Caderno1 Desastres Naturais-Conceitosbasicos

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    DESASTRES NATURAIS E GEOTECONOLOGIAS:

    Conceitos Bsicos

    Emerson Vieira Marcelino

    INPE-15208-PUD/193

    INPE/CRSSanta Maria

    2008

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    SUMRIO

    Pg.

    1. INTRODUO.................................................................... 05

    2. O QUE SO DESASTRES NATURAIS?.................................... 10

    2.1 Tipologia e Caractersticas dos Desastres Naturais.................. 13

    3. DESASTRES NATURAIS NO MUNDO...................................... 15

    4. DESASTRES NATURAIS NO BRASIL...................................... 16

    5. DESASTRES NATURAIS E MUDANAS CLIMTICAS................. 19

    6. PREVENO DE DESASTRES NATURAIS................................ 22

    6.1 Relao entre Perigo, Risco e Desastre.................................. 22

    6.1.1 Perigo e desastre............................................................... 22

    6.1.2 Perigo e risco.................................................................... 24

    6.2 Tipos de Medidas Preventivas.............................................. 26

    6.3 Gesto de Risco................................................................. 26

    6.3.1 Avaliao de risco............................................................. 30

    6.3.2 Percepo de risco............................................................ 31

    7. O USO DE GEOTECNOLOGIAS NA GESTO DE RISCO............. 32

    8. REFERNCIAS BIBLIOGRFICAS.......................................... 36

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    PREFCIO

    A Regio Sul do Brasil e os pases do MERCOSUL, bem como a Amrica do Sul tmsido severamente impactados por desastres naturais, principalmente a partir da

    dcada de 70, que resultou em grandes prejuzos scio-econmicos, assim comonum elevado nmero de vtimas fatais. A maioria dos desastres est associada sinstabilidades severas que causam entre outros, inundaes, escorregamentos,vendavais, tornados e aos perodos de dficit hdrico, caracterizados pelasestiagens. Alm dos fatores scio-econmicos, acredita-se que este aumento noregistro do nmero de desastres naturais, tambm pode estar diretamentevinculado s alteraes do clima por decorrncia das mudanas globais.

    As geotecnologias, representadas principalmente pelas imagens de satlite,softwares de geoprocessamento e dados de GPS, esto disponveis a todos osusurios e progridem rapidamente. Atualmente j possvel obteno de imagensde satlite de vrias resolues espaciais, espectrais e temporais, e de softwares

    para geoprocessamento, que, em alguns casos, podem ser encontradosgratuitamente na internet. A popularizao tambm do uso do GPS, utilizadoprincipalmente nos trabalhos de campos em eventos de desastres, juntamente comas imagens e os softwares constitui-se no importante tringulo de ferramentas dasgeotecnologias, que auxiliam de forma decisiva na identificao, monitoramento emapeamento de desastres naturais e eventos extremos, em todas as partes domundo.

    Estes fatores mencionados acima, aumento do nmero de desastres e a facilidadede acesso e uso das geotecnologias, o que move as atividades do Ncleo dePesquisa e Aplicao de Geotecnologias em Desastres Naturais e Eventos Extremos(GEODESASTRES-SUL), do Centro Regional Sul de Pesquisas Espaciais (CRS), doInstituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE), localizado em Santa Maria, noestado do Rio Grande do Sul.

    A maioria dos rgos e instituies envolvidos com desastres naturais temobservado que o dano causado por estes fenmenos poderia ser prevenido,reduzido ou minimizado, se a populao em geral, os tomadores de deciso, osformadores de polticas e os formadores de opinio tivessem a correta noo doque so estes eventos. At mesmo em termos conceituais, a populao e ostomadores de deciso confundem furaco com tornado, alagamento com enchente,etc. Esta falta de informao e a falta da correta definio de cada um dosfenmenos em muitos casos atrapalha a ao das autoridades, dos rgos dedefesa civil e levam a populao a subdimensionar seus efeitos.

    Muitos tomadores de deciso, planejadores e administradores tambmdesconhecem a potencialidade das geotecnologias para a gesto, preveno emitigao de desastres naturais e eventos extremos.

    Neste contexto o GEODESASTRES-SUL, numa iniciativa pioneira, criou o ProjetoCadernos Didticos - Desastres Naturais e Geotecnologias, cujo objetivo elaborar material didtico sobre desastres naturais e geotecnologias visandoinformar e capacitar os tomadores de deciso e o pblico em geral acerca dascausas, conseqncias e medidas preventivas que devem ser adotadas em relaoaos principais tipos de desastres que ocorrem nesta regio da Amrica do Sul.

    Tania Maria SausenCoordenadora GEODESATRES-SUL

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    DESASTRES NATURAIS E GEOTECNOLOGIAS

    CONCEITOS BSICOS

    I. INTRODUO

    Os desastres naturais esto diretamente vinculados histria do homem e

    ao seu modo de apropriao e uso dos recursos naturais. Desde a formao

    dos primeiros agrupamentos humanos at a concepo das cidades

    modernas, os desastres tm gerado duros impactos na sociedade.

    Logo que o homem comea a se estabelecer, em virtude do processo de

    sedentarizao, d-se incio a formao das aldeias. Essa alterao

    comportamental resultou numa maior produo de alimentos, que refletiu

    diretamente no crescimento da populao. Com o passar dos sculos, o

    adensamento populacional e o comrcio se intensificam dando origem s

    primeiras cidades (BRUMES, 2001).

    neste momento histrico que os grandes desastres comeam a aparecer.

    O homem, outrora nmade, passa a se fixar e construir suas habitaes em

    terras produtivas e abundantes de vveres. Na identificao desses locais

    tambm era levado em considerao a possibilidade de transporte,

    comunicao e comrcio com outros stios antropognicos. Assim, as

    primeiras cidades foram consolidadas, geralmente, sobre as

    plancies dos grandes rios, no litoral e nas encostas vulcnicas.

    Como exemplo, na Figura 1 apresenta-se uma antiga pintura da cidade

    primitiva de atalhyk (7.000 a.C.), que foi construda prxima ao vulco

    Hasan Dag, situado na regio central da Turquia. Os solos prximos aos

    vulces so ricos em minerais, essenciais para agricultura, que foramdepositados pelas cinzas vulcnicas e derrames de lava. Desta forma,

    mesmo diante do perigo, a produtividade das terras fez com que os

    moradores dessa cidade absorvessem o risco de um desastre iminente.

    Mesmo nos dias atuais, as terras prximas ao vulco continuam sendo

    amplamente utilizadas para fins agrcolas.

