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Saúde Coletiva cadernos NESC UFRJ

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Saúde Coletivacadernos

N E S C • U F R J

Catalogação na fonte – Biblioteca do CCS / UFRJ

C a d e r n o s S a ú d e C o l e t i v a / U n i v e r s i d a d e F e d e r a l d o R i o d e J a n e i r o ,

N ú c l e o d e E s t u d o s d e S a ú d e C o l e t i v a , v . X I V , n . 4 ( o u t . d e z 2 0 0 6 ) .

R i o d e J a n e i r o : U F R J / N E S C , 1 9 8 7 - .

T r i m e s t r a l

I S S N 1 4 1 4 - 4 6 2 X

1 . S a ú d e P ú b l i c a - P e r i ó d i c o s . I I . N ú c l e o d e E s t u d o s d e S a ú d e C o l e t i v a / U F R J .

CA D E R N O S S A Ú D E C O L E T I V A , R I O D E J A N E I R O , 14 (4 ) : 557 - 558, 2006 – 557

S U M Á R I O

E D I T O R I A L

A criação do IESC – Instituto de Estudos em Saúde Coletiva da

Universidade Federal do Rio de Janeiro

Direção do IESC – gestão 2006-2008 ......................................................................... 559

A R T I G O S

Conhecimentos e atitudes dos cirurgiões-dentistas do Programa Saúde da Família de

Aracaju-SE em relação aos pacientes com HIV/Aids

Valéria Noia Ribeiro, Allan Ulisses Carvalho de Melo, Liana Nascimento Freire ............ 561

Grandes represas e seu impacto em Saúde Pública I: efeitos a montante

Fabíola A. S. Oliveira, Jörg Heukelbach, Rômulo C. S. Moura, Liana Ariza,Alberto N. Ramos Jr., Márcia Gomide .......................................................................... 575

Enfrentando as perdas dentárias na terceira idade: um estudo de representações sociais

Grasiela Piuvezam, Aurigena Antunes de Araújo Ferreira, Maria do SocorroCosta Feitosa Alves ..................................................................................................... 597

Professores afastados da docência por disfonia: o caso de Belo Horizonte

Adriane Mesquita de Medeiros, Sandhi Maria Barreto, Ada Ávila Assunção .................. 615

A “Influenza hespanhola” em Cataguases, Minas Gerais

Alen Batista Henriques ................................................................................................ 625

O risco ocupacional no setor de raio-X diagnóstico de um hospital universitário

Eduardo Borba Neves; Marcia Gomide .......................................................................... 643

Avaliação de sistemas de pontuação para o diagnóstico da tuberculose na infância

Ethel Leonor Noia Maciel, Reynaldo Dietze, Cláudio Struchiner ..................................... 655

558 – CA D E R N O S S A Ú D E C O L E T I V A , R I O D E J A N E I R O , 14 (4 ) : 557 - 558 , 2006

Utilização de informações para controle social: o caso do Conselho do Distrito

Sanitário III do Recife

Luiz Geraldo Santos Wolmer, James Anthony Falk ....................................................... 665

TE S E S

O beber feminino: a marca social do gênero feminino no alcoolismo em mulheres

Beatriz A. Lenz Cesar .................................................................................................. 683

A transição para a parentalidade e a relação de casal de adolescentes

Daniela Centenaro Levandowski ................................................................................... 685

CA D E R N O S S A Ú D E C O L E T I V A , R I O D E J A N E I R O , 14 (4 ) : 561 - 574, 2006 – 561

CONHECIMENTOS E ATITUDES DOS CIRURGIÕES-DENTISTAS DO PROGRAMA SAÚDE DA

FAMÍLIA DE ARACAJU-SE EM RELAÇÃO AOS PACIENTES COM HIV/AIDS

Knowledge and attitudes of the dentists of the Family Health Program inAracaju, Brazil, regarding HIV patients

Valéria Noia Ribeiro1, Allan Ulisses Carvalho de Melo2, Liana Nascimento Freire3

RESUMO

O objetivo deste estudo foi identificar os conhecimentos e atitudes dos cirurgiões-dentistas do Programa Saúde da Família de Aracaju-SE em relação aos usuáriosHIV positivos. Foram entrevistados 51 cirurgiões-dentistas, entre março e maio de2006, sendo a maioria mulheres (84,3%), com mais de vinte anos de exercícioprofissional (78,4%) e que já haviam cursado alguma pós-graduação (56,8%). Cercada metade destes profissionais também trabalhava em clínica privada. Os entrevistadosdemonstraram conhecer as manifestações bucais da Aids, as secreções envolvidas nacontaminação durante o tratamento odontológico e o grau de infectividade do HIVcomparado com o vírus da hepatite B, mas ainda não abordavam a infecção peloHIV durante a anamnese. Eles relataram possuir pouca experiência no atendimentoodontológico de pacientes soropositivos para HIV, mas apresentaram uma altapropensão para realizarem o atendimento destes nas unidades básicas de saúde emque trabalhavam (86%) e em consultórios privados (94%).

