Can a Bis
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8/6/2019 Can a Bis
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Foto de autor desconhecido
MACONHA
Primeiro, uma certa hi lar idade estranha e
irresistvel se apodera de voc. As palavras mais
comuns, as idias mais simples tomam uma
fis ionomia bizarra e nova. Nem voc agenta essa
alegr ia, mas int i l resist i r . O demnio j o
invadiu; qualquer esforo que f izer para resist i r s
servi r para acelerar os progressos do mal. Voc r i
de sua bobagem e de sua loucura;seuscompanheiros r iem de voc, e voc nem se
importa, pois a benevolncia j comeou a se
manifestar. Passados alguns minutos, as relaes
entre as idias tornam-se to vagas, os f ios que
l igam suas concepes so to tnues que
somente seus cmpl ices, seus correl igionr ios
podem entend-lo. Sua maluquice, suas
gargalhadas parecem o cmulo da bobagem a
quem no est iver no mesmo estado. Quanto aosseus companheiros, voc se d maravi lhosamente
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bem com eles. Logo, a compreenso se passar s
pelo olhar. A segunda fase se anuncia por uma
sensao de fr io nas extremidades, uma grande
fraqueza; voc tem, como se diz, as mos moles,
um peso na cabea e uma estupefao geral emtodo o ser. Os olhos f icam esbugalhados, como
puxados em todos os sent idos por um xtase
implacvel. Seu rosto tomado pela pal idez, torna-
se l v ido e esverdeado. Os lbios encolhem,
encurtam e parecem querer entrar para dentro. Seu
pei to exala suspiros roucos e profundos como se
sua natureza ant iga no pudesse suportar o peso
da nova. Os olhos perscrutam o inf ini to. Os
ouvidos percebem os mais imperceptveis sons no
meio dos mais agudos alvoroos. As alucinaes
comeam. Os objetos externos tomam aparncias
monstruosas. Revelam-se para voc sob formas
at ento desconhecidas. Depois se distorcem, se
transformam e, f inalmente, entram no seu ser ou
ento voc entra neles. Acontecem os mais
singulares equvocos, as mais inexpl icveis
transposies de idias. Os sons passam a ter uma
cor, as cores tm uma msica. As notas musicais
tem nmeros, e voc consegue resolver com umarapidez assustadora prodigiosos clculos de
ar i tmtica, medida que a msica se desenrola no
seu ouvido. Voc est sentado e fumando; acredi ta
estar sentado no seu cachimbo e voc que seu
cachimbo estfumando, voc que est
se exalando na forma de nuvensazuladas.( . . . )
Charles Baudelaire
Dias estranhos
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Dias estranhos nos encontraram,
dias estranhos seguiram nosso rastro,
vo destruir nossas alegrias ocasionais;continuamos a jogar ou procuramos uma nova cidade?
Olhos estranhos preenchem salas e quartos estranhos,
vozes sinalizaro seu fim cansado,
a anfitri arreganha um sorriso afetado,
seus convidados dormem de tanto pecar;
s me ouvir falar em pecado
que voc sabe: chegamos ao fim da linha.
Dias estranhos nos encontraram
e atravs de suas estranhas horassobramos, retardatrios, a ss
corpos confundidos, memrias mal aproveitadas
enquanto corremos do dia para uma estranha noite de pedra.
The Doors
Um estranho chal novo em Berkeley
A tarde toda colhendo amoras pretas junto a uma cambaleante cerca
marrom debaixo de um ramo inclinado com seus abrics estragados no meio das
folhas;
consertando os vazamentos nas intricadas entranhas do mecanismo de uma
nova privada;
eu achei um bule de caf bom entre as moitas junto da varanda, rolei um
pneu grande para fora dos arbustos escarlates, escondi minha maconha;
reguei flores, jogando a gua iluminada pelo sol de uma para outra, voltando
por algumas divinas gotas a mais para as vagens e margaridas;por trs vezes dei a volta ao gramado e suspirei distraidamente;
minha recompensa, quando o jardim me deu suas ameixas sadas de dentro
da forma de um arbusto no canto, um anjo que teve considerao pelo meu
estmago e pela minha lngua ressecada e desamada.