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    Figura 1 Irrigao no plat prximo ao vulco Hasan Dag, Turquia, e, na imagemmenor, a cidade primitiva de atalhyk, construda por volta de 7.000a.C. nas proximidades do vulco.Fonte: www.wikipedia.org / www.catalhoyuk.com

    As cidades localizadas nas margens dos rios Tigre e Eufrates, na

    Mesopotmia, assim como do rio Nilo, no Egito, tiveram que desenvolver

    tcnicas que lhes proporcionassem meios de controlar as cheias na estao

    chuvosa, e a irrigao das terras cultivveis na estao seca (BRUMES,

    2001). Esses agrupamentos, com as experincias passadas de gerao em

    gerao, aprenderam a conviver com os desastres apesar do risco. Pode-se

    at considerar como uma forma primitiva de risco aceitvel.

    Com o passar dos sculos, principalmente a partir da Idade Mdia, novas

    reas foram povoadas e as cidades se solidificaram, formando densos

    aglomerados urbanos. Consequentemente, os danos provocados pelos

    desastres passam a atingir propores catastrficas. Na China, em 1332,

    uma devastadora inundao vitimou 7 milhes de pessoas por afogamento

    e outras 10 milhes pereceram, subseqentemente, por fome e doenas

    (BRYANT, 1997). Algumas dcadas depois (Figura 2), uma inundao na

    Alemanha, em 1362, matou cerca de 100.000 pessoas. Na Jamaica, em1692, um terremoto destruiu a cidade de Porto Royal, matando milhares de

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    pessoas. Em 1755, ocorreu o famoso terremoto de Lisboa, Portugal, que

    atingiu 8,6 graus na escala Richter, vitimando mais de 30.000 pessoas, por

    decorrncia dos tremores de terra, do tsunami e dos incndios que

    devastaram a cidade. Na erupo do vulco Tambora na Indonsia em1815, aproximadamente 56.000 pessoas tambm vieram a falecer (MUNICH

    RE GROUP, 1999). Por fim, ainda bem presente na memria coletiva, a

    catstrofe ocasionada pelo tsunami ocorrido no dia 26 de dezembro de

    2004 (Figura 3), que atingiu severamente diversos pases asiticos, com

    destaque para a Indonsia, a ndia e o Sri Lanka. Esse tsunami deixou mais

    de 170.000 mortos, 50.000 desaparecidos, 1.723.000 desalojados e

    500.000 desabrigados (KOHL et al., 2005).

    Figura 2 Exemplos de grandes desastres naturais ocorridos no mundo.Fonte: Munich Re Group (1999).

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    Figura 3 Destruio provocada pelo tsunami de 2004 em Sumatra, Indonsia.Fonte: www.wikipedia.org

    Entretanto, nas ltimas dcadas, as pesquisas tm demonstrado que

    houve um aumento considervel no s na freqncia dos desastres

    naturais, mas tambm na intensidade, o que resultou em srios danos

    e prejuzos scio-econmicos. De acordo com alguns cientistas, este cenrio

    pode estar vinculado ao aquecimento global, como uma das conseqncias

    diretas das mudanas climticas (MUNICH RE GROUP, 1999; MARCELINO et

    al., 2006; IPCC, 2007).

    Apesar das controvrsias, fato que diversas reas do globo j esto sendo

    seriamente impactadas pelos desastres naturais, principalmente aqueles

    desencadeados por fenmenos atmosfricos extremos, causados em sua

    maioria pelas tempestades severas (Figura 4).

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    Figura 4 Tempestade severa ocorrida em fev. de 2002, prximo a Joinville (SC).Fonte: Prefeitura Municipal de Joinville, 2002.

    O ltimo relatrio do Intergovernmental Panel on Climate Change (IPCC),

    lanado em fevereiro de 2007, aponta um aumento das precipitaes nas

    regies Sul e Sudeste do Brasil. A tendncia que essas precipitaes

    fiquem a cada ano mais intensas, concentradas e mal distribudas. E este

    um comportamento tpico de chuvas geradas por instabilidades severas.

    As precipitaes intensas podem desencadear srios desastres naturais,

    como as inundaes e os escorregamentos. Alm disso, das instabilidades

    severas tambm so originados fenmenos altamente destrutivos, como os

    vendavais, tornados e granizos.

    Esses fenmenos so praticamente impossveis de serem erradicados.

    Pode-se at mesmo afirmar que, por mais que a sociedade se

    desenvolva, os desastres naturais sempre iro ocorrer. Os fenmenos

    naturais extremos fazem parte da geodinmica terrestre e so

    imprescindveis para a existncia humana, sendo diretamente responsveis

    pela formao do relevo, manuteno de ecossistemas, abastecimento das

    fontes hdricas, entre outros.

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    Os esforos humanos devem ser direcionados para a elaborao e

    adoo de medidas preventivas e mitigadoras que possam amenizar o

    impacto causado pelos desastres naturais.

    Neste contexto, nos prximos captulos, sero abordados alguns temas

    sobre desastres, com o objetivo de fornecer uma base conceitual slida,

    sem esgotar os assuntos, que permita que o leitor avance na leitura dos

    demais cadernos didticos sobre Desastres Naturais e Geotecnologias.

    2. O QUE SO DESASTRES NATURAIS?

    Os desastres naturais podem ser conceituados, de forma simplificada, como

    o resultado do impacto de um fenmeno natural extremo ou intenso sobre

    um sistema social, causando srios danos e prejuzos que excede a

    capacidade dos afetados em conviver com o impacto (TOBIN e MONTZ,

    1997; UNDP, 2004).

    Os desastres, como um todo, so distinguidos principalmente em funo de

    sua origem, isto , da natureza do fenmeno que o desencadeou. De acordo

    com as normativas da Poltica Nacional de Defesa

    Civil, existem trs tipos de desastres: naturais,

    humanos e mistos (CASTRO, 1998). Nessa

    abordagem, a diferena est basicamente no nvel

    de interveno humana. Entretanto, se

    considerarmos somente este critrio, a grande

    maioria dos desastres conhecidos como naturais,

    seriam de fato desastres mistos.

    Na verdade, o foco de anlise no deveria estar no processo e sim no

    fenmeno desencadeador, ou seja, aquele que dispara (gatilho) o

    processo. Por mais que um corte na encosta para a construo de uma

    casa aumente o risco de escorregamento, ele s ocorrer quando disparado

    por fortes chuvas. Caso for desencadeado por depsitos de lixo, aterros em

    encostas e, principalmente, vazamentos dgua e/ou esgoto, este desastre

    deveria ser classificado como humano. Foi a ao direta do homem que

    resultou no disparo, apesar da susceptibilidade intrnseca da encosta.

    Quando umfenmenogeofsico causasrios danos e

    prejuzos aessoas e bens de

    uma comunidade,configura-seassim, num

    cenrio tpico dedesastre natural.

