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essenciais para a vida

CADERNO EDUCATIVO DO PROFESSOR

PATROCÍNIO REALIZAÇÃO

MUSEU ITINERANTE - CADERNO DO PROFESSOR MONSANTO - CAPA - FRENTE DOBRA

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MUSEU ITINERANTE - CADERNO DO PROFESSOR MONSANTO - CAPA - VERSO DOBRA

ÍNDICE Bem-Vindo, Professor

Conceito do programa educativo

Princípios norteadores para trabalho em sala de aula

Estratégias pedagógicas

Exercícios de arte

Biografia dos artistas

Dicas de leitura

FICHA TÉCNICA

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e Monsantoapresentam

2014

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MUSEU ITINERANTE • ARTE/ÁGUA: essenciais para a vidaMUSEU ITINERANTE • ARTE/ÁGUA: essenciais para a vida

O programa educativo da exposição ARTE/ÁGUA: essenciais para a vida é baseado na pergunta “como se constrói conhecimento social?”. Os estudantes serão os protagonistas da visita à exposição. Eles construirão suas próprias opiniões a partir de enfoques temáticos sugeridos pelos educadores em investigações pessoais ou em pequenos grupos e por meio de exercícios de arte.

Abordagens temáticas. Os educadores desenvolverão fios condutores para despertar a curiosidade dos estudantes. As abordagens são os pilares do processo educativo para que, durante a visita, sejam estabelecidas conexões das obras de arte com vários temas. Importante considerar que, ao longo da experiência, algumas abordagens temáticas se entrecruzarão e gerarão outros enfoques.

Serão realizados exercícios de arte que suscitam pesquisas, descobertas, investigações e cumplicidade entre todos.

A partir de suas ações e comentários, os estudantes produzirão novos conhecimentos. Eles darão sentido às suas próprias experiências no espaço expositivo e tirarão

suas conclusões para depois trocarem ideias com todos. Uns aprenderão com os outros e de várias fontes, com autonomia. Os educadores intervirão sugerindo conexões interculturais sobre, por exemplo, questões estéticas, sociais, políticas e antropológicas, ou mudanças de percurso, para estimular a curiosidade intelectual de todos, considerando o acaso como um importante aliado.

Os arte-educadores estarão mais focados em perguntar do que responder, para que prevaleça a opinião dos estudantes e possam desconstruir as categorias do certo e do errado no campo da arte, que é livre e complexo. Quanto mais relações fizerem com o que já conhecem e com suas vidas, tudo se tornará muito mais interessante. Eles trabalharão por meio por meio de ações poéticas para que os estudantes correlacionem fatos do mundo com a proposta e o fazer de cada um dos artistas. Os arte-educadores aproximarão a arte da vida dos estudantes.

A principal intenção é procurar registrar e entender os diversos modos de aproximação do público com a arte de todos os tempos e também com a arte contemporânea, que provoca estranhamento, espanto e admiração.

CONCEITO DO PROGRAMA EDUCATIVO

Escolhemos sua cidade, sua escola, seus alunos e você para participar do projeto Museu Itinerante 2014 na exposição ARTE/ÁGUA: essenciais para a vida.

Por que este tema foi escolhido? Porque a água é de fundamental importância para a sobrevivência de todas as espécies e foi representada e comentada por importantes artistas visuais ao longo de toda a história da arte. Você terá a oportunidade de fazer relações curiosas entre as obras dos artistas e o sentido de urgência da vida hoje para a preservação da água no planeta Terra.

Você poderá contar neste programa educativo com:

Os arte-educadores que os orientarão na visita à exposição.

O Livro de Estudos para os estudantes, com comentários sobre as obras e artistas e informações e informações e questões ecológicas.

O Guia do Professor: uma explicação do conceito do programa educativo; princípios norteadores do trabalho em sala de aula; estratégias pedagógicas; exercícios de arte; biografia dos artistas; dicas de leitura.

Seminário de estudos para vocês e os arte-educadores que trabalharão na exposição.

Você e seus alunos poderão explorar ao máximo os materiais pedagógicos ao longo do ano, em um ritmo diferente, sem rotina, com atividades mais movimentadas e outras mais tranquilas.

Importante: Entre em contato conosco pelo email [email protected] para que possa nos enviar os materiais desenvolvidos pelos seus alunos ao longo do ano. Será um prazer receber seus comentários e sugestões.Muito obrigada.

Aproveite!

Vera BarrosARTE-EDUCADORA

bem-vindo,professor

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Seguem algumas estratégias pedagógicas para estimular a comunicação com os estudantes durante os exercícios de arte que serão apresentados a seguir:

Mencione sempre o objetivo de cada exercício de arte e como ele acontecerá.

Defina as etapas com o grupo, com base no planejamento e na organização das ações: divisão dos grupos, definição dos assuntos a serem pesquisados, procedimentos e delimitação do tempo de duração.

Considere a importância de ouvir o silêncio dos estudantes.

Proponha tarefas que provoquem desafios.

Estimule os estudantes a observar, experimentar, pesquisar, investigar, avaliar, argumentar e fazer escolhas pessoais.

Crie situações de suspense.

Não passe informação demasiada. Menos é mais.

Ajude o grupo a identificar situações-problema e a se posicionar diante delas.

Socialize periodicamente os resultados obtidos nas investigações, na identificação de conhecimentos a serem construídos.

Empenhe-se para que os estudantes não se desanimem nem se desviem dos objetivos propostos em razão de dificuldades.

Pergunte e escute atentamente o que os estudantes querem saber e fazer. Em que estão interessados?

Tire partido de suas dúvidas e incertezas.

Favoreça o fortalecimento dos vínculos entre os membros do grupo.

Motive os estudantes a avaliar permanentemente suas atuações e, quando necessário, ouça suas sugestões de como replanejá-las.

Zele permanentemente para que a ação dos estudantes seja compreendida e aceita por todos os que com eles se relacionam na escola.

Considere que este projeto requer uma avaliação continuada.

ESTRATÉGIAS PEDAGÓGICAS

Seguem sugestões de princípios e procedimentos para o desenvolvimento do trabalho.

A visita à exposição poderá se transformar em parte efetiva do seu planejamento de trabalho na escola, com atividades que potencializem as transformações provocadas nos estudantes e em você.

Ressalte a importância da arte para o desenvolvimento humano.

Explore o Livro de Estudos e o Caderno Educativo do Professor para construir um corpo de ideias, saberes e práticas e desenvolver o seu papel como mediador de conhecimentos compartilhados.

Estabeleça sempre uma parceria com os estudantes.

Pense nas possibilidades de reflexão e produção de conhecimento na escola. O que a genial produção de todos os artistas tem de potencial para reunir as diferentes disciplinas, áreas de conhecimento, possibilitando conexões que favoreçam um livre trânsito de ideias e atribuição de novos sentidos aos acontecimentos e experiências da atualidade.

Crie um debate transdisciplinar para criar um ambiente favorável à criação de planejamentos conjuntos de trabalho em sala de aula.

Assegure uma prática educativa que possa repercutir na vida dos estudantes.

Analise suas fontes e formas de aprendizagem tanto para você se atualizar como para estimulá-los.

Reflita sobre o fato de que a escola não é a única a ter a prerrogativa do ensino. A educação pode se dar sincronicamente em várias vivências sociais.

Considere que os estudantes estão permanentemente poliestimulados pela mídia. Assim, dificilmente focam a atenção em um único ponto, aprendendo de várias formas e através de diversas camadas de conhecimento, simultaneamente.

Observe que a arte é “contaminada” pelo espírito de sua época. Portanto, reflita com seus estudantes sobre o mundo e a condição humana.

Debata com outros professores temas fundamentais na atualidade.

Avalie seus próprios conhecimentos e sua prática, continuadamente.

Seja um visitante frequentador de exposições, para que, com o permanente contato com a arte, você possa criar seu próprio repertório de apreciação estética.

PRINCÍPIOS NORTEADORES PARA TRABALHO EM SALA DE AULA

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OBJETIVO: colocar os estudantes no papel de artistas.

COMO: desenhar uma história inventada a partir de um tema da exposição.

ETAPAS:

1. Atividade adequada para ser feita por uma dupla de estudantes.

2. Professor, sugira vários temas ligados à exposição e às diversas representações da água, com base no Livro de Estudos.

3. Cada dupla escolherá um tema e inventará uma pequena história e a escreverá.

4. Cada integrante da dupla terá que desenhá-la caprichadamente em uma ou mais folhas de papel, com os materiais disponíveis.

5. Só que cada um com a sua própria versão, separadamente, sem que um veja o desenho do outro.

6. Lida cada história para todos, os desenhos serão apresentados e comparados.

7. Todas as histórias desenhadas poderão ser reunidas em uma pequena exposição.

8. Esta atividade revelará a capacidade de atenção e observação dos estudantes.

OBJETIVO: colocar os estudantes no papel de jornalistas ambientalistas.

COMO: relacionar uma obra de arte com uma questão ambiental, elaborar perguntas e entrevistar pessoas.

ETAPAS:

1. Professor, planeje este exercício de arte antecipadamente, para poder rever, com calma, as obras de arte da exposição no Livro de Estudos.

2. Reúna a turma em pequenos grupos.

3. Peça que cada grupo aprecie e reveja as obras de arte do Livro de Estudos com calma.

4. Em seguida, que escolha somente uma obra e a relacione com alguma questão ecológica sobre a água.

5. Depois, que elabore duas perguntas para uma entrevista. A elaboração de perguntas poderá ser orientada.

6. Professor, organize-se para que as entrevistas sejam entre grupos diferentes, uma de cada vez.

7. Perguntas e respostas serão compartilhadas por todos.

8. Professor, ouça todos com muita atenção, para registrar nos mínimos detalhes tudo o que for dito.

9. Esta atividade revelará ideias e opiniões, a capacidade de síntese na elaboração das perguntas e a visão de mundo de cada um dos estudantes.

DESENHISTA POR UM DIA JORNALISTA POR UM DIA

EXERCÍCIOS DE ARTE

OBJETIVO: colocar os estudantes no papel de escritores de ficção.

COMO: criar, escrever e contar uma história a partir das obras de arte de que mais gostaram.

ETAPAS:

1. Divida a turma em quatro pequenos grupos.

2. Com o Livro de Estudos, peça que cada grupo se reúna, converse e eleja uma obra de arte, assunto ou tema de que mais gostaram na exposição, em consenso.

3. Em um segundo momento, peça que cada grupo crie coletivamente uma pequena história, em que não haja limite para a imaginação.

4. Se surgirem mais temas, eles poderão ser integrados, criativamente, à história.

5. Um dos estudantes, com a ajuda de todos do grupo, a escreverá.

6. Depois a contarão para toda a turma.

7. Depois de todas as histórias contadas, elas deverão ser comentadas por todos, o que é muito importante.

8. Uma forma de expandir o campo simbólico dos estudantes a partir da prática de uma linguagem criativa e sintética.

OBJETIVO: colocar os estudantes no papel de atores.

COMO: criar, escrever e encenar uma cena curta, um sketch sobre o personagem preferido.

ETAPAS:

1. Divida a turma em quatro pequenos grupos.

2. Peça a cada grupo que escolha no Livro de Estudos seus personagens preferidos em segredo.

3. Depois solicite que imaginem uma situação em que se encontrariam pessoalmente com eles.

4. Reunidos em pequenos grupos, o processo de criação da pequena cena de teatro se dará de forma coletiva.

5. Um dos estudantes, com a ajuda de todos do grupo, a escreverá.

6. Depois cada grupo a encenará com mínimos recursos cênicos improvisados.

7. Depois de cada apresentação, os outros grupos terão de adivinhar que personagem é.

8. Todas as cenas serão comentadas.

9. Uma forma de explorar a linguagem corporal combinada à linguagem verbal.

ESCRITOR POR UM DIAQUAL OPERSONAGEM PREFERIDO?

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9. Converse e peça que cada grupo escolha uma pergunta, discuta entre eles com calma, para depois colocá-las em debate.

Seguem alguns exemplos:• Que obras de arte poderiam ser sonhos?• Em qual obra parece que o tempo parou?• Compare os corpos dos personagens representados.• Quais obras de arte poderiam estar “encantadas”?• O que os animais significam?• Onde o tema saúde aparece?• Como os artistas iluminam seus trabalhos? Estabeleçam diferenças entre luzes.• Onde a natureza é mais sublime?• Quais as diferenças entre os mares? Por quê?• Que imagens dão vontade de tocar?• De quais se ouve sons?• Quais tem cheiro?

10. Professor, estas perguntas poderão fazer com que os estudantes pense de forma mais abstrata e metafórica.

*Metafórico/metáfora: É uma figura de linguagem que acontece quando uma palavra ou imagem é empregada fora do seu sentido real e literal, fora do seu sentido comum, criando uma relação de semelhança entre o seu sentido próprio e o figurado.

OBJETIVO: colocar os estudantes no papel de jornalistas ambientalistas.

COMO: desenvolver e editar um ecojornal na escola. desenvolver e editar um ecojornal na escola.

ETAPAS:

1. Professor, planeje este exercício de arte antecipada-mente, para poder separar matérias de jornal e/ou notíci-as na internet relacionadas à questão da água e problemas de desperdício, escassez e poluição, entre outros temas.

2. Peça aos estudantes que pesquisem e tragam fotos de jornais ou de revistas de casa.

3. Reúna a turma em pequenos grupos.

4. Entregue para cada grupo uma das notícias de jornal.

5. Peça a todos que, também com o Livro de Estudos em mãos, relacionem a notícia a uma obra de arte e inventem uma matéria jornalística. Tanto uma como outra deverão ser comentadas.

6. Só que com um importante detalhe: este será um jornal somente de boas notícias, mesmo fictícias ou relacionadas a um futuro próximo.

7. Professor, ajude na edição do jornal, organizando e digitalizando as notícias e matérias elaboradas pelos alunos.

8. Assim, estudantes terão criado uma pequena publicação de caráter relacional, que conecta diferentes temas de forma transdisciplinar e que pode ser apresentado em um painel na escola.

9. Professor, esta prática aborda a identificação de diferentes contextos, a busca de explicações e a formulação de hipóteses.

JORNAL BOAS NOTÍCIAS

OBJETIVO: aprofundar as diferentes características dos artistas em suas obras de arte, por comparação.

COMO: organizar um debate sobre os temas, a história, a poética e a linguagem dos artistas.

ETAPAS:

1. Reúna a turma em pequenos grupos.

2. Professor, estimule os estudantes a observar, experimentar, pesquisar, investigar, avaliar, argumentar e fazer escolhas pessoais. Será muito importante.

3. Oriente os estudantes de que um debate terá início.

4. Explique-lhes que um debate é a ação de discutir uma ou mais questões, de forma amigável, entre algumas pessoas, para que coloquem suas ideias.

5. Poderá haver concordância ou discordância, mas sempre prevalecerá a troca de opiniões.

6. E para isso é muito importante que só uma pessoa fale de cada vez, para que seja ouvida por todos, para depois a conversa continuar.

7. Você, professor, será o moderador, quem ditará as regras, apresentará os temas a serem discutidos, organizará e escolherá os debatedores, estipulará o tempo de cada um e os interromperá, se necessário, e ficará responsável pelo sucesso desta experiência.

8. Quando um estudante estiver com dificuldades de argumentar, você, gentilmente, dará tempo para que ele pense e passará a vez para outro aluno, já certo do que falará. Você avaliará os argumentos e encerrará a discussão quando achar que o resultado foi bom.

ARTE EM DEBATE

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Nasce em Fortaleza, mas cresce em São Paulo, para onde a família se muda em 1961. Mora na cidade até a sua morte, em 1993. Estuda no curso de Educação Artística da FAAP entre 1977 e 1980, mas não chega a se formar.

Também frequenta em São Paulo a Escola ASTER, dos artistas Julio Plaza (Madri, Espanha, 1938 - São Paulo, Brasil, 2003) e Regina Silveira (Porto Alegre, Brasil, 1939), entre 1978 e 1981. Participa em 1980 do 12º Panorama de Arte Atual Brasileira no MAM – SP. Viaja para a Europa em 1981, onde conhece o artista Antônio Dias (Campina Grande, Brasil, 1944), que o apresenta a críticos, curadores e galeristas, realizando duas exposições enquanto estava lá, uma individual, na Galeria Casa do Brasil, em Madri, e uma coletiva, Arte Internazionale, na Galleria Giuli, em Lecce.

Passa o ano de 1982 na Europa, viajando pela Itália, Alemanha e Portugal, participando de algumas exposições. Participa da 13ª Bienal de Paris em 1984 e no ano seguinte, da exposição Como vai você, geração 80? no Parque Lage, no Rio de Janeiro. Em 1986 sua obra é apresentada na XVIII Bienal Internacional de São Paulo.

Nos anos seguintes, até 1991 pelo menos, viaja constantemente para a Europa e também para os Estados Unidos, participando de algumas exposições individuais e coletivas. Em 1991 descobre que é portador do vírus HIV. Em 1993, com a saúde muito abalada, prepara a exposição Instalação sobre duas figuras para a Capela do Morumbi,

JOSÉ LEONILSONFortaleza, Brasil, 1957 - São Paulo, Brasil, 1993

Todos os rios, 1989

PinturaAcrílica s/ lona212 x 100 cmColeção Museu de Arte Moderna de São Paulo, doação Carmem Bezerra Dias e Theodorino Torquato Dias

NÚCLEO 1

RIO, BARCO E LUZ

Pense nisso:

Conhecer a vida destes artistas é muito interessante porque nos leva a pensar que,

“A arte é necessária porque a vida não basta”. Ferreira

Gullar (São Luiz, Maranhão, 1930), poeta.

BIOGRAFIASDOS ARTISTAS

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1902 - Salvador, Brasil, 1996) a Rodrigo Mello Franco de Andrade (Belo Horizonte, Brasil, 1898 - Rio de Janeiro, Brasil, 1969), diretor do SPHAN (Secretaria do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional), que lhe solicita diversos trabalhos de documentação do patrimônio histórico – um projeto de Mário de Andrade (São Paulo, Brasil 1893 - 1945), que incluía documentar as manifestações artísticas e folclóricas para preservá-las.

Na década de 1940, viaja principalmente para Minas Gerais, Nordeste e Norte. Continua a trabalhar para o SPHAM.

Sua outra grande contribuição ao projeto moderno brasileiro se deu na fotografia de arquitetura, não só no que se refere ao patrimônio do passado, mas naquele construído em seu próprio tempo. Fotografou o projeto da Pampulha em Belo Horizonte em 1942, sendo chamado pelo próprio Oscar Niemeyer (Rio de Janeiro, Brasil, 1907 - 2012) para fotografar a construção de Brasília.

Na década de 1960, também fotografou o projeto do aterro do Flamengo, dos arquitetos Affonso Eduardo Reidy (Paris, França, 1909 - Rio de Janeiro, Brasil, 1964) e Burle Marx (São Paulo, Brasil, 1909 - Rio de Janeiro, Brasil, 1994), no Rio de Janeiro.

Também colaborou com a importante revista O Cruzeiro (1929-1975) e publicou vários livros no Brasil e no exterior. Em sua carreira acumulou um acervo de 25 mil imagens que foram adquiridas todas pelo Instituto Moreira Salles, em 1999, após sua morte.

Para conhecer mais seu trabalho: x ims.uol.com.br/hs/gautherot/gautherot.html

ÈDOUARD MANETParis, França, 1832 - 1883

De barco, 1874

PinturaÓleo s/ tela97,2 x 130,2 cmColeção H. O. Havemeyer, The Metropolitan Museum of Art, New York

Seu pai, Auguste Manet, era um importante oficial do ministério da Justiça, e seu avô materno, Eugénie-Désirée Fournier era cônsul na Suécia e assessor de confiança do Rei Charles XIV (1763 - 1844).

Teve excelente educação e já demonstrava aptidão para o desenho. Seu tio Eugénie-Désirée Fournier, um oficial militar apreciador das artes, o levava a visitas regulares ao Louvre, onde anos mais tarde o pintor se dedicaria a estudar os grandes mestres por meio do exercício de cópias.

O jovem Manet, antes de se dedicar à carreira de pintor, tentou entrar na Marinha Naval, mas falhou nas provas, acabando por se alistar na Marinha Mercante e chega na costa do litoral Brasileiro em 1948. Tanto ele como sua família, após esta experiência na Marinha, se convenceram que esta não seria a melhor opção para Èdouard.

em São Paulo, mas falece antes de vê-la realizada. A APCA confere prêmio póstumo ao artista pela exposição. No mesmo ano de sua morte é fundado o Projeto Leonilson que objetiva organizar e compilar a obra e os arquivos do artista, e ao mesmo tempo difundir a sua produção.

A obra de Leonilson pode ser vista tendo como pano de fundo o chamado retorno à pintura e à produção da “geração 80”, que viveu a abertura política no Brasil e valorizava principalmente o prazer da vida.

Sua obra tem um tom autobiográfico, quase de diário, onde arte e vida se misturam e se alimentam uma da outra. O artista colecionava todo tipo de objetos banais como miçangas, rendas, brinquedinhos e tecidos. Podia usá-los em suas obras ou não, a ponto de ser difícil afirmar se a coleção se dava em razão da obra ou o contrário. O artista cria um universo particular com símbolos e signos próprios, abre seu diário para leitura e interpretação para todos decifrarem.

No conjunto de sua obra, que foi produzida por volta de 15 anos, é possível perceber dois momentos: primeiramente, excessos e acúmulos de objetos, formas e gestos que são como um "vocabulário" pessoal que se apropria de palavras ou imagens da cultura de massa. Pode-se ver este excesso também na maneira de preparar a superfície da pintura com pinceladas mais gestuais e expressivas, de cores berrantes.

Mas a partir de 1989 seus trabalhos começam a se modificar. O vazio das telas e dos tecidos se torna mais importante e mais frequente, como obras de arte que sussurram poesia. Os bordados, menores, mais delicados e solitários, repousam em áreas confortáveis de tecido. Há um silêncio mais pronunciado e um sentimento de isolamento que Leonilson vivia, em parte causado pela doença, em parte talvez uma reação ao meio artístico da época, agitado e exagerado.