PALAVRAS-CHAVE

HIV, conhecimento, atitude, condutas na prática dos dentistas

ABSTRACT

The aim of this study was to identify the knowledge and attitudes of the dentists of theFamily Health Program of Aracaju, Brazil, regarding HIV positive patients. Fifity-one dentists were interviewed, between March and May of 2006, most of them werewomen (84,3%), with more than twenty years of professional activity (78,4%) and thathad already made a post-graduation course (56,8%). About of half of these professionalsalso work at private clinic. The interviewees demonstrated to know the oral manifestationsof Aids, the secretions involved in the contamination during the consultation and thedegree of infectivity of HIV compared with HBV, but they still did not approach theinfection for HIV during the consultation. They had little experience in treating HIVpositive patients, but they presented a high propensity to do this in the basic healthunits that they work (86%) and in their private clinic (94%).

KEY WORDS

HIV, knowledge, attitude, dentist´s practice patterns

1 Especialista em Saúde Coletiva. Cirurgiã-dentista do PSF de Siriri-SE. E-mail: [email protected] Doutorando em Estomatologia do Programa Integrado de Pós-graduação UFPB/UFBA.3 Especialista em Saúde Pública. Sindicato dos Cirurgiões-Dentistas de Sergipe.

562 – CA D E R N O S S A Ú D E C O L E T I V A , R I O D E J A N E I R O , 14 (4 ) : 561 - 574 , 2006

V A L É R I A N O I A R I B E I R O , A L L A N U L I S S E S C A R V A L H O D E M E L O , L I A N A N A S C I M E N T O F R E I R E

1. INTRODUÇÃO

A Síndrome da Imunodeficiência Adquirida (Aids) é uma doença infecto-contagiosa causada pelo Vírus da Imunodeficiência Humana (HIV) e caracterizadapor imunossupressão, o que torna os indivíduos suscetíveis a infecções oportunistas,neoplasias e alterações neurológicas. Tendo sido notificada pela primeira vez noBrasil há 25 anos, desde a década de 1990, vem sofrendo algumas mudanças emseu perfil epidemiológico com a heterossexualização, feminização, interiorizaçãoe pauperização da doença. Outro fenômeno que também vem mudando o perfildesta doença é a utilização da terapia com múltiplos anti-retrovirais (coquetel),que tem possibilitado maior tempo de vida aos pacientes soropositivos (Brasil,2006; Fonseca et al., 2000; Rodrigues Júnior & Castilho, 2004).

No Brasil, entre 1980 e julho de 2004, foram notificados 362.364 casos deAids e em Sergipe esse número foi igual a 1.340 casos. Em 2003, a taxa deincidência de casos de Aids por 100.000 habitantes no Brasil foi igual a 18,4, eem Sergipe atingiu 9,3. A mortalidade por Aids no Brasil encontra-se estabilizadaem cerca de 11 mil óbitos anuais (desde 1998), com taxa de 6,4 óbitos por 100mil habitantes em 2003, sendo que entre 1983 e 2003 foram registrados 160.933óbitos (Brasil, 2004b).

A Odontologia se relaciona com a Aids através do diagnóstico precoce dadoença a partir das manifestações bucais e sistêmicas, da prevenção de conta-minação cruzada no consultório odontológico e dos aspectos éticos e legaisenvolvidos no atendimento de soropositivos (Villaça & Machado, 2004).

A transmissão do HIV se dá através do sangue e fluidos corporais contaminadosquando da relação sexual sem preservativo, pela via parenteral (transfusão desangue, drogas injetáveis e instrumentos contaminados) e pela transmissão mãe-filho (via placenta, parto ou amamentação) (Brasil, 2000; 2006).

A Aids modificou a rotina dos consultórios odontológicos, levando ao uso deEquipamentos de Proteção Individual (EPI) e rigidez no sistema de Barreiras,Esterilização, Desinfecção e Anti-sepsia (BEDA); entretanto, é extremamentepequena a possibilidade de se contaminar com o HIV durante um procedimentoodontológico. Para Discacciati e Pordeus (1997), a possibilidade de adquirir outransmitir o HIV em procedimentos é de 0,5 a 1,0%. Por outro lado, entre asdoenças de reconhecida transmissão ocupacional na prática odontológica, destaca-se a hepatite B com uma probabilidade de contaminação através de perfuraçãoacidental de cerca de 30% (Brasil, 2000; 2006; Discacciati & Villaça, 2001).