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    Nessa mesma situao esto as inundaes, assim como os demais tipos de

    desastres naturais. No caso das inundaes, se for desencadeada pela

    chuva, pelo avano do mar ou a juno dessas (como as inundaes

    costeiras), trata-se de um desastre natural, independente davulnerabilidade da rea afetada. Quem produziu as chuvas? O homem ou

    uma instabilidade atmosfrica? J no caso do rompimento de uma barragem

    (Figura 5), a inundao produzida tem como causa direta a m qualidade da

    estrutura, resultando num tpico caso de desastre humano. Na fase de

    projetos e simulao esta possibilidade deveria ter sido levada em

    considerao. O que resultaria num dimensionamento estrutural capaz de

    suportar at mesmo as intempries locais, como os abalos ssmicos.

    Figura 5 Inundao provocada pelo rompimento de mineradora em Minas Gerais,que inundou as cidades de Muria e Mirai em janeiro de 2007.Fonte: O Globo Online, 2008.

    No caso dos desastres mistos, difcil encontrar casos que poderiam

    verdadeiramente se enquadrar nesta classificao. A desertificao e a

    chuva cida so exemplos citados por Park (1991) e Castro (2002). Mas,

    usando como exemplo o semi-rido nordestino, por mais que o

    desmatamento e as prticas agrcolas no conservacionistas tenham

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    agravado o problema da falta dgua, as condies semi-ridas tm como

    gnese a dinmica climtica regional que foi moldada a milhares de anos.

    Talvez um exemplo mais apropriado de desastre misto seja o processo de

    arenizao que est ocorrendo na regio sudoeste do Rio Grande do Sul. Ascausas esto associadas principalmente ao tipo de solo, ao regime de chuva

    e a atividades agropastoris.

    At mesmo no caso da chuva cida, apesar de conceitualmente apropriado,

    fica extremamente difcil enquadr-lo no conceito de desastre, ou seja, de

    que forma este fenmeno ir causar impactos to substanciais que

    ultrapassar a capacidade de convvio de uma comunidade? Como mensurar

    os danos e prejuzos?

    Tornar-se-ia mais prtico e menos conflituoso optar por classificar os

    desastres, quanto origem, em naturais e humanos, tendo como

    referencial o fenmeno que desencadeia o processo. Os naturais seriam

    aqueles disparados por um fenmeno natural de grande intensidade e os

    humanos pelas aes ou omisses de carter antrpico. Assim,

    simplificando, temos:

    Classificao dos desastres quanto origem

    Naturais: so aqueles disparados pela interveno direta de umfenmeno natural de grande intensidade. Exemplo: fortes chuvas

    inundao e escorregamentos, fortes ventos vendaval, tornado e

    furaco, etc.

    Humanos: so aqueles disparados pelas aes ou omisseshumanas. Exemplo: acidentes de trnsito, incndios industriais,

    contaminao de rios, rompimento de barragens.

    As intervenes antrpicas, quando mal planejadas, podero

    intensificar e/ou agravar um desastre natural. Mas esses so fatores

    que indicam o estado da vulnerabilidade local e no podem ser confundidos

    com a gnese de um desastre.

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    2.1 Tipologia e Caractersticas dos Desastres Naturais

    Na literatura especializada, so apresentadas diversas propostas de

    classificao de desastres naturais. Neste trabalho, sero utilizadas duas

    propostas bsicas apresentadas por Tobin e Montz (1997). Os autores

    comentam que enquanto uma visa detectar as semelhanas entre os

    fenmenos, categorizando-os, a outra visa diferenci-los dentro de uma

    mesma categoria. E essas so informaes imprescindveis numa gesto de

    risco, o que leva a poupar tempo, dinheiro e vidas. A primeira, quanto a

    tipologia, tem como premissa o evento geofsico que desencadeou o

    desastre natural (Tabela 1). Estes eventos fazem parte da geodinmica

    externa (meteorolgicos e hidrolgicos) e interna (geolgicos) da Terra.

    Tabela 1 Classificao dos desastres naturais quanto tipologia.

    Categoria Tipos de desastres

    Furaes, ciclones e tufes

    Vendaval

    Granizos

    TornadosNevascas

    Geadas

    Ondas de frio

    Meteorolgicos

    Ondas de calor

    Inundaes

    Seca/estiagemHidrolgicos

    Incndio Florestal

    Terremotos

    Vulcanismo

    Tsunami

    Escorregamentos

    Geolgicos

    SubsidnciasFonte: adaptada de Tobin e Montz (1997).

    A segunda classificao objetiva diferenciar os desastres em relao as suas

    caractersticas comportamentais. Tendo como referncia os fenmenos que

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    ocorrem na Regio Sul do Brasil, pode-se notar na Figura 6, que as

    inundaes apresentam caractersticas bem distintas das estiagens, assim

    como o tornado do Furaco. Com respeito freqncia, as inundaes

    ocorrem praticamente em todos os meses do ano, enquanto que asestiagens esto vinculadas determinada estao ou perodo do ano. A

    durao e a extenso das estiagens so bem maiores do que as inundaes,

    em compensao a formao e a dissipao bem mais lenta. Alm disso,

    enquanto as estiagens cobrem grandes reas de forma difusa, as

    inundaes esto limitadas s terras planas que margeiam os rios.

    Figura 6 Classificao dos desastres naturais quanto s caractersticas.Fonte: adaptada de Tobin e Montz (1997).

    J os tornados e furaes se assemelham em relao freqncia e aocomportamento, ou seja, alm de relativamente raros, tambm so

    aleatrios, o que dificulta na previsibilidade. Mas em termos de extenso, os

    danos dos tornados so extremamente concentrados e intensos, restritos a

    largura e comprimento do rastro, que no medem mais de centenas de

    metros e dezenas de quilmetros, respectivamente. No caso dos furaces,

    seu raio de destruio, apesar de menor intensidade, atinge centenas de

    quilmetros e bem mais difuso do que os tornados. E, quanto velocidade,os tornados deslocam-se mais rpido do que os furaces.

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    3. DESASTRES NATURAIS NO MUNDO

    Os desastres naturais podem ocorrer em qualquer continente ou pas, visto

    que os fenmenos naturais que o desencadeiam, como as tempestades, os

    terremotos e os vulces existem em diversas partes do globo. Entretanto,

    algumas regies so mais afetadas em funo da magnitude e

    freqncia dos fenmenos e da vulnerabilidade do sistema social.

