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“Só o progresso moral pode assegurar a felicidade dos homens sobre a Terra, pondo um freio às más paixões; só ele pode fazer reinar, entre eles, a concórdia, a paz, a fraternidade.” - Allan Kardec Nº 96 - ANO XXI - ABRIL/MAIO/JUNHO DE 2011 - DISTRIBUIÇÃO GRATUITA CAMINHOS PARA A ESPIRITUALIDADE O espírito Emmanuel, ao apresentar a obra Nosso Lar, do espírito André Luiz, psicografada por Francisco Cândido Xavier, afirmou em suas palavras finais: “... em nosso campo doutrinário, precisamos, em verdade, do ESPIRITISMO e do ESPIRITUALISMO, mas, muito mais, de ESPIRITUALIDADE”. O nobre mentor, ao colocar em primeiro plano a espiritualidade, certamente não se referia ao mundo espiritual, mas sim à qualidade superior que aproxima o espírito de Deus, pela aquisição das virtudes. A observação de Emmanuel está em perfeita sintonia com Allan Kardec, que afiançou que a salvação se dá pela prática da caridade. Para decepção dos religiosos fanáticos e sectaristas, o ingresso da alma no Reino de Deus não depende exclusivamente da sua crença, mas sim do exato cumprimento da lei do amor, que estabelece a regra áurea do bem ao próximo. Nenhuma religião detém toda a verdade e nem tem o poder de Kardec assevera que a máxima “Fora da Igreja não há salvação” se estriba em dogmas particulares que, longe de unir os filhos de Deus, separa-os; em vez de incitá- los ao amor de seus irmãos, alimenta e sanciona a irritação entre sectários dos diferentes cultos, que reciprocamente se consideram malditos na eternidade. Já a máxima “Fora da caridade não há salvação” consagra o princípio da igualdade perante Deus e da liberdade de consciência. Tendo-a por norma, todos os homens são irmãos e, qualquer que seja a maneira por que adorem o Criador, eles se estendem as mãos e oram uns pelos outros (O Evangelho Segundo o Espiritismo, capítulo XV). Portanto, é fácil concluir que os caminhos que levam a Deus são os mais variados. Todo método filosófico, científico ou religioso que impulsione a criatura à vivência plena do bem, interna e exteriormente, é aceitável e tem o seu valor. A revista Época de 6 de junho passado traz um artigo sobre a técnica de meditação e respiração do guru indiano Sri Sri Ravi Shankar, criador da Fundação Arte de Viver, que já tem atividades em 150 países, inclusive aqui no Brasil, onde tem atraído muitos jovens para os seus cursos. Interessantes os depoimentos de algumas pessoas que fizeram esses cursos: abrir as portas dos céus a quem quer que seja. E ninguém tem mandato para absolver ou condenar, para franquear o paraíso ou para escancarar o inferno. 1) JR declarou que havia perdido o controle de tudo; estava sem crença nas pessoas e no seu próprio valor. Após o curso, no qual aprendeu sobre respiração, alimentação e fontes de energia para o corpo, reduziu o estresse, ganhou amigos e renovou a fé nas pessoas. 2) BL, de 19 anos, afirmou que o curso mudou a sua vida. Estava desorientada quanto à escolha da profissão e não sabia o que queria de verdade; o curso clareou a sua mente e ela conseguiu focar em si mesma, nos seus desejos. 3) MPB, de 18 anos, disse que conseguiu harmonia e humanidade. Ganhou uma espiritualidade não religiosa e fica menos irritada, mais concentrada nos estudos. Não se nega em absoluto a importância das religiões, que são leituras que fazemos de Deus, da natureza, para estabelecermos uma relação harmônica com o divino, conosco e com o mundo, na busca da perfeição e da felicidade. Cada religião boa – aquela que se pauta pelo amor ao próximo – serve ao entendimento de cada indivíduo. Mas é indiscutível que as religiões não são suficientes a uma vida saudável e feliz, que não são capazes de atender à pessoa na sua integralidade, em suas vertentes biológica, psicológica, social, mental e espiritual. A medicina, a psicologia, a pedagogia e mesmo algumas práticas alternativas, como a meditação, a Yoga e o Tai Chi Chuan devem ser buscadas para o atendimento de necessidades específicas. É imprudência e vaidade presunçosa dos dirigentes religiosos prometerem cura e felicidade exclusivamente pela frequência a seus templos e vivência dos seus ensinamentos. Nos centros espíritas sérios, a proposta é sempre a da consolação pela apresentação dos princípios doutrinários, da terapêutica da energia e do apoio fraternal, mas em hipótese alguma se exclui a contribuição da ciência humana e nem se promete cura, porque esta pertence a Deus e à pessoa. Afinal, como já afirmara Allan Kardec, a “Ciência e a Religião são as duas alavancas da inteligência humana: uma revela as leis do mundo material e a outra as do mundo moral. Tendo, no entanto, essas leis o mesmo princípio, que é Deus, não podem contradizer-se” (obra citada, capítulo I). Ao reverso, podemos então dizer que a religião e a ciência se complementam e ambas oferecem ao espírito os mais diversos instrumentos para o alcance da felicidade. Portanto, repetindo Emmanuel, o que realmente precisamos é de Espiritualidade, vivendo em Deus e com Deus. E que que cada um escolha o seu caminho.

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“Só o progresso moral pode assegurar a felicidade dos homens sobre a Terra, pondo um freio às más

paixões; só ele pode fazer reinar, entre eles, a concórdia, a paz, a fraternidade.” - Allan Kardec

Nº 96 - ANO XXI - ABRIL/MAIO/JUNHO DE 2011 - DISTRIBUIÇÃO GRATUITA

CAMINHOS PARA A ESPIRITUALIDADEO espírito Emmanuel, ao apresentar a obra Nosso

Lar, do espírito André Luiz, psicografada por FranciscoCândido Xavier, afirmou em suas palavras finais: “... emnosso campo doutrinário, precisamos, em verdade, doESPIRITISMO e do ESPIRITUALISMO, mas, muito mais,de ESPIRITUALIDADE”.

O nobre mentor, ao colocar em primeiro plano aespiritualidade, certamente não se referia ao mundoespiritual, mas sim à qualidade superior que aproxima oespírito de Deus, pela aquisição das virtudes.

A observação de Emmanuel está em perfeita sintoniacom Allan Kardec, que afiançou que a salvação se dá pelaprática da caridade.