Allen Ginsberg
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Allen Ginsberg
A Propaganda
Canabis (haxixe, maconha) Os efeitos dessa droga tm sido freqentemente
e sensacionalmente descritos: alteraes da percepo de tempo e espao,
aguada sensibilidade s impresses, fuga de idias, ataques de riso, bobeira. A
maconha um potencializador, e os resultados no so sempre agradveis. Ela
torna uma situao ruim ainda pior. A depresso torna-se desespero, a ansiedade,
pnico. Eu j mencionei minha horrvel experincia com a maconha durante uma
fase aguda de abstinncia de morfina. Uma vez dei maconha a um convidado que
estava levemente ansioso por alguma coisa ("s de sarro", como ele mesmo
colocou). Depois de ter fumado meio cigarro, subitamente ele levantou de um salto,berrando "Estou com medo!" e saiu correndo de casa.
Uma caracterstica especialmente desencorajadora da
intoxicao pela maconha a alterao da orientao
afetiva. Voc no sabe se gosta ou no de alguma coisa, se
uma sensao agradvel ou desagradvel.
O uso de maconha varia muito de indivduo para
indivduo. Alguns fumam-na constantemente, outros
ocasionalmente, no so poucos os que lhe tm intensa
antipatia.
Os efeitos nocivos da maconha tm sido grosseiramente
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exagerados nos Estados Unidos. Nossa droga nacional o
lcool. Tendemos a encarar o uso de qualquer outra droga
com pavor todo especial. Qualquer pessoa propensa a estes
vcios estranhos merece a runa completa de sua mente e
corpo. As pessoas acreditam no que querem acreditar, semconsiderao pelos fatos. A maconha no provoca vcio. Eu
nunca vi provas de qualquer efeito nocivo conseqente do
uso moderado de maconha. A psicose txica pode resultar
do uso prolongado e excessivo.
William S. Burroughs
Haxixe (...) Voc est se sentindo bem, uma nica
coisa o preocupa e o deixa inquieto. Como far para
sair do cachimbo? Est fantasia dura uma eternidade.
Um intervalo de lucidez, a custo de um grande esforo,
permite que confira no relgio. A eternidade durou um
minuto. J uma outra corrente de idias o est levando; o
leva durante um minuto no seu torvelinho vivo, e esse
minuto tambm ser uma eternidade. As propores do
tempo e do ser esto distorcidas pela quantidade incontvel
e pela intensidade das sensaes e das idias. Vive-se
vrias vidas em um espao de uma hora. No h mais
equao entre os rgos e o deleite. Vez por outra a
personalidade desaparece. Ei-lo rvore farfalhando ao ventoe contando para a natureza melancolias vegetais. Agora,
est pairando no azul do cu imensamente ampliado. Toda a
dor sumiu. Voc conserva, verdade, a faculdade de
observar-se a si prprio e, amanh, ainda guardar a
lembrana de algumas de suas sensaes. A terceira fase,
separada da segunda por uma crise redobrada,
uma embriaguez vertiginosa seguida de um novo mal-
estar, algo indescritvel. o que os orientais chamam
de Kief; a felicidade absoluta. Acabou o redemoinho, otumulto. uma beatitude calma e imvel. Todos os
problemas filosficos esto resolvidos. Todas as questes
rduas contra as quais lutam os telogos e que fazem o
desespero da humanidade pensante esto lmpidas e claras.
Qualquer contradio transformou-se em unidade. O
homem viroudeus.
Charles Baudelaire
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Cnhamo Usar uma "gravata de cnhamo", esse era o uniforme dos
enforcados. Empregava-se o cnhamo para esse fim porque as suas fibras eram
as mais slidas e resistentes. Por isso,com ele tambm faziam cordas, muito usadas
no tempo da navegao a vela, pois o cnhamo era o melhor dos txteis para
suportar a ao da gua. Por essa razo, os canhamerais, onde se cultivavao cannabis, situavam-se freqentemente perto dos portos.
Sabemos que as fibras do cnhamo, presentes sob as cascas, so
extradas por macerao, isto , deixando
os caules imersos nagua durante muito tempo, o que desagrega os tecidos e
separa asfibras utilizveis. No sculo XIX, observaram que os colhedores
decnhamo sentiam s vezes perturbaes estranhas eincompreensveis.