As precauções-padrão são medidas de prevenção que devem ser utilizadasindependente do diagnóstico confirmado ou presumido de doenças infecto-contagiosas durante o atendimento de pacientes, das quais destacamos as seguintes:uso dos EPI; lavar as mãos antes, após e entre os atendimentos; manipular com

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C O N H E C I M E N T O S E A T I T U D E S D O S C I R U R G I Õ E S - D E N T I S T A S D O

P R O G R A M A S A Ú D E D A F A M Í L I A D E A R A C A J U - SE E M R E L A Ç Ã O A O S P A C I E N T E S C O M H I V / A I D S

cuidado o material pérfuro-cortante; submeter artigos utilizados à limpeza,desinfecção e/ou esterilização antes de utilizá-los novamente; isolamento eposterior descontaminação das superfícies que entram em contato com sangueou secreções potencialmente infectantes; vacinação dos profissionais egerenciamento de resíduos. (Brasil, 2006; Rodrigues et al., 2005).

As manifestações estomatognáticas são indicadores importantes da infecçãopelo HIV, podendo ser os primeiros sinais e sintomas clínicos apresentados. Aslesões fortemente associadas à Aids, que têm sido identificadas em pacientes depaíses desenvolvidos e subdesenvolvidos, são as seguintes: candidíase bucal,leucoplasia pilosa, sarcoma de Kaposi, eritema linear gengival, gengivite ulcerativanecrosante, periodontite ulcerativa necrosante e linfoma não-Hodgkin, sendo quea terapia antiretroviral pode alterar a prevalência destas lesões (Coogan et al.,2005; Brasil, 2000).

Cerca de 60% das pessoas que necessitam de atendimento ambulatorial noBrasil utilizam o Sistema Único de Saúde (SUS), sendo o Programa Saúde daFamília (PSF), atualmente, a principal estratégia de atenção básica do SUS. Nestapesquisa, escolheu-se trabalhar com os cirurgiões-dentistas do PSF porque háuma padronização das ações, a assistência é feita não somente pela livre demanda,mas também através da oferta programada (Brasil, 2001; 2004a).

Silveira e Rangel (2004) analisaram o perfil biopsicossocial dos pacientes doPrograma de Atenção à Saúde Bucal de Portadores de HIV/Aids de um HospitalUniversitário carioca e encontraram que 72% têm escolaridade equivalente aoensino fundamental; 87% renda até dois salários mínimos; 60% com higieneprecária, sendo o índice de dentes cariados, perdidos e obturados (CPO-D)médio igual a 23. Concluíram que o perfil era marcado por indicadores sociais ede saúde bucal desfavoráveis.

Conhecer o que os cirurgiões-dentistas sabem sobre Aids e como eles secomportam em relação ao paciente portador do HIV é importante para planejarações com o intuito de disponibilizar uma atenção odontológica de qualidade aestes pacientes.

Discacciati e Pordeus (1999) realizaram um estudo com 161 cirurgiões-dentistas de Belo Horizonte que mantinham alguma relação trabalhista com aPolícia Militar de Minas Gerais (PMMG). A disposição para atender pacientescom HIV foi de 70,9% e para pessoas com Aids foi de 58,3%. Os principaismotivos para recusa foram: falta de preparo psicológico, medo de perder outrospacientes e aumento do risco pessoal. Os profissionais com menos de dez anos deformado e que não eram especialistas citaram, preferencialmente, o motivo defalta de preparo psicológico, e os dentistas com atitudes negativas em relação àAids, o aumento de risco pessoal.

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Nunes e Freire (1999) investigaram os conhecimentos e atitudes de 55 cirurgiões-dentistas de Goiânia-GO em relação à infecção pelo HIV, sendo que 76,4%atuavam no serviço público. Cerca de 73% disseram que atenderiam um pacientese soubessem da infecção pelo HIV, mas 58% não se sentiam capacitados parafazê-lo. Mais de 90% daqueles que trabalhavam no serviço público não conside-ravam que este oferecia condições para o atendimento do indivíduo HIV positivo.

Serra e Miranda (1999) verificaram as atitudes de 150 cirurgiões-dentistas dePoços de Caldas-MG sobre documentação odontológica e atendimento depacientes HIV positivos. Observaram que 96% sempre realizavam a anamnese, masapenas 25,3% perguntavam se o paciente era soropositivo para HIV e 78% nãoatendiam pacientes soropositivos, encaminhando-os para um centro especializado.