Para decepção dos religiososfanáticos e sectaristas, o ingresso da almano Reino de Deus não dependeexclusivamente da sua crença, mas simdo exato cumprimento da lei do amor,que estabelece a regra áurea do bem aopróximo.

Nenhuma religião detém toda averdade e nem tem o poder de

Kardec assevera que a máxima“Fora da Igreja não há salvação” seestriba em dogmas particulares que,longe de unir os filhos de Deus, separa-os; em vez de incitá-los ao amor de seus irmãos, alimenta e sanciona a irritaçãoentre sectários dos diferentes cultos, que reciprocamente seconsideram malditos na eternidade. Já a máxima “Fora dacaridade não há salvação” consagra o princípio da igualdadeperante Deus e da liberdade de consciência. Tendo-a pornorma, todos os homens são irmãos e, qualquer que seja amaneira por que adorem o Criador, eles se estendem as mãos eoram uns pelos outros (O Evangelho Segundo o Espiritismo,capítulo XV).

Portanto, é fácil concluir que os caminhos que levama Deus são os mais variados. Todo método filosófico,científico ou religioso que impulsione a criatura à vivênciaplena do bem, interna e exteriormente, é aceitável e tem o seuvalor.

A revista Época de 6 de junho passado traz um artigosobre a técnica de meditação e respiração do guru indiano SriSri Ravi Shankar, criador da Fundação Arte de Viver, que játem atividades em 150 países, inclusive aqui no Brasil, ondetem atraído muitos jovens para os seus cursos.

Interessantes os depoimentos de algumas pessoasque fizeram esses cursos:

abrir asportas dos céus a quem quer que seja. Eninguém tem mandato para absolver oucondenar, para franquear o paraíso oupara escancarar o inferno.

1) JR declarou que havia perdido o controle de tudo;estava sem crença nas pessoas e no seu próprio valor. Após ocurso, no qual aprendeu sobre respiração, alimentação e fontesde energia para o corpo, reduziu o estresse, ganhou amigos erenovou a fé nas pessoas.

2) BL, de 19 anos, afirmou que o curso mudou a suavida. Estava desorientada quanto à escolha da profissão e nãosabia o que queria de verdade; o curso clareou a sua mente e elaconseguiu focar em si mesma, nos seus desejos.

3) MPB, de 18 anos, disse que conseguiu harmonia ehumanidade. Ganhou uma espiritualidade não religiosa e ficamenos irritada, mais concentrada nos estudos.

Não se nega em absoluto aimportância das religiões, que sãoleituras que fazemos de Deus, danatureza, para estabelecermos umarelação harmônica com o divino,conosco e com o mundo, na busca daperfeição e da felicidade. Cada religiãoboa – aquela que se pauta pelo amor aopróximo – serve ao entendimento de cadaindivíduo.

Mas é indiscutível que as religiõesnão são suficientes a uma vida saudável efeliz, que não são capazes de atender àpessoa na sua integralidade, em suasvertentes biológica, psicológica, social,mental e espiritual.

A medicina, a psicologia, apedagogia e mesmo algumas práticas alternativas, como ameditação, a Yoga e o Tai Chi Chuan devem ser buscadas parao atendimento de necessidades específicas.

É imprudência e vaidade presunçosa dos dirigentesreligiosos prometerem cura e felicidade exclusivamente pelafrequência a seus templos e vivência dos seus ensinamentos.

Nos centros espíritas sérios, a proposta é sempre a daconsolação pela apresentação dos princípios doutrinários, daterapêutica da energia e do apoio fraternal, mas em hipótesealguma se exclui a contribuição da ciência humana e nem sepromete cura, porque esta pertence a Deus e à pessoa.

Afinal, como já afirmaraAllan Kardec, a “Ciência e aReligião são as duas alavancas da inteligência humana: umarevela as leis do mundo material e a outra as do mundo moral.Tendo, no entanto, essas leis o mesmo princípio, que é Deus,não podem contradizer-se” (obra citada, capítulo I).

Ao reverso, podemos então dizer que a religião e aciência se complementam e ambas oferecem ao espírito osmais diversos instrumentos para o alcance da felicidade.

Portanto, repetindo Emmanuel, o que realmenteprecisamos é de Espiritualidade, vivendo em Deus e comDeus. E que que cada um escolha o seu caminho.

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Edição 96 - página 2

-EXPEDIENTE-

Órgão de Divulgação daDoutrina Espírita

Donizete Pinheiro

Rua Mecenas Pinto Bueno, 905Marília/SP - CEP 17.516-030

(14) [email protected]

www.mariliaespirita.jor.br

Coordenador:

Correspondência:

Telefone:E-mail:

rede de comunicaçãoMARÍLIA ESPÍRITA

Edson Tomazelli

O AMOR É DE ESSÊNCIA DIVINA

Quando o sol anuncia um novo diaA natureza se abre em suave beleza;Cores, formas e sons, tudo é harmonia,Revelando Deus em sua justa grandeza.

Se as sombras da noite foram de agoniaE a alma, insone, chorou de tristeza,A luz de agora é bênção que desanuvia,Conclamando à paz e à fortaleza.

A escuridão não resiste à claridadeE o mal não dura para a eternidade,Só o bem é a nossa destinação.

Por isso, que cada oportunidadeSeja motivo de maior felicidade,A alegrar seu coração.

O RAIAR DO NOVO DIA

Donizete Pinheiro

Quem quiser receber informaçõesdo movimento espírita de Maríliapor e-mail, envie solicitação para

[email protected]

“O amor é de essência divina etodos vós, do primeiro aoultimo, tendes, no fundo docoração, a centelha desse fogosagrado” – Fénelon (1)

A violência, nos dias atuais,tornou-se verdadeira epidemia. Nãoraro pessoas de bem passam por variadoconstrangimento, insultos e agressivi-dade sem razão aparente. Violênciagerada, sem dúvida, por muitos dosinstintos agressivos que remanescemdas experiências inerentes à evoluçãohumana, pelo ciúme e pela ira fácil, semcontar o orgulho, a mentira e osmelindres da insegurança emocional,procurando esconder as debilidades dopróprio sentimento.

O homem acha-seatordoado e tenta encon-trar justificativas para essedesamor, mas não asencontra, pois a maioriaainda ignora delibera-damente o ser espiritualque realmente se é, poisnão se preparou adequa-damente com resistênciaséticas e morais para osenfrentamentos naturaisdo seu processo de libertação eevolução.

