4 Cidadania e Políticas Sociais na América Latina: análises e ...
Caminhos Para Análises de Políticas de Saúde
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7/17/2019 Caminhos Para Análises de Políticas de Saúde
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Caminhos para Análises de Políticas de Saúde
Tatiana Wargas de Fari a Baptista
Ruben Ar aujo de Mattos
Este texto integra o material Caminhos para análise de políticas de saúde, produzido
com apoio da Faperj, e disponibilizado no site www.ims.uerj.br/ccaps
Para citá-lo, utilizar esta forma:BAPTISTA, T. W. F.; MATTOS, R. A. Caminhos para análises de políticas de saúde[Apresentação]. In MATTOS, R. A.; BAPTISTA, T. W. F. Caminhos para análise das
políticas de saúde, 2011. p.7-9. Online: Disponível em www.ims.uerj.br/ccaps.
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Caminhos para Análises de Políticas de Saúde
Este projeto surge a partir de algumas inquietações, de um grupo de
pesquisadores e estudantes da área da saúde coletiva, no processo de estudo e busca de
compreensão sobre o modo de construção das políticas de saúde no Brasil. De fato, na
busca de respostas para diferentes questões sobre os problemas que se apresentam no
contexto do sistema de saúde e das práticas em serviço e que dificultam o
desenvolvimento do Sistema Único de Saúde, tal como idealizado na Constituição
Federal de 1988.
Nossas questões assim se apresentavam:
Por que algumas políticas parecem nunca sair do papel?Por que algumas políticas vingam e outras não?
Por que o que se expressa no discurso de governantes e representantes das
instituições de governo muitas vezes parece estar tão distante do que é o dia-a-dia da
política ou do que se faz no contexto de uma instituição e das práticas em serviço?
Por que há uma tendência a acreditar que as políticas nacionais são capazes de
mudar realidades no âmbito das localidades e serviços?
Quem são os grupos, instituições e sujeitos na discussão política no Brasil?Por que a política é comumente tratada como uma atribuição de governos e
grupos sociais organizados?
As questões que mobilizam os estudos de política conseguem responder às
inquietações de movimentos sociais, de profissionais de saúde e outros grupos sociais?
As pesquisas acadêmicas possibilitam o diálogo com outros grupos?
Afinal, para que servem os estudos de análise de política? E por que uma pessoa
se coloca o desafio de fazer um estudo deste tipo?
Ao nos aproximarmos destas questões, percebemos pelo menos três grandes
desafios no desenvolvimento dos estudos de análise de política de saúde no Brasil:
1) O desafio de reconhecimento de nossa trajetória política, social e cultural e suas
interferências no processo político. A análise das políticas de saúde não deveria manter-
se restrita ao olhar setorial. Assim, entendemos que é preciso extrapolar a análise e
aprofundar as especificidades e diversidades do modo de produção das políticas no
Brasil.
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2) O desafio de desenvolver e adaptar conceitos e abordagens que possam dar conta do
nosso modo de construção das políticas. Nossa herança colonialista parece se refletir na
produção de conhecimento. Desta forma, identificamos uma forte tendência de nossos
estudos de incorporar os modelos e tipologias propostos na literatura internacional sem
fazer, necessariamente, um uso crítico ou adaptado às nossas políticas, criando uma
rigidez desnecessária nas análises propostas.
3) O desafio de explorar metodologias de análise que possibilitem a reflexão sobre os
objetivos e alcances dos estudos , entendendo a metodologia como parte do processo de
produção de conhecimento, que deve ser construída a partir das questões que mobilizam
cada estudo e não como modelos a priori que devem ser aplicados em diferentes
estudos.
Mas como enfrentar estes desafios sem constituir um esforço coletivo de
construção de novos referenciais ou ao menos debater sobre os usos que temos feito dos
referenciais até então utilizados? E como superar estes problemas sem refletir sobre o
modo como temos construído nossos estudos e nos utilizado das metodologias
propostas? Estes desafios orientam a proposta de construção desse material, com a
definição de um duplo objetivo:
1 – potencializar o debate aberto e reflexivo sobre a orientação política de nosso Estado
e dos rumos das políticas de saúde no Brasil, ampliando a discussão sobre a política
para além do âmbito de governos e da academia, tornando-o um debate social.
2 – ofertar um conjunto de referenciais de análise, técnicas de pesquisa e materiais que
possam ser apropriados por diferentes sujeitos no debate político, potencializando seu
uso acadêmico ou social.
A aposta feita é incentivar mais pessoas para que façam análise(s) de política(s),
ampliando seu escopo a partir do reconhecimento do outro como sujeito político, do
entendimento das especificidades locais e regionais e da construção de referenciais emetodologias de pesquisa que aprofundem a reflexão sobre nossa realidade política,
social e cultural.
Por estas razões este é um material que busca o diálogo com um público amplo e
diversificado. Dirige-se a estudantes de pós-graduações, graduações e ensino médio,
cuja formação volte-se para o campo da Saúde Coletiva, assim como aos profissionais
de saúde, aos integrantes do movimento social organizado e aos diversos sujeitos
envolvidos com a construção do direito à saúde sob as mais diversas formas de protagonismo político.
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O projeto apresenta dois produtos: um livro sobre os caminhos possíveis na
análise de políticas de saúde e um site com divulgação de todos os conteúdos do livro,
links e materiais diversos (www.ims.uerj.br/ccpas). O site visa permitir aportes e
críticas contínuas e também constituir-se num espaço plural de debate e uma ferramenta
abrangente de formação.
Sabemos que este projeto é o início de um longo caminho e que, pela sua
proposta, não se faz sozinho, mas em rede, com diferentes olhares e percepções sobre
um mesmo objeto. Também por isso, trata-se de um projeto que assume uma postura
construcionista do conhecimento e da ciência. Ou seja, desejamos contribuir para
estudos não neutros, guiados pela aspiração de construir uma sociedade mais justa e um
sistema de saúde capaz de responder de modo integral às necessidades de saúde da
população brasileira; aspiramos colaborar com a realização de estudos que se pautem na
busca da objetividade, entendida não mais como correspondência à realidade, mas como
o exame sistemático das premissas, das crenças e dos valores que norteiam a
investigação, de modo a evitar que as conclusões sejam tão somente a expressão
daquelas crenças e valores do investigador.
Assim, contribuir para a formação de pesquisadores nessa perspectiva implica
enfatizar a capacidade de refletir e de compreender criticamente o próprio processo de
investigação no qual se engajam.
Este material reúne um conjunto de diferentes aportes teóricos e contribuições
para o debate. Não se trata de desenvolver uma nova abordagem ou outro modo de
pensar a investigação das políticas de saúde no Brasil, e sim de fomentar a pesquisa e a
troca em rede.
Sejam muito bem-vindos!