1919, reuniu verdadeiros “papas” da literatura. Entre os

freqüentadores, contam-se nomes como Bernard Shaw, Ezra Pound, Paul

Valéry, André Gide, John dos Passos, E. E. Cummings, Ernest Hemingway e

James Joyce. Para os dois últimos, a Shakespeare and company e sua

proprietária, Sylvia Beach, foram de fundamental importância. Hemingway

tornou-se muito amigo de Beach e em sua fase parisiense, nos anos 1920,

usou a livraria como endereço comercial-literário. Joyce, por sua vez, teve

seu então rejeitado Ulisses acolhido por Beach, que decidiu publicá-lo em

1922. Em seguida, ela travou uma verdadeira batalha para fazer circular a

revolucionária obra de Joyce, tanto que foi sua editora até o fim. Depois, já

nos anos 1950 e 60, a Shakespeare and company – com outro proprietário,

mas com a benção de Sylvia – divulgou e deu abrigo aos escritores beatniks.

O trabalho relembra essas histórias, citando Paris é uma festa, de Ernest

Hemingway; Um Livro Por Dia, de Jeremy Mercer; o próprio livro de Sylvia

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Beach sobre o local: Shakespeare and company – uma livraria na Paris do

entre-guerras; e uma entrevista feita por mim com a atual proprietária.

O GRANDE MENTECAPTO: UMA SÁTIRA RENOVADORA

Maraiza Almeida Ruiz (Mestranda – UNESP/SJRP – CAPES)

26 DE ABRIL DE 2012 – 14H00 ÀS 18H00 – PRÉDIO DE LETRAS – SALA 11

O presente trabalho tem o objetivo de analisar o romance brasileiro O

Grande Mentecapto, do autor Fernando Sabino, situando-o em uma linhagem

literária carnavalizada, realista e satírica. O referido romance, publicado em

1979, foi muito bem recebido pelos leitores e pela crítica, tornando-se o Best

Seller desse importante escritor mineiro, porém é uma obra pouco discutida

pelos teóricos em diversos aspectos como, por exemplo, a sátira a uma

estrutura sócio-política brasileira. Portanto, almejamos, com esse estudo,

realizar uma leitura dessa obra inserindo-a em uma linhagem literária

carnavalizada, que surge com a sátira latina, abrange o romance picaresco

espanhol e chega à literatura brasileira por meio da neopicaresca ou

malandragem. Por meio dessa pesquisa, é possível chamar a atenção para a

sátira presente no romance, tomando-a como um traço típico da linhagem

literária na qual a obra se insere e discutindo a sua importância para a

construção de uma compreensão da nossa cultura. Além disso, podemos

ressaltar que o porta-voz da sátira é o protagonista Geraldo Viramundo e a

partir de sua trajetória de vida e de sua percepção da realidade é que O

Grande Mentecapto questiona o contexto da vida urbana mineira, a

experiência política vivenciada pelos cidadãos, os papéis sociais, etc.

Portanto, a sátira presente no referido romance está intimamente relacionada

com a ênfase na renovação, no olhar novo e liberto que a obra nos apresenta

por meio de um personagem marcante em nossa literatura: o anti-herói

Viramundo.

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“AMOR QUE MATA” X “AMOR DE MARIA”:

O PROCESSO DE CRIAÇÃO DOS CONTOS DE INGLÊS DE SOUSA

Marcela Ferreira (Doutoranda – UNESP/Assis – IFG)

25 DE ABRIL DE 2012 – 14H00 ÀS 18H00 – PRÉDIO DE LETRAS – SALA 11

A obra literária de Inglês de Sousa é composta pelos romances O cacaulista

(1876), História de um pescador (1876), O coronel Sangrado (1877), O

Missionário (1891) e pelo livro de contos, Contos Amazônicos (1893). Os

primeiros livros do autor não tiveram repercussão, nem mesmo O Coronel

Sangrado, que pode ser considerado o inaugurador da corrente naturalista na

literatura brasileira. Segundo Alfredo Bosi (2001), Inglês de Sousa

“antecipou o próprio Aluísio no manejo da prosa analítica”, pois o livro O

Coronel Sangrado “precede de quatro anos à publicação de O Mulato”, como

“romance naturalista de costumes” (p. 214-5). Inglês de Sousa só foi

reconhecido em 1891, com a publicação de O Missionário, seu livro

naturalista ao extremo, com influência de Zola e de Eça de Queirós. Além

dos livros citados, há outros trabalhos de Inglês de Sousa oriundos de

periódicos, pois o autor participou como colaborador, fundador e editor de

periódicos em várias cidades do país. É justamente nessa obra dispersa, que

está pautado esse trabalho, que tem como pretensão analisar o conto “Amor

de Maria”, do livro Contos Amazônicos, que foi publicado pela primeira vez

em 8 de maio de 1876, no periódico A Academia de São Paulo. Pretende-se

ressaltar as modificações realizadas pelo autor na passagem do jornal para o

livro. Entre essas, a mudança do título - visto que o conto foi publicado com

o título “Amor que mata”, criando uma expectativa diferente no leitor do

jornal, remetendo ao desfecho da história -, da estrutura e da linguagem.

O LOUVOR NA OBRA DE CLÁUDIO MANUEL DA COSTA

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Marcela Verônica da Silva (Doutoranda – UNESP/Assis)

25 DE ABRIL DE 2012 – 14H00 ÀS 18H00 – PRÉDIO DE LETRAS – SALA 11

Dentro do contexto letrado e político do século XVIII o encômio é uma

prática comum. Baseia-se nas relações de hierarquia, em que os louvores

eram trocados por “favores” entre membros de uma mesma classe social ou

entre classes sociais diferentes visando (o autor) a benfeitoria de uma

personalidade elevada. Seus protocolos orientavam-se por tópicas que se

baseavam nos manuais retóricos e poéticos. Cláudio Manuel da Costa

participou ativamente tanto da política quanto da vida social de seu tempo,

sendo, inclusive, convidado a participar na condição de sócio supranumerário

da Academia Brasílica dos Renascidos, agremiação baiana datada de 1759,

formada pela elite erudita, instaurada com a finalidade de veicular os ideais

pombalinos na colônia. Com base em tais pressupostos, pretende-se tecer um

panorama do momento histórico marcado pelo declínio da Escolástica e

advento do Iluminismo, através da fundação da academia supracitada,

enfatizando uma das tópicas comuns às práticas letradas da época: o louvor.

Tal tópica permite um desdobramento: o estudo do mecenato associado ao

panegírico.

AS REPRESENTAÇÕES DO INTELECTUAL NA

CORRESPONDÊNCIA ENTRE JORGE DE SENA E VERGÍLIO

FERREIRA ― (1950-1975)

Marcio Roberto Pereira (Doutor –UNESP/Assis)

25 DE ABRIL DE 2012 – 14H00 ÀS 18H00 – PRÉDIO DE LETRAS – SALA 09

A proposta deste trabalho é discutir as representações do intelectual na

produção epistolar de Jorge de Sena (1919-1978), mais especificamente na

correspondência com Vergílio Ferreira (1916-1997), ocorrida entre os anos

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de 1950 a 1975. Alguns temas, como a condição do intelectual em tempos de

ditadura, a posição do escritor e a estética do Neo-realismo e a condição do

exílio, serão abordados de maneira mais aprofundada porque compõem

grande parte das preocupações de ambos os escritores. A partir de uma

perspectiva em que a linguagem age como uma instância de reflexão e ação

que subverte o apagamento da identidade e das memórias frente a espaços de

solidão ou angústia, essa pesquisa reflete, por meio de uma linguagem ora

centrada pelo simbólico ora pelo compromisso com a realidade, os impasses

de intelectuais que procuram compreender um mundo fragmentado,

delineado pela violência do salazarismo e pela condição de exílio ― Jorge de

Sena exilado em outro país e Vergílio Ferreira sentindo-se um exilado em sua

própria terra. Por meio da confissão e das relações com espaços públicos e o

cotidiano, os intelectuais fazem um contraponto entre sua condição e os

processos de representação da realidade num mosaico de ideias que ganham

um contorno maior a partir de testemunhos que se transformam em biografias

oblíquas.

