Caderno Resumos Ufpb _jornada_2012

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UNIVERSIDADE FEDERAL DA PARAÍBA CENTRO DE CIÊNCIAS HUMANAS, LETRAS E ARTES DEPARTAMENTO DE PSICOLOGIA Avaliadores Convidados: Alina Spinillo (UFPE) Isabel Fernandes (UFRN) Local: Auditório 411 do CCHLA Coordenador da Pós-Graduação em Psicologia Social Prof. Dr. Valdiney Veloso Gouveia Vice-Coordenadora da Pós-graduação em Psicologia Social Profa.Dra. Ana Raquel Rosa Torres 2012 COMISSÃO: FABÍOLA BRAZ AQUINO (PROFESSORA) PATRÍCIA N. FONSECA (PROFESSORA) SILVANA C. MACIEL (PROFESSORA) FL ÁVIO LÚCIO ALMEIDA (ALUNO) MANUELLA CASTELO BRANCO (ALUNA) PÓS-GRADUAÇÃO EM PSICOLOGIA SOCIAL 14 A 15 DE JUNHO DE 2012 SEMINÁRIO MESTRADO EM PSICOLOGIA SOCIAL

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UNIVERSIDADE FEDERAL DA PARAÍBA CENTRO DE CIÊNCIAS HUMANAS, LETRAS E ARTES DEPARTAMENTO DE PSICOLOGIA

Avaliadores Convidados:

Alina Spinillo (UFPE)

Isabel Fernandes (UFRN)

Local: Auditório 411 do CCHLA

Coordenador da Pós-Graduação em Psicologia Social Prof. Dr. Valdiney Veloso Gouveia Vice-Coordenadora da Pós-graduação em Psicologia Social Profa.Dra. Ana Raquel Rosa Torres

2012

COMISSÃO:

FABÍOLA BRAZ AQUINO (PROFESSORA)

PATRÍCIA N. FONSECA (PROFESSORA)

SILVANA C. MACIEL (PROFESSORA)

FL ÁVIO LÚCIO ALMEIDA (ALUNO)

MANUELLA CASTELO BRANCO

(ALUNA)

PÓS-GRADUAÇÃO EM

PSICOLOGIA SOCIAL

14 A 15 DE JUNHO DE 2012

SEMINÁRIO MESTRADO EM PSICOLOGIA SOCIAL

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Representantes da Reitoria

Magnífico Reitor: Rômulo Polari

Pro-reitor de Pós-Graduação e Pesquisa

Prof. Dr. Newton Costa

Representantes do Centro

Diretor do CCHL

Prof. Dr. Ariosvaldo da Silva Diniz

Vice- Diretora

Profa. Dra. Mônica Nóbrega

Representantes do Departamento

Chefe do Departamento de Psicologia

Profa. Dra. Silvana Carneiro Maciel

Vice-chefe do Departamento de Psicologia

Prof. Dr. Nelson Torro Alves

Coordenador da Pós-Graduação em Psicologia Social

Prof. Dr. Valdiney Veloso Gouveia

Vice-Coordenadora da Pós-graduação em Psicologia Social

Profa.Dra. Ana Raquel Rosa Torres

ORIENTAÇÕES PARA JORNADA

TEMPO DE APRESENTAÇÃO DO MESTRANDO: 15-20 minutos

TEMPO DE ARGUIÇÃO DO LEITOR INTERNO: 10 minutos

TEMPO DE ARGUIÇÃO DOS PROFESSORES CONVIDADOS: 10 minutos

PARTICIPAÇÃO OBRIGATÓRIA PARA TODOS OS MESTRANDOS, NÃO

SÓ NA SUA APRESENTAÇÃO, MAS TAMBÉM NAS DEMAIS.

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APRESENTAÇÃO

O mestrado em Psicologia Social da UFPB foi credenciado em 1976,

considerado um dos mais antigos do Brasil, apontado como referência nacional na

década de 1970, ao trazer numerosos professores doutores do exterior e ao

desenvolver, de forma pioneira, a área de concentração em Psicologia Comunitária.

Desde o início de seu funcionamento, o Programa de Pós-graduação em Psicologia

da UFPB vem contribuindo para o desenvolvimento científico regional. A demanda

atual por profissionais com títulos de pós-graduação stricto sensu na área de

Psicologia ultrapassa as fronteiras da Paraíba, de sorte que a maioria dos

estudantes, após a obtenção do grau de mestre ou doutor, assume postos de

trabalho em universidades, empresas e instituições de pesquisa em todo Brasil.

O Programa de Pós-Graduação em Psicologia Social da Universidade Federal

da Paraíba (Mestrado) tem desenvolvido, nos últimos anos, uma política muito

ativa de intercâmbio científico com centros de pesquisas de outros países. Esta

política tem promovido a atualização e o intercâmbio entre professores e

pesquisadores, publicando trabalhos inéditos e fomentando o desenvolvimento de

projetos de pesquisa em cooperação. Tal intercâmbio, além de fortalecer os

vínculos interinstitucionais, propicia uma melhor e maior divulgação dos trabalhos

realizados por docentes e discentes de nosso programa.

Tendo como meta o crescimento e desenvolvimento científico dos

mestrandos, as jornadas do mestrado em Psicologia Social são realizadas

anualmente com a apresentação dos mestrandos que ingressaram e que já estão na

fase de análise dos dados; tendo cada mestrando um leitor interno o qual terá

como meta a análise mais detalhada do andamento do trabalho. Contamos também

como a participação de professores externos (avaliadores) que trazem as suas

contribuições para a melhoria dos trabalhos de dissertação e da própria jornada. A

jornada também conta com a participação de professores, alunos da graduação e

pós-graduação e da comunidade em geral, propiciando o debate e a divulgação

científica do que vem sido produzido no nosso MESTRADO EM PSICOLOGIA

SOCIAL-UFPB.

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CRONOGRAMA DO EVENTO

DIA 14 DE JUNHO DE 2012: MANHÃ

08:00h MESA DE ABERTURA

HORA ALUNO ORIENTADOR LEITOR

INTERNO

LEITOR

EXTERNO

9:00 Manuella

Pessoa

Profª. Mª de Fátima

Pereira

Prof. Paulo

Zambroni

Profª. Alina

Spinillo

9:40 Tâmara

Amorim

Profª. Mª de Fátima

Pereira

Prof. Paulo

Zambroni

Profª. Izabel

Fernandes

10:20 Paula Raquel

Leite

Prof. Paulo Zambroni Profª. Silvana

Maciel

Profª. Alina

Spinillo

11:00 Monalisa

Ernesto

Prof. Paulo Zambroni Prof. Anísio

Araújo

Profª. Izabel

Fernandes

11:40 Leilane

Pereira

Profª. Mª de Fátima

Pereira

Profª. Ana Alayde

Saldanha Profª. Alina

Spinillo

DIA 14 DE JUNHO DE 2012: TARDE

HORA ALUNO ORIENTADOR LEITOR

INTERNO

LEITOR

EXTERNO

14:00 Renata Pôrto Prof. Paulo

Zambroni

Prof. Anísio

Araújo

Profª. Izabel

Fernandes

14:40 Ana Karla

Soares

Prof. Valdiney

Gouveia

Profª. Patrícia

Fonseca

Profª. Alina

Spinillo

15:20 Rebecca

Athayde

Prof. Valdiney

Gouveia

Profª. Patrícia

Fonseca

Profª. Izabel

Fernandes

16:00 Rafaella Araújo Prof. Valdiney

Gouveia

Profª. Patrícia

Fonseca

Profª. Alina

Spinillo

16:40 Juliana Rízia

Félix de Melo

Profª. Silvana

Maciel

Profª. Ana

Alayde

Saldanha

Profª. Izabel

Fernandes

Page 5: Caderno Resumos Ufpb _jornada_2012

DIA 15 DE JUNHO DE 2012: MANHÃ

HORA ALUNO ORIENTADOR LEITOR LEITOR

EXTERNO

8:00 Franciane Silva

Profª. Silvana

Maciel

Prof.

Bernardino

Calvo

Profª. Alina

Spinillo

8:40 Leogildo Freires Prof. Valdiney

Gouveia

Profª Mª da

Penha

Coutinho

Profª. Izabel

Fernandes

9:20 Pollyana Moreira Prof. Julio Rique Profª Cleonice

Camino

Profª. Alina

Spinillo

10:00 Eloá de Abreu Prof. Julio Rique Profª Cleonice

Camino

Profª. Izabel

Fernandes

10:40 Cibele Agripino Profª. Nádia

Salomão

Profª. Fabíola

Braz Aquino

Profª. Alina

Spinillo

DIA 15 DE JUNHO DE 2012: TARDE

HORA ALUNO ORIENTADOR LEITOR

INTERNO

LEITOR

EXTERNO

14:00 Janaína

Camargo

Profª. Nádia

Salomão

Profª. Fabíola

Braz Aquino

Profª. Alina

Spinillo

14:40 Leilane Travassos Profª. Mª da Penha

Coutinho

Profª. Ana

Raquel Torres

Profª. Izabel

Fernandes

15:20 Fabrycianne Costa Profª. Mª da Penha

Coutinho

Profª. Ana

Raquel Torres

Profª. Alina

Spinillo

16:00 Maria José Nunes

Gadelha Prof. Natanael dos

Santos

Prof.

Bernardino

Calvo

Profª. Izabel

Fernandes

16:40 Clóvis Pereira da

Costa Júnior Profª. Ana Raquel

Torres

Prof. Julio

Rique

Profª. Izabel

Fernandes

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RESUMOS:

DIA 14 DE JUNHO DE 2012: MANHÃ

JUVENTUDES E AS VIVÊNCIAS DA FORMAÇÃO PROFISSIONAL

Aluna: Manuella Castelo Branco Pessoa

Orientadora: Maria de Fátima Pereira Alberto

Leitor: Paulo Cesar Zambroni de Souza

Núcleo de Pesquisa: Desenvolvimento da Infância e Adolescência em Situação de risco

As concepções de juventude variam desde as dimensões relacionadas ao ciclo

de vida até as que abordam como categoria social. Assim, entende-se juventude

enquanto uma categoria construída socialmente, que está atrelada a geração, classe

social, condições de vida, comportamentos, atitudes, referências, linguagem e

sociabilidade. Esta última dimensão tem no trabalho uma ferramenta central de

inserção. Quando se trata de juventude pobre o trabalho é visto vem como forma de

ocupação, prevenção à marginalidade ou inclusão social. De modo que a entrada do

jovem no mercado de trabalho vem sendo encorajada pela sociedade e pelo Estado,

através das políticas públicas (Gonzáles & Guareschi, 2009; Kafrouni, 2009),

particularmente dos programas de formação profissional. Dentre os quais o Projeto

Integrado de Profissionalização para Adolescentes do PETI.

O referido Projeto é fruto de articulação e convênio envolvendo a Prefeitura

Municipal de João Pessoa (PMJP), Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial

(SENAI), Fórum de Erradicação do Trabalho Infantil e Defesa do Adolescente

Trabalhador (FEPETI), Superintendência Regional do Trabalho e Emprego (SRTE) e

Universidade Federal da Paraíba (UFPB) criado com o intuito implantar educação e

qualificação profissional através de conhecimentos técnicos e formativos para os jovens

egressos do Programa de Erradicação do Trabalho Infantil (PETI).

Assim, a presente dissertação tem como objetivo geral analisar as vivências e

as perspectivas de futuro oportunizadas pela experiência na formação de jovens

egressos do Projeto Integrado de Profissionalização para Adolescentes do PETI. E

como objetivos específicos: caracterizar o jovem inserido no Projeto Integrado, analisar

a formação oferecida pela experiência do Projeto Integrado desde o curso preparatório

até o profissionalizante, caracterizar as vivências proporcionadas pela experiência em

Page 7: Caderno Resumos Ufpb _jornada_2012

tal Projeto, identificar o sentido dessa experiência para os jovens egressos desta

iniciativa, e identificar os projetos de vida construídos a partir da inserção nestes

espaços.

A fim de dar conta dos objetivos citados, a perspectiva teórica adotada é a da

psicologia sócio histórica de Vigotski através das categorias vivência, consciência,

mediação, sentido e significado (Vigotski, 1933-1934/ 2009) e projeto de vida. Quanto

ao Método, após os procedimentos pertinentes aos aspectos éticos determinados pela

Resolução 196/96 do Conselho Nacional de Saúde que versa sobre as diretrizes e

normas regulamentadoras de pesquisas envolvendo seres humanos tem início a pesquisa

em duas etapas: na primeira, com os jovens participantes do referido projeto, através da

história de vida tópica, feita individualmente baseando-se no critério de saturação; na

segunda, será realizada uma entrevista coletiva (Freitas, Souza & Kramer, 2007)

composta pelos jovens que participaram do Programa Integrado e que participaram da

primeira parte. A entrevista individual possibilita conhecer as experiências e as

interpretações dos participantes a respeito de suas vivencias. A entrevista coletiva

possibilita validar as entrevistas individuais, garantir o diálogo, atentando para a ligação

entre as histórias de vida, subjetividade e narrativas. A análise do material se dará

também em algumas etapas: primeiramente será realizada uma leitura das histórias de

vida, e identificação dos temas que emergem a partir destas, levando em conta os

conteúdos repetidos, contraditórios e singulares, e assim construir o conteúdo que será

abordado no grupo. As histórias de vida e as entrevistas coletivas serão analisadas a

partir das Práticas Discursivas de Spink (2004) com a utilização dos mapas de

associação de ideias e as linhas narrativas.

A pesquisa está em andamento, a primeira parte com entrevistas individuais, no

formato de história de vida tópica foi concluída sendo atingido o critério de saturação

com 10 participantes. Assim temos participantes com idades entre 16 e 19 anos, sendo 5

do sexo masculino e 5 do sexo feminino. Quanto à escolaridade, 6 deles encontram-se

cursando o Ensino Médio, e os outros 4 já concluíram. O material encontra-se em

análise, mas já revela que as vivências no projeto construíram perspectivas de futuro.

Palavras-chaves: Juventude, vivência, formação profissional.

Page 8: Caderno Resumos Ufpb _jornada_2012

Referências:

Freitas, M. T.; Souza, S.J.; Kramer, S.(2007) Ciências humanas e pesquisa: Leituras de

Mikhail Bakhtin. São Paulo: Cortez

Gonzáles, Z. K. & Guareschi, N. M. F (2009) Concepções sobre a categoria Juventude-

Paradoxos e as produções nos modos de ser jovem In: Políticas Públicas e

assistência social: diálogo com as práticas psicológicas, Cruz, L. R. & Guareschi,

N. M. F. (2009) Petropolis: RJ Ed Vozes

Kafrouni, R (2009) A dimensão subjetiva da vivência de jovens em um programa

social- contribuições à analise das políticas para a juventude Tese de Doutorado em

Psicologia Social apresentada a Pontífica Universidade católica de São Paulo

Spink, M. P. J. (Org.).(2004). Práticas discursivas e produção de sentidos no cotidiano:

aproximações teóricas e metodológicas. 3a ed. São Paulo: Cortez

Vigotski, L. S. (1933-1934/ 2009). A crise dos sete anos. (Trad. Achilles Delari Jr.).

Traduzido de: Vigotski, L. S. (2006). La crisis de los siete años. Obras Escogidas.

Tomo IV. Madrid: Visor y A. Machado Libros.