Serra et al. (2001) avaliaram, através de questionário, a atitude de 118 cirurgiões-dentistas de Araraquara-SP com relação ao atendimento de HIV positivos.Verificaram que 26,3% não atendiam pacientes HIV positivos, sendo as condutascitadas as seguintes: encaminhamento para serviço especializado (64,5%), enca-minhamento para outros colegas (19,3%), nada (6,4%) e alguns não fariam oencaminhamento por não saberem como proceder (3,2%). Metade dos profissionais(50,8%) achava que esses pacientes deveriam ser atendidos em clínicasespecializadas, e 61% não perguntavam rotineiramente na anamnese se o pacienteera soropositivo para HIV.

Garbin et al. (2003) avaliaram as medidas de controle de infecção e o conheci-mento quanto ao atendimento do portador do HIV, por parte de 160 cirurgiões-dentistas de Araçatuba-SP. Concluíram que 47,5% destes profissionais se negavama atender pacientes soropositivos e que necessitavam de maior orientação sobreas doenças infecto-contagiosas e controle de infecção.

Numa pesquisa em Belo Horizonte, Senna et al. (2005) avaliaram os fatoresassociados à disposição de 140 cirurgiões-dentistas de Belo Horizonte para oatendimento de pacientes HIV/Aids. Identificaram que 55% deles apresentaramdisposição máxima para atender este tipo de paciente, postura que pode serassociada aos seguintes fatores: atitudes positivas frente à epidemia; corretapercepção sobre o risco ocupacional; conhecimento dos procedimentos pós-exposição ocupacional a material biológico; experiência profissional com pacienteportador de HIV/Aids e oposição ao exame diagnóstico compulsório anti-HIVde pacientes. Os cirurgiões-dentistas que tiveram acidentes pérfuro-cortantesapresentaram menor disposição para o atendimento. Além disso, mostraram queo medo do contágio é a principal fonte de ansiedade para os trabalhadores dasaúde com relação ao atendimento de pacientes com HIV/Aids.

Ao entrevistar cem cirurgiões-dentistas do serviço público de Natal-RN,Rodrigues et al. (2005) verificaram que 68% deles atenderiam um paciente

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soropositivo para HIV, sendo que 83,3% destes disseram que utilizariam procedi-mentos especiais para tal atendimento. Entre aqueles 29% que não atenderiam,os motivos alegados foram: falta de informação (37,9%); falta de condiçõespsicológicas (24,1%); falta de condições de biossegurança e existência de umcentro de referência especializado em Aids. Concluíram que ainda existiam muitascontradições e confusões quanto à conduta correta em relação ao controle deinfecção e acolhimento para o atendimento do paciente soropositivo por HIV.

Algumas vezes, o conhecimento e a prática do cirurgião-dentista sobreesterilização do instrumental clínico podem não ser adequados. Zardetto et al.(1999) avaliaram os conhecimentos de 141 cirurgiões-dentistas paulistas sobreeste assunto e concluíram que o conhecimento destes profissionais sobrebiossegurança é falho quando se consideravam os meios de esterilização e desin-fecção dos instrumentais clínicos. Numa amostra de cem cirurgiões-dentistas deuma cidade do interior do Paraná, Berti et al. (2003) detectaram que apenas 7%destes utilizavam os métodos considerados ideais para os cuidados com o instru-mental após o atendimento, que consiste na desinfecção, lavagem, secagem,embalagem e esterilização.

Diante da modificação do perfil epidemiológico da Aids, dos diversos fatoresenvolvidos na disposição dos cirurgiões-dentistas no atendimento destes pacientese da importância da saúde bucal na estratégia do PSF, decidiu-se realizar estapesquisa cujo objetivo foi averiguar os conhecimentos e atitudes dos cirurgiões-dentistas do PSF de Aracaju-SE com relação aos usuários HIV positivos.

2. MATERIAIS E MÉTODOS

Este é um estudo seccional, cuja coleta de dados teve início somente apósobtenção de parecer favorável do Comitê de Ética em Pesquisa (CEP) daUniversidade Tiradentes-SE.

A pesquisa foi realizada em todas as Unidades Básicas de Saúde (UBS) ondetrabalhavam Equipes de Saúde Bucal (ESB) que fazem parte do PSF de Aracaju.Entre março e maio de 2006, todos os 52 cirurgiões-dentistas do PSF foramabordados para a realização de uma entrevista estruturada e apenas um deles senegou a participar, não assinando o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido.

As entrevistas foram feitas por uma das autoras, com base num roteiro deentrevistas construído especialmente para esta pesquisa, no qual constavam 19perguntas abertas e fechadas, sobre aspectos demográficos e profissionais doentrevistado, conhecimentos sobre as manifestações bucais relacionadas à Aids equestões relativas ao atendimento de pacientes soropositivos.