A CONCEPÇÃO DE ÁLVARO LINS SOBRE O ROMANCE

VIDAS SECAS (1938), DE GRACILIANO RAMOS

Marcos Antonio Rodrigues (Graduado – UNESP/Assis)

25 DE ABRIL DE 2012 – 14H00 ÀS 18H00 – PRÉDIO DE LETRAS – SALA 10 B

Álvaro Lins (1912-1970) foi um dos críticos de rodapé mais importantes que

já apareceu no Brasil, de modo que seu trabalho abrangeu todo o período

modernista; seu momento de atuação por excelência se deu durante os

decênios de 40 e 50 da primeira metade do século XX. Ele foi o crítico titular

de um dos jornais mais importantes do período modernista, o Correio da

Manhã, do Rio de Janeiro, que, até então, era ocupado por Humberto de

Campos. Aliás, ele colaborou em rodapés de jornais diversos da época, tais

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como Folha da Manhã, A Tribuna, Diário de Notícias, Jornal do

Comércio, Folha do Norte, dentre outros. Álvaro Lins foi uma das

personalidades mais influentes de sua época, manifestando-se acerca de

grande parte da produção literária que vinha surgindo no momento em que

atuou. Sendo assim, muitos escritores desse período se tornaram objeto de

estudo desse crítico. Levando em consideração que ele recepcionou grande

parte dos ficcionistas regionalistas dos anos 30, temos por objetivo apreender

seus apontamentos críticos sobre a ficção de Graciliano Ramos (1892-1953).

Para ser mais específico, nos restringiremos as suas concepções acerca do

romance Vidas Secas (1938). Desse modo, podemos adiantar que o crítico

considera essa obra como sendo uma das que relava as melhores qualidades

desse escritor. Além disso, a seu ver, quase toda a ficção desse autor tende a

nos confundir devido à similaridade entre a figura do escritor e a figura de

seus personagens ficcionais. Apesar desses liames biográficos e psicológicos

em que se pautam suas teorizações, veremos, por fim, que ele realizou

análises precisas e meticulosas no que diz respeito à estrutura das narrativas

do escritor alagoano.

FONTES PARA A PESQUISA LITERÁRIA: ESTUDO DO ARQUIVO

CLARICE LISPECTOR

Marcos Ulisses Cavalheiro (Graduando em Arquivologia – UNESP/Marília;

Graduando em Letras – Faculdade Estácio de Sá/Ourinhos).

25 DE ABRIL DE 2012 – 14H00 ÀS 18H00 – PRÉDIO DE LETRAS – SALA 10

Os arquivos pessoais são dotados de caráter histórico e devem ser

preservados devido ao valor cultural, patrimonial e testemunhal que

caracteriza a documentação referida. Como problema dessa investigação,

pretende-se verificar os desafios em torno à organização do arquivo pessoal

da modernista Clarice Lispector. Para tanto, busca-se na concepção da Teoria

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Arquivística que a organização dos documentos cuja guarda é direcionada à

pesquisa histórica e literária seja indispensavelmente realizada por fundos

documentais. Dessa forma, por objetivo geral, quer-se analisar e relatar a

metodologia da organização do Arquivo Clarice Lispector (ACL). Nessa

perspectiva, discute-se a importância da identificação dos tipos documentais

como parâmetro para organização do arquivo pessoal em questão. Trata-se de

uma pesquisa de valor qualitativo com procedimento metodológico realizado

por meio de uma revisão acerca da trajetória de vida de Clarice, levantamento

bibliográfico e exploratório, além de consultado os instrumentos de pesquisa

do ACL. Fazendo-se jus ao estudo sobre fontes para a pesquisa literária, faz-

se necessário um relato histórico da Fundação Casa de Rui Barbosa, em

especial o Arquivo-Museu de Literatura Brasileira, onde se encontra

custodiado o ACL. Acredita-se que, apesar dos desafios encontrados devido

às informalidades que caracterizam os documentos de arquivo pessoal, o

relato da experiência do ACL será relevante, em especial, aos campos da

arquivologia e das letras, pois esse acervo é uma rica fonte de informação e

memória acerca da renomada escritora, e, portanto, um patrimônio

documental, que será mais seguramente mantido se organizado em respeito à

constituição do fundo documental.

BAUDELAIRE E MÁRIO DE SÁ-CARNEIRO: UMA LEITURA DA

MODERNIDADE

Maria Alice Sabaini de Souza (Mestre – UNIR)

26 DE ABRIL DE 2012 – 14H00 ÀS 18H00 – PRÉDIO DE LETRAS – SALA 04

A relação que a modernidade aponta entre tais poetas ajuda-nos a observar

como a literatura, de acordo com Eliot (1989), faz uso de sua tradição para

criar o novo. Mário de Sá-Carneiro, poeta português do início do século XX,

retoma algumas características da modernidade baudelaireana, preconizadas

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no Romantismo, para resgatá-las em sua obra poética no primeiro

modernismo, conhecido por Orfismo. Percebe-se, com isso, que as melhores

e mais individuais características de uma obra podem ter sido herança de

poetas antecessores, numa recuperação de alguns importantes aspectos que

remetem ao que já foi produzido, tomando novas perspectivas em outra obra.

A proposta dessa comunicação é destacar no corpus escolhido a influência

temática que Mário de Sá-Carneiro recebe de Baudelaire. Para tanto, faz-se

necessário que os poemas (Spleen et Ideal) de Baudelaire e (Dispersão) de

Sá-Carneiro configurem uma relação entre ambos, no tocante a modernidade

e, de modo especial, a negatividade e as reflexões acerca da vida urbana.

Tendo em vista a temática da modernidade percebida nos poemas dos dois

escritores, o embasamento teórico será pautado, sobretudo, em Benjamin,

Berman, Compagnon e Eliot.

AS EVIDÊNCIAS DOS PROCEDIMENTOS REALISTAS E

ROMÂNTICOS NA NARRATIVA DE JULIO DINIS

Maria Carolina Payão de Almeida (Mestranda – UNESP-Assis)

25 DE ABRIL DE 2012 – 14H00 ÀS 18H00 – PRÉDIO DE LETRAS – SALA 09

Julio Dinis (1839-1871) é considerado representante da prosa do terceiro

momento romântico em Portugal (1860-1870). Desenvolve, no entanto,

alguns aspectos que se distanciam das temáticas típicas do discurso

romântico tais como a melancolia, o sofrimento por um amor impossível e a

fragilidade de seus personagens. Dessa forma, o enredo dinisiano permite a

investigação de diálogos em sintonia com os padrões românticos e/ou

associados ao comportamento de análise e observação típicos do Realismo,

os quais permeiam tanto o seu processo descritivo quanto à composição do

perfil de suas personagens femininas em seus romances: As Pupilas do

Senhor Reitor e Uma Família Inglesa. Nesse sentido, verifica-se que o

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processo descritivo configurado por Julio Dinis caminha além da posição de

um “quadro” em sua totalidade plástica, assinalando também um cenário de

fenômeno social ou a representação de um ambiente, o qual não se anula na

simplicidade de uma simples significação causal, isto é, adquire então

autonomia única em seu desenvolvimento. Já a descrição proposta por Dinis

quanto ao perfil de suas personagens femininas vai ao encontro dos

procedimentos realistas e das adesões românticas por ele empregados na

criação de suas histórias. Observa-se que, apesar das personagens femininas

do autor apresentar expressividade e ação nos conflitos que compõem o

enredo das obras em questão, elas ainda demonstram traços sentimentais que

contemplam o viés romântico. Desse modo, pode-se dizer que Julio Dinis,

em razão de suas singularidades, prenuncia, de certa forma, o Realismo em

Portugal, mantendo um sutil diálogo com o novo estilo artístico por meio de

técnicas e formatos composicionais de escrita como, a exemplo, do aspecto

descritivo do espaço e de suas personagens femininas.

A PERSPECTIVA POLÍTICA DA CRIANÇA NAS OBRAS INFANTO-

JUVENIS DE MOACYR SCLIAR

Mariana de Oliveira Turini. (Graduada em Letras – UNESP/Assis)

25 DE ABRIL DE 2012 – 14H00 ÀS 18H00 – PRÉDIO DE LETRAS – SALA 12

O trabalho pretende realizar análise de obras infanto-juvenis do autor gaúcho

Moacyr Scliar (1937-2011) no que concerne a visão social e política da

criança no contexto em que as histórias são narradas. É importante notar que

Scliar subverte a realidade e propõe uma narrativa, onde muitas vezes parece

ter mais verossimilhança que o fato real, como por exemplo, nos livros Os

Cavalos da República (1989), Pra você eu conto (1991), e No Caminho dos

Sonhos (1988) e A Festa no Castelo (2001). A projeção da narrativa e

principalmente a do o narrador, muitas vezes já adulto, transmite as situações

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políticas vividas em meio à sua história. Fundamentando-se na teoria da

Literatura, na História da Literatura infanto-juvenil, em fatos históricos e

sociais, a estrutura da narrativa será analisada sob o ponto de vista da criança

ou adolescente.

