Calibração de impressoras digitais trabalho

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Mestrado em Tecnologias Gráficas – IV Edição Teoria da Cor

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Índice

INTRODUÇÃO ............................................................................................................................... 2

PARA QUÊ CALIBRAR? .............................................................................................................. 3

O QUE É A CALIBRAÇÃO? ....................................................................................................... 4

CALIBRAÇÃO ................................................................................................................................. 6

Antes de Calibrar .......................................................................................................................... 6

O que é necessário para calibrar? ............................................................................................... 6

Calibrar ........................................................................................................................................... 7

Determinação dos limites de tinta - LINEARIZAÇÃO .................................................... 7

Para quê fazer a linearização? .................................................................................................. 9

Criando o perfil de cores ......................................................................................................... 9

Cuidados a ter .......................................................................................................................... 11

CONCLUSÕES .............................................................................................................................. 12

BIBLIOGRAFIA & REFERÊNCIAS ONLINE ..................................................................... 13

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INTRODUÇÃO

O presente trabalho insere-se na disciplina de Teoria da Cor e tem como objetivo explicar

de forma sucinta a correta calibração das impressoras digitais de grande formato assim como

evidenciar a sua importância.

Logo a seguir à qualidade da impressão em si, muito provavelmente a fiel reprodução das

cores será o aspeto mais importante para os clientes, esse é também um dos problemas mais

frequentes e de difícil resolução por parte dos impressores.

Este trabalho visa então clarificar e explicar como conseguir impressões consistentes ao

longo do tempo do ponto de vista da reprodução das cores. Sendo uma apresentação sumária da

calibração de uma impressora de grande formato, este trabalho pressupõe um conhecimento prévio

da Teoria da Cor, nomeadamente de modelos e espaços de cor, o espaço aditivo RGB e o

subtrativo CMYK, a compreensão e boa utilização de perfis ICC e para que servem. Além desse

conhecimento, está também subjacente o conhecimento do ponto de vista do utilizador do

funcionamento de softwares de RIP1.

1 RIP – Raster Image Processor

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PARA QUÊ CALIBRAR?

Imagine o seguinte cenário, você recebe a arte final de um trabalho para imprimir na sua

impressora, o designer avisa que todo o trabalho foi feito em RGB e apenas convertido para

CMYK quando gravou a arte final. O designer diz-lhe ainda qual o perfil ICC que usou para fazer

essa conversão e ainda lhe fornece uma prova de cor. Visualizando o ficheiro no seu monitor a

imagem até parece estar com as cores corretas (tonalidades, contrastes, luminosidade, etc.) então

provavelmente irá sair bem na impressão.

Primeira impressão a sair da máquina e logo se apercebe que afinal as cores estão todas

mal, vermelhos demasiado escuros, azuis e verdes incorretos e pior ainda, nas zonas de maior

concentração de tinta (cores mais escuras ou sombras) a impressora claramente usou muito mais

tinta do que o necessário, tanto até que está a escorrer do suporte, em resumo, a impressão não está

nada como previsto.

Só para confirmar que o problema é da impressora e não da arte final socorre-se de um

catálogo de cores, como por exemplo da Pantone® onde pode consultar as cores impressas e os

respetivos valores em CMYK que representam essas cores. Desenha um quadrado no seu programa

de edição preferido, atribui os valores de CMYK de uma cor Pantone® cuja representação em

quadricromia2 é bastante aproximada à cor sólida apresentada no catálogo, isto é, tem uma base de

comparação entre os valores enviados para a impressora e o que a impressora efetivamente

imprime.

Os seus receios confirmam-se, a impressora não está a imprimir as cores de forma

adequada!

O mais certo é a impressora não estar devidamente calibrada e caracterizada para o material

em que está a imprimir, ou por outro lado, pode também estar a imprimir utilizando um perfil que

não se adequa ou às propriedades específicas do material ou ao tipo de imagem que está a tentar

imprimir, pode nem ser o perfil adequado para ambas essas situações.