    Utilizando os dados de desastres do banco global Emergency Events

    Database (EM-DAT), perodo 1900-2006, o continente que apresentou o

    maior nmero de registros foi o asitico (Figura 7), com 3.699 registros,

    seguido pelo americano, com 2.416 registros (EM-DAT, 2007). Destaca-se

    tambm que, em todo o mundo, os tipos de desastres que mais ocorreram

    foram as inundaes (35%) e as tempestades (31%), que a soma dos

    eventos associados a furaces, tornados e vendavais. Portanto,

    aproximadamente 66% dos desastres naturais ocorridos no mundo esto

    vinculados s instabilidades atmosfricas severas.

    Figura 7 Distribuio por continente dos desastres naturais ocorridos no globo(1900-2006). Legenda: IN Inundao, ES Escorregamento, TE Tempestade, SE Seca, TX Temperatura Extrema, IF IncndioFlorestal, VU Vulcanismo, TR Terremoto e RE Ressaca.

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    Alm disso, convm citar que a grande maioria dos desastres (mais de

    70%) ocorreu em pases em desenvolvimento. Estes dados refletem as

    prprias condies scio-econmicas desses pases, como o adensamento

    populacional em reas de risco, a falta de planejamento urbano, os baixosinvestimentos na sade e educao, entre outros fatores, que aumentam

    consideravelmente a vulnerabilidade das comunidades expostas aos perigos

    naturais (ALEXANDER, 1997; ALCNTARA-AYALA, 2002).

    E so estes fatores que tem contribudo para elevar o nmero de vtimas

    fatais nos pases em desenvolvimento. Tanto que, do total de mortes por

    decorrncia dos desastres naturais, mais de 95% ocorreram nos pases

    considerados mais pobres (ALEXANDER, 1995; DEGG, 1992; TOBIN eMONTZ, 1997).

    4. DESASTRES NATURAIS NO BRASIL

    Conforme dados do EM-DAT (2007), ocorreram 150 registros de desastres

    no perodo 1900-2006. Do total ocorrido, 84% foram computados a partir

    dos anos 70, demonstrando um aumento considervel de desastres nas

    ltimas dcadas. Como conseqncia, foram contabilizados 8.183 vtimasfatais e um prejuzo de aproximadamente 10 bilhes de dlares.

    Os tipos de desastres mais freqentes foram as inundaes (Figura 8),

    representadas pelas graduais e bruscas, com 59% dos registros, seguidas

    pelos escorregamentos (14%). A maioria dos desastres no Brasil (mais

    de 80%) est associada s instabilidades atmosfricas severas, que

    so responsveis pelo desencadeamento de inundaes, vendavais,

    tornados, granizos e escorregamentos. Com exceo das inundaesgraduais, esses fenmenos so sbitos e violentos, responsveis por grande

    mortandade e destruio. Em virtude da velocidade, no h tempo para as

    pessoas procurarem abrigos ou salvarem parte dos bens existentes em suas

    casas.

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    Figura 8 Tipos de desastres naturais ocorridos no Brasil (1900-2006).Legenda: IN Inundao, ES Escorregamento, TE Tempestades, SE Seca, TX Temperatura Extrema, IF Incndio Florestal e TR Terremoto.

    Com relao distribuio espacial, mais de 60% dos casos ocorreram nas

    regies Sudeste e Sul (Figura 9). No Brasil, essa distribuio est mais

    associada s caractersticas geoambientais do que as scio-econmicas.

    Uma vez que, as reas de favela, os bolses de pobreza e a falta de

    planejamento urbano esto presentes na maioria das cidades

    brasileiras. Nessas regies,as instabilidades atmosfricas so freqentes

    devido passagem de frentes frias no inverno, da ocorrncia de complexos

    convectivos de mesoescala na primavera e da formao dos sistemas

    convectivos no vero, que desencadeiam as chuvas intensas e concentradas

    para essa estao (MONTEIRO e FURTADO, 1995; SANTANNA NETO, 1995;

    SILVA DIAS, 1996; MARCELINO, 2003; NASCIMENTO, 2005).

    Ressalta-se que so computados no banco EM-DAT, somente os desastres

    considerados de grande severidade, que resulta em dezenas de mortos e

    centenas de desabrigados, levando geralmente os estados e pases a

    buscarem auxlio externo (MARCELINO et al., 2006; EM-DAT, 2007). Assim,

    o nmero de desastres ocorridos no Brasil bem mais elevado do

    que os contabilizados no banco EM-DAT.

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    Figura 9 Distribuio dos desastres naturais no Brasil (1900-2006).Legenda: N Norte, CO Centro Oeste, NE Nordeste,SE Sudeste, S Sul.

    Utilizando dados da Defesa Civil, Marcelino et al. (2006) contabilizaram, no

    perodo 1980-2003, 3.373 desastres naturais no Estado de Santa Catarina.

    No Paran, de 1980 a 2006, j foram registrados 2.553 desastres (PARAN,

    2007). Em ambos os estados, 85% dos desastres tambm foram causados

    pelas instabilidades atmosfricas severas. importante frisar que os

    desastres documentados na Defesa Civil so aqueles em que foram

    decretados Situao de Emergncia (SE) e Estado de Calamidade Pblica

    (ECP) pelos municpios afetados. A Defesa Civil considera estes desastres

    como sendo nvel III e IV. Portanto, se forem contabilizados todos os nveis

    de desastre a situao torna-se ainda mais problemtica.

    Comparados aos desastres registrados pelo EM-DAT, os desastres nvel III eIV so considerados como desastres de pequeno porte (small disaster). No

    entanto, em virtude de sua elevada freqncia, a somatria dos danos e

    prejuzos pode ser to intensa quanto os de grande porte. Por exemplo, o

    Furaco Catarina causou R$ 212 milhes de prejuzo, 2 mortes e 2,5 mil

    desabrigados somente em Santa Catarina. Enquanto que, as inundaes

    bruscas, no perodo 2000-2003, deixaram um prejuzo de R$176 milhes,

    13 mortes e aproximadamente 6,5 mil desabrigados (MARCELINO et al,2004; 2005).

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    5. DESASTRES NATURAIS E MUDANAS CLIMTICAS

    Nas ltimas dcadas, tem ocorrido um aumento considervel na freqncia

    anual de desastres naturais em todo o globo. Conforme dados do EM-DAT

    (2007), a mdia de desastres ocorridos na dcada de 70 foi de 90 eventos

    por ano, saltando para mais de 260 eventos na dcada de 90 (Figura 10).

    Estes nmeros refletem diretamente a elevao na freqncia e intensidade

    dos desastres causados pelas tempestades severas, como mostrado pela

    linha azul na Figura 10.

    Figura 10 Freqncia anual de desastres naturais para todo o globo (1900-2006).