Na realidade, sem que soubessem, eles estavam "drogados". Baudelaire, que
conhecia bem o haxixe, no se enganara; no Les Paradis artificiels ele descreve
esses "estranhos fenmenos": "Parece que da colheita se ergue uma espcie de
esprito vertiginoso que circula ao redor das pernas e sobe maliciosamente at o
crebro. A cabea do apanhador est turbilhonada, outras vezes est carregada de
sonhos. Os membros enfraquecem e se recusam a trabalhar".
Na realidade, somente no decorrer do sculo XIX, foram obrigados a
reconhecer que o cnhamo, txtil cultivado de longa data na Europa, e o misterioso
cnhamo hindu evocado nos relatos de viagens e nas Mil e uma noites eram uma
mesma e nica planta,Cannabis sativa, e que as grandes diferenas observadas
entre as duas eram apenas resultado do clima. Mhmet Ali (1769-1849), vice-rei do
Egito que, em guerra com o seu suserano, o Sulto, comeou aconstruo de
uma importante flotilha,aprendeu isso a sua custa.Para ter ao seu alcance os materiais necessrios
enxrcia dos seusnavios, Mhmet Ali buscou na Europa gros de cnhamo txtil e
os enviou para serem cultivados no
Egito. Porm essas plantas sfloresceram fibras curtas
e pouco slidas, enquanto secretavam cadavez mais uma resina pegajosa.
Inversamente, a cultura dos grosvindos
do Oriente d pouca resina aos amadores de haxixe que os semeiam na Europa.
Planta anual de crescimento muito rpido, o cnhamo podealcanar at 4m
de altura, mas geralmente no ultrapassa dois; suasgrandes folhas espalhadas comfololos longos, estreitos, pontudos e dentados a
tornam muito decorativa. Espcie diica, o cnhamo possui plantas machas
e plantas fmeas, nitidamente diferentes. Mais fracas, mais baixas, menos folhudas,
as primeiras encarregadas do amadurecimento tardio dos gros e mais altas, mais
cheias e principalmente mais ricas em resina vivem menos tempo que as
segundas. A espcie originria da sia Central onde foi encontrada em estado
selvagem desde o sul e o leste do mar Cspio at a Sibria.
Dali a Cannabis sativa entrou no leste da ndia e na Chinaonde o cnhamo
cultivado desde a mais remota antiguidade, nocomo txtil, mas como planta medicinal. Na China encontramosvestgios de sua utilizao desde o sculo XV
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a.C como sedativo dasdores reumticas e da gota; mais tarde foi
utilizada como remdiocontra a alienao mental; no sculo II de nossa era, o
ilustrecirurgio Houa T'o
empregava como analgsico durante suasoperaes, mas somente mais tarde,
ao que parece, o cnhamo foi cultivado por suas propriedades txteis. Quanto ndia, mais mstica, ao mesmo tempo que o cnhamo, ela adotou o uso que fizeram
dessa planta, uma erva sagrada em seu lugar de origem.
Nos antiqssimos manuscritos em snscrito, o bhang, bebida base de
cnhamo, chamado indracarana (alimento dos deuses).Ele parece ter substitudo,
nesse papel, o soma, bebida de vegetalcuja composio
ignorada, mas que, segundo certos pesquisadoresmodernos, teria sido extrada do
amanita mata-moscas. Certamente, provvel que se
tornar difcil para os arianos vindos do norte encontrar esse cogumelo alucingeno,
originrio das regies frias, enquanto o cnhamo era facilmente cultivado na ndia. O
fato que acannabis, bebido ou fumado, foi associado a Shiva, deus da destruio,
mas tambm da ascese e dos iogues, e usado como um meio de dissolver o ego na
meditao e de alcanar a comunho com o Princpio csmico universal. Um
relatrio da comisso encarregada, em 1894, de estudar os efeitos do consumo do
cnhamo na ndia, conta, segundo os informantes interrogados: "Nenhum deus,
nenhum homem religioso superior a um homem bebedor de bhang". Ele servido
aos que esto iniciando os estudos das santas escrituras de Bnars. Em Bnars,
Ujjain e outros lugares sagrados, os iogues tomam grandes quantidades
de bhangpara poderem concentrar o seu pensamento no Eterno.