Portanto é muito importante ter a(s) sua(s) impressora(s) bem calibrada(s) e caracterizada(s)

para os materiais em que imprime. Esta caracterização tendo em conta os materiais é também

muito importante pois cada material (P. Ex. Vinil, Papel fotográfico, Papel matte, Tela, etc.)

apresenta as suas próprias características, quer ao nível da absorção de tinta quer ao nível da sua

“brancura” ou grau de branco que vão influenciar a forma como a cor é reproduzida e

percecionada.

2 Processo de impressão que utiliza o sistema de cores básicas compostas pelo Cião, Magenta, Amarelo e Preto – CMYK – para reproduzir uma gama alargada de cores.

Figura 1 – Impressora não calibrada Figura 2 – Impressora calibrada

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O QUE É A CALIBRAÇÃO?

O grande objetivo de uma boa calibração é conseguir-se uma boa reprodução das cores por

parte da impressora de forma consistente, isto é, que a impressora imprima as mesmas cores

sempre da mesma forma. Uma impressão consistente das cores significa também poupanças

significativas. Uma impressora bem calibrada gastará menos tinta para reproduzir corretamente as

cores, por outro lado terá menos desperdícios de tempo e material pois os erros de impressão serão

bem menores e consequentemente as reimpressões serão menores.

Ao mesmo tempo que se procura a consistência na reprodução de cor, também se procura

a precisão na reprodução, ou seja, a capacidade de reproduzir (imprimir) cores de forma precisa.

Esta precisão faz-se notar particularmente ao imprimir-se logotipos de marcas conhecidas.

A capacidade e conhecimento de calibrar corretamente uma impressora vão de certo modo

substituir a “arte” de fazer-se ajustes diretamente às imagens ou ficheiros a imprimir de modo a

compensar os desvios na impressão. A manipulação das artes finais é de todo indesejável por

diversos motivos, quanto mais não seja para evitar-se o tempo gasto em fazer provas de impressão

e subsequentes ajustes nos ficheiros cada vez que se tem de imprimir.

Ao receber um dado ficheiro para imprimir, normalmente esse ficheiro vem com um perfil

de cor (ICC) associado, esse perfil define o espaço de cor dessa imagem, o espaço de cor de origem

ou de entrada. Ao mandar essa imagem para a impressora, será utilizado um perfil de impressão ou

de saída, que define o espaço de cor da impressora. A conversão de um espaço para outro deverá

ser feita de forma conveniente e controlada, tendo também em conta as propriedades do material

em que se está a imprimir. A calibração correta vai definir de que forma essa conversão será feita.

No fim de uma calibração e caracterização do material irá ser criado um espaço de cor de saída,

com informações de conversão de cores contidas num ficheiro de extensão *.ICC ou *.ICM,

informações essas que serão geradas contemplando diversos fatores como iremos ver adiante.

De uma forma simples podemos dizer que a calibração e caracterização de uma impressora

irá fazer compensações entre as cores que foram enviadas para a impressora e a forma como a

impressora efetivamente usa as suas tintas para reproduzir essas cores enviadas. As compensações

têm como função garantir que as cores enviadas são corretamente impressas pela impressora

naquele dado material.

A calibração depende de vários fatores, entre os quais podemos enumerar os seguintes:

1. Cores de base utilizadas na impressora, isto é, se a impressora recorre ao sistema

mais usual da conjugação de tintas base composta pelo CMYK. Atualmente

existem impressoras que utilizam além das tintas CMYK tintas Light Cyan (Lc) e o

Light Magenta (Lm) existem ainda outras combinações de tintas bases disponíveis

no mercado, estas variações têm como função aumentar a gama de cores que a

impressora será capaz de reproduzir.

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2. Luz ambiente onde a impressora funciona, a cor

percecionada numa impressão é formada de forma

refletiva, ou seja, as ondas de luz embatem na

superfície da impressão e as tintas funcionam como

filtros, absorvendo comprimentos de onda da luz

incidente e refletindo comprimentos de onda da

mesma luz incidente. Por exemplo a tinta cião

funciona como filtro do vermelho da luz incidente,

absorvendo os comprimentos de onda do vermelho e

refletindo os comprimentos de onda do verde e azul. Portanto as cores

percecionadas pela observação de uma dada impressão dependem diretamente da

luz ambiente onde essa impressão é visionada.