    Dentre os principais fatores responsveis pelo aumento dos desastres

    naturais em todo o mundo cita-se: o crescimento populacional, a

    segregao scio-espacial (aumento das favelas e bolses de pobreza), a

    acumulao de capital em reas de risco (ocupao da zona costeira), o

    avano das telecomunicaes (registro e disseminao de informaes) e as

    mudanas climticas globais (MARCELINO et al., 2006).

    A comunidade cientfica tem dado grande nfase s mudanas climticas,

    como resultado do aquecimento global, principalmente a partir da

    publicao do 4o Relatrio do IPCC (IPCC, 2007). Esse relatrio menciona

    que no Brasil os desastres naturais de origem atmosfrica tendem a

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    continuar aumentando, com destaque para as tempestades e os eventos de

    precipitaes intensas sobre as regies Sul e Sudeste do Brasil e o

    agravamento da seca no nordeste e avano sobre as regies norte e centro-

    oeste (Figura 11).

    Figura 11 Mudanas nos ndices de precipitao (em porcentagem) para o perodo2090-2099, baseado no cenrio SRES A1B. As siglas DJF e JJAcorrespondem aos meses de vero (Dezembro, Janeiro e Fevereiro) einverno (Junho, Julho e Agosto), respectivamente.Fonte: adaptada de IPCC (2007).

    Na Figura 11, em azul esto representadas as reas onde os ndices de

    precipitao estaro acima da mdia (at 20%) no final do sculo XXI. Em

    amarelo as reas que estaro com deficincia de precipitao. Enquanto

    que, em branco so as reas que estaro com ndices na mdia ou prximo

    da mdia.

    Nota-se que a tendncia que aumentem ainda mais os desastres

    causados pelas tempestades no sul e sudeste do Brasil,nos meses de

    vero (DJF), e as secas no norte, nordeste e centro-oeste nos meses de

    inverno (JJA), como j demonstram os dados coletados at ento.

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    O aumento da precipitao nas regies Sul e Sudeste no aponta

    necessariamente para uma boa distribuio anual das chuvas. Pelo

    contrrio, a tendncia que as precipitaes ficaro ainda mais

    intensas e concentradas, ou seja, chuvas muito fortes e em poucosdias, como j vendo sendo observado (LIEBMANN et al., 2004;

    BOULANGER et al., 2005; GROISMAN et al, 2005; MARENGO, 2006).

    Em Campinas (SP), o nmero de dias de fortes chuvas (>50 mm/h) tem

    aumentado consideravelmente, passando de aproximadamente 12 dias nas

    dcadas de 60 e 70, para mais de 25 dias na dcada de 80 e 90 (VICENTE e

    NUNES, 2004). Um padro similar tambm foi encontrado para a regio

    metropolitana de Curitiba (PR). Nessa regio os ndices de precipitaodemonstram uma mudana comportamental a partir da dcada de 70, com

    uma elevao significativa no nmero de dias com precipitaes acima de

    40 mm/h (SILVA e GUETTER, 2003). Em Santa Catarina, tambm foi

    observado um aumento considervel de inundaes bruscas (enxurradas) a

    partir da dcada de 90, quando os registros ultrapassaram a mdia de 23

    casos/ano para o perodo 1980-2003 (MARCELINO et al., 2004).

    As inundaes bruscas (enxurradas) ocorremassociadas a elevados ndices de precipitao

    (> 25 mm/h), e so altamente perigosas e

    destrutivas (DOSWELL et al., 1996; MARCELINO

    et al, 2004). Em virtude do aumento das

    precipitaes intensas, somado aos

    desmatamentos de encostas, a ocupao das plancies de inundao, ao

    assoreamento dos rios e a impermeabilizao urbana (asfaltamento de

    ruas, construes, etc.), as inundaes bruscas em reas urbanizadas se

    tornaro um dos principais problemas ambientais que a regio Sul e

    Sudeste do Brasil tero que enfrentar para as prximas dcadas.

    Por isso, em carter de urgncia, necessrio estabelecer medidas

    preventivas que minimizem as conseqncias deste fenmeno, visando

    sempre diminuio do nmero de pessoas afetadas e vitimadas.

    Nas prximasdcadas, a

    inundao bruscaser o tipo dedesastre mais

    freqente e danosonas regies Sul e

    Sudeste do Brasil.

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    6. PREVENO DE DESASTRES NATURAIS

    6.1. Relao entre Perigo, Risco e Desastre

    Atualmente, tanto nas publicaes especializadas quanto na mdia em geral,

    h muita confuso terminolgica em relao preveno de desastres

    naturais. Assim, visando padronizar termos e conceitos, buscou-se uma

    conceitualizao simplificada que, ao mesmo tempo, obedece-se aos

    padres internacionais e fossem tecnicamente aceitas pela comunidade

    cientfica. Dentre as propostas analisadas, foi adotada a base conceitual

    publicada pela Organizao das Naes Unidas (ONU), atravs dos

    programas United Nations Development Programme (UNDP) e International

    Strategy for Disaster Reduction (ISDR), intituladas: Living with Risk. Aglobal review of disaster reduction initiatives (ISDR, 2004) e Reducing

    Disaster Risk: a Challenge for Development(UNDP, 2004).

    6.1.1 Perigo e desastre

    necessrio, inicialmente, tirar algumas dvidas sobre o uso dos termos

    ameaa e perigo como sinnimos e/ou como traduo do termo ingls

    hazard. Na lngua inglesa, ameaa traduzida como threat, que significa

    expresso da inteno humana de punir ou prejudicar algum,

    especialmente quando este no obedecer. J hazard traduzido como

    alguma coisa que pode causar dano (OXFORD, 1990). Esta diferena

    tambm pode ser observada na lngua portuguesa. Segundo Dicionrio

    Aurlio (FERREIRA, 1979), o termo ameaa (do latim minacia) significa

    palavra ou gesto intimidativo, promessa de castigo ou malefcio, ou seja,

    um mal gerado de pessoa para pessoa. De forma contrria, o perigo (dolatimpericulu) uma circunstncia que prenuncia um mal para algum ou

    alguma coisa.

    Nesta anlise, verifica-se que a expresso perigo, alm de no ser

    sinnimo de ameaa, a melhor traduo para o termo hazard. Alm

    disso, o significado de perigo encaixa-se perfeitamente no conceito proposto

    pela ONU, como sendo um fenmeno fsico ou um processo natural

    potencialmente prejudicial, que pode causar srios danos scio-econmicosas comunidades expostas (ISDR, 2004; UNDP, 2004).

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    Com respeito s relaes existentes entre perigo e desastre, Tobin e Montz

    (1997) definem perigo como uma situao potencialmente prejudicial,

    enquanto que, desastre a materializao do perigo (Figura 12).

