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UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO INSTITUTO DE QUÍMICA Programa de Pós-Graduação em Ciências Biológicas (Bioquímica) CAIO MATHEUS PRATES BATALHA FARIA Estudo do papel de mTOR na regulação da atividade de reparo do DNA mitocondrial humano Versão original da Dissertação São Paulo Data de depósito na SPG: 05/09/2017

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UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO INSTITUTO DE QUÍMICA

Programa de Pós-Graduação em Ciências Biológicas (Bioquímica)

CAIO MATHEUS PRATES BATALHA FARIA

Estudo do papel de mTOR na regulação da atividade

de reparo do DNA mitocondrial humano

Versão original da Dissertação

São Paulo

Data de depósito na SPG:

05/09/2017

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CAIO MATHEUS PRATES BATALHA FARIA

Estudo do papel de mTOR na regulação da atividade

de reparo do DNA mitocondrial humano

São Paulo

2017

Dissertação apresentado ao Instituto

de Química da Universidade de São

Paulo para obtenção do título de

Mestre em Ciências (Bioquímica).

Orientadora: Profa. Dra Nadja Cristhina

de Souza Pinto

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AGRADECIMENTOS

Agradeço à profa. Nadja C. de Souza Pinto, minha orientadora, por ter

aceitado orientar alguém que veio de uma área tão diferente. Agradeço pela

paciência, que certamente não foi pouca, e por tudo que me ensinou.

À todos os meus companheiros de laboratório, por toda a ajuda, e pelas

discussões sobre diversos temas.

À Carolina Maria Berra, pós-doc do laboratório, que no início teve muita

paciência comigo e me ensinou muitas coisas.

À profa. Alicia J. Kowaltowski, por permitir o uso irrestrito de seu laboratório,

bem como a todos os membros do laboratório, por serem sempre prestativos.

Às agências financiadoras, Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico

e Tecnológico (CNPq) pela bolsa de mestrado (Processo 144089/2014-9) e

Fundação de Apoio a Pesquisa do Estado de São Paulo (FAPESP) pelo suporte

financeiro ao laboratório (Processos 08/57721-3 e 10/51906-1)

A todos aqueles que eu não citei, mas que também contribuíram de alguma

forma para o meu trabalho.

E, por fim, mas não menos importante, ao LUCA (last universal common

ancestor), sem o qual nenhum de nós estaríamos aqui.

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RESUMO

FARIA, C M P B. Estudo do papel de mTOR na regulação da atividade de reparo

do DNA mitocondrial humano. 2017. 123 f. Dissertação (Mestrado) – Instituto de

Química, Universidade de São Paulo, São Paulo, 2017.

mTOR (mammalian target of rapamycin) é uma proteína com papel central no

crescimento, na proliferação e na manutenção das células, que participa da

formação de dois complexos, mTORC1 e mTORC2. Diversos estudos associam

menor atividade de mTOR, em especial o complexo 1, com efeitos protetores contra

o envelhecimento e mesmo aumento da expectativa de vida máxima. Alterações no

DNA têm sido propostas desde cedo na história dos estudos bioquímicos sobre o

envelhecimento como um fator causar da perda de função dos organismos com a

idade. Muitos estudos já foram realizados tentando analisar diversos aspectos do

acúmulo de alterações no DNA e da capacidade de reparo com a idade. No entanto,

a possível relação entre mTOR e reparo de DNA foi muito pouco explorada, em

especial em relação ao DNA mitocondrial. Este estudo teve como objetivo avaliar o

papel de mTOR na regulação dos níveis de reparo de DNA, em especial da via de

reparo por excisão de bases (BER). Os resultados demonstraram que,

aparentemente, mTOR surte algum efeito na regulação de duas enzimas da via BER

(APE1 e Polγ), além de TFAM, diminuído os níveis das três, tanto no núcleo quanto

nas mitocôndrias. No entanto, a atividade de incisão de oligonucleotídeos de APE1

não demonstrou alteração, e indução de apoptose por indução de estresse oxidativo

revelou que células com menor expressão de mTOR se encontravam mais

resistentes. Adicionalmente, a inibição de mTOR pareceu não alterar o número de

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cópias de DNA mitocondrial e a massa mitocondrial, sugerindo que as células com

knockdown de mTOR possuem uma maior reserva respiratória. Em conjunto, os

resultados sugerem um possível envolvimento de mTOR na regulação de BER,

mesmo que indiretamente, embora não estaja claro por qual via, ou por qual

complexo de mTOR.

Palavras-chave: mTOR, envelhecimento, reparo de DNA, mitocôndrias, reparo por

excisão de bases.

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ABSTRACT

FARIA, C M P B. Study of the role of mTOR in the regulation of the activity of

DNA repair in human mitochondria. 2017. 123 f. Dissertação (Mestrado) – Instituto

de Química, Universidade de São Paulo, São Paulo, 2017.

mTOR (mammalian target of rapamycin) is a central protein in the regulation of cell

growth, proliferation and maintenance, that participates in the formation of two

complexes, mTORC1 and mTORC2. Several studies associate a lower activity of

mTOR, especially complex 1, with beneficial effects against aging, and even

increased maximum lifespan. DNA alterations have been proposed since the

beginnings of the history of the biochemical studies on aging to be a cause of the

loss of function that in observed in organisms with age. Several studies have been

carried out to analyze several aspects of DNA alterations and DNA repair with age.

However, the possible relationship between mTOR and DNA repair has not been

explored satisfactorily, especially in relation to mitochondrial DNA. This study had the

objective of evaluating the role of mTOR in the regulation of the levels of DNA repair,

especially the base excision repair (BER) pathway. The results showed that,

apparently, mTOR has some effect in the regulation of two enzymes of the BER

pathway (APE1 and Polγ), as well as TFAM, decreasing their levels, both in the

nucleus and in the mitochondria. However, APE1 oligonucleotide incision activity was

not diminished, and apoptosis induction by methylene blue treatment revealed that

cells with mTOR knockdown were more resistant. Addicionally, mTOR inhibition

didn’t seem to alter mitochondrial DNA copy number and mitochondrial mass,

suggesting that mTOR knockdown cells have more respiratory reserve. Taken

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together, these results suggest a possible role for mTOR in the regulation of BER,

even if indirectly, although it is not clear through which pathway, or which mTOR

complex.

Keywords: mTOR, aging, DNA repair, mitochondria, base excision repair.

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SUMÁRIO

1. Introdução............................................................................................................13

1.1. Uma breve história do envelhecimento.................................................13

1.2. Reparo de DNA.....................................................................................22

1.2.1. Reparo por excisão de bases (BER)..........................................26

1.2.2. Alterações no DNA ao longo da vida.........................................30

1.2.3. Alterações na atividade de reparo ao longo da vida..................31

1.3. Mitocôndrias..........................................................................................34

1.3.1. Estrutura e função mitocondrial.................................................35

1.3.2. DNA mitocondrial.......................................................................37

1.3.3. Dano no DNA mitocondrial.........................................................38

1.3.4. Geração de espécies reativas de oxigênio................................39

1.3.5. Reparo de lesões no DNA mitocondrial.....................................40

1.4. Mechanistic Target of Rapamycin (mTOR)...........................................42

1.4.1. mTORC1…………………………………………………………….43

1.4.2. mTORC2…………………………………………………………….48

1.4.3. mTOR e envelhecimento…………………………………………..49

1.4.4. Efeitos de mTOR na mitocôndria...............................................51

1.4.5. mTOR e reparo de DNA.............................................................52

2. Objetivos..............................................................................................................55

2.1. Objetivos gerais....................................................................................55

2.2. Objetivos específicos............................................................................55

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3. Materiais e métodos............................................................................................56

3.1. Modelos utilizados.................................................................................56

3.1.1. Células HEK293T.......................................................................56

3.1.2. Fígado de camundongo.............................................................56

3.2. Cultivo celular........................................................................................57

3.3. Seleção clonal.......................................................................................57

3.4. Isolamento de mitocôndrias..................................................................58

3.5. Preparação de extratos proteicos.........................................................60

3.5.1. Extratos proteicos para western blot..........................................60

3.5.2. Extratos proteicos para ensaio de atividade enzimática............61

3.5.3. Quantificação da concentração de proteínas nas amostras......61

3.5.4. Concentração de amostras........................................................62

3.6. Western blot..........................................................................................62

3.7. RT-qPCR – Real Time Quantitative Polymerase Chain Reaction…….64

3.7.1. Análise dos níveis de expressão gênica....................................64

3.7.2. Quantificação do número de cópias de DNA mitocondrial.........66

3.8. Medida de parâmetros bioenergéticos..................................................66

3.9. Atividade de Citrato Sintase..................................................................67

3.10. Ensaio de incisão de APE1...................................................................68

3.11. Proliferação celular após tratamento com azul de metileno

fotossensibilizado.......................................................................................69

3.12. Identificação da população sub-G1 por citometria de fluxo..................71

4. Resultados...........................................................................................................73

4.1. Seleção clonal.......................................................................................73

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4.2. Wester blot............................................................................................75

4.2.1. Western blot de extratos celulares totais...................................75

4.2.1.1. Expressão de APE1 em extratos totais.................75

4.2.1.2. Expressão de TFAM em extratos totais................77

4.2.1.3. Expressão de Polγ em extratos totais...................79

4.2.2. Western blot de extratos mitocondriais......................................80

4.2.2.1. Pureza das amostras mitocondriais......................80

4.2.2.2. Expressão de APE1 em extratos mitocondriais....81

4.2.2.3. Expressão de TFAM em extratos mitocondriais....83

4.2.2.4. Expressão de Polγ em extratos mitocondriais......84

4.2.3. Western blot de amostras de fígado de camundongo...............85

4.3. Reação em cadeia de polimerase quantitativa em tempo real.............86

4.4. Ensaio de incisão de APE1...................................................................87

4.4.1. Curvas de calibração.................................................................88

4.4.2. Ensaio de incisão com extrato total...........................................91

4.4.3. Ensaio de incisão com extrato mitocondrial...............................92

4.5. Medida de parâmetros bioenergéticos..................................................93

4.5.1. Taxa de consumo de oxigênio...................................................93

4.5.2. Taxa de acidificação do meio.....................................................96

4.6. Quantificação do número de cópias de DNAmt....................................98

4.7. Medida da Atividade de Citrato Sintase................................................99

4.8. Proliferação celular após tratamento com azul de metileno

fotossensibilizado.....................................................................................100

4.9. Identificação da população sub-G1 por citometria de fluxo................100

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5. Discussão..........................................................................................................103

6. Conclusões e perspectivas..............................................................................113

7. Referências........................................................................................................114

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1. INTRODUÇÃO

O envelhecimento é um processo natural de perda de função gradual dos

sistemas biológicos que afeta os organismos vivos, e que resulta no aumento da

taxa de mortalidade dos indivíduos com o passar do tempo. Com exceção de um

pequeno grupo de organismos nos quais não conseguimos detectar sinais

conhecidos de envelhecimento, muitos dos quais apresentam, ao contrário, um

aumento de suas taxas de crescimento e fecundidade ao longo da vida (Finch,

1990), o envelhecimento é ubíquo. Tal processo ocorre continuamente ao longo do

tempo de vida do organismo, após o final de seu período de desenvolvimento,

apesar de alguns autores argumentarem que existem evidências de que ele atinge

um platô em idades bem avançadas (Mueller & Rose, 1996).

Desde os primórdios da humanidade o homem tentou entender e controlar o

processo de envelhecimento, lançando mão de quaisquer artefatos culturais e

técnicas que sua cultura dispunha. De fato, dada a ubiquidade do envelhecimento e

da morte na vida e na sociedade, talvez não seja grande surpresa constatar que

nada menos que o primeiro livro da história da humanidade já tratasse do tema. No

Épico de Gilgamesh, épico sumério e primeiro exemplo de literatura da história, o rei

Gilgamesh percebe, após presenciar a morte de seu melhor amigo, Enkidu, que não

importa quantos grandes feitos sejam realizados em vida, por mais que o indivíduo

seja lembrado, ele envelhecerá, morrerá, se tornará pó, e estará condenado a uma

eternidade de sofrimento em um mundo dos mortos que não distinguia entre bons e

maus (George, 2003). Tal percepção impeliu Gilgamesh, assim como muitos outros

heróis, mitológicos ou históricos, a começar uma jornada em busca de uma forma de

se tornar imortal. No entanto, até onde pudemos comprovar, seus esforços foram

infrutíferos, a não ser por inspirar algumas belas lendas. Foi apenas na segunda

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metade do século 20, após grandes avanços na compreensão do funcionamento e

estrutura dos sistemas biológicos, que a humanidade começou a propor hipóteses

científicas para explicar a sequência de eventos moleculares que levam ao

envelhecimento. Desde então, diversas organelas e vias moleculares foram

implicadas no processo. Embora estejamos longe de um consenso, e a literatura

cientifica seja rica em evidências contraditórias que precisam ser entendidas de

modo a criar uma teoria mais robusta, algumas moléculas e organelas de destacam

na literatura como possíveis participantes dos mecanismos pelos quais Tanatos e

Geras, filhos da noite Nix, e antigas personificações da morte e da velhice na

mitologia grega, exercem sua cruel influência sobre a vida. Dentre tais mecanismos,

incluem-se alterações no DNA (nuclear e/ou mitocondrial) e a atividade de mTOR

(mechanistic target of rapamycin), um regulador central do crescimento.

1.1. Uma breve história das teorias do envelhecimento

Diversas teorias científicas foram propostas ao longo da história para tentar

explicar o processo de envelhecimento. De fato, o debate científico sobre as causas

do envelhecimento surgiu logo após a publicação da teoria da evolução, por Charles

Darwin. Em edições mais tardias de “Da Origem das Espécies por Meio da Seleção

Natural ou a Preservação de Raças Favorecidas na Luta pela Vida”, Darwin dedicou

um capítulo, “Contestações diversas feitas à teoria da seleção natural”, à respostas

para objeções levantadas por outros cientistas de sua época. Uma das objeções

levantadas foi a de que o envelhecimento e a falta de longevidade crescente em

animais não se encaixava na teoria da seleção natural. O argumento era de que

como a longevidade tinha valor ao aumentar o tempo de sobrevivência, e,

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consequentemente, as oportunidades de reprodução dos organismos, se a seleção

natural fosse verdade, como propunha Darwin, o resultado deveria ser que cada

geração sucessiva de indivíduos tivesse sua longevidade aumentada. Desta forma,

o envelhecimento, e seus efeitos adversos, seria postergado a cada geração pelo

processo da seleção natural. Para tentar defender sua teoria, a resposta de Darwin

foi a seguinte (Darwin, 1872):

“Um crítico sustentou recentemente, fazendo pompa de uma grande exatidão matemática, que a longevidade é uma grande vantagem para todas as espécies, de maneira que aquele que crê na seleção natural deve dispor a sua árvore genealógica de maneira que todos os descendentes tenham uma longevidade maior que os seus antepassados! O nosso crítico não conceberia como uma planta bianual, ou uma forma animal inferior, pudessem penetrar num clima frio e perecer aí cada Inverno; e, contudo, em razão de vantagens adquiridas pela seleção natural, sobreviver de ano para ano pelas suas sementes ou pelos seus ovos? M. E. Ray Lankester discutiu recentemente este assunto, e concluiu, pelo menos enquanto a complexidade excessiva da questão lhe permite julgar, que a longevidade está ordinariamente em relação com o grau que ocupa cada espécie na escala da organização, e também com a soma de despesa que ocasionam tanto a reprodução como a atividade geral. Ora, estas condições devem provavelmente ter sido largamente determinadas pela seleção natural.”

Pela resposta dada por Darwin, sua crença parecia ser de que a seleção

natural era responsável por determinar a longevidade de uma espécie. No entanto,

ele não pôde explicar como isso poderia ocorrer, e quais possíveis benefícios

poderiam existir de modo a explicar porque determinada longevidade foi selecionada

em uma determinada espécie. Curiosamente, ao dizer que os indivíduos sobrevivem

“de ano para ano pelas suas sementes ou pelos seus ovos”, Darwin parece propor

que a unidade de seleção seria a informação genética (embora ele não usasse esse

termo), e não o indivíduo, um debate que ocorreria muito tempo depois (Lewontin,

1974; Williams, 1966). Alfred Russel Wallace, também propôs em suas notas uma

explicação para o envelhecimento (Weismann et al., 1889):

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“quando um ou mais indivíduos provêm um número suficiente de sucessores, eles mesmos, consumidores de recursos em taxas constantemente maiores, são um mal para seus sucessores...a seleção natural, portanto, os elimina.”

Essa explicação é notadamente similar àquela oferecida posteriormente por

Ausgust Weismann. O cientista alemão foi o primeiro a elaborar com mais detalhes

uma teoria sobre o envelhecimento. Weismann é famoso por refutar a teoria de que

características adquiridas poderiam ser herdadas, uma ideia que ainda era

defendida por Darwin. De fato, o termo “neodarwinismo” foi primeiramente criado

para designar essa versão do darwinismo proposta por Weismann, que exclui a

herança de características adquiridas. Seu experimento mais famoso foi cortar as

caudas de camundongos em sucessivas gerações, de forma a demonstrar que não

havia diferença no crescimento da cauda em seus descendentes. Em sua palestra

de 1881 no encontro da Associação de Naturalistas Alemães em Salzburgo, com o

título de “A Duração da Vida”, Weismann foi o primeiro a propor formalmente uma

teoria para explicar o envelhecimento de acordo com a seleção natural. Weismann

rejeitava a ideia de que a longevidade dos indivíduos era determinada por desgastes

devidos às limitações fisiológicas impostas pela forma como os organismos são

construídos, e defendia que a longevidade era programada para servir às

necessidades da espécie (Weismann, 1892). Em seus trabalhos, Weismann

articulou diversas teorias para explicar as causas e a necessidade da morte. Entre

estas, inclui-se a ideia de que se houvesse algum indivíduo imortal em uma espécie,

mesmo que ele não morresse por acidente com o tempo, ele acumularia lesões ao

longo de sua existência. Segundo Weismann, essas lesões não seriam reparadas

perfeitamente, e se acumulariam durante o tempo, resultando em um organismo

menos apto. Como esse organismo mais velho continuaria consumindo recursos que

seriam melhor utilizados para suprir membros mais jovens e aptos da espécie,

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haveria uma pressão seletiva para matar o indivíduo em idades mais avançadas.

Uma das formas pelas quais Weismann tentou explicar essa limitação no reparo de

lesões foi através do limite de replicação de células somáticas. Posteriormente,

Weismann propôs que uma vez estabelecida uma vantagem para a morte, outras

características que tivessem um efeito adverso na imortalidade do organismo, em

troca de uma outra vantagem, não sofreriam resistências para serem selecionadas.

Essa ideia está em linha com a teoria da panmixia proposta por Weismann, que

propõe que traços inúteis para um organismo escapam da ação da seleção natural,

e, eventualmente, desaparecem (Kirkwood & Cremer, 1982; Weismann, 1892). Mais

para o final da vida, Weismann aparentemente mudou de ideia, e passou a renunciar

o aspecto adaptativo do envelhecimento. Alternativamente, ele passou a propor que

organismos que segregam linhagens germinativas e somáticas devem investir mais

recursos na reprodução ao invés de na manutenção do soma, e essa renúncia da

manutenção acarreta no envelhecimento.

Décadas depois, J. B. S. Haldane, famoso por suas contribuições para a

formalização matemática da seleção natural, propôs algo similar à teoria da

panmixia de Weismann. Ao observar os efeitos da doença de Huntington, e a idade

avançada em que se manifesta, Haldane intuiu que certos traços poderiam escapar

da seleção natural por se manifestarem muito tardiamente na vida do indivíduo, em

idades aonde populações naturais dificilmente chegariam. Tal ideia foi

posteriormente aproveitada por Peter Medawar. Medawar, nascido no Brasil de um

pai brasileiro e uma mãe inglesa, e radicado no Reino Unido durante sua

adolescência, contribuiu significativamente para o desenvolvimento de teorias

evolucionárias sobre o envelhecimento, além de ter sido agraciado com um Prêmio

Nobel por suas contribuições para o campo da imunologia. Dentre suas

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contribuições, é atribuída a Medawar a ideia de “acúmulo de mutações”, em que a

evolução permite que alelos com efeitos deletérios se acumulem em idades mais

avançadas, aonde escapariam da seleção natural, em virtude de animais não

viverem muito na natureza. De fato, é atribuído a Medawar a ideia de que animais

não envelhecem significativamente na natureza a ponto de que o envelhecimento

seja prejudicial. No entanto, evidências acumuladas desde então demonstram que

tal afirmação não é verdadeira, e o envelhecimento ocorre e afeta a vida de diversos

animais em seus ambientes naturais (Nussey et al., 2013). Subsequentemente, G.

C. Williams definiu a ideia do que é hoje conhecido como “antagonismo pleiotrópico”.

Williams argumentou que a seleção natural não prejudicaria a seleção de genes com

pleiotropias antagonista. Ou seja, que controlassem mais de uma característica,

dentre as quais uma que tivesse como efeito colateral o envelhecimento, dado que

outra oferecesse um benefício compensatório para o indivíduo em idades menos

avançadas. Estudos conduzidos em Drosophila melanogaster sugerem que talvez a

teoria de acumulo de mutações de Medawar seja mais pertinente do que a ideia de

antagonismo pleiotrópico de Williams (Charlesworth & Hughes, 1996; Hughes et al.,

2002), embora hajam resultados conflitantes (M. R. Rose et al., 2002). Em 1966,

William Hamilton ofereceu a primeira formulação matemática com o intuito de

demonstrar a diminuição das forças da seleção natural com a idade dos indivíduos,

embasando as proposições anteriores sobre acumulo de mutações e antagonismo

pleiotrópico (Hamilton, 1966). Uma década depois, Thomas Kirkwood, baseado nas

ideias tardias de Weismann, propôs a teoria do soma dispensável, que estabelece

que organismos possuem uma quantidade limitada de recursos que devem investir

em reprodução e manutenção, e que a alocação de recursos para reprodução

impede uma manutenção perfeita do soma (Kirkwood, 1977).