Por outro modo, sabe-se que aviolência não é uma situação intrínsecada condição humana, como se cada umtrouxesse consigo um equipamento demecanismos destruidores para com-prazer-se em agredir e matar.

Sabe-se, também, que o serhumano, ferido nos seus sentimentos,reage e sente-se no direito de violentaros agressores, muitas vezes passando aolargo do processo cultural, da moral e dacivilização, e, não raro, por umapequena bobagem, acaba tornando-seum criminoso.

Pode-se, ainda, tentar justificar aviolência pelos estímulos externos queadvém das injustiças sociais, da misériamoral, da promiscuidade, da dese-ducação, do abandono, e os tormentosde várias ordens, especialmente denatureza sexual.

Não há resposta fácil, pois amaioria está desanimada e descrente eoutros tantos passam por profunda fasede desarmonia e desamor, emverdadeiro processo destrutivo de auto-avaliação negativa de desaprovação e

desprestígio. Confundem o própriosentimento com as demais mani-festações íntimas, que trazem consigo,de longa trajetória evolutiva, tais comoinstintos, tendências e nocivos hábitosjá arraigados.

As criaturas, em grande número,infelizmente, não conhecem a simesmo e nem se aceitam, achando maisfácil culpar os outros ou as cir-cunstâncias pelos insucessos e derrotas,pois é muito difícil e dá trabalho tercoragem necessária para abandonarvelhas estruturas e vícios construídosao longo da vida.

Quem não gostaria de contarapenas com o êxito de suas escolhas? Averdade é que se buscam, sempre,

respostas e soluçõesimediatas, prontas parauso, que não haja necessi-dade de se correr riscos enem sofrer críticas pelanova conduta adotada.

O Espir i t ismo,seguindo o ensinamentode um sábio mestre daantiguidade, ensina ascriaturas a se conhece-rem, primeiro a si mesmo,pois só aí começarão a

entender que parte da solução está nopróprio ser.

Compreendendo e ouvindo osditames da própria consciência,permitem afastar a arrogância quegeralmente adotam perante os demais,pela inabilidade de conviver comhonestidade emocional diante de êxitosalheios, pois se julgam os melhoresnaquilo que fazem.

Esse é um defeito dos maisperceptíveis da pessoa orgulhosa que seilude com as fantasias do ego e passa ater medo do sucesso alheio, pois istosoa para elas como uma ameaça ouafronta.

Quem já aprendeu a conhecer eamar a si mesmo e aceitou seus defeitose os dos outros, já está vivendo emharmonia, longe dessa violênciagratuita do cotidiano e, sem dúvida,entendeu a mensagem de Fenelon: “Oamor é de essência divina e todos vós,do primeiro ao último, tendes, no fundodo coração, a centelha desse fogosagrado”.

(1) Bordeaux, 1861-Evangelho Segundo oEspiritismo, cap. XI, nove.

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edição 96 - página 3

O IMPRESSIONANTEAPELO

99 - Estamos ainda muito longe das regiões ideais da mente pura. Talcomo na Terra, os que se afinam perfeitamente entre si podempermutar pensamentos, sem as barreiras idiomáticas; mas, de modogeral, não podemos prescindir da forma, no lato sentido daexpressão. Nosso campo de lutas é imensurável. A humanidadeterrestre, constituída de milhões de seres, une-se à humanidadeinvisível do planeta, que integra muitos bilhões de criaturas. Nãoseria, portanto, possível atingir as zonas aperfeiçoadas, logo após amorte do corpo físico.

100 - Os patrimônios nacionais e linguísticos remanescem ainda aqui,condicionados a fronteiras psíquicas. Nos mais diversos setores denossa atividade espiritual existe elevado número de espíritos libertosde todas as limitações, mas insta considerar que a regra é sofrer-sedessas restrições. Nada enganará o princípio de sequência,imperante nas leis evolutivas.

101 - Contra o assédio das trevas, acendamos a luz; contra a guerrado mal, movimentemos a resistência do bem.

102 - Proclamemos a necessidade do trabalho construtivo, dilatemosnossa fé.

103 - A curiosidade, mesmo sadia, pode ser zona mental muitointeressante, mas perigosa, por vezes. Dentro dela, o espíritodesassombrado e leal consegue movimentar-se em atividadesnobilitantes; mas os indecisos e inexperientes podem conhecer doresamargas, sem proveito para ninguém.

104 -Aprenda a construir o seu círculo de simpatias e não olvide que oespírito de investigação deve manifestar-se após o espírito deserviço. Pesquisar atividades alheias, sem testemunhos no bem,pode ser criminoso atrevimento. Muitos fracassos, nas edificações domundo, originam-se de semelhante anomalia. Todos queremobservar, raros se dispõem a realizar. Somente o trabalho dignoconfere ao espírito o merecimento indispensável a quaisquer direitosnovos.

105 - Em nos referindo à Terra, o Maior Trabalhador é o próprio Cristoe Ele não desdenhou o serrote pesado de uma carpintaria.

106 - Ninguém se recusará a aceitar o concurso do espírito de boa-vontade, que ama o trabalho pelo prazer de servir.

107 - A ciência de recomeçar é das mais nobres que nosso espíritopode aprender. São muito raros os que a compreendem nas esferasda crosta. Temos escassos exemplos humanos, nesse sentido.Lembremos, contudo, o de Paulo de Tarso, Doutor do Sinédrio,esperança de uma raça, pela cultura e pela mocidade, alvo de geralatenção em Jerusalém, que voltou, um dia, ao deserto pararecomeçar a experiência humana, como tecelão rústico e pobre.

CLUBE DO LIVRO ESPÍRITALUZ E VERDADE

CENTRO ESPÍRITA LUZ E VERDADERua XV de Novembro, 1146 - Marília - telefone: 3454-2071

No domingo 5 de junho, das 9 às 13 horas, no CentroEspirita Luz, Fé e Caridade, a USE Marília fez realizar umEncontro sobre Atendimento Fraterno, do qual participaram70 pessoas, de 11 casas espíritas.

O evento teve por finalidade oferecer subsídios sobrecomo implantar e manter o serviço de acolhimento daspessoas que buscam os centros espíritas.

Mara Vanin, presidente da USE, fez a abertura eexplicou os propósitos do encontro e sua importância.

