Cadernos de Tipografía e Design

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  • 1. Cadernos de Tipografia e DesignNr. 23 / Maio de 2012 / Papel

2. Search: CTRL+F Cadernos de Design e Tipografia Nr.23 / Maio 2012 / pgina 2 TemasTemas Cadernos, 23 / Maio de 2012 2 verso, corrigida. 20 de Junho de 2012.ndice de temasModo de usar os Cadernos..........................................................330 tipos de papel................................................. 67O livro completo mais antigo.....................................................4 Papel no qual o ouro brilha.........................................................75Design alemo do ps-guerra............................... 6 Buntpapier aus Augsburg............................................................76Onde colocar os botes? Dieter Rams sabe............................11 Colher flores no jardim................................................................87Hans Gugelot..................................................................................22 Papel de parede..............................................................................88A Era Rams.................................................................................24Moda de papel..................................................... 93Papel.................................................................. 36 Bonecas de papel................................................ 95 Dieter Rams. Foto: Dr. Ren Spitz, www.wortbild.de/O Moinho do Papel em Leiria.....................................................38 A indstria do papel nos EUA............................... 103O Museu Papeleiro em Paos de Brando...............................39 Papis orientais.................................................. 110Caros leitores CO Moinho de Chuva.......................................................................44hegou o fim do papel pelo menos para os Papel Hanji, da Coreia..................................................................112Mol Paperer de Capellades........................................................46Cadernos de Design e Tipografia! Conscientes de A versatilidade do papel japons...............................................120Papel online....................................................................................47que so muito poucos os leitores que imprimemPontusais, corondis, marcas dgua........................................48Dobrar papel....................................................... 140estes Cadernos em papel, optamos por um novoMarcas de papeleiro.....................................................................52 Transformers: afinal, existem!...................................................144 formato, mais apropriado para a leitura no ecr. MesmoBrevssima histria do papel......................................................57 a propsito, o tema principal deste nmero o papel no s como suporte da escrita, mas em (quase) todas as suas manifestaes. Na rea do Design, optamos por um assunto actual: a mistificao da figura de Dieter Rams, evangelista do Design alemo do ps-guerra. Agradeo a Birgit Wegemann vrias crticas e suges- tes, assim como a Vitor Miguel Barros Pinto a reviso dos textos sobre a Braun/Rams. A Ruben Dias, um obri- gado pelos seus apontamentos sobre o paperfolding. Boa Leitura! Paulo Heitlinger 3. Search: CTRL+F Cadernos de Design e Tipografia Nr.23 / Maio 2012 / pgina 3Temas Modo de usar os CadernosAconselhamos os nossos leitores a usar a verso 10 do Acrobat Reader a verso X. Esta Termos de utilizao Citaes ferramenta, mais evoluda, no s permite clicar Para uso pessoal do leitor. autorizada a citao de tex- Quem quiser incluir no seu trabalho acadmico, jorna- todos os hiperlinks inseridos neste texto digital, tos. No permitida a venda a terceiros, ou a dissemina-lstico, etc. uma referncia aos artigos aqui publicados,como permite adicionar comentrios. Deste o deste PDF por outros sites.deve fazer a citao e a respectiva referncia segundo a modo, pode personalizar melhor esta sua cpia permitido imprimir e citar os Cadernos de Design e Ti- praxe acadmica: do livro! pografia. permitido imprimir este documento e colo-Nome(s) do(s) autore(s) c-lo em bibliotecas pblicas. A licena concedida ao lei- Ttulo do artigo tor no permite copiar e/ou vender os contedos (tex-Cadernos nr ...., data .... tos, imagens e grafismos) a terceiros. No permitido co- Publicado em: www.tipografos.net/cadernosTemas locar este PDF em sites como ISSUU, etc. terminante-Os Cadernos inci em sobre temas relacionados com o d mente proibido colocar esta verso noutros sites! Pela Editor, CopyrightDesign, o Typeface Design, o Design Grfico e de produto simples razo: passados alguns dias (ou semanas) depoisOs Cadernos so redigidos, paginados e publi ados por c e a anlise so ial e cultural dos fen enos rela io ados cmc n do primeiro lanamento, recebemos reaces, suges- Paulo Heitlinger; so igualmente pro rie p dade intelectu- com a visualizao, edio, publicao e repro uo de d tes e comentrios dos leitores, que nos permitem me-al deste editor. Qualquer comunicao dirigida ao editor textos, smbolos e imagens. Publicados em portugus, e lhorar o contedo. Deste modo, aparecem segundas (ou calnias, louvores, ofertas de dinheiro ou outros valo-tambm em castelhano, galego e catalo, dirigem os seus mesmo) terceiras edies, que incluem esses melhora- res, propos as de subor o, etc. [email protected] temas a leitores em Portugal, no Brasil, na frica, na Es- mentos. As cpias ilegais, difundidas noutros sites, no com. panha e na Amrica Latina. Os Cadernos no professam beneficiam desses melhoramentos.qualquer orientao nacionalista, chauvinista, partid-Colaboradoresria, religiosa, misticista ou obscurantista. No discuti- O que que os Cadernos no soOs Cadernos esto abertos mais ampla participaomos temas pseudo-cientficos, tais como a Semitica ou Os Cadernos no so uma revista cientfica ou acadde colaboradores, quer regulares, quer epis icos, quedo Lateral Thinking, por exemplo. mica. Em Portugal e no Brasil, o nvel geral das publica- queiram ver os seus artigos, investigaes e opinies di-Em 2012, a distribuio continua a ser feita gr- es ditas cientficas, universitrias ou acadmi-fundidos por este meio.tis, por divulgao da verso em PDF posta disposi- cas to baixo, que no nos interessa ser comparados Os artigos assinalados com o(s) nome(s) do(s) seu(s) o dos interessados em www.tipografos.net/cadernos. com estas publicaes. autor(es) so da responsabilidade desse(s) mes o(s) m 2007, 8, 9, 10, 11,12 by Paulo Heitlinger.autor(es) e tambm sua propriedade intelectual, claro. All rights reserved. 4. Search: CTRL+FCadernos de Design e Tipografia Nr.23 / Maio 2012 / pgina 4TemasO livro completomais antigoC uriosamente, um dos mais antigos livros intactos que conhecemos, tambm um dos mais pequenos do tama- nho de uma mo aberta, apro i adamente. Escrito com xm letra uncial, a cpia manuscrita do Evangelho segundo SoJoo, o St Cuthbert Gospel, foi caligrafado no Norte da Inglaterranos finais do longnquo sculo VII. O cdice foi enterrado perto doMosteiro de St Cuthbert on Lindisfarne, aparentemente em 698.Mais tarde foi achado dentro da sepultura do santo, na Catedralde Durham, em 1104. Tanto o encadernamento como as folhas depergaminho encontram-se em aprecivel estado de conservao para um livro que conta cerca de 1.300 anos de existncia e quepassou bastante tempo dentro de um caixo, para sobreviver...Fotos: British Library.O tipo de letra usado neste pequeno livro a Uncialis, umaRomana redonda j foi amplamente tematizado nos Cadernosde Tipografia e Design, Nr. 18, publicados em Janeiro de 2011. collections relating to the early history and culture of Bri- tain, and its unrivalled collection of texts associated withEnglish text the worlds great faiths. Now in public ownership, the St Cuthbert Gospel is onT he British Library has announced that it has successfully display in the Sir John Ritblat Treasures Gallery in the British acquired the St Cuthbert Gospel, a miraculously well-pre- century and was placed in St Cuthberts coffin on Lin-Librarys flagship building at St Pancras. Following a conser- served 7th century manuscript that is the oldest European disfarne, apparently in 698. The Gospel was found in thevation review led by the British Library and involving inter- book to survive fully intact and therefore one of the worlds saints coffin at Durham Cathedral in 1104. It has a beau-national conservation and curatorial experts, the Gospelmost important books. The 9 million purchase price for thetifully worked original red leather binding in excellentwill be displayed open for the first time.Gospel has been secured following the largest and most success-condition, and it is the only surviving high-status manus-To celebrate the acquisition, the Library has openedful fundraising campaign in the British Librarys history. cript from this crucial period in British history to retain a special display exploring the creation, travels and sur-A manuscript copy of the Gospel of St John, the St Cuthbertits original appearance, both inside and out. As such, it vival of the Gospel across 13 centuries. In addition, the man-Gospel was produced in the North East of England in the late 7th represents a major addition to the Librarys world-classuscript has been digitised in full, allowing it to be made 5. Search: CTRL+F Cadernos de Design e Tipografia Nr.23 / Maio 2012 / / pgina Temas 5/ pgina freely available online for the first time via announce the successful acquisition of the the Librarys Digitised Manuscripts webpage: St Cuthbert Gospel by the British Library. http://www.bl.uk/manuscripts/FullDisplay.This precious item will remain in public aspx?ref=add_ms_89000hands so that present and future genera- The Chief Executive of the British Library,tions can learn from it. Lynne Brindley, said: To look at this small andThe acquisition of the St Cuthbert Gos- intensely beautiful treasure from the Anglo- pel by the British Library involved a part- Saxon period is to see it exactly as those who nership between the Library, Durham Uni- created it in the 7th century would have seen it.versity and Durham Cathedral and an The exquisite binding, the pages, even the sew-agreement that the book will be displayed ing structure survive intact, offering us a direct to the public equally in London and the connection with our forebears 1300 years ago.North East. The first display in Durham is Its importance in the history of the book andanticipated to be in July 2013 in Durham its association with one of Britains foremost Universitys Palace Green Library on the saints make it unique, so I am delighted toUNESCO World Heritage Site. lingua balbus Hebes ingenio uiris doctis sermonem facio sed quod loquor qui nulli uestrum Su EtUncialis. Fonte digital, da autoria de Paulo Heitlinger, extrada dodocumento Homiliae in numeri 15-19, Abadia de Corbie (?); ltimoquartel do sculo VII. Ms Burney 340, British Library. A semelhanacom a uncial do St Cuthbert Gospel evidente. 