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UNIVERSIDADE PRESBITERIANA MACKENZIE CAMILA CAMPANHÃ Gênero e Empatia como moduladores dos processos de decisão social no Ultimatum Game um estudo comportamental e eletrofisiológico São Paulo 2014

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UNIVERSIDADE PRESBITERIANA MACKENZIE

CAMILA CAMPANHÃ

Gênero e Empatia como moduladores dos processos de decisão social no

Ultimatum Game – um estudo comportamental e eletrofisiológico

São Paulo

2014

CAMILA CAMPANHÃ

Gênero e Empatia como moduladores dos processos de decisão social no

Ultimatum Game – um estudo comportamental e eletrofisiológico

Orientador: Prof. Dr. Paulo Sérgio Boggio

São Paulo

2014

Tese apresentada ao Programa de

Pós-Graduação em Distúrbios do

Desenvolvimento da Universidade

Presbiteriana Mackenzie como

requisito parcial para obtenção do

título de Doutor.

C186g Campanhã, Camila.

Gênero e empatia como moduladores dos processos de

decisão social no Ultimatum Game: um estudo comportamental e

eletrofisiológico / Camila Campanhã. – 2014.

250 f. ; 30 cm.

Tese (Doutorado em Distúrbios do Desenvolvimento) -

Universidade Presbiteriana Mackenzie, São Paulo, 2014.

Referências bibliográficas: f. 234-246.

1. Confiança. 2. Empatia. 3. Gênero. 4. Tomada de

decisão social. 5. Punição altruísta. 6. Potenciais cognitivos. I.

Título.

CDD 153

CAMILA CAMPANHÃ

Gênero e Empatia como moduladores dos processos de decisão social no

Ultimamtum Game – um estudo comportamental e eletrofisiológico

Aprovada em:____________

BANCA EXAMINADORA

Prof. Dr. André Mascioli Cravo

Universidade Federal do ABDC

Prof. Dr. João Sato

Universidade Federal do ABDC

Prof. Dr. Paulo Sérgio Boggio

Universidade Presbiteriana Mackenzie

Prof. Dr. Elizeu Coutinho de Macedo

Universidade Presbiteriana Mackenzie

Profa. Dra. Ana Osório

Universidade Presbiteriana Mackenzie

Tese apresentada ao Programa de

Pós-Graduação em Distúrbios do

Desenvolvimento da Universidade

Presbiteriana Mackenzie como

requisito parcial para obtenção do

título de Doutor.

APOIO:

AGRADECIMENTOS

Primeiramente quero agradecer imensamente ao meu orientador pela paciência,

compreensão, dedicação e por todas as oportunidades proporcionadas não somente de

aprendizado mas também de desenvolvimento profissional e pessoal ao longo destes oito

anos. Sou eternamente grata por tudo que aprendi e vivenciei nestes anos de laboratório, anos

de riquíssimo aprendizado e de grande crescimento.

Aos meus queridos amigos do laboratório que sempre me apoiaram e me ajudaram

sempre durante todos estes anos. Aprendi muito com cada um e todos tornaram possível, de

forma direta ou indireta, a realização dos meus sonhos e projetos ao longo destes anos.

Também sou muito grata a todos pelo carinho, paciência e companheirismo sempre.

Em especial, quero agradecer as minhas companheiras de pós inseparáveis desde o

mestrado, o Big 5! Sem vocês tudo seria muito mais difícil e não teria sido tão prazeroso e de

riquíssimo aprendizado sem vocês. Sempre me apoiando e me socorrendo minha eterna

gratidão!

Aos meus pais que sempre me apoiaram, me deram todo o suporte ao longo destes

anos de dedicação a pesquisa. Minha eterna gratidão por todo carinho, paciência e incentivo

tornando possível que eu chegasse até aqui. Assim como meus avós que muito me ajudaram

sempre.

A Fapesp, sou eternamente grata pela excelente oportunidade que me proporcionou

em poder me dedicar exclusivamente a pesquisa desde o meu mestrado, também sou

eternamente grata.

Agradeço ao mackPesquisa por possibilitar a compra de materiais para o estudo.

Agradeço a Global Mind Screen pela parceria que possibilitou a triagem de um grande

número de voluntários de forma mais objetiva e prática.

Também sou eternamente grata ao CAISM, especialmente agradeço ao diretor o Dr.

Quirino Cordeiro, pela parceria e os atendimentos aos vluntários que preencheram critérios

clínicos.

Foram anos maravilhosos e com certeza devo a todos vocês tudo que sei e tudo que

sou. Sou uma pessoa privilegiada por ter tido a oportunidade rara e única de conviver com

pessoas tão especiais e inteligentes. Agradeço a Deus por ter colocado tantas pessoas

maravilhosas ao meu lado, anjos que me ajudaram a vencer os obstáculos da vida e a chegar

neste momento tão sonhado e esperado.

Obrigada por tudo!

Camila Campanhã

“Tu te tornas eternamente responsável por aquilo que cativas”

O pequeno Príncipe – Antonie Sainty-Exupéry

RESUMO

Por vivermos em sociedade, constantes escolhas estão relacionadas não somente aos nossos

interesses pessoais. A diferença na percepção de injustiça em função da Amizade em estudos

utilizando o jogo Ultimatum Game (UG) introduz uma nova questão com relação ao conceito

amplamente aceito de punição altruística. Dessa forma, a punição altruísta e o impacto dos

fatores gênero e nível de empatia como moduladores da percepção de injustiça precisam ser

investigadas nas relações interpessoais. Nesse sentido, o presente estudo teve como objetivo

(i) investigar o impacto da empatia e do gênero como fatores moduladores do comportamento

na tarefa Ultimatum Game (UG) na interação com uma pessoa de confiança (um amigo) e um

desconhecido; (ii) investigar o comportamento caracterizado como punição altruísta no UG

adaptado em dois contextos diferentes de interação (com ou sem custos pessoais envolvidos).

Para isso, foi realizado 2 experimentos. O experimento 1, semelhante ao estudo anterior, os

participantes jogaram o UG com o amigo e um desconhecido como os propositores. Mas com

o controle de nível de empatia (alto e baixo) e gênero. No experimento 2, além do controle do

gênero e do nível de empatia, os participantes tinham que decidir se aceitavam ou rejeitavam

propostas de divisão de R$120,00 entre três pessoas: o propositor, o participante e um terceiro

(“dummy”) que parte do jogo foi o amigo e outra parte do jogo um desconhecido, na primeira

parte do jogo. Na segunda parte, os participantes apenas decidiam se aceitavam ou rejeitavam

no lugar do amigo ou de desconhecidos não tendo ganhos e nem perdas envolvidos. Como

resultados, foi observado maior taxa de rejeite de propostas injustas realizadas pelo

desconhecido do que pelo amigo e estes foram julgados como mais justos. Também foi

observado que homens rejeitaram mais propostas realizadas por um desconhecido e os

participantes com alto nível de empatia rejeitaram mais propostas realizadas por um

desconhecido. Em relação aos potenciais cognitivos, os participantes com alto nível de

empatia apresentaram a amplitude do MFN mais negativa para o desconhecido e amplitude

positiva para o amigo. Homens com alto nível de empatia apresentaram amplitude mais

negativa do MFN para o desconhecido. Já no segundo experimento os participantes rejeitaram

mais propostas injustas para ambos. A amplitude do MFN foi mais negativa quando as

propostas foram injustas para ambos, assim como para as Mulheres e para as pessoas com alto

nível de empatia. Na segunda parte do experimento 2 os participantes beneficiaram mais o

amigo. A amplitude do MFN foi mais negativa para homens na interação desconhecido

propondo para o amigo. As mulheres apresentaram maior amplitude do P300 na interação

desconhecido propondo para o amigo. Tais resultados apontam para o impacto da empatia e

do gênero quando o amigo está envolvido. Além disso, o envolvimento pessoal de ganhos e

perdas também foi um fator importante na percepção de justiça. O presente estudo corrobora

com estudos prévios de que a confiança modula a percepção de justiça e que a empatia e o

gênero são fatores com maior ou menor impacto dependendo do contexto e do grau de

confiança para com o outro.

SUMÁRIO

1. Introdução...................................................................................................... 14

2. Teoria da Mente, Empatia e Confiança......................................................... 16

2.1 Teoria da Mente e Empatia ......................................................................... 16

2.2 Confiança ................................................................................................... 21

2.3 Altruísmo .................................................................................................... 23

3. Tomada de Decisão Social............................................................................. 25

3.1. Teoria dos Jogos....................................................................................... 26

3.2. Teoria da Utilidade................................................................................... 29

3.3. Preferência Social.................................................................................... 31

3.1.2. Jogos mais Utilizados da Teoria dos Jogos........................................... 35

3.1.2.1. Os Jogos na Tomada de Decisão Social............................................. 39

4. Bases Neurobiológicas da Tomada de Decisão Social ................................. 55

5. Eletroencefalografia e Potencias Cognitivos ................................................ 71

5.1. Potenciais Cognitivos................................................................................ 74

5.2. Potenciais Cognitivos e Tomada de Decisão Social................................. 77

6.Objetivos........................................................................................................ 90

6.1.Experimento 1-Empatia e Gênero................................................................ 90

6.1.1. Objetivo Específico............................................................................. 90

6.2. Experimento 2-Punição Altruísta................................................................ 91

6.2.1. Objetivo Específico............................................................................. 91

7. Método.......................................................................................................... 92

7.1. Participantes................................................................................................ 92

7.1.2. Critérios de Inclusão e Exclusão.......................................................... 92

7.2. Instrumentos ............................................................................................... 93

7.2.1.Instrumentos para Caracterização da Amostra.......................................... 93

7.2.2. Jogo de Tomada de Decisão Social (versões adapatadas do Ultimatum

Game para os experimentos 1 e 2) ....................................................................

94

7.2.2.1. Experimento 1....................................................................................... 94

7.2.2.2. Experimento 2....................................................................................... 97

7.3. Equipamento .............................................................................................. 100

7.4. Procedimentos ........................................................................................... 100

7.5. Aspectos Éticos .......................................................................................... 101

7.6. Análise Estatística dos Resultados.............................................................. 102

8. Resultados e Discussão....................................................................................... 104

8.1. Resultados do Experimento 1...................................................................... 104

8.1.1. Caracterização da Amostra...................................................................... 104

8.1.2. Ultimatum Game...................................................................................... 107

8.1.2.1. Taxa de Aceite e Rejeite no Ultimatum Game...................................... 107

8.1.2.2. Tempo de Reação.................................................................................. 114

8.1.2.3. VAS Notas............................................................................................ 117

8.1.3. Análise dos Potenciais Relacionados a Eventos...................................... 118

8.1.3.1. Potencial Medial Frontal Negativity..................................................... 118

8.1.3.2. Potencial P300....................................................................................... 123

8.1.3.3. Potencial Late Positivity Complex........................................................ 131

8.1.4. Discussão do Experimento 1.................................................................... 136

8.1.4.1. Ultimatum Game................................................................................... 136

8.1.4.2. Potenciais Relacionados a Eventos....................................................... 142

8.1.4.2.1. Media Frontal Negativity................................................................... 142

8.1.4.2.2. P300.................................................................................................... 146

8.1.4.2.3. Late Positivity Complex..................................................................... 149

8.2. Resultados do Experimento 2...................................................................... 152

8.2.1. Caracterização da Amostra...................................................................... 153

8.2.2. Resultados do Tree-Person Ultimatum Game adaptado.......................... 156

8.2.2.1. Taxa de Aceite e Rejeite no Tree-person Ultimatum Game adaptado-

Parte1..................................................................................................................

156

8.2.2.2. Tempo de Reação.................................................................................. 158

8.2.2.3. Análise dos Potenciais Relacionados a Eventos................................... 164

8.2.2.3.1. Potencial Medial Frontal Negativity.................................................. 164

8.2.2.3.2. Potencial P300.................................................................................... 169

8.2.2.3.3. Potencial Late Positivity Complex..................................................... 174

8.2.2.4. Discussão dos Resultados – Parte1....................................................... 178

8.2.2.4.1. Tree-Person Ultimatum Game adaptado............................................ 178

8.2.2.4.2. Potenciais Relacionados a Eventos.................................................... 183

8.2.2.4.2.1. Medial Frontal Negativity............................................................... 183

8.2.2.4.2.2. P300................................................................................................. 186

8.2.2.4.2.3. Late Positivity Complex.................................................................. 187

8.2.3. Resultados do Ultimatum Game adaptado – Parte 2................................ 188

8.2.3.1. Taxa de Aceite e Rejeite do Ultimatum Game adaptado – Parte 2....... 188

8.2.3.2. Tempo de Reação.................................................................................. 191

8.2.3.3. VAS Notas............................................................................................ 193

8.2.3.4. Total Dinheiro Acumulado no UG........................................................ 194

8.2.3.5. Análise dos Potenciais Relacionados a Eventos................................... 195

8.2.3.5.1. Potencial Medial Frontal Negativity.................................................. 195

8.2.3.5.2. Potencial P300.................................................................................... 200

8.2.3.5.3. Potencial Late Positivity Complex..................................................... 207

8.2.4. Discussão dos Resultados – Parte 2......................................................... 213

8.2.4.1. Ultimatum Game Adaptado – Parte 2................................................... 213

8.2.4.2. Potenciais Relacionados a Eventos....................................................... 216

8.2.4.2.1. Medial Frontal Negativity.................................................................. 216

8.2.4.2.2. P300.................................................................................................... 221

8.2.4.2.3. Late Positivity Complex..................................................................... 223

9. Discussão Geral.............................................................................................. 225

10. Conclusão..................................................................................................... 232

11. Referências Bibliográficas........................................................................... 234

12. ANEXOS...................................................................................................... 247

12

Apresentação

O ser humano é essencialmente social. Sem grandes comportamentos coletivos não

seria possível à existência de cada componente de nossa civilização (ADOLPHS, 2009). A

convivência em grupos foi selecionada na medida em que aumenta a probabilidade de

sobrevivência (LIEBERMAN e EISENBERGER, 2009; ARONSON, WILSON e AKERT,

2002). No entanto, as relações inter-individuais são moduladas por fatores como o status

social. Estudos têm mostrado que quando o status social é baixo, ou menor poder e controle,

melhores habilidades empáticas são observadas ao passo que quanto maior o status social

menores habilidades empáticas são observadas (KRAUS, PIFF e KELTNER, 2009; PIFF et

al, 2010; CÔTÉ et al, 2011; STELLAR et al, 2012). É interessante notar que ao se inverter a

posição de poder e status, as habilidades empáticas também mudam e aqueles que eram mais

empáticos com baixo status passam a ser menos empáticos (PIFF et al, 2010). Por trás dessas

correlações, uma possível explicação é a de que quanto menor o poder e status, maior é a

dependência do outro. Mas quanto maior o status e poder, menor é a dependência do outro,

consequentemente, menor atenção com o outro (MUSCATEL et al, 2012; PIFF et al, 2010).

Estudos como estes apontam para a importância do outro para a sobrevivência do ser humano

e como diferentes contextos modulam nossa percepção sobre o outro e sobre nós mesmos.

Festinger em 1954 apresentou a teoria da Comparação Social, um mecanismo

psicológico importante que influencia nossas experiências, nossos julgamentos e

comportamento (CORCORAN, CRUSIUS, & MUSSWEILER, 2011) e a nossa satisfação na

auto-avaliação que se dá pela necessidade Humana de ser “gregário”, ou seja, de pertencer a

grupos que pensem, que tenham opiniões e habilidades semelhantes as nossas (FESTINGER,

1954).

13

A comparação entre o Eu e o Outro tem impacto no auto-conhecimento e na

manutenção de auto-imagem positiva, além de permitir perceber características sobre o outro

e suas ações com o grupo (CORCORAN, CRUSIUS, & MUSSWEILER, 2011; FESTINGER,

1954). Os estudos na área levaram a compreensão de que o grupo exerce influências

normativas levando ao comportamento de maior conformidade com este devido a necessidade

humana em ser aceito e pertencer ao grupo, principalmente se o grupo é importante para o

indivíduo. (ARONSON, WILSON e AKERT, 2002).

O comportamento de ajudar também tem sido estudado e, segundo os psicólogos

evolucionistas, é um comportamento inerente ao ser humano, principalmente quando

familiares estão envolvidos – uma forma evolutiva de garantir a sobrevivência da genética

familiar (ARONSON, WILSON e AKERT, 2002; KRUGER, 2003). Contudo, os

comportamentos pró-sociais nem sempre estão relacionados a familiares. Ajudar um

desconhecido também seria parte deste patrimônio genético selecionado pelo comportamento

adaptativo de ajudar e, assim, aumentar as chances de sobrevivência do grupo (ARONSON,

WILSON e AKERT, 2002). Mais ainda, a evolução teria criado uma tendência para os

Humanos ajudarem aqueles que sentem emocionalmente próximos e com aqueles que sentem

um dever em ajudar. Ou seja, as pessoas estariam mais propensas a responder em função do

tipo de relacionamento do que pelo grau de relação genética (KORCHMAROS e KENNY,

2006).

A ajuda ao outro sem interesses pessoais tem sido relacionada a habilidade de se

colocar no lugar do outro e sentir as dores e angústias do outro, de acordo com a hipótese da

empatia-altruísmo de Daniel Batson (1991). O altruísmo, por tanto, seria o comportamento

de ajudar o outro mesmo que isso tenha um custo a si próprio (ARONSON, WILSON e

AKERT, 2002). Assim, nem sempre o comportamento de ajudar o outro está relacionado a

um interesse próprio ou a esperança de um benefício mútuo, mas no mais puro desejo de

14

promover o bem-estar do outro. É interessante notar que tal comportamento parece levar o

indivíduo que ajuda a sentir-se bem consigo mesmo (ARONSON, WILSON e AKERT,

2002).

Além da psicologia social, estes fenômenos sociais vem sendo estudados por diversas

áreas como a economia e, mais recentemente, a neurociência cognitiva e social que vem

contribuindo para a melhor compreensão das bases neurobiológicas dos comportamentos na

interação social.

Muitas perguntas ainda permanecem abertas acerca dos fatores que modulam o

comportamento humano na interação social. Entre eles, a confiança, o gênero e a empatia

parecem ter um impacto importante nas interações sociais. Apesar do grande avanço no

conhecimento acerca do comportamento humano na interação social, ainda não é claro o

impacto desses fatores na tomada de decisão social e o quanto modulam a percepção de

justiça, o comportamento de acordo com as normas sociais e o altruísmo.

Dessa forma, o presente estudo, utilizando-se dos conhecimentos das áreas da

psicologia social, evolutiva, economia e da neurociência, teve como objetivo investigar o

impacto da confiança na tomada de decisão tendo como o gênero e a empatia como fatores

moduladores

15

1. INTRODUÇÃO

Uma parte importante do comportamento social decorre de mecanismos

neurobiológicos e psicológicos (ADOLPHS, 2009). Estudos recentes têm voltado à atenção

para a mente humana e as bases biológicas das habilidades sociais e sua evolução

(OSCHSNER e LIEBERMAN, 2001).

A psicologia social vem estudando o comportamento humano nas interações sociais e

como este afeta o comportamento do outro, contudo os aspectos neurológicos não eram

integrados e perguntas começaram a surgir como, por exemplo, sobre como o outro percebe

as emoções e que processos cognitivos poderiam estar envolvidos na percepção das emoções.

Estudos sobre lesões cerebrais e comportamentos sociais começaram a observar que

determinadas áreas cerebrais estariam relacionadas às habilidades sociais surgindo assim a

teoria do Cérebro Social (FRITH e FRITH, 2010; OSCHNER e LIEBERMAN, 2001). A

partir disso iniciam-se os estudos sobre Cognição Social que está relaciona ao estudo dos

processos cognitivos como a percepção, memória, atenção e os substratos neuronais das

habilidades sociais visando compreender de que forma o pensar sobre o outro envolve

processamentos motivacionais e emocionais.

Este tema vem crescendo e faz parte dos estudos da Neurociência Cognitiva Social

(ADOLPHS, 2009; ADOLPHS, 2006), uma área interdisciplinar por natureza unindo estudos

na área de psicologia cognitiva, social e da neurociência. Segundo Oschsner e Lieberman

(2001), a Neurociência Cognitiva Social tem como ênfase a integração dos níveis sociais, que

são os comportamentos motivados por contextos pessoalmente relevantes, cognitivos, que são

os mecanismos do processamento das informações que dão origem a esses fenômenos, e

neuronais, que são os sistemas e áreas cerebrais envolvidos nesses processos.

16

A Neurociência Cognitiva Social seria um subdomínio da Neurociência Social

(ADOLPHS, 2009), uma grande área que estuda a relação entre processos sociais e neuronal

incluindo o componente processamento de informação e operações em ambos os níveis de

análise: neuronal e computacional. A Neurociência Social se desenvolveu através dos

trabalhos em neurociência, da ciência cognitiva e das ciências sociais (CACIOPPO e

BERNTSON, 2002).

Sendo assim, as habilidades sociais estão sendo estudas através de várias áreas visando

à melhor compreensão do comportamento social humano e das relações interpessoais.

Estudos com animais têm demonstrado que estes também apresentam algumas habilidades

sociais cognitivas como, por exemplo, os Chimpanzés que são mais adaptadas a competição

do que à cooperação (GINTIS et al, 2003 apud ADOLPHS, 2009), mas não são tão

sofisticadas como no ser humano que desenvolveu a linguagem, a cultura e a civilização com

a capacidade de compreender o outro. Essa capacidade se dá através de uma habilidade típica

do ser humano e muito importante para a sociedade humana que é a capacidade de “ler a

mente” do outro (ADOLPHS, 2009).

Sendo assim, a capacidade de “ler a mente” do outro seria um aspecto da cognição

social denominado Teoria da Mente (ToM). Esta habilidade nos distinguiria de outros

primatas e reforça nossa habilidade em sentirmos empatia, cooperar, compreender a

comunicação não-verbal e linguagem corporal do outro, prever comportamentos do outro com

precisão com bases em seus desejos e crenças como se tivéssemos “lendo a mente” do outro

(GALLAGHER e FRITH, 2003; FRITH e FRITH, 2010).

Contudo, ainda não é claro a importância e o impacto da Teoria da Mente em alguns

fenômenos sociais, como na tomada de decisão social. Perguntas como “A Teoria da Mente

modula o comportamento decisório na interação com pessoas que confiamos, como um

amigo?”, como “A Teoria da Mente seria um fator importante na diferença entre gêneros no

17

comportamento decisório, uma vez que estudos têm mostrado que mulheres apresentam maior

habilidade empática do que os homens?” e no comportamento altruísta, “A Teoria da Mente

seria um fator importante na motivação das pessoas para o altruísmo?”.

Perguntas como estas permanecem em aberto, mas com algumas evidências de que

estes fatores têm um papel importante no comportamento decisório. Assim, o presente estudo

investigou o impacto destes fatores como moduladores do processo decisório social

apresentando os principais autores e conceitos sobre Empatia, Teoria da Mente, Confiança,

Tomada de Decisão social, bem como suas bases neurobiológicas e os potencias cognitivos

relacionados a evento (ERPs) estudados e que foram investigados no presente estudo.

2. Teoria da Mente, Empatia, Confiança e Altruísmo

2.1 Teoria da Mente e Empatia

Segundo Banaji (2006), o pensar e agir, de forma consciente ou não, sobre nós

mesmos, sobre o outro, ou sobre grandes grupos sociais é um dos atos mais frequentes

realizados pelo ser humano. A forma como tais atos mentais ocorrem é um importante aspecto

a ser investigado, dada a sua relevância fundamental para a convivência em sociedade. Por

isso, a Neurociência Social tem como preocupação investigar de que maneira os seres

humanos influenciam e são influenciados por outros seres humanos (BANAJI, 2006).

Sendo assim, as habilidades sociais estão sendo estudas através de várias áreas visando

à melhor compreensão do comportamento social humano e das relações interpessoais. Essa

capacidade de inferir sobre as emoções e pensamentos do outro se dá através de uma

habilidade típica do ser humano e muito importante para a sociedade humana que é a

capacidade de “ler a mente” do outro (ADOLPHS, 2009).

18

A habilidade cognitiva de compreensão dos estados mentais do outro, o que o outro

sente, pensa é denominada de “mentalização”, habilidade cognitiva de “ler a mente” do outro

estuda pela Teoria da Mente - ToM (SINGER, 2009; FRITH e FRITH, 1999; FRITH e

FRITH, 2010). Esta habilidade é uma inferência natural, implícita e espontânea sobre desejos

e crenças que nos permite colocarmos no “lugar” do outro e assim poder fazer inferências

sobre as emoções do outro.

Dessa forma, permite prever e explicar o comportamento do outro sendo um dos

mecanismos importantes para podermos nos comunicar e prever as ações do outro, julgar o

que o outro sabe, o que gostaria de fazer em uma determinada situação, fazer suposições

sobre si e sobre o outro (DEN OUDEN et al, 2005; SAXE, CAREY e KANWISHER, 2004;

GRICE, 1989 apud FRITH e FRITH, 2010; NICKERSON, BUTLER e CARLIN, 2009).

Contudo, a habilidade de mentalização não leva ao envolvimento afetivo, mas sim a

compreensão do estado afetivo do outro. A capacidade de envolver se afetivamente está

relacionada a empatia (SINGER, 2009).

A empatia é um aspecto muito importante do relacionamento humano que nos

possibilita uma comunicação genuína. A empatia seria um processo natural e espontâneo de

sincronização com as ideias e pensamentos do outro sendo que para sentirmos empatia “é

necessário que tenhamos consciência de como os outros nos vêem” (BARON-COHEN, 2003,

p. 37).

Segundo Baron-Cohen (2003) a ToM é divida em duas habilidades principais: i. a

habilidade cognitiva, que seria a habilidade de mentalização, de conseguir compreender os

sentimentos do outro, prever o comportamento e estado mental do outro. Além disso, a

habilidade de manter uma distinção sobre si mesmo e o outro também é uma habilidade que

faz parte da habilidade cognitiva da ToM; e ii. a habilidade afetiva, que seria a habilidade de

responder emocionalmente de forma adequada aos pensamentos e estado emocional do outro

19

e implica na habilidade de dividir experiências afetivas com o outro, ou seja, uma ressonância

emocional que pode ou não ser consciente (BARON-COHEN, 2003; SINGER e LAMM,

2009; PFEIFER e DEPARETTO, 2009).

Apesar de diferentes definições da empatia, de acordo com Lamm, Batson e Decety

(2007) existe uma concordância entre as definições existentes em três componentes primários:

i. uma resposta afetiva para com a outra pessoa, com uma partilha emocional; ii. uma

capacidade cognitiva de se colocar na perspectiva do outro; e iii. alguns mecanismos que

monitoram a origem dos sentimentos, ou seja, se é do próprio sujeito ou do outro.

Segundo Singer (2009), a empatia é diferente de simpatia ou compaixão. A principal

diferença entre empatia e simpatia ou compaixão está no sentimento eliciado: na empatia

dividiríamos o mesmo sentimento do que o outro, mas na simpatia ou compaixão não se sente

necessariamente o mesmo sentimento que o outro. De acordo com a autora, outra diferença

está na ação diante o outro: quando empatizamos não necessariamente haveria a motivação

para fazer algo pelo outro, mas quando simpatizamos ou temos compaixão somos motivados

tentar aliviar a angústia, aflição do outro ou tentar deixa-lo mais feliz, por exemplo.

Contágio emocional também é diferente de empatia. No contágio emocional haveria

uma divisão de emoções de forma indireta, ou seja, dividiria a emoção sem perceber que a

emoção do outro desencadeou tais emoções, como os bebês que choram quando outro chora,

por exemplo (SINGER, 2009).

As habilidades de empatia e mentalização têm sido mostrada como diferentes entre os

gêneros (MESTRE et al, 2009; BARON-COHEN, 2003; LAWSON, BARON-COHEN e

WHEELWRIGH, 2004; GOLDENFELD, BARON-COHEN e WHEELWRIGHT, 2005;

WRIGHT e SKAGERBERG, 2012; PRETI et al, 2011). Estudos têm apontando que mulheres

decodificam melhor mudanças sutis, são mais sensíveis as expressões faciais, decodificam

com mais precisão a comunicação não-verbal permitindo com que apliquem tais informações

20

à qualificação de caráter. Sendo mais empáticas do que sistematizadoras, tais habilidades

foram importantes no processo evolutivo permitindo uma melhor qualidade nos cuidados

maternais (compreender as necessidades e sentimentos da criança), amizade, mobilidade

social e maior compreensão do parceiro (BARON-COHEN, 2003). Mulheres seriam mais

preocupadas com as relações sociais (VIGIL, 2007) e apresentam maior facilidade para a

compreensão da intenção do outro, desejos e sentimento do outro (MESTRE et al, 2009).

Os homens seriam mais Sistematizadores (LAWSON, BARON-COHEN e

WHEELWRIGH, 2004; GOLDENFELD, BARON-COHEN e WHEELWRIGHT, 2005;

WRIGHT e SKAGERBERG, 2012; PRETI et al, 2011), habilidade que permite boa

localização visuo-espacial, entender e prever os sistemas naturais e, devido ao baixo impulso

para a socialização, os homens apresentam maior tolerância à solidão o que contribui para a

concentração em tarefas de invenção de ferramentas, por exemplo. Estas habilidades foram

importantes no processo evolutivo (BARON-COHEN, 2003).

Alterações nestas habilidades são observadas, por exemplo, em pacientes com

psicopatia (SINGER, 2009; PFABIGAN et al, 2011; KOENIGS, KRUEPKER e NEWMAN,

2010; OSUMI e OHIRA, 2010) e pacientes com autismo (FIRTH, 2004; BARON-COHEN,

2009; HADJIKHANI et al, 2006; WAKABAYASHI et al, 2007; BARON-COHEN e

WHEELWRIGHT, 2004). Em relação a quadros psiquiátricos como a psicopatia, estudos tem

apontado que estes pacientes tem baixa empatia, mas boa habilidade de metalização e, por

isso, são bons manipuladores por conseguirem entender as crenças e intenções do outro, mas

com pouquíssimo engajamento afetivo (SINGER, 2009).

Em relação ao autismo, um distúrbio neurológico do desenvolvimento caracterizado

pela deficiência e três principais aspectos: i. na interação social, apresentam grande

dificuldade de entender a intenção do outro, de entender o contexto social; ii. comunicação

verbal e não-verbal, com atraso ou ausência na aquisição da linguagem, dificuldade de

21

compreender ironia; e iii. repertório de atividades e interesses restritos, apresentando muitas

vezes movimentos repetitivos e estereotipados, ou o interesse em um único objeto ou assunto,

como tudo sobre dinossauros (FRITH, 2004; HADJIKHANI et al, 2006). Parte dos prejuízos

apresentados pelos autistas na interação social está relacionado à prejuízos nas habilidades

empáticas chamada de “Cegueira da Mente” (FIRTH, 2004; BARON-COHEN, 2009).

A Teoria da Cegueira da Mente propõe que as crianças com Autismo ou Síndrome de

Asperger teriam um atraso no desenvolvimento da Teoria da Mente. As crianças do espectro

autista, como consequência desse atraso, acham que os comportamentos de outras pessoas são

confusos, imprevisíveis e às vezes até mesmo assustador (BARON-COHEN, 2009).

Essas crianças tendem a inferir que todo mundo diz sempre a verdade e ficam chocados

com a ideia de que outras pessoas podem não dizer o que elas realmente pensam (BARON-

COHEN,1992, 2007a apud BARON-COHEN, 2009). Em um estudo com adultos com

Síndrome de Asperger foi possível observar que estes não apresentavam antecipação

espontânea às ações do outro em uma tarefa não verbal reforçando a idéia de que adultos com

a Síndrome de Asperger possuem um persistente prejuízo na habilidade de mentalização

(SENJU et al, 2009).

Segundo Baron-Cohen (1995 apud BARON-COHEN, 2003), os autistas não são

insensíveis como os psicopatas que desejam o sofrimento do outro. Defendem aqueles que

consideram injustiçados e reagem emocionalmente quando percebem que magoaram alguém

inadvertidamente, mas não conseguem entender o porquê o outro ficou magoado. Ou seja,

apresentam dificuldade de perceber e prever comportamentos, ideias e sentimentos do outro

(cegueira da mente).

Os autistas apresentam grande interesse por coisas repetitivas e que podem ser

sistematizadas. Devido a este interesse, a facilidade para a sistematização e a baixa

capacidade de empatia, pesquisadores têm associado estas características com o

22

funcionamento extremo do cérebro masculino, pois apresentam escores da escala de empatia

muito mais baixos do que os homens, que já apresentam escores mais baixos do que as

mulheres. (BARON-COHEN et al, 2003 apud BARON-COHEN, 2003).

Os autistas de alto desempenho e Asperges apresentam prejuízos na empatia e são

mais sistematizadores (FIRTH, 2004; BARON-COHEN, 2009; HADJIKHANI et al, 2006;

WAKABAYASHI et al, 2007; BARON-COHEN e WHEELWRIGHT, 2004) e, por isso,

apresentam grandes dificuldades na interação social, inclusive na tomada de decisão social

(CHIU et al, 2008; DE MARTINO, 2008; BORIA et al, 2009).

Devido a importância da empatia e da mentalização na interação social, estudos têm

buscando compreender o papel e o impacto destas habilidades em diferentes comportamentos

sociais tais como a confiança e o altruísmo.

2.2 Confiança

A confiança é um aspecto importante nas relações sociais e pode ser considerada como

um “lubrificante da vida social” (KOSFELD et al, 2005; NOWAK e SIGMUND, 2005).

Segundo Krueger et al (2007) a confiança é um processo social crítico que nos ajuda a

cooperar com os outros e está presente em algum grau em toda a interação humana. Na

confiança corre-se sempre um risco devido à imprevisibilidade das intenções do outro em

uma relação social sendo que a confiança é construída dentro das decisões tomadas na

interação e que deve contar com a boa vontade de um e, ao mesmo tempo, com o risco de

mudança de posicionamento do outro a qualquer momento. Para isso, os parceiros devem

aprender que eles podem contar um com o outro (FEHR e FISCHBACHER, 2003;

KRUEGER et al, 2007).

O grau de confiança em outra pessoa se dá por crenças e expectativas sobre a

honestidade, justiça e benevolência deste outro e a confiança de que este outro irá agir em

23

benefício mútuo. Mas sempre correrá algum risco de vir a ser prejudicado caso este não se

comporte de acordo com o esperado (LONG, JIANG e ZHOU, 2012). Pelo fato da pessoa que

confia ficar vulnerável para as ações do outro, a confiar também é influenciado pela

disposição individual em confiar e pela preferência ao risco individual (RIEDL e JAVOR,

2012).

A confiança é um dos fatores muito importante na vida humana e permeia todos os

domínios da sociedade desde a Idade das Pedras, quando saber em quem confiar era crucial

para a sobrevivência e, caso confiasse na pessoa errada poderia resultar na morte em muitas

situações (RIEDL e JAVOR, 2012).

A confiança, cooperação, reciprocidade, altruísmo fazem parta da Tomada de Decisão

Social, pois somos seres que dependem de redes de cooperação e contratos sociais como

forma de proteção contra riscos (VIGNEMONT e SINGER, 2006; TUCKER e FERSON,

2008). Segundo van den Bos et al. (2009), a cooperação depende muito da confiança no outro

sendo um dos principais componentes da interação social para a obtenção de benefícios

mútuos.

A empatia tem sido apontada como importante fator na interação social por gerar a

motivação para o comportamento de cooperação e altruísmo. Contudo, a empatia não parece

ser suficiente para a promoção do comportamento pró social por si (DE VIGNEMONT e

SINGER, 2006). Muitos outros fatores estão envolvidos no comportamento pró social. Mas as

habilidades de se colocar no lugar do outro e de se empatizar em conjunto tem grande

contribuição para uma melhor previsão da ação do outro. Porém, ainda não é muito claro o

papel de cada habilidade na motivação do comportamento em diferentes situações (SINGER,

2009).

Estudos têm mostrado o impacto da confiança no grupo leva a mudança de opinião ou

decisão quando esta era incongruente da apresentada pelo grupo em que o participante

24

pertence (FOURAGNAN et al, 2013; KLUCHAREV et al, 2009; STALLEN, SMIDTS e

SANFEY, 2013). O comportamento de conformidade com o grupo tem sido relacionada não

somente a confiança, mas também a importância afetiva e a experiência recompensadora para

com este, resultado em maior conformidade do que com outros grupos que não pertence

(STALLEN, SMIDTS e SANFEY, 2013; FARERI, CHANG e DELGADO, 2012;

DELGADO, FRANK e PHELPS, 2005; FOURAGNAN et al, 2013; KLUCHAREV et al,

2009). A necessidade de confiarmos e cooperarmos uns com os outros tem sido apontada

como comportamentos evolutivos que levaria a maior vantagem de sobrevivência (SIMON,

1990). Nesse sentido, a empatia e mentalização são habilidades importantes na compreensão

dos desejos, crenças e pensamentos do grupo.

Além disso, outros comportamentos sociais como o comportamento de ajuda e

altruísmo também seriam comportamentos evolutivos e importantes na sobrevivência de

nossa espécie (ARONSON, WILSON e AKERT, 2002).

2.3 Altruísmo

Batson (2012) propõe que a preocupação empática produz uma motivação altruísta

produzindo maior sensibilidade ao cuidado para aqueles que precisam, aumenta atitudes e

ações em favor a membros de grupos estigmatizados, aumenta a cooperação em situações

competitivas. Contudo, as pessoas podem apresentar comportamentos altruístas por

motivações egoístas como evitar a punição.

O comportamento altruísta teria três formas que pode ocorrer, de acordo com Frans de

Waal (2008): Impulso altruístico, que seria o comportamento espontâneo e desinteressado que

busca reduzir a angústia ou dor do outro; Altruísmo Aprendido, que é o comportamento de

ajuda condicionado que foi reforçado positivamente; e Altruísmo Intencional, que é o

comportamento de ajudar está relacionado a uma possibilidade de vir a ser recíproco no

25

futuro, ou seja, ter algum benefício. Neste caso, a intenção seria egoísta por buscar beneficiar

a si mesmo no futuro (DE WAAL, 2008). A combinação da habilidade de pensar sobre a

perspectiva do outro e da empatia pode levar ao comportamento altruísta (BATSON, 1991).

Contudo, outros fatores estão envolvidos como o contexto, nível de interação interpessoal,

expectativa, entre outros fatores, que desencadeariam diferentes motivações e,

conseqüentemente, diferentes intenções no altruísmo.

Um estudo recente mostrou que o nível de empatia parece interferir no tipo de reação

do sujeito quando se observa uma injustiça: pessoas com alto nível de empatia decidiram

compensar a vítima ao passo que as pessoas com baixo nível de empatia decidiram punir o

ofensor (LELIVID, VANDIJK e VANBEEST, 2012). Interessante observar que ambas as

opções de ação envolviam um custo para o participante (que não sofreu a ação). Por isso,

pode-se considerar ambas as ações como altruístas: não envolviam benefícios para o

participante a tinha um custo para estes. Os autores também observaram que os grupos com

baixo e alto nível de empatia não diferiram na percepção de justiça e discutem que os

participantes com baixo nível de empatia se preocupam com a injustiça, mas não

considerariam sua responsabilidade reduzir a injustiça, o que foi observado mais nos

participantes com alto nível de empatia (LELIVID, VANDIJK e VANBEEST, 2012).

Outro estudo mostrou que pessoas com escolhas utilitárias em uma tarefa de

julgamento moral são menos empáticas (matariam uma pessoa para salvar muitas pessoas por

serem menos emocionalmente envolvidas do que as pessoas com alto nível de empatia) do

que as pessoas não-utilitárias (GLICHGENCHT e YOUNG, 2013).

Os resultados destes estudos em conjunto apontam para o impacto da empatia em

comportamentos altruístas, bem como na diferença do comportamento nos diferentes níveis

de empatia em relação ao contexto. Outras áreas como a economia, também tem se debruçado

no estudo do papel desses aspectos na interação social e a empatia por meio de modelos

26

econômicos de forma empírica com a utilização da Teoria dos Jogos (KRUEGER et al, 2007;

KIRMAN e TESCHL, 2010; FEHR e CAMERER, 2007; SANFEY, 2007; LEE, 2008;

RILLING, KING-CASAS e SANFEY, 2008), por exemplo, e, mais recentemente, com as

novas tecnologias da neurociências. Tais estudos tem auxiliado na compreensão do

comportamento humano na tomada de decisão social e suas bases neurobiológicas.

3. Tomada de Decisão Social

O ser humano está constantemente julgando, avaliando e tomando decisões. Durante o

dia realizamos incontáveis decisões desde situações corriqueiras (como “Levo uma blusa de

frio hoje?”) a situações mais complexas (como “Devo me casar com essa pessoa?”). Dessa

forma, estamos sempre em constantes tomadas de decisões e escolhas que podem ter menor

ou maior impacto (SANFEY, 2007).

A Tomada de Decisão (TD) requer uma variedade de comportamentos, envolve

considerações de múltiplas alternativas, possibilidades, e a dedução das possíveis

conseqüências futuras das escolhas (CRONE et. al., 2004). Algumas pessoas necessitam altas

recompensas para balancear a possibilidade de riscos mínimos, enquanto outros assumem

riscos importantes mesmo quando a possibilidade de benefícios é pequena.

Por vivermos em sociedade, estas constantes escolhas estão relacionadas não só aos

nossos interesses pessoais. A interação social tem um importante papel, pois o outro faz parte

de um ambiente de contexto social altamente complexo que avaliamos para tomarmos

decisões de acordo com o permitido e com as vantagens da escolha. Em muitos momentos

decidimos considerando a contribuição que o outro pode dar para o nosso interesse pessoal e,

muitas vezes, nossas decisões dependem da decisão concomitantes de outros. É no contexto

das interações sociais que muitas das nossas decisões mais importantes acontecem (FRITH e

27

SINGER, 2008; FEHR e CAMERER, 2007; LEE, 2008; SANFEY, 2007).Dessa forma,

podemos definir as decisões sociais como decisões que não somente afetam a nós mesmos,

mas também com capacidade de afetar o outro e estão relacionadas com as preferências do

outro e a nossa (FEHR e CAMERER, 2007).

Devido à complexidade e a relevância que a TD têm em nossa vida a TD vem sendo

investigada por diferentes áreas de estudo, desde a psicologia até a economia.Visando uma

melhor compreensão dos mecanismos envolvidos nos processos decisórios na interação social

pesquisadores têm se utilizado da Teoria dos Jogos (TJ). Por meio da TJ é possível

investigar as estratégias utilizadas pelo grupo para maximizar os próprios ganhos durante os

processos de TD envolvendo interação social (LEE, 2008). Nesse sentido, a Tomada de

Decisão Social (TDS) vem sendo estudada através da TJ, Neurociência Cognitiva Social,

Neuroeconomia e Neuroeconomia Social (CAMERER, LEWENSTEIN e PRELEC, 2005;

LOWENSTEIN, RICK e COHEN, 2008; OCHSMAN e LIBERMAN, 2001; LIEBERMAN,

2007) buscando compreender os mecanismos de interação social, motivação, confiança,

empatia e cooperação, tanto em sujeitos saudáveis (FEHR e GÄCHTER, 2002; SANFEY,

2007; VAN’T WOUT e SANFEY, 2008; FRITH e SINGER, 2008; FEHR e CAMERER,

2007; KNOCK et al., 2006; VANT`T WOUT et al., 2006), como naqueles com lesões

cerebrais (KOENIGS e TRANEL, 2007; WALTON, DELVIN e RUSHWORTH, 2004;

KRAJBICH et al, 2009) e também naqueles com diferentes patologias como o autismo (DE

MARTINO et al, 2008; SALLY e HILL, 2006; CHIU et al, 2008).

3.1 Teoria dos Jogos

A Teoria dos Jogos (TJ), fundada por John von Neumann e Morgenstern, em 1928

com o estabelecimento dessa área com a publicação de “Theory of Games e Economic

Behavior” em 1944, vem demonstrando que eventos sociais podem ser estudados com o uso

de modelos de jogos de estratégias. Trata-se de uma teoria de Tomada de Decisão que procura

28

entender como as pessoas tomam decisões em situações mais complexas, nas quais as

escolhas não são os únicos fatores operantes, ou seja, situações que implicam interação

estratégica (DAVIS, 1983; FIANI, 2006). Segundo Camerer, Ho e Chong (2001), a TJ é um

sistema matemático que tem como objetivo analisar e predizer como o ser humano se

comporta em situações estratégicas.

Na TJ o Jogo é um modelo formal com regras preestabelecidas que permitem uma

análise de situações estratégicas em que Agentes ou Jogadores(que são quaisquer pessoas ou

grupos com possibilidade de decisão) interagem entre si. Os modelos dos jogos são

representação mais simplificada, pois a realidade será sempre mais complexa. Por isso, o

modelo “serve como um guia na compreensão dos fenômenos da vida econômica, empresarial

e social.” (FIANI, 2006, p. 43). Para a TJ o jogador é considerado racional, se baseia em

evidências empíricas com imparcialidade para julgar os fatos excluindo qualquer avaliação

moral e pressupondo um padrão de comportamento ético agindo sempre visando alcançar os

melhores resultados do seu objetivo (FIANI, 2006; DAVIS, 1983).

Na interação, que são ações dos jogadores consideradas de forma individual, mas que

afetam os demais jogadores, o jogador se utiliza de estratégias que são tomadas de decisões

que, como resultado, levaria a obtenção de um resultado, seja uma recompensa ou uma

punição, para cada jogador. Para isso, o jogador precisa levar em consideração as decisões do

outro jogador, as cosequencias de suas decisões e das decisões do outro. Assim, as decisões

do jogador dependerão do que ele acredita no que o outro jogador irá fazer e vice-versa

(DAVIS, 1983; FIANE, 2006; CAMERER, 2009).

Sendo assim, a TJ utiliza a Teoria da Escolha Racional, que considera que os

jogadores escolhem de acordo com suas preferências e, portanto, afirma que as escolhas são

racionais. Contudo, quando os jogadores não dispõem de todas as informações, o contexto

social e a cultura podem influenciar em suas decisões, ou seja, nem sempre a hipótese da

29

racionalidade basta para determinar a ação dos jogadores. A racionalidade, algumas vezes, só

é “exercida em um dado contexto de regras sociais ou de valores culturais” fazendo com que

seja necessária a consideração do contexto social e cultural em que os jogadores estão

inseridos para ser possível a análise do seu comportamento (FIANI, 2006, p.31).

Outro aspecto que a TJ trás em relação ao jogador é que este teria preferências e

tomada de decisão seria baseada nas preferências. As preferências se dariam pela utilidade de

cada resultado e pode ser inferida pela decisão tomada, ou seja, pode se dizer que a escolha de

uma pessoa “mostra” a sua preferência (RUSTICHINI, 2009; CAMERER, 2009). A

preferência é uma das variáveis geradoras de conflito na TD.

A análise das preferências dos jogadores é estudada através do grande axioma da

Teoria da Utilidade. Segundo Davis (1983), antes de tomar uma decisão é necessário saber

qual é o objetivo desejado. Para o autor, a Teoria da Utilidade, portanto, busca compreender

através de equações matemáticas quais as preferências dos jogadores em relação às situações

possíveis de ocorrer. As preferências, na teoria, teriam sempre o objetivo de maximizar os

ganhos (expectativa de recompensa). Entretanto, na vida real, nem sempre isto ocorre, uma

vez que pessoas diferentes desejam coisas diferentes (DAVIS, 1983).

Assim, a Teoria da Utilidade (TU) deve ser uma função simples para quantificar as

preferências das pessoas em função de certos objetivos (DAVIS, 1983). Deve ser uma medida

de preferências do comportamento observado (FEHR e CAMERER, 2007). As decisões

estão relacionadas às preferências e as conseqüências destas estão relacionadas à percepção de

situações futuras de cada indivíduo. Por isso, a preferência é pessoal e intransferível

(GARCIA, 2007). Algumas teorias vêm tentando compreender como se dão as preferências

em diferentes situações de tomada de decisão, que serão abordadas com mais detalhes no

próximo tópico.

30

3.2 Teoria da Utilidade

As preferências dos jogadores apresentam alguns aspectos importantes segundo a TU,

descrita por Morton Davis (1983) embasado nos critérios de Luce e Riffa descritos em 1957:

i. tudo pode ser comparado podendo-se preferir uma possibilidade a outra, ou ser indiferente

entre duas possibilidades fortemente desejadas; ii. a preferência é transitiva, assim como a

indiferença entre duas opções fortemente desejadas; e iii. em jogos de soma-zero (dois

jogadores não podem perder simultaneamente) os interesses entre os dois jogadores devem

ser opostos. De acordo com o autor, a preferência também varia ao longo do tempo.

Nos estudos sobre decisão de risco, a Teoria da Utilidade Esperada (TUE), proposta pela

primeira vez por Daniel Bernoulli em 1738 (LOEWENSTEIN, RICK e COHEN, 2008) e

desenvolvida posteriormente por von Neumann e Morgenstern (1944 apud GARCIA, 2007),

era a mais utilizada como um modelo normativo de escolha racional. Contudo, também pode

ser considerada como descritiva por partir do comportamento humano no processo de decisão.

A TUE presume que o jogador possui uma ordem de preferência e que a escolha da

melhor alternativa terá como base a ponderação das probabilidades de que as consequências

de sua decisão ocorram escolherá, portanto, a alternativa cuja consequência tenha a maior

probabilidade de ocorrência e maior utilidade. Este processo de avaliação por ponderação de

probabilidade de consequências faz uso de modelos matemáticos para buscar as preferências

do jogador (GARCIA, 2007).Sendo assim, TUE utiliza-se do modelo do homem econômico,

competitivo, com decisões embasadas na racionalidade (GARCIA, 2007).

Este modelo foi questionado por Simon (1947 apud GARCIA, 2007) que trás o

modelo do homem administrativo que buscaria sempre o satisfatório, o razoável e não o

melhor. O homem administrativo teria a racionalidade limitada, baseando suas decisões em

31

parte das informações do mundo real, pois não seria possível para homem de avaliar todas as

informações e possibilidades possíveis para fazer uma escolha (GARCIA, 2007).

Baseado no modelo se Simon, Kahneman e Tversky, ganhadores do prêmio Nobel,

formularam a Teoria do Prospecto (TP) em 1979. A grande mudança no modelo proposto

pelos autores está nos estudos do “efeito certeza”. Os decisores apresentam comportamentos

diferentes durante as situações de escolha nas quais apresentam certeza de ganho ou perda,

levando o sujeito a apresentar aversão ao risco nas situações de ganhos certos, e a buscar

escolhas de risco em situações de perdas certas. (KAHNEMEM e TVERSKY, 1979 apud

GARCIA, 2007).

Uma crítica realizada pelos estudos da psicologia é o fato da capacidade explicativa,

tanto em situações de decisões mais complexas quanto em situações coletivas, estarem

limitadas (GARCIA, 2007).

Em situações mais complexas como na TDS em que a utilidade do resultado não

depende somente no próprio resultado absoluto, mas também considera o resultado absoluto

do outro uma vez que para maximizar os resultados do jogador é preciso levar em

consideração o que o outro considera importante na interação (HANDGRAAF, VAN DIJK e

DE CREMER, 2003).Portanto, a preferência na interação social tem sido baseada no modelo

da Utilidade Social (US) que leva em consideração o nível de satisfação como uma função do

resultado pessoal e do outro (LOEWENSTEIN, BAZERMAN e THOMPSON, 1989). Na US

o componente resultado absoluto (o resultado individual independente do outro) e o

componente comparativo (o resultado individual na comparação com o resultado do outro)

gerariam a utilidade na decisão de um resultado (HANDGRAAF, VAN DIJK e DE

CREMER, 2003). Loewenstein, Bazerman e Thompson (1989) observaram que na

comparação as pessoas preferem uma distribuição justa sendo esta uma preferência pela

equidade. Fehr e Schimidt (1999) trazem o modelo de equidade como uma aversão a

32

inequidade, ou seja, haveria uma preferência para o equilíbrio entre as duas partes que é

baseada em uma referência para ser julgada como justa, na comparação social.

A preferência pela equidade na interação seria a preferência social que é considerada

uma característica do comportamento de um indivíduo ou motivação que está relacionado

com a preocupação deste com o bem estar ou a recompensa do outro, ou seja, uma pessoa que

leva em consideração o bem-estar do doutro (FEHR, 2009). Nesse sentido, muitos estudos

tem buscado compreender na interação a preferência social e modelos de preferência sociais

vêm sendo discutido como será apresentado na próxima secção.

3.3 -Preferência Social

Os modelos da Preferência social visam compreender como a preferência ocorre na

interação social em diferentes situações. Na preferência social não haveria somente a

preocupação com a própria recompensa, mas também se preocupa com a recompensa do

outro que seja relevante, o bem estar deste (FEHR, 2009; LEE, 2008; FEHR e GÄCHTER,

2007) e na comparação entre o que cada um entende como sendo justa (FEHR e SCHIMIDT,

1999; LOEWENSTEIN, BAZERMAN e THOMPSON, 1989; LOEWNSTEIN, RICK e

COHEN, 2008).

De acordo com Fehr e Schimidt (1999), a percepção de justiça se dá pela comparação

tendo uma recompensa como referência sendo esta um resultado de um complexo processo de

comparação. Além disso, os autores trazem que a intenção é outro fator importante neste

processo que leva a considerar uma situação justa ou injusta. Para Rabin (1993), em contraste

com o modelo de Fehr e Schimidt (1999), a intenção percebida explicitamente pela ação

levaria a percepção de justiça e injustiça sendo que a divisão igual da recompensa é uma ação

considerada justa tendo como intenção a gentileza, bondade e a divisão desigual da

33

recompensa uma ação com intenção de hostilidade. Já Fehr e Schimidit (1999) consideram

tanto a intenção implícita como a explícita importante na percepção de justiça e equidade.

O modelo de Rabin (1993) da preferência pela justiça e equidade traz que as pessoas

tendem a serem recíprocas tanto quando recebem uma gentileza sendo gentis com esta pessoa

como também são motivadas a magoar aquele que as magoou. Entretanto, nem todas as

pessoas então preocupadas com a recompensa do outro ou o seu bem estar. Estudos têm

apontado que apesar de uma boa parte das pessoas serem motivadas por considerações de

justiça e equidade, outra parte dos estudos indica que seríamos motivados completamente

pelo interesse pessoal (FEHR e SCHIMIDIT, 1999; FEHR e GÄCHTER, 2000). Segundo o

modelo de Fehr e Schimidit (1999) existe uma parcela da população que teria também uma

motivação para a consideração de justiça e equidade sendo esta parcela aversiva a iniquidade.