Da ndia o uso ritual do cnhamo se expandiu para o oeste onde a planta eracertamente conhecida h muito tempo, pois o Egito antigo j usava suas
propriedades anestsicas mais de mil anos antes dos Cristos. Finalmente o
cnhamo chegou a ter no Isl umpapel comparvel ao que era o seu na ndia.
O Isl, como ohindusmo, indulgente para com os cambais,
probe, sob pena desanes severas,
o consumo de bebidas alcolicas, enquanto que asituao inversa reina no Ocidente
. A cada um, suas drogas! Narealidade essa escolha um caso de temperamento;
o lcool excita,leva ao, torna agressivo, at violento, enquanto o haxixe acalma,
concentra, interiorizae finalmente torna passivo, cheio de indulgnciapara com o prximo; mas no isso
que buscam, respectivamente,orientais e ocidentais? bem conhecido o
uso que fazem doaguardente no fronte, durante as guerras; se a
substitussem pelohaxixe, veriam talvez, escndalo inadmissvel,
os combatentesconfraternizarem.
Quando e de que maneira o cnhamo penetrou na Europa? As opinies
esto muito divididas, o que explicvel j que uns falam do cnhamo txtil e outros
do cnhamo hindu, ou seja, de duas utilizaes bem diferentes de uma mesma
planta, uma profana e utilitria e a outra sagrada, porm proibida. Segundo oshistoriadores, o cnhamo hindu se espalhou em todas
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as regies conquistadaspelos rabes mulumanos, isto ,
no oeste, arredores do MediterrneoOriental, frica do Norte e Espanha. De l se
expandiu por toda a frica e alcanou,
provavelmente por intermdio dos negros, que paral foram deportados, a Amrica
do Norte, onde o clima do sul dosEstados Unidos e do Mxicoconvieram perfeitamente planta. Dessamaneira o cnhamo atingiu
o planeta inteiro.
No entanto, hoje nos indagamos se a
Europa no terconhecido bem mais cedo a utilizao ritual do
cnhamo, pois enfimforam os citas que, segundo os historiadores, teriam
transportado o cnhamo txtil para o oeste nas suas migraes,
no sculo VII antesde nossa era, e o teriam transmitido aos
trcios, habitantes orientaisda Grcia, que com ele fizeram vestimentas; mas, dois
sculos mais tarde, quando os citas j estavam instalados na Europa, o uso que
eles faziam da cannabis era suficientemente conhecido para que Herdoto pudesse
contar: "Os citas pegam os gros de cnhamo e, entrando sob a grossa tela de suas
tendas, os lanam sob pedras em brasa. Ali elas se consomem exalando um vapor
que banho algum de vapor da Grcia conseguiria superar, e esse vapor fazem os
citas gritarem de alegria." Portanto, para os citas, banhos de vapor e fumigaes de
cnhamo estavam estreitamente associados. Recentemente puderam precisar que
a se tratava de cerimnias purificadoras que aconteciam quase sempre aps um
enterro. Nesse contexto, o cnhamo aparecia como uma maneira de entrar em
contato com os falecidos e assim penetrar no alm, de sair dos limites da natureza
humana para comungar com o cosmos inteiro, visvel e invisvel. Teria essautilizao especfica desaparecido completamente quando o cnhamo se propagou
para o oeste? Alguns fatos permitem a dvida. Segundo o pr-historiador alemo
Hugo Obermaier, ele teria sido conhecido pelos antigos germanos e pelos galos-
romanos; o uso de cachimbos encontrados em diversos locais, a presena
da Cannabissativa em certas sepulturas coincidem aparentemente com essa
utilizao.
Em outras palavras, possvel e muito provvel que o poderpsicotrpico do
cnhamo sempre tenha
sido conhecido e que suadescoberta pelo sculo XIX europeu, na forma deuma moda vinda dooriente, tenha sido apenas uma redescoberta. Pois na realidade
os mdicos gregos que, alis, tardiamente, tinha herdado o cnhamo do Egito, no
ignoravam em absoluto suas possibilidades alm das medicinais.
O cirurgio Dioscoride, que o
utilizava como analgsico,alm de mencionar suas virtudes afrodisacas e aperitivas,
falava dopoder de "fazer aparecer diante dos olhos fantasmas e ilusesdivertidas
e agradveis". Galeno, dois sculos depois,
indicava que"ele era servido habitualmente aos convidados dos banquetes paracolo
c-los vontade e torn-los alegres", mas tambm que essa erva"pode ferir os crebros se abusarem dela".