    Figura 12 Relao entre perigo e desastre.Fonte: adaptada de Tobin e Montz (1997).

    Essa relao pode ser melhor assimilada atravs do esquema proposto na

    Figura 13. Na natureza ocorrem diversos tipos de fenmenos que fazem

    parte da prpria dinmica natural da Terra. Mas, se ocorrerem ou se

    deslocarem sobre um sistema social, tem-se uma

    situao potencial de danos a pessoas e bens

    (perigo). Caso o impacto produza danos e

    prejuzos extensivos e/ou de difcil superao

    pelas comunidades afetadas ser ento

    considerado como um desastre. Se as

    conseqncias forem mnimas ou nulas ser considerado somente como um

    evento natural. Para exemplificar, uma tempestade severa (evento natural)

    produz fortes chuvas e ventos. Quando se desloca em direo a uma reaurbana, densamente ocupada, torna-se um perigo, principalmente para as

    O desastre natural,

    representado pelochoque de um

    evento extremosobre uma rea

    habitada, amaterializao do

    perigo.

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    reas consideradas de alto risco. Atingindo estas reas, casas so alagadas

    e destrudas, pessoas morrem e outras tantas so obrigadas a procurar

    locais seguros, como os abrigos temporrios. Dependendo da magnitude ou

    intensidade, os danos podem acarretar num desequilbrio dos serviosessenciais vinculados ao fornecimento de gua, luz, comunicao e

    transporte, caracterizando num cenrio tpico de desastre. Entretanto, na

    continuao da trajetria, quando atinge reas no-ocupadas (campos e

    matas), a tempestade volta a ser considerada como um evento natural.

    Figura 13 Relao entre evento e desastres de origem natural.

    6.1.2 Perigo e risco

    O perigo muitas vezes associado erroneamente com o risco. Risco a

    probabilidade de ocorrer conseqncias danosas ou perdas esperadas

    (mortos, feridos, edificaes destrudas e danificadas, etc.), como resultado

    de interaes entre um perigo natural e as condies de vulnerabilidade

    local (UNDP, 2004). De forma simplificada, risco a probabilidade

    (mensurvel) de um perigo transformar-se num desastre.

    No entanto, a gravidade dos desastres tambm pode estar vinculada aos

    elementos sociais expostos, ou seja, a fragilidade do ambiente socialmente

    construdo (vulnerabilidade). Analisando a Figura 14, podese observar que

    aumentando a freqncia do perigo e a intensidade da vulnerabilidade,

    aumentar consequentemente o risco de um perigo transformar-se num

    desastre.

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    Figura 14 Relao entre perigo e risco.Fonte: adaptada de Tobin e Montz (1997).

    Como ilustrao, duas pessoas esto fazendo uma viagem martima do

    Brasil para a frica. S que uma viaja de navio e outra num pequeno barco

    a vela. As grandes ondas so perigosas para ambas as embarcaes, mas o

    risco de afundar muito maior para os que esto no barco. Neste exemplo,

    a fragilidade das embarcaes (vulnerabilidade) que est influenciando na

    intensidade do risco. Num outro cenrio, dois pequenos barcos esto

    navegando: um numa enseada e outro longe da costa. A vulnerabilidade amesma, mas o risco de afundar completamente diferente. Aquela que

    navega na enseada, protegida dos fortes ventos, dificilmente enfrentar as

    grandes ondas. Mas, aquela distante da costa ter uma probabilidade muito

    elevada de enfrentar ondas que podem afundar a embarcao. Podemos

    concluir que o risco extremamente cambiante e apresenta uma

    dinmica prpria, que varia em funo dos elementos naturais e sociais

    envolvidos no processo. Alm disso, o risco no pode ser eliminado, mas

    pode ser gerenciado a tal ponto que se torne aceitvel.

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    6.2 Tipos de Medidas Preventivas

    A reduo do impacto dos desastres naturais d-se atravs da adoo de

    medidas preventivas que podem ser classificadas em estruturais e no

    estruturais. As medidas estruturais so aquelas de cunho corretivo, como as

    obras de engenharia. Apesar de minimizar o problema em curto prazo, as

    medidas estruturais so caras, paliativas, freqentemente ocasionam outros

    impactos ambientais e geram uma falsa sensao de segurana. Por

    exemplo, o grande desastre desencadeado pelo Furaco Katrina em New

    Orleans, USA, foi causado pelo rompimento dos diques que haviam sido

    construdos para resistirem furaces at categoria 3. A inundao

    provocada pelo Katrina, classificado como categoria 5, acarretou numprejuzo de 80 bilhes de dlares e matou mais de 1.800 pessoas (KNABB

    et al., 2005).

    As medidas no-estruturais, de carter educativo e de planejamento,

    apesar dos resultados a mdio e longo prazo, so de baixo custo, de fcil

    aplicao e permitem uma correta percepo do risco. Como

    exemplo, destacam-se os mapeamentos, as anlises de vulnerabilidade, os

    zoneamentos das reas de risco e a educao ambiental (NCEM, 1998;ANDJELKOVIC, 2001; ISDR, 2004).

    No entanto, para ambos os casos, necessrio conhecer as causas e

    conseqncias de um desastre, para ento definir as medidas preventivas

    que sero adotadas. E uma das maneiras mais simples dividir o problema

    em partes, para depois compor o todo. Esse processo de anlise

    conhecido como gesto de risco.

    6.3 Gesto de Risco

    A gesto de risco um processo de gerenciamento de decises que

    envolvem a definio de necessidades, o reconhecimento das opes

    aceitveis e a escolha de estratgias apropriadas (TOBIN e MONTZ, 1997).

    um processo social complexo que envolve aes de planejamento,

    interveno e organizao, que devem ser avaliadas e conduzidas de forma

    contnua e consistente em cada fase do desastre (LAVELL, 2003).

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    Toda ocorrncia de desastres envolve basicamente trs fases distintas:

    Antes, Durante e Depois (TOBIN e MONTZ, 1997):

    Fases de um desastre

    Antes: corresponde ao momento que antecede o desastre, sendoconstitudo pelas etapas de Preveno e Preparao,cujas aes

    visam diminuir o risco e preparar a sociedade para o impacto.

    Durante: corresponde ao desastre propriamente dito, sendorepresentado basicamente pelas aes de Resposta, como

    assistncia as vtimas e reabilitao do cenrio a curto prazo;

    Depois: correspondem as aes de Reconstruo de mdio elongo prazo, visando o restabelecimento da normalidade.