Este modelo de aversão à iniquidade seria auto-centrado, ou seja, tanto pessoas com

motivações de reciprocidade e cooperação quanto às pessoas competitivas e não cooperativas

se preocupariam com a desigualdade entre a própria recompensa e a recompensa do outro.

Fehr e Fischbacher (2002) agrupam a preferência social em alguns subtipos de acordo

com estudos prévios: reciprocidade, aversão à injustiça ou iniquidade, altruísmo puro e

pessoas com preferências invejosas ou rancorosas. O primeiro tipo, a preferência pela

reciprocidade, está relacionada à percepção do indivíduo em relação à ação do outro sendo

que esta ação pode ser percebida como gentil ou hostil. A percepção da ação como uma

bondade ou maldade depende tanto da intenção quanto a consequência desta ação (FEHR e

FISCHBACHER, 2000; FALK e FISCHBACHER, 2006). Além disso, autores consideram a

reciprocidade como negativa ou positiva, ou seja, um comportamento recíproco positivo seria

quando este é cooperativo e reciprocidade negativa quando este é retaliatório sem a

expectativa de ganhos materiais futuros (FEHR e GÄCHTER, 2000). Segundo Fehr e

Fischbacher (2005) a combinação de punição altruísta e recompensa altruísta seria uma forte

34

reciprocidade onde a punição para a violação das normas sociais e a recompensa em resposta

a um resultado justo teriam um custo sem recompensa individual para aquele que age com

grande reciprocidade.

Outro tipo de preferência que Fehr e Fischbacher (2002) apresentam é a aversão à

iniquidade, proposta no modelo de Fehr e Schimidit em 1999 em que pessoas com esta

preferência agiriam de forma altruísta para igualar os ganhos entre participantes e se irritariam

quando o outro recebe maior recompensa do que ele mesmo.

Em muitos momentos, as pessoas com motivação a reciprocidade agiriam de forma

similar às pessoas com preferência a aversão à iniquidade (FEHR e FISCHBACHER, 2002).

Entretanto, Falk e Fischbacher (2006) mostram em seu modelo que a recompensa também é

decisiva da mesma forma que a intenção da ação sendo esta comparável entre as pessoas.

Além disso, estudos têm mostrado que mesmo pessoas egoístas podem passar a

contribuir e a cooperar quando estas são punidas por pessoas motivadas pela reciprocidade da

mesma forma que pessoas egoístas (free ride) podem levar pessoas motivadas à reciprocidade

a agirem de forma egoísta dependendo do contexto (FEHR e GÄCHTER, 2000; FEHR e

SCHIMIDIT, 1999).

O altruísmo puro seria um comportamento de gentileza incondicional e este

comportamento teria um custo para o altruísta para aumentar a recompensa do outro sendo

que este comportamento independe das ações prévias do beneficiado (CAMERER e FEHR,

2002; FEHR e FISCHBACHER, 2002). A diferença entre altruísmo e reciprocidade é que na

reciprocidade o comportamento é guiado pelas ações prévias do outro agente (CAMERER e

FEHR, 2002).

Não existem sociedades humanas sem normas sociais. Esta é uma das características

mais marcante da espécie humana: a capacidade de desenvolver e fazer cumprir as normas

sociais (Fehr e Fischbacher, 2004).As normas sociais surgem através da interação em grupos

35

e são definidas como comportamentos regularizados pelo grupo baseados nas crenças de

como se deve comportar em determinadas situações e que estas crenças desencadeiam meios

informais para o cumprimento destas sendo que todos devem seguir as normas sociais e fazer

cumprir estas normas mesmo que tenha um custo imediato para aquele que impõem o

cumprimento destas por meio de sanções sociais (FEHR e GÄCHTER, 2000; BERNHARD,

FEHR e FISCHBACHER, 2006).

Segundo Fehr e Fischbacher (2004), membros de um grupo obedeceriam às normas

sociais naturalmente uma vez que estas estejam de acordo com os seus objetivos pessoais.

Quando os seus objetivos pessoais diferem das normas sociais, estes serão forçados a seguir

as normas por meio de punições quando houver violação destas normas. Por isso, muitas

vezes as normas são cumpridas devido ao medo da punição caso haja violação destas (FEHR

e FISCHBACHER, 2004a,b). Este tipo de cooperação é chamado de cooperação condicional

(FEHR e FISCHBACHER, 2002).

Estudos têm apontado que a punição altruísta é um dos mecanismos para reforçar e

manter as normas social sendo esta uma das consequências importantes da reciprocidade e a

reciprocidade seria, portanto, um dispositivo que incentiva as pessoas que não cooperam a

cooperarem de alguma maneira (FEHR e GÄCHTER, 2000, 2002; FEHR e SCHIMIDIT,

1999). Dessa forma, a cooperação, lealdade e altruísmo são ensinados pelo grupo por meio de

punição e recompensa fazendo com que os sujeitos levem em consideração o bem estar do

outro. Portanto, quando deixamos nossosinteresses pessoais pensando no bem estar do outro é

devido à incorporação da preferência social (LEE, 2008; FEHR e GÄCHTER, 2007). Além

disso, os estudos reforçam a idéia de que a preferência social por rejeição a ofertas injustas,

confiança em outros e punição para aqueles que violaram as normas sociais, são expressões

genuínas da preferência (FERH e CAMERER, 2007).

36

A preferência social tem sido estudada por meio de jogos baseados na TJ. A seguir

serão apresentados os principais jogos utilizados nos estudos da TDS.

3.1.2 Jogos mais Utilizados da Teoria dos Jogos

Os jogos visam simular situações reais de tomada de decisão na interação social de

forma simplificada envolvendo situações econômicas. O jogo Dilema do Prisioneiro (The

Prisioner Dilema Game - PDG), o jogo de Confiança (The Trust Game - TG), o jogo

Ultimato (Ultimatum Game – UG), o jogo Bens Públicos (The Public Goods Game – PG), o

jogo Terceira-Parte (Third-Party Game – TPG) e o jogo de Três Pessoas no Ultimato (Three-

Person Ultimatum Game – TPUG) são os principais jogos utilizados nos estudos da TDS e

cognição social.

O jogo The Prisioner Dilema Game (PDG), um dos jogos mais populares na TJ, visa

analisar cooperação e reciprocidade. Neste jogo dois suspeitos de um roubo são isolados em

salas separadas pela polícia, que faz a cada um deles uma proposta: Caso um deles confesse o

roubo e o outro não, o que confessou será libertado devido a sua cooperação, porém o seu

parceiro ficará quatro anos na penitenciária estadual. A situação inversa ocorre igualmente: se

ele não confessar e o seu parceiro confessar, este último será libertado enquanto aquele ficará

detido por quatro anos. Mas se ambos confessarem o valor da cooperação de um dos suspeitos

é perdido, levando os dois há enfrentarem dois anos na prisão. Entretanto, os prisioneiros

sabem que se nenhum deles confessar, eles serão soltos após um ano de detenção, por motivo

de vadiagem (FIANI, 2006). Estudos observaram que a cooperação mútua ocorre em torno de

50% das vezes. (SANFEY, 2007; RILLING et al, 2008).

O jogo utilizado para analisar a punição altruísta, por sua vez, é o Public Goods Game

(PG). O jogo consiste em investimentos simultâneos de qualquer proporção para projetos

públicos ou privados. Se investir em bens públicos há um aumento dos ganhos para o grupo.

37

Contudo, se investir em bens particular o ganho individual será maior. Estudos tem observado

punição aos que não investem ou investem muito pouco em bens públicos pelos que realizam

investimento. Tais punições levam ao maior investimento destes jogadores em bens públicos

após a punição (FHER e GÄCHTER, 2002; FEHR e CAMERER, 2007).

Já em relação confiança, traição social e iniquidade, pesquisadores têm utilizado o

jogo The Trust Game (TG). O primeiro jogador começa doando uma parte do valor que tem

para o outro jogador e este valor é dobrado para quem o recebe. Pode-se então observar o

comportamento de devolver a doação (retribuir a confiança) ou ficar com o montante

(desertor) de quem recebeu a doação. Como o experimentador dobra o dinheiro investido

quando há uma doação e quando há retorno desta doação, a confiança e reciprocidade leva

para a melhor situação para ambos do que ficarem com os montantes iniciais. Estudos tem

observado uma retribuição ao investimento em alguma proporção (FEHR e CAMERER,

2007; VAN‘T WOUT E SANFEY, 2008). Segundo Fehr (2009) a preferência social

influência na interação em que envolve confiança. Aqueles que preferem a reciprocidade tem

maior tendência a retribuir a confiança.

Estudos que investigam o interesse pessoal envolvendo empatia e cooperação, relação

entre recompensa e punição, têm utilizado o jogo Ultimatum Game (UG), criado por Güth et

al. (1982), que consiste na divisão de um valor entre dois jogadores. O participante deve

aceitar ou não uma proposta financeira feita por outro jogador (podendo este ser um ser-

humano ou um computador). A proposta financeira é a apresentação da divisão de um

montante total de dinheiro. Quem promove a divisão oferece uma das partes ao outro jogador

(que deve aceitar ou recusar a proposta) e fica com a outra parte para si. Assim, aquele que

recebe a proposta, estará decidindo o quanto quer ganhar e o quanto o outro ganhará. A

proposta oferecida tanto pode ser justa (uma divisão em duas porções de iguais) como pode

ser injusta (divisão desigual para que o propositor fique com a maior parte, caso o outro

38

jogador aceite). Neste jogo, quando a proposta é recusada, ninguém recebe nada, mas quando

é aceita, os valores recebidos são aqueles oferecidos no momento da divisão. (SANFEY,

2007; FRITH e SINGER, 2008; FEHR e CAMERER, 2007; KNOCK et al., 2006). No UG

ocorre apenas uma única interação confidencial com desconhecidos em que a barganha ou o

estabelecimento de reputação não consegue explicar os achados comportamentais, entre eles,

a rejeição irracional da proposta uma vez que a teoria prevê que qualquer valor é melhor do

que nada. Porém, mais da metade das propostas injustas são rejeitadas: propostas abaixo de

30% - 20% do valor total tem 50% de chances de ser rejeitadas (SANFEY et al, 2006;

VANT`T WOUT et al., 2006; CHANG e SANFEY, 2009; FEHR, 2009; SHIV e

COLABORADORES, 2005; CHANG e SANFEY, 2009; SANFEY et al, 2006; KOENIGS e

TRANEL, 2007, van‘t WOUT et al, 2006; BOKESEN e CREMER, 2010). Por isso, a

rejeição provavelmente deve ser motivada pela preocupação com a equidade na comparação

entre resultados, pouco se deveria ao interesse pessoal (HANDGRAAF, VAN DIJK e DE

CREMER, 2003) uma vez que este não irá interagir novamente com aquele propositor. Dessa

forma, a punição seria altruísta por gerar um custo e não trazer benefícios para quem a realiza

(STROBEL et al, 2011; FEHR e GÄCHTER, 2002; FEHR e FISCHBACHER, 2004).

A teoria da preferência social prevê que os sujeitos preferem punir comportamentos

injustos a punir comportamentos de deserção (observados em jogos como Public Good Game,

Prisioner Dilema Game e Ultimatum Game). O que ocorreria devido ao fato de atos injustos

serem associados a não punição, levando à percepção de impunidade, que é associada à não-

utilidade e, por isso, a punição seria preferível ao ato de barganhar o custo da punição em

atitudes justas (FHER e CAMERER, 2007). Segundo Fehr, Fischbacher e Kosfeld (2005), a

punição em jogos como Social Dilemma não é irracional e que deve ser compreendida como

um comportamento racional de pessoas com preferências sociais correspondentes.

39

O Third-Party Game e o Three-Person Ultimatum Game são jogos que permitem

investigar o comportamento de punição altruísta. O TPG jogo consiste na divisão de um valor

monetário entre dois jogadores sendo que quem recebe a proposta de divisão não tem direito

de decisão, ou seja, não pode manifestar sua posição sobre a proposta (não pode rejeitar) e um

terceiro observa a divisão. Este terceiro recebe um montante que pode ficar apenas para ele ou

pode ser utilizado para punir ou recompensar o propositor. Estudos têm mostrado que a

maioria pune em alguma proporção àqueles que fazem divisões injustas mesmo que tenha um

custo e não tenha nenhuma recompensa ou vantagem para estes observadores (BERNHARD,

FEHR e FISCHBACHER, 2006; FEHR e FISCHBACHER, 2004a, b).

Já o TPUG foi criado por Güth e van Damme (1998), segue o modelo do UG sendo

que, neste caso, a divisão de um valor é proposta para três jogadores e um deles não tem

direito de aceitar ou rejeitar a proposta (chamado pelos autores de “dummy”). O jogador deve

aceitar ou rejeitar a proposta não somente pensando em seus próprios ganhos, mas também

deve considerar as desvantagens e vantagens para o terceiro jogador (o chamado “dummy”).

Segundo Güth, Scimidt e Sutter (2007) o TPUG é uma das ferramentas mais apropriada para

estudar as motivações do comportamento quando está envolvida a consideração por injustiça

e equidade. Os estudos mostraram que as pessoas se preocupam com o jogador menos

favorecido propondo e escolhendo mais as propostas justas (GÜTH, SCIMIDT e SUTTER,

2007; PFISTER e BÖHM, 2012).

Por fim, para a investigação de aspectos como cooperação, altruísmo, confiança e

lealdade, os jogos mais utilizados são: The Trust Game e The Ultimatum Game (SANFEY,

2007; LEE, 2008). Esses jogos envolvem decisões econômicas com base na divisão/partilha

de valores monetários que, para serem acumulados dependem da interação com o outro, i.e, o

jogador baseará suas decisões no comportamento de uma outra pessoa e os pontos ganhos ao

40

longo do teste estão vinculados à essa interação e integração de informações provenientes do

outro.

Por meio dos jogos apresentados acima e suas variações, vêm sendo investigado o

impacto das emoções, da confiança e reciprocidade, empatia, diferença entre gênero, punição

altruísta, entre outros fatores por diversas áreas. Estudos com voluntários saudáveis e com

pacientes tem mostrado o impacto dessas varáveis na TDS com grandes contribuições para a

compreensão dos processos decisórios, como será apresentado a seguir alguns dos principais

estudos.

3.1.2.1 Os Jogos na Tomada de Decisão Social

As reações emocionais observadas nos estudos de TDS tem se mostrado um fator

importante na interação social. Um dos primeiros estudos a observar o impacto das emoções

negativas na tomada de decisão social foi Pilluta e Murnighan (1996) com o modelo de

orgulho ferido/irritação que predeceriam a raiva. Estas emoções seriam geradas pela

percepção de que a injustiça das propostas injustas do UG serem dirigidas de forma pessoal

de acordo com os autores. Outro estudo mais recente utilizando o UG investigaram as

reações emocionais durante jogo utilizando a condutância da pele (que se refere ao grau de

fluxo de corrente permitido pela pele que está relacionado ao grau de solução eletrolítica

secretada pelas glândulas sudoríparas (suor) (NAQVI e BECHARA, 2006). Neste estudo os

participantes jogaram parte com pessoas e parte com um computador. Os autores observaram

maiores amplitudes para a rejeição de propostas injustas quando estas eram feitas por

humanos e variações não significativas da amplitudes quando as propostas eram realizadas

pelo computador. Em relação a rejeição das propostas, as propostas injustas foram mais

rejeitadas quando eram realizadas por pessoas do que por computadores. O estudo em questão

41

sinaliza o papel da relação interpessoal nos processos decisórios e aponta para a importância

da modulação dos aspectos afetivos.

Em outro estudo Civai, Corradi-Dell‘Acqua, Gamer e Rumiati (2010) investigaram o

impacto das emoções utilizando o mesmo jogo, UG, mensurando a condutância da pele

durante o teste. A diferença do jogo neste experimento, é que em alguns momentos o jogador

poderá decidir por uma terceira pessoa, se aceita ou rejeita a proposta. Foram excluídas as

situações de propostas extremas no caso deste experimento. Como controle da interação

social, os participantes realizaram uma tarefa Free-win-task, que consistia em aceitar

propostas feitas pelo computador.

Os pesquisadores observaram que o número de rejeições foi muito maior no jogo UG

do que no FW, ou seja, baixas ofertas foram mais rejeitadas no UG do que no jogo FW. Com

relação às emoções, foi observado que tanto as emoções negativas quanto as positivas foram

relatadas como mais fortes nas condições em que respondiam por eles mesmos do que nas

situações em que respondiam por uma terceira pessoa. Também observaram que as emoções

negativas foram maiores quando os sujeitos rejeitavam ofertas injustas do que quando

respondiam por eles mesmos.

Além disso, observaram que a amplitude da condutância da pele era maior no jogo do

UG do que no FW. Nas situações em que houve rejeição de propostas injustas a amplitude de

condutância da pele foi maior quando a rejeição foi respondida por eles mesmos do que por

uma terceira pessoa. Os pesquisadores sugerem que nem sempre as emoções negativas estão

relacionadas às respostas de rejeição e que novas pesquisas precisam ser realizadas para a

melhor compreensão deste fenômeno.

Bies (1987 apud PILLUTA e MURNIGHAN, 1996) levanta a questão de haver mais

do que um julgamento cognitivo nas situações de injustiça com violação de normas sociais e

42

situações que provoquem danos pessoais, trazendo a influência das emoções na percepção de

injustiça.

Um estudo recente questiona se a rejeição a propostas injustas seria guiada apenas

pelas emoções negativas ou seria guiada também cognitivamente. Ma et al (2012) realizaram

um estudo com duas versões adaptadas do UG: “Informed Impunity Game” (situação pública)

e “Non-Informed Impunity Game” (condição privada) na condição experimental e anônima.

Como resultado foi observado diferença apenas na condição anônima tendo maior taxa de

rejeição na condição não-informada do que na informada. Os autores trazem que tais

resultados se devem ao impacto das emoções negativas na rejeição das ofertas injustas uma

vez que a preocupação com a reputação não estaria envolvida nesta condição (ninguém

saberia, nem mesmo o experimentador, qual seria a resposta do participante). Já na condição

experimental a taxa de rejeição foi maior para as condições públicas do que na condições

privadas, resultado que, de acordo com os autores, pode estar relacionado ao processamento

cognitiva em relação a consequência do comportamento de quem responde, ou seja, a rejeição

em uma situação publica poderia ter implicações positivas como proteger a sua reputação e

que pode beneficiar a cooperação na interação social.

A expectativa também tem um papel importante na tomada de decisão. Sanfey (2009)

investigou no UG o impacto da expectativa e, para isso, criou três condições: a condição de

alta expectativa, em que um grupo de participantes recebeu a informação de que os

propositores que iriam interagir costumavam fazer propostas mais igualitárias; a condição de

baixa expectativa, em que outro grupo de voluntários recebeu a informação de que os

propositores que iriam interagir tipicamente faziam propostas mais desiguais; e a condição

sem expectativa, em que outro grupo de voluntários recebeu somente as instruções sobre o

jogo e não teve nenhuma indução de expectativa em relação aos propositores. Como resultado

foi observado que o grupo com alta expectativa aceitou menos propostas do que o grupo com

43

baixa expectativa e sem expectativa. Tais resultados sugerem que o impacto negativo foi

maior quando a expectativa era maior de receber propostas mais justas devido a uma violação

da norma social.

De acordo com os estudos anteriormente descritos, o impacto das emoções tem

implicações importantes no comportamento decisório e um regulamento adequado das

emoções é essencial na interação social (Van’t Woult, Chang e Sanfey, 2010). Dessa forma,

uma questão pode ser levantada: qual seria o comportamento diante a propostas injustas se

fosse solicitado o controle das reações emocionais?

Van’t Woult, Chang e Sanfey (2010) investigaram o impacto da regulação das

emoções na tomada de decisão com o UG. Os autores criaram duas condições: neutra e

regulação da emoção. Todos os participantes jogaram a condição neutral ou antes ou depois

da condição de regulação das emoções. Na condição de regulação das emoções os

participantes recebiam instruções para dois diferentes tipo de regulação em momentos

diferentes: no primeiro momento o grupo de participantes foi orientado a suprimir as emoções

e não expressá-las ou deixá-lo influenciá-lo durante a visualização das propostas (condição

supressão); no segundo momento o grupo foi orientado a tentar ficar neutro e buscar tentar

encontrar uma razão do porquê aquela pessoa fez aquela oferta (condição de reavaliação). No

final os participantes deram notas de quanta raiva sentiram quando viram as propostas injustas

nas duas condições de regulação das emoções e na condição controle (neutra).

Como resultado os autores observaram um aumento na aceitação de propostas na

condição de reavaliação de ofertas injustas em relação a condição supressão e neutral.

Quando os participantes foram propositores, estes fizeram propostas mais altas depois de

terem participado na condição de reavaliação. Os autores apontam para a modificação do

comportamento na interação social quando há uma reavaliação da situação ao tentar buscar

44

uma razão para o comportamento do outro gerando uma regulação das emoções negativas

mais efetiva do que a supressão.

A punição altruísta também seria um comportamento gerado por emoções negativas

por pessoas que apresentam preferência social (aversão a inequidade, por exemplo). Fehr e

Gächter (2002), utilizaram o jogo The Public Goods Game para investigar o engajamento do

ser humano na punição altruísta e como este comportamento pode induzir a manter e sustentar

a cooperação. Para isso, 240 estudantes participaram deste jogo que consistia em duas

condições: a com possibilidade de punição e outra sem possibilidade de punição. No final, os

participantes recebiam 4 cenários hipotéticos para avaliar o sentimento de raiva/irritação de

(1=nenhum e 7=muito).Os autores observaram que a punição aumentava a quantidade de

dinheiro investida pelos que não-cooperavam. Além disso, o investimento foi maior na

condição de punição do que na condição de não-punição mostrando que a punição leva ao

aumento da cooperação. Em relação aos cenários, foi observado no cenário 3, onde a

diferença entre os que cooperaram era maior do que o que pouco cooperou, tiveram notas

mais altas de expectativa de sentimento de raiva pelos outros integrantes do grupo do que nos

cenários onde a diferença entre os investimentos era menor. Para investigar melhor o impacto

das emoções negativas por aqueles que não-cooperam, 33 voluntários que não participaram

do jogo responderam os mesmos cenários. Como resultado verificou-se os mesmos

sentimentos que os 240 participantes do estudo anterior apresentaram, ou seja, os

participantes que não-cooperam (os mais egoístas) geram maiores sentimento de

raiva/irritação e este sentimento é esperado pelos outros mostrando que a punição altruísta

seria motivado por emoções negativas e que este comportamento seria efetivo para elevar o

nível de cooperação dentro do grupo (FEHR e Gächter, 2002).

Os resultados desse estudo vão de encontro com a teoria de que a punição altruísta

seria eliciado não somente por emoções negativas, mas também pela aversão a inequidade

45

uma vez que foi observado aumento no sentimento de raiva quando as diferenças entre os

valores investidos pelo grupo eram maiores do que quando estes valores eram menores. Além

disso, a diminuição do nível de cooperação na condição de não-punição também está de

acordo com estudos prévios que trazem a influência dos jogadores no grupo. Em outras

palavras, quando o grupo tem mais jogadores que cooperam este comportamento indica ao

grupo que a norma é a cooperação e esta deve ser seguida. Contudo, se alguns violam a norma

existiria a permissão para outros a violem também (FEHR e FISCHBACHER, 2004). Dessa

forma, a punição altruísta, apesar de ter um custo para quem a realiza e não ter nenhum

retorno para esta pessoa, tem se mostrado uma importante ferramenta para impor a adesão as

normas sociais (BENHARD, FERH e FISCHBACHER, 2006) e aumentar a cooperação entre

o grupo.

A intenção também teria impacto nas emoções e na tomada de decisão. Falk, Fehr e

Fischbacher, 2003) observaram em uma versão reduzida do UG que a intenção também

motivaria ao comportamento de punição e não somente a recompensa. Em estudo recente,

Pfister e Böhm (2012), realizaram uma versão modificada do UG, o Three-Player UG. Só que

nesta versão (também conhecida como Güth e van Dame Ultimatum Game ou Three-Person

Ultimatum Game) o participante que responde tem três opções de resposta: aceitar, rejeitar

Tipo 1 (o jogador que responde e o propositor não ganha nada, mas o terceiro jogador ganha a

sua parte da divisão proposta) e a rejeição Tipo 2 (nem quem responde e a Terceira parte

ganha nada, mas o propositor fica com a sua parte proposta) em dois experimentos. No

primeiro, os autores encontraram maior taxa de aceitação quando as propostas eram justas não

somente para quem responde, mas também para a terceira parte. Além disso, as rejeições

foram maiores para o Tipo 1 devido ao impacto da proposta injusta. Com relação ao

julgamento de justiça está de acordo com estudo prévio que mostra que tanto valores baixos

46

quanto valores mais altos em relação ao outro são considerados como (van den Bos et al,

1998).

Em relação a satisfação observou se maior nível tanto para propostas justas quanto

para rejeição de propostas injustas. Já no Segundo experimento, com a diferença que jogaram

com pessoas reais na condição de terceira parte e quem responde e com manipulação de

intenção com propostas sugerindo altruísmo á malicia, observaram mais propostas de divisões

mais altas e se a divisão para o terceiro era igual. Com relação as emoções, a raiva teve nível

maior quando as ofertas injustas eram dadas para ele independente da divisão proposta para o

terceiro. Com relação a inveja teve maior nível em comparação a proposta da Terceira parte

na comparação com os valores menores para quem responde. Além disso, verificaram que a

pontuação para o sentimento de raiva foi desencadeado pela comparação com o propositor e

inveja pela comparação com a Terceira parte. Por fim, verificaram como os jogadores

estavam se sentindo e observaram que estavam se sentindo melhor depois de aceitarem

propostas e um pouco melhor depois de rejeitarem propostas. Os autores discutem que o

comportamento de punição teve impacto das emoções e da inferência sobre a intenção do

propositor e que a percepção de justiça seria holística e não somente focada em quem

responde.

A consideração pela justiça no UG foi investigada por Radke, Gürog˘ lu e Bruijin

(2012) visando uma melhor compreensão sobre o impacto do contexto e da intenção na

tomada de decisão e observaram maior rejeição de propostas injustas pareadas com justas

quando realizadas por uma pessoa e menor taxa de rejeição quando as propostas injustas eram

realizadas pelo computador. O mesmo comportamento foi observado na condição não-

controlada. Os resultados mostram que a consideração por justiça foi sensível tanto para o

contexto quanto para a intenção e que a intenção moderou o contexto quando a injustiça era

explicita.Tais estudos mostram o impacto das emoções na tomada de decisão apontando para

47

o papel destas no direcionamento do comportamento e ações novas para sejam adequadas ao

contexto, podendo contribuir para o bem estar ou para o sofrimento do indivíduo. Dessa

forma, entender as emoções do outro e tentar inferir o que o outro está pensando e sentindo é

fundamental para que as reações e comportamentos sejam adequados ao contexto (BARON-

COHEN, 2004; BARON-COHEN, 2009). Assim, a empatia e a habilidade de mentalização

tem sido de crescente interesse para a melhor compreensão das decisões na interação social.

Estudos tem buscado compreender o papel destas habilidades nos processos decisórios

envolvendo interação social. Estudos sobre o desenvolvimento destas habilidades em crianças

tem auxiliado na melhor compreensão sobre o impacto destas na TDS. Em um estudo recente,

visando compreender a relação entre o desenvolvimento da ToM na TD com crianças,

colocaram crianças 68 pré-escolares jogaram uma versão do jogo Ultimatum Game face-a-

face onde uma criança propunha a divisão de balas com outra criança e o teste “Sally-Anne

task”, uma tarefa que avalia a percepção de “falsa crença”, para verificar a relação com o

desenvolvimento da ToM e a TDS. Os pesquisadores observaram que as crianças que

passaram na tarefa de “falsa crença” realizaram propostas mais justas (5 balas) e até hiper

justas (mais de 5 balas) para os respondedores. Já as crianças que não passaram na tarefa

realizaram mais propostas injustas e de maneira mais egoísta, sendo que apenas 36%

realizaram propostas justas. Com relação as crianças que responderam, 50% que rejeitaram as

propostas injustas não passaram na tarefa (TAKAGISHI et al, 2010).

No mesmo estudo os pesquisadores realizaram uma tarefa suplementar onde pré-

escolares tinham que dizer o que outra criança sentiria se recebesse uma propostas de 2 balas

para ela e 8 para outro. Para isso deveriam apontar para um cartão com uma carinha feliz ou

triste e o “Sally-Anne task” foi aplicado. Como resultado, observaram que as crianças que

passaram na tarefa conseguiram compreender a outra criança apontando mais para o cartão

com o rosto triste do que as crianças que não passaram na tarefa. Os autores concluem que o

48

desenvolvimento da ToM esta relacionado ao aumento do comportamento justo e de

equidade. Entretanto, crianças que não passaram no teste podem ter aprendido o

comportamento de justiça e podem ter realizado a tarefa pensando mais na expectativa dos

adultos (os pesquisadores presentes) do que na outra criança. As rejeições dos pré-escolares

para as propostas injustas parecem estar relacionada a aversão a inequidade, que pode ser uma

regra mais importante para os pré-escolares do que entre os adultos (TAKAGISHI et al,

2010).

Sendo o desenvolvimento da ToM um aspecto importante para a TD, investigações

sobre alterações na habilidade de mentalização e empatia são importantes para a compreensão

do quanto tais habilidades estão envolvidas neste processo. De Martino et al. (2008)

investigaram a dificuldade de pacientes com autismo na incorporação dos estímulos

emocionais no processo de tomada de decisão e verificaram um aumento nos comportamentos

de maior racionalidade, o que pode estar relacionado a comportamentos de inflexibilidade. Os

pesquisadores utilizaram medidas de condutância da pele para mensurar as reações

emocionais durante uma tarefa econômica de risco nesses indivíduos com autismo de QI

normal ou acima da média comparando-os com sujeitos saudáveis. Os sujeitos com autismo

não apresentaram variações significativas na condutância da pele nas situações de perda ou

ganho; já para os sujeitos saudáveis, essas alterações foram observadas. Tais achados

sinalizam que os autistas falham na integração das emoções no processo decisório e, com

isso, sofrem menor influência do contexto e da situação.

Sally e Hill (2006) realizaram um estudo com crianças com o transtorno do espectro

autista em comparação a crianças saudáveis de 6 a 10 anos sobre a habilidade de mentalização

e a cooperação através de três jogos de estratégia: Prisioner Dilema (PD), Ditactor Game

(DG) e o Ultimatum Game (UG). Primeiramente, todos os sujeitos realizaram o teste Sally-

Anne e a tarefa de falsas crenças usando “Birthday Puppy story”. As crianças jogaram no

49

mesmo laptop, uma ao lado da outra. Os autores observaram que as crianças do espectro

autista tiveram um desempenho inferior comparado às crianças de desenvolvimento típico.

No PD as crianças acreditaram jogar parte com o computador e parte com um humano

e partes foram encorajadas a cooperarem ganhando mais pontos quando escolhiam

igualmente. No DG e no UG também jogaram do lado do parceiro e a diferença entre os jogos

é que no UG tinha a opção de aceitar ou rejeitar as propostas. Como resultados os autores

observaram que no jogo PD as crianças com desenvolvimento normal, e que passaram no

teste de falsa crença, o desempenho foi positivamente correlacionado com a probabilidade de

cooperação. No UG essas crianças realizaram ofertas mais justas. Já as crianças do espectro

autista aceitaram muito mais as propostas injustas do que as outras crianças. Mas não viram

diferença no nível de cooperação no PD entre os grupos. Neste jogo as crianças autistas foram

mais competitivas quando jogaram com o computador.

Em estudo recente, Izuma et al. (2011) investigou o impacto da reputação em um jogo

de doação financeira (donation task) em autistas com duas situações (em ordem

contrabalanceada): sozinhos na sala e com uma pessoa desconhecida sentada atrás deles

(observando e anotando suas respostas para assegurar que seus dados estão sendo registrados

- história contada para os participantes depois de um problema, proposital, no computador

para justificar sua presença na sala). Os participantes podiam aceitar ou rejeitar as propostas

de transferência financeira. Como tarefa controle, realizaram um teste de comparação sem

aspectos socais.

Em comparação com o grupo controle foi observado que tanto os sujeitos do espectro

autista quanto o grupo controle na condição sem observador realizaram a tarefa de acordo

com o esperado baseando suas doações em quanto perderiam e quanto a instituição ganharia.

Já condição com observador houve um aumento nas doações por parte do grupo controle, mas

para o grupo do espectro autista houve uma redução não significativa das doações. Em

50

relação a tarefa controle foi observado melhor desempenho em ambos os grupos na presença

de um observador.

Na escala de Desejabilidade Social não houve diferença entre os grupos e não teve

correlação com presença ou ausência do observador para os dois grupas na tarefa. Izuma et al.

(2011) sugerem que tais resultados apontam para uma preservação no efeito de perceber a

presença de outras pessoas no grupo do espectro autista, mas o fato de perceberem a presença

não leva a modificação do comportamento. Ou seja, o prejuízo nas habilidades empáticas e de

mentalização faz com que estes sejam imunes ao efeito da observação de um terceiro e por

isso não haveria preocupação com a sua reputação (com o que o outro pensaria sobre o seu

comportamento). Outra hipótese que os autores levantam a respeito dos resultados seria uma

diferença no tipo de recompensa. A reputação social não seria recompensadora e por isso não

desencadearia nenhum efeito neste grupo. Os resultados deste estudo, segundo Frith e Frith

(2011), enfatiza a convicção de que as pessoas dos espectro autista são transparentemente

confiáveis.

Esta idéia vai de encontro com resultados interessantes encontrados em um estudo

anterior de Chiu et al (2008) realizado com autistas e grupo controle interagindo em um jogo

envolvendo confiança, o The Trust Game. Na confiança, outro aspecto importante da

interação social no cotidiano, também está relacionado as habilidades da ToM uma vez que a

confiança é considerada um comportamento baseado na inferência sobre a confiabilidade do

outro (RILLING e SANFEY, 2001). Ou seja, na crença de que aquela outra pessoa irá

cooperar ou ser reciproca.

No estudo de Chiu et al. , (2008), foi observado que os autistas apresentam prejuízo

em apenas uma fase da interação neste jogo que é no momento que deveriam fazer o

investimento. Em relação a retribuição do investimento, os autistas apresentaram

comportamento adequado. A dificuldade deste grupo na fase do investimento pode estar

51

relacionada à falha na habilidade de se colocar no lugar do outro para tentar inferir suas

intenções e crenças, uma habilidade mais complexa do que a fase de retribuição da confiança

devido a ação já ter ocorrido (FRITH e FRITH, 2011). Portanto, a construção da reputação

exige uma habilidade muito mais complexa do que a fase de retribuição da confiança, uma

vez que o investimento já foi dado e, na fase de investimento, seria necessário tentar inferir

quais as possíveis conseqüências de sua ação para cada possibilidade de investimento para,

assim, poder construir a sua reputação.

Tais resultados em conjunto (IZUMA et al, 2011; CHIU et al, 2008) apontam para a

existência da habilidade de mentalização e empatia em algum grau em pessoas do espectro

autista de alto desempenho, mas com prejuízo importante na automatização destas habilidades

(FRITH e FRITH, 2011).

Além disso, a diferença entre gênero na TDS também vem sendo investigada uma vez

que estudos têm apontado que mulheres apresentam mais habilidades empáticas e de

mentalização do que os homens que seria mais sistematizadores (BARON-COHEN, 2004).

Solnick (2001) observou durante o UG que tanto os homens quanto as mulheres realizaram

propostas menores quando o jogador era uma mulher e homens recebiam propostas maiores;

além disso, os homens ganharam mais dinheiro do que as mulheres.

Um estudo de revisão recente observou que as mulheres tendem a ser mais igualitárias

do que os homens e também são mais sensíveis ao contexto nas negociações. Além disso, as

mulheres tendem a pedir menos e aceitar menos nas negociações prejudicando o resultado

final sugerindo que elas seriam mais cautelosas e investigam mais antes de definir o que está

acontecendo na negociação (ECKEL, OLIVEIRA e GROSSMAN, 2008).

Outros estudos têm mostrado que as mulheres realizam divisões iguais ou de valores

maiores, ou seja, são mais generosas do que os homens (GÜTH, SCIMIDT e SUTTER, 2007;

COX e DECK, 2006; ECKEL e GROSSMAN, 1998; SAAD e GILL, 2001; KROMER e

52

BAHÇEKAPILI, 2010). As mulheres também seriam mais altruístas e levam mais em

consideração a equidade do que os homens (ANDREONI e VESTERLUND, 2001;

KROMER e BAHÇEKAPILI, 2010; GÜTH, SCIMIDT e SUTTER, 2007).

Contudo, há controvérsias a respeito da diferença de gênero na cooperação. Baillet et

al (2011) realizaram uma meta-análise para investigar a diferença de gênero em dilemas

sociais. Ao contrário do que alguns estudos vinham mostrando, os autores não encontraram

diferença de gênero na cooperação, mas verificaram que a diferença entre gênero se daria na

interação em diferentes contextos. Os homens cooperam mais quando interagem com pessoas

do mesmo gênero e em jogos de interação sucessivas. Já as mulheres seriam mais

cooperativas em jogos com interação com os dois gêneros. Em outras palavras, a diferença

entre gênero na cooperação depende do contexto sendo que, no geral, haveria uma tendência

para que ambos os gêneros se cooperem de forma semelhante.

Já em relação ao comportamento altruísta as habilidades da ToM também tem um

papel importante e estudos tem encontrado não somente a importância do altruísmo na

interação social como também a diferença entre gênero. Fehr e Fischbacher (2004b)

observaram relação entre o julgamento das propostas como injustas e a punição,

comportamento desencadeado por emoções negativas devido a violação das normas sociais.

Além disso, a punição altruísta do terceiro jogador no TPG mostrou ser um poderoso meio de

reforçar e manter as normas sociais.

Em relação ao gênero, Andreoni e Vesterlund (2001) observam que, quando o custo é

baixo, os homens são mais altruístas do que as mulheres. Mas quando o custo é alto, as

mulheres são mais altruístas do que os homens. Contudo, de maneira geral, a mulher se

preocupa mais com a igualdade das ofertas do que os homens. Assim, os autores

consideraram os homens mais flexíveis do que as mulheres no comportamento altruísta.

53

Em relação a grupos, Bernhard, Ferh e Fischbacher(2006) observaram no TPG em

duas tribos pequenas da Papua Guiné (tribos que vivem somente sobre as normas sociais e,

por isso, considerados pelos autores grupos interessantes para a investigação da punição

altruísta e o as normas sociais) diferenças quando o ditador era do grupo e quando era de

outro grupo apontando para um favoritismo na relação dentro do grupo do que fora uma vez

que os ditadores violaram menos vezes as normas sociais quando transferiam dinheiro para

outra pessoa do mesmo grupo.

Marlowe et al (2011) observaram que estruturas sociais maiores, mais complexas, tem

maior engajamento na punição na condição de terceiro do que em sociedades menores, menos

complexas. Os autores sugerem que o maior engajamento no comportamento de punição da

terceira parte em grupos sociais maiores e mais complexos se deva a maior dificuldade de

controle do grupo e o aumento da possibilidade de comportamentos mais egoístas. Por isso,

seria necessária a existência de punição por terceiros, como os policiais, para poder controlar

o grupo e, assim, aumentar a cooperação e reforçar as normas sociais. O que não seria

necessário em pequenos grupos onde a cooperação é maior por serem sociedades mais

igualitárias.

Os estudos anteriores trazem evidências de que a punição altruísta realizada por um

terceiro é importante para manter a norma social e que haveria, por tanto, uma preocupação

com a recompensa do outro. Mas nestes estudos, apesar de ter um custo para quem pune, este

não está envolvido na interação. O que levanta questões sobre o conflito entre o próprio

interesse e a do outro quando este está diretamente envolvido na interação social. Güth e van

Dame (1998) criaram uma nova versão do UG para investigar a punição altruísta quando a

proposta é uma divisão de um valor para três pessoas e quem decide sobre ela assim o faz

tendo que pensar no outro que não tem possibilidade de decidir por si. Como sua decisão teria

conseqüências não somente entre ele e o propositor, mas para este terceiro (o chamado

54

“dummy”) o jogador assim é forçado a buscar inferir o que o outro pensaria e como se sentiria

diante aquelas ofertas e sua decisão. Por meio deste jogo, Güth, Schimiditt e Sutter (2007)

observaram que há uma preocupação com a divisão para o terceiro jogador e não somente

com a divisão para o próprio jogador na aceitação e rejeição de propostas. Além disso,

observou se diferença entre gênero: mulheres buscam ser mais igualitária na posição de

propositoras do que os homens.

Os resultados destes estudos em conjunto sugerem que a punição altruísta ocorre

mesmo quando o jogador está envolvido na interação e, por isso, pode se dizer que há uma

preocupação com o bem-estar deste outro. Mas o papel da empatia e da mentalização nesta

forma de interação ainda não é muito clara.

Recentemente buscou-se compreender melhor o impacto da empatia na punição

altruísta. Leliveld, Van Dijk e Vanbeest (2012) mostraram que diferentes níveis de empatia

levaram a diferentes formas de punição: apesar de não haver diferença na percepção de justiça

entre pessoas de baixo e alto nível de empatia, observaram uma preferência para compensar a

vítima por pessoas com alto nível de empatia e uma preferência pela punição altruísta para o

propositor por pessoas com baixo nível de empatia. Os autores levam a hipótese para a

preferência em ajudar por pessoa com alta empatia do que punir por se preocupar mais com o

outro. Já a escolha de punir por pessoas com baixa empatia talvez esteja relacionado a

percepção de injustiça, mas não uma preocupação direta com a vítima. Ainda não é claro o

quão importante estas habilidades são na interação social.

Entretanto, outro aspecto da interação social que precisa ser considerado é a confiança.

De acordo com Chang et al. (2010), a confiança seria uma inferência de risco da

probabilidade de que o outro irá cooperar por meio de uma inferência implícita, a princípio,

suscetível a alterações de acordo com as atualizações que a experiência trás. Ou seja, na

confiança se faz uma inferência a respeito do nível de confiabilidade do outro baseando em

55

sinais sociais (RILLING e SANFEY, 2011; CHANG et al, 2010) como faces e a primeira

impressão (VAN’T WOUT e SANFEY, 2008; CHANG et al, 2010).

Faces que desencadearam a inferência como confiáveis levaram a maiores

investimentos no jogo TG na primeira impressão, mas os investimentos só continuaram a ser

maiores quando a experiência da interação mostrou que estes eram recíprocos freqüentemente

e investiam menos para aqueles que eram recíprocos com menor freqüência. Os resultados

deste estudo mostram que há uma interação dinâmica entre a primeira impressão e a

experiência na interação (CHANG et al, 2010). Resultados que vão de encontro com estudo

prévio que mostrou que a primeira impressão sobre a face como confiável seria um sinal

social importante na percepção de confiança levando ao maior investimento para faces

consideradas confiáveis do que as faces consideradas não confiáveis (VAN’T WOULT e

SANFEY, 2008).

Neste estudo, van‘t Wout e Sanfey (2008) observaram no jogo TG que o investimento

teve forte relação com o julgamento de confiança nos parceiros realizando maior investimento

financeiro naqueles considerados como confiáveis do que em outros. Além disso, observaram

que o valor investido sofria influência de experiências entre os parceiros ao decorrer do jogo

reduzindo ou diminuindo o investimento conforme sofria abusos ou se a confiança era

retribuída. Com relação à memorização das faces, os sujeitos lembraram melhor das faces que

retribuíram a confiança do que as faces que abusaram da confiança. As faces que foram

avaliadas subjetivamente como confiáveis também foram melhor reconhecidas do que as que

foram julgadas como não confiáveis.

O impacto da confiança também vem sendo investigada no UG. Nguyen et al (2011)

observaram que pessoas com alto nível de confiança no outro e prosociais aceitavam mais

qualquer tipo de oferta do que as pessoas que apresentavam emoções negativas, que

rejeitavam mais as propostas injustas. Os autores sugerem que talvez a aceitação por qualquer

56

valor proposto para o grupo de alta confiança se deva pelo fato de não perceberem as

propostas com intenções hostis e, por isso, não considerariam como injustas. Outra

possibilidade que os autores sugerem para explicar o comportamento deste grupo seria a

percepção de que é vantajoso aceitar qualquer tipo de proposta.

Em relação às emoções negativas, a rejeição de ofertas injustas pode estar relacionada

à maior sensibilidade deste grupo a frustração e por isso puniriam mais. Tais resultados

apontam para o impacto da personalidade e das emoções na variabilidade individual na

interação social.Contudo, os autores consideram tais resultados como exploratórios e que

futuro estudos precisam ser realizados para a melhor compreensão do impacto da confiança e

das emoções negativas.

Assim, os estudos utilizando jogos da TJ vêm auxiliando na compreensão do

comportamento na interação social em diversos contextos. Entretanto, muitos aspectos da

interação social ainda não estão muito claros baseados apenas nos estudos comportamentais e,

por isso, investigações acerca das bases neurobiológicas dos processos decisórios na interação

social começaram a apontar para novas direções e aprofundar o conhecimento acerca das

motivações para os comportamentos observados nos estudos comportamentais como será

apresentado a seguir.

4. Bases Neurobiológicas da Tomada de Decisão Social

A psicologia social e a neurociência cognitiva começaram a integrar recentemente as

novas tecnologias desenvolvidas pela neurociência cognitiva com os estudos da psicologia

social visando aumentar a compreensão acerca do comportamento social investigando as

bases neurobiológicas envolvidas nestes processos. Dessa união surgiu a Neurociência Social,

uma área interdisciplinar que busca compreender os fenômenos relacionados a complexas

57

interações que envolve fatores sociais e sua influência no comportamento e os mecanismos

neurológicos e hormonais nos processos cognitivos (SINGER, 2009; OCHSNER e

LIEBERMAN, 2001). Mas não somente a neurociência social tem buscado compreender

aspectos complexos do comportamento social. A Neuroeconomia, uma área também

interdisciplinar, também vêm buscando compreender as bases neurobiológicas dos processos

decisórios na interação social por meio dos jogos da TJ. Dessa forma, ambas as áreas tem

contribuído para a melhor compreensão desses processos (SINGER, 2009) por meio de

modelos econômicos, das técnicas da neurociências e o conhecimento do comportamento

humano pela psicologia cognitiva e social.

Procurando uma melhor compreensão sobre comportamentos como a rejeição de

ofertas injustas, a punição altruísta, a confiança entre outros aspectos na TDS, estudos com

ressonância magnética funcional, estimulação cerebral não invasiva e eletroencefalografia de

alta densidade tem sido utilizado em diversos estudos em conjunto com os jogos da TJ e

situações de interação social permitindo uma análise integrada dos mecanismos neuronais

subjacentes.

Por meio de técnicas de estimulação cerebral não-invasiva como a Estimulação

Transcrania por Corrente Contínua (ETCC) e a Estimulação Magnética Transcraniana (EMT)

o papel do CPFDL na TDS tem sido investigado utilizando o UG. Knoch et al (2006)

aplicaram a EMTr de baixa freqüência (inibitória) no CPFDL direito ou esquerdo ativa ou

placebo e observaram maior número de respostas de aceite para propostas injustas quando

receberam a estimulação no CPFDL direito, mas não no grupo que recebeu no lado esquerdo

e no grupo placebo. Além disso, não houve diferença significativa no julgamento sobre o

quão justo era cada proposta, ou seja, valores baixos foram considerados injustos igualmente

entre os grupos. Assim, os resultados sugerem que o CPFDL direito estaria relacionado ao

controle dos impulsos mais egoístas na tomada de decisão.

58

Estudos posteriores investigaram por meio da EMTr (Estimulação Magnética

Transcraniana repetitiva) de baixa freqüência (1Hz, freqüência que inibe a área estimulada

gerando uma “lesão virtual”) no CPFDL no UG para melhor investigar o papel desta área na

TDS.Van ’t Wout, et al. (2005) utilizaram duas versões adaptadas do Ultimatum Game e

aplicaram a EMTr de 1Hz no CPFDL direito e placebo durante 12 minutos. Os autores

também observaram maior aceitação de propostas injustas. Além disso, o tempo de reação foi

maior para a rejeição de propostas injustas após a estimulação no CPFDL direito. Segundos

os autores, os resultados deste estudoseriam fortes indícios do papel do CPFDL direito na

tomada de decisão estratégica.

Utilizando a mesma técnica e o mesmo teste, Knoch e Fehr (2007) aplicaram a EMTr

inibitória no CPFDL direito, esquerdo ativo ou placebo. Como resultado, encontraram efeito

significativo na estimulação no CPDFL direito com aumento da taxa de aceite de propostas

injustas mesmo apresentando julgamento de justiça iguais entre os grupos de estimulação nas

diferentes propostas realizadas.Sendo assim, os pesquisadores sugerem que a inibição desta

área levou a uma redução da capacidade de resistir à tentação de aceitar as propostas injustas

por esta área estar relacionada ao interesse pessoal. Dessa forma, a inibição desta área pode

ter levado a um controle top-down gerando uma redução do auto-controle para os interesses

pessoais, ou seja, na aceitação de propostas visando o interesse econômico mais do que o

aspecto moral, o que exigiria uma inibição do interesse pessoal.

Ao aplicar a ETCC durante o UG, Knoch et al. (2007) também observaram que a

estimulação catódica no CPFDL direito com a estimulação anódica na área supraorbitral

esquerda um maior número de aceite das propostas injustas em comparação com o grupo

placedo. Resultados que estão de acordo com os estudos anteriormente descritos. De acordo

com os autores, a inibição desta área estaria relacionada ao comportamento voltado para o

59

interesse pessoal, lealdade aos objetivos e ao controle dos impulsos para um comportamento

adequado.

Com relação à diferença entre as propostas injustas feitas por homens e pelo

computador no UG, Sanfey et al (2003), com o uso da ressonância magnética funcional

(RMf) observaram grande ativação do Córtex Pré-Frontal Dorsolateral (CPFDL), insula

anterior bilateral e do Córtex Cingulado Anterior (CCA), área relacionada a detecção de

conflito, quando as propostas injustas foram feitas por um ser humano. Também foi

observado que os participantes que apresentaram a ativação na insula para as propostas

injustas rejeitaram uma grande proporção dessas propostas. A ativação da insula estaria

relacionada a emoções negativas gerado pelas propostas injustas mostrando que a hipótese

das emoções negativas guiaria a tomada de decisão. Em relação à ativação do CPFDL Sanfey

et al (2003) levantam a hipótese de que talvez sua ativação esteja relacionada ao controle

cognitivo e o aspecto cognitivo de manter o objetivo do jogo em acumular dinheiro.

Em outros estudos com neuroimagem e UG, foi observado maior ativação do CPFDL,

do córtex orbitrofrontal e do núcleo caudado como importantes na avaliação da ameaça de

punição. Além disso, essa região parece estar relacionada também ao controle de respostas

impulsivas pessoais e a lealdade ao objetivo do jogador (LEE, 2008; KNOCH et al., 2006).

Quervain et al (2004) encontraram maior ativação do núcleo caudado em situações de

punição altruísta ao jogador que abusou da confiança intencionalmente e sua ativação foi

maior quando houve maior custo para a punição deste jogador. Os autores sugerem que a

ativação desta área estaria relacionada à satisfação em punir aqueles que violam a normas

sociais.

Visando uma melhor compreensão da ativação do núcleo caudado na punição altruísta

Strobel et al (2011) utilizaram uma versão adaptada do Ditactor Game (DG – na versão

original o ditador divide um valor com outro jogador que não poder de decisão). Nesta versão

60

o jogador que recebe a proposta do ditador pode puni-lo e esta punição pode ser de alta

efetividade (uma forte punição com redução importante no montante do ditador) ou de baixa

efetividade (uma punição mais fraca com uma redução marginal no montante do ditador).

Uma parte do jogo os participantes jogaram na posição de quem recebe a proposta do ditador

e outra parte do jogo os participantes assistiram a interação entre dois jogadores tendo metade

dos trials a oportunidade de punir o ditador de forma intensa e outra metade uma fraca

punição. Além de observarem as áreas ativadas durante o jogo, os autores também buscaram a

relação entre a variação na função dopaminérgica e a variação da ativação neuronal durante a

punição altruísta selecionando os participantes que apresentavam o COMT, um único

polimorfismo nucleotídeo no gene que codifica a enzima degradante de dopamina, a catecol-

O-metiltransferase.

Como resultado os autores não observaram diferença no investimento da punição

altruísta entre a fraca e a intensa punição com maior punição na condição de terceiro jogador

(na observação da interação) do que na interação direta. Mas encontraram uma correlação

entre a punição na condição de terceira pessoa com a pontuação da escala de Altruismo do

NEO Personality Inventoryrevisado. Áreas como o CPFDL, Giro do Cíngulo bilateral, insula,

núcleo caudado e núcleo accumbens foram observadas com maior ativação quando os

participantes puniram. A ativação da insula estaria relacionada as emoções negativas devido a

violação das normas sociais e a ativação do CCA estaria relacionado ao monitoramento do

conflito do comportamento resultando na ativação do CPFDL para o controle cognitivo do

comportamento gerando a decisão de punir. Também encontraram maior ativação do núcleo

accumbens no lado direito quando a punição foi realizada na condição de interação direta e

maior ativação do núcleo caudado quando a punição foi mais efetiva (punição mais intensa)

apontando para a ativação dessas áreas envolvidas na punição em si e que a punição poderia

ser considerada uma recompensa. A ativação quase igualmente forte na condição de terceira

61

pessoa e interação direta aponta para a sensibilidade dessas áreas não somente para o interesse

pessoal na punição altruísta estando relacionado tanto as emoções negativas quanto ao prazer

da vingança.

Com relação ao fator genético, os autores pontuam que os resultados devem ser

entendidos como preliminares uma vez que a amostra molecular foi pequena. Mas foi

possível observar uma correlação entre a ativação do núcleo accumbens na punição e o alelo

COMT Met que está associado ao aumento de dopamina disponível na fenda sináptica.