Na primeira parte, Donizete Pinheiro discorreu sobrea prática da recepção, a escolha dos atendentes, suasqualidades e o trato inicial com as pessoas.Após um intervalopara café,Alexandre Perez falou sobre a entrevista individualpropriamente dita, a postura, o diálogo com o entrevistado ealguns tipos de situações. Ao final, ambos responderam aquestionamentos do público.

A apresentação foi feita com base em estudos járealizados por federativas do movimento espírita e tambémno Projeto Manoel Philomeno de Miranda, da Bahia.

Encontro sobre

ATENDIMENTO FRATERNO

“A Humanidade tem realizado, até ao presente,incontestáveis progressos. Os homens, com a suainteligência, chegaram a resultados que jamais haviamalcançado, sob o ponto de vista das ciências, das artes edo bem-estar material. Resta-lhes ainda um imensoprogresso a realizar: o de fazerem que entre si reinem acaridade, a fraternidade, a solidariedade, que lhesassegurem o bem-estar moral. Não poderiam consegui-lo nem com as suas crenças, nem com as suasinstituições antiquadas, restos de outra idade, boas paracerta época, suficientes para um estado transitório, masque, havendo dado tudo o que comportavam, seriamhoje um entrave. Já não é somente de desenvolver ainteligência o de que os homens necessitam, mas deelevar o sentimento e, para isso, faz-se preciso destruirtudo o que superexcite neles o egoísmo e o orgulho.”(Cap. XVIII, item 5.)

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entrevista

PAULO CEZAR FERNANDES, 51 anos,casado com Dilnei, com quem tem os filhos Rômulo,Octávio e Beatrice, é o nosso entrevistado desta edição.

Advogado e espírita ativo em Marília, lançourecentemente seu primeiro livro: “O Elo com aFelicidade”.

Vejamos a sua entrevista:

INICIALMENTE, FALE UM POUCO DE SUAS ATIVIDADESPROFISSIONAIS.

DESDE QUANDO É ESPÍRITA E COMO FOI SEU CONTATO INICIALCOM O ESPIRITISMO?

DE ONDE VEM SEU INTERESSE PELA FILOSOFIA, PELO BUDISMOEAYOGA?

COMO FOI SUAEXPERIÊNCIACOMAFILOSOFIANAFRANÇA?

E O QUE MOTIVOU SUARECENTE VIAGEM PARAINDIA?

Sou advogado há 25 anos, 15 dos quais exerci a profissão naCapital de São Paulo, com especialidade na área deresponsabilidade civil por acidentes do trabalho e doençasprofissionais.

Sou espírita há quase 20 anos. Meu contato inicial maissignificativo com a doutrina deu-se na companhia de um amigo,quando o mesmo buscou uma casa espírita na Capital de São Paulopara tratamento psicofluidoterápico para um câncer. Após ofalecimento desse amigo, obtive do Espiritismo os consoladoresesclarecimentos acerca da nossa origem e destinação enquantoespíritos criados por Deus.

Meu interesse inicial pela filosofia deu-se em virtude do estudo doEspiritismo, o qual apresentou-me a filosofia grega clássica deSócrates e Platão na introdução de O Evangelho Segundo oEspiritismo. Minha busca original foi pelas filosofias antigas quetêm na preexistência e transmigração da alma o seu fundamentoprimeiro, realidade a que Kardec chamou reencarnação. Nestesentido, o encontro com a filosofia budista e a filosofia hinduísta doyoga foi uma consequência natural, pois ambas têm também nareencarnação o seu princípio fundamental.

O estudo da filosofia espírita levou-me a buscar umaprofundamento acadêmico nesta profícua área do conhecimentohumano. Assim, após obter dois títulos de mestre na filosofia deImmanuel Kant, filósofo alemão muito pesquisado e publicado naFrança, fui convidado a participar de eventos de filosofiaorganizados pela Sociètè d'Études Kantiennes de LangueFrançaise, associando-me a essa instituição. Desde então, participoanualmente de colóquios de filosofia kantiana organizados pelaSEKLF na Europa.

Pratico yoga há onze anos, inicialmente por motivos de saúdefísica. Essa prática inevitavelmente colocou-me em contato com afilosofia da Yoga e resolvi aprofundar-me neste conhecimento,cursando uma escola para formação de professor em prática emeditação. O principal significado da palavra yoga é “união”, porisso, a filosofia e a religião do Yogavisam, ao fim de tudo, é a uniãocom Deus. Como o Espiritismo, a Yoga é composta por umaFilosofia, uma Ética e uma Religião, tendo na reencarnação o seufundamento primeiro. Meu interesse na Yoga aumentou em virtudeda leitura de uma obra Espírita publicada pela FEB: O Espiritismo,faquirismo ocidental, do escritor francês Paul Gibier, diretor doInstituto Pasteur, o qual identifica os fenômenos produzidos pelosmédiuns espíritas no início do século XX, com os realizados pelosyoguis indianos. Como médium, dedico-me com afinco àinvestigação dos mecanismos da faculdade mediúnica e, ciente daproficuidade da meditação para a eficácia da comunicação com osEspíritos, resolvi aprofundar meus estudos na Índia, berço desseconhecimento.

ATUALMENTE, QUAL SUAATIVIDADE NO CENTRO ESPÍRITA?

E O SEU PRIMEIRO LIVRO: O ELO COM A FELICIDADE – COMOSURGIUAIDEIADE ESCREVÊ-LO E PUBLICÁ-LO?

PARECE QUE A EDITORA FOI CRIADA POR VOCÊ. QUAL A SUAEXPECTATIVA?

QUAL A IMPORTÂNCIA DO ESPIRITISMO PARA A HUMANIDADENOS TEMPOSATUAIS?

Depois de mais de dez anos participando de quase todas asatividades sociais de uma casa espírita, atualmente participo apenasdas atividades doutrinárias, na coordenação de palestras e estudospúblicos, além da prática da faculdade mediúnica em reuniõesespecíficas.

O Elo com a felicidade é o primeiro livro que eu publico em ediçãográfica. Ele é resultado dos primeiros estudos que fiz doEspiritismo, com o intuito de proferir palestras de conteúdocientífico e evangélico, valendo-me de O Livro dos Espíritos e de OEvangelho Segundo o Espiritismo. Foi escrito há quase oito anos esomente agora, depois de me preparar mediante estudos maisaprofundados, tanto de filosofia acadêmica, quanto,principalmente, de filosofia espírita, estimulado por alguns amigosencarnados e autorizado por meu Espírito Protetor, resolvi darpublicidade àqueles estudos, com a finalidade única de transmitir aconsolação que eu obtive junto do Espiritismo.