Sua história pessoal é o que costura tudo, o que dá vida aos objetos e às palavras que circulam pelas suas obras de arte.

Para conhecer mais seu trabalho: xwww.projetoleonilson.com.br/site.php

MARCEL GAUTHEROTParis, França, 1910 - Rio de Janeiro, Brasil, 1996

Cachoeira de Paulo Afonso, 1956

Fotografia 6 x 6 cmColeção Instituto Moreira Salles

Estudou arquitetura durante as décadas de 1920 e 1930 onde conheceu importantes arquitetos como Marcel Breuer (Pecs, Hungria, 1902 - Nova Iorque, EUA, 1981) e Le Courbisier (La Chaux-de-Fonds, Suíça, 1887 - Roquebrune-Cap-Martin, França, 1965).

Participa da criação do Museu do Homem de Paris, em 1938, voltado para a antropologia e a etnografia.

Parte em 1939 para o Brasil após ler o romance Jubiabá do escritor Jorge Amado (Salvador, Brasil, 1912 - 2001). Sua primeira intenção é fazer uma foto-reportagem para o Museu do Homem. Sua primeira parada é Belém. Depois viaja para a Amazônia, viagem interrompida porque contrai malária. Enquanto se recupera, é convocado pelo exército Francês e segue para o Senegal em 1940.

Volta para ao Brasil no mesmo ano. No Rio de janeiro é apresentado pelo fotógrafo Pierre Verger (Paris, França,

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LUIZ ZERBINISão Paulo, Brasil, 1959

sem título, 1988

PinturaAcrílica s/ tela180 x 225 cmColeção Instituto Figueiredo Ferraz em Ribeirão PretoCortesia Galeria Fortes Vilaça

Frequenta o curso de Artes Plásticas da Fundação Armando Álvares Penteado em São Paulo, entre 1978 e 1980, quando se muda para o Rio de Janeiro onde vive e trabalha. Ali, na década de 1980, trabalha como cenógrafo do grupo de teatro Asdrúbal Trouxe o Trombone, e faz performances em conjunto com a atriz Regina Casé (Rio de Janeiro, Brasil, 1954), com quem foi casado por 14 anos.

Ainda na década de 80, começa a desenvolver um trabalho de pintura que também se desdobra em instalações com objetos. Participa da exposição Como vai você geração 80?, no Parque Lage, no Rio de Janeiro. Esta exposição foi um marco na história da arte brasileira ao reunir em uma mostra colaborativa, organizada pelos próprios artistas, uma geração jovem que se dedicava principalmente à pintura. Em 1987 participa da XIX Bienal Internacional de São Paulo, com curadoria de Sheila Leirner (São Paulo, Brasil, 1948).

Em 1995, cria, juntamente com o artista Barrão (Rio de Janeiro, 1959) e o editor de vídeo e cinema Sérgio Mekler ( Rio de Janeiro, Brasil, 1963), o grupo Chelpa Ferro, grupo bastante atuante no circuito artístico. Participaram de duas edições da Bienal de São Paulo, em 2004 e em 2005. Em 2005, o grupo também participa da 51ª Bienal de Veneza.

Zerbini continua com sua carreira solo participando ativamente de diversas exposições, como a 2ª Bienal de Artes Visuais do Mercosul, Porto Alegre (1999); a 7ª Bienal de Havana, Cuba (2000); Brasil + 500, Mostra do Redescobrimento, Fundação Bienal de São Paulo (2000); 2080, Museu de Arte Moderna de São Paulo (2003) e a XXIX Bienal de São Paulo (2010). No ano passado, fez uma exposição individual no Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro, Amor Zerbini.

Suas pinturas retratam cenas do cotidiano de forma fantástica, misturando cenas banais a fantasias surreais. O drama e o exagero convivem em suas obras mais recentes, exibidas no MAM do Rio de Janeiro. Pinturas de grandes formatos conviviam com colagens e instalações. Na realidade, a exposição como um todo poderia ser pensada como uma grande instalação. Podemos notar como o fantástico naquilo que é corriqueiro ainda está presente no universo poético de Zerbini, que mescla referências da arte e da arquitetura brasileira com cenas simples.

Para conhecer mais seu trabalho: xwww.fortesvilaca.com.br/artistas/luiz-zerbini

A partir de 1949, se dedica completamente à carreira de pintor. A Academia de Belas Artes onde estudava não era o lugar ideal para ele. Ingressa no ateliê do pintor Thomas Couture (Oise, França, 1815 - 1879) ficando ali por 6 anos entremeados de viagens de estudo à Itália, Alemanha, Holanda e Áustria.

Manet inscreve suas obras diversas vezes no Salão Anual da Academia de Belas Artes, mas apesar da amizade com o importante pintor Delacroix (Saint-Maurice, França, 1798 - Paris, França, 1863) só em 1864 suas pinturas são admitidas.

Durante este período, o pintor mostra suas telas no Salão dos Recusados. Em 1867, assim como o também pintor Gustave Courbet (Doubs, França, 1819 - La Tour-de-Peilz, Suiça, 1877), organiza uma grande mostra individual, onde exibe Olympia (1863), Almoço sobre a relva (1863) e O Tocador de Pífaro (1866).

Nesta época Manet já é considerado um grande pintor por colegas artistas como os escritores Baudelaire (Paris, França, 1821 - 1867) e Zola (Paris, França, 1840 - 902), e os pintores Cézanne (Aix-en-Provence, França, 1839 - 1906), Monet (Paris, França, 1840 - Giverny, França, 1926), Renoir (Limoges, França, 1841 - Cagnes-sur-Mer, França, 1919) e Degas (Paris, França, 1834 - 917).

Manet segue mandando obras para o Salão da Academia, acreditando que poderia dialogar sobre suas convicções artísticas diferentes das ensinadas ali, e às vezes é aceito, e outras não.

Buscando alternativas, abriu o seu próprio ateliê para exposições públicas, e mostrou trabalhos em vitrines e cafés. Apesar de ter apoiado o grupo dos Impressionistas, sendo amigo e colecionador deles, nunca tomou parte de suas exposições. Sua carreira aconteceu sempre à margem da Academia, o que não o impediu de ser considerado, ainda em vida, um grande mestre. Morreu em 1883, e seu caixão foi levado pelos amigos Zola e Monet. No ano seguinte uma retrospectiva póstuma com 179 obras foi exibida na Academia.

Por vários motivos Manet é apontado como o precursor da pintura moderna. Primeiro podemos perceber que o artista se valia de diversas referências dos grandes mestres como Velásquez (Sevilha, Espanha, 1599 - Madri, Espanha, 1660) e Giorgione (Castelfranco Veneto, Itália, 1477 - Veneza, Itália, 1510), e também de mestres da gravura japonesa Okyo-ê. Essas influências, como observa o historiador Giulio Carlo Argan (Turim, Itália, 1909 - Roma, Itália, 1992), em seu livro Arte Moderna, foram por ele atualizadas para retratar o espírito de sua época.

Soma referências clássicas e o repertório visual da tradição à personagens parisienses típicos, como demonstra Olympia (1863), a famosa e polêmica pintura de uma cortesã na pose da Vênus de Urbino (1538), de Ticiano (Pieve di Cadore, Itália, c.1488/90 - Veneza, Itália, 1576). Usa em sua pintura pretos matizados e variados e áreas chapadas de cor. É moderno o seu modo de cruzar referências tradicionais para criar uma nova linguagem que depois passará a integrar essa mesma tradição.

Para pesquisar sobre sua vida e obra: xwww.musee-orsay.fr/en/collections/dossier-manet/

works-in-focus.html

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MUSEU ITINERANTE • ARTE/ÁGUA: essenciais para a vidaMUSEU ITINERANTE • ARTE/ÁGUA: essenciais para a vida

REMBRANDT VAN RIJNLeiden, Holanda, 1606 - Amsterdã, Holanda, 1669

Cristo na tempestade no mar da Galileia, 1633

PinturaÓleo s/ tela160 x 128 cmColeção Isabella Stewart Gardner Museum, Boston, Massachusetts

Estuda na Escola Latina, entre 1613 e 1620. Terminando os estudos, inscreve-se na Faculdade de Filosofia da Universidade de Leiden, mas abandona os estudos para se tornar aprendiz no ateliê do pintor Isaacsz van Swanenburg (Leiden, Holanda, 1571 - 1638).

Entre 1624 e 1625 estuda com Pieter Lastman (Amsterdã, Holanda, 1583 - 1633), especializado em pinturas históricas, seus primeiros sucessos. Também na década de 1620 começa a fazer gravuras em metal, cujo sucesso difundirá o seu trabalho pela Europa.

Muda-se para Amsterdã em 1631, trabalha também com retratos e pinturas históricas. Casa-se com Saskia van Uylenburgh (Leeuwarden, Holanda, 1612 - Amsterdã, Holanda,

1642), filha de um rico burguês e sobrinha de um negociante de arte, em 1634.

No mesmo ano entra para a Guilda de São Lucas, uma corporação de ofícios artesanais. Começa a aceitar aprendizes em seu ateliê. É reconhecido como um dos melhores pintores de sua época na Holanda e também é citado por colecionadores Italianos.

Após a morte de sua mulher, Saskia, em 1642, Rembrandt sofre diversas crises financeiras, mas mantém seu ateliê ativo até sua morte.

Sua obra influenciou os artistas românticos do século XVIII, realistas do século XIX e expressionistas abstratos do século XX.

A obra do artista está inserida no período Barroco, seus traços estilísticos mais importantes são o alto contraste entre luz e sombra e a teatralidade da composição. Rembrandt, especificamente, se interessa pelo drama humano.

Suas cenas religiosas são vívidas, enquanto a luz recai sobre o elemento principal da cena, como se estivessem sendo iluminadas por um holofote. Ele também tem a habilidade de representar a cena de uma maneira que nos faz identificar as pessoas.

Foi através da sua obra gráfica que Rembrandt obteve maior reconhecimento. Ele utilizava a técnica da gravura em água-forte, um método de gravar matrizes em chapas de cobre com ácido, para criar desenhos que poderiam ser reproduzidos centenas de vezes.

Em Cristo na tempestade no mar da Galileia (1633) a luz revela a tragédia e o perigo, os homens lutando contra a tempestade, enquanto do lado direito outros apóstolos pedem que Cristo faça alguma coisa. O único homem que parece estar calmo é Jesus, sentado com semblante tranquilo, todos os outros personagens estão em movimento, mesmo os que estão rezando parecem fazer força para apertar as mãos.

EDWARD HOPPERNyack, EUA, 1882 - Nova York, EUA, 1967

Mar agitado, 1939

PinturaÓleo s/ tela91,9 x 127,2 cmColeção Corcoran Gallery of Art, William A. Clark Fund

O artista norte-americano Edward Hopper morou a vida inteira na costa leste americana, sempre ao redor ou na cidade de Nova Iorque. Fez várias viagens pelos Estados Unidos, México e Europa. Entre 1900 e 1906, estudou na New York School of Art. Faz uma viagem de estudos à Europa entre 1906 e 1907, visitando França, Inglaterra, Holanda, Alemanha e Bélgica. Duas coisas são marcantes na viagem: a obra dos Impressionistas franceses, que o leva a pintar ao ar livre, e a pintura de Rembrandt (Leiden, Holanda, 1606 - Amsterdã, Holanda, 1669) A ronda noturna (1642).

Em 1908, fixa-se em Nova Iorque e começa a trabalhar como ilustrador, trabalho que na realidade o artista detestava, mas que lhe garantiu o sustento até sua carreira como pintor se firmar. Faz outras viagens à Europa em 1909 e 1910, entende que era preciso conhecer mais os grandes mestres da arte e visita principalmente da França e da Espanha.

Em 1913, participa da exposição Armory Show com a tela Sailing (1913), uma pequena marinha, sendo a primeira obra que o artista irá vender em sua carreira.

Sua futura esposa Josephine Nivison (Nova Iorque, EUA, 1883 - 1968) lhe sugere que passe a fazer pinturas de paisagens ao ar livre.

Na década de 1920, participa de várias exposições. Em 1925, sua pintura Casa junto da linha férrea (1925), é a primeira obra de arte a ser adquirida para o acervo do Museu de Arte Moderna de Nova Iorque. Em 1933, o mesmo museu organiza sua primeira exposição individual.

Ele representa seu país na Bienal de Veneza de 1952. E na década seguinte expõe no Whitney Museum. Sua obra está na contramão de linguagens artísticas da época, como o expressionismo abstrato. Mas algumas características na construção de suas cenas que expressam o interior psicológico dos personagens, como a solidão, criam uma empatia entre eles e o espectador.

Edward Hopper pintou paisagens americanas e urbanas. Mas, enquanto outros artistas de sua geração retratavam a cidade de Nova Iorque em cenas com arranha-céus, ruas lotadas de carros e pessoas e espetáculos modernos, Hopper representava uma cidade diferente. As ruas, as lojas, os café, os cinemas, estão vazios ou quase. Apresenta seus personagens em um tempo suspenso, parados, entregues aos seus próprios pensamentos.

Sua obra do influenciou inúmeros artistas, fotógrafos e cineastas, entre eles os fotógrafos Andreas Gursky (Leipzig, Alemanha, 1955) e Philip-Lorca di Córcia (Hartford, EUA, 1951), e o cineasta Wim Wenders (Düsseldorf, Alemanha, 1945), cujo filme Estrela Solitária (2005) tem toda a sua direção de fotografia baseada na obra de Hopper.

Para conhecer mais sobre sua vida e obra: x americanart.si.edu/exhibitions/online/hopper/index.html xwhitney.org/Search?query=edward+hopper&full_

view=artworks

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Sua sogra possuía uma pequena coleção de arte e circulava em um meio social mais abastado, garantindo a Vermeer contatos profissionais. Em 1657 ele vende sua primeira obra para aquele que viria a ser seu maior colecionador e mecenas, Pieter Claesz van Ruijven (Delft, Holanda, 1624 - 1674).

Veermer foi eleito diretor da Guilda de São Lucas em 1662, 1663, 1670 e 1671, o que demonstra que era uma figura reconhecida. Como seu pai, também comercializava obras de outros artistas e dirigia a estalagem. Ao longo de sua vida a Holanda passou por períodos políticos bastante conturbados. Foi invadida várias vezes por ingleses, franceses e espanhóis, tornando a situação econômica do artista bastante difícil.

Atualmente são conhecidas apenas 36 pinturas suas. Costumava trabalhar sozinho sem assistentes e nunca teve aprendizes.

Especialistas acreditam que ele não tenha pintado muito mais do que isso. Suas outras atribuições e sua técnica de pintura não permitiriam uma produção maior.

Suas primeiras pinturas são do gênero histórico e religioso como Cristo em casa de Marta e Maria (1654) e Diana e as companheiras, (1655-56). Ambas demonstram que o artista estava familiarizado com o colorido do barroco italiano e da pintura veneziana.

Do final da década de 1650 em diante o artista irá dedicar-se principalmente às pinturas de gênero, cenas do cotidiano passadas em ambientes internos e com temática moralizante. As mulheres que representa estão, na maior parte das pinturas, em um momento decisivo entre escolher a virtude e o vício. Nós as vemos recolhidas em seus pensamentos.

Impressiona em sua pintura a riqueza de detalhes.Se fosse possível passar a mão na tela sentiríamos a textura do tecido como se fosse real. A Leiteira (1658-1660) é evidência disso. Não vemos a marca do pincel nem há contornos visíveis. As cores se encontram e se dissolvem para formar os objetos.

O mais instigante para o nosso olhar é que parecemos testemunhar uma narrativa que está acontecendo de frente para nós, somos atraídos pelo brilho da luz, pelas texturas e pelo olhar dos personagens. Historiadores têm argumentado que cada objeto representado está ali por uma razão, como um dado informativo para criar o pano de fundo da cena, geralmente são comentários sobre a história política e social da Holanda de seu período. Para a maior parte de nós, essas informações estão muito distantes, o que nos fica é justamente a relação possível de empatia com os personagens e cenas representadas.

Para conhecer um pouco mais sobre suas obras: xwww.essentialvermeer.com

O momento em que o artista representa a história é o instante da súplica, em que a fé dos apóstolos é testada, segundo nos conta o capítulo 4 do Evangelho de São Marcos. Cristo irá realizar um milagre, acalmará a tempestade, mas o momento que está representado na pintura é o de maior intensidade dramática.

A dramaticidade e a teatralidade na pintura de Rembrandt são estratégias para envolver o espectador, para criar empatia com ele.

Para conhecer sua obra mais de perto: xwww.rembrandtpainting.net/index.htm

JANS VERMEERDelft, Holanda, 1632 - 1675

A vista de Delft, 1660-1661

PinturaÓleo sobre tela 96,5 x 115,7 cmColeção Mauritshuis Museum, Den Haag

É filho de um tecelão membro da Guilda de São Lucas, um tipo de corporação de ofício. Seu pai também comercializava pinturas e possuía uma estalagem na praçado mercado da cidade de Delft.

Sabe-se pouco sobre a formação artística de Vermeer. Documentos atestam que ingressou na Guilda de São Lucas em 1653. Para ser admitido na instituição deveria ter tido pelo menos dois anos de formação no ateliê de um membro da Guilda.

Neste mesmo ano casa com Catharina Bolnes (Delft, Holanda, 1631 - 1688), com quem teve quinze filhos. Sua esposa era católica, e ele havia sido criado como protestante. Não se sabe ao certo se ele teria se convertido, mas sabe-se que seus filhos foram batizados na Igreja Católica.

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se entendesse a atmosfera e a luz, que, apesar de serem sensações transitórias, deveriam ser fixadas de alguma forma através da pintura.

Com a preocupação de captar aspectos passageiros da percepção da paisagem, sua pintura foi se tornando cada vez mais gestual, algumas de suas aquarelas são quase abstratas, em que as áreas de cor são colocadas simplesmente lado a lado.

Sua pesquisa abriu caminho para as gerações seguintes, principalmente para os impressionistas.

Para saber mais sobre sua vida e obra: x abstracaocoletiva.com.br/2012/11/04/william-turner-

biografia/

VINCENT VAN GOGHGroot-Zundert, Holanda, 1853 - Auvers-Sur-Oise, França, 1890

Uma noite estrelada sobre o Ródano, 1888

PinturaÓleo s/ tela72,5 x 92 cmColeção Musée d’Orsay, Paris

A carreira artística não foi a primeira opção de Van Gogh. Seu tio Vincent, comerciante de arte em Haia, lhe dá seu primeiro emprego na Goupil & Cie em 1869. Fica lá até 1873 quando é transferido para Londres. Em 1974 é transferido novamente, dessa vez para Paris.

Interessa-se pelas obras dos artistas da Escola de Barbizon, mas também começa a desenvolver uma profunda obsessão religiosa. Em 1876, Van Gogh se demite, volta para a Inglaterra onde irá trabalhar como professor e assistente de um padre metodista.

Entre 1877 e 1880 busca viver a vocação de pregador religioso na região das minas de carvão da Bélgica, especialmente em Borinage e Cuesmes. Acaba por admitir que seu trabalho como pregador é infrutífero e decide se dedicar a uma vocação mais essencial para si, a arte.

WILLIAM TURNERLondres, Inglaterra, 1775 - 1851

A luta do navio Temeraire, 1839

PinturaÓleo s/ tela90,7 x 121,6 cmColeção National Gallery, London

Seu pai, William Turner (Inglaterra 1745 - 1829), um barbeiro, costumava mostrar os desenhos do filho em seu estabelecimento. Encorajado pela família, o jovem Turner foi estudar na Academia Real Britânica de Belas Artes em 1789 aos 14 anos.

No início de sua carreira o artista trabalhava principalmente com desenhos de arquitetura e topografia. Talvez tenha sido esse primeiro contato com a paisagem que o tenha levado a se especializar no gênero paisagístico.

Em 1806, publicou um álbum de gravuras, Liber studium (Estudo livre), onde classificava e exemplificava os diver-sos gêneros de paisagem. Sendo membro ativo da academia, assume o posto de professor de Perspectiva em 1808.

Também fez pinturas históricas, como pode ser visto nas famosas Dido construindo Cartago ou O nascimento do império cartaginês (1815) – coleção da National Gallery de Londres – e O incêndio da casa dos lordes e dos comuns (1834-1835) – coleção do Museu de Arte da Filadélfia.

Por volta de 1830, sua pintura se modifica bastante, ganhando ares mais românticos e sublimes através de pinceladas enérgicas, que deixam transparecer os gestos da construção, e quantidades de tinta exageradas para os padrões da época.

Turner foi um dos mais proeminentes pintores da Grã-Bretanha apesar de sua fama de solitário.

O crítico de arte John Ruskin (Londres, Inglaterra 1819 - 1900) quando escreveu Pintores modernos, publicado em 1843, o coloca como o grande mestre de sua geração.

Tendo se tornado personagem famoso e mítico da Londres vitoriana, Turner se tornou um pintor extremamente bem-sucedido financeiramente, mantendo desde 1804 até sua morte em 1851 sua própria galeria exclusivamente para a comercialização de seus trabalhos.

Sua obra costuma ser enquadrada no Romantismo do século XVIII, transitando pelos gêneros do pitoresco e do sublime.

Entre os pintores europeus de sua geração estão John Constable (East Bergholt, Inglaterra, 1776 - Bloomsbury, Inglaterra, 1837), Eugène Delacroix (Saint-Maurice, França, 1798 - Paris, França, 1863), Caspar David Friedrich (Greifswald, Suécia, 1774 - Dresden, Alemanha, 1840), Theodor Gericault (Rouen, França, 1791 - Paris, França, 1824) e Francisco de Goya y Lucientes (Aragon, Espanha, 1746 - Bordeaux, França, 1826).

Tanto em seus escritos como em suas pinturas enfatizava a experiência direta com a paisagem, no entanto essa relação não deveria levar a uma simples representação descritiva daquilo que se está olhando. Para o artista, a experiência ao ar livre era necessária para que

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O modo de pintar, carregado de tinta, exagerado nas cores contrastantes, gera estranhamento e dificulta que sua obra seja aceita em circuitos mais conservadores.

As distorções do desenho, a expressividade quase agressiva da pincelada incomodam. Ele artista só era admirado por pintores da sua época.