Em outro estudo a ativação do núcleo caudado e do sistema dopaminérgico mesolímbico

tem sido observada na predição de erros sociais que guiam decisões sobre reciprocidade em

jogos de tomada de decisão como o TG e o PD (RILLING, KING-CASAS e SANFEY,

2008).

Estudos tem observado que a identificação cerebral da violação da confiança é

detectada pelo Núcleo Caudado e áreas do sistema de recompensa, detecção de erro e

conflito. Contudo, logo a atividade do Núcleo Caudado é reduzida pelo Córtex Pré-Frontal

Ventral Lateral quando ocorre um conflito ou uma violação da confiança por parte de uma

pessoa ou por um grupo em que o participante pertence e confie. Tal redução de atividade

leva a se comportar de acordo com os desejos do grupo se conformando então com estes

(FOURAGNAN et al, 2013; STALLEN, SMIDTS e SANFEY, 2013; MONTAGUE e

LOHRENZ, 2007; KLUCHAREV et al, 2009; DELAGDO, FRANK e PHELPS, 2005).

Assim como informações de características morais interferem na tomada de decisão tornando

os participantes insensíveis ao feedback e não apresentando diferença na atividade do núcleo

caudado (DELAGDO, FRANK e PHELPS, 2005).

Outras áreas ativadas observadas na aversão a inequidade foram à região do estriatum

ventral e do Córtex Pré-Frontal Ventro Medial (CPFVM) que foram relacionadas à aversão a

inequidade sendo modulada não somente pela inequidade de valores, mas pelo contexto como

62

a percepção de competição, julgamento do merecimento ou pela necessidade. Tanto o

estriatum ventral quanto o CPFVM ativaram fortemente quando sujeitos que receberam

menor pagamento realizavam transferências para si do que para os outros ao passo que o

oposto correu com o grupo que recebeu alto pagamento apontando para a sensibilidade dessas

regiões sobre as considerações de equidade sugerindo sobre o porquê a preocupação com a

equidade parece ser fundamental na interação social (TRICOMI et al, 2010).

Baumgartner et al (2011) utilizaram a Estimulação Magnética Transcraniana repetitiva

de 1Hz e neurimagem para investigar o papel do CPFDL direito na tomada de decisão no UG.

Ao inibirem o CPFDL direito observaram o mesmo padrão de comportamento entre o grupo

controle quando não havia conflito entre justiça e interesse econômico. Contudo, quando há o

conflito entre justiça e o interesse econômico observaram no grupo controle maior ativação do

CPDL direito e maior conectividade entre o CPDL direito e o CPFVM posterior na rejeição

de propostas injustas mostrando a importância da conectividade entre essas áreas no

comportamento de acordo com as normas sociais envolvendo custo (BAUMGARTNER et al,

2011).

Neste sentido, Cooper et al (2010) investigaram a relação entre a ativação do CPFVM

e a preferência social através do jogo PG (The public goods game) em dois contextos sociais:

a condição Doação e a condição Economia. Em um primeiro momento os jogadores

observavam as fotos de 4 jogadores e inferiam se estes doariam valores altos ou baixos.

Depois recebiam não somente o feedback de acerto ou erro sobre a inferência dos doadores,

mas também os valores que cada um doou e o total ganho. Os autores observaram que na

condição Doação, os jogadores gostavam do grupo que doava altos valores e não gostavam do

grupo que doava valores baixos apresentando maior ativação do CPFVM quando os jogadores

inferiram sobre os jogadores generosos e diminuía quando inferiam sobre os jogadores mais

63

egoístas. Mais do que na condição Economia, os erros inferenciais ativaram a região da

Junção Temporo-Parietal (JTP), o CPFDL e a região parahipocampal na condição Doação.

Os resultados apontam para a importância do CPFVM na integração entre a intenção e

o valor, talvez tenha um papel importante no que diz respeito à representação de preferência

do resultado referente ao outro e acima das próprias preferências. Contudo, tais preferências

dependem crucialmente das intenções por trás das ações do outro (Cooper et al, 2010). O

Córtex Pré-Frontal Medial (CPFM) e o Córtex para-cingular anterior são considerados

estruturas importantes para na “detecção da intenção” do outro e para a tomada de decisão

social em um outro estudo (SANFEY, 2007).

Rilling et al (2002) investigaram as bases neurobiológicas da cooperação social em

mulheres no jogo do Dilema do Prisioneiro (DP). Por meio da ressonância magnética

funcional observaram que na cooperação mutua as mulheres apresentaram ativação nas áreas

relacionadas com o processamento da recompensa como a região do estriado anteroventral e a

área do Córtex Orbitrofrontal (COF) na condição que havia cooperação-cooperação

apontando para a percepção da cooperação mutua como recompensadora. Os participantes

que foram mais propensos a experienciarem cooperação tiveram grande ativação na área do

estriado Antero ventral, mas esta área não foi ativada na cooperação recebida pelo

computador, somente na interação com humanos assim como a área do CCA. Já o COF foi

ativado tanto na cooperação com humanos quanto com o computador. A ativação do

cingulado anterior rostral estaria relacionada ao caráter emocional da interação. Pode se dizer

que os achados deste estudos estão relacionados a comparação do comportamento entre os

jogadores e que seria recompensador quando o outro coopera junto com o jogador.

O comportamento altruísta também foi observado como recompensador. Moll et al,

(2006) investigaram os mecanismos neurobiológicos da doação de caridade por meio de uma

tarefa em que escolhiam dar apoio ou não as causas sociais de organizações de caridade reais.

64

Para isso, os participantes apenas tinham que responder “Sim” ou “Não” diante a cinco

possíveis escolhas após a apresentação das causas de cada organização: recompensa apenas

para o participante (Sujeito= +2 e ORG= 0), doação sem custo (Sujeito= 0 ORG= +5),

oposição sem custo (Sujeito= 0 ORG= +5), doação com custo (Sujeito= -2 ORG= +5) e

oposição com custo (Sujeito= +2 ORG= +5). Moll et al. observaram que todos os

participantes fizeram consistentes doações e levaram mais tempo para fazerem doações que

tinham custo. Em relação a ativação das áreas cerebrais, foi observado ativação do estriado

ventral, estriado dorsal e área ventral tegmental do mesencéfalo tanto na condição de decisão

para recompensa apenas para o participante quanto na decisão de doação.

A área anterior do CPF foi correlacionada com as decisões de doação que tinha custo.

Os resultados deste estudo, segundo os autores, trás evidência de que o comportamento de

altruísmo é recompensador por desencadear a ativação do sistema de recompensa. A ativação

das áreas relacionadas ao apego social e a aversão também foram relacionadas ao

comportamento altruísta humano. Além disso, os autores trazem que a crença abstrata sobre

os aspectos morais ligados ao comportamento altruísta estaria baseada no desenvolvimento do

CPF anterior do ser humano.

Estudos recentes tem investigado a percepção de inequidade quando há um terceiro

envolvido no UG e as áreas cerebral relacionadas por meio de neuroimagem. Corradi-

Dell’Acqua et al (2012) observaram maior atividade a insula anterior (AI) para as ofertas

injustas tanto para o participante quanto para o terceiro e a ativação do CPFM anterior

somente quando as propostas injustas eram para o participante, mostrando que o impacto da

injustiça foi independente para quem a injustiça fora cometida e que o CPFM anterior está

envolvido nos processos relacionados a injustiça para o próprio indivíduo. Ciavei et al (2012)

realizaram um estudo semelhante envolvendo uma terceira parte no UG e observaram o

mesmo resultado que o estudo descrito anteriormente em que a IA foi sensível a injustiça para

65

ambos, o próprio voluntário e o terceiro, apontando para o papel esta estrutura na detecção da

violação das normas sociais e o envolvimento do CC anterior medial e do CPFM no

envolvidos no interesse pessoal. Os resultados destes estudos em conjuntam apontam para o

papel da insula anterior na detecção da violação da norma social de forma mais abstrata por

ser ativada independentemente da injustiça ter sido cometida para o próprio participante

mostrando uma reação automática da aversão a inequidade.

Os resultados deste estudo apontam para a importância da investigação acerca das

bases neurobiológicas da mente moral para uma melhor compreensão do comportamento

decisório na interação social (KVARAN e SANFEY, 2010). Moll et al. (2007) mostraram a

relação entre a agencia e as emoções morais com a ativação de áreas relacionadas a ToM

(observaram ativação do CPFM anterior e STS) nas emoções pro sociais como culpa,

vergonha e compaixão, a ativação da rede mesolímbica para emoções empáticas como culpa e

compaixão, para outras emoções relevantes como desgosto e indigação observaram ativação

da amígdala, área parahipocampal e fusiforme.

Mais recentemente, Bault et al (2011) observaram em uma tarefa de tomada de

decisão em duas condições, a privada e a social, o efeito da comparação social na tomada de

decisão de risco. Neste estudo foi observada uma grande ativação do estriado quando o ganho

do jogador era maior do que o outro em comparação ao ganho na condição privada (isolado).

Quando o ganho era menor do que o outro jogador observaram uma redução na atividade

desta área mais significativa do que quando a perda era isolada. Além disso, observou-se na

condição de ganho social maior atividade do CPFM e da JTP, áreas relacionadas à habilidade

de metalização, do que em outras condições sendo que a ativação do estriado predizia a

ativação desta área durante as escolhas sociais mesmo estando claro para os participantes que

a recompensa era independente. Por isso os autores sugerem que a ativação do CPFM está

relacionada ao componente competitivo e estratégico do contexto social. Outro resultado

66

interessante relacionado à ativação dessa área foi o aumento do comportamento competitivo

buscando maiores recompensas e correndo maiores riscos.

A ativação do CPFMV, CPFM, JTP e Sulco Temporal Superior (STS) tem sido

relacionadas à habilidade de mentalização e empatia descrita pela ToM (MITCHELL, 2009).

O CPFM tem sido apontado como uma área importante para o comportamento social e sua

ativação tem sido implicada de forma quase unanime em tarefas que exijam mentalização

sobre os pensamentos e sentimentos do outro. Além da habilidade de compreensão da mente

do outro, a ativação desta área também esta envolvida em várias outras habilidades sociais

como a experiência emocional, avaliação e atitude e auto-conceito (MITCHELL, 2009).

Diferenças entre lesões no CPFVM direito e esquerdo foi investigado por Tranel,

Bechara e Denburg (2002). Neste estudo, os pacientes com lesão CPFVM do lado direito

apresentavam perturbações do comportamento social e interpessoal, com profundas alterações

do processamento emocional e da personalidade, preenchendo critérios para sociopatia

adquirida. Estes pacientes realizaram o Iowa Gambling Task (IGT) junto com a coleta da

condutância da pele e foi encontrada uma diferença na condutância da pele antecipatória que

permaneceu normal nos sujeitos com lesões no lado esquerdo e alteradas nos que tinha lesão

no lado direito.

Damásio e colaboradores têm investigado alterações na tomada de decisão de

pacientes com lesões na área do CPFVM mostrando que estes pacientes apresentam escolhas

desvantajosas, reações emocionais anormais e menor amplitude da condutância da pele

antecipatória em relação aos sujeitos saudáveis, mas não há diferença na amplitude após as

escolhas independente da punição ou recompensa (NAQVI e BECHARA, 2006; BECHARA,

LEE, DAMÁSIO e DAMÁSIO, 1999; BECHARA et. al., 1996; CRONE et. al., 2004).

A região do CPFVM tem sido apontado por meio de estudos com pacientes com

lesões nessa área, pacientes que apresentam alterações no comportamento social após a lesão,

67

em tarefas que investigam aspectos simples e complexos da ToM como de grande

importância no processamento e na integração dos aspectos cognitivos e afetivos da ToM,

aspectos estes importantes para o comportamento adequado na interação social. (SHAMAY-

TSOORY e AHARON-PERETZ, 2007; MULLER et al, 2009; SHAMAY-TSOORY et al,

2005; SHAMAY-TSOORY et al, 2003).

Krajbich et al (2009) aplicaram alguns jogos econômicos em pacientes com lesões no

CPFVM bilateral para investigar o impacto das emoções sociais como a culpa e inveja na

TDS. Os pacientes realizaram o Ditactor Game, UG e TG. Como resultado os pesquisadores

encontraram insensibilidade anormal por parte dos pacientes para a culpa, mas não para a

inveja sugerindo que os pacientes apresentam uma disfunção na habilidade de regular suas

emoções sociais. Os resultados sugerem que a as emoções sociais (como a culpa e a inveja)

podem servir para preencher a lacuna entre tomada de decisão em geral e a tomada de decisão

social.

Segundo os autores, o CPFVM contribui para o planejamento do futuro da mesma

forma que contribui para a negociação na interação entre pessoas e mediaria as emoções

eliciadas não somente nos resultados encontrados, mas nos resultados imaginados.

Os estudos ainda não são claros sobre o papel de cada região na ToM (STS, JTP,

CPFVM e CP-cingulado posterior). Tais regiões parecem ser fortemente ativadas em tarefas

de atribuições de verdadeiras e falsas crenças (SAXE, CARE e KANWISHER, 2004). Mas

evidências sugerem que o lado direito da JTP está fortemente associada a um papel central da

ToM e que desempenharia o papel na atribuição de estados mentais do outro (SAXE e

WEXLER, 2005; SAXE, 2006).

Um aspecto importante da tomada de decisão em que a TJ prevê é a habilidade de

prever as possíveis conseqüências de suas escolhas que devem ser levadas em consideração

no momento da escolha (FIANE, 2006). Radke et al (2011) investigaram o monitoramento do

68

desempenho na interação social entre erros na interação social quando estes têm

conseqüências para o outro e as áreas cerebrais envolvidas comparando com situações em que

os erros cometidos afetavam apenas o jogador.Com cenário competitivo e cooperativo com

recompensas distintas foi observado uma preocupação maior por parte dos participantes com

os possíveis erros na condição de cooperação e, embora o CPFM tenha sido ativado nas duas

condições (erro relacionado ao próprio jogador e ao outro),a maior ativação do CPFM foi

relacionada ao erro na condição de cooperação, resultado que mostra a ativação desta área

está relacionada à mentalização de uma forma geral. Os autores apontam para o papel da

mentalização como crucial na adaptação do comportamento na interação social por nos levar

a pensar em como nosso comportamento pode afetar o outro.

A percepção da intenção do outro é outro aspecto da interação social que tem

mostrado um grande impacto na TDCS. Den Ouden et al. (2005) investigaram a detecção de

intenção em mulheres saudáveis que responderam perguntas sobre suas próprias intenções e

conseqüentes ações (causa intencional) ou sobre eventos físicos e suas conseqüências (causas

físicas). Os sujeitos apresentaram menor tempo de reação nas perguntas sobre causas

intencionais com maior ativação do córtex pré-frontal medial dorsal (CPFMD), do sulco

temporal superior (STS), especialmente em torno da junção temporo-parietal (JTP) e os pólos

do temporal. A intenção de casualidade, segundo os autores, pode ser entendida como um

sub-componente da mentalização.

Nessa linha, um estudo recente reforça o papel da Junção Temporo-Parietal na

avaliação do contexto e a importância desta área no comportamento altruísta. Morishima et al

(2012) observaram que os participantes apresentaram maior ativação na JTP a direita quando

o ato altruísta tinha baixo custo para o participante a menor ativação da JTP direita quando o

custo do ato altruísta era muito alto em relação ao máximo de boa vontade individual. Além

disso, o volume da matéria cinzenta da JTP direita foi forte associada com o comportamento

69

altruísta na tomada de decisão mostrando uma conexão entre estrutura e funcionamento

cerebral no conflito entre comportamento altruísta e o ato egoísta (MORISHIMA et al, 2012).

Em um estudo com autistas de alto funcionamento utilizando o jogo TG com múltiplas

rodadas (CHIU et al, 2008) observaram que os autistas de alto rendimento tiveram

desempenho semelhante ao grupo controle na fase “outros”, momento que realizam o

reembolso do investimento mostrando uma ativação normal do córtex cingulado com maior

ativação na região anterior e posterior do córtex cingulado, e difere na fase “self”, momento

em que realizam o investimento apresentando uma ativação não esperada em comparação ao

grupo controle: o grupo controle apresentou uma maior ativação na região do córtex

cingulado e o grupo do espectro autista de alto desempenho apresentaram uma baixa ativação

dessa região assemelhando-se a ativação do grupo controle na ausência de um parceiro no

jogo.O córtex cingulado e o CPFVM anterior também estaria envolvido nas relações de

reciprocidade e confiança, situações de baixo conflito no UG (RUZ e TUDELA, 2010). No

jogo TG observaram maior ativação do CPFVM anterior nas situações quem que os jogadores

desertaram (VAN DEN BOS et al, 2009).

Estudos tem mostrado que a oxitocina, um neuropeptídeo, aumenta a confiança no ser

humano e tem auxiliado no conhecimento sobre as bases neurobiológicas deste aspecto da

interação social. Kosfeld, et al. (2005), investigaram se a oxitocina poderia modificar a

relação de confiança em homens saudáveis no jogo TG. Os participantes foram divididos em

três grupos: o grupo que recebe a oxitocina, o grupo placebo e o grupo controle. Todos os

grupos jogaram o TG. Os autores observaram um aumento na confiança bastante considerável

nos sujeitos que receberam oxitocina. Já no grupo controle, os participantes apresentaram

níveis baixos de confiança. Além disso, os sujeitos que receberam a oxitocina realizaram

trasferências maiores do que os outros grupos.

70

Krueger et al. (2007) sugere que o conhecimento prévio sobre as características do

outro (que garante sentimento de confiança de forma incondicional) gera alto nível de

sincronicidade entre os parceiros resultando em menores demandas cognitivas. Por outro lado,

interações com parceiros desconhecidos, onde o risco de deserção ou de estarem mais

voltados para interesses pessoais é maior, gera demandas cognitivas maiores. Os autores

investigaram esta relação com o uso do jogo TG com a finalidade de verificar as regiões

recrutadas durante o jogo. Os autores observaram que houve maior ativação do córtex

paracingular nas decisões de confiança, região também relacionada a pensamentos,

sentimentos e representação mental do outro (MCCABE et al., 2001 apud KRUEGER ET

AL., 2007) tendo maior ativação em situações condicionais de confiança (desertores).

Chang e Sanfey (2009) realizaram um estudo com neuroimagem utilizando o UG na

interação com humanos intencionais e com o computador e uma tarefa de memória com as

fotos de pessoas que jogaram no UG e fotos de pessoas que não apareceram no jogo. Os

autores também verificaram a expectativa dos participantes antes do jogo. Como resultados

observaram rejeições de propostas injustas e o impacto das expectativas negativas foram

associadas com a ativação da JTP, STS direito, insula anterior e precuneus, mas não

encontraram diferença significativa entre propositores justos e injustos na memória. Contudo,

observaram diferença na memorização dos propositores em relação a expectativa: os

jogadores que tinham altas expectativas recordaram mais os parceiros injustos e os que

tinham baixas expectativas teve um aumento da memorização dos propositores justos, ou seja,

que extrapolaram a sua expectativa. Já quando houve a superação de expectativa as faces

destes propositores quando observados ativaram o STS e a JTP superior.

Barraza e Zack (2009) observaram que a empatia estava relaionada com o nível de

ocitocina e responde com maior intensidade nas mulheres o que nos homens após assistirem

71

vídeos com conteúdos emocionais e jogarem, em seguida, o UG. No jogo observaram que a

alto nível de empatia correlacionado com aumento de propostas generosas para estranhos.

Baumgartner et al (2008) investigou a adaptação da confiança depois da traição da

confiança no TG e no Lottery Game depois do investimento de risco sem pagamento. Os

participantes que receberam a ocitocina intranasal não mudaram o seu comportamento ao

receberem o feedback da traição enquanto o grupo placebo reduziu sua confiança ao receber o

mesmo feedback. Já no Lotery Game não foi observado diferença do comportamento em

ambos os grupos após o feedback, mostrando que a ocitocina teria apenas para o feedback

social e não para o risco. No período de pré-feedback no TG, apenas o grupo placebo

apresentou a ativação da área dorsal do CCA. No período pós-feedback foi observado maior

ativação bilateral da amígdala, mesencéfalo e do estriado no grupo placebo do que no grupo

que recebeu a ocitocina. Tais resultados apontam para uma redução da resposta ao medo

desencadeado pela ocitocina aumentando o nível de confiança mesmo com o risco de traição.

A redução da atividade do núcelo caudado no TG observado no grupo que recebeu a ocitocina

vai de encontro com estudo prévio (DELGADO, FRANK e PHELPS, 2005) onde saber que o

outro é confiável levou a uma redução na adaptação do comportamento na interação e por isso

a redução da atividade desta área que é considerada crítica para a aprendizagem entre

resultados e ações.

A percepção de características morais na confiança foi investigada por Delgado, Frank

e Phelps (2005). Os jogadores leram pequenas frases biográficas sobre o parceiro antes do

jogo. Neste estudo verificaram que a confiança foi modulada pelas frases biográficas e

aqueles considerados como bons parceiros receberam mais divisões por parte dos jogadores.

Já os parceiros considerados ruins os jogadores tenderam a ficar com o dinheiro. A ativação

do núcleo caudado foi observada na fase de recompensa com parceiros neutros e na loteria,

mas não foi significativa quando se tinha uma expectativa em relação aos parceiros (biografia

72

de bons parceiros e parceiros ruins). Outro resultado interessante foi a grande confiança

apresentada pelos jogadores que realizaram grandes divisões com os bons parceiros mesmo

estes violando a expectativa freqüentemente. Os autores discutem que as informações prévias

fizeram com que os jogadores não levassem em consideração o feedback e, por isso, não

adaptaram o comportamento diante a violação da expectativa.

Entretanto, um estudo recente mostrou que ocitocina teria nuances que, em condições

onde o outro possa ser percebido como não pertencente ao grupo interno, levam a uma

redução a aderência as normas de justiça em uma versão modificada do UG (RADKE e

BRUJIN, 2012). Neste estudo observou se uma redução a sensibilidade ao contexto de justiça

e os autores levantaram a hipótese de que tais resultados talvez estejam relacionados ao fato

de terem jogado com diferentes propositores sem nenhuma informação prévia e, por isso,

teriam sido percebidos como fora do grupo. Os autores também apontam para a necessidade

de investigar a relação da dosagem em grupos clínicos em futuro estudos, o que ajudaria a ter

uma melhor compreensão acerca do efeito da ocitocina no comportamento social.

Considerando os resultados dos estudos em conjunto, o comportamento de confiança

está relacionado a não somente a percepção da intenção do outro como confiável, mas

também ao conhecimento prévio sobre o outro tem um impacto importante. Com isso, pode se

pensar que diferentes níveis de interação social talvez tenham importantes impactos na TDS,

uma vez que a proximidade leva não somente a construção da reputação, mas também a

diferentes níveis de conhecimento prévio sobre o outro e de confiança.

Segundo Güroğlu et al. (2009) pouco se sabe sobre a interação social com pessoas de

relação mais significativa como amigos, namorados e parentes pela dificuldade em realizar

este tipo de estudo.Além disso, apesar destas técnicas fornecerem informações importantes

sobre o funcionamento cerebral durante a TDS, estas medidas são de alta resolução espacial,

mas de baixa resolução temporal. Com isso, muitos autores vêm empregando a

73

eletroencefalografia nessas tarefas para melhor compreenderos componentes ou potenciais

relacionados a evento subjacentes as decisões.

5. Eletroencefalografia e Potenciais Cognitivos

A mensuração da atividade neuronal por métodos diretos como a eletroencefalografia

e a magnetoencefalografia apresentam importantes vantagens quando comparadas com

técnicas de neuroimagem como a ressonância magnética funcional, principalmente por

oferecerem medidas com alta precisão temporal (MICHEL e colaboradores, 2004; LANTZ e

colaboradores, 2003; MENENDEZ e colaboradores, 2004; ORTIGUE e colaboradores, 2004;

SHIV e colaboradores, 2005). Tais métodos registram a atividade elétrica no escalpe de

populações de neurônios em uma escala de tempo de milissegundos. Entretanto, tais métodos

apresentam uma grande desvantagem na medida em que consistem em medidas dos sinais

superficiais do escalpe não indicando de forma precisa a fonte geradora no cérebro daquela

atividade coletada. Com o avanço da área de informática e com o surgimento de

equipamentos de EEG com número elevado de canais (128 e 256 eletrodos), tal cenário vem

sofrendo importante transformação. Diversos algoritmos têm sido investigados para, com

base em uma coleta de sinal proveniente de número elevado de eletrodos, resolver o chamado

problema inverso gerado pelo campo eletromagnético e assim possibilitar uma localização de

áreas cerebrais geradoras daquele sinal coletado pelo EEG (MICHEL e colaboradores, 2004;

MENENDEZ e colaboradores, 2004). Diversas são as questões técnicas envolvidas para que

ao final se tenha uma informação precisa sobre a localização; entre elas, considera-se

importante o número de eletrodos utilizados na coleta do sinal. Diversos estudos sinalizam

que a precisão aumenta drasticamente entre um sistema de 31 eletrodos para outro de 63, e

aumenta (não tão drasticamente) de um sistema de 63 para outro de 123 eletrodos (MICHEL e

74

colaboradores, 2004; LANTZ e colaboradores, 2003). A Figura 1 ilustra a geração de mapas

de atividade cerebral levando-se em consideração o número de eletrodos e a disposição

destes.

Figura 1. Mapas de atividade cerebral em relação ao número e disposição dos eletrodos.

Avanço também importante é a reconstrução não-invasiva e tridimensional dos

geradores da atividade eletromagnética do cérebro medidas no escalpe pelo EEG, técnica esta

chamada de tomografia cerebral eletromagnética (MENENDEZ e colaboradores 2004).

Segundo Menendez e colaboradores (2004) esta é a única possibilidade de investigar de forma

não-invasiva com uma resolução temporal precisa o impacto do comportamento na atividade

neuronal. Além disso, a precisão temporal permite investigar os processos curtos em que

diferentes redes neuronais participam durante eventos sensoriais e cognitivos. Assim, estudos

investigando relações entre eventos comportamentais e atividade cerebral (estudos que

investiguem potenciais relacionados a eventos – ERP ou potenciais cognitivos) que busquem

localização temporal e espacial no processamento da informação passam a ter novo destaque.

A Figura 2 apresenta esquema relacionando tarefa de tempo de reação, potencial relacionado

a esse evento e reconstrução 3D dessa atividade.

75

Figura 2. Tarefa comportamental, ERP e reconstrução 3D.

Por fim, com esses avanços em modelos matemáticos, surge a possibilidade de estudar

o período de atividade cerebral coletado durante tarefa comportamental dividindo-o em

diferentes mapas de segmentação. A segmentação é o processo de determinação de períodos

de estabilidade nos mapas de representação dos ERPs. Estes mapas representam micro-

estados funcionais do cérebro durante processamento de informação e é a partir desses mapas

que se busca estimar as fontes geradoras desses micro-estados.

5.1 Potenciais Cognitivos

Os Potenciais Relacionados a Evento (ERPs) ou Potenciais Cognitivos são o registro

da variação da voltagem no tempo em resposta à apresentação de um estímulo em um

contínuo que pode ser endógeno (processo cognitivo que pode ocorrer independentemente de

qualquer evento específico evocado) e exógeno (resposta obrigatoriamente gerada pelos

aspectos físicos eliciados por eventos no mundo externo) (PICTON et al., 2000; HUGDAHL,

1995; COLES e RUGG, 1997; KUTAS e DALE, 1997; LUCK, 2005). O EEG registra a

variação da voltagem no córtex cerebral.

De acordo com Kutas e Dale (1997), o córtex cerebral é constituído de 70% de células

piramidais, células que se encontram alinhadas perpendicularmente a superfície do córtex.

76

Quando a corrente passa pelos dendritos apicais do espaço extracelular para dentro da célula a

passagem da corrente resulta do lado de fora uma rede negativa na região dos dendritos

apicais e irá fluir para fora do corpo celular, e para os dendritos basais gerando uma rede

positiva nesta região criando um dipolo minúsculo, impossível de ser registrado pelo escalpe

sozinho. Por isso, é necessário que haja a ativação de uma população de neurônios ao mesmo

tempo, para que haja a somatória de vários dipolos. Um dipolo seria um par de cargas elétrica

positiva e negativa que estão separados por uma pequena distância (LUCK, 2005).Um

potencial evocado a um único estímulo é muito pequeno tendo uma amplitude de

aproximadamente entre 5-10μV (KUTAS e DALE, 1997).

Segundo Bartholow e Amodio (2009), os ERPs representam a atividade neuronal de

processamento de informações específicas em relação a um estímulo ou a resposta de um

evento. Os ERPs refletem os potenciais pós-sinápticos das células neuronais do córtex. Os

potenciais pós-sinápticos são as tensões geradas quandoos neurotransmissores se ligam aos

receptores na membrana da célula pós-sináptica, o que provoca tanto a abertura quanto o

fechamento dos canais iônicosconduzindo mudanças graduais no potencial da membrana da

célula. Somente a somatória dos potenciais pós-sinápticos que permite o registro no escalpe,

uma distância longa (LUCK, 2005). Portanto, os ERPs são a somatória da atividade de uma

população de neurônios ativados simultaneamente em diferentes partes do cérebro (COLES e

RUGG, 1997; HUDGDHAL, 1995; OTTEN e RUGG, 2005).

O eletroencefalograma (EEG) é o registro da variação da voltagem no tempo por meio

de eletrodos fixados no escalpe conectados a um amplificador. A variação da amplitude de

um EEG normal pode variar entre -100 e +100µV com uma faixa de frequência de 40 Hz ou

mais (COLES e RUGG, 1997).

O registro é realizado por eletrodos posicionados no escalpe segundo o Sistema

Internacional 10-20 padronizados por Jasper em 1958 que seguem como referência 4 pontos

77

que formam linhas que orientam o posicionamento dos eletrodos. O násio e o ínion formam

uma linha central e os dois pré-auriculares formam uma linha que cruza com a linha formada

pelo násio e o ínion. Os eletrodos são posicionados em 10 e 20% de distância das linhas

formadas pelos pontos (HUGDAHL, 1995).

A análise dos ERPs se dá pela média de um número de registros realizados durante um

experimento com uma situação controlada. O sinal analisado apresenta ondas que são

compostas por uma série de picos e vales de voltagens positivas e negativas. Estes picos

isolados em uma janela de tempo são chamados de Componentes. Os Componentes são

correlacionados a um processamento cognitivo particular que pode ser um índice fisiológico

daquele processo relacionado a uma manipulação experimental específica (KUTASeDALE,

1997), ou seja, o componente pode coincidir ou aparecer em seguida à apresentação de um

estímulo com um breve atraso (HUGDAHL, 1995). Para analisar os componentes é preciso

considerar a tarefa utilizada, a localização no escalpe, o tempo,outras medidas utilizadas e

perspectivas teóricas e bases neurológicas que o pesquisador tem como base para analisar o

aspecto funcional do componente (BARTHOLOW e AMODIO, 2009; COLES eRUGG,

1997).

A nomenclatura utilizada para a distinção entre cada componente e sua função

tipicamente se refere à polaridade (P para positivo e N para negativo) e pela localização no

tempo, sua posição ordinal após o estímulo ou o evento que é registrado em milissegundos,

podendo ser um valor aproximado ao momento em que é registrado (um exemplo, P3-

positivo em torno de 300ms) (BARTHOLOW e AMODIO, 2009).

Entretanto, quando o potencial observado precede uma resposta é dada os

componentes são tipicamente nomeados pela polaridade e o tipo de resposta eliciado por estes

componentes (exemplo, ERN- error-related negativity- potencial negativo relacionado ao

78

erro). São componentes mais evidentes geralmente nas regiões frontais e fronto-centrais do

escalpe (BARTHOLOW e AMODIO, 2009).

Os componentes são analisados basicamente pela sua amplitude e latência (COLES e

RUGG, 1997). A amplitude é medida em microvolts (µV) e pode ser medida em relação aos

picos olhando os valores mínimos e máximos da voltagem em uma determinada janela de

tempo ou em relação a média de voltagem em uma determinada janela de tempo. Já a latência

é mesurada em milissegundos e analisa-se a relação temporal entre o estímulo apresentado e o

componente de interesse verificando o ponto no tempo em que o pico é atingido (COLES e

RUGG, 1997; BARTHOLOW e AMODIO, 2009).

Na tomada de decisão, vários ERPs vem sendo observados e estudados nos diferentes

contextos e tipos de tarefas. Potenciais negativos e potenciais positivos vêm sendo observados

em eletrodos nas regiões frontais, fronto-centrais, centrais e centro-parietais do escalpe

durante a realização das tarefas (GEHRING e WILLOUGHBY, 2002; YEUNG e SANFEY,

2004; BARTHOLOW e AMODIO, 2009; HEWING e colaboradores, 2010; BOUDREAU,

MCCUBBINS e COULSON, 2009; FOLSTEIN e VAN PETTEN, 2008, entre outros). Em

função disso, será descrito a seguir os principais componentes de estudos em Tomada de

Decisão.

5.2 Potenciais Cognitivos e Tomada de Decisão Social

O uso de EEG voltado para análise de ERPs tem aumentando em estudos de

neurociência cognitiva uma vez que pode prover informações importantes a respeito do

processamento de informação subjacente a realização de diferentes tarefas cognitivas como,

por exemplo, a Tomada de Decisão.

Entre os componentes cognitivos que vem sendo investigado na TD podemos destacar

o ERN (Erro-Related Negativity), um componente relacionado à detecção de erro e

79

monitoramento do comportamento (NIEUWENHUIS et al, 2004a; HOLROYD, LARSEN e

COHEN, 2004; DEAHENE, POSNER e TUCKER, 1994; GEHRING et al., 1993), o FRN

(Feedback-Related Negativity) ou FN, componente observado no feedback negativo sendo

sensível a valência da perda monetária (NIEUWENHUIS et al, 2004a; GEHRING e

WILLOUGHBY, 2002; YEUNG e SANFEY, 2004) e o MFN (Medial Frontal Negativity), um

componente relacionado ao impacto das propostas injustas e em situações de comparação

social (GEHRING e WILLOUGHBY, 2002; NIEUWENHUIS et al, 2004b; BOKSEN e DE

CREMER, 2010; BOKSEN, KOSTERMANS e DE CREMER, 2010; MARTIN et al, 2009). Os

componentes destacados são considerados componentes iniciais (BARTHOLOW e AMODIO,

2009).As gerações destes componentes nos diferentes aspectos da TD estão sendo

relacionados à atividade, principalmente, do CCA (DEAHENE, POSNER e TUCKER, 1994;

NIEUWENHUIS et al, 2004a, b; MILTINER, BRAUN e COLES, 1997; GEHRING e

WILLOUGHBY, 2002; MARTIN et al, 2009).

Entre os componentes cognitivos mais tardios que estão envolvidos no processamento

decisório podemos citar como mais importante deles o P300 (Positivity 300), relacionado

tomada de decisão e a magnitude da recompensa, mas não a valência (YEUNG e SANFEY,

2004; Yeung, Holroyd e Cohen, 2004; WU e ZHOU, 2009). Além disso, este potencial parece

refletir a efeito modulador do sistema Locus Coeruleus- Norepinefrina (LC-NE) no

processamento da informação (NIEUWENHUIS, COHEN e ASTON-JONES, 2005). O LPC

(Late Positivity Complex) tem sido associado à resposta correta e a precisão do

reconhecimento de decisões corretas (FINNIGAN et al., 2002). A atividade de áreas cerebrais

Fronto-Centrais e Centro-Parietais tem sido relacionadas como fonte geradoras destes

componentes (YEUNG e SANFEY, 2004; YEUNG, HOLROYD e COHEN, 2004).

Esses componentes vêm sendo investigados em diversos aspectos da TDS visando à

melhor compreensão do comportamento na interação social em diversos contextos e de como

80

o cérebro processa tais informações. A expectativa é um dos aspectos que vem sendo

estudado.

Martin et al. (2009) investigaram em uma tarefa que um estímulo predizia a

possibilidade de ganho ou perda observaram o impacto da violação da expectativa por meio

do EEG e da ressonância magnética funcional. Os autores observaram maiores amplitudes do

MFN quando a recompensa não era dada e era esperada. Menores amplitudes do MFN

quando uma recompensa inesperada era dada. Também observaram maior ativação do CCA e

do núcleo caudado quando a recompensa era dada do que quando não era recebida. O CCA

foi mais ativado quando recompensas inesperadas foram recebidas do que quando não foram.

A área de ativação geradora do MFN mais próxima encontrada foi o CCA. Tais resultados

apontam para a sensibilidade do MFN para a expectativa.

Utilizando o UG, Polezzi et al. (2008) investigaram a relação entre aceitação e rejeição

de propostas realizadas por uma outra pessoa (na realidade, pelo computador) e observaram

maior aceitação de propostas justas e uma diferença no potencial FRN, componente também

sensível a valência e que tem sido associado a atividade do CCA, com amplitude menor nos

valores médios. No mesmo sentido, Hewig et al. (2010) observaram maior amplitude do

componente FN nas ofertas injustas e maiores amplitudes da condutância da pele nestas

propostas.

Outro estudo observou o comportamento e os componentes eliciados na tomada de

decisão social em diferentes contextos. Rigoni et al (2010) dividiram os sujeitos

randomicamente em 3 condições: Neutra, de Comparação e de Competição. Na realidade,

todos realizaram o mesmo teste, porém receberam instruções diferentes. Os autores

observaram que o P200 apresentou maior amplitude na situação não-social do que nas

situações sociais. A amplitude do FRN previu sentimentos subjetivos nas situações

81

consideradas agradáveis e desagradáveis refletindo os processos cognitivos e emocionais a

avaliação do feedback.

Tais dados nos fazem pensar sobre o impacto na tomada de decisão quando se observa

as ações do outro e sofre as conseqüências destas decisões. Marco-Pallarés et al (2010)

investigaram os ERPs em pares de homens e mulheres que não se conheciam, sendo que um

foi o observador e o outro realizou um jogo em que suas ações tinham conseqüências para o

observador. Foram coletados os ERPs de ambos em 3 situações: neutra (observador contava

grandes ganhos e perdas e ganhava 3 € independente do desempenho do jogador), paralela (o

observador ganhava e perdia a mesma quantidade que o jogador) e a condição reversa (o

observador perdia quando o jogador ganhava e vice-versa). O jogo consistia na apresentação

de dois valores (um alto– 25- e outro baixo-5-) e o jogador deveria escolher entre estes

valores qual seria o correto. Se acertasse ganhava o valor escolhido, se errasse perdia.

Ao analisarem os ERPs, observaram que os jogadores apresentaram o componente

FRN com um pico pronunciado e positivo para ganhos e com o pico negativo, que foi

sobreposto pela perda. Os trials de ganho máximo grandes amplitudes do que nos ganhos

mínimos. Um FRN mais significativamente negativo foi observado nas situações de perda. Na

condição paralela, observou-se o FRN foi mais negativo na situação de ganho e na condição

reversa verificaram que o FRN ocorreu nas situações de ganho para o jogador e perda para o

observador. Os autores concluíram que a observação do desempenho do outro talvez tenha

ativado o processo de avaliação dirigido pela recompensa de outra pessoa e pode estar

relacionado com processo de empatia em que o outro avalia as conseqüências para si próprias

(MARCO-PALLARÉS et al, 2010).

Estudos com autistas de alto desempenho mostraram que há alterações no

processamento da recompensa e feedback e, por isso, eles apresentam prejuízos na interação

social (LARSON et al., 2011; VLAMINGS et al, 2008; SANTESSO et al, 2011; SOUTH,

82

LARSON, KRAUSKOPF e CLAWSON, 2010). Vlamings et al. (2008) investigaram o

processamento da detecção de erro em crianças do espectro autista. Os autores observaram

amplitudes menores do ERN no grupo de crianças do espectro autista. Tais resultados

sugerem que o prejuízo no processamento da detecção do erro pode estar relacionado à

dificuldade de mudança do comportamento estratégico.Larson et al. (2011) observaram o

processamento do feedback de perda adequado para o grupo de pessoas do espectro autista

em comparação com o grupo controle aprensentando maiores amplitudes do FRN para perdas

monetárias. Os autores sugerem que o processamento do feedback pode estar preservado, mas

estes indivíduos teriam alterações no processamento interno na regulação do comportamento.

Os resultados destes estudos junto nos levam a pensar sobre o impacto da empatia na

tomada de decisão e o quanto seríamos sensíveis as perdas e ganhos de outras pessoas, sejam

elas próximas, como um amigo, ou por uma pessoa desconhecida.

Um estudo recente mostrou que a comparação entre a recompensa do participante e a

recompensa do outro, mesmo o desempenho de cada um não interferindo na recompensa,

modulo o componente MFN. Boksem, Kostermans e De Cremer (2010) mostraram que a

amplitude do MFN era maior quando o participante tinha um desempenho ruim e, ao mesmo

tempo, observava a recompensa do outro. Quando o participante tinha um bom desempenho

observou se maior amplitude do P3. Além disso, a amplitude do P3 também foi mais positiva

quando o participante observou um desempenho ruim do outro jogador. Segundo os autores

tais resultados mostram que o impacto do contexto social e que a avaliação do resultado do

outro é levando em consideração na avaliação dos nossos próprios resultados. O que está de

acordo com a teoria da utilidade social em que a percepção de justiça se daria na comparação

(HANDGRAAF, VAN DIJK e DE CREMER, 2003; LOEWENSTEIN, BAZERMAN e

THOMPSON, 1989). Os autores levantam a hipótese de que talvez a percepção de erro seja

maior na comparação do quando o erro é cometido em uma situação isolada. Outra

83

possibilidade apontada seria o impacto das emoções: ver o desempenho do outro melhor do

que o próprio levaria a sentir se pior quando o desempenho do outro também é ruim.

Nesse sentido, outro estudo recente investigou o impacto da observação das ações de

uma pessoa importante para o sujeito (um amigo), uma pessoa desconhecida e compararam

com os potenciais evocados durante a observação destes realizando uma tarefa de aposta.

Leng e Zhou (2010) solicitaram aos sujeitos que viessem acompanhados de um amigo(a) para

realizar uma tarefa de aposta que envolvia risco e probabilidade. Um desconhecido

selecionado pelos pesquisadores também foi requisitado para participar do estudo. O sujeito,

em que os potencias cognitivos foi registrado, observou primeiro um desconhecido apostando,

logo após o amigo e, em seguida, ele mesmo apostou. Na verdade, ninguém estava jogando, o

tempo todo foi o computador que apresentava situações previamente programadas. Os

pesquisadores observaram que a amplitude do componente FRN foi diferente entre as 3

condições, sendo mais negativo nas situações de perdas e maior na condição em que o sujeito

apostou do que nas observações do amigo e desconhecido, sendo que no amigo a amplitude

foi ligeiramente maior. Além disso, o pico do FRN apareceu mais cedo na condição em que o

sujeito apostava do que nas outras.

No componente P3 a amplitude do pico foi maior na condição em que apostou do que

nas de observação sendo mais positivo na condição de ganho do que de perda, assim como o

componente LPC apresentou-se mais positivo na condição em que apostou do que nas outras

condições. Os pesquisadores concluíram que a diferença no FRN na condição de aposta do

sujeito estaria relacionada com o interesse próprio uma vez que nas condições de observação

não haveria uma relação direta com o sujeito e suas ações não teriam conseqüências para este.

Contudo, foi observado um P3 maior quando observaram o feedback do amigo, o que pode

estar relacionado com a capacidade de sentir empatia e apontando para esta capacidade na

84

condição em que o observador tem uma forte relação interpessoal com o observado (amigo)

(Leng e Zhou, 2010).

Na mesma direção, Fukushima e Hiraki (2006) também encontram diferença da

amplitude do MFN na observação de perda monetária de um conhecido com a diferença de

que o ganho de um implicava a perda para o outro neste experimento. Além disso, a diferença

da amplitude do MFN na observação da perda monetária do conhecido (o que implicava em

ganho para o participante) só foi observada quando as mulheres jogaram, mas não para os

homens que foi positiva a um período comparável ao do self-MFN. Outro resultado

interessante foi a correlção entre o MFN na observação com a pontuação do Quoeficiente de

Empatia e Sistematização (QE-QS), mas não foi encontrado correlação com o self-MFN. Os

autores sugerem que tais resultados estejam relacionados ao processamento empático e que a

valência da perda monetária do outro é processada de forma diferente por homens e mulheres,

que teriam maior consideração empática do que os homens que teriam percebido a perda

monetária do outro como positiva apontando para a predominância da competitividade.

Assim, considerando os resultados em conjunto, o MFN parece ser modulável não

somente pela valência dos estímulos que afetam diretamente os ganhos pessoais, mas pela

observação dos ganhos de um conhecido com um vínculo afetivo (amigo) em comparação a

um desconhecido.

Outro estudo recente investigou o impacto da observação de um amigo e de um

desconhecido jogando um jogo de apostas em dois grupos diferentes: um grupo que o sujeito

também jogava (experimento1) e outro que o sujeito só observava os outros jogando

(experimento2). Como resultado, Ma et al (2011) observaram que o FRN, foi maior quando

os sujeitos perdiam do que quando observava os outros no experimento 1. Já no segundo

experimento o FRN apresentou maior amplitude quando os sujeitos observavam o amigo

jogando do que um desconhecido. Segundo os autores, tais resultados apontam para o

85

envolvimento pessoal como um fator que influencia na percepção de ganhos e perdas gerando

atitudes mais egocêntricas em contraste com posição de observação. Em relação ao

componente P300 apresentou maior amplitude na observação do amigo apontando para o

impacto motivacional na modulação deste componente. Os autores também especulam sobre

a possibilidade deste componente refletir a empatia pelo outro participante.

Assim, os resultados considerados em conjunto permite pensar a respeito dos estudos

envolvendo punição altruísta quando há um terceiro envolvido. Recentemente, Alexopoulos

et al. (2012) investigaram a punição altruísta no jogo Three-Person Ultimatum Game (TPUG)

e a resposta neuronal na avaliação de propostas para o jogador ou para um terceiro passivo ou

para ambos. Propostas injustas foram mais rejeitadas com maior freqüência principalmente

por afetar negativamente o participante. Em relação a atividade elétrica, foi observado maior

amplitude do MFN para ofertas injustas para o participante, mas não foi modulado em relação

as propostas realizadas para a terceira pessoa que dependia da resposta do participante. De

acordo com os autores, o MFN parece não refletir a preocupação com o bem-estar da terceira

pessoa e que talvez este processamento seja mais tardio. O MFN seria modulado pelo

comportamento do outro para guiar as nossas decisões.

Mais recentemente, Alexopoulos et al (2013) realizaram o TPUG e registraram a

atividade elétrica não somente no participante com poder de decidir, mas também do terceiro

observado. Os pesquisadores observaram que os participantes apresentaram amplitude mais

negativa do MFN para propostas injustas para ambos. Os terceiros (dummy player) também

apresentaram amplitude do MFN amplitude mais positiva quando o participante recebeu

proposta injusta e o terceiro justa, o que sugere que os terceiros perceberam como uma

recompensa inesperada e, por isso, a diminuição da amplitude do MFN. Em ambos os estudos

o terceiro era um desconhecido.

86

Tais resultados podem ter relação com os achados de Ma et al. (2011) que mostrou o

impacto do envolvimento do participante no jogo aumentou a preocupação com a sua

recompensa, mas não com a recompensa do amigo e do desconhecido. Mas quando este

apenas observa o amigo e desconhecido jogando, o participante passa a se preocupar com o

desempenho do amigo e processar as perdas dele como se fossem suas desencadeando maior

amplitude do FRN.

Em relação à interação e confiança no outro, Boudreau, McCubbins e Coulson (2009)

observaram que em condições de interesses em comum e de penalidade por mentira, os

participantes apresentaram menores tempos de reação para decidir. Já com relação aos

potenciais evocados, os autores observaram maiores amplitudes nos potenciais P2 e P3 nas

situações de interesses em comum em comparação as outras duas situações mostrando

processos cerebrais diferenciados em função do tipo de situação a que o sujeito é exposto.

Além disso, esses resultados sinalizam o impacto do sujeito acreditar que está lidando com

outro ser humano e não com um computador e mostram o papel da confiança no outro

baseado nos interesses comuns e não simplesmente porque o outro pode ser punido se mentir.

Boksen e De Cremer (2010) por meio do registro dos potenciais cognitivos na

interação com pessoas desconhecidas no UG verificaram que os sujeitos com altos escores na

escala de Identidade Moral apresentaram maior amplitude de MFN nas ofertas injustas. O que

sugere maior percepção de injustiça e violação das normas sociais por indivíduos com maior

preferência pelas normas eliciando maior sentimento negativo.

Pouco se sabe sobre o impacto dos diferentes níveis de relações interpessoais e

confiança na tomada de decisão. Recentemente foi investigado o impacto da confiança em

uma versão modificada do UG. Campanhã et al. (2011) solicitaram que os participantes

viessem acompanhados de uma pessoa de grande confiança para participarem juntos em um

jogo de divisão monetária. Neste experimento o participante foi também apresentado a um

87

desconhecido ao chegar no laboratório e foi explicado que ele jogaria com o seu amigo e com

o desconhecido. Fotos foram tiradas no momento e inseridas no jogo para que o participante

soubesse quem estaria realizando as propostas de divisão no valor de R$100,00 reais. A

pessoa de confiança foi levada para outra sala junto ao desconhecido (um aluno do

laboratório), mas na verdade as propostas eram previamente programas pelo computador com

proporções de propostas justas e injustas iguais, randomicamente apresentadas nas duas

interações. Como resultado foi verificado que os participantes aceitaram mais propostas do

amigo do que do desconhecido e deram notas mais altas para o propositor amigo (ou seja,

consideram o amigo mais justo) do que o desconhecido. Em relação aos componentes, o MFN

foi observado, assim como em estudos prévios, na comparação entre ofertas injustas e justas.

No entanto, tal achado só foi válido para o propositor Desconhecido, e não para o Amigo que

foi observado amplitude positiva. Tal achado introduz informação inédita aos estudos de

decisão social, uma vez que apresenta ausência de diferença na atividade

eletroencefalográfica na comparação entre situação injusta e justa quando o propositor é um

amigo. Por este componente (por volta de 250 ms) estar relacionado a valência e a percepção

de injustiça, o resultado observado quando o propositor foi o amigo sugere alteração de

percepção de injustiça desse. Mais ainda, tomografia com base nos dados

eletroencefalográficos usando o modelo sLORETA revelou uma diferença significativa na

ativação da região do CPFM na condição de propositor Desconhecido quando comparada as

ofertas injustas com as justas, mas não na condição Amigo. A região observada está

relacionada a empatia e a ToM (MITCHELL, 2009; RADKE et al, 2011) e engajada em

tarefas envolvendo cooperação (MACCABE et al., 2011). De acordo com Amodio e Frith

(2006) o CPFM anterior pode ter um papel importante no processo de reflexão de sentimentos

e intenções. Dessa forma, o fato de jogar com um amigo parece interferir nos processos

típicos de mentalização e empatia durante situações de avaliação e decisão.

88

Além disso, quando considerado o fator gênero, homens apresentaram amplitudes

mais negativas do que as mulheres no MFN, sugerindo uma diferença na percepção da

interação social talvez as mulheres considerem mais as relações interpessoais do que os

homens tendo uma percepção mais positiva da pessoa de confiança e menos racional das

ofertas propostas. Talvez isto possa estar relacionado ao fato de mulheres apresentarem maior

habilidade empática do que os homens (Baron-Cohen, 2004). A Figura 3 apresenta esquema

relacionando a tarefa, os dados comportamentais, o potencial MFN e a fonte geradora desse

potencial em uma reconstrução 3D do estudo de Campanhã et al (2011).

Figura 3. Tarefa comportamental, dados comportamentais, componente MFN e a reconstrução 3D da região

geradora do potencial (Campanhã et al, 2011).

O inverso foi observado no estudo de Wu et al., (2011). Os participantes jogaram o

Dictator Game tendo como propositores um amigo e um desconhecido. Propostas injustas

realizadas pelo amigo geraram amplitudes mais negativas do MFN em comparação com as

propostas feitas pelo desconhecido. Já o P300 foi mais positivo nas propostas justas

independentemente do propositor. Diferentemente do estudo de Campanhã et al. (2011), os

89

participantes neste jogo não podiam rejeitar as propostas, apenas dava uma nota para dizer o

quanto satisfeito ele sentiu com a divisão proposta sendo que as propostas realizadas pelo

amigo forma pontuadas como mais insatisfatórias do que as propostas realizadas pelo

desconhecido. Os autores sugerem quea amplitude do MFN pode ter sido modulada pela

violação da expectativa e das normas sociais uma vez que se esperaria do amigo maior

aderência as normas sociais.

Uma possível relação entre os diferentes tipos de jogos nos dois estudos anteriormente

descritos poderia explicar os diferentes resultados encontrados. O fato do participante não

poder rejeitar ou manifestar ao propositor a insatisfação com as propostas recebidas podem ter

levado a um aumento de emoções negativas quando o amigo ofereceu divisões injustas

levando ao aumento da amplitude do MFN e reduzindo o impacto das emoções negativas

(como raiva e indignação) quando as proposta eram realizadas pelo desconhecido uma vez

que a expectativa deste tipo de proposta é mais plausível para o desconhecido pela ausência

de vínculo afetivo.

Já no estudo de Campanhã et al. (2011) o participante decidia se o valor seria divido

de acordo com o proposto ou não. Como o participante dava a palavra final, este não espera

que divisões injustas venham a ser propostas. Contudo, houve rejeições de propostas injustas

realizadas pelo amigo, mas estas foram percebidas como em menor quantidade e,

provavelmente por isso, houve maior quantidade de aceitação deste tipo de propostas não

desencadeando fortes emoções negativas. O que explicaria a inversão da polaridade do MFN

neste estudo.

Sendo assim, tais achados nos levam a pensar sobre a importância da ToM e da

empatia na confiança e o papel do gênero como modulador dessas características. Neste

estudo foi possível verificar o papel da amizade nos processos decisórios, mas não o papel de

qualidades empáticas e gênero de cada participante. Além disso, as formas como empatia e

90

gênero interagem e produzem efeitos na decisão nunca foram investigadas. Neste sentido, o

presente estudo empregará o mesmo instrumento utilizado no estudo de Campanhã et al

(2011) e também o formato de propositores (amigo e desconhecido). No entanto, os

voluntários de pesquisa serão selecionados de maneira a termos quatro grupos: homens e

mulheres com alto índice de empatia e homens e mulheres com menor índice de empatia.

