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Por um lado, a elevação dos preços de venda do algodão é um atrativo para produtores, mas, por outro, estão os aumen- tos contínuos dos custos de produção. O ano de 2015 come- çou com o maior custo operacional do algodão até então esti- mado pelo Cepea a preços do mês corrente. Ao longo do ano, a situação piorou para o produtor. Em dezembro, o mon- tante investido era 28% maior que em dezembro de 2014. A valorização do dólar foi o fator de maior peso nesse aumento de custos, visto que a maioria dos insumos em Mato Grosso são fixados com base na moeda americana. Nos três primeiros meses de 2015, o custo operacional do algodão mato-grossense aumentou 17%, enquanto o dólar se valorizou 19%. Já nos quatro meses seguintes (abr-jul), as variações foram amenas, chegando a haver queda em três daqueles meses, período em que o custo operacional ficou abaixo do patamar de março. Em agosto, o custo voltou a subir e bateu sucessivos recordes até dezembro. Nesses cinco meses, o custo subiu 10%, enquanto o dólar, 20%. Em boa parte do ano, os aumentos do custo operacional fo- ram causados pela valorização simultânea de fertilizantes, defensivos e sementes, itens bastante representativos no desembolso. Somente em cinco meses fertilizantes, defensi- vos e sementes não subiram juntos. Isso ocorreu em maio, quando fertilizantes se tornaram mais baratos; em junho, da- da a redução de preços de defensivos no comparativo men- sal; em julho, com fertilizantes novamente em queda; em ou- tubro, foram os defensivos que arrefeceram e, em novembro, os fertilizantes se desvalorizaram junto com o dólar. Algodão safra – iniciou 2015 com desembolso médio de R$ 7.110,60/ha e terminou o ano em R$ 8.815,06/ha, na média do estado. Algodão 2ª safra – em janeiro, o custo operacional médio foi de R$ 6.211,05/ha e, em dezembro, de R$ 7.636,11/ha, na média mato-grossense. CUSTOS DO ALGODÃO AUMENTAM 28% EM 2015 PREÇOS DO ESTADO Algodão 69,40 R$/@ Milho 20,31 R$/sc Soja 61,42 R$/sc Dólar 3,868 R$ Diesel 3,31 R$/L * médias mensal em Mato Grosso PARA A SOJA, CUSTOS AUMENTAM 20% EM 2015 Durante o ano passado, o custo da soja 2015/16 subiu praticamente em todos os meses, che- gando em dezembro a nível recorde e 20% maior que o do encerramento de 2014. Os au- mentos ocorreram principalmente entre abril e setembro, justamente os meses em que se concentraram as compras de insumos da safra em vigor. Nos três primeiros meses de 2015, o custo da soja já deu um susto no produtor que estava para iniciar as compras para a temporada 2015/16. Até o mês de março, o desembolso da oleaginosa aumentou 12%, sendo que os fertilizantes se tornaram 18,5% mais caros, os de- fensivos, 15% e as sementes, 6%. Em abril, o dólar se desvalorizou 3,3% em relação ao mês anterior, ajudando na queda de 3% do custos operacional da soja. Esse resultado teve influência basicamente da redução de 6,4% dos preços dos fertilizantes e de 4% das sementes. Em maio começou a escalada do custo da soja. Com o aumento da procura por insumos e a alta do dólar, o custo aumentou mês a mês até outubro, acumulando 6,3% no período. Os fertilizantes ao longo desses meses se tornaram 9% mais caros e os defensivos, 10%, sendo dos inseticidas o maior reajuste. Em novembro, os custos chegaram a ceder 0,7% em relação a outubro, pressionados por uma pequena queda do câmbio e por 4,6% no gasto com fertilizantes. Mas, em dezembro, voltaram a subir, 0,75% com relação ao mês anterior, ultrapassando o patamar de outubro e atingindo recorde na série Cepea: R$ 