Caderno Pedagogico 9.14 com titulo
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CADERNOS PEDAGÓGICOS DE FORMAÇÃO GERAL VOLUME 9
Cultura (O que é cultura).
.
2013/1
ALU
NO
(A):
NÚCLEO DE FORMAÇÃO GERAL
2
CADERNOS PEDAGÓGICOS DE FORMAÇÃO GERAL
VOLUME 9
REITOR
Arody Cordeiro Herdy
PRÓ-REITOR DE ADMINISTRAÇÃO ACADÊMICA
Carlos de Oliveira Varella
PRÓ-REITOR DE PESQUISA E PÓS-GRADUAÇÃO
Emilio Antonio Francischetti
PRÓ-REITORA COMUNITÁRIA E DE EXTENSÃO
Sônia Regina Mendes
PRÓ-REITOR ADMINISTRATIVO
José Luiz Rosa Lordello
NÚCLEO DE FORMAÇÃO GERAL
3
INOVA
NÚCLEO INOVADOR Unigranrio – INOVA
Coordenadora: Maria Rita Resende Martins da Costa Braz
ESCOLA DE EDUCAÇÃO, CIÊNCIAS, LETRAS, ARTES E HUMANIDADES
Diretora: Haydéa Maria Marino de Sant´anna Reis
INSTITUTO DE ESTUDOS FUNDAMENTAIS I
Diretora: Lúcia Inês Kronemberger Andrade
INSTITUTO DE ESTUDOS FUNDAMENTAIS II
Diretor: Lindonor Gaspar de Siqueira
NÚCLEO DE FORMAÇÃO GERAL
2
NÚCLEO ALÉM DA SALA DE AULA
Benjamin Salgado Quintans
Frederico Adolfo Schiffer Junior
Haydéa Maria Marino de Sant‟anna Reis
Herbert Gomes Martins
Hulda Cordeiro Herdy Carmim
José Luiz Rosa Lordello
Sonia Regina Mendes
NÚCLEO DE APOIO METODOLÓGICO - NAM
Anna Paula Soares Lemos
Carlos de Oliveira Varella
José Luiz Rosa Lordello
Lindonor Gaspar de Siqueira
Lúcia Inês Kronemberger Andrade
Maria Rita Resende Martins da Costa Braz
NÚCLEO DE FORMAÇÃO GERAL
2
NÚCLEO DE EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA - NEAD
Lúcia Inês Kronemberger Andrade
Vanessa Olmo Pombo
NÚCLEO DE FORMAÇÃO GERAL
Anna Paula Soares Lemos
Edeusa de Souza Pereira
Joaquim Humberto Coelho de Oliveira
Lucimar Levenhagen Alarcon da Fonseca
Tania Maria da Silva Amaro de Almeida
NÚCLEO DE MEMÓRIA E DOCUMENTAÇÃO INSTITUCIONAL
Tania Maria da Silva Amaro de Almeida
NÚCLEO DE FORMAÇÃO GERAL
2
NÚCLEO DE PRÁTICAS INCLUSIVAS
Lucimar Levenhagen Alarcon da Fonseca
ORGANIZAÇÃO / REVISÃO / DIAGRAMAÇÃO DESTE MATERIAL:
NÚCLEO DE FORMAÇÃO GERAL
Professores(as)
Anna Paula Lemos
Edeusa de Souza Pereira
Joaquim Humberto Coelho de Oliveira
Lucimar Levenhagen Alarcon da Fonseca
Tania Maria da Silva Amaro de Almeida
NÚCLEO DE FORMAÇÃO GERAL
1
NÚCLEO DE FORMAÇÃO GERAL
2
FICHA DE UNIDADE DE APRENDIZAGEM
Atividade:
TAE 001 / Trabalho Acadêmico Efetivo 1 - Atividades Integradas de Formação Geral I
Unidade Nº:
Nove (9/14)
Título:
Cultura (O que é cultura).
Objetivos de aprendizagem:
Aprender as variadas definições de cultura.
Entender a tridimensionalidade da cultura: Cultura Cidadã, Cultura Simbólica e Cultura
Econômica.
Analisar a cultura de massa.
Tópicos abordados:
Significados de cultura
Cultura liberal e massificação
NÚCLEO DE FORMAÇÃO GERAL
3
Cultura e Educação: Ação Cultural e Ação Educacional.
Introdução:
O termo cultura, pelo senso comum, aponta direta e facilmente para as atividades ou objetos
culturais que se apresentam sob a forma estética: literatura, pintura, cinema, etc. No entanto, o
conceito de cultura deve ser tratado de forma mais ampla. A palavra deriva do verbo cultivar –
plantar, cuidar e colher. Portanto, cultura tem “sazonalidade, ciclo, desenvolvimento, se
relaciona com o meio ambiente”, como bem destaca o secretário executivo do Ministério da
Cultura, Gustavo Manevy, no vídeo “O que é cultura?”, link
http://www.vivaculturaviva.org.br/index.php?p=2&v=1, que está relacionado no seu conteúdo
de aprendizagem.
Então, em vez de opô-la à natureza, é mais interessante pensá-la integrada ao nosso ambiente.