Com isso, este modelo experimental (detalhamento na seção Método) buscará compreender o

impacto comportamental e eletroencefalográfico da confiança na tomada de decisão social em

função de gênero, empatia e suas interações.

Além disso, a observação de que os participaram aceitaram mais ofertas injustas

vindas dos amigos do que as dos desconhecidos abre um questionamento crucial sobre um

conceito amplamente aceito na literatura: punição altruísta. Como já visto, em muitas

situações de interação, as pessoas optam por punir o outro mesmo que isto resulte em perdas

para si próprias. Em função disso, o termo punição altruísta surge como um constructo para

sinalizar que punir ações injustas ou fora dos valores e regras aceitas tem como finalidade

melhorar o comportamento do outro – ou seja, a punição traria um bem maior. Neste sentido,

os dados obtidos no estudo de Campanhã et al (2011) talvez sinalizem que a aplicabilidade

deste conceito é dependente das relações e preferências sociais prévias. Assim, a aversão a

iniqüidade (reação frente a situações de injustiça) parece não ser processada e percebida da

mesma forma em função das preferências sociais;interagir com um amigo resultou em

comportamentos de menor punição.Neste sentido, este doutorado, também usando o UG, terá

como outro objetivo investigar em que níveis de relação interpessoal a punição altruísta pode

ser considerada como uma explicação válida.

Para investigar Empatia, Gênero e comportamentos de Punição Altruísta, propõe-se

neste Doutorado dois experimentos controlando gênero e perfil de empatia dos participantes

e, também, a posição do participantes nas interações de decisão, i.e no experimento 1 os

91

participantes receberão diretamente as propostas que deverão aceitar ou rejeitar e no

experimento 2 os participantes jogarão em dois momentos: 1º momento receberão propostas

para ele e um par (amigo e desconhecido) que não terão poder de decisão, somente o sujeito

poderá aceitar ou rejeitar as propostas para ambos; em um 2º momento os participantes

acompanharão propostas feitas entre seu par de confiança (amigo) e um desconhecido e

deverá julgar (aceitar ou rejeitar) por eles. Os dois experimentos em conjunto, ampliarão o

quadro teórico e conceitual dos modelos de decisão baseada em interação social e poderão ter

implicações práticas para processos decisórios uma vez que buscarão compreender o papel

das preferências sociais na percepção, aversão a iniqüidade e comportamento de punição

altruísta.

6. Objetivo

6.1 Experimento 1 – Empatia e Gênero:

Este experimento tem como objetivo geral compreender o impacto da Empatia e do

Gênero como fatores moduladores de processos de decisão social em tarefa UG tanto por

meio de medidas comportamentais quanto por meio de medidas eletrofisiológicas.

6.1.1 Objetivos específicos

1- Avaliar o desempenho comportamental (respostas e tempo de reação) em tarefa

adaptada do teste Ultimatum Game considerando:

a. o propositor (pessoa de confiança e desconhecido);

b. a proposta (justa ou injusta);

c. o gênero do participantes;

d. o grau de empatia dos participantes;

e. interações entre esses fatores,

92

2- Estudar os componentes MFN, P300 e LPC evocados pela tarefa por meio da análise

de amplitude média considerando os fatores Tipo de Propositor (amigo, desconhecido ou

computador), Tipo de Proposta (justa ou injusta), Gênero (masculino ou feminino) e nível de

Empatia (baixo e alto).

3- Investigar as correlações entre as escalas sociais respondidas pelos participantes e a

amplitude dos componentes.

6.2 Experimento 2 – Punição Altruística

Este experimento tem como objetivo geral compreender o impacto da preferência

social na percepção de injustiça e aversão a iniqüidade e, conseqüentemente, em

comportamentos caracterizados como de Punição Altruística em tarefa UG tanto por meio de

medidas comportamentais quanto por meio de medidas eletrofisiológicas. Ao contrário do

experimento anterior, as propostas não serão direcionadas ao participante; ao contrário, ele

observará as propostas feitas pelo amigo em direção a um desconhecido, do desconhecido em

direção a outro desconhecido e do desconhecido em direção ao amigo. Seu papel será sempre

o de decidir por aquele que recebe a proposta (podendo aceitar ou rejeitar).

6.2.1 Objetivos específicos

1- Avaliar o desempenho comportamental (respostas e tempo de reação) em tarefa

adaptada do teste Ultimatum Game considerando:

a. o par de interação (propositor/recebedor da oferta) pelo qual o participante

decidiu (amigo/desconhecido, desconhecido/amigo, desconhecido/desconhecido);

b. a proposta (justa ou injusta);

c. interações entre esses fatores,

93

2- Estudar os componentes MFN, P300 e LPC evocados pela tarefa por meio da análise

de amplitude média considerando os fatores Par de Interação

(amigo/desconhecido, desconhecido/amigo, desconhecido/desconhecido), Tipo de

Proposta (justa ou injusta), Gênero (masculino ou feminino) e nível de Empatia

(baixo e alto).

3- Investigar as correlações entre as escalas sociais respondidas pelos participantes e a

amplitude dos componentes;

7. Método

Os dois experimentos foram realizados no Laboratório de Neurociência Cognitiva e

Social (Rua Piauí, 181, 10°andar, São Paulo) do Centro de Ciências Biológicas e da Saúde da

Universidade Presbiteriana Mackenzie – São Paulo – SP.

7.1 Participantes

Participaram do estudo 96 duplas de sujeitos saudáveis entre 18 e 30 anos de idade.

Metade das duplas participou do experimento 1 e a outra metade do experimento 2. Para os

dois experimentos, os mesmos critérios de inclusão e exclusão foram aplicados.

7.1.2 Critérios de inclusão/exclusão

Critérios de inclusão do participante: homens ou mulheres, com idade entre 18-30

anos, sem diagnóstico de distúrbios neurológicos ou psiquiátricos e outorga por escrito de

consentimento informado para participar do estudo.

Critérios de exclusão do participante: paciente com história de epilepsia,

neurocirurgia, trauma craniano e implante de marca-passo, paciente com dependência

química, quadros psicóticos, quadros psiquiátricos como depressão, ansiedade, fobia social e

uso de medicações, principalmente que leve a sonolência.

94

Critério de inclusão do Amigo:Participantes homens e mulheres acompanhados de

amigos do mesmo gênero do participante, amigos de longa data e que sejam considerados de

grande confiança pelo participante.

Critérios de exclusão do Amigo: Amigos do gênero oposto ao participante, casal

heterossexual e homossexual, parentes, amigos que se conhecem a menos de um ano, amigos

que não são de grande confiança.

7.2 Instrumentos

7.2.1 Instrumentos para Caracterização da Amostra

Inicialmente os participantes dos dois experimentos responderam algumas escalas para

verificar critérios de inclusão, caracterização e distribuição dos grupos. Para verificar os

critérios de inclusão e exclusão, os participantes responderam as escalas de Beck para

avaliação da depressão (BDI) e ansiedade (BAI). Com o intuito de avaliar a impulsividade foi

aplicado a Escala de Impulsividade de Barrat adaptada e validada para adolescentes no Brasil

(von Diemen et al, 2007) com afirmações a respeito de comportamentos no cotidiano onde o

sujeito classifica a freqüência com que estes comportamentos ocorrem. Depressão, ansiedade

e impulsividade são variáveis que interferem nos processos decisórios (Miu, Heilman e

Houser, 2008; Franken et al, 2008; Radke et al, 2013) e por isso níveis altos foram excluídos

do estudo. Para avaliar outros possíveis quadros psiquiátricos foi aplicado um questionário

on-line, a Global Mind Screen que é baseada nos critérios do DSM-IV e CID-10. Este

instrumento de triagem pode identificar sintomas de 32 transtornos de saúde mental

apresentando os sintomas encontrados, classificação de severidade, duração, histórico de

saúde mental da família e do entrevistado, perfil de medicações e uso de drogas lícitas e

ilícitas. Para avaliar o nível de empatia foi aplicado o Quoeficiente de Empatia de Baron-

95

Cohen (2004). Homens e mulheres foram divididos em dois grupos (Alto e Baixo nível de

Empatia) em função do escore na escala de empatia por meio da análise de cluster. Com isso,

o experimento 1 contou com uma amostra final de 13 homens e 10 mulheres com escores

baixo de empatia e 9 homens e 15 mulheres com escores alto de empatia. No experimento 2

contou com 11 homens e 8 mulheres com escores baixo de empatia e 10 homens e 18

mulheres com escores alto de empatia. Cada um destes participantes veio ao laboratório

acompanhado de uma pessoa de alta confiança. Para garantir o mesmo grau de confiança

entre os participantes foi aplicada uma escala adaptada (The KNOWI Scale) tanto para o

participante quanto para o acompanhante com frases afirmativas sobre situações cotidianas de

relacionamento com um amigo (TURAN e HOROWITZ, 2007; TURAN, 2009). Também foi

aplicado a escala The Inclusion of Other in the Self Scale (IOS) para avaliar o quão próximo

eles se consideram (Aron, Aron e Smollan, 1992) como forma de certificar se o

acompanhante realmente é um amigo próximo do participante. Para avaliar o vínculo afetivo

entre o participante e seu melhor amigo foi aplicado o Experience in Close Relationships -

Relationship Structures Questionnarie (ECR-RS) para amizade (Fraley et al, 2006). Além

disso, em função da literatura prévia discutir o impacto da identidade moral nas decisões, a

Escala de Identidade Moral foi aplicada para garantir homogeneidade da amostra neste

quesito. Esta escala apresenta características que uma pessoa pode ter (Amiga, Confiável,

Justa, Trabalhadora, entre outras) e 10 afirmativas sobre essas características, que foram

respondidas pelo participante e acompanhante permitindo identificar aqueles que apresentam

maior ou menor internalização de aspectos morais.

Apenas no Experimento 2 os voluntários responderam duas escalas adicionais as

descritas anteriormente: a Escala de Altruísmo Auto-Informada e a Escala de Altruísmo

Informada por Pares. Estas escalas foram respondidas tanto pelo participante quanto pelo

96

amigo sendo que na Escala de Altruísmo Informada por Pares o participante respondeu sobre

o Amigo e o Amigo sobre o participante.

7.2.2 Jogo de Tomada de Decisão Social (versões adaptadas do Ultimatum

Game para os experimentos 1 e 2)

7.2.2.1 EXPERIMENTO 1

A tarefa é constituída por 4 blocos em função dos 2 tipos de propositores (2 blocos

com a pessoa confiável e 2 blocos com desconhecido). Cada bloco apresentou 60 situações

com propostas justas e injustas da divisão de R$ 100,00 reais já estabelecidas previamente

pelo pesquisador e que foram randomizadas em um total de 240 trials. Essas divisões foram

apresentadas ao participante do experimento e foi dado ao participante o poder de aceitar ou

não a divisão monetária oferecida pelo propositor. O participante não soube previamente que

as divisões já foram pré-estabelecidas, pelo contrário, a ele foi informado que as divisões

seriam definidas durante a tarefa por um dos dois propositores – pessoa confiável conhecida

(que foi uma pessoa que o participante trouxe ao laboratório) e uma pessoa desconhecida

(algum aluno do laboratório). As ofertas foram apresentadas no monitor posicionado a frente

do participante; juntamente com a divisão proposta, o participante foi informado sobre qual

propositor fez aquela oferta junto com a sua foto (foto que foi tirada da pessoa de confiança e

do desconhecido antes de começar o teste). Os blocos (divisões feitas por um dos dois

propositores) foram randomizados entre os diferentes participantes.

97

Figura 4. Experimento 1

O participante foi instruído a tentar acumular a maior quantidade possível de dinheiro.

Caso aceitasse a proposta, o valor era dividido e o dinheiro guardado. Caso rejeitasse, o

dinheiro não era dividido e ninguém ganhava nada. As divisões entre propostas justas ou

injustas foram: a) justa - R$50,00 e R$50,00; b) muito injusta - quando a divisão proposta é

de um valor muito maior para o propositor e muito menor para o jogador (R$ 10,00 e

R$90,00; R$ 20,00 e R$ 80,00); e c) pouco justa quando a divisão proposta é de um valor

mais alto para o propositor e mais baixo para o jogador, mas não tão menor quanto à

considerada na proposta muito injusta (R$30,00 e R$ 70,00).As situações justas, injustas e

muitos injustas serão120 no total para cada propositor randomizadas entre os blocos.

Inicialmente o participante viu uma tela durante 1500 milissegundos com a foto do

propositor para informá-lo que a proposta seria realizada por este naquele momento. Após

esse período, uma tela com um ponto de fixação ficou 500 milissegundos seguida de uma

imagem de um Olho para o participante poder piscar e assim diminuir o ruído nos dados do

EEG durante 1000 milissegundos. Logo em seguida a outro ponto de fixação de 500

milissegundos, a próxima tela apresentava a proposta da divisão do valor com a identificação

98

de quem está propondo (exemplo: “Amigo R$ 50,00 e Você R$ 50,00”). Abaixo das

propostas estava as opções de escolha “Aceitar” e “Rejeitar” a proposta realizada. Cada

proposta permaneceu na tela por 5000 milissegundos. Os participantes deveriam escolher sua

resposta apertando o botão correspondente na caixa de resposta. O ponto de fixação apareceu

novamente por 500 milissegundos e, em seguida, depois da resposta dada pelo jogador, uma

nova tela foi apresentada com o valor total acumulado pelo jogador até aquele momento (que

poderia ser acrescentado ou não o novo valor caso ele tenha aceitado a oferta oferecida ou

não) por 1500 milissegundos. Por fim, foi apresentada uma tela com ponto central de fixação

por 500 milissegundos para que, logo em seguida, iniciasse a nova situação de oferta de

divisão.

Ao final, os participantes deram uma nota de 0=muito injusto à 10=muito justo para

cada propositor.

7.2.2.2 EXPERIMENTO 2

Assim como no Experimento 1, o teste foi composto por situações com propostas

justas e injustas da divisão de R$ 120,00 reais (1ª fase) e R$100,00 reais (2ª fase) já

99

estabelecidas previamente pelo pesquisador e que foram randomizadas. Neste experimento

houve duas fases.Na primeira fase, propositores desconhecidos(fotos selecionadas da base de

faces Berlin Faces Database e do Google imagens neutras julgadas como confiáveis) sempre

fizeram as propostas de divisão de valor, mas desta vez estes propunham uma divisão entre

três pessoas: entre o propositor, o participante e um terceiro jogador que metade das vezes foi

o amigo e a outra metade um desconhecido (alguém do laboratório). A terceira pessoa não

podia decidir sobre a aceitação ou não da proposta, somente o participante podia decidir se a

proposta seria aceita ou rejeitada e deveria, portanto, levar em consideração o montante dado

ao terceiro jogador que dependia de sua decisão para ganhar algum valor. O propositor

Figura 5. Parte 1 do Experimento 2

dividiu R$ 120,00 reais para os três propositores segundo 4 tipos de divisão: a) justa para os

três (R$40,00 e R$40,00 e R$40,00); b) vantajosa para o propositor, para o participante e

injusta para o terceiro (R$70,00 e R$40,00 e R$10,00); c) vantajosa para o propositor, para o

terceiro e injusta para o participante (R$70,00 e R$10,00 e R$40,00); e d) vantajosa para o

propositor e injusta para os outros (R$100,00 e R$10,00 e R$10,00). No total foram 192 trials

dividos em 4 blocos (2 blocos com o amigo e 2 bloco com o desconhecido como terceiro) de

48 trials cada.

Na segunda fase, o participante observou, no primeiro momento, a interação entre um

propositor e um jogador que poderia ser seu amigo ou um desconhecido. Em seguida,

apareceu a tela com as propostas para cada um da dupla que está jogando e o participante

tinha que decidir no lugar de quem recebeu a proposta (amigo ou desconhecido) se aceitava

ou rejeitava a proposta. O participante foi instruído a tentar acumular a maior quantidade

possível de dinheiro para cada uma das pessoas que em cada bloco que ele estivesse

representando. Caso aceitasse a proposta, o valor era dividido e o dinheiro guardado entre o

100

par. Caso rejeitasse, o dinheiro não era dividido e ninguém ganhava nada. É importante frisar

que neste experimento as divisões as quais o participante respondeu não resultaram em

nenhum ganho a ele, mas apenas àqueles que ele representava. O participante observou e

representou um dos pares de interação entre: a) amigo propondo para o desconhecido 1; b)

desconhecido 1 propondo para o amigo; e c) desconhecido 2 propondo para outro

desconhecido 1. Os desconhecidos eram alunos do laboratório apresentados no momento do

jogo. Nesta fase foram 216 trials de divisão do valor de R$100,00 reais divididos em justas,

pouco justas e injustas da mesma forma que no Experimento 1 sendo que foram apresentadas

em 6 blocos (2 blocos para cada tipo de interação observada) com um total de 36 trials em

cada um. Ao final, os participantes deram uma nota de 0=muito injusto à 10=muito justo para

cada propositor de cada par de interação em relação as propostas realizadas. O objetivo do

jogo nas duas fases foi de acumular a maior quantidade de dinheiro possível.

Figura 6. Parte 2 do Experimento 2

Nas duas fases o participante viu inicialmente uma tela durante 1500 milissegundos

com a foto do propositor para informar ao participante que a proposta seria realizada por este

101

naquele momento. Após esse período, uma tela com um ponto de fixação ficou 500

milissegundos seguida de uma imagem de um Olho para o participante poder piscar e assim

diminuir o ruído nos dados do EEG por 1000 milissegundos. Logo em seguida a outro ponto

de fixação de 500 milissegundos, a próxima tela apresentou a proposta da divisão do valor

com a identificação de quem estava propondo (exemplo: 1ª fase “Propositor R$70,00, Você

R$40,00 e Amigo R$10,00” ou 2ª fase “Amigo R$ 50,00 e Você R$ 50,00”). Abaixo das

propostas estavam as opções de escolha “Aceitar” e “Rejeitar” a proposta realizada. Cada

proposta permaneceu na tela por 5000 milissegundos. Os participantes deveriam escolher sua

resposta apertando o botão correspondente na caixa de resposta. O ponto de fixação apareceu

novamente por 500 milissegundos e, em seguida, depois da resposta dada pelo jogador, uma

nova tela foi apresentada com o valor total acumulado pelo jogador até aquele momento (que

poderia ser acrescentado ou não o novo valor caso ele tenha aceitado a oferta oferecida ou

não) por 1500 milissegundos. Por fim, foi apresentado uma tela com ponto central de fixação

por 500 milissegundos para que, logo em seguida, iniciasse a nova situação de oferta de

divisão.

7.3 Equipamento

Aparelho de Eletroencefalografia de 128 canais da marca Electrical Geodesics, Inc

(EUA) modelo EEG System 300. Este equipamento é composto por amplificador modelo Net

Amps 300, transformador com isolamento, braço articulado para suporte do amplificador,

licença para software de aquisição e análise dos dados Net station, 6 redes de eletrodos

modelo hydrocel da Geodesic (tamanhos: bebê, pediátrica pequena, pediátrica grande, adulto

pequeno, adulto médio, adulto grande), CPU Macintosh para aquisição dos dados, monitor de

23” para acompanhamento dos dados, câmera de vídeo digital Sony, software para cálculo de

fontes geradores dos sinais (GeoSource Estimation Software), pacote para Potencial Evocado

102

relacionado a Evento (PST, Inc - EUA), estação de trabalho E-prime para acoplar ao EEG

(Net Station), computador de mesa Dell, hardware para os experimentos (microfone, caixa de

repostas, cabos, adaptador para barra de resposta para o sistema EGI), monitor LCD 17” com

vídeo splitter e switch, barra de resposta para EGI, single clock, AV device. Esse

equipamento foi obtido com a aprovação do projeto de pesquisa “Potenciais evocados

relacionados a eventos no autismo, na síndrome de prader-willi e na dislexia – experimentos

com eeg de alta densidade” sob liderança do Prof. Dr. Paulo Sérgio Boggio (orientador deste

Projeto de Doutorado) junto ao Fundo Mackenzie de Pesquisa. Valor total: USD$110.000,00.

7.4 Procedimentos

Os sujeitos vieram apenas uma vez ao laboratório, após terem sido avaliados por

screen psiquiátrico auto aplicável online, o Global Mind Screen. Caso não preenchessem

nenhum critério de exclusão, os participantes eram convidados a participar do estudo e

responder as outras escalas. Os sujeitos que contemplaram todos os critérios de inclusão e

exclusão descritos anteriormente foram convidados pessoalmente pelo pesquisador a

participar do estudo que explicou individualmente os procedimentos. Para tanto, foi solicitado

o consentimento informado de cada participante após serem-lhe explicados os objetivos,

métodos, benefícios e riscos potenciais do estudo.

Foi solicitado aos participantes de pesquisa que viessem acompanhados de uma pessoa

que eles considerassem de grande confiança (um amigo). Este amigo ficou durante todo o

experimento na sala ao lado daquela onde estava o participante. Foi explicado que em parte

do teste ele se basearia nas informações fornecidas por este amigo. Esta pessoa de confiança

também recebeu explicações sobre os objetivos, métodos, benefícios e riscos potenciais do

estudo e só participou após a leitura e assinatura do Termo de Consentimento Livre e

Esclarecido. Em seguida, uma foto foi tirada da pessoa de confiança e acrescentada ao teste,

103

assim como a foto do desconhecido (aluno do laboratório) que se foi apresentado minutos

antes ao início do experimento.

Os participantes realizaram o teste em uma sala especialmente preparada para o

equipamento de EEG. Durante toda a coleta de dados do teste de tomada de decisão, foi

realizado o registro da atividade eletroencefalógrafica dos participantes. O teste de tomada de

decisão foi apresentado com o uso do software E-Prime e o registro do EEG pelo software

NetSation.

7.5 Aspectos Éticos

O estudo foi conduzido de acordo com os requerimentos do comitê de ética da

Universidade Presbiteriana Mackenzie e também baseado nas recomendações estabelecidas na

Declaração de Helsinki (1964), conforme emenda em Tóquio (1975), Veneza (1983) e Hong-

Kong (1989). Todos os participantes tiveram conhecimento dos objetivos e métodos do

experimento e tiveram que dar seu consentimento por escrito. Em função da necessidade dos

participantes acreditarem que jogaram com a pessoa de confiança e que suas respostas teriam

influencia nas propostas, todos foram cuidadosamente informados ao final do experimento de

que em nenhum momento as ofertas haviam sido de fato realizadas por seus pares de confiança,

mas sim pelo computador. Também foi, neste momento, perguntando se houve a desconfiança

de que seu amigo ou desconhecido realmente estariam jogando com ele durante o jogo e o que o

levou a desconfiar ou não. Assim, foi explicada qual a finalidade da criação dessa situação e da

necessidade da presença de uma pessoa de grande confiança. Com isso, o participante tomou

maior conhecimento sobre o estudo e suas possíveis implicações tanto práticas quanto

científicas. Nenhum participante ou convidado ficou desconfortável com a situação após o

esclarecimento da finalidade da criação dessa situação. Também foram devidamente avisados

de que todas as informações fornecidas são estritamente sigilosas.

104

7.6 Análise Estatística dos Resultados

Os dados comportamentais foram classificados em respostas de aceitação ou rejeição,

e sub-divididos para os fatores relativos ao Tipo de Proposta oferecida (justa, injusta e muito

injusta), Tipo de Propositor (Experimento1: amigo e desconhecido; Experimento2: amigo,

desconhecido 1 e desconhecido 2 dos pares de interação), Gênero (homens e mulheres) e

Empatia (alto e baixo). Também foi analisado o Tempo de Reação.

Com relação ao traçado do EEG coletado, foi inicialmente realizada uma fase de pré-

processamento que contém: a) filtro de 0.1Hz (High Pass Filtering), b) filtro de 30Hz (Low

Pass Filtering), c) segmentação do traçado considerando os 200 ms prévios a apresentação da

tela que contém a proposta e a decisão e os 1200ms posteriores, d) detecção de artefatos.

Foram considerados artefatos a) os canais que apresentem variação Max-Min maior que

200µV (com janela de tempo de 640 ms). Foram considerados como canais ruins e, logo,

removidos, aqueles com mais de 20% de artefatos. Além disso, foram considerados

segmentos ruins aqueles com mais de 10 canais ruins ou com piscagem.

Após a fase de pré-processamento, seguiu a fase pós-processamento que inclui: a)

substituição dos canais ruins, b) média dos potenciais obtidos na segmentação considerando

os fatores descritos anteriormente (será criado um arquivo de dados contendo todos os

potenciais evocados incorporando os dados de todos os participantes), c) correção pela linha

de base, sendo esta o traçado obtido nas porções de 200 ms prévios à apresentação dos

estímulos.

Em seguida, os dados passaram por processamento estatístico considerando como

variável dependente a amplitude média para os potenciais MFN, P300 e LPC e como fatores o

Tipo de Propositor (Experimento1: amigo e desconhecido; Experimento2: amigo,

desconhecido 1 e desconhecido2 dos pares de interação), Tipo de Proposta, Eletrodos (os

105

eletrodos selecionados para cada componente), Gênero (homens e mulheres) e Nível de

Empatia (baixo e alto). Para a definição dos eletrodos e das janelas de tempo para cada

componente, em um primeiro momento, foi realizada inspeção visual na grande média

calculada sobre os valores de todos os sujeitos. Além disso, também foram considerados os

eletrodos e janelas de tempo conforme Mestrado realizado pela autora. A análise foi realizada

com o uso do pacote SPSS Statistics 17.0. e foi utilizada ANOVA, teste post-hoc com o

Fisher LSD. Correlação de Pearson também foi utilizada na investigação de possíveis

correlações entre os dados comportamentais, eletrofisiológicos e das escalas. Para todos os

testes, foi estabelecido um erro α=5%.

8 Resultados e Discussão

8.1 Resultados do Experimento 1

Participaram do estudo 57 voluntários universitários saudáveis, sendo que destes 47

foram selecionados para amostra com idade média de 18 a 32 anos (25 mulheres com idade

média de 22,1±4.0 e 22 homens com idade média de 22,2 anos±3.0). Os participantes vieram

ao laboratório acompanhados de um Amigo de confiança do mesmo gênero que o voluntário.

Dos 57 apenas 10 foram excluídos devido aos seguintes fatores: 1) uso de drogas psicoativas;

2) nível elevado de ansiedade ou depressão; 3)problemas técnicos na coleta de dados com o

software; 4) nível elevado de ruído no traçado eletroencefalográfico ocasionando perda

significativamente elevada nos trechos de segmentação (excesso de movimentos oculares,

piscagem, cochilar durante a coleta e ruídos eletromagnéticos externos). Com isso, o

experimento 1 contou com uma amostra final de 13 homens e 10 mulheres com escores baixo

de empatia e 9 homens e 15 mulheres com escores alto de empatia.

106

8.1.1 Caracterização da Amostra

Em função de o fator Gênero ser uma variável importante a ser considerada no

presente estudo, foi realizado a análise ANOVA em função do Gênero para idade, escalas e

questionários. Como pode ser observado na Tabela 1, foi encontrado efeito significativo em

função do Gênero nos subitem da escala ECR-RS Avoidance (F[1;46]=6,13, p=0,016) sendo

que Mulheres apresentaram uma pontuação em média maior do que a dos Homens (4,1±0.5 e

3,6±0,7 respectivamente) e Ansiedade (F[1;46]= 5,83, p=0,020) sendo que as Mulheres

também apresentaram uma pontuação média maior do que a dos Homens (7,6±1,1 e 6,7±1,3)

e no QE (F[1;46]= 4,85 , p=0,033). Não foram encontrados efeitos significativos para os fatores

Idade (F[1;46]= 0,004, p=0,953) e para os demais questionários e escalas.

Tabela 1 – Caracterização da Amostra - ANOVA em função do Gênero

Gênero N Média Desvio

Padrão F p

Idade

Mulher 25 22,1 ±4

0,004 0,953 Homem 22 22,1 ±2,9

Total 47 22,1 ±3,5

QVBH Materialistas

Mulher 25 5,1 ±0,5

0,02 0,888 Homem 22 5,1 ±0,5

Total 47 5,1 ±0,5

QVBH Humanitários

Mulher 25 5,6 ±0,4

0,63 0,432 Homem 22 5,5 ±0,5

Total 47 5,6 ±0,4

IOS

Mulher 25 5,4 ±1,1

3,90 0,054 Homem 22 4,7 ±1,3

Total 47 5,1 ±1,2

Confiança

Mulher 25 201,9 ±25,4

2,84 0,099 Homem 22 190,3 ±21,2

Total 47 196,5 ±24,0

ECR-RS Avoidance Mulher 25 4,1 ±0,5

6,31 0,016* Homem 22 3,6 ±0,7

107

*Análise considerando como efeito significativo p<0,05

**Análise considerando como efeito significativo p<0,001

Para verificar se houve diferenças entre confiança e proximidade entre as duplas de

Amigo e se estes eram semelhantes entre si em relação a aspectos morais e nível de empatia,

foi realizado ANOVA em função do fator Grupo (participante e Amigo). Como pode ser

observado na Tabela 2, não foram observadas diferenças significativas entre os grupos. O

Questionário de Valores Básicos Humanos-versão reduzida não foi sensível em dividir os

participantes entre os motivadores Materialistas e Humanistas, assim como em Pro-Self e Pro-

Others. Por esse motivo estes questionário não foi incluído nas análises.

Total 47 3,9 ±0,6

ECR-RS Anxiedade

Mulher 25 7,6 ±1,1

5,83 0,02* Homem 22 6,7 ±1,3

Total 47 7,1 ±1,3

IM Simbolização

Mulher 25 14,8 ±3,9

0,70 0,404 Homem 21 13,8 ±4,4

Total 46 14,3 ±4,1

IM Internalização

Mulher 25 21,9 ±3,4

1,34 0,253 Homem 21 20,7 ±3,5

Total 46 21,4 ±3,5

IM-Total

Mulher 25 36,6 ±5,7

1,64 0,207 Homem 21 34,6 ±4,2

Total 46 35,7 ±5,1

Impulsividade

Mulher 24 74,1 ±5,3

0,02 0,881 Homem 22 74,4 ±5,5

Total 46 74,2 ±5,3

BAI

Mulher 25 5,9 ±4,3

0,79 0,378 Homem 22 7,7 ±9,3

Total 47 6,7 ±7,1

BDI

Mulher 25 5,5 ±5,7

0,002 0,963 Homem 22 5,5 ±4,4

Total 47 5,5 ±5,1

QE

Mulher 25 48,2 ±11,4

4,85 0,033* Homem 22 41,5 ±9,1

Total 47 45,1 ±10,8

108

Tabela 2 – Caracterização da Amostra - ANOVA em função dos Grupos

*Aná

lise

consi

deran

do

como

efeito

signif

icativ

o

p<0,0

5

8

.1.2

Ulti

matum Game

8.1.2.1 Taxa de Aceite e Rejeite no Ultimatum Game

Para a análise da Resposta emitida pelo participante, foi considerada a Porcentagem de

Rejeite como variável dependente para os fatores Justiça (Proposta Muito Injusta – soma das

propostas R$10,00/R$90,00 e R$20,00/R$80,00 e Justa – R$50,00/R$50,00), do tipo de

relacionamento com o propositor Amizade (Amigo e Desconhecido), Gênero (Mulher e

Homem) do participante e o Nível de Empatia (Baixo ou Alto) deste. Foi realizada a ANOVA

para medidas repetidas e verificou se, como pode se observar na Tabela 3, um efeito

Grupos N Média

Desvio

Padrão F p*

QE

Participante 47 45,1 10,8

1,08 0,299 Amigo 47 42,8 10,6

Total 94 43,9 10,7

Confiança

Participante 47 196,4 24,0

0,70 0,404 Amigo 47 191,0 37,1

Total 94 193,7 31,2

IOS

Participante 47 5,1 1,2

0,20 0,651 Amigo 47 4,9 1,4

Total 94 5,0 1,3

ECR-RS Avoidance

Participante 47 3,9 0,6

1,74 0,19 Amigo 47 3,7 0,5

Total 94 3,8 0,6

ECR-RS Anxiedade

Participante 47 7,1 1,3

2,06 0,154 Amigo 47 6,8 1,1

Total 94 7,0 1,2

IM Simbolização

Participante 46 14,3 4,1

0,06 0,8 Amigo 47 14,1 4,2

Total 93 14,2 4,1

IM Internalização

Participante 46 21,4 3,5

0,92 0,338 Amigo 47 20,6 4,2

Total 93 21,0 3,8

IM-Total

Participante 46 35,7 5,1

0,80 0,373 Amigo 47 34,7 5,5

Total 93 35,2 5,3

109

significativo para o fator Justiça (F[1;46]= 513,28, p<0,001) e Amizade (F[1;46]=20,33,

p<0,001). Além disso, foi observado efeito significativo para a interação entre os fatores

Amizade*Gênero (F[1;46]=5,10, p=0,029), Amizade*Nível de Empatia (F[1;46]=6,98, p=0,011)

e os fatores Justiça*Amizade (F[1;46]=7,68, p=0,008). Não foram encontradas diferenças

significativas para os demais fatores e interações.

Tabela 3 – Porcentagem de Rejeite - ANOVA para medidas repetidas em função da

Justiça, Amizade, Gênero e Nível de Empatia

F p

Justiça 513,28 <0,001**

Justiça * Gênero 0,000 0,996

Justiça * Nível Empatia 0,02 0,888

Justiça * Gênero * Nível Empatia 3,18 0,081

Amizade 20,33 <0,001**

Amizade * Gênero 5,10 0,029*

Amizade * Nível Empatia 6,98 0,011*

Amizade * Gênero * Nível Empatia 0,38 0,537

Justiça * Amizade 7,68 0,008*

Justiça * Amizade * Gênero 0,33 0,567

Justiça * Amizade * Nível Empatia 2,64 0,111

Justiça * Amizade * Gênero * Nível Empatia 0,009 0,924

*Análise considerando como efeito significativo p<0,05

**Análise considerando como efeito significativo p<0,001

Com relação ao efeito significativo para o fator Justiça, observou-se uma maior

porcentagem de rejeição em média para as propostas Muito Injusta (82,9% ±3,1) do que para

as propostas Juta (6,2 ±2,1). Na interação Justiça e Amizade realizou-se uma análise post hoc

com o teste Bonferroni e observou-se um efeito significativo na porcentagem de rejeite entre

as propostas Muito Injustas realizadas pelo Amigo e as propostas Justas realizadas pelo

Amigo (76,6% ±3,9 e 5,1% ±1,9 respectivamente, p<0,001), entre as propostas Muito Injustas

110

realizadas pelo Desconhecido e as propostas Justas realizadas pelo Desconhecido (89,1% ±2,9

e 7,3% ±2,5 respectivamente, p<0,001) e entre as propostas Muito Injustas realizadas pelo

Desconhecido e as propostas Muito Injustas realizadas pelo Amigo (89,1% ±2,9 e 76, 6%

±3,9, respectivamente, p<0,001) como pode ser visto na figura 7.

Figura 7 – Média da porcentagem de Rejeite em função da Justiça e Amizade; p<0,001

Já em relação ao efeito significativo para o fator Amizade, observou-se uma maior

porcentagem de rejeição de propostas em média em função do propositor sendo rejeitadas

mais propostas realizadas por um Desconhecido (48,2% ±2) do que pelo Amigo (40,9%

±2,3). Para a interação Amizade e Gênero foi realizada uma análise post hoc com o teste

Bonferroni e observou-se um efeito significativo na porcentagem de rejeite de propostas para

os Homens entre as as propostas realizadas por um Desconhecido e as propostas realizadas

pelo Amigo (52,8% ±2,98 e 41,8% ±3,46 respectivamente, p<0,001). Não observou-se

diferença significativa nas demais comparações (Figura 8).

111

Figura 8 – Média da porcentagem de Rejeite em função do Gênero e Amizade; p<0,001

Em relação à interação entre os fatores Nível de Empatia e Amizade realizou-se uma

análise post hoc com o teste Bonferroni e observou-se uma diferença significativa na

porcentagem de rejeite das propostas entre os participantes com Alto nível de empatia quando

as propostas foram realizadas por um Desconhecido em comparação com as ofertas do Amigo

(51,8% 2,9 e 40,2% 3,3 respectivamente, p<0,001). Não observou-se diferença

significativa nas demais comparações como mostra a Figura 9.

112

Figura 9 – Média da porcentagem de Rejeite em função da Empatia e Amizade; p=0,011

Em relação ao tipo de proposta Pouco Justa, foi considerada a Porcentagem de Rejeite

como variável dependente para os fatores Tipo de Proposta (Pouco Justa –R$30,00/R$70,00 e

Justa – R$50,00/R$50,00), do tipo de relacionamento com o propositor (Amigo e

Desconhecido), ao Gênero (Mulher e Homem) do participante e o nível de Empatia (Baixo ou

Alto) deste. Foi realizada a ANOVA para medidas repetidas e verificou se, como pode se

observar na Tabela 4, um efeito significativo para o fator Justiça (F[1;46]= 106,55, p<0,001) e

Amizade (F[1;46]=19,33, p<0,001). Além disso, foi observado efeito significativo para a

interação entre os fatores Justiça*Amizade (F[1;46]=10,87, p=0,002) e Justiça*Gênero*Nível

de Empatia (F[1;46]=4,58, p=0,038). Não foram encontradas diferenças significativas para os

demais fatores e interações.

113

Tabela 4 - Porcentagem de Rejeite – ANOVA medidas repetidas em função da Justiça, Amizade,

Gênero e Nível de Empatia

F p

Justiça 106,55 <0,001**

Justiça * Gênero 0,000 1,000

Justiça * Nível de Empatia 0,63 0,431

Justiça * Gênero * Nível de Empatia 4,58 0,038*

Amizade 19,33 <0,001**

Amizade * Gênero 0,28 0,596

Amizade * Nível de Empatia 0,24 0,625

Amizade * Gênero * Nível de Empatia 1,46 0,233

Justiça * Amizade 10,87 0,002*

Justiça * Amizade * Gênero 0,18 0,672

Justiça * Amizade * Nível de Empatia 0,000 0,996

Justiça * Amizade * Gênero * Nível de Empatia 2,37 0,130

*Análise considerando como efeito significativo p<0,05

**Análise considerando como efeito significativo p<0,001

Em relação ao efeito significativo para o fator Justiça, observou maior porcentagem de

rejeite em média de propostas Pouco Justas (54,6% ±5,1) do que Justas (6,2% ±2,1). Além

disso, a análise post hoc com o teste Bonferroni encontrou uma diferença significativa entre

as propostas Pouco Justas e Justas realizadas pelo Amigo (44,2% ±5,9 e 5,1% ±1,9

respectivamente, p<0,001), entre as propostas Pouco Justas realizadas pelo Amigo e por um

Desconhecido (44,2% ±5,9 e 64,9% ±5,5 respectivamente, p<0,001) e entre as propostas

Pouco Justas e Justas realizadas por um Desconhecido (64,9% ±5,5 e 7,3% ±2,5

respectivamente, p<0,001), como pode ser observado na Figura 10.

114

Figura 10 – Média da porcentagem de Rejeite em função da Justiça e Amizade; p<0,05

Já em relação ao efeito significativo para o fator Amizade, observou se uma maior

porcentagem de rejeite de propostas em média em função do propositor sendo mais rejeitadas

propostas do Desconhecido (36,1% ±3,3) do que as propostas realizadas pelo Amigo (24,7%

±3,4). Pela Tabela 5 pode-se observar tal efeito se deve ao fato dos sujeitos rejeitarem mais as

propostas realizadas por um Desconhecido do que pelo Amigo independente do tipo de

proposta.

Tabela 5- Porcentagem de Rejeite - Média e Erro Padrão em função da Amizade

Amizade Média Erro

Padrão

Amigo 24,7 ±3,4

Desconhecido 36,1 ±3,3

Em relação à interação entre os fatores Nível de Empatia, Justiça e Gênero realizou-se

uma análise post hoc com o teste Bonferroni e observou-se que há uma diferença significativa

entre as propostas Justas e Poucos Justas rejeitadas pelas Mulheres com Baixo nível de

115

Empatia (6% ±4,5 e 40,6% ±10,9 respectivamente, p=0,032) e entre as propostas Justas e

Pouco Justas rejeitadas por Mulheres com Alto nível de empatia (0,8% ±3,7 e 63% ±8,9

respectivamente, <0,001). Já os Homens observou-se uma diferença significativa entre as

propostas Justas e Pouco Justas quando rejeitadas por Homens com Baixo Nível de Empatia

(3,0% ±4 e 57,7% ±9,5 respectivamente, p<0,001) e entre propostas Justas e Pouco Justas

rejeitadas por Homens com Alto nível de Empatia (15% ±4,8 e 57,0% ±11,4 respectivamente,

p=0,006), como observa-se na Figura 11.

Figura 11 – Média da porcentagem de Rejeite em função da Justiça, Gênero e Empatia; p<0,05

8.1.2.2 Tempo de Reação

Para a análise do Tempo de Reação em que as propostas foram rejeitadas pelo

participante, foi realizada ANOVA para medidas repetidas tendo como variável dependente

as Médias do Tempo de Reação Rejeitar das propostas Muito Injustas (uma vez que as

propostas Justas foram rejeitadas apenas 6% das vezes) e como fatores Gênero (Homens e

Mulheres), tipo de relacionamento com o propositor, Amizade (Amigo e Desconhecido) e

116

nível de Empatia do participante (Baixo e Alto). Na Tabela 6 pode ser observado que houve

um efeito significativo para os fatores Justiça (F[1;46]=88,79, p<0,001). Não foram

observadas diferença significativa nos demais fatores e interações.

Tabela 6 - Tempo de Reação Rejeite Muito Injustas - ANOVA medida repetidas em função da

Amizade, Gênero e Nível de Empatia

*Análise considerando como efeito significativo p<0,001

Como é possível observar na Tabela 7, os participantes apresentaram menor tempo de

reação para rejeitar as propostas Muito Injustas quando estas foram realizadas pelo Amigo

(963ms ±46) e maior tempo de reação para rejeitar as propostas Muito Injustas quando

realizadas por um Desconhecido (1396ms ±50).

Tabela 7 – Tempo de Reação Rejeitar- Média e Erro Padrão em função da Justiça

Amizade Média* Erro

Padrão

Amigo 963 ±46

Desconhecido 1389 ±50

*Médias do Tempo de Reação em milissegundos (ms)

Para a análise do Tempo de Reação em que as propostas foram aceitas pelo

participante, foi realizada ANOVA para medidas repetidas tendo como variável dependente

as Médias do Tempo de Reação Aceitar das propostas Justas e como fatores Gênero (Homens

e Mulheres), tipo de relacionamento com o propositor, Amizade (Amigo e Desconhecido) e

Nível de Empatia do participante (Baixo e Alto). Na Tabela 8 pode ser observado que houve

um efeito significativo para o fator Amizade (F[1;46]=5,05, p=0,030). Não foram observadas

diferença significativa nos demais fatores e interações.

F p

Amizade 88,79 <0,001**

Amizade * Gênero 0,92 0,342

Amizade * Nível Empatia 0,19 0,660

Amizade * Gênero * Nível Empatia 0,27 0,601

117

Tabela 8 - Tempo de Reação Aceitar Justas- ANOVA medidas repetidas em função da Justiça,

Amizade, Gênero e Nível de Empatia

F p

Amizade 5,05 0,030*

Amizade * Gênero 0,09 0,759

Amizade * Nível Empatia 2,67 0,109

Amizade * Gênero * Nível Empatia 0,06 0,804

*Análise considerando como efeito significativo p<0,05

Na Tabela 9 pode se observar que os participantes apresentaram menor tempo de

reação para aceitar propostas Justas realizadas pelo Amigo (723ms ±25) do que por um

Desconhecido (794ms ±34).

Tabela 9 - Tempo de Reação Aceitar - Média e Erro Padrão em função da Amizade

Amizade Média* Erro

Padrão

Amigo 723 ±25

Desconhecido 794 ±34

*Médias do Tempo de Reação em milissegundos (ms)

Com relação às propostas Pouco Justa, para a análise do Tempo de Reação em que

estas propostas foram rejeitadas pelo participante, foi realizada ANOVA para medidas

repetidas tendo como variável dependente as Médias do Tempo de Reação Rejeitar e como

fatores Gênero (Homens e Mulheres), tipo de relacionamento com o propositor,

Amizade(Amigo e Desconhecido) e Nível de Empatia do participante (Baixo e Alto). Na

Tabela 10 pode-se observar que há uma diferença significativa no fatore Amizade

(F[1;46]=6,58, p=0,015). Não foi observado diferenças significativas nos demais fatores e

interações analisados.

118

Tabela 10 – Tempo de Reação Rejeitar Pouco Justa– ANOVA medidas repetidas em função da

Justiça, Amizade, Gênero e Nível de Empatia

F p

Amizade 6,58 0,015*

Amizade * Gênero 0,35 0,558

Amizade * Nível Empatia 2,99 0,092

Amizade * Gênero * Nível Empatia 0,009 0,923

*Análise considerando como efeito significativo p<0,05

Na Tabela 11 pode observar que os participantes apresentaram maior tempo de reação

para rejeitar as propostas Pouco Justas realizadas pelo Amigo (1156ms ±89,7) do que por um

Desconhecido (954ms ±53,8).

Tabela 11 – Tempo de Reação Rejeitar Pouco Justa– Média e Erro Padrão em função da Amizade

Amizade Média* Erro

Padrão

Amigo 1156 ±89,7

Desconhecido 954 ±53,8

*Médias do Tempo de Reação em milissegundos (ms)

8.1.2.3 VAS Notas

A Tabela 12 mostra os resultados da análise ANOVA para medidas repetidas tendo

como variável dependente as Notas dadas pelos participantes para cada propositor (VAS-

Notas) considerando os fatores Amizade (Amigo e Desconhecido), Gênero (Mulher e

Homem) e Nível de Empatia (Baixo e Alto). Observou-se diferença significativa

(F[1;46]=4,38, p=0,042) apenas para o fator Amizade.

Tabela 12 – VAS Notas – ANOVA medidas repetidas em função do Gênero e Empatia

F p

Amizade 4,38 0,042*

Amizade * Gênero 0,31 0,576

Amizade * Nível Empatia 0,000 0,997

Amizade * Gênero * Nível Empatia 0,07 0,785

*Análise considerando como efeito significativo p<0,05

119

Na Figura 12 pode-se observar que as notas dadas para o Amigo foram maiores do que

as notas dadas para o propositor Desconhecido (6,0 ±0,327 e 5,3 ±0,313 respectivamente).

Figura 12 – VAS Notas em função da Amizade; p<0,05

8.1.3 Análise dos Potenciais Relacionados a Eventos

8.1.3.1 Potencial Medial Frontal Negativity

Para a análise do componente MFN, os eletrodos e a janela de tempo foram

selecionados de acordo com a literatura e com o observado na grande média deste estudo. A

janela de tempo definida foi entre 200ms à 350ms. O componente MFN foi analisado pela

diferença entre os potenciais observados nesta janela de tempo da condição Muito Injusta

(soma das propostas R$10,00/R$90,00 e R$20,00/R$90,00) com a condição Justa

(R$50,00/R$50,00). Os eletrodos selecionados foram agrupados em 3 sub-áreas:

a) eletrodos frontais à esquerda: 22, 23, 18, 24 e 10;

b) eletrodos frontais na linha média: 15, 16 e 11 (Fz);

c) eletrodos frontais à direita: 9, 10, 3, 4 e 124

p=0,042

120

A figura 13 apresenta o mapa da rede de eletrodos e os eletrodos selecionados para a

análise do componente MFN.

De acordo com a literatura, o MFN vem sendo analisado pela diferença das condições

Muito Injustas das Justas. Por isso, realizou-se uma ANOVA para medidas repetidas para a

análise do componente MFN tendo como variável dependente a Diferença da Amplitude

Média entre as condições muito injusta e justa na janela de tempo de 200 a 350ms e os fatores

Amizade (Amigo e Desconhecido), Área dos eletrodos (frontais à esquerda, frontais na linha

média ou frontais à direita), Gênero (Masculino ou Feminino), Nível de Empatia (Baixo e

Alto) e respectivas interações. Segundo a Tabela 13, pode-se verificar que a análise ANOVA

para medidas repetidas encontrou uma diferença significativa nas variáveis Amizade*Nível

Empatia (F[1;46]=8,84, p=0,005) e na interação Amizade*Gênero*Nível de Empatia

Frontal Esquerda

Frontal Linha Média

Frontal Direita

121

(F[1;46]=6,85, p=0,012). Não foram encontradas diferenças significativas da amplitude do

MFN para os demais fatores e interações.

Tabela 13 – Diferença da Amplitude Média do MFN – ANOVA medidas repetidas em função da

Área, Gênero, Amizade e Nível de Empatia

F p

Amizade 0,40 0,526

Amizade * Gênero 1,98 0,166

Amizade * Nível Empatia 8,84 0,005*

Amizade * Gênero * Nível Empatia 6,85 0,012*

Área 2,03 0,137

Área * Gênero 0,33 0,720

Área * Nível Empatia 0,77 0,463

Área * Gênero * Nível Empatia 0,15 0,858

Amizade * Área 0,21 0,809

Amizade * Área * Gênero 0,16 0,846

Amizade * Área * Nível Empatia 0,78 0,458

Amizade * Área * Gênero * Nível Empatia 2,95 0 ,057

*Análise considerando como efeito significativo p<0,05

Com relação a interação entre Amizade e Nível de Empatia, realizou-se uma análise

post hoc com teste de Fisher LSD e observou-se apenas uma tendência para o efeito na

interação entre os participantes com Alto nível de Empatia para o Amigo e o Desconhecido

na amplitude média do MFN (p=0,063). Os participantes com Alto Nível de Empatia

apresentaram a amplitude média do MFN mais negativa quando as propostas foram realizadas

por um Desconhecido (-0,431μV ±0,3) e mais positiva quando as propostas foram realizadas

pelo Amigo (0,646μV ±0,3), como pode ser observado na Tabela 14. Tais resultados sugerem

uma tendência para o efeito principal no fator Amizade que não foi observado no presente

estudo, provavelmente, devido a interferência dos níveis de empatia. Também não verificou-

se um efeito significativo nas interações entre os participantes com Baixo nível de Empatia na

amplitude do MFN quando receberam propostas de um Desconhecido e pelo Amigo

(p=0,082), entre participantes com Alto nível de Empatia e Baixo nível de Empatia quando

122

receberam propostas realizadas pelo Amigo (p=0,70) e participantes com Alto nível de

Empatia e Baixo nível de Empatia quando receberam propostas por um Desconhecido

(p=0,203).

Tabela 14 – Amplitude Média do MFN – Média e Erro Padrão em função da Amizade e Nível de

Empatia

*Médias da Amplitude (μV) expresso pela média ±erro padrão.

Na interação Gênero, Nível de Empatia e Amizade realizou-se um teste post hoc de

Fisher LSD e observou-se uma diferença significativa entre os participantes Homens com

Alto nível de Empatia e os Homens com Baixo nível de Empatia quando estes receberam

propostas pelo Amigo (p=0,002) e entre os Homens com Alto nível de Empatia quando

receberam propostas realizadas por um Desconhecido e os Homens com Alto nível de

Empatia receberam propostas pelo Amigo (p=0,001). Tabela 15 pode se observar que a

amplitude média do MFN foi mais negativa quando Homens com Alto Nível de Empatia

receberam propostas realizadas por um Desconhecido (-0,948μV ±0,6) e apresentaram

amplitude média mais positiva quando receberam propostas pelo Amigo (1,329μV±0,4). Já os

Homens com Baixo Nível de Empatia apresentaram a amplitude média do MFN mais

negativa quando receberam propostas realizadas pelo Amigo (-0,910μV±0,3). Não verificou-

se diferença significativa nas demais interações.

Nível de

Empatia Amizade Média*

Erro

Padrão

Baixo Amigo -0,345 ±0,3

Desconhecido 0,351 ±0,3

Alto Amigo 0,646 ±0,3

Desconhecido -0,431 ±0,3

123

Tabela 15 – Amplitude Média do MFN – Média e Erro Padrão em função da Amizade, Gênero e Nível

de Empatia

Gênero Nível

Empatia Amizade Média*

Erro

Padrão

Mulher

Baixo Amigo 0,220 ±0,4

Desconhecido 0,556 ±0,5

Alto Amigo -0,038 ±0,3

Desconhecido 0,086 ±0,4

Homem

Baixo Amigo -0,910 ±0,3

Desconhecido 0,146 ±0,5

Alto Amigo 1,329 ±0,4

Desconhecido -0,948 ±0,6

*Médias da Amplitude (μV) expresso pela média ±erro padrão.

Realizou-se uma ANOVA para medidas repetidas para a análise do componente

cognitivo MFN em função das propostas Pouco Justas tendo como variável dependente a

diferença da Amplitude Média do MFN na janela de tempo de 200 a 350ms e os fatores

Amizade (Amigo e Desconhecido), Área dos eletrodos (frontais à esquerda, frontais na linha

média ou frontais à direita), Gênero (Masculino ou Feminino), Nível de Empatia (Baixo e

Alto) e Justiça (propostas Pouco Justas –R$30,00/R$70,00- e Justas –R$50,00/R$50,00) e

respectivas interações. Segundo a Tabela 16, pode-se verificar que a análise ANOVA para

medidas repetidas encontrou uma diferença significativa nas variáveis Área (F[1;46]=6,04,

p=0,004). Não foram encontradas diferenças significativas da amplitude do MFN para os

demais fatores e interações.

Tabela 16 – Amplitude Média do MFN – ANOVA medidas repetidas em função da Área, Gênero,

Justiça, Amizade e Nível de Empatia

F p

Amizade 0,12 0,722

Amizade * Gênero 2,38 0,130

Amizade * Nível Empatia 3,02 0,089

Amizade * Gênero * Nível Empatia 1,08 0,304

124

Área 6,04 0,004*

Área * gênero 0,48 0,616

Área * Nível Empatia 0,58 0,557

Área * Gênero * Nível Empatia 0,25 0,779

Amizade * Área 0,37 0,690

Amizade * Área * Gênero 0,16 0,848

Amizade * Área * Nível Empatia 0,16 0,850

Amizade * Área * Gênero * Nível Empatia 0,73 0,481

*Análise considerando como efeito significativo p<0,05

Com relação ao efeito significativo para o fator Área, realizou-se um teste post hoc de

Fisher LSD e observou-se uma diferença significativa na amplitude negativa do MFN entre o

grupo de eletrodos localizados na Área Frontal na Linha Média e na área Frontal à Direita (-

0,238μV ±0,2 e 0,164μV ±0,1 respectivamente, p=0,006) e entre os eletrodos da área Frontal

Esquerda e área Frontal Direita (-0,289μV ±0,1 e 0,164μV ±0,1 respectivamente, p=0,002).