2.297,27/ha na média de Mato Grosso – venda da pro- dução e compra de insumos a preços do mês. RELAÇÃO DE TROCA DE ALGODÃO POR INSUMOS - @ DE PLUMA Itens dez/14 no v/ 15 dez/15 dez/14 no v/ 15 dez/15 dez/14 no v/ 15 dez/15 dez/14 no v/ 15 dez/15 MAP 33,1 29,5 30,2 33,4 30,8 31,5 31,5 29,6 29,2 31,7 29,9 29,3 KCl 27,8 20,8 20,6 27,6 21,4 22,7 25,8 21,3 21,8 25,5 21,8 21,8 Ureia 26,5 20,9 22,3 26,3 20,9 22,3 24,7 21,1 21,2 25,2 21,6 22,6 Sulfato de amônio 22,0 18,5 19,6 22,6 18,0 19,6 21,6 18,6 19,3 20,6 18,8 19,2 Super simples 18,0 16,0 16,4 18,1 15,9 16,1 16,6 15,2 15,4 16,6 15,0 14,9 Glifosato genérico (480) 0,4 0,3 0,3 0,3 0,2 0,2 0,5 0,5 0,5 0,3 0,4 0,4 2,4 D (800) 0,3 0,2 0,3 0,3 0,2 0,2 0,3 0,3 0,3 0,2 0,2 0,2 Cletodim (240) 1,9 1,7 1,8 1,7 1,7 1,9 1,7 1,7 1,7 1,3 1,7 1,8 M etomil (215) 0,3 0,3 0,3 0,3 0,3 0,3 0,3 0,3 0,3 0,3 0,3 0,3 Lambda-cialotrina (250) s/c s/c s/c 3,4 3,1 3,3 2,7 2,2 2,3 1,8 1,7 1,8 Acefato (750) 0,6 0,6 0,6 0,6 0,6 0,6 0,6 0,5 0,5 0,6 0,5 0,5 Lambda-cialotrina + tiametoxam 2,6 2,3 2,4 2,5 2,4 2,5 2,2 1,8 1,7 2,2 1,8 1,7 Cipermetrina genérico (250) 0,5 0,5 0,5 0,6 0,4 0,4 0,6 0,5 0,5 s/c s/c s/c Carbosulfano (400) 0,8 0,6 0,7 0,9 0,8 0,8 0,9 0,8 0,8 1,1 1,1 1,1 Azoxistrobina + ciproconazol 2,4 2,2 2,4 2,1 2,2 2,4 2,0 2,2 2,1 2,0 2,2 2,4 Protioconazol + trifloxistrobina 2,7 2,9 2,8 2,8 2,6 2,8 2,8 2,4 2,4 2,2 3,0 3,0 Sorriso Campo N. do Parecis Campo Verde Rondonópolis JANEIRO - ANO 8 - EDIÇÃO 80 NESTA EDIÇÃO Custo do algodão 28% maior em 2015 Custo da soja 20% maior em 2015 Rentabilidade em 2015 é maior mesmo com alta nos custos Fertilizantes ficam mais barato no final de 2015 CUSTO DE PRODUÇÃO DE ALGODÃO DEZEMBRO/15 Campo N. Parecis Alg. 2ª safra WS Alg. 2ª safra RR Alg. 2ª safra WS Fertilizantes 1.228,98 R$ 1.370,10 R$ 1.605,50 R$ Herbicidas 559,78 R$ 161,74 R$ 538,62 R$ Inseticidas 792,53 R$ 1.157,84 R$ 1.295,66 R$ Fungicidas 372,47 R$ 329,80 R$ 592,21 R$ DMR (Desf./Mat./Regulador) 244,86 R$ 232,16 R$ 167,07 R$ Outros químicos 25,01 R$ 24,92 R$ 65,60 R$ Semente 627,72 R$ 965,86 R$ 667,60 R$ Serviço terceirizado 18,54 R$ - R$ 98,05 R$ Diesel 443,06 R$ 425,03 R$ 367,85 R$ Manut. Maq e Equip. 155,56 R$ 128,77 R$ 124,56 R$ Frete 82,37 R$ 89,17 R$ 26,21 R$ M. de Obra 170,93 R$ 149,66 R$ 279,22 R$ Armaz/Benef 1.455,89 R$ 1.555,20 R$ 1.191,34 R$ Tributos de comercialização 351,32 R$ 350,59 R$ 331,70 R$ Seguro 13,35 R$ 10,90 R$ 10,35 R$ Assit. Técnica 32,85 R$ 35,11 R$ 42,39 R$ Financ. de capital de giro 303,42 R$ 306,09 R$ 473,34 R$ Custo operacional 6.878,66 R$ 7.292,95 R$ 7.877,27 R$ Custo Total 7.418,99 R$ 7.776,96 R$ 8.364,17 R$ Itens Campo Verde Algodão NOGM Algodão WS Algodão GL Fertilizantes 1.521,93 R$ 1.577,45 R$ 1.591,47 R$ Herbicidas 561,00 R$ 600,71 R$ 638,76 R$ Inseticidas 2.552,58 R$ 1.235,77 R$ 2.255,48 R$ Fungicidas 347,08 R$ 425,26 R$ 411,62 R$ DMR (Desf./Mat./Regulador) 127,37 R$ 219,06 R$ 178,87 R$ Outros químicos 132,81 R$ 80,46 R$ 56,09 R$ Semente 198,68 R$ 520,12 R$ 499,85 R$ Serviço terceirizado 549,61 R$ 253,90 R$ 86,23 R$ Diesel 304,97 R$ 335,92 R$ 320,88 R$ Manut. Maq e Equip. 