O AMANUENSE BELMIRO E A PRESENÇA DE PASCAL

Mariana Mansano Masoni (Mestranda – UNESP/Assis

26 DE ABRIL DE 2012 – 14H00 ÀS 18H00 – PRÉDIO DE LETRAS – SALA 04

O romance O amanuense Belmiro, de Cyro dos Anjos, publicado em 1937,

revela uma narrativa lírica e de introspecção por parte de seu narrador-

personagem. Esta obra destoa das demais produzidas no país na década de

1930, seja por seu tom introspectivo, resultado da busca constante pelo

passado e pela sua própria essência, seja pelo gênero do diário utilizado para

narrar os acontecimentos vividos pelo protagonista. Na obra também é

possível observar a presença francesa, marcadamente expressa por citações

de autores franceses, os mais recorrentes são Marcel Proust e Blaise Pascal.

Por meio das citações é possível observar a presença francesa na obra, bem

como as reflexões obtidas por elas. Sabe-se que toda citação ou referência a

um autor não é por acaso e merece atenção. No caso d’O amanuense Belmiro

as citações confirmam a visão de mundo do personagem e agregam novos

significados à obra. Em relação à Pascal, observam-se duas questões

filosóficas: a vida e a religião, estas questões permeiam todo o romance de

modo sutil, mas não menos importante. Já que o protagonista, Belmiro

Borba, tem a necessidade de compreender melhor a vida e a si próprio.

FRANÇOIS RABELAIS EM UMA RETÓRICA DE CONTRASTES:

HUMANISMO VERSUS CRISTIANISMO

Meriele Miranda de Souza (Mestranda – UNESP/Assis – FAPESP)

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25 DE ABRIL DE 2012 – 14H00 ÀS 18H00 – PRÉDIO DE LETRAS – SALA 04

O autor François Rabelais, desde criança, é educado segundo os preceitos

sofistas. Aprende as primeiras letras nos conventos e, mais tarde, torna-se

monge. Entretanto, Rabelais não se contenta com a educação eclesiástica, sua

sede de saber leva-o a frequentar as rodas humanistas de André Tiraqueau,

por intermédio das quais os eruditos podiam estudar as Letras Humanas e

obras clássicas recém-publicadas com a invenção da Imprensa. A curiosidade

e empenho do escritor nos estudos atiçam a inveja dos superiores do

convento de que Rabelais fazia parte e estes passam a persegui-lo,

confiscando todos os seus livros. As duas educações, sofista e humanista

serão, mais tarde, retratadas na obra rabelaisiana, por meio da qual ele

demonstra sua preferência pelo ensino renascentista e critica a pedagogia

eclesiástica. No Pantagruel, através de uma carta de Gargantua dirigida a

seu filho, Rabelais delineia sua pedagogia ideal, de acordo com os moldes

humanistas. Nesta carta, o gigante Gargantua instrui Pantagruel a engajar-se,

de tal maneira, nos estudos de forma que não haja nenhuma planta da qual ele

não conheça o nome e nenhuma espécie que ele não conheça. Encoraja-o

ainda a não perder a oportunidade de aprender sobre tudo, posto que de cada

coisa ou momento ou situação poderia extrair um ensinamento. Já em

Gargantua, Rabelais opõe as duas educações aclamando, visivelmente, o

ensinamento humanista e satirizando a pedagogia religiosa. Através deste

trabalho, pretendemos analisar o papel desempenhado por essas duas formas

educacionais na obra rabelaisiana e investigar a pedagogia ideal, segundo o

escritor.

UM CORONEL EM DECLÍNIO: A CONSTRUÇÃO DA

PERSONAGEM NO ROMANCE DE JOSÉ CÂNDIDO DE

CARVALHO

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Naiara Alberti Moreno (Mestranda – UNESP/Araraquara)

26 DE ABRIL DE 2012 – 14H00 ÀS 18H00 – PRÉDIO DE LETRAS – SALA 11

No panorama da ficção brasileira, o regionalismo apresenta-se como um

conceito complexo e multifacetado que permeia a compreensão da literatura

nacional desde o seu processo de formação até as produções contemporâneas.

No âmbito da historiografia literária, o termo filia-se à questão do

nacionalismo e à dialética entre o aproveitamento das sugestões locais e a

incorporação dos modelos importados. Como reflexo dessa problemática,

pode-se mencionar a produção de José Cândido de Carvalho, comumente

classificada pela tradição crítica como pertencente à corrente “regionalista”

do século XX. Nesse sentido, este trabalho busca questionar e avaliar a

aplicação desse conceito à produção do autor, tomando como corpus o

romance O coronel e o lobisomem (1964). Para tanto, privilegiou-se o estudo

da configuração do “herói” em sua relação com o espaço da obra, uma vez

que a história explora o conflito gerado pela incapacidade de adaptação do

protagonista – um coronel preso aos valores de um mundo rural em

decadência – ao meio urbano e às diferentes convenções que o regem. Assim,

a análise do romance aliada à reflexão sobre as fronteiras entre local e

universal propõe redefinir as relações entre a vertente regional e o projeto

estético do autor.

O DUPLO BAKHTINIANO NAS MULHERES VAMPIRAS: UMA

VISÃO DE A FLOR DO MAL DE MARTHA ARGEL E O CONTO

FANTÁSTICO DE AUTORIA FEMININA

Natália de Barros Nascimento (Graduanda – UNESP/Assis)

26 DE ABRIL DE 2012 – 14H00 ÀS 18H00 – PRÉDIO DE LETRAS – SALA 10 C

Tendo como base o conto A Flor do Mal da autora brasileira Martha Argel, o

trabalho visa interpretar o Duplo Feminino, sob a ótica de Bakhtin. Cabe a

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essa interpretação perceber o confronto interno que há entre a mulher e a

vampira que esta se tornou, destacando os combates de época, pois o conto se

passa na Renascença, mas traz consigo a ótica da mulher moderna, quando se

trata da vampira, uma femme fatale, construída por sua autora contemporânea

ao século XXI . No conto é possível encontrar os conflitos de Francesca com

a sexualidade vampírica e a necessidade do amor, enquanto mantém um

homem cativo, retratando a fragilidade masculina diante da mulher. Enquanto

antes havia a hegemonia do vampiro homem, que refletia a sociedade

falocêntrica que compunha o universo em que a literatura fantástica obteve

maior espaço, o Romantismo do século XVIII e XIX, na literatura assim

como na sociedade o mito passou a dar voz e atitude às mulheres como

vampiras. Dessa maneira percebemos como o período literário acompanhou a

visão da sociedade sobre a fraqueza das mulheres dominadas pelos homens,

daí os vampiros representarem toda a subversão daquilo que se tinha como os

dogmas tanto da igreja quanto da sociedade, ser o maior símbolo do Duplo

ou Doppelgänger do mal. O trabalho irá ressaltar como o papel representado

pela mulher na Literatura Fantástica que era exclusivamente o de vitima,

sempre submissas ao poder masculino mudou, assim como seus conflitos

internos, muito bem representados pelo Duplo do mito expresso no conto.

A REPRESENTAÇÃO DO BRASIL EM A CASA DE VIDRO.

Natália Pires Tiso de Melo (Mestranda – UNICAMP – FAPESP)

25 DE ABRIL DE 2012 – 14H00 ÀS 18H00 – PRÉDIO DE LETRAS – SALA 12

A Casa de Vidro (1979), de Ivan Angelo, é um conjunto de histórias que

escapa aos enquadramentos formais dos gêneros literários. Ao analisar sua

construção e seus sentidos destacam-se a objetividade e velocidade da

narrativa, a pluralidade dos formatos das histórias, a variedade de

personagens da sociedade urbana e a prevalência de ações de violência. Tais

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aspectos contribuem sobremaneira para que o texto extrapole o seu contexto

de produção e permaneça não só inteligível, mas atual. Apesar de reunir

histórias díspares e até independentes, há evidências que nos permitem

enxergá-las como um mosaico de representações do Brasil contemporâneo.