3. As características do material ou suporte de impressão, como sabemos a imagem

de impressão é formada pelo depósito de tinta sobre a superfície do suporte (P.

Ex. Vinil ou Papel fotográfico), essa tinta será absorvida pelo suporte e portanto a

capacidade de absorção do material terá influência nas cores refletidas pelo

material. Esta característica é também importante se considerarmos que as cores

serão formadas por diferentes combinações ou percentagens das tintas existentes

na impressora (P. Ex. Um laranja poderá ser formada por 0%C+100%M+70%Y e

0%K) e como tal se a capacidade de absorção de um determinado material for

muito baixa, a carga total de tinta terá também de ser muito baixa o que poderá

afetar a gama de cores que podemos reproduzir naquele dado matéria.

Por outro lado, a tonalidade da superfície do suporte é também um fator muito

importante para a calibração de cores. A grande maioria das impressoras de grande

formato não têm a capacidade de imprimir o branco, não têm tinta branca, o

branco é dado pela cor do suporte (os materiais de impressão são na sua grande

maioria brancos) mas a tonalidade desse branco varia de material para material e

portanto o modo como a cor é percecionada também varia. A caracterização do

material e calibração irá ajustar as compensações tendo em conta a tonalidade do

material conseguindo assim, na medida do possível, uma reprodução de cor

consistente independentemente do material em que se está a imprimir. Um

vermelho composto por 0%C+100%M+100%Y e 0%K será igual se impresso em

vinil ou lona.

Temos portanto que a calibração vai depender de fatores inerentes à impressora, ao meio

ambiente e ao material em que se está a imprimir. Assim uma dada calibração só será eficaz e só

deverá ser usada na impressora calibrada, nas condições de luminosidade e para o material que foi

feita.

Como referido anteriormente, a calibração em termos práticos, irá gerar um ficheiro *.ICC

ou *.ICM que mais não é do que uma tabela de conversão de cores. Essa tabela, que tem em conta

os aspetos já referidos, contém a forma como as cores enviadas para a impressora são impressas e

faz a devida conversão.

Em termos práticos e no âmbito do software de RIP, designamos o ato de se utilizar uma

dada calibração de impressão, a aplicação de um Perfil de Impressão.

Figura 3 - Filtro Ciano

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CALIBRAÇÃO

Como foi referido anteriormente, cada calibração feita só deverá ser utilizada na impressora

onde foi feita a referida calibração. Cada material de impressão deverá ser alvo de uma calibração e

caracterização, ou seja, cada vinil que utilize regularmente, como vinil matte e brilho, deverá ter a

sua própria calibração e essa calibração deverá ser utilizada apenas quando imprime nesse material.

Por outras palavras, não deverá imprimir em tela utilizando uma calibração e caracterização feita

para um vinil brilho.

Os passos e procedimentos descritos a seguir podem variar dependendo do RIP utilizado,

do equipamento e softwares de calibração utilizados. De um modo geral o conjunto de

espetrofotómetro+software de calibração segue os mesmos passos. Ao nível do RIP os passos,

funcionamento dos menus e nomenclatura podem variar, apesar disso será sempre necessário dar

um nome único e facilmente identificável ao perfil que irá criar.

Antes de Calibrar

Antes de começar a calibração deve ajustar convenientemente a impressora. Deve seguir as

recomendações no manual da impressora. Esses ajustes variam conforme a impressora. Podem

incluir ajustes de avanço do material, altura das cabeças de impressão, espessura do material, o

modo de impressão (unidirecional ou bidirecional) a resolução de impressão (P. Ex. 720x720 DPI’s,

720x540 DPI’s ou 360x360 DPI’s) e qualquer outro ajuste referido no manual.

O que é necessário para calibrar?

De forma a fazer-se uma calibração ou perfil de impressão deverá ter, além do software de

RIP, equipamento e software específicos para a calibração, ou seja, um espetrofotómetro e um

software de calibração. Existem no mercado várias soluções de calibração que têm pacotes com

softwares e espectrofotómetros. Estas soluções permitem calibrar não só impressoras como

também monitores e scanners.

Espetrofotómetro: Instrumento utilizado para medir a intensidade dos comprimentos de

onda de um espectro de luz em comparação com a intensidade de luz a partir de uma fonte padrão.