149,97 R$ 145,09 R$ 119,14 R$ Frete 5,38 R$ 34,31 R$ 56,90 R$ M. de Obra 605,10 R$ 640,12 R$ 780,39 R$ Armaz/Benef 1.470,79 R$ 1.556,56 R$ 1.528,62 R$ Tributos de comercialização 347,25 R$ 371,61 R$ 364,39 R$ Seguro 12,06 R$ 13,14 R$ 10,60 R$ Assit. Técnica 51,96 R$ 44,20 R$ 51,00 R$ Financ. de capital de giro 464,01 R$ 414,91 R$ 383,88 R$ Custo operacional 9.402,55 R$ 8.468,59 R$ 9.334,18 R$ Custo Total 10.072,14 R$ 9.006,90 R$ 9.830,78 R$ Itens Primavera do Leste METODOLOGIA: Para o cálculo do custo de produção neste informativo, foram utilizados os coeficientes técnicos da safra 2013/14. Esses coeficientes técnicos foram coletados a campo pela equipe Cepea-Esalq/USP, com a técnica de coleta de dados chamada de “estudos de caso”, entre março/14 e setembro/14. Neste sistema, o levantamento das informações do custo é realizado através de coleta de informações com técnicos das fazendas estudadas. Todos os passos do custo são detalhados: desde equipamentos, coeficientes técnicos, quantidade e preços pagos. O critério de custo de produção utilizado no estudo foi o do Custo Total. Por este critério estão computados como itens de custo os custos variáveis (insumos, mão-de- obra, combustíveis e manutenção de equipamentos), o custo do financiamento do capital de giro, mais a depreciação de má- quinas e equipamentos e o custo de estocagem. Também é acrescentada a remuneração de fatores fixos diversos. Os custos analisados são segregados em dois grupos. O primeiro trata-se do Custo Operacional (CO), que inclui os gastos principalmen- te com insumos variáveis. Posteriormente, adicionam-se os valores de depreciação de máquinas e equipamentos, a remunera- ção do capital investido e custo da terra, obtendo-se o Custo Total (CT) da atividade. Para computar a depreciação e o custo de oportunidade do capital fixo, foi avaliado o Custo Anual de Reposição do Patrimônio (CARP). Observe que nos gráficos onde constam os custos operacionais e totais, também há a representação da Receita Bruta (RB) por hectare, sinalizando o nível de rentabilidade, positiva ou negativa. www.cepea.esalq.usp.br * [email protected] * Fone: (19) 3429 8837 / 8847 RENTABILIDADE DOS SISTEMAS EM DEZEMBRO É SUPERIOR À DO INÍCIO DE 2015 Mesmo com as estimativas de custos mensais fechando 2015 nos maiores níveis da série Cepea, as rentabilidades dos sistemas em dezembro foram melhores que as no início do ano. Apesar de ter encarecido os insumos, o dólar, em alguns casos, proporcionou aumento mais que proporcional dos preços de venda da produção, que foram puxados também por uma demanda firme. Algodão safra – começou janeiro com rentabilidade sobre o custo total (RRCT) de -11% per- manecendo no negativo até março. Já em abril, a rentabilidade foi de 4%, ficando no positivo até junho. Em julho, a margem da cultura zerou e, no mês seguinte, voltou para o positivo, seguindo assim até outubro, quando teve +3%. Em dezembro, porém, fechou em -3%, em meio a alta de custos (recordes) e queda de 2,4% no preço da pluma. Mesmo assim, o resul- tado foi maior que o de janeiro. A variação do custo ao longo de 2015 foi mais importante que a da receita, visto que as margens negativas ocorreram em momentos em que o custo se elevou e não necessariamente que a receita havia caído. Soja – foi a única cultura que não registrou margem negativa ao longo de 2015. Em fevereiro, a RRCT foi de 4%, a menor para a cultura no ano, sendo reflexo da alta do custo e da venda da produção no patamar dos R$ 48/sc. A melhor margem foi observada em outubro, de 26%, quando o preço da saca ultrapassava os R$ 65. Com a queda do preço da saca nos dois últi- mos meses, a RRCT recuou, mas finalizou dezembro ainda em 17,5%. Soja + Algodão 2ª safra – esse sistema também não registrou margem negativa durante o ano e, em dezembro, teve RRCT de 14%, contra 4% em janeiro. Fevereiro foi o mês menos favorável, quando a rentabilidade foi zerada, devido ao aumento de 5,7% no custo de cada cultura. Naquele momento, a margem do algodão foi de -4,4% e da soja, de 4%. Outubro foi o melhor resultado do