Além da ambientação e algumas marcas que datam as narrativas entre os

anos 1960 e 70, o elemento mais interessante para captar o desejo de

representar o Brasil é a camada historicista contida no texto. A Casa de

Vidro joga metaliterariamente com a interação entre ficção e História, usa

marcas discursivas típicas da historiografia, da documentação histórica e, a

todo o tempo, traça paralelos entre passado e presente. Portanto, a análise

desta obra de Ivan Angelo é um exercício que toca reflexões sobre a

Literatura e a História, sobre o teor testemunhal da literatura e, como se verá,

sobre a Violência, o tema que atravessa todas as histórias do livro e o

aproxima da atualidade. Notadamente, A Casa de Vidro não trata só da

violência política, repressiva e vigilante, mas também da violência urbana,

cotidiana, disseminada pelas redes de poder na sociedade.

O RITMO E A POESIA NO HIP HOP BRASILEIRO

Nátalie Ferreira Carvalho Silva (Graduanda – UNESP/Assis)

26 DE ABRIL DE 2012 – 14H00 ÀS 18H00 – PRÉDIO DE LETRAS – SALA 10 C

Esta comunicação propõe realizar uma leitura do gênero cancioneiro rap, que

se vincula ao Hip Hop brasileiro contemporâneo e no qual participa como

mediador das propostas e críticas que o movimento engloba. Visto como

discurso poético-social, o rap, tal como o próprio nome sugere (Rhythm and

Poetry – Ritmo e Poesia), caracteriza-se como uma das mais significativas

expressões artísticas da contemporaneidade, o que se assegura por seu caráter

resistente e revolucionário. Por meio da análise de três canções, de três

rappers distintos (que possuem suas marcas estilísticas específicas), este

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trabalho propõe pensar na constituição do gênero canção rap em sua esfera

de atividade, bem como, em sua legitimidade, refletir sobre o papel desse

gênero discursivo, que dialoga tão diretamente com a comunidade cantada e

busca entender como esses discursos podem influenciar a sociedade para

mudar a posição de grupos que se encontram à margem do sistema. As

canções a serem analisadas aqui – “O Homem na Estrada”, dos Racionais

Mc´s; “Até quando”, do Gabriel o pensador; e “Rap du bom parte 2”, do

Rappin Hood – possuem como temática principal a proposição de algumas

possíveis soluções para alguns problemas que assolam as comunidades

brasileiras. Para fundamentar esta proposta, a análise se centrará nas

concepções do Círculo de Bakhtin (tais como sujeito, voz, entonação,

diálogo, estética, exotopia, cronotopia e gênero – composto por material,

forma e conteúdo) das canções. A relevância de um estudo como o aqui

proposto é o de pensar como o discurso cancioneiro, em uma determinada

esfera de atividade, a reflete e refrata como forma de organização para

perspectivas de melhora em outros campos.

O CÃO E OS CALUANDAS: RETRATOS DE UMA ANGOLA

CONTEMPORÂNEA

Nefatalin Gonçalves Neto (Doutorando – USP)

26 DE ABRIL DE 2012 – 14H00 ÀS 18H00 – PRÉDIO DE LETRAS – SALA 09

O livro O cão e os Caluandas do escritor angolano Pepetela se nos

apresenta, aparentemente, como uma narrativa fragmentaria, construída de

forma desconexa. Nosso objetivo é mapear o discurso que compõe o livro

deste escritor para desvendar seus significados ocultos. Pretendemos

demonstrar que o discurso de Pepetela é construído por meio de uma fina

ironia que avalia Angola, o sujeito angolano e, consequentemente, o ser

humano de forma a interpreta-lo e a propor novos caminhos para esse ser em

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constante estado de mudança. Para tanto, recorreremos aos princípios

teóricos sugeridos por Antônio Candido – nos quais a relação entre literatura

e sociedade são recíprocas – e deslindar, nas linhas e entrelinhas do texto, o

projeto artístico e engajado do escritor angolano. Baseado na proposta

estética contemporânea, em que o leitor traz para dentro do texto seus

conhecimentos pessoais – disseminados pelo livro –, comporemos um

caminho de leitura que perscrute a construção discursiva da obra em questão

de forma a interpretar suas possíveis significações.

GRACILIANO RAMOS E A SUA CONTRIBUIÇÃO EM CULTURA

POLÍTICA

Patricia Aparecida Gonçalves de Faria (Mestranda – UNESP/Assis)

26 DE ABRIL DE 2012 – 14H00 ÀS 18H00 – PRÉDIO DE LETRAS – SALA 10

O escritor Graciliano Ramos, preso político durante o período do Estado

Novo, após deixar o cárcere e alcançar o reconhecimento de editores e

intelectuais renomados, decidiu fixar residência no Rio de Janeiro. Contudo,

enfrentou sérias dificuldades financeiras na capital juntamente com esposa e

filhos e constatou que sobreviver somente de literatura não era uma tarefa

fácil. Assim sendo, resolveu também trabalhar como inspetor federal do

ensino secundário e como colaborador do periódico Cultura Política: revista

mensal de estudos brasileiros, entre os anos de 1941 a 1945, órgãos

controlados e financiados pelo governo de Getúlio Vargas, com o qual, a

princípio, não compartilhava ideais. É, portanto, neste contexto conflitante,

que o objetivo do presente estudo pretende verificar as características da

revista e analisar os principais motivos que levaram Graciliano a contribuir

com o periódico, avaliando as suas principais estratégias de escrita para

manter-se como colaborador de Cultura Política, sem, todavia, abandonar as

suas convicções de homem, escritor e intelectual.

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IMAGENS DA DEVASTAÇÃO: A GUERRA SOB A ÓTICA DE UM

PILOTO-POETA

Patrícia Munhoz (Doutoranda –UNESP/Assis)

26 DE ABRIL DE 2012 – 14H00 ÀS 18H00 – PRÉDIO DE LETRAS – SALA 03

Em 1942, Piloto de Guerra, do escritor francês Saint-Exupéry, é publicado

inicialmente nos EUA, onde ficou exilado, e reconhecido como o mais

vendido no ano, influenciando extremamente a opinião pública norte-

americana. Essa obra reúne o relato de arriscadas missões de reconhecimento

sobre o norte da França que esse escritor realizou durante o período

turbulento da Segunda Guerra, quando o país foi invadido pela Alemanha

nazista. Sendo assim, nosso objetivo é analisar as imagens bélicas exploradas

pelo autor nesse livro, marcadas não só pela questão exterior da Guerra, mas

por seus conflitos interiores, pois, como ele mesmo afirma, seu livro foi

escrito em momento de desordem interior. Para isso, apoiamo-nos na teoria

do crítico canadense Northrop Frye, no que diz respeito à classificação de

imagens em demoníacas e apocalípticas. Pretendemos refletir ainda de que

maneira Piloto de Guerra pode ser considerado como um instrumento de

combate, uma vez que tais imagens podem ser uma tentativa de que os dados

negligenciados ou mal interpretados durante a missão pudessem ser

(re)conhecidos.

ENTRE O JORNALISTA E O FOLHETINISTA: UM ESTUDO DA

OBRA SUBTERRÂNEO DO MORRO DO CASTELO DE LIMA

BARRETO

Patrícia Regina e Morais Bertolucci Cardoso (Doutoranda – UNESP/Assis)

25 DE ABRIL DE 2012 – 14H00 ÀS 18H00 – PRÉDIO DE LETRAS – SALA 11

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O presente artigo tem como foco investigativo analisar a obra Subterrâneo do

Morro do Castelo de Afonso Henriques de Lima Barreto, cuja trama

narrativa está alicerçada sob a lenda acerca da possível existência de galerias

internas nesse morro que, além de funcionarem como rota de fuga dos

jesuítas, esconderia seus preciosos tesouros. Sabe-se que o Morro do Castelo

abrigava importantes prédios da administração pública bem como também o

Colégio dos Jesuítas que, segundo remonta a história, foram expulsos pelo

Marques de Pombal no ano de 1759 e deixaram para trás um valioso tesouro

ao qual estaria escondido em galerias no interior desse morro. Em

conformidade com Corrêa et Simões, o estudo da obra de Lima Barreto é

imprescindível tendo em vista que esse autor é “apontado como um dos

melhores autores de crônicas e artigos de jornais”. De forma mais específica,

voltar-me-ei para a análise de dois planos narrativos em que se figura um

autor que se divide entre jornalista e folhetinista.