A ideia de fundar uma editora espírito-filosófica surgiu daconstatação da carência de associações com essa finalidade emnossa cidade. Marília é, proporcionalmente, uma das cidades commais casas espíritas no Brasil, e, apesar do campo fértil gerado poressa comunidade, não temos uma editora especializada. Minhaesposa é especialista em publicações e eu gosto de escrever. Aexpectativa com a fundação da Editora Jonia é que possamosdivulgar textos edificantes de filosofia moral produzidos nos campiuniversitários da nossa cidade, e, principalmente, boa literaturaEspírita, tentando cumprir aquela máxima de Jesus que nosrecomenda espalhar as luzes Dele recebidas. O objetivo primeiroda editora é a divulgação do Espiritismo, e, somente ao depois,direcionar eventuais rendimentos aos trabalhos assistenciais denossa cidade. Porém, a finalidade não é financeira, mas, sim,distribuir o conhecimento. Para isso, nossos livros estãodisponíveis gratuitamente em formato eletrônico no site

onde qualquer pessoa poderá obtê-los,tanto os livros de filosofia, quanto os livros espíritas.

Ano passado, em nova visita a Paris, pela primeira vez eu e minhaesposa resolvemos conhecer a tumba erguida pelos amigos emhomenagem a Kardec. Só então verificamos a existência de umaplaca que identifica o corpo ali depositado, e constatamos que naFrança Kardec é considerado o fundador da Filosofia Espírita e,não, de uma nova religião. Assim, pude entender a afirmação docoordenador do Espiritismo, de que encontramos na filosofiaEspírita os fundamentos para esclarecimento de todas asverdadeiras religiões e para a elevação moral da humanidade.

www.editorajonia.com

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edição 96 - página 5

Karina Rafaelli

PSICOSCÓPIO

Sabemos que a evolução científica do mundoespiritual precede a do mundo físico, do qual somos umacópia grosseira, e que o avanço científico e tecnológico égradual, impulsionando o desenvolvimento da humanidadede acordo com suas necessidades.

Roengten, no século XIX, revolucionou a medicina, atecnologia e a ciência com a descoberta dos raios X. A partirdaí, o desenvolvimento dos aparelhos de imagemdiagnóstica é constante, para citar apenas um ramo dentro daárea médica. Isso também ocorreu com a tecnologia doultrassom, aparelho em que o médicoradiologista faz “leituras” de imagensformadas de acordo com as leis daacústica, de sons inaudíveis ao ouvidohumano. Através desse método, oultrassonografista identifica lesões ealterações que seriam inacessíveis apenasao exame clínico do paciente, poisconsegue avaliar seu real estado orgânico.Além disso, pode fazer correlações dasalterações com seus hábitos e condutas(tipo de alimentação, sedentarismo, ingestão de bebidasalcoólicas, excesso de medicamentos, se é fumante, etc.).Significa que pode perscrutar seu modo de viver e de pensar,de uma maneira indireta.

Seria interessante podermos fazer uma análise direta econcreta do estado da alma do paciente, seu psiquismo,sentimentos, valores morais, através de aparelhos similares.Assim o auxílio seria mais efetivo, não só nas relações desaúde e doença, mas nas potencialidades e deficiências doindivíduo, já que a mente (espírito) interfere no bem estarfísico e psíquico.

André Luiz, pela psicografia de Chico Xavier, fazreferências a determinados aparelhos que só existem naespiritualidade, entre eles o psicoscópio, descrito no livro“Nos Domínios da Mediunidade” e que revela os “segredos”da alma. No capítulo II, o assistente Áulus diz que opsicoscópio é um aparelho a que intuitivamente se referiuilustre estudioso da fenomenologia espirítica, nos fins do

século XVIII (segundo Martins Peralva, tudo indica que sejaAlfred Erny, autor de “Psiquismo Experimental”).

Áulus explica que o aparelho facilita exames deauscultação da alma, definindo vibrações, com capacidadepara efetuar diversas observações em torno da matéria,funcionando a base de eletricidade e magnetismo, utilizando-se de elementos radiantes, análogos aos raios gama. Amoralidade, o sentimento, a educação e o caráter sãoclaramente perceptíveis, através de ligeira inspeção.Portanto, os valores da individualidade humana podem ser

retratados pelos raios que emite sem anecessidade de grande concentraçãomental, categorizando a situação deacordo com as radiações projetadas.

O psicoscópio revela o que estáoculto, a casa mental do indivíduo e, nocaso do estudo realizado porAndré Luiz,o intuito era avaliar as perspectivasdaquele grupo mediúnico em obser-vação, através das emanações fluídicas,do teor vibratório das energias de cada

trabalhador, e seus propósitos. Os trabalhadores espirituaispodem, dessa forma, planejar a obra a ser realizada no grupomediúnico. O mentor de André Luiz ainda comentou queespera que o aparelho esteja entre nós, fazendo parte daciência terrena no futuro.

Inúmeras utilidades teríamos para o psicoscópio noplano físico, desde a medicina da alma até os trabalhosmediúnicos na casa espírita. Ajudaria numa apreciação maisprofunda da própria intimidade, da situação evolutiva, pelanatureza dos nossos pensamentos, para redirecionarmos osimpulsos e energias, assim contribuindo para o reajus-tamento dos valores morais.

Considerando a rapidez do avanço da tecnologia nostempos atuais e que espíritos superiores já estãoreencarnando no planeta para impulsionar a humanidade aoanunciado período de regeneração, é possível mesmo que ainvenção de aparelhos assemelhados ao psicoscópioespiritual seja uma conquista no futuro não muito distante.

Minhas investigações filosófico-espíritas levaram-me a buscarpelos fundamentos de algumas outras religiões. Essa buscarevelou-me a grandeza das doutrinas divinamente inspiradas, mastambém e, principalmente, os seus pontos fracos doutrinários, osquais têm levado muitos fiéis ao indesejado ceticismo em relaçãoà nossa origem espiritual, com todos as nefastas consequênciaspara as relações humanas, publicadas cotidianamente e que noscausam tanta consternação. A grandeza do Espiritismo é que eleevidencia, científica, filosófica e religiosamente, nossa origem edestinação espiritual, estimulando a edificação de uma fé racionalem si próprio e na humanidade como um todo. E, como deduziuKardec, fé verdadeira é aquela que encara a ciência e a filosofia,face a face, em todos os tempos. Ao demonstrar a realidade dapreexistência e transmigração das almas, o Espiritismo nosmostra que, de fato, Jesus não se engana a nosso respeito quandonos recomenda, no campo das nossas infinitas possibilidadesreencarnatórias, “sede perfeitos como perfeito é o Pai que está noCéu”.