sistema, dados que as duas culturas tiveram neste mês os maiores pre- ços preço do ano. Em dezembro, a RRCT calculada foi de 14%. Soja + Milho 2ª safra – o sistema passou dois terços do ano com margem negativa. Em janei- ro, era de -3% em, em junho, chegou a -34% – no primeiro semestre, os custos da soja e do milho aumentaram 10%. Somente em setembro, o sistema passou a registrar rentabilidade positiva e fechou dezembro com RRCT de 4%, superior à do algodão safra. O grande respon- sável pela mudança de resultados foi o preço das commodities: o milho, que operava em R$ 16,15/sc em agosto, passou para R$ 18,49/sc em setembro e acima dos R$ 20/sc em dezem- bro. A soja evoluiu de R$ 57,40/sc em agosto para R$ 61,42/sc em dezembro – média bal- cão, a retirar em Mato Grosso. ESCOLA SUPERIOR DE AGRICULTURA "LUIZ DE QUEIROZ" - USP WWW.CEPEA.ESALQ.USP . BR * [email protected] INFORMATIVO CEPEA JANEIRO DE 2016 ALTA DOS FERTILIZANTES PERDE FORÇA NO FINAL DO ANO Em 2015, a valorização do dólar provocou forte aumento nas cotações dos fertilizantes, prin- cipalmente de abril a outubro. Já no último trimestre, o câmbio esteve mais favorável para o Real, coincidindo com o momento de baixa demanda, o que interrompeu a sequência de al- tas. No primeiro trimestre, o aumento dos preços dos fertilizantes foi contínuo nas principais regi- ões agrícolas. Em março, todos deram um grande salto, com destaque para o MAP. Já em abril e maio, houve queda quase unânime dos preços dos fertilizantes, em resposta ao movi- mento de leve oscilação negativa do dólar. No mês de junho, os preços voltaram a subir, re- fletindo o aumento de 1,6% do dólar. Em julho e agosto, foi variado o comportamento dos preços dos fertilizantes, prevalecendo os aumentos na maioria das praças analisadas. Em agosto, mês em que o dólar bateu recorde de 12 anos, o MAP, ureia e o cloreto de potássio tiveram altas em todas as praças. Em setembro, ainda com os preços puxados pelo dólar, todos os principais fertilizantes foram novamente reajustados nas praças acompanhadas pelo Cepea e registram os maiores valo- res de 2015. Após três meses seguidos de alta, em outubro, o dólar recuou 0,7% e, com isso, os preços dos fertilizantes baixaram de forma generalizada. Em novembro, a desvalorização do dólar foi mais forte e, combinada à baixa demanda por fertilizantes para o milho segunda safra devido à restrição de crédito, acarretou em novas quedas nos preços da maioria dos adubos. De- zembro registrou alta no dólar, mas os preços das matérias primas dos fertilizantes cederam, com exceção da ureia devido à demanda para o milho segunda safra. Coordenação: Prof. Dr. Geraldo S. C. Barros, Prof. Dr. Lucilio R. A. Alves e Dr. Mauro Osaki Equipe: Fábio F. de Lima, Renato G. Ribeiro, Luiz Henrique de Almeida, Matheus S. da Costa, Natália Alves, Eric Kempers, Alessandra M. P. Almeida, Guilherme Picelli. Jornalista responsável: Dra. Ana Paula Silva Ponchio - MTb 27.368 R$ 2,00 R$ 2,50 R$ 3,00 R$ 3,50 R$ 4,00 R$ 4,50 R$ 5,00 6.000 6.500 7.000 7.500 8.000 8.500 9.000 Taxa câmbio CO - R$/ha CO Algodão 1ª safra CO Algodão 2ª safra Dólar R$ 2,50 R$ 2,75 R$ 3,00 R$ 3,25 R$ 3,50 R$ 3,75 R$ 4,00 R$ 4,25 R$ 4,50 R$ 4,75 1.900 1.950 2.000 2.050 2.100 2.150 2.200 2.250 2.300 2.350 jan/15 fev/15 mar/15 abr/15 mai/15 jun/15 jul/15 ago/15 set/15 out/15 nov/15 dez/15 Taxa de câmbio CO - R$/ha CO Soja Dólar -20% -15% -10% -5% 0% 5% 10% 15% 20% 25% 30% jan/15 fev/15 mar/15 abr/ 15 mai/15 jun/15 jul/15 ago/15 set/15 out/15 nov/15 dez/15 RRCT Algodão safra Soja Soja + algodão 2ª safra Soja + milho 2ª safra