6. Search: CTRL+F Cadernos de Design e Tipografia Nr.23 / Maio 2012 / Design alemo do ps-guerra / pgina 6 TemasDesign alemo do ps-guerraSixties Design, made in Germany 7. Search: CTRL+F Cadernos de Design e Tipografia Nr.23 / Maio 2012 / Design alemo do ps-guerra / pgina 7 Temas Este modelo americano de 1939 pe em evidncia aParece uma torradeira de po de forma, mas um evoluo geral no design de rdios de mesa, antes e rdio porttil, o modelo Kofferradio Piccolo 50. depois da guerra. Design futurista, tpico do styling Designer desconhecido, 1949. americano, ao estilo de Raymond Loewy. AirlineMostrado na exposio Dieter Rams: Less and More, Midget Table Radio Model 04BR-420B. no Museum fr Angewandte Kunst, Frankfurt am O corpo deste receptor de rdio de baquelite. Main, de 22 de Maio a 5 de Setembro de 2010. EUA, 1939. Foto: Collection Mark Meijster, Amsterdam, 2011. Rdio de mesa Braun RT 20. Tischsuper. Dieter Rams. 1961. 8. Search: CTRL+F Cadernos de Design e Tipografia Nr.23 / Maio 2012 / Design alemo do ps-guerra / pgina 8 TemasRadio Braun exporter 1Designer: desconhecido, 1954.Exposio do Museum frAngewandte Kunst, Frankfurtam Main, de 22 de Maio a 5 deSetembro de 2010. Este aparelhoremonta a um modelo de 1935.ta, providenciando tratamento mdico gratui-to e generosas penses de reforma aos seus em-pregados. Artur Braun foi um engenheiro de ta-lento, que tratou de garantir que a Braun esti- A evoluo da Braunvesse sempre na liderana dos produtos elec-ABraun comeou a produzir em 1921; trotcnicos uma nova classe de produtos do-era ento uma pequena empresa que msticos que tinha comeado a inundar os mer-tinha sido fundada por Max Braun em cados europeus depois da ii. Guerra Mundial.Frankfurt. Comeou por produzir peas de r- Como complemento vocao de Artur,dio, para pouco depois fabricar tambm os apa-Erwin Braun tinha um especial interesse pelarelhos de rdio da marca Braun. To cedo como Gestalt aquilo a que hoje chamamos de-1935, a Braun tinha lanado no mercado um pe- sign. Quando Dieter Rams entrou na Braun,queno rdio porttil, com todas as caractersiti- em 1955, j Erwin Braun tinha encetado umacas mais tarde associadas a Dieter Rams. Depois exemplar colaborao com a hfg, a escola de de-da ii. Guerra Mundial, a empresa ampliou a a suasign de Ulm, dirigida por designers como Hanslinha de produtos com batedeiras e barbeadoresGugelot, Otl Aicher e Max Bill. Da colabora-elctricos. o com a escola de design em Ulm iria resul- Sob a gesto dos irmos Artur e Erwin Braun, tar o icnico modelo Braun SK 61, assinado porRdio e gira-discos Braun, modelo RC 55 UK. Cerca deque tinham herdado a empresa ao pai, a Braun ti-Dieter Rams e Hans Gugelot. 1955, antes da Era Rams. Foto: Museu do Som e danha ganho um perfil tendencialmente progressis- Imagem, Vila Real, Portugal. 9. Search: CTRL+F Cadernos de Design e Tipografia Nr.23 / Maio 2012 / Design alemo do ps-guerra / pgina 9Temas O Designstudio Aps a morte de Max Braun,em 1951, os seus dois filhos,Artur e Erwin, assumiram o controlo da empresa e introduzi- ram um novo conceito de gesto em- presarial: um Designstudio, ou seja, um Departamento para Formgestaltung, mais tarde designado Abteilung fr Produktgestaltung.Esta seco, onde foram concebidos e desenhados todos os produtos que de-Braun Tischradio TS-G. Design: Hans Gugelot e Helmut ram fama e prestgio Braun, foi mon-Mller-Khn/hfg Ulm, 1955. Exposio do Museum fr tada pelo Dr. Fritz Eichler, historiadorAngewandte Kunst, Frankfurt a.M., em 2010. de Arte, cineasta e cenarista. Ao lado de Eichler, outros nomes marcaram os pri- meiros anos do Braun-Design: Wilhelmlaboraes foi a parceria com a Braun. Wagenfeld(pioneiro da Bauhaus),A Braun nunca apresentou qualquer Inge Aicher-Scholl (hfg), Otl Aicher, inovao tcnica substancial, como o iram Hans Gugelot (hfg), Albrecht Schultzfazer consrcios japoneses como a SONY e Herbert Hirche. Seria esta seco que (Walkman, CD-ROM, etc.) Depois da guer- Dieter Rams iria comandar, a partir dera, os produtos da Braun continuaram aBraun SK 25. Design de Artur perodo antes da guerra. O corpo 1961. Braun e de Fritz Eichler, 1955. Este do receptor de rdio SK25 de usar as mesmas tecnologias que j usavam aparelho, cuja autoria frequente,baquelite, pintado cor de grafite.Em 1954, Erwin Braun entrou em antes da guerra. Alguns materiais foram mas erradamente atribuda aO SK 25 tambm foi vendido numa contacto com a recm-fundada hfgsubstitudos: a bakelite deixou de ser usa- Dieter Rams, marca o incio de todaverso cinzento claro. A grelha (hochschule fr gestaltung), em Ulm da, adoptou-se o plexiglas, etc.uma nova era na empresa Braun. frontal feita de lata perfurada (www.hfg-archiv.ulm.de). Esta escola O factor distintivo foi que a Braun sou- Design claro e ordenado, parco. Um (!) Os botes (Ein/Aus, Lautstrke, superior, fundada para dar continuida-be usar o Design como uma fachada que forte contraste com os opulentos Frequenzeinstellung) so de plstico. de herana da Bauhaus, desenvolveulhe garantiu, durante dcadas, boas ven-mveis para rdio e gira-discos, Os precursores SK 1, SK 2, SK 3 vrios projectos de parceria com a in-caractersticos do Design dos anos foram vendidos em cor grafite, mas das junto a uma clientela elitista, vida por 50, que ainda pedia emprestado ostambm em azul claro, verde claro, e dstria alem; a mais notria destas co-design de vanguarda. ornamentos dourados ao Design do beige claro. 10. Search: CTRL+FCadernos de Design e Tipografia Nr.23 / Maio 2012 / Design alemo do ps-guerra / pgina 10TemasA evoluo da Braun: novos materiaisAntes do aparecimento do secador de ca- ao calor e, para alm disso, que pode ser molda-belo elctrico vrias tcnicas pouco c- do e assumir vrias cores e feitios, como a imita-modas eram utilizadas. Por exemplo,o da madeira do secador de cabelo Supreme dasecava-se o cabelo com um ferro de engomar Hawkins, Inglaterra.e utilizava-se ferros cilndricos, previamenteA descoberta do plstico como material ba-aquecidos no fogo, para formar caracis.rato, mais facilmente moldvel, mais leve e mais Em 1920 surgiram os primeiros secadores deatraente, permitiu criar uma maior variedade decabelo elctricos, nascidos da combinao en-formas e estilos, tendo sempre em conta o ladotre uma resistncia idntica dos aquecedores prtico do aparelho. Vrios modelos foram pos-e um motor semelhante ao dos aspiradores. Os tos no mercado a partir de ento at aos nossosprimeiros modelos foram feitos de crmio, alu- dias, como por exemplo, o secador porttil damnio ou ao inoxidvel e o cabo do aparelho Braun, desenhado por Reinhold Weiss (1964).Supreme Hawkins Hairdryer.era feito de madeira, o que os tornava pesados e considerado um elemento indispensvel emmais difceis de manejar.casa ou no cabeleireiro, principalmente se tiver- Nos anos 30, um novo material comeou a mos em conta a importncia que a moda e a bele-ser utilizado: a baquelite, um plstico resistente za assumem nos dias de hoje. Primitivismo ou celebrao do minimalismo funcionalista? O icnico modelo Braun SK 61, assinado por Dieter Rams e Hans Gugelot. Rdio e gira-discos, integrados. Tampo de plexiglas.Ventilador de mesa HL 70. Reinhold Weiss. Braun. 1971. 11. Search: CTRL+F Cadernos de Design e Tipografia Nr.23 / Maio 2012 / Design alemo do ps-guerra / pgina 11Temas Onde colocar os botes? Dieter Rams sabe Com a orgulhosa idade de 79 anos, Rams hoje uma incontornvel referncia no Design. Durante os 40 anos que esteve ao servio da Braun, definiu um sbrio e elegante visual para acentuar a funcionalidade dos seus produtos. Concentrou-se na concepo de aparelhos ergonmicos, para serem facilmente utilizados. Fabricados em grandes sries. Na Braun, todas as caractersticas suprfluas j tinham sido eliminadas. Rams marcou a sua posio pela persistncia na continuao desta linha, numa qualidade manifestada em cada objecto, possesso por uma obsessiva ateno aos detalhes, que ele considerava essenciais. Comeou a praticar a srio o que se viria a chamar Interaction Design. T udo comeou com uma aposta. Dieter Rams, ento um jovem de 23 anos, trabalhava como assistente no gabinete de Otto Apel, um arquitecto como carpinteiro antes de comear a trabalhar para odores, gira-discos, relgios, calculadoras, gravadores e de Frankfurt. Um colega descobriu um anncio arquitecto Otto Apel, a partir de 1953. diversos equipamentos integrados de high-fidelity.Q num jornal; uma empresa que ningum conhecia pro-Rams ganhou a aposta e ficou com o emprego. Ouando Rams entrou na Braun, a sua perspectiva curava um arquitecto. O colega desafiou Rams a candi-seu novo patro era a Braun, uma empresa produora t era continuar uma carreira de arquitecto, de pre- datar-se ao posto, paralelamente sua prpria candida-de electrodomsticos. Comeou a trabalhar a em 1955,ferncia no planeamento urbano. Mas a Braun tura vamos ver quem ganha. para s sair em 1995. Durante esses 40 anos, Rams escre- no fazia arquitectura, como o anncio o podia terNascido em 1932, Rams tinha estudado Arquitectura veu histria do Design, desenhando torradeiras, cafe- sugerido. Quando muito, a arquitectura era um assunto em Wiesbaden de 1947 at 1953 e at fez uma formao teiras, bate ei as, mquinas de cozinha, rdios, grava-d r perifrico. 12. Search: CTRL+FCadernos de Design e Tipografia Nr.23 / Maio 2012 / Design alemo do ps-guerra / pgina 12Temas Se bem que Rams comeasse a trabalhar em projectos arquitect- nicos, passado um ano j estava metido no Design de produto, produ- zindo o seu primeiro tarbalho a solo, o projector de slides PA1 (1956). J nos primeiros trabalhos se notava a sua obsesso pelos detalhes exac- tos e os acabamentos 100% perfeitos. Qualquer pormenor teria que exibir a virtude do as little design as possible. O processo de planeamento de Rams foi sempre minucioso e con- trolado. Comeando com croquis desenhados a lpis sobre rolos de papel, passando para prottipos onde os colaboradores podiam veri- ficar com preciso a posio de motores, ventoinhas, botes e demais comandos at aos desenhos tcnicos finais que se passavam aos construtores, para se passar produo em srie. O design vintage da Braun (que no tem quase nada a ver com o design contemporneo desta empresa) ficou a ser considerado 100% exemplar: esttico, funcional e simples de usar, discreto e comedido. Nada de exageros la Raymond Loewy, zero de decorao, tudo clean, plano, geomtrico e plido de cores, sem arestas duras. Lembrando sempre a Bauhaus, claro. Muitos dos seus produtos encontram-se hoje no acervo de museus famosos, como o do MoMA, em New York. Para um pblico mais jovem, interessado em Design, o excelentedocumentrio de Gary Husqwitt Objectified foi a primeira pos-sibilidade de conhecer um pouco a originalidade da abordagemde Rams e dos seus contemporneos, atravs de vrios depoia- O mais purista dos designers industriais mentos feitos para este filme. Num livro recentemente publicado alemes: Dieter Rams, no auge da sua carreira. Dieter Rams: As Little Design as Possible (Editora Phaidon) , a his- toriadora de design britnica Sophie Lovell (www.sophielovell.com) traa o percurso de Rams como um dos mais influentes designer ale- mo da segunda metade do sculo xx. Jonathan Ive, o director de Design da celebrrima Apple, escre- veu a introduo para As Little Design as Possible. Esta publicao segue-se a outra, no menos importante, que surgiu h j dois anos: O primeiro trabalho de Rams na Braun: o pequeno projector de slides PA1. 1956. 