CAMINHADA OCORRE SEM A PRESENÇA DE JEGUES
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SALVADORSALVADOR SEXTA-FEIRA 13/1/2012A4
REGIÃO METROPOLITANA
Estudantes fazem protestoEstudantes de Salvador aproveitaram a lavagem paraprotestar contra o aumento da tarifa de ônibus
Fernando Amorim / Ag. A TARDE
Multidão ruma à colinaCom mais da metade do trajeto vencido, a multidãopôde ver ao longe a colina e a Igreja do Bonfim
Larissa Fontes / Ag. A TARDE
Festa de fé no adroO cortejo chegou, às 11h30, ao destino final, o adro doBonfim, onde baianas lavaram as escadarias da igreja
Raul Spinassé / Ag. A TARDE
Colina Sagrada
LAVAGEM Apesar da liminar da Justiça,os animais não apareceram no cortejo
CAMINHADAOCORRE SEMA PRESENÇADE JEGUES
receram. Somente na noite davéspera do cortejo, a desem-bargadora Telma Britto, pre-sidentedoTribunaldeJustiça,concedeu liminar que permi-tiu não somente a participa-ção dos jegues, mas de outrosanimais que compõem a ima-gem do cortejo.
“Era bom aquele cheiro queeles deixavam”, disse o ven-
DAVI LEMOS EJULIANA BRITO
A saída do cortejo da Lavagemdo Bonfim foi uma mistura játradicional de manifestaçõesde fé, de samba no pé, do “be-ber até ficar ruim” ou de re-memorar velhos carnavais,como fizeram aqueles que se-guiram o guitarrista Fred Me-nendes e seu arrastão do fre-vo. “Pensei que fosse Dodô eOsmar”, disse a aposentadaMaria Izabel de Araújo. Tevede tudo, até protesto de es-tudantes, políticos empré-campanha e passistas deescola de samba carioca. Sónão teve jegue, mais umavez.
Este ano, eles tinham au-torização para desfilar, aindaque dada em cima da hora,mas os tradicionais jegues daLavagem do Bonfim não apa-
dedor de cerveja e refrigeran-teRodrigodeJesus,de37anos,a poucos metros da Associa-ção Comercial da Bahia (ACB).“Engraçado que essas autori-dades se preocupam com osjegues, mas não aliviam o pe-so nas costas do povo”, con-testou o vendedor. “Eu queroé ser jegue na próxima en-carnação”, ironizou.
“O jegue é uma marca daLavagem do Bonfim, faz parteda tradição. Nunca forammaltratados como se acusa”,comentou o diretor do Sin-dicato das Empresas de Se-gurança Privada da Bahia,Uzel Duplat. Ele disse que oprazo entre a concessão daliminar e a realização do cor-tejo não possibilitou a con-
tratação de um carroceiro.Entretanto, o sindicato pôs
sobre um veículo Saveirouma cabeça de jegue de es-puma, sendo que o carro pu-xava uma carroça que traziasobre si uma baiana. “São asduas marcas da lavagem: ojegue e a baiana”, considerouDuplat.
O vice-prefeito, Edvaldo
Brito, elogiou a decisão do Tri-bunal de Justiça, que, comoavaliou, soube conciliar res-peito à tradição e a necessi-dade de proteger os animais.“A decisão liminar”, conti-nuou o vice-prefeito, “não vi-sou afetar o ego de quem querque seja. Visou manter umatradição, que precisa ser pre-servada”, salientou.
ChegadaPor volta das 11h30, o cortejochegou ao seu destino final, aIgreja do Senhor do Bonfim.As baianas mais uma vezemocionaram o público coma tradicional lavagem das es-cadarias da igreja com águade cheiro.
Em seguida, o padre EdsonMenezes deu a bênção espe-cial ao público, da janela daigreja. “Sejam bem-vindos. OSenhor do Bonfim acolhe atodos de braços abertos. Es-tamos pedindo bênção e pazpara o ano que se inicia”.