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Por um lado, a elevação dos preços de venda do algodão é

um atrativo para produtores, mas, por outro, estão os aumen-

tos contínuos dos custos de produção. O ano de 2015 come-

çou com o maior custo operacional do algodão até então esti-

mado pelo Cepea a preços do mês corrente. Ao longo do

ano, a situação piorou para o produtor. Em dezembro, o mon-

tante investido era 28% maior que em dezembro de 2014. A

valorização do dólar foi o fator de maior peso nesse aumento

de custos, visto que a maioria dos insumos em Mato Grosso

são fixados com base na moeda americana.

Nos três primeiros meses de 2015, o custo operacional do

algodão mato-grossense aumentou 17%, enquanto o dólar se

valorizou 19%. Já nos quatro meses seguintes (abr-jul), as

variações foram amenas, chegando a haver queda em três

daqueles meses, período em que o custo operacional ficou

abaixo do patamar de março. Em agosto, o custo voltou a

subir e bateu sucessivos recordes até dezembro. Nesses

cinco meses, o custo subiu 10%, enquanto o dólar, 20%.

Em boa parte do ano, os aumentos do custo operacional fo-

ram causados pela valorização simultânea de fertilizantes,

defensivos e sementes, itens bastante representativos no

desembolso. Somente em cinco meses fertilizantes, defensi-

vos e sementes não subiram juntos. Isso ocorreu em maio,

quando fertilizantes se tornaram mais baratos; em junho, da-

da a redução de preços de defensivos no comparativo men-

sal; em julho, com fertilizantes novamente em queda; em ou-

tubro, foram os defensivos que arrefeceram e, em novembro,

os fertilizantes se desvalorizaram junto com o dólar.

Algodão safra – iniciou 2015 com desembolso médio de R$

7.110,60/ha e terminou o ano em R$ 8.815,06/ha, na média

do estado.

Algodão 2ª safra – em janeiro, o custo operacional médio foi

de R$ 6.211,05/ha e, em dezembro, de R$ 7.636,11/ha, na

média mato-grossense.

CUSTOS DO ALGODÃO AUMENTAM 28% EM 2015

PREÇOS DO ESTADO

Algodão 69,40 R$/@

Milho 20,31 R$/sc

Soja 61,42 R$/sc

Dólar 3,868 R$

Diesel 3,31 R$/L

* médias mensal em Mato Grosso

PARA A SOJA, CUSTOS AUMENTAM 20% EM 2015

Durante o ano passado, o custo da soja 2015/16 subiu praticamente em todos os meses, che-

gando em dezembro a nível recorde e 20% maior que o do encerramento de 2014. Os au-

mentos ocorreram principalmente entre abril e setembro, justamente os meses em que se

concentraram as compras de insumos da safra em vigor.

Nos três primeiros meses de 2015, o custo da soja já deu um susto no produtor que estava

para iniciar as compras para a temporada 2015/16. Até o mês de março, o desembolso da

oleaginosa aumentou 12%, sendo que os fertilizantes se tornaram 18,5% mais caros, os de-

fensivos, 15% e as sementes, 6%.

Em abril, o dólar se desvalorizou 3,3% em relação ao mês anterior, ajudando na queda de 3%

do custos operacional da soja. Esse resultado teve influência basicamente da redução de

6,4% dos preços dos fertilizantes e de 4% das sementes.

Em maio começou a escalada do custo da soja. Com o aumento da procura por insumos e a

alta do dólar, o custo aumentou mês a mês até outubro, acumulando 6,3% no período. Os

fertilizantes ao longo desses meses se tornaram 9% mais caros e os defensivos, 10%, sendo

dos inseticidas o maior reajuste.

Em novembro, os custos chegaram a ceder 0,7% em relação a outubro, pressionados por

uma pequena queda do câmbio e por 4,6% no gasto com fertilizantes. Mas, em dezembro,

voltaram a subir, 0,75% com relação ao mês anterior, ultrapassando o patamar de outubro e

atingindo recorde na série Cepea: R$ 2.297,27/ha na média de Mato Grosso – venda da pro-

dução e compra de insumos a preços do mês.

RELAÇÃO DE TROCA DE ALGODÃO POR INSUMOS - @ DE PLUMA

Itens

dez / 14 nov/ 15 dez / 15 dez / 14 nov/ 15 dez / 15 dez / 14 nov/ 15 dez / 15 dez / 14 nov/ 15 dez / 15

