Caderno Especial da Indústria Naval e Portuária

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Caderno especial dedicado a Indústria Naval e Portuária no Estado da Bahia, veiculado pelo Jornal A Tarde. A Secretaria da Indústria Naval e Portuária da Bahia, participa em diversos momentos com entrevistas. Confira em textos e entrevista como esse mercado ainda tem muito o que crescer.

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Edição Aleile Moura - [email protected] > Projeto gráfico e diagramação Agência Ops! - Adriano Neri > Textos Bruna Rocha, Claudia Lessa e Livia Montenegro > Revisão Gabriela Ponce

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Um passado próximo de ser esquecido e um futuro que não sai da cabeça. Indústria Naval e Portuária: o que elas significam para um Estado como a Bahia? Qualquer tentativa de resposta deve recorrer à história dessas grandes atividades no país e no Estado, o que elas foram, o que elas são e o que elas serão daqui a um tempo. No início da década de 70, o Brasil chegou a vislumbrar a possibilidade de transformar-se em uma potência naval, sobretudo com a ascensão da indústria Verolme, no Rio de Janeiro, que empolgou o mercado brasileiro e internacional gerando boas expectativas para o setor. Os anos 80 e 90 não trouxeram bons ventos ao mar dos países “em desenvolvimento” e a turbulência das ondas e mais ondas de crise escanteou novamente o Brasil no jogo da competitividade global. O desaquecimento da economia desencadeou a quebra de muitos estaleiros e o processo decaiu, levando o país de volta ao lugar da inexpressividade internacional no setor naval. A centralização dos investimentos na atividade portuária do Sudeste também representou, por muito tempo, um entrave para a indústria brasileira: tanto criou problemas logísticos às regiões sobrecarregadas quanto reproduziu a subalternidade das outras regiões, a exemplo do Nordeste.

Os anos 2000 trouxeram novos rumos ao Brasil e à Bahia. Desde então, iniciativas e programas do Ministério dos Transportes vêm fortalecendo e estimulando o crescimento do setor. Em 2009, o Governo da Bahia criou a Secretaria Extraordinária da Indústria Naval e Portuária (SEINP), cuja função, consonante com a Secretaria dos Portos do Governo Federal, é articular e fomentar ações em torno

das atividades que alimentam estes setores. A administração dos portos, sua logística e seu funcionamento cotidiano, por outro lado, são de responsabilidade da Companhia das Docas do Estado da Bahia (CODEBA).

Atualmente, três portos funcionam em todo o Estado: Salvador, Aratu e Ilhéus.

O Porto de Salvador possui uma extensão de 2.092 metros e uma área superior a 117.000 m², oito berços de atracação e tem um movimento médio de 60 embarcações por mês. Grande parte da atividade portuária em Salvador gira em torno da transportação de cargas diversas através de contêineres (caixa de aço, alumínio ou fibra, criados para o transporte de mercadorias e resistentes ao uso constante), além das embarcações turísticas. Em 2012, atracaram 694 navios de carga no Porto de Salvador, além de 114 cruzeiros, nos quais foram transportadas quase 273 mil pessoas de todos os lugares do mundo. O pico de movimentação foi observado entre os meses de janeiro e fevereiro, segundo tabela disponibilizada no site da CODEBA.

Está em curso, com mais de 80% da obra concluída, a construção de um novo terminal marítimo turístico, que irá concentrar os mais variados serviços de utilidade e lazer, além de contemplar uma extensa esplanada (uma praça ao ar livre) com visão para a Baía de Todos-os- Santos. O projeto pretende dobrar a movimentação de turistas pela via marítima a partir da nova estrutura mais confortável e atrativa.

O Porto de Aratu, localizado próximo à entrada do Canal de Cotegipe, é responsável por cerca de 60% da

receita da CODEBA. O complexo opera através de três terminais: Terminal de Produtos Gasosos (TPG), com berço de 189 metros, Terminal de Granéis Líquidos (TGL), com dois berços que perfazem 340 metros, e o Terminal de Granéis Sólidos (TGS), que possui três berços, em uma extensão de 366 metros. No ano passado, 613 navios passaram por lá, com o pico de movimentação no mês de julho, quando 60 navios estiveram atracados em Cotegipe.

O ponto forte do Porto de Aratu é o transporte de produtos químicos, inclusive existe uma dutovia (canal específico para o transporte de gasodutos) que liga o terminal ao Polo Industrial de Camaçari. Em Ilhéus, a atividade portuária é menos expressiva, por conta da estrutura do terminal. O mesmo levantamento da CODEBA mostra que, em 2012, 88 navios passaram por lá, movimentando, aproximadamente, 473 mil toneladas de cargas.

Os três portos baianos têm sua administração dividida entre o Estado e empresas privadas que operam através de concessões públicas. Em Salvador, por exemplo, a partir de uma licitação vencida em 2000, a transnacional Tecon adquiriu a concessão para gerir, por 25 anos, uma parcela do terminal, seus lucros e recursos. Nenhum dos três portos funciona com a capacidade ideal para a demanda do Estado da Bahia. Um dos principais obstáculos ao aperfeiçoamento dos terminais é a falta de viabilidade terrestre para o escoamento das mercadorias. Isto justifica a importância, por exemplo, da Via Expressa, da construção da Ponte Salvador-Itaparica e da requalificação da Ferrovia Centro-Atlântica (FCA), que liga o Porto de Aratu a Juazeiro, no Norte baiano.