NÚCLEO DE FORMAÇÃO GERAL
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http://2.bp.blogspot.com/-V_uEUlO2-CE/TbXvTJ1OmXI/AAAAAAAAACQ/zb7H6mYNcSg/s1600/cultura-
global.jpg
A cultura também é vista como um traço de distinção. As pessoas cultas eram aquelas que
falavam mais de um idioma, viajavam, iam a concertos, exposições de pintura, ingressavam na
universidade, etc. Mas, a partir do século XX, cultura deixa de ser acumulação de conhecimento.
Com o sentido antropológico, a cultura passa a estar em toda parte, independente das condições
sociais e econômicas. Ela envolve toda e qualquer experiência humana. Ela se identifica tanto
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com o que produzimos para a sobrevivência material, quanto com o que imaginamos para além
dessas necessidades.
http://elsabernatural.net/wp-content/uploads/2011/12/culturas.jpg
A cultura, portanto, não é só arte de artistas, podendo ter por outros sentidos. Como nos diz
Gilberto Gil, no link indicado acima, “todo trabalho humano é pela cultura e para a cultura”.
Sabendo mais sobre o conceito de cultura
NÚCLEO DE FORMAÇÃO GERAL
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Alguns teóricos – sociólogos e antropólogos, principalmente – se preocuparam em estabelecer
os variados aspectos do conceito de cultura. O teórico inglês Raymond Willians justamente a
partir da relação da palavra cultura com o verbo cultivar estabelece uma análise do processo de
“cultivo da mente”. Para ele, podemos reconhecer três categorias para o uso do termo cultura:
http://saladacorporativa.com.br/wp-content/uploads/2011/01/MULTICULTURAL21-1024x705.jpg
1. O processo de desenvolvimento intelectual, espiritual e estético;
2. A referência aos costumes de um povo, um período, um grupo ou da humanidade em
geral;
3. As obras e as práticas da atividade intelectual e artística.
NÚCLEO DE FORMAÇÃO GERAL
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Já o francês Edgar Morin atribui 3 dimensões – dimensão antropológica, dimensão social e
histórica e dimensão das humanidades – e define cultura como:
1. Tudo aquilo que é construído socialmente e que os indivíduos aprendem (Dimensão
antropológica);
2. Conjunto de hábitos, costumes, crenças, ideias, valores, mitos que se perpetuam de
geração em geração (Dimensão social e histórica);
3. Artes, Letras e Filosofia (Dimensão das humanidades).
Hoje, o conjunto de significados culturais é ainda mais amplo e define cultura como um
conjunto de significados criados tanto para a manutenção da sobrevivência quanto para o sentido
da própria vida. São valores espirituais e simbólicos, manifestações populares, regras e normas
transmissíveis pela educação, códigos e sistemas de produção e reprodução material.
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http://biblioabrazo.files.wordpress.com/2010/02/interculturalidad1.jpg
O Plano Nacional de Cultura criado em 2005 pelo Ministério da Cultura (In:
www.cultura.gov.br/PNC ; In: http://www.cultura.gov.br/site/2011/05/26/plano-nacional-de-
cultura-21 ), levando em consideração este conjunto mais amplo de significados, e tendo por
objetivo organizar uma política pública de cultura, relacionou três aspectos que caracterizam a
cultura como tridimensional: Dimensão Simbólica, Econômica e Cidadã.
A dimensão simbólica da cultura se expressa por meio das línguas, crenças, rituais, práticas,
relações de parentesco, trabalho e poder. Toda ação humana que é socialmente construída por
meio de símbolos e que entrelaçados formam redes de significados que variam conforme os
contextos sociais e históricos.
NÚCLEO DE FORMAÇÃO GERAL
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\http://www.projetoblog.com.br/wp-content/uploads/2012/01/projetoblog-Deleuze-e-Guattari-2.jpg
Do ponto de vista econômico, a cultura pode ser compreendida de três formas:
1. Como sistema de produção, materializado em cadeias produtivas;
2. Como elemento estratégico da nova economia (economia do conhecimento);
3. Como um conjunto de valores e práticas que têm como referência a IDENTIDADE e a
DIVERSIDADE cultural dos povos, possibilitando compatibilizar modernização e
desenvolvimento humano.
NÚCLEO DE FORMAÇÃO GERAL
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Por fim, no PNC, a dimensão cidadã da cultura entende que os bens culturais são portadores de
ideias, valores e sentidos e destinam-se a ampliar a consciência sobre o ser e o estar no mundo -
um mundo globalizado, de sociodiversidades e de consumo.
No seu ambiente virtual de aprendizagem, você vai encontrar unidades que tratam dos conceitos
de diversidade, cidadania, globalização e consumo de massa. O conceito de cultura e suas
dimensões específicas perpassam todos eles.
Diversidade, cidadania e globalização.
http://2.bp.blogspot.com/_XaiGU8QGYX4/S9nncgJAVxI/AAAAAAAAAAw/tlpdqcyRzoA/s320/Imagem1.png
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Conteúdo:
SIGNIFICADO de Cultura. Disponível em: <http://www.significados.com.br/cultura/>. Acesso
em: 31 jan 2013.