A etiologia da palavra filosofia é “amigo da sabedoria”. O seuVOCÊ PARECE TER UMAINCLINAÇÃO PARAAFILOSOFIA.

principal objetivo é descobrir, desvelar completamente a verdadeacerca da existência humana. E, penso, não poderia haverinteresse mais elevado na humanidade, senão o de buscar peloautoconhecimento. Esta é a máxima fundamental de toda filosofiaelevada, mas, principalmente, do Cristo, pois é ele quem nosrecomenda conhecermos a Verdade para obtermos a libertação. É,outrossim, uma forma de pedagogia para aquisição de valoresespirituais, posturas virtuosas e, pois, um suporte racionalfundamental à construção de um inabalável sentimento religioso.Sri Aurobindo, um filósofo indiano que eu também estudo, diz:“Só a filosofia pode lançar luzes sobre a religião e salvá-la dagrosseria, da ignorância e da superstição, assim como a religião é aúnica que pode conferir ardor espiritual e poder eficaz à filosofia,impedindo-a de se tornar vazia de substância, abstrata, estéril.Quando as duas irmãs divinas se separam, é um desastre paraambas.” O Espiritismo congrega essas duas formas de saber,esclarecendo-nos definitivamente tanto em relação aoconhecimento do Universo, quanto em relação à nossa origem edestinação espiritual. Na atual fase da evolução do Espírito, nãoexiste filosofia ou religião mais completa, iluminada e, por issomesmo, mais profícua e libertadora que o Espiritismo.

(continuação da entrevista)

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EQM - EXPERIÊNCIAS TRANSFORMADORASJosé Benevides Cavalcante

No livro “ALUZ QUE VEM DOALÉM”(*), que tratada chamada Experiência Quase-Morte, mais conhecida pelasigla EQM, o Dr. Raymond Moody Jr. lança um interessantedesafio: que alguém aponte um só caso de EQM, em que opaciente não voltou dessa experiência transformado paramelhor e não tenha adquirido uma concepção mais elevadade vida.

As EQMs são situações inusitadas e, portanto,inesperadas. Pessoas, que entraram em estado de coma ouque foram declaradas clinicamente mortas por algunsmomentos, inclusive na mesa de cirurgia, após retornarem àvida, por um processo de ressuscitação, relatam experiênciasincríveis que tiveram durante o período de aparenteinconsciência. O Dr. Raymond Mood, psicólogo e médiconorte-americano da Universidade deNevada, Estados Unidos, foi pioneiro noestudo desses casos. Os pacientes de EQMnarram visões do mundo espiritual,inclusive conversas que tiveram comfamiliares falecidos e contatos compersonagens que eles interpretaram, oracomo protetores ou anjos da guarda, oracomo santos, ora como Jesus ou, atémesmo, como sendo Deus.

Uma constatação interessantenessas pesquisas, no entanto, é o fato de os pacientesvoltarem com uma nova visão de vida e de morte, umagrande disposição para valorizar os sentimentos e amar aspessoas.

“Há um elemento comum em todas as EQMs –afirma o Dr. Moody. Elas transformam as pessoas que asvivenciaram. Nos meus 20 anos de intensa exposição a essaspessoas, eu ainda não encontrei uma sequer que não tivessesofrido uma transformação positiva como resultado de suaexperiência. Todos os acadêmicos e clínicos com quemconversei e entrevistaram essas pessoas chegaram à mesmaconclusão: elas são pessoas melhores devido à suaexperiência”.

E prossegue:“Uma das minhas obras favoritas de pesquisa sobre

os poderes transformadores das EQMs vem de CharlesFlynn, um sociólogo da Universidade de Miami, em Ohio.

Ele examinou os dados de 21 questionários, que foramaplicados por Kenneth King, o notável pesquisador deexperiências de quase-morte, para ver especificamente quaismudanças foram feitas pelas pessoas que sofreram umaEQM. Acima de tudo, ele descobriu que essas pessoas sepreocupam mais com as outras do que faziam antes. Tambémtêm uma crença maior na vida após a morte e um medodiminuído da morte.”

Esses estudos, ao contrário do que muitos podempensar, não foram feitos por espíritas, mas apenas porprofissionais, médicos e psicólogos, que depararam com taissituações e aceitaram o desafio. A descoberta do Espírito,portanto, não é privilégio do Espiritismo e a realidade domundo espiritual não é uma concepção exclusiva dos

espíritas.A verdade está em toda parte, já

dizia Allan Kardec. Aos poucos, conformeo desenvolvimento da inteligência humana,ela vai se mostrando e sendo apontada pelosmais ousados, a despeito daqueles quefazem de tudo para não reconhecê-la.

Foi assim que aconteceu com asgrandes verdades científicas que hojedefendemos, mas que nem sempre foramtão claras e tão evidentes. Imagine você

que, durante 1.500 anos, de Aristóteles a Copérnico,acreditou-se que a Terra fosse o centro do universo, e queGalileu, ao dizer o contrário, só não foi queimado vivo nafogueira porque era amigo do papa e teve de negarpublicamente tudo que havia afirmado, a despeito de estarcom a verdade. Hoje, porém, quem pode duvidar que o nossohumilde planeta não é tão importante assim no contexto domundo e que ocupa um lugar sem destaque no universo?

Portanto, a imortalidade ou a realidade do Espírito,muito mais ampla do que a concepção do universo pelohomem moderno, vai se evidenciando, aqui e ali, emboraenfrentando, como sempre enfrentou, ferrenhas oposições.As verdades de hoje já foram heresias do passado, assimcomo muitas verdades, que se evidenciarão no futuro, aindahoje são levadas em conta de fantasia ou loucura.

(*) A LUZ QUE VEM DO ALÉM, Raymond A. Moddy Jr., 2004, Editora Butterfly,S. Paulo

LANÇAMENTO DO LIVRO “O ELO COM A FELICIDADE”Na terça-feira 31 de maio, 20 horas, no Centro

Espírita Luz, Fé e Caridade, o espírita e advogado PAULOCÉZAR FERNANDES (vide a entrevista) fez o lançamentode seu primeiro livro, “O Elo com a Felicidade”.