13. Search: CTRL+F Cadernos de Design e Tipografia Nr.23 / Maio 2012 / Design alemo do ps-guerra / pgina 13 Temas Less and More: The Design Ethos of Dieter Rams (Edi- tora Gestalten), da autoria de Keiko Ueki-Polet e Klaus Kemp. Esta ltima por ocasio de uma grande exposio retrospectiva realizada no Museu de Artes Aplicadas, em Frankfurt. Sophie Lovell focou a sua ateno no processo de design praticado por Rams, dando-nos uma descri- o realista do mesmo. Em vez de esboar Rams como heri omnipotente um chavo comum na literatura de design , Lovell mostra a complexa rede de relaes e interdependncias que Rams teve que navegar para pr os seus projectos em marcha no Departamento de Design que liderou na Braun. No se esquecendo de assi- nalar os microscpicos detalhes em que Rams se capri- chva, quando projectva um novo aparelho. Os botes, as arestas, os cantos eram detalhes em que 0 perfeicio- nista Rams gostava de focar toda a sua ateno to demoradamente, at levar todos os seus colaboradores beira do desespero. Porque que agora se fala tanto de Rams? O quehoje a Apple para o Design industrial, foi a Braundurante a Era Rams: as dcadas de 1960, 1970 e O barbeador Braun Sixtant SM2, assinado1980. provvel que os designers da Apple con- Mais do que um genial inovador, Rams foi bem umpor Dieter Rams (ou por Richard Fischer?). siderem uma comparao destas como uma vnia aosproduto do seu tempo e da sua geografia a Alemanha seus produtos. O desenho do digital keypad do iPhonedo ps-guerra. O seu estilo de design tinha sido pr-tra- Calculator , supostamente, uma homenagem a Ramsado por inovadores aqueles dentro da Braun e outros, a rplica do calculador desenvolvido em 1977 para a associados hochschule fr gestaltung, em Ulm. Lem- Braun por Rams, em parceria com o seu colega Dietrich bremos que produtos to icnicos como a Radio-Phono- Lubs. -Kombination studio 1 foram desenhados para a Braun 14. Search: CTRL+F Cadernos de Design e Tipografia Nr.23 / Maio 2012 / Design alemo do ps-guerra / pgina 14Temas por Hans Gugelot e Herbert Lindinger, ambos da hfg Ulm, em 1957 por- tanto, quando Rams j tinha entrado aos servio da Braun... A hochschule fr gestaltung, em Ulm Curiosamente, a Braun nunca apresentou qualquer inovao tcnica substancial, como o iram fazer, por exemplo, consrcios japoneses como a SONY (Walkman, CD-ROM, etc.) Depois da guerra, os produ- tos da Braun continuaram a usar as mesmas tecnologias que j se usa- vam antes da guerra. Contudo, a Braun soube usar o design como uma fachada que lhe garantiu, durante dcadas, boas vendas junto a uma clientela elitista, vida por design de vanguarda. E m 1954, Erwin Braun entrou em contacto com a recm-fundada hfg (hochschule fr gestaltung), em Ulm (www.hfg-archiv.ulm.de). Esta escola superior, fundada para dar continuidade herana da Bauhaus, desenvolveu vrios projectos de parceria com a indstria alem; a mais notria destas colaboraes foi a parceria com a Braun. Hans Gugelot, arquitecto, designer e docente da hfg, foi encarregado do design dos rdios e gira-discos da Braun. Otl Aicher realizou as novas instalaes para a exposio dos produtos e reformulou as Relaes Pblicas da empresa. Peter Seitz, sob a direco de Aicher, desenhou o estacionrio da empresa, quando ainda era estudante na hochschule fr gestaltung em Ulm. Vejamos que Rams no pisou terreno virgem. Quando, em 1955, entrou na Braun, j uma nova srie de produtos tinha sido desenvolvida a tempo de ser apresentada na Exposio Internacional de Radiodifu- so em Dsseldorf. Em cima: Braun Radio-Phono-Kombination RC62 atelier 1 O novo estilo fez furor: tudo o que fosse desnecessrio ao funciona- com alto-falantes destacveis. Dieter Rams, 1957-58. mento do produto tinha sido eliminado. Linhas simples, durabilidade, Em baixo: o rdio de mesa spectra futura da Nordmende, equilbrio e unidade eram os aspectos fundamentais. O design de todos produzido em 1968 1970, um design do francs/norte- os produtos da Braun era semelhante e portanto coerente, em geral com americano Raymond Loewy. A marca alem Nordmende nasceu em Dresden, renasceu em Bremen e liderou o mercado de aparelhos TV e rdio at fins da dcada de 1970. 15. Search: CTRL+F Cadernos de Design e Tipografia Nr.23 / Maio 2012 / Design alemo do ps-guerra / pgina 15 Temas acabamento exterior em branco ou beige, com o logtipoAntes de ouvirem a palestra de Wagenfeld, os bem visvel.irmos Braun j tinham assimilado a lio. O ano 1950 Mas com a aco continuada de Rams, a Braun tor-tinha sido marcado por um novo produto da Braun, nou-se uma das empresas que mais influenciaram oque ainda hoje frequentemente referenciado quando design industrial contemporneo. Vagamente orientadase fala da marca o barbeador elctrico Braun S50. pelos princpios minimaistas da Bauhaus, a fbrica del electro-domsticos sedeada em Kronberg criou vrias Design de Interaco G sries de produtos funcionais, de valor permanente, cul- raas aos talentos e iniciativa do engenheiro tivando um styling prprio, frequentemente copiado e Artur Braun, a sua empresa foi pioneira no lan- plagiado por outras empresas.amento de vrios produtos. Para estes apa-relhos inovativos, o Departamento de Design A influncia de Wagenfeld criado por Fritz Eichler e chefiado por Rams (a partir N o incio, o design dos produtos da Braun no erade 1961) tinha a misso de ensinar as pessoas a us-los. significativamente diferente do de outras empre-Ser importante constatar que, finda a ii. Guerra sas. Depois da morte do fundador, os irmo ArturMundial, tinha surgido uma nova classe de produ- e Erwin Braun tinham assumido a gerncia da tos domsticos: os que incorporavam no s Electrici- empresa. Embora continuando o trabalho do pai, segui- dade, mas tambm, e cada vez mais, Electrotcnica, e ram o novo caminho que se revelou atravs do design que tinham muitas funes incorporadas. Se a ventoi- funcionalista dos produtos e das estratgias de marke-nha elctrica que Peter Behrens desenhou em 1907 para ting da Braun.AEG se limitava a ter um nico interruptor, com duas Foi uma palestra de Wilhelm Wagenfeld (19001990),posies ligado e desligado , j os rdios-giradiscos docente da Bauhaus e designer industrial, que deu umda Braun necessitavam de bastante mais botes...O calculador Braun 4955, ET23. Este aparelho impulso notvel para esta orientao. Para ser melhorEu nunca fiz confiana nos manuais de instru-no foi uma inveno original da Braun, antes que os outros, um produto precisa de um fabricante inte-es, comentou Dieter Rams, todos ns sabemosum desenvolvimento da calculadora de bolso ligente, que reflicta sobre a sua utilidade e a sua durabi- que as pessoas no os lem. Por isso, Rams insis- desenvolvida por Sinclair, o pioneiro que lanou a lidade. A busca da forma adequada pode causar proble- tia que os modos de operao dos produtos da Braun mercado os Sinclair Computer. mas, que tm de ser resolvidos pela pesquisa cientfica deviam de ser to simples e lgicos quanto possveis. como a pesquisa feita nos laboratrios de Qumica e O pioneiro do Design de Interaco primava Fsica. Quanto mais simples um produto industrial for,por colocar os botes, interruptores e comandos na maior ser o esforo necessrio para realiz-lo, afirmou sequncia mais lgica possvel. Integrando apenas o Wagenfeld em 1954.mnimo necessrio. Usando tambm, quando acon- 16. Search: CTRL+FCadernos de Design e Tipografia Nr.23 / Maio 2012 / Design alemo do ps-guerra / pgina 16Temas selhvel, um cdigo de cores para guiar o utilizador: verde para ligar, vermelho para desligar. Rams apreciava aquilo que s no idioma alemo tem um termo prprio: a qualidade tctil e hptica das coisas (Handschmeischlereigenschaft). Para atin- gir esse feeling, as arestas e os cantos, assim como os botes de comando dos aparelhos eram ligeiramente arredondados, para suavizar o contacto com a mo humana. Os interruptores do isqueiro de mesa da Braun foram desenhados medida do dedo que os pressiona. Rams misturou plstico rgido com plstico macio para tornar o barbeador Braun Micron Vario 3 (1985) mais fcil de segurar na mo. Dentro do Departamento de Design da Braun a poltica de produto nem sempre foi transparente. Um Braun Informationszentrum. Frankfurt am Main. 1960 exemplo: embora Rams tenha sido creditado com a autoria da torradeira de po Braun HT 2 (1963), o seu verdadeiro autor Reinhold Weiss, um designer colega de Dieter Rams. Mais tarde, os rapazes da Apple, sob a direco de Jonathan Ives, iriam orientar-se fielmente por estas solues de Dieter Rams.Oaparelho de audio (rdio+gira-discos) lan- Wilhelm Wagenfeld (19001990), docente daado em 1978, j com componentes integrados, Bauhaus e designer industrial. foi o precursor dos aparelhos audio modernos.Nomeado director do Departamento de Design em 1961, Dieter Rams ditou doravante a esttica dos electrodomsticos da Braun, tornando-os famosos (e copiados) pelo mundo fora. Rams definiu o seu credo: o produto tem de ser inovador, esttico, prtico, dura- douro, facilmente manusevel e ecologicamente cor-Braun Radiosuper RT20. Design: Dieter Rams, 1961. 17. Search: CTRL+F Cadernos de Design e Tipografia Nr.23 / Maio 2012 / Design alemo do ps-guerra / pgina 17TemasDieter Rams e Jrgen Greubel conceberam edesenharam o Braun Lectron System (1967-1969) uma ferramenta didctica para escolas e universidades.Integra um extenso leque de mdulos, que se ligamuns aos outros por magnetismo, para formar circuitoselectrotcnicos funcionais.Segundo Rams, o propsito desta abordagem eradesmistificar a Electrotcnica, encorajando jovensa construir circuitos funcionais: medidores de luz,termmetros elctricos, rdios transistor, etc. A maioriados mdulos era transparente, permitindo ver a peano seu interior, contudo, a parte superior era branca,com o icne diagramtico impresso no topo. 18. Search: CTRL+F Cadernos de Design e Tipografia Nr.23 / Maio 2012 / Design alemo do ps-guerra / pgina 18Temas recto. Dominava a sua preocupao de produzir apare- lhos com usabilidade evidente produtos que dispen- sassem o uso de manuais. Com a ascenso metrica de Rams, os seus colegas e colaboradores na Braun fica- ram na sombra: Reinhold Weiss, Dietrich Lubs, Arne Jacobsen, G. A. Muller e Wilhelm Wagenfeld. Rams ajudou a reposicionar a Alemanha comopas lider do Design, e influenciou pelo menosduas geraes de designers. Entre muitos outros,citemos Jonathan Ive (chefe designer da Apple) e o japons Naoto Fukasawa. Na Braun, nem tudo correu bem. Em 1967, a norte- -americana Gillette j era accionista maioritria da Braun. Mais tarde, os norte-americanos comearam a questionar o famoso design minimalista dos produtos,Rams tambm fez design de mveis; a partir de mudando os objectivos da Braun. Hoje, os principais1957 para a empresa Otto Zapf, mais tarde para produtos da empresa alem so barbeadores e escovasa Vitsoe e Zapf, depois Wiese Vitsoe, e, a partir de dentes elctricas, secadores para cabelos, mquinas de 1995, sdr+. de cozinha e relgios. Vrios dos seus sistemas de prateleiras Ao longo dos ltimos anos, o design inicial desvir-foram premiados. Os mais conhecidos so tuou-se completamente. Como todas as outras multi- o Regalsystem 606 (1960) e o programa de nacionais do ramo, a Braun comeou a produzir onde cadeires 620 (1962). Desenhos mais recentesso o Garderobenprogramm 030 (2003) e o a mo-de-obra mais barata: Irlanda, Frana, Espa-Satztischprogramm 010 (2001). nha, Mxico, China e Estados Unidos. Hoje, a Braun per-No ano de 1964 os seus trabalhos foram tence multinacional Procter & Gamble. O actual chefeexpostos na documenta III em Kassel, na seco do Departamento de Design Oliver Grabes, professor Industrial Design. A partir de 1981 fez docncia de Technisches Produktdesign na Bergische Universi-em Industriedesign na Hochschule fr bildende tt Wuppertal. Knste Hamburg (at 1997). De 1987 at 1997 foipresidente do Rat fr Formgebung. Desde 2003, consultor da revista de Design form. 19. Search: CTRL+F Cadernos de Design e Tipografia Nr.23 / Maio 2012 / Design alemo do ps-guerra / pgina 19 Temas BibliografiaLess and More Design Ethos of Dieter Rams will Lovell, Sophie. Dieter Rams: As Little Design as Possible. run at the Design Museum in London and is theEditora Phaidon.first UK definitive retrospective of Dieter Rams Wolfgang Peters. Braun-Design - Puristisch. Praktisch. Gut.career in over 12 years, showcasing landmarkStatt die Eliten von einst zu suchen und nicht mehr zudesigns for both Braun and Vitsoe from the 1950sentdecken, orientiert sich das neue Braun-Design am onward alongside archive film footage, models,Wert fr den globalen Kunden. Heute existieren diesketches and prototypes. The exhibition wasProdukte in einem Zustand zwischen Designpriorittoriginally organized by Sutory Museum, Osakaund Begreifbarkeit ohne Lifestyle-Diplom. 