O que é cultura? Disponível em: <http://www.vivaculturaviva.org.br/index.php?p=2&v=1>
Acesso em: 31 jan 2013.
CULTURA e arte? Disponível em: <http://www.vivaculturaviva.org.br/index.php?p=2&v=7>
Acesso em: 31 jan 2013.
MINISTÉRIO DA CULTURA. Disponível em:< www.cultura.gov.br> . Acesso em: 22 fev
2013.
UNESCO. Disponível em <www.unesco.br>. Acesso em: 22 fev 2013.
Síntese:
O conceito de Cultura, derivado do verbo latino colere, que significa cultivar, traz um conjunto
de significados criados tanto para a manutenção da sobrevivência quanto para o sentido da
própria vida. São valores espirituais e simbólicos, manifestações populares, regras e normas
transmissíveis pela educação, códigos e sistemas de produção e reprodução material. Para a
UNESCO, cultura é “um conjunto de características distintas espirituais, materiais, intelectuais e
afetivas que caracterizam uma sociedade ou um grupo social”.
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Conceito de cultura.
http://queconceito.com.br/cultura
Leituras complementares:
A MASSIFICAÇÃO sob os olhares da literatura, música e cinema. Disponível em:
<http://blogs.unigranrio.com.br/formacaogeral/2012/08/26/a-massificacao-sob-os-olhares-da-
literatura-musica-e-cinema/> Acesso em: 04 fev 2013.
LIPOVETSKY, Gilles. Somos hipermodernos. Disponível
em:<http://issuu.com/lucimarlevenhagen/docs/somos_hipermodernos>. Acesso em: 04 fev 2013
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BRANT, Leonardo. Cultura é poder. Disponível em:
<http://www.culturaemercado.com.br/pontos-de-vista/cultura-e-poder-2/>. Acesso em: 22 fev
20013.
Bibliografia recomendada:
BRANT, Leonardo. O poder da Cultura. RJ: Editora Petrópolis, 2009.
BAUMAN, Zygmunt. Ensaios sobre o conceito de cultura (Introdução).Rio de Janeiro: Zahar,
2012.
CANCLINI, Nestor Garcia. Consumidores e Cidadãos. RJ: Editora UFRJ, 2008.
COELHO, Teixeira. Dicionário Crítico de Política Cultural. São Paulo: Editora Iluminuras,
2004.
COELHO, Teixeira. O que é ação cultural? SP: Brasiliense, 2001.
DOS SANTOS, José Luiz. O que é cultura? SP: Brasiliense, 1999.
EAGLETON, Terry. A ideia de cultura. Lisboa: Temas & Debates, 2003.
MORIN, Edgar. Cultura e barbárie européias. RJ: Bertrand Brasil, 2009.
WILLIAMS, Raymond. Cultura. SP: Paz e Terra, 2000.
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Filme:
Para a UNESCO, cultura é “um conjunto de características distintas espirituais, materiais, intelectuais e afetivas que caracterizam uma
sociedade ou um grupo social”. E quando o cidadão é privado de tudo isso?
Clique abaixo e veja o trailler do filme. Clique nos hiperlinks do texto e saiba mais sobre a temática desta unidade;
http://filmesclassicoselivros.blogspot.com.br/2012/02/o-enigma-de-kaspar-hauser-1974.html
No texto de abertura do livro Cultura e Educação , Teixeira Coelho analisa o
filme alemão: O Enigma de Kaspar Hausen e nos remete a questão da cultura
e aprendizagem. O filme aborda as relações das culturas com as linguagens.
“(...) Os motivos pelos quais a historia de Kaspar Hauser surge como uma
metáfora do processo educacional são claros. Os aspectos pelos quais o
processo de socialização pode ser tomado como uma autentica invasão do eu
pelos outros ficam evidentes. (...)
“ (...)Apesar da liberdade e da compreensão, se não do carinho, os alunos são
menos obedientes e em certos temas, graças as novas tecnologias, e ao
contrario de Kaspar Hauser, estão mais informados que seus professores que,
vindos do século XX, tentam ensinar jovens e
crianças do século XXI com ideias do século XIX. Alguns dizem que e preciso
retornar ao ensino autoritário e conservador, outros observam que os de hoje
(junto com seus professores) são os adolescentes mais desorientados da
historia, flutuando a deriva do consumismo e da Internet. (...)”
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Charge:
Leia com atenção.
“Tudo é tão desigual...”
http://bib.praxis.ufsc.br:8080/xmlui/bitstream/handle/praxis/218/a%20nova%20ordem%20mundial.jpg?sequence=1
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Vídeo
E se o Dinheiro não Fosse Importante?
Neste vídeo, o escritor e filósofo britânico Alan Watts pergunta-nos o que gostaríamos de fazer se o dinheiro não fosse importante.
Watts tenta convencer-nos a seguir os nossos sonhos e a meditar sobre uma questão:
“O que é que desejamos realmente para as nossas vidas?”
Clique no nome do filósofo acima e saiba mais sobre ele , se quiser assistir ao vídeo, clique abaixo na imagem.
http://oplanetaquetemos.blogspot.com.br/2012/10/e-se-o-dinheiro-nao-fosse-importante.html
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Animação:
Uma sátira em forma de vídeo mostra como o Homem tem transformado o planeta Terra e como tem usado os seus recursos de maneira
indevida e insustentável. Animação de Steve Cutts.