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No todo, esses desenvolvimentos sumarizam as principais ideias por traz da

teoria evolucionária do envelhecimento moderna. No entanto, apesar de haverem

bastantes evidências corroborando essa teoria (Michael R. Rose, 1991), muitas

observações ainda desafiam esse paradigma. A existência de animais semelparos,

que morrem logo após seu evento reprodutivo, e de animais com senescência

negligível, que não apresentam sinais detectáveis de envelhecimento, são exceções

importantes. Adicionalmente, a teoria evolucionária do envelhecimento moderna

estabelece que o envelhecimento é um processo multifatorial, ocasionado pelo

pequeno efeito de muitos genes (Rose, 1991). Portanto, o aumento da expectativa

de vida ocasionado por knockouts singulares de alguns genes apresenta um desafio

para alguns aspectos da teoria (Johnson, 2002). Além do mais, algumas

manipulações genéticas parecem retardar o envelhecimento sem afetar a

reprodução (Dillin et al., 2002; Marden et al., 2003; Simon et al., 2003). Animais

eussociais, como formigas e abelhas, aonde uma única fêmea é responsável pela

reprodução, também são uma evidência contrária a uma troca entre manutenção e

reprodução; inclusive, existem evidências de que se reproduzir aumenta a

longevidade em formigas rainhas (Schrempf et al., 2005). Estudos em barrigudinhos

(“guppies”, Poecilia reticulata) reportaram que animais com uma maior taxa de

mortalidade extrínseca evoluíram de modo a se maturarem mais cedo e investir mais

em reprodução, mas não apresentaram sinais de envelhecimento precoce (Reznick

et al., 2004). Por fim, a teoria evolucionária clássica do envelhecimento não

consegue explicar porque, se a taxa de envelhecimento não sofre pressão seletiva,

os fenótipos apresentados durante o envelhecimento em espécies de mamíferos são

tão similares.

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Com o tempo, diversas teorias moleculares sobre as causas do

envelhecimento foram propostas. Devido à sua grande variedade, não cabe

descrever todas aqui. Apenas as mais relevantes para o trabalho serão descritas. No

entanto, é importante descrever em linhas gerais suas diferenças, de modo a

entender melhor o contexto aonde esse trabalho se encaixa. Teorias sobre

envelhecimento podem ser agrupadas em dois grandes grupos: teorias sobre

acúmulo de danos e teorias sobre morte programada. Como existem variações na

forma como diversos autores usam esses termos, é importante defini-los aqui. Por

teorias de acúmulo de danos, entende-se nesse trabalho teorias que propõem que

organismos envelhecem devido ao acúmulo de danos provenientes tanto de fontes

extrínsecas quanto do funcionamento do próprio metabolismo, sem componente

genético determinante. Por outro lado, alguns autores classificam como

programadas algumas teorias pelo simples fato de nas últimas décadas termos

descoberto genes cuja manipulação altera significativamente a expectativa de vida.

No entanto, eles usam o termo morte programada no sentido de que existe um

componente genético na morte, ou seja, o envelhecimento depende em parte da

ativação e desativação de genes ao longo do tempo. Apesar disso, essas mudanças

na expressão gênica são consideradas sem valor adaptativo, e meras negligências

da evolução por falta de pressão seletiva, ou mesmo resultado do acúmulo de

danos. Portanto, para fins desse trabalho, essas teorias serão classificadas como

teorias de acúmulo de danos. Por teorias de morte programada, serão entendidas

aqui teorias que propõem que o envelhecimento, e consequente morte do

organismo, possui um valor adaptativo, e, portanto, foi selecionado pela evolução

(Longo et al., 2005). Essas teorias, similares em essência às ideias iniciais de

Weismann, Darwin e Wallace, postulam que a taxa de envelhecimento e a

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longevidade de organismos é controlada pela evolução. Desta forma, indivíduos

seriam sacrificados altruisticamente de forma a trazer benefícios para a espécie,

provavelmente por evitar competição entre gerações diferentes. Adicionalmente, tal

mecanismo poderia promover uma maior adaptabilidade evolutiva para as espécies

(Goldsmith, 2008), permitindo que elas evoluam mais rapidamente quando as

condições ambientais, e, consequentemente, as pressões seletivas, variarem. Tais

teorias dependem de uma presunção implícita de que a unidade de seleção é a

informação genética, e não os indivíduos. Atualmente, as teorias de acúmulo de

danos representam o paradigma da área.

Paralelamente aos desenvolvimentos em teoria evolucionária,

cientistas tentaram avançar na compreensão dos mecanismos bioquímicos

responsáveis pelos fenótipos associados ao envelhecimento. Embora o debate

sobre envelhecimento se estenda até Darwin, foi apenas na década de 50 que as

primeiras teorias sobre os mecanismos bioquímicos envolvidos no envelhecimento

foram propostas, iniciando com a proposição do papel de espécies reativas de

oxigênio como fatores causadores do envelhecimento (Harman, 1956). Conforme

mencionado anteriormente, nem todas são pertinentes a esse trabalho, mas serão

aqui descritas as teorias de envelhecimento relacionadas ao DNA nuclear, DNA

mitocondrial e mTOR (mechanistic target of rapamycin). Em função de seu papel

essencial na manutenção da informação genética, o possível papel de alterações em

DNA como evento fundamental ao envelhecimento logo ganhou protagonismo. O

primeiro a propor que danos ao DNA desempenham um papel causal no

envelhecimento foi o físico Gioacchino Failla, em 1958 (Failla, 1958), seguido pelo

também físico Leo Szilard um ano depois (Szilard, 1959). A teoria evoluiu ao longo

das décadas, mas sua mensagem principal é a mesma: o acúmulo de danos e

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mutações no DNA ao longo da vida do organismo altera o padrão e os produtos da

expressão gênica, levando a um desequilíbrio em todo o sistema, que passa a

operar de forma subótima. Isso, por sua vez, leva ao acúmulo de mais erros,

resultando em um ciclo vicioso cujo resultado final seria o envelhecimento. Apesar

de sua elegância, essa teoria sofre do mesmo problema que a maioria das teorias

que tentam explicar as causas do envelhecimento: a difícil separação entre causa e

efeito em um processo biológico possivelmente multifatorial e relativamente pouco

compreendido. É claro que outras biomoléculas, além do DNA, podem acumular

danos com a idade. No entanto, danos ao DNA podem ter um papel particularmente

importante, uma vez que, ao contrário de outras moléculas que podem ser

degradadas e ressintetizadas com facilidade, o DNA deve ser mantido durante toda

a vida de uma célula.

1.2.1. Reparo de DNA

A área de reparo de DNA e mutagênese tem uma longa história.

Curiosamente, os primeiros estudos sobre os efeitos mutagênicos da radiação

ionizante e da radiação UV, realizados nas décadas de 30 e 40, precedem a

descoberta de que o material genético era feito de DNA. De fato, muitos ainda

acreditavam que o material genético era feito de proteínas, e que era estável

(Friedberg, 1997).

O primeiro mecanismo de reparo de DNA descoberto foi a

fotorreativação enzimática. Descoberto independentemente por dois laboratórios nos

EUA na década de 40 (Dulbecco, 1949; Kelner, 1949), a fotorreativação enzimática

consiste no reparo de dímeros de ciclobutano de pirimidina no DNA, que são

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gerados por exposição à radiação UV, e que podem bloquear a replicação e a

transcrição do DNA. Nessa via de reparo, a remoção do dano se dá através de

hidrólise dos dímeros de pirimidina catalisada por uma enzima que é ativada pela luz

visível. Durante a década de 50, foram feitas observações de que o reparo de

danos causados por luz UV também ocorria na ausência de luz visível. No entanto,

foi apenas na década de 60 que foi descoberto que modificações induzidas por

radiação UV poderiam ser reparadas por meio da excisão de nucleotídeos, tanto em

bactérias como em mamíferos (Boyce & Howard-Flanders, 1964; Howard-Flanders

et al., 1962; Pettijohn & Hanawalt, 1964; Rasmussen & Painter, 1964; Setlow &

Carrier, 1964). Nas décadas seguintes, os mecanismos envolvidos no processo

foram sendo elucidados, e, com a descoberta das DNA-glicosilases por Tomas

Lindahl (Lindahl, 1974), e a observação de que uracila era excisada do DNA não em

um oligonucleotídeo, mas como uma base livre, foi criada a distinção entre “reparo

por excisão de nucleotídeos”, que excisa pequenos fragmentos de oligonucleotídeos

durante o reparo de lesões grandes que causam distorção na hélice (como dímeros

de pirimidina), e “reparo por excisão de bases”, que excisa uma única base do DNA

(bases não-canônicas, como uracila, ou modificadas, como 8-oxo-guanina). A

seguir, outras vias de reparo de DNA foram descobertas, demonstrando a

complexidade da tarefa, e a imensa necessidade da vida em manter sua informação

genética conservada. Em mamíferos, cinco vias de reparo de DNA foram

identificadas, cada uma lidando com diferentes classes de lesão (embora em alguns

casos haja sobreposição de substratos). Estas são:

Reparo por reversão direta;

Reparo por excisão de bases;

Reparo por excisão de nucleotídeos;

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Reparo de pareamento errôneo;

Reparo de quebra de fita dupla (por recombinação homóloga ou junção de

pontas não-homólogas).

Adicionalmente, as vias de sinalização em resposta a danos ao DNA também

são incluídas no estudo de reparo de DNA, assim como a síntese de DNA

translesão.

Essas vias de reparo agem na manutenção de diversos tipos de danos,

provenientes, principalmente, das seguintes fontes (revisto por Alexeyev et al.,

2013):

1) Dano por alquilação: proveniente de fontes endógenas (S-

adenosilmetionina, que pode metilar DNA não-enzimaticamente) e

exógenas (por exemplo, agentes quimioterapeuticos);

2) Dano hidrolítico: ocorre através da formação de sítios abásicos,

resultado da hidrólise de ligações glicosídicas, e desaminação

hidrolítica de bases, predominantemente citosina;

3) Formação de adutos volumosos: proveniente de fontes endógenas

(por exemplo, estrogênios) e exógenas (por exemplo, fumaça de

tabaco e exposição química);

4) Bases mal-pareadas: formadas em decorrência de erros de replicação

ou a incorporação de nucleotídeos contendo bases modificadas, como

nucleotídeos oxidados;

5) Quebras de fita de DNA: ocorrem tanto na forma de quebras de fita

simples (SSBs, do inglês single-strand breaks) e quebras de fita dupla

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(DSBs, do inglês double-strand breaks), que podem ser resultado de

ataque de espécies oxidativas ou bloqueio da forquilha de replicação;

6) Dano oxidativo: proveniente da reação com espécies reativas de

oxigênio (EROs), que são produzidas por compostos exógenos ou em

decorrência do metabolismo normal de organismos aeróbicos; incluem

bases oxidadas e quebras de fita simples.

As vias de reparo de DNA são de extrema importância para manter a

informação genética conservada, e permitir o funcionamento adequado dos

mecanismos celulares. Sem o correto reparo de alterações no material genético,

genes podem sofrer mutações (alterando padrões de expressão gênica), replicação

e transcrição podem ser bloqueadas, e a fita de DNA pode ser quebrada (podendo

resultar na morte da célula). Enquanto eventos citotóxicos podem ser resolvidos

através de mecanismos de morte celular, eventos mutagênicos podem resultar em

alterações nos mecanismos de controle do ciclo celular, com resultados como

senescência ou carcinogênese. Câncer é o nome dado a um conjunto de doenças

ocasionadas por mutações que desregulam o ciclo celular e fazem uma célula se

replicar descontroladamente. Mutações são decorrências de alterações no DNA não

reparadas, que após pelo menos dois eventos replicativos se fixam como bases

canônicas, e não podem mais ser reconhecidas como alterações. Essas mutações

se acumulam durante a vida, e, alguns propõem, podem ser uma das causas do

envelhecimento. No entanto, existem argumentos de que a pressão seletiva para se

proteger contra mutações oncogênicas poderia ter sido suficientemente forte para

aprimorar os mecanismos de reparo de forma que, dentro do tempo de vida normal

dos organismos, não haja acúmulo de mutações suficientes para que estas sejam

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responsáveis por um declínio geral no funcionamento do organismo, como o

envelhecimento (de Grey, 2007). Outros ainda propõem que seriam as lesões

citotóxicas as principais contribuintes para o envelhecimento (Hoeijmakers, 2009),

talvez por colaborarem para a exaustão das células-tronco, que devem se dividir

mais para repor as células mortas.

No contexto desse trabalho, a via de reparo por excisão de bases é a mais

relevante, uma vez que suas enzimas serão analisadas, assim como a resposta a

estresse oxidativo, cujo reparo é feito por BER. Portanto, a via BER será descrita em

detalhes a seguir.

1.2.2. Reparo por excisão de bases (BER)

A via de reparo por excisão de bases (BER, do inglês base excision repair) é

responsável por reparar alterações covalentes pequenas em um único nucleotídeo e

que não distorcem significativamente a hélice de DNA, o tipo de alteração mais

comum nas células. Embora todas as vias sejam de extrema importância para o

funcionamento correto das células, a via de BER parece essencial, uma vez que,

com exceção das enzimas pertencentes à família das glicosilases, que são

responsáveis pelo reconhecimento inicial das alterações, todos os outros

componentes catalíticos são essenciais, uma vez que a deleção dos genes que

codificam essas proteínas em camundongos resultou em letalidade embrionária

(Maynard et al., 2009; Puebla-Osorio et al., 2006; Sugo et al., 2000; Tebbs et al.,

1999; Xanthoudakis et al., 1996). Uma via molecularmente simples e com poucos

passos enzimáticos, a via BER é conservada desde bactérias até humanos, e atua

tanto no DNA nuclear como no mitocondrial (Muftuoglu et al., 2014; Zharkov, 2008).

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No núcleo, BER é principalmente ativa na fase G1 do ciclo celular (Dianov &

Hubscher, 2013). A via possui poucos passos, descritos a seguir:

i) Reconhecimento e remoção da base alterada:

Após ocorrida a alteração no DNA, ocorre remodelamento da

cromatina no sítio danificado, seguido por reconhecimento por uma

DNA glicosilase (Odell et al., 2013). Existem 11 DNA glicosilases

conhecidas, cada uma responsável por reconhecer e excisar uma

classe de dano, embora haja uma certa sobreposição de substratos

(Huffman et al., 2005; Krokan & Bjoras, 2013). DNA glicosilases podem

ser classificadas em dois tipos: monofuncionais e bifuncionais. As

glicosilases monofuncionais possuem apenas uma atividade de

glicosilase, que hidrolisa a ligação N-glicosídica e libera a base

alterada. Glicosilases bifuncionais possuem uma atividade adicional,

de AP liase, que hidrolisa a ligação fosfodiester no sítio abásico

resultante da liberação da base alterada (Jacobs & Schar, 2012). 8-

oxoguanina DNA glicosilase (OGG1) e Nei-like DNA glicosilase 3

(NEIL3) podem funcionar tanto como glicosilases monofuncionais como

bifuncionais (Svilar et al., 2011). A atividade de glicosilase cria um sítio

abásico, ao remover a base alterada, através de um processo aonde a

base alterada é girada, sendo reposicionada do interior da dupla hélice

para o exterior, permitindo à enzima clivar a ligação N-glicosídica

(Fromme et al., 2004). O tipo de glicosilase utilizada determinará a

subvia utilizada subsequentemente. Caso uma glicosilase

monofuncional seja utilizada, a subvia utilizada será a BER de

fragmento curto. No caso de uma bifuncional, a subvia BER de

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fragmento longo será a escolhida (Dianov & Hubscher, 2013). Nas

glicosilases monofuncionais, a base é clivada através do ataque

nucleofílico em C1’ do substrato com uma molécula de água ativada

(Fromme et al., 2004). No caso das bifuncionais, a catálise ocorre

através de um resíduo de lisina ativada na enzima (Dodson & Lloyd,

2002);

ii) Clivagem da fita e processamento das pontas:

Na via de reparo de fita curta, o sítio abásico é clivado por uma

AP-endonulcease (em humanos por APE1, apurinic/apyrimidinic

endonuclease 1), que cliva a ligação fosfodiester do lado 5’ do sítio

abásico e gera um resíduo hidroxila no terminal 3’ e uma deoxirribose

fosfato (dRP, do inglês deoyribose phosphate) no terminal 5’. Na via de

reparo de fita longa, a glicosilase bifuncional envolvida é que cliva a fita

no lugar de APE1. No entanto, a quebra de fita resultante da atividade

de uma glicosilase-liase possui um terminal aldeído 3’-α,β-insaturado

(no caso de NTH1 e OGG1) ou 3’-fosfato (no caso das glicosilases da

família nei-like endonuclease VIII). Esses dois terminais não suportam

os próximos passos, que envolvem polimerização e ligação e, portanto,

devem ser processados. O terminal aldeído 3’- α,β-insaturado é

removido por APE1, e o terminal 3’-fosfato é removido por PNKP1

(polynucleotide kinase/phosphatase protein 1);

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iii) Processamento final e síntese de DNA:

Nessa etapa, a 5’-dRP é removida pela atividade 5’-dRP-liase,

seguida da incorporação de nucleotídeos; ambas as atividades são

catalisadas pela mesma proteína, Polβ (no núcleo) ou Polγ (na

mitocôndria). Na via de reparo de fita curta, um único nucleotídeo é

adicionado, enquanto que na via de reparo de fita longa, uma

sequência de 2 a 11 nucleotídeos é incorporada, o que resulta no

deslocamento da fita a jusante, formando uma estrutura em aba. Essa

estrutura é então processada por FEN1 (flap endonuclease 1). Nessa

subvia, Polβ pode ser substituída pelas polimerases replicativas Polδ e

Polε, na presença de PCNA;

iv) Ligação:

Por fim, a DNA ligase III (LIG3) catalisa a junção das duas pontas da

fita de DNA.

A figura abaixo exemplifica a via BER, para alterações corrigidas pela

glicosilase UNG1, que remove uracilas do DNA.

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Figura 1 – Exemplificação da via de reparo por exição de bases (BER) para UNG1. (1) uma sequência de DNA possui uma uracila incorporada erroneamente; (2) UNG1 gira a base modificada do interior da dupla hélice para o exterior, e cliva a ligação N-glicosídica; (3) APE1 se liga ao sítio abásico, e cliva a fita de DNA; (4) Polγ cataliza a remoção da deoxiribose fosfato; (5) Polγ incorpora um novo nucleotídeo na fita; (6) LIG3 cataliza a junção das duas pontas da fita de DNA; (7) a fita de DNA se encontra reparada (Mori et al., 2017).

1.2.3. Alterações no DNA ao longo da vida

Muitas evidências demonstram que, de fato, há acumulo de alterações no

DNA com o tempo em vários modelos experimentais incluindo mamíferos, como

camundongos (Dolle et al., 1997; Dolle & Vijg, 2002; Martin et al., 1985; Vijg, 2000) e

humanos (Esposito et al., 1989; Lu et al., 2004). Uma meta-análise de 36 estudos

sobre o tema revelou uma forte correlação positiva entre danos ao DNA e

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envelhecimento (Soares et al., 2014). De fato, duas intervenções que aumentam a

longevidade em camundongos, restrição calórica e supressão do eixo somatotrófico,

causam uma redução na frequência de mutações (Garcia et al., 2008). No entanto, é

importante atentar para o fato de que essas intervenções melhoram diversos

parâmetros no organismo, e que, portanto, a diminuição na frequência de mutações

pode não ser o fator causador do aumento na longevidade, mas meramente um

efeito colateral da melhora em determinados parâmetros que podem ser causa

comum entre o acúmulo de mutações e o envelhecimento.

1.2.4. Alterações na atividade de reparo ao longo da vida

Outra forma de se analisar o papel do DNA no envelhecimento é observando

como variam as atividades dos mecanismos de reparo de DNA ao longo da vida, ao

invés de meramente observar o acúmulo de lesões. Embora hajam menos

evidências nessa área, algumas correlações podem ser observadas.

Em relação a atividades da via BER, estudos em camundongos

demonstraram que há uma diminuição na atividade de Polβ com a idade (Cabelof et

al., 2002; Kaneko et al., 2002; Krishna et al., 2005; Rao, 2007), assim como uma

diminuição na atividade de Polγ, a DNA polimerase mitocondrial (Kaneko et al.,

2002). No entanto, outros estudos observaram um aumento no nível de enzimas da

via BER com a idade (Lu et al., 2004; Souza-Pinto et al., 1999), indicando que mais

dados são necessários para estabelecer uma correlação definitiva.

Estudos analisando a via NER apresentaram resultados mais conflitantes em

relação a alterações na eficiência de reparo de danos induzidos por UV com a idade

(Best, 2009). Alguns estudos demonstraram uma atividade reduzida de NER com a

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idade (Hazane et al., 2006; Takahashi et al., 2005; Yamada et al., 2006), enquanto

outros não observaram tal redução (Merkle et al., 2004). No entanto, as

metodologias utilizadas nos estudos foram diferentes, tornando uma comparação

direta difícil. Apesar de ainda não haver evidências experimentais suficientes, alguns

autores propõem que alterações na eficiência de NER e o consequente acúmulo de

lesões que essa via deveria reparar são um mecanismo causal do envelhecimento

(Hoeijmakers, 2009). Tal convicção se deve ao fato de que mutações em genes que

codificam proteínas da via NER resultam em alguns fenótipos que se assemelham a

envelhecimento precoce. Por esse motivo, várias dessas síndromes são

classificadas como progérias segmentadas.