Dispositivo para medir a luminosidade das várias porções do espetro3.

3 http://www.spectrophotometer.com/FAQ.htm

Figura 4 – Exemplos de espetrofotómetro

Figura 5 – Funcionamento do espetrofotómetro

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Na impressora deverá estar o material para o qual deseja fazer o perfil de impressão.

Alguns exemplos de soluções de calibração incluem o X-Rite4 ou o SpyderPRINT5

Calibrar

Determinação dos limites de tinta - LINEARIZAÇÃO

Neste passo irá determinar o limite de tinta que o material escolhido poderá suportar sem

afetar a reprodução das cores, normalmente esta operação designa-se por LINEARIZAÇÃO. O

processo de linearização vai caracterizar a combinação de tintas+material. Na maioria dos casos, à

medida que se vai adicionando tinta num mesmo ponto do material a densidade de tinta torna-se

tanta que o material já não consegue absorver mais tinta, atinge-se o limite tal que a intensidade e

densidade da cor desejada será prejudicada.

O processo de linearização vai permitir a impressão de cada cor, ou canal de cor, de uma

forma suave e linear, sobre o material. Neste passo ainda não estamos a misturar os canais para

criar as diversas cores mas sim a determinar, para cada canal de cor base da sua impressora, o limite

de densidade de tinta que o material aguenta, desde o branco sem tinta do material até ao máximo

de densidade admitida pelo material, em incrementos contínuos e sem aumentos abruptos de

densidade.

De modo a conseguir linearizar terá de ser capaz de controlar os canais de tinta da sua

impressora individualmente, este controlo será feito no menu adequado do seu RIP.

O primeiro objetivo de uma impressão linear será definir, por exemplo, que 40% de uma

tinta depositada sobre o material corresponde ao dobro da densidade de 20% da mesma tinta. O

segundo objetivo será determinar o ponto a partir do qual a densidade máxima é atingida. Este

ponto é importante pois a partir deste ponto cargas de tinta adicional implica na realidade

densidades menores. De referir que este processo terá de ser feito para cada canal de cor (P. Ex.

Cião, magenta, amarelo e preto no caso da impressora apenas usar essas tintas de base).

Durante o processo de linearização, são enviados comandos para a impressora para que os

canais de tinta sejam impressos de forma sequencial, irão ser impressas faixas formadas por

quadrados de densidades de tintas sucessivamente maiores. Esta série de faixas será lida pelo

espetrofotómetro e as medições efetuadas serão enviadas para o software de calibração. O software

de calibração irá então efetuar os ajustamentos necessários de modo a obter-se densidades lineares

assim como determinar as densidades máximas apropriadas.

4 http://www.xrite.com/home.aspx 5 http://spyder.datacolor.com/portfolio-view/spyderprint/

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Figura 6 - Exemplo de faixas de controlo das densidades

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Para quê fazer a linearização?

O principal benefício que se obtém através da linearização é conseguir que todos os canais

de tinta imprimam de forma adequada ao material onde se está a imprimir. Uma vez atingida a

linearização, o processo de misturar as cores base de forma a produzir os milhões de cores possíveis

(através da combinação das cores base) será muito mais fácil, eficiente e precisa.

Criando o perfil de cores

Após o processo de linearização, a impressora está pronta a que seja criado um perfil de

cores adequado. A criação de um perfil de cores é feita antes de mais imprimindo um catálogo de

cores “alvo” ou de referência cujos valores, que as traduzem no espaço de cores, são conhecidos.

No processo de calibração de impressoras o espaço de cor de referência utilizado é o espaço L*a*b.

O espaço L*a*b é um espaço de cor independente do aparelho ou método de reprodução das

cores, isto é, não depende do aparelho utilizado para reproduzir as cores (P. Ex. Impressora) e é o

espaço de cores que mais se aproxima ao modo como os nossos olhos percecionam as cores. As

cores “alvo” têm valores conhecidos, pois no processo de calibração, é criado um ficheiro de texto

que contém os valores objetivos dessas cores no espaço L*a*b. Esses valores descrevem de forma

única e objetiva cada cor “alvo” que servirá de comparação com as cores impressas.