Por mais belas que consideremos suas obras, há sempre uma verdade trágica revelada nelas, uma verdade difícil de assimilar.

Para conhecer um pouco mais seu trabalho: xwww.vangoghmuseum.nl/vgm/index.

jsp?page=12526&lang=en

VALDIR CRUZGuarapuava, Brasil, 1954

Quedas do Iguaçu, V, 2002Série – O caminho das águas

Fotografia96 x 96 cmColeção do Artista

Valdir nasceu no sul do Paraná e teve uma infância simples, cercada da beleza natural. Desbravou a região para conhecê-la melhor.

Começa a fotografar em 1982 focando seu olhar na arquitetura, nas paisagens e no povo brasileiro. Sua obra retrata a visão humanista, a preocupação com a preservação dos saberes e fazeres do homem comum e do meio ambiente.

Fotógrafo e autodidata, radica-se em Nova York, Estados Unidos, em 1978, onde estuda na Germain School of Photography (1983), e se torna assistente do célebre fotógrafo George Tice (Newark, EUA, 1938) durante os anos de 1986 e 1987.

Excelente laboratorista, realiza ampliações para os portfólios de dois grandes mestres da fotografia, Edward Steichen (Luxemburgo, Luxemburgo, 1879 - Connecticut, EUA)

Seu irmão, Theodorus Van Gogh (Groot-Zundert, Holanda, 1857 - Utrech, Holanda, 1891), o apoia financeiramente e irá sustentá-lo até o final de sua vida. Vincent fica na Holanda até 1886, tendo esporadicamente aulas de pintura e desenho de maneira informal no ateliê de diversos artistas. É um período conturbado emocionalmente, com várias desilusões amorosas.

Em 1885, quando seu pai morre, se estabelece em Nuenen, onde pinta Os Comedores de Batata (1885). Em 1886 vai para Paris morar com Theo, que trabalha no comércio de arte na companhia Goupil. Na cidade frequenta o círculo de artistas boêmios ao redor do pintor John Russell (Sydney, Austrália, 1858 - 1930), entre eles estava Henri de Toulouse-Lautrec (Albi, França, 1864 - Château Malromé, França, 1901) e Emile Bernard (Lille, França, 1868 - Paris, França, 1941).

Circula pela região de Montmatre e se reúne com os amigos artistas na loja de tintas de Julien “Père” Tanguy (Plédran, França, 1825 - Paris, França, 1894), que também, às vezes, se tornava uma pequena galeria de arte. O contato com as obras impressionistas tiveram profundo efeito na obra de Van Gogh, assim como a gravura japonesa Okyo-ê, que o artista colecionava e com as quais forrava as paredes de seu ateliê, e o estudo da teoria das cores.

Surgia em Paris o neoimpressionismo de Georges Seurat (Paris, França, 1859 - 1891) e Paul Signac (Paris, França, 1863 - 1965), este último foi um amigo próximo de Vincent. É o próprio artista que organiza sua primeira exposição na cidade junto com Bernard e Lautrec em um café, o Grand-Bouillon Restaurant du Chalet, no número 43 da avenida Clichy, em Montmartre.

Vincent deixa Paris em 1888, tendo produzido em sua estadia pouco mais de duzentas pinturas. Em Arles pinta diretamente a natureza, inclusive cenas noturnas. Em suas cartas, conta à Theo que saía à noite com velas no chapéu e no cavalete.

Ainda em 1888, Paul Gauguin (Paris, França, 1848 - Ilhas Marquesas, 1903), que Vincent e Theo haviam conhecido em Paris, se junta ao artista. Os pintores moram e pintam

juntos por cerca de três meses. Pequenas desavenças da vida conjunta se tornam sérias e parecem causar um desequilíbrio grave na já debilitada saúde de Vincent, que durante uma crise nervosa corta um pedaço do lóbulo da orelha e o entrega de presente a uma moça.

Após este fato o pintor é hospitalizado, sofre de crises nervosas, tem alucinações, no ano de 1889 entra e sai de hospitais, mas não para de pintar, enviando constantemente sua produção ao irmão. Expõe no Salon dês Indépendants em 1889 as obras Noite estrelada sobre o Ródano (1888) e Lírios (1889).

O pintor Camile Pissarro (Charlotte Amalie, Índias Orientais Dinamarquesas, Reino da Dinamarca, atual Ilhas Virgens norte-americanas, EUA, 1830 - Paris, França, 1803), amigo dos irmãos Van Gogh, recomenda que Vincent se trate com o dr. Gachet (Mechelen, França, 1828 - Paris, França, 1909), que o acolhe.

Neste mesmo ano ainda expõe na pequena galeria de “Pére” Tanguy e participa de uma exposição coletiva com o trabalho de impressionistas e pós-impressionistas organizada pelo crítico de arte Octave Maus (Bruxelas, Bélgica, 1856 - 1919), em Bruxelas. Esta exposição Les XX (Os vinte ) acontece em 1890 e é nela que Vincent vende a sua primeira e única pintura em vida.

Ainda se consultando com o dr. Gachet, o artista parece se recuperar e levar uma vida normal, até que em julho em Auvers tem uma recaída e comete suicídio.

A vida e obra de Van Gogh estão bem documentadas em suas cartas a Theo. Até hoje não sabemos exatamente a causa de suas crises nervosas. Sua obra estabelece um diálogo com seus contemporâneos, como Lautrec, Gauguin e Seraut, demonstrando uma profunda consciência de época e do fazer artístico.

Essa consciência, segundo aponta o historiador Giulio Carlo Argan (Turim, Itália, 1909 - Roma, Itália, 1992) vem de uma indagação sobre seu lugar no mundo, sobre a razão da própria sociedade e o papel da arte nela.

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Vive e trabalha em São Paulo. Formou-se em Comunicação Visual pela Faculdade Armando Álvares Penteado (Faap), em São Paulo, SP, em 1989.

Trabalha principalmente com fotografia desde a década de 1990 participando ativamente do circuito de artes. Dentre as exposições das quais participou se destacam: Programa Anual de Exposições de Artes Plásticas, CCSP, São Paulo (1994); 6ª Bienal de Havana, Centro de Arte Contemporáneo Wifredo Lam, Cuba, (1997); Geração 90, Pinacoteca no Parque, São Paulo, (1998); 2ª Bienal de Artes Visuais do Mercosul, Porto Alegre (1999); Autorretrato: O espelho do artista, Fiesp, São Paulo (2000); 3ª Bienal de Artes Visuais do Mercosul, Porto Alegre (2001); Genius loci: o espírito do lugar, Centro Universitário Maria Antonia, São Paulo (2002); Ordenação e vertigem, CCBB, São Paulo (2003); Still life / Natureza-morta, Galeria de Arte do Sesi, São Paulo (2004); Geração da virada, Instituto Tomie Ohtake, São Paulo (2006); Manobras radicais, Centro Cultural Banco do Brasil, São Paulo (2006); Mostra vento sul, Curitiba (2007); Nova arte nova, Centro Cultural Banco do Brasil, São Paulo (2009); Água na Oca, Oca - Parque do Ibirapuera, São Paulo (2010). Em 2004 ganhou o prêmio Jabuti para Melhor Projeto Gráfico pelo livro feito em colaboração com o poeta Arnaldo Antunes (São Paulo, Brasil, 1960) Et eu tu, publicado pela Cosac & Naify

No início de sua carreira a artista trabalhou principalmente com a temática do corpo. Fotografando-se com uma câmera Polaroid, que impossibilita bastante

MÁRCIA XAVIERBelo Horizonte, Brasil, 1967

Luneta “Copacabana“, 2008

ObjetoAlumínio e imagem em backlight, 110 w30 cm diâmetro x 20 cm profundidadeColeção particular

NÚCLEO 2

MAR

e Horst P. Horst (Weibenfels-na-der-Saale, Alemanha, 1906 - Flórida, EUA, 1999).

Ministra aulas sobre o processamento fotográfico em papéis de prata e de paládio.

Inicia em 1994 o projeto pessoal Images of the rainforest (Imagens da mata), sobre dez grupos indígenas da região Amazônica, conquistando uma bolsa da Fundação Guggenheim, para continuá-lo em 1996.

Vem concentrando sua visão artística em tornar o público consciente das coisas que conectam a natureza à humanidade. Suas paisagens são metáforas elegantes da natureza como um todo e um meio pelo qual aferir a saúde do planeta. Sua arte é um instrumento de preservação da diversidade natural e cultural das terras brasileiras.

Por mais de uma década, ele seguiu o caminho das águas, particularmente no Paraná, o estado que abriga uma das mais impressionantes quedas-d’água. Ele viajou como em uma aventura para conhecer as belezas naturais do interior do Brasil. Viajou a cavalo, a pé e, quando possível, num jipe.

Apesar de Cruz estar consciente da crescente ameaça do desenvolvimento de usinas hidrelétricas nas quedas-d’água no Paraná, ele também está atento aos grandes benefícios que as fontes de energia controlada trarão para povoados e cidades distantes nessa região vasta e única.

Ele sabe que o bem inerente a esse tipo de progresso terá o seu preço, que bem pode significar um fim para a extraordinária beleza e a ecologia de algumas das quedas-d’água no caminho das águas. Também é claro que suas fotografias não são apenas registros daquela paisagem, mas visões inspiradas que transformam as criações da natureza em obras de arte.

Possui trabalhos em prestigiosas coleções norte-americanas, como as do Museum of Fine Arts, de Houston, e do Museum of Modern Art (MoMA), de Nova York.

Para saber mais: xwww.valdircruz.com

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entre eles Dominique Gonzalez-Foerster (Strasbourg, França, 1965) e Philippe Parreno (Oran, Argélia, 1964).

Codirigiu com a artista Dominique Gonzalez Foerster cinco filmes: Île de beauté (1996); Gold (2000); Christophe à l’Olympia (2002); Malus (2005) e Des Films à faire (2008). Continua produzindo cinema, dirigindo longa-metragens como o filme La nuit bleue, de 2011.

Fez várias exposições individuais e coletivas, dentre as últimas se destacam: Anglesofvision, Frencharttoday, Guggenheim Museum, Nova York, (1986); Documenta 8, Kassel, Alemanha (1987); Skulptur projecte, Kunstverein Münster, Alemanha (1987); Ready-made boomerang, Sydney’s Biennial, Austrália (1990); L´amour de l´art, Biennale d´art Contemporain, Lyon, França (1991); Jean-Luc Godard, P.S. 1, Nova York; Biennale di Venezzia, Veneza, Itália (1993); 1977-1997, 20 ans, Centre Georges Pompidou, Paris, França (1997); Every day, Sydney’s Biennal (1998); Kunst Film Biennale Köln, Cologne, Alemanha (2003); L’invention du mond, Galerie des enfants, Centre Georges Pommpidou, Paris, França (2003); Contrepoint, l’art contemporainau Louvre, Musée du Louvre, Paris, França (2004); Water, water, Every where, Scottsdale Museum of Contemporary Art, EUA (2005); Out there: landascape in the new millennium, Moca, Cleveland, EUA (2005); Le mouvement des images - Art et cinéma, Centre Georges Pompidou, Paris, França (2006); La force de l’art, Grand Palais, Paris, França (2006); Paradise now! Essential french avant-garde cinema, 1890 - 2008, Starr Auditorium, Tate Modern, Londres, Inglaterra; The Mediterranean approach, 54th Biennale di Venezia, Palazzo Zenobio, Veneza, Itália (2011); Dansersavie, Centre Georges Pompidou, Paris, França.

Seu trabalho pôde ser visto no Brasil duas vezes, em 2009, no Paço das Artes na USP, São Paulo, na exposição Entre-temps: L´artiste narrateur, e em 2012, no Sesc Pinheiros, também em São Paulo, na mostra A abordagem mediterrânea.

Foi professor na l’École Nationale Supérieure de Cergy, até 2000, quando se torna diretor do Pavillon, o laboratório de criação do Palais de Tokyo em Paris.

Suas obras podem ser encontradas em diversas coleções públicas e privadas: Centre Georges Pompidou, Le Musée d’Art Moderne de La Ville e Fondation Cartier, em Paris, França; Guggenheim Museum, em Nova York, EUA; e Seibu Museum, em Tóquio, Japão.

Sua poética faz uso das estratégias cinematográficas da composição explorando o caráter rítmico de imagens da natureza, como o mar, o por do sol, o céu. No vídeo O Mar (2001), o artista capta as imagens das ondas batendo na praia, vistas de cima, de forma a causar estranhamento ao nosso olhar. A imagem transita entre o real e o abstrato. As ondas sobrepõem seus desenhos na areia quase negra criandouma espécie de paredão. As cores escuras são misteriosase a imagem está bem distante da ideia de um mar tranquilo ou acolhedor.

O artista trabalha com as expectativas do espectador para, de certa forma, contradizê-las, como se ele estivesse desfazendo clichês e ideias preconcebidas.

o controle total do enquadramento na situação de um autorretrato, criava imagens estranhas de ângulos inusitados. Também trabalhou posteriormente as imagens em cópias xerox coloridas, em que as imagens apareciam distorcidas e justapostas como na obra que está presente no acervo do MAM–SP: S/título (1997), onde as fotos começam a ganhar estatuto de objetos na montagem das cópias em acetato sobre uma superfície de alumínio.

No final da década de 1990 o interesse pela pele e pelo corpo é estendido para a paisagem. A artista se fotografa inserida nela. Para esses trabalhos, Márcia cria objetos que são quase máquinas ópticas na medida em que se assemelham a caleidoscópios e lunetas.

Aos poucos o corpo é abandonado e a presença da paisagem e da arquitetura dominam, multiplicadas ao infinito por espelhos circulares que acabam por captar também a imagem do espectador.

Atualmente a presença da fotografia tem sido substituída pela própria realidade, em Conta Gotas, 2010, apresentada na mostra Água na Oca em São Paulo, uma série de aquários redondos de vidro era apresentada sobre plintos brancos. Esses aquários cheios de água “capturavam” as imagens ao redor e as devolvia invertidas e distorcidas. Assim os objetos circulares dialogavam com a forma do prédioque habitavam.

A artista esteve sempre interessada na deformação da visão através de lentes e ângulos inusitados. Começou pesquisando seu próprio corpo, como uma paisagem e depois seu corpo na paisagem. Posteriormente o foco passou a ser a própria paisagem e o espectador nela inserido. Atualmente propõe uma relação ainda mais direta entre o espectador e o lugar através de máquinas de olhar.

Saiba mais sobre seu trabalho: xwww.casatriangulo.com/pt/artista/13/trabalhos/1/ xwww.registrodearte.com.br/olho-d%E2%80%99agua-

galeria-triangulo-marcia-xavier-2/

ANGE LECCIA Minerbio, França, 1952

O mar, 2001

Videoinstalação, sem som 27’32” loopingColeção Almine Rech Gallery, Paris/Bruxelas

Artista multimídia, vive e trabalha em Paris. Estudou Belas Artes na Universidade de Paris I, Panthéon-Sorbonne.

No início de sua carreira trabalhou com pintura e fotografia. Em 1981 foi bolsista na Villa Médicis – Academia Francesa em Roma, onde pesquisou o vídeo e o super-8, suportes que são trabalhados de forma a reafirmarem sua linguagem e textura visual.

Na década de 1980 se dedicou mais à imagem fotográfica e ao vídeo. Tem instalações que ele chama de “arranjos”, utilizando, além das imagens, objetos muitas vezes retirados do universo industrial.

Seu primeiro curta-metragem Stridura é de 1980. A partir de 1985 leciona na École Régionale dês Beaux-Arts de Grenoble, juntamente com uma geração de artistas que irão se destacar não só na França como também no exterior,

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Em suas instalações torna a luz presente em esculturas de velas e lâmpadas, que poderiam pender de entre as pernas de mesas, feitas de madeira. Sem dúvida uma cena que desnaturaliza a nossa percepção habitual do mundo.

Mais recentemente o azul da caneta Bic e suas variações transbordam e viram mar. Em imensas instalações, a artista cobre de azul painéis e parede, desenhando neles mares agitados que parecem tomar e invadir o espaço.

Estes desenhos fazem referências diretas à gravura japonesa Okyo-ê, com seus degradê de azul, e mais diretamente ao artista japonês Hokusai (Katsushika, c. 1760 - Tóquio, 1849).

Além da influência oriental, seus mares agitados e paisagens fantásticas, abissais, dialogam com a tradição romântica do sublime seja em Caspar David Friederich (Greifswald, Alemanha, 1774- Dresden, Alemanha, 1840)ou Turner ( Londres, Inglaterra, 1775-1851).

A iminência da tragédia e a deriva em que ela, muitas vezes, coloca o expectador, tem sua referência reconhecida pela artista em uma citação direta à obra do pintor francês Theodor Gericault (Rouen, França, 1791 - Paris, França, 1824) A jangada da medusa (1818-19), na série de trabalhos A travessia difícil, de 2010.

Nesta série, Sandra Cinto se utiliza diretamente de reproduções em preto e branco da obra como suporte para seus desenhos de mar. A artista em sua poética lida com características do Romantismo e do Surrealismo, o sublime e o onírico.

Para ver outros trabalhos da artista: xwww.casatriangulo.com/pt/artista/27/trabalhos/1/ x ateliefidalga.com.br

JOSÉ PANCETTI Campinas, Brasil, 1902 - Rio de Janeiro, Brasil, 1958

Marinha de Saquarema, 1956

PinturaÓleo s/ tela37 x 45 cmColeção Fernanda Feitosa e Heitor Martins

Nasce no Brasil, filho de imigrantes italianos. A família decide mandá-lo à Itália para viver com os tios e os avós na região da Toscana.

Ingressa na Marinha Mercante e retorna ao Brasil, para Santos, em 1920. Naquela cidade exerce várias ocupações, entre elas pintor decorativo e cartazista.

Em 1922 ingressa na Marinha de Guerra. Começa a pintar enquanto está no encouraçado Minas Gerais.

Procurando estudar pintura encontra os artistas do Núcleo Bernadelli, fundado em 1931 por um grupo de artistas que não concordavam com os princípios da Escola Nacional de Belas Artes.

Pancetti circula nos ateliês de Manoel Santiago (Manaus, Brasil, 1897 - Rio de Janeiro, Brasil, 1987) e Bruno Lechowski (Varsóvia, Polônia, 1887 - Rio de Janeiro, Brasil, 1941).

Trabalha com diversos gêneros artísticos e seus retratos deixam transparecer sua admiração pelos artistas pós-

SANDRA CINTOSanto André, Brasil, 1968

Sem título, 2010

DesenhoCaneta permanente e acrílica s/ tela260 x 160 cmColeção particularCortesia Casa Triângulo, SP

Formada em Educação Artística pelas Faculdades Integradas Teresa D’Ávila – Fatea, em Santo André, Sandra foi professora universitária, lecionando na Faap.

Atualmente mantém o espaço Ateliê Fidalga em São Paulo, juntamente com o marido, o também artista Albano Afonso (São Paulo, Brasil, 1964), orientando jovens artistas e promovendo cursos e exposições.

Participa, desde o final da década de 1990, ativamente do circuito artístico nacional e internacional. Entre as exposições coletivas mais importantes das quais participou estão: a XIV Bienal de São Paulo (1998); II Bienal de Artes

Visuais do Mercosul, Porto Alegre (1999); Território expandido, Sesc Pompeia, São Paulo (1999); 26ª Bienal de Pontevedra, Espanha (2000); Autorretrato: Espelho do artista, Centro Cultural Fiesp, São Paulo (2001); A trajetória da luz na arte brasileira, Itaú Cultural (2003); Ordenação e vertigem, Centro Cultural Banco do Brasil, São Paulo (2003); 5ª Bienal de Artes Visuais do Mercosul, Porto Alegre (2005); Drawing now, The Rose Art Museum, Waltham, EUA (2005); Manobras radicais, Centro Cultural Banco do Brasil, São Paulo (2008).

Fez diversas exposições individuais no Brasil e no exterior, realizando uma grande exposição individual no Instituto Tomie Othake em São Paulo, em 2010, chamada Imitação da água com curadoria do crítico de arte italiano radicado no Brasil Jacopo Crivelli Visconti.

Seus trabalhos na década 1990 têm uma forte ligação com o universo onírico. São referências para a artista as obras dos artistas René Magritte (Lessines, Bélgica, 1898 – Bruxelas, Bélgica, 1967) e Alberto Giacometti (Buorgonovo di Stampa, Suiça, 1901 – Coira, Suiça, 1966) em sua fase mais alinhadaao surrealismo.

Dessa época são os autorretratos com o corpo desenhado à caneta, os móveis pintados de verde pistache ou azul-clarinho incrustados de finos desenhos.

As imagens construídas por linhas finas inserem nos objetos do cotidiano como camas e cadeiras paisagens de sonho, montanhas impossíveis, escadas infindáveis, mares a perder de vista.

Os próprios objetos causam estranhamento em suas formas, são bancos, camas e mesas de proporções ligeiramente diferentes, onde lençóis e travesseiros são feitos da mesma matéria, madeira, assim como os livros que sustentam os pés da cama.

Em seu trabalho, realidade e sonho habitam o mesmo espaço, se concretizam no mesmo espaço; assim, aquilo que é do universo do sono se torna real e aquilo que antes conhecíamos como real, a cama, por exemplo, se torna sonho, tendo a sua função deturpada.

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garante uma renda suficiente para se dedicar à pintura.

A partir de 1935 participa de várias edições do Salão Paulista de Belas Artes, Salão da Família Artística Paulista, Salão de Maio, Salão Paulista de Arte Moderna, Panorama de Arte Atual Brasileira do MAM – SP.

É no 2º Salão Paulista de Belas Artes, quando ganha um prêmio aquisição, que conhece o artista Francisco Rebolo (São Paulo, Brasil, 1902 - 1980), com quem irá formar o Grupo Santa Helena, um ateliê no edifício de mesmo nome, no centro da cidade, na praça da Sé.

Este grupo, nem sempre coeso, recebe vários artistas, imigrantes ou descendentes de imigrantes que estavam um pouco à margem do modernismo paulista dos integrantes da Semana de Arte Moderna de 1922.