A obra é dividida em duas partes. Na primeira,Paulo narra a sua própria descoberta do Espiritismo,traçando um paralelo com outras doutrinas e religiões. Nasegunda, analisa ensinamentos de Jesus, contidos em oEvangelho de Mateus.

Após a abertura musical com o jovem Rodrigo eapresentações feitas por Dayse Perez e Donizete Pinheiro, oautor falou a respeito da obra, explicando seus objetivos econteúdo.

Mais informações e pedidos no site da editora:www.editorajonia.com

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“Mas se alguém te bater na face direita, oferece-lhe também a outra.” Jesus (Mateus, 5:39).

Alguns humoristas pretendem descobrir naadvertência do Mestre uma exortação à covardia, semnoção de respeito próprio.

O parecer de Jesus, no entanto, não obedeceapenas aos ditames do amor, essência fundamental deseu Evangelho. É igualmente uma peça de bom senso elógica rigorosa.

Quando um homem investe contra outro,utilizando a força física, os recursos espirituais dequalquer espécie já foram momentaneamenteobliterados no atacante.

O murro da cólera somente surge quando a razãofoi afastada. E sobrevindo semelhante problema,somente a calma do adversário consegue atenuar osdesequilíbrios, procedentes da ausência de controle.

O homem do campo sabe que o animalenfurecido não regressa à naturalidade se tratado com aira que o possui.

A abelha não ferretoa o apicultor, amigo dabrandura e da serenidade.

O único recurso para conter um homemdesvairado, compelindo-o a reajustar-se dignamente, éconservar-se o contendor ou os circunstantes em posiçãonormal, sem cair do mesmo nível de inferioridade.

A recomendação de Jesus abre-nos abençoadoavanço. . .

Oferecer a face esquerda, depois que a direita jáse encontra dilacerada pelo agressor, é chamá-lo à razãoenobrecida, reintegrando-o, de imediato, no reconhe-cimento da perversidade que lhe é própria.

Em qualquer conflito físico, a palavra reveste-sede reduzida função nos círculos do bem. O gesto é aforça que se expressará convenientemente.

Segundo reconhecemos, portanto, no conselhode Cristo não há convite à fraqueza, mas apelo à superio-ridade que as pessoas vulgares ainda desconhecem.

do livro “VINHA DE LUZ”psicografia de Francisco Cândido Xavier

ATRITOS FÍSICOS

Ao entrar no Centro Espírita certamente observamos suaestrutura. Salão, cadeiras, mesas e demais apetrechos que compõemqualquer instituição. Tudo isso faz parte da estrutura física, que é,obviamente, necessária para o bom funcionamento da Casa.

Mas há algo além da matéria, intangível e que não pode serdesprezado dentro do Centro Espírita. E você sabe qual é?Provavelmente dirá que é a estrutura espiritual. Quem arriscou nestaresposta errou.

Óbvio que em toda Casa Espírita existe a estrutura espiritual, otrabalho realizado na outra esfera da vida. No entanto, há,inegavelmente, algo intangível, além da matéria, mas que não está nocontingente espiritual. Está aqui, na esfera física mesmo.Provavelmente você pensará que estou maluco, com divagaçõesabsurdas. Posso afirmar que não. Existe, sim, algo muito além damatéria no Centro Espírita e que não está no mundo espiritual e quepodemos denominar como as diversas competências do trabalhadorespírita.

Exatamente! As competências, pois os talentos do trabalhadorespírita fazem parte dos bens intangíveis da instituição. E, diga-se depassagem, são assim como a estrutura física e espiritual,imprescindíveis para o bomandamento das atividades.

Vejamos: Como reali-zar o atendimento fraternosem alguém capacitado paraesta tarefa? O que fazerentão? Não oferecer o atendi-mento fraterno? Óbvio quenão.Aresposta é Capacitar!

Como coordenar umareunião mediúnica de formasaudável com pessoas inabilitadas para tal assunto? O que fazerentão? Suspender a reunião? Nada disso. Capacitar as pessoas!

Como realizar os mais diversos cursos doutrinários sempesquisadores das obras de Kardec? Qual a resposta para essapergunta: Capacitar as pessoas, preparando-as para que sejamconhecedoras das obras de Kardec.

Questão de boa vontade. Daí a importância de reuniõesperiódicas, seja da diretoria da instituição ou de determinado grupo deatividades para o estudo dos pontos fortes e fracos. Mas para que essasreuniões surtam efeito é preciso humildade e admitir com franqueza esem melindres o que precisa e deve ser melhorado. Não confundamoso silêncio, que muitas vezes advém da falta de coragem em expor ospontos nevrálgicos, com harmonia.

Um grupo harmônico convive bem mesmo com as diversasdiferenças. Um grupo em desarmonia convive aparentemente bemporque não se abordam as diferenças. Até para isso é precisocapacitação; capacitação emocional da criatura ao promover umacrítica ou ao recebê-la.

A propósito, ao chegar pela primeira vez ao Centro Espírita,com quem você conversou? Com a Casa? Não! Certamente vocêconversou com alguma pessoa, coordenador ou responsável pelareunião do dia.

Alguém já participou de algum curso que o Centro Espíritaministrou? Também não! Participamos de cursos realizados noambiente do Centro Espírita, porém, ministrados por pessoas.Compreende-se, portanto, que é fundamental a capacitação dostrabalhadores espíritas para o bom andamento das atividadesdesenvolvidas pela Casa.

Eis a pergunta: Será, então, que como coordenadores do centroespírita ou coordenadores de alguma atividade procuramos motivaraqueles que colaboram conosco para que aprendam e desenvolvamseus talentos e habilidades? Observemos que ao proporcionarmos

condições para a capacitação do trabalhador espírita o Centro Espíritacumpre o seu papel de atender o ser humano em suas necessidades.

Diz o grande autor da ciência da administração IdalbertoChiavenato em sua obra Administração para não Administradores: “Oadministrador de sucesso deve cercar-se de pessoas competentes,saber formar uma boa equipe de trabalho, treinando-as e preparando-aspara executarem cada vez melhor suas tarefas”.