M A P 33,1 29,5 30,2 33,4 30,8 31,5 31,5 29,6 29,2 31,7 29,9 29,3

KC l 27,8 20,8 20,6 27,6 21,4 22,7 25,8 21,3 21,8 25,5 21,8 21,8

U reia 26,5 20,9 22,3 26,3 20,9 22,3 24,7 21,1 21,2 25,2 21,6 22,6

Sulf at o de amônio 22,0 18,5 19,6 22,6 18,0 19,6 21,6 18,6 19,3 20,6 18,8 19,2

Super simp les 18,0 16,0 16,4 18,1 15,9 16,1 16,6 15,2 15,4 16,6 15,0 14,9

Glif osat o genérico

( 4 8 0 )0,4 0,3 0,3 0,3 0,2 0,2 0,5 0,5 0,5 0,3 0,4 0,4

2 ,4 D ( 8 0 0 ) 0,3 0,2 0,3 0,3 0,2 0,2 0,3 0,3 0,3 0,2 0,2 0,2

C let od im ( 2 4 0 ) 1,9 1,7 1,8 1,7 1,7 1,9 1,7 1,7 1,7 1,3 1,7 1,8

M et omil ( 2 15) 0,3 0,3 0,3 0,3 0,3 0,3 0,3 0,3 0,3 0,3 0,3 0,3

Lambda- cialo t r ina

( 2 50 )s/ c s/ c s/ c 3,4 3,1 3,3 2,7 2,2 2,3 1,8 1,7 1,8

A cef at o ( 750 ) 0,6 0,6 0,6 0,6 0,6 0,6 0,6 0,5 0,5 0,6 0,5 0,5

Lambda- cialo t r ina

+ t iamet oxam 2,6 2,3 2,4 2,5 2,4 2,5 2,2 1,8 1,7 2,2 1,8 1,7

C ipermet r ina

genérico ( 2 50 )0,5 0,5 0,5 0,6 0,4 0,4 0,6 0,5 0,5 s/ c s/ c s/ c

C arbosulf ano

( 4 0 0 )0,8 0,6 0,7 0,9 0,8 0,8 0,9 0,8 0,8 1,1 1,1 1,1

A zoxist rob ina +

cip roconazo l 2,4 2,2 2,4 2,1 2,2 2,4 2,0 2,2 2,1 2,0 2,2 2,4

Pro t ioconazo l +

t r if loxist rob ina2,7 2,9 2,8 2,8 2,6 2,8 2,8 2,4 2,4 2,2 3,0 3,0

So rriso C ampo N . do P arecis C ampo Verde R o ndo nó po lis

JANEIRO - ANO 8 - EDIÇÃO 80

NESTA EDIÇÃO

Custo do algodão 28%

maior em 2015

Custo da soja 20% maior

em 2015

Rentabilidade em 2015 é

maior mesmo com alta

nos custos

Fertilizantes ficam mais

barato no final de 2015

CUSTO DE PRODUÇÃO DE ALGODÃO — DEZEMBRO/15

Campo N. Parecis

Alg. 2ª safra WS Alg. 2ª safra RR Alg. 2ª safra WS

Fertilizantes 1.228,98R$ 1.370,10R$ 1.605,50R$

Herbicidas 559,78R$ 161,74R$ 538,62R$

Inseticidas 792,53R$ 1.157,84R$ 1.295,66R$

Fungicidas 372,47R$ 329,80R$ 592,21R$

DMR (Desf./Mat./Regulador) 244,86R$ 232,16R$ 167,07R$

Outros químicos 25,01R$ 24,92R$ 65,60R$

Semente 627,72R$ 965,86R$ 667,60R$

Serviço terceirizado 18,54R$ -R$ 98,05R$

Diesel 443,06R$ 425,03R$ 367,85R$

Manut. Maq e Equip. 155,56R$ 128,77R$ 124,56R$

Frete 82,37R$ 89,17R$ 26,21R$

M. de Obra 170,93R$ 149,66R$ 279,22R$

Armaz/Benef 1.455,89R$ 1.555,20R$ 1.191,34R$

Tributos de comercialização 351,32R$ 350,59R$ 331,70R$

Seguro 13,35R$ 10,90R$ 10,35R$

Assit. Técnica 32,85R$ 35,11R$ 42,39R$

Financ. de capital de giro 303,42R$ 306,09R$ 473,34R$

Custo operac ional 6.878,66R$ 7.292,95R$ 7.877,27R$

Custo Total 7.418,99R$ 7.776,96R$ 8.364,17R$

ItensCampo Verde

Algodão NOGM Algodão WS Algodão GL

Fertilizantes 1.521,93R$ 1.577,45R$ 1.591,47R$

Herbicidas 561,00R$ 600,71R$ 638,76R$

Inseticidas 2.552,58R$ 1.235,77R$ 2.255,48R$

Fungicidas 347,08R$ 425,26R$ 411,62R$

DMR (Desf./Mat./Regulador) 127,37R$ 219,06R$ 178,87R$

Outros químicos 132,81R$ 80,46R$ 56,09R$

Semente 198,68R$ 520,12R$ 499,85R$

Serviço terceirizado 549,61R$ 253,90R$ 86,23R$

Diesel 304,97R$ 335,92R$ 320,88R$

Manut. Maq e Equip. 149,97R$ 145,09R$ 119,14R$

Frete 5,38R$ 34,31R$ 56,90R$

M. de Obra 605,10R$ 640,12R$ 780,39R$

Armaz/Benef 1.470,79R$ 1.556,56R$ 1.528,62R$

Tributos de comercialização 347,25R$ 371,61R$ 364,39R$

Seguro 12,06R$ 13,14R$ 10,60R$

Assit. Técnica 51,96R$ 44,20R$ 51,00R$

Financ. de capital de giro 464,01R$ 414,91R$ 383,88R$

Custo operac ional 9.402,55R$ 8.468,59R$ 9.334,18R$

Custo Total 10.072,14R$ 9.006,90R$ 9.830,78R$

ItensPrimavera do Leste

METODOLOGIA: Para o cálculo do custo de produção neste informativo, foram utilizados os coeficientes técnicos da safra

2013/14. Esses coeficientes técnicos foram coletados a campo pela equipe Cepea-Esalq/USP, com a técnica de coleta de