IndúsTRIa naval E PoRTuáRIa: uma PRoPosTa dE fuTuRo

BAhIA SE DESTACA NO CENáRIO NACIONAL DA INDúSTRIA NAVAL Um dos setores com melhores perspectivas para os próximos anos é o da indústria naval e portuária. Em todo o país, até 2020, a previsão é que o setor deve movimentar 180 bilhões de dólares. Os investimentos vão desde a criação de cerca de 50 novas plataformas, 130 navios petroleiros e 500 embarcações de apoio para a importação e a exportação de cargas. Desde 2003, a indústria naval vem se recuperando e, hoje, se destaca como um dos setores mais promissores para a economia brasileira.

Nesse cenário, a Bahia se figura como um dos complexos navais e portuários mais importantes do país. No momento, duas obras de grande porte estão em andamento: a implantação do Estaleiro Enseada do Paraguaçu (EEP) e o Complexo Logístico Intermodal Porto Sul, integrado à Ferrovia de Integração-Oeste Leste (FIOL), bem como a revitalização do Rio São Francisco.

Tais obras são fundamentais para o ressurgimento da indústria naval/offshore na Bahia e vão gerar melhores condições para a estrutura e logística no Estado. “Os investimentos resultam em nossa preparação para as nossas possibilidades de crescimento no volume de cargas, pois, ao falarmos de portos, necessariamente, devemos relacioná-los aos modais de transportes existentes com crescente potencial de utilização”, ressalta Carlos Costa, secretário da Indústria Naval e Portuária do Estado da Bahia.

Segundo o capitão-de-mar-e-guerra André Novis Montenegro, capitão dos Portos da Bahia, o Estado dispõe de condições favoráveis à dinamização do setor devido à disponibilidade de áreas costeiras com condições físicas adequadas para a atividade. Ele acrescenta que “somente nos últimos cinco anos, 9.907 navios foram despachados em portos da Baía de Todos-os-Santos (BTS). Nesse mesmo período, 81 obras foram autorizadas, com destaque para a construção, ampliação e dragagem de estaleiros e portos, entre eles a EEP e o Porto Sul”, pontua.

Somente na construção do Estaleiro Enseada do Paraguaçu, localizado na Baía do Iguape, no município de Maragojipe, o investimento chega a R$ 2,3 bilhões em uma obra que redesenha a geografia do Recôncavo Baiano. Na fase de construção, 3 mil empregos diretos surgiram na região e quando a obra for finalizada, esse número irá gerar cerca de 5 mil empregos permanentes. Com isso, o Estado será beneficiado com a geração de emprego e renda.

Montenegro salienta razões como a ampla disponibilidade de matérias-primas, condições climáticas favoráveis ao desenvolvimento de atividades voltadas ao lazer e ao turismo náutico, a profundidade adequada da BTS, resistente ao assoreamento e ideal para a operação de navios de grande porte, como favoráveis para a expansão do setor na Bahia. A competitividade aliada a outras condições favoráveis podem fazer da Bahia um dos grandes destaques no setor. “Isso tudo acaba mudando substancialmente a estrutura logística em nosso Estado. Estamos prontos e perto dos maiores mercados internacionais, tanto no que diz respeito à importação quanto à exportação”, finaliza o secretário Carlos Costa. Para os próximos anos, já estão previstas novas obras de ampliação, entre elas um novo terminal de contêiner no Porto de Salvador, a ser licitado em 2014 e a operação iniciada em 2017.

NúMEROS

bilhões de reais em uma obra em Maragagipe.

mil empregos diretos na obra.

mil empregos permanentes no estaleiro.

ATUALMENTE, TRêS PORTOS

FUNCIONAM EM TODO O ESTADO:

SALVADOR, ARATU E O DE ILhéUS

ERIk SALLES/ AG. A TARDE

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Desde que identificou que as potencialidades da economia nacional eram inviabilizadas por um suporte portuário inadequado e obsoleto, o Estado brasileiro vem fazendo investimentos contínuos para a reversão deste quadro. A Secretaria Especial de Portos desenvolveu um estudo minucioso sobre os principais problemas na área portuária e, a partir desse levantamento, elaborou um “Plano Mestre” com uma série de projetos para resolver os principais entraves ao desenvolvimento do país.

Muito do que foi apontado nesse Plano Mestre tem se transformado em políticas públicas, as quais vêm sendo acompanhadas na Bahia pela Secretaria Extraordinária da Indústria Naval e Portuária (Seinp).Nos portos já existentes, requalificações estruturais estão ocorrendo gradualmente, conforme as demandas mais urgentes. No Porto de Salvador, algumas intervenções, tanto públicas quanto privadas, têm sido centrais para a melhoria da capacidade do terminal.

Um exemplo de investimento público foi a dragagem iniciada em 2010, através da qual foi possível aumentar em 15 metros a profundidade nos berços de contêineres, o que possibilitará que navios de maior porte atraquem no terminal. Outra novidade na logística do Porto de Salvador foi a obtenção de portêineres e transtêineres – ambos equipamentos de alta tecnologia, equivalentes a guindastes gigantes utilizados no transporte de contêineres das embarcações para o porto e dentro do terminal também. Além de otimizar o tempo e oferecer mais segurança à carga e descarga dos contêineres, os portêineres e transtêineres funcionam em um

A TARDE- Quais são as principais atribuições da Seinp?Carlos Costa- Atuar, fomentar, articular, dinamizar e viabilizar as ações referentes ao desenvolvimento dos segmentos naval, portuário e náutico, assumindo a coordenação desses processos junto aos órgãos governamentais, instituições não governamentais e o segmento empresarial.