Quer assistir? Clique abaixo e reflita sobre como temos transformado oplaneta.
http://extravirgem.files.wordpress.com/2012/12/man-animation-steve-cutts-earth.jpg?w=490&h=200&crop=1%22
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Para refletir:
“A massa ainda vai comer do biscoito fino que eu fabrico."
(Oswald de Andrade)
Saiba Mais:
Quer saber um pouco mais sobre A Cultura de Massa? Clique abaixo e leia os e-books sobre a temática:
Cidadania e cultura liberal
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TEXTO
BRANT, Leonardo. Cultura é poder. Disponível em: <http://www.culturaemercado.com.br/pontos-de-vista/cultura-e-poder-2/> . Acesso
em: 22 fev 20013.
CULTURA É PODER
Leonardo Brant
O que é Cultura? Qual a sua função pública? Existe uma relação direta entre cultura e desenvolvimento? Podemos pensar em
sustentabilidade sem considerar a questão cultural? Pra que serve uma política cultural? Qual a sua relação com o mercado? Como o poder
público pode intervir na dinâmica cultural de uma sociedade? Como o artista e o agente cultural enfrentam os desafios da pós-
modernidade?
TEXTO 1
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Entre as muitas respostas possíveis para essas questões, optei por buscar uma abordagem propositiva, que buscasse imaginar uma nova
percepção da riqueza e importância da cultura como projeto humanista, que abarcasse também a sua dimensão individual, política e
organizacional. Um ponto de partida para um projeto de nação, para o desenvolvimento social, para as oportunidades econômicas,
mercados potentes, empresas inovadoras, brasileiros capazes, competentes e livres. A intenção é apresentar cultura como domínio, como
campo de apropriação, pública ou privada, e seu manejo pelos diversos agentes sociais ao longo do nosso processo civilizatório.
A ideia de cultura, sempre moldada conforme as visões políticas de cada tempo, detém em si as chaves dos sistemas de poder. Chaves que
podem abrir portas para a liberdade, para a equidade e para o diálogo. Mas também podem fechá-las, cedendo ao controle, à discriminação
e à intolerância. Da mesma forma que o poeta T.S.Eliot inter-relacionava cultura sob a ótica do indivíduo, de um grupo e de toda a
sociedade, precisamos compreender cultura como um plasma invisível entrelaçado entre as dinâmicas sociais, ora como alimento da alma
individual, ora como elemento gregário e político, que liga e significa as relações humanas. Perceber a presença desse plasma – ou seja, de
uma matéria cultural altamente energizada, reativa e que permeia todo o espaço da sociedade – é fundamental para a compreensão dos
fenômenos do nosso tempo.
Cultura é algo complexo. Não se limita a uma perspectiva artística, econômica ou social. É a conjugação de todos esses vetores. Daí a sua
importância como projeto de Estado e sua pertinência como investimento privado. Uma política cultural abrangente, contemporânea e
democrática deve estar atenta às suas várias implicações e dimensões. A UNESCO, organismo das Nações Unidas destinada a questões de
educação cultura e ciências, define cultura como “um conjunto de características distintas espirituais, materiais, intelectuais e afetivas que
caracterizam uma sociedade ou um grupo social”. Esse entendimento abarca, além das artes e das letras, os modos de vida, os sistemas de
valores, as tradições e as crenças.
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Sob a luz do conceito de cultura da entidade não seria absurdo classificar um filme publicitário ou merchandising como uma ação cultural.
Não se trata do investimento no potencial criador do cidadão/consumidor, mas num determinado conjunto de comportamentos necessários
a reforçar a ideia de incentivar ou potencializar determinação ação (consumo). A empresa age para seduzir, ou até mesmo impor, por meio
de ação sistemática e repetida, sua “cultura”, seus valores e códigos. Ou seja, para consumir determinada marca de cigarro, automóvel, ou
calça jeans, é preciso praticar, ou ao menos identificar-se, com determinados padrões de conduta. Levado às últimas consequências, esse
sistema traduz-se num processo de aculturação, baseado na necessidade de destituir o sujeito de valores, referências e capacidades culturais
intrínsecas, em busca de adesão a algo mais dinâmico, sedutor e com função gregária: o consumo.
A jornalista canadense Naomi Klein aponta em seu livro-manifesto Sem Logo (2002) os riscos dessa associação. Ela apresenta o branding
(mecanismos empresariais para criar a desenvolver marcas) como um processo cultural. A autora afirma que as marcas não são produtos,
contudo, são responsáveis pela criação de conceitos, atitudes, valores e experiências. Portanto, “por que também não podem ser cultura?”
Esse projeto tem sido tão bem sucedido que “os limites, entre os patrocinadores corporativos e a cultura patrocinada, desapareceram
completamente”, questiona. Segundo Klein (2002), embora “nem sempre seja a intenção original, o efeito do branding avançado é
empurrar a cultura que a hospeda para o fundo do palco e fazer da marca a estrela. Isso não é patrocinar cultura, é ser cultura”. A serviço
das instâncias de poder, sustentadas entre si, como nos dias de hoje, atuam os sistemas financeiro, governamental e de mídia.