31.3.2010.and Fuchu Art Museum, Tokyo and is supportedFrankfurter Allgemeine Zeitung. www.faz.net/artikel/by Vitsoe.C31374/braun-design-puristisch-praktisch-gut-30003258.html Mehr oder weniger. Braun - Design im Vergleich,Ausstellungskatalog, Museum fr Kunst und Gewerbe,Hamburg, 1990Bernd Polster: Braun. 50 Jahre Produktinnovationen. 2005.504 Seiten. Kln, Dumont Literatur und Kunst Verlag.Die Produktbersichten wurden von der DokumentationWeltempfnger T1000 (aberto). Design: Dieter Rams, 1963Braun+Design Collection bernommen.Jo Klatt und Gnter Staeffler: Braun+Design Collection. 40Jahre Braun Design von 1955 bis 1995. 280 Seiten mit 664SW-Abbildungen. Die erste vollstndige Dokumentationmit mehr als 1000 Produkten. Design+Design VerlagHamburg, ISBN 3-9803485-3-9. Design+Design. Zeitschrift fr Designsammler, imSchwerpunkt Braun Design. Design+Design VerlagHamburg. www.design-und-design.de Bernd Polster, com ilus. de Peter Volkmer. Braun: Fifty Yearsof Design and Innovation. Edition Axel Menges, Kln.1. edition 2010, 504 pages, ca. 560 colour & b/w photos.ISBN 10: 3-936681-35-X. Braun Weltempfnger T1000 (fechado) Design: Dieter Rams, 1963. Foto: Dr. Ren Spitz, www.wortbild.de/ 20. Search: CTRL+F Cadernos de Design e Tipografia Nr.23 / Maio 2012 / Design alemo do ps-guerra / pgina 20 Temas Era tipicamente suo,Barbeador elctrico. Braun combi DL o Design grfico praticado5. Dieter Rams + G. A. Mller 1957 pela Braun. Abertos de pgina duma brochura sobre o barbeador elctrico de bolso Braun special DL 3. Design grfico de Otl Aicher, 1955. 21. Search: CTRL+F Cadernos de Design e Tipografia Nr.23 / Maio 2012 / Design alemo do ps-guerra / pgina 21 Temas A cafeteira Kaffeemhle KMM 1 foi desenhada, no por Rams, mas por Reinhold Weiss para a Braun, em 1965. Um produto que se mantem h dezenas de anos nas preferncias dos fs do design vintage da Braun. O primeiro modelo, mostrado nesta imagem, foi alterado em alguns detalhes, mas o design geral manteve- se inalterado. Reinhold Weiss (n. 1934) estudou na hfg em Ulm. De 1959 at 1967 trabalhou para a Braun. A partir de 1962, deteve a posio de Stellvertretender Leiter do departamento de Design da Braun. Em 1967 emigrou para Chicago. Trabalhou para, entre outras empresas, a NAD. 22. Search: CTRL+FCadernos de Design e Tipografia Nr.23 / Maio 2012 / Design alemo do ps-guerra / pgina 22Temas Hans Gugelot Arquitecto e designer de produto, inventor dosuch gemacht, in Lausanne ein entsprechendes Studium Systemdesign, baseado em mdulos pr-zu absolvieren. Aber schon sehr bald mute ich diesen fabricados. Realizou diversos trabalhos para versuch wegen der sprachlichen Schwierigkeiten aufge- a empresa alem Braun. ben. Ich habe in den darauf folgenden Jahren in Zrichan der Technischen Hochschule studiert und im Jahre H ans Gugelot (Indonsia, Massakar, 1920 Ulm,1945 das Architektendiplom dieser Schule, das mit dem 1965) trabalhou como docente na Escola deBauingenieurdiplom anderer europischer Lnder iden- Design hfg, em Ulm, e tambm na India. Estudou tisch ist, bekommen. Die Idee, entwrfe fr die Industrie Arquitectura em Lausane de 1940 at 1942 e terzu machen, ist mir eigentlich erst viel spter gekommen, mi ou os seus estudos na Eidgenssische Technischen weil es in der Schweiz damals wirklich kaum Beispiele Hoch chule em Zurique, no ano de 1946. Sobre os anos sfr diesen Beruf gab. Vielleicht interessiert es Sie, wenn de estudo, Gugelot comentou: Ich hatte genau so wie ich in wenigen Worten erklre, wie ich mich dann schlus- alle, die in der Schweiz im Kriege studiert haben, nicht sendlich entschieden habe, in dieser Richtung weiter zu die Gelegenheit, speziell Design zu studieren. Eine sol- gehen. In den ersten drei Jahren nach meinem Diplom che Schule gibt es in der Schweiz nicht. Ich fhlte mich habe ich in verschiedenen Architekturbros gearbei- anfnglich vor allem zum Flugzeugbau und zum Flie- tet. In der Zeit habe ich mich sehr dafr interessiert, ob gen hingezogen, und ich habe deshalb auch den Ver- es nicht mglich wre, in der Schweiz mit vorgefertigten Elementen zu bauen. Wenn sie die damalige Situation in der Schweiz kennen, werden sie sich vorstellen knnen, auf welche groen Schwierigkeiten ich gestoen bin. In der gleichen Zeit habe ich mich auch sehr fr Mbel interessiert, und einige Ent- wrfe aus dieser Zeit sind in Serie gegangen ... meine Ideen fr vorgefertigte Bauteile mute ich bald fr lange Zeit begraben; aber ich sah die Mglichkeit, wenn nicht Aussenelemente zu machen, doch zumindest fr die Unterteilung groer Rume vorgefertigte Schrankwnde zu entwerfen ... (Palestra Der Designer in der heutigen Gesellschaft. Stockholm, 1963). 23. Search: CTRL+F Cadernos de Design e Tipografia Nr.23 / Maio 2012 / Design alemo do ps-guerra / pgina 23 Temas Nos seguintes anos, trabalhou como freelancer no gabinete do suo Max Bill at 1954. Naquele mesmo ano conheceu Erwin Braun, proprietrio da empresa Braun, e embarcou numa importante parceria no Depar- tamento de Design da empresa Braun, juntamente com Dieter Rams e membros da Escola de Ulm. N a Braun, ajudou a desenvolver uma identidade visual baseado no Funcionalismo e no Essencia- lismo. Os electrodomsticos da Braun foram pro- jectados num estilo baseado em formas geomtri- cas, sbrias, com uma reduzida palete de cores e a ausn- cia total de decorao. O xito de Dieter Rams teria sido impensvel sem a ajuda de colaboradores como Gugelot, no Departamento de Design. Entre 1954 e 1965, Gugelot, na sua qualidade de docente da hfg, dirigiu o Grupo de Desenvolvimento 2 da Escola de Ulm, que havia sido fundada um ano antes. Gugelot fez oposio ao que conhecido como o Detroit Style e as exuberantes prticas de Raymond Loewy. Hans Gugelot percebeu que bom design no deve para a Kodak. Para a empresa Bofinger, Hans GugelotThe all-plastic, BMW-engined, 1967 Bayer ser apenas um meio para aumentar as vendas, mas sim a desenhou mveis modulares como o armrio modular K67, designed by Gugelot Design. Gugelot concretizao duma necessidade cultural. Entre as suasM125, em 1954. Para a BMW, desenvolveu uma carroce-Design was founded by Hans Gugelot. obras mais conhecidas est o rdio-giradiscos Phonosu-ria de plstico. Entre 1959 e 1962, Hans Gugelot, junta- per SK4 (1956), que projectou conjuntamente com Die-mente com Herbert Lindinger, Peter Croy e Otl Aicher ter Rams. Este aparelho ficou com a alcunha Caixo da desenvolveram o sistema de transportes metropolitano Branca de Neve por causa da sua cor clara, da tampa dede Hamburgo. Como arquitecto, Hans Gugelot desenvol- acrlico e do formalismo geomtrico.veu casas pr-fabricadas. Hans Gugelot tambm trabalhou como designer paraEm 1965, o multifacetado Hans Gugelot faleceu pre- a fbrica de mquinas de costura Pfaff. Em 1964 desen-maturamente; contava apenas 45 anos. volveu o projector de diapositivos Carousel S-AV 1000,Mais infos: http://www.hansgugelot.com/ 24. Search: CTRL+FCadernos de Design e Tipografia Nr.23 / Maio 2012 / Design alemo do ps-guerra / pgina 24TemasA Era Rams Dr. Fritz Eichler, historia-dor de Arte, cineasta e cenaris-ta, concebeu o Design-Studio. Hans Gugelot (hfg) Wilhelm Wagenfeld, pioneiro da Bauhaus. Otl Aicher (hfg) 25. Search: CTRL+F Cadernos de Design e Tipografia Nr.23 / Maio 2012 / Design alemo do ps-guerra / pgina 25 Temas1951 Receptor de rdio porttil (Kofferradio) Piccolino, Braun. Designer desconhecido, 1951. Pea mostrada na exposio do Museum fr Angewandte Kunst, Frankfurt am Main. 22. Mai0 - 5. Setembro de 2010. Foto: Ren Fritz. 26. Search: CTRL+F Cadernos de Design e Tipografia Nr.23 / Maio 2012 / Design alemo do ps-guerra / pgina 26 Temas1956 Rdio porttil Braun Exporter. 1955/6. Ulm hfg. Designer desconhecido. 27. Search: CTRL+F Cadernos de Design e Tipografia Nr.23 / Maio 2012 / Design alemo do ps-guerra / pgina 27Temas1957 A me de todas as mquinas elctricas de cozinha (Kchenmaschinen): a KM 3 de 1957. Design de Gerd Alfred Mller. (Grand Prix Trienale Milano, para o conjunto KM). Um design deveras intemporal: produzida at 1993, quase sem alteraes. 28. Search: CTRL+F Cadernos de Design e Tipografia Nr.23 / Maio 2012 / Design alemo do ps-guerra / pgina 28 Temas1958 Braun SK 5 (Schneewitchensarg). Dieter Rams + Hans Gugelot. 1958 29. Search: CTRL+F Cadernos de Design e Tipografia Nr.23 / Maio 2012 / Design alemo do ps-guerra / pgina 29 Temas1961 Ventoinha de mesa. HL 1 Multiwind. Reinhold Weiss. 1961 30. Search: CTRL+F Cadernos de Design e Tipografia Nr.23 / Maio 2012 / Design alemo do ps-guerra / pgina 30 Temas1962 Balana Braun Tonarmwaage. Dieter Rams. 1962. 31. Search: CTRL+F Cadernos de Design e Tipografia Nr.23 / Maio 2012 / Design alemo do ps-guerra / pgina 31 Temas 1962-64 Radio-Phonotruhe Phonosuper Braun SK 61 (Schneewittchensarg). Gehuse aus Ahornholz und wei lackiertem Metall, Plexiglashaube. In den rechteckigen Korpus eingelassener Plattenteller und Radio, H. 24 cm, L. 58 cm, T. 29 cm. Projecto de Hans Gugelot e Dieter Rams 1956. Produtor: Braun, 1962-64. 32. Search: CTRL+F Cadernos de Design e Tipografia Nr.23 / Maio 2012 / Design alemo do ps-guerra / pgina 32 Temas 1964 Televisor Braun FS 80. TV. Dieter Rams. 1964. Foto: Koichi Okuwaki. 33. Search: CTRL+F Cadernos de Design e Tipografia Nr.23 / Maio 2012 / Design alemo do ps-guerra / pgina 33 Temas1978 Radio com alarme. ABR 21 signal radio. Dieter Rams + Dietrich Lubs. 1978. Foto: Koichi Okuwaki. 34. Search: CTRL+F Cadernos de Design e Tipografia Nr.23 / Maio 2012 / Design alemo do ps-guerra / pgina 34 Temas1979 Relgio digital de pulso Braun DW 30. Dieter Rams + Dietrich Lubs. 1979. 35. Search: CTRL+F Cadernos de Design e Tipografia Nr.23 / Maio 2012 / Design alemo do ps-guerra / pgina 35 Temas1984 Braun AB 2 table / alarm clock. Dieter Rams + Jurgen Greubel, 1984. 