    De forma mais detalhada (Figura 15), o Antes a fase que antecede a

    chegada dos fenmenos extremos, conhecida como etapas de Preveno e

    Preparao para o impacto. a fase mais importante, onde so adotadas

    medidas para reduzir o impacto dos desastres, como as anlises de risco, a

    execuo de projetos de engenharia (diques, pontes, muros de conteno,

    etc.), a elaborao de polticas pblicas (plano diretor, zoneamentos

    ambientais, legislao, etc.), a educao ambiental em escolas e

    comunidades afetadas, etc. Nos momentos mais crticos que precedem o

    impacto, destacam-se os sistemas de previso (meteorolgica e hidrolgica)

    e de alerta. Quanto maior for o investimento nesta fase, menor ser a

    probabilidade de danos, podendo at mesmo acarretar na diminuio dafreqncia e intensidade dos desastres (PARK, 1991; TOBIN e MONTZ,

    1997; SMITH, 2000; MIN, 2007).

    O Durante envolve a realizao de aes emergenciais de Resposta que

    visam o salvamento (socorro e assistncia s vtimas), o auxlio (evacuao,

    abrigo, alimentao, atendimento mdico, etc.) e a reabilitao do cenrio

    do desastre, que corresponde ao incio das atividades de restaurao (curto

    prazo), como limpeza, segurana, entre outros (PARK, 1991; TOBIN eMONTZ, 1997; SMITH, 2000; MIN, 2007).

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    .

    Figura 15 Ciclo de gerenciamento de um desastre.Fonte: Tobin e Montz (1997).

    Enquanto que, o Depois representado pelas atividades de Reconstruo

    necessrias para o restabelecimento das funes bsicas de uma

    comunidade (bem-estar da populao) a mdio e longo prazo. Neste

    momento, feito o restabelecimento dos servios essenciais (gua, luz,comunicao e transporte), a avaliao dos danos e, nas reas mais

    afetadas, a reconstruo das estruturas danificadas ou destrudas (casas,

    pontes, estradas, etc.). O objetivo na fase de Reconstruo, ampliado pela

    fase de Preveno, retornar a normalidade, entendida como sinnimo de

    funcionalidade, e no de retorno s condies que precederam o desastre.

    Assim, almeja-se que a rea afetada retorne as suas funes scio-

    econmicas primordiais, mas de forma compatvel com a realidadeambiental que a cerca, o que resultaria numa elevao da qualidade de vida

    local. Dessa forma, a vulnerabilidade e o risco de desastres tenderiam a

    diminuir de forma natural (PARK, 1991; TOBIN e MONTZ, 1997; SMITH,

    2000; MIN, 2007).

    No Brasil, os maiores investimentos tm sido realizado na fase de Resposta,

    principalmente na capacitao e estruturao das defesas civis e corpos de

    bombeiros. No entanto, poucas defesas civis tem realmente investido na

    etapa de Preveno. No desmerecendo o trabalho j realizado, uma das

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    principais causas est na falta de um corpo tcnico

    civil, de carter permanente, com formao

    superior adequada (geocincias, engenharias e

    reas biomdicas) para a elaborao e gesto delongo prazo. Dessa forma,ser possvel atingir um

    dos objetivos propostos pela Poltica Nacional de Defesa Civil, que ...

    promover a defesa permanente contra desastres naturais ou provocados

    pelo homem(MIN, 2007, p.5). Para tanto, necessrio considerar alguns

    pressupostos indispensveis numa gesto de risco, como:

    Pressupostos indispensveis na gesto de risco

    Conhecer os fenmenos desencadeantes visando a reduo daintensidade e/ou freqncia (quando possvel);

    Buscar reduzir a exposio e fragilidade scio-econmica dasreas potencialmente vulnerveis;

    Valer-se de tcnicas e mtodos coerentes e eficazes queprezem pelo equilbrio na relao custo/benefcio;

    Aumentar a capacidade adaptativa e de convvio dascomunidades frente aos desastres;

    Zelar pela difuso e distribuio de dados e informaesvisando socializao do conhecimento;

    Permear na sociedade uma cultura de desastres positivaeno vitimalista e sensacionalista;

    Alcanar e conscientizar a esfera poltica em todas as fases doprocesso.

    A caminhada longa, mas com boa vontade, investimento e

    responsabilidade pode-se alcanar grandes resultados, mesmo a curto

    prazo. Pensar em desastres, no quantificar razes e motivos, mas

    sim defender e preservar a vida, principalmente dos menos afortunados

    ou privados de oportunidades.

    A etapa depreveno deveria

    representar 75%de tempo e

    investimentos, emum ciclo timo degesto de risco.

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    6.3.1 Avaliao de risco

    A identificao e avaliao de risco um dos principais passos que vai

    nortear as demais etapas do processo de gesto. A avaliao de risco,

    conforme Figura 16, envolve basicamente o inventrio dos perigos naturais

    (P), o estudo da vulnerabilidade (V) e o mapeamento das reas de risco (R)

    (PEARSON et al., 1991; SMITH, 2000; BALAJI et al., 2005).

    Figura 16 Parmetros que envolvem uma anlise de risco.

    Todos esses parmetros podem ser cruzados facilmente em ambiente SIG

    (Sistema de Informao Geogrfica) para obteno do mapa de risco final.

    Cada parmetro formado por um conjunto de dados de fontes diversas

    (mapas, medies em campo, imagens de satlites, questionrios, etc.),

    que permitem identificar as caractersticas do ambiente e o contexto scio-

    econmico em que podem ocorrer os desastres.

    Devido a grande complexidade de variveis e tipos de dados, assim como a

    forma de mensurao, as avaliaes de risco geralmente envolvem muita

    incerteza. De forma simplificada, os principais dados requeridos numa

    avaliao de risco so (BALAJI et al., 2005):

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    Dados usados numa avaliao de risco

    Dados sobre o perigo: tipo, data, local de ocorrncia, freqncia,magnitude, etc;

    Dados sobre o ambiente: geologia, geomorfologia, hidrologia,climatologia, uso da terra, etc;

    Dados sobre a exposio local: infra-estrutura urbana,edificaes, populao, dados scio-econmicos, agropecurios, etc.

    Alm disso, a incerteza pode aumentar com a combinao ou complexidadedo risco, principalmente quando envolve mltiplos perigos. Sempre que

    possvel, deve-se utilizar dados quantitativos, de fontes oficiais ou

    confiveis, longas sries histricas e mtodos de anlise que envolvam

    modelos matemticos e fsicos. A inteno que essa avaliao torne-se

    passvel de repetio e comparao, refletindo de forma mais transparente

    a realidade local e no a percepo do especialista responsvel pela anlise.

    Mas, isso no garante que um zoneamento de reas de risco venha a se

    concretizar. Investirem reduo risco, acima de tudo investir em

    desenvolvimento. Quando um municpio aplica recursos na educao,

    sade, segurana, habitao, planejamento e meio-ambiente, mesmo que

    de forma indireta, tambm estar investindo em preveno de desastres.

    essa somatria de esforos que resultar numa boa gesto de risco.