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A CRIMINALIZAÇÃO DA JUVENTUDE (POBRE) NA PARAÍBA:

REFLEXÕES ACERCA DAS MUDANÇAS E PERMANÊNCIAS

Mestranda: Tâmara Ramalho de Sousa Amorim

Orientadora: Profa. Dra. Maria de Fátima Pereira Alberto

Leitor: Prof. Dr. Paulo César Zambroni de Souza

Núcleo de Pesquisa: Desenvolvimento da Infância e da Adolescência em Situação de

Risco Social

A categoria juventude pode ser vista como uma construção histórica, que

responde a condições sociais específicas que se deram com a emergência do

capitalismo. Nos dias atuais, a definição de juventude pode ser desenvolvida por

diferentes pontos de partida: uma faixa etária, um período da vida, uma categoria social.

As representações sobre a juventude ora investem nos atributos positivos dos jovens ora

acentuam as dimensões negativas dos “problemas sociais”. Entre estas pode ser citada a

caracterização do jovem pobre como perigoso e criminoso.

O conceito de criminalização da pobreza se refere às práticas sociais e estatais

que visam dar conta do excedente da miséria não administrável pelas políticas públicas

(Wacquant, 2003). Na Paraíba, dentre as instituições criadas para intervir com esses

jovens registram-se a Escola Correcional de Pindobal, instituição criada na década de

1930, e o Centro Educacional do Adolescente (CEA), entidade para adolescentes que

cumprem medida privativa de liberdade, criada na década de 1970.

Essa problemática e as ações institucionais motivam esse projeto, que tem como

objetivo geral analisar a criminalização da juventude (pobre) e os processos de

subjetivação através da história da institucionalização das práticas punitivas na Paraíba,

de Pindobal ao CEA. E tem como objetivos específicos: resgatar a história da instituição

Pindobal; resgatar a história da instituição CEA; caracterizar as formas de práticas

punitivas aplicadas aos jovens pobres, de Pindobal ao CEA; identificar o discurso da

Psicologia na institucionalização das práticas punitivas no contexto de Pindobal; e

identificar o discurso da Psicologia na institucionalização das práticas punitivas no

contexto do CEA.

Utiliza-se como referencial teórico os estudos de Michel Foucault (1973/2003;

1975/2010), a partir das seguintes categorias teóricas: Criminalização,

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Institucionalização e Práticas Punitivas. Foucault aborda a institucionalização ao

discutir sobre algumas instituições específicas, como prisão e hospital psiquiátrico.

Segundo ele, há nas instituições uma relação de poder sobre os sujeitos enclausurados

que incide sobre seus corpos e utiliza uma tecnologia própria de controle, algo que foi

denominado por Foucault de poder disciplinar.

Quanto à metodologia, estão sendo utilizados: pesquisa documental, história oral

e entrevistas semi-estruturadas. As duas primeiras contribuem no sentido de resgatar a

historia das duas instituições. Já as entrevistas semiestruturadas trarão contribuições na

caracterização das práticas punitivas e na identificação do discurso da Psicologia e dos

aspectos subjetivos.

A pesquisa documental está sendo desenvolvida nos arquivos oficiais de Fóruns,

Institutos históricos e nos arquivos das próprias instituições. Buscam-se registros a

respeito da criação e funcionamento da Escola Correcional de Pindobal desde o período

de sua criação até o ano de 1989, escolhido por ter sido o último ano de vigência do

Código de Menores. Em relação ao CEA, estão sendo colhidos registros a partir da

década de 1990, escolhido por ter sido o ano de promulgação do Estatuto da Criança e

do Adolescente, até os dias atuais.

A história oral está sendo utilizada com participantes que conheceram as

instituições, mas não foram profissionais e nem internos/educandos. Definida como

uma reconstituição de fatos e acontecimentos a partir da lembrança daqueles que deles

participaram, a história oral pode conseguir algo mais penetrante para a história,

transformando “objetos” de estudo em “sujeitos” (Thompson, 1992). Neste contexto,

inclui-se referenciais teóricos para tratar do tema da memória (Bosi, 1994 e Thompson,

1992).

As entrevistas semi-estruturadas estão sendo realizadas com ex-internos de

Pindobal e educandos do CEA, e com ex-profissionais de Pindobal e profissionais do

CEA, indicados através do método “bola de neve” – no qual os participantes iniciais

indicam novos participantes – e obedecendo ao critério de saturação dos dados proposto

por Minayo. Os dados coletados serão submetidos à análise do discurso de Foucault

(1969/2008).

Até o presente momento foram realizadas pesquisas nos arquivos do Jornal A

União, Arquivo Geral do Estado e arquivo da Assembléia Legislativa. Garantidos os

procedimentos éticos, conforme determina a Resolução 196 do Conselho Nacional de

Page 11: Caderno Resumos Ufpb _jornada_2012

Saúde, as entrevistas com ex-profissionais e com ex-internos da Escola Correcional de

Pindobal foram iniciadas, as quais estão passando pela fase da transcrição.

Palavras-chave: criminalização, juventude, práticas punitivas

Referências:

Bosi, E. (1994). Memória e sociedade: lembranças de velhos. São Paulo: Companhia

das Letras.

Thompson, P. (1992). A Voz do Passado: História Oral. Rio de Janeiro: Paz e Terra.

Foucault, M. (1975/2010). Vigiar e Punir. Petrópolis: Vozes.

Foucault, M. (1969/2008). A arqueologia do Saber. Rio de Janeiro: Forense

Universitária.

Wacquant, L (2003). Punir os Pobres: a nova gestão da miséria nos Estados Unidos.

Rio de Janeiro: Revan.

Page 12: Caderno Resumos Ufpb _jornada_2012

GÊNEROS E ESTILOS PROFISSIONAIS DOS PSICÓLOGOS CLÍNICOS

Mestranda: Paula Rachel Louro Leite

Orientador: Paulo César Zambroni de Souza

Leitor: Silvana Carneiro Maciel

Núcleo de Pesquisa: Psicologia Social: Trabalho e Subjetividade

Com o objetivo de apreender características do gênero e do estilo da atividade do

psicólogo clínico de modo a compreender de que maneira esta atividade é conduzida,

este trabalho utiliza os conhecimentos da clínica da atividade, proposta por Yves Clot

(2010). Para contextualizar o objeto de estudo deste trabalho, primeiro é traçado um

panorama histórico do surgimento e desenvolvimento da profissão do psicólogo no

Brasil, que, enquanto profissão, tem uma história recente. A lei que regulamenta a

profissão e formação do psicólogo brasileiro é de 1962, mas a história da psicologia no

Brasil começa muito antes disso. Pode-se considerar a origem da psicologia no Brasil a

partir da produção do saber psicológico no interior de outras áreas do conhecimento,

fundamentalmente na medicina e na educação. No campo da medicina, a contribuição

para a autonomia da produção psicológica no Brasil se dá a partir da produção de teses

abordando saberes psicológicos. Já no campo da educação a contribuição se dá em nível

da institucionalização da psicologia, com a criação de laboratórios experimentais como

o Pedagogium, criado a partir da reforma Benjamin Constant, configurando importante

alicerce para a psicologia se estabelecer na condição de ciência e definir-se como campo

profissional específico. Continuando a caracterização do objeto de estudo deste

trabalho, também é feito um breve resgate histórico da psicologia clínica cuja origem

está necessariamente ligada à constituição da medicina moderna e possui a psicanálise

de Sigmund Freud como grande influenciadora de sua constituição. A psicologia clínica

se configura dominante não só no âmbito da atuação profissional, mas também nas

representações sociais do psicólogo (Figueiredo, 2009) e nas preferências dos

estudantes de psicologia (Malvezzi, Souza & Zanelli, 2010). Sendo a área clínica

bastante abrangente em todos os sentidos ao se referir à psicologia, os psicólogos

clínicos foram escolhidos para compor a amostra deste estudo que busca aprofundar os

conhecimentos sobre a atividade destes profissionais. A clínica da atividade, proposta

por Yves Clot, busca entender o trabalho além do prescrito e observável e daí surgem os

conceitos de gênero e estilo da atividade que são investigados neste trabalho. Para além

Page 13: Caderno Resumos Ufpb _jornada_2012

do trabalho prescrito e real, há o trabalho de reorganização da tarefa pelos coletivos

profissionais denominado de gênero profissional. “É um sistema aberto de regras

impessoais não escritas, que definem, num meio dado, o uso dos objetos e o intercâmbio

entre as pessoas” (Clot, 2006, p 50). Indubitavelmente importantes para a mobilização

psicológica do sujeito em situação de trabalho, os gêneros são uma forma de saber

reencontrar-se no mundo e saber agir. Este gênero rege as relações interprofissionais e

orienta o coletivo de trabalho para se situar dentro da situação e saber como agir. Este

trabalho de ajustamento do gênero para fazê-lo um instrumento da ação é chamado de

estilo profissional. Esta noção de estilo profissional pressupõe que para um sujeito

passar a agir não basta que ele siga unicamente o coletivo, mas também ele deve se

orientar por si mesmo. A escolha dos participantes se dará por amostragem por

conveniência e decidiu-se usar como critério que o psicólogo atue em clínica particular

e tenha um mínimo de cinco anos de formação, pois acredita-se que com este tempo o

participante possua a experiência necessária para responder as questões pertinentes a

esta pesquisa. A entrevista semi-estruturada foi escolhida como instrumento de coleta de

dados, além de um questionário sócio-demográfio. O número de participantes será

estabelecido seguindo o critério de saturação das informações. Já foram realizadas, até o

momento, quatro entrevistas. Os resultados serão analisados segundo a ANÁLISE DE

CONTEÚDO qualitativa, proposta por Laville e DIONNE (1999).

Palavras-chave: Gênero profissional, estilo profissional, psicólogos clínicos.

Referências:

Clot, Y. (2006). A função psicológica do trabalho. Petrópolis: Vozes.

______. (2010). Trabalho e poder de agir. Belo Horizonte: Fabrefactum.

Figueiredo, L. C. (2009). Revisitando as psicologias. Da epistemologia à ética das

práticas e discursos psicológicos. São Paulo: Vozes.

Laville, C., & Dionne, J. (1999). A construção do saber: manual de metodologia da

pesquisa em ciências humanas. Porto Alegre: Artes Médicas.

Malvezzi, S., Souza, J. A. J. & Zanelli, J. C. (2010). Inserção no mercado de trabalho:

os psicólogos recém-formados. In A. V. B. Bastos & S. M. G. Godim (Eds.), O

trabalho do psicólogo no Brasil (pp 85-106). Porto Alegre: Artmed.

Page 14: Caderno Resumos Ufpb _jornada_2012

ANÁLISE DA ATIVIDADE DE TRABALHO DO MÉDICO RESIDENTE

Mestranda: Monalisa Vasconcelos Ernesto

Orientador: Paulo César Zambroni de Souza

Leitor: Anísio José da Silva Araújo

Núcleo de Pesquisa: Psicologia Social, Subjetividade e Trabalho

O trabalho é fundamental na vida humana, por socializar os indivíduos,

tornando-os ativos na sociedade, que traz ao homem dignidade, respeito (Dejours,

1986). Entretanto, o processo de trabalho, apesar de ser central na constituição da

identidade das pessoas e fonte de realização e autonomia, pode possuir também o lado

negativo, tendo em vista que é possível que seja fonte de sofrimento e adoecimento.

Enquanto atividade mediadora, o trabalho é gerador de significações psíquicas

para os sujeitos, e sob a ótica da Psicodinâmica do Trabalho busca-se compreender

como os trabalhadores alcançam certo equilíbrio psíquico, mesmo estando submetidos a

condições de trabalho desestruturantes (Dejours, 1993).

Tais considerações motivaram o presente estudo, que tem como objetivo geral

analisar a relação entre trabalho e saúde dos médicos residentes, de um hospital

universitário situado na região nordeste. Tem como objetivos específicos: caracterizar

as diferenças entre trabalho prescrito e trabalho real; analisar as vivências de satisfação

e sofrimento no desempenho da atividade; evidenciar as possíveis estratégias de

enfrentamento utilizadas nas situações de trabalho.

A Residência Médica (RM) é uma modalidade de formação pós-graduada

baseada fundamentalmente no treinamento em serviço. Ela é, simultaneamente,

portanto, parte do mundo da formação e do mundo do trabalho. Assim, sob supervisão,

a RM é, ao mesmo tempo, um local de aprendizado e de prática profissional e o

residente é, ao mesmo tempo, um aprendiz e um profissional médico. Compreender essa

dualidade e concomitância faz-se imprescindível para a apreensão do que será discutido

na presente dissertação.

Diante disso, Schwartz (2010) considera a experiência como sendo o movimento

da gênese do saber, consequentemente, experiência e saber são complementares.

Portanto, apreende-se a relevância da experiência da prática, constituindo-se a

Page 15: Caderno Resumos Ufpb _jornada_2012

aprendizagem enquanto um processo de transmissão de saber-fazer, com o intuito de

favorecer o aperfeiçoamento através da especialização. Constituindo-se,

concomitantemente, a aprendizagem em aprendizagem social e moral (Cornu, 2003).

Participaram desta pesquisa apenas os residentes no segundo ano de RM,

conhecidos como R2, por caracterizarem uma vivência significativa em termos de

prática e suas peculiaridades. Sendo assim, dos 35 profissionais, até o momento foram

entrevistados 27 médicos residentes das áreas clínicas do hospital universitário, a saber,

clínica médica, cirurgia geral, pediatria, obstetrícia e ginecologia, anestesiologia,

psiquiatria, oftalmologia, infectologia e gastroenterologia, através do critério de

acessibilidade aos sujeitos e a disponibilidade dos mesmos em colaborar com o estudo.

Privilegiou-se a entrevista semi-estruturada, cujo roteiro foi construído a partir das

bases conceituais e de estudos anteriores. O roteiro discorreu sobre condições de

trabalho, cargas de trabalho, riscos, variabilidades, imprevistos, prazer-sofrimento,

coletivos. Além da utilização do registro em diário de bordo.

Os dados serão trabalhados a posteriori pelo método da análise compreensiva de

Minayo (2012), entendendo o compreender enquanto exercício da capacidade de

colocar-se no lugar do outro, ressalvando que a busca por compreender torna necessário

exercitar também o entendimento das contradições, tendo em vista que o ser que

compreende, compreende na ação e na linguagem e ambas têm como características

serem conflituosas e contraditórias pelos efeitos do poder, das relações sociais de

produção, das desigualdades sociais e dos interesses.

Palavras-chave: Residência Médica; Formação profissional; Saúde.

Referências

Cornu, R. (2003). A aprendizagem-produção. In: Educação, saber e produção. Lisboa:

Instituto Piaget.

Dejours, C. (1986). Por um novo conceito de saúde. Revista Brasileira de Saúde

Ocupacional. São Paulo, nº 54, vol 14, p. 7-11, abr/mai/jun.

Dejours, C. (1993). Uma nova visão do sofrimento humano nas organizações. O

indivíduo na organização: dimensões esquecidas. 2º ed. São Paulo: Atlas, v. 1, p.149-

173.

Minayo, M.C.S. (2012). Análise qualitativa: teoria, passos e fidedignidade. Ciência &

Saúde Coletiva, 17(3), 621-626.

Schwartz, Y. (2010). A experiência é formadora? Educação & Realidade, 35(1), 35-48.