Um estudo que mediu a eficiência de reparo de quebras de fita de DNA

causadas por concentrações subletais de peróxido de hidrogênio em células de

jovens (19 a 26 anos), idosos (69 a 75 anos) e centenários (100 a 107 anos),

reportou que as células provenientes dos centenários possuíam uma eficiência de

reparo similar às células dos jovens, e que ambas eram superiores às células

provenientes dos idosos (Chevanne et al., 2007). No mesmo estudo, a expressão de

PARP1 (poliADP ribosilase), uma proteína envolvida na sinalização de dano no

DNA, foi significativamente menor nas células dos idosos em relação aos

centenários e aos jovens, e foi detectado um nível significativamente maior da

proteína Ku70 em centenários. Esses resultados sugerem que há uma redução na

eficiência de reparo de quebras de fita dupla com a idade, e que uma maior

atividade de reparo de DNA, como observado nos centenários, está correlacionada

com uma maior longevidade. Em outros estudos, foi demonstrado que os níveis de

NAD+ caem com a idade, e considerando que NAD+ é substrato de PARP1, assim

como de SIRT1, outra proteína cuja manipulação aumenta a expectativa de vida em

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leveduras, moscas e camundongos, a atividade dessas proteínas também deve cair.

Nessa condição, o tratamento com NMN (mononucleotídeo de nicotinamida), um

precursor de NAD+, restaura a atividade de PARP1 e previne o acúmulo de lesões

com o tempo, talvez através da inibição da formação de um complexo inibitório de

PARP1 com DBC1 (deleted in breast cancer 1) (J. Li et al., 2017). De fato, uma

correlação positiva entre os níveis de PARP1 e longevidade em mamíferos já foi

observada anteriormente (Grube & Burkle, 1992).

Outros estudos analisaram a via de reparo de quebra de fita dupla por ligação

de pontas não homólogas (NHEJ). Evidências apontam para uma diminuição

significativa da atividade da via NHEJ em neurônios do córtex de ratos com a idade

(Sharma, 2007; Vyjayanti & Rao, 2006), em concordância com um aumento de

quebras de fitas duplas (Rao, 2007). Essa observação correlaciona com uma

redução no número de células-tronco hematopoiéticas com a idade (Rossi et al.,

2007), indicando que essa via de reparo é relevante para a longevidade e resposta

ao estresse. Em outro experimento em humanos, a expressão das proteínas Ku70 e

Mre11, componentes das vias NEHJ e HR (reparo por recombinação homóloga)

estava diminuída em idosos quando comparada a adultos jovens. Além disso, os

níveis de Ku70 estavam significativamente mais altos em indivíduos provenientes de

uma vila na Coreia do Sul aonde a população possui a maior expectativa de vida

média do país quando comparados a uma população controle, composta por

indivíduos que vivem em localidades próximas, com estilo de vida similar, porém

com expectativas de vida menores (Ju et al., 2006). Similarmente, diminuições nos

níveis de mRNA de Ku70 com a idade em células-tronco hematopoiéticas e

progenitoras também foram observadas em outro estudo em humanos (Prall et al.,

2007). Por fim, uma análise in silico buscando identificar genes relacionados ou não

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ao envelhecimento concluiu que genes da via NHEJ são importantes para o

envelhecimento em humanos (Freitas et al., 2011).

De modo geral, podemos observar correlações positivas entre atividade de

reparo de DNA e longevidade em mamíferos (Cortopassi & Wang, 1996; Francis et

al., 1981; Hart & Setlow, 1974), assim como no verme Caenorhabditis elegans,

aonde a capacidades de reparo de DNA correlacionou com a longevidade em

diferentes linhagens (Hyun et al., 2008). No entanto, alguns argumentam que tal

correlação possa ser um artefato devido a espécies com maior longevidade serem

geralmente maiores, e animais maiores supostamente tenderem a ter uma maior

taxa de reparo de DNA (Promislow, 1994). Adicionalmente, alguns propõem que

algumas dessas mudanças possam ser adaptativas, de modo a compensar outras

mudanças que ocorrem durante o envelhecimento, e não causativas. Desta forma,

mais estudos são necessários para esclarecer se tais correlações são causais ou

artefatos de diferenças fisiológicas e adaptativas entre as espécies, ou respostas a

outros eventos que estejam de fato causando o envelhecimento.

1.3. Mitocôndrias

As mitocôndrias têm um papel central no funcionamento das células, estando

envolvidas em uma grande quantidade de vias centrais para o funcionamento do

organismo. No entanto, mitocôndrias se destacam de outras organelas por serem

uma das duas organelas que possuem DNA próprio (DNA mitocondrial, DNAmt); os

cloroplastos, em células fotossintetizantes, também possuem DNA. Devido às suas

características, Lynn Margulis propôs em 1966 que mitocôndrias (assim como

cloroplastos) se originaram de bactérias que entraram em uma relação simbiótica

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com outras células procarióticas ancestrais, provavelmente Archea, possibilitando a

evolução das células eucarióticas (Sagan, 1967). Sua hipótese foi ignorada por

muito tempo no meio científico, com a própria Lynn Margulis lembrando que seu

artigo original foi recusado em 15 periódicos científicos até ser aceito (Knoll, 2012).

Foi apenas na década de 80, com a descoberta de que os DNAs de mitocôndrias e

cloroplastos são diferentes do DNA nuclear, e se assemelham ao de bactérias, que

a teoria passou a ser mais aceita (revisto em Gray, 2012).

1.3.1. Estrutura e função mitocondrial

Mitocôndrias são as principais responsáveis pela geração de energia em

células aeróbicas, na forma de adenosina trifosfato (ATP), através da fosforilação

oxidativa. Essa organela é envolta por duas membranas lipídicas que, juntas, criam

dois compartimentos mitocondriais separados: a matriz mitocondrial, envolta pela

membrana mitocondrial interna, e o espaço intermembranas, delimitado pelas

membranas mitocondriais interna e externa. Na matriz, encontram-se diversas

enzimas, responsáveis por suas diversas funções metabólicas, assim como o DNA

mitocondrial. A membrana interna abriga os complexos proteicos que realizam o

transporte de elétrons de coenzimas reduzidas (NADH e FADH2) para o oxigênio

molecular, com concomitante bombeamento de prótons para o espaço

intermembrana, e a fosforilação de ADP em ATP, acoplada ao consumo dessa força

próton-motora gerada pelo bombeamento de prótons (complexos I ao V). Essa

membrana apresenta uma elevada razão proteína/lipídeos e baixa permeabilidade a

íons e outros solutos. Além disso, a membrana interna apresenta diversas

dobraduras, denominadas cristas, cujo propósito é aumentar a área de superfície da

membrana sem aumentar o espaço ocupado pela organela dentro da célula. Essa

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característica é relevante à função mitocondrial, fazendo com que as cristas

aumentem o potencial de geração de energia da mitocôndria sem aumentar o seu

tamanho, de forma análoga a como os giros e sulcos aumentam a área de superfície

do córtex cerebral sem aumentar o espaço ocupado pelo cérebro. Na membrana

interna, também se encontram proteínas de transporte, que transportam

seletivamente moléculas que serão utilizadas nos processos metabólicos realizados

na matriz. A membrana externa, por sua vez, é altamente permeável a moléculas

com massa molar menor ou igual a 5.000 Daltons, devido à alta quantidade de

porinas que possui (Nicholls & Ferguson, 2002).

Além de sua função na geração de energia, a mitocôndria também está

envolvida em outros processos, como metabolismo de biomoléculas (através do ciclo

do ácido cítrico), metabolismo de aminoácidos e balanço de nitrogênio (através de

parte do ciclo da ureia), metabolismo de ácidos graxos (através da β-oxidação),

sinalização, desenvolvimento, morte celular (por apoptose, necrose e autofagia), e

controle do ciclo celular e do crescimento celular, além de outros processos (Nicholls

& Ferguson, 2002; Voet & Voet, 2011). A mitocôndria também é um importante sítio

de geração de espécies reativas de oxigênio (EROs) endógenos, produzidos pela

redução parcial do oxigênio molecular durante o transporte de elétrons na cadeia

respiratória (Kowaltowski et al., 2009).

Treze subunidades de 4 dos 5 complexos constituintes da fosforilação

oxidativa são codificadas no DNAmt e transcritas e traduzidas dentro da mitocôndria.

Dessa forma, a estabilidade do DNAmt é essencial para o bom funcionamento da

célula e, consequentemente, do organismo. No entanto, dados da literatura indicam

que o DNAmt acumula mutações ao longo do tempo, que podem levar à disfunção

mitocondrial, e consequente disfunção no organismo como um todo. Diversos

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autores associam tal acúmulo de danos no DNAmt com o envelhecimento. Uma das

principais causas de dano no DNAmt, e, consequentemente, uma das causas

hipotetizadas do envelhecimento, pode ser o ataque por EROs geradas dentro da

mitocôndria (Harman, 1956). De fato, a hipótese, proposta por Denhan Harman em

1956, de que EROs eram responsáveis pelo envelhecimento, é possivelmente a

mais antiga explicação bioquímica sobre o envelhecimento. EROs são produzidos

de diversas maneiras, mas um de seus principais sítios de produção é a própria

mitocôndria. Por esse motivo, vias de reparo do DNAmt são de extrema importância,

e sua regulação pode ser um determinante da longevidade do organismo.

1.3.2. DNA mitocondrial

O genoma mitocondrial consiste em moléculas de DNA circular com um

tamanho de aproximadamente 16,5 kb (em mamíferos) e duas fitas, denominadas

fita leve (OL, do inglês light strand) e fita pesada (OH, do inglês heavy strand), que

diferem em suas massas, devido a diferentes proporções de purinas em cada

(Anderson et al., 1981). Além dos 13 polipeptídeos da forsforilação oxidativa, o

DNAmt codifica 22 RNAs transportadores (RNAt) e 2 RNAs ribossomais (RNAr). As

subunidades codificadas no DNAmt incluem 7 subunidades do Complexo I (ND1,

ND2, ND3, ND4, ND4L, ND5 e ND6), uma do Complexo III (citocromo B), 3 do

Complexo IV (COXI, COXII e COXIII) e 2 do Complexo V (ATPase 6 e ATPase 8). O

DNAmt não possui íntrons entre as regiões codificadoras, e possui apenas uma

região não-codificadora conservada, a alça de deslocamento (D-loop, do inglês

displacement loop), que contém os promotores de transcrição das duas fitas (light

strand promoter, LSP; heavy strand promoter, HSP) e a origem de replicação da fita

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pesada (OH). A origem de replicação da fita leve (OL) se encontra a cerca de 6 kb de

distância de OH (Anderson et al., 1981). A Figura 1 ilustra a organização geral do

DNAmt.

Figura 2 - Mapa do DNA mitocondrial humano. Origens de replicação das fitas pesada e leve (OH e OL); subunidades 1-6 do Complexo I (NDI-ND6); subunidades 1-3 do Complexo IV (COX1-COX3); subunidades 6 e 8 do Complexo V (ATP6 e ATP8); e citocromo b do Complexo III (Cyt b) (adaptado de Alexeyev et al., 2013)).

1.3.3. Dano no DNA mitocondrial

O DNAmt, assim como o DNA nuclear, é constantemente exposto à

diversos fatores endógenos e exógenos que podem danificá-lo. Tais danos, se não

reparados, comprometem a estabilidade genômica e podem provocar doenças,

como câncer, e perda de função da mitocôndria. Os danos provocados por EROs no

DNAmt são os mais abundantes, e, talvez consequentemente, os mais estudados.

EROs podem provocar danos em outras macromoléculas também, mas seus efeitos

no DNA podem ser mais relevantes para a célula, uma vez que mutações podem

resultar em RNAs e proteínas incorretas ou instáveis. No DNAmt, seus efeitos

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podem ser ainda maiores do que no DNA nuclear, uma vez que o DNAmt se

encontra associado à membrana mitocondrial interna (Albring et al., 1977), principal

sítio de geração de EROs na célula, e não possui a proteção das histonas. No

entanto, vale ressaltar que TFAM (mitochondrial transcription factor A) se liga, e

parece recobrir completamente o DNAmt, e pode exercer uma função análoga às

histonas no DNA nuclear, e proteger o DNAmt de danos por EROs (Canugovi et al.,

2010).

1.3.4. Geração de espécies reativas de oxigênio

A geração intracelular de EROs pode ocorrer em diversos sítios, como nas

mitocôndrias, nos peroxissomos, no retículo endoplasmático, ou mesmo no citosol,

através de diversas reações (Holzerova & Prokisch, 2015). Em células não-imunes,

e em condições fisiológicas, o principal sítio de produção de EROs na célula é a

mitocôndria, através do vazamento de elétrons da cadeia de transporte de elétrons.

A principal ERO produzida é o radical ânion superóxido (O2 ●-), através da redução

monoeletrônica de oxigênio molecular nos complexos I e III (Kowaltowski et al.,

2009). Em meio aquoso, O2●- é relativamente pouco reativo, mas pode gerar

espécies mais reativas, como ●OH, através de reações subsequentes. O2●- é

convertido a H2O2 pela enzima superóxido dismutase (Mn-SOD e Cu,Zn-SOD) na

matriz mitocondrial e no espaço intermembranas. Em seguida, H2O2 pode ser

convertido a O2 e H2O pela enzima catalase fora das mitocôndrias (principalmente

nos peroxissomos) – embora hajam evidências de catalase em mitocôndrias de

fígado (Salvi et al., 2007) e coração (Radi et al., 1991) de ratos, ou pelos pares

redox GSSG/GSH e NADP+/NADPH, através de reações catalisadas por glutationa

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peroxidase e redutase, e NAD+/NADH, através de reação catalisada por NADH

peroxidase (Nicholls & Ferguson, 2002). No entanto, na presença de metais de

transição, como Fe2+ e Cu3+, H2O2 pode ser reduzido, e após cisão homolítica gerar

●OH, cuja reatividade com biomoléculas é limitada apenas por sua taxa de difusão.

O radical hidroxila pode reagir de duas formas com o DNA: abstraindo

hidrogênios e se adicionando. A abstração de hidrogênios ocorre em um dos cinco

carbonos da 2’-dRP, numa ordem de preferência determinada pela acessibilidade do

carbono, de C5’ até C1’ (em ordem decrescente de preferência) (Aydogan et al.,

2002; Balasubramanian et al., 1998; J. Miller et al., 1994). Essa abstração gera um

radical no carbono atacado, que ocasiona rearranjos intramoleculares, resultando

frequentemente em quebras na fita de DNA (Breen & Murphy, 1995; Pogozelski &

Tullius, 1998). Já a adição de ●OH ocorre em ligações duplas nas bases

nitrogenadas (Sonntag, 1987) – C4, C5 e C8 em purinas, e C5 e C6 em pirimidinas.

1.3.5. Reparo de lesões no DNA mitocondrial

A mitocôndria utiliza quase todas as vias de reparo de DNA que foram

descritas no núcleo. Todas as enzimas essenciais da via BER já foram localizadas

em mitocôndrias de mamíferos, e a via foi reconstituída in vitro usando extratos

mitocondriais. Outra via de reparo já identificada em mitocôndrias é a via de

reversão direta. Tanto MGMT (do inglês O6-methyl-guanine DNA methyl

transferase), que catalisa a remoção de grupos metila em guaninas, quanto

fotoliases, que revertem dímeros de pirimidinas, já foram identificadas em

mitocôndrias de vertebrados e plantas. Evidências experimentais também indicam a

existência das vias de reparo de bases mal-pareadas (de Souza-Pinto et al., 2009),

recombinação homóloga e junção de pontas não homólogas de DNA (revisto em

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Alexeyev et al., 2013). Não há ainda evidências na literatura acerca da existência de

reparo por excisão de nucleotídeos na mitocôndria, apesar de componentes dessa

via já terem sido identificados em mitocôndrias de mamíferos, como CSA e CSB

(Aamann et al., 2010; Kamenisch et al., 2010), e XPD (J. Liu et al., 2015). Devido a

presença de diversas cópias de DNAmt em mitocôndrias, a possibilidade que

genomas significativamente danificados, ou contendo lesões que não possam ser

reparadas, sejam degradados deve ser considerada. Entretanto, a importância

desse processo na manutenção da integridade do DNAmt ainda não está

esclarecida (revisto em Alexeyev et al., 2013).

Mecanisticamente, a via BER mitocondrial é análoga à via BER caracterizada

no núcleo, com algumas pequenas diferenças. Primeiramente, enquanto o

nucleotídeo alterado é substituído através da ação de Polβ, δ ou ε no núcleo, na

mitocôndria é Polγ que age. Adicionalmente, das 11 glicosilases, apenas 6 foram,

até o momento, localizadas nos compartimentos mitocondriais: UNG, MYH, OGG1,

NTH1, Neil1 e AAG.

Apesar da via de reparo por excisão de bases mitocondrial estar bem

caracterizada bioquimicamente, os mecanismos envolvidos na sua regulação ainda

não estão claros. A observação de que a proteína p53 pode modular a atividade de

BER mitocondrial (de Souza-Pinto et al., 2004) sugere que proteínas envolvidas na

resposta a lesões de DNA no núcleo podem também ter papéis análogos na

mitocôndria. Por outro lado, proteínas envolvidas no controle da função mitocondrial,

como mTOR, também respondem a diversos tipos de estresses que causam lesões

em DNA. Desta forma, é importante determinar se a ativação dessas vias também

modula as atividades de reparo de DNA em mitocôndrias.

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1.4. Mechanistic Target of Rapamycin (mTOR)

mTor (mechanistic target of rapamycin, previamente mammalian target of

rapamycin) é uma proteína que foi inicialmente identificada por ser o alvo molecular

de rapamicina (conhecido clinicamente por sirolimus), um fármaco utilizado no

tratamento de diversos tipos de câncer, e que foi identificado pela primeira vez por

uma expedição à Ilha de Páscoa (conhecida no idioma nativo como Rapa Nui, de

onde provém o nome do composto) em 1964 com a finalidade de colher amostras de

solo para identificar novos agentes antimicrobianos. Em bactérias isoladas de uma

dessas amostras, foi encontrada a rapamicina, que demonstrou propriedades

imunossupressivas, antitumorais e antifúngicas (Eng et al., 1984; Martel et al., 1977;

Vezina et al., 1975). Posteriormente, descobriu-se que o mecanismo de ação da

rapamicina se dava através da formação de um complexo com FKBP12, com ganho

de função, que resultava na inibição de vias de crescimento e proliferação (Chung et

al., 1992). No entanto, apenas dois anos depois é que mTOR foi identificado como

alvo molecular do complexo rapamicina-FKBP12 (Brown et al., 1994; Sabatini et al.,

1994; Sabers et al., 1995), além de ser homólogo ao gene TOR (DRR) em leveduras

(Cafferkey et al., 1993; Heitman et al., 1991; Kunz et al., 1993).

mTOR é uma serina/treonina cinase da família PIKK (phosphatidylinositol 3-

kinase-related kinase), presente em todas as espécies de eucariotos examinadas

até hoje (Wullschleger et al., 2006), indicando um alto grau de conservação durante

a evolução. A proteína mTOR existe em dois complexos supramoleculares,

mTORC1 e mTORC2 (mTOR complex 1 e 2, respectivamente), que diferem nas

proteínas associadas a mTOR. Os dois complexos possuem papéis distintos na

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célula. Dados experimentais indicam que mTORC1 é o principal mediador da

sinalização de disponibilidade de nutrientes e possui papel central na regulação do

crescimento celular. mTORC2, por sua vez, parece estar envolvido na organização

espacial do citoesqueleto. A atividade de mTORC1 é afetada pelos níveis de

mitógenos, energia e nutrientes, principalmente aminoácidos (Wei & Zheng, 2011).

De forma geral, maiores níveis de energia/nutrientes levam à fosforilação de

mTORC1, e consequente aumento de sua atividade, que consiste em fosforilar

proteínas que promovem o crescimento celular, ativando-as, e proteínas que

promovem a autofagia, inibindo-as. Escassez de substratos, ao contrário, leva à

inibição de mTORC1, e consequente inibição de proteínas que promovem o

crescimento celular e ativação das que promovem autofagia.

1.4.1. mTORC1

Estruturalmente mTORC1 é composto por mTOR, Raptor (regulatory protein

associated with mTOR), mLST8 (mammalian lethal with Sec13 protein 8), DEPTOR

(DEP domain containing mTOR interacting protein) e PRAS40 (proline-rich Akt

substrate of 40 kDa) (Hara et al., 2002; D. H. Kim et al., 2002; D. H. Kim et al., 2003).

A função de Raptor é ajudar a recrutar os substratos de mTOR, ao se ligar em um

motivo estrutural (TOS, de TOR signaling motif) presente em diversos de seus

substratos (Nojima et al., 2003; Schalm et al., 2003). Já mLST8 age se associando

com o domínio catalítico de mTORC1 e possivelmente estabilizando a alça de

ativação da cinase (H. Yang et al., 2013). No entanto, possivelmente mLST8 é

dispensável para as funções essenciais de mTORC1 (Guertin et al., 2006). DEPTOR

e PRAS40 agem como duas subunidades inibitórias (Peterson et al., 2009; Sancak

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et al., 2007; Vander Haar et al., 2007; Wang et al., 2007). Estudos sobre a estrutura

de mTORC1 revelam que o complexo forma um dímero de cerca de 1-mDa, com

interface de dimerização entre sequências HEAT(um motivo estrutural composto de

repetições de duas alfa hélices ligadas por uma pequena alça, cujo acrônimo é a

inicial de quatro proteínas nas quais essa estrutura é achada: Huntingtin, elongation

factor 3 (EF3), protein phosphatase 2A (PP2A), and the yeast kinase TOR1) de

mTOR, assim como entre Raptor e mTOR (Aylett et al., 2016; Baretic et al., 2016;

Yip et al., 2010). mTORC1 é o alvo do complexo rapamicina-FKBP12, que se liga no

domínio FRB (FKBP-rapamycin binding domain) de mTOR, e age tornando a fenda

catalítica de mTOR mais estreita, dificultando o acesso de substratos ao sítio

catalítico (H. Yang et al., 2013).