36. Search: CTRL+F Cadernos de Design e Tipografia Nr.23 / Maio 2012 / Papel / pgina 36 Temas Papel Paper 37. Search: CTRL+FCadernos de Design e Tipografia Nr.23 / Maio 2012 / Papel / pgina 37 Temas Usando uma frma de madeira (peneira) para o fabrico artesanal de papel, na sia.Fabrico artesanal de papel noMuseu de Basileia, na BaslerPapiermhle. Foto: Museu. Nos primeiros sculos que definem a produo de papel, tudo feito manualmente, sem auxlio de qualquer tipo de mquinas. 38. Search: CTRL+F Cadernos de Design e Tipografia Nr.23 / Maio 2012 / Papel / pgina 38 TemasO Moinho do Papel em LeiriaTambm em Leiria a corrente das guas de um rio de 1 milho de euros (!!!) para aque fornece a fora motriz para mover as azenhasrecuperao do edifcio e aindade um moinho de papel. Situado na margem do Rio com 300 mil euros da CmaraLis (ou Liz), junto Ponte dos Canios, o Moinho de Leiria para o mobilirio dodo Papel abriu as suas portas ao pblico em 2009, moinho. Agora pode expor aoaps interminveis atrasos nas obras de pblico a moagem de cereais,requalificao do edifcio construdo em 1411.o fabrico artesanal de papelConsiderada a primeira fbrica de papel dee de azeite atravs da ener-Portugal, o moinho volta a acolher as diversasgia hidrulica fornecida peloactividades de moagem e produo que conheceu rio Lis. um espao museol-ao longo de seis sculos de actividade. gico com componente educa-tiva, onde as crianas apren- outras coisas que se faam com o artifcio da gua, con-Arequalificao do Moinho do Papel foi feita por dem a fazer papel artesanalmente, cozer po, trabalhartando que no sejam moinhos de po.uma equipa multidisciplinar: o arquitecto Sizano jardim temtico. Pode-se comprar farinha moda noEscavaes arqueolgicas encontraram uma cons-Vieira; Susana Carvalho, responsvel pela parte interior do moinho. truo do sculo xii, destinada a moagem de cereais. Foiarqueolgica; a museloga Maria Jos Santos Os primeiros registos do Moinho do Papel so de uma actividade retomada posteriormente no moinho,(Directora do Museu do Papel em Santa Maria da Feira) 1411. Nesta data foi criada a primeira fbrica de papel e j no sculo xx foi acrescentado a produo de azeite.e o moleiro Manuel Meneses, entre outros. O projecto e uma das primeiras oficinas tipogrficas do reino. O Moinho do Papel foi comprado pela Cmara de Lei-foi financiado em parte atravs do programa de sub- Joo I permitiu a Gonalo Loureno de Gomide queria, que em 2007 encerrou o edifcio para iniciar as obras.venes Polis, desviando fundos para metas que noinstalasse junto ponte dos canios, moinho paraDetalhes para planear uma visita: http://cmleiria.wire-so as estipuladas neste programa. Contou com cerca fazer ferro, serrar madeira, pisar burel e fazer papel ou maze.com/pagegen.asp?SYS_PAGE_ID=856866 39. Search: CTRL+FCadernos de Design e Tipografia Nr.23 / Maio 2012 / Papel / pgina 39 Temas O Museu Papeleiro em Paos de Brando O Museu do Papel das Terras de Santa Maria um dos poucos museus em Portugal dedicado Arqueologia Industrial. Mostra o fabrico artesanal e proto-industrial do papel. Localiza-se perto da cidade do Porto, num dos mais importantes ncleos papeleiros de Portugal, existente h j 300 anos. Mostra a reciclagem de trapos para a produo de papel de qualidade inferior, destinado a embalagens o papel pardo. Oexorbitante consumo de papel sendo a maiorparte produzida por mtodos insus tveisten define uma das actividades indusriais mais tnegai amente impactantes no planeta Terra. OtvNa fbrica de papel que hoje o museu consumo mundial de papel cresceu mais de seis vezesRecentemente, visitmos o de Paos de Brando, no Norte de Paos de Brando, a partir de 1923 o desde a primeira metade do sculo xx, segundo dadosde Portugal, prximo da cidade do Porto. Curiosamente, os papel comeou a ser fabricado a partir da do Worldwatch Institute, podendo chegar a mais de 300processos antiquados aqui empregues so os que esto mais reciclagem de papel velho atravs desta kg anuais per capita em alguns pases. Nesta escalada de prximos da imperiosa necessidade de reciclar o papel, em mquina de produo em contnuo, quesubstituiu o fabrico folha a folha. Tinha consumo e desperdcio, cresce tambm o volume de lixovez de o deitar ao lixo. Inicialmente, para fazer papel,8 m de comprimento, 1,7 metros de largura no reciclado, que outro gigantesco problema em todosreciclavam-se tecidos e trapos de algodo e linho, que erame produzia 4 metros de papel por minuto. os centros urbanos. Este breves dados podem servir pararecolhidos pelos trapeiros junto s populaes. No sculo Um bom desempenho poca, mas que reflectir sobre a produo e o uso do papel; um dos stios xix, comeou-se a reciclar papel velho. Curiosamente, nano pode competir com algumas mquinas que poder fomentar essa reflexo um museu de papelfbrica que hoje museu, nunca se produziu papel a partiractuais, que produzem 1.200 metros de papel tradicional. Em Portugal, existem dois desses museus.de celulose de madeira, como hoje a norma...por minuto. Foto: PH. 40. Search: CTRL+F Cadernos de Design e Tipografia Nr.23 / Maio 2012 / Papel / pgina 40Temas De facto, nesta fbrica proto-industrial em Paosras de Santa Maria foi motivada pelos rios e ribeiros, que tas ao pblico em 2001. Anualmente recebe uns 10.000de Brando nunca foi alcanada a tecnologia datinham a necessria rpida corrente das suas guas paravisitantes, mostrando-lhes as oficinas, exposies, pro-polpa de madeira. Alis, os papis aqui fabrica-que servissem como fonte de energia para mover as aze- pondo colquios. Santa Maria da Feira continua a serdos eram de m qualidade, tratando-se essencial-nhas as rodas hidrulicas e tambm para lavar os tra-um plo papeleiro, embora em meados do sculo xx, mente do papel pardo usado pelo pequeno comr- pos, refinar a pasta e produzir o papel. Em 1822 e 1824 nas- com a introduo do plstico como material de embala cio para embalar produtos como o acar, arroz, feijes, ceram a Fbrica de Custdio Pais e a Fbrica dos Azeve-gem, muitas empresas tenham fechado. Contudo, a pou- etc. Mas, ateno: sacos e cartuchos deste tipo de papel dos, a primeira inicialmente designada de Engenho da cos passos deste Museu do Papel encontramos uma poderiam ser facilmente reintroduzidos no comrcio Lourena, segundo o nome da sua primeira proprietria. empresa mdia, em plena actividade; fabrica papel higi-E para substituir o pernicioso saquinho de plstico. stas duas fbricas foram adquiridas pela Cmaranico. No muito mais longe, a escassas centenas de Em Pao de Brando fundou-se, em 1708, a RealMunicipal de Santa Maria da Feira nos anos 90 emetros, laboram outras fbricas de dimenses mdias. Fbrica de Nossa Senhora da Lapa, com alvar real de adaptadas para servirem de sede ao de Museu doO Museu do Papel aproveitou o esplio da fbrica Pedro II. A implementao de moinhos de papel nas Ter- Papel de Paos Brando, que abriu as suas por- que ainda estava funcional, o conhecimento e os teste- munhos dos/das operrios/as papeleiros/as. Estes tra bahavam em condies extremas, vtimas da explora-l o dos proprietrios das fbricas. Normalmente, a pro- duo era continua, sem interrupo, 24 horas por dia, por turnos.Devido necessidade de ventilar as zonas onde o papel era produzido e posto a secar, em vez de janelas encontramos sistemas de ventilao que deixam entrar o ar do exterior, produzindo temperaturas extremas no Inverno. Neste ncleo museolgico o visitante pode ver mquinas em funcionamento. Uma das mquinas que permaneceu in situ que diz respeito Casa do Lixa- dor, um dos espaos das fbricas de papel na qual se acabava e embalava o papel. Fardos de papel. Foto: http:// engenhonopapel.blogspot.com/ Mary Rosas. 41. Search: CTRL+FCadernos de Design e Tipografia Nr.23 / Maio 2012 / Papel / pgina 41 Temas Os visitantes podem conhecer as fases da produodo papel percorrendo os trs pisos do moinho pape-leiro: o piso trreo, onde se preparava a matria--prima, se elaborava a pasta e se fazia o papel (casada mquina), o segundo piso (casa do espande) at aoqual as operrias subiam com o papel ainda hmido parao pendurar a secar, e o piso intermdio, onde se faziam osacabamentos e embalagem (casa do lixador). Num espaocontguo pode-se aprender a fazer os antigos cartuchos depapel, que eram usados como embalagem para artigos demercearia, por exemplo.Nas mquinas ainda operativas faz-se muito do papelque o museu utiliza na sua divulgao ou que vende na loja,reciclando papel e gerando dinheiro. O Museu recebe papelque as pessoas vo entregar, tendo a boa prtica de darpapel reciclado a quem levar papel para reciclar.Num espao mais antigo do edifcio funciona o Engenhoda Lourena, que servia para a produo manual de papel,folha a folha; a matria-prima era o trapo de algodo ou de Devido necessidade de ventilarlinho. Na antiga Fbrica dos Azevedos funcionam os servi- as zonas onde o papel hmido eraos de acolhimento, recepo, oficinas educativas, audit-pendurado para secar, em vez derio e o centro documental. Paulo Heitlinger janelas, encontramos persianas sistemas de ventilao simples quedeixam entrar o ar do exterior.Nas grades penduradas do tecto, opapel recm-fabricado era posto asecar. Foto: Museu. 42. Search: CTRL+F Cadernos de Design e Tipografia Nr.23 / Maio 2012 / Papel / pgina 42Temas Museu do Papel Rua de Rio Maior, 338, 4535-301 Paos de Brando Telefone: 227 442 947 E-mail: [email protected] Horrio: de tera a sexta das 9h30 s 12h00 e das 14h30 s 17h00 | sbados e domingos das 14h30 s 17h00 Visitas guiadas: de tera a sexta s 10, 11, 15 e 16 h | sbados e domingos s 15h00 e 16h00. A marcao de grupos deve ser efectuada para: tel. 22 744 29 47 | [email protected] Ingressos: Adultos 3 | At 5 anos grtis | 6-18 anos, carto jovem e snior 1,5 Acesso em transporte pblico: Autocarros a partir do Porto, Espinho e Santa Maria da Feira. Comboio a partir de Espinho e Santa Maria da Feira. Acesso de carro: GPS - N 405852,08 | W -8358,74 Porto - Ponte Arrbida - A1 - A29 (Santa Maria da Feira-Aveiro) - Sada 5 Paos de Brando Existe estacionamento no Museu. Mais info: www.museudopapel.org 43. Na regio papeleira de Paos de Brando/So Paio de Oleiros continua-se a produzirpapis com estes, usados para embrulharou para fabricar cartuchos simples,que ainda so usados nas merceariastradicionais da regio do Porto.Pinho Leal, nas Memrias Paroquiais queescreveu em 1758, refere que Oleiros nos tem moinhos [de gua], mas tambmengenho de papel. 