A POÉTICA DA MEMÓRIA EM LEITE DERRAMADO, DE CHICO

BUARQUE DE HOLLANDA

Paulo Fernando Zaganin Rosa (Doutorando – UNESP/Assis)

25 DE ABRIL DE 2012 – 14H00 ÀS 18H00 – PRÉDIO DE LETRAS – SALA 12

O presente trabalho propõe uma discussão sobre a narrativa memorialista por

meio do estudo do quarto livro do compositor e autor brasileiro Chico

Buarque de Hollanda, Leite derramado (2009), uma obra nostálgica que

investiga as relações entre a memória individual e memória coletiva. Seu

protagonista é Eulálio Montenegro D´Assumpção, um centenário carioca de

família aristocrática decadente, que no hospital, em seu leito de morte,

relembra fatos de sua vida pessoal, por trás dos quais se desenha também a

história do Brasil. Partindo do princípio de que a obra, no decorrer de sua

narrativa, confirma a força da memória para o registro da própria história e

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constituição das identidades individual e nacional, discutiremos as formas

utilizadas pelo autor para o registro memorialístico, procurando identificar e

analisar sua representação no romance a partir de seus símbolos.

QUARTO DE DESPEJO: MEIO AMBIENTE E VIDA URBANA EM

SÃO PAULO NA DÉCADA DE 1950

Paulo Henrique Martinez (Departamento de História – UNESP/Assis)

25 DE ABRIL DE 2012 – 14H00 ÀS 18H00 – PRÉDIO DE LETRAS – SALA 12

A leitura de Quarto de despejo, de Carolina Maria de Jesus, publicado em

1960, permite a indagação sobre um elenco de temas de interesse para os

estudiosos da história ambiental e na elaboração de projetos de educação

ambiental. A história, a memória e as representações da cidade de São Paulo,

na segunda metade do século XX, comparecem nos relatos e registros deste

livro em forma de diário. O sucesso editorial que a autora – migrante, negra,

moradora na favela – conheceu tanto no Brasil quanto no exterior decorreu

também, e em larga medida, dos diálogos que estabelecia com o tempo e a

organização social paulistana e nacional que assistiram à elaboração e

divulgação do texto. Neste ano em que as Nações Unidas promovem a

Conferencia sobre o Desenvolvimento Sustentável, a Rio+20, as páginas de

Quarto de despejo adquirem relevância para o debate sobre uso e ocupação

dos solos urbanos, saneamento, resíduos, qualidade de vida, educação e

sustentabilidade ambiental. O livro abriga múltiplas interfaces e alcança o

debate de questões como vida urbana, experiência política, indústria cultural,

espaço público e privado, papel do intelectual. Este percurso será trilhado

nesta comunicação a partir de fotografias, textos de época, escritos de

Carolina Maria de Jesus e da historiografia.

A LEITURA DO TEXTO LITERÁRIO SEGUNDO UMBERTO ECO

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Paulo Sérgio Fernandes (Doutorando – UNESP/Assis –

UNISALESIANO/Lins)

25 DE ABRIL DE 2012 – 14H00 ÀS 18H00 – PRÉDIO DE LETRAS – SALA 10 B

A leitura, tanto quanto a escrita, não constitui um ato neutro em si. Entre o

leitor e o texto estabelece-se um conjunto de relações complexas e singulares

do ponto de vista psicológico e sociológico, de estratégias intersubjetivas

que, com frequência, modificam sensivelmente, mesmo de maneira

inconsciente, a natureza do escrito originário, ou mesmo a real intenção de

seu autor. Umberto Eco propõe que o objetivo da obra Lector in fabula é o

fenômeno da narratividade expressa verbalmente enquanto interpretada por

um leitor cooperante. Este estudo oferece um panorama das correntes que

empreenderam uma apresentação do receptor, num percurso no campo da

filosofia, mormente na Hermenêutica, no sentido da interpretação e atuação

do leitor no processo da leitura e da exegese do texto literário. Partindo do

trabalho iniciado em Obra aberta, retorna-se o tema da análise da obra

literária à luz das investigações no campo da semiótica, no sentido de uma

análise concreta dos mecanismos de cooperação textual, relacionado aos

problemas de textualidade e intertextualidade. Para Eco, o texto é uma

máquina concedida, iniciando interpretações; um texto prevê um leitor que o

atualize. Cada ato de leitura é uma transação difícil entre a competência do

leitor e o tipo de competência que o texto postula. Nesta relação, o leitor

constrói um novo objeto, interpretado por ele, no universo do seu

conhecimento.

O GÊNERO FOLHETIM E A CONSTRUÇÃO DO ETHOS DO

NARRADOR EM HELENA DE MACHADO DE ASSIS

Raquel Cristina Ribeiro Pedroso (Graduada – UFAM)

25 DE ABRIL DE 2012 – 14H00 ÀS 18H00 – PRÉDIO DE LETRAS – SALA 10 C

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O jovem escritor Machado de Assis arriscou-se e lançou Helena no formato

romance-folhetim nos rodapés do jornal O Globo de 1876. Conservando as

características do feuilleton, o romance é construído de forma a chamar a

atenção do leitor para a possível dualidade de caráter da protagonista, cuja

compreensão se faz aos “pedaços”, como a leitura do folhetim. O postulado

de base desta pesquisa está na descrição desse possível narrador,

minuciosamente elaborado, “astuto, ousado e consciente”, que trabalha como

agente estruturador na progressão textual, utilizando seu ethos para despistar

o leitor ou aproximá-lo dos personagens. Em outras palavras, será pensado se

o fato de Machado de Assis ter publicado Helena em formato romance-

folhetim teria influenciado a construção desse narrador.

“A VINGANÇA É UM PRATO QUE SE SABOREIA QUENTE”:

O DIÁLOGO INTERTEXTUAL ENTRE MURILO RUBIÃO E LYGIA

FAGUNDES TELLES

Renan Fornaziero de Oliveira (Mestrando – UNESP/Assis)

26 DE ABRIL DE 2012 – 14H00 ÀS 18H00 – PRÉDIO DE LETRAS – SALA 04

Em sua obra Recherche pour une sémanalyse (1969), Julia Kristeva

demonstra que a intertextualidade constitui-se de um cruzamento de

enunciados tomados de outros textos ou, ainda, de transposição na linguagem

comunicativa de enunciados anteriores ou sincrônicos. Para Samoyault

(2008), o termo torna-se ambíguo nos estudos literários, podendo ser

resumido pela palavra “diálogo”. Nesse sentido, a intertextualidade alude um

fenômeno bastante comum em inúmeros textos: a presença de outros textos

(discursos). A partir de um traço temático, é possível estabelecer relações

entre o conto de Murilo Rubião – A armadilha – e o de Lygia Fagundes

Telles – Venha ver o pôr-do-sol – nos quais vemos como se dá a construção e

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condução da vingança que, paulatinamente, se revela como bem arquitetada,

abrindo brechas para o medo e instaurando um clima de terror. Sendo assim,

propõe-se com este trabalho esmiuçar os mecanismos de construção da

vingança nos referidos autores, de modo a demonstrar como se dá essa

interlocução entre ambos.

HQS ELETRÔNICAS NO AUXÍLIO À LEITURA DAS NOVAS

GERAÇÕES

Renan Milanez Vieira (Graduado em Jornalismo – UNESP/Bauru;

Especialista em Língua e Cultura Japonesa pela Fundação Japão)

Henrique Luiz Perroni Ferraresso (Mestrando em Design – UNESP/Bauru)

26 DE ABRIL DE 2012 – 14H00 ÀS 18H00 – PRÉDIO DE LETRAS – SALA 03

Nos últimos tempos a tecnologia tem se desenvolvido numa velocidade cada

vez maior e esse desenvolvimento reflete diretamente na sociedade,

moldando comportamentos, hábitos e até mesmo diferentes maneiras de

pensamento levando a atual geração a ser estimulada por novas formas de

aprendizagem. Ancorada por metodologias tradicionais a escola tem deixado

de acompanhar as evoluções tecnológicas e ideológicas da nova geração,

conhecida como geração Z, composta por crianças e adolescentes nascidos a

partir de 1989, o que gera uma falta de motivação e desinteresse por parte

destes. Algumas das conseqüências de tal desinteresse frente às

possibilidades das novas tecnologias tem sido o baixo volume de leitura em

comparação as gerações anteriores. Em contrapartida, a recente geração é a

que passa mais tempo online e apresenta maior facilidade com a tecnologia.