dados chamada de “estudos de caso”, entre março/14 e setembro/14. Neste sistema, o levantamento das informações do

custo é realizado através de coleta de informações com técnicos das fazendas estudadas. Todos os passos do custo são

detalhados: desde equipamentos, coeficientes técnicos, quantidade e preços pagos. O critério de custo de produção utilizado

no estudo foi o do Custo Total. Por este critério estão computados como itens de custo os custos variáveis (insumos, mão-de-

obra, combustíveis e manutenção de equipamentos), o custo do financiamento do capital de giro, mais a depreciação de má-

quinas e equipamentos e o custo de estocagem. Também é acrescentada a remuneração de fatores fixos diversos. Os custos

analisados são segregados em dois grupos. O primeiro trata-se do Custo Operacional (CO), que inclui os gastos principalmen-

te com insumos variáveis. Posteriormente, adicionam-se os valores de depreciação de máquinas e equipamentos, a remunera-

ção do capital investido e custo da terra, obtendo-se o Custo Total (CT) da atividade. Para computar a depreciação e o custo

de oportunidade do capital fixo, foi avaliado o Custo Anual de Reposição do Patrimônio (CARP). Observe que nos gráficos

onde constam os custos operacionais e totais, também há a representação da Receita Bruta (RB) por hectare, sinalizando o

nível de rentabilidade, positiva ou negativa.

www.cepea.esalq.usp.br * [email protected] * Fone: (19) 3429 8837 / 8847

RENTABILIDADE DOS SISTEMAS EM DEZEMBRO É SUPERIOR À DO

INÍCIO DE 2015

Mesmo com as estimativas de custos mensais fechando 2015 nos maiores níveis da série

Cepea, as rentabilidades dos sistemas em dezembro foram melhores que as no início do ano.

Apesar de ter encarecido os insumos, o dólar, em alguns casos, proporcionou aumento mais

que proporcional dos preços de venda da produção, que foram puxados também por uma

demanda firme.

Algodão safra – começou janeiro com rentabilidade sobre o custo total (RRCT) de -11% per-

manecendo no negativo até março. Já em abril, a rentabilidade foi de 4%, ficando no positivo

até junho. Em julho, a margem da cultura zerou e, no mês seguinte, voltou para o positivo,

seguindo assim até outubro, quando teve +3%. Em dezembro, porém, fechou em -3%, em

meio a alta de custos (recordes) e queda de 2,4% no preço da pluma. Mesmo assim, o resul-

tado foi maior que o de janeiro. A variação do custo ao longo de 2015 foi mais importante que

a da receita, visto que as margens negativas ocorreram em momentos em que o custo se

elevou e não necessariamente que a receita havia caído.

Soja – foi a única cultura que não registrou margem negativa ao longo de 2015. Em fevereiro,

a RRCT foi de 4%, a menor para a cultura no ano, sendo reflexo da alta do custo e da venda

da produção no patamar dos R$ 48/sc. A melhor margem foi observada em outubro, de 26%,

quando o preço da saca ultrapassava os R$ 65. Com a queda do preço da saca nos dois últi-

mos meses, a RRCT recuou, mas finalizou dezembro ainda em 17,5%.

Soja + Algodão 2ª safra – esse sistema também não registrou margem negativa durante o

ano e, em dezembro, teve RRCT de 14%, contra 4% em janeiro. Fevereiro foi o mês menos

favorável, quando a rentabilidade foi zerada, devido ao aumento de 5,7% no custo de cada

cultura. Naquele momento, a margem do algodão foi de -4,4% e da soja, de 4%. Outubro foi o

melhor resultado do sistema, dados que as duas culturas tiveram neste mês os maiores pre-

ços preço do ano. Em dezembro, a RRCT calculada foi de 14%.