Page 16: Caderno Resumos Ufpb _jornada_2012

DE VOLTA PARA CASA? SIGNIFICADO DE REINTEGRAÇÃO FAMILIAR

PARA CRIANÇAS E ADOLESCENTES ACOLHIDOS

INSTITUCIONALMENTE

Mestranda: Leilane Cristina Oliveira Pereira

Orientador: Profª. Dra. Maria de Fátima Pereira Alberto

Leitora: Profª. Dra Ana Alayde Werba Saldanha

Núcleo de Pesquisa: Desenvolvimento da Infância e da Adolescência em Situação de

Risco Social

O Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA, 1990) no artigo 19 garante que

toda criança ou adolescente tem direito a ser criado e educado no seio da sua família.

Ainda no ECA (1990), é regulamentado a existência de entidades de acolhimento

institucionais como uma estratégia provisória e excepcional, utilizável apenas como

forma de transição. Porém, constata-se que crianças vivem durante anos nessas

instituições . Segundo pesquisa realizada em 2005 em João Pessoa/PB verificou-se que,

aproximadamente, 70% da população infanto-juvenil acolhidas vivem a mais de dois

anos nesta condição. Com vista a garantir o Direito a Convivência Familiar e

Comunitária entra em vigor a lei 12.010/09 que preconiza a Reintegração Familiar

como forma de assegurar este, tendo esta lei modificado os procedimentos referentes ao

acolhimento provocando a reintegração de dezenas de crianças e adolescentes.

Reintegração Familiar se refere ao retorno da criança uma vez acolhida

institucionalmente em uma família seja ela natural, substituta ou adotiva. Apesar do

avanço das leis e do crescimento do número de reintegrações familiares algumas

crianças e adolescentes retornam ao acolhimento institucional. Neste projeto temos

como foco a reintegração familiar à família de origem. Família de origem são os

membros da família biológica ou não que mantinham vínculos com a criança e/ou

adolescente antes do acolhimento. O presente projeto tem como objetivo analisar o

significado de reintegração familiar para crianças e adolescentes que após terem sido

reintegradas a família de origem retornaram ao Acolhimento Institucional. Desta forma,

têm-se como objetivos específicos identificar: crianças e adolescentes que após terem

Page 17: Caderno Resumos Ufpb _jornada_2012

sido reintegradas a família de origem retornaram ao Acolhimento Institucional, junto a

1ª Vara da Infância e da Juventude de João Pessoa/PB; os motivos que levaram ao

acolhimento institucional no primeiro momento; os motivos pelos quais crianças e

adolescentes que após terem sido reintegradas a família de origem retornaram ao

acolhimento institucional; o significado de família; o significado de acolhimento

institucional e o significado de reintegração familiar para essas crianças e adolescentes.

Para tal, faz-se uso do referencial teórico expresso nas seguintes categorias: família,

tomada a partir da teoria crítica (Bruschini, 1993) sendo compreendida como instituição

historicamente construída, espaço de socialização e formação psíquica; instituições

totais segundo Goffman (1974) são estabelecimentos fechados que possuem também

uma tendência ao fechamento do psiquismo do sujeito; sentido para Foucault (1987)

compreendido como uma construção histórica efeito de relações de poder que formam

os discursos. Método: Os encontros com os participantes estão sendo realizados na

instituição de acolhimento onde estes se encontram acolhido. São participantes desta

pesquisa crianças e adolescentes que foram acolhidas institucionalmente e após terem

sido reintegradas a família de origem retornaram ao acolhimento institucional. Foi

solicitada a 1ª Vara da Infância que indicasse crianças e adolescentes que possuam os

requisitos dessa pesquisa para participarem desta. Como técnicas de coleta de dados

estão sendo utilizados o desenho, O Jogo das Sentenças Incompletas (Raffaelli et al,

2001) e entrevista semi-estruturada. Estão sendo conduzidos quatro encontros com cada

participante: No primeiro são explicados os objetivos da pesquisa e solicitada a

assinatura do termo de consentimento; No segundo é solicitado o desenho e é conduzida

a entrevista semi estruturada sobre a historia da criança; No terceiro é utilizado o Jogo

das Sentenças incompletas sobre família, acolhimento institucional e reintegração

familiar; O objetivo do quarto encontro é o fechamento do processo de coleta de dados

para o participante. Será utilizada a técnica de analise crítica do discurso (Foucault,

1996) para a análise das entrevistas e analise quantitativa-interpretativa para o Jogos das

Sentenças Incompletas. Estagio atual da pesquisa: A partir da solicitação da

pesquisadora a equipe técnica do setor de acolhimento da 1ª Vara da Infância

identificou sete crianças e adolescentes com idade entre nove e 16 anos que se encaixam

nos critérios de participação desta pesquisa. Já estão sendo procedidos os encontros com

as crianças e adolescentes.

Palavras-chave: Reintegração Familiar, Acolhimento Institucional, Família e Sentido.

Page 18: Caderno Resumos Ufpb _jornada_2012

Referências:

Bruschini, C.(2009). Teoria crítica da família. Em: Azevedo,M.A.; Guerra, V.N. de A.

(orgs) Infância e violência doméstica: fronteiras do conhecimento. São Paulo:

Cortez. 55-86.

Foucault, M. (1987). Arqueologia do Saber. Rio de Janeiro: Editora Forense-

Universitária. 21-78.

Foucault, M. (1996). A ORDEM DO DISCURSO. São Paulo: Edições Loyola.

Goffman, E. (1974) Manicômios, Conventos e Prisões. São Paulo: Editora Perspectiva.

15-108.

Raffaelli, M., Koller, S. H, Reppold, C. T. Kuschick, M. B., Krum, F. M. & Bandeira,

D. R. (2001). How Do Brazilian Street Youth Experience ‘The Street’? Analysis Of

A sentence completion task. Childhood: A global Jornal of Child Research, 8 930,

369-415.

Page 19: Caderno Resumos Ufpb _jornada_2012

DIA 14 DE JUNHO DE 2012: TARDE

TRABALHO E SAÚDE DE POLICIAIS RODOVIÁRIOS FEDERAIS

Mestranda: Renata Maia Pimenta Pôrto

Orientador: Paulo César Zambroni de Souza

Leitor: Anísio José da Silva Araújo

Núcleo de Pesquisa: Psicologia Social: Trabalho e Subjetividade

A cada dia que passa, percebem-se os apelos da população para que ocorram

melhorias no Sistema de Segurança Pública e nos serviços oferecidos pelas polícias.

Diariamente, os meios de comunicação divulgam cenas e histórias de violência com as

quais os policiais estão em contato frequente. Nesse estudo, destaca-se a atuação da

Polícia Rodoviária Federal que é a instituição responsável por zelar pela segurança

pública em todas as rodovias e estradas federais do país. Nesse contexto, os policiais

rodoviários federais (PRF's) assumem numerosas atribuições e estão expostos a diversos

riscos. Levando em conta que o trabalho ocupa um lugar central na vida das pessoas e é

tão importante na formação da identidade, na inserção social e, portanto, na saúde dos

trabalhadores (Dejours, 2003), o objetivo principal desta pesquisa é analisar a relação

entre trabalho e saúde dos PRF's. Seus objetivos específicos são: compreender possíveis

formas de sofrimento e de adoecimento que se apresentam naquele meio de trabalho;

mapear as atribuições dos PRF’s; compreender o funcionamento da organização do

trabalho desses policiais; evidenciar as doenças e as fontes de satisfação decorrentes das

situações de trabalho desses profissionais. Como principais aportes teóricos para

analisar as complexas relações entre trabalho e saúde (mental) destes profissionais,

utilizam-se a Psicodinâmica do Trabalho (Dejours, 2004), campo de estudos voltado à

análise da relação entre trabalho e sofrimento/adoecimento/prazer e a Ergonomia da

Atividade (Guérin & cols, 2001) que, ao descobrir a diferença entre trabalho prescrito e

real, destaca a mobilização dos trabalhadores para gerir essa defasagem, com

implicações sobre a saúde. A forma como se entende a saúde é inspirada na obra de

Canguilhem (1990), que permite pensar o homem como um ser ativo, que está

constantemente em atividade e que não apenas está submetido ao meio, mas que age

sobre ele. Compreende-se que é natural do homem adoecer, pois a saúde não é

Page 20: Caderno Resumos Ufpb _jornada_2012

constantemente perfeita e que a normalidade se baseia na busca do organismo para

encontrar sua normatividade. Partindo de um delineamento não-experimental, o

presente estudo tem caráter descritivo e utiliza a técnica de: análise documental;

questionário estruturado – INSAT (Barros-Duarte, Cunha & Lacomblez, 2007); diário

de bordo. A pesquisa de campo está sendo realizada junto aos 73 policiais rodoviários

federais (PRF’s) lotados na 1ª Delegacia da 14ªSRPRF/PB que exercem a atividade fim

(função de policial) e são do sexo masculino. Até o momento, o questionário foi

aplicado a 55 PRF’s. O instrumento está sendo aplicado durante os plantões dos

policiais, em momentos que estão nos postos de fiscalização, individualmente ou em

grupo, conforme conveniência de suas demandas do trabalho. Além da aplicação dos

questionários, a pesquisadora está realizando um diário de bordo, o qual auxiliará na

compreensão da organização do trabalho destes profissionais e a relação com sua saúde.

O INSAT será analisado a partir do pacote estatístico SPSS versão 15.0 for Windows,

por meio do qual serão realizadas estatísticas descritivas e inferenciais. As informações

ali produzidas serão confrontadas com os dados já tratados fornecidos pelo SIASS

(Subsistema Integrado de Atenção à Saúde do Servidor) a respeito dos afastamentos

médicos. Quanto à análise documental, a pesquisadora está utilizando manuais de

rotinas operacionais, legislação pertinente ao trabalho dos PRF's e outros documentos

internos com o objetivo de definir quais atribuições previstas para estes profissionais e

auxiliar na contextualização do estudo. Posteriormente, será realizada a validação desta

pesquisa, a partir de um grupo de discussão com os PRF’s.

Palavras-chave: trabalho, saúde, policiais

Referências:

Barros-Duarte, C., Cunha, L., & Lacomblez, M. (2007). INSAT – Uma proposta

metodológica para análise dos efeitos das condições de trabalho sobre a saúde. Revista

Laboreal, 3, 54-62.

Canguilhem, G. (1990). O normal e o patológico. Rio de Janeiro: Forense Universitária.

Dejours, C. (2003). A loucura do trabalho: Estudo de Psicopatologia do trabalho. São

Paulo: Cortez.

Dejours, C. (2004). Addendum: Da psicopatologia à psicodinâmica do trabalho. In S.

Lancman & L. Sznelwar (Eds.). Christophe Dejours: Da psicopatologia à

psicodinâmica do trabalho (pp.47-104). Rio de Janeiro: Editora Fiocruz; Brasília:

Paralelo.

Page 21: Caderno Resumos Ufpb _jornada_2012

Guérin, F., & cols. (2001). Compreender o trabalho para transformá-lo: A prática da

ergonomia. São Paulo: Edgard Blucher.

Page 22: Caderno Resumos Ufpb _jornada_2012

VALORES HUMANOS E BULLYING: UM ESTUDO PAUTADO NA

CONGRUÊNCIA ENTRE PAIS E FILHOS

Mestranda: Ana Karla Silva Soares

Orientador: Prof. Dr. Valdiney Veloso Gouveia

Leitora: Profª. Drª. Patrícia Nunes da Fonseca

Núcleo de Pesquisa: Bases Normativas do Comportamento Social

Em se tratando de situações que envolvem crianças, é comum ouvir ou ler

relatos de pais ou responsáveis que tentam aplicar o ditado popular “faça o que eu digo,

não o que eu faço”. No entanto, esta “tática” parece ser algo ineficaz, visto que os

comportamentos, as atitudes e os valores dos filhos assemelham-se, em sua maioria, ao

que eles observam e captam de seus pais e não ao que lhes são impostos (Dohmen, Falk,

Huffman & Sunde, 2011; Schneider, 2001). Uma maneira de identificar a relação entre

as concepções de pais e filhos é por meio da congruência, que expressa em que medida

os pais e as crianças atribuem a mesma importância para um determinando valor (Knafo

& Schwartz, 2003) ou comportamento. Diante disto, justifica-se a atenção dispensada

pelos pesquisadores para os estudos sobre transmissão e congruência de valores entre

pais e filhos e sua influência no processo de socialização, que se reflete nos diversos

comportamentos das crianças, a exemplo do bullying. Este é definido como um

conjunto de atitudes agressivas, intencionais e repetitivas, que ocorrem sem motivação

evidente dentro de uma relação desigual de poder, adotada por um ou mais alunos

contra outro com o intuito de intimidá-la, causando dor, angústia, sofrimento e

deixando-as com sensação de vulnerabilidade, vergonha ou baixa autoestima

(Middelton-Moz & Zawadski, 2007). Nas últimas décadas, o bullying vem sendo

discutido de forma mais intensa devido ao aumento da violência praticada no ambiente

escolar. Não obstante, apesar do aumento no número de pesquisas relacionadas à

temática, ainda existem questões a serem estudadas com respeito às variáveis

envolvidas. Um fator importante que carece discussão diz respeito ao papel de alguns

aspectos psicossociais relacionados ao bullying em crianças e adolescentes, como

destaque para a transmissão e a congruência de valores entre pais e filhos. Na literatura,

tem sido desenvolvidos instrumentos para mensurar o bullying, no entanto, no contexto

brasileiro faz-se necessário a elaboração e/ou adaptação de medidas que apresentem

evidências de validade e precisão e que avaliem o construto não apenas na percepção

Page 23: Caderno Resumos Ufpb _jornada_2012

das crianças, mas também que atente para a compreensão que pais ou responsáveis

possuem sobre o tema. Neste sentido, e partindo da Teoria funcionalista dos valores

(Fischer, Milfont & Gouveia, 2011), a presente dissertação tem como objetivo geral

analisar a congruência entre os valores humanos e o bullying em pais e filhos.

Concretamente, pretende-se reunir: (a) evidências de validade e precisão das medidas de

bullying empregadas no estudo, assim como (b) conhecer a congruência dos valores e da

percepção de bullying entre pais e filhos. Para tal, pretende-se contar com duas amostras

específicas. A primeira será formada por 400 estudantes do ensino fundamental e

médio, com idades entre 10 e 16 anos de instituições públicas e privadas da cidade de

João Pessoa (PB), distribuídos em função do sexo e da idade. Para segunda amostra,

pretende-se contar com a colaboração de todos os pais ou responsáveis destes

estudantes. Todos os filhos responderão a Escala de Estereótipos dos Potenciais Alvos

de Bullying (EEPAB), Escala Califórnia de Vitimização do Bullying (ECVB),

Questionário de Percepção dos Pais (QPP) e o Questionário de Valores Básicos (QVB)

e Questões sociodemográficas, enquanto os pais ou responsáveis serão inqueridos a

responder a EEPAB, Cenários de Bullying no Contexto Escolar e o QVB.

Primeiramente, será testada a estrutura fatorial observada nas medidas EEPAB, ECVB e

dos cenários de bullying, procurando evidências de validade e precisão das medidas. Em

seguida, será analisada a congruência entre os valores e o bullying de pais e filhos por

meio da profile correlation. Confia-se oferecer indícios da adequação das escalas e da

congruência de valores e o bullying em pais e filhos, discutindo os achados a partir do

modelo teórico funcionalista dos valores humanos.