Os dados foram analisados através de distribuições absolutas e percentuaisuni e bivariadas, utilizando-se dos testes estatísticos Qui-quadrado ou Exato de

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Fisher, observando um nível de significância de 5,0%. O software utilizado foi oSPSS® (Statistical Package for the Social Sciences) na versão 11.

3. RESULTADOS E DISCUSSÃO

Entre os cirurgiões-dentistas entrevistados havia predominância feminina (n=43;84,3%), sendo que as idades destes profissionais variavam entre 27 e 58 anos, commédia de 46,8 anos. A maioria graduou-se em faculdades públicas (n=50, 98,0%)e tinha mais de vinte anos de exercício profissional (n=40, 78,4%). Vinte e nove(56,8%) haviam cursado alguma pós-graduação, sendo que a maior parte eraespecialista (n=23, 45,0%). Pouco menos da metade dos cirurgiões-dentistas (n=25,49,0%) também trabalhava em clínica privada.

Em torno de 72% dos dentistas (n=37) responderam corretamente que ovírus da hepatite (HBV) tem mais alta infectividade que o HIV. Cerca de 88%(n=45) dos entrevistados responderam que o sangue era a secreção que podiatransmitir o HIV no tratamento odontológico, sendo a saliva erroneamente citadapor quase 12% (n=6).

Quando questionados sobre quais eram as manifestações bucais relacionadasà Aids, 12% (n=6) responderam que não as conheciam. Entre aqueles queresponderam positivamente, a candidíase bucal (31,1%) e o sarcoma de Kaposi(28,9%) foram as manifestações bucais mais citadas.

Após a pergunta anterior, algumas alternativas com manifestações bucaisforam oferecidas aos dentistas, a fim de que os mesmos informassem quais eram aslesões mais freqüentemente relacionadas à Aids, resultando mais uma vez nacandidíase bucal (n=46; 90,2%) e no sarcoma de Kaposi (n=37; 72,5%) como asmanifestações mais relatadas pelos entrevistados (Tabela 1).

Tabela 1Manifestações bucais relacionadas à Aids citadas pelos cirurgiões-dentistas. Aracaju,SE-2006.

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Entre os entrevistados, 72,5% (n=37) achavam que, de modo geral, ospacientes portadores de HIV poderiam ser normalmente atendidos nas UBS doPSF. Quanto a esta questão, apenas a variável atender em clínica privada (p=0,049)foi significativa, todas as outras (sexo, faixa etária e pós-graduação) não foramsignificativas ao nível de 5%.

Apesar disso, 72,5% dos cirurgiões-dentistas também responderam que, demodo geral, deveriam existir clínicas especializadas para o tratamento odontológicodestes pacientes. Esta mesma opinião foi dada por 50,8% dos profissionaisentrevistados por Serra et al. (2001).

Este padrão de respostas sugere uma contradição desses profissionaisaracajuanos, podendo-se levantar a hipótese de que eles não confiam na infra-estrutura de controle de infecção presentes nas UBS do PSF, de um modo geral.

Tentando excluir o fator infra-estrutura da justificativa pelo não-atendimento depacientes soropositivos, foi feita a seguinte pergunta: “De modo geral, se o cirurgião-dentista estiver trabalhando em condições adequadas de biossegurança, ele tem aobrigação de atender pacientes com HIV ou que está com Aids?”. Quarenta e cincodentistas (88,2%) responderam que sim, sendo que aqueles que responderam negativa-mente alegaram falta de segurança, medo e a não existência de leis que os obriguem aoatendimento destes pacientes. Quanto a esta questão, nenhuma variável (sexo, faixaetária, pós-graduação e atender em clínica privada) foi significativa ao nível de 5%.

Em relação à anamnese, 76,5% (n=39) relataram realizá-la em todos osusuários atendidos por eles nas UBS, enquanto sete cirurgiões-dentistas (13,7%)somente o faziam, às vezes, nas seguintes situações: quando tratava pacientesespeciais (n=6) ou quando o tempo permitia (n=01). Em odontologia, pacienteespecial ou portador de necessidade especial é a pessoa que apresenta diferençasfísica, intelectual ou emocional diante dos parâmetros normais de crescimento,controle emocional e saúde (Sampaio et al., 2004).

Quarenta e três dentistas (84,4%) não perguntavam aos seus pacientes durantea anamnese se os mesmos eram portadores de HIV ou se estavam com Aids,enquanto os outros quatro (7,8%) questionavam somente em casos suspeitos comoemagrecimento rápido, ou caso o usuário apresentasse manifestações bucais.

