Caminhos Para Análises de Políticas de Saúde

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 Caminhos para Análises de Políticas de Saúde Tatiana War gas de Fari a Baptist a Rube n Ar aujo de M attos Este texto integra o material Caminhos para análise de políticas de saúde, produzido com apoio da Faperj, e disponibilizado no site www.ims.uerj.br/ccaps Para citá-lo, utilizar esta forma: BAPTISTA, T. W. F.; MATTOS, R. A. Caminhos para análises de políticas de saúde [Apresentação]. In MATTOS, R. A.; BAPTIST A, T. W. F. Caminhos para análise das  políticas de saú de , 2011. p.7-9. Online: Disponível em www.ims.uerj.br/ccaps. Apoio

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Caminhos para Análises de Políticas de Saúde

Tatiana Wargas de Fari a Baptista

Ruben Ar aujo de Mattos

Este texto integra o material Caminhos para análise de políticas de saúde, produzido

com apoio da Faperj, e disponibilizado no site www.ims.uerj.br/ccaps

Para citá-lo, utilizar esta forma:BAPTISTA, T. W. F.; MATTOS, R. A. Caminhos para análises de políticas de saúde[Apresentação]. In MATTOS, R. A.; BAPTISTA, T. W. F. Caminhos para análise das

 políticas de saúde, 2011. p.7-9. Online: Disponível em www.ims.uerj.br/ccaps. 

Apoio

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Caminhos para Análises de Políticas de Saúde

Este projeto surge a partir de algumas inquietações, de um grupo de

 pesquisadores e estudantes da área da saúde coletiva, no processo de estudo e busca de

compreensão sobre o modo de construção das políticas de saúde no Brasil. De fato, na

 busca de respostas para diferentes questões sobre os problemas que se apresentam no

contexto do sistema de saúde e das práticas em serviço e que dificultam o

desenvolvimento do Sistema Único de Saúde, tal como idealizado na Constituição

Federal de 1988.

 Nossas questões assim se apresentavam:

Por que algumas políticas parecem nunca sair do papel?Por que algumas políticas vingam e outras não?

Por que o que se expressa no discurso de governantes e representantes das

instituições de governo muitas vezes parece estar tão distante do que é o dia-a-dia da

 política ou do que se faz no contexto de uma instituição e das práticas em serviço?

Por que há uma tendência a acreditar que as políticas nacionais são capazes de

mudar realidades no âmbito das localidades e serviços?

Quem são os grupos, instituições e sujeitos na discussão política no Brasil?Por que a política é comumente tratada como uma atribuição de governos e

grupos sociais organizados?

As questões que mobilizam os estudos de política conseguem responder às

inquietações de movimentos sociais, de profissionais de saúde e outros grupos sociais?

As pesquisas acadêmicas possibilitam o diálogo com outros grupos?

Afinal, para que servem os estudos de análise de política? E por que uma pessoa

se coloca o desafio de fazer um estudo deste tipo?

Ao nos aproximarmos destas questões, percebemos pelo menos três grandes

desafios no desenvolvimento dos estudos de análise de política de saúde no Brasil:

1) O desafio de reconhecimento de nossa trajetória política, social e cultural e suas

interferências no processo político. A análise das políticas de saúde não deveria manter-

se restrita ao olhar setorial. Assim, entendemos que é preciso extrapolar a análise e

aprofundar as especificidades e diversidades do modo de produção das políticas no

Brasil.

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2) O desafio de desenvolver e adaptar conceitos e abordagens que possam dar conta do

nosso modo de construção das políticas. Nossa herança colonialista parece se refletir na

 produção de conhecimento. Desta forma, identificamos uma forte tendência de nossos

estudos de incorporar os modelos e tipologias propostos na literatura internacional sem

fazer, necessariamente, um uso crítico ou adaptado às nossas políticas, criando uma

rigidez desnecessária nas análises propostas.

3) O desafio de explorar metodologias de análise que possibilitem a reflexão sobre os

objetivos e alcances dos estudos , entendendo a metodologia como parte do processo de

 produção de conhecimento, que deve ser construída a partir das questões que mobilizam

cada estudo e não como modelos a priori que devem ser aplicados em diferentes

estudos.

Mas como enfrentar estes desafios sem constituir um esforço coletivo de

construção de novos referenciais ou ao menos debater sobre os usos que temos feito dos

referenciais até então utilizados? E como superar estes problemas sem refletir sobre o

modo como temos construído nossos estudos e nos utilizado das metodologias

 propostas? Estes desafios orientam a proposta de construção desse material, com a

definição de um duplo objetivo:

1  –  potencializar o debate aberto e reflexivo sobre a orientação política de nosso Estado

e dos rumos das políticas de saúde no Brasil, ampliando a discussão sobre a política

 para além do âmbito de governos e da academia, tornando-o um debate social.

2  –  ofertar um conjunto de referenciais de análise, técnicas de pesquisa e materiais que

 possam ser apropriados por diferentes sujeitos no debate político, potencializando seu

uso acadêmico ou social.

A aposta feita é incentivar mais pessoas para que façam análise(s) de política(s),

ampliando seu escopo a partir do reconhecimento do outro como sujeito político, do

entendimento das especificidades locais e regionais e da construção de referenciais emetodologias de pesquisa que aprofundem a reflexão sobre nossa realidade política,

social e cultural.

Por estas razões este é um material que busca o diálogo com um público amplo e

diversificado. Dirige-se a estudantes de pós-graduações, graduações e ensino médio,

cuja formação volte-se para o campo da Saúde Coletiva, assim como aos profissionais

de saúde, aos integrantes do movimento social organizado e aos diversos sujeitos

envolvidos com a construção do direito à saúde sob as mais diversas formas de protagonismo político.

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O projeto apresenta dois produtos: um livro sobre os caminhos possíveis na

análise de políticas de saúde e um site com divulgação de todos os conteúdos do livro,

links e materiais diversos (www.ims.uerj.br/ccpas). O site visa permitir aportes e

críticas contínuas e também constituir-se num espaço plural de debate e uma ferramenta

abrangente de formação.

Sabemos que este projeto é o início de um longo caminho e que, pela sua

 proposta, não se faz sozinho, mas em rede, com diferentes olhares e percepções sobre

um mesmo objeto. Também por isso, trata-se de um projeto que assume uma postura

construcionista do conhecimento e da ciência. Ou seja, desejamos contribuir para

estudos não neutros, guiados pela aspiração de construir uma sociedade mais justa e um

sistema de saúde capaz de responder de modo integral às necessidades de saúde da

 população brasileira; aspiramos colaborar com a realização de estudos que se pautem na

 busca da objetividade, entendida não mais como correspondência à realidade, mas como

o exame sistemático das premissas, das crenças e dos valores que norteiam a

investigação, de modo a evitar que as conclusões sejam tão somente a expressão

daquelas crenças e valores do investigador.

Assim, contribuir para a formação de pesquisadores nessa perspectiva implica

enfatizar a capacidade de refletir e de compreender criticamente o próprio processo de

investigação no qual se engajam.

Este material reúne um conjunto de diferentes aportes teóricos e contribuições

 para o debate. Não se trata de desenvolver uma nova abordagem ou outro modo de

 pensar a investigação das políticas de saúde no Brasil, e sim de fomentar a pesquisa e a

troca em rede.

Sejam muito bem-vindos!