Palavras-chave: Valores; bullying; socialização; congruência.

Referências:

Dohmen, T., Falk, A., Huffman, D., & Sunde, U. (2011). The Intergenerational

Transmission of Risk and Trust Attitudes. The Review of Economic Studies,

1, 1 – 33.

Fischer, R., Milfont, T. L., & Gouveia, V. V. (2011). Does Social Context Affect

Value Structures? Testing the Within-Country Stability of Value Structures

With a Functional Theory of Values. Journal of Cross-Cultural Psychology,

42, 253-270.

Knafo, A., & Schwartz, S. H. (2003). Parenting and adolescents’ accuracy in

perceiving parental values. Child Development, 73, 595–611.

Page 24: Caderno Resumos Ufpb _jornada_2012

Middelton-Moz, J., & Zawadski, M. L. (2007). Bullying: estratégias de sobrevivências

para crianças e adultos. Porto Alegre: Artmed.

Schneider, J. O. (2001). Transmissão de valores de pais para filhos: dimensões do

desejável e do perceptível. Dissertação de mestrado. Departamento de

Psicologia, Universidade Federal da Paraíba, João Pessoa, PB.

Page 25: Caderno Resumos Ufpb _jornada_2012

VALORES HUMANOS E ASSOCIAÇÕES IMPLÍCITAS: UM ESTUDO

PAUTADO NA CONSTRUÇÃO E CORRELAÇÃO DE MEDIDAS

Mestranda: Rebecca Alves Aguiar Athayde

Orientador: Valdiney Veloso Gouveia

Leitora: Patrícia Nunes da Fonseca

Núcleo de Pesquisa: Bases Normativas do Comportamento Social

Os valores humanos têm sido considerados os objetos de análise da constituição das

Ciências Sociais desde meados do século XIX, sendo referendados em diversas áreas,

como a filosofia, a antropologia, a sociologia e a psicologia. Conceitualmente, eles são

considerados como um conjunto de princípios fundamentais que transcendem situações

específicas, e que são aprendidos por determinada cultura, sociedade, instituições e

experiências pessoais, influenciando nas atitudes, julgamentos, escolhas, atribuições e

ações. Para fins didáticos, duas perspectivas acerca dos estudos nesta área podem ser

tidas em conta: uma de cunho sociológico ou grupal e outra de cunho psicológico ou

pessoal. Esta última perspectiva será o foco da presente dissertação, tratando os valores

como próprios do indivíduo, e considerando sua capacidade explicativa de atitudes,

crenças e comportamentos. Dentre as teorias derivadas deste princípio, adotou-se para

este trabalho a Teoria Funcionalista dos Valores Humanos (Gouveia, 1998, 2003;

Gouveia et al., 2011), a qual considera os valores como “categorias de orientação,

consideradas como desejáveis, baseadas nas necessidades humanas e nas pré-condições

para satisfazê-las, adotadas por atores sociais, podendo variar em suas magnitudes e nos

elementos que as definem”. Para mensuração dos valores, Gouveia propôs a utilização

de uma medida explícita (Questionário de Valores Básicos), instrumento de avaliação

do tipo autorrelato, o qual é referendado teoricamente e apresenta padrões psicométricos

adequados. Não obstante, apesar dos bons resultados propiciados pela medida

supracitada, há um viés inerente ao método de mensuração explícita: a desejabilidade

social; esta se refere a tendência de distorção de autorrelatos para uma direção

favorável, como estratégia pessoal de autoafirmação e aceitação grupal. Uma das

formas que vêm sendo utilizada para controlar esta tendência é por meio de

mensurações implícitas, as quais pressupõem uma diminuição da reatividade da medida.

Dentre as formas de mensuração implícita, destaque considerável tem sido dado ao

Page 26: Caderno Resumos Ufpb _jornada_2012

Teste de Associação Implícita (TAI), proposto por Greenwald et al. (1998). Este teste

parte do princípio de que objetos atitudinais podem espontaneamente ativar avaliações,

as quais afetam respostas subseqüentes, bem como a velocidade destas. Tendo em vista

os problemas inerentes as formas explícitas de mensuração e a carência de instrumentos

na área de medidas implícitas, em especial no que concerne aos valores, esta dissertação

foi pensada. Assim, tem-se como objetivos do presente trabalho: construir duas medidas

de valores humanos, com base em uma adaptação do TAI (SC-IAT), nas versões lápis e

papel (estudo 1) e computadorizada (estudo 2). Como objetivos específicos, buscar-se-á

testar a estrutura da Teoria Funcionalista dos Valores Humanos por meio das medidas

implícitas, bem como correlacioná-las com instrumentos de mensuração explícita. Neste

momento, apenas o estudo 1 será descrito. Participaram deste estudo, 154 estudantes

universitários. Destes, 75 sujeitos responderam ao questionário do tipo I (valores do

QVB) e 79 responderam ao questionário do tipo II (novos valores propostos para

representar as subfunções correspondentes). A amostra foi predominantemente de

mulheres (70%), com idade média de 38 anos (dp = 6,75), solteira (72,7%) e católica

(50,6%). Para o cálculo da associação implícita, duas fórmulas foram utilizadas: (1)

diferença das pontuações e (2) produto: raiz quadrada da diferença (Lemm et al.,

2008). A Análise Multivariada de Variância (MANOVA) para medidas repetidas

revelou diferenças entre as pontuações do lado A (tarefa congruente) e do lado B (tarefa

incongruente) no banco do tipo 1 [Lambda de Wilks =0,63, F (6, 54) = 5,25, p < 0,001]

e no banco do tipo 2 [Lambda de Wilks =0,56, F (6, 63) = 8,12, p < 0,001]. Análises de

Escalonamento Multidimensional (MDS) Confirmatório (Proxscal) para os dois

instrumentos do SC-IAT (Tipo 1 e Tipo 2) e para os modelos com os dois cálculos

propostos (Cálculo da Diferença e Cálculo da Raiz Quadrada) revelaram coerência

entre o modelo teórico e a estrutura observada (Phi de Tucker > 0,90), identificando os

valores pertencentes a cada uma das seis subfunções, as quais se estruturam em razão

das dimensões tipo de orientação e tipo de motivador. As matrizes de correlações entre

as medidas implícitas e o QVB demonstraram alguns resultados confusos (por exemplo,

o SC-IAT-Normativo se correlacionou negativamente com sua respectiva subfunção), e

a medida explícita teve um maior poder de explicação da variável comportamental do

que a medida implícita. Por outro lado, tal como esperado, o QVB apresentou maiores

correlações com a medida de desejabilidade social do que as medidas implícitas. Deste

modo, o estudo 1 cumpriu com os seus objetivos, construindo a medida implícita de

Page 27: Caderno Resumos Ufpb _jornada_2012

valores humanos na versão lápis e papel, testando a Teoria Funcionalista por meio

desta, bem como relacionando-a com as medidas explícitas.

Palavras-chave: Valores humanos; medidas implícitas; teste de associação implícita.

Referências

Gouveia, V. V. (1998). La naturaleza de los valores descriptores del individualismo e

del colectivismo: Una comparación intra e intercultural. Tese de Doutorado não

publicada. Departamento de Psicologia Social, Universidade Complutense de

Madri, Espanha.

Gouveia, V. V. (2003). A natureza motivacional dos valores humanos: Evidências

acerca de uma nova tipologia. Estudos de Psicologia, 8, 431-443.

Gouveia, V. V., Fonsêca, P. N., Milfont, T. L. & Fischer, R. (2011). Valores humanos:

Contribuições e perspectivas teóricas. Em C. V. Torres & E. R. Neiva (Eds.), A

psicologia social: Principais temas e vertentes. Porto Alegre, RS: ArtMed.

Greenwald, A. G., Mcghee, D. E., & Schwartz, J. K. L. (1998). Measuring individual

differences in implicit cognition: The Implicit Association Test. Journal of

Personality and Social Psychology, 74, 1464-1480.

Lemm, K. M., Lane, K. A., Sattler, D. N., Khan, S., & Nosek, B. A. (2008). Assessing

implicit attitudes with a paper-format Implicit Association Test. Em T. G. Morrison

& M. A. Morrison (Eds.). The psychology of modern prejudice. Hauppauge, NY:

Nova Science Publishers.

Page 28: Caderno Resumos Ufpb _jornada_2012

VERIFICAÇÃO DAS BASES GENÉTICAS DOS VALORES HUMANOS,

UTILIZANDO A PERSONALIDADE E O CONCEITO DE HONRA COMO

PARÂMETROS COMPARATIVOS

Mestranda: Rafaella de Carvalho Rodrigues Araújo

Orientador: Prof. Dr. Valdiney Veloso Gouveia

Leitora: Profa. Dr

a. Patrícia Nunes da Fonseca

Núcleo de Pesquisa: Bases Normativas do Comportamento Social

Resumo. Quando estimamos os efeitos da influência dos fatores ambientais e genéticos

nos seres humanos, buscamos compreender em até que ponto a diferença de cada

pessoa, em relação a seus comportamentos, atitudes, traços de personalidade, entre

outros construtos, pode ser atribuída a cada um destes fatores, isolada e conjuntamente.

Os estudiosos não só da psicologia social já estão atentos a como a genética pode vir a

influenciar o comportamento humano. Isso pode ser verificado por meio da literatura,

onde a sua maior parte já atribui às bases biológicas uma porcentagem significativa das

causas e predisposições do comportamento, sendo muito pequena a quantidade de

pesquisadores que ainda fecha os olhos para essa realidade. Deste modo, partindo de

uma pesquisa ex post facto, a presente dissertação tem como principal objetivo verificar

as bases genéticas da preocupação com a honra, dos valores humanos e da

personalidade, comparando em até que ponto a hereditariedade genética exerce

influência sobre cada um destes construtos. Acredita-se que a honra, por ter aspectos

culturais mais enraizados, apresente menor influência advinda da genética, sendo a

personalidade o construto que apresentará maior influência da mesma, por esta ser

constituída inerentemente por fatores mais biológicos do que sociais. Os valores

humanos, por sua vez, se situariam em um intermédio, sendo identificados com

influência mediana, por se tratar de um construto que já apresenta traços genéticos, mas

que também é bastante direcionado pela cultura. Neste âmbito, no que diz respeito a

estes, pouco tem sido encontrado acerca de sua base genética e apenas três estudos

foram desenvolvidos nos últimos cinco anos, onde nenhum foi realizado no Brasil e

todos utilizaram apenas o modelo teórico valorativo de Shalom H. Schwartz. Nesta

dissertação, porém, é utilizado o modelo proposto por Gouveia (1998), por meio da

aplicação do Questionário de valores básicos como instrumento de mensuração dos

valores humanos, bem como da Escala de preocupação com a honra (Rodriguez-

Page 29: Caderno Resumos Ufpb _jornada_2012

Mosquera, Manstead, & Fischer, 2000) e do Inventário dos cinco grandes fatores da

personalidade (Big Five; John, Donahue & Kentle, 1991) para mensurar os construtos

de honra e personalidade, respectivamente, além de um questionário sócio-demográfico.

Para a realização de tal pesquisa, a amostra foi composta por pares de irmãos gêmeos,

tanto monozigóticos como dizigóticos, e, a cada par, foi solicitada a indicação de um

familiar ou amigo próximo de idade igual ou semelhante, que não compartilhasse,

assim, da mesma carga genética que eles, para responder igualmente a pesquisa. No

caso de gêmeos monozigóticos, também foi pedido que esta terceira pessoa fosse do

mesmo sexo. Esta solicitação foi feita com o objetivo de comparar com maior clareza o

nível de influência da carga genética nas respostas adquiridas. Pretende-se contar com a

colaboração de 100 pares de irmãos gêmeos e suas respectivas indicações de amigos ou

familiares, totalizando uma amostra de 300 pessoas. Entretanto, até o presente

momento, conta-se com a participação de 271 pessoas já respondentes, onde estas

compõem uma amostra de 83 pares de gêmeos, sendo que, destes, 72 pares já contam

com as respostas das terceiras pessoas correspondentes. Os outros 11 pares de gêmeos

restantes ainda carecem destas participações externas, porém já se encontram

encaminhadas. Dentre os participantes em geral, a maioria é do sexo feminino (76,3%),

com idade variando de 14 a 55 anos (m = 23,7; dp = 6,43), declara ser de classe média

(63,8%), solteira (78,9%) e com a média de 3 irmãos (dp = 2,1). Dentre os 83 pares de

gêmeos, 61 são monozigóticos (73,5%) e 22 são dizigóticos (26,5%). Além disso, vale

ressaltar que, com o intuito de facilitar a aplicação dos questionários, foram elaboradas

duas versões diferentes do mesmo, sendo uma versão em papel e uma versão online,

onde a maioria dos participantes (57,2%) colaborou com a pesquisa por meio da versão

online. Para calcular as estatísticas descritivas, como cálculo de frequências, médias e

desvios padrões, utilizou-se o software PASW18, que também será utilizado para a

realização futura de análises estatísticas inferenciais, como testes de correlação e testes

de diferenças de médias, como o teste t e Manova. Para a verificação da importância da

carga genética e comparações desta influência nos construtos estudados, entre irmãos

gêmeos monozigóticos e dizigóticos e seus respectivos colaboradores, será utilizado o

software MX na realização de modelagens por equações estruturais. Espera-se que,

depois de realizadas tais análises, sejam encontradas as devidas diferenças da

importância genética entre a honra, valores humanos e personalidade.

Palavras-chave: honra, valores humanos, personalidade, genética.

Page 30: Caderno Resumos Ufpb _jornada_2012

Referências:

Gouveia, V. V. (1998). La naturaleza de los valores descriptores del individualismo e

del colectivismo: Una comparación intra e intercultural. Tese de Doutorado.

Departamento de Psicologia Social, Universidade Complutense de Madri,

Espanha.

John, O. P., Donahue, E. M. & Kentle, R. L. (1991). The big five inventory: Versions 4a

and 54. Berkeley, CA: University of California,Berkeley, Institute of Personality

and Social Research.

Rodriguez Mosquera, P., Manstead, A., & Fischer, A. (2002b). Honor in the

Mediterranean and Northern Europe. Journal of Cross-Cultural Psychology, 33,

16-36.

Page 31: Caderno Resumos Ufpb _jornada_2012

CRACK: REPRESENTAÇÕES SOCIAIS DE USUÁRIOS EM TRATAMENTO

Mestranda: Juliana Rízia Félix de Melo

Orientadora: Silvana Carneiro Maciel

Leitora interna: Ana Alayde Werba Saldanha Pichelli

Núcleo de Pesquisa: Aspectos Psicossociais de Prevenção e Saúde Coletiva

O uso abusivo de drogas é alvo de debates e questionamentos inquietando vários

segmentos da sociedade. Atualmente, o crack tem sido considerado uma das drogas que

mais tem suscitado preocupação, transformando-se num problema de saúde pública

extremamente relevante, tendo em vista o perfil dos jovens usuários, os efeitos agudos

desta droga e a violência associada ao seu mercado ilegal. Diante disso, o presente

estudo tem como objetivo geral conhecer as representações sociais do crack elaboradas

entre seus usuários que estão em tratamento, oportunizando uma ocasião de se fazer

conhecer, do ponto de vista dos usuários, a vivência e as experiências do uso de crack.