A arte assume uma preocupante função apaziguadora e definidora dos modos de vida e costumes. Joost Smiers, em Artes sob Pressão
(2003), pergunta “onde os conglomerados culturais podem espalhar suas idéias sobre o que deve ser a arte, a questão crucial é: as histórias
de quem estão sendo contadas? Por quem? Como são produzidas, disseminadas e recebidas?” Para Smiers (2003), as obras de arte
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tornaram-se veículos com mensagens comerciais e “têm a função de criar um ambiente no qual a produção do desejo possa acontecer. Esse
contexto é freqüentemente cheio de violência”, diz.
A indústria audiovisual e seu extremo poder de alcance, das salas de cinema aos lares de todo o planeta, por meio de DVDs, games e
websites interativos, é o melhor exemplo disso, como aponta o Relatório do Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento
(PNUD), de 2004, intitulado Liberdade Cultural num mundo diversificado. De acordo com o documento, o comércio mundial de bens
culturais – cinema, fotografia, rádio e televisão, material impresso, literatura, música e artes visuais – quadruplicou, passando de 95 bilhões
de dólares norte-americanos em 1980 para mais de 380 bilhões em 1998. Cerca de quatro quintos desses fluxos têm origem em 13 países.
Segundo o relatório, Hollywood atinge 2,6 bilhões de pessoas e Bollywood (indústria de cinema indiano) cerca de 3,6 bilhões. O domínio
de Hollywood é apenas um dos aspectos da disseminação ocidental de consumo. “Novas tecnologias das comunicações por satélite deram
lugar, na década de 1980, a um novo e poderoso meio de comunicação de alcance mundial e a redes mundiais de meios de comunicação
como a CNN”. O número de aparelhos de televisão por mil habitantes mais do que duplicou em todo o mundo, passando de 113, em 1980,
para 229, em 1995. Desde então, aumentou para 243. O resultado disso é a criação de um padrão de consumo global, com “adolescentes
mundiais” compartilhando uma “única cultura pop mundial, absorvendo os mesmos vídeos e a mesma música e proporcionando um
mercado enorme para tênis, t-shirts e jeans de marca”, afirma o relatório.
Edgar Morin, em “Cultura e Barbárie Européias”, empresta de Teilhard de Chardin o termo “noosfera”, para designar o mundo das ideias,
dos espíritos, dos deuses produzidos pelos seres humanos dentro de sua cultura. “Mesmo sendo produzidos pelo espírito humano, os deuses
adquirem uma vida própria e o poder de dominar os espíritos”. Dessa forma, diz o filósofo, “a barbárie humana engendra deuses cruéis,
que, por sua vez, incitam os seres humanos à barbárie. Nós modelamos os deuses que nos modelam”.
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Max Weber costumava dizer que o homem está preso a uma teia de significados que ele mesmo criou. Nesse sentido, assim como Geertz
(1973), também podemos considerar cultura como um conjunto de mecanismos de controle para governar comportamentos. E a história
recente exibe vários alertas de como as indústrias culturais e os meios de comunicação de massa podem ser grandes armas disponíveis para
acomodar e disseminar determinados comportamentos. Assim fizeram o nazismo, o fascismo, o comunismo e as ditaduras militares,
sobretudo as latino-americanas, nos exemplos extremos. Esse rastro está cada vez mais presente nas sociedades orientadas para o consumo.
Em comum, a ausência do Estado em sua responsabilidade com a cultura e a diversidade; e o domínio marcante das indústrias culturais
como ponta-de-lança para uma economia global centrada nas grandes corporações.
A realidade desse cenário precisa ser encarada por toda a sociedade brasileira, que usufrui os benefícios dessa globalização econômica, mas
ao mesmo tempo se expõe de maneira preocupante aos seus efeitos colaterais. O país corre risco de virar as costas ao seu grande potencial
da produção cultural e sua vocação para o desenvolvimento de um poderoso mercado formado pelas próprias manifestações culturais.
Cultura, nesse caso, funciona como uma chave capaz de trancar o indivíduo em torno de códigos e simbologias controladas: pelo Estado,
por uma religião ou mesmo por corporações e através dos instrumentos gerados pela sociedade de consumo, como a publicidade, a
promoção e o patrocínio cultural. Mas essa mesma chave, que oprime o ser humano e desfaz sua subjetividade, tem o poder de abrir as
portas, permitindo ao indivíduo compreender a si e aos fenômenos da sociedade e do seu próprio estágio civilizatório, em busca da
liberdade. Para isso, basta girá-la para o lado oposto.
Em Dialética da Colonização (1992), Alfredo Bosi define cultura como o “conjunto das práticas, das técnicas, dos símbolos e dos valores
que se devem transmitir às novas gerações para garantir a reprodução de um estado de coexistência social”. E supõe uma “consciência
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grupal operosa e operante que desentranha da vida presente os planos para o futuro”. A cultura cumpre nesse caso uma função pouco
reconhecida e estimulada nesses tempos: transformar realidades sociais e contribuir para o desenvolvimento humano em todos os seus
aspectos. Algo que identifica o indivíduo em seu espaço, lugar, época, tornando-o capaz de sociabilizar e formar espírito crítico.