Perto do meio-dia, a bênçãochegou ao fim. Antes de sedespedir, o padre Edson dei-xou uma mensagem de paz,que precedeu o Pai-Nosso e aexecução do Hino do Senhordo Bonfim. “Voltemos para asnossas casas certos de que Je-sus, o Senhor do Bonfim, estáno meio de nós”.
A mensagem veio ao en-contro da busca de Júlio Joa-quim dos Santos, morador doBonfim, durante a lavagem.“Desde que eu tinha 10 anosvenho à lavagem. O momentoda bênção é sem palavras. Éuma emoção. Para seguir oano, a gente tem que receberessa bênção”, diz.
Marco Aurélio Martins / Ag. A TARDE
Na falta de animais de carne e osso, jegue de espuma rouba a cena em carro alegórico
“O jegue é umamarca daLavagem doBonfim. Fazparte datradição”UZEL DUPLAT, sindicalista
PORTELA
Escola de samba participapela primeira vez da festa
Pela primeira vez na históriada Lavagem do Bonfim, pas-sistas, porta-bandeira e mes-tre-sala de uma escola desamba do Rio de Janeiro fi-zeram uma apresentação namais popular e democráticadas festas baianas. No pátioda sede da Associação Comer-cial da Bahia (ACB), integran-tes da escola de samba Portelaapresentaram-se para o go-vernador Jaques Wagner e suacomitiva.
O historiador Ubiratan Cas-tro afirmou que esta é a pri-meira vez que uma escola desamba se apresenta na lava-gem. “Mas isto é normal, poisforam imigrantes baianosque levaram para o Rio de Ja-neiro o samba, tanto que asescolas todas fazem esta ho-menagem, na ala das baia-nas”, comentou Castro, que édiretor-geral da Fundação Pe-dro Calmon.
No Carnaval deste ano, aPorteta homenageia a Bahiaem seu enredo. “É uma emo-
ção muito grande vir aqui eaprender tanto da cultura daBahia em uma festa linda co-mo esta”, disse o mestre-salaJeferson Souza. Já a por-ta-bandeira Jeane Martinedisse que “será uma honraapresentar na avenida estacultura”. O lema da Portelaserá “O povo na rua cantandoé feito a reza e o ritual”.
A dupla de mestre-sala eporta-bandeira da Portelatambém esteve na Basílica doBonfim. Outra escola de sam-ba que homenageará a Bahiaserá a Imperatriz Leopoldi-nense. Fará referência ao es-critor Jorge Amado.
Empolgado com a apresen-tação da Portela, o superin-tendente da ACB, NelsonBrandão, disse que “manifes-tações como esta dão alegriae consistência à festa. A va-randa da Associação Comer-cial tornou-se hoje uma pas-sarela para o povo”, disse.
DAVI LEMOS
Marco Aurélio Martins / Ag. A TARDE
Passistas da Portela empolgam ao ritmo do samba
CULTO
Ato congregoureligiões naBasílica daConceição
Um ato inter-religioso reuniuuma multidão em frente aoadro da Basílica da Conceiçãoda Praia para falar de paz e detolerância.Representantesdocatolicismo, do candomblé,do protestantismo, do espi-ritismo e do Brahma Kumarisfalaram e rezaram, mostran-do que a diferença religiosanão pode ser motivo para de-savenças incuráveis.
Marcel Mariano, da Fede-ração Espírita da Bahia, apro-veitou a oportunidade paralembrar os dois anos do de-sastre que devastou o Haiti e,dentre outras vítimas, causoua morte da médica Zilda Arns.“O que nos une é a nossa ori-gem espiritual”, ressaltou IdaMeireles, da Brahma Kuma-ris, cujos estudos se baseiamna meditação raja yoga. Já opadre Valson Sandes, vigárioda Conceição da Praia, ressal-tou que ontem era ocasião pa-ra acolher a todos.
Raul Spinassé / Ag. A TARDE
Diversidade religiosacaracteriza a lavagem
“Povo de santo,nós precisamosde paz. Temosque dizer não àintolerância”ARISTIDES MASCARENHAS,babalorixá
Editor-coordenadorCláudio Bandeira
EDUCAÇÃO Concurso: Secretaria prorroga prazode inscrição www.atarde.com.br