Estes valores das cores “alvo” serão enviados para a impressora sem qualquer tipo de

manipulação ou alteração. O conjunto de cores “alvo”, ou em inglês target color patches, são então

enviadas para a impressora com os valores L*a*b exatos que constam no ficheiro de texto e são

impressas. As cores impressas pela impressora serão posteriormente lidas pelo espetrofotómetro e

analisadas automaticamente pelo software de calibração. O objetivo é comparar os valores L*a*b

das cores de referência com os valores L*a*b efetivamente impressas pela impressora. Logicamente

que nesta fase os valores obtidos não serão exatamente iguais, isso será quase impossível. O

software de calibração irá calcular o desvio entre o que foi enviado para a máquina e o que foi

impresso. O perfil resultante descreve como a impressora se comporta na impressão de cores de

referência cujos valores são absolutamente conhecidos.

No futuro fluxo de trabalho, este perfil e a informação nele contido, será então usado para

traduzir ou converter os valores das cores das imagens a imprimir para os valores que a impressora

utiliza para criar as cores, naquele material, de forma precisa.

Imagine que os valores de uma dada cor de referência, definem essa cor como sendo

“vermelho-alaranjado”, é muito provável que na calibração a sua impressora imprima esses mesmos

valores, ou seja, aquela mesma cor de referência como um “vermelho-magenta”, então este

comportamento, este desvio é anotado e ajustado no perfil. Cada vez que este perfil é usado são

feitas as correções aos desvios anotados na reprodução das cores de referência, essas correções são

feitas convertendo os valores das cores de referência para outros valores que garantirão que a

impressora imprima as cores desejadas.

Os cálculos envolvidos na conversão dos valores das cores são efetuados recorrendo a

algoritmos complexos que podem variar com o software de calibração utilizado. Como uma

impressora é capaz de reproduzir milhões de cores, sendo que esse número depende do conjunto

de tintas base utilizado, e no processo de calibração se imprimem apenas algumas cores de

referência, são utilizados ainda algoritmos que “extrapolam” a forma como a impressora irá

imprimir todas as outras cores.

O nosso papel na calibração resume-se a mandar para a impressora um conjunto de cores

de referência e medir os resultados da impressão com o espetrofotómetro. O software irá fazer o

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resto e cria o perfil de impressão que será utilizado com a mesma combinação

impressora+material+tintas+ambiente em que o perfil foi criado.

Figura 8 - Figura 9 - Exemplo de ficheiro texto (*.txt) de valores de cores de referência

Figura 7 - Espaço de cores L*a*b

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Cuidados a ter

Quando imprimir a tabela de cores de referência (cores alvo) é muito importante, não

existir qualquer tipo de conversão de cores, isto é, não deve estar aplicado qualquer perfil ICC. Por

exemplo no Adobe® Photoshop significa selecionar “Sem Gerência de Cor” ou em inglês “No

Color Management”.

Quando imprimir trabalhos utilizando o perfil criado, a impressora deverá estar

configurada exatamente da mesma forma que estava aquando da criação do perfil, nomeadamente a

impressora deverá estar com as mesmas configurações com as quais imprimiu as cores de

referência. Relembrar que o perfil foi criado para um determinado tipo de material e deverá ser

utilizado apenas quando imprimir sobre esse material.

Com o passar do tempo poderão ocorrer alterações na impressora, nas tintas ou nos

materiais e portanto os perfis criados poderão deixar de ser fiáveis. É portanto aconselhável

caracterizar e calibrar novamente a sua impressora e materiais em intervalos mais ou menos

regulares ou sempre que detete desvios na impressão das cores.

Figura 10 - Exemplos de tabelas de cores de referência

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CONCLUSÕES

Apesar de ter ficado bem patente que uma correta calibração das impressoras torna o fluxo

de trabalho não apenas muito mais eficiente e livre de erros, leva a que os desperdícios, de tempo e

material, sejam efetivamente menores e portanto uma impressora calibrada para imprimir em

materiais devidamente caracterizados equivale a menos custos de produção.