44. Search: CTRL+FCadernos de Design e Tipografia Nr.23 / Maio 2012 / Papel / pgina 44Temas O Moinho de Chuva Roupa velha feita 100% de algodo e desperdcios da indstria txtil so transformados em folhas de papel brancas ou coloridas na Moinho de Chuva, uma fbrica de Vouzela que pretende preservar o ambiente. Com o lema de roupa velha se faz papel, a fbricaartesanal Moinho de Chuva a nica de Portugalque produz papel usando como matria-primaapenas algodo. Utilizamos 100% algodo e trans- formamos em papel, utilizando s produtos naturais, ecologicamente amigos do ambiente, frisa o propriet- rio, Rui Silva. A empresa Moinho de Chuva SA, sedeada no LugarA primeira pasta de papel que se obtem do Xideiro, Vouzela (entre Aveiro e Viseu) entrouDesde a entrada das matrias primas, os desper-dos desperdcios txteis e roupas velhas. no mercado em 1993. Foi a primeira empresa por-dcios txteis e a roupa usada, passando pelas pilhasFoto: Facebook/Moinho tuguesa a produzir e comercializar papel de txtil holandesas, onde estes so transformados em pasta de reciclado. O conceito, inalterado desde ento, baseia-se papel, ao tanque misturador em que se procede mis- na produo artesanal de papel, usando, exclusivamente,tura com todos os outros produtos necessrios produ- quantidades de papel, sem comprometer a preocupao desperdcios txteis e roupa usada, de algodo.o, finalizando no manuseio dos diversos artigos finais de minimizar o impacto ecolgico dos seus processos e Uma das componentes da empresa de Rui Silva a folhas A4, embalagens ou pastas de arquivo. Alm dos produtos finais. dimenso pedaggica; como empresa com responsabi-dois museus do papel em Portugal, em Leiria e Paos de O catlogo da empresa Moinho (veja online) disponi- lidades sociais, tem uma filosofia de portas abertas paraBrando, o Moinho de Chuva o nico espao em Portu-biliza papel em forma de resmas de folhas, com todos os a promoo da conscincia ambiental, atravs de visi-gal onde possvel testemunhar o mtodo tradicional detamanhos e gramagens convencionais, assim como rolos tas organizadas. Ao mesmo tempo que feita uma brevefabrico de papel.contnuos com quaisquer outras quantidades e tama- introduo histrica produo artesanal de papel, os Apesar do modo artesanal de todas as fases de pro- nhos de papel pretendidos. Entre outros produtos, des- visitantes acompanham as vrias fases do processo. duo, a Moinho tem a capacidade de produzir grandes tacamos os lbuns, livros, blocos, sacos e outros arti- 45. Search: CTRL+F Cadernos de Design e Tipografia Nr.23 / Maio 2012 / Papel / pgina 45Temas gos vrios nas reas da decorao, embalagem, gift mxima de que na terra nada se cria, nada se perde, e papelaria, todos produzidos a partir de papel txtil tudo se transforma se as pessoas assim o quiserem... reciclado.A enpresa Moinho exporta para a Espanha e T odos os artigos Moinho podem ser aromatizadosAngola. A curto prazo pretende chegar Frana e e decorados com elementos naturais, tais como Alemanha, para cativar mercados mais atentos sementes, folhas, fetos, serrim ou brilhantes. Ecologia e que privilegiam produtos que so feitos deA Moinho pretende representar a conscin- forma natural. cia de que os objectos do nosso quotidiano podem terComo chegar: Moinho de Chuva S.A. / Lugar do outra vida para alm da originalmente projectada. OXideiro, Cercosa 3670-057 Campia - Portugal / Tel. fim de umas calas de ganga pode ser o incio de uma +351 232 758 999 / [email protected] / web-site www. resma de papel A4, trazendo para o mercado a velha moinho.pt 46. Search: CTRL+F Cadernos de Design e Tipografia Nr.23 / Maio 2012 / Papel / pgina 46 Temas Mol Paperer de CapelladesOMuseu Mol Paperer de Capellades, distante cerca de 70 km de Barcelona, um dos museus mais relevantes sobre a fabricao de papel tradicional naPennsula Ibrica. Instalado num antigo moinho papeleiro do sculo XVIIIonde se pode ver como se fabricava papel manualmente e participar em variados cursos e workshops. Integra uma importante coleco de maquinaria e ferramentas usadas na feitura de papel entre o sculo XIII e XX. Os moinhos papeleiros da Pennsula Ibrica destacaram-se entre as primei- ras manufacturas papeleiras da Europa. Porm, aps 1450 j no acompanharam o grande desenvolvimento dos moinhos italianos e franceses. Somente no sculo XVIII os papeleiros da Pennsula Ibrica conseguiram recuperar parte dos espa- os perdidos, mas sem poder impedir que grande parte das necessidades nacio- nais fosse coberta com papis vindos da Itlia e do Sul da Frana. O maior pro- gresso ocorreu na Catalunha, onde se conseguiram excelentes qualidades de papis porta ores de filigranas de moinhos situados em Capellades ou nos seusd arredores. Mol Paperer de Capellades, Catalunha: http://mmp-capellades.net/ 47. Search: CTRL+F Cadernos de Design e Tipografia Nr.23 / Maio 2012 / Papel / pgina 47TemasPapel onlineMuseus de Papel, onlineMol Paperer de Capellades, Catalunha http://mmp-capellades.net/Paper Mill Museum of Xtiva, Banyeres (Valencia) http://molipaperer.blogspot.com/Paos de Brando www.museudopapel.orgAwagami Factory http://www.awagami.com/Basel Basileia http://www.papiermuseum.chGomez Mill House http://www.gomez.org/Historic RittenhouseTown http://www.rittenhousetown.orgPaper and Watermark Museum, Fabriano, http://www.museodellacarta.comThe Paper Museum, Tokyo http://www.papermuseum.jp/en/Tumba Bruksmuseum http://www.tumbabruksmuseum.sePapermaking and Book Arts SchoolsResources & HistoryColumbia Center for Book and Paper ArtsScull Shoals Historic SiteCorcoran College of Art and Design The Whatmans and Wove PaperDieu Donne Papermill Arizona State University Paper Project AssociationsPenland School of Crafts TAPPI Paper University American Forest and Paper AssociationSUNY Buffalo Printmaking Thomas L. Gravell Watermark ArchiveAtlanta Journal-Constitution Decatur Book FestivalThe University of Alabama Book Arts ProgramPapermakers DreamlineGeorgia Association of Museums and GalleriesThe University of Iowa Center for the Book Hand Papermaking MagazineGeorgia Forestry Association Dard Hunter Book CollectionThe International Association of Hand Papermakers and Paper ArtistsPapermakersDard Hunter StudiosInternational Association of Paper HistoriansJoan GiordanoThe Friends of Dard Hunter JapanFest AtlantaKyoko IbeFoundation at Roycroft Metro Atlanta Arts and Culture CoalitionRobert LangRoycroft At Large AssociationPapermakers of VictoriaSteve Miller Roycroft Campus CorporationPaper OnlineSusan OlsenRoycroft Inn San Diego Book ArtsLynn Sures The RoycroftersThe Society for the Preservation of Old MillsTechnical Association of the Pulp and Paper IndustryWorld Crafts CouncilWorld Crafts CouncilNorth America 48. Search: CTRL+FCadernos de Design e Tipografia Nr.23 / Maio 2012 / Papel / pgina 48Temas Pontusais, corondis, marcas dgua Durante sculos, a produo de papel foi manual; asAps a imerso e suspenso da polpa dentro dofolhas eram feitas uma a uma. Inicialmente (veja o molde, depositava-se a folha entre feltros. Posterior-artigo sobre o Museu de Leiria (veja pgina 38) emente levava-se uma pilha de folhas e feltros at a umao de Paos de Brando (veja pgina 39) era feito prensa para eliminar o mximo de gua excedente. de fibras vegetais, obtidas de restos e farrapos de tecidos Depois era posta a secar ao ar livre. Quando seca, era (linho, cnhamo e algodo). Este papel de farrapos foiaplanada manualmente (lixada). A utilizado em grandes quantidades at fins do sculo xvii;tpica frma papeleira tem uma peneira pontualmente, at hoje. Devido macerao, as fibras(=grade) feita de finos fios de arame ou cobre, entrelaam-se, tornando o papel resistente. As fibras noparalelos entre si e justapostos de modo muito eram cortadas, para que ficassem longas, possibilitandoapertado para deixar pouco espao entres eles e assim um melhor entrelace entre si. O papel resultante assim impedir a passagem das fibras pelos interstcios mais resistente ao rasgo. que os separam. Apenas permitem que a gua escorra. A polpa (ou pasta) deste papel de farrapos obtidaOs fios paralelos estreitamente justapostos so os pela macerao de restos de tecidos na gua. Quando pontusais1 e descansam sobre outros fios paralelos pronta, -lhe adicionada gua, numa grande tina (Btte, os corondis que os cruzam perpendicularmente alemo). Na tina se mergulha o molde que d origemem pontos mais distanciados entre si que o estreito a uma folha de papel. Esse molde, ou grelha, ou peneira espaamento entre os pontusais. Nos pontos de cruza-Examinada contraluz, uma folha de papel artesanal (Schpfrahmen, alemo), constitudo por uma grade demento, os pontusais ficam amarrados sobre os coron- exibe as vergaturas, os pontusais e a marca de gua fios metlicos. Imerso esse molde na tina com a polpa emdis para mant-los imobilizados e assim fixar o seu(aqui visvel no canto superior direito). Esta marca suspenso aquosa, permite recolher parte dessa polpa, posicionamento da frma mais conveniente para a de origem (watermark, ingls; Wasserzeichen, alemo) est includa no molde (=peneira) em que o papel que fica acomodada na superfcie, formando o rectngulo reteno das fibras. fabricado. Permite identificar o fabricante e por vezes da folha de papel. datar o fabrico do papel. Tambm designada por Na China e na Coreia, a grade era (e ) feita de bambu; filigrana. Hoje, a marca de gua serve para autenticar 1. Na indstria de papel, pontusal (pontuseau, francs) designa na Europa, de arame ou de fios de cobre. A prensagem, selos de correio e/ou notas de banco e outros cada um dos fios metlicos que integram a grade da frma usada a secagem e a lixagem eram as fases finais da elabora-na manufactura do papel tradicional. Designa tambm cada umadocumentos. Segure uma nota contra a luz e ver o de um produto papeleiro perfeito para a Tipografiadas linhas, mais ntidas e afastadas que as vergaturas, que se vem marcas de gua em tons que variam do claro ao escuro. tradicional.no papel avergoado, e que foram marcadas pelos fios pontusais. 49. Search: CTRL+FCadernos de Design e Tipografia Nr.23 / Maio 2012 / Papel / pgina 49Temas O conjunto de fios denominado vergatura (vergeure, fran- cs). Da palavra vergatura deriva o papel avergoado (laid paper, ingls; papier verg, francs; geripptes Papier, alemo), que o papel com linhas horizontais e verticais, visveis ou directamente, ou transparncia. tambm chamado papel linha dgua. A peneira formada pelo entrecruzamento de pontuais e corondis est fixa sobre a borda da moldura da frma. O conjunto de fios desta peneira forma uma superfcie hori- zontal sobre a qual ficacolocada uma quantidade de pasta, retirada da suspenso aquosa e espessa de fibras. A pasta de consistncia pastosa depositada sobre a peneira da frma papeleira adquire a forma dessa grade o tamanho de uma folha de papel. Em pases com grande tra- dio papeleira, como a China, o Japo e a Coreia, as frmas tm grandes dimenses, e so manejadas com sistemas de suspenso por cordas, o que permite uma utlizao mais artesanal. A autora professora da Universidade de Braslia desde 1991Frma/peneira para fabrico racional e uma enorme poupana da considervel energia sendo responsvel pela disciplina Materiais em Artes e coordenadora do artesanal de papel. Robert C. braal a ser investida na produo. Laboratrio de Materiais Expressivos e do Laboratrio de Papel Artesanal.Williams Paper Museum. Tem registo de duas patentes do INPI, uma sobre reciclagem de papelLaid mold made by E. Amies, Bibliografiamoeda e a outra sobre reciclagem de bitucas de cigarro. MinistrouEngland. Melo, Arnaldo Faria de Atade e, 1886-1949? O papel como elemento vrios cursos de papel artesanal e coordena o Projeto Reciclando Papisde identificao. Lisboa : Biblioteca Nacional, 1926. - 88 p., [8] f.e Vidas de capacitao de egressos do sistema penitencirio. directoradesdobr. ; 18 cm http://purl.pt/182. Marcas de gua- -[Repertrios] /cultural da ABTCP onde actua em comisses tcnicas sobre papelPapel- Histriaartesanal. Gatti, Thrse Hofmann. A histria do papel artesanal no Brasil. So A magia do papel. Porto Alegre: RIOCELL, 1994. 144 p.Paulo: ABTCP, 2007. 