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Desde ento, a medicina utilizou adequadamente as folhas e
as sementes do
cnhamo como antiespasmdicos e hipnticos,enquanto o leo de semente do
cnhamo, muito emoliente,
serviapara diminuir as inflamaes e extrair os corpos estranhos queentrassemna pele. Essas utilizaes foram abandonadas, inclusive a do chenevis (gros do
cnhamo), que servia para alimentar ospssaros de viveiros, depois da proibio qu
e passou a pesar sobre o cnhamo. No entanto, recentemente voltaram a us-lo
na medicinados Estados Unidos, pois ele se mostrou um dos nicos remdios
eficazes contra o glaucoma, molstia que at pouco tempo provocava a cegueira.
Em outras palavras, nas entrelinhas da histria oficial, que guarda um
silncio pudico, se desenha em filigrana a histria da droga, que permaneceu
clandestina, pois aqueles que a empregavam como remdio no podiam ignorar
suas outras virtudes.
Quando o cnhamo hindu reapareceu em cena na Europa, chegou
precedido por uma fascinante mas temvel reputao. Em1809, Sylvestre de Sacy,
numa comunicao Academia dasinscries e letras, reprovava
a palavra assassino do termohaschischin: os haschischin so assassinos,e o
cnhamo a "ervado crime". Dessa forma estava desvendada a origem do
misterioso poder que tinha sobre os seus seguidores, o "Velho da montanha", que
fazia deles matadores fanticos em proveito de uma seita que promovia o terror por
todo o Oriente Prximo.
Essa histeria data das brigas dinsticas to freqentes e queopunham
os descendentes de Maom, pretendentes ao ttulo decalifa. O chefe de umadas seitas xiitas proveniente dessas divises, Hassam ibn al-Sabbah,
formou, por volta de 1090, nas regiesmontanhosas do norte da Prsia,
a sociedade secreta fedawis, cujadisciplina de ferro deveria mais tarde servir de mod
elo s ordensreligiosas e militares da cristandade conquistadora,
a ordem doTemplo e dos Cavaleiros Teutnicos. Dirigida por uma elite intelectual
que queria substituir o formalismo ritualstico do Isl por uma interpretao esotrica
do Coro, essa sociedade passou a ser conhecida em 1092, graas ao audacioso
assassinato de um ilustre vizir por um fedawidisfarado de sufista. Esse gesto foi
seguido de vrios atentados, todos de grande importncia, especialmente entre oschefes dos cruzados, invasores da Terra Santa.
Logo correu a notcia de que esses assassinatos haviam sido previamente
condicionados. O chefe da seita, diziam, lhes dava abeber uma bebida que os
adormecia e os
transportava paramagnficos jardins onde eles despertavam. Ali tinha diante dos olh
ostodas as delcias oferecidas pelo Coro aos fiis que alcanavam,aps a morte,
o paraso de Al, inclusive as famosas huris. Emconseqncia da operao inversa,
o fedawiencontrava
a tristerealidade cotidiana e s aspirava voltar ao jardim encantado. O "Velho damontanha" o chamava ento para a sua presena e lhe perguntava "de onde ele
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vinha". O fedawirespondia "que ele vinha do paraso eque este era tal como Maom
o descrevera em sua lei". Ento,quando o "Velho" queria
"executar um grande senhor", dizia aos queele enviava: "V
e mate tal pessoa e quando voltar eu o farei levarpelos meus anjos ao paraso. E
se morrer no negcio, eu comandarei aos meus anjos que o levem ao paraso".Esse relato trazido por Marco Plo no sculo XIII foi muitasvezes contado e
muitas vezes aumentado, principalmente em nossapoca, para provar a dissimulada
e perigosa nocividade do haxixe. Eletornou-
se at o principal argumento empregado para denunciar osseus efeitos, por aqueles
que, de boa ou de m f, citam essa histria sem ir sua fonte. Ora, por ser nica e
suspeita, j que, em suma, Marco Plo no fez nada mais que repetir um boato, ela
no contm absolutamente o sentido que lhe do. A beberagem em questo e
alias, no relato no se fala em cannabis no provocava vises o que o fedawivia
era totalmente real , no forjava nenhum encantamento, servia apenas para fazer
dormir. O haxixe, supondo que tenha sido ele realmente o utilizado, no tinha
nenhuma culpa pelas aes criminosas dos fedawis. Nada prova tambm, apesar de
Sacy, sendo este a nica fonte dos dicionrios e outras obras de vulgarizao, que
assassino seja derivado de haschischin; mais provvel que a palavra venha de
Hassan ou Hussein, nome do chefe da seita.