À montante, mTORC1 sofre influência de diversas vias. Entre elas, inclui-se o

eixo da insulina/IGF-1, através de PI3K e Akt; os níveis de AMP e ATP, através de

AMPK; e da sinalização dos níveis de estresse, através de vias ainda pouco

caracterizadas. Todos esses sinais convergem para o complexo TSC1-TSC2, que

serve como um fator de troca de GTPase (GEF, do inglês, GTPase exchange factor)

para Rheb, que, quando ligada à GTP, ativa mTOR através de uma ligação direta

(Manning & Cantley, 2003). A sinalização dos níveis de aminoácidos não necessita

da intermediação de Rheb, pois passa por um conjunto diferente de pequenas

GTPases, RagA/B e RagC/D.

À jusante, mTORC1 exerce sua influência através de diversas proteínas e em

diversos processos, estando envolvido na síntese de proteínas, e no metabolismo de

lipídeos, aminoácidos e glicose, além da regulação da autofagia. Embora o papel de

mTORC1 na regulação da tradução seja bem conhecido, ainda não está claro como

ele afeta tipos específicos de mRNAs, mas análises de global ribosome footprinting

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sugerem que, embora inibição aguda de mTOR suprima tradução de uma forma

geral, ela afeta mais profundamente mRNAs contendo motivos TOP-like (terminal

oligopyrimidine like), que incluem a maioria dos genes envolvidos em síntese de

proteínas (Hsieh et al., 2012; Thoreen et al., 2012). O mecanismo de ação de

mTORC1 na síntese de proteínas se dá principalmente através da fosforilação de

S6K1 (p70S6 Kinase 1) e 4EBP (eIF4E Binding Protein). S6K1 é fosforilado por

mTORC1 em um motivo hidrofóbico, Thr389, permitindo a sua fosforilação e

ativação subsequente por PDK1. S6K1 em mamíferos, assim como seus ortólogos

em outras espécies, fosforila diversas proteínas que promovem a tradução de

mRNAs, incluindo eIF4B, um regulador positivo do complexo eIF4F, que se liga ao 5’

cap (Holz et al., 2005). S6K1 também fosforila e promove a degradação de PDCD4,

um inibidor de eIF4B (Dorrello et al., 2006), e aumenta a eficiência de tradução de

mRNAs que sofreram splicing através de sua interação com SKAR, um componente

do complexo de junção de exons (Ma et al., 2008). Logo, através da fosforilação e

consequente ativação de S6K1, mTORC1 induz a biossíntese de proteínas, que

resulta em crescimento celular. Por outro lado, 4EBP tem sua função inibida através

da fosforilação por mTORC1 em múltiplos sítios, que faz com que a proteína perca

sua associação com o fator de tradução eIF4E (Brunn et al., 1997; Gingras et al.,

1999). Sem a inibição, a função de 4EBP seria de sequestrar eIF4E, impedindo a

formação do complexo eIF4F. A liberação de eIF4E, por sua vez, induz a tradução

de mRNAs dependentes de 5’-cap. Deste modo, a inibição de 4EBP por mTORC1

também contribui para o crescimento celular.

mTORC1 também influencia a autofagia, regulando-a negativamente. Desta

forma, quando mTORC1 é ativado, o crescimento celular é promovido, e a autofagia

inibida. Quando mTORC1 é desativado, o crescimento é desativado e a célula

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aumenta a atividade autofágica, passando a reaproveitar componentes oriundos da

autofagia de moléculas defeituosas, de modo a compensar pela menor entrada de

nutrientes (revisto em Pan et al., 2012). Quando a célula possui nutrientes o

suficiente, mTORC1 fosforila ULK1, uma cinase que forma um complexo com

ATG13, ATG101 e FIP2000 e age na formação do autofagossomo. Essa fosforilação

por mTORC1 previne sua ativação por AMPK, um importante ativador da autofagia

(J. Kim et al., 2011). mTORC1 também fosforila, inibindo, TFEB (fator de transcrição

EB), responsável pelo controle da expressão de genes relacionados à biogênese de

lisossomos e de componentes da autofagia (Martina et al., 2012; Roczniak-Ferguson

et al., 2012; Settembre et al., 2012). Além disso, a inibição aguda de mTORC1

aumenta rapidamente a proteólise dependente de proteossomas através de um

aumento na ubiquitinação de proteínas (Zhao et al., 2015), ou um aumento na

abundância de chaperonas proteossomais através da inibição de Erk5 (Rousseau &

Bertolotti, 2016). Interessantemente, hiperativação genética de mTORC1 também

demonstrou sinais de aumento na atividade proteossomal, aumentando a expressão

de subunidades do proteossomo à jusante de Nrf1 (Zhang et al., 2014).

Possivelmente esse aumento na degradação de proteínas observado durante a

superativação de mTORC1 tenha ocorrido de forma a balancear o aumento na taxa

de síntese de proteínas. No entanto, pouco ainda de sabe sobre como mTORC1

regula o sistema de degradação por proteossoma-ubiquitina.

Devido a função de mTORC1 em promover o crescimento das células, é

normal que ele também esteja envolvido na regulação do metabolismo de lipídeos,

uma vez que células em crescimento necessitam de mais lipídeos para a formação

de novas membranas e a ampliação de velhas. O mecanismo de ação pelo qual

mTORC1 promove a síntese de novo de lipídeos é a fosforilação do fator de

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transcrição SREBP (sterol responsive element binding protein), que controla a

expressão de genes envolvidos na síntese de ácidos graxos e colesterol (Porstmann

et al., 2008). Normalmente, SREBP é ativado quando os níveis de esteróis estão

muito baixos. No entanto, mTORC1 é capaz de ativar SREBP por outras vias, uma

dependente de S6K1 (Duvel et al., 2010), e outra pela fosforilação de Lipin1, que

inibe SREBP quando não fosforilado por mTORC1 (Peterson et al., 2011).

Similarmente à necessidade de células em crescimento de produzirem mais

lipídeos, a necessidade de nucleotídeos durante o crescimento celular também é

aumentada. Na síntese de nucleotídeos, mTORC1 age através da fosforilação, por

meio de S6K1, de CAD (carbamoil fosfato sintase), um componente importante da

via de síntese de novo de pirimidinas (Ben-Sahra et al., 2013; Robitaille et al., 2013).

Na síntese de purinas, mTORC1 age através do aumento da expressão de MTHFD2

dependente de ATF4, um componente importante do ciclo de tetrahidrofolato

presente nas mitocôndrias, que produz unidades de um-carbono para a síntese de

purinas (Ben-Sahra et al., 2016).

Em relação ao metabolismo de glicose, mTORC1 promove uma alteração no

balanço do metabolismo de forma a favorecer a glicólise ao invés da fosforilação

oxidativa. De fato, superativação de mTORC1 em células cancerígenas parece ser

um importante contribuinte para a ocorrência do efeito Warburg (Courtnay et al.,

2015). mTORC1 aumenta a transcrição do fator de transcrição HIF1α, que promove

a tradução de diversas enzimas envolvidas na glicólise, como PFK (fosfofruto

cinase) (Duvel et al., 2010). A ativação de SREBP por mTORC1 também age

aumentando o fluxo através da via de pentose fosfato, que gera NADPH e outros

metabolitos intermediários necessários para o crescimento e proliferação.

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1.4.2. mTORC2

Diferentemente de mTORC1, mTORC2 é insensível à rapamicina, embora

tratamento prolongado com rapamicina iniba mTORC2 indiretamente, possivelmente

através da impossibilidade de mTORs ligados a rapamicina serem incorporados na

formação de novos complexos mTORC2 (Lamming et al., 2012; Sarbassov et al.,

2006). mTORC2 também possui mTOR, mLST8 e DEPTOR (Peterson et al., 2009).

No entanto, no lugar de Raptor, mTORC2 possui Rictor (rapamycin insensitive

companion of mTOR) (Jacinto et al., 2004; Sarbassov et al., 2004). Adicionalmente,

mTORC2 possui outras subunidades regulatórias: mSin1 (Frias et al., 2006; Jacinto

et al., 2006; Q. Yang et al., 2006) e Protor1/2 (Pearce et al., 2007; Thedieck et al.,

2007; Woo et al., 2007).

Enquanto mTORC1 possui um papel central na regulação do crescimento e

do metabolismo, mTORC2 age na regulação da proliferação e da sobrevivência,

principalmente através da fosforilação de diversas enzimas membros da família AGC

(nomeada assim por causa das proteínas cinases das famílias A, G e C -

PKA/PKG/PKC) de proteínas cinases. Através da fosforilação de PKCα, mTORC2

regula o citoesqueleto de actina (Jacinto et al., 2004; Sarbassov et al., 2004).

mTORC2 também fosforila PKCδ (Gan et al., 2012), PKCγ, PKCε (Thomanetz et al.,

2013) e PKCζ (X. Li & Gao, 2014), todas proteínas envolvidas em diversos aspectos

do remodelamento do citoesqueleto e da migração celular. SGK1, outra cinase da

família AGC, também é fosforilada por mTORC2, ativando-a, e regulando o

transporte de íons e a sobrevivência celular (Garcia-Martinez & Alessi, 2008). Outra

função importante de mTORC2 é a fosforilação e ativação de Akt (Sarbassov et al.,

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2005), promovendo sobrevivência, proliferação e crescimento celular através da

fosforilação e inibição de outras proteínas, entre elas GSK3β (um regulador do

metabolismo), TSC2 (um inibidor de mTORC1) e FoxO1/3a (um fator de transcrição

envolvido em sobrevivência e proliferação celular). Fosforilação de Akt por mTORC2

parece ser essencial para a fosforilação de alguns substratos in vivo, como

FoxO1/3a, mas não para outros, como TSC2 (Guertin et al., 2006; Jacinto et al.,

2006).

1.4.3. mTOR e envelhecimento

Devido ao seu papel central na regulação do metabolismo e da resposta a

estresses, alguns autores propuseram que mTOR tem um papel importante no

processo de envelhecimento, e sua regulação poderia ser um dos mecanismos

pelos quais agem os efeitos de extensão da longevidade observados em condições

de restrição de calorias. Deste modo, a inibição de mTOR teria efeitos

prolongadores na longevidade (Blagosklonny, 2006).

As primeiras evidências do papel de mTOR no envelhecimento vieram de

estudos em C. elegans, aonde a expressão reduzida de homólogos de mTOR

(ceTOR, conhecido previamente como let-363) ou Raptor (daf-15) levou a um

aumento na longevidade dos organismos (Jia et al., 2004; Vellai et al., 2003).

Resultados semelhantes foram obtidos em Drosophila (Kapahi et al., 2004), levedura

(Kaeberlein et al., 2005) e camundongos (Anisimov et al., 2010; C. Chen et al., 2009;

Harrison et al., 2009; Lamming et al., 2012; R. A. Miller et al., 2011; Wilkinson et al.,

2012; Wu et al., 2013). De fato, rapamicina é o único composto farmacológico

conhecido até o momento capaz de aumentar a expectativa de vida máxima nesses

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modelos com evidências consistentes (Bjedov et al., 2010; Harrison et al., 2009;

Powers et al., 2006; Robida-Stubbs et al., 2012). Adicionalmente, Drosophila,

leveduras, e C. elegans com redução na atividade de mTOR, não apresentam

aumento da longevidade em regimes de restrição calórica (Hansen et al., 2007;

Kaeberlein et al., 2005; Kapahi et al., 2004). Isso é relevante, uma vez que restrição

calórica é a única outra intervenção que tem demonstrado uma capacidade de

aumentar a longevidade de forma consistente em uma gama diversa de organismos.

Não surpreendentemente, devido ao papel de mTOR como sensor de nutrientes e

energia, muitos especularam desde cedo que o mecanismo pelo qual a restrição

calórica aumenta a longevidade nos seres vivos envolveria mTOR. Tais resultados

suportam essa hipótese. No entanto, os mecanismos exatos pelos quais mTOR

aumenta a longevidade ainda não são completamente compreendidos. Uma

possibilidade é que a diminuição do crescimento, e consequente menor tradução

generalizada, diminua a taxa com que produtos indesejados se acumulem nas

células, como EROs e proteínas danificadas, simplesmente fazendo com que as

células demorem mais para se desgastarem. Outra possibilidade é que o maior nível

de autofagia promovido por níveis menores de mTOR seja responsável por reciclar

componentes defeituosos, como proteínas e organelas, mantendo o estado de

funcionamento da célula melhor. Uma terceira hipótese é ainda a de que o efeito

prolongador da vida promovido pela inibição de mTOR seria resultado de uma

melhora na capacidade de autorrenovação de células-tronco, como evidenciado pela

melhora na capacidade de autorrenovação de células-tronco hematopoiéticas e

intestinais em camundongos (C. Chen et al., 2009; Yilmaz et al., 2012). Tal

argumento está em linha com a hipótese de que a perda da capacidade de

renovação de células-tronco é um ponto chave no envelhecimento, uma vez que,

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teoricamente, a quantidade e natureza dos danos acumulados em tecidos não

importaria, uma vez que, ao atingirem um estado crítico, as células danificadas

poderiam ser repostas por células novas e sem defeitos, advindas da divisão de

células-tronco.

Por fim, dados os efeitos registrados de mTOR no envelhecimento, é natural

que muitos tenham aventado a possibilidade de utilizar inibidores de mTOR como

fármacos para amentar a longevidade. Enquanto que tal intervenção poderia

apresentar uma série de possíveis efeitos colaterais, como imunossupressão e

intolerância a glicose, um teste clínico recente com tratamento de idosos com

everolimus, um derivado de rapamicina, se mostrou seguro, além de apresentar uma

melhora na função imune (Mannick et al., 2014). Outros regimes de dosagem

alternativos também foram propostos que talvez possam aumentar a longevidade

com efeitos colaterais reduzidos (Arriola Apelo et al., 2016). Os últimos anos viram

um aumento no desenvolvimento de derivados da rapamicina, conhecidos como

“rapalogs” (rapamycin and its analogs), com o objetivo de tornar a inibição de mTOR

mais eficiente, e/ou isolar a inibição de mTORC1 da de mTORC2, aumentando a

possibilidade de descobrimento de algum análogo que seja mais seguro para

consumo humano.

1.4.4. Efeitos de mTOR na mitocôndria

mTORC1 regula diretamente a biogênese e o turnover mitocondrial em

mamíferos e em outros organismos modelo inferiores. Em músculos esqueléticos de

ratos, rapamicina reduz a expressão de genes que codificam componentes da

fosforilação oxidativa, através da redução da expressão de reguladores da

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transcrição de proteínas mitocondriais, como PGC1α e NRF-1 (Cunningham et al.,

2007). Outras evidências também apontam para um envolvimento de mTOR no

metabolismo mitocondrial. Inibição do complexo mTORC1 por meios farmacológicos

ou genéticos resulta em uma diminuição dos níveis de respiração mitocondrial e da

respiração desacoplada, induzindo um estado de dependência aumentada da

glicólise aeróbica (Schieke et al., 2006). Além disso, mTOR também pode estar

envolvido no controle da apoptose, uma vez que se encontra em complexo com

VDAC1 e Bcl-xl, proteínas evolvidas no controle da apoptose, na membrana

mitocondrial externa (Ramanathan & Schreiber, 2009). Todas essas evidências

apontam para um papel importante de mTOR na mitocôndria. De fato, um aumento

da mitofagia foi observado em modelos celulares que portavam um DNAmt com uma

mutação patogênica após a administração de rapamicina, resultando na redução de

DNAmt mutado e no reestabelecimento parcial dos níveis de ATP (Dai et al., 2014).

Deste modo, a investigação dos efeitos da inibição de mTOR na mitocôndria,

principalmente nos aspectos concernentes ao reparo do DNAmt, são de extrema

importância para a elucidação dos mecanismos que regulam o processo de

envelhecimento.

1.4.5. mTOR e reparo de DNA

Algumas evidências apontam para um papel de mTOR na modulação dos

níveis de reparo de DNA. A inibição de mTOR por KU0063794 causa um aumento

nos níveis proteicos de MGMT (O-6-methylguanine-DNA methyltransferase) em

células de glioblastoma T98G in vitro, muito embora a inibição cause uma

diminuição dos níveis globais de síntese de proteínas (Smalley et al., 2014), o que

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parece indicar que a regulação da síntese de MGMT se dá por meios alternativos, e

pode ser ativada em condições de estresse. Por outro lado, em células de câncer de

mama MCF7, inibição de mTOR através do tratamento com rapamicina resulta em

uma supressão significativa de recombinação homóloga e de NHEJ, dois

mecanismos utilizados no reparo de quebras de fita dupla induzidas por radiação

ionizante (H. Chen et al., 2011). Essa supressão é condizente com observações

anteriores de que inibidores de mTOR possuem efeito radiossensibilizador (Albert et

al., 2006; Ekshyyan et al., 2009). Além disso, vias de resposta a danos no DNA

inibem mTORC1 através da indução de genes regulados por p53, incluindo PTEN,

TSC2 e AMPKβ, uma subunidade regulatória de AMPK, todos aumentando a

atividade de TSC, com consequente inibição de mTORC1 (Feng et al., 2007). Por

fim, evidências apontam para o envolvimento de mTORC1 na regulação da

expressão de NDRG1 (N-myc downstream-regulated gene 1), além de MGMT, em

algumas linhagens de camundongos com alta longevidade (Dominick et al., 2017),

supostamente através da regulação do complexo CCR4-NOT, um regulador pós-

transcricional. Maior expressão de NDRG1 parece estar associada com melhorias no

reparo de DNA, através de uma maior estabilidade de MGMT (Weiler et al., 2014).

Entretanto, apesar da importância histórica das teorias de envelhecimento por

alterações no DNA, e da importância atual do papel de mTOR no processo, devido

as evidências acumuladas, o estudo da relação entre atividades de reparo de DNA e

mTOR foi apenas timidamente explorado. Em relação ao DNA mitocondrial,

aparentemente nada foi produzido ainda. Desta forma, o papel dessa proteína na

regulação de reparo em mitocôndrias, uma organela cuja função é diretamente

afetada pela cascata de sinalização de mTOR, ainda não foi investigado, o que torna

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essa uma área de investigação relevante para o entendimento dos processos que

ocorrem em organismos vivos, em especial o envelhecimento.

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2. OBJETIVOS

2.1. Objetivos gerais

Dado o envolvimento de mTOR na regulação da taxa de envelhecimento -

dentro de certo limite - e o papel teórico das alterações no DNA, tanto nuclear como

mitocondrial, proposto para o envelhecimento, decidimos investigar a interface entre

esses dois fenômenos; ou seja, este estudo teve o objetivo de investigar se parte do

efeito protetor conferido por uma sinalização menor de mTOR durante o

envelhecimento poderia se dar por meio de uma maior proteção ao genoma, dando

especial atenção ao genoma mitocondrial.

2.2. Objetivos específicos

1. Avaliar os níveis de expressão e atividade de enzimas da via de reparo por

excisão de bases em células com menor expressão de mTOR, com o

objetivo de estabelecer o mecanismo pelo qual mTOR pode participar da

manutenção da estabilidade do DNAmt;

2. Investigar as alterações metabólicas provocadas pela variação na expressão

de mTOR, assim como variações no número de cópias de DNAmt e massa

mitocondrial;

3. Determinar a citotoxicidade de agentes que induzem estresse oxidativo

mitocondrial, com o objetivo de determinar se a diminuição nos níveis de

mTOR protege as células de agentes que causam lesões oxidativas em DNA

mitocondrial.

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3. MATERIAIS E MÉTODOS

3.1. Modelos utilizados

3.1.1. Células HEK293T

As células HEK293T utilizadas nos experimentos foram obtidas através de

uma doação do Laboratory of Molecular Gerontology, NIA, NIH, EUA. As células

tiveram a expressão do gene mTOR silenciada em um projeto anterior (Dias, 2013),

através da transfecção das células com vetores plasmidiais expressando short

hairpin RNAs (shRNAs) específicos para o gene (Origene, USA – número de acesso:

TF320364). Adicionalmente, células transfectadas com plasmídeos com sequências

embaralhadas foram utilizadas como controle.

3.1.2. Fígado de camundongos

Com o intuito de complementar algumas análises feitas no projeto, foram

utilizadas amostras de fígado de camundongo cedidas pelo professor William

Festuccia, do Instituto de Ciências Biomédicas da Universidade de São Paulo. As

amostras de fígado eram oriundas de camundongos C57BL/6J, com deleção tecido-

específica dos genes TSC e Raptor, resultando em superativação e silenciamento

de mTORC1, respectivamente. Uma amostra controle também foi disponibilizada. Os

experimentos envolvendo manipulação animal foram realizados no laboratório do

Prof. Festuccia, e foram aprovados pela CEUA-ICB, sob número 115/2016.

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3.2. Cultivo celular

As células foram rotineiramente cultivadas em meio de cultura Dulbeco’s

Modified Eagle Medium – DMEM contendo 25 mM de glicose (LGC Biotecnologia),

10% de soro fetal bovino (GIBCO), 100 U/mL de penicilina e 100 µg/mL de

streptomicina. O meio de cultura contendo todos esses aditivos passa, então, a ser

denominado meio completo. As culturas foram mantidas em incubadoras a 37°C e a

5% de CO2, em uma atmosfera úmida.

A manutenção da cultura foi realizada sempre que a mesma atingiu 80 a 90%

de confluência. O procedimento se deu através da remoção do meio por sucção,

utilizando pipetas Pasteur acopladas em bomba a vácuo, seguido por lavagem da

cultura com Phosphate Buffered Saline – PBS (NaCl 137 mM, KCl 2,7 mM, Na2HPO4

8 mM, KH2PO4 1,5 mM pH 7,6) estéril a 37°C. Após isso, as células foram

dissociadas pela adição de 300 µL de tripsina 0,25% (m/v) (em PBS+ vermelho de

fenol) a 37°C por cerca de 2 minutos ou até se desprenderem do substrato onde

estavam sendo cultivadas. Por fim, as células foram ressuspendidas em meio

completo, diluídas de 5 a 10 vezes e novamente plaqueadas e mantidas em

incubadora. Denominamos esse procedimento padrão de repicagem.