Conforme Jodelet (2001), as representações sociais são uma forma de conhecimento,

socialmente elaborada e partilhada, com um objetivo prático, e que contribui para a

construção de uma realidade comum a um conjunto social. Nesse sentido,

compreendem-se as representações sociais do crack elaboradas pelos seus usuários em

tratamento como uma interpretação coletiva da realidade vivida e falada por esse grupo

social, direcionando comportamentos e comunicações. Serão contempladas as

abordagens dimensional e estrutural da Teoria das Representações Sociais, sendo uma

pesquisa básica, exploratória e de cunho qualitativo. A amostra compreendeu 30

usuários de crack em tratamento, consistindo numa amostra não probabilística, de tipo

acidental. Em relação ao número de participantes, considerou-se o critério de saturação

de Sá (1998). Os critérios para a inclusão na amostra foram: ser usuário de crack em

tratamento, diagnosticado pelo psiquiatra da instituição na categoria F19/CID10; ter

mais que 18 anos; e, aceitar participar da pesquisa, assinando o TCLE. O critério de

exclusão foi a presença de comorbidades psiquiátricas vinculadas a outros fatores do

CID10. O presente estudo foi realizado em uma instituição psiquiátrica, que atende pelo

SUS, na ala de tratamento de dependentes químicos, na cidade de João Pessoa – PB. Os

instrumentos de coleta de dados foram: questionário sócio demográfico, analisado

através de frequências e porcentagens; entrevista semi estruturada, analisada através de

uma análise lexical realizada pelo software ALCESTE; e, o Teste de Associação Livre

Page 32: Caderno Resumos Ufpb _jornada_2012

de Palavras, com os estímulos indutores: crack, usuário de drogas e tratamento, que foi

analisado através do programa computacional EVOC. A coleta de dados foi realizada

individualmente em sala reservada com o uso de gravador, respeitando-se todos os

cuidados éticos da Resolução 196/96 do CNS. Os resultados do questionário sócio

demográfico mostram uma faixa etária jovem, estando 50% com idade entre 19 a 29

anos. A faixa de idade do início do uso de drogas foi 57% entre 13 a 16 anos, sendo o

álcool a primeira droga utilizada; os resultados também mostram uma baixa

escolaridade. A análise das entrevistas através do ALCESTE mostrou a formação de

três classes: a classe 3, denominada Significado do dependente químico e do crack;

mostra que a representação do dependente químico está ancorada nas substâncias por

eles utilizadas, havendo uma fusão entre a pessoa usuária de drogas e a própria droga.

Esta representação também está ligada à degradação física e moral do usuário,

enfocando o desleixo com a saúde e higiene, e à falta de caráter e credibilidade a ele

atribuída. O crack é representado como algo devastador, tendo como consequências

últimas a morte e a prisão. A classe 2, que trata das Vivências do uso do crack, mostra

as principais consequências psicobiológicas do uso do crack, como: a compulsão, o uso

contínuo, a dependência, a fissura, a paranoia, a falta de alimentação adequada e as

alucinações. A classe 1, Expectativas para o futuro, mostra que as representações

sociais do crack destes usuários estão pautadas nos desejos, esperanças e planos para o

futuro, pautadas no desejo de deixar definitivamente a droga, sair da clínica, retomar

suas vidas e ter uma vida considerada normal. Os resultados obtidos através do EVOC

mostraram que destruição e tristeza estão no núcleo central da representação do crack;

enquanto que morte, compulsão, droga e perda, estão em seu sistema periférico. Os

termos crack e maconha estão no núcleo central da representação do usuário de drogas;

e, força de vontade está no núcleo central da representação do tratamento. Constatou-se,

portanto, que o crack é representado como algo negativo, ancorado no sofrimento

psíquico que acompanha a vivência subjetiva e social desses usuários. Esta

representação está ancorada a uma dimensão biomédica e moralizante, dimensões que

regem o fenômeno da dependência química em toda a sociedade. Diante disso, este

estudo pretende contribuir para a geração de dados científicos que colaborem no

desenvolvimento de estratégias mais eficientes no combate ao uso abusivo de drogas,

capazes de abarcar os aspectos psicossociais que envolvem este consumo.

Palavras-chaves: crack, representação social, usuários, dependência química.

Page 33: Caderno Resumos Ufpb _jornada_2012

Referências:

Jodelet, D. (2001). Representações Sociais: um domínio em expansão. Em D. Jodelet.

As Representações Sociais (pp.17-41). Rio de Janeiro: UERJ.

Sá, C. P. (1998). A construção do objeto de pesquisa em representações sociais. Rio de

Janeiro: UERJ.

Page 34: Caderno Resumos Ufpb _jornada_2012

DIA 15 DE JUNHO DE 2012: MANHÃ

SOBRECARGA EM FAMILIARES DE DEPENDENTES QUÍMICOS: UM

ESTUDO À LUZ DAS REPRESENTAÇÕES SOCIAIS

Mestranda: Franciane Fonseca Teixeira Silva

Orientadora: Prof. Dra. Silvana Carneiro Maciel

Leitor interno: Prof. Dr. Bernardino Fernández Calvo

Núcleo de Pesquisa: Aspectos Psicossociais da Prevenção e da Saúde Coletiva

O uso abusivo de drogas lícitas e ilícitas vem sendo foco de grande preocupação

mundial e, embora seja um fenômeno antigo na história da humanidade, constitui

atualmente um grave problema de saúde pública. Seja a droga uma substância lícita ou

ilícita, o que importa é que o abuso desta provoca alterações que podem prejudicar a

saúde, causar dependência e destruição, tanto no terreno físico, quanto nos aspectos

psicológicos e sociais da vida do indivíduo e de seus familiares. Os familiares,

especificamente, sofrem por terem um laço afetivo muito forte e por serem vistos como

corresponsáveis pela formação dos filhos, estando diretamente atrelados ao seu

desenvolvimento saudável ou doentio. Diante destas questões, esta pesquisa se propõe a

estudar o fenômeno da dependência química e os impactos que ela causa na dinâmica

familiar, a partir de um enfoque psicossocial, ancorado na Teoria das Representações

Sociais. A suposição básica é a de que as representações que aparecem nos discursos

dos familiares permitem entender como eles percebem a questão das drogas e da

dependência química e como lidam com o dependente químico no seu cotidiano e no

contexto social mais amplo; analisando questões atreladas a sobrecarga dos cuidadores.

De acordo com Soares e Munari (2007), a sobrecarga familiar pode ser definida como o

estresse emocional e econômico aos quais as famílias se submetem, quando estão

imersas em situações extremas, como é o caso do adoecimento dos filhos. Tendo em

vista que os estudos sobre sobrecarga são encontrados em sua maioria com cuidadores

de idosos ou de indivíduos portadores de transtornos psiquiátricos, este estudo faz-se

importante na medida em que visa contribuir com a exploração desta questão com

cuidadores de dependentes químicos. Trata-se de um estudo de campo, exploratório e

Page 35: Caderno Resumos Ufpb _jornada_2012

qualitativo. A amostra foi não probabilística e de conveniência e compreendeu 50

participantes. Os critérios para a inclusão na amostra foram: ser do sexo feminino e ser a

cuidadora principal do usuário. Como critério de exclusão, utilizou-se a questão da

comorbidade psiquiátrica, sendo excluídos da amostra os familiares cujos dependentes

tinham algum transtorno psiquiátrico associado à dependência química. O presente

estudo realizou-se em CAPS-ad e instituições psiquiátricas no estado da Paraíba. Os

instrumentos utilizados foram: uma entrevista semi estruturada, contendo perguntas

previamente elaboradas de acordo com os propósitos da pesquisa; e um questionário de

dados sócio demográficos, sendo utilizados gravadores. Esta pesquisa obedeceu à

Resolução 196/96, do Conselho Nacional de Saúde, que estabelece as normas e

diretrizes para a realização de pesquisas com seres humanos. Os dados sócio

demográficos foram analisados através de freqüências e porcentagens e as entrevistas

foram analisadas através do software ALCESTE. Os resultados dos dados sócio

demográficos mostraram em relação à idade que 42% está acima de 51 anos. No que se

refere ao nível de escolaridade, são de baixa escolaridade sendo 62% está entre

analfabeto e ensino fundamental. Em relação ao tipo de parentesco, 38% são esposas e

34% são mães. A amostra é constituída basicamente por familiares de baixa renda,

sendo que 54% dos familiares recebem até 1 salário mínimo. Em relação ao tempo de

convivência 72% tem mais de 6 anos. Os resultados obtidos através do ALCESTE

mostraram a formação de 6 classes: classe 1 denominada drogas e vivências familiares;

classe 2 drogas e conseqüências; classe 3 Início do uso e culpabilização da família;

classe 4 Início do uso e culpabilização dos amigos; classe 5 Drogas e sociedade e a

classe 6 Drogas e qualidade de vida. Os resultados indicaram que esses familiares

representaram as drogas como algo nocivo, que prejudica as relações familiares, sendo

responsáveis por conflitos e desarmonia na família. Segundo essas representações, as

drogas acarretam sobrecarga emocional e estados de tensão, evidenciados por mudanças

comportamentais e questões de ordem financeira, devido ao agravamento da

dependência e às frequentes hospitalizações. A ausência das drogas foi apontada como

uma das formas de se alcançar a qualidade de vida para os familiares. A adoção de um

referencial teórico calcado nas representações sociais possibilitou o entendimento sobre

os impactos que a dependência química pode causar na vida dos familiares de

dependentes químicos, devido à sobrecarga advinda do papel do cuidador. Com base

nisso, espera-se contribuir para ampliar os conhecimentos existentes na área, de modo a

incentivar a realização de novas pesquisas e a abertura de novas possibilidades de

Page 36: Caderno Resumos Ufpb _jornada_2012

tratamento para os familiares/cuidadores, visando a minimização da culpa e a melhoria

da qualidade de vida.

Palavras-chave: dependência química, família, representação social e sobrecarga

Referências:

Aragão, A. T. M., Milagres, E., & Figlie, N. B. (2009). Qualidade de vida e

desesperança em familiares de dependentes químicos. Psico-USF, 14(1), 117-123.

Filizola, C. L. A., Perón, C. J., Nascimento, M. M. A., Pavarini, S. C. I., & Filho, J. F.

P. (2006). Compreendendo o alcoolismo na família. Esc. Anna Nery Rev. Enferm.,

10(4), 660-670.

Soares, C. B., & Munari, D. B. (2007). Considerações Acerca da Sobrecarga em

Familiares de Pessoas com Transtornos Mentais. Cienc. Cuid. Saude, 6 (3), 357-362.

Vala, J. (2000). Representações sociais e psicologia social do conhecimento cotidiano.

In J. Vala & M. B. Monteiro (Orgs.), Psicologia Social (pp. 457-502), Lisboa:

Fundação Calouste Gulbenkian.

Moscovici, S. (1978). A Representação Social da Psicanálise. Rio de Janeiro: Zahar.

Page 37: Caderno Resumos Ufpb _jornada_2012

BASES VALORATIVAS DA PREOCUPAÇÃO MASCULINA COM A

APARÊNCIA

Orientando: Leogildo Alves Freires

Orientador: Prof. Dr, Valdiney Veloso Gouveia

Leitora: Profª. Drª. Maria da Penha de Lima Coutinho

Linha de Pesquisa: Processos Psicossociais

RESUMO. Adentrar no terreno da preocupação dos homens com aparência pressupõe

explorar uma área de preocupação que se acreditava ser exclusivamente do público

feminino, no entanto percebe-se que atualmente essa mesma preocupação expandiu-se

também para o masculino, segundo Paul e Brownell (2001), a busca excessiva por um

“corpo ideal” está relacionada com a associação entre a beleza e atributos positivos,

como, por exemplo, competência, sucesso e autocontrole. O que tem levado milhares de

homens a sacrificar aspectos importantes das suas vidas para se dedicarem

compulsivamente a melhorar a aparência do seu corpo (Pope, Phillips & Olivardia,

2000). Estas muitas obsessões corporais masculinas formam o que tem sido

denominado de Complexo de Adônis, apontado pelos autores como a crise secreta da

obsessão corporal masculina ao comtemplar preocupações que vão desde pequenos

descontentamentos até obsessões devastadores, quer seja uma insatisfação possível de

administrar até distúrbios psiquiátricos graves com a imagem corporal. Destaca-se que

este trabalho se insere no âmbito da psicologia social, onde busca-se conhecer os

aspectos psicossociais envolvidos na dedicação dos homens aos cuidados estéticos e

corporais com a aparência bem como as implicações deste no relacionamento social

destes indivíduos. E no universo de variáveis potenciais para descrever e explicar os

padrões comportamentais destes grupos destaca-se os valores humanos, justificando-se

em razão de serem importantes no processo seletivo das ações humanas, constituindo-se

um construto preponderante para o entendimento de muitos fenômenos sócio-

psicológicos (Bardi & Schwartz, 2001). Frente ao que vem sendo apresentado,

pretende-se, como objetivo geral, conhecer as bases valorativas da preocupação dos

Page 38: Caderno Resumos Ufpb _jornada_2012

homens com a aparência. Neste sentido, pensou-se na realização de dois estudos

detalhados a seguir. Estudo 1: Parâmetros Psicométricos das Medidas Utilizadas. O

objetivo principal deste primeiro estudo foi elaborar e adaptar as medidas utilizadas para

o contexto brasileiro, realizando uma tradução/re-tradução, checando sua validade

semântica, estrutura fatorial e consistência interna. Contou-se com a participação de 211

estudantes universitários do sexo masculino com idade média de 22 anos (dp = 5,58)

sendo a maioria solteiros (84,8%), tratou-se de amostra de conveniência e não-

probabilística. Estes responderam a um caderno com as seguintes medidas:

Questionário do Complexo de Adônis – QCA (Pope et al), Questionário de Vaidade –

QV (Durvasula, Lysonski & Watson, 2001), Escala de Ansiedade Física Social - EAFS

(Souza & Fernandes, 2009) e perguntas sócio-demográficas. Com relação ao QCA após

ter sido checado sua validade semântica, constatou-se a sua fatorabilidade por meio do

KMO = 0,82 e do Teste de Esfericidade de Bartlett, χ² (300) = 1458,20; p < 0,001,

optou-se pelo método PAF (Principal Axis Factoring), sem fixar número de fatores ou

rotação, emergiram 7 fatores que explicam 59, 20% da variância. Neste caso procedeu-

se uma análise paralela (critério de Horn) da qual emergiram uma solução fatorial de 3

fatores, sendo assim realizou-se novamente a análise fatorial fixando em três fatores

com rotação varimax, os quais pela leitura do conteúdo dos seus itens permitiu defini-

los como: preocupações estéticas (α = 0,74), preocupações fisicosexuais (α = 0,58) e

dedicação a exercícios/alimentação (α = 0,72) estes três fatores explicam

conjuntamente 40,47% da variância. No que diz respeito ao QV, comprovou-se a

fatorabilidade da matriz [KMO = 0,84; Teste de Esfericidade de Bartlett, χ² (210) =

1968,44; p < 0,001] e procedeu-se uma análise fatorial fixando a estrutura fatorial em 4

fatores como propõe os autores originais, tais fatores são: Exibição física(α = 0,86),

Autovisão física (α = 0,81), Autorealização(α = 0,79) e Exibição da Realização (α =

Page 39: Caderno Resumos Ufpb _jornada_2012

0,68) estes 4 fatores explicam 57,3% da variância. Por fim testou-se a comprovação da

estrutura fatorial da EAFS testando dois modelos desta estrutura (uni e bifatorial) os

indicadores de ajuste foram considerados satisfatórios para o modelo bifatorial [o ²

(53) = 96,6, p < 0,001; ²/gl = 1,86; GFI = 0,93, AGFI = 0,90, CFI = 0,95, RMSEA =

0,06 (IC 90% 0,04 – 0,08), PCLOSE (p = 0,14)]. Portanto, concluiu-se que tais

resultados permitiram reunir evidências de validade fatorial e consistência interna das

medidas empregadas. Estudo 2 (em andamento): Correlatos Valorativos da

Preocupação Masculina com a Aparência. O objetivo principal deste estudo será

conhecer quais valores se correlacionam com a preocupação masculina com aparência

masculina. Buscar-se também nesta oportunidade comprovar as estruturas fatoriais das

escalas utilizadas no estudo 1 e por fim testar o modelo preditivo Vaidade Valores de

Realização e Experimentação Preocupação Masculina com a Aparência.