É Rossi Osir (São Paulo, Brasil, 1890 - 1959) o artista responsável por unir os artistas do grupo Santa Helena aos artistas modernos paulistas na agremiação Família Artística Paulista (1937 - 1940). Ela tinha por finalidade promover a arte moderna em exposições e palestras.

É ele também que desperta o interesse de Pennacchi pela cerâmica, pois possuía a azulejaria Osirarte.

Também durante a década de 1930 leciona desenho no Colégio Dante Aligheri e executa encomendas de pinturas, murais e afrescos nas casas de famílias italianas.

Entre 1941 e 1948 cria afrescos de grandes dimensões para a Igreja Nossa Senhora da Paz, no bairro do Glicério em São Paulo.

Em 1949, a casa de sua família, no Jardim Europa, é inaugurada. O projeto de arquitetura, a decoração, o desenho do mobiliário, tudo foi concebido por ele como uma obra total.

Na década de 1970 se dedica também à escultura em cerâmica.

“Sua trajetória profissional pode ser dividida em três fases distintas: a primeira, até 1929, época de sua formação artística na Itália; a segunda, entre 1929 e 1945, quando se percebe o artista e o cidadão Fulvio Pennacchi se adaptando ao país e à cidade que escolheu para viver; e a terceira, de

1945 até seu falecimento, quando o artista, já adaptado à cidade, se recolhe totalmente à sua obra.” Fulvio Pennacchi: Uma poética da saudade. In: Arte internacional brasileira. São Paulo: Lemos, 1999. p. 168. Tadeu Chiarelli (Ribeirão Preto, Brasil, 1956).

A formação do artista acontece no entreguerras, em um momento em que vários artistas, antes envolvidos com as vanguardas, com a busca de novas linguagens estéticas, parecem estar em movimento contrário, chamado de “retorno à ordem”.

Há uma busca de estabilidade e harmonia mesmo na obra de Pablo Picasso (Málaga, Espanha, 1881 - Mougins, França, 1973) nesse período. Principalmente na Itália, onde muitos artistas se voltam para uma visão mais bucólica da realidade em composições harmônicas e estáveis, uma corrente totalmente oposta ao futurismo, por exemplo.

Pennacchi é, sem dúvida, influenciado por essa tendência artística. Ele irá manter esse respeito pela tradição clássica para retratar paisagens e personagens do cotidiano.

Suas paisagens fundem a natureza brasileira e italiana em espaços idealizados. Seus personagens, quase sempre trabalhadores rurais, adquirem a dignidade de quase escultura.

Apesar de ser um homem da cidade, vivendo um cotidiano urbano, busca como tema o meio rural, a harmonia entre o homem e a terra de onde tira seu sustento.

Suas figuras nunca estão em conflito, o trabalho jamais é árduo. A relação homem-terra apresenta uma harmonia religiosa. Vale lembrar que essa “ingenuidade” é uma decisão de um artista com sólida formação acadêmica e que participou do circuito de arte paulista de forma bastante ativa e da 1º Bienal Internacional de São Paulo em 1951.

Há em sua obra uma busca pela simplicidade, pela beleza singela, sem grandes dramas ou grandes contrastes, como podemos reparar pela apreciação das cores que utiliza.

Para pesquisar mais: xpennacchi100anos.blogspot.com.br

impressionistas, principalmente Van Gogh (Groot-Zundert, Holanda, 1853 - Auvers-sur-Oise, França, 1890) e Gauguin (Paris, França, 1848 - Ilhas Marquesas, 1903).

Na década de 1940 além das pinturas de marinha, a que se dedica mais, também realiza naturezas-mortas e paisagens urbanas. Seu trabalho revela que, apesar da falta de ensino formal, tem conhecimento das inovações das vanguardas europeias e utiliza este vocabulário moderno na construção de uma obra pessoal.

Em 1947 participa do Salão Nacional de Belas Artes. Recebe Prêmio Viagem pelo Brasil e vai para Salvador, para onde se muda em 1950.

Ali sua produção de marinhas se intensifica, assim como sua pesquisa plástica que sintetiza os planos da paisagem em planos geométricos de cor.

Em enquadramentos inusitados e originais, explora a luz e cor local.

Participou de diversas exposições coletivas, destas destacamos: 25ª Bienal de Veneza, Itália (1950); 1ª Bienal Internacional de São Paulo, Pavilhão do Trianon, São Paulo, Brasil (1951); 3ª Bienal Internacional de São Paulo, MAM – SP (1953). Suas obras integram diversos acervos públicos e privados: Acervo Artístico Cultural do Palácio do Governo do Estado de São Paulo – Coleção Palácio Boa Vista, Campos do Jordão, Brasil; Acervo Banco Itaú, São Paulo, Brasil; Acervo da Pinacoteca do Estado de São Paulo, Brasil; Acervo Museu de Arte Brasileira (MAB/Faap), São Paulo, Brasil; Acervo Museu Nacional de Belas Artes, Rio de Janeiro, Brasil; Coleção Gilberto Chateaubriand – MAM/RJ, Rio de Janeiro, Brasil; Coleção Museu de Arte Contemporânea da Universidade de São Paulo – MAC/USP, São Paulo, Brasil; Coleção Museu de Arte Moderna de São Paulo – MAM/SP, São Paulo, Brasil.

A obra de Pancetti pertence ao segundo modernismo brasileiro. Sua obra representa a paisagem e a população e suas imagens surgem da vivência com os lugares e as pessoas.

Para saber mais: xwww.macvirtual.usp.br/mac/templates/projetos/seculoxx/

modulo2/modernidade/eixo/bernadelli/pancetti/index.html

FULVIO PENNACHIVilla Collemandina, Itália, 1905 - São Paulo, Brasil, 1992

Praia com pescadores, 1978

PinturaÓleo s/ tela98,8 x 225 cm Coleção Santander Brasil

O artista nasceu na Itália, fez sua formação artística no Regio Instituto di Belle Arti (atual instituto Superiore Artistico A. Passaglia), na cidade de Lucca entre 1926 e 1928.

Após terminar os estudos se torna professor nesta academia. O cenário político italiano, com a ascensão do fascismo, faz com que sua família migre para o Brasil, onde outros parentes já haviam migrado, sendo bem-sucedidos fazendeiros de café no sul de Minas.

A partir de 1929 o artista fixa residência em São Paulo, onde morará por toda a sua vida.

No início da década de 1930 tenta estabelecer um escritório de design gráfico, o ateliê Clamor, com o escultor Antello Del Debbio. O projeto não vinga e os artistas terminam a sociedade em 1932.

Começa então a colaboração entre Pennachi e o escultor Galileo Emendabili (Ancona, Itália, 1898 – São Paulo, SP, Brasil, 1974) em obras de devoção religiosa ou mortuária.

Também em meados da década de 1930 o artista adquire um açougue, que se transforma numa rede, o que lhe

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EDUARDO SRURSão Paulo, Brasil, 1974

A arte salva, 2011

Instalação-Congresso Nacional, Brasília, 2011 360 boias salva-vidas de plástico, adesivo vinílico, capas de chuva e 200 participantes.

O artista formado em Comunicação e em Artes Plásticas pela Faculdade Armando Álvares Penteado (Faap) vive e trabalha em São Paulo, a cidade que habita e é o cenário do conteúdo de seus trabalhos, na maioria intervenções urbanas.

A primeira intervenção que fez na cidade, levantando a atenção da mídia, foi Acampamento dos anjos no edifício abandonado do Hospital da Mulher, no conjunto do Hospital das Clínicas de São Paulo, em 2004. Quarenta barracas de camping coloridas do tipo iglu foram colocadas no esqueleto do edifício, à noite ascendiam-se luzes dentro delas. Segundo o artista, a obra partiu da leitura dos Salmos 34:7, “o anjo do Senhor acampa-se ao redor dos que o temem e os livra”.

O artista depois montou esta obra em outras cidades: Florianópolis, Curitiba, no Brasil; Paris e Metz, na França; Friburgo e Nyonna, na Suíça; Havana, em Cuba. Embora sempre utilizasse as quarenta barracas a cada cidade, a obra se configura de modo distinto. A cidade é para ele um assunto e uma plataforma, onde quer que seus habitantes

As telas captam por meio do pigmento as impressões do lugar. Para a mostra Arte cidade: A cidade e suas histórias realiza desenhos de plantas medicinais que foram catalogadas por botânicos no terreno onde se realizou o evento.

Há por parte do artista um interesse em sempre relacionar a obra a um lugar ou momento histórico, social ou político específico. Seja nos seus primeiros trabalhos, em que a crítica política e social se constituía através de um repertório visual mais ligado à arte pop, ou nos projetos de fotografia do Carnaval, que se aproximam de uma pesquisa etnográfica.

De alguma forma o artista incorpora em seu trabalho processos de registros e documentação de vestígios e indícios materiais. Seus trabalhos lidam com situações específicas, relacionando arte e vida, fazendo o sujeito pensar no lugar em que ele e a obra estão inseridos.

Para saber mais: xwww.carlosvergara.art.br xwww.flaksman.com.br/pt/

CARLOS VERGARA Santa Maria, Brasil, 1941

Ampulheta, 1992

ObjetoGarrafas de Coca-Cola, vidro e minério de ferro em pó10 x 10 x 50 cmColeção do artista

Gaúcho de nascimento, o artista vive e trabalha no Rio de Janeiro desde a década de 1950. Quando jovem, trabalhou como laboratorista para Petrobrás, além de ter sido jogador profissional de vôlei no clube Fluminense.

No início da década de 1960 trabalha também com artesanato e joias. É com o trabalho de design que participa pela primeira vez da Bienal Internacional de São Paulo, então em sua VII edição em 1963 e participará em mais 4 edições.

Em 1994 começa a estudar pintura com Iberê Camargo (Restinga Seca, Brasil, 1914 - Porto Alegre, Brasil, 1994). A partir de 1965 se insere definitivamente no circuito artístico. Participa de duas importantes exposições na história da arte

brasileira: Opinião 65 e Opinião 66 no Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro.

Nesta época trava amizade com os artistas Hélio Oiticia (Rio de Janeiro, Brasil, 1937-1980), Ligia Pape (Nova Friburgo, Brasil,1927- Rio de Janeiro, Brasil, 2004) e Antonio Dias (Campina Grande, Brasil, 1944). Em 1967 organiza a exposição Nova Objetividade Brasileira juntamente com Oiticica e assina o texto A Declaração de Princípios Básicos da Nova Vanguarda que acompanhava amostra.

Em 1969 participa também do polêmico do Salão da Bússola. Também trabalha com cenografia no Teatro Tablado e faz projetos decorativos. Utiliza de forma constante a serigrafia.

Na década de 1970 faz pesquisa com fotografia e filmes experimentais em super-8. Funda em 1973, juntamente com o cenógrafo Marcos Flaksman e o arquiteto Marcos Pina, o escritório de arquitetura Flaksman Pini Vergara, que continua ativo.

Em 1972, organiza a EX-posição, no Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro. O que seria uma exposição individual se torna uma mostra coletiva. Vários artistas participam da mostra: Hélio Oiticica, com o Projeto filtro, um penetrável, Waltércio Caldas (Rio de Janeiro, Brasil, 1946), o músico Caetano Veloso (Santo Amaro da Purificação, Brasil 1942), o cineasta Ivan Cardoso (Rio de Janeiro, Brasil, 1952), e o poeta Chacal (Rio de Janeiro, Brasil, 1951). Na mostra, Vergara exibe obras em formatos menos tradicionais como o filme em super-8 Fome e suas fotos do Carnaval carioca, em especial as do bloco do Cacique de Ramos, da zona Norte da cidade.

Na década de 1980 retorna à pintura em telas imensas, tendo como tema o Carnaval e participa da 39ª Bienal de Veneza.

A década de 1990 traz um outro rumo para a sua poética. Continuam os grandes formatos da década anterior, mas agora em uma pesquisa com pigmentos naturais. São monotipias feitas em lugares diversos como o meio natural do Pantanal mato-grossense ou uma fábrica de tijolos em Minas Gerais, ou as ruas de paralelepípedos de Pirenópolis.

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Suas esculturas em espaço público têm sido premiadas em diversos países. Entre os principais prêmios que o artista conquistou estão: Chevalier des Arts et Lettres pelo Ministério da Cultura da França, 1993; Prêmio da Associação Espanhola de Críticos de Arte, Madri, 1998; Prêmio de Escultura Villa de Madrid, Espanha, 2003; Doutor honorário pela Escola do Instituto de Arte de Chicago, EUA, 2005; Marsh Award para escultura pública, Londres, Inglaterra, 2009; Prêmio GAG, Associação das Galerias da Catalunha, Barcelona, Espanha, 2011; Prêmio Nacional de Artes Plásticas, Ministério da Educação e Cultura, Madri, Espanha; Prêmio Nacional de Arte Gráfico, Calcografia Nacional, Madri, Espanha.

Expõe regularmente desde a década de 1990. Entre as exposições mais importantes das quais participou estão: Configuracions urbanes, Olimpíada Cultural Barcelona’92, Barcelona, Espanha; Metàfores del real, MACBA – Museu d’Art Contemporani de Barcelona, Barcelona, Espanha (1995); Artranspennine 98, Yorkshire Sculpture Park, Fundo Henry Moore para Escultura, Leeds e Tate Gallery, Liverpool, Inglaterra (1998); 50 ans de sculpture espagnole, Jardins du Palais Royal, Paris, França (2001); Bienal de Valência, Cuerpo y pecado, Convento del Carmen, Valência, Espanha (2001); Conceptes de l’espai, Fundació Joan Miró, Barcelona, Espanha (2002); Indisciplinados, Museo de Arte Contemporánea, Vigo, Espanha (2003); Picasso to Plensa, The Albuquerque Museum, Albuquerque, EUA (2005); Eye in Europe, Prints, Books & Multiples/1960 to now, MoMA, Nova York, EUA (2006); Glasstress - La Biennale di Venezia, Istituto Veneto

JAUME PLENSABarcelona, Espanha, 1955

Olhar nos meus sonhos / Jaume Plensa, 2012

Intervenção urbana12 m de altura Enseada de Botafogo, Rio de Janeiro.Magnetoscopio Produções, Rio de Janeiro / Galerie Lelong, New York

Vive e trabalha em Paris e Barcelona.

É professor na École Nationale de Beaux-Arts, em Paris, e colabora como professor convidado na Escola do Instituto de Arte de Chicago.

NÚCLEO 3

CORPO E SAÚDE

se conscientizem de sua ação ao constituí-la, seja de forma simbólica ou política.

Srur utiliza diversos meios e linguagens de acordo com o assunto abordado em cada um de seus trabalhos. Atualmente sua atuação pode ser muitas vezes confundida com ativismo. É no cruzamento entre ativismo ecológico e arte que reside a sua poética.

Realizou, entre 2007 e 2008, a obra Pets para a exposição Quase líquido, do Itaú Cultural, em São Paulo. Uma intervenção urbana que instalou vinte infláveis monumentais na forma de garrafas PET nas margens do rio Tietê em São Paulo. A intervenção era vista a distância e também podia se percorrer em um barco disponibilizado pelo Itaú o leito do rio, sentindo de perto os efeitos da poluição.

Ao final da exposição o material utilizado nos infláveis foi reciclado para a produção de mochilas para alunos da rede pública de ensino. Seu último trabalho foi o polêmico Carruagem (2012). O artista instalou uma escultura de uma carruagem puxada por cavalos em um dos mastros da ponte Otávio Frias de Oliveira, a chamada Ponte Estaiada, novo cartão-postal de São Paulo.

Além disso, no dia 19 de setembro executou uma performance, na realidade uma corrida entre o artista conduzindo uma carruagem e o piloto profissional Ingo Hoffmann em um carro esportivo, cruzando a ponte em horário de pico, às 17 horas. Ambos não passaram de 20 quilômetros por hora.

Ainda no final de 2012, o artista lançou o livro Manual de intervenção urbana.

“Sempre tive interesse em construir trabalhos pensando no espectador, levar a arte para além do circuito artístico.”

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Em 1966 publica seu primeiro livro, A Guimarães Rosa, reunindo suas fotos e trechos de Grande sertão: Veredas, do escritor Guimarães Rosa. Faz um vídeo com o mesmo nome em 1969.

Tem publicados um total de treze livros. Ganhou diversos prêmios dentre, eles destacam-se: Bolsa John Guggenheim Foundation, Nova York, EUA, em 1970; Prêmio Fotojornalismo Abril, Brasil, 1984; e Bolsa Japan Foundation, Japão, 1987.

Fez exposições individuais e participou de diversas exposições coletivas das quais se destacam: Xingu/Terra, Sala Especial, XIII Bienal Internacional de São Paulo, São Paulo, Brasil (1975); O turista aprendiz - Viagem pelo Amazonas até o Peru / pelo Madeira até a Bolívia / por Marajó até dizer chega, Sala Especial, XVIII Bienal Internacional de São Paulo, São Paulo, Brasil (1985); Teatro do presídio, Sala Especial, XX Bienal Internacional de São Paulo na Seção de Teatro, São Paulo, Brasil (1989); Contemporary Brazilian photography: A selection of photographs from the collection of Joaquim Paiva, Yerba Buena Center for the Arts, San Francisco, EUA (1994); Labirintos e identidades: a fotografia no Brasil de 1945 a 1998, Centro Universitário Maria Antonia, São Paulo, Brasil (2003); São Paulo 450 anos: A imagem e a memória da cidade no acervo do Instituto Moreira Salles, Centro Cultural Fiesp, São Paulo, Brasil (2004); XIX Bienal de São Paulo, São Paulo, Brasil (2010).

A obra de Maureen acontece em deslocamentos, onde a artista busca encontrar aquilo que é pertinente ao lugar onde está, principalmente na relação entre os sujeitos e a paisagem.

Na década de 1960 se apaixona pela narrativa de Grande sertão e segue para Minas, por sugestão de Guimarães Rosa (Cordisburgo, Brasil, 1908 - Rio de Janeiro, Brasil, 1967).

Outras séries de fotos serão feitas a partir de um diálogo profundo com obras literárias.

Colaborações em sua carreira são muitas, não só com escritores, mas com etnógrafos, sertanistas e outros artistas.

Na década de 1970 viaja com os irmãos Villas-Boas (Orlando: Santa Cruz do Rio Pardo, Brasil, 1914 - São Paulo, Brasil, 2002; Cláudio: Botucatu, Brasil, 1916 - São Paulo, Brasil, 1998; Leonardo, Botucatu, Brasil, 1918 - São Paulo, Brasil, 1961) diversas vezes para documentar as terras e os costumes dos povos indígenas do Xingu.

O livro de 1979, Xingu/Território tribal ganha o prêmio Kodak de Livro Fotográfico do Ano e é traduzido e publicado em quatro idiomas.

No mesmo ano ainda realiza com Lúcio Kodato o documentário em curta-metragem Xingu/Terra, que abre o Margaret Mead Film Festival, no Museum of Natural History de Nova York. No mesmo museu a artista apresenta uma mostra individual com as fotos do livro.

O interesse pela diversidade da identidade cultural no Brasil leva o sociólogo Darcy Ribeiro (Montes Claros, Brasil, 1922 - Brasília, Brasil, 1997) a convidá-la para adquirir e organizar um acervo de arte popular latino-americana para o Memorial da América Latina. A partir da década de 1980 abandona a fotografia para se dedicar ao vídeo. Em 2003 o Instituto Moreira Salles adquire seu acervo fotográfico.

Conheça mais suas obras: x ims.uol.com.br/hs/maureenbisilliat/maureenbisilliat.html

di Scienze Lettere ed Arti, Palazzo Cavalli Franchetti, Campo Santo Stefano, Veneza (2011); Picasso to Koons, The Artist as Jeweler, Museum of Art and Design, Nova York, EUA (2011); OIR Rio, Outras ideias para o Rio, Rio de Janeiro, Brasil (2012); Art as magic: Visionary artist and their internal world, Aichi Prefectural Museum of Art, Nagoya, Japão (2012).

O artista catalão utiliza diversos materiais, como ferro fundido, bronze, cobre, resina sintética, vidro, alabastro, plástico, luz, vídeo e som, o que for preciso para que dialogue com o espaço urbano.

Sua obra privilegia a escultura em espaço público. Seu projeto para o Rio de Janeiro, no evento OIR RIO, Olhar nos meus olhos (Awilda) (2012), uma imensa cabeça de mulher, com rosto sereno, instalada na praia de Botafogo, entre o Corcovado e o Cristo Redentor, a escultura cria um diálogo com os dois cartões-postais cariocas, alterando por causa de sua dimensão a escala da imagem. Esse ser branco marmóreo emerge da água com o semblante sereno, lembrando Iemanjá.

A água está presente em outro projeto: Crown fountain, instalada em 2000, no Millennium Park, em Chicago. Nas duas extremidades de um pavimento de granito preto estão dois painéis de LED, exibindo as faces de mil cidadãos da cidade, de suas bocas sai água, que escorre pela superfície de pedra.

Ao contrário da maioria das fontes e chafarizes de parques, nesta as pessoas podem caminhar sobre as águas, porque a profundidade deste espelho d´água não passa de alguns milímetros. Poder caminhar sobre as águas funciona como uma metáfora sobre a possibilidade de comunicação entre os sujeitos. A água escorre da boca das imagens, dos retratos dos moradores da cidade, comunicando-se com os cidadãos reais que transitam pelo parque. A escultura configura-se, assim, como um monumento, não a um único herói, mas a vários, a todos os cidadãos anônimos, recuperando o sentido social do espaço público como lugar de encontro.

Pesquise. Vale a pena: x jaumeplensa.com

MAUREEN BISILLIAT Englefieldgreen, Inglaterra, 1931

Caranguejeiras, 1968

Aldeia do Livramento, PBFotografia 35 mmColeção Instituto Moreira Salles

Mora e trabalha em São Paulo, onde é curadora do Pavilhão da Criatividade, no Memorial da América Latina.

Filha de um diplomata argentino e uma pintora inglesa, morou quando criança em diversos países.

Estudou pintura com André Lhote em Paris, França, e artes plásticas na Art Student´s League, em Nova York, EUA.

Muda-se para o Brasil em 1957. No início da década de 1960 desiste da pintura e adota a fotografia como meio de expressão.