3.3. Seleção clonal

De modo a reduzir a variação genética na população de células com

expressão reduzida de mTOR, e, consequentemente, as variações experimentais,

foram clonadas duas linhagens para os experimentos: uma transfectada com shRNA

para o gene mTOR, e outra que havia sido transfectada com um plasmídio contendo

uma sequência embaralhada (scrambled), com o intuito de servir como controle.

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Para tal, as células de cada linhagem foram semeadas em uma densidade de

aproximadamente 1 célula/poço em placas de 96 poços, e cultivadas em meio

completo seguindo o procedimento padrão. Devido à baixa quantidade de células,

alguns poços ficaram sem células, e outros com uma ou poucas células. As placas

foram então mantidas em uma incubadora por cerca de 10 dias, e, então,

observadas no microscópio. O número de células presentes originalmente no poço,

durante o plaqueamento, foi identificado com base no número de colônias em cada

poço, uma vez que cada célula semeada forma uma colônia ao seu redor. Os poços

com uma única colônia tiveram suas células suspendidas e passadas para uma

placa de 24 poços, para que fosse possível uma expansão maior. O procedimento

foi repetido, passando-se as células para uma placa de 6 poços assim que o poço

atingiu confluência. Por fim, as células foram transferidas para garrafas para serem

cultivadas de forma regular.

3.4. Isolamento de mitocôndrias

As frações mitocondriais foram isoladas conforme descrito em Maynard et al.

(2010). Cada linhagem foi cultivada em meio completo em 50 placas de Petri de 150

cm² até atingirem confluência de 80-90%. Todas as etapas do procedimento de

isolamento foram realizadas a 4 °C. As células foram removidas das placas com o

auxílio de um cell scraper e colocadas em um único tubo para cada linhagem. A

seguir, as suspensões celulares foram centrifugadas a 5.000 g por 10 minutos, e o

sobrenadante descartado. Os precipitados foram lavados em tampão MSHE (0,21 M

manitol, 70 mM sacarose, 10 mM HEPES-KOH (pH 7,4), 1 mM EGTA, 2 mM EDTA,

0,15 mM spermina, 0,75 mM spermidina, 5 mM DTT, 1x inibidor de proteases

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(Roche)). A seguir, os precipitados foram ressuspensos em 1 volume de MSHE, e

foram acrescentadas pequenas alíquotas de 10 μL de uma solução de digitonina 5%

em DMSO, até que cerca de 90-95% das células estivessem permeáveis ao corante

vital azul de tripan. A permeabilização foi acompanhada em uma câmera de

Neubauer. Após confirmada a permeabilização, as células foram homogeneizadas

utilizando cerca de 20 passagens do pistão de um homogeneizador vidro-vidro do

tipo Potter. A suspensão resultante foi então transferida para um tubo e centrifugada

a 700 g por 12 min. O sobrenadante foi transferido para outro tubo, e centrifugado a

9.000 g por 10 minutos; o precipitado, composto por células intactas e núcleos, foi

armazenado a -80 °C. Uma alíquota do sobrenadante da última centrifugação,

contendo a fração citosólica, foi armazenada a -80 °C; o precipitado, contendo a

primeira fração mitocondrial crua, foi ressuspenso em 0,5 mL de 1:1 (vol:vol)

Percoll:2xMSHE. Essa solução foi então cuidadosamente adicionada em cima de

uma solução 1:1 (vol:vol) Percoll:2xMSHE em um tubo de ultracentrifugação de 12

mL. As amostras foram então centrifugadas em uma ultra centrífuga Beckman com

rotor 70Ti a 50.000 g por 1h10min. A banda contendo a fração mitocondrial foi então

cuidadosamente removida e transferida para outro tubo, e a amostra resultante

sofreu uma lavagem final com 10 mL MSHE a 5.000 g por 10 minutos, com o intuito

de remover o Percoll. Por fim, o sobrenadante foi removido, e os precipitados

contendo as amostras mitocondriais foram armazenadas a -80 °C até o momento de

uso.

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3.5. Preparação de extratos proteicos

3.5.1. Extratos proteicos para western blot

As células em cultura foram ressuspendidas através do procedimento de

repicagem, e em seguida centrifugadas a 700 g por 10 minutos para que se

precipitassem. O sobrenadante foi então removido, e as células precipitadas foram

ressuspendidas em PBS, e novamente centrifugadas nas mesmas condições, de

modo a lavar as células, eliminando os componentes do meio completo que

poderiam interferir na quantificação exata da concentração de proteínas. Após a

centrifugação, o sobrenadante foi removido, e as células precipitadas foram

armazenadas a -20°C até o momento da extração.

Os passos descritos a seguir para a extração de proteínas para western blot

foram utilizados tanto para a extração de proteínas de células, coletadas conforme

descrito no parágrafo anterior, quanto para a extração de proteínas de mitocôndrias

isoladas, coletadas conforme descrito na seção anterior. As amostras (células ou

mitocôndrias isoladas) foram descongeladas em gelo e ressuspendidas em 2-5

volumes de tampão de extração RIPA (Tris-HCl 50 mM, pH 7,4; NaCl 150 mM; SDS

0,05%; desoxicolato de sódio 0,5%; NP40 0,5%) acrescido de inibidor de proteases

(Protease inhibitor cocktail tablets (Roche) ou PMSF 1 mM). As amostras suspensas

em RIPA foram deixadas por 30 minutos no gelo, e, após isso, centrifugadas a

16.000 g durante 10 minutos. Ao final da centrifugação, o sobrenadante contendo as

proteínas foi coletado.

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3.5.2. Extratos proteicos para ensaio de atividade enzimática

Os extratos proteicos para os ensaios de atividade enzimática foram

preparados de forma distinta dos extratos para western blot, com a finalidade de

preservar a atividade das enzimas. Para isso, as amostras foram suspensas em um

tampão contendo 20 mM Hepes-KOH (pH 7.0), 150 mM KCl, 2 mM EDTA, 1% Triton

X-100 (Promega), e inibidor de protease (Roche); e incubadas por 1 h a 4°C, sob

agitação. Ao fim da incubação, as amostras foram centrifugadas a 50.000 g por 1 h a

4°C. Os sobrenadantes foram, então, coletados, e foi adicionado glicerol até uma

concentração de 10% da solução final, e armazenados a -80°C.

3.5.3. Quantificação da concentração de proteínas nas amostras

Os extratos proteicos produzidos através dos métodos de extração descritos

anteriormente tiveram suas concentrações de proteínas totais quantificadas através

de um de dois métodos a seguir, dependendo da disponibilidade de reagentes:

Lowry et al. (1951) e Bradford (1976).

Em ambos os casos, foi utilizada uma microplaca transparente de 96 poços

(Greiner Bio-one, Brasil), e a leitura das absorbâncias foi realizada em um

espectrofotômetro SpectraMax M3 (Molecular Devices). No método de Lowry, foram

utilizados os reagentes Folin-Ciocalteu e Biureto, e a leitura da absorbância foi feita

a 650 nm. No método de Bradford, as proteínas foram quantificadas utilizando o

reagente de Bradford (Quick Start™ Bradford 1x Dye Reagent, Bio-Rad) segundo

recomendações do fabricante, e a leitura da absorbância foi feita a 595 nm. A curva-

padrão para a quantificação de proteínas foi construída utilizando BSA, nos dois

casos.

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3.5.4. Concentração de amostras

Extratos proteicos com concentrações muito baixas para utilização em

Western Blots foram concentradas utilizando o kit Amicon® Ultra Centrifugal Filters

(Millipore), seguindo as recomendações do fabricante.

3.6. Western Blot

Para identificação dos níveis de proteínas de interesse nas amostras, foi

utilizada a técnica de western blot, cujo procedimento é descrito a seguir.

Inicialmente, as proteínas nas amostras foram separadas por tamanho

utilizando uma eletroforese em gel de poliacrilamida com SDS (SDS -

PolyAcrylamide Gel Electrophoresis). Para tal, foram preparados géis com diferentes

porcentagens de poliacrilamida (8%, 10% ou 12%), dependendo do tamanho da

proteína a ser analisada. Em seguida, as amostras misturadas com tampão de

amostra (Tris-Cl 300 mM, pH 6,8, SDS 10%, glicerol 50%, β-mercaptoetanol 25%,

azul de bromofenol 0,1 % (m/v)) foram aquecidas a 95°C por 5 minutos, com a

finalidade de desnaturar as proteínas e permitir que (i) a estrutura terciária das

proteínas não afete a migração pelo gel, e (ii) que o SDS possa envolver toda a

cadeia polipeptídica conferindo à proteína uma carga negativa proporcional ao seu

comprimento. As amostras desnaturadas foram então aplicadas no gel de

poliacrilamida, semi-imerso em tampão de corrida Novex® Tris-Glicina SDS

(Invitrogen®), em quantidades entre 5 a 40 µg de proteína total, dependendo da

proteína analisada, e foi aplicada uma voltagem de 125 V por 1h30. Desta forma, as

proteínas envolvidas por uma carga negativa migraram em direção ao polo positivo

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através dos poros do gel de poliacrilamida, com velocidade proporcionalmente

inversa ao tamanho da cadeia.

Após separadas, as proteínas foram eletroforéticamente transferidas para

uma membrana de PVDF a 100 V, por 4h, enquanto imersas em tampão de

transferência Novex® Tris-Glicina (Invitrogen®), contendo 10% (vol:vol) metanol. Com

as proteínas ligadas à superfície da membrana, o acesso dos anticorpos é mais fácil

do que seria se elas estivessem no interior do gel de poliacrilamida. Após a

transferência, sítios de ligação de proteínas inespecíficos foram bloqueadas pela

incubação em solução 5% de leite em pó desnatado em TBS-Tween 0,05% (Tris-Cl

20 mM, NaCl 150 mM, Tween® 20 0,05%, pH 7,4), por 1h a temperatura ambiente.

Ao final do bloqueio, a membrana foi incubada com anticorpos específicos

para cada proteína analisada, em 1% de leite em pó desnatado em TBS-Tween

0,05%, overnight, a 4°C, sob agitação leve. A membrana foi, então, lavada três

vezes, por 5 minutos, com TBS-Tween 0,05%, e incubada com anticorpos

secundários fluorescentes em 1% de leite em pó desnatado em TBS-Tween 0,05%,

por 1h a temperatura ambiente, sob agitação leve, e protegidas da luz. Por fim, a

membrana foi lavada 3 vezes com 20 mL de TBS-Tween 0,05%, por 15 minutos

cada, e as bandas das proteínas detectadas através da utilização do equipamento

Odyssey Li-Cor.

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3.7. RT-qPCR – Real Time Quantitative Polymerase Chain Reaction

3.7.1. Análise dos níveis de expressão gênica

As amostras contendo as células a serem analisadas tiveram seu RNA

extraído com o kit RNeasy Micro Kit, Qiagen©, segundo recomendações do

fabricante. Todas as amostras foram tratadas com 8 U de RNase-free DNase I

(Ambion®) por 15 min a 30 °C, para eliminar o DNA nas amostras.

Em seguida, o cDNA correspondente foi preparado utilizando o kit High

Capacity cDNA Reverse Transcription® (Applied Biosystems®). Para cada 20 μL de

reação foi adicionado 2 μg de RNA. As amostras foram inicialmente aquecidas a 25

°C por 10 min e a reação ocorreu a 50 °C por 2 h, terminando com um aquecimento

por 15 min a 75 °C, com a finalidade de inativar a transcriptase reversa. Todas as

amostras foram tratadas com 5 U de RNase H (DNase-free – Ambion®) por 30 min a

37 °C, que degrada RNA de duplex RNA:DNA restando somente o cDNA

sintetizado. A RNase H foi inativada por aquecimento durante 10 min a 72 °C.

Os níveis de mRNA foram medidos por RT-qPCR, com primers específicos

para os mRNAs dos genes de interesse, e utilizando HPRT como gene

normalizador. As reações foram realizadas com o kit 2X SYBR® Green PCR Master

Mix (Applied Biosystem®). Cada 25 μL de reação continha 12,5 μL 2X SYBR®

Green PCR Master Mix, 5 pmoles de cada iniciador e 100 ng de cDNA molde. As

reações e leituras foram realizadas no equipamento 7300 Real Time PCR System

(Applied Biosystems®).

A sequência dos iniciadores utilizados é apresentada na Tabela 1 abaixo:

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Tabela 1 – Sequências dos iniciadores utilizados para análise de expressão gênica.

Primer Sequência de nucleotídeos

mTOR Forward CTCAACATCGAGCATCGCATCATG mTOR Reverse ACCAGAAAGGGCACCAGCCAATATAG APE1 Forward ACAAAGAGGCAGCAGGAG APE1 Reverse GAGGTCTCCACACA HPRT1 Forward TGACATGTGCCGCCTGCGAG HPRT1 Reverse GTGGTCGCTTTCCGTGCCGA

Todas as reações no experimento foram feitas em triplicata. O limiar para

detecção da fluorescência foi ajustado manualmente, e o ciclo aonde a fluorescência

cruza o limiar - Ct (cycle threshold) – foi utilizado na comparação das amostras. A

comparação foi feita através do método ΔΔCt (Pfaffl, 2001), considerando a

eficiência da reação e os valores de Ct, de acordo com a equação a seguir:

ΔΔCt𝑎𝑙𝑣𝑜/𝑟𝑒𝑓 =𝐸𝑎𝑙𝑣𝑜

ΔCt alvo(controle−inquirido)

𝐸𝑟𝑒𝑓ΔCt ref(controle−inquirido)

onde: E é a eficiência da reação de cada par de iniciadores, ΔCt é diferença entre os

Ct, alvo é o gene cuja expressão se deseja analisar, ref é o gene normalizador,

controle é a linhagem celular controle, e inquirido é a linhagem celular experimental.

O teste estatístico usado para comparar as médias dos valores de ΔΔCt foi o

teste t de Student para observações não-pareadas. Foi estabelecido o valor de

p<0,05 como suficiente para existir uma diferença estatística significativa.

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3.7.2. Quantificação do número de cópias de DNA mitocondrial

Para a quantificação do número de cópias de DNAmt, o DNA total das células

em cultura foi extraído com o kit Dneasy Blood and Tissue (Qiagen, Alemanha). O

DNA, ao final da extração, foi suspenso em 100 µl de tampão AE, fornecido

juntamente com o kit utilizado, e quantificado em espectrofotômetro NanoDrop 1000

Spectrophotometer (Thermo Scientific) a 260 nm. As reações de RT-qPCR (volume

final de 25 µl) foram montadas utilizando, cada uma, 20 ng de DNA total e a mistura

de reagentes provida pelo Power SYBR® Green PCR Master Mix (Applied

Biosystems, EUA). Os experimentos foram realizados no equipamento 7300 Real

Time PCR System (Applied Biosystems, EUA).

A sequência dos iniciadores utilizados é apresentada na tabela 2 abaixo:

Tabela 2 – Sequências dos iniciadores utilizados para análise do número de cópias de DNAmt.

Primer Sequência de nucleotídeos

ND1 Forward ACTACGCAAAGGCCCCAACG ND1 Reverse GAGCTAAGGTCGGGGCGGTG HPRT1 Forward TGACATGTGCCGCCTGCGAG HPRT1 Reverse GTGGTCGCTTTCCGTGCCGA

3.8. Medida de parâmetros bioenergéticos

De modo a se medir as alterações causadas pela diminuição da expressão do

gene mTOR no metabolismo das células, foram realizadas medidas da taxa de

consumo de oxigênio e de acidificação do meio de cultura em células aderidas,

utilizando o equipamento Seahorse XF24 Extracellular Flux Analyser (Seahorse

Bioscience, EUA). O equipamento possui dois sistemas de detecção, sensíveis a

mudanças de pH e concentração de oxigênio no meio de cultura. A taxa de

acidificação do meio extracelular é proporcional à taxa de produção de lactato pela

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glicólise, funcionando, portanto, como uma medida da atividade desta via. O eletrodo

de oxigênio mede a concentração de oxigênio dissolvido no meio extracelular, que é

diretamente proporcional ao consumo de oxigênio pelas células, e permite inferir a

taxa de fosforilação oxidativa.

As células foram semeadas em XF24-well cell culture microplates

numa densidade de 3x104 células/poço e incubadas por 24 horas a 37°C. Foi

utilizado meio de cultura DMEM completo contendo 10mM de glicose, suplementado

com piruvato e uridina na concentração final de 0,1 g/l. Antes do ensaio no

Seahorse, as células foram incubadas por 1 hora sem CO2 em meio completo sem

bicarbonato de sódio. Uma vez dentro do equipamento, todo o processo é

automatizado, iniciando-se na ausência de inibidores da respiração mitocôndria para

estabelecer a taxa de consumo de oxigênio basal. Medidas adicionais são realizadas

após a injeção de quatro compostos que afetam a capacidade bioenergética das

células: oligomicina (1 µM) na porta A, CCCP (1 µM) na porta B, e antimicina e

rotenona (ambos 1 µM) nas portas C e D, injetados ao mesmo tempo. O

experimento foi realizado medindo-se simultaneamente as taxas de consumo de

oxigênio e a acidificação do meio em tempo real.

3.9. Atividade de Citrato Sintase

A atividade de citrato sintase (EC 2.3.3.1) foi analisada conforme descrito em

Hansford and Castro (1982). Nesse ensaio, foi adicionado um volume final de 190 μL

de solução em cada poço de uma placa de 96 poços. A solução final continha Tris-

HCl 0,1 M, pH 8,1, acetil-CoA 300 μM, DTNB 100 μM, oxaloacetato 500 μM, Triton

X-100 0,1% (m/v). A reação foi iniciada através da adição de 2 μL de extrato proteico

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68

na concentração de 4 mg/mL (8 μg de proteína por poço). A atividade de citrato

sintase foi medida no leitor de microplacas SpectraMax 190 (Molecular Devices©),

no comprimento de onda de 412 nm, com uma leitura a cada 19 segundos (sendo 15

s para aquisição, 3 s para agitação e 1 s de espera), durante 5 min a 30 °C. A

atividade enzimática foi estimada através da formação do DNTB-CoA derivado da

reação e o valor foi calculado a partir do coeficiente de extinção molar do TNB

(ε=13,6∙10-6 M-1∙cm-1 ou 13,6 μM-1∙cm-1) e ajustado a fim de representar o número

de mols de citrato formado por min por miligrama de proteína (nmol/min/mg).

3.10. Ensaio de incisão de APE1

A atividade da enzima APE1 foi avaliada utilizando um ensaio in vitro. O

substrato utilizado foi um oligonucleotídeo com 30 pares de base que contém um

único tetrahidrofurano, um análogo estrutural ao sítio abásico que é reconhecido e

processado por APE1. O substrato foi sintetizado pela Midland Certified Reagent

Company Inc. (Midland, TX, EUA). A sequência do substrato utilizado nesse estudo

é apresentada na Tabela 3, sendo que a modificação que torna a sequência

substrato para a enzima está destacada em negrito.

TABELA 3 - Sequência do substrato de APE1. F representa tetrahidrofurano, substituto do sitio

abásico.

Enzima Sequência de nucleotídeos do substrato

APE1 5’-ATA TAC CGC GG(F) CGG CCG ATC AAG CTT ATT

3’-TAT ATG GCG CC G GCC GGC TAG TTC GAA TAA

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69

O oligonúcleotídeo utilizado como substrato foi marcado fluorimetricamente na

extremidade 3’ com Alexa Fluor® 647-aha-dCTP (A32771 – Molecular Probes)

conforme descrito em Soltys et al. (2015).

O ensaio de incisão foi realizado conforme descrito em Weissman et al.

(2007). As reações continham: 25 mM Hepes–KOH (pH 7.4), 25 mM KCl, 0.1 mg/ml

BSA, 5 mM MgCl2, 10% glicerol, 0,05% Triton X-100 e 25 ng de extrato. As reações

foram iniciadas pela adição de 50 fmoles de substrato, e incubadas a 37°C por 15

min. Após o período de incubação, as reações foram finalizadas através do

aquecimento das amostras a 90°C por 10 minutos, com a finalidade de interromper a

reação enzimática. Em seguida, foi adicionado tampão de amostra (95% formamida

Hi-Di, 5 mM EDTA) e todas as amostras foram desnaturadas por 5 min a 80°C. Por

fim, as amostras foram aplicadas em um gel desnaturante de acrilamida (23%

acrilamida e 7 M de ureia, em tampão TBE - 0,22 M Tris-HCl; 0,18 M ácido bórico; 5

mM EDTA; pH 8,3), e submetidas a uma tensão de 15 W por 2 h, enquanto semi-

imersas em tampão TBE, com a finalidade de promover a migração dos

oligonucleotídeos em direção ao polo positivo, e separar oligonucleotídeos clivados

(menores, e com migração mais rápida) de não clivados (maiores, e de migração

mas lenta). Os géis foram então revelados em scanner de imagens Typhoon TRIO

(GE Healthcare) e quantificados usando o software ImageQuant (GE Healthcare).

3.11. Proliferação celular após tratamento com azul de metileno

fotossensibilizado

De modo a avaliar o efeito citostático e citotóxico do tratamento com azul de

metileno (AM) fotossensibilizado, foi medida a proliferação celular em 24 horas após

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70

o tratamento. Para tal, foram semeadas 1,5 x 105 células/poço em placa de 24

poços, em meio completo. No dia seguinte, as soluções de AM, em meio DMEM

High Glucose sem soro ou antibióticos, foram preparadas nas concentrações de 50,

25, 10, 5, 1 e 0,5 µM, a partir de diluições seriadas. Imediatamente antes do

tratamento, o meio completo de cultura foi removido e cada poço lavado com

tampão PBS estéril. Deste passo em diante, todo o procedimento foi realizado no

escuro, utilizando apenas luz azul indireta. Neste ponto, foram fixados três poços

com solução de ácido tricloroacético (TCA) 10%, para a determinação da população

inicial no momento do tratamento. Os outros poços receberam somente DMEM

(controle) ou DMEM + AM, em triplicata. As placas foram mantidas em incubadora

durante 30 minutos para haver a incorporação do corante. Em seguida, o meio

contendo AM foi removido e as culturas lavadas duas vezes com PBS estéril, sendo

que na segunda lavagem foi mantido o PBS. As placas foram então irradiadas com

LED vermelho (λ ≈ 700 nm) por 30 minutos, a 12 centímetros de distância das

células, que corresponde a uma energia de 4,24 J cm-2 min-1.