Não observou-se diferença significativa nas demais comparações. A Tabela 17 apresenta a

média e o erro padrão para cada área de eletrodos.

Tabela 17 – Amplitude Média do MFN – Média e Erro Padrão em função da Área

Área Média Erro

Padrão

Frontal Direito 0,164 ±0,1

Frontal Linha Média -0,238 ±0,2

Frontal Esquerda -0,289 ±0,1

*Médias da Amplitude (μV) expresso pela média ±erro padrão.

8.1.3.2- Potencial P300

Como foi observado na literatura, o componente P3 é tipicamente observado em uma

janela de tempo ao redor dos 300ms e em eletrodos centro-parietais. No presente estudo foi

definida uma janela de tempo entre 350ms a 480ms após a apresentação do estímulo. Os

eletrodos centro-parietais forma divididos em 3 sub-áreas:

125

a) eletrodos centro-parietais a esquerda: 53 e 54;

b) eletrodos centro-parietal: 55(CPz);

c) eletrodos centro-parietal direita: 79 e 86;

A figura 14 apresenta o mapa da rede de eletrodos e os eletrodos selecionados para a

análise do componente P300.

Realizou-se uma ANOVA para medidas repetidas para a análise do componente

cognitivo P300 tendo como variável dependente a Amplitude Média do P300 na janela de

tempo de 350 a 480ms e os fatores Justiça (Muito Injusta – soma das propostas

R$10,00/R$90,00 e R$20,00/R$80,00 e Justa – R$50,00/R$50,00), Amizade (Amigo e

Desconhecido), Área dos eletrodos (Centro-Parietais à esquerda, Centro-Parietais na linha

média ou Centro-Parietais à direita), Gênero (Masculino ou Feminino), Nível de Empatia

(Alto e Baixo) e respectivas interações. Segundo a Tabela 18, pode-se verificar que a análise

Centro Parietal Esquerdo

Centro Parietal Linha Média

Centro-Parietal Direito

126

ANOVA para medidas repetidas encontrou uma diferença significativa nas variáveis Justiça

(F[1;46]=21,17, p<0,001), Área (F[1;46]=22,14, p<0,001)e na interação Justiça*Área

(F[1;46]=3,11, p=0,050), Amizade*Área (F[1;46]=12,71, p<0,001) e

Amizade*Área*Gênero*Nível Empatia (F[1;46]=3,65, p=0,030). Não foram encontradas

diferenças significativas da amplitude do P300 para os demais fatores e interações.

Tabela 18 – Amplitude Média do P300 – ANOVA medidas repetidas em função da Área, Gênero,

Justiça, Amizade e Nível de Empatia

F p

Justiça 21,17 <0,001**

Justiça * Gênero 1,06 0,309

Justiça * Nível Empatia 1,13 0,292

Justiça * Gênero * Nível Empatia 0,002 0,964

Amizade 0,01 0,902

Amizade * Gênero 0,55 0,460

Amizade * Nível Empatia 2,13 0,151

Amizade * Gênero * Nível Empatia 2,58 0,115

Área 22,14 <0,001**

Área * Gênero 1,64 0,199

Área * Nível Empatia 2,06 0,133

Área * Gênero * Nível Empatia 1,07 0,346

Justiça * Amizade 1,25 0,268

Justiça * Amizade * Gênero 0,000 0,989

Justiça * Amizade * Nível Empatia 2,86 0,098

Justiça * Amizade * Gênero * Nível Empatia 3,53 0,067

Justiça * Área 3,11 0,050*

Justiça * Área * Gênero 0,19 0,820

Justiça * Área * Nível Empatia 0,71 0,494

Justiça * Área * Gênero * Nível Empatia 0,17 0,843

Amizade * Área 12,71 <0,001**

Amizade * Área * Gênero 2,66 0,075

Amizade * Área * Nível Empatia 0,42 0,655

Amizade * Área * Gênero * Nível Empatia 3,65 0,030*

Justiça * Amizade * Área 0,82 0,442

Justiça * Amizade * Área * Gênero 0,03 0,962

Justiça * Amizade * Área * Nível Empatia 0,59 0,553

Justiça * Amizade * Área * Gênero * Nível Empatia 0,23 0,790

*Análise considerando como efeito significativo p<0,05

**Análise considerando como efeito significativo p<0,001

127

Com relação ao efeito significativo para Justiça realizou-se o teste post hoc de Fisher

LSD e observou-se uma diferença significativa entre as propostas Justas e Injustas (p<0,001).

Na Tabela 19 pode observar que os participantes apresentaram maior amplitude média do

componente P300 quando receberam propostas Justas (5,753μV±0,4) do que Muito Injustas

(4,591μV±0,4).

Tabela 19 – Amplitude Média do P300 – Média e Erro Padrão em função da Justiça

Justiça Média* Erro

padrão

Muito Injusta 4,591 ±0,4

Justa 5,753 ±0,4

*Médias da Amplitude (μV) expresso pela média ±erro padrão.

O mesmo teste post hoc foi realizado para o fator Área e observou se um efeito

significativo entre os eletrodos da área Centro-Parietal na linha média e os eletrodos Centro-

Parietal Direita (5,317μV ±0,4 e 5,987μV ±0,4 respectivamente, p<0,001), entre os eletrodos

Centro-Parietal da área Esquerdo e da área Direita (4,211μV ±0,4 e 5,987μV ±0,4

respectivamente, p=0,010) e dos eletrodos da área Centro-Parietal Esquerda com os eletrodos

da área Centro-Parietal na Linha Média (4,211μV ±0,4 e 5,317μV ±0,4 respectivamente,

p<0,001). Como pode ser observado na Tabela 20 as médias e erro padrão em cada área.

Tabela 20 – Amplitude Média do P300 – Média e Erro Padrão em função da Área

Área Média* Erro

Padrão

Centro-Parietal Direita 5,987 ±0,4

Centro-Parietal Linha Média 5,317 ±0,4

Centro-Parietal Esquerda 4,211 ±0,4

*Médias da Amplitude (μV) expresso pela média ±erro padrão.

128

Na interação Justiça e Área realizou-se um teste post hoc de Fisher LSD e observou-se

um efeito significativo entre as propostas Justas e Muito Injustas na área Centro-Parietal

Direita (6,479μV ±0,4 e 5,495μV ±0,4 respectivamente, p<0,001), entre as propostas Justas

na área Centro-Parietal Direita e Muito Injustas na área Centro-Parietal na linha Média

(6,479μV ±0,4 e 4,685μV ±0,5 respectivamente, p<0,001) e entre as propostas Justas na área

Centro-Parietal Direita e Muito Injustas na área Centro-Parietal Esquerda (6,479μV ±0,4 e

3,592μV ±0,4 respectivamente, p<0,001). As propostas Justas na área Centro-Parietal na

Linha Média (5,950μV ±0,5) também apresentaram diferença significativa entre as propostas

Muito Injustas na área Centro-Parietal Direita (5,495μV ±0,4, p<0,001), da área Centro-

Parietal na Linha Média (4,685μV ±0,5, p<0,001) e na área Centro-Parietal Esquerda

(3,592μV ±0,4, p=0,026). As propostas Justas na área Centro-Parietal Esquerdo (4,829μV

±0,4) observou-se diferença significativa entre as propostas Muito Injustas nas áreas Centro-

Parietal Direita (5,495μV ±0,4, p<0,001), na Linha Média (4,685μV ±0,5, p<0,001) e na

Esquerda (3,592μV ±0,4, p<0,001). As propostas Justas também apresentaram diferença

significativa entre as áreas: Centro-Parietal na Linha Média com a área Centro-Parietal

Direita, p<0,001; Centro-Parietal Esquerda com a área Direita, p<0,001; e Centro-Parietal

Esquerda com a área na Linha Média, p<0,001. As propostas Muito Injustas também

apresentaram diferença significativa entre as áreas: Centro-Parietal Esquerda com a área à

Direita, p<0,001; Centro-Parietal Esquerda com a área na Linha Média, p<0,001; Centro-

Parietal na Linha Média com a área à Direita, p<0,001.

Tabela 21 – Amplitude Média do P300 – Média e Erro Padrão em função da Justiça e Área

Justiça Área Média* Erro

Padrão

Muito Injusta

Centro-Parietal Direita 5,495 ±0,4

Centro-Parietal Linha Média 4,685 ±0,5

Centro-Parietal Esquerda 3,592 ±0,4

Justa

Centro-Parietal Direita 6,479 ±0,4

Centro-Parietal Linha Média 5,950 ±0,5

Centro-Parietal Esquerda 4,829 ±0,4

*Médias da Amplitude (μV) expresso pela média ±erro padrão.

129

Em relação aos fatores Amizade e Área realizou-se um teste post hoc de Fisher LSD e

observou-se uma diferença significativa quando as propostas foram realizadas pelo Amigo

entre as áreas Centro-Parietal na Linha Média e Centro-Parietal Direita (5,100μV ±0,5 e

5,924μV ±0,5 respectivamente, p<0,001), quando as propostas foram realizadas por um

Desconhecido entre as áreas Centro-Parietal Esquerda e Centro-Parietal Direita (3,856μV

±0,4 e 6,050μV ±0,4 respectivamente, p<0,001), Centro-Parietal Esquerda e a área Centro-

Parietal na Linha Média (3,856μV ±0,4 e 5,53μV 4 ±0,5 respectivamente, p<0,001) e Centro-

Parietal na Linha Média e Centro-Parietal Direita (5,53μV 4 ±0,5 e 6,050μV ±0,4

respectivamente, p<0,001). Também observou-se diferença significativa entre as propostas

realizadas por um Desconhecido nos eletrodos da área Centro-Parietal na Linha Média e as

propostas realizadas pelo Amigo nos eletrodos na área Centro-Parietal na Linha Média

(5,53μV 4 ±0,5 e 5,100μV ±0,5 respectivamente, p<0,001). A Tabela 22 apresenta a média e

o erro padrão para cada propositor e Área.

Tabela 22 – Amplitude Média do P300 – Média e Erro Padrão em função da Amizade e Área

Amizade Área Média* Erro

Padrão

Amigo

Centro-Parietal Direita 5,924 ±0,5

Centro-Parietal Linha Média 5,100 ±0,5

Centro-Parietal Esquerda 4,565 ±0,4

Desconhecido

Centro-Parietal Direita 6,050 ±0,4

Centro-Parietal Linha Média 5,534 ±0,5

Centro-Parietal Esquerda 3,856 ±0,4

*Médias da Amplitude (μV) expresso pela média ±erro padrão.

Na interação Gênero, Empatia, Amizade e Área também realizou-se um teste post hoc

de Fisher LSD e observou-se uma diferença significativa entre as Mulheres com Baixo nível

de Empatia quando receberam propostas pelo Amigo nos eletrodos da área Centro-Parietal na

Linha Média e os eletrodos da área Centro-Parietal Direita (4,825μV ±1,1 e 5,348μV ±1,0

respectivamente, p=0,013), Mulheres com Baixo nível de Empatia quando receberam

130

propostas realizadas por um Desconhecido na área Centro-Parietal na Linha Média e na área

Centro-Parietal Direita (6,230μV ±1,0 e 6,426μV ±0,9 respectivamente, p<0,001) e Mulheres

com Baixo nível de Empatia quando receberam propostas por um Desconhecido na área

Centro-Parietal Esquerda e a área Centro-Parietal na Linha Média (4,627μV ±0,8 e 6,230μV

±1,0 respectivamente, p<0,001). Também observou-se uma diferença significativa entre as

Mulheres com Baixo nível de Empatia quando receberam as propostas por um Desconhecido

e Mulheres com Baixo nível de Empatia quando receberam propostas pelo Amigo nos

eletrodos da área Centro-Parietal Esquerda (4,627μV ±0,8 e 4,456μV ±1,0 respectivamente,

p<0,001). Já as Mulheres com Alto nível de Empatia quando receberam propostas pelo

Amigo apresentaram diferença significativa entre as áreas Centro-Parietal na Linha Média e

Direita (6,402μV ±0,9 e 6,243μV ±0,8 respectivamente, p<0,001), Centro-Parietal Esquerda e

na Linha Média (5,154μV ±0,8 e 6,402μV ±0,9 respectivamente, p<0,001). Com relação as

Mulheres com Alto nível de Empatia observou-se uma diferença significativa entre as

propostas realizadas por um Desconhecido e pelo Amigo nos eletrodos da área Centro-

Parietal Esquerda (3,362μV ±0,7 e 5,154μV ±0,8 respectivamente, p<0,001), nos eletrodos na

área Centro-Parietal na Linha Média (4,647μV ±0,8 e 6,402μV ±0,9 respectivamente,

p<0,001) e na área Centro-Parietal Direita (5,035μV ±0,7 e 6,243μV ±0,8 respectivamente,

p<0,001). Observou-se uma diferença significativa entre as áreas quando as propostas por um

Desconhecido foram realizadas para as Mulheres com Alto nível de Empatia como a área

Centro-Parietal na Linha Média e área Centro-Parietal Direita (4,647μV ±0,8 e 5,035μV ±0,7

respectivamente, p<0,001) e entre a área Centro-Parietal Esquerda e área Centro-Parietal na

Linha Média (3,362μV ±0,7 e 4,647μV ±0,8 respectivamente, p<0,001). Em relação aos

Homens com Baixo nível de Empatia ao receberem propostas pelo Amigo observou-se uma

diferença significativa entre os eletrodos da área Centro-Parietal na Linha Média e na área

Centro-Parietal Direita (4,148μV ±1,0 e 6,333μV ±0,9 respectivamente, p<0,001) e entre as

131

áreas Centro-Parietal Esquerda e Centro-Parietal Direita (4,411μV ±0,8 e 6,333μV ±0,9,

p<0,001). Quando os Homens com Baixo nível de Empatia receberam propostas por um

Desconhecido observou-se uma diferença significativa entre os eletrodos das áreas Centro-

Parietal Esquerda e Centro-Parietal Direita (4,155μV ±0,7 e 6,436μV ±0,8 respectivamente,

p<0,001) e entre as áreas Centro-Parietal Esquerda e Centro-Parietal na Linha Média

(4,155μV ±0,7 e 4,876μV ±0,9 respectivamente, p<0,021). Também observou-se uma

diferença significativa quando os Homens de Baixo nível de Empatia receberam propostas

por um Desconhecido entre os Homens de Baixo nível de Empatia que receberam propostas

pelo Amigo nos eletrodos da área Centro-Parietal Esquerda (4,155μV ±0,7 e 4,411μV ±0,8

respectivamente, p=0,020). Os Homens com Alto nível de Empatia quando receberam

propostas pelo Amigo observou-se uma diferença significativa nos eletrodos das áreas

Centro-Parietal na Linha Média e Centro-Parietal Direita (5,028μV ±1,2 e 5,774μV ±1,1

respectivamente, p<0,001), entre as áreas Centro-Parietal Esquerda e Direita (4,240μV ±1,0 e

5,774μV ±1,1 respectivamente, p=0,047) e entre as áreas Centro-Parietal Esquerda e na Linha

Média (4,240μV ±1,0 e 5,028μV ±1,2 respectivamente, p=0,036). Quando os Homens com

Alto nível de Empatia receberam as propostas por um Desconhecido observou-se uma

diferença significativa entre as áreas Centro-Parietal na Linha Média e Centro-Parietal à

Direita (6,383μV ±1,1 e 6,303μV ±1,0, p<0,001) e entre as áreas Centro-Parietal Esquerda e

Centro-Parietal na Linha Média (3,280μV ±0,9 e 6,383μV ±1,1 , p<0,001). Também

observou-se que os Homens com Alto nível de Empatia apresentaram diferença significativa

quando receberam propostas por um Desconhecido e pelo Amigo entre os eletrodos na área

Centro-Parietal Esquerda (3,280μV ±0,9 e 4,240μV ±1,0 respectivamente, p<0,001) e entre os

eletrodos na área Centro-Parietal na Linha Média (6,383μV ±1,1 e 5,028μV ±1,2

respectivamente, p=0,011).

132

Tabela 23 – Amplitude Média do P300 – Média e Erro Padrão em função do Gênero, Nível de

Empatia, Amizade e Área

Gênero Nível de

Empatia Amizade Área Média*

Erro

Padrão

Mulher

Baixo

Amigo

Centro-Parietal Direita 5,348 ±1,0

Centro-Parietal Linha Média 4,825 ±1,1

Centro-Parietal Esquerda 4,456 ±1,0

Desconhecido

Centro-Parietal Direita 6,426 ±0,9

Centro-Parietal Linha Média 6,230 ±1,0

Centro-Parietal Esquerda 4,627 ±0,8

Alto

Amigo

Centro-Parietal Direita 6,243 ±0,8

Centro-Parietal Linha Média 6,402 ±0,9

Centro-Parietal Esquerda 5,154 ±0,8

Desconhecido

Centro-Parietal Direita 5,035 ±0,7

Centro-Parietal Linha Média 4,647 ±0,8

Centro-Parietal Esquerda 3,362 ±0,7

Homem

Baixo

Amigo

Centro-Parietal Direita 6,333 ±0,9

Centro-Parietal Linha Média 4,148 ±1,0

Centro-Parietal Esquerda 4,411 ±0,8

Desconhecido

Centro-Parietal Direita 6,436 ±0,8

Centro-Parietal Linha Média 4,876 ±0,9

Centro-Parietal Esquerda 4,155 ±0,7

Alto

Amigo

Centro-Parietal Direita 5,774 ±1,1

Centro-Parietal Linha Média 5,028 ±1,2

Centro-Parietal Esquerda 4,240 ±1,0

Desconhecido

Centro-Parietal Direita 6,303 ±1,0

Centro-Parietal Linha Média 6,383 ±1,1

Centro-Parietal Esquerda 3,280 ±0,9

*Médias da Amplitude (μV) expresso pela média ±erro padrão.

8.1.3.3- Potencial Late Positivity Complex

Com base na literatura, o componente LPC é tipicamente observado em eletrodos da

região centro-parietais e em janelas de tempo ao redor de 600 ms. Nesse estudo foi definido

como janela de tempo para a análise deste componente o período de 500ms a 800ms após a

apresentação do estímulo. Foram selecionados eletrodos frontais divididos em 3 sub-áreas:

a) eletrodos centro-parietal a esquerda: 53 e 54;

b) eletrodo central na linha média: 55 (CPz);

c) eletrodos centro-parietal a direita: 79, 86;

133

A Figura 15 apresenta o mapa da rede de eletrodos e os eletrodos selecionados para a

análise do componente LPC.

Realizou-se uma ANOVA para medidas repetidas para a análise do componente

cognitivo LPC tendo como variável dependente a Amplitude Média do LPC na janela de

tempo de 500 a 800ms e os fatores Justiça (Muito Injusta – soma das propostas

R$10,00/R$90,00 e R$20,00/R$80,00 e Justa – R$50,00/R$50,00), Amizade (Amigo e

Desconhecido), Área dos eletrodos (frontais à esquerda, frontais na linha média ou frontais à

direita), Gênero (Masculino ou Feminino), Nível de Empatia (Alto e Baixo) e respectivas

interações. Segundo a Tabela 24, pode-se verificar que a análise ANOVA para medidas

repetidas encontrou uma diferença significativa nas variáveis Justiça (F[1;46]= 13,22,

Centro Parietal Esquerdo

Centro Parietal Linha Média

Centro-Parietal DireitoCentro

Parietal Esquerdo

Centro Parietal Linha Média

Centro-Parietal Direito

134

p<0,001) e Área (F[1;46]=14,13, p<0,001) e na interação Área*Nível Empatia

(F[1;46]=3,26, p=0,043), Justiça*Amizade*Gênero*Nível Empatia (F[1;46]=74,60,

p=0,038) e Amizade*Área (F[1;46]=6,83, p=0,002). Não foram encontradas diferenças

significativas da amplitude do LPC para os demais fatores e interações.

Tabela 24 – Amplitude Média do LPC – ANOVA medidas repetidas em função da Área, Gênero,

Justiça, Amizade e Nível de Empatia

*Análise considerando como efeito significativo p<0,05

**Análise considerando como efeito significativo p<0,001

Com relação ao efeito significativo encontrado para o fator Justiça realizou-se um

teste post hoc de Fisher LSD e observou-se uma diferença significativa entre as propostas

F p

Justiça 13,22 <0,001**

Justiça * Gênero 0,05 0,813

Justiça * Nível Empatia 0,05 0,814

Justiça * Gênero * Nível Empatia 0,07 0,779

Amizade 0,01 0,919

Amizade * Gênero 0,09 0,766

Amizade * Nível Empatia 0,71 0,403

Amizade * Gênero * Nível Empatia 0,58 0,450

Área 14,13 <0,001**

Área * Gênero 0,42 0,657

Área * Nível Empatia 3,26 0,043*

Área * Gênero * Nível Empatia 0,89 0,412

Justiça * Amizade 0,02 0,875

Justiça * Amizade * Gênero 0,39 0,534

Justiça * Amizade * Nível Empatia 0,03 0,858

Justiça * Amizade * Gênero * Nível Empatia 4,60 0,038*

Justiça * Área 0,70 0,496

Justiça * Área * Gênero 0,23 0,791

Justiça * Área * Nível Empatia 0,53 0,591

Justiça * Área * Gênero * Nível Empatia 1,56 0,216

Amizade * Área 6,83 0,002*

Amizade * Área * Gênero 2,19 0,117

Amizade * Área * Nível Empatia 0,31 0,730

Amizade * Área * Gênero * Nível Empatia 2,39 0,098

Justiça * Amizade * Área 1,34 0,266

Justiça * Amizade * Área * Gênero 0,21 0,809

Justiça * Amizade * Área * Nível Empatia 0,45 0,638

Justiça * Amizade * Área * Gênero * Nível Empatia 0,25 0,773

135

Justas e Muito Injustas (6,077μV±0,3 e 4,925μV ±0,4 respectivamente, p<0,001). O mesmo

teste post hoc foi realizado na interação Gênero, Nível de Empatia, Justiça e Amizade.

Observou-se uma diferença significativa na amplitude do componente LPC entre as Mulheres

com Baixo nível quando receberam propostas Justas e Muito Injustas realizadas pelo Amigo

(6,937μV ±1,0 e 5,122μV ±1,2 respectivamente, p=0,032), entre Mulheres com Alto nível de

Empatia quando receberam propostas Justas e Muito Injustas realizadas por um Desconhecido

(5,611μV ±0,6 e 3,895μV ±0,8 respectivamente, p<0,001) e entre Homens com Alto nível de

Empatia quando receberam propostas Justas e Muito Injustas realizadas por um Desconhecido

(5,725μV ±0,8 e 5,169μV ±1,0 respectivamente, p=0,013). Na Tabela 25 pode-se observar as

médias e erro padrão de cada condição.

Tabela 25 – Amplitude Média do LPC – Média e Erro Padrão em função do Gênero, Justiça, Amizade

e Nível de Empatia

Gênero Nível

Empatia Justiça Amizade Média*

Erro

Padrão

Mulher

Baixo

Muito Injusta Amigo 5,122 ±1,256

Desconhecido 6,428 ±0,985

Justa Amigo 6,937 ±1,031

Desconhecido 6,739 ±0,835

Alto

Muito Injusta Amigo 5,140 ±1,026

Desconhecido 3,895 ±0,804

Justa Amigo 6,210 ±0,842

Desconhecido 5,611 ±0,682

Homem

Baixo

Muito Injusta Amigo 4,834 ±1,102

Desconhecido 4,199 ±0,864

Justa Amigo 5,162 ±0,904

Desconhecido 6,054 ±0,733

Alto

Muito Injusta Amigo 4,609 ±1,324

Desconhecido 5,169 ±1,038

Justa Amigo 6,180 ±1,087

Desconhecido 5,725 ±0,880

*Médias da Amplitude (μV) expresso pela média ±erro padrão

Com relação ao efeito significativo para o fator Área realizou-se um tese post hoc de

Fisher LSD e observou-se uma diferença significativa entre os eletrodos na área Centro-

136

Parietal Esquerda e Centro-Parietal na Linha Média (4,511μV ±0,4 e 5,931μV ±0,4

respectivamente, p<0,001) e entre os eletrodos na área Centro-Parietal Esquerda e Centro-

Parietal Direita (4,511μV ±0,4 e 6,060μV ±0,3 respectivamente, p<0,001). Na interação Área

e Amizade realizou-se o mesmo teste post hoc e observou-se uma diferença significativa

quando os participantes receberam propostas pelo Amigo entre os eletrodos na área Centro-

Parietal Esquerda e Centro-Parietal Direita (4,849μV ±0,5 e 6,056μV ±0,5 respectivamente,

p<0,001) e entre os eletrodos nas área Centro-Parietal Esquerda e Centro-Parietal na Linha

Média (4,849μV ±0,5 e 5,668μV ±0,5 respectivamente, p<0,001). Quando os participantes

receberam propostas realizadas por um Desconhecido observou-se uma diferença significativa

entre as áreas Centro-Parietal Esquerda e Centro-Parietal Direita (4,174μV ±0,4 e 6,063μV

±0,4 respectivamente, p<0,001) e entre as áreas Centro-Parietal Esquerda e Centro-Parietal na

Linha Média (4,174μV ±0,4 e 6,195μV ±0,5 respectivamente, p<0,001). Também observou-

se uma diferença significativa quando os participantes receberam propostas realizadas por um

Desconhecido e pelo Amigo nos eletrodos da área Centro-Parietal Esquerda (4,174μV ±0,4 e

4,849μV ±0,5 respectivamente, p=0,003 ). Na Tabela 26 pode-se observar as médias e erro

padrão de cada condição.

Tabela 26 – Amplitude Média do LPC – Média e Erro Padrão em função da Área e Amizade

Amizade Área Média* Erro

Padrão

Amigo

Centro-Parietal Direita 6,056 ±0,5

Centro-Parietal Linha Média 5,668 ±0,5

Centro-Parietal Esquerda 4,849 ±0,5

Desconhecido

Centro-Parietal Direita 6,063 ±0,4

Centro-Parietal Linha Média 6,195 ±0,5

Centro-Parietal Esquerda 4,174 ±0,4

*Médias da Amplitude (μV) expresso pela média ±erro padrão.

O teste post hoc de Fisher LSD também foi realizado na interação Área e Nível de

Empatia e observou-se uma diferença significativa entre os participantes com Baixo nível de

Empatia nas área Centro-Parietal na Linha Média e na área Centro-Parietal Direita (5,638μV

137

±0,6 e 6,477μV ±0,5 respectivamente, p=0,044) e entre as áreas Centro-Parietal Esquerda e

Centro-Parietal Direita (4,937μV ±0,5 e 6,477μV ±0,5 respectivamente, p<0,001). Já os

participantes com Alto nível de Empatia verificou-se uma diferença significativa entre as área

Centro-Parietal Esquerda e Centro-Parietal Direita (4,085μV ±0,5 e 5,642μV ±0,5

respectivamente, p<0,001) e entre as áreas Centro-Parietal Esquerda e Centro-Parietal na

Linha Média (4,085μV ±0,5 e 6,225μV ±0,6, p<0,001). Na Tabela 27 pode-se observar a

média e erro padrão de todas as condições.

Tabela 27 – Amplitude Média do LPC – Média e Erro Padrão em função da Área e Nível de Empatia

Nível Empatia Área Média* Erro

padrão

Baixo

Centro-Parietal Direita 6,477 ±0,5

Centro-Parietal Linha Média 5,638 ±0,6

Centro-Parietal Esquerda 4,937 ±0,5

Alto

Centro-Parietal Direita 5,642 ±0,5

Centro-Parietal Linha Média 6,225 ±0,6

Centro-Parietal Esquerda 4,085 ±0,5

*Médias da Amplitude (μV) expresso pela média ±erro padrão.

8.1.4 – Discussão do Experimento 1

Como forma de organização da discussão destes dados, este tópico foi dividido com

relação aos resultados da tarefa comportamental (Ultimatum Game) e aos componentes

analisados (MFN, P300 e LPC).

8.1.4.1 – Ultimatum Game

Com relação aos dados comportamentais da tarefa UG, os resultados estão alinhados

com estudos prévios (CAMPANHÃ et al, 2011). Observou-se uma diferença significativa

entre os tipos de propostas na taxa de rejeite (Justiça), entre tipo de propositor (Amizade) e a

interação entre propositor e proposta. Além disso, o Gênero e o Nível de empatia trouxeram

138

novas informações a respeito da tomada de decisão entre uma pessoa de confiança e uma

desconhecida.

Alinhado com estudos prévios, os participantes rejeitaram na maioria das vezes as

propostas Muito Injustas do que as propostas Justas reforçando a teoria da aversão a

inequidade (FEHR e SCHIMIDT, 1999). Ou seja, as pessoas têm aversão por grandes

diferenças e punem aqueles que violam a norma social de equidade (FEHR e CAMERER,

2007; HANDGRAAF, VAN DIJK e DE CREMER, 2003)

Seguindo os resultados encontrados no estudo anterior (CAMPANHÃ et al, 2011) os

participantes rejeitaram mais propostas realizadas por um Desconhecido, mas a porcentagem

de rejeição entre as propostas Muito Injustas foi maior quando estas foram realizadas por um

Desconhecido do que pelo Amigo, corroborando com os achados do estudo anterior de que a

confiança leva a maior aceitação de situações desvantajosas. Os resultados em relação a

interação do Nível de Empatia e Amizade corroboram com a hipótese de que os participantes

com Alto nível de Empatia seriam mais sensíveis a inequidade e a Amizade teria maior

impacto na percepção de justiça: os participantes com Alto nível de Empatia rejeitaram maior

porcentagem de propostas realizadas por um Desconhecido do que pelo Amigo.

Um estudo recente aponta que pessoas com baixo nível de Empatia apresentam

respostas mais utilitárias do que pessoas com Alto nível de Empatia (GLEICHGERRCHT e

YOUNG, 2013). Nesse sentido, os resultados sugerem que as pessoas com Alto Nível de

empatia seriam mais sensíveis as normas sociais e, por isso, rejeitariam mais propostas do que

os participantes com Baixo nível de Empatia. Contudo, outro aspecto importante a ser

considerado é a interação com o fator Amizade com o nível de Empatia

Pesquisas têm apontado para o papel da cognição social na tomada de decisão e a sua

importância na percepção de intencionalidade do outro como um fator importante na aversão

à injustiça (FALK e FISCHBACHER, 2006). Bem como propostas realizadas por um ser

139

humano injustas são percebidas mais negativamente do que as propostas realizadas por um

computador (VAN WOU`T et al, 2006), o que sugere que a intencionalidade e a expectativa

com relação ao outro também tem um papel importante nos processos decisórios e, por isso, a

Amizade modularia os processos decisórios na medida que não se espera um comportamento

injusto por parte de uma pessoa que se confia. Nesse sentido, a Amizade por si só seria um

fator importante na percepção de injustiça levando a um maior engajamento atencional para

as propostas realizadas por um Desconhecido uma vez que não se sabe qual será o

comportamento deste.

O Gênero também foi outra variável importante na aversão a inequidade: os Homens

rejeitaram mais propostas realizadas por um Desconhecido do que pelo Amigo. Já para as

Mulheres, não observou-se diferença significativa na porcentagem de rejeite entre o Amigo e

o Desconhecido. Tais resultados vão de encontro com estudo prévio de Fischer-Shofty,

Levkovitz e Shamay-Tsoory (2013) que observaram a diferença de gênero ao inalarem

oxitocina antes de assistirem a vídeo-clipes com situações de relações familiares, intimidade

ou competitividade. Os autores observaram maior acurácia na percepção da interação em

geral, mas as Mulheres apresentaram maior reconhecimento das interações familiares ao

passo que os Homens apresentaram maior reconhecimento de interações de competitividade,

apontando para a tendência das Mulheres para o comportamento comunitário e familiar

enquanto que os Homens teriam maior tendência para os comportamentos competitivos nas

relações sociais. Esta tendência mais apaziguadora entre as Mulheres pode ter levado a não

diferença entre a rejeição de propostas realizadas pelo Amigo e por um Desconhecido, mas ter

aparecido para os Homens que são mais competitivos. Corroborando com a literatura de que

as Mulheres seriam mais preocupadas com as relações sociais (BARON-COHEN, 2004;

VIGIL 2007). Estudos sobre tomada de decisão e gênero mostram que as Mulheres são mais

sensíveis ao contexto envolvendo relacionamentos e aceitam menos em negociações

140

(ECKEL, OLIVEIRA e GROSSMAN, 2008). Em jogos como o UG, tanto homens quanto

mulheres oferecem menos para as mulheres por esperarem que estas se sintam satisfeitas com

menos. Conseqüentemente, mulheres acumulam menos dinheiro do que os homens

(SOLNICK, 2001). Tais estudos em conjunto, apontam para uma tendência das Mulheres

serem mais apaziguadoras e menos competitivas do que os Homens.

Interessante observar que não houve interação entre os fatores Amizade, Gênero e

Nível de Empatia na porcentagem de rejeite das propostas, o que sugere que a confiança por

si só modula o comportamento na tomada de decisão social. Contudo, Gênero e Nivel de

Empatia também são fatores que modulam o comportamento na tomada de decisão social na

confiança. Mas tanto os Homens quanto as Mulheres com Alto nível de Empatia foram

sensíveis a violação da norma social por um Desconhecido mantendo a confiança no Amigo,

corroborando com estudo prévio (CAMPANHÃ et al, 2011).

Em relação às propostas Pouco Justas, além da percepção de justiça ser semelhante

com as propostas Muito Injustas comparadas com as propostas Justas, observou-se uma

diferença significativa na porcentagem de rejeite das propostas Pouco Justas realizadas pelo

Amigo, mas ainda assim as propostas Pouco Justas foram rejeitadas em maior porcentagem

quando estas foram realizadas por um Desconhecido do que por um Amigo. Ou seja, mesmo

havendo a percepção destas como uma violação da norma social de equidade, a confiança

também levou a maior aceitação destas pelo Amigo do que por um Desconhecido. Resultados

que corroboram com a hipótese de que a confiança modula o comportamento na tomada de

decisão social devido a expectativa, a importância afetiva e o histórico recompensador com

esta pessoa (STALLEN, SMIDTS e SANFEY, 2013; FARERI, CHANG e DELGADO, 2012;

DELGADO, FRANK e PHELPS, 2005; FOURAGNAN et al, 2013).

Interessante observar que para a rejeição de propostas Pouco Justas houve uma

interação entre os fatores Justiça, Empatia e Gênero: tanto as Mulheres com Alto e Baixo

141

nível de Empatia rejeitaram mais propostas Pouco Justas do que Justas e o mesmo foi

observado para os Homens com Alto e Baixo nível de Empatia. Apesar de não ter sido

estatisticamente significativo, as Mulheres com Alto nível de Empatia rejeitaram uma

porcentagem maior de propostas Pouco Justas do que as Mulheres com Baixo nível de

Empatia. Estudos têm apontado para as propostas Pouco Justas como propostas de maior

dificuldade em inferir a intencionalidade e a estratégia do outro (POLEZZI et al, 2008).

Porém no presente estudo foram percebidas como injustas, mas com uma menor porcentagem

de rejeite do que as propostas Muito Injustas. Interessante observar que para os dois níveis de

empatia, tanto para Homens quanto para as Mulheres este tipo de proposta foi rejeitado com

maior porcentagem, resultados que sugerem que a aversão a inequidade para este tipo de

proposta ainda é forte e não teve interação com o fator Amizade. Por ser um tipo de proposta

com menor diferença entre o propositor e o participante, a intencionalidade deste fica mais

difícil de inferir e, provavelmente, tenha levado a comportamento de rejeição semelhante

entre Homens e Mulheres com Alto e Baixo nível de Empatia.

Em relação ao Tempo de Reação, os participantes apresentaram maior tempo de

reação para as propostas Muito Injustas quando estas foram realizadas por um Desconhecido

e menor tempo de reação quando realizadas pelo Amigo, resultados que vão de encontro com

achados anteriores de que o comportamento de rejeitar propostas seja parte de um processo

controlado (SANFEY te al, 2003), de uma avaliação da situação e, por isso, levaria mais

tempo para a rejeição destas propostas. Rejeitar propostas injustas de Desconhecidos seria

uma punição por haver um custo para os participantes ao fazer com que não recebam nada e,

dessa forma, permitira ensinar para este propositor que este tipo de comportamento é uma

violação da norma social (FEHR e CAMERER, 2007; STROBEL et al, 2011; FEHR e

GÄCHTER, 2002; FEHR e FISCHBACHER, 2004). Apesar de poucas propostas Muito

Injustas terem sido rejeitadas quando realizadas pelo Amigo, quando foram rejeitadas pelos

142

participantes tiveram menor tempo de reação, resultados que sugerem que a quando houve a

percepção de injustiça desse rapidamente foi punida, provavelmente, pela percepção de que

este comportamento possa ter sido uma exceção e que não seria mal interpretado pelo Amigo.

Já as propostas Pouco Justas os participantes apresentaram maior tempo de reação

quando rejeitaram as propostas Pouco Justas realizadas pelo Amigo do que por um

Desconhecido, resultado que corrobora com a hipótese de que este tipo de proposta

dificultaria a inferência sobre a intencionalidade e estratégia do propositor (POLEZZI et al

2008) e, por isso, levaria mais tempo para rejeitá-las quando realizadas por alguém de

confiança.

Todos os resultados comportamentais em conjunto são corroborados com o

julgamento de Justiça realizado pelo participante após o jogo: os participantes julgaram o

Amigo como mais Justo do que o Desconhecido. Este viés de Julgamento de Justiça não foi

modulado pelo nível de Empatia ou pelo Gênero, o que aponta para o impacto da confiança

como um forte modulador na percepção de justiça independente de outros fatores.

Estudos recentes têm observado que o papel crucial no processamento de violação da

confiança de estruturas como o Núcleo Caudado e áreas do sistema de recompensa e detecção

de erro, conflito. Contudo, a redução da atividade do Núcleo Caudado em comparação com o

Córtex Pré-Frontal Ventro-Lateral quando ocorre um conflito ou uma violação da confiança

por parte de uma pessoa ou por um grupo em que o participante pertence e confie. Tal

redução de atividade correlaciona-se com comportarmentos de maior conformidade com as

expectativas do grupo (FOURAGNAN et al, 2013; STALLEN, SMIDTS e SANFEY, 2013;

MONTAGUE e LOHRENZ, 2007; KLUCHAREV et al, 2009; DELAGDO e PHELPS, 2005)

As propostas Pouco Justas levaram mais tempo para serem aceitas do que as propostas

Justas independentemente do tipo de propositor, resultado que vai de encontro com estudos

prévios corroborando com a hipótese de que as propostas Pouco Justas leva a uma maior

143

preocupação a cerca do seu significado em relação a intencionalidade por não ser clara qual a

estratégia do outro (POLEZZI et al, 2008). O tempo de reação para a aceitação das propostas

Pouco Justas pelos Homens e pelas Mulheres foi semelhante ao observado pelas propostas

Muito Injustas em relação ao tipo de propositor, o que corrobora com a hipótese da diferença

de gênero na percepção de justiça e no impacto da confiança na tomada de decisão social.

Estudos prévios têm apontado que Mulheres apresentam maior preocupação com os

ganhos e perdas de um outro que seja o seu Amigo do que um Desconhecido ao passo que os

Homens parecem se preocupar mais com os ganhos próprios (FUKUSHIMA e HIRAKI,

2006).

8.1.4.2 Potenciais Relacionados a Eventos

8.1.4.2.1 Medial Frontal Negativity

O primeiro efeito encontrado foi com relação aos fatores Amizade e Nível de Empatia,

contudo, o teste post hoc verificou apenas uma tendência para uma diferença mais

significativa entre os participantes com Alto nível de Empatia para o Amigo e o

Desconhecido na amplitude média da diferença do MFN. O que sugere uma tendência para o

efeito principal no fator Amizade, como foi observado no estudo anterior (CAMPANHÃ et al,

2011). Possivelmente, tais resultados estejam relacionados a diferença no nível de Empatia e

Gênero como fatores que mascararam o efeito principal.

Apesar de ter encontrado apenas uma tendência, é interessante observar que houve

novamente uma inversão da polaridade do MFN em relação na interação entre os fatores

Amizade e Nível de Empatia: os participantes com Alto nível de Empatia apresentaram

amplitude do MFN mais negativa quando as propostas foram realizadas por um Desconhecido

e mais positiva quando foram realizadas por um Amigo, resultados que vão de encontro com

estudo prévio (CAMPANHÃ et al, 2011). Tais resultados corroboram com os dados

144

comportamentais de que as propostas realizadas por um Desconhecido foram percebidas

como mais injustas do que as propostas realizadas pelo Amigo que, ao contrário, foram

percebidas como recompensadoras (se considerarmos o julgamento como mais justos para os

Amigo e as porcentagens de rejeite menores para o Amigo) com a amplitude do MFN mais

positiva.

Estudos têm mostrado que a expectativa é um fator importante e quando esta é violada

a amplitude do MFN seria mais negativa ao passo que quando superada ou de acordo com a

expectativa a polaridade seria positiva devido a uma redução da atividade do sistema

dopaminérgico, na violação, e um aumento desta atividade, na superação ou de acordo com a

expectativa positiva (HOLRODOYD, KRIGOLSON e LEE, 2011; POTTS et al, 2006;

HOLROYD et al, 2008; PFABIGAN et al, 2001; HOLROYD e COLES, 2002).

Além disso, pessoas com Alto nível de Empatia apresentam maior facilidade em

antecipar as intenções do outro, ou seja, na habilidade de se empatizar com o outro visto que

pacientes com prejuízos nesta habilidade apresentam grande dificuldade de dividir emoções,

pensamentos e entender intenções do outro (BARON-COHEN, 2004; LAWSON, BARON-

COHEN e WHEELWRIGH, 2004; GLEICHGERRCHT e YOUNG, 2013; SHAMAY-

TSOORY, TOMER, BERGER e AHARON-PERETZ, 2003; SHAMAY-TSOORY et al,

2005; BARON-COHEN, 2009), por isso não perceberiam a injustiça cometida pelo Amigo

uma vez que não imaginam que este possa vir a violar a confiança.

Outro estudo mostrou ainda que há ativação do Sulco Temporal Superior Posterior

quando os participantes entram em maior conformidade com o grupo e sugerem que estes

estariam mais alinhados com o que o grupo pensa prevendo com maior facilidade suas

expectativas e crenças (STALLEN, SMIDTS e SANFEY, 2013). Pesquisas também tem

encontrado um mecanismo de redução da atividade de estruturas que detectam a violação da

confiança e, por conseguinte, a não percepção da violação da confiança (FOURAGNAN et al,

145

2013; STALLEN, SMIDTS e SANFEY, 2013; KLUCHAREV et al, 2009). Corroborando

com a teoria de que as pessoas com Alto nível de Empatia são mais empáticas, pode-se inferir

que também haveria uma aumento de oxitocina na relação de confiança, hormônio que

também leva a uma redução na acurácia da percepção da violação da confiança e quando há

um aumento de oxitocina aumenta a dificuldade na percepção de terceiras intenções quando

se confia (ISRAEL, HART e WINTER, 2014) e na maior conformidade com o grupo, ou seja,

mudando sua opinião de acordo com o grupo que pertence (FOURAGNAM et al, 2013;

DELGADO, FRANK e PHELPS, 2005; KLUCHAREV et al, 2009).

Os resultados dos estudos em conjunto, corroboram com os presentes achados de que

o alto nível de confiança e empatia levariam a não percepção da violação da confiança e, por

isso, os Amigos são percebidos como mais justos do que os Desconhecidos com uma

amplitude positiva do MFN.

Em relação ao Gênero, Nível de Empatia e Amizade, foi observado uma diferença

significativa entre os participantes Homens com Alto nível de Empatia e os homens com

baixo nível de Empatia quando as propostas foram realizadas pelo Amigo sendo a diferença

da amplitude média do MFN mais negativa para os Homens com Baixo nível de Empatia e

mais positiva para os Homens com Alto nível de Empatia. Os Homens com Alto nível de

Empatia também apresentaram diferença significativa na amplitude do MFN quando

receberam propostas pelo Amigo e por um Desconhecido sendo a amplitude do MFN

negativa quando as propostas foram realizadas por um Desconhecido e positiva quando

realizada pelo Amigo. Resultados que vão de encontro com a teoria de que pessoas com Alto

nível de Empatia apresentam maiores habilidades de antecipação da intenção, crenças e ações

do outro levando a não percepção da violação da confiança (STALLEN, SMIDTS e

SANFEY, 2013). O que corrobora com os presentes resultados uma vez que Homens com

Baixo nível de Empatia apresentaram amplitude mais negativa quando receberam propostas

146

realizadas pelo Amigo. Resultados que vão de encontro não somente com os achados de

estudos prévios a respeito da detecção da violação da confiança e da expectativa social

(CHEN et al, 2012; STALLEN, SMIDTS e SANFEY, 2013; DELGADO e PHELPS, 2005;

KLUCHAREV et al, 2009; FOURAGNAM et al, 2013), mas também em relação aos estudos

com o hormônio masculino, a testosterona, que aumenta o comportamento competitivo e

vigilante (BOS et al, 2012), a teoria de que o cérebro masculino é mais sistematizador

(BARON-COHEN, 2004; LAWSON, BARON-COHEN e WHEELWRIGH, 2004) e de que

pessoas com Baixo nível de Empatia são mais utilitárias (GLEICHGERRCHT e YOUNG,

2013). Tais estudos considerados em conjunto, apontam para uma maior facilidade na

detecção da violação da confiança e uma preocupação maior com os próprios ganhos nos

participantes com Baixo Nível de Empatia.

Interessante observar que foi apenas os Homens que apresentaram diferença

significativa, mas não as Mulheres. Fisher-Shofty, Levkotz e Shamay-Tsoory (2013)

observaram que Homens ao inalarem oxitocina apresentavam maior acurácia no

reconhecimento de interações competitivas e Mulheres em interações familiares. Além disso,

a relação de amizade para os Homens e para as Mulheres é diferente: Homens contam mais

com os amigos nas ações em grupos, ou seja, um grande amigo para os Homens é aquele que

faz coisas juntos com ele, como atividades físicas, e para as Mulheres, que são mais afetivas,

se ajudam mais umas as outras afetivamente e discutem relações (VIGIL, 2007). Talvez esta

diferença na forma como Homens e Mulheres se relacionam com seus amigos, a tendência

dos Homens se preocuparem mais com a competitividade entre os grupos (o que pertence, in-

group, e o outro grupo, out-group) e a tendência das Mulheres serem mais apaziguadoras, se

preocuparem com a comunidade e com o outro (FISCHER-SHOFTY, LEVKOVITZ e

SHAMAY-TSOORY, 2013; MESTRE et al, 2009) levaria a maior diferença da amplitude do

MFN entre os Homens do que entre as Mulheres.

147

Chen et al (2012) encontrou amplitude mais negativa do MFN quando os participantes

mudaram de opinião de acordo com a opinião do grupo que pertenciam e foi mais forte para

pessoas que eram mais susceptíveis de se conformar com outro (STALLEN, SMIDTS e

SANFEY, 2013; KLUCHAREV et al, 2009). Nesta mesma linha, Long, Jiang e Zhou (2012)

apontam para a diferença da atividade do FRN no ganho e não-ganho após uma escolha de

confiança que, provavelmente, reflita a detecção da violação da expectativa social.

Propostas Pouco Justas não foi observada diferença significativa em relação a Justiça,

Amizade, Gênero e Nível de Empatia, o que sugere que este tipo de proposta parece não ser

modulada por estas variáveis, provavelmente, por ser mais difícil de inferir intencionalidade

ou estratégia do propositor (POLEZZI et al, 2008). Porém foi encontrada diferença em

relação a área dos eletrodos sendo mais negativo para a área Frontal Esquerda e na Linha

Média e positivo na área Frontal Direita, diferentemente do encontrado no estudo de Boksen e

De Cremer (2010) que foi no observado nos eletrodos Frontais Direito.

8.1.4.2.2 – P300

Conforme descrito na literatura, foi observada maior amplitude do componente P300

quando os participantes receberam propostas do tipo Justas do que Muito Injustas

corroborando com a teoria de que o P300 é sensível a magnitude da proposta (YEUNG e

SANFEY, 2004; YEUNG, HOLROYD e COHEN, 2004; WU e ZHOU, 2009) e com estudos

prévios que mostram maior amplitude do componente P300 para propostas Justas do que

Injustas (HEWIG et al., 2010; WU et al, 2012; WU et al., 2011) e para ganhos do que não-

ganhos (LONG, JIANG e ZOHOU, 2012; LENG e ZHOU, 2010) corroborando também com

os achados anteriores de que o P300 estaria relacionado a maior engajamento motivacional e

atencional para aquilo que é considerado recompensador.

148

Com relação à área, foi observado nos eletrodos da Área Centro-Parietal Direita maior

amplitude do componente P300, o que está de acordo com a literatura que mostra maior

amplitude mais parietal para estímulos alvos (categorização) e sua localização tem sido

relacionado ao engajamento atencional (PLOISCHI, 2007; GRAY et al, 2004). Da mesma

forma as propostas Justas e Muito Injustas eliciaram maior amplitude do componente P300 na

área Centro-Parietal Direita, que vai de encontro com estudos prévios (YEUNG e SANFEY,

2004; YEUNG, HOLROYD e COHEN, 2004) não somente a respeito do engajamento

atencional e motivacional, mas na aversão a inequidade com maior amplitude para as

propostas Justas (WU et al, 2012; WU et al, 2011; HEWIG et al., 2010; BOUDREAU,

MCCUBBINS e COULSON, 2009). O efeito da interação entre o fator Justiça e área

corrobora com os estudos anteriores sobre o engajamento atencional e motivacional para as

propostas Justas nos eletrodos da área Centro-Parietal Direita com maior amplitude para as

propostas Justas nesta área do que as propostas Muito Injustas e menor amplitude na área

Centro-Parietal Esquerda.

Tanto o Amigo quanto o Desconhecido também apresentaram maior amplitude do

componente P300 na área Centro-Parietal Direita, contudo, foi o Desconhecido que eliciou

maior amplitude deste componente. Devido o fato de não saber ao certo sua intenção,

provavelmente os participantes tiveram maior direcionamento de atenção para as propostas

realizadas por este do que pelo Amigo. Apesar de estudos prévios observar diferença do P300

na observação do Amigo do que o Desconhecido jogando (FUKUSHIMA e HIRAKI, 2006;

LENG e ZHOU, 2010; KOSTERMANS e DE CREMER, 2010; MA et al, 2011), no presente

estudo o participante não está apenas observando: ele tem ganhos e perdas na interação. Por

isso, a atenção pode ter sido maior para o Desconhecido em função da preocupação com o

próprio ganho ser maior nesta interação do que com o Amigo, em que o relacionamento e o

fator afetivo teria uma importância maior. Boudreau, McCubbins e Coulson (2009)

149

observaram maior amplitude no P300 nas situações de interesses em comum, o que sugere que o

participante possa ter apresentado maior interesse em ganhos assim como o Desconhecido

também estaria preocupado em ganhar, o que pode ter sido inferido pelo participante uma vez que

estes pontuaram o Desconhecido como mais Injusto, levando ao maior engajamento atencional.

Em relação ao Gênero, nível de Empatia e Amizade, foi observado maior amplitude do

componente P300 tanto por Homens quanto Mulheres com Baixo nível de Empatia quando as

propostas foram realizadas tanto por um Desconhecido quanto pelo Amigo nos eletrodos da

área Centro-Parietal Direita, o que está de acordo com a literatura. Estudos mostram que

pessoas com Baixo nível de Empatia são mais utilitárias (GLEICHGERRCHT e YOUNG,

2013). Além disso, o componente P300 está relacionado a maior engajamento atencional e

motivacional (PLOISCHI, 2007; GRAY et al, 2004) e a ganhos próprios (HEWIG et al.,

2010; WU et al, 2012; WU et al., 2011; LONG, JIANG e ZOHOU, 2012; LENG e ZHOU,

2010; MA et al, 2011). Tais resultados em conjunto apontam para a maior preocupação com o

ganho financeiro (mais utilitários) por parte das pessoas com Baixo nível de Empatia e, por

isso, as propostas realizadas por um Desconhecido e Amigo, mas quando comparados, foi

observado maior amplitude nos eletrodos da área Centro-Parietal Esquerda para o

Desconhecido, o que sugere que, provavelmente, tenham maior preocupação e motivação

para com estes devido a maior preocupação com os ganhos.

Já os Homens e as Mulheres com Alto nível de Empatia apresentaram maior amplitude

do componente P300 nos eletrodos da área Centro-Parietal Direita e na Linha Média para o

Amigo e para o Desconhecido alinhado com estudos anteriores sobre a localização do

componente P300 (YEUNG e SANFEY, 2004; YEUNG, HOLROYD e COHEN, 2004).

Contudo, quando as Mulheres com Alto nível de Empatia receberam propostas realizadas por

um Desconhecido e pelo Amigo a amplitude do P300 nos eletrodos na área Centro-Parietal

Direita para o Amigo do que para o Desconhecido ao passo que os Homens com Alto nível de

150

Empatia apresentaram maior amplitude do P300 nos eletrodos da Linha Média para o

Desconhecido. Tais resultados corroboram com estudos prévios de que os Homens seriam

mais utilitários e preocupados com os ganhos próprios do que as Mulheres (FUKUSHIMA e

HIRAKI, 2006). Mulheres com alto nível de Empatia já perceberiam como mais

recompensadoras as propostas realizadas pelo Amigo por terem maior atenção e engajamento

emocional nestes. Também vai de encontro com estudo prévio que observou maior amplitude

do P300 para condição “ganho” e maior amplitude deste na condição Confiança (LONG,

JIANG e ZHOU, 2012; LENG e ZHOU, 2010).

8.1.4.2.3 Late Positivity Complex

Alinhado com estudos prévios e o mestrado anterior ao presente estudo, o componente

LPC apresentou maior amplitude quando os participantes receberam propostas Justas do que

Muito Injustas, resultado que vai de encontro com estudos prévios que mostram maior

amplitude desde componente para estímulos de grande relevância motivacional (SCHUPP et

al, 2000; WU et al, 2011; WU et al 2012; WEINBERG e HAJCAK, 2011; BOUDREAU,

MCCUBBINS e COULSON, 2009) Além disso, este componente mais tardio vem sendo

apontado como um componente sensível a comparação social apresentando amplitude maior

para propostas com menores diferenças entre o propositor e o participante do que propostas

com maiores desigualdades entre o propositor e o participante (WU et al, 2011; WU et al,

2012; WANG, YANG, JIANG e QIU, 2013). Resultados que apontam para maior relevância

motivacional quando há equidade.