Entre 1964 e 1972 trabalha como fotógrafa profissional para editora Abril na revista Realidade e também no Guia 4 Rodas.

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JOÃO LUIZ MUSASão Paulo, Brasil, 1951

Munique julho de 2010Fotografia digital impressa em papel de algodão Hahnemuhle Rag Pearl 320 g90 x 120 cmColeção Galeria Luciana Brito

Vive e trabalha em São Paulo.

Concilia as atividades de professor universitário na Escola de Comunicações e Artes (ECA) – USP com as de fotógrafo profissional e artista.

É graduado em Engenharia de Produção pela Escola Politécnica da Universidade de São Paulo (1974), mestre e doutor em Poéticas Visuais pela ECA – USP.

Na década de 1970, em seus anos de formação, participa com Raul Garcez (Cruzeiro, Brasil, 1949 - São Paulo, Brasil, 1987), Sérgio Burgi (São Paulo, Brasil, 1958) e Cristiano Mascaro (Catanduva, Brasil, 1944) do movimento Photo USP.

Na época não havia ensino formal de fotografia, assim alguns alunos da USP se reúnem e montam laboratórios nas faculdades de Engenharia e Arquitetura.

Entre 1978 e 1982 Musa irá trabalhar no laboratório da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo – USP, enquanto

aprimora seus estudos em conservação de fotografias e leciona em faculdades particulares.

Em 1984 torna-se professor do Departamento de Artes Plásticas da ECA – USP.

Dentre as exposições coletivas das quais participou destacam-se: Viajantes contemporâneos, Pinacoteca do Estado de São Paulo, São Paulo, Brasil (2011); Biennale Internationale de la Photographie et dês Arts Visuel, Espace d’Art Contemporain Les Brasseurs, Liège, Bélgica (2006); A permanência dos gêneros: o retrato, os animais, a paisagem e a natureza-morta no Acervo do MAM, Museu de Arte Moderna de São Paulo, Brasil (2001); Brasil mostra a tua cara, I Bienal Internacional de Fotografia, Curitiba, Brasil (2006); I Quadrienal de Fotografia, Museu de Arte Moderna de São Paulo, Brasil; Brazilian photographs, Brazilian-American Cultural Institute, Washington, EUA; O fotógrafo desconhecido, Museu de Arte Moderna de São Paulo, Brasil (1976).

Suas fotos estão nos principais acervos do país: Coleção Pirelli/Masp de Fotografias, São Paulo; MAC/USP, São Paulo; MAM, São Paulo; MIS/SP, São Paulo.

Seu trabalho de mestrado Viagem a uma terra desconhecida, apresentado em 1990, é exposto no Masp em 1992.

Por esse conjunto de fotos Luiz Musa recebe o prêmio APCA de fotógrafo em 1992. A obra é um ensaio fotográfico. São imagens que criam uma narrativa através da paisagem natural.

Não aparecem pessoas, apenas a paisagem natural, e ao contemplá-la ficamos em dúvida sobre a sua escala, as imagens por vezes se tornam quase abstratas.

As 72 fotos feitas entre 1986 e 1990 com uma câmera Hasselblad são reunidas para criar uma narrativa de viagem.

Artista e viajante, Musa tem em comum um olhar atento ao aqui e agora, um olhar que tudo estranha, e este estranhamento é fixado pela escolha atenta do enquadramento e da exposição.

GILVAN SAMICO Recife, Brasil, 1928 - 2013

O outro lado do rio, 1980

Xilogravura em cores s/ papel90,3 x 46,9 cmColeção Museu de Arte Moderna de São Paulo

Viveu e trabalhou em Olinda, Pernambuco.

A partir de 1948, frequentou a Sociedade de Arte Moderna do Recife - SAMR, criada em 1946 pelo artista Abelardo da Hora (São Lourenço da Mata, Brasil, 1924) que reunia artistas da música, da literatura e do teatro.

Em 1952, juntamente com outros artistas fundou o Ateliê Coletivo do SAMR.

Em 1957 mudou-se para São Paulo onde teve aulas de xilogravura no MAM com Lívio Abramo (Araraquara SP, Brasil, 1903 - Assunção, Paraguai, 1992). No ano seguinte, estabeleceu-se no Rio de Janeiro e teve aulas de gravura com Oswaldo Goeldi (Rio de Janeiro, RJ, Brasil, 1895 - 1961)na Escola Nacional de Belas Artes.

Transferiu-se definitivamente para Olinda em 1965.

Participou do Movimento Armorial idealizado pelo escritor Ariano Suassuana (João Pessoa, PB, 1927), em 197o, a seu convite. Aliás, o escritor também o aconselha a pesquisar a xilogravura popular nordestina ou xilogravura de cordel.

Samico participou de várias exposições individuais e coletivas, destas últimas destacamos: 6ª, 7ª e 9ª edições da Bienal Internacional de São Paulo, SP, Brasil, 1961, 1963 e 1967; 2ª e 3ª edição da Bienal de Jovens de Paris, França, 1961 e 1963; 31ª e 44ª edições da Bienal de Veneza, Itália, 1962 e 1990; Movimento Armorial, na Igreja de S. Pedro do Clérigos, Recife, PE, Brasil, 1970; 2ª, 5ª e 10ª edições da 10ª Mostra de Gravura Cidade de Curitiba/Mostra América, Curitiba, PA, 1979, 1982 e 1992; Tradição e Ruptura: síntese de arte e cultura brasileiras, na Fundação Bienal, São Paulo, SP, Brasil, 1984; 100 Anos de Arte Moderna, no MNBA, Rio de Janeiro, RJ, Brasil, 1993; Bienal Brasil Século XX, na Fundação Bienal, São Paulo, SP, Brasil, 1994; Mostra Rio Gravura. Gravura Moderna Brasileira: acervo Museu Nacional de Belas Artes, no MNBA, Rio de Janeiro, RJ, Brasil, 1999; Brasil + 500 Mostra do Redescobrimento. Arte Contemporânea, na Fundação Bienal, São Paulo, SP, Brasil, 2000; Gilvan Samico – Primeiras histórias, Centro Universitário Maria Antonia, São Paulo, SP, Brasil, 2012.

Sua produção uniu a cultura erudita e a popular, a cultura européia e a cultura brasileira. Suas referências estão tanto na história da arte ocidental, em especial na gravura religiosa do século XVI e XVII, como na xilogravura de cordel com seus contos populares e religiosos.

O artista criou um universo próprio de referências simbólicas. Seu trabalho é profundamente autoral na maneira como utiliza a linguagem, a sintaxe de linhas e cor.

Suas imagens sugerem histórias, narrativas que não são de fácil assimilação. Dependem de empenho do espectador para penetrar no universo simbólico construído por elas e se deixar levar por uma rede de associações entre o sagrado e o profano, o erudito e popular, o construtivo e o barroco.

Para saber mais: xwww.galeriaestacao.com.br/artista/45 xwww.usp.br/mariantonia/

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MUSEU ITINERANTE • ARTE/ÁGUA: essenciais para a vidaMUSEU ITINERANTE • ARTE/ÁGUA: essenciais para a vida

Ainda frequenta o Museu do Louvre em Paris para copiar os mestres. Lá conhece e se torna amigo de Èdouard Manet em 1865 e através dele conhece outros artistas que formam o círculo dos impressionistas.

Degas e Manet tem em comum o gosto pelos temas modernos, mas não pela paisagem. São críticos à obsessão de alguns artistas pela pintura ao ar livre.

No final de 1869 e inicio de 1870 faz suas primeiras esculturas em cera, retratando cavalos para o auxiliar na composição das pinturas. Seu método de trabalho une anotações rápidas das cenas vistas, esboços de ateliê, composição de esculturas para só então chegar na obra final, a tela.

Em 1872 vai visitar parentes em Nova Orleans, EUA, e ali pinta um tema inusitado para a época, um ambiente de trabalho, um escritório: Mercado de algodão em Nova Orleans.

De volta à França, em 1873, vende trabalhos para o galerista Paul Durand Ruel e inicia seu trabalho a partir dos ensaios de bailarinas.

Integra o grupo Société Anonyme Coopérative à Capital Variable des Artistes, Peintres, Sculpteurs et Graveurs (Sociedade anônima cooperativa com capital variável de artistas, pintores, escultores e gravadores), com Auguste Renoir (Limoges, França, 1841 - Cagnes-sur-Mer, França, 1919), Alfred Sisley (Paris, França, 1839 - Moret-sur-Loing, França, 1899), Claude Monet (Paris, França, 1840 - Giverny, França, 1926), Paul Cézanne (Aix-en-Provence, França, 1839 - 1906) e Berthe Morisot (Bourges, França, 1841 - Paris, França, 1895).

O objetivo do grupo é organizar exposições independentes, comercializar as obras e publicar periodicamente. Assim, em 1874 inauguram aquela que virá a ser conhecida como a primeira exposição impressionista, no Boulevard dês Capucines, no ateliê do fotógrafo Félix Nadar (Paris, França, 1820 - 1910).

Degas ainda participaria de mais seis exposições com o grupo. Apresenta suas monotipias, trabalhos feitos a partir de uma técnica de impressão sem matriz gravada. Expõe a escultura de cera Bailarina de 14 anos (1880) e dois retratos

de adolescentes condenados à prisão que intitula Fisionomias criminosas (1880). Em 1886, realiza sua última exposição coletiva da qual faz parte em vida.

Ele alcançou sucesso e notoriedade e também se tornou uma das figuras mitológicas da Paris de sua época. Como a sua visão se deteriorou muito, para de trabalhar em 1912.

Degas uniu o apreço pela tradição ao estudo e à crônica da vida moderna. Seu interesse residia na representação daquilo que era próprio ao seu tempo. Alguns dos tipos descritos pelo escritor Charles Baudelaire (Paris, França, 1821 - 867) em O pintor da vida moderna foram pintados por Degas.

Sua pintura, por vezes mais realista que a de seus colegas, nos lembra a fotografia, o instante fotográfico por causa da composição pouco tradicional.

Sugestão de leitura: xmasp.art.br/servicoeducativo/degas-carolarmstrong.pdf

Para conhecer mais sobre suas telas: xwww.artchive.com/artchive/D/degas/cotton_exchange.

jpg.html xwww.musee-orsay.fr/en/collections/works-in-focus/

search/commentaire_id/in-a-cafe-2234.html?no_cache=1&tx_commentaire_pi1[sword]=degas&tx_commentaire_pi1[pidLi]=509%2C842%2C846%2C847%2C848%2C850&tx_commentaire_pi1[from]=851&cHash=f88b8f6006

Musa é artista virtuoso no sentido técnico. Faz questão de dominar todo o processo da exposição do negativo, a sua revelação, terminando na exposição do negativo e na revelação do papel. Nos processos digitais acontece o mesmo.

O artista costuma incluir nas fichas técnicas de suas obras a marca da caixa e da lente da câmera, a abertura e o tempo de exposição do filme, os dados técnicos do próprio filme, os procedimentos adotados para revelação do filme e do papel, a marca do papel e para as impressões a partir de arquivos digitais também a marca da impressora.

O virtuosismo defendido pelo artista é necessário para a criação de imagens precisas que nos revelam um interesse profundo pela luz e pela cor. Ele faz questão de manter toda a gama de variação tonal das cores, desde as mais sutis até as mais intensas e profundas.

O processo de trabalho torna as imagens hiper-reais. No dia a dia os nossos olhos não veem tantas cores, pelo menos não estamos preocupados com elas.

As fotos de Viagem a uma Terra Desconhecida (1990) nos proporcionam um outro tempo para apreciar a natureza que reduzida na imagem bidimensional ganha uma monumentalidade inesperada.

Para saber mais: xwww.joaomusa.com xwww.lucianabritogaleria.com.br/artists/20

EDGAR DEGASParis, França, 1834 - 1917

Uma mulher na banheira esfregando a perna, 1883

Técnica mistaPastel s/ monotipia19,7 X 41 cmColeção Museu d’Orsay, Paris

Viveu e trabalhou em Paris durante toda a vida, se afastando dali apenas em viagens de estudo.

Filho de um banqueiro parisiense tentou a carreira de direito, mas não continuou os estudos.

Em 1854 ingressa no ateliê de Louis Lamothe (Lyon, França, 1822 - Paris, França, 1896), que havia sido aluno de Ingres. Ali aprende a dar importância ao desenho linear como forma de estruturar o espaço e os volumes.

A partir desses primeiros estudos, desenvolve uma crença inabalável na ideia de que o artista deve olhar mais os mestres do que a natureza.

Em 1855 entra na Escola de Belas Artes. No ano seguinte faz viagem de estudos de três anos à Itália para estudar através da observação e da cópia os grandes mestres.

Viaja para a Normandia em 1861, onde começa a se interessar por cavalos e corridas, retratando-os em sua obra diversas vezes.

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Torna-se também amiga de Edouard Manet (Paris, França, 1832 - 1883), Pierre-Auguste Renoir (Limoges, França, 1841 - Cagnes-sur-Mer, França, 1919), Claude Monet (Paris, França, 1840 - Giverny, França, 1926) e Pissarro (Charlotte Amalie, Índias Orientais dinamarquesas, reino da Dinamarca, atual Ilhas Virgens norte-americanas, EUA, 1830 - Paris, França, 1803). Expõe em três das exposições do grupo dos impressionistas, em 1879, e nos dois anos seguintes, ficando próxima deles até 1886.

Seu trabalho e sua forma de pintar mudam no contato com o grupo. Ganha espontaneidade e maior liberdade no uso da cor. Passa a carregar consigo um caderno de desenhos para fazer anotações e esboços rápidos, como o próprio Degas fazia entre outras práticas artísticas.

Participa da exposição de obras impressionistas que o galerista Paul Durand-Ruel (Paris, França, 1831 - 1922) leva para os Estados Unidos.

Passa a assessorar colecionadores de arte americanos interessados em adquirir obras dos artistas franceses. Mary sugeria aos colecionadores que doassem para coleções públicas. Boa parte da coleção de arte francesa do século XIX do Metropolitan Museum de Nova York e de outras instituições norte-americanas se deve aos esforços dela.

Na década de 1890, sua obra pode ser considerada madura e autônoma, com uma linguagem própria.

As gravuras a cores que realiza nesta década também demonstram que ela assimilou, como os impressionistas, a composição e o colorido da gravura japonesa Okyo-ê.

O cotidiano feminino será seu tema principal. O espaço doméstico que pinta é cheio de pequenos prazeres sensoriais sutis, como a toalete, o contato com as crianças, com outras mulheres, com a natureza e com o próprio ambiente. Cenas que na época eram alheias ao universo masculino.

A artista não fala de maneira diretamente crítica sobre a situação feminina como faria anos depois a escritora Virgina Woolf (Londres, Inglaterra, 1882 - Sussex, Inglaterra, 1941).

Ela faz mais uma crônica atenta desses momentos do dia a dia da mulher, que expressam, acima de tudo, afeto.

A artista se manteve ativa até 1914 quando começa a perder a visão. Viveu entre a França e os Estados Unidos. Morre em 1926 em uma cidade próxima a Paris.

Se quiser saber mais sobre Mary Cassat: xwww.metmuseum.org/toah/hd/cast/hd_cast.htm xwww.nga.gov/collection/gallery/cassatt/cassatt-main1.html

MARY CASSATAllegheny City, EUA, 1844 - Le Mesnil-Théribus, França, 1926

O banho, 1891-1892

PinturaÓleo s/ tela100,3 x 66,1 cmColeção The Art Institute of Chicago

A artista nasceu em uma família de banqueiros e corretores da bolsa. Recebeu excelente educação.

Ainda criança viajou pela Europa como parte de seu processo educativo. Lá aprendeu alemão e francês como também teve aulas de desenho e música.

Decidiu cedo ser artista, mesmo sem a aprovação da família, que julgava que uma mulher não deveria seguir a profissão.

Estudou na Pennsylvania Academy of Fine Arts entre 1861 e 1865, e o pintor Thomas Eakins (Filadélfia, EUA, 1844 - 1916) estava entre os seus colegas, mas ficou cansada dos métodos conservadores dessa escola. Não era permitido às mulheres

assistir às aulas de modelo vivo. Só podiam fazer exercícios a partir de modelos de gesso.

Cassat parte para a Europa acompanhada da mãe. Lá em Paris estuda o acervo do Museu do Louvre. Frequenta este museu e outros também para se socializar. Mulheres que queriam manter uma boa reputação não tinham o hábito de ir a cafés, justamente o tipo de lugar frequentado pelos pintores. Assim, os museus eram pontos de encontro onde artistas de ambos os sexos podiam se confraternizar.

Neste momento a artista ainda sentia certo fascínio pela arte acadêmica. Foi estudar com o pintor Thomas Couture (Oise, França, 1815 – 1879) em 1868. Neste mesmo ano cria a uma A tocadora de Bandolin (1868) e é aceita no Salão da Academia.

Com o início da guerra franco-prussiana (1870 e 1871), Mary e a família retornam aos Estados Unidos.

Na época, a artista sentia que sua formação ainda estava no início e queria voltar à Europa. Seu pai negou-lhe apoio financeiro para isso ou mesmo para o exercício de sua pintura. Ele insiste que os quadros deveriam se pagar, que todo o material usado deveria ser comprado com o dinheiro da venda das obras.

Expõe algumas telas em Nova York e em Chicago, mas não consegue compradores. No entanto, o arcebispo de Chicago reconhece seu talento e lhe encomenda duas cópias de obras do mestre Antonio di Corregio (Corregio, Itália, 1489 - 1534), o que lhe assegura a oportunidade de voltar à Itália e sustentar seu próprio trabalho durante um período.

De volta à Europa, tem outra obra de arte aceita no Salão da Academia Real Francesa de Belas Artes. Viaja pela Itália e pela Espanha se fixando depois em Paris junto com a irmã em 1874.

Depois de ser rejeitada algumas vezes pelo Salão e conhecer o artista Edgar Degas (Paris, França, 1834 - 1917), Mary se torna mais crítica e começa a se identificar com os pintores impressionistas.

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pela escolha dos seus temas, que para ele são mais próximos do que os outros, mas também pela escolha das formas, as relações entre figura e fundo e a busca por uma linguagem não naturalista.

Para saber mais: xwww.galeriaestacao.com.br/artista/22 (vídeo de 12 mins)

Museu Municipal de Arte Primitiva José Antônio da Silva: xwww.riopreto.sp.gov.br/PortalGOV/do/subportais_

Show?c=35171 xwww.itaucultural.org.br/aplicExternas/enciclopedia_

IC/index.cfm?fuseaction=artistas_criticas&cd_verbete=2273&cd_item=15&cd_idioma=28555

JOSÉ ANTÔNIO DA SILVA Sales de Oliveira, Brasil, 1909 - São Paulo, Brasil, 1996

Nu no chuveiro, 1955

PinturaÓleo sobre tela61 x 46 cmColeção Museu de Arte Moderna de São Paulo, espólio Maria da Glória Lameirão de Camargo Pacheco e Arthur Octávio de Camargo Pacheco

José Antônio da Silva fez um pouco de tudo na vida. Foi trabalhador rural, servente, fundador e diretor de museu, mas principalmente artista. Não teve quase nenhuma educação formal, foi um autodidata.

Escreveu cinco livros – Romance da minha vida (1949), Maria Clara (1970), Alice (1972), Sou pintor, sou poeta (1982) e Fazenda da Boa Esperança (1987), e gravou dois LPS com causos e composições de sua autoria, ambos com o mesmo nome de Registro do folclore mais autêntico do Brasil (1966).

Foi durante uma exposição da Casa de Cultura de Ribeirão Preto em 1946 que os críticos Lourival Gomes Machado

(Ribeirão Preto, Brasil, 1917 - Milão, Itália, 1967) e Paulo Mendes de Almeida (São Paulo, Brasil, 1905 - 1986) tomam conhecimento de seu trabalho.

Em 1948 expõe na galeria Domus em São Paulo, onde o historiador e crítico de arte Pietro Maria Bardi (La Spezia, Itália, 1900 - São Paulo, Brasil, 1999) adquire várias obras do artista para si e para o acervo do Masp.

No ano seguinte, o Museu de Arte Moderna de São Paulo edita seu primeiro livro.

Participa da I Bienal Internacional de São Paulo e recebe um prêmio aquisição do Museu de Arte Moderna de Nova Iorque.

Participa ainda de mais oito edições da Bienal Internacional de São Paulo, em 1953, 1955, 1961, 1963, 1965, 1967, 1987 e 1989.

Também expõe em duas edições da Bienal de Veneza (Itália), a 26ª, em 1952, e a 33ª em 1966.

Artista muito produtivo também foi um agitador cultural em São José do Rio Preto. Foi o fundador do Museu de Arte Contemporânea daquela cidade, que depois, em 1980, se tornará o Museu Municipal de Arte Primitiva José Antônio da Silva.

A falta de ensino formal não o impediu de constituir um repertório visual rico e vasto com referências que podem incluir Van Gogh (Zundert, Holanda, 1853 - Auvers-sur-Oise, França, 1890), Brueghel (Breda, Países Baixos, 1525/1530 - Bruxelas, Bélgica, 1569), Pablo Picasso (Málaga, Espanha, 1881 - Mougins, França, 1973) ou Henry Matisse (Le Cateau-Cambrésis, França, 1869 - Nice, França, 1954).

Sua obra foi relacionada à produção “primitiva” ou “naïf” (ingênua). Denominações que foram utilizadas, de forma preconceituosa, para nomear uma produção muito original, de um autodidata que parece não se enquadrar facilmente nas categorias da alta cultura.

No entanto ao olharmos para a produção de José Antônio da Silva e para a sua carreira podemos perceber que ele participou da constituição da arte moderna brasileira, não só

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Em 1983 apresenta no Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro uma série de gravuras offset, Quasares, que trata do esgotamento das imagens. A artista se apropria de uma ilustração de uma enciclopédia e a sobrepõe através da cópia xerográfica diversas vezes até que ela se torne irreconhecível, apenas uma mancha nebulosa.

Em 1987 apresenta na sua defesa de doutorado no MAC – USP a série Pintura/objeto, que testa os limites da representação e do espaço real.