Soja + Milho 2ª safra – o sistema passou dois terços do ano com margem negativa. Em janei-

ro, era de -3% em, em junho, chegou a -34% – no primeiro semestre, os custos da soja e do

milho aumentaram 10%. Somente em setembro, o sistema passou a registrar rentabilidade

positiva e fechou dezembro com RRCT de 4%, superior à do algodão safra. O grande respon-

sável pela mudança de resultados foi o preço das commodities: o milho, que operava em R$

16,15/sc em agosto, passou para R$ 18,49/sc em setembro e acima dos R$ 20/sc em dezem-

bro. A soja evoluiu de R$ 57,40/sc em agosto para R$ 61,42/sc em dezembro – média bal-

cão, a retirar em Mato Grosso.

E S C O L A S U P E R I O R D E A G R I C U L T U R A " L U I Z D E Q U E I R O Z " - U S P W W W . C E P E A . E S A L Q . U S P . B R * C P C E P E A @ U S P . B R

INFORMATIVO CEPEA JANEIRO DE 2016

ALTA DOS FERTILIZANTES PERDE FORÇA NO FINAL DO ANO

Em 2015, a valorização do dólar provocou forte aumento nas cotações dos fertilizantes, prin-

cipalmente de abril a outubro. Já no último trimestre, o câmbio esteve mais favorável para o

Real, coincidindo com o momento de baixa demanda, o que interrompeu a sequência de al-

tas.

No primeiro trimestre, o aumento dos preços dos fertilizantes foi contínuo nas principais regi-

ões agrícolas. Em março, todos deram um grande salto, com destaque para o MAP. Já em

abril e maio, houve queda quase unânime dos preços dos fertilizantes, em resposta ao movi-

mento de leve oscilação negativa do dólar. No mês de junho, os preços voltaram a subir, re-

fletindo o aumento de 1,6% do dólar.

Em julho e agosto, foi variado o comportamento dos preços dos fertilizantes, prevalecendo os

aumentos na maioria das praças analisadas. Em agosto, mês em que o dólar bateu recorde

de 12 anos, o MAP, ureia e o cloreto de potássio tiveram altas em todas as praças.

Em setembro, ainda com os preços puxados pelo dólar, todos os principais fertilizantes foram

novamente reajustados nas praças acompanhadas pelo Cepea e registram os maiores valo-

res de 2015.

Após três meses seguidos de alta, em outubro, o dólar recuou 0,7% e, com isso, os preços

dos fertilizantes baixaram de forma generalizada. Em novembro, a desvalorização do dólar foi

mais forte e, combinada à baixa demanda por fertilizantes para o milho segunda safra devido

à restrição de crédito, acarretou em novas quedas nos preços da maioria dos adubos. De-

zembro registrou alta no dólar, mas os preços das matérias primas dos fertilizantes cederam,

com exceção da ureia devido à demanda para o milho segunda safra.

Coordenação: Prof. Dr. Geraldo S. C. Barros, Prof. Dr. Lucilio R. A. Alves e Dr. Mauro Osaki

Equipe: Fábio F. de Lima, Renato G. Ribeiro, Luiz Henrique de Almeida, Matheus S. da Costa, Natália

Alves, Eric Kempers, Alessandra M. P. Almeida, Guilherme Picelli. Jornalista responsável: Dra. Ana

Paula Silva Ponchio - MTb 27.368

R$ 2,00

R$ 2,50

R$ 3,00

R$ 3,50

R$ 4,00

R$ 4,50

R$ 5,00

6.000

6.500

7.000

7.500

8.000

8.500

9.000

Ta

xa

mb

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CO

-R

$/h

a

CO Algodão 1ª safra CO Algodão 2ª safra Dólar

R$ 2,50

R$ 2,75

R$ 3,00

R$ 3,25

R$ 3,50

R$ 3,75

R$ 4,00

R$ 4,25

R$ 4,50

R$ 4,75

1.900

1.950

2.000

2.050

2.100

2.150

2.200

2.250

2.300

2.350

jan/15 fev/15 mar/15 abr/15 mai/15 jun/15 jul/15 ago/15 set/15 out/15 nov/15 dez/15

Ta

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-R

$/h

a

CO Soja Dólar

-20%

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-5%

0%

5%

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25%

30%

jan/15 fev/15 mar/15 abr/15 mai/15 jun/15 jul/15 ago/15 set/15 out/15 nov/15 dez/15

RR

CT

Algodão safra Soja Soja + algodão 2ª safra Soja + milho 2ª safra