Na mesma direção de estudos prévios, foi observado maior amplitude o componente

LPC na Área Centro-Parietal Direita de acordo com achados anteriores de que o hemisfério

direito está relacionado a categorização, engajamento motivacional e afetivo do estímulo e,

por isso, o componente LPC apresenta maior amplitude nos eletrodos Centro-Parietal Direito

151

nas situações de avaliação de categorização do que não-categorização de atitudes e sua grande

lateralização é atribuída a mudança do significado motivacional (CACIOPPO et al, 1996;

CRITES e CACIOPPO, 1996).

Interessante observar que os participantes apresentaram maior amplitude do

componente LPC quando receberam propostas realizadas por um Desconhecido nos eletrodos

localizados na área Centro-Parietal na Linha Média, seguido pelos eletrodos da mesma área a

Direita quando as propostas foram realizadas pelo Amigo. Resultados que apontam para

maior atenção e para o processo de avaliação de comparação dos valores propostos quando

estes foram realizados por um Desconhecido, corroborando com os achados de estudos

prévios de que este componente está relacionado a um processamento mais tardio da

comparação social (WU et al, 2011; WU et al, 2012; WANG, YANG, JIANG e QIU, 2013).

Além disso, não haveria necessidade de grande preocupação e, por tanto comparação das

propostas, por parte do Amigo uma vez que já não se esperava comportamento injusto por

parte deste.

Os resultados com relação a interação dos fatores Amizade e Área vai de encontro

com achados prévios de que o significado do estímulo, valência positiva e negativa levam ao

maior engajamento afetivo e atencional com maior amplitude do componente LPC no

eletrodos da área Centro Parietal Direita (CACIOPPO et al, 1996; CRITES e CACIOPPO,

1996; HAJCAK, DUNNING e FOTI, 2009; WEINBERG e HAJCAK, 2011). No presente

estudo foi observada maior amplitude nos eletrodos desta área quando as propostas foram

realizadas pelo Amigo. Contudo, a amplitude foi maior quando os participantes receberam

propostas realizadas por um Desconhecido nos eletrodos da área Centro-Parietal da Linha

Média. O fato deste componente estar relacionado ao processamento de categorização de

atitudes e a comparação social (CACIOPPO et al, 1996; CRITES e CACIOPPO, 1996;

HAJCAK, DUNNING e FOTI, 2009; WEINBERG e HAJCAK, 2011) explica o maior

152

engajamento atencional na comparação de propostas realizadas por um Desconhecido, o que

levaria a maior engajamento afetivo e maior arousal (excitação) para a sua

classificação/comparação das propostas do que o Amigo.

Já em relação a interação dos fatores Nível de Empatia e Área, os participantes com

Baixo nível de Empatia apresentaram maior amplitude do componente LPC na área Centro-

Parietal Direita ao passo que os voluntários com Alto nível de Empatia apresentaram maior

amplitude nos eletrodos da área Centro-Parietal na Linha Média e Direita. Estudo recente

mostrou que a mudança na instrução para prestar maior atenção no nível de excitação

(arousal) que as figuras geravam aumentou a amplitude deste componente positivo tardio nos

eletrodos da área Centro-Parietal da Linha Média (HAJCAK, DUNNING e FOTI, 2009),

resultados que sugerem que as pessoas com Alto nível de Empatia podem ter se engajado

afetivamente e atencionalmente de forma mais intensa do que os participantes com Baixo

nível de Empatia, provavelmente por se preocuparem mais com a intenção do outro e o

significado das propostas do que os participantes com Baixo nível de Empatia.

Ainda corroborando com os achados do estudo de Wu est al (2011), o nível de

Empatia e Gênero mostrou maior engajamento motivacional com amplitude maior do

componente LPC para as propostas Justas realizadas pelo Amigo pelas Mulheres com Baixo

nível de Empatia. Resultados que vão de encontro também com os achados de estudos

anteriores sobre o Baixo nível de Empatia estar relacionado a comportamentos mais utilitários

(GLEICHGERRCHT e YOUNG, 2013), ou seja, haveria maior preocupação com os ganhos e

as diferenças entre o propositor e a proposta.

Já as Mulheres com Alto nível de Empatia apresentaram maior amplitude do

componente LPC para as propostas Justas realizadas por um Desconhecido. Wang et al

(2011) observaram maior amplitude do LPC para a leitura de interação de mentes, uma

habilidade mais complexa que seria de mais fácil realização por pessoas com Alto nível de

153

Empatia do que Baixo nível de Empatia, o que sugere que as Mulheres provavelmente

buscaram entender o comportamento e tiveram um esforço maior quando este era um

Desconhecido. Ainda mais por Mulheres que apresentam maior facilidade para a

compreensão da intenção do outro, desejos e sentimento do outro (MESTRE et al, 2009;

BARON-CHOEN, 2004). Considerando estes fatores em conjunto pode-se inferir que houve

maior engajamento atencional e cognitivo quando as propostas foram realizadas por um

Desconhecido pelas Mulheres com Alto nível de Empatia.

Em relação aos Homens, apenas os Homens com Alto nível de Empatia apresentaram

diferença significativa na amplitude do componente LPC. A mesma diferença significativa

observada entre as Mulheres com Alto nível de Empatia foi apresentado pelos Homens: maior

amplitude do LPC para as propostas Justas realizadas por um Desconhecido. O que sugere

que Homens estariam com maior engajamento atencional e motivacional para o Desconhecido

por serem mais preocupados com a recompensa e o ganho próprios por serem mais

competitivos.

8.2 Resultados do Experimento 2

Participaram do estudo 60 voluntários universitários saudáveis, sendo que destes, 46

foram selecionados para amostra com idade média de 18 a 32 anos (25 mulheres com idade

média de 21,20 anos ±3,63 e 21 homens com idade média de 23,19 anos ±3,41). Os

participantes vieram ao laboratório acompanhados de um Amigo de confiança do mesmo

gênero que o voluntário. Dois Desconhecidos (alunos do laboratório do mesmo gênero que

o participante) foram apresentados aos voluntários como participantes do jogo junto com

ele(a). Dos 60 apenas 13 foram excluídos devido aos seguintes fatores: 1) uso de drogas

psicoativas; 2) nível elevado de ansiedade ou depressão; 3)problemas técnicos na coleta de

dados com o software; 4) nível elevado de ruído no traçado eletroencefalográfico ocasionando

154

perda significativamente elevada nos trechos de segmentação (excesso de movimentos

oculares, piscagem, cochilar durante a coleta e ruídos eletromagnéticos externos).

8.2.1 Caracterização da Amostra

Em função de o fator Gênero ser uma variável importante a ser considerada no

presente estudo, foi realizado a análise ANOVA em função do Gênero para idade, escalas e

questionários. Como pode ser observado na Tabela 28, não foram encontrados efeitos

significativos para os questionários e escalas.

Tabela 28 – Caracterização da Amostra - ANOVA em função do Gênero

N Média Desvio

Padrão F p*

Idade

Mulher 25 21,2 ±3,6

3,62 0,064 Homem 21 23,1 ±3,4

Total 46 22,1 ±3,6

QE

Mulher 25 44,8 ±8,6

3,68 0,061 Homem 21 39,8 ±9,0

Total 46 42,5 ±9,1

QVBH Pro-

Self

Mulher 25 4,9 ±0,8

2,05 0,159 Homem 21 5,2 ±0,7

Total 46 5,0 ±0,8

QVBH Pro-

Others

Mulher 25 5,3 ±0,7

3,26 0,078 Homem 21 4,9 ±0,8

Total 46 5,1 ±0,8

QVBH

Materialistas

Mulher 25 5,2 ±0,7

0,95 0,334 Homem 21 5,0 ±0,7

Total 46 5,1 ±0,7

QVBH

Humanitários

Mulher 25 5,4 ±0,6

0,93 0,338 Homem 21 5,6 ±0,7

Total 46 5,5 ±0,6

Confiança

Total

Mulher 25 188,4 ±61,9

0,01 0,900 Homem 21 186,5 ±26

Total 46 187,5 ±48,4

IOS Total

Mulher 25 4,9 ±1,5

3,76 0,059 Homem 21 3,9 ±1,8

Total 46 4,4 ±1,7

ECR-RS Mulher 25 3,9 ±1 1,87 0,178

155

Avoidance

Média Homem 21 3,5 ±0,6

Total 46 3,7 ±0,8

ECR-RS

Ansiedade

Média

Mulher 25 8,2 ±7,5

1,09 0,302 Homem 21 6,5 ±1,2

Total 46 7,4 ±5,6

IM

Simbolização

Mulher 24 15 ±4,4

0,09 0,762 Homem 21 14,5 ±5

Total 45 14,8 ±4,6

IM

Internalização

Mulher 24 21,9 ±3

2,98 0,091 Homem 21 20,1 ±3,8

Total 45 21,1 ±3,5

IM Total

Mulher 24 36,9 ±4,9

2,47 0,123 Homem 21 34,3 ±6,4

Total 45 35,7 ±5,7

Altruísmo

Auto-

Informado

Mulher 25 1,7 ±0,6

0,01 0,912 Homem 21 1,7 ±0,5

Total 46 1,7 ±0,6

Altruísmo

Informado

por Pares

Mulher 25 1,6 ±0,6

0,003 0,957 Homem 20 1,6 ±0,4

Total 45 1,6 ±0,5

Impulsividade

Mulher 25 72,9 ±6,2

0,85 0,360 Homem 21 74,6 ±6,2

Total 46 73,7 ±6,2

BAI

Mulher 25 9,2 ±7,4

0,08 0,776 Homem 21 10 ±9,6

Total 46 9,6 ±8,4

BDI

Mulher 25 7,3 ±5,7

1,48 0,229 Homem 21 9,5 ±6,5

Total 46 8,3 ±6,1

*Análise considerando como efeito significativo p<0,05

Para verificar se havia diferenças entre confiança e proximidade entre as duplas de

Amigo e se estes eram semelhantes entre si em relação a aspectos morais e nível de empatia,

foi realizado ANOVA em função do fator Grupo (Participante e Amigo). Como pode ser

observado na Tabela 29, não foram observadas diferenças significativas entre os grupos, o

que mostra que as duplas de Amigos são muito semelhantes entre si. O Questionário de

Valores Básicos Humanos - versão reduzida não foi sensível em dividir os participantes entre

156

os motivadores Materialistas e Humanistas, assim como nos valores Pro-Self e Pro-Others.

Por esse motivo este questionário não foi incluído nas próximas análises.

Tabela 29 – Caracterização da Amostra - ANOVA em função dos Grupos

Grupos

N Média

Erro

Padrão F p*

QE

Participante 47 42,6 ±9

0,01 0,921 Amigo 46 42,4 ±8,6

Total 93 42,5 ±8,8

QVBH Pro-

Self

Participante 47 4,6 ±0,8

0,43 0,512 Amigo 46 4,7 ±0,6

Total 93 4,6 ±0,7

QVBH Pro-

Others

Participante 47 4,7 ±0,9

0,001 0,979 Amigo 46 4,7 ±0,7

Total 93 4,7 ±0,8

QVBH

Materialistas

Participante 47 4,7 ±0,8

0,01 0,922 Amigo 46 4,7 ±0,6

Total 93 4,7 ±0,7

QVBH

Humanistas

Participante 47 5,1 ±0,8

0,000 0,985 Amigo 46 5,1 ±0,5

Total 93 5,1 ±0,6

Confiança

Participante 47 185,7 ±49,5

0,06 0,805 Amigo 46 187,9 ±32,1

Total 93 186,8 ±41,6

IOS

Participante 47 4,5 ±1,7

0,79 0,375 Amigo 46 4,7 ±1,1

Total 93 4,6 ±1,4

ECR-RS

Avoidance

Participante 47 3,2 ±0,9

2,42 0,123 Amigo 46 3,6 ±1

Total 93 3,4 ±1,03

ECR-RS

Axiety

Participante 47 6,9 ±5,6

0,007 0,935 Amigo 45 6,8 ±1,4

Total 92 6,8 ±4,1

IM

Simbolização

Participante 46 14,7 ±4,6

0,32 0,571 Amigo 44 15,3 ±4,3

Total 90 15 ±4,4

IM

Internalização

Participante 46 21,1 ±3,4

0,79 0,375 Amigo 45 21,8 ±3,2

Total 91 21,4 ±3,3

IM Total

Participante 46 35,7 ±5,7

0,41 0,519 Amigo 44 36,4 ±4,6

Total 90 36 ±5,2

157

Altruismo

Auto-relato

Participante 47 1,2 ±0,74

0,01 0,912 Amigo 46 1,2 ±0,6

Total 93 1,2 ±0,6

Altruismo

Informado

por Pares -

Amigo

Participante 46 1,2 ±0,6

0,22 0,638 Amigo 43 1,3 ±0,6

Total 89 1,3 ±0,6

*Análise considerando como efeito significativo p<0,05

8.2.2- Resultados do Tree-person Ultimatum Game adaptado

8.2.2.1-Taxa de Aceite e Rejeite no Tree-personUltimatum Game adaptado –

Parte 1

Para a análise da Resposta emitida pelo participante, foi considerada a Porcentagem de

Rejeite como variável dependente para os fatores Justiça (Proposta Injustas para ambos -

R$100,00/R$10,00/R$10,00; Injusta para o terceiro – R$ R$70,00 e R$40,00 e R$10,00;

Proposta Injusta para o Participante - R$70,00 e R$10,00 e R$40,00 e Proposta Justa para os

três R$40,00 e R$40,00 e R$40,00), A Dupla (Amigo e Desconhecido), Gênero (Mulher e

Homem) do participante e o Nível de Empatia (Baixo ou Alto) deste. Foi realizada a ANOVA

para medidas repetidas e verificou se, como pode se observar na Tabela 30, um efeito

significativo para o fator Justiça (F[1;46]=56,75, p<0,001) e para a interação dos fatores

Dupla*Justiça (F[1;46]=5,75, p=0,001). Não foram encontradas diferenças significativas para

os fatores e interações analisados.

Tabela 30 – Porcentagem de Rejeite - ANOVA para medidas repetidas em função da Justiça, Dupla,

Gênero e Nível de Empatia

F p

Justiça 54,92 <0,001*

Justiça * Gênero 0,12 0,945

Justiça * Nível Empatia 0,57 0,631

Justiça * Gênero * Nível Empatia 0,39 0,756

Dupla 0,05 0,811

Dupla * Gênero 0,90 0,347

Dupla * Nível Empatia 0,80 0,376

Dupla * Gênero * Nível Empatia 1,19 0,281

Justiça * Dupla 5,80 0,001**

158

**Análise considerando como efeito significativo p<0,001

Em relação ao fator Justiça, realizou-se um teste post hoc de Fisher LSD e observou-se

uma diferença significativa entre a porcentagem de propostas rejeitadas Justas para Ambos e

Injustas para Ambos (3,3% ±0,9 e 64,1% ±5,3 respectivamente, p<0,001), entre as propostas Justas

para Ambos e Injustas para o participante (Self) (3,3% ±0,9 e 65,7% ±4,3 respectivamente, p<0,001) e

entre as propostas Justas para Ambos e Injusta para o Outro (Other) (3,3% ±0,9 e 45,9% ±5,6

respectivamente, p<0,001). Também observou-se uma diferença significativa entre as propostas

Injustas para Other e Injustas para Ambos (45,9% ±5,6 e 64,1% ±5,3 respectivamente, p<0,001) e

entre as propostas Injustas para Other e Injustas para o Self (45,9% ±5,6 e 3,3% ±0,9 respectivamente,

p<0,001). As propostas Justas para Ambos apresentaram menor porcentagem de rejeite. Na Tabela 31,

pode observar as médias e erro padrão para cada condição.

Tabela 31 – Porcentagem de Rejeite – Média e Erro Padrão em função da Justiça

Com relação a interação Justiça e Dupla, realizou-se o teste post hoc de Fisher LSD e

observou se uma diferença significativa na porcentagem de rejeite das propostas entre as propostas

Injustas para o Self quando a Dupla era um Desconhecido e quando era o Amigo (71,5% ±4,8 e 60,%

±5,3 respectivamente, p=0,004), entre as propostas Injustas para Other e Injusta para Ambos quando a

dupla era um Amigo (53,4% ±5,8 e 63,2% ±5,4 respectivamente, p=0,021). Também observou-se

uma diferença significativa na porcentagem de rejeite entre as propostas Injustas para Other e Injustas

para Ambos quando o terceiro era um Desconhecido (39% ±6,5 e 65% e ±6,1 respectivamente,

Justiça * Dupla * Gênero 1,39 0,249

Justiça * Dupla * Nível Empatia 0,38 0,763

Justiça * Dupla * Gênero * Nível Empatia 1,02 0,385

Justiça Média Erro

Padrão

Injusta Ambos 64,1 ±5,3

Injusta Self 65,7 ±4,3

Injusta Other 45,9 ±5,6

Justa 3,3 ±0,9

159

p<0,001), entre as propostas Injustas para o Other e Injustas para o Self quando o terceiro era um

Desconhecido (39% ±6,6 e 71,57% e ±4,8 respectivamente, p<0,001) e as propostas Justas para

Ambos (2,9% ±1,3) quando o terceiro era um Desconhecido observou se uma diferença significativa

na porcentagem de rejeite entre estas propostas e as propostas Injustas para Ambos (65,5% ±6,1,

p<0,001), Injustas para o Self (71,5% ±4,8, p<0,001) e as propostas Injustas para Other (39% ±6,5,

p<0,001). Quando o terceiro era um Amigo, observou-se uma diferença significativa nas porcentagem

de rejeite entre as propostas Justas para Ambos (3,8% ±1) e as propostas Injustas para Ambos (63,2%

±5,4, p<0,001), propostas Injustas para o Self (60% ±5,3, p<0,001) e propostas Injustas para o Other

(53,4% ±5,8, p<0,001).

Tabela 32 – Porcentagem de Rejeite – Média e Erro Padrão em função da Justiça e Dupla

8.2.2.2 Tempo de Reação

Para a análise do Tempo de Reação em que as propostas foram rejeitadas pelo

participante, foi realizada ANOVA para medidas repetidas tendo como variável dependente

as Médias do Tempo de Reação Rejeitar e como fatores Gênero (Homens e Mulheres), Dupla

(Amigo e Desconhecido), Justiça (Proposta Injustas para ambos -

R$100,00/R$10,00/R$10,00; Injusta para o terceiro – R$ R$70,00 e R$40,00 e R$10,00;

Proposta Injusta para o Participante - R$70,00 e R$10,00 e R$40,00. Não foi considerado

para a análise a proposta Justa para os três R$40,00 e R$40,00 e R$40,00 por ter sido quase

que 100% aceita como pode ser observado na análise de porcentagem de aceite) e nível de

Justiça Dupla Média Erro Padrão

Injusta Ambos Amigo 63,2 ±5,4

Desconhecido 65,5 ±6,1

Injusta Self Amigo 60 ±5,3

Desconhecido 71,5 ±4,8

Injusta Other Amigo 53,4 ±5,8

Desconhecido 39 ±6,6

Justa Amigo 3,8 ±1

Desconhecido 2,9 ±1,2

160

Empatia do participante (Baixo e Alto). Na Tabela 33 pode ser observado que houve um

efeito significativo para os fatores Dupla (F[1;46]=44,78, p<0,001) e na interação entre

Dupla*Gênero (F[1;46]=6,70, p=0,017), Dupla*Nível Empatia (F[1;46]=4,60, p=0,043) e

Dupla*Justiça*Gênero*Nível Empatia (F[1;46]=5,50, p=0,007). Não foram observadas

diferença significativa nos demais fatores e interações.

Tabela 33 - Tempo de Reação Rejeitar - ANOVA medida repetidas em função da Justiça, Dupla,

Gênero e Nível de Empatia

*Análise considerando como efeito significativo p<0,05

**Análise considerando como efeito significativo p<0,001

Em relação ao fator Dupla, realizou-se um teste post hoc de Fisher LSD e observou-se

uma diferença significativa entre o tempo de reação para rejeitar as propostas quando a Dupla

era um Desconhecido e quando a dupla era o Amigo (1306ms ±88,9 e 880ms ±53,9, p<0,001)

com maior tempo de reação quando a dupla era o Amigo, como pode ser observado na Figura

16.

F p

Justiça 0,88 0,421

Justiça * Gênero 1,14 0,328

Justiça * Nível Empatia 1,99 0,148

Justiça * Gênero * Nível Empatia 2,41 0,101

Dupla 44,78 <0,001**

Dupla * Gênero 6,70 0,017*

Dupla * Nível Empatia 4,60 0,043*

Dupla * Gênero * Nível Empatia 0,54 0,467

Justiça * Dupla 0,71 0,496

Justiça * Dupla * Gênero 1,63 0,207

Justiça * Dupla * Nível Empatia 0,79 0,457

Justiça * Dupla * Gênero * Nível Empatia 5,50 0,007*

161

Figura 16 – Média Tempo de Reação de Rejeite em função da Dupla; p<0,001

Em relação à interação Dupla e Gênero, realizou-se o teste post hoc de Fisher LSD e

observou-se uma diferença significativa no tempo de reação para rejeitar as propostas Injustas

pelas Mulheres quando o terceiro era um Desconhecido e o Amigo (824ms ±76,7 e 1415ms

±126,4, p<0,001). Também observou-se uma diferença significativa no tempo de reação no

rejeite de propostas Injustas entre os Homens quando a dupla era um Desconhecido e o

Amigo (937ms ±75,9 e 1198ms ±125,1, p=0,004). Na Tabela 34 apresenta-se a média e o erro

padrão de cada condição.

Tabela 34 – Tempo de Reação Rejeitar- Média e Erro Padrão em função da Dupla e Gênero

Gênero Dupla Média* Erro

Padrão

Mulher Amigo 1415 ±126,4

Desconhecido 824 ±76,7

Homem Amigo 1198 ±125,1

Desconhecido 937 ±75,9

*Médias do Tempo de Reação em milissegundos (ms)

p<0,001

162

Na interação entre os fatores Dupla e Nível de Empatia também realizou-se um teste

post-hoc de Fisher LSD e observou-se uma diferença significativa no tempo de reação no

rejeite de propostas Injustas para os participantes com Baixo nível de Empatia entre as duplas

Desconhecido e o Amigo (913ms ±81,3 e 1475ms ±133,9 respectivamente, p<0,001) e para

os participantes com Alto nível de Empatia entre as duplas Desconhecido e o Amigo (848ms

±71 e 1137ms ±117 respectivamente, p<0,001). Na Tabela 35 pode se observar as médias e

erro padrão de cada condição analisada.

Tabela 35 – Tempo de Reação Rejeitar- Média e Erro Padrão em função da Dupla e Nível Empatia

Nível

Empatia Dupla Média*

Erro

Padrão

Baixo Amigo 1475 ±133,9

Desconhecido 913 ±81,3

Alto Amigo 1137 ±117

Desconhecido 848 ±71

*Médias do Tempo de Reação em milissegundos (ms)

Para a interação entre Justiça, Dupla, Gênero e Nível de Empatia, realizou-se uma

análise post hoc com o teste de Fisher LSD e observou-se uma diferença significativa no

tempo de reação para a rejeição de propostas Injustas entre as Mulheres com Baixo nível de

Empatia quando a Dupla era um Desconhecido e quando era um Amigo ao receberem

propostas Injustas para Ambos (847ms ±133,8 e 2009ms ±244,2 respectivamente, p<0,001) e

ao receberem propostas Injustas para o Self (1464ms ±197,9 e 797ms ±133,5

respectivamente, p<0,001). As mesmas apresentaram diferença significativa no tempo de

reação quando a dupla era o Amigo entre as propostas Injustas para o Self e Injustas para

Ambos (797ms ±133,5 e 2009ms ±244,2 respectivamente, p=0,008) e entre Injustas para

Other e Injusta para Ambos (1499ms ±317,1 e 2009ms ±244,2 respectivamente, p=0,004).

Já as Mulheres com Alto nível de Empatia apresentaram diferença significativa

quando um Desconhecido e o Amigo eram o terceiro entre as propostas Injustas para o Self

163

(1277ms ±125,2 e 689ms ±84,4 respectivamente, p<0,001) e Injustas para Other (800ms

±90,8 e 1251ms ±200,5 respectivamente, p<0,001). Quando a dupla era o Amigo observou-

se uma diferença significativa entre as propostas Injustas para o Self e Injustas para Ambos

(689ms ±84,4 e 989ms ±154,4 respectivamente, p=0,028) e entre as propostas Injustas para

Others e Injustas para Ambos (1251ms ±200,5 e 989ms ±154,4 respectivamente, p=0,017).

Em relação as Mulheres com Alto e Baixo nível de Empatia observou-se uma

diferença significativa quando a dupla era um Amigo entre as propostas Injustas para Ambos

(1251ms ±200,5 e 2009ms ±244,2 respectivamente, p=0,001). Com relação aos Homens com

Baixo nível de Empatia observou-se uma diferença significativa quando a dupla era um

Desconhecido e o Amigo entre as propostas Injustas para o Self (1382ms ±149,6 e 938ms

±100,9 respectivamente, p=0,004) e entre as propostas Injustas para Other (925ms ±108,6 e

1385ms ±239,7 respectivamente, p=0,001). Com relação entre os Homens e Mulheres com

Baixo nível de Empatia observou-se uma diferença significativa entre as propostas Injustas

para Ambos quando a dupla era o Amigo (1113ms ±184,6 e 2009ms ±244,2 respectivamente,

p=0,007). Na Tabela 36, encontra-se as médias e o erro padrão para cada condição.

Tabela 36 – Tempo de Reação Rejeitar- Média e Erro Padrão em função da Dupla, Nível Empatia,

Gênero e Justiça

Gênero Nível

Empatia Dupla Justiça Média*

Erro

Padrão

Mulher

Baixo

Amigo

Injusto Ambos 2009 ±244,2

Injusto Self 797 ±133,5

Injusto Other 1499 ±317,1

Desconhecido

Injusto Ambos 847 ±133,8

Injusto Self 1464 ±197,8

Injusto Other 1003 ±143,6

Alto

Amigo

Injusto Ambos 989 ±154,4

Injusto Self 689 ±84,4

Injusto Other 1251 ±200,6

Desconhecido Injusto Ambos 806 ±84,7

Injusto Self 1277 ±125,2

164

*Médias do Tempo de Reação em milissegundos (ms)

Para a análise do Tempo de Reação em que as propostas foram aceitas pelo

participante, foi realizada ANOVA para medidas repetidas tendo como variável dependente

as Médias do Tempo de Reação Aceitar das propostas Justas e como fatores Gênero (Homens

e Mulheres), Dupla (Amigo e Desconhecido), e nível de Empatia do participante (Baixo e

Alto). Na Tabela 37 pode ser observado que houve um efeito significativo para os fatores

Dupla (F[1;46]= 17,557, p<0,001). Não foram observadas diferença significativa nos demais

fatores e interações.

Tabela 37 - Tempo de Reação Aceitar - ANOVA medida repetidas em função da Justiça, Dupla,

Gênero e Nível de Empatia

F p

Dupla 20,56 <0,001**

Dupla * Gênero 1,81 0,185

Dupla * Nível Empatia 0,66 0,419

Dupla * Gênero * Nível Empatia 0,79 0,378

*Análise considerando como efeito significativo p<0,05

**Análise considerando como efeito significativo p<0,001

Injusto Other 800 ±90,9

Homem

Baixo

Amigo

Injusto Ambos 1113 ±184,6

Injusto Self 938 ±100,9

Injusto Other 1385 ±239,7

Desconhecido

Injusto Ambos 965 ±101,2

Injusto Self 1382 ±148,7

Injusto Other 925 ±108,6

Alto

Amigo

Injusto Ambos 1051 ±218,5

Injusto Self 824 ±119,4

Injusto Other 1212 ±283,7

Desconhecido

Injusto Ambos 942 ±119,7

Injusto Self 1043 ±177,1

Injusto Other 1024 ±128,5

165

Em relação ao fator Dupla, realizou-se um teste post hoc de Fisher LSD e observou-se

uma diferença significativa para o tempo de reação aceitar para as propostas Justas entre o

Desconhecido e o Amigo (740ms ±31,4 e 880ms ±39,2 respectivamente, p<0,001).

Tabela 38 – Tempo de Reação Rejeitar- Média e Erro Padrão em função da Dupla

Dupla Média* Erro

Padrão

Amigo 880 ±39,2

Desconhecido 740 ±31,4

*Médias do Tempo de Reação em milissegundos (ms)

8.2.2.3 Análise dos Potenciais Relacionados a Eventos

8.2.2.3.1 Potencial Medial Frontal Negativity

Para a análise do componente MFN, os eletrodos e a janela de tempo foram

selecionados de acordo com a literatura e com o observado na grande média deste estudo. A

janela de tempo definida foi entre 220ms à 400ms. O componente MFN foi analisado pela

diferença entre os potenciais observados nesta janela de tempo da condição Self (Injusto para

o Participante menos Justo para os três -R$70,00 e R$10,00 e R$40,00 menos R$40,00 e

R$40,00 e R$40,00 - quando a dupla era o Amigo e o Desconhecido), Injusto para Ambos

(Injusto para a Dupla menos Justo para os três - R$70,00 e R$10,00 e R$10,00 menos

R$40,00 e R$40,00 e R$40,00 quando o outro era o Amigo e o Desconhecido) e Others

(Justto para o participante e Injusto para a Dupla menos Justo para os três - R$70,00 e

R$40,00 e R$10,00 menos R$40,00 e R$40,00 e R$40,00 quando o outro era o Amigo e o

Desconhecido). Os eletrodos selecionados foram agrupados em 2 sub-áreas:

a) eletrodos frontais à esquerda: 36, 29, 30, 20, 13, 7, 31;

b) eletrodos frontais à direita: 118, 112, 111, 106, 105, 104, 80;

166

Realizou-se uma ANOVA para medidas repetidas para a análise do componente

cognitivo MFN tendo como variável dependente a Diferença da Amplitude Média do MFN na

janela de tempo de 220 a 400ms e os fatores Justiça (Self- Injusto para o Participante menos

Justo para os três -R$70,00 e R$10,00 e R$40,00 menos R$40,00 e R$40,00 e R$40,00 -

quando a dupla era o Amigo e quando a dupla era o Desconhecido e Injusto para Ambos -

Injusto para o participante e o para terceiro menos Justo para os três - R$70,00 e R$40,00,

Other- Justo para o Participante e Injusto para o terceiro menos Justo para os três -R$70,00 e

R$40,00 e R$10,00 menos R$40,00 e R$40,00 e R$40,00 - quando a dupla era o Amigo e o

Desconhecido e Injusto para Ambos- e R$10,00 menos R$40,00 e R$40,00 e R$40,00) e Área

dos eletrodos (frontais à esquerda ou frontais à direita). Devido ao grande número de fatores a

análise foi dividia pelos fatores Gênero (Masculino ou Feminino)e Nível de Empatia (Alto e

Baixo) e a Dupla (Amigo e Desconhecido) foi analisada separadamente também. Segundo a

Tabela 39, pode-se verificar que a análise ANOVA para medidas repetidas encontrou uma

diferença significativa para o fator Justiça (F[1;45]= 9,51, p<0,001) e na interação

Justiça*Área (F[1;45]= 4,95, p=0,009). Não foram encontradas diferenças significativas da

amplitude do MFN para os demais fatores e interações. Não foram encontradas diferenças

significativas para a análise com o fator Nível de Empatia.

Tabela 39 – Amplitude Média da Diferença do MFN para Amigo– ANOVA medidas repetidas em

função da Área, Gênero e Justiça

F p

Justiça 9,51 <0,001*

Justiça * Gênero 2,25 0,111

Área 1,90 0,174

Área * Gênero 2,78 0,103

Justiça * Área 4,95 0,009*

Justiça * Área * Gênero 0,26 0,768

*Análise considerando como efeito significativo p<0,05

167

Em relação a interação Justiça, realizou-se um teste post-hoc de Fisher LSD e

observou-se uma diferença significativa na amplitude média da diferença do MFN entre as

propostas Injustas para Ambos e Injustas para Other (-0,406μV ±0,1 e 0,235μV ±0,1, p<0,001)

e entre as propostas Injustas para Ambos e Injustas para o Self (-0,406μV ±0,1 e 0,123μV ±0,1,

p<0,011).

Tabela 40 – Amplitude Média da Diferença do MFN para Amigo – Média e Erro Padrão em função da

Justiça

*Médias da Amplitude (μV) expresso pela média ±erro padrão.

Na interação Justiça e Área o teste post hoc de Fisher LSD encontrou uma diferença

significativa para as propostas Injustas para Other entre as áreas Frontal Direita e Frontal

Esquerda (0,404μV ±0,1 e 0,067μV ±0,1 respectivamente, p<0,001) e para as propostas Injustas

para o Self entre as áreas Frontal Esquerda e Frontal Direita (0,007μV ±0,1 e 0,240μV ±0,1

respectivamente, p=0,011). Também observou-se uma diferença significativa entre as

propostas Injustas para Other e Injustas para Ambos (0,404μV ±0,1 e -0,446μV ±0,1

respectivamente, p<0,011) e entre as propostas Injustas para o Self e Injustas para Ambos

(0,240μV ±0,1 e -0,446μV ±0,1 respectivamente, p<0,001) nos eletrodos da área Frontal Direita.

Nos eletrodos Frontais Esquerda observou-se uma diferença significativa entre as propostas

Injustas para Other e Injustas para Ambos (0,067μV ±0,1 e -0,367μV ±0,1 respectivamente,

p<0,001).

Justiça Média* Erro

Padrão

Injusta Ambos -0,406 ±0,1

Injusta Other 0,235 ±0,1

Injusta Self 0,123 ±0,1

168

Tabela 41 – Amplitude Média da Diferença do MFN para Amigo – Média e Erro Padrão em função da

Justiça e Área

Justiça Área Média* Erro

Padrão

Injusta Ambos Frontal Direita -0,446 ±0,1

Frontal Esquerda -0,367 ±0,1

Injusta Other Frontal Direita 0,404 ±0,1

Frontal Esquerda 0,067 ±0,1

Injusta Self Frontal Direita 0,240 ±0,1

Frontal Esquerda 0,007 ±0,1

*Médias da Amplitude (μV) expresso pela média ±erro padrão.

Na análise de medidas repetidas para o Amigo considerando o fator Nível de Empatia

não encontrou-se nenhum outro efeito significativo. Em relação a análise between group

observou-se um efeito significativo para os fatores Gênero (p=0,011) e Nível de Empatia

(p=0,002) para o Amigo. Para o fator Gênero observou-se uma média da amplitude da

diferença do MFN mais negativa para as Mulheres (-0,343μV ±0,1) e positiva para os

Homens (0,311μV ±0,1). Em relação ao fator Nível de Empatia observou-se uma média da

amplitude da diferença do MFN mais negativa para os participantes com Alto nível de

Empatia (-0,369μV ±0,1) e positivo para as pessoas com Baixo nível de Empatia (0,418μV

±0,1).

Para a análise do componente MFN quando a Dupla era um Desconhecido, realizou-se

a mesma análise para o Amigo com uma ANOVA para medidas repetidas para a análise do

componente cognitivo MFN tendo como variável dependente a Diferença da Amplitude

Média do MFN na janela de tempo de 220 a 400ms e os fatores Justiça (Self- Injusto para o

Participante menos Justo para os três -R$70,00 e R$10,00 e R$40,00 menos R$40,00 e

R$40,00 e R$40,00 - quando a dupla era o Amigo e quando a dupla era o Desconhecido e

Injusto para Ambos - Injusto para o participante e o para terceiro menos Justo para os três -

R$70,00 e R$40,00, Other- Justo para o Participante e Injusto para o terceiro menos Justo

para os três -R$70,00 e R$40,00 e R$10,00 menos R$40,00 e R$40,00 e R$40,00 - quando a

169

dupla era o Amigo e o Desconhecido e Injusto para Ambos- e R$10,00 menos R$40,00 e

R$40,00 e R$40,00) e Área dos eletrodos (frontais à esquerda ou frontais à direita). Devido ao

grande número de fatores a análise foi dividia pelos fatores Gênero (Masculino ou Feminino)e

Nível de Empatia (Alto e Baixo) e a Dupla (Amigo e Desconhecido) foi analisada

separadamente também. Segundo a Tabela 42, pode-se verificar que a análise ANOVA para

medidas repetidas em relação ao Nível de Empatia encontrou uma diferença significativa para

a interação Área*Nível Empatia (F[1;45]= 6,71, p=0,013). Não foram encontradas diferenças

significativas da amplitude do MFN para os demais fatores e interações. Não foram

observadas diferenças significativas na análise em função do Gênero.

Tabela 42 – Amplitude Média da Diferença do MFN para Desconhecido – ANOVA medidas repetidas

em função da Área, Justiça e Nível de Empatia

F p

Justiça 0,17 0,843

Justiça * Nível Empatia 1,14 0,324

Área 0,31 0,577

Área * Nível Empatia 6,71 0,013*

Justiça * Área 0,65 0,520

Justiça * Área * Nível Empatia 0,30 0,740

*Análise considerando como efeito significativo p<0,05

**Análise considerando como efeito significativo p<0,001

Para a interação dos fatores Nível de Empatia e Área, realizou-se uma análise post hoc

com o teste de Fisher LSD e observou-se uma diferença significativa na amplitude média da

diferença do componente MFN para os participantes com Baixo nível de Empatia entre as

áreas Frontal Esquerda e Frontal Direita (0,115μV ±0,2 e -0,268μV ±0,2 respectivamente,

p=0,045).

170

Tabela 43 – Amplitude Média da Diferença do MFN para Desconhecido – Média e Erro Padrão em

função do Nível Empatia e Área

*Médias da Amplitude (μV) expresso pela média ±erro padrão.

8.2.2.3.2 Componente P300

Como foi observado na literatura, o componente P300 é tipicamente observado em

uma janela de tempo ao redor dos 300ms e em eletrodos centro-parietais. No presente estudo

foi definida uma janela de tempo entre 350ms a 490ms após a apresentação do estímulo. Os

eletrodos centro-parietais forma divididos em 2 sub-áreas:

a) eletrodos centro-parietais a esquerda: 53 e 54;

b) eletrodos centro-parietal direita: 79 e 86;

Realizou-se uma ANOVA para medidas repetidas para a análise do componente

cognitivo P300 tendo como variável dependente a Amplitude Média do P300 na janela de

tempo de 350 a 490ms e os fatores Justiça (Justo para os três - R$40,00 e R$40,00 e R$40,00,

Injusto Self - R$70,00 e R$10,00 e R$40,00, Injusto Other - R$70,00 e R$40,00 e R$10,00 e

Injusto para Ambos - R$100,00 e R$10,00 e R$10,00), Área dos eletrodos (Centro-Parietal

Direita ou Centro-Parietal Esquerda). Devido ao grande número de fatores a análise foi

dividia pelos fatores Gênero (Masculino ou Feminino) e Nível de Empatia (Alto e Baixo) e a

Dupla (Amigo e Desconhecido) foi analisada separadamente também. Segundo a Tabela 44,

pode-se verificar que a análise ANOVA para medidas repetidas em relação ao Gênero

Nível Empatia Área Média* Erro

Padrão

Baixo Frontal Direita -0,268 ±0,2

Frontal Esquerda 0,115 ±0,2

Alto Frontal Direita -0,158 ±0,2

Frontal Esquerda -0,404 ±0,2

171

encontrou uma diferença significativa nas variáveis Justiça (F[1;45]= 7,39, p<0,001) e Área

(F[1;45]=21,04, p<0,001) e na interação Justiça*Área (F[1;45]=4,75, p=0,004). Não foram

encontradas diferenças significativas da amplitude do P300 para os demais fatores e

interações. Não foram observadas diferenças significativas na análise em função do Nível de

Empatia.

Tabela 44 – Amplitude Média do P300 para Amigo – ANOVA medidas repetidas em função

da Área, Gênero e Justiça

F p

Justiça 7,39 <0,001**

Justiça * Gênero 0,37 0,771

Área 21,04 <0,001**

Área * Gênero 0,76 0,387

Justiça * Área 4,75 0,004*

Justiça * Área * Gênero 0,83 0,476

*Análise considerando como efeito significativo p<0,05

**Análise considerando como efeito significativo p<0,001

Para o fator Justiça, realizou-se um teste post hoc de Fisher LSD e observou-se uma

diferença significativa na amplitude média do componente P300 entre as propostas Injustas

para o Self e Justas para Ambos (2,013μV ±0,3 e 2,498μV ±0,3 respectivamente, p=0,019),

Injustas para Ambos e Justas para Ambos (1,672μV ±0,2 e 2,498μV ±0,3 respectivamente,

p<0,001), entre as propostas Injustas para o Self e Injustas para Other (2,013μV ±0,3 e

2,485μV±0,2 respectivamente, p=0,040) e Injustas para Ambos e Injustas para Other (1,672μV

±0,2 e 2,485μV ±0,3, p<0,001).

Tabela 45 – Amplitude Média do P300 para o Amigo – Média e Erro Padrão em função da Justiça

Justiça Média* Erro

Padrão

Justa 2,498 ±0,3

Injusta Other 2,485 ±0,2

Injusta Self 2,013 ±0,3

Injusta Ambos 1,672 ±0,2

*Médias da Amplitude (μV) expresso pela média ±erro padrão.

172

Com relação ao fator Área, o teste post hoc de Fisher LSD observou-se uma diferença

significativa entre a área Centro-Parietal Direita e Centro-Parietal Esquerda (2,521μV ±0,2 e

1,813μV ±0,2 respectivamente, p<0,001).

Tabela 46 – Amplitude Média do P300 para Amigo – Média e Erro Padrão em função da Área

Área Média* Erro

Padrão

Centro-Parietal Direita 2,521 ±0,2

Centro-Parietal Esquerda 1,813 ±0,2

*Médias da Amplitude (μV) expresso pela média ±erro padrão.

Com relação a interação entre Área e Justiça , no teste post hoc de Fisher LSD

observou-se uma diferença significativa para as propostas Justas entre as áreas Centro-Parietal

Esquerda e Centro-Parietal Direita (2,323μV ±0,3 e 2,699μV ±0,3, p<0,001), entre as

propostas Injustas para Other e Justas para Ambos na área Centro-Parietal Direita (2,914μV

±0,2 e 2,699μV ±0,3, p=0,004). Nos eletrodos da área Centro-Parietal Esquerda observou-se

uma diferença significativa entre as propostas Injustas para Other e Justas (1,992μV ±0,3 e

2,323μV ±0,3 respectivamente, p=0,001). Também observou-se uma diferença significativa

nas propostas Injustas para Other entre as áreas Centro-Parietal Esquerda e Centro-Parietal

Direita (1,992μV ±0,3 e 2,914μV ±0,2 respectivamente, p<0,001). Além disso, observou-se

uma diferença significativa entre as propostas Injustas para o Self e Injustas para Other na

área Centro-Parietal Direita (2,395μV ±0,3 e 2,914μV ±0,2 respectivamente, p<0,001). Para

as propostas Injustas para o Self observou-se uma diferença significativa entre as áreas

Centro-Parietal Esquerda e Centro-Parietal Direita (1,654μV ±0,3 e 2,395μV ±0,3

respectivamente, p<0,001). Em relação as propostas Injustas para Ambos observou-se uma

diferença significativa entre as áreas Centro-Parietal Esquerda e Centro-Parietal Direita

(1,247μV ±0,2 e 2,036μV ±0,2 respectivamente, p<0,001).

173

Tabela 47 – Amplitude Média do P300 para Amigo – Média e Erro Padrão em função da Justiça e

Área

*Médias da Amplitude (μV) expresso pela média ±erro padrão.

Para a Dupla Desconhecido, realizou-se uma ANOVA para medidas repetidas para a

análise do componente cognitivo P300 tendo como variável dependente a Amplitude Média

do P300 na janela de tempo de 350 a 490ms e os fatores Justiça (Justo para os três - R$40,00

e R$40,00 e R$40,00, Injusto Self - R$70,00 e R$10,00 e R$40,00, Injusto Other - R$70,00 e

R$40,00 e R$10,00 e Injusto para Ambos - R$100,00 e R$10,00 e R$10,00), Área dos

eletrodos (Centro-Parietal Direita ou Centro-Parietal Esquerda). Devido ao grande número de

fatores a análise foi dividia pelos fatores Gênero (Masculino ou Feminino) e Nível de

Empatia (Alto e Baixo) sendo analisada separadamente também. Segundo a Tabela 48, pode-

se verificar que a análise ANOVA para medidas repetidas em relação ao Gênero encontrou

uma diferença significativa nas variáveis Justiça (F[1;45]= 7,39, p<0,001) e Área

(F[1;45]=21,04, p<0,001). Não foram encontradas diferenças significativas da amplitude do

P300 para os demais fatores e interações. Não foram observadas diferenças significativas na

análise em função do Nível de Empatia.

Justiça Área Média* Erro

Padrão

Justa Centro-Parietal Direita 2,699 ±0,3

Centro-Parietal Esquerda 2,323 ±0,3

Injusta Other Centro-Parietal Direita 2,914 ±0,2

Centro-Parietal Esquerda 1,992 ±0,3

Injusta Self Centro-Parietal Direita 2,395 ±0,3

Centro-Parietal Esquerda 1,654 ±0,3

Injusta Ambos Centro-Parietal Direita 2,036 ±0,2

Centro-Parietal Esquerda 1,247 ±0,2

174

Tabela 48 – Amplitude Média do P300 para Desconhecido – ANOVA medidas repetidas em

função da Área, Gênero e Justiça

*Análise considerando como efeito significativo p<0,05

**Análise considerando como efeito significativo p<0,001

Com relação ao efeito encontrado para o fator Justiça, realizou-se o teste post hoc de

Fisher LSD e observou-se uma diferença significativa entre as propostas Injustas para Other e

Justas (1,833μV ±0,3 e 2,429μV ±0,3 respectivamente, p<0,001), entre as propostas Injustas

para o Self e Justas (1,963μV ±0,2 e 2,429μV ±0,3 respectivamente, p=0,030) e entre as

propostas Injustas para Ambos e Justas (1,906μV ±0,2 e 2,42μV 9 ±0,3 respectivamente,

p=0,014). Na Tabela 49 pode se observar média e erro padrão para cada condição.

Tabela 49 – Amplitude Média do P300 para o Desconhecido – Média e Erro Padrão em função da

Justiça

Jusitça Média* Erro

Padrão

Justa 2,429 ±0,3

Injusta Other 1,833 ±0,3

Injusta Self 1,963 ±0,2

Injusta Ambos 1,906 ±0,2

*Médias da Amplitude (μV) expresso pela média ±erro padrão.

Em relação ao fator Área, o teste post hoc de Fisher LSD observou-se uma diferença

significativa entre as áreas Centro-Parietal Esquerda e Cento-Parietal Direita (p<0,001).

F p

Jusitça 3,27 0,023*

Jusitça * Gênero 0,02 0,994

Área 33,00 <0,001**

Área * Gênero 0,01 0,906

Jusitça * Área 0,37 0,773

Jusitça * Área * Gênero 0,30 0,821

175

Tabela 50 – Amplitude Média do P300 para o Desconhecido – Média e Erro Padrão em função da

Área

*Médias da Amplitude (μV) expresso pela média ±erro padrão.

8.2.2.3.3 Potencial Late Positivity Complex

Com base na literatura, o componente LPC é tipicamente observado em eletrodos da

região centro-parietais e em janelas de tempo ao redor de 600 ms. Nesse estudo foi definido

como janela de tempo para a análise deste componente o período de 500ms a 890ms após a

apresentação do estímulo. Foram selecionados eletrodos frontais divididos em 2 sub-áreas:

a) eletrodos centro-parietal a esquerda: 53 e 54;

b) eletrodos centro-parietal a direita: 79, 86;

Realizou-se uma ANOVA para medidas repetidas para a análise do componente

cognitivo LPC tendo como variável dependente a Amplitude Média do LPC na janela de

tempo de 480 a 840ms e os fatores Justiça (Justo para os três - R$40,00 e R$40,00 e R$40,00,

Injusto para o Participante - R$70,00 e R$10,00 e R$40,00, Injusto para a Dupla - R$70,00 e

R$40,00 e R$10,00 e Injusto para Ambos – Participante e Dupla - R$100,00 e R$10,00 e

R$10,00) e Área dos eletrodos (Centro-Parietal Direita ou Centro-Parietal Esquerda). Devido

ao grande número de fatores a análise foi dividia pelos fatores Gênero (Masculino ou

Feminino), Nível de Empatia (Alto e Baixo) e a Dupla (Amigo e Desconhecido) foi analisada

separadamente também. Segundo a Tabela 51, pode-se verificar que a análise ANOVA para

Área Média* Erro

Padrão

Centro-Parietal Direita 2,446 ±0,2

Centro-Parietal Esquerda 1,619 ±0,2

176

medidas repetidas encontrou uma diferença significativa nas variáveis Justiça (F[1;45]=

10,80, p<0,001) e Área (F[1;45]=11,76, p=0,001). Não foram encontradas diferenças

significativas para os fatores Gênero e Nível de Empatia tanto para o Amigo. Não foram

encontradas diferenças significativas da amplitude do LPC para os demais fatores e

interações.

Tabela 51 – Amplitude Média do LPC Amigo – ANOVA medidas repetidas em função da Área,

Gênero, Justiça, Dupla e Nível de Empatia

F p

Justiça 10,80 <0,001**

Justiça * Gênero 0,47 0,698

Área 11,76 0,001**

Área * Gênero 0,02 0,879

Justiça * Área 2,17 0,095

Justiça * Área * Gênero 0,09 0,963

**Análise considerando como efeito significativo p<0,001

Para o fator Justiça, realizou-se análise post hoc com o teste de Fisher LSD e

observou-se uma diferença significativa na amplitude média do componente LPC entre as

propostas Injustas para Other e Justas (1,362μV ±0,2 e 2,198μV ±0,2 respectivamente,

p<0,001), entre as propostas Injustas para Self e Justas (1,182μV ±0,2 e 2,198μV ±0,2

respectivamente, p<0,001) e entre as propostas Injustas para Ambos e Justas (1,494μV ±0,2 e

2,198μV ±0,2 respectivamente, p<0,001).

Tabela 52 – Amplitude Média do LPC Amigo – Média e Erro Padrão em função da Justiça

Justiça Média* Erro

Padrão

Justa 2,198 ±0,2

Injusta Other 1,362 ±0,2

Injusta Self 1,182 ±0,2

Injusta Ambos 1,494 ±0,2

*Médias da Amplitude (μV) expresso pela média ±erro padrão.

177

Para o fator Área, o teste post hoc de Fisher LSD mostrou uma diferença significativa

na amplitude média do componente LPC entre as áreas Centro-Parietal Esquerda e Centro-

Parietal Direita (1,080μV ±0,2 e 1,510μV ±0,2 respectivamente, p<0,001).

Tabela 53 – Amplitude Média do LPC Amigo – Média e Erro Padrão em função da Área

Área Média* Erro

Padrão

Centro-Parietal Direita 1,510 ±0,2

Centro-Parietal Esquerda 1,080 ±0,3

*Médias da Amplitude (μV) expresso pela média ±erro padrão.

Para quando a dupla era um Desconhecido, realizou-se uma ANOVA para medidas

repetidas para a análise do componente cognitivo LPC tendo como variável dependente a

Amplitude Média do LPC na janela de tempo de 480 a 840ms e os fatores Justiça (Justo para

os três - R$40,00 e R$40,00 e R$40,00, Injusto para o Participante - R$70,00 e R$10,00 e

R$40,00, Injusto para a Dupla - R$70,00 e R$40,00 e R$10,00 e Injusto para Ambos –

Participante e Dupla - R$100,00 e R$10,00 e R$10,00) e Área dos eletrodos (Centro-Parietal

Direita ou Centro-Parietal Esquerda). Devido ao grande número de fatores a análise foi

dividia pelos fatores Gênero (Masculino ou Feminino), Nível de Empatia (Alto e Baixo) foi

analisada separadamente também. Segundo a Tabela 54, pode-se verificar que a análise

ANOVA para medidas repetidas encontrou uma diferença significativa nas variáveis Justiça

(F[1;45]= 10,80, p<0,001) e Área (F[1;45]=11,76, p=0,001). Não foram encontradas

diferenças significativas para os fatores Gênero e Nível de Empatia tanto para o Amigo. Não

foram encontradas diferenças significativas da amplitude do LPC para os demais fatores e

interações.

178

Tabela 54 – Amplitude Média do LPC Desconhecido – ANOVA medidas repetidas em função da

Área, Gênero, Justiça, Dupla e Nível de Empatia

**Análise considerando como efeito significativo p<0,001

Para o fator Justiça, realizou-se análise post hoc com o teste de Fisher LSD e

observou-se uma diferença significativa na amplitude média do componente LPC entre as

propostas Injustas para Other e Justas (1,372μV ±0,2 e 2,267μV ±0,2 respectivamente, p<0,001),

entre as propostas Injustas para o Self e Justas (1,295μV ±0,2 e 2,267μV ±0,2 respectivamente,

p<0,001) e entre as propostas Injustas para Ambos e Justas (1,564μV ±0,2 e 2,267μV ±0,2

respectivamente, p<0,001).

Tabela 55 – Amplitude Média do LPC Desconhecido – Média e Erro Padrão em função da Justiça

*Médias da Amplitude (μV) expresso pela média ±erro padrão.

Para o fator Área, o teste post hoc de Fisher LSD mostrou uma diferença significativa

na amplitude média do componente LPC entre as áreas Centro-Parietal Esquerda e Centro-

Parietal Direita (1,385μV ±0,2 e 1,863μV ±0,2 respectivamente, p<0,001).

F p

Justiça 12,20 <0,001**

Justiça * Gênero 0,58 0,629

Área 15,68 <0,001**

Área * Gênero 0,11 0,735

Justiça * Área 1,19 0,315

Justiça * Área * Gênero 0,57 0,632

Justiça Média* Erro

Padrão

Justa 2,267 ±0,2

Injusta Other 1,372 ±0,2

Injusta Self 1,295 ±0,2

Injusta Ambos 1,564 ±0,2

179

Tabela 56 – Amplitude Média do LPC Desconhecido – Média e Erro Padrão em função da Área

*Médias da Amplitude (μV) expresso pela média ±erro padrão.