AT- Embora seja uma Secretaria nova, a Seinp já ocupa um lugar estratégico para a organização das ações governamentais na Bahia. Quais são os principais projetos sendo desenvolvidos no momento?CC- Poderíamos responder isso a partir de alguns eixos centrais. Dentre eles, a articulação e a promoção da infraestrutura no entorno do Estaleiro do Paraguaçu, fomentando o desenvolvimento socioeconômico dos 16 municípios, a implantação da infraestrutura para o Complexo Logístico Intermodal Porto Sul, o acompanhamento da requalificação do Porto de Juazeiro, além de observar, junto ao Banco Mundial, o projeto de operacionalização do Rio São Francisco, com o estudo de aproveitamento da foz dos rios no Extremo Sul para portos de serviços.

AT- Qual é sua avaliação geral sobre o cenário contemporâneo da Indústria Naval e Portuária no Estado da Bahia?CC- O Governo do Estado possui uma visão alinhada de que a localização geográfica da Bahia, no cenário da América do Sul, é perfeita para que tenhamos não só uma indústria portuária forte e eficiente, em função

das pequenas distâncias por força da localização, mas principalmente atributos que nos deixam próximos aos portos da Europa, da América do Norte e do Canal do Panamá (que se distancia, aproximadamente, 3.000 milhas náuticas do nosso país), este último, com a sua expansão, nos deixou mais próximos do mercado asiático. Por essas razões é que entendemos que o Estado da Bahia, hoje, detém, dentro da Costa brasileira, a melhor localização. Investimentos estão sendo estudados e outros executados para que possamos ter uma grande estrutura de transporte intermodal hidro-ferro-rodoviário, fazendo com que toda a produção baiana tenha produtividade e competitividade; esperamos ter um Porto hub (aquele que recebe todas as cargas e depois faz a cabotagem). No tocante à Indústria Naval, mais uma vez faremos referência à situação geográfica, que tem nos colocado em uma posição privilegiada, pois, não apenas crescemos e revitalizamos a Indústria Naval, como também a Indústria de Reparos Navais, outro mercado em franco desenvolvimento que, em virtude do grande crescimento do apoio marítimo ao Pré-Sal, se fará essencial a partir de 2014 e até 2023. Esse, diria eu, é um mercado em pleno desenvolvimento e no qual o Estado da Bahia espera atuar com muita força.

AT- Quais são as principais demandas e o que mais movimenta a atividade no Estado?CC- O Estaleiro da Enseada do Paraguaçu chegou para mudar o cenário de uma região, que, atualmente, tem uma economia modesta com uma

cultura de subsistência para mobilizar uma população em torno de novas possibilidades e oportunidades, capazes de transformar todo o seu entorno, composto por 16 municípios. Esperamos que, após as encomendas direcionadas pela Petrobras, dada a alta tecnologia desenvolvida pelo EEP, nós possamos participar do tão competitivo mercado internacional.

AT- Quais foram as principais transformações que a nova Lei dos Portos trouxe às atividades naval e portuária no Estado da Bahia?CC- A MP dos Portos, hoje Lei nº 12.815, não trata nenhum Estado brasileiro de forma diferenciada. Todos nós participaremos do mercado em iguais condições. O que acreditamos e entendemos é que o Governo do Estado vislumbrou a necessidade de se tornar um Estado Portuário e, portanto, vai usar toda a modernidade da Lei dos Portos vigente, para, com competência, criar e reestruturar novos ambientes portuários, capazes de atender às crescentes demandas do nosso mundo empresarial produtivo.

AT- Como esses investimentos na área portuária interferem em outros setores da economia baiana? Quais são os setores mais afetados?CC: A indústria portuária movimenta, anualmente, milhões de toneladas, e a cada tonelada movimentada é gerada uma receita de US$ 100 dólares. Isso quer dizer que o resultado é bastante participativo. O que esperamos é que, nos primeiros 3 anos, possamos movimentar cerca de 30 milhões de toneladas.

EsTudo TRaz Planos PaRa REsolvER os EnTRavEs ao dEsEnvolvImEnTo do PaísAtividade portuária: investimentos buscam impulsionar a economia

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Criada em 2009 para atender à nova dinâmica portuária que a economia brasileira tomou nos últimos dez anos, a Secretaria Extraordinária da Indústria Naval e Portuária (Seinp), vinculada ao Governo do Estado, é um órgão de articulação e fomento nas ações relacionadas a essa área específica. Desde então, a Seinp vem desenvolvendo – junto à Companhia de Docas do Estado da Bahia (CODEBA), à Secretaria Especial de Portos do Governo Federal e à Agência Nacional de Transportes Aquaviários (ANTAQ) – projetos para expandir e aperfeiçoar a atividade portuária e naval da Bahia. O secretário Carlos Augusto Costa acompanha, desde muito cedo, as disputas em torno do desenvolvimento portuário do Brasil. Enquanto dirigente da pasta estratégica, Carlos vem travando articulações com outros setores para buscar soluções viáveis para a situação Naval e Portuária do Estado. Confira a entrevista dele concedida à repórter Bruna Rocha.

sistema informatizado, onde a segurança dos dados de cada carga também é garantida de forma mais precisa.

Os portos de Ilhéus e Aratu também passaram pelo processo de dragagem, em menor proporção, e vêm sofrendo reparações graduais nestes últimos anos. As duas grandes expectativas da Bahia no setor portuário e naval são as construções do complexo intermodal do Porto Sul e do Estaleiro do Paraguaçu, onde serão construídos os primeiros navios baianos da história. O Porto Sul será construído em Aritiguá, na região de Ilhéus, e vai possibilitar o escoamento de toda a produção do Sul e Baixo Sul do Estado, a qual – hoje – é exportada, em grande

parte, através de portos de outros Estados.