Participarão deste estudo 200 homens de academias de musculação da cidade de João

Pessoa esta será uma amostra de conveniência e não-probabilística. Estes resultados

serão discutidos a luz da literatura existente no âmbito da psicologia social e espera-se

que estes objetivos sejam alcançados.

Palavras-chave: Valores humanos; preocupação masculina; aparência.

Referências

Bardi, A. & Schwartz, S. H. (2001). Values and behavior: Strength and structure of

relations. Personality and Social Psychology Bulletin, 29, 1207 – 1220.

Durvasula,S., Lysonski, S. & Watson, J. (2001) Does Vanity Describe Other Cultures?

A Cross-Cultural Examination of the Vanity Scale, The Journal of Consumer

Affairs, 35, 180-199.

Page 40: Caderno Resumos Ufpb _jornada_2012

Paul, R. & Brownell, K. D. (2001). Bias, discrimination and obesity. Obesity Research,

9, 788-805.

Pope, H.G.; Phillips, K.A., Olivardia, R. (2000) O complexo de Adônis: a obsessão

masculina pelo corpo. Rio de Janeiro: Campus

Souza, V. & Fernandes, S.(2009). Adaptação da Social Physique Anxiety Scale (SPAS)

ao contexto brasileiro, Ciências & Cognição, 14,16-23.

Page 41: Caderno Resumos Ufpb _jornada_2012

UMA ANÁLISE DO JULGAMENTO MORAL EM ADOLESCENTES E

JOVENS ADULTOS EM TRÊS MOMENTOS HISTÓRICOS

Mestranda: Pollyana de Lucena Moreira

Orientador: Júlio Rique Neto

Leitor: Cleonice Pereira dos S. Camino

Núcleo de Pesquisa em Desenvolvimento Sócio-Moral

O objetivo do presente estudo é verificar a qualidade do julgamento moral de

adolescentes e jovens adultos em três momentos históricos no Brasil: 1988/89, 1996 e

2011. Para as análises dos anos de 1988/89 e 1996, foram utilizados os bancos de dados

do Núcleo de Pesquisa em Desenvolvimento Sócio-Moral da UFPB. Foi coletada uma

nova amostra para o ano de 2011. De acordo com Leitão (2011), os anos de 1988/89 e

1996 foram anos em que o Brasil buscou uma estabilização política e econômica. O país

sofria a pressão de uma população atuante e atenta ao futuro da nação. Em 2011, de

acordo com a mesma autora, o cenário mudou e o país vivenciou, com o governo Lula,

um período de estabilização, tanto da política como da economia. Diante dessas

conjunturas sociais, perguntou-se: como adolescentes e jovens adultos, de épocas

distintas, pensam a respeito de questões morais semelhantes? Para responder a essa

pergunta, utilizou-se como base a Teoria do Desenvolvimento Moral de Kohlberg

(1984). Essa teoria explica o desenvolvimento moral a partir de três níveis (pré-

convencional, convencional e pós-convencional) que se dividem em seis estágios de

pensamento moral (1º: orientação para obediência e punição, 2º: hedonismo

instrumental, 3º: moralidade do bom garoto, 4º: orientação para as leis e para a ordem,

5º: orientação para o contrato social e 6º: orientação para princípios éticos universais).

No total, participaram desse estudo 430 adolescentes e jovens adultos (210

universitários de uma universidade pública e 220 alunos do ensino médio de escolas da

rede privada), da cidade de João Pessoa. Como instrumento foi utilizado o Defining

Issues Test (DIT, Rest, 1974), adaptado por Camino, Luna, Alves, Silva e Rique (1988).

Esse instrumento consiste numa medida objetiva de raciocínios de justiça relacionados

aos estágios de desenvolvimento moral de Kohlberg (1984). O instrumento foi

administrado em ambiente coletivo, mas respondido individualmente. Para comparação

das médias entres níveis e entre estágios do pensamento moral, foram realizados testes-

Page 42: Caderno Resumos Ufpb _jornada_2012

t, para verificar os estágios dominantes e o padrão de consistência (40% ou mais de uso

do estágio dominante) e inconsistência (39% ou menos de uso do estágio dominante)

foram levantadas frequências simples. Considerando a amostra de universitários, os

resultados mostraram que em 1988/89 os jovens apresentaram pensamento pós-

convencional predominante (M = 17,21; DP = 6,82), e que se diferenciou

significativamente (p < 0,01) do pensamento convencional (M = 12,78; DP = 6,65), com

o estágio 5 como dominante. Os universitários de 2011 apresentaram pensamento

convencional predominante (M = 17,99; DP = 6,13), e que se diferenciou

significativamente (p < 0,01) do pensamento pós-convencional (M = 15,12; DP = 6,21),

com estágio 4 como dominante. As diferenças encontradas com relação à qualidade do

julgamento moral dos universitários podem estar relacionadas com os diferentes

contextos políticos, econômicos e educacionais nos quais esses jovens estavam

inseridos. É preciso entender quais aspectos desses contextos podem ter motivado um

pensamento pautado no contrato social, para os universitários de 1988/89, e um

pensamento moral pautado na manutenção das leis e da ordem para os universitários de

2011. Os dados referentes aos alunos de ensino médio ainda estão sendo analisados.

Palavras-chave: julgamento moral; universitários; DIT.

Referências:

Camino, C., Luna, V., Alves, A., Silva, M., & Rique, J. (1988). Primeiros resultados da

reformulação e adaptação do Defining Issues Test. In Anais do XVIII Reunião Anual

de Psicologia (p. 236). Ribeirão preto, São Paulo.

Kohlberg, L. (1984). Essays on Moral Development. The Psychology of Moral

Development: The Nature and Validity of Moral Stages (Vol. II). San Francisco:

Harper & Row.

Leitão, M. (2011). A Saga Brasileira. A longa luta de um povo por sua moeda. Rio de

Janeiro: Record.

Rest, J., Cooper, D., Coder, R., Masanz, J., & Anderson, D. (1974). Judging the

important issues in moral dilemmas – an objective measure of development.

Developmental Psychology, 10, 491-501.

Page 43: Caderno Resumos Ufpb _jornada_2012

A RELAÇÃO ENTRE O PENSAMENTO MORAL DA JUSTIÇA E O

PENSAMENTO MORAL DO PERDÃO

Mestranda: Eloá Losano de Abreu

Orientador: Júlio Rique Neto

Leitor: Cleonice P. S. Camino

Núcleo de Pesquisa em Desenvolvimento Sócio-Moral (NPDSM)

O presente estudo teve como objetivo verificar o desenvolvimento do pensamento moral

do perdão, através de uma comparação transversal por idade, e sua relação com o

pensamento de justiça. A teoria do julgamento moral de Kohlberg (1984) define uma

sequência de três níveis (pré-convencional, convencional e pós-convencional) seis

estágios de raciocínios: 1º: orientação para obediência e punição, 2º: hedonismo

instrumental, 3º: moralidade do bom garoto, 4º: orientação para manutenção das leis e

da ordem social, 5º: orientação pelo contrato social e 6º: orientação por princípios éticos

universais. Seguindo essa tradição sociomoral, Enright, Santos e Al-Mabuk (1989)

verificaram o avanço na qualidade do pensamento do perdão. Os autores perguntaram a

adolescentes e jovens adultos: Quais as condições que facilitariam o perdão? Os

resultados mostraram raciocínios semelhantes às estruturas de estágios de pensamento

da justiça que podem ser assim hierarquizados: 1º: perdão como vingança, 2º: perdão

como restituição ou compensação, 3º: perdão como expectativa social, 4º: perdão como

expectativa institucional, 5º: perdão para a harmonia social e 6º: perdão como

compaixão. O estudo indicou ainda um avanço nos estágios por idade e uma relação

positiva entre o pensamento de justiça e o pensamento de perdão. Considerando esses

resultados, este estudo buscou verificar: se existiam diferenças no pensamento de justiça

e de perdão em diferentes faixas etárias; qual o estágio de raciocínio de justiça e de

perdão era predominante no julgamento das pessoas e se os pensamentos de justiça e

perdão se desenvolviam paralelamente ou se a relação entre os dois é de necessidade.

Supondo que o sentimento de justiça é necessário para o perdão, esperou-se que o

pensamento de perdão se revelasse sempre em estágio anterior ou igual ao pensamento

de justiça numa mesma pessoa. Participaram do estudo 155 estudantes, divididos em

três grupos de idade: 10 a 14 anos (M= 12,57; DP= 1,189), 15 a 19 anos (M= 17,48; DP

= 1,214) e 20 a 24 anos (M= 21,28; DP = 1,426). Como instrumentos, foram utilizadas

adaptações do Dilema de Heinz, nas versões para a justiça e para o perdão. Foi

Page 44: Caderno Resumos Ufpb _jornada_2012

solicitado, ainda, que os participantes apresentassem uma definição sobre o que

consideram ser justiça e perdão. As respostas aos dilemas foram categorizadas por cinco

juízes com um mínimo de 80% de concordância. Não foram encontradas diferenças

significativas em relação às duas variáveis dependentes justiça e perdão em função da

idade. Verificou-se, a partir de uma análise das frequências, que a maioria dos

participantes apresentaram como dominantes o estágio 4 na justiça (69,7%) e o 2 no

perdão(58,1%), indicando, portanto, uma ênfase na legalidade referente a justiça e nas

compensações materiais em relação ao perdão. Foi calculado um coeficiente de

contingência de Crámer para verificar a associação entre os estágios dominantes de

justiça e perdão. O resultado revelou um contingente de 0,33 que, conforme o resultado

do Qui-quadrado referente a essas duas variáveis, é significativo a p<0,01. Para verificar

a relação entre o pensamento da justiça e pensamento do perdão, os resultados de um

teste de Wilcoxon mostraram uma relação significativa (z= -9,988; p<0,001). Os

resultados confirmam a hipótese levantada no estudo. No entanto, outros estudos

precisam ser realizados para que se possa afirmar com maior segurança a relação

encontrada. No momento estão sendo realizadas análises de conteúdo segundo Bardin

(1977) das definições de justiça e perdão apresentadas pelos participantes.

Palavras-chave: perdão, justiça, moral.

Referências:

Bardin, L. (1977). Análise de Conteúdo. Lisboa, Portugal: Edições 70.

Enright, R. D., Santos, M. J. D. & Al-Mabuk, R. (1989). The adolescent as forgiver.

Journal of Adolescence, 12, 95-110.

Kohlberg, L. (1984). Essays on Moral Development. The Psychology of Moral

Development: The Nature and Validity of Moral Stages. Vol. 2. San Francisco:

Harper & Row.

Page 45: Caderno Resumos Ufpb _jornada_2012

AUTISMO E SÍNDROME DE DOWN: CONCEPÇÕES DE

PROFISSIONAIS DE DIFERENTES ÁREAS

Mestranda: Cibele Shírley Agripino Ramos

Orientadora: Profª. Drª. Nádia Maria Ribeiro Salomão

Leitora: Profª. Drª. Fabíola de Sousa Braz Aquino

Núcleo de Pesquisa: Interação Social e Desenvolvimento Infantil

O autismo é um transtorno do desenvolvimento que vem sendo bastante estudado em

diversos campos do saber. Apesar de se caracterizar por uma tríade de prejuízos – na

interação social, na comunicação/linguagem e no comportamento –, esse transtorno se

apresenta de forma bastante heterogênea, isto é, há grande variabilidade nos quadros

clínicos encontrados, o que contribui para que possa haver dificuldades em relação ao

seu diagnóstico, dificultando, consequentemente, a realização da intervenção. Observa-

se que muitos estudos acerca do autismo procuram comparar algum aspecto relacionado

a esse transtorno com a síndrome de Down ou com o desenvolvimento típico. Os estudos

comparativos do autismo e da síndrome de Down, especificamente, têm sido realizados

com o intuito de conhecer a dinâmica familiar presente nos dois grupos, bem como o

sistema de crenças dos genitores desses indivíduos. Com relação aos estudos sobre o

conhecimento de profissionais acerca desses dois transtornos, verifica-se que têm sido

realizados mais no âmbito educacional (Goldberg, 2002; York, Fraunhofer, Turk &

Sedgwick, 1999). Nesse sentido, este estudo tem como objetivo investigar as concepções

de profissionais de diversas áreas do conhecimento acerca do autismo e da síndrome de

Down, ressaltando a influência das concepções nas interações sociais e no

comportamento, como destacam Harkness e Super (1996) e Seidl-de-Moura e

colaboradores. Parte-se da hipótese de que a forma como os profissionais concebem

essas síndromes influencia nas estratégias de intervenção que serão adotadas e determina

o tipo de informações que serão transmitidas aos pais desses indivíduos, além de trazer

implicações importantes para as discussões acerca da inclusão de crianças e jovens com

necessidades educativas especiais. Ao falar em concepções, estamos nos referindo ao

conjunto de crenças e posicionamentos que o indivíduo possui, a partir da análise das

suas opiniões. Decidiu-se investigar concepções sobre o autismo em comparação com a

Page 46: Caderno Resumos Ufpb _jornada_2012

síndrome de Down devido ao fato de a incidência dessas duas síndromes ser considerada

relativamente alta nos dias de hoje, como também pela consideração de particularidades

relativas a cada um dos transtornos, tais como: período em que é feita a identificação –

a síndrome de Down pode ser identificada logo após o nascimento da criança, enquanto

o autismo costuma ser diagnosticado somente por volta dos três anos de vida;

funcionamento cognitivo – os indivíduos com síndrome de Down apresentam deficiência

mental em graus variados, enquanto o autismo pode estar associado ou não à deficiência

mental; e sociabilidade – o autismo é caracterizado por um prejuízo social e pela

presença de comportamentos repetitivos e incomuns, ao passo que os indivíduos com

síndrome de Down frequentemente são descritos como sociáveis e afetuosos, além de

apresentarem poucos comportamentos repetitivos. O presente estudo teve início a partir

do contato com responsáveis por instituições públicas e privadas que atendem indivíduos

com necessidades educativas especiais e com profissionais que atuam em consultórios

particulares na cidade de João Pessoa - PB. Nesse primeiro momento, foi entregue uma

carta de apresentação visando obter uma autorização para realizar a pesquisa e foi

agendada a aplicação de um questionário sociodemográfico e de uma entrevista

semiestruturada com os profissionais. Foi solicitado que estes assinassem um termo de

consentimento para a realização do estudo, sendo também solicitada a sua permissão

para a gravação da entrevista, que aborda questões referentes à definição do autismo e da

síndrome de Down, às propostas de intervenção, à inserção dos indivíduos com essas

síndromes em escolas regulares e aos principais desafios relacionados ao trabalho com

esses indivíduos. Este estudo terá como participantes oito profissionais de cada uma das

seguintes áreas: psiquiatria, neurologia, pediatria, psicologia, fonoaudiologia, pedagogia,

educação física, terapia ocupacional, além de professores, totalizando 72 profissionais.