8.2.2.4 Discussão dos Resultados –Parte 1

Como forma de organização da discussão destes dados, este tópico foi dividido com

relação aos resultados da tarefa comportamental (Ultimatum Game) e aos componentes

analisados (MFN, P300 e LPC).

8.2.2.4.1 Tree-Person Ultimatum Game adaptado

Os resultados do presente estudo estão de acordo com os estudos prévios

(ALEXOPOULOS et al, 2013; ALEXOPOULOS et al, 2012; GUTH, SCHMIDT e SUTTER,

2007) que também encontraram uma diferença significativa na porcentagem de rejeite das

propostas em função da Justiça: as propostas Injustas foram rejeitadas na sua grande maioria

em relação as propostas Justas e as propostas Injustas para Ambos e Injustas para o Self

foram rejeitadas igualmente, mas as propostas Injustas para o Self foram rejeitadas em maior

porcentagem do que as propostas Injustas para Others. Resultados que corroboram com a

preferência pela equidade ao rejeitarem mais as propostas Injustas do que as Justas e quando

estas eram Injustas para Ambos. Contudo, na situação de vantagem para o participante e

desvantagem para o terceiro (propostas Injustas para Other) a porcentagem de rejeite foi

menor apontando para uma preocupação com os ganhos próprios.

Com relação a interação dos fatores Dupla e Justiça, os participantes rejeitaram maior

porcentagem de propostas Injustas para o Self quando a dupla era um Desconhecido do que

quando era o Amigo e maior porcentagem de propostas Injustas para Other quando a dupla

Área Média* Erro

Padrão

Centro-Parietal Direita 1,863 ±0,2

Centro-Parietal Esquerda 1,385 ±0,2

180

era o Amigo. Resultados que apontam para uma preocupação maior com os ganhos do

terceiro quando este é uma pessoa de confiança sacrificando mais os ganhos próprios. Quando

a dupla era um Desconhecido rejeitaram muito menos propostas Injustas para Other e maior

porcentagem para as propostas Injustas para o Self mostrando uma menor preocupação com

os ganhos de um Desconhecido.

Estudos têm apontado para o papel da amigdala, da ínsula anterior e do CPFDL direito

na rejeição de propostas Injustas (SANFEY et al, 2003; CORRADI-DELL’ACQUA et al,

2012; CIVAI et al, 2012). Estas estruturas estariam relacionadas ao sinal de alerta de que algo

está errado, além das emoções negativas como raiva, levando a rejeição das propostas

injustas. Os participantes no presente estudo se preocuparam não somente com a desvantagem

para si mesmos, mas também com os ganhos do terceiro, o “dummy”, principalmente quando

este era um Amigo. Estudo apontou para a importância do Amigo para as pessoas e que os

participantes agem com eles da mesma forma como agiriam consigo mesmos, mas são menos

sensíveis a justiça quando um Desconhecido está envolvido (KIM et al, 2013) e, por isso,

seriam mais “protegidos” do que um Desconhecido.

Em relação ao tempo de reação para rejeitar as propostas Injustas os participantes

apresentaram maior tempo de reação para rejeitar quando a dupla (o terceiro “dummy”) era

um Amigo e tanto as Mulheres quanto os Homens apresentaram maior tempo de reação para

rejeitar propostas Injustas quando a dupla era o Amigo. Resultados que sugerem que os

participantes pensaram e se preocuparam mais antes de rejeitar quando os ganhos do Amigo

estavam envolvidos do que quando era um Desconhecido.

Interessante observar que para ambos os Níveis de Empatia analisados (Baixo e Alto)

os participantes apresentaram maior tempo de reação para rejeitar as propostas quando a

dupla era o Amigo do que um Desconhecido, corroborando com estudos prévios de que as

pessoas com Baixo e Alto nível de Empatia percebem a injustiça da mesma forma, o que

181

muda é a reação diante da injustiça cometida (LELIVED, VANDIJK e VANBEEST, 2012) e

que ambos os níveis se preocuparam mais com o Amigo.

Nesse sentido, na interação dos fatores Justiça, Gênero, Dupla e Nível de Empatia,

tanto as Mulheres quanto os Homens com Baixo nível de Empatia apresentaram maior tempo

de reação para rejeitar propostas Injustas para o Self quando a dupla era um Desconhecido do

que quando era o Amigo, resultados que sugerem as Mulheres e os Homens com Baixo nível

de Empatia, por conhecerem o Amigo, se preocuparam menos com o que este iria pensar ao

rejeitar este tipo de proposta do que um Desconhecido que depende dos participante para

ganhar algo. Por não terem nenhum vínculo afetivo com este, o Desconhecido poderia não

concordar com a rejeição deste tipo de proposta (que era justa para o terceiro). Como as

pessoas com Baixo nível de Empatia apresentam maior dificuldade de inferir os pensamentos

e desejos do outro (BARON-CHOEN, 2004; LAWSON, BARON-COHEN e

WHEELWRIGH, 2004), provavelmente, foi mais difícil para estes participantes decidirem

rejeitar as propostas quando o outro era um Desconhecido levando a um maior tempo de

reação.

Interessante observar que quando a dupla era o Amigo as propostas Injustas para

Ambos levaram os participantes a apresentarem maior tempo de reação para rejeitar as

propostas do que as propostas Injustas para Self e Injustas para Others. Uma possível

hipótese para este aumento no tempo de reação pode estar relacionado a uma certa

ambiguidade na situação: apesar de ser um tipo de propostas claramente injusta em relação ao

propositor (R$100,00 reais para este e R$10,00 reais para o participante e o terceiro), entre o

participante e a dupla o valor é o mesmo e ambos estariam ganhando a mesma quantidade.

Contudo, o propositor violou a norma social de equidade ao realizar tal proposta e, por isso,

estas foram rejeitadas na maioria das vezes. O maior tempo de reação para rejeitar propostas

injustas vai de encontro com estudos prévios que observaram maior ativação da área do

182

CPFDL direito na rejeição de propostas injustas, além da amigdala e da ínsula anterior

(SANFEY et al, 2003; CIVAI et al, 2012; CORRADI-DELL’ACQUA et al, 2012), apontando

para a hipótese de que a rejeição de propostas injustas estariam relacionadas a um processo

cognitivo como uma reação ao impacto afetivo negativo.

Já as Mulheres com Alto nível de Empatia o maior tempo de reação para rejeitar entre

o Desconhecido e o Amigo na propostas Injustas para o Self foi observado quando a dupla era

um Desconhecido e para as propostas Injustas para Other o maior tempo de reação para

rejeitar foi observado quando a dupla era o Amigo. Tais resultados sugerem que as Mulheres

com Alto nível de Empatia ponderaram quando a dupla era um Desconhecido para as

propostas Injustas para o Self (que é justa para o terceiro) quando estas foram rejeitadas. Já

quando as propostas foram injustas para a dupla Amigo, as Mulheres com Alto nível de

Empatia ponderaram mais ao rejeitá-las do que quando era para um Desconhecido sendo mais

rejeitadas quando era para o Amigo. Uma possível hipótese para esta diferença no tempo de

reação seria a diferença na reação a injustiça apontada por estudo prévio: pessoas com Alto

nível de Empatia preferem recompensar a vítima ao passo que as pessoas com Baixo nível de

Empatia preferem punir o ofensor por serem mais utilitários e se sentirem menos responsáveis

em minimizar as diferenças com a vítima (LELIVELD, VANDIJK e VANBEEST, 2012).

Contudo, no presente estudo, o participante é responsável pelos ganhos do terceiro que não

tem possibilidade de escolha além dos seus próprios ganhos, o que pareceu levar a um maior

conflito na rejeição de propostas em situações vantajosas e desvantajosas para o próprio

participante e, por isso, o maior tempo de reação na rejeição destas.

Em relação a diferença no tempo de reação entre homens e Mulheres com baixo nível

de Empatia observou-se um maior tempo de reação para rejeitar as propostas Injustas para

ambos quando a dupla era o Amigo pelas Mulheres do que pelos Homens, tais achados vão de

encontro com estudos prévios que mostram, apesar de uma correlação entre a exposição a

183

maiores níveis de testosterona no período pré-natal levar a uma motivação mais forte a

recompensa, baixa sensibilidade social e comportamentos mais antissociais (YILDIRIM e

DERKSEN, 2012), principalmente para os Homens que apresentam menores níveis de

Empatia do que as Mulheres em geral (BARON-COHEN, 2004; LAWSON, BARON-

COHEN e WHEELWRIGH, 2004), e que pessoas com Baixo nível de Empatia são mais

utilitárias (GLEICHGERRCHT e YOUNG, 2013). Os estudos em conjunto apontam para

uma motivação diferente na atenção a recompensa da dupla para os Homens e Mulheres com

Baixo e Alto nível de Empatia.

O tempo de reação para aceitar as propostas Justas para Ambos, observou-se apenas

uma diferença significativa entre as duplas com um tempo de reação um pouco maior para

aceitar tais propostas quando a dupla era o Amigo. Apesar de ter sido mais rápido para aceitar

do que rejeitar, o maior tempo de reação neste caso pode estar relacionado a uma maior

ponderação por parte do participante quando uma pessoa de grande confiança está envolvida e

depende deste do que um Desconhecido.

Tais resultados em conjunto corroboram com estudo anterior de Ma et al (2011) de

que ao envolver ganhos e perdas do participante a atenção e motivação deste parece ser maior

para os seus próprios resultados do que do Amigo e do Desconhecido. Entretanto, no presente

estudo, a Amizade mostrou-se um fator importante no comportamento de rejeitar e aceitar as

propostas injustas e justas. Estas diferenças estão relacionadas a diferenças do jogo utilizado

no presente estudo e o estudo de Ma et al (2011): no presente estudo os participantes tinham

que decidir por eles mesmos e por um terceiro que dependia deles para acumular algum valor

ao passo que o estudo de Ma et al os participantes jogavam por si e observavam o

desempenho do Amigo e do Desconhecido (ganhos e perdas). Tais diferenças são importantes

e mostram que o contexto tem um grande impacto na atenção e na motivação em relação a um

Amigo e um Desconhecido.

184

No caso estudado, os participantes precisam considerar o outro em quanto que no

estudo de Ma et al os participantes não precisavam se preocupar com o desempenho do outro

por nada poderem fazer, a não ser, observar. O que corrobora com a importância da empatia e

da mentalização na atenção, motivação e preocupação para com o outro apontada por estudos

prévios (FRITH e FRITH 2006; AMODIO e FRITH, 2006; FRITH e SINGER, 2008;

ENGEN e SINGER, 2013).

8.2.2.4.2 Potenciais Relacionados a Evento

8.2.2.4.2.1 Medial Frontal Negativity

No presente estudo a amplitude da diferença do componente MFN foi mais negativo

para as propostas Injustas para Ambos, resultados que vão de encontro com estudo de

Alexopoulos et al (2013) que também observaram amplitude mais negativa do componente

MFN quando as propostas foram injustas para Ambos, o participante e a dupla (o “dummy”).

Resultados que apontam para uma maior aversão a inequidade quando esta é cometida com

ambos do que quando é cometida para apenas uma pessoa da dupla quando o “dummy” era

um Amigo. O que sugere que na relação de confiança a vantagem para um parece ser

percebida de forma positiva. Ou seja, uma relativização na percepção de justiça quando uma

pessoa de grande importância afetiva está em envolvida.

Em relação a análise entre grupos, observou-se uma diferença significativa para

Gênero e Nível de Empatia quando a dupla era um Amigo. As Mulheres apresentaram

amplitudes mais negativa do componente MFN e os Homens mais positiva. Resultados que

apontam para uma maior sensibilidade e preocupação com a injustiça por parte das Mulheres

do que os Homens, que parecem relativizar mais a injustiça quando um Amigo está

envolvido.

185

Já as Mulheres são mais Empáticas (BARON-COHEN, 2004; MESTRE et al, 2009) e

tendem a sentirem mais empatia com as perdas do outro do que os Homens (FUKUSHIMA e

HIRAKI, 2006). Outro estudo recente mostrou ativação das áreas relacionadas a dor afetiva

na observação de amigos sofrendo exclusão social como se os participantes estivessem sendo

excluídos socialmente (MEYER et al, 2013). Por serem mais empáticas do que os Homens,

talvez as Mulheres tenham sentido a injustiça cometida para com os outros como se fosse com

elas mesmas com maior intensidade do que os Homens.

Resultados que corroboram com os achados em relação ao Nível de Empatia: pessoas

com Alto nível de Empatia apresentaram amplitudes mais negativas da diferença do

componente MFN e as pessoas com Baixo nível de Empatia apresentaram amplitude mais

positiva. Estudos têm mostrado que pessoas com Baixo nível de Empatia são mais utilitárias

(GLEICHGERRCHT e YOUNG, 2013) e que pessoas com Alto nível de Empatia se

preocupam em diminuir a injustiça compensando a vítima (LELIVELD, VANDJK e

VANBEEST, 2012). Considerando estes estudos em conjunto, é possível inferir que as

pessoas com Alto nível de Empatia foram mais sensíveis a injustiça do que as pessoas com

Baixo nível de Empatia.

Com relação a interação dos fatores Área e Justiça quando a dupla era o Amigo,

observou-se maior amplitude negativa da diferença do componente MFN na área Centro-

Parietal Direita para as propostas Injustas para Ambos. Para as propostas Injustas para o Self

e Injustas para Other também apresentaram maior amplitude do MFN na área Centro-Parietal

Direita do que Esquerda. Resultados que vão de encontro com estudos prévios que amplitude

do MFN está relacionada a atividade do CCA (GHERING e WILLOUGHBY, 2002;

MARTIN et al, 2009) e as áreas fronto-centrais (GHERING e WILLOUGHBY, 2002;

BOKSEN e DE CREMER, 2010; VAN NOORDT e SEGALOWITZ, 2012;

ALEXOPOULOS et al, 2012; 2013). Além disso, estudos tem apontado para a atividade do

186

CPFM a direita na habilidade de mentalização (AMODIO e FRITH, 2006) e do CPFVM

direita na mentalização e na regulação das emoções (DAMÁSIO, 2001; SHAMAY-TSOORY

et al, 2005; 2003).

Interessante observar que não houve diferença significativa na análise entre os grupos

para Gênero e Nível de Empatia quando a dupla era um Desconhecido. Além disso, não

encontrou-se diferença significativa para os fator Justiça quando a dupla era um

Desconhecido. Tais resultados corroboram com achados de estudos prévios que mostram as

pessoas tendem a tomar mais a perspectiva do outro quando este outro são pessoas

afetivamente importantes e com histórico recompensador (STALLEN, SMIDTS e SANFEY,

2013; KIM et al, 2013), a proteger mais o grupo a que pertence (DE DREU et al, 2012) e a ser

menos sensível a justiça quando decide para um Desconhecido (KIM et al, 2013).

Quando dupla era um Desconhecido observou-se apenas uma diferença significativa

para os participantes com Baixo nível de Empatia nas áreas dos eletrodos analisados sendo

mais negativo para os eletrodos na área Centro-Parietal Direita. Achados que vão de encontro

com estudos prévios de que o MFN está relacionada a atividade do CCA (GHERING e

WILLOUGHBY, 2002; MARTIN et al, 2009) e as áreas fronto-centrais (GHERING e

WILLOUGHBY, 2002; BOKSEN e DE CREMER, 2010; VAN NOORDT e SEGALOWITZ,

2012; ALEXOPOULOS et al, 2012; 2013). Contudo, interessante observar que não observou-

se diferença significativa entre os participantes com Alto e Baixo nível de Empatia

apresentando atividade similar na área Centro-Parietal Direita. O que sugere que os

participantes com Baixo e Alto nível de Empatia perceberam a injustiça de forma similar

quando a dupla era um Desconhecido corroborando com estudo recente que mostra maior

preocupação e empatia com pessoas afetivamente importantes e com histórico recompensador

quando o participante está envolvido no jogo (STALLEN, SMIDTS e SANFEY, 2013; KIM

et al, 2013).

187

Considerando os resultados em conjunto, os participantes foram mais empáticos

quando o Amigo era o “dummy” do que quando um Desconhecido estava envolvido e

perceberam as propostas Injustas para Ambos como mais Injustas do que quando havia

alguma desvantagem. Importante considerar que nesta parte do jogo os participantes também

tinham ganhos e perdas envolvidos. Este é um fator importante a ser considerado por envolver

um custo para os participantes ao rejeitarem propostas justas para eles mesmos quando era

injusta para o terceiro.

8.2.2.4.2.2 – P300

No presente estudo observou-se maior amplitude do componente P300 para as

propostas Justas para Ambos, para Injustas para Other comparado com Injusta para o Self e

comparado com Injustas para Ambos quando a dupla era um Amigo. Tais resultados estão de

acordo com estudos prévios que mostram maior amplitude do componente P300 para a

magnitude da proposta (YEUNG e SANFEY, 2004; YEUNG, HOLROYD e COHEN, 2004;

WU e ZHOU, 2009) e para os ganhos (LONG, JIANG e ZOHOU, 2012; LENG e ZHOU,

2010), corroborando também com os achados anteriores de que o P300 estaria relacionado a

maior engajamento motivacional e atencional para aquilo que é considerado recompensador,

por isso a amplitude do P300 seria maior quando as propostas foram Injustas para Other

(situação em que a proposta é Justa para o participante).

Também alinhado com a literatura, o componente P300 apresentou maior amplitude na

área Centro-Parietal Direita (YEUNG e SANFEY, 2004; YEUNG, HOLROYD e COHEN,

2004). O efeito da interação entre o fator Justiça e Área com maior amplitude do componente

P300 para as propostas Justas para Ambos e Injustas para Other (que é Justa para o

participante) na área Centro-Parietal Direita corrobora com os estudos anteriores sobre o

188

engajamento atencional e motivacional para as propostas Justas (PLOISCHI, 2007; GRAY et

al, 2004; YEUNG e SANFEY, 2004).

Quando o “dummy” era um Desconhecido também observou-se maior amplitude

componente P300 para as propostas Justas para Ambos, corroborando com estudos prévios

que mostram maior amplitude do componente P300 para a magnitude da proposta (YEUNG e

SANFEY, 2004; YEUNG, HOLROYD e COHEN, 2004; WU e ZHOU, 2009) e para os

ganhos (LONG, JIANG e ZOHOU, 2012; LENG e ZHOU, 2010).

O mesmo foi observado com relação a área com maior amplitude para a área Centro-

Parietal Direita corroborando com estudos prévios (YEUNG e SANFEY, 2004; YEUNG,

HOLROYD e COHEN, 2004).

Os resultados apontam para semelhante processamento quanto as propostas Justas

tanto para o Amigo quanto para o Desconhecido como dupla, o que aponta para um maior

impacto com os ganhos para ambos e da equidade na atenção e motivação dos participantes.

8.2.2.4.2.3 – Late Positivity Complex

No presente estudo a amplitude do componente LPC foi maior para as propostas

Justas para Ambos tanto quando a dupla era o Amigo quando era um Desconhecido.

Resultado que vai de encontro com estudos prévios que mostram maior amplitude desde

componente para estímulos de grande relevância motivacional (SCHUPP et al, 200; WU et al,

2011; WU et al 2012; WEINBERG e HAJCAK, 2011; BOUDREAU, MCCUBBINS e

COULSON, 2009) e sensível a comparação social apresentando amplitude maior para

propostas com menores diferenças entre o propositor e o participante do que propostas com

maiores desigualdades entre o propositor e o participante (WU et al, 2011; WU et al, 2012;

WANG, YANG, JIANG e QIU, 2013). Resultados que apontam para maior relevância

motivacional quando há equidade. Por isso, os participantes não teriam apresentado diferença

189

significativa na amplitude do componente LPC quando houve grandes diferenças nos valores

propostos.

Alinhado com estudos prévios, o componente LPC apresentou maior amplitude na

área Centro-Parietal Direita. De acordo com achados anteriores, o hemisfério direito está

relacionado a categorização, engajamento motivacional e afetivo do estímulo e, por isso, o

componente LPC apresenta maior amplitude nos eletrodos Centro-Parietal Direito nas

situações de avaliação de categorização do que não-categorização de atitudes e sua grande

lateralização é atribuída a mudança do significado motivacional (CACIOPPO et al, 1996;

CRITES e CACIOPPO, 1996).

Os resultados semelhantes observados tanto quando o “dummy” era o Amigo quando

era um Desconhecido apontam para uma maior relevância na comparação entre os valores

para o próprio participante e a equidade para com o terceiro de forma semelhante.

Tais resultados em conjunto da primeira parte do estudo corroboram com os achados

de Ma et al (2011) de que o envolvimento pessoal do participante reduz a sensibilidade para

com o outro mesmo que seja uma pessoa importante como um Amigo. Os estudos de

Alexopoulos et al (2012; 2013) também vão nesta linha e mostram que a preocupação com o

que acontece com ambos e com o próprio participante é maior.

8.2.3 Resultados do Ultimatum Game adaptado – Parte 2

8.2.3.1 Taxa de Aceite e Rejeite do Ultimatum Game adaptado – Parte 2

Para a análise da Resposta emitida pelo participante, foi considerada a Porcentagem de

Rejeite como variável dependente para os fatores Justiça (Proposta Injustas – soma das

propostas R$20,00/R$80,00 e R$10,00/R$90,00- e Justas –R$50,00/R$50,00), Duplas

190

(Amigo-Desconhecido1, Desconhecido1-Amigo e Desconhecido1-Desconhecido2), Gênero

(Mulher e Homem) do participante e o Nível de Empatia (Baixo ou Alto) deste. Foi realizada

a ANOVA para medidas repetidas e verificou se, como pode se observar na Tabela 57, um

efeito significativo para o fator Justiça (F[1,45]=378,643, p<0,001) e Duplas (F[1,45]=19,002,

p<0,001) e na interação dos fatores Justiça*Duplas (F[1,45]=19,745, p<0,001). Não foram

encontradas diferenças significativas para os demais fatores e interações analisados.

Tabela 57 – Porcentagem de Rejeite - ANOVA para medidas repetidas em função da Justiça, Duplas,

Gênero e Nível de Empatia

F p

Justiça 378,643 <0,001**

Justiça * Gênero 0,023 0,881

Justiça * Nível Empatia 0,005 0,945

Justiça * Gênero * Nível Empatia 3,083 0,086

Duplas 19,002 <0,001**

Duplas * Gênero 0,465 0,630

Duplas * Nível Empatia 2,151 0,123

Duplas * Gênero * Nível Empatia 0,775 0,464

Justiça * Duplas 19,745 <0,001**

Justiça * Duplas * Gênero 0,476 0,623

Justiça * Duplas * Nível Empatia 1,864 0,161

Justiça * Duplas * Gênero * Nível Empatia 0,484 0,618

**Análise considerando como efeito significativo p<0,001

Para o fator Justiça, realizou-se o teste post hoc de Fisher LSD e observou-se uma

diferença significativa entre as a porcentagem de rejeite das propostas Justas e Injustas

(p<0,001). Como pode-se observar na Tabela 58, as propostas Injustas foram rejeitadas 80,5%

com erro padrão de ±2,9, muito mais do que as propostas Justas que foram rejeitadas 8,3%

com erro padrão de ±2.

Tabela 58 – Porcentagem de Rejeite - Média e Erro Padrão em função da Justiça

Justiça Média Erro

Padrão

Injusta 80,5 ±2,9

Justa 8,3 ±2

191

Com relação a porcentagem de rejeite em função da Dupla, o teste post hoc de Fisher

LSD mostrou uma diferença significativa entre as duplas do Desconhecido1-Amigo e Amigo-

Desconhecido1 (49,6% ±1.37 e 34,1% ±3,1 respectivamente, p<0,001) e entre as duplas

Desconhecido2-Desconhecido1 e Amigo-Desconhecido1 (49,5% ±2,4 e 34.18% ±3,1

respectivamente, p<0,001).

Figura 17 – Média da porcentagem de Rejeite em função da Dupla; p<0,001

Em relação a interação dos fatores Justiça e Duplas, o teste post hoc de Fisher LSD

mostrou uma diferença significativa na porcentagem de rejeite das propostas Injustas entre as

duplas Desconhecido 1 propondo para o Amigo e Amigo propondo para o Desconhecido1

(94,7% ±1,6 e 58,4% ±6,7 respectivamente, p<0,001) e entre Desconhecido2 propondo para o

Desconhecido 1 e Amigo propondo para o Desconhecido 1 (88,5 ±2,6 e 58,4% ±6,7,

192

respectivamente, p<0,001). Com relação a dupla Amigo propondo para o Desconhecido1

observou-se uma diferença significativa entre as propostas Justas e Injustas (9,9% ±2,7 e

58,4% ±6,7 respectivamente, p<0,001). Para a duplas Desconhecido1 propondo para o Amigo

observou-se uma diferença significativa entre as propostas Justas e Injustas (4,5% ±1,9 e

94,7% ±1,6 respectivamente, p<0,001). Para a dupla Desconhecido2 e Descinhecido1

observou-se uma diferença significativa entre as propostas Justas e Injustas (10,5% ±3,6 e

88,5% ±2,6 respectivamente, p<0,001).

Tabela 59 – Porcentagem de Rejeite - Média e Erro Padrão em função da Justiça e Duplas

Justiça Duplas Média Erro

Padrão

Injusta

Amigo-Desconhecido1 58,4 ±6,7

Desconhecido1-Amigo 94,7 ±1,6

Desconhecido2-Desconhecido1 88,5 ±2,6

Justa

Amigo-Desconhecido1 9,9 ±2,7

Desconhecido1-Amigo 4,5 ±1,9

Desconhecido2-Desconhecido1 10,5 ±3,6

8.2.3.1 – Tempo de Reação

Para a análise do Tempo de Reação em que as propostas foram rejeitadas pelo

participante, foi realizada ANOVA para medidas repetidas tendo como variável dependente

as Médias do Tempo de Reação Rejeitar e como fatores Gênero (Homens e Mulheres),

Duplas (Amigo-Desconhecido1, Desconhecido1-Desconhecido2 e Desconhecido1-

Desconhecido2). Não foi considerada para a análise as propostas Justas por terem sido aceitas

em sua grande maioria. Por isso foi considerada para análise apenas as propostas Injustas

(Proposta Injustas – soma das propostas R$20,00/R$80,00 e R$10,00/R$90,00) e nível de

Empatia do participante (Baixo e Alto). Na Tabela 60 pode ser observado que houve um

193

efeito significativo para os fatores Duplas (F[1,45]=28,024, p<0,001). Não foram observadas

diferença significativa nos demais fatores e interações.

Tabela 60 - Tempo de Reação Rejeitar - ANOVA medida repetidas em função das Duplas, Gênero e

Nível de Empatia

F p

Duplas 28,024 <0,001**

Duplas * Gênero 0,022 0,978

Duplas * Nível Empatia 2,426 0,098

Duplas * Gênero * Nível Empatia 0,528 0,593

**Análise considerando como efeito significativo p<0,001

Em relação ao efeito para o fator Duplas, realizou-se um teste post hoc de Fisher LSD

e observou-se uma diferença significativa no tempo de reação para rejeitar as propostas

Injustas entre as duplas Desconhecido1 propondo para o Amigo e Amigo propondo para o

Desconhecido1 (771ms ±40 e 911ms ±39,2 respectivamente, p<0,001) e entre as duplas

Desconhecido2 propondo para o Desconhecido1 e Amigo propondo para o Desconhecido1

(728ms ±31,4 e 911ms ±39,2 respectivamente, p<0,001).

Tabela 61 – Tempo de Reação Rejeitar- Média e Erro Padrão em função do Duplas

Duplas Média* Erro

Padrão

Amigo-Desconhecido1 911 ±39,2

Desconhecido1-Amigo 771 ±40

Desconhecido2-Desconhecido1 728 ±31,4

*Médias do Tempo de Reação em milissegundos (ms)

Para a análise do Tempo de Reação em que as propostas foram aceitas pelo

participante, foi realizada ANOVA para medidas repetidas tendo como variável dependente

as Médias do Tempo de Reação Aceitar e como fatores Gênero (Homens e Mulheres), Duplas

(Amigo-Desconhecido1, Desconhecido1-Desconhecido2 e Desconhecido1-Desconhecido2).

Não foi considerada para a análise as propostas Injustas por terem sido 80% rejeitadas (como

pode ser observado na análise de porcentagem de rejeite). Por isso, foi considerada para

análise apenas as propostas Justas (R$50,00/R$50,00) e nível de Empatia do participante

194

(Baixo e Alto). Na Tabela 62 pode ser observado que não houve efeito significativo para

nenhum dos fatores e interações analisadas.

Tabela 62 - Tempo de Reação Aceitar - ANOVA medida repetidas em função das Duplas, Gênero e

Nível de Empatia

F p*

Duplas 0,129 0,879

Duplas * Gênero 2,490 0,089

Duplas * Nível Empatia 0,093 0,911

Duplas * Gênero * Nível Empatia 1,745 0,181

*Médias do Tempo de Reação em milissegundos (ms)

8.2.3.2 – VAS Notas

A Tabela 63 mostra os resultados da análise ANOVA para medidas repetidas tendo

como variável dependente as Notas dadas pelos participantes para cada propositor em função

do julgamento de justiça destes sobre as propostas realizadas (VAS-Notas de 0=Muito Injusto

a 10=Muito Justo) tem como fatores o Propositor (Amigo, Desconhecido 1 e Desconhecido

2), Gênero (Mulher e Homem) e Nível de Empatia (Baixo e Alto). Observou-se uma

diferença significativa apenas para o fator Propositor (F[1,45]=10,521, p<0,001). Não foram

observadas diferenças significativas para as demais interações.

Tabela 63 – VAS Notas – ANOVA medidas repetidas em função do Propositor, Gênero e Empatia

F p

Propositor 10,521 <0,001**

Propositor * Gênero 1,820 0,168

Propositor * Nível Empatia 0,352 0,704

Propositor * Gênero * Nível Empatia 0,305 0,738

*Análise considerando como efeito significativo p<0,001

195

A análise post hoc com o teste de Fisher LSD mostrou uma diferença significativa

entre as notas dadas para o Propositor Desconhecido1 e o Amigo (5,2 ±0,3 e 6,1 ±0,3

respectivamente, p=0,001) e entre o propositor Desconhecido2 e o Amigo (4,9 ±0,3 e 6,2 ±0,3

respectivamente, p<0,001).

Figura 18– VAS Notas em função do Propositor; p<0,001

8.2.3.3 Total de Dinheiro acumulado no UG

Em relação ao total de Dinheiro obtido em reais para cada participante nas Duplas de

Interação por meio das decisões dos voluntários, realizou-se um Teste-t pareado. Na Figura

19 é possível observar que houve uma diferença significativa no total de dinheiro obtido nos

três tipos de Interação (Amigo-Desconhecido – t(45)= 6,922, p<0,001; Desconhecido1-

Amigo – t(45)=3,916, p<0,001; Desconhecido2-Desconhecido1- t(45)=4,256, p<0,001). O

total de dinheiro acumulado foi maior para o Amigo quando este realizou propostas para o

Desconhecido1 (R$2.794,57 ±1517,5 e R$1.641,52 ±449,3, respectivamente). O

Desconhecido2 ganhou mais dinheiro em média do que o Desconhecido1 (R$1.626,30 ±957,5

196

e R$1.273,70 ±453,9 respectivamente) e o Desconhecido1 acumulou maior quantidade de

dinheiro em média do que o Amigo (R$1.572,61 ±751,8 e R$1.314,35 ±330,3).

Figura 19 – Média e Desvio Padrão do Total acumulado em reais para cada participante das Duplas; * p<0,001

8.2.3.2 Análise dos Potenciais Relacionados a Eventos

8.2.3.2.1 Potencial Medial Frontal Negativity

Para a análise do componente MFN, os eletrodos e a janela de tempo foram

selecionados de acordo com a literatura e com o observado na grande média deste estudo. A

janela de tempo definida foi entre 220ms à 400ms. O componente MFN foi analisado pela

diferença entre os potenciais observados nesta janela de tempo da condição Injusta (soma das

propostas R$10,00/R$90,00 e R$20,00/R$90,00) com a condição Justa (R$50,00/R$50,00).

Os eletrodos selecionados foram agrupados em 2 sub-áreas:

a) eletrodos frontais à esquerda: 22, 23, 18, 24 e 10;

b) eletrodos frontais à direita: 9, 10, 3, 4 e 124

* *

*

197

Realizou-se uma ANOVA para medidas repetidas para a análise do componente

cognitivo MFN tendo como variável dependente a diferença da Amplitude Média do MFN na

janela de tempo de 220 a 400ms para a dupla Amigo propondo para o Desconhecido1 e os

fatores Área dos eletrodos (Frontal Direita ou Frontal Esquerda), sendo analisado Gênero

(Masculino ou Feminino) e Nível de Empatia (Alto e Baixo) separadamente e respectivas

interações. Em relação ao fator Gênero, segundo a Tabela 64, pode-se observar que a análise

ANOVA para medidas repetidas apresentou um efeito significativo para a interação

Área*Gênero (F[1,45]=5,249, p=0,027). Não foram observadas diferenças significativas da

amplitude média da diferença do MFN para os demais fatores.

Tabela 64 – Diferença da Amplitude Média do MFN – ANOVA medidas repetidas em função da Área

e Gênero

F p

Área 0.945 0,336

Área * Gênero 5.249 0,027*

*Análise considerando como efeito significativo p<0,05

Em relação a interação dos fatores Área e Gênero, realizou-se uma análise post hoc

com o teste de Fisher LSD e observou-se uma diferença significativa na amplitude média da

diferença do MFN para as Mulheres entre os eletrodos da área Frontal Esquerda e Frontal

Direita (-1,001μV ±0,3 e -0,233μV ±0,3 respectivamente, p=0,019) e entre os Homens e as

Mulheres nas áreas Frontais Esquerda (0,039μV ±0,3 e -1,001μV ±0,3 respectivamente,

p=0,047). Na Tabela 65 apresenta-se as médias e erro padrão para cada condição.

198

Tabela 65 – Diferença da amplitude média do MFN – Média e Erro Padrão em função das Áreas e

Gênero

Gênero Área Média* Erro

Padrão

Mulher Frontal Direita -0,233 ±0,3

Frontal Esquerda -1,001 ±0,3

Homem Frontal Direita -0,272 ±0,4

Frontal Esquerda 0,039 ±0,3

*Médias da Amplitude (μV) expresso pela média ±erro padrão.

Realizou-se uma ANOVA para medidas repetidas para a análise do componente

cognitivo MFN tendo como variável dependente a diferença da Amplitude Média do MFN na

janela de tempo de 220 a 400ms para a dupla Amigo propondo para o Desconhecido1 e os

fatores Área dos eletrodos (Frontal Direita ou Frontal Esquerda) e Nível de Empatia (Alto e

Baixo) separadamente e respectivas interações. Segundo a Tabela 66, pode-se observar que a

análise ANOVA para medidas repetidas apresentou um efeito significativo para a interação

Área*Nível Empatia (F[1,45]=5,249, p=0,027). Não foram observadas diferenças

significativas da amplitude média da diferença do MFN para os demais fatores.

Tabela 66 – Diferença da Amplitude Média do MFN – ANOVA medidas repetidas em função da Área

e Nível Empatia

F p

Área 0,534 0,469

Área * Nível Empatia 6,439 0,015*

*Análise considerando como efeito significativo p<0,05

Em relação a interação dos fatores Área e Nível de Empatia, realizou-se uma análise

post hoc com o teste de Fisher LSD e observou-se uma diferença significativa na amplitude

média da diferença do MFN para as pessoas com Alto nível de Empatia entre os eletrodos da

área Frontal Esquerda e Frontal Direita (-0,680μV ±0,3 e 0,089μV ±0,3 respectivamente,

p=0,015) . Na Tabela 67 apresenta-se as médias e erro padrão para cada condição.

199

Tabela 67 – Diferença da amplitude média do MFN – Média e Erro Padrão em função das Áreas e

Nível Empatia

Nível

Empatia Área Média*

Erro

Padrão

Baixo Frontal Direita -0,734 ±0,4

Frontal Esquerda -0,308 ±0,4

Alto Frontal Direita 0,089 ±0,3

Frontal Esquerda -0,680 ±0,3

*Médias da Amplitude (μV) expresso pela média ±erro padrão.

Realizou-se uma ANOVA para medidas repetidas para a análise do componente

cognitivo MFN tendo como variável dependente a diferença da Amplitude Média do MFN na

janela de tempo de 220 a 400ms para a dupla Desconhecido1 propondo para o Amigo e os

fatores Área dos eletrodos (Frontal Direita ou Frontal Esquerda), sendo analisado Gênero

(Masculino ou Feminino) e Nível de Empatia (Alto e Baixo) separadamente e respectivas

interações. Em relação ao fator Gênero, segundo a Tabela 68, pode-se observar que a análise

ANOVA para medidas repetidas e não observou-se um efeito significativo para os fatores e

interações analisadas. Na análise between group observou-se uma diferença significativa para

o fator Gênero (F[1,45]=4,789, p=0,034) com uma média de -1,051μV e um erro padrão de

±0,4 para os Homens e uma média de 0,237μV e um erro padrão de ±0,4 para as Mulheres.

Tabela 68 – Diferença da Amplitude Média do MFN – ANOVA medidas repetidas em função da Área

e Gênero

F p*

Área 0,022 0,884

Área * Gênero 0,009 0,926

*Análise considerando como efeito significativo p<0,05

200

Tabela 69 – Diferença da Amplitude Média do MFN – ANOVA medidas repetidas em função da Área

e Nível Empatia

F p*

Área 0,029 0,865

Área * Nível Empatia 0,010 0,921

*Análise considerando como efeito significativo p<0,05

Realizou-se uma ANOVA para medidas repetidas para a análise do componente

cognitivo MFN tendo como variável dependente a diferença da Amplitude Média do MFN na

janela de tempo de 220 a 400ms para a dupla Desconhecido2 propondo para o Desconehcido1

e os fatores Área dos eletrodos (Frontal Direita ou Frontal Esquerda), sendo analisado Gênero

(Masculino ou Feminino) e Nível de Empatia (Alto e Baixo) separadamente e respectivas

interações. Como pode-se observar na Tabela 70, não foram observadas diferenças

significativas da amplitude média da diferença do MFN para os fatores e interações

analisados.

Tabela 70 – Diferença da Amplitude Média do MFN – ANOVA medidas repetidas em função da Área

e Gênero

F p*

Área 0,301 0,586

Área * Gênero 1,344 0,252

*Análise considerando como efeito significativo p<0,05

Tabela 71 – Diferença da Amplitude Média do MFN – ANOVA medidas repetidas em função da Área

e Nível Empatia

F p*

Área 0,168 0,684

Área * Nível Empatia 0,022 0,882

*Análise considerando como efeito significativo p<0,05

201

8.2.3.2.1 Componente P300

Como foi observado na literatura, o componente P3 é tipicamente observado em uma

janela de tempo ao redor dos 300ms e em eletrodos centro-parietais. No presente estudo foi

definida uma janela de tempo entre 360ms a 480ms após a apresentação do estímulo. Os

eletrodos centro-parietais forma divididos em 2 sub-áreas:

a) eletrodos centro-parietais a esquerda: 53 e 54;

b) eletrodos centro-parietal direita: 79 e 86;

Realizou-se uma ANOVA para medidas repetidas para a análise do componente

cognitivo P300 tendo como variável dependente a Amplitude Média do P300 na janela de

tempo de 360 a 480ms para a dupla Amigo propondo para o Desconhecido1 e os fatores

Justiça (Justo- R$50,00/R$50,00 e Injusto- soma R$10,00/R$90,00 e R$20,00/R$80,00), Área

dos eletrodos (Centro-Parietal Direita ou Centro-Parietal Esquerda), sendo que os fatores

Gênero (Masculino ou Feminino) e Nível de Empatia (Alto e Baixo) foram analisados

separadamente devido ao grande quantidade de fatores. Segundo a Tabela 72, pode-se

verificar que a análise ANOVA para medidas repetidas encontrou uma diferença significativa

nas variáveis Justiça (F[1,45]= 13,935, p<0,001) e Área (F[1,45]=28,937, p<0,001) e na

interação Justiça*Área (F[1,45]= 10,731, p=0,002) e Justiça*Área*Gênero (F[1,45]=5,130,

p=0,028). Não foram encontradas diferenças significativas da amplitude média do P300 para

os demais fatores e para a análise considerando o fator Nível de Empatia.

Tabela 72 – Amplitude Média do P300 – ANOVA medidas repetidas em função da Justiça, Gênero e

Área

F p

Justiça 13,935 0,001**

Justiça * Gênero 0,262 0,612

Área 28,937 <0,001**

Área * Gênero 0,011 0,917

202

Justiça * Área 10,731 0,002*

Justiça * Área * Gênero 5,130 0,028*

*Análise considerando como efeito significativo p<0,05

**Análise considerando como efeito significativo p<0,001

Com relação ao fator Justiça, realizou-se um teste post hoc de Fisher LSD e observou-

se uma diferença significativa na amplitude média do componente P300 entre as propostas

Justas e Injustas (p=0,001) como pode-se observar na Tabela 73.

Tabela 73 – Amplitude Média do P300 – Média e Erro Padrão em função da Justiça

Justiça Média* Erro

Padrão

Injusta 1,686 ±0,3

Justa 2,599 ±0,3

*Médias da Amplitude (μV) expresso pela média ±erro padrão.

Para o fator Área, o teste post hoc de Fisher LSD mostrou uma diferença significativa

entre os eletrodos da área Centro-Parietal Esquerda e Centro-Parietal a Direita (1,732μV ±0,2

e 2,553μV ±0,3, p<0,001) com maior amplitude nos eletrodos da área Centro-Parietal Direita.

Tabela 74 – Amplitude Média do P300 – Média e Erro Padrão em função da Área

Área Média* Erro

Padrão

Centro-Parietal Direita 2,553 ±0,3

Centro-Parietal Esquerda 1,732 ±0,2

*Médias da Amplitude (μV) expresso pela média ±erro padrão.

Na interação entre os fatores Justiça e Área, o teste post hoc de Fisher LSD mostrou

diferença significativa na amplitude do componente P300 nas propostas Injustas entre as áreas

Centro-Parietal Esquerda e Centro-Parietal Direita (1,141μV ±0,3 e 2,230μV ±0,3

respectivamente, p<0,001), entre as propostas Justas e Injustas na área Centro-Parietal Direita

(2,875μV ±0,3 e 2,230μV ±0,3 respectivamente, p<0,001) e na área Centro-Parietal Esquerda

(2,322μV ±0,3 e 1,141μV ±0,3 respectivamente, p<0,001). Nas propostas Justas observou-se

203

uma diferença significativa entre as áreas Centro-Parietal Esquerda e Centro-Parietal Direita

(2,875μV ±0,3 e 2,322μV ±0,3 respectivamente, p<0,001).

Tabela 75 – Amplitude Média do P300 – Média e Erro Padrão em função da Justiça e Área

Justiça Área Média* Erro

Padrão

Injusta Centro-Parietal Direita 2,230 ±0,3

Centro-Parietal Esquerda 1,141 ±0,3

Justa Centro-Parietal Direita 2,875 ±0,3

Centro-Parietal Esquerda 2,322 ±0,3

*Médias da Amplitude (μV) expresso pela média ±erro padrão.

Em relação a interação entre os fatores Gênero, Justiça e Área, o teste post hoc de

Fisher LSD mostrou uma diferença significativa para as Mulheres nas propostas Injustas entre

as áreas Centro-Parietal Esquerda e Centro-Parietal Direita (1,507μV ±0,4 e 2,766μV ±0,4

respectivamente, p<0,001), entre as propostas Justas e Injustas na área Centro-Parietal Direita

(2,766μV ±0,4 e 3,100μV ±0,4 respectivamente, p=0,038) e na área Centro-Parietal Esquerda

(2,749μV ±0,4 e 1,507μV ±0,4 respectivamente, p<0,001). Para as propostas Justas observou-

se uma diferença significativa entre as áreas Centro-Parietal Esquerda e áreas Centro-Parietal

Direita (2,749μV ±0,4 e 3,100μV ±0,4 respectivamente, p=0,029). Já para os Homens

observou-se uma diferença significativa para as propostas Injustas entre as áreas Centro-

Parietal Esquerda e área Centro-Parietal Direita (0,775μV ±0,4 e 1,695μV ±0,4

respectivamente, p<0,001), entre as propostas Justas e Injustas na área Centro-Parietal Direita

(2,650μV ±0,4 e 1,695μV ±0,4 respectivamente, p<0,001) e na área Centro-Parietal Esquerda

(1,896μV ±0,4 e 0,775μV ±0,4 respectivamente, p<0,001). Nas propostas Justas observou-se

uma diferença significativa entre as áreas Centro-Parietal Esquerda e Centro-Parietal Direita

(1,896μV ±0,4 e 2,650μV ±0,4 respectivamente, p<0,001).

204

Tabela 76 – Amplitude Média do P300 – Média e Erro Padrão em função da Área, Gênero e Justiça

Gênero Justiça Área Média* Erro

Padrão

Mulher

Injusta Centro-Parietal Direita 2,766 ±0,4

Centro-Parietal Esquerda 1,507 ±0,4

Justa Centro-Parietal Direita 3,100 ±0,4

Centro-Parietal Esquerda 2,749 ±0,4

Homem

Injusta Centro-Parietal Direita 1,695 ±0,4

Centro-Parietal Esquerda 0,775 ±0,4

Justa Centro-Parietal Direita 2,650 ±0,4

Centro-Parietal Esquerda 1,896 ±0,4

*Médias da Amplitude (μV) expresso pela média ±erro padrão.

Realizou-se uma ANOVA para medidas repetidas para a análise do componente

cognitivo P300 tendo como variável dependente a Amplitude Média do P300 na janela de

tempo de 360 a 480ms para a dupla Desconhecido1 propondo para o Amigo e os fatores

Justiça (Justo- R$50,00/R$50,00 e Injusto- soma R$10,00/R$90,00 e R$20,00/R$80,00), Área

dos eletrodos (Centro-Parietal Direita ou Centro-Parietal Esquerda), sendo que os fatores

Gênero (Masculino ou Feminino) e Nível de Empatia (Alto e Baixo) foram analisados

separadamente devido ao grande quantidade de fatores. Segundo a Tabela 77, pode-se

verificar que a análise ANOVA para medidas repetidas encontrou uma diferença significativa

nas variáveis Justiça (F[1,45]= 10,509, p=0,002) e Área (F[1,45]=25,363, p<0,001). Além

disso, observou-se um efeito significativo na análise between group para Gênero (F[1,45]=

5,056, p=0,030). Não foram encontradas diferenças significativas da amplitude média do

P300 para os demais fatores e para a análise considerando o fator Nível de Empatia.

Tabela 77 – Amplitude Média do P300 – ANOVA medidas repetidas em função da Justiça, Gênero e

Área

F p

Justiça 10,509 0,002*

Justiça * Gênero 1,112 0,297

Área 25,363 <0,001**

Área * Gênero 0,277 0,601

205

Justiça * Área 0,103 0,750

Justiça * Área * Gênero 3,483 0,069

*Análise considerando como efeito significativo p<0,05

**Análise considerando como efeito significativo p<0,001

Para o fator Justiça, o teste post hoc de Fisher LSD mostrou uma diferença

significativa entre as propostas Justas e Injustas (3,158μV ±0,3 e 2,220μV ±0,3

respectivamente, p<0,001) com maior amplitude para as propostas Justas

Tabela 78 – Amplitude Média do P300 – Média e Erro Padrão em função da Justiça

Justiça Média* Erro

Padrão

Injusta 2,220 ±0,3

Justa 3,158 ±0,3

*Médias da Amplitude (μV) expresso pela média ±erro padrão.

Para o fator Área, o teste post hoc de Fisher LSD mostrou uma diferença significativa

entre os eletrodos da área Centro-Parietal Esquerda e Centro-Parietal a Direita (2,285μV ±0,3

e 3,093μV ±0,3 respectivamente, p<0,001) com maior amplitude nos eletrodos da área

Centro-Parietal Direita.

Tabela 79 – Amplitude Média do P300 – Média e Erro Padrão em função da Área

Área Média* Erro

Padrão

Centro-Parietal Direita 3,093 ±0,3

Centro-Parietal Esquerda 2,285 ±0,3

*Médias da Amplitude (μV) expresso pela média ±erro padrão.

No efeito entre grupos do fator Gênero, observou-se uma diferença significativa entre

os Homens e as Mulheres (1,995μV ±0,4 e 3,383μV ±0,4 respectivamente, p=0,030) com

maior amplitude do componente P300 para as Mulheres.

206

Tabela 80 – Amplitude Média do P300 – Média e Erro Padrão em função do Gênero

Gênero Média* Erro

Padrão

Mulher 3,383 ±0,4

Homem 1,995 ±0,4

*Médias da Amplitude (μV) expresso pela média ±erro padrão.

Realizou-se uma ANOVA para medidas repetidas para a análise do componente

cognitivo P300 tendo como variável dependente a Amplitude Média do P300 na janela de

tempo de 360 a 480ms para a dupla Desconhecido2 propondo para o Desconhecido1 e os

fatores Justiça (Justo- R$50,00/R$50,00 e Injusto- soma R$10,00/R$90,00 e

R$20,00/R$80,00), Área dos eletrodos (Centro-Parietal Direita ou Centro-Parietal Esquerda),

sendo que os fatores Gênero (Masculino ou Feminino) e Nível de Empatia (Alto e Baixo)

foram analisados separadamente devido ao grande quantidade de fatores. Segundo a Tabela

81, pode-se verificar que a análise ANOVA para medidas repetidas encontrou uma diferença

significativa nas variáveis Justiça (F[1,45]= , p=0,026), Área (F[1,45]=, p<0,001) e

Justiça*Área (F[1,45]= , p=0,025). Além disso, observou-se um efeito significativo na

análise between group para Gênero (F[1,45]= 5,056, p=0,005). Não foram encontradas

diferenças significativas da amplitude média do P300 para os demais fatores e para a análise

considerando o fator Nível de Empatia.

Tabela 81 – Amplitude Média do P300 – ANOVA medidas repetidas em função da Justiça, Gênero e

Área

F p

Justiça 5,338 0,026*

Justiça * Gênero 0,954 0,334

Área 41,984 <0,001**

Área * Gênero 0,008 0,928

Justiça * Área 5,403 0,025*

Justiça * Área * Gênero 1,560 0,218

*Análise considerando como efeito significativo p<0,05

**Análise considerando como efeito significativo p<0,001

207

Para o fator Justiça, o teste post hoc de Fisher LSD mostrou uma diferença

significativa entre as propostas Justas e Injustas (2,805μV ±0,3 e 2,240μV ±0,3

respectivamente, p=0,026) com maior amplitude para as propostas Justas.

Tabela 82 – Amplitude Média do P300 – Média e Erro Padrão em função da Justiça

Justiça Média* Erro

Padrão

Injusta 2,240 ±0,3

Justa 2,805 ±0,3

*Médias da Amplitude (μV) expresso pela média ±erro padrão.

Para o fator Área, o teste post hoc de Fisher LSD mostrou uma diferença significativa

entre os eletrodos da área Centro-Parietal Esquerda e Centro-Parietal a Direita (2,053μV ±0,3

e 2,991μV ±0,2 respectivamente, p<0,001) com maior amplitude nos eletrodos da área

Centro-Parietal Direita.

Tabela 83 – Amplitude Média do P300 – Média e Erro Padrão em função da Área

Área Média* Erro

Padrão

Centro-Parietal Direita 2,991 ±0,2

Centro-Parietal Esquerda 2,053 ±0,3

*Médias da Amplitude (μV) expresso pela média ±erro padrão.

Na interação entre os fatores Justiça e Área, o teste post hoc de Fisher LSD mostrou

diferença significativa na amplitude do componente P300 nas propostas Injustas entre as áreas

Centro-Parietal Esquerda e Centro-Parietal Direita (1,671μV ±0,3 e 2,809μV ±0,3

respectivamente, p<0,001), entre as propostas Justas e Injustas na área Centro-Parietal Direita

(3,174μV ±0,3 e 2,809μV ±0,3 respectivamente, p=0,003) e na área Centro-Parietal Esquerda

(2,435μV ±0,3 e 1,671μV ±0,3 respectivamente, p<0,001). Nas propostas Justas observou-se

208

uma diferença significativa entre as áreas Centro-Parietal Esquerda e Centro-Parietal Direita

(2,435μV ±0,3 e 3,174μV ±0,3 respectivamente, p<0,001).

Tabela 84 – Amplitude Média do P300 – Média e Erro Padrão em função da Justiça e Área

Justiça Área Média* Erro

Padrão

Injusta Centro-Parietal Direita 2,809 ±0,3

Centro-Parietal Esquerda 1,671 ±0,3

Justa Centro-Parietal Direita 3,174 ±0,3

Centro-Parietal Esquerda 2,435 ±0,3

*Médias da Amplitude (μV) expresso pela média ±erro padrão.

No efeito entre grupos do fator Gênero, observou-se uma diferença significativa entre

os Homens e as Mulheres (1,683μV ±0,4 e 3,362μV ±0,3 respectivamente, p=0,005) com

maior amplitude do componente P300 para as Mulheres.

Tabela 85 – Amplitude Média do P300 – Média e Erro Padrão em função do Gênero

Gênero Média* Erro

Padrão

Mulher 3,362 ±0,3

Homem 1,683 ±0,4

*Médias da Amplitude (μV) expresso pela média ±erro padrão.