Assim como em nosso estudo, a maioria dos entrevistados (90%) por Nunese Freire (1999) realizavam rotineiramente a anamnese dos pacientes e 4% faziam-naàs vezes. No estudo realizado por Serra et al. (2001), 61% dos cirurgiões-dentistasnão perguntavam na anamnese se o mesmo era portador de HIV.

Segundo Discacciati e Pordeus (1999), essa negligência de questionar o estadosorológico para HIV pode estar relacionada ao medo ainda existente, por partedos profissionais, em abordar esse assunto com seus pacientes, por causa do grandepreconceito que vem acompanhando a epidemia da Aids desde o seu início.

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O fato de o cirurgião-dentista perguntar na anamnese se o paciente ésoropositivo para HIV não lhe garante uma resposta verdadeira e se o pacienteconhece o seu estado sorológico, mas ao menos aumentam as chances de que istoaconteça, e fornece ao paciente uma oportunidade de diálogo sobre o assunto.

Conhecer o estado sorológico do paciente para HIV não deve alterar osprotocolos de controle de infecção e biossegurança, mas é importante para oprofissional definir melhor a terapêutica odontológica a ser utilizada, visto que setrata de um paciente imunocomprometido, cujas respostas teciduais, principal-mente do periodonto, não são as mesmas de um indivíduo imunocompetente.

Cerca de 41% (n=21) dos entrevistados disseram já ter atendido pacientesoropositivo, mas quase todos (n=20; 95%) fizeram isto uma única vez, sendo queapenas 62% (n=13) dos profissionais sabiam disso antes de realizar o atendimento.Em outras pesquisas nacionais, uma maior porcentagem de dentistas atendiampacientes sabidamente HIV positivos (Serra et al., 2001; Senna et al., 2005).

A partir desses resultados, pôde-se perceber que a maioria dos cirurgiões-dentistas do PSF de Aracaju nunca atendeu pacientes sabidamente HIV positivos,sendo que, entre aqueles que atenderam, praticamente todos fizeram isso umaúnica vez e cerca de um terço não sabiam disto antes do atendimento.

Cerca de 41% (n=21) consideraram que as UBS do PSF de Aracaju nãoofereciam condições para o atendimento de pacientes portadores do HIV oucom Aids; entretanto, pouco mais de 86% disseram que atenderiam estes pacientesnas UBS em que trabalhavam e 94% fariam o mesmo nos seus consultóriosprivados (Tabela 2). Para as respostas fornecidas para as questões sobre as condiçõesde biossegurança das UBS e disposição para atendimento de pacientes portadoresdo HIV ou com Aids, nenhuma variável (sexo, faixa etária, pós-graduação eatender em clínica privada) foi significativa ao nível de 5%.

Tabela 2Opinião dos cirurgiões-dentistas sobre as condições de biossegurança das UBS e disposiçãopara atendimento de pacientes portadores do HIV ou com Aids. Aracaju, SE-2006.

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A opinião favorável dos cirurgiões-dentistas do PSF de Aracaju sobreas condições de biossegurança dos consultórios odontológicos do serviçopúblico, bem como a disposição deles para atender pacientes soropositivospara HIV, foi maior do que aquela encontrada na maioria das pesquisasnacionais (Nunes & Freire, 1999; Discacciati & Pordeus, 1999; Serra et al.,2001; Garbin et al., 2003).

Ao se discutir as respostas dos cirurgiões-dentistas frente aos pacientes HIVpositivos é importante considerar o efeito Hawthorne, que é uma tendência dosrespondentes de inquéritos para declararem exageradamente comportamentossocialmente desejáveis ao serem entrevistados através de métodos não anônimos.Este efeito pode ter aumentado a porcentagem de cirurgiões-dentistas queafirmaram que atenderiam pacientes soropostivos (Lee, 2003).

Diante dos últimos dados, podem ser feitos alguns questionamentos: (1)por que alguns dos cirurgiões-dentistas que achavam que as UBS do PSF deAracaju não ofereciam condições para o atendimento odontológico de pacientesportadores do HIV disseram que os atenderiam naquela UBS em que traba-lhavam?; (2) o que será que estes profissionais consideravam como “condiçõespara o atendimento de pacientes portadores do HIV”? e (3) será que essescirurgiões-dentistas estão realizando atendimentos de pacientes, soropositivosou não, em consultórios odontológicos sem condições adequadas de controlede infecção e biossegurança?