Todavia, foi realmente referindo-se seita do "Velho da montanha" que
Baudelaire, Thophile Gautier e seus amigos escritores ou artistas intitularam a
pequena associao por eles formada de "Clube dos Haschischins"; era apenas
uma provocao maliciosa, gosto de escandalizar os burgueses, pois o terrorismo
que ali reinava era apenas verbal e indumentrio, e os relatrios tanto de Gautiercomo de Baudelaire s trazem finalmente o carter extravagante e estapafrdio das
impresses causadas pelo consumo de haxixe: a alegria exuberante e liberadora, as
transposies sensoriais que faziam descobrir aspectos at ento despercebidos
por todos e depois o estado de "beatitude calma e imvel", de "bem-estar" e de
"maravilhosa leveza de esprito" que a seguia. Em Les Paradis Artificiels, Baudelaire
apenas menciona o "grande langor que tem o seu encanto" sentido aps a sesso,
"punio, merecida, acrescenta ele, da prodigalidade mpia com a qual fizemos um
to grande desgaste de fluido nervoso. Lanamos nossa personalidade aos quatro
ventos e agora temos dificuldade em junt-la e em concentr-la". Apreciao em queentra, como suficientemente o indicam os termos empregados, uma boa dose de
humor. E como, conhecendo Baudelaire, no tomar como uma simples pardia o
julgamento pretensamente severo em que o autor de Fleurs du Malresume os
efeitos sociais do haxixe: "Ele no fabrica nem guerreiros, nem cidados" o que
realmente no era a sua principal preocupao! ou adiante, estas eloqentes
frases: "Dizem que essa substncia no causa nenhum mal fsico. Isso verdade,
pelo menos at agora. Pois no sei at que ponto podemos dizer que um homem
que s vive sonhando est em boa sade, mesmo se todos os seus membros
estiverem em bom estado. Mas a vontade que atacada, e o rgo maisprecioso. Um homem que pode, com uma colher de gelia (era essa forma que
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Baudelaire absorvia o haxixe), encontrar instantaneamente todos os bens do cu e
da terra nunca querer t-lo pelo seu trabalho. Antes de tudo preciso viver e
trabalhar." Esse Baudelaire moralista surpreende e com razo e seria muito mais
ao pio que ele tambm usou que essas censuras deveriam ser dirigidas. O
caso que Baudelaire, com mais seriedade e muito sabiamente, concluiu: "No digoque haxixe provoque em todos os homens todos os efeitos que acabei de descrever.
Contei por alto os fenmenos que acontecem geralmente, exceto algumas variantes,
com os espritos artsticos e filosficos. Mas existem temperamentos nos quais essa
droga s provoca uma loucura ruidosa, uma violenta alegria que parece com uma
vertigem, danas, saltos, bater de ps e gargalhadas. Eles so, por assim dizer, um
haxixe material. Eles so insuportveis para os espiritualistas que deles tm muita
pena. Suas feias personalidades so ressaltadas [...] pois o haxixe s faz
desenvolver alm do normal a personalidade humana nas circunstncias atuais em
que ela est situada."