Outra nova perspectiva para a Bahia é a reativação do Porto Fluvial de Juazeiro, onde poderão atracar embarcações de pequeno e médio porte. As obras de revitalização do porto já foram concluídas e a autorização de funcionamento deverá sair após as vistorias técnicas dos órgãos federais responsáveis por conceder o alvará. Dentre os projetos da Seinp, a ideia é aumentar a capacidade e a velocidade dessa ferrovia para acelerar a efervescência industrial no Polo de Juazeiro.

“A Seinp tem uma relação muito próxima com a Secretaria Especial de Portos, além disso, aqui no

Estado, procuramos dialogar com as outras Secretarias em busca de soluções para o desenvolvimento da indústria naval e portuária”, afirmou a subsecretária Fátima Barbosa, responsável pela Seinp.

A indústria naval e portuária e a indústria petroleira estão profundamente articuladas nos projetos de desenvolvimento do país, como demonstra o próprio Programa de Aceleração do Crescimento (PAC). Muito do que se tem investido em estaleiros é para a construção de plataformas de extração de petróleo que, por sua vez, necessita dos portos para ser exportado e transportado em território nacional. A mobilidade terrestre também é fundamental para um funcionamento mais

ágil da logística portuária, pois interfere diretamente na retenção de mercadorias, no congestionamento de cargas.

A recuperação de estradas, a criação de novos trechos e acessos e a revitalização do sistema ferroviário são ações que priorizam a movimentação de commodities no território brasileiro, que vão desaguar nos portos para a exportação. A atividade portuária exige uma grande demanda estrutural e socioeconômica das localidades onde a mesma funciona.

Pesquisadores na área e integrantes do corpo docente da Escola Politécnica da Universidade Federal da Bahia, os professores Ademar Nogueira e henrique Caribé acreditam que é preciso gerar mão de obra qualificada suficiente para esse boom que o Brasil está prestes a viver na indústria naval e portuária.

Preocupados com isto, eles desenvolveram um Curso de Especialização MBA em Indústria Naval, cuja primeira turma se formou em 2011 e a turma subsequente vai se formar no final deste ano. O diálogo entre a pesquisa acadêmica de ambos, sobretudo a do professor Ademar Nogueira, levou-os a pensar uma graduação em Engenharia Naval, cujo projeto já foi aprovado pela Congregação da Politécnica e está sendo apreciado, no momento, pela Reitoria da UFBA. Caso seja aprovado no prazo esperado, em 2015, a instituição já contará com essa nova opção de curso.“A maior parte dos formandos na turma de 2011 já foi absorvida pela indústria nacional e internacional. Esta nova turma já tem perspectivas de trabalho no Estaleiro do Paraguaçu”, garantiu o professor Ademar.

“AQUI NO ESTADO,

PROCURAMOS DIALOGAR COM

AS OUTRAS SECRETARIAS EM BUSCA DE

SOLUçõES PARA O DESENVOLVI-

MENTO DA INDúSTRIA

NAVAL E PORTUáRIA”

FáTIMA BARBOSA,

SUBSECRETáRIA RESPONSáVEL

PELA SEINP

DIVULGAçãO

MANU DIAS/ SECOM

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Como maneira de melhorar o escoamento da produção agrícola e industrial da Bahia, importantes investimentos estão sendo realizados para gerar soluções e ampliar as vantagens competitivas do Estado. A Bahia sedia um novo conceito de complexo portuário, que se tornou o mais importante porto de escoamento de grãos, entre eles o trigo e a soja.

Apenas em 2012, mais de R$ 3 milhões de toneladas foram movimentadas no C. Port, porto particular localizado na Baía de Todos-os-Santos, resultante da parceria do Grupo TPC e do Grupo Dias Branco. Sérgio Faria, vice-presidente do Grupo TPC, esclarece que “o terminal representou um novo horizonte para a exportação de soja em grãos e farelo de soja, possibilitando a ampliação do número de players na região e sustentando o crescimento e a expansão da produção. Além da soja, o Terminal Portuário Cotegipe exporta milho e importa trigo e malte”.

O local se destaca por suas favoráveis condições de abrigo natural e águas profundas, além da localização estratégica, maior flexibilidade comercial, redução dos custos de logística e operação portuária, o que o torna vantajoso para importar e exportar produtos na Região Oeste da Bahia.

Nacionalmente reconhecida como a maior fornecedora de grãos do Nordeste, a região tem sido uma das beneficiadas com a agilidade no escoamento de produção.

Júlio Cézar Busato, presidente da Associação dos Irrigantes da Bahia (Aiba), conta que esse tipo de investimento é imprescindível para o ganho de competitividade da produção agropecuária do Estado. “Precisamos, urgentemente, melhorar nossa logística, além

de melhorar as estradas vicinais e sistemas de armazenamento para que possamos continuar crescendo”.

Segundo Sérgio Faria, no início, o terminal operava com dois tombadores rodoviários e hoje opera com sete, o que significa que a capacidade de escoamento de produção foi ampliada significativamente. “Além disso, também foram executadas obras de dragagem para permitir a operação de navios de maior porte”, finaliza.

FIOL- Como importante caminho para reduzir os gastos com logística, a Ferrovia de Integração Oeste Leste (FIOL), ligará a cidade de Figueirópolis (Tocantins) ao Porto Sul, em Ilhéus, passando por 49 municípios baianos. A obra do Porto Sul envolve um porto público, um terminal de uso privativo e uma zona de apoio logístico. O Porto Sul será a última parada da FIOL e deve movimentar cerca de 80 milhões de toneladas, através de importação e importação de produtos dos mais

variados, entre eles, a soja.