Após a fotossensibilização do AM, o PBS foi substituído por meio completo e

as placas mantidas em incubadora por 24 horas. Ao final desse tempo, o meio de

cultura foi removido, as culturas lavadas com PBS e fixadas com TCA 10%.

A proliferação celular após o tratamento com AM foi verificada através da

quantificação do conteúdo de ácidos nucleicos em espectrofotômetro Spectra Max

M3 (Molecular Devices, EUA), pela leitura da absorbância a 260 nm. Para essa

finalidade, as células fixadas foram lisadas com solução de hidróxido de sódio 1 M e

homogeneizadas para a liberação do conteúdo celular antes das respectivas

quantificações. A medida da proliferação celular foi calculada por meio da seguinte

fórmula:

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71

𝑃𝑎 = 100(𝐴𝑎 − 𝐴0)

(𝐴24 − 𝐴0)

Onde,

Pa: % de proliferação da condição “a”;

Aa: média das absorbâncias obtidas para as amostras tratadas com a condição “a”

após 24 horas de incubação; e

A24: média das absorbâncias obtidas para as amostras não tratadas com AM após

24 horas de irradiação.

3.12. Identificação da população sub-G1 por citometria de fluxo

A determinação da indução de apoptose foi feita pela medida da população

sub-G1 em células tratadas com azul de metileno, através de análises em citômetro

de fluxo utilizando o agente intercalante de DNA iodeto de propídeo (Sigma). As

células de cada linhagem foram plaqueadas em uma densidade de 3x105

células/poço em placas de Petri, em meio completo. As placas utilizadas ao longo do

experimento foram previamente tratadas com polilisina para melhorar a adesão

celular, evitando perda de células durante as trocas de meio e lavagens com PBS.

Após 48 horas em cultura, as células foram tratadas com azul de metileno e

irradiadas, conforme descrito no tratamento para proliferação celular. Neste

experimento, foram utilizadas três concentrações de azul de metileno: 1, 5 e 25 µM.

Cada ponto experimental foi feito em triplicata, com uma triplicata adicional sem

tratamento.

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72

Ao final das 24 horas após o tratamento com azul de metileno, o meio de

cultura foi transferido para tubos de 15 mL e as células foram lavadas duas vezes

com tampão PBS, sendo que o PBS também foi recolhido. As células que estavam

aderidas foram desprendidas com o uso de tripsina e transferidas para os

respectivos tubos contendo o meio de cultura e o PBS previamente recolhidos. Os

tubos foram centrifugados a 1.000 g por 10 minutos, e o precipitado celular

resultante foi suspenso em 1 mL de PBS e, então, transferido para microtubos.

Esses foram submetidos a uma nova centrifugação (1.000 g, por 10 minutos) e os

precipitados foram suspensos em etanol 70% gelado e armazenados a -20°C até o

dia da análise no citômetro.

No dia da análise de citometria, as amostras foram centrifugadas a 3.200 g

por 15 minutos a 4°C, e o precipitado foi suspenso em 1 mL de PBS. A amostra foi

novamente centrifugada a 3.200 g por 15 minutos a 4°C, e o precipitado suspenso

em 300 µL de solução contendo iodeto de propídeo (RNAse A 200 µg/mL, iodeto de

propídeo 20 µg/mL, Triton-X 100 0,1% em PBS). As amostras foram mantidas por 1

hora a temperatura ambiente e protegidas da luz. O material foi então analisado no

citômetro de fluxo BD-FACS Verse (BD Biosciences). Os resultados foram então

analisados no software FlowJo v10.

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73

4. Resultados

4.1. Seleção clonal

Os modelos celulares utilizados nesse estudo foram obtidos através de um

procedimento de clonagem de populações estavelmente transformadas com um

plasmídeo expressando shRNAs específicos para mTOR e controle (scrambled). Tal

procedimento foi realizado de modo a se obter linhagens isogênicas, e diminuir a

variabilidade dos resultados. Após realizado o procedimento de clonagem, as

linhagens obtidas tiveram seus níveis de expressão de mTOR medidos através de

western blot e RT-qPCR. Foram selecionados dois clones apresentando knockdown

para mTOR: um com uma expressão de cerca de 50% em relação ao normal

(denominado KD1), e outro com uma expressão quase nula (denominado KD2),

além de um clone com plasmídeo embaralhado para servir de controle. A figura

abaixa apresenta os níveis de expressão mTOR medidos por Western Blot:

WT Scr KD1 KD2

mTOR - 289 KDa

Lamina B2 - 68 KDa

Figura 3 – (A) Nível de expressão de mTOR em células selvagens (WT: wild type), clones de células controle transfectadas com um plasmídio scrambled (Scr), clones de células mTOR knockdown com cerca de 50% de expressão (KD1) e clones de células mTOR knockdown com expressão quase nula (KD2). Foram utilizadas 40 µg de amostra, e uma concentração de anticorpos de 1:100 (mTOR) e 1:1000 (Lamina B2). (B) O gráfico representa a expressão relativa de mTOR normalizada pela expressão de lamina B2 (68 kDa). O resultado representa a média ± desvio padrão de dois experimentos, realizados em duplicata.

B

0

0,2

0,4

0,6

0,8

1

1,2

1,4

1,6

1,8

WT Scr ctrl KD1 KD2

Exp

ressão

rela

tiv

a d

e

mT

OR

Scr

A

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74

O clone da linhagem transfectada com o plasmídio scrambled apresentou um

nível de expressão de mTOR maior do que o da linhagem selvagem. Outros clones

foram testados, e os resultados foram similares, embora alguns apresentassem

níveis de expressão de mTOR menor do que a linhagem selvagem. A linhagem não

selecionada também apresentou nível de expressão de mTOR bem abaixo do

normal (resultado não apresentado), indicando que o processo de clonagem não foi

o responsável pela alteração. Tal resultado sugere que talvez a sequência

scrambled tenha se inserido em algum sítio genômico que resultou em alteração do

nível de expressão de mTOR. De modo a se prosseguir com o estudo, foram

utilizados clones scrambled oriundos de um projeto anterior, uma vez que a

sequência do plasmídeo é a mesma. A expressão de mTOR na nova linhagem

scrambled, bem como nas linhagens com knockdown de mTOR selecionadas

anteriormente, foi medida através de RT-qPCR, devido a falta de anticorpo para

realização de mais western blots. A figura abaixo demonstra os níveis de expressão

de mRNA para as linhagens utilizadas no projeto:

Figura 4 – Níveis de expressão de mRNA de mTOR em células selvagens (WT: wild type), clones de células controle transfectadas com um plasmídio scrambled (Scr), clones de células mTOR knockdown com cerca de

50% de expressão (KD1) e clones de células mTOR knockdown com expressão quase nula (KD2). As medidas foram feitas por RT-qPCR, utilizando a expressão de HPRT como normalizador. O resultado é a média ± desvio padrão de dois experimentos, realizados em triplicata.

0

0,2

0,4

0,6

0,8

1

1,2

WT Scr KD alto KD baixoExp

ressão

Rela

tiv

a d

e

mT

OR

KD1 KD2

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75

4.2. Western blot

Com o objetivo de verificar se os níveis de mTOR alteram a expressão de

proteínas de reparo de DNA, foram realizados western blots para proteínas

componentes da via BER, tanto mitocondrial quanto nuclear, além de TFAM. Como

menor expressão de mTOR está associada a um aumento na longevidade, e muitos

hipotetizam que alterações no DNA são causas do envelhecimento, nossa hipótese

era de que enzimas da via BER estariam com expressão elevada em linhagens com

knockdown de mTOR. As proteínas analisadas foram: APE1, Polγ e TFAM.

Adicionalmente, também tentou-se analisar os níveis de UDG, Polβ e OGG1. No

entanto, os anticorpos utilizados não apresentaram resultados satisfatórios e os

resultados não são apresentados.

4.2.1. Western blot de extratos celulares totais

4.2.1.1. Expressão de APE1 em extratos totais

A primeira enzima a ter seus níveis quantificados foi APE1. APE1 é uma

endonuclease essencial para BER, cuja ausência causa letalidade embrionária

(Maynard et al., 2009; Puebla-Osorio et al., 2006; Sugo et al., 2000; Tebbs et al.,

1999; Xanthoudakis et al., 1996). Ela é responsável por clivar a fita de DNA no sítio

abásico, após remoção da base modificada pelas glicosilases. As imagens abaixo

apresentam os resultados do western blot da enzima APE1 em extratos celulares

totais.

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76

O western blot das linhagens revelou uma diminuição na expressão de APE1

nas duas linhagens com expressão diminuída de mTOR. O nível de expressão de

APE1 no clone KD1, com cerca de metade da expressão de mTOR, mostrou uma

grande variabilidade, embora sempre se mantendo abaixo da metade dos níveis dos

controles. Já o clone com pouquíssima expressão de mTOR (KD2) demonstrou

níveis quase indetectáveis de APE1, com pouquíssima variação. Tal resultado foi

contrário ao esperado, uma vez que se esperava que a inibição de mTOR elevaria o

0

0,2

0,4

0,6

0,8

1

1,2

WT Scr KD1 KD2

Ex

pre

ss

ão

re

lati

va

de

AP

E1

Figura 5 – (A) Nível de expressão de APE1 em extrato total em células selvagens (WT: wild type), clones de células controle transfectadas com um plasmídio scrambled (Scr), clones de células mTOR knockdown com cerca de 50% de expressão (KD1) e clones de células mTOR knockdown com expressão quase nula (KD2). Foram utilizadas 15 µg de amostra, e uma concentração de anticorpos de 1:500 (APE1) e 1:1000 (Lamina B2). (B) Quantificação da membrana em A; o gráfico representa a expressão de APE1 normalizada pela expressão de Lamina B2. O resultado representa a média ± desvio padrão de três experimentos, realizados em duplicata.

WT Scr KD1 KD2

Lamina B2 - 68 KDa

APE1 - 35 KDa

A

B

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77

nível de expressão das proteínas de reparo de DNA. Inicialmente, deduzimos que

talvez o ritmo de crescimento menor, com consequente diminuição do metabolismo,

de células mTOR-KD estivesse causando uma diminuição nos níveis de EROs,

diminuindo a necessidade de reparo no DNA pela via BER. Adicionalmente, como

APE1 está envolvida em algumas vias de sinalização, sua expressão diminuída

poderia estar servindo de regulação para outras vias (Ramana et al., 1998).

4.2.1.2. Expressão de TFAM em extratos totais

TFAM (transcription factor A mitochondrial) é um fator de transcrição presente

apenas nas mitocôndrias. Embora TFAM não seja propriamente uma enzima de

reparo de DNA, evidências apontam para um possível papel de TFAM na regulação

do reparo do DNA mitocondrial (Canugovi et al., 2010; Tonolli, 2013). TFAM envolve

as moléculas de DNAmt, regulando o acesso de enzimas ao DNA, de forma análoga

à cromatina no DNA nuclear. Devido a isso, é possível que TFAM tenha dois

importantes papéis na proteção do DNAmt: (i) proteger fisicamente o DNAmt de

danos (ao envolvê-lo), como dano oxidativo, ao qual a mólecula de DNAmt é

constantemente sujeita devido a sua localização próxima à cadeia de transporte de

elétrons, o principal sítio gerador de EROs na célula; e (ii) regular o acesso de

enzimas de reparo de DNA, através do relaxamento e compactação da estrutura de

TFAM ao redor do DNAmt. Por esse motivo, a investigação dos níveis de TFAM com

a alteração dos níveis de mTOR pode fornecer uma ideia da variação do nível de

proteção do DNAmt. Embora TFAM esteja presente apenas nas mitocôndrias, esses

resultados foram produzidos com extratos totais. Resultados com extratos

mitocondriais serão apresentados adiante.

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78

Figura 6 – (A) Nível de expressão de TFAM em extrato total em extrato total em células selvagens (WT: wild type), clones de células controle transfectadas com um plasmídio scrambled (Scr), clones de células mTOR knockdown com cerca de 50% de expressão (KD1) e clones de células mTOR knockdown com expressão quase nula (KD2). Foram utilizadas 15 µg de amostra, e uma concentração de anticorpos de 1:500 (TFAM) e 1:1000 (Lamina B2). (B) Quantificação da membrana em A; o gráfico representa a expressão de TFAM normalizada pela expressão de Lamina B2. O resultado representa a média ± desvio padrão de dois experimentos, realizados em duplicata.

Conforme demonstrado na figura, os níveis proteicos de TFAM apresentaram

uma diminuição moderada na linhagem com maior knockdown de mTOR, exibindo

um comportamento inverso ao esperado, assim como APE1. Curiosamente, com

esses níveis menores de TFAM, o DNAmt teoricamente estaria mais exposto a

danos.

0

0,2

0,4

0,6

0,8

1

1,2

H Scr KD1 KD2

Exp

ressão

rela

tiv

a d

e T

FA

M

WT Scr KD1 KD2

Lamina B2 - 68 KDa

TFAM - 28 KDa

A

B

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79

4.2.1.3. Expressão de Polγ em extratos totais

A polimerase γ é a única polimerase mitocondrial, e é responsável por

adicionar nucleotídeos na fita de DNA sendo reparada por BER, no gap criado após

remoção da lesão. Assim como TFAM, os níveis de Polγ foram medidos tantos em

extratos totais como mitocondriais, apesar de Polγ estar presente apenas no

compartimento mitocondrial. A figura abaixo demonstra os níveis de expressão de

Polγ, medidos em extrato total. Uma vez que Polγ se encontra apenas nas

mitocôndrias, seu nível em extrato total é muito pequeno, e, portanto, o sinal

produzido pelos anticorpos foi bem fraco.

O nível de expressão de Polγ pareceu estar alterado na linhagem KD2, com

menor expressão. No entanto, a detecção da expressão foi muito baixo para que

uma quantificação mais precisa fosse feita. Apesar de diversas tentativas com

concentrações crescentes de anticorpo, não foi possível melhorar o sinal.

WT Scr KD1 KD2

Polγ - 140 KDa

Lamina B2 - 68 KDa

Figura 7 - Nível de expressão de Polγ em extrato total em células selvagens (WT: wild type), clones de células controle transfectadas com um plasmídio scrambled (Scr), clones de células mTOR knockdown com cerca de 50% de expressão (KD1) e clones de células mTOR knockdown com expressão quase nula (KD2). Foram utilizadas 50 µg de amostra, e uma concentração de anticorpos de 1:100 (Polγ) e 1:1000 (Lamina B2).

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80

4.2.2. Western blot de extratos mitocondriais

4.2.2.1. Pureza das amostras mitocondriais

De modo a se avaliar os níveis de APE1 dentro do compartimento

mitocondrial, assim como os níveis de TFAM e Polγ com maior definição,

mitocôndrias das linhagens utilizadas foram isoladas. Após o procedimento de

cultivo das células e isolamento das mitocôndrias, um western blot foi feito marcando

proteínas presentes no núcleo e na mitocôndria com o intuito de se verificar se o

isolamento foi eficiente, e houve nenhuma ou pouca contaminação nuclear. A

verificação da pureza das frações mitocondriais é de extrema importância, uma vez

que a presênça de contaminação pode dar uma noção errada dos níveis, ou da

atividade enzimática, das proteínas analisadas no compartimento mitocondrial. Para

se analisar a pureza, foram marcadas duas proteínas, uma presente apenas no

núcleo, e outra apenas na mitocôndria. A figura abaixo mostra uma membrana com

marcações de LaminaB2 (68 kDa), presente apenas no núcleo das células, e COX

IV (17 kDa), presente apenas nas mitocôndrias.

LaminaB2

COX IV

- 68 kDa

- 17 kDa

WT Scr KD1 KD2 WT Scr KD1 KD2

Mitocondrial Nuclear

Figura 8 – Teste de pureza dos extratos mitocondriais em células selvagens (WT: wild type), clones de células controle transfectadas com um plasmídio scrambled (Scr), clones de células mTOR knockdown com cerca de 50% de expressão (KD1) e clones de células mTOR knockdown com expressão quase nula (KD2). Lamina B2 foi utilizada como marcador nuclear, e COX IV como marcador mitocondrial. Foram utilizados 15 µg de amostra, e uma concentração de 1:500 para ambos os anticorpos.

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Conforme se pode observar na figura, as amostras mitocondriais isoladas não

apresentaram níveis detectáveis de lamina B2, com exceção da linhagem selvagem,

que apresentou níveis muito baixos (quantificados em 4,93% de lamina B2 em

relação ao total, Lamina B2 + COX IV), dentro do aceitável. Essas amostras foram

então utilizadas em experimentos subsequentes.

4.2.2.2. Expressão de APE1 em extratos mitocondriais

Dada o resultado de que APE1 se encontra reduzida em extratos totais de

linhagens com knockdown de mTOR, decidimos analisar a quantidade de APE1 no

compartimento mitocondrial também apresentava variações. Desta forma, seria

possível que, caso a integridade do genoma mitocondrial fosse mais crítica que a do

nuclear, esperaríamos não ver diminuição dos níveis de APE1 nas mitocôndrias, ao

contrário do núcleo. Adicionalmente, caso a diminuição de APE1 em extrato total

fosse devida a uma necessidade de diminuir a atividade de APE1 como fator de

transcrição, tal diminuição poderia ser desnecessária nas mitocôndrias, aonde a

função como fator de transcrição não é ainda conhecida. Para tal, foi realizado um

western blot para determinar os níveis de APE1 nas mitocôndrias. A membrana

abaixo apresenta os resultados do experimento. Devido a necessidade de grandes

quantidades de amostra para se obter uma visualização razoável das bandas de

APE1, apenas um experimento pode ser realizado.

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82

Figura 9 – (A) Nível de expressão de APE1 em extrato mitocondrial em células selvagens (WT: wild type), clones de células controle transfectadas com um plasmídio scrambled (Scr), clones de células mTOR knockdown com

cerca de 50% de expressão (KD1) e clones de células mTOR knockdown com expressão quase nula (KD2). Foram utilizados 25 µg de amostra, e uma concentração de anticorpos de 1:200 (APE1) e 1:1000 (COX IV). (B) Quantificação da membrana em A; o gráfico representa a expressão de APE1 normalizada pela expressão de COX IV. O resultado representa a média de um experimento, realizado em duplicata.

Devido ao experimento ter sido realizado apenas uma vez por falta de

amostra, não é possível ter uma noção perfeita da variabilidade dos resultados. No

entanto, é possível observar que a amostra KD2 ainda apresentou níveis detectáveis

de APE1 (~30%), levando-se em consideração que em todos os western blots em

extrato total os níveis de APE1 estavam praticamente indetectáveis. Desta forma,

parece que, embora os níveis de APE1 tenham aparentemente diminuído nas

linhagens com menor expressão de mTOR, essa diminuição foi menos acentuada

nas mitocôndrias quando comparada aos níveis totais de APE1 nas células.

0

0,2

0,4

0,6

0,8

1

1,2

WT Scr KD1 KD2

Exp

ressão

rela

tiv

a d

e A

PE

1

WT Scr KD1 KD2

COX IV - 15 KDa

APE1 - 35 KDa

A

B

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83

4.2.2.3. Expressão de TFAM em extratos mitocondriais

Embora TFAM tenha sido analisado anteriormente em extratos totais, seus

níveis foram novamente medidos em extrato mitocondrial, esperando-se obter maior

definição nas imagens. Conforme mencionado anteriormente, TFAM poderia estar

protegendo o genoma mitocondrial de forma análoga às histonas no DNA nuclear. A

expressão de TFAM foi medida utilizando apenas amostras mitocondriais. O

resultado é apresentado na figura abaixo.

Figura 10 – (A) Nível de expressão de TFAM em extrato mitocondrial em células selvagens (WT: wild type),

clones de células controle transfectadas com um plasmídio scrambled (Scr), clones de células mTOR knockdown com cerca de 50% de expressão (KD1) e clones de células mTOR knockdown com expressão quase nula (KD2). Foram utilizados 25 µg de amostra, e uma concentração de anticorpos de 1:500 (TFAM) e 1:1000 (COX IV). (B) Quantificação da membrana em A; o gráfico representa a expressão de TFAM normalizada pela expressão de COX IV. O resultado representa a média ± desvio padrão de dois experimentos, realizados em duplicata.

0

0,2

0,4

0,6

0,8

1

1,2

H Scr KD1 KD2

Exp

ressão

rela

tiv

a d

e T

FA

M

Cox IV

TFAM

- 17 KDa

- 28 KDa

WT Scr KD1 KD2 A

B

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84

Conforme pode ser observado na figura acima, os níveis de TFAM diminuíram

nas duas linhagens com knockdown de mTOR, corroborando o resultado em extrato

total, e refutando a hipótese inicial de que menores níveis de mTOR aumentariam os

níveis de TFAM, protegendo o DNAmt.

4.2.2.4. Expressão de Polγ em extratos mitocondriais

Similarmente à TFAM, os níveis de Polγ foram também analisados tanto em

extrato total quanto em mitocondrial, de modo a aumentar a definição das imagens.

As figuras abaixo apresentam os resultados.

Figura 11 – (A) Nível de expressão de Polγ em extrato mitocondrial em células selvagens (WT: wild type), clones de células controle transfectadas com um plasmídio scrambled (Scr), clones de células mTOR knockdown com cerca de 50% de expressão (KD1) e clones de células mTOR knockdown com expressão quase nula (KD2). Foram utilizados 25 µg de amostra, e uma concentração de anticorpos de 1:100 (Polγ) e 1:1000 (COX IV). (B) Quantificação das membranas; o gráfico representa a expressão de Polγ normalizado pela expressão de COX IV. O resultado representa a média ± desvio padrão de dois experimentos, realizados em duplicata.