Este artigo investiga a potencialidade de estimular a leitura nas novas

gerações através das histórias em quadrinhos feitas para o ambiente digital

(hq’s eletrônicas), por estas corresponderem ao perfil de aprendizado da

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geração Z, além de que, histórias em quadrinhos motivam a leitura e

fomentam a migração para leituras mais complexas como os livros.

CRÍTICAS CRUZADAS: MÁRIO DE ANDRADE E SÉRGIO

BUARQUE DE HOLANDA

Ricardo Gaiotto de Moraes (Doutorando – UNICAMP – FAPESP)

26 DE ABRIL DE 2012 – 14H00 ÀS 18H00 – PRÉDIO DE LETRAS – SALA 10 B

Este projeto propõe uma pesquisa de comparação detalhada das categorias

críticas de Mário de Andrade e Sérgio Buarque de Holanda. João Luiz Lafetá

ao aproximar Mário de Andrade, Tristão de Athayde, Otávio de Faria e

Agripino Grieco, tomou como critério de valorização a preocupação estética.

Para comparar Sérgio Buarque de Holanda e Mário de Andrade seria

necessário não o estabelecimento de um critério fixo, dada a complexidade

das formulações críticas dos dois autores, mas a análise dos temas

semelhantes e de como as ideias de um são permeáveis às do outro. Como

Mário de Andrade e Sérgio Buarque de Holanda têm presença tanto em

periódicos modernistas como naqueles de circulação menos específica, é

necessário que essa análise leve em consideração, para cada conjunto de

textos, os lugares ocupados por cada um. Isso porque no caso da comparação,

uma análise que levasse em consideração apenas os critérios cronológicos

poderia alinhar os autores a momentos discrepantes de sua evolução. Assim,

é crucial que se atente para a especificidade do contexto histórico e material

dos artigos comparados, construindo um panorama da participação de ambos

em jornais e periódicos. O corpus do estudo ora apresentado será formado

pelos textos de crítica literária de Mário de Andrade, publicados em Aspectos

da Literatura Brasileira, O Empalhador de Passarinho e Vida Literária, e

pelos de Sérgio Buarque de Holanda, publicados em Cobra de Vidro (1944;

2ª Ed. 1978), Tentativas de Mitologia (1979) e O Espírito e a Letra (1996).

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CRÔNICAS DE D. JOÃO DA CÂMARA NO JORNAL A GAZETA DE

NOTÍCIAS E NA REVISTA O OCIDENTE: BREVE APRESENTAÇÃO

COMPARATIVA

Rita de Cássia Lamino de Araújo. (Doutoranda – UNESP/Assis)

26 DE ABRIL DE 2012 – 14H00 ÀS 18H00 – PRÉDIO DE LETRAS – SALA 10

No início do século XX, os jornais do Rio de Janeiro contavam com uma

ampla e frutífera participação de escritores portugueses. Dentre eles, destaca-

se D. João da Câmara, que iniciou sua carreira jornalística na revista

portuguesa O Ocidente, em 1875 e foi seu colaborador até 1908. Em 1901, o

autor iniciou sua participação no jornal carioca Gazeta de Notícias até 1905.

As crônicas dos dois periódicos apresentam e discutem os principais

acontecimentos culturais, sociais e políticos ocorridos na sociedade

portuguesa daquele período. Em vista disso, nosso objetivo é fazer uma breve

apresentação dos textos de D. João da Câmara no jornal brasileiro e na

revista portuguesa. Ao longo da pesquisa, verificou-se que a crônica da

Gazeta de Notícias tem a forma semelhante à de um ensaio, enquanto que a

da revista O Ocidente apresenta-se como um conjunto de notas e comentários

sobre os principais assuntos da semana. Com o trabalho, pretende-se

colaborar para a divulgação dos textos jornalísticos/crônicas de D. João da

Câmara publicados nos dois periódicos e contribuir para a história da

literatura luso- brasileira do período.

REALISMO E TEORIA DA VANGUARDA EM LUKÁCS

Rosecler Silva (Mestranda – UNICAMP)

26 DE ABRIL DE 2012 – 14H00 ÀS 18H00 – PRÉDIO DE LETRAS – SALA 10 B

O termo realismo utilizado por Lukács é bastante singular e diferenciado do

termo “Realismo” enquanto escola literária, surgida na França, atribuído a

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um período marcado como reação ao “Romantismo”. Não se trata, nesse

caso, de uma escola literária, mas de uma forma sensível de representação

artística que liga organicamente a interioridade do ser humano e os fatores

externos a uma noção que abarca um período. Segundo nosso autor, realista é

o modo da representação, o desenho preciso dos pormenores necessários na

sua ligação orgânica com as grandes forças sociais, cuja luta se manifesta nos

pormenores, o autor realista deve participar da construção da exposição da

estrutura ao publico, enquanto o autor naturalista descreve o observado de

forma expectadora. O momento do final do séc. XIX é representando em

geral por um abismo entre a arte e a realidade social no qual o artista se

distancia do público e, contraditoriamente ao mesmo tempo, reúne-se em

grupos ou “movimentos” na busca de experiência, por vezes em um

“engajamento”. Esses movimentos são as vanguardas: tendências confusas,

instáveis em luta permanente umas com as outras, propagadas geralmente em

forma de manifestos que expressam ideias radicais de transformação. A

problemática entre arte realista e arte de vanguarda, consiste para Lukács, na

ausência da escolha de um critério laborioso dos elementos de composição

que se fundem na obra, que abarcam tanto a possibilidade concreta como a

possibilidade abstrata de forma equilibrada. Esta comunicação pretende

trabalhar o conceito de vanguarda proposto pelo pensador húngaro, tendo em

vista a dimensão e o esvaziamento da condição humana na sociedade

presente na estética vanguardista. Conforme a análise lukacsiana, a arte

sendo um fenômeno social, atua como um reflexo da realidade, no entanto, a

arte de vanguarda renuncia a forma objetiva, a marca de universalidade

refletida da realidade, (pressuposto de critério de toda criação artística

realista) para se restringir à possibilidade abstrata e submergir as experiências

artísticas, limitadas a uma micro dimensão demasiadamente subjetiva. A

fragmentação da subjetividade em alas isoladas é consequência da

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subordinação do sujeito à divisão capitalista, pois a concepção ontológica que

apresenta os indivíduos isolados, como dados a uma existência, traz

A DRAMATURGIA COMO FERRAMENTA DE POLITIZAÇÃO

TEATRAL: DE BRECHT PARA BOAL

Sandro de Cássio Dutra (Doutorando – UNIRIO – CNPq)

26 DE ABRIL DE 2012 – 14H00 ÀS 18H00 – PRÉDIO DE LETRAS – SALA 03

Há grande semelhança nos propósitos cênicos e dramatúrgicos de Bertold

Brecht e de Augusto Boal, uma vez que ambos acreditam que o teatro pode

transformar os seres humanos, que podem modificar a sociedade. No entanto,

podemos perceber alguma divergência quando o foco é o procedimento que

cada um adota para atingir o propósito apontado. Brecht, com a sua teoria do

‘distanciamento’, busca politizar e despertar o senso crítico do espectador,

enquanto que Boal, com a ‘dinamização’, em seu Teatro do Oprimido,

permite que o espectador entre em cena, opine e tente resolver o problema

social previamente escolhido pelo público. Disso se seguem algumas

questões: podemos entender que Boal dá continuidade e, principalmente,

avança nas propostas de politização social de Brecht? O que ocorre com a

dramaturgia quando Boal consente a entrada do espectador em cena? Que

relação podemos estabelecer entre o texto cênico elaborado e o texto cênico

improvisado, considerando que ambos são politizadores? São essas questões

que motivam nosso trabalho.