150 p. A obra apresenta a histria do papel, no ABRO, Fatima Mohamed. Papel mach e seus usos. Curitiba: Ed. Do Autor,mundo e no Brasil. Mostra os pioneiros da produo artesanal no2002. 79 p.sculo XX responsveis pela sua difuso no Brasil. Apresenta como ADEODATO, Sergio; FIORAVANTI, Carlos; BECCARI, Alfio. O papel que pofazer papel artesanal e um glossrio de termos tcnicos sobre opolui: pesquisa. In: Globo cincia, Rio de Janeiro vol. 4, n. 38 (set. 1994), p.assunto. De linguagem acessvel e didctica pretende compartilhar63-65.informaes incentivando a prtica da manufactura do papelBERND, Zila. A magia do papel. 1. ed. Porto Alegre: Riocell, 1994. 143 p. 50. Search: CTRL+F Cadernos de Design e Tipografia Nr.23 / Maio 2012 / Papel / pgina 50Temas CASA BRANCA, Tene De. Criana, cola e papel. 1. ed. So Paulo: CIBA FOUNDATION SYMPOSIUM ON PAPER ELECTROPHORESISROBERTS, J. C..The chemistry of paper. Cambridge, MA: RoyalNobel, 1988. 62 p.(1955 : London). WOLSTENHOLME, G. E. W. MILLAR, Elaine C. P. Society of Chemistry, 1996. 190 p. CASEY, James P. Pulp and Paper : chemistry and chemicalPaper Electrophoresis. London: J. & A. Churchill, 1956. 224 p.ROLLA, Helena Campos; HENRIQUES, Joo Antonio Pegas.technology. New York: Interscience, 1952. 2 v.CLAPERTON, Robert Henderson. Modern paper-making. 2. ed. Avaliao da atividade mutagnica de amostras de CASEY, James P. Pulp and paper : Chemistry and chemicalOxford: B. Blackwell, 1941. 396 p. sedimento do rio Guaba e lodo proveniente da indstria detechnology. 2. ed. New York: Interscience, 1960. 2 v. COSTA, Simone Souza Thomazi. Economia do Meio Ambiente:papel e celulose. In: O Papel. So Paulo (nov. 1996), p. 85-93.produo versus poluio. 2002. 117 p. Dissertao (mestradoROTH, Otavio. O que papel. So Paulo: Brasiliense, 1983. 61 p.profissional)-Universidade Federal do Rio Grande do Sul.SILVA, Vnia. Papel Construtivo. In: Au : arquitetura eFaculdade de Cincias Econmicas. Programa de Ps-Graduaourbanismo. So Paulo. Vol. 16, n.92 (out./nov. 2000), p. 40-41.em Economia. Porto Alegre, BR-RS, 2002. Small-scale paper-making. Geneva: International Labour Office,Hillbrecht, Ronald Otto. El Papel: historia, su fabricacion, su uso. 1985.Barcelona: Escuela Grafica Salesiana, s.d. 72 p.Solutions!: for people, processes and paper. Atlanta: TAPPI,FEBRE, Lucien. O aparecimento do livro. Lisboa : FCG, 2000. So2001-.Paulo : Ed. UNESP, 1992.STORKENMAIER, Helga. Figuras con papel mach. 2. ed.FIGUEIREDO, Paulo Jorge Moraes. A sociedade do lixo : Os residuos, Barcelona: CEAC, 1981. 35 p.a questo energtica e a crise ambiental. 2. ed. So Paulo: Smulas prospectivas: papel e celulose. [s.L.]: Bndes/Deest,Unimep, 1994. 240 p. 1986. 25 p.GRANT, Julius. Manual sobre la fabricacion de pulpa y papel : SYMPOSIUM ON PAPER ELECTROPHORESIS (1955, jul. 27-29 :Laboratorio. 1. ed. Mexico: Continental, 1968. 678 p.London). Paper Electrophoresis. London: Churchill, 1956. xii,Handboock of pulp and paper technology. 2. ed. New York: Van 224 p. (Ciba foundation symposia)Nostrand Reinhold, 1970. 723 p. Tappi journal. Atlanta: TAPPI, 1982-2001.Japanese gift wrap: folk arts. New York, NY: Kodansha, 1987. 20 p.Technology of paper recycling. London: Blackie, 1995. 401 p.Journal of Pulp and Paper Science. Montreal: TAPPI, 1983- TEMKO, Florence. Made with paper. Surrey: DragonS World,MARTIN, Grard; PETIT-CONIL, Michel. Le papier. 6. ed. Paris:1991. 128 p.Universitaires de France, 1997. 127 p.The Story of Paper-making : an account of paper-making fromO papel do papel no design grfico. In: Publish: Arte e Tecnologia deits earliest known record down to the present time. Chicago:Design. Rio de Janeiro Vol. 11, n. 52 (jan./fev. 2001), p. 37-51.J.W. Butler Paper Company, 1901. 136 p. .O papel. So Paulo, SP: ABTCP, 1939.VERDUM, Roberto. O ciclo do papel, da Coleta aoPLASTICS, rubber, and paper recycling: a pragmatic approach. Processamento: personagens e estrutura. In: Ambiente e Hunter, Dard. Papermaking ThroughWashington, D.C.: American Chemical Society, 1995. 532 p. (ACS Lugar Urbano: a Grande Porto Alegre. p. 187-203. Eighteen Centuries. New York: William EdwinSymposium Series, n. 609) VERDUM, Roberto. O Ciclo do Papel, da Coleta ao Rudge, 1930. First Edition. Octavo. A more REINFELD, Nyles. Sistemas de reciclagem comunitria. So Paulo:Reprocessamento: personagens e estrutura. 1988. 53 p. comprehensive work than Hunters Old Paper Makron, 1994. 285 p.ZENI, Daisy Dias Schramm. Competitividade e inovao na Making and contains additional text and aRIBEIRO, Luiz Paulo; MITIDIERI, Emilio; AFFONSO, Ottilia R.indstria gacha: projeto o complexo celulose, papel e great variety of illustrative material.Eletroforese em Papel e Mtodos Relaciondos. Rio de Janeiro: artefatos do Rio Grande do Sul. [1998] 70 p. : il.IBGE, 1958. ix, 553 p. 51. Search: CTRL+FCadernos de Design e Tipografia Nr.23 / Maio 2012 / Papel / pgina 51 Temas Como conhecer a origem do papel usado para determinado livro? As marcas dgua deixadas no papel pelos pontusais e corondis do avergoado so complementadas pelas filigranas da forma papeleira usada na manufactura da folha. O estudo sistemtico das filigranas permite estabelecer semelhanas ou acentuar diferenas entre duas folhas de papel. A sistemtica visa estabelecer uma imagem abrangente e completa da produo papeleira. O estudo das filigranas, a sistemtica inclui as relaes formais e espaciais que existem entre os elementos caractersticos. A morfologia das filigranas permite o reconhecimento de um grupo determinado e sua Marcas de gua, as chamadas diferenciao de outros mesmo que filigranas, identificadas no livro eles se apresentem muito semelhantes de Arnaldo Mello. primeira vista. Materiais para a identificao dos documentos manuscritos e impressos em papel at final do sculo XIX em Portugal esta a proposta da importante obra de Arnaldo Melo. Online no site da BN. 52. Search: CTRL+FCadernos de Design e Tipografia Nr.23 / Maio 2012 / Papel / pgina 52 Temas Resmas de papel de G.J.W.Marcas de papeleiro Pannekoek, A Apeldoorn, s marcas de papeleiro mostradas nesta e nasBibliografia ca. 1850.seguintes pginas eram aplicadas no s folhas deVoorn, Henk. Old Ream Wrappers. An Essay onpapel, mas aos embrulhos que continham as res-Early Ream Wrappers of Antiquarian Interest.mas de papel da a designao anglo-saxnicaNorth Hills, PA: Bird & Bull Press, 1969.Limited to 375 copies on hand-made paper. ream wrappers. Os embrulhos continham vrias resmas de Weeks, Lyman Horace. A History of Paper- papel e eram atados com slidas cordas, para serem trans-Manufacturing in the United States, 1690-1916. portados at aos clientes finais os impressores. New York: Lockwood Trade Journal Co., 1916. 53. Search: CTRL+FCadernos de Design e Tipografia Nr.23 / Maio 2012 / Papel / pgina 53TemasAfter handmade paper was manufactured, the sheetsThe design of the printmark was sometimes identical to were pressed into quires (25 folded sheets), the quires the makers watermark. The earliest used woodcut engrav- pressed into a ream (20 quires), and the reams, wrapped inings, the later copper- and steel-engraved illustrations. cheap paper and tied-up with cord, collected into bales ofGreat care and pride were invested in the creation of ream ten to fourteen reams (depending upon the size and weight wrapper marks. They are the wine labels of the world of old of the paper) each for shipment to the end customer,paper. printers. Most marks of French paper makers are in red, andPaper was expensive; it needed to be carefully pack- Dutch and Swiss ream wrappers are printed in either red aged, particularly for export. The paper used to wrap the or black. There has been some question about whether the reams was typically printed with an identifying manufac-marks were printed by commercial printers or by the paper turers mark, which generally stated the name of the maker, makers themselves. The evidence leans toward commer- the quality of the paper, often specific mill, etc. cial printers. It cost the papermaker nothing; the printer was paid in paper. 54. Search: CTRL+FCadernos de Design e Tipografia Nr.23 / Maio 2012 / Papel / pgina 54 TemasPeter Smidt van Gelder, Zaanland, Holland Pierre Dexmier, Angoulme, France, c. 1695-1700. Abraham Janssen, Puymoyen Mill, Angoumois,c. 1810. This mark possesses the initials The lion and unicorn in the Amsterdam armorial deviceFrance, c. late 16th century. Note the reams tied-up.of the mills original owner, Maarten designate sale to England and Scotland through a Dutch Foolscap was the standard size sheet of the era.Schouten. Van Gelder, the mostpaper merchant. http://www.booktryst.com/2010/11/art-I.M. is likely the master papermaker, Jeanfamous name in papermaking, is still in of-old-ream-wrappers-unwrapped.htmlMorineau.existence, and is currently Hollands largestpaper manufacturer. http://www.booktryst.com/2010/11/art-of-old-ream-wrappers-unwrapped.html 55. Search: CTRL+F Cadernos de Design e Tipografia Nr.23 / Maio 2012 / Papel / pgina 55 Temas 56. Search: CTRL+F Cadernos de Design e Tipografia Nr.23 / Maio 2012 / Papel / pgina 56 Temas 57. Search: CTRL+F Cadernos de Design e Tipografia Nr.23 / Maio 2012 / Papel / pgina 57 Temas Brevssima histria do papel No percurso deste estranho ser que o texto, o escrito, graas ao qual se pode transmitir o pensamento atra- vs do tempo e do espao, surgem bruscamente carac- tersticas novas e revolucionrias. Se de incio o seu aspecto pouco se altera o livro do sculo xv asseme- lha-se, o mais que pode, ao manuscrito , o material de que feito novo, pelo menos na Europa: uma pelcula de natureza vegetal, o papel, que se pode fabricar em grandes quantidades, substitui o pergaminho, de ori- gem animal, raro e sempre caro. Por outro lado, graas aos caracteres mveis, reproduz-se infinitamente mais depressa e mais facilmente .... Paul Chalus1.A mitologia mais frequentemente citada sobre a origem do papel explica que Tsai Lun, um alto funcionrio da dinas- tia Han, no ano 105 n.E. criou folhas de papel inspirado na observao das vespas que faziam os seus ninhos, masti- gando lentamente casca de amoreira e bambu com a sua saliva, e esticando as bolas vegetais com as patas at fazer folhas que depois usavam para revestir os seus ninhos. Tsai Lun adaptou o mtodo e apresentou as suas folhas de papel ao imperador Ho Ti. A histria reza ainda que o imperador estava cansado da escrita 1.) Paul Chalus, no prlogo excelente obra O Aparecimento do Livro, de Lucien Febvre e Henri-Jean Martin, publicada em 1958. Papermaking Workshop. Estas aprendizes repetemo processo bsico de produo de papel. Tudo feitomanualmente, sem auxlio de qualquer tipo de mquinas. 