Origens e dimensões da palavra Cultura
Raymond Williams, autor de Palavras-chave (2007), considera a palavra culture como uma das duas ou três mais complicadas da língua
inglesa, devido ao seu complexo percurso etimológico. Em sua acepção mais longínqua, a matriz latina colere trazia o significado de
cultivar, habitar, proteger e honrar com veneração. Desse radical, podemos reconhecer pelo menos dois desdobramentos: colonus, que traz
a idéia de habitação e cultus, que nos remete a “cultivo ou cuidado”, bem como seus significados medievais subsidiários: “honra,
adoração”, já “convergidos pela radicalização do temor divino e da moral na sociedade – personificação do Senhor no feudo”. Mas também
couture, no francês antigo, por exemplo, associados à “lavoura, cuidado com o crescimento natural”.
Dos séculos XVI ao XVII, segundo Williams, o termo passou a significar, por analogia, o cuidado com o desenvolvimento humano e o
cultivo das mentes, deixando de se tratar apenas da terra e dos animais. Desde já destacando uma distinção arbitrária entre os que têm
cultura dos que não têm, o termo assume o caráter de civilidade. Com a expansão da Europa e seu conseqüente processo de dominação
política e econômica, o poder de distinção entre o culto e o não-culto foi de grande valia para implementar e manter o colonialismo.
NÚCLEO DE FORMAÇÃO GERAL
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A partir dos séculos XVIII e XIX, o conceito passa a ser utilizado para designar o próprio estágio civilizatório da humanidade. Johann
Gottfried Von Herder escreveu Sobre a filosofia da história para a educação da humanidade (1784-91): “Nada é mais indeterminado que
essa palavra e nada mais enganoso que sua aplicação a todas as nações e a todos os períodos”. Argumentava que era necessário grifar
culturas, no plural, pois elas são específicas e variáveis em diferentes nações e períodos, tanto quanto em relação a grupo sociais e
econômicos dentro de uma nação. Para Williams, podemos reconhecer três categorias amplas e ativas de uso do termo: o processo de
desenvolvimento intelectual, espiritual e estético; a referência a um povo, um período, um grupo ou da humanidade em geral; as obras e as
práticas da atividade intelectual, particularmente a artística, sendo este último o seu sentido mais difundido: “cultura é música, literatura,
pintura, escultura, teatro e cinema”.
Já o pensador Edgar Morin atribui três dimensões interdependentes à palavra cultura: a antropológica, ou “tudo aquilo que é construído
socialmente e que os indivíduos aprendem”; a social e histórica, que pode ser entendida como o “conjunto de hábitos, costumes, crenças,
idéias, valores, mitos que se perpetuam de geração em geração” e a relacionada às humanidades, que “abrange as artes, as letras e a
filosofia”.
Para Terry Eagleton, no indispensável A ideia de cultura (2002), as palavras civilização e cultura continuam até hoje a intercambiar-se em
seu uso e significado, sobretudo por antropólogos: “cultura é agora também quase o oposto de civilidade”. Eagleton (2002) considera
curioso que o termo hoje se aplique mais à compreensão de formas de vida “selvagens” do que para civilizados. “Mas se „cultura‟ pode
descrever uma ordem social „primitiva‟, também pode fornecer a alguém um modo de idealizar a sua própria. Tanto para definir algo de
domínio próprio de um indivíduo (o conhecimento adquirido) quanto para o exercício de poder em relação a grupos sociais distintos (o
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culto e o não culto, o civilizado e o não civilizado), o termo é utilizado até hoje como definidor de um campo simbólico determinado, quase
sempre para distinguir ou identificar.
Ações e políticas culturais, constituídas nos campos público e privado, exercem, inevitavelmente, esse domínio. Como provedor de acesso
a conteúdos, processos e dinâmicas, aguça o espírito crítico e permite a apropriação, o empoderamento e o protagonismo do cidadão. Por
outro lado, a cultura adquire, cada vez mais, sua corporificação como ente econômico e instrumento de lazer e entretenimento. Manuseadas
por sociedades contaminadas por um modo de pensar linear e cartesiano, condicionadas a analisar todos os fenômenos por uma correlação
de causa-efeito, deixa de ser essa matéria que significa e transforma as relações, para ser mera atividade econômica, estratégica por sua
grande capacidade de gerar recursos, postos de trabalho e economia de escala, por meio de exploração de propriedade intelectual. Uma
fórmula que exige difusão em massa para ser economicamente eficaz. E conteúdos de fácil assimilação, para ampliar sua capacidade de
inserção mercadológica.
Essa fórmula geralmente exclui diálogos mais profundos e complexos, desconectando-se de suas raízes culturais e das dinâmicas locais.
Com formatos cada vez mais repetitivos e pasteurizados, são mais afeitas a uma cultura homogênea, linear, uníssona, voltada ao consumo.
A falta de dispositivos claros e efetivos para lidar com esse campo simbólico configura-se como uma das mais graves doenças das
sociedades contemporâneas.
NÚCLEO DE FORMAÇÃO GERAL
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Atividades para Autoavaliação.