0

0,2

0,4

0,6

0,8

1

1,2

1,4

H Scr KD1 KD2

Exp

ressão

rela

tiv

a d

e P

olγ

WT Scr KD1 KD2

COX IV

Polγ

- 17 KDa

- 140 KDa

A

B

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85

Acompanhando o padrão observado nas outras proteínas analisadas, os

níveis de Polγ se mostraram menores nas linhagens com knockdown de mTOR,

indicando uma atividade de polimerase menor nessas mitocôndrias, e contrariando a

hipótese inicial.

4.2.3. Western blot de amostras de fígado de camundongo

Com o objetivo de corroborar a alteração dos níveis de expressão de APE1

em outro modelo, medimos os níveis proteicos de APE1 em amostras de fígado de

camundongo cedidas pelo professor William Festuccia, do Instituto de Ciências

Biomédicas da Universidade de São Paulo. As amostras consistiam em tecidos de

animais com deleção dos genes Raptor e TSC, resultando em repressão e

superativação, respectivamente, de mTORC1, assim como um controle selvagem.

As proteínas das amostras foram extraídas, e submetidas a análise por western blot.

A figura abaixo demonstra os resultados para 6 amostras: um controle (WT); duas

com deleção de TSC, e superativação de mTORC1 (TSC KO1 e KO2); e três com

deleção de Raptor, e inibição de mTORC1 (Raptor KO1, KO2 e KO3).

Figure 12 – Níveis de expressão de APE1 em tecidos selvagens (WT: wild type), tecidos com deleção de TSC, e

consequente superativação de mTORC1 (TSC KO1 e KO2) e tecidoscom deleção de Raptor, e consequente inibição de mTORC1 (Raptor KO1, KO2 e KO3). Foram utilizados 25 µg de amostra, e uma concentração de anticorpos de 1:500 (APE1) e 1:100 (Lamina B2).

APE1

Lamina B2

- 35 KDa

- 68 KDa

Extrato total de amostras de fígado (25 µg)

WT TSC TSC Raptor Raptor Raptor

KO1 KO2 KO1 KO2 KO3

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86

Apesar de uma grande concentração de anticorpo contra Lamina B2 ter sido

utilizado, não foi possível produzir um sinal muito forte de Lamina B2 na membrana,

dificultando uma quantificação mais precisa. No entanto, uma análise visual dos

resultados indica que não houveram grandes variações nas quantidades de APE1

com a superativação ou inibição de mTORC1. Um resultado que contrasta com a

queda brusca nos níveis de APE1 observada nas amostras com knockdown de

mTOR. Isso sugere duas possibilidades: (i) que alguma variável relacionada ao

tecido/modelo esteja contribuindo para a variação dos níveis de APE1 observados,

ou (ii) que APE1 não é afetado por mTORC1, mas sim por mTORC2. A segunda

opção é possível, uma vez que as amostras de fígado possuem deleções apenas

em genes que afetam a função de mTORC1, uma vez que o modelo utilizado no

resto do projeto apresenta deleção de mTOR, afetando, portanto, os dois

complexos.

4.3. Reação em cadeia de polimerase quantitativa em tempo real

Com o intuito de avaliar se a diminuição na expressão de APE1 também

poderia ser observada no nível de mRNA, foi utilizada a técnica qRT – PCR. Este

experimento é importante tanto para corroborar a diminuição da expressão através

da quantificação dos níveis de proteínas, quanto para entender em que ponto ocorre

a regulação desses níveis de expressão. Desta forma, os níveis de RNA mensageiro

de APE1 nas linhagens estudadas foram quantificados. O gráfico abaixo demonstra

o resultado da quantificação, expresso em termos de expressão relativa de mRNAs.

Os níveis relativos de mRNA de APE1 foram normalizados por pela expressão de

um gene expresso constitutivamente (HPRT).

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87

Figura 13 - Níveis de mRNA de APE1 em células selvagens (WT: wild type), clones de células controle transfectadas com um plasmídio scrambled (Scr), clones de células mTOR knockdown com cerca de 50% de expressão (KD1) e clones de células mTOR knockdown com expressão quase nula (KD2). Expressão em relação aos níveis da linhagem selvagem (WT). A normalização foi feita em relação aos níveis de mRNA de HPRT. O resultado representa a média ± desvio padrão de dois experimentos, realizados em triplicata.

O padrão de expressão de mRNA de APE1 seguiu o mesmo padrão de níveis

proteicos detectado por western blot: uma expressão baixa em KD1, e uma

expressão praticamente indetectável em KD2. Tal resultado corrobora a diminuição

da expressão de APE1 nas linhagens com menor expressão de mTOR.

4.4. Ensaio de incisão de APE1

Com o intuito de avaliar se os níveis menores de APE1 nas células se

traduziram em alteração na atividade de incisão de sítios abásicos, foram realizados

ensaios de atividade enzimática de APE1, utilzando oligonucleotídeos contendo um

tetrahidrofurano, uma modificação análoga ao sítio abásico que serve de substrato

para APE1. Essa modificação torna o sítio específico para APE1, uma vez que na

via BER a atividade AP-liase de glicosilases do tipo II também pode clivar o sítio

abásico, mas não reconhece o tetrahidrofurano.

0

0,2

0,4

0,6

0,8

1

1,2

WT Scr KD1 KD2

Exp

ressão

rela

tiv

a d

e

AP

E1

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88

Os ensaios foram realizados conforme Weissman et al. (2007), com a

diferença de que os oligonucleotídeos foram marcados fluorimetricamente, ao invés

de radioativamente.

4.4.1. Curvas de calibração

Antes da realização dos ensaios, foram construídas curvas de atividade com

diferentes concentrações proteicas das amostras, para determinar quais

concentrações de extratos seriam utilizadas nos experimentos comparativos. Tanto

amostras de extrato total quanto amostras mitocondriais foram calibradas desta

forma.

A figura abaixo demonstra o resultado do ensaio de atividade em função de

concentração de extrato para as amostras de proteínas de extrato total, com

concentrações diferentes. A partir da imagem acima, foram realizadas quantificações

das bandas, e construída uma curva de calibração, expressando a quantidade de

fmoles de oligonucleotídeos incisados por minuto em cada condição.

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89

Figura 14 – (A) Ensaio de calibração. O ensaio foi realizado com concentrações crescentes de amostra (0, 5, 10,

15 e 25 ng). As bandas representam os oligonucleotídeos marcados fluorimetricamente, e com sítios contendo tetrahidrofurano, análogo ao sítio abásico. As bandas superiores representam os oligonucleotídeos não clivados por APE1, e as inferiores os clivados. (B) Quantificação de atividade enzimática com valores obtidos em A, demonstrando a quantidadede fmoles de oligonucleotídeos incisados por minuto em relação ao total para diferentes quantidades de amostra de extrato total. Resultado representa a média ± desvio padrão de dois experimentos, realizados em duplicata.

A partir da curva acima, a quantidade de 15 ng, que apresenta cerca de 50%

de incisão, foi selecionada para os ensaios de incisão comparativos entre amostras

de extrato total das diferentes linhagens.

Uma curva similar de atividade versus concentração proteica de extrato foi

construída para determinar a quantidade de amostra a ser usada nos experimentos

0

0,5

1

1,5

2

2,5

0 5 10 15 20 25 30

fmo

les

/min

de

du

ple

x in

cis

ad

o

Quantidade de amostra (ng)

Quantidade de extrato total (ng)

0 5 10 15 25 0 5 10 15 25

A

B

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90

com extratos mitocondriais. A figura abaixo apresenta os resultados da eletroforese

de DNA para as amostras mitocondriais.

Figura 15 – (A) Ensaio de calibração. O ensaio foi realizado com concentrações crescentes de amostra (0, 20,

35, 50 e 65 ng). As bandas representam os oligonucleotídeos marcados fluorimetricamente, e com sítios contendo tetrahidrofurano, análogo ao sítio abásico. As bandas superiores representam os oligonucleotídeos não clivados por APE1, e as inferiores os clivados. (B) Quantificação de atividade enzimática demonstrando a quantidade de fmoles de oligonucleotídeos incisados por minuto em relação ao total para diferentes quantidades de amostra de extrato mitocondrial. O resultado representa a média ± desvio padrão de dois experimentos, realizados em duplicata.

A partir da figura acima, a quantidade de 50 ng foi escolhida para os ensaios

de incisão com amostras de extratos mitocondriais. Com a conclusão das curvas de

0

0,5

1

1,5

2

2,5

0 10 20 30 40 50 60 70

fmo

les

/min

de

du

ple

x in

cis

ad

o

Quantidade de amostra (ng)

Curva de calibração de extrato mitocondrial

Quantidade de extrato mitocondrial (ng)

0 20 35 50 65 0 20 35 50 65

A

B

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91

calibração, foi possível seguir para a próxima etapa, de realização do ensaio de

atividade enzimática de APE1.

4.4.2. Ensaio de incisão com extrato total

A medida da atividade de incisão de substrato contendo tetrahidrofurano com

extratos totais foi realizada utilizando 15 ng de extrato, como determinado

anteriormente, e em dois tempos de incubação diferentes: 5 e 15 minutos. A figura

abaixo mostra os resultados para os dois experimentos.

Figura 16 – (A) Ensaio de incisão de APE1 com extrato total, realizado com incubação de amostra e

substrato por 5 e 15 minutos. (B) Quantificação dos ensaios de incisão com extrato total. Ctrl-: sem extrato protéico; WT: linhagem selvagem; Scr: linhagem transfectada com plasmídeo embaralhado; KD1: linhagem com aproximadamente 50% de mTOR; KD2: linhagem com pouquíssimo mTOR. O resultado representa a média ± desvio padrão de dois experimentos, em duplicata.

0

1

2

3

4

5

6

7

8

Ctrl- WT Scr KD1 KD2 Ctrl- WT Scr KD1 KD2

fmo

les/m

in d

e d

up

lex

inc

isad

o

Linhagem

Ensaio de incisão em extrato total 5 minutos 15 minutos

Ctrl- WT Scr KD1 KD2 Ctrl- WT Scr KD1 KD2

Extrato Total (15 ng de proteínas)

5 minutos 15 minutos A

B

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92

Conforme pode ser observado, curiosamente, apesar dos níveis muito

menores de APE1 em KD2, as atividades de incisão medidas apresentaram

pequena variação.

4.4.3. Ensaio de incisão com extrato mitocondrial

O ensaio de incisão com extratos mitocondriais foi realizado de forma similar ao

ensaio com extratos totais, com dois tempos de incubação (5 e 15 minutos). A figura

abaixo mostra os resultados para os dois experimentos.

Figura 17 – (A) Ensaio de incisão de APE1 com extrato mitocondrial, realizado com incubação de amostra e

substrato por 5 e 15 minutos. (B) Quantificação dos ensaios de incisão com extrato mitocondrial. Ctrl-: sem extrato protéico; WT: linhagem selvagem; Scr: linhagem transfectada com plasmídeo embaralhado; KD1:

0

1

2

3

4

5

6

7

8

9

Ctrl- WT Scr KD1 KD2 Ctrl- WT Scr KD1 KD2

fmo

les

/min

de

du

ple

x

inc

isa

do

Linhagem

Ensaio de incisão em extrato mitocondrial 5 minutos 15 minutos

Ctrl- WT Scr KD1 KD2 Ctrl- WT Scr KD1 KD2

Extrato Mitocondrial (50 ng de proteínas)

5 minutos 15 minutos

A

B

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93

linhagem com aproximadamente 50% de mTOR; KD2: linhagem com pouquíssimo mTOR. O resultado representa a média ± desvio padrão de dois experimentos, realizados em duplicata.

Assim como no experimento com extrato total, não pode ser detectada

variação muito grande na atividade de incisão de APE1. De fato, os níveis de incisão

de APE1 nas linhagens KD1 e KD2 em 5 minutos foram ligeiramente maiores em

relação aos controles. Um resultado curioso, uma vez que tanto a quantificação dos

níveis de proteína por western blot como dos níveis de mRNA por qRT-PCR

detectaram baixíssimos níveis, praticamente indetectáveis, em KD2.

4.5. Medida de parâmetros bioenergéticos

Durante a investigação das alterações causadas pelo knockdown de mTOR

nas células, decidimos investigar como se comportam os parâmetros bionergéticos

das células. Para isso, foram medidas a taxa de consumo de oxigênio e a taxa de

acidificação do meio extracelular, indicadores do metabolismo aeróbico e

anaeróbico, respectivamente. De modo a se aprofundar a análise, durante o

processo de medição, foram injetadas algumas substâncias que afetam o

funcionamento da cadeia de transporte de elétrons, permitindo observar como as

diferentes linhagens lidavam com essas diferentes condições.

4.5.1. Taxa de consumo de oxigênio

A taxa de consumo de oxigênio por células aderidas em substrato sólido foi

medida através da variação da concentração de oxigênio no meio de cultura dentro

das microcâmaras formadas na placa de cultura durante a fase de aquisição de

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94

dados pelo equipamento. Logo, quanto maior a taxa de consumo de oxigênio do

poço com determinada linhagem, maior será a diminuição observada na

concentração de oxigênio pelos detectores. As figuras abaixo apresentam os

resultados obtidos, apresentados de duas formas. Na primeira, valores absolutos de

consumo de oxigênio são demonstrados; na segunda, os resultados são

demonstrados como variações (em porcentagem) em relação aos valores basais.

Figura 18 - Taxa de consumo de oxigênio (pMoles/min) no decorrer do experimento (min). As linhas

verticais representam momentos aonde uma determinada substância foi injetada nos poços. As substâncias injetadas foram: (A) oligomicina, (B) CCCP, (C) rotenona e (D) antimicina. As curvas representam as linhagens WT (vermelho), Scr (lilás), KD1 (azul) e KD2 (verde).

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95

Figura 19 - Taxa de consumo de oxigênio (pMoles/min) no decorrer do experimento (min), em relação aos

valores basais. As linhas verticais representam momentos aonde uma determinada substância foi injetada nos poços. As substâncias injetadas foram: (A) oligomicina, (B) CCCP, (C) rotenona e (D) antimicina. As curvas representam as linhagens WT (vermelho), Scr (lilás), KD1 (azul) e KD2 (verde).

De acordo com as medidas, a respiração basal das células com maior

knockdown de mTOR (KD2) parece menor, o que é condizente com a atividade

conhecida da proteína. No entanto, as variações em relação à respiração basal,

quando inibidores específicos da fosforilação oxidativa foram adicionados foram

similares nas quatro linhagens. Inibição da ATP sintase com oligomicina (porta A)

diminui a taxa de consumo de oxigênio de todas as linhagens de forma similar,

enquanto que o desacoplamento com CCCP (porta B) parece aumentar a taxa de

consumo de oxigênio das linhagens também de forma similar. Antimicina e rotenona

(portas C e D) inibem completamente o consumo de oxigênio.

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96

4.5.2. Taxa de acidificação do meio

A taxa de acidificação do meio foi medida simultâneamente à taxa de

consumo de oxigênio. A medida é realizada através da detecção da concentração de

prótons no meio extracelular, em meio não tamponado. Em células em cultura, a

acidificação do meio extracelular é decorrente, majoritariamente, da produção de

lactato na glicólise, e consequentemente a acidificação do meio reflete a taxa

glicolítica não associada à fosforilação oxidativa. É importante observar que embora

diversos outros processos nas células possam ocasionar um aumento na

concentração de prótons, o fato de a concentração no experimento variar de forma

que espelhe a variação na taxa de consumo de oxigênio conforme as substâncias

nas portas vão sendo injetadas, indica que esses prótons realmente são oriundos de

uma mudança no balanço entre metabolismo aeróbico e anaeróbico na célula. As

figuras abaixo demonstram os resultados do experimento.

Figura 20 - Taxa de acidificação do meio (mpH/min) no decorrer do experimento (min). As linhas verticais

representam momentos aonde uma determinada substância foi injetada nos poços. As substâncias injetadas foram: (A) oligomicina, (B) CCCP, (C) rotenona e (D) antimicina. As curvas representam as linhagens WT (vermelho), Scr (lilás), KD1 (azul) e KD2 (verde).

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97

Figura 21 - Taxa de acidificação do meio (mpH/min) no decorrer do experimento (min), em relação aos valores

basais. As linhas verticais representam momentos aonde uma determinada substância foi injetada nos poços. As substâncias injetadas foram: (A) oligomicina, (B) CCCP, (C) rotenona e (D) antimicina. As curvas representam as linhagens WT (vermelho), Scr (lilás), KD1 (azul) e KD2 (verde).

Conforme pode ser observado, a curva de taxa de acidificação do meio

mostrou também que a linhagem KD2 apresenta uma atividade glicolíica menor do

que as outras. Isso indica que, como tanto o metabolismo aeróbico como anaeróbico

estão diminuídos, as células KD2 possuem um consumo total de energia menor.

Isso condiz com a função de mTOR, que, quando menos ativo, inibe o crescimento,

e, portanto, o consumo de energia.

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98

4.6. Quantificação do número de cópias de DNAmt

Devido a menor taxa de consumo de oxigênio observada nas linhagens com

knockdown de mTOR, decidimos medir o número de cópias de DNA mitocondrial,

com o intuito de observar se a menor taxa de consumo de oxigênio poderia estar

relacionada a uma diminuição na população mitocondrial e/ou número menor de

cópias de DNAmt, que estariam possivelmente traduzindo menos componentes para

a formação dos complexos da cadeia respiratória, resultando numa menor taxa de

consumo de oxigênio. As medidas foram feitas por RT-qPCR. A figura abaixo

apresenta o resultado observado.

Figura 22 – Número relativo de cópias de DNAmt, medido por RT-PCR, em células selvagens (WT: wild type), clones de células controle transfectadas com um plasmídio scrambled (Scr), clones de células mTOR knockdown com cerca de 50% de expressão (KD1) e clones de células mTOR knockdown com expressão quase nula (KD2). O número de cópias foi normalizado em relação ao gene nuclear de cópia única HPRT, e é apresentado relativo ao numero de cópias da linhagem selvagem. O resultado representa a média ± desvio padrão de dois experimentos, em triplicata.

Conforme pode ser observado, não houve diminuição significativa do número

de cópias de DNA mitocondrial nas duas linhagens com menor expressão de mTOR.

0

0,2

0,4

0,6

0,8

1

1,2

WT Scr KD1 KD2

me

ro d

e c

óp

ias

rela

tiva

s d

e D

NA

mt

Número de cópias relativas de DNAmt

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99

4.7. Medida da Atividade de Citrato Sintase

Como não foi possível detectar uma menor quantidade de cópias de DNAmt

na linhagem KD2, decidimos investigar se um número menor de mitocôndrias

poderia ser o responsável pela menor taxa de consumo de oxigênio, mesmo que

cada mitocôndria possuísse um número maior de cópias de DNAmt. Para tal,

utilizamos a medida da atividade da enzima citrato sintase como indicativo do

número de mitocondrias, uma vez que sua atividade por mitocôndria é relativamente

constante (Srere, 1974). Para realizar tal medida, a atividade enzimática foi estimada

através da formação do produto colorimétrico DNTB-CoA, pela reação de TNB com

CoA. A figura abaixo apresenta os resultados.

Figura 23 –Atividade específica de citrato sintase em extratos celulares de células selvagens (WT: wild type),

clones de células controle transfectadas com um plasmídio scrambled (Scr), clones de células mTOR knockdown com cerca de 50% de expressão (KD1) e clones de células mTOR knockdown com expressão quase nula (KD2). O gráfico representa média ± desvio padrão de dois experimentos, realizados em triplicata.

A atividade específica obtida foi similar nas quatro linhagens. Como a taxa de

conversão depende da quantidade de enzimas, e a quantidade de enzimas, nesse

caso, é proporcional ao número de mitocôndrias, os resultados indicam que as

0

10

20

30

40

WT Scr KD1 KD2

Ati

vid

ad

e e

sp

ec

ífic

a

mU

/mg

de

pro

teín

a

Atividade de Citrato Sintase

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100

quatro linhagens não diferem significativamente no número de mitocôndrias. Desta

forma, com quantidades similares de DNAmt e de massa mitocondrial,

aparentemente a linhagem KD2 possui uma reserva respiratória maior, respirando

muito menos do que sua capacidade respiratória permite.

4.8. Proliferação celular após tratamento com azul de metileno

fotossensibilizado

O experimento de proliferação celular após tratamento com azul de metileno

fotossensibilizado foi realizada conforme o protocolo apresentado. No entanto, não

foi possível obter um resultado para a proliferação. Isso ocorreu pois, após tentar

realizar o experimento diversas vezes, descobriu-se que células com knockdown

para mTOR possuem uma aderência muito menor que células selvagens. Como o

modelo celular utilizado (HEK293T) já possui baixa aderência, a menor aderência

devido ao knockdown de mTOR tornou o experimento inviável. Apesar de diversas

tentativas, e do tratamento com poli L-lisina para aumentar a aderência das células,

grandes quantidades eram perdidas ao final do experimento, devido as diversas

lavagens pelas quais os poços com as células deveriam passar. Como o

experimento visa a quantificar a proliferação celular, a perda de células devido a

baixa aderência altera completamente os resultados finais.

4.9. Identificação da população sub-G1 por citometria de fluxo

A quantificação da população sub-G1 após o tratamento com azul de metileno

foi feita com o intuito de determinar se o knockdown de mTOR modifica a resposta

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101

celular a danos oxidativos. As células tratadas com azul de metileno foram

irradiadas, induzindo a formação de oxigênio singlete, que ataca biomoléculas, entre

elas o DNAmt. Grandes quantidades de dano no DNAmt podem levar ao início de

um processo de apoptose nas células. Durante a apoptose, o DNA nuclear é clivado

em pequenos fragmentos de aproximadamente 180 pb, e múltiplos desse valor.