Entre os cirurgiões-dentistas do PSF de Aracaju que não atenderiam pacientessabidamente soropositivos para HIV na UBS em que trabalhavam (n=7; 13,7%)ou no consultório privado (n=3; 5,9%), os motivos citados foram: falta de preparotécnico ou psicológico; falta de condições de biossegurança na sua UBS, e porexistirem clínicas especializadas no serviço público. Estes, também, foram algunsdos principais motivos descritos por outros pesquisadores (Discacciati & Pordeus,1999; Serra et al., 2001).

Os cirurgiões-dentistas do PSF de Aracaju, que não se mostraram dispostos aatender soropositivos na UBS em que trabalhavam, também disseram queencaminhariam estes pacientes a clínicas ou serviços especializados, ou que fariam oatendimento caso estivessem em clínicas especializadas que apresentassem todoo controle de biossegurança e equipamentos necessários, sendo este padrão derespostas bastante similar ao de outras pesquisas nacionais (Serra et al., 2001).

O não-atendimento de pacientes portadores do vírus da Aids por um profis-sional de saúde, com fundamento em argumentos que não sejam cientificamenteembasados, é um ato cabível de punição nas esferas cível, penal, administrativa eética brasileiras (Discacciati & Vilaça, 2001; Conselho Federal de Odontologia,2003; Barroso, 2003; Jesus, 2005; Nery Júnior & Nery, 2005).

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V A L É R I A N O I A R I B E I R O , A L L A N U L I S S E S C A R V A L H O D E M E L O , L I A N A N A S C I M E N T O F R E I R E

O protocolo de biossegurança para atendimento em consultórios odontológicostem demonstrado ser eficaz na prevenção da infecção pelo HIV ou quaisqueroutras doenças infecto-contagiosas. Não há mais um “grupo de risco” para aAids, mas sim comportamento de risco. Todo e qualquer paciente atendido noconsultório odontológico deve ser considerado potencialmente contaminado; sendoassim, todas as medidas de controle de infecção e biossegurança devem serobedecidas para todos os pacientes, não somente em virtude da Aids, mas tambémde outras doenças infecto-contagiosas, cuja infectividade e resistência do agentemicrobiológico no meio ambiente são muito maiores do que as do HIV (Discacciati& Pordeus, 1997; Discacciati & Vilaça, 2001; Rodrigues et al., 2005).

Um consultório odontológico que não oferece condições técnicas paraatendimento de um paciente sabidamente soropositivo para o HIV não poderiafuncionar, pois ele também não oferece condições técnicas para o atendimentode nenhuma outra pessoa. Isto porque não há diferença de instrumental, técnica,equipamentos, protocolos e insumos de controle de infecção e biossegurançapara o atendimento de portadores do HIV ou pacientes hígidos (Discacciati &Pordeus, 1997; Discacciati & Vilaça, 2001).

Diversas pesquisas mostram que, no Brasil, as mulheres e os indivíduos declasses socioeconômicas mais pobres são os que utilizam com maior freqüência asUBS. O fenômeno de interiorização, pauperização e feminização da Aids noBrasil, juntamente com a maior sobrevida dos pacientes, é um fato que acabaráacarretando uma maior presença de pacientes soropositivos, principalmentemulheres e indivíduos de menor poder aquisitivo, procurando atendimentoodontológico nas unidades básicas de saúde do PSF, sendo que isto aconteceránão somente nas capitais, mas também no interior do Brasil (Carvalho et al., 1994;Brasil, 2004b; Fonseca et al., 2000).

Diante de tal quadro, faz-se necessário que os cirurgiões-dentistas do PSFconheçam as manifestações bucais da Aids, das DST e das infecções oportunistasque acometem os pacientes soropositivos para HIV e que também cumpram osprotocolos de controle de infecção e biossegurança durante o atendimentoodontológico. Para que este último aspecto seja possível, é necessário que a infra-estrutura e os insumos necessários sejam disponibilizados pelos Sistemas Locais deSaúde (SILOS) regularmente.

4. CONCLUSÃO

Os cirurgiões-dentistas do PSF de Aracaju demonstraram conhecer asmanifestações bucais da Aids, as secreções envolvidas na contaminação duranteo tratamento odontológico e o grau de infectividade do HIV comparado com oHBV, mas ainda não abordam a infecção pelo HIV durante a anamnese.

CA D E R N O S S A Ú D E C O L E T I V A , R I O D E J A N E I R O , 14 (4 ) : 561 - 574, 2006 – 571

C O N H E C I M E N T O S E A T I T U D E S D O S C I R U R G I Õ E S - D E N T I S T A S D O

P R O G R A M A S A Ú D E D A F A M Í L I A D E A R A C A J U - SE E M R E L A Ç Ã O A O S P A C I E N T E S C O M H I V / A I D S

Eles relataram possuir pouca experiência no atendimento odontológicode pacientes soropositivos para HIV, mas apresentaram uma alta propensãopara realizarem o atendimento destes nas UBS em que trabalhavam e emconsultórios privados.