Atividade: TAE 001 / TRABALHO ACADÊMICO EFETIVO – ATIVIDADES
INTEGRADAS DE FORMAÇAO GERAL I
Unidade Nº: 09
Título: Cultura (O que é cultura)
QUESTÃO 1
Tópico Associado: Cultura liberal e massificação
“ Quando nascemos fomos programados
A receber o que vocês nos empurraram
NÚCLEO DE FORMAÇÃO GERAL
28
Com os enlatados dos USA, de 9 às 6.
Desde pequenos nós comemos lixo
Comercial e industrial
Mas agora chegou nossa vez
Vamos cuspir o lixo em cima de vocês.
Somos os filhos da revolução
Somos burgueses sem religião
Nós somos o futuro da nação Geração Coca-Cola. (...) “
Geração Coca-Cola (Renato Russo)
O trecho acima, da música "Geração Coca-Cola", evoca uma das principais
características do mundo moderno: o consumismo. Com base nos conhecimentos
sobre o assunto, assinale a alternativa INCORRETA:
A) O consumismo caracteriza-se como um comportamento social em que o
consumo deixa de ser meio e adquire status de finalidade.
B) A globalização da economia fez surgir uma nova geografia do consumo: países
e regiões com níveis de desenvolvimento econômico distinto consomem produtos
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e serviços semelhantes.
C) O modelo de consumo "mundializado" deixa marcas evidentes no espaço das
metrópoles, onde proliferam estabelecimentos comerciais de grande porte, como
shopping centers, hipermercados, etc.
D) A presença, em um mesmo espaço geográfico regional, do consumidor e do
produtor do bem de consumo, é necessária porque os circuitos espaciais de
produção são demarcados pelas fronteiras regionais.
FEEDBACK DA QUESTÃO 1
Resposta certa: Vide gabarito no final deste caderno.
QUESTÃO 2
Tópico Associado: Significados de cultura
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Jornal do Brasil, 3 ago. 2005. Enade (2006)
Tendo em vista a construção da ideia de nação no Brasil, o argumento da personagem
expressa:
A) A afirmação da identidade regional.
B) A fragilização do multiculturalismo global.
C) O ressurgimento do fundamentalismo local.
D) O fortalecimento do separatismo estadual.
FEEDBACK DA QUESTÃO 2
Resposta certa: Vide gabarito no final deste caderno.
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QUESTÃO 3
Tópico Associado: Cultura liberal
“O desenvolvimento da indústria promoveu a inserção cada vez mais vertiginosa dos
bens culturais no sistema de mercado, promovendo assim a vulgarização da arte e das
realizações culturais. Podemos afirmar que o maior malefício cultural promovido pela
obtusidade intelectual e existencial do tipo "filisteu" ocorre quando ele detém o poder
sobre as instituições artísticas e educacionais, pois essas organizações passam a ser
gerenciadas pela óptica do lucro imediato e da comercialização das realizações
culturais, que se tornam assim meros objetos consumíveis e, por conseguinte,
descartáveis.”
(BITTENCOURT, Renato Nunes. O advento do homem-massa.)
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Ao comparar os textos acima, pode-se concluir que:
A) o desenvolvimento da indústria incentiva não só a comercialização das realizações
culturais, mas também das relações pessoais.
B) a industrialização promoveu mais consumo, tornando as pessoas mais seguras e
convictas em suas escolhas.
C) a indústria cultural promoveu a inserção de bens culturais no mercado, promovendo
não só educação de melhor qualidade como também aprimorando as nossas relações
pessoais.
D) a indústria cultural transforma a cultura em bens de mercado, mas, não consegue
influenciar as nossas relações afetivas.
FEEDBACK DA QUESTÃO 3
Resposta certa: Vide gabarito no final deste caderno.
QUESTÃO 4
Tópico Associado: Cultura e Educação: Ação Cultural e Ação Educacional.
NÚCLEO DE FORMAÇÃO GERAL
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(ENADE 2005) Leia trechos da carta-resposta de um cacique indígena à sugestão,
feita pelo Governo do Estado da Virgínia (EUA), de que uma tribo de índios
enviasse alguns jovens para estudar nas escolas dos brancos.
“(...) Nós estamos convencidos, portanto, de que os senhores desejam o nosso
bem e agradecemos de todo o coração”. Mas aqueles que são sábios reconhecem
que diferentes nações têm concepções diferentes das coisas e, sendo assim, os
senhores não ficarão ofendidos ao saber que a vossa idéia de educação não é a
mesma que a nossa. (...) Muitos dos nossos bravos guerreiros foram formados nas
escolas do Norte e aprenderam toda a vossa ciência. Mas, quando eles voltaram
para nós, eram maus corredores, ignorantes da vida da floresta e incapazes de
suportar o frio e a fome. Não sabiam caçar o veado, matar o inimigo ou construir
uma cabana e falavam nossa língua muito mal. Eles eram, portanto, inúteis. (...)
Ficamos extremamente agradecidos pela vossa oferta e, embora não possamos
aceitá-la, para mostrar a nossa gratidão concordamos que os nobres senhores de
Virgínia nos enviem alguns de seus jovens, que lhes ensinaremos tudo que
sabemos e faremos deles homens.”