Podemos dizer que na década de 1990 seus desenhos, antes bidimensionais, passam a ocupar o espaço real, interferindo diretamente na arquitetura, como é o caso da instalação Vão (1999), feita para o prédio do Centro Cultura Oswald de Andrade em São Paulo. A obra é composta de largas tiras de elástico presas às colunas do prédio, de modo a alterar o trajeto dos usuários do local.

Comedor de luz (1999), apresentado pela primeira vez no Gabinete de Arte Raquel Arnaud, também é considerado pela artista um desenho no espaço. Uma instalação composta de vários tubos de luz neon verde fluorescente, ligados por metros e mais metros de fios elétricos adquirindo a forma similar de um animal.

Notamos que nos anos 2000 seus trabalhos fazem uso da palavra. Em Hotel (2002), a artista instala no topo do edifício da Fundação Bienal de São Paulo, durante a XXV Bienal Internacional, um imenso letreiro escrito HOTEL. A palavra colocada naquele lugar faz pensar no papel das bienais no mundo e que a arte pode estar em qualquer lugar.

Mais recentemente Carmela Gross fez uma intervenção em um ônibus para o Centro Maria Antonia em São Paulo. A obra, Carne, 2006 que é um ônibus adesivado por dentro e por fora de diversos tons de vermelho, sendo que o veículo é iluminado por dentro com luzes igualmente vermelhas. Este ônibus foi o meio de transporte dos grupos de escola pública que foram visitar a instituição.

Para saber mais: xwww.carmelagross.com.br

CASPAR DAVID FRIEDRICH Greifswald, Alemanha, 1774 – Dresden, Alemanha, 1840

Viajante acima do mar de neblina, 1817

PinturaÓleo s/ tela94 x 74,8 cmColeção Kunstalle, Hamburger

Nasceu na região da Pomerânia (região histórica situada no norte da Polônia e da Alemanha, na costa sul do mar Báltico, então parte da Suécia).

Entre 1790 e 1798 estudou estética e desenho de observação direta da natureza na Universidade de Greifswald. Na Academia de Copenhagen completou sua formação acadêmica copiando os grandes mestres da pintura.

Mudou-se para a cidade de Dresden em 1798. Durante este período de formação dedicou-se mais à produção de obras sobre papel, como desenhos, aquarelas e gravuras, no gênero paisagístico.

Visuais pela Escola de Comunicação e Artes da Universidade de São Paulo (ECA – USP). Atua como professora desde 1972.

Desde a década de 1960, tem forte participação no circuito de arte brasileiro, tendo apresentado seu trabalho na Bienal Internacional de São Paulo (1967, 1969, 1981, 1983, 1989, 1994, 1998, 2000, 2002). A primeira vez, em 1967, com apenas 21 anos.

Tem obras nos principais museus brasileiros: MAC–USP, MAM–SP, Museu de Arte de Brasília, Museu de Arte do Paraná, Centro Cultural São Paulo e Museu de Arte Moderna Aloísio Magalhães, Recife.

A partir dos anos 1980 sua pesquisa se direciona para a arte pública e a intervenção urbana. É possível encontrar suas instalações permanentes em cidades como Curitiba (Araucária, 2006), Porto Alegre (Cascata, 2005), Paris (Bleujaunerougerouge, 2004) e Laguna (Fronteira, fonte, foz, praça pública, 2001).

Participou de duas edições do projeto Arte-cidade com curadoria do filósofo Nelson Brissac (Rio de Janeiro, Brasil, 1954): Arte-cidade – A cidade sem janelas, no antigo Matadouro Municipal de São Paulo em 1994; e Arte-cidade Zona Leste, no Sesc Belenzinho em 2002 com a obra Eu sou Dolores, um letreiro em neon.

Carmela investiga os códigos de representação nas artes visuais. Durante as décadas de 1960, 1970 e 1980 pesquisa os limites e relações entre desenho e gravura, desenho e pintura e posteriormente pintura e escultura.

CARMELA GROSSSão Paulo, Brasil, 1946

Nuvens, 1967

EsculturaEsmalte sintético s/ aglomerado152 x 241 x 224 cmColeção Pinacoteca do Estado de São Paulo

Faz parte da primeira geração de artistas que cursam Artes Plásticas em São Paulo e que seguem carreira acadêmica. Carmela se formou pela Faculdade Armando Álvares Penteado (Faap) em 1969. É doutora em Poéticas

NÚCLEO 4

NUVEM, NÉVOA, NEVE E CHUVA

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JOHN CONSTABLE East Bergholt, Inglaterra, 1776 - Bloomsbury, Inglaterra, 1837

Estudo de Nuvem, 1821

PinturaÓleo s/ madeira37 x 49 cmColeção Ferens Art Gallery, Hull Museums, UK

Filho de pequenos proprietários de terra que comercializavam milho e carvão, John Constable cresceu no interior da Inglaterra. Trabalhou nos negócios da família e seu talento para o desenho foi reconhecido tardiamente.

Ingressou como estudante na Real Academia Britânica de Belas Artes em 1799, com 23 anos. Só em 1819 torna-se pintor associado da academia e em 1829 passa a ser membro efetivo, lecionando pintura de paisagem.

Teve sete filhos com Maria Elizabeth Bicknell (1788 - 1828). O casamento demorou a acontecer porque a família de Maria Elizabeth o considerava socialmente inferior. Em 1813 ela foi deserdada, perdendo o direito a qualquer herança para casar. Mas morre com tuberculose em 1828, deixando o pintor profundamente deprimido.

Entre 1808 e 1829 expôs seu trabalho principalmente na Academia de Liverpool e na Birmingham Society of Arts. Mas foi a medalha de ouro no Salão da Academia de Belas Artes da França que lhe valeu fama internacional e reconhecimento em seu próprio país.

O pintor francês Eugene Delacroix (Saint-Maurice, França, 1798 - Paris, França 1863) ficou muito impressionado com sua maneira espontânea de pintar quando o visitou em seu retiro no interior, em viagem à Inglaterra em 1825.

Nessa época, Constable estava em sintonia com os românticos de sua geração.

Apesar de sua formação acadêmica, nunca se conformou com o fato de que a pintura de paisagem de observação não fosse considerada importante como as pinturas com temas mitológicos e históricos.

Sua obra, com forte influência da pintura paisagística do norte da Europa, principalmente da Holanda, demorou para ser compreendida.

Em seu processo de trabalho, considerava ser mais importante a observação da natureza, seu estudo através de desenhos e aquarelas do que o estudo dos grandes mestres.

Suas pinturas a óleo eram feitas a partir dessas observações. Seus quadros tinham em torno de 120 x 180 cm e eram considerados grandes para um gênero de pintura que não costumava ser maior do que 60 x 80 cm.

Durante a maior parte de sua vida morou no campo, na região de Sulffolk. Assim como seu contemporâneo o pintor William Turner (Londres, Inglaterra, 1775 - 1851), Constable também buscou difundir seus ideais sobre a arte e especificamente a pintura de paisagem em um álbum de gravuras, English landscape (Paisagem Inglesa), editado entre 1830 e 1832 logo depois de começar a lecionar.

Acreditava que a pintura que poderia representar verdadeiramente a relação do homem com a natureza só poderia ser a paisagem. Como um homem do campo,

Em 1805 começa a ser notado ao ganhar o prêmio da Competição Weimar, um salão organizado pelo escritor Johann Wolfgang von Goethe (Frankfurt, Alemanha, 1749 - Weimar, Alemanha, 1832).

Sua primeira pintura a ganhar notoriedade foi O altar de Teschen (1807), para a qual o próprio artista organizou uma exposição em seu ateliê em 1808.

Em 1810 foi eleito membro da Academia de Berlim, depois que o príncipe da Prússia adquiriu duas de suas pinturas.

Os membros da família real da Rússia também compraram seus trabalhos e se tornaram seus maiores colecionadores.

Caspar estava envolvido no movimento romântico das artes de seu tempo. Entre seus amigos estavam os pintores Philipp Otto Runge (Wolgast, Alemanha, 1777 - Hamburgo, Alemanha, 1810), Georg Friedrich Kersting (Güstrow, Alemanah, 1785 - Meissen, Alemanha, 1847) e Johann Christian Dahl (Bergen, Noruega, 1788 - Dresden, Alemanha, 1857).

Tinham em comum a ideia de que a natureza era uma manifestação divina. Suas obras expressavam o sentimento do sublime e da ínfima dimensão humana diante do universo.

Em 1824, Caspar foi nomeado professor associado de Pintura de Paisagem na Academia de Dresden. Sua popularidade diminui à mesma medida em que a arte romântica começou a dar lugar à um certo otimismopela modernidade.

Em 1835 sofre um derrame, o que dificulta muito o seu trabalho.

Artistas românticos alemães consideravam a arte uma expressão do irracional, dos impulsos e sentimentos humanos mais profundos e escondidos, que seriam essenciais, porque ligados ao espírito. Essa essência humana espiritual poderia resistir à realidade. A arte seria o espaço para uma comunhão entre o espírito e o real.

No caso particular de Caspar, a representação da natureza seria um modo de acessar e refletir a relação do homem

com o espírito. Enquanto para muitos dos românticos a natureza foi sempre vista como inimiga, no sentido de ser mais forte e potente, para Caspar a relação era mais atraente porque fornece ao homem um isolamento nostálgico e o remete a um paraíso perdido.

A sua visão do sublime influenciaria artistas de outras gerações como os pintores Edward Munch (Løten, Noruega, 1863 - Ekely, Noruega, 1944) e Mark Rothko (Daugavpils, Rússia, 1903 - Nova York, EUA, 1970), e os artistas Joseph Beuys (Krefeld, Alemanha, 1921 - Dusseldorf, Alemanha, 1986) e Anselm Kiefer (Donaueschingen, Alemanha, 1945).

Veja a galeria de obras do artista: xwww.caspardavidfriedrich.org/slideshow.html

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estão em diversas coleções públicas, como as do MAM – RJ, Museu do Açude, Museu de Arte Contemporânea do Paraná e Pinacoteca do Estado de São Paulo.

Da forma como o artista aborda as questões do espaço e da paisagem, podemos dizer que sua poética reflete na representação da paisagem, mas tentando atualizá-la.

Ele inclui o espectador no ato da constituição da imagem, tornando-o mais consciente e crítico sobre a mediação entre o nosso olhar e a realidade. Vemos o que fomos ensinados a ver, identificamos na paisagem aquilo que entendemos como paisagem. Assim a representação pode tomar o lugar da coisa representada e adquirir autonomia.

Na exposição individual Museu observatório, no Museu de Arte da Pampulha, em Belo Horizonte, em 2011, o artista instala dentro do espaço do auditório, que é um salão com grandes janelas, fotografias das margens da lagoa da Pampulha, com sua caótica ocupação. Assim, ele coloca lado a lado a representação e a realidade. O Museu de Arte da Pampulha foi um antigo cassino projetado por Oscar Niemeyer (Rio de Janeiro, Brasil 1907 - 2012), juntamente com todo o conjunto arquitetônico e urbanístico da lagoa.

Em Luz natural, 2010, obra feita especialmente para a XIX Bienal de São Paulo, instalou em diversas colunas do prédio tubos de luzes fluorescentes encapadas com fotografias de nuvens que acabavam por formar, por assim dizer, um céu ou céus.

As fotografias do céu com nuvens, dentro do pavilhão da Bienal criavam um céu artificial, um substituto do céu real.

Eduardo Coimbra tem utilizado diversos meios e escalas, trabalha com desenho e fotografia, assim como com escultura e intervenções.

Executou no Museu do Açude no Rio de Janeiro a obra Passarela, 2008, um caminho suspenso por entre a paisagem do parque, levando o visitante a ter outros pontos de vista por entre as copas de árvores.

Em 2007 realizou Natureza da paisagem, povoando o Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro com milhares de copos com grama natural plantada, criando uma paisagem artificial dentro de um espaço interno, com elementos naturais.

Para conhecer mais: xwww.nararoesler.com.br/artistas/eduardo-coimbra xwww.pipa.org.br/pag/artistas/eduardo-coimbra

dedicou-se a representar as mudanças da natureza e os seus sentimentos em relação a ela. O historiador Giulio Carlo Argan (Turim, Itália, 1909 - Roma, Itália, 1992) escreve em seu livro Arte moderna sobre a pintura de Constable “...que, sendo ele também natureza, reconhece naquele espaço seu ambiente próprio". (p. 40) Ele dirá que as paisagens do pintor são vistas emocionadas.

Como pintor romântico, John Constable é fundamental para entendermos a nova pintura que surgirá no realismo francês em pintores como Gustave Courbet (Doubs, França, 1819 - La Tour-de-Peliz, Suíça, 1877) e François Millet (Gruchy, França, 1814 - Barbizon, França, 1875), no Impressionismo e mesmo no Expressionismo alemão na virada do século XIX para o XX.

Para pesquisar mais: xwww.tate.org.uk/art/artists/johnconstable-108 xwww.metmuseum.org/toah/hd/jcns/hd_jcns.htm

EDUARDO COIMBRARio de Janeiro, Brasil, 1955

Nuvem, 2008

Site Specific - Praça XV, Rio de JaneiroEstrutura de ferro, impressão em lona translúcida, lâmpadas fluorescentes, espelhos, cada elemento: 470 x 470 x 48 cm; conjunto: 470 x 470 x 1180 cmCortesia Galeria Nara Roesler

Eduardo Coimbra vive e trabalha no Rio de Janeiro.

Formou-se em Engenharia Elétrica pela Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro, (PUC-RJ) antes de se dedicar à carreira artística.

Fez pós-graduação em História da Arte e Arquitetura também pela PUC-Rio.

Tem participado de diversas exposições nacionais e internacionais, entre elas: Fromthemargintotheedge: Brazilian Art and Design in the XXI Century, Somerset House, Londres, Reino Unido (2012); XIX Bienal Internacional de São Paulo (2010); 3 X D 1864/2005, Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro (2009); Panorama da arte brasileira, Museu de Arte Moderna de São Paulo (2001); III Bienal de Artes Visuais do Mercosul, Porto Alegre, (2001). Seus trabalhos

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MARCELO MOSCHETA São José do Rio Preto, Brasil, 1976

Uma linha no Ártico, 2012

FotografiaImpressão lambda em metacrilato e isoporConjunto de 4 imagens, 50 x 80 cm cadaColeção particular

Vive e trabalha em Campinas. Se graduou em Artes Plásticas pela Universidade Estadual de Campinas em 2000.

É mestre em Poéticas Visuais pela mesma universidade desde 2006.

Marcelo participa ativamente do circuito artístico brasileiro desde o final da década de 1990. A partir de meados dos anos 2000 sua carreira tem se internacionalizado.

Ganhou várias residências artísticas e prêmios: Bolsa Iberê Camargo na École des Beaux-Arts de Rennes, França (2007); Projeto Cadernos de Viagem, 8ª Bienal do Mercosul, Fronteira Brasil / Uruguai (2009); Prêmio Pipa 2010, Prêmio Júri Popular, Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro, Brasil (2010); The Arctic Circle, Svalbard, Noruega / Polo

Norte (2011); Plataforma Atacama, Deserto de Atacama, Chile (2012); Prêmio de Fotografia Marc Ferrez, Funarte, Brasil (2012); II Concurso Itamaraty de Arte Contemporânea, Ministério das Relações Exteriores, Brasília, Brasil (2012). Participou de diversas exposições coletivas entre elas podemos destacar: Fotografia conceitual, Espaço Cultural Sérgio Porto, Rio de Janeiro, Brasil (2005); Coletiva do programa de exposições, Centro Cultural São Paulo, Brasil (2006); Rumos artes visuais, Instituto Itaú Cultural, São Paulo: Paço imperial, Rio de Janeiro, Brasil (2009); XV Bienal de Cerveira, Vila Nova de Cerveira, Portugal 92009); Ponto de equilíbrio, Instituto Tomie Othake, São Paulo (2010); 8ª Bienal do Mercosul, Porto Alegre, Brasil (2011); Other place, Galerie Lelong, Nova York, EUA (2011); Instável, Paço das artes, São Paulo, Brasil (2012).

Fez uma grande exposição individual, Norte, em 2012 no Paço Imperial, Rio de Janeiro, Brasil.

Seus trabalhos integram importantes coleções particulares e privadas entre elas: Deutsche Bank, Nova York, EUA; RNA Foundation, Moscou, Rússia; Musée d’Art Moderne et d’Art Contemporaine, Liége, Bélgica; Pinacoteca do Estado de São Paulo, Brasil; Coleção Gilberto Chateaubriand, MAM – RJ, Brasil; MAM – SP, Brasil; Museu de Arte Moderna da Bahia, Salvador, Brasil.

A obra de Marcelo Moscheta é muita vezes entendida como resultado de um artista viajante. Seus deslocamentos, o contato com a paisagem natural, suas formas de catalogar e classificar são fundamentais como estratégias de trabalho.

Assim, seu foco principal é a observação e o registro da paisagem, como também da memória em instalações, desenhos, fotografias e gravuras.

Sua prática é definida como “uma mistura de observação científica e ficcional, land art (arte na terra) e práticas orientadas pelo lugar”.

Um artista viajante se desloca por uma necessidade de experimentar, de conhecer o lugar. Mesmo em uma época em que tudo pode ser sempre medido por instrumentos

ESTELA SOKOL São Paulo, Brasil, 1979

Série Floresta Secreta, Upper Áustria, 2011

Fotografia Impressão s/ papel algodão100 x 165 cmColeção da artista

Bacharel em Gravura pela Faculdade Belas Artes em 2002, a artista vive e trabalha em São Paulo.

Tem participado de diversas exposições, individuais e coletivas regularmente desde 2002. Participou em 2009 da exposição Nova arte nova, promovida pelo Centro Cultural Banco do Brasil, com curadoria do crítico de arte carioca Paulo Venâncio Filho.

A artista conduz uma investigação formal sobre a presença física da cor/luz, desde seus primeiros trabalhos em xilogravura.

Em 2005 exibe seus primeiros objetos em acrílico colorido na exposição individual WXRTD – 320 na Galeria Virgílio em São Paulo.

Seus objetos não são simplesmente pintados ou tingidos, eles materializam a própria cor/luz, ou seja, os objetos de

acrílico são cor e refletem luz para o espaço. Sua presença modifica a luz e a atmosfera do lugar.

Estela coloca lado a lado duas esculturas para testar as possibilidades de aproximação entre elas. Dois corpos próximos um do outro alteram a luz que incide sobre eles. criando uma situação totalmente nova para cada lugar.

Por exemplo, Frozen sky (Céu congelado), 2009, é composta de quatro chapas de acrílico coloridas, revestidas internamente de PVC com um tom próximo ao da cor externa, envergadas, formando barrigadas. As formas se repetem e a luz refletida por cada módulo contamina o módulo vizinho e o ambiente.

É como se saísse luz das esculturas. A artista trabalha de forma sutil para acender a nossa percepção, para nos tornar mais conscientes da nossa própria percepção da cor e da luz no espaço.

Sua investigação poética dos efeitos da luz/cor, sem dúvida, dialoga com a obra de artistas mais maduros como os americanos Dan Flavin (Nova York, EUA, 1933 - 1996), James Turrel (Pasadena, EUA, 1943) e o dinamarquês Olafur Eliasson (Copenhagen, Dinamarca , 1967).

E a presença física concreta quase corpórea pode nos fazer lembrar também do artista brasileiro Hélio Oiticica (Rio de Janeiro, Brasil, 1937 - 1980).

Para saber mais: xwww.estelasokol.com x http://www.estelasokol.com/obras_arte/obras.

php?menu=escultura#

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Random InternationalLondres, Inglaterra, 2005

Rain Room, 2012

InstalaçãoSistema de gestão de água, válvulas solenóides, reguladores de pressão, software personalizado, câmeras 3D, vigas de aço e piso ralado.Coleção Barbican Center, Londres

Um coletivo de artistas que se organiza como estúdio. Fundado em 2005 por Stuart Wood (Inglaterra, 1980), Florian Ortkrass (Alemanha, 1975) e Hannes Koch (Alemanha, 1975), funciona em um antigo depósito convertido em estúdio em Chelsea, Londres.

O estúdio agrega profissionais de diversas áreas e países. Trabalham especialmente com novas tecnologias e formas de inteligência artificial para, segundo eles, “encorajar as relações que tendem para o mesmo objetivo entre o mundo inanimado e o animado”.

Criam instalações interativas e ambientes imersivos. Para realizá-las podem desenvolver desde o hardware ao software.

Participaram de diversas exposições, dentre elas destacamos: Design and the elastic mind, MoMA, Nova York, EUA (2008); Tate Studio, Tate Modern, Londres, Inglaterra

(2008); Telling tales, Victoria & Albert Museum, Londres, Inglaterra (2009); Points of view, British Library, Londres, Inglaterra (2009); Pinakothek Der Moderne, International Design Museum, Munich, Alemanha (2009); Decode: Digital design sensations, Victoria & Albert Museum, Londres, Inglaterra (2010); 4th Moscow Biennale of Contemporary Art, ARTPLAY, Moscou, Rússia (2011); Curious m.nds: New approaches in design, Israel Museum, Jerusalém, Israel; Rain room, The Curve, Barbican, Londres, Inglaterra (2012/13).

As instalações do grupo têm características surreais e fantásticas. Realizam de forma concreta coisas que achávamos só serem possíveis no mundo da ficção.

Em Rain room (2012), criam chuva em uma sala fechada para que o público entre nela sem se molhar. Chove torrencialmente em uma sala, mas as linhas de água são interrompidas para dar lugar aos corpos. Assim chove ao redor das pessoas, mas não nelas.

Os trabalhos do grupo dependem do público para acontecer. São interfaces que só se realizam plenamente com a presença humana. Eles propõem claramente vivências para além da simples construção de objetos.

Para saber mais: x random-international.com xwww.guardian.co.uk/artanddesign/2012/oct/03/random-

international-rain-barbican x http://www.barbican.org.uk/artgallery/event-detail.

asp?ID=13723

técnicos e ideológicos, ele precisa se ver no local e entender como fica com sua presença.

As primeiras pesquisas de Marcelo com a memória de um lugar começaram com a série de 260 gravuras Insectae (Insetos), 2002. As imagens simulavam arquivos de biologia, uma catalogação de borboletas e mariposas.