    6.3.2 Percepo de risco

    Estudos tm demonstrado que as reaes das pessoas que vivem em reas

    de risco podem ser super ou subdimensionada em virtude da idade, sexo,

    ocupao, educao, renda, experincias passadas, entre outros. So esses

    pressupostos presentes na histria do individuo que condicionaro sua

    habilidade de entender e prever o risco em eventos futuros, e aceitar as

    diretrizes estabelecidas numa gesto de risco.

    Para se ter uma idia, os principais motivos associados permanncia dos

    moradores nas reas de risco so (PARK, 2001):

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    Motivos de permanncia em reas de risco

    Incertezas associadas a ocorrncia do fenmeno: masquando e onde?;

    Mudana do cenrio de risco: mas isso nunca aconteceu!; Roleta russa: vale a pena arriscar, o raio nunca cai duas vezes

    no mesmo lugar;

    Falta de alternativa de moradia, trabalho e segurana: notenho pra onde ir, meu trabalho to longe, gosto daqui,

    seguro;

    Custo versus benefcios: essa terra to boa pra plantar,daqui de cima da pra ver toda a cidade, quando falta gua, a

    gente pega do rio.

    Informar, conscientizar e discutir com a populao to importante quanto

    investir num zoneamento de reas de risco. Muitos projetos acabam

    fracassando devido a falta de transferncia de informao e discusso entre

    prefeituras e comunidades. Alm disso, esse processo tem que ser realizado

    numa linguagem acessvel a todos. Essa uma das etapas fundamentais

    numa gesto de risco, caso contrrio, remar, remar, e morrer na praia.

    7. O USO DE GEOTECNOLOGIAS NA GESTO DE RISCO

    Uma das principais ferramentas para a gesto de risco so as

    geotecnologias, representadas especialmente pelo Sistema de Informao

    Geogrfica (SIG), o Sensoriamento Remoto (imagens de satlite) e oSistema de Posicionamento Global (GPS). As geotecnologias possibilitam a

    coleta, armazenamento e anlise de grande quantidade de dados, que

    devido a complexidade dos desastres naturais, seriam praticamente

    inviveis de serem tratados utilizando mtodos analgicos e/ou tradicionais.

    Com estas ferramentas produzem-se informaes em pouco tempo e com

    baixo custo, combinando dados espaciais multi-fontes, a fim de analisar as

    interaes existentes entre as variveis, elaborar modelos preventivos e darsuporte as tomadas de decises (BONHAM-CARTER, 1996).

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    Com relao ao uso das geotecnologias na Preveno, como j

    mencionado no item 6.3.1, concentra-se basicamente nas avaliaes de

    risco. Os dados geoambientais, que podem ser obtidos com o auxlio das

    imagens de satlite e GPS, so transformados em planos de informaes noSIG. Dependendo do software utilizado, so escolhidos modelos

    matemticos que so aplicados no cruzamento das informaes, para

    obteno dos planos resultantes, como os mapas de perigo, vulnerabilidade

    e risco (ver Figura 16).

    Na Preparao, momentos antes do impacto, as geotecnologias so

    utilizadas na definio de rotas de evacuao, identificao de abrigos e

    centros de operaes de emergncia, criao e gerenciamento de sistemasde alerta e elaborao de modelos meteorolgicos e hidrolgicos utilizados

    na previso. Nesta fase, as imagens de satlites geralmente so usadas

    para fornecer as informaes de base para a caracterizao das reas

    afetadas, como tambm realizar o monitoramento dos desastres (Figura

    17).

    Figura 17 Imagens do sensor TM LANDSAT-5 dos escorregamentos ocorridos emdezembro de 1995 na Serra Geral (SC).

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    Nas aes de Resposta, com um SIG possvel gerenciar de maneira

    eficiente e rpida, as situaes mais problemticas, como as aes de

    combate a sinistros (conter efeitos adversos) e de socorro s populaes

    afetadas (busca e salvamento). No SIG, um banco de dados associados aum mapa da rea urbana, poder fornecer informaes completas sobre

    abrigos, hospitais, polcia, bombeiro, entre outros. J o GPS

    extremamente til nas operaes de busca e salvamento em reas que

    foram devastadas. Essas reas ficam muitas vezes descaracterizadas

    dificultando a orientao e a localizao de ruas e edificaes.

    Na Reconstruo, as geotecnologias tambm so amplamente usadas na

    realizao do inventrio, avaliao dos danos e na identificao de reasseguras para a relocao e reconstruo das comunidades afetadas (Figura

    18). Informaes estas que posteriormente so inseridas em um banco de

    dados para serem utilizadas novamente na fase de Preveno e Preparao.

    Figura 18 Danos causados pelo Furaco Catarina no dia 28/03/2004 na regiosul catarinense. Fonte: Marcelino et al. (2005).

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    Ressalta-se que os exemplos citados no limitam o uso das geotecnologias.

    Pelo contrrio, novas aplicaes, mtodos e ferramentas surgem a cada dia.

    A flexibilidade a uma das grandes vantagens das geotecnologias. Tudo

    pode ser adaptado em funo dos projetos de preveno, do fenmeno aser analisado, da escala de trabalho e do oramento disponvel.

    No Brasil as possibilidades de uso das geotecnologias so ainda

    mais promissoras, visto que j existem iniciativas de sucesso nesta rea

    (Figura 19). O governo brasileiro, por meio do Instituto Nacional de

    Pesquisas Espaciais (INPE), disponibiliza a qualquer instituio ou

    profissional os softwares SPRING e TerraView (http://www.dpi.inpe.br),

    alm das imagens do satlite CBERS (http://www.cbers.inpe.br).Basicamente, o SPRING um SIG com funes de processamento digital de

    imagens, mapeamento, anlise espacial, modelagem numrica de terreno e

    consulta a banco de dados espaciais. O TerraView, apesar de no ser to

    robusto quanto o SPRING, apresenta uma interface moderna e amigvel,

    permitindo a fcil manipulao de dados vetoriais (pontos, linhas e

    polgonos) e matriciais (grades e imagens). J o satlite CBERS (Satlite

    Sino-Brasileiro de Recursos Terrestres) possui uma srie de sensores que o

    tornam altamente capacitado para as aplicaes na rea de mapeamento e

    monitoramento ambiental. So trs poderosas geotecnologias,

    disponveis gratuitamente, que podem ser utilizadas na preveno e

    mitigao de desastres naturais. Aproveite!

    Figura 19 Geotecnologias desenvolvidas pelo INPE.

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