Sugerem-se estudos a respeito das condições de controle de infecção ebiossegurança das UBS do PSF de Aracaju e da percepção dos cirurgiões-dentistas do PSF de Aracaju a esse respeito, bem como capacitações sobreeste tema e sobre a importância da abordagem da contaminação pelo HIVdurante a anamnese.

R E F E R Ê N C I A S B I B L I O G R Á F I C A S

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V A L É R I A N O I A R I B E I R O , A L L A N U L I S S E S C A R V A L H O D E M E L O , L I A N A N A S C I M E N T O F R E I R E

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CA D E R N O S S A Ú D E C O L E T I V A , R I O D E J A N E I R O , 14 (4 ) : 687 - 688, 2006 – 687

A G R A D E C I M E N T O S A O S P A R E C E R I S T A S A D H O C D O V . 1 4

Ana Beatriz Azevedo Queiroz – EEAN/UFRJMaria Helena Ruzany – NESA/UERJClemax do Couto Santanna HUCFF/UFRJPauline Lorena Kale – NESC/UFRJMárcia Gomide – FM/UFCElaine Reis Brandão – NESC/UFRJKátia Vergetti Bloch – NESC/UFRJMarisa Palácios – NESC/UFRJCarlos Eduardo Aguilera – NESC/UFRJMônica Maria Ferreira Magnanini – NESC/UFRJClaudia Medina Coeli – UERJMônica Silva Monteiro de Castro – SMS - Belo HorizonteSaint Clair dos Santos Gomes Junior – COPPE/UFRJMaria Inez Pourdeus Gadelha - INCAKenneth Rochel de Camargo Jr. – UERJFátima Palha de Oliveira – UFRJMaria Lucia Bosi – NESC/UFRJMônica Loureiro dos Santos – NESC/UFRJHeloisa Pacheco-Ferreira – NESC/UFRJArmando Meyer – NESC/UFRJHermano Castro – ENSP/FIOCRUZDilene Raymundo do Nascimento – Casa de Oswaldo Cruz/FIOCRUZÂngela Porto – ENSP/FIOCRUZMárcia de Assunção Ferreira – EEAN/UFRJAdriano da Rocha Ramos – NESC/UFRJAngela Albuquerque Garcia – FM/UFRJMarco Antonio Ratzsch de Andreazzi - IBGESilvia Helena Menezes Pires – CENPEL/PETROBRASIvani Brusztyn – NESC/UFRJMaria de Lourdes Tavares Cavalcante – NESC/UFRJRoberto Macoto Ichinose – COPPE/UFRJFatima Sueli Neto Ribeiro – INCA

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APRESENTAÇÃO DOS MANUSCRITOS:Serão aceitos trabalhos em português, espanhol, inglês ou francês. Os originais

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Seguem exemplos de, respectivamente, artigo de revista científica impressa e veicula-do via internet, livro, tese, capítulo de livro e trabalho publicado em anais de congresso(em casos omissos ou dúvidas, referir-se ao documento original da Norma adotada):

ESCOSTEGUY, C. C.; MEDRONHO, R. A.; PORTELA, M. C. Avaliação da letalidade hospitalar doinfarto agudo de miocárdio do Estado do Rio de Janeiro através do uso do Sistema de Informa-ções Hospitalares/SUS. Cadernos Saúde Coletiva. Rio de Janeiro, v.7, n.1, p. 39-59, jan./jul. 1999.

PINHEIRO, R.; TRAVASSOS, C. Estudo da desigualdade na utilização de serviços de saúde poridosos em três regiões da cidade do Rio de Janeiro. Cadernos de Saúde Pública. Rio de Janeiro,v.15, n.3, set. 1999. Disponível em: <http://www.scielosp.org/cgi-bin/wxis.exe/iah/>.Acesso em: 2 jan. 2005.

ROSEN, G. Uma história da Saúde Pública. Rio de Janeiro: Abrasco. 1994. 400p.

TURA, L. F. R. Os jovens e a prevenção da AIDS no Rio de Janeiro. 1997. 183p. Tese (Doutoradoem Medicina) - Faculdade de Medicina. UFRJ, Rio de Janeiro.

BASTOS, F. I. P.; CASTIEL, L. D. Epidemiologia e saúde mental no campo científico con-temporâneo: labirintos que se entrecruzam? In: AMARANTE, P. (Org.) Psiquiatria social e

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BRASILEIRO DE SAÚDE COLETIVA, 5., 1997, Águas de Lindóia. Anais. Rio de Janeiro:Abrasco, 1997. p. 59-67.

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