Eram imagens de expedições que o artista fazia quando criança com pai, um botânico, que para distrair os filhos que o acompanhavam os instruía em como caçar e classificar os pequenos insetos capturados em uma rede para borboletas.

O interesse do artista por expedições começa nesta memória de infância. Depois Marcelo irá se apropriar de outras expedições como a Expedição Imperial Trans-antártica, de 1914, que, liderada pelo explorador Ernest Henry Shackleton (1874 - 1922), vagou pela Antártica durante dois anos.

As imagens desta expedição são usadas pelo artista na instalação Elephant island (Ilha elefante), 24 de abril de 1916, 2008. As imagens recuperadas e construídas pelo artista são paisagens inóspitas, sem condições mínimas de vida e habitação, sem a presença humana, são cenas de ambientes hostis. Se existe alguém nelas é a custo de muito risco. Marcelo recupera o sublime romântico.

A estratégia de documentar, classificar e arquivar pode aparecer em coleções de pedras ou nuvens na obra Contra céu (2010).

Em Meghalites de Bretagne, sublimeschedule (2007), o artista recolhe pedras na região da Bretanha (França), onde aconteceram os mais intensos conflitos na Segunda Guerra Mundial. São formações geológicas que, mudadas pela ação do homem, são testemunho de acontecimentos históricos, que só quando deslocadas e classificadas podem “falar”, sendo “falsos” documentos arqueológicos.

Sua última aventura foi uma expedição ao polo Norte, que resultou na exposição Norte, em 2012, no Paço Imperial do Rio de Janeiro, e num documentário de mesmo nome.

Como a maioria das obras que lidam com memória e paisagem a de Marcelo Moscheta investiga a passagem

do tempo, a fragilidade do ser humano diante do tempo geológico onde tudo é passageiro.

Sua obra conversa direta ou indiretamente com a de outros artistas que lidaram com as questões da paisagem, como os pintores Alexandre Cozens (St. Petersburgo, Rússia, 1717 - Londres, Inglaterra, 1786), que catalogava tipos de nuvens para poder entender as mudanças atmosféricas e assim prevê-las; William Turner (Londres, Inglaterra, 1775 - 1851), com suas paisagens dramáticas, onde a natureza é uma força que não pode ser detida; e ainda Robert Smithson (Passaic, EUA, 1938 - Texas, EUA, 1973) no seu interesse pelo tempo geológico e pelo grau de desordem da natureza.

Para conhecer mais seu trabalho: xwww.marcelomoscheta.art.br

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A palavra e a imagem se referem a um mesmo conteúdo, mas são autônomas. E nenhuma pode realmente substituir a outra em termos de função.

Quanto às imagens, estamos acostumados a vê-las como transparências que nos levam direto para a coisa representada. Magritte utiliza uma pincelada sem expressão, criando uma superfície lisa e brilhante que não guarda o gesto expressivo do pintor, aumentado a sensação de que estamos olhando de uma janela para a realidade, diminuindo a distância entre espaço real e espaço ilusório.

Ao colocar a frase na pintura, ele nos traz de volta à “realidade”, a coisa representada é distinta da representação.

Na sua obra há uma certa obsessão pelo mistério naquilo que é corriqueiro. Em Império das luzes (1954), uma aparentemente inocente paisagem, onde vemos uma casa com as luzes acesas ao anoitecer, causa depois de alguns segundos de contemplação algum desconforto. Onde deveria haver uma rua, percebemos que existe água, como um rio, mas poderia ser também a casa vista de um lago, ou a rua poderia estar molhada da chuva. O céu lembra mais o amanhecer, mas as sombras escuras das árvores, o anoitecer.

Existem várias versões desta pintura, ou várias pinturas, ligeiramente diferentes umas das outras, com esse mesmo título. Em nenhuma delas é possível decidir se anoitece ou amanhece, ou determinar se a luz e as sombras estão corretas.

O artista reúne em sua obra uma série de motivos que se repetem, como o homem de chapéu-coco e os guarda-chuvas. Magritte trabalha com o mistério e o contraditório. Para ele a função da arte é fazer pensar e não criar contentamento.

O artista Belga será uma referência para as gerações posteriores, principalmente os artistas da arte pop, americanos e britânicos. A pesquisa sobre a linguagem e os modos de representação do pintor americano JasperJohns (Allendale, EUA, 1930) acontece em um campo que Marcel

Duchamp e Magritte abriram. Campo que será ampliado pelos artistas conceituais das décadas de 1960 e 1970, como o também belga Marcel Broodthaers (Bruxelas, Bélgica, 1924 - Colônia, Alemanha, 1976) e o a americano Joseph Kosuth (Toledo, EUA, 1945).

Para pesquisar mais: xwww.magritte.be/?lang=en

RENÉ MAGRITTELessines, Bélgica, 1898 - Bruxelas, Bélgica, 1967

As férias de Hegel, 1958

PinturaÓleo s/ tela60 x 50 cm

Estudou na Academia Real de Belas Artes, em Bruxelas, entre 1916 e 1918.

Entre o final da década de 1910 e meados da de 1920 experimentou diversos estilos. Suas primeiras pinturas se assemelham a obras impressionistas. Seus trabalhos são gráficos com a estética futurista. Já na entrada da década de 1920, sua pintura se compara a algumas formas cubistas.

Ao tomar contato com a obra de Giorgio de Chirico (Volós, Grécia, 1888 - Roma, Itália, 1978) fica profundamente impressionado com o espaço metafísico, transcendental, criado pelo artista.

Suas primeiras experiências com o Surrealismo datam de 1926. Até este ano Magritte permanece em Bruxelas,

onde trabalha com design gráfico e publicidade, produzindo estampas de papéis de parede e cartazes publicitários.

Em 1927 se muda para Paris, onde fica até 1931. Ali conhece de perto o círculo dos surrealistas franceses André Breton (Tinchebray, França, 1896 - Paris, França, 1966), André Masson (Balagny, França, 1896 - Paris, França, 1987), Paul Éluard (Saint Denis, França, 1895 - Paris, França, 1952) e também Marcel Duchamp (Blainville, França, 1887 - Neuilly, França, 1968).

Neste período tem sua renda assegurada por um contrato com a galeria Le Centaure. No entanto, a depressão atinge a Europa e a galeria fecha. Seus quadros que estão lá são posteriormente vendidos para um amigo, o também artista E. L. T. Mesens (Bélgica, 1903 - 1971), que se torna diretor da London Gallery em 1938. Posteriormente, ele promoveu o trabalho do pintor na Inglaterra.

Para se manter, Magritte estabelece com o irmão um ateliê de design gráfico em Bruxelas, o Studio Dongo, a partir de 1931.

Sua participação em mostras com o grupo surrealista o ajudou a obter fama internacional após o fim da guerra.

Mas foi o contrato com o marchand Alexandre Iolas, de Nova York, que ele firmou a sua carreira.

As obras surrealistas se utilizam de imagens, na maior parte das vezes óbvias ou banais, em um procedimento naturalista de representação.

Assim, objetos, sem grande importância, são colocados juntos em cenários e contextos sem sentido aparente, o que causa estranhamento, choque, escândalo. Buscavam as livres associações para tocar os desejos dormentes e inconscientes.

A pesquisa de Magritte vai além. Ele investiga os aspectos racionais e irracionais da linguagem. Uma de suas obras mais conhecidas, a pintura A deslealdade das imagens (1929), mostra um cachimbo pintado de maneira muito realista e embaixo dele a frase “Ceci n’est pas une pipe” (Isto não é um cachimbo).

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Assim, German Lorca, juntamente com Farkas e Geraldo de Barros, é apontado como um dos artistas responsáveis pela renovação e autonomia da linguagem fotográfica, para além de um registro documental da realidade.

Para conhecer melhor suas fotos: xwww.photoimagem5.com.br x fotografia.folha.uol.com.br/galerias/2228-fotografias-de-

german-lorca

HARUO OHARAKochi, Japão, 1909 - Londrina, Brasil, 1999

A Seca, 1959

Represa da Usina Três Bocas, Londrina, PRFotografia 35 mmColeção Instituto Moreira Salles

Chega com a família para trabalhar nos cafezais do interior de São Paulo em 1927.

Em 1933 mudam-se para Londrina no Paraná, onde adquirem terras.

Começa a fotografar em 1938 depois de comprar uma câmera do amigo José Juliani, fotógrafo da Cia. de Terras do Paraná.

Em 1951 vende suas terras para a construção do aeroporto e muda-se para a região urbana da cidade.

Ali irá fundar o Foto-Cine Clube de Londrina, filiado ao Foto-Cine Clube Bandeirantes de São Paulo.

Desde então passa a participar de vários salões de fotografia, recebendo algum reconhecimento.

Após a sua morte foram organizadas algumas exposições sobre a sua obra, destacamos: Japão – Mundos flutuantes, Galeria de Arte do Sesi, São Paulo, Brasil (2008); 3ª Bienal

GERMAN LORCASão Paulo, Brasil, 1922

Chuva na cidade, 1965

Fotografia PB 35,3 x 46,4 cmColeção Museu de Arte Moderna de São Paulo, doação do artista

Vive e trabalha em São Paulo.

Formou-se em Ciências Contábeis em 1940, trabalhou nesta área até 1952 quando funda seu próprio estúdio fotográfico.

Em 1949 filia-se ao Foto Cine Clube Bandeirantes, um grupo de fotógrafos que reunia também Thomaz Farkas (Budapeste, Hungria, 1924 - São Paulo, Brasil, 2011) e Geraldo de Barros (Chavantes, Brasil, 1923 - São Paulo, Brasil, 1998).

O objetivo do grupo era investigar uma nova linguagem artística ao mesmo tempo que cada um desenvolvia um trabalho autoral.

Em 1954, dois anos após abrir seu próprio estúdio, é contratado para ser o fotógrafo oficial das celebrações do IV Centenário da Cidade de São Paulo.

Ganhou muitos prêmios com seu trabalho publicitário.

Fez várias exposições individuais e participou de diversas exposições coletivas entre estas destacamos: IX Bienal Internacional de São Paulo, Brasil (1967); Brasil, mostra tua cara, 1ª Bienal Internacional de Fotografia da Cidade de Curitiba, no Solar do Barão, Curitiba, Brasil (1996); 7ª Coleção Pirelli/Masp de Fotografias, no Masp, São Paulo, Brasil (1997); Ars erótica: Sexo e erotismo na arte brasileira, MAM/SP, São Paulo, Brasil (2000). Seus trabalhos estão em várias coleções públicas e particulares, entre elas ressaltamos: Coleção Pirelli de fotografia, do Masp, Brasil; MAM, São Paulo, Brasil; MAC, São Paulo, Brasil; Coleção Gilberto Chateaubriand, MAM, Rio de Janeiro, Brasil.

Atualmente divide seu estúdio, o Photoimagem5, com os filhos.

Lorca demonstrou desde a década de 1940 um olhar atento ao cotidiano urbano. Suas fotos desenham o inusitado e surpreendente do cotidiano ao isolar personagens, cenas e elementos da arquitetura. Suas fotos nos fazem ver além da realidade.

Seu olhar é do andarilho que vive a cidade e está sempre à caça de uma imagem que o surpreenda.

Seu trabalho se aproxima ou sofre influência de outros fotógrafos como: Eugène Atget (Libourne, França, 1853 - Paris, França, 1927), Brassaï (Brassó, Transilvânia, Romênia, 1899 - Beaulieu-sur-Mer, França, 1984) e Cartier Bresson (Chanteloup-en-Brie, França, 1908 - Montjustin, França, 2004).

A fotografia de Lorca é marcada pela escolha precisa do enquadramento. É o recorte do real que dá novo significado ao cotidiano.

O instante congelado fragmenta a ação, mas o fragmento ainda sugere uma narrativa.

A sugestão de uma narrativa torna a cena mais misteriosa, ainda que seja familiar.

O fotógrafo ainda experimenta duplas exposições e composições construtivas nas décadas de 1960 e 1970.

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Vive e trabalha na Holanda.

Graduou-se em Belas Artes no instituto de arte Artez, Arnhem, Holanda.

É professor no departamento de fotografia da Willem de Kooning de Rotterdã.

Artista multimídia faz foto-performances, vídeos, instalações e fotografias.

Participou de diversas exposições em várias instituições das quais destacamos: Museum for Oldand New Art, Sydney, Austrália (2011); 5ª edição do ®NOVA Cultura Contemporânea, Museu da Imagem e do Som, São Paulo, Brasil (2012); BeitHa'ir Tel Aviv Museum, Tel Aviv, Israel (2012); Museum for Modern Art, Arnhem, Holanda (2011); Deador Alive, Museum for Arts and Design, New York (2010).

Levi procura entender a relação das pessoas com seu ambiente e sua história.

Explora o autorretrato e sua história particular.

Na série Landscape (Paisagem), 2008, de quatro fotografias, o artista mistura o gênero paisagem e retrato.

Ele se fotografa “maquiado”, não há intervenção digital nas fotos. Em sua cabeça crescem paisagens.

LEVI VAN VELUWHoevelaken, Holanda, 1985

Paisagem I, 2008

Fotografia120 x 100 cmColeção Ron Mandos Gallery

NÚCLEO 5

PLANTA E BICHO

de Fotografia da Cidade de Curitiba, Haruo Ohara, Centro Cultural Solar do Barão, Curitiba, Brasil (2000).

Em 2010 é lançado o filme curta-metragem de Rodrigo Grota (Londrina, Brasil) Haruo Ohara. que conta a história do fotógrafo.

A poética de seu trabalho reside na observação do passar do tempo, um tempo lento, testemunha da relação harmoniosa entre a paisagem e as pessoas.

A sua fotografia em preto e branco busca a nuance sutil da luz. Nada de contrastes fortes. As cenas são banhadas por uma luz edificante, suave, que acaricia.

Suas fotos documentam as transformações do mundo rural no interior do Paraná e em especial da comunidade de imigrantes japoneses. Não temos aqui o olhar do etnógrafo, que estuda a comunidade, nem do viajante, que está de passagem.

O seu olhar amoroso sobre o campo e as pessoas é de quem participa da comunidade, de quem compõe a paisagem em uma ação diária.

Para saber mais: x ims.uol.com.br/hs/haruoohara/haruoohara.html

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a floresta de Fontainnebleau com o objetivo de pintar em contato direto com a natureza submetidos às variações de luz.

Em 1867 é recusado pelo Salão Anual da Academia de Belas Artes e tem vários problemas pessoais. Sua família não aceita seu relacionamento com Camille Doncieux (França, 1847 - Vétheuil, França, 1879), com quem tem um filho em 1867. Eles se casam três anos depois.

Ela e o filho são modelos para diversas pinturas do período que retrata a vida doméstica de forma harmoniosa.

Em 1869, Monet e Renoir continuam a pintar ao ar livre. Desenvolvem trabalhos nas margens do Sena em La Grenouillère, um balneário popular da classe trabalhadora.

Na mesma época conhece Paul Durand-Ruel (Paris, França, 1831 - 1922), que será seu marchand.

Com o início da guerra franco-prussiana em 1870, Monet leva a família para Londres, retornando à França no final do ano seguinte. Instalam-se na cidade de Argenteuil, que se tornaria um ponto de referência para os impressionistas.

Em 1874 os impressionistas se reúnem para formar a Société Anonyme Coopérative à Capital Variable des Artistes, Peintres, Sculpteurs et Graveurs (Sociedade anônima cooperativa com capital variável de artistas, pintores, escultores e gravadores) com o objetivo de organizar exposições independentes.

Assim, no mesmo ano inauguram aquela que virá a ser conhecida como a primeira exposição impressionista, no Boulevard dês Capucines, no ateliê do fotógrafo Félix Nadar (Paris, França, 1820 - 1910).

Sua obra Impressão sol nascente (1873) acaba por nomear, a princípio pejorativamente, o grupo, acusado então de não conseguir pintar com competência.

Em 1875 Monet tem permissão para pintar dentro da estação São Lázare.

Após a morte da mulher, em 1879, desenvolve um relacionamento com Alice Hoschedé (França, 1844 - Giverny,

França, 1911). Vai morar com ela e os filhos, dois dele e seis dela, em Giverny, em 1883.

Na década de 1880, faz várias pinturas que retratam personagens familiares.

Depois decide pintar séries de quadros sobre o mesmo tema, como, por exemplo, pinturas retratando montes de feno ou a Catedral de Ruen. Quase sempre com o mesmo ponto de vista, mas pintadas em meses, semanas, horas diferentes. Cores e atmosferas diversas de um mesmo tema.

Na década de 1890 amplia seu jardim em Giverny, escolhe as plantas, desenha os caminhos, constrói uma ponte em estilo japonês com o objetivo de retratar aquele local.

O Museu de Arte de São Paulo possui duas obras feitas a partir da observação do seu jardim: A canoa sobre o Epte (1890), e A ponte japonesa sobre a lagoa das ninfeias em Giverny (1820).

Suas últimas obras foram as imensas pinturas das ninfeias do seu jardim, feitas entre 1816 e sua morte, em 1926. Podem ser encontradas hoje no Musée de l´Orangerie em Paris, França.

O que interessava a Monet parece ser o estudo da luz na pintura. Como construir uma impressão luminosa em um espaço bidimensional uma tela a partir da impressão e da experiência com a luz no espaço real?

Seu projeto era construir com tinta na superfície plana da tela uma impressão de luz na retina do espectador, que conseguisse ao mesmo tempo recuperar uma impressão que se tem com a realidade e inaugurar uma nova experiência na prática da pintura.

Para isso ele elimina as convenções da pintura de paisagem, não usa os denominadores de escala, abre mão da perspectiva convencional, trabalhando com um foco especial nas cores.

Tudo recebe o mesmo tratamento de pinceladas rápidas e soltas, recebendo a mesma atenção. Em alguns momentos sua pintura é quase abstrata, uma forma que desenvolveu para se libertar de uma descrição da paisagem naturalista.

São também, de certa forma, performances feitas para a câmera. O artista se fotografa numa pose tradicional para o formato do retrato, em 3/4, quase de perfil.

Para cada foto, constrói uma paisagem diferente, uma para cada estação. A paisagem, a natureza parece nascer de sua cabeça.

Na Holanda, seu país natal, a natureza está toda controlada. A maior parte do território se encontra abaixo da linha do mar.

Para que a terra permaneça seca, foi construída desde o século XV uma enorme quantidade de canais e diques para controlar o fluxo das águas.

Atualmente se discute como o homem alterou tão profundamente a natureza a ponto de depender dele a sua manutenção.

Tecemos com o planeta uma relação simbiótica, ou seja, uma relação mutuamente vantajosa entre dois ou mais organismos vivos de espécies diferentes.

É difícil encontrar na maior parte do globo uma definição que diferencie efetivamente a natureza real de uma fabricada, não havendo mais a possibilidade de falar em natureza intocada.

Parecem ser as decisões do intelecto humano as que decidirão a permanência e a sobrevivência da natureza.

Nós nela incluídos, o que acontece com ela acontece conosco e vice-versa.

Esta obra de Levi parece se referir à relação entre homem e mundo natural dentro mesmo da tradição dos gêneros da pintura que um dia moldaram a nossa visão de natureza.

Para pesquisar mais: xwww.levivanveluw.nl xwww.bbc.co.uk/portuguese cultura/2009/03/090309_

galeriacabecaml.shtml xwww.select.art.br/revista.pdf

CLAUDE MONETParis, França, 1840 - Giverny, França, 1926

Ninféias azuis, 1916-1919

PinturaÓleo s/ tela204 x 200 cmColeção Museu d’Orsay, Paris

Cresceu na costa da Normandia, em Le Havre.

Fez o serviço militar na Argélia em 1861 e 1862.

Ao retornar, estabeleceu-se em Paris para estudar pintura com Johann Barthold Jongkind (Lattrop, Holanda, 1819 - La Côte-Saint-André, França, 1891) e Eugène Boudin (Honfleur, França, 1824 - Deauville, França, 1898), dois artistas considerados precursores do Impressionismo.

Em 1865 é aceito pela primeira vez no Salão Anual da Academia de Belas Artes.

O grupo impressionista começa a se organizar em meados de 1860. Monet, Frédéric Bazille (Montpellier, França, 1841 - Alemanha, 1870), Auguste Renoir (Limoges, França, 1841 - Cagnes-sur-Mer, França, 1919) e Alfred Sisley (Paris, França, 1839 - Moret-sur-Loing, França, 1899) organizam viagens para

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MUSEU ITINERANTE • ARTE/ÁGUA: essenciais para a vidaMUSEU ITINERANTE • ARTE/ÁGUA: essenciais para a vida

Paço das Artes, São Paulo (2010); Incompletudes, Galeria Virgilio - Curadoria Mario Gioia (São Paulo, Brasil, 1974), São Paulo (2010); Uma coisa são duas, Galeria Ímpar - Curadoria Eder Chiodetto (São Paulo, Brasil, 1965), São Paulo (2011); Território de caça, Galeria Zipper - Curadoria Mario Gioia, São Paulo, Brasil.

A pesquisa da artista está voltada para a experiência com o real, em especial a paisagem “natural” e seus modos de representação.

Trabalha principalmente com fotografia e intervenção na paisagem.

As fotos são tanto registros, documentos, como ferramentas de intervenção direta do lugar onde foram feitas.

“Este processo de trabalho começou quando fotografei uma cena de uma praia e fiz uma ampliação de grande formato.”

“Algum tempo depois retornei com esta representação nas mãos para inseri-la na paisagem real.”

“Posicionei-a de diversas maneiras no mesmo lugar onde foi fotografada... Experimentei colocar a foto bem perpendicular à máquina fotográfica e também à paisagem real ao fundo, enquadrando ambas ao mesmo tempo.”

“Testei outra possibilidade, colocando-a na horizontal diretamente sobre a areia banhada pelas ondas.”

“Registrei a água avançar sobre a imagem. Também sobrepus conchas reais às conchas da fotografia, entre outras possibilidades.”

Como uma experiência artística como essa poderá levar a uma educação dos sentidos?

Não vemos a paisagem de forma direta. Antes identificamos nela um padrão já conhecido, e nos comportamos em relação ao real do modo como fomos preparados para agir.