A nova linha férrea poderá, futuramente, ser interligada à rede que chegará ao Oceano Pacífico, promovendo uma maior integração da América do Sul. Ao todo, o projeto tem 1.526 km de extensão e envolve investimentos estimados em R$ 6 bilhões até 2014. Ela ainda abrirá uma nova alternativa de logística para portos no Norte do país atendidos pela Ferrovia Norte-Sul e pela Estrada de Ferro Carajás.

ESTAMOS CONSTRUINDOUM MAR DE OPORTUNIDADES

NO BRASIL

Nossa empresa já nasceu forte e está crescendo com foco na competitividade global, excelência operacional e responsabilidade socioambiental. Estamos criando um estaleiro de última geração na Bahia, onde serão construídas seis sondas de perfuração para o pré-sal. No Rio de Janeiro, já estamos convertendo o casco de quatro navios VLCC em FPSO. Nossas atividades vão gerar cerca de 20 mil empregos diretos e indiretos, movimentando uma extensa cadeia de fornecedores. O desafio está apenas começando. Navegue conosco. Embarque em www.eepsa.com.br

A Bahia sedia um novo conceito de complexo portuário

PoRTos PRIvados são oPção dE EsCoamEnTo dE PRodução no oEsTE da BahIa

“O TERMINAL REPRESENTOU

UM NOVO hORIzONTE PARA A ExPORTAçãO

DE SOJA EM GRãOS E FARELO

DE SOJA, POSSIBILITANDO

A AMPLIAçãO DO NúMERO

DE plAyers NA REGIãO”

APENAS EM 2012, MAIS DE R$ 3 MILhõES

DE TONELADAS FORAM

MOVIMENTADAS NO C. PORT

NILTON SOUzA/ DIVULGAçãO

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Um dos maiores investimentos privados realizados na Bahia e na indústria naval brasileira – orçado em R$ 2,6 bilhões -, o Estaleiro Enseada do Paraguaçu (EEP) está com 30% de suas obras construídas. O investimento que, em atividade (a partir de 2014), poderá processar 36 mil toneladas de aço, por ano, para a fabricação de diferentes tipos de navios de alta especialização, está sendo construído em uma área de 1,6 milhão de m², em Maragogipe, no Recôncavo Baiano. Além da construção do estaleiro no município baiano, - cujas obras começaram em 2012 -, o EEP terá a missão paralela de montar seis sofisticados navios-sonda, para a operação no Pré-Sal para a Petrobras.

O consórcio responsável pelo Estaleiro Enseada do Paraguaçu, composto pela Odebrecht, OAS e UTC Engenharia, conta, agora, com a parceria da kawasaki heavy Industries (khI) - empresa referência no setor de tecnologia de ponta japonesa. Com a khI, o investimento na transferência tecnológica para o desenvolvimento da indústria naval brasileira e na capacitação de mão de obra local com alto nível de excelência será de U$ 80 milhões, conforme o presidente do EEP, Fernando Barbosa. A sociedade com a khI ocorreu após a assinatura da Carta de Intenção com a Sete Brasil – companhia de investimentos especializada em gestão de portfólio de ativos voltados para o setor de petróleo e gás na área offshore no Brasil –, para a construção das seis sondas de perfuração do Pré-Sal.

Localizado na foz do Rio Paraguaçu - onde começou a produção de navios no Brasil -, o Estaleiro Enseada do Paraguaçu faz vizinhança com o Estaleiro São Roque do Paraguaçu, reativado em 2010, com uma comunidade quilombola e com a área de Preservação Ambiental

Baía de Todos-os-Santos 2. Junto ao Estaleiro da Bahia (Ebasa) e ao Estaleiro São Roque do Paraguaçu, o EEP integra o Polo da Indústria Naval da Bahia.

“Trata-se de um vetor de crescimento gigantesco para a região, em um investimento de mais de R$ 2 bilhões, ao lado de sócios fortes como a japonesa kawasaki. De fato, é um novo patamar de desenvolvimento para a Bahia, especialmente para a área do baixo Paraguaçu, e, certamente, é o projeto mais impactante para a economia baiana”, avalia o presidente da EEP. Segundo ele, estão sendo investidos U$ 5,5 milhões na capacitação de cerca de 100 profissionais – entre engenheiros e técnicos -, que passarão quatro meses no Estaleiro de Sakaide, no Japão. “Essa mão de obra especializada, que estará envolvida com a construção do estaleiro, será absorvida para continuar operando no empreendimento”.

O Estaleiro Enseada do Paraguaçu chega para engrossar a lista de uma série de estaleiros em implantação no Brasil e que servirão, entre outras ações, à demanda de embarcações para a Petrobras. A participação da kawasaki, assegura Fernando Barbosa, garante ao empreendimento a utilização de tecnologia de ponta e a transferência desse conhecimento para engenheiros e técnicos brasileiros. “O parceiro japonês chega com o compromisso de ajudar a construir os equipamentos mais modernos que existem na área. Para isso, a kawasaki assinou um contrato para transferência de tecnologia. Eles vão trazer para nós toda a tecnologia na fabricação, elaboração de projetos, planejamento e treinamento de pessoas”, enumera.