Quando as células são tratadas com iodeto de propídeo, um intercalante de DNA

que emite fluorescência após ligação ao DNA, é possível ver a intensidade do sinal

emitido por cada célula, que será proporcional à quantidade de DNA presente na

célula. Com esses valores, é possível estimar a quantidade de células em cada

etapa do ciclo celular, devido à variação na quantidade de DNA que ocorre durante o

ciclo. Em células em processo de apoptose, os fragmentos menores de DNA saem

da células após a permeabilização. Desta forma, quando marcadas com iodeto de

propídeo, essas células apresentam quantidades de DNA menores do que as

presentes em células na fase G1. Desta forma, a proporção de células antes do pico

de G1 pode ser utilizada como indicativo da proporção de células que sofreram

apoptose devido ao tratamento com azul de metileno. A figura abaixo apresenta os

resultados obtidos.

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102

Figura 24 – Proporção de células em sub-G1, com quantidade de DNA menor que células em G1, em células selvagens (WT: wild type), clones de células controle transfectadas com um plasmídio scrambled (Scr), clones de células mTOR knockdown com cerca de 50% de expressão (KD1) e clones de células mTOR knockdown com expressão quase nula (KD2). As células foram tratadas com concentrações crescentes de azul de metileno, e irradiadas. O gráfico representa a média ± desvio padrão de dois experimentos, realizados em triplicata. * Student’s t-test: p<0,05.

Os resultados indicam que as células com knockdown de mTOR

apresentaram uma proporção de células em sub-G1 significativamente menor que

as outras linhagens. A proporção de células em sub-G1 é menor na linhagem KD2

em todos as concentrações de azul de metileno, e menor em KD1 em 25 uM de azul

de metileno. Desta forma, o experimento indica que células com knockdown de

mTOR estão menos suscetíveis à indução de apoptose após dano oxidativo do que

as linhagens controle. Esse resultado é curioso, uma vez que os resultados

anteriores demonstraram uma redução na expressão de APE1, uma enzima

essencial para o reparo de dano oxidativo, com níveis praticamente indetectáveis em

KD2, a linhagem que apareceu mais protegida nos resultados.

0,0

10,0

20,0

30,0

40,0

50,0

60,0

70,0

80,0

90,0

100,0

0 uM 1 uM 5 uM 25 uM

Po

pu

laç

ão

Su

b G

1 (

%)

Concentração de AM

Proporção de células sub-G1 por citometria de fluxo

WT

Scr

KD1 (~55% expression)

KD2 (~0% expression)

*

*

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103

5. Discussão

Diversos experimentos demonstram um aumento na longevidade de

mamíferos em modelos com a inibição da atividade de mTOR (Anisimov et al., 2010;

C. Chen et al., 2009; Harrison et al., 2009; Jia et al., 2004; Kaeberlein et al., 2005;

Kapahi et al., 2004; Lamming et al., 2012; R. A. Miller et al., 2011; Vellai et al., 2003;

Wilkinson et al., 2012; Wu et al., 2013), tornando essa proteína alvo constante de

estudos sobre os mecanismos moleculares envolvidos no processo de

envelhecimento. Alterações no DNA (tanto nuclear quanto mitocondrial), por sua

vez, também são frequentemente citadas como possíveis mecanismos causadores

do envelhecimento (Failla, 1958; Szilard, 1959). Desta forma, analisar a interface

entre essas duas linhas de estudo é relevante para aprofundarmos nosso

entendimento acerca do envelhecimento. Poucos estudos analisaram a influência de

mTOR em vias relacionadas à manutenção do DNA. Em especial, nenhum estudo

de que temos notícia avaliou o papel de mTOR na regulação da manutenção do

DNAmt; um papel importante que possivelmente poderia ser exercido por mTOR,

dado seu envolvimento em homeostase metabólica, e o fato de mTORC1 ser um

regulador de PGC1α e NRF-1, reguladores importantes da biogênese mitocondrial

(Cunningham et al., 2007).

Neste estudo, foram utilizadas linhagens clonais de HEK293T com expressão

reduzida de mTOR, bem como células controle sem alteração na expressão de

mTOR. A clonagem das células com knockdown de mTOR teve como objetivo criar

linhagens isogências com diferentes níveis de repressão da expressão de mTOR.

Inerente à metodologia de transfecção, populações de células transfectadas são

heterogêneas, apresentando diferentes níveis de expressão do gene alvo do

knockdown. Essa variabilidade, além de poder afetar os resultados, pode fazer com

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104

que variantes que se multipliquem mais rápido dominem a cultura celular com o

tempo. No caso de um gene como mTOR, que está envolvido no crescimento e

proliferação celular, essa etapa é especialmente importante para evitar que células

com knockdown menos eficiente se propaguem mais rápido e, por seleção, eliminem

as com knockdown mais forte. As Figuras 3 e 4 demonstram o sucesso do processo

de clonagem, e a geração de duas linhagens isogênicas: KD1 e KD2, utilizadas para

explorar os efeitos do knockdown de mTOR.

A primeira estratégia utilizada para verificar se mTOR pode participar da

regulação das vias de reparo de DNA, principalmente na mitocondria, foi avaliar a

expressão de proteínas envolvidas nessas vias. Inicialmente, as medidas dos níveis

de proteínas através de western blot revelaram que a expressão de APE1, Polγ e

TFAM se encontravam diminuídas nas linhagens com knockdown de mTOR, com

uma diminuição mais acentuada na linhagem KD2. APE1, em particular, apresentou

níveis praticamente indetectáveis em KD2 em todas as replicatas com amostras de

extratos totais (Figura 5), e níveis consideravelmente mais baixos no extrato

mitocondrial (Figura 9). Tal diminuição da expressão foi corroborada através da

quantificação do mRNA de APE1 por qRT-PCR (Figura 13). Essa diminuição

contrasta com o resultado esperado, uma vez que menor expressão e ativação de

mTOR está associada a efeitos protetores em resposta a estresses, e APE1 é uma

enzima essencial da via BER, cuja deleção em camundongos provoca letalidade

embrionária (Maynard et al., 2009; Puebla-Osorio et al., 2006; Sugo et al., 2000;

Tebbs et al., 1999; Xanthoudakis et al., 1996). Uma das bases alteradas reparadas

pela via BER é a 8-oxo-guanina, produto do ataque de EROs, que têm sido

historicamente associadas com envelhecimento (Harman, 1956), embora hajam

evidências contraditórias em relação a essa hipótese (revisto em Y. Liu et al., 2014).

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105

Desta forma, dado que menor expressão de mTOR está relacionada a maior

longevidade, seria curioso notar que uma enzima que evitaria o acúmulo de lesões

provocadas por EROs poderia estar diminuida em situações de inibição de mTOR,

aonde a longevidade aumenta. Como não foram realizadas medidas de acúmulo de

danos oxidativos ao DNA nesse estudo não podemos fazer correlações diretas entre

a diminuição da expressão de APE1 e o acúmulo de lesões em DNA. Curiosamente,

é importante observar que, nos extratos mitocondriais (Figura 9), os níveis de APE1,

embora muito menores que os valores dos controles, eram bem mais elevados que

os valores demonstrados em extratos totais (Figura 5), nos quais a expressão de

APE1 em KD2 era praticamente indetectável. Isso demonstra que, aparentemente,

houve uma redução preferencial de APE1 nuclear/citosólica, em relação à

mitocondrial. Tal disparidade pode evidenciar uma importância maior dada pela

célula na manutenção do DNAmt em relação ao nuclear, embora mais experimentos

seriam necessários para suportar essa hipótese. Em especial, mais replicatas de

uma amostra mitocondrial seriam necessárias, uma vez que a quantidade de

mitoncôndrias isoladas foi suficiente apenas para um western blot de APE1.

Adicionalmente, é importante ter em mente que APE1 também possui uma atividade

redox capaz de estimular a ligação ao DNA de vários fatores de transcrição no

núcleo (revisto em Kelley et al., 2012). Essa atividade de fator de transcrição de

APE1 é regulada pela oxidação por EROs de resíduos de cisteína, e afeta o estado

redox tanto de fatores de transcrição ubíquos (como AP-1, Egr-1, NF-κB, p53,

CREB e HIF-1α) quanto de tecido-específicos (como PEBP-2, Pax-5, Pax-8 e TTF-

1). Logo, é possível que a diminuição observada nos níveis de APE1 tenha como

objetivo, principal ou paralelo, a diminuição da expressão dos genes sob controle de

APE1. Isso poderia explicar, possivelmente, porque houve uma diminuição mais

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106

acentuada em extrato total, em relação ao extrato mitocondrial, uma vez que a maior

parte de APE1 em extrato total se encontra no núcleo, aonde pode ser exercida sua

função de coativador transcricional. Desta forma, se o objetivo da regulação de

APE1 por vias efetoras de mTOR fosse diminuir a co-ativação dos fatores de

transcrição sob influência de APE1, sua diminuição no núcleo, e não nas

mitocôndrias, seria essencial. Adicionalmente, como APE1 se transloca para o

núcleo em resposta a estresse oxidativo (Ramana et al., 1998), num cenário de

possível menor geração de EROs, devido a uma maior reserva respiratória das

células (Figura 17), seria razoável imaginar que a atividade de APE1 seria menos

requerida no núcleo em relação às mitocôndrias. Além do mais, é importante frisar

que o efeito de aumento da longevidade observado através da inibição de mTOR é

mediado pelo complexo mTORC1. O modelo utilizado nesse projeto possui

knockdown para mTOR, afetando, portanto, os dois complexos (mTORC1 e

mTORC2). Experimentos futuros serão necessários para determinar qual o

complexo envolvido nesse caso. Caso mTORC2 seja o responsável pela menor

expressão de APE1, é possível que essa menor expressão não ocorra em cenários

de aumento da longevidade, quando mTORC1 é inibido. No entanto, como existe um

feedback entre os dois complexos de mTOR, é possível, dada a força da inibição de

APE1, que ela ainda se mostre presente apenas com a inibição de mTORC1. Por

outro lado, nas avaliações dos níveis de APE1 em amostras de fígado de

camundongo com inibição e superativação de mTORC1, alterações nos níveis de

APE1 não foram detectadas (Figura 12). Tal resultado pode ser tecido-específico,

mas também pode indicar que APE1 pode estar sob controle de mTORC2, o que é

corroborado pelo fato de alguns dos fatores de transcrição afetados por APE1

estarem sob controle de mTORC2, através de sua influência em Akt, como p53 e

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107

NF-κB e CREB (revisto em Kelley et al., 2012). Em especial, algumas evidências

apontam para um possível papel de p53 na regulação de BER, através de APE1

(Poletto et al., 2016). Poletto e colaboradores demonstraram uma regulação

negativa da expressão de APE1 por p53, possivelmente através da interação de p53

com o fator de transcrição Sp1, desestabilizando sua ligação com o DNA. Assim, a

superexpressão de p53 estaria associada a uma repressão nos níveis de APE1.

Como p53 é afetado por mTORC2 através de Akt/MDM2, menores níveis de

mTORC2 ocasionariam uma menor atividade de Akt, que, consequentemente,

estimularia menos MDM2, inibindo sua interação inibitória com p53, que estaria

superativado, e, portanto, inibindo a expressão de APE1. Quanto à função biológica,

foi postulado que esse mecanismo de regulação de APE1 por p53 teria como função

a regulação dos níveis de APE1 em resposta a quebras de fita simples de DNA, uma

vez que evitaria um acúmulo maior de quebras de fita simples, geradas por APE1,

que não são reparadas rápido o suficiente por outros componentes de BER. Desta

forma, é possível também que no modelo estudado nesse projeto uma diminuição na

expressão de mTOR tenha gerado, por meio possivelmente de uma diminuição no

metabolismo geral das células, uma menor quantidade de lesões oriundas de fontes

endógenas, diminuindo talvez a expressão de outras proteínas da via BER. Tal

diminuição requeriria uma diminuição concomitante de APE1, uma vez que níveis

muito maiores de APE1 em relação ao resto da via acabariam gerando muitas

quebras de fita simples que não seriam reparadas com velocidade suficiente.

Infelizmente, não foi possível avaliar os níveis de expressão das glicosilases (como

OGG1 e UDG) devido a problemas com os anticorpos.

Após a constatação da existência de uma menor expressão de APE1 em

linhagens knockdown de mTOR, foi medida a atividade de incisão de APE1 através

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108

de um ensaio de atividade enzimática, tanto em extratos totais quanto mitocondriais.

Curiosamente, não foi possível detectar uma queda na atividade de incisão nas

linhagens com knockdown de mTOR em nenhum dos dois extratos (Figuras 14 e

15), mesmo em KD2, no qual a expressão de APE1 foi praticamente indetectável,

tanto por western blot quanto por qRT-PCR. Teoricamente, o sítio tetrahidrofurano,

análogo ao sítio abásico que serve de substrato para APE1, deveria ser específico

para APE1, evitando assim a ação de outras endonucleases/AP-liases. No entanto,

dado o resultado, não podemos descartar a possibilidade de outras enzimas terem

realizado a atividade de endonuclease. Vale ressaltar que os níveis de incisão

medidos foram altos, o que pode ter mascarado diferenças entre as linhagens. De

qualquer forma, se confirmados esses resultados podem indicar que a diminuição

significativa dos níveis proteicos de APE1, nesse modelo experimental, pode não

resultar em alterações significativas do reparo de lesões oxidativas. Por outro lado, a

diminuição nos níveis de APE1 observada pode estar ligada a sua atividade redox,

com a atividade de endonuclease de APE1 sendo compensada por outra(s)

enzima(s).

Similarmente, a diminuição da expressão de Polγ e TFAM também vai contra

o esperado (Figuras 6, 7, 10 e 11), embora a diminuição da expressão de TFAM

com inibição de mTORC1 já tenha sido observada na literatura (Morita et al., 2015).

TFAM possivelmente exerce um papel protetor no DNAmt, provavelmente ao

envolver o DNAmt e protegê-lo de danos por espécies reativas de oxigênio, e regular

a acessibilidade das enzimas de reparo de DNA (Tonolli, 2013). Uma menor

quantidade de TFAM poderia significar que o DNAmt está mais exposto a dano,

dado que a quantidade de DNAmt na célula fosse a mesma. A hipótese de que os

níveis menores de TFAM fossem decorrentes de menores números de cópias de

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DNAmt foi testada através da quantificação do número de cópias de DNAmt por

qRT-PCR (Figura 21), e os resultados não mostraram diferenças significativas entre

as linhagens. Esse resultado contrasta com alguns resultados na literatura, que

demonstraram uma diminuição do número de cópias de DNAmt com a inibição de

mTORC1 (Nacarelli et al., 2014), embora não se saibam os efeitos de mTORC2

nesse caso. A diminuição de Polγ, apesar de essa ser também importante para

BER, pode estar relacionada à menor taxa de crescimento e proliferação das

linhagens com knockdown de mTOR. Inibição de mTOR provoca uma diminuição

geral no metabolismo, evidenciado pelas medidas de taxa de consumo de oxigênio e

taxa de acidificação do meio (Figuras 17, 18, 19 e 20). Além do mais, como o

número de cópias de DNAmt e atividade de citrato sintase (indicando a massa

mitocondrial) não estavam diminuídos (Figura 22), isso indica que a menor utilização

de energia pelas células resulta em um aumento na reserva respiratória (Figura 17),

a diferença entre a taxa de respiração utilizada e a capacidade máxima. Em cenários

como esse, o fluxo de elétrons pela cadeia de transporte de elétrons é mais

constante, e ocorrem menos vazamentos de elétrons, que poderiam produzir radical

ânion superóxido. Assim, com uma menor geração de EROs, talvez fosse

necessária menos atividade de Polγ no reparo do DNAmt. Uma menor geração de

EROs com a inibição de mTOR estaria de acordo com a literatura (Miwa et al., 2016;

Nacarelli et al., 2014).

A realização do experimento de citometria de fluxo, com células tratadas com

azul de metileno (Figura 23), teve por objetivo avaliar a sensibilidade das células a

danos causados por estresse oxidativo mitocondrial. O azul de metileno (AM) é um

composto fenotiazínico de estrutura tricíclica, que apresenta uma cor azul intensa, e

uma carga positiva líquida em pH fisiológico. AM é um fotossensibilizador, com

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máximo de absorção em 656 nm (Calzavara-Pinton et al., 2012). Como a maioria

dos fotossensibilizadores, AM gera oxigênio singlete de forma eficiente por reações

fotoquímicas do tipo II (Oleinick et al., 2002). Devido à sua carga, foi inicialmente

proposto que AM teria localização mitocondrial. No entanto, foi demonstrado que há

colocalização significativa de AM em lisossomas (Gabrielli et al., 2004; Mellish et al.,

2002). Dentre as possíveis respostas celulares à formação de lesões oxidativas está

a indução de apoptose. Desta forma, ao tratar as quatro linhagens com azul de

metileno, foi possível verificar, através da quantidade de células em sub-G1 (um

indicativo de morte celular), quais linhagens pareciam mais resistentes ao estresse

oxidativo. Conforme pode ser observado na Figura 23, as linhagens com knockdown

de mTOR apresentaram uma quantidade menor de células em sub-G1, com KD2

apresentando pouquíssima variação em todas as concentrações de AM. Isso indica

que, possivelmente, as células com menos mTOR estão de fato protegidas do dano

por estresse oxidativo, pelo menos quando utilizada população sub-G1 como

medida. Se esse resultado fosse interpretado em face à diminuição dos níveis

proteicos de APE1 detectada em células mTOR-KD, pareceria um pouco

contraditório. No entanto, conforme foi observado no ensaio de incisão, a atividade

de incisão permaneceu inalterada, indicando que talvez não tenha havido nenhum

prejuízo na atividade da via BER, pelo menos no reparo de danos causados por

estresse oxidativo. Muito embora deva ser notado que a relação de mTOR com

apoptose não é completamente compreendida, e em pelo menos alguns contextos

uma menor sinalização de mTOR pode inibir apoptose, talvez através da liberação

do feedback negativo de mTORC1 na via de insulina/PI3K/Akt. De fato, uma

sinalização mais elevada de Akt foi observada em biopsias de pacientes de câncer

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111

após o tratamento com everolimus, um análogo de rapamicina (Tabernero et al.,

2008).

Um outro desenho experimental para avaliar a proliferação de células tratadas

com AM, não pôde ser concluído. Isso se deve ao fato de as células KD2, com

knockdown mais forte de mTOR, possuírem aderência ao substrato muito reduzida.

Essa propriedade impediu a realização do experimento devido a necessidade de

muitas etapas envolvendo a troca de soluções nos poços. Mesmo com o número de

trocas sendo diminuído através da eliminação de lavagens e utlização de um meio

de cultura transparente, evitando a necessidade de retirada do meio para irradiação,

ainda houve grande perda de células nos poços da linhagem KD2, com mais de 80%

das células sendo removidas durante o experimento. Como uma boa execução do

experimento depende da conservação do número de células, de modo a se poder

avaliar a proliferação através da quantidade de DNA, a perda massiva de células em

uma das linhagens tornou o experimento inviável. Essa diminuição da aderência de

células com expressão reduzida de mTOR é consistente com o que é reportado na

literatura (L. Chen et al., 2015).

Nesse estudo investigamos diretamente se os níveis proteicos de mTOR afetam

atividades de reparo de DNA e a susceptibilidade celular a agentes que induzem

estresse oxidativo mitocondrial. Em conjunto, nossos resultados indicam que

diminuições nos níveis de mTOR alteram pelo menos duas enzimas da via BER,

APE1 e Polγ, além de TFAM. No entanto, as diminuições nos níveis dessas enzimas

parecem, pelo menos em primeira análise, não afetar a capacidade de incisão e de

proteção contra estresse oxidativo das células, indicando que mais análises devem

ser feitas para entender melhor o que está ocorrendo a nível molecular nos modelos.

Possivelmente, outras vias compensatórias podem estar agindo. As alterações nos

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112

níveis de mTOR também não afetaram a capacidade respiratória das células, pelo

menos com as medidas utilizadas. Adicionalmente, não sabemos exatamente qual

complexo de mTOR estaria envolvido na regulação, embora hajam algumas

suspeitas de que mTORC2 seja o responsável. Tudo isso indica que, embora ainda

não perfeitamente compreedido, mTOR tem alguma influência na regulação da

manutenção do genoma, tanto nuclear quanto mitocondrial. Mais estudos serão

necessários para corroborar e explorar os detalhes, bem como a extensão, dessa

influência de mTOR.

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113

6. Conclusões e perspectivas

mTOR parece afetar os níveis de expressão de APE1 através de um de seus

dois complexos, com algumas suspeitas indicando que o complexo 2 pode

ser o envolvido no processo. Experimentos inibindo os dois complexos

separadamente no mesmo modelo poderiam elucidar qual está envolvido.

Adicionalmente, após a identificação do complexo envolvido, inibição de

proteínas à jusante de mTORC 1 ou 2 ajudaria a elucidar a via envolvida na

regulação de APE1;

Os níveis menores de expressão de APE1 não acarretaram, pelo menos com

as metodologias utilizadas, em menor capacidade de incisão ou menor

resistência a estresse oxidativo. Outros experimentos poderiam ser feitos para

complementar a análise e corroborar os achados;

A inibição de mTOR não pareceu alterar o número de cópias de DNAmt ou a

massa mitocondrial. Isso indica que a capacidade respiratória das células

continua a mesma; e

TFAM e Polγ também tiveram suas expressões diminuídas; como o número

de cópias de DNAmt é igual em todas as linhagens, isso sugere que o DNAmt

deve estar menos coberto por TFAM, deixando-o mais exposto. No entanto, a

medida de população sub-G1 após tratamento com AM indicou níveis

menores de morte celular, indicando que, apesar de provavelmente estar

mais exposto a estresse oxidativo induzido por AM, as células estão mais

protegidas.

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114

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