Os participantes serão divididos em dois grupos, em virtude de já terem trabalhado ou

não com indivíduos autistas ou com síndrome de Down. O estudo encontra-se na fase de

coleta de dados e de transcrição das entrevistas já realizadas. Após a transcrição das

entrevistas, serão estabelecidas categorias e subcategorias, sendo os dados analisados

com base na Análise de Conteúdo proposta por Bardin. Espera-se que os resultados deste

estudo possam contribuir para a formulação de políticas públicas que visem a uma maior

capacitação dos profissionais de áreas comumente envolvidas no trabalho com

indivíduos autistas e com síndrome de Down, subsidiando, assim, propostas de

intervenção que contribuam para a melhoria da qualidade de vida desses indivíduos e de

suas famílias.

Page 47: Caderno Resumos Ufpb _jornada_2012

Palavras-chave: Autismo; síndrome de Down; concepções

Referências:

Goldberg, K. (2002). A percepção do professor acerca do seu trabalho com crianças

portadoras de autismo e síndrome de Down: um estudo comparativo. Dissertação

de Mestrado, Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Porto Alegre, Brasil.

Harkness, S., & Super, C. M. (1996). Introduction. In S. Harkness & C. M Super

(Eds.), Parents' cultural belief systems: Their origins, expressions, and

consequences (pp. 1-23). New York: The Guilford Press.

Seidl-de-Moura, M. L., Ribas Jr., R. C., Piccinini, C. A., Bastos, A. C. S., Magalhães,

C. M. C., Vieira, M. L., Salomão, N. M. R., Silva, A. M. P. M., & Silva, A. K.

(2004). Conhecimento sobre desenvolvimento infantil em mães primíparas de

diferentes centros urbanos do Brasil. Estudos de Psicologia, 9, 421-429.

York, A., Fraunhofer, N. von, Turk, J. & Sedgwick, P. (1999). Fragile-X syndrome,

Down’s syndrome and autism: awareness and knowledge amongst special

educators. Journal of Intellectual Disability Research, 43(3), 314-324.

Page 48: Caderno Resumos Ufpb _jornada_2012

DIA 15 DE JUNHO DE 2012: TARDE

OS GESTOS NA COMUNICAÇÃO MÃE-BEBÊ: UMA ABORDAGEM

LONGITUDINAL

Mestranda: Janaina Franciele Camargo

Orientadora: Profa. Dra. Nádia Maria Ribeiro Salomão

Leitor: Profa. Dra. Fabíola de Sousa Braz Aquino

Núcleo de Estudos: Interação Social e Desenvolvimento Infantil

A partir de uma concepção sociocultural do desenvolvimento, autores como Vygotsky

(1999), Bruner (1975) e Tomasello (2003), destacam a importância das relações sociais,

das atividades conjuntas e das relações de interação para o desenvolvimento e o

aprendizado infantil. Admite-se que os bebês já possuem um aparato para a interação

desde o seu nascimento, fato percebido pelas mães, que interpretam as ações da criança

de acordo com os seus conhecimentos, concepções e expectativas acerca de seu bebê e

do desenvolvimento em geral. Segundo a perspectiva da interação social do

desenvolvimento da linguagem, esta é adquirida pela criança por meio tanto dos

aspectos biológicos quanto dos socioculturais, sendo a interação social um fator

fundamental para o desenvolvimento linguístico. Tal interação tende a ser bidirecional e

recíproca, de forma que ambos, adulto e criança, contribuem para sua construção de

maneira dinâmica (Salomão, 2010). Os gestos são uma forma de comunicação de

grande importância durante as primeiras interações entre a mãe e seu bebê, em especial

na fase em que este ainda não desenvolveu totalmente as habilidades necessárias para se

expressar verbalmente. Partindo-se do pressuposto de que o desenvolvimento da

linguagem pode ser caracterizado como um continuum que se inicia na comunicação

pré-linguística e chega à comunicação verbal em um processo que ocorre por meio de

interações sociais, o objetivo do presente trabalho consiste em analisar a comunicação

entre mãe e bebê na fase pré-verbal da criança. Para tanto, será verificada a frequência

com que o bebê utiliza diferentes categorias de gestos em cada período evolutivo

observado, serão observados os gestos da mãe e do bebê a fim de verificar como cada

membro da díade responde aos gestos apresentados pelo outro e, finalmente, será

analisado como a mãe atribui significados e intencionalidade aos gestos do bebê, assim

Page 49: Caderno Resumos Ufpb _jornada_2012

como ao seu sorriso, choro e direção do olhar. O estudo está sendo realizado a partir de

observações gravadas em vídeo de seis díades mãe-bebê que foram acompanhadas

longitudinalmente aos 6, 9 e 12 meses de idade da criança, filmadas durante 20 minutos

em contexto de brincadeira livre e disponíveis no banco de dados do Núcleo de Estudos

em Interação Social e Desenvolvimento Infantil (NEISDI). Foi realizada a transcrição

literal das falas e vocalizações da mãe e do bebê, bem como a descrição tanto dos gestos

quanto da situação e do ambiente em que a díade interagia. As categorias de análise

foram estabelecidas após a etapa de transcrição dos dados. Para o estabelecimento das

categorias de análise, os gestos comunicativos dos bebês e das mães foram subdivididos

em gestos dêiticos e representativos. Os gestos dêiticos expressam uma intenção da

criança e se referem diretamente a um objeto ou evento por meio de indicação ou toque,

não guardando semelhanças com o referente, de modo que seu significado só pode ser

apreendido se relacionado ao contexto em que é produzido. São exemplos de gestos

dêiticos: mostrar, oferecer espontâneo, oferecer após solicitação, solicitar, apontar

canônico e apontar com toda a mão. Os gestos representativos representam um

referente específico e seu significado se mantém estável independente do contexto em

que é apresentado, embora dependam do contexto para serem interpretados. Estes

podem ser: gestos de objeto, os quais reproduzem ações relacionadas a objetos, ou

gestos convencionais, os quais não guardam relação com um objeto. Outros

comportamentos do bebê como chorar, sorrir, vocalizar, olhar em direção à mãe,

dirigir a atenção da mãe por meio do olhar, seguir o olhar da mãe e seguir o apontar

da mãe também serão categorizados, por consistirem em um tipo de comunicação não-

verbal que a criança utiliza na interação com a mãe desde os primeiros meses de vida.

As categorias relativas aos comportamentos maternos após o gesto do bebê são:

presença de resposta, olhar em direção ao bebê, olhar em direção a um objeto ou

evento, uso de vocalização e uso de palavras. As categorias relativas às atribuições

maternas de significado e intencionalidade são: atribuição de percepção, atribuição de

cognição, atribuição de volição e atribuição de disposição.

Palavras-chave: desenvolvimento linguístico; comunicação mãe-bebê; gestos

Referências:

Bruner, J. S. (1975). The ontogenesis of speech acts. Journal of child language, 2, 1-19.

Salomão, N. M. R. (2010). Interação Social e desenvolvimento linguístico. Em V. L. R.

Luna & Z. A. Nascimento (Orgs.), Desafios da Psicologia Contemporânea (pp.

91-104). João Pessoa: Editora Universitária/UFPB.

Page 50: Caderno Resumos Ufpb _jornada_2012

Tomasello, M. (2003). Origens culturais da aquisição do conhecimento humano. (C.

Berliner, Trad.). São Paulo: Martins Fontes.

Vygotsky, L. S. (1999). A formação social da mente: O desenvolvimento dos processos

psicológicos superiores. (6ª ed., J. C. Neto, L. S. M. Barreto & S. C. Afeche,

Trad.). São Paulo: Martins Fontes. (texto original publicado no Brasil em 1984).

Page 51: Caderno Resumos Ufpb _jornada_2012

REPRESENTAÇÕES SOCIAIS DE PROFISSIONAIS DE CREAS ACERCA DA

VIOLÊNCIA SEXUAL INFANTO-JUVENIL

Mestranda: Leilane Menezes Maciel Travassos

Orientador: Maria da Penha de Lima Coutinho

Leitor: Ana Raquel Torres

Linha de Pesquisa: Aspectos Psicossociais da Prevenção e Saúde Coletiva

A violência é um fenômeno social global e histórico, e vem se afirmando como um dos

mais graves problemas sociais e de saúde pública (Organização Mundial de Saúde,

2002). Dentre os diversos tipos de violência, este estudo focalizará a violência sexual

contra crianças e adolescentes, caracterizada pela sua alta incidência e suas

conseqüências psicológicas e sociais à pessoa vitimizada. De grande preocupação da

sociedade, a violência sexual não atinge apenas a pessoa vitimizada, mas seus familiares

e o seu meio social; bem como os profissionais que lidam com tal situação no seu

cotidiano de trabalho. Compreender o complexo fenômeno da violência sexual envolve

uma gama de conceitos e problemáticas, exigindo ações articuladas, intersetoriais e

interdisciplinares para seu enfrentamento. Consolidando-se como um fenômeno

multifacetado, caracterizado pela relação de poder étnica, cultural e intergeracional; sua

compreensão deve englobar abuso sexual intra e extra-familiar e exploração sexual

comercial, prostituição, pornografia, turismo sexual e tráfico de pessoas para fins sexuais

(Faleiros & Faleiros, 2008). Atualmente as pesquisas acerca da violência sexual

encontram-se em ascensão, contudo, são ainda incipientes estudos no Brasil no que

tange à abordagem pelas recentes equipes da Proteção Social, deste modo, acredita-se

poder contribuir para seu conhecimento através da presente pesquisa. A partir desta

problemática, desenvolve-se um estudo com profissionais de Centros de Referência

Especializados de Assistência Social (CREAS), tendo-se como pressuposto de que os

caminhos para prevenção às violências começam a partir da compreensão das

representações sociais destes atores sociais, de seus conhecimentos, suas práxis, e suas

competências para lidar com vítimas de violência sexual. Objetivos: Este estudo tem

como objetivo geral apreender as representações sociais de profissionais que atuam em

CREAS acerca da violência sexual infanto-juvenil. Especificamente objetiva-se traçar o

perfil biosociodemográfico dos profissionais que lidam com essa problemática;

identificar os campos semânticos elaborados por estes acerca da violência sexual

Page 52: Caderno Resumos Ufpb _jornada_2012

infanto-juvenil; identificar as práticas dos profissionais diante a violência sexual contra

crianças e adolescente; verificar os processos de objetivação e ancoragem evidenciados

pelos profissionais; e descrever dados epidemiológicos de casos de violência sexual

infanto-juvenil notificados nas instituições pesquisadas. Será utilizado como aporte

teórico a Teoria das Representações Sociais de Serge Moscovici, que funciona como um

sistema de interpretação da realidade e de regulamento do universo de opiniões, crenças

e sentimentos dos atores sociais determinando seus comportamentos ou práticas

(Moscovici, 2010). Nesta perspectiva, a Teoria das Representações Sociais se apresenta

como apropriada à compreensão do fenômeno da violência sexual contra crianças e

adolescentes, visto que possibilita a apreensão de processos construtivos do objeto de

estudo pelos atores sociais envolvidos a partir de suas experiências cotidianas com o

contexto social. Método: Trata-se de um estudo campo exploratório e descritivo, com

enfoque quali-quantitativo. A amostra é do tipo não probabilística, constituída por

profissionais de nível superior (psicólogo, assistente social, pedagogo e advogado) de

Centros de Referência Especializados de Assistência Social existentes nas cidades das

micro-regiões de Cajazeiras/PB (Cajazeiras, Cachoeira dos Índios, Poço Dantas, Poço

José de Moura, São João do Rio do Peixe e Uiraúna) e João Pessoa/PB (Bayeux,

Cabedelo, Conde, João Pessoa e Santa Rita). Para o presente estudo serão utilizados os

seguintes instrumentos: Questionário biosóciodemográfico; Teste de Associação Livre

de Palavras (TALP), entrevista semi-estruturada e análise documental. Para análise dos

dados serão utilizados os softwares SPSS, Tri-Deux-Mots e Alceste. Realizou-se até o

presente, coleta em seis municípios da (Cajazeiras, Cachoeira dos Índios, Uiraúna, São

João do Rio do Peixe, João Pessoa e Cabedelo), totalizando 20 sujeitos. Deste modo, a

presente pesquisa encontra-se em desenvolvimento de coleta.

Palavras-chave: violência sexual, infato-juvenil, profissionais, representações sociais

Referencias:

Faleiros, V.P. & Faleiros, E.S. (2008) Escola que protege: enfrentando a violência

contra crianças e adolescentes. 2ª ed. Brasília, DF: Ministério da Educação.

Moscovici, S. (2010) Representações Sociais: Investigação em Psicologia Social.

Petrópolis: Vozes.

Organização Mundial de Saúde. (2002) Relatório mundial sobre violência e saúde.

Brasília, DF.

Page 53: Caderno Resumos Ufpb _jornada_2012

A DEPRESSÃO NO CONTEXTO DA INSUFICIÊNCIA RENAL CRÔNICA:

UM ESTUDO DAS REPRESENTAÇÕES SOCIAIS

Mestranda: Fabrycianne Gonçalves Costa

Orientadora: Profª. Drª. Maria da Penha de Lima Coutinho

Leitor (a) interno: Profª. Drª Ana Raquel Rosas Torres

Núcleo de Pesquisa: Aspectos Psicossociais de Prevenção e Saúde Coletiva

A partir das últimas três décadas do século IX a literatura vem enfatizando a associação

entre distúrbios psicoafetivos, entre eles, a depressão e as doenças crônicas a exemplo,

da insuficiência renal. Alguns autores alegam que a prevalência da depressão em

pacientes renais pode variar até 100% (Cohen, Norris, Acquaviva, Peterson & Kimmel,

2007). Outros têm sugerido que aproximadamente 20 a 50% dessa população podem ser

atingidos por esta síndrome (Finger et al., 2011). A depressão é considerada uma

doença que abarca o organismo como um todo, que compromete a qualidade de vida, a

produtividade, interfere na incapacitação social e laboral e nas relações familiares.