PARCERIA COM A FIEB- O EEP firmou parceria, também, com a Federação

das Indústrias do Estado da Bahia (FIEB) para o desenvolvimento da cadeia de fornecedores dos setores de petróleo e gás e naval da Bahia. O projeto prevê a inclusão de 30 empresas, sendo que o Instituto Euvaldo Lodi (IEL) deverá fornecer a consultoria individual para cada uma delas. De acordo com o presidente da FIEB, José de F. Mascarenhas, o primeiro passo do projeto será identificar com o estaleiro os itens críticos quanto ao fornecimento de materiais e serviços e, em seguida, será realizado um mapeamento dos potenciais fornecedores para a elaboração de um plano prévio de melhorias a serem implementadas pelas empresas.

Já o Governo do Estado apoia o empreendimento responsabilizando-se pelas obras de infraestrutura rodoviária e pelo auxílio na obtenção do financiamento, que é do Governo Federal, por meio do Fundo da Marinha Mercante. Como parte dos esforços para resgatar a indústria naval baiana, foi criada, em 2009, a Secretaria Extraordinária da Indústria Naval e Portuária (Seinp), que centraliza as ações do Estado voltadas à viabilização de empreendimentos na área. Em declaração recente, o secretário da Indústria Naval do Estado da Bahia, Carlos Costa, afirmou que “o empreendimento terá condição de oferecer, em tempo hábil, equipamentos de ponta para todos os mercados, nacional e internacional”.

MERCADO DE ATUAçãO- Em 2012, o EPP assinou com a Sete de Abril, empresa fornecedora da Petrobras, os contratos referentes à construção de seis navios-sonda de perfuração offshore para a exploração do Pré-Sal, no valor global aproximado de U$ 4,8 bilhões. Antes mesmo de começar a operar, portanto, o estaleiro já recebeu a encomenda das sondas de exploração de petróleo.

EsTalEIRo EsTá Com 30% dE suas oBRas ConCluídasO eep é um dos maiores investimentos privados realizados na Bahia

MONITORAMENTO POR GPS E NOVOS EQUIPAMENTOS ChINESES PODEM REVOLUCIONAR OS PORTOS BAIANOS

TERCEIRo TERmInal dE REgasEIfICação do País sERá ImPlanTado na BahIa

Uma das principais ações previstas no Plano Mestre da Secretaria Especial de Portos (SEP) é a implantação de um Sistema de Gerenciamento de Tráfego de Navios (VTMS Brasil), onde o monitoramento de todas as navegações acontecerá através da tecnologia GPS (Global positioning system - Sistema de Posicionamento Global). De acordo com o projeto, os primeiros portos a receberem a novidade serão os de Salvador, Santos, Rio de Janeiro e Vitória. O Porto de Roterdã, referência internacional na área portuária, utiliza essa ferramenta desde os anos 40 e a tendência é ser uma medida cada vez mais difundida entre os investimentos brasileiros no setor. Atualmente, o gerenciamento de tráfego marítimo é feito através de rádio, método que funcionou bem por muito tempo, mas não possui a mesma velocidade e a resistência a imprevistos técnicos. A incorporação da nova ferramenta aperfeiçoará a logística do Porto de Salvador. A VTMS vai aprimorar, sobretudo, a organização das filas de navios, além de reduzir os riscos de acidente marítimo e tornar mais rápido o processo de comunicação.

O Porto de Salvador já desfruta de equipamentos de ponta, sobretudo para o transporte de cargas das embarcações para o terminal, elevando os níveis de competitividade e atratividade do terminal. Em 2012, foram importados da China os guindastes conhecidos como “portêineres”, que realizam a movimentação das cargas para a plataforma terrestre, de forma rápida e precisa. A otimização do espaço do terminal gerou um ganho de 30% da área, aumentou a produtividade de carga e descarga, reduzindo, por consequência, o custo do frete. A capacidade de movimentação do Porto de Salvador aumentou de 37 para 55 movimentos por hora. Os portêineres vêm possibilitando estadias mais curtas das embarcações e dos custos para os armadores.O trabalho dos dois portêineres disponíveis no Porto de Salvador é complementado pelo transtêiner, que é como um portêiner de rodas para transportar cargas para a área de armazenamento. “Os portêineres são utilizados para movimentar os contêineres no navio. Deslocando-se sobre trilhos no cais, possuem uma lança que se estende sobre o navio. Os transtêineres são pórticos rolantes em estrutura de portais que se deslocam sobre pneus e são utilizados na movimentação e no armazenamento dos contêineres no pátio”, explica Ivo Souza, coordenador naval e portuário da Seinp.

A Lei de Modernização dos Portos, sancionada em 1993, abriu novas perspectivas à atividade no Brasil. “Os portos brasileiros sofreram uma completa reestruturação através da “Lei de Modernização dos Portos” (Lei nº 8.630/1993), visando torná-los mais ágeis e competitivos frente ao mercado internacional, visto que os custos operacionais são ainda muito superiores aos praticados no exterior”, aponta um estudo de Raimundo F. kappel.

Neste ano, a presidenta Dilma Rousseff sancionou a Lei dos Portos, o que representa um novo marco regulatório para o setor no Brasil. Recentemente, ela anunciou investimentos em torno de R$ 40 bilhões para a indústria naval e portuária, através do chamado Pacote dos Portos. O recurso deverá priorizar ações para viabilizar o escoamento de commodities e para aperfeiçoar o serviço nos terminais.

A Bahia foi o Estado escolhido para sediar o terceiro Terminal de Regaseificação (TRBA) de Gás Natural Veicular (GN) do país. Com um investimento de cerca de R$ 1 bilhão, o TRBA terá capacidade para regaseificar 14 milhões de m³ de GNL por dia. Mais de 3.400 empregos diretos foram gerados na região. Localizado na Baía de Todos-os-Santos, a 4 km a Oeste da Ilha dos Frades, a construção do Terminal de Regaseificação de GNL da Bahia tem como propósito garantir o suprimento de gás natural para fortalecer a segurança energética no Brasil, condição fundamental para estimular novos investimentos.