(BRANDÃO, Carlos Rodrigues. O que é educação.
São Paulo: Brasiliense, 1984)
A relação entre os dois principais temas do texto da carta e a forma de abordagem
da educação privilegiada pelo cacique está representada por:
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A) sabedoria e política / educação difusa.
B) identidade e história / educação formal.
C) ideologia e filosofia / educação superior.
D) educação e cultura / educação assistemática.
FEEDBACK DA QUESTÃO 4
Resposta certa: Vide gabarito no final deste caderno.
QUESTÃO 5
Tópico Associado: Cultura de massificação
Considere o texto a seguir. Ele faz referência ao papel do cinema, a partir dos anos
1930, e ao papel da televisão, por volta dos anos 1950/60.
“Nunca um único sistema cultural teve tanto impacto e exerceu efeito tão profundo
na mudança de comportamento e nos padrões de gosto e consumo de populações
por todo o mundo, como o cinema de Hollywood no seu apogeu”... Em primeiro
lugar, o que calava fundo nas platéias era a beleza extraordinária daqueles seres,
feitos de maquiagem, penteados, luz e close-up. O conjunto dos recursos
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desenvolvidos para as finalidades técnicas das filmagens passa a ser introduzido no
mercado, sugerindo a possibilidade de as pessoas manipularem suas próprias
aparências para se assemelharem aos deuses da tela. O mercado será invadido de
xampus, condicionadores, bases, ruge, rímel, lápis, sombras, batons, um enorme
repertório de cortes, penteados e permanentes, tinturas, cílios, unhas postiças, e
naturalmente “o sabonete das estrelas de cinema”... A televisão viria a completar e
dar o toque final a esse processo iniciado pelo cinema, invadindo e comandando a
vida das pessoas dentro do próprio lar e organizando o ritmo e as atividades das
famílias pelo fluxo variado da programação e dos intervalos comerciais. Os objetos
passaram a ser alvo do mesmo culto que a imagem dos astros e estrelas, e era
muito comum o estúdio reforçar essa associação, para além das roupas, jóias e
adereços, distribuindo fotos de seus contratados ao lado de telefones, motocicletas,
discos e aparelhos sonoros, carros, móveis e locações turísticas. O objeto do desejo
se torna inseparável do desejo do objeto e um pode suprir a falta do outro.
(Adaptado de: SEVCENCKO, Nicolau. A capital irradiante: técnicas, ritmos e ritos
do Rio. In História da Vida Privada no Brasil, Vol. 3. São Paulo: Companhia das
Letras, 1998)
Refletindo sobre o texto e comparando o cinema e a televisão do passado e do
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presente, pode-se afirmar que:
A) o grande atrativo do cinema e da televisão do passado eram seus belos atores e
atrizes que atraíam multidões, enquanto hoje se privilegia predominantemente os
filmes românticos.
B) hoje a programação da televisão é muito mais educativa, mas mantém a mesma
dinâmica de sua linguagem interativa de ontem.
C) ontem e hoje, os chamados meios de comunicação de massa nem sempre
favoreceram a formação de um olhar crítico dos cidadãos, optando pela imposição
de padrões.
D) se ontem o cinema favoreceu a criação de um mercado de consumo de produtos
que visavam transformar qualquer espectador em estrela, hoje não existe mais essa
ilusão.
FEEDBACK DA QUESTÃO 5
Resposta certa: Vide gabarito no final deste caderno.
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Questão discursiva
Tópico Associado: Cultura cidadã
No atual estágio do processo de globalização, a cultura e suas respectivas formas
de manifestação vem sofrendo um processo de homogeneização e padronização
anulando as identidades locais e regionais. Este processo é impulsionado e
estimulado, sobretudo, por grandes empresas transnacionais. Apesar da tendência
homogeneizante da globalização, como podemos manter nossa identidade
cultural, para um pleno exercício de uma cultura cidadã? Elabore sua resposta
tenho como base os diversos conceitos de cultura discutidos nesta unidade.
NÚCLEO DE FORMAÇÃO GERAL
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GABARITO
FEEDBACK DA QUESTÃO 1:
Resposta certa: Letra D
FEEDBACK DA QUESTÃO 2 :
Resposta certa: Letra A
FEEDBACK DA QUESTÃO 3:
Resposta certa: Letra A
FEEDBACK DA QUESTÃO 4:
Resposta certa: Letra D
FEEDBACK DA QUESTÃO 5:
Resposta certa: Letra C
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FEEDBACK DA QUESTÃO DISCURSIVA:
COMENTÁRIO: O mundo globalizado promove padrões homogêneos de
comportamento, eliminando a singularidade, alardeando muitas vezes uma falsa
ideia de pertencimento e igualdade, que na verdade nos descaracteriza. Apesar do
acesso e do conhecimento de outras culturas que a globalização nos proporciona,
é necessário compreender que para o exercício da cidadania, é fundamental a
valorização da cultura e da historia que nos identifica, entendendo cultura como
um conjunto de significados criados tanto para a manutenção da sobrevivência
quanto para o sentido da própria vida.
NÚCLEO DE FORMAÇÃO GERAL
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Paulo Freire