Como administradores de um Centro Espírita compete-nos,pois, investir no ser humano, tornando a Casa Espírita rica, diria quemilionária em termos de talentos e habilidades para bem servirmos aoMaiorAdministrador de todos os tempos: Jesus de Nazaré!

Pensemos nisso.

O BEM INTANGÍVEL

DO CENTRO ESPÍRITA

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Histórias deTiamara

DEVOLUÇÃO PELO CORREIO PARA

Rua Mecenas Pinto Bueno, 905 - Marília/SP- CEP 17.516-030

Dona Andorinha morava sozinhaem uma linda mangueira, rodeada demuitos vizinhos. Participava das oraçõesdominicais e sempre ajudava na comu-nidade na distribuição de farelos para asaves necessitadas. Era estimada portodos.

Uma noite, já de madrugada,escutou uma batida na sua portinha. Foiabrir e não viu ninguém; voou ao redor dasua casinha e nada encontrou. Voltou adormir, mas logo ouviu outra batida;novamente se levantou, abriu a porta, masnada viu. Resolveu então ficar espiandofora de casa e percebeu que era o galho damangueira que atingia a portinha fazendo obarulho, por causa do vento. Respiroualiviada. Era fácil resolver o problema,bastando conversar com o proprietário dacasa à qual pertencia o galho.

No dia seguinte, logo pela manhã,voou até a casa de Dona Pardoca e contousua história.Avizinha falou:

Me desculpe vizinha, mas essegalho vem da casa de cima, que pertence àDona Coruja, e você sabe como é o seutemperamento. Duvido muito que ela peçaao engenheiro Pica-Pau para cortar; temum gênio difícil, não participa de nada dacomunidade, acho que nem ao menos vaiatendê-la.

Dona Andorinha, humildemente,falou:

Preciso tentar, pois se vier umvento muito forte o galho pode bater commuita força e derrubar a minha casa, eesse é um risco muito sério!

Dona Pardoca abraçou a amiga,desejando-lhe sorte. Dona Andorinha voouaté a casa de Dona Coruja e assim que aporta se abriu viu o luxo que era aquelacasa. Dona Coruja saiu e foi logo dizendo:

Não tenho farelos para doar,nem migalhas de pão.

Não, Dona Coruja, vim aqui poroutro motivo. Quero lhe pedir que corte umpedaço do galho de sua área, pois quandoventa ele bate na porta de minha casa etenho medo de que uma hora a derrube.

Dona Coruja, ajeitando os óculosna ponta do bico, disse:

Fique sabendo que não voufazer isso de jeito nenhum, pois prejudicaráo valor do meu imóvel. Afinal, paguei muito

caro para ter galhos de sobra. E se nãoaguentar, mude-se!

Falou isso batendo com a portano bico da pobrezinha.

Sem saber mais o que fazer,resolveu procurar o engenheiro Pica-Pau,que ouviu sua história e falou com pesar:

Sinto muito, Dona Andorinha,mas o imóvel de Dona Coruja não podeser prejudicado. Permita-me umasugestão: coloque em sua porta reves-timento de algodão para silenciar asbatidas.

Como? Não tenho rendimentospara isso; sabe que sou sozinha e quevivo de aposentadoria.

O engenheiro falou:Então, procure novamente a

Dona Coruja, quem sabe ela ajude com oalgodão!

Dona Andorinha aceitou asugestão e foi novamente falar com DonaCoruja, que desta vez abriu bem a porta,deixando ver todo o luxo e requinte de suacasa. Nossa amiguinha contou asugestão do engenheiro Pica-Pau efinalmente falou:

Poderia me ajudar com oalgodão?

Nem pensar, acho que isso nãoé problema meu. Com licença, tenho maiso que fazer.

Dona Andorinha voltou para suacasa sem esperança. Olhou para o céu epediu ao Pai Criador que não mandasseum vento muito forte. Assim foram suasnoites: logo que deitava lá vinha o barulho;nessas horas, pedia a Deus que lhe dessemuita paciência para suportar.

A avezinha passava muitasnoites em claro. Às vezes se esquecia dobarulho, e acordava assustada com ele.

Alguns dias se passaram e, numculto dominical, o locutor Papagaio falou

que uma rajada deventos e chuvases tava se apro-ximando daquelaregião e solicitou que

todos se ajudassem.Dona Andorinha orava e pedia

que o vento e a chuva não fossem fortes.Foi, então, novamente falar com DonaCoruja, que estava em sua área tricotandocom algumas aves. Dona Coruja, logo queavistou a pobrezinha, falou alto:

Lá vem ela! O que deseja?Dona Coruja, não sei se sabe,

mas por esses dias virá um forte temporale gostaria de lhe pedir novamente paracortar o galho.

Dona Coruja, ajeitando os óculosno bico, falou:

Nada tenho com isso e, porfavor, não venha me aborrecer mais.

Dona Andorinha saiu cabisbaixa.Chegando em casa encontrou seusamigos do culto. Todos estavam ali paraconvidá-la a passar uns dias em suascasas, antes que a tempestade viesse.

DonaAndorinha agradeceu muitoe aceitou ficar no abrigo da comunidade.Ajeitou sua casinha, fechou tudo e partiu.

Ainda bem, porque a noite foiterrível! A chuva chegou forte, mas, parasurpresa, sem vento algum. No diaseguinte, ouviu-se a sirene de resgate doDr. Sabiá. A chuva tinha feito apenas umavitima; derrubou metade da casa de DonaCoruja, que por sorte sofreu apenasalguns arranhões no bico e quebrou a suaasinha direita.

O engenheiro Pica-Pau falou:Teve sorte de não ter acon-

tecido o pior! Poderia ter perdido sua vida!A chuva forte quebrou aquele galho que asenhora não quis cortar. Veja o estrago,que poderia ter sido evitado.

Dona Coruja avistou DonaAndorinha e fez a ela um sinal para que seaproximasse, e lhe disse:

Me perdoe por tudo! Quero seruma ave melhor! Ajude-me, por favor, a serboa!

DonaAndorinha disse:Não se preocupe, Deus, Pai

criador, perdoa sempre!

Deus tudo sabe, tudo pode!Muitas vezes pedimos as coisas

e elas não acontecem no nosso tempo,que não é o mesmo tempo do nosso PaiCriador!

Devemos confiar sempre! Tudoque nos permite é para a nossa felicidade.

Deus não demora! Ele capricha.

––

Crianças!

DEUS NÃO DEMORA! ELE CAPRICHA!