Atinge desde crianças a pessoas idosas, rompendo fronteiras de idade, classe sócio

econômica, cultura, etnia e espaço geográfico (Coutinho, 2005). Por sua vez, a

insuficiência renal crônica (IRC) caracteriza-se pela perda progressiva, irreversível e

multifatorial da função renal. Devido a esta ser considerada uma doença crônica, requer

um tratamento prolongado que envolve desde o uso de medicamento, dietas até a

hemodiálise, o que acarreta mudanças biopsicossociais. O que exige por parte dos

pacientes e familiares um processo de adaptação a um novo estilo de vida em um curto

espaço de tempo, podendo ocasionar um intenso sofrimento psíquico (Zimmermann,

Carvalho, Mari, 2004). Este estudo possui como objetivo geral: apreender as

representações sociais acerca da depressão elaboradas por pacientes com IRC e de seus

cuidadores no contexto da hemodiálise e especificamente: traçar o perfil

biosóciodemográfico dos participantes da pesquisa; identificar o índice da depressão

nos pacientes em tratamento de hemodiálise e em seus cuidadores; descrever os campos

semânticos representacionais acerca da depressão e IRC, identificar os elementos da

objetivação e da ancoragem, e, por último, comparar os consensos e dissensos das

Page 54: Caderno Resumos Ufpb _jornada_2012

representações sociais elaboradas pelos participantes da pesquisa, acerca da IRC e da

depressão. Esta pesquisa utilizar-se-á da abordagem teórica metodológica das

Representações Sociais, uma vez que esta permite apreender um conhecimento prático,

tendo acesso às ideias, saberes e sentimentos dos atores sociais acerca da depressão e da

IRC (Moscovici, 2010). Método: Trata-se de um estudo exploratório e descritivo, de

cunho quantitativo-qualitativo. A coleta dos dados está sendo realizada em três

instituições hospitalares que disponibilizam o tratamento da hemodiálise e mantêm

convênio com o Sistema Único de Saúde (SUS), localizadas no município de João

Pessoa – PB. A amostra é do tipo não- probabilística de conveniência, composto por

pacientes com IRC, e por seus cuidadores. Os instrumentos utilizados: Questionário

Biosóciodemográfico, Técnica da Associação Livre de Palavras, Escala Hospitalar de

Ansiedade e Depressão (neste estudo está sendo utilizada a sub escala de depressão) e

Entrevista semi- estruturada. A análise dos dados será realizada com os programas

computacionais: SPSS, ALCESTE e TRIDEUX-MOTS. Esta pesquisa encontra-se em

fase de desenvolvimento.

Palavras-chave: Representação social, depressão, insuficiência renal crônica,

hemodiálise.

Referências:

Cohen, S. D., Norris, L. Acquaviva, K. Peterson, R. A. & Kimmel, P. L. (2007).

Screening, Diagnosis, and Treatment of Depression in Patients with End-Stage

Renal Disease. Clin J Am Soc Nephrol, 2, 1332–1342.

Coutinho, M. P. L. (2005). Depressão infantil e representações sociais. 2ª ed. Joao

Pessoa: Editora Universitária/ UFPB.

Finger, G., Pasqualotto, F. F., Marcon, G., Medeiros, G. S., Abruzzi Junior, J., May, W.

S. (2011). Sintomas depressivos e suas características em pacientes submetidos à

hemodiálise. Revista da AMRIGS, Porto Alegre, 55, 333-338.

Moscovici.S. (2010).Representações sociais: Investigações em psicologia social (7ª ed.,

Traduzido por P. A. Guareschi). Petrópolis, RJ: Vozes.

Zimmermann, P.R., Carvalho, J.O. & Mari, J.J. (2004). Impacto da depressão e outros

fatores psicossociais no prognóstico de pacientes renais crônicos. Revista de

Psiquiatria do Rio Grande do Sul, 26, 34-39.

Page 55: Caderno Resumos Ufpb _jornada_2012

TAXAS DE ESQUECIMENTO EM IDOSOS: UM ESTUDO ATRAVÉS

DA MEMÓRIA HÁPTICA

Mestranda: Maria José Nunes Gadelha

Orientador: Natanael Antonio dos Santos

Leitor: Bernardino Fernandes-Calvo

Núcleo de Pesquisa: Percepção Humana: Processos Sensoriais, Cognitivos e

Psicossociais

A memória é definida como um sistema de codificação, armazenamento e

recuperação de informações disponíveis no ambiente. As informações são acessadas a

partir de estímulos sensoriais, como por exemplo, os visuais, auditivos ou táteis. A

percepção tátil é realizada por meio de receptores cutâneos, através da postura estática

que se mantém ao longo do tempo em que dura o processamento da estimulação. Já a

percepção cinestésica é realizada a partir da informação proporcionada por músculos e

tendões. Por último, a percepção háptica ocorre através da combinação das modalidades

tátil e cinestésica para proporcionar informações válidas acerca dos objetos do mundo

real de forma ativa e voluntária (Klatzky, 1985).

Assim como a maioria dos processos cognitivos, a memória é um processo que

apresenta declínio significativo com o envelhecimento humano, com efeitos

diferenciados em seus componentes, como a memória de trabalho, a memória semântica

e a episódica (Luo, & Craik, 2008). O estudo do esquecimento em idosos saudáveis ou

acometidos por doenças degenerativas têm se centrado na avaliação da memória para

estímulos visuais e auditivos em diferentes intervalos de tempo. Poucos estudos

relacionando o esquecimento a longo prazo para a memória háptica em idosos saudáveis

foram encontrados.

Neste sentido, esta pesquisa tem por objetivo comparar as taxas de esquecimento

da informação processada na modalidade háptica, para os intervalos de 1, 10 ou 20

minutos para memórias de recordação e reconhecimento em uma amostra de 36 idosos a

partir de 60 anos, de ambos os sexos, que não apresentem demência (com pontuação ≥

27 no Mini Exame do Estado Mental), nem sintomatologia depressiva (com pontuação

Page 56: Caderno Resumos Ufpb _jornada_2012

≤ 7 na Escala de Depressão Geriátrica - Yesavage et al., 1983) e com capacidade de

leitura e escrita.

Portanto foi utilizado um delineamento de grupos independentes do tipo 2

(recuperação das informações: reconhecimento e recordação) x 3 (intervalos de tempo:

1, 10 ou 20 minutos). Assim, foram formados 6 grupos, cada um com 6 idosos, sendo

que metade dos grupos passou por testes de recordação e a outra metade passou por

testes de reconhecimento ao longo dos 3 intervalos de tempo.

Tanto para a realização dos testes de recordação quanto para os de

reconhecimento foi utilizada uma caixa de madeira específica para avaliação de

estímulos hápticos, possuindo duas aberturas para as mãos com seguimentos de luva até

o interior da caixa, e com abertura do lado oposto ao participante. Foram utilizados

também 90 objetos divididos em 6 conjuntos de 15 objetos, distribuídos aleatoriamente

e contrabalanceados ao longo dos 3 intervalos de tempo, de forma que cada participante

teve acesso a conjuntos de estímulos diferentes ao longo das condições experimentais.

Tanto a distribuição das condições como a ordem da apresentação dos estímulos foram

contrabalanceados para evitar efeitos de ordem.

O procedimento consistiu em duas fases. Durante a primeira fase, a de estudo, a

pessoa era solicitada a colocar as duas mãos no interior da caixa e fazer a exploração

háptica dos 15 objetos por 5 segundos. O intervalo entre a apresentação de um estímulo

e outro foi de 1 segundo. A segunda fase tratava-se de uma tarefa que podia ser de

recordação livre ou de reconhecimento, sendo que qualquer uma delas ocorria após os

intervalos de 1, 10 ou 20 minutos.

No teste de recordação livre, o participante tinha que dizer a nome dos objetos

que lembrava ter explorado. Já no teste de reconhecimento, eram apresentados os 15

estímulos anteriormente explorados mais 15 estímulos que não haviam sido estudados, e

cada pessoa tinha que identificar quais dos objetos haviam sido apresentados

anteriormente e se esses objetos eram familiares ou não, através do procedimento

chamado remember/know.

Além da avaliação da memória háptica, foram utilizados um questionário sócio-

demográfico para a caracterização da amostra e uma avaliação neuropsicológica.

Alguns dos testes utilizados na avaliação neuropsicológica foram: Teste de Procura de

Símbolos (WAIS III - Nascimento & Figueiredo, 2002); Teste de Dígitos (WAIS III -

Nascimento & Figueiredo, 2002); Teste das Trilhas (A e B - Army Individual Test

Battery, 1944); Teste de Fluência Verbal (FAS - Benton & Hamsher, 1989).

Page 57: Caderno Resumos Ufpb _jornada_2012

No momento foi realizada coleta de dados com 15 idosos para a condição de

recordação. Os dados referentes a presente coleta estão em processo de análise

estatística, onde pretende-se agrupar as médias dos diferentes intervalos de tempo e

fazer comparações entre outras variáveis através de testes bivariados para grupos

independentes.

Palavras-chave: esquecimento; memória háptica; envelhecimento; avaliação

neuropsicológica

Referências

Army Individual Test Battery. (1944). Manual of Directions and Scoring. Washington,

DC: War Department, Adjutant General's Office.

Benton, A. L., & Hamsher, K. (1989). Multilingual aphasia examination manual. Iowa

City, IA: AJA Associates.

Klatzky, R. L. (1985). Identifying objects by touch: An expert system. Perception &

Psychophysics, 37, 299-302.

Luo, L., & Craik, F. I. M. (2008). Aging and memory: A cognitive approach. La Revue

canadienne de psychiatrie, 53.

Nascimento, E., & Figueiredo, V. L. M. (2002). WISC-III e WAIS-III: alterações nas

versões originais americanas decorrentes das adaptações para uso no Brasil.

Psicologia Reflexão e Crítica, 15, 603-612.

Yesavage, J. A., Brink, T. L., Rose, T. L., Lum, O., Huang, V., Adey, M. et al. (1983).

Development and validation of a geriatric depression screening scale: a preliminary

report. Journal of Psychiatry, 17, 37-49.

Page 58: Caderno Resumos Ufpb _jornada_2012

DAS POLÍTICAS DE BRANQUEAMENTO ÀS POLÍTICAS AFIRMATIVAS: O

PAPEL DA MEMÓRIA E DO CONHECIMENTO HISTÓRICO NAS

TOMADAS DE POSIÇÃO

Mestrando: Clóvis Pereira da Costa Júnior

Orientadora: Ana Raquel Rosas Torres

Leitor: Júlio Rique Neto

Grupo de Pesquisa: Análise Psicossocial do Comportamento Político

Inegavelmente, o preconceito racial representa um problema de extrema importância

social. Seu alcance permeia as relações estabelecidas pelos indivíduos e grupos e os

modos de constituição das interações sociais. Tais construções moldam-se por meio da

transmissão de costumes, ideologias e cultura. Do mesmo modo são construídas as

relações de exclusão e segregação nas quais se inserem os grupos minoritários como as

mulheres, os negros etc. Com efeito, a discriminação sofrida pelo negro ocorre desde

sua chegada ao Brasil na condição de mercadoria africana. Entretanto, passados 512

anos da colonização portuguesa, a situação deles permanece caracterizada por estigmas

e segregação social. Segundo Carvalho (2003), naquele ano, os percentuais de alunos e

docentes negros nas universidades públicas brasileiras oscilaram em torno de 0,5%. O

pesquisador ainda salienta que, se mantidas as condições, a projeção para os próximos

170 anos indica que o índice não ultrapassará 1% do total. Nesse contexto, discute-se a

implantação de políticas públicas promotoras de igualdade de condições para a

população negra. Trata-se das políticas de cotas raciais que, para Guarnieri e Silva

(2007) são medidas sociais que objetivam a democratização do acesso às universidades

através da reserva de vagas exclusivas para negros. Assim, o objetivo geral deste

trabalho é analisar as relações entre o conhecimento histórico sobre o lugar do negro na

sociedade brasileira e o posicionamento dos participantes no tocante às políticas de

ações afirmativas. Tratou-se de um delineamento quase experimental 2 x 2 (tipo de

contexto e tipo de escola) com pós-teste apenas, envolvendo manipulação de variáveis e

formação de grupo controle (GC) e grupo experimental (GE). Para a obtenção dos

dados, foram utilizadas duas situações experimentais diferentes. Ao grupo controle

(GC) o contexto fornecido enfocava a situação atual dos negros no Brasil, trazendo

dados sobre a desigualdade na distribuição de renda entre os brancos e negros. Ao grupo

experimental (GE) o contexto trazia informações sobre o passado dos negros no Brasil,

Page 59: Caderno Resumos Ufpb _jornada_2012

perpassando aspectos como a escravidão, a política de branqueamento e o pedido de

desculpas dirigido aos negros brasileiros. Participaram voluntariamente deste estudo

200 estudantes do ensino médio de João Pessoa, sendo que 47,5% eram de escolas

públicas e 52,5% de particulares. Do total, 62,3% eram mulheres, com média de idade

de 15 anos (dp=0,8). Os resultados obtidos mostraram índices bastante elevados de

rejeição às políticas de cotas raciais, tanto no grupo controle (63,3%) quanto no grupo

experimental (69,4%), ou seja, a manipulação da variável independente (conhecimento

histórico) não foi suficientemente forte para provocar uma maior adesão e aceitação das

cotas raciais. Em contrapartida, a grande maioria dos estudantes do GE mostrou-se

favorável ao pedido de desculpas. Não obstante, em relação à análise realizada a partir

do cruzamento das variáveis “posicionamento dos estudantes” e “tipo de escola”,

verificou-se efeito estatisticamente significativo [χ²(1)=30,950; p<0,001] sendo assim,

observou-se uma maior adesão às cotas raciais entre os estudantes oriundos de escola

pública (74,2%). Com efeito, constatou-se que as pertenças sociais, os níveis

socioeconômicos e a distribuição de renda obtiveram efeitos estatisticamente

significativos [χ²(3)=46,398; p<0,001]. Desta forma, é possível afirmar que,

majoritariamente, os estudantes pertencentes à classe alta encontraram-se matriculados

em instituição de ensino privada (7,7%). Já em relação à classe média baixa, os

estudantes de escola pública obtiveram maiores frequências (45,7%). Por fim, sobre a

análise realizada a partir do cruzamento das variáveis “grau de identificação racial” em

função do “tipo de escola”, utilizou-se o procedimento de redução das escalas raciais em

escalas dicotômicas a partir da mediana de cada distribuição. Como resultado, verificou-

se efeito estatisticamente significativo em relação aos “morenos” [χ²(1)=9,491; p<0,05]

e “negros” [χ²(1)=9,775; p<0,05]. Tomados em conjunto, os resultados indicam que,

embora os participantes que se auto identificaram com brancos estejam distribuídos

igualmente nos dois tipos de escola, os participantes que se auto identificaram com

negros ou morenos se concentram nas escolas públicas. De modo geral, observou-se a

manutenção do sistema que nega possibilidade de acesso e ascensão profissional aos

negros brasileiros. Ademais, é possível afirmar que o posicionamento da amostra

pesquisada organizou-se baseado em critérios de pertenças sociais, sendo aqueles que

possuem melhores condições financeiras encontram-se vinculados a instituições

particulares e mostram elevados índices de rejeição às cotas raciais. Os resultados serão

discutidos à luz das formas de expressão do preconceito racial no Brasil.

Palavras chave: Ações Afirmativas; Preconceito Racial; Negros Brasileiros.

Page 60: Caderno Resumos Ufpb _jornada_2012

Referências:

Carvalho, J. J. (2003). Ações Afirmativas para Negros e Índios no Ensino Superior: a

Proposta dos NEADs. Universidade e Sociedade, 29, 61 – 67.

Guarnieri, F. V., & Silva, L. L. M. (2007). Ações afirmativas na educação superior:

rumos da discussão nos últimos cinco anos. Psicol. Soc.,19, 70 - 78.