Jacques Brosse
Imagem: Freak Brothers
O manual
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Descrio Cientfica de uma Experincia ParticularO efeito demora uns 15 minutos para encarnar. No vem simultaneamente aabsoro. Quando chega incrvel. Os msculos se esticam e relaxam. Os sonstornam-se extremamente fortes. Escuto o meu relgio de pulso e uma TV ligadanum apartamento a duas quadras daqui. Alguns chiados sombrios. A geladeira faz
um rudo grave e sonolento. Os olhos caem um pouco, ardidos. H uma certaimobilidade, entra-se numa nova velocidade. Um casal vizinho procura retornar fuso originria. Uma ereo... O tempo parece parado e rgido como o meu pnis,apesar das batidas irregulares do meu relgio despertador. No esqueo de nada.Uma presso no hemisfrio esquerdo do meu crebro, uma presso combustiva.Sou forado a falar, mas s saem grunhidos. Coceiras desnecessrias. A, comeoa tremer feito uma gelia. Ento, retiro uma furadeira do armrio para me furar emtodos os pontos intensos como uma estranha medicina oriental. Quero ampliar a dorao extremo, para gritar de forma inaudvel aos ouvidos humanos. Eu busco a dor.Estremeo. Uma percusso demonaca, uma batida insistente lembrando msicaflamenca preenche todo o quarto. So meus dentes. Noto que meus ps so feitosde granizo e que algum quer quebr-los. O corao toma o lugar do estmago e
este o do intestino, sinto ento que estou amando feito um louco, que a vida vale apena, j que h a arte.Isto tudo se passou muito rpido. Agora, estou perdido como guias que ingeriramalumnio. No h mais volta, eu sei. Entretanto, aprendi que um sorriso vale mais doque qualquer nota abstrata, o que me fez desenvolver a seguinte equaomatemtica:
Abundncia de vida dorTiago Jonas
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8/6/2019 Can a Bis
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Cheio de vinho, maconha e tara
Ela percebe que estou olhando e parece no seincomodar. Ela tem um magnfico sorriso. Ela cruza as
pernas, e eu vejo tudo atentamente. No consigo deixar de
olhar. Ela percebe que olho para suas pernas, direto para o
branco de sua calcinha. Ela cruza, descruza, posiciona
melhor o corpo, levanta, caminha, volta a sentar. Vejo que
ela percebe quando a olho. Quando ela fala, vejo sua bocaumedecida, seus dentes bem ordenados, pequeninos... E
agora o contorno dos lbios que tenta me dizer algo. Os
lbios que se abrem "P" e que permanecem abertos at a
lngua roar o cu da boca "ra". Ela me pede para parar. Me
pede para parar. Mas continua a sorrir para mim. Levanto.
As pernas vacilam. Caminho para o banheiro. Abro a porta e
entro. Acendo a lmpada e passo a tranca. Minha cara no
espelho grotesca. "Um cossaco vermelho e gluto".
Abaixo a tampa da privada, desaboto as calas. Soco
minha mo para dentro e acaricio meu pau j mido e duro.
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Tiro ele para fora e me masturbo imaginando-a... Ela entra
no banheiro, tira a calcinha branca, senta sobre mim, me
beija, me molha o rosto de saliva...em poucos minutos o
smen jorra. Uma vertigem me domina. Escoro na parede e
deixo a sensao fluir. Algum me interrompe batendo naporta. Aboto as calas e limpo rapidamente o smen pelo
cho. Puxo a tranca. "Desculpa. T muito apertada." "Nada.
Pode entrar." Ela entra, e eu continuo na porta. Ela pra e
olha para trs. "Que que voc usa nos lbios? So to
brilhantes e midos." Ela olha no espelho, franze as
sobrancelhas e sorri lindamente. E pensar que instantes
atrs eu estava ali, desejando-a, com as calas arriadas.
Daqui a pouco ela vai sentar para urinar, e se fizesse um
pouco antes, mijaria sobre mim. Apenas uma questo de
tempo, o espao o mesmo. "Eu posso fechar a porta?"
"Ah, desculpe." Ela fecha a porta e passa a tranca. Levanta
a tampa do vaso e senta. Posso ouvir e imaginar tudo. A
calcinha branca nos joelhos. O xixi saindo pelo canal. A
sensao de alvio. A vagina umedecendo-se. Os lbios
brilhantes. O magnfico sorriso. Os dentinhos bem feitos. A
linda boca mida...
S ME REPETINDO
ENTRE BAFORADAS E OLHARES DE DESEJOUM MUNDO ESTRANHO
TODO TDIO FALTA DE AMOR NOVOESTOU SEDUZINDO-O
TUDO PORQUE O CONHEO DE MINUTOS ATRSAGORA ELE LEMBRA ALGUM CONHECIDO DE MUITO ANTES
UMA MULHER SEM SEIOS O CAOSAMAZONAS
FODAS ESTRANHAS NA MENTE
Ricardo Rodrigues
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Crebro sob efeito da maconha
http://www.interzona.com.br/interzona/mapa/mapa.htm