Sua localização resultou de análise detalhada no âmbito do Estudo de Impacto Ambiental (EIA) apresentado pela Petrobras ao Instituto do Meio Ambiente e Recursos hídricos do Estado da Bahia (Inema), autoridade estadual responsável pelo licenciamento desse tipo de obra.

A capacidade diária de regaseificação é de 27 milhões de m³/dia de gás natural, sendo 7 milhões de m³/dia no Terminal de Regaseificação de Gás Natural Liquefeito (GNL) de Pecém (CE) e 20 milhões de m³/dia no Terminal da Baía de Guanabara (RJ). Quando o TRBA entrar em operação, essa capacidade de regaseificação saltará para 41 milhões de m³/dia.

MEIO AMBIENTE- Sob o ponto de vista ambiental, as tecnologias utilizadas no projeto têm, entre seus critérios, a preservação do bioma da Baía de Todos-os-Santos e de seu entorno. A operação de terminais de regaseificação é limpa, não há risco de poluição ambiental, pois o GNL evapora ao entrar em contato com o ar. Em 2010, o projeto de regaseificação de GNL da Petrobras foi apontado pela consultoria kPMG como destaque de infraestrutura, estando entre os 100 projetos globais mais interessantes no mundo.

EM ATIVIDADE, O EEP PODERá PROCESSAR 36 MIL TONELADAS DE AçO, POR ANO,

PARA A FABRICAçãO NAVIOS

DIVULGAçãO

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TRANSPORTE DE CARGAS POR CABOTAGEM CRESCE NA BAhIAA cabotagem – navegação realizada entre portos da costa do país – se configura, atualmente, como um dos modais mais promissores para o transporte da produção nacional. A expectativa para o próximo ano é de um aumento médio de 36% no volume transportado em todo o Brasil. Vale ressaltar que, apesar das vantagens desta modalidade, como maior segurança e eficiência, mais da metade da produção escoada para o Norte e Nordeste ainda é feita por meio de rodovias.

“A navegação de cabotagem se coloca como a solução mais apropriada na logística de transporte de um país que tem 8 mil km de costa marítima e uma expressiva movimentação de carga interna”, considera o presidente da Companhia das Docas do Estado da Bahia (Codeba), José Muniz Rebouças. Não por acaso, algumas das maiores empresas do país já aumentaram o volume de carga transportada por cabotagem. Especialistas, por sua vez, apontam este modal como a melhor opção para a tranferência de produção.

Atualmente, 11,4% do transporte das cargas no país são feitas por meio da cabotagem, segundo dados da Secretaria Especial dos Portos. São 121 bilhões de toneladas por quilômetro a cada ano. Além de mais sustentável e com menos riscos de avarias, o modal pode proporcionar uma economia

nos custos logísticos de até 30%. Segundo Demir Lourenço, diretor do Tecon Salvador – responsável pelo terminal de contêineres da Bahia -, as recentes melhorias na empresa resultaram em maior agilidade no serviço. “O tempo de espera para a liberação das cargas, que antes era de até cinco dias, caiu para um prazo médio de 24h, independente do tipo de carga”, exemplificou.

Para o diretor do Tecon Salvador, o Brasil é um país de dimensões continentais que ainda utiliza de forma incipiente o modal de cargas marítimas. “Desde 2002, foram realizados inúmeros investimentos no terminal, totalizando um valor de R$ 180 milhões. Salvador passou a ter um berço principal de 377 m, podendo ser ampliado para 425m e retroárea (espaço operacional de um porto) de 118 mil m², lembrando que esse número, antes, chegava a 210 m. A Bahia está em uma posição estratégica e expressiva e mais investimentos precisam ser realizados para alavancar esse modal”, pontua.

AMPLIAçãO - Dentre os setores mais interessados em ampliar a participação na cabotagem estão os de higiene e limpeza, cosméticos e farmacêuticos, químico e petroquímico e alimentos e bebidas. é o caso da Camil Alimentos, que já realiza parcerias desde 2005, e atribui o aumento de 236% das vendas ao novo modal.

Após R$ 180 milhões em investimentos na modernização dos seus dois berços, que incluíram obras de dragagem, o Porto de Salvador conta com uma área atual de 118 mil metros quadrados e condições adequadas para atender à demanda do comércio marítimo, que está a todo vapor. Por conta das melhorias implantadas, o terminal se tornou o mais moderno e equipado do Nordeste.

Ampliado no final do ano passado, o Terminal de Contêiner tem plena capacidade para operar os maiores navios de longo curso operando na costa brasileira. Diante das melhorias, o resultado do esforço conjunto entre Governo do Estado, Governo Federal, Codeba e a iniciativa privada, já começou a aparecer. Neste ano, o Terminal de Contêiner registrou recorde com a maior movimentação de contêiner desde o início de suas operações, alcançando incremento de 663% na produtividade.

Demir Lourenço Júnior, diretor executivo do Tecon Salvador, ressalta que os novos e modernos equipamentos e obras foram de fundamental importância para o atual crescimento. “Após o processo de expansão e modernização, o terminal torna-se a principal porta de desenvolvimento do Nordeste”, diz. Segundo ele, a produtividade saltou de 37 para 55 movimentos/hora após os investimentos. Isto representa períodos mais curtos de atracação para as embarcações, com redução de custos para o armador, aumentando sensivelmente a competitividade/atratividade do Porto de Salvador e do estado da Bahia.