Já na sua obra Ultramar congelado, também de 2010, a artista polvilha sobre neve congelada uma certa quantidade

de pigmento azul-ultramar e fotografa o gelo reagindo sobre a intervenção.

“A escolha da cor do pigmento não foi aleatória. O azul-ultramar foi extremamente significativo ao longo da história da pintura, além disso o azul em geral remete à água, aspecto que me interessa particularmente neste trabalho.”

“Com o passar do tempo, o gelo naquele local se dissolveu produzindo uma mistura, incorporando os cristais do pigmento aos cristais da neve. Esse processo sofreu alteração lentamente, no entanto esta pintura efêmera foi congelada em imagens fotográficas.”

Para conhecer mais: xwww.maurabresil.com.br/por/trabalhos/ultramar-

congelado-texto.html xwww.maurabresil.com.br/por/trabalhos/mar-e-mar-texto.

html

Sua pintura apela aos sentidos, não só a visão. A pincelada tem uma forte presença física, assim a pintura acaba por despertar o sentido do tato. Podemos dizer por isso que sua obra é também sensual, porque estimula os sentidos.

Saiba mais sobre sua vida e obra: xwww.musee-orsay.fr/en/collections/index-of-works/

resultat-collection.html?no_cache=1&zsz=1&zs_r_2_z=3&zs_r_2_w=Monet%2C%20Claude&zs_ah=oeuvre&zs_rf=mos_a&zs_mf=21&zs_sf=0&zs_send_x=1&zs_liste_only=1

Faça uma visita virtual e veja outras referências sobre o artista:

xwww.musee-orangerie.fr/homes/home_id25184_u1l2.htm x artchive.com/artchive/M/monet/parasol.jpg.html xwww.googleartproject.com/collection/national-gallery-of-

art-washington-dc/artwork/rouen-cathedral-west-facade-sunlight-claude-monet/712894/

MAURA BRESILCampinas, Brasil, 1976

Série Rio Tijuípe 8, 2010

Fotografia30 x 45 cmColeção particular

Atualmente a artista vive e trabalha em São Paulo.

Formou-se em Arquitetura e Urbanismo na Pontifícia Universidade Católica de Campinas (Puccamp), em 2000.

Durante o período de graduação , em 1999, fez um intercâmbio na Espanha onde estudou fotografia na Escola Técnica Superior de Madri.

Frequentou o grupo de estudos de Arte Contemporânea no ateliê Fidalga sob orientação de Sandra Cinto (Santo André, Brasil, 1968) e Albano Afonso (São Paulo, Brasil, 1964) entre 2008 e 2011, tendo participado de vários projetos e exposições deste ateliê.

Tem realizado diversas exposições entre elas: Presente Fidalga, Sesc de Ribeirão Preto, Brasil, (2008); Entorno de... Nos limites da arte, Fundação Nacional das Artes, Funarte, São Paulo (2009); Photo Fidalga, Carpe Diem Arte e Pesquisa, Lisboa, Portugal (2009); Ateliê Fidalga no Paço das Artes,

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HENRI MATISSELe Cateau-Cambrésis, França, 1869 - Nice, França, 1854

Peixes vermelhos e escultura, 1912

PinturaÓleo s/ tela116,2 x 100,5 cmColeção Museum of Modern Art, MoMA, New York, doação Mr. and Mrs. John Hay Whitney

Formou-se em direito em 1889, com o objetivo de trabalhar nos negócios da família, com compra e venda de grãos.

Começou a pintar enquanto se recuperava de uma apendicite e descobriu a sua vocação.

Em 1891 vai para Paris, matricula-se na Académie Julian, onde tem aulas com o famoso pintor acadêmico William-Adolphe Bouguereau (La Rochelle, França, 1825 - 1905).

Presta exame para a Academia de Belas Artes em 1892, mas não é aceito. Só conseguirá ser admitido na escola em 1895, depois de frequentar o ateliê de Gustave Moreau (Paris, França, 1826 - 1898).

Até 1900 frequenta o Museu do Louvre em Paris com o objetivo de estudar os grandes mestres, seguindo o conselho de Moreau.

Casa-se com Amélie Parayre em 1898.

Durante seus anos de formação se aproxima de alguns dos pintores impressionistas e neoimpressionistas como Camille Pissarro (Charlotte Amalie, Índias Orientais dinamarquesas, reino da Dinamarca, atual Ilhas Virgens norte-americanas, EUA, 1830 - Paris, França, 1903) e Pierre Auguste Renoir (Limoges, França, 1841 - Cagnes-sur-Mer, França, 1919).

Faz viagens à costa da França onde pinta ao ar livre.

Visita a Inglaterra para ver as pinturas de William Turner (Londres, Inglaterra, 1775 - 1851) recomendadas por Pissarro.

Em 1901 conhece os pintores André Derain (Chatou, França, 1880 - Garches, França, 1954) e Maurice Vlaminck (Paris, França, 1876 - Rueil-la-Gadelière, França, 1958).

Juntos os três formaram o grupo dos fauvistas, a primeira vanguarda do século XX. Promovem três exposições entre 1904 e 1908.

Durante os anos de 1900 e 1906 Matisse trabalhou a pintura de paisagem diretamente da observação, passando os verões em Saint-Tropez junto com o pintor Paul Signac (Paris, França, 1863 - 1965).

No inverno, de volta a Paris, trabalha em pinturas de grande formato, cenas imaginativas como sonhos, ainda que baseadas em alguns dos estudos de paisagem.

O que diferencia seu trabalho do de muitos de seus colegas é o interesse pela figura humana.

Chega a frequentar o ateliê de Antoine Bourdelle (Montauban, França, 1861 - Le Vésinet, França, 1929) e pedir conselhos a Auguste Rodin (Paris, França, 1840 - Meudon, França, 1917) sobre o assunto.

Seu primeiro sucesso comercial veio com sua segunda exposição individual na Galerie Druet em 1906, o que lhe permitiu viajar pela Europa e pela Argélia.

FERNANDA EVASão Paulo, Brasil, 1966

Mimetismo, 2005

PinturaAcrílica s/ tela150 x 300 cmColeção da artista

Vive e trabalha em São Paulo. É pintora, atriz e apresentadora.

Cursou fotografia no Senac em 1989, teatro no Teatro Escola Macunaíma entre 1983 e 1986.

Graduou-se em Comunicação Social pela Faculdade Anhembi Morumbi em 1993.

Estudou Artes Plásticas no Liceu de Artes e Ofícios entre 1995 e 1999.

É mestre em poéticas visuais pela ECA – USP.

Estudou pintura com os artistas Paulo Withaker (São Paulo, Brasil, 1958), Paulo Pasta (Ariranha, Brasil, 1959), Geraldo de Souza Dias (São Paulo, Brasil, 1954) e Marco Giannotti (São Paulo, Brasil, 1966).

Fez exposição individual no anexo do Museu de Arte Contemporânea da USP, como parte da defesa de sua dissertação de mestrado, Paraíso: Uma descoberta interna em 2011.

Participa de exposições coletivas desde a década de 1990, entre elas estão: Play games, Casa da Xiclet, São Paulo (2006); Diga não às Doras, Casa da Xiclet, São Paulo (2007); Panaceia, Parque Lage, Rio de Janeiro (2007); 15º Salão de Arte da Bahia, Salvador; Programa de Exposições do Centro Cultural São Paulo (2009).

Ela representa a natureza de forma realista, derivada de um treino quase acadêmico de pintura. Mas é possível perceber uma certa ironia, relacionada à arte pop, o que também é revelado pela sua palheta de cores fortes, vibrantes e contrastantes.

Constrói em pinturas de grande formato cenas de paraísos tropicais, sensuais, onde tudo é harmonia. Animais convivem com os homens em um ambiente sem atrito, como um lugar que foi sonhado.

Em suas paisagens há também a influência dos pintores viajantes na representação que os colonizadores fizeram do Novo Mundo entre os séculos XVI e XIX, que também figuravam entre o real e o fantástico.

As figuras humanas que convivem em suas telas são geralmente os amigos da artista ou ela. E as paisagens são suas observações da natureza brasileira, principalmente da Mata Atlântica.

Em suas pinturas há muitas coisas acontecendo.

Na exposição no Museu de Arte Contemporânea da USP, Paraíso: uma descoberta interna (2011), mostrou duas séries de trabalhos Animais da arte e Paraísos, desenvolvidas entre 2009 e 2011.

Sobre estes trabalhos a artista comenta: “Eu busco um paraíso que precisa existir na realidade interna do próprio homem”.

A paisagem representada por ela é uma projeção de um espaço mental interno, de desejos subconscientes.

Para saber mais: xwww.fernandaeva.com xwww.mac.usp.br/mac/conteudo/exp/cap/44.asp

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EMILIANO DI CAVALCANTI Rio de Janeiro, Brasil, 1897 - 1976

Peixe na praia, 1933

PinturaÓleo s/ madeira39 x 46 cmColeção Museu de Arte Moderna de São Paulo, doação Carlo Tamagni

Quando jovem tem dois interesses: a caricatura e o estudo do Direito.

Em 1914 começa a colaborar para a revista Fon-Fon, com caricaturas e ilustrações.

Em 1916 entra para a Faculdade de Direito do Rio de Janeiro.

No ano seguinte troca a capital por São Paulo, matriculando-se na Faculdade de Direito do Largo São Francisco, sem nunca concluir o curso.

Em 1918 estuda pintura com Georg Pons (Berlim, Alemanha, 1865 - São Paulo, SP, Brasil, 1939) no Rio de Janeiro.

Entre o final da década de 1910 e o início da de 1920 participa do círculo de amigos responsáveis pela Semana de Arte Moderna de 1922, os artistas e intelectuais Oswald

de Andrade (São Paulo, Brasil, 1890 - 1954), Mário de Andrade (São Paulo, Brasil, 1893 - 1945) e Guilherme de Almeida (Campinas, Brasil, 1890 - São Paulo, Brasil, 1969).

Apresenta na Semana de Arte a série de desenhos Fantoches da meia-noite (1921).

Entre 1922 e 1925, viaja pela Europa como correspondente do jornal Correio da Manhã, residindo em Paris a maior parte do tempo.

Familiariza-se com a produção moderna e conhece pessoalmente artistas de vanguarda como Pablo Picasso (Málaga, Espanha, 1881 - Mougins, França, 1973), Fernand Léger (Argentan, França, 1881 - Gif-sur-Yvette, França, 1955) e Henri Matisse (Le Cateau-Cambrésis, França, 1869 - Nice, França, 1954).

Volta ao Brasil antes de a década acabar, filia-se ao Partido Comunista em 1928.

Em 1932 funda o Clube dos Artistas Modernos (CAM) com Flávio de Carvalho (Barra Mansa, São Paulo, Brasil, 1899 - Valinhos, São Paulo, Brasil, 1973) e outros.

Só a partir de meados da década de 1930 dedica-se completamente à carreira de pintor.

Participou de diversas exposições das quais podemos ressaltar: Salão Revolucionário, Enba, Rio de Janeiro, Brasil; 2ª Exposição de Arte Moderna da SPAM, no Palacete Campinas, São Paulo, Brasil (1933); 2º Salão de Maio, no Esplanada Hotel de São Paulo, São Paulo, Brasil (1938); 3º Salão de Maio, na Galeria Itá, São Paulo, Brasil (1939); 25ª Bienal de Veneza, Veneza, Itália (1950); 1ª Bienal Internacional de São Paulo, no Pavilhão do Trianon, São Paulo, Brasil, (1951); 2ª Bienal Internacional de São Paulo, no Pavilhão dos Estados - prêmio melhor pintor nacional, São Paulo, Brasil (1953); 28ª Bienal de Veneza, Veneza, Itália (1956); 2ª Bienal Interamericana do México, no Palácio de Belas Artes – medalha de ouro, Cidade do México, México (1960); 7ª Bienal Internacional de São Paulo, na Fundação Bienal, São Paulo, Brasil (1963); Meio Século de Arte Nova, no MAC/USP, São

Nos anos seguintes se torna muito amigo da escritora Gertrude Stein (Allegheny, EUA, 1874 - Neuilly-sur-Seine, França, 1946), que não só lhe apresenta a vários colecionadores americanos, mas também é responsável por apresentar-lhe ao pintor Pablo Picasso (Málaga, Espanha, 1881 - Mougins, França, 1973), com quem irá manter um diálogo rico através de sua produção, competindo para saber quem seria o “melhor pintor moderno”.

A estabilidade financeira viria em 1909, quando firma contrato com a Galeries Bernheim-Jeune.

Na década de 1910 seu interesse pela arte africana e islâmica irá se aprofundar. Viaja para o norte da África e coleciona artefatos tribais.

Picasso também estava olhando para as mesmas referências, no entanto a maneira de lidar com elas se mostra muito diferente.

As pinturas de Matisse são maiores em tamanho, quase monumentais, com temas mais exóticos e colorido forte. Trabalha com as curvas e os arabescos, enquanto as pinturas dos cubistas usam uma palheta cinza ou terra, com composições angulosas e formatos menores.

Quanto aos temas, Matisse trabalha muito com o retrato, mas também com a figura humana feminina, que, com exceção de algumas obras de Picasso, foi esquecida pelos cubistas.

Nas décadas seguintes a sua obra continua a utilizar o método do desenho de observação e da pintura ao ar livre, mas suas telas deixam de ser em escala monumental para se tornarem mais próximas do universo doméstico.

Em 1920 desenha o figurino e os cenários para uma produção do balê Le chant du rossignol (O canto do rouxinol), de Igor Stravinsky (Oranienbaum, Rússia, 1882 - Nova York, 1971) em Paris.

Em 1929 o pintor se dedicou à execução de uma série de gravuras em metal e litografias, cerca de 200, que explicitam muito bem seus maiores interesses na descrição da luz pela linha em arabesco.

Em 1931 o Museu de Arte de Nova York lhe dedica uma exposição retrospectiva.

Em 1941 sofre uma cirurgia para a retirada de um tumor que o deixa com a saúde debilitada, precisando de cuidados de uma enfermeira quase em tempo integral. Locomove-se em uma cadeira de rodas.

Entre 1942 e 1947 trabalha na série de recortes Jazz

Durante a Segunda Guerra Mundial refugia-se em Vence.

No final da década de 1940 e início da de 1950 desenha os vitrais para a Capela do Rosário, em Vence.

Em 1952 é inaugurado o Musée Matisse na sua cidade natal, Ceteau-Cambrésis.

Para Matisse, a arte é uma realidade criada no encontro entre o homem e o mundo.

Os nus, as paisagens líricas, os arabescos em suas obras são sem dúvida decorativos, porque são produto da crença de que a arte deve expressar a alegria e o contentamento.

O pintor viveu duas guerras, teve sua filha, membro da resistência francesa presa e torturada pelos nazistas. Ainda assim não vemos em sua obra nenhuma expressão de dor.

A expressão que busca resiste à história, busca a essencialidade da alegria espiritual de estar vivo.

Veja vídeos sobre algumas pinturas: xwww.metmuseum.org/exhibitions/listings/2012/matisse/

media

Conheça outras obras de arte: xwww.metmuseum.org/exhibitions/listings/2012/matisse/

images xwww.thejewishmuseum.org/site/pages/uploaded_media/

cone/matisse/index.html xwww.moma.org/collection/object.php?object_id=28467

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MUSEU ITINERANTE • ARTE/ÁGUA: essenciais para a vidaMUSEU ITINERANTE • ARTE/ÁGUA: essenciais para a vida

ARGAN, Giulio Carlo. Arte moderna. São Paulo: Companhia das Letras. 1992.

BONDÍA, Jorge Larrosa. 2001. Notas sobre a experiência e o saber de experiência. Conferência no I Seminário Internacional de Educacão de Campinas, Leituras SME, FREIRE, Paulo. 1996. Pedagogia da autonomia: Saberes necessários à prática educativa. São Paulo: Editora Paz e Terra.Disponível em: www.letras.ufmg.br/espanhol/pdf/pedagogia_da_autonomia_-_paulofreire.pdf

FUMEC, São Paulo, HANS, Ernst. A história da arte. Rio de Janeiro: Editora LTC, 2008.

GOMBRICH, Ernst H. A história da arte. Rio de Janeiro: LTC, 1999.

HERNANDEZ, Fernando. Catadores da cultura visual. Proposta para uma nova narrativa educacional. Porto Alegre: Editora Mediação, 2007.

. Cultura visual, mudança educativa e projeto de trabalho. São Paulo: Ed. Artmed, 1988.

. Transgressão e mudança na educação e projeto de trabalho. São Paulo: Ed. Artmed, 1998.

KANTON, Kátia. Retrato da arte moderna: Uma história no Brasil e no mundo ocidental. São Paulo: Editora Martins Fontes, 2002.

MONDZAIN, Maria José. O que você vê? Uma conversa filosófica. São Paulo: Autêntica, 2012.

www.anped.org.br/rbe/rbedigital/rbde19/rbde19_04_jorge_larrosa_bondia.pdf

ZANINI, Walter (org.). História geral da arte no Brasil. São Paulo: Instituto Moreira Salles, 1983.

SITES DE MUSEUS E INSTITUIÇÕESCULTURAIS BRASILEIROS

Centro Cultural Banco do Brasil xwww.bb.com.br/portalbb/home21,128,128,0,1,1,1.bb

Centro Cultural São Paulo xwww.centrocultural.sp.gov.br

Fundação Bienal São Paulo xwww.bienal.org.br

Inhotim – Instituto de Arte Contemporânea e Jardim Botânico

xwww.inhotim.org.br

Itaú Cultural xwww.itaucultural.org.br

Muhpan – Museu de História do Pantanal xwww.muhpan.org.br

Museu Afro Brasil xwww.museuafrobrasil.org.br

Museu da Língua Portuguesa xwww.museulinguaportuguesa.org.br

Memorial da América Latina xwww.memorial.org.br

Museu de Arqueologia e Etnologia da USP xwww.mae.usp.br

Museu de Arte Contemporânea (MAC) xwww.mac.usp.br

DICAS DE LEITURA

Paulo, Brasil (1966); 11ª Bienal Internacional de São Paulo, na Fundação Bienal, São Paulo, Brasil (1971); Tempo dos Modernistas, no Masp, São Paulo, Brasil (1975); SPAM e CAM, no Museu Lasar Segall, São Paulo, Brasil (1975).

Di Cavalcanti faz parte do primeiro movimento modernista brasileiro que se caracterizou por uma dupla vontade: a de fazer uma arte profundamente brasileira e de renovar a linguagem das artes.

Assim os artistas buscavam estudar e entender o que acontecia fora, principalmente nas vanguardas artísticas, para poder apreender e constituir um novo vocabulário estético para descrever aquilo que era particular à identidade brasileira.

Enquanto as vanguardas europeias se aproximavam da abstração e do surrealismo, por exemplo, os artistas modernos, como Di Cavalcanti, se preocupavam em constituir a arte brasileira, no que ela tinha de particular.

Desse modo, há uma concentração de atenção em aspectos reveladores da identidade cultural do país, a miscigenação, o Carnaval, os morros cariocas, o sertão nordestino, a riqueza natural.

Os motivos cariocas, o samba do morro, a favela, a mulata farão parte do repertório do artista.

Estes temas são na maior parte das vezes tratados de maneira a exaltá-los, encobrindo qualquer conflito político-social.

A favela é alegre, a mulata, acolhedora, o samba anima a cidade cartão-postal.

A cor sem dúvida é uma característica original em sua obra e o que o diferencia de seus contemporâneos.

Para saber mais: xwww.dicavalcanti.com.br

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MUSEU ITINERANTE - CADERNO DO PROFESSOR MONSANTO - CAPA - VERSO DOBRA

CRÉDITOS pictogramas:

Barco designed by Naomi Atkinson from The Noun Project

Âncora designed by Alessandro Suraci from The Noun Project

Person designed by Daniel Behrends from The Noun Project

Chuva designed by Megan Sheehan from The Noun Project

Reporter designed by Blake Kimmel from The Noun Project

Jornal designed by John Caserta from The Noun Project

Chat designed by Luiz Henrique Bello Cera from The Noun Project

Disponíveis em: www.thenoumproject.com

Museu de Arte Moderna Aloísio Magalhães – Recife xwww.mamam.art.br

Museu de Arte Moderna da Bahia – Salvador xwww.mam.ba.gov.br

Museu de Arte Moderna de São Paulo (MAM) xwww.mam.org.br

Museu de Arte de São Paulo (Masp) xwww.masp.art.br

Museu de Arte Sacra de São Paulo xwww.museuartesacra.org.br

Museu de Arte do Rio Grande do Sul – Porto Alegre xwww.margs.rs.gov.br

Museu do Ipiranga xwww.mp.usp.br

Museu Histórico e Artístico do Maranhão – São Luís xwww.cultura.ma.gov.br/portal/mham/index.

php?page=martesvisuais

Museu Histórico de Mato Grosso – Cuiabá xwww.cultura.mt.gov.br/TNX/index.php?sid=24

Museu Lasar Segall xwww.museusegall.org.br

Museu Oscar Niemeyer xwww.museuoscarniemeyer.org.br

Pinacoteca do Estado de São Paulo xwww.pinacoteca.org.br/pinacoteca-pt

FICHATÉCNICA

CURADORIA: Vera Barros

DIREÇÃO GERAL: Soraya Galgane e Fernanda Del Guerra

PRODUÇÃO EXECUTIVA: Diogo Assumpção

ASSISTENTE DE PRODUÇÃO: Débora Botelho Brandão

PROJETO PEDAGÓGICO: Vera Barros

PESQUISA: Andréa Tavares e Marina Falsetti Silveira

CENOGRAFIA: Arquiprom

DIREÇÃO DE ARTE E IDENTIDADE VISUAL: Néktar Design

PATROCÍNIO: Monsanto

EQUIPE MONSANTO: Sustentabilidade e Responsabilidade Corporativa

REALIZAÇÃO: Elo3 Integração Empresarial

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essenciais para a vida

CADERNO EDUCATIVO DO PROFESSOR

PATROCÍNIO REALIZAÇÃO

MUSEU ITINERANTE - CADERNO DO PROFESSOR MONSANTO - CAPA - FRENTE DOBRA