58. Search: CTRL+F Cadernos de Design e Tipografia Nr.23 / Maio 2012 / Papel / pgina 58 Temas em pergaminho (o que nos parece pouco provvel), pelo Mestre papeleiro usando uma que reconheceu de imediato o valor da inveno. frma de madeira (peneira) para Osegredo da fabricao do papel na China tran-o fabrico artesanal de papel.sitou para a Coreia e da para o Japo. Tambm No fundo v-se os pesados martelos (piles), movimentadosfoi obtido pelos rabes e levado para a Espanha, pela roda movida pela guaonde se localiza a primeira fbrica europeia. Na (azenha), pisando a traparia Pennsula Ibrica comeou-se a produzir papel a partir encharcada em gua, do sculo xi, pelo processo introduzido pelos invasores reduzindo-a a uma pasta (polpa) islamitas. Em 1056, em Jativa (Espanha), funcionou o pri- a que posteriormente se d meiro moinho a papel da Europa. O Missal de Silos o a forma pretendida. Gravura mais velho manuscrito europeu escrito sobre papel; ter de Jost Amman (1539-1591): sido criado em 11511. Eygentliche Beschreibung aller E m Portugal, temos conhecimento do primeiroStnde auff Erden hoher und nidriger, geistlicher und weltlicher, documento em papel de Jativa na chancelaria do aller Knsten, Handwerken und rei Dinis. Moinhos de papel, utilizando trapos Hndeln ... (Frankfurt am Main, como matria-prima e recorrendo aos cursos de 1568) gua como fora motriz, h j muito poucos a funcionar em todo o mundo. O modo de produo mais antigo usava um pesado martelo (pilo), movido pela roda de gua (azenha), turava-se fibras de pinheiro e at flores para melhorar a 1348, Troyes; 1355, Essonnes; 1376, Saint-Cloud; 1383, pisando a traparia encharcada em gua, reduzindo-a aconsistncia do produto final.Beaujeu; 1400, Clermont e Sorgues. Cerca de um sculo E uma pasta (polpa) qual posteriormente se dava a forma m meados do sculo xiii, o papel comeou a sermais tarde instalava-se em Leiria, junto do rio Lis, pretendida, com uma frma de madeira. Por vezes, mis- fabricado na Itlia, em seguida a inveno expan- Ponte dos Canios, o primeiro moinho de papel em 1 O Mosteiro de Santo Domingo de Silos, beneditino, est situado na diu-se por todo o continente europeu. A fabrica-Portugal. aldeia Santo Domingo de Silos, na provncia de Burgos (Espanha).o do papel artesanal era feita base de trapos eEm 1670 foi inventada a mquina chamada holan- Fundado em 929, ter sofrido severas penalizaes pelas incurses fibras vegetais, sendo produzido folha por folha tc- desa, que transformava mais rapidamente a fibra em das foras islmicas, aps o que foi restaurado por So Domingo denica morosa, mas ainda hoje preferida, quando se deseja polpa aquosa, utilizando-se um sistema de lminas e que Silos (c. 10001073), abade entre 1041 e 1073. O scriptorium deste mos- papis de altssima qualidade.ainda permitia o acrscimo de corantes, cargas e colas teiro foi particularmente importante, dando origem a um Beatus (Comentrio sobre o Apcalipse), cujo texto ter sido completado porA Frana estabeleceu os seus primeiros moinhos de na prpria mquina. dois monges relacionados, em 1091, mas cujas iluminaes tero sido papel: em 1326, Ambert (Puy-de-Dme); 1338, La Pielle; realizadas mais tarde, pelo prior, que acabou o trabalho em 1109. 59. Search: CTRL+F Cadernos de Design e Tipografia Nr.23 / Maio 2012 / Papel / pgina 59 TemasNa dcada de 17501760, James Whatman (17021759), proprietrio da melhor papermill de Inglaterra,modificou as grades para produzir papel, tecendoos fios de cobre de modo inovador. Estas grades per-mitiam fabricar papel com uma superfcie mais lisa(ptima para desenhar e pintar com aguarelas).O primeiro livro impresso sobre este novo suportefoi um belssimo Verglio (Bucolica, Georgica etAeneis), sado da oficina tipogrfica de Baskerville emBirmingham, no ano de 1757.Papel de celulose E m 1719, o cientista francs Ren-Antoine de Rau- mur1 sugeriu o uso da madeira para produzir papelaps ter investigado como a vespa faz o seu ninho. Este animal utiliza resduos masti-gados de madeira para construir uma tela fina e leve,semelhante a um papel. Tal descoberta passou a esboar o cenrio futuro deAzenha (roda hidrulica) dodesmatamento e de destruio ambiental. A forte con-Museu do Papel em Basel, Sua.Basler Papiermhle, St.Alban-Tal.1. ) Ren-Antoine Raumur (La Rochelle, 1683 Saint-Julien-du-Ter-Foto: Werner Kast.roux, 1757) foi um notvel investigador e fsico francs. Estabelecidoem Paris desde 1703, deu a conhecer as suas capacidades, com aidade de 25 anos, quando ingressou na Academia das Cincias. Em1710 recebeu o encargo de redigir a descrio das artes, indstrias eofcios em Frana. Em 1730 concebeu o termmetro de lcool comgraduao directa, com uma escala dividida em 80 partes. Os seusinteresses estenderam-se a muitos outros campos da Cincia. Foium naturalista muito apreciado; estudou vrios tipos de animais:moluscos, aves, fauna marina e insectos. A sua obra em 6 volumesMmoires pour servir lhistoire des insects foi publicada em Parisentre 1734 e 1742. 60. Search: CTRL+FCadernos de Design e Tipografia Nr.23 / Maio 2012 / Papel / pgina 60 Temas corrncia da indstria txtil dificultava e encarecia as principais matrias usadas na poca: o algodo e o linho. Logo, descobriu-se que as fibras de celulose existentes nas rvores so uma excelente matria- -prima para o fabrico de papel. O alemo Friedrich Keller desenvolveu um processo industrial para transformar a madeira em pasta de celulose, pre- missa para que se fabricasse papel como hoje se faz. N o sculo xviii, o francs Louis Nicolas Robert (17611828) tinha criado a mquina de pro- cesso contnuo para fabricar papel, forne- cendo-o em longas tiras, enroladas em bobi- nas. Esta mquina foi aperfeioada pelos irmos Henrique e Sealy Fourdrinier, que a intro- duziram na Inglaterra por volta de 1804. At hoje, este tipo de equipamento conhecido como mquina Fourdrinier.Envelope de carta, manufacturado nos EUA com papel A qualidade do papel industrial depen entre de,avergoado, de cor parda. V-se claramente a vergadura outros factores, da percentagem de celu- e vrias marcas de gua. Tamanho 7, 83 x 140 mm.Stationery envelope, Size 7, Watermark 6, fawn color, laid lose integrada, assim como de outras compaper. Plimpton series of 1883. No selo impresso e cunhado, po entes, como o plsico, por exemplo. Osn ta efgie de George Washington. principais tipos de papel distinguem-se pelos pro-Fonte: U.S. Government - 1883 stamped envelope. cessos de elaborao, pelas matrias-primas usadas e a incluso de substncias, como branqueadores.A madeira continua a ser a matria-prima essen- cial. Para produzir uma tonelada de papel so neces- Marca de gua, filigrana, de fins do sculo srias 2 a 3 toneladas de madeira, uma grande quan-XVII, no papel do Libro de Acuerdos del Concejo(16981722), do Archivo del Ayuntamiento de tidade de gua, e muita energia (est em quinto lugarNavamorales, Salamanca. Mostra guia e coroa. na lista dos processos industriais). O uso de produ- tos qumicos altamente txicos na separao e noConfira tambm a coleco de marcas de guaPiccard: http://www.piccard-online.de/start.php 61. Search: CTRL+FCadernos de Design e Tipografia Nr.23 / Maio 2012 / Papel / pgina 61 Temas branqueamento da celulose representa um srio risco para a sade humana e para o meio ambientecompro- metendo a qualidade da gua, do solo e dos alimentos.Pois para se transformar madeira em polpa, neces- srio separar a lignina, a celulose e a hemicelulose que constituem a madeira. Para tal, usam-se vrios proces- sos mecnicos e qumicos. Os mecnicos trituram a madeira, separando apenas a hemicelulose, deste modo produzindo uma polpa de menor qualidade, de fibras curtas e amarelado. Papel Kraft Oprincipal processo qumico o chamado Kraft(do alemo Kraft = forte, fora, papel forte), queage sobre a madeira em cavacos com hidrxidode sdio e hidrossulfeto de sdio, que dissolvem a lignina, libertando polpa de papel de melhor qualidade. O processo Kraft foi inventado pelo prussiano Carl F. Dahl em 1879, em Danzig. A patente U.S. Patent 296,935No sculo xviii, o francs Louis Nicolas foi emitida em 1884, e uma primeira fbrica papeleira Este licor tem de ser tratado adequadamente Robert (17611828) tinha criado a mquina usando esta tecnologia someou a laborar na Sucia, emdevido a seu efeito poluente, j que contm compos- de processo contnuo para fabricar papel, 1890. A inveno do Recovery boiler por G.H. Tomlinsontos de enxofre txicos e mal-cheirosos e grande carga fornecendo-o em longas tiras, enroladas em na dcada de 1930 foi uma etapa decisiva no melhora-orgnica. O reaproveitamento desta lignina diverso, bobinas. Esta mquina foi aperfeioada pelos mento do processo Kraft. (In 1940, the kraft process sur- podendo o licor ser concentrado por evaporao eirmos Henrique e Sealy Fourdrinier, que a introduziram na Inglaterra por volta de 1804. passed the sulfite process as the dominant method for usado at como combustvel para produo de vapor At hoje este tipo de equipamento conhecido producing wood pulp.) O principal inconveniente deste na prpria fbrica. O branqueamento da polpa de papel como Mquina Fourdrinier. processo o licor escuro, tambm conhecido como licorsubsequente tambm poluente, pois costumava ser negro, que produzido pela dissoluo da lignina dafeito com cloro, gerando compostos orgnicos clorados madeira.txicos e cancergenos. 62. Search: CTRL+F Cadernos de Design e Tipografia Nr.23 / Maio 2012 / Papel / pgina 62Temas Papel no Brasil A primeira referncia produo de papel no Bra- sil um documento escrito em 1809 por Frei Jos Mariano da Conceio Velozo ao Ministro do Prn- cipe Regente Joo, Conde de Linhares: ... remeto uma amostra do papel, bem que no alvejado, feito em primeira experincia, da nossa embira. A segunda que j est em obra se dar alvo, e em concluso pode V.Excia. contar com esta fbrica... Na amostra encaminhada com o documento constava: O primeiro papel que se fez no Rio de Janeiro, foi em 16 de Novembro de 1809. Foi tam- bm em 1809 que teve incio a construo duma fbrica papeleira no Rio de Janeiro, cuja produo se iniciou entre 1810 e 1811. Ainda no Rio de Janeiro temos notcias de mais trs fbricas em 1837, 1841 e, em 1852, nas proximidades de Petrpolis, foi construda pelo Baro de Capanema a Fbrica de Orianda que produziu papel de ptima qualidade (para os padres da poca) at sua falncia em 1874. Vistas de uma fbrica e de um moinho de papel. Paris: Briasson, 1767. Estampa a aguaforte e buril ; 400 x 470 mm. Descrio: Papetterie, Vue des Batiments de la Manufacture de lAngle, prs Montargis. Vue du Rouage dun des Moulins de cette Manufacture. Papetterie, Lmina I, de: Recueil des planches sur sur les sciences, les arts libraux et les arts mchaniques, avec leur explication [vol. 5. de lminas da Encyclopdie ou dictionnaire raisonn des sciences, des arts et des mtiers publi par M. Diderot , Paris, 1751-1772]. A Paris, chez Briasson [etc.], 1767. 63. Search: CTRL+F Cadernos de Design e Tipografia Nr.23 / Maio 2012 / Papel / pgina 63Temas A ctualmente o branqueamento feito por um processos sem cloro elementar conhecido como ECF (elemental chlorine free, usam dixido de cloro) ou totalmente livres de cloro conhe- cido como TCF (total chlorine free, usam perxi- dos, oznio, etc.). Estudos apontam que o efluente que sai de ambos os processos no possui diferena signi- ficativa quanto ao teor txico, sendo ambos de baixo impacto ambiental.H oje, as mquinas modernas produzem quan- tidades astronmicas at 1.200 metros de papel por minuto. Por exemplo, as da Voith, uma empresa alem que est entre os trs maiores fabricantes mundiais de equipamentos para a inds- tria papeleira. Mquinas deste calibre so desenhadas de acordo com as caractersticas da encomenda. Com mais de 125 metros de comprimento e 10 metros de altura, s vale a pena mont-las no seu endereo defini- tivo, relata um gerente da Voith.O s equipamentos mais recentes, como os que se encontram na fbrica da Ripasa, no interior de So Paulo, Brasi