8.2.3.2.2 – Componente LPC

Com base na literatura, o componente LPC é tipicamente observado em eletrodos da

região centro-parietais e em janelas de tempo ao redor de 600 ms. Nesse estudo foi definido

como janela de tempo para a análise deste componente o período de 500ms a 890ms após a

apresentação do estímulo. Foram selecionados eletrodos frontais divididos em 2 sub-áreas:

a) eletrodos centro-parietal a esquerda: 53 e 54;

b) eletrodos centro-parietal a direita: 79, 86;

209

Realizou-se uma ANOVA para medidas repetidas para a análise do componente

cognitivo LPC tendo como variável dependente a Amplitude Média do LPC na janela de

tempo de 500 a 890ms para a dupla Amigo propondo para o Desconhecido1 e os fatores

Justiça (Justo- R$50,00/R$50,00, Injusto para o Participante - R$70,00 e R$10,00 e R$40,00 e

Injusto- soma R$10,00/R$90,00 e R$20,00/R$80,00) e Área dos eletrodos (Centro-Parietal

Direita ou Centro-Parietal Esquerda), sendo analisado separadamente os fatores Gênero

(Masculino ou Feminino), Nível de Empatia (Alto e Baixo) devido ao grande quantidade de

fatores. Na Tabela 86, pode-se verificar que a análise ANOVA para medidas repetidas

encontrou uma diferença significativa nas variáveis Justiça (F[1,45]= 23,428, p<0,001) e

Área (F[1,45]=23,119, p<0,001). Não foram encontradas diferenças significativas da

amplitude do LPC para os demais fatores e interações.

Tabela 86 – Amplitude Média do LPC – ANOVA medidas repetidas em função da Justiça, Gênero e

Área

F p

Justiça 23.428 <0,001**

Justiça * Gênero .018 0,895

Área 23.119 <0,001**

Área * Gênero .885 0,352

Justiça * Área .665 0,419

Justiça * Área * Gênero 1.260 0,268

*Análise considerando como efeito significativo p<0,05

**Análise considerando como efeito significativo p<0,001

Já a análise considerando o fator Nível de Empatia observou-se um efeito significativo

para a interação Justiça*Nível de Empatia (F[1,45]=5,148, p=0,028).

210

Tabela 87 – Amplitude Média do LPC – ANOVA medidas repetidas em função da Justiça, Nível

Empatia e Área

F p

Justiça 29,574 <0,001**

Justiça * Nível Empatia 5,148 0,028*

Área 21,019 <0,001**

Área * Nível Empatia 0,066 0,799

Justiça * Área 0,508 0,480

Justiça * Área * Nível Empatia 0,006 0,940

*Análise considerando como efeito significativo p<0,05

**Análise considerando como efeito significativo p<0,001

Para o fator Justiça, realizou-se uma análise post hoc de Fisher LSD e observou-se

uma diferença significativa entre as propostas Justas e Injustas na amplitude média do

componente LPC (p<0,001). Como pode-se observar na Tabela 88, os participantes

apresentaram uma amplitude média do componente LPC maior para as propostas Justas

(2,445μV ±0,2) do que para as propostas Injustas (1,349μV ±0,2).

Tabela 88 – Amplitude Média do LPC – Média e Erro Padrão em função da Justiça

Justiça Média* Erro

Padrão

Injusto 1,349 ±0,2

Justo 2,445 ±0,2

*Médias da Amplitude (μV) expresso pela média ±erro padrão.

Em relação a Área dos eletrodos, observou-se pela análise post hoc com o teste de

Fisher LSD uma diferença significativa entre as áreas Centro-Parietal Esquerda e Centro-

Parietal Direita (1,612μV ±0,2 e 2,183μV ±0,2 respectivamente, p<0,001).

Tabela 89 – Amplitude Média do LPC – Média e Erro Padrão em função da Área

Área Média* Erro

Padrão

Centro-Parietal Direita 2,183 ±0,2

Centro-Parietal Esquerda 1,612 ±0,2

*Médias da Amplitude (μV) expresso pela média ±erro padrão.

211

Com relação a interação dos fatores Justiça e Nível de Empatia, realizou-se um teste

post hoc de Fisher LSD e observou-se um efeito significativo para os participantes com Baixo

nível de Empatia entre as propostas Justas e Injustas (2,930μV ±0,3 e 1,259μV ±0,3

respectivamente, p<0,001) e para os participantes com Alto nível de Empatia entre as

propostas Justas e Injustas (2,089μV ±0,2 e 1,402μV ±0,3 respectivamente, p=0,017).

Tabela 90 – Amplitude Média do LPC – Média e Erro Padrão em função da Justiça e Nível Empatia

Nível

Empatia Justiça Média*

Erro

Padrão

Baixo Injusta 1,259 ±0,360

Justa 2,930 ±0,329

Alto Injusta 1,402 ±0,302

Justa 2,089 ±0,276

*Médias da Amplitude (μV) expresso pela média ±erro padrão.

Realizou-se uma ANOVA para medidas repetidas para a análise do componente

cognitivo LPC tendo como variável dependente a Amplitude Média do LPC na janela de

tempo de 500 a 890ms para a dupla Desconhecido1 propondo para o Amigo e os fatores

Justiça (Justo- R$50,00/R$50,00, Injusto para o Participante - R$70,00 e R$10,00 e R$40,00 e

Injusto- soma R$10,00/R$90,00 e R$20,00/R$80,00) e Área dos eletrodos (Centro-Parietal

Direita ou Centro-Parietal Esquerda), sendo analisado separadamente os fatores Gênero

(Masculino ou Feminino), Nível de Empatia (Alto e Baixo) devido ao grande quantidade de

fatores. Na Tabela 91, pode-se verificar que a análise ANOVA para medidas repetidas

encontrou uma diferença significativa nas variáveis Justiça (F[1,45]= 8,353, p=0,006) e Área

(F[1,45]=13,241, p=0,001). Não foram encontradas diferenças significativas da amplitude do

LPC para os demais fatores e para a análise considerando o fator Nível de Empatia.

212

Tabela 92 – Amplitude Média do LPC – ANOVA medidas repetidas em função da Justiça, Gênero e

Área

F p

Justiça 8,353 0,006*

Justiça * Gênero 0,061 0,805

Área 13,241 0,001**

Área * Gênero 1,205 0,278

Justiça * Área ,154 0,697

Justiça * Área * Gênero 1,663 0,204

*Análise considerando como efeito significativo p<0,05

**Análise considerando como efeito significativo p<0,001

Para o fator Justiça, o teste post hoc de Fisher LSD mostrou uma diferença

significativa entre as propostas Justas e Injustas (2,458μV ±0,2 e 1,840μV ±0,2

respectivamente, p=0,006) com maior amplitude para as propostas Justas.

Tabela 93 – Amplitude Média do P300 – Média e Erro Padrão em função da Justiça

Justiça Média* Erro

Padrão

Injusta 1,840 ±0,2

Justa 2,458 ±0,2

*Médias da Amplitude (μV) expresso pela média ±erro padrão.

Para o fator Área, o teste post hoc de Fisher LSD mostrou uma diferença significativa

entre os eletrodos da área Centro-Parietal Esquerda e Centro-Parietal a Direita (1,961μV ±0,2

e 2,337μV ±0,2 respectivamente, p<0,001) com maior amplitude nos eletrodos da área Centro-

Parietal Direita.

Tabela 94 – Amplitude Média do P300 – Média e Erro Padrão em função da Área

Área Média* Erro

Padrão

Centro-Parietal Direita 2,337 ±0,2

Centro-Parietal Esquerda 1,961 ±0,2

*Médias da Amplitude (μV) expresso pela média ±erro padrão.

213

Realizou-se uma ANOVA para medidas repetidas para a análise do componente

cognitivo LPC tendo como variável dependente a Amplitude Média do LPC na janela de

tempo de 500 a 890ms para a dupla Desconhecido2 propondo para Desconhecido1 e os

fatores Justiça (Justo- R$50,00/R$50,00, Injusto para o Participante - R$70,00 e R$10,00 e

R$40,00 e Injusto- soma R$10,00/R$90,00 e R$20,00/R$80,00) e Área dos eletrodos (Centro-

Parietal Direita ou Centro-Parietal Esquerda), sendo analisado separadamente os fatores

Gênero (Masculino ou Feminino), Nível de Empatia (Alto e Baixo) devido ao grande

quantidade de fatores. Na Tabela 95, pode-se verificar que a análise ANOVA para medidas

repetidas encontrou uma diferença significativa nas variáveis Justiça (F[1,45]= 23,298,

p<0,001) e Área (F[1,45]=20,623, p<0,001). Não foram encontradas diferenças significativas

da amplitude do LPC para os demais fatores e para a análise considerando o fator Nível de

Empatia.

Tabela 95 – Amplitude Média do LPC – ANOVA medidas repetidas em função da Justiça, Gênero e

Área

F p

Justiça 23,298 <0,001**

Justiça * Gênero 0,206 0,652

Área 20,623 <0,001**

Área * Gênero 0,206 0,652

Justiça * Área 3,014 0,090

Justiça * Área * Gênero 0,980 0,328

*Análise considerando como efeito significativo p<0,05

**Análise considerando como efeito significativo p<0,001

Para o fator Justiça, o teste post hoc de Fisher LSD mostrou uma diferença

significativa entre as propostas Justas e Injustas (2,121μV ±0,2 e 1,358μV ±0,2

respectivamente, p<0,001) com maior amplitude para as propostas Justas.

214

Tabela 96 – Amplitude Média do P300 – Média e Erro Padrão em função da Justiça

Justiça Média* Erro

Padrão

Injusta 1,358 ±0,2

Justa 2,121 ±0,2

*Médias da Amplitude (μV) expresso pela média ±erro padrão.

Para o fator Área, o teste post hoc de Fisher LSD mostrou uma diferença significativa

entre os eletrodos da área Centro-Parietal Esquerda e Centro-Parietal a Direita (1,486μV ±0,2

e 1,994μV ±0,2 respectivamente, p<0,001) com maior amplitude nos eletrodos da área Centro-

Parietal Direita.

Tabela 97 – Amplitude Média do P300 – Média e Erro Padrão em função da Área

Área Média* Erro

Padrão

Centro-Parietal Direita 1,994 ±0,2

Centro-Parietal Esquerda 1,486 ±0,2

*Médias da Amplitude (μV) expresso pela média ±erro padrão.

8.2.3.3 Discussão dos Resultados – Parte 2

Como forma de organização da discussão destes dados, este tópico foi dividido com

relação aos resultados da tarefa comportamental (Ultimatum Game) e aos componentes

analisados (MFN, P300 e LPC).

8.2.3.3.1 Ultimatum Game adaptado – parte 2

Alinha com a literatura, os participantes rejeitaram mais propostas Injustas do que

Justas, corroborando com a teoria da aversão a inequidade mesmo quando o participante não

tem perdas ou ganhos próprios envolvido.

215

Com relação as duplas, os participantes rejeitaram uma porcentagem maior de

propostas realizadas pelo Desconhecido1 para o Amigo e das propostas realizadas pelo

Desconhecido2 para o Desconhecido1. Ao rejeitarem mais propostas realizadas pelos

Desconhecidos do que pelo Amigo aponta para o impacto da confiança como modulador da

percepção de injustiça considerando o Amigo mais justo do que os outros dois

Desconhecidos. Os participantes também pontuaram o Amigo como sendo mais justo do que

os dois Desconhecidos, resultados que estão alinhado com estudo prévio (CAMPANHÃ et al,

2011).

Os participantes também tenderam a beneficiar mais o Amigo do que o Desconhecido

rejeitando maior porcentagem de propostas Injustas realizadas pelo Desconhecido1 para o

Amigo do que as propostas injustas realizadas pelo Amigo para o Desconhecido1. Contudo,

os participantes também perceberam as propostas do Desconhecido2 como sendo mais

injustas rejeitando-as em maior porcentagem quando realizadas para o Desconhecido1 e

rejeitaram mais de 50% das propostas Injustas realizadas pelo Amigo, o que mostra que

apesar de perceberem os Desconhecidos como mais injustos do que o Amigo, os participantes

também perceberam a injustiça por parte do Amigo. Resultados que contradizem um estudo

recente que mostrou uma menor preocupação com a justiça quando envolvia um

Desconhecido (KIM et al, 2013).

Estudos apontam para uma tendência em conformarmos com o grupo a que

pertencemos devido ao histórico recompensador e a importância afetiva para com este

(STALLEN, SMIDTS e SANFEY, 2013; FARERI, CHANG e DELGADO, 2012;

DELGADO, FRANK e PHELPS, 2005; FOURAGNAN et al, 2013). Esta tendência a

conformidade leva a comportamentos de maior aceitação mesmo que inicialmente o

participante tenha discordado do grupo a que pertence (CHENG et al, 2012). Tais resultados

apontam para uma regulação na detecção da violação da norma social e confiança quando um

216

outro afetivamente importante viola uma norma desativando esta detecção pelo núcleo

caudado levando, assim a maior conformidade (FOURAGNAN et al, 2013; STALLEN,

SMIDTS e SANFEY, 2013; MONTAGUE e LOHRENZ, 2007; KLUCHAREV et al, 2009;

DELAGDO e PHELPS, 2005). Tal hipótese é corroborada pelos achados no tempo de reação

para rejeitar propostas Injustas: os participantes levaram um tempo maior para rejeitar

propostas Injustas realizadas pelo Amigo para um Desconhecido do que um Desconhecido

realizando propostas para o Amigo e um outro Desconhecido. Resultados que apontam para

um maior tempo de avaliação as propostas injustas realizadas por uma pessoa de confiança e

afetivamente importante para o participante.

Com relação ao tempo de reação para aceitar as propostas Justas não foi observado

uma diferença significativa, o que sugere que os participantes não perceberam as propostas

justas de forma diferente entre os três propositores aceitando a grande maioria deste tipo de

proposta.

Com relação ao montante acumulado em cada interação, o Amigo acumulou a maior

quantidade de dinheiro no final do jogo do que o Desconhecido1 e o Desconhecido2

apontando para uma maior tendência dos participantes em beneficiarem o Amigo. Contudo,

quando o Desconhecido1 realizou propostas para o Amigo este acumulou maior quantidade

de dinheiro do que o Amigo. Como a sequência sempre foi a mesma (primeiro o Amigo

propunha para o Desconhecido1, depois o Desconhecido1 propunha para o Amigo e no final o

Desconhecido2 propunha para o Desconhecido1) os participantes podem ter buscado

compensar o Desconhecido1 após terem beneficiado o Amigo na primeira parte do jogo. A

mesma hipótese pode ser considerada para o maior montante acumulado para o

Desconhecido2 pelo fato de ter jogado apenas no final e pelo fato do Desconhecido1 já ter

sido beneficiado na interação anterior.

217

Os resultados do presente estudo estão alinhados com a teoria da preferencia a

inequidade e a aversão pela injustiça mesmo quando não há perdas ou ganhos próprios

envolvidos, resultados que sugerem uma motivação maior para a punição de comportamentos

injustos do que o benefício próprio como estudos anteriores sugerem: um processamento

automático e evolutivo para a proteção do grupo e para a manutenção das normas sociais

(FEHR e GÄCHTER, 2000, 2002; FEHR e SCHIMIDIT, 1999). Estudos tem apontado para a

detecção da violação da norma social e a rejeição de propostas injustas, mesmo para uma

terceira parte no jogo, pela insula anterior (CORRADI-DELLÀCQUA et al, 2012; CIAVAI et

al, 2012; SANFEY et al, 2003), estrutura também relacionada a “dor social” e a empatia a dor

(LEIBERMAN e EISENBERG, 2009; MASTEN, MORELLI e EISENBERG; 2011). Sua

maior ativação foi observada no aumento de comportamentos pro-sociais para as vítimas

(MASTEN, MORELLI e EISENBERG; 2011).

Esta hipótese é reforçada pela rejeição de propostas também ocorrer na interação entre

dois Desconhecidos e sem nenhum custo ou vantagem para o participante no jogo. Ou seja,

não haveria motivação no jogo em si para o participante se preocupar com a injustiça para o

Desconhecido uma vez que o racional seria aceitar qualquer valor e não teria nenhuma

implicação de ganhos ou perdas para o participante e nem para o seu Amigo, uma vez que o

poder se decisão estava nas mãos do participante e este realizava propostas antes do

Desconhecido.

8.2.3.3.2 Potenciais Relacionados a Eventos

8.2.3.3.3 Media Frontal Negativity

No presente estudo, observou-se uma interação entre os fatores área e Gênero sendo

que as Mulheres apresentaram amplitude mais negativa da diferença do componente MFN na

área Frontal Esquerda quando o Amigo realizou propostas para o Desconhecido1. O que

218

sugere que as Mulheres tiveram maior conflito do que os Homens com as propostas realizadas

pelo Amigo. Estudos tem apontado para maior amplitude do MFN na detecção de conflito

(KIMURA et al, 2013) e maior para os participantes que mudavam sua escolha inicial para a

escolha do grupo (CHEN et al, 2012). Corradi-Dell’Aqua et al (2012), observaram maior

ativação da Insula Anterior (IA) Esquerda no UG tanto quando o participante recebeu

propostas ruins quando um desconhecido recebeu propostas ruins apontando para emoções

negativas e detecção de violação da norma social (CIVAI et al, 2012; SANFEY et al, 2003).

Considerando os estes estudos em conjunto, pode-se ingerir que as Mulheres perceberam com

maior intensidade a violação da expectativa em relação as propostas do Amigo do que os

Homens.

Resultados que corroboram com os estudos sobre a diferença de gênero na observação

do desempenho do outro que mostram maior sensibilidade das Mulheres na observação de

perdas do outro com maior amplitude do MFN (FUKUSHIMA e HIRAKI, 2006), que tendem

a serem mais apaziguadoras, se preocuparem com a comunidade e com o outro (FISCHER-

SHOFTY, LEVKOVITZ e SHAMAY-TSOORY, 2013; MESTRE et al, 2009).

O Nível de Empatia também foi um fator que modulou a amplitude do MFN em

relação a Área. Os participantes com Alto nível de Empatia apresentaram amplitude da

diferença do MFN mais negativa nos eletrodos da área Frontal Esquerda e mais positiva na

área Frontal Direita quando o Amigo realizou propostas para o Desconhecido1. Resultados

que vão de encontro com estudo anterior que mostraram amplitude mais negativa do MFN em

pessoas com Alto nível de Empatia (FUKUSHIMA e HIRAKI, 2006) e ativação de áreas

relacionadas a emoções negativas e detecção de violação da norma social como a IA

Esquerda no UG (CORRADI-DELL’AQUA et al 2012; CIVAI et al, 2012; SANFEY et al,

2003). Considerando tais estudos em conjunto, pode-se inferir que as pessoas com Alto nível

de Empatia não somente perceberam a injustiça, mas também detectaram um conflito entre

219

sua expectativa com relação ao Amigo e as propostas observadas, corroborando com os

achados de Chen et al (2012) na violação da expectativa com relação a escolha do grupo que

pertence.

O fator gênero foi um fator que modulou a amplitude do MFN quando um

Desconhecido1 realizou propostas para o Amigo com amplitude mais negativa para os

Homens e mais positiva para as Mulheres. Importante ressaltar que nesta parte do jogo os

participantes não tinham ganhos e nem perdas, mas tinham que decidir no lugar do outro e

este outro dependia dos participantes para ganhar algum valor. Além disso, todos os

participantes jogaram seguindo a mesma sequência de interação: primeiro a dupla Amigo

propondo para o Desconhecido1, depois o Desconhecido1 propondo para o Amigo e, por

último, o Desconhecido2 propondo para o Desconhecido1. Os Homens parecem ter

percebido as propostas tanto do Amigo quanto do Desconhecido1 como Injustas por terem

apresentado amplitudes negativas do componente MFN nas duas interações ao passo que as

Mulheres parecem ter sentido maior violação de expectativa quando o Amigo realizou as

propostas do que quando o Desconhecido1 realizou as propostas apresentando amplitude do

MFN mais positiva para este último. O que sugere que as Mulheres talvez não esperassem

comportamentos mais justos por parte do Desconehcido1, uma vez que não houve diferença

de gênero significativa quando a nota de julgamento de justiça para os propositores sendo o

Desconhecido1 considerado mais injusto do que o Amigo. Uma possibilidade para esta

expectativa mais baixa em relação ao Desconhecido1 pode estar relacionada a percepção das

propostas realizadas pelo Amigo para este anteriormente. Se as Mulheres perceberam como

inesperadamente injustas, não esperariam que um Desconhecido fosse mais justo após tais

propostas criando assim uma expectativa menor.

Um estudo mostrou que a expectativa modula a percepção de justiça fazendo com que

as pessoas aceitem mais propostas injustas quando é sinalizado que os propositores já fizeram

220

propostas injustas anteriormente no jogo UG (SANFEY et al, 2009). Dessa forma, pode-se

inferir que, provavelmente, as Mulheres consideraram as propostas realizadas pelo

Desconehcido1 mais justas em função de terem percebido as propostas realizadas pelo Amigo

mais injustas. Já os Homens, por serem mais sistemáticos (BARON-COHEN, 2004;

LAWSON, BARON-COHEN e WHEELWRIGH, 2004) e, por terem naturalmente maior

quantidade de testosterona, são mais competitivos e vigilantes (BOS et al, 2012) teriam

percebido os dois propositores como injustos, apesar de não terem pontuado de forma

diferente do que as Mulheres o Amigo considerando-o mais justo.

Kim et al (2013) mostrou que os participantes tendem a se comportar com o Amigo de

forma similar como se comportam quando a injustiça é cometida com eles mesmos ao passo

que com um Desconhecido há uma redução na sensibilidade com a injustiça cometida

apontando para uma maior facilidade de se colocarem no lugar do outro quando este é

afetivamente importante para eles. Além disso, as notas são dadas no final dos jogos (parte 1

e parte 2), o que pode ter levado a uma avaliação mais cognitiva do que afetiva quando

realizaram o julgamento de justiça das propostas realizadas e uma relativização no

comportamento do Amigo, possivelmente, pelos mecanismos descritos por estudos anteriores

do CPFV lateral na redução da atividade de estruturas relacionadas a detecção da violação da

confiança e uma redução da atividade do núcleo caudado para manter as crenças iniciais sobre

o outro quando estas crenças entram em conflito com o comportamento observado

(FOURAGANAN te al, 2013), o que pode ter levado a maior conformidade com o

comportamento deste.

As Mulheres já são mais empáticas (SHULTER-RÜTHER et al, 2008; BARON-

COHEN, 2004; LAWSON, BARON-COHEN e WHEELWRIGH, 2004) e mais

apaziguadoras, preocupadas com o outro (FISHER-SOFTY, LEVKOVITZ e SHAMAY-

221

TSOORY, 2013), podemos inferir que estas ponderaram as propostas do Desconhecido1 em

relação a percepção das propostas realizadas pelo Amigo anteriormente como não tão justas.

Os achados de Kim et al (2013) em relação a distância social e ao menor impacto da

injustiça também são corroborados com os resultados do presente estudo na terceira dupla,

quando o Desconhecido2 realizou propostas para o Desconehcido1. Interação em que não

observou-se efeito significativo na amplitude da diferença do MFN para nenhum dos fatores

analisados. O fato dos fatores gênero e nível de empatia não terem modulado a amplitude do

componente MFN na interação entre dois desconhecidos aponta para uma menor preocupação

com os ganhos do outro e com a injustiça cometida para com desconhecidos. Resultados que

estão alinhados com estudos prévios de observação de um Amigo e um Desconhecido

jogando que mostram diferença na amplitude do componente MFN e FRN para com as perdas

do Amigo, mas não para com o Desconhecido, principalmente quando o participante não tem

perdas e ganhos envolvidos no jogo (MA et al, 2011; FUKUSHIMA e HIRAKI, 2006; LENG

e ZHOU, 2010).

Os resultados em conjunto apontam para a Amizade como um modulador importante

na percepção de justiça indo de encontro a estudos prévios que mostram que há uma sintonia

mental com aqueles em que reportam forte sentimentos de confiança no outro com ativação

do STS, área relacionada a tomar a perspectiva do outro (STALLEN, SMIDTS e SANFEY,

2013). Krueger et al. (2007) sugere que o conhecimento prévio sobre as características do outro

(que garante sentimento de confiança de forma incondicional) gera alto nível de sincronicidade

entre os parceiros resultando em menores demandas cognitivas. Nessa linha, a amizade parece

levar a uma maior facilidade em se colocar no lugar do outro.

Um estudo recente mostrou que as faces de pessoas confiáveis foram percebidas como

mais similares com a face do participante do que as faces de parceiros não confiáveis

(FARMER, MCKAY e TSAKIRIS, 2014). Além disso, os estudos com oxitocina sugerem

222

não somente maior nível de confiança (BAUMGARTNER et al, 2008; KOSFELD, et al. 2005;

ZACK, 2012), mas também comportamentos de maior conformidade para aqueles que são

considerados afetivamente importantes e de confiança (DE DREU et al, 2012; STALLEN,

SMIDTS e SANFEY, 2013; ISRAEL, HART e WINTER, 2014; STALLEN et al, 2012).

Considerando tais estudos em conjunto, pode-se inferir que a confiança parece levar a maior

empatia não somente pela percepção do outro como alguém semelhante a si mesmo, mas

também pela importância afetiva levando a maior sintonia nos pensamentos e sentimentos

para com o outro.

8.2.3.3.4 P300

Alinha com a literatura, para as três dupla os participantes apresentaram maior

amplitude do componente P300 para as propostas Justas do que Injustas. Resultados que

corroboram com a teoria de que o P300 é sensível a magnitude da proposta (YEUNG e

SANFEY, 2004; YEUNG, HOLROYD e COHEN, 2004; WU e ZHOU, 2009) e com estudos

prévios que mostram maior amplitude do componente P300 para propostas Justas do que

Injustas (HEWIG et al., 2010; WU et al, 2012; WU et al., 2011) e para ganhos do que não-

ganhos (LONG, JIANG e ZOHOU, 2012; LENG e ZHOU, 2010).

Com relação a área, para todas as duplas os participantes apresentaram maior

amplitude do componente P300 na área Centro-Parietal Direita, resultados que estão de

acordo com a literatura (YEUNG e SANFEY, 2004; YEUNG, HOLROYD e COHEN, 2004).

Além disso, os participantes apresentaram maior amplitude do componente P300 para as

propostas Justas na área Centro-Parietal Direita tanto na dupla Amigo propondo para o

Desconehcido1 quanto na dupla Desconhecido2 propondo para o Desconehcido1, corroborando

com estudos prévios sobre o engajamento atencional e motivacional para as propostas Justas

(PLOISCHI, 2007; GRAY et al, 2004; YEUNG e SANFEY, 2004) e para maior amplitude do

223

componente P300 para a magnitude da proposta (YEUNG e SANFEY, 2004; YEUNG,

HOLROYD e COHEN, 2004; WU e ZHOU, 2009) e para os ganhos (LONG, JIANG e

ZOHOU, 2012; LENG e ZHOU, 2010).

As propostas Justas também eliciaram maior amplitude do componente P300 para as

Mulheres e para os Homens na área Centro-Parietal Direita do que na área Centro-Parietal

Esquerda, resultados que sugerem que tanto as Mulheres quanto os Homens perceberam as

propostas Justas realizadas pelo Amigo como recompensadoras.

Interessante observar que apenas quando o Desconehcido1 realizou propostas para o

Amigo e quando o Desconhecido2 realizou propostas para o Desconhecido1 houve um efeito

entre grupos para o fator Gênero, sendo que para ambas as duplas as Mulheres apresentaram

maior amplitude do componente P300 do que os Homens. O que sugere que as Mulheres

perceberam as propostas realizadas por estas duplas de forma mais recompensadoras do que

os Homens.

A expectativa é um fator que pode ter levado a modulação da amplitude do

componente P300 para as Mulheres, uma vez que a relação entre a amplitude do MFN e do

P300 para conformidade e expectativa tem sido observada em estudos prévios (YU e SUN,

2013; HAJCAK et al, 2007; PFABIGAN et al, 2010). No presente estudo, as Mulheres

apresentaram uma redução da amplitude do MFN sendo mais positiva quando as propostas

foram realizadas pelo Desconehcido1 para o Amigo apontando para uma percepção mais

positiva das propostas realizadas por este e uma expectativa menor do que os Homens para

este propositor.

Yu e Sun (2013) observaram uma relação entre a redução da amplitude do FRN e um

aumento na amplitude do componente P300 para uma conformidade com as escolhas e

sugerem que se conformar seria por si só percebido como positivo. Resultados inesperados

também aumentaram a amplitude do componente P300 (HAJCAK et al, 2007; PFABIGAN et

224

al, 2010). Além disso, o componente P300 também tem sido observado com maior amplitude

na comparação social por e os autores sugerem que alguns contextos levariam a um maior

engajamento e esforço cognitivo (MOSER, GAERTIG e RUZ, 2014).

Considerando tais estudos em conjunto, pode-se inferir que as Mulheres, por serem

mais apaziguadoras, se preocuparem mais com o bem estar comum, com as relações sociais e

apresentam maior facilidade para a compreensão da intenção do outro (FISHER-SHOFTY,

LEVKOVITZ e SHAMAY-TSOORY, 2013; MESTRE et al, 2009; VIGIL, 2007), podem ter

percebido as propostas realizadas pelo Desconehcido1 e pelo Desconehcido2 como

inesperadas e mais positivas devido a uma baixa expectativa em relação a estes levando a uma

maior amplitude do componente P300 do que para os Homens, que são mais competitivos e,

provavelmente, tinham maior expectativa com relação a estes propositores. Importante

considerar que o fato dos participantes não terem recompensas e perdas envolvidas, mas

tinham que se colocarem no lugar de quem recebia as propostas, pode ter levado a um maior

engajamento e esforço cognitivo por parte das Mulheres que, em geral, têm maior facilidade

de se colocar no lugar do outro (BARON-CHOEN, 2003; MESTRE et al, 2009; SCHULTE-

RÜTHER et al, 2008). Já os Homens podem ter se distanciado mais e, por isso, reduzido sua

sensibilidade para a justiça (KIM et al, 2013).

8.2.3.3.5 Late Positivity Complex

No presente estudo, os participantes apresentaram maior amplitude do componente

LPC para as propostas Justas para as três duplas de interação. Alinhado com estudos prévios

que mostram maior amplitude do componente LPC para estímulos de grande relevância

motivacional (SCHUPP et al, 200; WU et al, 2011; WU et al 2012; WEINBERG e HAJCAK,

2011; BOUDREAU, MCCUBBINS e COULSON, 2009). Além disso, este componente mais

tardio vem sendo apontado como um componente sensível a comparação social apresentando

225

amplitude maior para propostas com menores diferenças entre o propositor e o participante do

que propostas com maiores desigualdades entre o propositor e o participante (WU et al, 2011;

WU et al, 2012; WANG, YANG, JIANG e QIU, 2013). Resultados que apontam para maior

relevância motivacional quando há equidade. Contudo, apenas quando o Amigo realizou

propostas para o Desconhecido1 que observou-se uma interação entre os fatores Justiça e

Nível de Empatia.

O fato do Amigo ser uma pessoa afetivamente importante para o participante poder

levado a um maior engajamento atencional e motivacional para as propostas realizadas por

este, ainda mais por terem que decidir se aceitariam ou rejeitariam as propostas deles no lugar

de um Desconhecido. O que pode ter levado a uma maior preocupação empática na

comparação social e, por isso, o LPC ter apresentado maior amplitude para as propostas

Justas tanto para as pessoas com Baixo quanto com Alto nível de Empatia. Resultados que

vão de encontro com estudos prévios que apontam para o maior impacto da injustiça quando

uma pessoa de grande importância afetiva e confiança está envolvida (KIM et al, 2013),

principalmente quando o participante não tem ganhos ou perdas no jogo (MA et a, 2011;

LENG e ZHOU, 2010). Além disso, componente LPC tem sido observado com maior

amplitude em situações na “leitura “ de interação de mentes do que uma única mente

(WANG et al, 2011), estudos que apontam para um maior engajamento cognitivo e da

empatia na comparação social principalmente quando uma pessoa de confiança está

envolvida.

Assim, interação do fator Justiça e Nível de Empatia para o Amigo propondo para o

Desconhecido1 sugere maior engajamento atencional e motivacional na comparação social

das propostas realizadas pelo Amigo com maior amplitude do componente P300 para as

propostas Justas por terem menor diferença entre o propositor e quem recebe a proposta (WU

et al, 2011; 2012), diminuindo o conflito do participante. Em relação aos dois níveis de

226

Empatia terem apresentado maior amplitude do LPC para as propostas Justas, estudo anterior

mostrou que tanto as pessoas com Baixo quanto com Alto nível de Empatia percebem a

justiça de forma semelhante, entretanto, reagem a injustiça de forma diferente (LELIVELD,

VANDIJK e VANBEEST, 2012). O que sugere que os participantes com Baixo e Alto nível

de Empatia tenham processado a injustiça de forma semelhante. Por ser um componente mais

tardio, o LPC parece estar relacionado a um processamento mais cognitivo, possivelmente

envolvendo a atividade do CPFM (WANG et al, 2011). Também é um componente que não

está relacionado ao processamento da valência em si dos estímulos, mas sim a uma

reavaliação destes (WU et al, 2012).

Em relação ao efeito para o fator área encontrado para as três duplas, na mesma

direção de estudos prévios, a amplitude do componente LPC foi maior na Área Centro-

Parietal Direita. De acordo com achados anteriores, o hemisfério direito está relacionado a

categorização, engajamento motivacional e afetivo do estímulo e, por isso, o componente

LPC apresenta maior amplitude nos eletrodos Centro-Parietal Direito nas situações de

avaliação de categorização do que não-categorização de atitudes e sua grande lateralização é

atribuída a mudança do significado motivacional (CACIOPPO et al, 1996; CRITES e

CACIOPPO, 1996).

9 Discussão Geral

O presente estudo teve como objetivo geral investigar o impacto da Empatia e do

Gênero no Ultimatum Game como moduladores do comportamento e da atividade

eletrofisiológica em relação a Confiança. Além disso, investigar o impacto da preferencia

social na percepção de justiça em dois contextos diferentes de envolvimento pessoal em duas

versões adaptadas do Ultimatum Game em relação a Confiança e o como a Confiança e os

227

fatores Gênero e Nível de Empatia modulam o comportamento e a atividade eletrofisiológica

nestes contextos.

Para isso, dois experimentos foram realizados para a melhor compreensão destas

variáveis. No primeiro experimento foi possível verificar que não somente a Confiança é um

fator importante na modulação do comportamento e na atividade eletrofisiológica, como

também os fatores Gênero e a Empatia.

No segundo experimento foi possível observar novamente o impacto da Confiança

como modulador do comportamento e da atividade eletrofisiológica nos dois contextos

estudados: envolvendo ganhos e perdas e a outra sem ganhos e perdas pessoais, mas tinham

que se colocar no lugar do outro.

Corroborando com o estudo prévio realizado no mestrado (CAMPANHÃ et al, 2011),

a Confiança novamente mostrou ser um forte fator modulador do comportamento em ambos

os experimentos. Não somente levando a um viés de percepção de justiça por parte dos

participantes, mas também foi possível verificar como os diferentes Gêneros são impactos

pela Confiança, bem como a Empatia parece ter maior impacto quando há o envolvimento de

uma pessoa de Confiança. Tais resultados corroboram com estudos prévios de que a distância

social é um fator importante na tomada de decisão social e na percepção de justiça apontando

para uma relativização desta em diferentes contextos (KIM et al, 2013; MA et al, 2011; LENZ

e ZHOU et al, 2010; FUKUSHIMA e HIRAKI, 2006). Além disso, os resultados do presente

estudo corroboram com estudos prévios que mostram o impacto da Confiança na

conformidade com violações de normas sociais devido a importância afetiva e o histórico

recompensador que a pessoa de Confiança tem para os participantes (FOURAGNAN et al,

2013; DELGADO, FRANK e PHELPS, 2005; STALLEN, SMIDTS e SNAFEY, 2013).

O contexto também foi um fator importante para este viés de percepção. No primeiro

experimento os participantes acreditavam receber propostas diretamente do Amigo e do

228

Desconhecido e, no segundo experimento, os participantes tinham que decidir por eles e por

um terceiro “dummy”, na primeira parte, e no lugar de quem recebia as propostas do Amigo e

pelo Amigo na segunda parte do jogo. O fato de na segunda parte do segundo experimento

não envolver ganhos e perdas pessoais fez com que os participantes apresentassem um viés

menor para a percepção de justiça por parte do Amigo na observação das propostas realizadas

por este no componente MFN. Apesar de comportamentalmente os participantes beneficiarem

mais o Amigo quando este era o propositor e quando o Desconehcido1 realizou propostas

para o Amigo, os participantes acumularam um valor maior para o Desconhecido 1 do que

para o Amigo. O que sugere que a sequência das interações e o distanciamento do participante

tenha levado a uma maior relativização da justiça entre as três duplas de interação.

Quando os participantes tinham ganhos próprios envolvidos no jogo, o viés de

percepção de justiça para com o Amigo foi maior. Os resultados considerados em conjunto

apontam para uma maior conformidade com o comportamento das pessoas de grande

importância afetivas, mas que o contexto é um fator importante na potencialização deste viés.

Um estudo recente mostrou que informações prévias sobre o parceiro não somente

criava uma reputação levando a confiança, mas também diminuía a atividade da insula,

estrutura relacionada as emoções negativas e a injustiça (CORRADI-DELL’ACQUA et al,

2012; CIAVAI et al, 2012; SANFEY et al, 2003), e uma maior ativação do CPFM apontando

para uma redução na incerteza sobre o comportamento do outro e na antecipação de previsão

sobre o comportamento do outro (FOURAGNAN et al, 2013).

A importância da Amizade observada no presente estudo corrobora com estudos

prévios a respeito da diferença do comportamento de proteção e cuidado para com Amigos de

forma muito semelhante ao comportamento de proteção e cuidado para com familiares

(KORCHMAROS e KENNY, 2006), mostrando que este é considerado tão importante

229

quando a família e que estes comportamentos estão relacionados também a necessidade

humana de aceitação e pertencimento a grupos (EISENBERG e LIEBERMAN, 2004).

Estudos de neuroimagem têm apontando para uma atividade do CPFVL na redução de

atividades que detectam a violação da confiança como o núcleo caudado, mecanismo

relacionado a detecção de um erro quando ocorreria a violação (FOURAGNAN et al, 2013;

DELGADO, FRANK e PHELPS, 2005) e parece ser um mecanismo evolutivo no sentido de

que evitaria retaliações desnecessárias e auxilia na manutenção da estabilidade social,

segundo Fouragnan et al (2013).

O componente MFN foi um importante marcador biológico para a melhor

compreensão do viés de percepção de justiça na interação com pessoas de Confiança e na

maior conformidade para com estes. Corroborando com achados anteriores, a redução da

atividade do MFN foi relacionada a um comportamento de maior conformidade com aumento

da amplitude do P300 também (YU e SUN, 2013).

Como um marcador na detecção da injustiça e na aversão deste, o MFN também foi

importante para uma melhor compreensão acerca da diferença de Gênero mostrando uma

característica descrita em estudos prévios das Mulheres serem mais apaziguadoras,

preocupadas com o bem estar comum e mais empáticas (BARON-COHEN, 2004; MESTRE

et al, 2009; FISCHER-SHOFTY, LEVKOVITZ e SHAMAY-TSOORY, 2013) levando a uma

maior relativização na percepção de injustiça. Apesar de terem sido mais sensíveis a injustiça,

as Mulheres tentaram contentar a todos ao passo que os Homens, mais competitivos,

apresentaram comportamento de maior proteção para o Amigo.

Em uma perspectiva mais evolutiva, tais comportamentos parecem estar relacionados

a teoria de que as Mulheres são mais sociáveis e se preocupam mais com o bem estar do

grupo por terem comportamentos selecionados desde a idade das cavernas, onde as Mulheres

230

eram responsáveis pelo cuidado da prole e do grupo. Já os Homens cuidavam mais da

proteção do grupo e da liderança deste (BARON-CHOEN, 2003).

A punição altruísta também foi modulada pela Confiança levando Homens e Mulheres

a rejeitarem mais as propostas Injustas quando o Amigo era sua dupla, o que tinha um custo

para os participantes, do que quando era um Desconhecido. Os fatores Gênero e Nível de

Empatia só modularam o tempo de reação na parte comportamental da primeira parte do

experimento1. Contudo, o MFN só foi mais negativo quando as propostas foram Injustas para

Ambos quando a dupla era o Amigo. Os fatores Gênero e Nível de Empatia só modularam a

amplitude do MFN quando a dupla era o Amigo, sendo mais negativo para as Mulheres e para

as pessoas com Alto nível de Empatia apontando novamente para uma maior sensibilidade a

injustiça quando o outro é uma pessoa afetivamente importante.

Dessa forma, a punição altruísta foi modulada não somente pelo envolvimento pessoal

nos ganhos e perdas do participante, mas também fortemente pela Confiança rejeitando mais

propostas injustas realizadas pelos Desconhecidos e favorecendo o Amigo nas duas partes do

jogo do segundo experimento com amplitude mais negativa do MFN quando a dupla era um

Amigo, na primeira parte, e apenas quando o Amigo estava envolvido na segunda parte.

O componente P300 e LPC foram não somente sensíveis a recompensa, mas também a

expectativa, conformação social e a comparação social. Alinhados com estudos prévios, estes

componentes foram modulados também pelo contexto e pela Confiança sendo que estes

fatores levaram a diferenças entre Gênero e Nível de Empatia na amplitude destes.

Novamente a Confiança foi um importante fator na modulação destes componentes com

maior amplitude do P300 nos ganhos para Ambos, tanto Amigo quanto Desconehcido, na

primeira parte do segundo experimento e para as propostas justas realizadas pelas três duplas

na segunda parte do segundo experimento. Contudo, o Gênero só modulou a amplitude do

componente P300 quando o Desconhecido1 e Desconehcido2 realizaram propostas com

231

maior amplitude para as Mulheres. O que sugere que estas tinham expectativas menores com

relação a este propositores.

O componente LPC, tanto no primeiro experimento quanto nas duas partes do segundo

experimento, foi maior quando as propostas eram mais justas. Ou seja, quando a diferença

entre os participantes era menor corroborando com achados anteriores da relação da

amplitude do componente LPC na comparação social (WU et al, 2011; 2012). Além disso, o

Nível de Empatia só modulou a amplitude do componente LPC quando o Amigo propôs para

o Desconhecido1 com maior amplitude tanto para baixo quando para alto empatia para as

propostas justas (maior ainda para Alto nível de Empatia para as propostas justas). Os

resultados em conjunto apontam para um maior engajamento das pessoas com Alto nível de

Empatia não somente na comparação social, mas também na redução da diferença entre as

partes envolvidas. Mas não quando o participante tem perdas e ganhos envolvidos.

Já no primeiro experimento, a Gênero e Nível de Empatia também modulou a

amplitude do componente LPC com maior amplitude para as propostas justas tanto para as

Mulheres quando para os Homens, mas para as Mulheres foi maior quando as propostas

Justas foram realizadas pelo Amigo. Os Homens apresentaram maior amplitude quando as

propostas Justas foram realizadas por um Desconhecido. Resultados que novamente aponta

para a maior amplitude do componente LPC na redução da diferença entre propositor e

participante sendo uma preferência maior para Homens e Mulheres com Alto nível de

Empatia. A diferença de gênero também corrobora com achados anteriores de que as

Mulheres teriam maior engajamento e atenção para a Amizade e os Homens, por serem mais

competitivos, maior engajamento e atenção quando as propostas foram realizadas por um

Desconhecido.

Assim, o presente estudo trouxe importantes contribuições a cerca do comportamento

humano na interação social e como o contexto e a confiança modulam o comportamento. A

232

interação dos fatores aqui estudados em diferentes contextos corroboram com o caminho que

os estudos dos hormônios oxictocina e testosterona, hormônios não somente presentes em

quantidades diferentes entre os gêneros, mas também como moduladores do comportamento

social, vem sendo apontado. Apesar destes hormônios não terem sido dosados no presente

estudo, futuros estudos poderão investigar melhor a relação dos comportamentos observados

de conformidade e os níveis da oxitocina e testostenora entre os gêneros nos diferentes níveis

de confiança.

Esta diferença do contexto faz sentido numa perspectiva mais evolutiva, modulando o

comportamento em diferentes situações de forma a maximizar a probabilidade de

sobrevivência por sermos seres que dependem uns dos outros deste a mais tenra idade

(LIBERMEN e EISENGER, 2009). Inclusive, estudos comportamentais sociais tem

corroborado com esta hipótese mostrando que o baixo poder social leva a maior empatia

(COTÉ et al, 2011), maior compaixão (STELLAR et al, 2011) e comportamento de doação

(KRAUS, KELTNER e CHENG, 2010) do que aqueles que tem maior poder social ou de

maior classe social. Achados que sugerem uma preocupação maior com o outro por depender

mais do outro para aumentar as chances de sobrevivência, ao passo que as pessoas com alto

poder social seriam mais autônomas e, por isso, se preocupariam menos com o outro.

Nesse sentido, entender o impacto da Confiança nos diferentes contextos, bem como o

impacto da Empatia e do Gênero na tomada de decisão social é de grande relevância não

somente para a melhor compreensão do comportamento humano nos diferentes fenômenos

observados, mas também para a melhor compreensão de quadro clínicos como o Autismo e

Síndrome de Willians, distúrbios do desenvolvimento com comprometimentos importantes na

interação social. Em relação ao Autismo, um Transtorno Global do Desenvolvimento,

pesquisas têm apontado para alterações na atividade de estruturas relacionadas a cognição

social como a empatia (CHIU et al, 2008; SCHULTE-RÜTHER, 2011), no monitoramento

233

do comportamento e na detecção de erros (HENDERSON et al, 2006; SANTESSO et al,

2011; LARSON et al, 2011). Pensar em intervenções para grupos como estes para sua

inclusão social ainda é um grande desafio, uma vez que ainda não é claro todos os fatores que

regem o comportamento social sendo alguns deles considerados irracionais.

O presente estudo trás contribuições importantes acerca da importância da empatia na

interação social e da confiança que podem vir a auxiliar não somente na compreensão do

comportamento deste grupo clínico, mas também a pensar em possíveis intervenções para

uma inclusão social mais efetiva dos pacientes com menores prejuízos no desenvolvimento

cognitivo como os Autistas de auto desempenho e os Asperges, pacientes que aprecem

apresentar um grau de cognição social preservada (CHIU et al, 2008), mas ainda não

suficiente para ser modulado por diferentes contextos sociais e para a compreensão de

sutilezas das normas sociais que não são explicitamente colocadas.

Em suma, o presente estudo trouxe importantes contribuições acerca do impacto da

Confiança, Gênero e Empatia na tomada de decisão social. Futuros estudos utilizando outras

técnicas da neurociências como a combinação da estimulação cerebral não-invasiva e o

registro eletroencefalográfico para uma melhor compreensão do papel de áreas cerebrais mais

específicas relacionadas aos mecanismos da confiança e a não percepção da violação da

confiança, por exemplo. Dessa forma, levará a maior clareza na compreensão da confiança

como um fator importante que modula a percepção de justiça em diferentes contextos socias.

10. Conclusão

O presente estudo investigou o impacto da empatia e do gênero na tomada de decisão

social no jogo UG tendo como propositores uma pessoa de confiança e um desconhecido

(experimento1). Além disso, investigou-se por meio da punição altruísta o impacto do

234

envolvimento pessoal no jogo ug adapatado com duas condições diferentes em que um amigo

e desconhecidos dependiam do participante. o presente estudo trouxe importantes

contribuições acerca do impacto da Confiança, Gênero e Empatia na tomada de decisão social

apontando para a importância da confiança como modulador da percepção de justiça, bem

como as diferenças entre os gêneros na percepção de justiça levando a diferentes reações

frente a diferentes níveis de confiança e de envolvimento pessoal. Os resultados do presente

estudo contribuíram para uma melhor compreensão a cerca do contexto na modulação do

comportamento e como o gênero e a empatia apresentam maior ou menor impacto em relação

a estes. Os resultados em conjunto sugerem que a necessidade de pertencimento leva a

conformidade e a um viés na percepção de justiça devido a importância afetiva do outro.

Futuros estudos poderão contribuir para maior compreensão dos mecanismos subjacentes a

este viés de percepção em função do gênero e do nível de empatia como estudos com

dosagem de hormônios e o registro da atividade eletrofisiológica, por exemplo. Compreender

os mecanismos subjacentes as diferenças entre gênero nas relações de confiança poderá

ampliar o conhecimento acerca de fenômenos sociais como a não percepção de segundas

intenções em diferentes contextos sociais e, assim, possibilitar pensar em estratégias de

intervenção para diferentes fases do desenvolvimento como os adolescentes que são mais

sucetíveis de se envolverem sem perceber os riscos, pacientes com prejuízos em habilidades

sociais, entre outros.

235

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248

ANEXO

TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO – Sujeito de Pesquisa

Gostaríamos de convidá-lo a participar do projeto de pesquisa “Gênero e Empatia como

moduladores dos processos de decisão social – um estudo comportamental e eletrofisiológico”

que se propõe investigar o impacto da empatia e as diferenças de gênero na confiança em jovens por

meio de um jogo de tomada de decisão social. Além disso, iremos investigar a atividade

eletroencéfalográfica com o uso do EEG durante o jogo para estudar como processamos as

informações em diferentes interações sociais. Para isso, será solicitado que traga um amigo do mesmo

gênero de grande confiança que irá jogar com você. Antes de realizamos o jogo, será aplicado

questionário sobre os dados demográficos e algumas escalas. Você irá realizar o jogo com o seu amigo

durante o registro da atividade eletroencefalográfica com uma touca de eletrodos do EEG embebida

em uma solução salina e shampoo. Você não sentirá nada, a touca apenas coleta as informações não

implicando nenhum tipo de risco para você que permanecerá acordado o tempo todo. Os instrumentos

de avaliação serão aplicados pelo Pesquisador Responsável e tanto os instrumentos de coleta de dados

quanto o contato interpessoal oferecem riscos mínimos aos participantes.

Em qualquer etapa do estudo você terá acesso ao Pesquisador Responsável para o

esclarecimento de eventuais dúvidas (no endereço abaixo), e terá o direito de retirar a permissão para

participar do estudo a qualquer momento, sem qualquer penalidade ou prejuízo. As informações

coletadas serão analisadas em conjunto com a de outros participantes e será garantido o sigilo, a

privacidade e a confidencialidade das questões respondidas, sendo resguardado o nome dos

participantes (apenas o Pesquisador Responsável terá acesso a essa informação), bem como a

identificação do local da coleta de dados.

Caso você tenha alguma consideração ou dúvida sobre os aspectos éticos da pesquisa, poderá

entrar em contato com o Comitê de Ética em Pesquisa da Universidade Presbiteriana Mackenzie -

Rua da Consolação, 896 - Ed. João Calvino - Mezanino.

Desde já agradecemos a sua colaboração.

Declaro que li e entendi os objetivos deste estudo, e que as dúvidas que tive foram esclarecidas pelo

Pesquisador Responsável. Estou ciente que a participação é voluntária, e que, a qualquer momento

tenho o direito de obter outros esclarecimentos sobre a pesquisa e de retirar a permissão para participar

da mesma, sem qualquer penalidade ou prejuízo.

Nome do Sujeito de Pesquisa:______________________________________________

Assinatura do Sujeito de Pesquisa:__________________________________________

Declaro que expliquei ao Responsável pelo Sujeito de Pesquisa os procedimentos a serem realizados

neste estudo, seus eventuais riscos/desconfortos, possibilidade de retirar-se da pesquisa sem qualquer

penalidade ou prejuízo, assim como esclareci as dúvidas apresentadas.

São Paulo,___de__________de_______.

___________________________________ _________________________________

Pesquisador Responsável: Camila Campanhã Orientador: Prof. Dr. Paulo S. Boggio

Universidade Presbiteriana Mackenzie

R. Paiuí, nº181, 10º andar

Telefone:2114-8001

e-mail:[email protected]

249

TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO – Instituição

Gostaríamos de convidar a sua Instituição a participar do projeto de pesquisa “Gênero e

Empatia como moduladores dos processos de decisão social – um estudo comportamental e

eletrofisiológico” que se propõe investigar o impacto da empatia e as diferenças de gênero na

confiança em jovens adultos universitários entre 18 a 30 anos por meio de um jogo de tomada de

decisão social. Além disso, iremos investigar a atividade eletroencéfalográfica com o uso do EEG

durante o jogo para estudar como as pessoas processam as informações em diferentes interações

sociais. Para isso, será solicitado que traga o participante traga um amigo do mesmo gênero de grande

confiança que irá jogar com ele. Durante o registro da atividade eletroencefalográfica com uma touca

de eletrodos do EEG embebida em uma solução salina e shampoo o participante não sentirá nada, a

touca apenas coleta as informações não implicando nenhum tipo de risco para o participante que

permanecerá acordado o tempo todo. Os instrumentos de avaliação serão aplicados pelo Pesquisador

Responsável e tanto os instrumentos de coleta de dados quanto o contato interpessoal oferecem riscos

mínimos aos participantes.

Em qualquer etapa do estudo você terá acesso ao Pesquisador Responsável para o

esclarecimento de eventuais dúvidas (no endereço abaixo), e terá o direito de retirar a permissão para

participar do estudo a qualquer momento, sem qualquer penalidade ou prejuízo. As informações

coletadas serão analisadas em conjunto com a de outros participantes e será garantido o sigilo, a

privacidade e a confidencialidade das questões respondidas, sendo resguardado o nome dos

participantes (apenas o Pesquisador Responsável terá acesso a essa informação), bem como a

identificação do local da coleta de dados.

Caso você tenha alguma consideração ou dúvida sobre os aspectos éticos da pesquisa, poderá

entrar em contato com o Comitê de Ética em Pesquisa da Universidade Presbiteriana Mackenzie -

Rua da Consolação, 896 - Ed. João Calvino - Mezanino.

Desde já agradecemos a sua colaboração.

Declaro que li e entendi os objetivos deste estudo, e que as dúvidas que tive foram esclarecidas pelo

Pesquisador Responsável. Estou ciente que a participação da Instituição e dos Sujeitos de Pesquisa é

voluntária, e que, a qualquer momento ambos tem o direito de obter outros esclarecimentos sobre a

pesquisa e de retirar-se da mesma, sem qualquer penalidade ou prejuízo.

Nome do Sujeito de Pesquisa:______________________________________________

Assinatura do Sujeito de Pesquisa:__________________________________________

Declaro que expliquei ao Responsável pela Instituição os procedimentos a serem realizados neste

estudo, seus eventuais riscos/desconfortos, possibilidade de retirar-se da pesquisa sem qualquer

penalidade ou prejuízo, assim como esclareci as dúvidas apresentadas.

São Paulo,___de__________de_______.

___________________________________ _________________________________

Pesquisador Responsável: Camila Campanhã Orientador: Prof. Dr. Paulo S. Boggio

Universidade Presbiteriana Mackenzie

R. Paiuí, nº181, 10º andar

Telefone:2114-8001

e-mail:[email protected]