CONSIDERAÇÕES SOBRE CRONOTOPO EM FAZENDA MODELO

– NOVELA PECUÁRIA, DE CHICO BUARQUE

Sandro Viana Essêncio (Mestrando – UNESP/Assis)

25 DE ABRIL DE 2012 – 14H00 ÀS 18H00 – PRÉDIO DE LETRAS – SALA 12

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Este trabalho debruça-se sobre a configuração do Cronotopo na obra Fazenda

Modelo – novela pecuária, de Chico Buarque. O Cronotopo é um conceito de

Bakhtin que pauta-se na junção e inseparabilidade do tempo e do espaço,

através dele Bakhtin empreende uma tipologia histórica do romance e traça

linhas fundamentais do desenvolvimento da prosa. Nesse trabalho, busca-se

compreender como na novela de Chico Buarque as relações entre o tempo e o

espaço ficcionais mantêm ligação direta com o sentimento do tempo e do

espaço experimentados pelos indivíduos reais, pela sociedade como um todo;

como a sensação do tempo e da transformação do espaço, sob um regime

totalitário, pode ser percebida e receber um dado acabamento estético. Para

compreender tais peculiaridades é preciso ocupar-se das tensões existentes

entre os gêneros que compõem a tradição da prosa e, tecidas de maneira

satírica e paródica, vão integrar a obra. Dialogando com a literatura distópica

– sobretudo, Aldous Huxley e George Orwell – o autor imprime a essa

tradição ritmo e cor tipicamente nacionais, trazendo à tona muitas das

contradições da vida em nossa sociedade, compondo uma avaliação dos dez

anos de governo militar e alertando para as possíveis consequências desse

tipo de ideologia.

A SITUAÇÃO DA MULHER NA SOCIEDADE CABOVERDIANA

VISTA SOB O PRISMA DA FICÇÃO: O ROMANCE CHIQUINHO,

DE BALTASAR LOPES E O TESTAMENTO DO SR.

NAPUMOCENO, DE GERMANO ALMEIDA

Sônia Regina Benjamin de Brito (Graduanda – UNESP/Assis)

26 DE ABRIL DE 2012 – 14H00 ÀS 18H00 – PRÉDIO DE LETRAS – SALA 04

Cabo Verde, como se sabe, sempre enfrentou problemas com a estiagem. A

diáspora caboverdiana para os países da Europa e para a América deu-se e

dá-se com a imensa maioria masculina, cabendo à mulher o papel de manter e

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proteger a família. A literatura do arquipélago mostra essa realidade, em

especial nos romances e contos. O Testamento do Sr. Napumoceno(1996), do

autor cabo verdiano Germano Almeida, e Chiquinho, de Baltasar Lopes,

apresentam figuras femininas com este perfil, com base nelas, a nossa

pesquisa tem como objetivo, a importância da mulher no mundo literário e

sua influência na sociedade como transmissora de cultura. Expor a questão

da mulher africana e caboverdiana, fazendo um levantamento histórico da

situação social delas ao longo do período colonial até os dias de hoje. Nosso

foco é a comparação da mulher vista sobre o prisma de Chiquinho, de

Baltasar Lopes e da mulher vista sobre o olhar de O Testamento do senhor

Napumoceno, de Germano Almeida. Há outros desdobramentos ao longo da

produção literária de Cabo Verde, porém este primeiro momento é bastante

significativo.

MANOEL DE BARROS E A POÉTICA DO ÍNFIMO

Suzel Domini dos Santos (Mestranda – UNESP/SJRP)

25 DE ABRIL DE 2012 – 14H00 ÀS 18H00 – PRÉDIO DE LETRAS – SALA 12

A poesia de Manoel de Barros é notadamente marcada pelo uso de elementos

pertencentes à natureza do Pantanal mato-grossense como matéria prima para

a construção de imagens. Indo mais além, destacamos também o fato de que

há na poesia de Barros um olhar que flagra o ínfimo, as miudezas, as

inutilidades, um olhar que, atraído por tudo aquilo que não apresenta

qualquer tipo de valor para a sociedade, está sempre em busca do avesso, das

dobras, das coisas que se enquadram em um paradigma de inferioridade e

desvalorização. Esse olhar descobre no ínfimo a possibilidade do belo e

transforma aquilo que é da ordem do inútil em material poético. Tendo em

vista tais características da poesia barrosiana, debruçamo-nos sobre a tarefa

de observar a presença dos elementos inúteis e o modo como são

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aproveitados e trabalhados pelo poeta, diante do que constatamos que a

escolha pelo uso do inútil e do desvalorizado como matéria de construção

poética aponta para uma reação ao utilitarismo e à lucratividade exacerbada

que fundamentam o mundo ocidental.

POIÉSIS COMO METÁFORA DA PEDRA SACIADORA DE

CRONOS

Tatiane Milene Torres (Doutoranda – USP)

26 DE ABRIL DE 2012 – 14H00 ÀS 18H00 – PRÉDIO DE LETRAS – SALA 04

Tendo em vista o cotejo entre o Almanaque Brasileiro Garnier e o Almanach

Hachette, propomos o estudo comparativo para aferição do engendramento

das cidades excelentes, Paris e Rio de Janeiro, como resposta poética ao

Tempo Profano que leva consigo o Belo que, por sua vez, é recuperado na

contemplação diária da verdadeira beleza do mundo, inscrita no Sublime, do

melhor dos mundos possíveis. É, pois, pela tessitura incessante das urbes

ideais, que o Tempo Sagrado é fiado para salvação dos leitores dos males da

modernidade, tendo na feitura da Terra sem males de almanaque, a supressão

da “falsa ordem” gerada pelo utilitarismo e pela divisa de crescente progresso

do mundo moderno, realizando a ordenação da matéria preexistente de Caos,

pelo resgate da Poiésis em meio ao seu aviltamento, em Cosmo de Deleite

restaurador do sonhar. É o ato poético, como resgate da beleza olvidada em

meio às intempéries modernas, tecedor do microcosmo de almanaque, que

permite a edificação da nova realidade, a Criação anual como sinônimo da

idade de ouro recuperadora do Tempo Sagrado, como se o decurso

aprisionado e regenerado em seus vários calendários, trouxesse um devir de

eterna ventura nas Repúblicas das delícias, Paris e Rio de Janeiro,

representativas do Sublime no melhor dos mundos possíveis.

A IDEOLOGIA NO ANONIMATO DE UMA FLOR

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Tatiele Novais Silva (Graduanda – UNESP/Assis)

26 DE ABRIL DE 2012 – 14H00 ÀS 18H00 – PRÉDIO DE LETRAS – SALA 10 C

Esta comunicação tem por objeto de pesquisa o conto “Flor Anônima”, de

Machado de Assis. Pretende-se analisá-lo por meio da filosofia da linguagem

dialógica do, chamado no Brasil, “Círculo de Bakhtin”. O tema a ser

explorado, uma vez que enfatizado no conto, é a vaidade. O objetivo central é

compreender como o tema vaidade, tão expressivo na contemporaneidade, é

narrado e dialoga com o conto de Machado, escrito no século XIX. Para isso,

este trabalho se centrará nas forças que movem e constituem o texto/discurso.

O que se tentará compreender é como essas forças contribuem com a

formação do sujeito do conto (entendido como reflexo e refração social) e do

espaço que ocupa. As vozes que compõem o discurso, de certa forma,

também determinam o tema e sua significação discursiva, pois são as forças

que movimentam a atmosfera discursiva, uma vez que representam não

apenas a voz de uma personagem, mas uma (ou mais) voz(es) social(is) ao

fazerem, por meio da personagem, digladiar valores ideológicos no interior

do conto. Ao se estudar a enunciação é possível compreender as estabilidades

e instabilidades do signo ideológico, bem como as relações entre sujeitos e

como se dá a construção de sentidos, ao se levar em conta o verbal e o não

verbal da e na linguagem, implicada ao seu caráter interativo, social, histórico

e cultural. Com isso, acredita-se ser possível entender como os valores

ideológicos se encontram presentes no conto, sendo, este, encarado como

obra literária que, tal qual analisa o Círculo russo, reflete e refrata a vida com

acabamento estético, uma vez que a arte configura-se como gênero

secundário – que parte do primário e não deve ser visto apartado dele (e da

vida cotidiana).

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ESCRITOR-JORNALISTA: A TRAJETÓRIA DO ARGENTINO

ROBERTO ARLT NO EL MUNDO

Thaís Nascimento do Vale (Mestranda – UNESP/Assis – CNPq)

26 DE ABRIL DE 2012 – 14H00 ÀS 18H00 – PRÉDIO DE LETRAS – SALA 10

O presente trabalho dedica-se ao estudo da trajetória do escritor argentino

Roberto Arlt (1900-1942) a partir de sua inserção no jornal El Mundo, em

1928. Busca-se refletir sobre as diversas manifestações discursivas presentes

na obra do escritor, a partir das relações entre o texto literário e o texto

jornalístico na composição da mesma, sobretudo na produção de suas águas-

fortes, gênero híbrido cuja matriz busca nas artes plásticas e inserem-se no

âmbito das narrativas de extração histórica, uma vez que misturam uma série

de tipos de narrativa que mantém uma estreita relação com a intenção de

reproduzir a realidade. Tais produções são construídas, portanto, a partir de

características advindas de diversos tipos de gêneros que dialogam e se

superpõem, fazendo com que, desta forma, a presença de Arlt no jornal El

Mundo como jornalista profissional modifique o escritor, e este, interfira com

seu saber literário nas linhas do jornalismo cotidiano argentino.