CRESCIMENTO COMERCIAL - O aumento do consumo interno foi majoritariamente responsável pelos incrementos nas importações no primeiro semestre de 2013. Pode ser destacado o segmento de peças e equipamentos, pelo crescimento de 19%, resultado das descargas de materiais para implantação de novas unidades fabris, a exemplo da knauf, O Boticário, Basf, além das cargas para montagem do hospital da Secretaria de Saúde

PoRTo dE salvadoR: o maIs modERno E EquIPado do noRdEsTE

NúMEROS

EVENTO DISCUTE CABOTAGEM NO TRANSPORTE DE CARGAS

movimentos por hora, após os investimentos no Porto de Salvador.55

No dia 6 de agosto, aconteceu em Salvador a 2ª edição do Seminário de Logística realizado pelo Tecon Salvador, cuja temática deste ano foi Cabotagem como melhor opção no transporte de carga. O evento é o maior da Região Nordeste focado no modal e reuniu um público de mais de 180 profissionais de instituições que atuam na área de logística. Estiveram presentes, o diretor-presidente da empresa Maestra, Fernando Real, o diretor comercial da Log-In, Fabio Siccherino, além do gerente nacional da Aliança Navegação, Gustavo Costa. Também ministraram palestras no evento os representantes de empresas como Paranapanema, Camil Alimentos, o Tecon Rio Grande, e a Empresa de Planejamento e Logística, EPL.

FOTOS DIVULGAçãO

O PORTO DE SALVADOR CONTA COM UMA áREA ATUAL DE 118 MIL M² E

CONDIçõES ADEQUADAS PARA ATENDER à DEMANDA DO

COMéRCIO MARíTIMO

FERNANDO AMORIM/ AG. A TARDE

“A BAhIA ESTá EM UMA

POSIçãO ESTRATéGICA E ExPRESSIVA

E MAIS INVESTIMENTOS PRECISAM SER REALIzADOS

PARA ALAVANCAR ESSE MODAL”

“A cabotagem é um modal confiável e que tem funcionado para atender dos menores aos maiores produtos. Investimos nesse tipo de transporte e as vendas cresceram significativamente, graças a todas as vantagens do manejo dos produtos alimentícios”, afirma Renato Castilho, gerente da Camil Alimentos.

Para o presidente da Codeba, os resultados podem crescer ainda mais e, no Brasil, o modal ainda é subutilizado quando comparado com números internacionais. “Temos no nosso Estado o primeiro terminal com berço dedicado à cabotagem. é preciso investir e o setor privado é fundamental para a ampliação e a modernização do setor”.

no Distrito Federal. Esses dados ilustram o crescimento de 37,9% de importação no mês de julho quando comparado ao mesmo período do ano passado; e comprovam que o porto de Salvador tem capacidade de atender não só o nordeste, como também outras regiões.

Percebendo a relevância da cabotagem para a economia do estado como alternativa viável no transporte de cargas interestadual, o Tecon Salvador implantou uma célula comercial dedicada ao modal com profissionais em Salvador e Manaus. Em relação

ao ano passado, a movimentação no mês de julho deste ano cresceu 40%. Os segmentos de minérios, siderúrgicos, metalúrgicos e alimentos em geral superaram as expectativas e apresentam potencial para manter a regularidade nas operações. A previsão é que o volume residual que se encontra no rodoviário seja, boa parte, transferido aos poucos para a cabotagem. Associado ao potencial do mercado de Manaus, a Aliança Navegação incluiu Salvador na rota do serviço Sling 1, que proporcionará aumento da oferta semanal para o destino, com navios de maiores dimensões e

capacidade de transporte.

O potencial exportador de commodities via Salvador é hoje uma realidade, em especial para os produtores baianos, por estar geograficamente mais próximo. Isso contribui no crescimento do volume de exportação que, em julho deste ano, foi 7,9% maior em relação ao mesmo mês do ano passado. Tendo em vista que a Bahia é o 5º maior produtor de café do país, o Tecon Salvador investe intensamente no segmento, atribuindo uma estrutura especializada e dedicada à estufagem do grão. A carga

exportada pela capital baiana tem como principais destinos Europa e América do Norte.Por dois anos consecutivos, o terminal fez embarques experimentais de soja não transgênica. Vale lembrar que o porto da capital baiana foi o primeiro do Nordeste a exportar soja em contêiner. Neste ano, estão sendo conteinerizados volumes ainda maiores do grão produzido no estado. Outra referência no cenário de exportação se deu com a primeira grande carga de laranja in natura embarcada no ano passado para a comunidade europeia. há previsão de que o número de contêineres refrigerados de laranja duplique este ano e cresça gradativamente nos próximos.

Apostando em ações comerciais, aumento da capacidade de tomadas para contêineres refrigerados e atração dos novos serviços marítimos, os exportadores do Vale do São Francisco preveem crescimento de 40% no embarque de frutas até o final deste ano. Importante destacar ainda que estudos apurados acerca do mercado permitem mapear novas cargas, projetos e produtos já transportados por outros modais, incentivando o incremento da movimentação no terminal de contêineres de Salvador.

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COM AGILIDADEE TECNOLOGIAO C-PORT MOVIMENTA MAIS DO QUE GRÃOS: MOVIMENTA A ECONOMIA BAIANA.

O C-Port é o maior terminal especializado na movimentação de grãos e farelosda Bahia. Realizamos embarque, desembarque, com mão de obra especializada,de forma ágil e eficaz. Todas essas qualidades fazem o C-Port movimentaranualmente 3 milhões de toneladas de grãos. A gente leva seus grãos mais longepara você ir mais longe também.