Calibrar uma impressora digital implica o investimento em equipamentos específicos que

sejam capazes de “ler” e codificar a cor, no caso o espetrofotómetro, e na instalação de software

compatível com esse equipamento de modo a poder interpretar e corrigir os desvios observados

entre as cores que foram enviadas para a impressora e as cores que a impressora de facto imprimiu.

Este investimento certamente terá retorno em empresas que decidam seguir o caminho de uma boa

gestão e reprodução da cor.

Apesar de todos os benefícios que uma impressora bem calibrada pode trazer o facto é que

em Portugal a grande maioria das empresas de impressão digital de grande formato limita-se a usar

perfis fornecidos com a máquina. Tratam-se de perfis genéricos que funcionam na generalidade dos

materiais e sob condições ambientais tidas como médias por quem as fornece, a verdade é que essas

condições podem ser completamente distintas das nossas e como vimos essas condições

influenciam diretamente o modo como as impressoras reproduzem a cor. Por outro lado esses

perfis genéricos não contemplam as propriedades específicas dos diversos materiais de impressão.

Atentos a estes factos e à importância de uma boa gestão da cor, muitos fabricantes de materiais de

impressão disponibilizam atualmente perfis de cor ICC para os materiais que fabricam. É uma

solução longe de ser ótima pois ainda se verificam muitos entraves à aplicação desses perfis, ou por

questões de incompatibilidades entre RIP e o formato como esses perfis são disponibilizados ou

por simplesmente não existirem para um dado material ou para um dado RIP.

Por outro lado os proprietários de empresas de impressão digital não reconhecem que uma

boa gestão da cor no fluxo de trabalho como sendo uma mais-valia ou sequer um bom

investimento e portanto não investem nem em equipamentos nem em formação dos operadores

das impressoras no sentido de entenderem a gestão da cor e consequentemente no sentido de

serem capazes de calibrar. Apenas quando as “coisas não estão a correr bem” é que se perguntam o

que se pode fazer e porque a impressora não imprime bem – “o que se vê no monitor”. Como uma

formação adequada em gestão da cor não é facultada aos operadores das impressoras,

frequentemente estes transformam-se em verdadeiros “artistas” do retoque e ajustes das artes finais,

de modo a compensar os desvios verificados em impressoras desajustadas. Com todos os

desperdícios de tempo e material que isso naturalmente implica. Assiste-se a uma confusão ou puro

desconhecimento sobre a utilização dos perfis ICC e dos espaços de cor, para mencionar apenas

esses aspetos da gestão da cor.

Claro que uma boa gestão da cor depende de mais fatores além da calibração de

impressoras e implica algum conhecimento por parte dos operadores, da Teoria da Cor, modelos e

espaços de cor, saber distinguir entre espaços RGB, CMYK ou L*a*b, e, por isso mesmo existem

profissionais certificados para “fabricar” perfis de impressão específicos às necessidades de cada

empresa.

Penso que um olhar mais atento e cuidado à calibração das impressoras, à criação de perfis

de impressão adequados a cada caso será um bom ponto de partida para se começar a olhar de

outra forma para uma gestão da cor eficiente.

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BIBLIOGRAFIA & REFERÊNCIAS ONLINE

Practical Colour Management - Rob Griffith; 2010 The Colour Collective Ltd.; O Controle da Cor - Alex Villegas; 2009 Editora Photos; Color Managment Understanding and Using ICC Profiles - Phil Green (Editor); London College of Communication, Reino Unido; The Spectral Modeling of Large-Format Ink-Jet Printers - Roy S. Berns, Animesh Bose, Di-Yuan Tzeng; dezembro 1996; A Guide to Graphic Print Production - Kaj Johansson,Peter Lundberg,Robert Ryberg; 2011; Manual do Utilizador do Wasatch SoftRIP; Manual do Utilizador do Equipamento EyeONE; http://www.keelynet.com/keely/color1.txt; http://blogfiftygreatestphotos.com/2009/04/10/printer-calibration-and-profiling/; http://www.gmgcolor.com/fileadmin/gmgcolor/pHgfBz32/marketing/brochurs/GMG_brochure_Large_format_printing_EN.pdf; http://blogfiftygreatestphotos.com/2009/04/10/printer-calibration-and-profiling/