GÊNERO E LINGUAGEM: O IMPACTO DOS PAPIROS

DEMÓTICOS NO EGITO PTOLOMAICO.

Thais Rocha da Silva. (Mestranda – USP)

25 DE ABRIL DE 2012 – 14H00 ÀS 18H00 – PRÉDIO DE LETRAS – SALA 10

Os textos em demótico desde os anos 1970 tem colaborado para novas

abordagens nos estudos sobre o Gênero no Egito Helenístico. Associados ao

material em grego e a um crescente diálogo com a antropologia, é possível

hoje reposicionar antigos pressupostos. O crescimento desse campo se deu,

por outro lado, graças ao desenvolvimento dos estudos demóticos na primeira

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metade do século XX. Ironicamente, a tradição filológica dos demoticistas e

sua obsessiva organização conduziram tardiamente pesquisas sobre o Egito

ptolomaico a novos rumos, mais distanciados das abordagens helenizantes.

Parte desse entusiasmo se deu a uma crença de que textos em demótico

poderiam revelar o “verdadeiro” modo de vida dos egípcios, em oposição aos

textos gregos, que mostrariam apenas a vida dos colonizadores. Os papiros

foram utilizados em estudos sobre etnicidade, identidade, etc., mas sobretudo

pela oferta de um “acesso direto aos nativos”. A parceria entre Gênero e

linguagem é relativamente nova na egiptologia, muito focada ainda na

procura de discursos femininos, na esperança de encontrar as “palavras das

mulheres”. Novas discussões teóricas a respeito do Gênero surgiram, saindo

do modelo dicotômico, buscando as implicações das várias definições de

masculino e feminino em seus contextos específicos, comparados a outros

dados como faixa etária e a posição social desses indivíduos. A apropriação

pelos pesquisadores da escola anglo-americana possibilitou uma parceria

entre demoticistas e pesquisadores interessados no Gênero, mas sem se

desprender de uma abordagem dicotômica. A polarização entre fontes

egípcias e gregas demonstrou também uma atitude orientalista em diversos

níveis. O exame desse arranjo acadêmico na investigação dos papiros pode

auxiliar tanto os demoticistas como os estudos sobre o Gênero,

reposicionando tratamentos teóricos determinados por ideologias específicas

e anacrônicas.

O DOCUMENTO ORFEU BRASÍLICO (1736) COMO REGISTRO DA

TRADIÇÃO CLÁSSICA NO PERÍODO COLONIAL BRASILEIRO

Thissiane Fioreto (Mestre – UFGD)

26 DE ABRIL DE 2012 – 14H00 ÀS 18H00 – PRÉDIO DE LETRAS – SALA 10

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Com o interesse de refletir sobre o estabelecimento de uma tradição clássica

em solo colonial, o trabalho, realizado sob uma perspectiva filológica,

objetiva apresentar o documento Orfeu Brasílico, opúsculo poético escrito

em latim e dedicado a Anchieta pelos alunos do Colégio Jesuítico da Bahia,

em 1736. Tal opúsculo foi publicado pela primeira vez em 1737 pelo

professor de Retórica, Pe. Francisco de Almeida, e reeditado, em edição fac-

similar, pelo professor da Universidade de Coimbra, Sebastião Tavares

Pinho, em 1998. Composto sob os preceitos do Ratio Studiorum, o método de

ensino jesuítico, a obra tem dupla importância por fazer o registro histórico

de um festejo religioso e, ao mesmo tempo, por realizar o registro de escrita

da época. Assim, o objetivo desta comunicação é, sobretudo, buscar

compreender a obra como um registro da latinidade brasileira e um exemplar

de como a cultura clássica e humanística adentrou o solo da Colônia, para

isso busca-se aporte teórico nas Artes Retórica e Poética.

LITERATURA SURDA: UMA REPRESENTAÇÃO CULTURAL DA

IDENTIDADE DE UMA COMUNIDADE LINGUÍSTICA

Viviane Lameu Ribeiro Paccini (Mestre – Faculdades Integradas de Ourinho)

26 DE ABRIL DE 2012 – 14H00 ÀS 18H00 – PRÉDIO DE LETRAS – SALA 03

A partir da Lei Federal Nº 10.436, de 22 de abril de 2002, a Língua Brasileira

de Sinais – LIBRAS passa a ser reconhecida como língua oficial da

comunidade surda, a qual compreende e interage com o mundo por meio de

experiências visuais, manifestando sua cultura, considerada por vários

estudiosos como Cultura Surda, principalmente, pelo uso dessa língua

gestual-visual. Nesse sentido, os produtos culturais consumidos e produzidos

pelos surdos passam por um processo de leitura, tradução, concepção e

julgamento peculiar, que se dá com base nas formas de existência dessa

comunidade, em sua identidade bilíngue e bicultural. Partindo desse

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pressuposto, propõe-se uma análise, a partir de abordagem baseada nos

Estudos Culturais, de textos clássicos da literatura infantil adaptada em

LIBRAS e da literatura infantil produzida por autores surdos ou integrantes

dessa comunidade, destacando-se a relevância da construção de uma

Literatura Surda, como é denominada, bem como os elementos que a

constituem, vinculados a discussões sobre língua, cultura, identidade e

diferenças.

A HISTÓRIA DA LITERATURA BRASILEIRA, DE JOSÉ

VERÍSSIMO: DA VALORIZAÇÃO ETNOLÓGICA AO

SENTIMENTO NACIONALISTA E UNIVERSAL.

Viviane Santos Bezerra (Graduanda – UNESP/Assis – FAPESP)

26 DE ABRIL DE 2012 – 14H00 ÀS 18H00 – PRÉDIO DE LETRAS – SALA 10 B

Este projeto pretende analisar a História da literatura brasileira, de José

Veríssimo, a partir da ruptura com a crítica romântica ou com a interpretação

cientificista ao adotar um ecletismo teórico que o faz desconfiar dos sistemas

fechados e das classificações únicas. Da valorização etnológica ao sentimento

nacionalista ou do cientificismo à defesa estética da construção do cânone

literário, a trajetória de José Veríssimo é marcada por uma organicidade que

gera o apuramento de seus critérios. Assim sendo, essa pesquisa procura

analisar as percepções sobre indianismo, nativismo, nacionalismo e

universalismo na História da literatura brasileira, de José Veríssimo. A

crítica literária feita no decorrer do Romantismo esboça as primeiras

sistematizações da literatura brasileira, reconhecendo a “brasilidade” dos

escritores que escrevem sobre o Brasil. Os críticos românticos ao recolher,

catalogar e recuperar os textos que formam a literatura brasileira fornecem as

primeiras manifestações de uma cultura erudita que ratifica o

desenvolvimento da nação brasileira configurando, assim, um corpus que

será revalidado pelos críticos naturalistas a partir de uma variedade de

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modelos teóricos vindos da Europa. Alinhar e sistematizar os conceitos que

Veríssimo adota em sua História da literatura brasileira, pressupõe o

principal objetivo dessa pesquisa. Busca-se, assim, a formação de um sistema

ou sequência que se inicia com a transformação do nativismo em

nacionalismo e, por fim, em universalismo. Veríssimo não pretende apenas

historiar, como faziam os românticos, todos os escritores delimitados em

escolas estéticas, mas relativizar a importância do escritor para a sociedade

brasileira e selecionar aquelas obras que possuem traços diferenciais ou

passaram por uma seleção natural fazendo parte do cânone literário

nacional.

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REALIZAÇÃO

Programa de Pós-graduação em Letras Faculdade de Ciências e Letras de Assis/SP

Av. Dom Antônio, 2100, CEP: 19806-900 Assis/SP Tel.: (18) 3302-5800 – Fax: (18) 3302-5804 – www.assis.unesp.br

AGRADECIMENTOS

IEVASA

Instituto de Estudos Vernáculos “Antonio Soares Amora”